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ESCOLA SUPERIOR DE ENFERMAGEM DO PORTO
CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM – 4ºANO
ENSINO CLÍNICO DE ENFERMAGEM EM MEIO HOSPITALAR: OPÇÃO
CENTRO HOSPITALAR DE VILA NOVA DE GAIA/ESPINHO
SERVIÇO DE CIRURGIA VASCULAR
21 Porto,2012
Dor nos membros inferiores no contexto clínico de Cirurgia Vascular
Monografia
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Trabalho realizado por:
Cristiana Araújo, nº 2224
Professora Orientadora: Sandra Sousa
Enfermeira Tutora:
Telma Nunes
Dor nos membros inferiores no contexto clínico de Cirurgia Vascular
Monografia
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Compreender a Dor, para a vencer ou diminuir,
é compreender o homem na sua dor,
que a sofre de forma diferente consoante a
sua origem, raça, cultura e personalidade.
A linguagem da dor é múltipla e deve ser compreendida
dado que se transforma num estado emocional: o sofrimento.
Se a história da dor é longa, o dolorismo já não tem razão de existir. Nos
nossos dias é cada vez mais essencial aliviar os outros.
Marc Schwob,1994
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AGRADECIMENTOS
A tudo aquilo que nos propomos fazer, quer a nível pessoal, quer a nível profissional, por
muito que, por vezes, nos pareça que viajamos solitários em conquistas de objetivos a que
nos auto propomos, nada daquilo que alcançamos acontece ao acaso e seria ingénuo e
imaturo pensar, que o mérito fora singularmente nosso. Por isto, o meu sentido e sincero
obrigado:
À Enfermeira Telma Nunes e Enfermeiro Nuno Pinto pela orientação proporcionada, pelo
conhecimento e vasta experiência partilhada, pelo apoio na tomada de decisão e, sobretudo,
pelo incentivo e exigência a voos mais altos.
À Professora Sandra Sousa, pelo acompanhamento exímio realizado ao longo do estágio,
pelos reforços positivos e preocupação constante.
A todos os enfermeiros do serviço de Cirurgia Vascular, pela recetividade demonstrada, pela
chamada de atenção no momento oportuno, pela oportunidade de aprendizagem que
proporcionaram.
À Enfermeira Chefe Celeste Simões pela oportunidade e recetividade.
Às colegas que comummente realizaram estágio no serviço de Cirurgia Vascular, Rita,
Andreia, Maria do Carmo pelo apoio, pela palavra certa no momento mais oportuno, pela
partilha de conhecimentos, união e companheirismo.
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ÍNDICE
INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 6
1. A DOR ......................................................................................................................................... 8
1.1. INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO DA DOR............................................................... 11
2. SÍNDROMES DA DOR DOS MEMBROS INFERIORES DE ORIGEM VASCULAR ......... 14
2.1. ALGORITMO DE ACTUAÇÃO DE ENFERMAGEM NO CONTROLO DA DOR ...... 22
2.2. ALGORITMO DA DOR DOS MEMBROS INFERIORES DE ORIGEM VASCULAR 23
2.2.1. RÉGUA DE AVALIAÇÃO DA DOR ........................................................................ 25
3. ALIVIO FARMACOLÓGICO E NÃO FARMACOLÓGICO DA DOR ................................. 26
REFLEXÃO CRÍTICO-CONCLUSIVA ............................................................................................ 30
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................................ 33
ANEXOS ............................................................................................................................................ 36
Anexo I – Escada da OMS ............................................................................................................. 37
Anexo II – Alívio Farmacológico da Dor ....................................................................................... 39
Anexo III – Alívio Não Farmacológico da Dor .............................................................................. 41
Anexo IV - Algoritmo da Dor Aguda ............................................................................................. 43
Anexo V - Algoritmo da Dor Crônica ............................................................................................ 45
Índice de Tabelas:
Tabela 1 - Diagnóstico Diferencial entre Embolia e Trombose Aguda ................................ 15
Tabela 2 - Staging of acute limb ischemia as the basis for choice of revascularization
method: when and how to intervene . .................................................................................... 15
Índice de Ilustrações:
Ilustração 1 - Algoritmo de atuação de Enfermagem no controlo da Dor ............................. 22
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INTRODUÇÃO
A presente monografia referente à temática da “Dor nos membros inferiores no
contexto clínico de Cirurgia Vascular” insere-se no âmbito do Ensino Clínico de Opção:
meio hospitalar, ministrado pela Escola Superior de Enfermagem do Porto, no ano letivo de
2011/2012, desenvolvido no Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho.
O desenvolvimento deste trabalho surge na sequência da análise das práticas e
necessidades relativas aos cuidados de Enfermagem no serviço de Cirurgia Vascular e de
uma problemática frequente neste mesmo serviço. Uma vez identificado esse problema
desenvolveu-se um processo de fundamentação teórico no sentido de consolidar as propostas
que pudessem levar ao desenvolvimento de novas práticas de cuidados, tendo como base a
evidência científica.
A organização escrita desta monografia apresenta-se sob forma encadeada e
ordenada, de modo a tornar clara toda a explanação do pensamento. A metodologia utilizada
baseou-se na pesquisa bibliográfica e na reflexão sobre os conteúdos adquiridos.
O serviço de Cirurgia Vascular recebe com alguma frequência doentes em que uma das
suas manifestações mais comuns é a Dor. Vários são os que se encontram em fases tardias de
Doenças Arteriais ou Venosas e que afetam essencialmente os membros inferiores. A Dor,
devida à lesão pré-trófica nos tecidos isquémicos, ou devido à ulceração ou gangrena, é
caracterizada por ser constante e tão violenta que o utente/pessoa não come, não dorme,
normalmente perde peso e torna-se debilitado. Não obstante, para cada pessoa a Dor tem um
significado próprio, no entanto, todos sabemos, de um modo geral, o que é Dor, mas continua a
ser difícil para alguém descrever a própria Dor, assim como definir exatamente a experiência de
Dor de outra pessoa, mesmo sendo profissionais de saúde especializados.
Assim, e sendo a dor, recentemente considerada como o 5º sinal vital, deve ser portanto
considerada como uma prioridade na avaliação e caracterização dos doentes, e o seu tratamento
eficaz deverá ser parte integrante da terapêutica. No entanto, é uma pratica que nem sempre é
exercida no serviço de Cirurgia Vascular. Os cuidados ao utente/pessoa com dor constituem
neste mesmo serviço um constante desafio para os enfermeiros, facto que poderá considerar-se,
um problema na prática clínica diária.
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Tendo então esse facto como ponto de partida, procedeu-se a uma pesquisa
bibliográfica, o mais completa possível, quer acerca do tema propriamente dito, “Dor nos
membros inferiores no contexto clínico de Cirurgia Vascular”, quer, de outros assuntos com ele
relacionados. Assim, na abordagem deste tema, tornou-se importante antes de tudo, aprofundar
conhecimentos sobre o que é a Dor, qual a sua definição e o seu significado e quais as escalas de
avaliação que a acompanham. Além da abordagem da Dor e da sua avaliação, procurou-se ainda
elaborar uma revisão bibliográfica sobre os Síndromes da Dor mais comuns ao nível dos
membros inferiores de origem vascular e por fim, em forma de somatização de todo o conteúdo,
é apresentado o Algoritmo de atuação de Enfermagem no controlo da Dor, como também o
Algoritmo da Dor dos membros inferiores de origem vascular.
Espero com esta monografia proporcionar à equipe de enfermagem do serviço de
Cirurgia Vascular a sensibilização relativamente à prática e temática como também contribuir
para uma melhoria ao nível da avaliação e registo do controlo da Dor.
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1. A DOR
A Dor, apesar de parecer algo simples de definir, demonstra-se bastante complexo,
pela sua subjetividade, já que cada indivíduo tem a sua forma singular e própria de
percecionar a Dor. Segundo a International Association for the Study of Pain (IASP) a Dor é
uma experiência sensitiva e emocional desagradável associada a lesão tecidular potencial
ou real ou descrita em termos dessa lesão (Ordem dos Enfermeiros, 2008, p. 11). Esta
definição revela-nos não só a componente física da Dor mas também a experiência
emocional da mesma, dado que, não é possível sentir Dor sem associar medo ou ansiedade.
Por tendência, pensamos que se não há lesão a Dor não existe, mas esta lesão pode
não existir e existir Dor, não podemos, por isso, interpretar a Dor segundo uma origem
física, mas devemos também ter em consideração a Dor mental ou psicológica (Diamond,
Conian; 2006). Assim, Dor é aquilo que a pessoa diz que é existindo sempre que a pessoa
que a experimenta diz existir (Beebe & McCaffery, 1989, p. 7; cit. por Smaltzer, Bare, 2005;
p. 231).
Tal como já foi referido, a Dor é uma experiência subjetiva, ou seja, é uma grandeza
variável, a mesma experiência de Dor pode ser percecionada de forma diferente pelos
indivíduos, é portanto um fenómeno complexo, constantemente especulativo nas suas
vertentes biofisiológicas, bioquímicas, psicossociais, comportamentais e morais, que
importa ser entendida (DGS, 2001, p. 5). Estando perante um conceito multidisciplinar, em
que estudos epidemiológicos comprovam a sua existência e que existe muitas vezes a
incapacidade de intervir na origem da Dor e no seu tratamento, é uma área que merece
interesse e estudo, de forma a promover a qualidade de vida e a humanização dos cuidados
(DGS, 2001).
Tendo em conta a análise estabelecida da Dor e do seu significado justifica-se falar
em Dor como quinto sinal vital, já que, o registo da Dor é tão importante quanto à avaliação
dos sinais vitais. Chamar Dor de quinto sinal vital sugere que a avaliação da Dor deve ser
automática quanto a obtenção da pressão arterial e pulso de um paciente (Smaltzer, Bare,
2005; p. 231). Com este novo conceito de “Dor: o 5º sinal vital” criado pela American Pain
Society, pretende-se enfatizar a importância da avaliação da Dor, posterior controlo e
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tratamento efetivo, aumentando a consciência dos profissionais de saúde sobre a relevância
desta temática. Considerar a Dor como quinto sinal vital justifica-se uma vez que existe uma
grande variabilidade na perceção e expressão da Dor, face a uma mesma estimulação
dolorosa (DGS, 2003, p. 4). Controlar a Dor de forma eficaz é um dever dos profissionais de
saúde e um direito dos doentes, como tal, a avaliação e registo da intensidade da Dor, pelos
profissionais de saúde, tem que ser feita de forma contínua e regular, à semelhança dos
sinais vitais, de modo a otimizar a terapêutica, dar segurança à equipa prestadora de
cuidados de saúde e melhorar a qualidade de vida do doente (DGS, 2003, p. 3).
A Dor pode ser categorizada tendo em conta a duração, localização e etiologia. Desta
forma, podemos distinguir dois tipos principais de Dor: a Dor aguda e a Dor crónica
(Smaltzer, Bare, 2005).
A Dor aguda é de inicio súbito e recente, em geral associada a uma lesão específica
(Smaltzer, Bare, 2005). À palavra aguda está associado um conceito de curta duração, esta
difere da Dor crónica uma vez que espera-se que a Dor ceda e que o doente a perceba, não
deixando, contudo, de causar sofrimento e ansiedade (Smaltzer, Bare, 2005).
Dor crónica define-se essencialmente por uma Dor constante ou intermitente que
persiste além do tempo de cura previsto, surge muitas vezes sem se saber a sua causa daí que
seja difícil tratá-la uma vez que a origem pode ser incerta. Se a Dor aguda pode constituir
um sinal de que algo não está bem, a Dor crónica assume-se como um problema em si
mesma (Smaltzer, Bare, 2005). Constitui, deste modo, um problema multidimensional, de
complexidade biológica, psicológica e social, que não se pode cingir a uma só especialidade,
uma vez que, o doente com Dor crónica é multifacetado, com frequente comorbilidade física
e psiquíca, podendo, portanto, sofrer das mais variadas patologias, desde o foro
reumatológico, neurológico ou psiquiátrico, ao foro oncológico, o que obriga ao
envolvimento e participação de profissionais oriundos de várias disciplinas da saúde (DGS,
2001; p.37).
Independentemente de estarmos perante uma Dor crónica ou Dor aguda, todos os
tipos de Dor induzem sofrimento e colocam em causa a qualidade de vida dos doentes,
merecendo, por isso, atenção e adequação de tratamento (DGS, 2003).
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Abordar a Dor implica fazer uma avaliação precisa através de escalas (tema
desenvolvido mais à frente), estabelecer o registo da mesma e é necessário ainda ter em
atenção as atitudes e comportamentos passíveis de se observar em situações de Dor; a
definição apresentada pelo ICN (2010, p. 50) dá-nos esses sinais e sintomas passíveis de
serem observados em situações de Dor: …aumento da sensação corporal desconfortável,
referência subjetiva de sofrimento, expressão facial característica, alteração do tónus
muscular, comportamento de autoproteção, limitação do foco de atenção, alteração da
perceção do tempo, fuga do contacto social, compromisso do processo de pensamento,
comportamento de distração, inquietação e perda de apetite.
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1.1. INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO DA DOR
A avaliação da Dor deve ter em conta os fatores que lhe estão inerentes e com ela
pretende-se tornar objetivo algo que, como já foi dito, é subjetivo. Surge então a questão do
porquê avaliar a Dor e a resposta prende-se com o facto de que não existe uma relação
proporcional entre a importância da lesão e a Dor referida pelo doente e, de que não existem
marcadores específicos para a Dor.
Assim a avaliação da Dor tem como objetivos identificar e reconhecer os doentes
com Dor, identificar os fatores responsáveis pela Dor, permitir a utilização de uma
linguagem comum que permita a avaliação da Dor, melhorar a qualidade e eficácia no
acompanhamento do doente (Metzger, Schwetta, Walter, 2007).
Podemos, assim, selecionar os instrumentos de avaliação da Dor mais adequados,
eles têm que ser pertinentes, específicos e coerentes; fiáveis, rigorosos e objetivos; simples,
de fácil aplicação e claros; compreensíveis e passíveis de serem utilizados por todos
(Metzger, Schwetta, Walter, 2007).
De entre os inúmeros instrumentos de avaliação da Dor possíveis de serem aqui
mencionados, foram selecionados aqueles que melhor se adequam ao serviço de Cirurgia
Vascular, tendo ainda em conta as recomendações da DGS (2003) na Circular Normativa nº
9/DGCG de 14/6/2003.
Na seleção dos instrumentos de avaliação da Dor num serviço é necessário ter em
conta que, a utilização da mesma escala de avaliação da Dor pelos profissionais de saúde
assegura que todos falem a mesma linguagem, no que diz respeito à presença e intensidade
da Dor (DGS, 2003).
Tendo em consideração que a Dor é uma experiência subjetiva e que a mesma pode
ser sentida de forma diferente pelos doentes, esta, deve ser caracterizada pelo doente, através
de escalas de autoavaliação, de modo a estabelecer-se uma avaliação o mais próxima
possível do real, da sua existência e intensidade (Metzger, Schwetta, Walter, 2007).
Há que ter em conta os doentes incapazes de fazer a autoavaliação da Dor de modo
verbal, escrito ou por outro meio (acenando, pestanejando para responder afirmativamente
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ou negativamente a questões que lhe são colocadas). Nestes casos deverão ser utilizadas
escalas comportamentais de avaliação da Dor (Nygard e Jarland, 2002).
Como exemplo de escalas a serem utilizadas para a autoavaliação da Dor temos a
Escala Visual analógica (EVA), Escala de Expressões Faciais (Escala de Wong-Baker) e
Escala de Estimativa Numérica (NRS) (DGS, 2003). Para o caso dos doentes em que seja
necessário estabelecer uma avaliação comportamental, temos a escala comportamental
Escala CNPI (Checklist of Nonverbal Pain Indicators).
Na EVA o doente terá que classificar a intensidade da sua Dor através dos adjetivos
leve, moderada e intensa. Essa classificação corresponderá a uma escala de 10 pontos:
0 – 2: Leve
3 – 7: Moderada
8 – 10: Intensa
De acordo com Huskisson esta escala constitui um instrumento sensível, simples,
reproduzível e universal, ou seja é de fácil compreensão em diferentes situações quer
culturais, quer de linguagem do clínico que a utiliza (cit. por Scopel, Alencar e Cruz; 2007)
No entanto, segundo alguns autores e estudos desenvolvidos com a EVA, esta escala
encontra-se limitada, uma vez que constitui uma maneira padronizada de avaliação da Dor,
usando uma medida da Dor estanque, que apenas permite definir a sua intensidade,
atribuindo-lhe um número e não caracterizando a Dor, não sendo possível atribuir-lhe um
verdadeiro significado. Segundo Turk e Melzack, 1992, cit. por Disorbio e Bruns, 2008, a
EVA é uma escala normativa que ao admitir um score bruto para avaliação da Dor e da sua
intensidade transmite pouca informação, deve assim acrescentar-se uma abordagem
multidimensional qualitativa para avaliação da Dor na prática clínica.
A escala de expressões faciais ou escala de Wong-Baker consiste num pictograma de
10 faces, expressando níveis progressivos de Dor (desde a face sorridente - sem dor - até à
muito triste - dor muito intensa). Esta escala está especialmente ajustada para avaliar a Dor
em doentes com dificuldades em a expressar verbalmente, tais como doentes incapazes de
falar, devido a dificuldades linguísticas ou outras. Segundo Perrot et al (2004) esta escala
constitui uma alternativa à utilização da escala visual analógica e apresenta uma correlação
positiva com a mesma, permitindo a avaliação da intensidade da Dor em indivíduos com
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baixo nível educacional, sem alterações cognitivas ou com alterações cognitivas ligeiras,
porém não deverá ser utilizada em doentes com alterações cognitivas graves.
Na escala de Estimativa Numérica (NRS) os pacientes avaliam a sua Dor numa
pontuação de 0 a 10 valores, onde o 0 representa nenhuma dor e o 10 indica dor intensa.
Sousa e Silva (2005) sugerem o uso desta escala, para avaliar a intensidade da Dor no inicio
do tratamento e no seu curso (cit. por Scopel, Alencar e Cruz, 2007).
A escala CNPI é uma escala de observação comportamental, criada para avaliar a
Dor, em repouso e em movimento, em doentes com alterações cognitivas graves (Nygard e
Jarland, 2002).
Esta escala encontra-se dividida em 6 categorias comportamentais e inclui as
vocalizações não verbais e verbais, a agitação, as expressões faciais e comportamentos como
agarrar e massajar. Cada categoria é avaliada de forma dicotómica (1 está presente, 0 não
está presente) quer em repouso quer em movimento (Nygard e Jarland, 2002).
A soma da classificação atribuída para cada uma das categorias dará uma pontuação
final para a Dor em repouso e uma outra para a Dor em movimento. A interpretação desta
classificação é feita da seguinte forma: pontuação de 1 - 2 – dor ligeira; pontuação de 3 - 4 –
dor moderada; pontuação de 5 - 6 – dor intensa (Nygard e Jarland, 2002).
Após esta breve abordagem de instrumentos possíveis de serem utilizados na
avaliação da Dor, importa falar de instrumentos para o tratamento da Dor. Desta forma, a
Organização Mundial de Saúde (OMS) propõe o uso de uma escada que respeita os critérios
de prescrição e incrementação progressiva ao longo de uma escada analgésica de três
degraus, onde o primeiro degrau é o de “dor ligeira”, o segundo degrau admite a “dor
moderada” e o terceiro “dor severa”. Os analgésicos que esta escala incorpora, podem ser
opióides e não opióides, sendo a morfina a referência no grupo dos opióides fortes, a
codeína no grupo de opióides fracos e os anti-inflamatórios não esteróides no grupo dos
analgésicos não opióides, onde, também, se incluem outros analgésicos antipiréticos, como o
paracetamol, sem atividade anti-inflamatória e o metamizol, com pouca atividade anti-
inflamatória (DGS, 2001). Esta escada pode ser observada em Anexo I.
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2. SÍNDROMES DA DOR DOS MEMBROS INFERIORES DE ORIGEM
VASCULAR
Para determinação da natureza da Dor é necessário conhecer os aspetos biomecânicos
da coluna lombar e sacral, a anatomia e fisiologia dos elementos vasculares e músculo-
esqueléticos dos membros inferiores (MMII) e a anatomia e função do plexo lombar e sacral
e dos troncos nervosos oriundos dessas estruturas (Teixeira, et. al., 2001, p.391)
A Dor lancinante, em pontada ou choque que se instala subitamente na região lombar e
que se irradia ao longo dos MMII geralmente tem origem neuropática; quando agrava-se
durante a tosse, espirro e aumento da pressão intra-abdominal (detrusão vesical e fecal)
geralmente é de origem espinal; quando é agravada durante a movimentação da coluna
lombossacral geralmente é secundária a lesões vertebrais. A Dor que é circunscrita e
irradiada em territórios que não obedecem a distribuição dos nervos periféricos e que é
agravada durante movimentação, provavelmente é de natureza músculo-esquelética
(Teixeira, et. al., 2001, p.391).
A Dor no membro inferior de origem vascular apresenta características peculiares de
instalação e associa-se a alterações da cor e temperatura do tegumento, a anormalidades dos
pulsos periféricos, a lesões distróficas e edema que se modificam com as alterações da
temperatura, com a marcha e com a posição dos membros inferiores (Teixeira, et. al., 2001,
p. 391)
As características supra citadas, são decorrentes das limitações do fluxo arterial que
ocorrem por estreitamento ou oclusão da artéria, determinando assim a isquemia da
extremidade e Dor. Esse quadro pode ser agudo, decorrente da oclusão súbita da artéria por
embolia ou trombose aguda; ou crônico, decorrente do estreitamento insidioso da luz arterial
por acúmulo de placas de aterosclerose ou processos inflamatórios da parede do vaso.
(Akamine N.; Rasslan Z., 2011, p. 196)
O paciente com obstrução arterial aguda apresenta história súbita de Dor no membro
inferior acompanhada de palidez, cianose, frialdade, parestesia, paralisia ou impotência
funcional da extremidade e, principalmente, ausência de pulsos palpáveis (Akamine N.;
Rasslan Z., 2011, p. 196). Na maioria dos casos, é possível diferenciar os quadros de
etiologia embólica e trombótica, com base nos dados clínicos (Quadro 1).
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Dados clínicos
Embolia arterial
Trombose aguda
História
Aguda
Antecedentes de claudicação
intermitente
Fatores
Associados
Fibrilação Atrial
Fatores de risco associados à
arteriosclerose
Exame Físico
Pulsos contra laterais amplos,
ausência de alterações
tróficas
Pulsos contra laterais fracos,
alterações tróficas
Tabela 1 - Diagnóstico Diferencial entre Embolia e Trombose Aguda
Nos casos de embolia, o coração é a fonte emboligênica mais frequente e, geralmente,
associada à fibrilação atrial. Nos casos de trombose aguda, a artéria obstruída é geralmente
acometida previamente por aterosclerose e os fatores de risco associados mais frequentes
são: Diabetes Mellitus, tabagismo, Dislipidemia e Hipertensão Arterial Sistêmica (Akamine
N.; Rasslan Z., 2011, p. 196).
A obstrução arterial aguda é uma emergência clínica e deve ser avaliada o mais breve
possível. Quanto maior o tempo de evolução do quadro, maior o comprometimento da
viabilidade do membro, que tem sua classificação descrita no quadro 2 (Rutherford, 2009).
I - Viável Sem risco imediato, sem perda de sensibilidade ou
fraqueza muscular
II a – Marginalmente ameaçado Recuperável se prontamente tratado, perda de
sensibilidade mínima, sem fraqueza muscular
II b- Ameaça imediata
Recuperável se revascularização imediata, perda de
sensibilidade associada com Dor em repouso além
dos dedos do pé, fraqueza muscular leve a moderada
III - Irreversível
Perda de tecido importante ou lesão nervosa
permanente inevitável, se houver demora
significativa antes da intervenção, profunda
anestesia ou paralisia do membro
Tabela 2 - Staging of acute limb ischemia as the basis for choice of revascularization method: when and how to intervene .
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A Doença Arterial Periférica (DAP), também designada por Doença Vascular
Oclusiva, é uma doença lentamente progressiva, e surge como uma das problemáticas mais
frequentes no serviço de Cirurgia Vascular, onde os sintomas e as suas complicações são
óbvias. Estima-se ainda que a Doença Arterial Periférica manifesta-se entre 3% a 10% da
população portuguesa acima dos 50 anos, e poderá ter o dobro da incidência em doentes
com mais de 70 anos (Portal da Saúde, 2008). Esta doença, resulta do progressivo
estreitamento, degenerescência e, por último, obstrução das artérias das extremidades. As
extremidades inferiores estão mais frequentemente envolvidas, e a arteriosclerose obliterante
é a forma mais comum. O processo de arteriosclerose combina com o processo de
calcificação para produzir o estreitamento disseminado, lento e progressivo das artérias. As
artérias femorais superficiais, as ilíacas e poplíteas são os locais mais vulgarmente
envolvidos (Phipps, 2010).
Apresenta ainda como manifestação clínica a claudicação intermitente, com
diminuição progressiva da distância útil de deambulação, evoluindo para Dor importante em
repouso e presença de úlceras (Akamine N.; Rasslan Z., 2011, p. 197). Os pulsos periféricos
na DAP são diminuídos ou ausentes na extremidade acometida. A parestesia, frialdade,
palidez e cianose frequentemente acompanham a DAP na fase da Dor isquémica de repouso
e, geralmente, o paciente mantém o membro em posição pendente, o que proporciona alívio
da Dor (Akamine N.; Rasslan Z., 2011, p. 196).
As úlceras isquémicas e gangrenas são quadros terminais da DAP e podem iniciar-se
espontaneamente ou após um evento despoletante, como pequeno trauma ou infeção local
(Varu et al, 2010, p.41).As úlceras isquémicas são extremamente dolorosas, exceto em
diabéticos. Surgem espontaneamente ou em áreas de fácil trauma, como nos tornozelos,
espaços interdigitais, calcâneos e, menos frequentemente, na região gemelar. São de difícil
cicatrização e tendem a ser rasas e de fundo pálido. (Akamine N.; Rasslan Z., 2011, p. 198).
A Doença de Buerger (Trombangeíte obliterante) é uma vasculite inflamatória
segmentar, oclusiva, não-aterosclerótica que atinge os vasos de pequeno e médio calibre dos
membros. Afeta predominantemente adultos jovens do sexo masculino com isquemia distal
das extremidades, manifestada clinicamente por claudicação, Dor em repouso, úlceras e/ou
gangrena. O tabaco assume um papel importante na patogénese, iniciação e continuação da
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doença. Pensa-se que a média de tempo entre o início do tabagismo e o diagnóstico da
doença seja de 12 anos (Marques, 2010, p.9).
Diversos critérios de diagnóstico foram propostos para a Doença de Buerger, a
maioria dos quais tem em linha de conta critérios de exclusão para além dos aspetos
característicos da patologia que, em conjunto, corroboram dois com um diagnóstico
consistente. Shionoya sugeriu cinco critérios clínicos para o diagnóstico de TAO, que são
utilizados universalmente :
Início da doença antes dos 50 anos;
História de hábitos tabágicos;
Lesões arteriais oclusivas infra poplíteas;
Envolvimento dos membros superiores com ou sem tromboflebite migratória;
Ausência de fatores de risco para aterosclerose à exceção do tabagismo (Marques,
2010, p.14).
Mais recentemente, Jeffrey W. Olin propôs um conjunto de critérios semelhantes aos
de Shionoya, incluindo um maior número de conceitos clínicos a seguir citados:
Idade inferior a 45 anos;
História recente de consumo de tabaco;
Presença de isquemia distal dos membros indicada por claudicação, Dor em repouso,
úlceras isquémicas ou gangrena e documentada por meios complementares não-
invasivos;
Exclusão de doenças auto-imunes, estados de hipercoagulabilidade e Diabetes
Mellitus;
Exclusão de fontes embolígenas proximais, confirmada através de ecocardiograma e
arteriografia;
Achados arteriográficos consistentes nos membros clinicamente envolvidos e nos não
atingidos (Marques, 2010, p.14).
O prognóstico da Doença de Buerger é significativamente pior que a Doença Arterial
Periférica no que diz respeito à perda de membros. As percentagens de amputação de dedos
ou parte distal do pé situam-se nos 19%, bem como 19% dos doentes são sujeitos a
amputação major do membro inferior (Marques, 2010, p.22).
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A amputação é uma intervenção cirúrgica comum usada no tratamento da Doença
Arterial Periférica avançada e na Doença de Buerger. É geralmente, considerado o
tratamento de último recurso, quando outras intervenções médicas e cirúrgicas falharam em
preservar o membro (Phipps, 2010, p.902)
Estima-se que, em Portugal, possam ocorrer anualmente cerca de 1200 amputações
não traumáticas dos membros inferiores, resultando um esforço acrescido do membro
remanescente, que poderá iniciar problemas em apenas ano e meio, quer se tenha ou não
provido de prótese o membro amputado. Decorridos cinco anos sobre a primeira amputação,
mais de metade dos doentes já terão sofrido amputação no membro inferior contralateral
(Monteiro, 2008)
A isquemia crônica dos tecidos, que resulta em necrose e depois gangrena, é a
sequencia patológica mais comum que resulta de amputação. Os pulsos periféricos
apresentam-se diminuídos ou ausentes, à medida que a isquemia se agrava, e o doente sente
dores progressivas. O objetivo da amputação é conservar, o mais possível, a extensão
funcional do membro, enquanto se remove todo o tecido infetado ou isquémico (Phipps,
2010, p.902).
A amputação dum membro é quase invariavelmente seguida pela sensação de que a
parte amputada ainda existe (fenómeno conhecido por membro fantasma), sensação essa que
a maior parte das vezes é dolorosa (Dor de membro fantasma - DMF). Esta Dor é de carácter
crónico, de difícil compreensão e tratamento, condicionando a reposição da desejável
qualidade de vida destes doentes (Quadros, 2010, p.7).
A DMF é um fenómeno clínico comum que providencia um desafio em termos de
terapêutica da Dor, continuando a merecer muita atenção por parte da comunidade médica e
investigadores, uma vez que as suas causas são muitas vezes mal interpretadas tanto pelos
doentes como pelos profissionais de saúde (Quadros, 2010, p.8).
A Hipertensão Arterial grave e de longa duração pode também desencadear uma
variedade especial de úlcera isquémica chamada úlcera hipertensiva. Esta comumente é
muito dolorosa e surge na face ântero-lateral da perna bilateralmente (Akamine N.; Rasslan
Z., 2011, p. 197).
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A Doença de Raynaud é uma perturbação vasoespástica, episódica, das pequenas
artérias cutâneas, que geralmente envolve os dedos das mãos e dos pés. A clássica alteração
trifásica na cor, palidez, cianose, dor e rubor de um ou mais dedos dos pés é considerada
diagnóstico de doença de Raynaud. Em geral os episódios duram apenas alguns minutos,
mas em casos mais graves podem persistir horas. Com a existência de isquemia persistente
podem desenvolver-se lesões e ulceras gangrenosas nas pontas dos dedos dos pés (Phipps,
2010, p. 901). Quando ocorre isoladamente, chama-se síndrome de Raynaud. Quando ocorre
em conjunto com outro processo patológico, como esclerose sistémica, lúpus sistémico
eritematoso, artrite reumatoide, traumatismos ou obstrução arterial, designa-se por
fenómeno de Raynaud. Os sintomas são frequentemente precipitados por exposição ao frio,
perturbação emocional, ingestão de cafeina, consumo de tabaco e surge, com mais
frequência no Inverno e em climas húmidos e frios (Phipps, 2010, p. 901).
As condições que prejudicam o retorno do fluxo venoso de forma aguda, como na
trombose venosa profunda e na tromboflebite superficial, e de maneira crônica, como na
doença varicosa, também são causas frequentes de Dor nos membros inferiores. (Akamine
N.; Rasslan Z., 2011, p. 197).
A obstrução aguda do fluxo de uma veia profunda é denominada Trombose Venosa
Profunda. Os pacientes com esse quadro apresentam Dor aguda na perna, atingindo os
grupos musculares da região gemelar, que piora aos movimentos de extensão, flexão e
deambulação, acompanhado de empastamento muscular e edema. A trombose venosa
profunda é uma urgência clínica, pois, se não tratada, pode evoluir para embolia pulmonar –
quadro de alta morbimortalidade (Akamine N.; Rasslan Z., 2011, p. 197).
A Dor Crônica de etiologia venosa é, em geral, suportável e raramente leva o
paciente à procura de ajuda especializada. É causada pela disfunção das válvulas venosas,
determinando refluxo venoso e formação de varizes. Nesses casos, predomina a dor em
peso, em queimadura ou desconforto nas pernas, que se agrava na época do calor, quando o
paciente fica muito tempo de pé ou no período pré ou menstrual na mulher (Akamine N.;
Rasslan Z., 2011, p. 197).
A presença das varizes nos membros inferiores também corresponde a uma queixa da
mulher, no entanto, mais ligada ao aspeto estético das dilatações venosas. Outras
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manifestações podem estar presentes nos pacientes com varizes, como os pruridos, cãibras e
edema discreto de tornozelo (Akamine N.; Rasslan Z., 2011, p. 197).
Na Insuficiência Venosa Crônica, surgem manifestações mais graves, como o
eczema de estase, hiperpigmentação, lipodermatoesclerose (pele e tecido subcutâneo
endurecidos e espessados), que culminam com a úlcera venosa (Akamine N.; Rasslan Z.,
2011, p. 197).
Pacientes com varizes de membros inferiores de longa duração geralmente procuram
ajuda médica especializada devido à tromboflebite superficial, que é caracterizada como
uma dor súbita e intensa sobre um trajeto venoso associado a processo inflamatório
localizado; e varicorragia, caracterizada como sangramento nos trajetos varicosos (Akamine
N.; Rasslan Z., 2011, p. 197).
A Obstrução do Fluxo Linfático frequentemente causa edema crônico do membro e,
raramente, dor. O Linfedema está relacionado a doenças congênitas, caracterizadas por
aplasia ou hipoplasia do sistema linfático e adquiridas, do tipo linfangite ou infiltração
tumoral. O edema linfático é do tipo duro e pouco depressível. O paciente com Linfedema
raramente procura ajuda médica personalizada. Uma exceção frequente é quando apresenta
Dor súbita em trajetos linfáticos associada à febre alta e mal-estar geral, o que pode
corresponder à linfangite aguda (Akamine N.; Rasslan Z., 2011, p. 196).
A Erisipela é um processo infecioso cutâneo que pode atingir a gordura do tecido
celular subcutâneo, causada pela bactéria Streptococcus pyogenes grupo A, que se propaga
pelos vasos linfáticos causando linfangite estreptocócica. Pode ocorrer em pessoas de
qualquer idade, mas é mais frequente nos pacientes diabéticos, obesos e portadores de
deficiência da circulação venosa dos membros inferiores. No período de incubação, que é de
1 a 8 dias, aparecem mal-estar, desânimo, dor de cabeça, náusea e vômitos, seguidos de
febre alta e aparecimento de manchas vermelhas com aspeto de casca de laranja, bolhas
pequenas ou grandes, quase sempre nas pernas e, às vezes, na face, tronco ou braços
(Akamine N.; Rasslan Z., 2011, p. 198).
De facto, valorizar a Dor não significa apenas avaliar a sua intensidade, significa
também conhecer a sua etiologia e história. Para uma correta valorização, é necessário que a
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avaliação tenha em conta uma colheita de dados que inclua: a causa, a forma de
aparecimento/instalação, a localização e eventual irradiação, o tipo, a frequência/duração, os
fatores de alívio ou de exacerbação, ou outras características da Dor, de acordo com a
descrição do doente. Por a Dor ser resultado de um processo elaborado e complexo,
específico para cada pessoa e variável segundo as circunstâncias, a valorização da Dor
deveria, ainda, considerar elementos como: a experiência anterior em relação à Dor, a
doença de base, a presença de sintomas concomitantes, a interferência nas atividades da vida
diária, a personalidade do doente e os determinantes culturais e ambientais envolvidos.
As intervenções desenvolvidas em função da avaliação efetuada, que consistem, ao
fim e ao cabo, no seu tratamento, monitorizadas continuamente por avaliações subsequentes,
constituem os elementos chave da valorização e reconhecimento da Dor.
A utilização de uma mesma escala de avaliação da Dor num serviço asseguraria a
existência de uma linguagem comum no que concerne à classificação da Dor.
Neste sentido, uma das propostas a concretizar seria, efetuar uma breve apresentação
ao serviço, onde se realizaria uma abordagem da Dor na sua globalidade como também dos
síndromes mais comuns da Dor dos membros inferiores de origem vascular. Posteriormente
apresentaria o algoritmo de atuação de Enfermagem no controlo da Dor, fazendo a ponte
para o algoritmo da Dor dos membros inferiores de origem vascular. Por fim, seriam
entregues aos profissionais de saúde uma régua de avaliação da Dor, na qual estariam
incluídas as escalas de autoavaliação mencionadas anteriormente neste trabalho, adaptadas
ao serviço, bem como, aspetos a avaliar na Dor. As escalas inscritas na régua ao contrário da
descrição feita anteriormente, cuja numeração das escalas tem um máximo de 10 valores,
teria um máximo de oito valores, já que a escala estava assim parametrizada no SAPE.
Desta forma, foi desenhada uma régua adaptada às especificidades do serviço, onde o
0 equivale a dor ausente e o 8 a dor intensa. A régua é possível ser observada no capitulo
2.2. deste trabalho.
Esta proposta pretende contribuir assim, para a qualidade de desempenho
profissional dos enfermeiros através de uma prática orientada e sistemática.
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2.1. ALGORITMO DE ACTUAÇÃO DE ENFERMAGEM NO CONTROLO DA DOR
ORDEM DOS ENFERMEIROS - DOR: Guia Orientador de Boa Prática. Junho, 2008, pág.23 Ilustração 1 - Algoritmo de atuação de Enfermagem no controlo da Dor
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2.2. ALGORITMO DA DOR DOS MEMBROS INFERIORES DE ORIGEM
VASCULAR
O algoritmo da Dor dos membros inferiores de origem vascular foi elaborado com base
bibliográfica (Akamine N.; Rasslan Z., 2011).
• Dor súbita e progressiva no membro inferior, frialdade, parestesia, palidez e cianose e ausência de pulso.
Obstrução Arterial Aguda
• Dor crônica no membro inferior com evolução para dor em repouso de forte intensidade e
persistente (por mais de 4 semanas) ou úlcera.
Doença Arterial Obstrutiva Periférica – isquemia crítica
• Dor crônica no membro inferior, tipo claudicação intermitente - fraqueza, desconforto, caimbra muscular, dor só em exercício, com melhora em repouso.
Doença Arterial Obstrutiva periférica – isquemia não
crítica
• Úlcera muito dolorosa e debilitante, presente mais tipicamente nas extremidades (dedos dos pés,parte dorsal do pé, calcanhar e proeminencia ossea do tornozelo).
Úlcera Isquêmica
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• Claudicação da região posterior da perna ou pé;
• Dor em repouso;
• Gangrena digital dolorosa e isquemia aguda fulminante do pé com manutenção dos pulsos arteriais distais.
• Alterações da cor da pele, extremidades frias e lesões cutâneas podem preceder os episódios dolorosos (Marques, 2010).
Doença de Buerger
• Na fase isquémica, os dedos dos pés estão frios, pálidos e dormentes.
• Na fase hiperemia desenvolve-se rubor, edema e dor pulsante nos dedos dos pés devido à dilatação dos vasos (Phipps, 2010)
Doença de Raynaud
• A dor fantasma é descrita como facada, picada de agulha, aperto, queimadura, palpitações e disparos e é localizada preferencialmente numa posição distal do membro fantasma (Quadros, 2010)
Dor Fantasma
• Dor progressiva e intensa na parte inferior do membro inferior, que aumenta com o alongamento muscular passivo, com edema, empastamento e aumento de temperatura.
Obstrução venosa
• Dor crônica no membro inferior com edema, sensação de peso, pressão, fadiga crônica e varizes.
Doença venosa crônica
• Dor aguda no membro inferior com edema, hiperemia, eritema, estriamento, calor local e febre.
Infecção no membro inferior
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2.2.1. RÉGUA DE AVALIAÇÃO DA DOR
Adaptado de: SOUZA, S. - Sinais e Sintomas. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006
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3. ALIVIO FARMACOLÓGICO E NÃO FARMACOLÓGICO DA DOR
O controlo da Dor deve ser encarado como uma prioridade no âmbito da prestação de
cuidados de saúde, sendo, igualmente, um fator decisivo para a indispensável humanização
dos cuidados de saúde (DGS, 2003).
Todo o indivíduo tem direito ao adequado controlo da Dor, qualquer que seja a sua
causa, de modo evitar um sofrimento desnecessário e reduzir a morbilidade que lhe está
associada (Ordem dos Enfermeiros, 2008).
A competência para a avaliação e controlo da Dor por parte dos profissionais de saúde
requer uma abordagem multidisciplinar coordenada (Ordem dos Enfermeiros, 2003) e exige
uma formação contínua (RNAO, 2002), devendo adotar estratégias de prevenção e controlo
da Dor dos indivíduos ao seu cuidado contribuindo para o seu bem-estar. Deve ser dada
particular atenção à prevenção e controlo da Dor provocada pelos atos de diagnóstico ou
terapêutica (DGS, 2003).
O controlo da Dor deve ser efetuado a todos os níveis das redes de prestação de
cuidados de saúde, começando em regra pelos Cuidados de Saúde Primários e prosseguindo,
sempre que necessário, para níveis crescentes de diferenciação e especialização (DGS,
2003).
As técnicas de controlo da Dor são variadas e de natureza diferente. O alívio da Dor
pode dividir-se em dois grandes grupos: farmacológico e não farmacológico, consoante se
utiliza, ou não, medicamentos. Quer se opte por cada uma das modalidades, ou por ambas, o
doente deverá ter em conta algumas orientações para uma melhor rentabilização da
terapêutica instituída, com vista a contribuir, ele próprio, para uma menor incidência de Dor
e para um eficaz autocontrolo dos sintomas, atingindo, assim, os ganhos em saúde desejados
(DGS, 2001, p. 40).
A colaboração com os restantes elementos da equipa multidisciplinar no
estabelecimento de um plano de intervenção para o controlo da Dor, deve ser coerente com
os objetivos do indivíduo, contribuindo com dados relevantes sobre a sua individualidade
para a seleção mais adequada dos analgésicos e vias de administração, compreendendo as
indicações, contra – indicações e efeitos colaterais mais frequentes na terapêutica analgésica
(Anexo II ) (Ordem dos Enfermeiros, 2008).
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As técnicas farmacológicas envolvem, fundamentalmente, a utilização de fármacos
analgésicos e fármacos adjuvantes. Os analgésicos podem ser opióides e não opióides, sendo
a morfina o paradigma de referência no grupo dos opióides fortes, a codeína no do grupo de
opióides fracos e os anti – inflamatórios não esteróides no grupo dos analgésicos não
opióides, onde também se incluem outros analgésicos antipiréticos, como o paracetamol,
sem atividade anti – inflamatória e o metamizol, com pouca atividade anti - inflamatória
(DGS, 2001)
Os fármacos adjuvantes, de enorme importância no controlo de todas as formas de Dor,
são medicamentos pertencentes a vários grupos farmacológicos que, não sendo verdadeiros
analgésicos, contribuem para o alívio da Dor, potenciando os analgésicos e interferindo nos
vários fatores que podem agravar o quadro álgico. São exemplo, entre outros, os
antidepressivos, os ansiolíticos, os anti convulsivante, os corticosteroides, os relaxantes
musculares e os anti – histamínicos (DGS, 2001).
Segundo ainda o protocolo de controlo da Dor determinado pela a Organização Mundial
de Saúde (Anexo I), e já mencionado anteriormente, para dores de fraca intensidade, encontra-
se estabelecido a utilização de medicamentos não morfínicos (patamar 1) que compreendem
essencialmente o paracetamol, a aspirina e os AINEs; no patamar 2, utiliza-se morfínicos
fracos, para dores de intensidade moderada, que compreendem a codeína, o tramadol, entre
outros, administrados isoladamente ou em associação com medicamentos do patamar 1; para
dores de intensidade forte, empregam-se morfínicos fortes (patamar 3) que compreendem a
morfina, a metadona, o fentanil, entre outros (Meltzger, Schwetta e Walter, 2002).
O envolvimento do doente, do cuidador principal e da família, é crucial na definição e
reajustamento do plano terapêutico de acordo com os resultados de reavaliação e com
recursos disponíveis (Ordem dos Enfermeiros, 2008).
Visando a diminuição da intensidade da Dor, ou o aumento da tolerância a esta, as ações
no autocontrolo da Dor prendem-se ainda, sobretudo com o ensino de técnicas não
farmacológicas (Anexo III), tais como a aplicação de frio e calor; relaxamento com
imaginação; técnica de distração, toque terapêutico e conforto, entre outros, passíveis de
serem realizadas pelo próprio doente.
O relaxamento pode ser utilizado pelos seus efeitos diretos na tensão existente na
musculatura. Ao diminuir a hiperatividade muscular decresce, também, o agravamento e
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manutenção da Dor. Por outro lado, esta técnica vai permitir distrair o pensamento, já que os
doentes estão híper-vigilantes em relação ao seu estado doloroso (Ordem dos Enfermeiros,
2008).
A distração, ou atenção dirigida consiste em focalizar a atenção do doente em algo que
não seja a sua Dor, como por exemplo, ouvir música, ver televisão ou ler. Este método pode
reduzir a intensidade dolorosa ou aumentar a tolerância à Dor, tornando-a menos incómoda
(Ordem dos Enfermeiros, 2008).
As estratégias de conforto, são destinadas a tentar alterar as circunstâncias negativas
relacionadas com a Dor, reduzindo os seus efeitos nocivos.
As mais utilizadas são:
- Auto instrução (auto afirmações positivas durante uma situação em que o doente
apresenta pensamentos negativos);
- Testagem da realidade (procura de evidências empíricas para os pensamentos);
- Pesquisa de alternativas (procura de todas as alternativas possíveis e não apenas as
negativas) (Ordem dos Enfermeiros, 2008).
O toque terapêutico consiste num “toque sem toque” uma vez que não há
necessariamente o toque do terapeuta diretamente sobre a pele do paciente. As mãos do
terapeuta permanecem cerca de 6 a 12 cm de distância da pele (Ordem dos Enfermeiros,
2008).
Em 1987, a Ordem dos Enfermeiros do Canadá reconheceu o Toque Terapêutico “como
um instrumento complementar essencial dos cuidados”, fazendo atualmente parte da prática
diária dos enfermeiros. Constituiu-se mesmo como componente integrada na sua formação e
na origem de diversas Graduações e Pós-Graduações (Ordem dos Enfermeiros, 2008).
É importante, no entanto, que antes do ensino sobre estas técnicas o doente já tenha
obtido algum domínio sobre o controlo dos efeitos secundários da medicação, o manejo
eficaz da terapêutica antiálgica e o conhecimento da sua melhor posição antiálgica (DGS,
2001, p. 52).
As intervenções não farmacológicas podem assistir o doente no alívio da Dor em
complementaridade e não em substituição da terapêutica farmacológica, considerando as
preferências do indivíduo, os objetivos do tratamento e a evidência científica disponível, de
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modo a prevenir e controlar os efeitos colaterais mais frequentes dessas mesmas
intervenções (Ordem dos Enfermeiros, 2008).
O envolvimento do doente no controlo da Dor respeita o princípio ético da autonomia
(Ordem dos Enfermeiros, 2008). A tomada de decisão sobre o controlo da Dor requer a
colaboração do doente, dos cuidadores e da família (RNAO, 2002), sendo estes parceiros
ativos no controlo da Dor (DGS, 2001).
A Dor não controlada tem consequências imediatas e a longo prazo pelo que deve ser
prevenida (RNAO, 2002). A existência de Dor provoca a ansiedade e o medo que são
frequentemente intensificados no momento em que o doente regressa a casa (Smaltzer e
Bare, 2005, p. 259).
Estratégias de educação, formação e ensino de todos os intervenientes são essenciais
para o desenvolvimento de boas práticas nos diversos contextos de intervenção profissional
(Ordem dos Enfermeiros, 2008, p. 11). Assim, os profissionais de saúde realizam
intervenções com o doente e família, nomeadamente ensinar acerca da Dor e das medidas de
controlo; instruir e treinar para o auto – controlo na utilização de estratégias farmacológicas
e não farmacológicas e seus efeitos colaterais; instruir sobre a necessidade de alertar
precocemente os profissionais de saúde para o agravamento da Dor, as mudanças no seu
padrão, novas fontes e tipos de Dor e efeitos colaterais da terapêutica analgésica; e ainda,
fornecer informação escrita que reforce o ensino (Ordem dos Enfermeiros, 2008).
Smaltzer e Bare, 2005, salientam a importância de reavaliar a Dor após a
implementação das intervenções de alívio, de modo a observar a sua eficácia. Os
profissionais de saúde têm o dever ético e legal de advogar uma mudança do plano de
tratamento quando o controlo da Dor é inadequado (RNAO, 2002).
Em anexo (IV e V) encontram-se os algoritmos referentes à Dor Aguda e Crônica,
adaptados ao Serviço de Cirurgia Vascular e de acordo com as recomendações da
Organização Mundial de Saúde (OMS) (DGS, 2001).
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REFLEXÃO CRÍTICO-CONCLUSIVA
Os enfermeiros têm a responsabilidade de se articular com os outros profissionais de
saúde na proposta de mudanças organizacionais que facilitem a melhoria das práticas de
controlo da Dor, defendendo, também, a mudança das políticas e alocação de recursos que
sustentem o controlo efetivo da Dor (Ordem dos Enfermeiros, 2008).
A prestação de cuidados à pessoa com Dor inclui a avaliação, o controlo e o ensino,
devendo todas as intervenções ser documentadas por parte dos profissionais de enfermagem
(Ordem dos Enfermeiros, 2008).
De acordo com o Código Deontológico o enfermeiro deve assegurar a continuidade
dos cuidados, registando fielmente as observações e intervenções realizadas (Ordem dos
Enfermeiros, 2003, p. 187). Nas Competências do Enfermeiro de Cuidados Gerais está
definido que o enfermeiro comunica com consistência informação relevante, correta e
compreensível, sobre o estado de saúde do cliente, de forma oral, escrita e eletrónica, no
respeito pela sua área de competência (Ordem dos Enfermeiros, 2003, p. 24).
A importância de um sistema de registos está enunciada nos Padrões de Qualidade
dos Cuidados de Enfermagem (Ordem dos Enfermeiros, 2001). O sistema deve incorporar as
necessidades de cuidados, as intervenções de Enfermagem e os resultados sensíveis a essas
intervenções (Ordem dos Enfermeiros, 2008). A importância dos registos, tais como a
história e intensidade da Dor; as intervenções farmacológicas e não farmacológicas e os seus
efeitos colaterais, bem como as mudanças do plano terapêutico, e ainda, a promoção da
utilização de um diário como facilitador de auto – controlo e da continuidade dos cuidados,
decorre da necessidade de obter dados para avaliação da qualidade, análise epidemiológica e
investigação (Ordem dos Enfermeiros, 2008).
A aquisição e atualização de conhecimentos sobre Dor é uma responsabilidade que
deve ser partilhada pelas instituições de ensino, de prestação de cuidados e pelos
enfermeiros individualmente, de modo a garantir a atualização dos conhecimentos,
habilidades, atitudes e crenças acerca da avaliação e controlo da Dor, e a incorporação de
novas práticas (Ordem dos Enfermeiros, 2008).
No serviço de Cirurgia Vascular, a Dor, ainda não é percecionada pelos enfermeiros
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como o 5º sinal vital, e sendo esta de caracterização difícil e subjetiva, a sua avaliação nem
sempre é efetuada ou registada de forma sistemática para um controlo eficaz.
De forma a compreender as principais dificuldades sentidas pelos enfermeiros na
avaliação e registo sistemático da Dor, durante estas últimas semanas, os meus focos de
atenção foram dirigidos aos processos de enfermagem e registos gráficos dos sinais vitais.
Verifiquei que uma grande parte dos registos não estava presente a avaliação da Dor como
5º sinal vital, como também, destes registos, a Dor aparecia registada uma vez por turno no
gráfico de sinais vitais e sem avaliação contínua. Por outro lado, apenas alguns dos registos
nas notas de evolução faziam alguma referência à Dor, sobressaindo a categoria “Dor -
Ausente” e menos valorizada a categoria “o doente tem referido dor”. Todos os doentes
estavam medicados com analgesia em SOS.
Relativamente à avaliação da Dor efetuada pelos enfermeiros, após a observação de
algumas das práticas efetuadas em diferentes turnos, verifiquei que nenhum dos enfermeiros
dispunha como material, um instrumento para avaliar a intensidade da Dor. Ainda, nas
passagens de turno, a Dor nem sempre era referida pelos enfermeiros, e quando era,
utilizavam como avaliação e caracterização da mesma, a inserida ao nível dos registos,
levando-me a concluir que, apesar de se avaliar ocasionalmente e se registar uma vez turno a
Dor, não existe consequentemente uma uniformidade na linguagem utilizada pelos
enfermeiros na descrição das características da Dor.
Quando confrontei alguns dos enfermeiros atores com a minha perceção, estes
referiram que apesar de saberem da existência do instrumento de avaliação e registo da Dor
no serviço, o tempo que dispunham para cada doente, o diminuto número de enfermeiros e a
desorganização do próprio serviço, não tornava possível a avaliação constante e registo do
controlo da Dor. Referindo ainda que alguns doentes tinham dificuldade em se posicionar na
escala de avaliação, ou que não compreendiam a numeração desta, situando-se em intervalos
de Dor.
Assim, apesar de este pequeno estudo ter sido efetuado num curto espaço de tempo e
sem todos os intervenientes, e indo de encontro com toda a investigação bibliográfica
consumada, penso que seria importante e necessário uma diferente organização do serviço e
estruturas de registo melhoradas, como também formação atualizada para os enfermeiros
quanto às formas de avaliar e registar a Dor.
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A utilização de uma mesma escala de avaliação da Dor e de uma régua, que foi
realizada, e que poderia ser utilizada igualmente como instrumento de avaliação por parte de
toda a equipa de enfermagem, asseguraria uma uniformização dos critérios de avaliação e
linguagem comum entre toda a equipa. Ainda, a aferição da mesma avaliação certificaria
também para um planeamento e gestão eficaz da terapêutica farmacológica e não
farmacológica instituída.
Considero que com o desenvolvimento da monografia: “Dor nos membros inferiores
Contexto Clínico de Cirurgia Vascular” permitiu-me conhecer a atuação do profissional de
saúde na abordagem do doente com Dor, integrada numa equipa multidisciplinar composta
por profissionais com competências complementares e com objetivos e estratégias comuns.
Ainda, possibilitou-me como aluna de enfermagem, estimular o pensamento crítico na
temática em questão, tendo sido este um processo consciente, intencional e orientado para o
resultado, com o intuito de identificar as necessidades do doente, e ainda, a determinar as
melhores ações de enfermagem que ajudarão o doente a satisfazer essas necessidades
(Smaltzer e Bare, 2005, p. 29).
Em jeito de conclusão, importa não esquecer que a Dor continuará a ser uma
experiência individual, influenciada por múltiplos fatores pessoais, culturais e sociais,
expectativas e estados emocionais, entre outros. Por isso cuidar de um doente com Dor exige
mais que uma simples abordagem, exige uma intervenção muito mais complexa e
abrangente capaz de envolver todos estes componentes. A Dor exige dos enfermeiros uma
atenção extrema e uma aptidão e sensibilidades especiais para a sua avaliação, contribuindo
para a garantia de cuidados mais humanizados. E porque continuará a ser um desafio para
todos os enfermeiros, proponho futuros estudos.
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ANEXOS
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Anexo I – Escada da OMS
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Adaptado de: Pereira JL. Gestão da dor oncológica. In: Barbosa A, Neto I, editores. Manual de Cuidados Paliativos. Lisboa: Núcleo de Cuidados Paliativos /
Centro de Bioética da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa; 2006. p. 61-113.
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Anexo II – Alívio Farmacológico da Dor
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TERAPÊUTICA ANALGÉSICA MAIS COMUM
FÁRMACO
CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS
EFEITOS COLATERAIS
NÃO OPIÓIDES
PARACETAMOL
Inibe a síntese central das prostaglandinas
- Risco de hepatotoxicidade se
ultrapassadas as doses recomendadas.
AINE´S
DICLOFENAC,
IBUPROFENO,
NIMESULIDE,
TENOXICAN
Interferem nos mecanismos de transdução
Inibidores da síntese das prostaglandinas
Antiagregantes plaquetários
Dispepsia;
- Riscos: hemorragia, úlcera gástrica,
insuficiência renal aguda, insuficiência
hepática.
OPIÓIDES
FRACOS
(TRAMADOL,
CODEINA..)
FORTES (MORFINA,
PETIDINE)
Intervêm nos mecanismos de modulação e de perceção;
Analgesia a nível:
- Supra espinal, por ativação das vias inibitórias descendentes
e inibição da atividade neural;
- Espinal, por inibição pré e pós sináptica da transmissão das
fibras, na sua maioria, aferentes na medula espinal;
- Periférico, por ligação aos recetores opióides em tecidos
inflamatórios.
- Estase gástrica, náuseas, vómitos,
obstipação, sonolência, prurido, retenção
urinária;
- Risco de hipotensão e depressão
respiratória em doentes de maior
sensibilidade ou com doses desajustadas.
CORTICÓIDES
PREDNISOLONA,
DEXAMETASONA
Ação anti-inflamatória potente, resultante da inibição da
síntese das prostaglandinas.
- Hiperglicemia, osteoporose, diminuição
da resistência a todos os agentes
infeciosos, alterações digestivas com
aumento da incidência de hemorragia ou
perfuração.
RELAXANTES MUSCULARES
FLUPIRTINA, BACLOFENO,
DIAZEPAM
Relaxamento da musculatura.
- Sonolência e tonturas, tremor, insónias e
convulsões, alterações gastrointestinais.
ANSIOLÍTICOS
DIAZEPAM,ALPRAZOLAM,
HIDROXIZINA…
Atuam sobre os recetores GABA, modulando a sua ação.
- Sonolência, ataxia.
- Risco de tolerância e dependência.
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Anexo III – Alívio Não Farmacológico da
Dor
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ALÍVIO NÃO-FARMACOLÓGICO DA DOR
FÍSICAS
- Aplicação de Frio e/ou de Calor
-Exercício
- Massagem
Estimulação Elétrica Transcutânea: TENS
Aplicação de corrente de baixa intensidade através da colocação de eléctrodos na pele,
provocando estimulação seletiva dos recetores sensitivos cutâneos a um estimulo mecânico.
COGNITIVO- COMPORTAMENTAIS
- Reestruturação cognitiva e treino de estratégias de Coping
- Relaxamento com imaginação
- Distração
SUPORTE EMOCIONAL
- Toque Terapêutico
- Conforto
Adaptado de : - ORDEM DOS ENFERMEIROS - DOR: Guia Orientador de Boa Prática. Junho, 2008, pág.49
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Anexo IV - Algoritmo da Dor Aguda
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DOR AGUDA
Dor
Intensidade
Reduzida
Não Opióides
AAS
AINE´s
Paracetamol
+ Terapias Adjuvantes - Não Farmacológicas
Dor Intensidade moderada
Opióides Fracos
Codeína
Dihidrocodeína
Tramadol
+ Terapias Adjuvantes -
Não Farmacológicas
+ Não Opióides
Dor Intensidade
Elevada
Opióides Fortes
Morfina
Peptidine
Fentanil
+ Terapias Adjuvantes - Não Farmacológicas
+ Não Opióides
Segundo a Régua de Avaliação
da Dor
Adaptado de: DGS, 2001
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Anexo V - Algoritmo da Dor Crônica
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DOR CRÔNICA
Dor Neuropática - Dor do Membro Fantasma
Opióides +
Antidepressivo triciclico e /ou
Anticonvulsivante
Dor Nociceptiva - Úlceras; Feridas;
AINE´s + Opióides
Adaptado de: Núcleo de Cuidados Paliativos Associação Portuguesa dos Médicos de Clínica Geral, 2007.
Terapias Não Farmacológicas