Livro Territorio metropolitano CAP 8

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Livro Territorio metropolitano CAP 8

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  • CAPTULO 8

    A M

    ETRPO

    LE BRASILEIRA

    NA

    S POLTICA

    S P

    BLICAS SETO

    RIAIS*

    Mariana Fix

    Alvaro Luis dos Santos Pereira

    1 INTRO

    DU

    O

    No incio do governo Lula (2003-2010), diversos acadm

    icos, funcionrios pblicos, m

    ilitantes de movim

    entos sociais e cidados foram convocados a contribuir para

    a formulao de novas polticas para cada um

    a das reas do governo. Centenas

    de documentos foram

    produzidos para subsidiar a formulao das polticas, e

    depois, para institu-las e implem

    ent-las.

    Este texto tem com

    o objetivo contribuir para a anlise de como o fenm

    e-no m

    etropolitano tratado nas polticas nacionais setoriais no Brasil, a partir de 2003, com

    nfase nas reas de habitao, saneamento, m

    obilidade urbana, res-duos slidos e planejam

    ento urbano e regional. 1

    O trabalho incluiu o levantam

    ento de estudos de subsdio, leis, decretos, resolues, norm

    ativas e outros textos articulados a essas polticas nacionais. A anlise panorm

    ica ao abarcar um conjunto grande de polticas pblicas e

    ao mesm

    o tempo transversal ao procurar identificar, em

    cada uma delas, um

    m

    esmo aspecto: o tratam

    ento conferido questo metropolitana.

    As referncias explcitas ao fenmeno m

    etropolitano foram destacadas

    para cada poltica. Em seguida, foram

    levantadas referncias indiretas como,

    por exemplo, m

    enes feitas s aglomeraes, aos principais centros urbanos,

    relao entre os Entes Federativos etc. Vale ressaltar que a falta de referncias explcitas questo m

    etropolitana no foi interpretada necessariamente com

    o indcio de ausncia de tratam

    ento conferido a este fenmeno. O

    conjunto de diretrizes propostas pode ter efeitos no antecipados ou explicitados sobre o fe-nm

    eno metropolitano. O

    u seja, o desenho de um plano, poltica ou program

    a

    * Os autores agradecem

    os comentrios da equipe do Ipea, Rosa M

    oura, Nabil Bonduki, Luciana Royer, Jos Baravelli

    e Raul Ventura Neto.

    1. Sobre a questo da habitao como um

    a questo metropolitana, ver artigo de Luciana Royer neste volum

    e, que procura exam

    inar as tenses existentes entre a produo do espao urbano e os limites institucionais apresentados

    atuao do Estado na gesto do uso do solo urbano e metropolitano.

    260Territrio M

    etropolitano, Polticas Municipais

    tem frequentem

    ente consequncias do ponto de vista territorial, na escala me-

    tropolitana, possivelmente contraditrias entre si algo que obriga a um

    cuida-do redobrado na leitura dos docum

    entos.

    A pesquisa no se props a avaliar de modo sistem

    tico se as diretrizes ex-pressas no plano foram

    de fato aplicadas algo que seria invivel dentro dos lim

    ites impostos a este estudo , m

    as busca identificar alguns desdobramentos

    para pesquisas a serem realizadas neste sentido. U

    m exem

    plo a sequncia de docum

    entos produzidos para a Poltica Nacional de H

    abitao e a distncia que separa as form

    ulaes iniciais do caderno produzido pelo Ministrio das C

    idades, em

    2004, e a lei que institui o programa M

    inha Casa M

    inha Vida, em

    2009.

    Os planos e polticas analisados foram

    : Poltica Nacional de D

    esenvolvimen-

    to Regional (PND

    R); Poltica N

    acional de Ordenam

    ento Territorial (PNO

    T);

    Plano Nacional de H

    abitao (PlanHab), M

    inha Casa M

    inha Vida (M

    CM

    V);

    Plano Federal de Saneamento Bsico (PLAN

    SAB); Poltica Nacional de Resdu-

    os Slidos (PNR

    S); e Plano Nacional de M

    obilidade Urbana (PN

    MU

    ). Foram

    selecionados devido a seu rebatimento territorial, m

    as, certamente, no esgotam

    o universo que poderia ser objeto de um

    a investigao deste tipo. Com

    o os do-cum

    entos consultados encontram-se dispersos em

    diversos locais, ao final deste texto pode ser encontrada um

    a listagem, que visa facilitar eventuais consultas e

    complem

    entaes de outros autores.

    A metropolizao um

    processo vivenciado em larga escala no Brasil. A

    necessidade de considerar este fenmeno nas vrias instncias de planejam

    ento e a im

    portncia da cooperao entre os Entes Federados praticamente um

    a una-nim

    idade, reiterada por diversos pesquisadores e por equipes tcnicas que formu-

    lam as polticas pblicas. Entretanto, as dificuldades que se colocam

    so tambm

    repetidam

    ente assinaladas. 2 Por isto a importncia da elaborao de um

    quadro analtico sobre o tratam

    ento conferido ao fenmeno m

    etropolitano por planos e polticas setoriais. Este quadro poder contribuir para se com

    preender o aparente paradoxo entre a clareza com

    a qual o problema j foi analisado e exposto, e a

    dificuldade de ser enfrentado, mesm

    o no plano da formulao das polticas.

    Parece claro que o municpio no m

    ais a unidade adequada para o enqua-dram

    ento territorial da maioria das polticas pblicas, dos processos econm

    icos e sociais, bem

    como das questes am

    bientais. Transporte, emprego, saneam

    en-to e terra urbana adequada para habitao e equipam

    entos pblicos so alguns exem

    plos de problemas urbanos que no se resolvem

    dentro dos limites adm

    i-nistrativos dos m

    unicpios, como assinalam

    diversos estudos que subsidiaram a

    elaborao das polticas nacionais setoriais.

    2. Ver Klink (2010) e Sol (2009), entre outros.

  • 261A

    Metrpole Brasileira nas Polticas Pblicas Setoriais

    A metropolizao , por si s, um

    indicador claro de que os problemas ur-

    banos dificilmente podero ser enfrentados por polticas setoriais desarticuladas

    entre si e aes desencontradas dos Entes Federados. As dificuldades que as admi-

    nistraes municipais enfrentam

    em contratar financiam

    ento e planejar fora de seus lim

    ites so j bastante conhecidas.

    As aglomeraes e conurbaes so form

    as urbanas que expressam a con-

    tradio entre as cidades enquanto entes fsicos e socioeconmicos e enquanto

    estruturas poltico-administrativas. Podem

    ser entendidas como um

    processo de-vorador de cidades, segundo Flvio V

    illaa (1998), e criam novos problem

    as e desafios para o planejam

    ento urbano e regional. Nelas se explicitam

    , ainda, as diversas escalas da cidade com

    o suporte e produto da acumulao de capital; e

    como lugar da articulao das diversas lutas polticas e sociais. A seguir, cada um

    a das polticas estudadas sero exam

    inadas.

    2 HA

    BITAO

    A Poltica Nacional de H

    abitao (PNH

    ) foi instituda em 2004 e apresentada

    em um

    caderno do Ministrio das C

    idades (MC

    idades) como parte de um

    con-junto de publicaes referentes Poltica N

    acional de Desenvolvim

    ento Urbano,

    elaboradas pelo governo com o objetivo de prom

    over o debate sobre as polticas e propostas form

    uladas e alimentar a C

    onferncia Nacional das C

    idades, previs-ta para novem

    bro de 2005. 3 A proposta foi elaborada no MC

    idades, criado no incio do governo Lula, em

    2003. O m

    inistrio havia sido proposto no Projeto M

    oradia, um docum

    ento produzido no Instituto Cidadania (2000) quando o

    presidente era ainda candidato.

    O Projeto M

    oradia reconhecia que a conurbao e proximidades entre ci-

    dades alm das regies m

    etropolitanas exigem um

    a abordagem regional, especial-

    mente para definir aspectos da captao e tratam

    ento da gua, destino do lixo e do esgoto, transportes virios, ferrovirios e areos, m

    oradia, abastecimento,

    poltica industrial e de servios, infraestrutura de comunicao avanada etc..

    O projeto defendia, ainda, a ideia de que o planejam

    ento poderia liberar as potencia-lidades e iniciativas ao invs de cerce-las (Instituto C

    idadania, 2000, p. 46).

    No ano seguinte publicao do caderno que traou as diretrizes funda-

    mentais da PN

    H, foi aprovado o Sistem

    a Nacional de H

    abitao de Interesse Social (SN

    HIS), que cria o Fundo N

    acional de Habitao de Interesse Social

    (FNH

    IS) e institui o Conselho G

    estor do FNH

    IS. O fundo era resultado de

    uma longa luta do m

    ovimento social, e deveria constituir-se em

    pea-chave da

    3. Sobre a questo da habitao como um

    a questo metropolitana, ver, neste volum

    e, o artigo de Luciana Royer, que procura exam

    inar as tenses existentes entre a produo do espao urbano e os limites institucionais apresentados

    atuao do Estado na gesto do uso do solo urbano e metropolitano.

    262Territrio M

    etropolitano, Polticas Municipais

    poltica. Algo que de fato acontece na formulao do Plano N

    acional de Habitao

    (PlanHab), que ser elaborado pelo governo em

    conjunto com um

    consrcio contratado para esta finalidade.

    O plano foi realizado por m

    eio de uma m

    etodologia participativa da qual fizeram

    parte: a identificao das instncias participativas, as etapas de discusso, as dinm

    icas de participao, considerando o conjunto de agentes da sociedade civil, de governo, entidades e rgos integrantes do Sistem

    a Nacional de H

    abitao de Interesse Social, conform

    e estabelecido pela Lei 11.124/2005 e representantes de estados e m

    unicpios (Brasil, 2007a, p. 1). 4

    O PlanH

    ab foi elaborado em torno de quatro eixos estruturadores da polti-

    ca habitacional: modelo de financiam

    ento e subsdio; poltica urbana e fundiria; arranjos institucionais e cadeia produtiva da construo civil. O

    horizonte tempo-

    ral era de quinze anos, com revises peridicas nos anos de elaborao dos Plano

    Plurianuais (PPAs).

    O texto de apresentao do Plano critica o m

    odelo de urbanizao baseado na expanso horizontal e na am

    pliao permanente das fronteiras, na subutilizao

    da infraestrutura e da urbanidade j instaladas e na mobilidade centrada na lgica

    do automvel particular (Brasil, 2009, p. 40). Problem

    atiza a expanso das cida-des sobre as reas rurais e os perm

    etros urbanos, o esvaziamento populacional das

    reas centrais e o adensamento dos assentam

    entos precrios e irregulares. 5

    O docum

    ento discute, ainda, o crculo vicioso que ocorre quando o preo da terra tem

    a maior incidncia no custo final da habitao; o alto valor dos ter-

    renos em reas urbanas centrais gera a ocupao da periferia, espalhando a m

    alha urbana, criando vazios e inviabilizando a cidade equipada para a populao de baixa renda (Brasil, 2009, p. 41).

    O plano baseou-se em

    estudos contratados anteriormente pelo governo

    como insum

    os poltica habitacional: o dficit habitacional, elaborado pela Fundao Joo Pinheiro (FJP, 2005); sobre assentam

    entos precrios, elaborado pelo C

    entro de Estudos da Metrpole (C

    EM) do C

    entro Brasileiro de Anlise e Planejam

    ento CEBR

    AP (Brasil, 2007b); e sobre as estimativas acerca da de-

    manda futura por novas m

    oradias, elaborado pelo Centro de D

    esenvolvimento

    e Planejamento Regional (C

    edeplar) da Universidade Federal de M

    inas Gerais

    (UFM

    G) e publicado pelo M

    Cidades (C

    edeplar, UFM

    G e Brasil, 2007). Apesar

    da qualidade deste conjunto de estudos, o plano aponta a carncia ainda de um es-

    tudo consistente sobre a produo pblica e privada no pas, com quantificao,

    4. O processo est descrito no relatrio Estrutura e m

    ecanismos de participao durante a elaborao do PlanHab e

    denio das verses para discusso com as instncias participativas (Brasil, 2007a).

    5. O desao de se conter a expanso horizontal acelerada e favorecer a form

    ao de cidades mais com

    pactas tambm

    tom

    ado como ponto de partida em

    outras polticas setoriais, conforme ser analisado ao longo deste captulo.

  • 263A

    Metrpole Brasileira nas Polticas Pblicas Setoriais

    tipologias adotadas, apropriao de custos (terra, edificao, infraestrutura, entre outros aspectos), localizao, dem

    anda atendida etc. (Brasil, 2009, p. 10).

    O texto do plano vincula o sucesso no atingim

    ento de suas metas ao forta-

    lecimento institucional dos coordenadores do SN

    HIS, ou seja, os rgos gover-

    namentais do setor habitacional dos trs m

    bitos federativos, responsveis pela poltica, pelo planejam

    ento, pela gesto e promoo habitacional (op. cit., p.

    48). Considera essencial garantir recursos, inclusive para subsdio, e tam

    bm in-

    terferir nas outras dimenses, com

    o regular o mercado fundirio, para evitar que

    o subsdio seja desviado para a especulao, e capacitar os agentes pblicos e pri-vados para responder ao desafio de um

    a produo massiva (Brasil, 2009, p. 83).

    Assim justifica os quatro eixos nos quais o plano se estrutura.

    O PlanH

    ab prope uma variedade grande de linhas program

    ticas, incluindo regularizao e urbanizao, produo e aquisio de m

    oradia, melhoria, assistn-

    cia tcnica e desenvolvimento institucional (op. cit., p. 146). A linha de prom

    oo de novas unidades habitacionais urbanas inclui: prom

    oo pblica de locao so-cial de unidades habitacionais em

    centros histricos e reas urbanas consolidadas; prom

    oo pblica e privada de loteamentos urbanos associada oferta de m

    ateriais de construo e assistncia tcnica; aquisio de unidades habitacionais e prom

    oo pblica ou por autogesto de unidades habitacionais rurais.

    Em 2009, contudo, pouco antes do trm

    ino da elaborao do PlanHab,

    foi lanado o pacote habitacional Minha C

    asa Minha V

    ida (MC

    MV

    ), que daria origem

    ao programa com

    mesm

    o nome, elaborado na C

    asa Civil. O

    texto de divulgao do PlanH

    ab publicado depois do lanamento do program

    a procura conferir certa coerncia ao processo, incorporando o M

    CM

    V com

    o um desdo-

    bramento do plano supostam

    ente condizente com suas diretrizes, afirm

    ando que seu lanam

    ento colocou em curso um

    conjunto de diretrizes e aes previstas no PlanH

    ab, representado pelos novos patamares de investim

    entos pblicos no setor habitacional (R

    $ 34 bilhes at o final do PPA 2008-2011), com im

    pacto direto na alavancagem

    do setor da construo civil (Brasil, 2009, p. 5).

    inegvel que o MC

    MV

    ala a habitao condio de problema de es-

    cala nacional, e direciona investimentos considerveis poltica habitacional. Ao

    mesm

    o tempo, o M

    CM

    V esvazia, de certo m

    odo, o principal fundo que deveria alim

    entar a Poltica Nacional de H

    abitao, o FNH

    IS.

    O prprio docum

    ento de divulgao do PlanHab insere o program

    a no item

    mudana no contexto recente, sugerindo a im

    portncia de fatores conjun-turais (p. 190). conhecido o fato do M

    CM

    V ter sido elaborado na C

    asa Civil e

    264Territrio M

    etropolitano, Polticas Municipais

    atropelado o desenvolvimento do PlanH

    ab (Bonduki, 2009). 6 O M

    CM

    V no

    resultado de um processo coletivo e participativo de elaborao da poltica, que

    caracterizou os documentos anteriores. Para alm

    da problemtica habitacional,

    o programa foi concebido com

    o intuito de conter os efeitos da crise financeira m

    undial, que se iniciou em 2008, visando aquecer a econom

    ia nacional por meio

    do estmulo indstria da construo civil.

    O M

    CM

    V tornou-se o principal program

    a habitacional do pas. A articula-o m

    ais complexa dos quatro eixos deu lugar a um

    programa que resultou, pre-

    dominantem

    ente, na produo de grandes conjuntos habitacionais. No lugar do

    combate especulao fundiria, houve um

    aumento da disputa que resultou no

    incremento significativo do preo da terra, acentuando o padro de urbanizao

    que o texto da Poltica Nacional e o PlanH

    ab criticavam.

    O program

    a define os limites de financiam

    ento por unidade habitacional diferenciados para o pas, devido s grandes variaes do preo da terra no terri-trio nacional. N

    o entanto, os limites so os m

    esmos para todos os m

    unicpios dentro de um

    a mesm

    a regio metropolitana (R

    M). R

    io de Janeiro, So Paulo, C

    ampinas e Braslia esto no topo desta rem

    unerao. A estratgia do empre-

    endedor imobilirio tende, portanto, a ser aquela de priorizar as reas de m

    enor preo dentro de cada um

    a destas RM

    s. A consequncia levar os empreendim

    en-tos habitacionais, sobretudo os destinados faixa de renda de zero a trs salrios m

    nimos, ao lim

    ite das reas que dispem de infraestrutura urbana, ou m

    esmo

    forar os municpios a estender esta infraestrutura para reas cada vez m

    ais distan-tes, entrando em

    contradio com as diretrizes e recom

    endaes dos especialistas e da prpria poltica nacional para que as cidades sejam

    mais com

    pactas e para o cum

    primento do dispositivo constitucional da funo social da propriedade.

    Este direcionamento para terras m

    ais baratas tende a levar promotores im

    obili-rios a pressionar m

    unicpios para mudana na legislao de uso e ocupao do

    solo, transformando, por exem

    plo, terra rural em urbana. O

    s agentes imobilirios

    acabam assum

    indo funes tcnicas que caberiam aos m

    unicpios, como discute

    Luciana Royer em artigo neste volum

    e.

    Do ponto de vista do atendim

    ento ao dficit habitacional, a dinmica

    introduzida pelo MC

    MV

    acirra desigualdades entre municpios conurbados.

    As RM

    s apresentam assim

    etrias e diversidade de situaes entre seus municpios.

    Tem sido recorrente a exportao de dficit habitacional dos m

    unicpios mais

    ricos e com preo de terra m

    ais elevado e que em geral so plos concentrado-

    res de empregos e de arrecadao para os m

    unicpios mais pobres e com

    preo

    6. Segundo Nabil Bonduki (2009, p. 6): a crise econm

    ica e a disposio do governo em dinam

    izar a construo civil atropelaram

    a construo do PlanHab, pactuado como um

    a estratgia de longo prazo. Mas, por outro lado, aceleraram

    a deciso governam

    ental sobre as propostas lanadas pelo PlanHab, sobretudo no eixo nanceiro, que seriam m

    uito m

    ais demoradas.

  • 265A

    Metrpole Brasileira nas Polticas Pblicas Setoriais

    de terra inferior que reforam seu carter de cidades dorm

    itrio. Deste m

    odo, um

    a hiptese a ser investigada por meio de pesquisa do levantam

    ento de dados prim

    rios e secundrios se os investimentos do M

    CM

    V, dada sua racionalidade de localizao guiada pelo preo da terra, aum

    entam ao invs de reduzir as desi-

    gualdades internas s metrpoles. C

    om isto, m

    unicpios com m

    enor arrecadao per capita e que crescem

    em ritm

    o mais acelerado que os dem

    ais acabariam tendo

    que realizar, com poucas condies para tanto, novos investim

    entos em infraes-

    trutura, sade, educao e transportes. Os problem

    as causados ou agravados pela periferizao dos em

    preendimentos residenciais tero im

    pactos em reas com

    o transporte, m

    obilidade urbana, saneamento e resduos slidos. Este exem

    plo evi-dencia algum

    as das interconexes entre as polticas setoriais.

    Paralelamente, continua o avano na construo institucional da poltica

    nacional, inaugurada com a Poltica N

    acional de Habitao e o PlanH

    ab, com a

    adeso dos estados e municpios ao Sistem

    a Nacional de H

    abitao de Interesse Social (SN

    HIS). O

    carter federativo deste desenho embora seja certam

    ente um

    avano em relao desarticulao da poltica habitacional no perodo anterior,

    no condiciona os repasses previso de mecanism

    os de cooperao entre os Entes Federativos, verificando-se o descom

    passo entre as diretrizes desta poltica governam

    ental e os programas efetivam

    ente implem

    entados no que se refere ao fortalecim

    ento da escala metropolitana com

    o unidade de interveno.

    Alm disso, o foco do program

    a MC

    MV

    na produo de empreendim

    en-tos im

    obilirios novos em vez da reabilitao e adaptao de edificaes subu-

    tilizadas, abundantes nos grandes centros metropolitanos e a priorizao do

    financiamento com

    pra de unidades habitacionais alternativamente opo

    pela locao social como m

    ecanismo de proviso habitacional contribuem

    para o esvaziam

    ento da preocupao com o incentivo ocupao de reas centrais,

    mais bem

    providas de servios e equipamentos urbanos. Isto evidencia a incon-

    gruncia entre as diretrizes da poltica habitacional, que postulam um

    modelo

    de cidade compacta, e seus instrum

    entos, que parecem no fornecer m

    eios ade-quados sua viabilizao.

    3 SAN

    EAM

    ENTO

    BSICO

    A Poltica Federal de Saneamento Am

    biental foi tambm

    apresentada em um

    caderno produzido pelo M

    inistrio das Cidades, em

    2004 (Brasil, 2004a). O do-

    cumento sintetiza as diretrizes que seriam

    propostas pelo governo na Conferncia

    das Cidades de 2005 e que serviriam

    de base para a elaborao de um anteprojeto

    de lei estruturando a poltica setorial.

    A definio do atual m

    arco regulatrio do saneamento bsico

    iniciou-se com o Projeto de Lei n

    o 5.296/2005. Este projeto foi encaminhado ao

    266Territrio M

    etropolitano, Polticas Municipais

    Poder Legislativo, onde o recebeu cerca de oitocentas emendas. Aps um

    perodo de negociaes e concesses recprocas, este texto deu origem

    ao Projeto de Lei n

    o 7.361/2006, que foi aprovado e sancionado por meio da Lei n

    o 11.445, de 5 de janeiro de 2007 (Brasil, 2007e).

    A nova lei previu, entre os instrumentos da poltica federal de saneam

    ento bsico, a elaborao de um

    plano nacional, que ficou conhecido como Plano

    Nacional de Saneam

    ento Bsico (PLANSAB). A lei foi regulam

    entada pelo Decreto

    no 7.217, de 21 de junho de 2010 (Brasil, 2010a), que especificou diretrizes e

    conceitos, disciplinou aspectos do procedimento de elaborao do PLAN

    SAB e disps sobre o contedo de um

    estudo a subsidiar a proposta do plano, entre outros aspectos.

    O processo de elaborao do PLAN

    SAB est atualmente em

    sua etapa final, tendo sua verso prelim

    inar sido submetida consulta pblica em

    julho de 2012. C

    oordenada pelo Ministrio das C

    idades, sua formulao envolveu a publicao

    de uma srie de estudos e docum

    entos oficiais. Em julho de 2008, o M

    inistrio das C

    idades publicou as Diretrizes para o Projeto Estratgico de Elaborao do Plano N

    acio-nal de Saneam

    ento Bsico PLANSAB (Brasil, 2011). Iniciaram

    -se, em seguida,

    uma srie de reunies m

    ensais envolvendo o Grupo de Trabalho Interm

    inisterial (G

    TI) e o G

    rupo de Acompanham

    ento do Com

    it Tcnico de Saneamento

    Ambiental do C

    onselho das Cidades (G

    A-CT

    S), com objetivo de elaborar um

    docum

    ento mais consolidado de diretrizes para o processo de form

    ulao do PLAN

    SAB. Este documento, denom

    inado Pacto pelo saneamento bsico: m

    ais sade, qualidade de vida e cidadania (Brasil, 2008), foi concludo em

    dezembro de 2008.

    Nele, previu-se a elaborao de um

    estudo abordando o estado dos servios de sa-neam

    ento bsico no Brasil e os desafios a serem enfrentados pela poltica setorial.

    Realizado entre 2009 e 2010, este estudo resultou num docum

    ento publicado em

    2011, intitulado Panorama do Saneam

    ento Bsico no Brasil (Brasil, 2011b). U

    m dos produtos a serem

    apresentados no relatrio do referido estudo seria uma

    verso preliminar do plano. C

    om base nesta verso prelim

    inar, o Ministrio das

    Cidades elaborou a Proposta de Plano N

    acional de Saneamento Bsico (Brasil,

    2011c), submetendo-a consulta pblica em

    julho de 2012, em vista incorpora-

    o de demandas da sociedade civil e posterior consolidao de um

    a verso final. C

    onforme previsto no D

    ecreto no 7.217, a verso final do plano ser subm

    etida aos C

    onselhos Nacionais de Sade (C

    NS), M

    eio Ambiente (C

    onama), Recursos

    Hdricos (C

    NR

    H) e das C

    idades (ConC

    idades) e, posteriormente, consolidada

    sob a forma de decreto.

    Nos docum

    entos oficiais publicados ao longo do processo de elaborao do PLAN

    SAB, assim com

    o foi observado no caso da Poltica Nacional de H

    abitao, podem

    -se identificar diversas referncias ao fenmeno m

    etropolitano. Os textos

  • 267A

    Metrpole Brasileira nas Polticas Pblicas Setoriais

    oferecem diversas leituras da dinm

    ica do processo de urbanizao no pas, exposi-es de desafios especficos para a gesto adequada dos servios de saneam

    ento nas RM

    s, previses de diretrizes para a articulao entre os Entes Federativos nas etapas de planejam

    ento, regulao e prestao destes servios em reas m

    etropolitanas.

    O Caderno M

    Cidades, de 2004 (Brasil, 2004a), ponto de partida da formulao

    da atual poltica federal de saneamento bsico, abordava j vrios aspectos do

    fenmeno m

    etropolitano e dos desafios dele decorrentes. O docum

    ento apontava com

    o uma das caractersticas do Brasil a concentrao de um

    a expressiva parcela da populao em

    RM

    s e regies integradas de desenvolvimento econm

    ico, reconhecendo a relevncia do debate sobre suas especificidades. Afirm

    a que o crescim

    ento das periferias das metrpoles m

    ais acelerado que o das reas cen-trais, configurando reas crticas no que diz respeito ao acesso aos servios de saneam

    ento bsico. Reitera, assim, o reconhecim

    ento da expanso horizontal ace-lerada com

    o um fator que agrava os problem

    as metropolitanos.

    Quanto ao aspecto institucional, o docum

    ento aponta como desafio a m

    on-tagem

    de estruturas de gesto supralocais no caso das chamadas funes pblicas

    de interesse comum

    . Estabelece como diretrizes o estm

    ulo cooperao entre os Entes Federativos e o incentivo criao, pelos estados, de legislao que pro-m

    ova a integrao dos servios. Afirma que a gesto m

    etropolitana deve englobar m

    ecanismos de representao m

    unicipal, dos nveis de governo estadual e federal, de entidades setoriais viveis nesta escala territorial, do setor privado e, princi-palm

    ente, dos cidados, moradores e usurios das cidades integrantes. Ressalva,

    contudo, que o modelo institucional a ser adotado deve em

    ergir da cooperao entre os agentes, sem

    seguir um m

    odelo unitrio, de modo a se dispor de um

    leque diversificado de arranjos possveis, adotados conform

    e as especificidades de cada situao.

    O texto publicado pelo m

    inistrio faz meno ao Estatuto da C

    idade como

    um avano no tocante cooperao entre cidades e regies, m

    as identifica a im-

    preciso na definio de competncias entre as esferas de governo com

    o um as-

    pecto problemtico. Em

    vista superao desta deficincia, apresenta como m

    e-tas do anteprojeto de lei da Poltica Federal de Saneam

    ento Bsico disciplinar a articulao entre os Entes Federativos e a definio de form

    a mais precisa de suas

    respectivas competncias na questo especfica do saneam

    ento bsico. Enfatiza a im

    portncia da gesto associada dos servios e da existncia de mecanism

    os de cooperao, com

    o convnios e consrcios pblicos. Contudo, considera precria

    a situao legal dos modelos de gesto cooperativa existentes poca, organizados

    com base em

    consrcios privados, e enfatiza a necessidade de se regulamentar os

    consrcios pblicos previstos na Constituio Federal, que ainda no haviam

    sido disciplinados por norm

    as infraconstitucionais.

    268Territrio M

    etropolitano, Polticas Municipais

    Quanto ao aspecto territorial, recom

    enda a adoo da bacia hidrogrfica com

    o unidade geogrfica adequada para o planejamento e a gesto dos servios

    de saneamento bsico, reconhecendo a incongruncia entre os lim

    ites administra-

    tivos dos municpios e estados e a dinm

    ica material dos problem

    as relacionados gesto dos recursos hdricos. N

    este sentido, ainda que indiretamente, reafirm

    a a im

    portncia da promoo de m

    ecanismos de cooperao na escala m

    etropolitana, e m

    esmo em

    escalas territoriais mais abrangentes.

    Algumas das diretrizes presentes no C

    aderno MC

    idades foram incorporadas

    pela Lei no 11.445, de 5 de janeiro de 2007 (Brasil, 2007e). Em

    bora no trate explicitam

    ente do fenmeno m

    etropolitano, esta norma contm

    dispositivos que im

    pactam a gesto dos servios de saneam

    ento bsico nesta escala, ainda que, de m

    odo indireto, e no exclusivamente relacionados a ela. N

    este sentido, estabelece com

    o um dos princpios fundam

    entais da poltica federal de saneamento bsico

    a integrao das infraestruturas e servios (Artigo 2o, X

    II); prev a possibilidade de gesto associada, com

    base em convnio de cooperao ou consrcio pblico

    (Artigo 3o, II), e de prestao regionalizada de servios pblicos de saneam

    ento bsico (Artigo 3

    o, VI; Artigo 14); estabelece com

    o diretriz da Poltica Federal de Saneam

    ento Bsico o estmulo cooperao entre Entes Federativos na im

    plan-tao de infraestrutura e na gesto de servios de saneam

    ento bsico (Artigo 49, X

    I); prev a bacia hidrogrfica como unidade de referncia para o planejam

    ento de aes dos program

    as de saneamento bsico (Artigo 49, X

    ); entre outros. Estas disposies aparentem

    ente favorecem a form

    ulao de programas e a gesto dos

    servios de saneamento bsico na escala das R

    Ms, incorporando parcialm

    ente as diretrizes estabelecidas no C

    aderno MC

    idades.

    Posteriormente prom

    ulgao da Lei no 11.445, inicia-se o processo de

    formulao do PLAN

    SAB. Entre 2008 e 2010, realizou-se um am

    plo estudo para subsidiar a elaborao deste plano, resultando na publicao de um

    documen-

    to de 7 volumes em

    2011, intitulado Panorama do saneam

    ento bsico no Brasil (Brasil, 2011b). U

    m dos captulos desta publicao governam

    ental (v. 7, cap. 4), elaborado por Rosa M

    oura e Leandro Franklin Gorsdorf, com

    pletamente

    dedicado anlise do tratamento da questo m

    etropolitana no mbito da poltica

    de saneamento bsico. Este captulo reitera diversos apontam

    entos que j haviam

    sido feitos no Caderno M

    Cidades quanto im

    portncia de se levar em conta a

    escala metropolitana no planejam

    ento, regulao e prestao dos servios de sane-am

    ento bsico, aprofundando a anlise quanto aos obstculos encontrados para se concretizar as diretrizes de cooperao e gesto integrada.

    O texto reitera a identificao do saneam

    ento bsico como um

    tpico exem-

    plo de funo pblica de interesse comum

    , caracterizando-o como um

    a atividade na qual a gesto, o planejam

    ento e os impactos transcendem

    a escala municipal.

  • 269A

    Metrpole Brasileira nas Polticas Pblicas Setoriais

    No entanto, afirm

    a predominar um

    localismo na gesto deste servio no Brasil, o

    que interpretado como um

    bice sua prestao em condies satisfatrias. Re-

    afirma tam

    bm a intersetorialidade com

    o requisito fundamental para a prestao

    adequada dos servios de saneamento bsico, enfatizando a interdependncia e a

    importncia da articulao entre esta e outras polticas, cuja abrangncia se d na

    escala metropolitana ou em

    escalas mais am

    plas, como as polticas de uso e ocu-

    pao do solo, de desenvolvimento regional, de recursos hdricos, entre outras.

    Em relao ao aspecto institucional, destaca com

    o desafios para a prestao dos servios pblicos de saneam

    ento bsico de modo cooperativo as disputas quanto

    sua titularidade e o modo com

    o se organiza sua execuo. Aponta como obstculos

    cooperao no planejamento e na gesto dos program

    as de saneamento bsico a

    ambiguidade na definio de com

    petncias entre os diferentes Entes Federativos, reiterando o diagnstico que j havia sido feito no C

    aderno MC

    idades quanto a este aspecto. N

    o entanto, ao analisar as causas da dificuldade para se promover a articu-

    lao na escala metropolitana, identifica fatores que vo alm

    da mera im

    preciso na definio de com

    petncias, mencionando a existncia de disputas de poder entre as

    diferentes esferas governamentais e entre os m

    unicpios como um

    a de suas causas. N

    este sentido, afirma que a cooperao entre os Entes Federativos no algo to

    difcil de ser alcanado no mbito do planejam

    ento das polticas, mas que o conflito

    se acirra quando o que est em questo a prestao dos servios, m

    omento em

    que afloram

    interesses polticos e econmicos locais, um

    a vez que nenhuma parte

    envolvida quer abrir mo da execuo de servios de sua titularidade.

    Outra questo relacionada ao aspecto institucional m

    encionada neste docu-m

    ento a existncia de discrepncias entre as RM

    s oficialmente reconhecidas e

    o fenmeno m

    etropolitano efetivamente existente no pas. O

    documento afirm

    a que a instituio de R

    Ms no Brasil pautada por critrios polticos, no necessa-

    riamente baseados em

    conceitos precisos do que seja tal fenmeno e no seguindo

    um padro uniform

    e, uma vez que sua instituio se d no m

    bito estadual, no sendo disciplinada por norm

    as federais. Neste sentido, recom

    enda que se regule, no plano federal, o processo de institucionalizao de R

    Ms.

    Quanto s m

    odalidades de articulao para a prestao dos servios de sanea-m

    ento bsico de modo cooperativo, reitera o diagnstico de que no h um

    a forma

    ideal a ser adotada em todas as situaes. O

    documento faz m

    eno a uma plura-

    lidade de arranjos existentes no pas, identificando formas com

    o a sua delegao a: consrcios pblicos envolvendo grupos de m

    unicpios, ou mesm

    o municpios e

    estados; a rgos ou empresas pblicas, m

    unicipais ou estaduais; e a empresas pri-

    vadas por conjuntos de municpios, entre outras. Identifica os consrcios pblicos,

    regulamentados pela Lei n

    o 11.107, de 6 de abril de 2005, como o principal m

    eca-nism

    o de cooperao para a prestao de servios pblicos existente no pas poca.

    270Territrio M

    etropolitano, Polticas Municipais

    A verso preliminar do PLAN

    SAB reitera, de modo geral, as leituras feitas nos

    documentos anteriores quanto ao fenm

    eno metropolitano, incorporando tam

    bm

    as diretrizes neles estabelecidas. Alm disso, o docum

    ento avana, em algum

    a medi-

    da, na especificao de instrumentos e m

    ecanismos para a concretizao de m

    etas e diretrizes de cooperao na escala m

    etropolitana, ainda que pontualmente.

    O docum

    ento explicita a preocupao com o fenm

    eno metropolitano,

    traando uma periodizao do tratam

    ento dado questo no pas. Caracteriza

    o perodo que se sucedeu extino do Banco Nacional de H

    abitao (BNH

    ) e ao declnio do Planasa com

    o uma fase de vazio institucional, m

    arcada pela disperso de recursos e superposio de com

    petncias, pela ausncia de articula-o e coordenao e pela predom

    inncia de interesses particulares e imediatistas,

    apontando as metrpoles com

    o lugares de acirramento deste quadro. D

    estaca a intersetorialidade com

    o uma questo central para a poltica de saneam

    ento bsi-co, enfatizando a interdependncia entre ela e outras polticas, com

    o a de recursos hdricos e a de uso e ocupao do solo, e apontando a dim

    enso territorial como

    um dos aspectos relevantes para a articulao entre elas.

    Reconhece a escala da interveno como um

    fator chave para as polticas de saneam

    ento bsico, mas ressalva que no h um

    a escala ideal a ser adotada de m

    odo generalizado na prestao deste servio. Em linhas gerais, sugere que

    a metrpole constitua um

    a unidade territorial relevante para o planejamento, a

    regulao e a prestao do servio de saneamento bsico de m

    odo cooperativo, m

    as no estabelece diretrizes categricas no sentido de sua adoo generalizada com

    o unidade de articulao entre os Entes Federativos na execuo das funes pblicas de interesse com

    um, reiterando o entendim

    ento j expresso no Caderno

    MC

    idades e no Panorama do saneam

    ento bsico no Brasil de que deve haver espao para a adoo de solues diversificadas. N

    o entanto, o documento faz m

    eno aos consrcios pblicos com

    o arranjos capazes de viabilizar a cooperao institu-cionalizada entre os m

    unicpios integrantes de RM

    s e os demais Entes Federativos

    na prestao desses servios.

    Quanto definio de instrum

    entos voltados efetivao das diretrizes previs-tas para a escala m

    etropolitana, estabelece disposies como a concepo de aes

    voltadas para reas metropolitanas integradas a aes de urbanizao e habitao

    social, com vistas universalizao do acesso aos servios de saneam

    ento bsico; a atribuio de tratam

    ento diferenciado para aes de saneamento bsico nas RM

    s; a previso de procedim

    entos especficos para as aes e a gesto do saneamento bsico

    nas RMs entre as m

    etas relativas ao desenvolvimento tecnolgico do setor.

    Pode-se notar certa ambiguidade nos docum

    entos que subsidiaram a form

    u-lao da Poltica Federal de Saneam

    ento Bsico no tocante ao papel a ser exercido pela esfera federal na definio de m

    ecanismos de cooperao para o exerccio das

  • 271A

    Metrpole Brasileira nas Polticas Pblicas Setoriais

    funes pblicas de interesse comum

    em R

    Ms. O

    ra se aponta a impreciso na

    distribuio de competncias entre os Entes Federativos e a ausncia de institui-

    es governamentais na escala m

    etropolitana como um

    a deficincia, ora se refuta a convenincia de se definir arranjos institucionais padronizados para a gesto destes servios, valorizando-se a pluralidade de solues. C

    onfigura-se, portanto, um

    impasse entre a regulam

    entao de mecanism

    os de gesto metropolitana no

    mbito federal e a m

    anuteno de uma dinm

    ica de formao de arranjos diver-

    sificados, estruturados conforme as especificidades locais.

    A existncia prvia de diversas companhias estaduais de saneam

    ento bsico, criadas durante os governos m

    ilitares num contexto em

    que a esfera municipal

    tinha um papel bastante reduzido, destacada com

    o um fator que favoreceu a

    gesto integrada deste servio em vrias R

    Ms do pas. N

    o entanto, com a defini-

    o de competncias estabelecida na C

    onstituio Federal e o fortalecimento do

    poder local, diversos municpios passaram

    a reivindicar a gesto deste servio, questionando o arranjo setorial herdado da ditadura. Esta tendncia, som

    ada im

    preciso na especificao do papel a ser desempenhado pelos estados, coloca-se

    como m

    ais um desafio para a consolidao da gesto m

    etropolitana integrada.

    Percebe-se tambm

    a incipincia dos mecanism

    os orientados para promover

    a intersetorialidade e a articulao das polticas de saneamento bsico com

    outras polticas setoriais na escala m

    etropolitana. Ainda que tal diretriz seja mencionada

    reiteradamente nos docum

    entos oficiais que orientam a Poltica Federal de Sane-

    amento Bsico, ela no ultrapassa o nvel da recom

    endao.

    4 RESDU

    OS S

    LIDO

    S

    O m

    anejo dos resduos slidos foi definido pela Lei no 11.445 com

    o um dos

    servios que integram o saneam

    ento bsico. No entanto, a Poltica N

    acional de R

    esduos Slidos foi elaborada separadamente, sendo objeto de norm

    as e planos especficos. A definio do m

    arco regulatrio do manejo dos resduos slidos

    atualmente vigente no pas iniciou-se com

    a promulgao da Lei n

    o 12.305, de 2 de agosto de 2010 (Brasil, 2010b), que instituiu as diretrizes da Poltica N

    acio-nal de R

    esduos Slidos. Posteriormente, houve a edio do D

    ecreto no 7.404,

    de 23 de dezembro de 2010 (Brasil, 2010c), regulam

    entando a referida lei, e do D

    ecreto no 7.405, de 23 de dezem

    bro de 2010 (Brasil, 2010d), que instituiu o Program

    a Pr-Catador.

    A Lei n

    o 12.305 previu, entre os instrumentos da poltica setorial, a

    elaborao do Plano Nacional de R

    esduos Slidos. Sua formulao, disci-

    plinada pelo Decreto n

    o 7.404, encontra-se em fase final. O

    Ministrio das

    Cidades publicou sua verso prelim

    inar em setem

    bro de 2011, submetendo-a

    a consulta pblica.

    272Territrio M

    etropolitano, Polticas Municipais

    A poltica setorial de resduos slidos confere tratamento m

    ais sistemtico s

    RM

    s que as polticas analisadas anteriormente. A Lei n

    o 12.305 confere tratamen-

    to especfico ao manejo dos resduos slidos nestas regies, alm

    de prever instru-m

    entos para a concretizao de diretrizes estabelecidas para esta escala territorial.

    Nesse sentido, a lei setorial determ

    ina a adoo das RM

    s como unidades

    territoriais de planejamento e gesto do m

    anejo dos resduos slidos. Buscan-do prom

    over a articulao entre os Entes Federativos, estabelece como diretriz

    o incentivo ao estabelecimento de m

    ecanismos de cooperao entre m

    unicpios integrantes de R

    Ms e entre estes e os estados (Artigo 11, I).

    Em vista concretizao dessas diretrizes, a lei prev a elaborao de planos de

    resduos slidos metropolitanos (Artigo 14, III); estabelece com

    o requisito dos planos estaduais de resduos slidos a previso de diretrizes para o planejam

    ento e demais ati-

    vidades de manejo de resduos slidos nas RM

    s (Artigo 17, IX); e prev a possibilidade de elaborao de planos de resduos slidos m

    etropolitanos pelos estados, estabelecen-do com

    o requisito a participao dos municpios envolvidos (Artigo 17, 1

    o e 2o).

    H tam

    bm m

    ecanismos financeiros que buscam

    induzir estados e muni-

    cpios a promover a cooperao no m

    anejo dos resduos slidos. O D

    ecreto no

    7.404 determina a priorizao da concesso de recursos federais a estados que

    institurem m

    icrorregies para o planejamento e a gesto dos resduos slidos e

    a municpios que optarem

    por solues consorciadas intermunicipais na gesto

    dos resduos slidos (Artigos 78 a 81). Estas disposies, ainda que no estejam

    relacionadas exclusivamente s R

    Ms, tendem

    a exercer influncia na forma de or-

    ganizao do manejo dos resduos slidos nesta escala, favorecendo a cooperao.

    A verso preliminar do Plano N

    acional de Resduos Slidos reafirma com

    o diretriz da poltica setorial o estm

    ulo gesto regionalizada dos resduos slidos, o que tende a favorecer a articulao dos Entes Federativos em

    sua estruturao nas R

    Ms. Alm

    disso, define as RM

    s como reas prioritrias para a im

    plantao de program

    as de coleta seletiva de lixo.

    Em linhas gerais, pode-se dizer que esta poltica confere m

    aior grau de institu-cionalidade s RM

    s, encontrando-se disposies especficas para estas reas nas nor-m

    as setoriais. Alm disso, observa-se m

    aior sistematicidade abordagem

    desta ques-to do que nas polticas anteriorm

    ente analisadas, verificando-se maior adequao

    entre as diretrizes polticas estabelecidas e os instrumentos regulatrios previstos.

    Alm do aspecto regulatrio, a gesto integrada do m

    anejo dos resduos s-lidos na escala regional foi favorecida pelas prprias caractersticas das atividades envolvidas. A necessidade de um

    a escala mnim

    a para que a construo de aterros sanitrios se torne vivel im

    pulsionou a gesto regionalizada dos resduos slidos, o que tam

    bm se observou em

    vrias RM

    s.

  • 273A

    Metrpole Brasileira nas Polticas Pblicas Setoriais

    5 MO

    BILIDAD

    E URBA

    NA

    A Poltica N

    acional de Mobilidade U

    rbana tambm

    foi apresentada em um

    dos cadernos da PN

    DU

    , em 2004. O

    documento sintetiza as diretrizes que

    seriam apresentadas pelo governo federal na C

    onferncia das Cidades, em

    2005. O

    Ministrio das C

    idades publicou outro caderno temtico em

    2007, traando diretrizes para orientar a elaborao de planos de transporte e m

    o-bilidade urbana pelos m

    unicpios, o Caderno de referncia para a elaborao

    do Plano de Mobilidade U

    rbana (Brasil, 2007c).

    A Poltica Nacional de M

    obilidade Urbana foi institucionalizada com

    a pro-m

    ulgao da Lei no 12.587, de 3 de janeiro de 2012 (Brasil, 2012). Entre as dis-

    posies estabelecidas nesta norma, previu-se a elaborao do Plano N

    acional de M

    obilidade Urbana (PlanM

    ob), seguindo padro semelhante ao observado nas

    demais polticas nacionais.

    Alm desses docum

    entos de carter mais geral, a construo da poltica seto-

    rial envolveu tambm

    a elaborao de estudos e programas voltados para a questo

    da acessibilidade e do transporte no motorizado, com

    o o Caderno de referncia

    para elaborao de Plano de Mobilidade por Bicicleta nas C

    idades (Brasil, 2007d) e os C

    adernos do Programa Brasil Acessvel (Brasil, 2007e), publicados em

    2007. Estes docum

    entos de carter mais especfico tratam

    de aspectos considerados prioritrios nos cadernos que estabelecem

    as diretrizes fundamentais da poltica setorial.

    Assim com

    o nos outros cadernos temticos publicados pelo governo federal

    para fundamentar suas propostas na C

    onferncia das Cidades de 2005, no volum

    e que trata da m

    obilidade urbana, a abordagem crtica e abrangente em

    relao ao padro de urbanizao brasileiro. Pode-se dizer que este caderno diferencia-se dos de-m

    ais quanto ao nvel de profundidade da anlise sobre os problemas m

    etropolitanos e o detalham

    ento de diretrizes apresentadas para o seu enfrentamento, assim

    como

    no que se refere ao reconhecimento da interdependncia entre as polticas setoriais.

    O docum

    ento menciona a concentrao de parcela significativa da popu-

    lao, em particular das cam

    adas mais pobres, nas m

    etrpoles, identificando-as com

    o reas de acirramento do quadro de desigualdade social caracterstico do

    pas. Reconhece que as dinmicas de deslocam

    ento nas RM

    s no se estruturam

    na escala dos municpios, m

    as, sim, do conjunto da aglom

    erao urbana. Alerta para um

    a tendncia de reproduo do modelo de crescim

    ento das metrpoles

    nas demais aglom

    eraes urbanas, reconhecendo a formulao de um

    a agenda especfica para estas reas com

    o uma prioridade.

    Identifica um padro de urbanizao nas m

    etrpoles marcado pelo cresci-

    mento acelerado e pela expanso horizontal de baixa densidade, reconhecendo

    que fatores como o planejam

    ento, as infraestruturas dos sistemas de circulao

    274Territrio M

    etropolitano, Polticas Municipais

    e de saneamento bsico e as polticas de financiam

    ento e produo habitacional contriburam

    para impulsionar a expanso perifrica. Avalia que as estratgias

    de expanso das redes de circulao basearam-se, durante o perodo anterior,

    no diagnstico de que os centros urbanos so reas economicam

    ente saturadas, privilegiando-se a descentralizao. Avalia que o m

    odelo de expanso horizontal tem

    impactos negativos na m

    obilidade urbana, uma vez que sobrecarrega os sistem

    as de transportes devido ao aum

    ento constante das distncias a serem percorridas.

    Critica o m

    odelo de mobilidade adotado nos grandes centros urbanos brasileiros

    por favorecer o uso do automvel particular e do transporte m

    otorizado, o que refora o espraiam

    ento das cidades e a fragmentao do espao. Resum

    e os pro-blem

    as da mobilidade urbana nas m

    etrpoles a dois aspectos fundamentais: o

    histrico de priorizao dos investimentos em

    transporte virio e a incapacidade de equacionam

    ento da dimenso institucional da gesto m

    etropolitana.

    No tocante dim

    enso institucional, reitera o diagnstico presente nas polti-cas setoriais avaliadas anteriorm

    ente de que a falta de clareza na definio de com-

    petncias entre os Entes Federativos; a ausncia de instituies na escala metropo-

    litana; a falta de regulamentao no nvel federal sobre a instituio de RM

    s e suas im

    plicaes; e a incipincia de mecanism

    os administrativos de cooperao consti-

    tuem bices articulao entre m

    unicpios e estados nestas aglomeraes urbanas.

    O docum

    ento distingue em trs fases a gesto do transporte em

    reas me-

    tropolitanas. Segundo a periodizao proposta, a primeira, de 1979 a 1988,

    marcada por: instituio de nove R

    Ms; concentrao das atividades de regulao

    e financiamento no nvel federal; criao das em

    presas metropolitanas de trans-

    porte urbano pelos estados; e relegao dos municpios a um

    papel secundrio. A segunda fase, posterior C

    onstituio de 1988, caracteriza-se por: descentrali-zao; fortalecim

    ento dos poderes locais; diminuio dos investim

    entos federais; e a quase ausncia da questo m

    etropolitana na agenda dos governos. A terceira fase, iniciada em

    meados dos anos 1990, m

    arcada pela retomada do processo de

    institucionalizao das RM

    s pelos estados.

    O texto identifica com

    o desafios especficos prestao dos servios de transporte de m

    odo cooperativo na escala metropolitana aspectos com

    o: a falta de clareza na definio de com

    petncia para a coordenao dos transportes metro-

    politanos; o resqucio do controle de companhias ferrovirias pela esfera federal;

    a ausncia de instituies metropolitanas dotadas de autonom

    ia financeira e ad-m

    inistrativa; a ocorrncia de conflitos de interesse na gesto de recursos. Aponta com

    o problemas decorrentes da ausncia de organism

    os metropolitanos com

    ca-pacidade de coordenao dos servios de transporte m

    etropolitano: distribuio heterognea e desequilibrada das redes de transporte; falta de integrao fsica e tarifria entre os m

    odos de transporte; superposio de redes. Identifica como um

    fator problem

    tico a ausncia de regulamentao da disposio constitucional

  • 275A

    Metrpole Brasileira nas Polticas Pblicas Setoriais

    que atribui aos estados a competncia para instituir R

    Ms, o que traz consequn-

    cias como a indefinio das atribuies dos m

    unicpios nos arranjos institucionais m

    etropolitanos.

    A publicao elenca uma srie de diretrizes visando o aprofundam

    ento da cooperao na escala m

    etropolitana, algumas m

    ais abrangentes, outras mais es-

    pecficas. A intersetorialidade identificada como fator chave para o enfrenta-

    mento dos desafios da m

    obilidade urbana nas metrpoles. O

    texto defende a busca de um

    modelo urbano com

    pacto, apontando como estratgia fundam

    ental da poltica de m

    obilidade a adoo de um padro de ocupao territorial que

    reduza as necessidades de deslocamento. N

    este sentido, aponta medidas com

    o a descentralizao da oferta de em

    prego e servios nas RM

    s, reduzindo o nmero

    e a distncia das viagens dirias e revertendo a dinmica de form

    ao de cidades- dorm

    itrio ao redor de um ncleo polarizador; o incentivo a padres de zonea-

    mento que perm

    itam usos diversificados, favorecendo os deslocam

    entos a p; o estm

    ulo proviso habitacional em centros m

    etropolitanos e eixos de transporte; e a ocupao de vazios urbanos, entre outros.

    Destaca tam

    bm a im

    portncia da cooperao entre os municpios, traando

    metas com

    o a elaborao de planos metropolitanos de m

    obilidade, a integrao das redes de transporte, a integrao tarifria, a previso de arranjos institucionais que perm

    itam a articulao entre os Entes Federativos, a definio m

    ais clara de com

    petncias, entre outras.

    O C

    aderno de referncia para a elaborao do Plano de Mobilidade U

    rbana reafirm

    a a leitura feita no Caderno M

    Cidades e, de m

    odo geral, reitera as diretrizes nele previstas. Aprofunda em

    alguns aspectos a anlise do processo de expanso horizontal das cidades, identificando a especulao im

    obiliria como um

    a de suas principais causas.

    A Lei no 12.587 incorpora parcialm

    ente as diretrizes estabelecidas nos do-cum

    entos analisados at aqui. Podem-se identificar diretrizes no sentido de esti-

    mular a cooperao, recom

    endando a adoo de polticas comuns de m

    obilidade urbana nas R

    Ms, o estm

    ulo adoo dos consrcios pblicos como m

    odelo institucional para a gesto dos servios de transporte nestas reas. M

    enciona-se, ainda, o uso da poltica tarifria com

    o potencial instrumento de reduo de desi-

    gualdades nas RM

    s.

    Embora traga tais disposies, a lei setorial no prev m

    ecanismos suficien-

    tes para que os objetivos estabelecidos na poltica de mobilidade urbana possam

    ser concretizados. H

    uma carncia de dispositivos que garantam

    a articulao entre a expanso da rede de transporte e a construo de conjuntos habitacionais, por exem

    plo. Tambm

    no se observa o emprego sistem

    tico de linhas de finan-ciam

    ento do governo federal como m

    ecanismo de induo cooperao entre

    276Territrio M

    etropolitano, Polticas Municipais

    municpios e estados no planejam

    ento e gesto de redes de transporte no mbito

    das RM

    s. Prevalece tambm

    , nesta poltica setorial, certo descasamento entre di-

    retrizes e instrumentos regulatrios.

    6 POLTICA

    NACIO

    NA

    L DE D

    ESENVO

    LVIMEN

    TO REG

    ION

    AL

    A poltica de desenvolvimento regional foi apresentada em

    documento produzido

    pelo Ministrio da Integrao N

    acional e depois instituda por um decreto em

    2007 (Brasil, 2007g).

    A desigualdade

    regional

    compreendia

    como

    resultado da

    dinmica

    assimtrica do crescim

    ento capitalista, que se concentra em alguns espaos, enquanto

    condena outros estagnao e ao desperdcio de fatores produtivos (Brasil, [s.d.], p. 12). O

    objetivo da Poltica Nacional de D

    esenvolvimento Regional (PN

    DR) , deste

    modo, atuar no sentido de contrabalanar a lgica centrpeta das foras de m

    ercado, por m

    eio da promoo e valorizao da diversidade regional, conciliando, assim

    , com

    petitividade e expresso produtiva de valores socioculturais diversos (op. cit.).

    Segundo o documento, a conform

    ao setorial predominante no governo fede-

    ral no permite sequer saber se a atuao dos m

    inistrios e demais instituies federais

    atenuam ou agravam

    o quadro de desigualdades regionais. So recentes os primeiros

    esforos de delimitao territorial das aes do Plano Plurianual (Brasil, [s.d.], p. 13).

    Do ponto de vista territorial, esta falta de articulao entre as diversas polticas sugere

    a falta de enfrentamento do problem

    a metropolitano em

    duas dimenses distintas.

    A PND

    R exigiria um

    a abordagem das desigualdades regionais em

    mltiplas

    escalas, conforme o docum

    ento. As regies prioritrias para ao so, por isto, de-finidas por m

    eio do cruzamento de duas variveis: rendim

    ento domiciliar m

    dio e crescim

    ento do PIB per capita.

    Ao analisar a distribuio da populao no espao, os autores identificam a

    persistncia da concentrao ao longo do litoral e em torno das m

    etrpoles urbanas. Afirm

    am, contudo, que este padro de ocupao do territrio vem

    sendo lentamen-

    te alterado pelo processo de crescimento populacional das duas ltim

    as dcadas (...). As taxas de crescim

    ento da populao hoje observadas indicam um

    lento, porm

    constante e marcante, processo de interiorizao de populao (Brasil, [s.d.], p. 11).

    O texto apresenta um

    a leitura do fenmeno m

    etropolitano. No entanto, isto

    feito para explicar o fato de que a PND

    R no tratar diretam

    ente deste problema:

    O objeto da PN

    DR

    no exatamente o com

    bate pobreza. Se assim fosse, o m

    apa de atuao da poltica iria privilegiar a periferia das grandes m

    etrpoles, o que cabe s polticas urbanas e poltica social. N

    esses locais, os bolses de pobreza se incrus-tam

    em contextos ricos e dinm

    icos. O objeto da PN

    DR

    se expressa na coincidn-cia espacial entre pobreza individual e regional (op. cit., p. 12).

  • 277A

    Metrpole Brasileira nas Polticas Pblicas Setoriais

    Por esse motivo, a PN

    DR

    se concentra nas regies que, por sua situao de debilidade econm

    ica e estagnao, geram expressivos fluxos m

    igratrios, os quais constituem

    a maior parte dos bolses de pobreza das grandes m

    etrpoles (Brasil, [s.d.], p. 12-13). O

    u seja, a poltica pretende tratar do fenmeno m

    etro-politano indiretam

    ente, por meio do enfrentam

    ento das desigualdades que geram

    fluxos migratrios direcionados s m

    etrpoles.

    A PND

    R foi instituda pelo D

    ecreto no 6.047, em

    fevereiro de 2007, pu-blicado pelo M

    inistrio da Integrao Nacional. O

    objetivo declarado da pol-tica a reduo das desigualdades de nvel de vida entre as regies brasileiras e a prom

    oo da equidade no acesso a oportunidades de desenvolvimento.

    A PND

    R deve orientar os program

    as e aes federais no Territrio Nacional,

    atendendo ao disposto no inciso III do Art. 3o da C

    onstituio (Brasil, 2007g).

    O decreto estipula que os planos, program

    as e aes da PND

    R devero ser

    executados com fontes de financiam

    ento tais como oram

    ento e fundos regionais. U

    tiliza a tipologia da PND

    R com

    o quadro referencial das desigualdades regio-nais. N

    o objetivo da poltica definir fontes especificamente para as m

    etrpoles, que no so consideradas reas de ao prioritrias, conform

    e explicado no docu-m

    ento de apresentao da poltica. A avaliao sobre os impactos da poltica sobre

    os fluxos migratrios, que teriam

    efeito indireto importante sobre as m

    etrpoles, ultrapassa os lim

    ites desta pesquisa.

    Um

    a anlise da poltica regional precisa, ainda, avaliar em que m

    edida os objetivos da poltica so realizados ou suplantados pelo conjunto de investim

    en-tos que, na prtica, foram

    reunidos no Programa de Acelerao do C

    rescimento

    (PAC), lanado em

    2007. 7

    7 POLTICA

    NACIO

    NA

    L DE O

    RDEN

    AM

    ENTO

    TERRITORIA

    L

    O M

    inistrio da Integrao Nacional apresentou a elaborao da Poltica N

    acional de O

    rdenamento Territorial (PN

    OT

    ) como um

    a resposta ao que determina a

    Constituio Federal: C

    ompete U

    nio elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenao do territrio e de desenvolvim

    ento econmico e social

    (Artigo 21, IX).

    O debate sobre a necessidade de o governo federal assum

    ir de forma co-

    ordenada aes referentes ao ordenamento do territrio nacional rem

    onta aos anos oitenta quando foi concebido o Program

    a Nossa N

    atureza, um program

    a

    7. A pesquisadora Karina Leito, em sua tese de doutorado (2009, p. 188-189), arm

    a que apesar do discurso do governo acerca da centralidade da tem

    tica regional na agenda poltica nacional, chama ateno o fato de os critrios

    da PNDR (discutida desde 2003) no terem

    balizado a regionalizao dos investimentos nos dois PPAs da gesto

    federal estudada (2004-2007, 2008-2011), enquanto ambos os planos listavam

    em suas diretrizes o objetivo central

    de reduo de disparidades regionais. Chama ateno tam

    bm o fato de esses critrios no terem

    sido incorporados na priorizao dos investim

    entos previstos no PAC.

    278Territrio M

    etropolitano, Polticas Municipais

    desenvolvido pela Secretaria de Assessoramento da D

    efesa Nacional, subordinada

    ao Gabinete M

    ilitar da Presidncia da Repblica (Brasil, 2006a, p. 8).

    A elaborao da Poltica Nacional de O

    rdenamento Territorial tam

    bm m

    o-tivou a elaborao de docum

    entos de subsdios com anlises abrangentes sobre o

    tema. O

    primeiro deles, publicado em

    2005, consiste numa com

    pilao de con-tribuies de especialistas sobre o tem

    a, como resultado de oficinas realizadas em

    13 e 14 de novem

    bro de 2003 (Brasil, 2005).

    O docum

    ento situa o tema ordenam

    ento territorial e dividido em trs

    partes, intituladas: Ordenar na era da globalizao?; Poltica concreta em

    bases mo-

    vedias: como ordenar?; e Vises governam

    entais. Estas questes foram discutidas

    por diversos especialistas, em textos assinados individualm

    ente. A publicao encerrada com

    uma Sntese geral sobre a Poltica de O

    rdenamento Territorial, con-

    tribuio de Bertha Becker.

    Entre as contribuies para a compreenso do fenm

    eno metropolitano,

    Vanderley Messias da C

    osta apresenta como um

    a das caractersticas de uma po-

    ltica de ordenamento territorial capacitar-se para com

    preender e agir sobre as regies m

    etropolitanas e os aglomerados urbanos em

    geral, que so atualmente os

    mais im

    portantes vetores de especializao e de diferenciao do territrio nacio-nal (Brasil, 2005, p. 58). Segundo o autor, essas seriam

    as

    foras de mais difceis controle e coordenao, seja pela com

    plexidade inerente a esses espaos, seja pela sobreposio das escalas de gesto dos nveis de governo que ali atuam

    . Por esse aspecto, as metrpoles e suas reas de influncia im

    ediata consti-tuem

    atualmente os m

    aiores desafios para o ordenamento territorial e deveriam

    , por isso, ser assum

    idas como um

    a prioridade nacional (idem, ibidem

    ).

    No ano seguinte, o m

    inistrio publicou o Docum

    ento base para definio da Poltica N

    acional de Desenvolvim

    ento Territorial (Brasil, 2006b), que apre-senta servios de consultoria contratados m

    ediante um processo licitatrio. O

    relatrio parte dos estudos tem

    ticos realizados pelos especialistas para extrair as principais contribuies que foram

    ordenadas, sistematizadas e com

    patibi-lizadas entre si (op. cit., p. 10) para com

    por o texto. O relatrio com

    posto dos captulos: C

    ontextualiza o; Diagnstico; e Princpios, diretrizes, estratgias e

    instrumentos da PN

    OT

    .

    Com

    o subsdios elaborao das diretrizes e estratgias da PNO

    T, o rela-trio apresenta com

    o problema poltico-institucional a desarticulao entre

    as polticas setoriais com im

    pacto territorial, agravada, segundo os autores, por estratgias conflitantes de polticas pblicas, que, m

    uitas vezes, geram expec-

    tativas por projetos governamentais e so focos de conflitos territoriais (Brasil,

    2006b, p. 186). Do ponto de vista econm

    ico, aponta a forte concentrao espacial das atividades econm

    icas ao longo do litoral, nas reas metropolitanas

  • 279A

    Metrpole Brasileira nas Polticas Pblicas Setoriais

    e nas regies Sudeste e Sul (op. cit., p. 187). Em relao logstica tem

    a bastante discutido , identifica

    territrios dominados por grandes em

    presas que incorporam, subm

    etem ou excluem

    os territrios de grupos socialm

    ente desfavorecidos. Territrios que so substancial-m

    ente impactados pela ao de grandes corporaes em

    presariais e que interferem na

    condio de ocupao de segmentos sociais diversos (Brasil, 2006b, p. 187).

    A matriz estratgica apresentada no relatrio inclui, entre as diferentes es-

    calas a serem consideradas, a m

    etropolitana. Recomenda o fortalecim

    ento da gesto integrada das regies m

    etropolitanas com dotao oram

    entria especfica e sugere dar fiscalidade s R

    Ms (op. cit., p. 125).

    Os autores observam

    , ao final, que a inexistncia de uma poltica de or-

    denamento territorial no pas no significa a inexistncia de polticas pblicas

    setoriais que impactam

    o territrio, e oferecem um

    a listagem de instrum

    entos j existentes. A listagem

    indica a um s tem

    po a complexidade do problem

    a do ponto de vista da sua anlise e enfrentam

    ento, e a desarticulao na implem

    enta-o das polticas existentes.

    Os estudos no tiveram

    desdobramentos e no resultaram

    na instituio de um

    a poltica nacional.

    8 CON

    SIDERA

    ES FINA

    IS

    A temtica m

    etropolitana ganhou importncia com

    a criao do Ministrio das

    Cidades, da Secretaria de Assuntos Federativos, alm

    de outras iniciativas pontu-ais no m

    bito do governo federal. Um

    a srie de estudos foi produzida nos ltimos

    dez anos para subsidiar as novas polticas, por pesquisadores das reas de poltica urbana e regional.

    Dessa form

    a, a anlise dos planos e polticas fundamental para com

    por um

    quadro da situao atual sobre o tratamento conferido ao problem

    a por parte da U

    nio. A leitura de planos e documentos produzidos pelo governo federal

    permite um

    a viso em conjunto sobre a inteno de vrias equipes tcnicas que

    se dedicaram ao assunto e produziram

    documentos im

    portantes, como aqueles

    preparatrios para as diversas polticas pblicas.

    Cabe destacar que, em

    geral, os documentos previstos na etapa inicial, com

    o estudos, leis setoriais e planos, chegaram

    a ser efetivamente produzidos. A princi-

    pal exceo a Poltica Nacional de O

    rdenamento Territorial, que foi interrom

    -pida sem

    que os estudos iniciais tivessem desdobram

    entos.

    A leitura dos diversos documentos sugere um

    a compreenso do fenm

    eno m

    etropolitano oriunda das crticas ao modelo de urbanizao, form

    uladas por aqueles que participaram

    do processo. Esta compreenso aparece nos docum

    entos

    280Territrio M

    etropolitano, Polticas Municipais

    de subsdio das polticas e nas suas formulaes iniciais, com

    o os planos e leis setoriais. N

    o entanto, nos desdobramentos particularm

    ente nos programas,

    projetos eaes, esta compreenso , por vezes, diluda.

    O caderno inicial de form

    ulao da poltica de habitao critica o modelo

    de urbanizao baseado na expanso horizontal e na ampliao perm

    anente das fronteiras, na subutilizao da infraestrutura e da urbanidade j instaladas e na m

    obilidade centrada na lgica do automvel particular (Brasil, 2009, p. 40).

    Problematiza a expanso das cidades sobre as reas rurais e os perm

    etros urbanos, o esvaziam

    ento populacional das reas centrais e o adensamento dos assentam

    en-tos precrios e irregulares.

    O M

    CM

    V, principal programa de im

    plementao da poltica habitacional,

    parece executar diversos desses princpios apresentados na formulao das polti-

    cas setoriais pelo avesso, ao reforar a expanso horizontal sem m

    obilidade.

    Os docum

    entos que subsidiaram a elaborao da poltica de m

    obilidade urbana reiteram

    as crticas ao modelo de urbanizao predom

    inante no pas, traando diretri-zes com

    o a conteno da expanso horizontal e a busca por cidades mais com

    pactas. Identificando a reduo das necessidades de deslocam

    entos e das distncias percor-ridas entre a casa e o trabalho com

    o fatores-chave para o alcance dos objetivos desta poltica, estes docum

    entos enfatizam a intersetorialidade notadam

    ente a articulao entre a expanso e qualificao das redes de transporte, a poltica de ocupao do solo e a proviso de m

    oradia como um

    aspecto fundamental. N

    o entanto, esta diretriz no seguida por m

    edidas que integrem, efetivam

    ente, a expanso da rede de trans-portes e a produo de unidades habitacionais, ou por m

    ecanismos de induo que

    condicionem a concesso de recursos observncia de requisitos deste tipo.

    A integrao fsica e tarifria dos servios de transporte nas RM

    s outra diretriz prevista nos docum

    entos iniciais da poltica de mobilidade urbana. M

    ais um

    a vez, faltam m

    ecanismos que consigam

    interferir de forma sistem

    tica na estruturao dos servios de transporte induzindo os m

    unicpios a adotar formas

    coordenadas de gesto.

    As polticas nacionais de saneamento bsico e resduos slidos, em

    virtude das caractersticas das atividades envolvidas e tam

    bm de razes histricas, no

    caso da primeira , alcanaram

    um patam

    ar mais elevado de integrao m

    etropo-litana que as dem

    ais. No entanto, os planos e program

    as implem

    entados tambm

    ficaram

    aqum do que se previu nos docum

    entos que subsidiaram a form

    ulao destas polticas quanto articulao com

    as demais polticas setoriais.

    O problem

    a do espraiamento das cidades tam

    bm se apresenta para a pol-

    tica de saneamento. A im

    portncia de minim

    izar as necessidades de expanso da rede por m

    eio do estmulo a padres de ocupao do territrio que favoream

    o

  • 281A

    Metrpole Brasileira nas Polticas Pblicas Setoriais

    adensamento de reas subutilizadas dotadas de infraestrutura urbana, contendo o

    crescimento perifrico, foi enfatizada nos cadernos que subsidiaram

    sua elaborao. N

    o entanto, assim com

    o se observou em outras polticas setoriais, a questo da

    intersetorialidade permaneceu fundam

    entalmente com

    o um indicativo para os pro-

    gramas e aes, sem

    ter se desdobrado em m

    ecanismos regulatrios m

    ais precisos.

    Com

    o compreender que um

    problema to reconhecido com

    o o da questo m

    etropolitana, incialmente tratado por diversas equipes de especialistas, seja na

    prtica, pouco enfrentado? Um

    a contribuio maior para esta questo, que tem

    m

    obilizado diversos autores (e j produziu literatura especfica sobre o tema),

    exigiria uma verticalizao do estudo destas polticas setoriais, analisando-se de

    modo m

    ais detalhado seus desdobramentos, os resultados dos program

    as criados, os entraves encontrados para a efetivao das diretrizes de cooperao na escala m

    etropolitana, os conflitos de interesses polticos e econmicos que eventual-

    mente se m

    anifestaram, entre outros tpicos diversos deles j discutidos em

    es-tudos realizados em

    cada rea. A anlise vertical identificaria as fraes de capital, coalizes e conflitos prprios de cada setor.

    O M

    CM

    V, por exemplo, exprim

    e o conflito entre o interesse pblico ex-presso na intencionalidade das polticas e planos de prom

    over a articulao me-

    tropolitana e os interesses de fraes do capital na expanso da mancha urbana

    como m

    eio de obter ganhos rentistas advindos da expanso da fronteira urbana (e dos negcios). A expanso da fronteira do capital im

    obilirio recria as desigualda-des que a poltica pretendia reduzir.

    Esta pesquisa panormica e horizontal do tratam

    ento do fenmeno m

    etropo-litano perm

    itiu a identificao de aspectos que se repetiram em

    vrias das polticas, evitando os problem

    as da setorializao da anlise. Foi possvel identificar impasses

    e entraves ao fortalecimento da esfera m

    etropolitana que se manifestaram

    no con-junto das polticas setoriais analisadas. O

    entendimento de suas causas, entretanto,

    depende do aprofundamento dos estudos e do debate em

    cada uma das reas.

    A Federao , por definio, uma form

    a de organizao territorial do po-der, de articulao do poder central com

    os poderes regional e local. O pacto

    federativo um conjunto de alianas com

    plexas, na maioria, pouco explcitas,

    soldadas, em grande parte, por m

    eio dos fundos pblicos (Affonso, 1994). As tenses inerentes a sistem

    as federativos manifestam

    -se de modo ainda m

    ais acen-tuado em

    territrios caracterizados por grande disparidade regional como o brasi-

    leiro, no qual conflitos, especialmente fiscais, se acirram

    . A falta de uma instncia

    de governo metropolitano que corrija assim

    etrias (e evite as cidades de primeira

    e segunda classe) e estenda o mesm

    o padro de servio e equipamentos urbanos

    para toda a populao exprime as disputas entre os m

    unicpios e os partidos que os governam

    , bem com

    o entre municpios, governos estaduais e governo federal.

    282Territrio M

    etropolitano, Polticas Municipais

    A gesto metropolitana, ao m

    esmo tem

    po que procura enfrentar o proble-m

    a, introduz um elem

    ento adicional a essas tenses ao incorporar uma nova ins-

    tncia poltico-administrativa aos entes j existentes. Estas disputas acirram

    -se com

    a chamada guerra fiscal e o discurso do fortalecim

    ento do poder local. O

    problema referido por M

    ilton Santos, de modo m

    ais amplo, com

    o uma guerra

    de lugares (1999) e tem sido discutido por diversos autores.

    No caso das R

    Ms, a contiguidade fsica do tecido urbano conduz a um

    a situao de profunda incongruncia entre os processos sociais, polticos, econ-m

    icos e as instncias administrativas, o que provoca um

    a crise do paradigma

    localista. Em resposta aos problem

    as metropolitanos, proliferam

    -se os discursos proclam

    ando a importncia da cooperao e a necessidade de criao de arranjos

    institucionais adequados a esta escala territorial. A m

    etropolizao expresso do equilibro precrio no qual se acomodam

    as fraes de capital e as articulaes polticas; e de sua incongruncia com

    o desejo de coerncia na organizao entre as diversas esferas da vida no territrio que se expressam

    nas polticas de moradia, m

    obilidade e saneamento. A discrepncia

    entre o carter consensual do problema e a falta de centralidade que a gesto

    metropolitana assum

    e nas polticas que incidem sobre o territrio reveladora de

    um problem

    a real: a tenso entre a expanso urbana devoradora de cidades e as tentativas de conteno e ordenam

    ento por polticas pblicas.

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    ento s pessoas que especifica, e 10.098, de 19 de dezem

    bro de 2000, que estabelece normas gerais e

    critrios bsicos para a promoo da acessibilidade das pessoas portadoras de defici-

    ncia ou com m

    obilidade reduzida, e d outras providncias. Braslia, 2 dez. 2004c.

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    enta a Lei no

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    Slidos, cria o Com

    it Interministerial da Poltica N

    acional de Resduos Slidos e o C

    omit O

    rientador para a Implantao dos Sistem

    as de Logstica Reversa, e d outras providncias. Braslia, 23 dez. 2010c.

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    a Pr-C

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    omit Interm

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    eciclveis o Com

    it Interm

    inisterial da Incluso Social de Catadores de Lixo criado pelo D

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    Metrpole Brasileira nas Polticas Pblicas Setoriais

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    E PLANEJAM

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    R

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