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Manual Vive Iros Floresta Is

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MANUAL DO VIVEIRO

FLORESTALRaul Manuel de Albuquerque Sardinha

Projecto de Desenvolvimento dos Recursos NaturaisMunicípio da Ecunha, Província do Huambo

(CE-FOOD/2006/130444)

FICHA TÉCNICA

Coordenação e Autoria do Estudo

Raul Manuel de Albuquerque Sardinha

Revisão

Instituto Marquês de Valle Flôr

(Diogo Ferreira, Gonçalo Marques e Rita Caetano)

Composição e Edição

Instituto Marquês de Valle Flôr

Concepção Gráfica

Matrioska Design, Lda

Impressão e Acabamento

Europam, Lda

Co-Financiamento

Comissão Europeia

Depósito Legal

Tiragem

1

2

ÍNDICE DE FIGURAS E QUADROS 4

PREFÁCIO 7

1. INTRODUÇÃO 11

1.1 O problema da savanização 11

1.2 Como utilizar o manual 11

1.3 Porquê plantar uma árvore 12

1.4 Porquê conservar e proteger a floresta 12

2. VIVEIRO 12

2.1 Porquê um viveiro 12

2.2 Parâmetros morfológicos de avaliação

da qualidade das plântulas 13

2.3 Métodos de produção 17

2.4 Onde instalar o viveiro 21

2.5 Como proteger o viveiro 23

2.6 Como montar o viveiro 23

2.7 Os alfobres 30

3. AS SEMENTES 34

3.1 A selecção das espécies 34

3.2 A informação necessária 35

3.3 A recolha das sementes 35

3.4 Extracção das sementes 39

3.5 Selecção das sementes 41

3.6 Conservação das sementes 41

3.7 Pré-tratamento das sementes 44

3.8 Preparação das sementes 46

3.9 Estado das sementes 49

3.10 Informações sumárias sobre ensaios de sementes

e sua terminologia 49

3.11 Sementeira directa nos canteiros 50

3.12 Sementeira directa em vasos 51

3.13 Época de sementeira 51

4. TRATAMENTOS CULTURAIS 52

4.1 A rega 52

4.2 A nutrição das plantas 53

4.3 Cuidados sanitários 56

5. BASES DE CÁLCULO DO NÚMERO DE PLANTAS

PARA PLANTAÇÃO 64

6. PRODUTOS NATURAIS PARA COMBATER

INSECTOS E DOENÇAS NOS VIVEIROS 66

7. LISTA DE MATERIAL DO VIVEIRO 67

8.INSTALAÇÕES DO VIVEIRO 69

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 70

Índice

3

FIGURAS

1. Exemplos de diferentes sistemas radiculares 13

2. Planta com bom sistema radicular 13

3. Exemplos de plantas com defeitos 14

4. Pequenos Viveiros Comunitários 17

5. Pequenos Viveiros Comunitários 17

6. Exemplo de recipientes usados na produção 19

de plantas florestais

7. Distribuição do sistema radicular no interior 20

de um alvéolo

8. Esquema de terraceamento para o caso 22

dos terrenos com declive

9. Formas simples de protecção do viveiro 23

com materiais locais

10. Exemplos de limitação de canteiros 24

com material local

11. Terraceamento e drenagem do viveiro 24

para evitar a erosão

12. Camas de plantação mais baixas que o nível do solo 24

13. Exemplos de disposição de canteiros do plantório 25

e espécies no viveiro

14. Funil e pá para enchimento dos recipientes 25

15. Bolsas de Ar 26

16. Modelos de peneiras para preparação 28

dos substratos

17. Arrumação das raízes nos sacos 28

18. Preparação e enchimento de sacos 29

19. Exemplos de sombreamento com tela 29

de sombreamento suportada por postes de bambu

20. Exemplos de formas de sombreamento 30

com materiais locais

21. Exemplo de um pequeno alfobre feito em caixa 31

de madeira num pequeno viveiro comunitário

22. Forma de efectuar a cobertura dos canteiros 31

dos alfobres

23. Esteiras de cobertura dos seminários 31

24. Rega 32

25. Criação de espaço para poder retirar a plântula 33

sem a ferir

26. Colocação correcta da plântula no vaso 33

após repicagem

27. Bom posicionamento da plântula no vaso 33

28. Importância da qualidade da semente 36

29. Características hereditárias 36

30. Configurações de boas e más características 37

arbóreos para alguns fins

31. Exemplos de equipamento simples utilizado 38

para colheita de sementes

32. Secção de um germinador isotérmico 48

que pode ser fabricado localmente

33. Modelo de germinador isotérmico feito 48

com materiais locais

34. Exemplo de identificação de um canteiro 52

no plantório

35. Medidas de segurança a adoptar na aplicação 57

de pesticidas, fungicidas ou herbicidas

36. Imagem de um canteiro de viveiro florestal 58

dominado pelas ervas daninhas

37. Eliminação de ervas daninhas 58

Índicefiguras e quadros

4

38. Pinheiros produzidos pelo sistema VAPO 60

39. Plântula produzida pelo sistema VAPO 60

40. Poda de raízes em plântulas criadas em recipiente 62

41. Poda de raízes em plantórios em plena terra 62

42. Preparação do sistema radicular das plântulas 63

criadas directamente no plantório

43. Forma de conservar as plântulas de raiz 63

nua antes da expedição

44. Preparação das plantas de raiz nua 64

para envio para plantação

45. Esquema do alpendre aberto para enchimento 69

de sacos e preparação dos substratos

QUADROS

1. Problemas comuns na prática viveirista 15

e procedimentos correctores

2. Vantagens e Desvantagens da produção 18

de plântulas de raiz nua

3. Vantagens e inconvenientes dos diferentes 21

tipos de recipientes

4. Exigências nutritivas médias do solo para a produção 27

viveirista de eucaliptos e pinheiros

5. Teores médios aproximados de nutrientes 27

no estrume proveniente de vários animais

6. Sistema de classificação do estado de maturação 39

das sementes

7. Relações entre o teor de humidade e a deterioração 42

da semente

8. Germinação e dormência em espécies 45

florestais tropicais

9. Quadro de referência de tratamentos de acordo 47

com a dormência

10. Principais elementos minerais importante 53

na nutrição das plantas

11. Alguns dos insecticidas usados no combate 57

à “salalé”

12. Produtos naturais que o viveirista pode utilizar 66

na protecção das plântulas

5

6

PREFÁCIOAs extensas áreas de “mata de panda”, designação Angolana

da formação florística conhecida por “Miombo”, raramente foram

consideradas em Angola como recurso florestal importante.

Embora se lhe reconhecesse interesse na conservação do solo,

da água, refúgio do bravio, e fornecimento de produtos florestais

não lenhosos como plantas medicinais, usadas quase

exclusivamente pela população camponesa e de alguns frutos

silvestres (de que o “loengo” é talvez o mais conhecido e apreciado),

o facto é que os crescimentos reduzidos das suas árvores

e a reduzida qualidade das suas madeiras nunca constituíram

matérias-primas apreciadas ou valorizadas pela indústria. Estas

extensas áreas eram e são assim olhadas mais como reservas

de terra ou de lenhas do que propriamente como um património

a conservar e a valorizar por formas de gestão apropriadas

de base comunitária ou municipal.

A pouca importância que lhe era conferida reflecte a ausência

quase total de estudos florestais sobre o potencial destes recursos,

da sua dinâmica e das interfaces que tinha com as populações

rurais. Os estudos limitaram-se na sua quase totalidade

às inventariações florísticas, quase sempre numa escala macro.

As preocupações sobre a sustentabilidade dos espaços arborizados

e a sensibilização crescente do mundo científico, das organizações

financiadoras internacionais, dos governos nacionais, bem como

das intervenções das ONG, têm trazido a primeiro plano

a importância destes recursos e impulsionado, quer o seu estudo

numa perspectiva sistémica a uma escala regional, nacional

e multinacional, quer a procura de estratégias para o fomento

da criação de recursos alternativos dirigidos à redução da pressão

sobre a floresta natural e criando, do mesmo passo, fontes

alternativas ou complementares de rendimento para aliviar

a pobreza das populações rurais que tem sido o elemento

propulsor mais visível da desflorestação. A população em estado

de acentuada pobreza e em ambientes de desregulação

das terras de raiz comunitária, destrói a floresta como último

argumento contra a fome percepcionando, no entanto, que

as suas práticas são negativas. O autor lembra bem as palavras

de um ancião pobre da Casamança que ao lhe ser perguntado

se não tinha consciência que o abate raso teria consequências

para a nova geração de habitantes da aldeia nos respondeu

resignado

O sucesso ou insucesso do desenvolvimento de sistemas florestais

ou agroflorestais nas comunidades rurais depende em grande

medida da qualidade das suas componentes, e as árvores são,

indiscutivelmente, uma componente fundamental. O Instituto

Marquês de Valle Flôr (IMVF), em colaboração com a Cooperativa

Agrícola da Ecunha - Coopecunha incentivou a elaboração deste

manual no âmbito do “Projecto de Desenvolvimento dos Recursos

Naturais” (Contrato CE-FOOD/2006/130444), acreditando

na sua melhor contribuição para alívio da pobreza rural.

Mas que futuro lhes está reservado se os camponeses não tiverem

acesso a sementes e plantas de qualidade?

A oportunidade para o desenvolvimento económico e ambiental

significativo será perdida se aquela premissa base não for

conseguida. O IMVF acredita assim, que atingir o objectivo

de inverter a actual dinâmica de desflorestação, garantindo

importantes benefícios ambientais, passa pela implementação

7

de sistemas de plantação comunitária ou nas pequenas terras

da propriedade camponesa, apoiados pela produção de boas

árvores com bons potenciais produtivos e potenciais de utilização

tecnológica para suporte de indústrias madeireiras. Infelizmente,

muitas práticas de produção de plantas têm-se tornado comuns

de uma forma generalizada nos trópicos. Milhões de plântulas

de má qualidade são produzidas todos os anos, plântulas que

não compensam os esforços de as plantar ou manter. Plantas

de má qualidade desencorajam os camponeses a plantar árvores

e reduzem o potencial produtivo do solo.

Faz parte dessa estratégia pró-activa, no âmbito do referido

projecto, a montagem de um viveiro que garanta aquelas

exigências e seja um pólo de difusão de boas técnicas de produção

de plantas.

O Manual do Viveiro Florestal, realizado nesta perspectiva,

sintetiza sem preocupação de aprofundamentos científicos

considerados desnecessários, um conjunto de informações sobre

as práticas viveiristas e a que acrescenta a experiência e vivência

profissional do seu autor nos trópicos. O autor debruça-se sobre

as exigências de escolha de um viveiro e a qualidade das plantas

que dependem da atenção no detalhe sobre as condições físicas

do local de implantação e a sua localização em relação aos locais

de destino das plantas, sobre a origem da semente, características

físicas das plântulas, dos substratos, regulação da água, luz,

nutrientes e controlo sanitário. O Manual inclui não só o que

fazer, mas também as razões para os procedimentos indicados,

numa linguagem simples e acessível. Estamos convictos que

os procedimentos descritos, a explicação dos mesmos e as

indicações de trabalhos de referência são suficientes para encorajar

os futuros gestores ou operadores viveiristas a procurarem,

à medida que ganhem experiência, aprofundar alguma das

matérias e não serem simplesmente repetidores de receitas. Esse

aprofundamento será útil para que possam introduzir inovações

e adaptações consistentes com as condições ecológicas e sociais

em que venham a trabalhar.

Este Manual não é uma peça única e acabada de uma única

iniciativa. Embora se considere que é, de facto, um dos elementos

mais poderosos para inverter a actual dinâmica de desflorestação,

ele deverá vir a ser acompanhado de outras medidas para

a poupança na produção de carvão por intervenção nas práticas

de transformação e pela proposta de melhorias tecnológicas

sem as quais as iniciativas de conservação ou de gestão

de recursos naturais lenhosos no Município de Ecunha estão

fortemente condenados ao insucesso. A criação de fontes

alternativas, potenciada e dinamizada através da produção

de plantas de boa qualidade e rápido crescimento, virá

a proporcionar novas actividades, materiais lenhosos para

as necessidades energéticas, benefícios ambientais locais

e nacionais (novos sumidoros de carbono) e novos rendimentos

para o agricultor. A iniciativa de gestão dirigida à criação

de fontes alternativas de lenhas e carvão é considerada

o instrumento mais poderoso para a redução a curto prazo

da pressão de abate da actual mata natural. O uso de outras

espécies lenhosas de vocação fruteira virá a trazer um benefício

adicional na melhoria da dieta e uma melhoria na estabilização

da propriedade camponesa.

8

O autor espera também que os seus leitores, principalmente

os agricultores da região alvo e os seus agentes dinamizadores,

usem este manual para reflectirem sobre a problemática

da árvore, fornecedora de lenhas, de forragem ou de frutos

e contribuam para melhorar os procedimentos indicados

ou sugerir outros que possam ser considerados mais adaptados

ou eficazes nas condições objectivas da actividade agrícola

do Município da Ecunha. A costumização regional da produção

de plantas e da actividade viveirista virá assim, em futuras

edições,

a incorporar novas informações e sugestões dos leitores. Possam

os agricultores de Ecunha interiorizar os dizeres de um cartaz

posto à entrada de um viveiro no Peru:

“O QUE PLANTA UMA ÁRVORE PLANTA UM ESPERANÇA1”

9

10

1. INTRODUÇÃO

1.1 O problema da savanização

O processo de savanização é a evolução da floresta natural no sentido

da savana: menor número de árvores e cobertura mais significativa

de gramíneas (palha). A floresta com grandes árvores cede o lugar

à floresta degradada, depois à savana arbórea, passando a savana

arbustiva e a estepe e, finalmente ao deserto.

O homem destrói a floresta e aumenta as superfícies desnudadas.

O alargamento indiscriminado das culturas agrícolas alimentares

e comerciais, os fogos incontrolados e a má exploração de lenhas

e carvão são os principais factores de degradação. A floresta é destruída

juntamente com a sua fauna e flora naturais. As toalhas aquíferas

tornam-se mais escassas e profundas, as pastagens tornam-se mais

pobres, a fertilidade da terra cultivada diminui, a acção do vento

faz-se sentir arrastando o solo, as chuvas tornam-se mais irregulares

com níveis de precipitação mais reduzidos. Acresce que o seu

aproveitamento é menor por causa do seu rápido escoamento.

Em consequência deste conjunto de efeitos negativos os homens sentem

a fome e tentam cultivar mais aumentando os efeitos nefastos sobre

a floresta. A agricultura, que necessita de um convívio amigável com

a árvore, torna-se assim num inimigo da floresta.

O que se reproduzia antigamente de uma forma natural deixa

de sê-lo e não pode ser reintroduzido senão artificialmente. Aquilo que

foi arrancado pela mão do homem deve ser agora replantado por ele

mesmo e tal como o milho e a batata, a árvore deve ser cultivada,

cuidada e mantida.

1.2 Como utilizar o manual

Este primeiro manual, contém os dados gerais que permitem guiar

os futuros extensionistas florestais e futuros viveiristas do Município

de Ecunha, não só no ensino dos conhecimentos de base aos agricultores,

mas também no encaminhamento das diversas operações a seguir

na implantação de um viveiro e na manutenção posterior da árvore

para as futuras plantações.

No entanto, o viveirista não encontrará neste manual, as especificações

de produção para cada espécie particular. Encontrará contudo, exemplos

de algumas espécies naturais úteis aos agricultores de Angola na zona

planáltica e dos métodos adaptados às condições do país.

Eventualmente, este manual poderá ser posteriormente complementado

por folhetos adicionais tratando assuntos mais específicos, para cada

uma das espécies particulares eleitas para o repovoamento florestal,

permitindo a introdução de novos métodos, aumentando a gama

de conhecimentos e melhorando a transferência de conhecimentos

apropriados por forma a permitir a melhoria das condições de vida

de cada membro da família agricultora.

Para conveniente aproveitamento deste manual recomenda-se que

sejam consideradas atentamente os conselhos seguintes:

Cada etapa descrita é importante. As plantas produzidas em viveiro

não podem sobreviver ao primeiro ano de plantação se o terreno não

oferecer as condições adequadas de crescimento e se não protegermos,

ulteriormente, a árvore e a plantação contra os seus numerosos

inimigos que podemos controlar.

Recomenda-se vivamente ao extensionista que se encontre com

a população das aldeias servidas pela Coopecunha e com as suas

associadas para melhor integração desta actividade na vida

comunitária, assegurando o seu melhor sucesso. Os benefícios

da floresta devem contribuir para a redução da pobreza no meio rural.

11

No quadro do mês da árvore o Município de Ecunha deve incentivar

cada habitante a participar na arborização nacional. Assim, alunos,

professores, pais e associações de aldeias podem ajudar-se numa

só e única tarefa.

1.3 Porquê plantar uma árvore

para ter lenha junto de casa;

para produzir carvão para as famílias e para as cidades;

para ter uma fonte de rendimento com a venda dos seus produtos

(lenha, carvão, tortulhos);

para comer e vender os frutos tal como o “loengo”, o “maboque”,

o “lombula”, abacate, etc;

para construir uma casa (ex: vigas de eucalipto ou cupressos);

para fins medicinais: “ufilanganga” para cura de feridas,

“nhenlunglem” ou “ecopocopo” para dores de barriga, a “omondolua”

para a fontanela, entre outros exemplos;

para o fabrico de instrumentos agrícolas e cabos de ferramentas:

enxadas, catanas, arados, carroças, etc;

para o homem e os animais descansarem à sua sombra;

para numerosos usos diários: bancos, cadeiras, mesas, postes,

espigueiros, etc.

1.4 Porquê conservar e proteger a floresta

para conservar a água nos solos e nas fontes;

para conservar os solos cultiváveis;

para dar alimento à fauna que ela abriga;

para diminuir a intensidade do vento que arrasta os nossos solos;

para conservar o nosso clima e as chuvas que a natureza nos traz.

Para vivermos e comermos melhor!

Plantar uma árvore é plantar a esperança!

2. VIVEIRO

2.1 Porquê um viveiro

Chama-se viveiro ao local onde se fazem crescer as árvores depois

da sementeira até ao momento em que elas são colocadas para plantação

no terreno.

Certas espécies pouco exigentes e com sementes facilmente manipuláveis

podem ser semeadas directamente no terreno e com compasso definitivo.

A essas plantações chamam-se "plantações por sementeira directa".

O pinheiro presta-se a este tipo de plantação se bem que não seja

possível manter a regular distribuição do compasso.

Entretanto, se as condições do meio e do clima são desfavoráveis

e é conveniente manter a regular distribuição das plantas é muitas

vezes preferível produzir as plantinhas (plântulas) em viveiro com

cuidados particulares, o que oferece várias vantagens a saber:

1 cuidar na idade juvenil das plântulas susceptíveis a certas doenças;

2 possibilitar às plantinhas em terreno definitivo uma maior resistência

aos inimigos: concorrência da palha, animais domésticos e selvagens,

fogos;

3 permitir que as plantinhas estejam suficientemente fortes no fim da

estação seca sem irrigação.

O objectivo mais importante de um responsável por um viveiro

é o de produzir árvores de boa qualidade. A qualidade é mais importante

que a quantidade. A qualidade das plantas que saem do viveiro é a base

do sucesso de uma plantação. É importante não esquecer que a plantação

de árvores medíocres dará sempre origem a plantações medíocres.

A qualidade de uma planta comporta dois aspectos importantes.

A primeira é de ordem genética, daí a importância da origem e qualidade

da semente, e a segunda é a sua condição física/morfológica.

12

2.2 Parâmetros morfológicos de avaliação da qualidade das plântulas

As árvores de qualidade (as únicas que devem ser distribuídas aos

agricultores) são aquelas que apresentam parâmetros fisiológicos

e morfológicos considerados tradutores de uma planta susceptível

de ser plantada e produzir uma árvore com bom potencial produtivo.

Sendo que os padrões fisiológicos só são detectáveis através

de laboratórios de análises, ficaremos pelos padrões morfológicos que

são mais facilmente identificáveis por observação esclarecida.

Os parâmetros a utilizar na avaliação qualitativa das plantas em viveiro

são:

O sistema radicular não apresenta deformações e as raízes estão

bem distribuídas apresentando uma boa relação com a altura

do tronco;

Fig. 1 - Da primeira fila da esquerda para a direita: 1) um bom sistema radicular,

a raiz a principal apresenta-se direita e as ramificações finas mostram boa

conformação para a absorção da água e nutrientes; 2) sistema radicular deformado

por má repicagem (raízes torcidas e muito junto da superfície; 3) outro sistema

radicular defeituoso por má repicagem. A raiz foi forçada num buraco muito

pequeno; 4) sistema radicular tortuoso com uma raiz principal enrolada no fundo

do saco. (de:

)

Fig. 2 - Uma planta de qualidade com um bom sistema radicular bem distribuído

no vaso (de:

)

As plântulas estão sãs, com crescimento vigoroso e sem sinais

de doenças;

Apresentam um tronco único, robusto, um bom diâmetro no colo,

lenhificado e sem deformações;

A copa é simétrica e densa;

As plantas estão bem adaptadas a períodos curtos sem rega e suportam

a insolação directa. Alguns florestais apresentam os seguintes critérios

para a selecção de plântulas de ,

esclarecendo que as consideradas aptas para serem plantadas devem

encaixar-se em todos os itens abaixo identificados:

13

1 2 3 4

14

Diâmetro do colo no mínimo de 2 mm;

Altura oscilando entre os 15 e 35 cm;

Alto grau de rustificação;

Inexistência de problemas sanitários aparentes;

Raiz aprumada com forma normal;

Parte aérea sem bifurcações;

Parte aérea com, no mínimo, três pares de folhas;

Tronco sem tortuosidades.

Fig. 3 - Todas as plantas representadas apresentam defeitos (na primeira fiada e

da esquerda para a direita: tronco curvo; muito pequena; muito poucas folhas; dois

troncos). Na segunda fiada e da esquerda para a direita: rebento principal seco;

folhas amarelas; folhas muito pequenas; sistema aéreo e radicular muito desen-

volvido) (de:

)

Relação altura da parte aérea/diâmetro do colo

A maior parte dos responsáveis pelos viveiros dão uma grande

importância à relação parte aérea/diâmetro do colo que exprime

o equilíbrio de desenvolvimento das plântulas, pois conjuga dois

parâmetros num só índice conhecido por H/D e em que:

H = medida do comprimento da parte aérea em cm;

D = diâmetro do colo em mm.

Se bem que não existam valores experimentais validados para

as condições de Angola, ou em particular para toda a grande região

do Planalto Central, um conjunto significativo de estações experimentais

que trabalham com eucaliptos e pinheiros nos trópicos aconselham

alturas da parte aérea entre os 20-30 cm e diâmetros de colo à volta

dos 3,7 mm. Desta forma pode considerar-se que estão em condições

de bom crescimento aquelas plântulas cujos valores de H/D se situem

entre os limites de 5,4 e 8,1.

Aceitando-se os valores do intervalo 5,4 - 8,1 como os que representam

o desenvolvimento equilibrado da parte aérea das plântulas, torna-se

fácil para o viveirista avaliar em qualquer momento os valores óptimos

do diâmetro do colo para plântulas cuja altura média não se situe

na faixa dos 20 a 30 cm. Assim, por exemplo, se as plantas tiverem

em média 36 cm de altura, a média do diâmetro deve oscilar entre

os 4,4 e os 6,7 mm. Se noutra situação, durante o período de viveiro,

as plântulas tiverem uma altura média de 16 cm, o diâmetro médio

do colo deve situar-se entre os 1,9 e os 2,9 mm. Se se encontrarem

dimensões inferiores a 1,9 mm quer isto dizer que a produção de plantas

apresenta um desenvolvimento desequilibrado e que é urgente tomar

medidas que melhorem o engrossamento das mesmas (diminuir

o ensombramento, melhorar a fertilização verificar a periodicidade

da rega).

Como referencial de controlo para o viveirista aconselha-se o uso

da relação:

Quanto mais elevada for a percentagem de plântulas que se enquadrem

nesta norma mais acertadas terão sido as técnicas utilizadas no viveiro.

Como definir amostras para o controlo de qualidade das plantas

Para apreciar a qualidade das plantas que temos no viveiro não

necessitamos de despender muito tempo nem de recorrer a equipamento

especial. Quando as plantas tiverem cerca de 15 cm de altura, escolha

pelo menos 20 unidades de cada espécie para inspecção. É importante

que a escolha se faça ao acaso e que sejam recolhidas plantas de todos

os canteiros. Escolha duas plantas na extremidade de cada canteiro

e uma no centro. Examine cada planta com atenção. 16 plantas em

cada 20 devem ter as características que se apresentaram. Caso contrário

é urgente introduzir correcções que satisfaçam as necessidades

de qualidade anunciadas.

Uma boa prática viveirista é a de sacrificar algumas plantas para

melhorar a qualidade da produção global do viveiro. Siga como guia

o quadro que se apresenta:

Quadro 1 - Problemas comuns na prática viveirista e procedimentos

correctores

15

H (cm)

8,1= média mínima do diâmetro do colo (mm) Problema

Raízes com nós ou torcidas causadaspor uma má repicagem

Raízes enroladas no fundo do saco

Raízes penetrando no solo debaixodo saco

Plantas múltiplas por saco

Plantas com vários troncos

Doenças ou insectos

Folhas amarelas ou brancas oufolhas com as nervuras com corverde acinzentado ou violetas e compontos ligeiros no meio

Grande variação de tamanho entreas plantas repicadas na mesma altura

Crescimento abaixo do normal paraa espécie

Solução

Eliminar imediatamente as plantas.Proceder a uma repicagem correcta.

Cortar as raízes com uma tesourade poda bem afiada. Transferirrapidamente as plantas paraa plantação. Considerar talveza utilização de tubetes ou, antesda repicagem, usar Spin Out®.

Levantar os sacos e cortar as raízesfrequentemente. Considerar napróxima campanha o uso de tubetes.

Retirar rapidamente as plantasinúteis mesmo que o seu númeropossa ser considerado grande.

Eliminar as plantas. A causa podeser a má qualidade genética dossementões.

Isolar e queimar todas as plantasafectadas. Desenvolver um plano degestão de doenças e insectos.

Fertilizar as plantas ou utilizar umsubstrato mais rico.

Inspeccionar os canteiros paraencontrar as possíveis causas ligadaspor exemplo, a um ensombramentoou rega irregular.

Ajustar a iluminação ou utilizar umsubstrato melhor.

Uma regra de ouro do viveirista - Guarde o melhor e desfaça-se

do resto

Em termos da gestão do viveiro um bom aferidor da boa aplicação

das técnicas de produção de plantas e dos cuidados com a qualidade

da semente é o uso do indicador “eficiência da semente”. Os avanços

na prática de manejo do viveiro estão directamente relacionados com

a qualidade das sementes utilizadas e das técnicas de produção

das plantas. As sementes provenientes de povoamentos clonais são

mais caras do que as outras colhidas directamente de povoamentos

mas a experiência tem mostrado que apresentam muito melhor

desempenho em termos de sobrevivência em povoamento e crescimento.

Quer isto dizer que as técnicas a usar no viveiro têm de ser aprimoradas

por forma a rentabilizar o custo mais elevado da aquisição de semente.

A eficiência das sementes, expressa em percentagem, define-se como

a relação entre o número de plântulas aceitáveis no viveiro por ocasião

da plantação e o número de sementes vivas (aptas a germinar, após

teste de laboratório) colocadas no canteiro ou alfobre para germinação.

Tipo de Viveiro

A primeira diferenciação resulta do tipo de planta que constitui

o objectivo principal do viveiro e do tipo de permanência previsto para

a sua função. Quanto ao tipo de planta tem-se fundamentalmente:

O viveiro florestal produz árvores florestais de usos diversificados.

Ex: Eucalipto, Pinheiro, Cupressos, Grevilea;

O viveiro frutícola produz árvores fruteiras. Ex: Laranjeira, Tange-

rineira, Abacateiro

Segundo o tempo de permanência da actividade de produção de plantas

num determinado viveiro este pode ser do tipo temporário ou perma-

nente.

Viveiro temporário

Diz-se daquele que é estabelecido para o fornecimento de plantas num

curto intervalo de tempo, normalmente até ter abastecido de plantas

uma pequena área que se pretende arborizar.

Permite a produção durante um certo tempo de plantas, normalmente

de rápido crescimento e normalmente com a utilização de vasos

ou sacos. Ex: Eucaliptos, pinheiros, cupressus, etc

Nas aldeias mais afastadas dos centros populacionais faz mais sentido

fomentar os pequenos viveiros comunitários (Figura 4), uma vez que

se poupa dinheiro no transporte de plantas; consegue-se efectuar

a plantação como menos riscos que o transporte (pode causar danos

nas raízes e secagem das plantas); a sua instalação é muito versátil

e facilmente adaptável às condições locais de terreno e de dimensão;

fomenta-se de forma mais efectiva o interesse e envolvimento

da população pela plantação de árvores; criam-se novas actividades

produtivas. A principal desvantagem é que o sucesso de uma boa

produção de plantas requer uma boa cobertura em extensão florestal

e boa preparação técnica.

Viveiro permanente

Diz-se daquele que é montado com carácter permanente e para

abastecimento de plantas a uma grande região. As plantas são produzidas

quer em vaso quer em plena terra. Ex: Eucalipto, pinheiro, plantas

frutícolas enxertadas.

16

Eficiência da Semente (%) = x100Nº de plântulas aceitáveis produzidas

Nº de sementes vivas semeadas

Fig. 4 e 5 - Alguns modelos que os pequenos viveiros comunitários podem

assumir conforme as condições locais (Guiné-Conacri)

2.3 Métodos de produção

Produção de plantas de raiz nua

Trata-se de produzir plantas directamente na terra sem recurso a vasos

ou recipientes (sacos, alvéolos, etc.). Embora esta opção pareça a mais

fácil, aparentemente mais natural e mais simples para o transporte,

apresenta, no caso das plantações tropicais (pelo menos nas

pequenas/médias operações de florestação), desvantagens

que aconselham que esta escolha seja bem ponderada. Na escolha

do método de produção, os responsáveis pelos viveiros devem nortear

a sua decisão sempre pela consideração do que é melhor para as plantas.

Em zonas temperadas ou de temperaturas que desçam abaixo de zero

durante o inverno, a produção de plantas directamente na terra dos

canteiros (produção de raiz nua) apresenta algumas vantagens para um

certo número de plantas porque as raízes durante esse tempo

permanecem dormentes (param de crescer) durante vários meses. Estas

plantas são normalmente de folha caduca. Nestes casos as plantas

depois de retiradas do solo no período de dormência são conservadas

em câmaras frias e enviadas para plantação antes que comecem

a crescer activamente. Reduz-se assim substancialmente o choque

de plantação.

Nos trópicos, a produção de plantas directamente nos canteiros é por

vezes utilizada para folhosas duras (girassonde, mogno, mussibi, terminalia,

etc). Estas espécies não permanecem dormentes durante a época fria

(cacimbo) mas têm a capacidade de conservar no tronco bastante água,

elementos nutritivos e reservas para continuar a crescer mesmo depois

de terem perdido parte do sistema radicular quando são tiradas

da terra. Estas espécies não são, contudo, espécies que sejam

ecologicamente propícias ao Planalto Central Angolano.

Um outro problema importante com este método de produção

é a manutenção da fertilidade do solo após alguns ciclos de produção.

17

A produção continuada das plantas no mesmo solo, tal como sucede

com todas as culturas, faz com que a fertilidade fique cada vez menor

e que as plântulas se tornem progressivamente mais pequenas e fracas.

O seu arranque e transporte, acarretando a morte de raízes (não só

pelo arranque mas pela sua exposição ao ar) representa um acréscimo

de mortalidade na plantação induzindo a um duplo prejuízo: aumento

no trabalho de retanchas, aumento dos custos de transporte

e de produção de mais plantas.

Quadro 2 - Vantagens e desvantagens da produção de plântulas

de raiz nua

Assim, este método de produção só deve ser utilizado quando se tiver

área disponível de boa dimensão para que se possa fazer rotação

de enriquecimento de nutrientes dos plantórios e se as condições

de logística quanto a transportes e calendarização das plantações

estiverem suficientemente garantidas.

Boas práticas de produção de plantas de raiz nua:

Semear as sementes com uma densidade baixa (< 200 plantas/m2)

para reduzir a competição pela água, luz e elementos nutritivos.

A sementeira deve ser feita de forma alinhada para facilitar as restantes

operações de manutenção;

Utilizar uma pá direita e cortante para ir traçando linhas

de delimitação do sistema radicular das plantas. As raízes que são

cortadas regeneram naturalmente favorecendo o desenvolvimento

de raízes laterais;

Utilizar um composto, estrume ou adubação adequada à compo-

sição do solo para ir mantendo o fundo de fertilidade do mesmo

durante a estação de crescimento;

Plantar uma cultura de cobertura leguminosa ou incorporar uma

adubação verde durante o período de pousio;

Permitir que os plantórios de produção de plantas de raiz nua

entrem em pousio durante uma ou mais estações de crescimento

para recompor a fertilidade e evitar o desenvolvimento de doenças

radiculares;

Depois de desenterrar as plantas colocá-las numa mistura líquida

de lama e estrume;

Envolver as plantas em papel de jornal molhado ou em sacos

de juta;

Guardar as plantas à sombra e em lugar abrigado dos ventos

durante todo o tempo de transporte;

Plantar sem delongas as plantas e somente com a terra bem

molhada;

Assegurar-se que as covas estão bem dimensionadas por forma

a que as raízes fiquem verticais quando se tapar a cova.

Más práticas a evitar:

Semear as sementes com densidades elevadas;

Permitir que as raízes cresçam profundamente nos plantórios;

Produzir plantas no mesmo canteiro em anos seguidos sem

aprovisionamento da fertilidade do solo;

Deixar os canteiros sem vegetação quando não estão em produção

(a insolação directa sobre a terra não protegida irá mineralizar

a matéria orgânica tornando o solo ainda mais pobre);

Não assegurar uma monda cuidada do plantório;18

Vantagens da produção de raiz nua

Transporte mais fácil sobre o terrenode plantação

As covas de plantação são maispequenas em comparação com asde saco

Custos de produção mais baixosporque não existe compra derecipientes e não é necessário fazersubstrato para as plantas

Desvantagens da produção de raiznua

Maior competição pela luz, águae nutrientes entre as plântulas

Esgotamento dos nutrientes nosplantórios

Crescimento inicial lento no terreno

Mortalidade elevada nos plantóriose pós plantação

No levantamento das plantas rebentar demasiadas raízes

ou estragá-las destruindo a camada protectora externa;

Permitir às raízes e às folhas secarem ou ficarem demasiado quentes

durante o arranque;

Plantar em solos demasiado secos;

Colocar as plantas em covas demasiado pequenas para conter

as raízes em boa posição ou deixar que as mesmas fiquem curvadas

ou torcidas.

O uso deste método de produção é aconselhável para a produção

de talões. Esta designação é usada para plantas de raiz nua produzidas

em viveiro com idades à volta dos 18 meses e que têm entre 1,5

a 2 m de altura com um diâmetro de colo com cerca de 2,5 cm. Antes

da plantação, estas plantas sofrem uma poda severa da raiz que fica

com cerca de 15 cm e de 5-7 cm para o caule, justamente antes

da plantação. Encontram-se neste categoria de método de produção

plantas como a gmelina ( ), a teca ( ),

a cordia ( ) mas que não farão parte das espécies que

o projecto irá utilizar.

Produção de plantas em recipientes

Os sacos de plástico são ainda correntemente utilizados na prática

viveirista nos trópicos. O facto de serem relativamente baratos e quase

sempre facilmente disponíveis é ainda a grande razão do seu uso

generalizado. Os sacos apresentam-se sob tamanhos diversos, alguns

com pregas para ajudar a que fiquem verticais e, frequentemente,

aparecem no mercado já perfurados para garantir um bom arejamento

e drenagem. Contudo, um sério problema com os sacos de plástico

ocorre quando as raízes atingem as suas paredes, começando a enrolar

em espiral e causando deformações que comprometem o futuro da

futura árvore se as plântulas forem plantadas. Não se deve também

esquecer que, se a permanência no viveiro for prolongada, por mau

planeamento da actividade do viveiro, as raízes começam a sair pelos

furos de drenagem requerendo que se faça, em tempo útil, uma poda

radicular.Como boas práticas na produção de plantas em sacos, a ser

tidas em atenção pelo viveirista, aponta-se:

A utilização de sacos pequenos com um substrato rico (boa

percentagem de matéria orgânica, leve e permeável). O uso de sacos

pequenos tem a vantagem de exigir menores quantidades de substrato

e uma vez que são leves são mais facilmente transportáveis no terreno

de plantação.

São consideradas más práticas:

A utilização de sacos grandes (estes só devem ser utilizados em

árvores de fruto);

Pouco cuidado na preparação do substrato e na sua qualidade,

física e química;

Enchimento descuidado, deixando demasiados espaços no seu

interior.

Para além dos sacos de plástico existem, no entanto, outros recipientes

que vêm ganhando campo na actividade viveirista porque apresentam

vantagens em termos da qualidade das plantas produzidas, bem como

em termos da economia da manipulação das plantas e da sua maior

qualidade, traduzida em melhores taxas de sobrevivência. Entre estes

salientam-se os tubetes, e os tabuleiros ou alvéolos. Estes recipientes

apresentam-se sobe diversas formas e tamanhos (Figura 6).

Fig. 6 - Exemplo de recipientes usados na produção de plantas florestais

19

Todos estes recipientes têm uma característica comum:

Ranhuras verticais no seu interior;

Um bom furo no fundo.

As ranhuras verticais destinam-se a guiarem verticalmente as raízes

à medida que crescem, evitando o enrolamento e deformações como

sucede tendencialmente com os sacos. O furo no fundo destina-se

a favorecer a poda da raiz aprofundante, facilitando o desenvolvimento

das raízes laterais secundárias (Figura 7), o que é uma garantia de melhor

adaptação da planta após plantação.

Fig. 7 - Distribuição do sistema radicular no interior de um alvéolo

Este tipo de recipientes apresenta ainda a vantagem de permitir

a colocação em estrados ou armações elevadas, o que facilita

as diferentes operações culturais, um enchimento mais rápido e, pelo

seu posicionamento ser mais ergonómico, aumenta a produtividade

do trabalho. Acresce ainda que a sua durabilidade, contrariamente

ao que sucede com os sacos, é da ordem dos 6-8 anos, característica

esta que suplanta claramente a aparente desvantagem de serem mais

caros. O seu transporte para o terreno é também mais fácil em

comparação com os sacos de plástico.

Novos recipientes e técnicas melhoradas

Se bem que nesta fase de arranque da actividade viveirista no Município

de Ecunha não se advogue a sua introdução generalizada, pelo menos

até que a experiência da gestão viveirista esteja mais bem consolidada

e profissionalizada, considera-se útil que os técnicos comecem a preparar-

se para a fase que se deve seguir com a implementação de técnicas

mais avançadas.

Spin-Out® é um hidróxido de cobre que pode ser aplicado no interior

dos sacos de plástico. Para além do seu efeito fúngico, o mais importante

para a sua aplicação é que sendo um inibidor do crescimento das raízes,

leva a que estas parem o crescimento ao atingirem a parede não

se enrolando e dando margem para o desenvolvimento de outras raízes.

Fica assim favorecida a absorção de nutrientes e de água. Esta é uma

inovação que será introduzida no viveiro desde a fase de arranque.

Os Jiff Pellets® são pequenos recipientes em forma de copo com

dimensões entre os 2 e os 4 cm de largura, que contêm turfa prensada,

enriquecida com nutrientes e envolta numa tela fina biodegradável.

Estes recipientes são ao mesmo tempo substratos, existindo já experiência

no seu uso em todo o mundo nas grandes plantações industriais. Sendo

as dimensões bastante pequenas, o regime de aplicação de fertilização

mineral devidamente ajustada às exigências de cada espécie é uma

condição imperativa para o sucesso do seu uso. Com este sistema,

20

que não exige canteiros nem preparação de substratos economiza-se

tempo, mão-de-obra e tempo gasto com transportes. São no entanto

muito mais exigentes em termos de gestão e técnica de fertilização

de plantas.

Em resumo, ao escolher o recipiente a usar tenha em atenção

as vantagens e inconvenientes de cada método de produção de plantas

e pondere os respectivos custos e benefícios.

2.4 Onde instalar o viveiro

Com a ajuda das autoridades das povoações e da população procurar-

se-á encontrar o terreno ideal para o viveiro. A escolha do local para

o viveiro deve ser efectuada com especial cuidado e deve ser dada

particular atenção aos seguintes factores:

Quadro 3 - Vantagens e inconvenientes dos diferentes tipos

de recipientes

21

Tipo de recipiente

Sacos de plástico

Mangas de plástico

Alvéolos ou tubetes

Jiffy Pots®

Características

Produzidos em polietileno negro

Produzido em polietileno negroou claro. Aparecem no mercadoem manga contínua e ficam abertosdos 2 lados

Recipientes rígidos com sulcosverticais internos

Produzidos a partir de turfacomprimida

Vantagens

Drenagem é fácil se devidamenteperfurados; mais baratos e com maiorpossibilidade de fabrico local.

São baratos e com possibilidadede fabrico local.

- Furo grande no fundo que faz comque haja uma paragem do cresci-mento da raiz principal como se setratasse de uma poda radicular;- Pode ser utilizado 6-8 vezes;

- Os sulcos verticais orientamas raízes verticalmente impedindoque se enrolem ou torçam;

- Extracção das plantas feitas de formafácil.

- As raízes penetram rapidamenteno material;

- Plantação fácil juntamente como recipiente o que aumenta a inten-sidade da retancha.

Desvantagens

- Só utilizáveis uma vez;- Podem provocar deformações eenrolamentos nas raízes.

- O enchimento é difícil e a suaarrumação nos canteiros é demoradapelo risco de deixar cair o substrato;- Durante o manuseio para transportee localização nos locais de plantaçãoexistem riscos de degradaçãodo sistema radicular.

- Exigem quadros viveiristasexperientes;

- As raízes podem ser danificadas nocurso da manipulação da suaextracção.

- Exige um boa gestão do viveiroe técnicos experimentados;

- Suporte especializado para controloda fertilização que deve ser específicapara cada espécie.

canteiros

declive original

Uso anterior da área

Para instalação em locais novos, a área deverá ser examinada com

cuidado, evitando tanto quanto possível locais onde a agricultura tenha

vindo a ser praticada durante vários anos, principalmente em solos

pobres como são comuns os solos do distrito do Huambo. Este tipo

de solo apresenta fundos de fertilidade muito baixos e incorre-se em

maiores riscos da presença de ervas daninhas e mesmo de nemátodos

e fungos nocivos no solo.

Água

Condição principal para a escolha do local da instalação do viveiro.

Escolher um terreno próximo de um ponto de água que não seque

durante a estação seca. Tenha em atenção que a água deve ser doce,

limpa e que não esteja contaminada com esgotos ou provenha de locais

de permanência de gado.

Condições ambientais

Devem evitar-se locais em vales ou baixas sujeitas a geada no período

do “cacimbo” como sucede em certas baixas nas regiões do “Planalto

Central”.

Acessibilidade

E preferível instalar o viveiro próximo da área que vai ser plantada. Caso

não seja possível, o viveiro deve ser localizado próximo de uma estrada.

Assim poder-se-ão transportar as plântulas do viveiro para o terreno

da plantação de forma mais fácil e económica. Tanto quanto possível,

o viveiro deve estar localizado num local que a população possa

frequentar. Assim estará a contribuir-se para a transmissão dos conheci-

mentos a todos os membros da comunidade.

Declive

O terreno deve ser plano. Uma ligeira inclinação permite uma boa

drenagem (penetração e circulação da água no solo). O solo não deve

ficar inundado na estação das chuvas, uma vez que a água matará por

asfixia todas as plantas. Se ocorrerem situações em que não haja

disponibilidade de um terreno com a dimensão e topografia pretendida

e se tiver de adoptar por uma área que apresenta um certo declive,

a solução é efectuar um testamento satisfazendo as condições de ligeiro

declive já mencionadas sem esquecer de dispor umas manilhas para

escoamento de água para evitar a destruição do talude. Os taludes

devem ser revestidos de uma cobertura viva escolhida de acordo com

a clima da região.

Fig. 8 - Esquema de terraceamento para o caso dos terrenos com declive

Orientação

Deve ser escolhido um local ensolarado. Se, como por vezes sucede,

durante um certo período do seu crescimento as plantas necessitarem

de sombreamento, far-se-á uma estrutura temporária ou permanente

de ensombramento (Figuras 19 e 20). Apenas as espécies umbrófilas

exigem protecção contra a luz solar. Os raios solares concorrem para

a rustificação dos tecidos das plântulas tornando-as mais fortes

e resistentes na altura da plantação.

22

Terra

Se a terra do local do viveiro não for boa (com calhaus, solo pouco

profundo, demasiado seco ou demasiado argiloso) é necessário transportar

terra de outros locais e incorporar estrume.

Se for muito pesada (argilosa) é necessário misturá-la com areia para

ficar mais leve e permeável à água e raízes.

Devem ser evitados solos de cor vermelha carregada e solos inundáveis,

cinzentos-escuros, das faixas alagadiças. Preferivelmente devem ser

escolhidos solos frescos de cor parda. Um bom substrato para a produção

de plantas deve conter partículas de diferentes tamanhos para permitir

que o ar e a água penetrem facilmente.

Uma regra simples para um substrato equilibrado (por m3 de substrato) é:

Terriço vegetal - 50%

Terra franco argilosa - 20%

Estrume bem curtido - 29%

Nitrofoska (12-24-12) - 5,0kg

Se as plantas começarem a apresentar sintomas de carências (veja

nutrição das plantas) naturalmente deverá solicitar apoio especializado.

2.5 Como proteger o viveiro

Tanto os animais domésticos (galinhas, cabras, porcos) como

os selvagens (toupeiras, ...) são a causa de inúmeros prejuízos num

viveiro. É por isso que a existência de uma vedação é muito importante.

Para a executar deve ser utilizado, tanto quanto possível, material local.

Na disposição que der à vedação e à sua robustez, tenha em consideração

o tamanho dos inimigos de que pretende defender o viveiro. Os suportes

devem ser sólidos. Pode utilizar-se bambu, postes de madeira de eucalipto,

esteiras de cana vieira entrelaçados. Pode utilizar-se também uma

vedação viva de espécies espinhosas como os cactos, l

ou a . No viveiro, particularmente em locais

sujeitos a ventos fortes e quase sempre secos como sucede no Planalto

Central, é fundamental também pensar-se em plantar fora da vedação

propriamente dita uma cortina de abrigo. Será importante para a boa

formação das plantas como também para manter um bom nível

de humidade nas mesmas. Não vale a pena fazer um viveiro se não se

procede, desde o início, à sua vedação correcta.

Vigilância

O viveiro deve estar situado num local onde seja possível vigilância

frequente.

Fig. 9 - Formas simples de protecção do viveiro com materiais locais

2.6 Como montar o viveiro

Limpeza - o terreno deve ser completamente limpo de ervas, arbustos

e pedras.

Nivelamento - se o terreno for inclinado deve ser nivelado em terraços

sucessivos que seguem as curvas de nível com valas de drenagem entre

os terraços, traçadas perpendicularmente à inclinação.

23

24

Os canteiros

Forma - os canteiros devem ser traçados segundo formas geométricas,

quase sempre rectangulares, onde se fazem crescer as plântulas,

dispostas normalmente de uma forma ordenada por espécies. Os

canteiros podem ser delimitados com tábuas, blocos, pedras, bambu

ou corda. Devem ser utilizados preferencialmente materiais locais.

Tipos - Os canteiros podem ser de diferentes tipos:

canteiros de germinação (alfobres ou seminários);

canteiros de produção (plantórios):

em terra (plantas de raiz nua)

em sacos

Fig. 10 - Exemplos de limitação de canteiros com material local

Os canteiros de produção podem ser:

1 Mais elevados que o nível do solo (15 a 25 cm). Quando o terreno

é húmido ou quando há riscos de encharcamento depois das chuvadas.

2 Ao nível do solo ou mais baixo que o nível do solo (10 cm). Quando

o solo é seco e arenoso para economia da água de rega.

Largura - 0,8 m até 1,2 m. Para um viveiro escolar aconselha-se

a menor dimensão. Nos canteiros mais largos, torna-se difícil regar

as plantas, realizar-se a repicagem no meio do canteiro, assim como

a monda.

Comprimento - pouco relevante

1 canteiro = 1 espécie

1 método cultural (ou raízes nuas ou em vasos)

Fig. 11 - Terraceamento e drenagem do viveiro para evitar a erosão

Caminho - Entre cada canteiro deve ser feito um caminho para permitir

uma circulação fácil e um espaço confortável para trabalhar nos canteiros.

Use entre 0,5 m a 0,8 m de largura (se não houver problemas de espaço

esta última é a preferível).

Fig. 12 - Camas de plantação mais baixas que o nível do solo

Orientação - Os canteiros serão orientados, caso possível pela topografia,

no sentido Este-Oeste para diminuir as superfícies expostas aos raios

do sol ao nascente ou poente.

Preparação dos canteiros para produção em plena terra

Com a enxada ou com grade deve ser lavrada a terra de cada canteiro

com uma profundidade mínima de 20 cm. Quebre os torrões para

tornar a terra fina e fofa. Se a terra for pesada tem de misturar terra

vegetal e terra franca. É aconselhável que nesta terra e por cada m3

de terra junte fertilizante (em termos genéricos aconselha-se juntar

5,0 kg de adubo (Nitrofoska 12-24-12). Assim, as raízes das plantas

podem desenvolver-se bastante bem. Ponha estrume ou terra rica em

matéria orgânica e misture-a bem com a terra do canteiro. Regue cada

canteiro pela manhã e pelo fim da tarde durante dois dias. Ao terceiro

dia faça uma mobilização superficial ligeira e regue antes de semear.

Fig. 13 - Exemplos de disposição de canteiros do plantório e espécies no viveiro

(sem escala na representação das distancias)

Preparação dos vasos

Há vários tipos de vasos: sacos de plástico, em terra prensada (torrão,

não é aconselhável uma vez que é pesado, esboroa-se facilmente durante

o transporte e tende a deformar as raízes), em folha de bananeira,

em papel. Os sacos de plástico (10 cm de boca e 18 cm de comprimento

para as espécies florestais; 15 cm de boca e 20 cm de comprimento

para as fruteiras) devem ser furados nos lados da parte média e pelo

menos um furo na parte inferior para que a água possa escoar.

Enchimento

Para encher os sacos de plástico deve ser utilizada uma lata de conserva

aberta usada ou um funil de bico bastante largo que se ajusta à boca

do saco que vai sendo alimentado por uma pequena pá.

Enche-se o saco de terra seca até à borda. Assegure-se de que o saco

está cuidadosamente cheio por forma a que não ocorram bolhas de ar

que poderão provocar a secagem das raízes.

Fig. 14 - Funil e pá para enchimento dos recipientes

25

N

S

O E

eucaliptos

5m1m

5m

mangueiras

0,8 a 1,2m

pinheiros patula

cupressus

poço

larangeiras

limoreiros

0,8 a 1,2m

em plena terra

produção

em vasos

26

Fig. 15 - Se os sacos não estão cuidadosamente cheios ocorrem bolsas no seu

interior

Preparação da terra

A terra a ser utilizada para o crescimento das plantas deve ser de boa

qualidade, textura franco-arenosa ou franca e fértil. Tome uma amostra

de terra, molhe-a e se a mistura enrolar na sua mão é porque contém

muita argila e deve ser corrigida com terra arenosa ou areia.

Deve utilizar-se para o viveiro a camada superficial do solo e escolhida

terra de uma área florestal e não a dos campos nus. Utilize um solo

leve com alguma areia. Se as plantas vão ser plantadas directamente

no canteiro para produção em plena terra, a terra deverá ser profunda

(no mínimo 1,5 m) para assegurar uma boa penetração das raízes

e limitar os riscos de asfixia radicular durante a estação chuvosa.

Mistura de terras

Fazer uma mistura destas três componentes:

6 partes de terra fina;

3 partes de terra arenosa ou franca;

1 parte de estrume.

Conforme as características do solo da zona onde se vai implantar

o viveiro e se houver dificuldade no transporte de terras para a preparação

do substrato pode ser seguida a seguinte orientação:

Terra Areia Composto

Solos argilosos 1 2 2

Solos francos 1 1 1

Solos arenosos 1 0 1

Não se esqueça de juntar fungos ou bactérias úteis ao solo (micorrizas).

A forma mais rápida e económica de o fazer é trazer alguns sacos

de terra vegetal rapada de povoamentos bem estabelecidos das espécies

com que se vai trabalhar. No caso das plantações com eucaliptos,

pinheiro patula casuarinas, uma boa forma é a de ir a povoamentos

antigos que não apresentem vestígios de fogos e trazer para o viveiro

alguns sacos com terra superficial desses povoamentos para misturar

com os substratos em preparação.

As condições dos solos onde se vai instalar um viveiro, nomeadamente

os antecedentes do uso da terra, podem justificar a utilização de outras

misturas obtidas de especialistas ou viveiristas. Entre estas condições

estão os solos onde as culturas foram frequentes e esgotantes, solos

frequentemente sujeitos a queimadas, solos ferralíticos no topo

da catena e de cor bastante vermelha (denunciando matéria orgânica

praticamente inexistente) e dificuldade de arranjar adubos. Em certas

áreas dos trópicos nomeadamente no Brasil, país com uma forte

experiência na produção de plântulas florestais principalmente

de eucaliptos e pinheiros para plantações, é corrente o uso das seguintes

misturas para a produção de substratos:

25% de carvão de casca de arroz;

25 de vermiculite fina;

24% de turfa ou terra vegetal bem curtida;

1% de solo vermelho.

bolsas de ar

27

A este substrato acrescentam, por cada m3 de substrato:

Sulfato de amónio - 80g;

Cloreto de potássio - 200g

Superfosfato simples - 4 kg

FTE BR 10 (produto comercial para garantir os micronutrientes)

Idealmente, se houver serviços técnicos de apoio à silvicultura

ou agricultura, deve-se solicitar uma análise do solo que vai ser utilizado

como substrato para ser verificada a necessidade de adubação

suplementar e correcção, nomeadamente do pH, obtendo-se assim

resultados mais satisfatórios no viveiro. Considera-se que toda

a adubação e correcção excessiva, além de anti-económica, se torna

prejudicial devido ao efeito negativo sobre as plântulas. Quanto

à adubação pode-se considerar que seja efectuada posteriormente,

em época oportuna, inclusive com o adicionamento de matéria orgânica.

Em termos indicativos transcrevem-se as necessidades nutritivas dos

principais nutrientes para eucaliptos e pinheiros, que serão as principais

espécies que o projecto vai produzir e disseminar, bem como

a composição dos principais nutrientes existentes nos estrumes dos

diferentes animais domésticos. Esta informação pode ser útil ao viveirista

para suprir a falta de adubos no mercado quando está a preparar

os substratos ou para resolver problemas pontuais de manifestação

de carências nutricionais nas plântulas.

Quadro 4 - Exigências nutritivas médias do solo para a produção

viveirista de eucaliptos e pinheiros

Quadro 5 - Teores médios aproximados de nutrientes no estrume

proviniente de vários animais

Elemento

P

K

Ca

Mg

Mn

Cu

Zn

B

Min.

25

8

20

3

5

1

1,5

0,3

Min.

200

200

20

30

5

Min.

25

10

40

3,5

5

1

1,5

0,5

Min.

200

200

20

30

5

Pinheiros Eucaliptos

Estrume

Vaca

Cabra/Ovelha

Porco

Galinhas

Cavalo

Azoto

(%)

0,35

0,5-0,8

0,55

1,7

0,3-0,6

Ácido fosfórico

(%)

0,2

0,2-0,6

0,4-0,75

1,6

0,3

Azoto

(%)

0,1-0,5

0,3-0,7

0,1-0,5

0,6-1

0,5

A qualidade de um substrato é determinada pelas características físicas

como uma boa drenagem e das características químicas, como um teor

elevado de nutrientes. Um bom substrato para um viveiro é ligeiro,

retém a água mas não fica empapado e não possui ervas infestantes

ou parasitas ou doenças nocivas às futuras plântulas. A matéria orgânica

incorporada é um tesouro valioso porque ajuda a estrutura física

e proporciona nutrientes e ajuda a retê-los sem deixar que sejam

arrastados para fora da terra.

Como boas práticas na preparação de substratos para viveiros florestais

retenha:

É necessário que o substrato para o crescimento das plantas tenha

boas características físicas e químicas e que estas são obtidas por

misturas convenientes de terra e de matéria orgânica (estrume

ou composto bem curtidos);

A junção de micorrizas, ou rizóbium para o caso das leguminosas,

é essencial para garantir um bom desenvolvimento das plântulas

e uma boa sobrevivência após plantação;

Planeie a preparação do composto ou do estrume bastante antes

da data de início da preparação do substrato;

Guarde o composto ou o estrume bem arejado e húmido todo

o tempo.

Evite sempre as más práticas, embora corrente em alguns locais, de:

Queimar a matéria orgânica que se junta ao substrato;

Se usar composto produzido no viveiro nunca junte aos materiais

para fabrico do composto matérias inertes como vidro, plásticos

ou carne de animais.

Peneiramento

A terra utilizada para enchimento dos sacos deve ser peneirada

se contiver calhaus, pedras e sujidades. Utilize uma malha de 0,5 cm.

Fig. 16 - Modelos de peneiras para preparação dos substratos

Encanteiramento

Coloque os sacos bem encostados uns aos outros por forma a formar

um canteiro. Coloque 10 sacos no sentido da largura (nº máximo para

sacos de 10cm de boca) o que perfaz entre 0,8 e 1,0 m. Mantenha

os sacos bem verticais. Para os manter, delimite o canteiro com tábuas,

tijolos, bambu ou pedras.

Fig. 17 - A. bom desenvolvimento das raízes nos sacos arrumados verticalmente;

B. deformação das raízes nos sacos mal arrumados

28

29

Fig. 18 - Preparação e enchimento de sacos num pequeno viveiro comunitário

(Guiné-Conacri)

Sombreamento

As plântulas jovens e frágeis da maioria das espécies precisam de sombra

contra o sol quente, principalmente na altura da germinação.

Cobertura

A cobertura protege igualmente as plantas contra o excesso

de evaporação, a chuva forte, o frio nocturno, o vento, etc.

Se se tratar de um pequeno viveiro comunitário a nível de aldeia faça

a cobertura a partir de materiais locais (palha de gramíneas tecida,

folhas de palmeira, bambu, etc.). Para viveiros de maior dimensão haverá

vantagem de efectuar o sombreamento com tela (filtragem da insolação

- 50%) que possibilita um manuseamento mais fácil e de menor

consumo de mão-de-obra. A cobertura será mais ou menos densa

deixando passar uma luz filtrada.

Fig. 19 - Exemplos de sombreamento com tela de sombreamento suportada

por postes de bambu

Conforme for a necessidade de protecção deve ter em atenção que

se o viveiro estiver demasiado sombreado as plantas ficarão fracas

e amareladas. A cobertura deve ser móvel. A estrutura de suporte pode

ser fixa mas o tecto móvel. Não se retira definitivamente a cobertura

duma vez, mas progressiva-mente para adaptar as plantas ao novo

regime de luz.

A princípio tire o sombreamento uma hora ou duas por dia, de manhã

cedo, ou à tarde quando o sol está baixo e pouco quente. Gradualmente

aumente o período de exposição ao sol até retirar completamente

a cobertura.

tela móvelde sombreamento

Fig. 20 - Exemplos de formas de sombreamento com materiais locais

Altura

Deve ser tal que permita os cuidados culturais das plantas e um bom

arejamento, nunca sendo inferior a 80 cm. Em viveiros de maior dimensão

a altura deve possibilitar a deslocação de um homem sob coberto.

2.7 Os alfobres

Os alfobres são utilizados de acordo com o tipo de árvores que se quer

produzir, disponibilidade de mão-de-obra e disponibilidade e custo das

sementes. Lembremo-nos que a semente certificada tem um custo

elevado. Há por outro lado sementes gradas com sistema radicular

muito sensível que tornam aconselhável a sementeira directa. Já para

os eucaliptos, pinheiros, casuarinas e muitas outras, a utilização

do alfobre é a prática mais aconselhável.

Como regra pode dizer-se que os alfobres devem ser utilizados para

que se possa:

Escolher plantas de dimensão e desenvolvimento uniforme para

a transplantação. Quando a germinação dos grãos é muito heterogénea

as plantas devem ser repicadas constituindo dois grupos da mesma

idade;

Evitar desperdiçar recursos, uma vez que se pode evitar todo

o trabalho de enchimento e sementeira em sacos, quando a germinação

for lenta ou desconhecida a viabilidade germinativa da semente;

Ganhar tempo no desenvolvimento das plantas que vamos plantar,

se existir um atraso no enchimento dos sacos ou tubetes.

De qualquer forma há que garantir que:

As raízes não sofram deformações no acto de repicagem;

As plantas não sejam deixadas muito tempo no alfobre sob pena

do sistema radicular sofrer prejuízos significativos por já estar muito

desenvolvido. Muitas plantas sofrem um choque quando são repicadas

principalmente com repicagens tardias;

Existe pessoal com experiência na repicagem, sem o que a taxa

de sucesso pode ser muito baixa.

Tipos de alfobres

Há dois tipos de alfobres: alfobres temporários e alfobres permanentes.

Os alfobres temporários, em pequenos viveiros, podem ser realizados

com folhas de jornal ou sacos de juta com uma mistura de areia e terra

leve. A germinação em sacos de jornal ou material semelhante

torna-se vantajosa porque se vê imediatamente a germinação,

procedendo-se de imediato à repicagem quando se começa a diferenciar

a raiz aprofundante. Se bem que a prática não seja consensual, entendeu-

se que mesmo para os pequenos viveiros comunitários há formas

de fazer alfobres baratos (veja-se figura 21) e que as vantagens do seu

uso é extensiva a estes.

30

Fig. 21 - Exemplo de um pequeno alfobre feito em caixa de madeira num

pequeno viveiro comunitário (Guiné-Bissau)

Os alfobres permanentes são comummente construídos com blocos

de cimento com 1 m de altura e de 1 a 2 m de largura para conforto

e eficácia dos trabalhadores. É também possível ter tabuleiros construídos

de madeira ou metal com fundo de tela fina para permitir uma boa

drenagem e arejamento. Estes tabuleiros são postos sobre suportes

e oferecem algumas vantagens quanto à manipulação e quantidade

de substrato bem como de flexibilidade de movimentação. No caso

dos alfobres em cimento eles são cheios com uma primeira camada

de calhaus e depois de terra e areia.

Como semear no alfobre

Preparados os alfobres, estes devem ser bem regados com um regador

de crivo fino até que o substrato esteja embebido. Seguidamente,

e para sementes muito pequenas como as dos eucaliptos, mistura-se

a semente com areia ou terra muito fina, para facilitar a sua regular

distribuição. Espalha-se 2,5 a 3 gr de semente (seleccionada) por m2

de alfobre. Deve ser espalhada quando não haja vento e da maneira

mais uniforme possível para evitar que as sementes se aglomerem

só em determinadas zonas do alfobre o que dificultaria posteriormente

a repicagem e aumentaria o número de falhas na operação. Logo

de seguida, cobre-se a semente com uma camada de terra vegetal

peneirada (crivo de 0,5 mm) com a espessura de 2 a 3 mm. Esta operação

é de importância capital para uma boa germinação.

Fig. 22 - Forma de efectuar a cobertura dos canteiros dos alfobres

Tapa-se depois o alfobre com uma esteira de caniço ou de outro materialdisponível.

Fig. 23 - Esteiras de cobertura dos seminários (antigo viveiro do Cuima, 1970)

31

Decorridos 5 a 10 dias as sementes começam a germinar. No pinheiro

este processo decorre normalmente entre 2 a 3 semanas. É então

importante ir-se levantando lentamente, daí por diante, as esteiras,

o que é realizado por dois homens, um de cada lado do alfobre ou com

o auxílio de uma forquilha no meio da esteira.

Durante todo este tempo deve proceder-se a 2 regas diárias, uma logo

de manhã e outra ao cair da tarde, com um regador de crivo fino. Nesta

fase a quantidade de água a usar para as duas regas é de 4 a 5 litros

por m2. O controlo das regas nesta fase é extremamente importante:

demasiada rega poderá levar ao apodrecimento da semente ou ao

aparecimento de fungos (

), que causam a morte das plântulas (“damping-off”) e rega

insuficiente poderá fazer com a semente não germine. Passada uma

semana sobre o início da germinação já é possível retirar as esteiras

durante as horas de menor intensidade do calor ou do frio.

As regas devem continuar a ser realizadas diariamente mantendo-se

habitualmente 2 por dia. Em épocas de particular secura atmosférica,

como sucede na Município de Ecunha mesmo depois do início da época

das chuvas pode vir a justificar-se uma outra rega adicional.

As plantinhas devem permanecer nos alfobres até que atinjam em

média 3 a 5 cm de altura antes da repicagem, isto é, cerca de 60 dias

após a sementeira. As sementeiras para os eucaliptos, as casuarinas

e o pinheiro patula que serão as espécies dominantes da intervenção

junto das populações no Município de Ecunha antecedem a plantação,

em geral 4 a 5 meses, tempo no qual as plantas deverão ter atingido

uma altura de 15 a 25 cm.

Como repicar correctamente

A repicagem é uma operação difícil e que requer prática. É preciso por

isso, uma supervisão atenta à forma de proceder e uma revisão ao

estado das plantas para se ter a garantia de que o sistema radicular não

está comprometido. Isto requer prática e supervisão amiudada,

principalmente na fase inicial de um viveiro. Sem que as instruções

dispensem a prática, tenha atenção ao que são as boas e más práticas

da repicagem.

Boas práticas

deite fora todas as plantas que lhe parecem doentes ou enfra-

quecidas;

repique quando surgir a raiz aprofundante ou quando as plantas

têm cerca de 5 cm. No caso das espécies que se pretendem utilizar:

eucaliptos, pinheiros ou casuarinas esta altura deve atingir-se cerca

de 60 dias depois da sementeira;

regar bem o alfobre na noite anterior à repicagem;

Fig. 24 - A rega feita na véspera é a primeira actividade da operação de repicagem

assegurar que o local para onde as plantas vão ser transplantadas

está bem sombreado antes de começar a repicagem;

utilizar uma espátula de lâmina estreita ou uma haste de madeira

para aligeirar a terra à volta da plântula. Proceda de acordo com

as figuras;

32

Fig. 25 - Criando espaço para poder retirar a plântula sem a ferir

levantar as plântulas segurando pelos cotilédones ou pelo caule

junto à base e sem comprimir o tronco porque este é muito frágil;

em dias muito ensolarados repicar de manhã cedo ou à tarde;

pôr as plântulas retiradas do alfobre imediatamente em água assim

que saem do alfobre;

preparar com uma haste de madeira um buraco na terra do saco

(tenha cuidado para que o buraco fique no centro do saco)

assegurando-se que ele é suficientemente fundo e largo para acomodar

as raízes da plântula a transplantar;

cortar com uma tesoura bem afiada as raízes longas e muito

ramificadas para se assegurar que elas se dirigiram para baixo;

colocar suavemente e bem verticalmente a planta no buraco

deitando terra à volta das raízes e começando pelo fundo do buraco,

seguindo-se o calcamento suave do solo à volta da planta com

o dedo para assegurar que a terra fica junto das raízes e não deixa

bolsas de ar;

Actuação correcta Actuação incorrecta

Fig. 26 - Colocação correcta da plântula no vaso após repicagem

regar bem os sacos ou outros recipientes usados no plantório

imedia-tamente depois da plantação ou o mais tardar uma hora

depois da repicagem.

Actuação correcta Actuação incorrecta

Fig 27- Bom posicionamento da plântula no vaso

33

Más práticas a evitar

esperar que as plântulas estejam grandes e com raízes compridas;

repicar as plântulas ao sol e sem as regar;

sombrear as plantas depois da repicagem;

repicar sob sol directo e quente;

transplantar plântulas enfraquecidas;

transportar as plântulas na mão ou num recipiente seco;

permitir que fiquem raízes viradas para cima quando se colocam

nos sacos;

deixar bolsas de ar nas raízes, o que as vai fazer morrer.

3. AS SEMENTES

3.1 A selecção das espécies

Um programa de arborização tem como primeiro ponto de partida

a selecção das espécies a promover, se bem que esta seja uma etapa

muita vezes negligenciada por um número significativo de viveiristas.

As árvores de certas espécies não podem crescer em qualquer lugar

e nem todas as espécies fornecem o mesmo tipo de produtos e serviços.

Se por exemplo, o objectivo é produzir madeira para produção de energia

e se plantar uma espécie de rápido crescimento mas de madeira leve,

estamos a defraudar as expectativas da comunidade que se dispôs

a fazer a plantação. Quando não se conjugam as exigências ecológicas

e sócio-económicas das plantações com a estação de plantação,

o impacto da plantação de árvores pode ser muito limitado. Deve-se

ter em atenção que a selecção é muito similar à escolha das espécies

ou variedades agrícolas, ou seja, as necessidades do agricultor

e as condições ecológicas do local de plantação devem ser consideradas

em conjunto.

Por que é que a selecção das espécies é importante?

Há muitas espécies lenhosas mas somente um pequeno número delas

pode satisfazer as necessidades do agricultor e as exigências da ecologia.

É por isso imprescindível que se auscultem as expectativas dos agricultores

antes de começar a produzir plantas no viveiro porque sendo os recursos

escassos, não é possível trabalhar com todas as espécies de árvores que

são capazes de vegetar com sucesso em determinada região. Se escolher

uma espécie menos desejável muito provavelmente perde recursos

valiosos e tempo.

Que atributos deve considerar quando escolhe uma espécie

Os atributos a analisar incluem:

Escolher espécies que satisfaçam uma ou várias necessidades

do agricultor ou da comunidade;

Seleccionar espécies que sejam aptas para as condições ecológicas

da região;

Seleccionar sempre mais do que uma espécie. Assim pode oferecer

à comunidade várias espécies para o mesmo propósito;

Seleccionar espécies cujas boas qualidades do material de plantação

estejam disponíveis ou possam ser produzidas num período razoável.

Deve considerar a ordem de listagem como sendo hierárquica.

As condições ecológicas da região a que se destinam as plantas

produzidas no viveiro podem ser adequadas a uma extensa lista

de espécies pelo que a selecção deve ser feita e ordenada em função

das preferências sócio-económicas, tendo em consideração

as necessidades de diversidade para que se consigam minimizar

os riscos ecológicos e biológicos.

É muito importante que a selecção das espécies a utilizar seja realizada

em conjunto com as comunidades e que os processos de selecção

sejam consensuais.

34

3.2 A informação necessária

Quando, como sucede numa grande extensão como o planalto onde

as espécies nativas típicas do miombo são de pouca qualidade para

a indústria madeireira, não são ricas em PFNL (Produtos Florestais Não

Lenhosos) e são de crescimento lento, não sendo capazes de dar resposta

às necessidades crescentes de lenhas e materiais de construção

ou materiais susceptíveis de alimentar a indústria de produtos lenhosos,

é necessário recorrer a espécies exóticas como são os eucaliptos, certos

pinheiros tropicais, as casuarinas e cupressos. Tratam-se de espécies

introduzidas há muitos anos e com boa adaptação em termos

de crescimento e de aceitação pelas populações mas é importante que

o viveirista tenha consciência que essa informação não é suficiente

para construir as bases para a melhor decisão sobre onde recolher

e que encomendas fazer. Na verdade é necessário, para além dos aspectos

anteriormente considerados, que os responsáveis pelos projectos

de arborização de que o viveiro é uma componente, disponham

de informação de natureza técnica, não só quanto à produção de plantas

para a plantação mas também de informação económica referente

às redes de fornecimento de sementes, sua fiabilidade e que apoie

a organização de uma actividade credível de fornecimento de sementes

a nível regional ou local.

Na vertente técnica um dos elementos de informação que deve constituir

uma área prioritária do organismo que tutela a investigação é o da

origem das sementes, que devem ser cuidadosamente identificadas

e seleccionadas. Na verdade esta questão pode representar o sucesso

ou insucesso futuro do esforço de plantação. O estabelecimento

das fontes apropriadas de origem seminal é a base essencial para

a produção de material de qualidade e para a própria rendibilidade

futura da plantação. As melhores fontes de semente nem sempre são

as mais próximas, as de recolha mais fácil ou as mais baratas. Não

estando este manual fundamentalmente direccionado para os aspectos

práticos, é importante que o viveirista esteja minimamente familiarizado

com noções simples sobre a importância da qualidade genética

das espécies e para a sua importância.

Onde estão as melhores fontes de produção de sementes?

As melhores fontes de produção de sementes para determinada região

devem satisfazer um certo número de critérios em termos do número

de árvores onde se faz a recolha bem como da qualidade das árvores

mães. Geralmente os critérios para a escolha das áreas de onde devem

provir as sementes incluem:

Situarem-se em zonas ecológicas semelhantes àquelas que vão ser

arborizadas;

Existência, na zona de recolha, de árvores bem polinizadas;

O número de árvores que constitui a população de colheita de

sementes suficientemente grande para garantir uma boa diversidade

genética nas plantações;

As árvores na região de colheita de sementes são sadias e o seu

crescimento é bom;

A acessibilidade e a segurança da fonte de produção são apropriadas.

O alerta quanto a estas questões importantes para orientar os respon-

sáveis pela produção de plantas, exige dos fornecedores um perfeito

conhecimento dos itens enunciados e o registo e acompanhamento

da performance das plantas em plantação de acordo com as respectivas

origens. Para situar a importância destes aspectos tenham em atenção

que, por exemplo, em relação ao , os ensaios

de proveniência realizados na Nigéria revelaram diferenças de produção

de 1 para 2,7.

3.3 A recolha das sementes

Se não dispuser de sementes certificadas deve escolher sempre

as árvores com melhor porte e com tronco mais rectilíneo para recolher

as sementes.

35

As boas sementes produzem boas árvores. As sementes provenientes

de uma árvore de tronco rectilíneo, bem conformado e vigoroso,

produzem geralmente árvores direitas e vigorosas.

Fig. 28 - Importância da qualidade da semente

Além destes aspectos quanto à hereditariedade é imperativo que

o responsável pela recolha de sementes tenha em consideração que

é importante lembrar-se que não chega pensar só numa árvore de boa

qualidade mas sim que essa árvore deve estar rodeada de outras árvores

de boa forma e qualidade. Não se deve esquecer que a árvore, para

produzir sementes, é fecundada e as sementes recebem as características

dos dois genitores. Se um é uma má árvore as sementes herdam

em proporção variável essa má característica.

Fig. 29 - Quando a árvore mãe está rodeada de outras árvores de qualidade,

a descendência herdará também essas características

Critérios de selecção

A selecção de árvores mãe e a sua configuração variam conforme

for o fim pretendido. Assim, conforme a utilização pretendida, tenha

atenção as seguintes características das árvores mãe:

Para madeira de obra

Tronco de forma rectilínea;

Altura acima do solo e diâmetro do tronco acima da média;

Copa uniforme sem ramos abundantes e grossos ou sem um tronco

duplo;

Resistência aos insectos e doenças;

Madeira de boa qualidade;

Árvores maduras produzindo boas quantidades de semente.

36

Escolha este sementão

Não escolha este

Para árvores destinadas à produção de forragem ou sebes vivas

Crescimento rápido;

Elevada produtividade de folhagem e vagens;

Grande facilidade de rebentação de ramos e toiças;

Elevado valor nutritivo das folhas e vagens;

Copas frondosas com muitos ramos;

Troncos múltiplos;

Árvores maduras produzindo boas quantidades de semente.

Para plantações energéticas (produção de lenhas ou carvão)

Alto valor calórico;

Crescimento rápido;

Facilidade de rebentamento por toiça.

Para árvores utilizáveis para a produção de fruto

Frutos abundantes, doces e grandes;

Copa uniforme com ramos baixos;

Crescimento rápido;

Resistente a insectos e doenças;

Árvores que quando maduras produzem grande quantidade

de semente.

Quais as principais fontes de colheita de semente

Há quatro principais tipos de fontes de produção de semente:

Floresta natural: populações arbóreas ocorrendo naturalmente

na floresta natural e demarcadas para a produção de semente;

Plantações existentes em matas públicas ou privadas e demarcadas

para a produção de sementes;

Pomares de sementões: Talhões que foram plantados por via

seminal ou enxertia em blocos destinados especificamente para

a produção de sementes;

Propagação vegetativa de plantas: Trata-se de multiplicação

assexuada de plantas através do enraizamento de estacas, enxertia

ou micropropagação.

Boa árvore para Má configuração para Boa configuração para

a produção madeireira a produção madeireira a produção forrageira

Fig. 30 - Configurações de boas e más características arbóreos para alguns fins

O que necessita saber antes de colher a semente?

Antes de começar qualquer trabalho de colheita procure saber se existe

informação escrita ou conhecimento local sobre as espécies de que

pretende semente, porque essa informação pode poupar-lhe dissabores

posteriores e insucessos não previstos. Proceda também a uma verificação

no terreno sobre a floração e sobre a frutificação. Os aspectos para

os quais deve estar atento são:

Análise do períodode floração;

Distribuição da floração entre as árvores;

A expectativa da quantidade de semente que pode ser colectada;

O grau de maturidade da semente;

A ocorrência de pestes ou doenças nas flores ou nos frutos.

37

Não se esqueça de ter consigo um plano detalhado da colecta de sementes

que pretende. Em termos logísticos, deve ter em consideração:

A acessibilidade da fonte das sementes que pretende e as necessi-

dades de transporte necessárias;

O tipo de equipamento e os materiais que necessita para a colheita

e pré-tratamento necessário para garantir que a semente chega

ao viveiro em boas condições. Como equipamento considere ganchos,

tesouras e podoas de poda com haste extensível.

Fig. 31 - Exemplos de equipamento simples utilizado para colheita de sementes

Tenha em atenção a necessidade de juntar a equipa de recolha em

função do tipo de semente, grau de dificuldade e método de colecta.

As características que devem ser consideradas na escolha dos sementões

são:

Árvores sãs e bem desenvolvidas de copas bem conformadas;

Para árvores para madeira procure árvores de troncos direitos

e com poucos ramos;

Árvores reconhecidas de boa madeira (densidade elevada e fio

recto);

Para árvores destinadas ao uso forrageiro, que sejam de gosto

agradável e que os animais apreciem;

Para as árvores destinadas à produção de frutos uma ramagem

baixa será aconselhável para a recolha do fruto. Este deve ter um

gosto agradável, os frutos polposos e de deterioração lenta;

Para qualquer das situações devem apresentar pouca suscep-

tibilidade a pragas e doenças;

Colha somente sementes grandes, sãs e maduras. Evite recolher

as primeiras e últimas sementes da estação porque elas são geralmente

de má qualidade. Colha sementes pelo menos em 30 árvores.

Logo que colha os frutos assegure-se que o faz sem estragar a árvore.

Seleccione só os raminhos. Nunca recolha frutos cortando os ramos

principais da copa ou o eixo principal.

Quando devo colher a semente?

A colheita deve ter lugar quando a maioria (>60%) da semente está

madura na mata escolhida.

Quando se sabe que a semente está madura e em condições

de colheita?

Usa-se o indicador conhecido por sistema de classificação da maturação

das sementes. Para o determinar observe as mudanças de cor dos frutos.

Por exemplo as vagens podem mudar de verdes para amarelo

ou castanho quando amadurecem e as pinhas podem mudar de verde

para castanho.

38

Quadro 6 - Sistema de classificação do estado de maturação

das sementes

Retire amostras de pelo menos 100 sementes ou frutos apanhados

casualmente e execute sobre eles o teste de corte para examinar

as condições interiores da semente. Analise o estado de desenvolvimento

ou maturidade e a ocorrência de insectos ou fungos nos frutos. Uma

semente madura tem um embrião firme enquanto uma semente imatura

tem um embrião ou endosperma leitoso. Numa leguminosa a semente

está usualmente madura quando nos for impossível esmagá-la entre

o polegar e o indicador. O teste de corte também pode ser utilizado

para estimar o número de sementes maduras por fruto.

3.4 Extracção das sementes

Para os vários tipos de frutos existem diferentes métodos apropriados

para a extracção das sementes.

Frutos secos indeiscentes

Semea directamente as sementes tal como ocorrem.

Ex. Caju, girassonde, teca, neem

Vagens indeiscentes, cápsulas

Extraem-se as sementes por quebra e divisão dos frutos.

Os mesmos podem ser pilados, por vezes após imersão

em água. Ex. Prosopis juliflora

Cápsulas lenhosas

As cápsulas lenhosas colhem-se quando ainda se

encontram ligeiramente verdes. Deixam-se a secar

ao ar sob coberto após o que os frutos abrem e libertam

as sementes que se podem separar por peneiração.

Ex. Eucaliptos e Casuarinas

Frutos polposos

As sementes estão incluídas num fruto polposo

indeiscente. Após a extracção as sementes são postas

em água para provocar a maceração da polpa. Após

2-3 dias de imersão espremem-se os frutos, retira-se

a polpa que envolve as sementes que se deixam secar

ao ar sob coberto. Ex. loengo, palmeira do azeite

Cápsulas e vagens deiscentes

Os frutos e vagens deiscentes são desgranados manual-

mente. Ex. Acacia mangium, Cassia, Brachystegia

39

Classificação do grau

de maturação

da cultura (%)

0

10-30

40-60

70-90

100

Descrição

da cultura

Nenhuma

Pobre

Média

Boa

Plena

Observações

Inexistência de árvores produtoras

de sementes

Frutos em algumas árvores de bordadura

e em poucas árvores dominantes

no interior da parcela

Frutos na maior parte das árvores

de bordadura e nas árvores dominantes

no interior da parcela

Quase todas as árvores da parcela

apresentam frutificação (excepto

as dominadas)

Todas as árvores apresentam frutificação

(excepto algumas árvores dominadas)

O método de extracção das sementes varia muito consoante o tipo

de fruto.

No entanto o guia geral a que o técnico deve atender é:

a) Logo que chegadas ao local da preparação das sementes, estas devem

ser imediatamente retiradas dos sacos e postas em camadas estreitas,

esperando o tratamento em locais bem ventilados, umas vezes

em tabuleiros afastados do solo ou em terraços de cimento ou asfaltados,

evitando a humidade e a presença de roedores.

Deve-se procurar secar rapidamente, arejando as sementes ou os frutos

e provocando-lhes uma transpiração forte. Se se deixa em monte

ou em camada espessa, não se dá a evaporação, a massa fica húmida

originando fermentações com aquecimento ligeiro, podendo originar

o desenvolvimento de fungos que prejudicam a qualidade das sementes.

A espessura das camadas varia com as espécies bem como a frequência

da mexida dos frutos ou das sementes. Admite-se que para pinhas

ou sementes como as de girassonde e frutos carnudos, uma camada

de espessura de 20 cm é suficiente, com uma mexida diária. No caso

das pinhas dos Pinus, uma espessura de 40 cm com mexida 2 vezes por

semana é suficiente. Em princípio há interesse em encurtar ao máximo

este período de espera precedendo à preparação rápida das sementes.

Resumindo, após a colheita dos frutos as operações de beneficiamento

das sementes são:

a1) frutos secos deiscentes - os frutos são colocados para secar

em camada fina, em encerados, pisos de cimento ou barracões abertos;

a2) frutos carnudos - remoção da polpa para evitar a decomposição

e danos à semente. Para pequenos lotes, como será naturalmente

o caso do “loengo”, a remoção da polpa é feita manualmente.

Alguns autores aconselham para os frutos carnudos a maceração, seguida

da acção da água corrente nestes frutos sobre uma peneira. Para estes

frutos também se pode usar hidróxido de potássio nas concentrações

de 1 e 1,5% para o despolpamento (ex: loengo, palmeira do azeite -

).

Algumas espécies podem ser secas à sombra e outras ao sol sem prejuízo

da qualidade e da extracção.

A secagem realizada em estufas tem a vantagem de ser mais rápida

em função do controle da temperatura. O processo mais simples para

quantidades moderadas consiste em recorrer a estufas correntes com

circulação de ar quente.

Após a extracção muitas sementes precisam de ser limpas das suas asas

membranosas e impurezas convindo para o efeito recorrer a material

especial. Esta limpeza é importante pois reduz o volume a armazenar

e transportar. A separação das sementes é realizada geralmente por

peneiras e jactos de ar se os montantes de semente a manipular forem

significativos.

A extracção de grandes quantidades à escala industrial requer

aparelhagem apropriada. Em termos meramente informativos, pela sua

falta de aplicabilidade na fase actual da actividade de florestação

em Angola, referem-se as fases do processo:

1 Secagem prévia em virtude das sementes muito húmidas serem

mais facilmente danificadas pelo calor. As sementes são colocadas

em eiras, locais abrigados e arejados, onde se processa uma dissecação

progressiva como convém. O tempo desta secagem prévia é variável

com as espécies e pode durar um mês. Nesta primeira fase é preciso

evitar que os roedores provoquem quebras nas sementes.

40

2 Secagem - É utilizada para aqueles frutos que abrem mal ou só

abrem parcialmente na fase anterior, sobretudo se o tempo estiver

fresco e húmido. Nestas circunstâncias faz-se passar pelos frutos uma

corrente de ar quente e seco. Há vários tipos de secadores sendo o mais

simples o que possui prateleiras, com grades animadas de movimento

e que são atravessadas pelo ar quente que entra pela parte inferior

saindo pelos orifícios da parte superior, onde se colocam os frutos.

À medida que os frutos vão secando as prateleiras vão sendo retiradas.

3 Separação das sementes - As prateleiras do secador têm

movimentos horizontais separando-se as sementes dos frutos

em consequência de tais trepidações. As sementes caiem através dos

orifícios das prateleiras acumulando-se na prateleira inferior que é fixa.

Os frutos que abrem mal são recolhidos voltando ao secador. As

sementes que não são extraídas por vibração são-no através de um

aparelho complementar.

4 Separação das asas membranosas - Para se atingir tal objectivo

utilizam-se pás, as quais separam as asas. A velocidade tem de ser

regulada por forma a que nem o calor resultante da fricção nem as pás

danifiquem as sementes.

5 Limpeza da semente - Esta operação tem muito interesse embora

se revista de certas dificuldades técnicas. Nos casos mais simples podem

usar-se tararas agrícolas, havendo noutros casos necessidade de recorrer

a aparelhagem especial. Tendo em atenção as diferenças de peso

específico das impurezas e da semente e as diferenças de forma

e dimensões, usa-se frequentemente para o efeito, uma corrente de ar

que atira a alturas diferentes as impurezas e as sementes.

No caso de frutos carnudos a maceração destes frutos é realizada em

maceradores que funcionam com os frutos colocados em água sendo

depois as sementes separadas das polpas e secas.

3.5 Selecção das sementes

Quando as sementes são extraídas deve-se imergi-las num recipiente

com água.

Imersão em água

Retirar as sementes que flutuam e que não prestam. Lance-as fora.

As sementes boas ficam retidas no fundo. Retire as sementes boas

e seque-as ao ar sob coberto. Seleccione as sementes que têm uma

forma regular, com boa configuração e de maiores dimensões.

3.6 Conservação das sementes

O ideal seria semear as sementes imediatamente após colheita.

Mas isso é difícil ou impossível para uma grande maioria de espécies

porque a data de sementeira depende da data do período de plantação

e da altura que pretendemos para as plantas a colocar na terra.

Assim, as sementes cuja maturação só se verifique, por exemplo,

em Junho, devem ser conservadas até à data de sementeira no viveiro.

Algumas sementes contudo, perdem a sua faculdade germinativa muito

rapidamente (Ex. neem) pelo que é necessário utilizá-las o mais depressa

possível.

Para os outros casos há razões que justificam a conservação das sementes,

tais como:

1 Manter a semente em condições tais que conserve o seu poder

germinativo durante o período que medeia entre a colheita e a se-

menteira.

2 Proteger as sementes contra os roedores, aves e insectos, fugindo

à época de sementeira Outonal naqueles casos em que os frutos

amadurecem nesta época e exista exposição da sementeira a estes

predadores. Isto acontece com frequência nas zonas de clima

mediterrâneo, daí fugir-se à sementeira Outonal realizando-a nos fins

de Inverno princípios de Primavera o que diminui o risco de quebras.

41

Teor de humidade

da semente

Acima de 40-60%

Acima de 18-20%

Acima de 12-14%

Acima de 8-9%

Consequências

A semente germina

Aquecimento da semente

Crescimento de fungos na semente

Aumenta a actividade e reprodução dos insectos

42

3 Por vezes a semente tem de ser transportada a distâncias grandes

para locais onde a boa época de sementeira não coincide com a época

de maturação dos frutos.

4 Finalmente, pode ser necessário conservar as sementes obtidas

em ano de boa produção seminal para satisfação das necessidades nos

anos de má ou nula produção seminal.

Os factores mais importantes a que o viveirista tem de ter em atenção

para a conservação de sementes são: a temperatura e a humidade.

Temperatura

Temperaturas relativamente baixas são mais favoráveis do que

temperaturas elevadas. A temperatura ideal varia muito consoante

a espécie e dentro desta com a origem, sendo em qualquer caso mais

conveniente uma temperatura uniforme do que temperaturas variáveis.

No entanto, a conservação em frigorífico a 3-5°C é a mais utilizada.

Baixas temperaturas mantendo vivas as sementes evitam o ataque

de insectos e fungos.

Algumas sementes conservam-se bem à temperatura ambiente, caso

de certas rosáceas, eucaliptos, tílias e sementes duras ou nozes. A maior

parte destas sementes requer humidade antes da germinação

e de um tratamento especial, caso das acácias, cuja germinação

é facilitada pelo escaldão.

Teor de humidade

A acção do teor de humidade sobre a conservação das sementes é mais

importante do que a temperatura, sendo no entanto de mais difícil

controlo. De facto, não é fácil controlar de modo preciso o teor

em humidade sem ser em laboratório.

A redução do teor de humidade da semente em algumas espécies como

Araucaria, Acer, Citrus, entre outras, origina a perda de viabilidade, pelo

que devem ser armazenadas com uma percentagem elevada de humidade

a baixas temperaturas para retardar a sua deterioração.

A experimentação tem mostrado que elevados teores de humidade

causam ou favorecem a elevação da temperatura das sementes

em consequência dos processos respiratórios, aumentam

a susceptibilidade da semente a injúrias térmicas durante a secagem,

propiciam uma maior actividade de microrganismos (principalmente

fungos) e a maior actividade de insectos durante o período

de armazenamento. Acresce que a humidade aumenta substancial-

mente a actividade fisiológica de microrganismos e insectos como

se mostra no quadro que se segue.

Quadro 7 - Relações entre o teor de humidade e a deterioração

da semente

Adp. de POPINIGIS, 19762

43

Quanto às sementes de , vários estudos efectuados

mostraram que a percentagem de germinação decresce com o aumento

da humidade relativa a partir de 40% e com o tempo de armazenamento.

As sementes desta espécie bem com as da , mantidas em

ambientes com humidade relativa inferior a 40%, mantiveram o poder

germinativo ao fim de 270 dias. Recomenda-se o armazenamento

de sementes de em ambientes com humidade relativa

entre 20 e 40% em embalagens permeáveis à humidade e a temperaturas

de 20°C.

Em termos de orientação geral (não se deve esquecer que para cada

espécie há um teor de humidade óptima que é determinado

em laboratório) e caso não haja informação disponível, pode considerar-

se a regra prática de Harrington em que para cada 1% de aumento

de humidade, a longevidade da semente é reduzida para metade. Esta

regra é válida para teores de humidade entre 5 e 14%. Abaixo de 5%

a velocidade de deterioração pode aumentar devido à auto-oxidação

de certas substâncias de reserva. Acima de 14% o desenvolvimento

de fungos prejudica o poder germinativo.

Como regra pode ainda dizer-se que nas sementes que devem ser

conservadas secas, um teor elevado de humidade elevado e temperaturas

altas causam maiores prejuízos do que as temperaturas baixas.

Entretanto, na conservação pelo frio, as sementes que devem ser

conservadas secas perdem grande parte da sua eficiência se não forem

colocadas em recipientes herméticos que mantenham o teor de humidade

constante. As flutuações deste teor são mais nocivas do que as flutuações

da temperatura.

Métodos utilizados para controlar o teor em água

Uma simples secagem ao sol, ao ar livre, num quarto aquecido ou numa

sala de extracção é o meio mais simples para reduzir o teor de humidade

antes da conservação em recipiente hermético. Se não se dispuser

de uma estufa com controlo automático de temperatura e humidade

podemos recorrer a métodos simples e o recurso a substâncias

higroscópicas actuando num recinto fechado onde se colocam

as sementes. É muito eficaz a utilização de cal isenta de humidade

devendo existir o cuidado de não dissecar em demasia as sementes.

Utiliza-se nestes termos uma certa quantidade de óxido de cálcio para

uma dada quantidade de semente.

Para controlar o teor em água nas sementes também se utiliza o gel

de sílica. O gel ou o óxido de cálcio devem ser isolados das sementes

recorrendo, por exemplo, a redes metálicas. Embora o óxido de cálcio

seja mais barato, a sílica oferece uma certa vantagem porque uma

mudança de cor mostra que esta já perdeu a sua eficácia recorrendo-

se à sua posterior secagem para a sua recuperação.

Qualquer que seja o produto utilizado quando se atinge o teor desejado

o recipiente deve ser tal que não haja alteração no nível alcançado.

O melhor método consiste em utilizar caixas de vidro tapadas com

rolhas de cortiça parafinada ou de cera ou ainda com películas plásticas.

Um bidão hermeticamente fechado também serve para o mesmo efeito

e é bastante utilizado. Para as sementes que precisam de ser conservadas

secas, a utilização generalizada em sacos vulgares ou recipientes

em caves frias e húmidas constitui um mau método.

Devem preferir-se as sementes frescas, embora as qualidades

das mesmas dependam menos da sua idade do que as das condições

de conservação. Quando a semente se começa a deteriorar, a viabilidade

decresce rapidamente se as condições forem desfavoráveis. Isto explica

as bruscas deteriorações nas sementes conservadas por largos períodos,

mesmo nas melhores condições, quando são retiradas do ambiente

de conservação e colocadas em condições desfavoráveis de temperatura

e humidade, nomeadamente se estes factores apresentarem flutuações.

Assim após um período de conservação mais ou menos prolongado

as sementes devem ser prontamente utilizadas.

De qualquer forma as sementes conservadas em recipientes herméticos

e pelo frio devem ser levadas à temperatura ambiente antes da abertura

dos recipientes, por forma a evitar a condensação de humidade sobre

os grãos frios.

Caso seja necessário proceder ao respectivo transporte (situação

habitual), as sementes podem ser empacotadas sob a temperatura

de conservação em embalagens estanques à humidade, por forma

a não se alterar o teor de humidade.

Processos de conservação a seco

a) Conservação sem controlo da temperatura e humidade.

É o método mais simples e antigo que consiste em conservar a semente

em montes, sacos, ou caixas. No entanto, não pode ser utilizado para

sementes de valor nem para prazos longos.

b) Conservação a seco em recipientes herméticos

Este método é bastante económico e dá resultados bastante

interessantes, particularmente com a adição de desidratantes.

c) Conservação a seco pelo frio em recipientes herméticos.

É o melhor método de conservação prolongada. As temperaturas mais

vulgares são 0°-5°C. É um processo mais caro pois obriga a frigoríficos

ou câmaras frigoríficas.

Processos de conservação em meio húmido

a) Estratificação

Consiste em dispor camadas alternadas de semente e areia, cortiça,

serradura, turfa, musgo ou folhas. É muito importante que as sementes

não fiquem apertadas para que se dê um bom arejamento e as sementes

não aqueçam. A quantidade de material a juntar deve ser igual

ou superior ao volume das sementes.

É um processo que se utiliza muito com sementes de nogueira,

castanheiro, carvalho, faia, freixo, acer, ulmeiro, pinheiro, etc.

b) Conservação em água corrente

Emprega-se normalmente com sementes de grandes dimensões, sendo

as mesmas colocadas dentro de recipientes furados de modo a permitir

a circulação da água.

3.7 Pré-tratamento das sementes

A maioria das sementes germina sem problemas quando lhes são dadas

as condições ambientais favoráveis. Contudo, nem sempre se dá esta

germinação, geralmente porque um factor é desfavorável: insuficiência

de água, falta de temperatura, ou outra. Há sementes contudo, que

apesar de terem todas as condições necessárias para uma boa germinação

não germinam, sendo então denominadas por "dormentes".

Na natureza há vantagens e desvantagens na dormência das sementes

de certas espécies:

Vantagens

As plantas passam o inverno na condição de semente;

Evita que os embriões continuem a crescer e germinem ainda

na planta diminuindo as probabilidades de sobrevivência no solo.

Desvantagens

São necessários longos períodos para que um lote de sementes

supere a dormência (condição fundamental para se obter uma

germinação uniforme);

A germinação distribui-se no tempo;

Contribui para a longevidade das plantas invasoras;

Interfere no programa de plantio;

Dificulta a avaliação do valor germinativo da semente.

Existem vários mecanismos que podem originar a dormência

nas sementes nomeadamente a dormência primária e a dormência

secundária.

44

Na maioria dos casos a dormência já se encontra instalada por altura

da colheita ou do desenvolvimento da semente. Diz-se nestes casos

que se trata de uma dormência primária. Algumas vezes esta é superada

pelo simples armazenamento da semente seca por algum tempo,

geralmente não muito longo. Deste modo, logo após a colheita

as sementes não germinam mas, passado o período de armazenamento

passam a germinar. É a este tipo que se designa por "dormência

de pós-colheita".

Noutros casos, nalgumas espécies, as sementes que germinam

normalmente podem ser induzidas a entrar em estado de dormência

se forem mantidas algumas das condições desfavoráveis, sendo então

designado por "dormência secundária".

adp: LOGMAN e JENÍK (1987)3

Este tipo de dormência é consequência de serem dadas à semente

todas as condições favoráveis para a sua germinação excepto uma,

por exemplo a escuridão para germinar (semente de ,

cuja germinação é inibida pela luz).

No quadro que se segue listam-se as principais formas que a dormência

assume e alguns exemplos referentes a espécies tropicais.

Em termos sumários os diferentes tipos de dormências descrevem-se

assim:

Quadro 8 - Germinação e dormência em espécies florestais tropicais

Exemplos

Ceriops; Dryobalanops aromatica; Pithcellobium racemosa; Rhizophora

Cacaueiro; muitas Dipterocarpus; Mora excelsa

Azadirachta indica; Nauclea latifolia; Securinega virosa

Delanoxis regia; Enterolobium cyclocarpum; Leucaena sp.; Ochromalagopus; Parkia sp.

Elaeis guineensis

Cecropia; Clorophora excelsa; Macaranga; Musanga; Piper; Trema;Harungana madagascarensis

Ochroma lagopus; Heliocarpus donnellsmithii; Phytolacca icosandra

Tomateiro

Requisitos

nenhum

nenhum

a passagem pelo intestino dosanimais remove alguma dormência

água destruir o pericarpo e deixarembeber em água

depois de amadurecera temperaturas relativa-mente altas

quantidades específicas de luzde certos comprimentos de onda

regimes específicos de temperatura

lavagem de inibidores solúveis emágua

entrada de oxigénio

alterar o balanço hormónico

dar tempo para o desen-volvimentodo embrião

Classe

Vivíparas

Directa

Indirecta

Seca dormentes(sementes duras)

Dormentes(sementes embebidas)

Tempo

Antes

Imediata

Adiada

45

46

a) embrião imaturo ou rudimentar

Neste caso o embrião não se encontra completamente desenvolvido

quando a semente se solta da planta (embrião imaturo). Assim, quando

estas sementes são postas a germinar, a germinação é retardada

até ao embrião completar a sua diferenciação ou crescimento, através

de modificações anatómicas e morfológicas adicionais. Este tipo

de dormência ocorre principalmente nas

e nalgumas espécies de Ranunculaceae.

b) impermeabilidade à água

A dormência resulta do tegumento impedir a absorção de água (secas

dormentes). A ruptura desta protecção seguida da embebição é necessária

para dar início ao processo germinativo. Este tipo de dormência ocorre

principalmente nas leguminosas, em muitas espécies florestais e nalgumas

espécies das famílias das

. Contudo, dentro do mesmo lote pode haver

sementes permeáveis e impermeáveis pelo que algumas sementes

germinam imediatamente e outras não. Alguns investigadores acreditam

que a estrutura responsável pela impermeabilidade do tegumento

é a camada de células em paliçada, de paredes espessas e cobertas

externamente por uma camada cuticular cerosa.

c) impermeabilidade ao oxigénio

Este tipo de dormência dá-se quando as estruturas como o pericarpo,

o tegumento e as paredes celulares, dificultam as trocas gasosas.

Esta causa de dormência é encontrada em muitas espécies de .

Nestas situações, a germinação é conseguida retirando ou danificando

as cariópses por escarificação, cortes, remoções, tratamento com ácidos

ou colocando-as em condições de alta tensão de oxigénio.

d) embrião dormente

Caracterizado por ser o próprio embrião a razão da dormência, sendo

resultado de condições fisiológicas no embrião ainda não esclarecidas.

As sementes enquadradas neste tipo de dormência apresentam exigências

especiais quanto à luz e resfriamento ou mesmo indutores químicos

para superar a dormência. Este tipo de dormência é normalmente

resolvido por processos de estratificação ou pré-arrefecimento que

consistem em humedecer a semente e submetê-la a baixas temperaturas,

pouco acima de 0°C, por períodos que variam com as espécies.

O tratamento da semente com ácido giberélico pode substituir

a estratificação.

e) combinação de causas

A presença de uma causa de dormência numa semente não elimina

a possibilidade de outras estarem também presentes. Quando tal sucede

serão necessárias combinações de tratamentos para eliminar as condições

de dormência. Naturalmente que o método a ser empregue para eliminar

a dormência depende do tipo da mesma, pelo que seguidamente

relacionamos alguns dos procedimentos utilizados.

3.8 Preparação das sementes

Para germinarem, as sementes devem estar perfeitamente desenvolvidas

(colhidas de frutos maduros) e conservar a faculdade germinativa.

A necessidade e o método de preparação variam, dependendo

do tamanho da semente e do tegumento protector (casca).

Algumas sementes são qualificadas de "duras" (é quase sempre uma

característica das sementes das leguminosas) e necessitam de tratamento

antes da sementeira sem o qual a água necessária à quebra da dormência

da semente dificilmente penetra no tegumento.

47

Pré-tratamento contra a dureza do tegumento

Sintetizam-se, no quadro IX, os tratamentos correntes para cada tipo

de dormência. Atendendo à natureza do manual e ao seu objectivo

eminentemente prático faremos uma referência muito breve a alguns

dos métodos referidos.

Digestão animal

Algumas sementes são comidas pelos animais e beneficiam assim

de um tratamento adequado no aparelho digestivo dos animais que

torna o tegumento permeável à água. Ex. Acacia albida, Acacia sp.

Quadro 9 - Quadro de referência de tratamentos de acordo com

a dormência

Imersão em água quente

Faça ferver a água. Retire a panela do fogo e faça mergulhar as sementes

entre 3 a 4 minutos. Retire-as da água quente e deixe-as imersas

em água à temperatura ambiente durante 24 horas.

Ex.

Re-humificação

Certas sementes têm necessidade de um tratamento de re-humidificação

e de aquecimento para favorecer a germinação. É o caso das sementes

de palmeira do azeite. A embebição durante 48 horas pela água fria

(chumbagem) é muito utilizada, pois acelera a germinação e permite

separar a semente boa das impurezas e semente chocha.

Cama de carvão

Em primeiro lugar deixam-se as sementes em imersão durante 7 dias

à temperatura ambiente (27 °C). A água deve ser removida diariamente.

Depois de impregnadas, as sementes são dispostas em caixas de madeira

com carvão com granulometria de aproximadamente 3 mm.

Uso de germinadores isotérmicos

As caixas do alfobre são colocadas em germinadores onde se conserva

uma temperatura de 37-39 °C mediante folhas ou estrume

em decomposição. O carvão como é bom condutor térmico garante

adequada distribuição de temperatura a todas as sementes permitindo

uma maior taxa de germinações. O tratamento e manutenção das

sementes de palmeira do azeite no germinador chega a durar 3 meses.

Tipos de dormência

Impermeabilidadee restrições mecânicasno tegumento

Embrião dormente

Tegumento impermeávelcombinado com embriãodormente

Dormência dupla(epicótilo e radículadormentes)

Método de eliminação

- Imersão em solventes (água quente, álcool acetonae outros);- Escarificação mecânica;- Escarificação em ácido sulfúrico;- Resfriamento rápido;- Exposição a alta temperatura;- Aumento da tensão de oxigénio;- Choques e impactos contra uma superfície dura.

- Estratificação a baixa temperatura;- Tratamento com hormonas (giberelina ou citocinina).

- Escarificação mecânica ou ácido sulfúrico, seguidade estratificação a baixa temperatura.

- Estratificação a baixa temperatura para superara dormência da radícula seguida de períodode condições favoráveis ao crescimento da raiz,e nova estratificação a baixa temperatura paraeliminar a dormência do epicótilo, seguidade temperaturas favoráveis ao seu desenvolvimento.

Fig. 32 - Secção de um germinador isotérmico que pode ser fabricado localmente

Escarificação

Para o tratamento de grandes quantidades de sementes usam-se

máquinas com rolos abrasivos por onde a semente tem de passar e que

desgasta o tegumento por forma a torná-lo mais permeável à água.

Tratamento com recurso a térmitas (salalé)

Pode utilizar-se a térmita para destruir o tegumento de algumas sementes

duras. Ex. Teca.

Para isso, logo após a colheita das sementes deixe-as no chão junto

à mata e cubra-as com um cartão seguro com algumas pedras. Ao fim

de 4 semanas retire o carvão e remova as formigas. A semente estará

em condições de ser semeada.

Fig. 33 - Outro modelo de germinador isotérmico feito com materiais locais

para sementes recalcitrantes à germinação ou para enraizamento de estacas

Esterilização da semente

Por vezes verifica-se, não obstante haver um correcto controlo da rega,

o aparecimento de zonas onde as sementes aparecem podres

ou as plântulas apresentam junto do colo uma mancha castanha

e as folhas tombam como se tivessem falta de água, mesmo com

o substrato molhado. Trata-se de uma podridão causada por um fungo

que pode ter vindo juntamente com a semente. Quando isto ocorre

devem ser esterilizadas as sementes do lote. Uma forma prática

de proceder é mergulhar a semente durante 30 minutos numa mistura

de lixívia e água na proporção de 1 parte de lixívia para 9 partes

de água. Em alternativa pode ser utilizada água oxigenada a 4%.

48

Meio de germinaçãoou

Gravilha de enraizamentopara estacas

aniagem

sementes

areia (5-7cm)

estrume verdede bovino

Pedras Areia

Folha de polietileno

49

Se o problema persistir, a contaminação deve provir do substrato que

se está a utilizar o que requer que se proceda a uma fumigação

do mesmo.

3.9 Estado das sementes

As sementes devem ser frescas, sãs, sem traços de ataque de insectos

ou de fungos, de forma e tamanho normais para a espécie em questão.

Também é importante considerar a sua coloração, o aspecto mais

ou menos brilhante, tegumento mais ou menos enrugado, peso, impressão

de plenitude ou de vazio (que se conhece pela pressão dos dedos).

Dentro da mesma espécie há, no entanto, uma variação normal de raça

ecológica para outra, da estação e da idade. Como exemplo, podemos

citar que 1 000 sementes de provenientes da Finlândia

pesam 3,75 grs, enquanto que a proveniência da Europa Central pesa

7,5 grs. A coloração pode também ser variável e por vezes com certas

espécies, principalmente nas resinosas, as sementes de uma mesma

pinha não têm tamanho uniforme, sendo as das extremidades mais

pequenas do que as do meio. Noutras ainda, como nos

e nas as sementes mortas não se distinguem das vivas, pelo que

a aparência externa não permite reconhecer o valor de utilização

de um lote de sementes que resulta da sua capacidade de germinar.

Em termos práticos se não temos recurso a um laboratório, recorrem-

se a processos rápidos e expeditos para avaliar a capacidade germinativa.

Os mais correntes são: i) ensaio com faca; ii) ensaio com papel; iii)

prova de água; iv) prova do ferro em brasa.

O ensaio com uma faca é o mais frequentemente utilizado para

as sementes grandes (

). Consiste em cortar a semente com uma faca ou com a unha

e examinar o corte. O albúmen deve ter uma cor e uma consistência

normais para a espécie, estar bem aderente ao tegumento externo

e não apresentar vazio central. O embrião, quando aparece, deve parecer

em bom estado e não muito pequeno. O resultado deste ensaio

só é aproximado, não dá garantias absolutas e não é aplicável

às sementes pequenas como as dos eucaliptos.

O ensaio com papel (possível também com sementes médias), consiste

em esfregar as sementes uma na outra ou esmagar as mesmas sobre

um papel branco. As que deixam traço gorduroso são consideradas boas,

sendo válido para e , mas é muito impreciso.

A prova de água é muito simples. Lança-se um certo número de sementes

na água (alguns viveiristas preferem o álcool), podendo considerar-se

que as que flutuam ao fim de 24 ou 48 horas são más, o que nem

sempre é verdade, porque as sementes suspeitas afundam e sementes

boas, mas muito secas, mantêm-se muito tempo à superfície. Este

processo é mais correcto com sementes pequenas de resinosas.

A prova do ferro em brasa é efectuada colocando as sementes sobre

uma placa metálica aquecida ao rubro sombrio, saltando as que são

de boa qualidade e explodindo com um pequeno ruído, enquanto que

as más são consumidas na chapa. Para e

os resultados são relativamente exactos.

Quando não se tem acesso a um laboratório especializado estes métodos

simples e rápidos dão geralmente informações boas. Dá-se o mesmo

com a prova biológica, que consiste em colocar os embriões retirados

das sementes durante 3 dias numa solução de certos sais incolores,

de ácido selénico ou de ácido telúrico, que são reduzidos pelas células

vivas e libertam o metal que cora o embrião das sementes boas

de vermelho ou negro. Os laboratórios de sementes preferem utilizar

sais de tetrazolium, sendo o ensaio feito na escuridão com a duração

de 3 horas.

3.10 Informações sumárias sobre ensaios de sementes e sua

terminologia

Há regras internacionais para ensaios de sementes florestais e cada País

costuma ter o seu "Serviço de Ensaios de Sementes" normalmente

ligado à sua estrutura de investigação.

50

Aos técnicos da produção interessa acima de tudo saber: o grau

de pureza, o coeficiente germinativo, a energia germinativa e o valor

cultural da semente que produzem ou vão utilizar.

Grau de pureza

Determina-se o grau de pureza pesando-se rigorosamente uma amostra

de ensaio e com o máximo cuidado separam-se todas as impurezas:

Coeficiente germinativo

Será a relação percentual entre o número de sementes que indepen-

dentemente dum período de tempo fixo germinam e o número total

de sementes postas em germinação em boas condições de meio:

Valor cultural

Será a quantidade, expressa em percentagem, das sementes puras

susceptíveis de germinar

VC = Grau de Pureza x Coeficiente Germinativo

Energia germinativa

Interessa conhecer o comportamento da semente durante a germinação.

Assim, calcula-se o número de sementes germinadas ao fim de 5, 10,

15 dias.

O interesse na energia germinativa é bastante grande uma vez que

quanto mais depressa germinarem as sementes mais depressa se furtam

à acção dos agentes destruidores.

3.11 Sementeira directa nos canteiros

Quando fazer uma sementeira directa?

A sementeira directa exige um controlo minucioso da água, da luz

e dos elementos nutritivos durante as primeiras semanas do crescimento

da planta. Os defensores da sementeira directa nos recipientes (sacos

ou outros) evocam a economia de tempo, de trabalho e de custos com

a preparação do alfobre e a repicagem. Há que lembrar também que

a planta cresce sem o stress da repicagem e portanto com um melhor

desenvolvimento. Do lado dos inconvenientes, é necessário plantar mais

do que uma semente para garantir uma boa distribuição de plantas no

plantório, o que é difícil com sementes muito pequenas como é o caso

dos eucaliptos e com sementes certificadas, necessa-riamente caras,

não se justifica plantar mais do que uma semente por vaso. Para

sementes gradas e facilmente manuseáveis pode contudo ser uma

opção aconselhável.

No caso da opção por sementeira directa siga as seguintes regras

de boa prática:

Utilize sempre sementes frescas e maduras;

Se necessário, principalmente se se estiver em presença

de sementes duras, trate previamente a semente para acelerar

a germinação;

Prepare e disponha nos canteiros os sacos e efectue o seu ensom-

bramento com antecedência;

Se se tratar de sementes pequenas misture a semente com areia

e utilize uma garrafa tapada e com um pequeno furo ligeiramente

maior que o diâmetro da semente para proceder à colocação

da semente no saco;

Para as sementes gradas, com a ajuda do dedo ou de um pau a que

se aguçou a ponta, fazer pequenos buracos na terra no centro

do saco onde deposita a semente;

Teste previamente a viabilidade das sementes que vai usar.

Grau de pureza =Peso da semente pura

Peso total da amostra

Coeficiente germinativo = x 100Nº de sementes germinadas

Nº total de sementes

51

Profundidade e espaçamento

Os buracos devem ter profundidade entre 2 a 3 vezes relativamente

à dimensão da semente (2-3 cm de profundidade) e devem estar

distanciados 5 cm uns dos outros com uma distância de 10 cm entre

linhas quando semeia directamente no canteiro.

Sementeira

Colocar em cada cova 2 a 3 sementes e fechar a cova arrastando a terra

e pressionando-a.

Rega e sombreamento

Depois da sementeira regar delicadamente com um regador munido

com chuveiro fino uma vez de manhã e outra ao cair da tarde até

as sementes germinarem. Sombrear com uma cobertura a 60 cm

de altura. À medida que as plantas crescem elas começam a competir

umas com as outras. É então necessário desbastá-las isto é, deixar

só a melhor planta em cada cova. Ex. .

3.12 Sementeira directa em vasos (normalmente só é aplicada

para sementes gradas e em pequenas operações)

Com a ajuda do dedo ou de um pau, fazer uma pequena cova na terra

de cada saco e colocar 2 a 5 sementes. Tapar a cova e pressionar

ligeiramente a terra. Nos grandes viveiros industriais usa-se já equipa-

mento mecânico para fazer a sementeira directa na terra em canteiros

ou blocos como é o caso do sistema VAPO.

Rega e sombreamento

A rega e o sombreamento são idênticos ao caso anterior.

Desbaste

Quando as plantas têm já boa dimensão deixa-se só uma planta

por saco.

3.13 Época de sementeira

Para as plântulas em canteiro como o , a ou a

é preferível fazer a sementeira em Outubro. As plantas são plantadas

no mês de Junho-Julho do ano seguinte. Ao fim de 9 meses as raízes

das plantas estarão bem desenvolvidas, o tronco robusto e duro

e as plantas adaptar-se-ão facilmente ao terreno de plantação, mesmo

após o corte da parte do sistema radicular.

Exemplos de plantas que aguentam um corte de raízes e consequen-

temente a cultura em plena terra: , , , Teca.

De uma maneira geral a sementeira em alfobre e a repicagem para

os sacos dos eucaliptos, pinheiros, cupressus e casuarinas no Planalto

Central deve ser feita de forma escalonada de 10 em 10 dias, para que

durante toda a época de plantação haja plantas com desenvolvimento

conveniente.

O calendário seria assim o seguinte:

Sementeira: da 1ª dezena de Julho à 1ª dezena de Novembro;

Repicagem: da 2ª dezena de Setembro à 2ª dezena de Janeiro;

Plantação: da 1ª dezena de Novembro à 3ª dezena de Fevereiro;

Retanchas: da 3ª dezena de Novembro à 1ª dezena de Março.

Os canteiros devem ser devidamente identificados quanto ao:

1 Nome popular da espécie;

2 Nome científico da espécie (opcional e só aplicável aos viveiros

estatais);

3 Origem da semente/clone ou das enxertias;

4 Data da sementeira.

Fig. 34 - Exemplo de identificação de um canteiro no plantório

4. TRATAMENTOS CULTURAIS

4.1 A rega

A rega das sementes e das plântulas faz-se com um regador munido

com chuveiro fino. Se existir uma moto-bomba e abastecimento

de água corrente no viveiro, pode efectuar-se a rega com uma mangueira

equipada com um dispersor para produzir gotas finas.

Na altura da germinação, devem ser utilizados regadores com chuveiro

fino. Mantenha o solo húmido mas não molhado. Se as sementes forem

muito finas deve utilizar um pulverizador até as plântulas terem 1 cm

de altura. Nunca deve alagar o solo nem usar regadores com chuveiro

grosso porque pode fazer arrastar as sementes. Logo que se dê

a germinação regar uma vez por dia. No plantório regar 2 vezes por dia,

uma logo de manhã cedo e outra no fim do dia. Cuidado contudo com

regras fixas. Uma boa prática viveirista é a de verificar o grau de

turgescência das folhas plantas para determinar o período de rega.

Tenha-se em atenção que é bom para a planta deixar secar um pouco

o substrato entre regas. Efectue diariamente uma rega suficiente para

que a água penetre até ao fundo do saco mas sem alagar. Isto é mais

eficaz do que regas frequentes mas superficiais que não possibilitam

à raiz e à planta a água necessária à sua manutenção. Tenha em atenção

que o excesso de água, tanto como a sua falta, são maus para a planta

e a enfraquecem, levando a um mau crescimento e grandes falhas.

Verificação da humidade

É importante verificar com frequência a humidade do solo nos sacos,

principalmente na fase inicial, para se fazer ideia do número de passagens

da rega com o regador. Levantar um saco e verificar se os furos

de drenagem estão molhados e se não existe nele água estagnada.

Se existirem indícios de excesso de água reduza a quantidade de água

fornecida.

Frequência

Se o viveiro estiver adequadamente sombreado uma rega no início

da manhã é suficiente. Se houver necessidade em dias de muito calor

e secos pode proceder a uma segunda rega à tarde (pôr do sol).

Como regar

Uma boa prática consiste em regar completamente o substrato. Uma

má prática é a de dirigir a água sobre as folhas e não sobre o solo.

É positivo lavar as folhas principalmente em zonas sujeitas a poeira,

mas lembre-se sempre que são as raízes que absorvem a água e não

as folhas. Tenha também em atenção, principalmente quando as regas

são feitas com regador, que a distribuição da água deve ser o mais

uniforme possível. Nestes casos há a tendência para que o meio

do canteiro receba mais água que os das extremidades. Se usar uma

mangueira, utilize um pulverizador fino e baixa pressão e a boa prática

52

de rega aconselha a regar lentamente e verificar se a água penetra até

ao fundo do invólucro. Uma má prática a controlar é regar rapidamente

de forma a que só a superfície do solo fique molhada.

Boas práticas a reter:

Verificar regularmente o estado de turgescência das folhas para

determinar quando deve regar;

Regar cedo de manhã e tarde depois do meio dia;

Regar completamente o substrato e não as folhas;

Regar lentamente e verificar se a água chega ao fundo do recipiente;

Utilizar um bico de dispersão fino no regador. Se utilizar uma

mangueira o aspersor deve ser regulável;

Depois de cada rega, lavar o regador e o chuveiro e limpá-los

de detritos ou terra;

Reduzir a quantidade de água que as plantas recebem, 4 semanas

antes da plantação;

Regar bem na tarde que antecede o transporte para a plantação;

Cobrir as plantas com uma folha de plástico ou uma tela leve para

evitar a secagem durante o transporte.

Más práticas, se bem que correntes, a evitar:

Regar com calendários fixos independentemente da necessidade

das plantas;

Orientação da água para as folhas em vez do solo;

Regar a meio do dia;

Regar rapidamente molhando somente a superfície do solo;

Usar o dedo para regular o escoamento da água.

4.2 A nutrição das plantas

Todas as plantas necessitam de elementos nutritivos para sobreviver

e se desenvolver. Elas retiram os elementos nutritivos que necessitam

do ar, do solo e da água. A quantidade de elementos nutritivos disponíveis

para as plantas é afectada por:

Qualidade do substrato;

Qualidade da água;

O tipo de planta.

Há dois tipos de elementos nutritivos: os macronutrientes, exigidos em

grandes quantidades, e os micronutrientes de que as plantas necessitam

em pequena quantidade mas que se estiverem ausentes provocam

desequilíbrios no desenvolvimento, uma vez que são relevantes para

o conveniente aproveitamento dos macronutrientes.

Quadro 10 - Principais elementos minerais importante na nutrição

das plantas

O único meio para sabermos com rigor o estado nutricional da planta

é a análise das folhas e a comparação dos valores encontrados com

os valores de referência para a espécie. Muitas pessoas confundem

as carências nutritivas com o excesso de água ou sombreamento. Na

verdade a água, a sombra e os elementos nutritivos interagem para

produzir uma planta sã, com vigor e com potencial futuro na plantação.

53

Micronutrientes

Ferro

Manganésio

Zinco

Cobre

Boro

Cloro

Molibdénio

Macronutrientes

Azoto

Fósforo

Potássio

Cálcio

Magnésio

Enxofre

54

É necessária prática para aprender os sinais ou sintomatologias mais

comuns que denunciam situações de carências nutritivas. Assim

a vigilância sobre os sinais que se espelham nas folhas é uma boa prática

de viveiro, uma vez que permite corrigir deficiências.

Sintomas comuns

Macronutrientes

Azoto: é um nutriente móvel, querendo isto dizer que quando o azoto

é insuficiente as plantas transferem-no das folhas mais velhas para

as mais novas e de crescimento mais activo. É um importante

componente da clorofila, enzimas, proteínas estruturais, ácidos nucleicos

e outros compostos orgânicos. Quando é insuficiente as folhas mais

velhas no nível inferior tornam-se amareladas enquanto as folhas novas

permanecem verdes.

Fósforo: nos solos tropicais a sua disponibilidade é muito pequena.

Como consequência a manifestação da sua insuficiência pode

ser bastante evidente pelo que a adubação fosfatada deve ser aplicada

antes da repicagem no substrato. Nos substratos com deficiência deste

macronutriente toda a planta fica raquítica e disforme, particularmente

no início do crescimento. Dependendo das espécies as folhas podem

assumir uma coloração verde pálida, amarela ou violácea. Esta última

cor é um aspecto característico da insuficiência de fósforo se bem

que seja necessário não a confundir com a coloração das folhas novas

que é muito comum nas espécies tropicais.

Potássio: é um elemento facilmente lixiviável principalmente em subs-

tratos arenosos e com pH<5,0. O potássio é um regulador

da síntese dos carbohidratos e do transporte dos açúcares. Adequadas

quantidades de potássio tornam as plântulas mais resistentes

às condições adversas de plantação ficando mais resistentes à seca.

Os sintomas de insuficiência aparecem primeiro nas folhas velhas. Estas

começam a amarelar nas extremidades ficando, no entanto, com

um pouco de verde na base. Mais tarde, as extremidades das folhas

ficam castanhas e quebradiças ou notam-se pequenos pontos necrosados.

As plantas podem mesmo apresentar um aspecto murcho mesmo com

água suficiente no substrato. Quando as carências são severas as folhas

morrem.

Cálcio: faz parte dos constituintes básicos da parede celular e está

envolvido no metabolismo do azoto sendo necessário para o crescimento

dos tecidos meristemáticos e é importante para as funções das raízes.

É uma carência difícil de diagnosticar porque os sintomas compreendem

um crescimento lento, um botão floral fraco e as raízes têm um

crescimento maciço e uma coloração acastanhada. Este problema

é comum nos solos ácidos e pode ocorrer em solos ferralíticos

ou fersialíticos. A existência de um sistema radicular bem desenvolvido

e com bastantes pelos absorventes é importante para a absorção do

cálcio.

Magnésio: é um elemento nutritivo frequentemente deficiente nos

solos de estrutura dura e ácidos. É importante na formação da clorofila

A assimilação pode ficar bloqueada se houver bastante potássio

no solo. Tal como o azoto, o magnésio é um nutriente móvel. Assim

a sintomatologia de carência ocorre primeiro nas folhas mais velhas

que mostram um amarelecimento muito característico ao longo dos

bordos da folha e que se estendem depois para o centro apresentando

um desenho raiado.

Enxofre: é um elemento essencial para uma eficiente utilização do azoto

pelas plântulas bem como na constituição dos aminoácidos e para

a síntese das gorduras. Substratos com carências de matéria orgânica

mostram frequentemente também carência de enxofre. Nos casos

55

de insuficiência as plantas apresentam-se ligeiramente dobradas. Este

elemento é também um elemento móvel mas agora os primeiros

sintomas manifestam-se nas folhas mais jovens que desenvolvem

os bordos queimados e quebradiços. As zonas secas formam-se ao longo

dos bordos e vão-se estendendo para o centro e ao longo da nervura

central da folha.

Micronutrientes

As carências em micronutrientes são de modo geral mais difíceis

de diagnosticar. Aqui só se citam as mais comuns.

Ferro: é comum ocorrerem em solos alcalinos ou calcários (pH > 7).

É um sintoma improvável dadas as características de solos no Planalto

Central. O ferro é importante nos cloroplastos e nas folhas, onde

é importante na síntese das proteínas. É um nutriente relativamente

imóvel e, quando apresenta carências, inicia uma clorose nos botões

terminais das plantas. Esta clorose é facilmente corrigida com uma

acidificação do solo ou de preferência com a junção de quelatos

de ferro disponíveis no mercado.

Magnésio: é essencial para a síntese da clorofila podendo também

afectar a disponibilidade de ferro. Os sintomas de deficiência podem

ser confundidos com os de ferro mas uma observação mais atenta

mostra que os tecidos entre as nervuras se descoloram enquanto

as nervuras ficam verdes e ficam rodeadas de uma banda de tecido

verde.

Cobre: é um importante activador das actividades enzimáticas. Em

substratos arenosos e com pouca matéria orgânica, o cobre torna-se

menos disponível à medida que os valores do pH do solo forem

crescentes. Altos valores de fósforo no solo podem reduzir a absorção

do cobre pelas plântulas. As deficiências em cobre manifestam-se

nas folhas novas que ficam amareladas nas extremidades e se tornam

torcidas.

Boro: a sua carência impede o transporte do açúcar, afectando o botão

terminal que amarelece e seca progressivamente. Esta deficiência ocorre

com mais frequência em substratos muito arenosos e com pouca

matéria orgânica. Esta necrose avança da ponta ao longo do caule pelo

que se chama “die back”. As plantas crescem lentamente e os troncos

tendem a ficar tortos. É uma carência que tem sido detectada

amiudadamente nos eucaliptos no Planalto Central.

Molibdénio: é importante para a fixação do azoto e também para

os sistemas de redução dos nitratos. A sua deficiência pode provocar

distúrbio metabólicos nas plântulas. Ocorre uma clorose seguida

por necrose de tecidos, iniciando-se nas extremidades e estendendo-

se posteriormente ao resto da planta.

Cloro: é um elemento essencial para a fotossíntese. De uma forma geral

o suprimento de cloro por absorção da atmosfera é suficiente para

atender às necessidades nutricionais das plântulas.

Caso verifique alguns dos sintomas descritos e não tenha acesso rápido

a serviços de aconselhamento, recomenda-se a procura no mercado

de produtos disponíveis e a leitura atenta do folheto que normalmente

acompanha o adubo. A Coopecunha utiliza normalmente o adubo

Superfoska (12-24-12). Os números mostram que aquele adubo

granulado tem um o teor de azoto de 12%, 24% de fósforo e 12%

de potássio. O restante material para 100% é um material inactivo

para ajudar a espalhar o adubo. Caso a adubação inicialmente feita

na preparação do substrato não tenha sido suficiente e se notem alguns

dos sintomas descritos, utilize adubos granulares que devem ser deitados

no substrato conforme se indicou na respectiva secção. Para pequenos

viveiros comunitários e quando se usam pequenas quantidades

de substrato poderá deitar-se 2 a 4 grs de Superfoska (1/2 colher

de café) por cada kg de terra antes de encher os sacos.

56

Quando tiver de usar um adubo para corrigir sintomas de deficiências

utilize sempre pequenas quantidades (preferencialmente de adubo sob

a forma granular) que se colocam no solo sem ser em contacto com

a planta. As plantas devem responder à aplicação num intervalo de duas

semanas.

Em viveiros de maior dimensão e quando se manifestam sintomas

de carência por insuficiência de preparação do substrato para os plantórios

pode utilizar-se uma adubação foliar com produtos que existem

no mercado já especialmente formulados. Estes adubos como

a “GroGreen”® contêm micro e macro nutrientes e também um agente

aderente para ajudar à fixação do adubo à folha. Sendo estas soluções

caras só devem ser utilizadas como recurso.

Na sua prática viveirista tenha em atenção que as plantas para

se desenvolverem necessitam de 13 elementos nutritivos em quantidades

diferentes e que os sintomas comuns de carência descritos não devem

ser confundidos com os efeitos dos excessos ou carências de água

e sombra.

Como boa prática proceda da seguinte forma:

Verifique sempre as folhas das plantas no viveiro para detectar

carências nutritivas e para a sua correcção com utilização de composto

ou adubo;

Leia atentamente as etiquetas que acompanham os adubos por

forma a perceber se trazem os nutrientes em falta;

Na aplicação do nutriente em saco dilua convenientemente

o adubo em água morna e aplique-a no solo e nunca sobre as folhas.

A excepção é para as formulações especiais para adubação foliar;

Finalmente, lembre-se sempre que a melhor solução é sempre

a cuidada preparação do substrato. Os adubos para correcção são

sempre um recurso.

4.3 Cuidados sanitários

Podridão = inimigo nº 1 do viveiro

A podridão é uma doença provocada por fungos ou bactérias que pode

matar rapidamente toda a produção dum viveiro. Podridões das sementes,

do colo, das raízes. Em condições de humidade exagerada desenvolvem-

se fungos e bactérias que atacam várias partes das plantas. As podridões

aparecem em várias fases de vida das plantas, atacando as sementes,

o colo e as raízes e provocando a morte das sementes e das plantas.

Causas das podridões

O que provoca esta doença?

humidade elevada;

temperatura elevada;

solo muito rico em matéria orgânica e nitratos.

Factores favoráveis às podridões

A podridão desenvolve-se quando:

as plantas se encontram muito densas;

quando a rega é excessiva;

quando o sombreamento é exagerado e se encontra muito baixo

impedindo uma boa ventilação.

Como evitar a podridão

Para evitar o aparecimento de podridões no viveiro:

não coloque no viveiro estrume mal curtido;

não regue demasiado;

evite o encharcamento do solo;

retire a cobertura no tempo fresco e na parte de manhã;

evite grande densidade de plantas nos canteiros.

Quando tiver de enfrentar um surto de doença ou ataque de insectos

não obstante ter seguido as normas aconselhadas, procure apoio

de um fitopatologista. O produto aconselhado e a concentração prescrita

dependerá do tipo de agente biológico (fungo, bactéria ou nemátodo

ou ainda insecto).

Ao utilizar um pesticida ou fungicida lembre-se sempre que de modo

geral eles são bastante tóxicos pelo que a sua manipulação deverá

processar-se com cuidados especiais.

Lembre-se que os pesticidas penetram no homem através :

da pele;

da respiração;

dos olhos;

da boca quando comemos, bebemos ou fumamos.

Lembre-se que os efeitos são cumulativos e que os sintomas podem

levar muitos anos a manifestar-se.

Quando tiver de utilizá-los siga rigorosamente as instruções do fabricante

e tenha em atenção as seguintes regras gerais:

Utilize uma camisa de mangas compridas e calças compridas;

Utilize botas de borracha;

As calças devem estar por fora das botas;

Os punhos da camisa devem estar dentro das luvas;

Deve usar um chapéu;

Coloque uma mascara, de preferência com um filtro. Na sua falta

proteja o nariz e boca com um lenço;

Use óculos de protecção;

Pulverize a favor do vento.

Fig. 35 - Medidas de segurança a adoptar na aplicação de pesticidas, fungicidas

ou herbicidas

Como evitar a salalé

Para evitar os estragos que a “salalé” pode provocar no viveiro atacando

as raízes das plantas, utilize os seguintes pesticidas disponíveis

no mercado ou similares.

Quadro 11 - Alguns dos insecticidas usados no combate à “salalé”

57

Produto Dosagem Modo de aplicação

Aldrina 0,025% 1-2 litros de calda junto

ao colo da árvore

clordano 0,05% 1-2 litros de calda junto

ao colo da árvore

diazimão 0,04-0,05% 0,5-1 litros de calda junto

ao colo da árvore

dieldrina 0,025% 0,5-1 litro de calda à volta

do colo da planta

Forma correctade aplicar um insecticida

Forma totalmente erradade aplicar um insecticida

Empalhamento do solo

Logo que ocorram sintomas de doenças nas plantas (plantas tombadas

ao nível do colo, folhas murchas e amarelas sem que haja falta de água,

coloração branca ao nível do colo e filamentos esbranquiçados ao nível

do solo ou das raízes) é necessário proceder a tratamento.

Se for possível obter assistência técnica na sua região solicite-a por

forma a obter o tratamento químico mais adequado. Caso contrário,

retire as plantas doentes e mortas. Não espalhe o solo e as plantas mas

ponha-as numa cova e lance fogo.

Deve parar a rega para permitir que o solo seque, o que provoca a morte

dos fungos e bactérias.

Pode substituir a cobertura até à germinação das sementes. A operação

consiste em cobrir os canteiros semeados, com palha ou folhas que

garantem o sombreamento e a frescura do solo que é fundamental

a uma boa germinação. Pode-se regar sem que a palha constitua um

entrave. Quando as sementes germinam a palha deve ser imediatamente

retirada e substituída pela cobertura.

Eliminação das infestantes

As ervas daninhas "comem" os elementos nutritivos destinados

às plantas. A competição das ervas daninhas faz-se sentir a três níveis:

o dos nutrientes, o da água e o da luz.

As ervas daninhas crescem mais depressa que as plântulas e deixam-

nas na sombra. As plântulas tornam-se delgadas e de cor clara (deficientes

em clorofila). Não deixe as ervas daninhas crescer, o que significa que

deve limpar os canteiros e os vasos frequentemente e assim que

comecem a crescer.

Fig. 36 - Imagem de um canteiro de viveiro florestal dominado pelas ervas

daninhas

Devem-se estripar as ervas daninhas com as suas raízes. A operação

tem de ser feita delicadamente a fim de não desenterrar as plântulas

ou não ferir o seu sistema radicular. Pode usar-se uma pequena estaca

afiada para proceder a esta operação.

Fig. 37 - Eliminação de ervas daninhas

58

A sacha

Objectivo

O seu objectivo é quebrar a crosta da terra que à superfície se tornou

dura com a rega, para permitir uma boa infiltração da água e um bom

arejamento do solo e diminuir a evaporação.

Ferramentas

A sacha efectua-se com um pequeno sacho directamente na terra

do canteiro ou com uma navalha para o caso dos sacos.

Frequência

1 a 2 vezes por mês.

A monda

À medida que as plantas crescem, se todas as sementes germinam, vão

interferir umas com as outras da mesma maneira como sucede com

as ervas daninhas.

Objectivo

É necessário então "mondar", ou seja, deixar apenas uma planta

em cada ponto do canteiro, de preferência igualmente espaçados

ou uma por cada saco.

O procedimento é idêntico ao descrito para as ervas daninhas.

As podas radiculares e aéreas

Entende-se como poda a eliminação de uma parte das plântulas com

o objectivo de promover benefícios para o melhor desenvolvimento

das mesmas. Tanto as raízes com a parte aérea das plântulas podem

ser podadas. Os dois tipos de poda são respectivamente:

A poda radicular;

A poda aérea.

Esta técnica contudo, só pode ser aplicada a espécies tolerantes. Caso

contrário a sua aplicação pode apresentar fortes prejuízos e mesmo

a inutilização, por morte, das plântulas.

Esta técnica (não obstante ter vindo a ganhar relevância em alguns

projectos intensivos de reflorestação, é apresentada neste manual

de uma forma sucinta, e que não se desenvolve dada a natureza

experimental e a pequena dimensão da actividade viveirista a instalar

no Município de Ecunha) só pode ser aplicada a espécies testadas

e consideradas tolerantes e onde se tenham verificado benefícios

na sua aplicação:

plântulas de melhor qualidade;

com maior capacidade de desenvolvimento das plantações

futuras;

com maior capacidade de sobrevivência das plântulas plantadas.

A aplicação de podas a espécies não testadas pode representar prejuízos

ao desenvolvimento das plântulas e ter consequências fatais quanto

à sua sobrevivência. Na poda radicular podem ser eliminadas as raízes

aprofundantes e/ou laterais. O corte das raízes laterais contudo, não

é possível no caso de plantas em recipientes, pela existência das paredes

que impedem esta operação. As excepções são os recipientes

biodegradáveis de paredes perfuráveis pelas raízes, que ao penetrarem

nos espaços existentes entre os recipientes, secam ao ar (é a denominada

poda natural ou pelo ar). O sistema VAPO de produção de plântulas,

metodologia que não apresenta o substrato envolvido por paredes,

pode ter também raízes laterais podadas e vem assumindo uma larga

preponderância nos grandes viveiros florestais de pinheiros para alimentar

as grandes plantações industriais (Figura 37).

59

60

Fig. 38- Pinheiros produzidos pelo sistema VAPO

Já as plântulas produzidas em tubetes de plástico rígido ou sacos de

plástico que receberam um tratamento SpinOut® apresentam as raízes

aprofundantes e laterais podadas pelo ar, pois estas últimas têm o seu

direccionamento forçado para o fundo do recipiente, onde existe orifício

por onde elas passam e penetram no ar. A poda radicular em mudas

em raiz nua é de fácil mecanização. Conforme o tipo de equipamento

utilizado, somente as raízes aprofundantes são podadas. Há outros tipos

que podam simultaneamente, tanto as aprofundantes quanto as laterais

como sucede com o sistema VAPO de produção de plantas (Fig. 38).

A poda aérea consiste na eliminação de uma parte do botão terminal

das plantas. Não há limitações no seu uso no que se refere ao tipo de

mudas, se em raiz nua ou produzidas em recipientes, contudo não

constitui uma prática de uso corrente nomeadamente para as espécies

que nesta fase constituem o esforço de produção maior. Tem interesse

contudo para certas espécies como a (uma

espécie lenhosa que interessa ensaiar pelo seu elevado potencial

forrageiro).

Qualquer um dos dois tipos de poda altera o ritmo de desenvolvimento

das plântulas. Esta modificação no crescimento resulta em maior tempo

de permanência no viveiro e a sua generalização tem de ser pesada em

termos do balanço custos-benefícios. É uma prática que também se

utiliza quando se tem intenção de aumentar o período de rotação para

que haja disponibilidade de mudas para plantio fora da estação. Esta

alternativa ocorre quando não exista adequada precipitação pluvial

durante a estação de plantio. Dada a regularidade da estação das chuvas

no Planalto Central de Angola este argumento só deverá ser utilizado

em casos excepcionais.

Fig. 39 - Exemplo de uma plântula produzida pelo sistema VAPO onde as raízes

são podadas em profundidade e lateralmente

Finalidades das podas

As principais finalidades da poda são:

Aumentar a percentagem de sobrevivência;

Propiciar produção de plântulas mais robustas;

Adequar o balanço do desenvolvimento em altura e o sistema

radicular;

Aumentar o período normal de rotação da espécie no viveiro;

Fomentar a formação de sistema radicular fibroso;

61

Estimular o desenvolvimento de raízes laterais;

Servir de alternativa à repicagem em canteiros de plantas em raiz

nua.

Alguns exemplos serão mencionados sobre a técnica no desenvolvimento

de mudas de várias espécies. No geral e não obstante diferentes espécies

terem níveis distintos de tolerância e de resposta em termos

de configuração final do sistema radicular, a resposta da poda é favorável

ao desenvolvimento das plântulas.

Exemplos e efeitos das podas radiculares

Embora exista o receio da possível ocorrência de infecção por fungos

a partir das superfícies podadas, este risco não é considerável. PETAÏSTÕ4

(1982) usando turfa e solo mineral pesquisou, em dois viveiros,

a possibilidade de risco de infecção em e .

As podas foram efectuadas em três épocas e identificados os fungos

que ocorreram 2 meses após a poda no ano posterior. Nenhuma infecção

patogénica foi constatada.

Vários ensaios de intensidade de poda e idade das plântulas a que são

aplicadas, parecem mostrar a necessidade de 7 a 8 semanas para

as plântulas recuperarem a sua capacidade de assimilação da água,

verificando-se que a capacidade de recuperação é maior para as plântulas

de maior idade e altura. As profundidades de aplicação da poda radicular

situaram-se entre os 10-15 cm de comprimento da raiz aprofundante.

A intensidade e comprimento da poda radicular deve efectuar-se pelo

menos 2 meses antes da data de plantação e para que não haja

desequilíbrios na relação raiz/parte aérea. Os vários ensaios efectuados

em espécies tolerantes mostraram maior desenvolvimento de raízes

laterais nas plântulas podadas em detrimento do crescimento da raiz

aprofundante, em comparação com as plantas da testemunha. Também

se verificou aos 56 dias, que todos os tecidos (folhagem, galhos e haste)

das plantas podadas tiveram menor peso de matéria seca, em confronto

com as não podadas.

COKER (1984) também pesquisou as trocas de N solúvel, insolúvel

e concentrações de clorofila em plântulas de com e sem

poda. Após a execução desta operação, notou acentuada redução

na concentração do N total, solúvel e insolúvel, na parte aérea. Parte

do N móvel foi direccionada para o crescimento radicular e cerca

de 15% perdeu-se como exsudado das raízes. Contudo, 21 dias após

a poda, a concentração do N começou a melhorar coincidindo com

ganhos de peso seco das raízes laterais. Aos 56 dias a concentração

aproximou-se à do dia 0 (zero). Quanto às concentrações de clorofila

nas acículas, nenhuma diferença significativa foi encontrada nas plântulas

podadas ou não.

os ensaios efectuados no Chile mostraram que certas espécies têm

uma resposta muito positiva à intervenção no sistema radicular,

principalmente se o plantio for pelo sistema de raiz nua que hoje

representa já mais de 40% das plantações efectuadas com aquelas

espécies. Como exemplo, as plântulas de necessitam

de poda de ramos ou intensivo manejo do sistema radicular para melhor

taxa de sobrevivência. Estão ainda nesta situação o

e enquanto que o requer apenas

poda da raiz aprofundante.

ALVARENGA et al. (1994) avaliaram o desempenho ALVARENGA et al.

(1994) avaliaram o desempenho de mudas após

alguns tratamentos de poda do sistema radicular lateral executada à

mesma distância de 3 cm do colo. Decorridos 30 dias após a execução

da poda verificou-se que a altura, o diâmetro de colo, peso de matéria

seca das partes aérea e radicular não tinham sofrido um efeito marcante

da poda no desenvolvimento das plântulas.

62

Contudo, a poda menos intensiva de um só lado do vaso, promoveu

um ligeiro estímulo do desenvolvimento e vrificou-se que esta intensidade

de poda provocou intenso lançamento de raízes novas (4 a 5 ou mais)

no ponto de seccionamento. No final do ensaio o corte moderado

mostrou raízes mais compridas do que as provenientes de poda mais

drástica, que provocaram stress, causando redução do desenvolvimento

e lançamento menos intenso de raízes novas. Verificou-se ainda que

a absorção de maior quantidade de água em regime de maior

disponibilidade hídrica no substrato, proporcionava maior crescimento

em altura e peso de matéria seca da parte aérea em paralelo com uma

maior absorção de nutrientes.

Poda de raízes de plantas criadas em recipientes

Com algum tempo de crescimento em recipientes, principalmente nos

sacos de plástico não tratados com Spin-Out®, as plantas tendem

a emitir raízes através dos orifícios de drenagem e a penetrar no solo

dos respectivos plantórios. Estas raízes devem ser periodicamente

cortadas (de em dois meses no máximo). O recipiente é levantado,

as raízes são cortadas com uma tesoura bem afiada e o saco é novamente

colocado no espaço que ocupava. É possível efectuar a operação dando

um safanão rápido ao saco, o que normalmente é suficiente para

seccionar a raiz, embora não se aconselhe este procedimento que pode

produzir destruições muito extensas no sistema radicular. Para sacos

dispostos em camas altas as raízes podem ser cortadas com uma

pá de viveiro bem afiada. Pode usar-se também uma corda de viola

um pouco mais larga que o canteiro, presa em duas hastes de madeira

que são puxadas por dois homens. É um processo muito rápido,

sem manipulação dos sacos e bastante eficaz.

Fig. 40 - Poda de raízes em plântulas criadas em recipiente

Poda das raízes em plântulas criadas em plena terra

Enquanto as plântulas estão no plantório as raízes são cortadas sem

levantamento da planta usando uma pá de viveiro com gume bem

afiado. O nível de seccionamento não deve ser muito fundo nem muito

superficial devendo situar-se entre os 10 e os 30 cm de profundidade

dependendo do tipo de planta e da idade com que a queremos plantar.

A pá é introduzida no solo em direcção ao eixo da planta com uma

inclinação de 45º e entrando na terra sensivelmente a 20 cm desse

eixo. Para pequenas plântulas crescendo de forma regular no plantório,

o seccionamento faz-se com uma pá de bordo recto e cortante passando-

a de forma contínua entre as linhas de plantação com movimentos

rápidos de corte.

Fig. 41 - Poda de raízes em plantórios em plena terra

poda de raízcom tesoura

corte de raízpor arrancamento

poda de raízcom colher de pedreiro

poda de raízeslaterais com pá

63

Na preparação das plantas de raiz nua para expedição é usual proceder-

se a uma poda de melhoria da conformação das raízes o que é benéfico

para a plantação. Os procedimentos mais comuns são quase sempre

o corte radicular de grupos de plantas de uma única vez (fig. 41) logo

que saem das camas húmidas (Fig. 42) onde são colocadas antes

da preparação para expedição.

Podas aéreas

As podas aéreas fazem parte do processo de rustificação da planta antes

da plantação não sendo, no entanto, uma prática rotineira de viveiro.

Pode ser usada quando for desejável uma melhor proporção entre

as partes radicular e a aérea ou para retardar o crescimento em altura

das plântulas.

Fig. 42 - Preparação do sistema radicular das plântulas criadas directamente

no plantório

Fig 43 - Forma de conservar as plântulas de raiz nua antes da expedição

A poda (ou o desbaste de acículas e folhas) tem também o objectivo

de reduzir a transpiração e assim, aumentar a sobrevivência em condições

adversas. Não existem estudos conclusivos evidenciando vantagens

desta técnica como prática rotineira devendo alertar-se para a perda

da produção fotossintética e para a possibilidade de impedimento

da síntese da vitamina B1, efectuada na parte aérea e translocada para

as raízes e necessária para o seu desenvolvimento. Ensaios feitos com

o envolvendo a poda radicular a 1,5 cm do fundo e uma poda

aérea a 10 cm da parte apical de mudas de com

idades entre os 90 e 165 dias após a sementeira, mostraram que seis

meses após o plantio não apresentavam diferenças significativas

no crescimento em altura e na percentagem de sobrevivência.

A percentagem de sobrevivência foi alta em todos os casos evidenciando

tolerância a esta prática. Os resultados parecem evidenciar que embora

a seja tolerante à poda aérea, não existem vantagens práticas

nem económicas em efectuá-la.

raízes lateraise raíz aprofundantemuito compridas

poda de raízesde várias plantas

em conjunto

a mesma operaçãoexecutada com catana

64

Para o caso de alguns pinheiros tropicais como

e , produzidos em recipientes em viveiros Hondurenhos,

foi confirmada a eficiência da poda aérea naquelas espécies. O

submetido também a podas radiculares e aérea mostrou que

estas duas operações influenciaram favoravelmente a sobrevivência das

plântulas em plantação. Nestas, a poda aérea provoca o aparecimento

de alguns botões apicais, um dos quais, com o passar do tempo, assume

a predominância entre os demais.

Não obstante a importância que as podas vêm revestindo na moderna

prática viveirista mas porque ainda há poucos estudos dos efeitos

da poda aérea e do seu efeito quanto a: adaptabilidade a sítios secos,

efeitos sobre a altura, diâmetro, superfície foliar, pesos de matéria seca

das partes aéreas e radicular, produtividade/ha/ano, bem como

as questões que se relacionam com a frequência e época de execução,

no caso do viveiro em Ecunha não se aconselha qualquer execução

de podas aéreas nas plantas que vão constituir o grosso do esforço

de produção na primeira fase.

Atempamento (rustificação) e transporte

A quantidade de água de rega deve ser reduzida nas quatro semanas

que antecedem a saída das plantas para plantação. Nesta fase deve

permitir-se que o solo seque completamente e que as plantas murchem

ligeiramente durante um dia. Este processo deve ser repetido várias

vezes. Esta rustificação vai permitir que as plantas estejam mais

resistentes às intempéries, a um pequeno cacimbo mais longo

e ao efeito dos ventos quando são plantadas. Vai-se diminuir com este

procedimento a mortalidade pós plantação. Mas mesmo com esta

operação de rustificação das plantas é importante que o viveirista não

se esqueça de regar as plantas na véspera da saída e que o transporte

se faça sob sombreamento com uma tela para protecção do vento

e do excesso de sol. Estes cuidados aplicam-se de igual modo à expedição

de plantas de raiz nua que são ainda mais sensíveis à secagem

e ao efeito nocivo dos raios solares incidindo directamente sobre elas.

Os cuidados de embalagem envolvem a feitura de várias embalagens

onde se põe terriço bem húmido e se embalam grupos de plantas

(Fig. 43)

Fig. 44 - Preparação das plantas de raiz nua para envio para plantação

5. BASES DE CÁLCULO DO NÚMERO DE PLANTAS PARA PLANTAÇÃO

O cálculo do número de plantas a produzir no viveiro é função da área

que se pretende beneficiar, da espécie que se vai usar bem como

do destino que se lhe quer dar. Em termos dos objectivos que estão

propostos para o projecto vamos apenas considerar plantações

de pinheiros e eucaliptos com destino à produção de lenhas e madeiras.

Vamos partir de compassos apertados porquanto e de acordo com

o plano de gestão, a idade dos desbastes e a abertura do coberto vão

ditar os diferentes destinos das árvores que a agricultor vai dar à madeira:

para lenha com idades curtas 5 a 6 anos, postes 6 a 12 anos e madeira

20-25 anos.

folhas de bananeira

com papel impermeável

em sacos de plástico

em caixa de cartão

65

Distinguem-se quatro traçados de plantação:

1 - Em linha

2 - Em quadrado

3 - Em triângulo equilátero

4 - Em triangulo isósceles

Em que:

S = área da terra em m2 que pretende plantar;

D = distância de planta a planta;

L = distância de linha a linha.

Quanto ao compasso (o espaçamento entre árvores) que determina

o número de plantas por área ele é determinado por:

1. As características de produtividade da zona a plantar. Em estações

de boa qualidade as plântulas podem ficar mais espaçadas porque sendo

maior o crescimento, as árvores mais rapidamente ocupam o espaço

fazendo uso integral do seu potencial o que já não sucede em áreas

mais pobres com menores crescimentos.

2. Objectivos da plantação. Para a produção de madeira serrada

de qualidade, como o ou o cupressos aconselham-se

espaços mais apertados para evitar a formação de ramos grossos

e obter uma desramação natural. Se se adoptar compassos largos,

a obtenção de madeira serrada de qualidade tem de ser complementada

com a execução de desramações artificiais o que representa um custo

adicional por metro cúbico de madeira produzida.

3. Exigências das espécies a plantar. Estas devem ser consideradas

conjuntamente com a fertilidade do solo, a dimensão das plantas,

a sua rapidez de crescimento, o clima e o modo de exploração desejada.

Se a densidade for exagerada, as árvores crescerão demasiado em altura,

sem engrossarem proporcionalmente. Se, pelo contrário, forem plantadas

demasiado separadas, o seu crescimento será menor em altura

e os ramos serão muito mais grossos o que poderá comprometer

a qualidade do tronco se o agricultor pretender obter madeira com

poucos nós (mais valorizada pela indústria). Deverá lembrar-se que terá

menos peças grandes porque o material lenhoso que a árvore vai

formando vai sendo desviado para os ramos e que as árvores têm mais

tendência para bifurcarem a pouca altura do solo. Acresce que com

compassos largos há uma maior tendência para a invasão de ervas

daninhas, o que aumenta os custos da manutenção com limpezas para

evitar as infestantes e os riscos de incêndio.

O compasso que se afigura mais conveniente para os eucaliptos

principalmente para pequenas plantação nas aldeias e com o destino

principal de abastecimento de lenhas é o de 2,0 X 2,0 m.

Já para os pinheiros, seja o patula ou o pseudostrobus, será mais

aconselhável um compasso de 2,5 X 2,5 m.

Cálculo da quantidade de sementes

A quantidade de sementes a utilizar depende do número de plantas

a produzir anualmente em função do programa de florestação definido

e também da forma adoptada para aquela produção: plantas de raiz

nua ou em recipientes e da metodologia de produção: manual

ou mecanizada. A quantidade de sementes é calculada pela seguinte

fórmula:

N (nº de plantas) =S

d*l

N (nº de plantas) =S

d2

N (nº de plantas) = *1,155S

d2

N (nº de plantas) =S

d2*l

K =D x A

G x P x N (100-f)

66

Em que:

K = Quantidade de sementes, em kilogramas, por canteiro;

D = Densidade das plântulas/m2;

A = Área do canteiro;

G = Percentagem de germinação, contida no Boletim de Análise

de Sementes que acompanha cada aquisição;

P = Percentagem de pureza conforme expressa no Boletim de Análise

de Sementes;

N = Número de sementes, por quilo, conforme expresso no Boletim

de Análise de Sementes;

f = Factor de segurança.

6. PRODUTOS NATURAIS PARA COMBATER INSECTOS E DOENÇAS

NOS VIVEIROS

Em muitas situações, principalmente em pequenos viveiros comunitários,

é importante que os agentes da extensão florestal sejam conhecedores

de formas de combater agentes biológicos, insectos, fungos ou bactérias

que podem atacar o viveiro sem recurso a pesticidas ou fungicidas que

frequentemente não estão disponíveis nos pequenos mercados locais.

Produto

Pireto

Gliricidia

Tabaco

Bouganvilia

Espinafre

Papaia

Alho ou cebola

Giz

Urina animal

Parte utilizada

Flor

Raízes, sementes e folhas

Folhas frescas

Folhas frescas

Folhas secas

Bolbos

3-5 grs de giz

Urina de vaca, de cabra

ou carneiro

Tratamento

Misturar 100 grs de flores secas num lt de água e deixar embeber durante um dia.

Utilizar como insecticida.

Insecticida contra afídeos; também é tóxico para os ratos e outros animais.

Misturar 80 grs de folhas e caules secos num lt de água e deixar embeber durante

2 horas. Deve aplicar-se a solução logo de manhã porque ela é muito volátil.

Misturar 200 grs de folhas frescas num lt de água. Misturar pelo menos durante

5 minutos num mixer. Utilizar para combater várias doenças de natureza fungica.

Misturar 200 grs de folhas frescas num lt de água e deixar repousar durante 1 dia.

Cortar finamente 1 kg de folhas secas e misturar num lt de água; deixar repousar durante

a noite. Diluir em 4 lts de água e utilizar para eliminar do viveiro os cogumelos.

Misturar 500 grs do material finamente picado em 10 lts de água. Deixar fermentar

durante uma semana. Diluir em 10 lts de água. Utilizar a mistura para pôr na terra para

combater fungos no solo.

Misturar com água e deixar embeber durante 12 horas para giz refinado ou 3-4 dias

se se utiliza giz natural. Mexer frequentemente e aplicar directamente como insecticida.

Recolher a urina e misturar com uma pequena quantidade de terra. Deixar fermentar

durante 2 semanas. Diluir com 2-4 lts de água por lt de urina; Usar como insecticida.

Quadro 12 - Alguns produtos naturais que o viveirista pode utilizar na protecção das plântulas

67

Em resumo:

As plantas criadas em viveiro, por um período variável segundo

as espécies e data de sementeira, o modo cultural e as condições

de manutenção, são destinadas a deixar o viveiro e a ser transportadas

para o terreno definitivo de plantação.

O viveiro deve ser concebido e desenhado em função do plano

de distribuição e de arborização delineado.

O viveiro é o local de passagem temporária das plantas e de escolha

e preparação das plantas para plantação.

Um bom viveirista só estará perfeitamente satisfeito quando se verificar

que a sua produção de plantas é definitivamente transplantada

nas melhores condições para local definitivo e que a informação posterior

mostre plantações saudáveis e com boas taxas de crescimento.

7. LISTA DE MATERIAL DO VIVEIRO

(os números indicados dizem respeito a um pequeno viveiro para

um produção anual entre as 360.000 e as 380.000 plantas/ano)

A. Instrumentos de preparação do local e dos canteiros

pá de bordo recto - 3

pá ponteaguda - 3

pá florestal - 3

enxada - 3

ancinho - 5

forquilha - 3

enchadas de jardinagem - 3

colher para viveiro (razor back) - 6

colher para transplantação - 6

catana - 3

B. Material local para construção da tapada, canteiros e coberturas

machado florestal (Pulaski) - 2

machado florestal (tipo Collins) - 2

pau, tábua, pedras

folhas de palmeira

folhas de palmeira, bambú

corda

C. Preparação da terra de cultura

terra de mata, areia, estrume

ciranda (peneira) para terra

peneira para alfobre

D. Enchimento dos vasos

vasos e sacos de plástico, torrão, vasos de folhas de bananeira

latas/funis furadas nos 2 lados

E. Material de rega

balde - 3

regador - 3 (com chuveiro fino)

F. Material de sementeira

sementes de árvores (a calcular conforme for o número

de sementes/kg para cada espécie a utilizar pelo viveiro)

G. Material de manutenção

sacho (gardening hoe) - 6

tesoura de poda (Fleco) - 6

tesoura para poda de raízes - 6

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Atenção!

Não deixar as ferramentas à chuva ou ao sol porque elas se estragam muito rapidamente.

8. INSTALAÇÕES DO VIVEIRO

Layout Geral

Na implantação de um viveiro de demonstração e de produção, todas

as estruturas e facilidades necessárias são preparadas para assegurar

um fluxo constante de actividades. A estrutura do viveiro, embora

dependente da dimensão e tipo de viveiro que se pretende bem como

do esquema de operação e tempo de utilidade previsível, deverá conter

os elementos constantes do esquema que se apresenta:

Fig. 45 - Esquema do alpendre aberto para enchimento de sacos e preparação

dos substratos

69

lavagem de pés área depreparação

de substrato

armazéme

escritório área de propagação

área de propagação

área de atempamento

área dos alfobrese ensombramento

70

REFERÊNCIASBIBLIOGRÁFICAS