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O MUNDO... EM QUE EU VIVI WENCESLAUW (Organizador)

Livro dos alunos do Univida "O mundo... Em que eu vivi"

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Page 1: Livro dos alunos do Univida "O mundo... Em que eu vivi"

O MUNDO...

EM QUE EU VIVI

WENCESLAUW

(Organizador)

WENCESLAUW (E GO

Page 2: Livro dos alunos do Univida "O mundo... Em que eu vivi"

Universidade do Vale do Itajaí

Mário Cesar dos Santos

Reitor

Cássia Ferri

Vice-Reitora de Graduação

Valdir Cechinel Filho

Vice-Reitor de Pós-Graduação, Pesquisa, Extensão e Cultura – PROPEC

Pedro Floriano dos Santos

Gerente de Extensão e Cultura

Mário Uriarte Neto

Diretor do Centro de Ciências da Saúde – CCS

Katia Simone Ploner

Profª Responsável pelo Univida

UNIVIDA é um projeto de Extensão da Universidade do Vale de Itajaí realizado ao longo do

ano letivo

O mundo em que ei vivi (1ª edição)

Coordenação: Katia Simone Ploner

Organização: João Wenceslauw Ricardo Neto

Digitação: Sabrina Venturi

Revisão: Marluci Camila Gomes

Projeto gráfico/editoração eletrônica: Marluci Camila Gomes

APRESENTAÇÃO PRESENTE ESPECIAL

Page 3: Livro dos alunos do Univida "O mundo... Em que eu vivi"

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ..........................................................................................................................01

PRESENTE ESPECIAL (Benta G. Ferreira) .....................................................................................02

REALIZAÇÃO DO SONHO (Arlete Calderalli) ................................................................................03

O PRESENTE (Odete Furtado Cardozo) .......................................................................................04

O MUNDO EM QUE EU VIVI (Janete de Aguiar Corrêa) ..............................................................05

FASES E FACES DE UMA EXISTÊNCIA (Claudia Maria Pilar) .........................................................07

ACRÓSTICO (Claudia Maria Pilar) ...............................................................................................10

O PERFUME COLORIDO (Maria Rosa do Nascimento) ................................................................11

UMA ÁGUA DE COCO, POR FAVOR? (Antônio de Jesus) ............................................................13

UMA HISTORIA CURIOSA E SURPREENDENTE (Jaci Sestrem) .....................................................15

OS MEDOS DE RUBINHO (Ivilise Marsch) ...................................................................................16

TOQUES DA FELICIDADE (Raimunda Baia da Silva por Irene Cândida Giorna) ...........................18

CÉU E TERRA (Irene Cândida Giorna) ..........................................................................................19

AS VÍTIMAS DAS DROGAS (Sizete Maria da Silva) .......................................................................20

A VIRGEM DOS ANOS 70 (Cecília Batisti) ....................................................................................22

MENTE ASSASSINA (Roseana W. Müller) ...................................................................................24

UMA VIAGEM QUASE SEM VOLTAPor (Elisa Pasini) ..................................................................25

AI, QUE SAUDADE DE MIM (Zelândia Maria Bernardo) ..............................................................26

ENCANTOS DA MOCIDADE (Wilma Labes Ferreira) ....................................................................28

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APRESENTAÇÃO POR: KATIA SIMONE PLONER

Os textos que seguem foram produzidos na disciplina de Empreendedorismo

do Curso UNIVIDA em 2013 e em 2014 e foram elaborados pelos alunos nesta

disciplina, ministrada pelo professor João Wenceslauw Ricardo Neto.

Vários textos refletem a história na perspectiva de retrospecção destas pessoas

que vem fazer o curso UNIVIDA. Em cada história contemplamos mais dos autores e é

lindo observar como cada um traz em si a experiência e a emoção da sua construção

entrelaçada com as histórias de seus pais, de suas famílias, de seus filhos e amigos.

Temos também a alegra de textos com histórias engraçadas vivenciadas pelos alunos,

todas permeadas de uma inocência comum no século passado e que hoje ainda

sonhamos para nossos filhos.

A palavra vida está presente muitas vezes e é gratificante ver o desabrochar de

muitas pessoas, sendo este pequeno “livro eletrônico” uma comemoração da sua

experiência, de mais uma conquista em suas vidas: concluir Curso Superior de

Extensão UNIVIDA.

A experiência de concluir o Curso UNIVIDA pode ter um significado mais

pontual para alguns que já tinham um ou mais curso de graduação, mas é muito

importante para outros que a vida inteira se dedicaram a família e viram seus filhos se

graduando, mas não tinham como fazer seu próprio curso. Com certeza para todos

ficou as amizades conquistadas, a alegria compartilhada, o conhecimento adquirido, o

convívio com diferentes pessoas que sempre traz um grande crescimento pessoal.

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PRESENTE ESPECIAL

Por: Benta G. Ferreira

Nasci numa família humilde, meus pais trabalhavam muito para sustentar a mim e

meus dois irmãos. Nossa!!! Quantas privações passamos. Brinquedos? Na verdade não

tínhamos. Mas éramos felizes e inocentes, hoje sei disso. Meus pais eram católicos fervorosos

e por isso colocaram e minha irmã mais velha e eu na catequese para fazermos a 1ª

Eucarística. Chegou o grande dia da 1ª Eucaristia. Nossa, que alegria ganhamos roupas novas

vestido branco, sapato branco, uma meia muito bonita, também branca, me senti uma

princesa, queria que o dia não terminasse para não ter que tirar aquela roupa. Como era de

costume minha mãe fez um almoço especial para nossos padrinhos, os meus e os de minha

irmã.

Minha madrinha que morava em Curitiba veio para a cerimônia e o almoço. E o melhor

de tudo é que neste dia eu estava completando nove anos. Bom minha madrinha trouxe um

presente para mim e minha irmã por causa da 1ª Eucaristia. Ela nos deu a cada uma um cordão

de ouro com uma medalha, ou melhor, um pingente. Fiquei encantada quando abri. Imagina

nunca havia ganhado um presente de tamanho valor. Na minha ingenuidade ao invés de

agradecê-la eu simplesmente olhei para minha madrinha e falei:

- Mas hoje é meu aniversário também!

Lógico que achei que ela deveria me dar dois presentes. Minha mãe ficou

envergonhada e me chamou atenção.

E eu? Fiquei envergonhada? Claro que não. Pra mim era a coisa mais natural do mundo

lembrar minha madrinha o meu aniversário.

Ela ficou de me dar mais alguma coisa, bom, não lembro se isso aconteceu.

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REALIZAÇÃO DO SONHO

Por Arlete Calderalli

A minha historia e simples! Eu vim de uma família muito humilde, da zona rural, meus

pais tinham simplicidade. Entretanto, tinham uma coisa linda que se chama de caráter, criaram

07 filhos todos com muita educação. E mesmo com dificuldade mais felizes havia amor paz e

Deus naquela casa. Passou-se o tempo crescemos e viemos morar para a cidade, porque eu

tinha um sonho, de ser alguém na vida.

Casei-me muito nova sem experiência mais sabia que o um casamento e coisa seria, e

assim enfrentei uma vida muito dura, mais tive 02 filhos maravilhosos, passei o que eu sabia

para eles no momento, mais o tempo passou a mais de 30 anos e você tem uma escola da

vida, porque educação vem de casa dos pais, você só vai lapidando. Hoje sou outra pessoa com

muita experiência e sabedoria, sempre eu deixo bem claro para meus filhos que a vida nos

ensina e também cobra, mais posso dizer que fui e sou uma mulher vitoriosa, porque enfrentei

muitas tempestades e nunca desanimei na vida, sempre pensando que dias melhores viriam e

assim foi. Hoje sou muito feliz realizada, como pessoa e como profissional.

Só faltava algo na minha vida, então voltei a estudar num curso maravilhoso para

quem quer aprender, os professores são ótimos. Um curso que chama UNIVIDA da UNIVALI de

Itajaí. Fiz muitas amizades e depois de ser avó, você passa a ser novamente criança e ser feliz,

porque ser mãe, mulher, esposa e profissional não e mole, é só para quem tem um sonho.

Deixo uma simples frase de uma mãe que e vitoriosa: “Ser mãe e dividir a alma, o

coração, a vida com outro ser. Não há maior propósito na vida de uma mulher do que ser mãe.

Podemos ser medicas psicólogos, arquitetos, economistas, juízas, etc. Nenhum papel supera o

de ser mãe! Deus abençoe nossas mães e mulheres que tem coragem para enfrentar o ser

mãe”.

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O PRESENTE

Por: Odete Furtado Cardozo

Estava eu numa festa, onde o objetivo era uma confraternização de um grupo de

amigos. Neste grupo só participam casais, mas na festa também tinha algumas crianças, que

eram filhos ou netos dos casais presentes.

A festa foi pensada e preparada para os adultos e entre os atrativos tinha o sorteio de

brindes. Uma vovó, para agradar a netinha, deu seu número do sorteio para ela. A pequena

menina de apenas quatro anos não sabia ler, mas já conhecia os números e o repetia o tempo

todo com certa ansiedade.

No momento do sorteio seu número foi anunciado e saiu correndo em direção da

mesa dos presentes, voltando com um enorme sorriso evidenciando sua alegria. Abriu com

entusiasmo o pacote, de onde retirou um livro. Imediatamente o abriu e começou a olhar

página por página, pois ela gostava muito de histórias, mas após virar página por página ela

entristeceu. Se encolheu num canto da sala, não falava, não chorava, só expressada através do

seu rosto tristonho uma grande decepção.

Neste instante me aproximei da menina e fui logo falando: — Que lindo! Você ganhou

um livro... Mas ela nada falou. Peguei-a no colo para dar um carinho e para entender o porquê

daquela reação.

Depois de muitas tentativas, ela então falou: — Não sei ler.

E esta pequena frase foi seguida de um longo choro. Ela, acostumada com seus livros

coloridos, cheios de ilustrações e encanto se decepcionou com seu presente.

A vida é o grande presente de Deus para nós, cada dia escrevemos uma página da

nossa história. O importante é não nos esquecermos de ilustrar cada dia com todas as cores e

formas vibrantes da vida para que possa ser interpretada por todos. E como dizia a canção: É a

vida e é bonita é bonita!...

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O MUNDO EM QUE EU VIVI

Por: Janete de Aguiar Corrêa

Nada é mais agradável do que sentar-se à beira-mar e olhar o pôr do sol num dia de

verão. “Sou parte desta natureza.”

Eu Janete tenho 56 anos, três filhos Milena 34, Karina 33 e Leonardo 24 anos. Três

netas maravilhosas Gabriela 8 anos, Marcela 5 anos e Sara 2 anos e meio. Fui casada por 35

anos com Valdir, esposo dedicado, trabalhador, mas morreu de infarto. E ainda, tenho os

genros Marcelo e Winnetou não posso esquecer, são trabalhadores e dedicados a todos nós.

Fiz muitas viagens e muitas delas aconteciam alguma coisa. Quando fui para a

Argentina numa viagem maravilhosa de 15 dias, na hora da voltar para casa quis gastar todos

os dinheiros guarani e acabei comprando um broxe para minha sogra Leoni. Na Argentina as

mulheres ficavam elegantes com os broxes e imaginei que ela ficaria feliz em ganhar um broxe.

Mas ao embarcarmos no aeroporto notamos que não tínhamos pagado a taxa de embarque e

sai pelas lojas do aeroporto oferecendo o broxe que era exatamente o preço da taxa. Mas

ninguém quis comprar. Ligamos para nossa filha Milena. Um taxista Argentino se ofereceu

para nos levar ao hotel até resolver o problema. Perdemos o vou, voltamos ao hotel, minha

filha depositou o dinheiro na conta do hotel, e pagou o taxista e a taxa para voltarmos para

casa.

Outra viagem a Bariloche, estávamos comemorando 25 anos de casados. E o guia

soube e falou para o fotografo do ônibus dos passeios turísticos. E ele não largou mais da

gente, tirava foto de todo jeito, e quando íamos aos restaurantes eles traziam bolos e

cantavam parabéns. No final da viagem ele veio trazer fotos, DVDs para comprarmos, mais era

muito, muito caro e ficamos só com algumas fotos e o fotografo ficou muito chateado.

Fomos para o Nordeste em Natal, ao chegarmos em Guarulhos para pegar o avião o

piloto avisa sobre os cuidados de lidar com nossos pertences pessoal. Eu havia colocado a

bolsa com todos os documentos e passagens na bolsa da poltrona do avião e ao aterrissar,

saímos pela porta dos fundos do avião para tirarmos fotos, entramos no ônibus aonde ia nos

levar até outro embarque, quando notei que havia esquecido a bolsa no avião. Levantei-me no

ônibus e sai correndo até o motorista e pedi para que voltasse para pegar a bolsa. Ele

gentilmente voltou mais os outros passageiros me vaiaram, peguei a bolsa e voltei para o

ônibus, e os passageiros me vaiaram novamente. Mas o que fazer? Antes ser vaiada do que

perder tudo.

Page 9: Livro dos alunos do Univida "O mundo... Em que eu vivi"

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Estava aprendendo a dirigir quando levei minhas filhas para passear, quando voltei

para casa, fui colocar o carro na garagem e acelerei muito e o carro ficou pendurado na

ribanceira e minha filha Karina falou: mamãe você não sabe dirigir não mamãe!

Passei muitos momentos bons e ruins, muitos sonhos foram realizados. Trabalhei

muito como doceira, tenho certeza que alegrei muitas festas e sempre estava presente nos

momentos felizes das pessoas. Mas agora estou em outro momento, momento de cuidar de

mim, buscar outras novidades, novos amigos, novo aprendizado. Viver sem medo de buscar

algo novo, buscar sabedoria, pois penso que nunca é tarde para aprender.

Vou deixar a vida me levar, claro, para bons caminhos. Mesmo com as dificuldades em

nossa vida, não devemos desistir de nossos objetivos nem de nossos sonhos.

Obrigada por tudo... Obrigada Deus...

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FASES E FACES DE UMA EXISTÊNCIA

Por: Claudia Maria Pilar

Começo por estar surpresa comigo mesmo, e pensar que acabei escrevendo uma

crônica, narrando à história da minha vida. Foi uma solicitação do professor de

empreendedorismo João Wenceslau. Que pretende colocá-la no livro do UNIVIDA.

INFÂNCIA: Tive uma infância, meio que figurante verso expectadora. Pois tinha duas referências

de irmãs. Somávamos um total de 04 filhos legítimos, a princípio.

A mais velha, (09 anos de diferença). Era uma moça designada para namorar, “um bom

partido” e casar-se com o mesmo. Não aconteceu nem uma coisa nem outra.

A mais nova, (02 anos a menos). Eu era, sou o recheio do sanduíche!

Minha irmã mais nova azougue que só, raio de sol, apelidaram assim no colégio de

freiras onde estudávamos. Também muito xereta, se enrabichava no pai e com suas funções.

O segundo filho, meu irmão antes de mim, um rapazola ardiloso, que fez muitas

travessuras com a mais velha. Vindo da mesma geração.

Como figurante verso expectadora, eu ficava a observar quietamente às nuanças da

família toda.

Meu pai me achava muito devagar. Enquanto que apreciava a vivacidade, a destreza

da mais nova que era e até hoje é uma pimentinha. Pois ela me socava, enquanto caia na

gargalhada de seu jeito. Não conseguia defender-me, perdia as forças de tanto rir. Brigava

comigo por algo que não gostava ou queria que fizesse.

Minha diversão era assistir televisão. Mas, primeiro os deveres do colégio. Brincava

normal. Apesar de não ter aprendido a andar de bicicleta ou patins.

Ao passar dos anos; veio A ADOLESCÊNCIA: Tornei-me uma espécie de guia para as minhas amigas.

Para entender melhor, indiretamente opinava sobre o que fazer e como agir, como

deveriam prosseguir nos acontecimentos de escolhas e fatos. Exemplos: festinhas de garagem,

(da época), aniversários de 15 anos, sugestões de roupas, paqueras com a rapaziada entre

outros.

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Até que acabamos as nossas convivências por falta de confiança e suposta traição com

o rapaz pelo qual era apaixonada. Minha mãe dizia que elas eram desdenhosas! Havia um

ditado: “Quem desdém quer comprar”. Havia usado também hoje. D. Julieta, como sempre,

super protetora, por ter nascido prematura e miudinha (pesei 1.800 kg).

Minha Juventude: de uma característica muito responsável. Refleti, optei por fazer um

curso técnico-profissionalizante; trabalhar e vir acreditar em um “possível” futuro pré-

encaminhado, estabelecido.

O episódio ruim, desta história é que houve a separação de meus pais e uma

desestrutura familiar inevitável. Rompimentos de relações com consequências desastrosas por

falta de compatibilidades, compreensões, esclarecimentos, embasamentos de diretrizes. Mas,

como tudo é um aprendizado valioso, isso não fugiu a regra. Fez parte!

Entretanto, as mutações continuaram. Cada um foi para o seu lado, egoisticamente.

Acho que de um modo geral o passado, já caminha longe do presente, dando subsequência

para um futuro idealizado no imaginário. Tal qual cheio de ofuscações.

Não me casei, não tive filhos, não formei minha própria família, mas hoje, aos 51 anos

na maturidade já não tenho estas frustrações. Contudo, fui e sou bem resolvida nesta questão.

Quem sabe, daqui para frente poderei fazer outro curso posteriormente a este, criar

novos projetos e encontrar um bom companheiro, por que não? Interrogar-me, como será

esta nova narrativa?

Procurar intensamente fazer o bem para o meu próximo? Sim. Atender as suas

necessidades de amparo, estender a mão a quem precisa? Sim. Aconselhar aos que tem

aflições frequentes? Sim. Afinal! O curso Univida tem com como habilitar-me para o

voluntariado. Onde atualmente me dedico na instituição em que estou atuando no momento.

Pretendo dar continuidade ao intento.

Ser magnânima, doadora, compreensível. Faz de nós, pessoas melhores que ontem.

Ter humildade para saber que enquanto tivermos um sopro de respiro, nosso Pai maior, estará

nos abençoando com seu poder divino, chamando seus filhos para que vejam o quanto podem

ser úteis, enquanto é tempo.

Sentir-nos contentes e gratificadas (os) em ver o alívio, o conforto, a mansuetude em

seus corações. Percorrer passo a passo, eis um grande ensinamento. Uma andorinha só não faz

verão! Precisamos servir, darmos as mãos, mãos que e se ajudam, trabalham prontamente,

imbuídas de amor fraternal.

Acalentando, indivíduos e levando o alimento necessário à subsistência da alma, para

aqueles que carecem urgentemente de nós. Deixo esta comovente mensagem, como pílulas de

fé e desprendimento.

Page 12: Livro dos alunos do Univida "O mundo... Em que eu vivi"

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“Voltando, anteriormente obtive com o andar da carruagem alguns percalços,

dificuldades corriqueiras. Todavia, busquei tentativas para dar certo”.

A primeira universidade ficou incompleta. Entretanto, a da vida concluirei. Uma parte

de experiências vivenciei saltitantemente.

Agora, na fase em que me encontro de face a face com uma evolução, intelectual,

espiritual, amigável, com novos contatos humanitários, criativos de uma potencialidade que

transcende ao insuperável. Está aí, uma grande identificação!

Gostaria aqui ressaltar, em igual que possuo 04 meio irmãos. 03 homens e 01 mulher.

Filhos só do pai. Em especial um deles (63 anos), o conheci recentemente onde temos uma

grande afinidade e sintonia de pensamentos. Pois, conquistou meu afeto. Até escreveu

crônicas para um livro (histórias de trabalho), no Rio Grande do Sul. Não desmerecendo, é

claro, os demais. Cada um com suas aptidões!

Infinito como o mar, são os nossos caminhos, ser incansável para as nossas andanças.

E aonde chegar será jamais querer recuar.

Andar... Andar... Constantemente, pausar, aspirar fundo e soltar o ar. Admirar o pôr do

sol no horizonte avermelhado, olhar a lua em céu estrelado, valorizar a chuva, que cai no

telhado e escorre por entre as calçadas, molhando o solo fecundo indispensável para o arado!

Finalizo, ficando, sem palavras para dizer da emoção de chegar até aqui, contudo e por

nada específico vale a pena ter vivido e continuar em compasso desenfreado andando...

vivendo... Agradeço, ao nosso Deus Criador pelo caminho que trilhei. Ainda, eu vou seguir

sempre trilhando em paz, até o final desta jornada terrena. Já ultrapassada provavelmente,

então: pela última fase a da velhice.

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ACRÓSTICO

Por: Claudia Maria Pilar

Caminhos que ainda trilharei...

Longe, perto ou seguinte;

Almejando objetivos positivamente.

Univida, curso atuante.

Distribui sabedorias mutuamente;

Instrui e acrescenta possíveis;

Amizades no convívio diário.

Motivações para alçar voos;

Ativando uma memória desgastada;

Remando barcos com forçar dobradas;

Interagindo com o meio universitário,

Aprendi que nunca é tarde demais;

Pilar, meu nome para a TURMA XIII,

Impulsionada pela alegria;

Levantarei o diploma honrado e

Alcançarei então, a bela vitória esperada;

Renomadas (os) mestras (es), muito obrigada!

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O PERFUME COLORIDO

Por: Maria Rosa do Nascimento

Era uma vez no ano de 1963, tinha apenas 08 anos de idade, morava em um pequeno

bairro do município de Navegantes, chamado de Pedreiras, numa humilde casa, com meus pais

e mais quatro irmãos. De todos os filhos, eu era a que mais tinha afinidade com meu pai

Florêncio Francisco Rosa, homem rude, de temperamento forte, muito religioso e que sempre

me levava para passear com ele.

Levava sempre muito a sério todas as datas religiosas e as respeitava com rigor. Todo

ano no dia de quarta-feira de cinzas era celebrada uma missa na igreja Nossa Senhora de

Navegantes, no centro da cidade às 07 horas da manhã, missa essa que ele não perdia por

nada.

Nesse ano, um dia antes, papai me chamou pelo nome carinhoso com que sempre me

chamava:

— Mariquinha, amanhã é quarta-feira de cinzas, vamos levantar bem cedo para irmos

à missa. Deixe a minha roupa passada e pronta para vestir no cabide.

Naquela época, as pessoas deixavam a melhor roupa para usar na missa, a melhor

camisa dele era uma branca, de manga comprida. Passei e deixei-a pronta no cabide para que

ele usasse quando acordasse como ele havia pedido.

À noite, antes de dormir ele me disse:

— Vamos nos levantar as 05h30min da manhã vou pegar o cavalo e arrumar a carroça,

enquanto isso, você faz um cafezinho e come alguma coisa, pois como é o primeiro dia da

quaresma, vou fazer jejum.

Na região em que morávamos, não havia energia elétrica, e era comum o uso de

lampião de querosene. Acordei no horário combinado, vesti minha melhor roupa e enquanto

ajeitava meu cabelo ele chegou do rancho onde estava ajeitando os cavalos e disse:

— Mariquinha onde está a minha roupa?

— Está no cabide papai.

Ele vestiu a camisa, estendeu as mãos pra mim e falou:

— Agora coloca um pouquinho de perfume aqui nas mãos do papai para eu ficar

cheirosinho.

O perfume ficava guardado em uma prateleira e não sei por que estava guardado ali

também um vidro de mercúrio, com a luz fraca do lampião eu peguei o mercúrio achando que

estava pegando o perfume. Coloquei nas mãos dele, ele esfregou nas mãos, passou na testa,

Page 15: Livro dos alunos do Univida "O mundo... Em que eu vivi"

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rosto, pescoço e cabelos e falou: — agora sim estou pronto. Com a luz fraca, não notei que o

rosto dele estava coberto de mercúrio parecendo sangue.

Então, ele pegou o lampião e levou até o quarto para se despedir de minha mãe que

estava dormindo, quando ela a chamou ela gritou assustada:

— Florêncio home de Deus, você está todo ensanguentado, o que foi que aconteceu?

Foi o cavalo que fez isso em você?

— Você está louca mulher, não aconteceu nada, você deve estar sonhando ainda.

Então de onde veio esse sangue? Até a gola de sua camisa está toda ensanguentada.

— Foi aí que ele olhou para as mãos, foi até o espelho e viu que passou mercúrio ao

invés de perfume. Ele ficou muito bravo, e como eu estava vendo toda a cena, antes mesmo

que ele me pegasse já estava escondida no meio do mato, peguei no sono e quando acordei já

era quase meio-dia.

Ele acabou não indo a missa, pois o mercúrio não saiu do rosto, e eu me recordo até

hoje como sendo esse um fato muito engraçado da minha infância.

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UMA ÁGUA DE COCO, POR FAVOR?

Por: Antônio de Jesus

Era uma manhã ensolarada em pleno domingo, alta temporada em que a cidade fica

infestada de turistas que vêm para cá em busca de paz, tranquilidade, conforto e para

desfrutar deste litoral maravilhoso.

Em sua grande maioria, depois de uma no de trabalho e sensação de dever cumprido,

deslocam-se de sua cidade natal e vêm para o pleno gozo de suas férias merecidas. E eles vêm

do Brasil inteiro e também do exterior.

E nessa manhã, caminhava pela areia da “Maravilha do Atlântico”, com a brisa do mar

a lhe refrescar o rosto, o coronel Norberto de Alcântara Luz Cerqueira, recém aposentado,

conhecido entre os amigos e os mais chegados de “Betão”.

Betão seguia caminhando lentamente, sustentando seus cento e sessenta quilos, sem

pressa, com calma, em direção à Barra Norte da nossa queria “Copacabana do Sul”, desviando

como podia do vai e vem dos turistas e apreciando as belezas naturais que generosamente

Deus nos apresentou.

Quando lá chegou, viu que uma meia dúzia de turistas vestiam seus salva-vidas, com

água pela cintura, se aprumando para o tão corriqueiro Passeio de Banana. Uma balsa em

forma de banana que transporta até dez turistas puxados por uma lancha, que sai mar a

dentro dando uma volta na Ilha das Cabras e fazendo “cavalinho de pau”. Os turistas adoram

essa aventura.

Betão parou, olhou e pensou: porque não?

E lá foi ele.

Colocou seu salva-vidas, entrou na água e foi até a banana onde os outros seis já

estavam sentados e esperavam por ele.

Betão tentou subir, fez força, não conseguiu. Os outros seis caíram na água, se

aproximaram e o ajudaram a subir na banana empurrando pelas nádegas e pernas. Num dos

impulsos, Betão escorregou por cima da banana e caiu na água do outro lado. Quando

finalmente conseguiu, depois de três ou quatro tentativas, que sentou segurando-se na alça...

a parte da frente da banana (onde estavam os outros turistas que desceram para lhe ajudar)

levantou com o peso de Betão e virou completamente e Betão caiu na água de novo. Dois

turistas subiram na banana para fazer o contra peso e os quatro restantes ficaram na água e

ajudaram Betão novamente. Depois de algumas tentativas, deu certo. Impressionante a

disposição e a solidariedade daquelas pessoas, até porque ninguém se conhecia.

Page 17: Livro dos alunos do Univida "O mundo... Em que eu vivi"

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Sinal de positivo do piloto da lancha e zarparam com velocidade, porque turistas

gostam de aventuras com emoções fortes. Betão tentava desesperadamente equilibrar-se e

manter-se sentado em cima daquela banana molhada, segurando firmemente na alça com as

duas mãos e firmando o calcanhar na água. Foi aí que tudo começou a ficar mais difícil. Essa

pressão na água com o calcanhar e o vento a favor, jorrava a água diretamente no rosto de

Betão e ele não conseguia enxergar absolutamente nada. E a lancha já tinha dado a volta na

Ilha das Cabras de nossa linda Balneário Camboriú e iniciava o cavalinho de pau. Todos voaram

e caíram na água. Que delícia! Loucura total! Os turistas adoram. Um esporte náutico

totalmente seguro.

Começou tudo de novo até que conseguiram sentar Betão... E a lancha zarpou em

disparada e Betão em pânico, escorregava e não conseguia se manter sentado, segurou com

toda força nas alças e seu corpanzil voava e batia na água, voava e batia na água, e suas mãos

firmes segurando nas alças para não se soltar e seu corpo no sobe e desce e finalmente

chegaram ao ponto de partida.

Todos desceram felizes, rindo e contando vantagens e, Betão, exausto, nunca se sentiu

tão feliz por estar em terra firme.

Não andou dez metros e encontra com a sobrinha.

— Bom dia, tio Betão.

— Bom dia.

— Tio, o senhor viu aquilo?

— Aquilo o quê?

— Não sei, diz a sobrinha. O senhor não viu? Foi agora mesmo...

— Nããooo...

— Nossa tio, Foi hilário! A princípio pensei que era uma foca, um golfinho, mas depois

eu vi que era um cara... (e ria muito)... Tio, eu nunca vi nada igual... (e ria mais ainda).

Betão olhou para os lados, parou no quiosque, olhou sério para a sobrinha e disse:

— Nããooo... Não vi nada... E virou-se para o vendedor:

— Uma água de coco, por favor?

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UMA HISTORIA CURIOSA E SURPREENDENTE

Por: Jaci Sestrem

Meu velho pai trabalhava numa empresa têxtil como encarregado geral de uma

sessão, que na época se chamava sala 18, por volta do ano 1967. Seu turno se iniciava a uma e

meia da tarde, quando todos os empregados saíssem, ele como encarregado da sessão e

responsável era sempre o último a sair não antes de apagar as luzes e fechar as portas.

A sala ficava no segundo andar de um prédio antigo e que hoje equivalia uma altura de

uns quatro andares. Era a última sala de um corredor longo e pouco iluminado até chegar à

portaria.

Num determinado dia, quando já havia terminado o expediente, papai passou por

todas as janelas para conferir se todas se encontravam fechadas. Ao apagar as luzes e se dirigir

a porta para fechar e sair, então escutou bem próximo de onde estava um barulho muito forte,

como se alguém teria jogado uma pedra em uma das janelas e quebrado o vidro de uma das

janelas, inclusive escutou o barulho como se estilhaços de vidro caíssem ao chão.

Imediatamente papai voltou da porta e ascendeu todas as luzes novamente e passou a

verificar qual janela havia sido quebrada. Mas qual foi a sua surpresa quando ao passar por

todas as janelas, todas se encontravam intactas, ou seja, não havia janela quebrada e nenhum

estilhaço de vidro pelo chão. Naquele momento papai ficou muito assustado, apagou todas as

luzes fechou a porta e com os cabelos em pé, saiu rapidamente daquele local e foi diretamente

para casa.

Já em casa, contou este fato para mamãe e para aqueles que lá se encontravam e

todos ficaram realmente surpresos com o ocorrido. Papai até então nunca havia sentido medo

de andar sozinho no escuro ou de qualquer coisa em sua vida, mas confessou-nos que neste

dia ficou apavorado. Ainda estávamos conversando sobre o assunto quando alguém bateu na

porta comunicando que por volta das vinte e três horas aproximadamente daquela noite, meu

tio Hercílio havia falecido, e o mais assustador foi saber que era exatamente na mesma hora

havia escutado todo aquele barulho de vidro quebrado, sendo que o relógio da sala ficava bem

em frente da porta de saída, ele ainda teve o cuidado de verificar a que horas aquilo

aconteceu.

Por algum motivo, sem sabermos por que, meu tio Hercílio resolveu dar um sinal da

sua partida deste mundo para o papai, pois sempre foram muito amigos e tinham uma grande

consideração um para com o outro.

Eu tinha nesta época sete anos de idade e todo esse acontecimento me marcou muito,

e eu nunca mais esqueci. E digo que se trata de uma historia real.

Page 19: Livro dos alunos do Univida "O mundo... Em que eu vivi"

16

OS MEDOS DE RUBINHO

Por: Ivilise Marsch

Era um dia normal de trabalho, onde qualquer trabalhador brasileiro enfrenta sua

jornada com galhardia, cumprindo seu horário.

Com Rubinho não era diferente, pois tentava cumprir seus deveres também. Mas,

certa feita, surgiu à oportunidade de fazer um “bico extra”, ou seja, um serviço esporádico que

lhe renderia uns trocados a mais. E Rubinho pensou: - Vou pegar um atestado médico de dois

dias, mas não vou perder essa oportunidade. Resolvido.

E lá foi ele em direção ao hospital de sua cidade, pensando em como faria para

conseguir o que planejava. E aí lembrou que poderia se valer do seu problema físico, sua perna

esquerda que era toda de platina, assim refeita de um acidente de moto que sofreu quando

ainda era muito jovem. Chegaria lá e diria ao Doutor que sua perna estava doendo muito, pois

essa platina na perna lhe causava um leve claudicar quando caminhava.

Chegou ao consultório médico, mostrou a perna e disse que estava sentindo muita dor

e que talvez fosse porque sua perna era toda de platina. Foi quando Rubinho percebeu um

súbito interesse do médico pela sua perna, dizendo:

— vou examinar sua perna com mais detalhes e para isso vou precisar que faça

imediatamente uma radiografia, pois acho que precisamos tirar essa platina que é o que deve

estar ocasionando essa dor...

— Enfermeira, traga a maca, vamos levar o Sr. Rubinho para o centro cirúrgico, eu vou

operá-lo imediatamente.

Rubinho era um simples trabalhador, abandonou seus estudos quando estava

concluindo os cursos de contador e o científico no segundo grau porque não levou muito a

sério sua vida, querendo sempre mais o lazer que o dever. Mas enquanto estava trabalhando,

era cumpridor de suas tarefas.

E lá foi Rubinho já na maca, deitado, incrédulo, segurando com as duas mãos, a

“camisola” com abertura atrás, que nunca fecha direito. Já no centro cirúrgico, na salinha ao

lado, percebeu um movimento repentino, e viu um serrote e um martelo. Apavorado,

imaginou que o médico queria sua platina, pois algum havia lhe dito que tinha muito valor

financeiro. Começou a suar frio, a tremer, imaginando o médico usando o serrote e o martelo

que havia naquela sala, para cortar sua perna e retirar a sua platina.

Tomado pelo pânico, perguntou à enfermeira que passava:

— Não tem que fazer exame de sangue pelo menos antes de fazer uma cirurgia? A

enfermeira lhe lançou um olhar de soslaio e seguiu adiante sem resposta.

Page 20: Livro dos alunos do Univida "O mundo... Em que eu vivi"

17

Num momento de distração de médico e enfermeiras, ele desceu da maca com as

mãos para trás segurando a camisola, pois não sabia onde estavam suas roupas, e se

esgueirando pelos cantos fugiu do hospital e foi correndo pela rua afora até chegar e se

trancar dentro de casa.

Page 21: Livro dos alunos do Univida "O mundo... Em que eu vivi"

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TOQUES DA FELICIDADE

Raimunda Baia da Silva por Irene Cândida Giorna

O Sorriso é o espelho da alma.

Demonstre-o sempre.

O Diálogo é a ponte que liga as duas margens do EU ao TU.

Transite-a diariamente.

A Bondade é a flor mais atraente do jardim de um coração bem cultivado.

Plante flores.

A Alegria é o perfume exuberante, fruto das conquistas.

O mundo precisa dele.

A Paz da consciência é o melhor travesseiro para o sono da tranquilidade.

Durma nele e com ele.

A Fé é o verdadeiro guia da nossa vida.

Saiba desenvolver dentro de você.

A Esperança é o vento bom enfrentando as velas do nosso barco.

Chame-o para dentro do seu dia-a-dia.

O Amor é a melhor música na partitura da vida.

Sem ele você será um eterno desafinado.

Cristo falou, um dia:

Eu sou o caminho,

A verdade e a Vida.

Fora de mim não existe alegria, nem FELICIDADE.

Aos Meus Queridos Amigos e colegas do Univida, Carinho e Gratidão.

Page 22: Livro dos alunos do Univida "O mundo... Em que eu vivi"

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CÉU E TERRA

Por: Irene Cândida Giorna

Uma criança pronta para nascer pergunta a Deus:

— Dizem que estarei sendo enviada à Terra amanhã ... Como eu vou viver lá, sendo

assim pequena e indefesa?

E Deus disse: — Entre muitos anjos, eu escolhi um especial para você. Estará lhe

esperando e tomará conta de você.

Criança: — Mas diga-me: Aqui no céu eu não faço nada a não ser cantar e sorrir, o que

é suficiente para que eu seja feliz. Serei feliz lá?

Deus: — Seu anjo irá cantar e sorrir para você... A cada dia, e todo instante, você

sentirá o amor de seu anjo para se sentir feliz.

Criança: — Como poderei entender quando falarem comigo, se eu não conheço a

língua que as pessoas falam?

Deus: — Com muita paciência e carinho, seu anjo lhe ensinará a falar.

Criança: — O que farei quando quiser Te falar?

Deus: — Seu anjo juntará suas mãozinhas e lhe ensinará a rezar.

Criança: — Eu ouvi dizer que na Terra há homens maus. Quem irá me proteger?

Deus: — Seu anjo lhe defenderá mesmo que signifique arriscar a própria vida.

Criança: “Mas eu serei sempre triste porque eu não Te verei mais”.

Deus: “Seu anjo sempre lhe fará lembrar-se de mim, pois falará a meu respeito, lhe

ensinará a maneira de vir a Mim, e Eu estarei sempre dentro de você”.

Nesse momento havia muita paz no Céu, mas as vozes na Terra já podiam ser ouvidas.

A criança apressada pediu suavemente:

— Oh Deus, se eu tiver a ponto de ir agora, diga-me, por favor, o nome do meu anjo”

E Deus responde: — Você chamará seu anjo de: Mãe!

Dedico a minha saudosa mãe Theodora Lopes Giorna com carinho e amor.

Page 23: Livro dos alunos do Univida "O mundo... Em que eu vivi"

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AS VÍTIMAS DAS DROGAS

Por: Sizete Maria da Silva

Fico muito triste quando vejo uma mãe, ou um pai, na TV chorando pelo filho

desaparecido. Imagino como será o coração de uma mãe, que perde seu filho para as drogas.

“Ser mãe”. Desde o momento que esta mãe descobre que está grávida, ela já começa a

imaginar o futuro daquele ser, que esta em seu ventre. Sem mesmo saber se é menina, ou

menino, ela já ama este filho. Agora vem a primeira dúvida. Que nome daquela criança, como

será o seu rostinho? Será parecido com o pai? Será parecido com ela? Será moreninho, ou

loirinho, ou loirinha? Estas dúvidas ela só vai descobrir quando nascer. Com o passar dos

meses, e sua barriga despontando, vem outra preocupação. Qual será a profissão daquele

filho, já que existem tantas profissões bacanas.

As profissões mais sonhadas pelos pais, é que seus filhos sejam médicos famosos, ou

advogados, engenheiros, talvez chegar a ser um político. Passam-se os meses e chega o dia tão

esperado por ela. O dia do nascimento de seu filho, visto que ela já fez ultrassonografia, e sabe

que é um menino, que esta trazendo ao mundo. Nesta hora, ela não se lembra das dores, das

mudanças de seu corpo, dos enjoos, das azias, e tantas dificuldades, que esses meses

apresentaram, mais que agora, esta colhendo este fruto tão esperado. Esta mãe cheia de

orgulho, daquele ser tão lindo, que é seu filho. Este filho, cercado de mimos, e carinho.

O menino adolescente, estudante, enche seus pais de orgulho. Mais com o passar dos

anos, seus pais começam a observar, que o comportamento dele, esta mudando. Estava

agressivo, sem interesse pelos estudos, desleixado. Seus pais começam a interroga-lo. O que

esta acontecendo? Você esta diferente. Mas não conseguem respostas. Da maneira mais dura

acabam descobrindo que seu filho esta usando drogas. O que fazer? Como ajuda-lo? Como foi

acontecer isso? Será que falhamos como pais? Estas são as perguntas mais rotineiras, que os

pais fazem, quando descobrem que seus filhos se tornaram pessoas não confiáveis. Jogados

em praças, em avenidas, amontoados como animais, sem se importarem com suas vestes, com

sua higiene pessoal, e muito menos com sua família, principalmente com aquela mãe que ficou

tão feliz, ao receber aquele filho nos seus braços pela primeira vez.

Malditas drogas, que o homem inventou para matar jovens saudáveis, e cheios de

sonhos, e transforma-los em lixo humano. O crack se espalha como água entre os jovens.

Como podemos acabar com esta epidemia generalizada? Sempre que assistimos o final de

uma novela, nem sempre termina como nós espectadores gostaríamos que terminasse. Em

nossas vidas também acontece assim. Nossos sonhos na adolescência é crescer, descobrimos

que não é tão simples ser adulto. Sempre tem algo perturbando o nosso ser, mais nesta vida

Page 24: Livro dos alunos do Univida "O mundo... Em que eu vivi"

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nada é por acaso. Quando estamos em dificuldades é que percebemos, o quanto somos

capazes de superar os obstáculos.

Esta maquina maravilhosa, que chamamos de “cérebro”, tem o poder de nos

reinventar, de fazer de nos e dos outros seres mais feliz. Apesar das agruras da vida.

Superamos as dificuldades nos empregos, nos casamentos mal sucedidos, nas doenças e

tantas outras coisas mais. Há algum tempo atrás, vi na TV uma reportagem, que as pessoas

voltavam do coma tornavam-se pessoas mais felizes. Eu nunca estive em coma, mais, estive

bem próximo, e posso garantir que é verdade. Depois que eu fui curada minha vida mudou

para melhor. Hoje estou cursando uma faculdade, que era um sonho de adulto, um pouco

atrasado já que estou com 68 anos, mais me sinto uma estudante com muita vontade de

apreender algo novo. Colocar minha maquina cérebro para pensar coisas novas.

Vou guardar o passado em uma gaveta com chave, para que ele não volte a me

perturbar. Quero viver, sonhar, com a formatura que se aproxima curtir minha família, meus

amigos, e tudo que Deus mandar de bom eu agradeço, muito, muito, muito.

Page 25: Livro dos alunos do Univida "O mundo... Em que eu vivi"

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A VIRGEM DOS ANOS 70

Por: Cecília Batisti

Esta é uma história, daquelas que a vida conta...verdadeira. Uma história lá pelos anos

setenta...de Ana e Valter.

Quando se conheceram, ela tinha 19 anos, ele 20, estudavam no mesmo colégio. Ana

tinha uma irmã que amava Valter, seu nome era Rosa, porém sua irmã viajou, foi morar em

outro estado com seu irmão. Mas, escrevia constantemente para Valter. Ele, porém não

respondia suas cartas, talvez timidez, ou porque não tinha habilidade de redigir uma carta.

Rosa então teve uma ideia. Começou a escrever para a irmã Ana, para que a mesma passasse

suas mensagens para Valter. Ana que achava Valter meio desengonçado, não teve outra

escolha senão contatar com ele.

Depois de alguns meses nesse vai e volta, nasceu entre eles um interesse maior do que

só repasse de recados. Tornaram-se namorados e depois de três anos e meio, casaram-se em

08 de setembro de 1973. Foram felizes para sempre, por 38 anos e um mês e três dias.

Exatamente como prometeram diante de Deus. Até que a morte nos separe. Valter virou a

ultima pagina, porém, o que eu quero contar é sobre seu casamento.

Ana havia prometido a si mesma que casaria virgem. Não foi difícil, porque Valter

também apesar de ser uma faísca pronta para pegar fogo, sabia que Ana era recatada e

retraiu-se em suas investidas. Seu primeiro beijo, na testa, foi no terceiro sábado de namoro,

só se namorava aos sábados, e tinha hora para ir embora, as dez horas da noite.

O casamento de Ana e Valter foi perfeito, poucas flores na igreja, só as costumeiras

dominicais, que as freiras as colocavam. Um vaso em cada lado do altar. Depois do casamento,

a festa, tudo a contento. Cardápio bom, sem música, sem fotos, na época, não tinha esse

costume de hoje, que os noivos ficavam mais a disposição dos fotógrafos do que com os

convidados.

Ana e Valter foram às mesas, agradecer a presença de cada um, pelas dez horas da

noite a festa estava no fim. Valter e Ana foram terminar de arrumar as malas para rumarem a

praia para a lua de mel. Ana começava a ficar nervosa, pois não tinham carro, Valter usava o

carro do pai, eles foram levados por um irmão de Valter até a casa de praia. Chegaram ao

destino ali pela meia noite.

Aqui é a história fica interessante, ou melhor, horripilante. O irmão de Valter pediu um

café para Ana, pois voltaria em seguida, procurou o fogão, só havia fogão à lenha. Não quis

fazer acender o fogo. Que horror, não tinha água encanada, só poço. Soltou o balde para o

fundo do poço, tirou água e o café saiu, em seguida o irmão do Valter também se retirou.

Page 26: Livro dos alunos do Univida "O mundo... Em que eu vivi"

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E agora, o que faria Ana? Estava defumada do fogão e precisava se banhar, foi ao banheiro e o

chuveiro? Onde estava? Não tinha chuveiro, era um balde, tipo regador pendurado e acionado

por um molinete, e uma torneira com chuveirinho embaixo.

Santo Deus, lá foi Ana reacender o fogo para aquecer a água e colocar no tal balde,

alça-lo e tomar banho. O problema não era esse, Ana não queria pedir ao marido, pois estava

muito nervosa pensando no depois. Trancou a porta do banheiro por dentro para que ele não

entrasse e a visse sem roupa e quando saiu já vestida foi direto para o dormitório, fechou a

porta, e ao perceber que o marido estava tomando banho, destrancou-a, enfiou-se debaixo

das cobertas e apagou a luz. Que situação, ele estava chegando, e agora? Entrou, acendeu a

luz e acomodou-se ao lado da sua amada apavorada. A primeira palavra no leito de núpcias foi

dela: — Apaga a luz. Dai em diante o que aconteceu, só diz respeito aos dois.

Foi nesses oito dias que ficaram a sós, que Ana aprendeu com o marido a jogar

Canastra, pois não havia mais nada para se fazer. Sem televisão, sem rádio para ouvir música,

sem carro e frio. Entretanto, foi uma lua de mel autentica inesquecível.

Só posso afirmar que Ana e Valter viveram quase quarenta anos de amor, respeito,

fidelidade e luta a dois. Tiveram uma fila e um filho. Hoje uma netinha de sete anos. Formaram

uma linda família temente a Deus, de caráter e princípios morais para que perdure a felicidade

entre eles.

Nesse ínterim da história, muitos detalhes interessantes, porém iria ser um jornal

inteiro se os descrevesse todos. Assim ficou bem reduzida, mas, tem muita coisa para contar.

Page 27: Livro dos alunos do Univida "O mundo... Em que eu vivi"

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MENTE ASSASSINA

Por: Roseana W. Müller

Com 17 anos trabalhei num cartório de Registros Civis, localizada numa sala dentro da

delegacia de polícia da cidade de Indaial. Já os presos ficavam em celas nos fundos dessa

delegacia.

Um moço jovem, bonito e estudado estava preso, mas com liberdade de passar certas

horas por dia ao ar livre, fiz amizade e descobri que ele havia assassinado a tiros um primo por

que esta saia com a sua namorada. Todos os domingos, sem que meus pais soubessem, de

bicicleta eu ia visita-lo. Pensei que, conversando com meu amigo, fosse de alguma forma,

poderia lhe convencer do grande erro que cometeu e se arrependesse. Mas a resposta era

sempre a mesma: — Eu faria tudo de novo.

Não se importava se a pena diminuiria ou não. Doença? Loucura? Ele foi transferido para

julgamento e até hoje não sei onde está.

Page 28: Livro dos alunos do Univida "O mundo... Em que eu vivi"

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UMA VIAGEM QUASE SEM VOLTA

Por: Elisa Pasini

Eis que estávamos programando há tempo para realizar uma viagem de navio,

daquelas que a gente imagina que seja uma maravilha.

Chegando a Buenos Aires, tivemos que pegar uma lancha para chegarmos em terra

firme. Neste entrar e sair do navio para vermos as maravilhas de Buenos Aires das lanchas, eis

que na saída encontramos o Comandante.

— Oh! Que senhora elegante e este óculos? Nunca tinha visto um tão lindo!

— Por acaso a senhora não quer voltar comigo para a Itália para vermos se acho um igual?

Valeu o galanteio! Só meu marido ficou furioso. Com razão, pois o Comandante era um

gato.

Page 29: Livro dos alunos do Univida "O mundo... Em que eu vivi"

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AI, QUE SAUDADE DE MIM

Por: Zelândia Maria Bernardo

Nasci em navegantes, uma vila de pescadores a beira mar, com pouco mais de mil

habitantes, que me presenteou com uma infância inesquecível.

Nos anos cinquenta, televisão, tablete e notebook estavam longe de existir. Não, nada de

tecnologia ao nosso alcance.

A não ser muita energia e criatividade, que empregávamos na invenção de nossas

próprias brincadeiras. Ao final de cada tarde, a criançada da vizinhança se reunia em frente a

minha casa e ali brincávamos de matar, taco, amarelinha, pega-pega. Mas, como isto todas as

crianças faziam, investíamos boa parte de nossa criatividade em fazer arte em todos os

sentidos.

Num lugar pequeno como era Navegantes, haviam pessoas conhecidas só por seus

apelidos, e claro, fizemos a nossa parte, batizando alguns; o penteado (sempre de brilhantina

no cabelo), o Zé farol (por conta de seus olhos esbugalhados), o Canjica (adivinha porque?) e o

nosso amigo Aplitness (na verdade, ele ganhou o apelido de um marinheiro gringo que disse

que só comoraria amendoim torradinho se ele falasse em inglês.

No que disparou “Aplitness”, rendeu não só a venda do amendoim, como boas gargalhadas e a

eternização do nosso amigo Aplitness.

Surpreender os pescadores que passavam na rua com nossas “cobras” feitas de réstia

de cebola também era uma festa. Vindos do mar com seus remos nas costas, suas reações de

susto dando remadas na pobre “cobra”, rendiam-nos boas risadas. (e as vezes, memoráveis e

merecidas surras). Entretanto, nada se comparava as nossas atividades circenses, o ponto alto

de nossas tardes, onde, não apenas representávamos peças teatrais clássicas, como também,

como artistas que éramos, encenávamos hilárias comedias improvisadas, do alto de um

imenso abacateiro, apresentávamos ousados números de trapézio, porém, como típicos

descendentes de açorianos, nossas tardes de circo só se completavam com as touradas, onde

sapos imensos tomavam lugar de bois. Em meio a tantas brincadeiras, o tempo só tomava

forma quando, lá pelas dez da noite, o “toque de recolher” de nossas mães dava por encerrada

as folias do dia.

A tourada, na nossa época até os dias de hoje conhecida como Farra-do-boi, só ficava

melhor quando, transpondo os limites da fantasia, nos punha cara a cara com os bois enormes,

que, mais que nos encher de pavor, dava asas aos nossos pés e nos tornava capazes de

proezas impensadas.

Lembro-me até do dia do amigo Tonga, que, sendo perseguido pelo boi, escalou um Pé de

silva, do qual só conseguiu sair quando o boi, depois de horas descansando sob o mesmo,

decidiu seguir seu caminho. Só isso já teria sido engraçado, mas, sendo Pé de Silva um

espinheiro, cada berro do nosso amigo na decida, era uma gargalhada nossa lá embaixo, que

só parou depois que conseguimos arrancar o rastro de espinhos que a aventura deixou em seu

corpo. Eu mesma, numa destas aventuras, deixei metade de um lindo vestido de festa numa

cerca de arame farpado.

Cheguei em casa só com parte de cima e de anágua. E, claro, pronta para mais uma

surra. Aliás, eu apanhava todos os dias, até quando não merecia (o que era muito raro, pois

todo dia era dia de travessuras para mim). Certo dia, meus pais com visitas em casa, inventei

Page 30: Livro dos alunos do Univida "O mundo... Em que eu vivi"

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de brincar de cabaninha e pus fogo no acolchoado, que hoje se chama edredom. Pensei: “hoje

a surra vai ser grande, preciso bolar alguma coisa”. Assim, ajeitei os travesseiros sob a coberta,

como se estivesse dormindo e me escondi debaixo da cama. Quando as visitas foram, minha

mãe correu para meu quarto, de cinta na mão.

Cada cintada dela nos travesseiros era um grito meu debaixo da cama. Depois disto,

usei deste artifício muitas e muitas vezes. Incrivelmente, ela nunca descobriu. E posso dizer:

— nem doeu.

Mais malvado que eu, era Vardiro, filho de criação de Dindinha Antônia, minha

madrinha e vizinha. Por um erro do escrivão do cartório, Valdir foi registrado como Vardiro.

Meu amigo era o terror da vizinhança e de quem mexesse com ele.

Vardiro tinha canarinho que era seu xodó. Um dia, ao chegar da escola, ao invés de

encontra-lo em sua gaiola, encontrou uma cobra, que havia comido o bichinho e não

conseguia sair dali. Vardiro, revoltado, matou-a, escalou-a e a comeu, de tanta raiva que ficou

da danada. Além disso, ele também adorava usar cobras para nos aterrorizar. Lembro quando

certa vez, retornando de uma festa no Gravatá, aonde tínhamos ido a pé, Vardiro enrolou uma

cobra em um bambu e a jogou sobre nossa turma, foi gritaria e correria. E acabamos chegando

em casa mais cedo do que prevíamos. Obrigada, Vardiro!

Entre as histórias de minha infância, está a que revela a origem das expressões Dengo-

Dengo e Cadeado. Conta-se que um coronel trouxe do rio de janeiro um sino para a primeira

igrejinha construída no então Arraial que era Navegantes, porém, o badalar do sino era tão

fraco que só se ouvia ”den...go, den..go”. Acabou virando motivo de chacota pela vizinha

cidade de Itajaí. Mas, nossos pescadores não perdera tempo: época em que cada cidade

demarcava seu território, com eles não era diferente. Qualquer Itajaiense que se atrevesse a

pisar em navegantes, ou apanhava ou voltava a nado para o outro lado. Como defesa, os mais

ousados pisavam no Arraial munido de pedras do rio, conhecidos como Cadeado, que foi o que

bastou para eternizar o apelido aos vizinhos Itajaienses. Hoje, os apelidos são vistos como

marca bem humorada da historia de cada um.

Os ponteiros do relógio trouxeram pregresso tecnológico e também muito perigo e

retrocesso de valores e princípios, evidenciando a imensa distancia entre hoje e o tempo

tranquilo em que tive o privilegio de viver toda minha infância e adolescência. Sou grata às

dificuldades que tenho hoje, mas lamento pelo que nossas crianças e jovens estão perdendo.

O tempo que vivi, foi um tempo difícil, mas feliz. Tempo de que tenho saudades, tanto quanto

saudades de mim.

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ENCANTOS DA MOCIDADE

Por: Wilma Labes Ferreira

Lá pela década de sessenta aqui em Itajaí, era costume os rapazes realizarem uma

festa dançante para a despedida das férias. Estudavam fora porque nesta época não havia

faculdade aqui em Itajaí. Fui convidada para uma festa e o moço se chamava Humberto

Narciso, que cursava medicina em Curitiba, sua família tinha na Hercílio Luz uma loja muito

conhecida que se chamava “Loja Narciso” e na parte de cima era a residência da família.

Nesta festa fui tirada para dançar por um moço chamado Pedro. Enquanto

dançávamos ao som de boleros de Agostinho dos Santos, ele dizia que eu era uma Índia Diacuí.

Por volta da meia noite, minha irmã e eu tivemos que ir embora, foi o horário estipulado pela

mãe, morávamos quase em frente ao prédio onde funcionava a rádio Difusora.

Depois de algum tempo eu e Pedro começamos a namorar. Seus dois irmãos também

estudavam fora, eles faziam medicina. Um irmão fazia o curso no rio de Janeiro e o outro em

Curitiba, mas Pedro preferiu ficar em Blumenau e fazer o concurso do banco de Brasil, que na

época era um ótimo emprego. Fez datilografia na Rua Lauro Muller e com um bom preparo

passou no concurso.

Ele começou a trabalhar em capinzal, no Oeste catarinense e chegando lá foi logo se

comunicando com as pessoas da cidade e fazendo o que tanto gostava: jogar futebol. E sendo

observado logo viram que tinha um grande potencial. Havia dois times na cidade e a rivalidade

entre eles era grande e os dois times queriam contrata-lo. Então Pedro aproveitou a

oportunidade e falou que o time que arrumasse primeiro uma casa, ele ficaria, e conseguiu

com o time Arabutã.

Assim que nos casamos, eu novinha nunca havia saído de Itajaí, mas querendo muito

formar uma família fiquei apavorada com o lugar, pois era uma cidade pequena e distante,

sem televisão. O divertimento deles era o futebol, mas encarei. Eles não sabiam o que fazer

para me agradar, fui muito paparicada. Era uma alegria muito grande quando chegava uma

carta.

O que ficou registrado de muito engraçado foi o seguinte acontecimento: em Capinzal

as pessoas costumavam andar a cavalo pela cidade, com trajes típicos, botas, bombachas,

chapelão e facão no cinturão e foi assim que o proprietário da casa onde estávamos morando

apareceu para cobrar o aluguel, o que eu nem sabia. Foi quando ouvi um barulho, fui espiar e

fiquei apavorada com o que visualizei, aquela figura amarrando o cavalo em nossa varanda,

fiquei desesperada, tremendo desde o fio de cabelo até o pé.

Page 32: Livro dos alunos do Univida "O mundo... Em que eu vivi"

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O homem era muito feio, tinha aspecto de cangaceiro, de matador, nunca tinha visto

aquilo antes, só em filmes de faroeste. Corri e tratei de me esconder que ele desistiu e foi

embora. Foi um alivio, aos poucos fui me recompondo e me dirigi à pensão da Dona Picucha

para almoçar, era lá que os funcionários faziam as refeições.

Quando nos encontramos, Pedro não entendeu o porquê eu não tinha pago o aluguel para

aquele Senhor, não entendeu a minha reação, pois eu havia imaginado demais. Depois que

passou foi muito engraçado e todos riram muito.

Tempos depois, Pedro foi promovido fiscal da CREAI que fiscalizava as fazendas, iam de

jipe e lá os colonos cediam o cavalo para a vistoria. Fiz alguns passeios e fiquei maravilhada

com o tamanho dos parreirais, eram imensos, nunca tinha visto igual. No almoço preparavam

aquela mesa farta e com muito vinho.

No inverno era muito frio, eu não estava acostumada. Eles serviam brôdo, um caldo de

galinha com queijo ralado e pão, muito gostoso. Também tomavam muito chimarrão, mas não

teve jeito, achei amargo e tomavam também uma bebida muito forte chamada graspa.

Por fim, acabei me acostumando, mas a saudade era grande, tivemos que apelar para

a política. Imploramos ao Antônio Carlos Konder Reis a transferência para Itajaí. Por Deus em

um ano já estávamos de volta. Passando algum tempo voltamos para rever e encontramos

uma nova capinzal.

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O MUNDO...

EM QUE EU VIVI

Esta obra é uma coletânea das histórias

escritas pelos alunos do Projeto de Extensão

Univida – Universidade da Vida, da UNIVALI,

nos anos de 2013 e 2014.