5
1 Curitiba, Abril de 2012 Faculdades Integradas do Brasil jorna linha do tempo.indd 1 10/04/2012 23:57:36

Jornal Linha do Tempo

Embed Size (px)

DESCRIPTION

O Jornal Linha do Tempo é um produto laboratorial do curso de Jornalismo da UniBrasil. Alunos participantes: Amani Costa, Anali Modesto, Ana Paula Ribeiro, Barbara Beltrame, Evelyn Arendt, Fernanda Brisky, Giulianne Kuiava, Helton Liça, Jessica Dombrowski, Marieli Castioni, Narley Resende, Patrícia de Castro, Patrine Alves, Rafael Passos, Rafaela Fiala, Thais Travençoli, Tiago Machado. Professora responsável: Elaine Javorski.

Citation preview

Page 1: Jornal Linha do Tempo

1

Curitiba, Abril de 2012 Faculdades Integradas do Brasil

jorna linha do tempo.indd 1 10/04/2012 23:57:36

Page 2: Jornal Linha do Tempo

Editorial 2

Legislação não garante segurança financeira para idosos

Texto: Narley Resende Um em cada 10 aposentados paranaenses compromete mais de 40% da renda com empréstimos. Os principais vilões do endividamento

são o crédito consignado e os cartões de crédito. O Paraná Pesquisa ouviu 390 idosos em fevereiro deste ano. O levantamento também aponta que boa parte das pessoas com mais de 65 anos deve mais da metade da aposentadoria.Existe uma lei federal que delimita o desconto mensal na folha de pagamento para empréstimos consignados em até 30% e mais 10% para parcelas da dívida de cartões de crédito, podendo compro-meter no máximo 40% da renda. Mas os credores cobram de duas fontes diferentes, por exemplo, um débito na conta corrente e outro direto na folha de pagamento. Créditos consignados descon-tados em folha somados aos débitos dos cartões de crédito ultrapassam o limite legal. Além disso, refinanciamentos de empréstimos, ou a compra da dívida por outros bancos também possibilita a irregularidade. A aposentada Maria de Lourdes, de 82 anos, não quis se identificar, mas afirma que gasta mais da metade da renda somente com o banco. “Ganho R$ 3.800,00 líquidos, somando a minha aposenta-doria e a pensão do meu marido, só de empréstimo pago quase dois mil, e vivo no limite do cheque especial com juros de 10% ao mês, mais a fatura do cartão de crédito. Comprometo mais da metade

do meu pagamento. Isso sem contar os quase 800 (reais) de farmácia”.Segundo o professor de Economia da UniBrasil e Doutor em Desenvolvimento Econômico pela IE/Unicamp, Junior Garcia, as diversas possibilidades de crédito pré-aprovado com parcelas variáveis de financiamento podem ser a principal causa da ultrapassagem do limite de endividamento mensal. “O aposentado consegue fazer vários cartões de crédito em diversos bancos, financeiras, e até em postos de combustíveis, e a possibilidade do pagamento do mínimo da parcela do cartão, por exemplo, aumenta o juro cobrado no mês seguinte, isso representa variação da parcela”.Os bancos não têm um sistema integrado para controlar o limite de até 40% de endividamento do cliente, e podem provar que não sa-biam que o limite foi excedido, assim, é possível o aposentado dever mais de 200% da renda. “A lei funciona apenas para o empréstimo descontado em folha, isso não quer dizer que a pessoa não consiga dever muito mais do que isso”, ressalta o economista.O Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS) já estuda a possibilidade da proibição do refinanciamento de empréstimo consigna-do por terceiros, além de outras limitações para aprovação de crédito para aposentados. A pauta foi apresentada por centrais sindicais favoráveis a proibição. O principal argumento é que as práticas aumentam o assédio por financeiras aos aposentados, pensionistas e ser-vidores públicos que têm direito às taxas especiais. Isso prolonga o endividamento, além de facilitar o comprometimento da renda dos devedores.

Eleição: idosos tem cada vez mais importância política no Brasil

Texto e Foto: Giulianne Kuiava

Os idosos representam uma parcela significativa dos eleitores brasileiros. Segundo dados do setor de resultados do Tribunal Regional Eleitoral do Para- ná (TRE-PR), o número de eleitores entre 60 a 79 anos aptos ao voto nas eleições de 2010 chegou a 1.022.189 pessoas no estado. Mas, como o voto é facultativo após os 65 anos de idade, muitos ido- sos não comparecem às urnas e acabam deixando de ser beneficiados por iniciativas políticas.Wilson Moreira faz parte desta parcela da população, tem 73 anos e não abre mão do voto. Moreira é ex-jor- nalista. Para ele, a participação política independe da faixa etária. “Os políticos devem ter [devido ao crescimento da população], um discurso que aborde as nossas necessidades. Muita coisa já melhorou depois que criaram o Estatuto do Idoso, o problema é que ainda tem muita coisa a ser feita”. Para Mo- reira a maior dificuldade encontrada hoje pelo idoso, no viés político, é a questão da exclusão econômi- ca: “o mercado de trabalho rejeita a pessoa idosa, amparado pela Legislação que não valoriza de for- ma suficiente o idoso como membro da sociedade”. E, para tentar melhorar esta situação, o ex-jorna- lista faz questão de participar ativamente de todas as eleições. Mas ele é uma exceção. Com a não obrigatoriedade do voto, muitos idosos deixam de exercer o direito de escolher seus representantes. Apesar de o TRE não ter o número de votantes faltosos com mais de 60 anos, é possível perceber isso através dos asilos. “É pequena a parcela de idosos que votam no asilo. Alguns por impossibilidades físicas e psíquicas”, afirma a terapeuta ocupacional do Recanto Tarumã, Fabiana Silva.

AcessibilidadeAs dificuldades não param por ai. João Renato de Souza tem 24 anos e foi convocado para ser mesário na ultima eleição. Segundo ele, a urna eletrônica já não oferece mais tantas dificuldades aos idosos, agora o problema é a acessibilidade. “Muitos chegam aos locais e não lembram qual é sua seção eleitoral. Além disso, alguns idosos têm dificuldades de locomoção dentro dos locais de votação, que nem sem-pre são adequados”. Souza explica que sempre tem gente para auxiliar, mas em algumas vezes, a demanda é tão grande que os idosos têm que ficar aguardando por ajuda.

Politica & Ecônomia 3

Em caso de empate na nota em concursos públicos o Estatuto do Idoso determina a classificação do concorrente de maior idade. Seguindo a mesma lógica - quanto mais velho, mais sábio - o Re-gimento Interno da Câmara de Curitiba estabelece que, em caso de empate na eleição para presi-dente da Casa, deve ser empossado o vereador mais velho até que haja novo pleito.

Goo

gle

imag

em

Um jornal para a terceira idade Olá, leitor. Na primeira edição do jornal Linha do Tempo, produzido pelos alunos do quarto período do curso de jornalismo da Uni-brasil, os assuntos serão direcionados à terceira idade. Segundo dados do IBGE, os idosos são atualmente 14,5 milhões de pessoas, ou seja, 8,6% da população total do país. Em 2020 podem chegar a 30 milhões de pessoas com mais de 60 anos no Brasil, ou seja, 13% da população total. A expectativa de vida hoje é de 73,5 anos, 11 anos a mais do que na década de 80. Escolhemos este público pela importância que tem hoje e sempre, pois além de suas histórias de vida são pessoas inspiradoras, experien-tes e exemplos de superação. Apesar de ter como público alvo os idosos, nosso jornal também pode ser lido pelos jovens, afinal, um dia eles também chegarão à terceira idade. Nesta edição fizemos uma reportagem especial sobre o esporte, além de matérias sobre saúde, política, lazer, cultura e entretenimento. Além daquele bolinho no final da tarde, feito pela vovó, ou daqueles jogos de botões que apren-deram com o vovô, aproveite também essas reportagens pra lá de especiais. Boa Leitura!

Os grandes personagens não morremAndando pela Rua XV vi uma cena no mínimo esquisita. Um senhor de idade, com uma régua na mão, sentado em uma cadeira, tentava chamar a atenção da criançada. Como nunca havia visto aquela figura em meio a tantas que circulam por ali, resolvi me aproximar. O velhinho me olhou atentamente, apontou com o dedo e falou: - No Brasil de hoje, os cidadãos têm medo do futuro. Os políticos têm medo do passado.Na hora, me dei conta de que já havia ouvido essa frase. E o velhinho continuou... - O que achou das minhas palavras? E eu, respondi:- Mas essa frase não é do senhor, é do Chico Anysio, o humorista que nos deixou há pouco tempo. Não? Ele me olhou, olhou para todas as crianças que estavam ao seu redor e prosseguiu. - Crianças, quem sou eu? E elas, em um coral, responderam: o senhor é o professor Raimundo! Eu, chocada com a situação, esperei atentamente o desenrolar da história. - Minha filha, os grandes personagens não morrem. Eles nos deixam a permissão de transmitir seu legado. Olhe essas crianças. Elas são a prova viva disso. Depois de tudo aquilo, sentei ali e fiquei, como uma aluna dedicada, escutando o que o jovem senhor tinha a dizer.

Giu

liann

e Ku

iava

Wilson Moreira, de 73 anos, não abre mão dos seus dioreitos como cidadão

Crônica

Charge

jorna linha do tempo.indd 2-3 10/04/2012 23:57:42

Page 3: Jornal Linha do Tempo

Reportagem Especial 4 JORNAL LINHA DO TEMPO 5

As Cidadanias do Carmo e Pinheirinho oferecem atividades físi-cas para pessoas com mais de 60 anos nas quadras poliesportivas de segunda à sexta-feira das 8h às 12h e das 13h às 22h. As ati-vidades são gratuitas e o local conta com estacionamento grátis. Outras informações pelo tel.: 3275-6016 ramal 247.

Esporte para quem ainda tem muita vida pela frentePensando na qualidade de vida na terceira idade, fizemos uma reportagem especial sobreesportes. A prática esportiva desperta ânimo, interesses em outras tarefas do cotidiano e bemestar, além de ser indispensável para uma vida saudável. O esporte é uma das marcas donosso país. Na Linha do Tempo, os idosos provam que esta prática não tem idade, confira!

Natação: um meio de se sentir jovem de novo

Texto e Foto: Helton Liça

O contato com a natação na terceira idade começa geralmente por indicação médica, mas os idosos acabam encontrando nos exercícios muito mais que alívio para suas dores. Além dos as-pectos ligados à saúde, as atividades trazem inúmeros bene-fícios ligados à autoestima e relacionamento social, aspectos muito importantes para pessoas da terceira idade.O benefício fisiológico é significativo, pois as atividades ati-vam a parte circulatória, o coração fica mais saudável, a pes-soa dorme e se alimenta melhor, além de manter um espírito mais jovem. Irene de Macedo, 77 anos, começou a fazer nata-ção há 25 anos para cuidar da saúde e também por uma gran-de motivação: parar de fumar. Hoje, ela se sente mais jovem e tem mais amigos. “Agora tenho até um relacionamento so-cial melhor. Não só com pessoas da mesma idade que eu, mas também com pessoas mais jovens”.Segundo a professora Ingeborg Dummer Carlindo, que dá aula para os idosos há mais de 14 anos, a natação melhora a

autoestima. “Para eles o importante é qualidade de vida, mental, psicológica e social. Para cada idoso é feito uma adaptação física em um estado geral por causa das limitações de cada um”.

Outras atividades aquáticas

Além da natação, existem outras atividades aquáticas benéficas para saúde e bem-estar. Para aumentar a força muscular, o ideal é a hidroterapia, que além de tudo é um programa aeróbico. Já na hidroginástica o principal objetivo é o condicionamento cardiovascular e muscular, por meio do treinamento em flexibilidade, coordenação motora e relaxamento. Isso faz com que o praticante possa ter um ótimo melhoramento na capacidade pulmonar, resistência e flexibilidade.

Helto

n Li

ça

Natação um beneficio para a saúde da terceira idade

Jogo de bocha movimenta a terceira idadeTexto e Foto: Marieli Castioni

A bocha é um esporte onde a maioria dos jogadores já passou dos 50 anos. É uma mo-dalidade de movimentação e lógica que traz beneficios muitas vezes não perceptíveis à primeira vista. A movimentação contínua, agachamento, posicionamento do corpo e arremesso da bola fazem desse esporte uma academia de diversão. A cada jogada, uma risada. Os praticantes bolam estratégias para conseguir alcançar os seis pontos máximos de uma partida. Andar de um lado a outro para recomeçar o jogo, mexe não só com a cabeça desses aposentados, mas com o corpo também.Pedrinho Eofrásio Alves, 80 anos, joga bocha todos os dias. É ele quem cuida da can-cha que fica no Alto da XV, no Parque Jardim Ambiental. A reunião entre os apaixona-dos pelo esporte acontece de segunda a sábado. “Sempre jogamos e vamos revezando, não me canso. Depois de cada jogo eu quero jogar mais”.Já para o aposentado Narciso Del Zotto, 76 anos, a atividade física é parte constante de sua vida. “A bocha é uma continuação, porque eu sempre pratiquei esportes, ando muito a pé, não me sinto cansado, fico a tarde toda aqui. Estou um pouco fora do peso, mas me cuido”. De acordo com Emilio Perussi, 83 anos, jogo é para relaxar, não para estressar. “Quando envolve dinheiro, nada fica saudável, jogamos pelo prazer da com-panhia dos amigos e pelos benefícios a saúde”.A fisioterapeuta, Suhellen Rosa, diz que a atividade física é o ponto chave para quem vai chegar e quem já chegou à terceira idade. “Com certeza pessoas que mantém uma rotina de exercícios físicos dificilmente terão a necessidade de uma sessão de fisiote-rapia, mas todo exercício tem que ter um acompanhamento de um profissional espe-cializado.”

De segunda a sabado a bocha é a diversão da terceira idade no alto da XV

Mar

ieli

Casti

oni

Com 78 anos, torcedora não perde um jogo do Coritiba

Texto e Foto: Thais Travençoli

Fidelidade. É esta a relação de Doris Munhoz, de 78 anos, com o Coritiba Foot Ball Club. Dona Doris tornou-se uma torcedora símbolo, que não perde um jogo do time de coração. Se o futebol é uma paixão nacional transmitida de geração para geração, com dona Doris não foi diferente. A torcedora começou a frequentar o estádio com o pai e hoje já influencia os filhos e netos.Vinda de família coxa-branca, ela vai ao estádio desde o final da década de 40, quan-do também se tornou sócia do clube. “Eu comecei a torcer para o Coxa desde 48, 49 e de lá pra cá, sempre Coxa”. O Coritiba passou a fazer parte da vida dela. Casou-se com um coxa-branca, com quem teve 3 filhos, 7 netos e 2 bisnetos. Todos torcedores do mesmo time.Como diz a letra da canção “que emocionante é uma partida de futebol”. Emoção ca-paz de atingir diferentes públicos, de diferentes idades. Se a presença feminina tem ganhado destaque, dona Doris mostra que a idade também não é problema para frequentar o estádio. A torcedora não mede esforços para ver o time jogar. “Mesmo o jogo sendo à noite não me impede de vir, com chuva e tudo estou aqui”. Em 2010, ela esteve na cidade de Joinville, quando a equipe cumpria a pena de dez jogos fora de casa.A dedicação de dona Doris é reconhecida por Aladim Luciano, ex-jogador do Coritiba na década de 70 e ídolo da torcedora. “É uma sa-tisfação imensa saber que sou um dos ídolos dela. O Coritiba tem uma torcedora símbolo. É emocionante porque a gente fez parte desta história (do clube) e ser lembrado por outras pessoas é melhor ainda”.O jeito alegre e humilde da torcedora não passa batido pelos que a conhecem. A filha, Ecleusa Bernadete Munhoz Bettega, conta que por onde a mãe passa, sempre encontra alguém para conversar. “No intervalo do jogo, vamos para o lado que o Coritiba vai atacar. Passamos pela praça de alimentação e quando percebo estou caminhando sozinha porque ela já parou pra conversar com algum conhecido ou com locutores nas cabines de rádio”. Além disso, a grande alegria de dona Doris é encontrar alguém com a camisa do Coritiba. “Quando vou ao supermercado e encontro pessoas com a camisa do Coritiba, gosto de conversar com eles”, conta a torcedora, que também deixa um recado para a nova geração de torcedores: “Que os jovens torçam com paz e de preferência para o Coritiba”, diz, sorrindo.

Doris Munhoz não deixa de ver o time jogar no estádio Couto Pereira

Thai

s Tra

venç

oli

Academia ao ar livre exige cuidados para idosos nas atividades físicas

Texto e Foto: Patricia Castro

Os equipamentos ao ar livre facilitam a prática de atividades físicas por pessoas da terceira idade. São 64 academias ao ar livre distribuídas em várias regiões de Curitiba. Os aparelhos podem ser usados por pessoas acima de 12 anos, mas são indicados principalmente para os idosos que perdem massa muscular com o passar dos anos. O aposentado Itair José Figueiredo, de 63 anos, que sofria de problemas de saúde, conta que sua vida sedentária acarretava vários problemas. “Eu tomava muitos remédios não dormia direito, fui inter-nado por duas vezes, era bem complicado. Agora, praticando as atividades físicas, me sinto muito melhor, parei de fumar. É outra vida”.A chegada das academias ao ar livre deixou o exercício físico mais atrativo para a população. Mais do que lazer, virou sinônimo de saúde para a aposentada Horina Ezanchttin, de 77 anos. “Pratico exercí-cios três vezes por semana, faço caminhadas, uso os equipamentos, é uma atividade saudável. Antes tinha preguiça de tudo, sem disposição alguma, hoje em dia tenho mais energia, vitalidade, não tem comparação”.

AlertaAs atividades físicas nos trazem grandes benefícios tanto pelo lado da autoestima, bem estar quanto pelo lado físico. O professor de educação física, Roberto Carlos Coelho, que trabalha na área há 20 anos, alerta que todo cuidado é pouco quando se fala no uso correto dos equipamentos. “As praças e parques de Curitiba estão sendo muito disputadas, no entanto os riscos são maiores pelo fato dos exercícios não serem praticados corretamente, causando varias lesões”. Para Coelho, existe um des-preparo da população. “As pessoas não tem instrução, seria um grande ganho se tivéssemos orienta-dores nesses locais, pois os idosos são mais vulneráveis a essas lesões”. Existem diversos benefícios nas práticas de atividades físicas. Porém, o médico Clínico Geral, Francisco Emilio Ottmann, diz que esse costume sem nenhuma orientação médica pode ocasionar riscos. “A vantagem no hábito dessas atividades, é no controle de algumas doenças crônicas e degenerativas como: hipertensão, diabetes, doenças articulares e musculares, contudo, se a pessoa não tiver o co-nhecimento de alguma doença, ela pode ocasionar uma complicação aguda”.

Com 77 anos, Horina Ezanchttin busca qualidade de vida nas academias ao ar livre

Patricia Castro

jorna linha do tempo.indd 4-5 10/04/2012 23:58:05

Page 4: Jornal Linha do Tempo

7 Saúde 6

O Hospital do Idoso Zilda Arns tem capacidade para realizar até 50 mil atendimentos e até 10 mil inter-nações por ano. De acordo com a prefeitura, este é um dos mais bem equipados hospitais de atendimento aos idosos no país. O hospital fica na Rua Lothário Boutin, 90, no Bairro Pinheirinho.

Acidentes podem ser prevenidos com pequenos cuidados

Texto e Foto: Anali Modesto

A queda é comum em idosos, e algumas vezes pode ser um sinal de debilidade ou doen-ças graves. Maria de Lourdes Ferreira, de 76 anos, sofreu uma queda enquanto caminhava em uma das calçadas do bairro onde reside em Campina Grande do Sul, região metropo-litana de Curitiba. “Minha pressão subiu, fiquei muito tonta e acabei tropeçando em um obstáculo na calçada que estava mal acabada, se estivesse em boas condições consegui-ria evitar a queda”. Após três dias detectou que havia fraturado o fêmur, o mais longo e pesado osso do corpo. Ficou acamada por seis meses e agora precisa da cadeira de rodas para se locomover.O médico generalista Albino Luiz Quinelato, acompanhou o caso de Maria e alertou em caráter de urgência uma cirurgia para corre- ção do osso. Quinelato afirma ser corri-queira a fratura em idosos causada por quedas: “Já existem algumas campanhas nesse sentido, são extremamente comuns já que após um determinado tempo, existe certa per-da da resistência dos ossos que propicia quedas, provocando fraturas com mais constân-cias”.Além de redobrar cuidados nas ruas, os idosos precisam também de adaptações dentro de casa. Quinelato conta que as quedas princi- pais são na hora do banho e indica a co-locação de barras de ferro para apoio, rampas, corrimãos e tapetes antiderrapantes. Também é necessário redobrar a atenção ao se levantar da cadeira, evitar sapatos soltos nos pés e sempre estar em dia com medicações para evitar tonturas.Segundo o enfermeiro Kayo Santos, que cuida de idosos, as fraturas são mais comuns em lugares como o fêmur, quadril e crânio, que necessitam de cirurgia e levam uma recu-peração prolongada.

Anal

i Mod

esto

Maria de Lourdes Ferreira precisa usar cadeiras de ro-das depois de uma queda na rua

Idosos viciados em jogos de azar buscam ajuda no Jogadores Anônimos

Texto: Fernanda Brisky

M.P., 69 anos é viciado em jogo. Aposentado, trabalhou no fórum cível de Curitiba por mais de 21 anos. Começou pelos jogos clássicos, como bingo e logo estava nos jogos de carta como cacheta e pôquer.São anos de perdas econômicas graves até que pessoas acima de 60 anos busquem algum tipo de tratamento. Um estudo feito pela Universidade de São Paulo (USP) revela que, en-quanto os homens desenvolvem a patologia em um período de duas dé-cadas, aproximadamente, é necessário apenas quatro anos para as mu-lheres se tornarem doentes compulsivas. Em Curitiba, essas pessoas, procuram ajuda nos Jogadores Anônimos. Segundo a mesma pesquisa, feita com 50 idosos, a maioria dos preju-dicados pelo vício em jogos de azar tem grau de instrução baixo, condi-ções razoável e moram sozinhos. Outros aspectos que também levam à dependência são a falta de arranjo familiar e renda. “Meio que por brincadeira, e pra me enturmar com o pessoal do fórum, eu aceitei o convite de um colega. Por sinal ele não mora mais aqui em Curitiba, pois perdeu todos os seus bens matérias com a jogatina. Comecei sem apostar nada e vendo os meus amigos ganharem dinheiro. Eu, novo na cidade, sem um tostão no bolso, resolvi dar o primeiro lance”, conta o aposentado. M.P., perdeu bens como um terreno avaliado hoje no valor de R$ 180 mil e vários salários inteiros apenas pelo prazer de jogar. “Foi incrí-vel, satisfez meu ego, fiquei eufórico querendo mais. Cheguei a ganhar um lava-car, mas perdi apostando o mesmo em outras ocasiões”. Os processos de tratamento são parecidos a uma recuperação de dependência química. Nos mesmos moldes dos Alcoólicos Anônimos (AA), os Jogadores Anônimos (JA) foi criado nos Estados Unidos e já está presente em 11 estados brasileiros. “No Brasil há idosos vicia-dos em vários jogos, entre eles está o jogo do bicho, corrida de cavalo e até a Mega Sena”.O já foi criado há cinco anos em Curitiba. O grupo utiliza os mesmos métodos de regeneração do AA (Alcoólicos Anônimos), só que tra-duzida para os jogadores anônimos. Devido à grande rotatividade, a irmandade não tem um número fixo pessoas que frequentam o local, mas cada reunião conta em média com vinte pessoas.Situação semelhante a de M.P. viveu C.C. Tudo era vendido por valores insignificantes só para conseguir dinheiro para jogar. Para ela, a maior perda para a família é a emocional. Começou o tratamento no JA em 2008 com o apoio de seus familiares. “As etapas são um processo de auto-ajuda, em que revemos nosso caráter e tentamos trabalhar nossa auto-estima”, diz.São três grupos semanais (terças, sextas e sábados, às 19h30) que se encontram na sede que fica na Rua Trajano Reis, 457. Assim como AA, os familiares e amigos dos compulsivos por jogos (bingo, loteria, baralho, entre outros) desempenham um papel fundamental na recuperação.

Goo

gle

Imag

em

Pouca fiscalização prejudica uso de vagas para idosos

Texto e Foto: Evelyn Dias Arendt

A conquista dos idosos pelo direito de ter uma vaga preferencial entrou em vigor em 2003 e, segundo a Secretaria de Trânsito, ficou estabelecida a obrigatoriedade da reserva em estacionamentos públicos e privados de Curitiba. Para o uso dessas vagas o idoso deve fa-zer a credencial na Secretaria de Trânsito e ser renová-la de dois em dois anos. Assim, os motoristas têm o direito de estacionar nas vagas devidamente sinalizadas com a legenda “idoso”. Mas, nem sempre essas vagas são respeitadas.Com a pouca fiscalização, há motoristas que não respeitam a exclusividade das vagas. “Ain-da não cheguei aos 60 anos, mas infelizmente já vi muitos motoristas que perceptivelmen-te não tinham mais de 60 anos e que não respeitam as vagas preferenciais. A fiscalização deveria ser melhorada”, comenta o motorista Valdecir Arendt.As vagas nem sempre são utilizadas pelas pessoas certas, e segundo a responsável pelo setor de vagas exclusivas da Secretaria de Trânsito, Michele Scheffler, a fiscalização ainda é fraca se comparada ao número de motoristas que Curitiba possui. “Contamos muito com a ajuda do cidadão para denunciar quem não respeita a lei. As denúncias podem ser feitas pelo telefone 156 da Prefeitura ou pelo 190 da Polícia Militar”.O aposentado João Oliva, de 67 anos, possui a credencial desde 2010. “A primeira vez que fui estacionar em uma vaga exclusiva ainda não tinha a credencial porque eu não sabia como funcionava. Foi quando uma guarda de trânsito me orientou que eu deveria ir à Secretaria de Trânsito com alguns documentos que seria feito na hora. Hoje estaciono e dirijo para cima e para baixo graças a minha credencial”.Antes da lei entrar em vigor os idosos enfrentavam dificuldades e até preconceito por estarem dirigindo. Oliva passou por isso. “Há pessoas que criticam simplesmente pelo idoso não parecer que tem 60 anos ou mais”. Ele ainda comenta que as vagas são poucas se comparadas ao número de idosos que existem e que o número de vagas para deficientes é maior. Ele diz que lugares como shoppings e supermercados possuem mais vagas do que nas ruas e estacionamentos públicos. Segundo Michele, das vagas totais da cidade, 5% são destinadas a vagas exclusivas: 3% para idosos e 2% para deficientes.

Documentos para a credencial: - É preciso preencher um Pré-Cadastro no site da SECRETARIA DE TRÂNSITO: urbs.curitiba.pr.gov.br- Apresentar a CNH, comprovante residencial atualizado.Com os documentos corretos, a credencial pode ser feita na hora.

Evel

yn D

ias A

rend

t

Uma das vagas exclusivas para idosos na Rua Padre Anchieta, em Curitiba

Isenção tarifária: A isenção do pagamento no transporte público municipal para pessoas idosas é um direito e um dever. No ato de apresentação da identidade, o idoso tem que ser isentado imediatamente.

Dia Internacional do Idoso é comemorado com concurso de beleza

Texto e Foto: Jéssica D. Netto

O dia internacional do Idoso, que acontece em outubro, é come-moradeo em Pinhais com os concursos “Miss e Mister Melhor Idade” onde os candidatos desfilam em busca da coroa da bele-za.A competição não é nenhum pouco diferente daquela que ocor-re entre os mais novos. A ansiedade é até maior. A secretária de assistência social Márcia Ferreira conta que o evento existe há quatro anos. “Foi criado em 2009 com o intuito de elevar a auto-estima dos participantes do centro de convivência do idoso (CCI). Em 2010, foi a vez dos homens entrarem na disputa e o número de inscritos foi grande”.Maria da Glória Mafra ficou em segundo lugar na competição de 2009 e só guarda boas lembranças. “Eu gostei muito de partici-par e todos falaram que eu deveria ter ganho. Uma boutique for-neceu todos os vestidos das candidatas. A melhor parte da noite foi dançar com o capitão dos cadetes. Querem que eu participe de novo esse ano, estou pensando na idéia ainda”.Em outubro de 2012 acontece a quarta edição com 30 vagas, sendo 20 mulheres e 10 homens. A idade mínima é de 60 anos. Em caso de empate, ganha o participante que não tiver participado de nenhuma edição e que tiver mais frequência nas atividades do CCI.

Jéssica D. Nett

o

Miss e Mister melhor idade 2011 agitou a cidade de Pinhais

Geral

jorna linha do tempo.indd 6-7 10/04/2012 23:58:17

Page 5: Jornal Linha do Tempo

8

Internet estimula o envelhecimento ativoTexto e Foto: Rafaela Fiala

Nos últimos dois anos a internet mudou a vida de João Manoel Obrizut, 63, que mora no Lar dos Idosos – Recanto Tarumã. “Só não pode ficar nervoso, o segre-do é olhar bem e prestar atenção. No começo quis desistir, mas tive perseveran-ça e hoje em dia faço de olhos fechados”. Antes de morar no recanto, Obrizut não tinha interesse em aprender, achava que era coisa para os mais novos. Hoje, surpreende-se a cada dia.Além de ser uma nova forma de comunicação, a internet faz bem à saúde, se utilizada moderadamente, mantendo mente e corpo ativos. É o que afirma a te-rapeuta ocupacional, Fabiana Silva, que trabalha há mais de quatro anos no Re-canto Tarumã. “Esse interesse pela internet, inclusive a tecnologia é uma forma de estimulação cognitiva. Além de ajudar na tensão e manter a memória ativa faz com que os idosos se sintam capazes, elevando a auto-estima”. Obrizut con-firma isso: “A internet me deixou mais inteligente, mexeu com meus neurônios que estavam enferrujados”.A Fundação de Ação Social (FAS) também desenvolve projetos sociais visando o envelhecimento ativo. Simone Alibosek, atual Coordenadora de Desenvolvi-mento Profissional da FAS diz que a relação dos mais velhos, ao contrário do que se pensa, é de harmonia com a internet. “Alguns questionam o distancia-

mento e a dificuldade de conviver com tanta velocidade, mas sempre querem adquirir conhecimentos básicos para experimentar a rea-lidade virtual”. O Lar dos Idosos, assim como a FAS, conta com o programa de inclusão digital, que tem por objetivo estimular a questão motora, me-lhorar o nível de atenção dos alunos e gerar independência.

DadosSegundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) até 2025 o Brasil será o sexto país do mundo com o maior nú-mero de pessoas idosas. Por isso, é fundamental que existam políticas públicas e ações da sociedade para que essa “moçada” expe-riente se renove na maneira de interagir com o mundo. Além disso, o Estatuto do Idoso assegura os direitos das pessoas com idade igual a 60 ou mais e determina: “É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária”.

Processo de InscriçãoPara participar das aulas de informática básica da FAS, é necessário comparecer ao Liceu de Ofício mais próximo de sua residência e apresentar RG, CPF e comprovante de residência. O curso tem duração de sete dias. As aulas são realizadas aos sábados e atualmente são seis turmas em andamento, divididas entre os diversos Centros de Qualificação Profissional pertencente aos nove Núcleos Regionais de Curitiba. A demanda é tão grande que já tem fila de espera, sendo a maioria do sexo feminino.

Rafa

ela

FIal

a

Interagir com a internet na terceira idade, mantém a memória ativa elevando a auto- estima

Cultura & Tecnologia

“A leitura enobrece a alma”, como disse Célia Maria. Não há idade para interagir com os livros e muito menos incentivo para lê-los. Além de se rum hábito saudável para qualquer idade, exercita o cérebro e é um ótimo passatempo para lazer._____________________________________________________________________________Idosos se interessam cada vez mais por tecnologias e aparelhos eletrônicos e hoje são alvo dessa nova era. A linguagem da inclusão digital tem facilitado o entendimento da melhor idade para usufruir da interatividade online. Dentre elas estão games, sites de notícias, ferramentas de busca e redes sociais.

Quem canta os males espanta. E quem dança?Texto e Foto: Amaní Cruz

Estudantes na Suíça fizeram um desafio a um grupo de idosos. A proposta era complementar a rotina de exercícios semanais deles com dança. Durante seis meses, os idosos teriam que dançar somente ao som de um piano e anotar quais as melhorias na rotina. No final da ex-periência, foi constatado que o número de quedas e acidentes diários caiu pela metade. Isso porque a música firma o passo, melhora o balanço e a movimentação do corpo.Após uma cirurgia no joelho, o aposentado João da Guarda, de 75 anos, precisou realizar du-rante um ano o tratamento que incluía atividades físicas com música. “Meus exercícios eram feitos duas vezes por semana. Eu tinha que andar dentro do ritmo da música e, se o ritmo mu-dasse, meus passos mudavam também. Quando a música acelerava eu tinha que andar mais rápido e quando acalmava eu desacelerava”. Mais do que um bem para a saúde, essa atividade ajuda também a mente. A fisioterapeuta De-nise Raquel de Oliveira Neves diz que a atividade mantém o equilíbrio e exercita os músculos. “Quando dançamos, exercitamos toda a parte de quadril e pernas. E nessas regiões temos o envolvimento de toda a musculatura responsável pelo equilíbrio e fortalecimento no andar e na articulação dos membros”. Por conta disso, o resultado aparece em pouco tempo.A melhora nos movimentos foi relativamente rápida para Guarda. “O médico que me acompa-nhou disse que se o tratamento fosse feito certinho diminuiriam as dores e meu andar ficaria

firme”. Quando ele completou oito meses de tratamento o médico diminuiu a frequência das aulas para duas vezes por mês. “O que eu não podia era abandonar e deixar de fazer os exercícios”, afirma Guarda.Além de fazer bem ao corpo, a música acalma os ânimos, o estado emocional e ainda auxilia na perda da timidez. Para o psicólogo Allan Manciolla de Camargo, o ator de dançar faz com que as pessoas se envolvam. “É preciso ouvir bem a melodia e letra da canção, prestar atenção nos movimentos. Com isso, também se desenvolve o diálogo entre os parceiros. Quando alguém participa de um grupo de dan-ça, precisa se comunicar. O resultado é muito satisfatório. Compensa todas as dificuldades”.

Aman

i Cru

z

Quem canta os males espanta e quem dança a vida encanta!

jorna linha do tempo.indd 8 10/04/2012 23:58:22