Lagoa Estabil

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA

    DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA SANITRIA

    DIAGNSTICO OPERACIONAL DE LAGOAS DE ESTABILIZAO

    PEDRO ALVES DA SILVA FILHO

    Natal-RN 2007

  • 2

    PEDRO ALVES DA SILVA FILHO

    DIAGNSTICO OPERACIONAL DE

    LAGOAS DE ESTABILIZAO

    Dissertao apresentada ao programa de Ps-graduao em Engenharia Sanitria, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial obteno do ttulo de Mestre em Engenharia Sanitria.

    Orientador: Prof. Dr. Andr Luis Calado Arajo Co-Orientador: Prof.Dr. Ccero Onofre de Andrade Neto

    Natal - RN 2007

  • 3

    Catalogao da Publicao na Fonte. UFRN/Biblioteca Central Zila Mamede

    Diviso de Servios Tcnicos

    Silva Filho, Pedro Alves da. Diagnstico operacional de lagoas de estabilizao / Pedro Alves da Silva Filho.-

    Natal, RN, 2007. 169 f. Orientador: Andr Luis Calado Arajo. Dissertao (Mestrado) Universidade Federal do Rio Grande do Norte.Centro de

    Tecnologia. Programa Regional de Ps-Graduao em Engenharia Sanitria..

    1. Lagoas de estabilizao Rio Grande do Norte - Dissertao. 2. Tratamento de esgoto Rio Grande do Norte - Dissertao. 3. Lagoas de estabilizao Diagnstico operacional Dissertao. 4. Engenharia Sanitria - Dissertao. I. Arajo, Andr Luis Calado. II. Ttulo. RN/UF/BCZM CDU 328.357(813.2)(043.3)

  • 4

    PEDRO ALVES DA SILVA FILHO

    DIAGNSTICO OPERACIONAL DE

    LAGOAS DE ESTABILIZAO

    Dissertao apresentada ao programa de Ps-graduao, em Engenharia Sanitria, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial obteno do ttulo de Mestre em Engenharia Sanitria.

    Natal, 07 de Maio de 2007.

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    A meus pais Ermnia e Pedro e a todos os meus irmos.

  • 6

    AGRADECIMENTOS

    Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

    Ao meu Orientador, Prof. Dr. Andr Lus Calado Arajo e ao Co-Orientador Prof. Dr.

    Ccero Onofre de Andrade Neto, pela ateno e empenho no processo de construo deste

    trabalho, bem como pela interlocuo crtica e animadora.

    Fundao Nacional de Sade (FUNASA)-, com destaque para a Coordenao Regional

    do Rio Grande do Norte, pelo apoio fundamental para a realizao desta pesquisa, na pessoa dos

    amigos Eng. Henrique Cruz, Cludio Farache, Jos Anchieta, Erivaldo Mesquita, Alexandre

    Godeiro e todos os amigos que direta ou indiretamente compartilharam o desenvolvimento da

    minha pesquisa.

    Companhia de gua e Esgoto do Rio Grande do Norte (CAERN)-, em especial a

    Biloga Ftima Bezerra Barbosa de Medeiros, pelo apoio indispensvel nas visitas in loco s

    ETEs do Estado e na realizao das anlises laboratoriais, juntamente com as colegas Liana

    Cristina da Silva Pinheiro, Margarida Maria Mendes, Elza Bezerra Pinheiro de Freitas e todo o

    pessoal do Laboratrio, pela contribuio significativa nesta etapa da pesquisa. Tambm

    merecem crditos de muitos agradecimentos os Engenheiros Marco Antnio Calazans Duarte e

    Paula ngela Melo Liberato, que viabilizaram o acesso e o apoio logstico nesta Instituio e

    depositaram confiana no desenvolvimento da pesquisa.

    Ao amigo Srgio Luiz Lopes, pelo companheirismo, pelas anlises crticas e

    indispensveis no decorrer de toda a pesquisa.

    Aos amigos do Mestrado Ednilson, Alfredo Osvaldo, Carlos Magno, Vera Lucas, Eulina,

    Thaise Emanuele e todos que fazem parte do Programa de Ps-Graduao em Engenharia

    Sanitria da UFRN, pela parceria nos bons e mais difceis momentos do Curso.

    Aos Professores Arthur Matos, Antonio M. Righetto, Ada C. Scudelari, Josette Lourdes,

    Luiz Pereira, Howard Pearson, Maria del Pilar e outros, pelo apoio na construo do referencial

    terico das aulas do Programa. professora Maria Emlia pela reviso gramatical e textual do

    trabalho e a Margareth Rgia L. Menezes pela reviso bibliogrfica.

    Aos amigos de Roraima: Maria Consolata, Vnia Nascimento, Rosa Maria, Gerson Lima,

    Angealdo, Edilene, James e muitos outros, minha famlia pelo apoio incondicional s

    dificuldades superadas para a realizao desta jornada. A Deus razo maior da vida.

  • 7

    Tudo que acontece com a Terra, acontece com os filhos dela. O homem no tece a teia da vida; ele um fio dela. Tudo que ele faz teia faz a si mesmo. (CAPRA, 1997).

  • 8

    RESUMO

    Este trabalho se prope a desenvolver uma abordagem fundamentada atravs de critrios cientficos no diagnstico operacional de lagoas de estabilizao, a partir de anlises realizadas in loco e em laboratrio de 78 sistemas de tratamento de esgoto por meio de lagoas de estabilizao no Estado do Rio Grande do Norte. Os objetivos da pesquisa so: mapear, avaliar e diagnosticar o desempenho operacional das lagoas de estabilizao do estado do Rio Grande do Norte, atravs de visitas in loco e anlises laboratoriais; construir um SIG, atravs do mapa hidrogrfico, locar os pontos de lanamentos de efluentes dos sistemas de lagoas existentes no Rio Grande do Norte, como tambm dados operacionais e seu respectivo diagnstico de eficincia na remoo de DBO e Coliformes Termotolerantes; avaliar, em escala real, trs sistemas de lagoas de estabilizao do RN na eficincia operacional para os parmetros DBO5, DQO, pH, Temperatura, OD e Coliformes Termotolerantes. Das 78 ETEs do RN avaliadas apenas, 7 lagoas correspondente a 9%, tiveram conceito: Bom, que concerne a remoo de DBO e Coliformes Termotolerantes e 32 lagoas correspondente a 41%, tiveram conceito: Ruim, em termo de eficincia operacional, para os parmetros de DBO e Coliformes Termotolerantes. As concentraes mdias afluentes as ETEs do RN de DBO e Coliformes foram de 410mg/L e 2,50x107UFC/100ml, a configurao predominante do tipo F1+M1+M2 (Facultativa primria, seguida por duas lagoas de maturao, uma primria e outra secundria) , a relao DBO/DQO revelou para o esgoto afluente caractersticas biodegradveis. Para o estudo de caso, envolvendo as 3 ETEs, uma para cada rgo de gesto, as melhores eficincias operacionais em ordem decrescente foram: Cidade (Municpio), Roa (Estado) e So Miguel (SAAE). As remoes de DBO final foram 51,6mg/L; 108,27mg/L e 62,6mg/L, tendo eficincia de 82%; 74% e 81%, respectivamente. Em termo de remoo de coliformes nos efluentes das ETEs foram 1,90x103UFC/100ml; 1,50x104UFC/100ml e 3,10x104UFC/100ml, tendo eficincias de 99,99%; 99,95% e 99,90%. No que concerne a prtica de reso de culturas consumidas cruas, nenhumas das 3 ETEs atenderam aos parmetros da Resoluo CONAMA 357/05, para outras prticas de reso, todas atenderam as categorias B e C da OMS. Para lanamento em corpo receptor hdrico apenas a ETE Cidade, atende as exigncias da resoluo do CONAMA 357/05, mediante estudo de autodepurao do corpo receptor. A falta de manuteno e operao; operador exclusivos nas ETEs e conhecimento de operao foram os fatores contribuintes para o diminuto quadro de eficincia no que concerne a remoo final de DBO e Coliformes Termotolerantes nas ETEs avaliadas do RN.

    Palavras-chaves: Diagnstico operacional. Lagoa de estabilizao. Operao e monitoramento de lagoas estabilizao.

  • 9

    ABSTRACT

    This work intends to develop an approach based through scientific criteria in the operational diagnosis of ponds of stabilization, starting from analyses accomplished in loco and in laboratory of 78 systems of sewer treatment through ponds of stabilization in the State of Rio Grande do Norte. The objectives of the research are: to map, to evaluate and to diagnose the operational acting of the ponds of stabilization of the state of Rio Grande do Norte, through visits in loco and analyses laboratory; to build a SIG, through the map rain, locate the points of releases of sewages of the systems of existent ponds in Rio Grande do Norte, as well as operational data and his/her respective efficiency diagnosis in the removal of BOD and Coliforms Termotolerantes; to evaluate, in real scale, three systems of ponds of stabilization of RN in the operational efficiency for the parameters BOD5, COD, pH, Temperature, OD and Coliforms Termotolerantes. Of 78 ETEs of appraised RN just, 9% or 7 had maximum concepts in what concerns the removal of BOD and Coliforms Termotolerantes and 41% or 32, they had the worst concepts in term of operational efficiency. The flowing concentrations ETEs of RN of BOD and Coliforms were of 410mg/L and 2,50x107UFC/100ml, the predominant configuration is of the type F1+M1+M2, the relationship BOD/COD revealed for the sewer tributary characteristic biodegradable high. For the study of case of 3 ETEs, the best operational efficiencies in decreasing order were: Cidade (Municipal district), it Roa (State) and So Miguel (SAAE). The removals of final BOD were 51,6mg/L; 108,27mg/L and 62,6mg/L, tends efficiency of 82%; 74% and 81%. In term of coliforms removal in the final effluentes were 1,90x103UFC/100ml; 1,50x104UFC/100ml and 3,10x104UFC/100ml, tends efficiencies of 99,99%; 99,95% and 99,90%. In what it concerns the practice of agricultural reso of cultures consumed raw, none of 3 ETEs assisted the parameters of the Resolution CONAMA 357/05, for other reso practices, all assisted the categories B and C of OMS. For release in body receiving ETE Cidade just, they assist the demands of the resolution of CONAMA 357/05, by study of purification solemnity of the receiving body. The maintenance lack and operation; exclusive operator in ETEs and operation knowledge was the contributory factors for the operational fall in appraised ETEs of RN.

    Keys-Word: Operational diagnosis. Pond of stabilization. Operation and monitoring of ponds stabilization.

  • 10

    LISTA DE FIGURAS

    FIGURA 01 - Percentual de distritos que possuem tratamento de esgoto no

    Brasil, por tipos de sistemas de tratamentos existentes ...................

    23

    FIGURA 02 - Antiga Lagoa de Estabilizao de Santa Cruz (no existe mais)...... 29

    FIGURA 03 - Dimenses do fundo e da parte superior da lagoa............................ 43

    FIGURA 04 - Detalhes e elementos constituintes de um dique de lagoa de estabilizao.....................................................................................

    45

    FIGURA 05 - Configurao em paralelo ............................................................... 48

    FIGURA 06 - Configurao em srie..................................................................... 49

    FIGURA 07 - Configurao em paralelo e srie com recirculao........................ 49

    FIGURA 08a - Modelos de dispositivo de conexo entre lagoas ............................. 55

    FIGURA 08b - Modelos de dispositivo de conexo entre lagoas e disposio final 56

    FIGURA 09 - Detalhes de procedimento de construo deficitrio e

    carregamento errado .........................................................................

    60

    FIGURA 10 - Pontos de coleta de amostragem em lagoas de estabilizao .......... 80

    FIGURA 11 - Fluxograma da metodologia da pesquisa ......................................... 88

    FIGURA 12 - Locao e materiais usados na medio da altura de lmina dgua 90

    FIGURA 13 - Plataforma elaborada utilizando o software ArcGIS 9.0 ................. 95

    FIGURA 14 - Acesso do banco de dados atravs do GIS ...................................... 95

    FIGURA 15 - Croqui esquemtico sem escala da cidade de Pedro Velho/RN ...... 97

    FIGURA 16 - Croqui da ETE Cidade - Pedro Velho/RN .................................... 99

    FIGURA 17 - Detalhes da ETE Cidade Pedro Velho/RN ................................ 100 FIGURA 18 - Croqui da ETE Roa Pedro Velho/RN ..................................... 101

    FIGURA 19 - Detalhe da ETE Roa Pedro Velho/RN ..................................... 102

    FIGURA 20 - Croqui da Planta Baixa da ETE So Miguel Santa Cruz/RN ... 104

    FIGURA 21 - Croqui da ETE So Miguel Santa Cruz/RN ............................ 105

  • 11

    FIGURA 22 - Detalhe da ETE So Miguel Santa Cruz/RN ............................. 106

    FIGURA 23 - Crescimento das lagoas de estabilizao no RN............................... 107

    FIGURA 24 - Lagoas de estabilizao do RN e suas configuraes ...................... 108

    FIGURA 25 - Perfil dos operadores de lagoas de estabilizao do RN .................. 110

    FIGURA 26 - Operadores de ETEs sem uso de EPIs e com vestimenta

    inadequada ao trabalho......................................................................

    111

    FIGURA 27 - Quadro de operadores de lagoas de estabilizao por regionais ...... 112

    FIGURA 28 - ETEs com tratamento preliminar ..................................................... 113

    FIGURA 29 - Lagoas de estabilizao com remoo de slidos no RN ................. 115

    FIGURA 30 - Destino final dos efluentes tratados nas lagoas de estabilizao ..... 116

    FIGURA 31 - Reso de esgoto para a prtica de reso. (A e B) efluentes coletados direto da lagoa; (C) efluente sendo desviado ...................

    117

    FIGURA 32 - Diagnstico de eficincias na remoo de DBO e Coliformes nas ETEs do RN .....................................................................................

    120

    FIGURA 33 - Processo de carregamento incorreto em lagoas ................................ 123

    FIGURA 34 - Comportamento mdio das concentraes afluentes e efluentes de

    pH, OD e T por Regionais no RN ....................................................

    128

    FIGURA 35 - Relao DBO5/DQO nas concentraes afluentes e efluentes:

    Estado, Regionais, Modalidade de tratamento e rgo de Gerenciamento Ambiental no RN ....................................................

    134

    FIGURA 36 - Banco de dados visualizados atravs da ferramenta do ArcGIS 9.0

    136

    FIGURA 37 - Resultados do monitoramento de vazo nos trs sistemas avaliados ETE So Miguel, Cidade e Roa............................................

    137

    FIGURA 38 - Variao da Temperatura nas ETEs So Miguel, Cidade e Roa .... 141

    FIGURA 39 - Variao do pH nas ETEs So Miguel, Cidade e Roa ................... 143

    FIGURA 40 - Variao do OD nas ETEs So Miguel, Cidade e Roa ................... 144

    FIGURA 41 - Variao e eficincia das ETEs na remoo de DBO ..................... 146

  • 12

    FIGURA 42 - Variao e eficincia das ETEs na remoo de DQO ..................... 147

    FIGURA 43 - Grfico da relao DBO/DQO nas ETEs monitoradas .................... 148

    FIGURA 44 - Variao e eficincia das ETEs na remoo de Coliformes Termotolerantes ................................................................................

    150

    FIGURA 45 - Aspectos dos sistemas antes e durante o monitoramento ................. 151

  • 13

    LISTA DE TABELAS

    TABELA 01 - Concesso (Esgoto) no Rio Grande do Norte .................................. 23

    TABELA 02 - Dados do saneamento bsico do Rio Grande do Norte..................... 24

    TABELA 03 - Concentraes mdias efluentes e eficincias tpicas de remoo dos principais poluentes de interesse nos esgotos.............................

    34

    TABELA 04 - Coeficiente de permeabilidade e suas interpretaes para lagoas de

    estabilizao......................................................................................

    40

    TABELA 05 - Taxa de acumulao mdia de lodo em lagoas de estabilizao ...... 63

    TABELA 06 - Dimensionamento de equipes de trabalho em sistema de lagoas de estabilizao......................................................................................

    66

    TABELA 07 - Parmetros fsico - qumico e bacteriolgico, mtodos usados e

    referncias ........................................................................................

    92

    TABELA 08 - Conceitos atribudos aos diagnsticos de eficincia das ETEs .................................................................................................

    93

    TABELA 09 - Caractersticas fsicas de projeto da ETE Cidade" Pedro

    Velho/RN .........................................................................................

    98

    TABELA 10 - Caractersticas fsicas de projeto da ETE Roa Pedro Velho/RN .........................................................................................

    103

    TABELA 11 - Caractersticas fsicas de projeto da ETE So Miguel Santa

    Cruz/RN ...........................................................................................

    103

    TABELA 12 - Periodicidade na remoo de slidos nas ETEs avaliadas ............... 114

    TABELA 13 - Destino dos efluentes tratados por regionais no Rio Grande do Norte .................................................................................................

    117

    TABELA 14 - Situao de eficincia de remoo de DBO e Coliformes

    Termotolerantes para as ETEs avaliadas ..........................................

    118

    TABELA 15 - Diagnstico de eficincia na remoo DBO e Coliformes por Regional ...........................................................................................

    121

    TABELA 16

    -

    Estatsticas descritivas referentes s concentraes afluentes dos esgotos nas ETEs do Rio Grande do Norte ......................................

    124

    TABELA 17 - Comparao entre concentraes afluentes usuais e reais nas ETEs

  • 14

    do RN ............................................................................................... 125

    TABELA 18 - Concentraes mdias afluentes e efluentes e eficincia de remoo nas ETEs por modalidades no RN .....................................

    126

    TABELA 19 - Concentraes mdias afluentes e efluentes por Regionais no

    Estado do Rio Grande do Norte .......................................................

    130

    TABELA 20 - Estatsticas descritivas referentes s concentraes afluentes e efluentes dos esgotos nas ETEs do Rio Grande do Norte por rgo de gerenciamento ambiental .............................................................

    131

    TABELA 21 - Caractersticas operacionais das ETEs monitoradas .......... 138

    TABELA 22 - Resultados da estatstica descritiva das 3 ETEs no perodo monitorado .......................................................................................

    140

    TABELA 23 - Diagnstico operacional dos rgos de gerenciamento ambiental:

    Estado, Municpio e SAAE ..............................................................

    152

  • 15

    LISTA DE QUADROS

    QUADRO 01 - Caractersticas e principais parmetros de projetos de lagoas de estabilizao: anaerbia ....................................................................

    31

    QUADRO 02 - Caractersticas e principais parmetros de projetos de lagoas de

    estabilizao: facultativa ..................................................................

    32

    QUADRO 03 - Caractersticas e principais parmetros de projetos de lagoas de estabilizao: maturao ..................................................................

    33

    QUADRO 04 - Aspectos a serem analisados no ato da construo do sistema de

    lagoas ................................................................................................

    36

    QUADRO 05 - Detalhamento sucinto de aspectos construtivos dos taludes de lagoas de estabilizao .....................................................................

    46

    QUADRO 06 - Tipos de entradas de tubulaes em lagoas de estabilizao ........... 51

    QUADRO 07 - Dispositivos de sada de efluentes em lagoas de estabilizao ........ 53

    QUADRO 08 - Procedimento para carregamento de sistema de lagoas de estabilizao .....................................................................................

    61

    QUADRO 09 - Procedimento de operao de lagoas de estabilizao ..................... 62

    QUADRO 10 - Processos de limpezas de sistemas de lagoas de estabilizao ........ 64

    QUADRO 11 - Funes de Pessoal em sistema de lagoas de estabilizao ............. 67

    QUADRO 12 - Atividades rotineiras do operador no Pr-tratamento para Lagoas de

    Estabilizao ................................................................................

    69

    QUADRO 13 - Atividades rotineiras do operador de lagoas de estabilizao .......... 70

    QUADRO 14 - Programa de medio e amostragem ...............................................

    71

    QUADRO 15 - Principais problemas operacionais na etapa preliminar ................... 72

    QUADRO 16 - Principais problemas operacionais em lagoas anaerbias ................ 73

    QUADRO 17 - Principais problemas operacionais encontrados em lagoas facultativas .......................................................................................

    75

    QUADRO 18 - Caracterizao das Regionais propostos pela CAERN na cobertura

    de esgotamento sanitrio do RN ......................................

    83

  • 16

    QUADRO 19 - Sistemas de Lagoas de Estabilizao existente no Rio Grande do Norte .................................................................................................

    84

    QUADRO 20 - ETEs escolhidas para o estudo de caso ............................................ 96

    QUADRO 21 - Quadro de operadores das ETEs do RN .......................................... 109

    QUADRO 23 - Faixa de valores das relaes DBO5/DQO para o esgoto domstico 133

  • 17

    LISTA DE ABREVIATURAS

    CT/CF - Coliformes Termotolerantes/Fecal EB - Esgoto Bruto ELF - Efluente lagoa facultativa ELM - Efluente lagoa de maturao EF - Efluente final EPI - Equipamento de Proteo Individual Faer - Lagoa facultativa aerada F1 - Lagoa facultativa primria F2 - Lagoa facultativa secundria hab - Habitantes LA - Lagoa Anaerbia LD - Lagoa de decantao L/O - Longitude Oeste Ls - Taxa de aplicao superficial LF - Lagoa Facultativa LM - Lagoa de Maturao L/S - Latitude sul Lv - Taxa de aplicao volumtrica M1 - Lagoa de maturao primria M2 - Lagoa de maturao secundria NA - Nvel dgua NMP - Nmero Mais Provvel OD - Oxignio Dissolvido OH- - Hidroxila pH - Potencial Hidrogeninico Qafluente - Vazo Afluente Qte - Quantidade TS - Tanque Sptico V - Volume UFC - Unidade Formadora de Colnia UASB - Upflow Anaerobic Sludge Blanket Reactors

  • 18

    LISTA DE SIGLAS

    APHA - American Public Health Association ABNT - Associao Brasileira de Normas Tcnicas CAERN - Companhia de guas e Esgotos do Rio Grande do Norte CETESB - Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental ETE - Estao de Tratamento de Esgoto EXTRABES - Estao Experimental de Tratamentos Biolgicos de Esgotos Sanitrios EMPARN - Empresa de Pesquisa Agropecuria do RN FEAM - Fundao Estadual do Meio Ambiente SNSA - Secretria Nacional de Saneamento Ambiental CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente RN - Rio Grande do Norte IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica IDEMA - Instituto de Desenvolvimento Econmico e Meio Ambiente DBO5 - Demanda Bioqumica de Oxignio em cinco dias a 20C DQO - Demanda Qumica de Oxignio PERH - Plano Estadual de Recursos Hdricos PCOD - Planilha de Controle Operacional Dirio SAAE - Sistema Autnomo de gua e Esgoto SIG - Sistema de Informao Geogrfica TDH - Tempo de Deteno Hidrulica OMS - Organizao Mundial de Sade OPS - Organizao Panamericana de Sade UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte

  • 19

    SUMRIO

    1

    1.1 1.2

    INTRODUO .....

    Objetivos Geral e Especfico ... Estrutura do Trabalho ......

    21

    26

    27

    2 REVISO DE LITERATURA 28

    2.1 Histrico das Lagoas de Estabilizao ......................................................... 28

    2.2 Definies e Classificao ... 30

    2.2.1 Classificao das Lagoas de Estabilizao ................................................... 30

    2.3 Construo e Operao de Lagoas de Estabilizao .................................... 35

    2.3.1 Construo de Lagoas de Estabilizao....................................................... 35

    2.3.2 Operao de Lagoas de Estabilizao.......................................................... 57

    2.4 Sistema de Informao Geogrfica.............................................................. 80

    3 MATERIAIS E MTODOS ...................................................................... 82

    3.1 Caracterizao da rea de Estudo ................................................................ 82

    3.2 Delineamento da Pesquisa............................................................................ 87

    3.2.1 1 ETAPA: Diagnstico Operacional de Lagoas de Estabilizao do RN ... 87

    3.2.2 2 ETAPA: Construo e alimentao do banco de dados do SIG .............. 94

    3.2.3 3 ETAPA: Estudo de Caso .......................................................................... 96

    3.2.3.1 Descrio dos Sistemas Experimentais ........................................................ 97

    4 RESULTADOS E DISCUSSES ............................................................. 107

    4.1 Resultados Quantitativos da Pesquisa: Diagnstico e Caracterizao

    Fsica dos Sistemas Existentes .....................................................................

    107

    4.1.2 Caractersticas Operacionais ........................................................................ 109

    4.1.3 Destino do Efluente Final ............................................................................. 115

    4.1.4 Diagnstico de Avaliao de Eficincia e Operao ................................... 118

    4.1.5 Caractersticas do esgotos afluentes e efluentes as 78 ETEs em Operao

    no Rio Grande do Norte ...............................................................................

    122

    4.1.5.1 Avaliao de Eficincia: por Modalidade de Tecnologia de Tratamento .... 125

    4.1.5.2 Caracterizao dos esgotos: para as sete Regionais do RN ........................ 126

    4.1.5.3 Avaliao de Eficincia: por rgos de Gerenciamento Ambiental no RN 129

    4.1.6 Relao DBO/DQO: Estado do RN, Modalidade de Tratamento, por

  • 20

    Regionais e por rgo de Gerenciamento Ambiental .................................. 132

    4.2 Sistema de Informao Georreferenciado das ETEs do RN ........................ 135

    4.3 Resultados Qualitativo da Pesquisa : Estudo de Caso................................... 137

    5 CONCLUSES E RECOMENDAES ................................................ 154

    6 REFERNCIAS ......................................................................................... 157

    ANEXOS

    Anexo A Planilha de Controle Operacional Dirio PCOD ..................... 163

    Anexo B Planilha Parmetros de projetos e Diagnstico de Eficincia

    Operacional para Lagoas de Estabilizao ...................................................

    165

    Anexo C Planilha para realizao do perfil de 14 horas ........................... 166

    Anexo D Mapa das Regionais e localizao das ETEs existente no RN .. 167

    Anexo E Mapa das ETEs com lanamento de efluentes tratados em

    corpos receptores hdricos ............................................................................

    168

    Anexo F Mapa de diagnstico de eficincia operacional das ETEs do

    RN no que concerne a remoo de DBO e Coliformes Termotolerantes ....

    169

  • 21

    1 1 INTRODUO O saneamento bsico considerado hoje o marco principal nas polticas pblicas de um pas

    e o mais essencial de todos os servios pblicos, sob qualquer ngulo que se queira analisar.

    atravs do saneamento que se verificam diversas mudanas no ndice de qualidade de vida de

    uma populao. Como exemplo disto, podemos citar o nosso Pas, que, devido a um incipiente

    crescimento nas aes preventivas, ainda afetado por dores sociais na rea da sade pblica. A

    ineficcia no fornecimento e no tratamento de gua potvel tem desencadeado vrias doenas,

    sendo a populao de baixo nvel socioeconmico a mais atingida. Atualmente, temos nmeros

    alarmantes de contaminao por geohelmintoses, que poderia ser sanada com polticas

    preventivas de sade pblica. Essa precariedade no servio de saneamento encontra-se mais

    acentuada nas regies mais pobres do Brasil: a Norte e a Nordeste.

    Historicamente, os modelos de desenvolvimento adotados no Brasil resultaram em

    impactos sociais, econmicos e ambientais, provocando excessiva concentrao de riquezas e

    renda, com excluso social latente e aumento das desigualdades regionais. A inadequao desses

    modelos tem gerado um verdadeiro descompasso entre a demanda e a oferta dos servios. As

    mudanas nos padres de consumo resultaram em uma maior necessidade por recursos naturais,

    bem como uma maior produo de resduos slidos e lquidos e uma alterao nas caractersticas

    fsico-qumicas decorrente dos avanos tecnolgicos, com um conseqente aumento potencial de

    poluio e contaminao dos corpos hdricos, do ar e do solo, exigindo, assim, tecnologias novas

    de tratamento.

    O saneamento brasileiro no uniforme, corroborando para tal situao as dimenses

    continentais do pas e as grandes disparidades regionais em termos socioeconmicos. Embora as

    regies Norte e Nordeste sejam as maiores beneficirias de recursos federais para esse setor

    segundo dados da Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental (SNSA), as mudanas so

    pequenas, quando comparadas com as regies Sul e Sudeste (BRASIL, 2006). O crescimento

    naquelas Regies quase imperceptvel, devido as regies Sul e Sudeste terem as melhores

    1

  • 22

    condies socioeconmicas para arcar com os custos dos financiamentos, atravs de recursos

    onerosos. Alm deste fator, o predomnio na aplicao de recursos onerosos nessas regies,

    principalmente a Sudeste, decorrente das restries ao endividamento pblico interpostas pela

    legislao fiscal vigente, que atinge de forma mais intensa os municpios e estados localizados

    nas regies mais pobres do Pas. Em contrapartida as regies mais pobres so beneficiadas

    atravs dos recursos no onerosos, ou seja, o financiamento de recursos no exige retorno.

    Embora o tratamento de efluentes domstico e industrial, no Brasil, seja previsto pelas leis

    357/05 e 9433/97, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), que estabelecem,

    respectivamente, o enquadramento dos corpos dgua em classes e os padres de lanamentos,

    bem como a POLTICA NACIONAL DOS RECURSOS HDRICOS, ainda so diminutas as

    aes de saneamento bsico no Pas. Apenas uma pequena porcentagem do esgoto coletado

    tratado, sendo que muitas regies ainda no tm coleta de esgoto nem abastecimento de gua.

    Segundo IBGE (2000), dos 5.507 municpios existentes no ano da pesquisa, somente 52% e

    33,5% dos domiclios brasileiros, so atendidos por rede geral de esgoto. Do volume de esgoto

    urbano coletado, apenas 35,5% submetido a tratamento para remoo de poluentes e 84,6% do

    esgoto no tratado despejado nos rios. Onde no h coleta de esgoto, 48% dos dejetos vo para

    fossa sptica e 42%, para valas abertas. Quanto ao tipo de tratamento adotado no Brasil, a Figura

    01, elaborado a partir dos dados da Pesquisa Nacional de Saneamento Bsico 2000, mostra o

    percentual de distritos que possuem cada um dos sistemas de tratamento listados. Observa-se que

    o tratamento por lagoas de estabilizao, mais especificamente do tipo facultativa, o processo

    de tratamento mais utilizado, ultrapassando 27%.

    Na regio Nordeste, a proporo de municpios com servio de esgotamento sanitrio de

    42,9%, sendo 14,7% a proporo dos domiclios atendidos por rede geral de esgoto. Do volume

    de esgoto urbano coletado, apenas 13,3% submetido a tratamento para remoo de poluentes e

    65,8% do esgoto no tratado despejado nos rios. Onde no h coleta de esgoto, 47,9% dos

    dejetos vo para fossa sptica e 40,21%, para fossas secas (IBGE, 2000).

    Em relao ao Saneamento Bsico do Estado do Rio Grande do Norte, a explorao dos

    sistemas de gua e esgoto feita pela Companhia de gua e Esgoto do Rio Grande do Norte -

    (CAERN), em forma de concesso.

  • 23

    Sistemas de tratamento de esgoto no Brasil

    27,123,9

    22,621,5

    16,412,4

    9,85,4

    4,43,3

    21,61,4

    Lagoa Facultativa

    Filtro Biolgico

    Lagoa Anaerbia

    Reator Anaerbio

    Lodo Ativado

    Fossas Spticas

    Lagoa Aerbia

    Lagoa de Maturao

    Lagoa Aerada

    Lagoa Mista

    Valo de Oxidao

    Sem declarao

    Outros

    Figura 01 Percentual de distritos que possuem tratamento de esgoto no Brasil, por tipos de sistemas de tratamentos existentes (IBGE, 2000).

    Essa Companhia detm 87% de concesso, na cobertura dos servios de esgotos, ou seja, 146

    municpios; deste total, apenas 41 municpios, ou 28%, tratam os esgotos gerados, por meio de

    lagoas de estabilizao. No entanto, considerando os trs rgos de gerenciamento do

    saneamento bsico no estado do RN, apenas 51 municpios coletam e tratam seus esgotos por

    meio de lagoas de estabilizao, conforme detalha a Tabela 01.

    Tabela 01 - Concesso (Esgoto) no Rio Grande do Norte.

    GERENCIAMENTO CONCESSO (ESGOTO) NO ESTADO DO RIO G. NORTE

    ESTADO(CAERN) MUNICPIO SAAE

    N Muncipio % N Muncipio % N Muncipio %

    146 87 07 04 14 09

    COM LAGOAS DE

    ESTABILIZAO(%)

    COM LAGOAS DE

    ESTABILIZAO(%)

    COM LAGOAS DE

    ESTABILIZAO(%)

    Quantidade(a) % Quantidade % Quantidade %

    40 28 07 100 04 29 (a) Em Pedro Velho/RN, a concesso Estado e Municpio.

    Conforme mostrado na Tabela 02, o volume de esgoto coletado pela CAERN, em todo

    o Estado, corresponde a 1.534.257,50m/ms. Deste total, apenas 65,11 % recebem tratamento

  • 24

    antes de serem lanados diretamente nos rios ou serem utilizados para alguma prtica de reso

    agrcola. Desse percentual tratado, uma pequena parcela encontra-se adequado, tanto

    ambientalmente, quanto juridicamente, para ser lanado em corpos receptores hdricos. Outro

    ponto que merece destaque o percentual de cobertura de gua e esgoto no Estado,

    correspondendo respectivamente a 76,49% para gua e 16,29% para esgoto.

    A consolidao do saneamento um objetivo estratgico a ser alcanado pela sociedade

    brasileira, tendo em vista as reivindicaes pelo equacionamento da coleta e tratamento de

    esgotos nas cidades e pela reduo da poluio dos cursos de gua urbanos e peri-urbanos,

    determinados pelos ainda elevados dficits de cobertura e tratamento de esgotos. Tabela 02 Dados do saneamento bsico do Rio Grande do Norte.

    SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE GUA

    Extenso da rede de gua (m) 5.208.395,00 (a)

    Populao atendida (hab.) 2.120.040,00

    Volume de gua produzido (m/ms) 1.329.026,44

    N de hidrmetros na rede (unid.) 373.891,00

    SISTEMA DE ESGOTAMENTO SANITRIO

    Volume de esgoto coletado (m/ms) 1.534.257,00

    Volume de esgoto tratado (m/ms) 995.007,67

    Rede de coleta de esgoto (m) 722.475,00(b)

    Populao atendida (hab.) 451.525,00

    N de ligaes de esgoto 89.478,00 Fonte: (CAERN, 2006), (a) Dados referentes a dezembro de 2005; (b) Dados referentes a dezembro de 2005.

    A discusso sobre tcnicas de tratamento de efluentes tem ressaltado o tratamento de

    esgoto por meio de lagoas de estabilizao como uma das tcnicas mais bem aceitas na maior

    parte dos estados brasileiros, visto contemplar economia no custo e acima de tudo simplicidade

    na operao. Atrelados a estas caractersticas, diversos fatores socioeconmico-ambientais

    tambm fazem jus, no Brasil, sua aceitabilidade perante os demais processos e tcnicas de

    tratamento de efluentes, tais como: suficiente disponibilidade de rea em um grande nmero de

    localidades; clima favorvel (temperatura e insolao elevada), durante o ano todo, e sobretudo a

    necessidade de pouco ou nenhum equipamento.

  • 25

    Hoje, alm do modelo propriamente dito, outras variantes podem fazer parte dos sistemas

    de Estao de Tratamento de Esgoto (ETE), operadas por meio de lagoas de estabilizao, como:

    lagoas de polimento, lagoas de alta taxa, lagoas com wetlands, sistema australiano propriamente

    dito, lagoas aeradas de mistura completa, lagoas aeradas facultativas, lagoas facultativas, lagoas

    facultativas primrias, seguidas por lagoas de maturao etc.

    A sua operacionalizao, quando bem monitorada, tem mostrado elevados percentuais na

    eficincia, no que concerne remoo de DBO5 e de Coliformes Termotolerantes. Quando bem

    projetadas e operadas, reduz de maneira significativa a probabilidade de exalar maus odores, o

    que justifica a sua grande aceitabilidade onde so implantadas. Quando h inteno na prtica de

    reso do efluente tratado, a maioria dos parmetros enquadra-se neste tipo de prtica, seja ela

    agrcola, hidropnica, aqicultura ou reso urbano.

    O crescimento intenso e desordenado de vilarejos, como tambm das grandes capitais

    brasileiras, tem levado o homem a uma constante preocupao, no que concerne produo de

    esgoto gerado e o seu destino final. No Rio Grande do Norte, mais de 90% do sistema de

    tratamento de esgoto so realizados por meio de lagoas de estabilizao, (SILVA FILHO et al,

    2006). Deste total, um pequeno percentual apresenta o conjunto operacional adequado e aceito

    conforme recomenda a tcnica de tratamento por meio de lagoas de estabilizao. Assim, os

    elevados volumes de efluentes tratados precisam de uma operao adequada e um monitoramento

    constante, uma vez que o destino final so os corpos receptores hdricos.

    conveniente salientar que a maioria dos sistemas utilizados para tratamento de esgoto no

    Rio Grande do Norte construda na sua maioria baseada em critrio cientfico de regies alheias

    a nossa realidade, com operao deficiente e um total descaso com o monitoramento,

    apresentando, em grande parte, pequena remoo de carga orgnica (DBO), sem, entretanto,

    qualquer preocupao com a remoo dos nutrientes (N, P) e dos microorganismos patognicos,

    o que traz conseqentes problemas ambientais, como contaminao dos corpos de gua

    receptores desses efluentes e maus odores.

    A operacionalizao, seguida de um monitoramento, so fases esquecidas no s nos

    sistemas de tratamento de esgoto por lagoas de estabilizao, mas na maioria dos tipos existentes.

    A falta de pesquisas e estudos efetivos consistentes nessa rea tem, inclusive, levados tcnicos

    brasileiros a apresentarem solues baseadas em experincias de outros pases, na busca de

    parmetros reais de funcionamento dos sistemas de tratamento.

  • 26

    No entanto, uma adequada operao e manuteno de sistemas de lagoas de estabilizao

    muito importante e necessria para que se venha a ter xito no tratamento e se possa, acima de

    tudo, avaliar a eficincia da ETE, sobretudo aos parmetros de remoo de matria orgnica, de

    nutrientes e patgenos, quando o destino final o corpo receptor. Hoje, a maior parte dos

    sistemas de lagoas de estabilizao construda como meramente depsitos de esgotos. Na

    maioria das cidades interioranas brasileiras, esses sistemas so conhecidos, por termos

    pejorativos. Isso mostra o descaso, com que o tratamento alcana. O tratamento desses efluentes,

    quando lanados em corpos hdricos , nas cidades de pequeno e mdio porte considerado, pelos

    ambientalistas e pelos rgos de fiscalizao e proteo ambiental, como uma atividade

    potencialmente causadora de degradao ambiental, por apresentar, devido a realizaes de um

    tratamento e uma operao deficitria, grandes concentraes de DBO, que so altamente

    poluentes, causando srios problemas ambientais e de sade pblica.

    Os sistemas de lagoas de estabilizao para tratamento de esgoto tm finalidades mltiplas,

    podendo tratar pequenas ou mdias quantidades de guas residurias, domsticas ou industriais.

    O efluente tratado deve apresentar caractersticas fsicas e ambientais que o tornem vivel de ser

    lanado em um corpo receptor hdrico ou ser reaproveitado atravs das prticas de reso. Estudos

    sobre a eficincia de tais sistemas devem, portanto, considerar as condies de cada local e a

    qualidade que o efluente final deve atingir. Nesse tipo de sistema o conhecimento da operao

    pode auxiliar no estudo desta eficincia.

    1.1 Objetivos Geral e Especfico

    Entretanto, considerando a necessidade de maior conhecimento dos fatores envolvidos na

    construo e operao de lagoas de estabilizao, o presente trabalho teve como objetivo geral

    desenvolver uma abordagem fundamentada atravs de critrios cientficos no diagnstico

    operacional de sistemas de lagoas de estabilizao. Concomitantemente, tem como objetivos

    especficos:

    Mapear, avaliar e diagnosticar o desempenho operacional das lagoas de estabilizao do estado do Rio Grande do Norte.

    Construir um Sistema de Informao Georreferenciado - (SIG), atravs do mapa hidrogrfico, os pontos de lanamentos de efluentes dos sistemas de lagoas existentes no

    Rio Grande do Norte, como tambm dados operacionais e seu respectivo diagnstico.

  • 27

    Avaliar a eficincia, em escala real, de trs sistemas de lagoas de estabilizao do RN na remoo de DBO5, DQO e Coliformes Termotolerantes e o comportamento dos

    parmetros, pH, Temperatura e OD.

    Tendo como hiptese geral no presente estudo: "Atravs de uma construo e operao

    adequada em sistema de lagoas de estabilizao, possvel atingir elevadas eficincias um

    efluente final em termos de remoo de matria orgnica e Coliformes Termotolerante.

    1.2 Estrutura do Trabalho

    Este trabalho se apresenta estruturado em cinco captulos:

    O captulo 1 apresenta os aspectos preliminares do trabalho, como: a problemtica, a

    justificativa para o estudo, demonstrando-se a importncia do trabalho, os seus objetivos e

    hipteses.

    No captulo 2, feita uma reviso de literatura relacionada com as pesquisas afins ao

    assunto desta dissertao, apresentando as principais caractersticas construtivas, operacionais e

    de monitoramento do sistema de lagoas de estabilizao pertinentes a tratamentos de efluentes

    domsticos.

    O captulo 3 descreve, de forma detalhada, a metodologia utilizada para que os objetivos do

    trabalho viessem a ser alcanados.

    No captulo 4, encontram-se os resultados obtidos durante o experimento, assim como as

    discusses destes.

    O captulo 5 reserva para as concluses da pesquisa a metodologia proposta e as

    recomendaes para a eficincia do sistema. Na seqncia, so apresentadas as referncias

    utilizadas para a elaborao do trabalho.

  • 28

    2 REVIO DE LITERATURA 2.1 Histrico das Lagoas de Estabilizao

    O uso das lagoas de estabilizao teve incio nos Estados Unidos, h um sculo. Estas

    serviam para receber despejos de animais, de usos domsticos de pequenas comunidades, e,

    acidentalmente, realizavam os fenmenos tpicos e prprios de depurao dos esgotos. Tais

    lagoas, de origem acidental, surgiram por volta de 1901, mais precisamente na cidade de San

    Antonio, Texas, Kellner e Pires (1998), com a finalidade de viabilizar o uso de efluentes na

    irrigao.

    Jordo e Pessa (2005) afirmam que, realmente, h um sculo, existiam lagoas naturais ou

    artificiais, de origem acidental, que recebiam despejos de animais e realizavam fenmeno de

    depurao de esgotos. Alm da lagoa de San Antonio, outras lagoas de origem acidental so

    citadas, Santa Rosa, na Califrnia, e Fesseden, em Dakota do Norte, originadas,

    respectivamente, em 1924 e 1928.

    No caso de Santa Rosa, a lagoa foi estabelecida em cima de um leito de pedra que

    colmatou com a passagem do efluente, o qual apresentava caractersticas de um efluente de filtro

    biolgico. Em Fesseden, o efluente, foi direcionado para uma depresso natural. Aps alguns

    meses, a qualidade do efluente final dessa lagoa foi comparada de um tratamento permanecendo

    em operao por 30 anos. No entanto, s aps a II Guerra Mundial, surgiram lagoas de cujo

    funcionamento se passou a ter, algum controle, o que possibilitou estabelecer alguns parmetros.

    As primeiras pesquisas sobre lagoas de estabilizao foram realizadas nos Estados Unidos,

    nos estados de Dakota do Norte e do Sul, no ano de 1948. Na Amrica Latina, em 1958, na

    cidade de Caas, na Costa Rica, foi construda a primeira lagoa experimental, destinada a tratar

    efluentes domsticos (TALBOYS, 1971; FORERO, 1985). Dois anos depois, em 1960, entrou

    em funcionamento a primeira lagoa projetada especificamente para receber e depurar esgoto

    bruto. Esse tipo de lagoa foi construdo no Brasil primeiramente em So Jos dos Campos, SP,

    2

  • 29

    projetado de acordo com o sistema chamado australiano, sendo uma anaerbia seguida de uma

    facultativa, com a finalidade de estabelecer parmetros de projetos para outras lagoas, crdito

    cedido aos engenheiros Benoit Almeida Victoretti e Carlos Philipowsky. Esse projeto foi fruto de

    um convnio entre o Departamento de guas e Energia Eltrica do estado de So Paulo, a

    Fundao Servio Especial de Sade Pblica - (SESP) e a Prefeitura de So Jos dos Campos.

    Em seguida vieram as de Cidade de Deus, no Rio de Janeiro. J na dcada de 70, do sculo

    XX, ocorre, segundo Andrade Neto (1997, p. 145), a difuso das lagoas de estabilizao em

    vrios estados, tendo-se firmado como processo de tratamento de esgoto, devido simplicidade e

    eficincia do processo, ao baixo custo de construo e operao e s condies climticas

    extremamente favorveis.

    A partir da dcada de 70, conforme citado anteriormente, muitos estados adotaram

    definitivamente esse tipo tratamento, e grande nmero de pesquisas e resultados operacionais

    passaram a ser publicados. Dentre as instituies que mais contriburam para o desenvolvimento

    tcnico-cientfico das lagoas de estabilizao no Brasil, tem-se a Estao Experimental de

    Tratamentos Biolgicos de Esgotos Sanitrios da Universidade Federal da Paraba

    (EXTRABES/UFPB) e a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental de So Paulo

    (CETESB/SP). No Rio Grande do Norte, conforme dados da CAERN, o primeiro sistema de

    tratamento de esgoto por meio de lagoas de estabilizao foi a ETE de Santa Cruz, no bairro

    Cnego Monte, no incio da dcada de 1980, conforme mostra a Figura 02.

    Figura 02 Antiga Lagoa de Estabilizao de Santa Cruz (no existe mais).

  • 30

    2.2 Definies e Classificao

    Muitos autores da rea definiram as lagoas de estabilizao como grandes tanques de

    pequena profundidade por dique de terra, destinadas a tratar guas residurias brutas, por

    processos puramente naturais (SILVA; MARA, 1979; UEHARA; VIDAL, 1989). Hoje, esse

    conceito est mais abrangente. Essas lagoas so basicamente biorreatores, de guas lnticas,

    relativamente rasas, construdas para armazenar resduos especficos, como os domsticos e

    industriais, e devem resultar na estabilizao da matria orgnica atravs de processos biolgicos.

    O tratamento biolgico pode ocorrer em condies anaerbias, facultativas ou aerbias, de

    acordo com a disponibilidade de oxignio dissolvido, da atividade biolgica predominante, da

    carga orgnica afluente, das caractersticas fsicas de cada unidade destinadas a tratar guas

    residurias brutas ou efluentes pr-tratados, por processos naturais e artificiais.

    2.2.1 Classificao das Lagoas de Estabilizao

    As lagoas de estabilizao so classificadas de acordo com a atividade metablica

    predominante na degradao da matria orgnica, tais como: anaerbias, facultativas e de

    maturao ou aerbias. A profundidade, por sua vez, determina a frao da massa lquida com

    maior penetrao de luz e consequentemente, maior taxa fotossinttica, conforme cita Andrade

    Neto (1997). Como variantes, segundo a intensificao do processo, tm-se as lagoas com plantas

    macrfitas (wetlands), aeradas, de polimento e outras.

    Os Quadros 01 a 03, detalham o funcionamento dos principais tipos de lagoas de

    estabilizao usado hoje no Brasil, como tambm os principais parmetros de projetos.

    As lagoas de estabilizao podem ser distribudas em diferentes nmeros e combinaes, a

    fim de alcanar a qualidade padro requerida, sendo as configuradas em chicanas e profundidades

    reduzidas com melhor eficincia, quando o objetivo a remoo de patgenos ( CAVALCANTI

    et al, 2001; TAKEUTI, 2003).

    A Tabela 03 mostra caractersticas dos principais parmetros relacionados eficincia de

    sistemas de lagoas de estabilizao.

  • 31

    LAGOA ANAERBIA: DESENHO ESQUEMTICO

    Pro

    fund

    idad

    e (H

    )

    Afluente

    Efluente

    13

    3,5

    a 5

    ,0 m

    Lodo acumulado

    CH4

    H2S

    NH3

    CO2

    Esgoto bruto

    Slidos Sedimentveis

    Lodo cidos orgnicos CO2 , NH3 , H2S, CH4

    Ausncia de O2

    NACamada flotante

    Estabilizao:

    I) Acidognica: Matria Orgnica cidos orgnicos

    II) Metanognica: cidos Orgnicos

    Biogases: CO2 CH4 NH3 H2S

    Bactrias anaerbias

    CARACTERSTICAS E PARMETROS DE PROJETO

    A principal finalidade das lagoas anaerbias a remoo de DBO, tendo eficincia de remoo na faixa de 50-70% (VON SPERLING, 2002), e Slidos em Suspenso, tendo eficincia em torno de 70% (ESPAA, 1991). Estes slidos so sedimentados no fundo da lagoa, sendo digeridos, posteriormente, pela ao das bactrias anaerbias A reduo de DBO somente ocorre aps a formao de cidos produzidos pelos microorganismos acidognicos, sendo posteriormente, convertidos em metano, gs carbnico e gua pelos microorganismos metanognicos. Neste tipo de lagoa, a reduo de coliformes no significante, quando comparadas com as facultativas e de maturao.

    Parmetros de Projetos:

    1) Taxa de aplicao volumtrica (Lv): A taxa adotada varia com a temperatura local. Para temperatura > 25C, Lv

    = 0,35kgDBO/m.d (MARA, 1997).

    2) Perodo de limpeza: 3-6 anos (ESPAA, 1991).

    3) Tempo de deteno hidrulica (TDH): Para esgoto domstico, normalmente situa-se na faixa de: 3,0 d a 5,0 d.

    (ESPAA, 1991; VON SPERLING, 2002; JORDO; PESSOA, 2005).

    4) Profundidade (H): Neste tipo de lagoa, encontra-se na faixa: 3,5m a 5,0m. (OAKLEY, 2005; VON SPERLING,

    2002; JORDO ; PESSOA, 2005).

    5)Geometria(Relao comprimento/largura): variam entre quadradas ou levemente retangulares, com a relao

    tpica (L/B) entre 1 a 3. (VON SPERLING, 2002; JORDO ; PESSOA, 2005).

    6) Acmulo de lodo: 0,03 a 0,10m/hab.ano (MENDONA, 1990).

    7) Demanda de rea: 1,5-3,0 m/hab ( VON SPERLING, 2002).

    8) Custo implantao : 30-75 R$/hab (VON SPERLING, 2002).

    9) Custo Operao e Manuteno: 2,0-4,0 R$/hab.ano (VON SPERLING, 2002).

    Quadro 01 - Caractersticas e principais parmetros de Projetos de Lagoas de Estabilizao: Anaerbia

  • 32

    LAGOA FACULTATIVA: DESENHO ESQUEMTICO

    Prof

    undi

    dade

    (H)

    Afluente

    Efluente

    13

    1,8

    a

    2,0

    m

    Lodo acumulado na zona anaerbia

    Ventos (Mistura e reaerao) AlgasO2

    Bactrias Aerbias

    CO2 , NH3, PO4, H2O

    CH4

    H2S

    NH3CO2 O2N2 O2

    Fotossntese Respirao

    Zona anaerbia

    Zona aerbia

    Zona facultativa

    Novas clulas

    Novas clulas

    Clulas mortas

    Esgoto bruto

    Slidos Sedimentveis

    Lodo cidos orgnicos CO2 , NH3 , H2S, CH4

    Ausncia de O2

    NA

    CARACTERSTICAS E PARMETROS DE PROJETO

    A funo das lagoas facultativas a remoo de DBO e patgenos. O processo de estabilizao da matria orgnica ocorre em trs zonas distintas: zonas aerbia, facultativa e anaerbia. A presena de oxignio nessas lagoas suprida pelas algas, que produzem, por meio da fotossntese, oxignio durante o dia e o consomem durante a noite. A zona ftica, parte superior, a matria orgnica dissolvida oxidada pela respirao aerbia, enquanto na aftica, zona inferior, a matria orgnica sedimentada convertida em gs carbnico, gua e metano.

    Parmetros de projetos:

    1) Taxa de aplicao superficial (Ls): A taxa adotada muda com a temperatura, latitude, exposio solar e altitude, variando

    entre 100 a 350kgDBO/ha.d (VON SPERLING, 2002; JORDO ; PESSOA, 2005). Para locais com clima e insolao elevada,

    prefervel usar o valor mximo.

    2) Tempo de deteno hidrulica (TDH): Para esgoto domstico, normalmente situa-se na faixa de: 15 d a 45 d. (VON

    SPERLING, 2002; JORDO ; PESSOA, 2005).

    3) Profundidade (H): Neste tipo de lagoa, encontra-se na faixa: 1,5 a 2,0m. (VON SPERLING).

    4) Demanda de rea: 2,0-4,0 m/hab (VON SPERLING, 2002).

    5) Custo implantao : 40-80 R$/hab (VON SPERLING, 2002).

    5) Custo Operao e Manuteno: 2,0-4,0 R$/hab.ano (VON SPERLING, 2002).

    7) Coeficiente decaimento bacteriano (mistura completa a 20C): 0,4 -1,0 d-1 (VON SPERLING, 2002).

    8) Coeficiente decaimento bacteriano (fluxo disperso a 20C): 0,2-0,4 d-1(VON SPERLING, 2002).

    9) Geometria (Relao comprimento/largura): as facultativas geralmente situa-se na faixa (L/B) de 2 a 4 ( VON SPERLING,

    2002).

    10) Acmulo de lodo: 0,03 a 0,08m/hab.ano (VON SPERLING, 2002).

    Quadro 02 - Caractersticas e principais parmetros de Projetos de Lagoas de Estabilizao: Facultativa.

  • 33

    LAGOA DE MATURAO: DESENHO ESQUEMTICO

    Pro

    fund

    idad

    e (H

    )

    Afluente

    Efluente

    0,60

    a 1

    ,50

    m

    Ventos (Mistura e reaerao) AlgasO2

    Bactrias Aerbias

    CO2 , NH3, PO4, H2O

    CO2 O2N2 O2

    Fotossntese Respirao

    Novas clulas

    Novas clulas

    Clulas mortas

    Esgoto pr-tratadoZooplncton

    Algas Bactrias

    NA

    Clulas mortas d1

    CARACTERSTICAS E PARMETROS DE PROJETO

    As principais finalidades das lagoas de maturao so a remoo de patgenos e nutrientes. Elas objetivam , principalmente, a desinfeco do efluente das lagoas de estabilizao. So mais rasas, permitindo a eficaz ao dos raios ultravioleta sobre os microorganismos presentes em toda a coluna dgua. Os fatores que influenciam o processo de remoo de bactrias, vrus e outros microorganismos presentes em sua massa lquida so: menores profundidades, alta penetrao da radiao solar, elevado pH e elevada concentrao de oxignio dissolvido. A eficincia na remoo de patgenos de 99,99%, para uma srie de mais de 3 lagoas.

    Parmetros de projetos:

    1) Tempo de deteno hidrulica (TDH): Para esgoto domstico, normalmente situa-se na faixa de: 2d a 4d. (VON SPERLING,

    2002; JORDO; PESSOA, 2005).

    2) Profundidade (H): Neste tipo de lagoa, encontra-se na faixa: 0,60 m a 1,5m (JORDO e PESSOA, 2005). Lagoas mais rasas

    na faixa de 0,80m a 1,0m apresentam mais eficincias (KELLNER; PIRES, 1998; VON SPERLING, 2002).

    3) Geometria (Relao comprimento/largura): a geometria da lagoa influencia o seu regime de escoamento, podendo esta se

    aproximar de fluxo em pisto ou de mistura completa. A relao L/B um importante critrio para o dimensionamento de

    lagoas. Para Von Sperling (2002), as lagoas chicaneadas em clula nica devem ser maiores que 10; para sistema com mais de

    trs lagoas, essa relao deve variar entre 1-3.

    4) Demanda de rea: 3,0-5,0 m/hab (VON SPERLING, 2002).

    5) Custo implantao : 50-100 R$/hab (VON SPERLING, 2002).

    6) Custo Operao e Manuteno: 2,5-5,0 R$/hab.ano (VON SPERLING, 2002).

    7) Coeficiente temperatura (fluxo disperso): 1,07d-1 (VON SPERLING, 2002).

    8) Coeficiente decaimento bacteriano (mistura completa a 20C): 0,6-1,2 d-1, em srie (VON SPERLING, 2002).

    9) Coeficiente decaimento bacteriano (fluxo disperso a 20C): 0,4 a 0,7 d-1, em srie (VON SPERLING, 2002).

    Quadro 03 - Caractersticas e principais parmetros de Projetos de Lagoas de Estabilizao: Maturao.

  • 34

    Tabela 03 Concentraes mdias efluentes e eficincias tpicas de remoo dos principais poluentes de interesse nos esgotos.

    Fonte: Adaptado de Von Sperling (2005) ( ) Jordo ; Pessoa (2005) e ( ) Arajo et al, (2003 a) e Arajo et al, (2003b).

    QUALIDADE MDIA DO EFLUENTE EFICINCIA MDIA ESPERADA

    DBO5 DQO SS Amnia-

    N P Total N

    Total CF DBO5 DQO SS Amnia-

    N P

    Total N

    Total CF SISTEMA

    (mg/L) (mg/L) (mg/L) (mg/L) (mg/L) (mg/L) (NMP/100ml) (%) (%) (%) (%) (%) (%) (unid. Log)

    Lagoa facultativa

    50-80 120-200 60-90 >15 >4 >20 106 - 107 75-85 65-80 70-80 20 106 - 107 75-85 65-80 70-80 30 106 - 107 75-85 65-80 70-80 30 106 - 107 75-85 65-80 80-87

  • 35

    2.3 Construo e Operao de Lagoas de Estabilizao Antes de se projetar uma ETE, por meio de lagoas de estabilizao, necessrio ter em mente o objetivo bsico que se espera atingir e, a partir da, escolher pelo melhor comportamento

    hidrodinmico, ou seja, os tipos de reatores, como tambm o melhor modelo para o seu

    dimensionamento. Uma vez que a operao tem por objetivo garantir a funcionabilidade de todo

    o sistema, fornecendo aos operadores ou responsveis pelo sistema dados sobre como chegar

    eficincia do conjunto e construo de qualquer obra de engenharia, deve seguir criteriosamente

    as etapas e procedimentos para sua execuo, pois a eficcia operacional de um sistema de lagoas

    de estabilizao depende do detalhamento do projeto e o acompanhamento em todas as etapas

    construtivas. Todavia, no existe a priori um parmetro para a qualidade do efluente, sem

    associ-lo ao tipo de projeto proposto, s condies operacionais, ambientais e tambm aos usos

    a que se destinam as guas que recebero esses efluentes. Portanto, algumas recomendaes

    devero ser seguidas, para a construo e operao desse tipo de lagoa.

    2.3.1 Construo de Sistema de Lagoas de Estabilizao A seleo de rea para a construo do sistema de lagoas de estabilizao deve atender aos

    aspectos elencados no Quadro 04. Salienta-se que no possvel atender a todos os itens, mas

    deve ser dado prioridade ao caso a ser estudado e projetado. Os itens de maiores relevncias

    tcnicas sero comentados a seguir: a) Geometria da Lagoa

    As lagoas de estabilizao de forma retangular tm sido determinadas como de qualidade

    superior s de forma circular, quadrada e/ou de geometria irregular, no que concerne s

    caractersticas hidrulicas, sendo que as muito compridas e estreitas apresentam nmero de

    disperso menor, apresentando, portanto, melhor eficincia. Em contrapartida, aconselhvel no

    projetar lagoas retangulares com cantos vivos ou seja formando ngulos retos, pois estes

    originam zonas mortas. Assim, para evitar essa pecha, recomendvel a preferncia por cantos

    arredondados. Para Silva e Mara (1979), se a rea topograficamente favorvel para a

    construo de uma lagoa comprida e estreita, aconselhvel um aprofundamento junto entrada,

    a fim de se criar uma zona anaerbia para deposio e digesto dos slidos.

  • 36

    Aspecto

    Comentrios

    Disponibilidade de rea A disponibilidade de rea pode conduzir seleo do tipo de lagoa a ser adotado.

    Localizao da rea em relao ao local de gerao dos esgotos

    A maior proximidade reduz os custos de transporte dos esgotos.

    Localizao da rea em relao ao corpo receptor A maior proximidade reduz os custos de transporte dos esgotos tratados ao local de destinao final.

    Localizao da rea em relao s residncias mais prximas

    As lagoas anaerbias necessitam de um afastamento mnimo em torno de 1000m das residncias mais prximas, em funo da possibilidade de maus odores; outros tipos de lagoas podem ter afastamento mais reduzido.

    Cotas de inundao Deve-se verificar se o terreno inundvel, e a que nvel chegam as inundaes, para a definio da altura dos taludes.

    Nvel do lenol fretico O nvel do lenol fretico pode determinar o nvel de assentamento das lagoas e a necessidade de impermeabilizao do fundo.

    Topografia da rea A topografia da rea tem grande influncia no movimento de terra e, em outras palavras, no custo da obra; topografia pouco ngreme prefervel.

    Forma da rea A forma da rea influencia o arranjo das diversas unidades em planta; podem-se aproveitar as curvas de nvel, desde que de forma suave, evitando-se a criao de zonas mortas.

    Caractersticas do solo O tipo de solo tem grande influncia no planejamento da compensao entre o corte e o aterro, na necessidade de material de emprstimo, na inclinao dos taludes, nos custos da obra (ex.: pedras) e na necessidade de impermeabilizao do fundo.

    Ventos A localizao da lagoa deve permitir o livre acesso do vento, o qual importante para se garantir uma mistura suave na lagoa.

    Legislao Verificar legislao local, regional ou federal, com o intuito de auxiliar no grau de tratamento necessrio.

    Alternativas de reso O estudo das alternativas, em conjunto com a legislao pertinente, traz consigo respostas para aproveitamento do efluente tratado.

    Condio de acesso O acesso das equipes de obra e das futuras equipes de operao e manuteno no deve ser difcil.

    Facilidade de aquisio do terreno Dificuldade na desapropriao de reas pode ser um elemento de inviabilizao da locao da lagoa na rea pretendida.

    Custo do terreno Em reas urbanas ou prximas a reas urbanas ou de algum elemento de importncia, o custo do terreno pode ser bastante elevado, conduzindo necessidade de se adotarem solues mais compactas.

    Quadro 04 - Aspectos a serem analisados no ato da construo do sistema de lagoas. Adaptado de Espana (1991); Von Sperling (2002).

  • 37

    b) Influncia de Fatores Metereolgicos

    Os fatores metereolgicos tm elevada influncia na hora de se projetar uma lagoa de

    estabilizao, seja ela anaerbia, facultativa ou de maturao. Eles so conhecidos, tambm,

    como fatores naturais no-controlveis.

    I) Ventos: no momento de elaborao do projeto, importante conhecer a intensidade, a direo

    dos ventos, os ventos dominantes, as variaes sazonais, de modo a no causar problemas com a

    circunvizinhana, no que refere a possvel risco de liberao eventual de maus odores, quando se

    trata de lagoas anaerbia.

    Em lagoas de estabilizao com espelho dgua maior que 10 ha, comum a formao de

    ondas pela ao dos ventos, podendo trazer como conseqncia a provocao de eroso nos

    taludes internos, gerao de curtos-circuitos e ocorrncias de ilhas, decorrente da sedimentao

    de material pela no execuo de tratamento preliminar. Vrias alternativas so recomendadas

    para evitar esses efeitos. Para proteo dos taludes, independente do tamanho da lmina dgua

    da lagoa, estes devem ser protegidos 30cm abaixo e 30cm acima dos nveis de gua mnimo e

    mximo de operao. O curto-circuito pode ser evitado, localizando os dispositivos de entrada e

    sada dos fluxos, na direo inversa ao fluxo hidrulico dos ventos predominantes, ou seja,

    ocorrendo de jusante para montante ou de efluente para afluente. Caso o projetista opte pela

    construo de lagoas com a posio dos ventos, de montante para jusante, devem-se projetar

    vrios dispositivos de entradas e sadas, de tal forma que ocorra boa mistura inicial de efluente

    com a gua contida na lagoa, evitando assim o curto circuito e a sada do efluente sem que

    complete o tempo de deteno mnimo necessrio.

    Para Jordo e Pessoa (2005), o sentido do escoamento deve coincidir com o sentido dos

    ventos dominantes, favorecendo a acumulao da matria flutuante ao longo de uma chicana, na

    parte final da lagoa. As lagoas com grandes inclinaes, situadas em depresses, devem ser

    evitadas, pois tal caracterstica torna a lagoa mal ventilada e gerando a formao de um gradiente

    trmico logo abaixo da superfcie, o que impede a mistura da massa lquida da camada superior

    com a da inferior. Alm dos principais problemas que causam, conforme citado acima, os ventos

    tambm exercem as seguintes influncias nas lagoas, quais sejam:

    Contribuem para introduzir oxignio do ar na massa lquida, quando a quantidade de oxignio disponvel nas lagoas menor que a concentrao do oxignio dissolvido de

    saturao;

    Exercem importante papel na homogeneizao da massa lquida;

  • 38

    Auxiliam a movimentao das algas, principalmente algumas espcies no flageladas.

    II) Temperaturas: constitui um parmetro de grande importncia para o funcionamento de

    lagoas de estabilizao, uma vez que segundo Uehara e Vidal (1989) e Jordo e Pessoa (2005),

    suas principais caractersticas so:

    A atividade biolgica diminui medida que reduz a temperatura; A atividade de fermentao do lodo no ocorre significativamente em temperaturas

    abaixo de 17C;

    Em lagoas com temperaturas acima de 30C, a fermentao anaerbia do lodo elevada, a ponto de, em lagoas de at 2m, arrastar para a superfcie placas de lodos da camada de

    fundo;

    A temperatura influi diretamente no predomnio de uma espcie de algas sobre outras e, em conseqncia, sobre o oxignio fotossinttico produzido. Como tambm nas bactrias,

    de acordo com a sua predominncia em psicrfilas, mesfilas e termfilas;

    As algas se desenvolvem com xito em temperaturas em torno de 20-25C. Acima de 35C, a atividade fotossinttica das algas decresce;

    No que concerne qualidade do efluente, nos meses mais frios, h um aumento na concentrao de amnia e fsforo e uma diminuio dos slidos em suspenso, todos eles

    decorrentes do decrscimo da atividade das algas;

    Uma boa mistura vertical em lagoas, geralmente ocorre entre 14-16 horas do dia; As lagoas so projetadas com base na temperatura mdia do lquido no ms mais frio.

    Alguns problemas decorrentes de mudanas bruscas na temperatura de lagoas facultativas podem

    acarretar problemas de curta durao, a saber:

    Sbita elevao de temperatura: provocar aumento das atividades das bactrias aerbias e facultativas, maior consumo de oxignio decorrente da multiplicao do

    nmero dessas bactrias, surgimento de condies anaerbias em pontos dispersos e

    efluentes turvos.

    Brusca diminuio de temperatura: provocar a interrupo das atividades das algas e conseqentemente a sua sedimentao, bem como um clareamento na colorao

    esverdeada da lagoa e a diminuio de sua eficcia.

  • 39

    III) Precipitao Pluviomtrica: a precipitao de gua de chuva no provoca prejuzos

    mensurveis nas lagoas. Mas, quando essa gua entra em contato com a rede coletora de esgoto,

    provoca diversos problemas, tais como:

    Diluio das guas residurias; Diminuio do tempo de deteno hidrulica; Mudanas bruscas de temperatura da massa lquida; Arrastes significativos da populao de algas, por ser mais significativa nos efluentes

    finais;

    Reduo temporria ou anulao da eficincia da lagoa. No sendo possvel evitar a entrada dessas guas na rede de esgoto, as lagoas devem ser providas

    de caixas de alimentao com extravasor lateral, conhecidas como by-pass, a fim de desvi-las

    para o corpo receptor, evitando, assim, que tais contribuies excedam a capacidade de

    tratamento das lagoas. As enxurradas so desviadas por meios de valas divisoras de guas, que

    devero ser mantidas limpas e conservadas. Em projetos, usa-se a precipitao mdia.

    IV) Evaporao: em grau excessivo, poder baixar a lmina dgua a nveis que alterem a boa

    operao, propiciando o desenvolvimento de vegetao emergente e um menor tempo de

    deteno. Para o projeto, usa-se a evaporao mdia, em geral uma funo do vento, do grau

    higromtrico do ar, da temperatura do ar e da gua. A influncia da evaporao na eficcia do

    funcionamento de lagoas pode ser considerada desprezvel, com exceo de regies quentes e

    ridas localizadas no Nordeste brasileiro.

    V) Radiao Solar: considerada um dos fatores cruciais para o funcionamento eficaz de

    lagoas de estabilizao, uma vez que contribui para a produo de oxignio atravs da

    fotossntese. A velocidade desse processo, porm, no se deve exclusivamente radiao solar.

    As algas tm tambm uma funo no processo. Para Uhera e Vidal (1989), a variao da

    velocidade de fotossntese, em funo da temperatura e da radiao solar, decorrente das

    seguintes caractersticas:

    Em tempos nublados, tm-se baixas velocidades de fotossntese; Com cu limpo e sem nuvens, a velocidade de fotossntese tende a aumentar;

  • 40

    Para baixas intensidades luminosas, a luz o fator limitante para a produo de oxignio, enquanto, em elevada intensidade luminosa, a temperatura passa a ser o fator

    condicionante para a ao fotossinttica;

    De uma maneira geral, as boas condies de crescimento de algas e de disperso de oxignio acontecem nos primeiros 0,60m de profundidade da lagoa de estabilizao.

    c) Investigao Geotcnica e Preparao do Fundo da lagoa

    Antes da execuo do fundo da lagoa, importante que se faa uma avaliao da

    permeabilidade do solo por meio de sondagens. O objetivo principal de uma investigao

    geotcnica garantir uma segurana, por ocasio da terraplenagem e construo dos taludes,

    permitindo assim determinar a permeabilidade do solo e a capacidade de infiltrao dessas guas

    nas lagoas. Devem-se evitar solos altamente permeveis, pois, com tal caracterstica, a

    probabilidade de contaminao do lenol fretico elevada, como tambm a dificuldade em

    manter o nvel do lquido na lagoa. Estudos feitos em lagoas de estabilizao no Continente

    Africano, por Mara et al (1992), citam vrios coeficientes de permeabilidade e suas

    conseqncias para as lagoas de estabilizao, conforme mostra a Tabela 04.

    Tabela 04 - Coeficiente de permeabilidade e suas interpretaes para lagoas de estabilizao. Coeficiente de permeabilidade (m/s) Interpretaes para lagoas

    K > 10-6 O solo muito permevel devendo ser protegido.

    K > 10-7 Alguma infiltrao pode ocorrer, mas no o suficiente para impedir o

    enchimento da lagoa.

    K < 10-8 O fundo da lagoa se impermeabilizar sozinho.

    K < 10-9 No h risco de contaminao.

    K > 10-9 Caso acontea a utilizao da gua subterrnea para abastecimento

    domstico, estudos hidrogeolgicos devem ser efetuados.

    A impermeabilizao do fundo da lagoa, segundo Jordo e Pessoa (2005) e Rocha (1995),

    quando necessria, pode ser realizada atravs das seguintes tcnicas construtivas:

    Camada mnima de argila de 40 cm compactada. Revestimento asfltico. Geomembranas ou lenis de plsticos. Solo-cimento. Soda custica, tcnica no muito usada no meio tcnico.

  • 41

    Quando h necessidade de impermeabilizar, deve-se analisar a tcnica que trar mais

    viabilidade econmica, associada praticidade e confiabilidade construtiva.

    d) Balano Hdrico

    Para que um sistema de lagoas de estabilizao mantenha o nvel dgua timo, para uma

    adequada operao, necessrio que se estabelea o seguinte balano hdrico (MARA et al.,

    1992) :

    Qmdia 0,001. AT [ ( P- E ) + I], onde:

    Qmdia = Vazo mdia afluente ao sistema (m/dia);

    AT = rea total das lagoas (m);

    P = Precipitao mdia mensal convertida em mdia diria (mm/dia);

    E = Evaporao mdia mensal convertida em mdia diria (mm/dia);

    I = Taxa de infiltrao (mm/dia).

    O no cumprimento do balano hdrico pode desencadear problemas futuros, no momento

    da operao, como perda por infiltrao ou evaporao excessiva, comprometendo o nvel de

    gua na lagoa.

    e) Desmatamento, Raspagem, Escavao e Escarificao do Terreno Esta fase compreende a etapa de preparao propriamente do terreno para a construo do

    sistema de lagoas de estabilizao, utilizando-se taludes de terra, a saber:

    I) Desmatamento: compreende a derrubada e o desenraizamento das rvores existentes na rea a

    ser ocupada pela lagoa e vias de acesso. Esse desmatamento poder ser feito manual ou

    mecanicamente, devendo ser bem realizado, pois, caso contrrio, trar o inconveniente de razes

    mal removidas brotarem novamente. Aps realizado o desmatamento, feito o destocamento e a

    remoo de vegetais de pequeno porte, muitas vezes queimados no prprio local.

    II) Raspagem: a raspagem feita atravs de mquinas tipo motoniveladoras, tendo como

    objetivo remover a camada superficial considerada inadequada para o aproveitamento nas obras

    da lagoa, at se obter uma rea isenta de qualquer entulho vegetal.

    III) Escavao: esta a fase mais importante no processo de construo de lagoas e a que exige

    um planejamento mais detalhado, pois esse planejamento que acarretar grande economia na

    obra de movimento de terra. Numa escavao de lagoa, podem surgir duas situaes: i) o material

  • 42

    escavado aproveitvel, procurando-se aproveitar os volumes de cortes com os volumes de

    aterros nos prprios diques, de maneira a minimizar o movimento de terra. ii) o material escavado

    no aproveitvel: o caso de terreno com muita matria orgnica (turfa) ou arenoso. Neste

    caso, o material escavado no pode ser aproveitado para a construo dos diques, devendo ser

    afastado do local. Para a construo dos aterros, deve ser feito emprstimo de terras o mais

    prximo do local. A compactao dos diques e do fundo obedece s mesmas normas adotadas nas

    obras de estradas e barragens de terra, consistindo de camadas sucessivas de terra com controle

    de umidade e adensamento. Nesta fase, caso haja ocorrncia de precipitaes, devem ser dadas

    condies de escoamento para as guas acumuladas. No Nordeste brasileiro, comum o uso de

    taludes em alvenaria e concreto armado, isentando por completo esta fase de escavao e

    preparao de taludes de terras. O procedimento para execuo em concreto armado, neste caso,

    anlogo ao da construo de um reservatrio apoiado, sem fundo e sem a laje de cobertura.

    IV) Escarificao: esta fase procede a escavao, sendo necessria no fundo da lagoa e nos

    taludes, de forma a se obter uma melhor aderncia dos diques e da camada de fundo com o solo

    escavado. Nesta etapa, empregam-se tratores com arados especiais para promover a escarificao.

    f) As Dimenses da Lagoa de Estabilizao

    No pr-dimensionamento, as dimenses determinadas da lagoa so a meia profundidade.

    Entretanto, as dimenses das lagoas no fundo, ao nvel dgua e na crista do talude, dependem da

    inclinao no talude externo. A Figura 03 modificada, de Mendona (1990), sintetiza as

    expresses usadas para o clculo dessas dimenses. Antes da aplicao das expresses, deduzidas

    por semelhanas de tringulos, admitir-se- que o talude externo tenha uma declividade de 1 : n

    (vertical/horizontal) e que essa declinao varia como foi visto de 1 para 1,5-8 e o ngulo ,

    varia de 18 a 26.

  • 43

    Figura 03 Dimenses do fundo e da parte superior da lagoa.

    Baseando-se na Figura 03, as expresses foram deduzidas atravs da semelhana de tringulo, a

    saber:

    a) Para a largura:

    I) Largura a meia profundidade (B): esta dimenso calculada na fase de pr-dimensionamento.

    II) Largura ou comprimento do fundo ( b ): calculada pela expresso b = B n H, sendo B =

    largura a meia profundidade; n = inclinao do talude interno; H= profundidade da lagoa.

    III) Largura ou comprimento da parte correspondente ao nvel mximo da lagoa ( B ):

    calculada pela expresso B = b + 2.n.H

    IV) Largura na crista do talude ou ao nvel mximo da lagoa (B ): calculada pela expresso,

    B = B+ 2.n

    b) Para o comprimento: I) Comprimento a meia profundidade ou ao N.A (L): esta dimenso calculada na fase de pr-

    dimensionamento.

    II) Comprimento do fundo ( l ): calculado pela expresso l = L n H, sendo L = comprimento

    a meia profundidade; n = inclinao do talude interno; H= profundidade da lagoa.

    III) Comprimento da parte correspondente ao nvel mdio da lagoa ( L ): calculado pela

    expresso L = l + 2.n.H

    X

    f

    N.A a m eia profundidade

    N.A Mdio

    l = L-nH

    L

    L

    HH/2

    H/2

    f

    n

    1 f = 18 a 26.

    n= obedece a relao de 1 para 1,5 -8

    Folga, varia de 0,5m -1,0m

    L

    N.A Mxim o

  • 44

    IV) Comprimento na crista do talude ou nvel mximo (L ) : calculado pela expresso a

    seguir, lembrando que aqui no haver contato com a parte lquida da lagoa; L = L+ 2.n g) Diques

    Os diques so pequenas barragens, geralmente de terra, formados pelos taludes internos em

    contato com o lquido da lagoa e pelos taludes externos. So construdos com o objetivo de

    manter a capacidade de armazenamento do lquido para a lagoa de estabilizao. Esses diques

    devem obedecer rigorosamente forma do projeto, evitar reas mortas, ser afastados de cursos

    dguas de velocidade excessiva de arraste do material das margens etc. Os elementos integrantes

    de um dique em lagoas de estabilizao so:

    I) Folga ou borda livre: corresponde altura livre entre o nvel dgua mximo e o coroamento do

    dique.

    II) Coroamento: corresponde pista resultante da compactao do material utilizado para a

    construo dos diques. Sua largura fixada em funo dos estudos econmicos e da sua

    utilizao, ou seja, movimentao de mquina durante a construo, trfego das equipes de

    operao e manuteno e possibilidade de acrscimo da altura do dique numa possvel

    necessidade.

    III) Taludes: so as partes laterais que formam os diques.

    IV) Bermas: so prolongamentos dos diques externos, com a finalidade de conter a linha de

    infiltrao, nos casos em que a infiltrao atinge a parte externa dos diques. E, para o controle de

    infiltrao, recomendvel que sejam construdos drenos-filtros, cujas finalidades so evitar a

    revncia (que a sada da gua para o talude externo) e servir de filtro gua percolada, retendo

    os materiais carreados.

    A Figura 04 mostra os elementos integrantes de um dique de lagoas de estabilizao. O

    Quadro 05 sintetiza os aspectos construtivos dos taludes. interessante salientar que a construo

    dos taludes exteriores deve-se dar mediante estudos de investigao geotcnica e da mecnica dos

    solos. recomendvel a construo de via de acesso em sistemas maiores, que permita a

    passagem de caminhes e mquinas, quando o sistema estiver em processo de limpeza. Como

    tambm rampas de acesso em lagoas anaerbias ou facultativas primrias, para remoo de lodos,

    durante o processo de limpeza.

  • 45

    coroamento

    Talude interno

    Talude externo

    N.A Borda livre ou folgaProteo do talude interno

    Impermeabilizao fundo da lagoa

    horizontal

    vertical

    Bermas, para evitar infiltrao externaDiquengulo de inclinao

    Dreno-filtro

    Figura 04 - Detalhes e elementos constituintes de um dique de lagoa de estabilizao.

    h) Pr-Tratamento e Medio de Vazes

    Em todo sistema de tratamento de esgoto, indispensvel a construo da etapa de pr-

    tratamento e medio de vazo, contendo: i) gradeamento com material inoxidvel ou

    galvanizado; ii) desarenadores com duas cmaras em paralelo, compostas por comportas que

    permitam, no caso de limpezas, a sua completa vedao; iii) Calhas Parshall pr-fabricadas, tendo

    como finalidade a medio de vazo afluente e controladores de velocidades horizontais nas

    etapas anteriores: grade e desarenador.

    A etapa preliminar importante, pois, no gradeamento, faz-se a remoo dos slidos

    grosseiros, evitando-se, assim, o carreamento para o interior da lagoa ou at obstruindo as

    tubulaes de entrada. Em lagoas de pequeno e mdio porte, a limpeza manual a mais

    recomendada, devido praticidade na operao. As mecanizadas geralmente so usadas em

    lagoas de grande porte. A caixa de areia ou desarenador tem sua importncia, pois objetiva a

    remoo dos slidos sedimentveis, evitando, assim, que a areia sedimente prximo entrada,

    ocasionando problemas localizados ou sendo incorporada ao volume de lodo acumulado ao longo

    dos anos de operao do sistema, gerando, desse modo, as ilhas de slidos decantveis e

    reduzindo a eficincia da lagoa. A medio de vazo importante, pois afere a carga hidrulica

    afluente ao sistema, o TDH, o diagnstico operacional da lagoa, a possibilidade da determinao

    de infiltrao etc.

  • 46

    Item

    Comentrios

    Inclinao do talude interno

    Inclinao usual: 1:2 a 1:3 Inclinao mnima: 1:6 (V/H), evitar reas com pouca profundidade, possibilitando

    crescimento de vegetao. Inclinao mxima: 1:2 (funo da estabilidade do terreno) Terrenos argilosos: inclinao superior a 1:2 Terrenos arenosos: inclinao entre 1:3 a 1:6

    Inclinao do talude externo

    Inclinao usual: 1:1,5 a 1:2 Terrenos argilosos: inclinao superior a 1:2,5 Terrenos arenosos: inclinao entre 1:5 a 1:8

    Coroamento do talude (pista na crista do talude)

    Largura superior a 1,5m; usualmente entre 2,0m e 4,0m. Esta dimenso deve permitir a movimentao das mquinas durante a construo, o trfego das equipes de manuteno e operao e a possibilidade de acrscimo da altura do dique, se necessrio.

    Borda livre ou folga

    Pequenas lagoas (< 1ha de rea): adotar 0,5m; entre 1-3 ha: 0,5-1,0m Lagoas maiores, usa-se a frmula: borda livre = [log(rea nvel mdio lagoa)]0,5 1.(rea

    em m). Finalidades: segurana contra aumento do nvel dgua alm das condies de projeto

    (obstruo da sada, efeito de ventos fortes, nova concepo de projeto) e segurana contra recalque do terreno devido ao eventual afundamento do prprio dique.

    Impermeabilizao Caso o material do dique seja extremamente permevel, pode ser necessria a impermeabilizao do macio do dique com a argila, geomembranas, estacas-pranchas ou lajes de concreto.

    Aps compactao, o coeficiente de permeabilidade deve ser < 10-7m/s. Proteo dos taludes internos

    Os taludes internos, no ponto de contato com o nvel da gua, devem ser protegidos contra as ondas, eroso e crescimento de vegetais.

    O crescimento de vegetao possibilita o desenvolvimento de mosquitos nas lagoas (ovos postos na gua, na sombra causada pela vegetao).

    Os tipos de proteo mais empregados so o rip-rap (pedras com tamanhos de 15-20cm), lajes de concreto (espessura entre 7-13cm, levemente armada), placas de concreto, argamassa armada, pavimentao asfltica ou geomembrana.

    Proteo descontnua com pedras possibilita o crescimento de vegetao. A proteo deve se estender por pelo menos 0,5 m acima e 0,5m abaixo do nvel

    dgua. Acima da proteo deve-se colocar brita ou grama no restante do talude.

    Talude externo O talude externo deve ser gramado, de forma a proteger contra a eroso. Canto dos taludes As esquinas das lagoas devem ser ligeiramente arredondadas, visando facilitar a

    construo e a manuteno, e evitando pequenas zonas mortas. Material dos taludes

    Os diques devem ser construdos de terra, de preferncia do prprio local ocupado. O material deve ser denso, fino, coeso e bem granulado.

    A sua constituio deve ser de (a) terra limpa, isenta de pedras e matria orgnica e (b) de argila com um pouco de areia.

    Drenagem pluvial Em lagoas que possuam alguma lateral constituda por um talude natural (ex: morro), deve-se efetuar a drenagem pluvial atravs de canaletas paralelas a esta lateral, evitando a passagem da gua pluvial por cima do talude.

    Bermas As bermas devem ser construdas nos diques externos ou internos, quando o terreno for muito permevel, evitando assim a infiltrao.

    Quadro 05 Detalhamento sucinto de aspectos construtivos dos taludes de lagoas de estabilizao. Fonte: Adaptado de Von Sperling (2002); Oakley (2005).

  • 47

    i) Configurao das Lagoas

    O tratamento de esgoto em lagoas pode ser realizado em uma, duas, trs ou mais lagoas,

    sendo o conjunto desta denominado de sistema de lagoas de estabilizao. As configuraes

    para esse tipo de sistema podem ser diversas, conforme mostram as Figuras 05 a 07 abaixo.

    Entretanto a prtica tem demonstrado que o tratamento biolgico em lagoas de estabilizao em

    srie mais eficiente que em uma nica lagoa com rea equivalente. No Nordeste brasileiro, mas

    precisamente no Rio Grande do Norte, 60% dos sistemas de lagoas de estabilizao tm a

    configurao de lagoa facultativa primria seguida por lagoa de maturao (SILVA FILHO et al.,

    2006). Essas lagoas podem ser arranjadas em srie ou paralelo, sendo:

    I) Operao em srie: nesta configurao, o esgoto flui de uma unidade para outra; a primeira

    lagoa, quando recebe esgoto bruto denominada lagoa primria. Quando o esgoto j entra

    tratado numa segunda lagoa em srie, esta recebe o nome de secundria e assim

    sucessivamente. Esta denominao, no que concerne entrada dos esgotos, vlida para lagoas

    anaerbias, facultativas e de maturao.

    II) Operao em paralelo: neste tipo de configurao, duas ou mais clulas recebem,

    simultaneamente, vazes e cargas orgnicas proporcionais s suas capacidades, podendo receber

    esgoto bruto ou efluentes pr-tratados de unidades que as antecedem, uma vez que esse arranjo

    proporciona melhor distribuio dos slidos sedimentveis e oferece a flexibilidade de retirar,

    provisoriamente, um ou mais clula para limpeza e redistribuir, durante essa operao, a carga

    nas demais unidades.

    Em ambas as configuraes, pode ocorrer a utilizao da recirculao, pela qual, atravs da

    utilizao de bombas, se faz com que o esgoto retorne de uma lagoa qualquer de uma associao

    em srie para a entrada da prpria lagoa ou para qualquer outra precedente. A recirculao,

    embora muitas vezes considerada uma sofisticao desnecessria e dispendiosa no tratamento de

    esgoto por meio de lagoa de estabilizao, pode trazer alguns benefcios ou vantagens, quais

    sejam:

    Em lagoas facultativas primrias, considerada indispensvel, pois corrige a deficincia do oxignio dissolvido decorrente da estratificao trmica, previne odores e evita

    surgimento de zonas anaerbias no interior da lagoa.

    Propicia que certas espcies de algas no-mveis e p