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Jules Deleuze
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Deleuze pédagogue :
ou la voix du maître de Vincennes
Charles Soulié, Université de Paris 8, CESSP
Florianopolis, 31 octobre 2014,
9h, salle 618 : CED / UFSC
Tradução : Nelson M. Coelho Junior
“A PEDAGOGIA CARISMÁTICA DE GILLES DELEUZE NA
UNIVERSIDADE DE VINCENNES”
Conferencista: Prof. Charles Soulié
(Universidade de Paris VIII-Saint-Denis/França)
Florianópolis, 31 de outubro de 2014
9h, Sala 618: CED/UFSC
Tout d’abord, bonjour à toutes et à tous. Et un grand merci à Ione Valle pour l’organisation de
cette conférence. Alors ici je souhaiterai reprendre, et prolonger, l’article que je viens de
publier dans la revue Linhas. En effet, cet article s’intéresse à l’essai de démocratisation
universitaire opéré en France par l’université expérimentale de Vincennes dans les années 70.
Je reprendrai donc cette histoire, en me centrant cette fois sur celle de son département de
philosophie. Et plus particulièrement, je m’intéresserai à la pédagogie charismatique de Gilles
Deleuze en essayant de décrire quelques uns de ses ressorts.
Primeiramente, meus cumprimentos a todos. Agradeço a Ione Valle pela organização
desta conferência. Aqui eu irei tomar e ampliar, o artigo que publicarei na revista
Linhas. Com efeito, este artigo centra-se em ensaios de democratização universitária
operada na Frnaça pela Universidade Esperimental de Vincennes nos anos 70. Eu
repetirei esta história, me concentrando desta vez sobre o departamento de filosofia, em
particular na pedagogia carismática de Gilles Deleuze tentando descrever algumas de
suas fontes.
La question qui m’intéresse ici est donc celle de la pédagogie de la philosophie. Et plus
précisément celle de la manière dont - pour parler comme Sartre - des philosophes « en
situation » y ont répondu pratiquement. Mon plan sera le suivant. Tout d’abord, je décrirai le
contexte historique et politique de création de l’université de Vincennes, comme de son
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département de philosophie. Puis j’en viendrai aux pratiques pédagogiques des philosophes
vincennois, en me centrant plus spécialement sur celles de Deleuze. En effet, certaines
publications récentes permettent de prolonger des analyses déjà esquissées ailleurs. Et je
décrirai donc sa trajectoire, formation, pour en venir à sa pratique pédagogique comme à son
public.
A questão de meu interesse por conseguinte é a pedagogia e a filosofia. E mais
precisamente aquela maneira cujo – para falar como Satre – dos filósofos « em
situação » praticamente respondeu. Meu plano será o seguinte. Primeiramente, eu
descreverei o contexto histórico e político de criação da universidade de Vincennes,
como de seu departamenteo de filosofia. Em seguida eu vou passar ás práticas
pedagógicas dos filósfos incenenses, me centrando mais especificamente sobre aquelas de
Deleuze. Desta maneira, certas publicações recentes permitem prolongar as análises já
delineadas em outros textos. Descreverei portanto sua trajetória e formação, para
visualisar à sua prática pedagógica e o seu público.
Alors ce travail est un travail de sociologie de la philosophie. C’est-à-dire où j’objective le
fonctionnement de l’institution philosophique française et de quelques-uns de ses agents les
plus prestigieux. Ce qui, peut-être, en choquera certains d’entre vous, qui par ailleurs
appréciaient leur oeuvre. Alors que tel n’est pas mon objectif. En effet, mon objectif est
d’éclairer le fonctionnement de cette institution et plus précisément de décrire quelques unes
des conditions sociales de possibilité de certaines pratiques pédagogiques plus ou moins
charismatiques mais aussi, in fine, productions théoriques. En effet, et comme l’écrivait Marx,
« les philosophes ne poussent pas comme les champignons, ils sont les fruits de leur époque,
de leur peuple, dont les humeurs les plus subtiles, les plus précieuses et les moins visibles
circulent dans les idées philosophiques ». Et je crois que c’est le rôle des sciences sociales et
historiques de décrire ces conditions et par là de développer une forme d’intelligibilité
spécifique de ces pratiques, pensées. Sachant que dans le cas de Deleuze, il me semble que sa
pratique pédagogique permet d’éclairer sa philosophie, et inversement.
Este trabalho é um trabalho de sociologia da filosofia. Isto quer dizer que abordará sobre o
funcionamento da instituição filosofica francesa e de alguns de seus agentes os mais prestigiosos.
Exercício que poderá, chocar alguns de vocês que apreciam sua obra. Más deixo claro que este
não é meu objetivo. Na verdade, meu objetivo é lançar luz sobre o funcionamento da instituição
e, especificamente, descrever algumas condições sociais que possibilitaram determinadas
práticas pedagógicas mais ou menos carismáticas como também, as produções teóricas. Na
verdade, e como escrevia Marx, « Os filósofos não brotam da terra como cogumelos, eles
são os frutos da sua época, do seu povo, cujas energias mais sutis, mais preciosas e
menos visíveis se exprimem nas ideias filosóficas.» Eu creio que é o papel das ciências
sociais e históricas para descrever estas condições e, assim, desenvolver uma forma de
itelegibilidade específica destas práricas, pensadas. Sabendo-se que, no caso de Deleuze,
parece que sua prática pedagógica permite esclarecer sua filosofia, e inversamente.
La création de Vincennes
Les philosophes de profession ne s’intéressent généralement guère aux questions de
pédagogie. En effet tout se passe comme si, pour reprendre le mot fameux d’un ancien doyen
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de l’inspection générale de philosophie de l’enseignement secondaire en France, la
philosophie était « à elle-même sa propre pédagogie ». Et donc comme s’il suffisait d’être
philosophe pour, de facto, savoir transmettre ce savoir. Bref la réflexion sur la pédagogie, et
plus généralement sur les conditions sociales, matérielles, institutionnelles, etc., de
l’enseignement de la philosophie, n’occupe souvent qu’une place très limitée dans la réflexion
philosophique.
A criação de Vincennes
Os filósofos de profissão, geralmente não se interessam muito por questões pedagógicas.
Na verdade tudo se passa como se, para usar as famosas palavras de um ex-reitor da
Inspecção-Geral de filosofia do ensino secundário na França, a filosofia era "para si
mesma o seu próprio ensino." Assim como se bastasse ser um filósofo para de fato ser
capaz de transmitir esse conhecimento. A reflexão sobre a pedagogia e, mais
especificamente, sobre as condições sociais, materiais, institucionais, etc, de seu ensino,
ocupam um espaço muito limitado dentro da reflexão filosófica
(Socrate étant devenu fonctionnaire, on observe certes de temps à autres des mobilisations à
caractère corporatiste visant notamment à « défendre l’enseignement de la philosophie ».
Mais le déni de la pédagogie semble être assez répandu et ce que la philosophie doit à son
inscription sociale, institutionnelle, bureaucratique, n’est généralement guère étudié. À croire
que la philosophie ait trouvé dans l’université son « lieu naturel ». Ce que certains justifieront
en évoquant par exemple les exemples prestigieux de Kant, Hegel, Nietzsche, Heidegger, etc.)
(Socrates tornou-se funcionário, certamente de tempos em tempos mobilizações de
caráter corporativistas visando notadamente à « defender o ensino da filosofia ». Mas a
negação da pedagogia parece ser bastante difundida, mas o que a filosfia deve a sua
inserção social, institucional, burocrática geralmente não é muito estudado. Paira a
crença que a filosofia encontrou na universidade « seu lugar natural ». O que alguns
justificarão evocando os exemplos prestigiosos de Kant, Hegel, Nietzsche, Heidegger,
etc)
Avant d’en venir à l’histoire du département de philosophie de Vincennes, il est nécessaire de
rapporter quelques éléments de contextualisation historique. En effet ce département, et plus
généralement l’université de Vincennes, sont créés suite aux événements de mai 68.
Antes de passar para a história do departamento de filosofia em Vincennes, é necessário
se reportar à alguns elementos de contextualização histórica. Na verdade, este
departamento, e mais geralmente da Universidade de Vincennes, foram criados na
sequência dos acontecimentos de Maio de 68.
(Il est difficile de résumer brièvement ces événements. Disons simplement qu’une crise
universitaire majeure notamment liée à l’expansion très rapide des effectifs étudiants comme
enseignants servira de détonateur à une crise sociale de grande ampleur, qui donnera lieu
notamment à une des plus grandes grèves ouvrières de l’histoire de France. D’un côté les
étudiants alliés à la frange modernisatrice et avant-gardiste du monde académique abattront
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l’université mandarinale à l’ancienne : de l’autre les ouvriers, les salariés se mettront en
grève, occuperont leurs usines, afin d’obtenir des augmentations de salaire et plus de droits
sociaux.)
(É difícil resumir brevemente esses eventos. Dizemos simplesmente que uma grande
crise da universidade, em especial ligada a expansão muito rápida das matrículas dos
alunos como professores serviria de gatilho para uma crise social de grande magnitude,
o que dará lugar notadamente a uma das grandes gréves de trabalhadores na história da
França. De um lado os estudantes aliados da corrente modernizadora e vanguardista do
mundo acadêmico pretendendo destruir a antiga universidade reacionária: do outro os
trabalhadores, assalariados que entraram em greve, ocuparam suas fábricas, a fim de
obter melhores salários e mais direitos sociais.)
Ici, il est nécessaire de parler du souffle révolutionnaire et utopique qui, en France comme
ailleurs, animera une bonne partie de la jeunesse étudiante de l’époque. Et qui la conduira
notamment à promouvoir les valeurs de liberté, comme d’égalité, au sein d’un univers
académique au fonctionnement encore très féodal. Ou comme le dit un slogan fameux de
l’époque : « Tout enseignant est enseigné. Tout enseigné est enseignant. »
Aqui é necessário falar do espírito revolucionário e utópico que, na França, como em
outros lugares, animará boa parte da juventude estudantil da época. E que a conduzirá
notadamente à promover os valores da liberdade, igualdade, no seio de um universo
acadêmico ainda sob moldes feudais. Ou como um famoso diz um slogan da época:
"Todo professor é aprendiz. Todo aprendiz é professor. "
Non seulement les étudiants critiquent le rapport de domination pédagogique traditionnel,
mais les plus radicaux d’entre eux, qui s’inspirent notamment du marxisme qu’il soit
d’inspiration trotskyste, maoïste ou autre, ont des aspirations révolutionnaires et veulent
détruire la structure de classes de la société française. Bref, la critique sociale est très
développée en milieu étudiant et, sous l’influence notamment des Héritiers de Pierre
Bourdieu et Jean-Claude Passeron parus en 1964 et récemment traduits en portugais, elle les
conduit à critiquer les fonctions de classe de l’université française et donc sa contribution à la
reproduction des inégalités sociales. D’où, après 68, leur volonté d’ouvrir l’université à tous,
et plus particulièrement aux travailleurs, aux non bacheliers, etc. Ce que fera justement le
Centre universitaire expérimental de Vincennes, future Paris VIII.
Os alunos não só criticam o relatório da dominação pedagógica tradicional, mas os mais
radicais dentres eles, particularmente inspirados no marxismo trotskista, maoísta ou
outro, têm aspirações revolucionárias e querem destruir a estrutura de classes da
sociedade francesa. Em suma, a crítica social é altamente desenvolvida entre os
estudantes e, particularmente sob a influência da obra Os Herdeiros de Pierre Bourdieu
e Jean-Claude Passeron publicados em 1964 e recentemente traduzidos para o
Português, que os leva a criticar as funções de classe da universidade francesa e,
portanto, a sua contribuição à reprodução da desigualdade social. Assim, após 68, sua
vontade era de abrir a universidade para todos, e mais especificamente aos
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trabalhadores, não graduados, etc, que fez exatamente o Centro Universitário
experimental de Vincennes, futuro Paris VIII.
Le département de philosophie de Vincennes
Foucault est le premier directeur du département de philosophie de cette université. À
l’époque, il arrive de Tunisie et n’a donc pas, comme on dit « fait 68 ». C’est-à-dire qu’il n’a
pas été sur les barricades, dans les commissions de réflexion de la Sorbonne si actives pendant
les événements de 68, etc. Et donc, il connait mal le milieu des jeunes philosophes engagés.
(Concernant le recrutement des enseignants du département, il fait donc appel aux conseils
d’un jeune normalien « brillant » de l’époque, en l’occurrence Alain Badiou. De même, il
essaie de tenir compte de l’ensemble des sensibilités politiques de l’époque, sachant que les
maoïstes seront très nettement majoritaires dans ce département.)
O Departamento de Filosofia da Vincennes
Foucault é o primeiro diretor do Departamento de Filosofia desta Universidade. Na
época, ele chega da Tunísia e, portanto, não fez, como se costuma dizer "68". Ou seja,
ele não estava como ativista nas barricadas, nas comissões de reflexão da Sorbonne
durante os eventos de 68, etc Então, ele não conhecia muito bem os jovens filósofos
engajados. (Em relação ao recrutamento de professores do departamento, por isso ele
contou com a orientação de um jovem normalista "brilhante" no momento, ou seja,
Alain Badiou. Da mesma forma, ele tenta tomar conta de todos os quadrantes políticos
da época, sabendo que os maoístas eram maioria absoluta nesse departamento.)
Au début, Foucault souhaite créer une équipe épistémologiquement cohérente et veut tenir son
département bien en main. Mais très vite, il doit déchanter. En effet dès la première réunion
préparatoire chez lui à l’automne 68, un conflit éclate. Ainsi Etienne Balibar propose
d'orienter l'enseignement vers l'épistémologie, l'étude des sciences, ainsi que l’étude des
"grands textes". Et il s'oppose alors à Foucault, qui trouve son programme : "un peu vieux jeu,
un peu académique". Ainsi qu'à Jacques Rancière, qui lui rétorque : "Tu nous fais croire qu'il
y a un savoir, mais le savoir c'est une réalité politique, c'est la révolte étudiante, ce n'est pas
une technique." Dans sa volonté de donner un tour plus académique à l'enseignement, Balibar
est notamment soutenu par François Châtelet, ces deux enseignants formant alors ce que
Jacques Rancière appelait "le clan du savoir".
Inicialmente, Foucault desejava criar uma equipe epistemologicamente coerente e
mantem seu departamento sob controle. Mas logo, ele se desencanta. Com efeito a
partir da primeira reunião preparatória na casa dele no outono de 68, um conflito
eclodiu. Assim que Etienne Balibar se oferece para orientar o ensino de epistemologia, o
estudo de ciências, bem como o estudo das "grandes obras". E então ele se opõe a
Foucault, que acha seu programa: "um pouco antigo, um pouco acadêmico." Assim
como Jacques Rancière, que lhe responde: "Você nos faz acreditar que há um
conhecimento, mas o conhecimento é uma realidade política, ele é a revolta estudantil,
não é uma técnica." No intúito de oferecer um ensino mais acadêmico Balibar é
notavelmente apoiado por François Châtelet, ambos os professores, em seguida, formam
o que Jacques Rancière chamava de "o clã do conhecimento."
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Ce conflit se prolonge, et s’amplifie, dès que débutent les cours et le département devient le
siège de luttes politiques féroces entre groupes politiques révolutionnaires rivaux. De même,
la pression politique ambiante très intense du moment contribue à l’évolution rapide des
programmes d’enseignements. En effet, nombre d’étudiants sont en quête d’outils de
rationalisation de la lutte politique, comme d’armes théoriques susceptibles de les aider dans
leur combat révolutionnaire. Et si – conformément au projet épistémologique initial de
Foucault - le programme de 1968/69 comporte des enseignements de logique, histoire et
philosophie des sciences, ceux-ci disparaissent rapidement au profit d’enseignements à
caractère plus politique, correspondant manifestement mieux à la demande étudiante. (Voici
par exemple ce qu’en dit Michel Serres, qui ne restera qu’un an à Vincennes pour rejoindre
ensuite la Sorbonne : "J'ai eu l'impression d'être plongé dans la même atmosphère de
terrorisme intellectuel que celle que faisaient régner les staliniens quand j'étais élève de la
rue d'Ulm". (c'est-à-dire à l’École normale supérieure qui, en France, est une des grandes
écoles où se forme l’élite intellectuelle du pays).
Esse conflito continua, e se amplia, no início do curso e do departamento tornando-se
sede de batalhas políticas ferozes entre grupos políticos revolucionários rivais. Da
mesma forma, o ambiente de intensa pressão política contribui para a efervecência de
programas de ensino. Na verdade, muitos estudantes estão procurando ferramentas
para agilizar a luta política, como armas teóricas que possam ajudá-los em sua luta
revolucionária. E se - de acordo com projeto epistemológico inicial de Foucault - o
programa de 1968-1969 inclui aulas de lógica, história e filosofia da ciência, rapidamente
desaparecem em favor de um ensino mais político, e que corresponde mais diretamente
a demanda estudantil. (Vejamos o que diz por exemplo, Michel Serres diz, que
continuará não mais que um ano em Vincennes e depois se juntará a Sorbonne: "Eu
tinha a impressão de estar imerso na mesma atmosfera de terrorismo intelectual
proveniente dos stalinistas, quando eu era um estudante na Rua d'Ulm.” (isto é, na
Esocola Normal Superior, que na França é uma das grandes escolas que formam a elite
intelectual do país).
De même l’histoire de la philosophie, qui constitue pourtant le fondement habituel des
programmes d’enseignement en philosophie, voit sa place diminuer. Même si on note que ce
sont souvent les enseignants les plus âgés qui continuent à avoir des enseignements de type
traditionnel. Et donc qui font cours sur les grands auteurs de l’histoire de la philosophie, ou en
voie de consécration. (Ainsi la première année Foucault enseigne sur Nietzsche, Serres sur le
positivisme, Châtelet sur la pensée politique grecque. Alors que de son côté, Rancière fait un
cours intitulé : « Révisionnisme, gauchisme » et un autre intitulé : « La troisième étape du
marxisme léninisme : le maoïsme ». Ou que Badiou enseigne sur « La science dans la lutte
des classes », Henri Weber sur « Les écrits de Mao Tsé-toung », etc.)
Da mesma forma, a história da filosofia, que constitui no entanto, o fundamento habitual
dos programas de educação em filosofia, perde espaço. Mesmo assim a gente observa
que são os professores mais velhos, que continuam a lecionar de maneira tradicional.
Então, quem darão aulas sobre os grandes escritores da história da filosofia, ou em
processo de consagração. (Assim, no primeiro ano Foucault ensina Nietzsche, Serres o
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positivismo, Châtelet o pensamento político grego. Enquanto que de seu lado, Rancière
ministra um curso intitulado: “revisionsimo esquerdista” e um outro intitulado: A
terceira etapa do marxismo leninista: o maoismo” Ou que Badiou ensina sobre" Ciência
na luta de classes" e Henry Weber "Os escritos de Mao Tse-tung", etc).
Non seulement le département de philosophie devient un guêpier politique ingouvernable,
mais les enseignants n’arrivent pas à s’accorder sur un programme d’enseignement minimal et
des pratiques pédagogiques communes. En fait, et comme le résume lapidairement Jacques
Rancière : « Expérimental, ça voulait dire que chacun faisait ce qu’il voulait. » On retrouve
alors l’individualisme pédagogique traditionnel des universitaires français, mais poussé à son
paroxysme et généralisé à l’ensemble des enseignants en raison de la vigueur de l’esprit anti
hiérarchique de l’époque. Ainsi très rapidement chaque enseignant, et ce quel que soit son
statut, est libre d’enseigner ce qu’il veut. À charge pour lui de trouver son public, attendu que
les étudiants composent librement le menu de leur licence de philosophie. Un des paradoxes
auxquels aboutit cette expérience qui visait pourtant à démocratiser l’accès au savoir est que
les philosophes vincennois instaureront une sorte de marché libre académique, où chaque
enseignant était placé en concurrence avec tous les autres pour la conquête de la clientèle
étudiante.
Não somente o departamento de filosofia torna-se um vespeiro político ingovernável,
como também os professores são incapazes de chegar a um acordo sobre um programa
de educação mínima e práticas de ensino comuns. Na verdade, e como resumiu Jacques
Rancière, "Experimental, isso quer dizer que cada um fazia o que queria." Há o
individualismo pedagógico tão tradicional de acadêmicos franceses, mas possuido de seu
paroxismo e generalizado à todos os professores por causa da força do espírito anti
hierárquico da época. Então, muito rapidamente todos os professores,
independentemente da sua situação, estavam livres para ensinar o que queriam. Cabia a
eles encontrar seu público, uma vez que os alunos faziam livremente o menu da sua
licenciatura em filosofia. Um dos paradoxos que marcaram essa experiência, que tentou
democratizar o acesso ao conhecimento é que os filósofos Vincennenses irão introduzir
uma espécie de mercado livre acadêmico, onde cada professor foi colocado em
concorrência na conquista dos alunos.
Si au début Foucault semble s’être accommodé du désordre vincennois et avoir notamment
goûté, avec ses amis maoïstes, aux charmes de l’action politique directe dans un contexte
parfois quasi insurrectionnel, très vite cette situation lui pèse. Et notamment confie-t-il à ses
proches, il ne supporte guère, lors des cours, d’être interpellé plus ou moins violemment par
ses interlocuteurs. Il faut dire qu’au début de l’expérience vincennoise, c’était un sport très
couru chez certains militants d’extrême gauche d’interpeller publiquement, et violement, les
enseignants les plus réputés sur leur positionnement politique, théorique ou autre. Ou, comme
on dit un peu vulgairement en français, « de se les payer ». Manière pour eux de rappeler le
principe d’égalité entre enseignant et enseigné et surtout la prééminence du politique sur
l’intellectuel. Bref, le terrorisme politico intellectuel était très répandu. Et par exemple en
philosophie, des brigades maoïstes notamment menées par Alain Badiou passaient dans
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chaque cours afin de vérifier leur conformité idéologique. Résultats, certains enseignants
allaient faire cours la peur au ventre.
Se no início de Foucault parece ter se acomodado na desordem Vincennense e ter
experimentado especialmente com seus amigos maoístas, os encantos da ação política
direta em um contexto, por vezes, quase insurrecional, muito rápido esta situação pesa
sobre ele. E, especialmente, ele confidencia aos mais próximos, que é quase insuportável,
durante as aulas, de ser interpelado as vezes agressivamente por seus interlocutores. É
preciso dizer que a experiência vincennense, se tranforma em um esporte muito popular
entre alguns ativistas de extrema esquerda, peritos em questionar publicamente e
violentamente o posicionamento político, teórico e outros, do mais famoso de seus
professores. Ou, como se diz de maneira vulgar em francês, "de lhes pagar". Maneira
para eles de lembrar o princípio da igualdade entre professor e aluno, e, especialmente,
o primado da política sobre a intelectual. Em suma, o terrorismo político e intelectual foi
generalizado. Por exemplo, na filosofia, brigadas lideradas pelo maoísta Alain Badiou,
inspecionando as aulas, a fim de verificar a sua conformidade ideológica. Como
resultado, alguns professores davam aula com um frio na barriga.
Dans ce cadre, il peut être intéressant de rappeler qu’avant 68, Foucault avait la réputation
d’être un des professeurs de philosophie de France qui notait le plus sévèrement les étudiants.
Et qu’au milieu des années 60, il semble même avoir été pressenti par le pouvoir gaulliste
pour être sous directeur de l’enseignement supérieur. Son virage à gauche semble donc avoir
été assez tardif et notamment favorisé par les événements de mai 68 qui joueront un rôle de
révélateur pour nombre de philosophes français.) Quoiqu’il en soit, Foucault ne reste que peu
de temps à Vincennes. Ainsi, et pour reprendre le titre de l’article du Nouvel Observateur du 9
février 1970 consacré à son expérience vincennoise et intitulé « Le piège de Vincennes »,
Foucault quitte alors cet établissement pour rejoindre le Collège de France. Et laisse à
François Châtelet le soin de prendre la direction du département et surtout d’assurer sa survie.
La survie, car en raison de ses programmes d’enseignements comme de la validation trop
libérale des cours, ce département perd son habilitation nationale en 1970. Ce qui signifie que
ses diplômés ne peuvent plus enseigner dans le secondaire et provoque une chute des effectifs
étudiants, l’enseignement étant le principal débouché professionnel des études de philosophie.
Neste contexto, pode ser interessante lembrar que, antes de 68, Foucault tinha a
reputação de ser um dos professores de filosofia mais severos da França. E, em meados
dos anos 60, ele parece ter sido procurado pelo governo gaullista para atuar como
diretor de ensino superior. Sua virada à esquerda parece ter sido um pouco tardia e
especialmente favorecida pelos acontecimentos de Maio de 68, que surpreende muitos
filósofos franceses.) De qualquer forma, Foucault permanece pouco tempo em
Vincennes. Assim, e com o título do artigo no Nouvel Observateur em 9 de fevereiro de
1970 dedicado à sua experiência vincennense intitulado "A Armadilha de Vincennes,"
Foucault em seguida, deixou este estabelecimento para se juntar ao Collège de France. E
deixa à François Châtelet a tarefa de assumir o comando do departamento e, sobretudo,
asseguarar a sua sobrevivência. Sobrevivência, em razão de seus programas de ensino,
como também da validação demasiadamente liberal dos cursos, o departamento perdeu
seu credenciamento nacional em 1970. o que significa que os seus graduados não podem
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mais ensinar no secundário e provoca uma queda no número de matrículas , pois a
educação é o principal mercado para os profissionais da filosofia.
Par la suite, les effectifs remontent un peu. Mais en raison de l’ouverture de Vincennes aux
salariés, aux non bacheliers, comme aux étrangers, qui étaient très nombreux à l’époque au
point même de former près de la moitié de la clientèle du Centre, ce public se transforme
beaucoup. Et par certains côtés, il n’est pas sans rappeler une forme de bohême tant
intellectuelle, artistique que politique. Et c’est notamment cette bohême parisienne, plus ou
moins cosmopolite, qui proliférera beaucoup dans l’après 68 avec l’avènement du gauchisme
contreculturel succédant au gauchisme marxiste, qui fournira sa base sociale à l’avant-garde
prophétique philosophique vincennoise en lutte contre l’establishment académique.
Depois disso, os efetivos reduziram um pouco. Mas, devido à abertura de Vincennes aos
funcionários, não licenciados, e os estrangeiros, que eram muitos na época, a ponto de
formar cerca de metade da clientela do Centro, seu público se expande acentuadamente.
E, de certa forma, ele não é mais do que uma boemia intelectual, mais artística que
política. E é especialmente esta boêmia parisiense, mais ou menos cosmopolita, que se
prolifera em muitas situações pós 68, com o advento do esquerdismo contracultural
sucedendo o esquerdismo marxista, que fornecerá a base social para a vanguarda
profética filosófica em combate contra o establishment acadêmico.
Une trajectoire
Si certains enseignants comme Foucault, mais aussi Etienne Balibar, Michel Serres, ou encore
Jacques Lacan, ne supportent guère le désordre vincennois et quittent donc cet établissement
rapidement, d’autres y trouvent manifestement un lieu propice à l’épanouissement de leur
philosophie. Tel est par exemple le cas de Deleuze qui, avec sa « pop philosophie », deviendra
même ensuite l’icône de cet établissement.
Uma trajetória
Certos professores como Foucault, Etienne Balibar, Michel Serres, e Jacques Lacan, não
suportam a guerra Vincennense e, portanto, deixam este estabelecimento rapidamente,
enquanto outros o veem claramente como um lugar propício para o desenvolvimento de
sua filosofia. Este é, por exemplo, o caso de Deleuze, com sua "filosofia pop", torando-se
em seguida o icone deste estabelecimento.
Alors avant d’évoquer la pédagogie de Deleuze, il est nécessaire de décrire le personnage : et
ce tant au plan familial, social, scolaire que physique1. Et de fait avec ce philosophe, n’a-t-on
pas à faire à quelqu’un qui, dans la filiation de Spinoza, s’interroge notamment sur « ce que
peut un corps » ? Corps qui joue un rôle essentiel dans le rapport pédagogique, attendu qu’il
est le medium du message. Or ce qui m’intéresse ici, ce sont notamment les ressorts sociaux,
intimes, physiques, etc., du charisme de Deleuze.
1 Ici, ma source biographique principale est l’ouvrage que Dosse a consacré à Deleuze et Guattari.
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Então, antes de discutir a pedagogia de Deleuze, é necessário descrever o personagem:
no seu plano familiar, social, escolar e fisico. E, de fato, com o filósofo, não estamos
lidando com alguém que, na filiação de Spinoza, interroga-se sobre "o que um corpo
pode fazer"?2 Corpo que desempenha um papel vital no relatório pedagógico, uma vez
que ele é o mediador da mensagem. Mas o que me interessa aqui incluem as forças
sociais, íntima, íntimas, físicas, etc, o carisma de Deleuze.
Alors ici, et sans céder au fétichisme du « grand homme », je pense qu’il peut être intéressant
de projeter deux photographies de ce philosophe. Et ce afin notamment de stimuler notre
sensibilité, inconscient.
Então, aqui, sem ceder ao fetichismo do "grande homem", eu penso que pode ser
interessante mostrar dois retratos deste filósofo. E, em especial, estimular nossa
sensibilidade, inconsciente.
La première est une des plus célèbres du maître. C’est celle où l’ont voit Deleuze officier au
milieu de son public à Vincennes en 1975. Trêes anos após a publicação de O Anti Édipo com
Guattari.
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La seconde est un portrait de Deleuze, sans doute pris au milieu des années 80. Ce portrait
monumental est placé à l’entrée de ce qui aujourd’hui à l’université de Paris 8 s’appelle l’
« espace Deleuze ». C’est un complexe de salles assez chics dont l’accès est réglementé par
une porte électrique et où se tiennent les réunions du conseil de l’université, les soutenances
de thèse, etc. Bref, c’est un lieu d’apparat. J’ai pris cette photo en octobre 2014.
O segundo é um retrato de Deleuze, provavelmente tirado em meados dos anos 80. Eeste
retrato monumental está fixado na entrada do que é hoje a Universidade de Paris 8, e se
chama "espaço Deleuze." É um complexo de salas muito chiques, cujo acesso é regulado
por uma porta eléctrica e onde são realizadas as reuniões do conselho universitário, as
defesas de teses, etc. Em suma, é um lugar de pompa. Eu tirei esta foto em outubro de
2014.
Deleuze est né à Paris en 1925 et il est le cadet d’une famille de deux enfants. Son frère ainé,
Georges, intègre la grande école militaire de St Cyr afin de devenir officier. Mais pendant la
seconde guerre mondiale, il s’engage dans la résistance, est arrêté par les allemands et décède
lors de son envoi en camp de concentration. Manifestement, les parents préféraient Georges,
dont ils feront un héros martyr. Ce dont Gilles, relégué dans l’ombre de son frère aîné,
souffrira beaucoup.
Deleuze nasceu em Paris em 1925 e é o mais novo de uma famíla de dois filhos. Seu
irmão mais velho, George, se juntou a grande academia militar St Cyr a fim de se tornar
oficial. Mas, durante a Segunda Guerra Mundial, ele se juntou à resistência, foi preso
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pelos alemães e morreu quando foi enviado para um campo de concentração.
Claramente, os pais preferiam que Georges, tratado como herói e mártir. Preterido e
ofuscado por seu irmão mais velho, Gilles sofrerá muito .
Le père de Deleuze est ingénieur et entrepreneur, sa mère sans profession et chaque été la
famille loue une maison en bord de mer à Deauville. Ce qui dénote un niveau
socioéconomique assez élevé. En fait, les parents de Deleuze appartiennent à cette
bourgeoisie de droite qui exécrait le gouvernement du Front populaire. Et qui, lors des
premiers congés payés, verra notamment arriver avec dégoût les premiers ouvriers sur les
plages de Normandie. Inversement Gilles - qui n’avait pourtant que 11 ans à l’époque - sera
ravi de cet évènement. Et il dira même plus tard : « C’était grandiose ».3
O pai de Deleuze é um engenheiro e empresário, a mãe, dona de casa sem profissão e
todo verão a família aluga uma casa à beira-mar em Deauville. Indicando um nível
socioeconômico relativamente elevado. Na verdade, os pais de Deleuze pertencentes a
burguesia de direita detestavam o governo da Frente Popular. E que, nos primeiros
feriados pagos, verá notadamente chegar com particular desgosto os primeiros
trabalhadores nas praias da Normandia. Inversamente Gilles - que, no entanto, com
apenas 11 anos na época - vai se encantar com este evento. E ele ainda disse mais tarde:
"Foi muito bom."
Après un passage par la khâgne de Louis le Grand, c’est-à-dire une classe préparatoire aux
Ecoles normales supérieures, Gilles Deleuze fait des études de philosophie à la Sorbonne, puis
obtient brillamment l’agrégation en 1948. En fait très tôt, Deleuze se fait remarquer pour sa
virtuosité philosophique. Ainsi, et comme l’écrit son biographe François Dosse, ses exposés
pour le concours d’entrée à l’Ecole normale, qu’il n’arrivera pourtant par à intégrer, « sont
déjà considérés comme des évènements à ne manquer sous aucun prétexte et déplacent de
larges publics ». Et Michel Tournier, qui sera son camarade d’études dès 1943, souligne sa
capacité à - pour parler comme Max Weber - déroutiniser la philosophie académique : « On
le redouta vite pour le don qu’il avait de nous prendre d’un mot en flagrant délit de banalité,
de niaiserie, de laxisme de pensée. Pouvoir de traduction, de transposition : toute la
philosophie scolaire et écoulée passant à travers lui en ressortait méconnaissable avec un air
de fraîcheur, de jamais encore digéré, d’âpre nouveauté, totalement déroutante, rebutante
pour notre faiblesse, notre paresse. »4
Após uma passagem por la khâgne de Louis le Grand, ou seja, um curso preparatório
para as escolas normais superiores, Gilles Deleuze estudou filosofia na Sorbonne, onde
obtém brilhantemente a aprovação em 1948. Muito cedo Deleuze se notabiliza pelo seu
virtuosismo filosófico. Assim, como escreveu seu biógrafo François Dosse, suas
apresentação para o exame de admissão na École Normale, que ele não chegará a
integrar, "Já era considerado como um evento para não faltar sob qualquer pretexto e
capaz de mover grandes audiências". Michel Tournier, que será seu companheiro de
3 Dosse, p. 113.
4 Cf. Le vent Paraclet
13
estudos desde 1943, disse que sua capacidade para – para falar como Max Weber – tirar
a filosofia acadêmica da rotina: "Temíamos o dom que ele tinha de rapidamente de nos
pegar em uma palavra em flagrante delito de banalidade, disparate, frouxidão de
pensamento. Poder de tradução, transposição: filosofias de escolas passadas passando
por ele com um irreconhecível ar de frescura, mas nunca digerida, de amarga novidade
totalmente confusa, repulsiva para a nossa fraqueza, nossa preguiça."
Après avoir enseigné dans le secondaire, puis en classes préparatoires, Deleuze devient
assistant à la Sorbonne en 1957, soit à 32 ans. Et tout de suite, il connait « un succès
spectaculaire » auprès des étudiants. Ce qui, d’ailleurs, suscitait la jalousie certains de ses
collègues plus âgés au public nettement plus réduit (R. Polin). Manifestement dès cette
époque, il dispose déjà d’un certain charisme.
Depois de ensinar em aulas secundárias e preparatórias, Deleuze tornou-se assistente na
Sorbonne, em 1957, aos 32 anos. E agora, ele conhece "um sucesso espetacular" com os
alunos. Que, aliás, despertou o ciúme em alguns colegas mais velhos, porém menos
numerosos (R. Polin). Obviamente, nesse momento, ele já tem um certo carisma.
En 1956, Deleuze fait un « beau mariage ». En effet, il épouse religieusement Fanny
Grandjouan, la fille d’un grand entrepreneur nantais plus ou moins dandy5. Laquelle était
notamment collaboratrice du grand couturier Balmain et traduira aussi de la littérature
anglaise (D.-H Lawrence). Littérature dont Deleuze fera d’ailleurs un usage assez
conséquent6. Par sa femme, Deleuze hérite aussi d’un beau domaine situé dans le Limousin à
Saint Léonard de Noblat. Ainsi, et comme l’écrit un de ses biographes, c’est dans : « cette
bâtisse, dominant les prées et au loin les collines boisées, sur cette grande terrasse, ou dans
ce parc, soigneusement entretenu par son jardinier, qu’il a écrit une part considérable de ses
ouvrages. »
Em 1956, Deleuze faz um "bom casamento". Na verdade, ele desposa religiosamente
Fanny Grandjouan, a filha de um grande empresário, mais ou menos dandy de Nantes.
Ela era colaboradora do grande costureiro Balmain e também traduzia a literatura
Inglesa (D.-H Lawrence). Literatura que Deleuze também fará um uso bastante
substancial. Através de esposa, Deleuze também herda uma bela propriedade localizada
em Limousin em Saint Léonard de Noblat. Assim, como escreveu um dos seus biógrafos,
é neste "edifício, com vista para colinas arborizadas, sobre este terraço, ou no parque,
cuidadosamente mantido por seu jardineiro, que ele escreveu uma parte considerável de
suas obras".
« La voix de son maître » à Vincennes7
Nombre de contemporains soulignent que Deleuze était généralement habillé avec beaucoup
de goût. Et le ton de sa voix était, parait-il, plus ou moins affecté. Ainsi, son biographe
5 Citation possible sur son émerveillement par rapport au mariage.
6 Cf. Bartleby :« I would prefer not. » 7 Ce développement s’inspire notamment d’Isabelle Kalinowski, « La voix de Max Weber et le charisme
professoral ».
14
rapporte que dans les années 50 il se fera même traiter de « pédé », c’est-à-dire d’homosexuel,
par un élève de lycée. Ce à quoi il répondra avec élégance : « Oui, et alors ? » De même son
chapeau « devenu légendaire », comme ses ongles forts développés, susciteront des
commentaires, plus ou moins acerbes, relatifs à son « dandysme »8. De constitution physique
fragile, il souffrira aussi très tôt de graves problèmes respiratoires (asthme). Ainsi à partir de
1969, et suite à une thoracoplastie, il n’aura plus qu’un seul poumon. Ce qui l’obligeait à
parler avec douceur, comme à se mouvoir lentement : « « Je n’ai plus de poumons », disait-il
avec son rire de fond de gorge. »
"A voz do seu mestre" em Vincennes
Muitos de seus contemporâneos apontam que Deleuze se vestia geralmente com bom
gosto. E o tom de sua voz era, ao que parece, mais ou menos afetado. Assim, seu biógrafo
relata que na década de 50 ele vai mesmo se tratar com uma "bicha", ou seja,
homossexual, um estudante do ensino médio. Ao que ele respondeu graciosamente:
"Sim, e daí? Igualmente seu chapéu "legendário", bem como suas unhas fortes e
desenvolvidas que irão suscitar comentários, mais ou menos acentuados, relacionadas
com o seu "dandismo". Fisicamente frágil, ele também sofrerá graves problemas
respiratórios (asma). Assim, em 1969, e na sequência de um toracoplastia, contará com
apenas um pulmão. O que o obrigava a falar suavemente, como mover-se lentamente ","
Eu não tenho pulmões ", disse ele com um fundo de risada. "
Pourtant, nombre de témoignages soulignent le charme, quasi envoutant, de sa voix rauque et
douce à la fois. Au point même qu’en 2005, Claude Jaeglé fait paraître un ouvrage intitulé
Portrait oratoire de Gilles Deleuze aux yeux jaune. Ouvrage dans lequel il écrit
notamment que: « Cette voix est un charme, un chant efficace et l’expression personnelle d’un
grand vivant. Sa puissance magique nous donne envie de lui donner raison avant même de
savoir s’il a raison.»
No entanto, muitos testemunhos destacam o charme, quase hipnotizante, de sua voz
rouca ao mesmo tempo doce. Tanto é que, em 2005, Claude Jaeglé publicou um livro
intitulado Retrato oratório de Gilles Deleuze aos olhos amarelos. Trabalho no qual ele
escreveu: "Esta voz é um charme, um canto eficaz e a expressão pessoal de uma grande
vivente. Seu poder mágico nos faz querer lhe dar razão antes mesmo de saber se ele tem
razão”
Ainsi avec sa voix, Deleuze « méduse » son public, « le sonore » - comme le souligne ce
commentateur - de par sa puissance de contagion immédiate agissant toujours plus
intensément que « le visuel ». Voix dont on peut d’ailleurs se demander si avec l’habillement,
l’hexis corporel, etc., qui l’accompagnent, elle ne condense pas, mais sous une forme sensible
et stylisée et donc potentiellement particulièrement persuasive, toute une trajectoire sociale,
scolaire. Mais aussi tout un rapport au monde académique, intellectuel et plus généralement à
l’ordre social et politique, susceptible ensuite d’entraîner, ou non, et ce a priori et donc de
façon préréflexive, l’adhésion, l’identification, voire même la « remise de soi », plus ou moins
8 Cressolle.
15
inconsciente, de son public9. Et susceptible par là de déclencher des vocations10. Sachant que
le fait de savoir susciter des vocations, et donc d’œuvrer à la reproduction du corps mais dans
sa dimension la plus sublime et noble, est généralement considéré comme un des sommets de
l’art pédagogique11.
Assim, com a sua voz, Deleuze "medusa" seu público, "sonoro" - como o comentarista
ressalta - pelo seu poder de contágio imediato ainda agindo de forma mais intensa do
que o "visual". Voz que somada a roupa e a hexis corporal, etc, que se condensa, sob
uma forma sensível e estilizada e, portanto, potencialmente e particularmente
persuasiva que o acompanha por toda a trajetória social e escolar. Mas também um todo
em relação ao acadêmico, intelectual, e mais geralmente de ordem social e política, que
pode, então conduzir a priori à um caminho pré-reflexivo, a adesão, a identificação,
"entrega" mais ou menos inconsciente de seu público. E sucetível para desencadear
vocações. Sabendo que o faz saber incentivar evocações e, portanto, de trabalhar para a
reprodução dos corpos, mas em sua dimensão mais sublime e nobre, é geralmente
considerado como um dos pináculos da arte do ensino.
Au passage, je souhaiterai évoquer l’étymologie du terme français de « vocation ». En effet,
celui-ci renvoie au latin « vocatio » qui désigne donc l’action « d’appeler » mais aussi, fait
intéressant, « d’assigner en justice », comme « d’inviter ». Sens qu’on retrouve aussi dans le
terme allemand de « Beruf » qui, je le rappelle, tient une place si importante dans la
sociologie des religions de Max Weber. En fait, tout se passe comme si la voix était un des
principaux mediums de la vocation12. Et comme si un des ressorts les plus profonds du
prophétisme résidait dans le charisme de la voix qui, comme on va le voir maintenant, est un
composé paradoxal, et sans doute relativement instable, de contrainte et de séduction13.
Aliás, eu gostaria de discutir a etimologia da palavra francesa "evocação". Na verdade,
ela se refere ao "vocatio" do Latin, assim, refere-se à ação "de chamar", mas também,
curiosamente, "processar" como "convidar". O que significa que também é encontrada
na palavra alemã "Beruf" que, se bem me lembro, ocupa um lugar importante na
9 Ici, on pourrait détourner sociologiquement l’intuition de McLuhan selon laquelle : « Le message c’est le
medium ». 10
La voix devenant alors (à l’instar de la beauté) le véhicule d’une « promesse ». C’est-à-dire d’un avenir plus
ou moins indéterminé, mais particulièrement exaltant selon le témoignage des intéressés. 11
Dosse fait ainsi de Deleuze un « fantastique éveilleur » (cf. « L’éveil », Bouddha, etc.). Ce qui pose alors le
problème du suivi de la chose. Et donc de l’inscription dans le temps de cet « événement », pic émotionnel et
spirituel, qui est aussi souvent celui de la révélation. Sans parler des problèmes ultérieurs de formation,
placement pour ceux qui se lanceront dans une carrière académique. Et qui renvoient notamment à la division du
travail pédagogique, intellectuel, institutionnel et notamment à la distribution du « dirty work », qui n’a rien
d’aléatoire, dans le monde académique (pas d’examen chez Deleuze…). Deleuze un spécialiste de
« l’effervescence » (Durkheim), ou de de « l’extase » (Weber) ? Et donc d’un moment spécifique
particulièrement fétichisé, parce que sublime, mais dont l’intelligibilité suppose qu’on le replace dans une
économie relationnelle, temporelle, etc., plus vaste car excédant largement le cadre de l’expérience vécue
ponctuellement, en l’occurrence celui de la « rencontre » plus ou moins émerveillée. Ce qui n’est pas sans
rappeler le fonctionnement du monde de l’art, avec sa dénégation structurelle de ses conditions sociales,
économiques, symboliques de possibilité. 12
Sachant que, comme le rappelle Bourdieu : « Il n’y a pas de maître sans maître. » Et donc comme si la
coprésence physique, charnelle était nécessaire. 13
On serait donc entre magie et religion ? Le groupe étant indissociablement imploré, séduit, contraint, cajolé,
etc. ?
16
sociologia da religião de Max Weber. Na verdade, tudo se passa como se a voz fosse um
dos principais meios da vocação. E como se uma das molas propulsonras do profetismo
residisse no carisma da voz, como vemos agora, é um composto paradoxal e, sem dúvida,
relativamente instável de coerção e sedução.
Alors à ce propos, je souhaiterai rapporter un nouvel extrait de Jaeglé. Effet, celui-ci écrit que
la diction du concept par Deleuze, ou plus exactement sa « vocalisation » (sprechgesang),
place le public : « dans une sorte de transe qui est comme l’envers du mouvement du subjectif
à l’œuvre dans le sommet d’inspiration qui se libère au même instant du côté du philosophe.
Le public est un paratonnerre. À charge pour lui d’accumuler et de convertir ensuite
l’énergie reçue en quelque chose d’intelligible. »
Então, nesse sentido, eu gostaria de relatar um novo extrato de Jaeglé. Na verdade, ele
escreve que a dicção do conceito de Deleuze, ou mais precisamente a sua "vocalização"
(sprechgesang) coloca o público, "em uma espécie de transe, que é como o inverso do
movimento do subjetivo que é trabalhado no topo da inspiração, que é libertada ao
mesmo tempo no lado do filósofo. O público é um pára-raios. Cabe a ele acumular e
depois converter a energia recebida em algo inteligível. "
En fait quand on lit les biographes de Deleuze, on ne peut manquer d’être frappé par
l’importance accordée au corps, à la voix, comme à l’affect dans le rapport qu’il entretient
avec son public14. Et ce alors qu’il préparait ses cours très soigneusement, les répétait même,
afin notamment d’avoir des « moments d’inspiration »15. Ainsi, Deleuze souligne que lors
d’un cours ce qui capte, intéresse d’abord les étudiants, c’est l’émotion. Et qu’un cours, c’est
donc autant d’émotion que d’intelligence. Et que souvent c’est déjà par le percept, l’affect,
dont le corps, la voix, sont les mediums privilégiés, que les étudiants commencent à entrer
dans la matière philosophique.
Na verdade, quando a gente lê as biografias de Deleuze, a agente não pode de deixar de
ficar impressionado com a importância atribuída ao corpo, a voz, como o afeto do seu
relacionamento com o público. E enquanto prepara suas aulas com muito cuidado,
repetia-lhes, em particular, a fim de ter "momentos de inspiração." Assim, Deleuze
ressalta que durante uma aula, em primeiro lugar capta o interesse do público pela
emoção. E que uma aula é tanto emoção quanto inteligência. E, muitas vezes percebe
que o afeto, o corpo, a voz, são os meios privilegiados, pelos quais os alunos começam a
entrar na matéria filosófica.
Et c'est notamment au travers de ses cours, que Deleuze dit avoir compris à quel point la
philosophie a besoin, non seulement d'une compréhension philosophique par concepts telle
que peuvent notamment la développer, voire l’exacerber, l’école ou l’université chez ces
14
Ce qui explique peut être aussi que, malgré l’abondance de son public, il ait toujours refusé d’enseigner en
amphi. Comme s’il avait besoin d’une certaine proximité physique avec son public, elle-même peut-être liée à
ses faiblesses pulmonaires. 15 « Un cours, ça se prépare énormément. De façon à pouvoir avoir des moments d’inspiration. Je préparais
beaucoup pour un moment d’inspiration. (…) Un cours c’est comme du théâtre, ou de la chanson, ça se répète.
Et si on a pas bien préparé, il n’y a pas d’inspiration. Abédédaire.
17
élus/damnés du système que sont les « bons élèves », eux-mêmes souvent destinés à devenir
enseignants ce qui alimente ensuite sans doute une forme de fermeture sur soi de l’institution
ainsi que de « biais scolastique », mais aussi d'une compréhension non philosophique, c’est à
dire par percepts et affects. Et par exemple du type de celle que mobilisent spontanément des
profanes, a priori étrangers à l’univers philosophique, voire même académique. Ce qui
conduit Deleuze à développer une théorie de la double compréhension.
E é principalmente através de suas aulas, que Deleuze diz ter compreendido a que ponto
a filosofia precisa não somente de uma compreensão filosófica dos conceitos tais que
podem na verdade desenvolver, ver e exarcebar, a escola, a universidade casa dos
estudantes condenados do sistema que são os “bons alunos”, eles mesmos, muitas vezes
destinados a condição de futuros professores que alimentam sem dúivida uma forma de
fechamento da instituição sobre si mesma, bem como do “ângulo escolástico”, mas
também de uma ompreensão não filosófica, ou seja das precepções e afetos. E por
exemplo do tipo daquelas que mobilizam espontaneamente os profanos, a priori
estrangeiros ao universo filosófico, ou até mesmo acadêmico. Isto leva Deleuze a
desenvolver uma teoria da dupla compreensão.
Voici ce qu’il écrit: "Il faut les deux. La philosophie est dans un rapport essentiel et positif
avec la non-philosophie : elle s'adresse directement à des non-philosophes. Prenez le cas le
plus étonnant, Spinoza: c'est le philosophe absolu, et l'"Ethique" est le grand livre du concept.
Mais en même temps le philosophe le plus pur est celui qui s'adresse strictement à tout le
monde: n'importe qui peut lire l'"Ethique", s'il se laisse suffisamment entraîner par ce vent, ce
feu. Ou bien Nietzsche. Il y a au contraire un excès de savoir qui tue le vivant dans la
philosophie. La compréhension non philosophique n'est pas insuffisante ou provisoire, c'est
l'une des deux moitiés, l'une des deux ailes." 16
Ele escreve: "Precisamos das duas. A filosofia no relato essencial e positiva com a não-
filosofia: ela se endereça diretamente aos não-filósofos. Tomemos o caso mais
surpreendente, Spinoza: o filósofo absoluto, e a "Ética" é o grande livro do conceito.
Mas ao mesmo tempo também o filósofo mais puro é aquele que fala estritamente para
todo mundo: não importa que pode ler a “Ética”, se ele se deixa conduzir por esse vento,
fogo. Ou bem Nietzche, Há ao contrário um excesso de saber que mata a vida na
filosofia. A compreensão não filosófica não é insuficiente ou provisória, é uma das duas
metades, uma das duas asas ".
Ainsi pour Deleuze, il n’y a pas deux philosophies : c’est-à-dire une « conceptuelle » qui
serait réservée aux professionnels et l’autre réservée au grand public et qui parlerait à tous.
Comme la peinture, ou mieux encore la musique, la philosophie s’adresse à tous et ce quel
que soit son niveau d’éducation, formation préalable. Ainsi dit-il, Beethoven faisait de la
musique pour tous. C’est-à-dire qui s’adressait aux musiciens, comme aux non musiciens. Il
ne faisait pas du « Beethoven plus simple » pour ces derniers. D’où, d’ailleurs, la profonde
indifférence de Deleuze comme de ses collègues du département de philosophie aux questions
16
Deleuze, Pourparlers, Minuit, 1990, p 190.
18
de « niveau des étudiants ». Ainsi à Vincennes, tous les cours de philosophie étaient ouverts à
tous les étudiants. Et donc, des étudiants de première année côtoyaient dans un même cours
des étudiants de doctorat. De même, Deleuze ne voyait aucune différence de nature entre ses
cours de lycée et ses cours universitaires.
Assim, para Deleuze, não existem duas filosofias: ou seja, uma "conceitual" que seria
limitada aos profissionais e outra reservada ao público em geral e que falaria à todos.
Como a pintura, ou ainda melhor música, a filosofia é para todos sem considerar qual
seja o seu nível de educação ou formação anterior. Então diz ele, Beethoven fazia música
para todos. Ou seja, compunha para músicos e não-músicos. Não fazia distinção.
"Beethoven mais Simples" para os últimos. Talvez isto explique, a profunda indiferença
de Deleuze como de seus colegas de Departamento de Filosofia ás questões do
“nívelamento estudantil”. Assim, em Vincennes, todos os cursos de filosofia estavam
abertos a todos os alunos. Portanto, os calouros foram instalados no mesmo curso dos
estudantes de doutorado. Da mesma maneira, Deleuze não viu nenhuma diferença entre
as aulas no ensino médio e na universidade.
Quand il faisait cours, Deleuze sollicitait donc déjà l’affect, ou la sensibilité de son auditoire.
Ce qui, au passage, n’est pas rappeler la démarche artistique. Et traduit bien aussi la vision
qu’il avait de son public. Alors à ce propos, je souhaiterais rapporter un nouvel extrait de
l’ouvrage de Jaeglé : « Ajoutons ce conseil que le professeur, mi-figue mi-raisin, donne aux
étudiants qui s’apprêtent à prendre la parole, à la fin de son séminaire sur Spinoza : « Pas de
théorie. Du sentiment, hein ! » - propos qui manifeste le dépit avant-coureur d’un philosophe
déplorant la naïveté de ceux qui ne spéculent dans la théorie qu’à partir de la théorie. Non,
inutile de concourir au propos philosophique si ce n’est à partir de l’intensité qui vous porte,
de la véhémence qui vous inspire. Pendant les objections interminables des participants au
séminaire, le philosophe dominant se frotte les griffes pour passer le temps et grogne ensuite
quelques réponses tolérantes par pur rituel pédagogique. Il suffit d’entendre le ton obligeant
et désinvolte avec lequel Deleuze traite ses interlocuteurs pour deviner l’envers indifférent de
son attention. À ses yeux, les objections sont vaines et les discussions inutiles. » (Jaeglé17-18)
Quando ele ministrava as aulas, Deleuze solicitava afeto ou a sensibilidade de seu
público. Se não podemos chamar de abordagem artística. E traduz bem assim a visão
que ele tinha de seu público. Portanto, neste ponto eu gostaria de relatar um novo
extrato da obra de Jaeglé "adicionar este conselho que o professor, metade figo metade
uva, dá aos estudantes que se preparam para tomar a palavra no final da seu seminário
sobre Spinoza: "Nenhuma teoria. Sentimento, hein? "- propunha que mainfestem,
apesar do óbvio prenúncio de um filósofo lamentando a ingenuidade daqueles que não
especulam a teoria, que a partir da teoria. Não, inútil de competir a cerca da proposta
filosófica se não a partir da intensidade que lhes pertence, da veemência que lhe inspira.
Durante as objeções intermináveis dos participantes do seminário, o filósofo dominante
esfrega as garras para sair e então alguns resmungos respostas tolerantes por puro
ritual pedagógico. Apenas ouça o tom casual e desenvolto com o qual Deleuze trata seus
interlocutores para perceber a indiferença de sua atenção. Na sua opinião, as objeções
são discussões fúteis e inúteis. "(Jaeglé17-18)
19
Un prophète très magistral
Alors ici, je voudrais souligner un paradoxe (parmi d’autres…). En effet, on est alors dans la
Vincennes des années 70. C’est-à-dire celle ou l’esprit antiautoritaire et anti hiérarchique est
poussé à son comble. Et là, un admirateur de Deleuze nous décrit une figure de maître en
majesté. Lequel adhère par toutes ses fibres au dispositif pédagogique le plus traditionnel qui
soit, celui du cours magistral.
Um profeta muito magistral
Então, aqui eu quero enfatizar um paradoxo (entre outros ...). Na verdade, a gente está na
Vincennes dos anos 70. Ou seja, a mente anti-autoritária e antihierárquica é empurrado para
um extremo. E, em seguida, um admirador de Deleuze descreve a figura do mestre majestade.
Que adere a todas as fibras ao dispositivo pedagógico mais tradicional, que seja, a aula
magistral.
Ainsi, l’enseignement de Deleuze aura toujours un caractère très magistral, forme qu’il
revendiquera d’ailleurs jusqu’au bout17. En fait pour lui, il a deux types de cours. Ceux qui
demandent des interruptions, questions immédiates. Et où on n’interrompt alors que « des
paroles » ou ce que, un peu dédaigneusement, il appelle du « discours »18. Et ceux « où il y a
un monsieur qui parle ». Deleuze ne fera que du cours magistral, « parce, dit-il, c’est comme
la musique, et on n’interrompt pas la musique. »
Assim, o ensino de Deleuze terá sempre um caráter muito magistral, forma que ele
reivindicará de outros até o fim. Na verdade, ele tem dois tipos de aulas. Aquelas que
solicitam tempo, questões imediatas. E onde não se interrompe "as palavras" e que com
um pouco de desdém, que ele chama de "discurso". E aquelas "onde há um senhor que
fala." Deleuze vai fazer somente aula magistral", porque, diz ele, é como a música, e
você não interrompe a música. "
Ainsi, Deleuze avait horreur ce qu’il nomme les « discussions ». Car pour lui : « la
philosophie n’a strictement rien à voir avec une discussion, on a déjà assez de peine à
comprendre quel problème pose quelqu’un et comment il le pose, il faut simplement
l’enrichir, en varier les conditions, ajouter, raccorder, jamais discuter. »19 Et c’est pourquoi
d’ailleurs il fait si peu de cas des objections, questions qui lui sont faites en cours. Certes, il
les écoute avec beaucoup de politesse, courtoisie. Ce qui, chez lui, renvoyait sans doute à une
forme de tact social renvoyant à sa trajectoire. En effet, Deleuze ne prenait jamais personne de
front. Et ses objections, à l’image de ses débuts de cours d’ailleurs, étaient toujours présentées
sur le mode interrogatif, ou dubitatif. Mais il ne répondait jamais aux questions, objections.
17
Sur ce point, voir ce qu’en dit Deleuze dans son Abécédaire au mot « professeur ». Cf. L’Abécédaire de Gilles
Deleuze, film réalisé par Pierre-André Boutang, éditions du Montparnasse, 2004. Les extraits suivants
proviennent de cet entretien. 18
Dalida ! 19
Gilles Deleuze, Pourparlers, p 125.
20
Car pour lui : « le but, ce n’est pas de répondre à des questions, c’est de sortir, c’est d’en
sortir. »20
Assim, Deleuze odiava o que ele chama de "discussões". Para ele, "a filosofia não tem
nada a ver com a discussão, já temos problemas suficientes para compreender alguém
comenta e ele lhe pausa, é preciso simplesmente inquirir, variar as condições, adicionar
somente enriquecr através da variação das condições, adicionar, conectar, nunca
discutir". E é porque que dedica tão pouca atenção às objeções, perguntas que estão
sendo feitas. Certamente, ele ouve muito educadamente, cortesmente. Que ele,
provavelmente se refere a uma forma de tato social, referindo-se a seu caminho. Na
verdade, Deleuze nunca tomou pessoa na frente. E suas objeções, com a imagem de sua
estréia durante aliás, foram sempre apresentadas no modo interrogativo, ou duvidoso.
Mas ele nunca respondeu às perguntas, objeções. Para ele, "o objetivo não é para
responder a perguntas, é para sair é sair. "
S’il ne croyait pas aux discussions, Deleuze croyait par contre beaucoup aux « effets
retardés ». C’est-à-dire au fait qu’on ne comprend pas sur le moment, mais après. Ce qui
s’accorde d’ailleurs avec sa théorie de la double réception et qui veut que, le plus souvent,
l’affect précède le concept. En fait dans le cadre du cours magistral tel que le conçoit Deleuze,
il n’y a rien à discuter. Il faut plutôt éprouver : c’est-à-dire se laisser entraîner, bref en un mot
s’ouvrir - ou non - à l’intensité qui nous est proposée/imposée par l’enseignant. Et
éventuellement varier, broder dessus. Ou comme le résume un de ses commentateurs :
« Ecoutez ! Ça pense en moi et si ça vous capte, ça va se mettre à penser en vous. »21
Ele não acreditava que as discussões. Deleuze acreditava, ao contrário, no "efeito retardado".
Ou seja, o fato de que nós não entendemos na hora, mas depois. O que também está de acordo
com a teoria da dupla recepção e que, na maioria dos casos, o afeto precede o conceito.. Na
verdade dentro do quadro da aula magistral tal como concebia Deleuze, não há nada para
discutir. Em vez disso, deve sentir-se: isto é, se deixar-se tomar, breve em uma palavra, se abrir
– ou não – à intensidade que nos é proposta / imposta pelo professor. E possivelmente variar,
bordar. Ou, como resumiu um dos seus comentadores: "Ouça! Ele pensa em mim e se você
capta, ele vai fazer você pensar.
De même, Deleuze croyait beaucoup aux « rencontres ». C’est-à-dire à une forme d’élection
mutuelle entre « maître » et « élève ». Et comme les rencontres amoureuses, celles-ci ont
quelque chose de total. C’est-à-dire qu’elles mêlent aussi bien l’intellectuel, l’affectif que le
charnel. Ce qui leur donne d’ailleurs un goût de vérité prononcé. Et ces rencontres intéressent
beaucoup le philosophe empiriste, pragmatiste et vitaliste, qu’il est, car ce sont « des
catalyseurs de problèmes » qui forcent à penser22. En effet, et comme le traduit en termes
deleuziens un de ses commentateurs, les rencontres favorisent « la multiplication de
branchements inconscients » qui produisent l’énergie individuelle pour penser et permettent
ensuite au philosophe de s’y recharger23.
20
Charbonnier, 130. 21 Charbonnier, 177 22
74. 23
50 ou 72.
21
Da mesma forma, Deleuze acredita muito em "encontros". Ou seja, uma forma de
escolha mútua entre "professor" e "aluno". E como namoro, eles têm algo de total. Ou
seja, eles também combinam bem o intelectual, o emocional, o carnal. Isso também lhes
dá um sabor de verdade falada. E esses encontros muito interessantes o filósofo
empirista, pragmático e vital, que eles são "catalisadores problemas" que os obrigam a
pensar. Na verdade, traduzindo em termos deleuzianos um dos seus comentadores, os
encontros incentivam "a multiplicação de conexões inconscientes" que produzem
energia individual para o pensamento e, em seguida, permitiem que o filósofo se
recarregue.
Les supporters du prophète
Deleuze entretient donc un rapport singulier avec son public. Et plus spécifiquement avec le
public vincennois, dont il dit notamment qu’il était « la splendeur de Vincennes »24. Ce qui
conduit alors à s’interroger sur les conditions sociales, scolaires, etc., de possibilité de cette
félicité pédagogique.
Os fãs do Profeta
Deleuze, portanto, tem uma relação única com seu público. E, mais especificamente com
o público Vincennense, que ele dizia estar particularmente "o esplendor de Vincennes."
Isso, então, levanta questões sobre as condições sociais, escolares, etc., de possibilidade
desta felicidade pedagógica.
Et de fait, quels étaient les intérêts des deux parties en présence ? Quel intérêt avait ce public,
a priori pourtant rebelle, à se soumettre ainsi à ce maître? Et réciproquement, quel intérêt ce
maître trouvait à ce public ? Alors si on regarde du côté du public, on peut dire sans doute
qu’il trouvera en Deleuze un formidable interprète des humeurs anti institutionnelles du
moment, qu’il saura donc exprimer sans s’y aliéner, réduire. Car Deleuze était profondément
en phase avec les attentes de son public. Et ici, on peut citer le témoignage enchanté d’E.
Roudinesco : « Exalté mais toujours tolérant, Deleuze était le philosophe le plus socratique
qu’on puisse imaginer. Loin de se faire l’idole d’un culte religieux, il fascinait son auditoire
en devenant l’accoucheur tendre et barbare du désir de ceux qui venaient l’écouter. »25
E, de fato, quais eram os interesses de ambas as partes? O que era esse interesse público,
a priori ainda rebelde, de se submeter ao mestre? E, inversamente, o interesse deste
mestre com esse público? Então, se a gente olhar para o lado do público, podemos dizer
sem dúvida que ele vai encontrar em Deleuze um intérprete formidável dos humores
anti institucionais da época, por isso vai expressar, sem se alienar, reduzir. Deleuze
estava profundamente em sintonia com as expectativas de seu público. E aqui incluem
depoimentos encantados de E. Roudinesco "Exaltado, mas sempre tolerante, Deleuze foi
o filósofo mais socrático que se possa imaginar. Longe de ser o ídolo de um culto
religioso, ele fascinou o público, tornando-se o desejo suave e bárbaro daqueles que
vieram para ouvir. "
24
Abécédaire. Citation possible aussi. 25
P. 219, Mythe.
22
Et alors, on comprend mieux alors l’affinité profonde qui unit la « philosophie du désir » de
Deleuze, avec l’expérience pédagogique vincennoise comme marché libre académique, où
chaque enseignant est donc placé en concurrence charismatique avec tous les autres dans la
conquête de la clientèle étudiante. Ainsi, Deleuze explique bien comment il se nourrira de la
diversité de son public, et notamment de son caractère hors norme, afin de produire une
philosophie conforme à l’esprit des lieux et tentant notamment d’échapper aux rets de
l’institution philosophique.
E então, a gente comprende melhor a afinidade profunda que une a "Filosofia do
Desejo" de Deleuze, com Experiência de ensino vincennense como um mercado livre
acadêmico, onde cada professor é colocado em concorrênci carismática com todos os
outros na conquista da clientela estudantil. Assim, Deleuze explica bem como ele se
nutria da diversidade de seu público, e notadamente de seu carátere fora da norma, a
fim de produzir uma filosofia conforme o espírito do lugar tentando notadamente
escapar da labuta da instituição filosófica.
En fait, je pense que dans la division du travail instaurée par Deleuze, le philosophe est celui
qui - conformément à sa définition de la philosophie - produit des concepts. C’est-à-dire opère
ce travail de mise en forme conceptuelle d’un matériau sensible qui, pour une bonne part, lui
vient de son public : ou comme il le dit dans son langage, « du dehors »26. Et l’on notera que
cette division du travail est finalement très traditionnelle. Et qu’elle n’est pas sans rappeler
l’opposition matière/forme, notamment développée par Aristote. Ou encore le traitement que
Platon réserve aux poètes.
Na verdade, eu penso que na divisão do trabalho introduzida por Deleuze, o filósofo é
aquele que - de acordo com a sua definição da filosofia – produto dos conceitos. Ou seja,
este trabalho de colocar em forma conceitual de um material sensível, que, em grande
parte, vem do público: ou, como ele disse em seu discurso, "lá fora". E a gente notará
que essa divisão do trabalho é realmente muito tradicional. E que ele não está sem
relatar a oposição matéria/forme, notadamente desenvolvida por Aristóteles. Ou ainda
o tratamento que Platão reserva aos poetas.
Alors le public de Deleuze était particulièrement disparate. Ce qui, d’une certaine manière, en
fera un philosophe exotérique et contribuera aussi à sa mise à distance par l’institution. En
effet pour une bonne part, il était extérieur à la philosophie. Et ici, on peut déjà penser au
vaste continent des étudiants en arts, musique, cinéma, etc., disciplines alors en voie de
cristallisation institutionnelle, et qui auront un usage particulièrement « libéré » de sa
philosophie, comme de la philosophie en général. Chose bien visible quand on lit par exemple
leurs thèses de doctorat. En fait, on peut dire qu’avec sa « pop philosophie », Deleuze licitera
une forme d’usage artiste de la philosophie, et plus largement du langage conceptuel. C’est-à-
26
Cf. Antioedipe. Ou dit en termes spinozistes : « Lorsque nous rencontrons un corps extérieur qui ne convient
pas avec le nôtre, tout se passe comme si la puissance de ce corps s'opposait à notre puissance, opérant une
soustraction : on dit que notre puissance d'agir est diminuée et que les passions correspondantes sont de
tristesse. Au contraire, lorsque nous rencontrons un corps qui convient à notre nature, on dirait que sa
puissance s'additionne à la nôtre : les passions qui nous affectent sont de joie, notre puissance est augmentée ou
aidée. »
23
dire émancipée des contraintes académiques ordinaires notamment liées à la reproduction du
corps des philosophes professionnels. Ce dont, d’ailleurs, les artistes lui sauront grès.
Em seguida o público de Deleuze era particularmente díspar. O que, de alguma forma,
vai fazer um filósofo exotérico e também contribuir para o seu afastamento da
instituição. De fato, na maior parte, ele esteve fora da filosofia. E aqui já podemos
pensar que o vasto continente de estudantes em artes, música, filme, etc, disciplinas
então sob cristalização institucional, e que terão usos particularmente "libertados" de
sua filosofia, como a filosofia em geral. Coisa bem visível quando se lê como suas teses de
doutorado. Na verdade, pode-se dizer que, com sua "filosofia pop", Deleuze licitará uma
forma de filosofia do artista na mais ampla linguagem conceitual. Ou seja emancipado
de restrições acadêmicas comuns ligada a reprodução do corpo de filósofos profissionais.
O que, por outro lado, os artistas lhe serão gratos.
Toujours concernant la disparité du public vincennois, on peut aussi penser aux étrangers, si
nombreux à Vincennes, et qui feront valoir ensuite leur capital philosophique français sur
d’autres marchés intellectuels nationaux. Et qui, plus indépendants que les français par
rapport aux contraintes tant intellectuelles qu’institutionnelles locales, seront donc
potentiellement plus disponibles à toutes sortes d’expérimentations.
Ainda sobre a disparidade do público Vincennense , pode-se também pensar nos
estrangeiros, muito numerosos em Vincennes, que se encaminharam ao capital filosófico
francês provenientes de outros mercados intelectuais nacionais. E que, mais
independentes que os franceses para relatar as restrições locais tanto intelecutuais
quanto institucionais são, portanto, potencialmente mais disponíveis para todos os tipos
de experimentos.
Et plus généralement, on peut penser à toutes ces étudiants qui, après 68, seront en rupture,
plus ou moins radicale, avec l’univers scolastique traditionnel, et ce pour des raisons liées à
l’histoire collective, à leur trajectoire sociale, scolaire, etc. La limite extrême de tout cela étant
celle du « schizo », de « l’animal » ou - autre personnage deleuzien et nietzschéen très
valorisé - de « l’enfant », qui - a priori – étaient tous bienvenus à Vincennes, surlignant ainsi
stylistiquement les spécificités du lieu27. Ce qui ne sera pas sans donner un côté « cour des
miracles » à cet établissement et pouvait avoir un effet répulsif sur certaines personnes,
notamment choquées par la vétusté des lieux, comme par le caractère, apparemment très
relâché, de tout cela.
De modo mais geral, pode-se pensar em todos aqueles alunos que, após 68 estarão em
ruptura, mais ou menos , com o universo escolástico tradicional, por razões relacionadas
com a história coletiva, sua trajetória social, escolar etc O limite extremo de tudo isso é
que o "esquizo" e "animal" ou – outro personagem deleuziano e Nietzchiniano muito
valorizado - a "criança" – que a priori - todos eram bem-vindos em Vincennes, e
destacando estilisticamente as especificidades do lugar. Isso não será, sem dar um lado
de "tenda dos milagres" sobre esse estabelicimento e podia ter um efeito repulsivo para
27
Deleuze « accusé de vampiriser les schizos » par Cressolle…
24
algumas pessoas, especialmente chocadas com o estado de degradação das instalações,
como no caráter, aparentemente muito relaxado, tudo isso
De manière générale on peut penser que l’« unité mystérieuse » du public vincennois, qui
fascinait d’ailleurs tant Deleuze, était principalement fondée sur une homologie de position.
C’est-à-dire que Vincennes, qu’on présentera d’ailleurs souvent comme une «institution anti
institutionnelle », est un des lieux où, après 68, se concentreront, et ce tant du côté étudiant,
enseignant, que du personnel administratif et technique trop souvent oublié dans les histoires
universitaires, toute une série d’agents occupant une position plus ou moins marginale, et
donc dominée, dans les institutions traditionnelles. D’où un rapport structurellement critique
au monde académique, et plus largement social et politique.
Geralmente acredita-se que a "unidade misteriosa" do público Vincennense, também
fascinado como Deleuze, estava principalmente fundado sobre uma posição homóloga.
Ou seja, Vincennes, que muitas vezes se apresentarva como uma "instituição anti
institucional" é um dos lugares onde, depois de 68 anos, se concentraram, tanto
estudantes, professores, quanto pessoal administrativo e técnico frequentemente
esquecido nas histórias universitárias, toda uma série de agentes ocupando uma posição
mais ou menos marginal e, portanto, dominada nas instituições tradicionais. De onde um
discurso estruturalmente crítico era dirigido ao mundo acadêmico, e mais amplamente
social e político.
Alors à ce moment, il peut être intéressant de revenir à la théorie de la double réception de
Deleuze. Car au travers cette théorie, Deleuze oppose finalement deux publics. Celui des
profanes, des laïcs, voire des « sauvages » et autres « barbares » dotés d'une compréhension
non-philosophique par percepts et affects et implicitement identifiés ici à son public au sens
large. Et de l’autre, celui des professionnels de la discipline soupçonnés d'en rester à une
compréhension strictement conceptuelle et donc purement académique. D'un côté la vie, le
sensible, et les usages profanes externes plus ou moins expérimentaux, et potentiellement
subversifs, de la philosophie. De l'autre le concept où, comme il l’écrit, "l'excès de savoir" est
soupçonné de tuer "le vivant dans la philosophie". Savoir scolaire, réifiant et mortifère, qui,
finalement, ne sert qu’à la reproduction de l’ordre établi, qu’il soit philosophique, politique,
sociale ou autre.
Então, neste momento, pode ser interessante voltar à teoria da dupla recepção de
Deleuze. Porque através dessa teoria, Deleuze, finalmente, coloca dois públicos. Os
profanos, os laicos "selvagens" e outros "bárbaros" dotados de uma compreensão não
filosófica de preceitos e afetos e implicitamente identificado pelo público em geral. E o
outro, a disciplina profissional, suspeita de manter uma compreensão estritamente
conceitual e, portanto, puramente acadêmica. De um lado a vida, a sensibilidade e as
usagens profanas mais ou menos experimentais, e potencialmente subversivas da
filosofia. Do o conceito onde, como ele é escrito, "o excesso de saber" é suspeito de matar
"e viver na filosofia." O conhecimento escolar, reificação e mortificado, que em última
análise serve apenas a reprodução da ordem estabelecida, que ele seja filosófico, político,
social ou outro.
Deleuze, prince de la bohème
25
Le public de Deleuze rassemblera donc une sorte de bohème tant philosophique, artistique
que politique, particulièrement cosmopolite. Et cette bohême constitue l’antithèse à peu près
parfaite de ces produits scolairement particulièrement conformes que constituent les anciens
élèves de classes préparatoires et normaliens qui forment la petite et grande noblesse scolaire
française et dont le conformisme en matière de choix de sujets de recherche, directeur,
institution, etc., n’est plus à démontrer. Elèves parmi lesquels sont recrutés en priorité les
futurs professionnels de la philosophie, en l’occurrence les enseignants en philosophie du
secondaire comme du supérieur. Et c’est ce qui explique sans doute, en partie, que selon
Sébastien Charbonnier, par ailleurs auteur d’un Deleuze pédagogue fort intéressant, Deleuze
avouait même détester les étudiants en philosophie28. Alors qu’il en avait été un, et
particulièrement brillant… Ainsi on pourrait qualifier Deleuze, dont le goût raffiné pour les
marges, le dehors, l’improbable, etc., n’est plus à démontrer, comme une espèce de prince de
la bohême29.
Deleuze, príncipe de Bohemia
Oo público de Deleuze se reunirá como uma espécie de boêmio tanto filosófico, artístico,
político e particularmente cosmopolita. E este boêmio constitui a antítese quase perfeita
de seus produtos que estão em linha academica especialmente alunos de cursos
preparatórios e nomais que formam a pequena e grande nobreza escolar francesa cujo
conformismo em matéria de escolha de sujeitos de pesquisa, diretor , instituição, etc.
Não é mais para demonstrar. Os alunos são recrutados incluindo futuros profissionais
prioritários na filosofia, ou seja, professores de filosofia do ensino secundário como o
superior. E isso é o que provavelmente explica, em parte, que de acordo com Sébastien
Charbonnier, para além de um Deleuze pedagogo muito interessante, Deleuze chegou a
admitir que detestava os estudantes de filosofia. Embora tenha havido um, e
particularmente brilhante ... Então poderíamos chamar Deleuze, cujo refinado gosto
para as margens, fora, o improvável, etc, está bem estabelecido como uma espécie de
príncipe da boemia.
Et ici, on voit bien comment la critique deleuzienne peut, par homologie, être transférée dans
bien d’autres contextes disciplinaires, sociaux, mais aussi nationaux. Et on comprend alors
mieux l’impact international de cette philosophie. Le paradoxe étant qu’une configuration
institutionnelle singulière, en l’occurrence celle de la Vincennes des années 70, ait pu
contribuer ainsi à la production de schèmes philosophiques de portée universelle. D’où, sans
doute, l’existence du mythe de Vincennes et le fait que j’en parle devant aujourd’hui.
Je vous remercie de votre écoute.
Projeter le Im memoriam reproduit ci après ?
28
Charbonnier, p. 18. 29
Deleuze faisait des livres habités par « le dehors », par une multiplicité déliée, sauvage, « non-formée » de
forces (Proust, 125). Car la vie est le dehors. Et ce dehors est une puissance. Qui ne peut être dit et énoncé
comme tel, mais doit être capté (126).
26
E aqui podemos ver como a crítica de Deleuze pode, por homologa, ser transferida em
muitos outros contextos disciplinares, sociais, mas também nacionais. E agora
entendemos melhor o impacto internacional dessa filosofia. O paradoxo é que a
configuração institucional peculiar, ou seja, de 70 em Vincennes, pode contribuir para a
produção de sistemas filosóficos de significado universal. Daí, sem dúvida, a existência
do mito de Vincennes e do fato de que eu falo até hoje.
Obrigado pela atenção.
Projeto do Im Memoriam reproduzida abaixo?
In Memoriam Gilles Deleuze
Ce texte, En forme d’hommage à celui qui a su, Comme personne, Jeter par-dessus les moulins de la pompe académique, Abolir les frontières du sérieux et du joyeux, De la pensée et du plaisir, De la philosophie et de la politique Et, par ses provocations à penser, Communiquer son humeur subversive A tous les agitateurs d’idées, Mais aussi de mots, de sons ou d’images.
In Memoriam Gilles Deleuze
O texto,
em forma de homenagem àqueles que sabiam
Como uma pessoa,
Jogue com os ventos da pompa acadêmica,
Abolir as fronteiras do sério e do alegre,
De pensamento e de prazer,
da Filosofia e da política
E por suas provocações para pensar,
Comunicar seu humor subversivo
Para todos os agitadores de ideias
Mas também palavras, sons ou imagens.