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1 APOSTILA 2016 LÍNGUA PORTUGUESA LITERATURA E GRAMÁTICA ELABORADA E DESENVOLVIDA PELA PROFESSORA AUREA MARIN

LÍNGUA PORTUGUESA LITERATURA E GRAMÁTICA · LITERATURA Pré-modernismo 3 Modernismo 12 Modernismo brasileiro 13 Fases modernismo no Brasil 15 Modernismo português 17 Modernismo

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APOSTILA 2016

LÍNGUA PORTUGUESA LITERATURA E GRAMÁTICA

ELABORADA E DESENVOLVIDA PELA PROFESSORA AUREA MARIN

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LITERATURA E GRAMÁTICA – 3º ANO – ENSINO MÉDIO TÉCNICO - 2016

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ÍNDICE

LITERATURA

Pré-modernismo 3

Modernismo 12

Modernismo brasileiro 13

Fases modernismo no Brasil 15

Modernismo português 17

Modernismo no Brasil 23

Segunda fase 29

Terceira fase 46

Tendências contemporâneas em Portugal 55

Pós modernismo 60

Prosa brasileira após virada do século 62

GRAMÁTICA

Sintaxe 69

Predicado 73

Adjunto adnominal 79

Adjunto adverbial 80

Período composto 82

Orações coordenadas 83

Oração subordinadas 85

Concordância nominal 92

Concordância verbal 98

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PRÉ – MODERNISMO Contexto Histórico: Nos primeiros anos da República, o Brasil foi governado por presidentes militares – era chamada República da espada (1889 a 1894). A ela seguiu-se um período caracterizado por presidentes ligados às oligarquias rurais (a chamada “nobreza fundiária”) constituídas por cafeicultores de São Paulo e pecuaristas de Minas Gerais – a República do café-com-leite. (1894 a 1930). Os antigos escravos eram marginalizados e os imigrantes europeus que chegavam para trabalhar nas lavouras ou nas indústrias recém-criadas eram submetidos a condições de trabalho aviltantes. O Nordeste vivia a estagnação econômica e bandos de cangaceiros assaltavam propriedades. As secas levavam à morte milhares de sertanejos e outros tantos eram facilmente arregimentados na formação de seitas místicas, lideradas por beatos ou conselheiros, tornando-se fanáticos, pela desesperança e pela crença numa solução divina para males que, na verdade, tinham origem econômica. Este período, compreendido entre 1900 e 1922 caracteriza-se pela convivência de várias correntes e estilos, com predominância ainda do Parnasianismo. Ao lado do mundo “cor-de-rosa” das elites, estava a miséria do povo, e pouquíssimos foram os escritores que voltaram os olhos de modo crítico para a realidade brasileira. Os literatos “oficiais”, parnasianos, estavam, na verdade, preocupados com o prestígio social que a literatura lhes pudesse dar. Freqüentavam cafés, saraus, apreciavam palavras eruditas, os modismos europeus e o tom retórico, produzindo uma literatura que se convencionou chamar sorriso da sociedade. O Pré-Modernismo, que não é propriamente uma escola literária, designa genericamente esse período, no qual poucos escritores procuraram interpretar a realidade brasileira, revelar suas tensões e os problemas sociopolíticos da época. Algumas datas podem servir de balizamento para esse período:

1902 – publicação de Canaã, de Graça Aranha, e de Os sertões, de Euclides da Cunha;

1922 – realização da Semana de Arte Moderna, No Teatro Municipal de São Paulo, nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro.

Principais autores: Lima Barreto – A característica mais marcante de sua literatura é a denúncia dos problemas sociais de sua época. Vítima de tantos preconceitos foi inevitável que traços biográficos do autor se incorporassem nas obras, especialmente em Recordações do escrivão Isaías Caminha, uma pesada caricatura em que o escritor esmiúça os bastidores da imprensa da época. Em Triste fim de Policarpo Quaresma, inventa o patriota ingênuo que luta até o fim da vida para restabelecer as tradições brasileiras mais legítimas. A intenção de denunciar levou o escritor a empregar uma linguagem clara e simples, sem os adornos que eram moda na época. Dessa opção resultaram as pesadas críticas que recebeu: de ser desleixado, de não saber gramática. Via-se descuido e erro onde existia quase sempre o desprezo intencional pelos ornamentos, onde predominava o esforço de se fazer entender pelo homem comum, que ele incorporou como personagem.

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Suas principais obras são: Recordações do escrivão Isaías Caminha, Triste Fim de Policarpo Quaresma, Numa e ninfa, Vida e morte de M. J. Gonzaga de Sá, Os bruzundangas, Clara dos Anjos. Euclides da Cunha – Foi correspondente do jornal O Estado de S. Paulo, incumbido de fazer a cobertura da Guerra de Canudos. Dessa cobertura jornalística resultou uma obra-prima: Os sertões, publicado em 1902, e marco inicial de nosso Pré-Modernismo. Contudo, o autor peca pelo estilo retórico-discursivo, muitas vezes barroco e pomposo, mas que de modo algum retira o alto nível e a importância da obra, no qual se percebe a formação positivista e a ótica determinista do escritor. Monteiro Lobato – É o maior escritor da literatura infanto-juvenil brasileira. Com ele ocorre uma verdadeira revolução no gênero, até então marcada por textos de preocupações moralistas, patrióticas e ufanistas, que ao invés de divertirem as crianças, procuravam doutrina-las. Ao rejeitar os modelos tradicionais, levou as crianças a se divertirem com reflexão, modernidade e assimilação de valores universais. Sua produção infanto-juvenil constitui a parte mais importante de sua obra. Embora Monteiro Lobato fosse um homem que acreditava no progresso, cometeu o equívoco momentâneo de criticar os modernistas de 22, que buscavam uma arte de reforma. Augusto dos Anjos – Caracteriza-se pela crueza dos temas, que giram em torno da morte e da doença, focalizando hospitais, necrotérios, hospícios, cadáveres e micróbios, pelo exotismo de linguagem, carregada de vocábulos científicos, e por agudo pessimismo diante da vida. À visão do mundo harmonioso das elites da época, da literatura “sorriso da sociedade”, Augusto dos Anjos contrapôs um outro, de decomposição, angústia e sofrimento, em que se percebe a inquietação filosófica do poeta sobre o enigma do Universo e da própria vida. Suas obras foram póstumas: Poesia: Eu, Eu e outras poesias.

EXERCÍCIOS

1) Que classes eram o sustentáculo do poder civil nas primeiras décadas da República?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 2) Qual era a situação da classe trabalhadora nas primeiras décadas da República?

____________________________________________________________________________________________________________________

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____________________________________________________________________________________________________________________ 3) O que se entende por Pré-Modernismo?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 4) O que se pode criticar em muitos escritores brasileiros do período compreendido entre o final do século XIX e as primeiras décadas do século XX?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 5) Que autores se destacam no Pré-Modernismo brasileiro?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

6) A que autor pré-modernista se refere cada um dos comentários a seguir? a) “Os dramas humildes, as tragédias da classe média encontraram nele um grande, fiel e enternecido intérprete. Mas soube retratar, com agudeza e sarcasmo, os meios políticos e as redações dos jornais, mostrando aspectos curiosos e dolorosos” (Fernando Góis); b) “Vislumbrando na matéria orgânica uma vocação fatal para o sofrimento, o poeta concebia o espetáculo da vida como um permanente encaminhar-se para a dissolução.” (José Paulo Paes); c) “Nesses capítulos informados pela mais exaustiva erudição científica (geológica, orográfica, climatológica, hidrográfica, botânica, zoológica, antropológica, etnográfica, folclórica, sociológica e, mesmo, psiquiátrica), tanta multiplicidade de fatos e de interpretações destina-se a iluminar, com a luz crua e violenta da evidência, o meio asperamente conflituoso em que sofre o jagunço nordestino.” (Alfredo Bosi); d) “A contradição moderno-antimodernista leva-o a uma crítica injusta e violenta à pintura de Anita Malfatti, fato cultural mais importante antes da Semana de Arte Moderna.” (PUC – SP); e) NDA.

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TRISTE FIM DE POLICARPO QUARESMA (fragmento)

Triste Fim de Policarpo Quaresma conta a história de um nacionalista ingênuo, Policarpo Quaresma, que acredita em um Brasil forte, rico e soberano, e quer salvá-lo dos políticos corruptos. Entretanto, esse exaltado patriotismo só provoca risos e acaba por custar-lhe o internato num hospício. Tendo apoiado o Marechal Floriano, volta-se contra o seu governo por considerá-lo incompetente e desumano. Ao presenciar a escolha de antiflorianistas para fuzilamento, escreve, indignado, uma carta ao presidente. No dia seguinte é preso e fuzilado. Desde dezoito anos que tal patriotismo lhe absorvia e por ele fizera a tolice de estudar inutilidades. Que lhe importavam os rios? Eram grandes? Pois que fossem... Em que lhe contribuiria para a felicidade saber o nome dos heróis do Brasil? Em nada... O importante é que ele tivesse sido feliz. Foi? Não. Lembrou-se das suas coisas de tupi, do folklore, das suas tentativas agrícolas... Restava disso tudo em sua alma uma satisfação? Nenhuma!Nenhuma! O tupi encontrou a incredulidade geral, o riso, a zombaria, o escárnio; e levou-o à loucura. Uma decepção. E a agricultura? Nada. As terras não eram férteis ela não era fácil como diziam os livros. Outra decepção. E, quando o seu patriotismo se fizera combatente, o que achara? Decepções. Onde estava a doçura de nossa gente? Pois ele não a viu combater como feras? Pois não a via matar prisioneiros, inúmeros? Outra decepção. A sua vida era uma decepção, uma série, melhor, um encadeamento de decepções. A pátria que quisera ter era um mito, era um fantasma criado Poe ele no silêncio do seu gabinete. Nem a física, nem a moral, nem a intelectual, nem a política que julgava existir, havia. A que existia de fato, era a do Tenente Antonino, a do doutor Campos, a do homem do Itamarati. E, bem pensando, mesmo na sua pureza, o que vinha a ser Pátria? Não teria levado toda a sua vida orientado por uma ilusão, por uma idéia a menos, sem base, sem apoio, por Deus ou uma Deusa cujo império se desaparecia. Vocabulário: Folclore – estudo e conhecimento das tradições de um povo, expressas nas suas lendas, crenças, canções e costumes. Mofa – zombaria. Feraz – fértil. Itamaraty – nome do palácio que, no Rio de Janeiro, serviu de sede do Ministério das Relações Exteriores. Nortear – orientar, guiar. Esvair – dissipar, desaparecer.

INTERPRETAÇÃO DO TEXTO

1) Justifique com elementos do texto a afirmação de que o Major Quaresma tinha um forte sentimento nacionalista?

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____________________________________________________________________________________________________________________ 2) Segundo Pero Vaz de Caminha, “(A terra) em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo...”Que comentário faz Quaresma a esse respeito?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 3) É comum a crença de que o povo brasileiro possui um espírito pacífico, generoso e cordial. O que pensa Policarpo Quaresma a respeito disso?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 4) Que ilusão teria guiado Quaresma até o fim da sua vida?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

OS SERTÕES Os sertões é um ensaio sociológico e histórico em torno da guerra de Canudos. Fatores geográficos, raciais e históricos determinam as ações dos jagunços rebeldes – A terra - , o autor analisa o condicionamento geográfico, com o clima exercendo um papel preponderante na formação do meio e do homem, produto desse meio. Na segunda parte – O homem -, temos a análise da miscigenação e seus efeitos. Na última parte – A luta - , a descrição do conflito resultante.

Contudo, o autor peca pelo estilo retórico-discursivo, muitas vezes barroco e pomposo, mas que de modo algum retira o alto nível e a importância de Os sertões, no qual se percebe a formação positiva e a ótica determinista do escritor.

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O HOMEM

De repente, uma variante trágica. Aproxima-se a seca. O sertanejo adivinha-a e prefixa-a graças ao ritmo singular com que se desencadeia o flagelo. Entretanto não foge logo, abandonando a terra a pouco e pouco invadida pelo limbo cadente que irradia do Ceará. Buckle, em página notável, assinala a anomalia de se não afeiçoar nunca, o homem, às calamidades naturais que o rodeiam. Nenhum povo tem mas pavor aos terremotos que o peruano; e no Peru as crianças ao nascerem têm o berço embalado pelas vibrações da terra. Mas o nosso sertanejo faz exceção à regra. A seca não o apavora. É um complemento à sua vida tormetosa, emoldurando-a em cenários tremendos. Enfrenta-a, estóico. Apesar das dolorosas tradições que conhece através de um sem número de terríveis episódios, alimenta a todo o transe esperanças de uma resistência impossível.

(Euclides da Cunha)

INTERPRETAÇÃO DO TEXTO

1) Como Euclides da Cunha caracteriza o homem sertanejo? _____________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 2) Em que homem sertanejo difere do peruano?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 3) Por que Buckle caracteriza como uma “anomalia” o fato de o homem não se afeiçoar nunca às calamidades naturais que o rodeiam?

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4) Destaque do texto uma passagem que demonstra ser o flagelo da seca algo repetitivo e bastante conhecido pelo sertanejo.

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JECA TATU

Pobre Jeca Tatu! Como és bonito no romance e feio na realidade! Jeca mercador, Jeca lavrador, Jeca filósofo... Quando comparece às feiras, todo mundo logo adivinha o que ele traz: sempre coisas que a natureza derrama pelo mato e ao homem só custa o gesto de espichar a mão e colher (...) Nada mais. Seu grande cuidado é espremer todas as conseqüências da lei do menor esforço – e nisto vai longe. Começa na morada. Sua casa de sapé e lama faz sorrir aos bichos que moram em toca e gargalhar ao joão-de-barro. Pura biboca de bosquímano. Mobília, nenhuma. A cama é uma espipada esteira de peri posta sobre o chão batido. Às vezes se dá ao luxo de um banquinho de três pernas – para os hóspedes. Três pernas permitem equilibrar; inútil, portanto, meter a quarta, o que ainda o obrigaria a nivelar o chão. Para que assentos, se a natureza os dotou de sólidos, rachados calcanhares sobre os quais se sentam? Nenhum talher. Não é a munheca um talher completo – colher, garfo e faca a um tempo? Seus remotos avós não gozaram maiores comodidades. Seus netos não meterão quarta perna ao banco. Para quê? Vive-se bem sem isso. Se pelotas de barro caem, abrindo seteiras na parede, Jeca não se move a repô-las. Ficam pelo resto da vida os buracos abertos, a entremostrarem nesgas de céu. Quando a palha do teto, apodrecida, greta em fendas por onde pinga a chuva, Jeca, em vez de remendar a tortura, limita-se, cada vez que chove, a aparar numa gamelinha a água gotejante... Remendo... Para quê? se uma casa dura dez anos e faltam “apenas” nove para que ele abandone aquela? Esta filosofia economiza reparos.

(Monteiro Lobato – Urupês)

Vocabulário: Biboca – casa humilde, com cobertura de palha. Bosquímano – indivíduo dos bosquímanos, povo sul-africano. Espipar – esticar, estender. Peri – espécie de junco do qual se fazem esteiras; piripiri. Munheca – mão. Remoto – antigo, distante. Seteira – fresta. Nesga – pequena espaço. Gretar – rasgar. Gamela – vasilha de madeira ou barro.

INTERPRETAÇÃO DO TEXTO

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1) O que podemos concluir ao compararmos a personagem de Monteiro Lobato com o índio Peri, de José de Alencar, e os bravos e orgulhosos caboclos dos romances regionalistas do mesmo período? _____________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 2) Em Jeca Tatu, Monteiro Lobato investe contra a idealização do caboclo, apontando algumas das suas características negativas. Qual delas é a mais criticada no texto?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 3) “Jeca mercador, Jeca lavrador, Jeca filósofo...” Este parágrafo refere-se ao Jeca de Monteiro Lobato ou aos caboclos dos romances românticos?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 4) Você crê que Monteiro Lobato queria chamar a atenção para uma realidade que deveria ser invertida ou pretendeu apenas ridicularizar o caboclo? Por quê?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 5) “Pobre Jeca Tatu! Como és bonito no romance e feio na realidade!” Em Urupês (1918), Monteiro Lobato cria a figura do Jeca Tatu, o caipira atrasado e indolente. Mais tarde, Lobato se conscientizaria de que o tipo era uma conseqüência de problemas socioeconômicos e da ausência de reformas que dessem ao homem do campo condições de desenvolvimento. Segundo você, que reformas e ações governamentais podem contribuir para a melhoria das condições de vida do homem do campo?

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PSICOLOGIA DE UM VENCIDO

Eu, filho do carbono e do amoníaco, Monstro de escuridão e rutilância, Sofro, desde a epigênese da infância, A influência má dos signos do zodíaco. Profundissimamente hipocondríaco, Este ambiente me causa repugnância... Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia Que se escapa da boca de um cardíaco. Já o verme – este operário das ruínas Que o sangue podre das carnificinas Come e à vida em geral declara guerra, Anda a espreitar meus olhos para roê-los, E há de deixar-me apenas os cabelos, Na frialdade inorgânica da terra!

(Augusto dos Anjos)

Vocabulário: Rutilância – brilho Epigênese – teoria da formação dos seres por gerações graduais. Hipocondríaco – que tem mania de doença; triste, melancólico.

INTERPRETAÇÃO DO TEXTO

1) Um dos elementos da renovação poética de Augusto dos Anjos é a desvinculação da palavra do seu compromisso com o belo, dessacralizando-a e incluindo vocábulos até então apoéticos. Que exemplos podemos retirar do texto para exemplificar essa afirmação?

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____________________________________________________________________________________________________________________ 2) A incorporação de termos científicos na poesia de Augusto dos Anjos revela que tipo de influência?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 3) Por influência simbolista – sobretudo de Baudelaire e sua poesia da decomposição -, a imagem da decadência é comum na poesia de augusto dos Anjos. No poema, essa imagem se realiza no plano físico ou espiritual? Qual o seu agente?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 4) A angústia diante da vida, a imagem da decomposição da carne e a linguagem exótica – alguns dos elementos caracterizadores da poesia de Augusto dos Anjos – estão presentes nesse poema. Exemplifique cada um deles com elementos do poema.

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

MODERNISMO Contexto histórico: O início do século XX foi marcado por um extraordinário desenvolvimento científico e tecnológico, dos quais são exemplos o telégrafo, a eletricidade, o telefone, o cinema, o automóvel e o avião; a teoria da relatividade, de Einstein, e a teoria psicanalítica, de Freud. Vivia-se a euforia da chamada belle époque, com a valorização do conforto e do “bem viver”. Entretanto, desde o final do século XIX, os países europeus passam por constantes sobressaltos, resultantes da instabilidade e competições políticas, o que acelerava a corrida armamentista. Em 1914, começa a Primeira Guerra Mundial, de proporções até então desconhecidas pela humanidade, que passa a descrer nos sistemas políticos, sociais e filosóficos e questionar os valores de seu tempo.

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Dessa descrença e desses questionamentos surgem vários movimentos de vanguarda na Europa que se caracteriza principalmente pela proposta de ruptura radical com o passado e pelo intuito de chocar a opinião pública. Esses movimentos influenciaram o Modernismo brasileiro, entre eles: Futurismo – Propunha a destruição do passado, a exaltação da vida moderna, o culto da máquina e da velocidade, pregando uma arte voltada para o futuro, agressiva, e violenta, enaltecendo a guerra, o militarismo e o patriotismo. Preconizava também a destruição da sintaxe, com os substantivos dispostos ao acaso, a eliminação da pontuação e a abolição do adjetivo, do advérbio e das conjunções. Foi lançado pelo poeta italiano Marinetti. Cubismo - Na pintura decompunha os objetos da realidade cotidiana em diferentes planos geométricos para sugerir a sua estrutura global, como se fossem vistos de diferentes ângulos. Na poesia, valorizava o subjetivismo, a ilogicidade, a frase nominal, o tempo presente e o humor. Na pintura um dos exemplos é Picasso. Dadaísmo – Reflete a atmosfera pessimista da Primeira Guerra Mundial. Pregava a destruição de todos os valores culturais da sociedade que fazia a guerra, instalando o absurdo, o ilógico e o incoerente. Buscava-se assim uma antiarte, irracional e anárquica. Daí o automatismo psíquico, as livres associações, a invenção de palavras, a exaltação da total liberdade de criação, o sarcasmo, a irreverência e a aproximação com o mundo dos loucos e das crianças. Surrealismo – Lançado na França, valorizava o passado, buscava a emancipação total do homem fora da lógica, da razão, da família, da pátria, da moral e da religião. Influenciados pela teoria psicanalítica de Freud, os surrealistas conferiam importância ao sonho e à exploração do inconsciente, praticando o automatismo psíquico e a expressão libertada da censura e sem o controle da razão.

EXERCÍCIOS 1) O que refletiam os movimentos da vanguarda européia?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 2) Identifique o movimento de vanguarda a que se refere cada um dos fragmentos de manifesto: a) O princípio: “ama teu próximo” é uma hipocrisia. “Conhece-te” é uma utopia, porém mais aceitável porque contém a maldade. Nada de piedade. Após a carnificina, resta-nos a esperança de uma humanidade purificada;

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b) Os poetas e os artistas determinam e concertam a imagem de sua época e docilmente o futuro se amolda ao seu gosto; c) (Os loucos)... são pessoas de uma honestidade escrupulosa e cuja inocência só é comparável à minha (...) os processos lógicos, de nossos dias, só se aplicam à resolução de problemas de interesse secundário; d) Escrevo depressa, sem um assunto preconcebido, suficientemente depressa para não parar e não ter a tentação de reler. A primeira frase virá sozinha, tanto é verdade que a cada segundo existe uma frase estranha ao nosso pensamento consciente que só deseja exteriorzar-se; e) NDA.

MODERNISMO BRASILEIRO

No Brasil, os governos das oligarquias iam se sucedendo, Minas e São Paulo repartiam o poder, desfavorecendo as camadas empobrecidas da população, os operários e os trabalhadores rurais. À época da Semana de Arte Moderna, o quadro brasileiro era de crises sucessivas, que acabam por gerar a Revolução de 1930, quando Getúlio Vargas assume o poder. Nascido sob as influências das vanguardas européias, o Modernismo brasileiro, em suma primeira fase (1922 – 1930), começou pelo combate às características estéticas tradicionais e conservadoras (Parnasianismo), ansioso pela liberdade de linguagem e afirmação dos novos valores estéticos que pretendia. Semana de Arte Moderna: O modernismo brasileiro não começou em 1922. Desde 1912, com o retorno de Oswald de Andrade da Europa, onde teve contato com as vanguardas, vários acontecimentos delinearam as mudanças que estavam surgindo nas artes brasileiras. Porém o mês de fevereiro de 1922 foi o marco histórico do Modernismo brasileiro. Nos dias 13, 15 e 17, o Teatro Municipal de São Paulo, torna-se centro de uma verdadeira “amostra” das ideias modernistas. São lidos manifestos e poemas; expõem-se quadros e esculturas; músicas são executadas. Tudo diante de um público que reagiu com vaias e apupos. Estava “oficialmente” inaugurado o período de combate dos primeiros modernistas, que investiam, sobretudo, contra os sólidos valores parnasianos. As correntes modernistas: Depois da união inicial em torno da Semana, os modernistas, dividiram-se em grupos e movimentos que refletiam orientações estéticas e ideológicas diversas: Movimento Pau-Brasil – Tinha como objetivo a revalorização dos elementos primitivos da nossa cultura, através da crítica ao falso nacionalismo e da valorização de obras que

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redescobrissem o Brasil, seus costumes, sua cultura, seus habitantes e suas paisagens. Dele participaram, principalmente: Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Raul Bopp, Alcântara Machado e Tarsila do Amaral (pintora). Movimento Verde- Amarelo – Liderado por Plínio Salgado, Cassiano Ricardo e Menotti del Picchia, e tendo uma postura nacionalista, repudiava tudo o que fosse cultura importada e tentava mostrar um Brasil grandioso. Entretanto, acabou por revelar uma visão reacionária, sobretudo através de Plínio Salgado, que viria a ser o principal líder do Integralismo, movimento político brasileiro de extrema direita baseado nos moldes fascistas. Movimento antropofágico – Radicalização do Movimento Pau-Brasil, foi lançado em 1928, e opunha-se ao conservadorismo do movimento Verde-Amarelo. Seus participantes eram os mesmos do Movimento Pau-Brasil. Movimento espiritualista – Procurou conciliar o passado com o futuro e manteve-se preso às influências simbolistas. A universalidade dos temas, o mistério, as questões existenciais e o espiritualismo caracterizam, de maneira geral, a produção poética desta corrente que assimilou as renovações da linguagem modernista. Tasso da Silveira, Augusto Frederico Schimidt, Murilo Araújo, Adelino Magalhães, Murilo Mendes e Cecília Meireles são os principais poetas que se aglutinaram em torno dessas ideias. Fases do modernismo brasileiro: Costuma-se dividir o Modernismo brasileiro em três fases: Entretanto, este é um recurso apenas didático. Poetas de uma determinada fase continuaram produzindo, alguns passando por tendências diferentes, mudando e aprimorando sua linguagem e temas. Primeira fase (1922 – 1930) ou fase heróica: de combate e destruição, quando ocorre a libertação e renovação da linguagem e são afirmados os valores estéticos do movimento. Segunda fase (1930 – 1945) ou fase construtiva: de estabilização das conquistas, de preocupação social e de tendência introspectiva. Terceira fase (1945 em diante) ou fase de reflexão: de ponderação sobre a linguagem (metalinguagem), com o retorno a alguns modelos estilísticos tradicionais, ao que se soma uma temática universalista. A partir de 1950, surgem novas tendências em poesia, como o Concretismo, O Neoconcretismo, a Poesia-práxis e o Poema-processo.

Os Sapos Enfunando os papos, Saem da penumbra, Aos pulos, os sapos. A luz os deslumbra.

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Em ronco que aterra, Berra o sapo-boi: -"Meu pai foi à guerra!" — "Não foi!" — "Foi!" — "Não foi!". O sapo-tanoeiro, Parnasiano aguado, Diz: — "Meu cancioneiro É bem martelado. Vede como primo Em comer os hiatos! Que arte! E nunca rimo Os termos cognatos. O meu verso é bom Frumento sem joio. Faço rimas com Consoantes de apoio. Vai por cinquenta anos Que lhes dei a norma: Reduzi sem danos A formas

1 a forma.

Clame a saparia Em críticas céticas: Não há mais poesia, Mas há artes poéticas..." Urra o sapo-boi: — "Meu pai foi rei" — "Foi!" — "Não foi"—"Foi!"—"Não foi!" Brada em um assomo O sapo-tanoeiro: — "A grande arte é como Lavor de joalheiro Ou bem de estatuário. Tudo quanto é belo, Tudo quanto é vário, Canta no martelo." Outros, sapos-pipas (Um mal em si cabe), Falam pelas tripas: - "Sei!" — "Não sabe!" — "Sabe!". Longe dessa grita, Lá onde mais densa A noite infinita

VOCABULÁRIO enfunar: Inchar; envaidecer. trigo;joio = Erva daninha. O

sentido, no poema, é de

retoricamente perfeito"

aguado: Desagradável,

monótono.

cético: Que duvida de tudo;

descrente. assomo: Irritação,

enfurecimento. martelado: Trabalhado;

ritmado.

lavor: Trabalho.

primar: Ser primoroso, hábil.

estatuário: Escultor.

cognato: Vocábulo que tem

raiz comum com outro(s). perau: Declive, barranco.

frumento sem joio: frumento

= O melhor

transido: Esmorecido, abatido.

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Verte a sombra imensa; Lá, fugido ao mundo, Sem glória, sem fé, No perau profundo E solitário, é Que soluças tu, Transido de frio, Sapo-cururu Da beira do rio...

BANDEIRA, Manuel."Os sapos" In: Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1983. p. 158.

INTERPRETAÇÃO DO TEXTO

1) Que recurso sonoro o poeta utiliza na primeira estrofe para imitar a marcha saltitante dos sapos?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 2) Em meio à algazarra dos medíocres, quem simboliza a solidão do artista superior?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 3) Em que versos o poeta resume a sua denúncia do equívoco parnasiano de que a boa métrica e a rima constituiriam a excelência da forma e da poesia?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 4) Qual dos sapos caracteriza a vaidade excessiva de alguns parnasianos?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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5) Sabendo-se que os três primeiros sapos simbolizam os poetas parnasianos, quem estaria sendo simbolizado pelo sapo-cururu?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

MODERNISMO PORTUGUÊS

Contexto histórico: Com a queda da monarquia em 1910, Portugal viveu um breve período democrático até 1926, quando o país passou a ser governado por uma Junta Militar. Neste cenário, surgiu Antônio de Oliveira Salazar, que, inicialmente ministro das Finanças, é nomeado primeiro-ministro em 1932, dando início a um novo período ditatorial desumano e cruel, durante o qual a sua temida PIDE (Polícia Internacional e de Defesa do Estado, uma espécie de Gestapo nazista em Portugal) perseguiu e assassinou milhares de opositores ao regime. Na década de 1960, Portugal organizou campanhas militares para enfrentar rebeliões em Angola, na Guiné e em Moçambique, fatos que marcaram profundamente a sociedade portuguesa e influenciaram a poesia do período. Em 1968, em virtude de um derrame cerebral, Salazar foi substituído por Marcelo Caetano, que governou até ser deposto, em 1974, por um movimento militar que passou à história com o nome de Movimento de 25 de abril (ou Revolução dos Cravos). Com o fim das guerras coloniais e com a independência da Guiné-Bissau, Moçambique, Cabo Verde, Angola e são Tomé e Príncipe, entre 1974 e 1975, o regresso de tropas e colonos agravou os problemas de desemprego e crescimento urbano. Os anos que se seguiram foram de instabilidade, quadro que começou a mudar em 1976, quando os socialistas conseguiram a maioria dos votos e Mário Soares foi indicado primeiro-ministro. Em 1986, Portugal entrou para a Comunidade Econômica Européia, o que contribuiu para a melhoria da sua economia, chegando ao final do século XX com altos índices de crescimento econômico e uma expressiva melhoria nas condições de vida de seu povo. Correntes do Modernismo português da primeira metade do século XX: O Modernismo português teve várias correntes e grupos, os quais se situam, didaticamente, entre 1915 e 1950. Orfismo - 1915 : A publicação da revista Orfeu, em 1915, que reunia um grupo de escritores e artistas plásticos, é o marco inicial do modernismo em Portugal. Em seus dois únicos números estavam as figuras mais representativas do Modernismo português: Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro e Almada Negreiros.

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Esses escritores repudiavam o idealismo romântico da burguesia, a qual pretendiam escandalizar, e procuravam imprimir ao ambiente literário português o tom europeu, com a proposta de romper com o passado e de exprimir na arte o dinamismo da vida moderna, assimilando as propostas vanguardistas do início do século, entre elas o Futurismo. No mesmo momento, destacam-se Aquilino Ribeiro e Florbela Espanca, embora não tenham ligações com os poetas de Orfeu. Presencismo – 1927 : Em 1927, surge a revista Presença, que teve 54 números até 1947. Coincidindo com o início do fim da democracia em Portugal, os presencistas aspiravam a uma literatura desvinculada de qualquer posição de caráter político e religioso. Embora marcados por um conservadorismo político-ideológico, os presencistas combatiam o academicismo e difundiam a estética modernista, esforçando-se para tornar conhecida a obra de Fernando Pessoa. Desse grupo saíram algumas tentativas de renovação do romance português, como, por exemplo, Jogo da cabra-cega, de José Régio. Destacaram-se na poesia, na prosa e na crítica literária: Adolfo Casais Monteiro, Alberto Serpa, Antônio Boto, Carlos Queirós, João Gaspar Simões, Miguel Torga, Vitorino Nesmésio e outros. Neo-Realismo – 1930: Ao longo da década de 30 processou-se a revalorização do realismo, encontrando em Ferreira de castro um precursor do qual seria chamado de Neo-Realismo, com o romance A selva (1930). Em 1939, Alves Redol publicou Gaibéus, marco definitivo dessa tendência e que teve larga aceitação. Fruto da insatisfação com a ditadura salazarista, os neo-realistas voltavam-se para as questões sociais do país, objetivando conscientizar os leitores e denunciar a corrosão da estrutura política, econômica e social de Portugal. Entre 1941 e 1944, os poetas neo-realistas publicaram 10 volumes do Novo Cancioneiro, coletânea onde se encontram os poetas mais representativos do período: Carlos de Oliveira, José Gomes Ferreira, Mário Dionísio, e outros. Na prosa, além dos precursores, conquistaram notoriedade: Augusto Abelaira, Carlos de Oliveira, Fernando Namora, José Cardoso Pires, José Gomes Ferreira, Manuel da Fonseca, Urbano Tavares Rodrigues, Vergílio Ferreira (no começo de sua carreira), entre outros. O Surrealismo tardio: a geração de 50: O Surrealismo chega tardiamente em Portugal, por volta de 1947, agrupando alguns poetas liderados por Mário Cesariny. Numa oposição clara ao facismo salazarista, esses poetas utilizavam o humor, a exploração de imagens do inconsciente e automatismo psíquico. Entre eles, destacaram-se: Antônio Maria Lisboa e Alexandre O’Neill. Principais autores:

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Fernando Pessoa ,o criador de poetas ,o multiplicador de eus- Usava vários heterônimos, assinando as suas obras de acordo com a personalidade de cada um deles. O poeta insistia no fato de que não se tratava de pseudônimos, já que eram individualidades distintas do autor. Sua capacidade de deixar-se possuir por outros seres,que como ele são poetas ,e de assim criar os outros eus, os heterônimos,tem sido tema de inumeráveis estudos,debates e controvérsias. Álvaro de Campos, um dos heterônimos do poeta,afirma que ‘`fingir`` é conhecer-se”enquanto Pessoa,num de seus poemas mais conhecidos,diz que:”O poeta é um fingidor-Finge tão completamente\Que chega a fingir que é dor.A dor que deveras sente’. Esse paradoxos apontam para a modernidade do poeta,em seu reconhecimento da perda da identidade do ser humano,da fragmentação do eu,cindindo num mundo que destruiu as certezas inquestionáveis e quebrou o mito da personalidade como algo inteiro,igual a si mesmo. Nesse sentido,o ‘fingimento’ pessoano,isto é,o processo de despersonalização que faz o poeta’inventar-se’através de outras criaturas- as quais,no entanto dentro de si-pode ser entendido como busca de recriação poética de uma unidade perdida,de algo que seja absoluto,que transcenda todas as verdades parciais ,relativas,fragmentadas. Assumindo a sua diversidade,a sua pluralidade,a sua multiplicidade de elementos,quase sempre conflitantes.Pessoa procura a unidade,a integridade da pessoa humana Os heterônimos,portanto,não são máscaras literárias ,não se confundem com pseudônimos.Pessoa não inventou personagens-poetas,mas criou obras de poetas, e,em função delas,as biografias de Álvaro de Campos,Ricardo Reis e Alberto Caeiro, seus principais heterônimos. Fernando Pessoa ortônimo:o poeta-filósofo,que conjuga lucidez e vivência: Nasceu em 1888,em Lisboa,vindo a falecer na mesma cidade,em 1935,com apenas 47 anos;órfão de pai ainda criança passou a infância e a adolescência em Durban,na África do Sul,onde obteve educação inglesa,tornando-se um poeta bilíngue, Em 1905,prestes a ingressar na Universidade do Cabo,precisou voltar para Lisboa.Lá chegou a iniciar o curso de Letras,abandonando-o para instalar uma tipografia.que fracassou.Trabalhou obscuramente como correspondente estrangeiro-redator de cartas comerciais em inglês e francês –atividade modesta,que acabou por sustentá-lo a maior parte da vida. Embora tenha participado das publicações do Modernismo português,seu único livro publicado em vida foi:’Mensagem”,obra com a qual participou de um concurso de poesia do Secretariado da Propaganda Nacional,em Lisboa,em 1934,pouco antes de morrer. , O prêmio de segunda categoria que lhe deram,nessa última experiência literária,mostra o quanto não foi reconhecido em vida,embora tenha dedicado toda ela à arte e a poesia.É considerado um dos maiores poetas europeus. Além de Mensagem,escreveu Poemas completos de Alberto Caeiro,Odes de Ricardo Reis,Poesias de Álvaro de Campos,Poemas dramáticos,Poesias coligidas ,Quadras ao gosto popular,Novas poesias inéditas.Em prosa suas obras são:Páginas de Doutrina Estética,A nova poesia portuguesa,Análise da vida mental portuguesa,Apologia do paganismo e Páginas íntimas e autointerpretação. Poeta filosófico,sutil e complexo,Fernando Pessoa escreve em redondilhas rimadas,fundamentalmente procurando reunir o”sentir’ e o ‘pensar’(‘O que em mim sente está pensando’). A inquietação,a necessidade de compreender todas as coisas,a busca constante de consciência,que inclui saber ser ela uma impossibilidade,constituem alguma das características fundamentais de sua vida.

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Fernando Pessoa é o poeta que conjuga lucidez e vidência,que se coloca entre o pendor para a paixão,o sonho,a entrega mágico-poeta aos mistérios e a postura de constante indagação crítica. Assim,fragmentou-se,multiplicou-se,reinventou-se,convivendo em profundidade com todas as grandes contradições do nosso tempo e recriando-as poeticamente,numa das monumentais obras-primas do século XX. Mar portuguez Ó mar salgado, quanto do teu sal São lágrimas de Portygal! Por te cruzarmos,quantas mães choraram, Quantos filhos em vão resaram! Quantas noivas ficaram por casar Para que fosses nosso,ó mar! Fernando Pessoa.Op.cit.pág.82. Alberto Caeiro,o poeta-pastor – É o poeta ingênuo. Criado no campo, apega-se à simplicidade natural da vida, à franqueza e à alegria. Procura ver as coisas como elas são, sem subjetivismo e metafísica. O mundo é para ele o que aí está, não havendo nada a desvendar, já que não existiria nenhum outro sentido oculto por trás das aparências. Álvaro de Campos ,o poeta das sensações do homem moderno– É o poeta moderno. Tem a visão do homem urbano, agressivo e agitado, que exalta o progresso, mas carrega também a angústia da sua época. Na linha do Futurismo, celebra a máquina, a velocidade e a simultaneidade das sensações. È o mais emotivo de todos. Questiona as ilusões e fantasias humanas. Ricardo Reis,o poeta neoclássico – É o poeta neoclássico. Seu estilo é trabalhado, cuidadoso no vocabulário e na sintaxe de influência latina. Assim como os clássicos, é pagão e, como Caeiro, prega o amor à natureza e à vida rústica. Sofre por se saber efêmero, mortal. Fernando Pessoa “ele mesmo” – É o poeta múltiplo. Sua poesia ora é mística, ora é nacionalista, ora é de uma profunda reflexão psicológica e metafísica, como o poema “autopsicografia”. Avesso ao sentimentalismo, expressa suas emoções equilibradas pela inteligência e pelo intelecto. Parte de sua poesia mantém laços com o Simbolismo. Místico e esotérico, revela paixão pelo mistério. O apego à solidão, o tédio, a saudade e o questionamento do eu são outras características de Fernando Pessoa “ele mesmo”.

AUTOPSICOGRAFIA

O poeta é um fingidor. Finge tão completamente

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Que chega a fingir que é dor A dor que deveras sente. E os que leem o que escreve, Na dor lida sentem bem, Não as duas que ele teve, Mas só a que eles têm. E assim nas calhas de roda Gira, a entreter a razão, Esse comboio de corda Que se chama o coração.

(Fernando Pessoa)

INTERPRETAÇÃO DO TEXTO

1) Dê o significado dos radicais que entram na composição do título do poema. O que ele nos sugere, relacionado que está ao caráter metalinguístico do texto?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 2) Literatura é ficção, palavra originária do latim fictione que significa simulação, fantasia. O texto literário cria uma nova realidade, baseada não só no mundo real, mas também na imaginação e criação do artista. Em que verso o eu-lírico retoma esse conceito?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 3) Identifique no poema os versos que fazem referência à dor verdadeira, à dor escrita e à dor lida.

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 4) A partir da sua imaginação, o poeta constrói um texto que acaba por preencher os momentos de lazer dos leitores. Retire da última estrofe os substantivos que correspondem a esta ideia.

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________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

EXERCÍCIOS

1) Que revista inaugura didaticamente o Modernismo português?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 2) Identifique nos textos seguintes os principais heterônimos de Fernando Pessoa: a) Amo-vos a todos, a tudo, como uma fera Amo-vos carnivorosamente, Pervertidamente e enroscando a minha vista Em vós, ò coisas grandes, banais, úteis, inúteis, Ò coisas todas modernas, Ò minhas contemporâneas, forma atual e próxima Do sistema do Universo! Nova Revelação metálica e dinâmica de Deus! b) O meu olhar azul como o céu É calmo como a água ao sol. É assim, azul e calmo, Porque não interroga nem se espanta... c) Vem sentar-se comigo, Lídia, à beira do rio. Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas. (Enlacemos as mãos) 3) Que autor é considerado o precursor do Neo-Realismo português? Com que obra?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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4) Que autor e que obra marcam definitivamente o início do Neo-Realismo português?

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MODERNISMO NO BRASIL PRIMEIRA FASE (1922 – 1930): A primeira fase do Modernismo, marcada pelo signo da transformação, ficou conhecida como a fase “heróica” ou de destruição, pela postura de rompimento com o passado, vista por muitos como anárquica e destruidora. Dentre as principais características literárias observadas nos textos dessa geração, destacam-se:

Negação do passado, caráter destrutivo;

Eleição do moderno como um valor em si mesmo;

Valorização do cotidiano;

Nacionalismo;

Redescoberta da realidade brasileira;

Desejo de liberdade no uso das estruturas da língua;

Predominância da poesia sobre a prosa. Principais autores: Mário de Andrade – Estreou com um livro de influências parnasianas e simbolistas. Mas Paulicéia desvairada(1922) seria o primeiro livro do Modernismo Brasileiro. As obras ficcionistas desse autor podem ser divididas em duas vertentes: a primeira trata do universo familiar da burguesia paulistana e da gente do povo – Amar, verbo intransitivo e a série de contos que publicou. A segunda origina-se do aproveitamento de lendas indígenas, mitos, anedotas populares e elementos do folclore nacional, com os quais compôs sua obra prima, Macunaíma. O herói apresenta traços bem definidos, como a preguiça, o deboche, a irreverência, a malandragem, a sensualidade, o individualismo e o sentimentalismo. Entretanto, o caráter do herói muda de um episódio para outro, o que justifica qualifica-lo de “herói sem nenhum caráter”. Obras:

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Poesia – Há uma gota de sangue em cada poema, Paulicéia desvairada, Losango cáqui, Clã do jabuti, Remate de males, Lira paulistana;

Ficção – Amar, verbo intransitivo, Macunaíma, Os contos de Belazarte, Contos novos;

Ensaio – A escrava que não é Isaura, Aspectos da literatura brasileira, O empalhador de passarinhos.

MACUNAÍMA (fragmento)

Macunaíma parte do interior da selva amazônica rumo a são Paulo para reaver o amuleto que ganhara de sua mulher, que subira aos céus desgostosa com a morte do filho. Macunaíma, junto com seus irmãos Jiguê e Maanape, participa de várias façanhas até recuperar o amuleto que estava em poder de Venceslau Pietro Pietra (o gigante Piaimã). Contudo, perde-o novamente, enganado pela Uiara (divindade dos rios e dos lagos). Desiludido e sozinho depois da morte dos irmãos, resolve subir aos céus e deixar-se transformar na constelação de Ursa Maior. O trecho seguinte narra as transformações de Macunaíma e seus irmãos, ao se banharem nas águas de uma cova avistada na rocha, quando seguiam para São Paulo pelo rio Araguaia. Então Macunaíma enxergou numa lapa bem no meio do rio uma cova cheia d’água. E a cova era que-nem a marca dum pé-gigante. Abicaram. O herói depois de muitos gritos por causa do frio da água entrou na cova e se lavou inteirnho. Mas a água era encantada porque aquele buraco na lapa era a marca do pezão do Sumé, do tempo em que andava pregando o evangelho de Jesus pra indiada brasileira. Quando o herói saiu do banho estava branco louro e de olhos azuizinhos, água lavara o pretume dele. E ninguém não seria capaz mais de indicar nele um filho da tribo retinta dos Tapanhumas. Nem bem Jiguê percebeu o milagre, se atirou na marca do pezão do Sumé. Porém a água já estava muito suja da negrura do herói e por mais que Jiguê esfregasse feito maluco atirando água para todos os lados só conseguiu ficar com a cor do bronze novo. (...) - Olhe, mano Jiguê, branco você ficou não, porém pretume foi-se e antes fanhoso que sem nariz. Maanape então é que foi se lavar, mas Jiguê esborrifara toda a água encantada pra fora da cova. Tinha só um bocado lá no fundo e Maanape conseguiu molhar só a palma dos pés e das mãos. Por isso ficou negro bem o filho da tribo dos Tapanhumas. Só que as palmas das mãos e dos pés dele são vermelhas por terem se limpado na água santa.

(Mário de Andrade)

Vocabulário: Lapa – grande pedra ou laje que forma um abrigo.

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Abicar – encalhar propositamente com a proa. Sumé – São Tomé. Segundo a lenda, há no Brasil várias marcas dos pés de São Tomé em sua peregrinação apostólica, antes do descobrimento.

INTERPRETAÇÃO DO TEXTO

1) Alegoria é a exposição de um pensamento sob forma figurada. O texto lido é uma representação alegórica de quê?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 2) Que reação de Macunaíma não condiz com o que se espera de um herói, prenunciando o anti-heroi?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 3) Os modernistas da 1ª fase procuravam romper com a linguagem formal e incorporar a fala coloquial (uso do vocabulário e sintaxe bem próximos da linguagem cotidiana). Muitas vezes utilizavam registros populares da língua ou não utilizavam pontuação, contrariando a gramática normativa. Indique no texto passagens que exemplificam essa afirmação.

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 5) Mário de Andrade valoriza a lógica e a razão nesse texto? Por quê?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Oswald de Andrade – Buscou uma poesia que expressasse o genuinamento brasileiro e percorresse, desde os tempos coloniais, a vida rural e urbana do país, que procurou ver com olhar ingênuo da criança e o da pureza primitiva do índio. Reaproveitando textos dos primeiros

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viajantes (sobretudo de Caminha), escreveu poemas breves, em versos livres e brancos, com linguagem coloquial, humor e paródia, recusando a estrutura discursiva do verso tradicional. Obras:

Poesia – Pau-brasil, Primeiro caderno do aluno de poesia Oswald de Andrade;

Romance – Trilogia do exílio: I Os condenados, II A estrela do absinto, III A escada vermelha, Memórias sentimentais de João Miramar, Serafim Ponte Grande, Marco zero I: A revolução melancólica, Marco zero II: Chão;

Teatro – O homem e o cavalo, O rei da vela, A morta, O rei Floquinhos (infantil)

MEMÓRIAS SENTIMENTAIS DE JOÃO MIRAMAR (fragmento)

É considerada a primeira grande realização da prosa modernista. Rompendo com esquemas tradicionais da narrativa, a obra é construída a partir de fragmentos justapostos, de blocos que rompem com a seqüência discursiva e de capítulos relâmpagos, assemelhando-se à justaposição cinematográficas, o que impossibilita uma leitura linear da história e deixa a cargo do leitor a recomposição da narrativa. A paródia, a técnica cubista (aproximação de elementos distanciados, como a pintura de um olho sobre a perna, por exemplo), a frase sincopada, as elipses que devem ser preenchidas pelo leitor, a linguagem infantil e poética, e outras inovações fazem das Memórias uma obra revolucionária para sua época. O recurso metonímico, dentro da técnica cubista, é levado ao extremo, como nesta passagem em que empresta a uma porta as mangas de camisa e as barbas de quem foi abri-la: Um cão ladrou à porta barbuda em mangas de camisa e uma lanterna bicor mostrou os iluminados na entrada da parede. 3. Gare do infinito Papai estava doente na cama e vinha um carro e um homem e o carro ficava esperando no jardim. Levaram-me para uma casa velha que fazia doces e nos mudamos para a sala do quintal onde tinha uma figueira na janela. No desabar do jantar noturno a voz toda preta de mamãe ia me buscar para a reza do Anjo que carregou meu pai. 8. Fraque do ateu Saí de D. Matilde porque marmanjo não podia continuar na classe com meninas. Matricularam-se na escola-modelo das tiras de quadros nas paredes alvas escadarias em um cheiro de limpeza.

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Professora magrinha e recreio alegre começou a aula da tarde um bigode de arame espetado no grande professor Seu Carvalho. No silêncio tique-taque da sala de jantar informei mamãe que não havia Deus porque Deus era a natureza. Nunca mais vi o Seu Carvalho que foi para o Inferno.

(Oswald de Andrade)

INTERPRETAÇÃO DO TEXTO

1) Que fases da vida de João Miramar estão representadas nos capítulos transcritos? _____________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 2) Que parágrafo do capítulo 3 melhor caracteriza a linguagem infantil?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 3) Destaque do capítulo 3 a metonímia que registra a força do luto materno na memória do narrador.

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 4) Por que Seu Carvalho perdeu o emprego de professor?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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Manuel Bandeira – Não participou diretamente da Semana de 22, mas seu poema “Os sapos” lida por Ronald de Carvalho, provocou reações radicais na segunda noite do acontecimento. Mário de Andrade chamava-o de “O São João Batista do Modernismo”. O caráter geral de sua poesia é marcado ainda pelo tom confidencial, pelo desejo insatisfeito, pela amargura e por referências autobiográficas relacionadas com a sua doença (a tuberculose), com os lugares onde morou (sobretudo o bairro da Lapa, no Rio de Janeiro) e com a família. Ainda que se note em várias passagens da sua obra a herança do Romantismo, Bandeira soube evitar o sentimentalismo piegas, edificando uma obra depurada e de grande valor estético. Obras:

Poesia – A cinza das horas, Carnaval, Ritmo dissoluto, Libertinagem, Estrela da manhã, Lira dos cinquent’anos, Belo, belo, Estrela da vida inteira;

Prosa – Crônicas da província do Brasil, Guia de Ouro Preto, Itinerário de Pasárgada, Andorinha, andorinha.

Alcântara Machado – Importante contista da primeira fase do Modernismo, retratou a vida e as gentes de São Paulo, com predileção pelo imigrante italiano. Nos bairros populares, suas personagens vivem as cenas do cotidiano: a partida de futebol, as brigas de rua, as festas, etc. Diminuindo a distância entre a língua falada e a escrita, incorporou a linguagem popular, os italianismos e uma sintaxe simples, o que resultou numa prosa leve e num estilo moderno. Obras:

Contos e novelas – Pathé-Baby; Brás, Bexiga e Barra Funda; Laranja da China; Mana Maria; Novelas paulistanas.

EXERCÍCIOS

1) O que pretendia a 1ª fase do Modernismo?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 2) Qual autor da 1ª fase que escrevia sobre a cidade de São Paulo?

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________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 3) Qual autor da 1ª fase em que suas obras são marcadas pela amargura e autobiografia?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 4) A figura do imigrante italiano e do homem do povo e a incorporação da linguagem popular encontram-se nos livros de que autor paulistano?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

SEGUNDA FASE (1930 – 1945) Contexto histórico: Em 1930, têm início os quinze anos da ditadura de Getúlio Vargas. Com o objetivo de obter apoio junto às massas, Getúlio toma uma série de medidas: o país é dotado de uma legislação trabalhista e previdenciária, decreta-se o salário mínimo e adotam-se providências para a criação de um partido trabalhista. Em 1945, é decretada a anistia para os presos políticos e são convocadas eleições para dezembro. Porém, as suspeitas de um novo golpe getulista, naquele ano, provocam o descontentamento dos militares, que, num movimento liderado pelo general Góis Monteiro, depõe o ditador. A literatura da 2ª fase: POESIA: A geração de 30, despreocupada com as questões imediatas de 22 (o nacionalismo, o folclore, a destruição dos esquemas do passado, etc), voltava-se para as questões universais do homem e para os problemas da sociedade capitalista. É o que se dá, por exemplo, na poesia de Carlos Drummond de Andrade, Murilo Mendes e Jorge de Lima. Em Vinícius de Moraes e Cecília Meireles, a temática universalizante também estará presente, embora suplantada por uma poesia personalista.

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Por outro lado, alguns dos mais importantes poetas de 30, entre eles Murilo Mendes, Jorge de Lima e Cecília Meireles, icorporarariam a religiosidade e o misticismo em seus poemas. Finalmente é preciso observar que a geração de 30 não processou uma mudança repentina e tampouco limita-se àquele período. Os poetas de 22, agora mais amadurecidos, continuariam em plena atividade, paralelamente aos de 30, e alguns destes também continuariam produzindo e se renovando até o final do século XX. Principais autores: Carlos Drummond de Andrade – Seu nome está associado ao que se fez de melhor na poesia brasileira até hoje. Pela grandiosidade e pela qualidade, sua obra não permite qualquer tipo de esquematização. Por isso, segue abaixo alguns aspectos da poesia de Drummond: a) O cotidiano – De acontecimentos banais, corriqueiros, gestos ou paisagens simples, o eu-lírico extrai poesia. b) O aspecto gauche – a palavra gauche, de origem francesa, corresponde a “esquerdo” em nosso idioma. Em sentido figurado, o termo pode significar “acanhado”, “inepto”. Qualifica o ser às avessas, o “torto”, aquele que está à margem da realidade circundante e que com ela não consegue se comunicar. É assim que o poeta se vê: como gauche. c) A preocupação social e política – Muitos poemas denunciam a opressão que marcou o período da Segunda Grande Guerra e a ascensão do nazi-fascismo. d) Reminiscências – O passado ressurge muitas vezes na poesia de Drummond e sempre como antítese para a realidade presente. A terra natal – Itabira – transforma-se então no símbolo da atmosfera cultural e afetiva vivida pelo poeta. Nos primeiros livros, a ironia predominava na observação desse passado; mais tarde, o que vale são as impressões gravadas na memória. Na reinterpretação desse passado, o tom predominante é de afeto, não mais de ironia. e) O amor – Nos primeiros livros, o tema merece tratamento irônico. Mais tarde, o poeta procura captar a essência desse sentimento e só encontra como Camões e outros – as contradições, que se revelam no antagonismo entre o definitivo e o passageiro, o prazer e a dor. f) Metalinguagem: a poesia torna-se assunto do poema – A reflexão sobre o ato de escrever faz parte das preocupações do poeta e ajuda o leitor a entender seu conceito de poesia. Obras:

Poesia - Algumas poesias; Brejo das almas; Sentimento do mundo; Poesias; A rosa do povo; A vida passada a limpo; Menino antigo; Discurso de primavera e algumas sombras; Corpo; O amor natural, entre outros;

Prosa – Confissões de Minas; Contos de aprendiz; Passeio na ilha, Fala, amendoeira; Boca de luar; entre outros.

POEMA DE SETE FACES Quando nasci, um anjo torto desses que vivem na sombra disse: Vai, Carlos! Ser gauche na vida. As casas espiam os homens que correm atrás das mulheres. A tarde talvez fosse azul, não houvesse tantos desejos.

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INTERPRETAÇÃO DO TEXTO

1) Que relação se pode estabelecer entre o título do poema e o número de estrofes?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 2) Que elemento comum identifica o poeta e o anjo?

____________________________________________________________________________________________________________________

Vocabulário guache: fr. [gôshi] Deslocado, desajustado, à esquerda dos acontecimentos.

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____________________________________________________________________________________________________________________ 3) Há uma aparente desconexão entre as várias estrofes, como se o poeta registrasse flashes da realidade. Identifique cada uma das estrofes, a partir da idéia básica de cada uma delas, que assinalamos a seguir: a) flash do adulto sério, reservado – ___________________________ b) nascimento do poeta – ___________________________ c) percepção de um mundo inquieto, que poderia ser mais belo – ________________________________ d) desajustamento entre a realidade interior e a exterior, aliado à percepção da sexualidade - _________________________________________ 4) Em que verso o poeta utiliza uma passagem bíblica?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 5) Em que estrofe o poeta descobre-se impotente diante do mundo? Transcreva o verso que evidencia essa sensação.

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Murilo Mendes – Faz parte de um grupo de intelectuais que, na década de 30, encontraram no cristianismo a resposta para a crise política e ideológica que o mundo atravessava. Embora seja um escritor pouco lido ainda hoje, a obra de Murilo Mendes apresenta uma superior qualidade literária. A seguir, apontam-se alguns aspectos de sua poesia: a) Humor e ironia como instrumento crítico – Esse é o tom dos poemas que herdam algumas características da primeira fae do Modernismo. b) O cristianismo – Nesse cristianismo ressaltam dois aspectos: 1- a ênfase sobre a finitude do homem; 2 – o heroísmo de Cristo, considerado mais como homem que como Deus. Obras:

Poesia – Poemas; História do Brasil; Tempo e eternidade; A poesia em pânico; O visionário; As metamorfoses; Mundi enigma, entre outros;

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Prosa – O discípulo de Emaús; A idade do serrote; Trasistor; antologia. Jorge de Lima – Como Murilo Mendes, faz parte do grupo de intelectuais que encontraram no cristianismo a resposta para a crise política e ideológica que o mundo atravessava. A temática de suas principais obras poéticas pode ser assim resumida: a) XIV alexandrinos apresentam versos ainda ligados ao Parnasianismo; b) Novos poemas têm o negro e o folclore como assuntos principais; c) Tempo e eternidade, obra em que contribuiu com 45 poemas, aponta na religião a solução para a realidade injusta, conturbada e excessivamente materialista; d) Invenção de Orfeu é um longo poema que procura interpretar simbolicamente a ligação entre o homem e o universo; Vinícius de Moraes – Em primeiro momento, sua obra pode ser dividida em duas fases: místico-religiosa e encontro com o mundo material e cotidiano. O poeta expressa, com intensa angústia, a constante oposição entre a matéria e espírito, do qual resulta a sensação do pecado. A existência terrena configura-se para ele como o caos, o abismo. Poeta lírico por excelência, em sua segunda fase, alia temas modernos à mais apurada forma clássica de composição, o soneto, deixando-nos algumas obras-primas. Obras:

Poesia – O caminho para a distância; Forma e exegese; Ariana, a mulher; Novos poemas; Cinco elegias; Poemas, sonetos e baladas; Pátria minha; Livro de sonetos; Novos poemas II;

Crônica – Para viver um grande amor; Para uma menina com uma flor;

Teatro – Orfeu da Conceição, em versos; Procura-se uma rosa; Cordélia e o peregrino, em versos.

Cecília Meireles – São duas as características de suas obras: a musicalidade e a preocupação com a fugacidade do tempo e a precariedade das coisas e dos seres. Da consciência dessa fragilidade de tudo, decorre o tom melancólico de muitos de seus poemas. Não se filiou radicalmente a nenhuma das tendências modernistas. Sua poesia lírica enraíza na tradição luso-brasileira. Em boa parte de sua obra a realidade exterior transportada para o poema reduz-se quase exclusivamente a elementos móveis, etéreos, instáveis, efêmeros. Esses elementos são metáforas para a falta de duração de tudo Um dos pontos altos de sua obra poética é o Romanceiro da Inconfidência, que lhe custou pesquisas históricas e no qual, empregando o melhor de sua técnica, revela o seu amor à pátria e sua admiração pelos mártires da Inconfidência Mineira.

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Obras:

Poesia – Espectros; Nunca mais... e Poema dos poemas; Baladas para El rei; Viagem; Vaga música; Mar absoluto; Retrato natural; romance de Santa Cecília, entre outros.

EXERCÍCIOS 1) Como é caracterizado a 2ª fase do Modernismo?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 2) Os poetas da geração de 30 estavam preocupados com o quê?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 3) Quais são os poetas que em seus poemas incorporaram a religiosidade? _____________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 4) Quais as principais características da poesia de Carlos Drummond de Andrade?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 5) Qual dos poetas da 2ª escrevia através de sonetos?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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SONETO DO MAIOR AMOR

Maior amor nem mais estranho existe Que o meu, que não sossega a coisa amada E quando a sente alegre, fica triste E se vê descontente, dá risada. E que só fica em paz se lhe resiste O amado coração, e que se agrada Mais da eterna aventura em que persiste Que de uma vida mal-aventurada Louco amor meu, que quando toca, fere E quando fere vibra, mas prefere Ferir a fenecer – e vive a esmo Fiel à sua lei de cada instante Desassombrado, doido, delirante Numa paixão de tudo e de si mesmo.

(Vinícius de Morais)

Vocabulário: Mal-aventurado – infeliz, desventurado; Fenecer – acabar, morrer; A esmo – ao acaso, sem rumo; Desassombrado – corajoso; exposto; franco.

INTERPRETAÇÃO DO TEXTO

1) O que o eu-lírico leva em consideração para definir o seu amor como um amor “estranho”? Exemplifique.

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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2) Que estrofe contém a idéia de que a graça do amor é a conquista e de que é melhor arriscar-se no amor do que levar uma vida sem graça? Justifique destacando es expressões que opõem uma possibilidade a outra.

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 3) O poema lírico deve ser rico em musicalidade. Que recurso sonoro se destaca na 3ª estrofe deste soneto?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 4) Identifique o verso em que o eu-lírico declara amar, além da pessoa amada, o próprio sentimento de amar.

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ PROSA: Nos anos 30, a ficção dá novo salto qualitativo com o aparecimento de escritores de grande importância, que se distribuem basicamente em três vertentes: a) prosa regionalista – As raízes do regionalismo já se encontravam no século anterior, com O sertanejo, de José de Alencar, e O Cabeleira, de Franklin Távora A preocupação com a revalorização do Nordeste deve-se em parte ao deslocamento do eixo econômico e cultural para o Sul, quando a indústria açucareira começa a decair. O regionalismo de 30 soube revelar o drama da seca e das retiradas, a submissão do homem ao latifundiário, a ignorância e as mazelas políticas da região Nordeste. A bagaceira, de José Antonio de Almeida, é a obra inaugural, e seu prefácio, intitulado “Antes que me falem”, constitui um autêntico manifesto do regionalismo de então. A seguir, publicam-se, entre outros, O Quinze, de Rachel de Queiroz, O país do carnaval, de Jorge Amado, e Menino de engenho, de José Lins do Rego. Em 1938, Graciliano Ramos publica Vidas secas, a obra máxima do romance nordestino. b) prosa urbana – José Geraldo Vieira, Érico Veríssimo e Marques Rebelo são os que mais se destacaram ao retratar o ambiente e as personagens das grandes cidades de então.

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c) prosa intimista – Os conflitos humanos e as questões psicológicas aparecem nas obras de Lúcio Cardoso, Dionélio Machado e Otávio de Faria. No final do período, surge um dos maiores nomes da literatura brasileira, Clarice Lispector, que merece considerações à parte. Principais autores: Graciliano Ramos – De maneira geral, seus romances caracterizam-se pelo inter-relacionamento entre as condições sociais e a psicologia das personagens; ao que se soma uma linguagem precisa, “enxuta” e despojada, de períodos curtos, mas de grande força expressiva. Entre suas obras autobiográficas, destacam-se Memórias do cárcere, depoimento sobre as condições dramáticas de sua prisão durante o governo do ditador Getúlio Vargas. Obras:

Romance – Caetés; São Bernardo; Angústia; Vidas Secas;

Conto – Insônia;

Memórias – Infância; Memórias do cárcere; Linhas tortas; Viventes do Alagoas;

Infantis – Histórias de Alexandre; Histórias incompletas.

VIDAS SECAS (fragmento)

FUGA

A vida na fazenda se tornara difícil. Sinhá Vitória benzia-se tremendo, manejava o rosário, mexia os beiços rezando rezas desesperadas. Encolhido no banco do copiar, Fabiano espiava a catinga amarela, onde as folhas secas se pulverizavam, trituradas pelos redemoinhos, e os garranchos se torciam, negros, torrados. No céu azul as últimas arribações tinham desaparecido. Pouco a pouco os bichos se finavam, devorados pelo carrapato. E Fabiano resistia, pedindo a Deus um milagre. Mas quando a fazenda se despovoou, viu que tudo estava perdido, combinou a viagem com a mulher, matou o bezerro morrinhento que possuíam, salgou a carne, largou-se com a família, sem se despedir do amo. Não poderia nunca liquidar aquela dívida exagerada. Só lhe restava jogar-se ao mundo, como negro fugido. Saíram de madrugada. Sinhá Vitória meteu o braço pelo buraco da parede e fechou a porta da frente com a taramela. Atravessaram o pátio, deixaram na escuridão o chiqueiro e o curral,vazios, de porteiras abertas, o carro de bois que apodrecia, os juazeiros. Ao passar junto às pedras onde os meninos atiravam cobras mortas, Sinhá Vitória lembrou-se da cachorra Baleia, chorou, mas estava invisível e ninguém percebeu o choro. Desceram a ladeira, atravessaram o rio seco, tomaram rumo para sul. Com a fresta da madrugada, andaram bastante, em silêncio, quatro sombras no caminho estreito coberto de seixos miúdos – os meninos à frente, conduzindo trouxas de roupa, Sinhá Vitória sob o baú de

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folha pintada e a cabaça de água, Fabiano atrás de facão de rasto e faca de ponta, a cuia pendurada por uma correia amarrada ao cinturão, o aió a tiracolo, a espingarda de pederneira num ombro, o saco da matalotagem no outro. Caminharam bem três léguas antes que a barra do nascente aparecesse. Fizeram alto. E Fabiano depôs no chão parte da carga, olhou o céu, as mãos em pala na testa. Arrastara-se até ali na incerteza de aquilo fosse realmente mudança. Retardara-se e repreendera os meninos que se adiantavam, aconselhara-os a poupara forças. A verdade é que não queria afastar-se da fazenda. A viagem parecia-lhe sem jeito, nem acreditava nela. Preparara-a lentamente, adiara-a, tornara a prepará-la, e só se resolvera a partir quando estava definitivamente perdido. Podia continuar a viver num cemitério? Nada o prendia àquela terra dura, acharia um lugar menos seco para enterrar-se. Era o que Fabiano dizia, pensando em coisas alheias: o chiqueiro e o curral, que precisavam conserto, o cavalo de fábrica, bom companheiro, a égua alazã, as catingueiras, as panelas de losna, as pedras da cozinha, a cama de varas. E os pés dele esmoreciam, as alpercatas calavam-se na escuridão. Seria necessário largar tudo? As alpercatas chiavam de novo no caminho coberto de seixos. Agora Fabiano examinava o céu, a barra que tingia o nascente, e não queria convencer-se da realidade. Procurou distinguir qualquer coisa diferente da vermelhidão que todos os dias espiava, com o coração aos baques. As mãos grossas, por baixo da aba curva do chapéu, protegiam-lhe os ombros contra a claridade e tremiam. Os braços penderam, desanimados. Acabou-se. Antes de olhar o céu, já sabia que ele estava negro num lado, cor de sangue no outro, e ia tornar-se profundamente azul. Estremeceu como se descobrisse uma coisa muito ruim. Desde o aparecimento das arribações vivia desassossegado. Trabalhava demais para não perder o sono. Mas no meio do serviço um arrepio corria-lhe no espinhaço, à noite acordava agoniado e encolhia-se num canto da cama de varas, mordido pelas pulgas, conjecturando misérias. A luz aumentou e espalhou-se pela campina. Só aí principiou a viagem. Fabiano atentou na mulher e nos filhos, apanhou a espingarda e o saco de mantimentos, ordenou a marcha com uma interjeição áspera.

(Graciliano Ramos)

INTERPRETAÇÃO DO TEXTO

1) Dois motivos obrigaram a família a retira-se da fazenda. Quais?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 2) Em que parágrafos se evidencia a condição de retirante de Fabiano e sua família?

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________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 3) Quando tenta controlar a marcha dos filhos, Fabiano na verdade está disfarçando um estado de espírito. Identifique-o:

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 4) Fabiano sabe decifrar os sinais da natureza. Em que trecho se narra essa habilidade?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 5) O conflito fundamental do texto resulta da oposição entre homem x meio natural. Explique: _____________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 6) O universo de qualquer trabalhador apresenta características próprias: a) Identifique elementos que caracterizam o universo de atuação de Fabiano.

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ b) Fabiano é proprietário de qualquer um dos instrumentos de trabalho desse universo?Sua ligação com o meio é estável ou instável.

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________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ José Lins do Rego – Segundo o próprio autor, sua obra de ficção pode ser dividida em:

Ciclo da cana-de-açúcar: Menino de engenho, Doidinho, Bangüê, Usina e Fogo morto;

Ciclo do cangaço, do misticismo e da seca: Pedra Bonita e Cangaceiros;

Obras independentes: O moleque Ricardo, Pureza e Riacho Doce.

As obras do chamado ciclo da cana-de-açúcar são as mais importantes, destacando-se Fogo morto. Nelas, o autor procura retratar o início da decadência dos senhores de engenho, o advento da usina de açúcar, com seus métodos modernos de produção, e a formação de uma nova estrutura econômica e social na região açucareira do Nordeste.

MENINO DE ENGENHO

(fragmento)

Coitado do Santa Fé! Já o conheci de fogo morto. E nada é mais triste do que engenho de fogo morto. Uma desolação de fim de vida, de ruína, que dá à paisagem rural uma melancolia de cemitério abandonado. Na bagaceira, crescendo, o mato-pasto de cobrir gente, o melão entrando pelas fornalhas, os moradores fugindo para outros engenhos, tudo deixado para um canto, e até os bois de carro vendidos para dar de comer aos seus donos. Ao lado da prosperidade e da riqueza do meu avô, eu vira ruir, até no prestígio de sua autoridade, aquele simpático velhinho que era o Coronel Lula de Holanda, com o seu Santa Fé caindo aos pedaços. Todo barbado, como aqueles velhos dos álbuns de retratos antigos, sempre que saía de casa era de cabriolé e de casimira preta. A sua vida parecia um mistério. Não plantava um pé de cana e não pedia um tostão emprestado a ninguém.

(José Lins do Rego)

INTERPRETAÇÃO DO TEXTO

1) Explique o sentido da expressão fogo morto em “E nada é mais triste do que um fogo morto”.

____________________________________________________________________________________________________________________

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____________________________________________________________________________________________________________________ 2) Destaque do texto uma passagem que comprove o seu caráter memorialista.

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 3) Destaque do texto alguns elementos que indiquem a decadência do engenho Santa Fé.

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Jorge Amado – Costuma-se dividir sua obra em duas fases. A primeira caracteriza-se pelo forte conteúdo político e pela denúncia das injustiças sociais, o que muitas vezes dá um caráter panfletário e tendencioso às obras. O esquematismo psicológico das obras dessa primeira fase leva a uma divisão do mundo em heróis (marginais, vagabundos, operários, prostitutas, meninos abandonados, marinheiros, etc) e vilões (a burguesia urbana e os proprietários rurais). A segunda fase Jorge Amado passa a construir seus romances com elementos folclóricos e populares: os costumes afro-brasileiros, a comida típica, o candomblé, os terreiros, a capoeira, etc. O mundo dos marginalizados torna-se então feliz, pois seus heróis levam uma vida sem preconceitos, sem regras severas de conduta social, o que lhes permite um elevado grau de liberdade existencial. Obras:

Romance – O país do carnaval; Cacau; Suor; Jubiabá; Mar morto; Capitães de areia; Terras do sem-fim; São Jorge do Ilhéus; Gabriela, cravo e canela; Dona Flor e seus dois maridos; Tenda dos milagres; Teresa Batista cansada de guerra; Tieta do agreste;

Novela- Os velhos marinheiros; Os pastores da noite;

Biografia – ABC de Castro Alves; O cavaleiro da esperança – Vida de Luís Carlos Prestes;

Teatro – O amor de Castro Alves, reeditado como o amor do soldado.

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CAPITÃES DA AREIA (Jorge Amado)

O romance Capitães da areia, de Jorge amado é um documento sobre a vida dos meninos de rua de Salvador. A sua primeira edição (1937) foi apreendida e queimada em praça pública pouco depois de implantada a ditadura de Getúlio Vargas. No trecho a seguir, o narrador nos conta como Pedro Bala, aos quinze anos, assumiu a liderança de um grupo que dormia num velho armazém abandonado do cais do porto. É aqui também que mora o chefe dos Capitães da Areia: Pedro Bala. Desde cedo foi chamado assim, desde seus cinco anos. Hoje tem quinze anos. Há dez que vagabundeia nas ruas da Bahia. Nunca soube de sua mãe, seu pai morrera de um balaço. Ele ficou sozinho e empregou anos em conhecer a cidade. Hoje sabe de todas as suas ruas e de todos os seus becos. Não há venda, quitanda, botequim que ele não conheça. Quando se incorporou aos Capitães da Areia (o cais recém- construído atraiu para as suas areias todas as crianças abandonadas da cidade) o chefe era Raimundo, o Caboclo, mulato avermelhado e forte. Não durou muito na chefia o caboclo Raimundo, Pedro Bala era muito mais ativo, sabia planejar os trabalhos, sabia tratar com os outros, trazia nos olhos e na voz a autoridade de chefe. Um dia brigaram. A desgraça de Raimundo foi puxar uma navalha e cortar o rosto de Pedro, um talho que ficou para o resto da vida. Os outros se meteram e como Pedro estava desarmado deram razão a ele e ficaram esperando a revanche, que não tardou. Uma noite, quando Raimundo quis surrar Barandão, Pedro tomou as dores, do negrinho e rolaram na luta mais sensacional a que as areias do cais jamais assistiram. Raimundo era mais alto e mais velho. Porém Pedro Bala, o cabelo loiro voando, a cicatriz vermelha no rosto, era de uma agilidade espantosa e desde esse dia Raimundo deixou não só a chefia dos Capitães da Areia, como o próprio areal. Engajou tempos depois num navio. Todos reconheceram os direitos de Pedro Bala à chefia, e foi dessa época que a cidade começou a ouvir falar nos Capitães da Areia, crianças abandonadas que viviam do furto.

INTERPRETAÇÃO DO TEXTO

1) Pela leitura do texto, pode-se concluir que o romance pretende denunciar que tipo de problema?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 2) Que fato da vida de Pedro Bala pode ser considerado como o elemento desencadeador de sua vida de menino de rua?

____________________________________________________________________________________________________________________

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____________________________________________________________________________________________________________________ 3) Que características de Pedro Bala fizeram dele o líder do grupo?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 4) Mesmo sendo um grupo de marginalizados, os meninos demonstravam senso de justiça entre os membros do grupo. Que fato narrado comprova essa afirmação? _____________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Érico Veríssimo – Costuma-se dividir suas obras em três grupos:

Romance urbano – Registram a vida da pequena burguesia porto-alegrense, com uma visão otimista, às vezes lírica, às vezes crítica, e com uma linguagem tradicional, sem maiores inovações estilísticas. Destacam-se as obras: Clarissa; Caminhos cruzados; Um lugar ao sol; Olhai os lírios do campo; saga; O resto é silêncio;

Romance histórico – O tempo e o vento. A trilogia de Érico Veríssimo procura abranger duzentos anos da história do Rio Grande do Sul, de 1745 a 1945;

Romance político – Escritos durante o período da ditadura militar, denunciam os males do autoritarismo e as violações dos direitos humanos. Dessa série destaca-se Incidente em Antares, O senhor embaixador e O prisioneiro.

O tempo e o vento

A trilogia de Érico Veríssimo narra a saga de uma família e de uma cidade do Rio Grande do Sul, desde suas origens, em 1745, até 1945.0 trecho a seguir, extraído do primeiro volume, focaliza a personagem Ana

Terra.

Muitos anos mais tarde, Ana Terra costumava sentar-se na frente de sua casa para pensar no passado. E no seu pensamento como que ouvia o vento de outros tempos e sentia o tempo passar, escutava vozes, via caras e lembrava-se de coisas... O ano de 81 trouxera um acontecimento triste para o velho Maneco: Horácio deixara a fazenda, a contragosto do pai, e

Ilustração de Nelson Faedric

para o romance O tempo e o

vento, de Érico Veríssimo.

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fora para o Rio Pardo,onde se casara com a filha de um tanoeiro e se estabelecera com uma pequena venda. Em compensação, nesse mesmo ano Antônio casou-se com Eulália Moura, filha dum colono açoriano dos arredores do Rio Pardo, e trouxe a mulher para a estância, indo ambos viver no puxado que tinham feito no rancho.

Em 85 uma nuvem de gafanhotos desceu sobre a lavoura deitando a perder toda a colheita. Em 86, quando Pedrinho se aproximava dos oitos anos, uma peste atacou o gado e um raio matou um dos escravos.

Foi em 86 mesmo ou no ano seguinte que nasceu Rosa,a primeira filha de Antônio e Eulália? Bom. A verdade era que a criança tinha nascido pouco mais de um ano após o casamento. Dona Henriqueta cortara-lhe o cordão umbilical com a mesma tesoura de podar com que separara Pedrinho da mãe.

E era assim que o tempo se arrastava, o sol nascia e se sumia, a lua passava por todas as fases, as estações iam e vinham, deixando sua marca nas árvores, na terra, nas coisas e nas pessoas.

E havia períodos em que Ana perdia a conta dos dias. Mas entre as cenas que nunca mais lhe saíram da memória estavam as da tarde em que dona Henriqueta fora para a cama com uma dor aguda no lado direito, fica rã se retorcendo durante horas, vomitando tudo que engolia, gemendo e suando frio. E quando Antônio terminou de encilhar o cavalo para ir até o Rio Pardo buscar recursos, já era tarde demais. A mãe estava morta. Era inverno e ventava.

VERÍSSIMO, Érico. O tempo e o vento 1:0 continente. Porto Alegre, Globo, 1956. p. 185.

INTERPRETAÇÃO DO TEXTO

1) Percebe-se no texto o embate de duas forças. Qual delas simboliza o que é permanência (memória) e qual simboliza o que é passagem (destruição)?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 2) Que forma verbal, predominantemente no texto, dá-lhe caráter memorialístico?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 3) Na marcação do tempo, um acontecimento positivo vem acompanhado de uma dúvida. Que acontecimento é esse?

Vocabulário

tanoeiro: Aquele que faz ou conserta barris, tinas, dornas etc.

encilhar: Arrear, aparelhar.

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________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 4) Segundo a epígrafe que abre a obra, retirada do Eclesiastes, “Uma geração vai, e outra geração vem; porém a terra para sempre permanece”, em que parágrafo do texto também está presente essa visão cíclica, predominante no romance?

______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

EXERCÍCIOS

1) Na prosa, qual a novidade apresentada pela geração de 30?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 2) O que os autores da prosa regionalista queriam retratar?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 3) O que os autores da prosa intimista queriam retratar?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 4) Dê características das obras de Graciliano Ramos, e sua obra que foi o marco do romance nordestino.

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________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 5) Caracterize as obras do ciclo da cana-de-açúcar, de José Lins do Rego.

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 6) Qual era a capital do Brasil que Érico Veríssimo costumava colocar em seus romances? _____________________________________________________________________________

TERCEIRA FASE (1945 em diante) Fase de reflexão – de ponderação sobre a linguagem (metalinguagem), com o retorno a alguns modelos estilísticos tradicionais, ao que se soma uma temática universalista. Contexto histórico: Encerrada a Segunda Grande Guerra, a atenção que se havia concentrado no plano internacional volta-se novamente para os problemas internos do país. São fatos marcantes no período de 45 a 60:

1945 – Término da Segunda Guerra Mundial. A chamada Guerra Fria separa mundo capitalista do socialista. No Brasil, ocorre a deposição de Getúlio Vargas;

1946 – Eleição de Eurico Gaspar Dutra e início do processo de redemocratização do país;

1950 – Eleição de Getúlio para a presidência da República. Dessa vez eleito pelo povo, Vargas vai assumir a presidência no ano seguinte;

1954 – Suicídio de Getúlio e posse de Café Filho;

1955 – Eleição de Juscelino Kubitschek para a presidência da República. O governo JK efetuaria mudanças profundas em nossa economia, buscando suplantar a condição de subdesenvolvimento. Uma das mais significativas foi a implantação da industria automobilística;

1960 – Inauguração de Brasília e eleição de Jânio Quadros para a presidência da República.

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A produção da terceira fase pode ser assim resumida: Prosa: Enriquecida por grande número de contos, crônicas e romances, a prosa do período dá seqüência às três tendências básicas já observadas no segundo momento modernista, mas com considerável renovação formal. a) Prosa urbana – Dalton Trevisan é o nome mais importante surgido na terceira fase. Destacam-se ainda as crônicas de Rubem Braga e os romances e contos de Lygia Fagundes Telles. b) Prosa intimista – Esboçada na 2ª fase, a tendência intimista amadurece, gerando textos cada vez mais complexos e penetrantes. Clarice Lispector é a melhor representante dessa prosa. c) Prosa regionalista – Uma das tendências mais duradouras de nossa literatura, a prosa regionalista, surgida no Romantismo, vai ser retomada, porém com grandes inovações temáticas e lingüísticas. Destacam-se Herberto Sales, Mário Palmério e Bernardo Elis. Mas nenhum deles produziu prosa regionalista tão ousada como Guimarães Rosa, o grande renovador de nosso regionalismo. É preciso não esquecer que grande parte dos escritores da fase anterior continuava ainda em plena produção artística. Poesia: A novidade do período foi um grupo de escritores que se autodenominaram “geração de 45”. Esses poetas reagiram ao que consideravam os exageros de 22, propondo uma linguagem precisa, equilibrada e o abandono do prosaísmo. Retomavam a metrificação, afastando o verso livre. A poesia passou a ser considerada como um artefato, resultante da precisão formal e da correção de linguagem. Repeliam-se, conseqüentemente, o poema-piada e as infrações à norma culta, que os poetas da geração de 45 consideravam um “falso” abrasileiramento da linguagem. Muitos críticos vêem nessas propostas um retorno ao Parnasianismo; por isso, a geração de 45 foi intitulada de neoparnasiana. Uns dos principais nomes destacam-se: João Cabral de Melo Neto, Ferreira Gullar e José Paulo Paes. Teatro: A encenação de Vestido de noiva, de Nélson Rodrigues, é um marco na renovação do teatro brasileiro. Outro passo é dado com a fundação do Teatro de Arena e do Teatro Brasileiro. Destacam-se: Jorge Andrade, Ariano Suassuna (auto da Compadecida), Plínio Marcos (Navalha na carne), Dias Gomes (Odorico, o Bem-Amado) e Chico Buarque de Holanda (Gota d’água, em parceria com Paulo Pontes)

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Crônicas: Foi dos gêneros que mais se renovou a partir do final da década de 40, registrando a fala do povo e sua psicologia e retratando o cotidiano, com humor, ironia e lirismo, numa perspectiva crítica e reveladora. Destacam-se, entre outros: Paulo Mendes Campos, Rubem Braga, Fernando Sabino e Carlos Drummond de Andrade. Principais autores: Clarice Lispector – A caracterização das personagens e as ações são elementos secundários. Importa-lhe captar a vivência interior das personagens e a complexidade de seus aspectos psicológicos. Daí resulta uma narrativa introspectiva e o monólogo interior, em que muitas vezes percebe-se o envolvimento do narrador, ficando difícil estabelecer as fronteiras entre narrador e personagens. As narrativas de Clarice Lispector quase sempre focalizam um momento de revelação, um momento especial em que a personagem defronta-se subitamente com a verdade. Os objetos mais simples, os gestos mais banais e as situações mais cotidianas provocam uma iluminação repentina na consciência da personagem. Obras:

Romance – Perto do coração selvagem; O lustre; A cidade sitiada; A hora da estrela, entre outros;

Conto – Alguns contos; Laços de família; A legião estrangeira; Felicidade clandestina; entre outros.

TENTAÇÃO

Ela estava com soluço. E como se não bastasse a claridade das duas horas, ela era ruiva. Na rua vazia as pedras vibravam de calor – a cabeça da menina flamejava. Sentada nos degraus de sua casa, ela suportava. Ninguém na rua, só uma pessoa esperando inutilmente no ponto do bonde. E como se não bastasse seu olhar submisso e paciente, o soluço a interrompia de momento a momento, abalando o queixo que se apoiava conformado na mão. Foi quando aproximou-se a sua outra metade neste mundo, um irmão em Grajaú. A possibilidade de comunicação surgiu no ângulo quente da esquina, acompanhando uma senhora, e encarnada na figura de um cão. Era um basset lindo e miserável, doce sob a sua fatalidade. Era um basset ruivo. Lá vinha ele trotando, à frente de sua dona, arrastando seu comprimento. Desprevenido, acostumado cachorro. A menina abriu os olhos pasmada. Suavemente avisado, o cachorro estacou diante dela. Sua língua vibrava. Ambos se olhavam. Entre tantos seres que estão prontos para se tornarem donos de outro ser, lá estava a menina que viera no mundo para ter aquele cachorro. Ele fremia suavemente, sem latir. Ela

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olhava-o sob os cabelos, fascinada, séria. Quanto tempo se passava? Um grande soluço sacudiu-a desafinado. Ele nem sequer tremeu. Também ela passou por cima do soluço e continuou a fita-lo. Os pêlos de ambos eram curtos, vermelhos. Que foi que se disseram? Não se sabe. Sabe-se apenas que se comunicaram rapidamente, pois não havia tempo. Sabe-se também que sem falar eles se pediam. Pediam-se com urgência, com encabulamento, surpreendidos. Mas ambos eram comprometidos. Ela com sua infância impossível, o centro da inocência que só se abriria quando ela fosse mulher. Ele, com sua natureza aprisionada. A dona esperava impaciente sob o guarda-sol. O basset ruivo afinal despregou-se da menina e saiu sonâmbulo. Ela ficou espantada, com o acontecimento nas mãos, numa mude que nem pai nem mãe compreenderiam. Acompanhou-o com os olhos pretos que mal acreditavam, debruçada sobre a bolsa e os joelhos, até vê-lo dobrar a outra esquina. Mas ele foi mais forte que ela. Nem uma só vez olhou para trás.

(Clarice Lispector – Tentação)

VOCABULÁRIO Flamejar – brilhar; Fremir – agitar, estremecer.

INTERPRETAÇÃO DO TEXTO

1) Que sentimento humano serve de tema para o conto?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 2) O narrador considera filosoficamente uma condição humana. Qual? _____________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 3) O que é mais realçado no conto: as ações ou o universo interior das personagens?

____________________________________________________________________________________________________________________

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____________________________________________________________________________________________________________________ 4) Nesse, como em outros contos de Clarice Lispector, realiza-se a epifania, isto é, um momento especial em que a personagem defronta-se repentinamente com uma verdade. Um acontecimento que pode ser considerado banal provoca uma iluminação repentina na consciência da personagem e acaba por mostrar a força de uma inusitada revelação. Transcreva o período que traduz o momento epifânico da menina. _____________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ João Guimarães Rosa – Criando um estilo absolutamente novo na ficção brasileira, estiliza o linguajar sertanejo, recria e inventa palavras, mescla arcaísmos com vocábulos eruditos, populares e modernos, combinam de maneira original palavras, prefixos e sufixos, constrói uma sintaxe peculiar e explora as possibilidades sonoras da linguagem, através de aliterações, onomatopéias, hiatos, ecos, homofonias, etc. No cerne dessa linguagem nova, na qual prosa e poesia se confundem, estão as indagações universais do homem: o sentido da vida e da morte, a existência ou não de Deus e do diabo, o significado do amor, do ódio, da ambição, etc. Obras:

Conto – Sagarana; Primeiras estórias; Tutaméia: Terceiras estórias; Estas estórias;

Novela – Corpo de baile;

Romance – Grande sertão: veredas;

Diversos – Com o vaqueiro Mariano; Ave, palavra; O mistério dos MMM. João Cabral de Melo Neto – Para ele, a poesia não é fruto de um momento de inspiração, mas o resultado de um esforço cerebral, um trabalho de artesão da palavra. Preocupado com a organização do texto, a concisão e a precisão da linguagem, o poeta busca a palavra objetiva, exata, para a concretização do poema, que mantém sob contenção a musicalidade fácil e repudia o exagero metafórico. Obras:

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Poesia – Pedra do sono; Os três mal-amados; o engenheiro; O cão sem plumas; morte e vida Severina; A educação pela pedra; a escola das facas; Auto do frade; Agrestes; Primeiros poemas e Sevilha andando, entre outros.

TECENDO A MANHÃ

Um galo sozinho não tece uma manhã; ele precisará sempre de outros galos. De um que apanhe esse grito que ele e o lance a outro; de um outro galo que apanhe o grito que um galo antes e o lance a outro; e de outros galos que com muitos outros galos se cruzem os fios de sol de seus gritos de galo, para que a manhã, desde uma teia tênue, se vá tecendo, entre todos os galos. E se encorpando em tela, entre todos, se erguendo tenda, onde entrem todos, se entretendendo para todos, no toldo (a manhã),que plana livre de armação. A manhã, toldo de um tecido tão aéreo que, tecido, se eleva por si: luz balão.

(João Cabral de Melo Neto)

INTERPRETAÇÃO DO TEXTO

1) “Um galo sozinho não tece uma manhã”. Que ditado popular mais se assemelha a esse verso? _____________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 2) Substitua no poema de João Cabral todos os substantivos galo (ou galos) por homem (ou homens); substitua também manhã por consciência e grito por mensagem. Depois, faça um comentário sobre as idéias contidas nesse poema. _____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________________________________________________

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____________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

EXERCÍCIOS

1) Qual é a característica da 3ª fase do Modernismo? _____________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 2) Dê características da poesia da 3ª fase Modernista? __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 3) Caracterize as obras de Clarice Lispector. _____________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 4) Como é a linguagem nas obras de Guimarães Rosa? _____________________________________________________________________________

__________________________________________________________

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______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 5) O que é a poesia para João Cabral de Melo Neto? _____________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Em Grande sertão: veredas, Riobaldo, um ex-jagunço, narra a sua vida a um presumível interlocutor que nada declara no decorrer da narrativa, o que faz do discurso de Riobaldo um monólogo. Conta-lhe como chegou a chefiar o bando de Joca Ramiro, com a tarefa principal de vingar a morte do antigo chefe, o que o leva a fazer um pacto com o diabo. Pacto que não sabe se foi realmente feito, mas que o atormenta pelo resto da vida. Sua outra perturbação é a amizade extrema que sente por Diadorim (ou Reinaldo), seu maior amigo e companheiro de lutas.

GRANDE SERTÃO: VEREDAS

João Guimarães Rosa

Diadorim vinha constante comigo. Que viesse sentido, soturno? Não era, não, isso eu é que estava crendo, e quase dois dias enganoso cri. Depois, somente, entendi que o emburro era mesmo meu. Saudade de amizade. Diadorim caminhava correto, com aquele passo curto, que o dele era, e que a brio pelejava por espertar. Assumi que ele estava cansado, sofrido também. Aí mesmo assim, escasso no sorrir, ele não me negava estima, nem o valor de seus olhos. Por um sentir: às vezes eu tinha a cisma de que, só de calcar o pé em terra, alguma coisa nele doesse. Mas, essa ideia, que me dava, era do carinho meu. Tanto que me vinha a vontade, se pudesse, nessa caminhada, eu carregava Diadorim, livre de tudo, nas minhas costas. Até, a que me alegrava, era uma fantasia, assim como se ele, por não sei que modo, percebesse meus cuidados e no próprio sentir me agradecendo.O que brotava em mim e rebrotava: essas demasias do coração. Continuando, feito um bem, que sutil, e nem me perturbava, porque a gente guardasse cada um consigo sua tenção de bem-querer, com esquivança de qualquer pensar, do que a consciência escuta e se espanta; e também em razão de que a gente mesmo deixava de escogitar e conhecer o vulto verdadeiro daquele afeto,com seu poder e seus segredos;assim é que hoje eu penso. Mas, então, num determinado, eu disse: -"Diadorim, um mimo eu tenho, para você destinado, e de que nunca fiz menção..."— o qual era a pedi de safira,que do Arassuaí eu tinha trazido, e que à espera de uma ocasião sensata eu

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vinha com cautela guardando, enrolada numa pouca de algodão, dentro dum saquitel igual ao de um breve, costurado no forro da bolsa menorzinha da minha mochila.

Diadorim entrefez o pra-trás de uma boa surpresa, e sem querer parou aberto com os lábios da boca, enquanto que os olhos e olhos remiravam a pedra-de-safira no covo de suas mãos. Ao que, se sofreou no bridado, se transteve sério, apertou os beiços; e, sem razão sensível nem mais, tornou a me dar a pedrinha, só dizendo:

— "Deste coração te agradeço, Riobaldo, mas não acho de aceitar um presente assim, agora. Aí guarda outra vez, por um tempo. Até em quando se tenha terminado de cumprir a vingança por Joca Ramiro. Nesse dia, então,eu recebo..."

GUIMARÃES ROSA, João. Grande sertão: veredas. 12.ed. Rio de Janeiro, José Olympio, 1978. p. 282-3. 1 - Ainda que Diadorim lhe sorrisse pouco, que motivos tinha Riobaldo para crer que Diadorim tinha afeição por ele? _____________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 2- Que significado você atribuiria à expressão "valor de seus olhos" em "Aí mesmo assim, escasso no sorrir, ele não me negava estima, nem o valor de seus olhos."? _____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________________________________________________

VOCABULÁRIO

soturno: Triste, sombrio.

emburro: Aborrecimento.

a brio: Por dignidade.

espertar: Estimular; animar.

demasias: Excessos.

sutil: Tênue; quase impalpável.

tenção: Intenção.

esquivança: Recusa.

escogitar: Refletir acerca de; pensar em; imaginar, excogitar.

mimo: Presente, oferenda.

saquitel: Dim. irreg. de saco.

breve: Objeto de devoção formado por dois pequenos

quadrados de pano

bento, com orações escritas ou uma relíquia, que os devotos

trazem ao pescoço.

covo: Côncavo.

sofrear: Sustar; parar.

bridado: Rédea.

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____________________________________________________________________________________________________________________ 3- Riobaldo, em sua masculinidade, vivia em constante conflito. Qual a razão do seu conflito? _____________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 4- O narrador utiliza expressões bastante peculiares para caracterizar o espanto de Diadorim ao receber o presente. Explique com suas palavras as reações de Diadorim. _____________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 5- Por que se pode afirmar que Diadorim, apesar de não o ter aceitado, gostara do presente oferecido por Riobaldo? _____________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

TENDÊNCIAS CONTEMPORÂNEAS EM PORTUGAL (1960 – ATUALIDADE)

Na poesia, notam-se basicamente duas tendências: a poesia experimental – com recursos semelhantes aos do Concretismo brasileiro – e a poesia de caráter social. Destacam-se Sophia de Melo Breyner Andresen, Herberto Helder e Eugênio de Andrade. Observa-se ainda, como em toda fase pós-modernista, o ecletismo, além da marcante influência da obra de Fernando Pessoa. Na prosa, pode-se notar: a) a permanência do Neo-Realismo, em que são frequentes personagens que representam forças humanas coletivas (emigrantes, heróis das guerras colonialistas e, sobretudo, a gente do povo); b) prosa intimista

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Destacaram-se na literatura portuguesa contemporânea: Joaquim Paço d’Arcos, Urbano Tavares Rodrigues, Álvaro Guerra, Augustina Bessa-Luís, José Saramago, sem contar os autores surgidos nas fases anteriores e que continuaram ou continuam produzindo.

Concretismo

A poesia concreta surge em 1952, tendo como principal veículo de divulgação a revista Noigandres. A palavra noigandres, segundo Augusto de Campos, significa "antídoto contra o tédio" e, além de ser o nome da revista, denominou também o grupo concretista liderado pelos irmãos Augusto e Haroldo de Campos e por Décio Pignatari. Em 1956, esse grupo realiza a Exposição de Arte Concreta, no Museu de Arte Moderna de São Paulo. No ano seguinte, obtém a adesão do Jornal do Brasil, do Rio de Janeiro, em cujo suplemento dominical passa a publicar poemas e

manifestos. Com influências de Mallarmé, Apollinaire, Ezra Pound, Joyce, Cummings, Oswald de Andrade e João Cabral de Melo Neto, a poesia concreta apresenta como características principais: a) o poema como resultado de investigação verbal; b) incorporação do espaço gráfico (a página) como elemento estrutural do poema; c) ampliação do poema pela comunicação não-verbal; d) máxima valorização da palavra em si, contra o verso como unidade rítmica convencional; e) rejeição do lirismo; f) valorização do som, da forma visual e da carga semântica da palavra e suas funções-relações no poema; g) ampla utilização de recursos tipográficos; h) possibilidade de múltiplas leituras, pela abolição do verso tradicional: leitura vertical, horizontal, diagonal etc; i) utilização do ideograma (sinais das escritas analíticas, como os símbolos da escrita chinesa, por exemplo) como modelo de composição.

Essas características, somadas a outras características inovadoras da prosa,da arquitetura, da música e das artes plásticas, começam a caracterizar o Pós-Modernismo.

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A partir de 1965, o movimento começa a declinar, mas suas contribuições estão ainda hoje presentes na literatura brasileira.

Além dos poetas citados, participaram do movimento José Lino Grünewald, Pedro Xisto e Ronaldo Azeredo, entre outros. Muitos foram os poetas oriundos do Modernismo que aproveitaram as experiências dos concretistas, como Manuel Bandeira, Murilo Mendes e Cassiano Ricardo.

Além de influenciar a propaganda, a embalagem de produtos e a música, o movimento concretista contribuiu para a divulgação de autores esquecidos pela crítica (Qorpo Santo, Sousândrade, Pedro Kilkerry), para o espírito de equipe em trabalhos literários e para a divulgação de autores estrangeiros no Brasil.

NEOCONCRETISMO (poesia social)

Em 1959, o poeta Ferreira Gullar lidera uma dissidência dos artistas concretos do Rio de Janeiro.

Através de um manifesto publicado no Jornal do Brasil, propõe uma poesia social, mais comunicativa e voltada para os problemas do país, reagindo contra os excessos formais do movimento concretista, do qual participara.

O movimento intitulou-se Neoconcretismo, o que era um equívoco, já que sua intenção era social e de ação política. Foi mais uma disputa pelo espaço de poder e discussão teórica entre Rio e São Paulo de poetas que queriam fazer Concretismo sem ser concretista, o que é impossível.

Ferreira Gullar, Affonso Ávila,Thiago de Melo, José Paulo Paes e Jamil Haddad são os destaques desse grupo. Não há vagas O preço do feijão não cabe no poema. O preço do arroz não cabe no poema. Não cabem no poema o gás a luz o telefone a sonegação do leite da carne do açúcar do pão. O funcionário público não cabe no poema com seu salário de fome sua vida fechada em arquivos. Como não cabe no poema o operário que esmerila seu dia de aço e carvão nas oficinas escuras

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- porque o poema, senhores,

está fechado: "não há vagas" Só cabe no poema o homem sem estômago a mulher de nuvens a fruta sem preço O poema, senhores, não fede nem cheira

GULLAR, Ferreira."Não há vagas". In: Toda poesia. Rio de Janeiro, Civilização

Brasileira, 1980. p. 224.

POESIA-PRÁXIS

Dois manifestos inauguram a Poesia-práxis (que em grego significa ação), movimento liderado por Mário Chamie. O primeiro, um "pré-manifesto" foi publicado em 1959 no Diário de Notícias, do Rio de Janeiro, preconizando que o poema objetiva-se na unidade "palavra-corpo-espaço-forma! O segundo, ou "manifesto didático" aparece como posfácio do livro Lavra-lavra (1962).

A Poesia-práxis se auto-define como um processo literário marcado por:

a) considerar a sintaxe não como decorrente de um código gramatical estabelecido, mas como resultado original da transformação a que o poeta submete a palavra; b) objetivar que a forma-conteúdo do texto seja uma estrutura aberta, de tal modo que o leitor possa intervir crítica e criativamente no texto, exercendo uma função de co-autoria.

Repudiando a "palavra-coisa" do Concretismo, o poeta-práxis considera a "palavra-energia" a palavra como um "corpo vivo"que gera outras palavras no contexto do poema.

Além de Mário Chamie, participaram do movimento Antônio Carlos Cabral, Carlos Eduardo Brandão, Yvone Giannetti Fonseca e outros.

POEMA-PROCESSO O movimento, liderado por Wlademir Dias-Pino, vai de 1967 a 1974, ano em que o seu líder

publica um manifesto pondo fim ao movimento, que já se esgotara bem antes. Utilizando elementos não-lingüísticos para a composição dos seus trabalhos, os representantes do poema-processo foram mais "desenhistas" e "pintores" do que propriamente escritores. Utilizaram, além da palavra, fotografias, desenhos, gráficos e colagens.

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POESIA MARGINAL DOS ANOS 1970

Contornando o bloqueio sistemático das editoras, que não consideram lucrativo publicar poetas desconhecidos, no início da década de 1970 surgem pequenos livros mimeografados ou impressos em xerox. Por produzirem e venderem seus livros à margem do circuito industrial e comercial das editoras, esses autores ficaram conhecidos como a geração da poesia marginal. Ainda que alguns deles tenham assimilado influências do Concretismo, a vantagem é que esse

grupo representou uma volta ao discurso, com uma linguagem coloquial, e aos temas do cotidiano,ora manifestando problemas pessoais ou sociais.

Não chegaram a constituir um movimento organizado com novas propostas estéticas, e poucos foram os que pela qualidade dos seus trabalhos, entraram no circuito das editoras, deixando de ser" marginais".

soubesse que era assim não tinha nascido e nunca teria sabido

ninguém nasce sabendo até que eu sou meio esquecido mas disso eu sempre me lembro

LEMINSKI, Paulo. De 63 pra cá. Curitiba, ZAR 1980.

BONS POETAS, COM OU SEM RÓTULOS

Vários poetas merecem destaque pela qualidade dos seus trabalhos. Como não é possível citar todos eles, destacamos, em ordem alfabética:

Adélia Prado (Divinópolis, MG, 1936); Affonso Romano de Sanf Anna (Belo Horizonte, MG, 1937); Armindo Trevisan (Santa Maria, RS, 1933); Lindolf Bell (Timbó, SC, 1938 -Blumenau, SC, 1998); Manoel de Barros (Cuiabá, MT, 1906);Marcus Accioly (Aliança, PE, 1943) -Mário Faustino (Teresina, PI, 1930 — Peru, 1962); Mário Quintana (Alegrete, RS, 1906 -Porto Alegre, RS, 1994); Nauro Machado (São Luís, MA, 1935); Olga Savary (Belém, PA, 1933).

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Aprendo mais com abelhas do que com aeroplanos. É um olhar para baixo que eu nasci tendo. É um olhar para ser menor, para o insignificante que eu me criei tendo. O ser que na sociedade é chutado como uma barata — cresce de importância para o meu olho. Ainda não entendi por que herdei esse olhar para baixo. Sempre imagino que venha de ancestralidades machucadas. Fui criado no mato e aprendi a gostar das coisinhas do chão — Antes que das coisas celestiais. Pessoas pertencidas de abandono me comovem: tanto quanto as soberbas coisas ínfimas.

BARROS, Manoel de. In: Retrato do artista quando coisa. Rio de Janeiro, Record, 1998. p. 27.

POETAS DA INTERNET — A POESIA VIRTUAL "MARGINAL"

É grande o número de poetas que criam páginas na Internet para a divulgação dos seus poemas.

Como é fácil obter gratuitamente um espaço para criar páginas, qualquer pessoa pode divulgar os seus poemas em publicações virtuais, inclusive você.

Se você pesquisar na Internet as palavras poesia,poema ou poetas, encontrará milhares de referências.

Porém, publicar poemas na Internet não significa ser um bom poeta e tampouco assegura que eles serão lidos por grande número de pessoas. Mas já é um caminho. Provavelmente, uma pesquisa séria sobre esta poesia virtual poderá revelar grandes poetas ainda desconhecidos pela crítica.

EXERCÍCIOS 1 - Identifique qual dos textos abaixo pertence à tendência

concretista e qual pertence à poesia social do mesmo período.

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a)

(Décio Pignatari)

b) Madrugada Do fundo de meu quarto, do fundo de meu corpo clandestino ouço (não vejo) ouço crescer no osso e no músculo da noite a noite ocidental obscenamente acesa sobre meu país dividido em classes

(Ferreira Gullar)

2 – Qual foi o mais importante entre os movimentos de vanguarda da segunda metade do século XX?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

PÓS-MODERNISMO: TRADIÇÃO E RENOVAÇÃO

VIZINHOS Lygia Fagundes Telles

O vizinho do andar superior — e que nunca cheguei a ver — fazia às vezes ruídos esquisitíssimos, não consegui decifrá-los nas minhas noites acesas, eram ruídos noturnos: coisas esponjosas que se arrastavam pelo chão, pensei em panos úmidos mas os ruídos passaram por variações, criaram vida e se puseram deslizantes como cobras indo e vindo num ritmo comandado. Muitas cobras -- seria um amestrador de circo? Cessaram de repente e começou um barulho trepi-dante, ágil como o movimento circular de uma máquina de rodinhas, rodinhas de borracha, talvez um carrinho de boneca, embora certa noite as rodas do carrinho tomassem inesperadamente dimensões adultas,ficaram rodas mais responsáveis, difíceis — uma cadeira de paralítico?

Os novos inquilinos que chegaram são silenciosos. Tão silenciosos que ouço no silêncio o som de uma pena raspando o papel numa letra caprichada — um velho escritor? Quando cessa

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o ruído rascante da pena que já deve estar muito usada,começa o ruído delicado de alfinetes caindo no chão, dezenas de alfinetes que depois são recolhidos numa caixinha de papelão. Quando a caixa transborda, são espetados numa almofadinha — um alfaiate? Fiquei adiando a pergunta que ia fazer ao porteiro sobre os meus vizinhos mas, eles se mudaram, chegaram inquilinos novos e até agora não ouvi nada. Absolutamente nada. Continuo esperando.

TELLES, Lygia Fagundes. "24 de outubro". In: A disciplina do amor. 2. ed. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1980. p. 82-3.

INTERPRETAÇÃO DE TEXTO

1 - O que nos pode fazer crer que a narradora morava sozinha?

______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 2 - Depreende-se do texto que ocorreram pelo menos quatro mudanças no andar superior. Identifique-as, assinalando as passagens do texto que nos permitem essa afirmação.

____________________________________________________________________________________________________________________ 3- A mudança constante de vizinhos no andar superior caracteriza que aspecto da vida nos grandes centros urbanos nos dias atuais?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 4- "Fiquei adiando a pergunta que ia fazer ao porteiro..." Esta declaração, somada ao res- tante do texto, nos permite interpretar que, apesar da descrição de ruídos, este é um texto sobre o silêncio. Que silêncio é esse?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

A PROSA BRASILEIRA NA VIRADA DO SÉCULO

Contexto histórico:

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Nas últimas décadas do século XX, o mundo viveu um acelerado avanço científico e

tecnológico, graças, sobretudo à criação de computadores de alta velocidade. Nunca antes a humanidade vivera tantas e tão rápidas mudanças: as possibilidades, as facilidades e a instantaneidade das comunicações, a obtenção e as trocas de informações pela Internet, o desenvolvimento aeroespacial, com o envio de sondas a distâncias até então inacreditáveis e o uso de satélites com diversas finalidades. A engenharia genética permitiu o desenvolvimento de organismos transgênicos animais e vegetais, as clonagens e novas formas de combate a doenças. A esses e outros benefícios somaram-se o fim da guerra fria, o esfacelamento do bloco soviético e a criação de mercados comuns.

Entretanto, o alargamento do fosso entre ricos e pobres fez com que esses benefícios atendessem a uma pequena parcela da comunidade planetária, com maior agravamento nos países subdesenvolvidos ou em via de desenvolvimento. Nestes, ainda é restrito o acesso a computadores pessoais e às telecomunicações. Além disso, tivemos o ressurgimento de doenças relacionadas à pobreza e à falta de saneamento, como a tuberculose, a sífilis e a dengue. O avanço da AIDS entre as populações menos favorecidas foi mais um dos aspectos negativos do fim do milênio. A segunda metade do século XX foi marcada também por inúmeras guerras, pela xenofobia, pelo crescimento de grupos de extrema direita nos moldes nazistas e pelos extremismos religiosos que ainda geram conflitos com milhares de mortes.

O PANORAMA POLÍTICO BRASILEIRO O Plano Cruzado

Para substituir o último presidente militar, em 1985, um Colégio Eleitoral elegeu Tancredo Neves, que faleceu antes de tomar posse. Em seu lugar assumiu o vice-presidente, José Sarney.

Inicialmente impopular e sem apoio político expressivo, José Sarney só consegue popularidade a partir de 1986, ao implantar o Plano Cruzado.com o objetivo de combater a inflação, congelando preços e salários e introduzindo o cruzado como nova moeda. Entretanto, o fracasso da política econômica do seu governo fez com que, ao término do seu mandato,em 1989, contasse com um dos maiores índices de rejeição popular de um presidente brasileiro. Caído em descrédito, passou a faixa presidencial quando a inflação chegava a 80% ao mês.

O afastamento de Collor

Depois de 25 anos de regime de exceção, Fernando Collor de Mello foi o primeiro presidente eleito pelo voto popular. Ao assumir a Presidência, lançou um plano de combate à inflação que impedia os saques nas cadernetas de poupança e restringia os saques nas contas correntes durante dezoito meses. Suas medidas só surtiram efeito por pouco mais de um ano. A partir de 1991 os índices de inflação voltaram a crescer permanentemente.

Em meados do mesmo ano, denúncias de corrupção começaram a minar o seu governo. Um esquema de propinas e superfaturamento de todos os gastos presidenciais havia sido montado por Paulo César Farias, o tesoureiro da campanha do presidente, com o objetivo de desviar bilhões de dólares. Diante da certeza de que seria condenado e definitivamente afastado pelo Congresso,

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Collor renunciou em 29 de dezembro de 1992. Em 1996, Paulo César Farias foi assassinado em Alagoas.

Itamar Franco e o Plano Real

Apesar de Itamar Franco ter sido eleito vice-presidente na chapa de Fernando Collor, este, tão logo tomou posse, relegou-o ao ostracismo político. Itamar Franco soube manter a sua independência e criticava várias medidas do governo Collor. Com o afastamento do presidente, tomou posse em caráter definitivo em dezembro de 1992, em meio a inúmeras dificuldades deixadas pelo seu antecessor. Deve-se a ele o plano econômico que criou o real como nova moeda brasileira. Os resultados positivos do plano e a grande popularidade do presidente ajudaram-no a eleger como sucessor o seu ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, ainda que posteriormente tenha dado muitas demonstrações de arrependimento.

Fernando Henrique: neoliberalismo, privatizações, desemprego...

Fernando Henrique Cardoso foi eleito em 1994, dando continuidade ao Plano Real. Em seu primeiro mandato, graças ao controle da inflação, manteve a popularidade que o reelegeu em 1998. Sua política de privatizações promoveu um verdadeiro leilão do patrimônio público, com financiamentos do próprio governo, sob a justificativa de que elas seriam necessárias para pagar dívidas e promover o desenvolvimento.

Entretanto, no período de 1994-2001, a dívida interna saltou de R$ 62 bilhões para R$ 597 bilhões. Para rolar essa dívida o Brasil passou a pagar cerca de R$ 80 bilhões por ano. No mesmo período, a dívida externa, pública e privada, passou de US$ 145 bilhões para US$ 250 bilhões, segundo o Banco Central. A soma das dívidas interna e externa equivale praticamente ao Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, isto é, à soma de todos os bens do país. Durante seu governo o Brasil teve uma das maiores taxas de desemprego do mundo, a pobreza foi acentuada, os serviços públicos foram sucateados e tivemos uma das maiores recessões econômicas da nossa história. Tudo isso gerou uma violência sem precedentes na sociedade brasileira, com os índices de criminalidade que ultrapassam até mesmo as situações de guerra. No final do seu mandato, o Brasil era considerado o país mais violento do mundo.

Desempregados olham anúncios de emprego no centro de São Paulo.

Manifestação em

São Paulo, pelo

impeachment de

Collor, 1992.

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Outubro de 2002: Lula presidente

Com mais de 52 milhões de votos, Luiz Inácio Lula da Silva, o candidato do PT, foi eleito

presidente da República em 2002 com 61,3% dos votos válidos. Depois de três tentativas, a primeira em 1989, e tendo assumido uma postura mais moderada, obteve quase 20 milhões de votos mais do que o seu adversário José Serra, o candidato do PSDB de Fernando Henrique Cardoso. A vitória de Lula é um exemplo da mobilidade social do país, que permitiu a um retirante nordestino e ex-metalúrgico de pouca escolaridade alcançar o cargo mais importante da Nação.

O PÓS-MODERNISMO E A PROSA BRASILEIRA: DOS ANOS 1960 AOS NOSSOS DIAS

Paralelamente às formas tradicionais do romance, vários escritores, a partir da segunda metade do século XX, levaram ao extremo a exploração de novas linguagens, tornando-se verdadeiros "inventores"de novos campos literários.

No Brasil, essa fase foi inaugurada por Clarice Lispector (Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres) e Guimarães Rosa (Sagarana), na prosa, e pelo Concretismo, na poesia.

A complexidade do mundo e dos homens se manifesta na complexidade da elaboração dos textos. A literatura dos últimos 40 anos valoriza o pluralismo de estilos e a mistura de gêneros. Muitíssimos escritores, nutridos pela leitura de textos anteriores ou estrangeiros, passam a in-corporá-los aos seus próprios textos, quer pela paródia, quer pela citação, quer pela paráfrase, valorizando as referências literárias (intertextualidade). Inspirada na técnica cinematográfica, temos a composição de textos fragmentados, cabendo ao leitor associá-los e atribuir-lhes um sentido. Ao mesmo tempo que temos o desaparecimento do herói, os escritores interiorizam-se, fazendo com que esse olhar profundo sobre o homem recaia sobre si mesmo. A contestação da cronologia, com a recusa à ordem tradicional da narrativa, a evolução do romance pela forma, e não pela modificação do conteúdo, são outras características desse novo momento, que se pode chama de Pós-Modernismo, ainda que mantenha vínculos com as vanguardas do início do século XX.

As vertentes pós-modernas e as tradicionais

A falta de um distanciamento histórico e a pluralidade das formas que assume dificultam a localização c pós-modernidade na literatura. Portanto, as referências seguintes mesclam textos pós-modernos com textos ligados a formas e recursos tradicionais da narrativa, muitas vezes em um mesmo autor.

Luiz Inácio

Lula da Silva

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Prosa política

Durante a ditadura militar, um dos meios de se contornar a ação da censura sobre os veículos de comunicação foi o texto literário. Muitos escritores procuravam denunciar a violência política e social ora em obras que se confundiam com relatos jornalísticos, baseadas em fatos reais ou fictícios, ora através da narrativa de situações absurdas e irreais que refletissem metaforicamente a situação do país. Assim, temos:

a) Romance-reportagem: Antônio Callado (Quarup, Reflexos do baile], Ignácio de Loyola Brandão (Zero, Não verás país nenhum), José Louzeiro (Lúcio Flávio, o passageiro da agonia), Roberto Drummond (Sangue de Coca-Cola), Fernando Morais (A ilha, Olga, Chatô). b) Realismo fantástico: Ignácio de Loyola Brandão (Cadeiras proibidas), José J. Veiga (A hora dos ruminantes, A máquina extraviada, Sombras de reis barbudos),

Moacyr Scliar (O carnaval dos animais, A balada do falso Messias), Murilo Rubião (O pirotécnico Zacarias, O ex-mágico).

Prosa urbana

A desumanidade, a violência,a solidão, a marginalização,o vazio associado à vida moderna, a hipocrisia social,o conflito de classes e outros males das metrópoles são a matéria de obras ficcionais de, entre outros, Dalton Trevisan, Luiz Vilela, Ricardo Ramos, Carlos Heitor Cony e Rubem Fonseca, este último um hiper-realista pelo exagero proposital com que enfatiza a patologia humana.

Prosa intimista

A observação psicológica das personagens, a introspecção, o entrelaçamento do lirismo com o realismo, na mesma linha de Clarice Lispector, caracterizam as narrativas de Autran Dourado, Josué Montello, Lygia Fagundes Telles, Osman Lins, Raduan Nassar e outros.

Ao lado desses gêneros, manteve-se a prosa regionalista, com Ariano Suassuna, Bernardo Élis, Mário Palmério e outros; e a prosa memorialista ou autobiográfica, com Jorge Amado, Pedro Nava, Érico Veríssimo e outros.

Outros contemporâneos

Além dos já citados, mais de duas dezenas de autores contemporâneos poderiam estar aqui incluídos. Mas sempre seria uma lista incompleta. Como a maioria ainda está viva e produzindo, certamente aqueles que sobreviverem literariamente serão conhecidos pelos estudantes, seja através da imprensa, seja através de comentários e recomendações de professores, seja

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através da descoberta pessoal. Muitos já fazem parte do dia-a-dia dos leitores: Antônio Torres, Chico Buarque de Holanda, Domingos Pellegrini Jr., Edilberto Coutinho, Ivan Ângelo, João Antônio, João Ubaldo Ribeiro, Luiz Vilela, Marcelo Rubens Paiva, Murilo Rubião, Nélida Piñion, Sérgio Sant’Anna e muitos outros.

A crônica

A crônica, um dos gêneros mais cultivados no país, e o conto, desde fins do século XIX, sempre tiveram espaço nos jornais de grande circulação, destacando-se atualmente Affonso Romano de Sant'Anna, Carlos Heitor Cony, Fernando Sabino e Luís Fernando Veríssimo, entre outros. A literatura de massas

No final do século XX, o desenvolvimento da edição industrial provocou a inflação de uma produção de subliteratura, com personagens estereotipadas e narrativas padronizadas em moldes que visam agradar a certos tipos de leitores, que as devoram, já que não exigem qualquer reflexão. Nesse contexto enquadram-se os livros da chamada literatura esotérica, prestigiada pela própria insegurança do indivíduo em sua tentativa de entender as razões de estar em um mundo complexo rapidamente mutável e que busca em textos pouco profundos respostas inexistentes para o seu destino e comportamento. O valor estético e imaginativo dessas obras é bastante contestável, geralmente com justa razão. Entretanto, esse fenômeno permitiu o aparecimento de obras interessantes, particularmente no gênero da ficção-científica e do romance policial.

EXERCÍCIOS

1 - Identifique cada um dos trechos abaixo entre as tendências dadas: realismo fantástico — prosa urbana — prosa intimista.

Cena de montagem alternativa da peça O auto da compadecida, de Ariano Suassuna.

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a) À margem do rio, nos fundos do mercado de peixe, ergue-se o velho ingazeiro — ali os bêbados são felizes. A população considera-os como animais sagrados, prove às suas necessidades de cachaça e pirão. No trivial contentam-se com as sobras do mercado."

(TREVISAN, Dalton. “Cemitério de elefantes”. In: Vozes do retrato. São Paulo, Ática, 1991. P. 49)

b) "À beira da cisterna, de joelhos no cimento limoso, tento ver meu rosto dentro da água. A água, que parece dura, petrificada pela ausência de peixes e de vozes, olha-me baça — o olho de um morto. Reflete apenas linhas imprecisas, a interrogadora mancha da cabeça contra o céu nublado. Cuspo na minha cara, no vago reflexo da minha cara e levanto-me."

(LINS.Osman. Avalovara.2. ed. São Paulo, Melhoramentos, 1974. p. 1 17.)

c) Apanhou o envelope e na sua letra cuidadosa subscritou a si mesmo: Narciso, rua Treze, nº 21. Passou cola nas bordas do papel, mergulhou no envelope e fechou-se. Horas mais tarde a empregada colocou-o no correio. Um dia depois sentiu-se na mala do carteiro. Diante de uma casa, percebeu que o funcionário tinha parado indeciso, consultara o envelope e prosseguira. Voltou ao DCT, foi colocado numa prateleira. Dias depois, um novo carteiro procurou seu endereço. Não achou, devia ter saído algo errado. A carta voltou à prateleira, no meio de muitas outras, amareladas, empoeiradas. Sentiu, então, com ter-ror, que a carta se extraviara. E Narciso nunca maisencontrou a si mesmo."

(BRANDÃO, Ignácio de Loyola."O homem que se endereçou." In: 0 homem do furo na mão. São Paulo, Ática, 1987. p. 28.)

2- Identifique uma característica diferenciadora na obra de Rubem Fonseca, presente no seguinte trecho:

"Seu Maurício, quer fazer o favor de chegar perto da parede?

Ele encostou bem no meio da parede. Encostado não, não, não, uns dois metros de distância. Mais um pouquinho para cá. Aí. Muito obrigado. Atirei bem no meio do peito dele, esvaziando os dois canos, aquele tremendo trovão. O impacto jogou o cara com força contra a parede. Ele foi escorregando lentamente e ficou sentado no chão. No peito dele tinha um buraco que dava para colocar um panetone. Viu, não grudou o cara na parede, porra nenhuma. Tem que ser na madeira, numa porta. Parede não dá, Zequinha disse."

(FONSECA, Rubem. Feliz ano novo. Rio de Janeiro, Artenova, 1975. p. 14.)

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 3- Que fato histórico influenciou a prosa política bra-sileira a partir de meados dos anos 1960?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 4- Dê o nome de cinco escritores contemporâneos.

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GRAMÁTICA

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SINTAXE

As palavras de uma frase não estão dispostas em uma determinada seqüência por acaso. A gramática possui uma área que estuda especificamente essa seqüência, a relação e a ordem das palavras em um discurso: A sintaxe. Em uma análise sintática podemos ter: FRASE: É um conjunto de palavras reunidas que transmite uma idéia completa, dá-se entre uma letra maiúscula e o primeiro ponto final, ponto de interrogação, ponto de exclamação ou reticências. A presença de um verbo não é obrigatória. Exemplo: - Silêncio! “O menino superou a fase um basicamente apenas com seu cérebro.” ORAÇÃO: É o enunciado que se organiza em torno de um verbo ou locução verbal. Exemplo: Ajude-me (verbo)

(locução verbal)

Este avanço irá permitir o desenvolvimento de outros dispositivos médicos. PERÍODO: É a frase organizada com uma ou mais orações. Exemplo: O senhor é meu pastor. (Período simples – apenas uma oração) O senhor é o meu pastor, nada me faltará. (Período composto – mais de uma oração)

EXERCÍCIOS

1) Diga quantos períodos e quantas orações há nos textos que seguem: a) Escovava as calças do marido até que não sobrasse nenhum grão de poeira.

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b) Eu dizia que admito piamente ser o cão o melhor amigo do homem. c) - Até logo, velho! Vou ali a Nova York e já volto! - Felizardos... Vocês se divertem... E eu aqui a ver navios!

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ d) O menino estranhou a atitude do pai, pois ele nunca tinha feito o almoço.

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

SINTAXE DO PERÍODO SIMPLES

TERMOS ESSENCIAS DA ORAÇÃO: SUJEITO – É o termo sobre o qual se diz algo. Para analisar sintaticamente uma oração, inicia-se perguntando ao verbo: “Quem pratica a ação?” ou “Quem sofre a ação?” ou “Quem possui a qualidade?” a resposta a essa questão será o sujeito. CLASSIFICAÇÕES: Sujeito simples: é aquele que possui apenas um núcleo. Exemplo: Os alunos do Colégio Aplicação/ foram ao teatro. A menina / curte ouvir som alto. Sujeito composto: é aquele que possui dois ou mais núcleos. Exemplo: Os alunos e os professores/ foram à excursão. O cachorro e o gato lá de casa/ vivem deitados no mesmo lugar. Sujeito oculto ou elíptico: quando, ao perguntar para o verbo quem é o sujeito, a resposta for um dos pronomes eu, tu, ele, ela, você, nós ou vós, sem surgirem escritos na oração: Exemplo: Vendemos os convites da festa. (Quem vendeu? Nós) Ontem participei da festa da escola. (Quem participou? Eu.) Também ocorre quando o sujeito não surgir na oração analisada, mas em orações anteriores:

sujeito simples

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1ª oração 2ª oração Esses alunos/ não fizeram a aula de Educação Física hoje. Vieram sem uniforme. Sujeito indeterminado: Aquele que não se quer ou não se pode identificar. Exemplo: Jogaram bombas em prédios americanos. (Quem jogou? Alguém) Roubaram minha caneta. (Quem roubou? Alguém) Oração sem sujeito: ocorre em circunstância de verbos impessoais nos casos: a) verbos que indicam fenômeno da natureza: Exemplo: Nevou em Montreal esta manhã. Choveu muito esta noite! Quando o verbo que indica fenômeno da natureza aparecer numa frase com sentido figurado, haverá sujeito. Veja: Choveram papeizinhos coloridos durante o desfile. Choveram pedras naquela noite. b) Ser, estar, parecer, ficar quando indicarem fenômenos da natureza: Exemplo: É verão, mas parece inverno em meu coração. Está muito frio hoje. c) Verbo fazer, quando indicar fenômeno da natureza ou tempo decorrido: Exemplo: Faz dias quentíssimos no verão carioca. Faz quatro meses que não a vejo. d) Verbo haver, quando significar existir ou acontecer ou quando dizer respeito a tempo decorrido: Exemplo: Houve muitos casos de problemas familiares. Haverá muitas garotas na festa sábado. Há dez meses ela mudou-se para o Canadá. e) Verbo ser, indicando horas, datas e distâncias. Observe que o verbo ser concorda com o numeral a que se refere: Exemplo: São duas horas. São dois quilômetros daqui lá. É 10 de janeiro.

EXERCÍCIOS

1) Identifique o sujeito das seguintes orações: a) Na velha capela da praça bate o sino.

sujeito oculto: alunos (eles)

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b) Lá para as bandas do Ipiranga as oficinas tossem. c) São Paulo é um palco de bailados russos. d) Alguém chegou perto de você. e) Acontecem coisas estranhas neste casarão. f) A luz das velas é cheia de delicadezas. g) Na segunda-feira ele mandou o bombeiro. 2) Classifique o sujeito das seguintes orações: a) O passeio era demorado e filosófico. b) Eram todos uns pobres ignorantes. c) O sargento e o cabo nos ensinaram a atirar. d) Levaram-me para uma casa velha e abandonada. e) Havia ali muita ordem e muita paz. f) já tínhamos a língua surrealista. g) Suspenderam um instante a música. h) Naquela noite foi o escrivão ao teatro. i) No dia seguinte choveu torrencialmente. j) ficamos ali um bom tempo. l) Havia bem dez dias. m) Passava pela estrada um comboio do sertão. n) Isto porém, não lhe satisfaz. 3) Leia esta notícia: Deputados do PFL defendem a demissão dos presidentes da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil. Eles reagem contra o projeto para fechar agências das duas instituições. O partido reclama de falta de negociação prévia antes do fechamento de agências onde não há bancos oficiais.

(Folha de S. Paulo)

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a) Quantos períodos formam esse texto?

______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ b) O primeiro período é simples ou composto? E o terceiro período? Justifique sua resposta.

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ c) Transcreva e classifique o sujeito da 1ª oração.

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ d) Em relação à última oração do texto, identifique e classifique quanto ao tipo de sujeito.

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ PREDICADO – É tudo o que se informa sobre o sujeito. Estrutura-se em torno de um verbo. O predicado deve concordar sempre em número e pessoa com o sujeito. Classificações:

Predicado Nominal – É aquele que tem como núcleo (palavra mais importante) um nome (predicativo) e possui um verbo de ligação. Verbo de ligação – são verbos que servem como elos de ligação entre o sujeito e o predicativo do sujeito. Os principais verbos de ligação são: ser, estar, parecer, permanecer, ficar, continuar. Sujeito

Verbo de ligação

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Ex.: Os adolescentes /não são os maiores compradores do setor. Predicado Nominal

Verbo de ligação

Eu / sou feliz. Sujeito Predicado Nominal Predicativo do sujeito: É o núcleo do predicado nominal. Ele indica uma qualidade ou um estado do sujeito. No predicado nominal sempre existe predicativo do sujeito.

Sujeito

Ex.: Os adolescentes brasileiros /continuam consumistas. Predicativo do sujeito

Predicado Verbal – No predicado verbal, o núcleo é sempre um verbo, que pode ser transitivo ou intransitivo. Para ser núcleo do predicado, é necessário que o verbo seja nocional (que demonstre uma ação).

Verbo intransitivo – são verbos capazes de dar uma informação completa a respeito do sujeito, não necessitando, dessa forma, de nenhum termo para completar-lhes o sentido. Verbo intransitivo

Exemplo: O moço de casaco preto/ saiu. Sujeito

Verbo transitivo – São verbos incapazes de, sozinhos, formar o predicado, exigindo um termo para completar-lhes o sentido.

Sujeito Verbo transitivo

Exemplo: Ela/ contou um segredo. 1. Verbo transitivo direto – não exige preposição, liga-se diretamente ao seu complemento, chamado objeto direto. verbo transitivo direto

Exemplo: Os alunos/ tiveram provas. Sujeito

verbo transitivo direto

Ana Luíza/ comprou um livro.

Verbo e ligação

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Sujeito 2. Verbo transitivo indireto – Exige preposição, liga-se indiretamente ao seu complemento, chamado objeto indireto.

(Verbo transitivo indireto)

Exemplo: Bruna / gosta de matemática. Sujeito

(verbo transitivo indireto)

Eu e minha irmã / precisamos de sua ajuda. Sujeito 3. Verbo transitivo direto e indireto – Exige dois complementos: um sem preposição inicial e outro com preposição.

(verbo transitivo direto e indireto)

Ex.: O clube enviou carta a todos os associados. Predicativo do objeto- Além de caracterizar o sujeito, o predicativo pode também atribuir uma característica ao objeto. Isso ocorre, por exemplo, no segundo verso da poesia de Mário Quintana:

Objeto (VTD) (predicativo do objeto) Ex.: “O mundo me tornou egoísta e mau”.

EXERCÍCIOS

1) Passe um traço embaixo do predicado e classifique-o: a) Santos Dumont foi um inventor de talento. b) Santos Dumont realizou um sonho impossível. c) O exército americano chegou ao Brasil.

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d) O exército angolano parecia vitorioso. e) O dia amanheceu. 2) Classifique os verbos destacados em transitivos, intransitivos ou de ligação: a) Cientistas americanos descobriram microorganismos contemporâneos dos dinossauros. b) Rap vira matéria nas escolas particulares, que adotam letras dos Racionais MC’s para ensinar poesia e discutir a realidade social. c) A verdade é filha do tempo, não da autoridade. d) Alunos preferem fruta e risoto na merenda. e) Bicho ruim não morre. 3) A predicação de um verbo (isto é, se ele é intransitivo, transitivo direto etc) depende das relações sintáticas entre ele e as demais palavras da oração: por isso, sua classificação pode variar. Em cada grupo de frases a seguir, um mesmo verbo apresenta diferentes classificações. Indique-as: a) Eu canto porque o instante existe. b) Os marinheiros cantavam melancólicas canções de amor. c) O garotinho já tem quatro anos, mas ainda não fala. d) Diante do juiz ele falará a verdade. e) Eu falava com o professor, quando você chegou. f) A respeito de seu passado, ele nunca falou a verdade aos colegas. TERMOS INTEGRANTES DA ORAÇÃO: Complementos verbais: Os complementos verbais são o objeto direto e objeto indireto que completam o sentido de um verbo transitivo. Objeto direto – Vem “diretamente” ligado a um verbo transitivo direto, sem o auxílio de uma preposição. Exemplo: O menino comprou o livro. (quem compra, compra alguma coisa: o livro) objeto direto Objeto indireto – Vem “indiretamente” ligado a um verbo transitivo indireto, com o auxílio de uma preposição:

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Exemplo: Os brasileiros gostam de futebol. (Quem gosta, gosta de alguma coisa: de futebol) objeto indireto. Principais preposições: de, para, com, contra, por, à. Observação: 1- Um mesmo verbo pode apresentar, simultaneamente, os dois objetos: o direto e o indireto.

VTDI OD OI

Ex.: O prefeito enviou os documentos ao governador 2- O objeto direto pode, às vezes, ocorrer com preposição não exigida pelo verbo. Denomina-se, então, objeto direto preposicionado. Compare: O mocinho sacou o revólver. (OD) O mocinho sacou do revólver. (OD preposicionado) Pronomes oblíquos na função de objeto: Quando funcionam como objeto, alguns pronomes oblíquos têm classificação fixa; outros têm classificação dependente do verbo ao qual servem de complemento. Veja o quadro:

Complemento nominal: Não são apenas os verbos que podem necessitar de complemento. Um substantivo, um adjetivo ou um advérbio também podem exigi-lo: Exemplo: Tenho necessidade de afeto. (Tem necessidade de quê? De afeto) complemento nominal A desunião é prejudicial à família. (É prejudicial à que? À família) complemento nominal. Agente da passiva: Suponha a seguinte oração: Preços de combustíveis serão liberados pelo governo. Nela temos: preços dos combustíveis – sujeito paciente (sofre a ação de liberar); serão liberados – estrutura verbal na voz passiva; pelo governo – termo que representa o agente, isto é, aquele que pratica a ação de liberar.

PRONOMES OBLÍQUOS FUNÇÃO EXEMPLO

o, a, os,as Objeto direto Todos o conhecem.

lhe, lhes Objeto indireto Eu jamais lhe obedeci.

demais pronomes: me, mim, te, ti, se, si, nos, etc

Objetos diretos, se ligados a VTD; ou objetos indiretos, se ligados a VTI.

Todos nos conhecem. (nos: objeto direto, porque conhecer é VTD).

A proposta nos interessava. (nos: objeto indireto, porque interessar é VTI).

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Então, agente da passiva é o elemento que, numa oração na voz passiva, pratica a ação recebida pelo sujeito.

EXERCÍCIOS

1) Indique se o complemento verbal destacado é objeto direto ou indireto: a) O cavalheiro abriu a porta delicadamente. b) Não me explicaram isto. c) O motorista retirou as malas. d) Necessitamos dos livros de Geografia. e) Gosto das flores que me envias semanalmente. f) O policial perseguiu o ladrão. g) Rasgou o envelope com ansiedade. h) Ele pediu à moça um misto quente. 2) Indique, nas orações abaixo, se o que está destacado é complemento nominal ou objeto indireto: a) Dagoberto olhava por olhar, indiferente a essa tragédia. b) Os retirantes tinham carência de atenção. c) Os senhores de engenho refaziam-se da depreciação. d) Lança migalhas a aves de arribação. e) Os retirantes careciam de atenção. 3) Indique se o que aparece em destaque é sujeito, objeto direto, objeto indireto, complemento nominal, predicativo do sujeito: a) Ele não tem o menor conhecimento de mecânica. b) As provas deixaram-na inquieta. c) Retiraram a seguir as porcas e arruelas.

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d) Sua aplicação aos estudos fora recompensada. e) Todos acharam inusitado o seu gesto. f) Todos estão muito felizes. g) Longe, na igreja, bate o sino. 4) Analise o pronome oblíquo e marque: a) ( ) Emprestei-lhe o dinheiro. b) ( ) Espero-o na estação. c) ( ) Isto nos pertence. d) ( ) Aquilo não me convinha. e) ( ) Entregaram-te o livro. f) ( ) Desejo-te uma boa viagem. g) ( ) Sua opinião não me importava. 5) Destaque e classifique os complementos verbais: a) Interrompia a lição com piadinhas. b) Seis semanas depois, uniram eles seus destinos. c) Os antigos foram estudar a geologia dos campos santos. d) Estudamos a lição para a prova. e) Levava um canivete no cinto. f) Ele não concorda com você. g) Gosto do esquadrão canarinho. h) O jovem deu um presente para a namorada. i) Ele fez o exercício com calma. j) Necessitava de medicamentos importados. TERMOS ACESSÓRIOS DA ORAÇÃO:

(A) – para objeto direto; (B) – para objeto indireto.

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Adjunto adnominal – É o termo de valor adjetivo que acompanha o núcleo para caracterizá-lo ou determina-lo. Ex.: Meu colega de turma descobriu um selo raro. Os meus dois melhores amigos de infância mudaram de cidade. Adjunto adverbial – É o termo representado por advérbio ou equivalente, que acrescenta uma circunstância ao verbo, ou intensifica ou gradua a idéia expressa por adjetivo, verbo ou advérbio. Eis alguns tipos de adjuntos adverbiais: a) de tempo: Hoje, teremos uma refeição reforçada. b) de lugar: Rita guardou os livros na estante. c) de causa: O motorista tremeu de susto. d) de modo: Ele fez as malas rapidamente. e) de fim: As tropas estão formadas para o ataque. f) de dúvida: Talvez ganhemos a causa. g) de negação: Não teremos prova. h) de intensidade: Recebeu a notícia muito contrariado. i) de meio: A costura foi feita à mão.

EXERCÍCIOS

1) Passe um traço embaixo dos Adjuntos adnominais das seguintes orações: a) O voo negro dos urubus fazia círculos altos em redor de bichos moribundos. b) Impossível abandonar o anjinho aos bichos do mato. c) As manchas dos juazeiros tornaram a aparecer. d) As alpercatas dele estavam gastas nos saltos. e) Se eu povoasse os currais, teria boas safras, depositaria dinheiro nos bancos, compraria mais terras e construiria novos currais.

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2) Identifique a circunstância expressa pelo adjunto adverbial: a) O sogro e a sogra apelaram no mesmo tom. b) Era um homem profundamente amargurado. c) Ao final da corrida, caiu de cansaço. d) Sua existência era bem equilibrada e suave. e) Carol pareceu-me meio triste durante a aula. f) O jornal de hoje trouxe notícias muito boas.

EXERCÍCIOS DE REVISÃO

1) Analisar, sintaticamente, as expressões destacadas. a) O aluno virou a carteira. virou – a carteira – b) A crisálida virou borboleta. virou – borboleta – c) O tempo virou virou – d) Passou a ventania passou – a ventania – e) O caçula passou o mais velho passou – o mais velho – f) A solteirona passou as novidades ao pároco da aldeia. a solteirona –

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as – g) João estava feliz. estava – feliz – h) Um estremecimento elétrico corre pelas veias dos valentes oficiais. um estremecimento elétrico – corre – i) Escreveram uma carta muito discreta para sua aluna. sujeito – verbo – objeto ___________ - adjunto adverbial – j) Duas horas depois, serviu-se o almoço. o almoço – almoço – o – duas horas depois... serviu-se – duas horas depois –

PERÍODO COMPOSTO Período Composto por Coordenação – quando as orações que constituem têm sentido por si mesmas, são sintaticamente independentes umas das outras e estabelecem entre si apenas uma sucessão de idéias. Exemplo: Recebeu o salário, visitou algumas lojas e trouxe um belo presente para a noiva.

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Vi, vim e venci. Período Composto por subordinação – quando há entre as orações que o constitui uma relação de dependência da subordinada à principal. Exemplo: Confesso que não sei a resposta. O dia raiava quando lhe vieram bater à porta.

EXERCÍCIOS

1) Classifique os períodos destacados em composto por coordenação ou por subordinação: a) Esfregou as mãos finas, esgaravatou as unhas sujas. b) Um amigo meu diz que em todos nós existe um charlatão. c) Naquela noite, jantei sozinho, pois Alberto viajara para Malhada da Pedra. d) Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da Baronesa. e) furta cavalos e bois, marca-os de novo, recorta sinais de orelhas com uma habilidade de cigano velho. f) A campanhia tocou, entraram no camarote.

ORAÇÕES COORDENADAS

As orações coordenadas podem ser: Assindéticas – quando não vêm introduzidas por conjunção. Exemplo: Levantou-se, foi até a janela, tornou a sentar. Sindéticas – quando vêm introduzidas por conjunção: Exemplo: Recebeu a notícia e deu pulos de satisfação. ORAÇÕES COODENADAS SINDÉTICAS: Coordenada sindética aditiva – Expressa uma idéia de adição, de soma. É introduzida pelas conjunções aditivas e, nem, não só..., mas também, etc. Exemplo: Vamos ouvir música e comer uma pizza.

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Coordenada sindética adversativa – Expressa uma idéia de compensação ou de contraste. É introduzida pelas conjunções adversativas mas, porém, todavia, contudo, entretanto, senão, etc. Exemplo: Meu coração pergunta, porém meus olhos não respondem. Coordenada sindética alternativa – Expressa uma idéia de exclusão, de alternância. É introduzida pelas conjunções alternativas ou, ou...ou, ora...ora, quer...quer, etc. Exemplo: Vamos fazer um poema ou qualquer outra besteira. Coordenada sindética conclusiva – Exprime conclusão. É introduzida pelas conjunções conclusivas logo, pois, portanto, por conseguinte, etc. Exemplo: ela o trata com carinho, logo gosta dele. Coordenada sindética explicativa – Explica a idéia contida na oração anterior, dando um motivo. É introduzida pelas conjunções explicativas pois, porque, portanto, que, etc. Exemplo: Traga o jornal, pois quero ler as notícias.

EXERCÍCIOS

1) Classifique as orações coordenadas em destaque dos seguintes períodos: a) Abriu a porta e disse adeus. b) Alegra-te, que estou aqui. c) Meus atiradores não fumam nem bebem. d) Mudou o Natal ou mudei eu? e) Os caminhoneiros estão em greve, portanto faltarão alimentos. 2) Transforme os períodos simples em um período composto por coordenação, expressando a relação indicada entre parênteses: a) O teatro estava lotado. Não conseguimos sentar. (conclusiva) b) Fiquem quietos. Eu estou dando as explicações necessárias. (explicativa) c) Tomei muito analgésico. A dor não passou. (adversativa) d) Penso. Existo. (conclusiva) e) Estou ouvindo barulho. Deve ter alguém em casa. (conclusiva) f) Deve ter alguém em casa. Estou ouvindo barulho. (explicativa)

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3) Em uma prova escolar, uma das questões solicitava que os alunos classificassem a oração destacada no período a seguir e justificassem a resposta:

Um dos alunos respondeu que a oração era coordenada sindética aditiva, justificando que essa classificação se devia à presença da conjunção e. Pergunta-se: esse aluno acertou ou errou a resposta? Por quê?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

ORAÇÕES SUBORDINADAS

Vimos que o período composto por subordinação é constituído por duas ou mais orações: uma principal e as demais subordinadas: Exemplo: E nada é mais triste do que engenho de fogo morto. Oração Principal Oração subordinada As orações subordinadas podem ser:

Substantivas – desempenham funções comparáveis às exercidas por substantivos.

Os operários fizeram todo o trabalho, e não receberam o pagamento.

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Adjetivas – desempenham funções comparáveis às exercidas por adjetivos.

Adverbiais – desempenham funções comparáveis às exercidas por advérbios.

ORAÇÕES SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS

As orações subordinadas substantivas apresentam as seguintes características:

Têm valor de substantivo;

Funcionam como sujeito, objeto direto, objeto indireto, complemento nominal, predicativo ou aposto da oração principal;

Vêem, geralmente, introduzidas pelas conjunções integrantes que e se, com o verbo no indicativo ou no subjuntivo;

Podem ser introduzidas por pronomes ou advérbios interrogativos (quem, quanto, como, onde, quando, por que etc). CLASSIFICAÇÃO:

Subordinada substantiva subjetiva Funciona como sujeito da oração principal: Ex: É indispensável que estejamos presentes. Atenção: As orações às quais a subjetiva está subordinada são formadas por verbos ou locuções impessoais, tais como: é bom, é preciso, é necessário, é conveniente, convém, cumpre, consta, urge, sabe-se, conta-se, diz-se etc.

Subordinada substantiva objetiva direta Funciona como objeto direto da oração principal: Ex: Confesso que não estudei muito. Atenção: Observe que, ao contrário da subjetiva, o sujeito da objetiva direta pode ser depreendido da oração principal. Além disso, o verbo da oração principal é transitivo direto.

Subordinada substantiva objetiva indireta Funciona como objeto indireto da oração principal: Ex: Dependemos de que ele participe. Atenção: Observe que o verbo da oração principal é transitivo indireto.

Subordinada substantiva completiva nominal Funciona como complemento nominal da oração principal: Ex: Temos necessidade de que todos compareçam.

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Atenção: Observe que, assim como o complemento nominal, a subordinada substantiva completiva nominal completa um nome presente na oração principal.

Subordinada substantiva predicativa Funciona como predicativo do sujeito da oração principal: Ex: O importante é que todos compareçam. Atenção: Observe que a subordinada predicativa liga-se à oração principal através de verbo de ligação. Subordinada substantiva apositiva Funciona como aposto da oração principal: Ex: Desejo apenas uma coisa: que todos compareçam. Atenção: A oração apositiva vem, geralmente, entre vírgulas ou depois de dois-pontos.

EXERCÍCIOS

1) Classifique as orações subordinadas substantivas destacadas: a) Fernando tinha a ilusão de que ela não o deixaria. b) Urge que reequipemos a fábrica. c) Ninguém percebeu que a pedra era falsa. d) É provável que estejamos aqui amanhã. e) Nós todos carecemos de que nos tratem com atenção. f) Só imponho uma condição: que ele aumente o meu salário. g)Dizem que ele assumirá a chefia. h) Diz-se que ele assumirá a chefia. i) Tenho certeza de que ele assumirá a chefia. j) Sabíamos que a prova ia ser difícil. l) É importante que todos compareçam à reunião. m) Afinal você se convenceu de que o importante é a verdade. n) Meu maior desejo no momento é que a chuva caia logo.

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2) Em todas as alternativas há uma oração subordinada substantiva subjetiva, exceto em: a) ( ) Urge que tomemos uma atitude. b) ( ) Parece que o tempo voa. c) ( ) O ideal seria que todos participassem. d) ( ) É preciso que você nos apóie. e) ( ) Importa apenas que sejamos felizes.

ORAÇÕES SUBORDINADAS ADJETIVAS As orações subordinadas adjetivas apresentam as seguintes características:

Geralmente são introduzidas por pronomes relativos (que, quem, cujo, onde etc);;

Funcionam como adjunto adnominal (função própria do adjetivo);

Sempre ligam a um nome da oração principal. CLASSIFICAÇÃO:

Subordinada adjetiva restritiva: Restringe, delimita, precisa o significado do substantivo; portanto, não pode ser retirada do período, sendo indispensável para a sua compreensão. Ex: O aluno que faltou à prova fará novos exames. Os livros que estão sobre a mesa me pertencem.

Subordinada adjetiva explicativa: Acrescenta ao termo antecedente a que se refere uma informação acessória que, à semelhança de um aposto, esclarece-o, explica-o ou desenvolve-o. A oração explicativa, ao contrário da restritiva, costuma aparecer entre vírgulas. Ex: Pedro, que era ligeiro, foi o primeiro a chegar. O leite, que ficara ao relento, azedou.

EXERCÍCIOS

1) Classifique as orações adjetivas dos seguintes períodos: a) Há dias voltei à cidade em que nasci para rever os amigos. b) Da casa, que ficava no alto da colina, via-se todo o vale. c) Recebemos a nova edição de Macunaíma, que é uma das melhores obras do Modernismo brasileiro.

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d) Depois de entrar na sala e pedir à secretária que lhe trouxesse um café, abriu a gaveta e arrumou os papéis que retirou da pasta. e) Diz-se que ele era um dos alunos que foram representar a escola na maratona de Matemática. f) Fomos até a casa que estava à venda. g) São poucos aquele que não têm problemas. 2) (Fuvest – SP) “O ar que respiro, este licor que bebo, pertencem ao meu modo de existir.” É composto o sujeito do verbo pertencem. a) Qual é esse sujeito composto?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ b) Qual a classificação das orações que acompanham cada membro desse sujeito?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

ORAÇÕES SUBORDINADAS ADVERBIAIS

As orações subordinadas adverbiais apresentam as seguintes características:

Têm valor de adjunto adnominal;

Ligam-se ao verbo da oração principal;

São introduzidas por conjunções subordinativas (com exclusão das integrantes) CLASSIFICAÇÃO:

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Subordinada adverbial causal: Indica a causa do que está expresso no verbo da oração principal. As principais conjunções denotadoras da causa são: porque, pois, como, porquanto, visto que, uma vez que etc. Ex: Como não havia vacinas, muitos pegaram a doença. Atenção: Não confunda a oração subordinada adverbial causal com coordenada explicativa. Compare: Ele pegou a doença porque andava descalço. (causal) Não ande descalço, porque você vai pegar uma doença. (explicativa) 1 – No primeiro exemplo há forçosamente uma relação de causa (andar descalço) e conseqüência (pegar uma doença). No segundo exemplo, não há essa relação, apenas dá-se um motivo para que não se ande descalço. 2 – A adverbial causal pode ser transformada em outra, reduzida de infinitivo, iniciada pela preposição por. Por andar descalço, ele pegou uma doença. A coordenada explicativa não admite essa transformação.

Subordinada adverbial comparativa: Estabelece uma comparação com a ação expressa pelo verbo da oração principal. As principais conjunções comparativas são: que, do que (depois de mais, menos, melhor, pior),como etc. Ex: Ele lutava como um guerreiro espartano lutaria.

Subordinada adverbial concessiva: Indica que se admite ou se concede um fato contrário à declaração contida na oração principal. As principais conjunções concessivas são: ainda que, embora, mesmo que, posto que, por mais que, se bem que, nem que etc. Ex: Não venderão o produto ainda que gastem milhões em propaganda.

Subordinada adverbial condicional: Indica a condição necessária para que o fato expresso na oração principal se realize. As principais conjunções condicionais são: se, caso, sem que, contanto que, salvo se, desde que, a menos que, a não ser que etc. Ex: Venderão o produto, caso alterem a sua fórmula.

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Subordinada adverbial conformativa: Exprime conformidade com o que se declara na oração principal. As principais conjunções conformativas são: conforme, como, segundo, consoante etc. Ex: O jantar será servido às oito horas, conforme combinamos.

Subordinada adverbial consecutiva: Indica a conseqüência do que foi declarado na oração principal. É introduzida pela conjunção que (precedida de tal, tanto, tão ou tamanho). Ex: Ele falava tanto que começava a ser inconveniente.

Subordinada adverbial final: Indica a finalidade do que está expresso na oração principal. As principais conjunções finais são: para que, a fim de que, que (= para que), etc. Ex: Construíram-se diques para que as águas não alagassem os campos.

Subordinada adverbial proporcional: Indica uma relação de proporcionalidade com o fato expresso na oração principal. As principais conjunções proporcionais são: à medida que, à proporção que, ao passo que, quanto mais...mais, quanto menos...menos, quanto maior..menor etc. Ex: Os lucros iam crescendo, à proporção que se reduziam os custos.

Subordinada adverbial temporal: Indica o tempo em que ocorre o fato expresso na oração principal. As principais conjunções temporais são: quando, enquanto, antes que, depois que, desde que, logo que, assim que, até que, apenas, mal etc. Ex: Todos estavam reunidos quando ele anunciou seu casamento.

EXERCÍCIOS

1) Indique a circunstância expressa pela oração adverbial destacada nos seguintes períodos: a) Usávamos o computador para agilizarmos os cálculos. b) Quando o navio atracou,todos já estavam a postos.

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c) Como costumava fazer,deu corda no despertador. d) Transferirei, se vocês permitirem, a reunião semanal. e) Como não haviam combinado, cada um deu uma versão diferente. f) Ele reclamava tanto que começava a ser desagradável. g) Quanto mais eu rezo, mais assombrações me aparecem. h) Embora a chuva estivesse forte, os rapazes viajaram naquele dia. i) Comportam-se como adultos. j) Mal entramos em casa, desabou o temporal. 2) Classifique as orações adverbiais destacadas: a) Como estava com as mãos ocupadas, o rapaz não pôde ajudá-la. b) O elevador enguiçou quando estávamos no terceiro andar. c) À medida que o tempo passava, mais ficávamos impacientes. d) Enquanto cobrarem ágio, não trocaremos de automóvel. e) O documento foi entregue ao presidente do júri para que todos comprovassem a sua autenticidade. f) Não tomarei tal decisão mesmo que me chantageiem. g) Ele sabia como fazer a montagem melhor do que qualquer um dos técnicos. h) Como ordenara o comandante, a âncora foi lançada ao mar. i) Enquanto houver alimentos, eles serão distribuídos aos retirantes.

CONCORDÂNCIA NOMINAL

Concordância Nominal é a que se faz, em gênero e número, entre o artigo, o pronome, o numeral ou o adjetivo e o substantivo a que se referem. A concordância do adjetivo com o substantivo pode, em alguns casos, trazer dúvidas. Por isso, devemos conhecer algumas regras. REGRAS GERAIS: 1 – Concordância do adjetivo com um só substantivo:

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O adjetivo concorda com o substantivo em gênero e número. Ex: Recebi um bom livro - Recebi bons livros Realizou uma obra magnífica - Realizou belas obras. 2 – Adjetivo anteposto a dois ou mais substantivos: O adjetivo concorda, por norma, com o substantivo mais próximo. Ex: Seu trabalho revelou-nos raro talento e beleza. Seu trabalho revelou-nos rara beleza e talento. Atravessamos tranqüilos bosques e florestas. Atravessamos tranqüilas florestas e bosques. Observações: a) Referindo –se a nomes próprios, de parentesco ou a títulos, deve o adjetivo ir para o plural: Ex: Estudamos os extraordinários Camões e Gil Vicente. Colaborava com as esforçadas mãe, irmã e tia. Chegaram os vitoriosos governador e prefeito. b) Quando em função de predicativo, o adjetivo anteposto poderá concordar com o substantivo mais próximo ou ir para o plural: Ex: Estava oculta a carta, a jóia e o testamento. Estavam ocultos a carta, a jóia e o testamento. (Observe que, neste caso, prevalece o masculino) 3 – Adjetivo posposto a dois ou mais substantivos: Neste caso, há duas construções possíveis: concorda com o mais próximo, ou vai para o plural, prevalecendo, então o masculino. Ex: Recebeu um elogio e uma promoção merecida. Recebeu um elogio e uma promoção merecidos. 4 – Dois ou mais adjetivos com um substantivo: Neste caso, também há duas construções possíveis: permanecerá no singular se houver repetição do artigo. Se não, irá para o plural juntamente com o artigo que o antecede. Ex: Suportou a pressão interna e a externa. Suportou as pressões interna e externa.

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Casos Particulares: As expressões em anexo, incluso, obrigado, mesmo, próprio, quite, junto leso e meio concordam com a palavra a que se referem.

Anexo

As certidões vão anexas ao requerimento. Os gráficos vão anexos ao relatório. Observação: Precedido da preposição em, fica invariável: Em anexo, seguem as faturas.

Incluso Remeto-lhes, inclusas, as faturas. Remeto-lhes, inclusos, os documentos.

Obrigado A moça disse: muito obrigada. O rapaz disse: muito obrigado.

Mesmo

Ele mesmo fará os convites. Ela mesma fará os convites. Observação: Quando significa de fato, realmente, é invariável: Ela fará mesmo parte de banca examinadora.

Próprio Ele próprio expedirá a correspondência. Ela própria expedirá a correspondência.

Meio

Compramos meio quilo de soja. Serviu-nos meia porção de arroz. Observação: Meio, advérbio, é invariável: Encontrei-a meio triste. Eles estavam meio nervosos.

Quite

Estou quite com o Serviço Militar. Estamos quites com o Serviço Militar. Observação: Com o sentido de igualmente pago, igualado, o adjetivo quite vai para o plural: Estamos quites.

Junto

Remeto-lhe, juntas, as faturas. Remeto-lhe, juntos, os documentos Observação: Junto, funcionando como advérbio (= juntamente), ou compondo locução prepositiva (junto com, junto de), é invariável: Junto, remeto-lhe as certidões. As certidões seguem junto com os requerimentos.

Leso Cometeu um crime de leso-patriotismo. Foi um crime de lesa-majestade.

Outros casos:

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Possível

Com a expressão o mais... possível, deve-se fazer a variação de acordo com o artigo que a encabeça.

Vencia obstáculos o mais difíceis possível. Vencia obstáculos os mais difíceis possíveis.

Alerta, menos São sempre invariáveis. Os soldados estavam alerta. Há menos convidados do que prevíamos.

Valor adjetivo ou adverbial: Há palavras que funcionam ora com valor adjetivo, ora com valor adverbial. Ex: Bastantes alunos sabem esta lição. - refere-se ao substantivo - variável. Os alunos sabem bastante esta lição. - refere-se ao verbo - invariável. Os alunos são bastante estudiosos. - refere-se ao adjetivo – invariável.

EXERCÍCIOS

1) Efetue a devida concordância entre os substantivos e os adjetivos indicados entre parênteses: a) Manifestou _______________respeito e admiração pelo amigo. (profundo) b) Usava caneta e lápis ___________. (preto) c) Manifestou respeito e admiração ______________. (profundo) d) Era _________sua fé e seu talento. (extraordinário) e) Era ____________ seu talento e sua fé. (extraordinário) f) Tinha __________ a barba e o cabelo. (branco) g) Tratava-se de moças e rapazes _____________. (evoluído) h) Tratava-se de rapazes e moças _____________. (evoluído) i) Manifestou ____________ admiração e respeito. (profundo) j) Trabalhamos com balança e microscópio _____________. (importado)

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2) Relacione as orações que não apresentarem erro de concordância. Rescreva no final as que estiverem erradas, corrigindo-as: a) Os documentos anexos devem ser microfilmados. b) Fiquei contente quando ela me disse obrigado. c) As mercadorias chegaram juntas com as notas de cobrança. d) Seguem anexos os gráficos do computador. e) Maria decidiu mesma fazer o vestibular de medicina. f) É meio-dia e meio na capital federal. 3) Corrija a alternativa incorreta: a) Procurava cavalos os mais velozes possíveis. b) Há menos alunas na primeira série. c) Os fiscais observaram alertas todos os alunos. d) Buscava músicos os mais talentosos possíveis. 4) Substitua os espaços em branco por uma das palavras entre parênteses: a) Pediu que todos caminhassem _______________. (ligeiro – ligeiros) b) Eram moças ______________ competentes. (bastante – bastantes) c) Eram problemas ________ os nossos. (sério – sérios) d) Os meninos eram ___________ com a bola. (ligeiro – ligeiros) e) Os pais falavam ____________ com o filho. (sério – sérios) f) A casa estava _____________ velha antes da reforma. (meio – meia) g) Vocês agiram ___________ no caso. (certo – certos) h) Eles estavam ___________ de que elas viriam. (certo – certos)

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5) Rescreva as frases, fazendo as alterações indicadas e estabelecendo adequadamente a concordância nominal: a) O trem partirá ao meio-dia e vinte. (troque “vinte” por “meio”.)

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ b) Ela é um pouco antipática. (troque “um pouco” por “meio”)

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ c) No jogo, não foi permitida a entrada de crianças. (exclua o artigo)

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ d) Em anexo, estão os impressos que vocês pediram. (exclua o “em”)

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________________________

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____________________________________________________________________________________________________________________ e) Já lhe contei essa história diversas vezes. (troque “diversas” por “bastante”)

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

CONCORDÂNCIA VERBAL Observe: As florestas ainda ocupam 43% do território brasileiro. È uma área tão extensa que, se fosse emancipada, a nação verde seria o sétimo maior país do mundo, superando, em tamanho, a Índia e a Argentina. No período acima os verbos concordam com o sujeito simples em número e pessoa: As florestas ocupam...... (sujeito no plural, verbo no plural); A nação verde seria... (sujeito no singular, verbo no singular) Com o sujeito composto, o verbo vai para o plural: Exemplo: As florestas e os oceanos devem ser tratados com respeito pela humanidade.

Outras normas da Concordância Verbal

Casos Normas Exemplo

Verbo antecedendo o sujeito composto:

O verbo poderá concordar apenas com o núcleo mais próximo ou ir para o plural.

Chegará o presidente e o ministro. Chegarão o presidente e o ministro.

Núcleos do sujeito constituídos pelos pronomes: eu e ele = nós tu e eu = nós tu e ele = vós ou vocês ele e ela = eles eu, tu e ele = nós

O verbo irá para a 1ª pessoa do plural, se um dos núcleos do sujeito for da 1ª pessoa. eu + ele = nós O verbo irá para a 2ª ou 3ª pessoa do plural se um dos núcleos for da 2ª pessoa e não houver

Eu e ele recebemos as informações. Tu e eu recebemos as informações Tu e ele farão os testes. Atenção: Tu, ele e eu faremos os testes.

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núcleo da 1ª pessoa. tu + ele = vós ou vocês

Grande parte, a maior parte...

O verbo pode ser usado no singular ou no plural

Grande parte dos alunos compareceu. (ou compareceram)

A maior parte dos alunos compareceu. (ou compareceram)

Quando os núcleos do sujeito são sinônimos (ou quase)

O verbo poderá ficar no singular ou ir para o plural. Observação: O mesmo ocorre quando há gradação de idéias: Aquele sofrimento, aquela dor, aquela agonia dilacerava-lhe (ou dilaceravam-lhe) o espírito.

A tristeza, o desalento levou-o às lágrimas. (ou levaram-na) A instabilidade e a incerteza caracterizava o seu comportamento (ou caracterizavam...)

Sujeitos resumidos por tudo, nada, ninguém, etc

O verbo fica no singular. Os castiçais, os cristais, as jóias, tudo estava penhorado.

O sujeito representado pelo pronome relativo quem

O verbo pode ficar na 3ª pessoa do singular ou concordar com o antecedente do pronome.

Fui eu quem derramou a água. Fui eu quem derramei a água.

O sujeito representado pelo pronome relativo que

O verbo concorda com o antecedente do pronome.

Fui eu que derramei a água. Foste tu que derramaste a água. Fomos nós que derramamos a água.

Um dos que..., uma das que...

O verbo pode ficar na 3ª pessoa do singular ou do plural.

Ele foi um dos que esteve na manifestação. Ele foi um dos que estiveram na manifestação.

Núcleos do sujeito ligados por ou

O verbo ficará no singular se houver idéia de exclusão. Se não houver idéia de exclusão, irá para o plural.

Pedro ou Chico casará com Isabel. O original ou a cópia serão aceitos.

Mais de um..., menos de três..., cerca de cem...

O verbo concorda com o numera.

Mais de um aluno faltou à aula. Mais de cinco faltaram à aula.

Um e outro..., nem um nem outro...

O verbo poderá ficar no singular ou no plural.

Nem um nem outro assumiu (ou assumiram) a culpa.

Nomes de países, estados e cidades normalmente pluralizados.

O verbo fica no singular, a menos que o sujeito venha precedido de artigo no plural.

Pelotas fica no Rio Grande do Sul. Buenos Aires é uma bela cidade. Estados Unidos é uma nação opressora. Os Estados Unidos são a maior potência mundial.

Concordância do verbo ser: 1 – Nos predicados nominais, com o sujeito representado por um dos pronomes tudo, nada, isto, isso, aquilo, os verbos ser e parecer concordam com o predicativo: Ex: Tudo são esperanças.

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Aquilo parecem ilusões. Aquilo é ilusão. Observação Pode-se fazer a concordância com o sujeito quando se quer enfatizá-lo: Ex: “Tudo é flores no presente.” (Gonçalves Dias) Aquilo é sonhos vãos. 2 – Nas orações iniciadas por pronomes interrogativos, o verbo ser concorda sempre com o nome ou pronome que vier depois: Ex: Que são florestas equatoriais? Quem eram aqueles homens? 3 – Nas indicações de horas, datas, distâncias, a concordância se fará com a expressão numérica: Ex: São oito horas. De Botafogo ao Leblon são oito quilômetros. Observação: Na indicação de datas, admitem-se duas concordâncias: Ex: Hoje são 31 de março. Hoje é 31 de março. (= Hoje é dia 31 de março) Preferimos a segunda concordância. A primeira, um preciosismo, soa artificial. 4 - Com o predicado nominal indicando suficiência ou falta, o verbo ser fica no singular: Ex: Três batalhões é muito pouco. Trinta milhões de dólares é muito dinheiro. Dez dias é tanto tempo! 5 – Quando o sujeito é pessoa, o verbo ser fica no singular: Ex: Maria era as flores da casa. Fernando Henrique foi só decepções. 6 – Quando o sujeito é constituído de verbos no infinitivo, o verbo ser concorda com o predicativo:

Ex: Dançar e cantar é a sua atividade. Estudar e trabalhar são as minhas atividades.

EXERCÍCIOS

1) Complete os espaços em branco efetuando as concordâncias possíveis. Indique quando houver mais de uma possibilidade: a) Grande parte dos jogadores ______________ao treino. (faltou – faltaram) b) O zelador e o motorista ______________o assalto. (evitou – evitaram)

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sujeito predicado

VTD OD

Os operários aspiravam o ar poluído.

regente regido

c) O zelador, com o motorista, _______________ o carro. (empurrou – empurraram) d) Livros, discos, revistas, tudo ___________________________espalhado pela sala. (estavam – estava) e) Aquele operário era um dos que mais ___________________. (trabalhavam – trabalhava) f) Nem um nem outro _________________ o trabalho. (fez – fizeram) 2) Complete as lacunas com uma das formas verbais sugeridas: a) Algum de vós ______________a bolsa de estudo. (conseguireis – conseguirá) b) Um de vós me ________ de trair esta noite. (haveis – há) c) Disse-me o policial que mais de um ladrão já _________tentando arrombar o cofre da firma. (andou – andaram)

Alguns verbos e nomes (substantivos, adjetivos e advérbios) pedem complementos. Esses complementos podem exigira presença da preposição. Por isso, os dicionários costumam indicar se os verbos são transitivos diretos (TD) ou transitivos indiretos (TI) e quais preposições devemos usar com eles e com os substantivos, adjetivos e advérbios.

Observe que, conforme a regência,altera-se também o significado. No primeiro exemplo, o verbo tem o sentido de "respirar, sorver"; no segundo, o de "desejar, pretender"

O hábito de leitura e o uso que fazemos do idioma automatizam de certa forma o emprego correto de verbos e nomes e suas regências. Entretanto muitos podem causar dúvidas. Alguns são encontrados nas gramáticas, mas existem dicionários específicos de regência. Recorra a eles sempre que você tiver dúvidas.

Os quadros abaixo servem apenas para algumas exemplificações, considerando que um bom dicionário de regência tem centenas de páginas. _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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Aspirar

Respirar, sorver (TD). Desejar, pretender (TI). Obs.: Com o sentido de "pretender" ou "desejar" não admite o pronome lhe,que deve ser substituído por a ele(s), a ela(s).

Aspiramos o ar poluído.

Aspiramos a uma vida melhor.

Chico aspirava ao cargo.

Chico aspirava a ele

Assistir

Socorrer, prestar auxílio (TD ou TI). Presenciar, ver (TI). Competir, caber (direito, razão) (TI). Residir, morar, habitar; estar, permanecer: pede complemento de natureza adverbial. Obs.: Com o sentido de presenciar, ver, a norma é bastante transgredida na linguagem oral.

O médico assistiu o doente. O médico assiste ao doente. Os alunos assistiram a um espetáculo magnífico. Não assiste ao réu o direito de contestar. João assiste em Florianópolis. Que a paz assista entre os homens.

Custar Causar, acarretar (TDI). Ser difícil, custoso (TI).

Sua despedida custou-lhe lágrimas. Custa-me aceitar essa idéia. Ele custou a encontrar os cadernos. (uso popular)

Declinar Declarar, revelar (TD). Desistir, recusar (TI).

Declinamos os nomes dos jogadores. Declinamos do convite inesperado.

Esquecer e lembrar

Pode ser empregado: a)como transitivo direto; b)como transitivo indireto, pronominal; c) como transitivo indireto.

Esqueci o fato./Lembrei o fato. Esqueci-me do fato. /Lembrei-me do fato. Esqueceu-me o fato. /Lembra-me o fato.

Implicar

Acarretar, causar (TD). É bastante empregado como transitivo indireto regendo a preposição em.

Drogas implicam violência. O desenvolvimento das ciências implica em muitos benefícios.

Informar

Este verbo pode pedir: a)objeto direto de coisa e objeto indireto de pessoa; b)objeto direto de pessoa e objeto indireto de coisa.

Informaram o acidente à polícia. Informaram a polícia do acidente.

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Pagar e perdoar

Se o complemento desses verbos for representado por "coisa" será um objeto direto; se o complemento for "pessoa" ou "coisa personificada"será um objeto indireto. Obs.: É comum o emprego do objeto direto para representar "pessoa".

Paguei os legumes, (coisa) Paguei ao quitandeiro. (pessoa) Perdoamos a dívida. Perdoei às crianças. Paguei os legumes ao quitandeiro. Perdoamos a dívida ao cliente. Paguei o flanelinha. Perdoamos o cliente.

Preferir É transitivo direto e indireto simultaneamente. Embora bastante comum, condena-se o uso da expressão "do que".

Preferiu o celibato ao casamento. Prefere sair a ficar. Condenável: Preferiu sair do que ser humilhado. Correta: Preferiu sair a ser humilhado.

Querer Desejar, almejar (TD), Estimar, amar (TI).

Quero paz nos seus corações. Os pais querem bem aos filhos.

Simpatizar e

antipatizar

Transitivos indiretos, regendo a preposição com. Estes verbos não são reflexivos. Não devemos usá-los com os pronomes me, te, se, nos e vos.

Eu simpatizo com Teresa. Eu antipatizo com ditadores. Condenável: Eu me simpatizo... Eu me antipatizo...

Visar

Mirar (TD). Dar visto, rubricar (TD). Pretender, objetivar (TI).

O artilheiro visou o alvo. O gerente vidou o cheque. Esta lei visa ao bem comum.

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Nomes: regências Acostumado – a,com

Hão está acostumado a ambientes sofisticados. Reagiu como se não estivesse acostumado com a amiga.

Adaptado – a, para

Este pára-choque pode ser adaptado ao carro. Morte e vida severina foi adaptado para a televisão.

aflito – com, em, para, por

O professor estava aflito com o resultado das provas. Encontrei-o aflito em provar sua inocência. Ficou aflito por não encontrar seu cartão de crédito.

Alheio - a, de Vive alheia ao comportamento do filho. É um político alheio de más intenções, (livre, isento)

Alienado - a, de Meu carro está alienado à financeira. Brás Cubas tornou-se alienado do mundo.

Alusão - a Todos fizeram alusão ao noticiário daquela manhã.

Apto – a, para Estamos aptos a esclarecer todos os fatos. Os meninos estão aptos para vencer a competição.

Atento – a, em Permaneceu atento ao rádio. Ficou atento no movimento da passeata.

Ávido – de, por Era um deputado ávido de aparecer no noticiário. Ele está ávido por provar aquela fruta.

Curioso – de, para, por

É um jovem curioso do funcionamento dos computadores. Ela estava curiosa para saber se ele tinha compromisso. Estava curiosa por saber quem era o professor bonitão.

Devoto – a, de O estudante é devoto ao Partido dos Trabalhadores. Minha tia é devota de Santo Expedito.

Imune – a Com a vacina ficou imune à poliomielite.

Medo – a, de Persiste o medo ao aumento dos planos de saúde. Não tenho medo de encará-lo.

Preferível – a, do que

É preferível uma derrota honrosa à ausência covarde. É preferível insistir do que entregar os pontos logo no início, (uso popular)

Propenso – a, para

Ela está propensa a largar o marido. Luchini é um barítono propenso para a fama.

Residente - em Luísa, residente em Vassouras, estuda em outra cidade. Campopiano era um pintor residente na minha rua.

EXERCÍCIOS

1- Preencha as lacunas pelo pronome que, precedido da preposição adequada quando necessário: a) O ar ________aspiramos não estava contaminado. b) O cargo ________________ aspiras não está vago. c) Já não carece de ajuda o orfanato ______ assistias.

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d) O filme __________ assistimos continua em cartaz. e) ______________ pessoa assiste tomar tal decisão? 2- Rescreva as frases abaixo empregando o verbo custar: a) Compreender a recusa do irmão é muito difícil para ela.

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________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________________________ c) Entender os seus motivos é muito difícil para mim.

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________ 3- Nas orações abaixo, a regência dos verbos não está de acordo com a norma culta. Rescreva-as corre- tamente: a) Brigas de marido e mulher, não lhes assista.

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________

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b) Assisto à rua 19 de Fevereiro.

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c) Aspiro que consiga o que deseja.

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d) Esquecemos do jogo.

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e) Nós custamos a contornar a situação.

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________________________ f) À solução do problema, aspiro-lhe ansiosamente.

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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4- Substitua o complemento sublinhado pelo pronome correspondente: a) Informei ao João que não haverá aula amanhã. b) Informei João de que não haverá aula amanhã. c) Paguei a prestação. d) Paguei ao credor. e) Perdoamos suas faltas. f) Perdoamos aos faltosos. g) Lembrei ao pintor o retoque. h) Lembrei o pintor do retoque. i) Aconselhamos aos jovens que estudassem. j) Aconselhamos os jovens a que estudassem.

5- Rescreva as frases, substituindo os • conforme a regência de cada verbo: a) O escritório situa-se ________ praça Castro Alves. b) Ele já morou nesta rua, agora mora _______ largo das Flores. 6- Escolha uma das palavras apresentadas entre parênteses preencha a lacuna de cada período, rescrevendo-o corretamente: a) Queriam _______ pais com o amor especial dos filhos. (os - aos) b) Quero ______céu sempre azul e estrelado. (o - ao) c) Aos amigos, quero- ______ como aos irmãos. (os - lhes)

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LITERATURA E GRAMÁTICA – 3º ANO – ENSINO MÉDIO TÉCNICO - 2014

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d) O rapaz disse à jovem que _______ queria muito bem. (a - lhe) 7- Identifique os períodos que não estão de acordo com a norma culta e rescreva-os corretamente: a) É preferível a morte à desonra. b) É preferível morrer do que ser desonrado. c) Preferiu lutar do que fugir covardemente. d) Prefere o silêncio à polêmica inútil. e) Preferimos vinho do que refrigerante. f) O atacante visou ao gol. g) O diretor passou a tarde visando os diplomas. h) Estas normas visam ao bem-estar da coletividade. j) O prédio situa-se à rua Ferreira Viana.

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REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Português – Linguagens 3

Literatura – Produção de texto – Gramática

Autor: Willian Roberto Cereja

Ed. Scipione

Portguês –Volume Único

Autor: Ernani Terra e José Nicola

Ed. Moderna

Gramática da Língua Portuguesa

Autor – Suzana D’ Ávila

Ed. Do Brasil