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INFEKTION MAGAZINE #02 - Abril 2011

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DOWNLOAD: http://www.mediafire.com/?52s65qsqwqe9u16 ENTREVISTAS: Winds Of Plague, Imperia, Wako, The9thCell, Deathraiser, The Ransack, Sarcastic Mind, Illdisposed, Aosoth, Forgotten Suns, Rise Of Ophiuchus; REVIEWS: 57; LIVE REPORTS: 4

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EDIÇÃO Nº 2 - ABRIL 2011

EDITOR-CHEFEJoel Costa

COLABORADORES #02Bruno Farinha, Cátia Cunha, Íris Jor-dão, João Miranda, Liliana Quadrado, Mónia Camacho, Rita Oliveira, Rui Melo, Rute Gonçalves, Sofia Simões FOTOGRAFIAMaterial disponibilizado pelas editoras;Créditos nas respectivas páginas;

DESIGN & PAGINAÇÃOJoel Costa - www.lifedesign.com.pt

REVISÃOJoel Costa

[email protected]

WEBSITEwww.infektionmagazine.info

ENVIO DE PROMOSJoel Costa - Infektion MagazineRua Adriano Correia Oliveira153 1B3880-316 OvarPortugal

Infektion Magazine by ELEMENTOS À SOLTA - Desenvolvimento de Produ-tos Multimédia LDA is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Proibição de realiza-ção de Obras Derivadas 3.0 Unported License.

NÚM3ROS

Os resultados da nossa primeira edição fo-ram surpreendentes e gostaria de agradecer a todos os envolvidos neste projecto pelo ex-celente trabalho que estão a desenvolver. Os agradecimentos vão ainda para todos aque-les que resolveram ler nem que fosse uma página da nossa revista e também para os nossos parceiros que confiaram em nós para divulgar os seus produtos e serviços! Dito isto, pretendo informar que a Infektion Ma-gazine é e será sempre gratuita enquanto se tratar de uma publicação online. Se acharem que o nosso trabalho merece o vosso donati-vo e querem continuar a ver a Infektion cres-cer, podem fazê-lo através de três métodos diferentes: Paypal, Transferência Bancária e Multibanco. Qualquer valor é bem-vindo. Um cêntimo que seja é sinal que acreditam em nós e ficaremos muito gratos por isso!

Os vossos donativos servirão para remune-rar os nossos colaboradores. Obrigado!

» http://www.infektionmagazine.info/?page_id=22

Joel Costawww.infektionmagazine.info

05 A VOZ DOS LEITORES

06 NOTÍCIAS

08 ARTWORK C/ IRDONDOOM

09 STUDIO REPORT C/ IMPÉRIA

10 PIERCINGS E TATUAGENS

14 WINDS OF PLAGUE

16 THE RANSACK

18 IMPERIA

22 WAKO

24 THE9THCELL

28 AOSOTH

30 SARCASTIC MIND

32 ILLDISPOSED

34 RISE OF OPHIUCHUS

36 DEATHRAISER

38 FORGOTTEN SUNS

40 PARA ALÉM DA RAIVA

42 REVIEWS DISCOS

58 LIVE REPORTS

64 CINEMA

65 SÉRIES

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Quando é que a Infektion vai estar dispo-nível para compra em papel?

via Facebook

A pergunta que todos fazem tem uma resposta que nem todos gostam de ouvir. É provável que a Infektion nunca venha a estar disponível para compra nas bancas, pelo menos regularmente. Isto porque são necessários inúmeros apoios, venda de publicidade a preços com quatro dí-gitos e muita burocracia pelo meio que não torna este processo mais fácil. Nos dias de hoje é muito difícil levar um pro-jecto destes às bancas, no entanto não é possível. Para já vamos dizendo que não o fazemos porque queremos poupar as árvores e também porque a Internet é o futuro. Na eventualidade da coisa até correr melhor (venham esses donativos eheh) podemos começar a pensar a sério nisso.

A Infektion Magazine faz parte da Ver-sus Magazine? Parece-me pois encontro alguns pontos em comum entre as duas revistas.

via E-Mail

Não, são dois projectos totalmente dis-tintos. No entanto, eu fui o criador da Versus Magazine e estive encarregue do design da revista até Agosto de 2010 (10 edições), daí encontrares algumas coisas em comum. Estou integrado num grupo de Design que me convidou a “liderar” este projecto.

Formei uma ban-da de Black Metal Acústico com alguns amigos meus. Têm interesse numa entrevista?via E-Mail

A Infektion tem sempre as suas portas abertas para projectos de peso, no entanto ainda não consegui encai-xar muito bem esse conceito do Black Metal Acústico. Isso existe mesmo a sério? Já tenho visto bandas que utilizam o corpse paint e tudo o mais e andam para trás e para a frente com violas acústicas mas sempre achei que fosse brincadeira. O acústico pode ser pesado, ninguém diz que não, por isso - a menos que o resultado final seja parecido com algo do André Sardet - podemos pensar nisso.

Fazem artigos de bandas nacionais?via E-Mail

Sim. As bandas interessadas em artigos redigidos pela Infektion Ma-gazine, só precisam de nos enviar um presskit composto

por fotos de grande resolução, biografia, discografia e outras informações que considerem relevan-tes e a nossa equipa tratará do resto.

A Infektion tem al-gum sítio físico que eu possa visitar?via Facebook

De momento não. Mesmo os pontos de venda que vão ser criados vão ter todos operação online.

Conseguem arranjar bilhetes para deter-minado evento?via E-Mail

A Infektion come-çou a pensar na criação do “Cartão Infektion” há algum tempo e esse cartão vai dar descontos e ofertas aos seus assinantes. Fica atento!

A secção dos classi-ficados é gratuita?via E-Mail

Sim, é. No entanto não teremos essa secção nesta edição, uma vez que não tivemos um número de anúncios que jus-tificasse a abertura da mesma.

Como posso encon-trar-me com algum de vocês?via Facebook

Para assuntos que digam respeito à Infektion, podes combinar algo com a direcção. Caso queiras conhecer pessoalmente um dos nossos colabo-radores é só verifi-cares em que con-certos é que vamos marcar presença e ir lá ter.

Como faço para me tornar vosso par-ceiro?via E-Mail

Para seres parcei-ro da Infektion só necessitas de nos enviar um e-mail e fazer a tua proposta. Geralmente os nos-sos parceiros optam por fazer uma troca de links, o que fun-ciona perfeitamente para nós. Outros parceiros, como é o caso daqueles que têm banners na página inicial do nosso site, já têm que ir mais longe e divulgar a Infektion de outras maneiras que não a troca de links.

Não concordas com uma review? Tens uma sugestão para nós? Queres dar-nos os parabéns?Envia os teus comentários e questões para o e-mail [email protected]

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Os Hammerfall preparam-se para lançar Infekted, o seu oitavo ál-bum em estúdio. O álbum, produzido e editado por James Michael (Meat Loaf, Scorpions), encontra-se à venda a partir de 20 de Maio.Uma das faixas do mesmo, One More Time, já está disponível na página de Facebook da banda. [João Miranda]

Os A Perfect Circle anunciaram uma nova digressão nos E.U.A e Canadá, começando em Ohio, a 22 de Maio. A banda reformulou também o site oficial, publicando as datas dos concertos que vão até 2 de Agosto. Esta será a primeira tour da banda de Maynard James Keenan e Billy Howerdel em seis anos. [João Miranda]

A banda Sueca Astral Doors estão a trabalhar num novo álbum a sair em Outubro, juntamente com uma digressão Europeia. “O tra-balho com o novo álbum continua.” – afirmou a banda no Myspace – “Mesmo que não estejamos nem a meio do processo podemos já sentir que vai ser algo especial. Desta vez vamos abordar a religião, e toda a merda que a mesma trouxe a este mundo.” [João Miranda]

O baixista dos Exhorder faleceu a 22 de Março, aos 40 anos. Spar-cello entrou para a banda em 1990 esteve com a banda até ’92, data em que esta se separou. Esteve presente no regresso da mesma em 2009 e encontrava-se actualmente a trabalhar num novo álbum. Os detalhes da sua morte são escassos, tendo o vocalista feito ape-nas uma observação: “Não sei bem o que dizer, por isso digo que te amo e que nos vemos no outro lado um dia destes.” [João Miranda]

As Kittie entraram em estúdio para começar a trabalhar no seu pró-ximo álbum, ainda sem título. Segundo Morgan Lander, vocalista da banda, este trabalho será ainda melhor que o anterior, “In The Black”, lançado em 2009. [Joel Costa]

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GRUPO FACEBOOKOzzy ou Black Sabbath em Portugal

http://www.facebook.com/pages/Ozzy-Osbourne-ou-Black-Sabbath-em-Portugal/146532592046899

http://www.pedrademetal.blogspot.com

No dia 23 de Abril, os An X Tasy vão lançar o seu novo trabalho de originais, intitulado “Even The Most Pacific Man Sometimes Have To Kill”, na casa de Lafões, em Lisboa. O evento inicia por volta das 17h e terá a presença dos convidados especiais Barafunda Total, Punksinatra e The Candirus. O custo da entrada é de 5€. [Joel Costa]

Os Disturbed viram-se obrigados a cancelar a segunda parte da digressão Europeia, digressão essa que incluía uma passagem por Portugal no Coliseu de Lisboa, no dia 20 de Junho. A banda res-ponsabilizou o aumento do preço dos combustíveis e o elevado cus-to das viagens por esta decisão sendo que quem já tinha bilhetes pode agora pedir o reembolso do dinheiro no local onde os adqui-riu. Os portadores de bilhete têm um prazo de 30 dias para fazê-lo. [Joel Costa]

Os Solid Spectrum estão prestes a editar o seu EP de estreia. "Spi-ritual And Carnal" será lançado em Maio e terá a edição a cargo da Kenosis Records. A banda irá ainda fazer a estreia dos temas ao vivo num concerto a ser realizado no Porto, no Metalpoint, numa das sessões warm-up do Underfest. [Joel Costa]

No dia 15 de Abril, os Confront Hate vão protagonizar uma festa de lançamento do seu novo álbum, com um concerto na Associação de Músicos de Faro. O evento terá ainda as participações dos con-vidados Mindlock e Pull The Trigger. [Joel Costa]

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ao Design Gráfico, tais como, criação de capas de CD, Logó-tipos, sites, fotografia, etc.

Tendo em conta que tam-bém és o baterista de duas bandas nas quais tens um papel de compo-sição activo, arrisco dizer que és daquelas pesso-as que só se sente bem a criar. Mas a pergunta é: como te sentes quando não estás ocupado com algo criativo?Sim, realmente, só estou bem comigo mesmo quando me encontro em processo criati-vo. Não poder criar é o mes-mo que me sentir vazio, sem objectivos, sem puder exte-riorizar os meus sentimentos mais profundos. Não seria “ninguém” sem poder criar Arte.

Fala-nos um pouco do teu trabalho. Quais são as tuas fontes de inspira-ção?É complicado para mim ex-pressar por palavras a minha

Arte!... Acredito que a mesma consegue transmitir às pesso-as variadíssimos sentimen-tos e é essa a mensagem que pretendo passar, ou seja, um mundo de contrastes, onde os sonhos se equilibram com os pesadelos, o belo com o gro-tesco, a negridão com a luz. A natureza, tem também, um papel primordial nas minhas Obras, não fosse a natureza toda a dinâmica que nos faz movimentar, existir..

De momento tens algum estúdio ou atelier onde estejas a fazer o teu tra-balho?Claro que não! Nem tenho base financeira para isso e mais importante ainda, não tenho trabalhos que me per-mitam financeiramente avan-çar com algo do género.Tenho as ferramentas neces-sárias e chegam perfeitamen-te.

De que forma é que os nossos leitores podem encontrar mais informa-

ções acerca do teu traba-lho?Encontram-se online varia-díssimas Galerias com tra-balhos meus distribuídos por vários Sites conhecidos quer nacional, quer internacional-mente, tais como o Olhares | AdvancedPhotoshop [U.K.] | Facebook e, principalmente, DeviantArt, este com toda a retrospectiva da minha car-reira no mundo digital. A consultar então:http://olhares.aeiou.pt/iron-doom, www.advancedpho-toshop.co.uk/user/Iron-doomDesign, www.facebook.com/irondoomdesign, www.irondoomdesign.deviantart.com. Agradeço, desde já, a oportunidade que a Infektion Magazine me está a facultar, podendo desta forma promo-ver a minha Arte das vossas páginas! Um obrigado espe-cial a ti, pela entrevista!

Entrevista: Joel Costa

Como nasceu o projecto “IronDoom Design” e que tipo de serviços pode-mos encontrar?

Julgo ter nascido na altura em que idealizei a primeira capa para uma das minhas primeiras bandas, In Solitude, isto em 1998 mas, na altura, nem sequer sabia mexer em computadores. Mas a ideia estava lá, queria aprender e desenvolver essa ideia! E passado uns anos esse desejo con-cretizou-se. Os serviços, são todos os inerentes

http://irondoomdesign.deviantart.com

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Qual foi o pedido mais estranho que já vos apareceu tanto em tatu-agens como em piercings?Na parte dos piercings já me chegaram vários pedidos estranhos mas acho que o mais estranho foi um cliente pedir--me para fazer uma dilatação na ore-lha dele exactamente como a minha, ou seja, como eu tenho a minha orelha direita rasgada depois de ter tido um túnel de 30 milímetros, fiquei com o lóbulo da orelha em bico e o rapaz que-ria o mesmo, o que significa que teria de lhe dilatar a orelha, rasgá-la e voltar a dilatar o lóbulo rasgado. Em termos de tatuagens, talvez o pedido mais es-tranho venha da parte das pessoas que pedem para tatuar manchas e descolo-rações de pele da mesma cor do resto do corpo. Mas visto que ajuda as pessoas a sentirem-se melhor nem é assim tão estranho.

Entrevista: Joel CostaFotografias: HeartGallery

o Carlos não conseguimos trabalhar se não houver música. Quanto à cena de conciliar a loja com EAK, para nós é fá-cil também: EAK primeiro, loja a nossa curte… Claro que é a loja que nos dá o comer mas EAK é o nosso sangue. Por isso, todas as terças, quintas e sábados, as marcações são feitas com vista a não interferir com os ensaios da banda, e nos dias de concertos não há loja para ninguém.

No vosso portfolio pude reparar que existem muitas tatuagens de retratos. Quanto tempo demoram a executar uma tatuagem deste calibre?Sim os retratos são sem dúvida dos tra-balhos mais requisitados na nossa loja, pois é uma das especialidades do Car-los. Penso que existem poucos tatuado-res com o talento que ele tem para este tipo de tatuagem. Um trabalho desses demora em média aí umas duas horas a ser realizado, já a contar com a prepara-ção da mesma.

Em primeiro lugar quando e como foi criado este estú-dio?

Paulo: Este estúdio já estava criado na nossa cabeça há bastante tempo mesmo, mas por alguma razão ou ou-tra fomos sempre adiando a coisa. Mas quando eu e a minha mulher decidi-mos deixar de trabalhar para outros e arranjamos a estabilidade financeira para isso, abordei o Carlos de forma concreta, o que foi fácil pois sendo nós dois dos melhores amigos, tendo a ban-da, profissões complementares e ondas idênticas, tínhamos tudo reunido para dar certo e avançamos com o projecto. Posto isto, abrimos portas em Novem-bro do ano passado (2010).

Tanto tu como o Carlos são tam-bém integrantes dos EAK. É fácil conciliar o trabalho com a músi-ca?Para nós é! Conciliamos música com a nossa loja, faz parte de nós, não há um dia em que não chegues à loja e não esteja a tocar música. Tanto eu como

COMO ENCONTRAR A HEARTGALLERY

“Ora bem... Podem-nos encontrar onde houver cerveja e boa música

(risos).” Paulo

LOCALIZAÇÃO:Rua Mártires da Liberdade, nº132 no Porto

FACEBOOK:www.facebook.com/heartgallerytattoopier-

cing

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“Nós escrevemos a música que queremos escrever e não estamos preocupados se vai ser mais metal ou mais hardcore.”

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“Os Winds Of Plague apresentam um álbum eclético e forte que se descobre com prazer. E se eles estão “Against the world” é provável que o mundo se ren-da. Johnny Plague partilhou com a INFEKTION as ideias por trás das canções e o sentimento da banda face ao novo trabalho.”

estávamos à espera, como as cam-painhas no princípio de “Most Hated”. Esta surpresa é um ele-mento que pretendiam criar ou é apenas um bónus aleatório?Como disse anteriormente, não temos constrangimentos ou limitações quan-to à nossa música o que nos permite explorar o que quer que estejamos a sentir no momento. E naquele momen-to especificamente aconteceu ser uma campainha.

Em “Only Song Were Allowed To Play In Church Venues” ouvimos as belas notas de piano da Alana. Como vive uma mulher num mun-do de homens?A Alana faz parte do bando. Não sei como ela o faz mas consegue manter-se sempre a par da malta. Ela já lidou com muita coisa que faria a maior parte das miúdas (e até alguns gajos) abandonar as tournées permanentemente. Não posso dizer quantas vezes ela não gos-tou do cheiro e apenas sorriu.

Neste álbum há uma certa atmos-fera de cinema. Concordas?Sim usamos muitos arranjos orques-trais para criar uma atmosfera que pu-desse facilmente ser usada no cinema. Qualquer género, desde horror à acção ou até cenas de batalha.

Como escolheram a imagem para a capa do álbum?Queríamos trazer de volta o imaginário Samurai presente em “Decimate The Weak” como um símbolo do nosso re-gresso às raízes enquanto banda. Espe-ramos poder continuar o género Samu-rai como a nossa versão de Eddie dos Iron Maiden.

Quem gostariam de convidar para assistir a um concerto vosso?Dog The Bounty Hunter.

Entrevista: Mónia CamachoFotografia: Hristo Shindov

mortos. Eu queria musicar a faixa, de forma a soar tipo filme de terror como resultado final.

Em “Warriars Code” têm uma es-pécie de manifesto. É uma música bastante interessante. Quem a es-creveu e compôs?Nick Eash é o cérebro por trás desta fai-xa. Ele criou toda a peça. Teclados, gui-tarras, bateria. Tudo. Depois tivemos alguma ajuda de Ryan Kelly e Brian La-wlor nas orquestrações, o que também sucedeu em “The Great Stone War.”

Neste álbum têm músicas para todas as sensibilidades. Algumas com uma forte componente hard-core, outras com estilo orquestral e imenso detalhe. Quiseram al-cançar o melhor de dois mundos?Tentamos sempre escrever a nossa mú-sica fora dos cânones. E isso é o que eu mais gosto na nossa banda. Nós escre-vemos a música que queremos escrever e não estamos preocupados se vai ser mais metal ou mais hardcore.

Desta vez tiveram Matt Hyde como produtor. Como correu?O Matt foi espantoso. Ele apoiou a nos-sa escrita e a nossa função enquanto banda e por estarmos com ele consegui-mos atingir o som bruto e poderoso que queríamos captar.

Neste álbum surpreendem-nos imenso. Aparecem sons que não

A banda definiu o álbum “Against the World” como “belo, ignorante e pesado”.

Podem dizer-nos algo mais sobre esta fabulosa afirmação?Johnny Plague - Essas são as melho-res palavras que encontrei quando me pediram que descrevesse o disco em três palavras. Ah ah. Avançamos com a nossa assinatura de som épico usando orquestrações e arranjos de topo que depois injectamos com uma overdose de riffs pesados e letras ignorantes, por falta de melhor expressão. Este álbum é como um mix dos nossos dois lança-mentos anteriores com esteróides.

Os vossos álbuns têm sempre bons títulos. Como escolheram este?Notei que com a nossa banda, ou nos adoras ou nos odeias, não há espaço para meio-termo. Acho que isso se deve ao tipo eclético de metal que tocamos. Não somos suficientemente metálicos para os elitistas do metal e não somos suficientemente hardcore para os entu-siastas do hardcore. Pelo que juntamos uma lista de seguidores que nos odeiam e fãs do tipo “diehard” a que eu costumo chamar frequentemente os soldados do dia do juízo final. Por isso “Agains the world” é basicamente o nosso exército contra o mundo.

“Raise The Dead” começa com um coro infantil que cria uma atmos-fera meio negra / meio naif, que depois aumenta ainda mais o con-traste com a parte forte da músi-ca. Como tiveram esta ideia?Depois de ouvir a versão instrumental da faixa, fiquei abismado com a vibra-ção negra e arrepiante e queria encon-trar uma letra que acompanhasse a música. Depois de estar contente com as palavras, tinha que encontrar uma forma de as apresentar e de as tornar interessantes. E não há forma mais ar-repiante de o fazer do que ter um mon-te de crianças a cantar sobre levantar os

“Este álbum é como um mix dos nossos dois

lançamentos anteriores com

esteróides.”

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Os The Ransack já contam com cerca de 10 anos de formação, ainda assim demorou algum tem-po para lançarem Azrael, o vosso álbum de estreia. É difícil ter uma banda de Metal em Portugal?Shore - Quando começamos, ainda estávamos a aprender a tocar e tentar completar a formação. Fomos fazendo alguns pequenos lançamentos entre-tanto, mas algumas mudanças de for-mação atrasaram a maturação do gru-po.

Entretanto conseguiram lan-çar uma demo e um EP antes do lançamento de Azrael, em 2007. Como foi a reacção do público à vossa banda?O Azrael foi realmente um ponto de vi-ragem na nossa carreira. Nessa altura já tínhamos a formação actual e as coisas já fluiam com outra naturalidade, além disso o disco teve uma aceitação muito grande e fomos destacados como disco do ano em muitas votações, o que nos trouxe uma exposição completamente diferente do que tínhamos observado até este ponto.

O lançamento do vosso primeiro disco lançou-vos para concertos com nomes internacionais muito conhecidos. Sentem que todo este esforço e esta espera valeu a pena ou isto foi apenas um pequeno ca-pítulo numa grande história que está por contar?Sem dúvida que valeu a pena, pois é um trabalho do qual estámos muito orgu-lhosos e que realmente no abriu outras portas. No entanto já estamos a meio da composição do que será o 4º álbum da banda, pelo que esperamos que seja apenas um capítulo numa grande histó-ria ainda por escrever.

Cada vez ouço falar mais em ban-das de Metal vindas de Barcelos. Como está o panorama musical pesado por aí?Existem algumas bandas novas a surgir, fruto de uma nova geração que emerge agora e também algumas bandas que se reinventam nascendo das cinzas de projectos mais antigos e recuperando elementos de umas e outras bandas que

entretanto terminaram. De assinalar que entretanto Godog lançaram o pri-meiro álbum, os Necris Dust estão a gravar o seu primeiro álbum e do que sei penso que também os Coldfear tam-bém se preparam para o fazer. Pelo que me parece, neste momento a cidade de Barcelos tem bastantes novidades e ac-tividade em termos de bandas e compo-sição.

“Bloodline” já está no mercado. Quais as vossas expectativas para este novo álbum?Conseguir uma maior exposição para a banda, principalmente a nível interna-cional, que nos permita vir a tocar em novos sítios e eventualmente ter outro tipo de condições para um próximo dis-co ainda melhor.

Quais as principais diferenças que podemos encontrar entre “Bloodline” e o registo anterior?Penso que a diferença imediata que al-guém que já conhece a banda irá notar será a nível de produção. Este disco foi produzido de uma forma diferente e com muita mais atenção aos detalhes. O Pedro Mendes fez um trabalho abso-lutamente brutal e o som ganhou outra dimensão em relação aos discos ante-riores. Além disso, este é um disco mais moderno musicalmente, com mais me-lodia e groove que os discos anteriores. Embora seja tambem um trabalho mais coerente e focado num determinado género que eventualmente será a linha que iremos seguir pelo menos num fu-turo próximo em termos de composi-ção.

Neste álbum encontrei alguns dos instrumentais mais poderosos que alguma vez ouvi. Como foi chegar aqui?Desde já obrigado pelo grande elogio que em muitos nos orgulha. Sentimos que estamos numa fase de conhecimen-to musical mútuo excelente e que nunca tínhamos atingido até aqui. Além disso nesta nova aproximação de estilo, as coisas fluem com muito mais natura-lidade e todos têm muito mais espaço para respirar na composição do disco. Penso que é isso que se nota neste dis-co.

A voz também está algo de espec-tacular. De que nos falam as le-tras? Na altura de escrever tens alguma fonte de inspiração que queiras mencionar?Mais uma vez obrigado. Em The Ran-sack, o tema da Morte sempre esteve presente na altura de escrever as letras. Tenho um grande fascínio sobre como a humanidade encontrou tantas formas diferentes de a encarar e interpretar. Além disso, neste disco surgem temas que exploram uma vertente mais pes-soal que não havia explorado até aqui, como é o caso de Zenith ou Vicodin por exemplo.

Tal como fizeram com o “Vortex”, aqui também podemos encontrar algumas participações especiais. Fala-me um pouco delas.É verdade, voltamos a repetir o Pedro Mendes, pois ele fez um trabalho ver-dadeiramente fantástico nos arranjos e fazia todo o sentido ter o feel dele re-gistado desta forma. Além disso o solo surgiu tão naturalmente que não po-díamos desperdiçar aquele momento de inspiração. Temos outra vez uma participação de um elemento de RAMP, desta vez o Pica, que é uma banda que nos influenciou muito e nos motivou a começar a banda, e por fim o Snake dos Endamage que é um grande amigo do qual me orgulho muito e era algo que sempre tive vontade de fazer. Sabes, não há nada melhor do que partilhar as tuas paixões com os teus amigos. Somos uns tipos com sorte por o poder fazer.

Para concluir, o que podemos es-perar de vocês assim num futuro próximo?Neste momento temos concertos mar-cados um pouco por toda a península.Estamos ainda a agendar mais uns con-certos e festivais. Como os The Ransack nunca param, vamos compondo e neste momento já vamos no 6º tema novo, pelo que muito provavelmente no ini-cio do próximo ano já devemos estar de volta ao estúdio.

Entrevista: Joel Costa

Depois do lançamento de “Azrael”, os The Ransack tornaram-se um dos principais nomes do Un-derground nacional. Agora, 10 anos após terem formado a banda, apresentam o seu novo trabalho “Bloodline”. A Infektion esteve à conversa com Shore, vocalista desta formação Portuguesa.

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O amor proibido e outros temas capazes de gerar segredos dão o mote a mú-sicas com entradas perfeitas. Uma alusão musical aos contos de fadas. O tom adocicado contrasta com o metal e alguns toques de ópera dão o toque final. Não aceitando rótulos para a sua música, Jan Yrlund falou à INFEKTION de “Secret Passion” o novo álbum dos IMPERIA.

Secret Passion dá nome ao álbum. É a melhor canção, ou apenas aquela que tem o nome mais poético?

Jan Yrlund - Na verdade estivemos muito tempo a pensar no nome, e este foi o nosso título provisório. Mas no fim, todos os outros que equacionamos não soavam tão bem. Este é um título que tem algum mistério, mas também tem poder e paixão. Acho que é intri-gante. E sim, também penso que a can-ção é uma das mais fortes do álbum.

Todas as vossas canções come-çam de forma especial, (“Violen-ce” and “Missing it all” são bons

exemplos). Ao compor dão muita importância a essa parte da músi-ca?Sim. Gosto de pensar na can-ção como uma mini estória que precisa de ser construída, normalmente com uma pequena intro-dução. Se calhar até são demais as que temos desse género, mas gosto da ideia de as ver crescer. Eu gosto mesmo de introduções e dos pedaços instrumen-tais aí presentes.

Vamos falar dos convidados que têm neste álbum. Como pensaram em Oliver Philipps para fazer as orquestrações?

O Oliver é um velho amigo e já traba-lhei com ele em pelo menos dez álbuns desde que o conheci em 1997. Ele é um músico brilhante e um excelente pro-dutor também, isto para não falar das suas capacidades vocais. Ele fez as or-questrações do nosso álbum anterior, “Queen Of Light” e também do álbum “Angel”. Por isso ele foi uma escolha ób-via. Desta vez ele não produziu o álbum, concentrou-se mais nas orquestrações, no piano e em algumas partes vocais. Fizemos a produção nós próprios, com a ajuda dele e do Jacob, responsável pe-las nossas misturas.

O violoncelo da Tina Guo dá uma

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forte textura à vossa música. Ti-nham-na em mente quando come-çaram a criar?Sim, eu sempre quis apresentar um violoncelo numa canção inteira. Ao pensar em possíveis violoncelistas não tive que procurar muito. Eu trabalhei na parte gráfica do álbum da Tina, por isso conhecia-a. E claro que fiquei mui-to impressionado com as capacidades dela enquanto violoncelista clássica. Acho que ela toca maravilhosamente. Por isso quando escrevi as notas para “Let Down” enviei-lhe a demo e as no-tas para Los Angeles. Fiquei feliz por ela aceitar este convite tão em cima da hora. Ela possui um estúdio de grava-ção e por isso pôde gravar as peças ra-pidamente. E fê-lo na perfeição. Tam-bém lhe pedi para ser audaz e tocar um solo de violoncelo eléctrico no meio da canção. O que ela também fez. Acho que ficou maravilhoso. Tenho a certeza de que vamos colaborar mais vezes no futuro.

Gravaram um instrumento em cada país, isso não afecta o colec-tivo da banda?Não. Não afecta muito. Desta vez essa foi a melhor escolha e a mais simples. As canções são “demos” prontas quan-do começamos a gravar. Por isso cada um só tem que tocar a sua parte e me-lhorar a canção. O Steve gravou a bate-ria no “Spacelab Studio” na Alemanha, uma vez que ele é alemão e o estúdio não fica muito longe da sua casa. Eu gravei as guitarras no meu estúdio pes-soal. E o Oliver foi à Noruega gravar a voz da Helena. Transformaram a casa dela em estúdio. Desta forma cada um pode levar a sua vida e ao mesmo tem-po gravar o álbum em partes. Correu muito bem. Fazíamos frequentemente reuniões via Skype. Depois enviamos as gravações ao Jacob Hansen para a Dinamarca para ele fazer a mistura. Ele fez um trabalho magnífico. É incrível o que consegues fazer hoje em dia através da internet. O último álbum, gravamos juntos no estúdio, e ficou como este. O resultado final é igualmente bom. Claro que com isto não quero dizer que não seria agradável passar três semanas em estúdio com eles a divertirmo-nos.

A canção “Suicide” tem um toque muito forte de “Metal Opera” que resulta muito bem. É uma influ-ência directa do género vocal da Helena?Ela é bastante conhecida a cantar ópe-ra com os “Trail Of Tears” e também no

a voz da Helena. Mas claro que de vez em quando temos necessidade de por o metal a rolar. Também precisas de algo para abanar a cabeça. Pois afinal de contas todos gostamos de tocar pesa-do. Devias ver a Helena a desvairar em palco, a cantar ópera e a abanar a cabe-ça. Nunca vi ninguém ser tão selvagem dentro deste género.

Que tipo de evolução fez a banda desde “The ancient of Qetesh”?JAN YRLUND – Acho que a banda evoluiu bastante. A música tornou-se mais variada e interessante. “Queen Of Light” foi talvez demasiado progres-sivo em algumas partes e em “Secret Passion” quisemos fazer uma aborda-gem mais simples, mantendo o me-lhor do nosso estilo. Dei conta que tocar peças complicadas de progressivo em palco não me dava prazer. Preferi uma aborda-gem mais directa desta vez. Sabe bem. Sem demasiada técnica snob. Apenas tocar directo e pleno.

O que vos inspira?Ah… Muita coisa além da música. A inspiração pode vir de qualquer lado. Dos filmes, da natureza, da rádio, dos riffs. Sei por exemplo que a Helena es-creve a maior parte das canções a partir das suas experiencias pessoais e da sua vida. Algumas letras são quase auto--biográficas. E significam muito para ela. E às vezes até é difícil vê-la cantá--las em palco, uma vez que a tocam tan-to pessoalmente. As pessoas pensam que ela às vezes finge as lágrimas, mas tal não é o caso.

Para que concerto comprarias bi-lhetes?Boa pergunta. Sabes, agora que vivo em Tampere na Finlândia, depois de ter vivido quinze anos na Holanda, perce-bi que já não temos que viajar para ver bandas. Quando me mudei daqui, esta cidade não estava no mapa das tour-nées de nenhuma das grandes bandas e precisávamos de fazer centenas de quilómetros até Helsínquia ou até mes-mo à Suécia para as ver. Mas nos últi-mos anos todos vêm cá. Já vi todas as grandes bandas de metal aqui na minha cidade. Vivo a apenas quatrocentos me-tros do ringue de gelo onde costumam tocar todos os meus músicos favoritos. Quase que parece que estão a tocar no meu quintal. Por isso já não preciso de comprar bilhetes. Basta abrir a janela e ficar a ouvir.

Entrevista: Mónia Camacho

primeiro álbum IMPERIA. Essa é a sua imagem de marca e ela é muito boa nis-so, mas agora ela quer variar um pouco pois cantar sempre ópera pode tornar--se aborrecido. Felizmente ela consegue cantar uma grande variedade de emo-ções. Nesta canção em particular, ela tentou deixar os sentimentos à solta e entrar na letra, como o desespero. É um assunto sério e a voz dela é uma reacção directa a isso. É selvagem, por vezes in-sana, mas também graciosa.

Consideram ir mais além neste caminho “Metal Opera”?Não, penso que isso já foi feito no nosso primeiro álbum. Agora a ópera é uma voz aqui e ali. Quase um efeito. Em al-gumas partes fica brilhante mas outras precisam de uma abordagem mais sua-ve e límpida.

És o responsável pelo trabalho ar-tístico na capa do álbum. Como ti-veste a ideia que aí vem expressa?Sim sou. Basicamente o título do ál-bum e a canção que lhe dá nome são sobre amor misterioso e proibido, ou pelo menos secreto. Por isso, quis co-locar a Helena num bosque, num cená-rio escuro. Quase como numa estória de fantasia. Tive esta ideia a partir do vestido que ela estava a usar. As duas árvores por cima dela cresceram juntas. E já não somos capazes de distinguir se os ramos pertencem a uma ou a outra. Este é um símbolo do amor que é man-tido secreto. E ela está absorta como que a pensar nisso.

Quanto da sensibilidade artística de Jan Yrlund, temos na música dos IMPERIA?uuuhh. Acho que não sou a pessoa indi-cada para responder a isso. Acho que a nossa música é uma mistura de bonitas melodias com a voz da Helena. Ambas se complementam. Assim nesses pon-tos de beleza tens algo do meu trabalho artístico, mas depois o tipo do metal ataca com riffs. É difícil dizer.

Consideram a vossa banda “Metal Doce”?(Risos). Não, nem por sombras. Acho que é um cliché tentar rotular as ban-das. Acho que basicamente estamos a fazer música rock com um toque ligei-ro de metal. Mas definitivamente a tó-nica está no rock e não no metal. Mas claro que temos pontos de doçura. As canções são basicamente meio-tempo com doces melodias que esperamos que sejam cativantes, misturadas com

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WAKO quer dizer “We Are Killing Ourselves”. A escolha deste nome

tem algum significado em parti-cular?Nuno Rodrigues - Sim este nome tem um significado muito simbólico. “We Are Killing Ourselves” é uma re-ferência geral aos actos e pensamentos que se reflectem no dia-a-dia em cada um de nós. Este nome aborda a compo-nente drástica em massa. De um modo geral acho que é uma frase que vive alo-jada no nosso subconsciente que para alguns poderá ter um sentido “holo-cáustico”. Poderei dizer que para aí ca-minhamos também duma perspectiva

individualista. O nome em si WAKO é na sua extensão por iniciais, um estágio alertante, uma antítese que parte de um significado e culmina noutro. WAKO será o espectro do mundo em que se re-flecte a loucura absoluta atingida pelo homem no processo de destruição de si próprio.

O título deste novo álbum, “The Road Of Awareness” também pa-rece ter um significado forte. De que nos fala o álbum em termos gerais?A temática está envolta de uma viagem, uma jornada por assim dizer de um via-jante, que personifica tanto deliberada-

mente o meu eu, a banda, ou o público que irá absorver este álbum. Por tal, o álbum reporta a caminhada onirica desta “personna”, através de estados de sonho banhados e pintados de forma cruel e surrealista. De forma conceptual as letras estão todas interligadas, edifi-cando o trilho em constante mutação e construção da personagem, esta a qual está condenada pela sua condição de ser, uma mera vontade representativa do mundo que a envolve. A personagem quer o desapego total da realidade e de todo o tipo de matéria, desdobrando- se em vários “eus” resultantes em diversas metamorfoses fisícas e mentais, a via-gem que supostamente deveria ser um

Já falta muito pouco para que os WAKO dispensem qualquer tipo de apresentação. Depois de quase 10 anos no activo e do lançamento fantástico de “The Road Of Awareness” este ano, a banda Portuguesa prepara-se para mais conquista e para contornar qualquer dificuldade que lhes apareça. A Infektion falou com Nuno Rodrigues, vocalista da banda.

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estado de sonho torna-se uma constan-te alucinação, um infindável pesadelo. Aquilo que almejava ser uma coroação da sua existência transforma-se numa sagaz representação idílica da realida-de, uma cela inserida dentro de um so-nho dentro de outro sonho. Uma visão quimérica perturbante de tudo aquilo que desejamos.. O todo e o nada.

Já contam com 10 anos de carrei-ra. Este álbum serviu para assi-nalar a data ou foi algo que sur-giu com naturalidade?Ainda temos 9 anos de percurso. Ce-lebraremos os 10 anos em Dezembro deste ano. Mas foi meramente um aca-so..

Passaram por algumas mudan-ças. Isso afectou o vosso rendi-mento nas gravações deste novo álbum?

No período de gravação ainda tínha-mos a formação antiga, por tal não afectou de alguma forma a natural composição do disco. Tivemos a saída de um elemento no decorrer do proces-so, situação esta que foi salvaguardada e resolvida pela inclusão do Daniel Cardoso na bateria, como músico de sessão do álbum.

Quais são as principais diferen-ças que podemos encontrar entre o trabalho que nos deram a co-nhecer em 2007 (Deconstructive Essence) e “The Road Of Aware-ness?Este álbum está muito diferente do pri-meiro. Houve um amadurecimento de ideias, todos evoluímos musicalmente. Posso ditar que o novo álbum está mais técnico-agressivo, mais denso, mais pesado do que o anterior, com uma en-volvente obscuridade psicadélica. Tem

ingredientes mais poliritmicos e con-trabalanceados, mas prevalecendo to-das as componentes características da banda, o power - groove, as ambiencias harmoniosas e toda aquela descarga ca-tchy em cada refrão.

Vocês já figuraram em algumas revistas internacionais com parti-cipações em colectâneas, artigos, etc. Sentem que vão ter o mesmo tipo de apoio para este disco? Quais são as vossas expectativas?Sim queremos continuar a trabalhar da mesma maneira. Apostando na mesma fórmula para obtermos um bom feed-back ou ainda maior que o 1º álbum.

Todas as músicas que apresen-tam neste vosso álbum possuem uma identidade própria uma in-tensidade única. Como foi chegar aqui? Como é o vosso ambiente na hora de compôr?Todo o processo foi demorado e de cer-ta forma exaustivo. Tínhamos múltiplas ideias e conceitos para revestir este dis-co. Pretendiamos uma nova roupagem, uma nova face, tentar fazer algo dife-rente do Deconstructive Essence. Sa-biamos que não poderiamos repetir a mesma dose de sonoridade. Foi um em-bate louco de ideologias e inspirações, mas que a resolução está latente, rein-ventando nos sem perder a identidade distinta da banda.

De que nos fala a música “Ship Of Fools”?O tema teleporta-nos para um distor-cido sonho da suposta viagem, em que a personagem torna-se o veículo de si próprio, não querendo navegar nas cor-rentes nefastas do relativismo da socie-dade. Desprendendo-se de todos os pa-drões maquinais, aniquilando-se, para de forma prepotente atingir a imorta-lidade. Uma letra livre para qualquer interpretação.

Para terminar, existe já algum plano para entrarem na estrada e divulgar “The Road Of Aware-ness”?De momento estamos com uma boa agenda em Portugal. Vamos para a es-trada, porque o que mais queremos é tocar este álbum ao vivo e partilhá-lo com o público. Após as datas em Por-tugal vamos visionar e planificar uma tour europeia e, quem sabe, um regres-so ao Estados Unidos.

Entrevista: Joel Costa

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Passaram-se cerca de 5 anos desde o lançamento do teu álbum de estreia e nesse

mesmo ano puseste cá fora mais dois lançamentos independentes. Como foi gerir todos esses lança-mentos?David Pais - Bem...não foi muito fá-cil porque infelizmente, a música não é a minha actividade principal. No en-tanto, com muita paciência, trabalho e dedicação, consegui lançar cada um dos álbuns a seu tempo. Não foi tão fácil como este “Point Blank Range”, porque na altura não havia muitos sites onde se pudesse manter os álbuns “vivos”. O bom de tudo é que as plataformas na Internet evoluíram imenso, e hoje em dia consegues colocar o teu álbum em qualquer lado a custo zero.

No ano 2010 voltaste a fazer o mesmo e lançaste 3 álbuns quase seguidos. Quais são as principais diferenças entre o trabalho que fizeste em 2006 e este mais recen-te?Para ser sincero, em 2006 eu não ti-nha ninguém a ouvir o meu trabalho, portanto foi um período muito experi-mental, onde tive liberdade para fazer trinta por uma linha. Felizmente este

projecto não passou totalmente ao lado, e reparei que começou a haver pessoal a ouvir e a gostar de algumas coisas que tinha feito, e tomei isso em conside-ração quando comecei a compôr novo material. Continuei a sentir-me livre de qualquer rótulo, e obviamente fiz o que mais gosto de fazer na música, que é ser

totalmente espontâneo e explorei a mi-nha musicalidade de várias maneiras. Não é, de todo, um trabalho a ter em consideração para os mais tecnicistas ou os mais puristas em relação ao Me-tal...sinceramente, fartei-me de muita coisa dentro do “Metal”, como várias ideias pré-concebidas sobre o que é e não é “Metal”, e depois de alguns deba-tes acesos com vários “metalheads” que conheço, sinto-me orgulhoso por não

fazer parte da “tribo” metaleira. “The-9thCell” é um projecto que se apoia no “metal” para algumas coisas, mas que efectivamente não é, felizmente, ape-nas isso. Este novo trabalho reflecte isso mesmo. No fundo, nota-se que este novo trabalho é mais maduro e também mais eclético do que o que fiz em 2006. E também mais bem tocado e produzi-do (risos)!

Entretanto já te encontras a pre-parar novidades para The9thCell com o lançamento de algo rela-cionado com Sweeney Todd. Fala--nos disso.Como já é sabido, sou fã incondicio-nal do Sr. Burton. Desde que vi a sua adaptação para cinema daquele som-brio musical, que a ideia ficou a moer--me o juízo...e como não gosto de me limitar, comecei a pensar seriamente em fazer eu mesmo uma adaptação, mas alterando-lhe a história, dando-lhe uma roupagem mais contemporânea. Talvez um pouco à luz do que o Ameri-can McGee fez com a célebre “Alice no País das Maravilhas”! Essa abordagem realmente inspirou-me a criar algo ba-seado na história original de “Sweeney Todd”, mas mais negro, mais distorci-do. Já escrevi algumas das alterações

“The9thCell é um projecto

que se apoia no metal mas que não

é apenas isso.”

Descrever The9thCell em quatro linhas era completamente impossível ou se o fizéssemos não teríamos opor-tunidade de falar sequer em 10% daquilo que este projecto representa. Uma das melhores “bandas” nacionais sem editora e adivinhem: tem apenas um músico. Falamos com o mentor David Pais acerca dos três últimos lançamentos e de muito mais. Confiram abaixo:

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que pretendo fazer nesta adaptação, e já ando há uns meses a magicar o que po-derei fazer com esta obra. O mais básico que me ocorre no momento, é convidar vocalistas que conheço para interpre-tarem certos personagens...no fundo, criar um álbum que misture música or-questral com as distorções “cellienses”, quase como se de uma verdadeira”rock--ópera” se tratasse...algo como “The Human Equation” de Ayreon, que tem vários vocalistas a encarnar diferentes sentimentos. Fiquei ainda mais ispira-do quando um amigo meu que é Maes-tro me assegurou que poderíamos fazer uma gravação com uma orquestra real, estando ele a assegurar a orquestração daquilo que eu compuser...e obviamen-te, fiquei motivadíssimo para começar logo a criar tudo e mais alguma coisa (risos)! Mas é algo que ainda vou ter de pensar muito bem, porque já tenho vários esboços para novas canções para um novo álbum, mas não foram pensa-das para o musical...por isso ainda não sei bem o que vou fazer.

Quando ouvi Lovely Xmas Lulla-bies senti que estava num musical e tens aí um bom álbum com um excelente conceito. O musical é algo com que te identificas?Bem! Antes do mais, obrigado por teres gostado (risos)! É realmente um traba-lho um pouco mais conceptual, tendo o Natal como tema e tal...mas quando compus esse álbum, estava à procura de algo mais directo mas ao mesmo tem-po que pudesse incorporar elementos ambientais e que fosse algo eclético. Não tinha um musical em mente, mas confesso que já pensei em fazer uma adaptação orquestral de várias músicas desse e dos anteriores álbuns, porque se há coisa que me agrada é ouvir uma orquestra. Amo mesmo. É a Música no seu expoente máximo e ao mesmo tem-po primitivo. Por isso talvez seja mes-mo essa a vertente que vá tomar com um próximo álbum...

Fala-nos das três partes de “Point Blank Rage”. Que mensagem pro-curas transmitir com cada uma delas?Em “Point Blank Range”, abordo a Glo-balização de um modo geral, que é um tema que me preocupa bastante. Estou realmente preocupado com o que está a acontecer no nosso planeta, em que as sociedades civilizadas se parecem estar a emergir numa só. Creio já não faltar muito para todos fazermos par-te de países-estado dos E.U.A.. Sei que

parece uma visão muito negra e muitos já a consideraram irrealista, mas no meu ponto de vista, e tendo em conta o que vejo acontecer todos os dias com as multi-nacionais e Governos a in-fluenciar Governos, já só falta contar os anos até sermos todos “americani-zados”. Em relação aos actos em si, no primeiro acto, “(D)og (E)at (D)og”, falo mais concretamente daqueles que nos

tentam colocar abaixo a todos os ins-tantes: multi-nacionais, pessoas sem escrúpulos, editoras e políticos. Se re-parares, eu coloquei as primeiras letras de cada palavra da frase “Dog Eat Dog” em parêntesis, o que perfaz “D.E.D.”, o que também pode ser entendido como “Dead”, “Morto”. Na verdade, é um excelente complemento à citação e ao tema de que o álbum fala, e é também um pequeno tributo ao “Arise”, dos Se-pultura, em que o Max debita naquele seu típico timbre visceral, “I see the world dead.”. Claro que estas pequenas coisas não são assim tão óbvias e não gosto de as tornar óbvias, e como ainda ninguém se apercebeu disso, resolvi re-velar (risos). No segundo acto, “Gloca-pitalization”, foco mais a falta de tem-po que temos para agir, e até mesmo o próprio facto de termos de agir para não sermos sugados pela Globalização cada vez mais iminente. É um acto um pouco mais revolucionário, com temas como “Time-Out”, “Go Fu(n)k Your-self!” ou a versão da “Testify”, de Rage Against The Machine. No último acto, decidi ir mais além e dei-lhe o nome de “All-Merry-Cah”, que traduzido em mi-údos, indica que todos estaremos muito felizes por seremos do dito país, e que este mesmo terá influências do Médio--Oriente com a última palavra “Cah” a fechar o título. Ao contrário do que os The Dillinger Escape Plan citaram, a ironia não é de todo, uma cena morta.

Que participações especiais é que podemos encontrar nestes teus novos trabalhos?Neste “Point Blank Range”, tenho vá-

rias participações que já andava a que-rer há imenso tempo! Em primeiro lu-gar, tenho o Rui Zargo, que é o baterista de uma das bandas em que toco, No Tribe. Na altura em que estava a iniciar as gravações vocais para o álbum, gra-vei as primeiras partes em casa dele, e que melhor maneira de agradecer do que convidando-o também a fazer par-te? Ele adorou a ideia, e como na altura também estava mais virado para a voz do que para a bateria, destruiu tudo na “Pride” e ainda contribuiu com alguns risos maléficos e uma linha melódi-ca na “Cadavers, Inc”. Conto - e canto - também com o Pedro Isi, o vocalista de No Tribe, no tema “Dark Blood”. Foi algo que eu já queria fazer desde que entrei como baixista na banda, porque gosto muito do seu timbre grave, mas teria de ser um tema onde ele pudesse explorar a sua voz em várias verten-tes, e creio que não poderia ter havido melhor escolha. Nesse mesmo tema, também participa o Pedro Caldeira, um dos guitarristas da outra banda em que canto, Ashes. Na verdade, e a título de curiosidade, parte deste tema era o es-boço inicial para uma música nova de Ashes que eu e o Caldeira estávamos a tentar criar. Depois de alguma delibera-ção em conjunto, chegámos à conclusão de que realmente era mais enquadrado em The9thCell, e então terminei-o para o projecto. Vindo também da ala “ashe-siana”, há uma participação do Marco, que é o nosso violinista, no tema “New World Warning”. Esse tema surgiu de uma improvisação que estávamos a fa-zer numa pausa num ensaio da banda, em que eu estava a tentar tocar alguma coisa na bateria, e ele juntou-se. Como eu estava a gravar, mais tarde ouvi o resultado e achei que servia como in-terlúdio perfeito para o segundo acto. Convidei também a vocalista das Bel-lendenker, Marta Almeida, a.k.a. Marta Lefay, para cantar comigo em dois te-mas, “It’s Ex-GohGoh” - dedicado a um célebre dono de uma célebre pseudo--editora portuguesa - e “Oh Joy!”, um tema mais doentio e pesado. Era já algo que andava a querer fazer, principal-mente por ela me ser das pessoas mais chegadas, e porque gosto da forma crua de como ela canta! Convidei também o Dennis Monroe, dos Slime Fingers para partilhar a voz comigo no “Time-Out”, onde ele também ofereceu um solo de guitarra sem lhe ter pedido nada, o que foi muito porreiro! Temos também o Emmanuel Lopes, que é já um grande amigo meu de longa data, que criou samples de guitarra tocada por ele, e

“Já só falta contar os anos

até sermos todos americanizados”

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que me deu liberdade total para brincar com eles, e o resultado está na “Go Fu(n)k Yourself!”, que é um tema de rock bem pesado, mas que também roça um pouco de Funk, que é um género que ele adora. Conto ainda com a participação de Tylean, uma violoncelista / pianista inglesa, de quem já tinha ouvido várias mú-sicas e sempre pensei em convidar para um tema mais soturno. Esse tema acabou por ser a segunda par-te de “Singularity Feeder”, um tema que recupero de “9 Points of Seizu-re - Act II”, em que ela participou com vários trechos vocais e secções de violoncelo. Em jeito de agradeci-mento e tributo, participo no álbum de covers dela chamado “Me(n)tal”, com o tema “Green”. Vindo directa-mente de uma colaboração conjunta com um grande amigo meu, Ricar-do Mestre, de um projecto electró-nico que temos chamado “Wishful Thinking”, também surgiu um tema chamado “Melting Asphalt”, que estava num conjunto de temas que estavam meio esquecidos, e como eu amo esse tema, não resisti em pedir--lhe “emprestado”, para poder parti-lhá-lo com o mundo o quanto antes (risos)! Tenho também uma parti-cipação mais lírica, vinda da minha amiga Ana Rita Gomes, que escre-veu uma letra maravilhosamente melancólica para a “Dis(un)solved”. Por último, participa o Flávio Silva, vocalista daquela que para mim é a melhor banda portuguesa actual de metal-progressivo, Oblique Rain, no tema “We, the Pawns”, alusão mais do que satírica ao “We, the People” da constituição americana. Não se ficando apenas pela voz, o Flávio também juntou às suas linhas vocais algumas linhas de guitarra que fica-ram perfeitas, e então decidi deixar tal como ele a deixou, não me atre-vendo sequer a cantar, talvez com medo de estragar o que estava feito. Gosto mesmo muito daquele tema como está, e não pensei duas vezes em deixá-lo quietinho (risos)!

A nível de concertos já te estre-aste ao vivo ou é algo que ainda está para vir?THE9THCELL - Infelizmente é uma realidade ainda muito longínqua, embora tenha tido uma proposta de dois guitarristas (um deles o Ri-cardo, de No Tribe) para fazer con-certos com alguns temas. Fiquei sempre com esse bichinho de dar

concertos, e até já criei algumas lis-tas de músicas, mas se for para levar The9thCell ao vivo, quero que seja como banda completa, com todos os elementos e não apenas 2 guitarris-tas, eu e um computador (risos), por isso não sei. Parece-me ser mesmo uma realidade bem distante. Mas nunca digo nunca, principalmente se alguma editora se chegar à frente.

Estás presente em muitos ou-tros projectos onde desempe-nhas diversos papeis. Como vêem eles o teu trabalho em The9thCell?THE9THCELL - Eles acham engra-çado, e muitas vezes há compara-ções entre o que eu faço em deter-minada banda com o que faço no meu projecto. É sempre gratificante poder fazer parte de um colectivo de músicos que são realmente criativos e ouvir o que eles têm a dizer sobre a barulheira que faço (risos)! Mas sei que no fundo, me respeitam pelo que faço e pela paixão que transpi-ro sempre que falo de alguma coisa nova que ando a magicar.

És também responsável pela produção e masterização dos teus álbuns. Fazes isto por-que sentes que, sendo tu parte única do projecto, és a pessoa indicada para fazê-lo ou fal-tam apoios? Ainda sobre os apoios... Sentes-te apoiado em Portugal?Bem..neste projecto, eu sou um bo-cadinho “control-freak”, gosto de ser eu a controlar tudo no que toca à produção e masterização. No entan-to, e pela primeira vez, quis ajuda para melhorar a forma de como os temas estavam a soar, e tive a aju-da de um grande amigo meu, o João Baptista, que co-produziu o primei-ro Acto e alguns singles. Depois de ter recuperado a minha confiança e de perceber como chegar à sono-ridade que eu queria, retomei as rédeas nos restantes dois Actos. Re-lativamente a apoios em Portugal...? Bem, será bem mais fácil sair-me o Euromilhões ou tornar-me Primei-ro-Ministro. Infelizmente, este país continua um deserto no que toca a apoios a novos projectos musicais que estejam fora daquilo que é con-siderado de “qualidade” e está na moda. Hoje em dia está muito, mas muito difícil arranjar sequer sítios para dar concertos com as minhas

bandas, quanto mais para me apoiarem em The9thCell, que ora é 8 ou 80. É uma triste e dura realidade, mas se não fores Indie ou Pop, não estás na berra, e então não tens em-presas a querer pegar na tua música e incluí-la na playlist de algumas rádios bem conhecidas, ou colocar-te nalguma palhaçada-novelística. Enfim. É Portugal e chega.

Tens alguma obra tua que consideres como favo-rita?Isso é tão difícil para mim...é quase como se tivesse de es-colher entre os meus filhos, porque é o que são para mim! Ultimamente, tenho ouvido alguns temas do “Point Blank Range”...e acho que é mesmo esse o meu favorito, de mo-mento. Talvez para a semana me lembre de relembrar o “Lovely Xmas Lullabies”, e então durante essa semana é esse o meu favorito. Houve alturas em que andei viciado no “9 Points of Seizure”, ao ponto de o odiar tremendamente e voltar a amá-lo incondicionalmente. Enfim. Nunca sei. Espero sempre que termine o próximo para ser o meu fa-vorito (risos)!Para finalizar, alguma coisa que queiras dizer aos leitores da Infektion?Apoiem esta e-zine e os músicos nacionais, porque este país precisa realmente destas iniciativas que mantêm o under-ground bem activo, para que talvez um dia, o underground possa ascender e fazer com que se criem melhores plata-formas para mostrar o que de bom é feito no nosso país, dentro dos vastos universos que são o “Metal” e o “Rock”, gerando um melhor e mais prolífero circuito de divulgação e concertos! Carpe Diem.

Entrevista: Joel Costa

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Como está a correr a parceria com a Agonia Records?

MkM - Até à data, muito bem. Nós já nos conhecíamos desde os tempos em que a minha banda principal, Antaeus, ainda estava no activo. A Agonia tem feito um excelente trabalho e dá-nos a liberdade artística que queríamos para este álbum e para a arte do mesmo. Como deves ter percebido, o nosso esti-lo musical não é daqueles que vai trazer muitas vendas e chamar a atenção do mainstream. Para o nosso segundo ál-bum propusemos algo frio e dissonante e para o terceiro que vai sair em Abril resolvemos levá-lo a outro nível, no que toca à opressão na indústria musical.

Os Aosoth foram criados devido aos Antaeus. Qual a principal di-ferença entre estes dois projectos e porque é que Antaeus foi posto em lista de espera?Aosoth era muito semelhante a Antaeus nos primeiros tempos devido à ausên-cia do nosso baterista, que nunca apa-recia aos ensaios. Devido a isso, o nosso segundo guitarrista tinha que tomar a posição do baterista e a nossa per-formance era ligeiramente diferente... muito mais Black Metal “old school”. Depois Aosoth passou a ser um projec-to meu e evoluiu desse estilo musical para algo com mais sons industriais e black thrash no primeiro ábum até ao holocausto total dos dias de hoje. Eram tempos diferentes e com uma ligação ao Satanismo e à devoção. Antaeus fi-cou inactivo devido a uma decisão to-mada pelo Seth, o guitarrista principal, depois da nossa tour com os Secrets Of The Moon. Como nunca conseguimos encontrar um line up adequado para tocar ao vivo e nunca nos interessamos em apresentar os Antaeus em más con-dições, tivemos que parar.

Disseste numa entrevista que as editoras normalmente pensam que as bandas Francesas não são boas. Como descreverias o Black Metal na França? Podes recomen-dar-nos algumas bandas?Deathspell Omega, VI, Drastus, Order of Appolyon, Hell Militia, Temple of Baal... Não estamos em contacto com bandas do nosso país e a maioria delas

está mais ocupada a cuspir-nos do que a fazer seja o que for por isso é compli-cado formar uma opinião honesta sobre o trabalho de alguém quando tu sabes que eles falam mal de ti e inventam merdas. Há cada vez menos pessoas a ir aos concertos, as condições para as bandas actuarem estão cada vez piores, locais a fechar... E olha que isto está muito bem resumido! E sim, eu disse que as editoras, bem como o público, não vão dar a mão a bandas francesas uma vez que o interesse geral está nas bandas da Escandinávia. A tour que fi-zemos com Watain & Shining só provou que eu tenho razão.

Sobre essa tour, como foi a expe-riência de partilhar o palco com Watain & Shining?Foi interessante. Tenho todo o respeito por Watain mesmo apesar de não ser grande fã dos últimos CDs, no entanto eles arrasam ao vivo. Foi muito intenso vê-los a tocar temas antigos como “My Fists Are Him”, que eu lancei anos atrás na minha editora, Spikekult. Foi uma honra poder tocar com eles. No entan-to foi muito difícil para nós ter que to-car com um som comum, uma vez que não tínhamos engenheiro de som nem mesmo o direito de modificar volumes ou o que quer que fosse. Como tínha-mos uma configuração diferente da de-les, não nos foi possível fazer as coisas direitinhas. Nada que se possa fazer: eles são cabeça de cartaz e as bandas de abertura já têm muita sorte em poder estar lá.

Quais vão ser as diferenças entre “III” e o teu trabalho anterior?Cada álbum tem a sua própria identida-de. O primeiro foi gravado como uma

colecção de temas para tocar ao vivo. “Ashes Of Angels” era mais dissonante e a maioria dos temas não podiam ser tocados ao vivo devido à nossa situação. Já “III” é o álbum mais pessoal e intros-pectivo. Podes considerá-lo como uma performance, sangrando ódio de den-tro, mais lento mas ao mesmo tempo mais barulhento e opressivo. Não é fácil ouvir Black Metal.

De que nos fala “III”?O processo de composição para este álbum foi muito semelhante ao “Blood Libels”, que lancei através dos Antaeus. Estou ansioso por ouvir este CD na sua versão em vinil e ver a artwork alterna-tiva do LP também. “III” é um capítulo dividido em seis cenas sendo que, na minha opinião, a quinta é a epítome.

Para concluir, de que forma vão promover este novo álbum? Exis-te algum plano para uma tour?A tour com Watain & Shining foi a tour que serviu para promover o álbum “III” e também para colocar o nosso nome a circular por aí. Devido à estrutura mu-sical de “III”, não nos vai ser possível tocá-lo ao vivo se continuarmos com as mesmas condições que temos tido até à data. Precisamos de um segundo guitarrista para tocar connosco, caso contrário não vale a pena pois vamos estragar tudo. A menos que consigámos fazer as coisas desta maneira não vamos tocar. Não faria sentido... Temos vindo a comprometer a nossa set list adaptan-do as músicas a um só guitarrista e isto acontece devido a restrições por parte do nosso agenciamento de tour. Eles pedem-nos para termos apenas um gui-tarrista no sentido de pouparem algum dinheiro e eu acho que só com dois gui-tarristas é que conseguiríamos prestar o devido respeito ao nosso trabalho e ter um som muito mais poderoso.

Entrevista: Joel Costa

“É complicado formar

uma opinião honesta sobre o trabalho de alguém quando tu

sabes que eles falam mal de ti.”

Aquilo que era visto como um Side-Project, rápido se tornou na actividade principal destes músicos. Os Aosoth vêm para ficar mas certamente com muitas dificuldades pelo caminho. Falamos com o mentor do projecto, MkM sobre a situação da banda e o novo lançamento.

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Os Sarcastic Mind nasceram em Março de 2008 e são provenientes de Lagoa (Faro). Apelidam a sua sonoridade de Death Metal Melódico. Contam já com um (grande) dueto com Fernando Ribeiro dos Moonspell. O EP está online. Fo-mos ver a sua participação no 7º Concurso de Bandas de Garagem realizado pela Câmara Municipal de Setúbal. E falámos com o seu vocalista, Tiago Can-tigas.

A participação no 7º Concurso de Bandas de Garagem de Setúbal foi uma decisão unânime entre os membros da banda? E qual foi o principal motivo pelo qual se ins-creveram?Tiago Cantigas - Sim, a decisão foi unâ-nime. O nosso principal motivo de par-ticipação foi e continua a ser expandir o nome da banda e dessa forma darmos conhecimento da nossa existência, para que ao longo do tempo possamos visitar cada vez mais palcos. (levarmo-nos ao máximo de sítios possíveis.)

Todos os festivais nos quais parti-ciparam eram direccionados para o vosso género musical?Nem todos foram. Quase todos os con-cursos nos quais participámos foram

muitos concursos virados para metal, comparando com outros estilos, porém a “estatística” mostra que tem havido uma melhoria, pelo menos no Algarve.

Sabendo que, em Setúbal, iriam a concurso com bandas pertencen-tes a distintos géneros musicais (indie-rock, post-punk, hardcore, dubstep, pop), este facto verifi-cou-se uma dificuldade acrescida ou um desafio?Não, não vemos isso como um desafio mas sim como mais uma oportunidade de mostrar o nosso trabalho indepen-dentemente de qualquer estilo musical. Na verdade acho que os dois, um con-curso é uma oportunidade mas tendo em conta a concorrência e interesses do público e júri revela-se um desafio.

de estilo livre. Talvez um ou outro te-nha sido mais direccionado mas grande

parte deles eram de estilo livre. Infeliz-mente, sabemos que em Portugal exis-tem muito poucos concursos dentro no nosso estilo musical. Não existem

“Infelizmente, existem muito

poucos concursos dentro no nosso estilo musical.”

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Tendo em conta o facto de não te-rem sido apurados para a final do concurso, admitem que a circuns-tância de se estar há mais tempo na música, caso da banda que ven-ceu, pode influenciar os resulta-dos num concurso como este?O facto de não termos sido apurados não tem que ver com o tempo de exis-tência de uma banda, apesar desse factor influenciar a maturidade e expe-riência das bandas. Acho que é apenas uma questão de estilos e gostos. As vossas expectativas de parti-cipação no concurso estiveram relacionadas com uma crescente necessidade de projecção e visibi-lidade da banda a nível nacional ou foi mais um desafio na vossa carreira como músicos e intér-pretes?Queremos sempre mais e melhor como tal a nossa participação no concurso foi mais a nível de projecção e visibilidade do nosso trabalho a nível nacional.

Acreditam que ainda há pouca gente a compreender o metal?Sem dúvida alguma. (risos) As pessoas deixam-se guiar muito pelo que vêem na TV ou ouvem nas rádios e continu-

am com a ideia errada acerca do metal. Acho que isso se deve ao facto de, falan-do de Portugal, ser um país com uma sociedade um bocado retrógrada.

Em palco, durante a vossa actu-ação, assisti a uma performance muito peculiar, muito própria pois deixaram a vossa marca. Os membros da banda encaram em palco um papel distinto daquilo que são no quotidiano? Sim, claro que em palco adaptamos a nossa performance ao nosso estilo mu-sical, tentando ser distintos dos outros géneros iguais. No quotidiano somos pessoas normais. Claro que em palco a nossa atitude se altera um bocado.

Adaptamos a nossa performance ao nosso estilo musical, talvez seja a liber-tação do que realmente somos (risos). Mas tendo em conta que nos palcos dei-xamos marcas, fora deles é bem ao con-trário, passamos despercebidos.

Porquê as pinturas? Ouviu-se na plateia.Como foi referido na resposta anterior, a nossa performance em palco tende a ser distinta, daí optarmos pelas pintu-ras. É mais uma forma de realçar a nos-sa actuação. Queríamos fazer algo de diferente na nossa actuação, não ape-nas mais uma banda a tocar, surgiu a ideia das pinturas para marcar alguma a diferença.

Acreditam que pertencer a uma editora possibilita uma mudan-ça na ideologia inicial da banda? Ou seja, na mira de uma editora as bandas tornam-se menos inde-pendentes, isto é, mais domesti-cadas? Em relação a este assunto não temos muita experiência pois ainda não assi-námos qualquer contrato discográfico com alguma editora. Mas acreditamos que essa afirmação seja verdadeira. Não obrigatoriamente, mas existem muitos casos assim. Nos dias que correm o que não falta são bandas a procurarem edi-toras e muitas bandas que conseguem vêem-se obrigadas a “rebaixar-se” pe-rante eles. Mas isso também varia de país para país.

O que mudou na vossa vida en-quanto banda desde que fizeram o dueto com Fernando Ribeiro, dos Moonspell? Primeiro de tudo, foi uma experiência única poder tocar com uma grande fi-gura do metal como o Fernando Ribei-ro (saudações Fernando!). Como ban-da trouxe-nos prestígio, maturidade, nome, novos objectivos e novas ideias. Foi uma experiência memorável.

Finalizando, quais serão as datas e locais dos vossos próximos con-certos?Os novos concertos nos dias: 15 de Abril no Festival Underfest - Warm Up - Porto; 21 de Maio no Side B - Lisboa/Benavente e 28 de Maio no Marginália Bar - Portimão

Entrevista: Rita Oliveira

“As pessoas deixam-se guiar

muito pelo que vêem na TV ou ouvem nas rádios e continuam com a ideia errada acerca do Metal.”

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Como é que encaixam este álbum na vossa carreira? É uma celebração dos vossos

20 anos de existência ou é algo mais do que isso?Jakob - É um álbum que mostra que ainda somos capazes de desenvolver a nossa música após tantos anos no acti-vo.

Como é que chegaram a este título e qual o significado do mesmo?“There Is Light (But It’s Not For Me)” representa a sensação de saber que o sol está a iluminar todos menos tu. E esse é o tópico da maioria das letras neste álbum por isso o título é perfeito.

Agora assinaram pela Massacre Records. O que é que isto vai sig-nificar para vocês?Não é algo que faça diferença na nossa música ou comportamento. Mas é real-mente bom que as pessoas com quem trabalhas não estejam assim tão longe.

Depois de terem deixado a Ro-adrunner e assinado pela AFM Records, ouvi dizer que por ve-zes vocês tinham que levantar um pouco a voz para fazerem com que as coisas andassem para a frente. É verdade?Sim, é verdade. Não percebo muito bem aquilo que se passou com eles mas a AFM arranjou maneira de estragar tudo o que tinha connosco. Talvez isto tenha acontecido devido à crise mundial que começou naquela época e eles tiveram que reduzir o seu pessoal, não sei.

As críticas de “There Is Light (But It’s Not For Me)” parecem ser ex-celentes. Já tiveste a oportunida-de de ler algumas ou isto é algo com que não te preocupas?Eu apenas leio aquelas que me fazem chegar directamente. A maioria das crí-ticas são boas, outras são mesmo muito más. Mas isto é o que sempre acontece connosco, uma vez que estamos no li-miar do Extreme Metal, por isso é como se conseguissemos dividir as águas.

“Heaven Forbid” é uma dessas... Fala de religião. É suposto a religião trazer--te alegria mas na maioria dos casos é o oposto.

Vão iniciar uma tour em Abril. Os fãs vão ter a possibilidade de ver algo novo nos vossos concertos? Isto porque introduziram muitas novidades neste CD...Não é a primeira vez que usamos sons electrónicos. Aliás, este é o quarto ál-bum onde o fazemos. No entanto as pessoas podem esperar ouvir as músi-cas que representam toda a nossa car-reira. Cada concerto irá levar-te numa viagem de 20 anos de Illdisposed.

Nos dias de hoje, como definirias o Metal Dinamarquês?Existe uma mão cheia de bandas que as pessoas fora do nosso país conhecem e há 10 anos atrás era exactamente a mesma coisa. Nada acontece por aqui, não sei bem porque razão. Os miúdos são uns mimados e desistem logo se não conseguem ficar famosos após o seu álbum de estreia.

Para finalizarmos a nossa conver-sa, há alguma coisa que queiras dizer aos leitores da Infektion?Quero agradecer-vos pela entrevista e vemo-nos por aí. Vamos fazer uma tour massiva!

Entrevista: Joel Costa

Os sintetizadores estão mais pre-sentes neste álbum do que nos outros e com isso conseguiram elevar o potencial deste disco. O que vos fez introduzir mais sons electrónicos?

O responsável pelos synths divorciou--se no decorrer do ano passado, por isso, de repente, ele ficou com mais tempo disponível. Eu e o Bo passamos muito tempo com ele a experimentar diferentes ideias. Sempre gostamos de música electrónica por isso é engraçado poder misturar isso com Metal.

“Heaven Forbid” é uma faixa mui-to potente. Já me disseste que as letras são quase todas sobre um tema, mas queres aprofundar isso e explicar o significado desta mú-sica?

As letras baseiam-se em todas as coisas más que acontecem e fazem da nossa vida algo depressiva e difícil de se viver.

“Não per-cebo muito bem

aquilo que se passou com eles mas a AFM arranjou maneira de estragar tudo o que

tinha connosco.”

“A maioria das críticas são boas, outras são mesmo

muito más.”

“There Is Light (But It’s Nor For Me)” marca o regresso dos Dinamarqueses Illdisposed bem como a celebração dos 20 anos de carreira deste colectivo. A Infektion Magazine falou com Jakob, guitarrista da banda, sobre este novo trabalho que promete dar que falar.

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Em primeiro lugar como foi criado este projecto? Foi re-sultante de outros projectos

anteriores ou foi algo novo?Beyonder– Viva! Este projecto nasceu de experiências efectuadas pelo Melkor no conforto asséptico do seu covil sono-ro. Depois de experimentar uns quan-tos midis e testá-los em alguns temas embrionários, mostrou-me o que tinha feito e eu ofereci-me imediatamente para colocar a voz nos mesmos.

Este álbum introduz uma sonori-dade muito carismática e autên-tica. Uma vez que é uma pessoa a tocar quase todos os instrumen-tos, como funciona o processo de

composição? É simples ter todas as ideias sozinho?

De facto é o Melkor que compõe tudo sozinho mas não me parece que seja

difícil para ele! Quem o conhece sabe que é um cérebro metálico hiperactivo sempre em constante produção. O que faltava em R.O.O. era a parte conceptu-al e foi aí que entrei em cena. O conceito é totalmente criado por mim e é naquilo que o Melkor faz que procuro edificar as minhas letras e vocalizações.

Uma vez que o Melkor é o respon-sável por quase todo o instrumen-tal da banda, como é que Rise Of Ophiuchus funciona ao vivo?Para já, não funciona ao vivo! Não quer dizer que não possa acontecer mas é complicado devido aos meios exigidos para colocar um projecto desta enver-gadura em palco, ou seja, isso implica-

“Quem conhece o

Melkor sabe que ele é um cérebro metálico

hiperactivo sempre em constante

produção.”

“Serpentarius” é o primeiro de muitos (espera-se) lançamentos dos Rise Of Ophiuchus, um projecto organizado por Melkor e The Beyonder. A Infektion Magazine quis saber mais sobre este duo e esteve à conversa com o vocalista.

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ria convidar músicos para tocar con-nosco, ensaiar os temas, etc. Implicaria também abandonar temporariamente a actividade com as nossas bandas pri-mordiais que são os Martelo Negro e os Namek. Pode ser que aconteça se se criarem as condições certas!

“Serpentarius” já foi lançado há algum tempo. Como tem corrido a promoção do mesmo?Eu penso que tem corrido bem. A in-ternet tem dado uma ajuda crucial na disseminação da coisa, embora ainda não tenhamos obtido um feedback que se possa chamar massivo. De qualquer forma, não estamos particularmente in-teressados em conhecer o impacto que a coisa possa ou não ter. A nossa preo-cupação primordial é fazer boa musica.

Quais são os vossos principais ob-jectivos, tanto artísticos como co-merciais, com este projecto?Comerciais? Zero! Temos os pés bem assentes no chão e sabemos que dificil-mente poderemos ganhar dinheiro com R.O.O. A nível artístico, sim, temos ob-jectivos bem definidos que passam por gravar muitos e bons discos, exploran-do ideias interessantes, ainda que a nossa música não seja particularmente original.

Existe algum conceito geral em “Serpentarius”?Sim, existe! O disco gira em torno da figura e lenda do semi-Deus Ofíuco, o Serpentário. Mas a interpretação que fazemos desta lenda é estranha uma vez que cruzamos mitologia com astrologia numa perspectiva muito própria e pes-soal. Fica ao encargo de cada um ten-tar perceber o que queremos ao certo transmitir com este conceito! Mas não se esforcem muito ou acabam num ma-nicómio vestidos com uma muy pouco prazenteira camisa de forças!

No vosso ver, a Necrosymphonic Entertainment é a editora ideal para esta fase de lançamento da carreira dos Rise Of Ophiuchus?Não! A editora ideal seria a Vidisco mas não me parece que eles estejam muito interessados em trabalhar connosco (risos). Agora a sério, sim, sem dúvida, a Necrosymphonic é uma editora empe-nhada e de confiança e que, no fundo, tem um trabalho dificílimo que é pro-mover uma banda que não toca ao vivo.Qualquer banda que não toque ao vivo torna-se um produto desacreditado e difícil de vender. A Necro tem feito o

que pode e nós compreendemos que não possa fazer mais. De qualquer for-ma, nós os integrantes de R.O.O. temos já a nossa própria editora que se cha-ma Supergoat Wreck-Whordes, uma vez que somos uma dupla em constante processo criativo, não só com R.O.O. mas também com outros projectos como Carnificina, Hummus, Erzsebet Nadasdy, etc. Criámos esta entidade propositadamente para escoar tudo o que fazemos sem ter necessidade de an-dar atrás de outras pessoas para lançar o nosso material. Vamos começar por fazer pequenas e humildes edições li-mitadas de coisas nossas e depois logo vemos como será no futuro…

Para concluir, o que podemos es-perar dos Rise Of Ophiuchus para o futuro?Bem, podem esperar mais do mesmo sem que isso signifique cair no maras-mo ou na monotonia. Podem esperar Thrash/Death Metal melódico e brutal alavancado em bons arranjos, produ-ções sólidas e conceitos requintados… O segundo registo está já em fase de conclusão e é a evolução lógica daqui-lo que fizemos neste primeiro álbum. Vai chamar-se “Pantheon: Legacy of the Ancient” e conta com convidados bastante interessantes como o D-Void de Re-Aktor ou a Rute Fevereiro das Black Widows. Para fazer escarcéu de mau gosto já temos outros projectos na calha, R.O.O. é o projecto em que nos empenhamos realmente em fazer coisas com um sentido estético mais…apurado? Pois, não sei… Se calhar estou a dizer uma data de barbaridades mas que se lixe! A arte pela arte!! Quem não gostar pode sempre ouvir os discos do Padre Borga ou da Rute Marlene!

Entrevista: Joel Costa

“Não estamos particu-

larmente interessados em conhecer o impacto

que a coisa possa ou não ter. A nossa preocupação

primordial é fazer boa musica.”

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Parabéns pelo vosso álbum de es-treia. Como tem sido o feedback até agora?William Fernandes - O CD foi lan-çado em Março e já vimos algo positivo nisso: responder a esta entrevista, por exemplo, ja é fruto desse CD! (risos). Mas sinceramente acho que ainda é muito cedo para comentar algo sobre ele porque ainda temos muito que di-vulgar e correr atrás, mas acredito que as pessoas vão ter uma boa impressão

desse CD e espero que elas gostem. “Violent Aggression” foi editado pela XTREEM MUSIC. O que vos levou a assinar com esta editora?Esse contrato com a Xtreem ocorreu naturalmente, quando o Dave Rotten ouviu a nossa primeira demo entrou em contacto através do Myspace e daí em diante as coisas foram muito bem conversadas, o que acabou resultando numa grande parceria. No começo nem

Os Deathraiser ignoraram o revivalismo Thrash e resolveram editar um disco à moda anti-ga. Resultado? Excelente! Os Brasileiros conseguiram de imediato um contrato para a edi-ção do seu disco de estreia e agora o objectivo é chegar aos palcos Europeus. Conheçam o novo fenómeno do país-irmão!

“Este álbum expressa

toda a raiva contida no Thrash Metal que ouvimos

ao crescer.”

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estávamos a acreditar, mas vimos que seria algo sério e então compromete-mo-nos.

O som de “Violent Aggression” é um Thrash à moda antiga. Que bandas vos influenciaram na vos-sa juventude?Acho que “Violent Aggression” expres-sa toda a raiva contida no Thrash Metal que ouvimos ao crescer, pois gostamos de algo mais agressivo no thrash. Ban-das como Kreator, Sepultura, Slayer, Attomica, Demolition Hammer, Hyp-nosia... Então acaba tendo essa “pega-da” mais agressiva e directa. Muitos acham que Metal Brasilei-ro é sinónimo de Sepultura quan-do é muito mais do que isso. Con-sideram que “Metal Brasileiro”

pode ser classificado como um sub-género do Metal? Pergunto isto porque por vezes no Brasil fazem coi-sas que não vemos em ou-tras bandas do género...Entendo essa afirmação, mas não vejo o Metal Brasileiro como um sub-género do Metal. É uma escola diferente com um contexto diferente, assim como cada parte do mundo... Acho que foi muito importante para o Metal mundial a cena e as ban-das do Brasil. Sem dúvida que o que vemos aqui em termos de underground soa bem único e diferente de qualquer outra escola. Uma certa mistura de crueza e malandragem (risos). Tivemos várias bandas impor-tantes além dos Sepultura que ajudaram a consolidar esse jeito brasileiro de fazer música extre-ma, como é o caso dos Attomica, uma grande banda que nos in-fluenciou bastante também (ri-sos). (NOTA: O nome da banda foi retirado de uma música dos Attomica). Mas que por “ironia do destino” ou seja o que for, não tiveram o merecido reco-nhecimento que os Sepultura tiveram.

Tendo em conta que a XTREEM é uma editora espanhola, vamos ter a possibilidade de ver os DE-ATHRAISER em palcos eu-ropeus?Isso é uma questão que só o tempo dirá (risos). No que de-pender de nós, estaremos nos empenhando o máximo para a realização desse sonho. Temos vontade de levar a nossa mú-sica o mais distante possível e construir muitos laços de ami-zade. Isso é o tipo de coisa que

nos motiva sempre e é o tipo de sinceridade e fidelidade que só encontras no underground! As letras de “Violent Ag-gression” parecem ter to-das algo em comum. Ins-piraram-se na violência do Brasil?Também. Tentamos abranger o tema violência em todos os sen-tidos possíveis. Falamos tanto de situações hipotéticas (con-dizentes a natureza humana) como de violências quotidianas. E quando se trata de violência, ganância, ódio, exploração, manipulação, transcende um país em específico e passa a ser uma questão do ser humano em geral. Mas temos tambem nossos momentos clichê como em “Thrash Or Be Thrashed” e “Command To Kill” (risos). É característico do thrash! Para finalizar, querem di-zer alguma coisa aos leito-res da Infektion?Primeiramente obrigado pelo apoio mesmo que indirecta-mente. Espero que vocês cur-tam o disco, pois ele foi feito com muita garra e expressa bem a identidade da banda. Espero vê-los o mais breve possivel em solo europeu. Em nome de toda banda: Thrash or be thrashed!!

Entrevista: Joel Costa

Cover “Violent Aggression”À venda na XTREEM MUSIC

“Acho que foi muito

importante para o Metal mundial a

cena e as bandas do Brasil.”

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Visto que os temas do EP “Revelations” foram gra-vados nas sessões do vosso

álbum anterior, este lançamen-to serviu apenas para manterem contacto com o público ou o ob-jectivo foi outro?Deste EP apenas Doppelgänger foi o único tema gravado em finais de 2008 aquando da produção do album Inner-gy. Nesta faixa foram regravadas todas a guitarras ritmo e alguns melhoramen-tos na mistura final e masterização de modo a criar um single que levou ao videoclip promocional. Todas as outras músicas foram re-compostas e gravadas oficialmente em 2010 para serem o nú-cleo duro do EP Revelations. Antes de avançarmos para a gravação de Inner-gy fizémos uma selecção das músicas que transmitiam a ideia concisa do que prentendíamos na altura e sentimos que tinhamos de deixar de fora Phe-notype, The Hill e Pinpoints apesar de acharmos que sempre seriam musicas para num futuro próximo perfilarem

num album oficial da banda, nunca as vimos como “b sides” ou faixas apenas para apresentar ao vivo...sempre sen-timos que eram boas músicas. Como estamos a preparar um novo ‘full len-ght’ que está a ser o nosso maior desafio musical até à data uma vez que precisa de bastante empenho e tempo de qua-lidade, pensámos em conjunto com a nossa manager que o ideal seria editar um EP de forma a podermos estar mais próximos do público que nos segue e de todos os que até à pouco tempo não co-nheciam Forgotten Suns. Ao adicionar-mos o tema Betrayed, que era uma faixa extra do album Fiction Edge, agora na sua versão completa, sentimos também que estaríamos a fazer uma ponte com os nossos fãs mais antigos e confirmar a evolução da banda ao longo dos anos.

Apesar do que foi dito na pergun-ta anterior, acham que trazem no-vidades entre “Innergy” e “Reve-lations”?O EP Revelations não pode ser encara-

do como um novo álbum, ainda assim e dado o contexto de termos escolhido músicas que já estavam praticamente compostas desde 2007, apresentamos novidades pelo facto de colocarmos músicas com um carácter mais aces-sível em faixas como Phenotype, Pin-points e The Hill juntas num mesmo registo, mas também pelo facto de ter-mos re-produzido Betrayed com ambas as partes dando a Revelations o cariz promocional desejado.

O EP está a ser promovido inter-nacionalmente. Como tem sido o feddback até à data?O feedback tem sido muito bom. O ví-deo Doppelgänger teve um impacto bastante grande nos fãs e ainda está a chegar a muita gente. Temos recebido muito e-mails a congratular o projec-to, muitas bandas e agentes a darem--nos os parabéns; nunca pensei que em Portugal pudéssemos ter tanta gente nos mais diversos círculos da sociedade atenta e interessada na nossa música. É

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curioso a variedade de opinião dos se-guidores de Forgotten Suns em relação ao seu tema favorito do EP, só demons-tra o ecletismo dos fãs e que me apraz registar por ser um sinal claro de vita-lidade e encorajamento para os futuros desafios musicais da banda.

O que vos levou a escolher Do-ppelganger para o 1º single a ser extraído deste EP?Porque achámos que é a faixa que de-tém mais potencial para single e que representa bem a mistura de peso com melodia com pormenores progressivos que nos caracterizam.

Esse tema foi alvo de uma remis-tura. Falem-nos um pouco disso...Quando estávamos perto de finalizar a produção das outras músicas do EP achámos que seria interessante juntar um single para fazer a ponte com In-nergy, tinha de ser um single porque senão o EP passava os limites de tem-po e como conseguimos um excelente

som nas guitarras ritmo decidimos re--gravá-las; re-misturámos as faixas e conseguimos melhorar o som para o videoclip. Creio que foi uma excelente opção porque realmente Doppelgänger é uma excelente música para ser tocada ao vivo e certamente estará nos nossos setlists por muitos anos.O tema “Betrayed” acabou por ser também alvo de algo semelhante. O que vos levou a ir buscar um tema vosso do ano 2000 e dar-lhe um novo tratamento?Após Innergy ficou claro para nós que existe uma grande distância ao nível da produção e performance em relação aos dois primeiros albums. Como já tínha-mos composto a parte II (Grey Zone) e até tocado ao vivo mas nunca tinha sido gravada, achámos que seria interessan-te colocar o tema todo com as duas par-tes para o EP. Aproveitámos assim para fazer uma ligação ao passado da banda com um tema fortíssimo, que resulta agora ainda melhor ao vivo. As mudan-ças em Betrayed são também ao nível de harmonia, o que não aconteceu com Doppelgänger que foi mais ao nível da qualidade de som.

Que balanço fazem nestes 10 anos de lançamentos (de “Fiction Edge 1” ao EP “Revelations”)?Foi um percurso com altos e baixos típi-co de uma banda que pratica um estilo complexo per se, que valoriza a música como forma de arte e obviamente uma carreira que apenas desde Innergy co-meçou a apresentar resultados mais maduros. Ainda existe muito caminho pela frente, estamos mais organizados, a navegar agora em águas mais límpi-das, mais tranquilas e com muita von-tade de consagrar a nossa coesão, ener-gia, esforço e talento musical perante o nosso público.

No decorrer das composições al-guma vez pensam em “angariar” público ou fazem-no de uma for-ma mais introspectiva?Quando temos uma ideia que sabemos ter potencial para fazer uma música, essa mesmo ideia é analisada com cui-dado e dada a natureza progressiva da nossa banda temos muitas formulas para construir um tema. Evidentemen-te que também tem a ver com o conceito lírico que queremos abordar e a forma mais directa ou mais complexa o que origina temas mais longos. Exemplos de temas mais directos são o caso de Flashback ou Phenotype e para temas mais longos posso citar Outside In ou

Nanoworld. O facto de termos ambos os tipos de construção de temas é o que nos torna camaleões musicais mas não o fazemos para sermos mais comerciais ou mais excêntricos...não temos nenhu-ma pressão de produtores ou editoras, se nos agradar a nós então certamente vai agradar a muita gente, temos perfei-ta noção disso...somos livres e criativos e é assim que pensamos música.

Sei que já existem planos para um novo disco. O que nos podem adiantar sobre isso?Apenas que o novo album está em pre-paração e que será conceptual, quem quiser saber mais sobre o “making of” pode visitar o blog Minds Over Music em www.forgottensuns.blogspot.com

O que falta para que as bandas Portuguesas consigam mais noto-riedade em Portugal?Creio que em Portugal a principal situa-ção se prende com o facto de existir en-raízado nas gerações passadas o hábito miserabilista de se previligiar sempre mais a qualidade do que vem de fora do que a prata da casa. Apesar disso tenho constatado que ao entrarmos no novo milénio a qualidade e número de bandas tem vindo a aumentar levando a que o público sinta que vale mais a pena ir ver uma boa banda portuguesa do que uma banda estrangeira mediana ou mesmo fraca em comparação com bandas nacionais. É um processo len-to mas acredito que hoje em dia temos bandas nacionais a fazerem trabalhos de composição e produção de nível in-ternacional e o público sente isso. Terá de ser obviamente um processo con-junto que abrange promotores e enti-dades da música que detém o poder de criar oportunidades de exposição para se chegar a mais público. Sugiro que prestem bem atenção a bandas como FramePictures, Oblique Rain, Hunting Cross, Artworkx, Factory of Dreams ou Dazkarieh entre tantas outras. Portu-gal musical está vivo, em progressão e recomenda-se!

Entrevista: Joel Costa

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YANN TIERSEN

Guillaume Yann Tiersen é um compositor Francês multi-instrumentista, compondo principalmente para piano, acordeão e violino, quase sempre de uma forma minimalista.

Tiersen começou a tocar piano aos 4 anos, violino aos 6, e frequentou mais tarde várias academias musicais. O compositor tentou várias bandas até que em 1993 decidiu isolar-se durante o Verão no seu apartamento compondo músicas para violino, acordeão e guitarra, mas numa diferente aproxi-mação aos mesmos:”Quero brincar com os sons, esquecer todo o conhecimento musical e instru-mental, e simplesmente usar o instinto.”

No final desse verão Tiersen tinha já 40 melodias, que viriam a ser usadas nos seus primeiros álbuns: La Valse des Monstres, em 1995, e Rue des Casca-des, em 1996.

No entanto foi com o seu terceiro álbum, Le Phare,

que atingiu fama e reconhecimento no seu pais de origem. O mesmo continha a Sur Le Fil, uma mú-sica que acabou por se tornar uma das favoritas ao vivo, onde Tiersen usa o violino para criar uma me-lodia intensa e até agressiva: é comum uma parte considerável dos fios do arco de partirem quando a mesma é tocada.

Le Phare possuía também as músicas La Dispute e La Noyee que, juntamente com uma versão em pia-no da Sur le Fil, seriam usadas mais tarde na banda sonora do filme que traria reconhecimento mun-dial ao compositor: O Fabuloso Destino de Amelie.O filme deu a conhecer tanto o trabalho de Tiersen feito até à altura como também incluiu uma série de obras inéditas do compositor. É de destacar a música Comptine dun autre été: L’après-midi, uma melodia simplista em piano que é hoje facilmente reconhecível.

Mais tarde Yann Tiersen iria contribuir para filmes como Adeus Lenine! e Tabarly.

Para além dos instrumentos, Tiersen procura ou-tras fontes para obter sons. Por exemplo, na música Pas si Simple é usada uma máquina de escrever no ritmo da melodia, dando um lado experimental às suas músicas.

É esse lado que é mais explorado no seu último re-gisto, Dust Lane, lançado em finais de 2010, O ál-bum explora géneros como indie-rock, post-rock, música ambiente, às vezes tudo presente na mesma melodia. Durante os dois anos que dedicou à cria-ção do álbum, o autor perdeu a mãe e um amigo próximo, algo que foi usado como fonte inspiração. “O álbum é sobre a jornada na estrada poeirenta que nos leva à morte”, afirmou o compositor. “Não é algo triste, mas sim algo colorido, às vezes dolo-roso, mas principalmente uma experiência que vale a pena: a vida.”

Yann Tiersen marca presença em Portugal a 5 de Maio em Lisboa, no LX Factory, e a 7 de Maio no Porto, no Hard Club.

João Miranda

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O novo álbum dos “Winds of Plague”, “ A g a i n s t

the World” parece ser capaz de agradar a gregos e troianos. Os amantes de hardcore metal não ficarão de-siludidos em músicas como “One For The Butcher”, “Drop the Match”, “Califórnia”, ou com aquela que dá nome ao álbum. Os que apreciam a fusão da orquestra com o metal e que vêem nos

detalhes a riqueza do som, terão magnífi-cas peças em “Raise the Dead”, “Build for War”, “Monsters”, “Most Hated” e “Only Song Were Allowed to Play in Church Ve-nues”. Este é o álbum certo para quem gosta de surpresas, veja-se o ambiente de “The Warrior Code”. Uma certa aura de banda sonora permanece do princípio ao fim. E nota-se uma evolução criativa na banda que

surge mais complexa e interessante. Pela variedade de estímu-los sensoriais que pro-porciona, vale bem a pena a sua audição.

Mónia Camacho

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As bandas mainstream pa-recem estar - e muito bem - a seguir os passos do un-derground e em vez de se limitarem a produzir um som comestível e que fique no ouvido, procuram inves-tir todo o tempo possível em detalhes que aos me-nos conhecedores possam passar despercebidos mas que certamente fazem a di-ferença aos ouvidos mais atentos. É o caso dos Across The Sun, que mesmo não estando totalmente no po-leiro do mainstream, con-seguiram sair da sombra e assinar pela Metal Blade. Depois de 7 anos no activo e de três EPs, “Before The Night Take Us” prova que as bandas que estão numa fase de ascensão procuram realmente melhorar a cada registo e levar o seu traba-lho a sério. Até porque os CDs não vendem como ven-diam há uma década atrás e se à partida as bandas sa-bem que as vendas não vão correr por aí além, devem pelo menos justificar o va-lor do CD para quem com-pra e chamar o público aos concertos. Para mim bastou ouvir “Tipping The Scales” para perceber que “Before The Night Take Us” era um bom álbum, sendo também de referir que é o primeiro full-lenght dos Across The Sun mas há muitos outros movitos para se gostar.[8/10] Joel Costa

40 WATT SUNTHE INSIDE ROOMCYCLONE EMPIRE

40 Watt Sun é DOOM (!) puro de ritmo quaternário lento e triste que arrasta o ouvinte lentamente pelo chão e o imobiliza para pensar um pouco nos mo-mentos mais obscuros do passado e nos segredos que o coração guarda. Para veí-culo dessa experiência nada melhor que a voz particular-mente bela mas ao mesmo tempo extremamente sofri-da e emotiva do guitarrista Patrick Walker, que acaba por ser a mais valia deste trio britânico ao marcar a diferença no género. “The Inside Room” só peca mui-to pela repetição de ideias e pela monotonia se estender demasiado nos 45 minutos de duração desta estreia, o que pode cansar o ouvinte, acabando por ser dirigido a um grupo restrito de pes-soas. Nada que impeça o conjunto das terras de sua majestade alterar num fu-turo proximo! Ainda têm muito tempo para tal. Só resta mesmo vaguear nos riffs viciantes e pegajosos em temas como “Restless” ou “Open my Eyes” num quarto fechado, com o som bem alto, até abrir os olhos para enfrentar outro dia de-pois da noite e do tormento.[7.5/10] Bruno Farinha

tos álbuns como anos de carreira e já lá vão 7. A ver-dade é que, apesar de todos estes anos no activo, só tive a oportunidade de conhe-cer este projecto depois de uma conversa com um dos dirigentes da Neurot Recor-dings, responsável pela edi-ção de “Sage”, e devo dizer que fiquei fã. O trio pratica um som tipicamente Ameri-cano - se não souberem do que falo basta ouvir o tema “Buried Arrows” - e calmo, o que não é suficiente para headbanging mas também não estamos a falar de uma banda que se possa conside-rar Metal. “Sage” pode ser descrito como Doom com alguns toques psicadélicos e introspectivos. No caso de “Mean Season Movin’ On”, conseguimos viajar até aos anos 60 e sentir a atmos-fera que se vivia naqueles tempos. É provavelmente o melhor disco da banda até à data e muito bom para ou-vir em alturas que apelem à tranquilidade.[7/10] Joel Costa

ACROSS THE SUNBEFORE THE NIGHT TAKES USMETAL BLADE

ACROSS TUNDRASSAGENEUROT RECORDINGS

Os Across Tundras não são propriamente uma banda nova nem tão pouco um colectivo com pouca expe-riência. A verdade é que os Across Tundras já têm tan-

AMON AMARTHSURTUR RISINGMETAL BLADE

Surge, finalmente, envolto numa autêntica aura épica, um dos álbuns mais aguar-dados do ano. A magnífi-ca capa leva-nos a antever uma aventura estrondo-sa, não fossem os Amon Amarth detentores de uma consistência invejável pre-sente a cada lançamento. À semelhança de registos anteriores, a mitologia nór-dica dá o mote à temática do disco. Desta vez, os sue-cos centraram-se na perso-nagem de Surtur, líder dos gigantes de fogo de Mus-pelheim. “Surtur Rising” é,

assim, um álbum pensado, variado mas, sobretudo, coerente e com uma robus-ta produção levada a cabo por Jens Bogren. Melodia e agressividade misturam--se num equilíbrio quase (!) perfeito do início ao fim. Composições épicas, riffs poderosos, solos emotivos e variações de ritmo bem in-troduzidas fluem em abun-dância, transportando-nos para cenários ancestrais. Agressividade está bastan-te presente. Basta ouvir os segundos iniciais e demoli-dores da “Destroyer Of The Universe” para o perceber. Mas “Surtur Rising” mostra também um lado mais obs-curo, notório em “The Last Stand of Frej”. Esta faixa, tal como a anterior, narra a batalha entre Surtur e Frej numa perspectiva diferente; com um ritmo lento e arras-tado e um excelente registo vocal de Johan Hegg que continua implacável, alter-nando entre guturais pro-fundos e vocalizações mais rasgadas. A saga termina com a atípica e melancóli-ca “Doom over dead man” que se desenvolve ao longo de quase 6 minutos, com al-guns apontamentos orques-trais, culminando num final triunfante. Mas apesar da agradável experiência sono-ra que proporciona, “Surtur Rising” falha em introduzir algo novo e realmente cati-vante relativamente aos re-gistos anteriores. Fica, por isso, um pouco aquém das expectativas altamente ele-vadas. Aconselho, no entan-to, a deixar “Surtur Rising” amadurecer a cada audição porque irão, certamente, apreciar óptimos momen-tos. [8/10] Sofia Simões

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ARKANSALAMSEASON OF MIST

Se querem dar um rótulo a “Salam” para saberem se se identificam ou não, en-tão que lhe chamem Death Metal Melódico Oriental. Parece extenso e absurdo mas se tivesse que descre-ver o álbum com quatro palavras seriam essas as escolhidas. Neste segundo registo, os Arkan voltaram--nos a dar um cheirinho do que existe do outro lado do Mundo, acrescentando ao som que todos nós gosta-mos pitadas de percussão árabe todo um background musical oriental. Se a no-vidade já tinha sido bem recebida com “Hilal”, o ál-bum de estreia, então agora pode-se dizer que os Arkan atingiram todo um novo nível com este lançamen-to fresquinho com edição a cargo da Season Of Mist e uma produção – excelente, diga-se – de Fredrik Nor-dström (In Flames; Dim-mu Borgir). As letras estão mais maduras e o som fica cada vez mais contagiante e hipnotizante à medida que o vamos reproduzindo. Um dos pontos positivos que merece os parabéns é a voz de Sarah Layssac que dá outra vida às músicas reple-tas de grotescos berros de Florent Jannier. Quem tam-bém deu uma ajudinha em “Salam”, foi o vocalista dos Orphaned Land, Kobi Farhi, que emprestou a sua voz ao tema “Deus Vult”. Um re-gisto muito bem conseguido por parte dos parisienses Arkan. Salam![7.5/10] Joel Costa

Oriundos da Itália, At The Soundawn é uma banda di-fícil de catalogar. Se tivesse que comparar com outra banda, talvez os Anathema sejam uma boa compara-ção. O álbum Shifting apre-senta-nos a uma relaxante e introspectiva paisagem, onde os estilos presentes são imensos. O mais pre-valente, no entanto, pare-ce ser o Rock. Aquando da primeira rotação do álbum é fácil de constatar o talen-to e inúmeras influências que assolam este disco. As pinceladas de Jazz em músicas como “Mudra: In acceptance and regret”, a infusão de ritmos pesados e esmagadores como na música “Hades” e os arpeggi mesmerizantes de músicas como “Prometheus bring us the fire” certificam que não existem momentos abor-recidos ao ouvir Shifting. Embora o álbum seja algo (deliberadamente) lento, há sempre algo que agarra a atenção do ouvinte. Exis-te sem dúvida um excelente equilíbrio entre o pesado e o calmo. Naturalmente, Shif-ting tem os seus pontos fra-cos. A atmosfera consegue ser um pouco densa, algo depressiva até, o que pode limitar as ocasiões em que ouvintes que não apreciem esse tipo de som darão uma chance ao álbum. Em suma, Shifting vale apena desco-brir e voltar a ouvir, porque é certamente uma daquelas ocasiões em que serão ne-cessárias algumas rotações para consolidar uma opi-nião final.[7/10] Rui Melo

“Blasphemer” Eriksen e da vocalista Carmen Simões, depois de já estarem juntos na banda Aenima, nasceu os Ava Inferi. Representados pela Season of Mist, este conjunto luso tem ganho adeptos por toda a Europa com o seu Doom de tonali-dades pagãs e com a sua ori-ginalidade, sendo dos gru-pos portugueses de música pesada mais conhecidos lá fora e a sua popularidade tem crescido cada vez que é lançado um novo trabalho, ganhando a oportunidade de ser a banda suporte para os grandes My Dying Bri-de na sua próxima tournée britânica e de ter marcado presença no Hellfest. Já no seu quarto registo, “Onyx” é realmente um trabalho que demonstra a capacidade de evolução do quinteto pelo que fizeram no passado mas sem se repetirem e a marcar a diferença a cada álbum. Cada trabalho tem uma aura própria e este último não foge à regra com as suas atmosferas mais harmonio-sas e profundas em equíli-brio com linhas de guitarra mais directas e mais pesa-das, sem quebrar a melan-colia da sua música e que explodem no momento cer-to, tornando a experiência de cada tema mais aliciante e fazem certos riffs ficarem na cabeça de tal maneira que ouvimos o tema à espe-ra da sua chegada, ao mes-mo tempo, embalados pelo ambiente. Exemplo disso mesmo, são os temas “The Living End” e “ Majesty”. A secção rítmica está muito bem conseguida, à qual se juntou Joana Messias, bai-xista dos Mourning Leno-re. Destaque especial para “The Heathen Island” pela peça de teatro sonoro que é e para o último tema do trabalho, “Venice In Fog”, um dos temas mais belos alguma vez feitos pela ban-da. Pena a ausência, pela primeira vez, de versos na língua portuguesa em todo o disco.[8.5/10] Bruno Farinha

BATTLETOREDOOMBOUNDNAPALM RECORDS

Confesso que tinha receio antes da primeira audição deste trabalho, pela entre-ga mais fraca que foi “The Third Alliance” na carreira da banda finlandesa, mas logo nos primeiros segun-dos de “Bloodstained” per-cebi que os Battlelore estão de volta aos bons discos, tal como “Evernight” ou o mais aclamado “Sword’s Song”. Influenciados pelos livros de J.R.R.Tolkien, o grupo foi construindo uma carrei-ra já sólida com o seu Power Metal de tonalidades Folk que conta agora com este sexto registo. “Doombound” começa mesmo da melhor maneira num ritmo mais rá-pido com os três primeiros temas a mostrarem-se umas boas malhas e bastante sóli-das, a rasgar logo qualquer dúvida da qualidade do conjunto. Segue-se depois “Enchanted”, num formato mais lento, onde realmente a voz de Kaisa Jouhki en-canta, assim como em todo o álbum, mas também aqui os teclados ganham mais evidência, elemento que adquiriu mais importância neste trabalho e que realça bem a textura épica da ban-da. De resto continua a dua-lidade da voz feminina com a garra do vocalista Tomi Mykkänen que em “Fate of the Betrayed” tenta um re-gisto mais limpo, um esfor-ço bem realizado e enrique-ce o tema já por si bastante competente. Destaque para a mais sinfónica “Last of the Lords” como se de uma ban-da sonora de uma aventura se tratasse. A secção rítmica está de alto nível, com uma boa prestação do baterista Henri Vahvanen e confere ainda mais grandeza ao tra-

AT THE SOUNDOWNSHIFTINGLIFEFORCE RECORDS

AVA INFERIONYXSEASON OF MIST

Da união criativa do ex-gui-tarrista dos Mayhem, Rune

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balho pela sua variablidade, quebrando completamente a monotonia do seu ante-cessor.[8.5/10] Bruno Farinha

BURZUMFALLENCANDLELIGHT

“Fallen” é o nome da pro-posta mais recente de Bur-zum.Varg Vikernes, único membro do projecto, é uma das personalidades mais emblemáticas do Black Me-tal, tendo feito parte dos Mayhem e sendo ainda o responsável pela morte do guitarrista Euronymous. Estando as suas mãos co-bertas com o sangue de ou-tra figura emblemática do Black Metal, Varg Vikernes consegue extrair todo o tipo de sentimentos das pesso-as, mas seja ele respeitado ou desprezado a verdade é que nenhum lançamento de Burzum passa despercebi-do. Depois do lançamento de um CD no ano transacto e de mais de uma década sem dar novidades (Varg Vikernes esteve preso du-rante 16 anos), parece-nos que o mentor de Burzum não quer perder tempo e deita as mãos à obra sempre que lhe é possível. Em ter-mos de produção e compo-sição, “Fallen” não é muito diferente daquilo que nos fez chegar em 2010 com “Belus”, contudo, e tal como Varg, “Fallen” proporciona uma série de sentimentos e leva-nos – ainda que por um curto período de tempo – à altura em que a essên-cia de Burzum estava 100% presente nos seus registos discográficos. As músicas são longas e os riffs de gui-tarra permanecem iguais durante muito tempo, no entanto a voz brilhante protagonizada por Varg Vi-

kernes quase faz esquecer isso, tornando o álbum não--cansativo e oferecendo-nos uma boa dose de Black Me-tal. Os meus destaques vão para “Jeg Faller” e “Valen”.[8/10] Joel Costa

“Blood On The Black Robe” é tudo aquilo que a música Celta representa: história e mitologia. Qual a diferença entre os Cruachan e os ou-tros? Simples: Os Cruachan jogam muito bem com esses temas nas suas músicas e letras de uma forma nunca antes vista. De facto, o su-cesso desta banda justifica--se bem se soubermos um pouco da história dos mes-mos. Em 1995 gravaram o seu primeiro álbum inti-tulado “Tuatha na Gael” e o resultado em termos de produção e do próprio som foi péssimo. Ainda assim foi o álbum que mais vendeu naquela editora e rapida-mente se esgotou (e não foi pelo facto da banda ter mui-tos amigos)! Depois de mui-tas passagens por diferen-tes editoras, eis que chega o momento de assinar pela Candlelight e com isso tra-zer ao mundo o fantástico “Blood On The Black Robe”, considerado pelos Crua-chan o renascimento da banda. Este álbum traz-nos assim aquilo que foi inicial-mente proposto (Folk Metal com Extreme Metal) e sem nada negativo a apontar em termos de sonoridade. A primeira metade do álbum é o melhor que “Blood On The Black Robe” tem para nos oferecer mas isso não significa que o resto esteja mau, nada disso. Simples-mente a energia e a vontade de fazer algo mais é muito mais perceptível durante as 5 primeiras músicas do que no resto do seu alinhamen-to..[7/10] Joel Costa

mos. Mas afinal o que é o Brasil? Em termos de Me-tal, gosto sempre de dizer que existe um sub-género ao qual podemos chamar Metal Brasileiro. É que se hoje em dia inventam rótu-los para tudo, porque não mais um? Existem dezenas de boas bandas que pode-riam chegar onde os Sepul-tura chegaram na década de 90 se o público não fosse tão exigente - ou cego - como é agora. O underground esta-va mais presente e o que in-teressava era ter o prazer de beber uma cerveja com os músicos ao invés de perder tempo a filmar e a fotogra-far o concerto, com os olhos fixados num ecrã peque-no, perdendo toda aquela magia que se faz sentir nos recintos suados e empoeira-dos. Se as coisas funcionas-sem como funcionavam há uns 20 anos atrás, os Dea-thraiser podiam muito bem ser um novo fenómeno bra-sileiro do Thrash Metal. Ao longo de toda a extensão de “Violent Aggression”, pode-mos ouvir músicas directas, super-rápidas e muito bem conseguidas. É claro que nestas situações pensamos sempre em possíveis nomes para efectuar comparações e certamente que esses no-mes também aparecerão nas vossas mentes assim que ouvirem a primeira música deste álbum. O que é certo é que os brasileiros Deathraiser estão aqui para fazer nome sozinhos e cer-tamente que vão conseguir se voltarmos a focar toda a nossa atenção no verdadei-ro seio da música e não nos códigos de barras que nos fazem chegar.[7.5/10] Joel Costa

CIRCLE OF SILENCETHE BLACKENED HALOMASSACRE RECORDS

“The Blackened Halo” mar-ca o início de um novo capí-tulo na carreira dos alemães Circle Of Silence. Depois de dois discos lançados de forma independente, os Circle Of Silence entraram nos Maranis Studios com o produtor que dá o nome ao estúdio, assinando logo de seguida um contrato com a Massacre Records para a edição deste novo traba-lho. “The Blackened Halo” resume-se a Power Metal com misturas de Thrash e o clássico Heavy Metal, tudo isto combinado com melo-dias fáceis de memorizar e algo a que podemos chegar “voz clean agressiva”. Não é preciso ir descobrir álbuns anteriores para verificar que a sonoridade acima descrita é a marca dos Circle Of Si-lence o que significa que são excelentes candidatos para estar à frente de actuações ao vivo extraordinárias e incansáveis, dada a energia que possuem e que tão bem transmitem neste novo dis-co.[7/10] Joel Costa

CRUACHANBLOOD ON THE BLACK ROBECANDLELIGHT

DEATHRAISERVIOLENT AGGRESSIONXTREEM MUSIC

Que o Brasil não é só Sepul-tura, até aí já todos chega-

DISIPLINMOLTI NEMICI - MOLTO ONORE!FRENTEUROPA RECORDS

Page 46: INFEKTION MAGAZINE #02 - Abril 2011

Os Noruegueses Disiplin são uma banda de Black Metal que fazem da sua música um veículo para transmitirem o conceito do Pagan Metal. “Molti Nemici - Molto Onore!” não é pro-priamente um lançamento recente nem muito menos um disco de originais, no entanto é uma edição que merece a nossa atenção pelo facto de ser uma com-pilação do género “Best Of” que alberga músicas raras saídas de trabalhos ante-riores como “Vama Mar-ga”, “Wolf Age”, “Days Of Desolation” e “Herrefolk”. Os pilares desta compilação são sem dúvida os registos presentes da demo editada em 2002 “Vama Marga” e o tema “Damnations Cruza-de”, do registo lançado em 1997 “Days Of Desolation”. À medida que os minutos passam podemos assistir a transições algo brutas na sonoridade, o que é perfei-tamente aceitável tendo em conta os anos que separam um lançamento do outro e o formato em que as músicas foram editadas. Uma boa proposta da Frenteuropa![6/10] Joel Costa

Helloween. A espiritualida-de e o sagrado parecem ser os temas recorrentes em todas as faixas do álbum, e basta ver os nomes das mú-sicas para isso nos saltar á vista: depois de uma Intro poderosa – “Trinitas Sanc-tus” – entramos em full spe-ed com “Trinity” cujo refrão entra facilmente no ouvido. Em “No Holy man”, a com-binação das vozes de Eden e de LaBrie resulta de for-ma perfeita, tornando esta faixa uma das melhores do álbum. A fasquia conti-nua bastante alta em temas como “Can’t fool the devil”, “Jerusalem Sleeps” e “Black Widow”, o dueto com Andi Deris. Os temas mais cal-mos são também bastante poderosos, como é o caso de “Guardian Angel” e “Chil-dren of the tide”. Os Eden´s Curse homenageiam ainda Ronnie James Dio, incluin-do no disco uma versão de “Rock N’ Roll Children”. “Trinity” é um disco coeren-te e sem grandes surpresas mas que continua a dar aos fãs dos Eden’s Curse moti-vos de orgulho.[6.5/10] Rute Gonçalves

em que não falta bons mo-mentos de inspiração e os devaneios habituais no ter-reno do Black Metal como em “Time Between Dog and Wolf” em que sobressai o grunt de Vratyas. O proble-ma é que se cai um pouco na repetição do que já se retra-tou no passado e o bastante aclamado trabalho anterior “Heralding - the Fireblade” faz bastante sombra sobre o seu sucessor. No entan-to, “Tiurida” está recheado de bons momentos no qual se inclui “Tanfana” e o belo arranjo acústico no decor-rer de “In Flames”. Há que também salientar as harmo-nias sonhadoras de guitarra que acompanham o ouvinte durante o trabalho. É um álbum com um ritmo mais lento e também de um con-sumo mais demorado mas que agradará com certeza aos fans deste projecto con-ceituado. Varkas não conse-gue fazer má música, espe-rava-se era um pouco mais.[7/10] Bruno Farinha

FIREFORCEMARCH ON7HARD / ROCK’N’GROWL

Quem não souber rigoro-samente nada sobre os Fi-reforce nunca adivinha que “March On” é o álbum de estreia da banda. Os Fire-force encaixam-se no Power Metal (reparem no Power a negrito) e fazem a chamada música “in your face”, com sons muito brutais e inten-sos. A especialidade do co-lectivo formado em 2008 por membros de Double Diamond, Self Inflicted e Grinning Ghoul parece ser escrever sobre guerra e as-suntos militares, letras es-sas que dão melodia ao som inspirado em Iron Maiden. “Annihilation” é dos temas que mais gostei de ouvir

em “March On”, sendo uma música com uma forte pre-sença de guitarras muito bem trabalhadas e com a bateria e o próprio vocalista a irem buscar referências ao Speed Metal. Em cada mú-sica podemos retirar provas de que os Fireforce vieram para ficar e sabem realmen-te o que estão a fazer. São os mestres do Metal nos mais variados sub-géneros que aqui podemos encontrar. Tal como o título da penúlti-ma música desta magnífica proposta dos Fireforce, eles nasceram para tocar Metal e felizmente para nós levam isso muito a sério.[8.5/10] Joel Costa

FORGOTTEN SUNSREVELATIONSMETAL REVELATION

Os nacionais Forgotten Suns contam já com muitos anos de existência e têm em “Revelations” uma prova do seu amadurecimento e consistência enquanto pro-fissionais competentes que são. Este EP acolhe temas que foram escritos duran-te as gravações do terceiro álbum da banda, gravações essas que ocorreram en-tre 2006 e 2007. No geral, “Revelations” aparece-nos como algo bastante melódi-co com uma coisa ou outra electrónica capaz de agra-dar a qualquer fã de Metal. O EP inicia-se com uma versão fresca de um tema já dado a conhecer pela ban-da, intitulado “Doppelgãn-ger”. A partir daí podemos encontrar músicas inéditas e outras já conhecidas, mas tal facto não contribui em nada para fazer de “Revela-tions” algo já ouvido. Muito pelo contrário: apesar de tudo a banda prova que con-segue ser original e mostra--nos outra faceta da mesma,

EDEN’S CURSETRINITYAFM RECORDS

“Trinity” é o 3º album da carreira da banda de Micha-el Eden, Paul Logue, Thors-ten Koehne, Alessandro Del Vechio e Pete Newdeck e dá continuidade ao estilo de metal melódico já inicia-do nos registos anteriores. Com a produção de Dennis Ward (ligado a projectos como Angra, Pink Cream 69 e Krokus), o disco conta ainda com as participações especiais de James LaBrie, vocalista dos Dream The-ather e de Andi Deris dos

FALKENBACHTIURIDANAPALM RECORDS

Quem conhece o projecto Falkenbach do multi-ins-trumentista Vratyas Varkas já sabe o que aí vem, Viking Metal recheado de bons mo-mentos Folk e de momentos musicais mais melancólicos que remetem para as pai-sagens da floresta negra. “Tiurida”, o quinto registo de originais deste composi-tor alemão, não é excepção e o tema “Where His Ravens Fly..” que se segue à “Intro” coloca-nos logo entre as ár-vores da sua criação. é um álbum bastante competente

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onde podemos verificar que existe realmente um ama-durecimento e as composi-ções vão-se tornando mais elaboradas e muito técnicas. Para quem ainda não teve a oportunidade de se deliciar com este som Português, então “Revelations” poderá ser um bom começo para a vossa introdução nesta ain-da-promessa chamada For-gotten Suns.[7/10] Joel Costa

HAEIRESISTRANSPARENT VIBRANT SHADOWSFRENTEUROPA RECORDS

Provenientes da Lituânia, os Haeiresis são mais uma aposta de Black Metal da Frenteuropa Records, que vêem agregados na sua fa-mília Hesper Payne, dos The Axis Of Perdition e S.B., dos Inquisitor. Em “Trans-parent Vibrant Shadows” não encontramos um Black Metal tradicional mas sim - e note-se que Haeiresis pode ser visto como um pro-jecto paralelo de S.B. - algo mais experimental, apa-rentando ter um ambiente um pouco industrial. Há mais coisas que justificam o facto deste álbum não ser 100% fiel ao Black Metal, tal como a existência de mui-tos solos e melodias. Mas atenção: tudo isto pode ser negativo ou simplesmente menos bom apenas para os apreciadores do verdadeiro género. A voz parece saída de um filme de terror, o que me leva a crer que a mes-ma foi alvo da aplicação de um efeito para distorcer a mesma, o que nem sempre é favorável neste disco. Um ponto forte é a composição do álbum e os riffs pode-rosos que fazem tudo para estar na liderança. Uma proposta muito agradável e

que se revela ser única. Sem dúvida, algo a não perder.[8/10] Joel Costa

HEAVENWOODABYSS MASTERPIECELISTENABLE RECORDS

Os Heavenwood já são co-nhecidos pela sua capacida-de criativa e pela qualidade que cada entrega possui. Trazidos pela Listenable Records como estandarte da música pesada nacional para lá das nossas frontei-ras, a banda lusa com este novo trabalho poderá bem alargar a sua base de fans bem como, mais uma vez, colocar-se na rota das con-sagradas bandas de metal gótico europeu.Nesse lote onde já figuram, há bas-tante tempo, os Moonspell e do qual os Heavenwood começavam a fazer parte no final da década de 90, contando por exemplo com a colaboração de Liv Kris-tine (ex-Theatre of Trage-dy, Leaves’ Eyes) no álbum Swallow. Perderam o com-boio devido à paragem de 10 anos no lançamento de novos discos mas depois do regresso com “Redemption” espetam-nos agora com esta “Abyss Masterpiece”. “The Arcadia Order” começa o registo com imensa garra e expõe uma grande compo-nente orquestral que acom-panha esta obra-prima do abismo durante a sua, apro-ximadamente, hora de du-ração. Era talvez esta com-ponente mais sinfónica que faltava para elevar a música do colectivo português a ou-tro patamar, como se pode comprovar em temas como “Once a Burden”, “Septem-ber Blood” ou o tema mais épico “Leonor”. O trabalho da dupla de guitarras (Bru-no Silva e Ricardo Dias) é simples mas poderoso e al-

tamente viciante percorren-do o álbum, acompanhado por uma grande dinâmica ritmíca que tira previsibili-dade e repetição ao registo. Típico do grupo nacional, não faltam as baladas mui-to bem conseguidas como “Morning Glory Clouds (In Manus Tuas Domine)” e Like Yesterday”, contraba-lançadas com temas mais pesados, dando de exem-plo “Fading Sun”. Ernesto Guerra aposta num registo mais gritado que encaixa muito bem numa obra mui-to equilibrada e para se ou-vir sempre do início ao fim.[9/10] Bruno Farinha

te para outros, o acréscimo de sons provenientes de maquinaria tirou tempo de antena às guitarras distorci-das, tendo os sintetizadores ficado com todo o protago-nismo neste álbum, o que por si só indica que é um excelente álbum para fãs de synths. A única coisa nega-tiva que tenho a apontar em Illdisposed – e é importante referir que isto não é de ago-ra – é o facto do vocalista continuar a gravar duas ve-zes os vocais, pondo depois uma gravação por cima da outra, pois isto só faz com que os vocais não tenham a mesma intensidade ao vivo e a banda perde um pouco com isso. Um dos discos mais fortes da banda e um dos grandes lançamentos de 2011.[8/10] Joel Costa

IMPERIASECRET PASSIONMASSACRE RECORDS

Secret Passion é nada mais nada menos do que mais um registo no metal gótico. Tal como muitas outras bandas, Imperia parece simples-mente surfar na onda criada por bandas como Nightwish e Within Temptation que vieram introduzir o género de forma mais comercial a uma audiência mais jovem. Nada de novo é apresenta-do neste CD. Aliás, muito do material aqui presente é simplesmente reciclado de outros grupos. Secret Passion coloca-se dentro de uma zona de conforto onde a fórmula criada pe-las bandas supramenciona-das dita as leis e nunca de lá sai. Desde o estilo vocal, aos acordes simples e re-petitivos dos refrões, até ao uso exaustivo de piano, não há nada que grite ori-ginalidade. No entanto, Se-

ILLDISPOSEDTHERE IS LIGHT (BUT IT’S NOT FOR ME)MASSACRE RECORDS

Com produção a cargo de Tue Madsen (Suicide Silen-ce; Sick Of It All), “There Is Light (But It’s Not For Me)” é o décimo primeiro álbum dos Dinamarqueses Illdis-posed, que celebram agora 20 anos de carreira. Neste novo álbum, os Illdispo-sed resolveram acrescentar mais elementos electrónicos do que vinha sendo habitu-al o que resultou em algo potente, levando este estilo musical a um novo nível. A banda mostra assim que mesmo após 20 anos con-segue trazer novidades e, ao contrário de muitas outras, melhorar a sonoridade dis-co após disco. Em termos gerais, este álbum foi muito bem explorado e cresce ago-ra a expectativa para o futu-ro. Irão os Illdisposed conti-nuar a lançar bons discos ou não vão passar disto? Dado aquilo que nos têm ofereci-do ao longo de todos estes anos, deposito toda a minha fé nos Dinamarqueses. Ne-gativo para uns, indiferen-

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cret Passion não é um mau álbum. Há inclusive uma música (“Suicide”) que por momentos me levou a crer que afinal poderiam haver faixas em que a banda deci-dia enveredar por estradas menos caminhadas. Infeliz-mente, rapidamente volta à fórmula inicial. Certamente, fãs do género encontrarão vários motivos para apre-ciar o CD mas para quem não veja o apelo do metal gótico, o CD rapidamente se tornará repetitivo ao ponto das músicas simplesmente se fundirem e tornar-se di-fícil de distinguir onde uma começa e a outra acaba. Ao final do dia, Secret Passion é um álbum que agradará maioritariamente aos fãs de metal gótico.[5/10] Rui Melo

INFERNAL KINGDOMS.A.T.A.N.FRENTEUROPA RECORDS

Conhecem aquela história do Português que se perde no deserto e depois de andar durante dias encontra outro Português? Pois bem, as portas do Inferno abriram--se e de lá saíram os nacio-nais Infernal Kingdom, pro-vando que não só o Mundo é pequeno como também a qualidade nacional não está só no futebol. S.A.T.A.N. é um registo com músicas infernais muito bem con-seguidas, rápidas, repletas da fúria mais extrema e de tudo aquilo que se pode en-contrar no espírito de uma banda de Black Metal. Black Sorcery é um entre muitos temas que merece um espe-cial destaque nesta review, pois nele podemos encon-trar um resumo de tudo o que aqui é dito. Infelizmen-te não encontrei informação suficiente para saber como se saiu S.A.T.A.N. quando

foi lançado em 2010 mas é provável que não tenha atin-gido sequer metade daquilo que tão bem merecia. Não digo isto por ser um pro-jecto nacional, mas sim por ser bom. Uma das melhores propostas deste género mu-sical que já me passou pelos ouvidos e só lamento que te-nha sido agora.[8.5/10] Joel Costa

INSIDEADCHAOS ELECDEADMASSACRE RECORDS

Passei a primeira música do álbum, intitulada “No ID”, para o meu MP3 bem como tantas outras e fui ouvindo em viagens sem saber se-quer o que estava a ouvir na maioria dos casos. Fiquei abismado com a música no primeiro momento em que a ouvi e era sempre algo agra-dável quando o MP3 dava a volta e voltava a tocá-la. Agora que me sentei para escrever a review de “Cha-os ElecDead”, o álbum de estreia dos gregos Insidead, qual não é o meu espanto ao conhecer finalmente os mentores de tal sonoridade que me consumiu interna-mente. Fiquei com algum receio que o restante álbum não fosse tão bom mas foi muito de encontro às inú-meras expactitvas positivas que criei nesse momento. “Chaos ElecDead” tem um alinhamento muito bem constituído, com uma fa-lha aqui ou ali mas nada de muito grave. É sem dúvida um excelente registo mas é de ter em conta que a ban-da já tem um percurso de treze anos, pelo que seria mau se não conseguissem dar o melhor de si mesmos nesta aventura em estúdio. Basta ler a biografia da ban-da para entender que con-quistaram sucesso atrás de

sucesso nestes treze anos e o lançamento deste disco é apenas mais um troféu na enorme estante imaginária que certamente possuem. Abram as vossas portas e contemplem este cenário![7.5/10] Joel Costa

JOYLESSWITHOUT SUPPORTVAN RECORDS

“Without support” é o pri-meiro longa-duração dos Joyless em 10 anos. Depois de vários lançamentos “a vulso” desde o ano 2000, estes noruegueses parecem ter decidido que já era hora de regressar em grande es-tilo. O género Rock Psica-délico/depressivo continua a reinar (e muito bem) no universo dos Joyless, com a voz charmosa e sedutora de Ida Helleboe a envolver-nos cada vez mais profunda-mente a cada faixa. O álbum abre com “Have a nice fight” a estabelecer um “mood” melódico e melancólico que é uma das características mais marcantes em quase todas as 11 faixas. Outros momentos altos são “The Adorn Japetus”, “Puber-ty and dreams”, “The soft addiction”, “Better”, “Tri-lobite” e “Velvet Willows”. “Journey” encerra o alinha-mento de forma absoluta-mente surpreendente e su-blime. “Without Support” é um disco cru, visceral, emo-cional e repleto de inten-sidade melódica , que nos conquista de imediato com o seu universo sombrio e nostálgico e onde podemos encontrar claras influên-cias de bandas tão diversas como Velvet Underground, The Doors, Led Zeppelin, Neil Young ou David Bowie. O Rock depressivo pode não ser para todos, mas os Joyless sabem interpretá-lo

com mestria num regresso que é, no mínimo, promis-sor. O disco perfeito para dias de chuva..[7.5/10] Rute Gonçalves

KRIEGPATRICK BATEMANFRENTEUROPA RECORDS

A crítica internacional des-creve o EP “Patrick Bate-man” como insano ou a banda sonora ideal para um psicopata. Eu não en-contraria palavras melhores para descrever este lança-mento editado pela Fren-teuropa. Mas afinal quem é “Patrick Bateman”? Patrick Bateman é uma persona-gem fictícia de “American Psycho”, escrito por Bret Easton Ellis. Tal como a obra original, também esta - desta feita levada a cabo pelos Krieg - transmite-nos imagens caóticas, repletas de violência e pensamentos nauseabundos, tudo isto acompanhado por uma ba-teria veloz e ensurdecedora. Mesmo não conhecendo a história real, é impossí-vel ouvir isto sem que nos passe pela cabeça um cená-rio de crime, onde alguém mata outro alguém sem dó nem piedade, fazendo com que “Patrick Bateman” seja realmente a banda sonora adequada para esses casos. A voz está brutal em todos os níveis e o EP, em termos gerais, consegue estabele-cer a sua marca e criar um novo espectro em torno do que conhecemos como Bla-ck Metal. Todos nós temos um lado mau e em “Patrick Bateman” esse mesmo lado vem à tona nem que seja por uns milésimos de segundos, fazendo notar ainda mais a sua presença a partir do momento em que soam os primeiros acordes.[5/10] Joel Costa

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LEGIO MORTISTHE HUMAN CREATIONMASSACRE RECORDS

“The Human Creation And The Devil’s Contribution” - assim é o nome completo do terceiro disco de originais dos Legio Mortis – traz com ele um Death Metal melódi-co que é tocado como se os músicos estivessem no inte-rior de um tornado. Depois de muitos concertos avassa-ladores durante os 10 anos de existência da banda, eis que decidem trazer a inten-sidade e a rapidez para o estúdio e compactá-la num CD brutal. “Unholy Four”, o tema que sucede a intro-dução, apresenta-nos os cantos à casa e promete-nos que daí para a frente vamos ouvir sempre bons riffs, me-

NAMEINTERNET KILLED THE AUDIOSTARLIFEFORCE RECORDS

Internet Killed The Au-diostar tem algo que se lhe diga. É óbvio que o trio de San Francisco, California levou um microfone para os confins do inferno e da gra-vação lá feita resultaram 13 faixas recheadas de insani-dade. Imediatamente fui re-cordado de uma outra ban-da de nome Daughters, cujo som tem muito em comum com o dos NAME: Uma espécie de caos controlado, uma bola de electricidade soltando faíscas em todas as direcções iluminando tudo à sua volta, um tornado de sons: Acho que isto é uma justa descrição deste CD. Desde death metal, ao jazz, ao metalcore, este álbum tem de tudo. Embora certos momentos possam deixar o ouvinte a coçar a cabeça perguntando-se o que estão a ouvir, há diversos outros

momentos em que o ouvinte ganhará um sorriso na cara, espantando pelas óptimas ideias que emergem da con-fusão e intensidade das mú-sicas. Por outras palavras, IKTA mostra que, apesar do frenesim presente em todas as faixas que certamente não agradará a muitas pes-soas, há vários momentos coesos com imenso groove e melodias que fazem com que o álbum valha a pena ser ouvido. Ou melhor dito, experimentado. Uma ver-dadeira sopa de estilos e géneros, recomendado a fãs da supramencionada banda Daughters ou outras bandas do género.[7/10] Rui Melo

lodias muito bem consegui-das e toda uma nova atmos-fera ambiental e ao mesmo tempo negra. Em “The Hu-man Creation”, desta vez abreviado, podemos ainda encontrar uma cover de Pa-radise Lost e a presença de Liv Kristine, vocalista de Leaves Eyes, na música Life Denied (que é sem dúvida um dos pontos mais altos deste álbum). Podemos di-zer que esta proposta dos Legio Mortis é cativante e deixa-nos ligados a ela do primeiro ao último minuto.do álbum ser “conceptual” muito a sério. O destaque vai para «El Crit», que é a música mais rápida deste registo e sem dúvida e mais elaborada.[6.5/10] Joel Costa

NORTHERCIRCLES REGENERATEDCENTURY MEDIA

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Já sem Petri Lindroos, os Norther apresentam o ál-bum “Circles Regenerated”, que contendo alguns mo-mentos interessantes, não chega a fazer-nos sentir que estamos perante algo ver-dadeiramente original. A abrir o alinhamento temos “Though it all”, música que contém uma estrutura me-lódica por baixo da cadencia heavy (tal como acontece “Some Day”), o que lhe dá consistência, depois con-tinuada com alguma va-riedade na composição. O guitarrista Kristian Ranta como segunda voz resul-ta bem, fazendo lembrar algumas sonoridades do hard rock. A sua vocaliza-ção brilha particularmente em músicas como “Truth” ou “Some day”. Estas, a par de “Falling” e “Closing in” serão talvez as melhores músicas do álbum. As gui-tarras e a bateria mantêm--se fiéis ao death metal, mas sem grandes inovações. No entanto, o “metal melódico”

é um bom caminho para os Norther.[8.5/10] Mónia Camacho

OF LEGENDSSTRANDEDSEASON OF MIST

Uma das primeiras coisas que a Season Of Mist me disse quando tentei fazer uma entrevista com o pro-jecto Of Legends, foi que seria muito complicado ter as respostas a tempo uma vez que o mentor, Luis Du-buc, era roady, manager, músico, motorista e muito mais. Seria exagero? Nem por sombras. Luis Dubuc está habituado a lidar com a variedade, uma vez que sal-ta de projecto em projecto e todos eles são bem distintos uns dos outros. Já o que não varia muito é o esquema

de “Stranded”, que tende a voltar sempre à sua origem mas aqui não é necessaria-mente mau. Seja Of Legen-ds algo original ou não, a verdade é que “Stranded” surpreendeu-me pela gran-de técnica demonstrada e pelos vastos conhecimentos musicais de Luis Dubuc, que sozinho teve que aprender a arte de fazer música. Todos estes motivos são mais do que suficientes para se ouvir este novo lançamento. Um excelente primeiro lança-mento para um projecto que ainda nos terá muito para dar. Comprovem por vocês mesmos![9/10] Joel Costa

OPRICHNORTH THE BOUNDLESSCASUS BELLI MUSICA

Já toda a gente percebeu que o Folk Metal está a sofrer de uma saturação imensa pelo enorme número de bandas novas que aparece a lançar discos nos últimos tempos deste estilo e claro, isso faz com que cada vez seja mais fácil separar o trigo do joio, devido às repetições cons-tantes das mesmas fórmu-las. Oprich, conjunto russo e compatriota dos aclama-dos Arkona, com quem par-tilham algumas semelhan-ças no seu som, parecia ao inicio da primeira audição deste “North the Bound-less” algo que ia sobressair e marcar presença no mun-do do Folk. Os três primei-ros temas são de extrema qualidade, com principal ênfase para “Wrath”, que é uma malha poderosa e traz um bom bailarico ineren-te, acompanhado por um headbanging desenfreado! O problema é que os temas para a frente, mesmo bem executados pelo sexteto, co-meçam a acusar o problema

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enunciado em cima, a repe-tição. Com uma produção que deixa algo a desejar ao dar demasiada atenção à flauta a determinada altura e que satura ao avançar no disco. É uma lufada de ar fresco o tema “Kupala” por abusar mais nas guitarras, já perto do final do registo e a entrada acústica de “A Road”. É de apontar, no en-tanto, que a qualidade está presente pelos temas com-petentes que parecem no decorrer do trabalho, mas é preciso novas ideias para refrescar a audição de regis-tos futuros.[6.5/10] Bruno Farinha

PERGALèHORIZONTALIOS MAL-DOS PALAIMAFRENTEUROPA RECORDS

Ao procurar por documen-tos que me dessem mais informações acerca dos Pergalè, deparei-me com o seguinte: “Sonoridade: Bla-ck Metal depressivo”. Seria mesmo? Honestamente não vos sei dizer. Mas eis o que sei: depressivo ou não, em “Horizontalios Maldos Pa-laima” encontram-se vários elementos de Rock’N’Roll e Polka, o que por si só já nos diz alguma coisa. Exis-te também muita varieda-de nos vocais, sendo que podemos ouvir desde gro-wls a algo mais melódico ou até mesmo falado. Para primeiro álbum deste pro-jecto, “Horizontalios” até está bastante sólido. A ban-da poderia ter evitado meia dúzia de erros mas nada que consiga recuperar à medida que for ganhando mais ex-periência tanto em estúdio como no processo de com-posição. Outro grande des-taque vai para a excelente artwork.[6.5/10] Joel Costa

PHAZERKISMETRAISING LEGENDS

Considerados frequente-mente na imprensa especia-lizada internacional como “uma das grandes promes-sas do panorama Rock por-tuguês”, os lisboetas Phazer regressam aos discos depois do lançamento do seu EP de estreia “Revelations” em 2006. Depois de uma tour-née bastante extensa (mais de dois anos) por todo o país e de algum tempo de antena nas rádios nacionais, a ban-da surge agora mais madura musicalmente e mais segura de si própria, num disco que fala por si. “Kismet” (ter-mo turco que significa mau presságio), é na sua essên-cia, um disco de Rock, mas que consegue incluir em si

uma combinação muito in-teligente de vários outros estilos, que trazem ao dis-co uma enorme e interes-sante diversidade musical. Há grandes momentos de prazer neste álbum, como é o caso de “War of shouts”, “Serious killer”, “Kismet”, “Rebel”, “Stay for them” (na minha opinião uma das fai-xas mais poderosas do dis-co) e, para fechar o disco de forma surpreendente “And then it all began”, um suave e belo tema instrumental.Gravado em Lisboa e com a produção de Fernando Ma-tias, nome ligado a bandas como Bizarra Locomotiva, F.E.V.E.R; Linda Martini e Moonspell, “Kismet” é um disco eclético que vive de um Rock forte, sólido e po-deroso e de um desempe-nho musical irrepreensível. Um digno sucessor de “Re-velations”. Para ouvir com atenção.[7.5/10] Rute Gonçalves

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RAINTIMEPSYCHROMATICLIFEFORCE RECORDS

Verdade seja dita, nunca me interessei por metal gótico. Embora não seja este o gé-nero pelo qual os italianos Raintime se definem (Death metal/Metal/Rock, segun-do o seu Myspace) a verdade é que as influências góticas aqui são claras como o dia. Apesar de tudo, ao ouvir Psychromatic fiquei surpre-endido pela positiva, tendo em conta as minhas baixas expectativas. Ao mesmo tempo, a descrição de De-ath metal/Metal/Rock está afinal bem atribuída por-que faz grande parte do som dos Raintime. Este álbum é, portanto, um híbrido. O que por si próprio, por mais pa-radoxal que possa parecer, resulta tanto no lado posi-tivo como no lado negati-vo do álbum. Por um lado, temos os riffs divertidos e cheios de groove que nor-malmente são a introdução e primeiros/últimos versos da maioria das canções. Por outro lado, os refrões são um cliché no que toca ao género gótico (aliás, uma das razões porque não apre-cio o género) e é isso que me faz sentir dividido. Há também outra problema: O vocalista. Há momentos em que faz um trabalho espec-tacular, outros, parece es-tar completamente fora do seu elemento. Apesar disto tudo, Psychromatic é um álbum sólido, com potencial para ser excelente. O que salva o CD de ser medíocre é sem dúvida a componente instrumental. Poucos defei-tos posso atribuir a tal, à ex-cepção dos fracos (e ligeira-mente comerciais) refrões. Há muitos boas ideias ex-ploradas pelos guitarristas

e baterista que certamente agradarão a qualquer aficio-nado da guitarra ou bateria.[6.5/10] Rui Melo

RAUNCHYA DISCORD ELECTRICLIFEFORCE RECORDS

Sendo fã dos Raunchy des-de a altura de Velvet Noise (2002, Nuclear Blast), fiquei preocupado com o futuro da banda após dois percalços consecutivos (Leia-se: De-ath Pop Romance (2006, Lifeforce Records) e Waste-land Discotheque (2008, Li-feforce Records)). Aquando finda a rotação do seu mais recente álbum, A Discord Electric, o que mais temia confirmou-se: Após um per-curso atribulado, os Raun-chy embateram contra um muro. Uma banda que tan-ta promessa mostrou, está agora - a meu ver - morta e enterrada. Os novos Raun-chy são uma banda que não conheço e, sinceramente, não tenho interesse em co-nhecer. Tendo dito isto, há que salientar alguns aspec-tos positivos: A Discord Electric mostra que a banda ainda é capaz de escrever riffs e ritmos interessantes, como se pode comprovar em músicas como “Blue-prints For Lost Sounds” e “Shake Your Grave” em que as guitarras, bateria e sam-ples se unem para criar uma atmosfera energética que causa (in)voluntário hea-dbanging e, até, air drum-ming. No entanto, estas ideias estão perdidas num mar de mediocridade. O maior defeito deste álbum é a maneira crude e autocons-ciente com que os Raunchy lidam com a partida para uma nova direcção sono-ra, quase que martelada na cabeça do ouvinte. Certos

momentos fazem pensar se foram escritos porque sim-plesmente eram... Diferen-tes. Para finalizar: A Dis-cord Electric é um álbum desinteressante, sem replay value, que facilmente pode-rá ser esquecido.[4.5/10] Rui Melo

RIMTHURSSVARTNARARCHAIC SOUND

Rimthurs é um projecto de Black Metal do multi-ins-trumentista Tommy Holmer criado em meados da déca-da de 90, mas só entre 2001 e 2002 começou a ser mais produtivo e depois de duas demos gravadas chega-se ao álbum de estreia que nos é entregue sob a forma deste “Svartnar”. É um disco ex-tremamente heterogéneo, com uma produção bastante competente, e pisca o olho a várias paisagens sonoras, encostando-se muito ao Vi-king e ao Folk melancólico, mas mantém uma identi-dade própria e no global tudo encaixa como deve ser sem soar a algo “recortado” de algum lado e colado de qualquer maneira no disco. Há aqui pormenores que são simplesmente sublimes como a segunda metade do tema “Underjord” quando o violino entra fatalmente sem aviso ou o passo len-to com que se desenvolve “Krigssång/Sorgmarsch” para uma melodia memorá-vel em que mais uma vez o violino embala suavemente num puro momento de Ne-ofolk. O blastbeat também marca presença com fre-quência durante o trabalho como nos brutais inícios de “Ursinne” e “Ljussjygg”. Um bom arranque no registo de longa duração deste pro-jecto sueco, trazido até nós

pela Archaic Sound.[7.5/10] Bruno Farinha

RISE OF OPHIUCHUSSERPENTARIUSNECROSYMPHONIC

Por vezes, e por muito que se lute contra isso, é inevitável julgar o livro pela capa e a introdução que me foi dada aos “Rise Of Ophiuchus” certamente não me passou as melhores intenções da banda. Um lado mais atre-vido e cómico levado a cabo pelos protagonistas fez-me achar que de sério, “Serpen-tarius” não teria nada mas enganei-me redondamente! “Serpentarius” tem tudo o que qualquer registo deve-ria ter: técnica, empenho, dedicação, variedade e cla-ro, o indispensável: o lado cómico da banda. Se lerem as notas do álbum aper-cebem-se que todo o ins-trumental - ou quase todo - está a cargo de Melkor e a realidade é que Melkor con-segue colocar o melhor de si mesmo em cada instrumen-to, não havendo altos e bai-xos na qualidade dos mes-mos. A voz também é uma forte presença neste registo e lidera muito bem o ins-trumental que se faz ouvir. O álbum apresenta alguns solos e riffs geniais que dão outra alma a este CD com vida. Os meus destaques vão para “A Sky Forged For The Dead”, “Ophiuchus Triumphant” e “Serpenta-rius”. A única coisa negativa que tenho a apontar - e isto é algo que apenas se vai ve-rificar a curto prazo, espero eu - é a impossibilidade de levar Rise Of Ophiuchus aos palcos. Entretanto fico à es-pera de uma actualização deste duo magnífico![8.5/10] Joel Costa

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SEVEN THORNSRETURN TO THE PASTNIGHTMARE RECORDS / ROCK N GROWL

Qualquer banda poderia ter sido abalada por problemas jurídicos e outros proble-mas de ordem pessoal. Não foi - e ainda bem - o caso dos Seven Thorns. Depois de enfrentarem diversos problemas devido ao nome escolhido, a banda conse-gue finalmente editar “Re-turn To The Past” com o seu nome original ao invés de 7 Thorns. “Return To The Past” apresenta diversas influências de bandas como Helloween e Gamma Ray que resultam em guitarras rápidas, bons solos e uns vo-cais a nivelar a grande qua-lidade que se faz ouvir nesta proposta. Não são, de todo, originais, mas também não fazem algo muito repetiti-vo. Aliás, os Seven Thorns têm escrito na testa “Power Metal de Grande Qualida-de” por isso não é problema nenhum. No geral, e tendo em conta os problemas que lhes apareceram pela fren-te, “Return To The Past” é um bom álbum e um motivo de orgulho para uma banda que parece ter encontra-do de novo o seu caminho. Um álbum a ser ouvido por qualquer fã de Power Metal.[7.5/10] Joel Costa

SHAKRABACK ON TRACKAFM RECORDS

A banda suíça Shakra traz-

-nos o seu 10º álbum,“Back On Track”. Dez álbuns é uma marca mais do que respeitável. Ainda para mais quando são mantidos bons níveis de qualidade. Este álbum é marcado por uma grande mudança, uma vez que nos dá a conhe-cer o novo vocalista, John Prakesh. Os fãs não vão fi-car desiludidos – a voz de Prakesh encaixa-se perfei-tamente no estilo sonoro da banda e é assim, portanto, uma aposta ganha. “Back On Track” é constante e segue uma linha bastante definida. Talvez seja esse o ponto mais fraco – as mú-sicas são pouco variadas e têm apontamentos muito iguais entre si. No entanto, há que destacar alguns pon-tos interessantes do álbum. A faixa que dá nome ao mesmo, “Back On Track”, é quase como um manifesto, que diz “regressámos, em força, e queremos marcar o nosso lugar”. “When I See You” é uma das baladas, e faz juz perfeito ao rótulo, pois tem todos os ingredien-tes que compõem uma boa balada: a melodia, a letra e a fácil memorização do re-frão. “Crazy” e “MMTWGR” são os temas mais pesados e ritmados, e que mais pren-dem a atenção do ouvinte. Desengane-se quem pen-sar que é um álbum pesado – não é. Tem 2 ou 3 faixas mais heavy, mas no geral não se pode apelidar de mais do que “rock”. Apesar disso, tem bons momentos de ri-ffs e solos de guitarra dig-nos de registo. Em resumo, “Back On Track” é um bom CD, agradável de se ouvir ao longo das 12 faixas, mas que não faz esquecer “Power Ride” (2001), ou “Rising” (2003), pontos altos na car-reira de Shakra. [6/10] Íris Jordão

SILENT STREAM OF GODLESS ELEGYNáVAZSEASON OF MIST

Perante um cenário em que cada vez aparecem mais bandas a oferecer poucas novidades, temos o prazer de nos deparar com a gran-deza de Silent Stream Of Godless Elegy e o seu mais recente trabalho, “Návaz”. Formados em 1995 e com um percurso de Folk e Doom Metal, os Silent Stream Of Godless Elegy oferecem-nos um excelente contraste en-tre a voz clean e feminina de Hanka Hajdová’s e a voz po-derosa e masculina de Pavel Hrnčíř’s. Outro contraste está entre os instrumentos eléctricos e os acústicos, fa-zendo com que “Návaz” re-sulte numa explosão de so-noridades diferentes e que tão bem nos sabem acon-chegar. “Slava” destacou-se logo como a minha música favorita deste projecto e, tal como todas as outras, é uma faixa que se deve ouvir num ambiente calmo, de olhos bem fechados e com a mente suficientemente aberta para nos deixar viajar para outro mundo, mundo esse cheio de magia. Uma grande de-cisão da Season Of Mist por ter pegado nesta banda e ter sido uma das principais ra-zões pelas quais hoje temos a oportunidade de escutar tamanha grandiosidade. “Návaz” está muito perto da perfeição e se a banda op-tasse por tomar uma ou ou-tra decisão diferente daque-las que tomou, mereceria sem margem para dúvidas um 10.[9/10] Joel Costa

SONNE ADAMTRANSFORMATIONCENTURY MEDIA

Depois de uma discreta pri-

meira incursão na música com o lançamento dos EPs “The Sun is Dead” e “Armed wtih hammers”, os isreali-tas Sonne Adam (expressão hebraica que significa odiar a humanidade) surgem em 2011 com o seu 1º longa duração “Transformation”. O disco é um verdadeiro peso-pesado no que a Death Metal diz respeito, onde se identificam facilmente for-tes influências dos Morbid Angel, Autopsy, Asphyx e e Paradise Lost (na primei-ra fase da sua carreira). O monumental tema “We who worship the black” abre um conjunto de poderosas, atormentadas e esmagado-ras nove músicas, onde o puro Death Metal old scho-ol é rei absoluto. São disso exemplos perfeitos os temas “I sing his words”, “Take me back where I belong”, “Through our eyes hate will shine”, “Transformation” e “Apocalypse”. Autêntico e visceral, “Transformation” é uma grande estreia, uma obra completa, repleta de riffs pesados de guitarra, de uma poderosa bateria e de um desempenho vocal triunfante e que vive de le-tras especialmente negras e blasfemas. O álbum ex-pressa, sem lugar para dúvi-das, a força bruta e letal de uma banda que claramente se assume como uma das grandes revelações de 2011. Fãs do Death Metal puro e demolidor, uni-vos! Chega-ram os Sonne Adam![8/10] Rute Gonçalves

STEVE HACKETTLIVE RAILSINSIDEOUT MUSIC

O álbum “Live rails” do-cumenta a última tournée mundial de Steve Hacket-ts, denominada “Out of the tunnel’s mouth”. Numa alu-

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são a esta temática a música de introdução mistura sons de comboios a uma pre-cursão com influências do Norte de áfrica ou do Médio Oriente. Uma grande via-gem musical. As paragens visitadas são muitas e va-riadas ou não fosse um ál-bum ao vivo. Entre clássicos Génesis e novas canções, é possível ouvir subtileza e caos no mesmo disco. Letras pertinentes e profundas dão uma estrutura consistente às músicas, talvez uma he-rança de Génesis, mas que Hackett mantém também nas suas criações. Encon-tramos neste duplo ambien-tes diversos: momentos que podem perfeitamente levar a estados meditativos, é o caso de “Emerald and Ash”; Momentos em que a espi-ral de distorção nos agri-de como em “Pollution C”; Momentos acústicos, como “Fifth of fifth” ou “Blood on the rooftops” e até momen-tos de teatralidade como em “Clocks”. Todos com uma imensa qualidade. Para quem liga à posse, é um dis-co a ter.[9.5/10] Mónia Camacho

STWORZSYNOWIE SłOńCAFRENTEUROPA RECORDS

Há álbuns que não são fá-ceis de se analisar, não só devido à sua complexidade mas também porque nem sempre é fácil conseguir apreciar, nem que seja por breves momentos, esse mesmo álbum. Felizmente para todos, este não é o caso dos Stworz. “Synowie” é um registo encantador, com muitos elementos acústicos e que nos faz sentir como se estivéssemos dentro da imagem proposta na capa. E a realidade é que pode-mos ir lá parar, se for real-

mente esse o nosso desejo. Traduzindo o título do ál-bum para o bom Português, “Synowie Słońca” dá algo como “Filhos do Sol”. Os filhos do sol são originários da Polónia e utilizam a sua música como meio de trans-porte dos temas pagãos bem como a história do seu país. É um Black Metal diferente, bastante acolhedor até e ca-paz de nos manter focados na sua evolução ao longo de toda a sua extensão. A qua-lidade é visível em todos os cantos e os Stworz garantem assim a sua presença no top dos melhores lançamentos efectuados pela Frenteuro-pa Records. Há muitas pas-sagens acústicas com sons retirados da natureza e do ambiente, seguidas de mú-sicas rápidas e violentas, fa-zendo de “Synowie Słońca” algo diferente. Certamente não agradará a todos mas no que toca à minha opi-nião pessoal, devo dizer que fiquei fascinado com este lançamento pois não só o apreciei como também me lembrei que a música é uma das melhores artes que exis-te.[7/10] Joel Costa

TALES FOR THE UNS-POKENALCHEMYCASKET RECORDS

Foi em 2008 que se forma-ram os “Tales for the uns-poken”, banda oriunda de Coimbra mas composta por elementos de vários países, que para além de Portugal incluem o Brasil, Cabo Ver-de e Moçambique. Alguns meses depois da sua for-mação, lançam a primeira demo com 5 músicas e em 2009 surge o vídeo “Say my name”, que deu a conhecer o projecto e permitiu á banda ganhar alguns prémios em

várias competições e tam-bém partilhar o palco com bandas de renome. Este é o 1º longa-duração da banda.“Alchemy” é um álbum no mínimo, surpreendente. Há algo de hipnotizante que nos cativa e nos prende e não nos deixa parar de ouvir até chegarmos á última mú-sica. “There you stand” dá início ao disco de forma ma-gistral e abre caminho para outros grandes temas como é o caso de “Possessed”, “N’ Takubawena”, “Makumba” (na minha opinião um dos temas mais fortes), “Down-fall” e “Crown of the Crow”. Como bónus track podemos encontrar o poderoso “Say my name”. Fortemente ins-pirados por bandas como “As I Lay Dying”, “At The Gates” e “Slayer”, os Tales for the Unspoken trazem para este “Alchemy” um Metal agressivo mas que nunca descura a técnica e a preocupação melódica e que reflecte também as influên-cias das diferentes etnias e nacionalidades presentes na banda. Metal para ouvir no volume máximo.[8/10] Rute Gonçalves

TANGENT PLANEPROJECT ELIMI7HARD / ROCK N GROWL

“Project Elimi” dos Tangent Plane resume-se à perfor-mance de um músico: Ral-ph Swan, responsável pelos teclados. Este Homem salta de projecto temporário em projecto temporário para realizar todas as suas am-bições e experimentar dife-rentes conceitos musicais. “Project Elimi”, que é a pri-meira parte de uma triolo-gia ainda por ser composta, tem “Metal Progressivo” es-crito em todo o lado e ofe-rece boas faixas, resultantes das mais variadíssimas vi-

sões do líder do projecto, o já mencionado Ralph Swan. “One Month In Real Time” é apenas uma das músicas que merece destaque. Isto porque é a primeira e para aqueles que basta ouvir os primeiros minutos de um álbum para o poder pintar de seguida, será o suficien-te para se aperceberem da enorme quantidade de ta-lento que está aqui envol-vida e muito bem inserida. Esta música, bem como o restante álbum, oferece ainda inúmeras transições fazendo com que pareça que estamos a ouvir duas ou três músicas distintas nestes mais de sete minutos de duração que a faixa tem. Uma proposta da 7Hard Re-cords e com o grande pilar de apoio que é a Massacre Records só pode resultar num sucesso - ou pelo me-nos num caminho bem con-seguido - estrondoso dos Tangent Plane. Esperemos agora que Tangent Plane não seja apenas mais uma fase ou uma experiência e continue como um projecto principal.[6/10] Joel Costa

THE OCEANHELIOCENTRICMETAL BLADE

Heliocentric leva-nos por uma viagem sobre a mu-dança da visão Geocêntrica para a Heliocêntrica. Lirica-mente, o álbum começa ci-tando a Bíblia no momento em que Deus cria o mundo: “And God said there be light in the firmament of the he-avens”. Ao longo do álbum acompanhamos as primei-ras dúvidas, a descoberta que afinal a Terra anda à volta do Sol e não o contrá-rio, terminado o álbum co-locando as questões que a prova da teoria Heliocêntri-

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ca trouxe na altura, que se encontram ainda hoje actu-ais: “Who made your archi-tect? Where does He come from?”. Apesar de ser claro a nível lírico, é um álbum exigente a nível intelectual: poderá ser necessário algu-ma pesquisa para a compre-ensão total do mesmo. Num post-metal progressivo com uma sonoridade bem dis-tinta, os The Ocean acres-centam ao metal géneros completamente distintos deste. Por exemplo, o álbum encerra com um improviso de trombones e saxofones a um estilo Jazz. Um im-proviso no sentido literal da palavra, tendo a banda gravado cerca de 40 takes para o mesmo antes da sua escolha. Para além disto, o álbum varia do princípio ao fim entre momentos calmos e agressivos. Ainda bem que o vocalista consegue acom-panhar estas oscilações, tendo versatilidade sufi-ciente para cantar. E é esta mistura de sabores que tor-na Heliocentric um álbum interessante, e diferente do que já foi feito. Pode não agradar a todos, mas mere-ce no mínimo uma audição.[9/10] João Miranda

THE RANSACKBLOODLINERAGING PLANET

Depois de “Azrael” em 2007 e de “Vortex” em 2009, os barcelenses The Ransack regressam aos discos com “Bloodline”, em mais uma descarga poderosa de Death Metal com alguns momen-tos de Trash á mistura. Tal como já nos habituaram nos registos anteriores, “Bloo-dline” está repleto de gui-tarras poderosas e de vocais agressivos que imprimem a este disco uma intensidade única. Podemos ainda en-

contrar as participações es-peciais de Tó Pica (RAMP) em “Vicodin”, de Pedro Mendes (Thee Orakle) em “The Last days” e de Snake (Endamage) em “Trace”.Notas de destaque para as faixas “Collateral Damage”, com uma bateria que im-pressiona, “Enemy” onde Shore mostra todo o seu po-der vocal, “My Bullet your name” e “Scars”, sem dúvi-da dois dos temas mais for-tes do álbum e “Trace” que mistura na perfeição os riffs agressivos com os momen-tos mais melódicos. “Bloo-dline” é um álbum surpre-endente, que nos prende completamente a atenção e o ouvido do princípio ao fim, e nos deixa rendidos á competência e agressivida-de dos The Ransack. É um registo frenético e demoli-dor, movido a força bruta. Death Metal em estado puro made in Portugal. Simples-mente explosivo.[8/10] Rute Gonçalves

VASTUM SILENTIUMTIME WILL COMEFRENTEUROPA RECORDS

“Time Will Come, And Everything Will Be Passed”, assim é o nome completo do álbum, é uma proposta dos Ucranianos Vastum Silen-tium editada pela Frenteu-ropa Records. O CD vê no seu alinhamento sete faixas em que depois da introdu-ção somos baleados com Black Metal cru com algu-mas influências de Thrash Metal. A qualidade do som não é das mais agradáveis mas quando se fala de Bla-ck Metal isso até é daquelas coisas que não vamos ter muito em conta, até porque vá-se lá entender, faz parte da “coisa”. Com alguns tre-chos medievais pelo meio, “Time Will Come, And

Everything Will Be Pas-sed” acaba por ser um disco cujas atmosferas não estão muito bem trabalhadas ten-do também uma presença muito reduzida dos tecla-dos. Se lhes dessem maior destaque, o resultado final teria sido muito melhor. O instrumental, à medida que o tempo avança, vai tra-zendo menos novidades e deixa-nos com aquela sen-sação de que falta qualquer coisa ali, sabendo-nos a muito pouco. Já a voz tem tudo a seu favor, sendo o ponto alto deste disco dos Vastum Silentium. Falan-do em termos gerais, “Time Will Come, And Everything Will Be Passed” é um tanto monótono e peca pela falta de originalidade. A banda necessita de experiência e certamente que irão melho-rar da próxima vez que nos apresentarem algo novo.[5/10] Joel Costa

VOMITORYOPUS MORTIS VIIIMETAL BLADE

“Opus Mortis VIII” é o oita-vo álbum dos veteranos Vo-mitory que nos fazem chegar esta delícia via Metal Blade. Este novo disco é, sem mar-gem para dúvidas, o mais forte que os Vomitory algu-ma vez compuseram. A pro-dução do mesmo foi muito bem trabalhada e nota-se que houve, de certa forma, um empenho diferente na banda nas gravações desta relíquia. O disco foi gravado nos Leon Music Studios por Rikard Löfgren e o resulta-do não poderia ter sido me-lhor. Ainda que não tenham quebrado qualquer barrei-ra do Death Metal, “Opus Mortis VIII” apresenta-se como algo deveras intenso

e agressivo, sendo o adjecti-vo perfeito para descrever a carreira dos Vomitory. Toda a essência da banda está lá, até no mais íntimo detalhe e basta ouvir a primeira mú-sica para perceber isso.

VOODOO CIRCLEBROKEN HEART SYN-DROMEAFM RECORDS

Alex Beyrodt e os seus ra-pazes estão de volta, três anos depois do disco de estreia “Voodoo Circle”. “Broken Heart Syndrome” tem um certo gosto “vinta-ge” a Hard Rock dos anos 70, encontrando em bandas como Deep Purple, Rain-bow e Whitesnake algumas das suas referências mais óbvias. É impressionante, como em certos momentos, a voz de David Readman se aproxima tanto de Coverda-le que quase nos confunde.O tema de abertura “No solution blues” revela-nos, logo á partida muito da-quilo que podemos esperar a seguir: um Rock clássico, contagiante, competen-te e fluído. A sensação de solidez musical continua em “King of your dreams”, “This could be paradise”, “Broken Heart Syndrome”, “When destiny calls” e na frenética “Heal my pain”. E também não faltam as ba-ladas inspiradoras: “Blind Man” e “I’m in Heaven” são disso exemplos perfeitos.“Broken Heart Syndrome” é, acima de tudo, um dis-co assertivo e honesto, que apesar do estilo clássico, consegue transmitir algo de novo e diferente. É um disco com feeling, e isso deve-se, em grande parte, ao talento e á entrega da banda, num esforço absoluto (e, na mi-nha opinião, conseguido) para criar uma obra á sua

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medida que possa perdurar no tempo e nas memórias de quem o ouve. Para os amantes do Hard Rock é, sem dúvida, uma excelente aposta.[7/10] Rute Gonçalves

WAKOTHE ROAD OF AWA-RENESSRASTILHO RECORDS

Distante vai o ano em que os WAKO decidiram formar a banda e lançar a sua primeira demo. Mas o tempo voa, 2011 chegou num instante e com ele trouxe um dos grandes motivos de or-gulho que a cena Me-tal nacional pode ter: “The Road Of Aware-ness”, distribuído pela também nacional Ras-tilho Records. A ban-da passou por algumas mudanças e tudo isso contribuiu para a inten-sidade e energia que se faz sentir e ouvir neste registo, que já prome-te ser um dos melhores nacionais para o ano de 2011. O crescimento e o amadurecimento da banda está bem visível e percebemos que os mes-mos alargaram os seus horizontes, tendo ainda muito por conquistar. “The Road Of Aware-ness” é um bom ponto de partida para este tra-jecto cheio de conquis-tas que se adivinha e até mesmo quando tiverem tudo contra eles, como aconteceu no Pavilhão Atlântico, este amadure-cimento irá prevalecer e fazer com que os WAKO saibam contornar todas as dificuldades e sair vi-toriosos. É o álbum na-cional do mês![9.5/10] Joel Costa

WE ARE THE DAMNEDHOLY BEASTMASSACRE / BASTARDIZED

Os nossos We Are The Dam-ned estão de volta com o seu segundo álbum. “Holy Be-ast” é pesado, poderoso, rá-pido, tem agressividade até dizer chega e tudo isto re-sulta naquilo que este disco é: uma excelente aposta na-cional! Não será fácil para todos ouvir este álbum de seguida várias vezes dada a sua longa duração, mas nem com isso “Holy Beast” consegue ser algo abor-recido e cada música tem a sua própria identidade, acrescentando sempre uma novidade, nem que seja em doses mínimas, a cada fai-xa. Como todos aqueles que optam por seguir as leis do extremo, com We Are The Damned ou se gosta muito ou se odeia e pelo menos eu gostei! É óbvio que damos sempre especial atenção ao que se faz em Portugal mas acredito que se este CD me chegasse às mãos e eu soubesse que era de uns alemães ou americanos, provavelmente o comentá-rio seria o mesmo, tirando, claro, a referência a Portu-gal. “Holy Beast” é altamen-te recomendado para quem gosta de Hardcore e para todos no geral. Decerto que encontrarão algo que vos faça dar a “Holy Beast” uma hipótese.[9/10] Joel Costa

WIZARDOF WARIWULFS AND BLUOTVARWESMASSACRE RECORDS

“...Of Wariwulfs And Bluo-tvarwes” é o novo disco dos alemães Wizard e uma aposta da Massacre Recor-ds. O álbum tem um con-ceito muito bom e é extre-mamente fácil de se ouvir e ser agradado com ele. Este disco traz-nos aquilo a que os Wizard já nos habitua-ram em lançamentos ante-riores: muita alma e garra investida em temas glorio-sos e com a pureza que só o Heavy Metal tem. O tema de abertura é formidável e faz a abertura para o restante disco, que não se perde nem se deixa esmurecer, fazendo sempre com que a fasquia esteja lá em cima e de lá não saia. Felizmente mudaram o conceito das suas letras e aparecem-nos completa-mente renovados e em bus-ca de novos desafios, numa jornada em que cada ouvin-te também está presente. Aqui fala-se de bruxas, de vampiros, de lobisomens e de todas as criaturas que surgiram - ou não - da ima-ginação do homem. [8.5/10] Joel Costa

WOLFLEGIONS OF BASTARDSCENTURY MEDIA

Depois de “Ravenous”, lançado em 2009, eis que os suecos Wolf regressam com mais uma colecção de grandes músicas de Heavy Metal. “Legions of Bastar-ds” é o 6º álbum da banda (que já conta com 16 anos de carreira) e, ao ouvi-lo, é impossível não encon-trar claras influências das bandas clássicas de Heavy Metal dos anos 80, como Judas Priest e Iron Maiden. Aliás, há mesmo bastantes semelhanças entre a voz de Niklas Stalvind e de Rob Halford em muitos momen-tos do disco. “Vicious com-

panies” abre as hostilidades com a dose certa de fúria e guitarras, dando de seguida lugar a um verdadeiro hino para Headbangers: “Skull Crusher”. O estilo “oldscho-ol heavy metal” continua bastante forte e enérgico em músicas como “False Prea-cher”, Jekyll&Hyde”, “Road to Hell” e “K-141 Kursk”, que fala sobre o acidente do célebre submarino russo que se afundou há 11 anos atrás. “Legions of Bastar-ds”, revela uns “Wolf” iguais a si próprios e sempre fiéis ao estilo que tão bem os ca-racteriza e afirma com toda a convicção que o Heavy Metal clássico não passou de moda e continua vivo e de boa saúde. Se a missão dos Wolf é manter a chama musical dos anos 80 acesa, com um toque de frescura original, não podiam ter fei-to melhor trabalho. Perfeito para forte Headbanging e muito Air Guitar![7.5/10] Rute Gonçalves

XERATHIICANDLELIGHT RECORDS

Os Xerath mostraram desde início que são portadores de boas ideias e conceitos e também de confiança e so-lidez naquilo que fazem. O termo “vieram para ficar” parece um cliché mas de fac-to é algo que se aplica bem a este colectivo, uma vez que conseguiram impressionar em “I” e aumentaram em doses recomendadas o ní-vel de brutalidade e a qua-lidade das músicas em “II”. “God Of The Frontlines” é o perfeito exemplo daquilo que falo: é um tema extre-mamente agressivo com uma voz feroz a liderar o instrumental dinâmico que se faz ouvir. Cada música deste disco poderia ser alvo

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de uma descrição gigantes-ca uma vez que os Xerath foram inteligentes ao acres-centar novidades em cada uma delas mas o melhor é ouvirem por vocês mesmos e deixarem que seja a músi-ca a falar. A meu ver, e não só por causa deste excelente álbum, os Xerath são uma das bandas mais brutais e produtivas da actualidade e ficarão certamente no meu Player durante um bom tempo.[8.5/10] Joel Costa

YAOTL MICTLANDENTRO DEL MANTO-GRIS DE CHAACCANDLELIGHT RECORDS

Os Yaotl Mictlan foram formados em 1998 pelos irmãos Yaotl e Tlatecatl, que partilhavam uma pai-xão pela cultura Mexicana e Maia. As suas letras fa-lam na colonização cristã e no facto de, devido a esse acontecimento, os povos terem perdido a sua identi-dade e terem adoptado um modo de vida diferente. A inspiração faz todo o senti-do, uma vez que analisaram a sua cultura, o seu próprio mundo e criaram todo um conceito a partir daqui em vez de praticarem o típico Black Metal nórdico. O som de Yaotl Mictlan é deveras impressionante, tendo uma produção tradicional que lhe dá um gosto orgânico e ao mesmo tempo poderoso. As letras estão muito bem conseguidas – mau era se assim não fosse uma vez que este tema tem muito por onde se lhe pegar – bem como a performance de to-dos os envolvidos neste pro-jecto. “Dentro Del Manto Gris De Chaac” é um registo discográfico que deve es-tar na prateleira de Cds de qualquer fã de Black Metal e

é também um modelo a se-guir para qualquer banda de Black Metal que inicie acti-vidade num futuro próximo. Não sendo eu propriamente um fã deste estilo musical, achei-o muito bom e reco-mendo a sua audição a fãs e não fãs. Gostaria era que as bandas Portuguesas de Bla-ck Metal pusessem os olhos nos Yaotl e falassem mais da Inquisição, da opressão política e todas aquelas coi-sas que para uns é orgulho, para outros é vergonha.[8/10] Joel Costa

WITHIN TEMPTATIONTHE UNFORGIVINGROADRUNNER RECORDS

O novo álbum dos Within Temptation surge como a banda sonora das BD’s, Bloodrayne e Dark 48. As-sim, o álbum é quase como um anexo ao trabalho de Steven O’Connell. O ar-twork do mesmo e todas as letras são uma invocação da história ou temas presentes na Banda Desenhada. É sem dúvida uma aproximação interessante e original. Mas a verdade é que só isso não é suficiente para tornar The Unforgiving um bom ál-bum. Todas as musicas têm qualidade, destacando o lado instrumental perfeita-mente trabalhado (algo que nunca desiludiu na banda), mas a verdade é que a me-nos que o ouvinte seja um fã da banda, o mais prová-vel é que ele se aborreça ao longo do álbum, ou até que se encontre com a tentação de passar uma faixa à fren-te. As melodias são perfei-tamente audíveis, mas falta aquele sentimento épico que os Within Temptation foram perdendo ao longo dos tempos, e pelos vistos, ainda não é desta que o re-encontraram.[6/10] João Miranda

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A European Carnage Tour 2011, trouxe mais uma vez a Portugal os

Reis incontornáveis do Trash Metal, as super bandas Mega-deth e Slayer. Donos de car-reiras já longas e muito bem sucedidas, foi a vez dos fãs na-cionais mostrarem a sua dedi-cação. Os portugueses WAKO viram-se impedidos de realizar a sua actuação á última hora (devido a problemas técnicos, segundo a promotora do even-to) pelo que coube aos Mega-deth abrir as hostilidades, ás 21H em ponto, ainda com o Pavilhão Atlântico pouco com-posto de público. Dave Mus-taine e os seus rapazes come-çaram com “Trust”, o primeiro tema de um alinhamento que revisitou, essencialmente, os grandes êxitos da banda. O vocalista apresentou-se com um melhor nível vocal do que nas últimas vezes que nos visi-tou (nomeadamente no Priest Feast em 2009 e no Rock in Rio no ano passado) embora bastante longe do brilhantis-mo. Seguiram-se “In My Da-rkest Hour”, e “Hangar 18”, que provocaram as primeiras reacções ruidosas do público. A partir daqui, os Megadeth só ofereceram Hits: “Wake Up Dead”, “Head Crusher”, “Poi-son was the cure” e as incon-tornáveis “A Tout Le Monde” e “Symphony of Destruction”, estas acompanhadas em coro pelos fãs. Não faltou também a presença em palco da masco-te da banda – Vic Rattlehead, no decorrer de “Peace Sells”.Dave Mustaine, David Ellef-son, Chris Broderick e Shawn Drover proporcionaram um espectáculo competente ao

nível técnico, mas que de uma maneira geral foi “ morno”, revelando uns Megadeth mui-to distantes da sua pujança original. Já com Slayer, a his-tória é completamente outra. Pujança e garra são mesmo as palavras de ordem e assim que Tom Araya pisa o palco, num cenário vestido de vermelho, cinza e negro, começa a des-carga de energia e poder brutal e esmagador a que a banda já nos habituou. A actuação abriu com “World Painted Blood” e “Hate Worldwide”, tendo no horizonte uma sala já bastante mais cheia do que no início da noite e continuou frenética e sem pausas, com temas como “War Ensemble”, “Postmor-tem”, “Raining Blood”, e “Bla-ck magic”, numa combinação perfeita entre os temas clás-sicos e os temas mais recen-tes. “Angel of Death” fechou a noite de forma sublime. Os fãs responderam com grande entusiasmo e energia, sua-ram, agradeceram e, no final saíram satisfeitos. Tom Araya esbanjou sorrisos e agradeceu em português várias vezes e Gary Holt, dos Exodus, que se encontra a substituir o guitar-rista Jeff Haneman (a recupe-rar de um problema de saúde) mostrou-se completamente á altura e não desiludiu. Mais uma vez os Slayer provaram, que apesar da sua longevidade (quase trinta anos de carreira) não perderam a garra e a ener-gia e que continuam a ser uma das bandas mais influentes na cena “Trash”. Estão muito bem e recomendam-se.

Texto: Rute GonçalvesFotografia: João Moura

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Estava uma noite quente em Sei-xal e a pedir algo de peso. Os Martelo Negro acederam ao

pedido e subiram ao palco para o seu concerto de estreia. Projecto criado em 2006 por elementos que já têm a sua experiência de participarem em várias bandas nacionais como Namek, The Firstborn ou Grog, lançaram este ano o longa-duração de estreia “Sortilégio dos Mortos” e tocaram pela primeira vez, para algumas dezenas de pessoas, temas como “Sob os cascos de Satã” e “Black Hammer”. Com uma postura bem descontraída, talvez por tocarem na sua cidade de origem, foram ex-plorando as suas músicas de influên-cia Black Metal com algumas piadas da parte do vocalista Simão Santos que dedicou o tema “Winds of Carrion” às marés negras do Seixal e aos odores de maresia lá do sítio. É triste muita gen-

te estar ali só para ver a banda local e não ficar para ver os In tha Umbra, embora os que ficaram duvido que se tenham arrependido pela boa presta-ção do colectivo algarvio, que apresen-taram o seu novo EP “Noire”, só fican-do o último tema deste trabalho, “Alva Angústia”, fora do alinhamento. A du-pla rítmica constituída pelo baterista João Marques e o baixista Ruben Sar-dinha é simplesmente de fazer crescer água na boca ao mesmo tempo que os guitarristas, Bruno Correia e Bruno Bernando, preenchem com bastan-te competência o Black Metal de veia intimísta deste grupo nacional. Todos os seus álbuns anteriores foram repre-sentados pelo menos com um tema na mais de uma hora de actuação, sendo os pontos altos desta os temas “Slau-gh Ov Capricorn”, “Crescent” e “In-tangível”. Acabaram o concerto com

uma homenagem aos lendários Mo-törhead ao tocarem a famosa “Ace of Spades”. Pena só a voz de Bruno Cor-reia estar um pouco fora de tom du-rante todo o concerto.

Texto: Bruno FarinhaFotografia: Liliana Quadrado

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No Musicbox, calhou aos Before the Torn começa-rem o concerto, integrado na “2-way co-headline tour”, onde a ordem das duas bandas presentes

em cartaz ia rodando pelos vários concertos ao longo do país. Com uma plateia bem composta, a banda oriunda de Setubal, iniciou as hostes com “Cosmopolitan Dea-thwish” arrancando logo uma boa reacção do público, onde se notava que estavam ali fans do colectivo que cantavam e apoiavam os elementos. A banda esteve bas-tante possante até com momentos de pura ginástica por parte do baixista Bruno Matos. Guilherme Henriques gritou com alma num set mais apostado em apresentar o último trabalho do conjunto setubalense com “Last Night’s Nightmare”, “The Spirits” e “Remember Sep-tember” a mostrarem-se bons temas para ser tocados ao vivo. Houve umas visitas a “Burying Saints”, uma delas cantada por um elemento do público e ainda um convite a Vasco Ramos (Vocalista dos More than a Thousand) para cantar “My Pray” em palco, tema onde ele partici-pa no último registo, mas infelizmente não foi possível a sua participação. Seguiram-se os We are the Damned com uma presença em palco mais directa e agressiva tal como a música que tocam. “Holy Beast” foi o novo traba-lho no qual se baseou a sua actuação, desfilando temas como “Serpent”, “Vengeance Havoc” ou “O Devorador dos mortos”. Destaque para Ricardo Correia, guitarrista da banda que agora tomou comando da voz que repre-senta o conjunto Lisboeta depois da saída da fantástica Sofia Loureiro, pela sua prestação e frenética dedicada apenas ao microfóne. “Thrill to Kill” do primeiro disco “The Shapes of Hell to com” não podia ter faltado e foi um ponto alto do concerto. Boa noite de música feita em território Luso. // Texto: Bruno Farinha

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É algo que enche de orgulho (ou devia) ao povo portu-guês que aprecie um bom

fim-de-semana da pesada este tipo de iniciativas que junta o me-lhor do que se faz em território nacional e com o bónus de poder ver duas bandas internacionais de alguma importância no Thrash europeu, por isso é de louvar o tra-balho desenvolvido pelos elemen-tos dos Switchtense, responsáveis pela organização do Moita Metal Fest, que já conta com a oitava edição.

Sexta-Feira25 de Março

O festival abriu com os Machi-nergy e o seu Thrash Metal de influências industriais para uma plateia ainda muito despida e desinteressada embora tenha va-lido o bom esforço. Mourning Lenore introduziu a veia Doom no Moita com o seu ritmo qua-ternário hipnotizando algumas cabeças na audiência ainda com a presença do vocalista e guitar-

rista João Galrito que separou-se da banda, deambulando pelo ál-bum de estreia "Loosely Bounded Infinities". Seven Stitches provi-denciaram uma grande dose de energia com uma boa thrashalha-da, provocando o primeiro Mosh Pit da noite ao som dos temas de "When the Hunter Becomes the Huhted" e também com Pica cheio de genica, muito comunicativo e a aproveitar bastante o concerto levantando a barra para o que vi-ria no final da noite. Pelo meio, o conjunto de Grândola teve tempo para dar a sua homenagem aos or-ganizadores Switchtense com um cover de "Infected Blood". Chegou então momento de uma aborda-gem mais teatral à musica com os Ava Inferi a transformar o re-cinto num ritual pagão e melancó-lico para fazer a delícia de alguns presentes que se entregaram à representação de Carmen Simões. De resto, tiveram uma actuação muito parecida ao que tinham feito na apresentação do trabalho "Onyx", com a mesma qualidade e acompanhados pela também bai-xista dos Mourning Lenore, Joana

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Messias, sendo esta a segunda vez que ela entrava em palco. Espera-va-se agora pelo que viria a ser o ponto alto deste Moita Metal Fest. Os Angelus Apatrida entraram logo a matar com uma descarga frenética que resultou num Mosh pit desenfreado quase todo o con-certo, com bastante stage diving e dreito a um Wall of Death no tema “Give’em War”. Estes "nues-tros hermanos" na casa dos Vinte, têm muita vitalidade para gastar e bem o fizeram, no entanto houve um momento caricato em que um um rapaz do público ficou no pal-co durante algum tempo e fez pa-rar a actuação dos espanhóis, que ao som da música da pantera cor--de-rosa e da La Bamba foi expul-so pelos seguranças de volta para a plateia. Devido a grande aclama-ção, foi com dois encores dos ibé-ricos que acabou a primeira noite. James Hetfield, Dave Mustang e companhia, cuidado com eles!

Sábado26 de Março

O dia começou com os Ada-mantine, já que os Dark Oath cancelaram a sua pre-sença no MMF. Ainda es-tava pouca gente, mas não foi algo que desencorajou a grupo Lisboeta e estes bem tentaram fazer mexer o público, mas sem grande êxito. Os Grankapo com o seu Hardcore também não convenceram os espectado-res e chegaram a ter alguns problemas com o microfone do vocalista Fuck que bem se esforçou para comunicar com a audiência. Depois vie-ram os Head:Stoned, com o álbum “I am All” ainda bem fresquinho e apresentaram--se de uma forma bem des-contraída, o que agradou a alguns espectadores e pro-vocou alguma agitação, com o seu Thrash bastante Groo-vey. A banda beirã Painted Black, curiosamente por te-rem uma abordagem mais

melancólica e lenta à sua música, conseguiram me-ter cabeças a esvoaçar nos momentos mais pesados da sua actuação, que infeliz-mente só deu para três temas devido à longa duração des-tes, mas demonstraram gran-de competência e emoção, esperando-se grandes coisas deles no futuro. O Mosh Pit lá finalmente apareceu neste segundo dia, com o Brutal Death Metal dos Decrepide-mic, a abalar as fundações do recinto e com bastante garra, a banda bracarense arrancou a ferros um bom espectácu-lo com grande destaque para a capacidade técnica dos seus elementos. A veia mais progressiva dos Crushing Sun refrescou as sonorida-des com a sua grande dinâ-mica, embora o público es-tivesse bastante quieto é de salientar a qualidade destes rapazes e a dimensão que o álbum “TAO” ganha ao vivo, assinalando-se aqui uma boa prestação. Subiram então ao palco os veteranos Web para

mais uma vez espalharem o caos pelo recinto com stage divings incluidos na festa e mostrarem assim porque são bastante acarinhados dentro do movimento pesado na-cional com bons instantes de puro Thrash luso. A não ficar de fora dos grandes mo-mentos deste MMF, os For the Glory foram incólumes ao fazerem os metaleiros e o pessoal do Hardcore juntar--se num bailarico que por si só foi épico. Uma erupção de calor que invadiu a audiência e a própria banda que não conseguiu esconder o êxta-se de juntar toda a gente no Mosh Pit, fosse qual fosse o seu gosto musical, como evi-denciou o vocalista Ricardo, que o que importa é o amor e dedicação à música. Au-mentou ainda mais o suor e o brutalidade com a segunda banda internacional do fes-tival. Os alemãesContradic-tion, com já 6 álbuns e um EP na bagagem continuaram a destruição e os saltos frené-ticos do palco. Com uma li-

nha de guitarras fantástica e uma competência atroz des-filaram temas como “Death is Now”, “Your God” ou “For the Light” e fizeram as delí-cias do povo que ficou a cho-rar por mais. Bastante comu-nicativos e empenhados foi com enormes aplausos que se despediram de nós. Para acabar bem nada mais que o bailarico sangrento habitual dos Holocausto Canibal para acabar em devastação total com “Empalamento”, “Pre-púcio Obliterado”, “Violada pela motoserra” entre outras. Concerto que acabou com um convite da banda para a au-diência partilhar o palco com eles, perdendo-se de vista o grupo no mar de gente que se instalou, mas continuando o Grind a ressoar pelo recinto. Mais uma vez, parabéns aos Switchtense pelo fantástico festival e vemo-nos para o ano!

Texto: Bruno FarinhaFotografia: Liliana Quadrado

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Admito que quando soube que David Fincher estava a realizar um filme sobre a criação do Facebook fiquei

pouco entusiasmado. Afinal, porque haveria o realizador de Fight Club re-alizar um filme sobre a criação de uma rede social? Não haveria pro-jectos mais interessantes por onde pegar? É óbvio que, depois de ver o filme, apercebi-me que Fincher e o argumentista Aaron Sorkin sabiam aquilo que estavam a fazer. É curioso como uma história sobre a criação de uma empresa por geeks informáticos consegue ser uma viagem tão emo-cionante como a retratada em The Social Network.

O filme começa com um diálogo entre Mark Zuckerberg (Jesse Eisenberg) e a sua namorada Erica Albright (Ro-oney Mara), que depressa se torna numa batalha verbal terminando com o rompimento da relação. En-raivecido, Mark decide vingar-se da ex-namorada expondo detalhes ínti-mos da mesma no seu blog, criando ao mesmo tempo um site incorpora-do na rede de Harvard onde as alunas da universidade eram comparadas a nível sensual.

Este episódio foi o primeiro passo para a criação do Facebook e é tam-bém uma forma de apresentar ao es-pectador a personagem que o acom-panhará ao longo do filme. Mark é alguém com um intelecto admirável.

Esta qualidade tornou-o arrogante e com sentimentos de superioridade. É a personagem principal, mas não é necessariamente o “herói” do filme. The Social Network conta uma histó-ria de um ponto de vista imparcial, deixando ao espectador a liberdade de formar a sua própria opinião para cada uma das personagens.

A história da criação da rede social é contada através de flashbacks, sen-do que o presente se passa à volta de uma mesa redonda onde a persona-gem de Jesse Eisenberg carrega às costas dois processos judiciais contra ele - um deles, do seu ex-melhor ami-go e co-fundador do Facebook, Edu-ardo Saverin (Andrew Garfield).The Social Network aborda temas como a amizade, traição e ganância. De destacar a ganância de todas as personagens envolvidas na criação da rede social, querendo sempre mais tanto para a mesma como para o seu bolso. É também uma história de solidão, tendo Mark poucos ami-gos no princípio do filme e ainda me-nos no fim – foi provavelmente esta característica que o levou a criar uma rede social.

A narrativa é contada a um ritmo alu-cinante, e o melhor exemplo é a ve-locidade dos diálogos, extremamente rápidos desde a primeira cena, como se estes fossem um desafio intelec-tual à capacidade do espectador os acompanhar. E a verdade é que é ne-

cessária uma boa capacidade de con-centração para poder acompanhar a história e percebe-la a 100%. Da mesma forma, conhecimentos a nível de termos empresariais ou informá-ticos também ajudam. Isto será um ponto a favor para quem procura um filme inteligente, mas pode também ser um motivo de frustração para quem procura algo mais leve e des-contraído.

A banda sonora, feita por Trent Re-znor (aka Nine Inch Nails) e Atticus Ross, é uma das melhores dos últi-mos tempos (a Academia e os Globos de Ouro comprovam-no). Encaixa-se tão bem em cada cena e no ambiente do filme que muitas vezes nem nos apercebemos que ela está lá – mas está, e isso faz a diferença toda.

The Social Network é um filme bri-lhante, com nenhumas falhas rele-vantes a apontar, dando-nos a co-nhecer a história da criação de uma rede social que muitos de nós usamos diariamente.

O filme saiu recentemente em DVD e Blu-Ray com direito a edição de co-leccionador com mais de duas horas de extras e comentários áudio dos ac-tores e realizador.

João Mirandahttps://7critica.wordpress.com/

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Lie to Me acompanha o trabalho de Cal Lightman, um psicólogo perito em linguagem corporal.

Ao analizar gestos ou micro-expres-sões que podem ir de um sorriso contido a um arquear de sobrance-lhas, Lightman é capaz de dizer ins-tantaneamente quando é que alguém está a mentir. Tal habilidade torna-se bem util quando é necessário ques-tionar suspeitos. Assim, este perito em leitura corporal e a sua equipa, Lightman Group, dão uso ao seu dom participando em casos de investiga-ção policial.

A série é claramente centrada em Cal Lightman. A personagem de Tim Roth (o Mr. Orange do filme Reser-voir Dogs) é uma das personagens mais bem trabalhadas no que toca a séries, o que é de esperar tendo em conta a experiência de Roth. Possui uma personalidade pouco vulgar, com tiques e expressões que depres-sa se tornam a imagem de marca da personagem. Dá a sensação que cada investigação é como um jogo para ele, onde por vezes o leva por caminhos mais radicais – por exemplo através de jogos ou testes psicológicos - para chegar ao objectivo: A verdade. A arrogância e o carisma dele são sufi-cientes para nos prender à série.

A ideia de alguém ser capaz de ler as nossas expressões ao ponto de saber quando mentimos é cativante, prin-cipalmente quando sabemos que

a personagem principal é baseada numa pessoa real: Paul Ekman.

Ekman é um psicólogo especializado em linguagem não-verbal. Foi o autor de dezenas de livros sobre linguagem corporal, e é um dos maiores peritos e investigadores na mesma área. Ek-man aprova a veracidade da ciência usada na série: “A maneira como Li-ghtman identifica as mentiras é ba-seada em descobertas da minha pes-quisa. A maioria do que vocês vêm é baseado em provas cientificas.”, afir-ma no seu blog “The Truth About Lie to Me”, um espaço onde a série é ana-lisada de um ponto de vista cientifico.

Assim, Lie to Me não só nos entre-tém, como também nos dá umas ba-ses sobre esta ciência: Em média cada pessoa mente três vezes por cada 10 minutos de conversa; O verdadeiro espanto só dura um segundo; repeti-ção das mesmas palavras indica uma mentira – apenas para citar alguns exemplos do conhecimento que é possível adquirir com a série.

Em relação às outras personagens, todas são crediveis e com uma per-sonalidade distinta, mas não conse-guem ter uma presença tão grande como a personagem de Tim Roth - provavelmente por este as ofuscar. Estas surgem mais como uma parte da vida da personagem principal do que entidades próprias.

A série não é perfeita. Existem epi-sódios menos cativantes, às vezes os suspeitos entregam-se demasiado fa-cilmente, e principalmente, Lie to Me padece do problema que abala quase todas as séries: Os episódios actuais não são tão bons como os primeiros. Mesmo assim, seja o leitor um apre-ciador de séries de investigação ou queira saber mais sobre leitura cor-poral, Lie to Me é uma boa opção.Lie to Me vai na 3ª temporada e é transmitida diariamente na FOX e às segundas-feiras à noite na TVI.

João Miranda

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