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Jornal Regional de Limeira www.redebrasilatual.com.br LIMEIRA nº 15 Junho de 2012 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA “Messias” e Merenda Escolar sob a mira dos vereadores da cidade Pág. 7 CPIs MALFEITOS Tiago Berg transforma sua antiga curiosidade em tema de um livro Pág. 2 LITERATURA HINOS NACIONAIS Eleição na cidade pode ir pela primeira vez para segundo turno Pág. 3 POLíTICA NOVIDADE POLUIçãO A Meta Steel produz barulho diário, exala forte odor de tinta e vira inimiga do bairro Pág. 6 O TORMENTO DOS CAMPOS ELíSEOS Agrotóxicos contaminam os alimentos, a terra, a água e o ar. E matam AGRICULTURA MORTE PELA BOCA

Jornal Brasil Atual - Limeira 15

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novidade PoLuIção PoLítIca hinos nacionais malfeitos cPIs Distribuiçã o nº 15 Junho de 2012 Pág. 7 Pág. 3 Pág. 2 Pág. 6 www.redebrasilatual.com.br Jornal Regional de Limeira Eleição na cidade pode ir pela primeira vez para segundo turno Tiago Berg transforma sua antiga curiosidade em tema de um livro “Messias” e Merenda Escolar sob a mira dos vereadores da cidade

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Jornal Regional de Limeira

www.redebrasilatual.com.br limeira

nº 15 Junho de 2012

DistribuiçãoGratuita

“Messias” e Merenda Escolar sob a mira dos vereadores da cidade

Pág. 7

cPIs

malfeitos

Tiago Berg transforma sua antiga curiosidade em tema de um livro

Pág. 2

LIteratura

hinos nacionais

Eleição na cidade pode ir pela primeira vez para segundo turno

Pág. 3

PoLítIca

novidade

PoLuIção

A Meta Steel produz barulho diário, exala forte odor de tinta e vira inimiga do bairro

Pág. 6

o tormento dos camPos eLíseos

Agrotóxicos contaminam os alimentos, a terra, a água e o ar. E matam

agrIcuLtura

morte PeLa boca

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2 Limeira

expediente Rede Brasil atual – limeiraeditora Gráfica atitude ltda. – diretor de redação Paulo Salvador editor João de Barros Redação Ana Lucia Ramos, Dalva Radeschi, Enio Lourenço, Ivanice Santos, Tracy Ellen Caetano e William da Silva Revisão Malu Simões diagramação Leandro Siman telefone (19) 9708-0104 / (11) 3295-2800 tiragem: 15 mil exemplares distribuição Gratuita

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jornaL on-LIne

edItorIaL

Limeira se prepara: as eleições deste ano, que indicarão o novo prefeito, podem ir, pela primeira vez, para o segundo turno. Uma novidade que nos foi dada graças à atuação dos nossos jovens durante o processo de impeachment do prefeito Silvio Félix: eles se organizaram e aumentaram o número de eleitores da cidade para mais de 200 mil, o que nos deu esse status destinado às grandes cidades brasileiras. Tomara que o próximo prefeito não decepcione os eleitores como o ex- -prefeito, que se viu às voltas com a polícia, está enroscado na Justiça e ainda deixou de herança duas CPIs na Câmara: do “Messias” e da Merenda, nossa velha conhecida.

Outras coisa: tem empresa que vem para a cidade e acha que pode tudo. Quem anda pelo bairro Campos Elíseos logo sente o forte odor de tinta e ouve a barulheira que faz a metalúrgica Meta Steel, que tem no seu handicap a morte de dois trabalhadores. Outra coisa feia pra burro acontece no campo: nossa agricultura usa agrotóxicos demais, que contaminam os alimentos, a terra, a água e o ar. E trazem muitos problemas para a saúde humana, chegando até a matar. É isso. Boa leitura!

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a paixão pelo hino dos países

a luta por 30 horas semanais

Tiago Berg transforma sua curiosidade em livro sui generis

Vereadores apoiam a reivindicação da categoria

LIteratura

ProfIssIonaIs de enfermagem

Aos 14 anos, na escola, sua curiosidade de conhecer os paí-ses levou-o a se interessar por geografia. Mas foi na Copa do Mundo da França, em 1998, que ele iniciou uma coleção diferen-te: a de hinos nacionais. Tiago começou escrevendo para em-baixadas do Brasil, dos Estados Unidos e da Europa para rece-ber informação dos países – fol-deres, livros, revistas, letras e cifras de hinos, com a tradução deles. Depois, a internet facili-tou esse trabalho.

Geógrafo formado pela Unesp de Rio Claro, em 2005, Tiago já tinha 60 hinos quan-do cismou de lançar um livro e, no final de 2006, saiu atrás de uma editora para publicar o trabalho. Encontrou a Pan-da Books que, em agosto de 2008, lançou o Hinos de To-dos os Países do Mundo, com

as letras e curiosidades de 194 hinos nacionais. Uma deles, o hino do Japão, do século IX, de autor desconhecido diz: “até que os seixos se transformem em rochedos poderosos” – sei-xos são fragmentos de rochas; o autor queria mostrar que, se os cidadãos se unissem, cons-truiriam o Japão. Porém, os hinos estão quase sempre liga-

dos à história da libertação do país, alguns de forma pacífica, outros pela luta armada.

Tiago conta que trabalhos como o seu existem apenas qua-tro no mundo – o dele é o pri-meiro em português. A primei-ra edição do livro teve tiragem de 3 mil cópias. Ele pode ser comprado nas livrarias – reais e virtuais – ou no site da editora: <www.pandabooks.com.br>. Seu próximo trabalho é reunir os hinos num CD – as pessoas querem ouvir a versão musica-da do livro. Outro trabalho é o Álbum das Bandeiras, que trará 1.500 bandeiras atuais e históricas dos países. Tiago também trabalha num projeto sobre os Hinos, Bandeiras e Brasões do Brasil e das Capi-tais, que contará o significado dos símbolos nacionais e de diversas cidades do Brasil.

O pessoal de enfermagem lançou na Câmara Municipal o Fórum 30 Horas Já, para regula-mentar a jornada de enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfer-magem em 30 horas semanais A presidenta do Sindicato dos Enfermeiros, Elaine Leone, con-ta que, em maio, 7.000 trabalha-dores foram a Brasília cobrar a aprovação do projeto do senador Lúcio Alcântara (PSDB-CE), no Congresso desde 2000, sem data de votação. “Não é possível

aceitar que o pessoal trabalhe 44 horas semanais” – diz Leone.

A líder das enfermeiras de Limeira, Renas Pereira, lembra que em Sumaré, Leme e Cosmó-polis já há as 30 horas semanais. Renas diz que uma psiquiatra da

cidade contou-lhe que 50% de seus clientes são profissionais da saúde. “O estresse é muito grande” – resume. Na Câmara, a enfermeira Maria José Marinho Rodrigues, a Zezé, contou que os profissionais cometem falhas fatais devido aos longos plan-tões. “Eu vi uma colega sair al-gemada do trabalho, porque es-tava exaurida e confundiu a dieta de um paciente. Por infelicidade, ela aplicou vaselina em vez de soro” – lamenta Zezé.

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eleição municipal pode ir ao segundo turno Pela primeira vez, Limeira ultrapassa 200 mil eleitores; jovens foram decisivos no processo

PoLítIca

Desde que a Constituição de 1988 instituiu o segundo turno nas eleições brasilei-ras, as cidades com mais de 200 mil eleitores decidem a eleição majoritária em duas etapas de votação, se nenhum candidato atingir 50% dos vo-tos mais um. Agora, Limeira, pela primeira vez, poderá ter o pleito municipal decidido em dois turnos: os eleitores pas-saram para 201.434, num uni-verso de 276.022 habitantes.

A chefe da 66ª Vara Eleitoral (que concentra 55% dos eleito-res da cidade), Lady Ane Della Rocca, constata que o aumen-to da procura pelo alistamento e transferência dos títulos de

eleitor ocorreu perto do prazo final, dia 9 de maio. “No últi-mo dia havia filas de mais de duas horas e atendemos os ci-dadãos até às 20 h.” Lady Ane confirma que a maior ida ao

cartório foi de jovens, motiva-dos pela campanha Eu voto aos 16, na cidade desde o início do ano. Segundo ela, em fevereiro havia 197.993 eleitores aptos a votar no município. Em março,

“eu voto aos 16” mobiliza os jovens limeirensesO movimento Eu voto aos

16, idealizado por estudan-tes de Limeira, determinou a existência do 2º turno na eleição municipal de 2012. A campanha, que almejava massificar a participação de jovens na escolha dos pró-ximos vereadores e do novo prefeito de Limeira, teve a participação de 420 pessoas num grupo na rede de rela-cionamentos Facebook.

A vestibulanda Jéssi-ca Stahl, 18 anos, jovem do Partido Socialista Brasileiro (PSB), foi uma das articu-ladoras do movimento. Se-gundo ela, a campanha pela adesão dos jovens na política limeirense acompanhou a di-retriz nacional de alistamento do TRE. “Havia um movi-mento nacional para que o

jovem de 16 anos participasse da política brasileira, mas em Limeira não havia uma inicia-tiva organizada. Então, criamos um movimento suprapartidário e realizamos esse trabalho de conscientização.”

De acordo com Jéssica, uma comissão com jovens de todos os partidos e apartidá-rios foi criada em janeiro para fazer esse trabalho. Em março, eles percorreram as escolas da cidade. Partindo de ativida-

des lúdicas, eles suscitaram o debate sobre a participação no processo. “Nós fazíamos três questionamentos aos alu-nos sobre política: o que eles gostam; o que eles odeiam; e o que eles gostariam que houvesse. Depois fazíamos a simulação de uma eleição. Pe-díamos para alguns alunos se-rem os candidatos e debaterem as suas propostas fictícias. Ao final, pedíamos para as turmas votarem nos seus preferidos.”

Os debates sobre democra-cia e movimentos sociais eleva-ram a consciência dos jovens do ensino médio. “Os professores continuavam o nosso trabalho de incentivo à participação po-lítica com mais discussões ao longo da semana em que passá-vamos na escola” – afirma ela, que não hesita em afirmar: “O

jovem tem um poder multi-plicador. A possibilidade de 2º turno nas eleições em Li-meira só foi possível porque a juventude tomou consciência e protagonizou essa história”.

Contudo, a estudan-te aponta essa conquista apenas como um primeiro passo na luta por políticas públicas para a juventude em Limeira. “Ano passado, a gente se mobilizou contra a corrupção no governo do ex-prefeito Silvio Félix e nos chamavam de moleques – realizamos então a ‘Mar-cha dos Moleques’ para pro-testar contra os escândalos da época –, não nos davam valor. Mas os jovens não estão mortos, a juventude tem iniciativa e vai lutar por seus direitos.”

quando a campanha começou a passar nas escolas de ensino médio (leia matéria abaixo), ela angariou 3.441 novos elei-tores. “Muitos vinham em du-plas ou grupinhos. Existia até a discussão de se o jovem que tira o título aos 16 anos tem re-almente consciência política.”

A coordenadora pedagógi-ca do ensino médio na ETEC Trajano Camargo, Valderez Quintal, conta que uma co-missão de jovens foi à escola discutir com os estudantes as eleições municipais. “Reuni-mos os 480 alunos do ensino médio e a turma fez uma pa-lestra, apresentou vídeos e distribuiu material educativo.”

Valderez destaca que a escola já fazia um trabalho para a participação política por meio de uma atividade curricular, o “projeto de cidadania”. “É importante que os jovens par-ticipem da política limeirense. Durante o curso realizamos vi-sitas à Câmara dos Vereadores e à Prefeitura. E tratamos dos representantes na Câmara e no Senado Federal, e até dos can-didatos às eleições municipais deste ano. A ideia maior é que eles desmistifiquem o estigma de que na política todos são maus, pois existem pessoas de bem e no futuro eles mesmos podem ser os nossos represen-tantes políticos” – afirma ela.

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a morte pela boca: o perigo que vem do campo Agrotóxicos contaminam os alimentos, a terra, a água e o ar. E até matam Por Cida de Oliveira

Estudos coordenados por Wanderlei Pignati, professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Mato Grosso, mostram que, além de pessoas e animais, a terra, o ar, a chuva, as águas e até o leite materno estão contaminados por agrotóxicos nas cidades de Rio Verde e Campo Verde. Ele conta que, das 232 amostras de água de poços artesianos, 83% continham pesticidas. O mesmo ocorreu com 56% das amostras de água de chuva recolhidas nas escolas: 25% apresentavam pelo menos dois tipos de vene-no, como o endossulfam – que será proibido a partir de julho.

Os agroquímicos usados para compensar a terra maltra-tada e exaurida e matar ervas daninhas e insetos permane-cem nos alimentos e causam doenças. Estudos científicos feitos pelos fabricantes no de-senvolvimento dos produtos, constatam os prejuízos à saúde.

A pesquisadora Raquel Ri-gotto, professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará, conta que há intoxicações agudas que sur-gem logo após as pulverizações, sinalizadas por dor de cabeça, náusea, alergia, ardor na pele, no nariz e até convulsões, coma e morte. E há os efeitos crônicos pelo acúmulo de veneno no or-ganismo, afetando quem planta e quem consome. “Causam al-terações hormonais, no fígado e rins, abortos, malformações congênitas, câncer de tireoide,

O leite de 62 mães que partici-param do estudo continha uma substância derivada do DDT, proibido em 1985 para a agri-cultura, e 76% tinha endossul-fam. Algumas das mães tiveram filhos com malformações con-gênitas. No sangue de traba-lhadores rurais havia o dobro de resíduos de glifosato em re-lação ao de moradores da zona urbana. Segundo Pignati, outras pesquisas no Estado apontam maior incidência de câncer nos municípios onde há maior pul-verização. Os dados respaldam a luta de movimentos sociais e sindicatos, que já resultou em ações do Ministério Público.

recorde nefasto os (muitos) prejuízos à saúde

O Brasil é o maior consu-midor mundial de agrotóxi-cos. Em 2010, foi comercia-lizado mais de 1 milhão de toneladas, cerca de 5 quilos por habitante. A triste lide-rança começou entre 2001 e 2008, quando as vendas pas-saram de US$ 2 bilhões para mais de US$ 7 bilhões. No mesmo período, a área culti-vada por alimentos aumentou só 4,59%. “Os lucros seguem para as matrizes no exterior. Nós ficamos com as doenças e o impacto ambiental” – diz

o agricultor Cleber Folgado, da coordenação da Campanha Permanente contra os Agrotó-xicos e pela Vida.

As lavouras de soja, mi-lho e algodão colocam Mato Grosso como o maior con-sumidor de agrotóxicos do País. O veneno é pulverizado por aviões, ignorando limites de córregos, beiras de rio e quintais das casas, conforme determina o Ministério da Agricultura. Depois, o vento e as chuvas espalham o vene-no para os lençóis freáticos.

de mama, leucemia, distúrbios cerebrais e comportamentais, como tentativas de suicídio”– esclarece Raquel, que estuda os impactos das pulverizações

aéreas na chapada do Apodi, no Ceará. Há aumento de casos de câncer, mas a pesquisadora diz que a subnotificação esconde os números reais.

a anvisa e o veneno Das 2.488 amostras de alimentos colhidas em 2010 pela Agên-

cia Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), 37% estavam livres de veneno, em 35% havia resquícios dele em doses inferiores à permitida e em 28%, havia sinais de substâncias proibidas.

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Segundo a Anvisa, 59,9% das amostras apresentaram pelo menos um tipo de veneno e 23,3%, ao menos dois. Em uma porção de morango havia seis diferentes tipos de agrotóxicos e em uma de pimentão, sete. Entre os venenos mais encon-trados estão o carbendazim, o clorpirifós, o metamidofós e o acetato. Das 694 porções insa-tisfatórias, 30% continham so-bras de componentes ativos que não deveriam ser usados porque estão em processo de reavalia-

o risco do uso de agrotóxico nas lavouras do brasil

ção toxicológica. “A mandioca, o milho e a soja, base da indús-tria de muitos alimentos, ainda não são analisados porque o processo é complexo e caro” –

afirma Luiz Cláudio Meirelles, gerente-geral de toxicologia da Anvisa.

Segundo Meirelles, “à luz do conhecimento científico

atual, há limites para o uso seguro de agrotóxicos, mas isso pode mudar. Há 30 anos, substâncias hoje sabidamente cancerígenas, como o BHC (hexabenzeno de cloro) e o DDT (dicloro-difenil-tricloro--etano), eram liberadas”.

A presença de resíduos aci-ma do limite seguro decorre de seu uso abusivo. Lavar os alimentos em água corrente re-tira uma parte deles, presente na casca e nas folhas. Alguns agrotóxicos são absorvidos

pelos tecidos internos da plan-ta e, se não forem degradados pelo metabolismo do vegetal, serão ingeridos. Segundo Ro-sany Bochner, pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fio-cruz) e coordenadora do Siste-ma Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sini-tox) a toxidez dessas substân-cias supera a dos medicamen-tos. “Enquanto o agrotóxico mata três a cada 100 intoxica-dos, os medicamentos matam um a cada 200.”

“Produtos são piores que os da década de 1960”Pesquisadora da Fiocruz

em Recife e professora de Medicina da Universidade de Pernambuco, Lia Giraldo da Silva Augusto afirma que os

malefícios dos agrotóxicos são denunciados desde a década de 1960. Os produtos daquela épo-ca, os organoclorados, foram substituídos pelos fosforados,

ainda piores. “As intoxicações são mais intensas porque esses produtos não atacam apenas as pragas que se deseja elimi-nar.” Outra questão é a falta de

estudos sobre os danos causa-dos pelo acúmulo de pequenas quantidades. “Prevalece ainda a ideia de que os agrotóxicos só trazem problemas agudos.

O que mais preocupa, em ter-mos de segurança alimentar, é justamente essa exposição crônica, que se confunde com outras causas de doenças.”

agroquímicos se beneficiam com redução de impostosNo final de 2011, a Co-

missão de Seguridade Social da Câmara Federal aprovou relatório sobre o uso de agro-tóxicos. De acordo com o texto do relator João Carlos Siqueira (PT-MG), esses pro-dutos são beneficiados pela redução de ICMS, isenção de IPI e de recolhimentos para o PIS/Pasep e Cofins. Há ainda benefícios estaduais, como no Ceará, onde a isenção chega a 100%. Já a produção agroe- cológica, com métodos al-ternativos para o controle de pragas e doenças, não tem in-centivos.

Em Linhares, no Espí-rito Santo, os familiares de Ana Cristina Soprani e Elias Alves dos Santos deixaram para trás a monocultura do

café praticada por mais de duas décadas. Nos últimos 12 anos, eles se organizaram para voltar a uma produção diver-sificada. Recuperaram o solo degradado e frequentaram cursos de agroecologia. Hoje produzem feijão, milho, man-dioca, café, banana, laranja, abóbora, quiabo, jiló, maxixe, mamão e coco verde, além de doces e pães caseiros. Eles co-mercializam 1.600 quilos de alimentos toda semana. “Não queremos só agregar valor à nossa produção, mas também oferecer o alimento saudável que está na nossa mesa” – diz Ana Cristina.

Em Nova Santa Rita (RS), a Cooperativa dos Trabalha-dores Assentados da Região de Porto Alegre comercializa

arroz branco, integral e par-boilizado. A safra do ano está prevista em 280 mil sacas. São 417 famílias, de 16 assenta-mentos, cultivando 3.993 hec-tares de arroz ecológico. Para o produtor Emerson José Giaco-melli, essas famílias poupam o meio ambiente de agressões

químicas. “O arroz tradicio-nal utiliza inseticida, adubo, fertilizante e ureia, que conta-minam a água dos arrozais e, depois, os córregos para onde correm.” Outro diferencial é o preço, mas as famílias con-trolam desde a produção das sementes até a distribuição, e

os produtores vendem mais barato e têm melhor renda.

Para a agrônoma Nívia Regina da Silva, do Movi-mento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), é possível alimentar toda a população sem agrotóxicos, mas isso exige mudanças no campo: o fim da concentra-ção de terra, da monocultura de produtos para exportação e do uso de sementes modi-ficadas, fertilizantes e pes-ticidas. “A luta do pequeno agricultor que produz ali-mentos é enorme. Ele com-pra sementes que, por causa da presença de agroquími-cos, brotam uma única vez. Se não mudarmos essa for-ma de produção, teremos um país doente.”

mandioca: sem avaliação toxicológica

a família de ana e elias: agricultura com manejo correto

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metalúrgica atormenta moradores dos campos elíseos

“trabalho é em condições insalubres” – diz sindicato

Barulho diário e forte odor de tintas são as principais reclamações contra a Meta Steel Por Enio Lourenço

PoLuIção

Em 2011, a Meta Steel, em-presa de montagem de estru-turas metálicas e acabamento, abriu uma filial em Limeira no antigo espaço da empresa Eletro Internacional, nos Campos Elí-seos, um bairro residencial – a matriz, no Jardim Laranjeiras, ficou pequena. Logo, porém, sua atividade gerou mal-estar nos moradores.

O metalúrgico e morador do bairro Leonardo Gil, 27, re-clama da barafunda em que se tornou a Rua Francisco Vival-di (vizinha à nova sede) desde a sua instalação. “A Meta Ste-el é um tormento para todos. É muito barulho, de segunda a segunda, de manhã, à tarde e à noite. Ninguém consegue mais descansar.” Leonardo lembra, também, que a pren-sa mecânica trinca os vidros e muros das casas da rua.

Outro metalúrgico do bair-ro, Luciano Júnior, 35, diz que o odor das tintas é nauseante.

“É o tempo todo esse cheiro forte na vizinhança. E isso faz mal, principalmente às crian-ças. As casas do final da Rua Francisco Vivaldi, que divi-dem muro com a empresa, são as que mais sofrem” – destaca.

Revoltados, os cidadãos do bairro organizaram um abaixo--assinado e o encaminharam ao Ministério Público (MP-SP) e à Prefeitura, cobrando a remoção

da empresa do local. Em 4 de junho, representantes dos mo-radores dos Campos Elíseos e do Sindicato dos Metalúrgicos de Limeira reclamaram da Meta Steel tanto pelo desrespeito à vizinhança, quanto pelas más condições de trabalho dos fun-cionários.

Em seguida, o vereador Ronei Costa Martins proto-colou um requerimento para

saber se a empresa possui li-cenças da Prefeitura e da Ce-tesb para funcionar no bairro. “Toda empresa que se instala em Limeira deve apresentar estudos de impacto ambiental, com o intuito de aferir o que pode afetar a vida das pesso-as” – diz o parlamentar.

O secretário de Meio-Ambiente, Domingos Furgio-ne Filho, conta que, a pedido

Em maio, os cerca de 150 trabalhadores da Meta Steel fizeram uma greve de três dias reivindicando equi-paração salarial e condições adequadas de segurança no trabalho. Em 2011, ocorre-ram duas mortes: ao fazer uma montagem externa, um operário caiu de uma esca-da e faleceu; outro morreu porque a estrutura do refei-tório cedeu e a água quente do banho-maria (processo de aquecer a comida mergu-

lhando o recipiente que a con-tém em água fervente) caiu sobre ele, queimando-o.

O diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Limeira, Wil-son Nunes Cerqueira, relata que outros acidentes de tra-balho ocorrem na empresa. “A situação na Meta Steel é grave. Lá se encontram pontes rolantes sem sinais de alerta, banheiros em péssimas con-dições, caixas d’água abertas, refeitório inadequado.”

O sindicalista reconhece os

males que ela causa ao bair-ro dos Campos Elíseos e aos operários que lá trabalham: “Se a poeira da pintura vaza, já que lá é um barracão aber-to, e incomoda a população, imagine a situação dos traba-lhadores lá dentro. Quanto ao ruído da maquinaria, que não deve ultrapassar os 100 deci-béis, Cerqueira conclui: “Os funcionários da Meta Steel têm de usar protetores auri-culares e devem receber um adicional por insalubridade”.

do MP-SP, a Prefeitura foi ao local com o decibelímetro (medidor de pressão sonora) e o ruído era maior do que o permitido dentro da empresa e nas casas vizinhas. “Já enca-minhamos os laudos ao MP” – diz. Furgione afirma que a metalúrgica se comprometeu em fazer um revestimento acústico interno para resolver o problema sonoro.

A Companhia de Sanea-mento Ambiental (Cetesb) in-formou que a Meta Steel ope-ra sem licença ambiental. Por isso, ela foi multada em mil Unidades Fiscais (UFESP) – R$ 18.440,00 – e cobrada a se regularizar. Caso isso não ocor-ra, a Cetesb continuará com outras ações de controle, como multa dobrada, multa diária, podendo pedir a sua interdição definitiva. Procurada pelo jor-nal Brasil Atual, a Meta Steel não quis se manifestar até o fi-nal desta edição.

a meta steel funciona onde era a antiga empresa de energia

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ministério Público abre mais um inquérito

a merenda escolar continua dando o que falarDesde dezembro de 2010, o jornal brasil atual denuncia as fraudes na refeição terceirizada

cPIs na câmara

A Câmara de Limeira, a pedido do vereador Carlos Rossler (PRP), abriu nova Comissão Parlamentar de In-quérito (CPI), para investi-gar o contrato firmado entre a Prefeitura e as empresas SP Alimentação (até 2009) e Le Barom, que a substituiu e tem contrato até dezembro de 2012. Todos os vereadores votaram a favor da Comissão. Compõem a CPI: Eliseu Da-niel (DEM), presidente; Ronei Martins (PT), relator; mais os vereadores Carlinhos Silva (PDT), João Alberto (PSB) e Miguel Lombardi (PR).

A comissão irá apurar as denúncias sobre irregularida-

des na terceirização da me-renda escolar distribuída nas escolas e entidades pela em-presa Le Barom. Na primeira

reunião, dia 17 de maio, foi expedida notificação que deu ciência ao prefeito Orlando Zoivico (PDT) sobre a insta-

O município criou a Comissão de Avaliação e Fiscaliza-ção, que ocupou o depósito da Le Barom – composta de fun-cionários da Vigilância Sanitária, da Educação e da Secretaria de Assuntos Jurídicos – e conseguiu na Câmara a aprovação da lei que irá pôr fim à terceirização da merenda: ela fará concurso público para os cargos de merendeira e de motorista escolar, para o transporte dos alimentos.

lação da CPI. À segunda reu-nião, no dia 4 de junho, esta-vam presentes os advogados da Prefeitura, Paulo Roberto Barcellos da Silva Júnior e o assessor jurídico Greg de Oliveira Mendes Assumpção Neubauer, ocasião em que fo-ram requeridos à Prefeitura, à Le Barom e ao Ministério

Público documentos que ser-virão para as investigações – a cópia do processo licitatório, do contrato e dos termos aditi-vos firmados entre as partes: a distribuição, o manuseio, o ar-mazenamento e o preparo das merendas. A próxima reunião será dia 25 de junho, às 16 h, na Câmara de Limeira.

O promotor Luiz Alber-to Bevilacqua esteve no de-pósito da Le Barom após as

nas almôndegas, mas a análise físico-química mostrou que elas eram uma “massa compacta, grudenta, limosa, de cor branco- -acinzentada e odor e aroma com leve alteração, estando im-próprias para o consumo”.

Com isso, o Ministério Pú-blico de Piracicaba abriu novo inquérito para apurar as irregu-

Depois do galpão da Le Barom, foi encontrado feijão com caruncho no Centro Infantil Stella Regina Furlan, no Jardim Nossa Senhora do Amparo. O fato se repetiu dias depois na Escola Major José Levy Sobrinho, no Jardim Esteves.

laridades existentes na merenda limeirense. Ele suspeita de im-probidade administrativa, mal-

versação, desvio, superfatura-mento de recursos e aplicação irregular de verbas federais.

denúncias de má conservação das almôndegas, que estavam no freezer, mas armazenadas em embalagens violadas. O ma-terial foi apreendido e encami-nhado ao Instituto Adolf Lutz para análise. Segundo o laudo oficial apresentado à Vigilân-cia Sanitária, o Instituto cons-tatou que não havia bactérias

mais merenda ruim

cidade vai assumir

cPI do “messias”: outra herança do prefeito cassado“Messias” é o funcionário

municipal José Josué dos San-tos, mentor de um dossiê contra o prefeito cassado Silvio Félix. Com uma câmera escondida, ele gravou um vídeo em que o ex-secretário de Assuntos Jurí-dicos, Sérgio Batistella, lhe dá dinheiro em troca de documen-tos que comprometeram a admi-nistração municipal.

No vídeo, divulgado na EPTV, ele cita os nomes dos ex-secretários José Carlos Pe-jon, chefe de Gabinete, Sergio Sterzo, do Desenvolvimento, e da vereadora Nilce Segalla, do PTB, que teria recebido o dos-siê original das mãos de “Mes-sias”, quando ela era delegada titular da Delegacia de Investi-gações Gerais (DIG).

A CPI tem 180 dias para concluir os trabalhos. Ela quer esclarecer se foi usado dinhei-ro público na operação. Com-põem a Comissão: Paulo Ha-dich (PSB), presidente; Mario Botion (PMDB), relator; e os vereadores Almir dos Santos (PSDB), Carlos Rossler (PRP) e Antonio Bras do Nascimento (PDT), o Piuí.

de olho O Grupo de Combate ao

Crime Organizado, GAECO, também investiga o caso que vai apurar delitos como for-mação de quadrilha, fraude na licitação, prevaricação, corrup-ção ativa e passiva e supressão de documento particular.

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foto síntese – skybIke PaLavras cruzadasPaLavras cruzadas

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PaLavras cruzadas

sudoku

As mensagens podem ser enviadas para [email protected] ou para Rua São Bento, 365, 19º andar, Centro, São Paulo, SP, CEP 01011-100. As cartas devem vir acompanhadas de nome completo, telefone, endereço e e-mail para contato.

vaLe o que vIer

Horizontal – 1. Situado na periferia 2. Curso natural de água doce; Espécie, classe 3. Ou, em inglês; Deus do sol da mitologia egípcia; Grande fatia, pedaço 4. Calçado grosseiro de madeira; Sigla do Acre; 5. Abreviação para Oxigênio Dissolvido; Parte do corpo que une a cabeça ao tronco 6. Que foi disposto em zonas; Nhandu 7. Ar, em inglês; Primeira nota musical 8. Aptidão do ser humano de aplicar conhecimentos na execução de uma ideia; Recipiente usado para se beber líquidos 9. Via; Que tem voz melodiosa 10. Dois em algarismos romanos; Antes de Cristo; Meio de transporte formado por vários vagões rebocados por uma locomotiva 11. Momento final glorioso de um desfile

vertical – 1. Denominação comum de organismos microscópicos e unicelulares 2. Terreno aberto junto a uma moradia; Barbosa, famoso jurista brasileiro; 3. Sigla de Rondônia; Comentário escrito relativo a um texto 4. Alimento no fundo da panela; Sigla do Amapá 5. Pano com que se lustram móveis; Centro de Controle Operacional 6. Energia Atômica; Counter Strike; Trombeta usada pelos índios bororos em ritos religiosos ou fúnebres 7. Mamífero de pele grossa, cabeça grande, com um ou dois chifres na testa e patas com três dedos em cada casco 8. Instituto de Energia Atômica; Onda Média; Cada intervalo entre as moléculas do corpo 9. Aqueles que praticam caça 10. Que não reflete nem permite a passagem de luz; Cidade do Japão, vizinha a Tóquio

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Palavras cruzadas

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