158
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA" Rio de Janeiro, Agosto de 2015

€¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

  • Upload
    others

  • View
    2

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

CAROLINA VIEIRA VIÊGAS

"PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS:

ABORDAGEM DE BIORREFINARIA"

Rio de Janeiro, Agosto de 2015

Page 2: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

ii

CAROLINA VIEIRA VIÊGAS

"PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR

DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA”

Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenação do Programa de Pós-graduação da Escola de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro como requisito parcial à obtenção do grau de Doutor em Ciências em Tecnologia de Processos Químicos e Bioquímicos.

Orientadores:

Donato A. Gomes Aranda, DSc.

Suely Pereira Freitas, DSc.

Leonardo Brantes Bacellar Mendes,DSc.

RIO DE JANEIRO, Agosto de 2015

Page 3: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

iii

Viêgas, Carolina Vieira Produção de biodiesel e de coprodutos a partir de microalgas comerciais: abordagem de biorrefinaria / Carolina Vieira Viêgas. – 2015. Tese (Doutorado em Tecnologia de Processos Químicos e Bioquímicos) –Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola de Química, Rio de Janeiro, 2015. 155 f.: il. Orientadores: Donato A. Gomes Aranda, DSc; Suely Pereira Freitas, DSc.; Leonardo Brantes Bacellar Mendes,DSc 1. Microalgas 2. Biorrefinarias. 3. Biodiesel – Teses. I. Aranda, Donato Alexandre Gomes (Orient.). II. Freitas, Suely Freitas (Orient). Mendes, Leonardo Brantes Bacellar (Orient). Universidade Federal do Rio de Janeiro, Programa em Tecnologia de Processos Químicos e Bioquímicos, Escola de Química. V. Título.

Page 4: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

iv

“PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA”

Carolina Vieira Viêgas

Tese apresentada ao Corpo Docente da Coordenação do Programa de Pós-graduação da Escola de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro como requisito parcial à obtenção do grau de Doutor em Ciências em Tecnologia de Processos Químicos e Bioquímicos.

Aprovada por:

________________________________________________________ Donato Alexandre Gomes Aranda, D. Sc., EQ/UFRJ.

________________________________________________________ Suely Pereira Freitas, D.Sc., EQ/UFRJ

________________________________________________________

Leonardo Brantes Bacellar Mendes, DSc, CENPES/PETROBRAS

________________________________________________________

Joaquin Ariel Morón Villareyes, D.Sc., EQA/FURG

________________________________________________________

Neusa Pereira Arruda, D.Sc., IFRJ

________________________________________________________

Jussara Lopes de Miranda, D.Sc., IQ/UFRJ

________________________________________________________

Ana Lúcia do Amaral Vendramini, D.Sc., EQ/UFRJ

________________________________________________________

Fabiana Valéria da Fonseca D.Sc., EQ/UFRJ

Page 5: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

v

Dedico esta tese aos meus amores infinitos:

Cláudia, Antônio, Giulliane e

Leonardo.

Page 6: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

vi

“...Queda prohibido llorar sin aprender, levantarme un día sin saber qué hacer,

tener miedo a mis recuerdos, sentirme sólo alguna vez.

Queda prohibido no sonreír a los problemas, no luchar por lo que quiero,

abandonarlo todo por tener miedo, no convertir en realidad mis sueños.

Queda prohibido no demostrarte mi amor, hacer que pagues mis dudas y mi mal humor,

inventarme cosas que nunca ocurrieron, recordarte sólo cuando no te tengo.

Queda prohibido dejar a mis amigos, no intentar comprender lo que vivimos,

llamarles sólo cuando les necesito, no ver que también nosotros somos distintos.

Queda prohibido no ser yo ante la gente, fingir ante las personas que no me importan,

hacerme el gracioso con tal de que me recuerden, olvidar a toda la gente que me quiere.

Queda prohibido no hacer las cosas por mí mismo, no creer en mi dios y hacer mi destino, tener miedo a la vida y a sus castigos,

no vivir cada día como si fuera un último suspiro. Queda prohibido echarte de menos sin alegrarme,

olvidar los momentos que me hicieron quererte, todo porque nuestros caminos han dejado de abrazarse,

olvidar nuestro pasado y pagarlo con nuestro presente. Queda prohibido no intentar comprender a las personas,

pensar que sus vidas valen más que la mía, no saber que cada uno tiene su camino y su dicha,

pensar que con su falta el mundo se termina. Queda prohibido no crear mi historia,

dejar de dar las gracias a mi familia por mi vida, no tener un momento para la gente que me necesita,

no comprender que lo que la vida nos da, también nos lo quita”

Pablo Neruda

Page 7: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

vii

AGRADECIMENTOS

Ao professor Donato Alexandre Aranda pela oportunidade de aprender sempre mais, pela amizade, troca constante de conhecimento, por ter acreditado no meu trabalho e pelas críticas e sugestões relevantes feitas durante a orientação. À querida amiga, professora e orientadora Suely Freitas por sua infinita paciência e bondade. Por tardes maravilhosas de troca de conhecimento, pela ajuda nos momentos em que mais precisei sua participação foi fundamental para a realização deste trabalho. Aos professores da Banca Examinadora pela disponibilidade de tempo e por terem aceitado o convite; Aos professores do curso de Tecnologia de processos químicos e bioquímicos da UFRJ que de uma forma ou de outra me ajudaram na construção do meu conhecimento. Aos meus alunos de iniciação científica, especialmente Filipe Fontes e Débora Cristina pela competência e seriedade na realização dos experimentos. Aos colegas do laboratório GREENTEC que sempre estiveram ao meu lado para me ajudar, em especial: Carla Cristina Pereira, Ana Paula da Silva, Leonard Carvalho, Cristiane Gorgônio, Vinícius Rosa e Tiago Bolognini. Com vocês os dias de trabalho foram muito agradáveis e alegres. À Mariana Fortes por toda amizade, companheirismo e muitas aventuras compartilhadas. Todos os momentos que vivemos foram inesquecíveis. À Yordanka Reyes e família por todo incentivo e ajuda, serei sempre grata. A Abo Akademy, Universidade finlandesa que tão bem me recepcionou durante o tempo de intercambio, levarei sempre comigo este lugar maravilhoso. Aos queridos Dmitry Murzin, Paiivi Maki-Arvela, Nareendra Kumar e Imane Ha por toda a experiência vivida e conhecimento adquirido. Ao meu avô Antônio (in memorian), grande incentivador de meus estudos. A Capes, CNPq e PETROBRÁS pelo apoio financeiro. Ao meu marido Leonardo Mendes por todo seu carinho, paciência, compreensão, companheirismo e amor. Minha vida tem outro sentido ao teu lado. À minha amada família pela força e incentivo por não me deixarem desistir jamais. Vocês são a minha vida.

A todos que de uma forma ou de outra contribuíram para a minha formação pessoal e profissional, a vocês meus queridos amigos, que Deus os abençoe. Muito obrigada!

Page 8: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

viii

APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

Esta tese de doutorado é composta por sete capítulos, sumarizados a seguir:

- O Capítulo 1 apresenta a motivação que levou ao desenvolvimento deste

trabalho, que envolve o desenvolvimento de tecnologias que permitam o

processamento da biomassa de microalgas para produzir ésteres metílicos e outros

compostos de alto valor agregado. Incluindo uma breve introdução sobre o tema.

- No Capitulo 2 estão detalhados os objetivos deste trabalho.

-No Capitulo 3 está descrita a justificativa deste trabalho

- O Capítulo 4 está constituído do referencial teórico necessário para a

realização deste trabalho, temas como: microalgas, química dos lipídeos, métodos de

extração, produção de biodiesel, antioxidantes, açúcares e proteínas. Dentro do

contexto são descritos seus aspectos tecnológicos, ambientais e econômicos.

- O Capítulo 5 refere-se aos materiais e métodos utilizados, definindo-se os

métodos analíticos bem como a metodologia adotada para o desenvolvimento da

tese.

- No Capítulo 6, são apresentados, avaliados e discutidos os resultados do

estudo experimental desenvolvido nesta pesquisa e comparados com os dados

disponíveis na literatura.

- Com base nos resultados relevantes do capítulo anterior, reportam-se no

Capítulo 7 as conclusões principais deste estudo.

Na sequência apresentam-se as sugestões para os próximos trabalhos e

finalmente, citam-se as diversas referências bibliográficas (livros, páginas da internet,

artigos publicados em periódicos internacionais) consultadas para elaboração deste

documento bem como os anexos.

Page 9: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

ix

CONGRESSOS E EVENTOS:

VIÊGAS, C. V.; MAKI-ARVELA, P.; FONTES. F. B.; KUMAR, N.; MURZIN, D.; ARANDA, D.A.G.; FORTES, M.M.;FREITAS, S. P.; Production of Biodiesel and Co-Products with High Added Value from Commercial Microalgae. 8th Annual Algae Biomass Summit. San Diego, California (EUA).Setembro.2014 VIÊGAS, C. V.; MAKI-ARVELA, P.; HA, E FONTES. F. B.; KUMAR, N.; MURZIN, D.; ARANDA, D.A.G.; FORTES, M.M.;FREITAS, S. P.;“Production of Biodiesel from Microalgae Chlorella sp. by in situ Transesterification”. 7th Annual Algae Biomass Summit. Orlando (EUA). Setembro. 2013. VIÊGAS, C. V.; FORTES, M. M.; CRUZ, Y.R.; DÍAZ, G. C.; ARANDA, D.A.G.; GORGÔNIO, C. M. S.; GOMES, M. M. R.; CARVALHO, L.; Development of Photobioreactors for Microalgae Cultivation With the Aim to Produce Biodiesel. 6th Annual Algae Biomass Summit. Denver (EUA). Setembro. 2012. VIÊGAS, C. V.; MAKI-ARVELA, P.; FONTES. F. B.; KUMAR, N.; MURZIN, D.; ARANDA, D. A.G.; FORTES, M. M.; Biodiesel and Green Diesel from Algae: In situ Transesterification of Chlorella to biodiesel, its caracterization catalytic desoxygenation to green Diesel. 12th Euro Feed Congress, Oils fats from lipdomics to industrial Innovation. Montpellier-França. Setembro. 2014 VIÊGAS, C. V.; FORTES, M. M.; HA, E.; MAKI-ARVELLA, P.; MURZIN, D.; SOUZA, M.F.; FREITAS, S. P., ARANDA, D. A. G.; Extraction and identification of the sugars from the microalgae Chlorella. 4th International Conference on Algal Biomass, Biofuels & Bioproducts. 15 – 18 June 2014 Santa Fe Convention Center, New Mexico, USA VIÊGAS, C. V.; ARANDA, D. A. G.; FORTES, M. M. FREITAS, S. P.; FONTES, F. B.; PEREIRA. D. C. S.; Extração de ácidos graxos in situ e obtenção de luteína a partir de microalgas. IV Congresso Latino-Americano de Biotecnologia de Algas e IV Workshop da Redealgas Florianópolis-SC. Novembro 2013. (Congresso). FORTES, M. M.; VIÊGAS, C. V.; ARANDA, D. A. G.; HA, E.; MAKI-ARVELLA, P.; MURZIN, D.; KUMAR, N.; USO DE ZEÓLITA BETA PARA DESOXIGENAÇÃO DE ÉSTERES METÍLICOS OBTIDOS A PARTIR DE MICROALGAS PARA A PRODUÇÃO HIDROCARBONETOS NA FAIXA DO DIESEL. 17 Congresso Brasileiro de Catálise VII Congresso de Catálise do Mercosul. Gramado-RS. 2013. FORTES, M. M.; VIÊGAS, C. V.; ARANDA, D. A. G.; DÍAZ, G. C.; CRUZ, Y. R.; CARVALGO, L. G.; GORGONIO, C. M. S.; GOMES, M. R.;5. Desenvolvimento de Fotobiorreatores para o Cultivo de Microalgas com o Objetivo de Produzir Biodiesel. Congresso da Rede Brasileira de Tecnologia de Biodiesel 8º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel. Salvador-BA. 2012. VIÊGAS, C. V.; FORTES, M. M.; ARANDA, D. A. G.; DÍAZ, G. C.; CRUZ, Y. R.; CARVALGO, L. G.; GORGONIO, C. M. S.; GOMES, M. M. R.; Produção de FAMEs através do processo de hidroesterificação a partir dos ácidos graxos da Scenedesmus

Page 10: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

x

dimorphus. Congresso da Rede Brasileira de Tecnologia de Biodiesel 8º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel. Salvador-BA. 2012. FONTES, F. B.; PEREIRA. D. C. S.; VIÊGAS, C. V.; D.; ARANDA, D. A. G.; FREITAS, S. XXXIV Jornada Giulio Massarani de Iniciação Científica, Tecnológica, artística e Cultural. Efeito dos principais Parâmetros na extração dos lipídeos da microalga Chlorella sp. visando a produção de biodiesel. Rio de Janeiro-RJ.2012. HAKALIN, N. L. S.; PAZ, A. P.; VIÊGAS, C. V.; GOMES, M. M. R.; ARANDA, D. A. G.; MORAES, L. M. P.; II Simpósio Brasileiro do Potencial Energético das Microalgas. Cultivo de Nannochloropsis Oculata para Produção de biodiesel. Natal-RN. 2012. FORTES, M. M.; VIÊGAS, C. V.; ARANDA, D. A. G.; ARCEO, A.; DIAZ, G. C.; II Simpósio Brasileiro do Potencial Energético das Microalgas.Estudo de processos de produção de Biodiesel utilizando biomassa algal como matéria-prima. Natal-RN. 2012.

ARTIGOS PUBLICADOS

DÍAZ, G. C.; CRUZ, Y. R.; FORTES, M. M.; VIÊGAS, C. V.; CARLIZ, R.G.; FURTADO, N. C.; ARANDA, D.A.G.; Primary Separation of Antioxidants (Unsaponifiables) the Wet Biomass Microalgae Chlamydomonas sp. and Production of the Biodiesel. Natural Science (Online), 6,1210-1218, 2014. VIÊGAS, C. V.; ARANDA, D. A. G.; GOMES, M.; Potencial energético das microalgas. Agroenergia em revista ed. 5, p. 36 - 37, 08 dez. 2012. VIÊGAS, C. V. ; ARANDA, D. A. G HACHEMI, H.;FREITAS, S. P.; MÄKI-ARVELA, P; AHO, A.; HEMMING, J.; SMEDS, A.;HEINMAA, I.; FONTES, F. B.; PEREIRA. D. C. S.; KUMAR, N.; MURZIN D. Y.; A route to produce renewable diesel from algae: Synthesis and characterization of biodiesel via in situ transesterification of Chlorella alga and its catalytic deoxygenation to renewable diesel. Fuel, 5 (1), 144–154, 2015. TKACHEVA, A.; DOSMAGAMBETOVA, I.; CHAPELLIE, Y.; MÄKI-ARVELA, P.; HACHEMI, I.; SAVELA, R.; LEINO, R.; VIÊGAS, C.; KUMAR, N.; ERÄNEN, K.; HEMMING, J.; SMEDS, A.; MURZIN, D. Y.; Pharmaceuticals and Surfactants from Alga Derived Feedstock: Catalytic Amination Fatty Acids and their Derivatives with Amino Alcohols over Heterogeneous Catalysts. ChenSusChem, in press. 2015 VIÊGAS, C. V.; ARANDA, D. A. G HACHEMI, H.; FREITAS, S. P.; MÄKI-ARVELA, P.;

KUMAR, N.; MURZIN D. Y PARANKO, J.; PEURLA, M.; FORTES, M. M.; GORGONIO, C..; CARBONETTI, G.; ARANDA, D. A. G.; Algal products beyond lipids: Comprehensive characterization of different products in direct saponification of green alga Chlorella sp. Algal Reserach, 11, 156-164, 2015. MIRANDA, C. T.; COSTA, S. M.; PINTO, R. F.; LIMA, V. M.; VIÊGAS, C, V.; AZEVEDO, S M. F. O.; Microalgae lipid and biodiesel production: a Brazilian challenge. American Journal of plant research, in press. 2015

Page 11: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

xi

ESTÁGIOS SUPERVISIONADOS E INCIAÇÂO CIENTÍFICA

Searitha Couto. Extração de Lipídeos de microalgas comerciais em reator tipo autoclave. 2012. Iniciação científica. Graduando em Química. Universidade do Grande Rio. Filipe Batista Fontes. Obtenção de Carotenoides e ácidos graxos in situ a partir de microalgas comerciais. 2012. Iniciação científica. Graduando em Engenharia Química. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rodrigo Tackaert. Produção de Biodiesel in situ a partir de microalgas. 2012 – Estágio supervisionado. Graduando em Engenharia Química. Universidade de São Diego-Califórnia-USA. Rony Szuster. Extração de lipídeos de microalgas em microondas. 2012. Iniciação Científica - Universidade Federal do Rio de Janeiro. Débora Cristina Pereira. Identificação e caracterização da fração insaponificável da fração graxa da microalga Chlorella. 2012. Iniciação Científica. (Graduando em Química) - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro. Rodrigo Gouvêa. Extração de açúcares e extração de óleo da biomassa residual de Chlorella. 2011. Iniciação Científica. Graduando em Engenharia de Alimentos - Universidade Federal do Rio de Janeiro. Luciana Reis. Extração e caracterização da fração Graxa extraída com etanol da Chlorella sp. 2011. Iniciação Científica. Graduando em Química Industrial - Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Page 12: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

xii

RESUMO

Título: Produção de biodiesel e de coprodutos de alto valor agregado a partir de microalgas comerciais Autor: Carolina Vieira Viêgas Orientadores: Prof. Dr. Donato Alexandre Gomes Aranda, Profª. Drª. Suely Pereira Freitas e Dr. Leonardo Brantes Bacellar Mendes

As microalgas apresentam diversas vantagens de cultivo quando comparadas as oleaginosas convencionais, por exemplo: não necessitam de terras agriculturáveis podem ser utilizadas residuais industriais para seu crescimento. A valorização da biomassa de microalgas tem sido relatada na literatura como uma das mais promissoras fontes para obtenção de diferentes produtos de interesse industrial como lipídeos (ácidos graxos e carotenoides) proteínas e fibras. Este trabalho teve como objetivo o aproveitamento da biomassa de Chlorella para obtenção de compostos para fins alimentíceos, energéticos e nutracêuticos visando à aplicação do conceito de biorrefinaria. Dentro deste contexto, a biomassa liofilizada de Chlorella comercial foi caracterizada por microscopia eletrônica de transmissão, espectroscopia de raio-X por dispersão de energia, análise elementar (CHNSO), espectroscopia de infravermelho e cromatografia de exclusão de tamanho. Foram determinados a partir dessa biomassa os principais açúcares bem como o teor de proteínas e identificação dos aminoácidos. Foram obtidos aproximadamente 60 % de proteínas totais determinada a partir do método de Kjeldahl, sendo o ácido glutâmico o aminoácido identificado em maior quantidade (11,53 %). Para extração de lipídeos da biomassa liofilizada de Chlorella sp. foi conduzido um estudo comparativo, aplicando-se ou não diferentes procedimentos para rompimento celular em reator tipo autoclave ou em moinho de bolas. Seguido da extração com solventes de diferentes polaridades (clorofórmio:metanol (2:1 v/v), etanol, metanol e hexano) e submetendo a mistura à agitação magnética. Os melhores resultados foram obtidos da mistura clorofórmio:metanol (2:1 v/v) sem pré-tratamento, foram extraídos em média, a partir da biomassa liofilizada, 12 % de lipídeos totais. Este valor aumentou para cerca de 14 % quando a amostra foi submetida ao pré-tratamento em moinho de bolas sendo comparável ao resultado obtido na presença de etanol sob pressão em reator tipo autoclave (14 %). A fração lipídica apresentou alto teor de ácidos graxos livres e atividade antioxidante. A obtenção dos ésteres metílicos foi conduzida a partir do método in situ, no qual se variou a concentração de H2SO4, a temperatura e o tempo. A presença dos ácidos graxos 14:0, 16:0, 18:0, 18:1, 18:2 e 18:3 foram confirmados por cromatografia gasosa. A partir de 100 gramas de biomassa foi possível obter, aproximadamente 7 gramas de ésteres metílicos purificado. Os ésteres metílicos foram caracterizados por infravermelho, calorimetria exploratória, viscosidade, densidade , teor de água , índice de iodo , teor de éster e estabilidade oxidativa, entre outras. Além da extração dos lipídeos da biomassa, também foi realizada a saponificação in situ, a partir da biomassa seca, com diferentes concentrações de KOH para a separação da matéria insaponificável e fração saponificável. Foi possível obter aproximadamente 2 % de matéria insaponificável, rica em carotenoides principalmente luteína, composto tradicionalmente usado na formulação de fitoterápicos. A atividade antioxidante da fração insaponificável foi avaliada pelo método de DPPH bem como a capacidade antioxidante dessa fração testada como antioxidante natural em um biodiesel de soja. A fração saponificável apresentou uma composição rica em ácidos graxos e ésteres etílicos. Visando a possível utilização

Page 13: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

xiii

das tortas geradas neste trabalho foram obtidas quantidades entre 61 - 21 % de proteínas nessas frações. Os resultados indicaram que a biomassa de microalgas pode vir a ser uma fonte promissora para produção de biodiesel e obtenção simultânea de diferentes compostos de alto valor comercial.

Page 14: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

xiv

ABSTRACT Title: Biodiesel production and co-products from commercial microalgae Author: Carolina Vieira Viêgas Coordinators: Prof. Dr. Donato Alexandre Gomes Aranda, Profª. Drª. Suely Pereira Freitas e Dr. Leonardo Brantes Bacellar Mendes Microalgae have several advantages cultivation compared to conventional oil, for example, don’t require agricultural land can be used for industrial waste their growth. The appreciation of microalgae biomass has been reported in the literature as one of the most promising sources for obtaining different products of industrial interest as lipids (fatty acids and carotenoids) protein and fiber. This study aimed to the use of Chlorella biomass to obtain compounds for food purposes, energy and nutraceuticals aimed at implementing the concept of biorefinery. In this context, the lyophilized biomass commercial Chlorella was characterized by transmission electron microscopy, X-ray spectroscopy, energy dispersive, elemental analysis (CHNSO), infrared spectroscopy and size exclusion chromatography. It was determined from this biomass the main sugars as well as protein content and identification of amino acids. They were obtained approximately 60% total protein determined from the Kjeldahl method, and the glutamic acid amino acid identified in the greatest amount (11.53%). For lipid extraction from lyophilized biomass Chlorella sp. a comparative study was conducted by applying or not different procedures for cell disruption in reactor type autoclave or ball mill. Followed by extraction with polarities different solvents (chloroform: methanol (2: 1 v / v), ethanol, methanol and hexane) and subjecting the mixture to magnetic stirring. The best results were obtained in chloroform: methanol (2: 1 v / v) without pretreatment was extracted on average from lyophilized biomass, 12% of total lipids. This value increased to about 14% when the sample was subjected to pre-treatment in the ball mill being comparable to the result obtained in the presence of ethanol under pressure in an autoclave type reactor (14%). The lipid fraction showed a high content of free fatty acids and antioxidant activity. Obtaining the methyl esters was conducted from the in situ method in which was varied the concentration of H2SO4, temperature, and time. The presence of fatty acids 14:0, 16: 0, 18:0, 18:1, 18:2 and 18:3 was confirmed by gas chromatography. From 100 grams of biomass was possible to obtain approximately 7 grams of purified methyl esters. The methyl esters were characterized by infrared, scanning calorimetry, viscosity, density, water content, iodine value, ester content and oxidative stability, among others. In the extraction of lipids from the biomass, it was also made in situ saponification, the dried biomass with different concentrations of KOH for the separation of the unsaponifiable material and saponifiable fraction. It was possible to obtain about 2% of unsaponifiable matter, rich in carotenoids lutein mainly composed traditionally used in herbal formulation. The antioxidant activity of the unsaponifiable fraction was evaluated by DPPH method and the antioxidant capacity of this fraction tested as a natural antioxidant in a soy biodiesel. The saponifiable fraction had a rich composition of fatty acids and ethyl esters. With a view to possible use pies generated in this study were obtained amounts between 61-21% protein in these fractions. The results indicated that the biomass of microalgae can prove to be a promising source for biodiesel production and simultaneous obtaining of different compounds with a high commercial value.

Page 15: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

xv

LISTA DE SIGLAS

AGL-Ácidos graxos livres AGP- Ácidos Graxos Poliinsaturados ANP- Agência nacional do Petróleo AOCS- American Oil Chemists' Society ASTM - American society for testing and materials ATG- Análise termogravimétrica BSTFA- N,O-Bis(trimetilsilil)trifluoroacetamida CED- Calorimetria exploratória diferencial CENPES- Centro de pesquisas e desenvolvimento Miguez de Mello CET- Cromatografia de exclusão de tamanho CG- Cromatografia gasosa CHNSO – Carbono, Hidrogênio, Nitrogênio, Enxofre e Oxigênio CLAE- Cromatografia líquida de alta eficiência DHA- Ácido docosahexaenóico DIC- Detector de ionização de chama DPPH- 2,2-difenil-1-picrilhidrazil EDX-Espectroscopia de raios-X por dispersão de energia EMAG – Ésteres metílicos de ácidos graxos EN – European Standard EPA- Ácido eicosapentaenóico GREENTEC- Laboratório de Tecnologia verdes FTIR- Infravermelho com transformada de Fourier IV- Infravermelho MET- Microscopia eletrônica de transmissão MI- Material insaponificável PEFF – Ponto de entupimento de filtro a frio RANP- Resolução ANP (Agência Nacional de Petróleo) RPM- Rotações por minuto TMCS- Trimethylsilyl chloride

Page 16: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

xvi

LISTA DE FIGURAS

Figura 4.1:

Fotobiorreatores verticais em operação no terraço do Núcleo de Biocombustíveis-UFRJ.....................................

12

Figura 4.2 Sistema de cultivo de microalgas em tanques abertos. Planta piloto da PETROBRAS localizada em Extremoz-RN......................................................................................

13

Figura 4.3:

Diferentes estruturas lipídicas encontradas nas microalgas..........................................................................

21

Figura 4.4:

Ilustração do mecanismo de extração com solvente orgânico em microalgas....................................................

25

Figura 4.5:

Algumas estruturas de carotenoides e xantofilas encontradas nas microalgas..............................................

33

Figura 4.6:

Fontes de biomassa........................................................... 34

Figura 4.7:

Biocombustíveis de microalgas: Gasosos e Líquidos.............................................................................. .

35

Figura 4.8:

Esquema simplificado do processo convencional para produção de Biodiesel.......................................................

36

Figura 4.9:

Produção de biodiesel de microalgas.............................. 37

Figura 4.10:

Microalga Biorrefinaria: Conceito: Produção e Valorização.........................................................................

41

Figura 5.1:

A) Biomassa de Chlorella liofilizada. B) Fotomicrografia da biomassa liofilizada de Chlorella (aumento de 200x)...................................................................................

44

Figura 5.2:

Diagrama simplificado para caracterização da biomassa, separação e quantificação dos diferentes compostos e obtenção do biodiesel........................................................

45

Figura 5.3:

Diagrama para extração dos lipídeos da biomassa de Chlorella.............................................................................

50

Figura 5.4:

Esquema simplificado para obtenção dos ésteres metílicos via transesterificação in situ...............................

56

Figura 6.1:

A) e B) Fotomicrografia realizada com microscopia eletrônica de transmissão a partir da Chlorella liofilizada.............................................................................

65

Page 17: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

xvii

Figura 6.2:

Espectro de Infravermelho para microalga liofilizada de Chlorella..............................................................................

66

Figura 6.3: Fração lipídica extraída com clorofórmio:metanol (2:1 v/v)......................................................................................

72

Figura 6.4:

Espectro de Infravermelho da fração lipídica extraída com clorofórmio:metanol (2:1 v/v)...................................

76

Figura 6.5:

Espectro de Infravermelho da fração lipídica extraída com hexano........................................................................

76

Figura 6.6:

Espectro de infravermelho da fração insaponificável..... 78

Figura 6.7:

Cromatograma de CLAE para identificação dos carotenoides presentes na material insaponificável....................................................................

79

Figura 6.8: Avaliação da significância dos parâmetros no processo de extração dos lipídeos em reator tipo autoclave e etanol..................................................................................

82

Figura 6.9:

Espectro de infravermelho da fração etanólica............... 82

Figura 6.10:

Avaliação da significância dos parâmetros tempo e temperatura na eficiência da transesterificação in situ....

86

Figura 6.11:

Aspectos visuais dos ésteres A) metílicos Bruto e B) purificados em argila........................................................

87

Figura 6.12:

Espectro de infravermelho dos ésteres metílicos da Chlorella..............................................................................

88

Figura 6.13:

Termograma de CED para o biodiesel. Nota: pico exotérmico (gráfico cor preta) e pico endotérmico (gráfico cor vermelha)......................................................................

89

Figura 6.14: Tempo de indução dos ésteres metílicos da Chlorella..... 93

Figura 6.15:

Espectro de infravermelho da matéria insaponificável obtida in situ........................................................................

95

Figura 6.16:

Cromatograma de CLAE para identificação dos carotenoides presentes na fração insaponificável da Chlorella sp.........................................................................

96

Figura 6.17:

Material insaponificável da Chlorella obtida in situ (produto 1)..........................................................................

96

Figura 6.18: Mistura de ácidos graxos e ésteres graxos da fração

Page 18: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

xviii

saponificável (produtos 2)...................................................

99

Figura 6.19: Espectro de FTIR da fração saponificável (produto 2).....

99

Figura 6.20:

Biomassa residual obtida após a extração dos lipídeos...............................................................................

101

Figura 6.21: Cromatograma obtido a partir da análise de CET da biomassa residual do processo de transesterificação in situ (linha vermelha) e biomassa liofilizada (linha azul)...................................................................................

102

Figura 6.22: Fotomicrografia obtida a partir de A) microalga liofilizada;B) microalga após a transesterificação in situ......................................................................................

102

Figura 6.23: Fotomicrografia obtida a partir da biomassa residual após a saponificação in situ........................................................

103

Figura 6.24: Diagrama de operações aplicadas na biomassa de Chlorella para obtenção de diferentes produtos: biorrefinaria................................................................

104

Page 19: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

xix

LISTA DE TABELAS

Tabela 4.1:

Comparativo da produtividade de óleo entre microalgas e oleaginosas convencionais.....................

7

Tabela 4.2:

Produtividade de lipídeos e biomassa de alguns gêneros de microalgas.................................................

8

Tabela 4:3:

Composição centesimal de algumas microalgas tendo como base a biomassa seca (%)......................

9

Tabela 4.4:

Produção comercial de microalgas e aplicações biotecnológicas..............................................................

10

Tabela 4.5:

Teor de proteínas de algumas de microalgas.............. 15

Tabela 4.6:

Composição de aminoácidos essenciais de alguns alimentos e microalgas.................................................

17

Tabela 4.7:

Composição da parede celular e produtos de estocagem das principais divisões de microalgas.......

18

Tabela 4.8:

Teor de carboidratos de diferentes gêneros de microalgas....................................................................

19

Tabela 4.9:

Composição de açúcares (%) de microalgas de diferentes gêneros........................................................

19

Tabela 4.10:

Composição dos lipídeos (%) encontrados em algumas microalgas.....................................................

21

Tabela 4.11:

Perfis de ácidos graxos de diferentes microalgas e oleaginosas convencionais..........................................

22

Tabela 4.12:

Composição da fração lipídica de acordo com o solvente extrator...........................................................

24

Tabela 4.13:

Técnicas de rompimento celular.................................. 28

Tabela 4.14:

Fração insaponificável de óleos vegetais..................... 31

Tabela 4.15:

Comparação das propriedades do biodiesel de microalgas com o biodiesel comercial (Resolução N°45/ 2014 da ANP).....................................................

38

Tabela 4.16:

Resumo dos principais conceitos de biorrefinarias......

42

Page 20: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

xx

Tabela 5.1:

Planejamento experimental adotado para avaliar a eficiência da extração de lipídeos em reator tipo autoclave e etanol........................................................

52

Tabela 5.2:

Planejamento experimental para selecionar os parâmetros mais favoráveis das reações de transesterificação in situ...............................................

56

Tabela 6.1:

Composição da biomassa e das cinzas de Chlorella...

67

Tabela 6.2:

Rendimentos obtidos na extração dos lipídeos a partir da biomassa de Chlorella....................................

72

Tabela 6.3:

Índice de acidez das frações lipídicas obtidas a partir da biomassa sem pré-tratamento.................................

75

Tabela 6.4:

Perfil de carotenoides da matéria insaponificável de Chlorella........................................................................

79

Tabela 6.5:

Percentual de lipídeos obtidos em reator tipo autoclave usando etanol como solvente extrator.........

81

Tabela 6.6:

Percentual e perfil de ésteres metílicos obtidos para as diferentes reações..................................................

84

Tabela 6.7:

Teor de glicerídeos obtido para as diferentes reações.........................................................................

85

Tabela 6.8:

Rendimento e teor de éster das reações de otimização de tempo e temperatura da reação de transesterificação in situ (20 % de H2SO4)...................

86

Tabela 6.9:

Propriedades físico-químicas dos EMAG da Chlorella determinados de acordo com a Resolução 45/2014 da ANP. ..........................................................................

90

Tabela 6.10:

Resultados de fração insaponificável e ácido graxo a partir da saponificação in situ da Chlorella...................

95

Tabela 6.11:

Comparativo entre os processos de saponificação da fração lipídica e saponificação in situ...........................

95

Tabela 6.12:

Perfil de carotenoides da fração insaponificável de Chlorella obtida pela reação de saponificação in situ com 10 % de KOH. ......................................................

96

Tabela 6.13:

Atividade antioxidante da fração insaponificável testada em um biodiesel comercial..............................

97

Page 21: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

xxi

Tabela 6.14:

O perfil de ácidos graxos e de ésteres etílicos (produto 2) identificados por CG-DIC...........................

100

Page 22: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

xxii

ANEXOS

ANEXO 6.1: Análise termogravimétrica do EMAGs purificados................

129

ANEXO 6.2: Análise de EDX da argila........................................................

129

ANEXO 6.3: Espectro de infravermelho da argila......................................

130

ANEXO 6.4: Difratograma de raios-X da argila...........................................

130

ANEXO 6.5: Fotomicrografia (MET) da argila.............................................

131

ANEXO 6.6:

Caracterização da biomassa residual obtida na transesterificação in situ (20 %) por análise elementar de CHNOS, EDX e carboidratos..................................................

131

ANEXO 6.7:

Caracterização da biomassa residual obtida na saponificação in situ (5 % KOH) por análise elementar de CHNSO e EDX .......................................................................

132

Page 23: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

xxiii

SUMÁRIO

Capítulo 1............................................................................................................... 1

1 INTRODUÇÃO..................................................................................................... 1

Capítulo 2............................................................................................................... 4

2 OBJETIVOS........................................................................................................ 4

2.1 Geral................................................................................................................ 4

2.2 Específicos...................................................................................................... 4

Capítulo 3............................................................................................................... 5

3 JUSTIFICATIVA.................................................................................................. 5

Capítulo 4............................................................................................................... 6

4 REFERENCIAL TEÓRICO.................................................................................. 6

4.1 Microalgas....................................................................................................... 6

4.2 Sistemas de Cultivo......................................................................................... 10

4.3 Técnicas de caracterização de biomassa de microalgas............................... 14

4.4 Composição centesimal das microalgas......................................................... 15

4.4.1 Proteínas................................................................................................... 15

4.4.2 Carboidratos.............................................................................................. 18

4.4.3 Lipídeos..................................................................................................... 20

4.4.3.1 Composição de ácidos graxos em microalgas................................... 21

4.4.3.2 Extração de lipídeos com solventes................................................... 23

4.4.3.3 Métodos de extração de lipídeos com solventes............................... 26

4.5 Métodos de rompimento celular...................................................................... 27

4.6 Compostos antioxidantes................................................................................ 29

4.7 Material insaponificável................................................................................... 30

4.7.1 Carotenoides.............................................................................................. 32

4.8 Potencial das microalgas para produção de biocombustíveis......................... 33

4.8.1 Biodiesel.................................................................................................... 35

4.8.2 Biodiesel de microalgas in situ ou reação direta....................................... 38

4.9 Biorrefinarias a partir de microalgas................................................................ 40

Page 24: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

xxiv

Capítulo 5............................................................................................................... 44

5 MATERIAIS E MÉTODOS................................................................................... 44

5.1. Materiais e Matéria-prima................................................................................ 44

5.2. Metodologia.................................................................................................... 45

5.3 Caracterização da biomassa liofilizada de Chlorella sp.................................. 47

5.3.1 Análise de microscopia eletrônica de transmissão................................... 47

5.3.2 Análise de espectroscopia de infravermelho (FTIR)................................. 47

5.3.3 Análise de espectroscopia de raios-X por dispersão de energia.............. 47

5.3.4 Análise elementar orgânica de CHNOS..................................................... 47

5.3.5 Determinação do poder calorífico superior............................................... 48

5.3.6 Determinaçao do teor de proteínas............................................................ 48

5.3.7 Determinação dos teores de aminoácidos individuais totais..................... 48

5.3.8 Identificação e quantificação de açúcares................................................. 48

5.3.9 Cromatografia de exclusão de tamanho.................................................... 49

5.3.10 Determinação do teor de cinzas............................................................ 49

5.4. Extração de lipídeos....................................................................................... 49

5.4.1 Extração dos lipídeos sem pré-tratamento............................................... 50

5.4.2 Extração dos lipídeos com pré-tratamento............................................... 51

5.4.3 Extração dos lipídeos com etanol em reator tipo autoclave...................... 51

5.5.4 Caracterização da fração lipídica............................................................. 52

5.5.4.1 Análise de índice de acidez................................................................ 52

5.5.4.2 Análise de espectroscopia de infravermelho (FTIR)........................... 52

5.5.4.3 Determinação da atividade antioxidante por DPPH............................ 53

5.5.4.4 Saponificação dos lipídeos.................................................................. 53

5.5.4.5 Análise de infravermelho da fração insaponificável............................. 54

5.5.4.6 Análise de CG-DIC da fração insaponificável....................................... 54

5.5.4.6 Identificação dos carotenoides por CLAE............................................ 54

5.5 Produção de ésteres metílicos......................................................................... 54

5.5.1 Transesterificação in situ........................................................................... 54

5.5.2 Caracterização dos ésteres metílicos de ácidos graxos (EMAG)............. 56

5.5.2.1 Espectroscopia de infravermelho....................................................... 56

Page 25: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

xxv

5.5.2.2 Análise de calorimetria exploratória diferencial.................................. 57

5.5.3 Caracterização físico-química dos ésteres graxos.................................... 57

5.5.3.1 Determinação da densidade............................................................... 57

5.5.3.2 Determinação de viscosidade............................................................. 57

5.5.3.3 Determinação do teor de água............................................................ 57

5.5.3.4 Determinação do ponto de entupimento de filtro a frio....................... 58

5.5.3.5 Caracterização do perfil graxo e determinação do teor de ésteres

metílicos.................................................................................................................

58

5.5.3.6 Determinação do teor de cinzas.......................................................... 58

5.5.3.7 Determinação do índice de acidez..................................................... 59

5.5.3.8 Determinação de monoglicerídeos, diglicerídeos, triglicerídeos,

glicerina total e livre...............................................................................................

59

5.5.3.9 Determinação do teor de álcool........................................................ 59

5.5.3.10 Determinação do índice de iodo........................................................ 60

5.5.3.11 Determinação da estabilidade oxidativa......................................... 60

5.5.4 Purificação dos ésteres metílicos............................................................. 60

5.6 Saponificação in situ da biomassa................................................................. 60

5.6.1 Caracterização da fração insaponificável................................................ 62

5.6.1.1 Espectroscopia de Infravermelho...................................................... 62

5.6.1.2 Identificação dos carotenoides por CLAE........................................ 62

5.6.1.3 Determinação da atividade antioxidante por DPPH......................... 62

5.6.1.4 Adição de material insaponificável ao biodiesel................................ 62

5.6.1.5 Determinação da estabilidade oxidativa........................................... 62

5.6.1.6 Caracterização da fração saponificável.............................................. 63

5.6.1.7 Espectroscopia de Infravermelho...................................................... 63

5.6.1.8 Caracterização da fração apolar por CG-DIC................................... 63

5.7 Análise Estatística.......................................................................................... 63

Capítulo 6............................................................................................................... 64

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO.......................................................................... 64

6.1 Caracterização da Biomassa liofilizada de Chlorella..................................... 64

6.2 Extração dos lipídeos.................................................................................... 71

6.2.1 Avaliação de solventes e quebra de parede celular .............................. 71

Page 26: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

xxvi

6.2.1.1 Caracterização da fração lipídica....................................................... 75

6.2.2 Avaliação da eficiência de extração do etanol em reator tipo

autoclave.................................................................................................................

80

6.3 Transesterificação in situ da biomassa de Chlorella....................................... 83

6.3.1 Purificação dos ésteres metílicos da Chlorella.......................................... 87

6.3.2 Caracterização dos ésteres metílicos da Chlorella.................................... 88

6.3.3 Determinação de propriedades físico-químicas dos EMAG da Chlorella 89

6.4 Saponificação in situ........................................................................................ 93

6.4.1 Fração insaponificável como antioxidante natural para o biodiesel......... 97

6.4.2 Fração saponificável.................................................................................. 98

6.5 Biomassas residuais........................................................................................ 100

6.6 Biorrefinaria de Chlorella ................................................................................. 104

Capítulo 7............................................................................................................... 105

7 CONCLUSÕES................................................................................................... 105

TRABALHOS FUTUROS ..................................................................................... 107

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................... 108

ANEXOS............................................................................................................... 129

Page 27: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

CAPÍTULO 1- INTRODUÇÃO

Nas décadas de 80 e 90, um número expressivo de pesquisas foram realizadas

na área do cultivo de biomassa de microalgas com ênfase na produção de

biocombustíveis. Recentemente, surgiu maior interesse em pesquisas na área de

cultivo de microalgas para produção de bioenergia. Dentre os fatores importantes e

motivadores para as atividades de pesquisa e desenvolvimento destacam-se a

diminuição das fontes de combustíveis fósseis e os impactos das emissões de CO2 no

clima do planeta (ALABI et al., 2009). Segundo Meng et al., (2009) as microalgas são

os organismos fotossintetizantes mais eficazes no processo de conversão da energia

luminosa em energia química. Esta propriedade vem ganhando destaque pelos

benefícios gerados ao meio ambiente, pois as microalgas utilizam o CO2 como

nutriente. A fixação de CO2 por parte das microalgas contribui de forma significativa

no ciclo global do carbono, pois o CO2 produzido pela atividade humana pode ser

parcialmente consumido pelas microalgas convertendo-o em biomassa e outros

produtos metabólicos por meio da fotossintesse. O cultivo de microalgas proporciona

um menor consumo de água quando comparado aos cultivos de plantas e pode ser

realizado em locais cujas condições não são adequadas para a produção de culturas

convencionais (COHEN, 1986). As microalgas, devido às suas propriedades

biotecnológicas e vantagens sob as oleaginosas convencionais, têm sido utilizadas no

desenvolvimento de tecnologias limpas, podendo atuar na biorremediação de metais

pesados bem como na biofixação de nitrogênio e fósforo. Isto se deve à essencial

importância destes seres nas diversas cadeias tróficas e a possibilidade de aplicação

comercial em distintas áreas como no tratamento de águas residuais, produção de

energia e obtenção de compostos de interesse para as indústrias alimentícia, química

e farmacêutica, dentre outras (RICHMOND, 2004; BECKER, 2004).

Um dos principais produtos que vem despertando interesse é o óleo oriundo

das microalgas, que de acordo com a literatura pode representar entre 5 a 80 % em

relação ao peso seco (CHISTI, 2007). Algumas cepas de microalgas podem produzir

ácidos graxos poliinsaturados como ômegas-3, 6 e 9 e ácidos graxos do tipo

Eicopentaenóico (EPA) e Docosahexanóico (DHA), que são utilizados como

suplementos alimentares essenciais para o desenvolvimento humano (GILL & &

VALIETY, 1997). Pode-se destacar também que o óleo é o principal componente para

produção de biodiesel e estes microorganismos vêm sendo amplamente utilizado na

pesquisa para produção desse biocombustível (CHISTI, 2007).

Page 28: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

2

Outro produto que vem despertando interesse dos pesquisadores e das

empresas de biotecnologia são os carboidratos, oriundos das microalgas, que foram

citadas como possíveis matérias-primas para produção de etanol (HARUN et al.,

2010-a). E devido ao alto teor de proteínas da Chlorella esta microalga vem sendo

comercializada em cápsulas como suplemento alimentar (BECKER, 1994).

Vários estudos concentraram-se na utilização de produtos das microalgas para

diferentes aplicações (GINZBERG et al., 2000; LU et al., 2004; MANDAL & MALLICK,

2009; METTING, 2006; OLAIZOLA, 2000) e recentemente as pesquisas sobre

derivados de microalgas resultaram no isolamento de mais de 15.000 novos

compostos e muitos destes novos compostos têm apresentado propriedades bioativas

favoráveis para a saúde humana (KOMAKI, 1998; QUEIROZ et al., 2003). Além disso,

as microalgas podem conter enzimas, antioxidantes e moléculas protetoras

semelhantes às das plantas, tais como os compostos fenólicos, micosporina, o ácido

ascórbico, tocoferóis, vitaminas e outros (DERNER, et al. 2006;. SESE, 2010;

LAURIENZO, 2010; VIÊGAS et al., 2015-a). Nesse sentido, pode-se citar a microalga

Dunalliela salina que apresenta uma taxa de produção de 1.200 toneladas/ano tendo

sido explorada devido ao alto conteúdo em β-caroteno que é de 14 % em relação à

massa seca (BEN-AMOTZ, 1999). A grande biodiversidade e variabilidade na

composição bioquímica da biomassa obtida das culturas de microalgas e o

melhoramento tecnológico na produção em massa têm favorecido o cultivo comercial

para a produção de compostos bioativos de alto valor agregado (BEN-AMOTZ, 1999;

OLAIZOLA, 2000). Por exemplo, de acordo com a empresa Sigma Aldrich o padrão

analítico de β-caroteno tem preço de mercado de R$ 1.250,00 (por grama), já um

miligrama de zeastaxantina chega a custar R$ 3.030,00 e de luteína R$ 1.336,00.

Portanto, a possibilidade de obter uma gama de produtos a partir da biomassa

de microalgas envolvendo tecnologias limpas e abordagem sustentável se encaixa

perfeitamente no conceito que está atraindo grande interesse industrial, a

biorrefinaria. O conceito de biorrefinaria aplicada a microalgas consiste na produção

de biocombustíveis e produtos químicos a partir da biomassa algacea (FERREIRA et

al., 2013). Esta biorrefinaria necessita da implementação de novas tecnologias que

ainda estão no início de seu desenvolvimento. Neste trabalho, serão apresentadas

possíveis rotas e condições operacionais no processamento da biomassa seca para

obtenção de diferentes produtos de interesse. Devido à sua biodiversidade e a seus

Page 29: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

3

processos metabólicos particulares as microalgas possuem enorme potencial como

fonte de recursos alimentícios, nutracêuticos e energéticos para o futuro.

Page 30: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

CAPÍTULO 2 - OBJETIVOS

Objetivo Geral

Sintetizar e caracterizar o biodiesel obtido a partir da microalga Chlorella sp. e

extrair coprodutos de interesse industrial aplicando o conceito de biorrefinaria.

Objetivos específicos

A partir da microalga Chlorella sp. comercial, caracterizar a biomassa liofilizada

pelas técnicas: MET, FTIR, Análise elementar de CHNSO, EDX e CET;

Quantificar e identificar os diferentes compostos de interesse industrial como:

lipídeos, ácidos graxos, proteínas, aminoácidos, açúcares e carotenoides;

Avaliar técnicas combinadas de pré-tratamento mecânico e extração para

determinar o teor lipídico na microalga, utilizando solventes com diferentes

polaridades;

Avaliar a eficiência do processamento da microalga em reator tipo autoclave

usando etanol sob pressão como solvente extrator dos lipídeos;

A partir de técnicas padrões e modificadas utilizadas neste trabalho avaliar a

acidez e atividade antioxidante da fração lipídica da microalga Chlorella sp.

bem como determinar o seu perfil graxo por cromatografia gasosa;

Avaliar o efeito da temperatura, tempo e concentração de ácido sulfúrico nos

rendimentos de ésteres obtidos pela transesterificação in situ;

Caracterizar os ésteres metílicos por espectroscopia de infravermelho e

cromatografia diferencial exploratória;

Avaliar as características físico-químicas dos EMAG de acordo com a

Resolução nº45/2014 da ANP;

Avaliar a influência da concentração de KOH nas reações de saponificação in

situ dos lipídeos, visando à separação do material insaponificável e a formação

de ácidos graxos;

Caracterizar e quantificar os carotenoides da fração insaponificável do óleo da

microalga por CLAE;

Testar a matéria insaponificável como antioxidante natural para aumentar a

estabilidade do biodiesel comercial;

Analisar o teor proteico das correntes sólidas residuais;

Page 31: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

CAPÍTULO 3 - JUSTIFICATIVA

O uso de microalgas apresenta diversas vantagens de cultivo se comparadas

às oleaginosas convencionais, adicionalmente, as microalgas são apontadas hoje

como uma fonte promissora de diversos compostos de grande interesse comercial e

biotecnológico. Dessa forma, a principal motivação para este trabalho de doutorado

foi a utilização de microalgas como matéria-prima para a obtenção de ésteres

graxos. A tese de Doutorado "Produção de biodiesel e de coprodutos a partir de

microalgas comerciais: abordagem de biorrefinaria” consistiu em parte de um

trabalho multidisciplinar em colaboração com instituições nacionais

(UFRJ/PETROBRÁS/CENPES). Nesta parceria, sob a coordenação do Prof° Dr.

Donato Aranda, foram realizados ensaios para obtenção de lipídeos/ácidos graxos

visando à produção de biodiesel a partir de microalgas. Para este fim, foram

avaliados e combinados diversos processos para a extração dos lipídeos,

caracterização e identificação dos coprodutos de valor comercial presentes nesta

matéria-prima. Foram reavaliados e adaptados os protocolos oficiais para extração

de lipídeos na tentativa de preservar compostos bioativos (proteínas, compostos

fenólicos entre outros), com a participação da profª. Drª. Suely Pereira Freitas,

orientadora desse trabalho. O outro orientador deste trabalho foi o Dr. Leonardo

Bacellar, um dos mais importantes pesquisadores ligados a esta área de produção

de microalgas no Brasil, com uma larga experiência em projetos relacionados a este

tema. Por meio dos ensaios realizados até o presente momento e pela experiência

do grupo do GREENTEC (Laboratório de Tecnologias Verdes) em aceitar novos

desafios, as microalgas têm-se mostrado uma matéria-prima potencial para

obtenção de diversos compostos de interesse comercial.

Page 32: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

CAPÍTULO 4 - REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO

4.1 Microalgas

O termo microalgas engloba microrganismos unicelulares com clorofila a e

outros pigmentos fotossintéticos os quais são capazes de realizar a fotossíntese. As

microalgas são organismos microscópicos, coloniais ou filamentosos, coloridos,

fotoautotróficos, procarióticos e eucarióticos (OLAIZOLA, 2003). Os exemplos de

microalgas procarióticas são cianobactérias (Cyanophyceae) e as microalgas

eucarióticas podem ser exemplificadas por algas verdes (Chlorophyta) e

diatomáceas (Bacillariophyta). As microalgas estão presentes em todos os

ecossistemas existentes na terra, representando uma variedade grande de espécies

que podem viver em condições extremas. Estima-se que mais de 200.000 espécies

existam, porém somente um número limitado de aproximadamente 30.000 já foram

estudadas e analisadas (RICHMOND, 2004).

Conforme Arregondo-Vega (1995) as microalgas são produtores primários

que captam energia solar para convertê-la em energia biológica, sendo a base de

inúmeras cadeias tróficas nos ambientes aquáticos. As microalgas são

principalmente encontradas no meio marinho e na água doce, sendo consideradas

responsáveis por pelo menos 60 % da produção primária da Terra. Uma das

características relevantes das microalgas é a capacidade destes microorganismos

transformarem o dióxido de carbono presente na atmosfera e a luz solar em várias

formas de energia, pelo processo de fotossíntese, produzindo polissacarídeos,

proteínas, lipídeos e hidrocarbonetos (CHISTI, 2007).

Para desenvolver o cultivo maciço de microalgas é necessário isolar e

caracterizar as espécies, aprimorando as ferramentas genéticas em busca de

características específicas. Por exemplo, no cultivo de microalgas, alguns fatores

podem influenciar a produção de lipídeos como: pH, concentração de nutrientes,

intensidade de luz e temperatura. Estas condições ambientais podem ser

controladas e as espécies selecionadas de acordo com o(s) ácido(s) graxo(s)

desejado(s) (CERTIK & SHIMIZU, 1999).

Embora o rendimento de óleo nas microalgas seja dependente de alguns

fatores, esta quantidade ainda é superior às encontradas para as oleaginosas

Page 33: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

7

convencionais. Na Tabela 4.1 são listados os dados que comparam a quantidade de

óleo na biomassa seca e o rendimento de óleo por hectare por ano bem como a

produtividade de biodiesel por área de cultivo (CHISTI, 2007).

Tabela 4.1: Comparativo da produtividade de óleo entre microalgas e oleaginosas convencionais

Oleaginosa Óleo (%)

Rendimento de Óleo L.(ha ano)

-1

Área necessária m

2 ano.(Kg

biodiesel)-1

Produtividade de Biodiesel Kg.(ha ano)

-1

Milho (Zea mays L.) 44 172 66 152

Maconha (Cannabis sativa L.) 33 363 31 321

Soja (Glycine Max L.) 18 636 18 562

Jathopha (Jathopha curcas L.) 28 741 15 656

Camelina (Camelina sativa L.) 42 915 12 809

Canola (Brassica napus L.) 41 974 12 862

Girassol (Helianthus annuus L.) 40 1307 11 946

Mamona (Ricinus communis) 48 1070 9 1156

Palma (Elaeis Guinnesis) 36 5366 2 4747

Microalga (baixo teor de óleo) 30 58.700 0,2 51.927

Microalga (médio teor de óleo) 50 97.800 0,1 86.515

Microalga (alto teor de óleo) 70 136.900 0,1 121.104

Fonte: CHISTI, 2007

Conforme Cohen (1986), o cultivo de microalgas pode ser justificado por

apresentar diversas vantagens, dentre as quais podem ser destacadas:

- Representa um sistema biológico eficiente na utilização da energia solar

para produção de matéria orgânica;

-O ciclo de vida da maioria das microalgas se completa em poucas horas o

que favorece a seleção de cepas e o melhoramento genético das espécies e maior

produtividade (Tabela 4.2);

-Os cultivos podem ser desenvolvidos com água marinha ou de estuários, a

qual não pode ser convencionalmente empregada no cultivo de plantas.

-As microalgas podem ser utilizadas para o tratamento de efluentes

contaminados com NH4+, NO3

-, PO4-, uma vez que utilizam esses nutrientes para o

seu crescimento.

Page 34: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

8

Tabela 4.2: Produtividade de lipídeos e biomassa de alguns gêneros de microalgas.

Microalga Produtividade de lipídeos

Volume de biomassa produzida

Área destinada à produção

(mg/L.dia)

-1 (g/L.dia)

-1 (g/m

2.dia)

-1

Chlorella protothecoides 1214 2-7,70 -

Chlorella sorokiniana 44,7 0,23-1,47 -

Chlorella vulgaris 11,2-40,0 0,02-0,20 0,57-0,95

Chlorella sp. 42,1 0,02-2,5 1,61-25

Chlorella pyrenoidosa - 2,90-3,64 72,5-130

Dunaliella salina 116 0,22-0,34 14

Dunaliella tertiolecta - 0,12 -

Dunaliella sp. 33,5 - -

Haematococcus pluvialis - 0,05-0,06 -

Isochrysis galbana - 0,32-1,6 -

Isochrysis sp. 37,8 0,08-0,17 10,2-36,4

Nannochloropsis oculata 84,0-142 0,37-0,48 -

Nannochloropsis sp. 37,6-90 0,17-1,43 1,9-5,3

Neochloris Oleabundans 90-134 - -

Pavlova lutheri 40,2 0,14 -

Phaeodactylum tricornutum 44,8 0,003-1,9 2,4-21

Porphyridium cruentum 34,8 0,36-1,50 25

Scenedesmus obliquus - 0,004-0,74 - Scenedesmus quadriculada 35,1 0,19 -

Scenedesmus sp. 40,8-53,9 0,03-0,26 2,43-13,52 Fonte: Adaptado de MATA et al., 2010

Page 35: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

9

Na Tabela 4.3 estão apresentadas as composições centesimais das

principais microalgas comercialmente disponíveis observa-se que estes

microorganismos podem apresentar variadas proporções de proteínas, lipídeos e

carboidratos e ácidos nucleicos, sendo essas quantidades fortemente dependentes

da espécie.

Tabela 4:3: Composição centesimal de algumas microalgas tendo como base a biomassa seca (%)

Fonte: Adaptado de BECKER, 2007

Conforme reportado por Borowtizka (1999) e Spolaore (2006) dada a

importância dos compostos sintetizados pelas microalgas e das vantagens de cultivo

frente às oleaginosas convencionais, a produção em grande escala já vem sendo

realizada em alguns países (Tabela 4.4). Por exemplo, a microalga Dunaliella é rica

em β-caroteno e tem sido explorada comercialmente desde o século passado em

diversos países, como Israel.

Microalga Proteínas Carboidratos Lipídeos totais

Anabaena Cylindrica 43-56 25-30 4-7

Aphanizomenon flos-aquae 62 23 3

Chlamydomonas rheinhardii 48 17 21

Chlorella pyrenoidosa 57 26 2

Chlorella vulgaris 51-58 12-17 14-22

Dunaliella salina 57 32 6

Euglena gracilis 39-61 41-18 14-20

Porphyridum cruentum 28-39 40-57 9-14

Scenedesmus obliquus 50-56 10-17 12-14

Spirogyra sp. 46-63 33-64 11-21

Arthrospira platensis 63 8-14 11

Page 36: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

10

Tabela 4.4: Produção comercial de microalgas e aplicações biotecnológicas

Microalga Produção Anual País Produtor Aplicação e produtos

Arthrospira sp. 3000 t de biomassa seca China, Índia, USA, Japão

Cosméticos, Ficobiliproteínas e Nutrição animal e humana

Chlorella sp. 2000 t de biomassa seca Taiwan, China, Japão e Alemanha

Nutrição humana, Aquacultura e Cosméticos

Dunaliella salina 1200 t de toneladas de biomassa seca

Austrália, Israel, USA Nutrição humana, Aquacultura e β-caroteno

Aphanizomenon flos-aquae

500 t de biomassa seca USA Nutrição animal

Haematococcus pluvialis

300 t de biomassa seca USA, Israel e Índia Aquacultura e Astaxantina

Crypthecodinium

240 t de DHA USA DHA

Shizochytrium

10 t DHA USA DHA

Fonte: Adaptado de SPOLAORE et. al., 2006; BOROWTIZKA, 1999

4.2 Sistemas de cultivo

Cada espécie de microalga produz diferentes teores de lipídeos, carboidratos

e proteínas, pois estes minúsculos organismos têm a habilidade de alterar seu

metabolismo de acordo com as mudanças na composição química do meio de

cultura (BEHRENS & KYLE 1996). Por exemplo, o conteúdo lipídico da Chlorella

protothecoides pode ser aumentando em 15 % depois da adição de glicose ao meio,

sob limitação de nutrientes como nitratos alcançando até 55 % de lipídeos em

massa seca (XU et al., 2006).

Huang et al., (2010) e Xu et al., (2006) apresentaram dois sistemas de cultivo

de microalgas, sendo eles: sistemas fotoautotrófico e heterotrófico, respectivamente.

No sistema fotoautotrófico, as microalgas são cultivadas na presença de luz e, por

meio da fotossíntese, obtém energia da luz para fixar carbono e produzir biomassa.

Todas as espécies de algas são fotoautotróficas. Embora o sistema autotrófico

apresente eficiente incidência de luz sobre a cultura de microalgas, pode ocorrer que

essa cultura tenha um crescimento muito lento devido ao processo chamado de

fotoinibição (WEN et al., 2003).

O cultivo de microalgas, por meio de um sistema heterotrófico, apresenta

inúmeras vantagens em relação ao sistema anteriormente mencionado, tais como a

Page 37: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

11

eliminação da exigência de luz, maior controle do processo de cultivo e baixo custo

na coleta da biomassa. Um importante aspecto do sistema heterotrófico está

relacionado ao baixo custo dos nutrientes, ou fontes de carbono, utilizados no

processo de cultivo (HUANG et al., 2010).

As microalgas podem ser cultivadas em fotobiorreatores fechados ou em

tanques abertos. Os fotobiorreatores fechados consistem basicamente de um

arranjo de tubos transparentes que podem ser feitos de material polimérico

translúcido ou vidro. Este arranjo de tubos é acoplado a uma bomba de circulação e

a uma coluna de desgaseificação, formando um sistema totalmente fechado. O

diâmetro dos tubos é dimensionado de forma a obter um melhor aproveitamento da

luz e o arranjo entre eles pode se apresentar na forma helicoidal, vertical e horizontal

(CHISTI, 2007).

O uso de fotobiorreatores fechados (Figura 4.1) é mais adequado para

algumas microalgas, principalmente as que são facilmente contaminadas por outros

microorganismos, ou aquelas que necessitam de um maior controle dos parâmetros

físico-químicos do meio de cultivo. Existem algumas espécies de microalgas que

podem sobreviver em condições extremas, como por exemplo, os gêneros

Arthrospira e Dunaliella que sobrevivem em ambientes com elevado pH e alta

salinidade, respectivamente (HUANG et al., 2010).

Todos estes parâmetros são mais bem controlados com o uso de

fotobiorreatores. Por outro lado, este sistema apresenta um investimento fixo e

custos operacionais elevados, devido à tecnologia e aos insumos necessários para

colocá-lo em funcionamento (HUANG et al., 2010).

Page 38: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

12

Figura 4.1: Fotobiorreatores verticais em operação no terraço do Núcleo de Biocombustíveis-UFRJ. Fonte: Mariana Fortes.

Outra forma de cultivo são os tanques abertos para produção de microalgas e

podem ser construídos em forma circular, retangular, elipsoidal ou cilíndrica e podem

ser conectados, formando um circuito fechado com recirculação.

Independentemente da área do tanque, a profundidade varia de 20 a 30 cm, pois

tanques muito profundos prejudicam o aproveitamento da luz pelas células.

A agitação constante é essencial para promover uma distribuição uniforme

das células, permitindo a iluminação de todas as células. O revestimento é feito com

material plástico, fibra de vidro ou concreto e o material empregado deve ser claro,

para permitir maior reflexão de luz (BOROWITZKA, 1999). Segundo Amin (2009)

grande parte das microalgas produzidas atualmente é cultivada em tanques abertos,

expostos diretamente à luz solar. No cultivo de microalgas grande parte do carbono

acumulado tem origem das moléculas de dióxido de carbono presentes na atmosfera

e são fixadas por essas para síntese de compostos como carboidratos, proteínas e

lipídeos. Para uma produção de aproximadamente 100 toneladas de biomassa de

microalgas, estima-se que 183 toneladas de dióxido de carbono seja absorvido

(CHISTI, 2007).

Page 39: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

13

De acordo com Pérez (2007) um problema presente no cultivo de microalgas

em tanques abertos em relação ao uso de fotobiorreatores, está no fato de que as

espécies com conteúdo mais elevado de óleo são as que se reproduzem mais

lentamente. A partir desta realidade, facilmente ocorre contaminação por espécies

de microalgas e bactérias indesejáveis, devido à falta de um controle mais efetivo

sobre o sistema em geral (Figura 4.2).

O crescimento das microalgas tanto em seu ambiente natural como nos

sistemas de cultivo, é o resultado da interação entre fatores biológicos, físicos e

químicos. Todos esses aspectos estão diretamente relacionados ao acesso das

microalgas à iluminação, temperatura adequada, salinidade e também à

disponibilidade aos nutrientes necessários (PÉREZ, 2007).

Figura 4.2 – Sistema de cultivo de microalgas em tanques abertos. Planta piloto da PETROBRAS localizada em Extremoz-RN. Fonte: Leonardo Brantes Bacellar Mendes.

Os custos de investimentos bem como os custos operacionais relacionados

ao processo de upstream para o cultivo de microalgas são altos (DELRUE et al.,

2012), portanto, produzir microalgas exclusivamente para a aplicação em

biocombustíveis tem se mostrado um processo economicamente inviável

Page 40: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

14

(WIJFFELS et al., 2010; WIJFFELS & BARBOSA, 2010-a). Ao explorar todo o

potencial das moléculas sintetizadas pelas microalgas diferentes produtos podem

ser obtidos, viabilizando os custos de produção. A produção integrada de alimentos,

substâncias químicas, e biocombustíveis é uma alternativa para viabilizar o uso

destes lipídeos para geração de energia (REE & ANNEVELINK, 2007).

4.3 Técnicas de caracterização da biomassa de microalgas

Um profundo conhecimento da matéria-prima é vital em todas as áreas de

investigação acerca da composição da biomassa que se pretender analisar. De

acordo com a literatura, a biomassa de microalga foi caracterizada por diferentes

técnicas como FTIR, análise elementar de CNHOS, EDX, ATG, CET, MET, bem

como o teor das cinzas presentes nessas amostras (MENG et al., 2014; MAYERS et

al., 2013; MARCÍLLA et al., 2009; GOMES, 2013; PHUKAN et al., 2011).

Uma técnica que vem ganhando espaço para caracterização da biomassa

de microalgas é a espectroscopia de infravermelho (FTIR), pois apresenta diversas

vantagens como: rapidez de análise, não necessita de pré-tratamento e permite a

identificação de grupos funcionais característicos de componentes presentes em sua

composição (NAUMANN et al., 1991; NAUMANN, 2000; STEHFEST et al., 2005;

PHUKAN et al., 2011; MARCILLA et al., 2009).

A análise elementar gera importantes informações sobre os componentes

da biomassa, especificamente na quantificação de carbono, hidrogênio, oxigênio,

nitrogênio e enxofre. A determinação da composição química da matéria-prima é um

parâmetro crítico, pois define a quantidade de energia contida na biomassa e

demonstra a presença de componentes inorgânicos que compõem as cinzas. Os

nutrientes necessários para o crescimento das microalgas, geralmente são

constituintes inorgânicos como: Si, Ca, K, Na, Mg, S, P, Fe, Mn e Al (XIAO et al.,

2011). Alguns macronutrientes desempenham papel importante na microalga dentre

eles é possível destacar o Ca presente na composição estrutural da célula, o Mg

como parte constituinte da clorofila e Na e K na osmose iônica da membrana celular

(REYNOLDS, 2006) e o fósforo como constituinte de fosfolipídeos, nucleotídeos e

ácidos nucleicos (MIYACHI et al., 1964).

Já a análise cromatográfica por exclusão de tamanho foi aplicada com êxito

para determinação da composição lipídica da biomassa de Chlorella vulgaris e

Page 41: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

15

Nannochloropsis oculata no trabalho de Biller et al., (2013). Esta técnica fornece

uma informação útil sobre os compostos extraídos da fração lipídica e da eficiência

da extração quando aplicada a biomassa residual.

O conhecimento da composição da matéria-prima é um parâmetro útil para

definir a utilização da biomassa para o uso nos diferentes setores da indústria.

4.4 Composição centesimal das microalgas

4.4.1 Proteínas

O uso de microalgas como alimento para consumo humano é uma tradição

milenar a mais de 2.000 anos atrás, os chineses usaram Nostoc para sobreviver à

fome (MILLEDGE, 2011). Apesar da infinidade de aplicações tecnológicas das

microalgas pelos seres humanos, a cultura de microalgas é uma área relativamente

nova de pesquisa em biotecnologia e sua aplicação comercial é praticamente

inexplorada (SPOLAORE et al, 2006; MILLEDGE, 2011). Cerca de décadas atrás a

produção em massa de certas microalgas foi considerado como uma possibilidade

de fechar o chamado "gap de proteína" para o consumo humano (BECKER, 2007).

Do ponto de vista da humanidade, as proteínas são o componentes mais críticos,

escassos e caros da dieta (SGASBIERI, 1996). De acordo com os pesquisadores, a

biomassa algacea mostra quantidades promissoras para a utilização como uma

possível fonte de proteínas. A qualidade média da maioria das microalgas

examinadas é igual e muitas vezes até superior de comparada às proteínas de

plantas convencionais (BECKER, 2007). Por exemplo, a Arthrospira é uma fonte de

proteína que pode substituir à carne e produtos lácteos e também contém grandes

quantidades de vitamina A e B12 (METTING, 1996). De acordo com Gorgônio

(2013) as microalgas apresentam um teor entre 12 - 63 % de proteínas e a Chlorella

juntamente com a Artrospira tem mostrado grande potencial como fonte proteica

(Tabela 4.5).

As proteínas tem funções estruturais e formam parte das membranas

celulares dos tecidos dos organismos. Além disso, tem outras funções

importantíssimas para o funcionamento do organismo, atuando diretamente nas

reações do metabolismo, do sistema imunológico e do sistema hormonal. As

proteínas são compostos por diferentes aminoácidos e consequentemente, a

Page 42: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

16

qualidade nutricional de uma proteína é determinada basicamente pelo conteúdo,

proporção e disponibilidade de seus aminoácidos.

Tabela 4.5: Teor de proteínas de algumas de microalgas

Teor de proteínas em algumas espécies de microalgas (% m/m)

Espécie % Espécie %

Chaetoceros muelleri

17,3 Pavlova lutheri

29

Chaetoceros sp.

37,0 Scenesdesmus obliquus

50 - 60

Chorella vulgaris

33 - 58 Scenesdesmus quadrilata

47

Chorella pyrenoidosa

50 - 57 Arthrospira platensis

46 - 63

Dunaliella salina

57,0 Arthrospira maxima

60 - 71

Dunaliella bioculata

49,0 Thalassiosira fluviatilis

19,4

Dunaliella tertiolecta

26 - 70 Thalassiosira pseudonana

30,0

Euglena gracilis

39 - 61 Tetraselmis chuii

41,5

Isochysis galbana

12 - 37 Tetraselmis gracilis

34 - 64

Isochysis sp.

30,8 Tetraselmis maculate

52

Nannochloropsis oculata

28,9 Tetraselmis sp

44,8

Pavlova salina

26 Tadaetraselmis suecica

27,4

Fonte: Adaptado de GORGONIO, 2013.

Existem vinte aminoácidos, dos quais histidina, isoleucina, lisina, metionina,

fenilalanina, tereonina, triptofano e valina são considerados essenciais e devem ser

consumidos na dieta em quantiadade e proporções definidas, visto que o organismo

não apresenta capacidade de sintetizá-los (BECKER, 2007). Se esses aminoácidos

oriundos das microalgas forem utilizados para alimentação humana, é importante a

sua quantificação (aminograma) para determinar a ausência ou presença desses

nutrientes (FAO WHO UNU/1991). Para avaliar a pontencialidade dessas microalgas

como fonte proteica, deve-se conhecer o seu valor nutricional e a biodisponibilidade

dos aminoácidos no organismo(SPOLAORE et al., 2006). Pode se observar que na

Tabela 4.6 as diferentes composições de aminoácidos essenciais encontrados em

alimentos convencionais e microalgas, enfatizando o elevado teor desses compostos

na microalga Chlorella.

Page 43: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

17

Tabela 4.6: Composição de aminoácidos essenciais de alguns alimentos e microalgas

Fonte: Adaptado de GORGÔNIO, 2013. Arg – Arginina ; Fen- Fenilanina; His- Histidina; Leu- Leucina; Lis- Lisina; Met- Metionina; Tre- Treonina; Tri- Triptofano; Val- Valina; Ileu- Isoleucina

Dentre as principais aplicações para a utilização das proteínas oriundas das

microalgas, estima-se que cerca de 30 % da produção atual seja comercializado

para alimentação animal (BECKER, 2004). A utilização da biomassa de microalgas

vem ganhando espaço na aquacultura, devido ao aumento do uso desses

microorganismos como fonte de ração para peixes. De acordo com a cotação atual

estabelecida pelo mercado internacional, o preço da biomassa de microalgas está

sendo comercializada comparavelmente ao preço farelo de peixe, cujo valor atual é

cerca de US$ 2.400/tonelada devido ao alto teor proteico de aproximadamente 60 %.

Esse valor é superior ao preço de comercialização do farelo de soja, de

aproximadamente US$ 360/tonelada com 45 % de proteínas.

Composição de aminoácidos essenciais (% m/m)

Fonte Arg

Fen His

Ileu Leu Lis Met Tre Tri Val

Crustáceo

9,70 2,90 1,60 1,90 5,40 6,30 1,10 3,20 ND 2,20

Feijão 6,90 6,00 3,20 5,30 9,00 7,70 1,30 4,90 ND 5,90

Lentilha

9,10 5,55 6,84 5,06 8,09 5,69 1,18 5,62 ND 7,24

Soja

ND 2,41 1,17 2,08 3,54 3,40 0,69 1,85 0,67 2,41

Chlorella v.

7,97 6,02 2,40 4,82 10,78 7,70 1,55 5,60 1,10 7,88

Dunaliella t.

5,40 5,40 2,10 4,10 8,70 5,40 2,80 5,00 ND 5,50

Isochrysis g.

5,60 5,80 2,00 5,50 9,50 5,40 2,20 5,40 ND 6,70

Tetraselmis g.

6,70 6,10 2,50 4,50 8,90 6,40 1,70 5,70 ND 6,50

Tetraselmis g.

3,53 1,75 0,73 1,40 2,54 2,23 0,68 1,68 ND 1,83

P. donghaiense

2,79 1,50 0,34 1,34 2,89 1,74 1,03 1,43 ND 1,94

Page 44: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

18

4.4.2 Carboidratos

Os carboidratos representam um grupo de açúcares redutores e de

polissacarídeos tais como amido e celulose. São geralmente localizados no

cloroplasto e são compostos de amilose e amilopectina. A celulose é um

polissacarídeo estrutural de elevada resistência, que está localizada na parede

celular de Chlorella vulgaris como uma barreira protetora (ABO-SHADY et al.,

1993). A parede celular das microalgas pode ser constituída de até 10 % de

celulose, o que pode acarretar um problema para seres humanos e animais não

ruminantes na digestão desses microorganismos. Assim, tratamentos eficazes são

necessárias para romper a parede celular e tornar as proteínas e outros

componentes acessíveis às enzimas digestivas (BECKER, 2007). A constituição

bioquímica da parede celular e dos produtos de estocagem estão resumidas na

Tabela 4.7 o teor de carboidratos das principais divisões das microalgas estão na

Tabela 4.8 e a composição de açúcares presentes em algumas divisões de

microalgas podem ser observadas na Tabela 4.9.

Tabela 4.7: Composição da parede celular e produtos de estocagem das principais divisões de microalgas.

Divisão Parede Celular Produto de estocagem

Celulose

Amido (20-30 % amilose/ 70-80% amilopectina

Chlorophyta Hemicelloses (Xilanos e mananos)

Heteropolissacarídeos sulfatados

Hidroxiprolina rica em glicosídeos

Celulose

Amido

Galactanas

Rhodofita Carragenas

Agar

Celulose

Manitol

Ácido algínico

Phaeofitas Fucoidan

Polissacarídeos Sulfatados

Fonte: Adaptado de BOLD & WYNNE, 1978

Page 45: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

19

Tabela 4.8: Teor de carboidratos de diferentes gêneros de microalgas

Espécie de microalgas Teor de Carboidratos (% m/m) em base seca

Chlorella vulgaris IAM C-534 37,0

Chlorella vulgaris CCAP 211/11B 55

Chlorella vulgaris P12 41,0

Chlorella vulgaris 55

Chlamidomonas reinhardtii UTEX 90 60

Chlamidomonas reinhardtii IAM C-238 55

Chlorococum sp. 32,5

Chlorococum sp. TISTR8583 26

S. acutiformis TISTR 8495 16,4

S. obliquus CNW-N 51,8

Tetraselmis sp. CS-362 26 Fonte: Adaptado de CHEN et al., 2013

Tabela 4.9: Composição de açúcares (%) de microalgas de diferentes gêneros (

Açúcares (%)

Arabinose Fucose Galactose Glicose Manose Ramnose Ribose Xylose

Espécie

C.gracilis 0,3 6,9 14,9 57,9 5,5 6,0 3,5 5,1

N. oculata N.D 4,4 3,8 68,2 6,1 8,3 4,6 4,4

Dunaliela 0,6 N.D 1,1 85,3 4,5 5,5 2,0 1,0

P. salina 1,6 0,5 4,4 81,0 5,1 N.D 2,5 4,8

I. galbana 5,7 0,6 19,0 76,5 3,6 0,3 2,0 2,3

T. suecica 0,5 N.D 15,7 74,8 3,0 0,9 4,5 N.D Fonte: Adaptado de BROWN, 1991. N.D= Não detectado

Os polissacarídeos de microalgas têm atraído considerável atenção como

fontes de moléculas biologicamente ativas, em particular como agentes terapêuticos

naturais, cosméticos, alimentos funcionais (YEN et al., 2013) e para produção de

bioetanol (JOHN, et al 2011; KIM, et al 2012; POWELL & HILL, 2009; CHISTI, 2008;

HARUN et al 2010-b;HARUN & DANQUAH, 2011-b; HARUN & DANQUAH, 2011-a;

CHUN-YEN et al., 2013).

Page 46: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

20

4.4.3 Lipídeos

Os lipídeos incluem um conjunto de substâncias químicas que, ao contrário

das outras classes de compostos orgânicos, não são caracterizados por um grupo

funcional comum, e sim pela sua alta solubilidade em solventes orgânicos e baixa

solubilidade em água (SOLOMONS, 2005). Óleos, azeites e gorduras são

substâncias de origem vegetal ou animal, que consistem predominantemente em

misturas de ésteres, oriundos da mistura de ácidos graxos com a glicerina,

chamados de triacilgliceróis (BAILEY, 1944; MORETTO & FETT, 1998).

Os lipídeos são tipicamente compostos por triacilgliceróis, glicolipídeos,

fosfolipídeos, lipoproteínas e ácidos graxos contendo entre 12 e 22 carbonos,

podendo ser componentes da reação de ácidos graxos saturados, monoinsaturados

e poliinsaturados (GRIMA et al., 1999). Os comprimentos de cadeia de mais de 18

átomos de carbono e a presença de ácidos poliinsaturados são tipicos de

microalgas marinhas.

Os lipídeos polares incluem fosfolipídeos e glicolipídeos, sendo estas classes

predominantemente encontradas na maioria das microalgas na composição total dos

lipídeos (BASOVA, 2005). Os lipídeos neutros como os triacilgliceróis são

geralmente considerados como produto de estocagem energética, enquanto que

glicolipídeos são estruturas lipídicas presentes na parede celular. Pode-se observar

na Tabela 4.10 que os compostos polares são majoritários na composição lipídica

de diversas microalgas e na Figura 4.3 estão elucidadas algumas estruturas

químicas encontradas nos lipídeos das microalgas. O termo 'lipídeos totais "é usado

principalmente para fins de análise, além de acilgliceróis, o lipídeos brutos obtidos a

partir de microalgas freqüentemente contêm ácidos graxos livres, hidrocarbonetos,

cetonas, esteróis, carotenóides e clorofilas. Por esse motivo, o extrato lipídico bruto

obtido a partir de microalgas é muitas vezes sujeito a mais de uma etapa de

fracionamento antes de ser transesterificado. Diferentes métodos de purificação, tais

como cromatografia líquida, coluna cromatográfica, cristalizações com ureia são

usados para fracionamento de lipídeos e separação dos ácidos graxos

poliinsaturados (EPA e DHA) (GONZÁLEZ et al., 1998; GU et al., 2009). A detecção,

identificação e quantificação precisa dos compostos lipídicos são pré-requisitos para

verificar o potencial de cada espécie de microalgas na produção de compostos alvo.

Page 47: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

21

Tabela 4.10: Composição dos lipídeos (%) de algumas microalgas

Fonte: Adaptado de BASOVA, 2005.

. Figura 4.3: Diferentes estruturas lipídicas encontradas nas microalgas. Fonte:VIÊGAS, 2010

4.4.3.1 Composição de acidos graxos de microalgas

O óleo das microalgas é constituído majoritariamente de ácidos graxos

insaturados como o palmitoleico, oleico, linoleico, linolênico, EPA e DHA. Perfis de

ácidos graxos de diferentes microalgas e oleaginosas convencionais estão

resumidos na Tabela 4.11 na qual se observa que a composição de ácidos graxos é

variável de espécie para espécie e da forma de cultivo, de acordo com Yeh & Chang

(2012). Por exemplo, o perfil dos ácidos graxos de C. vulgaris cultivadas sob

Microalga Hidrocarbonetos Esteróis e Ceras

Triacilglicerídeos Diacilglicerídeos Lipídeos Polares

Isochrysis sp.

0,4 2,8 0,2 83,0

Pavlova lutheri

0,2 4,0 6,3 78,3

Chroomonas salina

3,5 21,9 4,9 67,8

Dunaliella bertiolecta

- 1,9 2,1 94,3

Tetraselmis suecica

1,8 3,3 1,9 91,5

Chaetoceros gracilis

1,3 34,0 6,0 44,2

Thalassiosira pneudonana

1,2 14,4 2,8 80,4

Page 48: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

22

condições de crescimento mixotrófico pode acumular 60 - 68 % de ácidos saturados

e mono-insaturados (ZHENG et al., 2012). De acordo com a literatura esse perfil

apresentado para a Chlorella vulgaris é mais adequado para a produção de biodiesel

(YEH & CHANG, 2012). Ácidos graxos poliinsaturados são mais suscetíveis à

oxidação durante o armazenamento, o que os torna menos adequados para uso em

biodiesel (PORTER et al., 1995).

Tabela 4.11: Perfis de ácidos graxos de diferentes microalgas e oleaginosas convencionais

Ácidos Graxos

Microalgas

Matérias-primas convencionais

(%) C.pyrenoidosa D.Tertiolecta I.galbana T.Gracilis Palma Sebo bovino Soja Oliva

AGS

12:0 0,14 ND 0,07 ND 0.22 0.08 0.02 0

14:0 0,46 0,45 20,46 0,58 1.14 2.40 0.06 0

16:0 27,53 30,45 21,47 30.90 59.12 21.83 10.01 10.32

17:0 0,45 1,04 0,18 0.72 ND 1.54 ND 0.05

18:0 3,22 1,52 1,45 1.89 2.98 23.99 2.81 3.32

20:0 0,11 0,21 0,9 0.26 0.07 0.17 0.25 0.33

22:0 0,13 0,05 3,03 0.76 0.12 0.04 0.37 0.17

Soma 32,04 33,36 47,55 35.11 63.65 50.05 13.52 14.19

AGM

16:1 2.45 9.36 10.84 9.31 0.26 6.50 2.44 0.64

18:1 n 4.22 41.32 37.11 40.99 29.69 40.84 23.31 67.99

20:1 0.10 3.87 0.43 4.33 0.05 0.34 0.14 0.21

22:1 0.04 0.04 0.52 0.07 0.03 0.004 0.09 0

Soma 6.81 54.89 48.90 54.70 30.03 47.68 25.97 68,84

AGP

18:2 n6 29.75 3.89 2.24 2.69 6.15 2.07 55.31 15.02

18:3n3 31.42 7.81 1.35 7.51 0.17 0.21 5.2 0.98

Soma 61,17 11.70 3.59 10.20 6.32 2.27 60.42 16.00 AGS=ácidos graxos saturados; AGM: ácidos graxos monoinsaturados; AGP=ácidos graxos poliinsaturados. Fonte: Adaptado de GORGONIO 2013.

Os ácidos graxos poliinsaturados são atualmente obtidos comercialmente a

partir de plantas com sementes selecionadas, peixes marinhos (EPA e DHA) e de

Page 49: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

23

certos mamíferos. Os ácidos graxos poliinsaturados possuem importância nutricional

uma vez que não podem ser sintetizados por seres humanos devem ser consumidas

por meio da alimentação (LEMAHIEU et al., 2013). Os ácidos graxos poliinsaturados

de origem microalgacea têm um mercado muito promissor, especialmente na

indústria de alimentos funcionais (BERTOLDI et al., 2008).

4.4.3.2 Extração de lipídeos com solventes

A solubilidade dos lipídeos pode ser prevista qualitativamente pela análise

estrutural das moléculas que compõem a fração. Há dois tipos de associações que

ocorrem nos lipídeos: i) forças de van der Waals nos lipídeos apolares

(triacilgliceróis); ii) ligações de hidrogênio e forças eletrostáticas nos lipídeos polares

(fosfolipídeos e glicolipídeos). A utilização de solventes apolares como no caso o

hexano, remove preferencialmente os triacilgliceróis, glicerídeos, carotenoides,

esteróis e uma escala limitada dos hidrocarbonetos de alto peso molecular que

aparecem naturalmente no óleo de alguns peixes, microalgas e sementes (GRIMA et

al., 1999). Fosfolipídeos e glicolipídeos (lipídeos polares) são mais solúveis em

solventes polares, tais como etanol ou metanol, capazes de enfraquecer ligações de

hidrogênio que os mantêm. No entanto, a sua natureza polar também é uma

desvantagem, uma vez que limita a interação com os lipídeos neutros. Por esta

razão, quando utilizado como um solvente de extração de lipídeos de microalgas, o

álcool é quase sempre combinado com um solvente orgânico apolar, tal como

hexano ou clorofórmio, para garantir a extração total (HALIM et al., 2012). Em geral,

a utilização de misturas de solventes contendo álcool na extração da fração lipídica

pode enfraquecer as ligações lípo-proteícas presentes nas microalgas. A seleção de

um sistema de solventes deve, portanto, levar em conta sua afinidade química com

as classes de lipídeos a serem extraídos. Nas microalgas, a fração lipídica pode

sofrer alterações em sua composição de acordo com a polaridade do solvente

utilizado para sua extração (Tabela 4.12).

Page 50: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

24

Tabela 4.12- Composição da fração lipídica de acordo com o solvente extrator

Fonte: GRIMA et al., 1999

O mecanismo pelo qual a mistura de solvente orgânico apolar/polar extrai os

lipídeos associados à membrana foi proposto por Halim et al., (2012) e está ilustrado

na Figura 4.4 e foi dividido em cinco etapas. O solvente orgânico (apolar e polar)

permeia através da membrana celular para o citoplasma (Etapa 1) e interage com o

complexo lipídico (Etapa 2). Durante esta interação, o solvente orgânico apolar

rodeia o complexo lipídico e forma associações de Van der Waals com os lipídeos

neutros desse complexo, enquanto que o solvente polar também envolve o

complexo lipídico e forma ligações de hidrogênio com os lipídeos polares. As

ligações de hidrogênio são suficientemente fortes para deslocar as associações

lipídeo/proteina do complexo lipídeo para a membrana celular. O extrato orgânico

(solvente + lipídeos) é formado e dissocia-se da membrana celular (Etapa 3). O

extrato orgânico, em seguida, se difunde através da membrana da célula (Etapa 4) e

a camada orgânica circundante da célula (Etapa 5) passa para o solvente orgânico.

Como visto acima a adição de um solvente orgânico polar e outro apolar

facilita a extração de lipídeos neutros associados à membrana. No entanto, esse

processo de extração também conduz, inevitavelmente, a co-extracção dos lipídeos

polares que podem ser indesejáveis para produção de biodiesel.

Solvente Componentes extraídos

Clorofórmio Hidrocarbonetos, carotenoides, clorofila, esteróis, triacilglicerídeos, ceras, aldeídos e ácidos graxos.

Acetona Diacilgliceróis, cerebrosídeos e sulfulipídeos. Metanol Fosfolipídeos e glicolipídeos Hexano Hidrocarbonetos, triacilgliceróis e ácidos graxos

Page 51: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

25

Figura 4.4: Ilustração do mecanismo de extração com solvente orgânico em microalgas. Fonte: Adaptado de HALIM et al., 2012.

A cinética e o mecanismo subjacente de extração por solvente orgânico de

lipídeos de microalgas ainda não são bem compreendidas e requerem mais

investigação. Note-se que a utilização desses solventes orgânicos na extração dos

lipídeos apresentam várias desvantagens. Quando utiliza grandes quantidades de

solventes orgânicos, normalmente a metodologia é lenta e requer evaporação

(procedimento que consome muita energia para a remoção do solvente). A

solubilidade dos lipídeos em um dado solvente orgânico é também limitada

termodinamicamente (WANG & WELLER, 2006). Uma vez que a concentração de

lipídeos no solvente orgânico e nas matrizes celulares atinge seu nível de equilíbrio

o processo de extração termina, pelo fato de não haver mais diferença de potencial

químico para transferência de lipídeos das células para o solvente orgânico. A

grande maioria das pesquisas de extração com solventes dos lipídeos das

microalgas, envolvem a utilização da biomassa seca. Uma vez seca, a biomassa de

microalgas pode ser moída o que acarreta a quebra celular e redução do tamanho

das células. Quanto menor o tamanho da biomassa, maior a recuperação dos

lipídeos, uma vez que ocorre o aumento da área de superfície interfacial disponível

para os contatos de biomassa-solvente com consequente diminuição do caminho de

difusão no processo de extração. A presença da água, no caso de extração direta de

biomassa úmida, afeta negativamente a eficiência de extração de lipídeos. A água

Page 52: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

26

forma barreiras que impedem a transferência de massa de lipídeos a partir das

células para o solvente extrator.

O desenvolvimento de uma técnica eficaz no processo de extração de

lipídeos em grande escala a partir de biomassa de microalgas ainda é um desafio

para os pesquisadores. Os fatores que influenciam neste processo ainda não são

bem conhecidos e nenhum método está estabelecido para extração em escala

industrial. Na extração em escala industrial, os solventes devem ser de baixo custo,

voláteis (para serem facilmente separados do soluto), de baixa toxicidade, puros,

imiscíveis em água e seletivos para compostos de interesse (GRIMA et al., 1999).

4.4.3.3 Métodos de extração de lipídeos com solventes

Um dos sistemas mais eficientes para extração de lipídeos a partir de

microorganismos é a mistura de clorofórmio: metanol (2:1 v/v) (FOLCH et al., 1957)

e este procedimento foi melhorado por Bligh & Dyer (1959). Este método é também

o mais citado para a extração de lipídeos a partir de microalgas, nos últimos 60 anos

com mais de 38.000 citações em periódicos indexados. A mistura,

clorofórmio:metanol é tradicionalmente utilizada para determinação de lipídeos totais

a partir de diferentes espécies de microalgas em escala laboratorial (RYCKEBOSCH

et al., 2012). Entretanto, em grande escala é inviável sua utilização por razões

ambientais e riscos para a saúde (HARA & RADIN, 1978). Para efeitos práticos, a

extração total de lipídeos é completa e a separação de lipídeos e não-lipídeos é

quantitativa.

Em estudo recente conduzido por Burja et al., (2007) vários métodos de

extração de lipídeos foram testados para microalga Thraustochytrium sp., estes

autores utilizaram o método de Bligh & Dyer com três modificações. Os resultados

foram comparados com a saponificação direta de biomassa, usando KOH em etanol

ou a mistura hexano:etanol. A maior recuperação dos ácidos graxos (71,4 %) foi

obtida utilizando-se o método de Bligh & Dyer associado com a sonda de ultrassom,

semelhante ao rendimento obtido por saponificação direta usando KOH (69,7 %).

Outras misturas e métodos para obtenção de lipídeos foram testados por

Guckert & Colaboradores (1988) utilizando a microalga Chlorella. Estes autores

compararam os rendimentos de três procedimentos de extração com o propósito de

determinar o mais eficiente: i) Método de Soxhlet (cloreto de metileno/metanol, 3

horas, sob refluxo), ii) hexano:isopropanol, (3:2 v/v) e iii) o método de Bligh & Dyer

Page 53: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

27

original. Este estudo demonstrou que o método de Bligh & Dyer foi o mais eficiente e

reprodutível na recuperação de todos os lipídeos da Chlorella. A mistura

hexano:isopropanol foi seletivo para lipídeos neutros de algas com baixa

recuperação dos lipídeos da membrana (principalmente glicolipídeos e

fosfolipídeos). Finalmente, o método Soxhlet foi o que apresentou menor

rendimento.

O método para extração deve ser rápido e eficiente a fim de reduzir a

degradação dos lipídeos e triacilgliceróis. Atualmente acredita-se que o processo de

extração represente a principal limitação para uso dos lipídeos de microalgas como

combustíveis.

4.5 Métodos de rompimento celular

Microalgas como a Chlorella tem uma parede celular resistente, que é uma

grande barreira para os processos de extração sendo o procedimento para quebra

da parede celular uma operação importante para obtenção dos compostos de

interesse. A parede celular desempenha um importante papel no processo de

extração, por exemplo, a presença de parede celular, pode impedir o contato direto

entre o solvente e a membrana celular e dificultar a extração. A parede celular da

microalga confere rigidez e resistência às células, oferecendo proteção contra

estresse mecânico (MIDDELBERG, 1996; GÜNERKEN et al., 2015). A parede

celular é um polímero extracelular composto de polissacarídeos, proteoglicanos,

peptideos, proteínas e elementos inorgânicos associados. A quebra da parede

celular de acordo com Günerken et al., (2015) é uma das etapas mais críticas para

extração dos compostos de interesse e podem ser encontradas na literatura uma

ampla variedade de métodos para este fim (Tabela 4.13).

Uma das técnicas que vem sendo amplamente aplicada para quebra da

parede celular de microalgas é o procedimento mecânico utilizando moinho de bolas

(FERREIRA et al., 2013). Este procedimento age no rompimento celular por atrito da

células de microalgas contra as superfícies sólidas de bolas de metal ou vidro em

uma agitação constante. Outra técnica comumente aplicada para este fim, é o

microondas, que quebram as células usando o choque de ondas de alta frequência e

esta técnica foi sugerida recentemente como uma técnica para a extração de óleos

vegetais (CRAVOTTO et al., 2008; VIROT et al., 2008) e de microalgas

(BALASUBRAMANIAN et al., 2011).

Page 54: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

28

Tabela 4.13: Técnicas de rompimento celular

Método de ruptura Referências

Moinho de bolas ENGLER (1985); FERREIRA et al., (2013); POSTMA et al., (2015); BALASUNDARAM et al., (2012)

Microondas BALASUBRAMANIAN et al., (2011)

Tratamento químico MENDES-PINTO et al., (2001), HARUN & DANQUAH (2011-b), HARUN et al., (2011-a), HALIM et al., (2012a), MIRANDA et al., (2012)

Ultrasonicação CHANDLER et al., (2001), BORTHWICK et al., (2005), GOGATE & PANDIT (2008)

Homogeneização por alta pressão

SPIDEN et al., (2013); SPIDEN et al., (2015); GRIMI et al., (2014)

Corrente pulsada GANEVA et al., (1995); GOETTHEL et al, (2013)

Enzimático RODRIGUES & BOM (2011); HARUN & DANQUAH (2011-a); LIANG et al., (2012)

Visando o aumento da eficiência de extração dos lipídeos de algumas

microalgas, o uso de equipamentos para a quebra prévia da parede celular, quando

comparados com os métodos convencionais (extração por solvente), melhoraram a

eficiência de extração do óleo (LEE et al., 2010). Para a extração dos lipídeos das

microalgas Chlorella vulgaris, Scenedesmus sp. e Botryococcus sp., foram utilizadas

as técnicas de trituração, autoclave, choque osmótico, microondas e ultrasonicação

combinada com a posterior adição da mistura de solventes clorofórmio:metanol (2:1

v/v), visando o rompimento da parede celular. Neste caso, a utilização de

microondas e a trituração aumentaram significativamente a quantidade de lipídeos

extraídos. Consequentemente, o pré-tratamento da amostra e o uso de solventes

apropriados proporcionam um aumento na quantidade de lipídeos extraídos (LEE et

al., 2010).

Estudos revelaram que a homogeneização é eficaz no rompimento celular,

sendo o sucesso desse método influenciado pela alta pressão do sistema e do

número de passagens afetando diretamente o grau de ruptura das células. Uma das

vantagens desse método é a utilização direta da biomassa úmida, porém não

dispensa a utilização de solventes para extração de compostos de interesse. A

homogeneização por alta pressão é indicado na literatura como um método de

possível aplicação industrial para ruptura celular (SAMARASINGHE et al., 2012).

Page 55: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

29

Deverão ser realizados mais investimentos e pesquisas em tecnologias

visando à quebra de parede celular das microalgas. O sucesso de técnicas de

rompimento celular é geralmente avaliado por meio de observações microscópicas

ou por comparação do componente desejado, antes e após aplicar o rompimento

celular. Devido à diversidade na composição das paredes celulares é necessário

realizar uma varredura para caracterização das microalgas para que se possa

projetar uma eficiente unidade de pré-tratamento da biomassa.

4.6 Compostos antioxidantes

As microalgas são organismos que estão expostos ao oxigênio e a altas

intensidades de luz e consequentemente, têm desenvolvido vários sistemas de

proteção eficazes contra espécies reativas de oxigênio e radicais livres. Devido a

esta capacidade, as microalgas tem recebido atenção por produzir vários compostos

antioxidantes (compostos fenólicos, carotenoides, micosporinas, ficobiliproteínas e

outros) de forma a protegê-las contra os efeitos nocivos das espécies reativas de

oxigênio. Os antioxidantes são compostos químicos capazes de reagir com radicais

livres e assim, limitar os seus efeitos prejudiciais, retardando a taxa de oxidação por

meio de um ou mais mecanismos, incluindo a inibição de radicais livres e de

complexação de metais (PIMENTEL et al., 2005). Por exemplo, os compostos

fenólicos, antioxidantes naturais formados por um anel aromático e os substituintes

ligados à estrutura, proporcionam a capacidade de sequestrar as espécies reativas e

estes compostos estão presentes em elevadas concentrações nas microalgas

(MARINOVA & YANISHLIEVA, 2003). De acordo com Goh & Colaboradores (2010)

foram avaliadas as propriedades antioxidantes dos diferentes extratos obtidos com

os solventes: hexano, diclorometano, clorofórmio e metanol a partir de Chaetoceros

sp. e Nannochloropsis sp. A avaliação da capacidade antioxidante foi feito pelo

método de DPPH e em geral, a Chaetoceros sp. apresentou capacidade

antioxidantes mais elevada do que Nannochloropsis sp. Este estudo sugere que

diferentes extratos obtidos a partir dos diferentes solventes contêm diferentes

potenciais antioxidantes. De acordo com literatura, o teor e o tipo de compostos

antioxidantes dependem de alguns fatores como a espécie de microalgas, condições

de crescimento e dos solventes utilizados para extração desses compostos

(BATISTA et al., 2010).

Page 56: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

30

A atividade antioxidante de compostos fenólicos também pode ser comparada

aos antioxidantes sintéticos, compostos utilizados em grandes quantidades por

vários setores da indústria química global. Além disso, os compostos fenólicos têm

demonstrado capacidade bioativa (OZ & EBERSOLE, 2010; SHANAB et al., 2012).

Os antioxidantes a partir de microalgas estão sendo um dos temas mais promissores

na área de biotecnologia e o aumento dos cultivos de microalgas em maior escala

apontam estes microorganismos como possível fonte de antioxidantes naturais.

4.7 Material insaponificável

Os insaponificáveis são definidos como o total dos componentes dissolvidos

em óleos e gorduras que, após saponificação alcalina, permanecem como resíduo

não reagido e não volátil, sendo solúveis em solventes apolares (MATISSEK et al.,

1998). Estes insaponificáveis contêm principalmente carotenoides, fitoesteróis e

seus derivados (vitamina E), além de alguns componentes menores como clorofila,

polifenóis, hidrocarbonetos e alcoóis terpênicos. Por exemplo, o óleo de palma é

conhecido por apresentar um elevado teor de carotenoides na fração insaponificável

(500 – 700 mg.Kg-1) outros teores e perfis de insaponificáveis de alguns óleos

vegetais podem ser observados na Tabela 4.15 (GUNSTONE & PADLEY, 1997;

GUNSTONE, 2002). Os insaponificáveis são ingredientes nobres para indústria

química e farmacêutica devido às descobertas recentes dos seus inúmeros

benefícios à saúde (GÜÇLÜ-ÜSTÜNDAG & TEMELLI, 2004).

Como consequência dessas descobertas, o interesse na incorporação de

compostos obtidos a partir da fração insaponificável na formulação de cosméticos ou

suplementos nutricionais também aumentou muito. Neste caso, pode-se citar como

exemplos a incorporação de fitoesteróis e β-caroteno em margarinas e outros

alimentos bem como o preparo de microcápsulas contendo vitamina E esteróis

(MOREAU et al., 2002).

Page 57: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

31

Tabela 4.14: Fração insaponificável de óleos vegetais

Fonte: Adaptado de GUNSTONE & PADLEY, 1997; GUNSTONE, 2002

As principais formas de obtenção dos insaponificáveis são por síntese

química, geralmente simples e de baixo custo, ou por extração e isolamento a partir

de óleos e gorduras. Também podem ser obtidos a partir de subprodutos do refino

por meio de diversos processos tais como: extração líquido-líquido (BHOSLE &

SUBRAMANIAN, 2005), extração com fluido supercrítico (LAU et al., 2007),

cristalização fracionada (XU et al., 2005), destilação molecular (MORAES et al.,

2006), saponificação (BHOSLE & SUBRAMANIAN, 2005), adsorção (ROSSI et al.,

2001) ou separação por membranas (SUBRAMANIAN et al., 2001).

Para extração da matéria insaponificável da biomassa de microalgas via rota

úmida Grima et al., (2012) realizaram a saponificação direta na presença de KOH e

etanol a temperatura ambiente durante 8 horas e 1 hora a 60 °C. Depois da

saponificação, a matéria insaponificável foi removida pela adição de hexano, a

fração hidroalcoólica contendo os sais de ácidos graxos foi acidificada pela adição

de HCl. A saponificação direta da biomassa de microalgas permite a obtenção de

ácidos graxos na forma de sais em lugar da fração lipídica bruta. Além dos ácidos

graxos, utilizando-se o mesmo processo também se obteve o material

insaponificável rico em carotenoides e outros compostos.

A busca por métodos de extração da matéria insaponificável em óleos

vegetais foi um desafio inovador na ultima década, visto que essa fração apresenta

grande interesse comercial.

Óleos Insaponificáveis (%)

Fitoesteróis (mg Kg

-1)

α- Tocoferol (mg Kg

-1)

Carotenoides (mg Kg

-1)

Algodão 1,5-2,0 2700-5900 389 -

Amendoim 0,4-1,0 900-2900 130 -

Palma 1,2 400-500 130-260 500-700

Oliva 0,5-1,5 1200-2700 119 1-20

Canola 1,2-20 4800-11300 210 130

Soja 0,5-1,6 1800-4100 75-117 -

Girassol 1,5 2400-4500 787-608 1,0-1,5

Arroz 3-5 1800 800 -

Page 58: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

32

4.7.1 Carotenoides

Os carotenoides são tetraterpenoides de 40 carbonos unidos por unidades

opostas no centro da molécula, a ciclização, hidrogenação, desidrogenação,

migração de duplas ligações, encurtamento ou alongamento da cadeia, rearranjo,

isomerização, introdução de funções com oxigênio ou a combinação destes

processos resultam na diversidade de estruturas dos carotenoides. Carotenoides

formados somente de carbono e hidrogênio e são chamados de carotenos e os

carotenoides oxidados, são xantofilas. A cadeia poliênica pode ter de 3 a 15 duplas

ligações conjugadas e o comprimento do cromóforo determina o espectro de

absorção e a cor da molécula (RODRIGUES-AMAYA, 1999). Os carotenoides são

um grande grupo de pigmentos presentes na natureza, com mais de 600 estruturas

caracterizadas e identificados em organismos fotossintetizantes e não

fotossintetizantes plantas superiores, fungos, bactérias e microalgas (FRASER &

BRAMLEY, 2004). Algumas informações sobre os principais carotenoides e

xantofilas estão listadas no trabalho de Uenojo et al., (2007) e algumas estruturas

dos carotenoides citados estão ilustrados na Figura 4.5. As principais microalgas

fontes de carotenoides são: Chlorella, Chlamydomonas, Dunaliella, Muriellopsis e

Haematococcus sp., todas pertencentes à família Chlorophyceae (PULZ & GROSS,

2004). Especificamente, cantaxantina, astaxantina e luteína, obtidos a partir de

Chlorella, têm sido utilizadas regularmente como pigmentos na indústria de produtos

naturais (GUERIN et al., 2003). De acordo com estudos recentes (CYSEWSKI &

LORENZ, 2004) os pigmentos oriundos das microalgas apresentaram uma demanda

importante no mercado mundial. Vários pesquisadores têm concentrado esforços na

avaliação da capacidade antioxidante de carotenóides de microalgas, para

aplicações industriais não somente na indústria de alimentos, mas principalmente

para fármacos e cosméticos devido ao alto valor agregado desses compostos

(SPOLAORE et al., 2006). Por exemplo, o β-caroteno tem sido procurado como pró-

vitamina A (retinol) em suplementos vitamínicos, o que é normalmente incluído na

formulação de alimentos nutracêuticos (MURTHY et al., 2005). Dentre todas as

fontes naturais estudadas até o momento, a microalga Dunaliella foi a que

apresentou o maior teor de 9-cis-β-caroteno (BEN-AMOTZ, 1999) atingindo níveis de

até 100 g.kg-1 massa seca).

Page 59: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

33

Os pigmentos encontrados nas microalgas são lipofílicos e a extração

geralmente associada com a extração de lipídeos, de acordo com Hua-bin &

Colaboradores (2002). Estes pesquisadores isolaram e purificaram a luteína extraída

a partir da microalga Chlorella vulgaris. Os extratos de luteína obtidos com diferentes

proporções dos solventes etanol-água-diclorometano foram identificados e

analisados em CLAE. A pureza final da luteína obtida foi de 90 - 98 % e o

rendimento foi de 85 - 91 %.

Figura 4.5: Algumas estruturas moleculares de carotenoides encontrados nas microalgas. Fonte: DUFOSSÉ et al.,2005

4.8 Potencial das microalgas para produção de biocombustíveis

A constante ascensão na demanda de biocombustíveis juntamente com a

preocupação em relação aos impactos ambientais tem sido os principais motivos

que fortalecem a busca por novas alternativas de energias renováveis. O termo

biocombustível pode ser definido como uma fonte de combustível derivado de

fixação do carbono ou a redução do CO2 em compostos orgânicos catalisadas por

organismos vivos (DERMIBAS, 2009; DEMIRBAS, 2009-a). A produção de

biocombustíveis visa suprir a necessidade de novas tecnologias e ao mesmo tempo

conciliar ideias ambientalmente corretas com a capacidade de aproveitamento de

resíduos (BORGES, 2010). Inúmeros tipos de biomassa podem ser identificados

como fontes alternativas para a produção de energias limpas. Existem várias

4

Page 60: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

34

definições do termo biomassa, entre elas: a quantidade total de matéria orgânica

viva em nosso sistema ecológico; o material das plantas produzido constantemente

pela fotossíntese; a massa das células de plantas, animais e microorganismos

usados como matérias-primas em processos microbiológicos (LIMAYEN & RICKE,

2012). Recentemente,foi sugerida uma definição de biomassa no contexto de

utilização industrial. O termo “biomassa industrial” significa qualquer matéria

orgânica que está disponível em base recorrente ou renovável, incluindo plantas,

resíduos agrícolas, plantas aquáticas, madeira e resíduos de madeira, dejetos de

animais, resíduos urbanos e outros resíduos usados para produção industrial de

energia, combustíveis, químicos e materiais (SINGH & GU, 2010). Uma alternativa

emergente é a utilização de biomassa aquática. Estima-se que a produção primária

global de biomassa seja 50 % aquática e 50 % terrestre outras fontes de biomassa

podem ser observadas na Figura 4.6. Até hoje as políticas de governo têm focado

quase que exlusivamente no uso de biomassa terrestre, dando pouca atenção às

culturas aquáticas, tendo como exemplos macro e microalgas (BORGES, 2010).

Figura 4.6: Fontes de biomassa. Fonte: Adaptado de BORGES, 2010.

Culturas aquáticas oferecem a possibilidade de aumentarem

significativamente a disponibilidade de biomassa para obtenção de energia fato que

norteia as pesquisas de obtenção e processamento eficientes de biomassa

(BORGES, 2010). As microalgas são referenciadas na literatura para obtenção de

biocombustíveis (BENEMANN, 2008; PENG et al., 2001; PENG et al., 2000; VIÊGAS

et al., 2015; BRANDENBERGER et al., 2013; BILLER & ROSS, 2011; SIALVE et al.,

2009; EHIMEN, 2010; D´OCA et al., 2010; VIÊGAS, 2010; ALMARALES et al., 2012;

Page 61: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

35

REYES et al., 2012; SUKARNI et al., 2014) a partir de diversos processos conforme

ilustrado na Figura 4.7.

Figura 4.7: Biocombustíveis de microalgas: Gasosos e Líquidos. Fonte: Adaptado de BORGES, 2010.

4.8.1 Biodiesel

O biodiesel é uma mistura de monoalquil ésteres de cadeia longa derivado de

matérias-primas renováveis. O biodiesel é produzido industrialmente a partir de

óleos e gorduras vegetais e animais. É um combustível limpo e renovável e é

definido como uma mistura de monoalquil ésteres metílicos ou etílicos de ácidos

graxos (NAIK et al., 2006; FUKUDA et al., 2001; MARCHETTI et al., 2007).

O biodiesel pode também ser produzido a partir de resíduos de óleos e

gorduras, além de microorganismos como as microalgas (CHISTI, 2007; XU et al.,

2006; HUANG et al., 2010) que devido ao elevado teor lipídico podem ser

consideradas matérias-primas promissoras na produção desse biocombustível.

Para produção de biodiesel podem ser utilizados principalmente os processos

transesterificação ou/e esterificação, sendo o processo de transesterificação ou

alcóolise o mais adotado comercialmente. O biodiesel apresenta algumas vantagens

sobre o óleo diesel: é derivado de matérias-primas renováveis, reduz a atual

dependência sobre os derivados do petróleo e é biodegradável (ALCÂNTARA et al.,

2000). Iniciando pelo processo de extração do óleo as etapas do processo

convencional para produção de biodiesel por transesterificação pode ser observado

na Figura 4.8.

Page 62: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

36

Figura 4.8: Esquema simplificado do processo convencional para produção de Biodiesel. Fonte: Adaptado de POLIZEL et al., 2006

A produção de biodiesel a partir de microalgas foi apresentada na literatura

primeiramente a partir de rotas convencionais (XU et al., 2006; HOSSAIN et al.,

2008; NAGLE & LEMKE, 1990; VIÊGAS, 2010), que envolvem a extração dos

lipídeos seguidos pela reação de transesterificação. Para a transesterificação do

óleo das microalgas, o metanol e o ácido sulfúrico são os reagentes mais utilizados

na obtenção dos ésteres metílicos (XU et al., 2006; JOHNSON & WEN, 2009;

EHIMEN et al., 2010.; MATA et al., 2010; NAGLE & LEMKE, 1990). Pesquisas

utilizando-se microalgas como matéria prima para produção de biodiesel vêm sendo

realizadas por diferentes pesquisadores com o objetivo de selecionar as variáveis

que influenciam no rendimento e na qualidade do produto, bem como nos custos do

processo. De uma forma geral, o processo de extração seguido de transesterificação

para obtenção biodiesel de microalgas está descrito na Figura 4.9 na qual podem

ser observadas as várias etapas de up e downstream envolvidas para obtenção

desse biocombustível.

No inicio da década de noventa, Nagle & Lemke (1990) utilizaram dois tipos

de catalisadores (HCl e NaOH) para a conversão do óleo de microalgas em

biodiesel. Estes autores mostraram que o uso de catalisadores ácidos para

produção de ésteres metílicos a partir de microalgas resultou em maiores

rendimentos se comparado ao uso de catalisadores básicos nas mesmas condições.

A influência da concentração do catalisador, tempo e temperatura da

transesterificação também foram investigadas utilizando as seguintes condições HCl

(0,6 M) em metanol por 1 hora a 70°C. Foram obtidos neste experimento 68 % de

conversão dos lipídeos em ésteres metílicos.

Page 63: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

37

Figura 4.9 – Produção de biodiesel de microalgas. Fonte: Adaptado de HALIM et al.,2012

De acordo com a literatura, Xu et al., (2006) determinaram os efeitos da

quantidade de catalisador, razão molar metanol:óleo, tempo e temperatura de

reação no rendimento e nas propriedades do biodiesel produzido a partir do óleo de

Chlorella protothecoides, para isso testaram diferentes proporções de óleo:H2SO4 o

em relação à massa de óleo, temperaturas de reação entre 30 a 90 °C e diferentes

razões molares de álcool:óleo. As melhores condições de reação foram 1:1 de

catalisador:óleo, 56:1 razão molar metanol: óleo e 30 °C em 4 horas de reação.

Segundo a literatura algumas propriedades físico-químicas do biodiesel de

microalgas foram determinadas e foram compradas com as especificações exigidas

pela ANP para um biodiesel comercial (Tabela 4.15).

Page 64: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

38

Tabela 4.15: Comparação das propriedades do biodiesel de microalgas com o biodiesel comercial (Resolução N°45/ 2014 da ANP)

Fonte: MOSTAFA & EL-GENDY, 2013;HAKALIM, 2014; El-SHIMI et al., 2013

4.8.2 Biodiesel in situ ou reação direta

Atualmente, muitos pesquisadores vêm investigando a produção de biodiesel

a partir de microalgas e têm focado os estudos no desenvolvimento de uma etapa

alternativa no processo de downstream denominado extração/transesterificação ou

transesterificação direta ou processo in situ (WAHLEN et al., 2011). Este método

envolve a adição simultânea de um catalisador ácido e álcool puro à biomassa de

microalgas (geralmente via rota seca).

Recentemente, o processo in situ foi utilizado para obter o biodiesel a partir de

várias microalgas na presença de catalisadores como: H2SO4 (EHIMEN et al., 2010;

HAAS & WAGNER, 2011; JOHNSON & WEN, 2009; WAHLEN et al., 2011), KOH

Propriedades

Biodiesel de microalgas

Biodiesel Comercial

Densidade (Kg/m2 a 20 °C)

836,8 850-900

Viscosidade (mm2/s a 40 °C)

4,8 3-6

Teor de água (mg Kg -1)

39 200

Teor de Éster (% m/m)

94,3 96,5 mín.

Glicerol livre (% m/m) 0,068 0,02 máx.

Glicerol Total (% m/m) 0,026 0,25 máx.

Monoglicerídeos (% m/m)

0,075 0,70 máx.

Diglicerídeos (% m/m)

0,003 0,20 máx.

Triglicerídeos (% m/m)

Não detectado 0,20 máx.

Número de Cetano

70 Anotar

Corrosividade ao Cobre a 80°C

1a 1a-4b

Ponto de Fulgor (°C)

189 Acima de 100

Teor de Cinzas (% massa)

Não detectado 0,02 máximo

Índice de acidez (mg KOH, g-1

)

0,75 Max 0,5

Poder calorífico (MJ/Kg)

41 40-45

Índice de Iodo (mg de I2/g de amostra)

120 Anotar

Estabilidade oxidativa (horas)

3,3 8 horas

Page 65: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

39

(PATIL et al., 2011; XU & MI, 2011), SrO (KOBERG et al., 2011) e Nb2O5/Al2O3

(ALMARALES et al., 2012)

Ehimen & Colaboradores (2010) estudaram as variáveis que influenciam nos

custos do processo de transesterificação in situ para produção de biodiesel a partir

da microalga Chlorella avaliando a influência do volume de álcool, temperatura,

tempo de reação, agitação e teor de umidade da biomassa no rendimento de

reação. Neste estudo, a proporção de catalisador, H2SO4, foi mantida constante em

100 % (em relação à massa de óleo da microalga). Estes autores observaram que o

rendimento do produto aumenta com o aumento da temperatura e do volume de

álcool, porém, a partir de 60 mL de álcool (correspondente à razão molar álcool: óleo

de 315:1) para a faixa de temperatura de 60 a 90 °C este aumento não foi

significativo. A 90 °C os rendimentos foram de 70 % e 92 % após 15 minutos e 1

hora de reação, os autores observaram também, que após 2 horas de reação a 60 e

90 °C não houve diferença significativa nos rendimentos, que o aumento do teor de

umidade teve influência negativa no rendimento de biodiesel e a transesterificação in

situ foi inibida quando o teor de água foi maior que 115 % em relação à massa de

óleo.

Chen & Colaboradores (2013) obtiveram o biodiesel a partir da microalga

Chlorella sorokiniana por meio de um processo de pré-esterificação usando

catalisador heterogêneo (Amberlist-15) para reduzir o teor de AGL antes da

transesterificação. As duas etapas do processo in situ resultaram num total de 94,87

± 0,86 %, de esteres que foi muito superior ao obtido em apenas uma etapa do

processo (com catalisador básico ou ácido, 50 – 60 % de EMAG). Ainda segundo os

mesmos autores o catalisador heterogêneo, Amberlyst-15, poderia ser reutilizado em

8 ciclos sem perda significativa da atividade. Este processo, utilizando catálise

heterogênea, têm o potencial de reduzir o custo de produção de biodiesel de

microalgas devido a reutilização do catalisador e diminuição da etapa de extração

dos lipídeos.

O potencial da microalga Arthrospira platensis foi investigado por El-Shimi et

al., (2013) para avaliar os efeitos das variávies que afetam a reação de

transesterificação in situ. Alguns parametros reacionais foram analisados como: o

volume de metanol, a concentração de um catalisador ácido, tempo, temperatura e

agitação sobre o rendimento de biodiesel. As melhores condições testadas foram

100 % de catalisador/g de óleo, 80 ml volume de metanol, 8 horas de tempo de

Page 66: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

40

reação e a 65 °C de temperatura com agitação contínua a 650 rpm, obtendo-se um

produto com 84,7 % de esteres metílicos.

Lewis & Colaboradores (2000) estudaram a extração sobre duas espécies de

microalgas através de dois procedimentos: (i) a extração de lipídeos a partir de

biomassa pelo o método de Bligh & Dyer seguido de transesterificação do material

graxos (extração-transesterificação) e (ii) transesterificação direta da biomassa para

a produção de EMAG (ou seja, sem a etapa de extração inicial). Para as duas

espécies estudadas a transesterificação direta de biomassa foi mais eficiente do que

o método de extração de ácidos graxos seguida da transesterificação.

Recentemente, esta transesterificação direta catalisada por ácido tem

provado ser uma tecnologia promissora para a produção de biodiesel a partir de

matéria-prima que contém grandes quantidades de ácidos graxos livres, tais como

óleo de semente de Jatropha curcas (SHUIT et al., 2010).

A produção de biodiesel é baseada principalmente no uso de óleos refinados

como matéria-prima, o que contribui com até 70 % do custo total do biodiesel (HAAS

et al., 2006). Portanto, reduzir o custo do processo de extração e purificação dos

lipídeos, pode ser uma maneira mais viável para reduzir os custos de produção do

biodiesel de microalgas (GUEDES et al., 2011). Uma das principais desvantagens

associadas a este método (processo in situ) é a necessidade de secagem da

biomassa de microalgas. A desidratação e secagem de biomassa de microalgas de

acordo com algumas referências bibliográficas, se faz necessária, pois a presença

de água inibe severamente a produção de biodiesel (LIU et al., 2006.; CARRAPISO

& GARCIA, 2000; HAAS & SCOTT, 2006; JOHNSON & WEN, 2009; EHIMEN et al.,

2010.; GRIFFITHS et al., 2010).

4.9 Biorrefinarias a partir de microalgas

O conceito essencial de uma biorrefinaria é o de um processamento

sustentável em uma planta industrial que integra diversos processos para produzir

combustíveis, produtos químicos de alto valor agregado e energia (REE &

ANNEVELINK, 2007). Especialistas acreditam que as biorrefinarias possam vir a

construir uma indústria-chave do século XXI, responsável até mesmo por uma

revolução industrial, em virtude da importância das tecnologias que empregam . Por

se tratar de um ser vivo, a biomassa de microalgas apresenta uma composição de

Page 67: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

41

C:H:O:N diferente do petróleo. Uma vez que esta biomassa apresenta uma

composição complexa, é apropriado fazer uma separação dos principais grupos de

substâncias que a compõem (BORGES, 2010). Os tratamentos e processamentos

subsequentes desses compostos conduzem a uma gama de diferentes produtos

podem como ilustrado na Figura 4.10.

Figura 4.10: Microalga Biorrefinaria: Conceito: Produção e Valorização. Fonte:Adaptado de CARLSSON et al., 2007

O principal foco das biorrefinarias é dirigido aos chamados precursores:

carboidratos, óleos e proteínas e à combinação entre conversões biotecnológicas e

químicas das substâncias para obtenção de produtos intermediários e finais

(BORGES, 2010). Os principais tipos, aspectos e as principais características de

biorrefinarias estão descritas na Tabela 4.16.

Page 68: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

42

Tabela 4.16: Resumo dos principais conceitos de biorrefinarias

Fonte: Adaptado de BORGES, 2010.

O conceito de biorrefinarias a partir de microalgas foi proposto por Wijffels &

Colaboradores (2012) e envolve uma sequência de operações unitárias para

obtenção de produtos de interesse:

1) Rompimento celular: Serve para liberar os produtos ou para torná-los disponíveis

para a extração. Quando os produtos são liberados das células, diferentes técnicas

de extração e de separação devem ser utilizadas. É importante salientar que

diferentes tecnologias para o rompimento celular podem ser adaptadas devido a

grande variabilidade de composição bioquímica da parede celular das microalgas.

2) A extração de proteínas, lipídeos e carboidratos deve ser realizada utilizando

condições e métodos brandos, pois todos os componentes disponíveis nessa

biomassa precisam manter a sua funcionalidade.

3) Além disso, o fracionamento das diferentes frações da biomassa deve ser

realizado para obtenção de produtos específicos, por exemplo, os ômegas 3 e 6.

Estes ácidos graxos devem ser separados da fração lipídica, pois influenciam

Conceito Tipo de alimentação Tecnologia predominante

Biorrefinarias Verdes

Biomassa úmida: como grama e pastagens

Pré-tratamento, pressurização, fracionamento, separação e digestão

Biorrefinarias de Cereais

Colheita integral (inclusive o bagaço): cereais como centeio, trigo e milho

Moenda seca ou úmida e conversão bioquímica

Biorrefinarias de Lignocelulose

Biomassa rica em lignocelulósicos: como bagaço, nós, cana e madeira

Pré-tratamento,hidrólise química e enzimática, fermentação e separação

Biorrefinarias de Plataforma dual

Todos os tipos de biomassas

Combinação de plataforma de açúcar (conversão bioquímica) e plataforma de gás de síntese (conversão termoquímica)

Biorrefinarias Termoquímicas

Todos os tipos de biomassas

Conversões termoquímicas: torrefação, pirólise, gaseificação, separação de produtos, síntese catalítica

Biorrefinarias Aquáticas

Biomassa aquática: micro e macroalgas

Ruptura celular, extração e separação de produtos

Page 69: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

43

negativamente na qualidade do biodiesel. Em geral os lipídeos para biocombustíveis

possuem baixo preço de mercado (cerca de R$ 2,1/litro), o que é uma razão

adicional para explorar o conceito de biorrefinaria. De acordo com o mercado atual

os lipídeos podem ser mais rentáveis se os ácidos graxos poliinsaturados forem

separados e comercializados. Atualmente os óleos ricos em ômega-3 e ômega-6,

como por exemplo, o óleo de cártamo apresenta valor de mercado superior a R$

81,00/ litro.

Após a extração do óleo, a torta residual pode ser usada como ração

animal, produção de biogás por digestão anaeróbica e posterior cogeração de

energia elétrica. Este potencial de reaproveitamento pode ser incorporado pelas

outras receitas, geradas pela comercialização dos subprodutos da biomassa e da

biodigestão. O aproveitamento dos coprodutos poderá contribuir para redução dos

custos de produção do biodiesel (CHISTI, 2007).

Alguns exemplos podem ser citados na aplicação do conceito de

biorrefinaria a partir de microalgas, em um estudo recente realizado por Nobre et al.,

(2013) utilizando a Nannochloropsis sp. avaliou-se a possibilidade de produzir

pigmentos com posterior extração de óleos para produção de biodiesel e utilização

final da biomassa residual para produção de bio-hidrogênio. De acordo com estes

autores a biorrefinaria de microalgas foi aplicada com sucesso e os coprodutos

gerados apresentaram ampla aplicação industrial. De forma a tornar mais

sustentável este processo e aumentar a viabilidade econômica, os sistemas de

cultivos de microalgas deverão ser implantadas junto às instalações industriais e

zonas de tratamento de efluentes (SLADE & BAUEN, 2013).

Diversos estudos em escala laboratorial têm sido realizados aplicando o

conceito de biorrefinaria (SUBHADRA & GRINSON, 2011; YEN et al., 2013; SAFI

2013; WIJFFELS et al., 2010; WIJFFELS et al., 2013). No entanto, a análise

econômica e o scale up para escala industrial estão em estágios iniciais de

desenvolvimento.

Page 70: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

CAPÍTULO 5-MATERIAS E MÉTODOS

5.1 Materiais e matéria-prima

Esta tese de doutorado foi desenvolvida no Laboratório de processos

químicos da ABO Akademy (Finlândia), GREENTEC e no laboratório de

processamento de matérias primas vegetais (LADEQ) ambos na escola de Química

da UFRJ. Os materiais utilizados foram: balanças analíticas e semi-analíticas, estufa,

vidrarias diversas como balões de vidro, béqueres, erlenmeyers, condensadores,

provetas, pipetas, espátulas e funis de separação. Os reagentes químicos utilizados

foram: Álcool metílico (99.9 % Tédia), Hexano (Pró-Quimios), Clorofórmio (Pró-

Quimios) Etanol (96 % Tédia), KOH em pastilha (Pró-Quimios) e H2SO4 (98 % Pró-

Quimios). As extrações utilizando etanol sob pressão foram realizadas em um reator

tipo autoclave (Parr Instruments Inc. - Modelo 4842), de aço inoxidável, com volume

útil de 300 mL e pressão máxima de trabalho de 3.000 psi. Para extrações e

reações, foi utilizada uma placa agitadora e aquecedora modelo Quimis (modelo

0261-22). Para as leituras em espectrofotômetro foi utilizado um equipamento da

marca BEL Photonics (modelo SP1105).

A microalga Chlorella sp. (Figura 5.1) foi produzida comercialmente pela

Fuking King Dnarmsa Arthospira Co Ltda® (China) comprada no Brasil diretamente

do distribuidor (Galena). O laudo emitido pela empresa forneceu a granulometria da

amostra (d<120 mesh) e a seguinte composição centesimal: 57,3 % de proteínas,

17,3 % de carboidratos, 12 % lipídeos, 2,3 % de clorofila, máximo de 7 % em

umidade e cinzas e 12 % em fibras. Para as extrações, a amostra foi conservada a

temperatura ambiente em recipiente protegido da luz e, umidade e segundo o

fabricante, foi seca por spray drier.

Figura 5.1: A) Biomassa de Chlorella liofilizada. B) Fotomicrografia da biomassa liofilizada de

Chlorella (aumento de 200x)

Page 71: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

45

5.2 Metodologia

Para a execução deste trabalho foram realizados procedimentos visando à

caracterização da biomassa liofilizada Chlorella conforme os procedimentos

descritos na Figura 5.2. Ainda na mesma figura estão ilustradas de forma

simplificada as principais etapas para separação, quantificação e identificação de

lipídeos, ésteres metílicos, material insaponificável e saponificável.

Figura 5.2: Diagrama simplificado para caracterização da biomassa de Chlorella, separação e quantificação dos diferentes compostos e obtenção do biodiesel

Determinou-se o teor de lipídeos da biomassa seca de Chlorella sp.(A) fator

limitante para produção de biodiesel. Para este fim, selecionou-se o solvente extrator

e a metodologia mais apropriada para a matéria-prima em questão. Para extração

dos lipídeos, foram realizados experimentos com a biomassa íntegra e após pré-

tratamento em moinho de bolas, visando aumentar o transporte difusivo. Para fins

comparativos, selecionou-se diferentes solventes: clorofórmio:metanol, etanol,

Page 72: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

46

metanol e hexano, e o processo de extração foi realizado com auxílio de agitação

magnética (D´OCA et al., 2010; VIÊGAS, 2010). Foi realizada uma nova

investigação usando o etanol como solvente com base em um planejamento

experimental completo com triplicata e ponto central para avaliar a eficiência da

extração dos lipídeos em Reator tipo autoclave (Parr Instruments Inc. - Modelo

4842). A escolha do etanol deve-se ao fato de que este é oriundo de fonte renovável

e é pouco agressivo ao meio ambiente

As frações lipídicas foram caracterizadas quanto o índice de acidez, FTIR

atividade antioxidante por DPPH (1). A matéria insaponificável da Chlorella foi

isolada e quantificada após saponificação dos lipídeos. Determinaram-se os

principais componentes dessa fração por espectroscopia de infravermelho bem

como identificação dos carotenoides por CLAE. As biomassas residuais obtidas

após extração dos lipídeos foram caracterizadas quanto ao teor de proteínas pelo

método de Kjeldahl.

Para obtenção dos ésteres metílicos (B) as reações foram conduzidas in situ,

ou seja, sem uma prévia extração dos lipídeos. Para estes experimentos foram

testadas diferentes condições operacionais nas quais foram avaliados os efeitos da

concentração do catalisador (H2SO4), da temperatura e do tempo de reação.

A argila utilizada para o processo de purificação do biodiesel foi caracterizada

pelas técnicas de área superficial, volume de poros e EDX. Os EMAGs (2) foram

caracterizados por FTIR, CED e CG-DIC. Outras propriedades físico-químicas do

biodiesel foram determinadas como: densidade, viscosidade, teor de água, índice de

acidez, teor de éster, teor de glicerídeos, teor de álcool, índice de iodo e estabilidade

oxidativa de acordo Resolução nº 45/2014 da ANP. Na biomassa residual (torta)

obtida após o processo in situ foram determinados os teores de proteínas e

carboidratos.

A matéria insaponificável da Chlorella (C) foi obtida in situ na presença de

KOH em etanol sob diferentes concentrações de KOH e a seguir o sabão foi

acidificado e convertido fração saponificável (D).

Na matéria insaponificável (3) foram aplicadas as técnicas de FTIR para

identificação dos principais compostos. Foi utilizado o CLAE para quantificação e

identificação dos carotenoides bem como foi testada a atividade antioxidante por

DPPH. A matéria insaponificável foi avaliada a capacidade antioxidante natural em

um biodiesel de soja. A fração saponificável foi caracterizada por FTIR e CG-DIC (4).

Page 73: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

47

A partir da biomassa residual gerada neste procedimento foi determinado o teor de

proteínas nessa fração.

5.3 Caracterização da biomassa liofilizada de Chlorella sp.

5.3.1 Análise de microscopia eletrônica de transmissão

Para a análise morfológica da microalga liofilizada foi visualizada de acordo

com a metodologia descrita por Viêgas et al., (2015-a) e para os resíduos sólidos,

após o tratamento com 5 % em peso de KOH e 20 % em peso de H2SO4, foi

utilizada a microscopia eletrônica de tramissão. As amostras foram fixadas em 5 %

de glutaraldeido em 0,16 mol.L-1 de s-collidina, pH 7,4 e pós fixadas em 2 % de

OsO4 contendo 3 % ferrocianeto de potássio por 2 horas. As amostras foram

desidratadas em etanol e embebidas em epóxidos. As amostras foram examinadas

em um microscopio JEOL JEM-1400 Plus® utilizando uma câmera digital Quemesa

11 Mpix.

5.3.2 Análise de espectroscopia de infravermelho (FTIR)

A análise da biomassa liofilizada por espectroscopia de infravermelho foi

realizada em um equipamento da marca Shimadzu®-IR PRESTIGE-21. Os espectros

foram obtidos na faixa de 4000 a 400 cm-1 com resolução de 1 cm-1 usando 64

varreduras por espectro.

5.3.3 Análise de espectroscopia de raio-X por dispersão de energia

Para determinação da composição dos metais e minerais da microalga

liofilizada e também dos resíduos sólidos foi utilizada a microscopia eletrônica de

varrredura (Zeiss Leo Peixes 1530®) com um detector de raios-X ThemoNORAN. A

metododologia utilizada nesta análise foi descrita por Viêgas et al., (2015).

5.3.4 Análise elementar orgânica de CHNSO

A partir da análise elementar orgânica foram quantificados os seguintes

Page 74: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

48

elementos, C, H, N, S e O na biomasssa liofilizada de Chlorella e nas biomassas

residuais e foram pesados aproximadamente 30 mg de amostra em uma balança de

precisão. As amostras foram colocadas em cápsulas de estanho e a digestão do

material foi feita em câmara de combustão em temperatura de aproximadamente

975 °C. Os gases foram detectados por um sensor de termocondutividade e

convertidos em porcentagem de carbono por analise automática com o auxílio do

instrumento Flash 2000 de Thermo Scientific® conforme descrito por Viêgas et al.,

(2015-a). Para todos os ensaios as análises foram realizadas triplicatas

5.3.5 Determinação do poder calorífico superior

Para determinação do poder calorífico superior da biomassa liofilizada de

Chlorella foi utilizada uma bomba calorimétrica de acordo com a norma ASTM D

2015 (2000), sendo os experimentos realizados em triplicata.

5.3.6 Determinaçao do teor de proteínas

A determinação da de proteínas foi realizado no laboratório de Tecnologia de

Alimentos da UFRJ coordenado pela professora Ana Lúcia Vendramini. Para

determinação de proteínas da biomassa e das correntes sólidas residuais utilizou-se

o método de Kjeldahl descrito por Lemões (2011) determinando-se o nitrogênio

proteico total. Todos os ensaios foram realizados em triplicatas.

5.3.7 Determinação dos teores de aminoácidos individuais totais

Esta análise foi realizada no Laboratório de Cromatografia Líquida de Alta

Eficiência da EMBRAPA – Agroindústria de Alimentos, de acordo com a metodologia

descrita por Gorgônio, (2013). Foi empregada técnica de derivação pré-coluna,

desenvolvida por Cohen & Michaud (1993).

5.3.8 Identificação e quantificação de açúcares

A partir das amostras secas da Chlorella e da biomassa residual (20 % de

H2SO4) a fração de açúcares foi derivatizado na presença de TMS e posteriormente

Page 75: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

49

analisados em cromatografia gasosa, usando o método descrito por Sunberg et al.,

(1996). O Resorcinol foi substituído por sorbitol como padrão interno. Para

identificação e quantificação dos açúcares presentes o cromatógrafo utilizado neste

procedimento foi o Perkin-Elmer Autosystem XL® com detector DIC.

5.3.9 Cromatografia de exclusão de tamanho (CET)

Conforme descrito por Viêgas et al., (2015) a biomassa liofilizada da

Chlorella foi agitada na presença de THF (Tetrahidrofurano) a 60 °C durante 1 hora

e a seguir analisada. Após a quantificação do rendimento por gravimetria, a fração

obtida foi diluída até a concentração de 1 mg/ml, a amostra foi filtrada e analisada

por CET. O sistema cromatográfico foi composto de um detector LT-ELS (Low

Temperature Evaporative Light-Scattering Detector, Sedex 85, Sedere LT-ELSD) um

desgaseificador (DGUl14A), uma bomba (FCV-10ALVP) e um coletor de fração

(Pharmacia LKB-Helifrac) acoplado a um sistema de controle (SCL-10AVP). Três

colunas, duas da marca Jordi Gel DVB 500A (tamanho 300mm x 7.8 mm) e outra da

marca Guard (tamanho 50 x 7.8 mm) foram usadas para separação dos compostos

obtidos integrados por um detector Shimadzu® Class-VP 8v.6.12 SP5.

5.3.10 Determinação do teor de cinzas

O teor das cinzas da biomassa liofilizada foi determinado por

termogravimetria conduzida em um equipamento modelo: Pyris-TGA marca Perkin

Elmer®,utilizando-se como gás inerte N2 de alta pureza a uma vazão de 20 mL.min-1

e uma faixa de temperatura de 20 ºC a 800 ºC conforme descrito por Viêgas et al.,

(2015). A composição das cinzas da biomassa foi determinada por EDX de acordo

com o procedimento descrito no item 5.3.3.

5.4. Extração de lipídeos

As etapas de extração e análise dos lipídeos obtidos a partir das microalgas,

com e sem pré-tratamento e em reator tipo autoclave, estão resumidas na Figura

5.3, abaixo:

Page 76: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

50

Figura 5.3: Diagrama para extração dos lipídeos da biomassa de Chlorella

5.4.1 Extração dos lipídeos sem pré-tratamento da biomassa

As extrações foram realizadas em balão de 50 mL a partir de 3 g da biomassa

com volume de 9 mL de solvente de acordo com dados da literatura (FREITAS et al.,

(2007); VIÊGAS, (2010)). Utilizou-se a relação solvente/carga 3:1 (mL de solvente:

g de biomassa), tempo de extração de 2 horas, 120 °C e agitação de 200 rpm em

agitador magnético. Os solventes selecionados foram clorofórmio: metanol (2:1 v/v),

metanol, etanol e hexano e para a separação da biomassa da fase líquida (fração

lipídica + solvente) foi realizado um processo de filtração em papel filtro. A seguir a

biomassa foi lavada com 30 mL do solvente selecionado para a etapa de extração.

O solvente foi removido da solução extratora sob pressão reduzida e a fração

lipídica (não volátil nas condições operacionais) foi seca até peso constante em

estufa a 60 °C. O rendimento da extração foi determinado em massa de lipídeos

obtidos em relação à massa seca. A biomassa residual obtida em cada um dos

Page 77: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

51

processos foi analisada quanto ao teor de proteínas de acordo com o método de

Kjeldahl (descrito na sessão 5.3.6).

5.4.2 Extração dos lipídeos com pré-tratamento mecânico da biomassa

Aproximadamente 100 gramas de biomassa liofilizada foram adicionadas ao

moinho de bolas (Retsch MM400®) durante 4 horas usando uma bola de aço inox

(10 cm), e uma frequência de 25 Hz. Ao fim deste tempo, a biomassa moída foi

cuidadosamente removida para uma placa de Petri. A seguir, os lipídeos foram

extraídos, de cerca de 3g de biomassa, sob agitação magnética, num balão de 50

mL com 9 mL de solvente orgânico. Os solventes extratores usados foram: uma

mistura de clorofórmio: metanol (2:1 v/v), metanol, etanol e hexano,

respectivamente. Após a adição do solvente, todas as extrações foram realizadas

submetendo-se as amostras à agitação magnética de 200 rpm durante 2 horas a 20

°C. A solução contendo a fração dos lipídeos extraída foi separada por filtração

(através de papel filtro) e a biomassa retida no filtro foi lavada com 30 mL do

solvente orgânico. O solvente foi evaporado e a fração lípidica foi seca até peso

constante em estufa a 60 °C e o rendimento da extração foi determinado em relação

à massa seca. A biomassa residual foi analisada quanto ao teor de proteínas de

acordo com o método de Kjeldahl (descrito na sessão 5.3.6).

5.4.3 Extração dos lipídeos com etanol em reator tipo autoclave

Aproximadamente 10 gramas de biomassa foram adicionados em um reator

tipo autoclave (Marca Parr Instruments Inc®. - Modelo 4842) nas condições

experimentais definidas no planejamento estatístico sob agitação de 200 rpm na

pressão exercida pelo sistema (veja Tabela 5.1). A seguir, as amostras foram

filtradas em papel filtro e lavadas com 30 mL de etanol. A fase alcoólica foi

evaporada a pressão reduzida (evaporador rotativo) e o rendimento da extração

foram determinados pela razão entre a massa do soluto obtida e a massa seca da

amostra. A biomassa residual foi analisada quanto ao teor de proteínas de acordo

com o método de Kjeldahl (descrito na sessão 5.3.6).

Page 78: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

52

Tabela 5.1: Planejamento experimental adotado para avaliar a eficiência da extração de lipídeos em reator tipo autoclave e etanol*

RSC = razão solvente:carga (mL.g)-1, T= Temperatura (°C), t= tempo (minutos) *Pressão de vapor do etanol: 23 psi (120°C), 42

psi (130°C), 60 psi (140°C)

5.4.4 Caracterização da fração lipídica 5.4.4.1 Análise de índice de acidez

O índice de acidez foi determinado a partir das frações extraídas por

agitação magnética da biomassa sem pré-tratamento na presença de

clorofórmio:metanol (2:1 v/v), metanol, etanol e hexano com base na norma ASTM D

664:2011 a partir da metodologia descrita por Lemões, (2011). Para esta

determinação utilizou-se titulador automático da marca Metrohm® (modelo Titrino

Plus 848), solução titulante de KOH 0,1 mol.L-1 em isopropanol sendo realizada uma

solubilização de 1:10 (m/m - amostra:metanol). Foi determinado o valor da acidez

do solvente (branco) e todas as análises foram realizadas em triplicatas e expresso

pela média dos dados obtidos foi calculado o valor final.

5.4.4.2 Análise de espectroscopia de infravermelho (FTIR) Para caracterização por espectroscopia de infravermelho da fração lipídica

utilizou-se a metodologia descrita no item 5.3.2.

Ensaio*

Variáveis Independentes

Codificadas Reais*

X1 X2 X3 RSC T t

1 -1 -1 -1 2 120 30

2 -1 -1 +1 2 120 120

3 +1 -1 -1 4 120 30

4 +1 -1 +1 4 120 120

5 -1 +1 -1 2 140 30

6 -1 +1 +1 2 140 120

7 +1 +1 -1 4 140 30

8 +1 +1 +1 4 140 120

9 0 0 0 3 130 60

10 0 0 0 3 130 60

11 0 0 0 3 130 60

Page 79: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

53

5.4.4.3 Determinação da atividade antioxidante por DPPH

As dosagens de atividade antioxidante das frações lipídicas foram realizadas

pelo método fotocolorimétrico in vitro do radical livre estável DPPH (2,2-difenil-1-

picrilidrazila) baseada na metodologia descrita por Mensor et al., (2001). Nesse

método foi preparada uma solução 0,06 mM de DPPH em metanol e uma solução

estoque de concentração 0,01 µM da amostra diluída em etanol. A partir da solução

estoque da amostra foram feitas diluições em etanol a concentrações de 5, 10, 25,

50, 125 e 250 µg.mL-1. Em seguida, foram adicionados 4 mL de DPPH a tubos de

ensaio contendo 100 µL de cada diluição. No branco, adicionaram-se 4 mL de

metanol e 100 µL de etanol. O controle foi preparado apenas com 4 mL de DPPH e

100 µL de etanol. A solução de DPPH possui uma coloração roxa intensa e a ação

antioxidante do extrato pode ser visualizada pelo progressivo descoloramento da

solução, ao final do qual a mesma torna-se amarelada. Em 30 e 60 minutos após a

adição de DPPH às amostras, foram realizadas as leituras das absorvâncias em um

espectrofotômetro de ultravioleta UV-vis em 515 nm. Todas as leituras foram

realizadas em triplicatas e com a média dos dados obtidos foi realizado o ajuste de

uma curva padrão.

5.4.4.4 Saponificação dos lipídeos A saponificação da fração lipídica foi realizada a partir de 5 gramas da fração

lipídica obtida com clorofórmio:metanol (2:1 v/v), misturando aproximadamente 10

mL da solução hidroalcoólica contendo 30 % de KOH em relação à massa dos

lipídeos de acordo com a norma oficial da AOCS (Ca 6-a40). Para esta reação

utilizou-se um balão de 250 mL, sob refluxo por 1 hora a 70 °C sob agitação

magnética de 200 rpm. A solução saponificada obtida foi transferida ainda aquecida

para um funil de decantação e, após atingir a temperatura ambiente, foram

adicionados 100 mL da solução (70:30 hexano: água) agitando-se energicamente o

funil. Este procedimento foi repetido por 4 vezes. A mistura homogeneizada foi

mantida em repouso até a separação efetiva das fases. A fase contendo a fração

insaponificável, foi rotaevaporada sob pressão reduzida e posteriormente

quantificada gravimetricamente.

Page 80: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

54

5.4.4.5 Análise de espectroscopia de infravermelho

Para caracterização da fração insaponificável por espectroscopia de

infravermelho utilizou-se a mesma metodologia descrita no item 5.3.2.

5.4.4.6 Análise de CG-DIC da fração insaponificável

A amostra foi analisada conforme descrito por Viêgas et al., (2015-a) utilizando

um CG-DIC (Shimadzu® CG-2010) foi diluída em dodecano com a proporção

aproximada de 1:10 (v/v). A amostra foi derivatizada na presença de BSTFA e TMCS

e foi utilizado o eicosano como padrão interno. As amostras foram analisadas em um

cromatógrafo gasoso equipado com uma coluna capilar - ZB-5HT Inferno,

comprimento 30 m, diâmetro interno de 0,32 milímetros e espessura de filme 0,25

um. As temperaturas do detector e do injetor eram de 300 °C em ambos os casos.

5.4.4.7 Identificação dos carotenoides por CLAE

A identificação dos carotenoides, presentes na fração insaponificável da

fração lipídica da Chlorella, foi realizada na Embrapa por Cromatografia Líquida de

Alta Eficiência (CLAE) conforme descrito por Pacheco (2009). Para esta análise

cromatográfica foi utilizado um cromatógrafo líquido modular Waters® composto por

uma bomba W600, um degaseificador em linha, um injetor automático 717 plus e um

detector de arranjo de fotodiodos 996. A separação foi feita em coluna YMC C30

Carotenoid (250 x 4,6 mm x 3 μm), com eluição em modo gradiente de éter metil

terc-butilico em metanol, variando-se de 20 a 90 % e volume de injeção de 15 μL.

5.5 Produção de ésteres metílicos

5.5.1 Transesterificação in situ

Inicialmente a transesterificação in situ da biomassa seca foi realizada em

sistema composto por agitador magnético com aquecimento, banho de óleo, balão

de 50 mL e condensador de refluxo. Inicialmente as reações foram realizadas a

partir de 10 g de biomassa, variando-se a concentração de ácido sulfúrico de 5,10,

Page 81: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

55

15 e 20 % em relação à biomassa seca (g de H2SO4/g de biomassa) e uma

proporção de 3:1 metanol/biomassa (mL.g-1). A mistura reacional foi mantida a 60

°C, durante 4 horas. Ao final da reação, a biomassa foi separada por filtração a

vácuo e o álcool evaporado e recuperado em um evaporador rotativo. Após filtração

em um funil de separação de 250 mL à fase orgânica contendo os ésteres foi

adicionado um volume de 100 mL de hexano para separação dos compostos

apolares. A fração polar foi drenada e a fração solúvel em hexano (produto principal)

foi separada. Após o tratamento, a solução contendo os ésteres graxos e o hexano

foi evaporado em evaporador rotatório. A amostra foi seca em estufa a 60 °C até

peso constante onde posteriormente o peso foi determinado por gravimetria. Os

ésteres metílicos apresentaram uma coloração verde escuro. Para purificação dos

ésteres graxos, a amostra foi adicionada em uma coluna filtrante contendo argila

como fase fixa para retirada dos pigmentos. Os procedimentos utilizados para

obtenção do biodiesel in situ estão ilustrados na Figura 5.4. Visando selecionar as

condições operacionais mais favoráveis, um planejamento experimental foi proposto

fixando-se a condição de 20 % de H2SO4 (massa de ácido sulfúrico em relação à

biomassa seca). As variáveis e os níveis utilizados para este planejamento

experimental estão apresentados na Tabela 5.2.

A biomassa residual foi analisada quanto ao teor de proteínas de acordo com

o método de Kjeldahl (descrito na sessão 5.3.6) teor de açúcares (sessão 5.3.8) e

CET (sessão 5.3.9). A morfologia da biomassa residual também foi observada e a

metodologia utilizada está de acordo com a sessão 5.3.1.

Page 82: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

56

Figura 5.4: Esquema simplificado para obtenção dos ésteres metílicos via transesterificação in situ.

Tabela 5.2: Planejamento experimental 2

2 com ponto central para selecionar os parâmetros mais

favoráveis das reações de transesterificação in situ

Ensaio

Variáveis Independentes

Codificadas Reais

X1 X2 T t

1 -1 -1 60 2

2 +1 -1 100 2

3 -1 +1 60 4

4 +1 +1 100 4

5 0 0 80 3

6 0 0 80 3

7 0 0 80 3

T= Temperatura (°C) e t= tempo (horas)

5.5.2 Caracterização dos ésteres ácidos graxos

5.5.2.1 Espectroscopia de infravermelho

A análise dos EMAG purificados foi realizada por espectroscopia de

infravermelho de acordo com o procedimento descrito no item 5.3.2.

Page 83: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

57

5.5.2.2 Análise de calorimetria exploratória diferencial

As propriedades térmicas do biodiesel foram realizadas utilizando um

instrumento DSC Q1000 v9®. As amostras foram pesadas (2 mg) em recipientes de

alumínio e aquecidas de -90 °C a 85 °C em uma taxa de 10 °C.min-1, de acordo com

o método descrito por Viêgas et al., (2015).

5.5.3 Caracterização físico-química dos ésteres graxos

Todos os ensaios de caracterização físico-química dos EMAG foram

realizados seguindo as metodologias estabelecidas pela ANP (Resolução 45/2014

de 26 de Agosto 2014).

5.5.3.1 Determinação da densidade

Foram coletados 3 mL de amostra, em uma seringa plástica, e injetada no

equipamento ANTON PAAR CT-2000®. A análise foi realizada a 20 °C. A densidade

do biodiesel foi determinada de acordo com a norma ASTM D 4052:2011.

5.5.3.2 Determinação de viscosidade

Foram adicionados 5 mL de amostra em um tubo de viscosidade (Tamanho

100) específico para EMAG num equipamento da marca CANNON CT2000®. A

análise foi realizada a 40 °C, medindo-se o tempo de escoamento do volume da

amostra por meio da ação da gravidade em um tubo capilar. A viscosidade dos

ésteres metílicos foi determinada de acordo com a norma ASTM D 445:2014.

5.5.3.3 Determinação do teor de água

Para análise de água foi medido aproximadamente 1 mL de amostra em uma

seringa plástica e injetada no equipamento de Karl Fischer (modelo KF columeter

831 e Stirrer 728) da marca Metrohm®. O método é baseado na redução de iodo por

dióxido de enxofre na presença de água por titulação potenciométrica. A quantidade

Page 84: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

58

de água presente no biodiesel foi determinada conforme a norma EN ISO

12937:2000.

5.5.3.4 Determinação do ponto de entupimento de filtro a frio (PEFF)

As análises de PEFF foram realizadas em um equipamento da marca

Tanaka® Modelo: AFP 102. Foram medidos aproximadamente 50 mL de amostra

sob resfriamento de -34 até 21 ºC de temperatura. Os ensaios foram conduzidos de

acordo com a norma ASTM D 6371:2010.

5.5.3.5 Caracterização do perfil graxo e determinação do teor de ésteres

metílicos

A identificação dos perfis dos ésteres metílicos de ácidos graxos de Chlorella,

foi realizada de acordo com Cardenás (2013) em um cromatógrafo a gás, marca

Shimadzu®, modelo GC-2014, acoplado a um detector de ionização de chama,

injetor do tipo split (injeção com divisão de fluxo) e uma coluna capilar Carbowax 20

M, com 30 m de comprimento, diâmetro interno de 0,32 mm e espessura do filme de

0,25 μm. Para a identificação dos ésteres metílicos de ácidos graxos foram

realizados os seguintes procedimentos:

Por comparação do tempo de retenção dos constituintes da amostra com a

mistura de padrões de ésteres metílicos de ácidos graxos da Sigma (C8:0-C24:0);

Pela adição de padrão interno nonadecanoato de metila (C19:0).

A quantificação dos ésteres metílicos dos ácidos graxos obtidos nas reações

in situ foram efetuadas então em relação ao padrão interno, nonadecanoato de

metila (C19:0) de acordo com a EN 14103:2011. As injeções foram realizadas em

triplicatas.

5.5.3.6 Determinação do teor de cinzas

O teor de cinzas dos EMAG foi determinado de acordo com a metodologia

descrita no item 5.3.10.

Page 85: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

59

5.5.3.7 Determinação do índice de acidez

Foram medidos aproximadamente 5 gramas de amostra em um béquer, que

foi titulada com um titulador automático da marca Metrohm® (modelo Titrino plus 848

- Stirrer 801). A concentração da solução titulante usada foi de 0,01 M. Antes da

análise da amostra foi realizado um ensaio utilizando somente o solvente para

descontar a acidez do mesmo. A acidez dos ésteres metílicos foi determinada de

acordo com a norma ASTM 664:2011.

5.5.3.8 Determinação de monoglicerídeos, diglicerídeos, triglicerídeos,

glicerina total e livre

Para determinação de glicerídeos na amostra de EMAG da Chlorella foi

utilizado um cromatográfo gasoso CG 2010 Shimadzu® com Injetor: on-colunm,

volume de injeção foi de 1μl o gás de arraste foi o hidrogênio (3 mL por minuto) a 50

ºC foram utilizados detector de ionização de chama e coluna capilar de 15 m

comprimento x 0,32 mm de diâmetro interno x 0,1 m de espessura, contendo 5 %

de fenilpolidimetilsiloxano (DB5-HT). Toda a metodologia utilizada para

determinação dos glicerídeos foi realizada de acordo com a norma ASTM D

6584:2013 e os resultados obtidos foram obtidos em triplicatas de injeção.

5.5.3.9 Determinação do teor de álcool no biodiesel

Para determinação de álcool na amostra de EMAG da Chlorella foi

utilizado um cromatográfo gasoso CG 2010 Shimadzu® com Injetor: split/splitless,

volume de injeção foi de 500 μl, gás de arraste foi Helio (3 mL por minuto) a 50 ºC

foram utilizados um detector de ionização de chama e uma coluna capilar de 30 m

comprimento x 0,32 mm de diâmetro interno x 0,3 m de espessura, contendo

polietilienoglicol como fase estacionária (DB1). O teor de álcool no presente nos

EMAG de microalgas foi realizado de acordo com a metodologia EN 14110:2003.

Page 86: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

60

5.5.3.10 Determinação do índice de iodo

Foram pesados aproximadamente 0,15 gramas de amostra em um

erlenmeyer de 500 mL e acrescentados 15 mL de clorofórmio e 25 mL do reagente

de Wijjs. A amostra foi colocada em repouso durante o tempo de 1 hora à

temperatura ambiente. Após esta etapa iniciou-se a titulação com tiossulfato de

sódio 0,1 N. Foi realizada paralelamente a determinação de índice iodo da amostra

contendo apenas os reagentes. O índice de iodo dos ésteres metílicos obtidos in situ

foi determinado de acordo com a metodologia EN 14111:2003.

5.5.3.11 Determinação da estabilidade oxidativa

As análises de tempo de indução foram conduzidas em aparelho Rancimat da

marca Metrohm® (modelo 743 Biodiesel Rancimat), utilizando-se aproximadamente

3,00 g de amostra, atmosfera ar com fluxo de 10 L.h-1, a 110 ºC. As análises foram

realizadas de acordo com a norma EN 14112:2003.

5.5.4 Purificação dos ésteres metílicos

Os ésteres metílicos foram purificados em uma coluna de vidro de bancada,

na qual foram adicionados 100 g de argila como agente purificador. Cerca de 200

gramas de biodiesel bruto foram adicionados à coluna, sendo esta eluída com

hexano. A adição de ar comprimido na coluna foi adotada para aumentar a

velocidade de escoamento do biodiesel bruto no leito. A área superficial e volume

dos poros dessa argila foi medida antes e depois do processo de purificação

utilizando o equipamento Tristar 300® conforme descrito por Viêgas et al., (2015),

bem como sua composição química que foi dada pela análise de EDX descrita no

item 5.3.3 e o teor de cinzas de acordo o com o item 5.3.10.

5.6 Saponificação in situ da biomassa

Baseado no processo descrito por González et al., (1998) para microalga

Phaedoctylum tricornutum este processo foi testado visando um procedimento mais

rápido para obtenção da fração insaponificável e uma fração mais pura de ácidos

Page 87: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

61

graxos. A saponificação in situ foi conduzida misturando-se 5 g de biomassa seca a

50 mL de solução hidroalcoólica (96 % álcool) e adicionando-se KOH nas seguintes

proporções: 5, 10, 15, 20, 25 % (em relação à massa de base/massa de amostra)

em um balão reacional, sob-refluxo por 1 hora a 70 °C sob agitação magnética de

200 rpm. A amostra foi filtrada a vácuo para retirada da biomassa. A solução

saponificada obtida foi transferida ainda aquecida para um funil de decantação e,

após atingir a temperatura ambiente, foram adicionados 100 mL da solução (70:30

v/v - hexano:água) agitando-se energicamente o funil. Este procedimento foi repetido

por 4 vezes. A mistura foi mantida em repouso até separação efetiva das fases. A

fase inferior foi removida (Fase S), obtendo-se então a fase superior contendo a

matéria insaponificável (Fase I). A Fase I foi lavada com 150 mL de água para

remoção de sabões até atingir o pH neutro. A seguir, a Fase I foi transferida para um

balão acoplado a um evaporador rotativo para remoção do solvente. Finalmente, a

amostra foi seca na estufa até peso constante a 60 °C. A massa de material

insaponificável obtida pelos diferentes experimentos foi determinada por gravimetria

e seu rendimento foi calculado em relação ao peso de biomassa de Chlorella.

À fase superior (fase S) adicionou-se à fase uma quantidade molar

estequiométrica de H2SO4 (em solução aquosa) obtendo-se, desta forma, a fração

saponificável. Este procedimento foi adotado para cada uma das frações

previamente saponificadas. A reação inversa foi conduzida sob agitação magnética

de 200 rpm a 80 ºC. Após o tempo reacional, de 1 hora, a amostra foi transferida

para um funil de decantação separando-se a fração saponificável (fração apolar)

com adição de 4 x 50 mL de hexano, logo esta fração hexânica foi lavada com 3 X

100 mL de H2O para retirada do sal remanescente. O hexano foi rotaevaporado e

recuperado a fração saponificável foi pesada e submetida às análises de

espectroscopia de infravermelho e CG-DIC.

A biomassa residual foi analisada quanto ao teor de proteínas de acordo com

o método de Kjeldahl (descrito na sessão 5.3.6), e a morfologia da biomassa

residual também foi observada e a metodologia utilizada está descrita na sessão

5.3.1.

Page 88: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

62

5.6.1 Caracterização da fração insaponificável

5.6.1.1 Espectroscopia de infravermelho

O material insaponificável foi caracterizado por espectroscopia de

infravermelho conforme o procedimento descrito no item 5.3.2.

5.6.1.2 Identificação dos carotenoides por CLAE

A identificação dos carotenoides, presentes na fração insaponificável da

Chlorella, foi realizada por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE) conforme

descrito no item 5.4.4.7.

5.6.1.3 Atividade antioxidante por DPPH

A atividade antioxidante dessa fração foi medida conforme o descrito no item

5.4.4.3

5.6.1.4 Adição de matéria insaponificável ao biodiesel

Com o material insaponificável obtido a partir da saponificação in situ, foi

testada a atividade antioxidante dessa fração em um biodiesel comercial de soja.

Numa amostra de aproximadamente 3 gramas de biodiesel de soja foram

adicionadas quantidades variáveis de 2000 a 8000 mg.Kg-1, da matéria

insaponificável da Chlorella. Após a adição da fração insaponificável ao biodiesel, foi

testada a estabilidade oxidativa de cada amostra.

5.6.1.5 Determinação da estabilidade oxidativa

A estabilidade oxidativa do biodiesel de soja antes e após a adição de

material insaponificável da Chlorella foi determinada conforme o método descrito no

item 5.5.3.11.

Page 89: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

63

5.6.1.6 Caracterização da fração saponificável

5.6.1.7 Espectroscopia de infravermelho

A análise da fração saponificável foi caracterizada por espectroscopia de

infravermelho conforme o procedimento descrito no item 5.3.2.

5.6.1.8 Caracterização da fração apolar por CG-DIC

A amostra foi analisada conforme descrito por Viêgas et al., (2015-a)

utilizando um CG-DIC (Shimadzu® CG-2010) foi diluída em dodecano com a

proporção aproximada de 1:10 (v/v). A amostra foi derivatizada na presença de

BSTFA e TMCS e foi utilizado o eicosano como padrão interno a 70 ºC durante 1

hora. As amostras foram analisadas em um cromatógrafo gasoso equipado com

uma coluna capilar - ZB-5HT Inferno, comprimento 30 m, diâmetro interno de 0,32

milímetros e espessura de filme 0,25 um. As temperaturas do detector e do injetor

eram de 300 °C em ambos os casos.

5.7 Análise estatística

Para avaliação dos dados experimentais, foram realizadas análises

estatísticas (ANOVA) utilizando-se o programa STATISTICA (v. 7.0). As médias dos

tratamentos foram comparadas aplicando-se o teste de Fischer LSD (p<0,05).

Page 90: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

CAPÍTULO 6 -RESULTADOS E DISCUSSÃO

6.1 Caracterização da biomassa liofilizada de Chlorella

A partir da biomassa liofilizada de Chlorella foi possível avaliar, por

microscopia eletrônica de transmissão o aspecto e o diâmetro das células que

apresentaram tamanhos entre 2 e 5 µm (Figuras 6.1 A e B). A parede celular da

Chlorella pode ser observada claramente conforme ilustrado na Figura 6.1 A, na

qual se pode confirmar que a Chlorella possui paredes relativamente espessas se

comparada com a microalga Dunaliella que, em geral, não apresenta paredes

celulares (BOROWITKZA & MOHEIMANI, 2013). A rigidez da parede celular

preserva a integridade da célula e é basicamente uma proteção contra invasores e

ao ambiente hostil. Nas Figuras 6.1 A e B pode-se identificar amido, cloroplastos

com suas membranas tilacoidais, citoplasma, núcleo e pirenóides no interior da

célula. A estrutura da Chlorella visualizada por microscopia no presente trabalho é

análoga às imagens relatadas por Nemkova & Kalina (2000) para diferentes

espécies de Chlorella.

Utilizando-se a técnica de FTIR (Espectrometria de Infravermelho), foi

possível identificar os principais componentes da biomassa de Chlorella, conforme o

espectro ilustrado na Figura 6.2. Os espectros de infravermelho foram interpretados

de acordo com as referências disponíveis na literatura (STUART, 2004;

BRANDENBURG & SEYDEL, 1996; GONZÁLEZ-FERNÁNDEZ & BALLESTEROS,

2012; SILVERSTEIN & WESBSTER, 1998; SILVERSTEIN, 1979; PHUNKAN et al.,

2011). A região de 3000 a 3300 cm-1 apresentou vibrações de ligações C-H e

grupos funcionais do tipo CHO e OH. Já na faixa entre 1500 a 1800 cm-1 foram

detectadas bandas características de moléculas de proteínas, específica para

amidas na região de 1600 e 1700 cm-1. Estas bandas são fortemente marcadas para

biomassa de Chlorella, devido ao seu alto teor de proteínas. A região entre 900 a

1200 cm-1 compreende a sequência de ligações do tipo C-O, C-C, C-O-C dos

polissacarídeos presentes nesta biomassa. Os carboidratos presentes nas

microalgas representam um grupo complexo que consistem em polissacarídeos

ramificados e frequentemente grandes reservas de carboidratos de armazenamento

tal como o amido. Os espectros padrões de glicose e amido apresentam uma

sobreposição de espectros nas faixas compreendidas entre 1000 e 1200 cm-1

(PISTORIUS et al., 2009). De acordo com Pistorius et al., (2009) o pico relativo a

1050 cm-1 tem sido relacionado ao teor de carboidratos presente na biomassa e

Page 91: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

65

apresentou uma boa correlação linear com o conteúdo de carboidratos

obtidos por estes autores. Na região entre 3000 a 3500 cm-1 fica evidente a presença

de uma banda característica da ligação OH, que está relacionada à presença de

umidade nessa biomassa.

Figura 6.1 : A) e B) Fotomicrografia realizada com microscopia eletrônica de transmissão a partir da Chlorella liofilizada. Nota: 1) amido; 2) cloroplasto com tilacóides; 3) citoplasma; 4) núcleo; 5) pirenoide; seta) parede celular

1

2

3

4

A)

B)

5

1

2

Page 92: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

66

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Microalga Pó

Tran

smitâ

ncia

(%)

Número de Onda (cm-1)

Figura 6.2: Espectro de Infravermelho para microalga liofilizada de Chlorella.

A presença dos lipídeos pode ser confirmada pela absorção das bandas na

região de 2800 e 2900 cm-1 conforme indicado na Figura 6.2. Os resultados obtidos

para espectroscopia de infravermelho visando à identificação dos principais

componentes da Chlorella estão de acordo com os resultados obtidos por Giordano

et al.,(2001), Pistorius et al.,(2009) e Pkuhan et al., (2011) para microalgas

liofilizadas.

Comparando-se o teor de carbono presente na Chlorella por dois métodos

(EDX e análise elementar de CHNOS), foram obtidos 47,6 e 42,7 %,

respectivamente, em relação à massa seca (Tabela 6.1). O teor de carbono relatado

por Phukan et al., (2011) para Chlorella sp. MP1 foi 47,5 % praticamente igual aos

valores obtidos neste trabalho para a Chlorella sp. De acordo com Biller (2003) o

teor de carbono da Pseudochoricystis ellipsoidea (61,3 %) foi superior ao obtido para

a Chlorella utilizada neste trabalho. Conforme este autor após um estudo realizado

com 5 microalgas, constatou-se que a Pseudochoricystis ellipsoidea apresentou o

maior teor lipídico (Bligh & Dyer ~ 60 %) dentre as microalgas estudadas, indicando

uma forte relação entre o teor de carbono e o teor de lipídeos presentes nessa

biomassa.

Page 93: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

67

Tabela 6.1: Composição da biomassa e das cinzas de Chlorella obtidas neste trabalho Características Chlorella (%)

Umidade 6,7 (±0,5) Material orgânico 87,4 (± 0,8) Cinzas 5,9 (±0,1)

Análise elementar (% ) Chlorella (%) Cinzas (%)

C (42.6 - 47,6B) N.D

N 8,9 N.D H 6,9 N.D S 0,5 N.D O 34,6 47,1

Metais Chlorella (%) Cinzas (%)

Fe N.D 4,7 Na 0,1 1,6 Mg 0,34 4,6 K 0,92 18,4 P 1,77 23,3 S 0,71 N.D Ca 0,29 N.D Al N.D N.D Si N.D N.D

FAO (1985) * Chlorellac

Aminoácidos Adultos/Crianças

Ácido aspártico N.C 8,98 (±0,21) Serina N.C 6,87 (±0,58) Ácido glutâmico N.C 11,83 (±0,56) Glicina N.C 6,58 (±0,23) Histidina

a 1,6 / 1,9 2,21 (±0,28)

Arginina N.C 8,17 (±0,52) Treonina 0,5 / 3,4 4,84 (±0,17) Alanina N.C 8,19 (±0,38) Prolina N.C 4,32 (±0,21) Tirosina N.C 3,80 (±0,13) Valina 0,3 / 3,5 5,32 (±0,24) Lisina 1,6 / 5,8 7,61 (±0,44) Isoleucina 1,3 / 2,8 3,45 (±0,15) Leucina 1,9 / 6,6 8,20 (±0,99) Fenilalanina 1,9

+ / 6,3

+ 4,63 (±0,50)

Metionina 1,7** / 2,5** 0,98 (±0,10) Ácido cisteico N.C 1,53 (±0,12) Triptofano 0,9 / 1,1 2,50 (±0,17)

Carboidratos Chlorella (%)

Arabinose 1.1 Galactose 47,3 Ácido Galactonico 0.8 Glicose 126,3 Ácido Glucurônico 5 Mannose 6,1 Ramnose 12,7 Xilose 4,4

B- Determinado por EDX; * Requerimento de aminoácidos sugerido pela FAO g/100g (FAO/WHO/ONU, 1985) para adultos e

crianças de 2 a 5 anos. +Fenelilanina+tirosina; **Metionina+Cisteína;

acondicionalmente essencial.

cOs resultados de

aminoácidos representam a percentagem de cada aminoácido em 100g de proteínas algaceas, indicando a recuperação real dos aminoácidos após as análises. Os valores referem-se a duplicatas ± desvio padrão (n = 2). B- Determinado por EDX . N.C = Não consta recomendações. N. D = Não detectado

Page 94: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

68

O teor de oxigênio obtido para Chlorella foi em média de 34,6 % em relação à

massa seca (Tabela 6.1). O teor de oxigênio das microalgas geralmente varia entre

25 a 30 % em relação à massa seca, algumas cepas de microalgas que contém

altas quantidades de carboidratos tendem a ter maiores teores de oxigênio, fato que

pode reduz o poder calorífico. De acordo Sukarmi et al., (2014) para microalga

Nannochloropisis oculata o teor de oxigênio presente na biomassa foi de 43,8 %,

superior ao valor obtido para Chlorella.

O poder calorífico superior determinado para a Chlorella foi de 13,4 (±1,05)

MJ.kg-1 inferior ao obtido por Kanemoto (2012) para microalga Nannochloropsis 19,6

± 2,87 MJ/ kg . O poder calorífico da Chlorella também pode ser comparado com o

da casca de arroz (15,5 MJ.kg-1) (MORAIS et al., 2006).

Após a análise elementar de CHNSO, foi determinado o teor de nitrogênio

presente na biomassa liofilizada de Chlorella, obtendo-se 8,9 % em relação à massa

seca (Tabela 6.1). Superior ao valor relatado por Phukan et al., (2011) para Chlorella

sp. MP1 que apresentou 6,7 % de nitrogênio na biomassa. Biomassas com alto teor

de nitrogênio não são apropriadas para fins energéticos, porém são desejadas para

fins alimentícios (BECKER, 2007; BROWN, 1990).

O conteúdo de proteínas totais da biomassa de Chlorella foi determinado

experimentalmente pelo método de Kjeldahl e obteve-se 63,0 ± 5,5 % de proteínas

em relação ao peso seco. Quando o teor de proteínas da Chlorella comercial foi

comparado à outra espécie do mesmo gênero os valores se aproximam dos

resultados obtidos nesta tese. Por exemplo, para a microalga Chlorella sp. o teor de

proteínas variou entre 40 a 55 % (BECKER & VENKATARAMAN, 1981) e 50 - 58 %

para Chlorella Vulgaris (BECKER, 2004). O teor de proteínas obtido para Chlorella

pode ser considerado alto quando comparado com as microalgas Chaetoceros

muelleri e Thalassiosira pseudonana ambas com um teor médio de 19 % de

proteínas totais (OHSE et al., 2009). Alguns fatores como temperatura e nutrientes

do meio de cultura podem ser atribuídos à variação do teor de proteínas nas

microalgas (OGBONNA & TANAKA, 1996). A qualidade nutricional de uma proteína

é determinada pela composição, proporção e disponibilidade dos seus aminoácidos

(BECKER, 2004). Devido ao elevado teor de proteínas, alguns gêneros de

microalgas como a Chlorella vêm sendo comparadas com a soja e com o leite

devido à qualidade dessa fração (BECKER, 2004). O valor de aproximadamente 63

% de proteínas da Chlorella também pode ser comparado ao teor de proteínas

Page 95: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

69

encontradas na farinha de peixe (60 %). De acordo com Walker & Berlinsky (2011)

supõe-se que a proteína oriunda de microalgas venha a ser um substituto em

potencial da farinha de peixe. O alto teor de proteínas e aminoácidos essenciais é

característico para a microalga Chlorella que pode ser considerada como uma fonte

promissora de alimento/suplemento proteico ou como ração animal (GARCIA et al.,

2012; GORGÔNIO, 2013).

A composição em aminoácidos da Chlorella foi determinada por Gorgônio

(2013) e os resultados obtidos para esta biomassa estão listados na Tabela 6.1. Os

aminoácidos mais abundantes foram os ácidos glutâmico (11,83 ± 0,56) e aspártico

(8,98 ± 0,21), enquanto a quantidade de metionina (0,98 ± 0,10) foi menos

significativa. Estes resultados são semelhantes aos encontrados por Safi (2013) e

Naik et al., (2010) para o gênero Chlorella contendo níveis análogos de

aminoácidos. De acordo com Spolaore et al., (2006), os 9 aminoácidos essenciais

para alimentação humana estão presentes em microalgas em quantidades

comparativas aos alimentos proteicos convencionais. Os valores de ácido aspártico,

serina, glicina arginina, alanina, lisina, tirosina, leucina e triptofano na Chlorella

foram maiores dos que os encontrados comumente para soja (SHABANN, 2001;

FAHEED & FATAAH, 2008). Os aminoácidos essenciais tais como arginina

fenilalanina, histidina, isoleucina, leucina, lisina, metionina, treonina, triptofano e

valina, pois eles não são sintetizados no corpo humano e devem ser consumidos a

partir de alimentos (BECKER, 2014). É importante ressaltar que a microalga

avaliada mostrou uma quantidade acima do estabelecido para aminoácidos

essenciais (g/100 g) sugeridos pela FAO para adultos e crianças (2 a 5 anos de

idade). Quando verificada a disponibilidade desses aminoácidos, pode-se afirmar

que as microalgas possuem potencial para formulação de compostos com

características funcionais (GORGÔNIO, 2013).

A biomassa liofilizada de Chlorella apresentou 20,3 % de carboidratos totais

em relação ao peso seco e os principais açúcares identificados nesta fração foram

majoritariamente a glicose (63 %) e galactose (23,2 %) (Tabela 6.1). De acordo com

os resultados relatados por Zhongquan et al., (2012) a Chlorella apresentou 22 % de

carboidratos quantidade semelhante a obtida nesta tese. De acordo com a literatura

os carboidratos nas microalgas estão localizados principalmente na parede celular e

a composição dos açúcares em diferentes espécies de Chlorella pode variar

significativamente. Por exemplo, Behrens et al., (1989) obtiveram aproximadamente

Page 96: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

70

55 % de amido (base seca) em microalgas da espécie Chlorella vulgaris cultivadas

em meio com limitação de nitrogênio. Os carboidratos presentes nas Clorofíceas são

principalmente amido (dos cloroplastos) e a celulose (polissacarídeos da parede

celular) (RICHAMOND, 2004), porém eles não são diretamente fermentáveis para

produção de etanol a partir de microorganismos. Uma das vantagens do uso de

biomassa de microalgas sobre plantas lignocelulósicas como matéria-prima para a

produção de biocombustíveis é a ausência de lignina, o potencial de obtenção de

coprodutos de alto valor comercial, além da incorporação com outras aplicações,

como o tratamento da água e sequestro de CO2 (HEJAZI & WIJFFELS 2004; PULZ

& GROZZ 2004;. SPOLAORE et al., 2006; PONNUSWAMY et al., 2013; SUBHADRA

& GRINSON 2011). A produção de etanol a partir de microalgas pode ser

considerada como um processo potencial para obter “biocombustível de terceira

geração” (JOHN et al., 2011).

A composição de alguns metais presentes na biomassa liofilizada da

Chlorella e das cinzas obtidas após a análise termogravimétrica pode ser observada

na Tabela 6.1. Os analitos presentes nesta biomassa liofilizada de Chlorella, como

Ca e Na foram obtidos numa concentração inferior aos referenciados na literatura

para Chlorella vulgaris, 0,59 e 1,35 % respectivamente (TOKUSOGLU & UNAL,

2003). Esta diferença pode ser explicada pelo elevado teor de minerais associados

com o ambiente de crescimento dessas microalgas. Na fração lipídica, os elementos

tais como Ca, Co, Cu, Fe, Mg, Mn, e Ni devem estar presentes em pequenas

proporções pois podem promover a degradação oxidativa e afetam diretamente a

qualidade e conservação de óleos e gorduras durante o processo de

armazenamento (GONZALVES et al., 2010).

O teor de cinzas, determinado por ATG obtido para Chlorella foi de 5,9 %

(Tabela 6.1), igualmente aos dados reportados por Phukan et al., (2011), para outra

espécie de Chlorella (5,9 %). O teor de cinzas para cada microalga está relacionado

com a quantidade de nutrientes disponibilizados para o cultivo desses

microorganismos. .As cinzas são um subproduto da maior parte da biomassa

utilizada para processos de conversão térmica, incluindo pirólise e gaseificação. O

teor de cinzas pode afetar o projeto da unidade, bem como os processos de

purificação e de controle de qualidade do produto (BI & HE, 2012).

A composição das cinzas obtida por EDX apresentou uma quantidade

expressiva de fósforo (23,3 %), potássio (18,4 %), magnésio (4,6 %) e de outros

Page 97: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

71

metais em menores proporções. Os valores obtidos para estes metais são maiores

quando comparados com a composição de cinzas da mistura de microalgas

marinhas do trabalho de Bi & He (2012), no qual reportaram concentrações de

fósforo (6,6 %), potássio (12 %) e magnésio (1,5 %). As proporções registradas nas

cinzas da Chlorella, para P, K e Mg indicam que este resíduo pode ser aproveitado

para o reciclo de nutrientes do cultivo dessa microalga.

Os principais componentes da biomassa como proteínas, aminoácidos,

carboidratos e lipídeos foram identificados por FTIR que se revelou uma técnica

rápida e segura para identificação desses compostos. A análise elementar forneceu

informações comparativas para seleção de espécies de microalgas quando se

deseja obter diferentes produtos, porém não dispensa as análises gravimétricas para

confirmação exata dos teores lipídicos, proteicos e de carboidratos.

6.2 Extração dos lipídeos

6.2.1 Avaliação de solventes e quebra de parede celular

Após vários testes selecionou-se o método mais indicado para extração, a

agitação magnética foi a escolhida na presença de solventes como clorofórmio:

metanol (2:1 v/v), metanol, etanol e hexano para a extração dos lipídeos. Em todos

os ensaios foram utilizadas a biomassa liofilizada de Chlorella, pois além de eliminar

a água a liofilização preserva os componentes funcionais e aumenta a eficiência de

extração dos lipídeos. Porém, para extração dos lipídeos das microalgas grande

parte da energia requerida no processo é consumida na secagem da mesma.

Sistemas contendo água e solvente apolar não são termodinamicamente favoráveis

para quebra das ligações de hidrogênio presentes nas ligações lipoproteicas, pois

formam forças de dipolo-dipolo induzido entre a água e o solvente apolar. A

hidrofobicidade da maioria dos solventes apolares é a base para o processo de

extração (SHULER, 2002).

Os valores médios obtidos nas extrações dos lipídeos estão apresentados na

Tabela 6.2, expressos em porcentagem em relação à massa seca da microalga.

Para um dado solvente ou mistura de solventes pode-se observar que os resultados

foram similares aos ensaios conduzidos com a biomassa de Chlorella tratada e não

tratada. Os rendimentos de lipídeos apresentaram diferenças estatísticas

Page 98: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

72

significativas para todos os testes realizados (p<0,05). Em ambos os casos, a

mistura clorofórmio:metanol (2:1 v/v) foi a mistura de solventes mais eficiente,

seguido por metanol, etanol e hexano para extração dos lipídeos da Chlorella. Este

fato também foi observado por Viêgas (2010) e Lemões (2011) na extração dos

lipídeos da biomassa de Chlorella liofilizada.

Tabela 6.2: Rendimentos obtidos na extração dos lipídeos a partir da biomassa de Chlorella

Ensaio Solvente Sem pré-tratamento* Moagem*

1 CHCl3:CH3OH (2:1) 11,97(±0,13) b 14,72 (±0,21)

a

2 CH3OH 10,75 (±0,24) d 12,83(±0,17)

c

3 C2H5OH 7,34 (±0,18) f 8,84(±0,11)

e

4 C6H14 0,81 (±0,15) h 1,74 (±0,12)

g

* valores calculados com base em triplicadas de experimentos. Letras iguais na mesma coluna não diferem entre si pelo teste de Fischer L.S.D (p ≤ 0,05).

Os melhores resultados para extração dos lipídeos sem e com a etapa de

moagem, foram obtidos na presença de clorofórmio:metanol (2:1 v/v) cujos

resultados foram 11,97 ± 0,13 e 14,72 ± 0,21 %, respectivamente (Tabela 6.2).

Seguido dos resultados obtidos para os extratos metanólicos 10,75 ± 0,24 e 12,83 ±

0,17 %. O aspecto visual da fração lipídica obtida com clorofórmio:metanol (2:1 v/v)

pode ser observada na Figura 6.3.

Figura 6.3: Fração lipídica extraída com clorofórmio:metanol (2:1 v/v). Foto tirada por Ivan Sandoval

Como esperado, em um processo de extração sólido-líquido, a polaridade do

solvente utilizado define as condições termodinâmicas selecionadas e a qualidade

Page 99: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

73

da fração lipídica (GRIMA et al., 2012). Uma vez que a solução lipídeos-solvente é

formada, a difusão ocorre da membrana para o meio. Sendo assim, a mistura de

solventes apolar/polar facilita a extração dos lipídeos (HALIM et al., 2012).

A mistura de solventes (clorofórmio:metanol) foi capaz de remover

simultaneamente os lipídeos apolares e polares. No entanto os lipídeos neutros

formam um complexo com os lipídeos polares fortemente ligados por ligações de

hidrogênio com as proteínas das membranas celulares. A interação de Van der

Waals formada entre os lipídeos neutros e solventes apolares não são capazes de

romper a membrana ligação lipoproteica. Os solventes polares ajudam no

rompimento dessa ligação e dissolvem os lipídeos (HALIM et al., 2012; MEDINA et

al., 1998) facilitando o mecanismo de entrada da mistura do solventes polar e apolar

na parede celular até o citoplasma interagindo com os lipídeos.

O teor de lipídeos a partir da biomassa sem pré-tratamento (~12 %) foi o

mesmo obtido por Lemões, (2011) para microalga Chlorella na presença de

clorofórmio:metanol (2:1 v/v). Esta mistura de solventes também foi responsável

pelos maiores teores lipídicos, quando aplicada à microalga Chlorella vulgaris no

trabalho de Araújo (2011). De acordo com os resultados obtidos por este autor a

Chlorella vulgaris apresentou 52 % de lipídeos extraídos com clorofórmio:metanol

(2:1 v/v). Esta quantidade de lipídeos foi superior a obtida para a Chlorella utilizada

nesta tese usando a mesma mistura de solventes (12 a 14 %) devido as diferentes

condições de cultivo. No entanto dentro da faixa obtida utilizando

clorofórmio:metanol (2:1 v/v), coexistem outros compostos não lipídicos como

carboidratos, proteínas, hidrocarbonetos, esteróis, cetonas, carotenoides e clorofilas

(HALIN, 2012; MEDINA et al., 1998).

Avaliando o processo de moagem sob a biomassa liofilizada, nota-se um

aumento de aproximadamente 20 % na eficiência da extração dos lipídeos obtidos

com clorofórmio:metanol (2:1 v/v) em relação a mesma fração sem o pré-tratamento.

De forma análoga Lee et al., (1998) realizou um exame detalhado dos métodos

mecânicos para quebra da parede celular da microalga Botryococcus braunii. Estes

autores concluíram que o maior resultado obtido na extração dos lipídeos dessa

microalga foi alcançado quando se utilizou um moinho de bolas na etapa de pré-

tratamento. O aumento da eficiência de extração dos lipídeos utilizando o método de

Folch et al., (1957) com auxílio do moinho de bolas também foi relatado para

microalga Arthospira (STRIEDER et al., 2013). Para microorganismos com parede

Page 100: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

74

celular altamente resistente, a combinação de diferentes métodos de quebra da

parede é adequada para tornar o processo de extração viável.

Na extração sem e com moagem, utilizando-se o metanol como solvente, foi

obtido um rendimento de 10,75 ± 0,24 % de lipídeos (Tabela 6.2), inferior ao valor

relatado por Lemões (2011), na mesma temperatura de extração (20 ºC) sem pré-

tratamento (12 %). De acordo com o mesmo autor a fração metanólica apresentou o

mesmo teor lipídico quando comparado ao extrato obtido com clorofórmio:metanol

(2:1 v/v). Entretanto neste trabalho, para se alcançar rendimentos comparáveis aos

obtidos com a mistura de clorofórmio:metanol (2:1 v/v) foi necessário a etapa de

moagem.

De acordo com a Tabela 6.2, utilizando o etanol como solvente extrator sem e

com moagem, a quantidade de lipídeos extraídos foi entre 7,34 a 8,84 %,

respectivamente, similar ao reportado por Viêgas (2010) para os lipídeos da

Chlorella pyrenoidosa obtidos com o mesmo solvente. Resultados reportados por

Fajardo et al., (2007) indicaram uma recuperação de 96 % de lipídeos extraídos com

etanol a partir da microalga Phaeodactylum tricornutum. Esses resultados foram

obtidos num tempo de 24 horas e temperatura ambiente, condições diferentes das

aplicadas neste trabalho (2 horas). A utilização de metanol e do etanol pode ser

vantajosa em escala industrial, pois estes solventes podem ser usados

simultaneamente nas etapas de extração dos lipídeos e na conversão à biodiesel

(WAHLEN et al., 2011).

Pode-se observar que ao contrário dos inúmeros resultados reportados para

extração de óleo a partir de matérias primas vegetais, os menores valores foram

obtidos quando se utilizou o hexano como solvente extrator (Tabela 6.2). Neste

caso, a partir da biomassa pré-tratada, obteve-se maior recuperação da fração

lipídica apolar. Comparado aos dados de extração com hexano a partir da biomassa

com e sem moagem, estes valores foram 1,74 ± 0,12 e 0,80 ± 0,15 %,

respectivamente, estatisticamente diferentes segundo o teste de Fischer LSD

(p<0,05). Os menores resultados também foram relatados na literatura quando se

utilizou o hexano para extração de lipídeos a partir de microalgas (LEMÕES, 2011;

VIÊGAS, 2010; BASOVA, 2005; SILVA, 2013; ARAUJO, 2011). Este resultado pode

ser atribuído à presença de lipídeos mais polares na parede celular, impedindo a

entrada desse solvente na célula. Após a etapa de moagem da biomassa a extração

Page 101: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

75

dos lipídeos em todos os ensaios apresentaram aumento no rendimento lipídico

entretanto apenas com hexano este resultado foi significativo.

6.2.1.1 Caracterização da fração lipídica

Na Tabela 6.3 estão listados os resultados de índice de acidez de cada

fração lipídica obtida sem pré-tratamento. Os altos índices de acidez das frações

podem ser atribuídos principalmente às temperaturas do processo de liofilização e à

grande quantidade de ácidos graxos poliinsaturados presentes. A fração hexânica

apresentou o maior índice de acidez (122,99 ± 0,35 mg KOH/g de amostra) seguida

da fração etanólica (85,77 ± 0,83 mg KOH/g). Este resultado é compatível com a

polaridade do hexano e do etanol visto que estes solventes são mais seletivos para

extração de ácidos graxos (LEMÕES, 2011). Valores de índice de acidez inferiores

aos obtidos neste trabalho foram reportados na literatura para o óleo de Chlorella

fresca de 8,97 mg KOH/g e 0,13 mg KOH/g, respectivamente de acordo com Xu et

al., (2006) e Chen et al., (2012). Pode-se observar que com o aumento dos lipídeos

mais polares no óleo, a quantidade de ácidos graxos livre diminui. Em razão disto, o

menor índice de acidez, 36,39 mg KOH/g, foi obtido com a utilização de

clorofórmio:metanol (2:1 v/v) como solventes extratores. Semelhantes concentrações

de ácidos graxos livres foram encontrados para Arthospira platensis 37,4 mg KOH/g

para fração extraída com a mesma mistura de solventes (EL-SHIMI et al., 2013). Os

índices de acidez para as diferentes frações lipídicas extraídas com os mesmos

solventes utilizados nesta tese estão de acordo com os valores obtidos por Lemões

(2011) e favorece o uso destas na produção de biodiesel usando catalisador ácido

ou enzimático (lipase).

Tabela 6.3: Índice de Acidez das frações lipídicas obtidas a partir da biomassa sem pré-tratamento

Solvente IA (mg KOH/ g de amostra)

Clorofórmio:Metanol (2:1 v/v) 36,39 (±0,78)

Metanol 55,75 (± 0,54)

Etanol 85,77 (± 0,83)

Hexano 122,99 (± 0,35)

Os espectros de infravermelho ilustrados nas Figuras 6.4 e 6.5 referem-se à

fração lipídica extraída com clorofórmio:metanol (2:1 v/v) e hexano. Todos os

Page 102: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

76

espectros a seguir foram interpretados de acordo com Silverstein & Wesbster, (1998)

e Stuart, (2004) e em ambos os espectros podem ser observadas bandas

espectroscópicas características de ésteres, identificadas pela deformação axial da

ligação dupla de C=O em 1740 cm-1, e de deformação angular de C-C(=O)-O e C-O

entre 1150 e 1242 cm-1. As bandas espectroscópicas mostram a presença de

cadeias hidrocarbônicas longas, do tipo deformação axiais da ligação H-C (saturado)

entre 2800 a 2900 cm-1, deformação angular C-H de alcano em 1460 cm-1 e

deformação angular C-H em 720 cm-1 e ainda o aparecimento de insaturações pela

deformação axial da ligação C=C-H de alcenos em 3012 cm-1. Para a fração

hexânica (Figura 6.5), pode-se observar uma banda espectroscópica na região de

1710 cm-1 característica para ácidos graxos, confirmando o resultado obtido

anteriormente.

Figura 6.4: Espectro de Infravermelho da fração lipídica extraída com clorofórmio:metanol (2:1 v/v)

Figura 6.5: Espectro de Infravermelho da fração lipídica extraída com hexano

Page 103: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

77

A presença de compostos antioxidantes nos extratos lipídicos foi confirmada

pelo teste do DPPH. A capacidade antioxidante no extrato foi expressa pelo CE50

necessária para neutralizar 50% do DPPH radical (mg de amostra por grama de

DPPH). Os melhores resultados alcançados foram nos extratos metánolicos (28,34 ±

1,88 mg/g) e extrato etanólico (35,67 ± 2,13 mg/g). O extrato hexanico (258,51 ±

1,54 mg/g) e o extrato clorofórmio/metanol 2:1 v/v (89,97 ± 1,18 mg/g) apresentaram

os piores resultados para a capacidade antioxidante. Segundo Manivannan et al.,

(2012) estes resultados podem ser atribuídos a diferença de polaridade dos solvente

utilizados. O melhor resultado obtido a partir do extrato metanólico está relacionado

à grande quantidade de fitoquímicos, substâncias biologicamente ativas nesta fração

como: esteróis e flavonoides. Estes compostos podem apresentar atividade

antioxidante adicional aos exercida pelos fenólicos (SHALABY & SHANAB, 2013).

Segundo Hemalatha et al., (2013) o extrato metanólico da Chlorella marina

apresentou a maior atividade antioxidante (1,03 ± 0,02 mg / g) quando comparada

atividade obtida neste trabalho. Além disso, outros autores como Uma et al., (2011)

observaram que os extratos metanólicos exibiram um maior potencial quando

comparado com os extratos etanólicos e acetônicos nas microalgas verdes como a

Desmococcus olivaceous e Humicola Chlorococcum. Embora os resultados obtidos

por Hemelatha (2013) indiquem alta atividade antioxidante da microalga do gênero

Chlorella, as comparações entre os resultados e outros dados da literatura se

tornam difíceis de serem realizados. Isto se deve principalmente aos métodos de

extração aplicados bem como as variações do período de coleta e ao gênero de

microalga. Além de propriedades antioxidantes, os compostos fenólicos presentes

nas microalgas vêm apresentando propriedades nutracêuticas, bactericida (DU et

al., 2011) e antifúngica (BIERHALS, et al., 2009).

Visto que o resultado mais elevado para quantificação dos lipídeos foi obtido

na presença de clorofórmio:metanol (2:1 v/v) investigou-se o teor e a composição da

matéria insaponificável presentes nesta fração. Neste caso, obteve-se 12,3 ± 0,75 %

de material insaponificável em relação à massa de lipídeos sendo este resultado da

mesma ordem de grandeza reportada por Wang & Wang (2012) para a microalga

Nannochloropsis. A quantidade de matéria insaponificável nos lipídeos da microalga

foi superior aos valores típicos para o óleo de arroz que apresenta de 3 a 5 % dessa

fração e é considerada rica em MI (GUNSTONE, 2002). A partir da quantidade da

Page 104: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

78

matéria insaponificável é possível estimar quanto da fração lipídica pode ser

convertida em biodiesel, que no caso da Chlorella a partir do extrato obtido com

clorofórmio:metanol (2:1 v/v) foi de aproximadamente de 83 %.

A partir da avaliação do espectro de infravermelho da matéria insaponificável

(Figura 6.6) foi possível identificar os principais componentes dessa fração e

observar vibrações na região de 2800 a 2900, características de cadeias

hidrocarbônicas longas com deformação axial da ligação H-C. Os grupos metilênicos

também aparecem nas regiões de 1460, 1350 e 700 cm-1 referente às deformações

axiais e angulares das molécula de (CH2)n. Foi possível identificar na região da

vibrações na região de 3277 cm-1 característica para xantofilas como a luteína e

zeaxantina devido a vibração da ligação de OH presentes nestas moléculas. Nesta

mesma região está sobreposta a banda característica para alcoóis devido à

presença de fitol nessa fração (3250 a 3500 cm-1). O espectro de infravermelho

indica a presença de compostos α,β-insaturados na região de 1010 cm-1, banda

característica de carotenoides. Como esperado, a intensidade dos sinais dos

carotenoides foi visivelmente alta. Isto ocorre, pois as microalgas são organismos de

atividade fotossintética, que metabolizam compostos de alta atividade eletrônica,

denominados compostos cromóforos, como os carotenoides, responsáveis pela

transformação de energia solar em energia química. Estes carotenoides foram

identificados por CLAE e estão apresentados na Tabela 6.4 e Figura 6.7.

Figura 6.6: Espectro de infravermelho da fração insaponificável

Na matéria insaponificável da Chlorella foram quantificados 70 % de fitol

(álcool diterpenoide) e 1,1 % de carotenoides, nesta fração foram identificados 20,5

Page 105: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

79

% de luteína, seguido de 17,1 % de β-Caroteno, 17,1 % de 9-cis-β-caroteno e 36,7

% de carotenoides não identificados. O carotenoide presente em maior quantidade

na fração insaponificável foi a luteína (2,4 mg/g - 20,5 %) que de acordo com a

literatura pode ser considerando o principal carotenoide entre as espécies de

Chlorella (PLAZA et al., 2009). Pequenas quantidades dos carotenoides zeaxantina,

α-caroteno e 13-cis-β-caroteno, identificadas neste trabalho, também foram

reportados para Chlorella por Redeali (2012). As quantidades de carotenoides

obtidas para a Chlorella foram inferiores ao reportados por Mogedas et al., (2009)

para a microalga Dunaliella salina, que apresenta 10 % de betacaroteno em relação

ao peso seco. De acordo com Paoletti et al., (1976) a matéria insaponificável de

Chlorella, contém majoritariamente alcoóis graxos (40 a 50 %) hidrocarbonetos

(principalmente C15 C16 e C17) na proporção de 30 a 40 % e os esteróis

representam cerca de 20 %.

Tabela 6.4: Perfil de carotenoides da matéria insaponificável de Chlorella

Carotenoides mg de carotenoides/g de matéria insaponificável

Luteína 2,4

Zeaxantina 0,20

α-Caroteno 0,67

β-Caroteno 2,0

13-cis-β-Caroteno 0,06

9-cis-β-caroteno 2,0

Não identificados 4,3

Total 11,7

Figura 6.7: Cromatograma de CLAE para identificação dos carotenoides presentes na fração insaponificável

Page 106: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

80

6.2.2 Avaliação da eficiência de extração do etanol em reator tipo autoclave

Os rendimentos em lipídeos obtidos em reator tipo autoclave a partir da

biomassa liofilizada, estão apresentados na Tabela 6.5 na qual se obteve valores

máximos de 14 % em relação à biomassa seca. Estes resultados igualam-se à

quantidade de lipídeos extraídos a partir da biomassa com pré-tratamento de

moagem utilizando clorofórmio:metanol (2:1 v/v) (14 % de lipídeos). O aumento de

temperatura nos ensaios e consequente aumento da pressão manteve o solvente no

estado líquido aumentando a eficiência do processo de difusão (WANG & WELLER,

2006). As condições físico-químicas utilizadas nos ensaios (120 a 140 ºC)

favoreceram a solubilidade completa do óleo no etanol. Temperaturas elevadas

modificam a constante dielétrica da molécula possibilitando a mudança da

polaridade (DEGUCHI & TSUJII, 2007). Em outros trabalhos disponíveis na literatura

o aumento da temperatura favoreceu a extração dos lipídeos da Chlorella, quando

se utilizou etanol como solvente (CANDIDO, 2014; LEMÕES, 2011).

De acordo com Ruong et al., (2012) para a microalga Nannochloropsis na

extração com etanol sob pressão a 125 ºC durante 4 minutos foram obtidos 14,87 %

de lipídeos, resultado semelhante ao obtido neste trabalho para os ensaios 2 a 5

reportados na Tabela 6.5. Diferentes estudos indicam que o rendimento do produto

alvo e a eficiência da extração com solvente sob pressão são mais eficientes quando

comparadas a técnicas convencionais (ZHANG et al., 2004).

Page 107: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

81

Tabela 6.5: Percentual de lipídeos obtidos em reator tipo autoclave usando etanol como solvente extrator

Ensaio* Lipídeos (%) ** (Variável Dependente)

1 5,250

2 13,59

3 14,78

4 13,72

5 13,39

6 4,42

7 10,03

8 12,39

9 8,160

10 7,360 11 7,110

* desvio médio = 0,41 e desvio padrão = 0,54 **O percentual de lipídeos refere-se à extração em reator tipo autoclave com etanol.

Os dados experimentais da Tabela 6.5 foram analisados utilizando-se o

software Statistica® v.7. Os resultados demonstram que para extração de lipídeos em

reator tipo autoclave usando-se etanol, as variáveis: (1) razão solvente:carga (RSC) e

(2) temperatura (T) e as interações (2) (3) e 1*2*3 foram significativas (p < 0,05), com

nível de confiança de 95 %. O planejamento experimental permitiu eliminar a variável

tempo (3), pois este não foi significativo dentro da faixa analisada (30 - 120 minutos).

Sendo assim os experimentos podem ser conduzidos no menor tempo avaliado (30

minutos). O gráfico de Pareto (Figura 6.8) confirma graficamente quais foram os

efeitos mais relevantes.

De acordo com a Figura 6.9, obtida a partir do espectro de FTIR da fração

etanólica extraída sob pressão, as bandas foram comparadas àquelas obtidas para

fração lipídica com clorofórmio:metanol (2:1 v/v). A partir da avaliação do espectro

de infravermelho da fração extraída com etanol sob pressão foi possível identificar

os principais componentes dessa fração e observar vibrações na região de 2800 a

2900, características de cadeias hidrocarbônicas longas com deformação axial da

ligação H-C. Os grupos metilênicos também foram identificados nas regiões de 1460

e 700 cm-1 referente às deformações axiais e angulares das molécula de (CH2)n.

Porém, de acordo com o espectro, foi possível observar uma diferença de

intensidade na região de 1740 cm-1, sendo mais intenso para fração etanólica. e os

estiramentos de deformação angular de C–O-C na faixa de 1180 a 1246 cm-1

Page 108: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

82

também foram observados. Este fato indica que devido ao aumento da temperatura

ocorre, simultaneamente, extração dos lipídeos e produção de ésteres etílicos

durante o processo. A vibração observada na região entre 3000 a 3500 cm-1

denotam a presença de ligações do tipo OH, provavelmente oriundas do etanol que

ainda permaneceu na amostra mesmo após a evaporação.

Figura 6.8: Avaliação pelo método de pareto a significância dos parâmetros no processo de extração dos lipídeos em reator tipo autoclave e etanol. (1) Razão solvente:carga (RSC), (2) Temperatura (T) e Tempo (3)

Figura 6.9: Espectro de infravermelho da fração etanólica

Sob temperaturas elevadas a ligação de hidrogênio em etanol sofre uma

mudança na molécula para monômero livre que pode favorecer a transesterificação

Page 109: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

83

de triglicerídeos em ésteres etílicos sem a presença de catalisador. Temperaturas

elevadas entre 245 a 270 ºC na presença de etanol sob pressão e na ausência de

catalisadores favoreceram a reação de transesterificação direta da biomassa de

Nannochloropsis salina em ésteres etílicos (REDDY et al.,2014). A temperatura entre

50 - 200 ºC utilizada para extração acelerada por solvente tem sido considerada

ideal para extração de lipídeos (WANG & WELLER, 2006).

A extração com etanol em reator tipo autoclave tem potencial para aplicação

na produção de biodiesel, visto que apenas um único solvente seria utilizado no

processo de extração e transesterificação. O etanol é derivado de uma fonte

renovável e menos tóxico do que os solventes tradicionais, geralmente derivados de

combustível fóssil. Adicionalmente, o etanol é produzido em grande escala no Brasil

a custo competitivo no mercado mundial, a partir da cana de açúcar. O etanol pode

ser utilizado para substituir o metanol, no processo de transesterificação, o que

permitiria o uso de um solvente renovável na cadeia produtiva do biodiesel,

favorecendo o meio ambiente.

6.3 Transesterificação in situ da biomassa de Chlorella

As quantidades de 5 a 15 % de catalisador de acordo com a Tabela 6.6 não

foram suficientes para uma conversão satisfatória da biomassa a ésteres metílicos (5

- 41 %). Este resultado confirma que o excesso de catalisador utilizado na reação

(20 % de H2SO4) foi necessário para alcançar altas conversões (~ 99 %). O teor de

éster de 98,8 %, para reação com 20 % de catalisador, foi compatível com os

valores obtidos para a biomassa de Chlorella descrita por Lemões (2011) e para

Isochrysis galbana avaliada por Procópio (2014). Desta forma, este valor atende a

especificação ANP para o teor de ésteres metílicos, que de acordo com a legislação

vigente, todo o biodiesel comercializado no país deve ter uma composição mínima

de 96,5 % de ésteres. A partir de 100 gramas de biomassa seca de Chlorella foram

obtidos cerca de 6,0 a 8,7 gramas de ésteres metílicos. Este valor pode ser

considerado satisfatório quando comparado as oleaginosas convencionais. No caso,

às oleaginosas contêm entre 18 – 50 % de lipídeos que é destinado ao biodiesel o

que representa uma pequena fração em relação à planta como um todo (VIÊGAS,

2010).

Page 110: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

84

Tabela 6.6: Percentual e perfil de ésteres metílicos obtidos nas diferentes condições reacionais

Reação

Perfil de ésteres metílicos de ácidos graxos

12:0 14:0 16:0 16:1 18:0 18:1 18:2 18:3 20:4 Soma

(%)

5 % de H2SO4 0,159 0,079 1,076 0,138 0,255 0,317 1,335 2,019 0,358 5,7(±1,1)

10 % de H2SO4 0,254 0,299 0,223 0,787 0,490 1,770 10,138 12,210 0,828 24,1(±1,5)

15 % de H2SO4 0,163 1,441 10,787 1,063 1,321 2,090 12,711 10,863 1,283 41,5(±2,1)

20 % de H2SO4 0,263 2,081 23,245 11,181 2,854 4,523 31,227 23,411 0,277 98,8(±1,3)

Na Tabela 6.6 apresentam-se o teor e o perfil de ésteres metílicos bem como

percentuais relativos a cada éster obtidos por cromatografia gasosa. Foram

identificados seis ácidos graxos principais nas frações lipídicas de Chlorella sp., dos

quais dois saturados e quatro insaturados. De acordo com o experimento conduzido

com 20 % de catalisador, o ácido graxo saturado identificado na fração foi o ácido

palmítico (C16:0) (23,24 %). Fato comumente observado para Chlorella que em

outros estudos apresentou quantidades similares às obtidas nesse trabalho

(PETKOV & GARCIA, 2007). Neste trabalho, o ácido esteárico (C18:0) foi registrado

em quantidades muito baixas (2,85 %) igualmente aos valores relatados para a

Chlorella pyrenoidosa (1,1 %) (PETKOV & GARCIA, 2007). Os ácidos graxos

insaturados majoritários identificados nas amostras analisadas foram o linolênico

(C18:3) (23,41 %) e o linoleico (C18:2) (31,22 %). A classe Chlorophyceae tem uma

enzima ativa, a estearil-CoA desaturase, que favorece maiores níveis de ácidos

graxos insaturados C18 nestas espécies (YONGMANITCHAI & WARD, 1991). Nos

ensaios foi identificado o ácido araquidônico (C20:4) em concentrações muito baixas

(0,27 a 1,28 %), já em condições especiais de cultivo das microalgas da classe

Chlorophycea foram encontradas altas concentração desse ácido (C20:4) (CHEN &

JOHNS, 1991). O perfil de ácidos graxos nas microalgas é conhecido por ser

altamente variável e, dependente do grupo ao qual a espécie em estudo pertence e

da forma de cultivo (LEE et al., 1971; MORTENSEN et al., 1988)

Os ácidos graxos poliinsaturados, especialmente os ácidos linoleico (ω-6) e

linolênico (ω-3) quando somados, foram obtidos em uma quantidade de 54,6 % na

fração lipídica da Chlorella utilizada neste trabalho (Tabela 6.6), altas quantidades

desses ácidos também foram relatadas para Chlorella (65,7 %) descrita por

Abubakar et al., (2012). Estes ácidos graxos em altas concentrações não são

Page 111: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

85

desejados, na composição do biodiesel, pois diminuem a estabilidade à oxidação. As

microalgas podem ser uma alternativa potencial para obtenção de ácidos graxos

essenciais para o consumo humano, já que apresentam quantidades significativas

desses compostos (BARCLAY et al., 1994). Neste caso, uma prévia separação dos

poliinsaturados antes da reação de transesterificação pode vir a ser uma alternativa

promissora, visto que estes compostos apresentam valor comercial muito superior

ao do biodiesel.

Nos ésteres metílicos produzidos na presença de 20 % do catalisador as

quantidades de monoglicerídeos, diglicerídeos, glicerina livre e total (Tabela 6.7)

estão de acordo com limites aceitáveis pela RANP 45/2014, que são 0,7, 0,25, 0,02

e 0,25 % em massa, respectivamente (Tabela 6.7). No entanto a quantidade de

triglicerídeos foi de 0,37 %, superior ao estabelecido pela mesma Resolução que é

de 0,02 % em massa.

Tabela 6.7: Teor de glicerídeos obtidos nas reações.

No caso de transesterificação in situ a combinação de álcool e catalisador

funciona para degradar as células de microalgas e transferir lipídeos do interior da

célula para a solução conforme já observado por Carrapiso & Garcia (2000). De

acordo com Haas & Wagner (2011), o álcool além de servir como um reagente no

processo in situ, enfraquece as membranas celulares da microalga e facilita a

extração e a conversão dos lipídeos à ésteres metílicos.

Na Tabela 6.8 estão apresentados os resultados obtidos a partir do

planejamento experimental para seleção da temperatura (1) e tempo (2) do

processo, fixando-se a condição de 20 % de H2SO4. As melhores condições

experimentais foram alcançadas nos ensaios 3 e 4 após 4 horas de reação

(conversão de aproximadamente 98 % de ésteres). De acordo com Figura 6.10,

apenas a variável tempo (2) foi considerada significativa quando o processo de

Glicerídeos

5 % 10 % 15 % 20 %

H2SO4

(%)

Monoglicerídeos 1,818 0,241 0,235 0,172

Diglicerídeos 22,515 0,562 1,189 0,082

Triglicerídeos 14,857 1,168 0,396 0,371

Glicerina livre 0,1364 0,028 0,037 0,002

Glicerina total 5,507 0,297 0,313 0,095

Page 112: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

86

transesterificação foi conduzido entre 60 e 100 °C (p<0,05). Ehimen et al., (2010)

afirmam que o equilíbrio para conversão da biomassa a EMAG foi alcançado entre

60 °C e 90 °C durante 4 h, usando 0,14 ml de H2SO4 para 1 g de Chlorella, que é

comparável com as condições utilizadas nesta tese (0,11 ml de H2SO4 por 1 g de

Chlorella).

Tabela 6.8: Rendimento e teor de éster das reações de otimização de tempo e temperatura da reação de transesterificação in situ (20 % de H2SO4)

Ensaio

Variável Dependente Produto em relação à biomassa inicial (%)

Teor de éster

(%)

1 70,04 8,36

2 67,30 7,27

3 98,44 7,85

4 97,98 7,34

5 68,15 5,09

6 69,05 5,00

7 69,21 5,13

Figura 6.10: Avaliação da significância dos parâmetros tempo e temperatura na eficiência da transesterificação in situ.Onde: t(2)= tempo e T(1)= temperatura

O processo de transesterificação in situ elimina a etapa de extração do óleo, o

que pode ser considerado um ponto positivo, diminuindo assim as etapas do

processo e como consequência o tempo total para obtenção do biodiesel. No

entanto, sob o ponto de vista econômico, um grande excesso de metanol e ácido

sulfúrico foi utilizado para reação de transesterificação in situ, o que pode não ser

Page 113: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

87

viável em grande escala.

6.3.1 Purificação dos ésteres metílicos da Chlorella

Os EMAGs da Chlorella obtidos após a transesterificação com 20 % em peso

de H2SO4 exibiram uma coloração verde escura devido à presença de clorofila e

carotenoides (Figuras 6.11 A), necessitando uma etapa de purificação. Tendo em

vista o alto preço de alguns agentes purificantes encontrados no mercado, utilizou-

se uma argila comercial de valor mais compatível com o processo. Após a

purificação foram obtidos 6,5 % de ésteres metílicos em relação à massa seca de

Chlorella. Os principais componentes da argila foram Si (16,6 %), Al (7,8 %), Fe (4,9

%) e 14,7 % de cinzas. A área superficial inicial da argila foi de 151 m2/GCAT e o

volume de microporos de 0,053 (cm3.GCAT)-1 medido pelo método de Dubinin. Após

o processo de purificação dos ésteres metílicos ocorreram reduções na área

superficial e volume específico dos microporos para 119 (m2.g)-1 e 0,043 (cm3.g)-1

indicando a redução de 21 e 19 % na área de superfície e no volume dos microporo,

respectivamente. Mais especificações técnicas da argila utilizada para purificação

dos EMAGs estão em ANEXO 6.1 - 6.5. Nas Figuras 6.11 A e B podem ser

observados os aspectos visuais dos ésteres metílicos antes e depois da purificação.

Figura 6.11: Aspectos visuais dos ésteres metílicos A) Bruto e B) purificados em argila

B) A)

Page 114: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

88

6.3.2 Caracterização dos ésteres metílicos da Chlorella

Para confirmar a presença dos ésteres metílicos na amostra obtida no

processo de transesterificação in situ (20 % de catalisador), o produto da reação foi

analisado por espectrometria de infravermelho. Todos os experimentos de

caracterização a seguir foram realizados com os ésteres metílicos purificados e a

interpretação do espectro foi baseada em referências clássicas da literatura

(Silverstein & Wesbster, 1998). Esta técnica permitiu identificar bandas típicas de

estiramentos de ligação de carbonila de éster C=O em 1740 a 1750 cm-1 e os

estiramentos de deformação angular de C–O-C na faixa de 1180 a 1246 cm-1

(Figura 6.12). No espectro abaixo também foram identificadas regiões de 2800 a

3000 cm-1, características para os estiramentos das ligações alifáticas de CH, CH2 e

CH3 enquanto que as vibrações de flexão desses grupos aparecem nas regiões de

1350-1750, 1150 a 1350 e 700 cm-1. Este comportamento é similar ao reportado

para outros ésteres metílicos de microalgas como a Chlorella (VIÊGAS, 2010;

LEMÕES, 2011) e Arthospira platensis (MOSTAFA et al., 2013).

Figura 6.12: Espectro de infravermelho dos ésteres metílicos da Chlorella

As propriedades térmicas dessa amostra foram determinadas por calorimetria

exploratória diferencial. Os ciclos de aquecimento dos EMAG da Chlorella

Page 115: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

89

apresentam dois picos: um endotérmico e outro exotérmico. As energias de

cristalização e fusão foram 33.2 J/g e 14.5 J/g, respectivamente. As temperaturas de

cristalização e fusão foram -4,0 e 5,9 °C, respectivamente (Figura 6.13). A

temperatura de cristalização para o biodiesel de soja é de -4,0 °C igualmente ao

resultado obtido neste trabalho (LEE et al.,1996). De acordo com Xu & Hanna (2009)

a temperatura de fusão para o biodiesel de soja é de 1,7 °C menor do que a obtida

para Chlorella.

Figura 6.13: Termograma de CED dos ésteres metílicos da Chlorella. Nota: pico exotérmico (gráfico

cor preta) e pico endotérmico (gráfico cor vermelha)

6.3.3 Determinação de propriedades físico-químicas dos EMAG da Chlorella

As propriedades físico-químicas dos EMAGs da Chlorella foram comparadas

com as especificações do biodiesel (ANP-Resolução n°45/2014) e os resultados

obtidos estão relacionados na Tabela 6.9.

A densidade dos EMAGs da Chlorella foi de 879,9 kg/m3 e está de acordo

com o limite especificado pela ANP que é de 850 - 900 kg/m3. O valor obtido neste

trabalho é similar aos valores que vêm sendo relatados para densidade do biodiesel

a partir de microalgas que está entre 879,4 - 864,0 kg/m3 (XU et al., 2006;

PROCÓPIO, 2014). A densidade do biodiesel está diretamente ligada com a estrutu-

ra molecular. Quanto maior o comprimento da cadeia carbônica do alquiléster, maior

a densidade. No entanto, este valor decrescerá quanto maior for o número de

Page 116: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

90

insaturações presentes na molécula (LÔBO et al., 2009). A presença de impurezas

também poderá influenciar na densidade do biodiesel como, por exemplo, o álcool

ou substâncias adulterantes.

Tabela 6.9: Propriedades físico-químicas dos EMAG da Chlorella determinados de acordo com a Resolução 45/2014 da ANP.

**Determinado por termogravimetria

A viscosidade dos ésteres metílicos da Chlorella sp. apresentou um valor de

4,078 mm/s2 o que segundo a resolução vigente está dentro do limite aceitável (3 a 6

mm/s2). A viscosidade obtida para a Chlorella foi inferior à relatada para o biodiesel

de outra espécie de Chlorella (5,2 mm2/s) (AHMAD et al., 2013). De acordo com os

ensaios poderíamos esperar uma viscosidade dentro dos limites, devido à presença

de uma quantidade de ácidos graxos insaturados o que confere melhor escoamento

ao combustível formado. A viscosidade do biodiesel aumenta com o comprimento da

cadeia carbônica e com o grau de saturação e tem influência no processo de queima

CARACTERÍSTICAS

MÉTODO/ANO

UNIDADE

EMAG

da Chlorella

RESOLUÇÃO Nº45 /2014-ANP

MÍN. MÁX.

Massa específica a 20º C ASTM

D4052/2011 kg/m

3 879,7 850 900

Viscosidade Cinemática a 40ºC ASTM

D445/2014 mm

2/s 4,078 3 6

Teor de Água, máx. EN 12937/2000 mg/kg 1019

200

Teor de éster, mín EN 14103/2011 % massa 98,8 96,5

Teor de Cinzas ** % massa 0,39 0,02

Ponto de entupimento de filtro a frio, máx.

ASTM D6371/2010

ºC -5 14

Índice de Acidez, máx ASTM

D664/2011

mg KOH/g

0,35 0,50

Glicerol livre, máx ASTM

D6584/2013 % massa 0,002 0,02

Glicerol total, máx. ASTM

D6584/2013 % massa 0,098 0,25

Monoacilglicerol, máx. ASTM

D6584/2013 % massa 0,175 0,70

Diacilglicerol, máx. ASTM

D6584/2013 % massa 0,081 0,20

Triacilglicerol, máx. ASTM

D6584/2013 % massa 0,375 0,20

Metanol ou Etanol, máx. EN 14110/2003 % massa 0,081 0,20

Índice de Iodo EN 14111/2003 g de I2

/100g 164 Anotar Anotar

Estabilidade à oxidação a 110ºC, mín.

EN 14112/2003 h 1,1 8

Page 117: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

91

na câmara de combustão do motor. Os sabões residuais, bem como os glicerídeos

não reagidos (mono-, di- e triglicerídeos) e os produtos da degradação oxidativa do

biodiesel, aumentam a viscosidade do biodiesel (LÔBO, et al., 2009).

Os níveis de glicerídeos e ésteres metílicos obtidos neste trabalho

determinados por cromatografia gasosa de acordo com a ASTM D 6584 e EN

14103, respectivamente já foram discutidos anteriormente no item 6.3.

O conteúdo de água nos EMAGs da Chlorella foi de 1019 mg/kg que está fora

do limite especificado pela ANP de 200 mg/Kg. O teor de água de 100 a 200 mg /kg

foi relatado no biodiesel da microalga Scenedesmus oblíquos, quantidade inferior a

obtida nesse trabalho. Este teor elevado de água dos ésteres metílicos da Chlorella

pode ter sido atribuído ao processo de lavagem do biodiesel, já que a água remove

o catalisador residual e outras impurezas. A água geralmente pode causar

problemas relacionados com a corrosão dos motores e contaminação microbiológica

(ATABANI et al., 2012). No entanto, dependendo da quantidade de água

remanescente no biodiesel o uso de um secador a vácuo ou da adição de sulfato de

sódio anidro podem ser utilizados para atender a especificação.

Os EMAGs da Chlorella apresentaram um ponto de entupimento de filtro a frio

de -5 ºC, este resultado está de acordo com o esperado para esta matéria-prima,

visto que esta apresenta uma grande quantidade de ácidos graxos poliinsaturados.

Temperaturas inferiores aos relatados neste trabalho foram encontradas para

microalga Chlorella (-11 ºC) (XU et al., 2006) e para Nannochloropsis oculata (-10

°C) (MUTHUKUMAR et al., 2012). Este resultado está de acordo com o especificado

pela ANP que estipula temperaturas máximas entre +5 a +19 °C dependendo da

região e da época do ano. Devido à temperatura obtida para os EMAGs da Chlorella,

a utilização desse combustível em lugares de clima frio seria vantajosa.

A partir da análise termogravimétrica (Anexo 6.1), foi determinada a

quantidade de cinzas dos EMAGs da Chlorella sendo obtido 0,39 %, quantidade

superior ao que é aceitável pela legislação brasileira para o biodiesel que é de 0,02

% em massa (RANP 45/2014). A quantidade de cinzas obtida neste trabalho foi

superior ao encontrado para o teor de cinzas do biodiesel de Chlorella vulgaris (0,01

%) (MALLICK et al., 2012). O alto teor de cinzas presentes nos EMAG da Chlorella

pode estar relacionado com a presença de contaminantes oriundos do catalisador e

de compostos inorgânicos vindos do cultivo da microalga (ANWAR et al., 2010).

Page 118: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

92

De acordo com a norma ASTM 664 foi obtido o índice de acidez de 0,35 mg

KOH/g de amostra para os EMAGs da Chlorella. Este valor está de acordo com os

limites estabelecidos pela RANP 45/2014 que é de no máximo 0,5 KOH/g de

amostra. O índice de acidez dos EMAG da Chlorella foram próximos aos relatados

por outros autores para outras amostras de biodiesel de Chlorella como 0,37 mg

KOH/ g de amostra (XU et al., 2006) e 0,39 mg KOH/ g de amostra (PROCÓPIO,

2014). Os ácidos graxos livres ocorrem naturalmente em óleos vegetais e

principalmente no óleo das microalgas conforme descrito no item 6.2.1.1 e foi

possível verificar que o índice de acidez após a transesterificação foi reduzido. A

diminuição desse índice indica que grande parte dos ácidos graxos anteriormente

presentes na fração lipídica foram convertidos com sucesso em ésteres metílicos.

Os EMAGs da Chlorella apresentaram um teor de álcool de 0,08 % em

massa de metanol, este resultado esta dentro do limite aceitável pela legislação

vigente que é de 0,20 % em massa. O teor de álcool para o biodiesel da microalga

Scenedesmus dimorphus foi de 0,12 % em massa (ARCEO, 2012) resultado

superior ao obtido nesta tese para os EMAGs da Chlorella. O teor de álcool após a

transesterificação vai depender da quantidade de energia utilizada para evaporação

do solvente presente no biodiesel. Baixos teores de álcool no biodiesel apresentam

temperaturas mais apropriadas para um alto ponto de fulgor.

De acordo com os ensaios realizados em conformidade com a EN 14111 o

índice de iodo para Chlorella foi de 164 g I2/100g de amostra. Visto que os EMAG da

Chlorella apresentaram uma quantidade significativa de ésteres graxos insaturados,

é de se esperar que o índice de iodo para esta matéria-prima seja alta. A microalga

Chlorella protothecoides apresentou um índice de iodo de 154 g I2/grama de amostra

próximo ao obtido neste trabalho (XU et al., 2006). Comparado o valor obtido para

Chlorella foi superior ao biodiesel de girassol que apresenta um alto índice de iodo

entre 110 - 143 g I2/100g de amostra (GUNSTONE & HAMILTON, 2001). Segundo a

legislação brasileira, pela resolução RANP 45/2014 não existe um limite máximo

estabelecido para o índice de iodo, devendo apenas ser registrado seu valor. Por

outro lado, a especificação europeia, norma EN 14214, estabelece um limite máximo

de 120 g de Iodo/100g amostra. Para a utilização do biodiesel como combustível

também existem restrições para matérias-primas com alto teor de ácidos graxos

poliinsaturados definidos pela norma EN 14214. Esta norma também limita as

quantidades de EMAGs contendo ácido linolênico ou ácidos graxos com quatro ou

Page 119: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

93

mais duplas ligações em 12 e 1 %, respectivamente (BUCY et al., 2013). Ao

comparar o perfil dos EMAGs obtidos neste trabalho, pode-se concluir que a

quantidade de EMAGs a partir do ácido linolênico não atende ao critério citado.

A estabilidade oxidativa dos ésteres metílicos da Chlorella sp. foi de 1,1

horas de acordo com o ensaio EN 14112 realizado no aparelho de rancimat (Figura

6.14). A baixa estabilidade oxidativa do biodiesel de Chlorella pode ser atribuída a

grande quantidade de ácidos graxos poliinsaturados presentes no combustível e do

H2SO4 utilizado para obtenção dos EMAGs, visto que este ácido é um oxidante muito

forte. De acordo com a literatura, a Chlorella protothecoides apresentou uma

estabilidade oxidativa de 4,5 horas (CHEN et al., 2012) e 4,7 horas para microalga

Monoraphidium Contortum (REYES et al., 2012), resultados superiores aos obtidos

nesta tese. Porém, ainda não foram satisfatórios para atingir o tempo mínimo exigido

na RANP 45/2014 que é de 8 horas. O processo de hidrogenação parcial seria

vantajoso para a modificação de alguns parâmetros físico-químicos analisados

visando atender as especificações da ANP. A adição de antioxidantes sintéticos

também seria um dos recursos utilizados para aumentar a estabilidade oxidativa

desse combustível.

Figura 6.14: Tempo de indução dos ésteres metílicos da Chlorella

6.4 Saponificação in situ

A saponificação in situ da biomassa da Chlorella, foi testada com diferentes

percentuais de KOH (5 a 20 %) em relação a massa seca de Chlorella. Neste

processo foram geradas 3 frações: fração insaponificável (produto 1), fração apolar

Page 120: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

94

(produto 2) e biomassa residual (produto 3). De acordo com os resultados foram

obtidos 2,5 ± 0,3 % do produto 1 e após o tratamento estatístico verificou-se que não

há diferença significativa entre os resultados obtidos pelo mesmo processo sob

diferentes concentrações de álcali (Tabela 6.10). Esta quantidade foi semelhante a

relatada por Iwata & Sakurai (1963) que obteve 2,7 % de matéria insaponificável em

relação a massa seca de Chlorella e foi superior ao relatado por Diaz et al., (2014)

para microalga Chlamydomonas (~ 1,7 % média) a partir do processo de

saponificação in situ. Ainda de acordo com o mesmo autor, com o aumento da

concentração de KOH, ocorreu um aumento na quantidade de matéria

insaponificável. Este relato não foi comprovado para Chlorella utilizada neste

trabalho. Partindo de 100 gramas de biomassa seca, foi obtida uma quantidade

superior de material insaponificável utilizando a saponificação in situ quando

comparada com a quantidade obtida a partir da saponificação do extrato lipídico

(Tabela 6.11) e pode-se constatar que a quantidade de carotenoides totais em

ambos os casos foi semelhante (Tabela 6.11). O espectro de infravermelho da

fração insaponificável obtida in situ, apresentou as mesmas bandas ilustradas

anteriormente para a fração insaponificável obtida a partir da fração lipídica (item

6.2.1.1 Figura 6.15). Podem ser observadas bandas intensas na região de 2800 a

3000 cm-1 que são referenciadas na literatura como características para compostos

ligações CH de cadeia alifática. Devido à intensidade desta banda pode-se sugerir

que a quantidade desses compostos seja alta conforme o descrita por Paoletti et al.,

(1976). Foram obtidos 4,9 mg/g de carotenoides presentes na fração insaponificável

quantidade ainda inferior a relatada para Clamydomonas (7,5 mg de carotenoides/g)

descrita por Diaz et al., (2014) utilizando o mesmo processo (Tabela 6.12 e Figura

6.16). O material insaponificável obtido a partir do processo in situ (Figura 6.17)

quando comparado àquele obtido a partir da extração dos lipídeos forneceu

quantidade inferior de carotenoides. Comparando-se os teores de luteína nos

extratos obtidos in situ e a partir da fração lipídica foram detectadas concentrações

semelhantes nos dois processos (0,27 e 0,24 %, respectivamente.

Page 121: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

95

Tabela 6.10: Resultados de fração insaponificável e ácido graxo a partir da saponificação in situ da Chlorella

* valores calculados com base em triplicadas de experimentos. Letras iguais na mesma coluna não diferem entre si pelo teste de Fischer L.S.D (p ≤ 0,05).

Tabela 6.11: Comparativo entre os processos de saponificação da fração lipídica e saponificação in situ Saponificação (lipídeos) Saponificação in situ

Lipídeos Totais (g/100 g de biomassa) 12 -

Matéria saponificável (g/100 g de biomassa) 10,6 6

Matéria insaponificável (g/100 g de biomassa) 1,4 2,5

Carotenoides totais (mg/100 g de biomassa) 16,3 12,2

Luteína (mg/100 g de biomassa) 3,2 6,7

Figura 6.15: Espectro de infravermelho da matéria insaponificável obtida in situ

Experimento KOH Insaponificáveis* % Fração Apolar* %

1 5 % 2,37 (±0,52) a 5,74(±0,61)

b

2 10 % 2,46 (±0,38) a 5.83 (± 0,43)

b

3 15 % 2,54(±0,31) a

6,15 (±0,45)b

4 20 % 2,69 (± 0,48) a 5,92(0,53)

b

Page 122: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

96

Tabela 6.12: Perfil de carotenoides da fração insaponificável de Chlorella obtida pela reação de saponificação in situ com 10 % de KOH.

Carotenoides Fração insaponificável (mg/g)

Luteína 2,7

Zeaxantina 0,37

α-Caroteno 0,20

β-Caroteno 0,62

13-cis-β-Caroteno 0,02

9-cis-β-caroteno 0,01

Não identificados 0,8

Total (mg/g) 4,9

Figura 6.16: Cromatograma de CLAE para identificação dos carotenoides presentes na fração insaponificável da Chlorella sp.

Figura 6.17: Material insaponificável da Chlorella obtida in situ (produto 1)

Page 123: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

97

A saponificação in situ gerou a obtenção de compostos de alto valor agregado

que precisam ser separados e quantificados e podem ter uma ampla aplicabilidade

industrial, porém grandes quantidades de insumos são requeridas.

6.4.1 Fração insaponificável como antioxidante natural para o biodiesel

Tendo em vista a capacidade antioxidante apresentada pela fração

insaponificável (EC50= 250 mg/g de DPPH) a mesma foi testada em um biodiesel de

soja como antioxidante natural. As concentrações usadas foram de 2000 a 8000 mg

Kg -1 de fração antioxidante em relação à massa de biodiesel (Tabela 6.13). Apenas

a concentração de 8000 mg Kg -1 foi observada um aumento de 80 % na

estabilidade oxidativa do biodiesel quando comparado com amostra sem o

antioxidante. Os carotenoides como caroteno e astaxantina foram avaliados como

antioxidantes em um biodiesel de girassol por Fröhlich (2005), no qual foram

adicionados numa quantidade entre 100 e 500 mg Kg -1, inferiores, porém nesta

faixa estes compostos não apresentaram atividade antioxidante.

Tabela 6.13: Atividade antioxidante da fração insaponificável testada em um biodiesel comercial

Entrada Fração insaponificável (mg Kg -1)

Tempo (horas)

Branco 0 5,1

Amostra 1 2000 6,0

Amostra 2 3000 6,2

Amostra 3 4000 6,4

Amostra 4 8000 9,0

Observou-se que na amostra 4 (Tabela 6.13) foi registrado um tempo de

indução de 9 horas na análise de estabilidade oxidativa desse biodiesel. Este

resultado é superior ao estabelecido pela Resolução nº45/2014 da ANP que

preconiza um tempo mínimo de 8 horas de indução. Nos demais ensaios, todos os

resultados ficaram abaixo do tempo de 8 horas. A fração insaponificável da Chlorella

não pode ser comprada com a de outras microalgas, pois não foram encontrados

relatos da utilização desta fração como antioxidante natural para biodiesel. A

atividade antioxidante da fração insaponificável da Chlorella pode ser atribuída à

Page 124: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

98

presença de carotenoides (4,9 mg/g de extrato insaponificável) que são compostos

tradicionalmente utilizados com esta finalidade na preservação de produtos naturais.

6.4.2 Fração saponificável Foram obtidas aproximadamente 5,9 ± 0,4 % em massa da fração apolar

resultante da acidificação do sabão (Tabela 6.10). A mesma quantidade dessa

fração, obtida pelo mesmo processo, foi relatada no trabalho de Schroeder (2013)

para a microalga Scenedesmus. A fração saponificável obtida após o processo de

acidulação do sabão, produto 2 (Figura 6.18), foi caracterizada por FTIR e CG-DIC.

O espectro de infravermelho da fração do produto 2, (Figura 6.19) apresentou uma

vibração intensa na região de 1710 cm-1, sendo esta banda característica para as

moléculas ácidos graxos (carbonila de ácido graxo). Além disso, as bandas no

intervalo de 2800 a 3100 cm-1 denotam as vibrações CH2 de cadeias alquílicas.

Também foi identificada uma banda na região de 1740 a 1750 cm-1 característica

para carbonila de éster (C=O). O cromatograma GC-DIC obtido a partir da matéria

saponificável apresentou dois produtos: ácidos graxos e ésteres etílicos cujas

quantidades obtidas estão mostradas na Tabela 6.14. Esses dois compostos estão

relacionados à presença de água e álcool etílico no meio reacional que favorece a

produção desses compostos em paralelo. Conforme pode ser observado, o perfil

graxo apresentado no produto 2 com 5 % de ácidos graxos poliinsaturados difere do

perfil graxo obtido anteriormente para os EMAGs que apresentou 80 % desses

ácidos. Nota-se que no produto 2 ocorreu uma diminuição no teor de ácidos graxos

poliinsaturados devido à presença de base e ácido nas etapas do processo no qual

esta fração foi submetida, reação que é altamente oxidante. A principal vantagem da

utilização do processo in situ é a possibilidade de utilizar a biomassa úmida de

microalgas para obtenção de material saponificável e obtenção de matéria-prima

com um perfil graxo mais adequado para obtenção de biodiesel. Outro ponto que

deve ser levado em consideração é a adição direta de ácido a fração polar obtida

após a saponificação fazendo que o sabão seja convertido diretamente a ésteres

etílicos. A principal desvantagem deste processo consiste na utilização de excesso

de base seguida de uma acidificação, o que resulta num elevado teor de sais no

produto final. Este processo, além de requerer maiores dispêndios de reagentes,

requer também um maior número de operações de separação/purificação (VERGA

Page 125: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

99

REI, 2007). A biomassa residual originada nesse processo, o produto 3, será

discutido no item 6.5.

Figura 6.18: Mistura de ácidos graxos e ésteres graxos da fração saponificável (produto 2)

Figura 6.19: Espectro de FTIR da fração saponificável (produto 2)

Page 126: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

100

Tabela 6.14: O perfil de ácidos graxos e de ésteres etílicos (produto 2) identificados por CG-DIC

Composição Percentual mássico (%)

Palmitoleato de Etila 0,4

Palmitato de Etila 0,4

Ácido palmitoleico 0,3

Ácido palmítico 0,8

Ácido Margárico 0,3

Linoleato de etila 1,7

Oleato de Etila 35,2

Ácido Linoleico 2,8

Ácido Oleico 54,8

Ácido Esteárico 3,3

6.5 Biomassas residuais

Após a extração de lipídeos da biomassa algacea com e sem pré-tratamento

foram geradas biomassas residuais (Figura 6.20). A determinação de proteínas

nestas frações foi realizada pelo método de Kjeldahl em triplicatas. A biomassa

residual oriunda dos processos de extração dos lipídeos apresentou uma quantidade

de 61,6 ± 5,8 % de proteínas sendo estatisticamente iguais, independentemente do

solvente e do método utilizado. Esta quantidade de proteínas foi igualmente

encontrada na biomassa liofilizada sem nenhum tipo de tratamento, mostrando que

o processo de extração dos lipídeos foi bastante seletivo para o fim requerido. Os

teores de proteínas residuais obtidas após os processos de extração dos lipídeos

foram semelhantes aos obtidos por Lemões (2011) para biomassa residual da

Chlorella (66,5 %).

Page 127: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

101

Figura 6.20: Biomassa residual obtida após a extração dos lipídeos.

Os teores de açúcares e proteínas foram avaliados na biomassa residual

obtida após o a transesterificação in situ com 20 % de catalisador. Neste caso, a

análise de açúcares apresentou um total 19,2 % em relação ao peso seco, que foi

relativamente próximo ao valor obtido para biomassa liofilizada 20,3 %. A glicose foi

o principal açúcar identificado nesta fração (70 % em relação ao total de

carboidratos). O teor de proteínas foi de 54,8 ± 4,5 % semelhante ao relatado para

biomassa residual obtida por Lemões (2011) pelo mesmo processo de

transesterificação in situ (49,1 % de proteínas). A biomassa residual analisada por

cromatografia por exclusão de partículas (Figura 6.21) mostrou-se praticamente livre

de fração lipídica (linha vermelha) quando comparada com a biomassa liofilizada

(linha azul) confirmando a eficiência do processo. A partir das análises das imagens

de microscopia eletrônica de transmissão foram comparados os efeitos na

morfologia da célula antes e depois de aplicada a transesterificação in situ (Figura

6.22 A). A análise de MET da biomassa residual difere da imagem da microalga

liofilizada, mostrando claramente a ruptura das estruturas (Figura 6.22 B). Como

esperado, a biomassa residual apresentou 3,25 ± 0,54 % de enxofre, quantidade

superior à obtida na biomassa liofilizada (0,52 ± 0,07 %). Devido a estes altos níveis

de enxofre a sua utilização da biomassa residual como fonte proteica para

alimentação animal não seria permitida. Mais informações sobre a composição da

biomassa residual obtida na transesterificação in situ estão disponíveis no Anexo

6.6.

Page 128: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

102

Figura 6.21: Cromatograma obtido a partir da análise de CET da biomassa residual do processo de transesterificação in situ (linha vermelha) e biomassa liofilizada (linha azul). Nota: 1 e 2) Triglicerídeos e diglicerídeos, 3) ácidos graxos livres e monoglicerídeos.

Figura 6.22: Fotomicrografia obtida a partir de A) microalga liofilizada; B) microalga após a transesterificação in situ.

A A

B B

Page 129: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

103

As biomassas residuais obtidas no processo de saponificação in situ

apresentaram uma redução da quantidade de proteínas proporcionalmente ao

aumento da quantidade de KOH. O produto 3 apresentou uma quantidade média de

proteínas de 21,1 ± 5,4 %, inferior aos dados obtidos neste trabalho para às outras

biomassas residuais. De acordo com Parsons et al., (1991) a presença de KOH na

reação de saponificação pode ter ocasionado solubilização dessas proteínas. A

análise de MET foi realizada para avaliar o resíduo após a reação de saponificação,

evidenciando que a estrutura ficou completamente destruída (Figura 6.23). Após a

saponificação a grande maioria das membranas, incluindo os tilacóides e amido

foram rompidos. Também foi observada a perda da rigidez da estrutura original o

que refletiu em formas celulares mais amorfas (Figura 6.23) diferindo da estrutura

apresentada para a biomassa intacta (Figura 6.22 A). Conforme esperado após a

análise de EDX a biomassa residual apresentou 21,2 ± 0,7 % de K em relação à

massa seca, níveis superiores quando comparados a biomassa liofilizada (0,92 %).

Mais informações da composição das biomassas residuais podem ser visualizadas

no Anexo 6.7.

Figura 6.23: Fotomicrografia obtida a partir da biomassa residual após a saponificação in situ

Page 130: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

104

6.6 Biorrefinaria de Chlorella

Finalmente, de acordo com que foi exposto neste trabalho, pode-se propor

uma sequência de operações para obtenção dos diferentes produtos da biorrefinaria

de Chlorella (Figura 6.24).

Figura 6.24: Esquema de operações aplicadas na biomassa de Chlorella para obtenção de diferentes produtos: biorrefinaria.

Page 131: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

CAPÍTULO 7 – CONCLUSÕES

Foi demonstrado neste trabalho que a Chlorella sp. possui amplo potencial de

aplicação dessa matéria-prima como fonte de proteínas, lipídeos, carboidratos e

carotenoides. A composição centesimal da Chlorella sp.é uma importante

informação para orientar futuras utilizações da biomassa.

Como esperado a mistura clorofórmio:metanol (2:1 v/v) foi a melhor solução

extratora para os lipídeos de microalgas tanto para a biomassa sem e com pré-

tratamento. Diferente dos processos tradicionais indicados para extração de óleo, o

hexano foi o solvente que apresentou os piores rendimentos em ambos os testes. O

pré-tratamento mecânico resultou no aumento na extração dos lipídeos quando

comparada com a biomassa sem pré-tratamento. O índice de acidez dos lipídeos

das microalgas extraídos com os diferentes solventes pode ser considerado alto

quando comparados ao de óleos vegetais, acarretando a busca de novos processos

para produção de biodiesel.

Do ponto de vista do aumento de escala, devido ao custo e toxicidade o

etanol mostrou-se o solvente mais indicado para extração dos lipídeos. Com o

aumento da temperatura e da razão solvente:carga os resultados obtidos nesta

condição foram comparados com os obtidos a partir da extração dos lipídeos

biomassa na pré-tratada com clorofórmio:metanol (2:1 v/v). Os extratos lipídicos

obtidos com solventes polares apresentaram maior capacidade antioxidante quando

comparados aos extratos apolares.

Os lipídeos da Chlorella sp. apresentaram uma grande quantidade de ácidos

graxos poliinsaturados, sendo o ácido linoleico presente em maior proporção e

consequentemente no biodiesel produzido nas reações in situ. Para produção dos

EMAGs o aumento da concentração do ácido sulfúrico e o tempo reacional foram

variáveis significativas para melhorar a taxa de conversão da biomassa em ésteres.

Fato que comprovado pela redução dos teores de ácidos graxos, mono, di e

triglicerídeos no produto final. Dentre os parâmetros obtidos, o teor de água,

triglicerídeos e estabilidade oxidativa não atenderam aos limites especificados pela

ANP. A produção de biodiesel da Chlorella pode ser viável a partir de uma espécie

com um perfil graxo mais adequado para este fim e do aproveitamento de seus

coprodutos. A argila selecionada foi eficaz para remoção dos pigmentos presentes

nos ésteres metílicos brutos, podendo ser aplicada para este fim em maior escala.

Aplicar o conceito de biorrefinaria para a separação das matérias

insaponificáveis e saponificáveis foi possível a partir da saponificação in situ.

Page 132: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

106

No entanto, pode ser observada maior seletividade da extração em relação à luteína

quando se aplicou a saponificação in situ. A matéria insaponificável foi eficaz para

estabilização do biodiesel comercial, embora utilizada em quantidades superiores a

dos antioxidantes sintéticos.

Os ácidos graxos, obtidos neste processo, apresentam grande interesse

como matéria-prima para produção de biodiesel, uma vez que também foram

identificados ésteres etílicos com um perfil mais adequado para produção desse

biocombustível.

Os coprodutos sólidos apresentaram elevados teores de proteínas superiores

a de carboidratos quando comparados as outras biomassas residuais.

Por fim, a extração de diferentes compostos foi alcançada com sucesso,

porém alguns desafios ainda permanecem para viabilizar a inclusão das microalgas

como matéria-prima para aplicação no setor energético.

Page 133: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

TRABALHOS FUTUROS

- Investigação da biomassa úmida para extração de diferentes compostos

como carotenoides, compostos fenólicos, ácidos graxos.

- Avaliar o solvente etanol para extração e transesterificação in situ, sob

condições mais elevadas de temperatura a partir de biomassa úmida de microalga.

- Extração de lipídeos a partir de biomassa úmida com homogeinizador e

identificação de compostos lipídicos.

-Obtenção de diesel verde a partir de microalgas.

-Avaliação da viabilidade econômica do processo, determinando os principais

gargalos tecnológicos e os pontos críticos para viabilização da biorrefinaria em

grande escala.

- Utilização da biomassa de microalgas para obtenção de bio-óleo com prévia

extração de compostos de alto valor comercial.

- Extração de EPA e DHA de biomassa úmida de microalgas.

- Avaliação do potencial nutricional da biomassa liofilizada e residual da

Chlorella.

- Utilização dos carboidratos da microalga para possível conversão a bioetanol.

-Caracterização completa da matéria insaponificável dos lipídeos da Chlorella

Page 134: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABO-SHADY A. M.; MOHAMED, Y. A.; LASHEEN, T.; Chemical composition of the cell wall in some green algae species. Biol Plant., 35(4), 629-632, 1993. ABUBAKAR, L. U.; MUTIE, A. M.; KENYA, E. U.; MUHOHO, A.; Characterization of algal oil and its potential as biofuel in Kenya. J. Appl Phytotechnol., In Env Sanit 1(4), 147-153, 2012. AHMAD, F.; AMIN, U.; YASAR, A.; Transesterification of oil extracted from different species of algae for biodiesel production. Afr. J. Environ. Sci. Technol., 7(6), 358-364, 2013. ALABI, A. O.; TAMPIER, M.; BIBEAU, E.; Microalgae technologies and processes for biofuel/bioenergy production in british columbia: Current Tecnology Suitability and barriers to implementation. Final Report to British Columbia Innovation Council, 2009. ALCÂNTARA, R.; CANOIRA, L.; AMORES, J.; FIDALGO, E.; FRANCO, M. J.; NAVARRO, A.; Catalytic production of biodiesel from soy-bean oil, used frying oil and tallow. Biomass and Bioenergy, 18 (6), 515-527, 2000. ALMARALES. A.; CHENARD, G. D.; ABDALA, R.; ARANDA, D. A. G.; YORDANKA REYES, Y C.; 1, TAPANES, N.; Hydroesterification of Nannochloropsis oculata microalga’s biomass to biodiesel on Al2O3 supported Nb2O5 catalyst. Natural Science 4 (4), 204, 2012. AMIN, S.; Review on biofuel oil and gas production process from microalgae. Energy Conversion and Management, 50(7), 1834-1840, 2009. ANDREWS, B. A.; ASENJO, J. A.; Enzymatic lysis and disruption of microbial cells. Tibtechician, 5 , 273–277, 1987. ANWAR, F.; RASHID, U.; ASHRAF, M.; NADEEM, M.; Hibiscus esculentus seed oil for biodiesel production. Appl Energ., 87(3), 779–785, 2010. ARAÚJO, G. S.; Utilização de microalgas na biotecnologia, com ênfase para biodiesel e análise de imunoparâmetros com camarões marinhos. Tese de doutorado. UFCE. 2011. ARCEO, A. A; Produção de biodiesel mediante o processo de Hidroesterificação da biomassa das microalgas Scenedesmus dimorphus e Nannochloropsis oculata. Tese de doutorado, UFRJ, 2012. ARREGONDO-VEGA, B. O.; Crescimento autotrófico y mixotrófico de la microalga marina Porphyridium cruentun.Tese de Doutorado. Faculdade de Farmácia, Universidade de Santiago de Compostela, Santiago de Compostela. 1995. ATABANI, A.E.; SILITONGA, A. S.; BADRUDDIN I. A.; MAHLIA,T. M. I.; MASJUKI, H. H.; MEKHILEF, S.; A comprehensive review on biodiesel as an alternative energy

Page 135: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

109

resource and its characteristics. Renew. Sustain. Energy Rev., 16, 2070–2093, 2012. BAILEY, A. E.; Aceites y grasas industriales. Reverté, 1944. BALASUBRAMANIAN, S.; ALLEN, J. D.; KANITKAR, A.; BOLDOR, D.; Oil extraction from Scenedesmus obliquus using a continuous microwave system — design, optimization, and quality characterization. Bioresour Technol., 102 (3), 3396–3403, 2011. BALASUNDARAM, B.; SKILL, S. C.; LLEWELLYN, C. A.; A low energy process for the recovery of bioproducts from cyanobacteria using a ball Mill. Biochemical Engineering Journal, 69, 48–56, 2012. BARCLAY, W. R.; MEAGER, K. M.; ABRIL, J. R.; Heterotrophic production of long chain omega-3 fatty acids utilizing algae and algae-like microorganisms. Journal of Applied Phycology, 6, 123-129, 1994. BASOVA, M. M.; Fatty acid composition of lipids in microalgae. International Journal on Algae, 7(1), 33-57, 2005. BATISTA, A. P.; PADILHA, M.; BATISTA, I.; BANDARRA, N. M.; SERRALHA, F.; RAYMUNDO, A.; SOUSA, I.; GOUVEIA, L.; Microalgae biomass colourings. 6th International Congress on Pigments in Food, 2010. BECKER, E. W.; Microalgae as a source of protein. Biotechology Advances, 25(2), 207-2010, 2007. BECKER, E. W.; VENKATARAMAN, L. V.; Biotechnology and Exploration of algae – The India Approach. Mangalore: Sharada, 24-79, 1981. BECKER, W.; Microalgae in human and animal nutrition. In: RICHMOND, A. Handbook of microalgacea culture: biotechnology and applied phycology. London: Blackwell Science, 2004. BEHRENS, P. W.; BINGHAM, S. E.; HOEKSEMA, S. D.; COHOON, D. L.; COX, J. C.; Studies on the incorporation of CO2 into starch by Chlorella vulgaris. Journal of Applied Phycology, 1, 123-130, 1989. BEHRENS, P. W.; KYLE, D. J.; Microalgae as a source of fatty acids. Journal of Food Lipids, 3, 259-272, 1996. BEN-AMOTZ, A.; Production β-carotene from Dunaniella. In: Cohen, Z. Chemicals from microalgae,London: Taylor &Francis,1999. BENEMANN, J. R., Overview: Algae Oil to Biofuels, National Renewable Energy Laboratory-Air Force Office of Scientific Research. Workshop on Microalgacea Oil for Jet Fuel Production, February, 2008.

Page 136: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

110

BERTOLDI, F. C.; SANT’ANNA, E. E.; OLIVEIRA, J. L. B.; Revisão: Biotecnologia de microalgas. Boletim do Centro de Pesquisa de Processamento de Alimentos, 26, 9-20, 2008. BHOSLE, B. M.; SUBRAMANIAN, R.; New approaches in deacidification of edible oils – a review. Journal of Food Engineering, 69, 481-494, 2005. BI, Z.; HE, B. B.; Characterization of microalgae for the purpose of biofuel production. American Society of Agricultural and Biological Engineers. 56(4), 1529-1539, 2013. BIERHALS, V.S.; MACHADO, V.G.; ECHEVENGUÁ, W. O.; COSTA, J. A. V.; FURLONG, E. B.; Compostos fenólicos totais, atividade antioxidante e antifúngica de multimisturas enriquecidas com a microalga Spirulina platensis. Rev Inst Adolfo Lutz, 68(1): 42-48, 2009. BILLER, P.; Hydrothermal processing of microalgae. Tese de Doutorado, Insitutto de pesquisas energéticas,Universidade de Leeds, Reino Unido.2013 BILLER, P.; ROSS, A. B.; Potential yields and properties of oil from the hydrothermal liquefaction of microalgae with different biochemical content. Bioresource Technology. 102(1), 215–225, 2011. BLIGH, E. G.; DYER, W. J.; A rapid method of total lipid extraction and purification. Canadian Journal Biochemistry Physiol 37, 911-917, 1959. BOLD, H.C.; WYNNE, M. J.; Introduction to the Algae: structure and reproduction. New Jersey: Prentice-Hall Inc.,706. 1978. BORGES, C. F.; Proposta de um modelo conceitual de biorrefinaria com estrutura descentralizada.. Tese de Doutorado. Escola de Engenharia Química. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 2010 BOROWITZKA, M. A.; Commercial production of microalgae: ponds, tanks, tubes and fermenters. Journal of Biotechnology, 70, 313-321, 1999. BORTHWICK, K. A. J.; COAKLEY, W.T.; MCDONNELL, M.B.; NOWOTNY, H.; BENES, E.; GRÖSCHl, M.; Development of a novel compact sonicator for cell disruption. J Microbiol Methods, 60 (2), 207–216, 2005. BRANDENBERGER, M.; MATZENBERGER, J.; VOGEL, F.; LUDWIG, C. H.; Producing synthetic natural gas from microalgae via supercritical water gaseification: A techno-economic sensitivity analysis. Biomass and Bioenergy, 51, 26–34, 2013. BRANDENBURG, K.; SEYDEL, U.; Fourier transform infrared spectroscopy of cell surface polysaccharides, Mantstsh H.H. and Chapman D. (Eds), 203-289,1996. BROWN, M.; The amino-acid and sugar composition of 16 species of microalgae used in mariculture. J. Exp. Mar. Biol. Ecol., 145, 79–99, 1991.

Page 137: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

111

BUCY, H. B.; BAUMGARDNER, M. E.; MARCHESE, A. J.; Chemical and physical properties of algal methyl ester biodiesel containing varying levels of methyl eicosapentanoate and methyl docosahexanoate. Algal Res., 1, 57-69, 2013. BURJA, A. M.; ARMENTA, R. E.; RADIANINGTYAS, H.; BARROW, C. J.; Evaluation of fatty acid extraction methods for Thraustochytrium sp. ONC-T18.J Agric Food Chem., 55, 4795, 2007. CANDIDO,R. S.; Extração de compostos bioativos e lipídeos para a produção de biodiesel a partir da microalga Chlorella sp. ,Dissertação de mestrado, UFRJ, 2014. CÁRDENAS, D. A.V.; PRODUÇÃO DE BIODIESEL DE ÓLEO DE MACAUBA (Acrocomia aculeata) VIA HIDROESTERIFICAÇÃO. Tese de mestrado. Universidade Federal do Rio de Janeiro. 2013. CARLSSON, A. S.; BEILEN, V. J.; MOLLER, R.; CLAYTON, D.; Micro and macroalgae: utility for industrial applications - Outputs from the EPOBIO project September, 2007. CARRAPISO, A. I.; GARCÍA, C.; Development in lipid analysis: some new extraction techniques and in situ transesterification. Lipids, 35(11), 1167-77, 2002. CERTIK, M.; SHIMIZU, S.; Biosynthesis and regulation of microbial polyunsaturated fatty acid production. Journal of Bioscience and Bioengineering, 87(1), 1-14, 1999. CHANDLER, D. P.; BROWN, J.; BRUCKNER-LEA, C. J.; OLSON, L.; POSAKONY, G. J.; STULUTS, J. R.; Continuous spore disruption using radially focused, high-frequency ultrasound. Anal Chem., 73, 3784–3789, 2001. CHEN, C.; YEH, K.; AISYAH, R.; LEE, D. & CHANG, J.; Cultivation, photobioreactor design and harvesting of microalgae for biodiesel production: A critical review. Bioresource Technology, 102, 1, (1), pp. 71-81, 2001. CHEN, C-Y.; ZHAO, X.-Q.; YEN, H.-W.; HO, S.-H.; CHENG, C.-L.; LEE, D.-J.; BAI, F.-W.; CHANG, J.-S.; Microalgae-based carbohydrates for biofuel production. Biochemical Engineering Journal, 78, 1–10, 2013. CHEN, Y-H., HUANG, B-Y.; CHIANG, T-H.l; TANG, T-C.; Properties of microalgae (Chlorella protothecoides) oil biodiesel and its blends with petroleum diesel. Fuel, 94,270–273, 2012. CHEN, F.; JOHNS, M. R.; Effect of C/N ratio and aeration on the fatty acid composition of heterotrophic Chlorella sorokiniana. Journal Applied Phycology, 3, 203-209, 1991.

Page 138: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

112

CHEN, L.; LIU, T.; ZHANG, W.; CHEN, X.; WANG, J.; Biodiesel production from algae oil high in free fatty acids by two-step catalytic conversion. Bioresour Technol. ,111, 208-214, 2012. CHEN, W.; SOMMERFELD, M.; HU, Q.; Microwave-assisted nile red method for in vivo quantification of neutral lipids in microalgae. Bioresource Technol.,102,135-141, 2011. CHISTI, Y.; Biodiesel from microalgae beats bioethanol. Trends in Biotechnology, 26 (3), 126, 2008. CHISTI, Y.; Biodiesel from microalgae. Biotechnology Advances, 25, 294, 2007. CHUN-YEN, C.; XIN-QING, Z.;, HONG-WEI, Y.; SHIH-HSIN, H.;, CHIEH-LUN, C.; DUU-JONG, L.; FENG-WU, B.; JO-SHU, C.; Microalgae-based carbohydrates for biofuel production. Biochemical Engineering Journal, 78, 1, 2013. COHEN, S.A.; MICHAUD, D. Synthesis of a Fluorescent Derivatizing Reagent, 6-Aminoquinolyl-N-Hydroxysuccinimidyl Carbamate, and Its Aplication for the Analysis of Hydrolysate Amino Acids via High-Performance Liquid Chromatography. Analytic Biochemistry, 211, 279-287, 1993. COHEN, Z.; Products from microalgae. In: RICHMOND, A.(ed).CRC Handbook of Microalgacea Massa Culture, Boca Raton:CRC, p.421-454, 1986. COHEN, Z.; VONSHAK, A.; RICHMOND, A.; Effect of environmental conditions on fatty acid composition of the red alga Porphyridium cruentum: correlation to growth rate. Journal of Phycology, 24, 328-332, 1988. CRAVOTTO, G.; BOFFA, L.; MANTEGNA, S.; PEREGO, P.; AVOGADRO, M.; CINTAS, P.; Improved extraction of vegetable oils under high-intensity ultrasound and/or microwaves. Ultrason Sonochem.,15, 898, 2008. CYSEWSKI, G. R.; LORENZ, R. T. Industrial production of microalgacea cell-mass and secondary products—species of high potential: Haematococcus. In: Handbook of Microalgacea Culture, Biotechnology and Applied Phycology; Richmond, A., Ed.; Blackwell Science: Oxford, UK, 2004. D’OCA, M. G. M.; VIÊGAS, C. V.; LEMÕES, J. S.;MIYASAKI, E. K.; VILLARREYES, J. A. M.; PRIMEL, E. G.; ABREU, P. C. Production of ésteres metílicos from several microalgacea lipidic extracts and direct transesterification of the Chlorella pyrenoidosa. Biomass Bioenergy, 35, 533, 2011. DEGUCHI, S.; TSUJII, K.; Supercritical water: a fascinating medium for soft matter. Soft Matter, 3, 797-803, 2007. DELRUE, F.; SETIER, P. A.; SAHUT, C.; COURNAC, L.; ROUBAUD, A.; PELTIER, G.; FROMENT, A. K.; An economic, sustainability, and energetic model of biodiesel production from microalgae. Bioresour Technol., 111, 191-200. 2012.

Page 139: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

113

DEMIRBAŞ, A.; Production of biodiesel from algae oils. Energy Sources A, 31(2), 163-168, 2009. DEMIRBAS, A.; Progress and recent trends in biodiesel fuels. Energy Conversion and Management, 50(1), 14-34, 2009-a. DERNER, R. B.; OHSE, S.; VILLELA, M.; CARVALHO, S. M.; FETT, R. Microalgas, produtos e aplicações. Cienc. Rural, 36(6): 1959-1967. 2006. DÍAZ, G.C.; CRUZ, Y. R.; FORTES, M. M.; VIÊGAS, C. V.; CARLIZ, R.G.; FURTADO, N. C.; ARANDA, D.A.G.; Primary Separation of Antioxidants (Unsaponifiables) the Wet Biomass Microalgae Chlamydomonas sp. and Production of the Biodiesel. Natural Science, 06, 1210-1218, 2014. DU, W. X.; OLSEN, C. W.; BUSTILLOS, A.R.J.; FRIEDMAN, M.; MCHUGH,T.H.; Physical and antibacterial properties of edible films formulated with apple skin polyphenols. Journal of Food Science, 76 (2), 149-155, 2011. DUFOSSÉ, L.; GALAUPA, P.; YARONB, A.; ECKHARD, L.; MEINDL, D.; Microorganisms and microalgae as Composition of the cell wall of Chlorella fusca. Planta 156, 270, 1982. EHIMEN, E.A.; SUN, Z.F.; CARRINGTON, C.G.; Variables affecting the in situ transesterification of microalgae lipids. Fuel, 89(3), 677, 2010. EL-SHIMI, H. I.; ATTIA, N. K..; EL-SHELTAWY, S. T.; EL-DIWANI, G. I.; Biodiesel Production from Spirulina-Platensis Microalgae by In-Situ Transesterification Process. Journal of Sustainable Bioenergy Systems, 3, 224-233, 2013. ENGLER, C. R.; Disruption of microbial cells. ,in: M. Moo-Young (Ed.), Comprehensive biotechnology, Pergamon Press, Oxford, Volume 2, 1985. EUROPEAN STANDARD. EN 14103. Fat and oil derivatives - Fatty Acid Methyl Esters (FAME) - Determination of ester and linolenic acid methyl ester contents, 2011. EUROPEAN STANDARD. EN 14110. Fat and oil derivatives - Fatty Acid Methyl Esters (FAME) - Determination of methanol content, 2003. EUROPEAN STANDARD. EN 14111. Fatty acid methyl esters (EMAG): determination of iodine value, 2003. EUROPEAN STANDARD. EN 14112. Determination of oxidation stability (accelerated oxidation test), 2003. EUROPEAN STANDARD. EN ISO 12937. Petroleum products - Determination of water - Coulometric Karl Fischer titration method, 2000.

Page 140: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

114

FAHEED, F.; FATTAH, Z. A.; Effect of Chlorella vulgaris as bio-fertilizer on growth parameters and metabolic aspects of lettuce plant.J Agric Soc Sci, 4, 165–169, 2008. FAJARADO, A. R.; MEDINA, R. A.; CERDÁN, L. E.; FERNANDÉZ, F. G.; MORENO, P. A. G.; GRIMA, M. E.; Lipid extraction from the microalga Phaeodactylum tricornutum. European Journal Lipid Science Technology, 109(2), 120-126, 2007. FAO. Report of joint FAO/WHO/ONU Expert Consulation Technical Report. Energy and Protein Requirements, FAO Series n. 724, 1985. FARHOOSH, R.; TAVASSOLI-KAFRANI, M. H.; SHARIF, A.;Assaying Antioxidant Characteristics of Sesame Seed, Rice Bran, and Bene Hull Oils and their Unsaponifiable Matters by Using DPPH Radical-Scavenging Model System. J. Agr. Sci. Tech., 15, 241-253, 2013. FRASER, P. D.; BRAMLEY, P. M.; The biosynthesis and nutritional uses of carotenoids. Prog Lipid Res., 43 (3), 228-265, 2004. FERREIRA, A. F.; RIBEIRO, L. A.; BATISTA, A. P.; MARQUES, P. S.; NOBRE, B. P.; PALAVRA, A. F.; SILVA, P. P.; GOUVEIA, L.; E SILVA, C. (2013); A Biorefinery from Nannochloropsis sp. microalga – Energy and CO2 emission and economic analyses. Bioresource Technology, 138, 235-244, 2013. FOLCH, J.; LEES, M.; STANLEY, G. M.; A simple method for the isolation and puri fi cation of total lipids from animal tissues. Journal Biol Chem 226, 497-509, 1957. FREITAS, S, P; FREITAS-SILVA, O.; MIRANDA, C. I.; COELHO, Z. A. M.; Extração e fracionamento simultâneo do óleo da castanha-do-Brasil com etanol. Ciênc.Tecnol. Aliment., 27,14, 2007. FRÖHLICH, Evaluation of the Effect of Tocopherols on the Stability of Biodiesel. Irish Agriculture and Food Development. 2005. FUKUDA, H.; KONDO, A.; NODA, H.; Biodiesel fuel production by transesterification of oils. Journal Bioscience and Bioengineering, 92 (5), 405-416, 2001. GANEVA, V.; GALUTOV, B.; TEISSIÉ, J.; Electric field mediated loading of macromolecules in intact yeast cells is critically controlled at the wall level. Biochim. Biophys Acta, 1240, 229–236, 1995. GARCIA, J. M. R.; FERNANDEZ, F. G. A.; SEVILLA, J. M. F. Development of a process for the production of L-amino-acids concentrates from microalgae by enzymatic hydrolysis. Bioresource Technology, 112, 164–170, 2012. GILL, I.; VALIVETY, R.; Polyunsaturated fatty acids, part 1: occurrence, biological activities and applications. Trends in Biotechnology, 15(10), 401-409, 1997. GINZBERG, A.; M. COHEN.; SOD-MORIAH, W. A.; SHANY, S.; OSENSHTRAUCH, A.; Chickens fed with biomass from the red microalga Porphyridium sp. have reduced

Page 141: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

115

cholesterol level and modified fatty acid composition in egg yolk. Journal of Applied Phycology, 12:325–330, 200 GIORDANO, M., KANSIZ, M., HERAUD, P., BEARDALL, J., WOOD, B., MCNAUGHTON, D.; Fourier transform infrared spectroscopy as a novel tool to investigate changes in intracellular macromolecular pools in the marine microalga Chaetoceros muellerii (Bacillariophyceae). J. Phycol., 37(2), 271–279, 2001. GOETTEL, M.; EING, C.; GUSBETH C.; STRAESSNER, R.; WOLFGANG, F.; Pulsed electric field assisted extraction of intracellular valuables from microalgae. Algal Research, 2 (4), 401–408, 2013. GOGATE, P. R.; PANDIT, A. B.; Application of cavitational reactors for cell disruption for recovery of intracellular enzymes. J Chem Technol Biotechnol, 83, 1083–1093, 2008. GOH, C. S.; LEE, K. T.; A visionary and conceptual macroalgae-based third-generation bioethanol (TGB) biorefinery in Sabah, Malaysia as an underlay for renewable and sustainable development. Renew. Sust. Energ. Rev., 14(2), 842-848, 2010. GOMES, A. F.; Extração e análise da fração lipídica de Monoraphidium sp. síntese e caracterização do biodiesel. Dissertação de mestrado UFRN. 2013. GONZÁLEZ, I. M. J.; MEDINA, R. A.; GRIMA, M. E.; GIMÉNEZ, G. A.; CARSTENS, M.; CERDÁN, E. L.; Optimization of fatty acid extraction from Phaeodactylum tricornutum UTEX 640 biomass. J Am Oil Chem Soc, 75, 1735, 1998. GONZÁLEZ-FERNÁNDEZ, C.; BALLESTEROS, M.; Linking microalgae and cyanobacteria culture conditions and key-enzymes to carbohydrate accumulation. Biotechnol. Adv. 30(6), 1655–166, 2012. GONZÁLVES, A.; GHANJAOUI, M. E.; EL RHAZI, M.; DE LA GUARDIA, M.;. Inductively coupled plasma optical emission spectroscopy determination of trace element composition of argan oil. Food Sci. Technol. Int., 16, 61–75. 2010. GORGÔNIO, C. M. S.; Aplicação de tecnologia enzimática para a obtenção de hidrolisados proteicos de microalgas. Tese de Doutorado, UFRJ, 2013. GRIMA, M. E.; MEDINA, R. A.; GIMÉNEZ, G. A.; Recovery of algal PUFAs. In: Cohen, Z. Chemicals from microalgae,London: Taylor &Francis,1999. GRIMA, M. E; GONZÁLEZ, I. M. J. GIMÉNEZ, G. A.; Solvent Extraction for Microalgae. IN: BOROWITZKA, M. A; Moheimani R. N. Algae for Biofuels and Energy. Springer, 2012. GRIMI, N.; DUBOIS, A.; MARCHAL, L.; JUBEAU, S.; LEBOVKA, N. I.;OROBIEV, E.;. Selective extraction from microalgae Nannochloropsis sp. using different methods of cell disruption. Bioresource Technology, 153, 254-259, 2014.

Page 142: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

116

GU, H.; MA, X.; WU, J.; ZHANG, Q.; YUAN, W.; & CHEN, Y.; Concentration of α-Linoleic Acid of Perilla Oil by Gradient Cooling Urea Inclusion. Agricultural Sciences in China, 8(6), 685-690, 2009. GUCKERT, J. B.; COOKSEY, K. E.; JACKSON, L. L.; Lipid solvent systems are not equivalent for analysis of lipid classes in the microeukaryotic green alga, Chlorella . J Microbiol Methods, 8, 139-149, 1988. GÜÇLÜ-ÜSTÜNDAG, Ö.; TEMELLI, F.; Correlating the solubility behavior of minor lipids components in supercritical carbon dioxide. Journal of Supercritical Fluids, 31(3), 235-253, 2004. GUEDES, A. C.; MALCATA, X. F.; AMARO, M. H.; Microalgae as Sources of Carotenoids. Marine Drug, 9, 625, 2011. GUERIN, M.; HUNTLEY, M. E.; OLAIZOLA, M.; Haematococcus astaxanthin: applications for human health and nutrition. Trends Biotechnol., 21(5), 210-216, 2003. GÜNERKEN, E.; D'HONDT, E.; EPPINK, M. H. M.; GARCIA-GONZALEZ, L..; ELST, K.; WIJFFELS, R. H.; Cell disruption for microalgae biorefineries. Biotechnology Advances, 33 (2), 243-260, 2015. GUNSTONE, F. D.; HAMILTON, R. J.; Oleochemical Manufacture and Applications. Shenfield Academic Press. Liverpool, 2001. GUNSTONE, F. D.; PADLEY, F. B.; Lipid Technologies and Applications, Marcel Dekker, Inc., Nova York, 1997. GUNSTONE, F. D.; Vegetable Oils in Food Technology: Composition, Properties and Uses, Blackwell Publishing/CRC, Oxford, 2002. HAAS, M. J.; WAGNER, K.; Simplifying biodiesel production:the direct or in situ transesterification ofalgal biomass. Eur.J.Lipid Sci.Technol.,113,1219–1229, 2011. HALIM R, GLADMAN, B.; DANQUAH M. K.; WEBLEY P. A.; Oil extraction from microalgae for biodiesel production. Biores Technol., 02, 178–185, 2011. HALIM, R.; DANQUAH, M. K.; WEBLEY, P. A; Extraction of oil from microalgae for biodiesel production: a review. Biotechnol Adv., 30 (3), 709–732, 2012. HALIM, R.; DANQUAH, M. K.; WEBLEY, P. A; Microalgacea cell disruption for biofuel development. Appl. Energy, 91, 116–121, 2012-a. HARA, A.; RADIN, N. S.; Lipid extraction of tissues with a low-toxicity solvent. Anal Biochem., 90, 420-426, 1978. HAKALIM, N. L. S.; Otimização das condições de cultivo da microalga Scenedesmus sp. para a produção de biodiesel. Tese de doutorado, UNB, 2014.

Page 143: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

117

HARUN, R.; DANQUAH, M. K.. Enzymatic hydrolysis of microalgacea biomass for bioethanol production. Chem Eng J, 168, 1079–1084, 2011-a. HARUN, R.; DANQUAH, M. K.; Influence of acid pre-treatment on microalgacea biomass for bioethanol production. Process Biochem, 46, 304–309, 2011-b. HARUN, R.; DANQUAH, M.K.; FORDE, G.M.; Microalgacea biomass as a fermentation feedstock for bioethanol production. J Chem Technol Biot., 85, 199, 2010-a. HARUN, R.; SINGH, M.; FORDE, G.M.; DANQUAH, M.K.; Bioprocess engineering of microalgae to produce a variety of consumer products. Renewable and Sustainable Energy Reviews, 14, 1037, 2010-b. HEJAZI, M. A.; DE LAMARLIERE, C.; ROCHA, J. M. S.; VERMUË, M.; TRAMPER, J.; WIJFFELS, R. H.; Selective extraction of carotenoids from the microalga Dunaliella salina with retention of viability. Biotechnol Bioeng., 79(1), 29-36, 2002. HEMALATHA, A.; GIRIJA, K.; PARTHIBAN, C.; SARANYA, C.;ANANTHARAMAN, P.; Antioxidant properties and total phenolic content of a marine diatom, Navicula clavata and green microalgae, Chlorella marina and Dunaliella salina. Pelagia Research Library Advances in Applied Science Research, 4(5), 151-157, 2013. HO, S. H.;HUANG, S.W.; CHEN, C.Y.; HASUNUMA, T.; KONDO, A.; CHANG, J.S.; HO, S-H.; CHEN, C-Y.; LEE, D-J.; CHANG, J-S.; Perspective on microalgacea CO2 emission mitigation systens – A review. Biotechonology Advances, 29, 189-198, 2011. HOSSAIN, S.; SALLEH, A.; BOYCE, N. A.; CHOWDHURY, P.; NAQUIDDIN, M.; Biodiesel Fuel Production form Algae as Renewable Energy. American Journal of Biochemistry and Biotechology, 4 (3), 250-254, 2008. HUA-BIN, L.; CHEN, F.; YUE, J.; Isolation and Purification of Lutein from the Microalga Chlorella vulgaris by Extraction after Saponification. J. Agric. Food Chem., 50(5), 1070-1072, 2002. HUANG, G.H.; CHEN, F.; WEI, D.; ZHANG, X. W.; CHEN, GU.; Biodiesel production by microalgae biotechnology. Applied Energy, 87, 38-46, 2010. IWATA, I.; SAKURAI, Y.; Lipids of Algae. Agricultural and Biological Chemistry, 27(4), 253-264, 1963. JOHN, R. P.; ANISHA, G. S.; NAMPOOTHIRI, K. M.; PANDEY, A.; Micro and macroalgal biomass: a renewable source for bioethanol. Bioresource Technology, 102, 186-193, 2011. JOHNSON, B. M.; WEN, Z.; Production of Biodiesel Fuel from the Microalga Schizochytrium limacinum by Direct Transesterification of Algal Biomass. Energy Fuels, 23 (10), 5179-5183, 2009.

Page 144: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

118

KALOGEROPOULOS, N.; CHIOU, A.; GAVALA, E.; CHRISTEA, M.; ANDRILKOPOULOS, N. K.; Nutritional evaluation and bioactive microconstituents (carotenoids, tocopherols, sterols and squalene) of raw and roasted chicken fed on DHA-rich microalgae. Food Research International, 43, 2006–2013, 2010. KANEMOTO, F.T.; Otimização de sistema de cultivo de baixo custo de Nannocloropsis gaditana Lubián 1982 para produção de Biodiesel. Dissertação de mestrado. USP. São Paulo. 2012. KIM, J. K.; UM, B. H.; KIM, T. H.; Bioethanol production from micro-algae, Schizocytrium sp., using hydrothermal treatment and biological conversion. Korean Journal of Chemical Engineering, 29(2), 209-2014, 2012. KOMAKI, H.; The effect of processing of Chlorella vulgaris: K-5 on in vitro and vivo digestibility in rats. Animal Feed Science Technology, 70(4), 363-366, 1998. LAU, H. L. N.; CHOO, Y. M.; MA, A. N.; CHUAH, C. H.; Production of refined carotene-rich palm oil from palm mesocarp (Elaeis guineensis) using supercritical carbon dioxide. Journal of Food Lipids, 14, 396-410, 2007. LAURIENZO, P.; Review Marine Polysaccharides in Pharmaceutical Applications: An Overview. Mar. Drugs, 8, 2435-2465, 2010. LEE, J-Y.; YOO, C.; JUN, S-Y.; AHN, C-Y.; OH, H-M.; Comparison of several methods for effective lipid extraction from microalgae. Bioresour. Technol., 101(1), S75-S77, 2010. LEE, R. E; NEVENZEL, J. C.; PFAVFENHOFER, G. A.; Importance of wax esters and other lipids in the marine food chain: phytoplankton and copepods. Mar. Biol., 9(2), 99-108, 1971. LEE, I.; JOHNSON, A. L.;HAMMOND, E.G.; Reducing the cristallization temperature of Biodiesel by winterization methyl soyate. JAOCS, 73 (5), 1996. LEMAHIEU, C.; BRUNEEL, C.; TERMOTE-VERHALLE, R.; MUYLAERT, K.; BUYSE, J.; FOUBERT, I.; Impact of feed supplementation with different omega-3 rich microalgae species on enrichment of eggs of laying hens. Food chemistry, 141(4), 4051–4059, 2013. LEMÕES, J. S; Síntese de Ésteres Graxos de Chlorella sp. utilizando os processos de Extração-Transesterificação e Transesterificação in situ. Tese de mestrado, FURG, 2011. LEWIS, T.; NICHOLS, P. D.; MCMEEKIN, T. A.; Evaluation of extraction method for recovery of fatty acids from lipid-producing microheterotrophs. J Microbiol. Methods, 43, 107-116, 2000. LIANG, K.; WEI, C.; QINGHUA, Z.; Enzyme-Assisted Aqueous Extraction of Lipid from Microalgae. J. Agric. Food Chem., 60(47), 11771-11776, 2012.

Page 145: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

119

LIMAYEN, A.; RICKE, S. C.; Lignocellulosic biomass for bioehtanol production: current perspectives, potential issues and future prospects. Progress in Energy and Combustion Science, 38, 449-467, 2012. LÔBO I. P.; FERREIRA S. L. C.; CRUZ R. S.; Biodiesel: parâmetros de qualidade e métodos analíticos. Química Nova, 32(6), 1596-1608, 2009. LU, J.; TAKEUCHI, T.; SOTOH, H. Ingestion and assimilation of three species of freshwater algae by larval tilapia Oreochromis niloticus. Aquaculture, v. 238, n. 1-4, p. 437-449, 2004. MAKULLA, A.; Fatty acid composition of Scenedesmus obliquus: Correlation to dilution rates. Limnologica. Ecology and Management of Inland Waters, 2, 162–168. 2000. MALLICK,N.; MANDAL, S.; SINGH, A. K.; BISHAI, M.; DASH, A.; Green microalga Chlorella vulgaris as a potential feedstock for biodiesel. J Chem Technol Biotechnol., 87, 137–145, 2012. MANDAL, S.; MALLICK, N.; Microalga Scenedesmus obliquus as a potential source for biodiesel production. Appl Microbiol Biotechnol., 84(2):281-91, 2009. MANIVANNAN, K.; ANANTHARAMAN, P.; BALASUBRAMANIAN, T.; Asian Pacific J. Trop. Biomed., 1–5. 2012. MARCHETTI, J. M.; MIGUEL, V. U.; ERRAZU, A. F.; Possible methods for biodiesel production. Renewable & Sustainable Energy Reviews, 11(6), 1300-1311, 2007. MARCILLA, A.; GÓMEZ-SIURANA, A.; GOMIS, C.; CHÁPULI, E.; CATALÁ , M. C.; VALDÉS, F. J.; Characterization of microalgacea species through TGA/FTIR analysis: Application to Nannochloropsis sp. Thermochimica Acta, 484 (1–2), 41–47, 2009. MARINOVA, E. M.; YANISHLIEVA, N. V.; Antioxidant activity and mechanism of action of some phenolic acids at ambient and high temperatures. Food Chemistry, 81 (2), 189-197, 2003. MATA, T. M.; MARTINS, A.; CAETANO, N. S.; Microalgae for biodiesel production and other applications: A review. Renewable and Sustainable Energy Reviews, 14, 217-232, 2010. MATISSEK, R.; SCHNEPEL, F. M.; STEINER, G.; Análisis de los alimentos: Fundamentos, Métodos y Aplicaciones, Editorial Acribia, S. A.; Zaragoza, 1998. MAYERS, J. J.; FLYNN, K. J.; SHIELDS, R. J.; Rapid determination of bulk microalgacea biochemical composition by Fourier-Transform Infrared spectroscopy. Bioresource Technology 148, 215–220, 2013. MENDES-PINTO M. M.; RAPOSO M. F.; BOWEN J.; YOUNG A. J.; MORAIS R.; Evaluation of different cell disruption processes on encysted cells of Haematococcus

Page 146: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

120

pluvialis : effects on astaxanthin recovery and implications for bio-availability. J Appl Phycology, 13, 19-24, 2001. MENG, Y.; YAO, C.; XUE, S.; YANG, A.; Application of Fourier transform infrared (FTIR) spectroscopy in determination of microalgacea compositions. Bioresource Technology ,151, 347–354, 2014. MENSOR, L. L.; MENEZES, F. S.; LEITÃO, G. G.; REIS, A. S.; DOS SANTOS, T. C.; LEITÃO, S. G.; Screening of Brazilian plant extracts for antioxidant activity by the use of DPPH free radical method. Phytother Res., 15(2):127-30, 2001. METTING, F. B. JR; Biodiversity and application of microalgae. Journal of Industrial Microbiology and Biotechnology, 17, 477–489, 1996. MIDDELBERG, A. P. J.; Process scale disruption of microorganisms. Biotechnol Adv., 13 (3), 491–551, 1995. MILLEDGE, J.; Commercial application of microalgae other than as biofuels: a brief review. Reviews in Environmental Science and Biotechnology, 10 (1), 31–41, 2011. MIRANDA, J. R.; PASSARINHO, P. C.; GOUVEIA, L.; Pre-treatment optimization of Scenedesmus obliquus microalga for bioethanol production. Bioresour Technol., 104, 342–348, 2012. MIYACHI, S.; KANAI, R.; MIHARA, S.; MIYACHI, S.; AOKI, S.; Metabolic roles of inorganic polyphosphates in Chlorella cells. Biochimica Biophysica Acta, 93 (3), 625–634, 1964. MOGEDAS, B.; CASAL, C.; FORJÁN, E.; VÍLCHEZ, C.; β-Carotene production enhancement by UV-A radiation in Dunaliella bardawil cultivated in laboratory reactors. J. Biosci. Bioeng., 108, 47–51, 2009. MORAES, E. B.; MARTINS, P. F.; BATISTELLA, C. B.; ALVAREZ, M. E. T.; MACIEL FILHO, R.; MACIEL, M. R. W.; Molecular distillation: A powerful technology for obtaining tocopherols from soya sludge. Applied Biochemistry and Biotechnology, 129, 1066, 2006. MORAIS, M. R.; SEYE, O.; FREITAS, K. T.; RODRIGUES, M.; SANTOS, E.S. S.;SOUZA, R. C.; Obtenção de briquetes de carvão vegetal de cascas de arroz utilizando baixa pressão de compactação. Enc de energia Meio Rural, 2006. MOREAU, R. A.; WHITAKER, B. D.; HICKS, K. B.; Phytosterols, phytostanols, and their conjugates in foods: structural diversity, quantitative analysis, and health-promoting uses. Progress in Lipid Research, 41, 457-500, 2002. MORETTO, E; FETT, R.; Tecnologia de óleos Vegetais e Gorduras Vegetais na Indústria de Alimentos. São Paulo: Varela, 1998.

Page 147: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

121

MORTENSEN, S. H.; BORSHEIM, K.Y.; R. A. NUZZO.; KNUTSEN, G.; Fatty acid and elemental composition of the marine diatom Chaetoceros gracilis. Effects of silicate deprivation, temperature and light intensity. Journal of Experimental Marine Biology and Ecology, 122, 173-185, 1988. MOSTAFA, S.S. M.; EL-GENDY, N. S.;Evaluation of fuel properties for microalgae Spirulina platensisbio-diesel and its blends with Egyptian petro-diesel. Arabian Journal of Chemistry, in press, 2013. MURTHY, K. N. C.; VANITHA, A.; RAJESHA, J.; SWAMY, M. M.; SOWMYA, P. R.; RAVISHANKA, G. A.; In vivo antioxidant activity of carotenoids from Dunaliella salina—a green microalga. Life Sci., 76, 1381-1390, 2005. MUTHUKUMAR, A. S.; ELAYARAJA, T. T.; AJITHKUMAR, S.; BALASUBRAMANIAN, T.; Biodiesel production from marine microalgae Chlorella marina and Nannochloropsis salina. Journal of Petroleum Technology and Alternative Fuels, 3(5), 58-62, 2012. NAGLE, N.; LEMKE, P.; Production of methyl ester fuel from microalgae . Applied Biochemistry and Biotechnology, 24-25 (1), 355-361, 1990. NAIK, A. N.; MEHER, L.C.; SAGAR, D. V.; Technical aspects of biodiesel production by tranesterification –a review. Renewable & Sustainable Energy Reviews, 10, 248, 2006. NAUMANN, D.; HELMAN, D.; LABISCHINSKI, H. Microbiological characterizations by FTIR spectroscopy. Nature, 351, 81-82, 1991. NAUMANN, D.; Infrared Spectroscopy in Microbiology. In Encyclopedia of Analytical Chemistry R.A. Meyers (Ed.), 102–131. John Wiley & Sons Ltd, Chichester, 2000. NOBRE, B. P.; VILLALOBOS, F.; BARRAGÁN, B. E.; OLIVEIRA, A. C.; BATISTA, A. P.; MARQUES, P. A.; MENDES, R. L.; SOVOVÁ, H.; PALAVRA, A. F. E.;GOUVEIA, L.; A biorefinery from Nannochloropsis sp. microalga – Extraction of oils and pigments. Production of biohydrogen from the leftover biomass. Bioresource Technology, 135, 128-136, 2013. OGBONNA, J. C.; TANAKA, H.; Night biomass loss and changes in biochemical composition of cells during light/dark clyclic culture of Chlorella pyrenoidosa. Journal of Fermentation and Bioengineering, 82(6), 558-564, 1996. OHSE, S.; DERNER, R. B.; OZÓRIO, R. A.; BRAGA, M. V. C.; CUNHA, P.; DA SILVEIRO, J. R.; FAUSTINA, A. M.; Produção de biomassa e teores de carbono, hidrogênio, nitrogênio e proteínas em microalgas. Cienc Rural, 39, 1760-1767, 2009. OLAIZOLA, M.; Commercial development of microalgacea biotechnology: from the test tube to the marketplace. Biomolecular Engineering, 20, 459-466, 2003.

Page 148: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

122

OLAIZOLA, M.; Commercial production of astaxanthin from Haematococcus pluvialis using 25,000-liter outdoor photo-bioreactors. J. Appl. Phycol., 12, 499-506, 2000. OZ, H. S.; EBERSOLE, J. L.; Green tea polyphenols mediated apoptosis in intestinal epithelial cells by a FADD-dependent pathway. Journal of Cancer Therapy, 1(3), 105-113, 2010. PACHECO, S.; Preparo de padrões analíticos, estudo de estabilidade e parâmetros de validação para ensaio de carotenóides por cromatografia líquida. Dissertação, Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos, Ciência dos Alimentos, Seropédica: UFRJ,. 2009 PAOLETTI, C.; PUSHPARAJ, B.; FLORENZANO, G.;CAPELLA, P.; LERCKER, G.;Unsaponifiable matter of green and blue-green algal lipids as a factor of biochemical differentiation of their biomasses: I. Total unsaponifiable and hydrocarbon fraction. Lipids, 11(4), 258-265, 1976. PARSONS, C. M.; HASHIMOTO, K.; WEDEKING, K. J.; BAKER, D. H.; Soybean Protein Solubility in Potassium Hydroxide: An in Vitro Test of Vivo Protein Quality. Animal Science, 69, 2918-2924, 1991. PATIL, P. D.; GUDE, V. G.; MANNARSWAMY, A.; COOKE, P.; MUNSON-MCGEE, S.; NIRMALAKHANDAN, N.; LAMMERS, P.; DENG, S. G.; Optimization of microwave-assisted transesterification of dry algal biomass using response surface methodology. Bioresour. Technol., 102(2), 1399-1405, 2011. PENG, W.; WU, Q.; TU, P.; ZHAO, N.; Effects of temperature and holding time on production of renewable fuels from pyrolysis of Chlorella protothecoides. Journal of Applied Phycology, 12, 147, 2000. PENG, W.; WU, Q.; TU, P.; ZHAO, N.; Pyrolytic characteristics of microalgae as renewable energy source determined by thermogravimetric analysis. Bioresource Technology, 80(1), 1-7, 2001. PÉREZ, H. E. B.; Biodiesel de Microalgas, Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares – IPEN, 1, 19, 2007. PETKOV, G.; GARCIA, G.; Which are fatty acids of the green alga Chlorella?. Biochemical Systematics and Ecology, 35(5), 281-285, 2007. PHUKAN, M.; CHUTIA, R.; KONWAR, B.; KATAKI, R.; Microalgae Chlorella as a potential bio-energy feedstock. Applied Energy, 88(10), 3307-3312, 2011. PIMENTEL, B. M. V.; FRANCKI, M.; GOLLÜCKE, B. P. Alimentos funcionais: introdução as principais substâncias bioativas em alimentos. São Paulo: Editora Varella, 2005. PISTORIUS, A. M.; DEGRIP, W. J.; EGOROVA-ZACHERNYUK, T. A.; Monitoring of biomass composition from microbiological sources by means of FT-IR spectroscopy. Biotechnol. Bio.eng., 103,123–129, 2009.

Page 149: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

123

PLAZA, M.; HERRERO, M.; CIFUENTES, A.; IBÁÑEZ, E. Innovative natural functional ingredients from microalgae. J. Agric. Food Chem., 57(16), 7159-7170, 2009. POLIZEL, L. H.; TAHAN, C. M. V.; PELEGRINI, M. A.; SOARES, B. F.; TAKENO, H. K.; SILVA, O. C.; MONTEIRO, B.; VELÁZQUEZ, S. M. S. G.; DRUMOND, M. A.; ANJOS, J. B.; Simulador de prospecção de cenários e avaliação de projetos de produção de sementes, óleo in natura e biodiesel de mamona. Enc. Energ. Meio Rural, 6, 2006. PONNUSWAMY, I.; MADHAVAN, S.; SHABUDEEN, S.; Isolation and characterization of green microalgae for carbon sequestration, waste water treatment and bio-fuel production. Int J Biosci biotechn., 5(2), 17-25, 2013. PORTER, N. A.; CALDWELL S.E.; CAREN, A. M.; Mechanimism of free radical oxidation of unsaturated lipids. Lipids, 30(4), 277-290, 1995. POSTMA, P. R.; MIRON, T. L.; OLIVIERI, G.; BARBOSA, M. J.; WIJFFEL, R. H.; EPPINK, M. H. M.; Mild disintegration of the green microalgae Chlorella vulgaris using bead milling. Bioresource Technology, 184, S297-S304, 2015. POWELL, E. E.; HILL, G. A.; Economic assessment of an integrated bioethanol-biodiesel-microbial fuel cell facility utilizing yeast and photosynthetic algae. Chemical Engineering Research and Design, 87(9), 1340-1348, 2009. PROCÓPIO, Z. S. D.; Avaliação da produção de biodiesel de microalga Isochrisis galbana via transesterificação in situ. Dissertação de mestrado, UFRN, 2014. PULZ, O.; GROSS, W.; Valuable products from biotechnology of microalgae. Appl. Microb. Biotechnol., 65(6), 635-648, 2004. QUEIROZ, M. L. S.; RODRIGUES, A. P. O.; BINCOLLETO, C.; FIGUERÊDO, A. A. V.; MALACRIDA, S.; Protective effects of Chlorella vulgaris in lead exposed mice infected with Listeria Monocytogenes. International Immuno Pharmacology, 3, 889-900, 2003. REDDY, H. K.; MUPPANENI, T.; PATIL, P. D.; PONNUSAMY, S.; COOKE, P.; SCHAUB, T.; DENG, S.; Direct conversion of wet algae to crude biodiesel undersupercritical ethanol conditions. Fuel, 115, 720–726, 2014. REDEALI, C.; Estudo da produção de lipídeos e carotenoides por Chorella minutíssima em fotobiorreator. Dissertação de mestrado. UFRGS. 2012. REE, R. V.; ANNEVELINK B. Status Report Biorefinery, 2007. Agrotechonology and Food Sciences Group. Wageningen: 2007. REYES, Y.; CHENARD, G.; ARANDA, D.; MESQUITA, C.; FORTES, M.; JOÃO, R.; BACELLAR, L.; Biodiesel production by hydroesterification of microalgal biomass using heterogeneous catalyst. Nature Science, 4, 778-783, 2012.

Page 150: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

124

REYNOLDS, C.; Ecology of Phytoplankton, Cambridge University Press, Cambridge. 2006. RICHMOND, A.; Handbook of microalgacea culture: biotechnology and applied phycology. Oxford: Blackwell Science, 2004. RODRIGUES, A. A. M.; BOM, S. P. E.; Evaluation of Chlorella (chlorophyta) as source of fermentable sugars via cell wall enzymatic hydrolysis. Enzyme research, 2011, 1, 2011. RODRIGUES-AMAYA, D.; A Guide to Carotenoid Analysis in Foods, OMNI Research: ILSI Press: Washington D. C. 1999. ROSSI, M.; GIANAZZA, M.; ALAMPRESE, C.; STANGA, F.; The effect of bleaching and physical refining on color and minor components of palm oil. Journal of American Oil Chemists’ Society, 78 (10), 1051, 2001. RYCKEBOSCH, E.; MUYLAERT, K.; FOUBERT, I.;. Optimization of an Analytical Procedure for Extraction of Lipids from Microalgae. J Am Oil Chem Soc , 89, (2)189-198, 2012. SAFI, C. M.; Microalgae biorefinery: proposition of a fractionation process. Institut National Polytechnique de Toulouse (INP Toulouse). Tese de doutorado. 2013. SAMARASINGHE, N.; FERNANDO, S.; LACEY, R.; FAULKNER, W. B.; Algal cell rupture using high pressure homogenization as a prelude to oil extraction. Renewable Energy, 48, 300–308, 2012. SESE, M. L. D.; Aquatic Microalgae As Potential Sources Of Uv-Screening Compounds. Philippine Journal of Science, 139 (1), 5-16, 2010. SGARBIERI, V.C. Proteínas em alimentos protéicos: propriedades, degradações, modificações. São Paulo: Editora-Livraria Varela, 1996. 517 p., p.139-157.

SHALABY, E. A.; SHANAB, S. M. M.; Comparasion of DPPH and ABTS assays for determining antioxidant potencial of water and methanol extracts os Spirulina platensis. Indian journal of Geo-Marine Sciences, 42(5), 556-564, 2013 SHANAB, S. M. M.; MOSTAFA, S. S. M.; SHALABY, E. A.; MAHMOUD, G.I.; Aqueous extracts of microalgae exhibit antioxidant and anticancer activities. Asian Pacific Journal of Tropical Biomedicine, 2 (8), 608-615, 2012. SHUIT, S.H.; LEE, K. T.; KAMARUDUDDIN, A.H.; YUSUP, S.; Reactive extraction and in situ esterification of Jartropha curcas L. Seeds for the production of biodiesel. Fuel, 89, 527, 2010. SHULER, M. L.; Bioprocess Engineering: Basic Concepts. Upper saddle Rive, NJ: Prentice-Hall, Inc. 2002.

Page 151: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

125

SIALVE, B.; BERNET, N.; BERNARD, O.; Anaerobic digestion of microalgae as a necessary step to make microalgacea biodiesel sustainable. Biotechnology Advances, 27(4), 409–416, 2009. SILVA, G. S.; Extração do óleo de microalgas para produção de biodiesel. Dissertação de mestrado. UFPR. 2013. SILVERSTEIN, R. M.; Identificação espectrométrica de compostos orgânicos. 3° ed. Trad. ALENCASTRO, R. B., FARIA, R. B. Rio de Janeiro: Editora Guanabara, 1979. SILVERSTEIN, R.M.; WEBSTER, F. X.; Spectroscopic Identification of Organic Compounds. 6 th Edition. J. Wiley Publisher, 1998. SINGH, J.; GU, S.; Commercialization potential of microalgae for biofuels production. Renew. Sust. Energy. Rev., 14(9), 2596-2610, 2010. SLADE, R.; BAUEN, A.; Micro-algae cultivation for biofuels: Cost, energy balance, environmental impacts and future prospects. Biomass and Bioenergy, 30, 1-10, 2013. SOLOMONS, T. W. G.; FRYHLE, C. B.; Química Orgânica, 8ªed. Rio de Janeiro: LTC, 2005. SPIDEN, E. M.; BENJAMIN, H.J.; YAP, B. H.J.; D. A.; HILL, D. R. A.; KENTISH, S. E.; SCALES, P. J.; MARTIN, G. J. O.; The effects of acidic and thermal pretreatment on the mechanical rupture of two industrially relevant microalgae:Chlorella sp. and Navicula sp. Algal Research, 7, 5-10, 2015. SPIDEN, E. M.; BENJAMIN, H.J.; YAP, B. H.J.; D. A.; HILL, D. R. A.; KENTISH, S. E.; SCALES, P. J.; MARTIN, G. J. O.; . Quantitative evaluation of the ease of rupture of industrially promising microalgae by high pressure homogenization. Bioresource Technology, 140, 165–171, 2013. SPOLAORE, P.; JOANNIS-CASSAN, C.; DURAN, E.; ISAMBERT, A.; Commercial applications of microalgae. J. Biosci. Bioeng., 101, 87-96, 2006. STANDARD TEST METHOD. ASTM D6584-13e1. Determination of Total Monoglycerides, Total Diglycerides, Total Triglycerides, and Free and Total Glycerin in B-100 Biodiesel Methyl Esters by Gas Chromatography, 2013. STANDARD TEST METHOD. ASTM D664-11a. Acid Number of Petroleum Products by Potentiometric Titration, 2011. STANDARD TEST METHOD. ASTM D 2015. Gross calorific Value of Coal and Coke by the Adiabatic Bomb Calorimeter (Withdrawn 2000), 2000. STANDARD TEST METHOD. ASTM D 4052. Density, Relative Density, and API Gravity of Liquids by Digital Density Meter, 2011.

Page 152: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

126

STANDARD TEST METHOD. ASTM D 445. Kinematic Viscosity of Transparent and Opaque Liquids (and Calculation of Dynamic Viscosity), 2014. STANDARD TEST METHOD. ASTM D6371-05. Cold Filter Plugging Point of Diesel and Heating Fuels, 2010. STEHFEST, K.; TOEPEL, J.; WILHELM, C.; The application of micro-FTIR spectroscopy to analyze nutrient stress-related changes in biomass composition of phytoplankton algae. Plant Physiol. Biochem., 43(7), 717–726, 2005. STRIEDER, M. M.; PINHEIRO, C. P.; INSOGNIA, A.; , SILVA, P. P.; POHNDORF, R. S.; ,PINTO, L. A. A.; Métodos de ruptura celular para extração de lipídeos de microalga Spirulina sp. XII Mostra de produção universitária da FURG, 2013. STUART, R.; Infrared Spectroscopy: fundamentals and applications. 1st Ed. West Sussex, John Wiley & Sons, Ltd, 2004. SUBHADRA, B. E.; GRINSON, G.; Algal biorefinery based industry: an approach to address fuel and food insecurity for a carbon-smart world. Journal of the Science of Food and Agriculture, 9, 2-13, 2011. SUBRAMANIAN, R.; NABETANI, H.; NAKAJIMA, M.; ICHIKAWA, S.; KIMURA, T.; MAEKAWA, T.; Rejection of carotenoids in oil systems by a nonporous polymeric composite membrane. Journal of American Oil Chemists’ Society, 78 (8), 803-807, 2001. SUKARNI, S.; HAMADI, N.; YANUHAR, U.; WARDANA I. N. G.; Potential and properties of marine microalgae Nannochloropsis oculata as biomass fuel feedstock. Int J Energy Environ Eng., 5, 279–29, 2014. SUNDERG, K.; SUNDBERG, C.; LILANDT. C.; HOLMBOM. Determination of hemicelluloses and pecticns in Wood and pulp fibers by acid methanolyss and gas chromatography. Nordic pulp Pap. Res. J., 11, 216-219, 1996. TOKUSOGLU, Ö.; UNAL, M. K.; Biomass nutrient pro files of t ree microalgae: Spirulina platensis, Chlorella vulgaris, and Isochrisis galbana. J Food Science, 68(4), 1144–1148, 2003. UENOJO, M.; MARÓSTICA, M. R. J.; PASTORE, G. M.; Carotenóides: propriedades, aplicações e biotransformação para formação de compostos de aroma. Quim. Nova, 30(3), 616-622, 2007. UMA,R.; SIVASUBRAMANIAN, V.; NIRANJALI DEVARAJ, S.; Evaluation of in vitro antioxidant activities and antiproliferative activity of green microalgae, Desmococcus olivaceous and Chlorococcum humicola J. Algal Biomass Utln., 2(3), 82– 93, 2011. VERGA-REI, P.A. G.; Procedimentos laboratoriais para controle de qualidade do biodiesel. Dissertação de mestrado Universidade técnica de Lisboa. Lisboa, 2007

Page 153: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

127

VIÊGAS C. V.; HACHEMI I. B.; FREITAS, S. P.; A , MÄKI-ARVELA, P.; AHO, A.; HEMMING, J.; SMEDS, A.; HEINMAA, I.; FONTES, F. B.; PEREIRA, D.C. S.; KUMAR, N.; ARANDA, D. A. G.; MURZIN, D. Y.; A route to produce renewable diesel from algae: Synthesis and characterization of biodiesel via in situ transesterification of Chlorella alga and its catalytic deoxygenation to renewable diesel. Fuel, 155, 144–154, 2015. VIÊGAS, C. V.; ARANDA, D. A. G HACHEMI, H.;FREITAS, S.P.; MÄKI-ARVELA, P.;

KUMAR,N.; MURZIN D. Y PARANKO, J.; PEURLA, M.; FORTES, M. M.; GORGONIO, C..; CARBONETTI, G.; ARANDA, D. A. G.; Algal products beyond lipids: Comprehensive characterization of different products in direct saponification of green algaChlorella sp. Algal Reserach, 11, 156-164, 2015-a. VIÊGAS, C. V.; Extração e caracterização dos lipídeos da microlaga Chlorella pyrenoidosa.visando à produção de ésteres graxos. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Rio Grande (FURG). 2010 WAHLEN, B. D.; WILLIS, R. M.; SEEFELDT, L. C.; Biodiesel production by simultaneous extraction and conversion of total lipids from microalgae, cyanobacteria, and wild mixed-cultures. Bioresource Technology, 102(3), 2724–2730, 2011. WALKER, A. B.; BERLINSKY, D. L.; Effects of Partial Replacement of Fish Meal Protein by Microalgae on Growth, Feed Intake, and Body Composition of Atlantic Cod. North American Journal of Aquaculture, 73(1), 76-83, 2011. WANG, G.; WANG, T.; Characterization of Lipid Components in Two Microalgae for Biofuel Application. J Am Oil Chem Soc. 89(1), 135–143, 2012. WANG, L.; WELLER, C. L..; Recent advances in extraction of nutraceuticals from plants. Trends in Food Science and Technology, 17, 300–312, 2006. WEN, Z-Y.; CHEN, F.; Heterotrophic production of eicosapentaenoic acid by microalgae. Biotechnology Advances, 21(4), 273-294, 2003. WIJFFELS, H.; VANTHOOR-KOOPMANS, M.; BARBOSA, M. J.; EPPINK, M. H. M.; A Biorefinery of microalgae for food and fuel. Bioresource Technology, 135, 142, 2013. WIJFFELS, R. H.; BARBOSA, M. J.; EPPINK, M. H.; Microalgae for the production of bulk chemicals and biofuels. Biofuels, Bioproducts and Biorefining, 4(3), 287–295, 2010. WIJFFELS, R. H.; BARBOSA, M. J.;An outlook on microalgal biofuels. Science. 329, 796-799, 2010-a. WILLIAMS, P. J. L.; LAURENS, L. M. L.; Microalgae as biodiesel & biomass feedstocks: Review & analysis of the biochemistry, energetics & economics. Energ Environ Sci., 3, 554-590, 2010.

Page 154: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

128

XIAO, R.; CHEN, X.; WANG, F.; YU, G.; The physicochemical properties of different biomass ashes at different ashing temperature. Renew. Energy, 36(1), 244–249, 2011. XU , L. W.; HUANG, Y. B.; QIAN, H. H.; SHA, O.; WANG, Q. Y.; Separation and purification of stigmasterol and sitosterol from phytosterol mixtures by solvent crystallization method. Separation and Purification Technology, 41(2), 173-178, 2005. XU, H.; WU, Q.; MIAO, X.; High quality biodiesel production from microalga Chlorella protothecoides by heterotrophic growth in fermenters. Journal of Biotechnology, 126, 499-507, 2006 XU, R. Y.; MI, Y. L.; Simplifying the process of microalgacea biodiesel production through in situ transesterification technology.J.Am.Oil Chem.Soc., 88(1), 91-99, 2011. YEH, K. L.; CHANG, J. S.; Effects of cultivation conditions and media composition on cell growth and lipid productivity of indigenous microalga Chlorella vulgaris ESP-31. Bioresour Technol., 105, 120-127, 2012. YEN, H-W.; CHEN, H.; CHUN-YEN, C.; SHIH-HSIN, H.; DUU-JONG, L.; JO-SHU, C.; Microalgae-based biorefinery – From biofuels to natural products. Bioresource Technology, 135, 166-174, 2013. YONGMANITCHAI, W.; WARD, O. P.; Screening of algae for potential alternative sources of eicosapentaenoic acid. Phytochemistry, 30(9), 2963-2967, 1991. ZHANG, S.; JUNJIE, Z.; CHANGZHEN, W.; Novel high pressure extraction technology. Int. J. Pharm., 78, 471–474, 2004. ZHENG, H.; GAO, Z.; YIN, F.; JI, X.; HUANG, H.; Lipid production of Chlorella vulgaris from lipid-extracted microalgacea biomass residues through two-step enzymatic hydrolysis. Bioresour Technol., 117, 1-6, 2012. ZHONGQUAN, S.; GIZAW, Y.; BEMILLER, J. N.; Extraction of polysaccharides from a species of Chlorella. Carbohydrate Polym., 90 (1), 1- 7, 2012.

Page 155: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

ANEXOS

ANEXO 6.1: Análise termogravimétrica do EMAGs purificados

ANEXO 6.2: Análise de EDX da argila

Page 156: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

130

ANEXO 6.3: Espectro de infravermelho da argila

ANEXO 6.4: Difratograma de raio-X da argila

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

20

40

60

80

100

Tran

smitâ

ncia

(%)

Número de Onda (cm-1)

Argila Verde

Page 157: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

131

ANEXO 6.5: Fotomicrografia (MET) da argila

ANEXO 6.6: Caracterização da biomassa residual obtida na transesterificação in situ (20 %) por análise elementar de CHNSO, EDX e carboidratos

*Não detectado

ANÁLISE ELEMENTAR (%)

C 31,7 H 4,72 N 6,35 S 3,25 O 38,27

EDX (%)

Fe N.D Na N.D Mg 0,15 K 0,60 P 0,95 S 5,21 Ca 0,20 Al N.D Si 0,16

CARBOIDRATOS (mg/g)

Arabinose 1,5 Galactose 29,7 Ácido Galactonico 1,1 Glicose 143 Ácido Glucurônico 4,0 Mannose 4,7 Ramnose 5,9 Xilose 2,7

Total 192,5

Page 158: €¦ · ii CAROLINA VIEIRA VIÊGAS "PRODUÇÃO DE BIODIESEL E DE COPRODUTOS A PARTIR DE MICROALGAS COMERCIAIS: ABORDAGEM DE BIORREFINARIA” Tese submetida ao Corpo Docente da Coordenaço

132

ANEXO 6.7: Caracterização da biomassa residual obtida na saponificação in situ (5 % KOH) por análise elementar de CHNSO e EDX

*Não detectado

ANÄLISE ELEMENTAR (%)

C 26,86

H 5,31

N 3,52

S 0,22

O 40,22

EDX (%)

Fe 0

Na 0,42

Mg 0,40

K 21,25

P 1,99

S N.D*

Ca N.D

Al N.D

Si 0,09