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ARTESANATO, ARTE, ICLOUD, SKYPE, O ONTEM E O HOJE 40

Lindenberg & Life Edição 40

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Confira na edição 40, da revista Lindenberg, matérias sobre artesanato, arte, o ontem e o hoje e muito mais

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artesanato, arte, Icloud, skype,

o ontem e o hoje

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Uma passagem que liga a criação artesanal do passado às tecnologias do presente

A cada edição da revista Lindenberg & Life pensamos em um tema para nortear nos-sa pauta. Falamos de verde e sustentabilidade, de escritórios e tecnologia, de arte, e fechamos 2011 com o branco da paz que todos desejamos. Para abrir 2012 fomos

mais ousados e buscamos desenhar, em textos e imagens, o fio que liga passado e presente, artesanato e tecnologia.

Partimos da expressão espontânea da arte de Véio, que a partir das formas de troncos rejeitados pela natureza cria personagens que representam o imaginário do sertão, obras expostas a céu aberto no interior de Sergipe, descobertas por Vilma Eid, da Galeria Esta-ção, e que serão exibidas na Fundação Cartier, em Paris. Atravessamos as passagens foto-grafadas por Valentino Fialdini, tema de sua próxima exposição, e que tem uma de suas fotos publicada, em primeira mão, pela Lindenberg & Life (página 16) e desembocamos no hoje – porque o futuro é o hoje.

Jaime Lerner, revolucionário prefeito de Curitiba, no Paraná, alardeava nos anos 1980 que todos deveriam viver e trabalhar num raio de seis quilômetros de casa. As teorias, hoje, algumas já colocadas em prática em cidades pelo mundo, são a formação de ilhas autossu-ficientes dentro das megalópoles e o trabalho a distância, onde cada envolvido está em uma cidade ou país, e todos se comunicam por meio das novas tecnologias. Caso da agência de tendências da paulista Karina Arruda, CEO da Inspiral, que vive na Suíça e tem colabora-dores espalhados pelos quatro cantos do mundo.

E fomos completando o pontilhado dessa tênue linha que une o ontem e o hoje com temas afins, como a entrevista com o MMBB, escritório de arquitetura que repensa o modelo das grandes cidades e acaba de remodelar a favela Jardim Edite, em São Paulo, enquanto um grupo de jovens universitários constrói moradias para quem vive em situação de risco, parte do projeto Um Teto para o meu País. Na outra ponta surge um novo consumo mais consciente e sustentável em substituição ao que o economista americano Thorstein Veblen convencionou chamar de consumo conspícuo.

Mas não é só. Há mais, muito mais, para se ler e ver nesta primeira Lindenberg & Life de 2012, uma quarentona cheia de vida e energia. Boa leitura.

Adolpho Lindenberg Filho e Flávio Buazar

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08 Notas De tudo um pouco

16 Prólogo Passagens

20 Cidade Hortolândia

28 Um outro olhar Raízes

36 Poéticas Urbanas Palavras da vez

38 Urbano O segredo para cidades mais felizes

40 Entrevista MMBB

46 Laboratório Um teto para o meu País

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Job: whirpoolkitichenaid -- Empresa: DM9 -- Arquivo: 74355-026-KIT-Lindenberg-Life 23x30_pag001.pdfRegistro: 29018 -- Data: 15:00:33 25/05/2011

54 Consumo Uma mudança de atitude

56 Arte As personagens de Véio

62 Personna Uma casa suspensa

70 5 Experiências Arte urbana

72 Qualidade de Vida Sucos funcionais

74 Turismo O cinema como inspiração

82 Filantropia Perfil de um doador

86 Vendo um Lindenberg

88 Em obras

é uma publicação da Construtora Adolpho Lindenberg.

Ano 10, número 40, 2012

Conselho Editorial Adolpho Lindenberg Filho,

Flávio Buazar, Ricardo Jardim, Rosilene Fontes, Renata Ikeda

Marketing Renata Ikeda

Direção de arte Lili Tedde

Editora-chefe Maiá Mendonça

Marianne Piemonte

Colaboradores Ana C. Soares, Baixo Ribeiro, Felipe Reis, Instituto Azzi, Judite Scholz,

Juliana Saad, Juliana Vilas, Manuela Aquino, Maria Eugênia, Marina

Fuentes, Roberto Cecato, Rosilene Fontes, Valentino Fialdini

Revisor Claudio Eduardo Nogueira Ramos

Arte Tatiana Bond

Publicidade Cláudia Campos, tel. (11) 3041.2775cel. (11) 9910.4427

[email protected]

Gráfica Pancrom

lindenberg & life não se responsabiliza pelos conceitos

emitidos nos artigos assinados. As pessoas que não constam do expediente da revista não têm

autorização para falar em nome de lindenberg & life ou retirar qualquer tipo de material para produção de editorial caso não

tenham em seu poder uma carta atualizada e datada, em papel timbrado, assinada por pessoa

que conste do expediente.

Lindenberg & LifeR. Joaquim Floriano, 466, Bloco C,

2º andar, São Paulo, SP, tel. 3041-5620 www.lindenberg.com.br

Jornalista ResponsávelMaiá Mendonça (Mtb 20.225)

A tiragem desta edição de 10.000 exemplares foi auditada por PwC.

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Vestida para sentarApreciação, reconhecimento, separação e reinvenção são os valores que norteiam o trabalho que o arquiteto e designer de móveis alemão Tobias Juretzek, premiado com The Chicago Athenaeum Good Design Award 2011, faz em seu ateliê em Berlim. Pensar e agir sobre questões contemporâneas levaram o artista a reciclar a ideia cadeira com o uso de roupas que se vão desgastando com o tempo. A cadeira Rememberme Chair é um dos exemplos e exclusividade da Benedixt.Rua Haddock Lobo, 1.584, tel. (11) 3081-5606, benedixt.com.br

ApoioA mesinha lateral Planta, com acabamento em laca, pode ser chamada de curinga. O design é de Bernardo Senna, desenvolvido pelo Studio Schuster.Star Home, Rua Bela Cintra, 1.737, tel. (11) 3061-0407, starhome.com.br

Vaso em Murano Fratelli Toso Stiledoc, Alameda Gabriel Monteiro da Silva, 1.296, tel. (11) 3064-9614, stiledoc.com.br

Brincadeira séria Somar função e emoção para transformar inovação em cotidiano é a máxima que a italiana Skitsch segue em seus móveis e objetos lúdicos, assinados por nomes de peso como Front, Marcel Wanders, Marteen Baas, Jean Marie Massud, entre outros. Um exemplo: a mesa Flamboyant, de acrílico, assinada por Alessandro Dubini.Skitsch, Alameda Gabriel Monteiro da Silva, 264. Tel. (11) 3467-9700, skitsch.com.br

Corpo é movimentoA coordenação motora nos faz escultores. Se nos pensarmos como esculturas móveis, dizia Suzanne Piret, que, com Béziers e Hunsinger, desenvolveu um método de trabalho que combina a organização motora à estruturação da personalidade. Seguidoras do método GDS, as fisioterapeutas Dulce Estevam e Presciliana Araujo e a bailarina Monica Monteiro se uniram e ministram o curso Coordenação Motora (aulas práticas e teóricas em três módulos), que pretende ensinar noções de tridimensionalidade, o uso do espaço e a correta utilização dos músculos para a reorganização do corpo. Mais informações: Alameda Gabriel Monteiro da Silva, 436, tel. (11) 3283-1157 e 3085-8556

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PomarA natureza está nas mesas da Tania Bulhões Home. Brasileira de corpo e alma, Tania criou a coleção de tableware Jardim Botânico Pássaros do Brasil, feita em Limoges, na França. São quatro estampas diferentes – Uirapiana na Jabuticabeira, Aratinga na Goiabeira, Tucano no Caquizeiro e Guaruba no Abacateiro – que enfeitam sets de porcelana completos para jantar, café, chá e sousplats. Très chic!Rua Colômbia, 270, tel. (11) 3087-0099, taniabulhoes.com.br

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GourmandiseAh, Bordeaux na primavera! Quando o sol brilha,

a temperatura é amena, e a cidade convida a flanar por suas ruas admirando a maravilhosa

arquitetura. Se estar em Bordeaux é uma delícia, hospedar-se no Grand Hotel de Bordeaux &

Spa, o belíssimo palácio do século 17 (que foi recentemente renovado e volta a fazer parte do

legendário trio de “endereços a visitar” que inclui a Place de La Comédie e o Grand Theatre), é

como uma viagem ao passado. Para os amantes dos prazeres da mesa, o hotel criou o Wine

Concierge, um serviço desenhado para quem quer conhecer os châteaux da região, participar

de degustações e de jantares harmonizados nas vinícolas locais. Impossível não provar a

gastronomia do chef Pascal Nibaudeau, no Le Pressoir d’Argent, o restaurante do hotel estrelado

pelo Guia Michelin. Para relaxar, dê um pulo no spa Les Bains de Léa, inspirado nos antigos

banhos romanos. A vista é um espetáculo, os tratamentos, então, nem se fala.

Tel. +33 (0)5 57 30 44 44 ghbordeaux.com/fr The Leading Hotels of the World: (11) 3171-4000.

Feito com madeira freijó laqueada, o aparador com duas gavetas é um básico.COD: Creative Official Design, Avenida Cidade Jardim, 924, tel. (11) 3816-7233, codbr.com

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Zigue-zague A grife Missoni, há muito anos, é sinônimo de

elegância e de qualidade. Seja na moda, seja na casa. Instalada no coração dos Jardins, em São Paulo, a Missoni Home é a mais perfeita tradução do estilo da marca italiana. Lá estão

os zigue-zagues e pixels que fizeram a fama da Missoni aplicados em tecidos e móveis. E como moda e casa eram pouco para o grupo,

eles partiram para a hotelaria. O primeiro está em Edimburgo, na Escócia. O segundo? Inaugura, talvez ainda no final deste ano, na

Ilha de Cajaíba, na Bahia. Alameda Gabriel Monteiro da Silva, 338,

tel. (11) 2597-3004, missonihome.com

Time de bambas Você sabia que a Donatelli Tecidos além de estofar também reforma sofás e poltronas? O veludo Cobra, italiano, pode ser uma dica.Alameda São Gabriel, 102, tel. (11) 3885-6988, donatelli.com.br

À prova de tempoFeita com peroba-rosa de demolição,

a espreguiçadeira Malui resiste a chuvas e a tempestades.

Raízes Design, Alameda Gabriel Monteiro da Silva, 276,

tel. (11) 2597-3084, raizesdesign.com.br

Design e artesanatoJornalista das mais gabaritadas, Adélia Borges se apaixonou por design no tempo em que dirigiu a redação da revista Design e Interiores. Hoje, além dos livros e textos que escreve, faz curadoria de exposições, palestras e ministra aulas. Depois de mais de dez livros, a ex-diretora do Museu da Casa Brasileira debruçou-se sobre os temas design e artesanato e acaba de lançar, pela editora Terceiro Nome, o livro Design + Artesanato: o caminho brasileiro, onde mostra a revitalização do artesanato brasileiro, a partir dos anos 1990. A proposta da autora é enfraquecer a ideia de inferioridade do feito à mão no Brasil e mostrar o potencial do nosso material em um livro de 240 páginas, ricamente ilustrado, com versão em inglês. terceironome.com.br

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Alta temperaturaHá 26 anos, a artista plástica Bia Ferreira da Rosa vive cercada por tornos, moldes e placas de argila. Com elas cria, artesanalmente, uma infinidade de utensílios para a casa e a cozinha que têm o seu DNA. Usando esmalte inofensivo, e queimas em altíssimas temperaturas, uma nova coleção com tempero indiano chegou ao ateliê. Vale a pena conferir.Rua Sampaio Vidal, 388, casa 3, tel. (11) 3082-5989, biaceramica.com.br

Ele parece um contêiner de navio, mas não é. O bauzinho de aço carbono com pintura eletrostática é, na verdade, um pequeno armário, com porta e prateleira.Estar Móveis, Avenida Ibirapuera, 3.303, tel. (11) 5542-2494, www.estarmoveis.com.br

Arte de herançaSe você é uma dessas pessoas apaixonadas por arte, que gostaria de conhecer a fundo esse universo, e montar sua coleção particular e não sabe por onde começar, procure o Coleções | Escritório de Arte, montado pela dupla Beatriz Yunes Guarita e Carla Guarita, duas mulheres com a arte no sangue. A primeira é filha do colecionador Jorge Yunes, e viveu ao lado do pai colecionando, catalogando e comprando peças para sua coleção particular, Carla é prima da museóloga Sonia Guarita do Amaral e especializada em arte e design. Mais do que uma galeria, a dupla montou o escritório para também assessorar na formação e gestão de coleções de arte, entre outras atividades. Em seu portfólio de artistas, nomes como Amílcar de Castro (foto), considerado um dos maiores escultores do Brasil, que se descobriu escultor ao cortar e dobrar o aço, criando geometrias impressionantes que são a marca registrada de seu trabalho. Coleções | Escritório de Arte, goart.com.br

Almofada feita com tecido sintético Jakob Schlaepfer, na Safira Sedas.Alameda Gabriel Monteiro da Silva, 348, tel. (11) 3081-5146, safirasedas.com.br

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Escultor de imagens

Arquiteto, escultor ou fotógrafo? Valentino Fialdini descobriu-se nas três

artes. Esculpe com o apuro da arquitetura as passagens que quer fotografar

Por Maiá Mendonça | Fotos Valentino Fialdini

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Quem vê o trabalho autoral do fotógrafo Valentino Fialdini enxerga o que quer. Podem ser quadradinhos coloridos,

lembranças de viagens, fragmentos de realidade. Mas há muito mais por trás dessas imagens. Há um conceito, um pensar, uma filosofia? Quem sabe, são tantos os olhares...

Valentino Fialdini é fascinado pelas profundida-des, pelas passagens, pelos corredores que vão daqui até qualquer lugar. Um elevador serve de inspiração, a simetria de colunas, as frestas. “A maioria das pessoas não percebe o quão inte-ressante pode ser uma passagem, um corredor. Uma passagem pode ser tudo”, diz. Mas esse foi apenas o começo de um caminho que ele vem percorrendo desde a exposição Lego, que acon-teceu na Galeria Zipper.

“Quando fui convidado a expor, o Fabio Cimino me disse: aqui é uma galeria, se solta, se rein-venta, o que você fotografa todo mundo vê nas revistas.” Foi assim, aos 35 anos e fotógrafo desde os 20 anos, que Valentino se descobriu “arqui-teto, escultor e fotógrafo”. Em vez de fotografar o que existia, construiu espaços com peças de Lego que depois foram iluminadas e fotogra-fadas. O resultado gera dúvidas: o que é isso? Podem ser mil coisas. E é esse o sentimento que ele quer despertar em quem vê seu trabalho.

Durante a exposição, Valentino descobriu na Zipper uma parede de pedras. Brotava ali o tema do próximo trabalho. Escolheu uma pedra, que-brou em pedaços pequenos, fez uma pequena escultura e com iluminação foi buscando a pro-fundidade que queria.

Se na mostra Lego Valentino partiu de peças pequenas, construiu grandes esculturas e imagens pequenas. Agora ele está partindo da forma arquitetônica, criou uma escul-tura pequena e pretende apresentar fotos gigantes para que o resultado seja inusitado. “O bacana na arte é você não dizer para a pessoa o que ela tem de pensar. Ela entende o que quiser. A passagem de pedra que está sendo publicada com exclusividade pela Lindenberg & Life é, na verdade, uma peque-nina escultura. Essa foto irá para a SP Arte e será o tema da próxima exposição, no final do ano ou no começo de 2013”.

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O nome remete a um lugar pacato e bucólico. E, de fato, há uma aura de tranquilidade que paira sobre Hortolândia. Com motivos de sobra: a cidade, instalada na região metropolitana de Campinas, viu sua renda média saltar

de R$ 870 para R$ 2 mil e seu PIB crescer de R$ 1,7 bilhão para R$ 5,8 bilhões. Tudo nos últimos sete anos. Como consequência do crescimento do poder aquisitivo, o município acaba de ganhar seu primeiro shopping center, somando mais opções de lazer e diversão para a cidade.

Segundo Flávio Haddad Buazar, CEO da REP Centros Comerciais, empresa res-ponsável pelo shopping, a cidade foi escolhida para abrigar o centro de compras jus-tamente por ser referência em empreendedorismo. “Com a inauguração do shopping, as pessoas terão acesso às grandes redes e lojas do Brasil dentro do próprio municí-pio”, diz ele. A expectativa é que a cidade deixe de “exportar” consumidores e atraia moradores de regiões vizinhas interessados em comprar. “Todas as nossas campa-nhas estão focadas, além de Hortolândia, em municípios próximos como Sumaré, Monte Mor, Campinas, entre outros.”

Origem e “boom” econômicoNem sempre a cidade foi esse fenômeno de prosperidade. Hortolândia tem origem no pequeno vilarejo de Jacuba, que se transformou em distrito em 1953 e, por intermédio de um plebiscito popular, em 1991 ganhou status de município. A 115 quilômetros da capital São Paulo e satélite de Campinas, a cidade que hoje tem 200 mil habitantes poderia seguir sob a sombra das gigantes vizinhas. Não foi o que aconteceu.

Graças a uma posição geográfica privilegiada – que inclui a proximidade com o aero-porto de Viracopos e com importantes centros de pesquisa e universidades, como a Unicamp e a PUC-Campinas – Hortolândia ganhou a atenção da indústria, que ali instalou importantes unidades fabris, entre elas Dell, IBM e GKN. Para impulsionar ainda mais o desenvolvimento, a prefeitura criou formas de atrair novos investidores para a região, com isenções fiscais e políticas de apoio.

Deu certo. Cerca de 200 novas indústrias se instalaram na cidade nos últimos sete anos, gerando 20 mil novas vagas de empregos formais e reduzindo o desemprego de 17% para 4% em 2011. Segundo levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Hortolândia é, atualmente, a cidade média que mais cresce no País.

Muito arborizada, a cidade é a menina dos olhos de grandes empresas.

ao lado, a Praça Poderosa

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Novidades para a cidadeInstalado em meio ao centro de comércio, o Shopping Hortolândia trouxe à cidade 120 novas lojas, incluindo âncoras como C&A, Marisa, Americanas, Pernambucanas e Walmart, uma praça de alimentação com franquias como Subway, McDonald’s, Casa do Pão de Queijo e Brasil Cacau, além de um complexo de cinemas (com inau-guração prevista para abril). Com elas, novas opções se somam àquelas que integram o pequeno e simpático circuito da cidade, como o restaurante dançante Acauã e a churrascaria Top Grill.

“O Shopping Hortolândia coroa o momento de desenvolvimento econômico e social do nosso município. Agora os moradores não precisam mais de se deslocar para outras cidades na hora das compras, o que também significa ter mais qualidade de vida. Outro benefício é o ganho cultural por causa das salas de cinema”, comemora o prefeito Ângelo Perugini (PT).

Para Buazar, o shopping chega na cidade com enormes responsabilidades, de atender e de superar as expectativas de toda a população. “O Shopping Hortolândia vem para pôr um fim ao êxodo dos moradores em busca de opções de compras, entretenimento e alimentação. Esse empreendimento cria uma autonomia comercial no município, o que fortalece ainda mais a economia local.”

A receptividade dos habitantes foi enorme. “Nem acredito que Hortolândia tem um shopping! Está lindo demais, superou todas as minhas expectativas. Não vou sair daqui”, disse a estudante Fernanda Stivari, encantada com as lojas de roupas e sapatos.

Desde antes da inauguração, mensagens em rede sociais e fóruns sobre a cidade celebravam a chegada de novas lojas e especulavam sobre a inauguração do cinema. “Quando vai ser? Alguém sabe?”, pergunta um internauta desavisado. O outro, com bom humor, responde: “Não sei ao certo, mas quando inaugurar, pode apostar que serei o primeiro”.

sucesso de público e vendas, o

shopping também é ponto de encontro

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Preocupação socioambientalAlém do impressionante impulso econômico, Hortolândia é hoje referência em qualidade de vida. É bem avaliada nas necessidades mais básicas – a luz chega a 100% das moradias do município e o esgoto tem como meta atender 100% dos domicílios até o fim de 2012 – e também nas que dizem respeito ao bem-estar e ao lazer de seus moradores. A atual prefeitura tem como uma de suas principais bandeiras as questões socioambientais e investiu na construção e recuperação de parques e nascentes.

A implantação do Shopping Hortolândia deu sequência a essa atenção com o meio ambiente e estabeleceu uma parceria com uma ONG que vai coletar os resíduos do centro comercial. Além disso, criou um espaço de coleta de lixo reciclável e também de baterias e pilhas, o primeiro ponto a coletar esse tipo de material na cidade. Também foram criados programas de replantio de árvores e implantação e preserva-ção junto à população.

o shopping Hortolândia é um

dos principais sinais do “boom” que a

cidade vive. reúne âncoras como

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raízesParte da planta enterrada no solo, origem do indivíduo, elas se escondem nas profundezas ou crescem livres na superfície da Terra. Fotos RobeRto CeCato

“Talvez bem Tarde nossos sonos se uniram na alTura e no fundo, em cima como ramos que um mesmo venTo move, embaixo como raízes vermelhas que se Tocam.”

Parte do poema A Noite na Ilha de Pablo Neruda, esse texto fala do remoto, do profundo. Nos revela coisas da alma, segredos bem guardados. Mas lembra o que brota daquilo que está fincado no chão, braços abertos para o céu, como que agradecendo a bênção da vida.

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“Um fUtUro aconchegante, voltado à intimidade e à natUreza, e, ainda por cima, com gentileza na última moda.”

Apontou a holandesa Li Edelkoort, das personalidades mais influentes no mundo que dita os rumos para a moda, o design e a arquitetura, em uma de suas entrevistas.

Essa predição é fruto de muita pesquisa, olhar apurado e muita sensibilidade. Para ela, o homem moderno está sujeito a ser uma “espécie em extinção”. Se a natureza está sob ameaça, nós também estamos e não é de hoje. O retorno à intimidade do lar e à natureza é, antes de tudo, uma mudança de comportamento e de educação ambiental. A casa é parte integrante da natureza tanto quanto é a paisagem ao seu redor. Isso me fez lembrar uma frase que diz: “Quando o abrigo é seguro a tempestade é boa”

Hoje, essa segurança vai além das sólidas paredes e telhados. A casa agora é vista como uma célula que deve ser cuidada também para a saúde da cidade. Começamos a sentir essa mudança separando os lixos recicláveis, gastando menos água, não desperdiçando energia elétrica. A necessidade de uma casa de qua-lidade vem somar com as questões da sustentabili-dade ambiental, que não podem ser transpostas sem o suporte da tecnologia.

Um bom exemplo está na ilha de Sanso, na costa da Dinamarca. Entre seus quatro mil habitantes, sete a cada dez casas usam vento ou sol para produzir energia. Com o financiamento do governo, dedicação e cons-cientização dos moradores foram construídas 21 turbi-nas eólicas em terra e em alto-mar. O lucro obtido com a geração de energia limpa é investido em obras sociais e o local tem um dos melhores índices de qualidade de vida do mundo. A ilha tornou-se referência para estu-diosos do assunto.

Outro exemplo é Beirute. Ali, para solucionar o pro-blema da falta de áreas verdes, foi idealizado um projeto para transformar os topos dos prédios em jardins, com árvores presas por fios de aço – para evitar acidentes em casos de chuvas e ventos fortes. Essas praças suspen-sas aumentariam o convívio entre as pessoas, além de proporcionar ar mais puro e amenizar o clima quente e seco da cidade, graças às sombras das copas. A ideia é também criar pequenas hortas por toda a cidade, trans-formando esses espaços em agriculturas urbanas. “verde” é a palavra da vez... as ideias estão ficando verdes

Há hoje táxis “verdes”, hotéis “verdes”, paredes e telha-dos “verdes” –, a cor como bandeiras, movimentos e ati-tudes, cada ideia cumprindo com seu papel sustentável na redução da emissão do gás carbônico, na questão do conforto térmico e acústico. Há ideias “verdes” que parecem simples, como o uso de bicicletas como trans-porte diário e tornam-se complexas quando transpos-tas à realidade, onde são necessárias mudanças urba-nísticas e sociais. Ao visitar Copenhague recentemente percebi que elas são possíveis e fiquei encantada. Há bicicletas por todos os cantos da cidade, de todos os tipos, e ficam estacionadas sem cadeados. As pessoas usam para trabalhar, para levar os filhos na escola, para fazer compras e passear. Há farol para as bikes, ciclo-vias, com regras e respeito.

Aliás, “respeito” deveria ser a palavra da vez... Como dizia o profeta Gentileza, figura famosa no Rio de Janeiro dos anos 1980: “gentileza gera gentileza”

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para cidades mais felizeso segredo

Com o uso da tecnologia, como Skype, iCloud ou smartphones, é possível viver o conceito de microcosmo e assim termos cidades mais saudáveis e menos estressantes Por JuLiana ViLas | iLustração Maria Eugênia

Em “Paris Je t’Aime”, uma compilação de curtas sobre a relação dos parisienses com sua cidade, que teve como diretores convidados os irmãos

Cohen e Gérard Depardieu, Walter Salles contou em poucos minutos a rotina de uma imigrante colom-biana. Ela levantava para trabalhar com o dia ainda escuro, deixava seu bebê (de colo) dormindo em um berçário e começava uma epopeia de trem, ônibus e caminhada para chegar ao trabalho, onde cuidava de uma criança, numa elegante casa bem próxima à torre Eiffel. Terminado o expediente, a personagem repete angustiada a mesma via-crúcis para pegar a criança na escolinha. Ao chegar, ela recebe da professora o bebê todo enrolado em uma manta. Dormindo novamente.

A triste situação descrita poeticamente por Salles é a rotina dos milhares de seres nos grandes centros. Pessoas que passam boa parte do dia se deslocando (ou em engarrafamentos homéricos) do que nos lugares propriamente ditos. Não imagine que essa seja apenas uma das condições de quem não tem recurso, para alguns estudiosos, mesmo que você tenha uma Ferrari e leve uma hora para ir ao traba-lho e outra para voltar, ao final de uma semana você

terá somado 10 horas em trânsito. Em São Paulo, se você mora no Morumbi e tem de ir ao Centro diaria-mente, o número de horas no tráfego não será menor do que esse. O resultado pode ser descrito assim: menos tempo com a família, menos tempo para o trabalho e para os hobbies e mais estresse.

Não apenas isso. Além do tempo, em que se perde qua-lidade de vida, a cidade fica mais cinza, mais poluída e com menos vida. Se você está há horas no congestio-namento, não pode passear na praça com seu cachorro, certo? Enfim, quem vive dessa maneira vivencia menos a cidade na qual habita. Mas você deve estar pergun-tando, qual é a solução? Sim, ela existe e não é um heli-cóptero. Alguns urbanistas chamam esse conceito de microcosmo, nele pequenas cidades são criadas dentro da própria cidade. Um exemplo de microcosmo seria: morar nos Jardins, estudar em Higienópolis, frequentar bares e restaurantes nessa área e provavelmente traba-lhar nessa região.

O arquiteto e urbanista Jaime Lerner, que foi governa-dor do Paraná e comandou a revolução urbanística na cidade de Curitiba (PR), da qual foi prefeito três vezes,

foi ainda mais longe. Ele criou o conceito chamado de “biodiversidade urbana”. Nele, deve-se trabalhar a, no máximo, seis quilômetros de distância de casa. A regra não vale apenas para alguns. A diarista, o jardi-neiro, o padeiro, profissionais que trabalham no bairro, também devem morar no perímetro dos mesmos seis quilômetros de casa. Ou seja, as regiões das grandes cidades seriam transformadas em pequenos distritos. Parece impossível? Mas não é. O bairro de Fulham, em Londres, tem uma campanha chamada “Living locally”. Na mesma região existe o bairro de Chelsea, onde estão as casas mais caras, e atravessando a ponte chega-se ao bairro de Wandsworth, com belas casinhas de tijolo aparente onde moram trabalhadores de classe média. Em Brixton, o famoso bairro onde nasceu e cresceu David Bowie, foi criada uma moeda própria e há descontos especiais no comércio da região para que as pessoas façam suas compras por lá.

Para Lerner, essa é a única receita para amenizar o caos nas metrópoles. “É preciso entender que a cidade é uma estrutura de vida e trabalho juntos. Cidades sustentáveis não separam funções, como morar aqui, trabalhar lá”, define.

Na teoria, a ideia parece muito boa, mas quem permitiu que esses conceitos funcionassem na prática foi a tecno-logia. O que era impossível há cerca de dez anos, hoje é simples e barato. De lá para cá surgiram aplicativos, como o Skype, Viber e Voxer, que permitem às equipes fazer teleconferências em tempo real, por vídeo, como se todos estivessem na mesma sala de reuniões. Além disso, a possibilidade de armazenar informações “na nuvem”, via iCloud ou Dropbox, mudou completamente a maneira de compartilhar e arquivar dados importan-tes, mesmo confidenciais. Ou seja: um profissional pode acessar conteúdos e trabalhar de qualquer lugar em que haja computador e internet, sem necessidade de acessar um computador pessoal, específico.

Ainda este ano, a Natura vai implantar um novo sistema de trabalho para os seus executivos. Boa parte dos profis-sionais poderá trabalhar em casa. Garantir a retenção de talentos e oferecer mais qualidade de vida aos funcioná-rios são as principais razões que motivam as companhias a adotar esse sistema.

A tendência, segundo Alvaro Mello, professor e presidente da Sociedade Brasileira de Teletrabalho e Teleatividades (Sobratt), é que o trabalho remoto seja algo cada vez mais comum nos próximos anos. “Há uma relação direta entre a diminuição do custo de produtos de tecnologia, como iPads, e de ser-viços de computação em nuvem e o crescimento do trabalho virtual”, diz o professor. Segundo um levantamento da revista Fortune, 56% dos líderes das maiores empresas do mundo querem aumentar o número de trabalhadores remotos em suas com-panhias. E 61% deles acreditam que essa mudança será feita nos próximos três anos. Se a tendência se confirmar, além de pessoas mais felizes teremos também cidades mais felizes e urbanisticamente mais saudáveis.

Um exemplo de quem levou esse conceito ao extremo e garante que está muito feliz é o da paulista Karina Arruda, de 35 anos. Ela é especialista em marketing, mora na Suíça e é CEO da Inspiral, agência de tendên-cias que ela fundou em 2010. Ex-executiva de grandes marcas, Karina tem currículo invejável, que inclui pas-sagens pela Motorola, Brasil Telecom e TIM. Em 2009, ela se reinventou. Foi estudar em Madri, na Espanha, e lá imaginou um laboratório de ideias com proposta e sistema de trabalhos diferenciados. Munida de um notebook e smartphone, reuniu uma equipe de profis-sionais brasileiros, sediada entre São Paulo e Brasília. O método de trabalho, que Karina chama de cola-borativo, segue um conceito bem contemporâneo: todos se comunicam só por meio de ferramentas on--line e cada um trabalha onde quer. Dessa maneira, a Inspiral conta ainda com mais de 30 colaboradores freelancers e caçadores de tendências em cidades do Brasil, Itália, Espanha, Panamá e Estados Unidos. “Começamos com cinco funcionários, todos produ-zindo muito e atuando de seus home offices. Prefiro que trabalhem em cafés, nos parques, nas ruas. Basta que tenham um notebook e smartphone, porque faze-mos reniões por Skype. Quem trabalha com criativi-dade não precisa, e nem pode, passar o dia trancado num escritório, sob aquela luz fria. A tecnologia veio para nos libertar, não para aprisionar”, explica Karina que, de Zurique, na Suíça, concedeu entrevista para a repórter sediada em São Paulo via Skype.

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Mais amor, por favor

Para o grupo de arquitetura paulistano, o MMBB, o caos urbano influencia na falta de gentileza nas cidades.

Por isso, mais do que formas inéditas ou projetos suntuosos o que interessa a eles é a construção de espaços para

coexistência nos grandes centros urbanos. Por Marianne PieMonte

alojamento em Campos do Jordão: para estudantes da futura escola de música

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Eles se conheceram em um dos corredores pro-jetados por João Batista Vilanova Artigas (1915-1985), um dos principais nomes da arquitetura

em São Paulo. O lugar era a Faculdade de Arquite-tura e Urbanismo da USP (FAU). Formaram-se e dali ganharam o mundo, cada um para um rumo. Em 1991, após receberem o prêmio principal do Concurso para o Pavilhão do Brasil, em Sevilha, eles, finalmente, cria-ram o MMBB.

Hoje, Marta Moreira, 48 anos, Fernando de Mello Franco, 46 anos, e Milton Braga, 47 anos, formam o trio de arquitetos que chama a atenção do mundo. Em 2011, foram destaque na importante publicação americana sobre o tema, a Mark, numa matéria de dez páginas cujo título era “Urban Outfitters”. Além de urbanismo e pro-jetos de residências, o que salta aos olhos é que para eles este país não precisa de mais linhas retas ou tijolos aparentes, o que o Brasil precisa é de “afeição”.

Entre os projetos do trio, em que a “afeição” é a linha principal, está a construção de uma escola de música que contará com um complexo de 170 residências estudan-tis, próximo ao auditório Claudio Santoro, em Campos do Jordão. Também no portfólio deles está a urbanização da favela Jardim Edite, ao lado da ponte estaiada Otávio Frias de Oliveira, o novo cartão-postal de São Paulo.

Qual é a relação dos projetos de vocês com a cidade?Milton: Qualquer projeto tem sua dimensão urbana e portanto pública, mesmo um edifício privado tem a fachada pública. Qualquer intervenção, por menor que seja, interfere na cidade.

Marta: Estamos envolvidos no projeto Jardim Edite (reurbanização da favela ao lado da ponte estaiada), ali haverá 250 unidades habitacionais. Nossa preocupação é que o chão fosse público, o que garante a animação e a interlocução das calçadas. Todos os térreos têm restaurantes-escola, ambulatório, creche e unidade básica de saúde. Não é um muro de divisa com portão, que resolve uma situação interna, mas recusa o relacio-namento com a cidade. Houve uma preocupação não apenas com a casa, mas como ela se relaciona com a cidade é um exemplo do que nos preocupamos.

Fernando: A cidade é uma instância política, uma metrópole como São Paulo é um território de conflito, parte da arquitetura é participar dessa negociação.

Em parceria com o escritório de Paulo Mendes da Rocha, eles têm realizado grandes obras para órgãos institucio-nais ou públicos, como o terminal de ônibus do Parque Dom Pedro, em São Paulo.

Apesar do jeitão low profile, tudo indica que o barulho apenas começou. O trio já foi convidado a colaborar na curadoria da Bienal de Arquitetura de Roterdã, na Holanda, em 2012.

o que vocês três têm em comum? Marta: Além de termos estudado juntos e a afinidade intelectual, temos muito interesse pela cidade. Nós também nunca nos afastamos das escolas, nunca deixa-mos de ter a relação com a academia, com a formação.

Fernando: Não vemos arquitetura como a produção de objetos ou monumentos, o que nos interessa pensar no nosso tempo é a questão da cidade. Queremos nos rela-cionar com a arquitetura pública, queremos contribuir com espaços de coexistência nessa cidade.

Um exemplo disso é a marquise do Parque do Ibirapuera, em que hora é ocupada pelos skatistas e hora por pais ensinando os filhos a andarem de bicicleta. Mais do que construir imagens é preciso construir formas de uso.

Como vocês descreveriam São Paulo urbanisticamente?Fernando: Mario Biselli (arquiteto paulistano) já disse: “É homogeneamente heterogênea”. A nossa questão é como estabelecer essa convivência.

Milton: Alexandre Alves Costa, um arquiteto português, disse que por aqui podemos escolher em qual cidade queremos viver, depende da região que se escolhe você tem uma cidade diferente. Por isso, ela é de vanguarda.

Praça Antonico, parte da urbanização da favela Jardim

Edite, perto da ponte estaiada.

Ao lado, o trio de arquitetos

No Jardim Edite, o chão é para todos. As 250 moradias ficam suspensas

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O MAIS BONITO É VER O EFEITO NAS

PESSOAS E NãO AS FORMAS DO PROJETO

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Se pudessem reprojetar a cidade o que fariam?Marta: Acho que a prioridade seriam as grandes infra-estruturas que relacionam a cidade como um todo, as duas linhas de rio, água, drenagem. Seria importante pensar do ponto de vista da paisagem, de que forma podemos aproveitá-las. 

Se houvesse um rio passando em Higienópolis, esse seria o melhor bairro da cidade, porque os prédios estão bem, mas o que está entre eles é que está mal. Nossa cidade é muito malfeita.

O caos urbano influencia para a falta de gentileza. Nossa geração de arquitetos fala muito menos de cidades do que a geração anterior que estava construindo o Brasil.

Um exemplo de preocupação contra as enchentes e captação da água da chuva.

Na planta de cima, uma canaleta represa a água (que também é drenada) e é cercada por uma vau, como de um rio. Em caso de muita chuva, ela evita que o excesso de água transborde (planta de baixo)

Fernando: Não podemos esquecer é que 30% da popu-lação da metrópole vivem em condições anormais, isso é imperativo. Também precisamos pensar na mudança climática, a bolha de calor, que tem provocado um regime pluvial muito intenso e as enchentes. Para enfrentar as mudanças temos que pensar que modelo de cidade queremos. 

Vocês vivem a cidade?Marta: No meu pedaço faço tudo a pé. Trabalho, moro e dou aula na Escola da Cidade, tudo em Higienópolis.

Milton: Optamos por uma área mais urbana na cidade, escolhemos um lugar que tem vida na rua. Um exem-plo disso é que não temos café no escritório para ter a opção de descer e tomar o café.

Eu gosto de ir ao mesmo bar, tenho amigos do bar, para criar relações de afetividade. Até nisso São Paulo é legal, porque podemos ser anônimos e também criar relações de afetividade.

Fernando: Um holandês que vive em Amsterdã e acha que vive numa vila disse que aqui construímos peque-nas vilas.

Qual é a marca do MMBB?Fernando: A casa Vila Romana que tem um jardim na cobertura, por exemplo. O que se ganha? Uma rela-ção com a cidade. Mesmo sendo uma casa privada, ela estabelece uma relação com a cidade, mesmo que contemplativa. Portanto, passam a ser urbanas e não feudos enclausurados.

Milton: Antes de pensar o objeto, a forma, a materiali-dade, deve-se pensar no efeito que todo esse material causará. O mais bonito é ver o efeito nas pessoas e não as formas do projeto, por isso, talvez, nossas formas sejam mais serenas. Nos interessa que a vida apareça com mais força.

Linhas simples, nenhum supérfluo e um jardim na cobertura, na residência da Vila Romana.

Ao lado, casa na City Boaçava

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O QUE O BRASIl PRECISA É DE AFEIçãO

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A construção de uma nova realidadeCom doações e mutirões de jovens universitários voluntários, a ONG “Um Teto Para o Meu País” fez cerca de mil casas em comunidades carentes de São Paulo por Juliana Vilas | fotos felipe reis

A comunidade tem o sugestivo nome de Futuro Melhor. Fica nas entranhas da zona norte de São Paulo, precisa-mente no Jardim Peri, aos pés da Serra da Cantareira. Por

ali, centenas de pessoas vivem em barracos de madeira e papelão. Se na cidade de São Paulo 12% das moradias estão em favelas, segundo a Secretaria de Habitação, naquele pedaço esse índice chega a 20%. A situação era ainda mais dramática, em 2007, mais de 14% dos moradores não tinham acesso a saneamento básico.

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Ao adentrar o bairro, que tem um córrego cortando a área, crianças, cachorros e famílias inteiras divi-dem espaços, nas ruas estreitas, com carros e cami-nhões. Nas vielas internas o que se vê são casebres amontoados. Aos poucos, essa realidade vem sendo transformada. A nova paisagem está sendo desenhada por jovens idealistas que formam o time da ONG “Um Teto Para o Meu País”. Estudantes de Direito, Arquitetura e diversas universidades que se unem para construir moradia popular.

A primeira casa de Tânia Aparecida da Silva, 53 anos, uma cuidadora de idosos que mora há dois anos na comunidade, foi construída com madeira e papelão. A umidade das paredes tornava o cômodo ainda menor, porque era preciso desencostar os móveis para que eles não estragassem. “Quando chovia forte, entrava água e a casa virava um rio, que batia na altura do joelho”, lembra.

Ela também conta que, apesar de precisar muito, ficou desconfiada e chegou a torcer o nariz quando o “pessoal da ONG” apareceu para fazer uma série de perguntas. Eram jovens bonitos e muito simpáticos,

cheios de ideias e boa vontade. No entanto, rapi-damente a desconfiança deu lugar ao entusiasmo e Tânia começou a vislumbrar um futuro melhor.

Ela foi uma das selecionadas do projeto “Construção com famílias: uma árvore de oportunidades”, da ONG latino-americana Um Teto Para Meu País. Foi entre-vistada por universitários que, voluntariamente, cons-troem casas de emergência, em sistema de mutirão, para os mais necessitados. A parte brasileira da enti-dade conta com quatro mil estudantes.

Assistir o esquadrão universitário em ação na favela é como levar um “positivo choque social”. É assim que a estudante Manuela Porto, de 20 anos, descreve a expe-riência. Ela faz parte da ONG desde 2010. Na primeira visita que fez ao local, admite que ficou surpresa. “Gosto de conhecer as famílias e fazer o primeiro contato, quando definimos os moradores que receberão a nova casa, por ordem de prioridade”, diz. Manuela sempre estudou nos melhores colégios da cidade e conta que os pais puderam lhe oferecer todo conforto. Não fosse pelo trabalho voluntário, poderia passar a vida toda sem conhecer, tão de perto, parte da realidade de nosso País.

“É impressionante como criamos vínculos emocionais com os moradores. Adoro ser voluntária e acho que esse trabalho tem contribuído muito para minha formação. Não apenas profissional, mas pessoal mesmo.”

O trabalho ao qual Manuela se refere é dividido em etapas. A primeira é a entrevista presencial com os moradores. Escolhidas as casas que serão renovadas, os organizadores marcam o fim de semana do mutirão.

Uma vez por mês, os universitários abdicam da balada e ainda bem cedo, quase com o sol raiando, se encontram na comunidade que será atendida. Divididos em grupos bem organizados e agindo sem-pre em duplas, eles começam os trabalhos. A família beneficiada contribui com R$ 150 e se compromete a demolir a casa velha para liberar o terreno até a manhã do primeiro dia de trabalho, quando a turma jovem chega para iniciar a fundação. A moçada cheia de boa vontade põe a mão na

massa, levantando paredes, assentando pisos. A pintura é a última etapa, quando a casa está pronta

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O último mutirão de 2011 contou com chuva inter-mitente durante todo o sábado, dia 11 de dezembro. No domingo, o sol apareceu e colaborou com o pro-grama. No primeiro dia, voluntários e moradores fica-ram cobertos de lama, mas nada disso atrasou o cro-nograma. Os caminhões traziam até a rua de asfalto mais próxima as pesadas placas de madeira, que os homens carregam em grupo. “Um, dois, três, vai”, era o comando que se ouvia durante o dia. Com as pla-cas devidamente encaixadas, todo mundo entrava na dança e martelava, media, ajeitava.

As refeições, durante o dia de trabalho, são comuni-tárias e uma escola pública faz as vezes de dormitório para os voluntários visitantes, que levam os próprios colchões e estendem nas salas de aula.

No fim de semana do mutirão nada de banho, apesar das quase 12 horas de labuta diárias. No domingo, todos estão a postos às 7 horas. Tomam café e reto-mam as atividades. A casa precisa estar pronta até o fim do dia porque os moradores não podem passar mais do que dois dias alojados nas casas de vizinhos e parentes. No fim de semana seguinte, os voluntários voltam para pintar as paredes externas.

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Diante de tanto empenho, Ricardo Montero, diretor social da ONG no Brasil, é enfático: “Discordo total-mente de quem diz que os jovens são individualistas, que não se interessam por política, nem pelas questões coletivas. Imagine que, só em 2011, recebemos mil ins-crições de novos voluntários.” Ricardo nasceu no Chile, onde a entidade foi criada, em 1997. Estudante de Direito, ele foi voluntário e já construiu muitas casas de emergência nos países da América Latina. Gostou tanto da experiência que se especializou em Direito Social. “Os estudantes sabem que o conhecimento não está restrito às salas de aula. O verdadeiro crescimento e desenvolvimento humano e profissional está nas ruas, nas realidades diferentes das deles. Não é assistencia-lismo, é trabalho, é uma via de mão dupla”, diz Ricardo, confirmando a opinião da colega Manuela.

“Um Teto Para Meu País” está em 19 países latino--americanos, o que ainda é pouco diante das

No domingo, Tânia, a cuidadora de idosos que vivia com a casa alagada, já estava na casa nova que recebeu no mutirão anterior. Por isso, ela pôde abrigar a vizinha Silvana Araújo, que acompanhava maravilhada o traba-lho dos jovens voluntários. “Moro aqui há quatro anos com seis filhos e dois netos. Minha casa tinha tanta infiltração e mofo que nenhum móvel presta mais”, diz. Ela conta que por vezes teve de levar as crianças ao hos-pital com problemas respiratórios, culpa da umidade que nunca abandonava a casa. “Agora, isso vai mudar”, emenda a amiga Tânia. “Olha a minha como ficou. A sua vai ser assim também, chega de água dentro de casa”, comemora enquanto mostra, cheia de orgulho, o ambiente interno da morada, bem arrumadinho. “Não vejo a hora de colocar meus filhos na casa nova, sequinha e confortável. É hoje!”, comemora Silvana, olhando a casa ganhar forma, com as paredes – secas – nos devidos lugares. É o começo da realização de um Futuro Melhor.

Manuela Porto é uma das voluntárias do projeto, que uma vez por mês se reúne em mutirão para ajudar a construir uma vida mais digna para quem vive em situação de risco. Acima, a nova casa "sequinha e confortável"

Mãos à obra!Quer ser voluntário da ONG Um Teto

para Meu País? Basta entrar no site

(http://umtetoparameupais.org.br/) e

se cadastrar clicando em 'Quero ser

voluntário'. O primeiro passo são as

entrevistas em que os voluntários

detectam quais as famílias de uma

comunidade serão escolhidas. Um

mês depois começa o mutirão de

construção que sempre acontece em

um final de semana.

necessidades de quem vive no limite que divide miséria e pobreza. “A casa que fazemos é emergen-cial, não se trata de uma solução definitiva, mas de um paliativo para quem vive em situações muito pre-cárias, convivendo cotidianamente com vários ris-cos, como doenças, enchentes e alagamentos”, diz. Ele sabe que o ideal seria construir casas de alvena-ria para todos, mas esse processo seria muito mais lento. “Mostramos para a comunidade que é possível mudar e tirar alguns moradores da situação de risco extremo”, explica.

Até hoje, o projeto construiu 85 mil moradias de emergência em países latinos. No Brasil, esse número chegou a 939 casas em 2011.

Só no fim de semana de 11 e 12 de dezembro, 85 famí-lias da capital paulista receberam novas moradias – 12 na comunidade Futuro Melhor.

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O pendor exibicionista das classes altas, definido pelo americano Thorstein Veblen como consumo conspícuo, perde força nesse mundo que clama por sustentabilidade Por Judite Scholz | iluStração maria eugÊnia

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frescos e sustentáveis e, apesar da procura enlouquecida por uma mesa, ele não abre mão de fechar as portas no verão para viajar com a família. Redzepi declara que ser bicampeão não muda nada em sua vida: continua pas-sando os sábados de verão colhendo rosas com a mulher e os filhos. Como ele, há empresários brasileiros cheios de compromissos que conseguem reservar espaço na agenda pelo menos quatro vezes por ano para participa-rem de campeonatos de vela e de golfe.

Se a coisa pegar, certamente o mundo voltará a ser um lugar mais acolhedor. Trazidas do Sri Lanka pelo paisagista Roberto Burle Marx, a palmeira Corypha umbraculifera, ou palma talipot, floresce uma única vez na vida, cerca de cinquenta anos depois de plantada. Em seguida, inicia um longo processo de morte, período em que produz cerca de uma tone-lada de sementes. Quando Roberto Burle Marx plantou a palma talipot no Aterro do Flamengo, um visitante comentou: “Como elas levam tanto tempo para florir, o senhor não estará mais aqui para ver”. O paisagista, então com mais de 50 anos, teria dito: “Assim como alguém plantou para que eu pudesse ver, estou plantando para que outros também pos-sam contemplar”.

Anos atrás, o comediante norte-americano Bill Cosby censurou seus pares da comunidade negra por gastarem exageradamente em bens

sofisticados demais em detrimento da educação de seus filhos. Isso fez com que ele fosse imensamente criticado por alguns e elogiado por outros. Prova-velmente os elogios partiram daqueles que nunca tinham ouvido falar do “consumo conspícuo” – expressão criada pelo economista americano de ori-gem norueguesa Thorstein Veblen, no final do século 19, segundo a qual não basta ter, é preciso mostrar.

“Posses de valor visíveis a todos são um sinal de riqueza, sucesso e status do indivíduo”, disse Veblen. Ele usou o termo “consumo conspícuo” para descrever o compor-tamento do nouveau riche, a classe média emergente no século 19 em consequência do acúmulo de riqueza durante o período da revolução industrial, no livro teoria da Classe ociosa. Esses novos-ricos investiam em bens e serviços com a finalidade de indicar renda e riqueza, poder social. Veblen dizia que a classe alta, que ele cha-mava classe ociosa, consumia produtos não por sua utili-dade, nem para satisfazer suas necessidades, mas apenas para exibir sua riqueza e adquirir poder e prestígio.

Para Veblen, com a introdução do dinheiro, a evolução econômica do homem passou a obedecer a dois instintos básicos: o produtivo e o pecuniário. O primeiro tratava de fazer bens, o segundo de “fazer dinheiro”. Mas na sociedade moderna o instinto pecuniário sobrepujou o instinto produtivo e o empresário assumiu que seu papel preponderante era a criação de dinheiro, não a produção de bens. Se para fazer dinheiro fosse necessário um pro-cesso mecânico de produção de mercadorias, tudo bem, mas o ideal era conseguir dinheiro em troca de nada, como se faz na bolsa de valores e no mercado financeiro.

professor de filosofia da Universidade de Grenoble, autor do livro a Felicidade Paradoxal: ensaio sobre a sociedade de Hiperconsumo, a fase atual do consumo é marcada pelo declínio do consumo conspícuo e por uma ascensão do consumo experiencial e sensível, no qual as pessoas buscam mais satisfação estética e prazer no contato direto com o objeto do que elevação de status.

Pode parecer que ainda estejamos muito distantes dessa tendência, mas neste mundo ameaçado pelo aqueci-mento global, escassez de água e poluição dos recursos naturais, buscar a sustentabilidade é obrigatório, e o consumismo desenfreado realmente não se encaixa.

Sem falar o quanto é mais prazeroso consumir qualquer objeto pela boa sensação que proporciona – seja lúdica, sensorial, estética, de conforto – do que pela impressão que vai causar nos outros. Isso vale até para a forma de lidar com o tempo, dedicando mais espaço ao que, de fato, gera prazer. Uma vida mais simples, mas que não dispensa conforto, pode ser a chave para dias mais felizes.

O chef dinamarquês René Redzepi, que comanda o Noma, restaurante em Copenhague eleito duas vezes o melhor do mundo, prega o uso de alimentos locais,

Além disso, como os bens passaram a ser consumidos por todos, a classe alta passou a obter prestígio social com o consumo de bens de luxo. Assim, não servia qualquer reló-gio, apenas o mais caro, que marca as horas como todos os outros; não bastava um sapato, tinha de ser o modelo com couro de crocodilo e assinado por um designer, não porque aquele design significava algo para ele, apenas por demonstrar que ele “podia mais”, ou seja, a classe alta investia em bens não pela utilidade ou pela necessidade, mas como exibição de riqueza, poder e prestígio.

Esse tipo de comportamento evoluiu a tal ponto junto com o capitalismo que muitas marcas e produtos se tornaram símbolos de status, e seus lançamentos eram esperados com filas de intrépidos consumidores ávidos em serem os primeiros a ostentar tais novidades. “Por ser o consumo de bens de maior excelência prova de riqueza, ele se torna honorífico”, dizia Veblen.

Para Nikolai Roussanov, professor de finanças da Wharton School, da Universidade da Pensilvânia, os gastos com consumo conspícuo não são totalmente con-traproducentes, já que em muitas comunidades pode ser necessário passar uma imagem de maior afluência na busca de melhores empregos e de uma vida social de melhor nível. “A saúde e a educação deveriam ser alvo de um volume maior de investimento financeiro por parte dos indivíduos, mas não se pode simplesmente obrigar as pessoas a pensarem dessa forma e achar que isso as fará se sentirem melhor”, ele disse. “Como convencê-las de que cursar uma universidade cara vale mais a pena do que comprar um relógio caro? Não há uma solução simples para essa questão.”

A tendência indica que o consumo conspícuo está per-dendo fôlego. Para o filósofo francês G. Lipovetsky,

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A Arte que vem do sertão

Em uma região remota de Sergipe, Cícero Alves dos Santos, o Véio, cria esculturas que serão expostas na Fundação Cartier, em Paris Por MArinA FuEntES

A madeira talhada pelas mãos do Véio ganha diferentes formas, parte do imaginário do artista fo

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Quem passar, de carro ou a pé, pelo quilô-metro 8 da rodovia engenheiro Jorge Neto, pode achar que está vendo coisas. Noivas,

grávidas, seres imaginários e cortejos fúnebres de figuras com feições sisudas se apresentam, em tama-nho real ou amplificado, como verdadeiros gigantes transitando por aquele espaço remoto do sertão sergi-pano. É ali, naquele pedaço de roça, entre a cidade de Nossa Senhora da Glória e Feira Nova, que o artista Cícero Alves dos Santos, o véio, cria e expõe a sua obra em madeira, dando sua versão para a história do povo sertanejo.

Imaginação ou realidade, é impossível ficar alheio às suas peças. A partir da madeira talhada ou de for-mas aproveitadas do movimento natural de troncos e galhos, véio exterioriza as criaturas que povoam o seu imaginário. Para cada figura há uma história na ponta da língua. Há políticos com duas faces (“uma bem pin-tada, para os dias de comício, outra carcomida para os dias de poder”), índios preparados “para uma guerra que nunca vão vencer”, sertanejos enterrando um con-terrâneo “que leva com ele uma mala de sabedoria”.

“venho, converso com eles, são uma família”, diz o artista, que produz novas peças semanalmente e trata de repor as que são deterioradas pelo tempo, além de manter outras guardadas em pequenas casas instaladas na beira da estrada. Apesar de prolífico, véio confessa as dificuldades de manter a atividade em meio à seca cultural do sertão. “Já me chamaram de maluco, de macumbeiro, muita gente não entende”, conta ele, que em 1980 recebeu o primeiro convite para expor, numa feira pecuarista. Foi o começo do reconhecimento que, no boca a boca, atravessou as fronteiras estadu-ais e chegou a São Paulo e a vilma eid, fundadora da Galeria estação, especializada em arte popular.

“muita gente já tinha me falado do véio e resolvi ficar atenta ao seu trabalho. Antes de conhecê-lo, decidi ir comprando peças de sua obra. Passei cinco anos cole-cionando e avaliando, se aquilo tinha uma consistên-cia, se as obras me cansavam. A obra feita para decorar cansa, mas a obra de arte resiste”, diz ela, que sabe como poucos diferenciar a arte de artistas populares, sem formação erudita, do artesanato. “Artesanato é a repetição de uma fórmula bem-sucedida, em geral é

um utilitário e é feito pra ser consumido. Os artesãos repetem em série porque o mercado pede aquilo em série. mas o artista não consegue reproduzir a mesma obra, mesmo se você pedir.”

Artista “de nascimento”Além de se dedicar às esculturas em madeira, véio criou e mantém um museu sertanejo. São mais de cinco mil objetos garimpados por ele ao longo de décadas que retratam os hábitos cotidianos do povo da região e que estão distribuídas em casinhas temáticas. “tem a casa de farinha completa, a tenda de ferreiro, com todas as ferramentas, a casa do agricultor, do caçador. Aproximadamente dez casas, arrumadas cena por cena. Se a gente não reúne isso, tudo será esquecido. Isso não está registrado em lugar nenhum”, conta ele.

O interesse de véio pelos costumes e histórias locais vêm da infância. Nascido em 1948, na cidade de Nossa Senhora da Glória, aos cinco anos o menino Cícero vivia entre os anciões ouvindo suas prosas. A afinidade era tanta que lhe rendeu o apelido – véio – pelo qual hoje é conhecido no sertão e em galerias.

Já nessa época começou a fazer por conta própria seus primeiros trabalhos manuais em cera de abelha, como uma criança que brinca de massa de modelar. Depois, pré-adolescente, conheceu a cerâmica, mas logo des-cartou a matéria-prima. “era uma sujeira, tinha que lavar a mão para cumprimentar quem chegasse e meu pai queria que eu trabalhasse na roça”, lembra. Foi observando os troncos de árvores mortas que começou a imaginar seres e formas que poderiam ser criadas a partir dali. “meu trabalho começa da observação do que a natureza já fez”, explica.

A consciência do próprio trabalho artístico veio antes da confirmação de colecionadores e galeristas, quando véio passou a defender sua obra e chamar a atenção para ela. “Fui reconhecido fora daqui, mas na cidade mesmo nunca vendi uma só obra. Ninguém valoriza arte no sertão”, reclama ele, que, desconfiado, seleciona quem pode ver e adquirir seu trabalho. “Se vem aqui falar que é bonitinho, se eu ver que não tem sensibilidade, que não entendeu, já digo que não tenho nada pra vender, como já fiz muitas vezes.”

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Partindo da forma dos troncos e galhos, o artesão esculpe sua versão dos mitos e lendas que povoam a imaginação do sertanejo

Cícero Alves dos Santos, o Véio, e uma de suas esculturas, expostas em seu museu a céu aberto na porta do ateliê

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Reconhecimentoem São Paulo, no entanto, véio é um artista em ascen-são. Dono de uma estética limpa e extremamente con-temporânea – há quem compare seu trabalho com o do alemão Georg Baselitz –, desde 2004 integra o acervo da Galeria estação, onde algumas de suas peças estão à venda por valores que giram entre r$ 8 mil e r$ 18 mil.

Obras suas também fazem parte do acervo da Pinacoteca do estado, do Sesc e de coleções particulares, como a do artista plástico carioca Waltercio Caldas. “Gosto espe-cialmente do trabalho que ele faz em pequena escala. A temática somada àquele tamanho diminuto é muito interessante”, conta Waltercio, que se refere às minúscu-las esculturas de madeira de 3 a 5 centímetros que véio faz com a ajuda de um canivete.

Algumas miniaturas e obras grandes seleciona-das devem integrar uma mostra no Instituto tomie Ohtake, que reúne dez artistas populares em março

na roça do sertão sergipano, Véio fez o seu ateliê, onde dá forma à madeira rejeitada pelo povo e pela natureza

Ao lado, o que poderia ser um elefante e abaixo uma série de homens ou fantasmas

de 2012. A iniciativa, em conjunto com o Instituto do Imaginário e a tal tv, inclui, ainda, um livro e um documentário sobre essas pessoas extremamente criativas que despontam em locais com pouco ou nenhum incentivo à cultura.

vilma explica a importância do entorno para entender a obra desses artistas. “De um modo geral, eles estão muito isolados de uma realidade urbana, vivem no seu próprio hábitat. mas a consciência que o véio tem de um ser político, de uma manutenção de tradições é fundamental para nossa história. É algo óbvio, mas é surpreendente como um ser semianalfabeto, morando numa beira de estrada, tem essa visão. Ninguém o ensinou, ele nasceu com isso.”

também em 2012, véio dá seus primeiros passos no exterior, quando vai participar de uma coletiva prevista para maio que deve reunir o trabalho de artistas popula-res de diversos países na Fundação Cartier, em Paris. fo

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ife Como o decorador Fernando Piva conseguiu transportar a história de vida de um casal que morou por 40 anos em uma casa de 700 metros quadrados para um Lindenberg Por Marianne PieMonte | Fotos Valentino Fialdini

suspensao living interligado com a varanda amplia a sensação de

casa. na sala de jantar, que tem como atração principal o quadro com a imagem da santa Ceia, comprado em roma na

ocasião do casamento dos moradores, foi transportado de maneira idêntica da casa para o 18o andar

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Coroas de prata, que foram herdadas da família, são objetos que fazem parte da história do casal. Ao lado, na sala de jantar, além da prataria, o quadro da Santa Ceia comprado na lua de mel

Um projeto no qual não se podia mudar nada, mas era preciso alterar tudo. Esse foi o desafio de Fernando Piva, nesse Lindenberg nos Jardins, em São Paulo. O decorador recebeu essa missão das filhas de um casal muito sim-

pático e elegante, carinhosamente unido há 55 anos. E, detalhe: vivem até hoje como dois namorados apaixonados.

Desde 1971, o casal morou no bairro, mas em uma casa com cerca de 700 metros quadrados. Os filhos e filhas casaram, os netos chegaram e cresceram. Os cômodos foram ficando em silêncio. Estar naquela imensidão vazia não fazia mais sentido, mas como jogar fora boa parte ou empacotar a história de uma vida?

Para respeitar essa história e dar conforto ao casal, a ideia foi transportar a casa para os 310 metros quadrados de um Lindenberg. “Meu trabalho foi transportar 40 anos de vida para um apartamento com metade do tamanho. Com poucas alterações na planta, e alguns móveis novos, consegui valorizar a qualidade do mobiliário do casal e criar um ambiente familiar e aconchegante para os dois”, disse Piva.

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Espaços que eram muito importantes para o casal, como a biblioteca, por exemplo, foram reproduzidos e recolocados de maneira quase idêntica no novo endereço, feitas, claro, as adequações necessárias. “Dei apenas um toque mais moderno em alguns lugares, mas quase imperceptível. Antes a biblioteca era revestida em cerejeira e a nova está em carvalho”, conta o decorador. Até a coleção de armas antigas, que são herança de família, teve a mesma disposição mantida na parede.

Algumas coisas mudaram de lugar, como uma pequena vitrine de caixinhas e relicários. Os mais valiosos foram doados, os outros tantos, alguns em madre-pérola ou trabalhados em metal e pedras, que o casal trouxe de viagens feitas pelo mundo, ganharam lugar de destaque na sala. O banheiro da quarta suíte foi transformado lindamente em um espaço para guardar toda a louça da dona da casa. No hall que precede a biblioteca, um piano de cauda, em que os dois praticam a quatro mãos.

a biblioteca recebeu o revestimento de uma madeira mais atual, mas é uma reprodução fiel à que havia na antiga casa. até os objetos de decoração, como a coleção de armas, foram mantidos na mesma disposição

O hall de entrada teve a porta deslocada para que fosse transformado numa sala de música, onde o casal faz aulas de piano diariamente. Há 55 anos, eles mantêm o hábito de tocar a quatro mãos alguns clássicos de Schubert.

Ao lado, na biblioteca, as paredes foram forradas de madeira, como era a original

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Na varanda, uma espreguiçadeira foi cuidadosamente planejada para quem não quer perder o sol da manhã.

Na pequena estante, santos e recordações das visitas ao Vaticano e objetos, caixinhas e relicários trazidos de viagens

No quarto do casal, as recordações de encontros com o papa e viagens a Roma e ao Vaticano receberam local de destaque na cabeceira da cama

“Colar de rubis e pérolas”A vista é um dos atrativos que têm entretido o casal. A senhora, ao olhar pela janela de seu quarto no começo da noite, vê um “colar de pérolas e outro de rubis”, uma visão poética do tráfego que vai em direção à Ponte Estaiada e vem rumo à Cidade Jardim. Da sala, além da pista de corrida e piscinas do clube vizinho, é possível enxergar as luzes e as antenas da Avenida Paulista. Uma amplitude de horizonte pouco usual em São Paulo.

A sala de jantar foi mantida igualzinha. Duas peças eram, e continuam a ser, as atra-ções do ambiente. Um quadro com a imagem da Santa Ceia, comprado pelo casal durante a lua de mel em Roma, na Itália, e que chegou ao Brasil três meses depois do casamento. E a coleção de coroas de prata, herdada dos sogros, que fica sobre o aparador e faz a ligação entre o clássico e o moderno.

Todo o terraço, que percorre o comprimento da sala, recebeu revestimento de piso de madeira. “Minha ideia era dar mais essa sensação de casa, prolongando a sala, sem que houvesse divisão.” Funcionou. Ali, uma espreguiçadeira é o local perfeito para quem quer tomar o sol da manhã, e uma mesa redonda posta diante da vista é o lugar ideal para quem quer tomar um drinque observando o cair da tarde.

Muito religioso, o casal foi recebido uma série de vezes no Vaticano. Em uma das visitas receberam o plastron (o colarinho da veste papal) de presente. Essas e outras recordações ganharam uma espécie de altar, em frente ao quarto do casal. No corre-dor que liga a sala à parte íntima da casa está uma galeria de imagens. Nascimento dos netos, fotos de família, viagens e situações deliciosas de recordar e que não pode-riam ser deixadas para trás formam uma espécie de galeria particular.

Na sala de estar, no lugar das elegantes poltronas da Artefacto escolhidas pelo deco-rador, foi pedida uma poltrona giratória, que ora deixa o casal de frente para televi-são, ora os integra ao resto da sala. Assim, a dupla, que ainda hoje faz aulas de piano junta, pode assistir televisão de mãos dadas. O mérito desse projeto? “Respeitar essa linda história de vida e ouvir com carinho os desejos deles”, conta, cheio de orgulho, Fernando Piva.

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União de CaveirasFazia mais de um ano que a gente investigava artistas, produzia obras, toy art, falava com curadores e estudantes até que, em 2004, chegamos à conclusão de que estava na hora de abrir as portas e apresentar esse diálogo ao público. Inauguramos a Choque Cultural em 2 de novembro, Dia de los Muertos, como se chama a celebração mexicana. Lá, a data é quase carnavalesca mesmo reverenciando os antepassados. Havia também a questão do tema, a caveira, um símbolo recorrente em todas as vertentes da arte urbana, como tatuagem, quadrinhos, grafite, pintura e escultura. Foi muito interessante observar o público.

Em cima do muroEm julho de 2010, apoiamos a pintura de um mural de 33 metros de altura por 40 metros de comprimento feito por Daniel Melim. A obra foi exposta na Avenida Prestes Maia, no Centro de São Paulo, e até hoje é o maior mural que a cidade já teve. Quem visitava a Pinacoteca do Estado, ou ficava preso num congestionamento, ricos, pobres, crianças, velhos, doutores e analfabetos eram impactados pela obra. Eu gostava de passar por ali e observar as pessoas. Sentia que muitos não conseguiam compreender o conceito mais amplo. Mas o muralismo é algo de alto impacto visual, instintivo.

Não havia endereço melhor do que a Rua João Moura. Quem conhece a capital paulista sabe que essa via liga os Jardins à Vila Madalena.

Uma ponte entre o estabelecido e o novo. Nós acredita-mos que somos construtores de pontes entre gerações, grupos políticos, sociais e econômicos diferentes.

Entre a ideia e a concretização foram uns dez anos. Minha mulher (Mariana Martins, filha do falecido pintor Aldemir Martins) e eu sempre fomos ligados à arte. Nos anos 90, fui trabalhar com branding para empresas de moda sportswear e percebi que naquela geração criava-se uma nova mentalidade sobre arte. Uma relação de compromisso mais leve que abre mais espaço para a experimentação. É esse contato mais leve e prazeroso com a arte e a cidade que eu gostaria de transmitir.

Arte urbana no MaspFomos convidados pelo Masp a fazer uma mostra, que seria realizada em duas etapas: A exposição De Dentro Para Fora, De Fora Para Dentro. Era 2009 e foi ótimo levar a arte da rua para dentro de um museu, e mostrar que arte urbana não se resume ao grafite, que um mesmo artista pode produzir tatuagens, desenhos, cinema, vídeos, fotos, muralismo e também grafite. E que há uma diferença de linguagem entre grafiteiros. Por exemplo, o Daniel Melim é geométrico e não tem nada a ver com o desenho psicodélico do Ramon, como todo artista.

EducativoEm fevereiro de 2007, pela primeira vez um grupo de artistas da Choque Cultural saiu do País para levar a nova arte contemporânea brasileira ao exterior. Fizemos uma exposição na galeria Jonathan Levine, em Nova York. Mas a ideia não era só chegar lá e mostrar o trabalho. Assinamos uma parceria com uma escola modelo no Bronx durante oito meses. Naquela região, sentimos que o grafite era praticamente sinônimo de vandalismo e quisemos desenvolver a arte. O modelo deu certo e a gente repetiu aqui em São Paulo. Em 2011, inauguramos um departamento dentro da Choque, o Eduqativo, que tem a finalidade de contribuir de forma sistematizada com a formação de um novo público e de novos artistas.

A segunda temporada no maior museuEm 2010, aconteceu a segunda exposição no Masp, trouxemos alguns dos mais importantes nomes da arte urbana mundial, como os franceses Remed, JR e Invader, a norte-americana Swoon e o BijaRi, o único grupo brasileiro. A mostra era De Dentro e de Fora. Os artistas vieram a São Paulo, passaram um mês perto da Avenida Paulista e fizeram proposições de intervenção urbana bem interessantes. A Swoon, em parceria com mais de 100 ONGs nas áreas de mobilidade, gestão de alimento, moradia, moradores de rua, reciclagem, distribuição de livros, propôs: “Vocês vão participar da exposição e cuidar da cidade. Mas é proibido ter um líder”. Essa gestão anarquista funcionou. Eles ocuparam um espaço de 150 metros quadrados do lado de fora do museu, batizado de Acampamento Ersília. O público interagia com a obra, os moradores de rua viveram naquele lugar, tinha até chuveiro.

Um choque de arte na cidadepor Baixo riBeiro e ana C. SoareS

Baixo ribeiro é fundador da primeira galeria dedicada à arte urbana em São paulo

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Conheça os sucos funcionais, uma maneira prática e gostosa de ingerir sua dose diária de vitaminas e minerais Por Manuela aquino

Um brinde à saúde !

Alimentação saudável. Tem gente que se arrepia só em pensar nessas duas palavras juntas. Mas não tem jeito, legumes, verduras e frutas fazem

bem à saúde e devem ser consumidos regularmente. Ou melhor, diariamente. Se você é do time que acha que tudo isso é ruim, sem sabor ou com gosto de mato talvez ainda não tenha provado esses alimentos feitos da maneira certa, com a mistura perfeita de ingredien-tes e o toque de mestre de alguns temperos.

Para ajudar a se alimentar corretamente, ou ingerir pelo menos cinco porções de frutas e vegetais por dia recomendadas pela Organização Mundial da Saúde, o que o governo inglês chama de “Five a Day”, os sucos funcionais são excelentes aliados. Feitos de frutas,

legumes, chás e uma infinidade de ingredientes que formam um mix delicioso e ainda têm uma boa dose de nutrientes para o organismo.

Você pode trocá-los pela versão em caixinha da hora do almoço ou tomar entre as refeições. Para os iniciantes, uma boa ideia é misturar a fruta preferida à água de coco, que é um isotônico natural e repõe sais mine-rais necessários ao corpo. Outra opção é acrescentar a clorofila. Rica em vitaminas e minerais, purifica o sangue e ajuda a produzir células vermelhas. Verdinha como ela, a couve também pode sair do refogado e ser usada crua. Um punhado dela no seu suco – de maçã com cenoura e hortelã – dá uma dose extra de ferro (e levanta qualquer astral). Se acrescentar limão, fica

Frozen diurético

350 g de melancia sem casca 2 copos de cubo de gelo 3 folhas de hortelã fresca (separe algumas

para decorar)

Bata todos os ingredientes no liquidificador. Enfeite o copo com folhas de hortelã.

O que tem de bom

Melancia: composta por aproximadamente 90% de água, é um excelente diurético. Prefira tomar longe das grandes refeições, pois pode prejudicar a digestão.

Suco reLaxante

2 xícaras (chá) de água filtrada 1 colher (sopa) de camomila polpa de 1 maracujá mel de flor de laranjeira a gosto cubos de gelo (opcional)

Ferva a água, retire do fogo e acrescente a camomila. Deixe abafar por cerca de 5 minutos. Coe as flores da camomila e espere esfriar. Em um liquidificador bata a infusão de camomila com o suco de maracujá, o gelo e o mel.

O que tem de bom

Maracujá: é um calmante natural.Camomila: tem ação calmante e relaxante e um aroma doce.Mel de flor de laranjeira: também acalma e é recomendado para quem tem insônia, problemas nervosos e palpitações.

Suco verde

1 limão inteiro sem casca 1 punhado de couve 2 maçãs sem semente 2 cenouras 2 pepinos Salsinha e hortelã a gosto

Centrifugue todos os ingredientes e sirva.

O que tem de bom

Couve: é rica em ferro.limão: a vitamina c do limão ajuda na fixação do ferro existente nas folhas da couve.

Suco Sangue novo

1 copo de água de coco natural 1 beterraba 1 punhado de clorofila

Passe na centrífuga a beterraba e a clorofila e adicione a água de coco.

O que tem de bom

Água de coco: é um isotônico natural.Beterraba: é bom para a anemia, protege o coração e melhora a circulação.Clorofila: além de ser riquíssima em vitaminas e minerais, purifica o sangue e ajuda a produzir células vermelhas.

tudo melhor ainda. A vitamina C dele ajudará na fixa-ção do ferro existente nas folhas.

Sucos com ingredientes variados, comidinhas bem temperadas e com uma bela apresentação podem fazer com que você coma bem sem fazer careta. Uma boa prova disso é o trabalho da chef Anna Elisa de Castro, apresentadora do programa “Sem Tempero Não Dá”, da Chef TV. Além de mostrar que abobrinha, couve e cenoura podem ser deliciosas, ela ainda comanda o bufê 3 Na Cozinha. "Procuro usar frutas e verduras frescas e da estação para os sucos. São mais saboro-sas e baratas também", diz. Palavra de quem sabe e estudou a fundo “raw food”, em 2005, no The Natural Gourmet Institute for Health and Culinary Arts, em Nova York. Na cidade americana, ela também foi head

chef no naturalíssimo The Plant, o restaurante pode ser considerado o Noma da gastronomia saudável.

Para que você não se perca e faça a mistura certa, a chef dá a receita de quatro sucos deliciosos, com vitaminas e minerais fundamentais para o dia a dia. A dica para não errar é usar ingredientes frescos (se forem orgânicos, melhor ainda) e tomar o suco em seguida para que ele não perca suas propriedades. Em meia hora, as frutas e verduras oxidam e não terão mais a funcionalidade esperada.

Sim, uma alimentação saudável pode estar a pou-cos passos de você, basta colocar os ingredientes cer-tos no liquidificador (ou em uma centrífuga) e beber. Saúde!

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Locações escolhidas pelos principais diretores de cinema do mundo onde você poderá estrelar seu filme particular Por juliana a. Saad

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o viajante que existe em nós. Cidades são percorridas e ruas esquadrinhadas,

revelando bistrôs, pequenos cafés, suítes recôndi-tas, praias encantadoras e vilas requintadas. Tais lugares são as locações perfeitas para os grandes diretores da história do cinema. Quem ganha com isso somos nós, que conhecemos um pouquinho de cada lugar e nos deliciamos com as cenas. Ao embarcarmos em histórias que colorem as telas queremos provar o sabor do vinho, flanar por Paris ou sentir os perfumes que recheiam as tramas.

Como se esquecer do filme La Dolce Vita, de Federico Fellini, em que o jornalista Marcello Rubini, interpretado por Marcello Mastroianni, assiste à atriz Sylvia Rank (a bela Anita Ekberg) entrar sensualmente na Fontana di Trevi, em uma Roma borbulhante da década de 60?

Na busca pelas melhores locações, cineastas reve-lam suas paixões por cidades e países. Woody Allen é descaradamente apaixonado por Nova York. Um dos melhores exemplos disso é o clás-sico Manhattan, em que as nuances da cidade são retratadas vividamente no longa em preto e branco. A região da Sicília é também a estrela de Francis Ford Coppola na trilogia de O Poderoso Chefão. E Paris, sempre Paris, de François Truffaut, em Jules & Jim, só para citar alguns.

Aventuras, amores e dramas – está tudo ali, pronto para receber você em sua próxima viagem mágica. E por que não nos transportamos para alguns desses lugares? Escolhemos algumas loca-ções para você brincar de cinema no seu próximo roteiro. Boa viagem!

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Sob o sol da Toscana – Cortona, Toscana, ItáliaAs paredes em amarelo queimado são cenário para filmes saborosos. Tudo regado pelos vinhos da região, como os Montepulciano e Chianti Clássico. Ao sair de carro pelas estradas, as placas "Vino e Olio" são um convite para experimentar um pouco de vinho e azeite feitos no local, geralmente pequenas propriedades rurais que fazem da região um dos celeiros do bel-prazer.

Esse foi o cenário de Sob o Sol da Toscana, baseado no best-seller homônimo de Frances Mayes. O filme nos transporta poeticamente para a região, para a minúscula Cortona. Ali, uma recém-divorciada Frances (Diane Lane) é cativada pela beleza e alegria da Toscana e impulsivamente compra uma vila, Bramasole, fincada em uma das paisagens mais espetaculares do mundo, com oliveiras, videiras e ruínas etrus-cas, cercada por cidades que são um verdadeiro deleite para os viajantes.

A vila do filme, que fora das telas tem o nome de Villa Laura, foi totalmente refor-mada em 2011 e pode ser alugada para temporadas.

Villa Laura, Cortona, Itália: www.villavacations.com/Newsletters/Villa-Laura/ E-mail: [email protected]

Sob o Sol da Toscana, filme de Audrey Wells, vale pelas belas vistas de uma das mais belas regiões da Itália, e pela deliciosa história de amor

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Com Paris ao fundo, o brinde aos noivos no filme Meia-noite em Paris, de Woody Allen, foi filmado na suíte com vista panorâmica do elegante Le Meurice

Meia-noite em Paris – Paris, FrançaToda a glória de Paris, em passeios pelas ruas dessa adorável cidade, com direito a flâneurs, jantares e almoços em restaurantes deliciosos, degustações de vinhos, suítes luxuosas e todo seu charme e singularidade. O filme de Woody Allen nos dá vontade de saltar da poltrona e fazer a primeira reserva disponível rumo aos prazeres de Paris, com toda a sua aura de requinte e beleza.

No filme, Gil (Owen Wilson) percorre a cidade e, à meia-noite, é magicamente transportado para a Paris dos anos 20, em que conhece ídolos como Pablo Picasso, Ernest Hemingway e Gertrude Stein.

Dois hotéis – Le Bristol e Le Meurice – serviram de pano de fundo para várias cenas do longa de Woody Allen. Ambos estão na prestigiosa e restrita lista de “hotéis-palácio franceses” classificada pela Académie Française. Ambos exalam art de vivre e luxo típicos do país. Situados no coração de Paris, ostentam restaurantes premiados com as máximas estrelas no Guide Michelin, spas de renome e suítes ultraconfortáveis.

No Le Meurice, situado na Rue de Rivoli, a famosa rua das joalherias, a poucos pas-sos do Louvre, serviu de residência para nomes como Salvador Dalí, que costumava ficar no hotel por um mês a cada ano. Em uma renovação feita em 2007, o designer Philippe Starck escolheu alguns toques surrealistas, como mesas e cadeiras com as pernas fora do comum para decorar o hotel. No terraço do hotel, na suíte Belle Etoile, com vista de 360 graus sobre Paris, foi filmada a cena de degustação de vinhos.

A poucos passos do Palácio do Eliseu está o Le Bristol. A Suite Panoramique, o lobby e a entrada do hotel foram cenário do filme. A Panoramique tem quase 200 metros quadrados, é decorada com móveis estilo Luís XV e pinturas de mestres franceses, além de sala de banho em mármore.

O Bristol tem também o restaurante três estrelas Epicure, comandado pelo chef Eric Frechon, que nos belos dias também abre-se para um jardim de magnólias em um pátio interno. Nos High Fashion Teas, os hóspedes podem mordiscar as criações do chef pâtissier Laurent Jeannin, enquanto modelos e celebs circulam entre as mesas.

Hotel Le Bristol (112, Rue du Faubourg Saint Honoré, tel. +33 53 43 43 00 www.lebristolparis.com).

Hotel Le Meurice (228, Rue de Rivoli, tel. +33 1 44 58 10 10. www.lemeurice.com)

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Comer, rezar, amar – Roma e Nápoles, Itália Com locações que partem de NY, passam pela Itália, Índia e Bali, o filme estimula roteiros exóticos-gulosos-esotéricos. O longa (autobiográfico, baseado no livro de Elizabeth Gilbert) acompanha a jornada da escritora Liz em sua caça aos prazeres perdidos e buscas espirituais. Em Roma, na Itália, ela se rende ao dolce far niente. Na Índia, se recolhe a um ashram e fica amiga de um texano que a ajuda a mergu-lhar dentro de si. Já em Bali, Liz volta a rever seu guru, que a provoca a encontrar o equilíbrio em sua vida. É lá também que ela conhece o amor, na forma de Felipe, um brasileiro interpretado por Javier Bardén.

As cenas italianas são uma ode ao voluptuoso exercício da gula, com almoços, jan-tares e muita diversão em meio a menus romanos recheados de alcachofras, massas, vinhos e frutos do mar. Em uma das passagens mais divertidas do filme, Liz e sua amiga Sofie tomam um trem, viajam para Nápoles, só para experimentar a famosa pizza napolitana e passam a devorar os suculentos discos de massa. A cena é de encher os olhos e alegrar a alma. Para entender o motivo, vá sem medo até a L'Antica Pizzeria Da Michele. A tradição de fazer boas redondas, que remonta a 1870, está na quinta geração de pizzaiolos da família Condurro, que se orgulha de preparar apenas dois tipos de pizza veramente napolitanas, a marinara e a margherita.

L’Antica Pizzeria Da Michele, Nápoles (Via Cesare Sersale, 1. http://damichele.net)

O best-seller Comer, Rezar, Amar foi parar nas telas, com Julia Roberts no papel principal.

Na Itália, algumas cenas foram filmadas em Roma e na mais famosa pizzaria de Nápoles

Encontros e Desencontros – Tóquio, Japão Tóquio é uma metrópole ondeante com um mix de arquitetura que encanta e espanta pela força e arrojo. A mistura de butiques de luxo, hotéis sofisticados, restaurantes dos mais variados, mercados, museus e clubes faz dessa uma cidade que atrai visi-tantes de todo o mundo. A tudo isso soma-se o brilho de Shinjuku e Shibuya, dois dos mais coloridos e feéricos distritos de Tóquio, onde Encontros e Desencontros foi quase que inteiramente filmado.

O hotel Park Hyatt Tokyo, um arranha-céu de 52 andares em Shinjuku, foi palco de várias passagens do longa, principalmente o bar New York Grill, que fica no último andar. Suas janelas de vidro do chão ao teto oferecem vistas cintilantes da cidade. Mais de 1.600 garrafas de vinhos compõem a adega do bar, que faz par com uma cozinha aberta onde uma vasta seleção de frutos do mar e cortes de carne de altí-sima qualidade são grelhados à perfeição.

Muitas outras cenas do filme foram filmadas no distrito de Shibuya e incluem ima-gens do movimentado cruzamento em frente à saída da estação de metrô Shibuya Hachiko, com seus painéis de néon, bares, restaurantes e karaokês, como o Karaoke-kan, onde Bill Murray e Scarlett Johansson vão cantar. Há mais de 80 mil restauran-tes em Tóquio e escolher entre eles é no mínimo intrigante.

Para se perder em Tóquio, comece pelo bar New York do Hotel Park Hyatt, Shinjuku (3-7-1-2 Nishi Shinjuku),

tel. +81 (03) 5322-1234. http://tokyo.park.hyatt.com), onde foi filmada a cena em que Bob e Charlotte se

conhecem. Vá ao Karaoke-kan (30-8 Udagawa-cho, Shibuya-ku. www.karaokekan.jp), e jante no hypado

restaurante Les Creations de Narisawa (Minami-Aoyama 2-6-15, Minato-ku, tel. +81 (03) 5785 0799.

www.narisawa-yoshihiro.com)

É no bar do Park Hyatt de Tóquio, no filme Encontros e Desencontros, que um ator bêbado e a namorada de um

roqueiro, solitárias vítimas do fuso horário, trocam confidências fo

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Mamma Mia! – Grécia Praias de sonho e um mar de azul celestial. Casinhas branquíssimas em estilo medi-terrâneo encravadas em encostas. As ilhas gregas são um sonho que o filme Mamma Mia transformou em cenário. Conhecida como um santuário de fauna e flora medi-terrâneas e banhada pelo Mar Egeu, a ilha de Skopelos ainda é um destino sereno, com uma costa recortada por praias recônditas que – juntamente com a cidadezinha de Damouchari, na península de Pelion – serviram de cenário para o musical ao som do grupo Abba, com muitas coreografias e humor.

Em Skopelos, o verde das florestas se une ao azul do Mar Egeu e os aromas das árvores de jasmim, madressilva e lavanda que crescem na maravilhosa ilha invadem o ar. Para se hospedar nesse paraíso, vale ficar no mesmo hotel usado pelo pessoal do fime, o Skopelos Village Suite Hotel. O hotel tem vista única sobre o mar aberto e a pitoresca cidadela, com suítes confortáveis, piscinas, spa e restaurantes. Ali, os hóspedes podem relaxar sob a sombra ou nadar na praia bem em frente curtindo o clima idílico da região. A praia de Kastani, na cos ta sudoeste de Skopelos, foi o prin-cipal local de filmagens. Fica a 15 quilômetros de Skopelos. É uma praia isolada e para chegar é preciso percorrer um caminho de terra com cerca de 500 metros, mas é bastante popular nos meses de julho e agosto.

Outras cenas foram filmadas na vi la costeira de Damouchari, que aparece no início de Mamma Mia, quando Christine Baranski e Julie Walters, amigas de Donna, chegam à ilha e são recebidas por Meryl Streep. É famosa por suas praias com enor-mes seixos brancos, água azul cristalina e grutas rodeadas por rochas. Ali impera a simplicidade e a diversão concentra-se na exuberante natureza. A equipe do filme escolheu o pequenino hotel Damouchari of Pelion, com suas paredes de pedra e ar de casa de pescador para se hospedarem.

Para mergulhar nos cenários do musical, escolha os hotéis que acomodaram a equipe:

Skopelos Village Hotel, Skopelos Island, 37003, Sporades. E-mail: [email protected]/

www.skopelosvillagehotel.com.

Korali Restaurant, Praia de Agnondas, Skopelos, tel. (0030) 24240 22407 www.skopelosweb.gr/korali.

Hotel Damouchari, Península de Pelion, 37012 Magnesia, tel. (0030) 24260 49840. www.damouchari.gr.

Sucesso na Broadway e nas telas, Mamma Mia foi filmado na ilha de Skopelos, na Grécia e nas areias da praia de Kastani

Em Algum Lugar Qualquer – Château Marmont – L.A.No topo de uma colina em Hollywood, o Château Marmont é um hotel icônico. Harry Cohn, fundador da Columbia Pictures, disse aos atores William Holden e Glenn Ford: “Se vocês forem se meter em encrencas, façam isso no Château Marmont”. O lendário hotel onde se passa o longa de Sofia Coppola faz jus à fama e recebe há décadas astros de cinema, estrelas do rock e outras celebridades – de Howard Hughes a Jim Morrison, passando por Marylin Monroe. Greta Garbo se encastelou em uma das suítes do Marmont, onde ficou por semanas durante seu período de reclusão.

Cada uma das 63 suítes, chalés ou bangalôs é especial. São como uma casa própria. A maioria tem cozinha completa, área de estar, alguns têm salas de jantar formal, salas de banho em mármore, varandas, lareiras, terraços privados e equipamentos inesperados, como pianos de cauda.

No filme, Johnny Marco (Stephen Dorff), um ator recém-alçado ao estrelato, recu-pera-se de uma lesão no hotel. Para sentir na pele as emoções que o hotel propor-ciona, hospede-se na suíte 59 (a mesma que Johnny) ou fique em um dos bangalôs do Château Marmont: 8221 W Sunset Blvd, Hollywood, CA, tel. (323) 656-1010. www.chateaumarmont.com

Um dos mais sofisticados hotéis de Los Angeles, o Château Marmont, é o preferido de 10 entre 10 estrelas de cinema e serviu de cenário para o longa Em Algum Lugar Qualquer

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O Brasil avança seguro no desenvolvimento eco-nômico, mas de maneira mais tímida no de-senvolvimento social. Esse é um hiato muito

comum nos países emergentes, em especial nos de crescimento mais destacado, como Índia e China. Isso só demonstra que não é fácil resolver questões sociais como pobreza e desigualdade. Muito menos que seja uma consequência natural do desenvolvimento econô-mico. Diversas ações em conjunto devem ser tomadas por diversos atores da sociedade para tornarmos o Bra-sil um país social e economicamente desenvolvido. A filantropia é uma dessas ações, com a vantagem adicio-nal que, além do impacto que traz, age também como um catalisador para outras ações. A filantropia ajuda a unir o tecido social desfiado pela desigualdade, traz um melhor entendimento dos problemas da sociedade por classes que não vivenciam esse problema na pele, e promove a experimentação de soluções, a inovação na área social.

Por isso, neste ano de 2012, pretendemos inspirar a todos a praticar filantropia. E vamos fazer isso trazendo um fi-lantropo importante para falar de suas experiências.

Nesta edição conversamos com o empresário e líder de uma empresa moderna, Meyer Joseph Nigri, fundador da construtora TECNISA.

Para o empreendedor e empresário Meyer Joseph

Nigri, fundador da construtora Tecnisa, fazer doações é parte

da sua natureza. E causas sociais não faltam para quem

quer ajudar | Por InstItuto AzzI

InstItuto AzzI: Como você se tornou dono de uma construtora?Meyer nIgrI: Quando estava com 22 anos, eu era estagi-ário em uma construtora e apareceu a oportunidade de fazer um investimento, já que um sócio queria vender um pedaço do projeto. Eu peguei dinheiro emprestado e entrei no negócio. Foi assim que abri a TECNISA e registrei com o mesmo CNPJ de hoje, pensando que no futuro gostaria de construir. Ainda não era enge-nheiro formado, cursava o 5º ano da faculdade. Depois de dois anos, já formado, decidi sair da empresa e me casar. Era 1979 e foi quando fiz meu primeiro negócio. Reuni alguns amigos como sócios, convenci o dono de um terreno a trocá-lo por área construída. Ele aceitou e consegui um financiamento para construir. A princí-pio não “coloquei” nada, até porque não tinha dinheiro nem para abrir um escritório, e dois meses depois tí-nhamos vendido tudo. E assim fomos comprando um, depois outro, resultado: no primeiro ano tínhamos qua-tro empreendimentos. Foi assim que comecei.

IA: O que o levou a realizar sua primeira doação?Mn: Minha primeira doação fiz quando tinha 17 anos de idade. Foi quando ganhei na loteria esportiva. Um dia estava entrando no prédio em que morava e o por-teiro me perguntou se eu gostaria de jogar com ele na esportiva. Eu olhei o primeiro jogo, era São Paulo e

de compartilharA Arte

Coritiba. Eu sou são-paulino e ele optou pelo Coritiba. Pedi para ele mudar, mas ele resistiu dizendo que lo-teria era assim mesmo. Disse para ele fazer o que qui-sesse e saí andando. No domingo à noite ele me ligou dizendo que tínhamos feito 13 pontos. Eu ganhei Cr$ 13.800, o que corresponde a aproximadamente R$ 100 mil reais hoje. Naquele tempo o meu pai estava cons-truindo uma sinagoga, peguei Cr$ 800 e doei para a construção. A atitude foi automática, ainda não sabia que, pelo judaísmo, devemos doar pelo menos 10% de tudo o que se ganha. A palavra que usamos para isso é tsedaká, que significa justiça. Doar tornou-se um hábi-to, e com 18 anos já doava parte da minha mesada para algumas instituições. Um dia, uma instituição me pro-curou para pedir ajuda, respondi que pediria dinheiro para o meu pai. Eles não aceitaram e me disseram que eu deveria doar da minha mesada. Quando comecei a trabalhar pouco sobrava para doação, porém, à medida que fui ganhando mais, minhas doações foram aumen-tando, e se mantêm até hoje: quanto mais ganho, mais eu doo. Se você tem condições, por que não ajudar as pessoas a terem pelo menos o básico?

IA: E o que o motiva a continuar doando regularmente?Mn: Eu tenho grande prazer em ajudar as pessoas. Existem aquelas que não têm oportunidade na vida.

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IA: Como você acha que a filantropia pode contribuir para o desenvolvimento social do Brasil?Mn: Eu acho que a filantropia pode ajudar no desenvol-vimento do Brasil, mas para isso acontecer ela precisa ser mais divulgada e mais pessoas aderirem à causa. Porém, a filantropia não pode ser algo imposto à socie-dade. Se assim for, ninguém gostará de pagar por ela. Quando conseguirmos motivar as pessoas a doar vo-luntariamente, estaremos ajudando a criar um mundo muito melhor, ou um Brasil muito melhor.

IA: E como é praticar filantropia para sua família?Mn: Aprendi muito com meu pai quando ele estava construindo a sinagoga, ele sempre fez doações para muitas causas, e cresci com esse exemplo. Nunca pen-sei “agora vou doar” e sim, “já que ganhei, vou compar-tilhar com quem precisa”. Na minha família, como os meus filhos são muito religiosos, eles costumam sepa-rar 10% do que ganham. Fiquei muito feliz outro dia, quando o Renato, meu caçula, recebeu o seu primeiro salário como estagiário e me pediu para orientá-lo para quem deveria doar seus 10%. Imagine que bacana que é ver seu filho de 18 anos de idade separar parte do primeiro salário para doar para quem precisa. Além da doação em dinheiro, outra forma importante é a doa-ção em tempo, já que nem todo mundo tem dinheiro, mas tem tempo para doar. Os meus filhos, por exem-plo, doam tempo trabalhando em algumas instituições. Doar tempo é uma forma de doação que fiz e ainda faço, embora menos do que no passado. Hoje participo do conselho de nove instituições, sendo que sou pre-sidente do conselho de quatro delas. O importante é motivar outros a doarem também.

Outras nasceram com problemas ou deficiências físi-cas e não têm condições de sobreviver sozinhas. Aju-dar faz parte da minha natureza. Faço doações porque realmente acredito que é muito importante, e quanto mais ganho, mais quero ajudar. Procurar uma causa é fácil, já que causas não faltam para quem quer ajudar. O mundo precisa de ajuda. Existem bilhões de pessoas morrendo de fome na África, outras doentes, existem pesquisas para buscar a cura de novas doenças, entre muitas outras. O dinheiro que se ganha, a partir do momento que supre as suas necessidades básicas, é usado para outras coisas. Por que gastar tudo em coisas materiais? É necessário? Provavelmente, não.

IA: Como você escolhe as organizações para as quais decide doar?Mn: Tenho preferência por causas ligadas à saúde, pes-quisas, educação, fome e outras. Dou preferência às instituições judaicas, já que sou judeu. Se não ajudar essas organizações, provavelmente não serão os não ju-deus que irão fazê-lo. Minhas causas compõem cerca de 250 instituições, dentre algumas delas o Hospital Israelita Albert Einstein, CIAM, Unibes, Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, Nosso Sonho e agora estou apoiando uma grande pesquisa do Instituto do Cérebro. Além dessas doações tam-bém ajudo pessoas com necessidades, como financiar quem não tem oportunidade para estudar ou fazer uma pós-graduação. Acredito que podemos apoiar sempre quem dedica parte de seu tempo para trabalhar com a área social. Ou seja, se uma senhora me oferece uma rifa, eu compro, pois acho importante incentivar volun-tários sociais, mas o segredo está em manter o foco nas causas que mais gostamos.

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