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ANO 1 Nº 2 DEZEMBRO/ 2008 M. Cruvinel A. Dapieve R. Silva Sá Estudiosos opinam sobre o impacto dos conteúdos da internet na vida dos jovens. Pág. 3 Estudantes de publicidade criam campanhas contra erotização infantil Pág. 5 DEBATE UFMT ENTREVISTA Lúcia Helena Vendrúsculo Possari, pesquisadora da UFMT, fala sobre o movimento hip hop e a comunicação não presencial. Pág. 8 COTIDIANO A publicidade dirigida ao público infanto-juvenil deve ser proibida ou regulamentada? E AINDA... Núcleo completa um ano e expande suas atividades. Pág. 11 Dicas do Neco Acontece Pág. 10 Pág. 12 Pág. 6 NECOIJ www.sxc.hu

Jornal Neco

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2ª edição - Jornal do Necoij

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ANO 1 Nº 2 DEZEMBRO/ 2008

M. Cruvinel A. DapieveR. Silva Sá

Estudiosos opinam sobre o impacto dos conteúdos da

internet na vida dos jovens.

Pág. 3

Estudantes de publicidade criam

campanhas contra erotização infantil

Pág. 5

DEBATE

UFMT

ENTREVISTALúcia Helena Vendrúsculo Possari, pesquisadora da

UFMT, fala sobre o movimento hip hop e a

comunicação não presencial.

Pág. 8

COTIDIANOA publicidade dirigida ao

público infanto-juvenil deve ser proibida ou

regulamentada?

E AINDA...

Núcleo completa um ano e expande suas atividades.

Pág. 11

Dicas do Neco

Acontece

Pág. 10

Pág. 12

Pág. 6

NECOIJ

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editorialneco ANO 1 Nº2 dezembro / 2008

NECO é um jornal laboratório produzido por professores e estudantes que compõem o grupo de estudos sobre a Comunicação, Infância e Juventude www.ufmt.br/necoij. É um dos projetos do Programa de Extensão Comunicação, Infância e Juventude, vinculado ao Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal de Mato Grosso.

Coordenadora: Profª Mariângela López – MTb 11554 – DRT/SPCoordenação Gráfica: Prof. Javier LópezProdução Gráfica: Renê Dióz

Edição: Prof. José da Costa MarquesRedação: Caroline Surdi, Sinara Alvares, Thais Thomie, Fernando Paiva, Whilliano XXXXX e Livia Vasconcelos.

Contato: [email protected] - Grupo de Estudos Comunicação Infância e Juventude – www.ufmt.br/necoij - Bloco de Comunicação Social - Instituto de Linguagens, Universidade Federal de Mato Grosso. Avenida Fernando Correa S/N, Coxipó – Cuiabá, Mato Grosso. CEP: 78060.900 Tel: 065 3615 8409

Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT

Reitor: Paulo Speller; Vice-Reitor: Elias Alves de Andrade; Pró-Reitora Administrativa: Adriana Rigon Weska; Pró- Reitora de Planejamento: Teresa Higa; Pró-Reitora de Ensino de Graduação: Matilde Araki Crudo; Pró-Reitora de Ensino de Pós-Graduação: Marinez Isaac Marques; Pró-Reitor de Pesquisa: Paulo Teixeira de Souza Júnior; Pró-Reitora de Extensão, Vivência Acadêmica e Social: Marilda Matsubara

Instituto de Linguagens

Diretora: Rosângela Calix Coelho da Costa; Departamento de Comunicação Social; Chefe: Vera Leite Lopes – [email protected]

Núcleo de Estudos Comunicação, Infância e Juventude – NECOIJ – [email protected]

Coordenação Geral do Programa: Dielcio Moreira - [email protected] Neco - Coordenação: Mariângela Sólla López - [email protected] de Leitura Fazer Poesia Construir História - Coordenação: Aclyse de Mattos - [email protected] Portal NECOIJ - Coordenação: Janaina Capobianco – [email protected] Imagem, Comunicação e Educação - Coordenação: Javier López - [email protected] de Rádio - Porque Sim não é Resposta - Coordenação: Naine Terena - [email protected] Ciclo de Debates - Coordenação: Luciana Borges - [email protected] de Fotografia - O Mundo Sob o Olhar das crianças e dos Jovens - Coordenação: Katia Meireles - [email protected] de Vídeo - O Olhar sobre o Contemporâneo - Coordenação: Maurelio Menezes e Joubert Lobato.Projeto Introdução à Pesquisa Qualitativa – Coordenação: Diélcio Moreira - [email protected]

Núcleo de Estudos Comunicação, Infância e desenvolvimento humano, intervindo na realidade para Juventude (Necoij) termina o ano de 2008 e, atender às demandas e necessidades da sociedade.O coincidentemente, seu primeiro ano de existência,

com a sensação de dever cumprido. A consolidação do Núcleo Enfim, há muito trabalho pela frente e os desafios não são como espaço de problematização e de debates sobre a relação pequenos, mas vamos avançando. E assim, chegamos ao de crianças e jovens com a comunicação pode ser percebida segundo número do Neco, mostrando as atividades e projetos pelo número de projetos de extensão desenvolvidos, pelo desenvolvidos e instigando os leitores a pensarem sobre a envolvimento da comunidade acadêmica e, sobretudo, pelo relação entre os conteúdos disponíveis na internet e algumas reconhecimento da importância da proposta do Necoij. atitudes que os jovens tomam. Até que ponto mensagens

extremas influenciam a juventude? O que pensam os Com mais conhecimento e segurança, a equipe deseja avançar estudiosos?em suas propostas, atuando junto à sociedade para aproximá-la da universidade. Por isso, outros projetos de extensão ao Outro assunto que mobilizou a equipe de repórteres do jornal ensino de comunicação estão sendo gestados e serão postos foram as mensagens publicitárias destinadas ao público em prática em conjunto com pais, estudantes, educadores, infantil. A matéria de capa desta edição relata abusos jovens e crianças. O Núcleo vai sair da academia para trabalhar cometidos e ouviu vários profissionais a esse respeito, em outros locais da cidade, onde haja pessoas dispostas a abordando também os aspectos legais da questão. A desenvolver uma atividade conjunta para compreender e exploração mercadológica do público infantil também foi aperfeiçoar práticas de comunicação destinadas ao público tema de estudo dos alunos do 6º semestre do curso de infanto-juvenil. publicidade, que leram a obra da psicóloga Susan Linn e

recomendam o livro aos leitores. Já os estudantes do 4º O intercâmbio entre as instituições que também estudam a semestre criaram campanhas contra a erotização infantil para temática tornou-se uma necessidade na busca de uma alertar e conscientizar a sociedade.participação ativa, em rede, para socializar resultados e crescer. Os primeiros contatos com outras entidades do país e do O Núcleo está aberto à participação daqueles que queiram exterior já foram feitos e existem planos para realizar pelo integrar-se a ele. Participe dos encontros científicos realizados menos uma viagem no próximo ano com o objetivo de mensalmente e inscreva-se nos projetos de extensão. Os promover a inter-relação institucional. encontros são divulgados com antecedência e os horários de

reunião estão afixados junto à sala 4 do Instituto de Outra meta para 2009 é a de ampliar as pesquisas realizadas, Linguagens, onde funciona a extensão e a pós-graduação do uma vez que o Núcleo já está certificado pelo Conselho Curso de Comunicação Social da UFMT. Saiba mais também Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq visitando o site www.ufmt.br/necoije encontra-se incluído em seu diretório de pesquisas (conheça as investigações em andamento na página 11). Dessa forma, o Boa leitura. E um feliz 2009 para todos! Necoi j pretende contr ibuir efet ivamente com o

Ano novo,novos rumos

Ao completar um ano, Necoij fazum balanço das atividades desenvolvidas e traça metaspara 2009.

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debateneco ANO 1 Nº2 dezembro / 2008

ecentemente , a de religião? comunidades virtuais, blogs, transmissão online Apesar do crescente número vídeos e/ou fotos. Por isso, o Rdo suicídio de um de países que praticam jornal procurou conhecer a

jovem rapaz trouxe novamen- filtragem de conteúdos da opinião de acadêmicos e te a internet para o banco dos internet (segundo a Open Net estudiosos da questão. réus. Pais, educadores e Inicitiativa*, em 2007, 24 Participe. Mande sua opinião a u t o r i d a d e s p r o c u r a m países censuravam conteúdos para [email protected] esse revolucionário e contra somente 2, em 2002), a democrático meio de comuni- discussão que o Neco propõe *Organização resultantecação, preocupados com o nesta edição não pretende da parceria entre asimpacto dos conteúdos da abordar a necessidade ou não universidades de Toronto, web na vida de crianças e de se controlar os conteúdos Harvard, Cambridge e Oxford.adolescentes. Mas será que a da Internet. Esse aspecto é internet pode ser responsabi- também muito importante, lizada por estimular os jovens porém a proposta parte do a tomar atitudes radicais, princípio que as mensagens como, por exemplo, suicidar- estão disponíveis àqueles que se, consumir drogas ou mudar acessam a web, seja em sites,

possível pensar a maneira, que os sujeitos se determinada comunidade internet como uma agreguem por afinidades de virtual e se sentir acolhido e Érede de “nós”, viva, interesses, conhecimentos e amparado em outra.

dispersa e inconclusa. Um práticas. As relações tendem Mais do que estar atento a espaço regulado por dispositi- a ser horizontalizadas, esta imensa cidade virtual, vos e regras próprias, onde afetuais e independentes de devemos estar atentos aos conseguimos vislumbrar vínculos institucionais. caminhos e trajetórias que novas práticas sociais e As comunidades da percorrem seus cidadãos. São linguageiras. Ainda que seja internet, embora “virtuais”, os jogos dos passos que uma tecnologia excludente e representam espaços de moldam espaços. Tecem os controlada, encontramos nas sociabilidade “reais”. O lugares. Se há uma organiza-páginas da internet novos suicídio, a religiosidade, o uso ção espacial, uma adminis-s u j e i t o s p r o d u z i n d o a de drogas, a pedofilia, o tração “urbanística” destas informação, novas formas de racismo e a homofobia são comunidades virtuais, há se colocar a informação em práticas sociais, histórica e também práticas microbia-circulação, novas maneiras de culturalmente construídas. nas, singulares e plurais que se produzir conhecimento, Por existirem em nossa os sujeitos vão realizando novos modos de se narrar o sociedade é que aparecem para sobreviverem neste “eu” e o “outro”, novas discursivizadas no ciberespa- espaço. São táticas muitas maneiras de viver, morrer e ço. O que podemos perceber, vezes ilegíveis, astutas e resistir. entretanto, é que muitos dos teimosas, que vão tecendo as

Se por um lado a discursos que circulam na práticas de espaço da cidade internet aprofunda, agiliza e rede são silenciados fora dela. (Certeau, 2001, p. 175, 176) e reduz os custos de uma A c o m u n i d a d e que vão alterando a própria interação cotidiana entre virtual configura-se, então, cidade.pessoas fisicamente distantes como um espaço privilegiado umas das outras, por outro, d e d i z e r e e s c u t a r . *incentiva que as pessoas C o n s t i t u í m o - n o s c o m o Cruvinel é mestre e doutoranda ampliem suas redes sociais sujeitos na relação que em Lingüística pela Unicamp, para além daquelas com as mantemos com nosso outro. pesquisadora do tema “O quais está acostumada a se Um mesmo jovem pode se suicídio na internet/orkut”. relacionar. As comunidades sentir encorajado a acabar virtuais possibilitam, desta com a própria vida numa

M o n i c a Va s c o n c e l l o s

Internet: vilã ou mocinha?

A rede dá espaço a práticassilenciadas fora dela

Monica Vasconcellos Cruvinel*

As mensagens contidas nas

comunidades virtuais têm o poder

de levar jovens a tomar decisões

radicais, como, por exemplo, atentar contra a própria

vida, consumir drogas ou mudar

sua orientação religiosa?

‘ A internet incentiva que as

pessoas ampliem suas redes sociais

para além daquelas com as

quais está acostumada a se

relacionar.’’

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debate

ão, não acredito matem, passem a consumir na trajetória de cada pessoa. que a internet drogas ou mudem de orienta- Ler sobre um suicídio N possa, por si só, ção religiosa ou até sexual? poderia, se tanto, avivar uma

induzir qualquer pessoa a No caso do suicídio, que em idéia pré-existente. O que fazer algo que, de alguma minha dissertação de mestra- perturba tanto no ato forma, já não estivesse em do pela PUC-Rio eu estudei extremo de tirar a própria germe dentro dela, por razões melhor em sua relação com a vida – bem mais extremo do pessoais, familiares e sociais. imprensa, há muito se fala da que consumir drogas ou O vilão da vez já foi a televi- possibilidade de “contágio”: apenas mudar de idéia são, já foi o rock'n'roll... É alguém lê ou assiste a uma quanto a que religião seguir – muito mais fácil para os pais reportagem sobre um suicídio é que a pessoa que o faz colocarem a culpa num e a partir daí decide se matar. infringe tabus seculares, inimigo exter no, vago, Bem, nunca é “a partir daí”, religiosos, jurídicos e médi-anônimo, do que olhar pessoas felizes ou perfeita- cos.francamente para suas mente integradas a suas

*Arthur Dapieve é jornalista e autor, próprias responsabilidades. famílias ou comunidades não entre outros livros, de “Morreu na Se, afinal, a internet tivesse se matam só porque alguém contramão – O suicídio como notícia”

esse poder “malévolo”, como mais, seja quem for, ainda (Jorge Zahar Editor, 2007). explicar que apenas uma que seja um ídolo, se matou. pequeníssima parcela dos As razões para o ato, indivi-jovens que surfam por ela se duais e intransferíveis, estão

questão em pauta em comunidades virtuais. Só postura mais tranqüila em não pode ser res- por esse fato é possível dizer relação à orientação sexual, A pondida por um q u e t a i s c o mu n i d a d e s adversa às convenções sociais,

"sim" ou "não", apenas. exercem algum tipo de tem campo bem mais fértil Ponderações são necessárias. sedução. Não se freqüenta entre os jovens. É o lance do Na formulação da pergunta, espaços vazios. Agora, tais pertencimento. Nesses casos, as categorias de proposições mensagens não ultrapassam - m a i s d o q u e o f a t o r são distintas e complexas, à maioria - os limites da personalidade, o que pode cabendo a cada qual, no s e d u ç ã o ; e s t a m u i t o encaminhar a a lgumas mínimo, uma tese. Antes, circunscrita à curiosidade e à decisões extremadas são as sugiro que "radicais" - a d r e n a l i n a . L o g o , a s ques tões cu l tura i s , a s inserido na questão - seja mensagens mais incisivas só rebeldias localizadas, além de p e r m u t a d o p o r têm entrada fácil em mentes, eventuais modismos. Aí, sim, "extremadas". Na semântica, cujo processo de deformação as comunidades virtuais têm "radical" aproxima-se com o da personalidade já se poder de persuasão que ainda que se conhece de forma encontra bem acentuado. não temos como mensurar. aprofundada, indo à raiz dos R e p i t o : i s s o p a r a a s

*Roberto Boaventura da Silva Sá é problemas. mensagens mais extremadas, doutor em jornalismo pela ECA/USP e professor da área de Dito isso, reconheço a busca como o apelo à morte. literatura do Instituto de Linguagens cada vez mais intensa por Já a sedução às drogas, à da UFMT.

p a r t e d e j o v e n s , mudança de orientação principalmente, pela inserção religiosa e até mesmo a uma

Algumas comunidades virtuaistêm poder de persuasão

‘‘O acesso às novas tecnologias digitais tornou-se a condição para que a multidão participe da corrida comunicacional.’’

‘‘As mensagens mais incisivas só têm entrada fácil em mentes, cujo processo de deformação da personalidade já se encontra bem acentuado.’’

O ato extremo infringetabus seculares

Roberto Boaventura da Silva Sá*

Arthur Dapieve*

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riar alternativas para d i s c i p l i n a é a d e Wesley Macente Sirqueira e desenvolvida pelos alunos solucionar o problema Planejamento de Campanha Diego Saldanha, a ONG Adrielly Costa, Fabiano Cda erotização infantil I, inicialmente não haveria Pingo de Gente, com tema de Rajado, Mirella Marine

nos anúncios publicitários foi criação, mas eles quiseram ir c a m p a n h a i n t i t u l a d o Medeiros, da ONG Cubo o principal desafio do projeto além. Eles montaram uma "Cuidando do Jardim". Mágico. Por fim, a campanha realizado pela professora ONG, idealizaram a missão Ao todo foram desenvolvidas " M e d o e v e r g o n h a Luciana Borges junto aos dela e criaram planos de seis campanhas. A segunda silenciados" foi desenvolvida estudantes do 6º semestre de ação". A professora ainda delas, cujo tema é "Infância pelos alunos Evel Nogueira, Publicidade e Propaganda da lembra que o Núcleo de preservada", foi criada pelos Wladimir de Mesquita e UFMT. Pesquisa Comunicação, alunos Pedro Paulo Pinheiro Vinícius Cruz, da ONG Soul "Mais do que criar as Infância e Juventude (Necoij) Busatto, Quise Golçalves Criança.c a m p a n h a s , o s a l u n o s foi o grande motivador da Brito e Thalita Boaventura, Para a professora Luciana, o tiveram que estudar e colher proposta. que juntos compõem a ONG trabalho foi mais do que dados sobre a temática. Eles O estudante Michel Refatti Curumin. "Cuidando do nosso necessário, devido à grande desenvolveram todo um ressalta que o projeto foi mundinho" é tema da exposição infantil que ocorre trabalho de planejamento. fundamental na sua formação c a m p a n h a c r i a d a p o r na mídia. "A criança está Em um primeiro momento, acadêmica e profissional. Crisylaine Magalhães Zyger e muito em evidência na mídia, e s t u d a m o s t e x t o s e "Trabalhamos com uma É r i c a C o s t a , d a O N G m a s d e u m a f o r m a discutimos em aula. Depois, publicidade meio alternativa, Infantily. totalmente destorcida. Com colhemos dados e planejamos que foge da perspectiva de só "Criança tem que ser criança" este trabalho os alunos a campanha", explica a vender produtos. Além disso, tem autoria de Lisandro de puderam apurar o olhar para professora sobre o trabalho. estudamos a temática e Castro e Mário Márcio Bilégo, essas causas sociais"Para Luc iana , o mais pesquisamos muito sobre o ambos da ONG Acorda gratificante foi ver os alunos assunto", diz Reffati, que B r a s i l . J á " B o n e c a s abraçarem o projeto. "Como a forma, juntamente com D e s c a r t á v e i s " f o i

Inara Ferreira

Alunos de comunicaçãocriam campanhas

Propaganda

Seis trabalhos alertam a sociedade sobre a importância de preservar a infância.

ufmt

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Proibir ou orientar?Eis a questão.

Caroline Surdi e Renê Dióz

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A infância, como a conhece- O presidente do Sindicato das Projeto de Leide ONG's, políticos e pesqui-mos, é recente. Ela só existe Agências de Propaganda sadores. A mídia, a exposição por causa de uma concepção (Sinapro) de Mato Grosso, Aprovado pela Comissão de e a abordagem da criança sobre este período inicial da Luiz Rodrigues Júnior, é Defesa do Consumidor (CDC), const ituem, hoje , uma vida, desenvolvida a partir do contra a proibição. A publici- no dia nove de julho, em questão polêmica. Isto gerou Renascimento. Atualmente, dade, diz, faz parte da sessão da Câmara dos um projeto de lei, que tramita certas preocupações sobre o vivência da criança como Deputados, o substitutivo ao há sete anos no Congresso desenvolvimento das crianças cidadã, além de possuir Projeto de Lei nº 5.921/2001 Nacional, visando a proibição surgem e se estabelecem na mecanismos suficientes de define as formas irregulares da publicidade infantil. O sociedade devido a esta auto-re gulamentação e de publicidade dirigida ao projeto voltou a tramitar este moderna concepção. O zelo fiscalização, como o Conselho púbico infanto-juvenil e as ano, com subst i tut ivo que dispensamos à vida N a c i o n a l d e A u t o - punições para essas campa-aprovado pela Comissão de infantil seria diferente ou até R e g u l a m e n t a ç ã o nhas. Defesa do Consumidor no mesmo não existiria se A deputada federal Maria do estivéssemos na Idade Média. Car mo Lara (PT-MG), Nesta época, a criança era relatora do projeto, defende tratada como um “adulto em que é preciso determinar o miniatura”, que ocupava um que não é permitido fazer em lugar banalizado e comparti- publicidade dirigida à criança lhava do mundo dos mais e ao adolescente. “As crianças velhos. Com a burguesia, e os adolescentes não têm a

Publicitária (Conar). início de julho.vieram as mudanças de m e s m a c a p a c i d a d e d e André Porto Alegre é diretor Ao lado do projeto de lei está o valores que levaram à associa- resistência mental e de do conselho administrativo Instituto Alana, organização ção da criança com ingenui- compreensão da realidade d a A s s o c i a ç ã o d o s sem fins lucrativos, e seu dade e pureza. que um adulto e, portanto, Profissionais de Propaganda projeto Criança e Consumo, Consumismo, obesidade, não estão em condições de (APP) e também não vê com que defende os direitos das erotização, violência e enfrentar com igualdade de bons olhos a proibição, crianças e adolescentes, assim distúrbios como a hiperativi- força a pressão exercida pela “muito menos um Estado como a proibição da comuni-dade marcam o século XX publicidade no que se refere à policial”.cação mercadológica dirigida com preocupações especiais questão do consumo.” Questionado sobre a influên-à criança no Brasil. Do lado sobre a vida dos pequenos, O substitutivo proposto por cia da publicidade em casos oposto, estão agências de que só foram concebidas por Maria do Carmo ao projeto do de erot ização precoce, publicidade e associações de conta da evolução do relativo deputado federal Luiz Carlos violência e obesidade, André profissionais da propaganda, conceito de infância. Após a Hauly (PSDB - PR) defende a reconhece que “a mensagem que não vêem a proibição Revolução Industrial, a proibição de toda e qualquer per suas iva pode gerar como uma medida sensata.infância passou a significar publ ic idade d i r ig ida à distorções em determinados Segundo o instituto, as um período privilegiado do criança. comportamentos, por isso é crianças são um alvo impor-desenvolvimento humano. que há 30 anos os publicitári-tante para a publicidade Ao mesmo tempo em que a Olho na erotizaçãoos, agências , ve ículos , porque, além de ajudarem economia de mercado iniciava anunciantes e a sociedade seus pais na escolha dos suas imposições culturais, Fazendo uma análise da civil decidiram por um produtos, são fiéis às marcas surgiu, então, o modelo infância no século XXI, a Código Ético”. Segundo o que consomem. Desse modo, familiar conhecido hoje, as psicóloga Sheila de Souza diretor, o Código se ajusta às crianças que aprendem a primeiras idéias sobre o Araújo explica que os públi-demandas da sociedade. “As consumir de modo inconse-direito das crianças e grande cos adulto e infantil voltaram Câmaras do Conselho de qüente e desenvolvem, até parte das preocupações com a se separar por uma fronteira Ética apreciaram milhares de mesmo, valores distorcidos, educação, saúde, lazer. tênue, o que remete ao anúncios publicitários e, em passam a ser um problema de Preocupações que, além de panorama do período medie-todos, houve uma resposta ordem ética, econômica e permearem a vigilância dos val. A erotização precoce rápida”, defende.social.pais, fazem parte da agenda estimulada pela mídia faz

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Ganha força no Congresso e na sociedade o polêmico debate sobre a proibição ou regulamentação da publicidade dirigida ao público infanto-juvenil

Publicidade infantil

“As crianças e os adolescentes não têm a mesma capacidade de resistência mental e de compreensão da realidade que um adulto e, portanto, não estão em condições de enfrentar com igualdade de força a pressão exercida pela publicidade (...).”

Deputada federal Maria do Carmo Lara (PT-MG), que defende limites à publicidade infantil.

“Não concordo com o veto e muito menos com um Estado policial.”

diz André Porto Alegre, diretor do conselho administrativo da Associação dos

Profissionais de Propaganda (APP).

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com que a criança pule fases preconceitos e vê com responsabiliza também os publicidade contribui para importantes para o seu naturalidade aquilo que é pais. “Quem segura a inter- inserir o jovem na sociedade desenvolvimento. Entre as veiculado”. net?”. moderna, porém alerta para a conseqüências, está a forma- Para Sheila, a base da Cada vez mais o público falta de responsabilidade ção de um adulto com uma discussão está dentro de casa mirim passou a ter poder de social com este público, sexualidade mal resolvida. e na escola. “É preciso criar decidir o quê e onde comprar, tratando-o como “trainee de “É inadmissível a veiculação um consumidor exigente e como mostra o estudo “O consumidores”. São propos-de material erótico para o assim colocar a criança como público infanto-juvenil como tas mais pesquisas para que público infanto-juvenil”, autora por meio dessas alvo secundário da propagan- publicitários e anunciantes enfatiza a mestre em comuni- discussões”. da da esfera dos adultos”, possam “dispensar um cação Lis Andréa Ferreira Por trás, há uma sociedade apresentado no IV Encontro tratamento responsável”.Barbosa, que não admite o capitalista que vê a criança dos Núcleos de Pesquisa (CS)“eros” na publ i c idade como consumidor em poten- Intercom. infantil. Ela considera a cial, desde 1950, situa Sheila. Escrito, entre outros, por proibição uma at itude “A criança vira consumidora e Gino Giacomini Fi lho, radical. “A criança vive em objeto a ser consumido”. professor da ECA/USP, o um universo lúdico, sem Entretanto, a psicóloga estudo considera que a

“A criança vive em um universo lúdico, sem

preconceitos e vê com naturalidade

aquilo que é veiculado.”

Liz Andréa Barbosa, publicitária e mestre em

comunicação.

menina maquiada Projeto Criança e Consumo. decodificável” por uma em tomar as “providências deitada no divã não A denúncia deu origem a uma c r i a n ç a , “ r e s t a n d o a imediatas para a substituição Aparece ter mais que “Representação - Denúncia possibilidade incômoda de ser dos anúncios”.

sete anos de idade, tampouco de Publicidade Abusiva”, lida maliciosamente por A Marisol S.A foi notificada p a r e c e e s t a r a l i d e enviada em 23 de abril ao adultos inescrupulosos”. no dia 24 de julho pelo projeto brincadeira. A saia acima do Ministério Público do Estado Em nota enviada ao Projeto Criança e Consumo, para que joelho deixa as pernas, do Paraná, Comarca de Criança e Consumo no dia 26 cessasse “a prática ora levemente cr uzadas , à Londrina. A representação de junho, a Marisol S.A., por questionada de se utilizar da mostra. Na mão, ela segura c a r a c t e r i z a a p e ç a m e i o d a a g ê n c i a d e h i p o s s u f i c i ê n c i a e um doce recheado, que publicitária, referente à comunicação Opus Múltipla, incapacidade de experiência, deixou a pequena com a boca coleção Outono/Inverno 2008 explicou que o tema da julgamento e entendimento lambuzada. Ao lado, a frase: da marca, como erótica, coleção fazia alusão ao infantil como mecanismo de “Use e se lambuze”. abusiva e ilegal. “universo clássico do chá das venda”. O prazo dado à A descrição é do outdoor da No parecer psicológico de cinco britânico, com seus Marisol foi de sete dias grife infantil Lilica Ripilica, Maria Helena Masquetti, i r res i s t íve i s doces” . A corridos após o recebimento marca pertencente à empresa anexado à representação do empresa defende que o erro da notificação, sob pena do Marisol S.A. A peça foi caso Lilica Ripilica, consta “foi o de não prever a malícia n ã o c u m p r i m e n t o s e r d e n u n c i a d a p o r u m que a mensagem do outdoor é na cabeça das pessoas”, pede n o t i f i c a d o a o s ó r g ã o s internauta de Londrina ao a m b í g u a e “ n ã o desculpas e se responsabiliza competentes.

Imagem do outdoor disponibilizada no site do Instituto Alana

Lambança Publicitária

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complexidade que caracteriza as manifestações o Núcleo de Comunicação Cultura, onde desenvolve o artístico-culturais do hip hop (HH) foi a principal projeto Comunicação e (ciber) Cultura: produção de Amotivação da professora Lúcia Helena Vendrúsculo sentidos na não presença. O projeto deu origem a

Possari para estudar o movimento em Cuiabá. O estudo inúmeros estudos sobre a produção de sentidos nos blogs, conclui que a relação do hip hop com as mídias é tensa, no orkut e também no ensino à distância. Segundo a uma vez que ele se opõe a todas as formas de poder, pesquisadora, o que se produz no orkut não é mais seu, é recusando a propaganda e a publicidade. No entanto, a da comunidade da qual se faz parte e isso é muito bom no pesquisa constatou que as revistas especializadas nas momento em que nós vivemos, porque é essa tecnologia grifes de HH desmentem isso, vendem bem e influenciam que permite a interatividade, mais do que a interação. Para jovens a consumir, revelando um paradoxo do movimento. Lúcia Helena, um projeto que estudasse o ponto de vista da Em Cuiabá, foi observada ainda uma forte influência interação do jovem seria ideal, seja qual fosse o cenário.

Leia a seguir a entrevista concedida pela professora ao evangélica sobre os jovens que participam do movimento. Em conversa com o Neco, Lúcia Helena falou ainda sobre Neco, logo após retornar do Chile, onde apresentou os outras pesquisas que vem realizando com temáticas resultados da pesquisa sobre Hip Hop no Encontro concernentes à juventude e à comunicação. Ela coordena Internacional de Literatura e Cultura.

Lúcia Helena Vendrúsculo Possari, professora e pesquisadora da UFMT

Pesquisas estudam o universodo orkut e o movimento hip hop

As informações coletadas na O nosso projeto fala de todas as então que não há mais autor. E de, mais do que interação.pesquisa “A produção de formas de produção de sentido é exatamente isso, pois não se sentidos na não- na não-presença. tem mais um pólo de emissão e Qual a diferença entre presencialidade:o orkut” já Especificamente a pesquisa do recepção para o qual se manda, interatividade e interação?permitem explicar como um orkut foi desenvolvido por uma envia e responde uma mensa-indivíduo pode atribuir das bolsistas do projeto gem. O processo é de co-autoria Interagir significa produzir sentido na não presença do Pibic/CNPQ (explicar o que é). e nada começou ali nem acaba sentidos conjuntamente , interlocutor? No caso do orkut, quando o neste mesmo lugar, porque mesmo que isto não se dê na

usuário faz parte de uma existiu uma história anterior a simultaneidade. Então, é Esse é um dos projetos que nós comunidade, ele deixa em partir da qual foi feita uma interação, é leitura, é produção estamos tentando terminar e termos virtuais no sentido de fala, uma mensagem, uma de sentidos. Interatividade é fazer relatórios. Na não- vir a ser, para que outras caracterização colocada na foto. possibilidade da hipertextuali-presença, por exemplo, já se pessoas interajam com ele a A pessoa que entra na comuni- dade – novas tecnologias, mas produz sentidos pelo telefone e partir daquilo se coloca no dade da qual outra pessoa faz não só delas – ou seja meter-se por cartas. A diferença entre se orkut. O grande diferencial do parte pode modificar quando no texto do outro, modifica-lo, produzir sentidos na não- orkut é que essa produção de ela quiser os textos alheios ali para produzir sentidos. As presença por telefone e com os sentidos na não-presença, assim colocados. teorias que embasam essa processos sobre as novas como nos blogs, acaba com a possibilidade teórico-tecnologias de comunicação e noção de autoria. Mesmo que o De que forma esse meio pode metodológica são análise de informação é a questão da não- usuário descreva suas caracte- afetar a vida social do discurso, semiótica e as teorias simultaneidade. Eu não preciso rísticas no seu perfil, outras usuário? de recepção.estar na simultaneidade pessoas irão entrar no seu perfil, temporal. Então, interagir irão fazer interatividade dentro Na verdade você se alinha com Sobre o estudo acerca do hip significa produzir sentido daquelas falas e, na verdade, outras pessoas pelo perfil. E isso hop, quais fatores contribuí-conjuntamente, ou seja, mas irão transformar isso em novo vai te afetar, pois você está se ram para a expansão dessa não precisa ser ao mesmo texto permanente. expondo de tal maneira que já cultura em Cuiabá?tempo. não é mais dono daquilo que

Até que ponto a não- achava que fosse. O que você O hip hop veio dos Estados O orkut é uma rede social presença pode ser positiva produz no orkut pode não ser Unidos como um movimento virtual que constituiu um para os usuários? mais seu, pois eles são da negro, e é centradamente sistema aberto e que sofre as comunidade da qual você faz considerado negro. É claro que influências do meio social. Ela é sempre positiva. Até hoje parte. E isso é muito bom no por uma questão de transcultu-Que tipo de interação se muitas pessoas possuem uma momento em que nós estamos ralidade, de apropriação, desenvolve entre os indiví- noção de apocalipse, acreditam vivendo, porque é essa tecnolo- artistas brancos e outros grupos duos dessa comunidade? que o mundo vai acabar ou gia que permite a interativida- negros se aproximam do hip

Thais Thomie e..Thais Thomie e..

“Os jovens brancos, ricos, que possuem bens, estão se aproximando do hip hop. Está havendo uma socialização do movmento.”

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entrevistaneco ANO 2 Nº2 dezembro / 2008

hop para ganhar dinheiro. me chamou muita atenção a o hip hop e o engajamento Então, foi um processo de questão de que o hip hop não é político da juventude?transculturalidade, mas ele utilizado somente para a possui uma essência negra. No reversibilidade discursiva. Eles A política está no sentido de Brasil, esse movimento veio trabalham com rap, mas que quando você se coloca como negro, porém ele se principalmente com rap gospel politicamente, contra ou a favor transformou num movimento para se apresentarem nas de alguma coisa, você está dos pobres, em defesa deles. igrejas. Então, todo trabalho ideologicamente determinando Mas, se pegarmos as letras dos dessa posse, além de tudo o que seu discurso, seu caminho. rappers, nós vamos ver que eles as outras posses já fizeram, é Dentro do que o hip hop trabalham exclusivamente em para dirigir uma igreja evangé- trabalha, o conceito de política defesa de uma comunidade lica. E isso foi uma grande é a não-violência, o não uso das pobre. Não se fala mais em surpresa para mim, porque um drogas e a não submissão à favela, mas sim em comunida- movimento que questiona toda mídia. É esse o conceito de de. Dentro dessas comunidades forma estabelecida de poder e política do movimento e é nesse eles desenvolvem atividades, discussões autoritárias, como ponto que a política é impor-que é o grande lance do pode se submeter a um discurso tante para os jovens. Não no trabalho político e pedagógico religioso? sentido de política partidária do hip hop. São as chamadas como nós entendemos, mas a posses, que são lugares dentro A imagem dos jovens ligados política no sentido de se de uma comunidade, onde as a esse movimento nem posicionar, de ser um cidadão crianças aprendem o que sempre foi positiva. Por que que requer direitos, que possui geralmente não se ensina nas atualmente vemos o aumento obrigações e deveres.escolas. Elas aprendem a do número de jovens que defender-se do poder, da aderem ao hip hop? As duas pesquisas atingiram dominação, seja por ser negro os objetivos propostos? Há ou por ser pobre, o que existe é Isso acontece em razão de duas planos para outros projetos uma doutrinação muito grande coisas: primeiro porque em que sigam o estilo desses que em relação à polícia, pois para o Cuiabá o hip hop se associa a já foram realizados?movimento a polícia é violenta. um movimento religioso; se faz Mas, principalmente, o que elas parte da igreja pode ser algo Com certeza, nós tivemos que aprendem é que não se deve bom. Segundo, é a questão da refazer o percurso várias vezes, usar drogas, bebidas e que a transculturalidade, pois os não só metodologicamente família é muito importante. O jovens brancos, ricos, que como do ponto de vista da que se vê dentro dessas posses é possuem bens, estão se aproxi- sustentação teórica. Em toda que existe um desdobramento mando do hip hop. Apesar de pesquisa que se realiza, você para ensiná-las a fazer raps, a não serem pobres e negros, está não pode vir com certezas ou lidar com picapes para tocar havendo uma socialização afirmações concretas, pois durante as festas, e também acerca disso, eles também quando nós tínhamos algum ensinar basquete de rua e querem se apropriar do pressuposto, ele era desmentido, grafite. As posses, além de movimento. A principal forma então retornava a pesquisa. É proporcionar essas condições, de apropriação é no uso das muito interessante que o também trazem a arte e roupas, outra contradição do Núcleo de Pesquisa em revertem discursos. hip hop. Esse movimento se diz Comunicação e Cultura da Em Cuiabá, também há as contra a mídia, contra os UFMT e outros núcleos se posses. Eu trabalhei especifica- poderes estabelecidos, porém o preocupem com as questões dos mente com uma comunidade hip hop edita, pelo que nós jovens, em saber como o jovem em um bairro da capital, dentro conhecemos, dez revistas de produz sentido também de uma escola pública. Também moda, com grifes. Quem pode artisticamente. Acho que um realizei trabalho com outra consumir as grifes, utilizar as projeto que estudasse o ponto escola, num bairro diferente roupas são os jovens ricos que de vista da interação do jovem que possui outro nível sócio- têm se apropriado do hip hop. seria ideal, seja qual fosse o econômico e cultural. Na cenário.comunidade da escola pública, Como é vista a relação entre

ascido no final da pintura do grafite como década de 1960, representação artística. Nnos guetos de Nova O termo hip hop surgiu em

York (EUA), o hip hop meados do ano de 1968, surgiu como reação das c r i a d o p o r A f r i k a classes mais pobres contra Bambaataa e significa a a miséria, a violência, a junção de dois movimentos falta de escolas e locais de c íc l icos: saltar (hop) lazer públicos. O movimen- movimentando os quadris to cultural foi a alternativa (hip).encontrada pela juventude O movimento chega ao dos guetos para canalizar a Brasil na década de 1980, e violência das gangues, foi aceito com facilidade transformando-a em algo nas favelas, periferias e construtivo. guetos das grandes capitais O hip hop é composto por brasileiras por promover a quatro manifestações conscientização da juven-artísticas principais: o tude, estimulando ao Mcing, que é manifestação mesmo tempo a solidarie-do mestre de cerimônias ao dade e a auto-confiança.animar as festas com suas rimas improvisadas (é a Fonte:consciência, o cérebro do movimento); a instrumen-

Wikipédia tação dos DJs (considera-<http://pt.wikipedia.org/wiki/Hip-Hop

dos a alma, a essência, a raiz do hip hop); o breaking que é a representação do corpo através da dança; e a

“O grande diferencial do

orkut é que essa produção de

sentidos na não-presença, assim como nos blogs,

acaba com a noção de autoria.”

O que é hip hop

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dicas do neconeco ANO 1 Nº1 dezembro / 2008

É impossível assistir a “Elefante” e utilizando basicamente atores não-não lembrar do episódio ocorrido em profissionais, após “laboratório” abril de 1999 na cidade norte- realizado com os jovens da escola americana de Littleton, Colorado, onde o filme foi rodado. Ainda que onde dois estudantes da escola bastante experimental (ao filme secundária Columbine assassinaram foram incorporados muitos diálogos doze colegas e um professor, e situações compartilhados entre suicidando-se após deixar a polícia tais jovens e o cineasta), as imagens local paralisada na tentativa de do filme carregam uma sofisticação e conter o evento trágico. O massacre beleza quase constrangedora, como chocou os Estados Unidos e chamou quando somos submetidos ao a atenção do mundo inteiro para a choque das imagens do massacre, violência em ambientes escolares. apresentadas com os mesmos planos Apesar de obviamente se referir ao longos e frios das demais cenas do incidente da Escola Columbine, o filme.filme de Gus Van Sant vai além de O incidente na Escola Columbine qualquer ficcionalização do real e - levantou uma série de debates sobre por sua construção fragmentada e as causas que teriam levado aqueles não-conclusiva sobre a história jovens a cometer a ação suicida (na apresentada - promove uma época culpava-se desde a facilidade experiência no mínimo desconfor- com que qualquer cidadão america-tante ao público acostumado a no podia comprar uma arma de fogo filmes narrativos. até a influência, no comportamento Em “Elefante” acompanhamos o juvenil, da mídia e suas imagens e desenrolar de um dia aparentemente sons violentos: dos filmes de luta aos comum no cotidiano banal dos video-clipes satânicos do cantor pop estudantes de uma escola qualquer, Marilyn Mason). A discussão não fosse a tragédia que aos poucos continua latente. O filme de Van vemos se desenhar. Temos acesso a Sant contraria o desejo maniqueísta um mosaico de informações da explicação e deixa o espectador dispersas sobre alguns jovens desta sem grandes respostas, quase que à escola: a patricinha, o jogador de deriva, em um mosaico de impres-futebol, o menino simpático, a sões sobre certa juventude. Como menina feia. Em diversos momen- apontou Luiz Carlos Bresser-tos, a câmera que filma tais Pereira, em artigo publicado no personagens é magistralmente caderno “Mais” do jornal “Folha de posicionada como se estivesse São Paulo”, em 07/12/2003, acompanhando os mesmos bem de “enquanto os cientistas sociais e os perto, de costas, enquanto perambu- filósofos tentam compreender lam pela escola. Algo como o ponto- racionalmente a vida social, os de-vista de um jogador de vídeo- artistas projetam em suas obras sua game de luta. visão do mundo. De um mundo O filme recebeu a Palma de Ouro do complexo, multifacetado e ambíguo, júri em Cannes em 2003, que do qual eles não podem senão também concedeu a Van Sant o identificar aspectos, que, no prêmio de direção, algo raro na entanto, podem ganhar uma história recente do festival francês. grandeza inesperada quando o Ao observar a filmografia do diretor artista é verdadeiro”.é possível identificar uma certa destreza ao retratar a juventude Diego Baraldi de Lima é mestre em (vide “Garotos de Programa”, Estudos de Linguagem pela UFMT, “Gênio Indomáve l” e mai s membro do grupo “RG Dicke de recentemente “Paranoid Park”). Estudos em Cultura e Literatura Em “Elefante” o cineasta mais uma Mato-grossense” e professor do Curso vez mergulha no universo juvenil, de Comunicação Social da UFMT.

Gus Van Sant utilizou atores não-profissionais para interpretar personagens do filme.

“O discurso e a imagem da criança nos metodológicos da Teoria Crítica, comerciais de televisão” é o título do harmonizados com campos teóricos estudo realizado em 2007 por Max da Psicologia, Sociologia e Cultura, o Cardoso Baia, da habilitação em autor identificou a representação de Publicidade e Propaganda do curso de estereótipos e modelos de identidade Comunicação Social da UFMT. presentes no discurso “adultizado” Orientado pelo professor Pedro Pinto das crianças nas peças publicitárias. de Oliveira, Max analisou dois O trabalho pode ser encontrado na comerciais protagonizados por biblioteca setorial do Instituto de crianças e veiculados na televisão Linguagens e na biblioteca central da aberta. UFMT. Mediante os postulados teórico-

Ficha Técnica: O livro foi lido pelos estudantes do 4º Crianças do Consumo semestre do Curso de Publicidade e - A infância roubada Propaganda da UFMT quando T í t u l o o r i g i n a l : cursaram a disciplina Psicologia do Consuming Kids: The Consumidor. hostile takeover of childhood Confira abaixo alguns comentários: Autor: Susan Linn

Tradução: Cristina Tognelli “Eu recomendo este livro porque trata Editor: Instituto Alana, 2006 de assuntos como inversão de valores, Preço: R$ 39,00 Tiragem: 3.000 / 328 sexo e violência que estão muito páginas Formato: 15 cm x 21,5 cm presentes nos programas de TV e

propagandas d irec ionadas às Neste livro a psicóloga norte- crianças.”americana Susan Linn mescla Paula Letícia Nabe Saga histórias reais, fruto de sua experiência profissional, com a teoria “Trata-se de um tema atual, de do desenvolvimento infantil e mostra interesse de alunos e profissionais das como as crianças se tornaram um áreas de comunicação, educação e imenso mercado consumidor. Além de psicologia. As crianças são o futuro de alertar sobre os perigos e abusos da uma nação, devem ser cuidadas, publicidade para crianças, a autora observadas mais de perto em relação à mostra o que pode ser feito para mídia.”combater o problema. Naíza Garcia

Para Linn, “o marketing para “Um livro importante para pais e, crianças enfraquece os valores principalmente, para pessoas ligadas d e m o c r á t i c o s , a o e n c o r a j a r à comunicação que precisam repensar passividade, conformismo e egoísmo. o modo como a publicidade é feita Ameaça a qualidade do ensino, inibe a para as crianças.”liberdade de expressão e contribui Caio de Araújo Góes.para problemas de saúde pública como obesidade infantil, dependência “A autora consegue aguçar a nossa de tabaco e consumo precoce de percepção crítica a respeito do álcool.” marketing direcionado às crianças. Susan Linn é professora de psiquiatria Ela mostra a face oculta e negra da na Escola Médica de Harvard, propaganda infantil. È uma leitura no diretora de um centro de mídia mínimo instigante, pois leva nossos infantil em Boston e co-fundadora da olhares a um ponto de vista pouco Coalizão pelo Fim da Exploração conhecido entre as pessoas.”Comercial Infantil. Ela é ventríloqua Willian Rangel Sampaioe ficou conhecida pelo seu trabalho com fantoches na televisão, usando os Mais informações, Instituto Alana - bonecos na psicoterapia infantil. www.alana.org.com

Criança X TV

Criança X Consumo

CINEMA MONOGRAFIA

LIVRO

“Elefante” é mosaico de impressões sobre certa juventude

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necoijneco ANO 1 Nº2 dezembro / 2008

Programas e projetos do Necoij ganhamforça junto à comunidade

Sinara Álvares

Extensão e Pesquisa

Núcleo completa um ano estudando a relação das crianças e dos jovens com a comunicação

Núcleo de Estudos Andreza Pereira, colaboradora próximo passo será fazer uma Comunicação Infância e do site. Além de Andreza, outros parceria com a Secretaria de OJuventude, Necoij , oito alunos participam ativa- Estado de Educação para

desenvolve um Programa de mente do desenvolvimento deste realizar oficinas literárias. A Extensão que abrange hoje uma projeto, coordenado pela produção das crianças e adoles-série projetos com o objetivo de professora Janaina Capobianco. centes será divulgada em uma debater com a comunidade A última novidade foi o lança- publicação e exposta em uma acadêmica e com a sociedade a mento, em novembro, da versão feira literária. “Queremos relação das crianças e dos jovens em espanhol do site. Agora todos desenvolver uma atividade com a comunicação. Coordenado trabalham para disponibilizar as constante : sens ib i l i zar o pelo professor Dielcio Moreira, o versões em inglês e alemão. professor, fomentar a interpreta-Necoij é composto por professo- (colocar imagem de uma página ção e socializar essa produção. É res e estudantes do curso de em espanhol) um longo trabalho que não se C o m u n i c a ç ã o S o c i a l d a limita a palestras e oficinas”, Universidade Federal de Mato O integrantes do projeto acrescenta Aclyse.(procurar Grosso. “Porque sim não é resposta” ilustração)

produzem programas de rádio Para reunir a produção acadêmi- que são veiculados no site. Duas Outro ponto forte do Necoij são ca do núcleo, foi lançado em edições já estão disponíveis e, os eventos realizados para março deste ano, o site do Necoij segundo a professora Naine debater com a sociedade (www.ufmt.br/necoij), onde o Terena, coordenadora da equipe, questões relevantes nas áreas inter nauta também pode a grande contribuição dos que o Núcleo se propõe estudar: par tic ipar dos fór uns de programas é dar voz às crianças c o mu n i c a ç ã o , i n f â n c i a e discussão e enquetes, registran- para compreender o que juventude. Os encontros são do sua opinião. Diversos recursos acontece no mundo delas. “O abertos ao público e à comunida-já foram adicionados à página, rádio faz a mediação entre os de acadêmica e, segundo a que conta com conteúdos em adultos, o mundo, as crianças e a coordenadora deste projeto, várias mídias – inclusive todo o comunidade”, explica. professora Luciana Area Leão conteúdo deste jornal, que Borges, o objetivo é trazer constitui outro dos projetos do Já o professor e poeta Aclyse de também pais e jovens para Necoij. O Neco pode ser folheado Mattos trabalha junto com seis participar das discussões. Leia e lido na íntegra no site. estudantes para levar literatura mais sobre esses eventos na “O objetivo é agregar lá as às escolas públicas de Cuiabá. página 12.produções multimídias do Até agora já foram visitadas núcleo”, explica a aluna quatro escolas de Cuiabá e o

uatro pesquisas do Instituto Vygotskij , da N e c o i j j á e s t ã o Alemanha, o coordenador do Qc e r t i f i c a d a s p e l o Necoij, professor Dielcio

C o n s e l h o N a c i o n a l d e Moreira, está trabalhando no Desenvolvimento Científico e projeto Janelas para o Mundo, Tecnológico – CNPq, duas das que tem como objetivo quais também tem registro na estimular o intercâmbio e a Pró-Reitoria de Pesquisa da aproximação de crianças e Universidade Federal de Mato jovens de diferentes culturas. Grosso. Todos os projetos têm O estudo está voltado para o o objetivo de conhecer mais processo de utilização e s o b r e o s p r o c e s s o s apropriação do uso de comunicativos relacionados computadores entre as ao público infanto-juvenil. crianças e adolescentes de

comunidades carentes de É esse o mote da pesquisa que Cuiabá. Para saber mais sobre a professora Luciana Borges o p r o j e t o , a c e s s e está realizando. Seu objetivo é .compreender a visão dos Outra parceria importante é a publicitários que atuam em do Necoij com o Instituto de Cuiabá acerca da imagem S a ú d e C o l e t i v a d a adultizada da criança na Universidade Federal de Mato propaganda. O estudo será Grosso para compreender, realizado por meio da análise estreitar e humanizar a d e p e ç a s p u bl i c i t á r i a s c o m u n i c a ç ã o e n t r e regionais divulgadas na mídia profissionais de saúde e o impressa e de entrevistas com público jovem. A pesquisa seus criadores e a previsão de quer conhecer como as término é dezembro de 2009. c o m u n i d a d e s e s t ã o Já o projeto Juventudes de assimilando as mensagens Mato Grosso e o Jornalismo divulgadas em programas de On-line: retratos, fazeres e saúde pública com o objetivo interações, da professora de otimizar a comunicação Janaína Capobianco, vai nas campanhas de prevenção analisar os diferentes grupos de enfermidades.de jovens de Mato Grosso e suas relações com o jornalismo online produzido no Estado. A l é m d e p r o c u r a r compreender como se dá a representação das juventudes na mídia em Mato Grosso, a pesquisa tem também a finalidade de analisar a produção dos diversos grupos de jovens nas mídias online e as interações que e l e s estabelecem com os meios, buscando compreender de que formas elas impactam em sua vida social. Parcerias – Juntamente com o

www.janelasparaomundo.org

Temática inspirapesquisas

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neco ANO 1 Nº1 junho - julho / 2008

A fotografia como instrumento de estudo

A análise antropológica do comportamento de crianças e jovens do interior de Mato Grosso por meio da fotografia foi o tema do segundo encontro do Núcleo de Estudos Comunicação, Infância e Juventude. O professor Carlos Américo Bertolini apresentou seu trabalho de análise comportamental dos estudantes do interior do Estado, realizado com fotografias de jovens em festas religiosas, comemorações cívicas e outras manifestações tradicionais.“Antropologia Visual: A Perspectiva da Fotografia!” é o nome da pesquisa do historiador e professor da UFMT. Segundo ele, esta pesquisa não tem o jovem como objeto, mas as situações em que eles são colocados pelos adultos e as imagens que elas produzem. “O foco são as imagens que os adultos criam para os jovens e que eles aceitam encená-las no contexto de comemorações públicas”, explicou o pesquisador.O encontro também teve a participação das alunas Sinara Álvares e Thais Tomie que analisaram e discutiram produções científicas concernentes ao objeto de estudo do Núcleo. Dia 9 de junho, no Instituto de Linguagens.

Os jovens, a universidade e os shoppings são tema do terceiro encontro do Necoij O terceiro encontro temático do Núcleo recebeu o gerente de marketing do Pantanal Shopping, Alfredo Zanotta, para falar sobre a presença dos jovens e as relações sociais que eles estabelecem dentro dos shoppings centers. Para Zanotta, os shoppings, hoje, substituíram os centros e praças e passaram a ser o ponto de encontro, lazer e compras dos jovens. Ele aproveitou para falar das estratégias administrativas e publicitárias do Pantanal para atrair estes clientes.Em um segundo momento, Antônio Luiz do Nascimento, professor do Instituto de Educação da UFMT, levantou questionamentos sobre o sistema de seleção para o ingresso de estudantes nas universidades. Nascimento também expôs seus estudos sobre uma nova proposta de cursos pré-vestibular, os cursinhos militantes que, além de oferecer preparação pedagógica, também estimulariam a reflexão política no estudante. Dia 28 de junho, no Instituto de Linguagens.

Mobilidades e mobilizações sociais

Mobilidades foi o tema do quarto encontro do NECOIJ, que apresentou, sob diferentes aspectos, o que sigfinica mobilidade e como ela é possível. O aluno Fernando Paiva abriu o encontro apresentando seu trabalho sobre 'Flash Mob”, que são espécies de manifestações sociais realizados por desconhecidos entre si e articuladas pela Internet. Em seguida, a aluna Valérya Cardoso fez uma análise sobre o artigo

, expondo os processos contemporâneos de formação social. A professora doutora Sirlei Silveira trouxe para o encontro uma abordagem sociológica sobre mobilidade social hoje e de sua trajetória ao longo da história. Ao final, os alunos, professores e convidados discutiram as temáticas apresentadas. Dia 20 de setembro, no Instituto de Linguagens.

"Ciberespaço e Tecnologias Móveis - Processo de Territorialização e Desterritorialização da Cibercultura"

COMUNICAÇÃO NOS TEMPOS DE WEB

Estudantes, professores e pesquisadores se encontraram na

palestra do professor doutor e gerente do Ibope, Marcelo

Coutinho, para um debate sobe os impactos da internet na

comunicação. Em tempos de democratização dos meios,

Coutinho afirmou que cada pessoa com acesso à internet pode ser

uma ameaça ou um potencial para empresas e veículos. Durante a

palestra, Marcelo fez exposições de vídeos que circularam na web e

transformaram a imagem dos produtos vinculados aos vídeos.

Dia 7 de julho, no auditório da FAECC, na UFMT.

No mesmo dia Marcelo Coutinho realizou um workshop com os pesquisadores do NECOIJ sobre os métodos de trabalho do IBOPE e sobre o uso da Internet no meio acadêmico e empresarial.

Laís Costa MarquesColaboração: rafaela Vendramini e Whiliano Souza