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1 MOBI por mais direitos LIZA ! tese da juventude socialismo e liberdade 54º CONGRESSO NACIONAL DA UNIÃO NACIONAL DOS ESTUDANTES OUTRA UNE É POSSÍVEL

Mobiliza! Por mais direitos

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Tese da JSOL ao 54º Congresso da UNE

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MOVIMENTO DA JUVENTUDE SOCIALISMO E LIBERDADE– JSOL ao 54º Congresso da União Nacional dos Estudantes 1

MOBI

por mais direitos

LIZA!tese da juventude socialismo e liberdade 54º CONGRESSO NACIONAL DA UNIÃO NACIONAL DOS ESTUDANTES

OUTRA UNEÉ POSSÍVEL

MOVIMENTO DA JUVENTUDE SOCIALISMO E LIBERDADE– JSOL ao 54º Congresso da União Nacional dos Estudantes 2

A Juventude Socialismo e Liberda-de é um movimento construído para organizar a juventude que

resiste nas lutas de norte a sul do Brasil. Organizar-se para desorganizar a ordem capitalista vigente: opressora, excludente e injusta.

Somos um movimento social que atua dentro e fora do movimento estudantil. Vi-vemos em uma pátria onde mais de 2,5 mi-lhões de jovens permanecem sem estudar, onde milhares de jovens trabalhadores são submetidos a péssimas condições de tra-balho. Somado a isso, as mulheres são ví-timas cotidianas de violência, a juventude pobre e negra vive sob a ditadura da exclu-são e a população LGBT não tem sequer o direito de expressar sua liberdade frente ao preconceito reacionário que domina partes de nossa sociedade.

Sem bulas ou manuais pron-tos, queremos apresentar no-vos formatos de organização, combinando o movimento es-tudantil com a cultura, a forma-ção política, as

lutas das mulheres, negros e LGBTs contra toda forma de opressão. Por meio de nú-cleos de base, com planos de ação locais, estaduais e nacionais, queremos construir um movimento de baixo pra cima para, lá na frente, mudar o Brasil.

Nossa referência é o PSOL e não escon-demos isso. Achamos que temos que ter clareza de nosso projeto e, hoje, é o PSOL, com sua militância, seus parlamentares e suas campanhas, tal qual foi a de Luciana Genro em 2014, que melhor representa a construção de um Brasil justo, igualitário e verdadeiramente livre.

APRESENTAÇÃO

• Não aceitaremos os cortes! Construir a greve da educação e ocupar as ruas e as universidades contra o ajuste

• Inverter as prioridades: taxar as fortu-nas e investir nas áreas sociais

• Contra a anti-Reforma Política do Con-gresso: aprofundar a democracia com mais participação e o fim do financiamento priva-do de campanhas

• Nossa liberdade quer ter voz: democra-tizar as comunicações

- A juventude quer viver! Contra a redu-ção da maioridade penal

• Garantir 10% do PIB para a educa-ção pública e R$2,5 bilhões para assis-tência estudantil.

• Pelo direito a uma educação pública, democrática, de qualidade e liber-tadora.

• Anistia para os estudantes endi-vidados do FIES e regulamentação do ensino privado.

• Permanência estudantil para os alunos prounistas e do FIES.

• Queremos partici-pação: democracia real nas faculdades e universidades.

COMBATER OS RETROCESSOS, POR mudancas de verdades

POR UMA NOVA UNIVERSIDADE

• Por um novo movimento estudantil: menos burocracia e truculência, mais participação • Oposição de Esquerda: por uma UNE combativa, sem amarras, presente nas salas de aula e lutas da juventude.

MOVIMENTO ESTUDANTIL

NOSSA PLATAFORMA

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MUDAR O BRASIL

NÓS PODEMOS!A juventude

brasileira tem mostrado que

não foge da raia quan-do o assunto é lutar pelos seus direitos. Nós provamos nossa força, tanto nos momentos históricos do passa-do como nos últimos anos, nas ruas, redes e em nossas universida-des. Mostramos que é possível lutar por mais direitos, que o “impos-sível” pode e deve ser desconstruído pela mobilização, que para termos voz não preci-samos usar as velhas estruturas de sempre.

O momento atual é de novos desafios. O Brasil e o mun-do passam por uma grave crise social, política, econômica e ambiental, que afe-ta diretamente a ju-

ventude. Os governos e os mercados tentam nos impor um “ajuste” econômico, cortan-do investimentos em áreas sociais, como na educação, e mantendo os lucros dos “de cima”. Propõe retirar direitos dos trabalhadores para economizar – enquan-to as taxas de juros só crescem, favorecendo os que ganham dinhei-ro às custas de nossos recursos.

A verdade é que o modelo implemen-tado há mais de uma década se esgotou. Está provado que não é possível manter um sistema que diz querer “resolver” os problemas dos mais pobres sem mexer com os que sempre assaltaram o país, seja na economia, com a dívida pública,

que segue corroendo o dinheiro do povo bra-sileiro com a política de juros altos, seja com as estruturas carcomidas que permanecem des-de a ditadura: a mídia oligopolizada, a polí-tica velha, a polícia militarizada.

Reacio-nários de todos os tipos estão em ofensi-va. Querem dominar de vez a polí-tica, com pautas con-servadoras de ataque a todos nós – apoiados pelas mídias “grandes”, afoitas em garantir a sua liberdade de opressão, vários “Edu-ardos Cunhas” estão nas estruturas de po-der, propondo reduzir

a maioridade penal, tornar constitucional o financiamento privado de campanhas e atacar os direitos individuais conquistados pela po-pulação LGBT e pelas mulheres. Também vão

às ruas, pro-pondo me-nos demo-cracia. Esses devem ser combatidos.

Nós en-tendemos que não há alternativa nas op-

ções de sempre. De um lado, um governo que se elegeu com o nosso discurso, mas faz a política deles. Do outro, com as TVs embaixo dos braços, os que só se movimen-tam para manter seus privilégios e pautar

retrocessos, incluindo acabar com a demo-cracia. Esses não são alternativa.

A nossa alternativa é construir uma saída à esquerda para a crise. Queremos avanços, nunca retrocessos. Queremos as reformas estruturais na socieda-de, aprofundar a de-mocracia, combater as desigualdades e for-talecer a luta de nosso povo.

É preciso que a UNE esteja nas ruas e nas universidades mobili-zando todos para bar-rar as políticas contra os nossos direitos, os cortes de verbas nas áreas sociais e os movimentos reacioná-rios do Brasil. É preciso ocupar o Brasil de nor-te a sul por mais direi-tos. Nós podemos! •

“ Temos om um gover-no que se

elegeu com o nosso discurso, mas faz a polí-

tica deles.

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APROFUNDAR A DEMOCRACIA

E GARANTIR DIREITOS!A grande alian-

ça construída pelos setores

conservadores do Bra-sil impõe uma agenda e ataque aos nossos direitos, retrocessos e derrubada de qualquer proposta de aprofun-damento democrático. É assim nos casos da Reforma Política e democratização da mídia, pautas necessá-rias há muito tempo no Brasil, mas que ou são deturpadas, caso da primeira, ou totalmente derrubadas, como na segunda.

Para nós, são duas lutas que devem avan-çar de forma combi-nada, já que são comple-mentares. À mídia atual, não interes-sa democra-tizar a políti-ca. E grande parte dos políticos, por sua vez, é ligada aos grandes conglome-rados de desinforma-ção. Temos que estar nas ruas para barrar qualquer retrocesso e, ao mesmo tempo, unificar a luta pelas re-formas da política e da

mídia brasileiras. Para aprofundar a demo-cracia, só com mais participação e direito à comunicação!

É pauta histórica dos movimentos sociais do Brasil uma Reforma Política popular que aprofunde a nossa democracia. A estru-tura política do Brasil é dominada pelo poder econômico, fazendo de nosso Congresso um espaço de homens, brancos e heterosse-xuais. O espaço central

de poder no Brasil não representa a nossa plu-ralidade e favorece o conservado-rismo – pro-va disso são os crescen-tes números das banca-das funda-mentalista,

ruralista e “da bala”.Queremos uma

reforma política que torne o sistema polí-tico representativo e a cidadania presente. Um Brasil com ideolo-

“ O espaço central de

poder no Brasil não re-

presenta nossa pluralidade e

favorece o con-servadorismo

gias e com discussões, com o fortalecimento ideológico e não eco-nômico dos partidos.

Para isso, é preciso proibir o financiamen-to empresarial de campanhas, grande câncer de nossa de-mocracia e principal fonte da corrupção. Também é necessário fazer do sistema algo mais próximo da po-pulação, com meca-nismos eficientes de participação e contro-le social, facilitando a apresentação de leis de iniciativa popular, instituindo a revoga-bilidade popular dos mandatos e fortale-cendo instrumentos

de democracia direta, como plebiscitos e referendos.

Outro ponto impor-tante é a paridade de gênero. A composição feminina no Congresso Nacional não chega a 10%, em um país em que as mulheres são mais de 50% da popu-lação. Para combater o machismo, enten-demos que lugar de mulher também é na política!

Porém, a mando do presidente da Câmara, o retrógrado e corrup-to deputado Eduardo Cunha, o Congresso opera para passar o rolo compressor em qualquer proposta de

melhora democrática. Pelo contrário: traba-lha para piorar ainda mais o sistema político, constitucionalizando o financiamento privado de campanhas e ten-tando aprovar méto-dos de eleição menos democráticas do que a que temos hoje, como foi com o “distritão”. Lu-tar pela Reforma Políti-ca é também dizer:

MUDAR A POLÍTICA É MUDAR O BRASIL

FORAEDUARDOCUNHA!

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PARA EXPRESSAR A LIBERDADE

QUEREMOS TER VOZ!

Uma de nos-sas principais pautas é a

democratização da mídia. É preciso que-brar a estrutura mi-diática que temos no Brasil: oligopolizada, com poucas famílias dominando pratica-mente toda a informa-ção que os brasileiros recebem diariamente. No caso de rádios e TVs, utilizam conces-sões públicas, pro-priedade de nosso povo, para utilizar sua liberdade de opressão livremente, sem re-gulamentação, ata-cando diariamente os movimentos sociais, as mulheres, LGBTs, negros, a periferia e nosso povo.

Temos que acabar com o monopólio das informações da propriedade cruzada dos meios, que hoje

permite que jornais, TVs, rádios e portais estejam concentrados nas mesmas mãos. É preciso apoiar formas alternativas de mídia, da internet às rádios comunitárias. Também devemos acabar com o verdadeiro escân-dalo que é a proprie-dade de meios de comunicação por políticos com man-dato, cuja proibição já é prevista, mas nunca houve coragem para regulamentar.

A UNE deve en-campar, como tema transversal e central, uma grande jornada com os movimentos sociais da área, visan-do o fortalecimento de iniciativas já em curso, como a campa-nha Para Expressar a Liberdade. É preciso mostrar: nós também temos voz!

A CIDADE É NOSSA: OCUPE-A

As grandes ci-dades bra-sileiras hoje

funcionam com base em um projeto de cida-de-empresa, em que a função do ambiente não é dar um bom con-vívio aos seus morado-res, e sim render lucros aos que vivem da es-peculação imobiliária e da propriedade pri-vada dos locais. É por isso que os transportes públicos são caros e de baixa qualidade, que as empresas que pres-tam o serviço são uma verdadeira caixa-preta, que não há espaços públicos suficientes de cultura, que os inves-timentos são concen-trados nas zonas ricas das cidades, tornando invisível tudo o que é produzido nas perife-rias do Brasil.

É por isso, também, que há tanta gente sem moradia no Brasil. A es-peculação imobiliária estimula a não-ocupa-ção de prédios e mora-dias, que – sem utilida-de prática – passam a servir apenas para au-mentar lucros por sua valorização. Apoiamos

e construímos as lutas com os movimentos sem-teto em todo o Brasil e achamos que a UNE deve estar ao lado do MTST na constru-ção de marchas e mo-bilizações pelo direito à cidade.

Hoje, a cidade mar-ginaliza os pobres, violenta os negros, os LGBTs e as mulheres. Os casos de violência a esses setores com que convivemos diariamen-te em todo o Brasil não são por acaso: são fru-tos de uma política de “higienização” social, elitização e privatiza-ção dos espaços.

A polícia militarizada também cumpre um papel. O de chegar com violência a locais que nunca houve Estado, educação ou saúde, o de criminalizar a juven-tude da periferia. Só a desmilitarização, com unificação e humaniza-ção das polícias, pode fazer o Brasil avançar rumo a cidades demo-cráticas, abertas e sem violência.

Acreditamos que a cidade deve ter a fun-ção de proporcionar

acesso a cultura, saú-de e educação a todos. Deve ser o espaço de inclusão, e não de cria-ção e aprofundamento de abismos sociais, de classe, gênero e cor que existem na socie-dade. Para isso, é preci-so sempre lutar contra os eternos aumentos das tarifas de transpor-te, contra a privatização de áreas culturais e pelo direito à moradia.

A cidade é um direito nosso. Vamos ocupá-la!

•Tarifa Zero no trans-porte público para dar acesso aos outros di-reitos;

• Auditoria nas con-tas das empresas de transporte;

• Por mais políticas de apoio ao uso de bici-cletas e transportes alternativos;

• Planejamento urba-no com participação e controle popular;•Contra a criminaliza-ção das periferias!

* Pela desmilitarização das polícias.

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MAIS DIREITOS NA

O projeto histó-rico da UNE é uma edu-

cação democrática e popular. Que garanta o acesso a todos, seja libertadora em seu conteúdo e forma, democrática e com controle social, que sirva aos interesses do povo e ajude a trans-formar o Brasil em que vivemos.

É verdade que a educação de hoje não é igual à de décadas atrás. A universidade está mais populariza-da, com a entrada de setores da população a quem antes era nega-do o ensino superior. Porém, a “reforma” universitária promovida durante o governo Lula não objetivou resolver pilares de nosso proje-to: a qualidade, estru-tura, autonomia univer-sitária, permanência e democratização das universidades. Hoje, a universidade pública está desestruturada, com falta de professo-res e com qualidade pior.

Da mesma forma, nas faculdades parti-culares, os projetos em curso, como Prouni e FIES, colocam no en-sino superior um con-

tingente excepcional de jovens, mas muitas vezes com educação de baixa qualidade e fortalecendo grandes conglomerados edu-cacionais, inclusive in-ternacionais, que hoje faturam muito em cima desses programas.

O Plano Nacional de Educação (PNE) apro-vado para os próximos 10 anos tem conquis-tas, fruto da mobili-zação de toda a UNE e dos movimentos educacionais, como as metas de erradicação do analfabetismo e de prioridade pública em novas matrículas do ensino superior. Consi-deramos importante o avanço que representa a aprovação do in-vestimento de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) em educação.

Porém, sua aprova-ção também veio com derrotas para a educa-ção brasileira. Os 10% não estão garantidos para a área pública, que deve sempre ser a prioridade do país, e estão prometidos ape-nas no fim do plano, em 2024. Ao mesmo tempo, não foi incluído no texto o combate à opressão de gênero como uma política

“ Se a uni-versidade

e a educa-ção mudaram, é preciso que

o ME reinvente suas pautas!

pública da educação brasileira, fruto da atuação da bancada fundamentalista du-rante a tramitação no congresso.

O campo majoritá-rio da UNE alardeia os avanços que conquis-tamos dentro do PNE como sendo proprie-dade apenas dos seto-res que o compõe. Isso é um ataque ao todos os estudantes e cam-pos de nossa entidade, que construíram juntos a disputa pelos 10% do PIB para a educação pública, ocupando di-versas vezes a Câmara dos Deputados, inclu-sive na aprovação do

PNE. As conquistas do movimento estudantil são vitórias de todos os estudantes!

A UNE ainda não formulou um balanço completo da aprova-ção do PNE e nem da situação da universida-de brasileira. Se a univer-sidade e a educação mudaram, é preciso que o movimento estu-dantil também reinven-te suas pautas. Para nós, não adianta sair por aí alardeando que

tivemos vitórias, sem nem sequer reconhe-cer que há ainda mui-tas disputas a serem feitas.

Temos pelos próxi-mos 10 anos a tarefa de disputar a imple-mentação do PNE, já que ela não acaba com a aprovação de seu texto.

Para isso, é preciso que a UNE produza formulações sobre a realidade da educação superior, pública e pri-vada, entendendo os

EDUCACÃO BRASILEIRAS

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problemas estruturais, interiorização, compo-sição social, sua nova realidade misturada com velhos problemas. Afinal, quais são as necessidades atuais da educação e dos estu-dantes?

Disputar a imple-mentação do PNE nos marcos atuais, para nós, é também ter como foco a garantia dos direitos para quem entrou na universidade. Isso é a permanência dos estudantes, para frear o sempre grande índice de evasão no ensino superior, sen-do central a luta pelo investimento de R$2,5 bilhões para a assis-tência estudantil e a crítica ao sistema de bolsificação, que não garante de fato a per-manência.

Devemos lutar pela democracia e parti-cipação estudantil na formulação dos projetos da área, para termos um plano de moradias e creches universitárias em todo o país e políticas espe-cíficas de permanência para cotistas e estu-dantes do Prouni e FIES.

Assistência é direito, não migalha! Essa luta deve se dar junto com a disputa da própria universidade, como nos currículos acadê-micos e por democra-cia interna nas institui-ções – com eleições diretas, paridade e audiências públicas.

ENFRENTAR OS CORTES E GARANTIR os

10% na EDUCACÃO públicaS

O ano de 2015 começou com profun-

dos ataques à edu-cação brasileira. Em nome do “ajuste fiscal” (ou seja, fazer o traba-lhador pagar a conta da crise enquanto os ricos só aumentam seus lucros), o gover-no cortou duas vezes parte do orçamento, sendo que nas duas a Educação foi uma das áreas mais atingidas. Só no segundo, foram R$9 bilhões a menos para serem utilizados pela pasta.

Essa política mostra que o lema da “Pátria Educadora” ficou só para a logomarca do governo. A dura rea-lidade da educação neste início de ano,

com universidades parando por falta de pagamento aos ter-ceirizados, restauran-tes universitários sem funcionar e contratos do FIES sendo rompi-dos, dão um recado aos estudantes: vai ser preciso fazer muita luta para barrar retro-cessos.

Se mantida, essa política compromete e muito a implemen-tação do Plano Na-cional de Educação e, ainda mais, a garantia do investimento de 10% do PIB em edu-cação pública e a luta por R$2,5 bilhões para a assistência estu-dantil. Compromete as estruturas das universidades e as obras que ainda não

foram concluídas, a contratação de pro-fessores, expansão e qualidade, podendo fazer com que cursos, campi e universidades inteiras entrem em crise. Também afeta diretamente os pro-gramas da educação privada, e a crise atual do FIES é resultado direto disso. Não se sabe, por exemplo, se os contratos serão ou não aditados para o segundo semestre do ano. Os ataques recentes nos mostram que a luta pelo nosso projeto de educação deve estar combina-da com um grande processo de mobiliza-ção em todo o Brasil, com outros movimen-tos da área, como os

sindicatos de profes-sores e técnicos, que já iniciam processo de greve nacional da área. A UNE não pode fugir de sua tarefa. Nossa entidade deve ser a ponta de lança da mobilização das greves que virão, das ocupações de reitoria (como as que já vêm acontecendo em diversos estados) e das negociações de nossas pautas.

É hora de ocupar as universidades e ruas de todo o país para barrar os cortes de verbas e os ataques do governo à educa-ção, colocando outro projeto na mesa: uma educação libertado-ra, democrática e de qualidade!

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LUTA DAS MULHERES E

FEMINISMO

Nos últimos anos, o mo-vimento

feminista tem cresci-do dentro do ensino superior brasileiro. São dezenas de coletivos de cursos e frentes feministas em todos os estados do país; instru-mentos unitários das mulheres para reivindi-car direitos e fortalecer a luta contra o machismo.

O avanço da luta das mulheres vai tirando de baixo do tapete a cul-tura patriarcal que ain-da assola o cotidiano universitário. Não são poucos os casos de veteranos que abusam calouras, assédio moral por parte de professo-res, estupros em festa

negligenciados pelas direções das unidades de ensino. Campa-nhas promovidas pelo movimento feminista têm incen-tivado as universitárias a denunciar a violência e cobrado ações do poder pú-blico. Em São Paulo, A CPI instalada na As-sembleia Legislativa do Estado para apurar os casos de estupros e outros abusos na Faculdade de Medicina da USP foi uma vitória do feminismo.

A ação política das mulheres também co-

loca em questão nosso direito incondicional ao estudo: nenhuma mulher deve ser priva-

da de seus estudos por optar ser mãe. Luta-mos pela ampliação das vagas de creche para alunas, docentes

e servidoras das uni-versidades; por licença maternidade e paterni-dade para estudantes de graduação; e mora-dias estudantis adap-tadas para receber crianças.

As lutas feministas são lutas de todo o Movimento Estudantil!

“ Nenhuma mulher deve

ser privada de seus estudos

por optar ser mãe

NAS UNIVERSIDADESNosso país vive

um momento de ofensiva

dos setores conser-vadores e todas e to-dos devem se somar ao projeto na defesa da igualdade de direi-tos ou caminharemos para um retrocesso perigoso. A realidade vivenciada pela co-munidade LGBT é de constante violência e negação de direitos.

Ela tem se agrava-do com a proliferação de discur-sos fundamentalistas, que tentam submeter nossos corpos e von-tades a crenças e dog-mas. Na política, esse discurso é liderado por Bolsonaro, Feliciano e Eduardo Cunha, presi-dente da Câmara.

Estes são os que querem colocar na Constituição que a fa-mília é formada ape-nas por homens e mulheres, negando a muitos a liberdade de construir seus núcleos familiares de acordo com sua orientação sexual, e que estimu-lam a violência con-tra LGBTs. Ao mesmo tempo, cada vez mais

as pessoas se mobili-zam contra o precon-ceito em todas as par-tes do Brasil.

Pautas como o ca-samento civil igualitá-rio e a criminalização da LGBTfobia ganham corpo e devem ser en-campadas pelo con-junto dos movimentos sociais do país, bem

como a da garantia do caráter lai-co do Es-tado brasi-leiro frente ao avanço do conser-vadorismo

religioso.A UNE deve travar também essa disputa dentro da uni-versidade e da educa-ção, já que são espa-ços que reproduzem os preconceitos de toda a sociedade.

É preciso combater, também, a marginali-zação das políticas pú-blicas de diversidade sexual nas secretarias e reitorias por todo o Brasil – sempre os pri-meiros locais a serem atingidos por cortes de verbas ou mudanças na política – e construir po-líticas novas para a pro-moção do debate sobre os temas, junto com os estudantes e a comuni-dade acadêmica.

mobiliza contra

a lgbtfobia

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NEGROS E NEGRAS

PERSISTE A LUTAPELA LIBERDADE

Exatos 127 anos após a abolição oficial da escra-

vidão no Brasil, vemos sendo praticado o que sempre foi o projeto das elites brasileiras em relação aos negros e negras: a negligência e a exclusão. A dívida histórica do Brasil com o povo negro é o que montou a dura realidade de margina-lização social, pre-conceito arraigado e negação de direitos.

Defender a luta contra o racismo é lutar contra todos os conservadorismos do Brasil. O que faz com que, mesmo com as

cotas – que devem ser apoiadas e fortaleci-das –, tenhamos uma quantidade baixíssima de negros nas uni-versidades federais, principalmente nas públicas; que faz com que menos de 10% do Congresso Nacional seja formado por pes-soas negras; e que os salários caiam quase pela metade em rela-ção aos brancos.

O conservadorismo brasileiro reservou este local, o da ex-clusão, para negros e negras. É por isso que um dia a capoeira foi proibida, que o samba foi marginalizado. E

é por isso, também, que se mantém uma política chamada de “guerra às drogas” para na verdade fazer um massacre social di-ário com a população negra e periférica do país, especialmente a sua juventude.

Lutar contra o ra-cismo é também lutar pelo fim da política de criminalização do uso da maconha, pelo fortalecimento da po-lítica de cotas raciais na educação superior brasileira e por mais espaço para o povo negro nas estruturas de poder do país.

outra Vivemos tem-

pos em que a juventude é

atacada diariamente: na mídia, na educa-ção e na sociedade, recebemos o discurso hegemônico do indi-vidualismo, consumis-mo e do “fim da histó-ria” – segundo o qual não há mais projetos de mudanças do país e do mundo pelos quais se lutar. Segun-do eles, a juventude pode, no máximo, se render a estudar sem qualidade e trabalhar sem outras perspec-tivas.

Mas também são tempos em que nós nos colocamos como uma trincheira contra isso. Nos mobiliza-mos pelo transporte público, pela educa-ção, contra a guerra aos negros e pobres representada pela famigerada proibição do uso da maconha, contra o preconceito e pelo direito ao amor, contra o machismo e seu patriarcado, por outra mídia e outra política, por mais de-mocracia.

A UNE, por sua vez, é um patrimônio dessas lutas e nosso espaço estratégico de atuação. Tem a tarefa

de estar nesse dia a dia de mobilizações, presente nas salas de aula e nos corredo-res universitários, de construir as grandes jornadas de luta de que um dia já foi pro-tagonista.

Porém, hoje a UNE prefere negociar o di-reito à meia-entrada, conquista histórica da juventude brasileira, restringindo-o em 40% em troca do mono-pólio da emissão de carteirinhas. Prefere negar que o governo federal muitas vezes é ator de ataques diretos aos nossos direitos, como com os recentes cortes de verbas. Prefere deixar de apontar as con-tradições dos proje-tos de educação da última década, como se estes resolvessem os problemas – che-gando ao cúmulo de cancelar o último Conselho Nacional de Entidades de Base (CONEB), espaço que se tornou o principal para a formulação de nossa plataforma educacional.

Além disso, enges-sa o movimento estu-dantil com estruturas velhas, burocráticas, truculentas e distan-

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une é possíveltes. Não são poucos os casos de violência vividos pelos estu-dantes, por exemplo, durante o processo de mobilização de nosso Congresso. O jovem atual não mais se vê neste modelo de mo-vimento.

Uma UNE acomo-dada não nos serve. O momento exige de nossa entidade a disposição de luta em defesa dos estu-dantes e dos direitos da juventude, doa a quem doer. Exige arejamento, renova-ção, novos métodos e práticas – outras formas de organizar seu con-gresso, por exemplo. Exige que a entidade negue o discurso de quem diz que o pacto em voga no Brasil vai resolver os problemas sociais, desde que os movimentos fiquem quietos.

Não acreditamos neste caminho. Acre-ditamos que a UNE deve ser protago-nista das ocupações de reitoria e greves Brasil afora em defesa

da educação e ponta de lança nas mobiliza-ções de luta por mais direitos.

Para isso, a JSOL luta junto com o campo da Oposição de Esquerda, cons-truindo diversas mo-bilizações, seja contra os cortes de verbas e pelo direito à edu-cação de qualidade, junto com os trabalha-dores contra o ataque aos seus direitos e por uma UNE mais demo-crática, aberta e pre-sente nas lutas. Não adianta simplesmente criticarmos a atual

direção da entidade abstrata-mente: é preciso construir uma frente que com-bata a situ-ação atual e transforme a UNE, em

seus congressos e no dia a dia.

Mudar a UNE é também apresentar uma saída à esquerda e de mais direitos para o Brasil, a partir dos movimentos sociais e da construção das lutas. O futuro será nosso se o presente for de luta!

“ Uma UNE acomoda-da não nos

serve. Para isso, a JSOL luta com

a Oposição de Esquerda

um novo movimento estudantil

“...Não importa que doa: é tempo

de avançar de mão dadacom quem vai no mesmo rumo,mesmo que longe ainda esteja

de aprender a conjugaro verbo amar.

É tempo sobretudode deixar de ser apenas

a solitária vanguardade nós mesmos.

Se trata de ir ao encontro.

(...)

Se trata de abrir o rumo.

Os que virão, serão povo,e saber serão, lutando.

Thiago de Mello

PARA OS QUE VIRÃO

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é possívelRIO DEJANEIRO

SÃO PAULO

DISTRITO FEDERAL

SANTA CATARINA

ESPÍRITO SANTO

AMAPÁ

Gabriel

(21) 97441-1463(21) 98018-9294

Ramon

(16) 98831-3206

Edemiler

(48) 9921-7305

Nunah

(27) 98823-9910

Will

(96) 98134-3471

Kauê

(61) 8133-8029

outra une

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