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instituto Na Univers ®'?uisas da Concentração de mercúrio em ariranhas (Pteronura brasUiensis), lontras {Lontra longicaudis) e peixes de sua dieta no Pantanai, Brasii. FABRIZIO RAFAEL DIAS FONSECA Manaus-AM

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instituto Na

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Concentração de mercúrio em ariranhas (Pteronura brasUiensis),

lontras {Lontra longicaudis) e peixes de sua dieta no Pantanai, Brasii.

FABRIZIO RAFAEL DIAS FONSECA

Manaus-AM

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INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS - UFAM

BIBLIOm m

Concentração de mercúrio em aríranhas (Pteronura brasUiensis), lontras {Lontra

longicaudis} e peixes de sua dieta no Pantanal, Brasil

FABRIZIO RAFAEL DIAS FONSECA

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Dissertação apresentada à Coordenaçãodo Programa de Pós-Graduação em

Biologia Tropical e Recursos Naturais,do convênio INPA/UFAM, como parte dos

requisitos para obtenção do título deMestre em Ciências Biológicas, área de

concentração em Ecologia

Manaus - AM

2004

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INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS - UFAM

Programa de Pós-Graduação em Biologia Tropical e Recursos Naturais -

PPG/BTRN

BIBLIOÍECR DO IHPtt

Concentração de mercúrio em ariranhas (Pteronura brasiliensis), lontras {Lontra

longicaudis) e peixes de sua dieta no Pantanal, Brasil

FABRIZIO RAFAEL DIAS FONSECA

ORIENTADORA: DRA. TÂNIA M. SANAIOTTI

CO-ORIENTADOR: DR. GUILHERME M. MOURÃO

Dissertação apresentada à Coordenação

do Programa de Pós-Graduação em

Biologia Tropical e Recursos Naturais, do

convênio INPA/UFAM, como parte dos

requisitos para obtenção do titulo de

Mestre em Ciências Biológicas, área de

concentração em Ecologia

Fontes Financiadoras; CNPq - CT-HIDRO- (Processo n° 132089/02-5).

Manaus - AM

2004

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Fonseca, Fabrizio Rafael Dias

Concentração de mercúrio em ariranhas (Reronura brasiliensis), lontras {Lontra

longicaudis) e peixes de sua dieta no Pantanal, Brasil. - 2004.

53p.: il.

Dissertação (mestrado) - INPA/UFAM, 2004.

1. Mercúrio 2. Ariranhas 3. Lontras 4. Peixes 5. Pantanal 6. Título

CDD 19^ 599.74447

Sinopse:

Foram investigados os níveis de concentração de mercúrio em ariranhas e lontras

no Pantanal e os riscos de bioacumulação de mercúrio em peixes de sua dieta

provenientes de rios com e sem influência de garimpo no Pantanal. Foi investigada a

influência do pH da água e do tamanho de Pygocentrus nattereri, Hoplias malabaricus e

Prochilodus lineatus sobre a bioacumulação de mercúrio.

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Aos meus pais, irmãs e avós, pelo apoio morai e financeiro nas horas mais difíceis.Ao grande amor de minha vida, Renata S. Leão, pelo carinho, companheirismo, amor e

paciência durante todos estes anos.Sempre presentes. Sempre ao meu lado.

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#

® Agradecimentos

® Este trabalho só foi possível graças a colaboração de inúmeras pessoas que me ajudaram® direta e indiretamente para a conclusõo de minha pesquisa.# A Dra. Tânia Sanaiotti e Dr. Guilherme Mourão pela orientação durante o mestrado e9 pela oportunidade dada para trabalhar com um animal fascinante.0 Ao CNPq pela concessão do bolsa de estudos através do fundo setorial CT-Hidro.0 A Embrapa Pantanal pelo apoio logístico irrestrito e de seus pesquisadores, sempreH disponíveis a "bater um papo com ciência"; Dra. Emiko Resende, pelo fornecimento dosm peixes, M.Sc. Walfrido M. Tomás pelas idéias "mirabolantes" idealizadas para tentar

obter amostras de pelos de "Pteroneurg", Dr. Agostinho Cattela pelo empréstimo da® rede de arrasto e pelo "puxão de orelha" que me fez acordar. Márcia Divina pelo® empréstimo do pHmetro, a fsis Medri pela acolhida em sua casa, Carolina Ribas pela

disponibilidade em me ajudar sempre que eu precisava, aos funcionários "Fuscão" e@ Isaac, piloteiros de mão cheia e conhecedores de todos os "buracos" onde as ariranhas

© se enfiavam, e a todos os demais funcionários da Embrapa pantanal que me ajudaram@ nesta empreitada.^ A Heien Waldemarin (Associação Ecológica Ecomarapendi) e professor Ariindo Béda

(UFMS/CEUA) por "depilarem" ariranhas e lontras e fornecerem material para asg análises. A Itamar Camaragibi pela acolhida em sua residência e aos funcionários do

Zoológico da UFMT, por me qjudarem na captura e depilação dos animais de cativeiro.^ Ao br. Donald Eoton (Eorthwatch Institute) pela aquisição de peixes para análises^ laboratoriais e também ao Dr. Francisco Machado (UFMT) pela iniciativa em tentar me© ajudar com as coletas no Rio Cuiabá. Aos pesquisadores da UFMS, em especial, ao© professor Giancarlo Lastoria pelas autorizações de uso da Base de Estudos do Pantanal-

BEP da UFMS, Erich Fischer pela amizade e apoio logístico; ao Dr. Josué Raizer peloauxílio nas análises estatísticas; aos professores Otávio Froehlich, Fernando Paiva,

^ Teresa Cristina e Luis Onofre. A todos os meus amigos do mestrado em Ecologia daUFMS que apesar de não serem citados, não foram por mim esquecidos. Aos funcionáriosda BEP: ao grande violeiro e pescador "Seu Geraldo", Vadinho e Rosemar pela qjuda nasinúmeras tentativas de coleta de peixes.Ao Dr. Olaf Maim pela disponibilização do laboratório para as análises de mercúrio, aosdoutores Jean R. Guimarães e João Paulo Torres pela doutrina passada e aos novosamigos que fiz no laboratório de Radioisótopos da UFRJ.

^ Ao INPA pela acolhida durante o decorrer do curso e em especial aos professores: Dra.Albertina Lima, Dr. Bruce Nelson, Dr. Eduardo Venticinque, Dr. Ezio Sorgentini, Dr.Fernando Rosas, Dr. Jansen Zuanon, Dr. Renato Cintra e Dr. William Magnusson pelassugestões e criticas ao meu trabalho. Ao Dr. Bruce Forsberg pela logística no início dasanálises laboratoriais, e a Lauren Belger pela ajuda recebida em todos os momentos. Asmeninas "super-poderosas" da Ecologia: Rose Trajano (UFMS),Rose, Geize, Iza e Luíza.Aos amigos e companheiros de curso: Adeilson Lopes, Amando Mortati, Bruce Marshall,Cris Banks, Fabiano Waldez, Jesus Rodrigues, KarI Mokross, Marcelo Derzi, MariaCecília, Maria Clara, Paula Pedrosa e ao meu grande irmão e amigo Victor Pazin. Aosnovos amigos que fiz no curso de Ecologia e BADPI, e aos que já "partiram pro mundo".

A todos, muitíssimo obrigado!

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#

II

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índice geral

Lista de Tabelas iv

Lista de Figuras jv

(p Lista de Apêndices

# Resumo vi

® Abstract vii^ 1. INTRODUÇÃO -1^ 2. MATERIAIS E MÉTODOS 6# 2.1. Área de Estudo 6

2.2. Biologia de aríranhas e lontras 8

2.3. Desenho amostrai 10

2.4. Medidas de pH dos rios e coleta de água 10

@ 2.5. Coleta de peixes 10

® 2.5.1. Escolha dos locais de coleta 10

2.5.2. Escolha das espécies 11

2.5.3. Métodos de pesca 13

^ 2.5.4. Identificação e armazenamento dos peixes 132.6. Obtenção de pêlos de aríranhas e lontras 13

# 2.7. Análises de mercúrio 15

® 2.7.1. Músculo de peixes e tecidos de ariranhas 152.7.2. Pêlos de ariranhas e lontras 16

2.8. Análises Estatísticas 16

3. RESULTADOS 18

^ 3.1. pH da água 18

3.2. Peixes

3.2.1. Métodos de pesca 18

3.2.2. Relação peso X comprimento padrão 19

3.2.3. Bioacumulação de mercúrio em peixes 19

3.2.4. pH da água e concentração de mercúrio em peixes 24

3.3. Ariranhas e lontras 24

3.3.1. Esforço amostrai 24

3.3.2. Concentração de mercúrio em fígado, rins e músculo de ariranhas 25

3.3.3. Concentração de mercúrio em pêlos de ariranhas e lontras 253.3.4. pH da água e concentração de mercúrio em ariranhas e lontras 28

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4. DISCUSSÃO 29

4.1. Concentração de mercúrio em peixes 29

4.2. Concentração de mercúrio em fígado, rins e músculo de ariranhas 31

4.3. Concentração de mercúrio em pêlos de ariranhas e lontras 33

5. Conclusões 33

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 396. APÊNDICES 47

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IV

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Valores médios de pH dos 6 rios amostrados no Pantanal 18

Tabela 2 - Concentração de mercúrio em músculos de P. nattereri (Piranha), H.

malabaricus (Traíra) e P. lineatus (Curimbatá) coletados em rios no

Pantanal 20

Tabela 3 - Concentração de mercúrio em diferentes tecidos de duas ariranhas,

ambos machos, do Rio Negro no Pantanal 25

Tabela 4 - Concentração média de mercúrio total individual em pêlos de lontras e

ariranhas em cinco rios do Pantanal...^ 26

Tabela 5 - Concentração média e variação de mercúrio total em pêlos de lontras

reportadas em estudos prévios e analisadas neste estudo 36

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V

LISTA DE FIGURAS

#

Figura 1. Localização geográfica dos locais de coleta de peixes, lontras e ariranhas

# no Pantanal, Brasil. Fonte Embrapa Pantanal 7

#

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#^ Figura 3. Espécies de peixes coletados no Pantanal para este estudo 12

©

Figura 2. Espécies estudadas. Ariranha e lontra 9

Figura 4. Concentração de mercúrio em músculo de piranhas (P. nattererí) de rios

sem influência de garimpo no Pantanal 21

@ Figura 5. Concentração de mercúrio em músculo de piranha (P. nattererí) em

© relação ao comprimento padrão, para os rios Miranda, Negro e Vermelho noPantanal 21

Figura 6. Concentração de mercúrio em músculo de traíra (H. malabarícus) em

relação ao comprimento padrão para os rios Cuiabá, Miranda e Paraguai no

Pantanal 22

Figura 7. Concentração de mercúrio em músculo de curimbatá (P. Ilneatus) emrelação ao comprimento padrão para o Rio Cuiabá no Pantanal 23

Figura 8. Concentração média de mercúrio em músculo de piranhas (P. nattererí) e^ traíras (H. malabarícus) em relação ao pH, para cinco rios do Pantanal 24

O^ Figura 9. A. Concentração de mercúrio em músculo de piranha, traíra e curimbatá

de 5 rios do Pantanal. B. Concentração de mercúrio em ariranhas e lontras de 5 rios

do Pantanal27

Figura 10. Concentração de mercúrio em pêlos de ariranhas e lontras em relação ao, pH de cinco rios do Pantanal 28

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(If LISTA DE APÊNDICES

#

9 Apêndice 1. Concentração de mercúrio em peixes de 5 rios do Pantanal 47m

m^ Apêndice 2. Concentração de mercúrio em tecidos de ariranttas e lontras de 5 riosm do Pantanal 49

m

® Apêndice 3. Dados referentes a procedência de ariranhas e lontras, e locais decoleta dos peixes analisados 51

©

A Apêndice 4. Sumário Estatístico da Análise de Covariância (ANCOVA) 52

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RESUMO

O mercúrio (Hg) é um metal pesado que se bloacumula nos seres vivos e é tóxico ao

(|§ homem e à vida silvestre. O Pantanal é a maior área alagável contínua do mundo,

# onde o Rio Cuiabá, um dos maiores rios do sistema, vem recebendo emissões de

® mercúrio de garimpes de ouro desde a década de 1980. Recentes descobertas deelevados níveis naturais de Hg em regiões tropicais têm motivado estudos sobre o

9^ ciclo do mercúrio no Pantanal. Neste estudo analisou-se as concentrações de Hg^ total em piranhas (P. nattereri) e traíras (H. malabarícus), espécies de peixes

carnívoras consumidos por ariranhas (P. brasHiensis) e lontras (L longicaudis),

procedentes dos rios Cuiabá, Miranda, Negro, Paraguai e Vermelho. Curimbatás (P.

lineatus), uma espécie detritívora, procedente do Rio Cuiabá também foi analisada.

Em adição, foram determinados os níveis de mercúrio em pêlos e tecidos de cinco

@ ariranhas (P. brasiliensis) e quatro lontras (L. fongicaudis) de cinco rios. Os objetivos

© deste estudo foram investigar se a bioacumulação de Hg nas duas espécies de

® mustelídeos está influenciada pela presença de áreas de garimpo, pelo pH da água^ ou pelo comprimento do peixe de sua dieta. A concentração de mercúrio em P.

nattereri variou de <0,001 a 0,21 pg/g, enquanto em H. malabaricus foi de 0,05 a

@ 0,12 pg/g e de 0,01 a 0,06 pg/g em P. lineatus. A concentração média de mercúrio

variou de 2,9 a 8,3 pg/g em P. brasiliensis e de 1,0 a 5,9 pg/g em L fongicaudis. A

concentração de mercúrio nos peixes foi negativamente relacionada ao pH da água,

^ não foi significativa em relação ao comprimento padrão. A concentração de mercúrioQ nas ariranhas e lontras foi positivamente relacionada ao pH e não pela influência do

^ garimpo. P. nattereri do Rio Negro, sem influência de garimpo, continha a maior

concentração de mercúrio, mesmo quando comparado com H. malabaricus do Rio

Cuiabá, sob influência de garimpo. Contudo, em 16,4% dos peixes analisados, os

níveis de mercúrio total excederam o máximo tolerável de 0,1 pg/g proposto para a

(T) ingestão de peixes contaminados para lontras européias (L lutra), mas nenhum

excedeu ao limite de 0,5 pg/g proposto para o consumo humano. P. brasiliensis e L

fongicaudis acumularam cerca de 10 a 40 vezes mais mercúrio que peixes

predadores das mesmas áreas.

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0 ABSTRACTMercury (Hg) is a heavy metal that bioacumulates in the biota and is toxic to man and

# wildiife. The Pantanal region in Brazil is the world's largest floodplain where the

Cuiabá, one of the major river from this system, there is receiving mercury emissions

from some upstream gold mining areas since the 1980's decade. Recent findings of

high natural Hg leveis in tropical areas motivated studies on the Hg cycle in the

1^ Pantanal. This study analyzed the total Hg concentration in the most camivorous fish

S species piranhas (P. nattererí) and traíras (H. mafabarícus) consumed by Giant otters

(P brasHiensis) and the Neotropical river otter (L. longicaudis) from Cuiabá, Miranda,

Negro, Paraguai and Vermelho rivers. Curimbatás (P. lineatus) an detritivorous

species from Cuiabá river aiso was analyzed. In addition, fur Hg leveis were

^ determined in five giant otters and .four river otters from five study areas. The

objective of this study was to investigate if the bioaccumulation of Hg in the two

® mustelids species are influenced by gold mining areas, the pH of water and the fish^ size. The Hg concentration for P. nattererí ranged from <0.001 to 0.21 pg/g, while in^ H. mafabarícus it was from 0.05 to 0.12 pg/g and from 0.01 to 0.06 pg/g in P.

lineatus. Mean Hg concentration ranged from 2.9 to 8.3 pg/g in P. brasiliensís and

© from 1.0 to 5.9 pg/g in L. longicaudis. The Hg concentration on fishes was negativelyrelated to water pH, but that was not significant in relation to the standard length. The

^ Hg concentration in giant otters and neotropical otters was positively related to pHand not with gold mine influence. P. nattererí from the non-contamined Rio Negro

^ River contained the highest Hg concentration, even compared with H. mafabarícus

from Cuiabá river. Although, in 16.4% of fish muscles, total mercury leveis exceeded

the proposed maximum tolerable levei of 0.1 pg/g fresh weight in fish for the

European otter (L lutra), but no one exceed 0.5pg/g fresh weight, the most common

r>, standard for human consumption. P. brasHiensis and L. longicaudis accumulated

1 about 10 to 40 times more Hg than did predatory fishes from the same areas.

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1. INTRODUÇÃO

H A ariranha {Pteronura brasHiensis) é o maior membro da família Musteíidae,

Íl claramente distinta de outras espécies de lontras Sul Americanas por características

9 morfológicas e comportamentais (Carter & Rosas, 1997). Endêmica da América do

Sul, a ariranha distribui-se entre as bacias do Orinoco, Rio da Prata e nas Guianas.

Atualmente no Brasil, habita a Amazônia e a bacia do Alto Paraguai (Pantanal) e

^ algumas áreas restritas da floresta Atlântica (Carter & Rosas, 1997). A lontra sul-^ americana (Lontra longicaudis) possui uma ampla área de distribuição, do nordeste

© do México até o Uruguai, tendo sua ocorrência original em todo o território brasileiro

® (Mason, 1990).

® Ambas as espécies são animais de topo de cadeia alimentar aquática e obtêm^ mais de 90% de sua dieta baseada em peixes (Duplaix, 1980; Blacher, 1987). Apesar^ das espécies serem simpátricas, o hábito alimentar diferenciado entre elas é um dos

fatores que minimiza uma competição direta (Carter & Rosas, 1997). A ariranha é

^ essencialmente piscívora, alimentando-se das espécies de presas maiores e mais

^ abundantes (Duplaix 1980; Schweizer, 1992; Rosas et a/., 1999), enquanto a lontra

® possui uma dieta mais ampla, alimentando-se de peixes, menores que os predados^ por ariranhas, crustáceos (especialmente camarão e caranguejos de água doce),^ pequenos mamíferos, anfíbios, répteis e pássaros (Schweizer, 1992; Helder-José &

© Andrade, 1997; Pardini, 1998; Colares & Waldemarin, 2000). Entretanto, análises

^ preliminares sobre a dieta de lontras do Rio Negro, Pantanal Sul, indicam que elas sealimentam quase que exclusivamente de peixes, diferentemente de outras regiões

onde elas apresentaram um segundo item com relativa significãncia (Muanis &

Waldemarin, 2003).

A ariranha está, atualmente, classificada como uma espécie vulnerável pela

última classificação do IBAMA (2003) e pela "The World Conservation Union" - lUCN

(2003), enquanto a lontra não consta na lista brasileira e está mantida como "data

deficient pela lUCN (2003). A maior causa do desaparecimento de lontras e

ariranhas em grande parte da sua área de distribuição original na América do Sul é a

caça para o comércio internacional de peles (Duplaix, 1980; Carter & Rosas, 1997).

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J Atualmente, as maiores ameaças são a caça resultante de conflitos com^ comunidades de pescadores ribeirinhos (Emmons, 1990), poluição de rios e outrasm alterações do habitat (Mason, 1990).

9 A poluição dos rios tem exercido grande efeito na distribuição e abundância de

• Lutra lutra em vários países europeus (Mason, 1989). Compostos organoclorados

tais como pesticidas e PCBs (Bifenilas Polidoradas) e metais pesados,

principalmente o mercúrio (Hg), são os mais estudados e considerados os

responsáveis pelo declínio de populações tanto de L lutra quanto de Lontra

^ canadensis (Wren, 1986; Mason & Reynolds, 1988; Harding et ai., 1998; Ben-David

® et ai., 2001; Hyvãrinen et ai., 2003).

® O impacto da ingestão de mercúrio e sua toxicidade em mamíferos silvestres nãom

e bem conhecido (Evans et ai., 2000), e tão pouco a que concentrações presas$

contaminadas por mercúrio tomam-se prejudiciais para lontras. Experimentos feitos

^ com L. canadensis em cativeiro, alimentadas com peixes contaminados contendo

@ 2,0, 4,0 e 8,0 ing/g de metilmercúrio (MeHg), tiveram um tempo médio de

^ sobrevivência de 184, 117 e 54 dias, respectivamente (0'Connor & Nielsen, 1980).^ Os sinais mais comuns de intoxicação incluíam anorexia, necrose neural, danos no^ sistema reprodutivo e toxicidade aguda. Um estudo feito na Escócia por Hovens

(1992) sugere que a concentração de 0,1 pg/g de mercúrio total em peixes é o nível

Q máximo tolerável para o consumo por L lutra.

Cí No Peru, peixes oriundos de garimpes de ouro apresentaram altos níveis de

^ contaminação por MeHg e somente traços de mercúrio inorgânico foram encontradosr?

nas fezes de ariranhas, sugerindo que a falta de MeHg nas fezes seria um indício de

_ um processo de bíoacumulação (Gutieb et a/., 1997).

rj Os garimpes de ouro são suspeitos de serem os responsáveis pelo mercúrioencontrado em áreas inundáveis como a Amazônia e o Pantanal brasileiro (Lacerda

et ai, 1991). O mercúrio é utilizado nos processos de purificação do ouro, através da

formação de amálgamas que facilitam a aglutinação das finas partículas de ouro.

Seu uso é freqüente no Estado de Mato Grosso, inclusive nos garimpos

^ peripantaneiros e na região do Município de Poconé onde cerca de 15 t a 20 t de

mercúrio já foram lançadas ao ambiente (Lacerda et ai, 1991). Elevadas

r.

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m

concentrações de mercúrio foram detectadas no ar da cidade de Poconé (von

Tümpling Jr et ai, 1995) e o transporte atmosférico do mercúrio desta área para

H outras regiões do Pantanal vem ocorrendo gradualmente (Lacerda et ai, 1991).

# As contaminações de mercúrio em áreas remotas já foram reportadas na

® literatura (Rasmussen, 1994; Fitzgerald et ai, 1998; Fadini & Jardim, 2001) e na

maioria dos casos, atribuída a fontes naturais ou ao transporte atmosférico de

mercúrio proveniente de emissões antropogênicas. Os primeiros estudos na

^ Amazônia mostraram altas concentrações de mercúrio total em peixes nos arredores0 de áreas de garimpo (Martinelli et ai, 1988; Maim et ai, 1990). Todavia,

® concentrações de mercúrio em peixes e humanos de áreas não perturbadas como as

® da Bacia do Rio Negro (Forsberg et ai, 1995; Silva-Forsberg et ai, 1999) e de lagosm^ no Estado do Pará (Guimarães et ai ,' 1999a), apresentaram níveis similares às áreas^ sob influência de garimpo.^ Estudos realizados por Hylander et ai (1994; 2000) com peixes no Rio Cuiabá,

^ Pantanal de Poconé, detectaram a presença de elevadas concentrações de mercúrio

em espécies camívoras tais como pintados (Pseudoplatystoma corruscans) e

piranhas (Pygocentrus nattererí), maiores que o valor máximo de 0,5 pg/g de

^ mercuno recomendado pela Organização Mundial da Saúde para o consumohumano de peixes contaminados por mercúrio (WHO, 1990). Por outro lado, baixas

^ concentrações de mercúrio nestas mesmas espécies foram encontradas em estudos

©I feitos por Guimarães et ai (1999b) nas proximidades de uma área de garimpo no Rio

^ Cuiabá, Pantanal.

Em geral, o mercúrio é despejado no ambiente na forma inorgânica, podendo

sofrer um processo de metilação sobre condições anaeróbicas tomando-se orgânico,

tóxico e facilmente absorvido pelos organismos aquáticos (Mason et ai, 1996).

Uma vez neste ecossistema, o mercúrio entra na cadeia alimentar, sofrendo um

processo de biomagnificação, concentrando-se cada vez mais ao passar de um nível

trófico ao outro (Padovani et ai, 1995).

O pH e o carbono orgânico dissolvido (COD) são alguns dos fatores físico-

^ químicos da água que Influenciam na metiiaçâo e, conseqüentemente, nabioacumuiação do mercúrio (Siiva-Forsberg et al., 1999). O pH baixo, mais ácido.

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0

possibilita um aumento em várias espécies de bactérias, dentre elas as metiladoras

de mercúrio, o que pode favorecer um aumento da concentração de MeHg no

H ambiente (Bloom et aL, 1991; Miskimmin et a/., 1992). O COD pode ter um efeito

# tanto negativo quanto positivo sobre a taxa de metilação. Negativo porque o COD,

^ por si só, inibe a metilação do mercúrio ao complexar-se com ele, tornando-oindisponível para a ação das bactérias metiladoras de mercúrio. E positivo porque o

COD proveniente da lixiviação da camada húmica do solo pela ação das chuvas,

carreia o mercúrio consigo para a água, aumentando consideravelmente sua

^ concentração no meio aquático (Miskimmin et ai, 1992).

® Os componentes biológicos são melhores indicadores de contaminação, uma vez

® que acumulam os poluentes em seus tecidos e os eliminam muito lentamente docorpo (Foo et ai, 1993). Dentre os organismos atingidos pela contaminação

^ mercurial, os peixes destacam-se pela sua importância na alimentação humana,^ além de representar uma importante fonte de proteínas para os animais. Todavia, as

^ espécies não migradoras por viverem sempre no mesmo local, são melhores

^ bioindicadores por representar melhor o ambiente estudado (Uiyu et ai, 2001). A

^ bioacumulação de mercúrio varia de acordo com a espécie, tamanho e hábito® alimentar. Vários estudos concluíram que peixes predadores acumulam em seus^ tecidos níveis de concentrações de mercúrio significantemente maiores que espéciesQ onívoras e herbívoras (Maim et ai, 1995; Padovani et ai, 1995; Uryu et ai, 2001).

Q Apesar das lontras serem animais de topo de cadeia alimentar aquática,

podendo comumente receber uma dose diária significante de mercúrio como

resultado de sua dieta à base de peixes, poucos estudos as utilizam como espécies

bioindicadoras de contaminação ambiental (Evans et ai, 1998). Isto se deve ao fato

de que lontras possuem grandes territórios que podem incluir mais de um tipo de

corpo d'água, o que poderia dificultar seu relacionamento com um determinado

^3 ambiente.

Além de serem bons indicadores dos níveis de concentração de mercúrio em

tecidos intemos, a utilização de pêlos como tecidos monitores de contaminantes

ambientais é uma técnica simples e não-invasiva, que permite a análise das

concentrações de metais pesados, compostos organoclorados em mamíferos

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aquáticos, sem a necessidade de matar ou manusear o animal por muito tempow

^ (Evans et ai, 1998; Mierli et ai. 2000).H Os objetivos deste estudo foram: (1) Investigar os níveis de concentração de

# mercúrio em ariranhas e lontras no Pantanal e avaliar os riscos de bioacumulação de

® mercúrio com base em peixes de sua dieta provenientes de rios com e sem

influência de garimpo. (2) Estudar os níveis de mercúrio dos peixes piscívoros mais

freqüentes da dieta de ariranhas e lontras. (3) Verificar se existem relações entre a

concentração de mercúrio dos peixes e o pH da água.

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02. MATERIAIS E MÉTODOS

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® 2.1. Área de Estudo

® O Pantanal faz parte da Bacia do Alto Paraguai (BAP) e constitui-se na maiorplanície inundável contínua da América do Sul, com cerca de 140.000 km^ em

Q. território brasileiro, sendo 35% dessa área no Estado do Mato Grosso e 65% noEstado do Mato Grosso do Sul (PCBAP, 1997) (Figura 1).

C A superfície de inundação na região varia de 11.000 a 110.000 km^, dependendo

© do ano, com uma média histórica de 53.000 km^. Dessa forma, extensas áreas

^ podem permanecer submersas por inundação, devido ao extravasamento dos rios ouO^ alagamento resultante das chuvas locais e da elevação do nível do lençol freatico,Q por até oito meses (Brasil, 1974).

Q Localizado na porção central da América do Sul (15® 45' a 22® 15' 8; 54® 5'a 58®

0 W), o Pantanal é delimitado a leste pelas formações de Cerrado do planalto central

^ brasileiro, ao norte pelas florestas semidecíduas da zona de transição entre a1 Amazônia e o Cerrado, e ao sudoeste pelo Chaco Boliviano (Prance & Schaller,

íj A região do Pantanal, de acordo com o sistema de Kõppen, pode ser classificada

O como tendo um clima de Savana (Kõppen, 1931). O clima é quente e úmido nos

meses de verão (dezembro a fevereiro) quando a média da temperatura atinge 32® C

(90®F). Durante o inverno Ounho a agosto), o clima se toma mais frio e seco, com

temperaturas na faixa de 21 ®C (70®F). A precipitação média anual encontra-se entre

1.100 e 1.200 mm (PCBAP, 1997).

í i Com altitudes variando entre 80 e 150 m, o relevo do Pantanal é muito plano,

com declividades de apenas 6 a 12 cm km"^ no sentido leste-oeste e de 1-2 cm km"^

no sentido norte-sul. As baixas declividades associadas às chuvas periódicas que

caem na Bacia do Alto Paraguai dificultam o escoamento das águas, causando

inundações periódicas anuais e determinando uma variação entre anos, em que se

verificam alternâncias de períodos mais secos ou mais chuvosos (Brasil, 1979).

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Durante a inundação, as águas que cobrem os campos são rasas e

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00 transparentes e, eventualmente, formam lagoas de baixa profundidade, ligeiramenten ácidas, alimentadas pelas chuvas e pelo lençol freático. Neste período, ocorre um

© fenômeno natural de deterioração da qualidade da água como resultado da interação

© inicial entre o início das enchentes com a decomposição de matéria orgânica vegetal

® recém-submersa denominado regionalmente como "dequada". Este fenômenolimnológico é caracterizado pela mudança das cores da água devido ao COD,

^ diminuição dos valores do pH e da concentração de oxigênio, aumento da^ condutividade elétrica, das concentrações de dióxido de carbono, metano e

C nutrientes como nitrogênio e fósforo (Calheiros & Ferreira, 1997; Hamilton et ai,

C 1997; Calheiros & Hamilton, 1998).O

O_ 2.2. Biologia de ariranhas e iontrasOQ A ariranha é a única espécie de lontra que possui pêlos de coloração creme naQ região do pescoço, onde cada indivíduo apresenta padrões morfológicos de

O coloração única, como uma impressão digital (Duplaix, 1980) (Figura 2). O

^ comprimento total e o peso corporal de machos adultos podem variar de 1,5 a 1,8 m

e cerca de 26 a 32 kg, respectivamente, enquanto que fêmeas da mesma idadeQj>

podem atingir 1,5 a 1,7 m e pesar entre 22 a 26 Kg (Duplaix, 1980). Geralmente,

Q vivem em grupos de três a nove indivíduos habitando rios, córregos e lagos deO florestas tropicais, lhanos e pântanos da América do Sul mostrando preferência por

águas claras ou turvas que suportam uma grande variedade de peixes (Duplaix,

1980; Schweizer, 1992; Rosas ef a/., 1999).

A Lontra {Lontra longicaudis) é sexualmente dimórfica no tamanho, sendo os

machos 20 a 25% maiores do que as fêmeas (Parera, 1993) podendo os animais

f i adultos medir entre 0,9 a 1,36 m (Mason & Macdonald, 1986) e pesar entre 5 a 15 kg

(Harris, 1968) (Figura 2). As lontras sul-americanas ocupam uma variedade de

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hábitats aquáticos, de pequenos rios de florestas a grandes lagos, pântanos e

estuários em regiões costeiras (Blacher, 1987), de hábitos geralmente solitários e

predominantemente crepusculares (Duplaix, 1980), preferindo rios de águas claras e

de maior correnteza (Emmons, 1990).

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© 2003T3T:-HiGBle Duplaix

Fonte: www.zooloQico.SD.QOV.br

Figura 2. Espécies estudadas. A) Ariranha (Pteronura brasiliensis)] B) Lontra {Lontralongicaudis).

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2.3. Desenho amostrai

As coletas de peixes, aríranhas e lontras para a realização das análises de

2.4. Medidas de pH dos rios

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#0 mercúrio foram feitas no período de junho a dezembro de 2003. Amostras de peixes

foram coletadas em cinco rios do Pantanal: Cuiabá, Miranda, Negro, Paraguai e

m Vermelho. Amostras de tecidos e pêlos de ariranhas foram coletadas nos rios

® Cuiabá, Negro e Salobra, enquanto amostras de tecidos de lontras nos rios Miranda,^ Negro e Paraguai (Figura 1). No Pantanal norte, o Rio Cuiabá foi escolhido por ser^ usado por garimpos de ouro desde a década de 80 (Hylander et ai, 1994; 2000;^ Lacerda et ai, 1991). Os rios Miranda (com seus afluentes, Salobra e Vermelho),

® . Negro e Paraguai no Pantanal Sul, foram os rios controle, onde não há registros de

® contaminação mercurial.©

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C^ Os valores de pH dos rios Miranda e Vermelho foram medidos no mês de julho^ de 2003, em dois pontos ao longo de cada rio com o auxílio de um pHmetro de

© campo portátil, nos locais onde foram coletados os peixes.

^ Os valores de pH dos demais rios foram obtidos por meio de outras fontes de^ informação: O valor médio de pH do rio Paraguai foi fornecido pela Embrapa

Pantanal (Projeto PELD - Pantanal) em estudo sobre a caracterização limnológica de

Q diversos rios das sub-bacias que formam o Pantanal com amostragem semestralentre 2000 e 2001. O pH médio do Rio Salobra foi fornecido por alunos do Mestrado

G em Ecologia da UFMS medido em março de 2004. O valor médio de pH do Rio

Negro foi baseado em três valores de pH contidos nos resultados da- Expedição do

Programa de Avaliação Rápida (AquaRAP) no Pantanal realizado entre agosto e

setembro de 1998 pela ONG Conservation Intemational. O valor médio de pH do Rio

(f, Cuiabá utilizado foi obtido do artigo publicado por Hylander et ai (2000), a partir de

dois valores medidos no ano de 1998 nas proximidades da cidade de Cuiabá.

tCj 2.5. Coleta de peixes

2.5.1. Escolha dos locais de coleta

^ ' A escolha dos locais de coleta de peixes se deu em função de localidades comconhecidos avistamentos de ariranhas e lontras (com. pes. C. Ribas, obs. pes.) ou

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9^ tocas de lontras ao longo de cada rio e baías adjacentes (depressões do terreno0 onde se formam lagoas temporárias ou permanentes).

0 2.5.2. Escolha das espécies

® Piranhas (f=>ygocentrus nattererí) e traíras (Hoplias malabarícus) foram escolhidas

® por serem espécies carnívoras não migratórias e por fazerem parte da dieta de

ariranhas no Pantanal (Schweizer, 1992; Rosas et a/., 1999) (Figura 3).

Uma terceira espécie, o curimbatá {Prochiiodus lineatus), considerado detritívoro

e migrador, foi escolhido por ser o mais consumido pelas ariranhas em cativeiro do

0 Zoológico de Cuiabá e por favorecer um pseudo-entendimento das eventuais taxas

C de ingestão e bioacumulação de mercúrio das ariranhas do local.

® Somente indivíduos maiores que 10 cm de comprimento padrão foram coletados^ pois, estudos realizados em cativeiro revelaram que ariranhas preferem consumir

^ peixes de pequeno a médio porte entre 5-25 cm (Carter et al., 1999), dentro da

^ amplitude do limite máximo de tamanho de peixes consumidos por ariranhas

Q selvagens de 40 a 60 cm (Duplaix, 1980). Em função de não haver registros na

C literatura acerca de estudos sobre preferências de tamanho de peixes consumidos

por lontras, assumiu-se que elas consomem peixes dentro daquela amplitude de

tamanho.G

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Figura 3. Espécies de peixes coletados no Pantanal para este estudo. A) Piranha(Pygocentrus nattereri)', B) Traíra {Hoplias malabaricus)] C) Curimbatá(Prochilodus lineatus). Fonte: www.fishbase.org

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^ 13

^ 2.5.3. Métodos de pesca^ Devido às peculiaridades dos locais de amostragem, diferentes métodos de

0 captura foram utilizados. Nos rios, as coletas foram diumas com o uso de uma redede arrasto de 2,0 m de altura, 70 m de comprimento e 10 mm entre-nós opostos e

duas tarrafas de malha com 30 e 40 mm entre-nós opostos. Nas baías, por serem

® pouco profundas e apresentarem grande abundância de macrófitas submersas, fixasA

e flutuantes, os peixes foram capturados somente com o uso de tarrafas em coletas

^ diumas e notumas. Nos locais que não atingisse os 10 indivíduos com as coletas0 padronizadas, exemplares adicionais foram fomecidos por outros pesquisadores.

®

® 2.5.4. Identificação e armazenamento dos peixes.

® Os indivíduos coletados foram Identificados no campo segundo Britski et ai(1999), guardados em sacos plásticos, etiquetados, colocados no gelo e levados ao

Oç laboratório onde foram pesados e medidos. Após estes procedimentos, uma porçãode músculo sem peles e espinhos de aproximadamente 3 cm^ foi extraída da pàrte

C dorsal anterior de cada peixe para a determinação de mercúrio total. Estas amostrasC/ foram então acondicionadas em sacos plásticos e mantidas congeladas até o

momento da análise.G

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&2.6. Obtenção de pêlos de aríranhas e lontras

«Zf As amostras de pêlos foram obtidas de duas formas:

O 1. Pêlos retirados do couro:

(a) Carcaças de animais provenientes de rios do Pantanal (n=5)

A partir de aríranhas e lontras encontradas mortas sem causa conhecida. Duas

aríranhas foram coletadas no Rio Negro por E. Waldemarín (Associação Ecológica

Ecomarapendi) e uma no Rio Salobra por 0. Ribas (UFMS). Os dois indivíduos

procedentes do Rio Negro foram encontrados boiando no río ainda em estado

recente em novembro de 2002 e em novembro de 2003. Assim foi possível coletar

amostras de músculo e tecidos intemos tais como fígado e rim. A aríranha do Rio

Salobra foi encontrada em outubro de 2002 em avançado estado de decomposição

em uma das margens do rio. Duas lontras foram encontradas mortas boiando no Rio

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Negro, Pantanal em agosto de 2002 por E. Waldemarin e tiveram amostras de seuspêlos coletados.

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mm90 (b) Peles taxídermizadas de coleções zoologícas (n=2)^ A partir de animais taxidermizados incorporados a Coleções Zoológicas foi0 possível obter duas amostras de pêlos de duas lontras. Um exemplar da UFMS® (Campus Aquidauana) proveniente do Rio Miranda, foi encontrado atropelado na BR-® 262 sobre a ponte do Rio Miranda, cerca de 2 km da foz do Rio Salobra, em 1998.0_ Um exemplar da Embrapa Pantanal (CPAP) procedente do Rio Paraguai, em00 meados de 1998 (R. Mauro, com. pes.). As amostras de pêlos foram retiradas com0 auxílio de bisturi ou tesoura de diversas regiões da pele de cada indivíduo para nâo

danificar o exemplar.

® (c) Animais vivos em cativeiro (n=2)^ A partir de amostras de pêlos de duas ariranhas fêmeas cativas no Zoológico da^ UFMT foram coletadas em dezembro de 2003, sendo considerados como^ procedentes do Rio Cuiabá por serem alimentadas com peixes pescados neste rio eO estando em cativeiro há aproximadamente 8 anos (I. Camaragibi, com. pes.). OsC pêlos foram retirados utilizando-se bisturi e aparelho de barbear.C

^ 2. Amostras fecais frescas:C

Em latrinas de ariranhas nos rios Miranda e Vermelho foram coletadas amostras'.VC fecais em quatro campanhas de campo entre os meses de agosto e novembroO de 2002, Após coletadas, as amostras fecais foram acondicionadas em sacos

plásticos, etiquetadas e levadas para o laboratório onde foram lavadas em águacorrente com uso de uma peneira de malha fina e, posteriormente, colocadas emestufa a 50°C para secagem. Em seguida foi triado à procura de pêlos queeventualmente estivessem presentes na amostra. Os pêlos encontrados foram

O pesados e guardados em frascos de borosilicato de 20 ml e conservados a seco.Para certificar-se de que os pêlos encontrados nas fezes eram de fato deariranhas, seriam realizadas análises tricológicas, onde a microestrutura cuticulare medular dos pêlos encontrados nas latrinas seriam comparados com amostras

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de pêlos de ariranhas provenientes de coleções zoológicas. No entanto, nãoobteve-se quantidade suficiente de amostras para a realização das análises.

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•999 2.7. Análises de Mercúrio9 2.7.1. Músculo de peixes e tecidos de ariranhas® O preparo e digestão das amostras foram feitos conforme o método proposto por^ Maim et al. (1989).^ Das amostras de peixes congeladas, foram extraídos cerca de 20 mg de tecido90 muscular úmido e adicionados 1 ml H2O2, 3 ml de uma solução contendo® H2S04:HN03 (1:1) e posteriormente colocados em banho-maria a 60°C por 15® minutos até solubilização total. Após esfriar, foram adicionados 5 ml de KMn04 a 5%,® novamente aquecidos em banho-maria a 60°C por 15 minutos e deixados descansar_ da noite para o dia. Foram neutralizados com cloridrato de hidroxilamina

0 (HONHsCI+NaCI) a 12%, aferidos com H2O Milli-Q até um volume final de 25 ml e^ analisadas em Espectrofotômetro de Absorção Atômica (Marca Varian, modelo AA-C 1475) acoplado a um gerador de vapor frio (Marca Varian, modelo VGA-76).O o processo de digestão dos rins, fígados e músculo das ariranhas foi o mesmo^ dos peixes, porém, com a utilização de aproximadamente 80 mg de tecido.©^ Para calibrar o aparelho foram utilizados padrões de 10, 20 e 30 ppb feitos com aQ diluição de HgO. Foram utilizados dois brancos contendo apenas os reagentes, para

saber quanto do mercúrio medido era devido a eles. Como medida preventiva aoO risco de contaminação das amostras durante as análises laboratoriais, foi utilizado

um padrão de músculo de peixe interno do Laboratório de Radioisótopos da UFRJ(AFPX-5130) com concentração de mercúrio conhecida, para saber se o valorencontrado corresponde ao valor real de concentração da amostra.

As análises de todas as amostras foram feitas em duplicata e, se a diferençaO entre um dos três valores medidos fosse maior que 10%, a análise desta amostra era

descartada e refeita. O valor final da concentração de mercúrio foi obtido comosendo a média dos dois valores medidos.

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2.7.2. Pêlos de aríranhas e lontras

O preparo e digestão das amostras foram feitos conforme o método proposto por

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0 Malmef a/. (1989).Cada amostra de pêlo seco foi colocada em béquer e mergulhada em uma

® solução de EDTA 0,01% por duas horas. Após lavagem, o excesso da solução de® EDTA foi retirado com água deionizada e as amostras levadas para uma estufa a^ 40°C para secagem. Os pêlos foram então picotados com o auxilio de uma tesoura e^ pesados. Para a preparação de cada amostra, foram pesados cerca de 10 mg de0 pêlos em duplicata, adicionados 5,0 ml de uma solução contendo H2S04:HN03 (1:1)0 e, posteriormente, colocados em banho-maria a 60°C por 15 minutos até

® solubilização total. Após esfriar, foram adicionados 5 ml de KMn04 a 5%, novamente® aquecidos em banho-maria a 60°C "por 15 minutos e deixados descansar da noite® r-^ para o dia. Foram neutralizados com cloridrato de hidroxilamina (HONHaCI+NaCI) a0 12%, aferidos com H2O Milli-Q até um volume final de 25 ml e analisadas em0 Espectrofotômetro de Absorção Atômica (Marca Varian, modelo AA-1475) acopladoO a um gerador de vapor frio (Marca Varian, modelo VGA-76).® Para estabelecer a precisão dos métodos, foram utilizados os padrões^ certificados de cabelo humano IAEA-085 e IAEA-086 (Intemational Atomic Energy^ Agency) de concentração de mercúrio conhecida.GÇ, 2.8. Análises EstatísticasO Antes de serem montados os modelos para as análises estatísticas, foi feita uma

matriz de correlação de Pearson para verificar a correlação entre as variáveisindependentes, o comprimento padrão e o peso dos peixes. Uma matriz deprobabilidade de Bonferroni foi utilizada para verificar se as correlações entre asvariáveis independentes eram significativas. Caso existisse correlação positiva,

Cj somente uma das duas seria utilizada nos modelos.Para verificar se existe diferença entre as concentrações de mercúrio de

piranhas e traíras entre os rios com e sem influência de garimpo, foram feitasanálises de covariância (ANCOVA) com o local como variável categórica (Modelo 1).

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Modelo 1:

[Hg] piranha= cte + local + comprimento padrão piranha

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Foram usados modelos de regressão linear simples entre a concentração média

de mercúrio de cada espécie de peixe e o pH médio do respectivo rio em que foram

^ coletadas, para verificar se a concentração de mercúrio é influenciada pelo pH da0 água (Modelo 2).

® Modelo 2:

® Concentração média de Hg das âp. peixes = cte + [Hg] sp. peixe+ pH médio®

e^ A mesma relação foi testada para lontras e ariranhas, porém utilizando valores^ de concentração de mercúrio médio onde havia mais de um indivíduo coletado, e

O individuais onde existia uma única amostra.

® Concentração média de Hg ariranha = cte + [Hg] ariranha+ pH médio^ eC^ Concentração media de Hg lontra = cte + [Hg] lontra+ pH médio

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3. RESULTADOS

3.1. pH da água

A variação de pH foi pequena (6,2 - 8,0) entre os seis rios amostrados (Tabela

1).

Tabela 1. Valores médios e desvio padrão de pH dos 6 rios amostrados no Pantanal. n=número de amostras.

Rio pH d.p. n Período de coleta Fonte de Informação

Cuiabá 6.8 - 1 Agosto 1998 Hylander et al. (2000)

Miranda 7.0 - 2 Junho 2003 Este estudo

Negro 6,2 0,41 3 Agosto e setembro 1998 AquaRAP (1998)

Paraguai 6,6 - 4 Semestralmente 2000 e 2001 Embrapa Pantanal

Salobra 8,0 - 1 Março de 2004 M.CavalIaro/UFMS não publ.

Vermelho 6,8 - 2 Junho de 2003 Este estudo

3.2. Peixes

3.2.1. Métodos de pesca

Piranhas e traíras não foram capturadas em todos os rios amostrados. Piranhas

foram coletadas somente em rios sem influência de garimpo. Durante os meses de

junho e agosto de 2003, inundações fora de época e mudanças bruscas de

temperatura devido às constantes entradas de "frentes-frias", dificultaram a pesca no

Pantanal.

Todos os métodos de pesca mostraram baixa eficácia de captura das duas

espécies, o que levou várias semanas para se alcançar o tamanho de amostra

desejado. No Rio Miranda, foram coletadas piranhas e traíras e no Rio Vermelho

foram coletadas somente piranhas (Tabela 2).

No Rio Paraguai, foram utilizadas tarrafas e rede de arrasto, porém nenhuma

piranha foi coletada, somente um exemplar de traíra de médio porte (25 cm) (Tabela

2).

Em dois rios, a pesca foi feita por outros pesquisadores. No Rio Negro, D. Eaton

(EarthWatch Institute Pantanal), utilizou linha e anzol para piranhas e no Rio Cuiabá

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E. Resende (Embrapa-CPAP) forneceu traíras coletadas com métodos múltiplos

(linha, puçá, tarrafa e rede), ao passo que os curimbatás procedentes do Rio Cuiabá

foram fornecidos pelo Zoológico da UFMT (Tabela 2).

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® 3.2.2. Relação Peso X Comprimento padrão

® Os dados das espécies de peixes coletados tais como comprimento padrão epeso estão no Apêndice 1. O tamanho médio e o peso de curimbatás (26,15 cm e

601,0 g), foram maiores que os valores de traíras e de piranhas (24,44 cm e 299,7 g;

0 20,56 cm e 429,67 g, respectivamente).Como esperado, o peso e o comprimento padrão foram positivamente

© correlacionados nas três espécies, piranha (r= 0,967, p< 0,001; n= 31), traíra (r=

0,961, p< 0,001; n= 21) e curimbatá (r= 0,88, p= 0,001; n= 10). Somente o

comprimento padrão foi utilizado nas demais análises estatísticas relacionadas a

concentração de mercúrio.®

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0 3.2.3. Bioacumulação de mercúrio em peixes

® O valor médio de mercúrio (±dp) obtido no padrão de peixe AFPX-5130 foi de^ 14,64 ± 1,79 pg/g (valor certificado = 13,83 ± 1,32 pg/g)-g A concentração média de mercúrio em piranhas foi de 0,07 pg/g, sendo o menor^ valor medido (<0,01 pg/g) encontrado em um indivíduo procedente do Rio Miranda e

o maior valor (0,21 pg/g) em dois indivíduos coletados no Rio Negro (Tabela 2). A

0 variação na concentração de mercúrio das piranhas coletadas no Rio Miranda (<0,01

- 0,07 pg/g) foi menor que a encontrada nas amostras do Rio Vermelho (0,02 - 0,13

pg/g) e Negro (0,07 - 0,21 pg/g). A concentração de mercúrio foi significativamente

afetada pelo local (ANCOVA: F= 12,707; gl= 2 e p< 0,001), mas não pelo

comprimento padrão dos indivíduos (ANCOVA: F= 1,17; gl= 1 e p= 0,289) (Figuras 4

Cj e 5, Apêndice 4).

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Tabela 2. Concentração de mercúrio encontrado em músculos de P. nattereri (Piranha), H.

malabaricus (Traíra) e P. lineatus (Curimbatá) coletados em diferentes rios no Pantanal

entre junho a dezembro de 2003. Desvio padrão (d.p.), n= número de indivíduos

analisados. Comprimento padrão (CP) e peso total (PT).

Espécie e Hg total (jj/g) Amplitude CP Amplitude PT

Local de Coleta Amplitude Média dp n (cm) (9)

P. nattereri

Rio Miranda 0,00-0,07 0,03 0,02 10 17,0-25,0 240,0 - 740,0

Rio Negro 0,07 - 0,21 0,13 0,05 11 16,7-25,4 220,0 - 950,0

Rio Vermelho 0,02-0,13 0,04 0,03 10 17,5-23,0 210,0-500,0

H. malabaricus

Rio Cuiabá 0,05-0,12 0,07 0,02 10 20,6-27,8 212,0-451,0

Rio Miranda 0,00-0,03 0,01 0,01 10 21,0-30,0 165,0-500,0

Rio Paraguai - 0,01 - 1 25,0 308,0

P. lineatus

Rio Cuiabá

o0

1

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0,02 0,02 10 23,5-29,0 500,0 - 730,0

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21

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Figura 4. Concentração de mercúrio em músculo de piranhas (P. nattererí) de rios

sem influência de garimpo no Pantanal.

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Oxcaorou.

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A A

A A •A A • •

• A A

16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26Comprimento padrão (cm)

Figura 5. Concentração de mercúrio em músculo de piranha (P. nattererí) emrelação ao comprimento padrão, para os rios Miranda (•), Negro (■) eVermelho (A) no Pantanal.

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22

A concentração média de mercúrio em traíras foi de 0,04 jjg/g. Para essa

espécie, a concentração de mercúrio nos indivíduos procedentes do Rio Cuiabá

variou de 0,05 a 0,12 pg/g, ao passo que o menor valor encontrado nas amostras de

peixes do Rio Miranda foi de <0,001 pg/g e o maior 0,03 pg/g. Já o único indivíduo

coletado no Rio Paraguai continha 0,01 pg/g. A concentração de mercúrio da traíra

foi significativamente afetada pelo local (ANCOVA: F= 33,13; gl= 2 e p< 0,001), mas

não pelo comprimento padrão (ANCOVA: F= 0,127; gl= 1 e p= 0,726) (Figura 6).

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Comprimento padrão (cm)

Figura 6. Concentração de mercúrio em músculo de traíra {H. malabaricus) em

relação ao comprimento padrão, para os rios Cuiabá (o), Miranda (•) e

Paraguai (A) no Pantanal. A seta indica o rio sob influência de

garimpo.

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23

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As concentrações de mercúrio em curimbatás (5?= 0,02; variação 0,01 - 0,06

|jg/g) apresentaram valores similares aos das pirantias 0,03; variação <0,01 -

0,07 pg/g) e maiores do que as das traíras (35= 0,01; variação <0,01 - 0,03 pg/g)

coletadas no Rio Miranda. Não houve relação significativa entre a concentração de

mercúrio e o comprimento padrão nos curimbatás (r^= 0,22; p= 0,168; n=10) (Figura

7).

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O) 0.06--

g 0.05-

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o.oa23 24 25 26 27 28 29 30

Comprimento padrão (cm)

Figura 7. Concentração de mercúrio em músculo de curimbatá (P. lineatus) emrelação ao comprimento padrão, para o Rio Cuiabá no Pantanal.

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24

3.2.4. pH da água e concentração de mercúrio em peixes.

A concentração média de mercúrio dos peixes predadores foi negativamente

relacionada ao pH dos rios amostrados (r^=0,66; p=0,049; n=6). Entretanto, se o

único exemplar de traíra do rio Paraguai for incluído na regressão, não há relação

significativa (r^=0,43; p= 0,107; n=7) (Figura 8).

0.15r

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O.IOf0

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•traíra

> traíra

• piranhacurímbatá

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«traíra

O.OOH6.0 6.2 6.4 6.6

pH dos rios6.8 7.0

Figura 8. Concentração média de mercúrio em músculo de piranhas (P. nattererí) e

traíras (H. malabaricus) em relação ao pH, para 5 rios do Pantanal.

3.3. Ariranhas e Lontras

3.3.1. Esforço amostrai

Ao mesmo tempo em que foram realizadas buscas à procura de eventuais

carcaças de animais, foi realizado um estudo piloto com amostras fecais de ariranhas

de quatro latrinas nos Rio Miranda e três no Rio Vermelho. Treze amostras de fezes

foram tríadas em laboratório, entretanto, este método mostrou-se pouco eficiente

para a obtenção de pêlos. Entre 0,003 a 0,008g de pêlos foram encontrados porlatrina, num total de 0,02g de pêlos seco, não atingindo o necessário de 0,06 a 0,12g

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l r'

25

para se realizar as análises de mercúrio. Desta forma, as análises trícológicas e de

mercúrio não foram realizadas em função da pequena amostra desse material.

m

m

^ 3.3.2. Concentração de mercúrio em fígado, rins e músculo de ariranhas.•^ O valor médio de mercúrio (±dp) obtido no padrão de peixe AFPX-5130 foi de

# 14,3 ± 0,58 pg/g (valor certificado = 13,83 ± 1,32 pg/g).

A concentração de mercúrio nos fígados (1,5 a 4,3 pg/g) foi similar a encontrada

® nos rins (1,11 a 4,6 pg/g) para as duas ariranhas. Em um dos indivíduos (amostra n"16592) a concentração de mercúrio foi maior nos pêlos do que nos seus tecidos

0 intemos, enquanto que a outra (amostra n° 16670) continha maiores concentraçõesde mercúrio nos tecidos intemos que os valores encontrados nos pêlos. A análise

m realizada no músculo de um dos indivíduos detectou concentração de 0,2 pg/g de

® mercúrio (Tabela 3).&

9

9^ Tabela 3. Concentração de mercúrio (média ±d.p.) em diferentes tecidose de dois machos de ariranhas do Rio Negro no Pantanal (fígado, rins e0 músculo, pg/g peso úmido).

e

9Tecido Ariranha (16592) Ariranha (16670)

9 Fígados 1,5 ±0,8 4,3 ±0,6

Rins 1,1 ±0,2 4,6 ±0,2

Músculo — 0,2 ± 0,0

3.3.3. Concentração de mercúrio nos pêlos de ariranhas e lontras.

O valor médio de mercúrio total obtido no padrão de cabelo humano IAEA-085 foi

de 24,4 ± 3,57 pg/g (valor certificado = 23,2 ± 3,4 pg/g) e no padrão IAEA-086 0,58 ±

0,21 pg/g (valor certificado = 0,57 ±0,15 pg/g).

Os valores de mercúrio total nos pêlos das ariranhas variaram de 2,9 a 8,3 pg/g.O menor valor encontrado foi de um indivíduo procedente do Rio Negro, enquanto

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26

que a aríranha encontrada no Rio Salobra apresentou a maior concentração. Uma

das fêmeas do zoológico, possuía quase duas vezes mais mercúrio em seus pêlos

m do que um macho encontrado morto no Rio Negro (6,2 e 3,7 pg/g, respectivamente)

m A outra fêmea procedente do zoológico apresentou 4,7 pg/g de mercúrio (Tabela 4).

® Tabela 4. Concentração média de mercúrio total (pg/g peso seco) individualem pêlos de ariranhas (n=5) e lontras (n=4) em cinco rios do Pantanal, (n)

^ número de indivíduos amostrados.^ (I) indeterminado, (M) Macho e (F) Fêmea.®

«

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e

^ As concentrações de mercúrio detectadas nos pêlos das quatro lontras® analisadas variaram de 1,0 a 5,9 pg/g. Duas lontras, ambas machos encontrados

mortos no Rio Negro, possuíam 1,0 e 4,8 pg/g de mercúrio. A maior concentração de

mercúrio foi obtida nos pêlos da lontra taxidermizada, procedente do Rio Miranda

(5,9 pg/g), ao passo que a outra lontra taxidermizada, procedente do Rio Paraguai,

possuía 2,4 pg/g (Tabela 4). As concentrações de mercúrio detectadas nas ariranhas

RioAríranha Lontra

Hg total Sexo (n) Hg total Sexo (n)

Rio Cuiabá 4,7-6,2 F(2) - -

Rio Miranda - * • 5,9 1(1)

Rio Negro 2,9-3,7 M(2) 1,0-4,8 M(2)

Rio Paraguai -- 2,4 1(1)

Rio Salobra 8,3 1(1) - -

e lontras foram maiores que a dos peixes e não apresentou uma concentração mais

alta para rio sob influência de garimpo (Figura 9).

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Figura 9. A. Concentração de mercúrio em músculo de piranha (•), traíra (o) ecurimbatá (A) de 5 rios do Pantanal. B. Concentração de mercúrioem pêlos de ariranha (■) e lontra (□) de 5 rios do Pantanal. A setaindica o rio sob influência de garimpo.

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3.4.3. pH da água e a concentração de mercúrio em ariranhas e lontras.

Houve relação positiva significativa entre a concentração de mercúrio detectada

nos pêlos de lontras e ariranhas e o pH dos rios amostrados (r^= 0,861; p= 0,08)

(Figura 10).

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6.0 6.5 7.0 7.5pH dos rios

8.0 8.5

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Figura 10. Concentração de mercúrio em pêlos de ariranhas e lontras em relaçãoao pH de dnco rios do Pantanal.

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® 4. DISCUSSÃO•

9 4.1. Concentração de mercúrio em peixes.

Em geral, peixes de maior idade e tamanho tendem a possuir maiores

concentrações de mercúrio que peixes menores e imaturos (Scott, 1974). Um fator

^ que pode contribuir para o aumento da concentração de mercúrio é a taxa deingestão de presas contaminadas mais rápida que a sua excreção. Dórea et ai. {no

® prelo), analisaram piranhas da Bacia do Rio Negro no Amazonas, e encontraram

® uma significativa correlação entre o peso corporal e a concentração de mercúrio paraSerrasaimus rhombeus, enquanto esta tendência não foi bem evidenciada para

Serrasaimus aff. eigenmannl.

0 Em função da significativa correlação encontrada entre peso e comprimento® padrão dos peixes, somente a variável comprimento padrão foi utilizada nos modelos

® estatísticos. Contudo, neste estudo não foi encontrada relação significativa entre a^ concentração de mercúrio e o comprimento padrão das três espécies de peixes

estudadas, provavelmente devido à baixa amplitude de comprimento padrão dos

indivíduos analisados.

® Na Amazônia, recentes estudos demonstram que tanto o pH quanto o COD,<0 além da existência de sítios anóxicos, podem influenciar na bioacumulação de® mercúrio criando ambientes propícios para sua metílação mesmo na ausência de

uma fonte antropogênica de mercúrio (Forsberg et ai., 1995; Silva-Forsberg et ai.,

1999). Um exemplo disto foram os resultados obtidos do estudo realizado por Silva-

Forsberg et aí. (1999) que verificaram um aumento na concentração de mercúrio em

peixes com a diminuição do pH e com o aumento dos níveis de COD em uma área

não-perturbada na Bacia do Rio Negro, Amazônia.

Peixes de água doce de áreas consideradas despoluídas (sem qualquer fonteantropogênica de mercúrio) usualmente apresentam níveis menores do que 0,2 pg/gmercúrio peso seco (Meili, 1991). Todo os peixes analisados apresentaramconcentrações de mercúrio menores do que este valor, exceto três amostras depiranhas que possuíam valores próximos a este, sendo todas procedentes do RioNegro, sem influência de garimpo.

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30

A maior concentração de mercúrio nos peixes procedentes do Rio Negro, em

relação aos outros rios estudados, provavelmente está relacionada ao baixo pH da

água. O Rio Negro periodicamente inunda vastas áreas de pastagens durante o

^ período das cheias criando vários sítios anóxicos propícios para a proliferação de

organismos heterotróficos. Nas baías adjacentes ocorre a predominância de grandes

# quantidades de macrófitas aquáticas, especialmente Eichhomia azures e Eichhomia

crassipes. Sabe-se que no Pantanal as macrófitas aquáticas são consideradas a

maior fonte de metilação de mercúrio (Guimarães et ai., 1998), alcançando a maior

taxa de metilação entre pH variando de 6 a 7 (Mauro et a/., 1999).

0 O Rio Vermelho é um canal alimentado pelas águas do Rio Negro apresentando,

® porém valor de pH mais elevado. Ao contrário do Rio Negro, não existem grandes

® concentrações de macrófitas aquáticas nas baías e ao longo do canal principal do® rio. Além disso, possuem margens cobertas principalmente por matas ciliares que,^ durante as inundações, somente pequenas porções da vegetação ficam submersas0 (AquaRAP, 1998). Áreas alagadas podem ser consideradas as principais fontes de0 mercúrio para o sistema aquático uma vez que grande parte da deposição

® atmosférica de mercúrio acumula-se no solo (Roulet et ai., 1999).

® Os menores valores de mercúrio detectados nos peixes do Rio Miranda podem® estar relacionados tanto ao pH quanto ao COD da água. As águas do Rio Miranda,^ além de serem alcalinas, são as que possuem a maior condutividade entre os rios^ pantaneiros (Oliveira et aí., 2002). Sabe-se que o COD está intimamente

0 correlacionado com a condutividade da água (Belger, 2000) e que o COD, em si,^ inibe a metilação do mercúrio por complexar-se a ele, tomando-o indisponível para a

ação das bactérias metiladoras de mercúrio (Miskimmin et ai., 1992).

Hylander et ai. (2000) encontraram níveis de concentração de mercúrio em

piranhas (Senasaimus spp.) quatro vezes maior que o nível crítico para o consumo

humano (2,05 pg/g), no único lago de água ácida incluído no estudo, a Baía Sinhá

Mariana, localizada no Pantanal e alimentada pelas águas do Rio Cuiabá. Um estudo

realizado no Rio Cuiabá a partir de amostras de peixes coletadas no início da década

de 1990 detectou valor médio de mercúrio de 0,11 pg/g em traíras e de 0,64 pg/gem piranhas (Vieira & Alho, 2000).

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31

Vieira & Alho (2000) também coletaram traíras no Rio Bento Gomes, sob

Influência de garimpo, e encontraram para esta espécie concentrações médias de

mercúrio na ordem de 1,09 pg/g. Quando comparadas com as concentrações de

^ mercúrio das traíras detectadas no presente estudo, os valores são, em média, 10

# vezes menores.

# O curimbatá apresentou média de mercúrio abaixo do considerado como natural

® de contaminação mercurial e para o consumo humano, e concentrações menores do^ que em piranhas e traíras, conforme esperado por ser um consumidor secundário e

^ detritívoro (Tabela 2, Figura 7). Curimbatás capturados em região poluída por0 efluentes industriais e esgotos urbanos no Rio Paraná apresentaram níveis de

e mercúrio nos músculos entre 0,082 a 0,31 pg/g (Morais et al. 1997). Concentrações

® de mercúrio similares foram encontrados em curimbatás capturados no Rio® Magdalena, na Colômbia, a jusante de garimpes (Olivero et al., 1997).

0 4.2. Concentração de mercúrio em fígado, rins e músculo de aríranhas.

® Estudos realizados por Evans et al. (1998) utilizando 37 amostras de fígados e

0 pêlos de L. canadensls, revelaram uma boa correlação entre estes dois tecidos (R^=

® 0,69). Em outro estudo feito com a mesma espécie, Mierii et al. (2000) também^ encontraram altos coeficientes de correlação entre as concentrações de mercúrio do^ fígado e pêlos (R^= 0,835) e entre rins e pêlos (R^= 0,803). Em L lutra as® concentrações de mercúrio dos pêlos também correlacionaram-se com as0 concentrações de mercúrio do fígado (R^- 0,77) e rins (R^= 0,75) conforme estudos

realizados por Hyvãrinen et al. (2003).

Wren (1986) sugere que a concentração de mercúrio total nos fígados menores

do que 4,0 pg/g são normais para L canadensls. A concentração de mercúrio

encontrada no fígado de uma das aríranhas foi ligeiramente maior que este valor, e

menor no outro indivíduo (Tabela 3). Ambos os valores obtidos neste estudo são

maiores que os reportados em L. lutra por Gutieb et al. (1998) na Hungria e Áustria

(0.65 e 1,01 pg/g, respectivamente), e menores que os valores encontrados em

lontras da Escócia (4,7 pg/g; Mason & Reynolds, 1988), Inglaterra (5,37 pg/g; Masonet al., 1986) e de L. canadensls na Geórgia (7,13 pg/g; Haibrook et al., 1994).

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32

Níveis de contaminação mercurial menores do que 3,0 pg/g em rins de lontras

podem ser considerados naturais (0'Connor & Nieisen, 1980; Kucera, 1983). Das

duas ariranhas analisadas, somente uma continha níveis de concentração de

mercúrio nos rins maior do que este valor (Tabela 3). Ambos, porém, são similares

# aos valores reportados em L lutra por Mason et al. (1986) de 1,35 a 6,79 pg/g,

® Mason & Reynolds (1988) de 1,5 a 3,0 pg/g e por Gutieb et ai. (1998) de 0,01 a 2,1pg/g,. Já para L canadensis as concentrações de mercúrio variaram de 1,4 a 6,3

pg/g (Wren et aí., 1980) e de 0,03 a 15,7 pg/g (Kucera, 1983).

O valor médio de mercúrio detectado nos fígados e rins de ariranhas de 2,9 pg/g

e 2,8 pg/g, respectivamente, são muito menores que os valores detectados em L.

m canadensis reportados por 0'Connor & Nieisen (1980) e Wren (1985).

Experimentalmente alimentadas cbm peixes contaminados por mercúrio, L

canadensis morreram com uma concentração de mercúrio média de 39,4 pg/g nos

seus fígados e 39,2 pg/g nos rins (0'Connor & Nieisen, 1980). As análises feitas por

(0 Wren (1985) em um indivíduo encontrado morto em Ontário, revelaram

0 concentrações na ordem de 58,0 e 96,0 pg/g de mercúrio no fígado e rins,

® respectivamente.

® A concentração média de 0,2 pg/g de mercúrio detectada no músculo daariranha do Rio Negro é menor que o valor médio reportado por Mason et al. (1986)

em L. lutra (1,66 pg/g), em L. canadensis procedentes de Ontário (0,87 pg/g; Wren et

íç al., 1980), em L. canadensis alimentadas experimentalmente com peixes

0 contaminados por metilmercúrio (15,7 pg/g; 0'Connor & Nieisen, 1980) e, no

indivíduo de L canadensis encontrado morto no contaminado Lago Clay em Ontário

(36,0 pg/g; Wren, 1985).

Em uma das ariranhas analisadas (amostra n° 16592) a concentração de

mercúrio foi maior nos pêlos do que nos seus tecidos internos, enquanto que a outra

(amostra n° 16670) continha maiores concentrações de mercúrio nos tecidos intemos

que os valores encontrados nos pêlos (Tabela 3). Hyvãrinen et al. (2003)

encontraram nos pêlos de L lutra concentrações de mercúrio cerca de cinco vezes

maior do que as do fígado, sugerindo que isto seria uma estratégia para eliminação

do mercúrio via perda de pêlos por "muda", diferentemente de mamíferos marinhos

, »•

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33

que neutralizam a toxicidade do mercúrio pelo seu armazenamento e imobilização

nos fígados pelo selênio (Koeman et al., 1973).

#

#

#

#A 4.3. Concentração de mercúrio em pêlos de ariranhas e lontras.

m O fato do valor médio de mercúrio detectado em ariranhas (5,2 pg/g) ser maior'9 do que a média encontrada nas lontras (3.5 pg/g), pode estar relacionado ao hábito

® alimentar das duas espécies. Mason & MacDonald (1986) assumem que lontras{0^ européias (L lutra) consomem cerca de 1,0 a 2,0 kg de peixe por dia. Valor de^ consumo similar foi reportado para L longicaudis selvagens e cativas (Eriinge, 1968).

As espécies de peixes mais consumidas por lontras sul-americanas pertencem às

ordens Characiformes (família Anostomidae, Erythrinidae e Characidae) e

Perciformes (Cichiidae). Apesar de *se alimentarem primordialmente de peixes, as

lontras consomem outros itens alimentares tais como crustáceos (especialmente

camarão e caranguejos de água doce), pequenos mamíferos, anfíbios, répteis e

pássaros com relativa freqüência (Schweizer, 1992; Helder-José & Andrade, 1997;

Pardini, 1998; Colares & Waldemarin, 2000). Sabe-se que peixes da família

Serrasalmidae (piranhas), são evitados devido à alta periculosidade desta espécie

(Parera, 1993; Passamani & Camargo, 1995). Já as ariranhas são essencialmente

piscívoras e oportunistas, alimentando-se das espécies de presas maiores e mais

abundantes, podendo consumir entre 2,8 a 4,0 kg de alimento por dia (Duplaix 1980;

Schweizer, 1992).

Rosas et al. (1999) ao analisarem seis amostras latrinas de ariranhas coletadas

no Rio Aquidauana, Pantanal, concluíram que o gênero Hopllas sp. e peixes da sub-

família Serrasalminae (piranhas) representaram, respectivamente, 83,3 e 18,9% das

presas consumidas por ariranhas. Estudo similar feito por Zuanon et al. (2002) no

lago formado pela Usina Hidrelétrica de Balbina na Amazônia, porém com um maior

número de amostras de fezes coletadas e analisadas (n=135), concluiu que o gênero

Hoplias sp. apresentou uma freqüência de ocorrência (35,5%) cerca da metade

daquela observada em ambientes sem alteração humana (67,5%) e um aumento

significativo das presas da sub-família Serrasalminae (piranhas), com freqüência de27,4%. Outras espécies com grande potencial para acumular mercúrio, por serem

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peixes piscívoros, tais como pintados (Pseudoplatystoma corrvscans), cacharas

{Pseudoplatystoma fasciatum) e dourados {Salminus maxilosus), já foram

A observados sendo consumidos por arlranhas no Pantanal (F. Fonseca, com. pes.).

• A maior concentração de mercúrio detectada nos pêlos da ariranha procedente

® do Rio Salobra, provavelmente não esteja relacionada aos níveis de contaminação

local e sim ter sido originada fora do sistema ou da soma dos dois. Sabe-se que o

Rio Salobra é utilizado como área de desova para um grande número de espécies de

peixes migradoras durante a piracema, dentre eles cardumes de pintados e

^ dourados. Essas espécies podem ter migrado de áreas com elevados níveis demercúrio e a ariranha analisada pode ter se aproveitado da ocasião e consumido

® uma grande quantidade de peixes contaminados. A mesma justificativa poderia

® explicar a maior concentração de mércúrio detectada na lontra do Rio Miranda. Esteindivíduo foi encontrado atropelado na BR-262 sobre a ponte do Rio Miranda,

somente a 2 km da foz do Rio Salobra. A área de vida de L canadensis é na ordem

0 entre 5 a 25 km^ (Melquist & Dronkert, 1987) e é possível que a área de vida de

0 lontras sul-americanas esteja dentro deste limite.

0 As ariranhas do Zoológico da UFMT são alimentadas principalmente com

® curimbatás (P. lineatus), mas na ausência deste, grandes bagres como pintados esurubins são comprados diretamente dos pescadores que os pescam no Rio Cuiabá

e então fornecidos como alimento. 0'Connor & Nielsen (1980) em experimento,

promoveram uma exposição diária de 9,3; 17,0 e 37,0 mg/Hg/Kg, respectivamente.

Os níveis de mercúrio dos curimbatás que foram fornecidos como alimento para as

ariranhas de cativeiro possuíam, em média, 0,02 pg/g, valor cerca de 100 vezes

menor do que os utilizados no experimento feitos por 0'Connor & Nielsen (1980). Se

considerarmos que as ariranhas do Zoológico da UFMT têm um consumo médio

diário individual de 3 kg de peixes contendo esta mesma concentração média de

mercúrio, ao fim de um único dia cada Indivíduo terá acumulado aproximadamente

0,12 pg/g de mercúrio. Alia-se a estes valores as concentrações de mercúrio

presentes nos pintados e surubins que eventualmente fazem parte de suas dietas.

Não foi o intuito deste trabalho analisar as concentrações de mercúrio nestas

espécies, por serem migradoras, mas estudos anteriores feitos no Rio Cuiabá

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^ (Hylander et aí., 2000) mostraram que as concentrações de mercúrio nestes peixes

^ estão, em geral, entre os níveis de 0,12 a 1,4 ug/g de mercúrio.w

0 A ingestão de peixes com concentrações de mercúrio de 0,12 a 1,4 pg/g está

# associada com efeitos adversos em visons (Musteía vison) e lontras norte-

® americanas (Haibrook et aí., 1994). Gutieb et ai. (1997) concluíram que as ariranhas

do Parque Nacional de Manu, Peru, correm sério risco de intoxicação de mercúrio

uma vez que 68% dos peixes analisados, dentre eles piranhas, excederam a

concentração de 0,1 pg/g de mercúrio proposto como o valor máximo tolerável para o

^ consumo de peixes por lontras européias (Hovens, 1992). Para os peixes analisadosno presente estudo, cerca de 16,4% continham valores similares ou maiores de

# concentração de mercúrio.

As maiores concentrações individuais de mercúrio foram detectadas nas

piranhas do Rio Negro (Tabela 2). Em função disto, esperava-se encontrar as

maiores concentrações de mercúrio em lontras e ariranhas procedentes deste local,

porém isto não foi observado. Os quatro indivíduos do Rio Negro (duas ariranhas e

m duas lontras) eram todos machos. As duas ariranhas do zoológico eram fêmeas e

# possuíam maiores concentrações de mercúrio do que as duas ariranhas e uma das

lontras do Rio Negro. A outra lontra, possuía nível similar ao da ariranha do Rio

^ Cuiabá com a menor concentração (Tabela 4). Para L canadensis, 0'Connor &^ Nielsen (1980) e Mierii et aí. (2000) reportaram maiores níveis de concentração de

mercúrio nos pêlos de fêmeas, enquanto que em L lutra, Hyvãrinen et ai. (2003)

encontraram maiores concentrações de mercúrio em machos. Os últimos autores

assumem que a discrepância entre os resultados destes estudos pode estar

relacionada á quantidade de animais analisados, às diferentes taxas metabólicas

individuais (da capacidade em detoxificar o mercúrio) ou em função do local onde

foram coletados os dados.

Os pêlos têm sido utilizados como indicadores de contaminação por mercúrio em

lontras em diversos trabalhos, existindo uma grande variação na concentraçãoencontrada e observando-se que as concentrações médias de mercúrio obtidas

nesses estudos são em geral maiores do que os valores encontrados nos animais do

Pantanal, conforme observado na Tabela 5.

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Tabela 5. Concentração média e variação de mercúrio total (pg/g peso seco) em pêlos delontras reportadas em outros estudos comparados aos valores obtidos neste estudo. n=número de animais analisados.

Hg total (pg/g)

Local Espécie n Média Amplitude Referência

Canadá

Ontário L canadensis 1 47,0 - Wren, 1985

Ontário L canadensis 51 9.6 4,0 - 20,0 Evans et ai, 1998

Ontário L canadensis 41 10,6 Máx. = 22,2 Evans et ai, 2000

Quebec L canadensis 12 20,7 * Fortin et ai, 2001

Ontário L canadensis 57 12,3 4,7-24,1 Mierii et al., 2000

Estados Unidos

Geórgia L canadensis 9 , 26,7 9,3 - 67,9 Cumbie, 1975

Winsconsin L canadensis 49 6,5 Máx. =63,2 Sheffy & St. Amant, 1982

Geórgia L canadensis 125 21,2 0,5-54,4 Haibrook et al., 1994

Alaska L canadensis 32 * 2,2 -18,8 Ben-David et ai, 2001

Maine L canadensis 26 20,3 1,1-33.7 Evers et ai, 2002

Inglaterra L lutra 25 18,7 1,3-85,1 Mason et ai, 1986

Escócia L lutra 5 * 9,5 - 29,5 Mason & Reynolds, 1988

Finlândia L lutra 39 18,5 0,7-61,3 Hyvãrinen et ai, 2003

Brasil

Pantanal L longicaudis 4 3,5 1,0-5,9 Presente estudo

Pantanal P. bnaslllensis 5 5,2 2,9-8,3 Presente estudo

* Valor não fomecido pelos autores

Os níveis de mercúrio detectados nos pêlos das ariranhas e lontras do Pantanal

se aproximam, ao menos em média, dos valores obtidos para L canadensis de

Wisconsin reportadas por Sheffy and St. Amant (1982) e podem ser considerados

baixos quando comparados com os resultados de L. canadensis procedentes de

Ontário (Evans et ai., 1998), Quebec (Fortin et aí., 2001), Maine (Evers et ai., 2002) eGeórgia (Haibrook et ai., 1994), e de L. lutra oriundas da Finlândia (Hyvãrinen et ai.,2003), Escócia (Mason & Reynolds, 19888) e Inglaterra (Mason et ai., 1986) (Tabela

5).

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Sheffy & St. Amant (1982) propõem concentrações de mercúrio nos pêlos de

lontras variando entre 1,0 a 5,0 pg/g como sendo níveis naturais de contaminação

ambiental. Dos nove indivíduos analisados no presente estudo, dois possuem

concentrações similares ao valor máximo proposto, e três ultrapassam este limite. Os

resultados deste estudo sugerem que as concentrações de mercúrio nas lontras e

ariranhas do Pantanal estão abaixo das concentrações conhecidas que produzem

efeitos letais em L lutra e L canadensis.

Apesar da relação positiva entre a concentração de mercúrio detectada nos

pêlos de ariranhas e lontras com o pH dos rios amostrados, é possível que outros

fatores bióticos e abióticos não analisados estejam inter-relacionados. Diferenças

nas concentrações de mercúrio entre espécies podem estar relacionadas às

diferenças na dieta e metabolismo,'idade ou taxas metabólicas de cada indivíduo

(Wren, 1986). Dentre os fatores abióticos, o local é provavelmente o fator mais

importante na captação de mercúrio por abranger uma variedade de condições que

pode incluir fontes naturais ou antrópicas de contaminação.

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5. CONCLUSÕES

Os resultados do presente estudo indicam uma tendência de que os peixes

carnívoros (piranhas e traíras) apresentam maiores concentrações de mercúrio do

que a espécie detritívora (curimbatá) no Pantanal, independente da presença de uma

fonte antrópica de poluição (como os garimpos), sugerindo haver outros fatores

ambientais influenciando na bioacumulação de mercúrio.

Neste estudo, constatou-se ainda, que a concentração de mercúrio presente nas

ariranhas e lontras do Pantanal, independe da ocorrência de uma fonte antrópica

conhecida de contaminação, como os garimpos, e que estas concentrações de

mercúrio apresentam em ordem de magnitude maior nestes animais do que nos

peixes predadores dos rios da região. Ainda assim, as concentrações de mercúrio

detectada nas ariranhas e lontras do Pantanal, são menores que as conhecidas por

produzir efeitos sub-letais e letais em L. canadensis.

Em função da estabilidade do mercúrio ao longo do tempo, também é possível

utilizar amostras de pêlos de animais taxidermizados de museus ou coleções

zoológicas. A utilização de pêlos de ariranhas e lontras como bioindicador de

contaminação por mercúrio, tem muitas vantagens caso reflitam as concentrações de

órgãos intemos. Relativamente simples de ser obtido e sem a necessidade de

sacrificar o animal. Assim, um plano de coleta de pêlos de animais silvestres, ou

mesmo de cativeiro, poderia ser elaborado, o que permitiria monitorar um mesmo

indivíduo por toda sua vida.

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7. APÊNDICES

Apêndice 1. Concentração de mercúrio em peixes de 5amostra de cada indivíduo depositado no laboratório decomprimento padrão e (PT) peso total.

rios do Pantanal. Número da

Radioisótopos da UFRJ. (CP)

Amostra Espécie CP (cm) PT(g) Hg (pg/g) Local

16344 Pygocentrus nattereri 17,5 230 0,02 Rio Vermelho

16345 Pygocentrus nattereri 17.5 220 0,03 Rio Vermelho

16346 Pygocentrus nattereri 18 240 0,03 Rio Vermelho

16347 Pygocentrus nattereri 19,5 350 0,02 Rio Vermelho

16348 Pygocentrus nattereri 23 500 0,03 Rio Vermelho

16349 Pygocentrus nattereri 18,5 260 0,04 Rio Vermelho

16350 Pygocentrus nattereri . 19 300 0,05 Rio Vermelho

16351 Pygocentrus nattereri 18 210 0,04 Rio Vermelho

16352 Pygocentrus nattereri 17,5 300 0,05 Rio Vermelho

16353 Pygocentrus nattereri 19 220 0,13 Rio Vermelho

16354 Pygocentrus nattereri 25 740 0,04 Rio Miranda

16355 Pygocentrus nattereri 20,5 420 0,07 Rio Miranda

16356 Pygocentrus nattereri 19,5 350 0,03 Rio Miranda

16357 Pygocentrus nattereri 19 320 0,00 Rio Miranda

16358 Pygocentrus nattereri 19,5 330 0,04 Rio Miranda

16359 Pygocentrus nattereri 19 300 0,00 Rio Miranda

16360 Pygocentrus nattereri 19 300 0,01 Rio Miranda

16361 Pygocentrus nattereri 17 240 0,02 Rio Miranda

16362 Pygocentrus nattereri 21 410 0,01 Rio Miranda

16363 Pygocentrus nattereri 19 300 0,03 Rio Miranda

16652 Pygocentrus nattereri 24,9 750 0,11 Rio Negro16649 Pygocentrus nattereri 21,8 500 0,21 Rio Negro16657 Pygocentrus nattereri 20,9 405 0,14 Rio Negro16662 Pygocentrus nattereri 25,4 950 0,07 Rio Negro16659 Pygocentrus nattereri 25,2 860 0,21 Rio Negro16656 Pygocentrus nattereri 19,6 325 0,09 Rio Negro16648 Pygocentrus nattereri 24,9 695 0,10 Rio Negro16650 Pygocentrus nattereri 24,0 655 0,19 Rio Negro16654 Pygocentrus nattereri 25,1 820 0,11 Rio Negro16655 Pygocentrus nattereri 23,0 600 0,16 Rio Negro16651 Pygocentrus nattereri 16,7 220 0,07 Rio Negro

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Continuação Apêndice 1

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16477 Hoplias malabaricus 25,0 308 0,01 Rio Paraguai

16364 Hoplias malabaricus 22,5 200 0,02 Rio Miranda

16365 Hoplias malabaricus 21.5 200 0,00 Rio Miranda

16366 Hoplias malabaricus 21 165 0,02 Rio Miranda

16367 Hoplias malabaricus 27,5 400 0,02 Rio Miranda

16368 Hoplias malabaricus 30 500

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Rio Miranda

16369 Hoplias malabaricus 24 250 0,02 Rio Miranda

16370 Hoplias malabaricus 25 280 0,00 Rio Miranda

16371 Hoplias malabaricus 24,5 275 0,00 Rio Miranda

16372 Hoplias malabaricus 21.5 195 0,01 Rio Miranda

16373 Hoplias malabaricus. 25 280 0,03 Rio Miranda

16582 Hoplias malabaricus 27 434,5 0,07 Rio Cuiabá

16583 Hoplias malabaricus . 24,4 282,5 0,09 Rio Cuiabá

16584 Hoplias malabaricus 22,8 256 0,06 Rio Cuiabá

16585 Hoplias malabaricus 22,9 236 0,05 Rio Cuiabá

16586 Hoplias malabaricus 26,9 414 0,06 Rio Cuiabá

16587 Hoplias malabaricus 26,3 365 0,08 Rio Cuiabá

16588 Hoplias malabaricus 27,8 451 0,05 Rio Cuiabá

16589 Hoplias malabaricus 22,7 257,5 0,09 Rio Cuiabá

16590 Hoplias malabaricus 25 340 0,12 Rio Cuiabá

16591 Hoplias malabaricus 20,6 212,5 0,08 Rio Cuiabá

16572 Prochilodus llneatus 29 640 0,01 Rio Cuiabá

16573 Prochilodus llneatus 23,5 500 0,01 Rio Cuiabá

16574 Prochilodus llneatus 24 560 0,04 Rio Cuiabá

16575 Prochilodus llneatus 25,5 570 0,06 Rio Cuiabá

16576 Prochilodus lineatus 27,5 650 0,01 Rio Cuiabá

16577 Prochilodus lineatus 25 550 0,04 Rio Cuiabá

16578 Prochilodus lineatus 24,5 600 0,02 Rio Cuiabá

16579 Prochilodus lineatus 27,5 640 0,01 Rio Cuiabá

16580 Prochilodus llneatus 26 570 0,03 Rio Cuiabá

16581 Prochilodus lineatus 29 730 0,01 Rio Cuiabá

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Apêndice 2. Concentração de mercúrio em tecidos de ariranhas e lontras de 5 rios doPantanal. Número da amostra de cada indivíduo depositado no Laboratório deRadioisótopos da UFRJ, tecido analisado e origem do material.

Amostra Espécie Tecido Hg (pg/g) Rio Origem

16498 Pteronura brasiliensis Pêlo 3,68 Negro Carcaça

16501 Pteronura brasiliensis Pêlo 2,94 Negro Carcaça

16496 Pteronura brasiliensis Pêlo 6,20 Cuiabá Zoológico

16497 Pteronura brasiliensis Pêlo 4,79 Cuiabá Zoológico

15342 Pteronura brasiliensis Pêlo 8,30 Salobra Carcaça

16666 Pteronura brasiliensis Músculo 0,17 Negro *16501

16670 Pteronura brasiliensis Fígado 4,30 Negro *16501

16668 Pteronura brasiliensis . Rim 4,60 Negro *16501

16593 Pteronura brasiliensis Fígado 1,52 Negro *16498

16592 Pteronura brasiliensis Rim 1,10 Negro *16498

16500 Lontra longicaudis Pêlo 1,00 Negro Carcaça

16502 Lontra longicaudis Pêlo 4,83 Negro Carcaça

16495 Lontra longicaudis Pêlo 2,41 Paraguai Pele CPAP

16503 Lontra longicaudis Pêlo 5,95 Miranda Pele UFMS

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Apêndice 2. Concentração de mercúrio em tecidos de ariranhas e lontras de 5 rios doPantanal. Número da amostra de cada indivíduo depositado no Laboratório deRadioisótopos da UFRJ, tecido analisado e origem do material.

Amostra Espécie Tecido Hg (pg/g) Rio Origem

16498 Pteronura brasiliensis Pêlo 3,68 Negro Carcaça

16501 Pteronura brasiliensis Pêlo 2,94 Negro Carcaça

16496 Pteronura brasiliensis Pêlo 6,20 Cuiabá Zoológico

16497 Pteronura brasiliensis Pêlo 4,79 Cuiabá Zoológico

15342 Pteronura brasiliensis Pêlo 8,30 Salobra Carcaça

16666 Pteronura brasiliensis Músculo 0,17 Negro *16501

16670 Pteronura brasiliensis Fígado 4,30 Negro *16501

16668 Pteronura brasiliensis . Rim 4,60 Negro *16501

16593 Pteronura brasiliensis Fígado 1,52 Negro *16498

16592 Pteronura brasiliensis Rim 1,10 Negro *16498

16500 Lontra longicaudis Pêlo 1,00 Negro Carcaça

16502 Lontra longicaudis Pêlo 4,83 Negro Carcaça

16495 Lontra longicaudis Pêlo 2,41 Paraguai Pele CPAP

16503 Lontra longicaudis Pêlo 5,95 Miranda Pele UFMS

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Apêndice 3. Dados referentes a procedência de ariranhas e lontras, e locais de coleta dospeixes analisados.

Amostra Espécie Rio Georeferência

16498 Pteronura brasiliensis Negro 19° 35' 22" S 756° 12' 45" W

16501 Pteronura brasiliensis Negro 19° 15' 29" S 757° 34'19"W

16496 Pteronura brasiliensis Cuiabá 15° 36'8 756° 03'W

16497 Pteronura brasiliensis Cuiabá 15° 36'8 7 56° 03'W

15342 Pteronura brasiliensis Salobra 20° 13'27" 8 7 56° 34' 31 "W

16500 Lontra longicaudis Negro 19° 39' 17" 8 7 56° 24'13"W

16502 Lontra longicaudis Negro 19° 32'27" 8 7 56° 13'14" W

16495 Lontra longicaudis Paraguai Próximo à cidade Corumbá-M8

16503 Lontra longicaudis ' Miranda 20°11'27"8756° 30'W

16354-16363 P. nattereri Miranda 19° 34'8 7 57° 00'W

16364-16373 H. malabarícus Miranda 19° 31'33" 8 7 57® 02' 26" W

16344-16353 P. nattereri Vermelho 19° 37' 04"8756° 56' 51"W

16648-16662 P. nattereri Negro 19° 35'57" 8 7 56° 13' 09" W

16582-16591 H. malabaricus Cuiabá 12° 10'24" 8 714° 16'12" W

16572-16581 P. lineatus Cuiabá 15° 36'8 7 56° 03'W

16477 H. malabaricus Paraguai Próximo à cidade Commbá-M8

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52

Apêndice 4. Sumário Estatístico da Análise de Covariância (ANCOVA)

MODELO 1:

Hg piranha= CONSTANT + RIO$ + TAMANHO piranha

Categórica! values encountered during processing are:RIO$ (3 leveis)Miranda, Negro, Vermelho

Dep Var: PNATTERERIHG N: 31 Multiple R: 0.803 Squared multiple R: 0.645

Analysis of Variance

Source Sum-of-Squares df Mean-Square F-ratio P

RIO$ 0.037 • 2 0.018 12.707 0.000

TAMANHO 0.002 1 0.002 1.170 0.289

Error 0.039 27 0.001

MODELO 1:

Hg piranha= CONSTANT + RIO$ + PESO piranha

Categórica! values encountered during processing are:RIO$ (3 leveis)Miranda, Negro, Vermelho

Dep Var: PNATTERERIHG N: 31 Multiple R: 0.796 Squared multiple R: 0.634

Analysis of Variance

Source Sum-of-Squares df Mean-Square F-ratio PRIO$ 0.038 2 0.019 12.726 0.000PESO 0.000 1 0.000 0.328 0.572Error 0.040 27 0.001

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Modelo 1:

Hg traíra= CONSTANT + RÍ0$ +Tamanho traíra

Categorical values encountered during processing are:RIO$ (3 leveis)Cuiabá, Miranda, Paraguai

Dep Var: HGTRAIRA N: 21 Multiple R: 0.892 Squared multiple R: 0.796

Analysis of Variance

Source Sum-of-Squares df Mean-Square F-ratio P

RIO$ 0.020 2 0.010 33.133 0.000

Tamanho 0.000 1 0.000 0.127 0.726

Error 0.005 17 0.000

MODELO 1:

Hg traíra= CONSTANT + RIO$ + PESO traira

Categorical values encountered during processing are:RIO$ (3 leveis)Cuiabá, Miranda, Paraguai

Dep Var: HGTRAIRA N: 21 Multiple R: 0.893 Squared multiple R: 0.797

Analysis of Variance

Source Sum-of-Squares df Mean-Square F-ratio P

RÍO$ 0.020 2 0.010 31.971 0.000Peso 0.000 1 0.000 0.201 0.660Error 0.005 17 0.000