LIVRO TÓPICOS EM CIÊNCIAS AGRÁRIAS(1)

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Organizadores Carlos Alfredo Lopes de Carvalho Ana Cristina Vello Loyola Dantas Francisco Adriano de Carvalho Pereira Ana Cristina Fermino Soares Jos Fernandes Melo Filho Gabriel Jorge Carneiro de Oliveira

Carlos Alfredo Lopes de Carvalho Ana Cristina Vello Loyola Dantas Francisco Adriano de Carvalho Pereira Ana Cristina Fermino Soares Jos Fernandes Melo Filho Gabriel Jorge Carneiro de Oliveira (Organizadores)

TPICOS EM CINCIAS AGRRIAS

VOLUME I

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECNCAVO DA BAHIACENTRO DE CINCIAS AGRRIAS, AMBIENTAIS E BIOLGICAS

CRUZ DAS ALMAS - BAHIA 2009

Copyright 2009

CAPA Carlos Alfredo Lopes de Carvalho Grfica e Editora Nova Civilizao Ltda.

FOTOS DA CAPA Ana Cristina Vello Loyola Dantas

REVISO Ana Cristina Vello Loyola Dantas Sidiney Ferreira Sardinha

DIAGRAMAO Grfica e Editora Nova Civilizao Ltda.

Ficha Catalogrfica preparada pela Seo de Catalogao da Biblioteca da Universidade Federal do Recncavo da Bahia T674 Tpicos em Cincias Agrrias / Carlos Alfredo Lopes de Carvalho... [et al.], organizadores. Cruz das Almas, BA: Universidade Federal do Recncavo da Bahia, Centro de Cincias Agrrias, Ambientais e Biolgicas, 2009. 296p. : v. 1. :il. ISBN 978-85-61346-04-1 1. Cincia animal. I. Carvalho, Carlos Alfredo Lopes de, II. Dantas, Ana Cristina Vello Loyola, III. Pereira, Francisco Adriano de Carvalho, IV. Soares, Ana Cristina Fermino, V. Melo Filho, Jos Fernandes, VI. Oliveira, Gabriel Jorge Carneiro de. CDD 631 Programa de Ps-Graduao em Cincias Agrrias - UFRB Tele/Fax: (75) 3621.3120 E-mail: [email protected] Home Page: www.ufrb.edu.br/pgcienciasagrarias

O contedo dos Captulos de inteira responsabilidade dos autores

permitida a reproduo parcial ou total desta publicao desde que devidamente citada a fonte.

ORGANIZADORES

Carlos Alfredo Lopes de Carvalho Doutor em Cincias - Entomologia Centro de Cincias Agrrias, Ambientais e Biolgicas Universidade Federal do Recncavo da Bahia Ana Cristina Vello Loyola Dantas Doutor em Agronomia - Gentica e Melhoramento de Plantas Centro de Cincias Agrrias, Ambientais e Biolgicas Universidade Federal do Recncavo da Bahia Francisco Adriano de Carvalho Pereira Doutor em Irrigao e Drenagem Centro de Cincias Agrrias, Ambientais e Biolgicas Universidade Federal do Recncavo da Bahia Ana Cristina Fermino Soares Doutor em Produo Vegetal Centro de Cincias Agrrias, Ambientais e Biolgicas Universidade Federal do Recncavo da Bahia Jos Fernandes de Melo Filho Doutor em Agronomia - Solos e Nutrio de Plantas Centro de Cincias Agrrias, Ambientais e Biolgicas Universidade Federal do Recncavo da Bahia Gabriel Jorge Carneiro de Oliveira Doutor em Zootecnia Centro de Cincias Agrrias, Ambientais e Biolgicas Universidade Federal do Recncavo da Bahia

APRESENTAO

A grande rea das Cincias Agrrias representa parte significante do conhecimento gerado no Brasil com retorno importante para a sociedade, uma vez que tcnicas de manejo de culturas, melhoramento animal e vegetal, conservao dos solos, sistemas de irrigao, entre outros, se traduzem em maior produtividade com reflexo direto na produo de alimento. Dada a sua especificidade, notadamente em pases com as caractersticas do Brasil, a pesquisa agropecuria tem sido ferramenta importante na busca de respostas aos desafios promovidos pela necessidade de aumento da produtividade agropastoril associada com a sustentabilidade ambiental e responsabilidade social. Neste contexto, alm das questes inerentes prpria pesquisa, a formao de recursos humanos altamente qualificados tem sido um desafio ainda maior para atender as demandas complexas dos agrosistemas. neste cenrio desafiador que o Programa de Ps-Graduao em Cincias Agrrias da Universidade Federal do Recncavo da Bahia, cuja primeira turma de Mestrado foi iniciada em 1979 e a de Doutorado em 2006, tem contribudo, tanto na formao de recursos humanos qualificados, como na gerao de conhecimento tcnico-cientfico. Com mais de 350 dissertaes de Mestrado e duas teses de Doutorado defendidas, o Programa da UFRB possui egressos em vrias instituies no Brasil e em outros pases, desenvolvendo pesquisas importantes na soluo dos problemas enfrentados pela agropecuria. Motivados com a importante e necessria divulgao dos resultados obtidos pelos Grupos de Pesquisa que contriburam ou contribuem na consolidao do lastro de sustentao do Programa ao longo desses anos, docentes pesquisadores e seus orientados reuniram resultados de trabalhos e reviso bibliogrfica, lanando o primeiro volume com diferentes temas sobre as Cincias Agrrias. A obra mais uma contribuio do Programa de Ps-Graduao em Cincias Agrrias da UFRB e composta por diversos tpicos da rea de Cincias Agrrias, cujos temas esto distribudos em Captulos, de forma que o leitor pode ter acesso, tanto s informaes especficas, como a questes mais gerais ao longo dos textos. Neste sentido, ela se constituir em uma importante fonte de consulta bibliogrfica para discentes e docentes pesquisadores, tanto nos trabalhos de formao, como nos projetos de pesquisa.

Paulo Gabriel Soledade Nacif Reitor da Universidade Federal do Recncavo da Bahia

CONTEDO

CAPTULO 1 Conservao de fruteiras potenciais para o nordeste brasileiro ..........................................................................01Maria Anglica Pereira de Carvalho Costa, Fernanda Vidigal Duarte Souza, Jos Vieira Uzeda Luna, Milene da Silva Castellen, Weliton Antnio Bastos de Almeida, Simone Alves Silva & Ana Cristina Vello Loyola Dantas

CAPTULO 2 Caracterizao de gentipos de fruteiras potenciais para o nordeste brasileiro ..................................................15Simone Alves Silva, Ana Cristina Vello Loyola Dantas, Maria Anglica Pereira de Carvalho Costa, Claudia Fortes Ferreira & Antonio Augusto Oliveira Fonseca

CAPTULO 3 Propagao de fruteiras potenciais para o nordeste brasileiro............................................................................25Ana Cristina Vello Loyola Dantas, Maria Anglica Pereira de Carvalho Costa, Simone Alves Silva & Janay Almeida dos SantosSerejo

CAPTULO 4 Dinmica do crescimento vegetal: princpios bsicos.........................................................................................37Clvis Pereira Peixoto & Maria de Ftima da Silva Pinto Peixoto

CAPTULO 5 Fisiologia da florao do abacaxizeiro................................................................................................................55Getlio Augusto Pinto da Cunha

CAPTULO 6 Produtividade vegetal: principais fatores............................................................................................................77Elvis Lima Vieira

CAPTULO 7 Ecofisiologia e florao da mangueira e crescimento do fruto de manga.............................................................91Manoel Teixeira de Castro Neto & Anna Christina Passos Menezes

CAPTULO 8 Viabilidade e vigor de sementes de milho hbrido precoce ................................................................................105Luciano Soares de Vasconcelos Sampaio, Clvis Pereira Peixoto, Maria de Ftima da Silva Pinto Peixoto & Heraldo Soares de Vasconcelos Sampaio

CAPTULO 9 Anlises faunsticas em estudos entomolgicos...............................................................................................119Oton Meira Marques, Carlos Alfredo Lopes de Carvalho & Gilberto Marcos de Mendona Santos

CAPTULO 10 Interface da entomologia aplicada na fruticultura tropical .................................................................................133Antnio Souza do Nascimento & Tuffi Cerqueira Habibe

CAPTULO 11 Interao entre fungos micorrzicos arbusculares e patgenos radiculares de citros ........................................147Antnio Alberto Rocha Oliveira, Cludia Melo da Paixo & Roblia Tosta Dias Amorim

CAPTULO 12 Impacto de herbicidas em processos microbiolgicos do solo e qualidade fisiolgica de sementes em Latossolo Amarelo coeso do Recncavo Baiano ........................................................................................159Maria de Ftima da Silva Pinto Peixoto, Luciano Soares de Vasconcelos Sampaio, Clvis Pereira Peixoto & Heraldo Soares de Vasconcelos Sampaio

CAPTULO 13 Evoluo, adubao e diagnose nutricional de pastagens no Recncavo da Bahia .........................................171Anacleto Ranulfo dos Santos, Raul Lomanto Neto, Adailde do Carmo Santos & Leandro Gonalves dos Santos

CAPTULO 14 Desordens nutricionais em pomares ctricos no Recncavo Baiano .................................................................183Washington Luiz Cotrim Duete, Rozilda Vieira Oliveira Sacramento & Robson Rui Cotrim Duete

CAPTULO 15 Variabilidade espacial da condutividade hidrulica do solo: conceitos e bases para avaliao..........................197Jos Fernandes de Melo Filho & Paulo Leonel Libardi

CAPTULO 16 Evapotranspirao ..........................................................................................................................................219Francisco Adriano de Carvalho Pereira, Aureo Silva de Oliveira, Vital Pedro da Silva Paz & Greice Ximena Santos Oliveira

CAPTULO 17 Mistura mineral para bovinos em regime de pasto ............................................................................................233Benedito Marques da Costa, Gabriel Jorge Carneiro de Oliveira & Maria do Carmo Martins Marques da Costa

CAPTULO 18 Efeitos da adio de gordura suplementar rao de bovinos sobre o metabolismo da glndula mamria, a qualidade do leite e da carne e a produo de alimentos funcionais................................................245Soraya Maria Palma Luz Jaeger & Gabriel Jorge Carneiro de Oliveira

CAPTULO 19 Carboidratos na nutrio de peixes ..................................................................................................................257Leandro Portz

CAPTULO 20 Alimentao de caprinos leiteiros.....................................................................................................................269Gabriel Jorge Carneiro de Oliveira, Soraya Maria Palma Luz Jaeger & Benedito Marques da Costa

CAPTULO 21 Desenvolvimento regional e a competitividade do agronegcio: estudos de cluster..........................................277Warli Anjos de Souza

CAPTULO 22 Produtividade, mudana tecnolgica e eficincia na agropecuria do nordeste do Brasil no perodo 1975/1995...........................................................................................................................................289Carlos Augusto Pereira Filho & Warli Anjos de Souza

CAPTULO 1CONSERVAO DE FRUTEIRAS POTENCIAIS PARA O NORDESTE BRASILEIRO

Maria Anglica Pereira de Carvalho Costa, Fernanda Vidigal Duarte Souza, Jos Vieira Uzeda Luna, Milene da Silva Castellen, Weliton Antnio Bastos de Almeida, Simone Alves Silva & Ana Cristina Vello Loyola Dantas

Tpicos em Cincias Agrrias

CONSERVAO DE FRUTEIRAS POTENCIAIS PARA O NORDESTE BRASILEIRO

Maria Anglica Pereira de Carvalho Costa1; Fernanda Vidigal Duarte Souza2; Jos Vieira Uzeda Luna3; Milene da Silva Castellen2; Weliton Antnio Bastos de Almeida1; Simone Alves Silva1; Ana Cristina Vello Loyola Dantas11 2

Professor - Centro de Cincias Agrrias, Ambientais e Biolgicas/UFRB, Cruz das Almas-BA. E-mail: [email protected] Pesquisador - Empresa Baiana de Desenvolvimento Agropecurio (EBDA). Estao de Fruticultura Tropical, Conceio do Almeida-BA.

Pesquisador - Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, Cruz das Almas-BA. E-mail: [email protected]

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INTRODUO O uso sustentvel e continuado da diversidade gentica disponvel para o cultivo e consumo de espcies vegetais utilizadas na alimentao de suma importncia para o bem estar das geraes atuais e futuras. Com o avano da eroso gentica, causada pela destruio dos ecossistemas e pela domesticao dos cultivos pelo homem, a conservao do pool gnico dessas espcies tornou-se prioridade em programas agrcolas de muitos pases. A caracterizao e manuteno de recursos genticos so hoje, no mundo, uma demanda relevante, principalmente em relao a espcies de importncia econmica atual e potencial. O Brasil, como o pas mais rico do mundo em recursos biolgicos, tem grande responsabilidade sobre essa riqueza, necessitando de estratgias prprias, no apenas para explor-la de modo sustentvel, mas principalmente, para conserv-la. A explorao racional de espcies de importncia econmica ou de potencial utilizao, voltadas para a alimentao, tem sido o objetivo de programas de melhoramento gentico em todo pas, e passa impreterivelmente, pela conservao e caracterizao do germoplasma disponvel. Dentre os recursos genticos vegetais voltados para a alimentao e agricultura, as fruteiras destacam-se pela grande diversidade e potencial que apresentam, sendo o Brasil, um dos mais importantes centros de diversidade gentica de muitas espcies frutferas tropicais. No Nordeste brasileiro possvel encontrar uma grande variabilidade gentica das mais diversas fruteiras, nativas e exticas, perfeitamente adaptadas e com potencial para a conquista do mercado interno, para a exportao e para a diversificao agrcola da regio (Giacometti & Goes, 1993; DEeckenbrugge et al., 1998). A evoluo econmica e a demanda dos mercados reforam hoje o interesse dos pases latino-americanos para as frutas em geral e as frutas nativas ou exticas em particular. Essas frutas apresentam sabores sui generis e elevados teores de acares, protenas, vitaminas e sais minerais, de grande importncia para a dieta alimentar. Adicionalmente, podem ser consumidas in natura ou na forma de sucos, licores, sorvetes e gelias entre outras delcias culinrias (Avidos et al., 2000). A explorao racional e o uso sustentvel desse germoplasma dependem inicialmente, de um programa de conservao e manuteno desses recursos genticos, incluindo possibilidades de conservao in situ e ex situ, como colees-base e/ou ativas de sementes; colees em campo, colees nucleares e bancos de germoplasma in vitro. A escolha da estratgia de conservao mais adequada para cada espcie dependente de uma gama de fatores, que vo desde aspectos botnicos, como sistemas reprodutivo e de cruzamento, porte da planta, at condies financeiras da Empresa, rgo ou Centro de Estudos que ficar responsvel pelo estabelecimento e manuteno da coleo. Algumas limitaes, no entanto, so evidentes na formao de colees de germoplasma dessas fruteiras. O porte alto, o longo perodo de juvenilidade, uma caracterizao morfolgica ainda bastante incipiente, e mesmo, o pouco conhecimento que se tem sobre variedades e gentipos de algumas dessas espcies, so as maiores dificuldades encontradas nos estabelecimentos desses bancos de germoplasma. Um aspecto normalmente negligenciado por muitos curadores de Bancos de Germoplasma, e que deve ser considerado no caso da conservao do germoplasma dessas fruteiras em especial, a destruio devastadora que est ocorrendo nas reas de ocorrncia natural dessas espcies. preciso considerar que a perda da variabilidade gentica supe uma grande limitao na capacidade de se corresponder a novas necessidades e um incremento da vulnerabilidade dos cultivos dessas fruteiras, diante de mudanas ambientais ou aparecimento de novas pragas e doenas. Dessa forma, a necessidade de se optar por colees completas do tipo especfico, abrangendo a conservao de variedades silvestres, variedades de uso tradicional e as variedades melhoradas, seria a estratgia mais segura para resguardar esse recurso.

Tpicos em Cincias Agrrias, v. 1, UFRB, 2009

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Bancos de Germoplasma da Regio Nordeste O Nordeste Brasileiro apresenta diversidade gentica considervel, tanto de espcies nativas, quanto de espcies exticas bem adaptadas s condies edafo-climticas da regio. Muitas espcies apresentam grande escassez ou mesmo ausncia de dados relativos sua morfologia, produo, caractersticas fisiolgicas e fenologia. Estas informaes so importantes para a descrio e caracterizao de gentipos, possibilitando a incorporao de muitas espcies aos sistemas produtivos comerciais. No caso dos bancos de germoplasma de fruteiras nativas do Brasil, praticamente toda a conservao realizada na forma de colees de campo. Considerando-se que a grande maioria dessas frutferas arbrea, e que de maneira geral utilizam-se trs plantas para cada acesso, sendo que, cada planta ocupa uma rea em torno de 40 m2, a rea ocupada por esses bancos extensa e de difcil manejo. Alm das extensas reas, outras limitaes em relao conservao de germoplasma dessas fruteiras em campo, podem ser destacadas. Dentre essas, a necessidade de recursos humanos treinados, o alto custo de implantao, conduo e manuteno das colees, assim como os riscos de perdas pela ocorrncia de catstrofes de ordem bitica, abitica e antrpica (Valois et al.; 2001). No Nordeste Brasileiro os bancos e colees de germoplasmas de fruteiras esto distribudos nos Estados da Bahia, Cear, Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Recife e Paraba. No Estado da Bahia, as principais Instituies responsveis pela conservao de fruteiras so a Empresa Baiana de Desenvolvimento Agropecurio (EBDA) em Conceio do Almeida, o Centro de Cincias Agrrias, Ambientais e Biolgicas da UFRB, a Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, em Cruz das Almas e o Centro de Pesquisa da Lavoura Cacaueira (CEPLAC), em Itabuna. No Banco de Germoplasma de Fruteiras Nativas e Exticas, localizado na EBDA esto catalogados mais de 364 acessos de 60 espcies de clima tropical, oriundos de vrias partes do mundo e introduzidos pelo CENARGEN (Tabela 1). As plantas esto mantidas em campo e dispostas em nmero varivel de trs a dez plantas por acesso, recebendo os tratos culturais e fitossanitrios de acordo com as exigncias de cada espcie. Os acessos so caracterizados e avaliados tomando-se por base os descritores do IBPGR (1980), com as modificaes necessrias. Esse BAG vem sendo utilizado como suporte aos trabalhos de seleo de matrizes e como apoio bsico s atividades de produo de mudas, ressaltando-se a distribuio de materiais de propagao para diferentes Instituies. Dentre as diferentes espcies mantidas, as mais solicitadas so: mamo, goiaba, graviola, acerola e maracuj. O mamo teve o maior nmero de acessos intercambiados, beneficiando quarenta e cinco Instituies e inmeros produtores de praticamente todos os Estados do Brasil. No tocante cultura da graviola, introdues procedentes da Colmbia possibilitaram a identificao e recomendao de materiais de alta qualidade, como as cultivares Lisa e Morada, utilizadas principalmente no Sul da Bahia, para a produo de polpa congelada, constituindo mais uma alternativa de renda para o produtor. Em relao carambola e ao rambuto foram identificadas quatro matrizes com caractersticas horticulturais superiores, a partir de populaes de plantas obtidas por meio de sementes. Essas espcies esto sendo multiplicadas na EBDA e difundidas em pequena escala no Sul da Bahia, tendo em vista as condies ecolgicas propcias ao desenvolvimento. Outras fruteiras introduzidas recentemente nesse BAG foram o champedaque (Artocarpus integer (Thumb.) Merr. (A. champeden Spreng.), da famlia Moraceae e oriunda da Malsia, o durio (Durio zibethinus Murray), da famlia Bombacaceae, tambm originrio da Malsia e o canistel (Pouteria campechiana Baehni) da famlia Sapotaceae e originria da Amrica Central. Esses acessos encontram-se em fase de caracterizao e avaliao com base nas caractersticas morfolgicas e agronmicas. Nessa mesma coleo, encontra-se igualmente, um acesso de jenipapo sem sementes, introduzido atravs da tcnica de produo de mudas por garfagem em fenda cheia, com ndice de pegamento de quase 100%. Considerado como um dos mais importantes da Amrica Latina, o BAG de Fruteiras Nativas e Exticas possibilitou ainda, a recomendao de cultivares de abacate e goiaba para o plantio nas condies do Recncavo Baiano. Nos ltimos 10 anos, foram distribudas cerca de 85 mil mudas de fruteiras tropicais nativas exticas, contribuindo para o aumento da renda de produtores, atravs da incorporao de novas cultivares ao processo produtivo. Vale ressaltar que nesse BAG encontra-se a nica coleo de abacate da Regio Nordeste com 33 acessos. A conservao de espcies de Persea de extrema importncia atualmente, visto a restrita variabilidade existente nas colees brasileiras, necessitando ampliao por meio de novas coletas nos locais de origem (Ferreira, 1999). Outra importante coleo de fruteiras tropicais do Estado da Bahia encontra-se no Centro de Cincias Agrrias, Ambientais e Biolgicas da UFRB, em Cruz das Almas-BA, com 30 espcies e 157 acessos (Tabela 2) coletados nas diversas regies do Pas. Segundo Carvalho et al. (2002), esta coleo foi iniciada em 1996, com introduo das04Tpicos em Cincias Agrrias, v. 1, UFRB, 2009

primeiras mudas, e a cada ano a coleo vem sendo ampliada com a introduo de novos acessos. Novos acessos de mangaba e jenipapo esto sendo introduzidos, a partir de coletas realizadas na regio do Recncavo Baiano, Chapada Diamantina, litoral e caatinga da Bahia. Esse material vem sendo caracterizado quanto a morfologia e caractersticas fsico-qumicas do fruto, visando a identificao de gentipos de interesse e molecular para anlise de polimorfismo entre os gentipos, tendo como propsito subsidiar o programa de melhoramento gentico da espcie implantado no Centro de Cincias Agrrias, Ambientais e Biolgicas da UFRB. No caso especfico da mangabeira avaliaes preliminares demonstraram reduzida variabilidade gentica entre as populaes e presena de variabilidade dentro da populao, nas regies de ocorrncia (Iramaia, Ouriangas e Nova Soure) (Cruz, 2005). Na Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical esto estabelecidos Bancos Ativos de Germoplasma (BAG) de diversas fruteiras, entre nativas e exticas, como o caso do abacaxi, acerola, banana, citros, maracuj, mamo e manga. Esses Bancos foram estabelecidos para servirem de suporte aos programas de melhoramento gentico da Unidade e encontram-se parcialmente caracterizados. O BAG Abacaxi (Ananas comosus L. Merrill) foi iniciado no incio dos anos 80 e rene um total de 743 acessos no campo, do gnero Ananas e outras bromeliceas, sendo uma das maiores colees de germoplasma de abacaxi do mundo. Estima-se que a maior parte da variabilidade gentica intra e interespecfica do abacaxi esteja a representada (Cabral et al., 1998). Esse germoplasma vem sendo caracterizado utilizando-se os descritores morfolgicos estabelecidos para a cultura do abacaxi. Atualmente, 40% desse banco j est caracterizado morfologicamente, o que possibilitou a identificao de acessos com resistncia fusariose, plantas com ausncia de espinhos e frutos com altos teores de slidos solveis, caractersticas desejveis para o programa de melhoramento gentico da cultura. Recentemente, como resultado desse programa, foi lanado um hbrido, o abacaxi `Imperial, com caractersticas agronmicas muito interessantes e resistente fusariose. Outro aspecto que vem sendo explorado nesse banco o potencial ornamental encerrado em muitos de seus acessos (Souza et al., 2005b). A variabilidade existente no BAG agrega uma extensa fonte de cores, formas, tamanhos de frutos e coroas e diferentes arquiteturas a serem exploradas (Cunha e Cabral, 1999) para a identificao de abacaxis ornamentais, que vem gradativamente, assumindo um lugar de destaque na floricultura nacional. O Banco de Acerola conta hoje com 150 acessos de Malpighia glabra e um acesso de Malpighia coccigera, que esto sendo caracterizados utilizando-se descritores morfolgicos pr-estabelecidos para a cultura. Os descritores mais utilizados referem-se ao porte da planta, colorao da ptala, cor da polpa, cor, tamanho e firmeza do fruto. Desse BAG, j foram identificadas e lanadas duas variedades para mesa, Cablocla e Rubra, e alguns hbridos esto em fase de avaliao. O BAG Banana possui 400 acessos, dos quais 60% j esto caracterizados morfologicamente utilizando-se os descritores j estabelecidos para a cultura. Caracterizaes moleculares de pelo menos 60 diplides foram realizadas por meio de marcadores do tipo RAPD e microssatlites (Paz et al., 2000; Creste et al., 2004). Foram detectadas fontes de resistncia s principais doenas da cultura, plantas de porte baixo e outras caractersticas de interesse para o melhoramento da cultura. No panorama atual, com o alastramento da Sigatoka negra, uma das mais srias doenas da bananeira causada pelo fungo Mycosphaerella fijiensis, a resistncia encontrada em materiais diplides conservados possibilitou o desenvolvimento de novos hbridos resistentes, que devero substituir as variedades suscetveis. Outro Banco que a Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical mantm desde 1997, o BAG Maracuj. A regio Nordeste possui diversas espcies do gnero Passiflora, de grande interesse ecolgico e com potencial econmico. Castellen et al., (no prelo) citam 35 espcies do gnero distribudas pela regio dos Tabuleiros Costeiros, das quais apenas 15 encontram-se conservadas em Bancos de Germoplasma. Nunes (2002), em um levantamento no Estado da Bahia, cita 29 espcies do gnero, sendo trs delas consideradas endmicas do Estado e prioritrias para conservao. Atualmente, a maior parte dos acessos do gnero Passiflora conservados refere-se espcie Passiflora edulis (maracuj roxo) e forma flavicarpa (maracuj amarelo). O BAG Passiflora conta atualmente com 44 acessos, em sua maioria, conservados em condies de campo, que vm sendo caracterizados morfologicamente a partir de uma lista de descritores multiculturais. O BAG Citros possui cerca de 700 acessos, compreendendo diversas espcies e variedades de Citrus e gneros afins, como o caso do Poncirus, Fortunella, Microcitrus, Eremocitrus e Severinia. Esse banco de germoplasma, a semelhana dos outros existentes nessa Unidade da Embrapa, a base para o programa de melhoramento gentico, que visa a obteno de gentipos com caractersticas interessantes para o cultivo dos citros. Dentre as caractersticas desejadas, encontram-se, porta-enxertos tolerantes seca e ao alumnio, resistentes morte sbita dos citros, gomose de Phytophthora e ao complexo do vrus da tristeza dos citros - CTV (citrus tristeza virus). Alm do melhoramento dos porta-enxertos, as variedades-copa tm sido selecionadas com vistas sua utilizao em ecossistemas caractersticos, como o caso dos Tabuleiros Costeiros. Recentemente, foram lanadas as variedades Pineapple, Salustiana, Valncia Tuxpan e Page, as trs primeiras so laranjas doces (C. sinensis), passveis de serem processadas pela indstria e tambm serem consumidas in natura, e a ltima um hbrido tipo tangerina, indicado para consumo de mesa.Tpicos em Cincias Agrrias, v. 1, UFRB, 2009

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Tabela 1. Relao das espcies existentes no BAG de Fruteiras Nativas Exticas da Empresa Baiana de Pesquisa Agropecuria (EBDA). Conceio do Almeida - BA, 2005.NOME VULGAR Abacate Abiu Abric Abric-da-praia Acerola Akee Ameixa-de-madagascar Ara Ara-boi Araticum do Brejo Atemia Bilimbi Cabeludinha Cafezinho Cainito Caj Cajarana Caju Camu-camu Canistel Caqui Carambola Champedaque Ciriguela Coco Durio Falso mangosto Goiaba Graviola Groselha Grumixama Guabiraba Jabuticaba Jaca Jambo vermelho Jambo rosa Jambolo Jenipapo Kundang Lichia Longon Mabolo Macadmia Manga Mangosto Mapati Marang Nspera Noz okari Noz pili Pinha Pitanga Pitomba Pitomba do Norte Pupunha Rambuto Rom Sapota branca Sapota verde Sapoti Tmata Tamarindo Uampi Umbu NOME CIENTFICO Persea americana Mill. Pouteria caimito Radlk Mammea americana L. Mimusops elengi Malpighia emarginata D.C. Blighia sapida Koenig Flacourtia indica Merr. Psidium spp. Eugenia stipitata McVangh Annona glabra L. Anonna cherimola Mill x Annona squamosa L. Averhoa bilimbi L. Eugenia tomentosa Gamb. Bunchosia armeniaca AD.C. Chysophylum cainito L. Spondia ltea L. Spondia dulcis Forst. Anacardium occidentale L. Myciaria dbia H.B.K. (Mc Vaugh) Pouteria champechiana Baehni Diospyrus kaki L. Averrhoa carambola L. Artocarpus interger (Thumb.) Merr. Spondia prpura L. Cocuns nucifera L. Durio zibethinus Murray Garcinia sp. Psiduum guajava L. Annona muricata L. Phyllantus acidus L. Eugenia brasiliensis Lam. Compomonesia spp. Myrciaria cauliflora Ber. Artocarpus heterophylus Lam. Syzzygium malacoense L. Merr & Perry Syzzygium jambos L. Alston Syzzygium cumini L. Genipa americana L. Bouea macrophyla Litchi chinensis Sonn Dimocarpus longon (Lour.) Steud Diospyrus discolor Willd Macadamia intergrifolia Maiden & Betch Mangifera indica L. Garcinia mangostana L. Pourouma cecropiaefolia Mart. Artocarpus odoratissimus Blanco Eriobotrya japonica Lindl. Terminalia kaernbachi Warb. Canarium ovatum Engl. Annona squamosa L. Eugenia uniflora L. Eugenia luschnathiama Klotz Talisia escul enta Radlk Bactris gasipae Kunth Nephelium lappaceum L. Punica granatium L. Casimiroa edulis Llav. & Iex. Pouteria viridi Pitt. Munilkara zapota L. Phoenyx daclylifera L. Tamarindus indica L. Clausenta lansium (Lour.) Skeels Spondia tuberosa Arruda FAMLIA Lauraceae Sapotaceae Clusiaceae Sapotaceae Malpighiaceae Sapindaceae Flacourtiaceae Myrtaceae Myrtaceae Annonaceae Annonaceae Averrheaceae Myrtaceae Malpighiaceae Sapindaceae Anacardiaceae Anacardiaceae Anacardiaceae Myrtaceae Sapotaceae Ebenaceae Averrhoaceae Moraceae Anacardiaceae Arecaceae Bombacaceae Clusiaceae Myrtaceae Annonaceae Euphorbiaceae Myrtaceae Myrtaceae Myrtaceae Moraceae Myrtaceae Myrtaceae Myrtaceae Rubiaceae Anacardiaceae Sapindaceae Sapindaceae Ebenaceae Proteaceae Anarcadiaceae Clusiaceae Cecropiaceae Moraceae Rosaceae Combretaceae Burseraceae Annonaceae Myrtaceae Sapindaceae Sapindaceae Arecaceae Sapindaceae Punicaceae Rutaceae Sapotaceae Sapotaceae Aracaceae Cesalpinaceae Rutaceae Anacardiaceae N ACESSOS 33 02 01 01 04 01 01 04 01 01 01 01 01 01 02 02 01 05 01 02 03 45 42 01 02 02 01 31 12 01 01 02 03 01 02 01 01 03 01 01 01 01 11 50 01 01 01 01 01 01 05 05 01 01 02 45 02 01 01 04 01 02 01 02

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Tpicos em Cincias Agrrias, v. 1, UFRB, 2009

Tabela 2. Relao das espcies existentes na coleo de fruteiras nativas e exticas do Centro de Cincias Agrrias, Ambientais e Biolgicas da Universidade Federal do Recncavo da Bahia. Cruz das Almas- BA, 2005.

NOME COMUM Abiu Canistel Mamei Aa Palmito Araticum-do-brejo Araticum Ara boi Biriba Bilimbi Buti-vinagre Cabeludinha Caf da mata Cagaita Caimito roxo Caj Cupua Goiaba Guabiroba Grumixama Jaboticaba Camu-camu Jenipapo Jatob Pindaiba Pitanga Pitomba do Norte Pupunha Uvaia VinagreiraFonte: Ferreira, 2003

NOME CIENTFICO Pouteria caimito Pouteria campechiana Mammea americana Euterpe oleracea Euterpe edulis Annona glabra Annona crassiflora Eugenia stipitata Rollinia mucosa Averrhoa bilimbi Buti capitata Eugenia tomentosa Myrcia sp Eugenia dysenterica Crhysophyllum cainito Spondia mombim Theobroma grandiflorum Psidium guajava Compomanesia spp. Eugenia brasiliensis Myrciaria truncifolia Myrciaria dubia Genipa americana Hymenaea courbaril Xylopia emarginata Eugenia uniflora Talisia esculenta Bactris setosa Eugenia pyriformis Hibiscus sabdariffa

N ACESSOS 04 02 10 10 05 05 02 06 01 10 01 05 06 02 05 03 05 05 05 05 05 10 05 02 06 10 05 02 05 10

O BAG Mamo dessa Instituio conta atualmente com 191 acessos, sendo o maior banco de germoplasma dessa cultura no pas. Desse conjunto, aproximadamente 50% dos acessos j foram avaliados. Auto-fecundaes e cruzamentos entre indivduos estreitamente aparentados, dentro de famlias, possibilitaram, at o momento, a sintetizao e avaliao de cinco linhagens, as quais deram origem a nove hbridos promissores, ainda em fase de avaliao, passveis de resultar em novos materiais disposio dos produtores. O BAG Manga da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical conta com 115 acessos de Mangifera indica conservados em campo. Rplicas desses acessos tm sido mantidos no BAG da Embrapa Semi-rido, onde pesquisas com a cultura tambm so desenvolvidas. Segundo Pinto & Ferreira (2005), embora a mangueira seja a quinta mais importante espcie frutfera do mundo, os melhoristas tm uma pequena variabilidade gentica sua disposio para uso no melhoramento, j que a manuteno de um banco de germoplasma muito cara. Atualmente o BAG Manga, alm dos objetivos conservacionistas, atende ao fornecimento de material vegetativo e embrinico e a pesquisas para obteno de hbridos com potencial para a indstria de sucos e para o consumo ao natural.

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Tabela 3. Relao das espcies existentes na coleo de fruteiras tropicais e subtropicais da Empresa IPA.NOME COMUM Abacaxi Aceloreira Aceloreira Ara-comum Cajazeiro Caj-umb Cajarana Cajueiro Ano Carambola Ciriguela Citros Goiaba Goiaba Graviola Graviola Jaboticabeira Jaqueira Macadmia Mangabeira Pinheira Pitangueira Pitangueira Pomelo Rom Sapoti Tmara Tangerina Tangerina UmbuE.E.: Estao Experimental

LOCAL E.E. Itamb E.E. Ibimirim Comocim de So Flix E.E. Itapirema E.E. Itamb E.E. Itamb E.E. Itamb Comocim de So Flix E.E. Itamb E.E. Itamb E.E. Itamb E.E. Araripina E.E. Ibimitim E.E. Araripina E.E. Ibimitim E.E. Garanhuns E.E. Itapirema E.E. Garanhuns E.E. Porto de Galinhas E.E. Ibimirim E.E. Itamb Comocim de So Flix E.E. Ibimirim E.E. Ibimirim E.E. Itapirema E.E. Araripina Comocim de So Flix E.E. Itamb E.E. Serra Talhada

N ACESSOS 12 14 12 110 33 35 3 4 70 11 31 21 250 18 45 22 43 3 143 85 120 10 6 35 270 4 13 13 31

No Estado do Cear as principais colees de fruteiras encontram-se no Centro Nacional de Agroindstria Tropical (CNPAT) em Fortaleza. No CNPAT, encontra-se o BAG de caju com 440 acessos de Anacardium occidentale; 09 acessos de de Anacardium humile; 20 acessos de Anacardium othonianum e 24 acessos de Anacardium spp. Alguns gentipos vm sendo caracterizados para serem empregados em programas de melhoramento. Segundo Crisstomo et al. (2002) gentipos da espcie A. microcarpum L. destacam-se por apresentarem algumas caractersticas contrastantes e positivas, em relao aos tipos comerciais, sobretudo quanto adstringncia. Estes gentipos vm sendo empregados no melhoramento do cajueiro-ano-precoce pela introduo, via retrocruzamento, de caractersticas desejveis em gentipos da espcie A. microcarpum existente no Banco de Germoplasma. Alm do BAG - Caju, no CNPAT tambm so encontradas colees de graviola, caj e acerola (http://www.mma.gov.br/port/sbf/chm/doc/cap2i.pdf, 2005). As Colees do Estado de Pernambuco encontram-se distribudas na Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuria (IPA), Embrapa Semi-rido e Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Iniciada no ano de 1987, a partir de prospeco gentica e coleta de germoplasma de diversas fruteiras nativas e exticas do Estado, bem como de materiais provenientes de instituies de ensino e pesquisa, a coleo do IPA conta atualmente, com 29 espcies, Tabela 3 (Bezerra et al., 1997). A partir de avaliaes realizadas ao longo dos anos na Coleo de Germoplasma foi possvel recomendar para as diversas regies do Estado de Pernambuco, gentipos de sapoti, carambola, acerola, pinheira e pitanga.08Tpicos em Cincias Agrrias, v. 1, UFRB, 2009

A Embrapa Semi-rido responsvel por oito acessos de goiabeira (Pisidium cattelyanum), 105 acessos de manga (Mangifera indica), 42 acessos de acerola (Malpighia glabra) e 70 acessos de umbu (Spondia tuberosa). Acessos de acerola tambm so mantidos na UFRPE. As colees do Estado da Paraba encontram-se distribudas na EMEPA, com 324 acessos de mangabeira e 21 acessos caj. No Estado de Alagoas, a UFAL (Universidade Federal de Alagoas) mantm colees de mangabeira e no Estado de Sergipe, a Embrapa Tabuleiros Costeiros (em Betume - SE) responsvel por 19 acessos de coco. Contribuio da biotecnologia na caracterizao e conservao de germoplasma A demanda de recursos genticos para a alimentao e agricultura tem gerado necessidades cada vez mais dependentes da utilizao de novos mtodos e processos biotecnolgicos (Vilela-Morales & Valois, 2000). Os recentes avanos em biologia molecular marcaram o incio de uma nova era na conservao de recursos genticos com o advento de marcadores moleculares que permitem detectar o polimorfismo diretamente no DNA. Os marcadores moleculares so usualmente divididos em dois grupos distintos metodologicamente: o primeiro engloba marcadores que utilizam tcnicas de hibridizao como, por exemplo, RFLP (Restriction Fragment Length Polymorphism) e minissatlites, enquanto o outro grupo agrega marcadores baseados na reao da polimerase em cadeia (PCR). O desenvolvimento da tcnica de PCR permitiu a sntese enzimtica in vitro de milhes de cpias de um segmento especfico de DNA na presena da enzima DNA polimerase. A partir dessa tcnica derivaram se inmeros marcadores como RAPD (Random Amplified Polymorphic DNA), AFLP (Amplified Fragment Length Polymorphism), SCAR (Sequence Characterized Amplified Regions), STS (Sequence Tagged Sites) e microssatlites. Trabalhos utilizando marcadores moleculares tm propiciado informaes chaves para conservao tanto in situ (Rosseto et al., 1995; Tansley & Brown, 2000) quanto ex situ (Wnsch & Hormaza, 2004; Samal et al., 2004; Ortis et al., 2004 e Creste et al., 2004) de diversas espcies animais e vegetais. Adicionalmente, anlises de seqncias de mtDNA, cpDNA e nDNA tambm tm auxiliado estratgias conservacionistas, gerando informaes importantes para o esclarecimento de relaes filogenticas, eventos de hibridao e confirmao de unidades taxonmicas, em diferentes organismos (Petit et al., 2002; Wrheide et al., 2002; Kelch & Baldwin, 2003). A conservao in situ, de especial interesse em fruteiras sob extrativismo e em parentes silvestres de espcies cultivadas, tem sido beneficiada por esses marcadores que permitem estudar a distribuio da variabilidade gentica em populaes naturais, a partir da identificao de populaes e locais prioritrios para conservao, alm de monitorar a longo prazo mudanas na estrutura gentica, fluxo gnico, nveis de endogamia e tamanho efetivo de populaes sob extrativismo. No que tange conservao ex situ, dados moleculares a respeito da diversidade gentica podem ser usados para diversos objetivos como: (1) planejar coletas ou estratgias de intercmbio de germoplasma; (2) selecionar acessos divergentes que abriguem valiosa variabilidade gentica para programas de melhoramento a partir de clculos de distncia gentica; (3) identificar acessos duplicados na coleo; (4) monitorar mudanas na estrutura gentica de acessos regenerados; (5) caracterizar acessos, complementando as informaes geradas por descritores morfolgicos ou bioqumicos; (6) gerar informaes para desenvolvimento de colees nucleares representativas de toda coleo e ainda (7) determinar a presena de um alelo particular ou sequncia de nucleotdeo em um txon, banco de germoplasma, populao ou acesso. A escolha do marcador ideal depender da questo a ser respondida e dos equipamentos e recursos financeiros disponveis. No entanto, deve-se salientar que apesar das tcnicas moleculares gerarem grandes possibilidades na conservao de RGV, estas ferramentas no devem ser vistas como substitutas de estudos morfolgicos e bioqumicos, mas como complementares no entendimento da variabilidade disponvel, auxiliando na manuteno e utilizao sustentvel da biodiversidade. No tocante cultura de tecidos, vrias tcnicas podem ser citadas no auxlio caracterizao, conservao e utilizao do germoplasma em programas de melhoramento gentico. A conservao in vitro surge como uma alternativa de conservao de germoplasma, que deve ser considerada pelas vantagens que apresenta, como por exemplo, a manuteno de um grande nmero de acessos num pequeno espao fsico e livre das intempries e riscos que existem no campo. Esta estratgia, quando bem conduzida, reduz os custos e garante a manuteno da fidelidade gentica dos acessos conservados, facilitando a disponibilidade dos mesmos para o melhoramento gentico e o prprio intercmbio de germoplasma. Na regio Nordeste, a nica fruteira que vem sendo conservada na condio in vitro o abacaxi, apesar de que trabalhos para o estabelecimento de um BAG in vitro de maracuj e banana j esto em andamento (Junghans et al.,Tpicos em Cincias Agrrias, v. 1, UFRB, 2009

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2002; Gonalves et al., 2004). Na Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical j esto estabelecidos in vitro aproximadamente 100 acessos oriundos do BAG abacaxi em campo. A expectativa que a transposio total do banco esteja terminada no final de 2007. Entre os materiais conservados encontram-se diferentes acessos do gnero Ananas e espcies afins, assim como algumas variedades de abacaxi com potencial ornamental. A obteno das plntulas para a conservao realizada por meio da multiplicao in vitro dos acessos a serem introduzidos, sendo necessrio adequar condies para retardar o crescimento das plntulas, j que uma das desvantagens desta tcnica a necessidade de subcultivos peridicos, o que a torna laboriosa, alm dos riscos de gerar plantas variantes. Alguns fatores influenciam no crescimento das plntulas, como temperatura, concentrao osmtica e reguladores vegetais, que devidamente controlados, auxiliam no prolongamento do tempo entre subcultivos. Desta forma est sendo realizada uma srie de trabalhos com a finalidade de prolongar o tempo de conservao do germoplasma de abacaxi in vitro, adequando as condies de cultivo e buscando a limitao do crescimento, otimizando o processo de conservao (Canto et al., 2004; Souza et al., 2005a). Outra tcnica utilizada para a conservao de germoplasma a criopreservao, tipo de conservao realizada em temperaturas ultra baixas (-154C aproximadamente), onde o objetivo a parada total do metabolismo da planta. Esse tipo de conservao j comea a se fazer realidade para alguns cultivos, mas ainda apresenta muitas barreiras para sua utilizao (Prez et al., 1998; Ponis & Thint, 2001). CONSIDERAES FINAIS A variabilidade gentica das fruteiras nativas e exticas existente na Regio Nordeste, demarca a importncia que deve ser dada para o aspecto da conservao desses recursos genticos na regio. O estmulo sua utilizao, dentro de um enfoque de sustentabilidade, passa inicialmente pela conservao e utilizao racional do germoplasma existente. A conservao in situ nessas regies difcil, no apenas pela falta de apoio dos governos locais, mas tambm pelo total desconhecimento da populao, no que se refere importncia desse germoplasma e pelas condies sociais da mesma, alm de alguns aspectos de ordem tcnica. As colees mencionadas nesse captulo, em diferentes instituies e estados do Nordeste, em sua maioria, no apresentam uma adequada representao da diversidade gentica da espcie em questo e muitas se encontram em situao precria, pela falta de recursos financeiros e humanos para sua manuteno. A grande maioria tem pouco do seu acervo caracterizado e portanto grande parte de seu potencial ainda permanece desconhecido. O valor do material autctone, no que se refere a fruteiras, precisa ser melhor explorado, j que a demanda por sabores diferentes cresce a cada dia no hbito alimentar do consumidor e as frutas representam uma larga fatia desse novo mercado. Outros aspectos que precisam ser considerados so a possibilidade de diversificao para o agricultor do Nordeste, com a vantagem de que as fruteiras nativas so adaptadas s nossas condies e o importante papel que o recurso gentico autctone desempenha no intercmbio internacional por germoplasma extico em um cenrio de crescentes restries. preciso, portanto, um programa que englobe vrias aes integradas entre Instituies de diferentes Estados e que possam culminar no sucesso, tanto da preservao do germoplasma existente, quanto de sua utilizao. Em uma regio com uma extensa diversidade biolgica, biomas altamente diferenciados e enormes variaes de sistemas agrcolas, a gesto de modelos em rede otimiza o trabalho em recursos genticos agregando s atividades com objetivos similares, o potencial intelectual e as diversas capacidades institucionais. Outras vantagens do seu estabelecimento so a ordenao da informao e a determinao de atividades e espcies prioritrias, assim como o aporte racional de recursos humanos e financeiros para o desenvolvimento das aes integradas. A formao de uma rede de recursos genticos entre os Estados do Nordeste contribuir no apenas para elaborao de um diagnstico da situao atual dos recursos genticos da regio como para o estabelecimento de uma cultura de cooperao tcnica que trar benefcios para vrios segmentos da sociedade. Experincias semelhantes tm sido conduzidas no mbito da Embrapa, por meio da Rede Nacional de Recursos Genticos (RENARGEN) que utiliza esse modelo na gesto de recursos genticos animais, vegetais e de microrganismos. Uma das diretrizes iniciais para formao de uma rede na regio Nordeste seria a realizao de uma radiografia e um diagnstico dos bancos de fruteiras existentes na regio, bem como da infra-estrutura disponvel para as atividades de caracterizao, manuteno e documentao desse germoplasma, identificando, dessa forma, as demandas mais urgentes, e o estabelecimento de atividades prioritrias para cada espcie. Paralelamente, a avaliao do potencial da diversidade gentica regional, identificando zonas de ocorrncia e endemismo de diversas espcies de fruteiras, permitir o delineamento de estratgias de coleta e conservao in situ e ex situ eficientes e representativas da variabilidade gentica regional intra e interespecfica.10Tpicos em Cincias Agrrias, v. 1, UFRB, 2009

Iniciativas como essa, permitiro ampliar a oferta de variabilidade gentica de fruteiras, de importncia econmica, e de fruteiras nativas, para utilizao nos programas de melhoramento, mediante a reestruturao das colees dos BAG's e a otimizao das aes de introduo, caracterizao, avaliao e conservao de germoplasma regional.

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CAPTULO 2CARACTERIZAO DE GENTIPOS DE FRUTEIRAS POTENCIAIS PARA O NORDESTE BRASILEIRO

Simone Alves Silva, Ana Cristina Vello Loyola Dantas, Maria Anglica Pereira de Carvalho Costa, Claudia Fortes Ferreira & Antonio Augusto Oliveira Fonseca

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CARACTERIZAO DE GENTIPOS DE FRUTEIRAS POTENCIAIS PARA O NORDESTE BRASILEIRO

Simone Alves Silva1; Ana Cristina Vello Loyola Dantas1; Maria Anglica Pereira de Carvalho Costa1; Claudia Fortes Ferreira2; Antonio Augusto Oliveira FonsecaProfessor - Centro de Cincias Agrrias, Ambientais e Biolgicas/UFRB, Cruz das Almas-BA. E-mail: [email protected]; [email protected]; [email protected] 1

Pesquisador - Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, Cruz das Almas-BA. E-mail: [email protected]

INTRODUO Tendo em vista a grande diversidade de fruteiras adaptadas s condies agroecolgicas do Nordeste brasileiro, necessrio reconhecer a existncia de algumas espcies com potencial para a conquista do mercado interno, para a exportao e tambm para a diversificao agrcola. A evoluo econmica e a demanda dos mercados reforam hoje o interesse dos pases latinoamericanos para as frutas em geral. No apenas a gerao de divisas para o pas e a diversificao regional devem ser consideradas, mas tambm a necessidade de se preservar e conservar espcies nativas ou bem adaptadas regio e que emergem como alternativas para o cultivo sustentvel. Neste contexto, distintas culturas, como por exemplo a mangaba, o jenipapo, a jaca, o umbu, a pinha, a caj, dentre outras, surgem como potencialmente interessantes para o Nordeste brasileiro. Investir no melhoramento e na conservao destas fruteiras proporciona uma importante alternativa agrcola ecologicamente eficiente e competitiva para o Estado da Bahia. Dentre as possibilidades atuais de utilizao das fruteiras do Nordeste destacam-se: o plantio em reas de proteo ambiental; o enriquecimento da flora das reas mais pobres; a recuperao de reas desmatadas ou degradadas; a formao de pomares domsticos e comerciais e o plantio em reas de reflorestamento, parques e jardins e em reas acidentadas. Nesse sentido, muitos agricultores e chacareiros j esto implantando pomares de frutas nativas e exticas e os viveiristas esto intensificando a produo de mudas. Existem muitas limitaes para a explorao comercial de fruteiras potenciais para o Nordeste brasileiro, j que as espcies ainda no foram domesticadas e vm sendo exploradas de forma desorganizada. Caracterizar, identificar e preservar gentipos promissores, alm de intensificar o melhoramento das espcies so estratgias necessrias para inclu-las como alternativas viveis para explorao racional. As plantas frutferas englobam grande quantidade de espcies, com considervel diversidade quanto ao modo de reproduo, perodo juvenil, ciclo da planta e aos mtodos de propagao. So geralmente perenes e lenhosas, algamas e predominantemente de propagao sexuada. Geralmente um Programa de Melhoramento de espcies pouco conhecidas inicia-se com a coleta, caracterizao, avaliao de germoplasma e posterior seleo de gentipos mais promissores para serem utilizados como clones ou para etapas seguintes do melhoramento gentico. Esta fase conhecida como Pr-Melhoramento, ou pre-breeding, com ampla expectativa de progressos genticos obtidos por meio do conhecimento da variabilidade gentica, possibilitando o melhor direcionamento dos cruzamentos e desta forma, aumentando a freqncia de combinaes allicas desejveis na populao. Em virtude da alta variabilidade gentica que comumente est disponvel no seu habitat natural e da insuficincia de informaes para definio de critrios de seleo, sero considerados neste captulo alguns descritores utilizados para atender caracterizao da maioria das fruteiras. DESCRITORES MORFOLGICOS A caracterizao morfolgica consiste na anotao de descritores botnicos facilmente visveis ou mensurveis, tornando-os marcadores fenotpicos e que a princpio podem ser expressos em todos os ambientes. Estes marcadores so bastante acessveis e variam em funo do destino que ser dado ao produto final e s diretrizes do programa de melhoramento gentico.17

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A caracterizao de gentipos constitui uma das principais etapas dos trabalhos com germoplasma, pois permite indicar cultivares com potencial de uso imediato pelos agricultores, bem como identificar acessos que apresentem caractersticas interessantes para o melhoramento. Neste sentido, o conhe-cimento das caractersticas fsicas e qumicas dos frutos pode contribuir para a seleo de tipos promissores e desejveis ao estabelecimento de cultivares. Os descritores morfolgicos so ainda hoje o carto de apresentao de uma nova variedade. Estes tm tido papel fundamental na divulgao das caractersticas agronmicas de novos materiais genticos e podem influenciar decisivamente na escolha de variedades por parte de agricultores e outros interessados. Quando se trata da distinguibilidade exigida pela Lei de proteo de cultivares, contudo, os descritores morfolgicos apresentam limitaes, especialmente na distino de gentipos elites aparentados. Em culturas de base gentica estreita, eles podem muitas vezes no distinguir adequadamente cultivares comerciais (Pecchioni et al., 1996). Diversas fruteiras tropicais nativas e adaptadas tm sido caracterizadas em programas desenvolvidos no Centro de Cincias Agrrias, Ambientais e Biolgicas da UFRB, a exemplo de jenipapeiro, jaqueira, cajazeira, mangabeira e pinheira. Jenipapeiro (Genipa americana L.) O jenipapeiro uma espcie algama. O melhoramento desta espcie est voltado basicamente para a obteno de frutos com menor cavidade interna, possibilitando um maior rendimento de polpa, melhor caractersticas organolpticas como cor, sabor e aroma, alm da composio qumica do fruto como maior vitamina C, acares totais, pH e acidez titulvel, a depender do destino no mercado consumidor (in natura ou industrializao), entre outros. Os trabalhos de caracterizao morfolgica do jenipapeiro iniciaram em 1998, com a coleta de 30 gentipos no municpio de Cruz das Almas, visando identificar e indicar constituies genticas teis para a continuidade do melhoramento e/ou produzir matrizes para serem propagadas vegetativamente. Os frutos apresentaram formato ligeiramente alongado, com massa de 218,96 g, compostos por 60,84% de polpa, 5,27% de casca e 33,88% de sementes. A anlise da polpa revelou um teor mdio de 18,34 Brix, pH de 3,60, acidez total titulvel (ATT) de 1,66%, 8,03% e 15,69% de glicdios redutores e totais, respectivamente, umidade de 73,75%, 1,22% de cinzas e relao SST/ATT de 11,58, detectando-se variabilidade para a maioria dos caracteres. Sendo assim, estes resultados permitiram a identificao de gentipos promissores, por apresentar frutos com massa acima de 200 g, boa percentagem de polpa, Brix elevado e balanceamento organolptico equilibrado, confirmando o potencial da fruteira tanto para consumo in natura como para industrializao (Santos, 2001). Hansen (2006), avaliando 100 gentipos do Recncavo Baiano, encontrou valores mdios de massa do fruto de 261,11 g, rendimento de 85,19%, dimetro longitudunal e transversal de 80,84 mm, slidos solveis totais de 17,18 Brix, vitamina c de 2,76 mg 100 g-1 e acidez total titulvel de 1,40%, observando-se variabilidade nas plantas de jenipapeiro dentro e entre populaes. Assim, a busca por constituies genticas que agreguem atributos como maiores massa do fruto, rendimento em polpa e dimetros longitudinal e transversal; elevados contedos de slidos solveis totais e vitamina C (para consumo in natura) e alta acidez total titulvel (para industrializao), proporcionaro um maior progresso, com a seleo de gentipos que podero ser indicados como cultivares comerciais. Jaqueira (Artocarpus heterophyllus Lam.) Com relao cultura da jaqueira, estudo de caracterizao foi realizado por Lordlo (2001). Foram avaliados 30 gentipos de jaqueira em nove frutos por planta num total de 270 frutos, atravs dos caracteres fsicos como massa do fruto (4,72 kg), comprimento do fruto (28,82 cm), dimetro do fruto (19,89 cm), massa da polpa (1,44 kg), massa do baguno (5,13 cm), espessura da casca (0,75 cm), nmero de sementes normais e anormais (105,90 e 14,24, respectivamente), nmero total de bagos (120,14), massa da semente (495,27 g) e massa da casca (2,37 kg). O percentual de polpa encontrado foi de 30,49%, inferior ao da casca (50,26%), a semente representou 10,50% do fruto e o baguno 8,74%. Quanto aos caracteres qumicos, a jaca apresentou valores mdios de 25,81 Brix, pH de 5,01, acidez titulvel total (ATT) de 0,31% de cido ctrico, 6,67%, 12,44% e 19,11% de glicdio redutores, no redutores e totais, respectivamente; umidade de 73,58%, 0,86% de cinzas e 86,19 para a relao SST/ATT, observando-se variabilidade para a maioria dos caracteres. Foram identificadas plantas com interesse para o processamento e/ou industrializao e para consumo in natura, sendo os caracteres massa do fruto e percentagem de polpa, mais importantes para a seleo de gentipos promissores. Por suas qualidades organolpticas, a jaca pode representar um potencial econmico, social e alimentcio a ser explorado, constituindo-se numa alternativa ao incremento da renda familiar alm de oferecer aos pequenos e micro industriais, opes de investirem no processamento de doces, sucos, compotas, licores etc.18Tpicos em Cincias Agrrias, v. 1, UFRB, 2009

Cajazeira (Spondias lutea L.) A caracterizao morfolgica de 30 gentipos de cajazeira em 10 frutos por planta foi realizada por Pinto (2002). Foram avaliados caracteres como massa do fruto, percentual de polpa, de casca e de semente e caracterizao fsicoqumica e fsica de frutos como pH, SST, ATT, vitamina C, SST/ATT, rendimento industrial, massa total do fruto, massa da semente, massa da casca, massa da polpa, rendimento de polpa e colorao de polpa. Foi verificada ampla variabilidade gentica nas populaes estudadas o que propicia a coleta de gentipos para futuros trabalhos de melhoramento e montagem de colees e/ou bancos de germoplasma. Mangabeira (Hancornia speciosa Gomes) Expedies de coletas de 100 gentipos de mangaba em quatro regies da Bahia, incluindo os municpios de Iramaia, Conde, Ouriangas e Nova Soure, mostraram comportamento diferenciado entre as plantas dentro da populao em relao a caracteres fsicos e fsico-qumicos, evidenciando uma alta variabilidade gentica entre os gentipos. Nas distintas regies avaliadas foi verificada ausncia de presso de seleo dentro das populaes o que possibilitou a ocorrncia desta variabilidade, independente da distncia geogrfica. Destas anlises, distintos gentipos foram identificados como superiores quanto a caractersticas fsicas, qumicas e fsico-qumicas com alto teor de vitamina C, em torno de 113,07 mg; teor de cido ascrbico/100g de polpa em frutos maduros (2,21%), teor de slidos solveis totais (15,82 oBrix), massa do fruto (35,76 g), dimentros transversal (38,49 mm) e longitudinal (41,95 mm) e massa da polpa (33,84 g), sendo esta ltima caracterstica como a mais promissora para um melhor desempenho da mangabeira, por representar a maior procura tanto no mercado in natura quanto para industrializao. Desta forma, possvel estabelecer colees biolgicas organizadas, com ampla base gentica, desprovidas de duplicatas desordenadas para o melhor acompanhamento do desempenho desta espcie, dos cruzamentos controlados e do ajuste ao ambiente avaliado, visando sua adaptabilidade e estabilidade e posterior lanamento de variedades (Cruz, 2005). Os descritores morfolgicos de folhas, flores, frutos e sementes de mangabeira tambm foram aplicados, visando principalmente estabelecer subsdios tericos de taxonomia, como aporte ao programa de melhoramento gentico de mangabeira. As plantas apresentaram folhas com limbo foliar de forma lanceolada do tipo oblongolanceolado, caracterizado por pice e bases quase iguais sendo que o primeiro ligeiramente agudo. As nervuras das folhas apresentaram-se de forma penivnias do tipo obliquivnia, sendo a margem do limbo lisa. Alm disso, constatou-se que a filotaxia do tipo oposta dstica, em virtude de partirem duas folhas do mesmo n, em sentidos opostos e no mesmo plano de insero. O estudo da morfologia foliar, bem como de outras caractersticas botnicas sero fundamentais para caracterizar a diversidade de variedades que ocorrem na regio estudada (Sousa et al., 2004). Pinheira (Annona squamosa L.) Visando identificar materiais de interesse para utilizao em sistemas de cultivo e em programas de melhoramento gentico, foram caracterizados 30 gentipos de pinheira provenientes do municpio de Presidente Dutra (BA), avaliando-se: comprimento do fruto, dimetro do fruto, massa do fruto, massa da semente, massa da casca, massa do receptculo, espessura da casca, massa da polpa, rendimento da polpa, pH, slidos solveis totais (STT), acidez total titulvel (ATT), vitamina C, relao (STT/ATT), umidade, cinza, acares totais, acares redutores e acares no-redutores. Anlise por estatstica descritiva e multivariada, utilizando-se as tcnicas de agrupamento e anlise de componentes principais mostraram variabilidade para a maioria dos caracteres, com a formao de dez grupos de gentipos, possibilitando a identificao de materiais promissores (Sousa, 2005). MARCADORES MOLECULARES Marcadores moleculares so caractersticas de DNA que diferenciam dois ou mais indivduos e tm base mendeliana. So molculas como DNA ou protenas que marcam uma regio ou regies do genoma, ligada(s) a alguma caracterstica de interesse agronmico. Caractersticas morfolgicas e agronmicas tm a desvantagem de serem influenciadas pelos fatores do ambiente e podem no representar a real similaridade ou diferena entre os indivduos. Por outro lado, marcadores genticos representam estritamente a variao gentica, no sofrendo influncia do ambiente (Weising et al., 1995).Tpicos em Cincias Agrrias, v. 1, UFRB, 2009

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O uso de marcadores moleculares representa uma ferramenta adicional em programas de melhoramento gentico em frutferas, oferecendo novas possibilidades no manejo de uma coleo, permitindo a comparao entre indivduos e identificando duplicatas (Engelborhs et al., 1998), alm de possibilitar a classificao do germoplasma em grupos de interesse para os diferentes programas de melhoramento. Permite, tambm, determinar a presena ou ausncia de gene(s) ligado(s) a caractersticas especficas para fins de melhoramento, com a vantagem de se fazer as anlises antes do material ir para o campo. Com isso, diminui-se o volume de material que necessitaria de cuidados como adubao, capina, irrigao etc., havendo reduo no nmero de geraes de melhoramento necessrias no desenvolvimento de variedades. Polimorfismos em nvel de DNA podem ser detectados por vrios mtodos. As diferenas entre indivduos so notadas quando se visualiza diferentes tamanhos de fragmentos de DNA entre estes. A forma como esses fragmentos so obtidos varia com o tipo de metodologia empregada (Hillis et al., 1990). Entre os marcadores de DNA, os quatro mais utilizados so Polimorfismo de Comprimentos de Fragmentos de Restrio (RFLP), o Polimorfismo de Fragmentos Aleatrios e Amplificados de DNA (RAPD), o Polimorfismo de Comprimentos de Fragmentos Amplificados (AFLP), minisatelites e os microssatlites (Ferreira & Grattapaglia, 1998). Entre esses marcadores, as isoenzimas e protenas de semente so menos teis para escolha de pais em populaes geneticamente homogneas, em razo da variabilidade relativamente pequena dos mesmos. A tcnica RFLP consiste basicamente no uso de enzimas de restrio que corta o DNA em stios especficos, produzindo um grande nmero de fragmentos. Esta tcnica elaborada, mais demorada que as outras tcnicas para obteno de resultados de custo relativamente alto, e tem revelado um grau de polimorfismo de intermedirio a baixo, conforme a espcie. Mesmo assim, os RFLPs tm sido utilizados em um grande nmero de estudos de caracterizao de cultivares (Gebhardt et al., 1989; O'Donoughue et al., 1994; Autrique et al., 1996). Isso tem sido devido principalmente a sua alta consistncia e repetibilidade na obteno dos resultados. Os minissatlites ou locos VTNR so seqncias repetitivas de DNA, adjacentes e em nmero varivel (Jeffreys et al., 1985). O polimorfismo detectado resulta de variaes no nmero destas seqncias. Essa tcnica similar a de RFLP, variando basicamente o tipo de sonda utilizado, com as vantagens e desvantagens j apresentadas para a tcnica anterior. Uma vantagem adicional dos minissatlites o alto grau de polimorfismo apresentado, decorrente da variao na distribuio dos stios de restrio, das sondas utilizadas e do nmero e tipos das seqncias repetitivas. Minissatlites tm sido utilizados no melhoramento de frutferas para a identificao de variedades, cultivares e clones e anlise de diversidade gentica (Daly et al., 1991). O AFLP foi descrita por Vos et al. (1995), sendo uma tcnica que possui grande capacidade para deteco de variabilidade gentica e uso em caracterizao de cultivares. O polimorfismo obtido com esta tcnica est baseado em diferenas entre gentipos na distribuio dos stios de restrio e na amplificao diferencial de fragmentos, possuindo, desta maneira, grande capacidade para deteco de variabilidade gentica no nvel de DNA. Entre as vantagens do uso de marcadores AFLP, esto o alto grau de polimorfismo e o mais alto nmero de marcadores obtidos por gel analisado. Apesar deste marcador ter natureza dominante, softwares tm sido desenvolvidos para distinguir indivduos homozigotos e heterozigotos (Vos et al., 1995). Marcadores AFLP so utilizados com sucesso para detectar diferenas genticas e variantes somaclonais em banana (Engelborghs et al., 1998), na identificao e monitoramento de genes de importncia em ma (Wang-Caihong et al., 2001) e em estudos de diversidade gentica em pssego (Aranzana et al., 2001). Os microssatlites consistem em seqncias de 1 a 6 nucleotdeos, repetidas lado a lado, e representam regies instveis do genoma que esto sob alteraes mutacionais a taxas muito maiores do que as observadas na seqncia de cpia nica. A instabilidade dos microssatlites resulta em marcadores altamente polimrficos, multiallicos, que so extremamente teis em estudos de gentica. A maior vantagem dessa tcnica o elevado polimorfismo revelado, o que a torna uma das melhores opes para uso na caracterizao de cultivares, especialmente em germoplasma aparentado e de baixa variabilidade. Estes marcadores tm sido utilizados para aplicaes de mapeamento gentico em inmeras frutferas (Kijas et al., 1995; Crouch et al., 1998; Cipriani et al., 1999; Ulanovsky et al., 2002). A tcnica de DNA polimrfico amplificado ao acaso (RAPD), desenvolvida por Williams et al. (1990), utiliza primers mais curtos e de seqncia arbitrria, o que elimina a necessidade do conhecimento prvio da seqncia alvo. O polimorfismo de RAPD tem natureza binria (presena ou ausncia). So marcadores dominantes, no permitindo a distino de heterozigotos. uma tcnica significativa na deteco de variabilidade gentica e no requer mo de obra especializada (Ferreira & Grattapaglia, 1998). Como todas as diferenas entre os seres vivos esto presentes no DNA, um indicador de reao ter sua seqncia complementar a uma determinada regio em um indivduo, sendo que essa mesma regio pode no existir em outro indivduo. Por exemplo, se um gentipo de maracujazeiro confere resistncia a uma bacteriose, essa informao est impressa no DNA desta cultivar. Um outro gentipo que no apresente a resistncia, no trar gravado em seu DNA essa informao. Nessa regio, portanto, os genomas das duas cultivares sero diferentes. O indicador20Tpicos em Cincias Agrrias, v. 1, UFRB, 2009

amplificar fragmentos no primeiro indivduo, mas no no segundo, desta forma eles sero separados pelo RAPD (Moreira, 2003). Estimativas de distncia gentica baseada na anlise direta de DNA eliminam complicaes advindas da avaliao do fentipo, como influncia do ambiente e baixo nmero de polimorfismo. Sendo assim, tcnicas que permitem identificar marcadores moleculares ligados a genes responsveis por caractersticas de importncia agronmica, representam importantes ferramentas na seleo antecipada (Ferreira & Grattapaglia, 1998). O uso de marcadores moleculares representa uma ferramenta adicional em programas de melhoramento gentico em frutferas, oferecendo novas possibilidades no manejo, permitindo a comparao entre indivduos, identificao de duplicatas, a classificao de germoplasma, a presena ou ausncia de gene ligado a caractersticas especficas, com a vantagem de anlises precoces antes dos gentipos irem para o campo. Com isso diminui o volume de plantas que necessitam de cuidados como adubao, capina, irrigao etc., havendo reduo no nmero de geraes de seleo necessrias para o desenvolvimento de variedades (Moreira, 2003). A utilizao de marcadores moleculares como ferramenta de selees em culturas perenes, como a maioria das fruteiras com potencial para o Nordeste brasileiro, uma tecnologia extremamente atraente tendo em vista o tempo necessrio para completar uma gerao de melhoramento desta espcie. A perspectiva de tornar mais eficiente a seleo precoce e com isso aumentar o ganho gentico por unidade de tempo, faz com que o melhoramento de espcies frutferas seja a rea onde o uso efetivo desta tecnologia tende a ter as melhores perspectivas de sucesso. Alm disto, encontrar marcadores moleculares aliados s caractersticas fenotpicas de maior rendimento do produto final aferidos por dados biomtricos, de grande contribuio para o xito na seleo de gentipos superiores destas culturas. O uso de marcadores moleculares no Centro de Cincias Agrrias tem sido feito com cultura da mangabeira e est sendo aplicado cultura do jenipapeiro. Mangabeira (Hancornia speciosa Gomes) A caracterizao molecular desta fruteira teve como objetivo determinar a distncia gentica entre os gentipos coletados utilizando a tcnica de RAPD, a fim de identificar o polimorfismo presente nos gentipos avaliados e sua resposta em comparao caracterizao morfolgica. As estimativas de distncia gentica foram aplicadas baseadas na anlise direta do DNA como ferramenta adicional na confirmao dos valores morfolgicos. Em trabalho pioneiro, avaliando os marcadores RAPD em mangaba (Cruz, 2005), dos oito primers amplificados, dois foram monomrficos e seis polimrficos. Os seis primers responsivos geraram 28 produtos de amplificao (bandas), com o nmero de fragmentos produzidos variando de 3 (OPB-19) at 7 (OPH-15). Segundo Colombo et al. (1980), 10 a 30 primers, gerando 50 a 100 bandas polimrficas, so suficientes para estimar relaes genticas dentro e entre espcies. Em trabalho subseqente foram avaliados 50 primers, sendo que 32 proporcionaram eficincia na amplificao, com bandas de padro de visualizao adequada. Nesta amplificao foi gerado um total de 407 bandas, sendo 257 polimficas e 150 monomrficas (Capinam, 2007). Desta forma, os marcadores moleculares evidenciaram variabilidade pela presena de polimorfismo, a qual foi respaldada com similar variabilidade detectada com a caracterizao morfolgica. Jenipapeiro (Genipa americana L.) A formao de grupos gerados por mensuraes fsicas e qumicas podero ser respaldadas ao confirmarem suas informaes genticas diretamente do DNA. Por esta razo, em trabalho realizado por Hansen (2006), os gentipos foram avaliados utilizando tcnicas de marcadores moleculares do tipo RAPD. Neste trabalho, dos 119 primers testados, 17 forneceram produtos ntidos de amplificao e boa repetibilidade. Pode-se observar padres de bandas diferentes, indicando a presena de variabilidade gentica entre os gentipos avaliados. Um total de 185 marcadores foram amplificados, com uma mdia de 10,7 por primer. O nmero de bandas polimrficas foi de 148 (81,32%) e variou de 3, com o primer OPAI-01 13, com o primer OPH-13. A utilizao desta tcnica demonstrou existncia de polimorfismo no material em estudo, sendo uma tcnica vivel e uma importante ferramenta na identificao da variabilidade gentica em jenipapeiros, comprovando a formao de grupos dissimilares, identificados tambm por marcadores morfolgicos.

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CONSIDERAES FINAIS O melhoramento pressupe a necessidade de modificar a constituio gentica do indivduo, cujas deficincias e qualidades so conhecidas, e tem como objetivo final o aumento da produtividade, melhoria da qualidade e adaptao a determinado ambiente. Assim, as informaes sobre a variabilidade disponvel facilita o estabelecimento dos objetivos de um programa de melhoramento. So vrios e distintos os mecanismos utilizados para obteno de melhoria para as fruteiras pouco exploradas e de grande potencial econmico e social. A presena de ampla variabilidade constitui a primeira etapa para o alcance de tal objetivo. onde a seleo pode atuar, identificando os gentipos distintos e superiores para serem multiplicados, conservados e manipulados atravs de cruzamentos genticos ou incorporao de genes promissores por biotecnologia. Iniciar um programa de melhoramento implica em compromissos a mdio e longo prazo, disponibilidade de germoplasma com ampla variabilidade e conhecimento acumulado sobre a biologia da espcie a ser estudada. Por fim, a estratgia para o melhoramento de fruteira deve conter as seguintes fases: identificao das caractersticas importantes a serem melhoradas; escolha da metodologia adequada para avaliao do material; identificao de fontes de variao gentica dentro do germoplasma disponvel; escolha e recombinao dos genitores; seleo dos segregantes superiores; comparao do material melhorado com um padro existente; avaliao do comportamento da planta; distribuio do novo material. Vrios fatores tm sido apontados como difceis de serem superados pelo melhoramento de fruteiras ainda pouco exploradas, como o pequeno conhecimento sobre a variabilidade destas espcies; o reduzido estoque de informaes bsicas sobre a biologia e a gentica do material a ser melhorado (modo de reproduo, localizao de genes, estudo sobre herana etc); a necessidade de adaptao das metodologias de melhoramento e tcnicas experimentais e a demora na obteno de novas cultivares decorrente da necessidade de avaliao no ambiente de cultivo. Todas estas dificuldades sero superadas com pesquisas que agreguem informaes e na criao de Programas de Melhoramento destas fruteiras potenciais, que mesmo a mdio e longo prazo possam ser estreitados com adio de tecnologias complementares e eficientes. Frente a esta preocupao, tecnologias de marcadores moleculares, culturas de tecidos, seleo em cultivo hidropnico em estdio de plntula e propagao vegetativa de gentipos promissores, podero tornar efetivo o progresso gentico destas espcies.

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CAPTULO 3PROPAGAO DE FRUTEIRAS POTENCIAIS PARA O NORDESTE BRASILEIRO

Ana Cristina Vello Loyola Dantas, Maria Anglica Pereira de Carvalho Costa, Simone Alves Silva & Janay Almeida dos Santos-Serejo

Tpicos em Cincias Agrrias

PROPAGAO DE FRUTEIRAS POTENCIAIS PARA O NORDESTE BRASILEIRO

Ana Cristina Vello Loyola Dantas1; Maria Anglica Pereira de Carvalho Costa1; Simone Alves Silva1; Janay Almeida dos Santos-Serejo 2Professor - Centro de Cincias Agrrias, Ambientais e Biolgicas/UFRB, Cruz das Almas-BA. E-mail: [email protected]; [email protected]; [email protected] 1

Pesquisador -Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, Cruz das Almas-BA

INTRODUO A propagao de plantas consiste em realizar sua multiplicao por via sexuada ou assexuada e tem sido uma atividade fundamental para a humanidade desde o incio da civilizao. Um estudo de propagao de plantas envolve conhecimento dos procedimentos tcnicos, que requer prtica e experincia; da estrutura e forma de desenvolvimento da planta e da espcie e dos mtodos de propagao relacionados, podendo considerar-se que a propagao envolve aspectos de arte, cincia e tcnica (Hartmann & Kester, 1994). A reproduo sexuada o principal mecanismo de multiplicao das plantas superiores e de praticamente todas as angiospermas e resulta em populao com variabilidade gentica devido segregao e recombinao de genes. Em fruticultura, o uso da propagao sexuada tem sido restrita, sendo recomendada para obteno de porta-enxertos e de novas cultivares, para espcies com dificuldade de multiplicao por outros meios, para obteno de clones nucelares e em plantas homozigotas, em situaes mais especficas. A escolha da planta matriz, dos frutos e o preparo e seleo das sementes constituem etapas importantes para a obteno de plantas vigorosas. Embora a utilizao das sementes seja mais difundida para a maioria das frutferas tropicais, quase todas as espcies podem ser propagadas vegetativamente, sendo o mtodo mais indicado por possibilitar a obteno de plantas uniformes, com incio de produo precoce e idntica planta-me, entre outras vantagens. Os mtodos para propagao assexuada normalmente utilizados em plantas frutferas so: estaquia, mergulhia (alporquia), enxertia (borbulhia, garfagem, encostia). Algumas espcies produzem estruturas utilizadas para propagao, a exemplo de rebentos e filhotes. A propagao vegetativa utilizando tcnicas de cultura de tecido pode ser um valioso instrumento na propagao clonal rpida de fruteiras, em larga escala. Uma das grandes vantagens dessa tcnica a manuteno do gentipo e fentipo de plantas propagadas por esse sistema (Giacometti, 1990). A micropropagao de espcies lenhosas vem sendo estudada h vrias dcadas e tem como objetivo bsico o estabelecimento de uma metodologia de multiplicao clonal de indivduos superiores. Esta tcnica pode ser feita via gemas pr-existentes ou cultura de calos derivados de diferentes tecidos. Por sua vez, a cultura de calos visa regenerao via organognese ou embriognese. Apesar dos grandes avanos das tcnicas de cultura de tecidos, a otimizao de protocolos eficientes que estimulem a organognese e/ou embriognese em plantas lenhosas tem sido muito limitada, em virtude da recalcitrncia da maioria dessas espcies. Dentre os poucos trabalhos, pode-se mencionar aqueles realizados por Cervera