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B B O O L L E E T T I I M M d d o o P P E E T T Junho-2010 nº. 12 A R T I G O Microbiota endógena humana e a importância do Projeto Microbioma Humano Por: Monique Santos do Carmo Ao falarmos em biodiversidade, muitas vezes recordamos da exuberante variedade de plantas e animais que habitam os mais variados ecossistemas do nosso planeta, sejam eles terrestres ou aquáticos. Aos poucos, vamos pensando também nas fantásticas adaptações desses organismos, que estão associadas com as mais distintas condições impostas pelo ambiente em que vivem. Porém, muitas vezes esquecemos que o mundo e o nosso corpo, em particular, estão literalmente colonizados por uma rica e complexa diversidade de microorganismos, que, a cada dia, tem surpreendido os estudiosos com suas elevadas taxas de mutações, e, consequentemente, de adaptação e resistência às mais variadas condições ou, no caso dos microorganismos patogênicos, aos mais potentes antibióticos existentes. Segundo Burton & Kirk (2005), o nosso corpo apresenta aproximadamente 10 trilhões de células e cerca de dez vezes mais microorganismos, habitando a superfície e o interior do nosso organismo. Ao conjunto desses microorganismos, que incluem as bactérias, fungos, vírus e protozoários denominamos microbiota endógena humana, chamada antigamente de “flora normal”, que é composta de 500 a mil espécies diferentes. A microbiota endógena humana, também denominada residente, varia muito nas mais diversas regiões do nosso corpo, dependendo de várias condições, tais como, umidade, pH, temperatura e nutrientes disponíveis (BURTON & KIRK, 2005). Segundo um estudo desenvolvido pelos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (NIH), que tinha como objetivo fazer uma análise genética dos microorganismos coletados em várias regiões da superfície do corpo de pessoas saudáveis, as áreas secas e úmidas da pele tem u ma diversidade maior de micróbios do que as oleosas. Os pesquisadores desse estudo afirmaram que “axilas úmidas e com pêlos, por exemplo, ficam a uma curta distância de antebraços lisos e secos, mas, esses dois locais são tão ecologicamente diferentes quanto florestas tropicais e desertos”. Partindo dessa linha de raciocínio, podemos afirma r que somos um verdadeiro bio ma , constituídos por ricas comunidades microbianas que mantêm relações indispensáveis com o nosso organismo, sendo muito importante para a garantia de nossa sobrevivência. É importante ressaltar que, além da microbiota residente, o nosso corpo está constantemente sujeito a adquirir outros microorganis mos medida que nos alimentamos e deslocamos para os mais diversos lugares), constituindo a chamada microbiota transiente. Esta microbiota normalmente reside em caráter temporário no interior ou exterior do corpo. Porém, em alguns casos pode chegar a desenvolver patologias (quando a microbiota residente não está em condições de competir com eles) (BURTON & KIRK, 2005). Além da competição, existem outros mecanismos que inibem ou dificultam a multiplicação da microbiota residente em nosso corpo, tais como: a produção de excreções ou secreções corpóreas (urina, fezes, suor e lágrimas), o caráter ácido ou alcalino de determinadas regiões do corpo e até mes mo o banho, que pode remover determinados microorganis mos, dependendo do grau de proliferação (BURTON & KIRK, 2005). Aquisição da microbiota endógena Um feto não apresenta microbiota endógena, de modo que, o primeiro contato com os microorganismos ocorre no parto. Quando a criança nasce de um parto normal, a microbiota dela é inicialmente constituída pelas bactérias da flora fecal materna, que contamina o canal do parto. Porém, quando a criança nasce de um parto cesariano, de início, não há participação da flora fecal da mãe , de modo que o aparecimento de enterobactérias e anaeróbios (bactérias da flora intestinal) é mais tardio. Vale lembrar que, em ambos os casos, a flora da criança é constituída também a partir do contato com bactérias do ar e dos alimentos. Sendo assim, é muito importante que os hospitais tenham um bom padrão no que diz respeito às condições sanitárias, visto que, como as crianças estão em processo de composição da flora, elas não apresentam uma microbiota Caros Leitores, Esse primeiro semestre de 2010 foi bastante movimentado: seleções do PIBIC, PIBID e PET; concursos para Prática de Ensino e Sistemática de Fanerógamas; chegada de novos professores e a despedida de nosso querido Prof. Oliver. Assim, o PET gostaria de parabenizar e dar às boas vindas aos novos professores: Mariana Guellero do Valle e Eduardo Bezerra de Almeida Junior; agradecer a disponibilidade, as contribuições e o carinho do Prof.Oliver com todos nós do PET e desejar sucesso em seu retorno à terra natal; parabenizar e desejar sucesso aos novos bolsistas PIBIC, PIBIDI e PET. E para fechar com chave de ouro esse semestre, gostaríamos de desejar a profa. Silma um excelente mandato à frente da nossa coordenação. Então para brindar esse final de semestre, é com alegria que entregamos a vocês a décima segunda edição do nosso Boletim, que inaugura a seção “Escreva você também” , onde alunos e professores podem publicar seus artigos e resenhas, além de outros assuntos de interesse. Assim gostaríamos de agradecer a re senha da nossa querida aluna Priscila Sá Rivas, que inaugurou esse espaço. Esperamos contar com a colaboração de todos na manutenção desse cantinho. O PET deseja Boas vindas aos Calouros do segundo semestre de 2010 e boas Férias a todos vocês ! Gisele Garcia Azevedo Tutora do PET BIOLOGIA

Microbiota humana

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Bolet im do PET nº 12 Junho/2010 p. 1

BBOOLLEETTIIMM ddoo PPEETT

Junho-2010 nº. 12

AA RR TT II GG OO

Microbiota endógena humana e a importância do

Projeto Microbioma Humano Por: Monique Santos do Carmo

Ao falarmos em biodiversidade, muitas

vezes recordamos da exuberante variedade de plantas e

animais que habitam os mais variados ecossistemas do nosso

planeta, sejam eles terrestres ou aquáticos. Aos poucos, vamos

pensando também nas fantásticas adaptações desses

organismos, que estão associadas com as mais distintas

condições impostas pelo ambiente em que vivem.

Porém, muitas vezes esquecemos que o mundo e o nosso

corpo, em part icular, estão literalmente colonizados por uma

rica e complexa d iversidade de microorganismos, que, a cada

dia, tem surpreendido os estudiosos com suas elevadas taxas

de mutações, e, consequentemente, de adaptação e resistência

às mais variadas condições ou, no caso dos microorganis mos

patogênicos, aos mais potentes antibióticos existentes.

Segundo Burton & Kirk (2005), o nosso corpo apresenta

aproximadamente 10 trilhões de células e cerca de dez vezes

mais microorganismos, habitando a superfície e o interior do

nosso organismo. Ao conjunto desses microorganismos, que

incluem as bactérias, fungos, vírus e protozoários

denominamos microbiota endógena humana, chamada

antigamente de “flora normal”, que é composta de 500 a mil

espécies diferentes.

A microbiota endógena humana, também denominada

residente, varia muito nas mais diversas regiões do nosso

corpo, dependendo de várias condições, tais como, umidade,

pH, temperatura e nutrientes disponíveis (BURTON & KIRK,

2005). Segundo um estudo desenvolvido pelos

Institutos Nacionais de Saúde dos Estados

Unidos (NIH), que tinha como objetivo fazer

uma análise genética dos microorganismos

coletados em várias regiões da superfície

do corpo de pessoas saudáveis, as áreas

secas e úmidas da pele tem uma

diversidade maior de micróbios do que as

oleosas.

Os pesquisadores desse estudo

afirmaram que “axilas úmidas e com pêlos,

por exemplo, ficam a uma curta distância de

antebraços lisos e secos, mas, esses dois locais são tão

ecologicamente diferentes quanto florestas tropicais e

desertos”. Partindo dessa linha de raciocínio,

podemos afirmar que somos um verdadeiro bioma,

constituídos por ricas comunidades microbianas que mantêm

relações indispensáveis com o nosso organismo, sendo muito

importante para a garantia de nossa sobrevivência.

É importante ressaltar que, além da microbiota residente, o

nosso corpo está constantemente sujeito a adquirir outros

microorganis mos (à medida que nos alimentamos e

deslocamos para os mais diversos lugares), constituindo a

chamada microbiota transiente. Esta microbiota normalmente

reside em caráter temporário no interior ou exterior do corpo.

Porém, em alguns casos pode chegar a desenvolver patologias

(quando a microbiota residente não está em condições de

competir com eles) (BURTON & KIRK, 2005).

Além da competição, existem outros mecanismos que

inibem ou dificultam a mult iplicação da microbiota residente

em nosso corpo, tais como: a produção de excreções ou

secreções corpóreas (urina, fezes, suor e lágrimas), o caráter

ácido ou alcalino de determinadas regiões do corpo e até

mes mo o banho, que pode remover determinados

microorganis mos, dependendo do grau de proliferação

(BURTON & KIRK, 2005).

Aquisição da microbiota endógena

Um feto não apresenta microbiota endógena, de modo que,

o primeiro contato com os microorganismos ocorre no parto.

Quando a criança nasce de um parto normal, a microbiota dela

é inicialmente constituída pelas bactérias da flora fecal

materna, que contamina o canal do parto. Porém,

quando a criança nasce de um parto cesariano, de

início, não há participação da flora fecal da

mãe, de modo que o aparecimento de

enterobactérias e anaeróbios (bactérias da

flora intestinal) é mais tardio. Vale lembrar

que, em ambos os casos, a flora da criança é

constituída também a partir do contato com

bactérias do ar e dos alimentos. Sendo assim, é

muito importante que os hospitais tenham um

bom padrão no que diz respeito às condições

sanitárias, visto que, como as crianças estão em processo

de composição da flora, elas não apresentam uma microbiota

Caros Leitores, Esse primeiro semestre de 2010 foi bastante movimentado: seleções do PIBIC, PIBID e PET; concursos para Prática de Ensino e

Sistemática de Fanerógamas; chegada de novos professores e a despedida de nosso querido Prof. Oliver. Assim, o PET gostaria de

parabenizar e dar às boas vindas aos novos professores: Mariana Guellero do Valle e Eduardo Bezerra de Almeida Junior; agradecer a

disponibilidade, as contribuições e o carinho do Prof.Oliver com todos nós do PET e desejar sucesso em seu retorno à terra natal;

parabenizar e desejar sucesso aos novos bolsistas PIBIC, PIBIDI e PET. E para fechar com chave de ouro esse semestre, gostaríamos de desejar a profa. Silma um excelente mandato à frente da nossa coordenação. Então para brindar esse final de semestre, é com alegria

que entregamos a vocês a décima segunda edição do nosso Boletim, que inaugura a seção “Escreva você também”, onde alunos e

professores podem publicar seus artigos e resenhas, além de outros assuntos de interesse. Assim gostaríamos de agradecer a re senha da

nossa querida aluna Priscila Sá Rivas, que inaugurou esse espaço. Esperamos contar com a colaboração de todos na manutenção desse

cantinho. O PET deseja Boas vindas aos Calouros do segundo semestre de 2010 e boas Férias a todos vocês ! Gisele Garcia Azevedo – Tutora do PET BIOLOGIA

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Bolet im do PET nº 12 Junho/2010 p. 2

endógena suficientemente estabelecida para competir com

possíveis microorganismos patogênicos (TRABULSI &

ALTERTHUM, 2008).

Outro fator de grande importância na constituição da flora

endógena, diz respeito à alimentação. Crianças que são

amamentadas no seio materno, quando comparadas àquelas

alimentadas com mamadeira, apresentam uma menor

freqüência de amostras de Escherichia coli portadoras do

antígeno KI, que geralmente causa bacteremias e meningite no

recém nascido (TRABULSI & ALTERTHUM, 2008).

É importante ressaltar que, mesmo depois de adultos,

existem determinados locais do nosso corpo que permanecem

estéreis, tais como o sangue, a linfa, líquido cefalo rraquidiano

e a maioria dos tecidos e órgãos internos (BURTON & KIRK,

2005).

Para melhor conhecimento da diversidade microbiana e da

adaptação dos microorganis mos com as mais diferentes

condições do nosso organismo, iremos falar sobre a

composição microbiana das diferentes regiões do nosso

organismo.

Microbiota da pele

Segundo Burton & Kirk (2005), a microbiota da pele é

constituída principalmente por bactérias e fungos. Nas regiões

mais úmidas e quentes (como as axilas), encontram-se uma

maior concentração de microorganis mos (em torno de 106

bactérias por cm2), enquanto que, nas regiões mais

secas, existe uma quantidade menor (em torno de

104 bactérias por cm

2) (TRABULSI &

ALTERTHUM, 2008).

Além da grande distribuição bacteriana

na região mais superficial da pele e na

parte posterior dos folículos pilosos, existe

uma quantidade significat iva destas nas

camadas mais profundas, sendo muito

importantes para a re-colonização, quando os

microorganis mos mais superficiais são

removidos. Basicamente, os gêneros

predominantes são Staphylococcus,

Corynebacterjum e Propjoniobacterium. A espécie

Staphylococcus epidermidis é encontrada em 90 %

das pessoas. Já a espécie Propionibacterium acnes, que,

como o próprio nome sugere é responsável pela acne, está

associada diretamente com as secreções das glândulas

sebáceas (TRABULSI & ALTERTHUM, 2008).

Microbiota dos ouvidos e olhos

Geralmente, o ouvido médio e interno são estéreis,

enquanto que, o ouvido externo e o canal auditivo apresentam

basicamente a mes ma microbiota das regiões úmidas da pele

(boca e nariz). Quando um indiv íduo faz o esforço para

espirrar, tossir ou eliminar secreções das narinas, esses

microorganis mos mais superficiais podem atingir a trompa de

Eustáquio e ouvido médio, causando infecção (BURTON &

KIRK, 2005).

No que diz respeito aos olhos, a microbiota é bem mais

reduzida por causa da produção das lágrimas e da enzima

lisozima, que atuam como antimicrob ianos. De um modo

geral, são encontrados os gêneros Staphylococcus,

Streptococcus e Corynebacterium (BURTON & KIRK, 2005).

Microbiota do trato respiratório

O nosso trato respiratório é dividido em superior e inferior.

O primeiro abriga as fossas nasais e faringe, e o segundo

abrange a laringe, traquéia, brônquios, bronquíolos e pulmões.

Como as fossas nasais e faringe são úmidas e quentes,

fornecem condições ideais para o crescimento de muitos

microorganis mos, enquanto que o trato respiratório inferior é

geralmente livre dos mesmos (BURTON & KIRK, 2005).

Microbiota do trato digestório

O sistema d igestório desempenha uma série de funções no

nosso organismo, que se estende desde a quebra dos alimentos

em partículas menores, absorção dos nutrientes até a

eliminação do que não é útil. Desse modo, é fundamental a

participação dos microorganismos, que entram em cena

garantindo uma melhor eficiência nesses processos.

O trato digestório compreende a boca (com a língua, dentes

e glândulas salivares), faringe, esôfago, estômago, intes tino

delgado, intestino grosso e ânus. O formato anatômico da

boca, a presença de resíduos de alimentos e de células

epiteliais mortas, favorece o abrigo de muitos

microorganis mos, tais como bactérias anaeróbias (presentes

nas margens da gengiva, no suco gengival, entre outros

locais), aeróbias, e, até mes mo de leveduras, protozoários e

vírus (BURTON & KIRK, 2005).

Estima-se que 1 ml de saliva contêm cerca de 108 bactérias.

Os principais gêneros encontrados na cavidade oral e faringe

são: Staphylococcus, Streptococcus, Neisseria, Bacteroides,

Actinomyces, Treponema e Mycoplasma (TRABULSI &

ALTERTHUM, 2008).

Normalmente, a diversidade microbiana no estômago não é

tão grande. Segundo Burton & Kirk (2005), isso se deve à

presença de enzimas gástricas e do pH ácido, que acaba

destruindo os microorganis mos transientes ou

alóctones, ou seja, aqueles provenientes do

meio exterio r, que são ingeridos

juntamente com os alimentos e bebidas.

Segundo Ladeira et al (2003), cerca de

50% dos indivíduos em todo o mundo

apresentam uma bactéria no estômago

denominada Helicobacter pylori, que está

associada a gastrite crônica, úlcera péptica e

câncer gástrico.

Já se tratando do intestino, temos não

somente uma grande quantidade, mas também

uma elevada diversidade bacteriana. Apresentamos

1014

bactérias para 1013

células, ou seja, o número de

bactérias intestinais é dez vezes maior que o número de

células que constituem os nossos órgãos e tecidos. Além

disso, essas bactérias pertencem a 500 espécies distintas

(TRABULSI & ALTERTHUM, 2008).

A microbiota intestinal apresenta uma distribuição muito

heterogênea, tanto vertical quanto horizontalmente. Como o

intestino delgado proximal está situado próximo ao estômago

(sofrendo ação dos fatores limitantes ao crescimento

bacteriano), o mesmo não apresenta grande diversidade

bacteriana, predominando os estafilococos, estreptococos e

lactobacilos. Dificilmente são encontradas bactérias

anaeróbias (TRABULSI & ALTERTHUM, 2008).

Seguindo o trajeto intestinal, temos o íleo, que apresenta um

baixo potencial de oxirredução (possibilitando o crescimento

de anaeróbios) e uma maior diversidade de bactérias. Já no

intestino grosso, os anaeróbios superam os aeróbios, com a

predominância de bacteróides, bifidobactérias, fusobactérias,

lactobacilos, estreptococos, clostrídeos e enterobactérias. Esse

percurso constitui a chamada distribuição vertical, que se

configura pelo aumento gradativo na quantidade e diversidade

bacteriana (TRABULSI & ALTERTHUM, 2008).

A distribuição horizontal está relacionada à presença de

pelo menos três hábitats, sendo eles: luz intestinal, camada de

muco e superfície ep itelial, de modo que, as diferentes

bactérias se distribuem de acordo com aquilo que seja mais

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adequado para sua sobrevivência (TRABULSI &

ALTERTHUM, 2008).

Microbiota do trato geniturinário

Como o nome sugere, o trato geniturinário é constituído

pelos órgãos do sistema urinário (rins, ureteres, bexiga e

uretra) e do sistema reprodutor masculino e feminino.

Estando os rins, ureteres e bexiga saudáveis, apresentam-se

estéreis. Porém, a região da uretra mais distante da bexiga

(denominada uretra distal) e a abertura externa da mes ma

contêm uma diversidade muito grande de microorganismos,

tais como bactérias (espécies não patogênicas de Neisseria,

estafilococos, estreptococos, enterococos, difteróides,

micobactérias, micoplas mas, bastonetes entéricos gram-

negativos e alguns anaeróbios), leveduras e vírus (BURTON

& KIRK, 2005).

Como a urina ácida passa continuamente pela uretra, esses

microorganis mos não chegam até a bexiga. Porém, quando

ocorre algum t ipo de obstrução ou estreitamento da uretra,

esses microorganismos se multip licam, podendo chegar até a

bexiga e causar infecções (BURTON & KIRK, 2005).

Excetuando-se a vagina, o sistema reprodutor masculino e

femin ino normalmente são estéreis . A microbiota da vagina

varia de acordo com o estágio de desenvolvimento sexual, de

modo que, durante a puberdade e depois da menopausa as

secreções são alcalinas, possibilitando o crescimento de

bactérias como difteró ides, estreptococos e E. coli (BURTON

& KIRK, 2005).

Durante o período fértil, as secreções vaginais são mais

ácidas (com pH entre 4 e 5) , permit indo assim o crescimento

de bactérias (lactobacilos, alguns estreptococos alfa

hemolíticos, estafilococos, difteróides) e leveduras. De um

modo especial, os lactobacilos são muito importantes para a

manutenção de um bom estado da vagina, uma vez que eles

produzem o ácido lático, que impede o crescimento de outras

bactérias associadas à vaginose (BURTON & KIRK, 2005).

Agressão por patógenos oportunistas

Diante da grande diversidade e complexidade das

interações dos microorganismos com o nosso corpo, é

fundamental que a microbiota endógena esteja em equilíbrio.

Qualquer alteração nessa homeostase pode gerar uma série de

problemas para o nosso organismo.

Vários fatores estão associados com esse desequilíbrio,

sendo que, segundo Finegold & Wexler (1988 apud Souza &

Scarcelli 2000), um dos principais diz respeito ao uso

indiscriminado de drogas antimicrobianas, principalmente dos

antibióticos. Esses medicamentos podem destruir uma boa

parcela da microbiota residente, facilitando assim o

crescimento excessivo de microorganismos que normalmente

fazem parte da nossa microbiota, mas, em pequeno número.

Dessa forma, a multiplicação desenfreada desses

microorganis mos denominados de patógenos oportunistas,

causa o que se convencionou chamar de superinfecção.

Um bom exemplo disso diz respeito à levedura Candida

albicans, que geralmente está presente em pouco número nas

aberturas do nosso corpo, porém, quando por qualquer motivo

a nossa microbiota residente é reduzida a um pequeno número,

esse microorganis mo cresce intensamente na boca, vagina ou

intestino grosso, causando a patogenia chamada de Candidíase

(BURTON & KIRK, 2005).

Projeto Microbioma Humano

A microbio logia tradicional tem direcionado seu foco para

o estudo das espécies como unidades isoladas, que, com seus

devidos méritos permitiu a descoberta e descrição de muitos

microorganis mos. Porém, nem sempre é possível isolar

espécimes viáveis para análise, porque o crescimento de

muitos microorganismos muitas vezes depende de um

microambiente específico que nem sempre pode ser

reproduzido experimentalmente.

Mesmo para as espécies normalmente cultivadas in vitro,

muito se tem a desvendar sobre as relações entre os

microorganis mos e interações micrób io-hospedeiro. Embora

algumas técnicas tradicionais da genética tenham auxiliado a

elucidar determinadas questões, investindo no seqüenciamento

do genoma de cepas bacterianas cultivadas em laboratório,

existe um ramo muito interessante denominado

metagenômica, que permite analisar o material genético

derivado de completas comunidades microbianas colhidas

diretamente do seu ambiente natural.

Dessa forma, a metagenômica apresenta-se como uma

ferramenta muito interessante, que, aliada às tradicionais

técnicas já existentes na genética, propicia uma análise de

cepas bacterianas conhecidas, providenciando informações

sobre a complexidade das comunidades microbianas humanas,

um dos objetivos do Projeto Microbioma Humano (HMP).

Esse projeto, lançado no ano de 2008, com previsão de

extensão até 2013 tem como principal objetivo fazer uma

caracterização mais precisa da microbiota humana (seja de

microorganis mos cultiváveis ou não) e analisar seu papel na

saúde e nas patologias.

As amostras estão sendo coletadas de cinco áreas do corpo:

do trato digestivo, da boca, da pele, das narinas e da vagina.

Os pesquisadores encontraram alguns resultados interessantes,

como a descoberta de proteínas produzidas por algumas

bactérias que vivem no estômago que pode causar ulceração

gástrica, descoberta de algumas proteínas associadas com o

metabolismo de açúcares e aminoácidos e a descoberta de

14.064 novas proteínas que estão disponíveis no banco de

dados do projeto.

Durante este ano e no próximo, o HMP estará financiando

projetos que amostrem o microbioma de voluntários saudáveis

e com doenças específicas, permitindo que os pesquisadores

estudem mudanças no microbioma de partes específicas do

corpo de indivíduos saudáveis que são usados como controle,

comparando-os com pacientes afetados por algum problema

de saúde. Além das regiões já citadas, as amostras estão sendo

coletadas do sangue e da uretra masculina.

Dessa forma, o Pro jeto Microbioma Humano apresenta um

papel chave, que, com as descobertas realizadas até agora e os

futuros experimentos, estarão auxiliando na melhor

compreensão da microbiota endógena humana, no sentido de

melhor elucidar suas relações com o hospedeiro.

Referências Bibliográficas

BURTON, G.R.W & KIRK, P.G.E. Microbiologia para as Ciências da Saúde. 7ª edição. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 2005.

FERNANDES, T. As bactérias da sua pele. Dispomível em: <

http://cienciahoje.uol.com.br/noticias/microbiologia/as-bacterias-da-sua-pele/> Acesso em: 09 mai. 2010.

LADEIRA, M.S.P. ; SALVADORI, D.M.F. ; RODRIGUES, M.A.M. (2002) Biopatologia do Helicobacter pylori. J. Bras. Patol. Med. Lab,

Rio de Janeiro, v.39, n.4, 335- 342, 2003.

SCIENCE NEWS. Human Microbiome Project: Diversity of Human Microbes Greater Than Previously Predicted. Disponível em: <

http://www.sciencedaily.com/releases/2010/05/100520141214.htm > Acesso em: 22 mai. 2010.

SOUZA, C.A.I & SCARCELLI, E. Agressão por microrganismos da microbiota endógena. Arq.Inst. Biol. São Paulo, v.67, n.2, 275-281,

jul/dez., 2000.

TRABULSI, L.R. & ALTERTHUM, F. Microbiologia. 5ª edição. Editora Atheneu, 2008.

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Bolet im do PET nº 12 Junho/2010 p. 4

RR EE SS EE NN HH AA SS

Impacto dos microorganismos no clima terrestre:

isso é possível? Por: Haylla Cristina Saraiva Ribeiro

Quase todos os dias, os mais variados meios de

comunicação nos apresentam problemas referentes às alterações

climáticas e ao efeito estufa. Além deste tema já tão debatido,

fala-se constantemente no grande vilão do meio ambiente e

causador de tais alterações: o homem. Porém, além de causador,

ao homem também é dado o papel de salvador do planeta Terra.

Quando a questão gira em torno do clima, muitas vezes é

levado em consideração apenas os macro- organis mos,

quer sejam os grandes animais ou as plantas, como

agentes causadores e solucionadores deste

problema. Neste artigo, no entanto, a autora

apresenta outros organismos que podem dar

contribuições significativas no que tange ao clima

na Terra. De uma forma dinâmica, os

microorganis mos, especialmente as bactérias e

archeaes, são lançados à luz da questão e características

que vão além da sua importância na base de sustentação da vida

parecem ter um efeito benéfico nos diferentes ecossistemas, uma

vez que seu metabolismo libera gases necessários à dinâmica do

controle climático.

Dentre os exemplos já conhecidos, como o seqüestro de Gás

Carbônico, é destacado o ciclo do Enxofre, produto das

atividades metabólicas dos procariotos marinhos. Segundo a

autora, há também um importante produto das atividades

metabólicas, o composto volátil dimetil-sulfeto (DMS), que ao

ser liberado no meio, age como condensador de nuvens,

importante elemento refletor de raios solares e dispersor de

chuvas.

Outra condição interessante citada pela autora refere-se à

Neve Marinha, que é um agregado de compostos orgânicos de

variados tamanhos que se localizam na coluna d`água e de

extrema importância para a cadeia alimentar. Este aglomerado de

substâncias orgânicas é colonizada por micoorganismos que

quebram, através de enzimas, as macromoléculas transformando-

os em compostos menores. Ainda segundo a autora, alguns

modelos de ciclagem de nutrientes consideram que metade da

demanda bacteriana por carbono é satisfeita através da interação

dos micoorganismos com esta Neve.

É válido destacar ainda que a ação antrópica é modificadora

da biosfera como um todo e, obviamente, os seres microscópicos

não estão isentos de tais influências. Desta forma, pode-se dizer

que o homem afeta duplamente (direta e

indiretamente) o clima da Terra, uma vez que o

impacto gerado por ele poderá ter efeito

imprevisível para essas comunidades.

Além d isso, é importante frisar que as

relações existentes entre os microorganismos e o

meio em que vivem não estão totalmente

esclarecidas pelos cientistas. Vivemos em um

planeta riquíssimo em d iversidade de espécies e,

consequentemente, em interações ecológicas; no entanto, nos

detemos quase sempre a enaltecer a capacidade que o homem tem

em influenciar o meio ambiente, de forma positiva ou não.

Acostumamo -nos também a pensar que as grandes mudanças

somente são causadas pelos macroorganismos. Desta forma,

esforços conjuntos na atual crise climática devem ser executados

e estudos sobre todos os organismos devem ser realizados, sem

desconsiderar o menor dos organismos, pois indubitavelmente

estamos longe de entender o complexo emaranhado de relações

que estes possuem e qual a influência das suas atividades no

nosso planeta.

Fonte: RIBEIRO, C. G. A música do microcosmo.

Revista Ciência Hoje , vol 45, p. 41-45, nov 2009.

Última fronteira na dinâmica de populações

Por: Lana Gabriela Mendes

Populações naturais são formadas pelo conjunto de indivíduos de uma mes ma espécie, que ocupa determinado tempo em certa

área. Essas populações estão em constante mudança, devido às taxas de mortalidade, natalidade, migração e emigração, mantendo,

no entanto, o equilíbrio. O estudo a cerca das variações anteriormente citadas, que ocorrem nas populações de seres vivos , chama-se

de dinâmica de populações.

Recentemente, uma nova área dentro da dinâmica de populações tem sido expandida e tem contribuído grandemente para a

compreensão de fenômenos como controle de doenças e epidemias: a eco logia do movimento.

Os pesquisadores Paulo Almeida, Diogo Loretto, Marcus Vieira (UFRJ) e Marcelo Ba rros (Laboratório Nacional de Computação

Científica – RJ) trazem na revista Ciência Hoje do ano corrente um artigo intitulado “O movimento dos animais”, que lança uma

interessante teoria sobre a movimentação de populações. Os autores tentam explicar o movimento realizado pelas populações através

da Teoria dos fractais. Esta teoria permite a quantificação da “tortuosidade do itinerário de uma espécie animal em seu ambiente”,

por meio de relações matemát icas simples.

Estudos como este são importante em diversas situações ecológicas, como no caso dos gambás –de–orelha–preta. Estes animais

mudam seus padrões de movimentação entre jovens e adultos, nas fases reprodutivas e não reprodutivas, quando machos; e de

acordo com as estações, no caso das fêmeas. A análise fractal destes animais mostrou também que o tamanho da população

influencia no seu padrão de movimentação, evidenciando movimentos mais tortuosos e concentrados, quando em alta densidade, e

movimentos mais amplos e menos tortuosos quanto menor for a densidade populacional.

Ou seja, muito além de avaliar a densidade e abundância de populações através do tempo, pesquisas como esta permitirão

também a compreensão de como a densidade populacional pode influenciar no movimento dos próprios indivíduos , avaliando sua

dinâmica no espaço. Este estudo permit iu, como dizem os autores, transpor a última fronteira na dinâmica de populações,

possibilitando a ligação entres as dinâmicas espacial e temporal.

É sabido por todos que grande parte das explicações da dinâmica de populações parte de modelos matemáticos, e mais uma vez,

as relações numéricas garantem à ecologia respostas mais fáceis de exp licar, entender e combinar as múltip las variantes dos

ecossistemas existentes.

Fonte: Ciência Hoje vol. 45/2010: O movimento dos Animais

Paulo Almeida, Diogo Loretto, Marcus Vieira (UFRJ) e Marcelo Barros (Laboratório Nacional de Computação Científica – RJ)

Page 5: Microbiota humana

Bo letim do PET nº 12 Junho/2010 p. 5

Uma dieta diferente Por: Itaynara Lobato Dutra

A ideia de que as plantas são organismos

autotróficos consiste em um fato

incontestável. No entanto, a natureza é

realmente surpreendente: quando pensamos

que seus mistérios foram desvendados, algo

novo e intrigante surge. A exemplo disso

temos as plantas carnívoras, que se desviam

dessa “regra” ao incrementarem sua dieta

com suprimento de origem an imal. O

motivo que leva essas plantas a desenvolver

esse comportamento e os mecanismos

utilizados por elas

são questões que

os pesquisadores

procuram há muito

tempo resolver.

Um art igo escrito

por Carl Zimmer,

intitulado “Atração

Fatal” e publicado na National Geografic

traz muitas informações interessantes acerca

desse estranho e fascinante fenômeno.

A dionéia, por exemplo, é considerada

por Alexander Volkov, fisiologista de

plantas na Universidade Oakwood no

Alabama (EUA), como uma “planta

elétrica". Um inseto, ao tocar em um pêlo da

folha de uma dioneia, dispara uma

minúscula carga elétrica, que se acumula no

tecido da folha, mas não é suficiente para

estimular o seu fechamento, mecan ismo que

evita reações diante de alarmes falsos como

gotas de chuva. Porém, um inseto em

constante movimento dentro da folha

encosta-se em mais pêlos induzindo a

produção de carga suficiente para fazer a

folha fechar. Essa carga elétrica viaja por

túneis cheios de fluídos na folha, abrindo

poros nas membranas celulares e

possibilitando o transporte da água para fora

dessas folhas, o que muda a conformação da

planta, de convexa para côncava, fazendo

com que as folhas se fechem aprisionando o

inseto.

A utriculária, por sua vez, através da

ejeção de água para fora de bexigas, cria

ambientes de baixa pressão. Quando o

animal esbarra em um pêlo-gatilho de

bexiga, esta se abre e a baixa pressão suga a

água e o animal para dentro. Já as plantas do

gênero Sarracenia e as nepentácias utilizam-

se de folhas em forma de tubo comprido

para aprisionar insetos e, dependendo do

tamanho, podem até consumir animais

maiores como sapos ou ratazanas. As

plantas carnívoras geralmente possuem

glândulas que secretam enzimas para digerir

os insetos. No entanto, a sarracenia purpúrea

dispõe da ajuda de outros organismos, como

de larvas de mosquito, mosquitos

adultos, protozoários e bactérias,

para digerir seu alimento.

Experimentos mostraram que

plantas que se alimentam de

animais ficam maiores. Mas, ao

contrário dos animais carnívoros,

que usam o carbono das

proteínas e das gorduras de sua

dieta para construir músculos e

armazenar energia, as plantas

carnívoras aproveitam o

hidrogênio, fósforo e outros

nutrientes fundamentais de suas

presas para produzir enzimas que

ajudam na captura da luz. As

plantas carnívoras possuem uma

deficiência na fotossíntese

devido ao fato de grande

quantidade de energia ser

desviada para a captura de

animais. Entretanto, em

condições especiais, como solo

pobre que oferece pouco

nitrogênio e fósforo, esse custo

pode ser entendido pela

vantagem que traz as plantas

carnívoras em relação às outras

plantas locais. Além disso, os

locais de

ocorrência

dessas

plantas são

muito

ensolarados,

de modo que

até mesmo uma planta carnívora

ineficiente consegue fazer

fotossíntese suficiente para

sobreviver.

Assim, as plantas carnívoras

representam uma das evidências

mais fascinante da complexidade

da natureza. Adaptações como as

supracitadas só tendem a reafirmar

o caráter dinâmico e criativo da

evolução, a qual nos proporciona

muitos enigmas que sempre

estamos empenhados a desvendar.

Fonte: ZIMMER, C. Atração

Fatal. National Geographic, ed.

120, mar 2010. Disponível em:

<http://viajeaqui.abril.com.br/natio

nal-geographic/edicao-120/plantas-

carnivoras-armadilhas-

535476.shtml>

Pombos

urbanos,

o„‟caos‟‟ das

cidades

Por: Carlos Celso Frazão

Saraiva Júnior

Os pombos urbanos (Columbia livia

domestica), descendentes do pombo-da-

rocha (Columbia livia livia) e originários do

leste europeu e da África do Norte, foram

trazidos ao Brasil em meados do século XVI

por colonos europeus e obtiveram um grande

sucesso no processo de sinurbização, devido

a abundância de alimentos nas cidades e pela

grande disponibilidade de lugares que

serviam de abrigo aos mesmos. Os pombos,

em registros históricos, representavam vários

tipos de simbologias, como paz, fert ilidade,

esperança e libertação, diferente do que são

considerados atualmente. Apelidados de

„‟ratos com asas‟‟, esses animais vêm

ocasionando vários problemas aos

patrimônios públicos e saúde social.

Pesquisas recentes, realizadas no estado

de São Paulo, mostraram que os pombos das

cidades podem ser considerados grandes

veiculadores de parasitos que podem afetar a

saúde humana. Foi relatado que patógenos,

como a giárd ia, Entamoeba histolytica,

Ascaris lumbricóides e Ancylostoma

duodenale, que são sérios causadores de

doenças, estão presentes em grande parte das

amostras de fezes coletadas em regiões de

muita circu lação humana e movimentos de

alimentos. Além dos casos já citados, há

também as penugens e as fezes secas dos

mes mos que são causadoras de alergias e

irritações respiratórias. Problemas como a

contaminação de depósitos de alimentos e

reservatórios de água com dejetos e resíduos

dessas aves, também podem ser bastante

relevantes para a questão social e

econômica.

Contudo, para amenizar o número de

pombos nas cidades, é necessário que sejam

aplicados vários métodos de controle, como

tintas repelentes, repelentes sonoros,

injeções de infert ilidade, ret irada dos ninhos

de locais importunos, diminuição da

disponibilidade de alimentos; e que mais

estudos sejam realizados sobre o assunto,

pois muito pouco é encontrado na literatura,

principalmente nos casos dos ectoparasitas

(carrapatos, pulgas, ácaros, moscas), que

também são potenciais causadores de

doenças para os humanos e os animais.

Fonte: SHULLER, M. Pombos urbanos,

um caso de saúde pública. Sociedade

Brasileira de Controle de Contaminação.

Artigo técnico.

Page 6: Microbiota humana

Bo letim do PET nº 12 Junho/2010 p. 6

Sexo e tamanho

Por: Milena Jansen Cutrim Cardoso

Stephen Jay Gould foi um dos maiores divulgadores da

ciência do século XX, pela sua habilidade e facilidade em tratar

de assuntos biológicos. Paleontólogo professor de Harvard, ele

manteve uma coluna mensal na revista Natural

History de 1973 a 2001, escrevendo mais

de 300 ensaios sobre história natural.

Em um desses artigos, chamado “Sexo

e tamanho”, publicado também em

seu livro “O sorriso do Flamingo”, ele

desmistifica a história de que, na

natureza, os machos são sempre

maiores que as fêmeas.

Seu texto começa falando sobre

pequenos moluscos com conchas, os crepidópodes da espécie

Crepidula fornicata, organismos que vivem uns sobre os outros

em amontoados, no qual os indivíduos menores do topo são

todos machos, enquanto que os organismos maiores situados na

base são fêmeas. Essa espécie na verdade é monóica, sendo que

os pequenos jovens desenvolvem-se em machos e, conforme

vão crescendo em tamanho, passam a

desenvolver órgão reprodutor

femin ino. Esse é um padrão de

desenvolvimento de organismos

hermafroditas chamado de

protandria, no qual se atinge a

maturidade sexual primeiro

como macho e é bastante

comum em invertebrados, grupo

mais numeroso em número de

espécies que o dos vertebrados,

táxon ao qual fazemos parte.

Para a fêmea é importante ter um corpo maior, já que é ela a

responsável por produzir os óvulos, células maiores por

conterem e transportarem organelas citoplasmáticas e

substâncias nutricionais para o embrião, ao contrário do

espermatozóide que é uma célula pequena responsável por

carregar somente o DNA. A lém disso, a fêmea geralmente

realiza o cuidado parental básico de carregar consigo os ovos,

protegendo-os. Logo, uma fêmea maior pode produzir maior

quantidade e qualidade de óvulos e filhotes.

No entanto, em alguns animais hermafroditas , os machos

são os indivíduos maiores. Isso ocorreria porque machos mais

competitivos (maiores e mais fortes) são os que conseguem

passar seus genes em maior quantidade para as próximas

gerações, já que são os que ganham o acesso às fêmeas. Como

a competição exige padrões de comportamento mais flexíveis e

amplos, o sistema nervoso desses animais tendem a ser mais

desenvolvido, como nos vertebrados, em que o padrão

protogínico (fêmea primeiro) é comum. Exemplos disso são

os peixes, como os da espécie Anthias squamipinis, que

vivem e m grupos de oito fêmeas e um macho. A competição

entre machos para manter o harém é intensa e a sua remoção

induz a mudança de sexo de uma das fêmeas do grupo, que

desenvolve coloração mais vistosa, espinhos maiores nas

nadadeiras, flâmulas mais elaboradas da nadadeira caudal,

além, é claro, do tamanho corpóreo maior.

Mais um exemplo de protandria, como nos invertebrados,

ocorre com as plantas da espécie Arisaema triphyllum, um

tipo de nabo selvagem. Essa é uma espécie díclina, ou seja, o

androceu e o gineceu ocorrem em flores diferentes.

Policansky, estudando plantas dessa espécie em

Massachussets nos Estados Unidos, registrou 2038

indivíduos, nos quais 1224 tinham flores masculinas com

média de altura de 336 mm, enquanto que 814 eram fêmeas

medindo em média 411 mm. Esse cientista constatou que a

altura de 380 mm era determinante para definir o sexo de

suas flores. Abaixo dessa altura a maioria dos indivíduos era

macho e acima, a maioria era fêmea. As plantas masculinas

tendiam a se transformar em fêmeas conforme crescessem e

as femin inas, por razões que levavam a planta a diminuir seu

tamanho (herbivoria, atrofia por causa da quantidade

insuficiente de luz ou desvio de reservas energéticas na

produção exagerada de sementes) passavam

a produzir flores com

estruturas masculinas.

Utilizando-se de um

organismo que pode

mudar de sexo em

qualquer direção

como conseqüência

direta do tamanho do

indivíduo, como

explicado no último

exemplo, Gould mostrou que a natureza operaria

preferencialmente com organis mos protândricos e que a

protoginia apresentada pelos vertebrados seria uma exceção a

essa regra. Muitas vezes tomamos como padrão

características que são comuns na nossa espécie ou nas mais

próximas filogeneticamente de nós. Dessa vez, Gould nos

mostrou que o homem não é a medida para todas as coisas .

Fonte: Gould, Stephen Jay. O sorriso do flamingo:

reflexões sobre história natural. 2 ed. São Paulo : Mart ins

Fontes, 2004. cap. 3: Sexo e tamanho, p. 45-51.

SAIBA MAIS:

Stephen Jay Gould nasceu em 1941, na cidade de Nova Iorque. Era paleontólogo, professor das

Universidades de Harvard e Nova Iorque, curador do Museu de Zoologia Comparada de Harvard, além

de um dos mais importantes escritores científicos de sua geração. Também é conhecido por desenvolver,

junto com o também paleontólogo Niles Eldredg, a teoria do equilíbrio pontuado, teoria que provocou

grande polêmica no meio acadêmico por contrapor o princípio do gradualismo usado por Darwin para

explicar a especiação dos organismos.

Escreveu durante 27 anos uma coluna na rev ista Natural History, colecionando mais de 300 ensaios

sobre História Natural e Evolução. Muitos destes textos foram publicados nos seus inúmeros livros,

como O polegar do panda, Dedo mindinho e seus vizinhos, O sorriso do flamingo, A falsa medida do

homem, Darwin e os enigmas da vida, dentre outros. Alguns destes títulos podem ser encontrados na

biblioteca do PET.

Page 7: Microbiota humana

Bo letim do PET nº 12 Junho/2010 p. 7

Evolução Humana é a mais perfeita? Soluços e

hérnias mostram que não

Por: Fab íola Garreto de Sousa

Soluços, hérnias e outras características que perturbam humanos têm origem

no nosso parentesco evolutivo com peixes e anfíbios, e do compartilhamento de

certos caracteres com os mesmos. Um exemplo claro disso é o longo e

dispendioso caminho do cordão espermát ico, que muitas vezes culmina, após

algum tempo, em uma maior suscetibilidade e fragilidade a diversos tipos de

hérnias nos homens. Além disso, os nervos herdados dos peixes no seu trajeto

do pescoço em direção ao diafragma podem desencadear soluços, processo

desencadeado pelo fechamento da passagem da traquéia, herdado dos anfíbios .

No caso do cordão espermát ico, as gônadas humanas têm o início do

desenvolvimento semelhante às dos tubarões, peixes e outros animais

vertebrados. Assim sendo, nos primeiros as gônadas se formam numa cavidade

abdominal alta do corpo, p róxima ao fígado e permanecem ali, sendo o esperma

provavelmente produzido nessa região. Nos mamíferos, o desenvolvimento se

diferencia dos animais aquáticos, pois na formação do feto masculino as

gônadas descem, no caso dos machos até o saco escrotal localizado fora do

corpo, caracterizando uma enorme importância na qualidade do esperma. E é aí

que mora o perigo: para que os testículos desçam até o saco escrotal, acabam

forçando o cordão espermático a uma virada em forma de laço , que nos homens

provoca uma fraqueza na parede abdominal, podendo ocasionar diversos tipos

de hérnias quando uma alça do intestino sai desse ponto fraco.

O exemplo dos soluços mostra a existência de duas vertentes de nossa

história: uma compart ilhada com os peixes e outra com anfíb ios . Dos peixes

herdamos os principais nervos da respiração, um desses denominado nervo

frênico, que estende-se da base do crânio ao tórax e ao diafragma, e qualquer

coisa que bloqueie o trajeto nesses nervos pode interferir diretamente na

respiração. Uma solução evolutiva mais racional seria colocar o in ício desses

nervos em um local mais próximo ao d iafragma, o que in felizmente não

aconteceu. O soluço, então, pode ser fruto do passado em comum que temos

com anfíbios, os quais possuem um padrão característico de músculos e nervos

na produção do soluço. Nesse caso, quando os girinos usam a respiração

branquial, precisam bombear água para a boca e garganta sem deixar que ela

entre nos pulmões, o que eles conseguem através do fechamento da glote,

impedindo a descida da água pelas vias respiratórias, uma forma de soluço

estendido.

Sendo assim, vemos que grande parte da nossa história aconteceu em

oceanos, córregos e savanas, diferentemente dos locais onde nos encontramos

hoje. Nossos ossos dos joelhos, costas e pulsos surgiram em criaturas aquáticas

há centenas de milhares de anos. Talvez esteja aí à exp licação do rompimento

de nossas cartilagens e dores nas costas ao andarmos sobre duas pernas, assim

como o porquê do desenvolvimento de síndromes e lesões por movimentos

repetitivos quando digitamos, escrevemos ou tocamos piano , por exemplo.

Nossos ancestrais não faziam nada disso, o projeto inicial de um peixe foi tão

modificado para andar ereto, falar, pensar, e ter capacidade motora que resultou

em um desastre com alto preço a ser pago pela transformação.

A partir disso vemos como nossa própria evolução nos levou a um beco sem

saída e como a própria tecnologia que criamos nos trouxe, apesar dos inúmeros

e indiscutíveis avanços, problemas fisiológicos, anatômicos e motores,

mostrando que ainda não estamos tão adaptados como costumamos pensar, e

que nossa adaptação também fo i para nós uma via de mão única, onde tanto

ganhamos quanto perdemos. Em um mundo sem essa história herdada, não

teríamos complicações como soluços e hérnias, no entanto também não

seríamos tão eficientes e com tantas habilidades únicas.

Fonte: Shubin, N. H. A ascensão do homem.

Revista Scientific American, edição especial, n. 37

A paradoxal atitude humana

Por: Rafael Cabral Borges

Quantos de nós, integrantes da sociedade

humana, já nos questionamos sobre nossa

atitude paradoxal em relação à natureza? Por

que, mesmo cientes das conseqüências

potencialmente irreversíveis dos nossos atos,

nós continuamos a destruí-la? Essa é a questão

levantada pelo pesquisador Franklin Rumjanek

(UFRJ) em seu artigo: Homo sapiens

„kamikazis‟ (Ciência Hoje, Março – 2010).

O autor inicia sua discussão fazendo uma

comparação entre homens e cavalos, que a

primeira vista pode ser considerada de mau

gosto e inconcebível, mas que quando

analisada, torna-se uma verdade na qual a

maioria dos homens não quer acreditar ou

aceitar. Os cavalos são conhecidos como

suicidas, pois podem cavalgar até a morte, se

esse for o desejo de seu cavaleiro, portanto,

eles abdicam da própria vida em favor do

desejo de seu cavaleiro. O autor usa uma

citação de William Faukner para mostrar o

desprezo que inúmeras pessoas sentem por

essa atitude.

Porém, apesar de desprezarmos tal atitude,

a sociedade humana percorre, já há algum

tempo, uma trajetória consciente de

autodestruição, comparável à do cavalo. A

natureza hoje passou a ser temida, a tecnologia

passou a ser nossa principal ferramenta de

destruição e as grandes metrópoles são o

melhor abrigo para nos proteger da natureza e

todos os seus “perigos”.

Se pararmos para analisar, a grande maioria

das nossas crianças já não tem e não querem

ter contato com a natureza por possuírem um

medo intrínseco de algo que elas nunca

tiveram contato. Atualmente, o conhecimento

das crianças sobre a natureza se restringe aos

animais capazes de lhes causar danos, já que,

para elas , o mundo “selvagem”, natural, é uma

ameaça, que pode se tornar real através de uma

mord ida, picada ou mesmo um terremoto ou

tsunami, pois são essas as imagens da natureza

divulgadas na maioria dos programas de

televisão.

É de grande importância que os biólogos

possam trabalhar em conjunto com os grupos

já existentes de pessoas que acreditam que as

crianças possam estar sofrendo de um déficit

de natureza, como fala Richard Louv (autor do

liv ro: A últ ima criança da floresta: salvando

nossas crianças do déficit de natureza).

Precisamos fazer parte da divulgação de toda a

beleza e vida das interações biológicas. E, o

mais importante, precisamos que as novas

gerações compreendam que a natureza precisa

ser preservada se nós quisermos continuar

sssssssssss vivos.

aaaaaaa Fonte: Rumjanek, F. Homo sapiens

qqqqqq „kamikazis‟. Ciência Hoje, vol.

AAAAAA 45, n. 268, p. 21, mar. 2010.

Page 8: Microbiota humana

Bo letim do PET nº 12 Junho/2010 p. 8

EE VV EE NN TT OO SS II CURSO DE CAMPO EM ORNITO LOGIA Data: 30 de Junho a 09 de Julho de 2010

Local: São Luís – MA Site: http://ejmutual.com.br/empresa/page/ii-curso-de-campo-em-ornitologia

CURSO DE FÉRIAS EM GENÉTICA E MELHO RAMENTO DE PLANTAS, LGN/ESALQ/USP Data: 12 a 16 de Julho de 2010 Local: Piracicaba – SP Site:http://www.genetica.esalq.usp.br/cursogmp

62ª REUNIÃO ANUAL DA SPBC Data: 25 a 30 de Julho de 2010 Local: Natal – RN Site: http://www.sbpcnet.org.br/natal

XV ENAPET – ENCO NTRO NACIONAL DOS GRUPOS PET Data: 25 a 30 de Julho de 2010

Local: Natal – RN Site: http://www.ena.pet.ufrn.br/

XXXI ENEB - ENCONTRO NACIO NAL DOS ESTUDANTES DE BIO LOGIA Data: 08 a 14 de Agosto de 2010 Local: Feira de Santana – BA

Site: http://www.enebio.org/eneb2010/

XIII INTERNATIO NAL CONGRESS O F ACAROLOGY Data: 23 a 27 de Agosto de 2010 Local: Recife – PE Site: http://www.cenargen.embrapa.br/ica13/

25TH INTERNATIO NAL ORNITHO LOGICAL CONGRESS Data: 22 a 28 de Agosto de 2010

Local: Campos do Jordão - SP Site: http://www.acquaviva.com.br/ioc2010/

61º CONGRESSO NACIONAL DE BO TÂNICA Data: 05 a 10 de Setembro de 2010 Local: Manaus – AM

Site: http://www.61cnbot.com.br/

56º CONGRESSO BRASILEIRO DE GENÉTICA Data: 14 a 17 de Setembro de 2010 Local: Guarujá – SP Site: http://www.sbg.org.br/site/index.html

EE SS CC RR EE VV AA VV OO CC ÊÊ TT AAMM BB ÉÉMM Por: Priscila Marlys Sá Rivas

Nos últimos anos, muitas pesquisas têm focado no entendimento dos mecanis mos moleculares envolvidos no controle da síntese e

degradação de proteínas, uma vez que muitas doenças que acometem os seres humanos são resultado do desequilíbrio do turnorver

protéico. A desnutrição, anorexia, caquexia (perda excessiva de massa muscular em indivíduos co m câncer ou contaminados com

HIV), a sarcopenia (perda natural de massa muscular devido à idade), as distrofias musculares, alterações metabólicas e endócrinas

acarretam em um aumento da taxa de degradação protéica.

O músculo esquelético é o principal reservatório de proteína corporal e é o tecido que fornece essa macromolécula em estados de

deficiência protéica nos organismos. Para isso, as células musculares esqueléticas devem requisitar uma série de enzimas que atuam

degradando polipeptídeos. A via de proteólise não-lisossomal é realizada pelo sistema ubiquitina-proteossomo. Este sistema envolve o

complexo proteossomo, conhecido como 26S (constituído por 2 subunidades regulatórias, 11S e 19S, e por uma subunidade catalít ica,

20S) e pelas enzimas da família ubiquit ina. Este complexo não só degrada proteínas miofib rilares durante o catabolismo, mas também

proteínas intracelulares.

O processo de degradação protéica inicia-se pela a marcação da proteína alvo por uma série de enzimas – as ubiquitinas E1, E2 e

E3 – que adicionam monômeros de ubiquitina à cadeia das proteínas (poliubiquit inadas), alterando a estrutura das mesmas, que passa m

a estar desenroladas para melhor ação do sistema proteossomo. A segunda etapa constitui no reconhecimento da cadeia poli-Ub pela

subunidade 19S. Com energia fornecida por ATP-ases, o substrato é reconhecido, desdobrado e desubiquitinado. Os canais do

proteossomo 20S (subunidade catalítica) são abertos e a cadeia polipeptídica é degradada por hidró lise. As cadeias polipeptídicas

geradas são degradadas por exopeptidases. Estas possuem peso e tamanho variáveis e o mecanismo b ioquímico que gera estas

diferenças ainda não está bem elucidado.

Ubiquitinação da proteína-alvo e degradação pelo complexo proteossomo. Fonte: Mich & Goldberg, 1996.

O sistema ubiquit ina-proteossomo é regulado pela oferta de aminoácidos. Hamel e co laboradores (2003) demonstraram que os

aminoácidos isoleucina, leucina, tirosina, fenilalanina, triptofano, lisina, e arginina influenciam negativ amente a atividade do

proteossomo em células da musculatura esquelética. Quanto maior a quantidade de aminoácidos em nossa dieta, menores são as ta xas

de proteólise muscular. Esse processo de downregulation reflete as complexas interações que ocorrem em nosso organismo, que é uma

verdadeira máquina de controle das respostas celulares.

Fonte: BECHET, D. et al. Regulat ion of Skeletal Muscle proteolysis by Amino Acids. Journal of Renal Nutrition, vol 15 (1), p. 18-

22, 2005b.; CIENCHANOVER, A. Early work on the ubiquitin proteasome system, an interview with Aaron Ciechanover. Cell Death

Differ. vol. 12 (9), p. 1167–77, 2000; GORBEA, C. et al. Assembly of the regulatory complex of the 26S proteasome. Mol Biol Rep.

vol. 26 (1-2), p. 15–19, 1999; MITCH, W.E., GOLDBERG, A.L. Mechanisms of muscle wasting New England Journal of Medicine,

Boston, v.335, n.25, p.1897-1905, 1996.

Page 9: Microbiota humana

Bo letim do PET nº 12 Junho/2010 p. 9

MM OO NN OO GG RR AA FF IIAA SS Sazonalidade e os efeitos da luz, da pós-maturação e do

nitrato na germinação de sementes de três plantas

invasoras, ocorrentes em S ão Luís, MA, Brasil.

Aluno: Ariana Brelaz de Sousa

Orientador: Dr. Paulo Sérgio de Figueiredo

Relator: Dra. Emilia Girnos

Avaliação da Diversidade e Terópodes da Formação

Alcântara, com base nos Dentes da Coleção de Fósseis da

UFMA E CHAPADINHA.

Aluno: Emanuel Brandão Passos

Orientador: Dr. Manuel Alfredo Araújo Medeiros

Relator: Dr. Carlos Ruiz Martinez

Es tudo de mutações do Gene Presenilinal em indivíduos

com quadro sugestivo da Doença de Alzheimer no Es tado

do Maranhão.

Aluno: Carolina Malcher Amorim de Carvalho Silva

Orientador: Dra. Emygdia Rosa Leal Mesquita

Relator: Dr. Oliver Kuppinger

Diversidade de Herpetofauna Terrestre em Fragmentos

de Mata Amazônica circundados por ecossistemas

costeiros e antropizados na Ilha do Maranhão.

Aluno: Bruna Rafaela Pinheiro Mart ins

Orientador: Dra. Gilda Vasconcellos de Andrade

Relator: Dr. Carlos Martinez

Identi ficação de Cianobactérias e microcistina

encontradas em águas portuárias de São Luís, Ma, Brasil.

Aluno: Genilson Rodrigues Ferreira Lima

Orientador: Dr. Oliver Kuppinger

Relator: Dra. Emygdia Rosa Mesquita

Determinação da taxa de infecção de Lutzomyia

longipalpis por Leishmania em Imperatriz, estado do

Maranhão, Brasil: foco urbano de transmissão calazar.

Aluno: Bruno Rafael Rabelo Costa

Orientador: Dr. José Manuel Macário Rebelo

Relator: Dr. Oliver Kuppinger

Diagnóstico molecular da taxa de infecção natural de Lutzomyia longipalpis por Leishmania no município de

Barreirinhas.

Aluno: Matheus Silva A lves

Orientador: Dr. José Manuel Macário Rebelo

Relator: Oliver Kuppinger

Simulação do Ciclo de Vida de Mos quitos Aedes

(Díptera:Cilicidae) sob condições controladas de

Temperatura.

Aluno: Valéria Ferreira Cardoso

Orientador: Msc. Richardson Gomes

Relator: Dr. José Manuel Macário Rebelo

Avaliação dos potenciais impactos gerados pela compra

compulsiva de aparelhos celulares.

Aluno: Caio Henrique Ribeiro Garcia de Mederiros

Orientador: Msc. Richardson Gomes Lima da Silva

Relator: Dr. Murilo Drummond

LL II NN HH AA DD EE PP EE SS QQ UU IISS AA

Por: Agostinho Cardoso Nascimento Pereira

Nesta edição, a linha de pesquisa do Boletim Informativo

do PET divulga os projetos de caráter extensionista

desenvolvidos pelo Prof. Dr. Murilo Serg io Drummond,

vinculado à UFMA em 1986, como bolsista de

desenvolvimento científico regional CNPq.

Os projetos de extensão começaram a ser idealizados em

1990, devido à preocupação com a devastação da Reserva

Florestal do Sacavém, que na época servia como laboratório

natural para pesquisas e aulas práticas do Departamento de

Biologia (DEBIO). Nesse contexto alguns professores e

estudantes do DEBIO-UFMA fundaram a Associação

Maranhense Para a Conservação da Natureza (AMAVIDA).

A partir daí, o DEBIO realizou algumas ações por meio da

AMAVIDA, como a instalação da Base de Pesquisa do

Cajual e projetos como, por exemplo, o Projeto Verde

Vinhais, de ordenamento dos espaços públicos. Mas foi após

o retorno do doutorado no ano 2000, que as ações de

extensão foram intensificadas por meio de uma ação mais

direta nas comunidades rurais. Essas ações extensionistas

foram unificadas no Pro jeto Abelhas Nativas (PAN), que na

verdade trata-se de um programa, que engloba atividades de

ensino, pesquisa e extensão. Dessas atividades surgiram

parcerias com órgãos públicos, empresas privadas, além de

ONGs e fundações.

O professor Murilo é coordenador do Projeto Abelhas

Nativas desde sua criação há 10 anos, este programa visa a

sustentabilidade de comunidades rurais através da

meliponicultura (criação de Abelhas Nativas sem Ferrão,

subtribo Meliponina). Atualmente um novo gestor para o

projeto esta sendo selecionado. Tal gestor deverá possuir

bastante conhecimento técnico, capacidade de relacionamento

e maturidade administrativa para gerir um projeto que é

multiinstitucional, uma vez que diferentes instituições atuam

apoiando financeiramente ou em suas ações específicas. Por

exemplo, a AMAVIDA atua na mobilização comunitária, a

UFMA e a UEMA atuam em pesquisas que visam solucionar

as demandas emergentes das comunidades, o Instituto Abelhas

Nativas (IAN) atua na capacitação técnica, certificação e

normatização do projeto, a Meliponina, uma empresa privada,

encarrega-se de comercializar os produtos do projeto, a Rede

de Pesquisa Abelhas Nativas com Fins Sociais (REPANS)

estabelece uma ligação entre as comunidades rurais e as

instituições de pesquisa permit indo assim uma transferência de

tecnologia da forma mais adequada para a melhoria do sistema

produtivo das comunidades. Por fim a associação dos

produtores atua disponibilizando para o mercado os produtos

das abelhas nativas das suas regiões. O projeto conta ou

contou com o apoio da ALUMAR, da Suzano Papel e

Celulose, da Fundação Banco do Brasil e do Programa das

Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Este projeto

possui grande reconhecimento, o que é refletido nos prêmios

nacionais com os quais foi contemplado.

Atualmente, há uma parceria com o PET-Biologia no

desenvolvimento de um manual de orientação para professores

das escolas públicas rurais e um caderno de atividades para

crianças que serão trabalhados com o segundo volume de uma

Page 10: Microbiota humana

Bo letim do PET nº 12 Junho/2010 p. 10

série de 4 volumes da Cart ilha do Projeto Abelhas Nativas.

Este trabalho faz parte de uma meta de disseminar a cu ltura

da conservação das nossas abelhas nativas, no meio rural por

meio da escola formal.

Além do PET existem ainda alunos apoiando algumas

outras atividades. Normalmente os estudantes começam

realizando alguma at ividade de apoio de extensão ou de

pesquisa, no laboratório na UFMA. Posteriormente tem a

etapa de viagens para as áreas de atuação no interior do

Maranhão (nordeste), onde ele tem o contato mais direto com

as comunidades. A partir daí, dependendo muito mais da

iniciativa dos estudantes, eles podem começar a atuar mais

diretamente em ações de capacitação, e mesmo se sentir

estimulado para desenvolver alguma pesquisa de interesse

específico ao Projeto. Algumas, inclusive se tornam base para

uma monografia de conclusão de curso. Atualmente,

vinculado ao PAN, está sendo montada uma base de dados

georeferenciada (GEOPAM) para apoiar d iversas pesquisas

em ecologia e genética na área de atuação do projeto. A base

de dados Já possui amostras de aproximadamente 1.000

colônias de 22 espécies de abelhas nativas, que tem

estimulado parcerias com diversas universidades do Brasil.

EE NN TT RR EE VV II SS TT AA

Nesse boletim, entrevistamos a Bióloga Laís de Morais Rego Silva, graduada em Licenciatura e Bacharelado em

Ciências Biológicas pela UFMA, Mestre em Biodiversidade e Conservação pela UFMA e Pós -Graduanda em Auditoria e Perícia

Ambiental. Ela atualmente é Analista Ambiental do Departamento de Preservação e Conservação Ambiental (SEMA -Secretária de

Estado de Meio Ambiente e Recursos Naturais do Maranhão) responsável pela gestão das Unidades de Conservação do Maranhão.

No cargo desde 2007. Aproveite!

PET-BIO: Quais as unidades de conservação estaduais do

Maranhão?

Laís Silva: Existem 12 unidades estaduais, onde 4 são de

proteção integral e 8 são de uso sustentável (Áreas de Proteção

Ambiental – APA‟s). As primeiras são: Parque Estadual do

Mirador, Parque Estadual do Bacanga, Parque Marinho Parcel de

Manoel Luís e Estação Ecológica do Rangedor. As APA‟s da

Baixada Maranhense, da Foz do rio Preguiças - Pequenos

Lençóis – Região Lagunar Adjacente, das Reentrâncias

Maranhenses, do Itapiracó, do Maracanã, do Upaon-Açu –

Miritiba – A lto do Rio Preguiças, dos Morros Garapenses (criado

em 2008) e da Reserva de Recursos Naturais da Nascente do Rio

Balsas (que futuramente será re-,categorizada como APA)

compõem o segundo grupo.

PET-BIO: Qual o papel da S EMA ante tais unidades?

Laís Silva: A SEMA faz a gestão completa destas unidades:

criação, monitoramento, fiscalização e educação ambiental.

PET-BIO: Quais os principais problemas enfrentados

pelas nossas Unidades nos últimos anos?

Laís Silva: Um dos maiores problemas de todas as nossas

unidades estaduais é a falta dos instrumentos de gestão,

principalmente em relação ao p lano de manejo e conselho

consultivo. As únicas unidades que têm plano de manejo são o

Parque Estadual do Bacanga e a APA do Itapiracó. Neste

momento, estamos elaborando o do Parque Estadual do Mirador.

A APA dos Morros Garapenses é a primeira a ter um conselho

consultivo e este foi recentemente criado. Então, em relação à

elaboração de um instrumento de gestão ainda estamos

caminhando, e sem ele fica difícil conduzir normas dentro das

unidades. No caso das APA‟s, por serem mais permissivas diante

a lei, o plano de manejo é essencial para definir quais são as

regras a serem respeitadas nas mesmas. Outro problema é em

relação aos trabalhos de fiscalização feitos dentro das unidades.

Há um contraste entre nosso pequeno contingente e as APA‟s

que são gigantescas, como por exemplos, a APA das

Reentrâncias Maranhenses com 2 milhões de hectares, a APA da

Baixada Maranhense com 1,7 milhões de hectares e a APA

Upaon Açu – Mirit iba que tem mais de 1 milhão de hectares.

Há apenas 5 analistas ambientais no departamento, em

contraste com as nossas doze unidades. Tal fato se explica

pelos poucos concursos públicos e pequenos números de vagas

oferecidas e, como em todo Brasil, pelo destino de pequenos

recursos à Secretaria de Meio Ambiente, que é o menor de

todos os oferecidos a secretarias.

PET-BIO: Quais trabalhos estão sendo realizados para

promover o uso sustentável e preservação da

biodiversidade nessas áreas? As comunidades têm se

mostrado participativas?

Laís Silva: O trabalho de fiscalização é realizado através do

contato tanto com o poder público quanto com a comunidade.

Do ano passado pra cá, nós temos ido até as unidades em

alguns municípios e pedido ao poder público, sindicatos,

cooperativas e associações as demandas de crimes ambientais

e, a partir destes, realizamos as fiscalizações e autuações, com

multas ou não, dependendo da situação. Em seguida levamos

os casos para o min istério público do município para que o

mes mo possa ter uma ação mais direta naquela região. Só que

nós não conseguimos alcançar todos os municípios. Também

existem algumas parcerias que estão sendo feitas com o

Ministério do Meio Ambiente e projetos estão sendo

elaborados para as APA‟s das Reentrâncias, Baixada e Parcel

de Manoel Luís. Estas três áreas, além de serem unidades de

conservação, são Sítios Ramsar, que são áreas que possuem um

selo muito importante por conter áreas internacionalmente

reconhecidas como zonas úmidas. Do Brasil, só o Maranhão

possui três Sítios Ramsar e projetos têm sido elaborados em

parceria com o Ministério do Meio Ambiente para serem

enviados para fundos internacionais.

PET-BIO: Como é feito o monitoramento nessas áreas de

modo que se possa acompanhar a qualidade ambiental das

mesmas?

Laís Silva: Ele é realizado junto às atividades de fiscalização e

é a que nós menos efetuamos. O que mais realizamos são as

fiscalizações, e junto destas verificamos quais os

empreendimentos que estão com as licenças em d ia. A parte de

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Bo letim do PET nº 12 Junho/2010 p. 11

Es tá aberto mais um EDITAL DE S ELEÇÃO do PET!

Período de inscrição: 23/06 a 05/07/2010 na sala do PET/Bio logia no Departamento de Biologia/UFMA

06/07 das 13:00 às 14:00: Palestra sobre “O PET e a indissociabilidade entre ensino, pes quisa e extensão” – Grupo PET

( DEBIO/UFMA)

07/07 das 16:00 às 18:00: Prova de Redação (DEBIO/UFMA)

08/07 das 16:00 às 18:00: Prova de Inglês (DEBIO/UFMA)

12/07 a partir das 17:30: Apresentação das propostas de projetos (DEBIO/UFMA)

Para download do edital completo acesse: http://pet.ufma.br/b iologia/

monitoramento feita por nós é basicamente esta de acompanhar

as licenças dos empreendimentos. No momento a Secretaria não

tem programas de monitoramento ambiental e qualidade de água

dentro das unidades. Na APA das Reentrâncias Maranhenses

existe um trabalho federal de monitoramento de aves migratórias

e caranguejos feito pela SEMAF e o SETEME (órgãos federais

ligados ao IBAMA). Monitorar não é competência exclusiva do

órgão ambiental. Ele também é competência das Universidades

que podem realizar pesquisas, de ONG‟s que trabalham com

meio ambiente, e muitos destes não o fazem. O órgão ambiental

nunca vai ter “mãos e pés” pra fazer todo o serviço necessário e

este, por sua vez, não é competência exclusiva dele. Todos têm

que fazer sua parte. Não se observa conectividade entre as

Universidades e a Secretaria. Apesar de professores realizarem

pesquisas dentro das unidades de conservação não há o envio de

informações obtidas nas mesmas para órgão ambiental. Já

realizamos pedidos, mas não houve respostas. E isto resulta

numa falta de dados na SEMA para embasar nossos pareceres.

As Universidades acabam produzindo conhecimento pra elas

próprias, congressos e seminários, e não fazem a extensão deste

para as comunidades e a realização da gestão. Elas produzem

conhecimento para a criação e reconhecimento da importância de

reservas, mas não para a sua gestão. O órgão ambiental não te m

como fazer esta parte do monitoramento. Ele tem que ser feito

pelos órgãos de pesquisa como a EMBRAPA, FAPEMA e

Universidades. E a falta de conectividade entre tais órgãos e a

Secretaria é uma falha grave e real não apenas no Maranhão, mas

também em outros estados. Culpar a SEMA, o IBAMA e o

ICMBIO é muito mais fácil.

PET-BIO: Quais os nossos parques “ativos” e quais

atividades estão sendo desenvolvidas em cada um deles?

Laís Silva: Um grande exemplo de unidade de conservação que

temos é a do Parque Estadual do Mirador que tem 435 mil

hectares e é uma área super conservada. Lá nós temos 22 guarda-

parques que trabalham para uma cooperativa conveniada à

Secretaria, e estes fazem os trabalhos de fiscalização e

monitoramento em carros e motos, sendo que existem nove

postos de fiscalização dentro do parque onde os guarda-parques

moram com suas famílias e tem toda uma estrutura apropriada

para o trabalho. O plano de manejo está sendo elaborado agora

por uma equipe da UFMA. O Parque Marinho Parcel de Manoel

Lu ís é uma área que não temos acesso por ser muito distante. No

Parque Estadual do Bacanga, que tem uma realidade bem

complexa por se situar no ambiente urbano e ser circundado por

uma área de invasão, são realizadas algumas fiscalizações e está

por ser iniciada a mobilização da comunidade local para a

elaboração de um conselho consultivo. A instalação de um

hospital dentro do Parque foi impedida pelo parecer negativo

dado tanto pela SEMA quanto pela CAEMA. Este parque tem

uma importância muito grande pela quantidade de nascentes que

contém e pela Represa do Batatã que abastece mais de 10% de

São Luís e representa um desafio por ser uma área de proteção

integral dentro de um ambiente urbano.

PET-BIO: Não poderíamos deixar de perguntar sobre o

nosso parque na Estação Ecológica do Rangedor. Como se

explicaria o fato de nossa nova Assembléia Legislativa ter

sido construído em meio a uma unidade de conservação?

Laís Silva: Em linhas gerais, na verdade o que aconteceu foi

que antes da Estação Ecológica ter sido criada a Assembléia

Legislat iva tinha pleiteado a área para construção da sua sede.

Como já se sabia que o solo daquela área é muito poroso e

consistia numa área de recarga de aqüíferos, estabeleceu-se um

acordo de que a área seria concedida para a Assembléia e em

troca se criaria uma unidade de conservação de proteção

integral das mais restrit ivas, no caso, ou uma Estação

Ecológica ou uma Reserva Biológica, sendo a primeira mais

adequada devido à pequena quantidade de fauna na área. Então,

criou-se em 2005 a Estação Ecológica do Rangedor sem ser

incluída nela a área onde seria criada a sede da Assembléia. O

que aconteceu de errado foi a instalação do portal de entrada

que deveria ter sido construído, conforme o acordo, pela

entrada do SEBRAE e não pela Av. Jerônimo de Albuquerque.

A Assembléia mudou de idéia e pediu uma licença de desmate

que foi concedida pela SEMA sem passar pelo nosso

departamento, e isto resultou num desmate que ainda foi maior

do que o que estava previsto na licença. Então, nem a licença

deveria ter sido concedida, nem a Assembléia deveria ter

desmatado além do previsto pela licença concedida. Houve erro

das duas partes. A Assembléia foi multada por isso, mas não

tenho informações sobre o pagamento ou não da mesma.

PET-BIO: Há disponível dados sobre a biodiversidade

nestas unidades de conservação?

Laís Silva: Não. Existem apenas diagnósticos iniciais. A falta

de conectividade com as Universidades dificu lta tal trabalho.

PET-BIO: Quais as futuras pers pectivas para a gestão das

nossas unidades de conservação?

Laís Silva: Uma boa perspectiva que temos é a recente

elaboração do Sistema Estadual de Unidades de Conservação

(SEUC) que é um passo muito importante para a elaboração da

política estadual das unidades. Fizemos uma proposta que está

sob consulta pública pra poder passar por todo tramite

burocrático de votação na Assembléia e posterior geração de

lei. Assim poderemos traçar mais normas e restrições dentro

das nossas unidades. E sempre ficamos na expectativa da

elaboração dos instrumentos de gestão para as mesmas. Já

criamos o Conselho Consultivo da APA dos Morros

Garapenses, e estamos nos mobilizando para a elaboração do

Conselho Consultivo do Parque Estadual do Bacanga, do

Mirador e do Itapiracó para este ano. Tais realizações já

representarão grandes avanços.

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Bo letim do PET nº 12 Junho/2010 p. 12

Pet

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Por: Carlos Celso Frazão Saraiva Junior

Telhados verdes vivos

Temperaturas mais amenas no verão e no inverno, isolamento acústico, economia de energia, redução das ilhas de calor nos

centros urbanos, diminuição da quantidade de água escorrendo pelas ruas em dias de chuva forte, ar menos poluído. Essas são as

vantagens de instalar, no alto de casas e prédios, os chamados telhados verdes – que são canteiros produzidos especialmente para

essa área da edificação. A ideia não é nova, afinal já no século XIX eram comuns as cabanas feitas com teto coberto de gramín eas

nos Estados Unidos. Desde a década de 1960, a Europa também adotou a moda. Mas há poucos anos ela começou a se espalhar de

verdade e ganhar terreno nas grandes cidades, locais que mais lucram com essa iniciativa.

É importante lembrar, sempre, que não basta pegar um monte de terra e umas sementes e jogar no telhado. O primeiro passo

para construir um telhado verde em sua casa é contratar um engenheiro que avalie a estrutura da obra, para saber se ela compo rta o

peso que será acrescentado lá em cima. Por esse motivo é mais difícil uma casa já construída obter um telhado verde do que uma

casa que ainda será construída. Porém para atender à demanda de quem já tem sua casa construída, algumas opções interessantes

têm surgido. Um dos exemplos é o telhado verde alveolar patenteado pela empresa Ecotelhado, de Porto Alegre (RS), que chega a

ser quase dez vezes mais leve que os tradicionais. O segredo para a leveza? Eles não usam terra e sim um sistema com todas as

características que a terra tem e que são fundamentais para a planta: lugar de fixação, aeração, acúmulo de água e nutrientes, mas

sem seu peso.

O esquema é muito parecido com o tradicional, em linhas gerais: primeiro há uma membrana anti-raízes. Logo depois, uma

membrana para retenção de água, feita de material PET reciclado. Acima, uma membrana filtrante, que não permite a passagem de

sujeira para baixo. Os preços para a implantação desse tipo de telhado é de cerca de R$ 90 por m².

Atualmente, um grande exemplo da aplicação do telhado verde, é encontrado na cidade de São Paulo, na cobertura do edifício

da prefeitura de SP, considerada uma das maiores biocoberturas da cidade.

Fonte: www.oeco.com.br

Noticia orig inal escrita por Lucia Nascimento.

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Page 13: Microbiota humana

Bo letim do PET nº 12 Junho/2010 p. 13

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