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Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto Publicação oficial do Grupo de Interesse em Fisioterapia no Desporto da Associação Portuguesa de Fisioterapeutas

Julho 2008

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Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

Publicação oficial do Grupo de Interesse em Fisioterapia no Desportoda Associação Portuguesa de Fisioterapeutas

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Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

ObjectivoA Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto é uma publicação oficial do Grupode Interesse em Fisioterapia no Desporto da Associação Portuguesa deFisioterapeutas. Esta revista pretende divulgar um conjunto de informaçõesindispensáveis para a prática clínica e desenvolvimento profissional contínuo dosfisioterapeutas que actuam na área do desporto, bem como, temas de áreasrelacionadas. Pretende-se abranger temáticas relevantes sobre a prevenção,diagnóstico e tratamento de lesões resultantes da prática desportiva. Contemplaestudos experimentais, quasi-experimentais, descritivos/observacionais(levantamentos epidemiológicos, estudos de caso, descrição de experiências),revisões sistemáticas de literatura, meta-análises e artigos de opinião sobre aprática da fisioterapia no desporto, bem como em áreas relacionadas. Os artigosa publicar são submetidos a análise criteriosa pelo Conselho Editorial da revista.Esta publicação dirige-se a todos os fisioterapeutas, bem como a outrosprofissionais da área da Saúde e do Desporto.

Submissão de TrabalhosPara submissão de trabalhos por favor consulte http://www.apfisio.pt/gifd_revista Através deste endereço poderá ter acesso a todas as informações eprocedimentos necessários para submeter o seu trabalho a publicação.Para enviar o seu trabalho utilize o seguinte endereço electrónico:[email protected]. Para informações adicionais contacte o Editor – Grupode Interesse em Fisioterapia no Desporto – [email protected]

SubscriçãoA Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto é uma publicação de distribuiçãolivre para todos os sócios da Associação Portuguesa de Fisioterapeutas.

PeriodicidadeSemestral (Janeiro e Julho)

Projecto Gráfico e ConteúdosGrupo de Interesse em Fisioterapia no Desporto

PublicidadePara anunciar na Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto deverá entrar emcontacto com: Decoder – Tecnologias Criativas em Merketing e Publicidade,Lda. Tel. 214 358 596 – Fax: 214 358 598.

ISSN 1646-6586

Registo I.C.S nº 125207

Copyrigtht ©

Grupo de Interesse em Fisioterapia no Desporto © 2007. Todos os direitosreservados.Esta publicação e todo o seu conteúdo estão protegidos pelos direitosdo Grupo de Interesse em Fisioterapia no Desporto.

Tiragem3000 Exemplares

ContactosRevista Portuguesa de Fisioterapia no DesportoE-mail: [email protected]

Sede de RedacçãoAssociação Portuguesa de Fisioterapeutas

TipografiaSogapal, S.A.Telf:214 347 100 – Fax: 214 347 155

PropriedadeAssociação Portuguesa de FisioterapeutasRua João Villarett, 285 AUrbanização Terplana2785-679 – São Domingos de Rana - PortugalTel: (+351) 214 524 156Fax: (+351) 214 528 922E-mail: [email protected]: http://www.apfisio.pt

NIF: 501790411

DirecçãoDirector: Marco JardimDirector Adjunto: Raúl OliveiraSub-Director: José Esteves

EditorGrupo de Interesse em Fisioterapia no Desportoda Associação Portuguesa de Fisioterapeutas.

Alexandra Amorim, João Ribeiro, Luís Ribeiro,Marco Jardim, Marc Reis, Ricardo Pinto e TelmoFirmino.

Serviços AdministrativosRicardo Pinto e Ruben Miranda

Conselho EditorialAntónio CartuchoHospital da CUF DescobertasAntónio Carvalhais FigueiredoClínica CUF – Stª Maria de BelémFernando PereiraFaculdade de Motricidade HumanaHenrique RelvasEscola Superior de Saúde da Cruz VermelhaJacob FriscknetchFederação Portuguesa de JudoJan CabriFaculdade de Motricidade HumanaJoão Paulo SousaFaculdade de Motricidade HumanaJosé EstevesEscola Superior de Saúde do AlcoitãoMaria António CastroEscola Superior de Saúde de CoimbraPaulo AmadoHospital Privado da Boavista - HPPPaulo CarvalhoEscola Superior de Saúde do PortoOrlando FernandesFaculdade de Motricidade HumanaRaúl OliveiraFaculdade de Motricidade HumanaRicardo MatiasEscola Superior de Saúde de SetúbalRui TorresEscola Superior de Saúde do Vale do SousaRui Soles GonçalvesEscola Superior de Saúde de CoimbraSusana VelosoUniversidade LusófonaThemudo BarataFaculdade de Motricidade Humana

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Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

ÍNDICE

EDITORIAL

Espírito OlímpicoJardim, M.

ESTUDOS ORIGINAIS

Influência do Stretching Global Activo na Flexibilidade da Cadeia Posteriore no Salto Vertical no VoleibolOliveira, AL; Nogueira, N

Lesões em Futebolistas de uma Equipa Amadora Durante a Época 2006/2007Gonçalves, A.

Avaliação Isocinética dos Músculos Extensores e Flexores do Joelho em Atletasde Basquetebol Feminino da Região NorteFerreira, S; Macedo, R; Carvalho, P.

REVISÃO DE LITERATURA

O Efeito das Ligaduras Funcionais da Articulação Tíbio-Társica na PropriocepçãoEsteves, J; Melo, F; Oliveira, R; Cabri, J.

GRUPO DE INTERESSE EM FISIOTERAPIA NO DESPORTO1985 - 2008

www.apfisio.pt/gifd

AssociaçãoPortuguesa deFisioterapeutas

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Efeito da Crioterapia na Noção de Posição Articular Activa do Ombro:um estudo comparativo entre o género masculino e femininoDuarte, A; Neto, F; Proença, A; Torres, R.

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Os Jogos Olímpicos surgiram há cerca de 2700 anosA.C. na Grécia antiga, como uma espécie de armistícioentre lutas territoriais. De 4 em 4 anos, todas as guerrasentre as cidades estado gregas cessavam, as armas eramdepostas e trocavam-se os campos de batalha pelosestádios olímpicos. Representava uma época sempolítica, sem batalhas, apenas de culto aos deuses nasprovas desportivas.

Após a ascensão do Império Romano e o crescimentodas suas ideologias, relacionadas com o fanatismoreligioso extremista dos seus o imperadores, onde sedestacou Teodósio X, os templos, até então sagrados,onde se celebravam os jogos foram queimados e osmesmos caíram quase no esquecimento. Foi já em plenoséculo XIX, que Charles Pierre Fredy, o barão deCoubertin, conseguiu que renascessem das cinzas as“novas” olimpíadas, não sendo mais interrompidas.Com o início da chamada Era Moderna dos JogosOlímpicos, recuperou-se o espírito e a tradição olímpicagrega, numa clara tentativa de minimizar as diferençassociais e culturais entre nações, aproximando-as atravésda concórdia, do espírito de conquista e da competiçãodesportiva.

Por muitos considerado o evento desportivo de maiorimportância e visibilidade em todo o mundo, os JogosOlímpicos, carregam em si o simbólico espíritoolímpico, manifesto na simples tocha olímpica, que nasua volta pelo mundo simboliza a união dos povos, ofim provisório das guerras e a união em torno de umespírito de irmandade humana e desportiva que seacredita trazer à superfície o que de melhor tem anatureza humana.

Como fenómeno mundial, os Jogos Olímpicos têmsido igualmente pretexto para manifestações ereivindicações de ordem política e social, como foramos condenáveis exemplos de Munique de 1972, os

O Espírito Olímpico

Marco Jardim1

Presidente do Grupo de Interesse em Fisioterapia no Desporto 1

EDITORIAL

boicotes durante a Guerra Fria aos jogos de 1980 e1984 e o atentado à bomba ocorrido em Atlanta em1996.

Porém, a tocha olímpica ainda brilha. Num exemploimpulsionado pelos ideais do aristocrata francês, deque os Jogos serviam de símbolo para a paz e uniãodos povos, assistiu-se em Sidney/2000 e em Atenas/2004 o desfile das duas Coreias sob uma única bandeira,assim como, o memorável desfile no estádio olímpicode Atenas, da primeira comitiva olímpica do “nosso”Timor Leste, como nação independente.

A 28.ª edição dos Jogos Olímpicos, a realizar-se emPequim, está à porta e não tem sido excepção no querespeita a manifestações de cariz político e toda adiscussão sobre os direitos humanos merece comcerteza a nossa reflexão.

Mas, falar de Jogos Olímpicos, é falar de competiçãodesportiva, de espírito de equipa, de dedicação e deprofissionalismo aos mais diferentes níveis. Atletas ecomitivas, como sempre, prometem superar, sob overdadeiro espírito desportivo, bater o imbatível e fazerhistória. Para isso há um trabalho de equipa constante,equipa essa com o contributo dos fisioterapeutas.

Para além dos aspectos já referenciados, muitos outrostêm mudado e feito história no desporto Olímpico.Ao contrário que se possa imaginar, as comitivasOlímpicas tem tido desde sempre umacompanhamento clínico, mas a presença defisioterapeutas no seio das mesmas é um fenómenorelativamente recente. Considerando o exemploaustraliano, este facto apenas aconteceu em 1976. Noentanto, 24 anos depois, durante a realização dos Jogosde Sydney a equipa clínica australiana era constituídapor 35 fisioterapeutas – uma autêntica mudança!

No panorama nacional a história da participação dosfisioterapeutas nos Jogos Olímpicos iniciou-se em 1992,

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mais precisamente nos jogos de Barcelona, onde dacomitiva fizeram parte, 4 fisioterapeutas. Desde entãoesta tem sido uma presença constante e seconsiderarmos o número de atletas portuguesesparticipantes, não é passível de comparação com acomitiva australiana anteriormente referenciada.

A equipa clínica da Missão de Portugal aos JogosOlímpicos de Pequim 2008 é constituída por 3 médicose quatro fisioterapeutas designados – Rita Fernandes,Susana Nogueira, Pedro Mimoso e Ricardo Paulino.A eles caberá a missão de acompanhar perto de umacentena de atletas distribuídos por 16 modalidadesdesportivas.

O reconhecimento das competências profissionaisdestes fisioterapeutas espelham igualmente o reflexodo trabalho desenvolvido, do crescimento e destaqueque a fisioterapia na área do desporto representa naactualidade. Constitui um motivo de orgulho paratodos nós, um exemplo de dedicação eprofissionalismo, para o qual a Revista Portuguesa deFisioterapia no Desporto espera poder continuar acontribuir.

A todos os nossos parabéns.

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Influência do Stretching Global Activo na Flexibilidade da CadeiaPosterior e no Salto Vertical no Voleibol

Ana Luísa Oliveira1, Nuno Nogueira2

Licenciada em Fisioterapia pela Escola Superior de Saúde do Vale do Sousa 1Correspondência para: [email protected]

Professor Adjunto na Escola Superior de Saúde do Vale do Sousa 2

Resumo

Introdução: Torna-se cada vez mais pertinente avaliar a influência do treino de flexibilidade na impulsão vertical.Objectivos: Verificar a influência do treino de Stretching Global Activo na flexibilidade da cadeia posterior, na flexibilidade analítica dosisquiotibiais e na impulsão vertical no voleibol.Metodologia: Realizou-se um estudo quase-experimental com uma amostra de 28 voleibolistas, do sexo masculino e feminino, pertencentesao escalão sénior do Clube Ala Nun’ Álvares, de Gondomar, da Divisão A1 do Campeonato Nacional. A amostra, escolhida porconveniência, foi dividida em dois grupos (com 7 elementos de cada sexo), aleatoriamente, o grupo experimental que efectuou o treinode flexibilidade recorrendo ao Stretching Global Activo, durante 8 semanas, e o grupo controlo. Em todos os atletas avaliou-se o PassiveKnee Extension , à direita e à esquerda, a distância dos dedos ao chão e a impulsão vertical. Neste estudo utilizou-se um nível designificância de 0,05 e para análise dos dados recorreu-se ao programa estatístico SPSS, versão 15.0.Resultados: Ao fim das 8 semanas, a média (desvio padrão) dos ganhos de flexibilidade dos isquiotibiais foram de 9,14(5,14) graus àdireita e 9,29(4,98) graus à esquerda, enquanto que na distância dos dedos ao chão foi de -2,07(1,69) cm e no Counter-mouvement Jumpfoi de 2,1(0,022) cm, sendo as diferenças encontradas estatisticamente significativas.Conclusão: Com a utilização de um protocolo de treino de Stretching Global Activo obteve-se um aumento da flexibilidade na amostraem estudo, verificando-se que esses ganhos influenciaram os ganhos de impulsão vertical.

Palavras-chave: Flexibilidade, impulsão vertical, SGA, Isquiotibiais

Abstract

Introduction: The need to evaluate the influence of the stretching training in the vertical jump becomes each time more pertinent.Objectives: Verify the influence of Active Global Stretching training in the posterior chain flexibility, in the hamstrings analyticalflexibility and in the vertical jump in volleyball.Methodology: A quasi-experimental study happened with 28 volleyball players, both sexs, seniors of the Clube Ala Nun’ Álvares, ofGondomar, of the Division A1 of the National Championship. The sample, chosen by convenience, was divided in two groups (with 7elements of each sex), in a randomized order, the experimental group performed the stretching training appealing to Active GlobalStretching, during 8 weeks, and the group control. The athletes were evaluated in the Passive Knee Extension, on both sides, in thedistance of the fingers to the ground and in the vertical jump. It was used a level of significance of 0,05 and for data analysis was usedthe statistical program SPSS, version 15.0.Results: After 8 weeks, the average (shunting line standard) of the profits of hamstrings flexibility was of 9,14(5,14) degrees to theright and 9,29(4,98) degrees to the left, whereas in the distance of the fingers to the ground it was of -2,07(1,69) cm and in the Counter-mouvement Jump was of 2,1(0,022) cm, being the joined differences statistically significant.Conclusion: With the protocol of training of Active Global Stretching an increase of flexibility in the sample in study was gotten,verifying itself that these profits had influenced the profits of vertical jump.

Key-Words: Flexibility, Vertical Jump, SGA, Hamstrings

Introdução

No voleibol, o salto vertical, juntamente com a estaturaindividual dos jogadores, é uma variável importanteno desempenho dos atletas (Soares, 2002). No voleibol,o salto vertical, juntamente com a estatura individual

ARTIGO ORIGINAL

dos jogadores, é uma variável importante nodesempenho dos atletas (Soares, 2002).Os jogadores de voleibol são geralmente altos e comconsiderável força abdominal e dos membros. A alturados jogadores de alta competição varia entre os 1,90 eos 1,99 metros, sendo a altura média de 1,96 metros.

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(Carvalho, Vieira & Carvalho, 2004). A força abdominale dos membros inferiores têm-se mostrado factoresdeterminantes para o salto vertical. A força dosmembros superiores, particularmente dos braços e dosombros, ajuda a aumentar a força ao longo da regiãodo tronco, criando uma postura sólida para ajudar amaximizar a técnica de salto, a produção de força e atransferência de forças entre o quadrante inferior e osuperior (Carvalho, 1999).Tendo em conta que, no voleibol, todos os jogadorestêm que obrigatoriamente passar pela zona de ataque,torna-se necessário que estes conquistem planos cadavez mais elevados, através da impulsão vertical, paraexecutarem os procedimentos técnico-tácticos comoo remate, o serviço, o bloco e o passe, com maioreficácia.Com efeito, o ganho de alguns centímetros na alturado salto vertical possibilita ao atacante uma leiturasignificativamente melhorada da organização do blocoe da defesa da equipa adversária (Soares, 2002).Existem alguns estudos que demonstram que umganho na flexibilidade da cadeia posterior proporcionaum aumento de alguns centímetros no salto vertical.Davis, Ashby & McCale, (2005) compararam o efeitode três técnicas de stretching analítico nos isquiotibiaisdurante 4 semanas e chegaram à conclusão que ambasaumentavam a flexibilidade e que, por sua vez, levavama um aumento da performance do salto vertical.Também, Lee, Etnyre & Poindexter, (1989), numestudo com homens e mulheres das equipas do FestivalOlímpico dos Estados Unidos, chegaram à conclusãoque uma boa flexibilidade pode beneficiar o gesto dosalto vertical, levando ao ganho de alguns centímetrosno mesmo.

Na eficácia do salto vertical, têm particular importânciaa força explosiva, a potência mecânica dos membrosinferiores e a velocidade inicial de saída, pois quantomais rápido o atleta abandonar o solo, maior elevaçãoatingirá o seu centro de gravidade permitindo, assim,um maior alcance, em altura, no salto (Davis et al, 2005).Deste modo, para o aumento da performance do saltovertical, contribuem, entre outros factores, a potênciamuscular e a flexibilidade.O treino de flexibilidade é específico de cadamodalidade desportiva e, para além de poderpossibilitar uma eventual diminuição da incidência delesões musculares e permitir relaxamento muscular,permite aumentar a velocidade e a performance dogesto desportivo (Alter, 1997). No voleibol, paraaumentar a impulsão vertical, tem de existir uma boaflexibilidade da cadeia posterior, constituídaprincipalmente pelos músculos da arcada do pé, tibial

posterior, tricípete sural, isquiotibiais, glúteos emúsculos espinhais (Grau, 2003), o que parece permitirum aumento da velocidade e, por conseguinte, da alturado salto. Durante o salto, deve existir, também, umrácio de aproximadamente 60% de força dosantagonistas em relação aos agonistas (Carvalho, Vieira& Carvalho, 2004). Em condições normais, o rácio I/Q é aproximadamente 60%, mas se os isquiotibiaisestiverem retraídos, esse rácio é alterado, sendonecessária uma maior força por parte do quadricipedepara realizar o movimento desejado. Na prática, estefacto leva a uma diminuição da eficácia do salto vertical.Assim, é mais adequado, antes de tudo aumentar aflexibilidade dos isquiotibiais, para permitir aumentaro rendimento do quadricipede (Grau, 2003; Souchard,2005).Segundo alguns autores, quer a flexibilidade, quer aforça dependem de diversos factores. A flexibilidadedepende das medidas antropométricas dos indivíduos,dos factores genéticos, da composição e mecânicamuscular, da mecânica articular e ligamentar, dacomposição corporal e de alguns factores hormonais(Dias et al, 2005; Lamari, Marino, Cordeiro & Pellegrini,2007). A força, para além de depender da composiçãoe mecânica articular, muscular e ligamentar, e dacomposição corporal como a flexibilidade, dependeainda do tipo de contracção realizado (concêntrica,excêntrica ou isométrica), do segmento corporal, dosistema de alavancas, do tipo de movimento e daproporção de massa corporal magra (Cureton, Collins,Hill & Mcelhannon 1998; Dias et al, 2005).Dentro dos métodos para aumento da flexibilidade,encontram-se os analíticos, tais como o alongamentoestático, balístico, dinâmico e activo (Lee et al, 1989), eos globais nos quais se enquadra o conceito do StretchingGlobal Activo (SGA), que é um método baseado nosprincípios da Reeducação Postural Global (RPG),criado por Philippe Souchard e que está dirigido àprática desportiva (Souchard, 2005). O Stretching GlobalActivo consiste em autoposturas de modo a melhoraro rendimento muscular, assim como, prevenir lesões(Grau, 2003).O SGA tem cinco princípios básicos que o distinguemdo alongamento convencional. Esses princípios são:os músculos existirem na forma de cadeias musculares,a tridimensionalidade, o conceito do materialviscoelástico, o trabalho muscular dever ser activo e aimportância da respiração.Também Gloria Melián (2001) fala dos cinco princípiosdo SGA, fazendo a distinção entre o alongamentoconvencional e o stretching global activo. Segundo aautora, o alongamento convencional consiste emestiramentos segmentares, passivos, sem contracção,

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enquanto que o SGA consiste no estiramento dascadeias musculares, estiramentos activos, comcontracção excêntrica e padrão respiratório.O SGA é, entre outros, um dos métodos que incluialongamentos globais provenientes de uma técnica dereeducação, neste caso, a reeducação postural global(Grau, 2003; Souchard, 2006).A flexibilidade é reconhecida como uma qualidademotora indispensável a qualquer tipo de desporto,inclusive o voleibol. A fisioterapia tem um papelimportante na equipa técnica das diferentes modalidadesdesportivas, visto que poderá intervir na elaboraçãode programas de treino com o objectivo de aumentaro rendimento do atleta, prevenir lesões e desenvolvera máxima amplitude de movimento envolvida nashabilidades motoras desportivas, melhorando, assim,o gesto desportivo (Kraemer & Ratamess 2005).Os objectivos deste estudo foram verificar se o treinode SGA tinha influência na flexibilidade da cadeiaposterior, na flexibilidade analítica dos isquiotibiais ena impulsão vertical no voleibolista.

Metodologia

1. Tipo de Estudo e Selecção da Amostra

Foi realizado um estudo do tipo quase-experimental.Foi escolhida uma amostra, por conveniência, de 28voleibolistas, do sexo masculino e feminino,pertencentes ao escalão sénior do Clube Ala Nun’Álvares, de Gondomar, da Divisão A1 do CampeonatoNacional. A amostra foi dividida em dois grupos (com7 elementos de cada sexo), aleatoriamente, o grupoexperimental que foi submetido ao factor em estudo,o treino de flexibilidade recorrendo ao SGA, e o grupocontrolo, que não realizou o treino proposto.Para selecção da amostra utilizou-se como critérios deinclusão: os atletas terem idades compreendidas entreos 18 e os 28 anos porque a flexibilidade varia com oavanço da idade e é entre estas idades que a maiorparte dos atletas se encontra em competição; os atletasterem todos a mesma actividade durante a duraçãodo estudo, para que não existissem diferençassignificativas na carga de treino entre eles, que pudesseminviabilizar os resultados; e os atletas comparecerem,regularmente, ao treino e jogarem regularmente, paraque todos os atletas tivessem as mesmas experiênciasde jogo. Os critérios de exclusão foram: os atletas teremsofrido lesões a nível dos membros inferiores e colunavertebral, nos últimos seis meses, porque poderiaafectar os resultados do estudo; os atletas terem faltadoao treino mais que três vezes, porque se isso acontecessepoderia existir discrepância nos resultados; e os atletas

realizarem outra actividade desportiva, porque todosos atletas deviam ter aproximadamente a mesma cargade treino entre eles, para não inviabilizar os resultados.

2. Ética

Para a realização do estudo foi pedida autorização aoclube, e após o seu consentimento, todos osintervenientes no estudo preencheram uma declaraçãode consentimento, segundo o modelo de Helsínquia.Informou-se os participantes de que poderiamabandonar o estudo quando entendessem, sem qualquerconsequência para os mesmos. Também foramdevidamente informados sobre as condições doestudo, procedimentos, objectivos e possíveis riscos.Os dados recolhidos foram utilizados única eexclusivamente para este estudo, tendo sido garantidaa sua confidencialidade.

3. Instrumentos de recolha de dados

Utilizou-se o goniómetro universal, uma fita métricafixada na parede e a bateria de testes AAHPER YouthFitness Test (Reston, 1980).

3.1. Validade e Fiabilidade do goniómetro universal

O goniómetro universal é um instrumento de medidaadequado à medição das amplitudes articulares dasdiversas articulações corporais, sendo, por isso, uminstrumento válido para o seu efeito (Brosseau et al,2001).Quanto à fiabilidade, o goniómetro universal apresentauma fiabilidade intra-observador elevada atingindovalores de ICC (coeficiente correlação intraclasse)médios na ordem dos 0,83 e uma fiabilidade inter-observador mais baixa relativamente à anterior,variando entre valores médios de ICC na ordem dos0,28 e 0,34 (Youdas, Bogard & Suman, 1993; Bierma-Zeinstra, Bohnen & Ramlal, 1998).

3.2. Validade e Fiabilidade da bateria de testes AAHPERYouth Fitness Test

Esta bateria de testes é válida para analisar testes dehabilidades motoras, incluindo habilidades como osalto, em que se integram testes como o Counter-mouvement Jump, o Squat Jump, habilidades como a dança,entre outras, e para analisar testes de corrida, comovelocidade, sendo muito utilizada no voleibol (Perkins,1983).Quanto à fiabilidade, existem poucos estudos sobre oassunto, baseando-se a maioria dos estudos na sua

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validade. Contudo, esta bateria de testes possuifiabilidade a nível da análise e avaliação dos diferentesitens que a compõem, embora essa fiabilidade varieconsoante exista um ou mais observadores (Marmis,Montoye, Cunningham & Kozar, 1969).

4. Procedimento

4.1.Medição do grau de flexibilidade

Para medição do grau de flexibilidade utilizaram-sedois testes:

a) o Passive Knee Flexion, no qual cada atleta foicolocado em decúbito dorsal com a cervical alinhadae traccionada, o tronco alinhado, a lombar apoiada nochão e os pés em flexão dorsal (Dombroski, 2005).Em seguida, a coxo-femural e o joelho foramcolocados a 90º de flexão, sendo esta posição mantidaatravés de uma barra estabilizadora (White,Allumbaugh, Ayotte & Macan, 2005), e foi realizada aextensão máxima permitida do joelho de forma passiva(Dombroski, 2005). Posteriormente, procedeu-se àmedição da amplitude de movimento percorrida como goniómetro universal, tendo como pontos dereferência a linha média lateral do fémur que passa pelogrande trocanter e pelo côndilo lateral, a linha médialateral do perónio, em direcção ao maléolo lateral efulcro sobre a região do côndilo lateral do fémur. Ogoniómetro partiu da posição de 90º, no entanto essaposição foi assumida como zero, uma vez que sepretendeu medir a quantidade de graus percorridosdesde 90º de flexão do joelho até à extensão máximapermitida. Para este procedimento foram necessáriosdois fisioterapeutas, um para realizar o movimento deforma passiva e outro para executar a medição (White,Allumbaugh, Ayotte & Macan, 2005).b) o teste de flexibilidade da distância dos dedos aochão, em que o indivíduo partiu da posição bipede, etenta chegar com a ponta dos dedos das mãos ao chão,tendo como fulcro a articulação da anca. Durante oteste foi tida em conta a manutenção das curvaturasda coluna vertebral, existindo um alinhamento entre otrágus e as vértebras de C7, D12 e S1, controlado peloobservador (Kapandji, 2001), sendo este o alinhamentoreferido para flexibilizar toda a cadeia posterior(Souchard, 2005). Não se utilizou o teste de sit-and-reach, pois este não permitiria manter este alinhamentodurante o teste. Outro dos factores a ter em contadurante a realização do teste foi manter os joelhos emextensão. A progressão no teste, alcance da ponta dosdedos das mãos ao chão, foi acompanhada peloaumento da flexão da anca, que era a única articulação

onde era permitida a ocorrência de movimento, sendoportanto, o fulcro do mesmo.A medição do grau de flexibilidade foi realizada antesdo treino com o SGA e após 4 e 8 semanas, em ambosos grupos, para verificar se ocorreram alteraçõesrelativamente aos valores iniciais

Treino de Flexibilidade

O treino, utilizando o conceito do SGA, consistiu nautilização de três posturas, mantidas durante 15 minutoscada. As posturas realizadas tiveram como objectivoestirar a cadeia posterior e foram realizadas durantecerca de 45 minutos, duas vezes por semana, duranteoito semanas. As posturas utilizadas foram a posiçãode rã no chão (fig. 1), posição de rã no ar (fig. 2) e aposição de bailarina (fig. 3) (Souchard, 2006). É desalientar que antes da realização do estudo foi feito umpré-treino para elucidar os atletas sobre as componentesde cada postura e procedimentos para a realização dasmesmas.

Figura 1: Posição de rã no chão

Teste do Salto Vertical

Para medição do salto vertical utilizou-se o Counter-mouvement Jump (CMJ).Em primeiro lugar, colocou-se uma tira de tape naparede para que fossem marcados os resultados dossaltos, e o terceiro dedo da mão direita dos atletas foimarcado com a tinta de carimbo. O atleta, na posiçãode perfil junto à parede, partiu da posição bípede, como tronco direito, as mãos nas ancas e os membros

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inferiores em extensão. O indivíduo efectuou, então,semi-flexão dos joelhos até formar um ângulo de 90ºde flexão do joelho, e de seguida um salto verticalmáximo (Alves, 2006; Carazzato, Campelo & Gomes,1997).Durante a realização do salto o atleta marcou na paredea altura do salto, sendo considerada a melhor de trêstentativas.O CMJ foi avaliado no início do treino de SGA eapós 4 e 8 semanas, para verificar se houve alterações.

5. Procedimentos estatísticos

Para caracterizar a amostra recorreu-se à análise daestatística descritiva: média e desvio padrão.Para escolher os testes estatísticos apropriados,verificou-se se a distribuição das variáveis seguia umadistribuição que se aproximava da normal através doteste de Shapiro-Wilk, devido ao reduzido tamanhoamostral. Como não se verificou o pressuposto denormalidade da distribuição, utilizaram-se testes não-paramétricos.Para a análise de dados começou-se por fazer umadescrição dos resultados por grupos, o grupoexperimental e o grupo controlo, recorrendo-se amedidas de tendência central (médias) e medidas dedispersão (desvio padrão).Recorreu-se ao teste de Mann-Whitney para verificarse existiam diferenças estatisticamente significativasentre os grupos, no início do estudo. Posteriormente,para avaliar a influência do SGA na flexibilidade e naimpulsão vertical, recorreu-se a uma análiseemparelhada entre as diferentes medições, por grupos,recorrendo ao teste de Wilcoxon. Para verificar se

Figura 2: Posição de rã no ar Figura 3: Posição de bailarina

houveram ganhos durante o estudo, quer naflexibilidade, quer no salto, e se esses ganhos foramsignificativos, recorreu-se ao teste de Mann-Whitney.Por último, para verificar a fiabilidade das medições,foi calculado o coeficiente de correlação intraclasse(ICC).Para este estudo, foi utilizado um nível de significânciade 0,05. Os dados foram tratados utilizando oprograma estatístico SPSS, versão 15.0.

Estudo piloto

Antes da realização deste estudo, realizou-se um estudopiloto com sete atletas, com uma média de idades de22,3 anos. Todos os atletas não tinham apresentadoqualquer lesão a nível dos membros inferiores ou dacoluna vertebral, nos últimos seis meses.O estudo piloto foi realizado com o intuito de testar afiabilidade intra-observador dos testes utilizados paramedir a flexibilidade e a impulsão vertical, que foramreferidos nos procedimentos.Para isso, foram realizadas duas medições em cadaindivíduo, e em cada teste, sendo a segunda mediçãorealizada passados três dias da primeira medição.Nas medições de goniometria, do teste/re-teste,obteve-se uma correlação intraclasse (ICC = 0,991),com intervalo de confiança (IC 95% 0,973-0,998), oque indica uma boa fiabilidade intra-observador,segundo Youdas et al (1993) e Bierma-Zeinstra et al(1998).Relativamente à medição da distância dos dedos aochão, no teste/re-teste, foi obtida uma correlaçãointraclasse (ICC = 1), com intervalo de confiança (IC

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95% 0,999-1,000), o que demonstra uma excelentefiabilidade de medição.Por fim, na medição do CMJ, no teste/re-teste, obteve-se uma correlação intraclasse (ICC = 0,982), comintervalo de confiança (IC 95% 0,907-0,997), o que,também, mostra uma boa fiabilidade nas medições.

Resultados

Caracterização da amostra

A média (desvio padrão) das idades no grupo controloera de 23,07 (2,98) anos e no grupo experimental erade 20,36 (2,27) anos. Relativamente à altura, a média(desvio padrão) no grupo controlo era de 1,73 (0,11)metros e no grupo experimental era de 1,80 (0,94)metros. No que respeita ao peso, a média (desviopadrão) no grupo controlo era de 66,86 (11,96) Kg eno grupo experimental era de 71,93 (10,53) Kg. Atravésdo teste de Mann-Whitney, verificou-se que existiamdiferenças estatisticamente entre os grupos relativamenteà idade (p=0,012) e à altura (p=0,044). Contudo, noque respeita á variável peso observou-se, através doteste de Mann-Whitney, que não existiam diferençasestatisticamente significativas entre os grupos (p=0,194).Medições

As medições realizaram-se antes do treino de voleiboldos jogadores, que se realizava ao fim da tarde, sempreà mesma hora. Quanto à sequência de medição,primeiro executaram-se os testes de flexibilidade edepois o de salto.

Medições iniciais

Relativamente às medições iniciais dos diferentes testes,verificou-se que, no caso do Passive Knee Extension,

Controlo Experimental Mann-Whitney (p)

Passive Knee Extension à direita 69,93(7,02)º 71,71(8,06)º 0,734

Passive Knee Extension à esquerda 69,21(7,59)º 71,29(7,43)º 0,635

Distância dos dedos ao chão 17,14(5,78) cm 17,07(5,74) cm 0,839

CMJ 92 (0,18) cm 90 (0,22) cm 0,406

Tabela 1: Média (desvio padrão) das medições iniciais obtidas nos diferentes testes realizados e respectivo valor de p obtido noteste de Mann-Whitney.

à direita e à esquerda, as médias do grupo controloeram ligeiramente mais baixas que as do grupoexperimental, enquanto que no caso da medição dadistância dos dedos ao chão e da impulsão vertical, asmédias entre os grupos eram muito próximas. Atravésdo teste de Mann-Whitney verificou-se que não existiamdiferenças estatisticamente significativas (p>0,05) entreos grupos (tabela 1).

Comparação entre as diferentes medições

Ao comparar as diferentes medições, 1ª e 2ª medição,2ª e 3ª medição e 1ª e 3ª medição, verificou-se, atravésdo teste não paramétrico de Wilcoxon para variáveisemparelhadas, que existiam diferenças estatisticamentesignificativas no grupo experimental (p<0,05) (tabela2).

Ganhos obtidos entre as diferentes medições

O facto dos valores do teste da distância dos dedosao chão serem negativos deve-se à diminuição dessadistância relativamente às medições iniciais. No querespeita aos ganhos obtidos nas segundas mediçõesfoi utilizado o teste não paramétrico de Mann-Whitney,e verificou-se que existiam diferenças estatisticamentesignificativas entre os grupos, excepto no teste deflexibilidade da distância dos dedos ao chão (tabela 3).Quanto aos ganhos obtidos nas terceiras medições foiutilizado, novamente o teste não paramétrico de Mann-Whitney, verificando-se que existiam diferençasestatisticamente significativas entre os grupos (p<0,05)(tabela 3).

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Medição Passive Knee

Extension à direita

Passive Knee Extension à

esquerda

Distância dos dedos ao chão

CMJ

Média (desvio padrão) Média (desvio padrão) Média (desvio padrão)

Média (desvio padrão)

1ª 69,93(7,02)º 69,21(7,59)º 17,14(5,78)cm 92(0,18)cm Controlo

2ª 70,07(7,00)º 69,43(7,54)º 17,07(5,55)cm 92(0,18)cm

Wicoxon p=0, 835 p=0, 819 p=0, 839 p=0,997

1ª 71,71(8,06)º 71,29(7,43)º 17,07(5,74)cm 90(0,22)cm Experimental

2ª 76,36(6,95)º 75,43(6,64)º 16,14(5,72)cm 91,3(0,21)cm

Comparação

entre a 1ª e 2ª

medição

Wilcoxon p=0,001 p=0,001 p=0,008 p=0,001

2ª 70,07(7,00)º 69,43(7,54)º 17,07(5,55)cm 92(0,18)cm Controlo

3ª 70,29(7,05)º 69,71(7,57)º 16,92(5,40)cm 92(0,18)cm

Wilcoxon p=0, 819 p=0, 812 p=0, 807 p=0,997

2ª 76,36(6,95)º 75,43(6,64)º 16,14(5,72)cm 91,3(0,21)cm Experimental

3ª 80,86(7,18)º 80,57(7,55)º 15,00(5,25)cm 92,1(0,20)cm

Comparação

entre a 2ª e 3ª

medição

Wilcoxon p<0,001 p<0,001 p=0,002 p=0,028

1ª 69,93(7,02)º 69,21(7,59)º 17,14(5,78)cm 92(0,18)cm Controlo

3ª 70,29(7,05)º 69,71(7,57)º 16,92(5,40)cm 92(0,18)cm

Wilcoxon p=0, 808 p=0, 798 p=0, 819 p=0,997

1ª 71,71(8,06)º 71,29(7,43)º 17,07(5,74)cm 90(0,22)cm Experimental

3ª 80,86(7,18)º 80,57(7,55)º 15,00(5,25)cm 92,1(0,20)cm

Comparação

entre a 1ª e 3ª

medição

Wilcoxon p<0,001 p<0,001 p=0,001 p=0,022

Tabela 2: Comparação entre as médias (desvio padrão) das medições realizadas nos diferentes testes e respectivo valor de pobtido no teste de Wilcoxon.

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Passive Knee Extension à

direita

Passive Knee Extension à

esquerda

Distância dos dedos ao chão

CMJ

Média (desvio padrão)

Média (desvio padrão)

Média (desvio padrão)

Média (desvio padrão)

Controlo 0,14(0,53)º 0,21(0,58)º -0,07(0,47)cm 0,4(0,005)cm

Experimental 4,64(3,45)º 4,14(2,57)º -0,93(0,99)cm 1,3(0,016)cm Ganhos

obtidos na 2ª medição

Mann-Whitney p<0,001 p=0,024 p=0,125 p<0,001

Controlo 0,36(0,84)º 0,50(1,22)º -0,21(0,58)cm 0,4(0,005)cm

Experimental 9,14(5,14)º 9,29(4,98)º -2,07(1,69)cm 2,1(0,022)cm Ganhos

obtidos na 3ª medição

Mann-Whitney p<0,001 p<0,001 p=0,002 p=0,014

Tabela 3: Média (desvio padrão) dos ganhos obtidos entre as diferentes medições e respectivo valor de p obtido no teste deMann-Whitney.

Discussão

Este estudo demonstrou que o treino de flexibilidaderecorrendo ao Stretching Global Activo (SGA) promoveum aumento da flexibilidade da cadeia posterior e daimpulsão vertical.No que diz respeito ao grupo controlo, no decorrerdo estudo, não se verificaram ganhos nos diferentestestes realizados relativamente às medições iniciais.No grupo experimental, no decorrer do estudo,verificou-se que os ganhos conseguidos na flexibilidadeforam mais significativos no segundo momento detreino, que corresponde ao tempo de treino ocorridoentre a 2ª e 3ª medições. Este facto pode dever-se,segundo alguns autores (Discry & Michel 2002;Souchard 2005,2006), ao facto da aplicação dasposturas do treino de SGA exigir um período deadaptação e aprendizagem, que são muito importantespara a sua execução. Os mesmos autores, referem quesó após a aquisição de uma postura correcta, ou seja,com todos os componentes interiorizados e com umcorrecto alinhamento, é que o treino começa a mostrara sua eficácia.No Passive Knee Extension, nas 2ªs mediçõesverificaram-se ganhos de cerca de quatro graus e destaspara as 3ªs medições obtiveram-se ganhos de cerca decinco graus, tendo estes ganhos sido estatisticamentesignificativos. Segundo a bibliografia, na prática clínicauma variação de ± 5º é considerada um erro de

medição do goniómetro (Norking & White, 1997). Noentanto, como o trabalho realizado foi um estudo decarácter científico, e como o erro obtido nas mediçõesgoniométricas durante o estudo piloto foi muito baixo(inferior a 1º), considerou-se que o ganho obtido entreas medições foi um verdadeiro ganho e não um errode medição, uma vez que o ganho desses quatro graus,fez com que também existisse um aumento da impulsãovertical, o que é importante para a prática clínica, vistoque esse ganho melhorou a performance dos atletas.No que respeita à duração completa do estudo,verificou-se que os ganhos obtidos com o treino deSGA, no Passive Knee Extension, foram de cerca denove graus. Mesmo na abordagem clínica, os resultadospodem ser considerados significativos, visto que novegraus é um valor muito superior aos cinco graus demargem de erro que é dado pela prática clínica (Norking& White, 1997).No que respeita ao teste de flexibilidade da distânciados dedos ao chão, os ganhos também foram maissignificativos no segundo momento do estudo, o queé explicado pelo tempo necessário à adaptação eaprendizagem das posturas de treino, como foi referidoanteriormente. Neste estudo foram utilizados doistestes de flexibilidade visto que segundo Discry &Michel (2002), que utilizaram o teste de flexibilidadedistância dos dedos ao chão no seu estudo, este testenão possuía uma fiabilidade muito boa nem poderiaser comparado entre indivíduos.

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É, ainda, de salientar que com a realização deste estudo,verificou-se que os ganhos de flexibilidade obtidos como treino de SGA influenciaram os ganhos na impulsãovertical, o que foi possível observar através das médiasobtidas nos ganhos de salto, medidos através do Counter-mouvement Jump, que acompanharam o aumento dasmédias obtidas nos ganhos de flexibilidade. SegundoCarvalho, Vieira & Carvalho (2004) o ganho de poucoscentímetros são difíceis de alcançar e representammuitas vezes o ficar em vigésimo lugar ou ganhar umamedalha. Contudo, não foi possível estabelecer umacorrelação entre as variáveis flexibilidade e salto, vistoque com a realização do teste de correlação deSpearman (não paramétrico) não se verificou opressuposto de linearidade entre elas, o que se poderiadever ao reduzido tamanho amostral deste estudo.Os ganhos obtidos na flexibilidade da cadeia posteriorficaram a dever-se a diversos factores, entre os quaisas propriedades viscoelásticas (Grau, 2003). Ocomportamento viscoelástico implica uma combinaçãode propriedades viscosas, onde a deformação édependente da carga aplicada, do grau de amplitude edas propriedades elásticas (Grau 2003; Mélian 2001).Segundo alguns estudos que utilizaram o stretchinganalítico e o SGA, é possível afirmar que os ganhos deflexibilidade influenciam os ganhos de impulsão vertical(Davis et al, 2005 & Lee et al, 1989). Davis et al (2005)consideram que o aumento de alguns centímetros naimpulsão vertical melhora a performance do salto,trazendo benefícios ao atleta em situações de jogo,como seja o remate ou o bloco. Também, segundoWoolstenhulme, Griffiths, Woolstenhulme, Parcell,(2006) o treino de flexibilidade utilizando oalongamento analítico, nomeadamente o alongamentobalístico, demonstra aumentar a performance do saltovertical.No que diz respeito ao treino de flexibilidaderecorrendo ao SGA, Discry & Michel (2002)encontraram ganhos na impulsão vertical de cerca de10,08 cm, num estudo com duração de 4 semanas. Osmesmos autores fizeram a comparação entre os treinosde stretching analítico e de SGA no ganho de impulsãovertical, verificando que esses ganhos foramsignificativamente superiores nos indivíduos querealizaram o treino de SGA (Discry & Michel 2002).Comparativamente ao trabalho apresentado, o estudorealizado por estes autores apresentou resultadossuperiores num menor espaço de tempo, no entantonão foi possível confrontar os dois estudos, visto queno estudo destes autores não foram reveladas ascaracterísticas dos atletas, nem a periodicidade comque foi realizado o treino em estudo, dizendo apenasque eles não realizavam trabalho específico deflexibilidade.

Contudo, existem estudos contraditórios em relação àinfluência da flexibilidade sobre a impulsão vertical.Bradley, Olsen & Portas (2007) e Wallmann, Mercer &McWhorter (2005) realizaram um treino de flexibilidadeanalítica com o objectivo de verificar se este influenciavaa impulsão vertical, e observaram que o treino deflexibilidade não teve qualquer efeito sobre a impulsãovertical. Segundo os mesmos autores, estes resultadospoderiam dever-se ao facto dos estudos terem sidotransversais, não tendo existido um período deseguimento.Outro dos aspectos a referir neste estudo é a relaçãoentre a flexibilidade e a força. Segundo o conceito deflexibilidade global, o músculo é um elástico vivo, vistoque o material elástico das fibras musculares tem acapacidade de se deformar e manter esses ganhos,entrando não só na deformidade elástica, mas tambémna deformidade plástica, uma vez que um alongamentorealizado num período mais longo tempo e com umacarga pequena leva a maiores ganhos de flexibilidade(Grau, 2003). O ganho de flexibilidade é importanteno aumento da força do quadricipede, necessária parao salto vertical, visto que durante o salto, deve existiruma razão I/Q de cerca de 60% (Carvalho, Vieira &Carvalho, 2004), o que não acontece se os isquiotibiaisestiverem retraídos. Com a retracção dos isquiotibiais,essa razão é alterada, sendo necessária uma maiorprodução de força pelo quadricipede para realizar omovimento, diminuindo a performance do saltovertical. (Grau, 2003). Portanto, é mais adequado,primeiro trabalhar a flexibilidade dos isquiotibiais, paraaumentar o rendimento do quadricipede (Grau, 2003).Hunter & Marshall (2002) estudaram esta relação entrea flexibilidade e a força e verificaram que o rendimentodo salto vertical aumentava com o treino deflexibilidade.É ainda de referir que no treino de flexibilidadeanalítico, os ganhos de flexibilidade iniciais sãosuperiores aos do treino de SGA, em que os ganhossão superiores após um período de adaptação (Discry& Michel 2002; Souchard 2005, 2006). Isto pode dever-se ao facto de numa fase mais avançada do praticante,este já não reagir tão facilmente às cargas simples, comono início de cada unidade de treino, visto que até aoalcance das suas capacidades funcionais os ganhos sãomuito mais acentuados do que após esse limite (Castelo,Barreto, Alves, Santos, Carvalho, Vieira, 1996).Ao longo da realização deste estudo encontraram-sealgumas limitações, tais como a escassez de bibliografiasobre o tema. Apenas foi encontrado um estudo queutilizasse o SGA como método de treino para ganhode flexibilidade. Outra limitação foi a dificuldade emencontrar testes para avaliar exclusivamente aflexibilidade da cadeia posterior, tendo-se encontrado

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apenas um teste para isso, o teste de flexibilidade dadistância dos dedos ao chão. O tamanho amostralreduzido também poderia ser considerado umalimitação, pois não permite a extrapolação dosresultados para a população em geral, assim como ouso de contraceptivos orais pelas participantesfemininas, que poderiam influenciar os ganhos deflexibilidade. A diferença entre as alturas dos gruposem t0 poderia ser outra limitação.

Conclusão

Conclui-se que um protocolo de flexibilidade globalcontribuiu para o aumento da flexibilidade da cadeiaposterior dos atletas e da flexibilidade analítica dosisquiotibiais.É de referir que os ganhos de flexibilidade conseguidoscom o treino de SGA, influenciaram os ganhos obtidosna impulsão vertical, o que foi verificado através dasmédias desses ganhos, visto que não foi possívelestabelecer uma correlação entre as duas variáveis, poisnão existia uma relação linear entre elas.

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Lesões em Futebolistas de uma Equipa Amadora Durante a Época2006/2007

Adriano Gonçalves1

Bacharel em Fisioterapia. Licenciado em Motricidade Humana. Fisioterapeuta do Grupo Desportivo de Prado1

Correspondência para: [email protected]

Resumo

Introdução: A realidade do desporto amador é diferente do profissional, por isso existe a necessidade de se estudar os fenómenoslesionais também neste tipo de população. Objectivos: Analisar a incidência, circunstâncias e características de lesões, numa equipa defutebol amadora durante a época 2006/2007. Relevância: Aumentar a informação disponível para os Fisioterapeutas sobre lesões ematletas de nível amador. Metodologia: Para a realização deste estudo recorreu-se a uma amostra de conveniência. Os atletas foramsubmetidos a uma avaliação clínica e inquiridos pessoalmente no início de época. No fim de cada treino e jogo, recolheram-se informaçõesrelativas ao tempo de exposição e episódios lesionais que foram registados em formulários standard recomendados pelo Centro Médico daFIFA e Centro de Pesquisa (F-Marc). Resultados/Discussão: A incidência de lesões em jogo foi de 26,24/1000h e de 4,25/1000h emtreino. Relativamente ao tipo de lesões mais comuns salienta-se o elevado de número de lesões musculares (73,3%) que estão distribuídasprincipalmente por duas regiões anatómicas: coxa (33,3%) e anca/virilha (30%).Conclusão: O elevado número de lesões musculares demonstra a necessidade de melhorar a avaliação do risco de lesão e aumentar asmedidas de prevenção. Devem ser efectuadas mais acções apelando ao “Fair-Play”. No futuro será interessante analisar o impacto dotrabalho diário dos atletas na sua profissão e a sua relação com os factores de risco de lesões na prática desportiva.

Palavras-chave: Lesões em futebolistas amadores; Incidência; Estudo epidemiológico; Prevenção de lesões.

Abstract

Introduction: Amateur sports reality is different from professional, and that’s why it’s important to study the injuries on amateur players.This study was developed with one football senior team. Objectives: Evaluate the incidence, circumstances and characteristics of soccerinjury in a team during 2006/2007 sport season. Relevancy: Increase the information about injuries in amateur athletes due to increasethe knowledge of the Physiotherapist. Methods: To develop this study it was made a convenience sample, athletes were submitted toa clinical evaluation and inquired personally. After each training and game information regarding exposure time and injuries episodes wererecorded under standard forms recommended by Medical Centre of FIFA and by the Centre of Research (F-Marc). Results/Discussion:The injury incidence in game was 26,24/1000h and 4,25/1000h in training. Regarding the several injuries the most frequent are themuscular injuries (73,3%), basically on two anatomic regions which are on the thigh zone (33,3%) and hip/ groin (30%). Conclusion:The high number of muscular injuries shows the need of improve the evaluation of injury risks and increase the prevention procedures.It should. be done more actions appealing fair-play. In future it would be interesting to analyse impact of athlete’s daily work and therelation with the increase of injuries risk on sport practices.

Key-Words: Injuries on amateur football players, Injury incidence, epidemiological study, injuries prevention.

Introdução

O presente estudo desenvolveu-se no GrupoDesportivo de Prado (GDP), que é um clube defutebol fundado em 1932, pertencente à Associaçãode Futebol de Braga (AFB), no qual a sua equipa sénioré composta totalmente por jogadores amadores.Na actualidade existem diversos estudosepidemiológicos sobre a incidência de lesões no futebolprofissional: durante torneios entre selecções (Ekstrand,

ARTIGO ORIGINAL

2004; Junge, Dvorak, Graf-Baumann, 2004; Ekstrand,Waldén, Hagglund, 2004) em competiçõesinternacionais como a Liga dos Campeões (Ekstrand,2003), comparando equipas de topo dos principaiscampeonatos europeus (Waldén, Hägglund, Ekstrand,2007), em campeonatos nacionais (Hawkins, Hulse,Wilkinson, Hodson, Gibson, 2001), no entanto o únicoestudo encontrado que faz referência a equipasamadoras foi realizado na Suécia no qual se compara aactividade e número de lesões durante 1 ano em

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diversos escalões: Superliga, 1ª divisão, 4ª divisão e 6ªdivisão [Ekstrand, 2003 (citados por Soares, 2007)].A realidade do desporto amador é completamentediferente do profissional, por isso existe a necessidadede se analisar a incidência de lesões também neste tipode atletas de forma que os resultados possam serestudados, comparados e discutidos e assimmelhoramos os procedimentos dos fisioterapeutas.Este estudo teve como principais objectivos:

1) A análise da incidência, circunstâncias e característicasde lesões numa equipa amadora de futebol, permitindoassim uma base de trabalho ao fisioterapeuta que coma equipa técnica deverá elaborar planos de prevençãoadequados ao nível competitivo;2) Aumentar o número de publicações sobre lesõesem atletas de nível amador de forma a permitir nofuturo mais informação.

Métodologia

Tipo de EstudoFoi utilizado um estudo do tipo observacional,descritivo e longitudinal na equipa sénior do GDP,durante os nove meses da época desportiva (Agostode 2006 a Maio de 2007).

AmostraPara a realização deste estudo recorreu-se a umaamostra de conveniência, composta por vinte e cincoatletas amadores, do sexo masculino, que participaramna Divisão de Honra da AFB na época 2006-20007.Para a sua caracterização (Quadro 1) reuniram-se osdados biométricos de cada indivíduo (Idade, Peso eAltura). Após tratamento estatístico, o grupoapresentava, em média, 26 anos de idade [SD (DesvioPadrão) ± 4,5], 74 kg (SD ± 5,8) e 1,77 metros dealtura (SD ± 0,06).

Caracterização dos locais de realização dos treinos e jogos oficiais

O GDP possui um campo com tapete de relva sintéticade última geração, aprovado e classificado pela UEFAcom três estrelas, no qual decorrem habitualmente, ostreinos e jogos oficiais. Quando a equipa tem que jogar

Média Desvio Padrão Mínimo Máximo Idade (anos) 25,83 4,46 19,00 34,00 Peso (kg) 73,96 5,84 63,00 86,00 Altura (cm) 1,77 0,06 1,67 1,90

Quadro 1: Caracterização da amostra

fora, encontra três tipos de piso diferentes: relva sintéticaou natural e terra batida.

Material e procedimentosNo início da época cada jogador foi inquirido ementrevista com o Fisioterapeuta, nos seguintes aspectos:Idade, Altura, Peso, Posição em Campo, MembroDominante, Profissão, Carga horária, se teve lesõesseveras (paragem superior a 28 dias) em épocasanteriores e qual o tipo de lesão.Os atletas foram também submetidos a uma avaliaçãoclínica através do exame médico - desportivo standardutilizado em Portugal que é obrigatório para todos osatletas filiados, no qual o Médico atesta da aptidão paraa prática desportiva.O fisioterapeuta auxiliado pelo preparador físico nofim de cada treino ou jogo, recolheu as informaçõesrelativas ao tempo de exposição de cada atleta ecolocou-as numa folha semelhante ao recomendadopelo Centro Médico da FIFA Avaliação Médica eCentro de Pesquisa (F-Marc) (anexo1).Realizaram-se ao longo de toda a época 116 treinos e33 jogos oficiais, por orientação da equipa Técnica, apreparação do jogo oficial (realizado ao fim-de-semana) incluía três treinos por semana. A metodologiade treino baseou-se na Periodização Táctica (Carvalhal,2002).

O registo das ocorrências lesionais foi efectuado peloFisioterapeuta no dia seguinte à data da lesão numformulário individual (anexo 2), no qual se colocou odiagnóstico da lesão baseando-se no Sistema deClassificação OSICS (Orchard, 1995) como recomendao Centro Médico da FIFA Avaliação Médica e Centrode Pesquisa (F-Marc).

Neste estudo considerou-se a lesão como, qualquer tipode ocorrência, de origem traumática ou de sobreuso,da qual resulta incapacidade funcional, obrigando oatleta a interromper a sua actividade, não participandoem, pelo menos, um treino ou jogo. Não são por issoclassificadas como lesões as situações em que o atleta,ainda que não estando na posse das suas capacidadesconsegue treinar ou jogar de forma condicionada(Fuller, Ekstrand, Junge, 2006).

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724,0813,8894,85 (min.)3130 (min.)33

ExposiçãoMédia de jogadores

utilizadosMédia por jogo DuraçãoTotal de jogos

724,0813,8894,85 (min.)3130 (min.)33

ExposiçãoMédia de jogadores

utilizadosMédia por jogo DuraçãoTotal de jogos

2591,2019,9467,22 (min.)7797 (min.)116

ExposiçãoMédia de jogadores que

participaramMédia por treinoDuração

Total de treinos

2591,2019,9467,22 (min.)7797 (min.)116

ExposiçãoMédia de jogadores que

participaramMédia por treinoDuração

Total de treinos

As diversas definições (lesão, severidade de lesão,exposição em jogo e treino etc…) basearam-se nasindicações que do “Consensus Statement on InjuryDefinitions and Data Collection Procedures in Studiesof Football (Soccer) (Fuller et al 2006) indica para anormalização das definições e os procedimentos darecolha de dados nos estudos de futebol.

A exposição em jogo e treino foi calculada pelasequações “1” e “2”, respectivamente e a incidência delesões calculada através da equação “3”:

Equação 1: NJ x JJ x DJ / 60Em que,NJ – Números de jogos;JJ – Número de jogadores que participaram no jogo;DJ – Duração do jogo em minutos.

Equação 2: JT x DT / 60Em que,JT – Número de jogadores que participaram no treino;DT – Duração do treino em minutos.

Equação3: número de lesões x 1000 / Exposição

Resultados

Realizaram-se ao longo de toda a época 116 treinos e33 jogos oficiais, por orientação da equipa Técnica, apreparação do jogo oficial (realizado ao fim-de-semana) incluiu três treinos por semana.

Nos jogos oficiais houve uma duração total de 3130minutos, correspondendo a 33 jogos, com uma duraçãomédia por jogo de 94,85 minutos, a média de jogadoresutilizados foi de 13,88.

Quadro 3: Exposição em treino

Nos treinos houve uma duração total de 7797 minutos,correspondendo a 116 treinos, com uma duraçãomédia por treino de 67,22 minutos, a média dejogadores utilizados foi de 19,94.Com estes valores procedemos ao cálculo dasexposições em jogo (724,08) (equação 1) e em treino(2591,20) (equação 2).

Incidência de lesões em jogo e em treino:

Para o cálculo da incidência tivemos que colocar todasas novas lesões no período que decorreu o estudo.Relativamente às lesões recidivantes ou crónicas tambémforam apontadas mas não são incluídas no cálculo daincidência.Após procedermos ao cálculo das exposições em jogo(724,08) (equação 1) e em treino (2591,20) (equação2), com estes valores aplicamos a equação 3 para calculara incidência das lesões em jogo e também em treino.

Obteve-se uma incidência de 26,24 lesões em 1000horas de jogo, correspondendo a 19 lesões no totaldas horas de exposição em jogo e uma incidência de4,25 lesões em 1000 horas de treino, que correspondea 11 lesões no total das horas de exposição em treino.Estes resultados indicam que realmente o risco de lesãoem jogo é muito superior ao do treino (Soares, 2007)neste caso o risco de lesão em jogo é quase 5 vezessuperior ao risco de lesão em treino!

Natureza das lesões:

Considerou-se que as lesões traumáticas causadas porum evento específico e identificável e as lesões desobreuso surgem por microtraumatismos repetidos,

Quadro 2: Exposição em jogo

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um evento específico e identificável e as lesões desobreuso surgem por microtraumatismos repetidos,sem uma causa identificável como responsável pelalesão (Fuller et al 2006).

No presente estudo a maioria das lesões foram deorigem traumática 96,7% e somente 1 lesão foi causadapelo sobreuso, representando apenas 3,3%.Estes valores reflectem a atenção que a equipa técnicateve ao longo da época no controlo da fadiga dosatletas, bem como um diálogo permanente entre atleta– fisioterapeuta – equipa técnica.

Gravidade das lesões:

O grau de severidade define o número de dias que oatleta não participou no treino, sendo este valorencontrado desde a data da lesão até à integraçãocompleta nos treinos com a equipa. Consideramos odia da lesão como dia “0” não contando para adeterminação da gravidade da lesão.

Consideramos 6 patamares de avaliação da gravidadede lesão (Fuller et al 2006):

0 dias – Ligeira;1 a 3 dias – Mínima;4 a 7 dias – Média;8 a 28 dias – Moderada;> 28 dias – Severa;Fim de carreira

Num total de 11 lesões em treino (36,7%), verificou-se: uma lesão de gravidade ligeira (3,33%), quatro lesõesde gravidade mínima (36,4%), três lesões de gravidademédia (27,3%), uma lesão de gravidade moderada(9,1%) e duas lesões de gravidade severa (18,2%)(Gráficos 1 e 2).

Num total de 19 lesões em jogo (63,3%), verificou-se:nove lesões de gravidade mínima (47,4%), seis lesõesde gravidade média (31,6%), três lesões de gravidademoderada (15,8%) e uma lesão de gravidade severa(5,3%) (Gráficos 1 e 2).

Quadro 4: Exposição, Número de lesões e Incidência de lesões em jogo e treino

Nas lesões sem contacto verificou-se que 69,23%tiveram um tempo de paragem inferior a 7 dias e que30,77% tiveram um tempo de paragem superior a 7dias (Gráfico 2).

As zonas mais afectadas foram a Coxa e a Anca/Virilhacom 33,3% e 30% respectivamente. Em seguida foramas zonas do Tornozelo, Perna/Tendão de Aquiles eJoelho cada uma com 10% e com uma percentagemde 3,3% encontramos a zona Lombar/Pélvis/Sacro eEsterno/Costelas (Gráfico 3).

A maioria das lesões ocorridas foi de natureza muscular73,3%, as contusões 13,3%, as entorses 10% e apenas3,3% são lesões ósseas (Gráfico 4). Ou seja, as lesõesmusculares têm um peso enorme no valor total!

É importante referir que as 17 lesões induzidas porcontacto (56,7%), ainda que sendo as mais frequentes,provocaram um tempo de inactividade menor, do queas 12 lesões sem contacto (43,3%).

Verifica-se que 82,35% das lesões com contacto tiveramum tempo de paragem inferior a 7 dias e somente17,65% tiveram um tempo de paragem superior a 7dias.

Não foram colocados dados sobre o número derecidivas e lesões crónicas visto que não existiu nenhumaao longo de toda a época este facto deve-se em nossaopinião:

Lesões crónicas

-Á selecção criteriosa dos atletas para integrarem oplantel;-Tiraram-se informações nos clubes anteriores dosatletas se tiveram lesões severas (paragem superior a28 dias);-Fez-se uma entrevista com o Fisioterapeuta e o atleta,questionando se teve lesões severas em épocasanteriores e qual o tipo de lesão;-Os atletas foram submetidos a uma avaliação clínicaatravés do exame médico – desportivo standardutilizado em Portugal que é obrigatório.

Exposição Lesões (nº.)

Incidência (lesões/1.000horas)

Jogo 724,08 19 26,24 Treino 2591,29 11 4,25

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Gráfico 1: Gravidade das lesões ao longo da época em jogo e em treino

Gráfico 2: Distribuição do número de lesões com contacto e sem contacto pelo grau de gravidade

Recidivas

-Pela capacidade da equipa técnica gerir o esforço dosatletas (Carvalhal, 2002);-Pela equipa técnica não colocar demasiada pressãono fisioterapeuta para a participação do atleta no jogosem estar a fase reabilitação terminada;-Porque o stress competitivo aumenta a probabilidadede lesões (Crevoisier, 2005) e neste tipo de competiçãoamadora, não existe muita pressão da comunicaçãosocial, patrocinadores e adeptos.

Discussão

Sentimos dificuldades na discussão dos resultados pelafalta de estudos publicados com futebolistas amadores

e porque os estudos anteriores a 2006, ano dapublicação “Consensus Statement on Injury Definitionsand Data Collection Procedures in Studies of Football(Soccer) (Fuller et al 2006) utilizam metodologias edefinições diversas.O valor total de lesões na nossa equipa durante umano cifrou-se em 30 sendo muito superior ao observadono campeonato sueco numa equipa da 6ª divisão queno final somou somente 14 lesões (Ekstrand, 2003)este facto sugere-nos diversas questões:

• Qual a metodologia de treino utilizada na Suécia?• Na Suécia o volume de treino anual é menor ao

existente em Portugal, por causa da paragemde Inverno?

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Gráfico 4: Distribuição do tipo de lesão

• Qual o relevo que se dá à prevenção de lesõespelos Departamentos Médicos nas duasrealidades?

O número de lesões em jogo registado foi bastantesuperior ao número de lesões registadas em treino. Estesvalores reflectem os resultados encontrados em estudosanteriores (Junge et al 2004; Waldén et al 2007; Ekstrand2004).Relativamente à natureza das lesões observou-se quesomente 1 lesão foi causada pelo sobreuso,representando apenas 3,3%, este valor reflecte na nossaopinião a atenção que a equipa técnica teve ao longoda época no controlo da fadiga dos atletas, bem comoum diálogo permanente entre atleta – fisioterapeuta –equipa técnica (Carvalhal, 2002).O número elevado de lesões induzidas por contacto(60%) poderá indicar que se deveriam efectuar maisacções apelando ao “Fair-Play” (Junge, et al 2004)(Fuller, Smith, Junge, Dvorak, 2004) entre os atletas deequipas adversárias, na realidade do desporto amadoreste tipo de acções profiláticas é inexistente.

As lesões musculares assumem um valor elevado com73,3% estando normalmente associadas à fadigamuscular (Soares, 2007) (Carvalhal, 2002), pensamosque neste caso poderá estar associada à carga efectuadapelo atleta durante o seu dia de trabalho, mas sãonecessários mais estudos que possam comprovar estarelação.É de salientar a baixa incidência de entorses dotornozelo em relação a outros estudos (Junge et al2004), (Waldén et al 2007), (Ekstrand, 2004), apesar dotamanho da amostra não dar para tirar conclusões, nanossa opinião este facto deve-se à excelente qualidadeda relva sintética utilizada, que está de acordo com asnormas da UEFA (Ekstrand, 2005).O elevado número de lesões sofridas na zona da coxae anca/virilha em relação a outras zonas anatómicasconfirma valores encontrados anteriormente (Price,Hawkins, Hulse, Hodson, 2004).

Conclusão

È necessário acções teóricas e práticas (acção doÁrbitros) apelando ao “Fair-Play”, porque no desporto

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Gráfico 3: Distribuição da localização anatómica das lesões

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amador este tipo de acções profiláticas são inexistentes.O elevado número de lesões musculares demonstroua necessidade de melhorar a avaliação do risco de lesãoe aumentar as medidas de prevenção a ser aplicadas,no entanto não sabemos se as medidas maisimportantes são semelhantes às aplicadas no futebolprofissional.Seria interessante analisar o impacto do volume eintensidade de trabalho diário dos atletas na suaprofissão e a sua relação com o aumento dos factoresde risco na prática desportiva.

Agradecimentos

Ao Dr. João Lourenço (Médico da Associação deFutebol de Braga), ao Senhor Fernando Pires TreinadorPrincipal do GDP na época 2006-2007, ao ProfessorRui Igrejas Preparador Físico do GDP na época 2006-2007, à Fisioterapeuta Vera Gomes (GDP), àFisioterapeuta Cátia Magalhães (GDP) e ao EnfermeiroNuno Lago (Hospital de São Marcos), a todos meuobrigado por todo o apoio prestado.

Bibliografia:

Carvalhal, C. No treino de futebol de rendimentos superior arecuperação é…muitíssimo mais que “recuperar”. Braga, EditoraLiminho Indústrias Gráficas Lda; 2002.

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Avaliação Isocinética dos Músculos Extensores e Flexores do Joelhoem Atletas de Basquetebol Feminino da Região Norte

Samuel Ferreira1, Rui Macedo2, Paulo Carvalho3

Fisioterapeuta. Prática Privada. Licenciado pela Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Porto – Instituto Politécnico do Porto1

Correspondência para: [email protected]

Fisioterapeuta. Mestre em Ciências do Desporto e Educação Física. Docente da Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Porto - Instituto Politécnico do Porto2

Fisioterapeuta. Mestre em Ciências da Fisioterapia. Assistente da Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Porto - Instituto Politécnico do Porto3

Resumo

Introdução: Os desequilíbrios musculares (DM) são apontados, por alguns investigadores, como causa de uma maior incidência de lesõesnos joelhos das atletas de basquetebol comparativamente ao sexo oposto. Objectivo: Descrever e comparar a força isocinética entreatletas de basquetebol feminino e estudantes sedentárias. Relevância: A avaliação da força muscular, bem como do seu equilíbrio, é umfactor de elevada importância para os fisioterapeutas, para que se consiga objectivar uma melhor recuperação do atleta e prevenir aocorrência de lesões. Metodologia: Estudo observacional, analítico, transversal em que se avaliaram 38 sujeitos (Grupo A= 21 atletasfederadas de basquetebol; Grupo B= 17 estudantes sedentárias) do sexo feminino. Para avaliação do Peak Torque (PT) foi utilizado umdinamómetro isocinético da marca Biodex Medical System 3 Pro®. Foi realizada a correcção da força da gravidade na avaliação do PTconcêntrico dos músculos extensores e flexores do joelho, para a velocidade angular de 60º/s (6 repetições). Resultados: Verificaram-sediferenças significativas para os valores do PT e Peak Torque/Body Weight (PT/BW), enquanto que para os valores do rácio isquiotibiais/quadricípite (Rácio I/Q) e diferenças bilaterais (DB) de força do quadricípite e isquiotibiais, não se verificaram diferenças significativas.Discussão/Conclusão: As atletas de basquetebol feminino federado apresentam valores mais elevados de PT e PT/BW comparativamentecom as estudantes sedentárias. O maior desenvolvimento da mesma musculatura é feita de uma forma equilibrada, na medida em que nãoaltera, nas atletas, a relação I/Q nem as DB de força no sentido de um DM.

Palavras Chave: Basquetebolista, Desequilíbrios Musculares, Isocinético, Peak Torque, Peak Torque/Body Weight, rácio isquiotibiais/quadricípite, diferenças bilaterais

Abstract

Introduction: The muscle imbalances (MI) are suggested, by some researchers, as the cause of a higher incidence of injuries on the kneesof female basketball athletes comparatively to the ones of the opposite sex. Goal: describe and compare isokinetic strength betweenfemale basketball athletes and sedentary students. Relevance: The muscle strength assessment, as well as its balance, is an element ofhigh importance for the physiotherapists, because it allows a better recovery of the athlete and prevents from the occurrence of injuries.Methodology: 38 subjects (Group A= 21 federate female basketball athletes; Group B= 17 sedentary students) were evaluated, in anobservational, analytic and transversal study. The Peak Torque (PT) of knee extensors and flexors muscles was evaluated with a BiodexSystem 3 Pro® isokinetic dynamometer at the angular velocity of 60º/s (6 repetitions). Results: Significant differences were registeredin PT and Peak Torque/Body Weight (PT/BW). On the other hand, no significant differences were found on the hamstrings/quadricepsratio (H/Q ratio) and on the bilateral differences (BD) of quadriceps and hamstrings. Discussion/Conclusion: Our data suggests thatfemale basketball athletes show higher PT and PT/BW than the group of sedentary students. This increase in the strength of femalebasketball players occurs in a balanced way, proved by the fact it does not change the H/Q ratio neither the BD in terms of MI.

Key Words: Basketball player, Muscle imbalance, Isokinetic, Peak Torque, Peak Torque/Body Weight, Hamstring/Quadriceps Ratio,Bilateral differences

ARTIGO ORIGINAL

Introdução

Os indivíduos do sexo feminino começaram a praticardesporto de uma forma cada vez mais frequente nasúltimas décadas (Arendt, Agel & Dick, 1999). Para isso,muito contribuiu a modalidade do basquetebol, sendoque, desde 1950, altura em que aconteceu a primeira

competição feminina de nível internacional, até àactualidade, um grande número de mulheres aderiu àprática federada deste desporto (Smith & Thomas,1991). A este aumento no número de praticantesfemininos de basquetebol tem correspondido, nosúltimos anos, um aumento no número de lesões entreas atletas femininas, facto que aumentou a preocupação

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de toda a comunidade científica relativamente àcondição física das mesmas (Agel, Arendt & Bershadsky,2005).As lesões músculo-esqueléticas, verificadas nestas atletas,consideram-se estar associadas, de uma formaespecífica, ao desporto e não ao sexo. Contudo, asdiferenças que têm sido constatadas na incidência e nonúmero total de lesões no joelho, em particular doligamento cruzado anterior (LCA), entre atletasfemininas e masculinos de basquetebol, não têmdemonstrado essa realidade, sendo, deste modo, alvode uma investigação minuciosa (Arendt et al, 1999;Rosene & Fogarty, 1999).Wirtz, (1982) (citado por Oliphant & Drawbert, 1996),foi um dos primeiros investigadores que relatou aexistência de uma maior proporção de lesões do LCAnas atletas de basquetebol relativamente aos atletasmasculinos. Knapik, Bauman, Jones, Harris & Vaughan,(1991) fizeram um estudo com os atletas masculinos efemininos de basquetebol que participaram nos JogosOlímpicos dos Estados Unidos em 1988, tendoverificado existir uma média de lesão do LCA cincovezes superior nas atletas femininas quando comparadascom os atletas masculinos. Malone, (1993) (citado porOliphant & Drawbert, 1996), com base em dados detrês associações de basquetebol da primeira divisão dosEstados Unidos, constatou que havia uma prevalência,oito vezes maior, para a lesão do LCA em atletasfemininas de basquetebol relativamente aos masculinos.Mais recentemente, Agel et al (2005) reforçaram osresultados obtidos nos estudos citados anteriormente,pois ao fazerem uma recolha de todas as lesões deLCA ocorridas nos últimos 13 anos, em atletasfemininas e masculinos de basquetebol, concluíram quea média de lesão do LCA continuava significativamentemais elevada nas atletas femininas.Segundo Rosene & Fogarty (1999), a lesão do LCApode dever-se a dois grupos de factores: factoresintrínsecos (alinhamento do membro, laxidez articular,dimensão dos ligamentos, nível de coordenação e forçamuscular) e extrínsecos (gesto desportivo). Aidentificação desta variedade de factores sugere que asua lesão é multifacetada e pode não se limitar a umparâmetro específico. Contudo, muitos treinadores eprofissionais de saúde acreditam que os desequilíbriosmusculares (DM), traduzidos por um baixo rácioisquiotibiais/quadricípite (I/Q), bem como, pelapresença de consideráveis diferenças bilaterais (DB) naforça muscular, podem ser assumidos como a principalcausa de uma maior proporção de lesões nos joelhosdas jogadoras de basquetebol (Buchanan & Vardaxis,2003; Magalhães, Oliveira, Ascensão & Soares, 2004).

O conceito de DM varia conforme a vertente emanálise, podendo abranger tanto os aspectosmorfológicos, como o comprimento ou o volume,ou, mais frequentemente, os aspectos funcionais comoa resistência, velocidade ou força. Dentro deste último,o desequilíbrio pode reportar-se a diferenças de forçaentre um músculo agonista e um músculo antagonistade uma dada articulação, bem como a diferençasbilaterais de força (Júnior, Pastre & Monteiro, 2004).Um factor que pode desencadear o desenvolvimentode DM é a acção repetida, como por exemplo o salto,no caso do basquetebol (Hakkinen, 1991; Zakas,Mandroukas, Vamvakoudis, Christoulas &Aggelopoulou, 1995). Isto acontece porque oquadricípite tem um importante papel neste gestodesportivo (Hakkinen, 1991; Zakas, et al, 1995),podendo, pela sua acção repetida, atingir valores nasua força que promovam DM na articulação do joelho(Wang, MacFarlane & Cochrane, 2000).Uma das formas de avaliar o equilíbrio muscular éatravés do rácio, entre a força muscular dos isquiotibiaise do quadricípite (Buchanan & Vardaxis, 2003;Coombs & Garbutt, 2002; Hole, Smith, Hamond,Kumar, Saxton & Cochrane, 2000; Rahnama, Lees &Bambaecichi, 2005; Rosene, Fogarty & Mahaffey, 2001),assim como, pelas DB de força do quadricípite ouisquiotibiais (Buchanan & Vardaxis, 2003; Magalhães,Oliveira, Ascensão & Soares, 2001; Rahnama et al, 2005).A avaliação do equilíbrio muscular é feita através dopeak torque (PT) ou momento máximo, mas tambémpode ser utilizado o valor de peak torque/body weight(PT/BW), que é um valor mais importante e pertinentepara a actividade funcional e que representa um rácioexpresso em percentagem do torque máximoproduzido pelo peso corporal do sujeito em teste.Relativamente ao rácio I/Q, muito tem sido dito sobrea sua importância na avaliação da habilidade funcionaldo joelho e do equilíbrio muscular existente, contudoparece haver ainda pouco consenso relativamente a umvalor normativo para uma velocidade angular de 60º/s (Coombs & Garbutt, 2002). Apesar de tudo, nosúltimos anos, o valor de 60% tem ganho algumaconsistência, sendo vários os investigadores queassumem que um rácio I/Q inferior a 60% aumenta opotencial de ocorrência de lesão (Ahmad, Clark,Heilmann, Schoeb, Gardner & Levine, 2006; Bennel etal, 1998; Magalhães et al, 2004).Estudos realizados com recurso à electromiografiasugerem que a co-activação dos isquiotibiais, aquandoda contracção concêntrica máxima do grupo musculardo quadricípite, no decorrer do movimento deextensão do joelho, assiste e ajuda o LCA a reduzir a

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translação anterior da tíbia, promovendo assim umaboa integridade e estabilidade na articulação (Ahmadet al, 2006; Coombs & Garbutt, 2002; Magalhães et al,2004; Rosene et al, 2001). Deste modo, os isquiotibiaissão músculos fundamentais pois, sendo o quadricípiteum músculo capaz de gerar forças que excedem acapacidade do LCA na redução da translação anteriorda tíbia, a acção destes vai contribuir para a manutençãode uma boa estabilidade articular do joelho (Baratta,Solomonow, Zhou, Letson, Chuinard & D´Ambrosia,1988; Wilkerson, Colston, Short, Neal, Hoewischer &Pixley, 2004). Assim, funções reduzidas dos isquiotibiais,devido a actividades que enfatizam elevadas cargas nosextensores dos joelhos, contribuem para um grandedesenvolvimento da musculatura do quadricípite,podendo resultar em DM entre os isquiotibiais e oquadricípite, aumentando assim a susceptibilidade delesão (Ahmad, et al, 2006; Baratta et al, 1988).Relativamente às DB de força, há evidência quedemonstra que uma diferença de força entre osquadricípites ou os isquiotibiais de 10% ou mais podeser um factor de lesão (Buchanan & Vardaxis, 2003;Calmels & Minaire, 1995; Grace, Sweetser, Nelson,Ydens & Skipper, 1984; Kannus, 1994). Brown, (2000),definiu as DB de força como sendo normais, seapresentassem valores inferiores a 10-15%. Por sua vez,Knapik et al., (1991) constataram que as atletas femininasque apresentavam os isquiotibiais de um dos membroscom menos 15% da força relativamente ao outro, eram2,6 vezes mais susceptíveis de terem uma lesão nomembro inferior mais fraco.Por conseguinte, o propósito do presente estudo foi ode descrever e comparar os valores de PT e de PT/BWdo quadricípite e dos isquiotibiais, do rácio I/Q e dasDB de força entre as atletas federadas de basquetebole estudantes sedentárias.

Metodologia

Tipo de EstudoEstudo do tipo observacional, analítico e transversal.

AmostraA população deste estudo foi constituída por jovensportugueses do sexo feminino, sendo a população-alvoas alunas da Escola Superior de Saúde do Vale do Sousa(ESSVS) e atletas federadas de basquetebol de 4 clubes,integrados em diferentes divisões, da Associação deBasquetebol do Porto. Para a selecção da amostra foiefectuada uma entrevista às atletas femininas federadasde basquetebol e à população de estudantes, paraexclusão daquelas que não preenchiam os requisitospropostos.

Foram incluídos na amostra indivíduos do sexofeminino, com idades compreendidas entre os 18 e 25anos (Carvalho & Soares, 2004), que se voluntariarampara o estudo (Apostolidis, Nassis, Bolatoglou &Geladas, 2003; Capranica, Cama, Fanton, Tessitore &Figura, 1992; Schmitz & Weswood, 2001; Yoon, Park,Kang, Chun & Shin, 1991). Foram excluídos do estudotodas as participantes que apresentassem: (1) qualquertipo de lesão actual nos membros inferiores (Lund,Sondergaard, Zachariassen, Christiensen, Bullow &Henriksen, 2005;), ou em fase de reabilitação (Rahnamaet al, 2005); (2) historial de patologia (Buchanan &Vardaxis, 2003; Rosene et al, 2001) ou cirurgia a níveldos membros inferiores (Ahmad et al, 2006; Buchanan& Vardaxis, 2003); (3) sensação de dor nos membrosinferiores (Lund et al, 2005), ou qualquer doença quepudesse afectar a performance ou as medições durante arealização do estudo (Buchanan & Vardaxis, 2003); (4)valores de DB de força superiores a 15% pois estes,segundo a literatura, são considerados patológicos(Dvir, 2004). Este último critério foi aplicado após aavaliação isocinética, sendo portanto as participantesexcluídas à posteriori.Para selecção das participantes a integrar o grupoconstituído pelas atletas federadas de basquetebol,foram excluídas aquelas com menos de dois anos deprática de basquetebol federado (Capranica et al, 1992).Para selecção das participantes a integrar o grupoconstituído pelos indivíduos sedentários, foramexcluídas aquelas que praticassem alguma modalidadedesportiva federada (Correia, Oliveira, Ascensão &Magalhães, 2004; Seabra, Maia & Garganta, 2001).A amostra não-probabilística, de conveniência, retiradada população-alvo, foi constituída por 38 indivíduosvoluntários. Destes, 21 indivíduos constituíram o grupocomposto pelas atletas federadas de basquetebol(grupo A) e 17 constituíram o grupo B, composto pelasestudantes sedentárias.Todos os sujeitos foram devidamente informados dosprocedimentos a realizar e manifestaram, de formaconsciente e por escrito, o seu consentimento departicipação, segundo as recomendações da Declaraçãode Helsínquia (Apostolidis et al, 2003; Schmitz &Weswood, 2001).Na tabela 1 apresentamos os dados demográficos(idade) e antropométricos (altura e peso) dos elementosda amostra.

Material e Procedimentos

O presente estudo foi realizado na ESSVS, numa salaprivada. A recolha foi realizada no início da época edecorreu durante 30 dias. O aquecimento prévio foi

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Grupo A (N=21) Grupo B (N=17) Características

Média Desvio Padrão

Mínimo Máximo Média Desvio Padrão

Mínimo Máximo

Idade (anos) 21,5 ±2,3 18,0 25,0 20,0 ±1,6 18,0 24,0

Peso (Kg) 64,1 ±7,8 53,0 80,0 57,3 ±6,0 46,0 70,0

Altura (m) 1,693 ±0,065 1,56 1,83 1,647 ±0,057 1,53 1,75

Tabela 1 - Caracterização da amostra

realizado num cicloergómetro da marca/modeloMonark 970® e teve a duração de 5 minutos semresistência (Kannus, 1990; Rahnama et al, 2005).Para a realização da avaliação isocinética foi utilizadoum dinamómetro Biodex Medical System 3 Pro®

(BiodexMedical Systems, Inc., Shirley, NY, EUA), que é uminstrumento que, segundo Drouin, Valovich-Mcleod,Shultz, Gansneder & Perrin, 2004, apresenta umaelevada validade e fiabilidade.Para confirmar a exactidão das respostas dos indivíduosaos questionários para caracterização da amostra, estesforam inspeccionados, com o objectivo de tentarobservar a existência de cicatrizes cirúrgicas à volta dojoelho, observar a pele e o seu comportamento geral,como forma de detectar a presença de uma possíveldoença ou lesão, que excluiria, automaticamente, oindivíduo de integrar o estudo (Buchanan & Vardaxis,2003).Antes da realização da avaliação foi determinada alateralidade da participante, tendo-se para isso seguidoo procedimento de Capranica et al (1992) e Rahnamaet al (2005).Em seguida, posicionaram-se os indivíduos em testeno dinamómetro isocinético, assumindo cada um delesa posição de sentado, com um ângulo de flexão dacoxo-femural de 80º. O eixo motor foi alinhadovisualmente com o eixo da articulação do joelho eforam aplicadas as estabilizações necessárias ao níveldo tronco, da cintura pélvica e da coxa (1/3 distal) deforma a evitar as substituições e compensaçõesinerentes a esforços máximos, por parte de outrosgrupos musculares e alavancas do corpo humano, paraque o joelho a ser testado se mova com um único graude liberdade (Dvir, 1995; Lund et al, 2005; Magalhãeset al, 2004). O ponto de aplicação da resistência foiposicionado no terço distal da perna, 2 centímetrosacima do maléolo lateral da articulação tíbio-társica(sensor acima dos maléolos) e, em seguida,correctamente fixado com tiras adjacentes. Asparticipantes foram instruídas a realizarem o teste comas mãos cruzadas sobre o tronco ao nível do (Figura1).

Foi determinado o peso do membro a testar, atravésdo sistema intrínseco do dinamómetro, para acorrecção dos valores de PT nos movimentos de flexãoe extensão do joelho devido à acção da gravidade (Holeet al, 2000; Magalhães, et al, 2004; Rahnama et al, 2005;Schmitz & Weswood, 2001).A velocidade de execução utilizada neste estudo paraavaliar o PT do quadricípite e dos isquiotibiais foi a de60º/s (6 repetições) numa amplitude de movimentocompreendida entre os 90º e os 0º (Buchanan &Vardaxis, 2003; Lund et al, 2005; Perrin, 1993).Antes do início do teste, as participantes efectuaramum aquecimento para os movimentos de flexão eextensão do joelho, constituído por 6 repetiçõesrecíprocas: três repetições concêntricas submáximas e

Figura 1. Posicionamento e formas de estabilizaçãoutilizadas no dinamómetro isocinético.

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três máximas. Estas foram realizadas na velocidadeangular determinada para a recolha dos dados (60º/s). Este período de aquecimento serviu, igualmente,para familiarizar os sujeitos com o aparelho, permitindouma adaptação ao seu modo de utilização e umaintegração do esforço necessário durante a realizaçãodo teste à velocidade escolhida (Kannus, 1994; Zakaset al, 1995). O membro inferior, pelo qual a avaliaçãose iniciou, foi alternado de uma participante para aoutra, de forma a eliminar o efeito da ordem (Buchanan& Vardaxis, 2003).Durante a realização do teste foi proporcionado feedbackvisual e auditivo (Lund et al, 2005; Rahnama et al, 2005).

Procedimentos Estatísticos

Para análise dos resultados foi utilizada a estatísticadescritiva e a estatística inferencial, especificamente oteste t-student para amostras independentes. Este foio teste utilizado, uma vez que, após análise denormalidade verificou-se que todas as variáveis seguiamuma distribuição normal. Os testes utilizados foramunilaterais, uma vez que se pretendeu verificar em que

AMOSTRA Grupo de

Indivíduos N Média

(N.m) Desvio-padrão

(N.m) Valor p

A 21 153,1 20,5 Peak Torque

Q-D B 17 123,4 15,6

0,000

A 21 242,6 34,7 Peak Torque/Body

Weight Q-D B 17 216,4 29,1

0,009

A 21 147,7 21,8 Peak Torque

Q-ND B 17 120,0 17,6

0,000

A 21 234,2 37,5 Peak Torque/Body

Weight Q-ND B 17 210,0 31,2

0,02

A 21 85,0 13,5 Peak Torque

I-D B 17 67,4 7,2

0,000

A 21 134,4 21,7 Peak Torque/Body

Weight I-D B 17 118,1 13,3

0,005

A 21 84,2 13,9 Peak Torque

I-ND B 17 65,8 7,4

0,000

A 21 133,5 23,1 Peak torque/Body Weight

I-ND B 17 115,5 14,8

0,005

Tabela 2 - Peak Torque (PT), Peak Torque/Body Weight (PT/BW) do quadricípite (Q) e isquiotibiais (I) dominante (D) e nãodominante (ND), dos indivíduos do grupo A e B (resultados da média, desvio padrão e valor p)

sentido se deslocava a diferença. O nível de significânciaconsiderado foi de 5% (intervalo de confiança de 95%).Todos os dados obtidos foram lançados e tratadosno programa estatístico Statistical Package for the SocialSciences (versão 12.0 para Windows, SPSS, Inc., Chicago,IL).

Resultados

Pela análise da tabela 2, foi possível verificar que existemdiferenças significativas para as variáveis de PT e PT/BW do quadricípite e isquiotibiais do membro inferiordominante e não dominante.Relativamente aos valores de rácio I/Q, pela análiseda tabela 3, constatou-se que tanto para o membroinferior dominante como para o membro inferior nãodominante, não existiam diferenças significativas entreo grupo A e o B.

Pela análise da tabela 4, foi possível ainda verificar quenão existiam diferenças significativas para as DB deforça do quadricípite e dos isquiotibiais entre o grupoA e o B.

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AMOSTRA Grupo de

Indivíduos N Média

(%) Desvio-padrão

(%) Valor p

A 21 55,5 5,1 Rácio I/Q

D B 17 55,0 5,1

0,378

A 21 57,2 6,5 Rácio I/Q

ND B 17 55,4 5,2

0,179

Tabela 3 - Rácio Isquiotibiais (Rácio I/Q (%)) do membro inferior dominante (D) e não dominante (ND), dos indivíduosdo grupo A e B (resultados da média, desvio padrão e valor p)

Tabela 4 - Diferenças Bilaterais do PT (%) do Quadricípite (Q) e dos isquiotibiais (I), dos indivíduos do grupo A e B(resultados da média, desvio padrão e valor p)

AMOSTRA Grupo de

Indivíduos N Média

(%) Desvio-padrão

(%) Valor p

A 21 7,3 3,9 Diferenças Bilaterais-Q B 17 6,2 4,6

0,218

A 21 6,0 4,4 Diferenças Bilaterais-I B 17 8,2 4,6

0,067

Discussão

Ao longo dos anos, vários estudos envolvendo umvasto leque de desportos, estudaram o PT, rácio I/Q eDB de força, denotando a preocupação emprovidenciar dados acerca do correcto equilíbriomuscular na articulação do joelho, bem como a relaçãodos DM com as lesões. Porém, são escassos os estudospublicados que forneçam dados acerca dasconsequências da prática de basquetebol federado noequilíbrio muscular de indivíduos do sexo feminino.Neste estudo, tal como esperado, verificou-se que oPT e o PT/BW do quadricípite e dos isquiotibiais foramsuperiores nas atletas de basquetebol,comparativamente com o grupo constituído pelasestudantes. Estes resultados estão em concordância como estudo realizado por Hahn, Foldspang & Ingemann-Hansen, (1999), o qual verificou a existência de umarelação directa entre a força muscular do quadricípitee o número de horas semanais de prática de basquetebolem atletas femininas. Segundo este estudo, quanto maioro número de horas semanais de prática de basquetebol,maior o valor de força muscular. Os resultados desteestudo vêm corroborar também a pesquisa realizadapor Zakas et al, (1995), a qual para além de providenciardados acerca do PT do quadricípite, ainda acrescentouinformação acerca dos isquiotibiais. Neste estudo,

observou-se, em atletas de uma equipa nacional debasquetebol, valores mais elevados de PT tanto para oquadricípite como para os isquiotibiais, quandocomparados com atletas de basquetebol de divisõesinferiores, verificando assim a existência de uma relaçãodirecta entre a força muscular e o volume de actividadedesportiva.Nesta investigação, não foi possível verificar umaalteração na relação de força I/Q das atletas no sentidode um DM, isto porque, com base nos valores dorácio I/Q do membro inferior dominante e nãodominante, apesar de se verificar uma ligeira diferençana amostra, esta não se revelou estatisticamentesignificativa.Estes resultados estão em concordância com o estudorealizado por Smith & Thomas, (1991), os quaisverificaram em atletas de basquetebol feminino de eliteque, em média, estas apresentaram valores do rácio I/Q acima do valor considerado normal para avelocidade de 60º/s. Por outro lado, Zakas et al, (1995),demonstraram que ao comparar o rácio I/Q de atletasde basquetebol de primeira divisão com atletas dedivisões secundárias, os resultados eram interessantes,na medida em que demonstravam não existir diferençassignificativas nos valores do rácio I/Q destes atletas.Deste modo, verificou-se que a maior ou menorex igênc ia imposta aos a t le tas não a l terou a

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relação I/Q. Nesta investigação, tal como não foipossível verificar uma alteração na relação de força I/Q das atletas em estudo no sentido de um DM, paraas DB isso também não foi possível verificar. Combase nos valores de DB de força do quadricípite e dosisquiotibiais, apesar de se verificar uma ligeira diferençana amostra, esta não se revelou estatisticamentesignificativa.Estes resultados corroboram o estudo realizado porSmith & Thomas, (1991), os quais verificaram ematletas de basquetebol feminino de elite que, em média,estas apresentaram DB de força inferiores ao valormáximo considerado aceitável (10%). Isto foi possívelverificar pois das 25 atletas participantes no estudo,apenas 5 apresentaram um desequilíbrio bilateral doquadricípite e apenas uma apresentou o desequilíbrionos isquiotibiais.Um aspecto a ser levado em conta neste estudo, é ofacto de terem participado atletas de diferentes clubes,podendo ser, por si só, um factor limitante, na medidaem que os métodos e a exigência de treino inerentes acada clube são diferentes, influenciando desta forma operfil físico de cada atleta.

Conclusão

Após a medição do PT e PT/BW do quadricípite edos isquiotibiais de ambos os membros inferiores nodinamómetro isocinético, verificou-se que o PT e PT/BW destes músculos nas atletas federadas debasquetebol, eram superiores ao grupo constituídopelas estudantes. Contudo, não se verificou, nas atletasem estudo, a presença de alterações na relação de forçaI/Q, bem como nas DB de força.Concluiu-se, então, que as atletas de basquetebolfeminino federado apresentam valores de força maiselevados comparativamente com as estudantessedentárias, o que se traduz no aumento da capacidadepara produzir força. Concluiu-se também, que o maiordesenvolvimento da mesma musculatura é feita de umaforma equilibrada, na medida em que não altera, nasatletas, a relação I/Q nem as DB de força no sentidode um DM.

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Efeito da Crioterapia na Noção de Posição Articular Activa do Ombro:um estudo comparativo entre o género masculino e feminino

Alcino Duarte1, Francisco Neto2, André Proença3, Rui Torres4

Fisioterapeuta. Licenciado pela Escola Superior Escola Superior de Saúde do Vale do Sousa - Instituto Politécnico de Saúde do Norte 1, 3

Fisioterapeuta. Mestre em Fisioterapia. Professor Adjunto na Escola superior de Saúde do Vale do Sousa - Instituto Politécnico de Saúde do Norte 2Fisioterapeuta. Mestre em Ciências do Desporto. Professor Adjunto na Escola superior de Saúde do Vale do Sousa - Instituto Politécnico de Saúde do Norte 4

Correspondência para: [email protected]

Resumo

Introdução: A aplicação de métodos de crioterapia faz parte do quotidiano dos fisioterapeutas envolvidos no desporto. O seu efeitoanalgésico e anti-inflamatório é de todo consensual. No entanto, o arrefecimento neuromuscular poderá interferir com as informaçõessensitivas e motoras podendo implicar importantes alterações do controlo motor. Objectivo: Determinar qual o efeito de um método decrioterapia na Noção de Posição Articular (NPA) activa do ombro, entre o género masculino e o feminino. Relevância: O conhecimentosdos efeitos que o arrefecimento muscular poderá ter no controlo motor, contribuirá para a tomada de decisão quanto à utilização desteagente físico antes da realização de um exercício físico. Metodologia: Constitui-se uma amostra com 30 sujeitos jovens saudáveis (15homens e 15 mulheres) e efectuou-se um estudo experimental, com um desenho cruzado, onde todos pertenceram de modo aleatório, aosgrupos controlo e experimental. Ambos os grupos foram submetidos a duas avaliações da NPA activa do ombro dominante. Aos gruposexperimentais foi aplicado, entre as avaliações da NPA, um programa de crioterapia composto por 1 kg de gelo aplicado sobre o ombro,enquanto os grupos controlo permaneceram 15 minutos em repouso. Recorreu-se ao dinamómetro isocinético Biodex System 3®, (Biodex,Inc., Shirley, New York, USA), para avaliação da NPA. Esta consistiu num teste de reposicionamento articular activo, efectuada naamplitude de 75º de rotação externa, a uma velocidade de 5º/Seg., sendo registado o erro absoluto para análise do efeito da crioterapia.Resultados/discussão: Os resultados foram de encontro com os encontrados na literatura, sustentando que imediatamente após aaplicação de da crioterapia poderá haver altercações do controlo proprioceptivo. No género masculino a mediana do erro absolutoaumentou significativamente (p<0,001) passou de 1,5º, na 1ª avaliação, para 2,7º na segunda. Enquanto no género feminino o valor damediana sofreu um aumento significativo (p<0,001) de 1,3º, na primeira avaliação, para 2,4º na segunda. Não se verificaram diferençassignificativas no erro absoluto de NPA entre géneros (p=0,453). Conclusão: O método de crioterapia aplicado neste estudo, diminui aNoção de Posição Articular activa do ombro, e não evidenciou diferenças no erro entre géneros.

Palavras-Chave: crioterapia, noção de posição articular activa, proprioceptividade, ombro.

Abstract

Introduction: The practice of cryotherapy methods is commonly used by physiotherapists in sports. There is general consensus of itsanalgesic and anti inflammatory effects. However, neuromuscular cooling can interfere with sensory and motor information, which canlead to important motor control alteration. Purpose: Determine which effect the cryotherapy method has in the active Joint PositionSense (JPS), between male and female gender. Relevance: Knowing the effects that the neuromuscular cooling might have on the motorcontrol, will contribute to making the decision of using this physical agent before doing exercise. Methodology: A sample consisting of30 young healthy subjects (15 male and 15 female) was used in an experimental cross-design study, where every subject belonged to thecontrol and experimental groups at random. Both groups were submitted to two active JPS evaluation of the dominant shoulder. Theexperimental male and female groups were subjected to a 15 minute cryotherapy program composed of 1 Kg of ice placed upon theshoulder, whereas the control relaxed for the same period of time. The dynamometer isokinetic Biodex System 3®, (Biodex, Inc., Shirley,New York, USA) was used to evaluate the active JPS, which consisted of an active joint repositioning made at an amplitude of 75ºexternal rotation, at a speed of 5º/Sec. Results/discussion: The findings corroborate the literature, stating that immediately after theuse of cryotherapy there may be alterations of the proprioceptive control. In the male gender the median of absolute error had significantdifference (p=<0,001), went from 1,5º in the first evaluation to 2,7º in the second one. While in the female gender the median ofabsolute error had increase of 1,3º in the first evaluation to 2,4º in the second one (p=0<0,001). There were no significant differences(p=0,453) in the absolute error of the JPS between genders. Conclusion: The cryotherapy methods used in this study decreased theactive JPS of the shoulder in both groups and did not show any difference in error between groups.

Keywords: cryotherapy; active joint position sense, proprioception, shoulder.

ARTIGO ORIGINAL

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Introdução

A utilização de métodos de crioterapia é bastantefrequente nos programas de reabilitação. De facto, oseu poder analgésico e anti-inflamatório contribui parauma mais rápida recuperação das lesões do sistemaneuro-musculo-esquelético e, deste modo, contribuipara um regresso mais precoce dos atletas à actividadedesportiva (Burke et al., 2001; Dover & Powers, 2003;S. M. Lephart, Pincivero, Giraldo, & Fu, 1997; Merrick,Jutte, & Smith, 2003; Myrer, Myrer, Measom,Fellingham, & Evers, 2001; Rubley, Denegar, Buckley,& Newell, 2003).Essencialmente a crioterapia leva à transferência deenergia, através de calor dos tecidos para o exteriordo organismo. Esse efeito está dependente de diversosfactores, como a área e duração da aplicação do agentede crioterapia, bem como da profundidade e técnicade arrefecimento empregue. Por conseguinte, as suasimplicações podem, deste modo, analisar-se a nívellocal, sistémico e funcional, nomeadamente através deuma diminuição da temperatura e do metabolismocelular, de uma vasoconstrição e de um aumento darigidez tecidular local (Burke et al., 2001; Kitchen &Bazin, 1999; Merrick, Jutte, & Smith, 2003; Myrer,Myrer, Measom, Fellingham, & Evers, 2001; Rubley,Denegar, Buckley, & Newell, 2003). A diminuição datemperatura local pode interferir com as informaçõessensitivas e motoras. Um atraso na velocidade decondução do impulso nervoso das fibras aferentessensoriais, e uma diminuição da excitabilidade dosmecanorreceptores musculares implicará alteraçõestanto ao nível da percepção de estímulos, como daactivação das unidades motoras, comprometendo acoordenação de padrões de movimento e estabilidadefuncional (Atnip & McCrory, 2004; Burke et al., 2001;Dover & Powers, 2003; Hubbard, Aronson, &Denegar, 2004; S. M. Lephart, Pincivero, Giraldo, &Fu, 1997; Riemann, Myers, & Lephart, 2002; Rubley,Denegar, Buckley, & Newell, 2003).A propriocepção, definida como uma variaçãoespecializada da modalidade sensorial, tem um papelfundamental na percepção da estática e do movimentoarticular (Borsa, Lephart, Kocher, & Lephart, 1994).Assim, uma diminuição desta, imposta por programasde crioterapia, poderá diminuir a coordenaçãoneuromuscular e ser manifestada através de alteraçõesda noção de posição articular (NPA), detecção limiardo movimento passivo e reprodução de força,aumentando, deste modo, a probabilidade de lesão e/ou uma diminuição da performance desportiva (Borsa,Lephart, Kocher, & Lephart, 1994; Hayes, Callanan,Walton, Paxinos, & Murrell, 2002).

Para determinar qual o efeito que o arrefecimento deuma articulação poderá ter no sentido deposicionamento articular, Hopper et al, (1997)imergiram o membro inferior em gelo até ao nível de5cm acima do maléolo tibial, obtendo uma temperaturamédia da superfície da pele de 15,0ºC. Já Uchio et al,(2003) usaram um sistema de arrefecimento (IcingSystem 2000) no joelho, obtendo uma temperaturamédia da superfície da pele de 21,6ºC. Em ambos osestudos, a noção de posicionamento articular sofreualteração após a aplicação de diferentes métodos decrioterapia, sustentando a possibilidade do controloproprioceptivo ser influenciado pelas manifestaçõesfisiológicas impostas por estes agentes terapêuticos.Ao nível do complexo articular do ombro os resultadosencontrados na literatura, nos trabalhos de Dover &Powers (2004) e Wassinger et al, (2007), a crioterapianão apresentou alterações na noção de posição articular.Na origem destes resultados, aparentementecontraditórios poderá estar uma maior dificuldade dearrefecimento em profundidade.Contudo, a generalidade dos estudos efectuados como objectivo de analisar o efeito da crioterapia napropriocepção tem envolvido articulações como ocotovelo, punho, joelho e tornozelo (Hopper,Whittington, & Davies, 1997; Uchio et al., 2003;Wassinger, Myers, Gatti, Conley, & Lephart, 2007).Alguns autores têm extrapolado os seus resultados paraoutras articulações. No entanto, para além das estruturasperi-articulares envolvidas na estabilidade articular e nocontrolo proprioceptivo assumirem diferenteimportância de articulação para articulação, sabe-setambém que a profundidade do arrefecimento variade acordo com os tecidos subcutâneos envolventes aesta. Pelo que qualquer extrapolação de articulação paraarticulação ou mesmo entre géneros deverá sempreser efectuada com extrema precaução (Feuerbach,Grabiner, Koh, & Weiker, 1994; Hopper, Whittington,& Davies, 1997; Saxton et al., 1995; Uchio et al., 2003;Vincent, Carlson, Hyatt, Yihua, & Vincent, 2000; Voight,Hardin, Blackburn, Tippett, & Canner, 1996). Assim erelativamente à profundidade de arrefecimento,diversos autores referem que a alteração de temperaturados tecidos se correlaciona com a quantidade de tecidoadiposo. Quanto maior a espessura de tecido adiposo,maior o tempo necessário para o calor ser conduzidoe assim arrefecer o sistema neuromuscular (Knight,Brucker, Stoneman, & Rubley, 2000; Myrer, Myrer,Measom, Fellingham, & Evers, 2001; Otte, Merrick,Ingersoll, & Cordova, 2002). Neste sentido, tendo emconsideração que na mulher o tecido adipososubcutâneo é, em média, superior à dos homens, acrioterapia poderá eventualmente, implicar diferentesefeitos entre géneros.

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Sabendo que os agentes de arrefecimento local sãoaplicados regularmente na prática clínica e no desportopelos fisioterapeutas, torna-se fundamental que hajauma evidência científica quanto ao efeito que estespoderão ter ao nível da função neuromuscular, paraque os programas de crioterapia aplicados antes doexercício físico, quer seja durante uma sessão dereeducação ou antes de uma prática desportiva, nãoponham em causa a integridade física nem a performancedos atletas.Assim, este trabalho tem como o objectivo: comparara influência da aplicação de um método de crioterapiana Noção de Posição Articular activa do ombro entrehomens e mulheres.

Métodologia

Após obtenção do consentimento informado,considerando a “Declaração de Helsínquia” daAssociação Médica Mundial, constituiu-se uma amostracom 30 sujeitos.Para a inclusão dos sujeitos no estudo, definiram-secomo critérios: (I) terem idades compreendidas entre20 e 30 anos; (II) apresentarem um índice de massacorporal entre 18,5 e 24,9. Contudo, os sujeitos seriamexcluídos do estudo, caso: (I) sofressem de lesõesneurológicas; (II) apresentassem lesões traumáticasantecedentes no ombro dominante, incluindo luxações,sub-luxações, cirurgias, ou alguma condição quecausasse dor durante os movimentos activos; (III)

manifestassem reacções adversas ou alguma contra-indicação ao gelo, incluindo alterações de sensibilidade,doença de Raynaud´s e reacções adversas anterioresao gelo; (IV) não apresentassem amplitudes demovimento dentro dos padrões de movimentonormais; (V) estivessem envolvidos em programas dereabilitação proprioceptiva.Assim a amostra foi composta por 15 sujeitos dogénero masculino, com a média de idades de 21,7 (±0,6) anos, e por 15 sujeitos do género feminino comuma média de idades de 22,0 ± (0,8) anos.Os 15 sujeitos de cada grupo pertenceramsimultaneamente, aos grupos controlo e experimental,sendo a determinação da entrada em primeiro lugarpara o grupo experimental ou controlo efectuada demodo aleatório.

ProcedimentosFoi efectuado um estudo experimental, com umdesenho cruzado, composto por duas diferentessessões, separadas por um período de 48 a 72 horas.Cada sessão foi composta por dois momentos deavaliação, interpostos por um método de crioterapia,

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aplicado na articulação do ombro do membrodominante, ou por uma condição de controlo (semcrioterapia).Na primeira sessão do estudo, foi determinado, o índicede massa corporal de cada indivíduo. Foi tambémmensurada a prega adiposa tricipital, no braçodominante (Macedo & Duarte, 2005), utilizando umadipómetro Harpenden Skinfold Caliper®, ModeloHSK-BI (West Sussex, RH 15 9LB, England)Para avaliação do sentido de posicionamento articularseleccionou-se o teste de Reprodução Angular Activa(RAA) (Lee, Liau, Cheng, Tan, & Shih, 2003; Myers,Guskiewicz, Sheneider, & Prentice, 1999). O teste foiefectuado num dinamómetro isocinético Biodex System3®, (Biodex Medial System Inc., Shirley, NY, USA).Trata-se de um instrumento que, de acordo comDrouin et al, (2004) apresenta um excelente nível defiabilidade (ICC=0,99) na avaliação de posiçõesangulares.Cada indivíduo foi sentado e estabilizado nodinamómetro isocinético, com 90º de abdução doombro, 90º de flexão do cotovelo, pronação doantebraço e foi dado ênfase para manter a colunacervical em posição neutra (Janwantanakul, Magarey,Jones, Grimer, & Milles, 2003; Lee, Liau, Cheng, Tan,& Shih, 2003; S.M. Lephart & FU, 1995; S.M. Lephart,Myers, Bradley, & Fu, 2002; Riemann, Myers, &Lephart, 2002; Safran, Borsa, Lephart, Fu, & Warner,2001). Todos os posicionamentos dos constituintes doaparelho foram efectuados para cada indivíduosegundo as indicações do manual do dinamómetroisocinético (Biodex System 3 Pro Manual, Applications/Operations, Biodex Medical Systems, Inc., Shirley, NewYork). Cada participante, antes do teste realizou umatentativa para se familiarizar com os procedimentos(Dover, Kaminski, Meister, Powers, & Horodyski,2003).Previamente à reprodução activa da NPA, odinamómetro isocinético moveu de modo passivo, auma velocidade de 5º/Seg., o membro superior daposição neutra para o ângulo de 75º de rotação externa,tendo sido mantida esta posição para memorizaçãodurante 10 segundos.De seguida cada sujeito teve de reproduzir 3 vezes demodo activo, com um intervalo de 10 segundos, aposição memorizada anteriormente. A velocidadeescolhida foi igualmente de 5º/Seg., sendo a posiçãoalvo bloqueada pelo sujeito através do on/off switch.(Figura1). A média do erro absoluto foi utilizada paraanálise da NPA.Nos testes de proprioceptividade, cada indivíduoutilizou uma venda e Headphones para eliminar qualquertipo de estímulos visuais (Carpenter, Blasier, &

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Figura 1: Posicionamento dos sujeitos no dinamómetro isocinético.

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Pellizzon, 1998) ou auditivos (Lee, Liau, Cheng, Tan,& Shih, 2003), respectivamente (Figura1).Durante o protocolo de proprioceptividade, não foidado qualquer feedback acerca da performance de cadaindivíduo (Janwantanakul, Magarey, Jones, & Dansie,2001). Os testes foram todos efectuados pelo mesmoinvestigador (Lee, Liau, Cheng, Tan, & Shih, 2003).Este teste, para avaliar a NPA do ombro, foi realizadoem dois momentos para cada indivíduo e nascondições acima descritas. No grupo experimentalefectuada antes e imediatamente após a aplicação deum método de crioterapia com duração de 15 minutosao ombro dominante, e no grupo controlo antes eapós 15 minutos de repouso sem a aplicação de gelo(Hopper, Whittington, & Davies, 1997; Uchio et al.,2003).Quanto ao método de crioterapia utilizado, este seguiuuma metodologia já aplicada em vários trabalhos(Chesterton, Foster, & Ross, 2002; Hopper,Whittington, & Davies, 1997; Uchio et al., 2003;Wassinger, Myers, Gatti, Conley, & Lephart, 2007) econsistiu em 15 minutos de aplicação de gelo triturado,colocado num saco plástico (20×25 cm) completandoum peso de 1 kg. O centro do saco com gelo foiaplicado sobre o bordo anterior do acrómio, cobrindoo músculo deltóide e o bordo lateral da omoplata.Cada saco foi preparado da mesma forma, incluindoa sua pesagem e a remoção do ar como é sugeridopor vários autores (Merrick, Jutte, & Smith, 2003;Rubley, Denegar, Buckley, & Newell, 2003).A sua aplicação no ombro do participante foi suportadapor uma banda elástica não adesiva, sem promoverqualquer tipo de compressão, sendo usada em todosos indivíduos durante o estudo. Após a colocação do

gelo os indivíduos aguardaram no isocinético, com omembro superior relaxado, até o método terminar.Para controlo da temperatura da superfície da pele emcada indivíduo, entre o grupo de controlo e o grupoexperimental, foram efectuadas medições antes e aos5, 10 e 15 minutos de aplicação do gelo, através dasonda transmissora de superfície HI-765PE ® queacompanha o Termómetro Hanna Instruments Hi-8751® (Hanna Instruments Ltd, Leighton Buzzard,England) (Chesterton, Foster, & Ross, 2002). A sondafoi aplicada na região inferior ao bordo anterior doacrómio e fixada com 6 cm de tape transparenteJohnson & Johnson®, a partir da sua inserção (Merrick,Jutte, & Smith, 2003; Wassinger, Myers, Gatti, Conley,& Lephart, 2007).Quando o indivíduo se encontrava na condição degrupo controlo, foi também efectuada a medição datemperatura da superfície da pele, nas condições emomentos acima descritos.A temperatura da sala de testes foi mantida constantedurante todas as sessões. Para tal, o ar condicionadofoi programado para os 20 graus centígrados.

Procedimento estatísticoNa análise dos dados foram utilizadas as medidas detendência central e de dispersão, no âmbito da estatísticadescritiva. Após o estudo exploratório dos dados e danormalidade da distribuição das variáveis, através daanálise dos histogramas e do teste Shapiro-Wilk, utilizou-se o teste não paramétrico Wilcoxon para comparar,em ambos os grupos, os valores da NPA do 1º para osegundo momento de avaliação e o teste de Mann-Whitney para comparar os valores da NPA, entre osgrupos, em cada momento.

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*Diferenças estatisticamente significativas (p ≤ 0,05)

p = 0,35p = 0,18p = 0,43p = 0,18

* p ≤ 0,00113,2ºC15,7ºC23,7ºC33,6ºCGrupo Experimental Mulheres (n=15)

* p ≤ 0,00113,3ºC16,0ºC23,9ºC33,8ºCGrupo Experimental Homens (n=15)

p = 0,1133,5ºC33,6ºC33,6ºC33,6ºCGrupo Controlo Mulheres (n=15)

p = 0,8534,0ºC34,0ºC33,9ºC33,8ºCGrupo Controlo Homens (n=15)

Valor de p15`10`5`0`

Tempo de Registo de Temperatura

*Diferenças estatisticamente significativas (p ≤ 0,05)

p = 0,35p = 0,18p = 0,43p = 0,18

* p ≤ 0,00113,2ºC15,7ºC23,7ºC33,6ºCGrupo Experimental Mulheres (n=15)

* p ≤ 0,00113,3ºC16,0ºC23,9ºC33,8ºCGrupo Experimental Homens (n=15)

p = 0,1133,5ºC33,6ºC33,6ºC33,6ºCGrupo Controlo Mulheres (n=15)

p = 0,8534,0ºC34,0ºC33,9ºC33,8ºCGrupo Controlo Homens (n=15)

Valor de p15`10`5`0`

Tempo de Registo de Temperatura

*Diferenças estatisticamente significativas (p ≤ 0,05)

* p ≤ 0,0010,40,213,412,014,212,412,711,7Prega Cutânea (mm)

p ≤ 0,5470,91,323,122,724,324,621,520,4Índice de Massa Corporal (%)

* p ≤ 0,0015,54,0161,6177,4174,0186,0154,0170,0Altura (cm)

* p ≤ 0,0013,44,657,373,562,582,051,062,4Peso (kg)

p = 0,2640,80,622,021,723232121Idade (anos)

M-FFMFMFMFMSexo

Valor de pDesvio PadrãoMédiaMáximoMínimo

*Diferenças estatisticamente significativas (p ≤ 0,05)

* p ≤ 0,0010,40,213,412,014,212,412,711,7Prega Cutânea (mm)

p ≤ 0,5470,91,323,122,724,324,621,520,4Índice de Massa Corporal (%)

* p ≤ 0,0015,54,0161,6177,4174,0186,0154,0170,0Altura (cm)

* p ≤ 0,0013,44,657,373,562,582,051,062,4Peso (kg)

p = 0,2640,80,622,021,723232121Idade (anos)

M-FFMFMFMFMSexo

Valor de pDesvio PadrãoMédiaMáximoMínimo

Tabela 1: Caracterização geral da amostra: valores mínimos, máximos, médias e respectivos desvios-padrão relativos à idade,peso, altura, índice de massa corporal e prega cutânea.

Para determinar se houve diferenças no arrefecimentoà superfície da pele entre o grupo experimental doshomens e grupo experimental das mulheres foiigualmente utilizado o teste de Mann-Whitney. Paraanalisar o arrefecimento induzido ao longo doprotocolo experimental foi utilizado o Friedman test.Estabeleceu-se um nível de significância de α =0,05.

Resultados

A tabela 1 apresenta a caracterização da amostra edemonstra que as características idade e índice de massacorporal não apresentaram diferenças estatisticamentesignificativas entre os homens e mulheres, contudo aonível do peso, altura e prega cutânea, foramnaturalmente detectadas diferenças estatisticamentesignificativas (p<0,05) entre os dois géneros.Quanto aocontrolo da temperatura da pele pode verificar-se, de

acordo com a tabela 2, que ambos os grupos controlomantiveram temperaturas semelhantes ao longo doprotocolo experimental (p=0,85 e p=0,11 nos homense mulheres respectivamente). Pode verificar-se aindaque ambos os grupos experimentais sofreram umarrefecimento significativo ao longo do tempo(pd”0,05) e que este foi idêntico entre eles.~

Como podemos observar na figura 2, tanto noshomens como nas mulheres, na condição de gupocontrolo, não foram encontradas diferençasestatisticamente significativas entre o momento 1 (M1)e o momento 2 (M2).No entanto, na condição de grupo experimental foramencontradas diferenças estatisticamente significativas(p<0,001), pelo que, 50% dos indivíduos do géneromasculino obtiveram valores de erro no M1 até 1,5ºna NPA, passando a uma margem de erro de 2,7º no

Tabela 2: Apresentação dos valores mínimos, máximos, médias e respectivos desvios-padrão da temperatura da pele àsuperfície (Cº) durante a aplicação do protocolo experimental.

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M2. No género feminino, 50% dos indivíduosobtiveram valores de erro no M1 até 1,3º na NPA,passando a ter erros até 2,4º no M2 (p<0,001). Dereferir que os resultados revelaram-se semelhantes entreos dois momentos nos dois géneros, sendo estasdiferenças estatisticamente significativas.Podemos ainda verificar, pela análise da tabela 3, quenão foram reveladas diferenças estatisticamentesignificativas na avaliação da NPA entre os dois gruposexperimentais (p=0,453), quer no momento 1 (M1),antes da aplicação do método de crioterapia, quer nomomento 2 (M2).Assim, pode verificar-se que os valores da medianado erro médio absoluto encontrados em cada um dosmomentos, tanto nos homens como nas mulheresforam semelhantes, 1,5 e 1,3 graus no M1 e 2,7 e 2,4graus no M2, e que ainda houve uma dispersão idênticaatravés da análise dos percentis 25 e 75.

X (DP)

M1 X (DP)

M2

1,7 (0,8) 1,5 (1,1 – 2,0) 3,3 (1,9) 2,7(2,3-3,2) Grupo Experimental Homens (n=15)

1,5 (0,8) 1,3 (1,1 – 1,5) 2,7 (0,8) 2,4 (2,2 – 3,2) Grupo Experimental Mulheres (n=15)

p = 0,359 p = 0,453 Diferenças estatisticamente significativas (p ? 0,05)

Tabela 3: Comparação dos valores da mediana do erro médio absoluto (em graus) em cada momento, nos 2 Grupos experimentais.

Discussão

A aplicação do método de crioterapia escolhido paraeste trabalho induziu um aumento do erro absolutoda noção de posição articular activa do ombro,semelhante em ambos os géneros. Os resultadosencontrados neste trabalho vão, deste modo, deencontro aos verificados por Hopper et al, (1997) e deUchio et al, (2003), isto é, a crioterapia influenciou ocontrolo proprioceptivo das articulações estudadas.No trabalho de Hopper et al, (1997) após a imersãodo membro inferior até 5 cm acima dos maléolos emgelo durante 15 minuto, foram detectadas diferençassignificativas na NPA activa da tíbio-társica. Contudo,um aumento de 0,5 graus no erro de NPA levou osautores a defenderem que esta diferença não seriarelevante para a prática clínica e desportiva. TambémUchio et al, (2003), estudando a influência da crioterapia

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Figura 2: Representação gráfica dos percentis 25, 75 e da mediana do erro médio na Noção de Posição Articular activa entre omomento 1 (M1) e o momento 2 (M2), nos 4 grupos estudados.

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na articulação do joelho, encontraram diferençassignificativas na NPA. No entanto, o aumento do errode 1,7º já levou os autores a considerarem que aaplicação de crioterapia poderia incrementar o riscode lesão sempre que aplicada imediatamente antes daprática desportiva.O aumento do erro de reposicionamento articularpoderá ser causado pelo efeito retardador na velocidadede condução do impulso nervoso das fibras aferentessensoriais imposta pelo arrefecimento. A diminuiçãoda temperatura local poderá ainda ser acompanhadapor alterações na excitabilidade dos fusosneuromusculares e órgãos tendinosos de Golgi (Atnip& McCrory, 2004; Burke et al., 2001; Dover & Powers,2003; Hubbard, Aronson, & Denegar, 2004; S. M.Lephart, Pincivero, Giraldo, & Fu, 1997). Deste acrioterapia poderá comprometer a sensibilidade, apercepção de estímulos, diminuindo a informaçãosensorial aferente, bem como a activação das unidadesmotoras, essencial à coordenação de padrões demovimento e estabilidade funcional.Segundo Chesterton et al, (2002), existe analgesia locale redução na velocidade de condução nervosa em 10%,quando a temperatura da superfície da pele é inferior a13,6ºC. Esta temperatura é semelhante à imposta peloprotocolo experimental do presente trabalho, tendosido 13,3 (±0,1) ºC nos homens e 13,2 (±0,1) ºC nasmulheres.No trabalho de Uchio et al, (2003) realça-se ainda ofacto de 15 minutos após aplicação do gelo amagnitude do erro de posição articular ser ainda de0,8º maior que na situação normal, sendo ainda umvalor a ter em consideração para o ingresso naactividade desportiva.Contudo, nem todos os resultados encontrados naliteratura apresentam consensos. Dover & Powers(2004) e Wassinger et al, (2007) não encontraramalterações no sentido de posição articular do ombroapós aplicação de crioterapia. Os resultadoscontraditórios não parecem dever-se a diferenças aonível dos protocolos experimentais, ambos os trabalhosaplicaram gelo triturado ao nível do ombro, porperíodos de tempo igual (Wassinger et al, 2007) ousuperior (Dover & Powers, 2004) (30 minutos) aoaplicado no presente trabalho.Quanto à população estudada os trabalhos de Dover& Powers (2004) e Wassinger et al, (2007) englobaramjovens saudáveis de ambos os géneros, tratando-se porisso de uma população também semelhante à destetrabalho. No entanto a análise não foi efectuada entregéneros, pelo que as diferentes característicasantropométricas entre homens e mulheres poderiaminterferir na capacidade de reprodução da posição

articular, nomeadamente as diferenças ao nível daspregas cutâneas. Contudo, na análise efectuada nestetrabalho, apesar de existirem diferenças entre ascaracterísticas antropométricas, como as pregascutâneas, não foram diferenças na NPA entre géneros.Quanto aos instrumentos utilizados para medir a noçãode posição articular no ombro, poderemos verificarque foram utilizados metodologias diferentes. Dover& Powers (2004) utilizaram um inclinómetro enquantoWassinger et al, (2007) optaram por efectuar uma análisede imagem tridimensional. Assim, e apesar de Drouinet al, (2004) ter considerado que o Biodex System 3® éum instrumento válido para medição da NPA,consideramos ser pertinente futuramente efectuar-seuma análise das medições desta componente daproprioceptividade com as três metodologiasanteriormente mencionadas, para que mais facilmentese possam vir a comparar os resultados.Assim, poderemos verificar que não é ainda claro oefeito que poderá ter a aplicação de agentes quepromovam um arrefecimento de uma articulação, peloque entendemos ser recomendável que a aplicação demétodos de crioterapia quando aplicados antes darealização de exercício físico devam ter um tempo deintervalo de pelo menos 15 minutos, para que o seuprovável efeito negativo ao nível do controlo motor,não ponha em causa a integridade de uma articulação,nem possa contribuir para uma diminuição daperformance desportiva do atleta.

Conclusões

Esta investigação demonstrou que um método decrioterapia aplicado na articulação do ombro poderádiminuir a Noção de Posição Articular activa destaarticulação, após 15 minutos da sua aplicação. Destemodo, parece ser recomendável que os agentes dearrefecimento local aplicados no ombro antes darealização de exercício físico sejam efectuados com umintervalo de pelo menos 15 minutos.Demonstrou, ainda, que não parece existir diferençasna Noção de Posição Articular entre homens e mulherescom a aplicação deste método.

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O Efeito das Ligaduras Funcionais da Articulação Tíbio-Társica naPropriocepção – Revisão da Literatura

José Esteves1, Felipe Melo2, Raúl Oliveira3, Jan Cabri4

Fisioterapeuta. Professor Adjunto da Escola Superior de Saúde do Alcoitão - Departamento de Fisioterapia 1 Correspondência para: [email protected] Associado. Faculdade de Motricidade Humana - Departamento de Ciências da Motricidade 2

Fisioterapeuta. Professor Auxiliar Convidado. Faculdade de Motricidade Humana - Departamento de Ciências do Desporto 3Fisioterapeuta. Professor Associado Convidado. Faculdade de Motricidade Humana - Departamento de Ciências do Desporto 4

Resumo

Introdução: A ligadura funcional na articulação tíbio-társica é utilizada com fins terapêuticos ou preventivos. A sua eficácia pode seratribuída à limitação mecânica que implica, mas também pode envolver processos neurofisiológicos relacionados com o feedbackproprioceptivo. Existem instrumentos de medida que avaliam objectivamente algumas componentes da propriocepção. Objectivos:Realizar uma revisão da literatura sobre o efeito das ligaduras funcionais da articulação tíbio-társica na propriocepção. Relevância: Oconhecimento sobre o tema pode constituir mais uma informação que contribui para decisão dos fisioterapeutas ou outros profissionaisde saúde quanto à aplicação da ligadura funcional na articulação tíbio-társica. Metodologia: Com base numa metodologia sistemática,foi realizada uma revisão dos artigos publicados entre 1987 e 2007, pesquisados nas bases de dados referenciais PubMed e PEDro. Foramseleccionados os artigos que cumpriam com os critérios de selecção e eliminados os restantes. Resultados e discussão: Dos 66 artigosprovenientes das pesquisas, foram seleccionados 10 artigos. Constatou-se que cinco artigos referem que as ligaduras funcionais nãoapresentam qualquer efeito sobre a propriocepção. Um estudo verificou alterações benéficas que desapareciam após o exercício físico.Dois estudos referem que a ligadura funcional poderá intervir positivamente nos sistemas proprioceptivos implicados na estabilidadedinâmica. Apenas um estudo refere que a ligadura poderá ter um efeito prejudicial sobre a propriocepção. Conclusão: Os resultados dosestudos não são unânimes quanto aos efeitos da ligadura funcional da articulação tíbio-társica na propriocepção. É necessária a realizaçãode mais estudos com desenhos experimentais de maior qualidade metodológica.

Palavras-chave: ligadura funcional, tíbio-társica, propriocepção, cinestesia, sensação de posição articular, oscilação postural, tempo dereacção dos peroniais

Abstract

Introduction: Ankle taping can be used as a therapeutic or a preventive method. Its efficacy can be a result of its mechanical restrainton joint movement, but also can involve neurophysiologic processes related to the proprioception. There are instruments that canobjectively measure proprioception components. Objectives: To review the literature related to the effect of the ankle taping onproprioception. Relevance: The knowledge regarding this theme can help physiotherapists or other health professionals to decide the useof ankle taping. Methods: It was done, on a systematic methodology basis, a literature review of published papers between 1987 and2007. The literature search was carried out using the databases PubMed and PEDro. The papers were selected according to the selectioncriteria. Results and discussion: From the 66 references identified during the searches, 10 papers were selected. From the selectedstudies, five reported that ankle tape had no effect on the proprioception measurements. One study reported beneficial changes that couldnot be observed after exercise. Two studies referred that ankle tape may influence positively proprioception and consequently the ankledynamic stability. One publication referred that ankle tape can have detrimental effects on proprioception. Conclusion: According tothis systematic review there is no consensus regarding the effect of functional taping on ankle proprioception. Well designed studies withhigh methodological quality are required to investigate this topic.

Keywords: tape, ankle, proprioception, kinaesthesia, joint position sense, postural sway, peroneal reaction time

REVISÃO DA LITERATURA

Introdução

As lesões cápsulo-ligamentares da articulação tíbio-társica desencadeadas por mecanismo de entorse eminversão, vulgarmente conhecidas como “entorses dotornozelo”, são das lesões do sistema músculo-esquelético mais frequentes na prática clínica dos

profissionais de saúde, em especial daqueles ligados aoatendimento de desportistas, de competição ou lazer,ou de pessoas com uma actividade física frequente nasua vida quotidiana (Esteves, 2005).Os estudos epidemiológicos reportam que as lesõescápsulo-ligamentares da articulação tíbio-társica são asmais comuns na prática desportiva (Garrick, 1977,citado por Kannus & Renstrom, 1991). Segundo

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Os diversos estudos realizados sobre esta temáticaaplicam uma variedade de metodologias para avaliar equantificar o efeito das ligaduras funcionais sobre apropriocepção, nas suas diferentes dimensões. SegundoLephart (Lephart, Pincivero, & Rozzi, 1998), é possívelmedir a propriocepção de uma forma mais directaatravés da avaliação da cinestesia ou da avaliação dasensação de posição do segmento. A avaliação dacinestesia faz-se através da medição do limiar dedetecção do movimento passivo, enquanto que aavaliação da sensação de posição é feita através damedição do posicionamento passivo do segmentoarticular ou da reprodução activa desse posicionamento(Lephart, Pincivero, Giraldo, & Fu, 1997). Neste tipode avaliação são utilizados mecanismos motorizadosde mobilização articular ligados a sistemasinformáticos, que permitem a detecção e registo dasvariáveis em avaliação. Geralmente, os dinamómetrosisocinéticos computorizados apresentam versões coma possibilidade deste tipo de avaliação.Para além dos métodos de avaliação mais directa,também existem métodos indirectos para avaliar apropriocepção, através da medição da oscilaçãopostural durante a manutenção da posição de pé, maisespecificamente em apoio unipedal ou, através damedição do tempo de latência dos músculos peroniaisapós um mecanismo de inversão forçada (Lephart etal, 1997). Denomina-se como oscilação postural,tradução do termo anglo-saxónico postural sway, odeslocamento do centro de gravidade durante amanutenção da postura na posição de pé (Esteves,2001). A medição da oscilação postural é um métodode avaliação baseado na concepção de que as alteraçõesda propriocepção articular após a ocorrência de lesãodo complexo cápsulo-ligamentar, diminui o feedbacksensorial aferente da articulação lesionada, resultandonum aumento da oscilação postural (Lephart et al,1997). Para a medição da oscilação postural, utilizam-se sistemas computorizados associados a plataformasde força que medem e registam a deslocação daprojecção vertical do centro de gravidade sobre a basede sustentação, de uma forma sensível e fidedigna(Esteves, 2001).A medição do tempo de reacção dos músculosperoniais, também referido na literatura como tempode latência dos músculos peroniais, é um método queé utilizado na medição indirecta da propriocepção daarticulação tíbio-társica (Esteves, 2005). O tempo dereacção dos peroniais corresponde ao tempo delatência da resposta dos músculos peroniais, isto é, operíodo de tempo que decorre entre o estímulo e oinício da actividade eléctrica dos músculos (Allison,Hopper, Martin, Tillberg, & Woodhouse, 1999). Neste

Brooks et al (1981), McCullocch et al (1985) e Ruth(1961), citados por vários autores (Kannus & Renstrom,1991; Lynch & Renstrom, 1999; Pijnenburg, Van Dijk,Bossuyt, & Marti, 2000), por dia uma em cada 10.000pessoas sofre uma lesão da articulação tíbio-társica,tornando-se na lesão mais comum do sistema músculo-esquelético. Viljakka e Rokkanen em 1983 (citados porLynch & Renstrom, 1999), referiam que esta lesãoconstituía 7% a 10% de todas as admissões nos serviçosde urgência hospitalar.Por ser um tipo de lesão com uma incidência eprevalência elevada, constitui objecto de estudo porparte dos investigadores e clínicos, com o fim deinvestigar e desenvolver possíveis abordagensterapêuticas, bem como, estratégias de prevenção parase reduzirem os riscos de ocorrência, tanto de lesõesprimárias como de recidivas.A utilização de suportes externos na prevenção daslesões da tíbio-társica, quer sejam ligaduras funcionaisou ortóteses específicas, que limitam os movimentosde inversão e eversão, tem fomentado a realização deum grande número de trabalhos científicos, com oobjectivo de comprovar os resultados, perceber os seusmecanismos fisiológicos, comparar métodos e,identificar possíveis complicações relacionadas com oseu uso (Esteves, 2005). Vários estudos comprovarama eficácia do uso destes métodos na prevenção daocorrência de lesões, sendo mais eficaz na prevençãode recidivas (Firer, 1990; Garrick & Requa, 1973;Wilkerson, 1991). Alguns autores referem que a suaefectividade é devida ao aumento do suporte estruturalpromovido por eles, através da restrição dosmovimentos no plano frontal (Cordova, Ingersoll, &LeBlanc, 2000).A limitação mecânica promovida por estes métodosreduz significativamente após a realização de exercíciofísico (Fumich, Ellison, Guerin, & Grace, 1981; Lynch& Renstrom, 1999; Rarick, Bigley, Karst, & Malina,1962), especialmente a ligadura funcional, conformedemonstrado em vários estudos referidos por Hume& Gerrard (1998). Por esta razão, tem sido sugeridopor alguns autores, citados por Lynch & Renstrom,(1999), que a utilização de ligaduras funcionais eortóteses aumenta o feedback proprioceptivo da tíbio-társica, melhorando os mecanismos de estabilidadedinâmica através da influência sobre os sistemas deresposta neuromuscular (Hume & Gerrard, 1998).Entretanto, também existem algumas correntes queadvertem para a possibilidade do uso das ligadurasfuncionais ter efeitos prejudiciais, especialmenterelacionados com os processos neurofisiológicos dapropriocepção (Bennell & Goldie, 1994; Hume &Gerrard, 1998).

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tipo de medição é utilizado um mecanismo de alçapão(“trap-door”) (Esteves, 2005), onde se desencadeia ummovimento de inversão forçada, súbita e brusca,dentro dos limites de segurança para a integridadecápsulo-ligamentar da articulação tíbio-társica, sendoeste movimento, o estímulo que vai desencadear aactividade eléctrica dos músculos peroniais (Esteves,2005). Este estímulo vai despoletar uma contracçãomuscular reflexa, devido à estimulação dosmecanorreceptores provocada pelo estiramento dasestruturas músculo-tendinosas e cápsulo-ligamentares(Allison et al, 1999). A actividade eléctrica dos músculosperoniais é registada por electromiografia de superfície.A determinação do início e fim da actividade muscularé uma componente critica na investigação relacionadacom o controlo motor e análise de padrões demovimento, sendo a electromiografia um instrumentoimportante para este fim, pelo que tem sidofrequentemente utilizada em estudos que impliquem adeterminação de tempos de reacção muscular apósum estímulo (Leader, Boston, & Moore, 1998).O objectivo deste trabalho é realizar uma revisão daliteratura que estudou o efeito das ligaduras funcionaisda articulação tíbio-társica na propriocepção, sendo estaavaliada através de métodos de medida objectivos equantitativos, directos ou indirectos, em sujeitossaudáveis ou com história de instabilidade articular.

Métodos

Esta revisão da literatura foi realizada com base nosresultados provenientes da pesquisa sistemática nasbases de dados referenciais PubMed e PEDro(Physiotherapy Evidence Database). Foram pesquisados osartigos publicados nos últimos 20 anos, isto é, entre1987 e 2007, escritos na língua inglesa.Os critérios para a selecção dos artigos na pesquisaforam estabelecidos previamente e incluíam o tipo deestudo, a amostra dos estudos, o tipo de intervenção eos métodos de medição dos resultados. Assim, osartigos teriam que ter como tipo de estudo, um desenhoexperimental ou quasi-experimental, em que fosseinvestigado o efeito da ligadura funcional da articulaçãotíbio-társica na propriocepção. Quanto à amostraestudada, os artigos podiam incluir sujeitos saudáveisou com patologia da articulação tíbio-társica, isto é,com instabilidade aguda ou crónica. Os estudos teriamque apresentar como intervenção, pelo menos, aaplicação de uma ligadura funcional na articulação tíbio-társica, não sendo excluídos aqueles que tambémapresentavam outros tipos de intervenção. A mediçãodos resultados do efeito da ligadura funcional sobre apropriocepção tinha que ser realizada com base em

métodos de medida objectivos, directos ou indirectos,tais como, a avaliação da cinestesia, a medição dasensação de posição do segmento, a medição daoscilação postural ou a medição do tempo de reacçãodos músculos peroniais.Com base nestes critérios, os termos de pesquisautilizados foram: “ankle tape” ou “ankle taping”combinados, através do operador booleano “e”, com“proprioception”, “proprioceptive”, “joint position sense”,“kinaesthesia”, “postural sway”, “peroneal reaction time” ou“peroneal latency”.Após a realização da pesquisa, dos resultados em brutoforam eliminados os artigos que surgiram emduplicado. Para tal recorreu-se ao software de gestãode referências bibliográficas EndNote® X1 (ThomsonResearchSoft, Philadelphia, PA, USA). De seguidaforam analisados os títulos e os resumos dos artigos,para confirmar se correspondiam ao tema em revisão,sendo eliminados os que manifestamente caíam forados objectivos do estudo. Os artigos remanescentesforam lidos na íntegra, tendo-se verificado se cumpriamcom os critérios de selecção. Desta análise resultou aselecção final para a revisão de literatura.

Resultados

Das pesquisas realizadas nas bases de dados resultaramum total de 66 artigos. Foram eliminados 19 artigosduplicados, isto é, que surgiram repetidos nas pesquisascom os diferentes termos. Nos restantes 47 artigos,após a análise do título e resumo, foram eliminados 35artigos que não cumpriam com os critérios de selecção.Assim, resultou um conjunto de 12 artigos que foramlidos e analisados na íntegra. Nesta ultima análise, foramrejeitados mais 2 artigos que não satisfaziam os critériosde selecção, pois apesar de estarem relacionados como tema em investigação, não apresentavam, comointervenção no estudo, a ligadura funcionalestabilizadora da articulação tíbio-társica. Comoresultado obteve-se uma selecção final de 10 artigosque constituem a revisão de literatura sobre o efeitodas ligaduras funcionais da articulação tíbio-társica napropriocepção. Os trabalhos constantes na selecçãofinal são apresentados na tabela 1.

Na listagem final, verificou-se que dois trabalhospublicados pelo mesmo autor em duas publicaçõesdiferentes (Jerosch et al, 1995, e Jerosch et al, 1996),parecem corresponder ao mesmo estudo, poisapresentam como resultados, dados que em tudo sãoiguais. Assim, na discussão só se incluirá um dosestudos, apesar de se fazer referência aos dois artigosnesta revisão.

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TABELA 1 – Grelha de análise de estudos sobre a influência das ligaduras funcionais na propriocepção

Autores/Ano Amostra Componente da propriocepção

medida

Tipo de intervenção

Resultados

Allison et al, 1999

31 sujeitos saudáveis

Tempo de reacção dos músculos peroniais

Ligadura funcional

Ligadura adesiva circular sobre os gémeos

Não existem diferenças significativas do tempo de reacção dos músculos peroniais entre as várias condições

Os resultados sugerem que as respostas neurofisiológicas ao mecanismo de inversão súbito não se alteram com o input mecânico ou sensorial promovido pela ligadura funcional

Alt et al, 1999 12 sujeitos saudáveis

Tempo de reacção dos músculos peroniais

Relação com a amplitude de inversão máxima (rácio de amplificação da propriocepção)

Ligadura funcional

Dois tipos de material diferentes e duas técnicas de aplicação diferentes

O tempo de reacção dos músculos peroniais não é alterado com a ligadura funcional, independentemente da técnica de aplicação ou do tipo de material

Com ligadura funcional, a tíbio-társica apresenta uma melhoria do rácio de amplificação da propriocepção

Jerosch et al, 1995

Jerosch et al, 1996

16 sujeitos com instabilidade da tíbio-társica

14 sujeitos saudáveis

Reprodução activa da posição do segmento

Percurso com saltos em apoio unilateral

Manutenção da posição de pé em apoio unipedal

Ligadura funcional

Ortótese com suportes laterais flexíveis

Ortótese com barras laterais rígidas

A utilização das ligaduras funcionais e das ortóteses melhorou as capacidades funcionais e a propriocepção, reduzindo o erro na reprodução da posição do segmento, tanto ao nível das articulações instáveis como das articulações saudáveis

Karlsson & Andreasson, 1992

20 sujeitos com instabilidade da tíbio-társica

Tempo de reacção dos músculos peroniais

Ligadura funcional Tempo de reacção dos peroniais era significativamente superior na articulação tíbio-társica afectada em relação à saudável

Com a ligadura funcional o tempo de reacção dos peroniais reduziu significativamente na articulação instável, no entanto permanecia superior à do lado saudável

Konradsen & Ravn, 1991

10 sujeitos com instabilidade funcional da articulação tíbio-társica

Tempo de reacção dos músculos peroniais

Ligadura funcional Sem diferenças estatisticamente significativas no tempo de reacção dos peroniais, entre condições com e sem ligadura funcional.

Leanderson et al, 1996}

9 sujeitos com instabilidade funcional da tíbio-társica

8 sujeitos saudáveis

Oscilação postural em superfície instável

Ligadura funcional Com a ligadura funcional verifica-se uma diminuição da oscilação postural antes da realização do exercício

Depois da realização do exercício, com a ligadura funcional, não se encontram diferenças significativas da oscilação postural

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No que respeita aos métodos de medição dapropriocepção, seis estudos mediram o tempo dereacção dos peroniais após um mecanismo brusco deinversão com trap- door (Allison et al, 1999; Alt, Lohrer,& Gollhofer, 1999; Karlsson & Andreasson, 1992;Konradsen & Ravn, 1991; Lohrer, Alt, & Gollhofer,1999; Shima, Maeda, & Hirohashi, 2005). A mediçãoda cinestesia através do limiar de detecção domovimento foi realizada num só estudo (Refshauge,Kilbreath, & Raymond, 2000), bem como, a avaliaçãoda sensação de posição do segmento através dareprodução activa da posição do segmento é realizadanum só estudo (Jerosch, Hoffstetter, Bork, & Bischof,1995; Jerosch, Thorwesten, Bork, & Bischof, 1996).Também a oscilação postural, como medida indirectada propriocepção, foi avaliada em apenas um estudo(Leanderson, Ekstam, & Salomonsson, 1996) e, apesarde mais um dos estudos apresentados também medira manutenção da posição de pé, não é consideradonesta variável, pois não utilizou um instrumento demedida que cumprisse com os critérios de selecção(Jerosch et al, 1995; Jerosch et al, 1996).Dos trabalhos revistos, cinco referem que as ligadurasfuncionais não apresentam qualquer efeito sobre asdimensões da propriocepção avaliadas (Allison et al,1999; Alt et al, 1999; Konradsen & Ravn, 1991; Lohrer

Lohrer et al, 1999

40 sujeitos saudáveis

Tempo de reacção dos músculos peroniais

Relação com a amplitude de inversão máxima (rácio de amplificação da propriocepção)

Ligadura funcional O tempo de reacção dos músculos peroniais não é alterado com a ligadura funcional

Com ligadura funcional, a tíbio-társica apresenta um aumento significativo do rácio de amplificação da propriocepção, relativamente à condição sem ligadura funcional

Refshauge et al, 2000

25 sujeitos com mecanismos recidivantes de entorse em inversão da tíbio-társica

18 sujeitos saudáveis

Cinestesia - Limiar de detecção do movimento

Ligadura funcional Não existem diferenças significativas para a percepção do movimento, entre condições com ligadura funcional e sem ela, quer em sujeitos com entorses recidivantes da tíbio-társica quer em sujeitos saudáveis

A capacidade de detectar os movimentos passivos de flexão dorsal e plantar não está diminuída nos indivíduos com história de entorses recidivantes da tíbio-társica

Shima et al, 2005

10 sujeitos com história de entorse em inversão da tíbio-társica

8 sujeitos saudáveis

Tempo de reacção dos músculos peroniais

Ligadura funcional

Ortótese

Tanto a ligadura funcional como a ortótese da articulação tíbio-társica aumentaram significativamente o tempo de reacção dos músculos peroniais em todos os sujeitos

et al, 1999; Refshauge et al, 2000) e, um estudo encontra,com a ligadura funcional, uma diminuição da oscilaçãopostural antes da realização de exercícios, no entantodepois do exercício já não se verificavam diferençassignificativas (Leanderson et al, 1996). Dois dos estudosreferem que a ligadura funcional poderá intervirpositivamente nos sistemas proprioceptivos implicadosna estabilidade dinâmica pois encontra melhoria nasvariáveis da propriocepção medidas (Jerosch et al, 1995;Jerosch et al, 1996; Karlsson & Andreasson, 1992), noentanto um dos artigos verifica que a ligadura poderáaumentar o tempo de reacção dos peroniais, efeitoque se considera prejudicial (Shima et al, 2005).

Discussão

Como se pode verificar na Tabela 1, a grande maioriados estudos refere que as ligaduras funcionais nãoapresentam efeitos sobre as diferentes variáveis demedida da propriocepção na articulação tíbio-társica.No seu estudo, Allison e colegas (1999) mediram otempo de reacção dos músculos peroniais após ummovimento de inversão forçada, no membrodominante de 31 sujeitos saudáveis, em três condições:sem ligadura funcional, com ligadura funcionalprofilática e com ligadura adesiva circular sobre os

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gémeos. Concluíram que as respostas neurofisiológicasa um mecanismo de inversão súbito da tíbio-társica,não são alteradas pelo efeito mecânico ou sensorial daligadura funcional, em sujeitos saudáveis.Nos trabalhos do grupo de Alt et al (1999) e de Lohreret tal (1999) também mediram o tempo de reacçãodos músculos peroniais em sujeitos saudáveis, com esem ligadura funcional. Não encontraram alteraçõestempo de reacção dos peroniais. No entanto, quandorelacionaram com a amplitude de movimento deinversão da tíbio-társica, referem que o efeito protectorda ligadura funcional resulta não só da limitaçãomecânica da amplitude articular, mas também dadiminuição da velocidade angular do movimento, queé significativamente reduzida. A redução da velocidadepermite aos reflexos protectores serem activados atempo de protegerem a articulação. Estas conclusõesprovêm do conceito de rácio de amplificação dapropriocepção, isto é, a razão entre o integral do sinalelectromiográfico e a amplitude de inversão (IntegralEMG/amplitude de inversão), que inclui juntamenteos aspectos electrofisiológicos e mecânicos daestabilidade articular.O estudo de Konradsen and Ravn (1991) tinha comoobjectivo investigar a interacção entre a instabilidadefuncional e as alterações proprioceptivas, bem como,avaliar o efeito da ligadura funcional na estabilizaçãoarticular reflexa da articulação tíbio-társica. Foramrealizadas medições da oscilação postural e do tempode reacção dos músculos peroniais. A amostra desteestudo era constituída por 15 sujeitos com instabilidadeda articulação tíbio-társica e 15 sujeitos saudáveis, massó 10 sujeitos com instabilidade articular foramavaliados nas condições com e sem ligadura funcional.Não foram encontradas diferenças significativas dotempo de reacção dos peroniais nas diferentescondições. A oscilação postural não foi avaliada nascondições com e sem ligadura funcional.Refshauge e colegas (2000) no seu estudo pretenderamdeterminar se a propriocepção estava alterada emindivíduos com lesões recidivas da tíbio-társica, bemcomo, se a ligadura funcional promovia as aptidõesproprioceptivas. Mediram o limiar de detecção dosmovimentos de flexão dorsal e plantar (cinestesia),como forma de avaliar a propriocepção, com e semligadura funcional. A mostra era constituída por 25sujeitos com história de mecanismos recidivantes deentorse em inversão da articulação tíbio-társica e por18 sujeitos saudáveis. Todos os sujeitos foram avaliadoscom e sem ligadura funcional. Verificaram não existiremdiferenças significativas para a percepção domovimento, entre condições, quer em sujeitos comentorses recidivantes da tíbio-társica quer em sujeitos

saudáveis, pelo que concluíram que o efeito protectorda ligadura funcional não resulta da melhoria dapropriocepção.Os estudos acima referidos não concluem que a ligadurafuncional da articulação tíbio-társica apresenta efeitossobre as variáveis proprioceptivas avaliadas, no entantoexistem alguns estudos que demonstram que estatécnica de imobilização selectiva poderá ter algumainfluência sobre a propriocepção.No estudo de Jerosch et al (1995; 1996), foi investigadose existe um deficit proprioceptivo após uma lesãocápsulo-ligamentar da articulação tíbio-társica e sediferentes meios de imobilização funcional influenciama propriocepção. Investigaram a influência da ligadurafuncional e de dois tipos de ortóteses, uma comsuportes laterais flexíveis e outra com barras lateraisrígidas. Avaliaram a propriocepção através do teste dereprodução activa da posição do segmento com umsistema isocinético computorizado Cybex 6000.Também realizaram testes com actividades funcionais(manutenção da posição de pé em apoio unipedal esalto unipedal com deslocação horizontal). A amostraera constituída por 16 sujeitos com instabilidade datíbio-társica e 14 sujeitos saudáveis. Todos os sujeitosforam avaliados sem imobilização e com os três meiosde imobilização. Concluíram que os sujeitos lesionadosapresentavam um maior erro na reprodução activa daposição do segmento, isto é, apresentavam um déficeproprioceptivo. O uso da ligadura funcional reduziu oerro na reprodução da posição do segmento em todosos sujeitos, o que pode indicar uma melhoria daproprioceptividade. Com a utilização das ortóteses, nãosó melhorou a propriocepção, mas tambémmelhoraram as capacidades funcionais.Também Karlsson & Andreasson (1992) foram unsdos autores que encontraram efeitos benéficos do usodas ligaduras funcionais em relação às capacidadesproprioceptivas. Investigaram o efeito da ligadurafuncional na estabilidade articular em 20 sujeitos cominstabilidade crónica unilateral da articulação tíbio-társica. Mediram o tempo de reacção dos músculosperoniais em ambas as articulações (saudáveis einstáveis), nas condições com e sem ligadura funcional.Constataram que, na condição com a ligadura funcional,o tempo de reacção dos peroniais reduziusignificativamente na articulação instável, apesar depermanecer superior em relação ao lado saudável.Leanderson et al, (1996) utilizaram uma superfícieinstável sobre uma plataforma de forças para medir aoscilação postural, nos sentidos lateral e antero-posterior. A amostra era constituída por 8 sujeitossaudáveis e 9 sujeitos com instabilidade funcional daarticulação tíbio-társica, todos praticantes de futebol.

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Procederam às medições antes e depois dos treinos,nas condições com e sem ligadura funcional. Osresultados apresentaram uma diminuição da oscilaçãopostural, com a ligadura funcional, antes da realizaçãodo exercício. Mas após o exercício, não encontraramdiferenças significativas entre as duas condições.Concluíram que os resultados indicavam um efeitopositivo da ligadura funcional, em relação à oscilaçãopostural antes do treino, o que poderia significar queos seus efeitos profiláticos seriam mais evidentesdurante o início da actividade física.Nesta revisão só um artigo referiu que o uso dasligaduras funcionais poderia ter um efeito prejudicialsobre a propriocepção. No estudo que publicaram em2005, Shima e colegas (2005) investigaram os efeitosda ligadura funcional e de uma ortótese de protecção,na proprioceptividade da articulação tíbio-társica, querem articulações com amplitude de movimento normalou com hipermobilidade, em 8 sujeitos saudáveis e 10sujeitos com história de lesão cápsulo-ligamentar.Avaliaram a propriocepção com base na medida dotempo de reacção do músculo longo peronial.Realizaram os testes em todos os sujeitos, nas trêscondições, isto é, sem qualquer suporte da articulação,com ligadura funcional e, com ortótese. Verificaramum aumento significativo do tempo de reacção dolongo peronial nas duas condições com suporte daarticulação tíbio-társica. Assim, concluíram que o usode ligadura funcional ou de ortótese de protecçãoaumenta o tempo de reacção do longo peronial, emarticulações normais ou com hipermobilidade, tantoem sujeitos saudáveis como com patologia.Como se pode constatar nesta revisão da literatura nãoexiste um número muito elevado de estudos queinvestiguem os efeitos das ligaduras funcionais daarticulação tíbio-társica na propriocepção. Os queexistem não são estudos verdadeiramente experimentaise apresentam desenhos de pesquisa e metodologiasmuito diferentes. O tipo de intervenção também nãoé estandardizado, pois são aplicadas diferentes técnicase na maioria dos estudos sem mencionar quem as aplica.Estas condições levam a que os resultados sejamdiferentes e não seja possível chegar a um consensosobre a temática em estudo.

Conclusões

As posições ainda são muito divergentes quanto aosmecanismos de actuação das ligaduras funcionais naarticulação tíbio-társica e os resultados dos trabalhosde investigação também não são unânimes quanto aosseus efeitos, existindo mesmo uma discrepância deresultados. Os estudos analisados apresentam uma

metodologia muito diferente e não existem estudosdo tipo random controlled trial (ensaio clínico aleatorizado).De acordo com esta revisão da literatura existe poucaevidência científica e não é possível obter um consensosobre o efeito das ligaduras funcionais da articulaçãotíbio-társica na propriocepção. É necessário continuara investigar este tema através da realização de ensaiosclínicos aleatorizados e de estudos com desenhosexperimentais de maior qualidade metodológica.

Bibliografia

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INSTRUÇÕES PARA AUTORES

SUBMISSÃO DOS ARTIGOS

- Todos artigos para submissão na Revista Portuguesade Fisioterapia no Desporto são realizados por correioelectrónico.- Comece por guardar o seu trabalho comodocumento Word da seguinte forma: data_nome doautor (exemplo: janeiro2006_antónio manuel silva)-Enviar o documento em anexo para o seguinteendereço electrónico: [email protected] Após a recepção do documento, o Editor, atravésde e-mail, enviará o aviso de recepção do mesmo. Nessemesmo aviso receberá o número do código atribuídoao seu trabalho (Consultar – www.apfisio.pt/gifd_revista/revisoes.htm)- Este processo deverá ser acompanhado pelopreenchimento do documento “Formulário deAutorização dos Autores para Publicação do Artigo”(disponível para download em www.apfisio.pt/gifd_revista/edicao.htm). Depois de preenchido,certifique-se que constam as assinaturas de todos osautores e envie-o por correio para a AssociaçãoPortuguesa de Fisioterapeutas (consultar a morada nestedocumento).- Após estes procedimentos o Coordenador doConselho Editorial enviará uma cópia do trabalho paradois ou mais elementos do Conselho Editorial parainiciar-se o processo de revisão (Consultar –www.apfisio.pt/gifd_revista/revisoes.htm)

REQUISITOS GERAIS

- Os resultados e/ou dados apresentados no trabalhonunca deverão ter sido publicados noutros jornais ourevistas quer de carácter geral quer de natureza científica.- O artigo deve estar sobre revisão exclusiva da RevistaPortuguesa de Fisioterapia no Desporto- O trabalho deve estar relacionado com aspectoscientíficos, clínicos, profissionais relevantes para afisioterapia no desporto em particular e para as ciênciasdo desporto em geral.- Os artigos devem ser redigidos de acordo com asNormas de Redacção e Formatação da RevistaPortuguesa de Fisioterapia no Desporto.

TIPOLOGIA DOS ARTIGOS

Estudos Experimentais e Quasi-Experimentais –Trabalhos originais sobre a fisioterapia no desporto

ou sobre áreas relacionadas. Descrever de forma clarao tipo de estudo, os critérios de selecção e acaracterização da amostra, os instrumentos aplicados,os procedimentos seguidos e a análise estatísticaefectuada. Máximo de 3500 palavras. Estes tipos deestudos devem de ter um resumo/abstract estruturado.

Estudos Descritivos / Observacionais – Trabalhosoriginais sobre a fisioterapia no desporto ou sobre áreasrelacionadas. Descrever de forma clara o tipo de estudo(pode incluir estudos de levantamento epidemiológico,estudos de caso, descrição de experiências, entre outros),os critérios de selecção e a caracterização da amostra,os instrumentos aplicados, os procedimentos seguidose a análise estatística efectuada. Máximo de 3500palavras e resumo/abstract estruturado.

Levantamento Epidemiológico – Estudosretrospectivos ou prospectivos para determinação daprevalência, incidência de lesões e caracterização dosfactores de risco associados às lesões das diferentesmodalidades desportivas e/ou actividades físicas.Máximo de 3000 palavras e resumo/abstractestruturado.

Estudos de Caso – Descrição detalhada deum caso clínico, contendo características relevantes doutente, avaliação e diagnóstico em fisioterapia bemcomo a descrição da intervenção. No conjunto devemexistir, pelo menos, 10 referências bibliográficas distintas.Máximo de 3500 palavras e resumo/abstractestruturado.

Descrição de Experiências – Descrever deforma clara os aspectos inovadores da experiência eas bases teóricas em que esta se enquadra ou a descriçãode novos instrumentos, procedimentos ou tecnologiasrelevantes para a prática ou investigação clínica emfisioterapia no desporto ou áreas relacionadas. Máximode 1500 palavras e resumo/abstract estruturado.

Revisões Sistemáticas da Literatura e Meta-Análises – Revisões detalhadas sobre novas temáticasou temáticas estabelecidas na área da fisioterapia nodesporto, bem como em áreas relacionadas. Descreverde forma clara os procedimentos e meios utilizadosno decorrer da revisão, explicitando se esta foisistemática, exaustiva e actualizada. Máximo de 4000palavras e resumo/abstract estruturado

Artigos de Opinião: Ponto de vista de um expertsobre um artigo publicado na revista. Os comentários

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surgem a título de convite por parte do Editor. Osautores do artigo sob comentário têm a oportunidadede responder ao ponto de vista do expert. Máximode 750 palavras.

NORMAS DE REDACÇÃO E FORMATAÇÃODOS ARTIGOS

Todos os artigos sujeitos a submissão à RevistaPortuguesa de Fisioterapia no Desporto devem seguiras seguintes normas de redacção e formatação:

- Devem ser escritos em português.- Todas as páginas numeradas (incluindo a página derosto) com margens laterais, superior e inferior de 2,5cm.- Texto escrito em documento Word, com alinhamentojustificado e espaçamento entre linhas de 1,5 cm. Tipode letra: Arial com tamanho 12.- Não podem ser utilizados outros procedimentos deformatação, como por exemplo, rodapés, cabeçalhos,etc.

Página de Rosto

- Título do artigo.- Nome de cada um dos autores com o respectivotítulo profissional e/ou académico e a instituição a quepertencem.- Endereço do correio electrónico ou morada de umdos autores, para correspondência.

Resumo / Abstract

- Não deve exceder as 250 palavras e deve estarestruturado da seguinte forma: Introdução, Objectivos,Relevância, Metodologia, Resultados, Discussão,Conclusão e Palavras-chave. Deve-se fazer igualmenteum resumo/abstract em inglês com a mesma estrutura.

Texto

Estudos Experimentais, Quasi-Experimentais,Descritivos/Observacionais (levantamentosepidemiológicos, descrição de experiências) RevisõesSistemáticas de Literatura e Meta-Análises devem estarestruturados da seguinte forma: Introdução, Métodos,Resultados, Discussão e Conclusões. Estudos de Casodevem estar estruturado da seguinte forma: Introdução,Descrição do Caso, Resultados e Discussão.

Citações e Referências Bibliográficas

- Todas as referências que fazem parte da lista final deReferências Bibliográficas devem estar citadas no texto(Consultar o documento: Normas de Citações e daLista Final de Referências Bibliográficas disponível paradownload em www.apfisio.pt/gifd_revista/autores.htm)- As referências citadas durante o texto devemcontemplar o nome do autor (apelido), seguido devírgula e o ano de publicação (ex. Campbell, 1999). Sea referência for de dois autores deve-se colocar aligação “&” entre os nomes dos mesmos, seguido devírgula e o ano de publicação (ex. Campbell & Fortis,2000). Se a referência for mais de dois até seis autores,deve citar-se todos os nomes numa primeira vez e nassubsequentes, o apelido do primeiro autor seguido de“et al”. Quando são mais de seis autores utiliza-se sempre“et al” (ex. Garth et al, 1997).- Na lista final de Referências Bibliográficas, quando areferência tem 7 ou mais autores, citam-se os primeirostrês seguido de “et al”.- Regra geral, as entradas da lista final de ReferênciasBibliográficas devem ser ordenadas por ordemalfabética do apelido do primeiro autor.- Caso existam vários trabalhos do mesmo autor,coloca-se em primeiro lugar os trabalhos individuais,seguidos dos trabalhos colectivos, utilizando o apelidodo segundo autor como critério de ordenação. Paravários trabalhos do mesmo autor utiliza-se o ano depublicação como critério de ordenação (do mais antigopara mais recente).- Referências a trabalhos aceites mas não publicadosdevem ser designados como “in press”. Teses deDoutoramento ou de Mestrado são consideradostrabalhos publicados. Não são aceites informaçõesprovenientes de documentos, apresentações ouapontamentos pessoais.- Todas as normas de citações e de referênciasbibliográficas devem de ser verificadas pelo (s) autor(es). Quaisquer erros ou omissões sobre as mesmassão da exclusiva responsabilidade do(s) autor(es).

Tabelas e Quadros

- Todas as tabelas e quadros devem ser construídasem “Tabelas do Word”.- Todas as tabelas e quadros devem estar inseridas notexto, numeradas por ordem de aparência e ter orespectivo título. Este deve ser colocado acima dasmesmas com o tipo de letra – Arial de tamanho 10com espaçamento entre linhas de 1,0.

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Associação Portuguesa de Fisioterapeutas Grupo de Interesse em Fisioterapia no Desporto Rua João Villarett, 285 A Urbanização Terplana 2785-679 – São Domingos de Rana Portugal

- No caso de existirem abreviaturas, a respectivalegenda deve figurar fora e imediatamente abaixo dastabelas e quadros. Estas devem de ser escritas em Arialde tamanho 9. - Todas as tabelas e quadros devem estar referidas notexto.- As tabelas e quadros não devem ter linhas verticais.Usar sempre linhas horizontais para o cabeçalho efinalização das mesmas.

Figuras, Imagens, Gráficos e Fotos

- As figuras, imagens, gráficos e fotos devem estarinseridas no texto.- Devem também ser numeradas por ordem deaparência e ter o respectivo título. Este deve sercolocado acima das mesmas com o tipo de letra –Arial de tamanho 10 e com espaçamento entre linhasde 1,0.- Todas as figuras, imagens e fotos devem de serreferidas algures pelo texto.- Para além de serem inseridas no texto, todas as figuras,imagens, gráficos e fotos, devem ser enviadas emficheiros anexos independentes em formato JPEG(JPG) com resolução mínima de 300 dpi.- São excluídas quaisquer figuras, imagens, gráficos efotos não originais, que sejam retiradas de livros ououtras fontes desde que não tenham a autorizaçãoexpressa dos autores e/ou editores.

DOCUMENTOS ADICIONAIS

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SUGESTÕES

Quando submeter o artigo certifique-se que:

- Tem uma cópia do e-mail enviado para a RevistaPortuguesa de Fisioterapia no Desporto.- Tem uma cópia do seu artigo guardada no discorígido do seu computador e que fez uma cópia parauma disquete, CD ou outro tipo de dispositivo.- Enviou o Formulário de Autorização dos Autorespara Publicação do Artigo com as assinaturas originaisde todos os autores.- Fez um resumo/abstract estruturado em portuguêse um outro em inglês.- Todas as referências que fazem parte da lista final deReferências Bibliográficas estão citadas no texto e quese encontram ordenadas por ordem alfabética.Para informações adicionais consulte o seguinteendereço: www.apfisio.pt/gifd_revista. Para qualqueroutro esclarecimento contacte o Grupo de Interesseem Fisioterapia no Desporto.

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INFORMAÇÃO ADICIONALIMPORTANTE

SUGESTÕESGrupo de Interesse em Fisioterapia no Desporto

Uma vez mais advertimos a todos os interessados que as Figuras, Imagens, Gráficos e Fotos aserem publicadas na Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto devem de ser enviadas emformato JPEG com um resolução mínima de 300 DPI (DOTS PER INCH) e que todas asTabelas e Quadros devem de ser enviadas como “Tabelas do Word”. No incumprimento destasregras a Direcção da revista poderá rejeitar a publicação do artigo mesmo tendo sido aceite peloConselho Editorial.

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Critérios para ser Membro ObservadorTer interesse na área e em participar nas actividadespromovidas pelo GIFD.

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