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ANO 1 3ª EDIÇÃO OUTUBRO E NOVEMBRO DE 2015 O anonimato da internet esconde violência, preconceito e ódio PÁG.14 HATERS A FERA NA SELVA NO CEUNSP HAITIANOS NO BRASIL PÁG. 18 Como o estilo vindo da roça se tornou um negócio bilionário SERTANEJO 45 mil refugiados buscam trabalho e paz Alunos da FCAD provam seu valor em filme de Paulo Betti PÁG. 09 PÁG. 06 JORNAL-LABORATÓRIO DA FACULDADE DE COMUNICAÇÃO, ARTES E DESIGN DO CEUNSP – SALTO facebook.com/expressofcad FOTO DANILO ANTUNES

Jornal Expresso - 3ª Edição

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Page 1: Jornal Expresso - 3ª Edição

ANO 1 • 3ª EDIÇÃOOUTUBRO E NOVEMBRO DE 2015

O anonimato da internet esconde violência,preconceito e ódio PÁG.14

HATERS

A FERA NA SELVA NO CEUNSP

HAITIANOS NO BRASIL

PÁG. 18

Como o estilo vindo da roça se tornou um

negócio bilionário

SERTANEJO

45 mil refugiados buscam trabalho e paz

Alunos da FCAD provam seu valor em filme de Paulo BettiPÁG. 09

PÁG. 06

JORNAL-LABORATÓRIO DA FACULDADE DE COMUNICAÇÃO, ARTES E DESIGN DO CEUNSP – SALTO

facebook.com/expressofcad

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ÓDIO ONLINE

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Como os haters se tornaram uma das maiores pragas da era da internet

A INDÚSTRIA SERTANEJA06

A LUTA PELO PODER

09

O projeto, que existe há 30 anos, se prepara para conseguir vagas nas Paraolimpíadas de 2016,no Rio de Janeiro.

CONHEÇA O CRIA BRASIL

14

APRENDER SEMPRE: VAMOS JUNTOS?17

EDIÇÃO

Danilo de CarvalhoGislaine SilvaMaurício Martins TelesFábio Roque MoritaThaís Pedroso

REPORTAGEM

EXPEDIENTE

ÍNDICE

Fugindo das marcas profundas de um terremoto, milhares de haitianos chegam ao Brasil movidos pela esperança de uma vida melhor.

18 O SONHO BREZILYEN

Jornal-laboratório produzido dentro da Agência Experimental de

Comunicação e Artes (AECA) por estudantes dos cursos de Jornalismo e

Design Gráfico da FCAD/CEUNSP, sob orientação dos professores Felipe

Luvizotto e Fernando Cesarotti.

Com a evolução tecnológica, várias categorias e estabelecimentos que prestam serviços à população lutam pela permanência no mercado.

VEM, 2016!22 O que podemos esperar para o próximo ano, além de saudades dos formandos?

PROJETO GRÁFICOAmanda OliveiraEduardo Martins Matheus Gomes

Andrei MendesGabriel JacoberRogério Barros.

Daniele GroffKleber Esteves ToledoWilliam Gobbo

DESIGN

Um jargão popular muito dito quando terminamos uma tarefa

de maneira esperada é que a missão foi cumprida. Minha maior expecta-tiva para este ano era saber se con-seguiríamos realizar um produto im-presso, com a qualidade que o curso de Jornalismo da FCAD merece. Minhas expectativas foram realizadas satisfatoriamente.

Dezesseis jornalistas passaram e deixaram sua marca em pelo menos uma das três edições do Jornal Expresso produzidas. Te-mas importantes como feminismo, ideologia de gênero, xenofobia, drogas, consumismo, meio ambi-ente, cultura, economia, política, esportes, comportamento dentro e fora da internet foram expostos para que você, caro leitor, possa participar de algumas das princi-pais discussões do nosso século.

Nesta edição expomos a figura dos chamados “haters” e sua insaciável vontade de demonstrar seu profun-do ódio e ignorância nas redes so-ciais. Rebatê-los é a melhor manei-ra para se defender? Ou ignorá-los pode afastar seu ódio? O fato é que, numerosos, eles estão por aí, espa-lhados pela rede e prontos para des-merecer um trabalho ou destruir um debate saudável com seu vasto vo-

cabulário de ofensas para suprir sua visível estupidez.

Conhecemos também o projeto Cria Brasil e sua inspiradora solidariedade para realizar o sonho de deficientes físicos de praticar esportes. Sonho é também palavra certa para descrever o motivo de 45 mil haitianos enfren-tarem uma jornada de mais de 6 mil quilômetros para desembarcarem sozinhos no Brasil, trazendo na mala apenas a esperança de uma vida me-lhor. Conversamos com alguns deles.

Analisamos o fenômeno do sertane-jo universitário, que arrecada bilhões na indústria musical brasileira. E ex-plicamos a guerra fiscal e a concor-rência entre os novos aplicativos de serviços e o mercado tradicional, en-tre outras reportagens prontas para sua diversão e reflexão.

Sem delongas, espero que aprovei-tem o jornal construído por jornalis-tas incríveis que tive a oportunidade de conhecer e pelo excelente tra-balho visual e artístico realizado pela Print, que contribuiu para a quali-dade do nosso jornal. Posso dizer que chegamos à terceira edição do Jornal Expresso com a sensação de missão cumprida.

Boa leitura!

ublish

Alexandre Gabriel Ana Bergamo

COLABORAÇÃO

NOME NOS CRÉDITOSDebaixo de sol e chuva, alunos da FCAD mostram competência e profissionalismo nas gravações de filme de Paulo Betti.

Acesse a versão online!

Em crônica, o professor Fernando Cesarotti lembra de seus mestres e conta como ainda se sente um aluno.

Esqueça a velha lenda da dupla vinda de Goiás: as novas estrelas da música podem estar mais perto do que você imagina.

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OUTUBRO & NOVEMBRO DE 2015 EXPRESSO

04.

No início da fase adulta, Aldo do Carmo Meira Silva, 53 anos, começou a correr ao re-

solver dispensar o ônibus que o con-duzia de volta ao lar. Foi com este simples e significativo impulso que Silva se tornou um atleta de currículo renomado: são mais de mil provas no total, entre elas competições impor-tantes como 11 maratonas de 41km, 37 maratonas de 31km, e 12 partici-pações na anual São Silvestre. "Sempre fui um atleta de destaque, conquistei várias medalhas”, conta Aldo.

Por amor ao esporte, decidiu criar o projeto ‘Corre – Corredores Reuni-dos de Itu’, onde os integrantes se encontravam para realizar corridas, praticando a modalidade como hob-by. Assim que conheceu o paratleta Edmar Wilson de Souza, 57 anos, Silva decidiu dedicar seu projeto às pessoas com deficiências. Surgiu então o ‘Corre Itu’, que em 2008 se tornou o ‘Cria Brasil’. “Acredita-mos no Cria Brasil, pois nossa meta são as Paraolimpíadas. Trabalhamos com foco no alto rendimento de nossos atletas, mas não descartamos o trabalho social", explica Edmar, paratleta, diretor do projeto e es-tudante de Administração.

O Cria Brasil visa melhorar a área de inclusão, atrair mais atletas e ain-da trabalhar com deficientes visuais. Hoje, o projeto conta com 120 atle-tas, com e sem deficiências, todos trabalhando harmoniosamente. As modalidades adotadas pelo projeto são: o triathlon, atletismo e o golfe adaptado. Em parceria com a Me-dicina Esportiva da Universidade de São Paulo, os integrantes podem adquirir apoio técnico, além de ter assistência médica e fisioterapêutica. Caso precisem de uma reabilitação, tratando-se de deficiência física ou intelectual, os atletas são encaminha-dos para Associação de Pais e Ami-gos dos Excepcionais (APAE), ou para a Escola de Cegos Santa Luzia – que assiste os deficientes visuais.

Na categoria veterana dos Jogos Paraolímpicos de Londres, em 2008, Edmar Souza obteve o recorde bra-sileiro e alcançou o mundial, mas, segundo Souza, o feito não foi ho-mologado por problemas adminis-trativos. "Tenho 47 corridas de São Silvestre, três maratonas nos Esta-dos Unidos, e participei do circuito

PROJETO BUSCA INCLUSÃO SOCIAL ATRAVÉS DO ESPORTE

Cria Brasil, que existe há 30 anos, se prepara para conseguir vagas nas Paraolimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro.

TEXTO MAURÍCIO MARTINS TELESEDIÇÃO AMANDA OLIVEIRADESIGN GABRIEL JACOBER

PARATLETAS CONQUISTAM MEDALHAS ATRAVÉSDA SUPERAÇÃO E AMOR AO ESPORTE.(FOTO ACERVO PESSOAL)

#ESPORTE

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EXPRESSO OUTUBRO & NOVEMBRO DE 2015

05.

Loterias Caixas”, conta o paratle-ta que também relatou ter sofrido com discriminação e, com isso, tinha que treinar no período noturno por vergonha de ser tratado preconcei-tuosamente. “Hoje em dia é bem diferente: dá orgulho!”. Sobre a importância que os Jogos de 2016 têm para a equipe, Souza é direto: “O foco realmente é o Rio de Janei-ro 2016. Estamos formando outro grupo de atletas, e ainda bem que te-mos apoio para isso, graças aos nos-sos grandes parceiros como o SESI, o SENAI, além da Federação Bra-sileira de Triathlon”, conta. “Tenho certeza que o projeto é viável para o Brasil. O país tem condições de sedi-ar uma Olimpíada, mas não tem uma estrutura de formação de atletas (...). No Cria Brasil, temos uma estrutura de formação”, conclui Souza.

Os destaques do Cria BrasilAlém de Edmar, o Cria Brasil conta com outros paratletas de destaque como Ricardo Elias da Silva, 38 anos, que possui deficiência de coordenação motora. "Já fui con-fundido com um bêbado na rua”, conta. O paratleta já praticava es-porte e trabalhava em uma confeita-ria. Conheceu o diretor do projeto quando estudava no supletivo ‘Ma-ria da Glória’, e foi aí que sua vida mudou para melhor.

O paratleta começou a treinar com Edmar Souza, foi para o Sesi, e lá passou a praticar o atletismo, se tor-nando o primeiro paratleta a con-quistar o terceiro lugar no Brasileiro de Esporte de Atletismo. Ex-aluno da Apae, Silva hoje é um atleta que ajuda muito na parte administrati-va do Cria, se destacando como o ‘braço direito’ do diretor. "De tan-to que eu gosto de esporte, pulei o muro da Apae para poder vir trei-nar. Já tinha aprendido a ler e es-crever, e não via necessidade de ali continuar, sabia que tinha capaci-dade de ser campeão”, conta Ricar-do com um sorriso de satisfação es-tampado no rosto. “Quando estava treinando atletismo, eu corria e me sentia nas nuvens", desabafa.

O amor de Ricardo pelo atletismo ultrapassou barreiras e se tornou profissional. O paratleta já conquis-tou 53 medalhas e foi pódio em Itu, Salto e Sorocaba no Circuito Caixa. Profissionais da USP estudam a

causa do desequilíbrio do atleta que, segundo os médicos, não tem ligação com a parte intelectual. "Ele é lúcido, inteligente e trabalhador. O próprio esporte o evoluiu muito, tanto na parte social quanto na parte motora, chegando quase em 100%. Quem o vê andando e correndo não acredita que é o mesmo Ricardo", diz Edmar sobre Silva. Ricardo res-saltou que na APAE existem muitas pessoas capacitadas para também serem um ‘Ricardo’, e que a solução é acreditar em seus sonhos, contando com a ajuda de profissionais capaci-tados para se tornarem campeões no esporte e na vida.

O projeto também é agraciado com forças femininas que são motivo de orgulho. Marinalva de Almeida, 38 anos, chegou ao Cria Brasil fazendo uso de muletas. Apesar de ter recebi-do uma prótese, a paratleta não teria tempo para se adaptar. Foi assim que acabou por descobrir uma de suas maiores habilidades: foi classificada para os Jogos Paraolímpicos concor-rendo na modalidade de vela. Além disso, soma em seu currículo os títu-los de recordista brasileira de salto a distância e lançamento de dardo.

Através de um trabalho de inclusão social de pessoas com deficiência no mercado de trabalho, realizado pelo Senai de Itu, Sara Mediah Silva, de apenas 28 anos, conheceu o esporte adaptado em 2010. Com cerca de um ano de idade, teve hidrocefalia e passou pela primeira cirurgia ainda bebê. O apoio dos pais, Benedito e Fátima, e de toda a família foi essen-cial para que a paratleta pudesse dar a volta por cima. "Desde pequena Sara é muito ativa. Quando criança brincava normalmente com seus amigos da escola, e participava até da aula de educação física", conta a mãe de Sara. Foi convidada por Edmar para participar do Cria Bra-sil, e optou pelas provas de campo - que consistem em arremesso de peso, disco e lançamento de dardo. Já são sete anos dedicados a essas modalidades, contando com diver-sas competições e medalhas, como o 3º lugar em arremesso de dardo pelo Circuito Loterias Caixa, em 2011. No mesmo ano, foi prata na modali-dade nos Jogos Regionais de Avaré.

Entre 2012 e 2013, obteve mais quatro medalhas de bronze no Cir-

cuito Loterias Caixa, se consolidan-do para o próximo ano. “O interes-sante dessas competições é que os atletas são bastante unidos. Um em-presta a cadeira para o outro, todos ficam juntos no mesmo lugar con-versando e um torcendo pelo ou-tro. É claro que o objetivo é ganhar, mas a rivalidade é apenas na com-petição”, conta Sara, que ainda par-ticipou de Jogos Regionais repre-sentando a cidade de Barueri. "Por não ter incentivo da cidade (Itu), a gente acabou optando em disputar os jogos por dois anos consecu-tivos pela cidade de Barueri”, expli-ca. Este ano, a paratleta defendeu a cidade de Sorocaba disputando os Jogos, e lá conquistou duas meda-lhas de bronze e uma de prata nas suas modalidades.

Estudante do último semestre de Administração, Sara diz que todos devem acreditar em seu potencial. “Existem muitas pessoas que re-clamam da vida, mas estão es-banjando saúde. Também existem cadeirantes que acham que não podem, e que não vão conseguir”, conta. “Para mim não existe a pala-vra 'coitadinha’, não existe ‘eu não consigo’, ‘eu não posso fazer’. Se eu vir que não consigo, pelo menos eu tentei", concluiu.

Hoje, o Cria Brasil não conta com nenhum patrocinador e possuem como local de encontro uma sala ce-dida pela Prefeitura de Itu através de ofício. O projeto está de portas aber-tas para todos aqueles que se interes-sam pelo esporte – tendo ou não de-ficiência – almejando sempre crescer a cada dia, revelar atletas de alto nível no esporte e superar as dificuldades que envolvam a diversidade.

Com base nos resultados do Para-pan de Toronto, as modalidades paralímpicas brasileiras já são con-sideradas “potência mundial”: foram 257 medalhas e o título de primeiro lugar geral nos Jogos. Entretanto, o COB (Comitê Olímpico Brasileiro) possui uma verba de R$ 700 milhões, enquanto o CPB (Comitê Paralímpi-co Brasileiro) soma R$ 336,9 mi-lhões – menos da metade do valor destinado aos esportes olímpicos. Projetos como o de Aldo e Edmar são uma ponte de esperança para o equilíbrio e igualdade que resultam na disseminação do esporte.

#ESPORTE

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OUTUBRO & NOVEMBRO DE 2015 EXPRESSO

#CULTURA

A INDÚSTRIABILIONÁRIA DA

TEXTO GISLAINE SILVADESIGN KLEBER ESTEVES TOLEDO

06.

Ele nasceu pobre, no interior de Goiás, trabalhava na roça e dedicou anos à música ser-

taneja até conseguir o tão esperado sucesso. Essa era a história clássica de muitos cantores desse estilo de música. Hoje, dominando as rádi-os e o mercado de shows no Brasil, esta fábula já não é mais tão forte. As novas estrelas do sertanejo vêm de todo o país e podem estar mais perto do que você imagina.

Cada década tem seus filmes, livros, estilos de roupas, comidas e cos-tumes. Para o locutor da rádio Van-guarda, Carlos Alberto Gonçalves Martins, 42 anos, a primeira grande fase da música sertaneja começou em 1991, titulada como “Sertanejo Romântico”, que passou a ocupar es-paço na mídia e representava o mun-do da musica sertaneja até então vis-tos e ouvidos apenas por uma parcela da população. “Este foi o primeiro boom do sertanejo. Em meados de 1996 o segmento perdeu espaço para o samba e pagode”, conta.

Em 2007, porém, outro estilo de sertanejo, o universitário, passou a fazer sucesso na internet, rádios e TVs. “Ressurgia o sertanejo com no-vas propostas, agradando o público de todas as classes, especialmente as médias que passaram a lotar rodeios e eventos”, afirma o locutor.

Segundo Gonçalves, os dois primei-ros hits que abriram portas para o sertanejo universitário foram Pode chorar de Jorge e Mateus e Chora me Liga de João Bosco e Vinicius. “De-pois vieram Victor e Léo e Fernan-do e Sorocaba. Outro boom do mercado foram os sertanejos so-los: Luan Santana, Gusttavo Lima, Cristiano Araújo e Michel Teló, que também contribuíram para manter um público jovem cantan-do sucessos”, comenta.

Mesmo que a juventude jamais tivesse conhecido músicas antigas como Estrada da Vida, Boate Azul, ou Fio de Cabelo, esses quatro ar-tistas – somados as quase infinitas

duplas tiveram grande influência nos jovens e são quem criam novos clássicos do estilo, como Meteoro da Paixão, Balada Boa, Logo Eu. “Tra-balho em uma rádio 100% sertaneja. As quatro primeiras rádios no Ibope tocam esse sertanejo. E garanto que falamos para todas as classes. Desde a “E” até a “A”. Para mim o segmen-to ganhou forças graças a simplici-dade das músicas, fáceis de serem cantadas e artistas dispostos a mu-darem o mercado, com inovações tecnológicas e regravações de ser-tanejos clássicos’’, conclui o locutor.

O sertanejo universitário encon-trou nos jovens a busca do seu crescimento, trazendo um enfoque em músicas que falam de amor e baladas. Hoje novos cantores vão surgindo ou outros adotam o estilo e a cada dia o gênero vai se popu-larizando mais, como é o caso da dupla Fiduma e Jeca. Am-bos de 22 anos, se conheceram em 2010 enquanto cursavam faculdade de Agronomia na Unesp, em Ilha

MÚSICA SERTANEJA

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EXPRESSO OUTUBRO & NOVEMBRO DE 2015

#CULTURA 07.

Solteira/SP. Os apelidos “Fiduma” e “Jeca” foram colocados por vetera-nos da república em que moravam.

O primeiro show da dupla acon-teceu quando foram convidados para se apresentarem em uma fes-ta na república perto da faculdade que estudavam, o pagamento seria a própria entrada e o consumo de bebidas e comidas.

No final de 2013 resolveram gravar um CD, e enquanto o trabalho não era finalizado, soltaram uma música na internet para ver a reper-cussão. Foi assim que Anjo Chapa-dex em pouco tempo alcançou o sucesso e passou a ficar conhecida no Brasil inteiro. Em 2014 lançar-am o CD Fiduma e Jeca – Ao vivo pra quem veio , com participações de Cesar Menotti & Fabiano, João Carreiro & Capataz e Pedro Henri-que & Fernando, o trabalho teve ótima aceitação e superou todas as despretensiosas expectativas, alçan-do projeção nacional.

Quando o assunto é o sucesso, eles se mostram extasiados. “Ah, é um prazer. Estamos vivendo uma fase de alegria, reconhecimento do público e isso dá uma felicidade enorme. Nossa visão é de trabalho, prazer e paixão. Acredito que au-mentou o público e o consumo [da música sertaneja] não é só da pessoa que está na roça. Hoje as pessoas ouvem e compram o nosso material.” confirma Jeca. O sertanejo é um negócio bilionário. Segundo o jornalista, roteirista, escritor dos livros Bem Sertanejo e Música Sertaneja – Uma Paixão Bra-sileira (volumes 1 e 2), André Piunti, o sertanejo é responsável por movi-mentar aproximadamente 7 bilhões de reais por ano. Para tal estimativa

o jornalista especula um cálculo de número de festas com shows e sua arrecadação média. “Conta todo tipo de festa, rodeio, festa agropecuária, aniversário da ci-dade, festa de padroeira, então pode usar um cálculo de umas 7 mil festas por ano. Uma média, puxando um pouco para baixo, de 1 milhão de reais [de arrecadação] por festa, então mais ou menos 7 bilhões de reais por ano, esse é o valor estimado que o sertanejo movimenta a economia do nosso país”, concluiu Piunti.

Um levantamento divulgado pelo portal G1 mostra que o estilo foi o mais executado nas rádios em 2014, em um resultado inédito: Das 100 faixas listadas pela Crowley, 59 são sertanejas e apenas duas de rock brasileiro. A empresa de monito-ramento Crowley forneceu ao G1 os resultados apurados nos últimos 15 anos. O gráfico abaixo compara as faixas de rock, pop, sertanejo e pagode no ranking desde 2000 os artistas nacionais e internacionais de cada estilo aparecem juntos. Estes quatro gêneros são os mais popu-lares nas rádios no período. Não são mostradas as faixas de MPB, axé, rap, forró e estilos que tiveram bem menos faixas nos rankings.

No ano 2000, o sertanejo era apenas o 4º estilo mais popular nas rádios, e emplacou dez músicas entre as 100 mais tocadas, atrás do pop (40 músicas), rock (20) e pagode (17). Nos oito primeiros anos do perío-do, o sertanejo teve um crescimento moderado, e superou o pagode e de-pois o rock. A subida aumentou em 2008, ano de explosão do sertane-jo universitário. Em 2013, o estilo dominou 56% do ranking, e agora tem fatia inédita de 59%.

O Villa Mix Festival é considerado atualmente o maior festival de músi-ca do Brasil. O projeto considerado referência no mercado do show e en-tretenimento surgiu com objetivo de reunir em um mesmo palco os artis-tas do casting da AudioMix, escritório que administra a carreira de Jorge & Mateus, Wesley Safadão, Humberto & Ronaldo, Guilherme & Santiago, Isra-el Novaes, entre outros.

O evento teve sua primeira edição realizada em 2011, no Estádio Serra Dourada, em Goiânia e impressionou por suas proporções, trazendo sem-pre uma estrutura compatível a de renomados shows internacionais com palcos de gigantescas dimensões e o que hoje há de mais moderno em ter-mos de tecnologia, cenografia, ilumi-nação, efeitos visuais e som. O Villa Mix Festival começou a viajar pelo país inteiro, chegando a passar por 22 cidades em 2014.

Em 2015, na edição de Goiana, o Vil-la Mix foi certificado pelo Guiness Book pela maior estrutura de palco do mundo com as surpreendentes marcas de 2.788,39m2, uma altura de 52,34m e 628 toneladas de e-quipamentos, superando assim o re-corde da banda irlandesa U2. Para 2016, a meta é levar toda essa es-trutura para fora do Brasil.

O maior palco do mundo

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OUTUBRO & NOVEMBRO DE 2015 EXPRESSO

08.

A popularidade de serviços como Netflix, que oferece filmes e séries mediante men-

salidade, WhatsApp, que possibilita a troca de mensagens com o uso de internet, e o Uber, que proporciona transporte de passageiros através de um aplicativo, desencadeou uma problemática referente à economia. Guerras estão sendo travadas entre novas plataformas e antigos meios de oferta, onde pequenos empresári-os, taxistas e empresas de comuni-cação querem reivindicar seu lugar no topo das procuras do público.

Em abril deste ano, taxistas de várias capitais do país fizeram uma parali-zação contra o Uber, alegando que o dispositivo provoca uma concorrên-cia desleal. O programa Fantástico, da Rede Globo, exibiu uma reporta-gem acerca do assunto, onde um ta-xista ameaçou um motorista adepto ao aplicativo dizendo que este havia invadindo sua área de trabalho.

Antônio Lopes, taxista aposentado, acredita que em cidades pequenas, como é o caso de Salto, o aplicativo não faria muito sucesso principal-mente por ser uma cidade com cus-to de vida baixo: “É uma perda de tempo. O custo de vida é pequeno, as pessoas tem carro na garagem, e os que não tem preferem andar de ônibus circular”. Lopes também comenta que, geralmente, os pas-sageiros que fazem o uso de táxi na cidade são pessoas bem sucedidas, que estão com o carro no conserto ou utilizam apenas para evitar o es-tresse causado pelo trânsito. Em São Paulo, o prefeito Fernan-do Haddad (PT) criou uma lei que suspende o trabalho do Uber. Em entrevista a Bruno Tavares, da SPTV, Haddad disse que não irá proibir definitivamente o uso do aplicativo, mas que a equipe de trânsito da capital vai criar toda a regulamentação necessária para o funcionamento deste. É uma disputa justa?A operadora de comunicação Vivo, umas das maiores do país, confron-tou o Whatsapp diretamente através

de Paulo César Pereira, presidente da empresa. Segundo Pereira, o aplica-tivo é algo que precisa de direciona-mentos judiciais pois conta com funções que interferem no serviço das operadoras, como mensagem de texto, fotos, vídeos, áudio e a prin-cipal fonte de queixas: ligações. “O Whatsapp é bem mais perigoso que o Netflix. É uma ameaça que pre-cisamos entender melhor. Opera-dora pirata!” declarou. “Não tenhonada contra o WhatsApp, que é uma ferramenta muito boa, mas precisa-mos criar regras iguais para o mes-mo jogo”. Sua maior queixa contra o aplicativo é que a Vivo efetua anu-almente pagamentos que totalizam cerca de R$ 4 bilhões para a FIS-TEL (Fundo de Fiscalização das Telecomunicações), cobrado pela ANATEL. Pensando em seu patri-mônio, a operadora TIM decidiu criar parceria com o Whatsapp. Se-ria a famosa história “se não pode com seus inimigos, junte-se a eles” se concretizando?

Lidando com o fogo cruzadode forma inteligente“Comprei este estabelecimento há pouco mais de um ano. O antigo dono dizia que no começo da inter-net foi difícil lidar com a situação, mas filme baixado pela internet não é tão bom, e hoje conseguimos con-trolar” conta Eduardo de Carvalho, proprietário da locadora “XV”, em Salto. No local, a locação de jogos é uma das maiores fonte de renda do negócio, e em decorrência dis-so, Eduardo investe na variedade de temas e direcionamento dos games. Porém, é notável a diminuição da popularidade das locadoras de vídeo e a causa do problema se dá justa-mente à chegada da facilidade em se adquirir filmes online.

Em entrevista à Agência Brasil, Vic-tor Rufino, procurador-chefe do Conselho Administrativo de Defe-sa Econômica (Cade), disse que tal concorrência estabelecida pela as-censão desses novos meios é algo positivo em questões econômicas, porém a disputa não é saudável uma vez que os ânimos estejam exaltados e diálogos não aconteçam.

Com a evolução tecnológica, várias categorias e estabelecimentos que prestam serviços à população lutam pela permanência no mercado.

TEXTO DANILO P. CARVALHOEDIÇÃO AMANDA OLIVEIRADESIGN GABRIEL JACOBERFOTO REPRODUÇÃO (INTERNET)

A LUTA PELO

PODER

#ECONOMIA

Page 9: Jornal Expresso - 3ª Edição

EXPRESSO OUTUBRO & NOVEMBRO DE 2015

“Como você consegue correr o tempo inteiro e ainda sorrir?”, questionou uma

figurante à estudante de Moda Érica Karena, 21 anos, no seu primeiro dia de gravação. A resposta um pouco ób-via de que “quando se faz o que gos-ta, o cansaço não aparece” poderia facilmente ser superficial após uma rotina quase dez horas de trabalho na região central de Sorocaba, mas, para Erica, não havia nada incon-sistente na sua réplica. Seu sorriso extasiado era quase um anestesiante para qualquer canseira que pudesse aparecer durante o trabalho. “Mes-mo correndo para todos os lados, com os sapatos machucando e o corpo pedindo para que desse uma pausa, a vontade de estar ali me manteve em pé”, conta.

Debaixo de sol e chuva,sem remuneração e em semana

de provas, alunos da FCADmostram competência e

profissionalismo nas gravaçõesde filme de Paulo Betti.

NOME NOS CRÉDITOS

TEXTO MATHEUS GOMESDESIGN KLEBER ESTEVES TOLEDO

MAKING OF. (CORTESIA BATUTA FILMES/

FERNANDOHENRIQUE.EFE)

09.#CULTURA

Page 10: Jornal Expresso - 3ª Edição

OUTUBRO & NOVEMBRO DE 2015 EXPRESSO

10. #CULTURA

Érica esteve entre os 16 estagiários da Faculdade de Comunicação, Ar-tes e Design (FCAD) que trabalha-ram na produção do filme A Fera na Selva, dirigido e estrelado pelo ator Paulo Betti, que deve estrear em 2016. O longa é baseado na obra homônima do escritor norte-ameri-cano Henry James e narra a história de um homem que vive na espe-rança de presenciar, em algum mo-mento de sua vida, algum aconteci-mento extraordinário, sem enxergar as pequenas maravilhas de cada dia no seu cotidiano.

Filmado em quatro semanas, o filme teve como cenário, além do campus V do Ceunsp, onde está a FCAD, em Salto, e outras locações na região de Sorocaba, a cidade natal do ator e diretor. Entre elas, a Represa de Itupararanga, em Votorantim; a Floresta Nacional de Ipanema, em Iperó; a Estação Ferroviária, a Fun-dec, o Teatro do Sesi e a agência dos Correios em Sorocaba, além de ruas centrais da cidade.

O longa também marca o retorno da parceria profissional de Betti com sua ex-mulher Eliane Giardini – eles já tinham apresentado o texto no te-atro há 20 anos e agora traduzem a novela de Henry James para a lin-guagem do cinema.

No Ceunsp, as gravações duraramcerca de uma semana e, além dos estagiários na produção, reuniram

dezenas de alunos, professores e funcionários da faculdade atuan-do como figurantes. Em ritmo intenso, as rotinas de filmagem foram desafiadoras para toda a equipe do filme, que enfrentaram dias de calor e chuva.

Trabalhando no figurino, Érica uniu seus quase dois anos de faculdade de moda ao amor pelo cinema. Fã do figurinista brasileiro Mauricio Car-neiro, que já desenhou croquis para filmes como Harry Potter e O Auto da Compadecida, a estudante viu no árduo trabalho no longa a realização de um desejo pessoal. “Quando me perguntavam por que resolvi fazer moda, a única coisa que me vinha a mente eram os incríveis figurinos dos filmes”, conta. Muito mais que uma realização, participar do filme foi uma forma mais que efetiva de aprendizado que, acima de tudo, acentuou ain-da mais o desejo profissional da estudante. “Conheci profissionais incríveis que me contaram sobre a profissão, me explicaram o que não sabia e me fizeram ver o quan-to eu me encaixo nesse mundo”, agradece a estudante, que sonha: “Quem sabe lá na frente não possa ser eu quem vai estar ali ensinando a uma estudante como funciona o mundo do figurino?”

Acompanhar o itinerário das gra-vações que percorreram várias ci-

dades foi um desafio e tanto para o estudante de Cinema Giovani Belo-to, 22 anos. Estagiário na equipe de som do filme, Beloto precisou aban-donar sua cidade, Tietê, por alguns dias e passou a morar em Sorocaba na casa de amigos para seguir o in-tenso cronograma de filmagens.

Beloto conta que abusou de café e energético para aguentar as inten-sas gravações durante o dia, além das aulas à noite na faculdade. “O grande desafio mesmo foi me acos-tumar com a rotina, são quase 11 horas de trabalho todo dia e isso sempre mudava: às vezes de dia, às vezes à noite”, conta o estudante, que, apesar da dificuldade diante da maratona cinematográfica, con-seguiu tirar de letra o processo e ainda brinca: “Acabei me adaptando, hoje até sinto falta.“

O também aluno de Cinema Bira Barreto, de 32 anos, já esperava que o ritmo das gravações fosse cansati-vo, mas nada se comparado ao que ele vivenciou. Contratado como es-tagiário em plato (responsável pela organização dos cenários e equipe, material técnico etc), Bira foi uma espécie de coringa nas filmagens e teve um trabalho que lhe tirou boas horas de sono. “Eu acordava muitas vezes às 3h da manhã pois era responsável pelos caminhões com os equipamento, e ia dormir

por volta das meia-noite. A rotina era sim cansativa”, conta.

Mesmo com a insônia causada pelo dia a dia das gravações, a fala de Bira sobre o trabalho no filme é cheia de orgulho. “Foi algo único, pois esta-giar em um filme é uma oportuni-dade que jamais teria se não fosse esta”, conta o estudante.

Uma experiência que ele guarda com carinho foi um bate-papo com Paulo Betti ao fim de um dia de gravação. “Fui levar o Paulo para o hotel quando ele me perguntou se eu po-dia passar numa padaria porque ele estava com fome e queria comer algo. Disse que não tinha problema algum e paramos na Padaria Real”, relata o estudante.

Ambos sorocabanos e, coinci-dentemente criados numa mesma região da cidade, Bira conta que eles conversaram muito sobre a in-fância de ambos no interior, além de, claro, cinema nacional. “Fomos ao caixa e, na hora que fui pagar, ele praticamente pegou da minha mão a comanda e pagou, mesmo com eu dizendo que iria pagar a minha. Ele fingiu que não ouviu”, se gaba o estagiário que era respon-sável, entre tantas outras coisas, por transportar os atores entre os cenários de gravação.

Quando perguntados sobre como driblaram o cansaço das intensas gravações do filme, ambos os es-tudantes de Cinema, embora entre-vistados separadamente, respon-deram da mesma forma: “Não driblava”. Só no Ceunsp, as filma-gens chegaram a bater onze horas de trabalho, fazendo com que a pro-dução do longa começasse a tarde e só terminasse de madrugada, além coincidirem com a semana de pro-vas na faculdade.

Planejado desde 2013, o longa es-colheu como cenário as cidades do interior de São Paulo, como So-rocaba e Salto, devido à arquitetu-ra inglesa típica das empresas de tecelagem da região.

O primeiro contato com da pro-dução do filme com Ceunsp foi em maio deste ano entre o produtor Gil-

ÉRICA KARENA E ELIANE GIARDINI (FOTO ARQUIVO PESSOAL)

“Os estudantes que estagiaram provaram seu valor”

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11.#CULTURA

berg Antunes e seu amigo pessoal, o professor e jornalista Pedro Cour-bassier. As negociações avançaram com a coordenadora do curso de Cinema, Fernanda Cobo, no mês seguinte. No final de julho o diretor da FCAD, Edson Cortez, começava a acertar os detalhes para não só a contratação de alunos da faculdade como estagiários mas também a utilização do próprio campus como cenário do filme.

Cortez conta que a parceria entre a faculdade e a produção surgiu do idealismo do diretor Paulo Betti em rodar o longa na região onde nasceu e cresceu e da boa fama do curso de Cinema da FCAD. “Foram vários contatos e reuniões, onde apresenta-mos nossa estrutura e estudantes, demonstrando como poderíamos contribuir para o filme ficar fantásti-co. O Paulo Betti e sua equipe fica-ram encantados”, afirma o diretor.

Para um filme de baixo orçamento, a justificativa de contratar estagiári-os pode se resumir exclusivamente na questão econômica, mas para Gilberg, diretor de conteúdo da Batuta Filmes, produtora do filme,

trata-se de cumprir uma promes-sa antiga que fizera a si mesmo há uns anos atrás.

Quando era ainda estudante de Cinema, em Curitiba, ele precisou insistir muito para conseguir uma vaga na produção do filme Oriundi, de Ricardo Bravo, que coincidente-mente também tinha no elenco o ator Paulo Betti. “Para mim o mais importante era ter a possibilidade de vivenciar o set de filmagem de um longa-metragem”, conta o pro-dutor que acabou sendo contratado pela equipe do filme sem qualquer tipo de remuneração. “Naquela ocasião fiz uma promessa de sem-pre convidar alunos de Cinema e outras disciplinas, como Moda e Fotografia, a participar de todas as minhas produções, para terem a possibilidade de ter esse conhe-cimento prático vital na formação de um bom profissional.”

O trabalho dos estudantes foi acompanhado pelos diretores de departamento, como arte, foto-grafia e som – que passavam as orientações para os estagiários ao longo das gravações. “A troca de ex-

periências acontecia da explicação de cada atividade desenvolvida até a orientação posterior, quando a correria do dia a dia do set não per-mitia um acompanhamento maior”, explica Antunes.

Nenhum dos estudantes contrata-dos pela produção recebeu remu-neração pelo trabalho exercido no filme. O maior ganho dos alunos da FCAD foi a experiência. “Essa troca foi o grande tesouro herda-do tanto para os estagiários como também para os profissionais, que elogiaram e muito esta bem suce-dida parceria entre a produção e o CEUNSP”, elogia Antunes.

Para Cortez, os bons resultados dos estudantes que estagiaram são moti-vo de orgulho. O diretor vê que o trabalho desenvolvido pelo alunos na AECA (Agência Experimental de Comunicação e Artes) foi primordi-al para a elogiável performance nas gravações. “Os estudantes que esta-giaram provaram seu valor, fizeramum trabalho incrível, profissional! Foram elogiados demais por toda equipe de filme por sua competên-cia e profissionalismo.”

MAKING OF. (CORTESIA BATUTA FILMES/

FERNANDOHENRIQUE.EFE)

Fazer cinema sempre foi um sonho para Gilberg Antunes, que chegou a pedir de-missão da empresa metalúr-gica em que trabalhava para fundar uma produtora em Sorocaba junto com seu amigo Alexandre Miliani, no início da década de 90. A inexperiência deles, somada à falta de um mercado aque-cido, foi crucial para que a Vidcom fechasse as portas pouco tempo depois. “O Mili-ani foi trabalhar no SBT e eu abri uma vídeolocadora que durou até 1998, ano em que fui estudar cinema em Cu-ritiba”, conta Antunes.

Em 2013, depois de 13 anos trabalhando na TV TEM, afiliada da Rede Globo em Sorocaba, Antunes aceitou a proposta do amigo em se tornar sócio de sua produto-ra, Quantika Filmes, que com a entrada do produtor passou a se chamar Batuta Filmes.

A Fera na Selva é o primeiro filme da produtora em par-ceria com a carioca Prole de Adão. Acostumada com pro-dução de comerciais e séries para TV e internet, a empresa já tem 11 anos de mercado.

Lançar um longa agora, 24 anos após sua primeira ten-tativa de produzir cinema, é uma realização de um sonho para Antunes. “Por isso acon-selho as pessoas nunca de-sistir do seu sonho e, lógico, estudar sempre.”

24 anos depois, o primeiro filme

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14.

Ainternet é bastante utilizada hoje para os mais variados fins, serve desde uma ferra-

menta de busca para trabalhos até para entretenimento. Com varias utilidades, a internet também é um canal rápido para trocas de infor-mações, mas o que acontece quando não são usadas devidamente e sim por pessoas de más intenções? “Ele só queria atacar por conta de minha cor e de minha ideologia”, estas são as palavras de Augusta Frain, usuária casual da rede Face-book e que há cerca de dois meses vem sofrendo ataques de cunho ra-cial e politico ideológico. Este vem sendo um problema que com o ad-vento da tecnologia, junto as mais variadas formas de se manter no anonimato, vem crescendo e se tornando endêmico. Pessoas que usam as vantagens da tecnologia para disseminar o ódio e precon-ceito. Estamos falando dos haters.

Os haters (odiadores, em tradução livre), são conhecidos por sua ati-tude discriminatória e provocativa. Estes indivíduos conseguem fazer de breves minutos de navegação online em uma grande dor de ca-beça. São capazes de transformar fóruns de debates pacíficos na in-ternet em verdadeiras praças de guerra, o que caracteriza estes in-divíduos e os destaca na sociedade virtual é a forma como agem, são criminosos da rede. Costumam atu-ar sempre em grupos para atacar um determinado alvo.

O termo hater não é um termo atual, somente foi readaptado do troll, já é existente desde meados da década de 1990, quando estes indivíduos viravam as madrugadas provocan-do difamando usuários de chats da UOL ou ICQ, por exemplo. Por vol-

ta do ano de 2005 com o surgimento do MSN, eles inovaram sua atuação passando a trabalhar em união cons-tante com os hackers. Se você não sofria ataques morais dos haters, poderia correr o risco de ter seu computador invadido pelos hackers. Nos dias atuais estes indivíduos ain-da agem nas redes como Youtube, Facebook e entre outras.

Temas como racismo, homofobia e a discórdia politica são os que mais despertam a atenção dos haters. Não o bastante para atacar virtualmente, o hater também está presente fora da rede, ou seja, nos meios reais. “Não existe uma solução para o problema dos haters. Nem na rede e nem na vida real, pois sempre houve ódio, cobiça e inveja na sociedade”, reforça Edson Cortez, diretor da FCAD/CEUNSP.

A personalidade de um haterO que leva uma pessoa a seguir essa pratica? Qual a personalidade de um hater? O que passa pela mente deles? Como evitar um ataque em plena era digital? Existe saída?

A personalidade, com base no di-cionário, é um conjunto de carac-terísticas psicológicas que determi-nam os padrões como ela vai agir e pensar. Segundo a psicóloga Pamela de Jesus, o hater é uma pessoa sem personalidade, e isto está relaciona-do à falta de caráter do ser hu-mano. Ele se utiliza da internet, do ataque de ódio como forma de ganhar atenção desvalorizando a vitima perante seu grupo social. “O hater não quer tomar posse do que a vítima possui, mas quer expor ela, criticar algo que ela faça e humilhar o alvo”, informa a psicóloga.

Um hater é bem estratégico, cria con-tas falsas com nomes e perfis fakes

#CAPA

ódioonline.

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EXPRESSO OUTUBRO & NOVEMBRO DE 2015

15.

“É de se assustar quando estudamos um caso desse e vemos até onde uma pessoa

vai para expor a outra ”

para agredir as pessoas. Eles desejam expor seus alvos publicamente em situações comprometedoras, desvalo-rizando alguma ação ou conquista e ofendendoas. Utilizam até de in-formações básicas relacionadas aos perfis das redes sociais, qualquer in-formação pode servir como uma ma-nipulação. “É de se assustar quando estudamos um caso desse e vemos até onde uma pessoa vai para expor a outra ”, conta Pamela.

Como vivemos em uma era digital se torna complicado fugir dos ataques online. Para o professor e co-

ordenador dos cursos de Design da FCAD, Reginaldo Silva, a forma para acabar com esses ataques é evitar a exposição excessiva nas redes soci-ais, o que é algo difícil, pois vivemos no tempo das mídias digitais. “Nesse caso a exposição mínima seria uma opção paliativa. Devemos evitar pos-tar qualquer coisa em qualquer local, antes de postar devemos pensar: isso é necessário ou é só uma forma de me aparecer?”, diz Reginaldo.

Natalia sofreu ataques desde a época do Orkut pelos colegas de classe na escola, quando estavam se juntan-do para criar uma comunidade para expô-la, mas não desanimou. Hoje tem 22 anos, faz vídeos para a inter-net desde 2008 e já tem três canais no Youtube. “Eu aprendi a lidar, mas antes ficava bem chateada a

#CAPA

TEXTO FÁBIO ROQUE &THAÍS PEDROSO

DESIGN GABRIEL JACOBERFOTO DANILO ANTUNES

MODELOS MURILO FERNANDES & MARÍCIO MARTINS TELES

ódioonline.Como os haters se tornaram uma das maiorespragas da era da internet.

ponto de pensar se realmente valia a pena me expor tanto na internet, mas a verdade é que você descobre depois que o infeliz não é você por fazer algo que gosta e sim aquela pessoa que perde o tempo te odian-do por nenhum motivo aparente ou plausível”, conta.

A vlogueira conta que para acabar com os ataques o melhor é não ligar. Os haters vão atacar, mas não dar relevância para os comentários pode ser uma forma de afastalos. “Pode parecer clichê, quanto mais você se preocupar, mais você vai atrair porque o hater quer importunar, se você der trela vão aparecer mais porque eles sabem que conseguem te atingir, se você não ligar vai perder a graça pra eles, é como falar com o vento, não tem resposta”, comenta.

Todo mundo que produz algum tipo de conteúdo para a internet está sujeito a receber algum tipo de difamação, os primeiros são os mais memoráveis porque você se assusta e pensa “estou incomodando”, mas é difícil agradar a todos. A dica de quem já trabalha com vlog é pensar nas pessoas que você está fazendo bem. “Pense nas pessoas que você faz bem ao criar seu conteúdo, eu re-cebo emails e cartas de pessoas que dizem ver meus vídeos quando estão tristes, isso é muito maior pra mim do que qualquer comentário nega-tivo, isso me motiva muito mais do que o comentário de um hater para me desmotivar”, conta Natalia.

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16.

Rolf Denny, 29, Cinema Eu rebato argumentos para ver até onde essa pessoa consegue chegar ao que está dizendo. A graça está em ver até onde se sustentam argumentos vazios. Sempre ataque de volta.

Jonatã Albert Mestre, 23, Publicidade e Propaganda Eu tenho um canal de game play no Youtube e é onde disponibilizamos nossas estratégias de guerra nos jogos online. E no ato de comentar, nos engrandecemos nossa causa e apontamos as falhas do inimigo. E é aí o grande causador da discórdia (um grande moedor de carne) e como existem áudios nos vídeos comentados, você acaba se tornando uma pessoa pública e como consequência, ganha inimigos online. E o que eles mais fazem é se utilizar de perfis fakes para desmoralizar nosso sucesso. O jeito é simplesmente ignorar. E por ser um jogo em rede, deve-se pagar o mal com o bem, pois o proposito principal é apenas diversão.

Geovane Gasparetto, 22, Cinema Acompanho muitos comentários em redes como o Youtube e acho que o hater age na simples ignorância, pelo fato de estar isento de qualquer tipo de responsabilidade e seguro pelo anonimato. E para quem sofre ataques, não existe contra argumento infelizmente.

Alessandra Magalhães, 19, Design Tenho uma pagina no facebook (Alessa Magalhães). Foi lançado um aplicativo de perguntas e respostas(Ask Fm) e resolvi colocar um perfil pessoal ali. Os haters começaram os ataques, do tipo, inventar histórias (lascivas) e a difamar e caluniar minha imagem. Eu me responsabilizo pelo meu perfil público lá e para quem sofre esse tipo de ataque o melhoré não dar atenção, pois assim a pessoa se sente diminuída por não ter a atenção que queria e atingir seu objetivo.

Renato Macena, 20, Jornalismo Eu estava em um site sobre quadrinhos e de repente começou uma discussão sobre um herói. Eu disse que o melhor personagem era o Flash. O hater começou a me atacar com ofensas morais e que logo depois partiram para ofensas pessoais. Os haters não são uma exclusividade da internet. São pessoas que podem chegar a defender uma marca, uma ideologia, um estilo de vida e até mesmo pessoas públicas das quais nem tem tanto beneficio em retorno. Podem ser também, chamados de fanboys e estão em todos os lugares e podem usar qualquer artificio como arma.

Yasmin Manzano, 20, Publicidade e Propaganda Tive cinco pages no facebook. Três fanpages e dois perfis pessoais e ambos foram hackeados. Como sou uma pessoa pública, sempre interessada em eventos voltados à música e a arte. Sempre haverá alguém que por motivo de inveja ou ciúmes, ataque arbitrariamente. Haters são pessoas que a meu ver, ainda não acharam seu lugar no mundo. Ou simplesmente são pessoas imaturas e desocupadas. E para quem sofre ataques destes indivíduos, o melhor mesmo é: ignore e tenhaaté mesmo com um pouco de compaixão para pessoa que lhe ataca.

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Jornal ExpressoMuitos veem os haters como algo destrutivo e que deve ser rebatido com a mesma ou com mais agressividade. Há aqueles que veem como algo necessariamente ignorável e que pode ser facilmente tirado da vida de qualquer internauta. Outros os veem como irresponsáveis. E há até quem diga que os haters são pessoas com algo que é conhecido como “desajuste social”. Alunos da FCAD comentam o que acham e como reagem ao ódio online.Curtir Comentar Compartilhar. . há 28 minutos

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#CAPA

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EXPRESSO OUTUBRO & NOVEMBRO DE 2015

17.#COLUNA

APRENDER SEMPRE: VAMOS JUNTOS?A primeira delas foi a Tia Cris,

mas eu confesso que não lembro da cara dela. Não so-

brou nenhuma foto, apenas o nome ficou gravado na memória. Depois vieram as tias Salete e Zélia, no que, naquele tempo, ainda se chamava de pré. Já no chamado primário, hoje Ensino Fundamental I, vie-ram a Tia Nadir, a Madre Rosa (que quase teve uma síncope cardiorres-piratória quando minha mãe disse que ia me tirar do colégio ao fim da 2ª série porque a escola estava cara e, na visão dela, pouco produtiva). Mudei de escola, vieram a Tia Rita, a substituta Marisa, o seu Odilo.

Então a família se mudou de vol-ta para Sorocaba, fechei o primário com a Dona Wilma. No ginásio, começou aquela coisa de um profes-sor para cada matéria e a memória se torna mais exigida, mas ficaram re-gistrados a Maria Regina de História, o William de Matemática, a Hilídia e a Heleni em Português, o seu Rober-to de Ciências, pobre seu Roberto que falava “pranta” e “pé-de-atreta” e era zoado até a morte, como ado-lescente é mala e propotente, né? Em outra escola, conheci o Pedrão de Matemática, o Paulo Jackson de História (e também técnico do time de vôlei campeão dos Jogos Esco-lares, meu único sucesso esportivo da vida), a Mariclara de OSPB e Geogra-fia, que exigia que a gente respondesse “presente com a graça de Deus” e nem reclamar eu podia porque era a melhor amiga da minha mãe. A Re-giane de Inglês deu aquele exercício de “preencher lacunas”, cada dupla escolhendo uma música, e nossa tur-ma quase completou o disco preto do Metallica (eu e meu amigo fomos de Sad But True, foi um choque).

No colegial (hoje Ensino Médio) a coisa ficou mais complexa. Comecei a trabalhar, matava muita aula, fugia pra namorar uma garota que morava ali perto, mas ainda tenho lá minhas

lembranças da Tina de Matemática, do Carlão de Química, da Tânia de Estatística, da Benedita de Contabi-lidade, da Idalina de Português, do Zé Roberto e do Vitório que dividi-am as matérias técnicas de Proces-samento de Dados, curso que eu empurrei com a barriga a partir do 2º ano, porque vi que a informática para mim seria só meio e não fim.

Veio então a faculdade de Jornalis-mo, na qual cresci para burro com as aulas do Manoel tentando ensinar Linguística, a Lúcia Helena e suas visões fálicas em todas as aulas de Semiótica, o Clodoaldo filosofando, o Max atropologando e o Murilo so-ciologizando. O Angelo ensinando a botar a mão na massa, o Luciano mostrando onde e o que colocar as coisas, a Maria Helena cobrando nas aulas de TV “faz passagem, Fernan-dinho” e eu me recusando, o Dino brincando com a gente na rádio.

Diploma na mão, muitos profes-sores nas redações da vida (abraços especiais para o Benevides, Celso, o Arreguy, o Colibri e o Jotabê), um retorno tardio à pós-graduação para o Edvaldo e o Sérgio me ensinarem que jornalismo e literatura podem ter tudo a ver e que uma boa matéria vai além, muito além de um bom lide. (Tudo isso sem esquecer o Sérgio de Matemática e a Inês de Estudos Sociais, ambos de vida, os maiores professores que alguém poderia ter em casa, inclusive saudades.)

E eis que, depois de passar uns 20 dos meus até então 35 anos em salas e bancos escolares, apareceu a chance de ser professor. De ensi-nar um pouco da minha profissão, de mostrar a jovens esperançosos o caminho para a comunicação num mundo repleto de transformações, num momento em que o jornalismo repensa sua essência e existência, em que o futuro é tão incerto quanto o preço do dólar na semana que vem.

É o que venho tentando fazer nesses dois anos em que estou na FCAD/CEUNSP. É muito bacana ver que a gente pode ser útil na formação de alguém, colaborar para que uma pessoa alcance seus sonhos e desen-volva seu potencial.

Mas vou contar um segredo: o que eu mais faço como professor é aprender. Na hora de preparar as aulas, nas apresentações para os alunos, nas discussões sobre os tra-balhos, nas reuniões de pauta. Junto com os alunos, ou por causa deles, o

tempo todo descubro coisas novas, recordo informações vistas déca-das atrás, revejo conceitos, encon-tro maneiras diferentes de encarar o mundo e o trabalho. Estou ten-do até a oportunidade de escrever um texto para um jornal impresso, olha só, depois de uns oito anos tra-balhando só com internet.

E assim segue essa gloriosa missão que é aprender. Aos alunos que me proporcionam essa experiência diária, meu muito obrigado e o con-vite: vamos juntos?

TEXTO FERNANDO CESAROTTIDESIGN DANIELE GROFFFOTO JULYA ZAGO

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OUTUBRO & NOVEMBRO DE 2015 EXPRESSO

A esperança de uma vida melhor é o combustível para que milhares de haitianos cheguem ao Brasil. Fugindo das marcas profundas de um terremoto que levou o país abaixo, eles querem apenas trabalhar e ajudar a sua família.

O SONHOBREZILYEN

TEXTO EDUARDO MARTINS DESIGN GABRIEL JACOBER

18. #POLÍTICA

Page 19: Jornal Expresso - 3ª Edição

EXPRESSO OUTUBRO & NOVEMBRO DE 2015

CAPITAL PORTO PRÍNCIPEAPÓS TERREMOTO EM 2010 (FOTO MOISES SAMAN / MAGNUM PHOTOS)

“Você vai arrumar trabalho para ele? ”, pergunta Luiz de 70 anos, antes de apre-

sentar o seu companheiro de trabalho, o haitiano Smith Baptiste. Após uma jornada de trabalho informal em uma chácara, plantando grama, Bap-tiste sempre faz uma parada na casa em que Luiz mora para que dona Glória, a proprietária, lhe ofereça um lanchinho – ou neste dia, no feriado de Finados, um almoço reforçado. A preocupação de Luiz se revela nas pa-lavras desanimadoras e enroladas de Baptiste, que está há dois meses no Brasil, mas ainda não conseguiu es-trear sua carteira de trabalho: “Não consigo arrumar emprego”.

Baptiste faz parte do séquito de 45 mil haitianos que chegaram ao Bra-sil nos últimos cinco anos fugindo da pobreza do país caribenho para tentar uma vida melhor. Os núme-ros são divulgados pelo Ministério da Justiça. Segundo o Ministério das Relações Exteriores (MRE), o Brasil emitiu, até julho de 2015, aproximada-mente 26 mil vistos humanitários para imigrantes haitianos, sendo 20 mil na capital Porto Príncipe e outros6 mil em Quito, no Equador.

A capital equatoriana é o principal trampolim para as rotas haitianas para o Brasil. Só em 2015, mais de sete mil haitianos saíram de lá para desembarcar no Acre, a maior por-ta de entrada de imigrantes refugia-dos no Brasil. Baptiste também fez essa rota. Com dinheiro juntado pela família e emprestado dos ami-gos ele deixou esposa e dois filhos para partir de avião de Porto Prínci-pe até Quito. De lá, três dias de viagem de ônibus foram necessári-os para atravessar a fronteira com o Brasil e realizar seu sonho de uma vida melhor. Sonho que saiu caro: “Gastei 2 mil dólares na passagem do avião e 200 dólares no ônibus, hoje não tenho nada”, comenta o

haitiano, que ainda esbarra na lín-gua portuguesa.

Baptiste não esperava que a crise econômica e a diminuição de ofer-tas de emprego no Brasil fossem tão grandes. Ele precisa arrumar dinhei-ro o mais rápido possível para pagar o aluguel de 450 reais e não perder a casa onde mora, além de mandar dinheiro para a família no Haiti. Sem conseguir trabalho, ele faz pe-quenos bicos em chácaras no Bairro João Jabour em Salto/SP: “Preciso de dinheiro, preciso trabalhar. Faço de tudo”, responde Baptiste quan-do perguntado qual a especialidade dele. Apressado, queria terminar logo a entrevista para encontrar um novo patrão para lhe oferecer emprego. “Mas hoje é feriado! ”, ponderou surpreso Luiz, enquanto acompanhava a conversa.

O Brasil é um dos principais países a acolher refugiados no mundo. Segundo levantamento feito pela ONU, até agosto de 2015, oito mil refugiados vivem aqui. Os maiores grupos são compostos por pes-soas vindas de Colômbia, Angola, Síria e República Democrática do Congo. Os principais motivos da imigração são perseguição religio-sa, violação dos direitos humanos e perseguição política – todos eles definidos na Lei nº 9.474 de 1997, apoiada no Estatuto dos Refugia-dos, que foi criado em 1951 na Convenção das Nações Unidas re-alizada em Genebra na Suíça.

Os haitianos não se enquadram nas definições de refugiados da lei nº 9.474, mas o governo brasileiro estava disposto a receber a nação mais pobre da América – o país, palco de sucessivos golpes militares na década passada, e devastado por um terremoto em 2010, sustenta uma taxa de desemprego de 95% da população. Para conter a

19.#POLÍTICA

janeirode 2012

janeirode 2013

setembrode 2013

maiode 2014

agostode 2015

45mil32,1

mil10,8mil6

mil2,3mil

Desde que foi liberado o visto humanitário em 2012, o número de haitianos refugiados no Brasil

teve um crescimento extraordinário.

NÚMERO DE REFUGIADOS NO BRASIL

Page 20: Jornal Expresso - 3ª Edição

OUTUBRO & NOVEMBRO DE 2015 EXPRESSO

20.

imigração ilegal, criou-se, em janei-ro de 2012, por meio da Resolução 97 do Conselho Nacional de Imi-gração (CNIg), o visto humanitário que torna os haitianos refugiados ambientais face ao terremoto, que matou mais de 200 mil pessoas no país e destruiu sua infraestrutura. O visto tinha vigência de dois anos, mas foi prorrogado várias vezes e agora a vigência da resolução é de agosto de 2016. Graças ao visto humanitário, os haitianos recebem passaporte, carteira de trabalho, Ca-dastro de Pessoa Física (CPF), além de terem garantidos os direitos tra-balhistas, de saúde e educação. Calil Joseph, de 26 anos, sustenta com orgulho sua carteira de tra-balho, mas ela não foi suficiente para garantir os direitos prometidos na época em que estava no Haiti. Vivendo há três anos no Brasil, Calildomina o português melhor que seus colegas de quarto para explicar os abusos e “calotes” que sofreu em trabalhos anteriores. “Num empre-go trabalhei um mês, mas o patrão pagou só dez dias. Ele falou que se não estivesse bom era para eu ir embora. Me senti injustiçado, mas o que eu podia fazer? Esse país não é meu, se trabalhar e não pagar você deixa quieto”, recama Calil.

Para o cientista político João José Ne-grão, professor da FCAD/CEUNSP, a atuação próxima de governos mu-nicipais e instituições de fiscalização é importante para não ocorrer casos

como esse. “O poder público local deve desenvolver mecanismos de localizar essa pessoa, fazendo uma política pública de integração ao mercado de trabalho e informação. O Estado e a Justiça devem estar a-tentos e garantir os direitos dos Hai-tianos que são protegidos pela CLT”.

Hoje, Calil trabalha em uma empresa de construção civil. Com o dinheiro suado que recebe todo mês, paga jun-to com as sete pessoas o aluguel de uma casa de três cômodos no Jardim União, em Salto. O restante man-da para os pais e a irmã no Haiti.

Colega de casa, Claude Desa-mour chegou ao Brasil pelo Acre, e com ajuda do Estado pegou um ônibus para o sul do país. Ficou duas semanas em Santa Catarina e depois voltou para São Paulo. Em Salto, fi-cou sabendo no dia 17 de outubro do assassinato a facadas do compatriota Fetiere Sternil, de 33 anos, por um grupo de adolescentes na cidade de Navegantes, no litoral catarinense. Claude diz nunca ter sido alvo de racismo ou xenofobia, e se mostra surpreso com esses casos, embora admita que a receptividade das pes-soas no Sul é diferente. “Lá as pes-soas não dão bom dia, boa tarde. Te olham de maneira diferente. Deve ser o frio que deixa as pessoas dife-rentes”, supõe Claude. Acostumado

com os 40 graus do verão haitiano, ele diz que nunca mais volta para o Sul brasileiro: “Lá faz muito frio, os ossos chegam a doer”.

Em paralelo ao aumento de refugia-dos, cresceu também o número de casos de xenofobia, e agressões se tornaram frequentes. Em Curitiba vivem 2,5 mil haitianos. Foi lá que, em outubro de 2014, Maurice, de 26 anos foi espancado por dois colegas de trabalho dentro de um armazém cerealista, após pedir para que eles

parassem de ofender sua cor. Por causa dos ferimen-tos, ficou afastado do trabalho por cinco dias. Quando vol-

tou teve uma surpresa ao saber que estava sendo despedido.

Em agosto deste ano, cinco hai-tianos foram alvejados por balas de chumbinho vindas de um carro enquanto estavam nas escadarias da paróquia Nossa Senhora da Paz, no Glicério, região central de São Paulo. O boletim de ocorrência relata que os criminosos fugiram em um carro e antes dos tiros um ocupante teria gritado “haitianos! ”.

No dia 01 de novembro de 2015, uma manifestação, em protesto contra a xenofobia que causou a morte de Fe-tiere Sternil foi realizada na Avenida

Paulista, em frente ao Masp. A pas-seata foi organizada por haitianos e voluntários que ajudam refugiados e contou com o apoio do Grupo de Refugiados e Imigrantes Sem Teto de São Paulo. Um dos cartazes con-tinha as palavras: “Brasil Xenófobo”.

“O Brasil tem um componente racista forte na nossa cultura, mas não podemos imaginar que porque fazem barulho eles são maioria. A xenofobia está localizada em cer-tos segmentos de classes e regiões. A ação do Brasil em ter uma políti-ca pública de recepção e ajuda aos refugiados é positiva para comba-ter esse racismo”, afirma o cientis-ta político João Negrão.

Alheios a essa situação, Calil e Claude têm problemas mais im-portantes para sanar. Todo mês destacam boa parte de seus salários para ajudar as famílias e amigos no Haiti. A valorização do dólar é um empecilho na ajuda monetária, pois desvaloriza boa parte do salário re-cebido. Porém, assim como eles che-garam, esperam trazer seus parentes para viver no Brasil. “Minha mãe, pai e colegas juntaram dinheiro e me deram para vir para cá. Depois, eu trabalho e mando dinheiro para ou-tro vir. Quando chegar aqui os dois trabalham para ajudar quem está lá”, explica Claude sobre seu pequeno sistema de cooperação entre os ami-gos para que suas famílias consigam viver. Perguntado sobre lazer, ele ri e diz que tem muito trabalho para fa-

“Me senti injustiçado, mas o que eu podia fazer?

Esse país não é meu, se trabalhar e não pagar,

você deixa quieto”

Milícias fazem levante contra o governo e tomam o norte do Haiti. O presidente Jean-Bertrand Aristide foge para a África do Sul. A ONU

concede envio de forças internacionais para manter

a segurança interna no País. Início da MINUSTAH,

comandada pelo Brasil.

Terremoto arrasa Haiti matando 300 mil

pessoas. A precária infraestrutura do país é arrasada. Começa a imigração ilegal de haitianos no Brasil.

Para conter a imigração ilegal, o governo cria o visto humanitário que acolhia legalmente o

haitiano como refugiado ambiental. O visto tinha duração de dois anos.

É prorrogada pela primeira vez a

concessão do visto humanitário até janeiro de 2015.

O haitiano Maurice é espancado por colegas de trabalho e demitido logo em seguida por

justa causa. Caso começa a expor o racismo contra

os haitianos.

A pedido do prefeito Fernando Haddad, o Ministério da Justiça suspende o envio de

ônibus com imigrantes do Acre para a cidade de São

Paulo. Em nota a prefeitura de São Paulo informou que não havia estrutura para

recebe-los.

FEVEREIRO DE 2004

JANEIRO DE 2010

JANEIRO DE 2012

OUTUBRO DE 2013

OUTUBRO DE 2014

MAIO DE 2015

#POLÍTICA

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EXPRESSO OUTUBRO & NOVEMBRO DE 2015

21.

construção civil, encanamento e foi até professor de Crioulo, seu idioma natal, para os militares de exército em Itu que estavam indo para o país caribenho compor a Força da ONU de Estabilização do Haiti (Minustah). Em São Paulo novamente, continuou se dedicando aos estudos. Fez curso de informática e neste ano se for-mou em uma escola para agente de aeroporto. “A melhor coisa do Brasil é o estudo. É prático e você não paga nada. Em muitos lugares do mundo não tem isso. No Haiti temos poucas escolas públicas e as outras são mui-to caras”, opinou Ernest.

Uma notícia boa para Ernest é que ele agora poderá estudar em uma instituição de ensino su-perior. Recentemente, a Universidade Federal do Paraná (UFPR) abriu as portas para os refu-giados se inscreverem em cursos de graduação. A solicitação é gratuita e não precisam fazer o vestibular. Somente pre-cisam ter uma fotocópia do formulário bilíngue preenchido, histórico es-colar e informações so-bre o período cursado fora do Brasil, documen-to de identidade e cópia do CPF. Essa é uma ex-periência significativa para uma melhor acolhidadosrefugiados, como afirma João Negrão: “São políti-

zer: “Limpar casa, lavar roupa, fazer comida, não dá pra ter diversão”. É nessas horas que se lembra da mãe, que sempre cozinhava para ele. Nas vezes em que conversam por tele-fone, ele não consegue evitar a sau-dade e o choro.

Em busca do conhecimentoQuando desembarcou no aeropor-to de Guarulhos em agosto 2012, Ernest Lauens nunca pensou que tiraria seu sustento de lá. O haitiano de 26 anos trabalha hoje no setor de achados e perdidos da empresa aérea TAM. Assim como as malas extraviadas, Ernest estava perdido no Brasil, mas através dos estudos conseguiu se colocar no mercado de trabalho: “Sempre gostei de estudar. Dinheiro é importante, mas nada substitui o estudo”, disse Ernest.

Ernest já se sente um paulistano. Pelo menos sente na pele a rotina pe-sada e caótica da maior metrópole da América Latina. Acordando às 4h30, ele enfrenta 35 km em três ônibus para chegar ao trabalho. Quem cuida da casa, em São Mateus na zona leste de São Paulo, são as duas irmãs, que vieram recentemente para o Brasil. O resto da família está no Haiti, para quem Ernest manda todo mês dinhe-iro para se sustentarem.

Antes de se fixar em São Paulo, Ernest se aventurou em outras ci-dades próximas à capital em busca de emprego. Morou em Jacareí e In-daiatuba, onde trabalhou na área de

Daniel Barbosa, 42 anos, divulga um vídeo na

internet na qual ofende com declarações xenófobas o frentista Flaubert Brutus, em um posto de gasolina no centro de Canoas/RS.

A agressão viraliza na internet e vira motivo de revolta nas redes sociais.

O governo brasileiro prorroga pela segunda vez o fim da concessão de visto humanitário até agosto de 2016. Ação foi feita para combater os coiteis que

faziam a imigração ilegal os haitianos ao Brasil. Até a

data, 26 mil vistos haviam sidos expedidos.

Seis haitianos são alvejados com balas de

chumbinhos por um grupo xenófobo nas escadarias da igreja Nossa Senhora da Paz, em São Paulo/

SP. Três tiveram que ser hospitalizados.

O haitiano FetiereSternil é morto por um grupo de adolescentes ainda não identificados

em Navegantes/SC. Caso revoltou entidades de proteção a imigrantes.

Passeata na Avenida Paulista é feita por

haitianos e organização de proteção à refugiados em protesto à morte de

Fetiere Sternil.

JUNHO DE 2015

JULHO DE 2015

01 DE AGOSTO DE 2015

23 DE AGOSTO DE 2015

01 DE NOVEMBRO DE 2015

cas ativas como essa que podem acolher melhor os haitianos”. Ernest sonha agora em voltar para o Haiti e visitar sua família, mas antes precisa trabalhar muito para mandar dinheiro e ajudar os com-patriotas que chegam em terras brasucas. “Nós não achamos o Bra-sil um paraíso, se pudéssemos não queríamos sair do Haiti. Mas, lá não tem emprego. Viemos para cá para trabalhar. Dar o nosso suor e ajudar quem precisa lá. O povo haitiano é diferente dos outros. Se um está tra-balhando ele quer ajudar todo mun-do. Não importa quem seja. O Brasil está me dando uma oportunidade de vida digna”, completa.

DO SEU TRABALHO, ERNESTOBSERVA TODOS OS DIAS O AVIÃO

QUE OTROUXE AO BRASIL.(FOTO EDUARDO MARTINS)

Temos que ter uma política co-ordenada entre a União, Esta-dos e municípios para a acolhi-da dos haitianos. A União está trabalhando para fazer uma re-cepção menos traumática possí-vel. O impacto de 45 mil pessoas em um universo de mais de 6 mil cidades é bem suave. Os maiores conflitos têm sido causados pelo racismo latente em segmentos da população brasileira.

Por outro lado, temos coisas bastantes significativas, como a Universidade Federal do Paraná, que abriu as portas para hai-tianos que estejam em condições de cursar o ensino superior. São políticas ativas como essa que podem melhor acolhê-los.

OPINIÃO João NegrãoCientista político

#POLÍTICA

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OUTUBRO & NOVEMBRO DE 2015 EXPRESSO

22. #COTIDIANO

VEM, 2016!Em clima de final de ano, a Fa-

culdade de Comunicação, Artes e Design (FCAD) do CEUNSP

(Centro Universitário Nossa Senho-ra do Patrocínio), em Salto-SP, des-pede-se de seus formandos enquan-to se prepara para colocar em prática grandes novidades e eventos que a-contecem no Campus V em 2016.

Em junho deste ano, durante o In-tercom Sudeste que aconteceu na Universidade Federal de Uberlân-dia (UFU), em Uberlândia-MG, foi divulgado que a edição do evento para 2016 acontecerá no CEUNSP – decisão estabelecida através de uma longa avaliação acerca da estru-tura local, envolvimento dos alunos

O que podemos esperar para o próximo ano, além de saudades dos formandos?

TEXTO AMANDA OLIVEIRADESIGN DANIELE GROFF

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EXPRESSO OUTUBRO & NOVEMBRO DE 2015

23.#COTIDIANO

com o Intercom, equipe docente e etc. Neste ano, os alunos da FCAD levaram para casa nove dos 67 prê-mios que foram distribuídos.

“Em breve teremos novidades!”, afirma Edson Cortez, diretor da fa-culdade, e demonstra empolgação: “Nós estamos muito felizes e orgu-lhosos por sediar o evento. Temos certeza que o Intercom acontecer aqui em Salto, dentro da nossa facul-dade, será um fato que irá marcar nossas vidas e a história do CEUN-SP”. Cerca de 3.500 pessoas vindas de dezenas de instituições do Brasil são aguardadas em 2016, e, para isso, os preparativos estão a todo vapor. “Estamos dedicando esse ano para o

planejamento e organização do even-to. Meus agradecimentos à professo-ra Drica Donadon, que tem levado o assunto com profissionalismo e competência”, comentou Cortez, destacando o emprenho dos profis-sionais e docentes da faculdade.

Quanto à visibilidade que o evento trará para a instituição e alunos, o diretor lembra que os principais for-madores de opinião na área do Brasil são presença garantida: “Profissio-nais e professores de Comunicação de todo o país estarão aqui. É uma grande chance para nossos es-tudantes ampliarem seu networking e aumentarem sua futura empregabi-lidade”, completa dizendo que “es-

tamos fechando parcerias, inclusive com o poder público”.

Vários trabalhos, produtos e pro-duções são esperados para concorrer aos prêmios. Entre eles, os Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC) dos formandos deste ano criam enormes expectativas – não apenas para o In-tercom, mas para o reconhecimento e aposta no mercado de trabalho. Es-tar na reta final de uma jornada tão determinante para a vida profissional e pessoal daqueles que cursam o en-sino superior resulta em um misto de emoção e sensação de dever cumpri-do. “Estar tão prestes a terminar o curso é algo até difícil de explicar sem uma certa emoção. Afinal de contas,

não foram quatro anos fáceis. Quem precisa conciliar trabalho com estu-do sabe o nível de cansaço em que a gente chega, mas tudo vale a pena quando estamos atrás do nosso so-nho”, conta Jean Cláudio, estudante do último semestre de Jornalismo que recentemente efetuou a entrega de seu TCC em grupo. O trabalho consistiu em retratar as categorias de base do futebol brasileiro em forma-to de grande reportagem televisio-nada. “Fomos atrás de jornalistas da grande mídia (da capital de São Pau-lo) e jornalistas do interior para saber como eles enxergavam o tema, cada um sob sua ótica, e profissionais do esporte também. Buscamos entre-vistar jogadores profissionais, atle-tas da base, treinadores e dirigentes de diversos times para poder passar através de uma grande reportagem os principais pontos sobre as catego-rias de base”, concluiu Jean.

Novos cursosComo diz o ditado popular, “Coração de mãe sempre cabe mais um”. Mas no caso da FCAD cabem dois: os cursos de Comunicação e Mídias Sociais, com dois anos e meio de duração, e Produção Audio-visual, com dois anos de duração, são as novidades da casa. “Os novos cursos foram respostas da FCAD às necessidades da sociedade”, explica o diretor da faculdade. “As empresas estão procurando profissionais para trabalhar em suas mídias sociais. É uma grande demanda e iremos for-mar um profissional especializado nisso”, comenta a respeito do cur-so de Comunicação e Mídias Sociais que, na região, é encontrado apenas no CEUNSP. O profissional dessa formação tem como objetivo pro-mover a comunicação externa e in-terna de uma instituição ou empresa, utilizando principalmente as mídias sociais para transmitir informações.

Já em Produção Audiovisual, os es-tudantes serão preparados e capacita-dos para a produção de filmes, víde-os, propagandas, programas de TV e rádio, entre outros. Além disso, a FCAD é a maior vencedora nacional na categoria audiovisual nos últimos três anos pela Expocom/Intercom. “Produção Audiovisual está na es-teira da nossa excelência em formar profissionais para o audiovisual. Já te-mos Cinema e Rádio e TV com nota máxima no MEC, agora temos uma opção mais rápida (dois anos) e pela manhã”, concluiu Cortez.

ALUNOS DO 8º SEMESTRE DE JORNALISMO EM GRAVAÇÃO DO TCC NOS ESTÚDIOS DA REDE

GLOBO, EM SÃO PAULO (SP).(FOTO ARQUIVO PESSOAL)

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