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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA SAÚDE EGAS MONIZ Ciências Farmacêuticas COMO PREVENIR A DIABETES TIPO 2 Trabalho submetido por Joana Araújo Mira Godinho para a obtenção do grau de Mestre em Ciências Farmacêuticas Trabalho orientado por Professora Doutora Maria Fernanda de Mesquita 30 de Outubro de 2014

INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA SAÚDE … Índice de Tabelas Tabela 1 - Factores de risco para DMT2 18 Tabela 2 - Valores de referência para a glicémia em jejum 22 Tabela 3 -

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  • INSTITUTO SUPERIOR DE CINCIAS DA SADE EGAS

    MONIZ

    Cincias Farmacuticas

    COMO PREVENIR A DIABETES TIPO 2

    Trabalho submetido por

    Joana Arajo Mira Godinho

    para a obteno do grau de Mestre em Cincias Farmacuticas

    Trabalho orientado por

    Professora Doutora Maria Fernanda de Mesquita

    30 de Outubro de 2014

  • 2

    minha Famlia e Amigos,

  • 3

    Agradecimentos

    Neste espao de abertura, algumas palavras de agradecimento. Em primeiro lugar, palavras de

    gratido, as primeiras das quais para a mentora da minha dissertao. Professora Doutora Fernanda

    Mesquita, que foi uma grande influncia na escolha deste tema e que me encorajou a aprender e a

    refletir sobre o mesmo.

    Um especial agradecimento

    aos professores do meu instituto com quem tive a sorte de aprender.

    a todos os meus colegas que me acompanharam neste perodo de aprendizagem, e que

    jamais esquecerei.

    ao Dr.Lus Matias pelo apoio incondicional e pela experincia transmitida no mbito

    profissional e pessoal.

    ao Dr.Joo Gonalves por toda a ajuda e disponibilidade incondicional na realizao desta

    tarefa.

    Dr.Jaquelina Ouakinin pelo tempo passado em torno desta monografia.

    Finalmente, uma agradecimento profundo minha famlia por terem apoiado em todos os

    momentos as minhas escolhas e pelo carinho que sempre me dispensaram.

    Em segundo lugar, assumo que, apesar de todo empenho colocado na realizao deste trabalho, sou

    responsvel por quaisquer falhas que o mesmo possa apresentar.

  • 4

    Resumo

    As mudanas comportamentais da civilizao e alteraes do estilo de vida, aumentaram a

    incidncia da Diabetes Mellitus por todo o mundo. O controlo da Diabetes e dos seus riscos tardios,

    micro e macro vasculares, sero o principal objetivo de modo a diminuir a morbilidade e

    mortalidade desta doena.

    A preveno e controlo da Diabetes Mellitus envolve uma srie de cuidados importantes. A prtica

    de exerccio fsico com regularidade, adoo de regras para uma alimentao equilibrada e

    saudvel, e o controlo, com frequncia, dos nveis de glicmia, so pontos chave para evitar

    problemas tardios.

    O conhecimento da Diabetes enquanto doena crnica, permite saber como lidar na identificao de

    indivduos de risco e, como no caso de ser diabtico, poder usufruir de uma vida normal,

    beneficiando do sucesso no tratamento. 1

    Palavras-chave: diabetes; epidemiologia da diabetes; diabetes tipo 2; sintomas da diabetes

  • 5

    Abstract

    The behavioral changes of civilization and changes in lifestyle have increased the incidence of

    Diabetes Mellitus worldwide. Control of Diabetes and its late micro and macro vascular risks will

    be the main objective to decrease the morbidity and mortality caused by the disease.

    The prevention and control of Diabetes Mellitus involves a number of important care. The regular

    physical exercise adopt rules for a balanced and healthy diet, and control how often is possible the

    blood glucose levels, are the key points to avoid problems later.

    Once known the behaviour of Diabetes as a chronic disease, not only lets you know how to handle

    the case of being an individual risk, such as being diabetic and has a normal life, and, thus succeed

    in treatment.

    KEYWORDS: diabetes; epidemiology of diabetes; prevention of diabetes; type 2 diabetes;

    diabetes symptoms

  • 6

    Como prevenir a Diabetes Tipo 2

    ndice

    Introduo 12

    1. Histria e Definio da Diabetes Mellitus 15

    1.1. Classificao da Diabetes Mellitus 16

    1.1.1. Diabetes Mellitus Tipo 1 16

    1.1.2. Diabetes Mellitus Tipo 2 17

    1.1.3. Diabetes Mellitus Gestacional 18

    1.1.4. Outros Tipos Especficos de Diabetes 19

    1.1.4.1. Defeitos Genticos da Funo das Clulas 19

    1.1.4.2. Defeitos Genticos na Ao da Insulina 19

    1.1.4.3. Endocrinopatias 19

    1.1.4.4. Diabetes Induzida por Frmacos ou Qumicos 19

    1.1.4.5. Infees 20

    1.1.4.6. Formas Especficas Pouco Comuns de Diabetes Mellitus Imunomediada 21

    1.1.4.7. Outros Sndromas Genticos por vezes associados com Diabetes 21

    1.2. Apresentao Clnica da Diabetes 21

    1.2.1.Diagnstico 21

    1.3. Evidncias Epidemiolgicas 25

    1.4. Complicaes Tardias da Diabetes 28

    1.4.1. Complicaes Macrovasculares 29

    1.4.2. Complicaes Microvasculares 29

    1.5. Tratamento da Diabetes 30

    1.5.1. Teraputica Farmacolgica da Diabetes Mellitus ADO 30

    1.5.1.1. Secretagogos 30

    1.5.1.2. Inibidores da Absoro 31

    1.5.1.3. Sensibilizadores 32

    1.5.1.4. Gliptinas 34

    1.5.2. Teraputica Farmacolgica da Diabetes Mellitus Insulinas 34

    1.5.2.1. Tipos de Insulina 36

  • 7

    1.6. Fatores de risco para a Diabetes 37

    2. Como Prevenir a Diabetes Tipo 2 38

    2.1. Modificaes no Estilo de Vida 39

    2.1.1. Planos de Nutrio 39

    2.2. Programa Nacional de Controlo da Diabetes 41

    2.2.1. Objetivos do Plano Nacional de Preveno e Controlo da Diabetes 42

    3. Estratgias do Plano Nacional de Preveno e Controlo da Diabetes 43

    3.1. Estratgias de Interveno 43

    3.1.1. Preveno Primria 43

    3.1.2. Preveno Secundria 43

    3.1.3. Preveno Terciria 43

    Concluso 45

    Bibliografia 46

  • 8

    ndice de Figuras

    Figura 1 - Incidncia de DMT1 em crianas de 14 anos de idade (por cada 100000 ao ano) 26

    Figura 2 - Sequncia de aa da insulina humana, bovina, suna, de longa ao e de curta ao. 35

    Figura 3 - Perfil das insulinas ao longo do tempo (horas) 36

    Figura 4 - Roda dos Alimentos 2014 40

  • 9

    ndice de Tabelas

    Tabela 1 - Factores de risco para DMT2 18

    Tabela 2 - Valores de referncia para a glicmia em jejum 22

    Tabela 3 - Valores de referncia para a glicmia ps-prandial 22

    Tabela 4 - Valores normais da hemoglobina no Homem e na Mulher 23

    Tabela 5 - Valores normais para hemoglobina glicada 24

    Tabela 6 - Valores normais para o colesterol para indivduos com ou sem Diabetes 24

    Tabela 7 - Valores normais para os triglicridos no Homem e na Mulher 24

    Tabela 8 - Valores normais para o hematcrito no Homem e na Mulher 24

    Tabela 9 - Resumo das principais caractersticas dos Segretagogos 31

    Tabela 10 - Resumo das principais caractersticas dos Inibidores da Absoro 31

    Tabela 11 - Resumo das principais caractersticas dos Inibidores dos Sensibilizadores 32

    Tabela 12 - Resumo das principais caractersticas das Gliptinas 34

    Tabela 13 - Resumo das principais caractersticas das Insulina 36

    Tabela 14 - Resumo dos principais estudos que envolveram mudanas no estilo de vida 39

  • 10

    ndice de Abreviaturas

    Ac - Anticorpo

    ADA - American Diabetes Association

    ADO - Antidiabticos Orais

    AMPK Protena Quinase Dependente de AMP

    ATPase Adenosina Trifosfato

    AVC- Acidente Vascular Cerebral

    Ca++ - Io Clcio

    DGS Direo Geral de Sade

    DMG - Diabetes Mellitus Gestacional

    DMID - Diabetes Mellitus Insulinodependente

    DMNID - Diabetes Mellitus No Insulinodependentes

    DMT1 - Diabetes Mellitus Tipo 1

    DMT2 - Diabetes Mellitus Tipo 2

    DNA cido desoxirribonucleico

    DPP-4 Diptetil Peptirase 4

    DRT - Doena Renal Terminal

  • 11

    EAM - Enfarte Agudo do Miocrdio

    GAD - Descarboxilase do cido Glutmico

    GJA - Glicmia em Jejum Alterada

    HbA Hemoglobina Glicada

    HC Hidratos de Carbono

    IMC - ndice Massa Corporal

    K+ - Io Potssio

    LADA - Diabetes Latente Auto-Imune do Adulto

    OMS - Organizao Mundial de Sade

    PPAR Peroxisome Proliferator-Activated Receptor gamma

    PTGO - Prova de Tolerncia Glucose

    SNS Sistema Nervoso Simptico

    SPD Sociedade Portuguesa de Diabetologia

    TFG - Taxa de Filtrao Glomerular

    TG Taxa Glomerular

    TGA - Tolerncia Glucose Alterada

  • 12

    Introduo

    Esta monografia ir centrar-se no estudo da Diabetes enquanto doena endcrina, encontrando-se

    dividida em duas partes. Na primeira, ser feita uma introduo patologia e realizada uma reviso

    da literatura sobre a temtica com especial incidncia na sua definio e classificao. De seguida,

    ser descrita a forma clnica da Diabetes, incluindo os principais sintomas, o seu diagnstico e as

    suas complicaes. Por fim, sero observados a sua evoluo e comportamento, em vrios pases no

    mundo, atravs de uma anlise de estudos epidemiolgicos.

    Na segunda parte ser abordado o objectivo principal deste trabalho, atravs da apresentao e

    discusso das formas mais apropriadas para prevenir a Diabetes. Temas como o papel do

    profissional de sade, nomeadamente do farmacutico na gesto e acompanhamento da doena, a

    existncia de estratgias de interveno ou de preveno e planos de nutrio, sero focados como

    fazendo parte do grupo de fatores de excelncia no acompanhamento do doente, assim como a

    importncia do mesmo em conhecer a doena e as formas como deve proceder para usufruir de

    certa qualidade de vida.

    A Diabetes Mellitus uma doena metablica caracterizada por elevados nveis de glucose no

    sangue, com diversos sintomas associados e em que a insulina, hormona responsvel por controlar a

    glicmia, se encontra em valores nulos ou baixos. Apresenta-se como uma patologia comum e de

    incidncia crescente por estar associada a factores como sedentarismo, obesidade e envelhecimento

    da populao.

    Esto definidas diferentes categorias de Diabetes tais como Diabetes mellitus tipo 1, Diabetes

    mellitus tipo 2, Diabetes gestacional e outros tipos especficos mas tambm as vrias complicaes

    de curto e de longo prazo associadas. Assim, como complicaes agudas podem observar-se

    cetoacidose diabtica e estado hiperosmolar hiperglicmico, enquanto que as complicaes crnicas

    incluem:

    Retinopatia diabtica no proliferativa ou proliferativa e/ ou edema da mcula.

    Proteinria, doena renal terminal (DRT), acidose tubular renal tipo IV.

    Polineuropatia simtrica distal, polirradiculopatia, mononeuropatia, neuropatia autonmica

    (neurovegetativa).

    Gastroparesia, diarreia, obstipao.

    Cistopatia, disfuno erctil, disfuno sexual feminina.

  • 13

    Coronriopatia, insuficincia cardaca congestiva, doena vascular perifrica, AVC.

    Deformao dos ps (dedo em martelo, dedo em garra, p de Charcot), ulcerao,

    amputao.

    Epidemiologicamente, verificam-se evolues diferentes na DMT1 e na DMT2. Na Diabetes Tipo

    1, a incidncia varivel entre populaes no s do mesmo pas como entre pases. Estas

    diferenas sugerem que os fatores ambientais e/ou tnico-genticos possam influenciar o

    surgimento da doena. Estudos revelam uma predominncia dos fatores ambientais sobre os

    genticos no desencadear da doena, observando-se ainda uma variao sazonal no aparecimento de

    DMT1 em algumas populaes. Alguns fenmenos migratrios tambm parecem estar relacionados

    com o aumento do risco de desenvolvimento de DMT1.

    A incidncia de DMT1 em Portugal, nos ltimos 10 anos, tem vindo a aumentar nas crianas e

    jovens. A literatura sugere que a prevalncia de DMT1 na Europa pode ser maior em 2020 do que

    em 1989. Estes dados mostram a possibilidade das mudanas verificadas nos fatores ambientais

    operarem em idade prematura, enquanto que os fatores genticos demoram mais tempo a causar

    impacto.

    Quanto DMT2 existem referncias s ltimas dcadas que demonstram uma ligao entre o

    consumo de bebidas aucaradas e o aumento da obesidade. As projeces da Organizao Mundial

    de Sade (OMS) mostram um aumento na prevalncia da obesidade e sobrepeso.

    Verificou-se tambm um aumento da prevalncia nas populaes urbanas em comparao com as

    rurais e um aumento dramtico nas populaes jovens particularmente entre os adolescentes. Os

    estudos relacionados com a Diabetes tipo 2 demonstram que a obesidade apresenta uma ligao

    forte para o desenvolvimento da DMT2 devido a uma resistncia ao da insulina.

    Relativamente ao tratamento, e em particular teraputica farmacolgia, sero abordados os anti-

    diabticos orais (ADO), que se podem organizar de acordo com o seu mecanismo de ao,

    dividindo-se em quatro grandes grupos: Secretagogos (ou insulinotrficos); Inibidores da Absoro;

    Sensibilizadores e Gliptinas) e; as Insulinas.

    Por fim, estudar e reflectir sobre como prevenir a diabetes implica focar o plano de controlo

    nacional da diabetes e a importncia para a sade pblica dos seus principais objetivos nas

  • 14

    estratgias de interveno e de identificao de grupos de risco no esquecendo a relevncia da

    formao na aptido para a resoluo de problemas relacionados com os doentes e com a prpria

    doena.

    Recomenda-se a adopo de hbitos saudveis como forma de prevenir a doena, pelo que se

    assumem de especial relevncia as estratgias de alimentao, a prtica de exerccio fsico e a perda

    de peso, quando assim faz sentido.

  • 15

    1. Histria e definio de Diabetes Mellitus

    O termo Diabetes foi primeiramente utilizado por Araetus de Cappodocia (81-133AD) mas os

    primeiros registos que descrevem algumas caractersticas da doena datam da poca Egpcia, cerca

    de 1500 A.C. Mdicos indianos chamaram-lhe madhumeha (urina doce) devido sua capacidade

    de atrair formigas, tendo o mdico Sushruta e o cirurgio Charaka (400-500 A.C.), ambos indianos,

    conseguido identificar os dois tipos de diabetes que mais tarde seriam designados de Tipo 1 e Tipo

    2. Sculos mais tarde, em 1675, Thomas Willis (Gr-Bretanha) introduziu a palavra mellitus que

    significa mel doce para descrever a doura que verificou na urina e sangue de pacientes, o que foi

    confirmado em 1776 por Dobson com a constatao do excesso de glicose na urina (glicosria) e

    sangue. [1,2]

    Um marco importante na histria da Diabetes Mellitus foi o estabelecimento do papel do fgado na

    glucognese, e o conceito proposto por Claude Bernard em 1857, de que a diabetes ocorre devido

    ao excesso de produo de glucose. Consequentemente, em 1869, Paul Langerhans, com apenas 22

    anos de idade, identificou, ao estudar o pncreas, um grupo de clulas espalhadas pelo tecido

    excrino e que viriam a ficar conhecidas como ilhus de Langerhans. A funo deste grupo de

    clulas era inicialmente desconhecida mas Edoard Laguesse sugeriu que poderiam produzir alguma

    secreo que participasse no processo da digesto. Vinte anos mais tarde, Mering e Minkowski

    (ustria) descobriram, em 1889, o papel do pncreas na digesto de alimentos ao remover o rgo

    de um co saudvel. Dias depois, e para espanto do seu guarda, observou-se uma enorme

    quantidade de moscas que procurava alimentar-se da urina do animal. Aps um teste, verificou-se a

    existncia de acar nesta, o que permitiu estudar a patognese da diabetes, constituindo a base para

    o isolamento da insulina e sua utilizao clnica. [1,2]

    Segundo Lakhtakia R., Banting, Best e Collip (Canad), durante testes com animais, em 1921,

    ligaram o ducto pancretico, causando a destruio do pncreas excrino mas deixando intactos os

    ilhus de Langerhans. No decorrer dos seus testes, em que foi utilizada insulina de co para reverter

    a diabetes induzida, foi estabelecido que a causa da diabetes residia numa deficincia na quantidade

    de insulina. Os mesmos ensaios permitiriam anos mais tarde, preparar um agente hipoglicemiante

    administrado por via oral e culminaram com a colocao bem sucedida no mercado da tolbutamida

    e carbutamida. [1,2]

  • 16

    Mais recentemente, em 1997, a American Diabetes Association (ADA) patrocinou uma comisso

    internacional de peritos, Expert Committee on the Diagnosis and Classification of Diabetes

    Mellitus que atribuiu uma nova definio Diabetes o termo diabetes mellitus descreve uma

    desordem metablica de etiologia mltipla, caracterizada por uma hiperglicmia crnica com

    distrbios no metabolismo dos hidratos de carbono, lpidos e protenas, resultantes de deficincias

    na secreo ou ao da insulina ou de ambas. Em 1999 a Organizao Mundial de Sade (OMS)

    sob a forma de Report of W.H.O. Consultation publicou as novas recomendaes onde evidenciou

    como vrios os mecanismos patognicos envolvidos no desenvolvimento da diabetes. Estes

    incluem mecanismos que destroem as clulas pancreticas, com consequente deficincia de

    insulina, e outros que resultam na resistncia ao da insulina. As perturbaes no metabolismo

    dos hidratos de carbono, dos lpidos e das protenas devem-se deficiente aco da insulina nos

    tecidos alvo, resultante da insensibilidade ou da falta de insulina.[3]

    1.1. Classificao de Diabetes Mellitus

    Actualmente, a Diabetes Mellitus classifica-se com base no processo patognico que conduz

    hiperglicemia, tendo os termos Dibetes Mellitus Tipo 1 (DMT1) e Diabetes Mellitus Tipo 2

    (DMT2) substitudo os termos diabetes mellitus isulinodependente (DMID/ IDDM) e diabetes

    mellitus no insulinodependente (DMNID/ NIDDM). Assim, a nova classificao contm estadios

    que refletem os vrios nveis de hiperglicmia, independentemente dos mecanismos que podem

    conduzir ao aparecimento da doena, e estabelece a existncia de quatro tipos clnicos de diabetes

    tais como Diabetes Mellitus Tipo 1 (DMT1), Diabetes Mellitus Tipo 2 (DMT2), Diabetes Mellitus

    Gestacional (DMG) e Outros Tipos Especficos de Diabetes.[4][5][7]

    1.1.1. Diabetes Mellitus Tipo 1

    A DMT1 caracteriza-se por insuficincia de insulina e tendncia para desenvolver cetose

    verificando-se destruio das clulas do pncreas levando a uma insulinopenia absoluta. Tal pode

    ocorrer atravs de um mecanismo auto-imune especfico das clulas pancreticas com presena de

    auto-acs (Ac anti-GAD descarboxilase do cido glutmico) que esto presentes em 85 a 90% dos

    indivduos com DMT1, ou devido a causa idioptica. Esta classificao etiolgica s pode ser

    utilizada em certas circunstncias, pelo facto da mesma ser muito pouco frequente (asiticos,

    africanos) e com maior tendncia ao desenvolvimento de cetoacidose. Pode surgir em qualquer

  • 17

    idade, mas maioritariamente diagnosticada em crianas e adolescentes. Verifica-se tambm, uma

    predisposio gentica para a destruio auto-imune das clulas, que est diretamente relacionada

    com fatores ambientais ainda pouco definidos.[7]

    Relativamente velocidade de destruio celular, esta bastante varivel, sendo a progresso rpida

    observada nem crianas. Por outro lado, a forma de progresso lenta, geralmente acontece nos

    adultos e, referida como diabetes latente auto-imune do adulto (LADA). No que diz respeito

    classificao idioptica, no se conhece a sua etiologia, sendo que os portadores apresentam valores

    de insulinopenia permanente e tendncia para cetoacidose, conforme referido anteriormente.[8]

    1.1.2. Diabetes Mellitus Tipo 2

    A DMT2 constitui um grupo heterogneo de afeces que se caracterizam por diferentes graus de

    resistncia insulina, secreo de insulina e produo heptica excessiva de glucose. Observa-se

    uma ocorrncia predominantemente uma insulino-resistncia com uma insulinopenia relativa, sendo

    esta caracterizada por distrbios na ao e secreo da insulina. a forma mais comum de diabetes

    e as razes especficas para o desenvolvimento destas alteraes ainda no so conhecidas.[8][9][10]

    Este tipo de diabetes pode permanecer durante muitos anos sem ser diagnosticada porque a

    hiperglicmia no suficientemente elevada para causar os sintomas da doena. Assim, estes

    doentes, apresentam um risco aumentado de desenvolverem complicaes macro e microvasculares

    sendo normalmente obesos o que por si s provoca ou agrava a insulinorresistncia. [8][10]

    So factores de risco (vide tabela1) para o desenvolvimento de DMT2 aumenta com a idade, com

    obesidade e ausncia de atividade fsica. mais frequente em indivduos com dislipidmia e/ou

    hipertenso, e em mulheres que sofreram de diabetes gestacional, estando associado a uma

    predisposio familiar de origem gentica. [8][10]

    Observa-se a existncia de auto-anticorpos caractersticos da DMT1 em pacientes com quadro

    clnico de DMT2. Neste caso, a cetoacidose tambm pode ocorrer e, est normalmente associada ao

    stress causado pela existncia de uma outra patologia. [8][10]

  • 18

    Inactividade fsica habitual

    Raa/etnia (afro-americanos, hispano-americanos, americanos nativos, asitico- americanos, nativos

    das ilhas do Pacfico)

    GJA ou TJA j conhecida

    Histria de DM gestacional ou nascimento de beb com peso superior a 4Kg

    Hipertenso arterial ( 140/ 90 mmHg)

    Concentrao de colesterol HDL 35mg/dl (0,90 mmol/L) e/ ou concentrao de triglicridos

    250 mg/dl (2,82 mmol/L)

    Sndrome de ovrio poliqustico ou acanthosis nigricans

    Histria de doena vascular

    Tabela 1 - Factores de risco para DMT2. Adaptado de American Diabetes Association 2004.

    1.1.3. Diabetes Mellitus Gestacional

    A Diabetes Mellitus Gestacional (DMG) define-se como intolerncia aos carbohidratos

    resultando em hiperglicemia de gravidade varivel, com incio ou primeiro reconhecimento durante

    a gravidez. Esta definio no exclui a possibilidade da intolerncia aos hidratos de carbono

    anteceder a gravidez, verificando-se ainda que as mulheres com maior risco de ocorrncia so

    normalmente mais velhas ou que pertencentes a grupos de risco, ou ainda cujos bbs so

    demasiado grandes para a idade gestacional. [5][8] [10][11]

    Van Poppel MN et al. refere que o maior impacto da DMG para a sade pblica se verifica atravs

    do seu papel no desenvolvimento futuro de diabetes na me e de obesidade e diabetes na criana,

    apresentando como possvel soluo o aumento da atividade fsica. Por outro lado, Boyle KE et al.,

    constata um aumento da prevalncia de diabetes mellitus gestacional que afeta at 18% das

    mulheres grvidas com consequncias metablicas imediatas e de longo prazo para a sade da me

    e beb (captao de glicose anormal e oxidao lipdica). Os mesmos autores sugerem que este tipo

    de diabetes est associado a uma reduo da fosforilao oxidativa do msculo-esqueltico e

  • 19

    desregulao da homeostasia do clcio. Tal relao representa um novo factor de risco para o

    desenvolvimento de DMG e pode ter implicaes na eficcia das intervenes de atividade fsica

    em ambas as estratgias de tratamento para o GDM e para a preveno de diabetes tipo 2 aps o

    parto. [2,3]

    1.1.4. Outros Tipos Especficos de Diabetes

    1.1.4.1. Defeitos Genticos da Funo das Clulas

    Nos casos de diabetes associados a defeitos genticos da funo das clulas B existe uma

    diminuio na secreo de insulina por mutaes genticas em determinados cromossomas.

    Observam-se tambm outros casos em que existe uma mutao gentica a nvel do DNA

    mitocondrial. Foram detetadas alteraes genticas em algumas famlias que resultam na

    incapacidade de converter pr-insulina em insulina. [8][10] [14]

    1.1.4.2. Defeitos Genticos na Ao da Insulina

    Existem mutaes genticas no recetor da insulina que podem originar hiperinsulinmia e

    hiperglicmia ligeira e resultam na diabetes. [8][10] [14]

    1.1.4.3. Endocrinopatias

    Doenas associadas secreo excessiva de hormonas como cortisol, hormona do crescimento,

    glucagon ou adrenalina, podem provocar diabetes por terem ao antagonista da insulina. [8][10] [14]

    1.1.4.4. Diabetes Induzida por Frmacos ou Qumicos

    Frmacos hormonais podem comprometer a ao da insulina, outros tm a capacidade de diminuir a

    secreo de insulina. So alguns deles o cido nicotnico, glucocorticides, agonistas alfa-

    adrenrgicos e beta-adrenrgicos, tiazidas, fenitona, teraputica com interfero alfa, etc. [8][10] [14]

  • 20

    1.1.4.5. Infees

    Existem vrus responsveis pela destruio das clulas como o da rubola congnita e

    citomegalovrus. [8][10] [12] [13][14]

    1.1.4.6. Formas Especficas Pouco Comuns de Diabetes Mellitus Imunomediada

    Stiff man syndrome consiste numa doena do sistema nervoso central de carcter auto-imune.

    Normalmente, os indivduos afectados por este sndrome tem elevados ttulos de auto-anticorpos

    GAD. [8][10] [12] [13][14]

    1.1.4.7. Outros Sndromas Genticos por vezes associados com Diabetes

    Existem sndromas como o de Down, o de Klinefelter e o de Turner em que a incidncia de diabetes

    mellitus est aumentada. [8][10] [12] [13][14]

    1.2. Apresentao Clnica da Diabetes

    Elevados nveis de acar no sangue podem causar alguns sintomas sendo os mais comuns poliria

    (aumento do volume de urina), polidipsia (sede excessiva), polifagia (fome excessiva) e perda de

    peso, fadiga, fraqueza, viso turva, infeces superficiais frequentes, infeces urinrias ou fngicas

    de repetio, e m cicatrizao de feridas, A anamnese dever ser completa e exaustiva com

    especial incidncia no peso, exerccio, consumo de lcool, histria familiar de diabetes mellitus e

    factores de risco para patologia cardiovascular. [10] [15] [16]

    Num paciente com DM estabelecida dever obter-se valores de HbA, resultados de glicemia

    automonotorizada, frequncia de hipoglicmia e conhecimentos do doente sobre diabetes mellitus.

    Deve dar-se especial ateno ao exame objectivo da retina, tenso arterial ortosttica, exame dos

    ps, pulsos perifricos e locais de injeco da insulina.[61]

    Num paciente com DM estabelecida dever obter-se valores de HbA, resultados de glicemia

    automonotorizada, frequncia de hipoglicmia e conhecimentos do doente sobre diabetes mellitus.

  • 21

    Deve dar-se especial ateno ao exame objectivo da retina, tenso arterial ortosttica, exame dos

    ps, pulsos perifricos e locais de injeco da insulina. [61]

    1.2.1. Diagnstico

    O diagnstico da diabetes no apenas feito a partir dos sintomas que o indivduo possa manifestar.

    importante a realizao de exames complementares de diagnstico como anlises urina e ao

    sangue. [8] [12] [16] [17] [61]

    Existem diferentes mtodos para determinao das substncias no sangue e na urina. A medio de

    glucose fornece informao sobre o metabolismo do acar. Quando se trata de determinar a

    presena de glucose no sangue faz-se um teste de reao cor. Neste teste o indicador (a glucose)

    esta presente na amostra misturado com outras substncias e vai ser revelado atravs de uma reao

    de cor. amostra adicionada uma outra substncia que tem a capacidade de reconhecer o

    indicador. Aps adio da substncia detectora, esta vai reagir com o indicador formando-se uma

    nova substncia com uma nova cor. feita uma medio da quantidade de substncia colorida onde

    a quantidade de cor proporcional quantidade de indicador, isto , quanto mais cor mais

    indicador. [8] [12] [16] [17] [61]

    Com a ajuda de tecnologia no controlo da diabetes, possvel fazer uma avaliao da glicemia

    apenas em segundos. Existem kits contendo sistemas de puno capilar, tiras, e aparelho de

    medio. Estes aparelhos tm a capacidade de alertar hiperglicmia atravs de um sinal sonoro, e

    apenas necessitam de uma gota de sangue com cerca de 0,6 L de sangue. [8] [12] [16] [17] [61]

    A determinao da glicosria na anlise urina, apesar de indicativa de elevados nveis de acar

    no sangue, isoladamente no serve de diagnstico para a diabetes.

    A anlise urina tem-se demonstrado importante para se avaliar a funo renal. Deste modo,

    procede-se quantificao de albumina na urina e ao controlo da TFG.

  • 22

    A presena da albumina, protena responsvel pela presso osmtica necessria para regular os

    movimentos da gua nos tecidos e sangue, indica o bom ou mau funcionamento do rim. A doena

    renal pode ser classificada em 5 fases, que aumentam de gravidade consoante a diminuio da TFG.

    [8] [12] [16] [17] [61]

    A determinao da glicmia pode ser feita em jejum ou no ps-prandial. Assim, os valores de

    referncia da glicemia em jejum so para:

    Hipoglicmia < 70 mgdl-1

    Valor normal 70 mgdl-1 a 100 mgdl-1

    Pr-diabetes 100 mgdl-1 a 126mgdl-1

    Diabetes > 126 mgdl-1

    Tabela 2 Valores de referncia para a glicmia em jejum

    Os valores de referncia da glicmia ps-prandial (2h aps a refeio):

    Hipoglicmia < 70 mgdl-1

    Valor normal 70 mgdl-1 a 140 mgdl-1

    Pr-diabetes 140 mgdl-1 a 200 mgdl-1

    Diabetes > 200 mgdl-1

    Tabela 3 Valores de referncia para a glicmia ps-prandial

  • 23

    Estes resultados devem ser confirmados com a repetio da prova num dia diferente, excepto se

    existir hiperglicemia inequvoca com descompensao metablica aguda. Foram tambm

    identificadas duas categorias intermdias: Glicmia em jejum alterada (GJA) para um nvel

    plasmtico de glucose em jejum entre 6,1 e 7,0 mmol/L (110 e 126 mg/dl) e; Tolerncia glucose

    alterada (TGA) para glicemias entre 7,8 e 11,1 mmol/L (140 e 200 mg/dl) duas horas aps uma

    sobrecarga oral de 75g de glucose. [8] [12] [16] [17] [61]

    Indivduos com GJA e TJA no tm Diabetes Mellitus, mas correm risco substancial de desenvolver

    DMT2 e doena cardiovascular. Recomenda-se o rastreio da glicemia em jejum em perodos

    compreendidos de trs em trs anos para indivduos com idade superior a 45 anos de idade, bem

    como para indivduos jovens com factores de risco adicionais. [8] [12] [16] [17] [61]

    A sndrome metablica, sndrome de resistncia insulina e a sndrome X so termos usados para

    descrever um conjunto de perturbaes metablicas que incluem resistncia insulina (com ou sem

    DM), hipertenso, dislipidmia, obesidade central ou visceral e disfuno endotelial e est

    associada a doena cardiovascular acelerada. [8] [12] [16] [17] [61]

    Alm da glicemia, existem outros parmetros importantes no diagnstico da diabetes como a

    hemoglobina, a hemoglobina glicada, o colesterol, os triglicridos e o hematcrito. Estes so

    avaliados atravs de anlises ao sangue e tm os seguintes valores de referncia: [8] [12] [16] [17] [61]

    Hemoglobina normal

    Homem > 13,8 mgdl-1 e < 17,2 mgdl-1

    Mulher > 12,1 mgdl-1 e < 15,1mgdl-1

    Tabela 4 Valores normais da hemoglobina no Homem e na Mulher

  • 24

    Hemoglobina Glicada

    Deve ser controlada trimestralmente, pois avalia a glicmia num pero do de 60 a 90 dias

    Homem e Mulher > 6,5% e < 7,5%

    Tabela 5 Valores normais para hemoglobina glicada

    Colesterol

    No Diabticos < 190 mgdl-1

    Diabticos < 170 mgdl-1

    Tabela 6 Valores normais para o colesterol para indivduos com ou sem Diabetes

    Triglicridos

    Homem e Mulher < 150 mgdl-1

    Tabela 7 Valores normais para os triglicridos no Homem e na Mulher

    Hematcrito

    Homem > 40,7% e < 50,3%

    Mulher > 36% e < 44%

    Tabela 8 Valores normais para o hematcrito no Homem e na Mulher

  • 25

    A PTGO outro teste utilizado. um exame importante no diagnstico da resistncia insulina.

    Esta resistncia indicada quando os nveis de glicmia so superiores a 126 mgdl-1 em jejum. [8] [12]

    [16] [17] [61]

    1.3 Evidncias Epidemiolgicas

    A diabetes bastante comum e de incidncia crescente. No mundo ocidental, uma das principais

    causas de morbilidade e mortalidade, afetando fortemente a qualidade de vida. Em 1997, a OMS

    estimou que em 15 anos de doena 2% dos indivduos afetados estaro cegos e 10% com

    deficincia visual.

    A DMT1 uma das muitas patologias endcrinas auto-imunes com base familiar e gentica, apesar

    da maioria dos casos ocorrer espontaneamente. As taxas de incidncia variam desde < 5 at > 40

    por cada 100000 (vide figura 2), sendo geralmente maiores nas zonas de maior latitude. [18]

  • 26

    Figura 1 Incidncia de DMT1 em crianas de 14 anos de idade (por cada 100000 ao ano). Adaptado Handbook of

    Diabetes

    De acordo com Pickup & Williams (2003) verifica-se uma grande diferena na variao da

    incidncia de DMT1 entre e dentro das populaes com maior frequncia na Finlndia, Sucia, e

    frequncias menores na China, Venezuela e Ucrnia. Tambm se encontram diferenas marcantes

    dentro de um mesmo pas, como o caso da Sardenha que apresenta uma incidncia 3 a 5 vezes

    superior registada no resto de Itlia. Estas diferenas sugerem que os fatores ambientais e/ou

    tnico-genticos possam influenciar o surgimento da doena.

    Verificam-se tambm diferenas na incidncia em pases geneticamente semelhantes como a

    Noruega, a Finlndia e a Islndia. [18]

  • 27

    Os mesmos autores sugerem que a prevalncia de DMT1 na Europa aumente de 94000 (2005) para

    160000 em 2020, o que sugere a predominncia dos fatores ambientais sobre os genticos no

    desencadear da doena. Tambm se verifica uma variao sazonal no aparecimento de DMT1 em

    algumas populaes, com maior frequncia nos meses de Outono e Inverno, o que se pensa estar

    diretamente relacionado com a exposio a vrus, mas a alimentao e outros produtos qumicos

    tambm podem estar envolvidos. Fenmenos migratrios tambm parecem estar relacionados com

    o aumento do risco de desenvolvimento de DMT1 pois verificou-se que pessoas que se deslocaram

    de uma zona de menor incidncia para outra de maior adotaram o mesmo nvel de risco dessa

    populao. [18]

    Em Portugal, a prevalncia de DM em 2010 entre os 20 e os 80 anos de 12,4% da populao

    portuguesa. A DOCE, em 2010, registou que a DMT1 afetava mais de 2800 crianas e jovens, no

    intervalo de idades 0 aos 19 anos, que correspondente a 0,1% da populao portuguesa neste

    escalo etrio. A incidncia de DMT1 em Portugal, nos ltimos 10 anos, tem vindo a aumentar nas

    crianas e jovens. [20]

    A incidncia de DMT1 esta a aumentar em diversos pases. No caso da Europa verifica-se um

    aumento de 3,4% ao ano, mas esta percentagem pode ser maior se a doena for diagnosticada at

    aos 5 anos onde se verifica um aumento de 6,3% ao ano. A literatura sugere que a prevalncia de

    DMT1 pode ser maior em 2020 do que em 1989. Estes dados mostram a possibilidade das

    mudanas verificadas nos fatores ambientais operarem em idade prematura, enquanto que os fatores

    genticos demoram mais tempo a causar impacto. [18]

    Num estudo epidemiolgico realizado por Frank B. Hu & Vasanti S. Malik (2010), existem

    referncias s ltimas dcadas que demonstram um paralelismo estreito entre o consumo de bebidas

    aucaradas, particularmente os refrigerantes, e o aumento da obesidade. Segundo este estudo, estas

    bebidas podem aumentar o riso de Diabetes DMT2 levando resistncia insulnica com alterao da

    funo das clulas . As projeces da Organizao Mundial de Sade (OMS) mostram um

    aumento na prevalncia da obesidade e sobrepeso. [19] [20] [21]

    Dados mais recentes, mostram que crianas e adultos consomem cerca de 172 a 175 kcal por dia

    respectivamente, de bebidas aucaradas. A ingesto destas, aumentou de 4,8% para 10,3% do

    consumo total de energia entre os 2 e 19 anos, e aumentou de 5,1% para 12,3% entre os 19 e os 39

  • 28

    anos. O mesmo se verificou no Mxico, Alemanha, Austrlia, Espanha e Gr-Bretanha.

    Um artigo de reviso de Vasanti S Malik, Matthias B Schulze, and Frank B Hu (2006) mostrou que

    o consumo de refrigerantes por adultos contribui para o excesso de peso. Os autores analisam as

    evidncias da associao entre o consumo de bebidas contendo sacarose e refrigerantes com o

    respetivo ganho de peso com consequente desenvolvimento de obesidade. Como o efeito das

    bebidas contendo sacarose e refrigerantes na DMT2 parcialmente avaliado pelo ndice de Massa

    Corporal (IMC), uma vez que este aumenta possvel que o consumo destas bebidas seja

    diminudo. No entanto, so necessrias mais pesquisas para comprovar esta hiptese (Malik e Hu,

    2010). [19]

    Assim, os dados das pesquisas sugerem uma ligeira associao entre o consumo de bebidas

    contendo sacarose e refrigerantes. Os resultados da avaliao de risco mostram que a remoo de

    mquinas de venda automtica nas escolas no afeta o IMC visto representarem uma pequena

    frao do consumo total de refrigerantes (Malik et al., 2006). Podemos considerar a diabetes como

    uma doena crnica e progressiva, com maior crescimento nos pases em desenvolvimento e com

    tendncia para afetar cada vez mais populao mais jovem. [19]

    Segundo Bilous R. (2010) a prevalncia de DMT2 ir aumentar para 380 pessoas no mundo inteiro

    em 2025, com as maiores taxas a registarem-se no Mediterrneo do Leste, Mdio Oriente, Amrica

    do Norte e do Sul. Verificou-se tambm um aumento da prevalncia nas populaes urbanas em

    comparao coma rurais e um aumento dramtico nas populaes jovens particularmente entre os

    adolescentes. [18]

    Para Bilous R. (2010), a obesidade apresenta uma ligao forte para o desenvolvimento da DMT2

    devido a uma resistncia ao da insulina mediada por hormonas e citoquinas como adiponectina,

    fator de necrose tumoral e possivelmente resistina. [18]

    1.4. Complicaes Tardias da Diabetes

    Ao fim de muitos anos, a diabetes pode levar a problemas de sade graves. Estes problemas so

    denominados de complicaes da diabetes. Podem ser complicaes a nvel macrovascular ou

    microvascular.

  • 29

    As complicaes microvasculares podem aparecer 10 a 20 anos aps o diagnstico da diabetes em

    doentes jovens, envolvem fatores genticos e podem surgir em doentes j idosos. [6] [10] [12] [22]

    1.4.1. Complicaes Macrovasculares

    As complicaes macrovasculares so o EAM, a angina de peito, o AVC e as doenas arteriais

    perifricas. [6] [10] [12]

    1.4.2. Complicaes Microvasculares

    As principais complicaes microvasculares so a retinopatia, nefropatia e neuropatia. No caso da

    retinopatia diabtica, esta aparece na maioria dos casos (cerca de 80%,dos casos) na forma de

    glaucoma, alteraes transitrias da refrao e neuropatia.

    Nefropatia por hipertenso arterial, tabagismo ou factores genticos. [6] [10] [12] [22]

    A neuropatia pode ser de vrios tipos:

    Neuropatia simtrica sensitiva distal com reduo da sensibilidade nas extremidades dos

    membros mais conhecida como neuropatia do p diabtico;

    Neuropatia aguda dolorosa com sensao de queimadura, agravando durante a noite;

    Mononeuropatia diabtica com oftalmoplgia e paralisia dos msculos do olho;

    Amiotrofia diabtica, mais frequente no idoso, acompanhada de dor, com destruio

    muscular;

    Neuropatia autonmica onde existe hipotenso ortosttica e alteraes da funo cardaca,

    alteraes gastrintestinais, alteraes urinrias (incontinncia, urgncia na mico), impotncia e

    ejaculao retrgrada;

    O p diabtico a complicao mais problemtica. Surgem alteraes neuropticas e isqumicas.

    Deste modo, simples leses podem resultar em complicaes graves como a lcera do p com

    resoluo cirrgica com amputao. [23]

  • 30

    1.5. Tratamento da Diabetes

    Os objetivos da teraputica so a obteno de valores de glicmia to prximos da normalidade

    quanto tolerveis pelo doente e o ajuste da teraputica consoante a evoluo da doena.

    importante ter em conta na escolha da teraputica fatores como o horrio de trabalho ou aulas, os

    hbitos alimentares, os horrios das refeies, e se existe ou no a prtica de exerccio fsico, a

    existncia de viagens associadas a um estilo e vida ou exigncias laborais, a motivao do doente, a

    idade e capacidade de aprendizagem e as complicaes da diabetes existentes. [24] [25] [26]

    1.5.1. Teraputica Farmacolgica da DM - ADO

    Os ADO podem organizar-se de acordo com o seu mecanismo de ao. Deste modo, dividem-se em

    4 grandes grupos de nome Secretagogos (ou insulinotrficos), Inibidores da Absoro,

    Sensibilizadores e Gliptinas. [26]

    1.5.1.1. Secretagogos

    As sulfonilureias tm um efeito insulinotrfico e atuam sobre o pncreas endcrino.

    Neste grupo os recetores aumentam a afinidade para as sulfonilureias nos canais K+/ATPase e vo

    inibir o efluxo de K+. Existe uma despolarizao e o influxo de Ca++ aumenta. H exocitose de

    grnulos secretrios de insulina pr-formada e finalmente secreo de insulina. So absorvidas

    rapidamente no intestino, tm metabolismo heptico, e excreo renal. Pelo seu efeito no aumento

    de apetite, necessria especial ateno em indivduos obesos. Caracterizados por um sabor

    metlico. [26]

  • 31

    Sulfonilureias

    1G Clorpropamida

    Tolbutamida

    - Ao

    hipoglicemiante

    - Estimulao da

    secreo da insulina

    resdual endgena

    Mecanismo

    de Ao

    SU+Recetor

    Inibio efluxo

    K+

    Despolarizao

    Influxo Ca++

    Secreo de

    Insulina

    2G Glibenclamida

    Gliclazida

    Glipizida

    3G Glimepirida

    Meglitinidas Nateglinida

    - Incio de Ao Rpido

    - Administrar

    imediatamente antes

    das refeies

    Mecanismo

    de Ao Mecnismo

    Sulfonilureias

    Tabela 9 Resumo das principais caractersticas dos Segretagogos[26]

    1.5.1.2. Inibidores da Absoro

    Os inibidores da absoro diminuem a absoro intestinal dos HC. Estes no sendo absorvidos

    ficam no intestino, fermentam e produzem gs, so por isto teraputica evitada em indivduos com

    doenas inflamatrias intestinais. Assim, os inibidores da alfa-glucosidades inibem o enzima -

    glucosidade que hidrolisa os HC, retardando a absoro dos mesmos e diminuindo, por isto, a

    hiperglicmia ps-prandial. [26]

    Inibidores das

    Alfa-glucosidades Acarbose

    - Diminuio da

    absoro intestinal de

    HC

    - Ao local no

    intestino

    - Reduo de 0,5-0,8%

    da Hba1c

    Mecanismo de

    Ao

    Inibio do

    enzima -

    glucosidade

    Atraso na

    absoro de HC

    Hiperglicmia

    ps-prandial Tabela 10 Resumo das principais caractersticas dos Inibidores da Absoro

    [26]

  • 32

    1.5.1.3. Sensibilizadores

    Os sensibilizadores tm ao direta nos tecidos insulino-dependentes como o tecido adiposo,

    msculo e fgado. Dividem-se em dois grupos biguanidas, que no modificam a secreo de

    insulina, e as glitazonas, que mimetizam os efeitos da insulina nos metabolismo dos HC e dos

    lpidos, e diminuem a resistncia do organismo ao da insulina ao facilitar a sua ao ao nvel do

    fgado, msculos e tecido adiposo. Deste modo, a metformina ativa o enzima AMPK, reduzindo os

    nveis de glicmia e aumentando a sensibilidade insulina. Consequentemente, diminui a produo

    heptica de glucose (glucognese), e aumenta a utilizao perifrica, pelo msculo-esqueltico, da

    mesma. As glitazonas ligam-se a um recetor nuclear PPAR, e no fgado reduzem a produo

    heptica de glucose e diminuem os TG, no tecido adiposo fazem diferenciao de adipcitos e

    aumentam a lipognese (aumento de peso entre 1 a 4 Kg), no msculo aumentam a utilizao de

    glucose pelo mesmo (vide tabela 11). [26]

  • 33

    Tabela 11 Resumo das principais caractersticas dos Inibidores dos Sensibilizadores

    Biguanidas Metformina

    - No modificam a secreo de insulina

    - Apetite Diabtico obeso

    - Previne a hiperglicmia

    - No provocam hipoglicmia

    Mecanismo de Ao

    Metformina ativa o enzima AMPK

    Utilizao perifrica da glicose

    (msculo esqueltico)

    Produo heptica de glucose

    (gluconeognese)

    Glitazonas

    (tiazolidine

    dionas)

    Rosiglitazona - Mimetizam os efeitos da insulina no

    metabolismo dos HC e lpidos

    - Ao lenta (efeitos 1 a 2 meses aps

    incio da teraoutica)

    - Peso

    - Reteno de lquidos

    Mecanismo de Ao

    Fgado - Reduo da produo heptica de glucose

    - TG

    Tec.Adiposo - Diferenciao de adipcitos e lipognese

    Msculo - Utilizao de glucose pelo msculo

    Pioglitazona

  • 34

    1.5.1.4. Gliptinas

    As Incretinas foram identificadas como hormonas intestinais com um papel importante na regulao

    dos nveis de glucose. Estas hormonas na DMT2 encontram-se diminuidas.

    A DPP-4 um enzima que degrada as incretinas. Ao haver inibio da DPP-4 as incretinas vo

    aumentar no epitlio do intestino delgado e deste modo vai haver uma estimulao da sntese e

    secreo de insulina, inibio da secreo de glucagon e preservao da funo das clulas beta

    pancreticas. [25]

    Incretinas

    Sitagliptina

    - DPP-4 inativa as incretinas

    responsveis pela estimulao da

    maior parte da produo de insulina

    - Inibio da DPP-4

    Vildagliptina

    Saxagliptina

    Inibidores DPP-4

    Tabela 12 Resumo das principais caractersticas das Gliptinas[25]

    1.5.2. Teraputica Farmacolgica da DM - Insulinas

    A insulina sintetizada e secretada a partir das clulas dos ilhus de Langerhans localizados no

    pncreas endcrino, que tambm contm clulas (produtoras de glucagon) e controlam a

    homeostasia da glucose, que tambm funciona como estmulo para a sua produo. [25]

    Foi descoberta em 1921 no Canad tendo sido iniciada a sua comercializao em 1923. Do ponto de

    vista molecular constituda por duas cadeias polipeptdicas (cadeia A com 21 aminocidos e

    cadeia B com 30 aminocidos) ligadas por ponte dissulfdicas. A estrutura terciria da insulina na

    forma diluda, e em circulao, consiste num corpo hidrofbico situado sob uma superfcie

    hidroflica, exceto para as duas regies no polares envolvidas na agregao de monmeros em

    dmeros e hexmeros. Em solues concentradas e em cristais, a insulina apresenta 6 monmeros

    auto-associados a dois ies de zinco para formar um hexmero. Este aspeto tem relevncia do ponto

    de vista teraputico na medida em que faz a diferena nas velocidades de ao. [26] [27]

  • 35

    A insulina comercializada tem vrias origens tais como a bovina (extrada do pncreas de vaca)

    semelhante humana em trs aminocidos, a suna, (extrada do pncreas do porco) que apenas

    difere em um aminocido. A insulina Semi-sinttica apresenta-se idntica humana mas com um

    menor risco causador de alergias devido substituio do aminocido ALA por Treonina. A

    Humana Biossinttica produzida por tecnologia de ADN recombinante a partir de bactrias de

    E.coli e de leveduras Saccharomyces cerevisae e, devido ao risco de hipoglicmias sugerida a sua

    administrao 30 a 45 minutos antes das refeies. Os Anlogos da insulina tm uma estrutura

    modificada de modo a obter-se o efeito desejado em termos de rapidez de ao. [26] [27]

    Figura 2 Sequncia de aa da insulina humana, bovina , suna, de longa ao e de curta ao. Adaptado de

    Handbook[26] [27]

  • 36

    1.5.2.1. Tipos de Insulina (durao da ao)

    Tipos de

    Insulina Insulina Pico de

    Ao

    (horas)

    Durao

    (horas) Administrao Particularidades

    Ao

    Rpida Regular 3 5 a 8

    Meia hora antes da

    refeio Complemento das

    outras insulinas

    AoUltra-

    Rpida

    Lispro 1/2 a 11/2 3 a 5 Aspart 1 a 3 3 a 5

    Ao

    Intermdia

    Isofnica

    ou

    NPH

    4 a 10 18 a 24

    Fora das refeies,

    durante o perodo

    basal

    Presena de critais de

    insulina-Zn com

    protamina Aparncia

    turva

    Ao

    Lenta 6 a 14 20 Uso noturno

    Presena de cristais de

    insulina precipitada

    com ZN Aparncia

    turva

    Ao

    Ultra-Lenta Glargine 8 a 16 20 a 24

    Estvel e translcida

    a pH 4

    A pH 7 formao de

    precipitados

    Aspeto translcido

    no possui Zn

    Detemir 6 a 8 20 Tabela 13 Resumo das principais caractersticas das Insulinas

    [26] [27]

    Figura 3 Perfil das insulinas ao longo do tempo (horas) [26] [27]

  • 37

    Existem cuidados essenciais na administrao da insulina. Trata-se de uma injeo subcutnea onde

    se verifica uma absoro irregular para a corrente sangunea. A insulina, mais rapidamente

    absorvida, quanto mais quente o local de injeo e quanto mais baixa for a dose da mesma. So

    necessrias agulhas, de dimetro varivel consoante a idade e estrutura do doente (normal/obeso), e

    dispositivos de administrao como canetas e seus cartuxos, bombas de insulina e seringas. [26] [27]

    Quanto ao local de administrao, este deve variar de forma a evitar distrofias (lipodistrofa

    hipertrofia do tecido gordo) no local da injeo. A prpria distrofia pode retardar a absoro da

    insulina por alterao de tecido cutneo. [26] [27]

    1.6. Fatores de risco para a Diabetes

    Consideram-se fatores de risco no modificveis as doenas do pncreas ou doenas endcrinas que

    no so passveis de controlar. Contudo, importante conhecer os fatores de risco modificveis

    como a hipertenso arterial, obesidade e sedentarismo, privao do sono e tabagismo que aumentam

    a predisposio para a diabetes. Existem ainda outros fatores como a idade (superior a 25 anos),

    etnia e histria de diabetes gestacional ou recm-nascido com mais de 4kg. [26] [27]

    A obesidade constitui um dos principais fatores de risco. Deve ser controlado o IMC com alguma

    regularidade, considerando-se com excesso de peso as pessoas com IMC25, e obesas as que

    apresentam valores de IMC30. A obesidade visceral no Homem com permetro abdominal superior

    ou igual 94cm, e na Mulher igual ou superior a 80cm, idade superior a 45 anos (se europeus), ou

    idade superior a 35 anos (se de outra regio do mundo), sedentarismo, histria familiar de diabetes,

    diabetes gestacional prvia, histria de doena cardiovascular prvia (doena cardaca isqumica,

    doena cerebrovascular, doena arterial perifrica), hipertenso arterial, dislipidmia, anomalia da

    glicmia em jejum e tolerncia diminuda glicose, so tambm fatores de risco. [9] [30]

    O sedentarismo no s por falta de exerccio mas tambm pelo desenvolvimento urbano das

    civilizaes considerado um fator de risco. Mais uma vez a prtica de exerccio fsico

    aconselhada, pois considerado um protector da doena pelo facto deste estimular a produo de

    insulina para a glucose ser utilizada, na medida em que por mecanismos diferentes o exerccio fsico

    aumenta a captao de glucose mediada pela insulina no msculo esqueltico. [9] [30]

  • 38

    A privao do sono, dormir mal e/ou no dormir constitui um fator de risco para desenvolver

    DMT2, pois diminui a tolerncia glucose. A falta de sono pode, tambm, interferir com a funo

    da insulina. A leptina, uma hormona, produzida pelos adipcitos, tem efeito no controlo do apetite.

    Esta hormona produzida durante o descanso, logo se este inexistente ou reduzido existe mais

    apetite. A atividade do SNS (simptico) encontra-se aumentada, que, para alm de muitos estmulos,

    eleva a concentrao de acar no sangue por diminuio da produo de insulina no pncreas. O

    SNS aumenta a frequncia cardaca e a presso arterial, contribuindo desta forma para o risco de

    complicaes cardiovasculares. [9] [30]

    O tabagismo constitui um fator de risco pois o mecanismo de ao da nicotina parece estar

    diretamente ligado ao aumento da rigidez arterial, que potencia uma srie de problemas

    macrovasculares ao nvel renal, ocular e membros inferiores nomeadamente nos ps. [9] [30]

    2. Como Prevenir a Diabetes Tipo 2

    Como citado previamente, a DMT2 uma doena metablica, multifatorial e de incidncia

    crescente que afeta a qualidade de vida, podendo conduzir a uma reduo acentuada do nmero de

    anos da mesma. [8] [35-61]

    A Diabetes representa tambm um grande impacto econmico para as naes com custos diretos e

    indiretos associados. Apesar da introduo no mercado de novos frmacos e do melhor

    entendimento da doena o controlo da Diabetes ainda no satisfaz a maioria das populaes

    afetadas. Reduzir a incidncia da doena significa, tambm, antecipar o seu aparecimento atravs de

    medidas preventivas, principalmente em indivduos que apresentam maior susceptibilidade de a

    desenvolver. Alteraes no estilo de vida tais como o controlo da dieta, a prtica regular de

    exerccio fsico e a utilizao de medicamentos tem-se verificado eficaz na preveno da Diabetes.

    [8] [35-61]

    Assim, uma estratgia eficiente de controlo da DMT2 deve incidir nos fatores de risco considerados

    modificveis, isto , na obesidade, fatores dietticos, sedentarismo, tabagismo, stress e episdios

    depressivos. Desta forma, os programas de preveno da Diabetes tm como base a alterao de

    comportamentos, o uso de frmacos ou o tratamento cirrgico. [8] [35-61]

  • 39

    2.1. Modificaes no Estilo de Vida

    Diferentes estudos, tais como 6-year Malmoe Feasibility Study, Da Qing Study, Finnish Diabetes

    Prevention Study (DPS) e Diabetes Prevention Study (DPP), demonstraram que modificaes no

    estilo de vida e alterao de hbitos e comportamentos so eficazes como forma de prevenir o

    aparecimento da DMT2 (vide tabela 14). [8] [35-61]

    Estudo Nmero de pessoas Durao

    (anos) Tipo de interveno

    Reduo da incidncia

    de Diabetes

    Malmo 181 6 Dieta, exerccio 37%

    Da King 577 6 Dieta, exerccio ou ambos

    31% (dieta)

    46% (exerccio)

    42% (ambos)

    DPS 522 3,2 Dieta, exerccio 58%

    DPP 3234 2,8 Dieta, exerccio 58% Tabela 14 Resumo dos principais estudos que envolveram mudanas no estilo de vida. Adaptado de Preveno da

    Diabetes Mellitus Tipo 2

    Mais recentemente, num estudo realizado por Kazua,Y et.al (2005), foram avaliadas alteraes no

    estilo de vida (dieta e exerccio) que evidenciaram uma reduo da glucose plasmtica aps a

    PTGO de aproximadamente 0,84 mmol/L com uma reduo da incidncia da Diabetes em cerca de

    50%.[8] [35-61]

    2.1.1. Planos de Nutrio

    Apesar da Diabetes ser uma doena crnica, perfeitamente possvel conviver com a doena de

    uma forma natural, considerando possvel um estilo de vida tambm normal. Isto ser conseguido

    atravs de um bom controlo metablico com a prtica de exerccio fsico dirio e uma escolha certa

    na alimentao. [8] [35-61]

    A hipertenso juntamente com a diabetes aumenta o risco de doenas cardiovasculares. No s

    importante evitar o sal nos alimentos, como molhos e picantes. Deve beber-se muita gua e praticar

    exerccio fsico. A presso arterial deve ser controlada.

  • 40

    Figura 4 - Roda dos Alimentos 2014 Adaptado de DGS

    Quanto alimentao, no existe uma dieta especfica, no entanto, importante seguir algumas

    orientaes, e adaptar a cada situao, e a cada indivduo, isto , fazer uma avaliao

    individualizada[8] [9] [35-61]

    Jejum nocturno inferior a 8 horas;

    Fracionamento dos alimentos ao longo do dia de modo a fazer vrias refeies pelo menos 6

    a 8 vezes ao dia. Ao repartir os alimentos por estas refeies dirias permite um melhor

    controlo do apetite e evita variaes acentuadas de glicmia.

    Aumento do consumo de fibras. Estas ajudam a controlar as glicmias durante as refeies.

    Reservar para ocasies especiais o consumo de refrigerantes, bolos, chocolates, etc.

    Os hidratos de carbono devem constituir cerca de 60% do total de calorias a ingerir. A

    ingesto dos hidratos de carbono deve ser feita a partir de vegetais, frutas, legumes e

    leguminosas, e produtos lcteos, em detrimento das fonte que contm gorduras, sal e

  • 41

    acares adicionados.

    A quantidade ingerida de lpidos deve ser inferior ou iguais a 30% do valor total de calorias

    a ingerir (especial ateno aos enchidos, fritos e refogados).

    Para as protenas restam apenas 10 a 20% do total calrico (carne, peixe, ovos)

    Assim como recomendado para indivduos normais, o pblico de um modo geral, os que tm

    predisposio para a diabetes devem aumentar o nmero de refeies, diminuindo o consumo

    calrico. [8] [9] [35-61]

    Os pacientes com intolerncia glucose, glicmia em jejum alterada e hemoglobina glicada inferior

    a 6,4%, devem ser encaminhados para um programa de apoio com o objectivo de perder cerca de

    7% do peso corporal e aumentar a prtica de exerccio fsico. Em indivduos com quadro glicmico

    estvel mas que apresentam fatores de risco modificveis, deve ser controlada a hemoglibina

    glicada, sendo que duas medies por ano da mesma so mais que suficientes. S em casos de

    diagnstico de diabetes com alterao da teraputica se deve considerar fazer o teste da

    hemoglobina glicada trimestralmente. [8] [9] [35-61]

    sugerida a triagem e tratamento dos fatores de risco modificveis em doenas cardiovasculares,

    atravs de uma monitorizao anual para doentes pr-diabeticos para estes no desenvolverem a

    diabetes. Nos doentes com IMC35, idade inferior a 60 anos e mulheres com antecedentes de

    diabetes gestacional, considerada a terapia com ADO, mais especificamente metformina. [8] [9] [35-

    61]

    2.2. Programa Nacional de Controlo da Diabetes

    O programa nacional de controlo de diabetes existe em Portugal h j 40 anos e um dos mais

    antigos programas nacionais de sade pblica. [8] [9] [35-61]

    Desde ento, tm vindo a acontecer encontros nos quais foram estabelecidos protocolos de

    colaborao no mbito da diabetes com a ajuda de doentes com diabetes, indstria farmacutica,

    Ministrio da Sade, farmcias, distribuidores de produtos farmacuticos e comisses cientficas,

    com vista melhoria do acesso dos diabticos aos dispositivos de controlo e vigilncia da doena. [8]

    [9] [35-61]

  • 42

    Foi criado o Guia do Diabtico com vrias normas de boas prticas profissionais no diagnstico

    precoce e tratamento das complicaes da diabetes. [8] [9] [35-61]

    Com o interesse em inverter a tendncia do crescimento da diabetes e suas complicaes em

    Portugal, a Sociedade Portuguesa de Diabetologia (SPD) e associaes de diabticos com o apoio

    da DGS fizeram uma atualizao das estratgias em vigor, originando uma nova verso do

    Programa Nacional de Controlo e Preveno da Diabetes. [8] [9] [35-61]

    As estratgias de interveno dividem-se em trs ramos, todos com o objetivo de prevenir a

    diabetes, Preveno Primria, Secundria e Terciria. [8] [9] [35-61]

    O Programa Nacional de Preveno e Controlo da Diabetes deve complementar-se com outros

    programas como o Programa Nacional de Preveno e Controlo de Doenas Cardiovasculares,

    Programa Nacional de Combate Obesidade e Plataforma Nacional Contra a Obesidade, de modo a

    diminuir o excesso de peso em todos os grupos etrios. [8] [9] [35-61]

    Passa a integrar o Plano Nacional de Sade, e deve ser seguido por profissionais de sade de vrias

    unidades de sade (hospitais, centros de sade, farmcias). [8] [9] [35-61]

    2.1.1. Objetivos do Programa Nacional de Preveno e Controlo da Diabetes

    De um modo geral os objetivos passam pela gesto de forma integrada da diabetes e sua reduo,

    atraso do incio das complicaes major e reduo da sua incidncia, e reduo da morbilidade e

    mortalidadade por diabetes. [8] [9] [35-61]

    3. Estratgias do Plano Nacional de Preveno e Controlo da Diabetes

    Para se conhecer a distribuio da diabetes na populao portuguesa e sua epidemiologia, para

    melhorar a qualidade dos servios que prestam cuidados de sade e e haver reduo na incidncia

    da diabetes e das suas complicaes, o Plano Nacional de Preveno e Controlo da Diabetes deve

    ser desenvolvido com base em estratgias de interveno, de formao e anlise de informao. [8]

    [9] [35-61]

  • 43

    3.1. Estratgias de Interveno

    As principais estratgias passam pela implementao de programas de interveno e de

    identificao dos grupos de risco atravs de inquritos feitos por profissionais de sade e rastreios

    de pessoas com diabetes. [8] [9] [35-61]

    3.1.1 Preveno Primria

    A preveno primria incide na reduo dos fatores de risco, principalmente nos da etiologia da

    doena, com implementao de programas de interveno comunitria e com divulgao

    populao em geral da informao sobre a diabetes e seus fatores de risco. [8] [9] [35-61]

    3.1.2. Preveno Secundria

    A preveno secundria tem o objetivo de fazer o diagnstico precoce e estabelecer o tratamento

    adequado com base no princpio da justia e igualdade. [8] [9] [35-61]

    3.1.3. Preveno Terciria

    Na preveno terciria temos de facto a de maior interesse na preveno e controlo da DMT2 pois

    consiste na integrao social e reabilitao dos doentes, e na qualidade da prestao de cuidados ao

    diabtico.

    Este tipo de preveno est focada nos pacientes que esto expostos doena h j um longo

    perodo de tempo de modo e previne com o cumprimento de guidelines e normas da DGS, sendo

    eficaz nos registos e na continuidade dos cuidados. Tudo isto no domiclio, na prpria comunidade,

    nas consultas, no dia-a-dia.

    imprescindvel, assim como na Diabetes a monitorizao do doente de forma a avaliar no s a

    adeso teraputica como tambm os parmetros clnicos. Assim, deve ser controlada a presso

    arterial e colesterol, de modo a reduzir a probabilidade de complicaes graves, controlo dos

    problemas de viso e do p, e de 3 em 3 meses deve ser feito o rastreio da hemoglobina glicada.

    de extrema relevncia a preparao de profissionais de sade com formao necessria resposta

  • 44

    das exigncias da qualidade dos servios, e disponibilizao de tecnologias de informao de forma

    a facilitar o acesso informao do programa. Para tudo funcionar devem ser criadas Estratgias de

    Formao e esta deve ser direcionada para os profissionais de sade e para as pessoas com diabetes.

    Assim, os profissionais de sade devem ter formao contnua, motivao individual, aptido para a

    resoluo de problemas, pertinncia na passagem da informao. Em relao ao doente diabtico,

    importante que este conhea bem a doena de modo a tornar-se autnomo na gestao da doena no

    seu dia-a-dia.

    Ainda faz parte desta estratgia de interveno a elaborao e divulgao de uma manual que seja

    distribudo aos profissionais dos cuidados de sade primrios com orientaes tcnicas. Este

    contm, a promoo de estilos de vida saudveis, a realizao de rastreios, o acompanhamento de

    pessoas identificadas com diabetes e hiperglicmia, o aconselhamento da mulher com diabetes, a

    deteo precoce da diabetes gestacional, seguimento no ps-parto das mulheres diabticas e das que

    desenvolveram diabetes gestacional, preveno e deteo das complicaes macro e micro

    vasculares, auto vigilncia da diabetes. [8] [9] [35-61]

  • 45

    Concluso

    Alteraes comportamentais e o uso de diferentes frmacos tm sido estudados de forma a examinar

    a sua eficcia numa possvel reduo na incidncia de Diabetes. Modificaes ao nvel da perda de

    peso e da realizao da atividade fsica frequente, mostraram-se eficazes na preveno da DMT2.

    Relativamente utilizao de frmacos (ADO, anti-hipertensores, estatinas, fibratos e estrognios)

    verificou-se uma reduo na incidncia de Diabetes mas necessria a realizao de estudos futuros

    para a sua recomendao como estratgia de preveno em doentes de alto risco.

    So conhecidas as competncias dos profissionais de sade no mbito da preveno e controlo desta

    doena. No entanto, a prestao de cuidados depende do trabalho conjunto de mdicos,

    farmacuticos e enfermeiros, a fim de se diminurem os custos relacionados com teraputicas e

    meios de diagnstico mas tambm de aumentar progressivamente a eficcia de todo o trabalho

    realizado na gesto de recursos.

    atravs da implementao de regras, acesso a informao sobre a doena e seus riscos e, formao

    que se obtm melhorias ao nvel da qualidade de vida dos doentes e se consegue proporcionar, no

    s aos pacientes comos aos seus familiares, as ferramentas necessrias para que, em conjunto,

    possam construir a sua prpria sade.

  • 46

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