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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS CARLOS EMÍLIO FARACO 1 LINGUAGENS 2 LEITURA

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  • LINGUAGENS, CDIGOS E SUAS TECNOLOGIASCARLOS EMLIO FARACO

    1 LINGUAGENS2 LEITURA

  • MDULO 1LINGUAGENS

    No mundo contemporneo, marcado pelo apelo informativo imediato, a re-flexo sobre as linguagens e seus sistemas, que se mostram articulados pormltiplos cdigos, e sobre os processos e os procedimentos comunicativos mais do que uma necessidade: uma garantia de participao ativa na vidasocial, a cidadania desejada. (PCNEM, p. 126)

    Tempo previsto: 16 horas

    Finalidades do Mdulo

    Ampliar o conceito de gramtica e aplic-lo s diversas linguagens analisadas.

    Criar condies de planejar trabalhos interdisciplinares estruturados a partir doconceito de linguagem.

    Diversificar os tipos de linguagem com os quais se trabalha.

    Privilegiar as relaes entre linguagens, sem se ater exclusivamente aos conte-dos por elas veiculados.

    Construir ou mobilizar as competncias e habilidades de:

    identificar e analisar semelhanas e diferenas entre linguagem verbal e linguagensno-verbais;

    identificar os fatores determinantes da interlocuo em situaes que empregam aslinguagens verbal e no-verbal, isoladamente ou combinadas com outras linguagens;

    analisar a arte como resultado do uso esttico intencional que se faz das lingua-gens, mas no dissociada das outras esferas do conhecimento;

    compreender os sistemas simblicos das diferentes linguagens como meios de ex-presso, comunicao e organizao cognitiva da realidade;

    analisar a sintaxe da linguagem predominante na prpria disciplina e sua interfacecom a sintaxe de outras linguagens.

    Conceitos

    Cultura.

    Linguagem.

    Lngua.

    Sintaxe.

    Contexto.

    Arte.

    Interdisciplinaridade.

    Materiais necessrios

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    Filme da srie Ensino Legal:Linguagem do mundo, do dia11/11/99, sem o debate.

    Televisor e videocassete.

    Lousa e giz.

    Caderno, lpis e caneta.

    Anexos do Mdulo 1 da reaLinguagens, Cdigos e suasTecnologias.

    PCNEM.

    LINGUAGENS, CDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

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    LINGUAGENS, CDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS - Mdulo 1Mdulo 1Mdulo 1Mdulo 1Mdulo 1

    Dinmica de trabalho

    Atividade 1

    Exiba o vdeo Linguagem do mundo, excluindo a parte do debate.

    Em seguida, fornea ao grupo a letra do rap que d incio ao filme (Anexo 1,pgina 23). Volte a fita at esse ponto e deixe o grupo ouvir a msica de novo,acompanhando com a leitura da letra.

    Estimule os comentrios livres dos professores durante 15 minutos, ou pelotempo que achar conveniente.

    Desenhe ento na lousa este quadro:

    cantar

    danar

    desenhar

    representar

    dizer

    comunicar

    Pea para os professores sugerirem outros verbos que igualmente descrevamaes cuja realizao depende de linguagens. Deixe a lista na lousa, para retom-la adiante.

    Divida a turma em grupos de trs professores de diferentes disciplinas; forneaa cada componente do grupo uma cpia do Anexo 2 (pginas 23-24).

    Diga para cada grupo escolher um dos trs textos e traduzi-lo para outra lin-guagem, diferente daquela em que o objeto est originalmente. Feito isso, ogrupo dever:

    a. identificar nesse trabalho um objetivo que seja comum s disciplinas da rea;

    b. justificar a escolha da linguagem que sugerir, levando em conta esse objetivo;

    c. explicar detalhadamente como se far a transposio de uma linguagem para ou-tra;

    d. identificar quais das seguintes competncias seriam necessrias para a efetiva rea-lizao do trabalho: pesquisar; selecionar informaes; analisar; sintetizar; argu-mentar; negociar significados; cooperar.

    Apresente o seguinte conceito dos PCNEM:

    A Linguagem, pela sua natureza, transdisciplinar, no menos quando enfocadacomo objeto de estudo, e exige dos professores essa perspectiva em situaodidtica. (p. 125)

    Organize uma discusso coletiva. Um representante de cada grupo explica suatraduo, identificando de que forma planejou mobilizar as competncias ge-rais relacionadas no item d anterior. Os participantes dos demais grupos anali-sam e comentam as atividades propostas, avaliando principalmente se elas con-templam o conceito de linguagem exposto acima.

    Diga para grifarem os dois ltimos versos da letra do rap; estimule todos osprofessores a comentarem sua prpria interpretao da expresso linguagem

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    do mundo. V resumindo na lousa as diferentes opinies.

    Se ningum se lembrar, introduza voc mesmo a idiade linguagem digital.

    Para encerrar a atividade, retome os versos Eu queria que a escola / entendes-se essa mensagem, dizendo para cada professor contar como os entendeu,dentro do esprito dos PCNEM. Essa etapa pode se resumir a exposio oral.

    Conceitos: linguagem; lngua; traduo entre linguagens.

    Competncias: conceituar; comparar; opinar sobre diferentes linguagens.

    Atividade 2

    Reapresente o segmento do vdeo em que o msico Hermelino Nader d seudepoimento. Entregue aos professores o Anexo 3 (pgina 25) e pea para iden-tificarem, na definio do verbete dicionrio, o significado que se refere exclu-sivamente lngua e o que diz respeito s linguagens, de modo geral.

    Abrindo mais o debate, diga para cada professor dar um exemplo, extrado dodicionrio da linguagem utilizada predominantemente em sua disciplina, paraa resoluo de problemas. Solicite tambm uma regra gramatical dessa lingua-gem e registre os exemplos na lousa.

    Se achar necessrio, exemplifique o conceito de resoluo deproblemas. Voc pode mencionar: construir um tringuloeqiltero, escrever um resumo, fazer levantamento de umabola numa partida de vlei etc.

    Escreva na lousa, dentro de um retngulo, esta frase:

    Cada linguagem tem componentes prprios e uma sintaxe prpria.

    Diga para os professores relacionarem essa afirmativa com este trecho dos PCNEM:

    A linguagem permeia o conhecimento e as formas de conhecer, os pensamentose as formas de pensar, a comunicao e os modos de comunicar, a ao e osmodos de agir. (p. 125)

    Para encerrar, pea para cada professor explicar de que modo a escola em queatua tem trabalhado visando construo da seguinte competncia que constados PCNEM:

    Articular as redes de diferenas e semelhanas entre as linguagens e seus cdi-gos. (p. 135)

    Conceitos: contexto; linguagem e produo de sentido; transdisciplina-ridade.

    Competncias: conceituar linguagem e lngua; comparar linguagens;analisar e interpretar recursos expressivos das linguagens, relacionando-os a seus contextos; articular redes de semelhanas entre as gramticasde duas ou mais linguagens.

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    LINGUAGENS, CDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS - Mdulo 1Mdulo 1Mdulo 1Mdulo 1Mdulo 1

    Atividade 3

    Reapresente a seqncia do vdeo em que o msico Lus Eduardo Macedo mos-tra trs possibilidades de sonorizar o beijo de Valentino. Comente com o gru-po o fato de o msico, ao analisar um problema de sua profisso (sonorizaruma seqncia de imagens), achar trs maneiras distintas de resolv-lo. Propo-nha aos professores que cada um decida qual soluo considera mais adequa-da, justificando sua escolha.

    Discuta os depoimentos e consulte os participantes a respeito da dificuldadeque encontraram para formular uma justificativa. Se achar que o caso, analisecom o grupo o motivo da dificuldade.

    Para comentar as possveis dificuldades, recorra fala doprprio Nader, na seqncia do vdeo. O msico afirma quea falta de significado do signo musical permite atribuir auma msica significados diversos, o que no acontece emoutras linguagens. Como h professores de diferentesdisciplinas, convm explicar-lhes que os signos apresentamduas faces: o significante (parte material) e o significado (aidia). Assim, na palavra casa, o significante o conjuntode sons/letras que constituem a palavra; o significado oconceito de casa.

    Fornea aos professores o Anexo 4 (pginas 25-27) e proponha que procuremidentificar quais dos quatro textos podem ser traduzidos para a linguagem verbal.

    Estimule os comentrios e procure levar o grupo a explicar as diferenas entre alngua e as demais linguagens. Discuta esta recomendao dos PCNEM a respei-to do trabalho com linguagens:

    Comparar os recursos expressivos intrnsecos a cada manifestao da linguageme as razes das escolhas, sempre que isso for possvel, permite aos alunos saberdiferenci-los e inter-relacion-los. (p. 129)

    Conceitos: arbitrariedade do signo; signo lingstico e signo musical.

    Competncias: analisar relaes entre linguagens; identificar finalida-des de atos de linguagem.

    Atividade 4

    Distribua o Anexo 5 (pgina 27) para os professores lerem, levando em conta oobjetivo explcito do narrador: retomar seu passado por meio da escrita, natentativa de encontrar os motivos e os sentidos de suas aes. Registre a sntesedas respostas.

    Pea para o grupo comentar, considerando a sntese registrada, o seguinte tre-cho dos PCNEM:

    A principal razo de qualquer ato de linguagem a produo de sentido. (p. 125)

    Chame mais uma vez a ateno dos professores para adiferena conceitual entre linguagem e lngua.

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    A seguir, solicite que cada um responda, por escrito, seguinte pergunta:

    Em sua disciplina, quando o aluno escreve um texto, seja de quetipo for, estar sempre procurando produzir sentido?

    Diga para alguns participantes lerem suas respostas.

    Atividade 5

    Reapresente o trecho do vdeo que contm este depoimento do msico LusEduardo Macedo: [A linguagem digital] hoje um recurso fundamental paravoc conseguir, pelo menos na fase da composio, um resultado rpido [...].

    Apresente esta competncia formulada nos PCNEM:

    Compreender conceitos computacionais que facilitem a incorporao de ferra-mentas especficas nas atividades profissionais. (p. 189)

    Sugira que cada professor comente situaes de sua disciplina em que se possausar a informtica como ferramenta para criar e utilizar novas estratgias de cons-truo de conhecimento. Registre a sntese na lousa.

    Leve os professores a analisar a sntese, de modo a identificar as interfaces entreas disciplinas.

    Para encerrar, promova a comparao oral dos dois textos do Anexo 6 (pginas 27-28), enfatizando a utilizao do e-mail, um dos servios fundamentais da internet.

    Conceitos: linguagem digital; ferramenta.

    Competncias: estabelecer relaes entre linguagens; dimensionar cor-retamente a importncia da tecnologia.

    Atividade 6

    Distribua cpias do Anexos 7 (pginas 28-29) para os grupos fazerem leituracompartilhada.

    Na leitura do Texto 2, pea ao professor de Lngua Estrangeira Moderna (casona escola seja adotada a lngua inglesa) para ajudar a resolver os eventuais pro-blemas de compreenso.

    Se nenhum participante comentar, chame a ateno para o fato deque o observador estrangeiro se equivoca, ao atribuir o gesto daexpresso de daqui exclusivamente apreciao de comida.

    Os Textos 1 e 2 foram escritos por um observador estrangeiro. Leve o grupo acoment-los, com base no Texto 4, e fazer uma sntese dos comentrios.

    Em seguida, proponha aos professores que, oralmente, relacionem os Textos 1e 2 com os segmentos dos PCNEM transcritos no Anexo. Pea para darem exem-plos de fatos caractersticos de nossa realidade cultural nos quais a linguagemgestual desempenha um papel importante.

    Conceitos: arbitrariedade dos sistemas de comunicao; linguagem comoidentidade social e individual.

    Competncias: analisar; sintetizar.

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    LINGUAGENS, CDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS - Mdulo 1Mdulo 1Mdulo 1Mdulo 1Mdulo 1

    Atividade 7

    Apresente este trecho dos PCNEM:

    No h linguagem no vazio, seu grande objetivo a interao, a comunicaocom um outro, dentro de um espao social [...]. (p. 125)

    A seguir, fornea o Anexo 8 (pginas 29-30) para os grupos realizarem leituracompartilhada.

    Terminada a leitura, proponha que os professores, recorrendo aos textos doAnexo 8 e empregando a linguagem trabalhada prioritariamente para a resolu-o de problemas em sua disciplina, formulem este ato de linguagem:

    Descrever um canguru para uma criana de 9 anos, alfabetizada,que nunca viu um animal desses, nem sua representao.

    Deixe alguns professores exporem sua soluo para o problema. Coloque entoa seguinte questo para analisarem:

    Nas atividades escolares, o aluno sempre informado sobre quemser o interlocutor de seu ato de linguagem?

    Retome a afirmativa que deu incio ao trabalho (PCNEM, p. 125), levando ogrupo a relembr-la:

    No h linguagem no vazio, seu grande objetivo a interao, a comunicaocom um outro, dentro de um espao social [...].

    E encaminhe a anlise do seguinte comentrio: A atividade que acabamos derealizar no faria sentido em uma escola australiana; mas a crnica de MillrFernandes encontraria interlocutores interessados mesmo naquele contexto.

    Conceitos: nveis de linguagem; contexto; interlocuo.

    Competncias: produzir ato de linguagem para interlocutor predeter-minado; identificar elementos do circuito da interlocuo e identificar ainterferncia desses elementos na elaborao da linguagem.

    Atividade 8

    Distribua o Anexo 9 (pginas 30-32) para os professores lerem em grupos ecomentarem livremente entre si os Textos 1 a 5.

    Pea para relacionarem esses textos com os trechos dos PCNEM transcritos noTexto 6. Para orientar a tarefa, sugira aos participantes que:

    analisem a linguagem especificamente como dado cultural que regula a percepoindividual de mundo;

    ampliem os exemplos dos textos lidos, incluindo situaes tpicas de sua regio oucomunidade.

    Conceitos: arbitrariedade de signos no-verbais; linguagem como cons-truo social.

    Competncias: as especificadas nas atividades anteriores.

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    Atividade 9

    Distribua o Anexo 10 (pgina 32) e apresente a seguinte situao:Em certa escola, Lngua Portuguesa e Arte, com a assessoria deInformtica, resolveram desenvolver a atividade descrita no Anexo.Havia uma exigncia fundamental: no utilizar linguagem verbal.

    D um tempo para lerem o texto e explique depois como foi desenvolvida aatividade comentada no Anexo:

    a. Em conversa com os alunos, o professor de Lngua Portuguesa analisou algunsaspectos fundamentais do livro, como estes:

    heri (Macunama) versus gigante (Piaim): o nacional versus o estrangeiro; Macunama como smbolo da mistura/fuso de raas; a norma culta do portugus versus a norma coloquial.

    b. O professor de Arte sugeriu vrias possibilidades de montagem para o trabalho,entre elas a realizao de um videogame sem palavras. Alguns alunos do grupo queescolheu esta ltima alternativa conheciam linguagem digital, embora precisassemde superviso para realizar a tarefa.

    c. O professor responsvel por Informtica supervisionou o trabalho. Do plano execuo, o projeto mobilizou as seguintes competncias:

    pesquisar as grandes metforas do texto; interpretar a obra lida; negociar os significados com o grupo; analisar os elementos estruturais de cada metfora e seu alcance conotativo; identificar a linguagem da informtica mais adequada para a traduo visu-

    al do texto, no s em sua morfologia como em sua sintaxe; selecionar os recursos que permitissem processar digitalmente o enredo pro-

    posto.

    Dada a explicao, pea para os professores avaliarem a atividade desenvolvidade acordo com a aquisio/mobilizao das seguintes competncias apresenta-das nos PCNEM:

    Entender a natureza das tecnologias da informao como integrao de diferen-tes meios de comunicao, linguagens e cdigos, bem como a funo integradoraque elas exercem na sua relao com as demais tecnologias. (p. 135)

    Construir, mediante experincias prticas, prottipos [...] em diferentes reas, liga-das realidade do estudante, utilizando-se para isso conhecimentosinterdisciplinares. (p. 186)

    Conceitos: contedo; competncia/habilidade; linguagem/lngua; sin-taxe; linguagem digital.

    Competncias: identificar especificidades de diferentes linguagens; ana-lisar projetos pedaggicos; identificar competncias relacionadas tra-duo intersemitica; refletir sobre o conceito de transdisciplinaridade.

  • Atividade 10

    Discuta com o grupo os passos da atividade apresentada no Anexo 11 (pgina 33).

    Quando as pessoas no sabem utilizar adequadamente as linguagens, correm o riscode que outros decidam se manifestar por elas.

    Glossrio

    rap [Ingl., acrn. do ingl. rhythm and poetry] S. m. Ms. 1. Tipo de msicapopular, urbana, de origem negra, com ritmo muito marcado e melodia sim-ples, pouco elaborada. (Dicionrio Aurlio).

    verso Cada uma das linhas de um poema.

    linguagem Todo sistema de signos que serve de meio de comunicao entreindivduos e pode ser percebido pelos diversos rgos dos sentidos, o que levaa distinguir-se uma linguagem visual, uma linguagem auditiva, uma linguagemttil etc., ou, ainda, outras mais complexas, constitudas, ao mesmo tempo, deelementos diversos. (Dicionrio Aurlio).

    lngua Uma das linguagens, aquela que se vale das palavras.

    Consulte tambm

    DAVIS, Flora. A comunicao no-verbal. So Paulo, Summus, 1979.

    A autora faz uma sntese das teorias dos pesquisadores da comunicao no-verbal at aquela poca. Captulos como O corpo a mensagem, O quedizem os olhos e Comunicao pelo tato certamente sero enriquecedorespara os professores da rea.

    RECTOR, Mnica & TRINTA, Aluzio R. Comunicao no-verbal: a gestualidadebrasileira. 2. ed., Petrpolis, Vozes, 1986.

    A filosofia da linguagem e a semntica aqui extrapolando o limite da lngua servem de apoio terico para os estudos dos gestos. O captulo VII do livro trazum sistema classificatrio de gestos.

    Para encerrar, recolha os Anexos.

    LINGUAGENS, CDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS - Mdulo 1Mdulo 1Mdulo 1Mdulo 1Mdulo 1

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  • Anexo 1Anexo 1Anexo 1Anexo 1Anexo 1

    Texto 1Eu sei cantar / eu sei danar

    Eu sei desenhar / e at representar

    Eu uso meu rap / pra me comunicar

    Vou dizer o que penso / e voc vai me escutar

    Rimar poesia e logaritmo / colocar filosofia dentro do ritmo

    Calcular a melodia / batucar com a cincia

    Cantar a geografia / com inteligncia

    A gramtica e o samba / a anatomia e o prazer

    A gentica e a arte / tudo isso tem a ver

    Eu queria que a escola / entendesse essa mensagem

    Essa a minha lngua / essa minha linguagem

    Eu tenho muito [o] que dizer / eu tenho muito [o] que escutar

    A escola, eu e o mundo / vamos nos comunicar

    O Ensino Legal sabe que no fundo

    preciso falar / a linguagem do mundo

    Letra do rap tocado no vdeo Linguagem do mundo,da srie Ensino Legal da TV Escola?

    Anexo 2Anexo 2Anexo 2Anexo 2Anexo 2

    Texto 1

    Milton Dacosta. Menina eborboleta, s/d.

    23

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    LINGUAGENS, CDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS - Mdulo 1Mdulo 1Mdulo 1Mdulo 1Mdulo 1

    Anexo 2Anexo 2Anexo 2Anexo 2Anexo 2Texto 2

    Que tem dono a terra? Como assim? Como se h de vender? Como se h de

    comprar? Se ela no nos pertence... Ns somos dela. Seus filhos somos. As-

    sim sempre, sempre. Terra viva. Como cria os vermes, assim nos cria. Tem

    ossos e sangue. Tem leite, e nos d de mamar. Tem cabelos, pasto, palha,

    rvores. Ela sabe parir batatas. Faz nascer casas. Gente faz nascer. Ela cuida

    de ns e ns cuidamos dela. Ela bebe chicha, aceita nosso convite. Filhos

    seus somos. Como h de vender-se? Como h de compr-la?

    Eduardo Galeano, Nascimentos Memrias do fogo (I).Trad. Eric Nepomuceno. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1983, p. 263.

    Texto 3

    Caulos, S di quando eu respiro.Porto Alegre, L&PM, 1976.

  • 25

    Anexo 3Anexo 3Anexo 3Anexo 3Anexo 3

    Texto 1dicionriodicionriodicionriodicionriodicionrio [Do lat. med. dictionariu.] S. m. 1. Conjunto devocbulos duma lngua ou de termos prprios duma cinciaou arte, dispostos, em geral, alfabeticamente, e com o res-pectivo significado, ou a sua verso em outra lngua. 2. Obraou livro que os consigna. [Sin. (pop.) nesta acep.: desman-cha-dvidas, pai-dos-burros, tira-teimas.] [...]

    dicionrio de dadosdicionrio de dadosdicionrio de dadosdicionrio de dadosdicionrio de dados Inform. 1. Documento originado no pro-jeto conceitual de um sistema de informaes, e que definenomes, significados, domnios e outras caractersticas espec-ficas dos itens que constituiro o banco de dados do sistema.

    Novo Aurlio Sculo XXI. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 2000.

    Texto 2A lngua tem um parentesco muito grande com a msica porque ambas

    so feitas de sons. Pra gente poder falar, os fonemas e as palavras foram

    selecionados pela humanidade no curso dos anos. Do mesmo jeito, os sons

    musicais foram selecionados tambm. [...] Foi criada uma linguagem. En-

    to, da mesma maneira que voc tem um dicionrio da lngua, voc tem

    um dicionrio da msica; e da mesma maneira que voc tem uma gramti-

    ca [para a lngua], na msica o estudo da harmonia, do contraponto, tam-

    bm dizem pra gente como usar os sons [...]. A msica uma linguagem

    explicvel [...].

    Fragmentos da fala do msico e professor Hermelino Nader,no vdeo Linguagem do mundo, da srie Ensino Legal.

    Anexo 4Anexo 4Anexo 4Anexo 4Anexo 4

    Texto 1

    x-111

    y-21-3

    z + 123

    = 9(x -1) + (y-2) - 5(z+1) =9x + y- 5z -16 =0

    det[ ]

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    LINGUAGENS, CDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS - Mdulo 1Mdulo 1Mdulo 1Mdulo 1Mdulo 1

    Anexo 4Anexo 4Anexo 4Anexo 4Anexo 4

    Texto 2

    Texto 3

    As 80 melhores piadas do Z Carioca.So Paulo, Editora Abril, fev/1988, pp. 30-1.

  • 27

    Anexo 6Anexo 6Anexo 6Anexo 6Anexo 6

    Texto 1

    Descobertas humanas foram pensadas para o homem e assim devem serentendidas. Os sistemas tecnolgicos, na sociedade contempornea, fa-zem parte do mundo produtivo e da prtica social de todos os cidados[...] uma vez que criam formas de organizao e transformao de pro-cessos e procedimentos. (PCNEM, p. 26)

    Anexo 5Anexo 5Anexo 5Anexo 5Anexo 5

    Agora que expliquei o ttulo, passo a escrever o livro. Antes disso, porm,

    digamos os motivos que me pem a pena na mo. [...] O meu fim evidente era

    atar as duas pontas da vida, e restaurar na velhice a adolescncia.

    Machado de Assis, Dom Casmurro.Rio de Janeiro, Aguilar, 1985, vol. 1, p. 810.

    Anexo 4Anexo 4Anexo 4Anexo 4Anexo 4

    Texto 4

    In Mnica Rector & AluizioR. Trinta, Comunicao

    no-verbal: a gestualidadebrasileira. 2. ed. Petrpolis,

    Vozes, 1985, p. 158.

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    LINGUAGENS, CDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS - Mdulo 1Mdulo 1Mdulo 1Mdulo 1Mdulo 1

    Anexo 6Anexo 6Anexo 6Anexo 6Anexo 6

    Anexo 7Anexo 7Anexo 7Anexo 7Anexo 7

    Texto 2O pensador italiano Norberto Bobbio, em seu ltimo livro publicado no

    Brasil (O tempo da memria), afirma que se irrita em falar ao telefone.

    Bobbio cita outro italiano, Guido Ceronetti, que escreveu: Sempre que

    posso [...] fao apaixonada apologia de escrever cartas entre seres

    pensantes, ainda no embrutecidos, que se comunicam apenas pelo tele-

    fone, ou ento por fax ou telefone celular. [...] O homem que pensa de

    verdade escreve cartas aos amigos.Veja, 25/6/1997.

    Texto 1Em termos de linguagem do corpo, ningum bate os italianos em nmero

    de gestos. Eu tenho um livro com aproximadamente cinqenta gestos dife-

    rentes, e olha que isso no inclui a categoria dos gestos obscenos. Mas os

    brasileiros no esto muito atrs. Experimente ver os noticirios brasileiros

    de televiso... eles no conseguem falar sem usar as mos.

    http://www.maria-brazil.org/gestures

    Texto 2Brazilian Body Language

    Enthusiastic or SympatheticEnthusiastic or SympatheticEnthusiastic or SympatheticEnthusiastic or SympatheticEnthusiastic or Sympathetic

    DeliciousDeliciousDeliciousDeliciousDelicious

    Heres a cute one. Tug at your earlobe like this when you think something is

    delicious. Usually accompanied by the expression daqui!. Normally used

    only with food.

    OKOKOKOKOK

    Thumb up: means OK, cool, positive, good-luck, like the American

    expression thumbs up!, accompanied by the words legal, jia, or

    whatever slang of the moment to signify your approval or enthusiasm.

    Whatever you do, DO NOT do the American OK sign... its VERY close to

    an extremely obscene.

  • 29

    Anexo 8Anexo 8Anexo 8Anexo 8Anexo 8

    Anexo 7Anexo 7Anexo 7Anexo 7Anexo 7

    Texto 3

    A estrutura simblica da comunicao visual e/ou gestual, como da ver-bal, constitui sistemas arbitrrios de sentido e comunicao. A organiza-o do espao social, as aes dos agentes coletivos, normas, os costu-mes, rituais e comportamentos institucionais influem e so influenciadosna e pela linguagem, que se mostra produto e produtora da cultura e dacomunicao social. (PCNEM, p. 15)

    Texto 4

    A organizao do espao social, as aes dos agentes coletivos, normas,os costumes, rituais e comportamentos institucionais influem e so influ-enciados na e pela linguagem, que se mostra produto e produtora dacultura e da comunicao social. (PCNEM, p. 14)

    Texto 1cangurucangurucangurucangurucanguru Zool. 1. Mamfero marsupial, de que h mais de umaespcie, da Austrlia, Tasmnia, etc., e cujas pernas traseiras sofortemente desenvolvidas, o que lhe permite dar grandes saltos.

    S. m. Zool.Novo Aurlio Sculo XXI.

    Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 2000.

    Texto 2cangurucangurucangurucangurucanguru: Zool. S. m. (de alguma lngua australiana, via ingl antkangooroo) Marsupial herbvoro da famlia dos Macropoddeos,que s ocorre na regio australiana; os cangurus apresentamas pernas posteriores, os ps e a cauda muito desenvolvidos, oque lhes faculta a locomoo aos saltos.

    Dicionrio Michaelis.So Paulo, Melhoramentos, 1998.

    Texto 3Todo mundo sabe (ser?) que canguru vem de uma lngua nativa australiana e

    quer dizer, Eu No Sei. Segundo a lenda, o Capito Cook, explorador da Austr-

    lia, ao ver aquele estranho animal dando saltos de mais de dois metros de altu-

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    LINGUAGENS, CDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS - Mdulo 1Mdulo 1Mdulo 1Mdulo 1Mdulo 1

    Anexo 8Anexo 8Anexo 8Anexo 8Anexo 8

    ra, perguntou a um nativo como se chamava o dito. O nativo respondeu, em

    guugu yimidhirr, lngua local, Gan-guruu, Eu no Sei. Desconfiado que sou

    dessas divertidas origens, pesquisei em alguns dicionrios etimolgicos. Em ne-

    nhum dicionrio se fala nisso. S no Aurlio, nossa pequena Bblia numa outra

    verso. Definio precisa encontrei, como quase sempre, em Partridge:

    Kangaroo; wallaby

    As palavras kanga e walla, significando saltar ou pular, so acompa-

    nhadas pelos sufixos roo e by, dois sons aborgines da Austrlia, significando

    quadrpedes.

    Portanto quadrpedes puladores e quadrpedes saltadores.

    Quando comuniquei a descoberta a Paulo Rnai, notvel lingista e

    grande amigo de Aurlio Buarque de Holanda, Paulo gostou de saber da

    origem real do nome canguru. Mas acrescentou: Que pena. A outra ver-

    so muito mais bonitinha. Tambm acho.

    Millr Fernandes, 26/2/1999,in http://www.gravata.com/millor

    Anexo 9Anexo 9Anexo 9Anexo 9Anexo 9

    Texto 1

    [...] aos nossos gestos de afirmao e negao (comuns a muitos povos, e

    em geral a toda a Europa) correspondem entre os turcos precisamente as

    significaes contrrias (abanar a cabea lateralmente significa sim, aban-

    la para cima e para baixo significa no) [...]

    Jos G. Herculano de Carvalho, Teoria da linguagem.Coimbra, Atlntida, 1967, Tomo I, p. 67.

    Texto 2[...] assim como se diz do esquim que no tem uma palavra nica para

    neve, mas muitas palavras diferentes para muitos tipos de neve, parece que

    a maioria das lnguas australianas no tem uma palavra que significa areia,

    mas diversas palavras que denotam vrios tipos de areia. A razo para isso

    suficientemente bvia em cada caso. A diferena entre um tipo e outro de

    neve ou areia de grande importncia na vida diria de um esquim, por

    um lado, e do aborgine australiano, por outro.

    John Lyons, Linguagem e lingstica Uma introduo.Rio de Janeiro, Zahar, 1982, p. 277.

  • 31

    Anexo 9Anexo 9Anexo 9Anexo 9Anexo 9

    Texto 3Mal sarou da ferida o potro foi pegado; corcoveou, berrou; quebraram-lhe a

    boca a tires, dividiram-lhe a barriga com a chincha; quis planchar-se, e la-

    nharam-lhe a barriga com a chincha; quis planchar-se, e lanharam-lhe as viri-

    lhas a rebenque e as paletas a roseta de espora. Tiraram-lhe as ccegas...

    Ficou redomo.

    J. Simes Lopes Neto, Contos gauchescos.Porto Alegre, Globo, 1976, p. 124.

    Texto 4Em Iana, idioma dos ndios da Califrnia, os homens falam uma lngua dife-

    rente da falada pelas mulheres. E no se espantem, porque, aqui no Brasil,

    temos uma tribo que realiza a mesma faanha.

    Pedro Bloch, Lingstica, in Histrias de gente.Rio de Janeiro, Ediouro, s/d, pp. 166-67.

    Texto 5Provrbios em portugus e equivalentes em ingls, seguidos da traduoliteral:

    Mais vale um pssaro na mo do que dois voando.Better an egg today than a hen tomorrow. ( melhor um ovo hoje do que uma galinha amanh).

    De pensar morreu um burro.Care killed a cat. (A preocupao matou um gato).

    No d murro em ponta de faca.Do not kick against the pricks. (No d chute em pontas).

    Onde o galo canta, ali janta.The goat must browe where she is tied. (A cabra pasta onde est amarrada).

    Martha Steinberg, 1001 provrbios em contraste.So Paulo, tica, 1985.

  • 32

    LINGUAGENS, CDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS - Mdulo 1Mdulo 1Mdulo 1Mdulo 1Mdulo 1

    Anexo 9Anexo 9Anexo 9Anexo 9Anexo 9

    Texto 6Trechos dos PCNEM

    [A linguagem ] produto humano e social que organiza e ordena deforma articulada os dados das experincias comuns aos membros dedeterminada comunidade lingstica. (p. 14)

    A linguagem uma herana social, uma realidade primeira, que, umavez assimilada, envolve os indivduos e faz com que as estruturas mentais,emocionais e perceptivas sejam reguladas pelo seu simbolismo. (p. 14)

    [Competncia] Compreender e usar a Lngua Portuguesa como lnguamaterna, geradora de significao e integradora da organizao de mun-do e da prpria identidade. (p. 23)

    Anexo 10Anexo 10Anexo 10Anexo 10Anexo 10

    Escolheu-se a obra Macunama, de Mrio de Andrade, que havia sido lida na

    ntegra pelos alunos. Como se sabe, uma das caractersticas da personagem

    querer praticar sexo com todas as mulheres (cunhs) que conhece. Em sua

    passagem por So Paulo, onde desafia o gigante Piaim, Macunama morre

    duas vezes e ressuscita graas s pajelanas do irmo.

    O videogame, montado a partir daquela caracterstica da personagem

    e do confronto com Piaim, propunha sete vidas para cada uma das perso-

    nagens do jogo. O jogador A e o jogador B, munidos de joysticks, assumiam

    o papel de Macunama e do gigante, respectivamente. Cada vez que o heri

    era atingido por um dos cocos atirados sobre sua cabea pelo gigante,

    Macunama perdia uma vida e o jogador B ganhava um ponto e vice-versa.

    Quando o heri conseguia livrar-se dos cocos atirados pelo gigante, alm de

    sobreviver era recompensado com a aproximao de uma cunh. Cada

    final de lance em que Macunama saa ileso era acompanhado de msica

    apropriada. Ganhava o jogo quem primeiro completasse os sete pontos.

    Esse trabalho foi realizado por alunos do antigo 3o colegial da Escola N.S. das Graas, de So Paulo.Na poca no havia estudo sistematizado de Informtica e o grupo responsvel pelo trabalho

    recebeu orientao do professor de Matemtica, que conhecia linguagem digital.

  • 33

    Anexo 11Anexo 11Anexo 11Anexo 11Anexo 11

    Sugesto para organizar um plano de atividade

    Ao escolher o tema do trabalho, o grupo poder se valer das sugestes fornecidas,

    mas o ideal que eleja alguma manifestao que esteja relacionada com a cultu-

    ra de sua regio.

    Sugestes de tema: carnaval, bumba-meu-boi, festas juninas, procisses, folia

    de Reis, cerimnias da cultura indgena, festas de imigrantes.

    CompetnciasA competncia mais ampla a que se atm o trabalho se define naturalmente na

    proposta: Articular as redes de diferenas e semelhanas entre as linguagens e

    seus cdigos. Alm desta, o trabalho deve privilegiar a aquisio ou mobilizao

    de duasduasduasduasduas das seguintes competncias elencadas nos PCNEM:

    Respeitar e preservar as diferentes manifestaes da linguagem utilizadaspor diferentes grupos sociais, em suas esferas de socializao; usufruir dopatrimnio nacional e internacional, com suas diferentes vises de mundo;e construir categorias de diferenciao, apreciao e criao.

    Utilizar-se das linguagens como meio de expresso, informao e comunica-o em situaes intersubjetivas, que exijam graus de distanciamento e re-flexo sobre os contextos e estatutos de interlocutores; e saber colocar-secomo protagonista no processo de produo/recepo.

    Compreender e usar a Lngua Portuguesa como lngua materna, geradora designificao e integradora da organizao de mundo e da prpria identidade.

    Aplicar as tecnologias da comunicao e da informao na escola, no traba-lho e em outros contextos relevantes para a sua vida.

    Recuperar, pelo estudo, as formas institudas de construo do imaginriocoletivo, o patrimnio representativo da cultura e as classificaes preserva-das e divulgadas, no eixo temporal e espacial.

    Compreender e usar os sistemas simblicos das diferentes linguagens comomeios de organizao cognitiva da realidade pela constituio de significa-dos, expresso, comunicao e informao.

    Descrio detalhada1. Indicao de fontes de pesquisa para os alunos.2. Educadores responsveis pelo trabalho.3. Material necessrio.4. Linguagens que sero empregadas.5. Pblico a que se destina a apresentao.6. Fases do trabalho.7. Tempo necessrio para cada fase do trabalho.

    Avaliao1. Representantes dos segmentos que participariam da avaliao.2. Critrios.3. Nomeao do professor encarregado de traduzir para os leigos (se houver) os critrios da avaliao, que devero, necessariamente, estar relacionados com as competncias mobilizadas ou adquiridas no processo.

  • 34

    MDULO 2LEITURA

    Uma resposta para a pergunta O que ler? envolve um trajeto deinvestigao cuidadoso e lento, pois exige uma srie de reflexes de carterinterdisciplinar.

    Ezequiel Theodoro da Silva, O ato de ler.7. ed. So Paulo, Cortez, 1996, p. 9.

    Tempo previsto: 16 horas

    Finalidades do Mdulo

    Ampliar os conceitos de texto e leitura.

    Diversificar a tipologia textual a ser trabalhada em aula.

    Construir ou mobilizar as competncias e habilidades de:

    compreender os sistemas simblicos das diferentes linguagens como meios de or-ganizao cognitiva da realidade;

    identificar e analisar os mecanismos de processamento textual comuns s diversasdisciplinas da rea;

    articular as redes de diferenas e semelhanas entre as linguagens e seus cdigos;

    identificar objetos comuns a outras reas, selecion-los como material de estudo epropor leituras integradas desses objetos;

    compreender a Lngua Portuguesa como lngua materna, geradora de significaoe integradora da organizao de mundo e da prpria identidade;

    entender os princpios da Informtica, analisando sobretudo estes aspectos:

    surgimento de uma maneira especfica de ler e de buscar respostas surgimento de um novo veculo para a busca e a aquisio de informao e

    para a construo do conhecimento, considerando que se trata de duasdiferentes competncias

    necessidade de desenvolver novas habilidades de seleo e de armazenamentode informaes

    Conceitos

    Texto.

    Contexto.

    Leitura de mundo e leitura de texto.

    Nveis de leitura.

    Intertextualidade.

    Informao (aquisio).

    Conhecimento (construo).

    LINGUAGENS, CDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

  • 35

    Materiais necessrios

    Lousa e giz.

    Papel, lpis e caneta.

    Anexos do Mdulo 2 da rea Linguagens, Cdigos e suas Tecnologias.

    PCNEM.

    Dinmica de trabalho

    Atividade 1

    Distribua o Anexo 1 (pgina 42) para uma leitura silenciosa do texto.

    Converse com o grupo, procurando saber qual foi a impresso causada pelotexto naqueles que o leram pela primeira vez. V registrando na lousa um resu-mo dos comentrios.

    Discuta essas impresses, levando os professores a tentar identificar o momen-to em que perceberam a estrutura do cdigo usado para moldar o texto. (Osque j conheciam esse texto no precisam responder.)

    Apesar da desorganizao intencional do texto, possvel reconhecer a lnguaportuguesa na brincadeira verbal de Millr Fernandes. Pea para os professoresanalisarem essa situao e relacionarem com esta competncia proposta nosPCNEM:

    Compreender e usar a Lngua Portuguesa como lngua materna, geradora de signi-ficao e integradora da organizao de mundo e da prpria identidade. (p. 131)

    Conceitos: cdigo; competncia lingstica.

    Competncias: identificar o funcionamento de um cdigo;relacionar cdigos.

    Atividade 2

    Distribua o Anexo 2 (pginas 42-43) e pea para fazerem a leitura individual esilenciosa dos textos.

    Pergunte aos professores quais dificuldades encontraram para ler os textos. Sodificuldades comparveis s oferecidas pelo texto de Millr Fernandes (Omacorvo e o caco)?

    Encaminhe a anlise da questo de Fsica (Texto 3), pedindo para um professorde Portugus ler o texto em voz alta. Mostre como o texto foi decodificado elevante uma questo:

    A mera decodificao garante a compreenso de um texto?

    Coloque em discusso o conceito de competncia lingstica e registre nalousa a sntese das concluses.

    Copie na lousa a seguinte afirmativa, para promover o debate (trata-se de umaadaptao de um texto da pgina 131 dos PCNEM):

    No existe uma competncia de leitura abstrata, mas sim delimitada pelas condi-es de produo/interpretao dos enunciados, determinados pelos contextosde uso da linguagem.

  • 36

    LINGUAGENS, CDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS - Mdulo 2Mdulo 2Mdulo 2Mdulo 2Mdulo 2

    Conceitos: competncia lingstica; competncias especficas de deter-minadas reas do conhecimento.

    Competncia: contextualizar e analisar diferentes tipos de competnciapara leitura.

    Atividade 3

    Distribua cpias do Anexo 3 (pginas 44-45) para os professores fazerem leituracompartilhada.

    Coloque a seguinte questo:O conhecimento prvio do gnero e do tipo em que se enquadra oTexto 1 (narrativo-fbula) permite que o leitor crie expectativas jno incio da leitura. Por que ocorre a ruptura dessa expectativa notexto lido?

    Diga ento para relerem o Texto 2 e questione: lcito ao leitor esperar que esse texto se encerre com uma moral?Por qu?

    A seguir, relate oralmente a seguinte situao:Um professor de Educao Fsica apresentou para seus alunos, semqualquer explicao prvia, um vdeo que mostrava uma partidade rgbi. Os alunos no conheciam as regras desse esporte. Naprimeira cena em que o jogador conseguiu jogar a bola acima datrave em forma de H, um aluno gritou: Gol!.

    Pea para relacionarem essa situao com o Texto 3 do Anexo, considerando ovocbulo texto no sentido amplo.

    Para encerrar essa atividade, promova um debate em torno da questo:Os conhecimentos discutidos at agora so adquir idospredominantemente na escola, ou fora dela?

    Faa no quadro uma sntese dos comentrios.

    Conceito: conhecimento dos gneros textuais.

    Competncia: identificar esse conhecimento e analisar sua importnciana leitura.

    Atividade 4

    Faa a leitura da uma nova fbula, no Anexo 4 (pgina 45).

    Pea para o grupo identificar, enumerar e analisar cada um dos conhecimentosnecessrios para compreender e interpretar o Texto 1. Escreva a sntese na lousa.

    Distribua a gravura do Texto 2, que ilustra a fbula, e pergunte:

    A leitura dessa gravura depende de algum conhecimento adquiridoformalmente na escola? Essa leitura possvel para um indivduono-alfabetizado?

    Retome a sntese feita, propondo ao grupo que discuta a necessidade de acres-centar algo.

    Sugira que o professor de Educao Fsica fornea subsdios para o grupo discu-tir as seguintes questes:

  • 37

    H uma linguagem no-verbal, visualmente perceptvel, que sustente as seqnciasde uma partida de qualquer esporte?

    Que arranjos (sintaxe) essa linguagem apresenta como norma em um determinadoesporte, como por exemplo o futebol?

    A compreenso dessa linguagem depende da aquisio de algum conhecimentoprvio?

    Se a resposta for afirmativa, que conhecimentos seriam esses?

    Conceitos: todos os anteriores; leitura de texto no-verbal.

    Competncias: sintetizar; analisar a importncia do conhecimento ad-quirido informalmente.

    Atividade 5

    Distribua o Anexo 5 (pgina 46) para leitura compartilhada.

    Terminada a leitura, pea para os professores analisarem a questo abaixo ejustificarem suas concluses:

    A leitura da fbula O leo e o rato ter, para um aluno de umaescola de Cingapura, ou para um veneziano, a mesma conotaoque tem para um aluno brasileiro?

    Relate depois a seguinte situao:Dois garotos, um brasileiro e outro americano, ambos de 14 anos,sempre estiveram, cada um em seu pas, expostos mdia por tempoequivalente. Os dois assistiram mesma partida de futebol. Entendera partida e ser capaz de coment-la e analis-la so competnciasque pressupem uma leitura correta da mesma.

    Proponha ento estas questes:

    Os dois garotos faro leituras semelhantes da mesma partida? Por qu?

    Compare essa situao com a anterior, em que foi feita a anlise da leitura dafbula O leo e o rato por alunos de outras partes do mundo.

    Faa a sntese oral das respostas e escreva este trecho dos PCNEM na lousa, paraser discutido:

    Toda linguagem carrega dentro de si uma viso de mundo, prenha de significa-dos e significaes que vo alm do seu aspecto formal. (p. 126)

    Para encerrar a atividade, sugira aos professores que descrevam situaes desala de aula em que a experincia de mundo dos alunos foi fundamental para aleitura bem-sucedida de um texto.

    Nunca demais lembrar ao grupo os conceitos de textoe leitura adotados pelos PCNEM.

    Conceitos: contexto; conhecimento de mundo; competncia pragmtica.

    Competncia: analisar o papel do contexto sociocultural nas diferentesleituras de um mesmo objeto.

    Atividade 6

    Essa atividade prope a desmontagem do quadro As vaidades da vida humana, do qualso mostrados diferentes detalhes nos Anexos 6, 7 e 8 (pginas 46-47). O quadro comple-

  • 38

    LINGUAGENS, CDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS - Mdulo 2Mdulo 2Mdulo 2Mdulo 2Mdulo 2

    to aparece no Anexo 9 (pgina 47).

    Ao iniciar a atividade, no informe o ttulo do quadro:restrinja-se a mostrar cada recorte, um por vez. importanteque os professores observem cada fragmento, sem ter idiada pintura completa.

    Projete a transparncia do Anexo 6 (pgina 46), ou entregue uma cpia da imagemaos professores. Pea para identificarem o objeto e fazerem o registro individual,por escrito, da conotao que atribuem quela pea (a concha) isolada.

    Pea para alguns professores lerem suas respostas e registre-as no quadro-de-giz.

    Distribua (ou projete) a imagem do Anexo 7 (pgina 47) e repita o procedi-mento.

    Apresente ento o Anexo 8 (pgina 47). Sugira aos professores que revejamseus registros em relao aos dois outros fragmentos pois agora, com umrecorte maior, os elementos esto parcialmente contextualizados. Quem acharnecessrio alterar sua resposta anterior informa ao grupo o que fez.

    Ao mostrar o Anexo 9 (pgina 47), diga o ttulo do quadro, contribuindo paraque os professores pensem na obra inserida em um contexto.

    A tela As vaidades da vida humana de autoria do pintorholands Harmem Steenwyck, que nasceu em 1612 e morreuaps 1655.

    Converse com a turma e proponha que alguns professores se ofeream parafazer uma interpretao oral da obra.

    Veja se algum tem algo a acrescentar ao que j foi escrito e discutido. Pea entopara fazerem uma interpretao do quadro, com atribuio de sentido ao todo.

    Proponha um debate em torno do seguinte tpico:Cada elemento do quadro tem seu valor conotativo regulado pelocontexto.

    Esse passo da atividade pode ser oral, dispensando registro.

    Conceito: contexto intratextual.

    Competncia: analisar um dos fatores contextuais como regulador daleitura e da interpretao.

    Atividade 7

    Distribua o Anexo 10 (pgina 48).

    Leve os professores de Lngua Portuguesa, Lngua Inglesa e Educao Fsica aidentificar a semelhana entre as situaes propostas nos Textos 3, 4 e 5 (consi-derando as definies dos Textos 1 e 2), e os quatro primeiros passos da Ativida-de 6, que o grupo desenvolveu antes desta. Comente cada caso e faa umasntese das respostas, enfatizando mais uma vez a idia de que cada segmentode um ato de linguagem s tem significado no contexto em que est inserido.

    Atividade 8

    Distribua o Anexo 11 (pgina 49) e volte a apresentar a reproduo integral da telaAs vaidades da vida humana, utilizada na Atividade 6. Leia o texto do Anexo 11 (ou

  • 39

    pea para um colega fazer a leitura) e abra um espao para discuti-lo.

    Lido e comentado o Anexo 11, retome as interpretaes do quadro feitas pelogrupo na Atividade 6. Encaminhe a reflexo e a discusso, no sentido de obser-var se a leitura da obra adquiriu agora maior complexidade. Pea para os pro-fessores justificarem suas posies.

    Se todo o grupo ou a maioria dele concordar que a leitura da obra ganhouem complexidade, proponha as reflexes abaixo. (Se a maior parte do grupono conseguir compreender esse aspecto, retome os conceitos de leitura e con-texto antes de prosseguir.)

    Qual foi o tipo de conhecimento a que se recorreu predominantemente para que aleitura se aprofundasse: o conhecimento informal, ou o formal?

    Essa nova leitura do quadro depende tambm de pr-requisitos adquiridos formal-mente na escola. Quais, em sntese?

    Se achar adequado, leve os professores a consultar a listagem dascompetncias da rea.

    Aps essa conversa, leve o grupo a analisar e discutir o trecho dos PCNEMabaixo e faa uma sntese, de preferncia na lousa.

    O exame do carter histrico e contextual de determinada manifestao da lin-guagem pode permitir o entendimento das razes do uso, da valorao, darepresentatividade, dos interesses sociais colocados em jogo, das escolhas deatribuio de sentidos, ou seja, a conscincia do poder constitutivo da lingua-gem. (p. 127)

    Conceito: leitura de texto no-verbal.

    Competncia: analisar a importncia do conhecimento formalmenteadquirido para a leitura e a anlise de textos, verbais ou no.

    Atividade 9

    Distribua o Anexo 12 (pginas 49-50) para os professores lerem.

    Coloque uma questo para responderem:Que conhecimentos extratextuais so necessrios para uma leiturasatisfatria do Texto 1?

    Proponha ao grupo a discusso desta afirmativa:A leitura crtica do cartum (Texto 2), que implica um efeitohumorstico, exige o mesmo tipo de conhecimento ativado pelaleitura do poema de Oswald.

    Coloque ento uma pergunta para que respondam e justifiquem:Um leitor que detenha a informao do Texto 3 desse Anexo far,de imediato, uma leitura mais crtica do Texto 1 e do cartum?

    Anote este fragmento dos PCNEM para que releiam e discutam:

    A proposio de trabalhos na rea e a inter-relao entre as disciplinas podemocorrer sob a forma de estudo de determinados objetos comuns, presentes emdiferentes linguagens. (p. 129)

    Para encerrar a atividade, sugira que um dos professores leia em voz alta o Texto4, do Anexo 12. Exponha depois a seguinte situao:

  • 40

    LINGUAGENS, CDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS - Mdulo 2Mdulo 2Mdulo 2Mdulo 2Mdulo 2

    Um professor de Lngua Portuguesa, que leciona em uma escolabrasileira na qual 100 por cento dos alunos so muulmanos, resolvetrabalhar esse texto de Ceclia Meireles. Quais as dificuldadesprevisveis dos alunos para compreender o texto?

    Conceitos: conhecimento enciclopdico; intertextualidade.

    Competncias: analisar e interpretar os recursos expressivos da lingua-gem, relacionando textos com seus contextos, mediante a natureza, afuno e a organizao das manifestaes, de acordo com as condiesde produo e recepo.

    Atividade 10

    Se houver tempo, proponha esta atividade. Em caso contrrio, apenas distribuapara o grupo as cpias do Anexo 13.

    Distribua cpias do Texto 1 do Anexo 13 (pginas 51-54).

    Diga para observarem a tela da internet, chamando a ateno para a quantida-de de referncias ao assunto fbula, considerando que a lngua escolhida paraa pesquisa foi apenas a Lngua Portuguesa. Sugira que discutam as eventuaissemelhanas dessa tela com o ndice de um livro.

    Com exceo do especialista em Informtica, diga para os demais participantesopinarem acerca da seguinte questo:

    Que critrios o pesquisador pode utilizar para no se perder nessaimensa quantidade de informaes?

    Aps discutir as respostas, sugira que o professor de Informtica d sua opi-nio, mais fundamentada.

    Proponha aos participantes que faam a leitura compartilhada do item subli-nhado no Texto 2 (O leitor virtual) e d um tempo para que comentem livre-mente.

    Em seguida, encaminhe a reflexo a respeito das duas questes abaixo, sugeridaspelo texto, fazendo ao final uma sntese das respostas.

    O tratamento informatizado das linguagens acaba por nivel-las, mas apenas emtermos tecnolgicos, pois, grosso modo, nenhuma perde sua especificidade, mes-mo que mude o suporte. Ento, em que sentido deve ser entendida a expressolinguagem universal, do incio do texto?

    Embora no altere a natureza de cada linguagem, a traduo digital instaura novasmaneiras de ler, interpretar fichrios e encontrar a informao que se deseja. Quedificuldades essas operaes de leitura podem apresentar para o aluno?

    Retome os trechos abaixo dos PCNEM, referentes a competncias, levando emconta sobretudo os conceitos de articulao, linguagem e organizao cognitiva.

    Articular as redes de diferenas e semelhanas entre as linguagens e seus cdi-gos. (p. 135)

    Compreender e usar os sistemas simblicos das diferentes linguagens como mei-os de organizao cognitiva da realidade [...]. (p. 135)

    Para encerrar, discuta com o grupo a seguinte questo:Obter informaes tornou-se, grosso modo, mais fcil e muito maisrpido. A simples obteno de informaes garante a construodo conhecimento?

  • 41

    Para orientar a discusso, leve em conta as duas afirmativas abaixo.

    Pertencer a uma comunidade, hoje, tambm estar em contato com o mundotodo. (PCNEM, p. 130).

    Um bom navegante no decora ondas, cada gota do mar, cada cabo ou cadaacidente geogrfico, mas norteia-se por estrelas e mapas. (Carlos Seabra)

    Quando h um interesse definido, o controle sobre para que e para onde se quer irpertence quele que sabe escolher. (PCNEM, p. 131)

    Glossrio

    conotao Sentido subjacente, s vezes de teor subjetivo, que uma palavra,expresso ou signo pode apresentar paralelamente acepo em que empre-gada rotineiramente. Ope-se a denotao, o sentido comum, no-figurado deuma palavra ou signo.

    Baudelaire Poeta francs (1821-1867), considerado um dos mais importantesdo sculo 19.

    evanescente De pouca durao; que desaparece logo.

    signo Todo objeto, forma ou fenmeno que representa algo distinto de si mes-mo: a cruz significando cristianismo [...].

    Novo Aurlio Sculo XXI.Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 2000

    virtualidade Qualidade daquilo que virtual, ou seja, que existe como faculda-de, porm sem exerccio ou efeito atual.

    isomorfia / isomorfismo 1. Alg. Correspondncia biunvoca entre os elemen-tos de dois grupos que preserva as operaes de ambos. 2. Zool. Condio emque indivduos de espcies ou raas diferentes tm forma e aparncia similar.

    Novo Aurlio Sculo XXI.Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 2000

    Consulte tambm

    MARTINS, Maria Helena. O que leitura. Coleo Primeiros Passos. So Paulo,Brasiliense, 1982.

    Livro de leitura fcil e agradvel, traz os conceitos bsicos implcitos no ato de ler textoe mundo. Leitura obrigatria para profissionais da educao, de qualquer disciplina.

    PERROTI, Edmir. Confinamento cultural, infncia e leitura. So Paulo, Summus, 1990.O autor analisa sobretudo a chamada crise da leitura, identificando e analisan-do causas de diversas ordens, sobretudo as relacionadas s polticas de promo-o da leitura. Embora trate sobretudo da leitura de textos, o livro estimula oeducador a refletir a respeito das leituras em geral.

    ZILBERMAN, Regina & THEODORO DA SILVA, Ezequiel (org.) Leitura perspectivasinterdisciplinares. Srie Fundamentos. So Paulo, tica, 1988.

    Diversos autores com larga experincia no magistrio superior analisam ainterdisciplinaridade da leitura.

    Para encerrar, recolha os Anexos.

  • 42

    LINGUAGENS, CDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS - Mdulo 2Mdulo 2Mdulo 2Mdulo 2Mdulo 2

    Anexo 1Anexo 1Anexo 1Anexo 1Anexo 1

    Anexo 2Anexo 2Anexo 2Anexo 2Anexo 2

    O macorvo e o caco

    Andesta na florando um enaco macorme avistorvo um cou com um beo pedalo

    de quico no beijo. Ver comou aqueijo quele ou no me chaco macamo,

    vangloriaco o macou-se de sara pigo consi. E berrorvo para o cou: Oldre comp!

    Vo este bonoje hito! Loso, maravilhindo! Jami o vais tem bo! Nante, brilhio,

    luzidegro! Poje que enso, se quisasse canter, sua vm tamboz serela a mais bia

    de testa a floroda. Gostari-lo de ouvia, comporvo cadre, per podara dizodo a

    tundo mer que voc o Rssaro dos Pei. Caorvo na cantida o cado abico o briu

    a far de cantim sor melho cansua. Naturalmeijo o quente cao no chiu e frente

    imediatamoi devoraco pelo astado macuto. Obriqueijo pelo gado!, gritiz o

    felaco macou. E a far de provim o mento agradecimeu var lhe delho um consou:

    Moral: Jamie confais em pacos-suxa.Moral: Jamie confais em pacos-suxa.Moral: Jamie confais em pacos-suxa.Moral: Jamie confais em pacos-suxa.Moral: Jamie confais em pacos-suxa.

    Millr Fernandes, Novas fbulas fabulosas. 5. ed. Rio de Janeiro, Nrdica, 1976, p. 46.

    Texto 1Le corbeau et le renard

    Matre corbeau, sur un arbre perch,Tenait en son bec un fromage.Matre renard, par lodeur allch,Lui tint peu prs ce langage:H ! bonjour, monsieur du corbeau.Que vous tes joli! que vous me semblez beau!Sans mentir, si votre ramageSe rapporte votre plumage,Vous tes le phnix des htes de ces bois.A ces mots, le corbeau ne se sent pas de joie;Et, pour montrer sa belle voix,Il ouvre un large bec, laisse tomber sa proie.Le renard sen saisit, et dit: Mon bon monsieur,Apprenez que tout flatteurVit aux dpens de celui qui lcoute.Cette leon vaut bien un fromage, sans doute.Le corbeau, honteux et confus,Jura, mais un peu tard, quon ne ly prendrait plus.

    http://www.geocities.com/EnchantedForest/8735

  • 43

    Anexo 2Anexo 2Anexo 2Anexo 2Anexo 2

    Texto 2The Fox and the Crow

    A Crow having stolen a bit of meat, perched in a tree and held it in her beak.

    A Fox, seeing this, longed to possess the meat himself, and by a wily

    stratagem succeeded.

    How handsome is the Crow, he exclaimed, in the beauty of her shape

    and in the fairness of her complexion! Oh, if her voice were only equal to her

    beauty, she would deservedly be considered the Queen of Birds!

    This he said deceitfully; but the Crow, anxious to refute the reflection

    cast upon her voice, set up a loud caw and dropped the flesh. The Fox

    quickly picked it up, and thus addressed the Crow: My good Crow, your

    voice is right enough, but your wit is wanting.

    http://saturn.spaceports.com/~orfe/tales

    Texto 3Questo de Fsica proposta no Vestibular 1999 da Unicamp

    Ar frioLuz do cu

    Ar

    n1

    n2

    Ao vermos miragens, somos levados a pensar que h gua no cho de

    estradas. O que vemos , na verdade, a reflexo da luz do cu por uma

    camada de ar quente prxima ao solo. Isso pode ser explicado por um

    modelo simplificado como o da figura acima, onde nnnnn representa o ndice de

    refrao. Numa camada prxima ao solo, o ar aquecido diminuindo assim

    seu ndice de refrao n2. Considere a situao na qual o ngulo de incidn-

    cia de 84o. Adote n1 = 1,010 e use a aproximao sen 84o = 0,995.

    a. Qual deve ser o mximo valor de n2 para que a miragem seja vista? D a

    resposta com trs casas decimais.

    b. Em qual das camadas (1 ou 2) a velocidade da luz maior? Justifique suaresposta.

  • 44

    LINGUAGENS, CDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS - Mdulo 2Mdulo 2Mdulo 2Mdulo 2Mdulo 2

    Anexo 3Anexo 3Anexo 3Anexo 3Anexo 3

    Texto 1O corvo e a raposa(Nova verso, 1998 Edmond Jarjour)

    O senhor corvo, pousado numa rvore, tinha um queijo preso no bico. A

    raposa, atrada pelo cheiro, dirigiu-se a ele assim:

    H! Bom dia, senhor corvo. Como o senhor est faceiro! Como o se-

    nhor me parece com uma excelente aparncia! Sem dvida, se sua voz se

    parecer com a vossa plumagem, sereis, sem dvida, a fnix desses bosques!

    Essas palavras nem de longe tocaram o corvo, que continuou a comer

    seu queijo.

    Impaciente, a raposa o interpelou de novo:

    Ei! Senhor corvo, responda logo, por favor... eu suplico!

    Mas o corvo tinha perdido a audio!... e no podia responder s

    adulaes da raposa, salvando assim o seu queijo e confirmando a nova

    moral:

    Com pacincia e com a ajuda do IRD.*

    Descobrem-se os benefcios da surdez.

    * IRD: Instituto Raymond-Dewar, centro de readaptao em deficincia auditiva, em Montreal.

    No texto original, em francs, a nova moral assim:

    Avec de la patience et laide de lI.R.D.On dcouvre les bienfaits de la Surdit.

    http://www.geocities.com/EnchantedForest/8735

    Texto 2Tratamento VIP para um corvo da Torre de Londres

    LONDRES, 31 de maio Um corvo da Torre de Londres ser levado quinta-

    feira com escolta da polcia para uma base da Royal Air Force para ser depois

    transportado de avio para um parque natural da Cornualha, informa a dire-

    o da fortaleza.

    Essa medida para resolver a sbita crise de superpopulao dos corvos

    da Torre de Londres. [...]

    Michel Vergez, Pequenas notcias.Porto Alegre, L&PM, 1993, p. 172.

  • 45

    Anexo 3Anexo 3Anexo 3Anexo 3Anexo 3

    Texto 3A compreenso de um texto um processo que se caracteriza pela utiliza-

    o de conhecimento prvio: o leitor utiliza na leitura o que ele j sabe, o

    conhecimento adquirido ao longo da vida.

    Angela Kleiman, Aspectos cognitivos da leitura. 2. ed.Campinas, Pontes, 1992, p. 13.

    Anexo 4Anexo 4Anexo 4Anexo 4Anexo 4

    Texto 1O leo e o rato

    Um rato foi passear sobre um leo adormecido. Quando este acordou, pegou o

    rato. J estava para devor-lo quando o rato pediu-lhe para deix-lo ir embora:

    Se me poupares disse , te serei til.

    E o leo, achando aquilo engraado, soltou-o. Tempos depois, o leo

    foi salvo pelo rato agradecido. Ele fora capturado por caadores que o amar-

    raram a uma rvore. O rato ouviu-o gemer: foi at l, roeu as cordas e o

    libertou. E disse ao leo:

    Naquele dia zombaste de mim porque no esperavas que eu mostras-

    se minha gratido; aprende ento que entre os ratos tambm se encontra o

    reconhecimento.Quando a sorte muda, os mais fortes

    tm necessidade dos mais fracos.

    Esopo, Fbulas. Trad. Antnio Carlos Vianna.Porto Alegre, L&PM, 1997, p. 70.

    Texto 2

    In Fbulas de La Fontaine.Belo Horizonte, Itatiaia, 1989,

    vol. 1, p. 155.

  • 46

    LINGUAGENS, CDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS - Mdulo 2Mdulo 2Mdulo 2Mdulo 2Mdulo 2

    Anexo 6Anexo 6Anexo 6Anexo 6Anexo 6

    Anexo 5Anexo 5Anexo 5Anexo 5Anexo 5

    Texto 1O smbolo de Cingapura

    Um prncipe de Palembag naufragou numa ilha desconhecida. No dia se-

    guinte, ele viu uma criatura que acreditou ser um leo e nomeou a ilha de

    Cinga Pura(Cidade do Leo), do qual o nome da cidade deriva. O smbolo

    do Leo de Cingapura foi introduzido pela primeira vez em 1986, como

    uma alternativa para smbolo nacional, depois de uma pesquisa entre insti-

    tuies pblicas e agncias de propaganda para decidir qual o melhor

    logotipo que poderia exemplificar as caractersticas da nao.

    http://www.crwflags.com/fotw/flags/sg.html#lio

    Texto 2O leo de Veneza

    Lees proliferam em Veneza no em carne e osso, mas em incontveis

    pinturas e esculturas. Por que, pergunta-se, uma cidade martima como

    Veneza tem no leo o seu mascote e no uma gaivota, um peixe, um pato?

    A resposta a essa questo remonta ao sculo IX, quando, segundo a lenda,

    dois ou trs comerciantes ambiciosos da cidade roubaram as relquias de

    So Marcos, o Apstolo, de seu tmulo em Alexandria e levaram-nas para

    Veneza. So Marcos foi eleito padroeiro da cidade e o smbolo desse santo,

    um leo alado, tornou-se logo o smbolo da cidade.

    http://goeurope.tqn.com/travel/goeurope/library/venice/aa090197.htm

    Detalhe do quadroAs vaidades da vida humana,

    de Harmem Steenwyck.

  • 47

    Anexo 7Anexo 7Anexo 7Anexo 7Anexo 7

    Detalhe do quadroAs vaidades da vida humana,

    de Harmem Steenwyck.

    Anexo 8Anexo 8Anexo 8Anexo 8Anexo 8

    Anexo 9Anexo 9Anexo 9Anexo 9Anexo 9

    In Robert Cumming,Para entender a arte.

    So Paulo, tica, s/d, pp. 52-3.

    Detalhe do quadroAs vaidades da vida humana,

    de Harmem Steenwyck.

    Reproduo integraldo quadro

    As vaidades da vida humana,de Harmem Steenwyck.

  • 48

    LINGUAGENS, CDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS - Mdulo 2Mdulo 2Mdulo 2Mdulo 2Mdulo 2

    Anexo 10Anexo 10Anexo 10Anexo 10Anexo 10

    Texto 1mangamangamangamangamanga [Do lat. manica, manga de tnica.] S. f. 1. Parte dovesturio onde se enfia o brao. 2. Filtro afunilado, para lqui-dos. 3. Qualquer pea de forma tubular que reveste ou prote-ge outra pea: a manga do candeeiro. 4. V. tromba-dgua (1).5. V. mangueira1. 6. Parte do eixo dum veculo que se encontradentro da caixa de graxa e recebe todo o peso do carro.

    Transcrio parcial do verbete manga.Novo Aurlio Sculo XXI. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 2000.

    Texto 2get:get:get:get:get: [get] s. cria f., filhotes m. pl. v. (pret. gotgotgotgotgot p. p. gotgotgotgotgot(EUA) gottengottengottengottengotten) receber, obter, ganhar; ficar, tornar-se; apren-der; contrair, apanhar; suceder, conseguir; tomar, comer; com-preender, entender; ter, possuir; engendrar.

    Transcrio parcial do verbete get.Dicionrio Michaelis Ingls-Portugus. So Paulo, Melhoramentos, 1998.

    Texto 3 Questo (ficcional) de uma prova de Lngua Portuguesa:

    Qual o significado da palavra manga?

    Texto 4 Questo (ficcional) de uma prova de Lngua Inglesa:

    Traduza a palavra get.

    Texto 5Um professor de Educao Fsica aplicou a seus alunos uma prova. Uma das

    questes dessa avaliao consistia em exibir, em vdeo, 12 segundos de uma

    partida de futebol em que o jogador falhava ao tentar uma bicicleta.

    O locutor que narrava a partida comentava, nesse segmento: A incompetn-

    cia de Fulano vai acabar complicando a classificao do time para a final do

    Campeonato. A questo proposta pelo professor solicitava uma anlise do

    lance frustrado do jogador.

  • 49

    Anexo 11Anexo 11Anexo 11Anexo 11Anexo 11

    As informaes a seguir revelam umaumaumaumauma interpretao possvel do quadro,

    que no invalida quaisquer outras. Todos os comentrios foram transcri-

    tos de Para entender a arte, de Robert Cumming (So Paulo, tica, s/d,

    pp. 52-3).

    Informao 1Informao 1Informao 1Informao 1Informao 1 a concha vaziaa concha vaziaa concha vaziaa concha vaziaa concha vazia

    A concha um smbolo da riqueza mundana no sculo XVII, devia

    ser um objeto raro e valioso. Mas tambm as riquezas so uma vaidade [...]

    Alm de ser um smbolo de riqueza, a concha, que sem dvida est vazia,

    tambm um lembrete direto da mortalidade humana. Para ns, uma concha

    to extica uma curiosidade fascinante, mas no podemos afirmar que ela

    esteja em nosso poder permanentemente, assim como a forma de vida mais

    elementar que antes a habitava tambm se foi.

    Informao 2 no centro da composioInformao 2 no centro da composioInformao 2 no centro da composioInformao 2 no centro da composioInformao 2 no centro da composio

    [...] h um crnio humano, um memento mori (em latim, lembra-te de

    que deves morrer) [...] que a nica referncia no-velada inevitabilidade

    da morte.

    Informao 3: a lamparina apagadaInformao 3: a lamparina apagadaInformao 3: a lamparina apagadaInformao 3: a lamparina apagadaInformao 3: a lamparina apagada

    A lmpada acaba de apagar-se mal conseguimos ver um fio de fuma-

    a. Tal como o cronmetro, um smbolo da passagem do tempo e da fragi-

    lidade da existncia humana.

    Anexo 12Anexo 12Anexo 12Anexo 12Anexo 12

    Texto 1erro de portugus

    Quando o portugus chegou

    Debaixo duma bruta chuva

    Vestiu o ndio

    Que pena!

    Fosse uma manh de sol

    O ndio tinha despido

    O portugusOswald de Andrade, Poesias reunidas,

    5. ed. Rio de Janeiro, Civilizao Brasileira,s/d, p. 177.

  • 50

    LINGUAGENS, CDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS - Mdulo 2Mdulo 2Mdulo 2Mdulo 2Mdulo 2

    Anexo 12Anexo 12Anexo 12Anexo 12Anexo 12

    Texto 2

    Texto 3O autor do poema erro de portugus, Oswald de Andrade, escreveu o

    Manifesto Antropfago, publicado em 1928. Num trecho desse manifesto,

    ele afirma: Tupy, or not tupy that is the question.

    Texto 4Fragmento da obra Romanceiro da Inconfidncia, de Ceclia Meireles.

    Romance XXXIV ou De Joaquim Silvrio

    Melhor negcio que Judas

    Fazes tu, Joaquim Silvrio!

    Pois ele encontra remorso,

    Coisa que no te acomete.

    Ele topa uma figueira,

    Tu calmamente envelheces,

    Orgulhoso e impenitente,

    Com teus sombrios mistrios...

    Ceclia Meireles, Romanceiro da Inconfidncia,in Obra potica. Rio de Janeiro, Aguilar, 1958, p. 745.

    Cartum de Paulo Hamazaki,O mundo dos quadrinhos.

    So Paulo, Smbolo, 1977, p. 49.

  • 51

    Anexo 13Anexo 13Anexo 13Anexo 13Anexo 13

    Texto 1Tela de busca da internet

    http://www.google.com

  • 52

    LINGUAGENS, CDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS - Mdulo 2Mdulo 2Mdulo 2Mdulo 2Mdulo 2

    Anexo 13Anexo 13Anexo 13Anexo 13Anexo 13

    Texto 2A leitura fora do livro

    Fora e alm do livro, h uma multiplicidade de modalidades de leitores. H o

    leitor de imagem, desenho, pintura, gravura, fotografia. H o leitor de jornal,

    revistas. H o leitor de grficos, mapas, sistemas de notaes.

    H o leitor da cidade, leitor da mirade de signos, smbolos e sinais em

    que se converteu a cidade moderna, a floresta de signos de que j falava

    Baudelaire. H o leitor espectador, do cinema, televiso e vdeo. A essa

    multiplicidade, mais recentemente veio se somar o leitor das imagens

    evanescentes da computao grfica, o leitor da escritura que, do papel, sal-

    tou para a superfcie das telas eletrnicas, enfim, o leitor das arquiteturas

    lquidas da hipermdia, navegando no ciberespao.

    Em vez de discorrer sobre cada uma dessas modalidades, escolhi uma

    outra rota classificatria e histrica ao mesmo tempo. Percebi que, por trs

    dessa multiplicidade, h trs tipos ou modelos de leitores. Trata-se de uma

    tipologia que no se baseia na diferenciao dos processos de leitura em fun-

    o das distines entre classes de signos ou espcies de suporte desses sig-

    nos, mas toma por base os tipos de habilidades sensoriais, perceptivas e

    cognitivas que esto envolvidas nos processos e no ato de ler, de modo a

    configurar modelos de leitor, como se segue:

    O primeiro o leitor contemplativo, meditativo da era pr-industrial, o

    leitor da era do livro e da imagem expositiva. Esse tipo de leitor nasce no

    Renascimento e perdura hegemonicamente at meados do sculo XIX.

    O segundo o leitor do mundo em movimento, dinmico, mundo hbri-

    do, de misturas sgnicas, um leitor filho da revoluo industrial e do apareci-

    mento dos grandes centros urbanos, o homem na multido. Esse leitor, que

    nasce com a exploso do jornal e com o universo reprodutivo da fotografia e

    cinema, atravessa no s a era industrial, mas mantm suas caractersticas

    bsicas quando se d o advento da revoluo eletrnica, era do apogeu da

    televiso.

    O terceiro tipo de leitor aquele que comea a emergir nos novos

    espaos incorpreos da virtualidade. Vejamos cada um desses tipos em mais

    detalhes.

    Antes disso, no entanto, vale dizer que, embora haja uma seqencialidade

    histrica no aparecimento de cada um desses tipos de leitores, isso no significa

    que um exclui o outro, que o aparecimento de um tipo de leitor leva ao desapa-

    recimento do tipo anterior. Ao contrrio, no parece haver nada mais cumula-

    tivo do que as conquistas da cultura humana. O que existe, assim, uma convi-

    vncia e reciprocidade entre os trs tipos de leitores acima, embora cada tipo

  • 53

    Anexo 13Anexo 13Anexo 13Anexo 13Anexo 13

    continue, de fato, sendo irredutvel ao outro, exigindo inclusive habilidades

    perceptivas, sensrio motoras e cognitivas distintas.

    1. O leitor contemplativo, meditativo1. O leitor contemplativo, meditativo1. O leitor contemplativo, meditativo1. O leitor contemplativo, meditativo1. O leitor contemplativo, meditativo

    Esse primeiro tipo de leitor tem diante de si objetos e signos durveis, im-

    veis, localizveis, manuseveis: livros, pinturas, gravuras, mapas, partituras.

    o mundo do papel e da tela. O livro na estante, a imagem exposta, altura

    das mos e do olhar. Esse leitor no sofre, no acossado pelas urgncias do

    tempo. Um leitor que contempla e medita. Entre os sentidos, a viso reina

    soberana, complementada pelo sentido interior da imaginao. Uma vez que

    esto localizados no espao e duram no tempo, esses signos podem ser con-

    tnua e repetidamente revisitados. Um mesmo livro pode ser consultado

    quantas vezes se queira, um mesmo quadro pode ser visto tanto quanto

    possvel. Sendo objetos imveis, o leitor que os procura, escolhe-os e deli-

    bera sobre o tempo que o desejo lhe faz dispensar a eles. Embora a leitura

    da escrita de um livro seja, de fato, seqencial, a solidez do objeto livro per-

    mite idas e vindas, retornos, ressignificaes. Um livro, um quadro exigem do

    leitor a lentido de uma dedicao em que o tempo no conta.

    2. O leitor fragmentado, movente2. O leitor fragmentado, movente2. O leitor fragmentado, movente2. O leitor fragmentado, movente2. O leitor fragmentado, movente

    Esse leitor nasce com o advento do jornal e das multides nos centros urba-

    nos habitados de signos. o leitor apressado de linguagens efmeras, hbri-

    das, misturadas. Mistura que est no cerne do jornal, primeiro grande rival

    do livro. A impresso mecnica aliada ao telgrafo e fotografia gerou esse

    ser hbrido, testemunha do cotidiano, fadado a durar o tempo exato daquilo

    que noticia. Nasce com o jornal um tipo novo de leitor, o leitor fugaz,

    novidadeiro, de memria curta, mas gil. Um leitor que precisa esquecer,

    pelo excesso de estmulos, e na falta do tempo de ret-los. Um leitor de

    fragmentos, leitor de tiras de jornal e fatias de realidade. Com a sofisticao

    dos meios de reproduo, tanto na escrita quanto na imagem, com a repro-

    duo fotogrfica, a cidade comea a se povoar de signos, numa profuso de

    sinais e mensagens. As palavras, as imagens crescem, agigantam-se e tomam

    conta do ambiente urbano. Sinais para serem vistos e decodificados na velo-

    cidade. Como orientar-se, como sobreviver na grande cidade sem as setas, os

    diagramas, os sinais, a avaliao imediata da velocidade do burburinho urba-

    no. O leitor do livro, leitor sem urgncias, substitudo pelo leitor movente.

    Leitor de formas, volumes, massas, interaes de foras, movimentos, leitor

    de direes, traos, cores, leitor de luzes que se acendem e se apagam.

    H uma isomorfia entre o modo como esse leitor se move na grande

    cidade, o movimento do trem e do carro e o movimento das cmeras de

  • Anexo 13Anexo 13Anexo 13Anexo 13Anexo 13

    cinema. Velocidade que cria novas formas de sensibilidade e de pensamento,

    uma outra maneira de interagir com o mundo. Esbarrando a todo instante

    em signos, signos que vm ao seu encontro, fora e dentro de casa, esse leitor

    aprende a transitar entre linguagens, passando das coisas aos signos, da ima-

    gem ao verbo, do som para a imagem com familiaridade imperceptvel. Isso

    se acentua com o advento da televiso: imagens, rudos, sons, falas, movi-

    mentos e ritmos na tela se confundem e se mesclam com situaes vividas.

    Onde termina o real e onde comeam os signos se nubla e mistura como se

    misturam os prprios signos.

    3. O leitor virtual3. O leitor virtual3. O leitor virtual3. O leitor virtual3. O leitor virtual

    O aspecto sem dvida mais espetacular da era digital est no poder dos dgitos

    para tratar toda e qualquer informao, som, imagem, texto, programas

    informticos, com a mesma linguagem universal, uma espcie de esperanto das

    mquinas. Graas digitalizao e compresso dos dados, todo e qualquer tipo

    de signo pode ser recebido, estocado, tratado e difundido, via computador.

    Aliada telecomunicao, a informtica permite que esses dados cruzem ocea-

    nos, continentes, hemisfrios, conectando numa mesma rede gigantesca de trans-

    misso e acesso, potencialmente qualquer ser humano no globo. Tendo na

    multimdia sua linguagem, e na hipermdia sua estrutura, esses signos de todos

    os signos esto disponveis ao mais leve dos toques, num click de um mouse.

    Nasce a um outro tipo de leitor, revolucionariamente distinto dos anteriores.

    No mais um leitor que tropea, esbarra em signos fsicos, materiais, como era

    o caso do leitor movente, mas um leitor que navega numa tela, programando

    leituras, num universo de signos evanescentes, mas eternamente disponveis,

    contanto que no se perca a rota que leva a eles. No mais um leitor que segue

    as seqncias de um texto, virando pginas, manuseando volumes, percorren-

    do com seus passos a biblioteca, mas um leitor em estado de prontido,

    conectando-se entre ns e nexos, num roteiro multilinear, multisseqencial e

    labirntico que ele prprio ajudou a construir ao interagir com os ns entre

    palavras, imagens documentao, msicas, vdeo etc. Trata-se de um leitor

    implodido cuja subjetividade se mescla na hipersubjetividade de infinitos textos

    num grande caleidoscpio tridimensional onde cada novo n e nexo pode con-

    ter uma outra grande rede numa outra dimenso.

    Enfim, trata-se a de um universo inteiramente novo que parece realizar o

    sonho ou alucinao borgiana da biblioteca de Babel, uma biblioteca virtual,

    mas que funciona como promessa eterna de se tornar real a cada click do mouse.

    Lcia Santaella in http://www.pucsp.br/~cos-uc/epe/mostra

    54

    LINGUAGENS, CDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS - Mdulo 2Mdulo 2Mdulo 2Mdulo 2Mdulo 2