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5/21/2018 ManualNR17-slidepdf.com http://slidepdf.com/reader/full/manual-nr-17-561c34246ef2b 1/101 BRASÍLIA 2002 Manual de Aplicação da Norma Regulamentadora Nº 17

Manual NR 17

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    BRASLIA

    2002

    Manual

    de Aplicaoda Norma

    RegulamentadoraN 17

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    1994 Ministrio do Trabalho

    permitida a reproduo parcial ou total desta obra, desde que cita-da a fonte.

    1 Edio 1994 / Tiragem: 2.000 exemplares

    2 Edio 2002 / Tiragem: 15.000 exemplares

    Edio e Distribuio: Secretaria de Inspeo do Trabalho SITEsplanada dos Ministrios Bloco F,

    Anexo, Ala B, 1 Andar

    Tels.: (0xx61) 317-6688/317-6672

    Fax: (0xx61) 323-7851

    CEP: 70059-900 Braslia/DF

    Impresso no Brasil/Printed in Brazil

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao CIP

    Biblioteca. Seo de Processos Tcnicos MTE

    M294 Manual de aplicao da Norma Regulamentadora n 17. 2 ed. Braslia : MTE, SIT, 2002.

    101 p. : il.

    Inclui bibliografia.

    A Portaria n 3.751, de 23.11.1990, estabelece osprincpios da Ergonomia da NR 17.

    1. Ergonomia, Normas, Brasil. 2. Sade ocupacional,Brasil. 3. Inspeo do trabalho, Brasil. I. Brasil. Ministriodo Trabalho e Emprego (MTE). II. Brasil. Secretaria deInspeo do Trabalho (SIT).

    CDD 620.82

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    SUMRIO

    Apresentao ................................................................................ 5

    1. O Processo de Elaborao da NR-17........................................ 7

    2. Comentrios sobre a NR-17 ....................................................11

    17.1...................................................................................... 12

    17.1.1................................................................................... 14

    17.1.2................................................................................... 1417.2...................................................................................... 27

    17.3...................................................................................... 28

    17.3.2................................................................................... 35

    17.4...................................................................................... 36

    17.5...................................................................................... 37

    17.5.2 alnea a................................................................... 39

    17.5.2 alneas b, c e d ....................................................... 41

    17.5.3................................................................................... 43

    17.6.1................................................................................... 45

    17.6.2 alnea a................................................................... 49

    17.6.2 alnea b .................................................................. 50

    17.6.2 alnea c................................................................... 52

    17.6.2 alnea d .................................................................. 53

    17.6.2 alnea e................................................................... 54

    17.6.2 alnea f ................................................................... 5517.6.3 alnea a................................................................... 56

    17.6.3 alnea b .................................................................. 57

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    3. Limites de uma norma ............................................................ 59

    Anexos

    NR 17 Ergonomia (117.000-7) .......................................... 63

    Equao do NIOSH para levantamento manual de

    cargas .................................................................................. 71

    Nota Tcnica 060/2001........................................................ 89

    Referncias Bibliogrficas ........................................................... 99

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    APRESENTAO

    A atual redao da Norma Regulamentadora 17 Ergonomiafoi estabelecida pela Portaria n 3.751, de 23 de novembro de 1990.

    O Ministrio do Trabalho e Emprego, no ano de 2000, realizou trei-namentos para auditores-fiscais do trabalho com especializaoem Sade e Segurana no Trabalho em todo o Pas, analisando aaplicao desta Norma pela fiscalizao. Nesses cursos, verifi-cou-se uma ampla diversidade de interpretao, o que representaum obstculo efetiva implantao da Norma.

    A elaborao deste Manual, reunindo a experincia prticade 10 anos de fiscalizao, tem como objetivo subsidiar a atuao

    dos auditores-fiscais do trabalho e dos profissionais de Seguranae Sade do Trabalhador nas suas atividades. A publicao contoucom a colaborao da Comisso Nacional de Ergonomia, com-posta pelos tcnicos Mrio Gawryszewski, Claudio Cezar Peres,Rosemary Dutra Leo, Lvia Santos Arueira, Lys Esther Rocha, PauloAntonio Barros Oliveira, Carlos Alberto Diniz Silva e Maria de LourdesMoure.

    A Norma Regulamentadora n 17 comentada, item por item,com o objetivo de esclarecer o significado dos conceitos expres-sos, caracterizando o que se espera em cada enunciado e definin-do os principais aspectos a serem considerados na elaborao deuma Anlise Ergonmica do Trabalho, ressaltando que a realiza-o desta anlise tem como objetivo principal a modificao dassituaes de trabalho. necessria a participao dos trabalhado-res no processo de elaborao da Anlise Ergonmica do Trabalho

    e na definio e implantao da efetiva adaptao das condiesde trabalho s caractersticas psicofisiolgicas dos trabalhadores.

    Este documento no se prope a fornecer solues para todasas diferentes condies de trabalho existentes, mas caracteriza alegislao em vigor e a Ergonomia como um importante instrumentopara garantir a segurana e a sade dos trabalhadores, bem como aprodutividade das empresas.

    JUAREZ CORREIA BARROS JNIORDiretor do Departamento de Segurana e Sade no Trabalho

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    1. O PROCESSODEELABORAODANR-17

    A descrio do processo de elaborao dessa norma im-portante para que, expondo o contexto social e os atores envolvi-dos, possamos compreender seus avanos e limitaes.

    Em 1986, diante dos numerosos casos de tenossinoviteocupacional entre digitadores, os diretores da rea de sade do Sin-

    dicato dos Empregados em Empresa de Processamento de Dados noEstado de So Paulo SINDPD/SP fizeram contato com a DelegaciaRegional do Trabalho, em So Paulo DRT/SP, buscando recursospara prevenir as referidas leses.

    Foi constituda uma equipe composta de mdicos e engenhei-ros da DRT/SP e de representantes sindicais que, por meio de fisca-lizaes a vrias empresas, verificou as condies de trabalho e asrepercusses sobre a sade desses trabalhadores, utilizando a anli-

    se ergonmica do trabalho. Em todas as avaliaes, foi constatada apresena de fatores que sabidamente contribuam para o apareci-mento das Leses por Esforo Repetitivo LER: o pagamento de pr-mios de produo, a ausncia de pausas, a prtica de horas-extras ea dupla jornada de trabalho, dentre outros.

    Exceto nos aspectos referentes ao iluminamento, ao rudo e temperatura, a legislao em vigor no dispunha de nenhuma normaregulamentadora em que o MTE pudesse se apoiar para obrigar as em-presas a alterar a forma como era organizada a produo, com todosos estmulos possveis acelerao da cadncia de trabalho.

    Durante 1988 e 1989, a Associao de Profissionais deProcessamento de Dados (APPD nacional) realizou reunies com re-presentantes da Secretaria de Segurana e Medicina do Trabalho SSMTem Braslia, da FUNDACENTRO e da DRT/SP para elaborar um proje-to de norma que estabelecesse limites cadncia de trabalho e proibis-

    se o pagamento de prmios de produtividade, bem como estabeleces-se critrios de conforto para os trabalhadores de sua base, que incluam

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    o mobilirio, a ambincia trmica, a ambincia luminosa e o nvelde rudo.

    Nesse mesmo perodo, o Ministrio do Trabalho convocoutoda a sociedade civil para que organizasse seminrios e debates

    com o objetivo de recolher sugestes para a melhoria de todas asNormas Regulamentadoras NR. Nesses seminrios, chegaramvrias sugestes de alterao da NR-17, mas eram propostas dealteraes pontuais conservando a estrutura geral em vigor. Nohavia nenhuma proposta concreta que fosse ao mago da questo:o controle da cadncia e do ritmo do processo produtivo.

    Durante o segundo semestre de 1989, a DRT/SP elaborou ummanual e um documentrio em vdeo sobre o trabalho com terminaisde vdeo (Rocha et alii, 1989), a partir da traduo e da adaptao dotexto Les crans de visualisation: guide mthodologique pour mdecindu travail,publicado pelo INRS (Institut National de Recherche enScurit), em 1987, na Frana. Esse material foi usado em seminrionacional realizado em dezembro de 1989, em So Paulo, com mdicose engenheiros de 10 Delegacias Regionais do Trabalho. Nesse seminrio,foi decidido que no deveria ser elaborada uma norma apenas paraos profissionais em processamento de dados, pois as LER eram obser-vadas tambm em vrias outras atividades profissionais. Alm disso,o Secretrio de Segurana e Medicina do Trabalho tambm no concor-dava com a idia de se elaborar uma norma que abrangesse apenas osetor de processamento de dados, argumentando que, dentro em bre-ve, todos os setores produtivos exigiriam uma norma especfica.

    Em meados de 1989, a SSMT pediu equipe de fiscalizaodas empresas de processamento de dados da DRT/SP que elaboras-

    se uma nova redao da NR-17 que inclusse as sugestes coletadas,os resultados das discusses do seminrio nacional, bem como aproposta de regulamentao das atividades de processamento dedados elaborada pela APPD nacional. O prazo estabelecido paraessa atividade foi de apenas 10 dias.

    Embora no dispusesse de estudos sistemticos de ergonomiaem outros setores produtivos alm do processamento de dados, aequipe considerou que no se poderia perder a oportunidade de fa-

    zer avanar a legislao. Procurou-se, ento, colocar itens queabrangessem o mais possvel as diversas situaes de trabalho, sem a

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    preocupao com o detalhamento. Um maior ajuste poderia serfeito posteriormente, aps a realizao de estudos em outras ativi-dades. Abaixo desses itens abrangentes, colocou-se o detalhamentono que se refere ao trabalho com entrada eletrnica de dados (aten-

    o, a Norma no usa a palavra digitao que menos abrangente, mas entrada eletrnica de dados), pois este j estava pronto egozava de relativo consenso.

    Em maro de 1990, s vsperas do trmino do Governo Sarney,a Ministra do Trabalho Dorotha Werneck assinou a portaria que al-terava a NR-17 e a NR-5, enviando para a publicao no Dirio Ofi-cial da Unio.Houve, inclusive, uma solenidade no momento daassinatura, em So Paulo, com a presena de entidades representati-

    vas de trabalhadores. Infelizmente, a nova NR-5 contrariava forte-mente os interesses das classes patronais, e a portaria no foi publicada.

    Em junho de 1990, por interferncia do Presidente do SINDPD/SP, conseguiu-se que o Ministro do Trabalho assinasse a portaria quedava nova redao NR-17, cujo contedo era o mesmo da portariaque no foi publicada em maro.

    Aps a publicao, a classe patronal, principalmente Federao

    das Indstrias do Estado de So Paulo FIESP e Federao Brasileirados Bancos FEBRABAN se deram conta das possibilidades abertaspela nova redao e que as alteraes no se limitavam rea deprocessamento de dados. Foi solicitada imediatamente uma discus-so dos tcnicos do Ministrio do Trabalho e de representantes des-sas instituies para modificar seu contedo.

    A equipe de fiscalizao em ergonomia realizou debates comuma legio de advogados e outros representantes da FIESP e FEBRABAN,

    principalmente nos aspectos da organizao do trabalho. Como os ar-tigos da CLT so regulamentados pelas Normas e a Ergomonia possuirelao apenas em dois artigos da CLT que se referem preveno dafadiga, os empresrios argumentavam que os aspectos da organizaodo trabalho diziam respeito apenas s empresas. Felizmente, a reda-o havia sido baseada em slidos argumentos e conseguiu-se ven-cer a oposio patronal em quase todos os aspectos.

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    A nova proposta foi encaminhada SSST e publicada em 23de novembro de 1990, pela Portaria n 3.751, com alteraes que,infelizmente, comprometeram, em parte, o seu entendimento e, porconseqncia, a sua aplicao prtica.

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    2. COMENTRIOSSOBREANR-17

    De acordo com a Ergonomics Research Society(1949),Ergonomia o estudo do relacionamento entre o homem e seutrabalho, equipamento e ambiente e, particularmente, a aplicaodos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia na soluodos problemas surgidos desse relacionamento.

    J para Wisner (1987), Ergonomia o conjunto dos conheci-mentos cientficos relacionados ao homem e necessrios concep-o de instrumentos, mquinas e dispositivos que possam ser utili-zados com o mximo de conforto, segurana e eficincia.

    Esse conceito foi, com as devidas adaptaes, utilizado na reda-o do item 17.1. Mais tarde (1994), o mesmo autor reformula suadefinio colocando o saber do trabalhador no mesmo nvel do sabertecnocientfico e como condio indispensvel para o sucesso da ao

    ergonmica, como veremos na discusso sobre confortono item 17.1:Ergonomia arte1na qual so utilizados o saber tecnocientfico e osaber dos trabalhadores sobre sua prpria situao de trabalho.

    A seguir, faremos comentrios sobre os diversos subitens da NR-17 que possam esclarecer as principais dvidas surgidas nas empresas.

    1 A palavra arte designa tudo aquilo que produzido pelos homens e a traduo latinada palavra grega techn (= tcnica), palavra que se ope a physis(= natureza), que aquilo que existe independentemente do homem. Por exemplo, falamos de arte mdicae arte da construo naval. Atualmente, temos tendncia a associar a palavra arte ape-nas s belas-artes. Para Aristteles (1984), a arte idntica a uma capacidade de pro-duzir que envolve o reto raciocnio mas que versa sobre coisas variveis, pois depen-dentes do homem. Ele contrape arte ao conhecimento cientfico, que um juzosobre coisas universais e necessrias.

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    17.1. Esta Norma Regulamentadora visa estabelecer parmetrosque permitam a adaptao das condies de trabalho s ca-ractersticas psicofisiolgicas dos trabalhadores, de modo a pro-porcionar um mximo de conforto, segurana e desempenho

    eficiente.A palavra parmetroscriou uma falsa expectativa de que seriam

    fornecidos valores precisos, normatizando toda e qualquer situaode trabalho. Apenas para entrada eletrnica de dados, que h refe-rncia a nmeros precisos. No entanto, os resultados dos estudos rea-lizados no Brasil e no exterior devem ser utilizados nas transforma-es das condies de trabalho de modo a proporcionar um mximode conforto, segurana e desempenho eficiente.

    As caractersticas psicofisiolgicas dizem respeito a todo o co-nhecimento referente ao funcionamento do ser humano. Se a ergonomiase distingue pela sua caracterstica de busca da adaptao das condi-es de trabalho ao homem, a primeira pergunta a se colocar : quem este ou quem so estes seres humanos a quem vou adaptar o traba-lho? Evidentemente, todo o conhecimento antropolgico, psicolgico,fisiolgico est a includo, e no podemos fazer uma listagem comple-ta de todas essas caractersticas. Ainda no se tem um conhecimentoacabado sobre o homem. Mas todas as aquisies dos diversos ramosdo conhecimento devem ser utilizadas na melhoria das condies detrabalho. Apenas como exemplo citamos algumas dessas caractersti-cas que fazem parte do consenso entre os estudiosos e que esto impl-citas na redao da NR-17.

    Algumas caractersticas psicofisiolgicas do ser humano:

    prefere escolher livremente sua postura, dependendo das

    exigncias da tarefa e do estado de seu meio interno; prefere utilizar alternadamente toda a musculatura corpo-

    ral e no apenas determinados segmentos corporais;

    tolera mal tarefas fragmentadas com tempo exguo paraexecuo e, pior ainda, quando esse tempo imposto poruma mquina, pela gerncia, pelos clientes ou colegas detrabalho, ou seja, prefere impor sua prpria cadncia aotrabalho;

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    compelido a acelerar sua cadncia quando estimuladopecuniariamente ou por outros meios, no levando em contaos limites de resistncia de seu sistema musculoesqueltico;

    sente-se bem quando solicitado a resolver problemas ligados

    execuo das tarefas, logo, no pode ser encarado comouma mera mquina, mas sim como um ser que pensa eage;

    tem capacidades sensitivas e motoras que funcionam dentrode certos limites, que variam de um indivduo a outro e aolongo do tempo para um mesmo indivduo;

    suas capacidades sensorimotoras modificam-se com o proces-so de envelhecimento, mas perdas eventuais so amplamente

    compensadas por melhores estratgias de percepo e resolu-o de problemas desde que possa acumular e trocar experin-cia;

    organiza-se coletivamente para gerenciar a carga de tra-balho, ou seja, nas atividades humanas a cooperao temum papel importante, muito mais que a competitividade.O sucesso da raa humana no processo evolutivo deve-se, em grande parte, a sua capacidade de agir em conjun-to, conduta observada em vrias outras espcies. A extre-ma diviso do trabalho e a imposio de uma carga detrabalho individual impedem os mecanismos de regulaodos grupamentos humanos, levando ao adoecimento, comoveremos no comentrio do subitem 17.6.

    A palavraconfortomerece um destaque especial. A regulamen-tao em segurana e sade no trabalho quase sempre diz respeito a

    limites de tolerncia que podem ser medidos objetivamente. O mes-mo no ocorre aqui. Para se avaliar o conforto, imprescindvel aexpresso do trabalhador. S ele poder confirmar ou no a adequa-o das solues que os tcnicos propuseram. Portanto, tanto para secomear a investigar as inadequaes como para solucion-las, a palavrado trabalhador deve ser a principal diretiva. Compreendemos como difcil para tcnicos acostumados a lidar com valores objetivos terde levar em conta a opinio dos trabalhadores. Mas lembramos que a

    origem das atuais inadequaes deve-se, em grande parte, separa-o radical entre a concepo das condies e organizao do traba-lho e a sua execuo, principalmente aps a introduo da organiza-

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    o taylorista. Ou seja, os trabalhadores nunca so consultados sobrea qualidade das ferramentas, do mobilirio, sobre o tempo alocado realizao da tarefa etc. A ergonomia surge para colocar o trabalhadornovamente como agente das transformaes.

    O desempenho eficiente no deve ser encarado apenas comouma otimizao do volume da produo. Para que seja consideradoeficiente, necessrio que o trabalhador possa permanecer no processoprodutivo durante todo o tempo que a prpria sociedade estipulacomo sendo seu dever, principalmente agora que o sistema previden-cirio est deficitrio. Se o trabalhador deve permanecer por maistempo na vida ativa, preciso que suas condies permitam a exe-cuo das tarefas at uma idade mais avanada. Querer postergar a

    idade da aposentadoria sem a contrapartida da melhoria dos postosde trabalho, condenar uma grande parcela da populao ao de-semprego ou, na melhor das hipteses, a uma aposentadoria preco-ce por invalidez. Portanto, de interesse de toda a sociedade zelarpela prpria eficincia de seguro social. O elevado ndice de apo-sentadoria por invalidez devido aos Distrbios OsteomuscularesRelacionados ao Trabalho DORT tem sua origem na forma como otrabalho tem sido organizado. A organizao do trabalho, sabidamente

    patognica, no pode ser um item de gerenciamento exclusivo dasempresas. A sade pblica tambm deve ser levada em conta.

    17.1.1. As condies de trabalho incluem aspectos relaciona-dos ao levantamento, transporte e descarga de materiais, aomobilirio, aos equipamentos e s condies ambientais doposto de trabalho e prpria organizao do trabalho.

    A incluso da organizao do trabalho dentro do que se en-

    tende por condies de trabalho e sujeita atuao o avano maissignificativo da nova redao. At ento, a organizao do trabalhoera considerada intocvel e passvel de ser modificada apenas poriniciativa da empresa, muito embora os estudos comprovassem o pa-pel decisivo desempenhado por ela na gnese de numerosos com-prometimentos sade do trabalhador que no se limitam aos distrbiososteomusculares.

    17.1.2. Para avaliar a adaptao das condies de trabalho scaractersticas psicofisiolgicas dos trabalhadores, cabe ao empre-gador realizar a anlise ergonmica do trabalho, devendo a mesma

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    abordar, no mnimo, as condies de trabalho conforme esta-belecido nesta NR.

    Este o subitem mais polmico da Norma. Ele foi colocadopara ser usado quando o auditor-fiscal do trabalho tivesse dificuldade

    para entender situaes complexas em que fosse necessria a pre-sena de um ergonomista. Evidentemente, nesse caso, os gastos coma anlise devem ser cobertos pelo empregador. Tm-se pedido anli-ses ergonmicas de uma forma rotineira e protocolar. Isso s tem dadomargem a que se faam anlises grosseiras e superficiais que emnada contribuem para a melhoria das condies de trabalho. Na so-licitao da anlise ergonmica, deve-se ter clareza de qual a de-manda, enfocando-se um problema especfico. Sempre que o audi-

    tor-fiscal do trabalho solicitar uma anlise, deve explicitar claramen-te qual o problema que quer resolver e pelo qual est pedindo ajudaa um ergonomista.

    Teoricamente, podemos dizer que uma anlise, seja l qualfor, s empreendida quando temos de solucionar um problemacomplexo, cujo entendimento s possvel se decompusermos otodo complexo em partes menores em que apreenso possa ser eviden-ciada. Compreendendo-se as partes, compreende-se o todo. Por exem-plo, se h casos de DORT em uma empresa, devemos primeiramen-te saber em que setor ela incide mais. Se esse setor comportar diver-sas tarefas, procura-se saber em qual atividade h maior nmero decasos. Finalmente, decompe-se a atividade em suas diversas partese verifica-se em qual delas h um ou mais fatores que sabidamentecausam DORT. Resumindo, no h anlise em abstrato. Analisa-sealgo para compreender um problema.

    A maioria das situaes de trabalho coloca problemas ergon-micos facilmente detectados pelo auditor-fiscal do trabalho que nodemandam a opinio de ergonomistas. Por exemplo, o trabalho con-tnuo na posio em p pode ser mudado sem se recorrer ao ergonomista.Basta que se estude uma mudana do arranjo fsico e do mobiliriode modo a permitir a alternncia de posturas: sentada e em p.

    Embora primeira vista uma ao ergonmica possa parecermuito demorada, dependendo de sua abrangncia, pode beneficiar um

    grande nmero de trabalhadores. O auditor-fiscal do trabalho pode ele-ger uma situao mais complexa para ser objeto de estudo mais acurado.Na DRT/SP, ao lado do trabalho rotineiro de fiscalizao, sempre foram

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    constitudas equipes que estudavam problemas mais abrangentes como,por exemplo, a entrada eletrnica de dados, os check-outde super-mercados etc.

    Sempre que uma empresa for notificada a realizar uma an-

    lise ergonmica do trabalho, os responsveis devem ter clarezado objeto de anlise. Mesmo que no Termo de Notificao nohaja maiores detalhes da situao a ser analisada, devem-se es-clarecer esses pormenores junto ao auditor-fiscal. A empresa devetambm proporcionar um contato entre o ergonomista-consultor eo auditor-fiscal para que todas as dvidas sejam esclarecidas e osproblemas possam ser resolvidos satisfatoriamente.

    Uma questo que sempre surge sobre um certo modelo derelatrio que contenha as exigncias requeridas pela fiscalizao. Umtal modelo no existe pronto para todas as situaes. O que se deveter em mente so alguns passos que devem ser seguidos para melhorexposio dos resultados da anlise, como veremos a seguir. Nun-ca se deve esquecer que o mais importante que o relatrio deixebem claro qual foi o problema que demandou o estudo, os mtodose tcnicas utilizadas para abordar o problema, os resultados e asproposies de mudana. De nada adianta seguir um modelo se oproblema no for esclarecido e resolvido.

    A anlise ergonmica do trabalho um processo construtivoe participativo para a resoluo de um problema complexo queexige o conhecimento das tarefas, da atividade desenvolvida pararealiz-las e das dificuldades enfrentadas para se atingirem odesempenho e a produtividade exigidos.

    A anlise comea por uma demanda que pode ter diversas ori-

    gens. Pode ser a constatao de que em determinado setor h um n-mero elevado de doenas ou acidentes (demanda de sade) ou recla-maes de sindicato de trabalhadores (demanda social) ou a partir deuma notificao de auditores-fiscais do trabalho ou de aes civis p-blicas (demandas legais) que, por sua vez, tambm se originaram dealguma queixa ou reclamao. Da parte das empresas, uma demandaquase sempre advm da necessidade de melhorar a qualidade deum produto ou servio prestado ou motivado por maiores ganhos de

    produtividade.

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    A demanda deve ser estudada para direcionar a anlise. Estapode ser reconstruda pelo ergonomista e seus interlocutores; isto, nos primeiros contatos entre ergonomistas e trabalhadores pode-sechegar concluso de que a origem do problema, da queixa, da re-

    clamao no era bem o que havia sido explicitado anteriormente,mas algo que ainda no estava muito claro para os vrios envolvidos.Por exemplo, uma queixa de intolerncia ao rudo pode ser a primei-ra manifestao de distrbios provocados pelo trabalho em turnos.Logo, o que deve ser investigada a adequao dos arranjos doshorrios de trabalho. Ater-se apenas ao controle do rudo pode noser de relevncia. Outro exemplo: o aparecimento de DORT numsetor pode ser conseqncia de retrabalho ocasionado pelo mau fun-

    cionamento do setor anterior da cadeia produtiva. Logo, o problemavai ser resolvido somente se eliminarmos os problemas de qualidadeque so a origem do retrabalho.

    Aps a reconstruo da demanda, o ergonomista apresentarum contrato de trabalho em que se explicitaro as etapas da an-lise, bem como os procedimentos a serem utilizados.

    A anlise ergonmica dever conter, minimamente, as se-guintes etapas:

    1. A anlise da demanda e do contexto: para situar o proble-ma a ser analisado, como explicado acima. Nossa opinio que o auditor-fiscal pode aceitar, por exemplo, areformulao de sua notificao, principalmente se ficardemonstrado que, no estudo da demanda, houve a partici-pao de todos os atores sociais e foram incorporados osinteresses dos diferentes operadores da situao a ser ana-

    lisada e, a partir dessa situao, ficar demonstrado que, apartir de outros critrios, coletivamente mais consistentes,um outro posto, ou uma outra situao mais grave foiidentificada e merece ser enfrentada prioritariamente emrelao quela notificada. Isso se aplica, mais freqentemente,em relao aos prazos determinados na notificao.

    2. A anlise global da empresa: seu grau de evoluo tc-nica, sua posio no mercado, sua situao econmico-

    financeira, sua expectativa de crescimento etc. Tudo issopara que as solues propostas possam ser adequadas aesse quadro. No se prope uma automao baseada na

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    microeletrnica para uma empresa de fundo de quintal,assim como no se prope a soluo de um novo arranjofsico, sem levar em conta o aumento do efetivo. Em seto-res fortemente competitivos, as alteraes de cadncia de

    uma esteira devem ser propostas e exigidas para todas asempresas do mesmo ramo de atividade e ao mesmo tem-po. O desenho de um check-outde uma rede de supermer-cados presente em vrios estados da Federao deve seraceito pelos auditores de diferentes delegacias regionais.

    De um modo esquemtico, o analista deve estar atento aosseguintes pontos:

    o contexto econmico e comercial (mercado), consumi-dores, regulamentao, clientes, concorrncia, posio daempresa nos mercados interno/externo;

    produtos: tipos, qualidade, materiais, exigncias dos clientes;

    histria da empresa e perspectivas futuras: poltica dedesenvolvimento, origem, estrutura administrativa, evo-luo, polticas, estratgias;

    geoeconomia: ambiente geogrfico, aprovisionamento de

    matria-prima e de material de consumo, vias de acesso,mercado de mo-de-obra, clima, localizao, qualidadedo tecido social e industrial de suporte;

    dimenso tcnica da produo: tecnologia, caractersticasdas matrias-primas, variaes sazonais da produo;

    produto: tipo, qualidade e materiais;

    organizao da produo: fluxogramas do processo, prin-

    cipais etapas e tarefas, arranjo fsico, tecnologia, automao,metas produtivas, capacidade de produo, ndice de pro-dutividade, percentagem de refugo, percentagem de utili-zao da capacidade instalada, taxa de ocupao das mqui-nas, o vocabulrio/jargo utilizado, observao das latasde lixo, modelos de gesto, gesto de estoques, gesto daqualidade;

    organizao do trabalho: horrios, turnos, cadncias, ritmos,

    polticas de remunerao, reparties de tarefas, polivalncia,qualificaes, terceirizao, grau e forma de equipes,organogramas;

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    dimenso legislativa e regulamentos: ambiental, sanitria,civil e penal; propriedade industrial, insalubridade, periculo-sidade e penosidade;

    resduos: exigncias quanto aos rejeitos industriais, destino/

    reciclagem do lixo, qualidade, processamento.3. A anlise da populao de trabalhadores: poltica de pessoal,

    faixa etria, evoluo da pirmide de idades, rotatividade,antiguidade na funo atual e na empresa, tipos de contrato,experincia, categorias profissionais, nveis hierrquicos, ca-ractersticas antropomtricas, pr-requisitos para contratao,nvel de escolaridade e capacitao, estado de sade,morbidade, mortalidade, absentesmo etc. Se quisermos adaptar

    o trabalho ao homem, logicamente impossvel promoveressa adaptao se no conhecermos a populao qual amesma se destina.

    4. Definio das situaes de trabalho a serem estudadas:essa escolha parte necessariamente da demanda dos pri-meiros contatos com os operadores e das hipteses inici-ais que j comeam a ser formuladas.

    5. A descrio das tarefas prescritas, das tarefas reais e das ativida-des desenvolvidas para execut-las. Grosseiramente, dira-mos que a tarefa real o objetivo fixado pela empresa. Pro-duzir 420 peas por dia, com tais e tais requisitos de qualida-de, dispondo para tanto de tais e tais ferramentas e materi-ais. A tarefa real o objetivo que o trabalhador se d, casoele tenha possibilidade de alterar o objetivo fixado pela em-presa. Bem, eu gostaria de fabricar as 420 peas, mas devi-do ao mau estado de minhas ferramentas ou gripe de queestou acometido, hoje s vou fabricar 350. A atividade tudo aquilo que o trabalhador faz para executar a tarefa: ges-tos, palavras, raciocnios etc. Esse conhecimento impor-tante, pois as inadequaes ficam mais bem evidenciadasquando se nota o descompasso entre o que exigido e o que realmente executado, se for o caso. Deve-se explicar odescompasso. A matria-prima de m qualidade? As fer-ramentas no esto adequadas? O trabalhador sofre inter-rupes contnuas? Caso, o trabalhador no consiga modi-ficar a tarefa prescrita e os meios disponveis no forem

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    adequados, ele deve realizar um esforo adicional para atin-gir os objetivos. Nesse caso, s custas de um desgaste de seucorpo que vai redundar em fadiga ou adoecimento. o caso,por exemplo, de quem trabalha em um ritmo imposto pela m-

    quina. No se consegue diminuir a velocidade da mquina ouda esteira. De uma maneira esquemtica, podemos dizer quequando a carga de trabalho supera a capacidade do trabalha-dor e ele no consegue modific-la, fatalmente haver au-mento do absentesmo por fadiga ou adoecimento, assim comoo aumento do nmero de acidentes. Outra sada o afasta-mento definitivo por iniciativa do empregador ou do emprega-do. Nesse caso, constata-se uma alta rotatividade da mo-de-obra. Concluindo, absentesmo elevado e alta rotatividade soindicadores indiretos de sobrecarga de trabalho ou, o que omesmo, de inadequao entre caractersticas psicofisiolgicasdos trabalhadores e a natureza do trabalho. Por natureza dotrabalho queremos dizer as exigncias das tarefas e os meiosdisponveis para realiz-las.

    A seguir, selecionamos alguns elementos que podem ser utili-zados na descrio das tarefas e das atividades. Esta lista consta de

    literatura consultada e deve ser entendida como carter exemplificativoe uma ajuda memria. No pretende ser exaustiva nem ser roteiroobrigatrio. O importante que a descrio permita ao leitor do rela-trio compreender o que o trabalhador deve fazer (a tarefa) e comoproceder para atingir esse objetivo (atividade), bem como as dificul-dades que enfrenta.

    Dados referentes ao homem:

    operador(es) que intervm no posto(s) e seu papel no sis-tema de produo;

    formao e qualificao profissional;

    nmero de operadores trabalhando simultaneamente emcada posto e regras de diviso de tarefas (quem faz o qu?);

    nmero de operadores trabalhando sucessivamente em cadaposto e regras de sucesso (horrios, turnos, modos dealternncia das equipes);

    caractersticas da populao: como descrito anteriormente.

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    Dados referentes (s) mquina(s):

    estrutura geral;

    dimenses caractersticas (croqui, foto, fluxograma de pro-duo);

    rgos de comando;

    rgos de sinalizao;

    princpios de funcionamento da mquina (mecnico, el-trico, hidrulico, pneumtico, eletrnico etc.);

    problemas aparentes;

    aspectos crticos evidentes.

    Dados referentes s aes dos operadores: aes imprevistas ou no programadas;

    principais gestos realizados pelo(s) operador(es);

    principais posturas;

    principais deslocamentos realizados pelo(s) operador(es);

    principais ligaes sensorimotoras;

    grandes categorias de tratamentos de informaes;

    principais decises a serem tomadas pelo(s) operador(es);

    principais regulaes ao nvel do homem, do posto, dosistema;

    principais aes do(s) operador(es) sobre a(s) mquina(s),as entradas e as sadas.

    Dados referentes ao meio ambiente de trabalho (para maioresdetalhes, ver comentrios do subitem 17.5 - Condies ambientais

    de trabalho):

    espaos e locais de trabalho em confronto com dadosantropomtricos e biomecnicos;

    ambiente sonoro;

    ambiente trmico;

    ambiente luminoso;

    ambiente vibratrio (intensidade, amplitude, freqncia);

    ambiente txico (concentrao de partculas e gases txicos).

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    EXIGNCIASDOTRABALHO

    A lista seguinte no necessita estar toda explicitada no estudo,mas apenas os elementos pertinentes (s) demanda(s) e (s) hiptese(es)inicial(ais). Ela serve de ajuda memria.

    Exigncias referentes tarefa:

    esforos dinmicos: deslocamentos a p, transportes de car-gas, utilizao de escadas e outros. Devem ser levadas emconta a freqncia, a durao, a amplitude e a fora exigida;

    esforos estticos: postura exigida por uma determinada ativi-dade, estimativas de durao da atividade e freqncia.

    EXIGNCIASREFERENTESAOORGANISMOHUMANO: POSTURAS,MOVIMENTOS, GASTOSENERGTICOS

    Exigncias sensoriais do trabalho.

    Dados referentes s fontes de informao:

    levantamento dos diferentes sinais teis ao(s) operador(es);

    diferentes tipos de canais (visuais, auditivos, tteis, olfa-

    tivos ou gustativos); variedade de suportes (cor, grafismo, letras);

    freqncia e repartio dos sinais;

    intensidade dos sinais luminosos e sonoros;

    dimenses dos sinais visuais (relao distncia-formato,por exemplo);

    discriminao dos sinais de um mesmo tipo (sonoro, por

    exemplo); riscos dos efeitos de mscara ou de interferncia de sinais;

    disperso espacial das fontes;

    exigncias de sinais de advertncia e de sistemas deinterao;

    importncia das diferenas de intensidade a serem perce-bidas.

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    Dados referentes aos rgos sensoriais.

    Viso:

    campo visual do operador e localizao dos sinais;

    tempo disponvel para acomodao visual; riscos de ofuscamento;

    acuidade visual exigida pela tomada de informao;

    sensibilidade s diferenas de luminncias;

    rapidez de percepo de sinais visuais;

    sensibilidade s diferenas de cores;

    durao da solicitao do sistema visual.

    Audio:

    acuidade auditiva exigida para recepo dos sinais sono-ros;

    riscos de problemas de audio (notadamente em ra-zo de intensidade sonora muito elevada; solicitandode forma intensa o aparelho auditivo);

    sensibilidade s comunicaes verbais em ambientes ruido-

    sos; sensibilidade s diferenas de sons (altura, freqncia, tim-

    bre, tempo de exposio).

    Dados referentes aos dispositivos sinais-comandos:

    nmero e variedade de comandos das mquinas;

    posio, distncia relativa dos sinais e dos comandos asso-ciados;

    grau de preciso da ao do operador sobre o comandodas mquinas;

    intervalo entre o aparecimento do sinal e o incio da ao; rapidez e freqncia das aes realizadas pelo operador;

    grau de complexidade nos movimentos de diferentescomandos, manobrados seqencialmente ou simultanea-mente;

    grau de realismo dos comandos;

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    disposio relativa dos comandos e cronologia de suautilizao;

    grau de correspondncia entre a forma dos comandos e suasfinalidades;

    grau de coerncia dos diferentes movimentos de coman-dos com efeitos similares.

    Dados referentes ao operador:

    exigncias antropomtricas: posio dos comandos em re-lao s zonas de alcance das mos e dos ps;

    posturas ou gestos do operador susceptveis de impedir arecepo de um sinal;

    membros do operador envolvidos pelos diferentes comandosda mquina;

    aes simultneas das mos ou dos ps;

    grau de encadeamento dos gestos sucessivos;

    grau de conformidade dos deslocamentos dos comandosem relao aos esteretipos dos operadores;

    grau de compatibilidade entre efeito de uma ao sobre

    um comando, percebido (ou imaginado) pelo operador e acodificao utilizada (forma, dimenso, cor) desse comando.

    5. Estabelecimento de um pr-diagnstico: ele deve serexplicitado s vrias partes envolvidas, aps o que servalidado ou abandonado como hiptese explicativa para oproblema. Exemplo, os distrbios osteomusculares podemestar relacionados exigncia de elevao permanente domembro superior para realizar a tarefa de cortar a jugulardo frango em um abatedouro. Se essa hiptese for plaus-vel, o analista elaborar meios para comprov-la ou refut-la. Por exemplo, a filmagem da atividade do trabalhadorencarregado dessa tarefa. Esse o contedo da etapa se-guinte.

    6. Observao sistemtica da atividade, bem como dosmeios disponveis para realizar a tarefa. Continuando

    o exemplo anterior: baseado na filmagem, pode-se cons-tatar que o trabalhador permanece com o brao ele-vado continuamente por x minutos. Igualmente que

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    o plano de trabalho est muito elevado, que a cadeiradisponvel no garante seu conforto, que a lmina uti-lizada no corte no est bem afiada. Uma descriodos mtodos e tcnicas utilizados (entrevistas orais ou

    escritas, gravadas ou no, filmagens e sua durao)dever constar do relatrio para que os leitores pos-sam apreciar o grau de confiabilidade dos resultados.Uma medio do tempo em que se fica com o ombroelevado baseada em cinco minutos de filmagem podeno corresponder realidade quando a situao muitovarivel de acordo com a hora do dia. Pode ser confivelse a atividade praticamente idntica durante toda a

    jornada. A avaliao do conforto de uma cadeira, res-trita opinio de um s trabalhador, pode no ter vali-dade geral. Os mtodos e tcnicas podero figurar emum item especfico ou serem explicitados quando daexposio dos resultados para melhor avaliao de suaconfiabilidade. O importante que qualquer afirma-o seja acompanhada de uma justificativa de comose chegou a ela. A palavra mtodo, de origem grega(meta= objetivo e dos= caminho), quer dizer o ca-minho percorrido para se chegar a tal meta, resultado.

    7. O diagnstico ou diagnsticos: partindo das situaesanalisadas em detalhe, possvel formular um diag-nstico local, que permitir o melhor conhecimentoda situao de trabalho. Por exemplo: Chegou-se concluso de que os DORT podem ser atribudos ele-vao constante do membro superior para seccionar a

    jugular do frango. Por sua vez, essa rigidez postural conseqncia do ritmo imposto pela nrea2. O diag-nstico no deve se restringir a afirmaes gerais comoa empresa cumpre com a NR-17 ou a empresa devetrocar seus mveis para outros mais ergonmicos, frasesfreqentes nos relatrios que chegam fiscalizao.O diagnstico deve ser composto de uma parte refe-

    2 Nrea: o conjunto de monotrilhas elevadas e esteiras mveis usado para transporte esustentao das aves que esto sendo processadas ao longo dos postos de trabalho.Seria similar linha de montagem, s que aqui a ave desmantelada e no montada.

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    rente ao chamado DIAGNSTICO LOCAL e tambmde um DIAGNSTICO GLOBAL, em que o diagnsti-co local deve ser relacionado atividade e ao funcio-namento da empresa ou do grupo a que ela pertence

    e aos determinantes socioeconmicos em que ela estinserida.8. Validao do diagnstico: ele apresentado a todos

    os atores envolvidos que podero confirm-lo, rejeit-lo ou sugerir maiores detalhes que escaparam per-cepo do analista. A validao a nica garantia dalisura dos procedimentos e da pertinncia dos resulta-dos, pois s aqueles atores detm a experincia e o

    conhecimento da realidade e so os maiores interes-sados nas modificaes que adviro do diagnstico.

    9. O projeto de modificaes/alteraes: esse tem sido oitem mais negligenciado segundo o depoimento dos au-ditores fiscais. Ora, fazer um diagnstico e no discutirnenhuma alterao para sanar os problemas comple-tamente intil. O analista deve propor melhorias das con-dies de trabalho tanto no aspecto da produo como,

    principalmente, no da sade. Nas recomendaes soindicadas as transformaes e melhorias efetivas das con-dies de trabalho propostas, incluindo a, necessaria-mente, os aspectos relativos ao desenvolvimento pes-soal dos trabalhadores, como a formao e o treinamentopara as novas atividades ou os novos postos de traba-lho que estaro sendo implantados, se for o caso. Se osergonomistas esto sempre tentando compreender o tra-

    balho para transform-lo, a interveno ergonmica sse completa aps as transformaes do local de trabalho.

    10. O cronograma de implementao das modificaes/alteraes: os auditores-fiscais tm de ser informadosdos tempos necessrios a essas modificaes para quepossam situ-los nos prazos concedidos pela legislaoou renegoci-los com o apoio das organizaes sindi-cais. Os prazos devem ser compatveis com as transfor-

    maes propostas, incluindo a implementao de tes-tes, criao de prottipos e processos de modelagem,dentre outras coisas.

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    11. O acompanhamento das modificaes/alteraes: oanalista deve deixar claro qual o seu papel durante aimplementao. Se foi negociada anteriormente a sua par-ticipao ou se nova negociao dever ser feita. De qual-

    quer modo, a ao ergonmica no est terminando com aproposio de solues, mas apenas comeando. Posteri-ormente, preciso avaliar o impacto das modificaes so-bre os trabalhadores, pois qualquer modificao acarretaalteraes das tarefas e atividades que devero ser, nova-mente, objeto de outra anlise. O pessoal da empresa podeser treinado para utilizar instrumentos simples de avaliaocomo questionrios de opinio dos trabalhadores e grades de

    observao das posturas, desde que a situao no seja mui-to complexa e dispense a presena do ergonomista.

    17.2. Levantamento, transporte e descarga individual de mate-riais.

    A proposta encaminhada SSST, em 1990, inclua um quadroestabelecendo a carga mxima para levantamento levando-se em contaa idade (trabalhador adulto jovem e adolescente aprendiz), o sexo e a

    freqncia do trabalho (raramente ou freqentemente). Como os valo-res desse quadro contrariavam o disposto n Captulo V da CLT, ele foieliminado. Lembramos que uma Norma Regulamentadora no pode con-trariar a lei maior que a CLT. Toda proposta de melhoria no que serefere a esse subitem deve passar pela mudana da CLT mediante apro-vao no Congresso Nacional.

    Na prtica essa dificuldade pode ser contornada por meio dosubitem 17.2.2. Se forem constatados acometimentos sade e

    segurana (por exemplo, lombalgias) em determinado local onde hlevantamento de cargas, mesmo quando respeitados os limites pre-conizados pela CLT, o auditor-fiscal poder exigir modificaes. Osubitem bem claro:

    17.2.2. No dever ser exigido nem admitido o transportemanual de cargas, por um trabalhador, cujo peso seja suscetvelde comprometer sua sade ou sua segurana.

    questo apenas de compilar os dados referentes morbidadedos trabalhadores que comprovem o acometimento a sua sade:

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    lombalgias, hrnias de disco, qualquer comprometimento da colunavertebral causado por superesforo.

    O fato de a legislao ainda permitir transporte e levantamentode carga com limites muito elevados, no quer dizer que se deve se

    ater aos mesmos. Quanto mais leve for a carga, menor a possibilida-de de o trabalhador comprometer sua sade e, portanto, de no faltarao trabalho. As lombalgias constituem um grave problema para aseguridade social e onera bastante toda a populao.

    O National Institut on Occupational and Safety Health NIOSH,rgo do governo americano, desenvolveu uma equao que permitecalcular qual seria o limite de peso recomendvel levando-se em contacertos fatores. Ver, em anexo, a traduo da Nota Tcnica (NTP 477)elaborada pelo Centro Nacional de Condiciones de Trabajo da Espanha,que trata desta equao.

    17.3. Mobilirio dos postos de trabalho

    O mobilirio deve ser concebido com regulagens que permi-tam ao trabalhador adapt-lo as suas caractersticas antropomtricas(altura, peso, comprimento das pernas etc.). Deve permitir tambmalternncias de posturas (sentado, em p etc.), pois no existe nenhu-ma postura fixa que seja confortvel.

    Entre a populao trabalhadora h indivduos muito pequenose muito grandes. difcil conceber um mobilirio que satisfaa a es-ses extremos. O recomendvel que o mobilirio permita umaregulagem que atenda a pelo menos 95% da populao em geral.

    No recomendvel que as dimenses dos postos de trabalhosejam adaptadas somente populao que esteja empregada, pois

    quando se pretende modificar os postos de trabalho visando a umamelhor adaptao, no se deve basear apenas nas medidasantropomtricas da populao que j esteja ocupando os postos, massim basear-se em dados de toda a populao brasileira. Isso porque os trabalhadores atuais podem j ter sofrido uma seleo, for-mal ou informal, e terem permanecido apenas aqueles que melhorse adaptaram e, portanto, no serem representativos de todos quepodero, no futuro, ocupar esses postos.

    As regulagens dos planos de trabalho permitem tambm umaadaptao tarefa. Por exemplo: onde h necessidade de se exercer

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    grande fora com os membros superiores, um plano mais baixo per-mite que a fora seja exercida com o antebrao em extenso, que aposio onde se consegue maior fora. Por outro lado, se h grandenecessidade de controle visual da tarefa (por exemplo, costurar), um

    plano mais elevado facilita a aproximao dos olhos at o detalhe aser visualizado.

    Concluindo, o mobilirio deve ser adaptado no s s caracte-rsticas antropomtricas da populao, mas tambm natureza dotrabalho, ou seja, s exigncias da tarefa.

    17.3.1. Sempre que o trabalho puder ser executado na posiosentada, o posto de trabalho deve ser planejado ou adaptado

    para essa posio.A interpretao desse subitem tem gerado mal-entendidos. A

    postura mais adequada ao trabalhador aquela que ele escolhelivremente e que pode ser variada ao longo do tempo. O tempo demanuteno de uma postura deve ser o mais breve possvel, poisseus efeitos, eventualmente nocivos, dependem do tempo durante oqual ela ser mantida. A apreciao do tempo de manuteno deuma postura deve levar em conta, por um lado, o tempo unitrio de

    manuteno (sem possibilidades de modificaes posturais) e, por outro,o tempo total de manuteno registrado durante a jornada de trabalho.

    Os esforos estticos devem ser reduzidos ao mximo. Todo es-foro de manuteno postural implica uma contrao muscular estticaque pode ser nociva sade e, portanto, toda e qualquer postura rgidae fixa deve ser evitada. A redao do subitem teve por inteno reduzir aposio de trabalho em p, muito comum no meio industrial. Na maio-ria das vezes, a realizao da tarefa no incompatvel com a posturasentada. Reproduzimos abaixo a argumentao a favor da adaptaodos postos de trabalho de modo a permitirem a alternncia de postura,encontrada nos principais manuais de ergonomia.(Ver tb. Nota Tcnican 60/2001 no site www.mte.gov.br)

    FISIOPATOLOGIADOTRABALHOMUSCULAR

    O trabalho muscular se traduz pela contrao de certos

    msculos e relaxamento de outros. A contrao muscular ofenmeno fundamental da atividade fsica. O trabalho muscularesttico caracteriza-se por uma contrao prolongada da mus-

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    culatura (manuteno de uma postura ou membro contra a gra-vidade). Dessa forma, o msculo no alonga seu comprimentoe permanece em estado de alta tenso, produzindo fora du-rante longo perodo. Os efeitos fisiolgicos dos esforos estti-

    cos esto ligados compresso dos vasos sangneos. O san-gue deixa de fluir e o msculo no recebe oxignio nem nutri-entes, os resduos metablicos no so retirados, acumulando-se e provocando dor e fadiga musculares. O tempo de manu-teno da contrao funo da tenso.

    A POSTURAEMP

    De maneira geral, a concepo dos postos de trabalho no

    leva em considerao o conforto do trabalhador na escolha da posturade trabalho, mas sim as necessidades da produo.

    A escolha da postura em p, muitas vezes, tem sido justificadapor considerar que, nessa posio, as curvaturas da coluna estejamem alinhamento correto e que, dessa forma, as presses sobre o dis-co intervertebral so menores que na posio sentada. Mas os ms-culos que sustentam o tronco contra a fora gravitacional, emboravigorosos, no so muito adequados para manter a postura em p.Eles so mais eficazes na produo dos movimentos necessrios sprincipais mudanas de postura. Por mais econmica que possa serem termos de energia muscular, a posio em p ideal no usual-mente mantida por longos perodos, pois as pessoas tendem a utili-zar alternadamente a perna direita e a esquerda como apoio, paraprovavelmente facilitar a circulao sangnea ou reduzir as com-presses sobre as articulaes. A posio em p, com o peso sendosuportado por uma das pernas, aumenta a atividade eletromiogrficano lado da perna que suporta o peso.

    A manuteno da postura em p imvel tem ainda as seguin-tes desvantagens:

    tendncia acumulao do sangue nas pernas, o que pre-dispe ao aparecimento de insuficincia valvular venosanos membros inferiores, resultando em varizes e sensaode peso nas pernas;

    sensaes dolorosas nas superfcies de contato articulares quesuportam o peso do corpo (ps, joelhos, quadris);

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    a tenso muscular permanentemente desenvolvida para man-ter o equilbrio dificulta a execuo de tarefas de preciso;

    a penosidade da posio em p pode ser reforada se otrabalhador tiver ainda que manter posturas inadequadas

    dos braos (acima do ombro, por exemplo), inclinao outoro de tronco ou de outros segmentos corporais;

    a tenso muscular desenvolvida em permanncia para ma-nuteno do equilbrio traz mais dificuldades para a exe-cuo de trabalhos de preciso.

    A escolha da postura em p s est justificada nas seguintescondies:

    a tarefa exige deslocamentos contnuos como no casode carteiros e rondantes;

    a tarefa exige manipulao de cargas com peso igual ousuperior a 4,5kg;

    a tarefa exige alcances amplos freqentes, para cima, parafrente ou para baixo; no entanto, deve-se tentar reduzir aamplitude desses alcances para que se possa trabalhar sen-tado;

    a tarefa exige operaes freqentes em vrios locais detrabalho, fisicamente separados;

    a tarefa exige a aplicao de foras para baixo, como emempacotamento.

    Fora dessas situaes, o auditor-fiscal do trabalho no deve acei-tar, em hiptese alguma, o trabalho em p. Muitos ergonomistas, noaf de resolver as dificuldades dos empregadores, tm emitido opini-

    es favorveis ao trabalho em p apenas para evitar que o plano detrabalho seja adaptado, o que acarretaria um certo custo monetrio.Ora, os custos dessas pequenas adaptaes so mnimos se compara-dos fadiga e penosidade das tarefas que vo ser executadas em pdurante todo o dia e por vrios anos. No mais das vezes, nem o gastoeconmico que est na origem da dificuldade. Muitos empregadorestm a falsa impresso de que o trabalho sentado induz indolncia.Evidentemente, trata-se de uma falcia.

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    A POSIOSENTADA

    O esforo postural (esttico) e as solicitaes sobre as arti-culaes so mais limitados na postura sentada que na em p. Apostura sentada permite melhor controle dos movimentos pelo que

    o esforo de equilbrio reduzido. , sem sombra de dvida, amelhor postura para trabalhos que exijam preciso.

    Em determinadas atividades ocupacionais (escritrios, tra-balho com computadores, administrativo etc.), a tendncia de sepermanecer sentado por longos perodos.

    Grande nmero de pessoas considera que as dores da regiodorsal so agravadas pela manuteno da postura sentada. De ma-

    neira geral, os problemas lombares advindos da postura sentadaso justificados pelo fato de a compresso dos discos intervertebraisser maior na posio sentada que na posio em p. No entanto,tais problemas no so apenas decorrentes das cargas que atuamsobre a coluna vertebral, mas, principalmente, da manuteno dapostura esttica. A imobilidade postural constitui um fator desfavo-rvel para a nutrio do disco intervertebral, que dependente domovimento e da variao da postura. A incidncia de dores lom-

    bares menor quando a posio sentada alternada com a em p,e menor ainda quando se podem movimentar os demais segmen-tos corporais como em pequenos deslocamentos.

    A postura de trabalho sentado, se bem concebida (com apoiose inclinaes adequados), pode apresentar at presses intradiscaisinferiores posio em p imvel, desde que o esforo posturalesttico e as solicitaes articulares sejam reduzidos ao mnimo.Trabalhar sentado permite maior controle dos movimentos porqueo esforo para manter o equilbrio postural reduzido.

    As vantagens da posio sentada so:

    baixa solicitao da musculatura dos membros inferio-res, reduzindo, assim, a sensao de desconforto e cansa-o;

    possibilidade de evitar posies foradas do corpo;

    menor consumo de energia; facilitao da circulao sangnea pelos membros inferiores.

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    As desvantagens so:

    pequena atividade fsica geral (sedentarismo);

    adoo de posturas desfavorveis: lordose ou cifoses ex-cessivas;

    estase sangnea nos membros inferiores, situao agravadaquando h compresso da face posterior das coxas ou dapanturrilha contra a cadeira, se esta estiver malposicionada.

    Uma vez adaptado o posto para o trabalho sentado, precisoobservar certos critrios na escolha do assento.

    A SELEODOASSENTO

    O assento deve ser adequado natureza da tarefa e s di-menses antropomtricas da populao. No existe uma cadeiraque seja ergonmica independentemente da funo exercida pelotrabalhador. Basta lembrar que uma cadeira confortvel para as-sistir televiso no adequada para uma secretria, que deve semovimentar entre a mesa, um arquivo e um aparelho de telefax. Ocontrrio tambm verdadeiro.

    A altura do assento deve ser definida de forma que os ps este-jam bem apoiados. A partir da, ajusta-se a altura do assento em fun-o da superfcie de trabalho. A regulagem do assento deve permitirque ele fique entre 37 a 47cm do solo, acomodando bem a maioriada populao. Quando a altura do plano de trabalho for fixa deve-sedisponibilizar suporte para os ps para os que tm estatura menor. Osuporte no deve ser uma barra fixa, mas sim uma superfcie inclina-da que apie uma grande parte da regio plantar.

    A profundidade do assento no pode ser muito reduzida nemmuito grande. Deve ser de um tamanho tal que o maior percentilmantenha seu centro de gravidade sobre o assento. O maior percentilprecisa, ento, ter profundidade de assento, no mnimo, igual pro-fundidade do trax mais 2,5cm para evitar uma base que no lhe dfirmeza. No entanto, o assento no pode ser muito profundo paraque o menor percentil tenha mobilidade na rea popliteal.

    A conformao do assento deve tambm permitir alteraes depostura, aliviando, assim, as presses sobre os discos intervertebraise as tenses sobre os msculos dorsais de sustentao. Portanto,

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    assentos anatmicos, em que as ndegas se encaixam neles, noso recomendados, pois permitem poucos movimentos.

    A densidade do assento tambm importante para suportar astuberosidades isquiticas. prefervel assento com inclinao para

    trs em torno de 5ograus com relao horizontal. Isso impede que apessoa escorregue para frente, o que pode acontecer em assentosparalelos ao solo.

    importante que o encosto fornea um bom suporte lombar.

    Concluindo, qualquer postura desde que mantida prolongada-mente mal tolerada. A alternncia de posturas deve ser sempreprivilegiada, pois permite que os msculos recebam seus nutrientes

    e no fiquem fatigados.A alternncia postural deve sempre ficar livre escolha do

    trabalhador. Ele quem vai saber, diante da exigncia momentneada tarefa, se melhor a posio sentada ou em p. Uma tarefa notem exigncias fixas. Por isso, nunca se pode afirmar de antemoqual a melhor postura baseando-se apenas em critrios biomecnicos.Por exemplo, um caixa de supermercado prefere ficar sentado quandomanipula mercadorias leves, quando faz um troco ou quando confere

    cheques. Mas prefere se levantar quando lida com mercadoria pesa-da ou frgil, assim como, quando percebe um cliente potencialmenteagressivo. Permanecendo em p, os olhos de ambos situam-se na mes-ma altura, diminuindo a sensao subjetiva de inferioridade. Logo, noso os fisiologistas que tm a palavra final sobre o conforto.

    A postura de trabalho adotada funo da atividade desen-volvida, da exigncia da tarefa (visuais, emprego de foras, preciso

    dos movimentos etc.), dos espaos de trabalho, da ligao do traba-lhador com mquinas e equipamentos de trabalho como, por exem-plo, o acionamento de comandos.

    A concepo dos postos de trabalho deve propiciar e facilitar aalternncia de posturas. Para tanto, deve levar em considerao a natu-reza da tarefa e as atividades desenvolvidas para realiz-la.

    Um posto de trabalho, mesmo quando bem projetado doponto de vista antropomtrico, pode se revelar desconfortvelse os fatores organizacionais, ambientais e sociais no foremlevados em conta.

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    O conforto do trabalho sentado tambm funo do tempo demanuteno da postura, da altura do plano de trabalho e da cadeira, dascaractersticas da cadeira, da adaptao s exigncias visuais, dos espa-os para pernas e ps.

    O tempo de manuteno de uma mesma postura deve ser omais breve possvel: devendo ser considerado para tanto o tempounitrio de manuteno (sem possibilidade de modificaes) e o tempototal de manuteno diria. A necessidade de variar a postura e deevitar a manuteno prolongada da mesma justificada, porque osmsculos usados para manter a postura sentada e a postura em pno so os mesmos e porque a imobilidade postural prejudica anutrio dos discos intervertebrais, favorecendo a degenerao dos

    mesmos.As exigncias visuais: a localizao das fontes de informaes

    visuais vai determinar o posicionamento da cabea que pode, por suavez, influenciar a postura do tronco, levando o trabalhador a adotarposturas inadequadas prolongadas ou repetitivas da nuca em flexo ouextenso extremas ou de inclinao/toro do tronco.

    A altura do plano de trabalho um elemento importante para o

    conforto postural. Se o plano de trabalho muito alto, o trabalhadordever elevar os ombros e os braos durante toda a jornada. Se formuito baixo, ele trabalhar com as costas inclinadas para frente. Essaobservao vlida tanto para trabalho sentado como para em p. Oponto de referncia utilizado para determinar a altura confortvel detrabalho a altura dos cotovelos em relao ao piso, mas a naturezada tarefa deve tambm ser levada em conta.

    17.3.2. Para trabalho manual sentado ou que tenha de ser fei-to de p, as bancadas, mesas, escrivaninhas e os painis de-vem proporcionar ao trabalhador condies de boa postura,visualizao e operao e devem atender aos seguintes requisi-tos mnimos: ter altura e caractersticas da superfcie de trabalho compat-

    veis com o tipo de atividade, com a distncia requerida dosolhos ao campo de trabalho e com a altura do assento;

    ter rea de trabalho de fcil alcance e visualizao pelotrabalhador;

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    ter caractersticas dimensionais que possibilitem posiciona-mento e movimentao adequados dos segmentos corpo-rais.

    Este subitem com suas alneas permitem que o auditor-fiscal

    do trabalho possa exigir qualquer tipo de mobilirio j que ele deveatender aos requisitos de conforto que contemple tanto boa pos-tura quanto s exigncias da tarefa, a includas uma boa visualizaoe a movimentao adequada dos vrios segmentos corporais, ouseja, acionamento de comandos ou qualquer outra atividade fsi-ca. No resta dvida de que h dificuldade para se projetar um mobi-lirio que atenda a todos esses requisitos, mas no por falta deembasamento legal que se vai deixar de faz-lo. A consulta a manu-

    ais especializados em mobilirio ou a consultoria a uma ergonomistapodem ser de grande valia.

    O mesmo pode-se dizer dos subitens 17.3.2.1, 17.3.3, 17.3.4,17.3.5, 17.4, 17.5 e 17.6: os equipamentos, as condies ambientaise a organizao do trabalho tambm devem ser adaptados s carac-tersticas psicofisiolgicas dos trabalhadores e natureza do trabalho(leia-se, s exigncias da tarefa), levando em conta tambm sensa-o de conforto, isto , os trabalhadores tm de ser consultados edevero aprovar os equipamentos, as condies ambientais e a orga-nizao do trabalho, pois s eles podem atestar seu conforto ou no.

    17.4. Todos os equipamentos que compem um posto de tra-balho devem ser adequados s caractersticas psicofisiolgicasdos trabalhadores e natureza do trabalho a ser executado.

    Os seres humanos sempre procuraram adaptar suas ferramen-tas s suas necessidades, diminuindo o esforo. Nas situaes in-dustriais modernas, com a rgida diviso entre planejamento e exe-cuo, o trabalhador quase no tem oportunidade de influir nas de-cises de compra de equipamentos. Fatores como o preo tem maispeso na deciso da compra que a qualidade. Isso leva a inadaptaes eao aumento da carga de trabalho. Uma m escolha pode penalizar ostrabalhadores durante anos j que no se pode simplesmente jogar osequipamentos no lixo, prejudicando o desempenho eficiente da ativi-dade. Alguns conseguem modificar suas ferramentas adaptando-as starefas. Mas essa capacidade limitada e, s vezes, at perigosa.

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    Levar em conta a opinio dos trabalhadores antes da compratem mostrado um bom resultado em nossa prtica de trabalho. Algu-mas empresas colocam opes para teste e decidem por aqueles quetiveram melhor aceitao.

    Pode-se notar que, quando o usurio tem influncia na esco-lha, os fabricantes dos equipamentos investem mais em pesquisaspara aperfeio-los. Citamos, como exemplo, as cadeiras de odontlogose os veculos automotores.

    Adequados natureza do trabalho significa que os equipa-mentos devem facilitar a execuo da tarefa especfica. O marte-lo o equipamento mais adequado natureza do trabalho de pre-gar. Uma cadeira pode ser confortvel para assistir a televiso,mas ser bastante inconveniente a uma secretria que deve ter acessoalternadamente ao arquivo, ao microcomputador e ao telefone pararealizar sua tarefa. Logo, a cadeira deve ser adequada naturezado trabalho da secretria: ter rodzios, encosto, ser estofada, per-mitir regulagens, ter apoio para os braos etc. No h uma cadeiraergonmica para todo e qualquer tipo de tarefa.

    A mesma observao do subitem anterior se aplica a este subitem.

    Ele permite qualquer mudana nos equipamentos desde que a solicita-o seja fundamentada pela observao da natureza do trabalho (exi-gncias da tarefa) e das caractersticas dos trabalhadores. Por exemplo,se um painel de controle colocado em posio excessivamente altapara a altura do trabalhador, pode-se exigir que o painel seja colocadona altura dos olhos, facilitando a leitura dos dados. Um comando queexija excessiva abduo do membro superior e elevao do ombro podeser mudado de modo a permitir ao membro superior que volte posi-

    o neutra entre um acionamento e outro.17.5. Condies ambientais de trabalho

    Apesar da redundncia, insistimos que no se trata de caracte-rizar insalubridade. Para tal, foi elaborada a Norma Regulamentadoran 15.

    17.5.1. As condies ambientais de trabalho devem estar ade-quadas s caractersticas psicofisiolgicas dos trabalhadores e natureza do trabalho a ser executado.

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    Toda atividade de trabalho est inserida numa dada rea, numdado espao. O ambiente fsico do trabalho pode favorecer ou di-ficultar a execuo do mesmo. Seus componentes podem ser fontede insatisfao, desconforto, sofrimento e doenas ou proporcio-

    nar a sensao de conforto (Mascia & Sznelwar, 1996).A abordagem ambiental sob a tica da ergonomia centrada

    no ser humano e abrange tanto o critrio de sade quanto os crit-rios de conforto e de desempenho. As avaliaes ambientais, quandonecessrias, no dissociam o trabalhador do ambiente.

    As vantagens principais dessa estratgia so as seguintes:

    reconhecimento explcito do saber do trabalhador;

    interveno progressiva de especialistas e peritos, realiza-o de medies, quando necessrias;

    definio de uma sistemtica de colaborao entre as pessoasdiretamente envolvidas no trabalho, trabalhadores e em-pregadores, e os profissionais de segurana e sadeocupacional, visando essencialmente preveno.

    Assim, a ergonomia centrada na anlise da atividade contribui

    para a renovao dos enfoques em segurana do trabalho (Gurin etalii, 1997). Isso leva a concluir que as medies sero maisrepresentativas da exposio do trabalhador, partindo-se da ativida-de real, ou seja, fazendo-se uma analogia entre o trabalho prescrito3

    e o trabalho real4, o vis entre a exposio estimada e a exposioreal ser menor.

    O conhecimento da situao e das atividades de trabalho um pressuposto que antecede as medies e que ir permitir esco-

    lher os locais, os momentos e as tcnicas de avaliao. Consideraro ambiente estvel, efetuar medies em locais onde, por exem-plo, o rudo parece mais elevado, mas onde os trabalhadores nopermanecem, no tem relevncia alguma. A compreenso de comoo trabalho executado tambm permite que as interpretaes dos

    3 Trabalho prescrito: Maneira como o trabalho deve ser executado: o modo de utilizar asferramentas e as mquinas, o tempo concedido para cada operao, os modos operatriose as regras a respeitar; nunca corresponde exatamente ao trabalho real (Daniellou etalii, 1989).

    4 Trabalho real: o efetivamente executado pelo trabalhador.

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    resultados sejam mais representativas da exposio real dos tra-balhadores (Gurin et alii,1997).

    17.5.2. Nos locais de trabalho onde so executadas ativi-dades que exijam solicitao intelectual e ateno cons-

    tantes, tais como: sala de controle, laboratrios, escritri-os, salas de desenvolvimento ou anlise de projetos, den-tre outros, so recomendadas as seguintes condies deconforto:

    a) nveis de rudo de acordo com o estabelecido na NBR 10.152,norma brasileira registrada no INMETRO.

    Os nveis de rudo devem ser entendidos aqui no como aqueles

    passveis de provocar leses no aparelho auditivo, tal como a per-da auditiva, mas como a perturbao passvel de prejuzo ao bomdesempenho da tarefa.

    O rudo nos ambientes de trabalho onde so executadas ativi-dades que requeiram ateno e solicitao intelectual constantes provm,principalmente, do esforo vocal das pessoas necessrio execuode suas tarefas. Em alguns casos, h tambm o emprego de algunsequipamentos ruidosos (como, por exemplo, a utilizao de impresso-

    ras, principalmente as matriciais). J, em outros casos, nos grandes centroscomo So Paulo, o rudo externo (devido proximidade das avenidas,aeroportos etc.) interfere no interior do local de trabalho. Isso ocorrefreqentemente quando a edificao no possui tratamento acsticoadequado ou no h barreiras de atenuao.

    A abordagem para verificar as condies de conforto acsticono ambiente de trabalho pelo profissional de segurana e sade

    ocupacional inicia-se por uma fase exploratria. Essa fase exploratriacompreende a observao da situao de trabalho complementadapor entrevistas aos trabalhadores, o levantamento das fontes de rudoe das caractersticas do local de trabalho. A fase exploratria visaconhecer e compreender a situao de trabalho.

    A seguir, para que seja feita a anlise da situao, faz-se necessrioconhecer a ordem de grandeza dos nveis sonoros e a estratgia demedio para verificar-se a conformidade ou no com a legislao

    sobre conforto acstico.

    A ao dos profissionais de segurana e sade ocupacional

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    deve privilegiar a busca conjunta de solues para reduzir a expo-sio do trabalhador por meio da reorganizao do trabalho, dapossibilidade de reduo na fonte ou de seu afastamento ou dotratamento acstico do local.

    Os critrios de medio da exposio ao rudo devem ser bemdetalhados. A estratgia de medio composta basicamente de qua-tro passos:

    caracterizao do ambiente de trabalho e das atividadesdos trabalhadores;

    avaliao qualitativa da exposio;

    realizao de medies detalhadas, onde necessrio;

    avaliao quantitativa dos resultados e estimativa do nvelde exposio pessoal dirio.

    O tcnico, antes das medies, deve definir o perodo deamostragem. Alguns trabalhos (Lancaster, 1986 e Olsen & Jensen,1994) discutiram e questionaram a prtica tradicional de adotar operodo de uma jornada de trabalho e propuseram perodos alterna-tivos que sero abordados a seguir.

    Como a preciso do nvel de exposio diria funo da raizquadrada da durao da medio, Malchaire& Piette (1997) demons-traram ser mais adequado tomar perodos de amostragem curtos erealizar um maior nmero de observaes.

    A seguir, so descritos alguns procedimentos que contribuempara que as medies sejam representativas da exposio do traba-lhador ao rudo.

    Deve-se optar por perodos de amostragem curtos, porm commaior nmero de observaes, em dias tomados ao acaso, com dura-o de 30 minutos cada, em que a exposio de diversos profis-sionais da mesma funo, setor, andar etc. seja monitorada. OMtodo Sistmico de Monitoramento MSM, proposto por Moure(2000), adota o intervalo de 60 minutos como tempo mnimode amostragem. Esse o limite superior do intervalo de temposegundo Malchaire & Piette (1997) que propem que cada me-

    dio tenha a durao de 30 a 60 minutos. Esse tempo resultade um compromisso entre a preciso requerida e a viabilidadeprtica.

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    Preferencialmente, o nvel de rudo deve ser medido em situa-o real de trabalho, empregando-se um dosmetro, devidamentecalibrado (fonte calibradora). Para o ajuste do aparelho, recomen-da-se os seguintes parmetros: q = 3; circuito de ponderao A;

    circuito de resposta lenta, critrio de referncia 65 dB(A). O micro-fone, preferecialmente, deve ser colocado na gola da camisa dotrabalhador, pois diversos estudos mostraram que, dessa forma, oserros de medio relativos perturbao do campo de ondas que oequipamento ir medir so irrelevantes.

    Quando o limite preconizado for ultrapassado, nem sempreas solues so evidentes. Nesses casos, preciso solicitar umestudo mais aprofundado visando sua eliminao ou atenuao.

    importante realar que as mudanas no arranjo fsico podem ate-nuar ou ampliar o rudo gerado.

    desejvel que haja reduo do rudo ao nvel mais baixopossvel que pode ser obtida pela tomada de medidas tcnicas nafonte. Por exemplo, substituio de impressoras matriciais por im-pressoras a jato tinta ou a laser. Ou agindo sobre o meio ambiente:colocao de divisrias acsticas ou tratamento acstico em pa-redes, janelas, tetos e pisos. Pode-se tambm reorganizar o traba-lho: diminuio da concentrao de pessoas por rea num setorde teleatendimento.

    As demais condies de conforto a que faz aluso o subitem17.5.2 so:

    b) ndice de temperatura efetiva entre 20 e 22C;

    c) velocidade do ar no-superior a 0,75 m/s;

    d) umidade relativa do ar no-inferior a 40%.A climatizao dos locais de trabalho onde h solicitao inte-

    lectual e ateno constante, freqentemente obtida pelo sistemade ar-condicionado. Na grande maioria das situaes de trabalho,no h o emprego de fontes de calor radiante para a execuo dastarefas.

    A abordagem para verificar as condies de conforto trmico

    inicia-se por uma fase exploratria. Essa fase compreende a observa-o da situao de trabalho complementada por entrevistas com ostrabalhadores a respeito do conforto trmico.

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    A seguir, faz-se necessrio conhecer os seguintes parmetros:temperatura efetiva, velocidade do ar e umidade relativa e a estratgiade medio para se verificar a conformidade ou no com a legislaosobre conforto trmico. indispensvel, conhecer a carga de traba-

    lho e o tipo de vestimenta utilizado.A ao dos profissionais de segurana e sade ocupacional deve

    privilegiar a busca conjunta de solues para reduzir a exposio dotrabalhador, aumentar o grau de satisfao por meio da reorganiza-o do trabalho ou de medidas tcnicas.

    Os critrios de medio do conforto trmico devem levar emconta a atividade real e a medio deve ser realizada na altura dotrax do trabalhador. So utilizados o termo-higrmetro e o termo-anemmetro, mas h instrumentos que permitem a leitura de todosos parmetros.

    Vale ressaltar que a temperatura no a temperatura do ar.A temperatura efetiva um ndice desenvolvido por Yaglou (1927)com o intuito de apreciar o conforto trmico. definida como atemperatura ambiente com ar calmo, saturado em vapor dguaque produz a mesma sensao trmica do ambiente estudado. A

    determinao da temperatura efetiva obtida por meio da introdu-o em baco especfico dos seguintes parmetros: temperaturado ar, temperatura de bulbo mido e velocidade do ar.

    Os casos mais problemticos evidenciam ineficincia do sis-tema de ventilao. Outro indcio a diminuio da umidade rela-tiva a valores inferiores ao recomendado pela NR-17 no perododa tarde, geralmente com temperaturas externas superiores.

    Velocidade do ar superior ao preconizado pode evidenciar aexistncia de postos em que as sadas de ar situam-se sobre a cabeae tronco dos funcionrios. Nessas sadas, no raro pode ser ob-servado acmulo de poeira.

    A ttulo de curiosidade, conhecendo-se esses parmetrosdo ambiente, o tipo de vestimenta, sexo do trabalhador e a car-ga de trabalho possvel calcular os ndices Predicted MeanVote PMV e Predicted Percentage of Dissatisfied PPD de acordo

    com a norma ISO 7730-74. Essa norma recomenda para as con-dies de conforto PMV entre -0,5 e +0,5 e PPD inferior a 10%de insatisfao.

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    Para ajustar as condies trmicas s caractersticas dos tra-balhadores e natureza do trabalho, faz-se necessria reviso dosistema de ar-condicionado, compreendendo a manuteno, lim-peza e eficincia. A resoluo RE n 176, de 24 de junho de

    2000, da Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria ANVISAdispe sobre os padres referenciais de qualidade do ar no in-terior de ambientes de uso pblico e coletivo climatizados arti-ficialmente para evitar a Sndrome do Edifcio Enfermo.

    17.5.2.1. Para as atividades que possuam as caractersticas de-finidas no subitem 17.5.2, mas no apresentam equivalnciaou correlao com aquelas relacionadas na NBR 10152, o n-vel de rudo aceitvel para efeito de conforto ser de at 65

    dB(A) e a curva de avaliao de rudo (NC) de valor no-supe-rior a 60 dB.

    17.5.2.2. Os parmetros previstos no subitem 17.5.2 devemser medidos nos postos de trabalho, sendo os nveis de rudodeterminados prximos zona auditiva e s demais variveisna altura do trax do trabalhador.

    17.5.3. Em todos os locais de trabalho, deve haver iluminaoadequada, natural ou artificial, geral ou suplementar, apropriada natureza da atividade.

    17.5.3.1. A iluminao geral deve ser uniformemente distribu-da e difusa.

    17.5.3.2. A iluminao geral ou suplementar deve ser projeta-da e instalada de forma a evitar ofuscamento, reflexos incmo-

    dos, sombras e contrastes excessivos.17.5.3.3. Os nveis mnimos de iluminamento a serem obser-vados nos locais de trabalho so os valores de iluminnciasestabelecidas na NBR 5413, norma brasileira registrada noINMETRO.

    17.5.3.4. A medio dos nveis de iluminamento previstos nosubitem 17.5.3.3. deve ser feita no campo de trabalho onde se

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    realiza a tarefa visual, utilizando-se de luxmetro com fotoclulacorrigida para a sensibilidade do olho humano e em funo dongulo de incidncia.

    17.5.3.5. Quando no puder ser definido o campo de trabalho

    previsto no subitem 17.5.3.4, este ser um plano horizontal a0,75m do piso.

    Na grande maioria dos ambientes de trabalho, h iluminaonatural e artificial. A iluminao natural advm de janelas dispostasnas faces longitudinais e/ou transversais da edificao. A iluminaoartificial obtida, geralmente, por meio de lmpadas fluorescentesacopladas em luminrias embutidas no forro do teto com aletas me-

    tlicas de superfcie opaca ou brilhante, dispostas em fileiras parale-las a um dos eixos da edificao.

    A abordagempara verificar as condies de iluminamento ini-cia-se por uma fase exploratria. Essa fase compreende a observaoda situao de trabalho complementada por entrevistas com os traba-lhadores, pelo levantamento das caractersticas da iluminao, dassuperfcies de trabalho, das paredes e do teto e do uso de computa-dores pessoais. A seguir, necessrio conhecer os nveis de iluminamento

    e a estratgia de sua medio.

    Deve-se privilegiar a busca conjunta de solues para garantirao trabalhador os nveis de iluminamento condizentes ao desempe-nho de suas tarefas.

    Os critrios de medio dos nveis de iluminamento estoexplicitados no item 17.5.3. e seus subitens.

    Em diversos postos de trabalho, as janelas ficam dentro do campo

    visual e h grandes diferenas de iluminncia. Em vrios outros, hreflexos das janelas na superfcie da tela e o trabalhador pode adotarposturas fatigantes tentando evitar o ofuscamento.

    Um aspecto de fcil correo, mas que evidencia falhas de ma-nuteno a presena de cintilamento e de lmpadas queimadas.

    A disposio dos terminais, tanto em relao s janelas quantoem relao s fileiras de luminrias, determinante na obteno

    de um compromisso que satisfaa os requisitos da NR-17. Na gran-

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    de maioria dos postos de trabalho, podem ser notados reflexos nastelas dos terminais. A iluminao inadequada quando h contrastesexcessivos, sobretudo entre o monitor e o fundo e reflexos nas telasdos terminais.

    Recomenda-se que haja diferenas de iluminncia equili-bradas e ausncia de superfcies luminosas na zona de reflexoda tela do terminal de vdeo. Medidas que podem contribuirpara isso so: a substituio ou tratamento das superfcies bri-lhantes das luminrias e suas aletas por superfcie clara e fosca;inclinao do monitor para baixo de 88 a 1050 em relao aoplano horizontal, colocao de divisrias mveis, soluo quepoder contribuir para no somente eliminar a reflexo eventu-

    al na tela como tambm para reduzir nveis de iluminamentoelevados no campo visual. Nos casos mais complexos, neces-sria a solicitao de reviso e reavaliao do projeto de ilumi-nao para atender aos requisitos da NR-17.

    A NR-17 remete Norma Brasileira (NBR 5413), que trataapenas das iluminncias recomendadas nos ambientes de traba-lho. O iluminamento adequado no depende s da quantidadede lux que incide no plano de trabalho. Depende tambm darefletncia dos materiais, das dimenses do detalhe a ser obser-vado ou detectado, do contraste com o fundo etc. Ater-se apenasaos valores preconizados nas tabelas sem levar em conta as exi-gncias da tarefa pode levar a projetos de iluminamento total-mente ineficazes. A situao mais desejada seria aquela em que,alm do iluminamento geral, o trabalhador dispusesse de fontesluminosas individuais nas quais pudesse regular a intensidade.Uma costureira, por exemplo, pode necessitar de maioriluminamento quando trabalha sobre um tecido escuro e um me-nor e menos ofuscante se o tecido for claro. Um ambiente comterminais de vdeo excessivamente iluminado pode provocarofuscamentos desnecessrios.

    17.6. Organizao do trabalho

    17.6.1. A organizao do trabalho deve ser adequada s carac-

    tersticas psicofisiolgicas dos trabalhadores e natureza dotrabalho a ser executado.

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    SECRETARIADEINSPEO

    DO

    TRABALHO

    SIT

    Gostaramos de iniciar com uma definio de dicionrio quedeixa bem claro a impossibilidade de se conseguir uma organizaoeficiente se ela for imposta de forma violenta e arbitrria desdenhan-do da cooperao dos trabalhadores:

    Organizar, no sentido comum, colocar uma certa ordemnum conjunto de recursos diversos para fazer deles uminstrumento ou uma ferramenta a servio de uma vonta-de que busca a realizao de um projeto (ou, numa lin-guagem ergonmica, os objetivos da tarefa). Em todaorganizao aparecem conjuntamente os problemas decooperao e hierarquia.

    Mas, qualquer que seja a forma que a hierarquia assuma, equalquer que seja o meio pelo qual a cooperao se realize,elas no so puramente violentas e arbitrrias. A organiza-o, seus objetivos, seus procedimentos, concernem, segundomodalidades prprias, s diferentes categorias de atores quedela participam. Ou, para dizer a mesma coisa em outrostermos, uma das condies de sobrevivncia, bem como daeficcia da organizao, sua capacidade de motivar seusparticipantes (Boudon & Bourricaud, 1993: 408).

    A organizao do trabalho pode ser caracterizada pelas moda-lidades de repartir as funes entre os operadores e as mquinas: oproblema da diviso do trabalho (Leplat & Cuny, 1977: 60). Ela definequem faz o qu, como e em quanto tempo. a diviso dos homens edas tarefas.

    Tentou-se organizar o trabalho cientificamente. A Organiza-o Cientfica do Trabalho, proposta por Taylor, dividiu rigidamente

    a concepo do trabalho da sua execuo. Alguns poucos concebeme planejam e outros executam. Projetam-se tarefas fragmentadas sem le-var em conta que os homens preferem iniciar e finalizar a fabricao deum produto, entender o que esto fazendo, criar novos processos maiseficientes, ferramentas mais adequadas etc.

    Em outras palavras, a organizao cientfica do trabalho impondo umahierarquia rgida no conseguiu a necessria cooperao dos trabalhadores.Com a introduo das linhas de montagem, tentou-se assegurar a produo

    impondo o tempo de execuo, mas no se conseguiu a motivao dostrabalhadores como sublinhado acima. Brevemente tornou-se necessria a

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    MANUALDEAPLICAO

    DA

    NORMAREGULAMENTADORAN17

    introduo de prmios de produtividade em tarefas fragmentadas. Um re-curso eficiente a curto prazo, mas de efeitos danosos ao longo do tempo.

    O taylorismo, prescrevendo tarefas a serem executadas em temposrgidos e invariveis para todos, pressupe uma estabilidade dos homens,

    das mquinas e das matrias-primas. Estabilidade que no existe no mundoreal. As avaliaes para o estabelecimento dos tempos e movimentos(como se deve executar a tarefa e em quanto tempo, tambm denomi-nada cronoanlise) so realizadas em trabalhadores cujas capacida-des no so representativas das reais capacidades da populao tra-balhadora em geral.

    Por exemplo, essas avaliaes so feitas durante um inter-valo de tempo muito curto e em trabalhadores com um timograu de aprendizado. Isso por si s j induz ao estabelecimentode altas cotas de produo. Cotas difceis de serem atingidas, jque o organismo humano sofre flutuaes ao longo do tempo:ao longo do dia, da semana e mesmo ao longo de toda a vidalaboral. No somos os mesmos pela manh e noite ou aos 20e aos 60 anos. Uma mesma cadncia pode no ser tolerada igual-mente durante toda a jornada de trabalho. Alm da variaofisiolgica circadiana, h de se levar em conta a fadiga acumu-lada que pode tornar penoso, no fim da jornada, uma cadnciasuportvel no seu incio.

    Durante a cronoanlise, os trabalhadores, sabendo-se em ob-servao, esforam-se para atingir o mximo de rendimento de queso capazes. Rendimento que seria impossvel de ser mantido aolongo da jornada, da semana, com o passar dos anos.

    Quando a cadncia de trabalho estabelecida, tomando-se

    como base uma populao muito jovem, se torna insuportvel me-dida que se envelhece, razo