Upload
keimelion-revisao-de-textos
View
215
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
8/2/2019 METADISCURSO INTERPESSOAL EM ARTIGOS ACADMICOS
1/246
Cibele Gadelha Bernardino
O METADISCURSO INTERPESSOAL EM ARTIGOS
ACADMICOS: ESPAO DE NEGOCIAES E CONSTRUO
DE POSICIONAMENTOS
Belo HorizonteUFMG - FALE - POSLIN
2007
8/2/2019 METADISCURSO INTERPESSOAL EM ARTIGOS ACADMICOS
2/246
Cibele Gadelha Bernardino
O METADISCURSO INTERPESSOAL EM ARTIGOS
ACADMICOS: ESPAO DE NEGOCIAES E CONSTRUO
DE POSICIONAMENTOS
Tese apresentada ao Programa de Ps-Graduao em
Estudos Lingsticos da Faculdade de Letras da
Universidade Federal de Minas Gerais, como parte dos
requisitos necessrios para a obteno do ttulo de
Doutora em Lingstica Aplicada.
rea de concentrao: Lingstica Aplicada
Linha de Pesquisa: Estudos da Linguagem, Identidade e
Representao.
Orientadora - Profa. Dra. Adriana Silvina Pagano.
Belo HorizonteUFMG FALE POSLIN
2007
Keimelion - reviso de textos http://www.keimelion.com.br
Foco em textos acadmicos. Para oramento, envie a: [email protected]
8/2/2019 METADISCURSO INTERPESSOAL EM ARTIGOS ACADMICOS
3/246
B423m Bernardino, Cibele GadelhaO metadiscurso interpessoal em artigos acadmicos:
espao de negociaes e construo de posicionamentos /
Cibele Gadelha Bernardino. Belo Horizonte, 2007.243 p.Orientadora: Prof. Dr. Adriana Silvina PaganoTese (Doutorado em Lingstica Aplicada)
Universidade Federal de Minas Gerais, 2007.1. Artigo acadmico. 2. Metadiscurso interpessoal. 3.
Marcadores metadiscursivos. I. Universidade Federal deMinas Gerais.
CDD:410
Keimelion - reviso de textos http://www.keimelion.com.br
Foco em textos acadmicos. Para oramento, envie a: [email protected]
8/2/2019 METADISCURSO INTERPESSOAL EM ARTIGOS ACADMICOS
4/246
Keimelion - reviso de textos http://www.keimelion.com.br
Foco em textos acadmicos. Para oramento, envie a: [email protected]
8/2/2019 METADISCURSO INTERPESSOAL EM ARTIGOS ACADMICOS
5/246
AGRADECIMENTOS
A Deus, sempre.
A minha famlia, pelo apoio e imenso carinho.
Ao meu amado irmo Cid Gadelha, pela presenasempre carinhosa.
Ao meu amado esposo Vladimir Rosas Rodrigues pelo
apoio e carinho.
professora Adriana Silvina Pagano, pela orientao
atenciosa e competente.
Aos queridos amigos sempre presentes Adail Rodrigues
Junior e Edemar Amaral Cavalcante, pelo apoio,presena e carinho incondicionais.
A minha querida amiga Tatiana Macedo, pela presena
amiga e dedicada.
Aos amigos Paulo Henrique Caetano e Carolina Duarte
Santana, pelo companheirismo e carinho.
querida amiga Tarcileide Bezerra, pela amizade
sincera sempre presente. amiga Ana Maria Pereira, pelo apoio.
s instituies Universidade Estadual do Cear e
CAPES.
Aos membros do projeto CORDIALL da Faculdade de
Letras da UFMG.
Keimelion - reviso de textos http://www.keimelion.com.br
Foco em textos acadmicos. Para oramento, envie a: [email protected]
8/2/2019 METADISCURSO INTERPESSOAL EM ARTIGOS ACADMICOS
6/246
RESUMO
Esta tese investiga a construo do metadiscurso interpessoal em exemplares de artigosacadmicos produzidos por autores(as) brasileiros(as), visando indagar como osmarcadores metadiscursivos interpessoais (HYLAND, 2000) realizados por adjuntos
modais (HALLIDAY, 1994) so utilizados pelos(as) autores(as) brasileiros(as) da reade lingstica em exemplares de artigos acadmicos experimentais, tericos e dereviso de literatura (SWALES, 2004). Para cumprir tal objetivo, investigamos umcorpus composto por 10 exemplares de artigos experimentais, 10 exemplares de artigosde reviso de literatura e de 10 exemplares de artigos tericos, compilados a partir deexemplares do peridico D.E.L.T.A. disponveis no site http://www.scielo.br, epublicados no perodo compreendido entre os anos de 1997 e 2004. Para o levantamentoe mapeamento dos adjuntos modais que funcionaram como marcadores interpessoais foifeita uma anotao manual do corpus que permitiu extrair dados quantitativos com oprograma WordSmith Tools. No primeiro momento de anlise, os advrbios quefuncionaram como adjuntos modais foram manualmente anotados, depois fizemos uma
classificao dos tipos de adjuntos segundo Halliday (1994) e Halliday & Matthiessen(2004) em dilogo com abordagens funcionais do portugus (NEVES, 2000). Em umterceiro momento, identificamos os adjuntos modais que funcionaram como marcadoresinterpessoais (HYLAND,1998/2000). Por fim, uma anlise mais detalhada de cada tipode artigo e de suas unidades retricas foi realizada para examinar os marcadoresinterpessoais em seus co-textos. A anlise dos dados apontou para os seguintesresultados: (a) nos trs corpora o marcador metadiscursivo mais utilizado pelos(as)autores(as) foi o marcador atributivo realizado por adjuntos modais de validade,intensidade e usualidade; (b) Os marcadores metadiscursivos de nfase foram realizadospor adjuntos modais de suposio, persuaso, probabilidade, obviedade e intensidade eo nmero de ocorrncias desses marcadores foi muito prximo nas trs categorias de
artigos, sendo levemente maior em artigos tericos (c) os marcadores metadiscursivosde atenuao foram realizados, nos trs corpora, por adjuntos modais de probabilidade esuposio, com predomnio absoluto dos adjuntos de probabilidade. O nmero demarcadores de atenuao foi bastante superior nos exemplares dos artigos experimentaisse comparado ao nmero desses marcadores em artigos tericos e de reviso deliteratura; e (d) os marcadores metadiscursivos atitudinais realizados pelos adjuntosmodais de desejo, predio e intensidade foram os menos utilizados em todas as trscategorias de artigos. importante salientar que os(as) autores(as) de artigosexperimentais utilizaram mais marcadores metadiscursivos que os(as) autores(as) deartigos tericos e de reviso de literatura. Esta distino deve-se, principalmente, sdiferenas quanto ao uso dos marcadores metadiscursivos interpessoais de atenuaonos trs corpora, uma vez que esse tipo de recurso metadiscursivo foi,preferencialmente, utilizado nos artigos experimentais. Este fato deve-se presenamarcante desses marcadores na unidade retrica Resultados e Discusso, que tpicados artigos experimentais. Isto indica que em contraste com artigos tericos e de revisode literatura, em artigos experimentais, os(as) autores(as) parecem ter uma maiorpreocupao em atenuar a fora asseverativa de suas afirmaes, assim como emapresentar-se como fonte de suas proposies, deixando um espao de negociao maisamplamente aberto com seus pares da comunidade disciplinar.
Keimelion - reviso de textos http://www.keimelion.com.br
Foco em textos acadmicos. Para oramento, envie a: [email protected]
8/2/2019 METADISCURSO INTERPESSOAL EM ARTIGOS ACADMICOS
7/246
ABSTRACT
This dissertation examines metadiscourse (Hyland, 1998/2000) in research articleswritten by Brazilian researchers within the field of linguistics with a view to
investigating the role of interpersonal markers (Hyland, 2000) realized by modaladjuncts (Halliday, 1994) in the writers projection of a stance and negotiation withtheir academic disciplinary communities. In order to pursue this, drawing on Swales(2004) a corpus composed by 10 experimental articles, 10 theoretical articles and 10review articles published between 1997 and 2004 was compiled from a Brazilianindexed journal (DELTA). Firstly adverbs functioning as modal adjuncts were manuallyannotated in the corpus and quantitative data regarding their occurrence per article andper rhetorical section were retrieved with the software Wordsmith Tools. In a secondstage, adjuncts were classified following Halliday (1994) and Halliday & Matthiessen(2004) supplemented by insights gathered from functional approaches to Portuguese
(NEVES, 2000). A third step was to identify modal adjuncts functioning asinterpersonal markers according to Hyland (1998/2000). Finally, a more detailedanalysis of articles of each type was carried out in order to examine markersinterpersonal within their co-text. Our analysis shows that attribute markers realized bymodal adjuncts of validity, intensity and usuality were the most frequent markersoccurring in the three types of research articles. Metadiscourse markers of emphasisrealized by modal adjuncts of presumption, persuasion, probability, obviousness andintensity also occurred in the three types of articles, their frequency being slightlyhigher in theoretical articles. Moreover, the three types of article showed occurrences ofhegdes, which were realized by modal adjuncts of probability and presumption, theformer being significantly more frequent. Our analysis further shows that hedgesoccurred more frequently in experimental articles than theoretical and review articlesand that attitudinal markers realized by modal adjuncts of desire, prediction andintensity were the least frequently used category in all the three types of articles. Of thethree types of articles, experimental articles showed the highest frequency ofmetadiscourse markers, mostly due to the significant occurrence of hedges in this typeof articles, particularly in the rhetorical section of Results and Discussion, a sectiontypically present in experimental articles. This seems to point to a concern on the partof writers of experimental articles about expressing statements with caution andnegotiating their claims to gain acceptance in their disciplinary communities.
Keimelion - reviso de textos http://www.keimelion.com.br
Foco em textos acadmicos. Para oramento, envie a: [email protected]
8/2/2019 METADISCURSO INTERPESSOAL EM ARTIGOS ACADMICOS
8/246
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AA Artigo Acadmico
AE Artigo ExperimentalAT Artigo Terico
AR Artigo de Reviso
ADM Adjunto Modal
ADMINT Adjunto Modal de Intensidade
ADMINT-MAT Marcador Atitudinal realizado por
Adjunto Modal de Intensidade
ADMINT-MATR Marcador Atributivo realizado por
Adjunto Modal de Intensidade
ADMINT-ME Marcador de nfase realizado por
Adjunto Modal de Intensidade
ADMOBV Adjunto Modal de Obviedade
ADMOBV-ME Marcador de nfase realizado por
Adjunto Modal de Obviedade
ADMPERS Adjunto Modal de Persuaso
ADMPERS-ME Marcador de nfase realizado por
Adjunto Modal de Persuaso
ADMPOL Adjunto Modal de Polaridade
ADMPRED Adjunto Modal de Predio
ADMPRED-MAT Marcador atitudinal realizado por
Adjunto Modal de Predio
ADMPRO Adjunto Modal de Probabilidade
ADMPRO-MA Marcador de Atenuao realizado
por Adjunto Modal de
Probabilidade
ADMPRO-ME Marcador de nfase realizado por
Adjunto Modal de Probabilidade
ADMSUP Adjunto Modal de Suposio
ADMSUP-MA Marcador de Atenuao realizado
por Adjunto Modal de Suposio
Keimelion - reviso de textos http://www.keimelion.com.br
Foco em textos acadmicos. Para oramento, envie a: [email protected]
8/2/2019 METADISCURSO INTERPESSOAL EM ARTIGOS ACADMICOS
9/246
ADMSUP-ME Marcador de nfase realizado por
Adjunto Modal de Suposio
ADMTEM Adjunto Modal de Tempo
ADMTIP Adjunto Modal de Tipicidade
ADMUSU Adjunto Modal de Usualidade
ADMUSU-MATR Marcador atributivo realizado por
Adjunto Modal de Usualidade
ADMVAL Adjunto Modal de Validade
ADMVAL-MATR Marcador atributivo realizado por
Adjunto Modal de Validade
EGPE Estudos de Gneros para
propsitos Aplicados
GSF Gramtica Sistmico-Funcional
LSF Lingstica Sistmico-Funcional
MA Marcador de Atenuao
MAT Marcador Atitudinal
MATR Marcador Atributivo
ME Marcador de nfase
Keimelion - reviso de textos http://www.keimelion.com.br
Foco em textos acadmicos. Para oramento, envie a: [email protected]
8/2/2019 METADISCURSO INTERPESSOAL EM ARTIGOS ACADMICOS
10/246
LISTA DE ILUSTRAES
FIGURA 1 - Metforas de gnero (SWALES, 2004:68)................................................ 35
FIGURA 2 - Modelo CARS (Swales, 1990:141)............................................................ 41FIGURA 3 - Sntese da organizao retrica da seo de Resultados e Discusso ....... 45
FIGURA 4 - Esquema demonstrativo do Sistema de Modo da Lngua ......................... 78
FIGURA 5 - Sistema dos adjuntos de modo (Halliday; Matthiessen, 2004:128)........... 85
FIGURA 6 - System network of modality (Halliday; Matthiessen, 2004:150).............. 90
FIGURA 7 - Excertos do corpus 1 que apresentam os objetivos dos exemplares dos
Artigos experimentais (AE)....................................................................... 120
FIGURA 8 - Excertos do corpus 2 que apresentam os objetivos dos exemplares dos
Artigos tericos (AT)............................................................................ 123
FIGURA 9 - Excertos do corpus 3 que apresentam os objetivos dos exemplares dos
Artigos de reviso de literatura (AR)......................................................... 126
FIGURA 10 - Significados dos adjuntos modais de intensidade..................................... 142
FIGURA 11 - Significados dos marcadores metadiscursivos de atenuao realizados
por adjuntos modais (advrbios simples) no corpus de artigos
experimentais............................................................................................. 166
FIGURA 12 - Significados metadiscursivos dos marcadores de atenuao realizados
por adjuntos modais (advrbios simples) no corpus de artigostericos....................................................................................................... 188
FIGURA 13 Significados construdos pelos marcadores metadiscursivos de
atenuao em artigos de reviso de literatura............................................ 207
FIGURA 14 - Resumo das ocorrncias dos marcadores metadiscursivos interpessoais
em artigos experimentais........................................................................... 220
FIGURA 15 - Resumo das ocorrncias dos marcadores metadiscursivos interpessoais
em artigos tericos..................................................................................... 221
FIGURA 16 - Resumo das ocorrncias dos marcadores metadiscursivos interpessoaisem artigos de reviso de literatura............................................................ 222
QUADRO 1 - MODO 1 orao declarativa afirmativa.................................................. 79
QUADRO 2 - Funes discursivas tipos de modo da orao........................................ 80
QUADRO 3 - Adjuntos de modalidade e polaridade........................................................ 84
QUADRO 4 - Adjuntos modais de temporalidade............................................................ 84
QUADRO 5 - Adjuntos modais de modo......................................................................... 84
QUADRO 6 - Realizaes metafricas de modalidade ................................................... 88
QUADRO 7 - Modalidade: variveis de tipo e orientao combinadas........................... 92
Keimelion - reviso de textos http://www.keimelion.com.br
Foco em textos acadmicos. Para oramento, envie a: [email protected]
8/2/2019 METADISCURSO INTERPESSOAL EM ARTIGOS ACADMICOS
11/246
QUADRO 8 - Valores da modalidade............................................................................... 92
QUADRO 9 - Tipo X valor X polaridade......................................................................... 93
QUADRO 10 - Adjuntos de comentrio e seus significados............................................. 95
QUADRO 11 - Adjuntos de comentrio............................................................................. 96
QUADRO 12 - Classes de adjuntos X Significados construdos na linguagem................. 105
QUADRO 13 - Organizao retrica dos exemplares de artigos acadmicos do corpus
da anlise piloto......................................................................................... 111
QUADRO 14 - Unidades retricas dos artigos experimentais do corpus 1........................ 121
QUADRO 15 - Unidades retricas dos artigos tericos do corpus 2.................................. 124
QUADRO 16 - Unidades retricas dos exemplares do artigo de reviso (AR) (corpus
3)................................................................................................................ 126
QUADRO 17 - Advrbios dos corpora 1,2 e 3 que funcionaram como adjuntos modais
(modalizao)............................................................................................. 146
QUADRO 18 - Significados dos marcadores de nfase realizados por adjuntos modais
(advrbios simples) no corpus de artigos experimentais........................... 174
QUADRO 19 - Significados dos marcadores de nfase realizados por adjuntos modais
(advrbios simples) no corpus de artigos tericos..................................... 196
QUADRO 20 - Significados dos marcadores de nfase em exemplares de artigos de
reviso de literatura.................................................................................... 210
Keimelion - reviso de textos http://www.keimelion.com.br
Foco em textos acadmicos. Para oramento, envie a: [email protected]
8/2/2019 METADISCURSO INTERPESSOAL EM ARTIGOS ACADMICOS
12/246
LISTA DE TABELAS
1- Percentual de adjuntos modais realizados por advrbios simples em relao ao
total de palavras no-repetidas (8.664) do corpus 1 (10 artigos experimentais
completos)............................................................................................................. 147
2 - Percentual dos tipos de adjuntos modais em relao ao total de adjuntos modais
(1.019) do corpus 1 (10 artigos experimentais completos)................................... 148
3 - Distribuio dos adjuntos modais no corpus 1 (10 Artigos experimentais
completos) (resultado do clculo da Lista de Consistncia
Detalhada).............................................................................................................. 149
4 - Percentual de adjuntos modais realizados por advrbios simples em relao ao
total de palavras no-repetidas (7.710) do corpus 2 (10 artigos tericos
completos)............................................................................................................. 149
5 - Percentual dos tipos de adjuntos modais em relao ao total de adjuntos modais
(902) do corpus 2 (10 artigos tericos completos)................................................ 150
6 - Distribuio dos adjuntos modais no corpus 2 (10 artigos tericos completos)
(Resultado do clculo da Lista de Consistncia Detalhada).................................. 1517 - Percentual de adjuntos modais realizados por advrbios simples em relao ao
total de palavras no-repetidas (10.067) do corpus 3 (10 Artigos de Reviso
completos)............................................................................................................. 151
8 - Percentual dos tipos de adjuntos modais em relao ao total de adjuntos modais
(962) do corpus 3 (10 Artigos de Reviso completos).......................................... 152
9 - Distribuio dos adjuntos modais no corpus 3 (10 Artigos de Reviso
completos) (Resultado do clculo da Lista de Consistncia Detalhada)............... 15310 - Comparao entre os corpora 1, 2 e 3................................................................... 153
11 - Comparao entre as ocorrncias de marcadores interpessoais nos corpora 1, 2
e 3.......................................................................................................................... 158
12 - Marcadores do metadiscurso interpessoal por unidade retrica artigos
experimentais (5 exemplares)................................................................................ 159
13 - Marcadores do metadiscurso interpessoal por unidade retrica artigos
tericos (5 exemplares).......................................................................................... 184
Keimelion - reviso de textos http://www.keimelion.com.br
Foco em textos acadmicos. Para oramento, envie a: [email protected]
8/2/2019 METADISCURSO INTERPESSOAL EM ARTIGOS ACADMICOS
13/246
14 - Marcadores do metadiscurso interpessoal por unidade retrica artigos de
reviso de literatura (5 exemplares)...................................................................... 204
15 - Marcadores interpessoais atributivos realizados por adjuntos modais de
usualidade.............................................................................................................. 214
Keimelion - reviso de textos http://www.keimelion.com.br
Foco em textos acadmicos. Para oramento, envie a: [email protected]
8/2/2019 METADISCURSO INTERPESSOAL EM ARTIGOS ACADMICOS
14/246
SUMRIO
RESUMO....................................................................................................................... 04
ABSTRACT.................................................................................................................. 05
CAPTULO 1: INTRODUO.................................................................................... 13
1.1 As questes e os objetivos que mobilizaram a pesquisa.......................................... 131.2 A organizao retrica do texto da Tese.................................................................. 19
CAPTULO 2: GNEROS ACADMICOS: ESPAO DE NEGOCIAES E
CONSTRUO DE POSICIONAMENTOS............................................................... 21
2.1 Um panorama dos estudos sobre gneros textuais.................................................. 212.2 Algumas breves consideraes sobre o gnero artigo acadmico........................... 392.3 Estudos sobre significados interpessoais em gneros acadmicos......................... 46
CAPTULO 3: ELEMENTOS TERICOS PARA COMPREENSO DACONSTRUO DOS SIGNIFICADOS INTERPESSOAIS DA LINGUAGEM....... 55
3.1 O estudo sobre modalidade: um breve panorama.................................................... 553.2 Um panorama sobre a categoria dos advrbios....................................................... 603.3 Metafuno interpessoal: a gramtica da interao................................................. 75
CAPTULO 4: METODOLOGIA................................................................................. 108
4.1 O objeto de estudo................................................................................................... 1094.2 Descrio dos corpora de anlise............................................................................ 1104.3 Procedimentos de anlise.........................................................................................
112
CAPTULO 5: OBSERVANDO OS ADJUNTOS MODAIS....................................... 119
5.1 Reconhecendo e classificando os adjuntos modais nos exemplares dos corpora1, 2 e 3.................................................................................................................... 1285.2 Apresentando a freqncia e a distribuio dos adjuntos modais nos exemplaresdos corpora 1,2 e 3........................................................................................................ 146
CAPTULO 6: OBSERVANDO OS MARCADORES METADISCURSIVOS.......... 157
CAPTULO 7: CONSIDERAES FINAIS............................................................... 218
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS.......................................................................... 235
Keimelion - reviso de textos http://www.keimelion.com.br
Foco em textos acadmicos. Para oramento, envie a: [email protected]
8/2/2019 METADISCURSO INTERPESSOAL EM ARTIGOS ACADMICOS
15/246
Captulo 1
Introduo
Significant genres, such as the research article (RA),are integral to a disciplines methodology as theyensure that information is conveyed in ways thatconform to its norms and ideology. Thus for writers topublish and influence their fields, they must exploittheir understanding of these genres.
Ken Hyland, Writing without conviction? Hedging inscience research articles.
1.1 As questes e os objetivos que mobilizaram a pesquisa
Acredito que a inquietao necessria para a gestao de uma pesquisa pode
partir de trs pontos: de lacunas tericas as quais o(a) pesquisador(a) almeja preencher e
para tanto busca um locus de anlise que lhe seja frtil; do contato com um objeto que
provoque questes relevantes a um ambiente terico, ou da interseo entre estes dois
pontos de partida. Posiciono-me no ponto de partida da interseo, posto que, por um
lado, as questes referentes s diversas esferas da interao social e os gneros textuais
que as mobilizam tm sido objeto de meu interesse e estudo desde 1999, quando iniciei
a pesquisa para minha dissertao de mestrado (BERNARDINO, 2000) e, por outro
lado, o gnero artigo acadmico passou a ocupar a minha ateno, em meados de 2002,
particularmente no que diz respeito construo dos posicionamentos e das avaliaes
dos(as) pesquisadores(ras). , pois, a partir deste encontro entre um campo terico, a
Anlise de Gneros, e um objeto de anlise, o artigo acadmico, que localizo a questo
central que impulsiona esta pesquisa, a saber: como os(as) pesquisadores(as) constroem
seus posicionamentos e suas avaliaes no gnero textual artigo acadmico?
relevante salientar que foi no espao do Programa de Ps-Graduao em
Estudos Lingsticos da Universidade Federal de Minas Gerais que encontrei o terreno
Keimelion - reviso de textos http://www.keimelion.com.br
Foco em textos acadmicos. Para oramento, envie a: [email protected]
8/2/2019 METADISCURSO INTERPESSOAL EM ARTIGOS ACADMICOS
16/246
14
favorvel para a investigao desta questo. Pois foi neste espao que pude desenvolver
um trabalho consistente a partir da formao do grupo de pesquisa registrado no
diretrio do CNPq, Conhecimento Experto em Comunidades Disciplinares
Acadmicas. E exatamente porque esta pesquisa nasceu e se desenvolveu no
ambiente desse grupo e sob a presente orientao da prof. Adriana Pagano que passo, a
partir deste ponto do meu texto, a escrever em primeira pessoa do plural.
importante lembrar que alguns(mas) pesquisadores(as) j envidaram
esforos para buscar responder questo proposta acima, olhando-a a partir de
pressupostos tericos e metodolgicos distintos. No cenrio internacional citamos,
sobretudo na vertente anglo-americana de estudos, os trabalhos de Crompton (1997)
sobre o uso de hedges (marcadores de atenuao) em escrita acadmica; de Hyland
(1998/ 2000) sobre o uso de hedges (marcadores de atenuao) e boosters (marcadores
de nfase) como mecanismos de negociao entre membros de uma rea disciplinar; de
Varttala (1999) sobre o uso de hedges (marcadores de atenuao) em artigos de
divulgao cientifica; de Myers (1999) sobre a pragmtica da polidez em textos
acadmicos; de White (2003) sobre marcadores dialgicos no texto acadmico, entre
outros.
Quanto ao cenrio brasileiro, contemplando vertentes distintas, chamamos a
ateno para os trabalhos de Coracini (1991) que busca analisar marcas textuais
indicadoras da subjetividade da autoria a partir dos pressupostos tericos da Lingstica
da Enunciao, de Figueiredo-Silva (2001) sobre o ensino do uso de atenuadores em
escrita acadmica; de Balocco (2002) sobre o uso de enunciados em primeira pessoa no
texto acadmico e de Arajo (2005) sobre indicadores textuais da subjetividade da
autoria em artigos acadmicos em lngua portuguesa e em lngua inglesa.
Keimelion - reviso de textos http://www.keimelion.com.br
Foco em textos acadmicos. Para oramento, envie a: [email protected]
8/2/2019 METADISCURSO INTERPESSOAL EM ARTIGOS ACADMICOS
17/246
15
Nossa proposta de trabalho insere-se neste interesse de pesquisa. Assim, a
partir da anlise de um corpus de artigos produzidos por pesquisadores(as)
brasileiros(as) no peridico D.E.L.T.A., buscamos perceber e analisar como, na rea de
Lingstica, os(as) autores(as) de exemplares do gnero textual artigo acadmico
constroem significados interpessoais de posicionamento avaliativo ao produzirem seus
textos. Esta questo parte da considerao de que diferentes padres de avaliao
podem exercer papis especficos em gneros especficos e, portanto, cabe levantar tais
padres nos termos de suas ocorrncias e seus funcionamentos, articulando-os aos
valores e propsitos dos grupos sociais que utilizam tais gneros.
Como delimitao deste objetivo central, esta pesquisa busca realizar os
seguintes objetivos especficos:
1. Mapear e analisar os marcadores metadiscursivos interpessoais
(HYLAND,1998/2000) realizados por meio de adjuntos modais
(HALLIDAY, 1994/2004).
2. Verificar como estes elementos se apresentam em artigos acadmicos
Experimentais, Tericos e de Reviso de Literatura (SWALES, 2004).
3. Comparar como estes marcadores metadiscursivos se apresentam em
cada uma das unidades retricas prototpicas do gnero artigo acadmico
em exemplares de artigos experimentais, tericos e de reviso de
literatura. (SWALES, 2004).
4. Analisar quais as relaes entre o padro de posicionamento e avaliao
do(a) pesquisador(a)-autor(a), ao produzir exemplares de artigos
experimentais, tericos e de reviso e os propsitos e valores da
comunidade disciplinar.
Keimelion - reviso de textos http://www.keimelion.com.br
Foco em textos acadmicos. Para oramento, envie a: [email protected]
8/2/2019 METADISCURSO INTERPESSOAL EM ARTIGOS ACADMICOS
18/246
16
Para tanto, trabalhamos com a articulao entre trs teorias de base: a
anlise de gneros textuais, com foco na produo terica de John Swales (1990/2004),
o estudo do metadiscurso interpessoal de Hyland (1996/1998/2000) e a teoria sistmico-
funcional de M. A. K. Halliday (1994/2004), particularmente para o tratamento dos
adjuntos modais.
Em primeiro lugar, queremos justificar que, em meio a variadas perspectivas
para a abordagem de gneros, optamos pela perspectiva da vertente anglo-americana de
John Swales, porque a produo deste autor reconhecidamente voltada para aplicaes
em anlise de gneros em contextos acadmicos, em especial para o tratamento do
gnero artigo acadmico. Inclusive, no Brasil, a descrio de diferentes gneros
acadmicos feita, predominantemente, com base neste autor. Alm disso, Swales
(1990/2004) estabelece conceitos fundamentais para o exame de gneros textuais,
propondo a anlise textual como caminho para iluminar questes sobre a caracterizao
dos gneros e a relao com suas prticas sociais subjacentes.
A teoria de Swales (1990/2004) utilizada neste trabalho, basicamente, para
o tratamento retrico dos exemplares de artigos acadmicos.
Se por um lado, o referencial terico de Swales possibilita visualizar a
organizao retrica dos gneros acadmicos, por outro lado, no nos oferece
instrumentos suficientes para a anlise dos caminhos utilizados pelos(as) autores(as)
para construir seus posicionamentos e avaliaes. Assim, foi no conceito de
etadiscurso interpessoal utilizado por Hyland (1996/1998/2000) que encontramos a
categoria terica satisfatria para averiguar a construo de posicionamentos desses(as)
autores(as) em exemplares de textos acadmicos, pois este autor, em grande parte da sua
produo, dedica-se ao estudo do metadiscurso em exemplares de gneros textuais que
circulam na comunidade acadmica. Para Hyland (1998), o metadiscurso interpessoal
Keimelion - reviso de textos http://www.keimelion.com.br
Foco em textos acadmicos. Para oramento, envie a: [email protected]
8/2/2019 METADISCURSO INTERPESSOAL EM ARTIGOS ACADMICOS
19/246
17
refere-se a aspectos do texto que explicitamente sinalizam a atitude do autor em relao
ao contedo proposicional e em relao audincia. O metadiscurso , portanto,
essencialmente interacional e avaliativo.
Hyland (1998) aponta cinco categorias que podem ser averiguadas para a
anlise do metadiscurso interpessoal: hedges (marcadores de atenuao), emphatics
(marcadores de nfase), attitude markers (marcadores de atitude), relational markers
(marcadores relacionais) e person markers (marcadores pessoais)1. fundamental para
a compreenso do percurso realizado nesta pesquisa que se esclarea que esses
marcadores metadiscursivos podem ser realizados por diferentes elementos lxico-
gramaticais, mas que Hyland no se preocupou, em seus estudos, em estabelecer
critrios para o mapeamento desses elementos do ponto de vista lxico-gramatical.
Assim, buscamos na teoria sistmico-funcional de Halliday (1994/2004) o instrumental
terico-metodolgico adequado para verificar e mapear quais elementos lxico-
gramaticais so responsveis pela construo dos significados metadiscursivos
interpessoais em exemplares de artigos acadmicos.
Desta feita, nesta pesquisa interessou, particularmente, o detalhamento da
funo interpessoal da linguagem apontada por Halliday (1994/2004), uma vez que ,
principalmente, por meio dos significados interpessoais que os falantes se posicionam e
posicionam seus interlocutores no ato da interao. Para Halliday (1994), a construo
dos significados interpessoais se faz, predominantemente, por meio dos sistemas de
modo e modalidade da lngua que sero descritos pormenorizadamente no Captulo 2
desta tese.
Como possvel perceber, as questes aqui levantadas trazem em seu bojo
reflexes sobre que elementos podem ser considerados mais apropriadamente
definidores para a caracterizao de um gnero textual. Ao observar o padro de
Keimelion - reviso de textos http://www.keimelion.com.br
Foco em textos acadmicos. Para oramento, envie a: [email protected]
8/2/2019 METADISCURSO INTERPESSOAL EM ARTIGOS ACADMICOS
20/246
18
construo do metadiscurso interpessoal do(a) pesquisador(a)-autor(a), pretendemos,
pois, perceber as relaes entre este padro e os propsitos e valores da comunidade
disciplinar ao escrever artigos acadmicos e, desta forma, perceber em que medida os
elementos lxico-gramaticais (particularmente os adjuntos modais) utilizados para
construir tal metadiscurso so relevantes para a caracterizao deste gnero.
A proposta de pesquisa apontada nesta tese traz contribuies tanto para o
campo da Anlise de Gneros quanto para a perspectiva Sistmico-Funcional. Para o
primeiro campo, a pesquisa pode contribuir, como prope Swales (2000), para afunilar
o olhar em direo a uma micro-anlise dos exemplares de gneros, verificando em que
medida elementos lingsticos podem ou no ser caracterizadores dos gneros textuais.
Para a Lingstica Sistmica, esta pesquisa pode favorecer, no s a compreenso sobre
como as escolhas lxico-gramaticais dos falantes funcionam para estabelecer propsitos
e valores sociais, mas tambm a aplicao dos conceitos e da metodologia de anlise
desta teoria a um corpus em lngua portuguesa.
Outra importante contribuio da investigao aqui proposta est
relacionada ao ensino da escrita acadmica, uma vez que o reconhecimento, a descrio
e a anlise do padro lxico-gramatical de construo do metadiscurso interpessoal
construdo pelos(as) autores(as) pode contribuir, sobremaneira, em dois importantes
aspectos. Primeiro, para ampliar o campo de descrio dos gneros textuais da academia
que tm sido, preferencialmente, estudados em relao caracterizao das suas
unidades e subunidades de informao prototpicas. Segundo, para subsidiar a produo
de materiais didticos, a exemplo da importante produo do material organizado por
Motta-Roth (2002b) sobre redao acadmica.
Por fim, interessante observar que o momento atual bastante propcio
anlise e descrio dos padres de posicionamento e avaliao da autoria, posto que
1 Traduo de nossa responsabilidade.
Keimelion - reviso de textos http://www.keimelion.com.br
Foco em textos acadmicos. Para oramento, envie a: [email protected]
8/2/2019 METADISCURSO INTERPESSOAL EM ARTIGOS ACADMICOS
21/246
19
parece estar ocorrendo uma maior conscientizao sobre a necessidade de se estudar
como o(a) autor(a) se compromete e se posiciona frente ao discurso construdo. Assim,
o estudo ora proposto pode contribuir para a explicitao desse metadiscurso.
1.2 A organizao retrica do texto da Tese
O texto desta tese estar dividido em sete captulos.
Na Introduo ou primeiro captulo, apresentamos os objetivos e a
justificativa para a realizao da pesquisa.
No captulo 2, apresentamos a discusso terica acerca das noes de gnero
textual e comunidade disciplinar, a caracterizao do gnero artigo acadmico e uma
discusso sobre a construo do metadiscurso interpessoal em gneros textuais que
circulam na academia.
No captulo 3, realizamos um breve panorama dos estudos sobre
modalidade, para em seguida tratar sobre a categoria dos advrbios, particularmente,
dos modalizadores e finalizamos com o tratamento detalhado da metafuno
interpessoal da Gramtica Sistmico-funcional, focalizando, principalmente, o papel dos
adjuntos modais na construo de significados metadiscursivos.
No captulo 4, apresentamos o objeto de estudo, a descrio dos corpora de
anlise, os procedimentos para a realizao da anlise e os resultados prvios da anlise
piloto realizada quando da elaborao do projeto de pesquisa que deu origem a este
trabalho.
No captulo 5, primeiro captulo de anlise propriamente dita, apresentamos
os resultados quantitativos aos quais chegamos sobre o mapeamento, a distribuio e a
classificao dos adjuntos modais nos trs corpora de anlise. Este captulo visa no
somente apresentar tais resultados, mas tambm o percurso realizado para depreend-
los, assim como as dificuldades de anlise que foram sendo resolvidas neste percurso.
Keimelion - reviso de textos http://www.keimelion.com.br
Foco em textos acadmicos. Para oramento, envie a: [email protected]
8/2/2019 METADISCURSO INTERPESSOAL EM ARTIGOS ACADMICOS
22/246
20
importante salientar aqui que o levantamento dos adjuntos modais visa verificar quais
desses adjuntos funcionaram como marcadores do metadiscurso interpessoal.
No captulo 6, aps termos mapeado os adjuntos modais utilizados pelos(as)
autores(as) (captulo 5), passamos a observar esses dados, verificando quais desses
adjuntos modais funcionaram como marcadores de metadiscurso interpessoal. A partir
da, realizamos um novo levantamento quantitativo para verificar a ocorrncia dos
marcadores metadiscursivos nos exemplares dos artigos experimentais, tericos e de
reviso. Discutimos, ento, os resultados encontrados, interpretando-os luz dos
propsitos comunicativos do gnero artigo acadmico e dos valores, convenes e
relaes de poder que regulam as interaes na comunidade disciplinar em foco.
Por fim, no captulo 7, sistematizamos os resultados encontrados ao longo
dos captulos 5 e 6.
Keimelion - reviso de textos http://www.keimelion.com.br
Foco em textos acadmicos. Para oramento, envie a: [email protected]
8/2/2019 METADISCURSO INTERPESSOAL EM ARTIGOS ACADMICOS
23/246
Captulo 2
Gneros textuais acadmicos:
espao de negociaes e construo de posicionamentos
Increasingly, then, mainstream research has moved awayfrom simple constituency representations of genre staging toexamine clusters of register, style, lexis and other rhetoricalfeatures which might distinguish particular genres. Animportant feature of much recent work has been a growinginterest in the interpessonal dimensions of academic andtechnical writing. This research has sought to reveal howpersuasion in various genres is not only accomplischedthroug the representation of ideas, but also by theconstruction of an appropriate authorial self and negotiationof accepted participant relationships.
Ken Hyland, Disciplinary discourse:Social interactions in academic writing.
O objetivo deste captulo oferecer um panorama dos estudos sobre os
gneros textuais acadmicos como espao de interao social, de negociao entre pares, de
construo de posicionamento e avaliao. Para tanto, inicialmente apresentaremos um
breve panorama para situar as diferentes abordagens que tm se debruado sobre as
questes referentes ao estudo dos gneros textuais, para em seguida tratar sobre a
construo de significados interpessoais no gnero artigo acadmico que o objeto
especfico desta pesquisa.
2.1 Um panorama dos estudos sobre gneros textuais
Os estudos sobre gneros textuais tm ocupado espao importante no cenrio
dos estudos sobre a linguagem em uso, principalmente, no que diz respeito interao em
comunidades acadmicas e profissionais e ao ensino de lngua materna e segunda lngua.
Keimelion - reviso de textos http://www.keimelion.com.br
Foco em textos acadmicos. Para oramento, envie a: [email protected]
8/2/2019 METADISCURSO INTERPESSOAL EM ARTIGOS ACADMICOS
24/246
22
Podemos apontar quatro importantes vertentes que devem ser consideradas
neste cenrio: a Escola de Genebra; a Escola de Sydney e as perspectivas norte-americanas
da Nova Retrica e dos Estudos de Gneros para Propsitos Especficos.
A Escola de Genebra, situada na perspectiva terica do interacionismo scio-
discursivo, tem como principais nomes os de Jean-Paul Bronckart e de Bernard Schneuwly.
O cenrio terico do interacionismo scio-discursivo tem suas bases na
psicologia social de Vygotsky (1934/1985), na sociologia de Habermans (1987) e de
Ricoeur (1986) e na perspectiva scio-enunciativa de Bakhtin (1953/1992) na qual
podemos encontrar a abordagem de gnero da Escola de Genebra.
Essa abordagem tem como objetivo central o estudo de gneros para a
construo de uma experincia aplicada escola elementar. Na perspectiva de anlise
proposta por Bronckart (1999), a nfase da anlise de gneros lanada sobre a anlise dos
ipos de discurso em relao com os mundos discursivos (termos do autor). Entendendo
tipos de discurso como: formas lingsticas que so identificveis nos textos e que
traduzem a criao de mundos discursivos especficos, sendo esses tipos articulados entre
si por mecanismos enunciativos que conferem ao todo textual sua coerncia seqencial e
configuracional. (BRONCKART, 1999:149)
Assim, para este autor, os tipos do discurso so analisados em termos scio-
psicolgicos, ou seja, o analista tenta definir as operaes constitutivas dos mundos
discursivos e sua materializao em tipos lingsticos.
Esta perspectiva dos estudos sobre gneros a que mais dificilmente estabelece
dilogo com as demais trs abordagens, uma vez que transita mais especificamente pelos
meandros tericos da psicologia social.
Keimelion - reviso de textos http://www.keimelion.com.br
Foco em textos acadmicos. Para oramento, envie a: [email protected]
8/2/2019 METADISCURSO INTERPESSOAL EM ARTIGOS ACADMICOS
25/246
23
Quanto s demais abordagens, h pontos de contato, particularmente entre a
abordagem de Estudos de Gneros para Propsitos Especficos de Swales e Bhatia e a
Abordagem Sistmico-Funcional da Escola de Sydney. Antes, porm, iniciemos pelo
tratamento da perspectiva de estudo de gnero conhecida como Nova Retrica cujo trabalho
seminal o de Carolyne Miller (1984) intitulado Genre as social action.
Neste ensaio, Miller discute o conceito de situao recorrente relacionando-o ao
conceito de gnero que visto como ao retrica recorrente. Assim, o termo gnero est
relacionado a uma classificao baseada na prtica retrica organizada em torno de aes
tpicas de uma situao tambm tpica. Sob este ponto de vista, o gnero percebido como
cultural, histrico e, portanto, dinmico.
importante compreender, ainda, que para esta autora, o conceito de situao
parte de uma concepo semitica, ou seja, uma situao tipificada no igual sua
ocorrncia; , na realidade, uma representao social, uma estrutura semitica. Ento, o
gnero entendido como uma ao retrica recorrente dirigida a situaes sociais
recorrentes que so entendidas como representaes coletivas de situaes reais que se
tornam tpicas em uma determinada cultura. Miller (1994), em seu artigo Rhetorical
Community: the cultural basis of genre, toma o conceito de cultura como um modo
particular de vida em um determinado tempo e lugar em toda a sua complexidade
experienciada por um grupo que se reconhece enquanto uma identidade comum. Para a
autora, possvel caracterizar uma cultura a partir de seu conjunto de gneros posto que
este conjunto representa um sistema de aes e interaes que apresentam localizaes e
funes sociais especficas e com valor recorrente. Como conseqncia desta interpretao,
Miller aponta, ainda, para o gnero como um espao mediador entre o micro-nvel do
processamento da linguagem natural e o macro-nvel da cultura. sob este prisma que a
Keimelion - reviso de textos http://www.keimelion.com.br
Foco em textos acadmicos. Para oramento, envie a: [email protected]
8/2/2019 METADISCURSO INTERPESSOAL EM ARTIGOS ACADMICOS
26/246
24
autora aponta que o gnero possibilita aos sujeitos a aprendizagem de como agir
retoricamente em situaes recorrentes.
Outros importantes nomes neste campo so os de Charles Bazerman; Aviva
Freedman e Peter Medway. Para esses autores, os gneros no podem ser tomados como
formas tpicas prontas para uso, pois esta viso desconsidera que o gnero uma categoria
essencialmente scio-histrica sempre em mudana. Assim, gneros so vistos como
tipificaes dinmicas e histricas.
Como aponta Paltridge (2001), as reflexes sobre gnero da Nova Retrica so
menos de carter lingstico em sentido estrito e mais de natureza retrica e histrico-
cultural. Jonhs (2002) nos diz que os tericos da Nova Retrica preferem focalizar sua
anlise sobre as situaes retricas mais do que sobre as caractersticas de linguagem.
ainda importante salientar que comum entre os tericos desta abordagem, diferenciando-
os da Escola de Sydney e dos Estudos de Gneros para Propsitos Especficos (EGPE), a
considerao de que gneros so complexos e variados demais para serem retirados de sua
situao retrica original e transplantados para a sala de aula (FREEDMAN, 1994). Assim,
esses tericos tendem a explorar gneros fora da realidade escolar.
Acreditamos que, apesar de estudiosos como Miller, Bazerman e Swales serem
considerados como pertencendo corrente norte-americana de estudos de gneros, do ponto
de vista metodolgico, h pouco contato entre esses autores, posto que como apontam
autores como Paltrideg (2001) e Jonhs (2002), o foco dos analistas da Nova Retrica recai,
mormente, sobre os aspectos culturais e histricos mais do que sobre os aspectos de
linguagem, enquanto que o foco dos Estudos de Gneros para Propsitos Especficos recai
sobre a anlise de elementos retricos e lxico-gramaticais relacionados aos aspectos
contextuais de uso dos exemplares dos gneros. Alm desse fator, cabe ainda sublinhar que
Keimelion - reviso de textos http://www.keimelion.com.br
Foco em textos acadmicos. Para oramento, envie a: [email protected]
8/2/2019 METADISCURSO INTERPESSOAL EM ARTIGOS ACADMICOS
27/246
25
autores como Swales tm claramente uma orientao para aplicao pedaggica dos
estudos de gneros, orientao que no se aplica aos estudiosos da Nova Retrica.
Tomemos agora para tratamento a chamada Escola de Sydney, que tem como
principal referncia terica a teoria da linguagem como semitica social.
Mesmo que os estudos sobre gneros na Austrlia tenham se desenvolvido no
mesmo perodo dos estudos em Ingls para Propsitos Especficos e da Nova Retrica, eles
tiveram um desenvolvimento independente destas tradies, centrando-se, principalmente,
nas bases tericas da Lingstica Sistmico-Funcional (LSF) de Halliday. Esta teoria v a
linguagem em termos das escolhas, descritas em nvel funcional, que o falante realiza no
sistema da lngua em contextos particulares de uso.
Embora o registro mais do que o gnero tenha sido a construo analtica
central de Halliday, alguns de seus discpulos na Austrlia, como Jim Martin, tm
desenvolvido teorias sobre os gneros textuais dentro do arcabouo terico da LSF.
Refletindo a preocupao de Halliday em conectar forma, funo e contexto social, Martin
e outros tericos tm definido gnero como staged goal-oriented social processes e,
portanto, como formas estruturais que a cultura usa em certos contextos para alcanar
vrios propsitos. Neste ponto, podemos novamente perceber uma certa aproximao,
guardadas as diferenas, com as propostas de tericos como Swales e Bhatia que tambm
estabelecem a relao entre a estrutura retrica dos gneros e os propsitos comunicativos
dos grupos sociais que os utilizam. Alis, a este propsito, Jonhs (2002:07) nos diz que os
moves de Swales e osstages de Martin so conceitos bastante aproximados.
Por outro lado, como afirma Hyon (1996), estudiosos da Escola de Sidney tm
se diferenciado da abordagem em EGPE, mormente por focalizarem prioritariamente os
Keimelion - reviso de textos http://www.keimelion.com.br
Foco em textos acadmicos. Para oramento, envie a: [email protected]
8/2/2019 METADISCURSO INTERPESSOAL EM ARTIGOS ACADMICOS
28/246
26
gneros escolares e no-profissionais, mais do que os gneros acadmicos e profissionais
que so o foco em EGPE. Pensamos, contudo, que apesar desta distino metodolgica, o
objetivo para fins aplicados de ambas as reas, seja em contextos do ensino bsico ou na
academia, um importante fator de aproximao entre estas abordagens. Mas vejamos mais
detidamente como os tericos de Sidney trabalham o conceito e a anlise de gneros
textuais.
A perspectiva sistmico-funcional da anlise de gnero objetiva explicar
padres da linguagem motivados pelo alcance de objetivos especficos, ou, em outros
termos, padres da linguagem em uso em termos das regularidades de propsitos, contedo
e forma, levando em considerao o aspecto dinmico da natureza genrica. Como nos diz
Paltridge (2001), os analistas de gnero desta perspectiva terica argumentam que uma
perspectiva de estudo da linguagem baseada na anlise de gneros textuais tem o mrito de
relacionar as escolhas de linguagem aos propsitos culturais, possibilitando, assim,
perceber como os usurios da linguagem engajam-se em objetivos scio-culturais.
Mas, como compreendida a relao texto-contexto sob o ponto de vista
sistmico-funcional? Para Halliday (1994), o contexto visto prioritariamente em termos
do conceito de registro, apontando, pois, para a anlise das variveis lingsticas e
situacionais em relao a um contexto de situao especfico. Como nos diz Leckie-Tarry
(1995), o registro, para Halliday, constitudo por caractersticas lingsticas que esto
tipicamente associadas configurao de caractersticas do contexto situacional.
Ao analisar o registro, Halliday (1994) aponta o ampo, o Modo e as Relaes
como aspectos do contedo de situao que so relevantes para as escolhas dos falantes.
Como nos diz Eggins (1994), importante ressaltar que estas variveis de registro so
tomadas como as mais relevantes porque esto estreitamente vinculadas aos trs tipos de
Keimelion - reviso de textos http://www.keimelion.com.br
Foco em textos acadmicos. Para oramento, envie a: [email protected]
8/2/2019 METADISCURSO INTERPESSOAL EM ARTIGOS ACADMICOS
29/246
27
significados que a linguagem realiza (significados ideacionais, interpessoais e textuais) e
porque cada varivel mantm uma relao sistemtica e predizvel com os padres lxico-
gramaticais do sistema lingstico. Assim, o ampo de um texto pode estar associado
realizao de significados experienciais que, por sua vez, so realizados por meio de
padres de transitividade da gramtica; o Modo pode estar associado aos significados
textuais que se estruturam por meio dos padres de gerao e continuidade temtica e as
Relaes associam-se aos significados interpessoais realizados atravs das estruturas de
modo e modalizao da lngua.
Por outro lado, outros tericos vinculados abordagem sistmico-funcional,
preferem trabalhar a noo de contexto a partir do conceito de gnero, apontando que a
noo de registro no suficiente para dar conta dos aspectos scio-culturais mais amplos
da dimenso contextual. Segundo Leckie-Tarry (1995:08):
Uma das afirmaes da recente teoria de gneros funcionalista/crtica que a teoria de gneros
difere da teoria de registro no grau de nfase dado ao propsito social com variveldeterminante no uso da linguagem...Em essncia, a teoria de gneros uma teoria do uso dalinguagem (Martin, Christie and Rothery, 1987:119), isto , uma teoria da linguagem comodiscurso. Em outras palavras, eles vem a teoria de registro como uma teoria que coloca poucopeso nos processos sociais e, consequentemente, nos aspectos scio-funcionais dos textos. Ateoria de registro considerada, portanto, uma teoria da linguagem enquanto texto, ao invs deuma teoria do discurso (LECKIE-TARRY (1995:08). 2
Uma tentativa de resolver tal aparente conflito realizada por Eggins e Martin
(1997) que tomam os conceitos como complementares e propem um processo analtico
que apreenda ambos os conceitos como instrumentais, estando a dimenso contextual de
registro mais relacionada situao especfica de interao; e a noo de gnero, a
propsitos institucionais, a dimenses scio-culturais mais amplas. Sob o ponto de vista
2 One of the claims of recent functionalist/critical genre theory is that genre theory differs from register theory in the amount ofemphasis placed on social purpose as a determining variable in language use.... In essence genre theory is a theory of language use(MARTIN, CHRISTIE AND ROTHERY, 1987:119), that is, as a theory of language as discourse. In other words, they see register theoryas placing to little weight on social processes and hence upon socio-functional aspects o texts. Register is therefore considered a theory oflanguage as text, rather than as a theory of discourse. (Nossa traduo)
Keimelion - reviso de textos http://www.keimelion.com.br
Foco em textos acadmicos. Para oramento, envie a: [email protected]
8/2/2019 METADISCURSO INTERPESSOAL EM ARTIGOS ACADMICOS
30/246
28
desses autores, este tipo de anlise est baseada, por um lado, na predio textual e, por
outro, na deduo contextual. Isto , dada a descrio do contexto, possvel antecipar os
significados e as caractersticas lingsticas que, probabilisticamente, figuraro no texto; e,
por outro lado, dado o texto, possvel deduzir, tambm probabilisticamente, elementos do
contexto no qual o texto foi produzido. Como apontam Eggins e Martin (1997), para que a
antecipao e a deduo sejam possveis, os analistas devem relacionar categorias de
contexto a especificaes detalhadas de padres lingsticos, apontando como os contextos
situacional e cultural so realizados sistemicamente por escolhas lingsticas. Assim, os
termos registro (contexto de situao) e Gnero (contexto de cultura) so as duas dimenses
contextuais que exercem maior impacto sobre o texto, sendo, portanto, os maiores
responsveis pelas variaes textuais. Outro aspecto importante da relao texto-contexto,
sob o ponto de vista sistmico-funcional, que textos no so meras codificaes da
realidade, mas elaboraes semiticas de significados socialmente construdos e isso
implica dizer que a anlise da linguagem sob as perspectivas dos contextos de registro e
gnero no pode ser uma mera descrio das variaes lingsticas entre textos, mas
tambm uma investigao e uma explicao de como os textos servem a interesses
divergentes em construes discursivas da vida social.
Finalmente, vamos tratar do nosso principal foco de interesse: a perspectiva
terica reconhecida como Anlise de Gneros para Propsitos Especficos que tem como
principal referncia a produo terica de John Swales.
Como j afirmamos, a produo de Swales tem sido uma das mais relevantes no
campo dos Estudos de Gneros para Propsitos Especficos, fato que podemos perceber
atravs do conjunto de dissertaes, teses e artigos acadmicos que tm tomado este autor
como referncia. Por exemplo, no Brasil, temos as produes de Motta-Roth e Hendges
Keimelion - reviso de textos http://www.keimelion.com.br
Foco em textos acadmicos. Para oramento, envie a: [email protected]
8/2/2019 METADISCURSO INTERPESSOAL EM ARTIGOS ACADMICOS
31/246
29
(1996) sobre anlise de gneros em resumos de artigos de pesquisa; de Biasi-Rodrigues
(1998) sobre resumos de dissertaes; de Silva (1999) sobre descrio da seo de
Resultados e Discusso em artigos da rea de qumica; de Hendges (2001) sobre a
caracterizao de artigos acadmicos eletrnicos, particularmente, da seo de Reviso de
Literatura; de minha prpria pesquisa de mestrado (BERNARDINO, 2001), na qual
descrevo a comunidade discursiva dos Alcolicos Annimos e o uso do gnero textual
Depoimento dos Alcolicos Annimos como espao de realizao dos propsitos
comunicativos dessa comunidade; de Oliveira (2005) sobre a representao do discurso nos
gneros artigo acadmico e de divulgao cientfica e de Macedo (2006)sobre a citao
como recurso de afiliao acadmica.
Ao tratarmos da proposta de Swales, importante ressaltar que, segundo o
prprio autor, o objetivo central de sua produo intelectual oferecer uma concepo para
o ensino e pesquisa do ingls padro ministrado nas universidades, sobretudo em contextos
de aprendizes para os quais o ingls no a lngua materna ou primeira lngua. Para tanto, o
autor focaliza a anlise de gneros como um caminho para o estudo dos textos escritos e
falados para fins aplicados. Outra importante observao que a produo de Swales, que
tem como marco central o livro GenreAnalysis (1990), tem sido bastante visitada e
tambm criticada, o que tem provocado vrias revises da teoria, inclusive por parte do
prprio autor. Assim, apresentaremos a produo de Swales a partir da proposta de 1990
em dilogo com suas respectivas revises e com o posicionamento de outros autores.
Para Swales (1990), o conceito de gnero textual est intimamente ligado ao
conceito de comunidade discursiva que, por sua vez, tem como principal critrio de
classificao o reconhecimento dos propsitos comunicativos comuns e partilhados que
regulam a interao. sob este prisma que Swales aponta os propsitos comunicativos
Keimelion - reviso de textos http://www.keimelion.com.br
Foco em textos acadmicos. Para oramento, envie a: [email protected]
8/2/2019 METADISCURSO INTERPESSOAL EM ARTIGOS ACADMICOS
32/246
30
como o fator central na conceituao e no reconhecimento dos gneros textuais, fator cuja
importncia supera a necessidade do reconhecimento de marcas formais.
Em Swales (2004), a proeminncia do propsito comunicativo como critrio
para reconhecimento de gneros posta em questo. Na verdade, tal questionamento j
vem desde 1998, quando Swales passa a apontar o reconhecimento dos propsitos no mais
como critrio predominante, mas como critrio que deve estar associado a outros critrios
tais como a forma, a estrutura, as expectativas da audincia e os papis dos participantes.
Essa reformulao parte, em certa medida, da considerao de que no tarefa simples
reconhecer tais propsitos comunicativos, posto que, se por um lado, h gneros cujos
propsitos so mais facilmente identificveis, por outro, h uma gama de gneros que
podem apresentar mais de um propsito ou apresentar alguns propsitos explcitos e outros
implcitos, como o caso dos gneros textuais das esferas da poltica e da publicidade.
Ainda h que se considerar qual o grau de amplitude ou de restrio de tais propsitos para
que eles possam ser considerados como definidores de um gnero. Por exemplo, podemos
dizer que o gnero artigo acadmico tem um propsito geral e que o elemento diferencial
entre os tipos de artigos (artigo experimental, artigo terico e artigo de reviso segundo
SWALES, 2004) so seus propsitos especficos? Ento por que no consider-los gneros
diferentes? Talvez, exatamente, porque o propsito no seja o nico fator definidor de tal
diferenciao.
Isto implica dizer que a caracterizao e a conceituao de um gnero textual
no repousam sobre o reconhecimento de atributos essenciais e necessrios, j que no h
limites bem definidos entre exemplares e no-exemplares de um gnero textual enquanto
uma classe conceitual. Assim, ao descrevermos um gnero textual, no podemos esperar
que seus exemplares sejam facilmente detectveis, uma vez que nem todos teriam,
Keimelion - reviso de textos http://www.keimelion.com.br
Foco em textos acadmicos. Para oramento, envie a: [email protected]
8/2/2019 METADISCURSO INTERPESSOAL EM ARTIGOS ACADMICOS
33/246
31
necessariamente, os mesmos atributos. Alis, j em 1990, Swales apontava que a descrio
de gneros textuais no poderia ser vista como o reconhecimento e a normalizao de
atributos essenciais, fixos e necessrios e que na descrio dos gneros, podemos encontrar
exemplares mais ou menos tpicos, mais prximos ou mais distantes do prottipo.
Outro aspecto central na proposta de 1990 o de comunidade discursiva. Ao
tratar deste conceito, Swales apontou a necessidade de estabelecer critrios definidos para o
reconhecimento de tais comunidades. Tal justificativa paira sobre o reconhecimento de que
a expresso Comunidade Discursiva, empregada, em geral, por pesquisadores que adotam
uma viso social do processo de escrita, era utilizada de forma muito indeterminada,
favorecendo, assim, crticas acerca do esvaziamento e da circularidade do termo.
Respondendo antecipadamente a tais crticas, Swales (1990) determina seis critrios para o
reconhecimento de comunidades discursivas, implicando afirmar que nem todo grupo que
interage verbalmente pode ser reconhecido como tal. Os critrios em questo so:
1. uma CD tem um acordo quanto aos objetivos pblicos comuns;
2. uma CD tem mecanismos de intercomunicao entre seus membros;
3. uma CD utiliza mecanismos para promover participao efeedback;
4. uma CD utiliza e compartilha o conhecimento de um ou mais gneros
textuais;
5. uma CD compartilha um lxico especfico;
6. uma CD deve manter equilbrio entre os membros experientes e os
membros iniciantes.
interessante pontuar que o conceito de comunidade discursiva um dos mais
importantes e, talvez, tambm um dos mais polmicos da teoria de Swales. As
Keimelion - reviso de textos http://www.keimelion.com.br
Foco em textos acadmicos. Para oramento, envie a: [email protected]
8/2/2019 METADISCURSO INTERPESSOAL EM ARTIGOS ACADMICOS
34/246
32
controvrsias acerca deste conceito impulsionaram o autor a revisit-lo em 1992 e,
posteriormente, em 1998.
Em 1992, Swales realizou modificaes na proposta de 1990, incluindo novos
critrios e alterando alguns aspectos dos critrios j postulados. As reformulaes propostas
possibilitaram a ampliao e a flexibilizao do conceito de comunidade discursiva, pois
consideraram a possibilidade de modificao do gnero textual, a expanso do lxico, a
importncia da manuteno de um sistema de crenas e de um espao profissional e a
composio hierrquica implcita e explicita da comunidade.
Porm esta reformulao ainda deixou espaos para crticas tais como a iluso
de homogeneidade da comunidade, a constatao de que o conceito aplica-se a
comunidades bem estruturadas, mas no em construo e, por fim, como apontam Hemais e
Biasi-Rodrigues (2003), a ausncia de mecanismos para delimitar a abrangncia do termo.
Assim, em 1998, Swales passa a considerar a comunidade discursiva sob um ponto de vista
capaz de abrigar a instabilidade, a tenso e as divergncias entre seus membros.
importante ressaltar, ainda, que para Swales (1998) os membros experientes
da comunidade buscam constantemente compartilhar e instruir os membros iniciantes sobre
as tradies, os valores e as prticas discursivas mais apropriadas para interagir e serem
aceitos pela comunidade, sem, no entanto, desconsiderar a heterogeneidade e, portanto, a
tenso prpria de todo grupo social.
Estes avanos na proposta de Swales podem ser extremamente teis para
refletirmos sobre a comunidade discursiva da academia. Ou seria melhor dizer, sobre as
comunidades discursivas da academia? A esse propsito, consideramos bastante
interessante recorrer discusso realizada por Hyland (2000) sobre culturas disciplinares.
Keimelion - reviso de textos http://www.keimelion.com.br
Foco em textos acadmicos. Para oramento, envie a: [email protected]
8/2/2019 METADISCURSO INTERPESSOAL EM ARTIGOS ACADMICOS
35/246
33
Para Hyland (2000), as comunidades discursivas no podem ser vistas como
realidades monolticas e estveis, pois so compostas por indivduos com variadas
experincias, comprometimentos e influncias. Assim, comunidades so, freqentemente,
pluralidades de prticas e crenas que acomodam o desacordo e viabilizam para grupos e
indivduos a possibilidade de inovar dentro das margens de suas prticas, sem, no entanto,
por em risco o espao de engajamento em aes comuns. Como alternativa ao conceito de
comunidade discursiva, Hyland, (ibid.) nos aponta o conceito de ulturaDisciplinar.
Primeiro importante entender o conceito deDisciplina, aqui tomada como uma instituio
humana onde aes e compresses so influenciadas por relaes pessoais e interpessoais,
assim como por fatores sociais e institucionais (Hyland: 2000:09). As disciplinas podem
ser vistas como sistemas nos quais mltiplas crenas e prticas se sobrepem e interagem.
Algumas so caracterizadas, inclusive, por perspectivas que competem para ocupar espao
dentro da prpria disciplina. Para o autor, cada disciplina pode ser vista como um grupo
com normas, nomenclaturas, campos de conhecimentos, conjuntos de convenes, objetos e
metodologias de pesquisa, constituindo uma cultura disciplinar particular que se manifesta
e tambm construda pelos respectivos discursos disciplinares. Tais culturas diferem em
torno de dimenses cognitivas e sociais, apresentando contrastes no somente em seus
domnios de conhecimento, mas tambm em seus objetivos, comportamentos sociais,
relaes de poder, formas de estruturar os argumentos, etc.
Nos termos de Bhatia (2004:32), disciplinas devem ser compreendidas em
termos de conhecimento especfico, metodologias e prticas compartilhados pelos membros
de uma comunidade. Ou seja, suas formas de pensar, construir e consumir conhecimentos,
suas normas e epistemologias especficas, seus objetivos e as prticas disciplinares para
alcanar tais objetivos.
Keimelion - reviso de textos http://www.keimelion.com.br
Foco em textos acadmicos. Para oramento, envie a: [email protected]
8/2/2019 METADISCURSO INTERPESSOAL EM ARTIGOS ACADMICOS
36/246
34
Desta forma, considerando que textos so produzidos para serem
compreendidos dentro de um certo contexto cultural, podemos dizer que a anlise de
gneros pode levar a importantes consideraes sobre o que est subjacente em culturas
disciplinares, apresentando e ao mesmo tempo construindo as percepes do(a)
acadmico(a) sobre os valores e as crenas de sua comunidade disciplinar. Assim, para
Hyland (2000), estudar a produo escrita na academia implica perceber a produo,
distribuio e consumo de gneros como prticas institucionais particulares.
Como aponta Bhatia (2004:32), os gneros so sensveis s variaes
disciplinares. Assim, livros didticos em Economia, por exemplo, partilham similaridades
com livros didticos em Cincias Sociais, uma vez que tm em comum o propsito de
apresentar conhecimento aos membros iniciantes da comunidade. Entretanto, diferem em
termos de suas caractersticas disciplinares, especialmente na maneira como abordam o
conhecimento da rea, como apresentam seus argumentos e os tipos de evidncias que so
vlidos em cada disciplina. Pode-se acrescentar que diferem tambm na forma como
constroem seus posicionamentos e sua relao com o leitor.
Em torno desta questo, Hyland (2000) chama bastante a ateno para o carter
fundamentalmente interativo da produo acadmica:
Isso nos leva a ver a escrita como um engajamento em um processo social no qual a produode texto reflete metodologias e estratgias retricas projetadas para moldar apropriadamente
contribuies disciplinares. Criar um ambiente de leitura convincente envolve, ento, evidenciarconvenes disciplinares e genrico especificas tais como o artigo publicado um hbridomultifacetado co-produzido pelos autores e pelos membros do pblico ao qual dirigido(Knorr-Cetina, 1981:106). Significados textuais, em outras palavras, so socialmente mediados,influenciados pelas comunidades s quais escritores e leitores pertencem (HYLAND,2000:12).3
3It leads us to see writing as an engagement in a social process, where the production of texts reflects methodologies, arguments andrhetorical strategies designed to frame disciplinary submissions appropriately. Creating a convincing reader enviroment thus involvesdeploying disciplinary and genre-specific conventions such that the published paper is a multilayered hybrid co-produced by the authorsand by members of the audience to which it is directed (KNORR-CETINA, 1981:106). Textual meanings, in other words, are sociallymediated, influenced by the communities to which writers and readers belong. (Nossa traduo)
Keimelion - reviso de textos http://www.keimelion.com.br
Foco em textos acadmicos. Para oramento, envie a: [email protected]
8/2/2019 METADISCURSO INTERPESSOAL EM ARTIGOS ACADMICOS
37/246
35
Como podemos perceber, para o autor, nos gneros textuais acadmicos h uma
forte preocupao em se estabelecer negociao e acordo entre os membros da comunidade
disciplinar. Assim um dos principais propsitos dos autores serem persuasivos,
convencendo seus pares a aceitarem suas proposies. H que se considerar, porm, que
esse objetivo geral ir variar em campos disciplinares distintos. Acerca desta questo,
teceremos maiores comentrios no tpico 1.3.
Voltando proposta de Swales, podemos verificar que outra considervel
mudana em relao publicao de 1990 est na prpria conceituao do termo gnero
textual. Em sua publicao de 2004, Swales pe em questo a conceituao de gnero
proposta em 1990, uma vez que passa a considerar que tal conceituao no pode ser
tomada como plenamente aceitvel em diferentes contextos e em diferentes momentos
histricos. Assim, ao invs de tomar um conceito categrico para a noo de gnero,
Swales opta por tratar tal noo a partir de uma caracterizao multifacetada como pode ser
percebido na figura abaixo:
METAPHORS VARIABLE OUTCOMES
Frames of Social Action Guiding principles G
Language Standards Conventional Expectations E
Biological Species Complex Historicities N
Families and prototypes Variable Links to the Center R
Institutions Shaping Contexts; Roles E
Speech Acts Directed Discourses S
FIGURA1 Metforas de gneroFonte: Swales, 2004:68.
Keimelion - reviso de textos http://www.keimelion.com.br
Foco em textos acadmicos. Para oramento, envie a: [email protected]
8/2/2019 METADISCURSO INTERPESSOAL EM ARTIGOS ACADMICOS
38/246
36
Como podemos notar, Swales prope observarmos os gneros textuais a partir
de uma perspectiva multifacetada, articulando diferentes abordagens, sem a preocupao de
estabelecer um conceito definitivo e que abarque a totalidade da noo de gnero. Vejamos,
ento, mais detalhadamente, a interpretao da FIGURA 1.
A noo de gnero como frame est pautada em Bazerman (1997) e apresenta
os gneros como frames para a ao social e no como a ao em si mesma. Assim, o
gnero um ponto de partida, uma orientao inicial, uma matriz por meio da qual os
falantes/escritores podem organizar seus planos e idias e por meio da qual os
ouvintes/leitores podem orientar suas expectativas. Desta forma, parece que o gnero passa
a ser visto como um dos fatores responsveis pelo sucesso da ao comunicativa, ou seja, o
gnero freqentemente necessrio para que haja esse sucesso, mas no condio
suficiente para isso.
A segunda metfora para a caracterizao de gneros textuais (baseada em
DEVITT, 1997) aponta para o gnero como um espao no qual ocorrem padres de
restrio e criatividade; de regularidade e mudana; de limitao e escolhas. Neste ponto
interessante remeter discusso realizada por Bhatia (2004) na qual o autor aponta que:
embora os gneros textuais sejam identificados sob as bases de caractersticas
convencionais, eles continuamente mudam;
embora os gneros textuais estejam associados a padres de textualizao, membros
experientes e/ou em posio de poder em comunidades disciplinares podem alterar tais
padres;
Keimelion - reviso de textos http://www.keimelion.com.br
Foco em textos acadmicos. Para oramento, envie a: [email protected]
8/2/2019 METADISCURSO INTERPESSOAL EM ARTIGOS ACADMICOS
39/246
37
embora os gneros textuais respondam a propsitos comunicativos socialmente
reconhecidos, eles podem ser explorados para responder a motivaes de organizaes
ou de indivduos;
embora haja uma tendncia em se identificar e conceituar os gneros como formas
puras, no mundo real, eles, freqentemente, so hbridos;
embora os gneros textuais estejam relacionados a limites institucionais, tais limites,
freqentemente, sofrem variaes;
embora a anlise de gneros seja tipicamente vista como uma investigao textual, uma
abordagem mais interpretativa tende a expandir tal viso, articulando a anlise textual
com aspectos etnogrficos, cognitivos, computacionais, ideolgicos, etc.
A terceira metfora, pautada no trabalho de Fishelov (1993), diz respeito
comparao entre o desenvolvimento, a expanso e o declnio de gneros textuais em um
dado contexto cultural e o desenvolvimento de espcies biolgicas. A partir desta
comparao, o autor diz que gneros so como novas espcies animais que surgem em
pequenas populaes isoladas do rebanho principal, nas margens do territrio. Na
analogia com os gneros, a margem pode estar localizada no surgimento de algum novo
avano tecnolgico, na contribuio individual de algum membro renomado ou de algum
grupo de destaque em um determinado campo do conhecimento.
A quarta metfora, tambm baseada em Fishelov (1993), discute a questo da
prototipicidade das famlias de gneros, apontando, como j foi discutido anteriormente,
para a constatao de que h exemplares mais ou menos prximos do prottipo.
Ainda com base em Fishelov, Swales discute, como quinta metfora, o gnero,
enquanto uma instituio. Para esta perspectiva, o gnero uma instituio complexa,
Keimelion - reviso de textos http://www.keimelion.com.br
Foco em textos acadmicos. Para oramento, envie a: [email protected]
8/2/2019 METADISCURSO INTERPESSOAL EM ARTIGOS ACADMICOS
40/246
38
envolvendo processos mais ou menos tipificados de produo e recepo e fazendo parte de
uma ampla rede de valores. Outro aspecto importante da considerao dos gneros
enquanto instituio que eles posicionam seus usurios enquanto papis institucionais,
mais do que enquanto indivduos.
Por fim, Swales considera a metfora do gnero enquanto ato de fala,
novamente com base em Bazerman (1994). Segundo Bazerman, os propsitos, o
reconhecimento dos propsitos, o alcance dos propsitos com a co-participao de outros e
as aes provocadas pelos propsitos, tudo isso existe no campo do fato social construdo
pela manuteno de esferas padronizadas de interao e pelos gneros que materializam as
interaes verbais tpicas dessas esferas.
Bazerman (1994) afirma que um texto composto por vrios atos de fala,
somente pode ser reconhecido como um nico ato de fala se for identificado por um gnero,
posto que isto o eleva aostatus de um tipo singular de ao social.
A proposta de percepo multifacetada do conceito de gnero apontada por
Swales parece sugerir um percurso metodolgico de anlise que investigue os exemplares
de um gnero sob aspectos mltiplos e no mais, preponderantemente, retricos.
A respeito dessa trajetria de investigao, Bhatia (1993) nos diz que
importante salientar que qualquer percurso de anlise depender, em grande medida, dos
objetivos da investigao, do gnero em questo e seu contexto de uso e do grau de
conhecimento acumulado que j se tem sobre este gnero. Para Bhatia (1993:23), a anlise
de um gnero requer:
localizar os exemplares do gnero em um contexto situacional e refinar os
instrumentais para realizar tal anlise. Isto significa, nos termos do autor,
definir as relaes entre falante/audincia e definir seus objetivos na
Keimelion - reviso de textos http://www.keimelion.com.br
Foco em textos acadmicos. Para oramento, envie a: [email protected]
8/2/2019 METADISCURSO INTERPESSOAL EM ARTIGOS ACADMICOS
41/246
39
interao; definir a localizao social, histrica, cultural e filosfica da
comunidade que usa o gnero; identificar o objeto/a realidade extra-textual
que os exemplares do gnero buscam representar, mudar ou utilizar e a
relao desses exemplares com a realidade;
localizar o contexto institucional, ou seja, observar as regras e convenes
(lingisticas, sociais, culturais, acadmicas organizacionais e profissionais)
que governam o uso da linguagem em determinado ambiente institucional;
decidir que nvel de anlise lingstica mais apropriado para a investigao
em questo. Bhatia aponta trs nveis principais: a anlise de caractersticas
lxico-gramaticais, a anlise de padres de textualizao e a anlise do
padro de organizao retrica dos exemplares do gnero;
conferir os resultados de anlise com as informaes de membros
experientes da cultura disciplinar na qual o gnero utilizado.
Encerrado este panorama, passemos, ento, a consideraes sobre o gnero
artigo acadmico.
2.2 Algumas breves consideraes sobre o gnero Artigo Acadmico
Tomando o conceito de Swales (1990), que tem sido referncia obrigatria no
tratamento desta questo, temos que o gnero artigo acadmico (AA) associado a gneros
escritos que reportam a alguma investigao feita por seus(suas) autores(as) com vistas
apresentao de descobertas e/ou discusso de questes tericas e/ou metodolgicas.
Swales (2004:207), ao retomar a caracterizao do gnero AA, leva em considerao as
diferenas entre artigos experimentais propriamente ditos, artigos tericos e artigos de
reviso. Estes ltimos, por sua vez, se desdobram, ainda, em artigos que apresentam uma
Keimelion - reviso de textos http://www.keimelion.com.br
Foco em textos acadmicos. Para oramento, envie a: [email protected]
8/2/2019 METADISCURSO INTERPESSOAL EM ARTIGOS ACADMICOS
42/246
40
viso histrica de um determinado campo de conhecimento; artigos que descrevem a
situao atual de um campo do conhecimento; artigos que propem uma teoria ou modelo
para resolver alguma questo no campo de conhecimento e artigos que chamam a ateno
para alguma questo do campo de conhecimento (SWALES, 2004:208).
Corroborando Swales, Motta-Roth (2002b) nos diz que o artigo acadmico o
gnero textual mais recorrente para a produo e divulgao de conhecimento na
comunidade acadmica, pois tem como objetivos bsicos apresentar e discutir resultados de
pesquisas ou ainda apresentar reviso de literatura da rea. importante ressaltar, porm,
que a posio hierrquica de um gnero ir variar em diferentes prticas disciplinares
(SWALES, 2004). Ainda segundo Motta-Roth (2002b), ao produzirem e publicarem
exemplares deste gnero, os(as) autores(as) buscam construir, frente comunidade
acadmica, a identidade de um(a) pesquisador(a) capaz de refletir sobre estudos relevantes
para um campo de pesquisa e, a partir da, pontuar um problema ainda no totalmente
estudado neste campo, elaborando articulaes tericas e metodolgicas para a investigao
deste problema.
Hyland (2000:12) pontua, ainda, como objetivos do gnero artigo acadmico:
estabelecer a produo cientifica em questo como uma novidade para a comunidade
disciplinar; reconhecer produes anteriores e estabelecer as hipteses em questo dentro
do contexto geral do discurso disciplinar; oferecer garantias sobre as proposies
construdas no artigo; demonstrar um ethos disciplinar apropriado e habilidade para
negociar com os pares na academia.
Para Silva (1999), a recorrncia do uso do gnero artigo acadmico relaciona-
se, ainda, a duas necessidades bsicas que movimentam a produo cientfica a saber: a
necessidade de estabelecer uma interao constante e dinmica entre os membros
Keimelion - reviso de textos http://www.keimelion.com.br
Foco em textos acadmicos. Para oramento, envie a: [email protected]
8/2/2019 METADISCURSO INTERPESSOAL EM ARTIGOS ACADMICOS
43/246
41
experientes ou iniciantes da academia e a necessidade, por parte dos(as) autores(as), de
terem seus trabalhos reconhecidos para efeito de financiamento junto a orgos de fomento.
Em 1990, Swales descreve a caracterizao retrica do gnero artigo
acadmico, apresentando quatro unidades retricas bsicas: Introduo, Mtodos,
Resultados e Discusso, as quais, acreditamos, se prestam mais descrio do artigo
experimental, mas no, to claramente, aos demais tipos de artigos acadmicos. J em
2004, esse autor nos diz que a caracterizao retrica, provavelmente, sofrer flutuaes em
diferentes reas do conhecimento. Como exemplo, Swales cita que na rea de humanidades
muito comum a inexistncia da seo de metodologia, haja vista a natureza ensastica de
alguns dos artigos dessa rea.
Em sua descrio da caracterizao retrica do gnero artigo acadmico,
Swales (1990) d especial ateno unidade retrica Introduo. A partir desta abordagem,
surge o chamado modelo CARS que tem sido um aparato metodolgico importante para a
descrio de gneros a partir da caracterizao de suas unidades retricas.
O modelo CARS uma representao esquemtica da organizao retrica da
Introduo em torno de um objetivo central, ou seja, a apresentao da pesquisa dentro de
um contexto. Vejamos, ento, o modelo:
1 Estabelecer um territrio
Passo 1 Asseverar a importncia da pesquisa e/ouPasso 2 Fazer generalizaes sobre o assunto e/ouPasso 3 Revisar itens da pesquisa prvia
2 Estabelecer um nicho
Passo 1A Apresentar evidencias contrrias a estudos prvios ouPasso 1B Indicar uma lacuna ouPasso 1C Levantar questes ouPasso 1D Continuar uma tradio
Keimelion - reviso de textos http://www.keimelion.com.br
Foco em textos acadmicos. Para oramento, envie a: [email protected]
8/2/2019 METADISCURSO INTERPESSOAL EM ARTIGOS ACADMICOS
44/246
42
3 Ocupar o nicho
Passo 1A Esboar os objetivos ouPasso 1B Anunciar a presente pesquisaPasso 2 Anunciar os principais resultadosPasso 3 Indicar a estrutura do artigoFIGURA 2 Modelo CARS (SWALES, 1990:141) Traduo de Silva (1999).
A partir de agora, passaremos descrio da contribuio de Motta-Roth
(2002b) caracterizao do gnero artigo acadmico. Este enfoque importante para esta
pesquisa, uma vez que esta autora detalha as unidades retricas apontadas por Swales e
acrescenta, em sua descrio, a seo Reviso de Literatura que tem grande relevncia
para o corpus de anlise deste trabalho. A autora apresenta, com base em Swales, tambm
quatro unidades retricas de organizao das informaes no gnero, mas o faz a partir de
outra distribuio, segundo a qual os artigos acadmicos seriam estruturados por
Introduo, Reviso de Literatura, Metodologia e Resultados/Discusso. Observemos,
rapidamente, algumas importantes caractersticas destas unidades retricas.
Na Introduo, os(as) autores(as), geralmente, contextualizam o ambiente
terico do trabalho de pesquisa, delimitando o campo no qual sua investigao estar
situada. Como j vimos, segundo Swales (1990), nesta unidade retrica, os(as) autores(as) ,
comumente, apresentam um territrio de conhecimento, constroem um nicho para sua
pesquisa e ocupam este nicho com seu trabalho.
A unidade retrica Reviso de Literatura elaborada, principalmente, para
apresentar e dialogar com as teorias e os autores que sero pertinentes para a
fundamentao da investigao e da anlise a serem realizadas no percurso da pesquisa,
emprestando, assim, uma voz de autoridade ao texto construdo. Segundo Motta-Roth
(2002b), ao construir esta seo do artigo, os(as) autores(as) buscam demonstrar que
Keimelion - reviso de textos http://www.keimelion.com.br
Foco em textos acadmicos. Para oramento, envie a: [email protected]
8/2/2019 METADISCURSO INTERPESSOAL EM ARTIGOS ACADMICOS
45/246
43
reconhecem a importncia intelectual de outros autores e que esto qualificados como
embros de uma determinada cultura disciplinar por meio da familiaridade com a
produo de conhecimento prvio na rea (Ibid.:54).
vlido sublinhar tambm que a Reviso de Literatura, prototipicamente,
realiza as seguintes sub-funes (Motta-Roth, 2002b): estabelecer interesse profissional no
tpico; fazer generalizaes sobre o tpico ou, ainda, citar, estender, contra-argumentar ou
indicar lacunas em relao a pesquisas prvias.
Quanto unidade retrica Metodologia, podemos, em linhas gerais, dizer que
nesta seo que os(as) autores(as) apresentam o objeto de investig