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TEMPO MUITO NUBLADO MIN 7 MAX 11 HUMIDADE 70-95% CÂMBIOS EURO 10.2 BAHT 0.2 YUAN 1.2 AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ SEXTA-FEIRA 6 DE JANEIRO DE 2012 ANO XI Nº 2525 PUB Ter para ler Mais deputados na Assembleia é quase uma certeza PENSAMENTO E CULTURA HU JINTAO QUER PROTEGER CHINA DOS “ATAQUES DO OCIDENTE” Página 12 Diga 33 Os membros do Colégio Eleitoral não têm pressa em ver o sufrágio directo acontecer, mas estão unidos na vontade de aumentar o número de deputados: mais quatro. Desde que sejam dois pela via indirecta... PÁGINA 4 LIGA DE ELITE DE FUTEBOL BENFICA VENCE PORTO NA ESCOLHA DOS ADEPTOS Página 14 FACTURAÇÃO DO JOGO EM 2011 MACAU FAZ MAIS DINHEIRO QUE LAS VEGAS E SINGAPURA JUNTAS Página 9 AGÊNCIA IMOBILIÁRIA ANTEVÊ PREÇOS DAS CASAS VÃO BAIXAR NO PRÓXIMO ANO Página 7

Hoje Macau 6 JAN 2012 #2525

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Edição do Hoje Macau de 6 de Janeiro de 2012 • Ano X • N.º 2525

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TEMPO MUITO NUBLADO MIN 7 MAX 11 HUMIDADE 70-95% • CÂMBIOS EURO 10.2 BAHT 0.2 YUAN 1.2

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ • SEXTA-FEIRA 6 DE JANEIRO DE 2012 • ANO XI • Nº 2525

PUB

Ter para ler

Mais deputados na Assembleiaé quase uma certeza

PENSAMENTO E CULTURA

HU JINTAO QUERPROTEGER CHINA DOS

“ATAQUES DO OCIDENTE” Página 12

Diga

33Os membros do Colégio Eleitoral não têm pressa em ver o sufrágio directo acontecer, mas estão unidos na vontade de aumentar o número de deputados: mais quatro. Desde que sejam dois pela via indirecta... PÁGINA 4

LIGA DE ELITE DE FUTEBOL

BENFICA VENCE PORTO NA ESCOLHA DOS ADEPTOS Página 14

FACTURAÇÃO DO JOGO EM 2011

MACAU FAZ MAIS DINHEIRO QUE LAS VEGAS

E SINGAPURA JUNTAS Página 9

AGÊNCIA IMOBILIÁRIA ANTEVÊ

PREÇOS DAS CASAS VÃO BAIXAR NO PRÓXIMO ANO Página 7

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SEXTA-FEIRA 6.1.2012

2www.hojemacau.com.mo ACTUAL

A empresa de auto-móveis americana General Motors (GM) esteve na Chi-

na para desenvolver uma plataforma de cooperação no âmbito da produção do Volt, o seu modelo de carros eléctricos. O acordo foi firma-do ontem em Xangai, num encontro que juntou os res-ponsáveis da GM com a SAIC, empresa estatal chinesa que vai colaborar neste projecto.

Para já, o objectivo é fa-zer com que este modelo de carro ecológico, produzido em Michigan, nos Estados Unidos, comece a ser expor-tado para a China no final deste ano. Além disso, Steve Girsky, vice-presidente da GM, levantou ainda a pos-sibilidade do Volt vir a ser produzido deste lado do mundo, sem, contudo dar certezas sobre essa matéria. “Ainda não tomámos qual-quer decisão sobre quando e onde vamos produzir o Volt no futuro”, assumiu o responsável, citado pelo USA Today.

Girsky assumiu ainda que, caso esta produção aconteça, as tarifas impostas pelo Governo chinês passam a ser substituídas por sub-sídios. Isto porque Pequim concede 19 mil dólares por cada carro eléctrico, mas apenas se for produzido no território, enquanto os au-tomóveis importados ficam sujeitos a impostos.

Segundo juristas ouvi-dos pela agência Associated Press, citada na mesma pu-blicação, esta pode ser uma tentativa da indústria auto-móvel chinesa em importar a tecnologia e os conheci-mentos ligados à produção de carros eléctricos da GM. Sem mais informações sobre o acordo firmado em Xangai, a empresa americana negou que estas questões estejam ligadas ao processo de co-operação.

Nos Estados Unidos, as vendas do Volt têm sido desapontantes, abaixo das metas que a General Motors tinha estabelecido.

AS Filipinas continua fustigadas pelas catástrofes. Pelo menos 25

pessoas morreram e outras 100 estão desaparecidas no sudoeste do país, na sequência de um desabamento de terras ocorrido ontem numa comunidade de garimpeiros de ouro, informou a polícia.

Inicialmente tinham sido reporta-das 16 vítimas, mas o chefe da polícia regional, Jaime Morente, disse que mais nove corpos foram recuperados

Carros eléctricos americanos são foco de atenção

General Motors pondera produzir na China

OITO MORTOS E 13 FERIDOS EM ACIDENTE Oito pessoas morreram e 13 ficaram feridas na sequência da colisão de um autocarro com um camião na província de Yunnan, no sudoeste da China, informou hoje o governo local. O acidente ocorreu na noite de quarta-feira, cerca das 22 horas, numa auto-estrada do condado de Huize, cidade de Quijing. Dois dos 13 feridos ficaram em estado grave. As causas do acidente estão a ser investigadas.

entre os escombros da derrocada, que se abateu sobre uma montanha remota junto da localidade de Pantukan, na ilha de Mindanao.

Segundo declarações do chefe da protecção civil, Benito Ramos, à AFP, uma unidade do exército foi chamada ao local, tendo os militares usado pás e outras ferramentas manuais para os trabalhos de remoção dos corpos e entulho nas casas soterradas.

PELO MENOS 25 MORTOS E 100 DESAPARECIDOS

Desabamentode terras nas Filipinas

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SEXTA-FEIRA 6.1.2012

3www.hojemacau.com.mo

A China informou que não vai pagar a taxa de emissão de carbono da União Europeia (UE) que

entrou em vigor em 1 de Janeiro. “A China não vai cooperar com a União Europeia na ETS” (sistema de troca de emissões), declarou Cai Haibo, director-adjunto da China Air Transport Association (CATA), que reúne as quatro maiores com-panhias aéreas chinesas. “A CATA, enquanto representante das com-panhias aéreas chinesas, opõe-se de modo veemente à má prática europeia de obrigar unilateral-mente as empresas internacionais a entrar no ETS.”

O director da CATA disse ainda que as medidas de retaliação estão a ser preparadas pelo governo chinês, em particular os ministé-rios das Finanças e das Relações

TRÊS pessoas morreram, uma está desaparecida e outras

sete ficaram feridas em duas ex-plosões em fábricas químicas no leste da China, informou ontem a imprensa do país.

O primeiro dos dois acidentes ocorreu na província oriental chinesa de Zhejiang, onde a ex-plosão de uma caldeira e posterior incêndio numa fábrica química causou três mortos e quatro feri-dos. O acidente teve lugar cerca das 21:50 locais de quarta-feira, na localidade de Jiaxing. Dois

dos trabalhadores morreram no momento da explosão e o terceiro veio a falecer já no hospital.

No segundo acidente, re-gistado ontem, um trabalhador foi dado como desaparecido e outros três ficaram feridos na se-quência de uma explosão numa fábrica química no distrito de Songiang, da cidade de Xangai. Segundo a página de internet do diário “Shanghai Daily”, o acidente ocorreu numa fábrica da empresa Habo Chemical Technology .

TRÊS MORTOS, UM DESAPARECIDO E SETE FERIDOS

Explosões letais em fábricas químicas

Direito de poluição no centro do conflito

China rejeita cooperação com UE

Na pós-transferência, Macau tem sido visto como o “bom aluno”. Em termos ideológicos, patrióticos e de generosidade, a RAEM tem-se esforçado não apenas para cumprir mas para ser excelsa nesse cumprimento. Essa “simpatia” tem, temporariamente, ocultado algumas contradições sérias na sociedade local que o Governo demora a resolver. Carlos Morais José, P.17

MULTIMILIONÁRIO CANTA NO ANO NOVO CHINÊS• Warren Buffett, director executivo da Berkshire Hathaway e um dos grandes investidores da empresa de automóveis BYD Co Ltd, escolheu uma forma origi-nal para aparecer junto do público chinês. O multimilionário, que se mantém entre os homens mais ricos do Mundo, gravou um vídeo onde aparece a can-tar e a tocar guitarra. Será transmitido em directo no site da televisão estatal chinesa, a CNTV.com, por ocasião do Ano Novo Chinês. Wang Pingjiu, produtor executivo do canal, falou à agência Xinhua sobre a surpreendente actuação. “Todos sabemos que Buffett é bom nos investimentos, mas poucos sabem que ele canta.”

Exteriores, assim como a Agên-cia de Planeamento Económico (NDRC). Neste sentido, Hong Lei, assessor do ministro dos negócios estrangeiros chinês, afirmou que o país se opõe à legislação unilateral da UE. “A China expressou a sua profunda preocupação e oposição diversas vezes a nível bilateral”, disse, citado pela Reuters.

HIPÓTESE DE DIÁLOGOUm dia depois de ter afirmado publicamente a sua oposição so-bre esta matéria, a China afirmou

estar à espera de uma abertura ao diálogo por parte da UE. O país espera, assim, que a zona euro “tome precauções e uma atitude prática, que possa lidar com aspec-tos que envolvem a China e que, de forma apropriada, discuta esta matéria”, apontou Hong Lei. O assessor acrescentou também que outros países, tal como os Estados Unidos, assumiram uma postura negativa perante a ETS.

Neste contexto, Cai Haibo espera que a união de todos os países descontentes com a medida

possa levar os responsáveis por esta legislação a fazerem alterações. “Se os governos dos Estados Unidos, China e Rússia se unirem e lutarem contra as medidas de retaliação, isso vai originar uma pressão enorme que, esperamos, possa fazer com que a UE mude de ideias.”

Com a instauração de “per-missões” para poluir, os europeus querem obrigar todas as compa-nhias aéreas, independentemente da sua nacionalidade, a comprar o equivalente de 15% de suas emissões de CO2, o equivalente a

32 milhões de toneladas, a partir de 1 de Janeiro, como parte da luta contra o aquecimento global.

Com o valor de cerca de MOP 80 a tonelada de CO2, a medida deve-ria possibilitar uma receita de mais de MOP dois mil milhões em 2012, segundo a Comissão Europeia. No caso da China, e segundo contas efectuadas pela CATA, tal medida iria custar cerca de 800 milhões de yuan, sendo que o primeiro milhão seria gasto este ano. Para 2020, os cálculos apontam para gastos três vezes superiores.

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4www.hojemacau.com.mo POLÍTICA

SE a estrutura actual da AL satis-faz – engloba deputados eleitos

directa e indirectamente e nome-ados pelo Chefe do Executivo –, a representatividade de sectores merece reparos. Porque não chega para dar voz a todos os estratos da população, mas também porque muitos nem chegam lá.

“Médicos, enfermeiros e pro-fissionais devem poder ser eleitos pela via indirecta porque não conseguem entrar no hemiciclo através de sufrágio directo”, de-fende Jorge Fão, antigo deputado

e presidente da Associação dos Re-formados e Pensionistas de Macau (APOMAC). “Além disso, Macau não é como Hong Kong, que tem deputados distritais. O território tem um deputado para dar voz a cada 18 mil pessoas.”

Mak Soi Kun aponta outro gru-po e de forma bem mais radical. “Devíamos ter um lugar reser-vado para um jovem no grupo dos nomeados pelo Executivo.” Para o deputado, a camada jovem tem mais importância, dado não existir qualquer voz representa-

tiva dos mais novos da RAEM. “Os jovens e os profissionais, se forem votados por sufrágio directo, não conseguem reunir votos suficientes.”

Para os indirectos, e sem apon-tar ainda quantos mais lugares deverão ser acrescentados na AL, Mak Soi Kun pede também vozes de médicos, arquitectos, engenheiros e de protecção am-biental. Cultura e educação foram outras das hipóteses apontadas, desta feita pelo deputado Kou Hoi In. - J.F.

ALGUNS GRUPOS SOCIAIS TÊM ENTRADA DIFICULTADA NO HEMICICLO

Reservar lugares para a minoria

Perspectivas sobre a reforma política

• “O Comité Permanente da Assembleia Nacional Popular já excedeu o seu poder interpretativo. O que fez não foi foi uma mera interpretação, foi mesmo uma imposição de directivas e instruções ao Governo de Macau e quando vier a tomar a decisão subsequente à recolha das opiniões, essa decisão – pelo que vejo na Lei Básica e na Constituição chinesa – não tem qualquer fundamento constitucional.”

António Katchi, jurista em entrevista à TDM

• “A interpretação feita pelo Comité Permanente da Assembleia Nacional Popular abriu caminho ao desenvolvimento saudável do quadro político local”

Chui Sai On, Chefe do Executivo

• “Não devíamos ter acabado com as eleições municipais. Em Hong Kong não se acabou. Pelo contrário, neste momento foram eleitos 507 deputados distritais, mais70 legislativos. Hong Kong tem mais de mil pessoas a representar a colectividade, enquanto em Macau só temos 29 pessoas.”

Jorge Fão, ex-deputado e membro da Comissão Eleitoral do Chefe do

Executivo em entrevista à TDM

• “O Governo assume uma atitude aberta sobre os canais de auscultação e espera uma participação activa da população de forma a sistematizar a recolha de opiniões para apresentar à Assembleia Nacional Popular.”

Kou Chin Hong, assessor do Gabinete do Chefe Executivo

Joana [email protected]

SÃO 33. Os membros do Colégio Eleitoral reuniram ontem, na segunda sessão sobre reforma política, e

formaram consenso: são precisos mais quatro deputados para a Assembleia Legislativa (AL). O nú-mero de assentos do hemiciclo de Macau não se compara ao de Hong Kong – onde os deputados são mais de cem -, mas a vontade comum é que sigam o exemplo de eleições anteriores no território, onde os lugares para os representantes da AL foram alargados.

Quase todos os 20 intervenien-tes de ontem apontam para o mes-mo aumento: mais dois deputados eleitos pela via directa e mais dois indirectos. A similaridade, dizem, serve para manter o equilíbrio no hemiciclo. A mudança, essa, que-rem que aconteça já nas próximas eleições para a Assembleia Legisla-tiva. “Em 2013 devem já passar-se os deputados de 29 para 33, de forma a que haja uma adaptação à realidade social”, frisou Hoi Sai Yun, membro da Associação Comercial de Macau.

A situação real da população do território foi um dos aspectos mais debatidos tanto ontem, como na primeira sessão destinada aos de-putados. Os políticos do território atribuem o desenvolvimento social e económico a um sistema político eficaz e defendem que essa é a razão porque não se deve mexer muito no método actual.

MAIS E DIFERENTES“Concordo com o aumento de mais lugares na AL – dos sectores laboral e de assistência social -, mas não se deve mexer na estrutura actual, que já provou ser estável e eficaz”, defende Lam Heong Sang, da área dos trabalhadores.

O também deputado deixa ainda outra ideia: a possibilidade de que mais pessoas entrem para os lugares da AL, mesmo que te-nham menos votos. “Os critérios

Número de deputados na AL pode aumentar de 29 para 33

Diga lá outra vezUma e outra vez, os membros do Colégio Eleitoral pediram o mesmo aumento de assentos na Comissão para escolher o líder do Governo e no hemiciclo de Macau

de eleição são muito exigentes.” A maioria concorda que este é o mo-mento oportuno para um processo de revisão, mas avisa que deve ser feito de forma gradual e encarado naturalmente. “Isto não pode ser entendido como um movimento revolucionário, mas um caminhar para a democracia”, salientou Ho Sut Heng, do sector laboral.

Também António José de Frei-tas, provedor da Santa Casa da Misericórdia, acredita na repon-deração do actual modelo tendo em conta a evolução demográfica do território.

DANÇA DAS CADEIRASO consenso dos membros da comis-são eleitoral – que apela ao acrésci-mo de mais lugares na AL, desde que os sete actualmente nomeados pelo Executivo se mantenham -, não se fica pelo hemiciclo. A Comissão Eleitoral – composta actualmente por 300 pessoas – também deve estar preparada para uma dança de cadeiras. Aqui, os aumentos estão entre os cem e os 150 lugares.

Jorge Fão, da APOMAC, re-corda que já foram acrescentados lugares à Comissão Eleitoral, mas considera necessária nova revisão. “Actualmente, não há representação de todos os sectores da sociedade e, por isso, é preciso encorajar mais pessoas a participar, até porque não temos partidos em Macau.” O aumento de 300 para 400/450 pessoas a escolher o Chefe do Executivo é razóavel, considera, tendo em conta que em Hong Kong esse número chega aos 1200.

Lau Veng Seng apoia-se em dados estatísticos para pedir mais representantes da classe média e profissional. “Temos de estar cien-tes que a estrutura demográfica já se alterou e a classe média é 41,9% dessa estrutura.” Os profissionais, diz Lai Sio Peng, da Associação Geral das Mulheres, ocupam ape-nas 1/10 das cadeiras da comissão.

Além dos números, ponto de concórdia prende-se ainda com a inalteração do método de comissão para eleger o líder do

Governo. Mais moderados quanto ao sufrágio universal do que os intervenientes da primeira sessão sobre a reforma política, os mem-bros do Colégio Eleitoral pedem apenas uma pequena alteração na composição da Comissão que elege o Chefe do Executivo e da AL. Nada que não tenha já sido feito, inclusive, em anos anteriores.

Mak Soi Kun aponta mesmo o dedo ao tão chorado sufrágio

universal directo. “Não é o equiva-lente a uma democracia, logo não está consagrado obrigatoriamente na Lei Básica.” Como que a dar resposta às acusações da bancada democrata da AL – que acusa a falta de reforma política como origem de todos os conflitos sociais de Macau -, o deputado assegura que esses não são culpa de sistemas políti-cos. Mas também não avança com outras justificações.

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Peritos do governo postos em causa

O mercadoesquecidodo NAPE

MENOS IMPOSTO PARA OS AMIGOS DO AMBIENTEA 2ª. Comissão Permanente da Assembleia Legislativa já concluiu a apreciação total do regime de Imposto para os Veículos Motorizados. A proposta de lei define uma redução de 50% do imposto, sendo o limite máximo as 60 mil patacas. Englobados estão todos os veículos ecológicos que cumpram os padrões de emissão de gases descritos por despacho do Chefe do Executivo. Este imposto era apenas limitado a veiculos ligeiros, mas agora também ficam incluídos motociclos. A revisão do diploma ficou também acordada para dois anos após a entrada em vigor da lei, devido ao constante avanço tecnológico.

Virginia [email protected]

AU Kam San pôs em causa os princípios que levaram o governo a determinar que os cidadãos não pre-

cisavam de um mercado tradicional. O deputado da Assembleia Legisla-tiva relembrou que no relatório das

Linhas de Acção Governativa deste ano está prevista a construção de um novo mercado numa área residencial perto da Ilha Verde, e também em Seac Pai Van. Quanto ao mercado planeado há dez anos para o NAPE, “parece ter desaparecido dos planos do governo”.

“Será que o governo acha que os habitantes daquela zona não pre-

O deputado Chan Wai Chi perguntou ao Go-

verno, numa interpelação escritas, se iria reforçar a fiscalização, de forma a banir as “ovelhas negras” na indústria dos táxis. O deputado assinalou o au-mento da procura de táxis na cidade, devido sobretu-do ao grande número de turistas que se deslocaram a Macau durante as férias de Natal. “Alguns taxistas agem de forma incorrecta, demonstram falta de ho-nestidade e só pensam nos seus interesses pessoais.” criticou. “ Esta atitude é uma má influência sobre os outros taxistas.”

Chan Wai Chi acrescen-tou que o aumento de 200 licenças de táxi é insufi-ciente e que se não houver

um controlo apertado sobre as atribuições “será difícil melhorar o serviço”.

COMBATER PRÁTICAS ILEGAISO deputado inquiriu ainda se o governo iria continuar a combater as práticas ile-gais e quais as penalizações a aplicar aos infractores. “Há algumas medidas pre-vistas para suprir a falta de táxis em determinadas zonas conhecidas pela sua carência?”

Depois perguntou se o governo considera a hipó-tese de evitar o monopólio desta indústria, impondo medidas restritivas na atri-buição das licenças e para quando estava previsto o ajustamento na legislação dos táxis. -VL

DEPUTADO PREOCUPADO COM EFICÁCIA DO AUMENTO DE LICENÇAS DE TÁXIS

“Ovelhas negras” sempre na mira

cisam dum mercado tradicional?”, questionou Au Kam San.

A política seguida pelo Go-verno, de construção de centros comerciais em vez de mercados tradicionais, baseada na mudança dos hábitos de consumo, é ampla-mente criticada por este deputado. “Que critérios seguiu o governo para decidir que a população já não

precisa de mercados tradicionais?”

DÚVIDAS E INSINUAÇÕES“Se a administração desenvolveu de raiz planos para a construção de alguns mercados, porque é que não deu andamento ao que já estava planeado para o NAPE?”, continuou Au Kam Sam na sua interpelação, fazendo depois uma

insinuação mais grave. “Será que já há outros ‘planos’ para os terrenos nos quais iria ser construído?”

Para o deputado, são os pró-prios peritos que avaliam a questão a serem postos em causa. “O gover-no gosta de se apoiar em decisões cientificas, elaboradas por peritos, mas, na questão dos mercados, será esta a peritagem mais correcta?”

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7www.hojemacau.com.moSOCIEDADE

Virginia [email protected]

A agência imobi-liária de Macau Centaline, na voz do seu director

de vendas Jacky P. T. Shek, ao comentar as cerca 19 mil habitações públicas que irão brevemente ser postas à ven-da, declarou que o volume de transacções previsto para este ano não deve atingir as 11 mil, um resultado ainda pior do que o tsunami finan-ceiro de 2009. Esta situação poderá fazer baixar os preços

O Executivo de Macau vai aumentar o mon-

tante do apoio financeiro atribuído regularmente às instituições particulares de serviço social em 10%, com as verbas extra a ascende-rem a 68 milhões de pata-cas, foi ontem anunciado.

Tendo em conta que o aumento do apoio “poderá ser superior à inflação, o Instituto de Acção Social acredita que as respectivas instituições conseguirão enfrentar as despesas”, nomeadamente as decor-rentes dos recursos huma-nos e da subida dos gastos, refere o organismo em nota oficial.

Neste âmbito, o Go-verno assegura que irá “efectuar activamente um estudo de reforma geral sobre o regime de apoio financeiro atribuído às

SERVIÇOS DE SAÚDE AVALIADOS PELA POPULAÇÃOOs residentes de Macau estão “basicamente” satisfeitos com os cuidados prestados pelos Serviços de Saúde (SS), particularmente os mais velhos, indicam os re-sultados de um inquérito. Na classificação geral dos cuidados prestados, a nota atribuída foi de 5.09 (numa escala em que a classificação máxima é sete), com os inquiridos a mostrarem-se mais satisfeitos nas áreas de “conhecimento/técnica profissional do pessoal” (5.45), “atitude de atendimento do pessoal (5.36) e “confiança na qualidade dos serviços”. O inquérito, conduzido entre 12 de Setembro e 6 de Outubro, foi realizado pelo Instituto de Formação Turística (IFT) nos 13 locais de prestação de serviços que funcionam sob a alçada dos SS. No total foram inquiridos 800 residentes. - Lusa

INSTITUIÇÕES PARTICULARESDE SERVIÇO SOCIAL

Governo vai aumentar apoio

instituições particulares de serviço social, para melhor apoiar essas instituições no desenvolvimento dos diversos serviços, por for-ma a elevar o nível de vida da população de Macau”.

O Executivo prevê assim aumentar em 10% o montante do apoio fi-nanceiro regular destinado às instituições de serviço social e ajustar também o montante atribuído aos responsáveis por aquelas entidades. Após sublinhar que várias políticas foram implementadas ao longo do ano transacto com vista à melhoria da prestação de serviços sociais, o Gover-no deixa a promessa de “atribuir mais recursos para apoiar as instituições particulares no desen-volvimento contínuo dos serviços” em 2012. - Lusa

Agência prevê milhares de ofertas sem comprador

Preços de vendade imóveis podem baixar

de venda de imóveis em cerca de 10% a 15% no início deste ano.

À medida que as 19 mil habitações forem estando concluídas, o mercado de vendas habitacional tenderá a concentrar-se nas unidades de média e grande dimensão, declarou Shek em conferência de imprensa, acrescentando que a possível mudança de compradores para habita-ção pública não terá grande impacto no mercado dos privados. “Embora os pre-ços de habitação económica

sejam significativamente mais baixos, não se podem comparar os dois mercados. A qualidade das instalações da habitação privada é su-perior, e para além disso, na habitação económica existe a proibição de revenda du-rante 16 anos.”

DIFERENÇA LEGISLATIVAJacky P.T Shek declarou ain-da que, face à instabilidade do mercado externo, alguns proprietários estrangeiros podem ter tendência para vender, aumentando o nú-mero de imóveis disponí-

veis. Entretanto os bancos vão apertando as condições sobre os empréstimos imobi-liários, o que também poderá contribuir para uma descida dos preços entre 10% a 15%, sobretudo na primeira meta-de do ano.

O director da Centaline terminou declarando que na China Continental já existe legislação que determina prazos para a construção, o que leva os construtores a vender por preços mais baixos, mas que “felizmen-te” essa situação ainda não acontece em Macau.

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SOCIEDADE

DE acordo com a tradição, na véspera do Novo Ano, neste caso, no dia 22, há que ir ao Templo de A-Má

saber o que a sorte reserva. Depois, é seguir para as zonas públicas de Macau ou da Taipa, para avistar o espectáculo de fogo-de-artifício.

A não perder também é a parada com um dragão de 238 metros e as 18 danças do Leão, com os 12 signos do zodíaco chinês e os deuses da Fortuna, Felicidade, Prosperidade e Longevidade, que vão avançar pelas Ruínas de São Paulo, Largo do Senado, Praça de Santo Agosti-nho, Praça Lilau, Templo de A-Má e Praça do Lago Sai Van.

Em homenagem ao signo chinês que rege este ano, o MGM Macau vai exibir na Grande Praça um dragão de 22 metros, completo com lâmpadas LED, concebido pelo animador americano Pat Lee, que trabalhou nos filmes “Transfor-mers” e “Homem Aranha”.

Na Torre de Macau, por sua vez, decorre o ‘CNY Walk’, no dia 25, com entradas grátis até ao mira-

GOVERNO DÁ PRENDAS NO ANO NOVO CHINÊS

O calendário lunar marca para dia 23 de Janeiro o início do novo ano chinês, sob o signo do Dragão, que significa, segundo a tradição, um ano auspicioso. E a região de Macau já está preparada para celebrar o evento, com incenso, danças, música, fogos-de- -artifício e muita cor e animação, a que não vai faltar um dragão de 238 metros

Macau prepara-se para a chegada do Dragão

Um ano que promete

douro no 61º andar, diz o Turismo de Macau.

Quase obrigatório é comprar flo-res num dos dois Mercados do Novo Novo Lunar, na Praça Tap Seac (16 a 22 de Janeiro) ou no Fisherman’s Wharf (19 a 25 de Janeiro), e assistir aos espectáculos musicais na Praça Tap Seac, na Praça do Senado, no Mercado do Parque Iao Hon, na Feira do Carmo, na Taipa, ou no Largo Eduardo Marque em Coloane.

Outros destaques são as apre-sentações de música taoista na Casa

do Mandarim, as demonstrações de artesanato na Casa Lou Kau e a exposição “Celebrando o Festival da Primavera com Poemas e Acordes”.

NO TEMPLO DE A-MÁQUEIMA-SE INCENSOA chegada do Ano Novo Chinês é assinalada na véspera no templo de A-Má, deusa protectora dos navegantes, também conhecida como Tin Hou (Imperatriz Divina), com queima de incenso e sabendo o que está predestinado.

A pequena e discreta porta do templo, junto ao mar, quase não deixa adivinhar o magnífico espaço de oração que se encontra por trás de portas.

Conta a lenda que A-Má era uma pobre rapariga à procura de passagem para Cantão, que lhe foi recusada pelos donos dos juncos.

A-Má foi então transportada por um pobre pescador, mas durante o trajecto desabou uma tempestade que levou a que todos os barcos naufragassem... todos,

excepto aquele em que ia A-Má. Quando chegou a Macau, a ra-pariga desapareceu, mas voltou como deusa no lugar em que os pescadores construíram o templo.

A-Má Gao, ou Baía de A-Má, é o nome que dá origem a Macau.

O templo é composto por pavi-lhões, pátios, recintos de oração e jardins que “sobem” os rochedos da encosta poente da Colina da Barra.

À entrada, um recinto para acender incenso, recebe as orações de quem ali vai. No topo encontra--se outro altar, para queimar incen-so e nos jardins superiores, a vista é cativante.

O templo é composto pelo Pa-vilhão do Pórtico, Arco Memorial, Pavilhão de Orações, Pavilhão da Benevolência, Pavilhão de Guanyin e Pavilhão Budista Zhen-gjiao Chanlin.

De acordo com a indicação no local, “o Pavilhão da Benevolência é a estrutura mais antiga” e data de 1488.

“O Pavilhão das Orações, também conhecido por “Primeiro Palácio da Montanha Sagrada”, foi construído em 1605, de acordo com inscrições em algumas das pedras encontradas no local”, diz a mesma informação.

À porta do templo encontra-se uma rocha com uma imagem de um junco tradicional gravada, e diversos riquexós que aguardam para os visitantes poderem conhe-cer a cidade.

E se quiser desejar um bom ano, só tem que dizer “Kung Hei Fat Chói”.

• Os cidadãos mais desfavorecidos de Macau vão po-der contar com mais apoio do Governo por altura do Novo Ano Lunar, também conhecido por Novo Ano Chinês. Isto porque a Fundação Macau vai oferecer cerca de cinco milhões de patacas através da inicia-tiva “Acção de Prendas do Ano Novo Lunar”, e que pretende beneficiar dez mil residentes do território.

Juntamente com o Governo vão cooperar vinte associações locais que se dedicam a prestar apoio social junto dos bairros comunitários. Por forma a garantir que todos os carenciados recebem as ofer-

tas de Chui Sai On, o Executivo vai ainda conceder apoio financeiro às associações para realizarem a distribuição das prendas.

O comunicado enviado pela própria Fundação Macau acrescenta ainda que esta acção de solida-riedade partiu da iniciativa do próprio Chefe do Executivo, Chui Sai On, inserindo-se desta forma nas Linhas de Acção Governativa, através da política de “apoiar os mais carenciados”.

De salientar que a oferta de prendas teve início no ano passado, tendo sido distribuídos 20 mil prendas.

MIL PROVAS DE VIDA NOS QUIOSQUES AUTOMÁTICOSNo primeiro dia da realização da prova de vida de 2012, que decorreu esta terça-feira, mais de mil idosos optaram por se deslocar a um dos 26 quiosques automáticos que o Governo criou no território. Dados do Fundo de Segurança Social (FSS) apontam que um total de cinco mil pessoas efectuaram a sua prova de vida, não só nos quiosques automáticos como também nos nove postos de atendimento disponíveis. Cerca de 57 mil beneficiários de pensões para idosos e de invalidez necessitam de prestar esta prova, tendo um mês para o fazer.

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SOCIEDADE

AVISOCOBRANÇA DA CONTRIBUIÇÃO ESPECIAL

1. Faço saber que, o prazo de concessão por arrendamento dos terrenos da RAEM abaixo indicados, encontra-se terminado, e, que de acordo com o artigo 3.º da Lei nº. 8/91/M de 29 de Julho, conjugado com o artigo 2.º e o artigo 4.º da Portaria n.º 219/93/M, de 2 de Agosto, foi o mesmo automaticamente renovado por um período de dez anos a contar da data do seu termo, pelo que, deverão os interessados proceder ao pagamento da contribuição especial liquidada pela Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes.

Localização dos terrenos:- Travessa Nova da Areia Preta, n.os 9 a 23 e Rua Um do Bairro da Areia Preta, n.os 36 a 40 (Edifício Kam Heng, Bloco I);- Travessa Nova da Areia Preta, n.os 27 a 43 e Rua Um do Bairro da Areia Preta, n.os 42 a 46 (Edifício Kam Heng, Bloco II);- Travessa Nova da Areia Preta, n.os 47 a 57 e Rua Um do Bairro da Areia Preta, n.os 48 a 52 (Edifício Kam Heng, Bloco III);- Rua de João de Araújo, n.os 75 a 79 e Rua de S. João de Brito,

n.os 24 a 32 (Edifício Pui Kei).2. Agradecemos aos contribuintes que, no prazo de 30 dias

após a recepção da notificação do pagamento, ou, até 12/01/2012, se dirijam ao Núcleo da Contribuição Predial e Renda, situado no rés-do-chão do Edifício Finanças, ao Centro de Serviços da RAEM, ou, ao Centro de Atendimento Taipa, para levantamento da guia de pagamento M/B, destinada ao respectivo pagamento nas Recebedorias dos referidos locais.

3. Na falta de pagamento da contribuição no prazo estipulado, proceder-se-á à cobrança coerciva da dívida, de acordo com o disposto no artigo 6.º da Portaria acima mencionada.

Aos, 7 de Dezembro de 2011.

A Directora dos Serviços de Finanças,

Vitória da Conceição

OS números não enganam: as re-ceitas brutas obti-das pelos casinos

em Dezembro último, na ordem das MOP 23 milhões, colocaram a RAEM no topo das regiões do mundo onde o jogo assume os maio-

Nem Las Vegas e Singapura juntas chegam lá

Macau sempre à frente no jogoO crescimento de 42 por cento das receitas dos casinos do território em 2011 mostraram que Macau continua a ser a terra do jogo por excelência.

TURISMO E JOGO DE MÃOS DADASO papel que o sector do turismo tem vindo a assumir na economia de Macau não pode estar dissociado da indústria do jogo. Só no ano passado, a RAEM recebeu cerca de 16 milhões visitantes oriundos da China Continental. Um número que tem vindo a crescer a olhos vistos desde 2006, num total 60%. As diversas medidas para fomentar a rede de transportes no território e melhorar os serviços de alojamento foram focados pela BBC como prova de desenvolvimento nos últimos anos. O que também comprova que o jogo dá muito à região.

res lucros. De acordo com números avançados pela consultora internacional Pri-cewaterhouseCoopers, essas receitas, que significaram uma subida de 42% face a Dezembro de 2010, foram

IMPORTÂNCIADA ECONOMIA CHINESAApesar destes valores, o desempenho das mesas de jogo vai continuar a depender do comportamento da economia do Continente. De acordo com o diário inglês Macau Daily Times, o crescimento de Dezembro de 2011 foi um dos mais baixos desde Agosto de 2009, uma altura em que as receitas registaram uma subida na ordem dos 17%. Para este ano que agora se inicia, o sucesso financeiro das apostas vai ser influenciado por factores como as políticas monetárias adoptadas pela China e a crise económica mundial. Analistas ouvidos pelo diário apontam mesmo para um certo abrandamento do crescimento da indústria.Cameron Mcknight, analista da Wells Fargo, perspectivou um crescimento do jogo na ordem dos 11 por cento para 2012. Em declarações ao Wall Street Journal, adiantou que o limite de mesas anunciado por Francis Tam poderá fazer com que o segmento das apostas VIP diminua.

cinco a seis vezes superiores ao total obtido pelos casinos de Las Vegas e Singapura em conjunto, no mesmo período de tempo.

Os dados recolhidos por esta consultora, citados pelo site Economy Watch, mos-tram ainda que a indústria do território pode duplicar os valores nos próximos cinco anos.

Aaron Fischer, analista da correctora de investimen-tos CLSA, afirmou ao jornal Financial Times que nada faria prever tais valores. “Seguindo o crescimento de 57% das receitas de Macau em 2010, ninguém esperava o crescimento do mercado ao nível a que vimos. No início de 2011, esperávamos um crescimento de 20%, e era um dos mais elevados do sector.”

GANHOS PARA TODOSNo ano passado, as mesas de jogo da RAEM consegui-ram fechar os lucros acima das MOP 20 mil milhões durante dez meses consecu-tivos. A Sociedade de Jogos de Macau (SJM) ficou em primeiro lugar no conjunto das empresas do sector que operam no território, tendo ganho um quarto do total das receitas brutas obtidas em 2011. Já a Galaxy ficou em segundo na contagem, com uma quota na ordem dos 20%. Seguem-se a Sands China, a Wynn Macau, a Me-lco Crown e a MGM China.

Ao longo de 2011, o Go-verno arrecadou cerca de MOP 100 mil milhões em im-postos directos e indirectos ligados ao jogo. Isso explica o porquê do Produto Interno Bruto (PIB) de Macau ser um dos mais elevados do mundo.

Apesar de Francis Tam, Secretário para a Economia e Finanças, ter anunciado em 2010, no debate das Linhas de Acção Governativa que, a partir de 2013, as mesas de jogo estariam limitadas às 5.500, tal não deverá diminuir o crescimento da indústria nos próximos anos.

NÚMEROS SURPREENDENTES“Seguindo o crescimento de 57% das receitas de Macau em 2010, ninguém esperava o crescimento do mercado ao nível a que vimos”, apontou Aaron Fischer, analista da correctora de investimentos CLSA. “No início de 2011, esperávamos um crescimento de 20% e já era um dos mais elevados do sector.”

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10www.hojemacau.com.mo ENTREVISTA

João Caetano, músico percussionista

“Fado e música chinesa influenciaram a minha carreira”

NASCIDO e criado em Macau, este português inicia em Londres, onde se formou, a sua projecção

internacional. Integra agora a famosa banda Incognito, a poucos dias de iniciar uma tour de volta ao mundo. Uma banda liderada por Jean-Paul Maunick, produtor de Stevie Wonder e Chaka Khan.Como aconteceu este gosto pela música, em Macau, uma região sem música etnologicamente própria?O facto de os meus pais apreciarem música e de me levarem, desde pequeno, a espectáculos de vários géneros foi importantíssimo para a minha opção pela música. São influências desde música portuguesa a actuações da orquestra chinesa, a danças do Leão, aos barcos-dragão, ao fogo-de-artifício. Crescer neste tipo de atmosfera que é Macau, entre orquestras, espectáculos, bandas, grupos de danças e cantares, muita gente junta a fazer música, influenciou-me totalmente. E ainda haver pessoas do meio musical

no meu seio familiar ou próximas dele. Por exemplo, o meu professor de violino, quando eu tinha 8 ou 9 anos, é hoje solista de renome mundial. Chama-se Carlos Damas e é uma figura da maior relevância no meu crescimento como músico. O mundo artístico sempre me fascinou muito.O que aconselharia, aqui em Macau, a um candidato a músico?Em primeiro lugar, cada um tem o seu percurso natural. É importante ter um grupo de amigos que possa ser dinamizado. Tive a banda da escola, o grupo de percussão, etc., tudo foi muito importante. Criar, em casa ou seja onde for (inclusive no computador) ou seja o que for (música, filmes, fotografia) depende dos gostos. Depois, tentar conhecer alguém que apoie essa criação. Tive sorte, em Macau, por ter um grupo de amigos muito próximos, com interesse em dinamizar e criar. Tínhamos ideias, falávamos e íamos concretizando, também com o grande apoio de alguns professores. Os alunos dinamizavam, a direcção da escola

apoiava, foi muito bom.E agora, um tour internacional integrando a Incognito, uma carismática banda britânica.É verdade, uma grande banda com mais de 30 anos, liderada pelo Jean-Paul Maunick, mais conhecido por Bluey, esse mesmo que também é produtor, por exemplo, de George Benson, Stevie Wonder, Chaka Khan e muitos outros nomes grandes da música. Como se pode caracterizar o som Incognito?É uma banda pioneira no movimento musical acid jazz que, resumindo, é uma junção do som dos Earth, Wind & Fire e dos Tower of Power, bandas norte-americanas, com o jazz.Como vai ser o tour?Começa a 16 deste Janeiro, em Milão, no célebre Blue Note, passando por vários países europeus, vem ao Oriente para tocar em várias cidades do Japão, o mesmo acontecendo na Coreia do Sul e nos Estados Unidos, entre vários outros países. Em princípio, durará um ano, mas existe a

hipótese de dois anos de duração.Está prevista a saída de algum cd ou dvd extraído das actuações?Não posso responder com precisão. Para já sairá na Primavera de 2012, entre Março e Abril, um cd dos Incognito, já com a minha participação como percussionista. Há um dvd da banda, ao vivo, editado em 2008.

Como aconteceu o convite da banda?Foi através da gravação do álbum do italiano Mario Biondi, onde participei. O produtor desse álbum foi precisamente o Bluey. A partir daí fui sendo convidado para tocar em shows dos Incognito em Londres. Pelos vistos, gostou do meu trabalho em vários

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SEXTA-FEIRA 6.1.2012

11www.hojemacau.com.mo

com Helder Fernando

João Caetano, músico percussionista

“Fado e música chinesa influenciaram a minha carreira”

GONÇALO LOBO PINHEIRO

espectáculos, convidando-me a fazer parte da banda.Mais uma nacionalidade, neste caso a portuguesa, na multiplicidade com que é constituída a banda Incognito.Sim, mas a base da banda é Londres, foi aí que foi formada.Não é a primeira vez, porém, que toca com grandes nomes da cena musical internacional.É verdade. Já tive a sorte de tocar com a Leona Lewis, a Anastacia, o Mario Biondi, a Jessie J e a afilhada da Amy Winehouse, a Dionne Bromfield.Entre estes nomes sonantes, qual a maior referência pessoal?A Anastacia. Teve cancro da mama, criou uma fundação de solidariedade, tem um corpo de trabalho muito grande. É uma artista muito respeitada, uma grande voz. A Anastacia alia duas coisas importantes para mim, a música que canta e a sua personalidade generosa. Também o Mario Biondi é uma grande referência para mim. Mas o grande sonho que tinha, que é de

muitos músicos conceituados, já se realizou e estou muito feliz com isso: tocar na banda Incognito.Haverá outros sonhos ainda.Gostava muito de tocar com o Sting, com os Coldplay e com um artista de fado, nomeadamente a Ana Moura.Três géneros musicais diferentes. Neste momento, qual deles o mais possível de ser concretizado?São os três possíveis. Uma vez que faço parte dos Incognito tudo é possível.Quer dizer que os Incognito funcionam como um género de passaporte para o mundial da música?È como o Manchester United! Realmente são o meu passaporte para a música à volta do Mundo.Que género de músico é?Sou um “session musician”. Tanto gostaria de fazer um tour com a Beyoncé ou a Rihanna como com o Sting ou os Coldplay. Ou mesmo um grande projecto, U2 ou Metallica. Não tenho preconceitos musicais. Na música deve ter-se gosto e qualidade, mas

não preconceitos. Respeitando, obviamente, os músicos profissionais que só trabalham com quem querem.O fado é um desses caminhos?Também. Não sendo a minha referência musical prioritária, é uma música portuguesa e eu sou português. Quando cresci como músico, tive sempre o fado muito presente. O meu pai ouvia em casa a Amália Rodrigues, o Carlos do Carmo, a Dulce Pontes, o Sérgio Godinho, o Jorge Palma. São nomes e vozes que me habituei muito a ouvir e que me diziam bastante. Ouvi sempre muita música portuguesa. Quanto ao fado, é o que representa o nosso País, em termos musicais. Por isso falei na Ana Moura. Trabalhar com uma artista como ela, como com a Mariza ou o Camané é, digamos, contribuir para uma fase diferente do fado, mais percussiva, trazendo coisas novas. Por exemplo, a Mariza já fez isso com o álbum “Terra”, mas posso contribuir também com outras influências que tenho. Nasci em Macau, tenho referências que a maior parte dos percussionistas em Portugal e noutros países não têm. Tal como há influências que outros músicos possuem e eu não tenho, naturalmente.No seu quotidiano em Londres, ouve fado?Oiço muito fado no meu dia-a-dia. Há uns tempos que ando a ouvir com frequência o “Terra”, da Mariza. Até porque retiro muita inspiração de lá O percussionista que trabalha nesse disco é o Piranha, um músico de referência para mim. Tenho alguns projectos profissionais, sobre os quais ainda não posso falar, mas que passarão pela música portuguesa, pelo fado, pela junção de várias estrelas internacionais com grandes nomes da música portuguesa, essencialmente do fado. Estou bastante ligado ao Ângelo Freire, um jovem músico extraordinário, um dos maiores guitarristas portugueses da actualidade, e ao Diogo Clemente, um dos maiores produtores na área do fado em Portugal. Assim como ao grande baterista de jazz Pedro Segundo. Uma grande experiência foi ter estado com um dos mais importantes construtores de guitarra portuguesa. Ainda não foi realizada uma grande colaboração de música internacional com o fado, essa é uma das minhas ideias. Este elo de ligação que nós formamos com Portugal, em Inglaterra e no Mundo, irá ser muito interessante, estou certo.Como observa a circunstância

O facto de os meus pais apreciarem música e de me levarem, desde pequeno, a espectáculos de vários géneros foi importantíssimo para a minha opção pela música. São influências desde música portuguesa a actuações da orquestra chinesa, a danças do Leão, aos barcos-dragão, ao fogo-de-artifício

Referência pessoal?A Anastacia. Teve cancro da mama, criou uma fundação de solidariedade, tem um corpo de trabalho muito grande. É uma artista muito respeitada, uma grande voz. A Anastacia alia duas coisas importantes para mim, a música que canta e a sua personalidade generosa.

de o fado ter sido formalmente considerado património imaterial da humanidade?Com grande satisfação. A importância desse facto está relacionada com a experiência que se pode vir a ter com o fado. Esse reconhecimento é crucial para a música, uma vez que se trata de um estilo ainda não muito conhecido internacionalmente. Falta uma brisa de ar fresco na música, o fado pode ser essa brisa na música universal. Faz parte do estilo que se convencionou chamar “world music”, não querendo dizer que, na sua forma tradicional, seja impossível tornar-se mais conhecido. Estou certo que agora haverá bastante mais investimento neste campo.

Por exemplo, a Carminho faz um dueto com o espanhol Pablo Alborán, a Mariza faz um álbum com o Ivan Lins, a Ana Moura trabalhou com os Rolling Stones. São factores de grande importância, é este o caminho. Com o respeito pela tradição, claro, mas somente com a tradição será muito difícil ampliá-la para os grandes palcos. Daí a Mariza arranjar sempre aquelas alternativas quando faz grandes espectáculos: ou usa uma orquestra ou socorre-se de grandes amplificações, muito distante do som de uma casa de fados. Tem de existir uma maneira de, com as raízes do fado, dar a conhecer uma música dirigida às massas, mas com toda a qualidade.

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12www.hojemacau.com.mo CULTURA

O presidente da China, Hu Jintao, afirmou que o país deve fortalecer a sua produção cultural para

se defender do ataque ocidental à cultura e ideologia do país. A me-dida foi publicada na edição desta semana do jornal oficial do Partido Comunista Chinês e já tinha sido

São as duas alavancas engendradas pela direcção do Partido Comunista para levantar a cultura chinesa. Para o presidente, o seu país está sob “ataque” do Ocidente. É que isto de abertura não são só favas contadas

Hu Jintao sublinha importância da cultura e denuncia ataques do Ocidente

Tradição e socialismo

HISTERIA E TRISTEZA CENSURADASA China oferece uma dieta patriótica através das emissoras estatais que os jovens, cada vez mais cosmopolitas, consideram maçadora. Alguns programas populares da TV americana têm muitos fãs na China, apesar de nunca serem exibidas nos canais chineses, graças à internet e à pirataria. No ano passado, a agência reguladora anunciou a suspensão de uma estação de TV no nordeste do país por exibir um programa que mostrava falta de respeito a um pai idoso e ampliava conflitos familiares. Em 2007, “Super Boy”, um concurso de cantores nos mesmos moldes de “American Idol”, recebeu a ordem de veicular apenas “músicas saudáveis e que inspirem ética”, além de ser orientado a evitar “fofocas” e não exibir cenas de “mau gosto” de fãs histéricas ou competidores que caem no choro ao perder a disputa.

anunciada num discurso de Outu-bro, após uma reforma cultural ter sido aprovada pelos membros do Comité Central do partido durante o seu congresso anual.

Numa campanha para conter o “entretenimento excessivo”, a Administração Estatal para Rádio, Filme e Televisão do país ordenou um corte de dois terços da programação (de 126 horas semanais para apenas 38 horas) em Outubro, visando principal-mente programas de caloiros e de namoros, que exploravam “histórias emocionais” e que eram de “mau gosto”.

ARMAS E BARÕESNÃO ASSINALADOSNa última edição do jornal do Partido, o “Qiushi” (que significa “Procurar a verdade”), o presidente Hu Jintao alertou que o país deve promover a sua própria cultura contra a “ocidentalização” promo-vida por forças hostis.

“Devemos estar claramente cientes de que as forças inimigas internacionais estão a intensificar os seus papéis estratégicos para ocidentalizar e dividir o nosso

país”, escreveu Hu. “Os campos do pensamento e da cultura são importantes sectores que eles estão a usar para essa infiltração a longo prazo. Nós devemos reconhecer a seriedade e a dificuldade desta batalha, tocar o alarme... e tomar medidas efectivas para lidar com isso.”

O presidente não especificou quem poderiam ser esses grupos hostis, nem como agem contra a China. Já as medidas de contra--ataque incluiriam o desenvol-vimento de produtos culturais que possam atrair o interesse dos chineses enquanto respondem à

“procura de crescimento espiritual e cultural do povo”.

EMPUNHAR A LIRA SONOROSANo fim do ano, os canais por satélite começaram a exibir programas que “promovem virtudes tradicionais e valores socialistas”, de acordo com a Xinhua, que citou a posição da agência reguladora. Esta “acredita que o corte na programação de entretenimento é crucial para me-lhorar serviços culturais para o pú-blico, ao oferecer programação de alta qualidade”, continuou o meio de comunicação governamental.

O governo tem travado uma

longa luta para promover o que acredita ser um ambiente cultural saudável, em contraste com os cada vez mais ousados programas de TV e filmes de Hong Kong, de Taiwan e do Ocidente, que circulam livremente pela internet e através de DVD piratas.

Cada ano, a agência reguladora permite que 20 filmes estrangeiros sejam exibidos no país. Os líderes da bilheteira chinesa, por exemplo, foram “Avatar” e “Transformers 3”, e a cantora Lady Gaga é tão popular como qualquer cantor chinês.

PARA ALÉM DA TAPROBANAA estratégia de defesa chinesa in-clui ainda a tentativa de expandir a sua cultura para outros territórios. A abertura de unidades do Instituto Confúcio noutros países para que estrangeiros aprendam mandarim, investimentos na operação de or-ganizações de media do governo (como o “Xinhua” e a Televisão Central da China) em cidades in-ternacionais - na esperança de que a sua visão sobre acontecimentos mundiais se torne tão comum quanto a dos medias ocidentais - são algumas dessas contrapartidas.

Wang Guangyi, O Grande Criticismo

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O Festival de Berlim 2012 abrirá no próximo mês com a estreia mundial

do drama histórico francês “Les Adieux à la Reine”, uma coprodução franco--espanhola. Dirigido por Benoit Jacquot, o drama é uma adaptação do romance homónimo de Chantal Tho-mas e retrata os primeiros dias da Revolução Francesa do ponto de vista dos cria-dos que trabalhavam em Versalhes.

Diane Kruger interpreta a rainha Maria Antonieta e Lea Seydoux uma das suas damas de companhia duran-

A morte do pintor moçambicano Malangatana fez ontem um ano,

a 5 de Janeiro de 2011, e a data foi assinalada com uma homenagem na região de Matalana, sul de Mo-çambique. Foi “ feita por artistas

O editor da Teorema e a editora da Estrela

Polar, assim como os dois gestores de marca - na Dom Quixote e na Asa - estão entre as mais de 30 pessoas de diversos sectores que o grupo editorial Leya despediu esta semana, no Porto e em Lisboa, alegan-do extinção de postos de trabalho. O grupo, durante este ano, irá criar 80 novos postos de trabalho em Por-tugal na área de produção de conteúdos digitais e de ensino à distância, e vai apostar no Brasil au-mentando o número de funcionários até 700.

O ano passado a factura-ção do grupo de Miguel Paes do Amaral, que começou a operar em 2008, primeiro em Portugal, Angola e Moçambique, e depois no Brasil - integra 16 editoras

portuguesas, duas africanas e uma chancela brasileira - foi de 90 milhões de euros. Mas como o grupo editorial prevê para este ano no mercado nacional uma di-minuição nas edições gerais, que incluem a produção editorial e as vendas, está a fazer “uma redução do seu plano editorial, com uma consequente redução de colaboradores nas áreas editorial, de marketing, co-mercial e de serviço de apoio a clientes”, disse uma fonte da administração.

Ao contrário do que se passa em Portugal, o grupo editorial antecipa “um forte crescimento” no Brasil este ano, onde “pre-vê facturar sensivelmente o mesmo que em Portugal, Angola e Moçambique no seu conjunto”, disse ainda a mesma fonte.

LEYA DESPEDE EM PORTUGALE APOSTA NO BRASIL

Cair no real

MOÇAMBIQUE RECORDA MALANGATANA UM ANO DEPOIS DA MORTE

Tudo o que ele deixou

Cinema | Filme sobre Revolução Francesa abre Festival de Berlim 2012

Vem aí caça aos UrsosApesar de não estar nos seus melhores anos, o Fes-tival de Cinema de Berlim continua a ser um evento incontornável para o cinema europeu. A França abre com a revolução, a China responde com um massacre.

te o aumento da agitação na corte do rei Luís XVI.

Embora o festival, que decorre entre 9 e 19 de Fe-vereiro, comece com uma estreia mundial, a ausên-cia de grandes nomes de Hollywood no tapete ver-melho pode diminuir o interesse dos media.

Neste ano, o maior ex-poente hollywoodiano até o momento é “Tão Longe e Tão Perto”, de Stephen Daldry, com Tom Hanks e Sandra Bullock. Da China, vem “The Flowers of War”, a maior bilheteira de 2011 no país, dirigido por Zhang Yimou e com Christian Bale

no papel principal. Ambos serão exibidos fora de com-petição.

Os organizadores do festival divulgaram apenas parte dos filmes selecciona-dos para a mostra paralela Panorama.

MERYL SEMPREEm 14 de Fevereiro, Meryl Streep, favorita para o Oscar de Melhor Actriz pela sua in-terpretação da ex-primeira--ministra britânica Margaret Thatcher em “A Dama de Ferro”, estará em Berlim para receber um prémio pelo conjunto da sua carreira. O festival exibirá alguns dos

seus filmes mais conheci-dos, incluindo “Kramer vs Kramer” e a “A Escolha de Sofia”.

Na mostra retrospectiva, o festival vai percorrer os cem anos de história do lendário estúdio Babelsberg e apre-

sentará alguns de seus filmes mais importantes, como “O Anjo Azul”, de Marlene Die-trich, e o recente “O Leitor”, com Kate Winslet.

O júri do Festival de Berlim será presidido pelo realizador britânico Mike

Leigh, e também contará com a actriz francesa Char-lotte Gainsbourg e o cineasta francês François Ozon. Ou-tro confirmado é o director iraniano Asghar Farhadi, vencedor do Urso de Ouro de 2011 com “A Separação”.

moçambicanos” e antecede uma ex-posição fotográfica que inaugurará na próxima semana, disse Mutxini Malangatana, filho do artista e res-ponsável pela Fundação Malanga-tana, recentemente lançada.

A futura entidade deverá realizar diversas ações de promoção da obra do ar-tista, nomeadamente “uma homenagem ainda este mês” e a publicação de “escritos que Malangatana, poeta, deixou”.

“Temos a intenção de publicar tudo o que ele deixou”, disse o filho. “Natu-ralmente que ainda não tivemos tempo para seleccionar e tomar decisões sobre os passos a dar em relação aos escritos, mas existem obras inéditas.” Aliás, adiantou, “ao nível de escritos, há muita coisa que nunca foi tocada”.

PERIGO DE FALSIFICAÇÕESAté ao final do ano, são várias as actividades a realizar pela família e amigos para recordar o artista plás-tico, poeta, actor, dançarino, músico, dinamizador cultural e até deputado, pela FRELIMO.

No entanto, a efeméride fica tam-bém marcada por notícias de falsifi-cação de obras de Malangatana, quer em Portugal, quer em Moçambique. “É uma questão que acompanhamos na medida do possível”, disse o filho do artista.

FILHA DE PACO BANDEIRA TRISTE E COM MEDOA psicóloga da escola da filha de Paco Bandeira é uma das 12 testemunhas de acusação que vão passar pelo Tribunal de Oeiras este mês. À procuradora do Ministério Público, Sandra Maria Dias, que até 2009 acompanhava de perto a filha do cantor, falou em “sentimentos e comportamentos de tristeza, ansiedade, medo e isolamento” da criança, hoje com 12 anos. Paco Bandeira, recorde-se, vai ser julgado por violência doméstica sobre Maria Roseta, sua companheira durante 12 anos, e ainda maus-tratos contra a filha menor, além de posse ilegal de arma e devassa da vida privada.

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14www.hojemacau.com.mo DESPORTO

Prognósticos para o Clássico

Gonçalo Lobo [email protected]

AMANHÃ Macau pode assistir ao primeiro jogo entre o FC Porto e o Benfica a contar para a principal liga de futebol do território. O

clássico será reeditado em versão Macau já n primeira jornada do campeonato do território.

Para Daniel Pinto, técnico dos dragões, a equipa, recentemente reforçada com Hélder Ricardo e Mané, “está preparada”. “Mal seria se não estivesse. Vamos lutar com as nossas armas, de preferência com um bom resultado a nosso favor.”

Rui Cardoso, timoneiro das águias, tam-bém está confiante. O Benfica reforçou-se a preceito para a primeira presença entre os melhores do futebol de Macau e conta com jogadores experientes do futebol português para tentar uma gracinha na estreia. “Entra-remos dentro do campo sempre para vencer todos os jogos”, afiançou o treinador.

O treinador dos encarnados descarta, contudo, toda a atmosfera de rivalidade que se tem vivido à volta do jogo. “A rivalidade de Portugal não pode passar para cá. São

FC Porto e Benfica na máxima força para a primeira jornada da Liga de Elite

Clássico português reeditado em Macau

Albano Martins, economistaFC Porto 1-2 BENFICA

Fernando Rebelo, empresárioFC PORTO 3-1 Benfica

António Faria, realizadorFC Porto 1-2 BENFICA

Emanuel Graça, jornalistaFC Porto 1-2 BENFICA

Alberto Lisboa, seleccionadorde hóquei em patinsFC Porto 1-3 BENFICA

José Pereira Coutinho, deputadoFC PORTO 2-0 Benfica

André Couto, pilotoFC Porto 1-3 BENFICA

Rita Tavares-Teles, jornalistaFC PORTO 3-2 Benfica

Carmo Correia, fotógrafaFC Porto 2-3 BENFICA

Rita Santos, secretária-geral adjunta do Fórum MacauFC Porto 0-3 BENFICA

Humberto Évora, médicoFC Porto 0-1 BENFICA

Gil Raposo, chef de cozinhaFC Porto 2-3 BENFICA

Ana Macedo Couto, arquitectaFC Porto 0-2 BENFICA

António Azeredo, advogadoFC PORTO 3-1 Benfica

situações completamente diferentes. Aqui o futebol está no nível zero. Temos de res-peitar o trabalho do FC Porto assim como eles devem respeitar o nosso.”

A harmonia também é partilhada por Daniel Pinto que, no entanto, acha piada à rivalidade. “Por mais que se tente essa ideia permanece presente. Penso que a rivalidade que se fala é salutar.”

O treinador das águias está satisfeito com o desenrolar da preparação para a época que agora começa e tem completa fé nos reforços que vieram de Portugal. Juan Castro, Filipe Duarte, Fábio Silva e Edgar são “uma mais valia e estão em sintonia”. “São jogadores que, pela sua experiência, trouxeram uma cultura táctica elevada ao grupo de trabalho. Apesar das saudades que sentem do seu país estão a ser devidamente acarinhados pela estrutura e pelos colegas.”

Daniel Pinto espera um campeonato

“mais justo” do que o do ano passado, onde as arbitragens nem sempre foram consentâneas. “Melhor e com maior rigor. Um campeonato justo é aquilo que peço.”

INTERVENIENTES COM MORALCom uma adaptação facilitada pelo seio do grupo de trabalho, o defesa-central do Ben-fica Fábio Silva pensa que o jogo de amanhã vai ser “de nervos e quentinho”. “Vai ser um jogo muito difícil para as duas equipas. É o primeiro e todos querem-se mostrar.”

Nos primeiros meses de Macau, Fábio Silva tem encarado a nova aventura com muito trabalho e dedicação. “O trabalho tem sido muito duro e como muito suor vamos tentar arrancar os três pontos neste primeiro jogo, porque a equipa só merece entrar com o pé direito.”

Do lado dos dragões o ponta-de-lança Hélder Ricardo também se mostra motivado.

Acabadinho de trocar a Casa de Portugal pelo FC Porto e o futebol de 7 pelo de 11, o jogador pensa que só no campo é que se decidem as coisas. “À partida o Benfica está mais forte até porque têm vindo a treinar há mais tempo que nós, contudo vai ser um jogo bem disputado.”

Ao nível particular, o também hoquista da selecção da RAEM espera entrar no onze inicial e quiçá marcar um golo. “Seria engraçado se marcasse mas nem sei se serei titular. Ainda fiz pouco treinos. Se jogar e conseguir marcar é um óptimo começo mas se a equipa ganhar na mesma sem golos meus será melhor ainda”, esclareceu o avançado.

O goleador, que nunca tinha jogado futebol de 11, antevê um campeonato bem disputado em que o Benfica, até pelas contratações que fez, pode ser o principal candidato a vencer. Contudo acredita que o Ka I, o Lam Pak, o Monte Carlo e o FC Porto terão uma séria palavra a dizer. “Há equipas com qualidade para contrariar o favoritismo do Benfica.”

Agora é esperar o embate de amanhã e ver, pelo menos, o um contra um de Fábio Silva e Hélder Ricardo. Quem vencerá?

• Pedimos um desafio a alguns portugueses radicados no território: darem um prognóstico para o jogo entre dragões e águias. Sem questionar tendências clubísticas o resultado final pendeu para uma vitória do Benfica.

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EUSÉBIO AGUARDA RESULTADOS DOS EXAMESO Pantera Negra aguarda o resultado dos exames e análises a que foi submetido neste novo internamento. Recorde-se que o antigo jogador deu entrada na noite de terça-feira com uma cervicalgia, segundo explicou o Hospital da Luz em comunicado. Teve febre ligeira esta noite, mas passou bem, estando de resto medicado para esse problema cervical. Em simultâneo, o melhor jogador português de todos os tempos tem a sua situação cardiológica monitorizada, o que já tinha sido previsto quando deixou o hospital, a 31 de Dezembro.

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SPORTING e FC Porto disputam amanhã à noite

o terceiro “clássico” da tem-porada na Liga portuguesa, que vale muito mais para os “leões”, que arriscam perder de vista o primeiro lugar.

À entrada para a 14.ª e pe-núltima jornada da primeira volta, o Sporting recebe os campeões nacionais, a seis pontos do primeiro posto, partilhado por FC Porto e Benfica.

Uma derrota da formação orientada por Domingos Paciência - uma das figuras destes “clássicos” em me-ados da década de 90, com a camisola portista – pode comprometer seriamente as aspirações do título nacional.

Um cenário de nove pontos de atraso, somado à difícil deslocação que se se-

SAPUNARU abordou pela primeira vez esta semana, de forma aberta, tudo o que

se passou no túnel da Luz. Em entrevista ao jornal romeno Prosport, o lateral do FC Porto acaba por fazer mea culpa daquilo que aconteceu no final da partida entre Benfica e FC Porto, que terminou com a vitória dos encarnados por 1-0.

Para o internacional, considerado o melhor jogador romeno a atuar no estran-geiro, a sua reação foi errada: “Não devia ter reagido daquela forma”, afirma Cristian Sapunaru, que abordou também as conquis-tas alcançadas com André Villas-Boas no banco portista: “Estávamos bastante unidos, a relação com o treinador era excelente. Foi uma pena termos sido afastados da Liga dos Campeões mas ganhar a Liga Europa foi o melhor momento para mim”, sublinha.

Após considerar o guarda-redes Beto como o melhor amigo que fez no Porto, Sa-punaru falou também na relação complicada que tem com o povo romeno: “Acham-me

um bêbado mas sempre que ganho alguma coisa coloco a bandeira da Roménia nas costas. Fico triste por me considerarem um problema nacional”.

A entrevista surge numa altura em que o empresário do jogador está a negociar a saída do FC Porto. Recentemente, ao mesmo jornal romeno, Florin Manea afirmou que está a estudar algumas propostas para a saída de Sapunaru nesta reabertura de mercado, em-bora sublinhe que não existem ainda ofertas concretas. O lateral de 27 anos perdeu ainda mais espaço no 11 de Vítor Pereira após a chegada de Danilo esta semana ao Dragão.

CLÁSSICO MAIS DECISIVO PARA O SPORTING

Entre leões e dragões

gue a Braga, no encerramento da primeira volta, pode traçar, quase em definitivo, o destino do Sporting neste campeonato.

Já o FC Porto parece ter estabilizado aos comandos de Vítor Pereira, que acaba de re-ceber novo voto de confiança do presidente Pinto da Costa, que garantiu querer cumprir na íntegra o contrato de dois anos com o antigo adjunto de André Villas-Boas.

A eliminação na Taça de Portugal, na qual o Sporting

passou a ser o maior candi-dato, e a “despromoção” da “Champions” para a Liga Europa, foram tropeções que não abalaram o FC Porto na maior competição interna e vai agora a Alvalade com a segurança dos seis pontos de vantagem.

Este “clássico” tem tam-bém o “aperitivo” adicional de testar a rota invicta de 52 jogos do FC Porto no campeonato, caminhada que começou logo a seguir a uma derrota... em Alvalade (3-0).

SAPUNARU ASSUME QUE “NÃO DEVIA TER REAGIDO DAQUELA FORMA NO TÚNEL DA LUZ”

Mea culpa

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[ ] CinemaCineteatro | PUB

SEXTA-FEIRA 6.1.2012

16www.hojemacau.com.mo

Aqui há gato

[Tele]visãoTDM13:00 TDM News - Repetição13:30 Jornal das 24h14:30 RTPi DIRECTO18:30 That 70\’s Show (Que Loucura de Família)19:00 TDM Talk Show (Repetição)19:30 Amanhecer20:35 Telejornal21:00 Ásia Global21:30 Desperate Housewives (Donas de Casa Desesperadas)22:15 Passione23:00 TDM News23:30 Firelight01:20 Telejornal (Repetição)01:40 RTPi DIRECTO

INFORMAÇÃO TDM

RTPi 8214:00 Telejornal Madeira14:30 Couto & Coutadas15:15 Poplusa16:00 Bom Dia Portugal17:00 Portugal Negócios17:30 Grande Reportagem-SIC18:15 Jaime20:00 Jornal Da Tarde 21:15 O Preço Certo22:15 Estranha Forma de Vida – Uma História da Música Popular Portuguesa22:45 Portugal no Coração

ESPN 3013:00 (Delay) Argentina Chile Peru Dakar Rally 2012 Day 5 13:30 Big East Conference Basketball15:30 NCAA Women’s Volleyball Championship Final UCLA vs. Illinois17:30 Big East Conference Basketball 19:30 (LIVE) Sportscenter Asia 2012 20:00 Football Asia 2011/12 20:30 Spirit Of London21:30 Argentina Chile Peru Dakar Rally

2012 Day 5 22:00 Sportscenter Asia 2012 22:30 Football Asia 2011/12 23:00 Spirit Of London

STAR SPORTS 3113:00 (LIVE) Hyundai Hopman Cup Xxiv Czech Republic vs. Denmark17:00 (LIVE) Hyundai Hopman Cup Xxiv USA vs. Bulgaria21:00 Australian Open Tennis 2005 Official Film22:00 FA Cup 2011/12 Preview Show 22:30 Motorsports@Petronas 2011 23:00 F1 Classics - 2002 Malaysian Grand Prix

FOX MOVIES 4011:50 Tron: Legacy13:55 Striking Distance15:40 Prince Of Persia17:40 The Marine 219:15 The Expendables21:00 X-Men: The Last Stand22:45 Avatar

HBO 4112:00 Temple Grandin13:45 Sundays At Tiffany’S15:10 Did You Hear About The Morgans?16:50 Free Willy18:30 Cats & Dogs20:00 Scott Pilgrim Vs. The World22:00 Van Helsing 00:10 Frozen

CINEMAX 4212:00 Poltergeist Iii13:45 Star Trek (2009)16:00 The Night Of The Generals18:20 Invasion Of The Body Snatchers19:45 Blown Away21:45 Epad On Max22:00 Body Snatchers23:25 Watchmen

RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • [email protected]

Su d

oku

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Cru

zada

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REGRAS |Ins i ra a lgar ismos nos quadrados de forma a que cada linha, coluna e caixa de 3X3 contenha os dígitos de 1 a 9 sem repetição

SOLUÇÃO DO PROBLEMADO DIA ANTERIOR

SOLUÇÕES DO PROBLEMA

HORIZONTAIS:1-GIBAS. TUBAS. 2-ASADO. AFAGA. 3-ICTO. T. ALAR. 4-TOA. UIS. APA. 5-ASSENTASSEM. 6-LAICO. 7-TREMI. ALACO. 8-I. FOSFITO. C. 9-ADES. O. ATAI. 10-GAS. OCA. ORO. 11-OR. AMAGO. ES.VERTICAIS:1-GAITA. TIAGO. 2-ISCOS. R. DAR. 3-BATAS. EFES. 4-ADO. ELMOS. A. 5-SO. UNAIS.OM. 6-TITI. FOCA. 7-TA. SACAI. AG. 8-UFA. SOLTA. O. 9-BALAS. AOTO. 10-AGAPE. C. ARE. 11-SARAM. OCIOS.

[f]utilidadesSALA 1LAUGHING GORTURNING POINT 2 [C]Um filme de: Herman YauCom: Michael Tse, Francies Ng, Chapman To14.30, 16.15, 18.00, 21.45

THE TWILIGHT SAGABREAKING DAWN PART1 [C]Um filme de: Bill CondonCom: Kristen Stewart, Robert Pattinson, Taylor Lautner19.45

SALA 2THE AWAKENING [C]Um filme de: Nick Murphy

Com: Rebecca Hall, Dominic Wes14.30, 16.30, 19.30, 21.30

SALA 3NEW YEAR’S EVE [B]Um filme de: Garry MarshallCom: Halle Berry, Jessica Biel, JonBon Jovi14.30, 16.45, 19.15

SHERLOCK HOLMESA GAME OF SHADOWS [B]Um filme de: Guy RitcheCom: Robert Downey Jr., Jude Law, Noomi Rapace21.30

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA

INFLUX - ARQUITECTURA PORTUGUESA RECENTE • vários autoresEste é o primeiro livro a apresentar o retrato alargadode uma geração emergente e a reflectir sobre novos temas e atitudes surgidos na arquitectura portuguesa dos últimos anos. Uma selecção de 45 projectos oferece uma introdução aos escritórios que, nos próximos anos, assumirão um papel mais proeminente no co texto da produção arquitectónica portuguesa.

YES IS MORE • vários autores“Yes is More” é um manifesto radical de fácil acesso da filosofia de arquitectura de Jack Bjarke Ingeles Group, mais conhecido por BIG, sediado em Copenhaga. Ao contrario das tradicionais monografias de arquitectura, esta obra utiliza o formato dos livros “comics” para expressar a sua agenda radical para a arquitectura contemporânea. O livro exprime por palavras a essência, presunção, e a atitude irreverente da empresa perante o formalismo exagerado, e exprime a determinação em evolver as populações locais nas suas criações, utilizando a banda--desenhada para comunicar as suas convicções.

2780 TABERNA, COZINHA EXPERIMENTAL • vários autoresO conceito de Cozinha Experimental da 2780 Taberna inova, fundindo produtos e ingredientes (quase na sua totalidade por-tugueses) de diferentes regiões para criar novas receitas e novos sabores. Ao mesmo tempo, através de investigação histórica, pesquisa receitas antigas para recuperar sabores perdidos. Os menus de degustação, renovados semanalmente, são coloridos e eclécticos com uma pitada de originalidade, oferece do mais que uma boa refeição. Neste livro encontram-se as receitas de alguns dos pratos confeccionados pela equipa da 2780 Taberna.

É nestes dias que eu penso que gatinhar deste lado do mundo me permite safar de boa. Ouvi dizer que um tal de Pedro Passos Coelho incentivou os jovens de Portugal a emigrar. Eu posso ser um gato pequenino e estar neste lugar (também pequenino!), mas eu assanhei-me logo, pois não me parece que seja coisa boa. Não faço mais do que comer e dormir, mas sei que as emigrações nos anos 60, para locais como as bidonvilles de Paris, aconteceram porque as pessoas sentiram que não havia mais alternativa por entre o silêncio das palavras e a loucura de uma guerra colonial. Agora, parece que não encontram alternativas no meio do lodo económico.A mim parece-me estranho que, num estado democrático, um primeiro-ministro português venha a público afirmar que as saídas para o estrangeiro podem ser uma solução para o desemprego, sem apresentar mais medidas inteligentes. Se eu pudesse, indicava-lhe alguém que o ajudasse a não dizer mais disparates em público.Cá para mim, o que há por aquelas bandas é falta de organização, porque os miúdos continuam a precisar de estudar e há cada vez mais idosos sem cuidados de saúde, por isso não entendo como se pode cortar em coisas tão importantes. Pus-me aqui a pensar e acho que os jovens portugueses podem aproveitar as áreas onde Macau anda a dormir (sim, não é só Angola e Brasil, como o senhor Coelho disse): o sistema de saúde dá que pensar, além de que os chineses querem estudar português e não há professores suficientes. Só aconselho mais uma coisa: acrescentem um canudinho de mandarim, que com umas aulinhas desse idioma tão peculiar o problema fica resolvido.

Pu-Yi

COM UMAS AULINHAS DE MANDARIM, O PROBLEMA FICA RESOLVIDO

HORIZONTAIS: 1-Corcova (pl.). O m. q. contrabaixos (Mús.). 2-Vasos com asas. Amima. 3-Afecção súbita que fere como um golpe (Med.). Puxar à sirga (Prov.). 4-Corda de reboque. Gritos de dor. Omoplata da rês. 5-Fizessem sentar. 6-Leigo, laical. 7-Tiritei de frio. Alago. 8-Sal resultante do ácido fosforoso. 9-Juntas, somas. Enlaçai. 10-Fluito aeriforme. Esvaziada. Falo em tom oratório. 11-Profissão (Suf.). O cerne, o centro. Existes.

VERTICAIS: 1-Instrumento de sopro com vários orifícios, que se toca com os lábios. Nome de homem. 2-Isca para a pesca (pl.). Aplicar. 3-Dês pancadas. Nome de letra (pl.). 4-Ajunto, somo. Armadura antiga para a cabeça (pl.). 5-Solitário. Anexais. Cabo da Guiné. 6-Pássaro conirrostro. Põe em foco. 7-Tua (Arc.). Tirai à força. Prata (s.q.). 8-Admiração (Interj.). Liberta, desprende. 9-Projécteis de arma de fogo. Macaco americano. 10-Refeição que os primitivos cristãos faziam em comum. Lavre com charrua. 11-Dão ou restituem a saúde a. Lazeres, folgas.

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SEXTA-FEIRA 6.1.2012

17www.hojemacau.com.moOPINIÃO

ed i to r ia lCarlos Morais José

car toonpor Steff

A CORRIDA REPUBLICANA

L’audace! Toujours l’audaceFrederico, o Grande, citado pelo general Patton

A reforma dos sistema político de Macau tornou-se numa tarefa obrigatória. É daque-las coisas que não adianta mais varrer para debaixo do tapete ou esconder a cabecita na areia que ela virá sempre ao de cima como o estimável azeite. E como chegámos a esta situação, se a inteligência local não se cansa de prevenir contra os malefícios do tabaco (perdão, da reforma política), se os sucessivos governos nunca se mostraram particular-mente entusiasmados, se os empresários não o pretendem e se o povo também não o reivindica com som e fúria? Simples: a RAEM foi ultrapassada.

Se atentarmos ao passado, Macau nada tem de envergonhar, no contexto regional, em termos de democraticidade do regime. Aqui nasceu a primeira forma de república no Oriente, num Leal Senado constituído pelos “homens bons”. Na segunda metade do século XX, no pós-25 de Abril, este ter-ritório achou-se dotado de um parlamento com maior representatividade popular do que o dos nossos vizinhos de Hong Kong. Na verdade, quando das transferências de soberanias, nós estávamos mais à frente, em grande parte pela acção dos portugueses. Ou, pelo menos, é o que se entende quando contemplamos a inactividade que se seguiu.

Só que, no século XXI, sob administração chinesa, Hong Kong acelerou o processo e tem a data de 2017 para sufrágio universal nas eleições para Chefe do Executivo. Ora em Pequim não poderiam assistir impávi-dos a esta condescendência de ver passar o comboio aqui ao lado e nem sequer correr para a estação. Confessemos: isto da reforma é uma chatice, uma daquelas coisas em que é preciso mudar, com a sabedoria e os cuidados necessários, para que tudo fique na mesma. Mas se Hong Kong tomou a dianteira, Macau terá forçosamente de lhe seguir na peugada.

Na pós-transferência, Macau tem sido visto como o “bom aluno”. Em termos ideoló-gicos, patrióticos e de generosidade, a RAEM tem-se esforçado não apenas para cumprir mas para ser excelsa nesse cumprimento.

A AudáciA dA reformA O que a RAEM deveria fazer

era ousar, ir mais longe que Hong Kong e mais depressa. Dar-lhes o bailinho do costume neste tipo de matérias. Mostrar ao mundo como pode existir um regime com liberdade de imprensa, liberdade de expressão e direitos políticos plenos na China, sem que isso cause convulsões sociais ou inverta a marcha das coisas

Essa “simpatia” tem, temporariamente, ocultado algumas contradições sérias na sociedade local que o Governo demora a resolver. Por outro lado, a implementação do artigo 23º da Lei Básica, algo que Hong Kong não conseguiu ainda fazer, veio demonstrar que por aqui se resolvem problemas poten-cialmente bicudos de forma satisfatória.

Nunca o patriotismo das gentes de Ma-cau esteve em dúvida. Nem a determinação do seu governo em respeitar e promover os valores tradicionalmente chineses, que enformam a identidade mais geral do país. Celebrámos os Olímpicos e comovemo-nos com Sichuan. Desfizemo-nos para receber os pandas como imperadores. Andámos no espaço quando cá esteve o taikonauta e acreditamos piamente que “enriquecer é glorioso”. Sobretudo, como sublinhava Deng Xiaoping, quando esse enriquecimento é colectivo. Ou seja: Macau detém um sólido capital de confiança.

Ora: o que fazer com ele? “L’audace! Tou-jours l’audace!”, como reza na epígrafe. O que a RAEM deveria fazer era ousar, ir mais longe

que Hong Kong e mais depressa. Dar-lhes o bailinho do costume neste tipo de matérias. Mostrar ao mundo como pode existir um regime com liberdade de imprensa, liberdade de expressão e direitos políticos plenos na China, sem que isso cause convulsões sociais ou inverta a marcha das coisas.

Para isso tem de ser aproveitada ra-dicalmente esta necessidade de efectuar a reforma política. Levá-la o mais longe possível, trazer o melhor que se souber esta população para junto das decisões fulcrais, as que ainda podem salvar esta terra em termos urbanísticos, ambientais e culturais. Mais e mais deputados eleitos directamente e sufrágio universal para o Chefe do Execu-tivo. Abaixo a Comissão Eleitoral e todos os seus títeres! Já!

Não me parece que a malta no poder siga os meus avisados conselhos, mas é pena. A audácia é a mola da História e Macau pode ser uma pérola, uma cidade quase perfeita, na sua abundância e na sua diversidade. Tem condições para se transformar numa espécie de paraíso urbano, a um tempo simples e conectado ao mundo, proporcionando um nível de vida invejável aos seus cidadãos. E se, para o bem ou para o mal, “Macau é governado pelas suas gentes”, por que não deixar mesmo as suas gentes governá-lo?

E quem terá a audácia de ser lembrado por realizar esta utopia?

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SEXTA-FEIRA 6.1.2012

18www.hojemacau.com.mo

car ta ao d i rec to r

EXMO. SENHOR DIRECTOR DO HOJE MACAU,

No âmbito do Processo no. 117/09-AO em que era eu queixoso na acção movida contra os Serviços de Saúde (SS), o Tribunal Administrativo proferiu o seguinte acórdão: “A convicção do Tribunal baseou-se nos do-cumentos juntos aos autos nomeadamente os de fls […] dos autos, no relatório médico de fls.[...], nos esclarecimentos dos peritos [!], prestados em audiência e julgamento, no depoimento das testemunhas ouvidas em audiência que depuseram sobre os quesitos da base instrutória, cujo teor se dá por reproduzido aqui para todos os efeitos legais, e que tinham conhecimento pessoal, o que permitiu formar uma síntese quanto à veracidade dos apontados factos”.

Sendo assim, o Tribunal tomou conheci-mento do que leu nos registos clínicos, que não deixam de ser documentos com força probatória, que dão a certeza dos factos sucedidos. Não será estranho afirmar ter sido um só médico do Hospital Kiang Wu, quem desempenhou as funções de perito e, para o efeito, esclareceu que as duas hérnias que eu padecia e às quais seria operado, podiam ser causadas por vários factores, de entre os quais retenção urinária1, que é provocada por próstata volumosa (HBP) à qual também seria operado.

Na primeira operação, foram-me reti-rados sete gramas e, na segunda, outros 29 gramas do meu órgão prostático de 100 e 158 gramas de peso aproximadamente. As intervenções cirúrgicas foram realizadas sem que os médicos tivessem obtido o diagnóstico seguro da HBP. Isso porque só foram feitas biópsias à próstata, que não eram suficientes para detectar o mal. Era necessário o toque rectal, antes que as intervenções viessem a ter lugar, pois podia existir concomitantemente com aquela doença um carcinoma, segundo elucida o Dr Francisco Rolo. (Leia-se a rele-vância do TR na rubrica 40 do Doc. 2 do Proc.)

Assim, o Tribunal não podia dar por provado que o Hospital obteve o diagnóstico seguro da HBP até porque os toques rectais foram efectuados apenas na primeira con-sulta de 1996, e nas duas primeiras de 2002, com intervenções cirúrgicas a ter lugar em 2000 e 2004. Por esse facto, bem se verifica que as duas cirurgias a que me submeti, por recomendação médica, foram não só inúteis como também arriscadas!

Pesa-me dizer que o Tribunal pouca im-portância deu aos documentos constantes do Proc. nem prestou detida atenção às respostas que viriam a ser dadas aos quesitos da base instrutória, nem colocou sequer questões adi-cionais, não menos relevantes aos clínicos do Hospital, que haviam sido os meus médicos assistentes, que se apresentaram no julgamento

MUITO BEM VAI A SAÚDE (E A JUSTIÇA) POR CÁ, SIM SENHORpara deporem na qualidade de testemunhas dos SS. Entre outras questões, o Tribunal não lhes interrogou se era realmente necessária a terceira intervenção – realizada em 2006 em Hong Kong – e se o meu estado clínico era grave.

Porėm o meu primeiro médico depõe que não se podia concluir que extrair 60 gramas do meu órgão prostático no Hospital de Hong Kong, significava, desde logo, ter sido realizada uma cirurgia eficiente, por-que isso poderia resultar em problemas de incontinência urinária! Estranho raciocínio era esse, até porque o mal só resulta da HBP nas fases mais avançadas da doença (leia-se a rubrica 25 do Doc.2). As minhas análises clínicas, posteriormente, efectuadas em 2008 no Hospital de Macau, revelaram estar eu bem longe desse perigo e do problema da próstata, que se encontrava normal, razão pela qual “estava livre do mal que sofri durante anos de tratamento no CHCSJ”. Foi esse o depoimento prestado por um outro médico do referido estabelecimento hospitalar, que me fez importantes exames clínicos, depoimento esse dado em resposta à pergunta colocada pelo meu advogado.

Dando, porém, continuidade ao que de-punha, aquela primeira testemunha viria a concluir que a solução final para evitar que uma HBP, sujeita à operação, possa crescer e trazer complicações futuras, será a ablação do órgão. E a felicidade sexual do doente não deverá ser também respeitada?

O Tribunal, na posse dos primeiros rela-tórios do cirurgião, especialista em urologia de Hong Kong, e dos demais resultados clí-nicos anteriormente efectuados no Hospital de Macau, tinha o dever de procurar saber a razão pela qual o meu segundo médico não tomou iniciativa de me propor à Junta para Serviços Médicos no Exterior, a fim de ser tratado em clínica especializada, uma vez que da leitura do artigo 355º da contestação dos SS, ficava-se a saber que estes mesmos serviços, implicitamente, reconheciam as capacidades limitadas dos seus médicos e admitiam a inexistência de especialistas nos serviços urológicos do CHCSJ para me darem tratamento! Deste modo, não podia o Tribu-nal ter-se esquecido do que vem regulado nos Decretos-Leis n.s 24/86/M e 34/90/M, vigentes no Território. É que as formalida-des de tratamento na clínica especializada decorrem dum dever jurídico, dever este que é atribuído, única e exclusivamente, ao médico assistente. Estava, portanto, ar-redada a necessidade de “pedir e instar” o meu clínico para me submeter à Junta, até porque não constitui uma condição “sine qua non” de poder merecer o tratamento clínico especializado.

Baldadas as esperanças de ser tratado numa clínica especializada e atendendo ao desespero da causa, tive de me dirigir ao Hong Kong Sanatorium & Hospital. Contra-

riamente, consequências bem piores e graves me teriam advindo, devendo confessar que o referido médico nada fez, muito embora estivesse ciente de todo o meu estado pato-lógico e, quiçá, da sua própria incapacidade de me tratar! Mas, sem hesitar, remete-me para uma nova consulta do mês de Setem-bro de 2006, quando estávamos em Junho e as análises clínicas se referiam aos meses anteriores! O que lamento é que nunca fui informado nem esclarecido das razões de que a taxa de “sucesso média da cirurgia” era baixa, caso em que teria, desde logo, abandonado o tratamento do Hospital e ido a uma consulta especializada de Hong Kong.

Sendo assim, de modo nenhum se retira a negligência e indeferença dos médicos aos sofrimentos do seu doente. Todos os registos clínicos, que o meu advogado solicitou para serem submetidos à apreciação do Tribunal, e que comprovavam o meu estado físico, anterior e posterior à 3ª operação realizada em Hong Kong, para nada serviram! Mas, se a convicção foi obtida através dos factos que não deixam dúvida e se baseou nos do-cumentos juntos aos autos, consoante alegou, e sendo aqui uma certeza do que consta dos documentos probatórios, não podia o Tribunal deixar de acreditar no que vinha escrito e leu nos registos clínicos. Se é que os documentos não lhe fizessem fé, por dever de consciên-cia e justiça, teria de solicitar o competente parecer de especialistas em urologia, quer de Hong Kong, quer da República Popular da China. Mas o certo é que não podia de livre vontade formar um juizo de que “não estava [eu] curado definitivamente da minha doença”, apesar de os relatórios anuais do cirurgião de Hong Kong e de os registos clí-nicos, posteriormente, efectuados no CHCSJ, asseverarem a normalidade da minha função prostática e do sistema urinário, e ter aquele mesmo especialista afirmado ser não recidiva a minha situação.

Verifica-se, de facto, uma diferença enorme entre os registos clínicos anteriores e posteriores à terceira operação – tanto basta que se faça uma leitura aos resultados dos psa e das urofloxemetrias – para se po-der concluir ter eu voltado a gozar de boa saúde, com qualidade de vida, nestes anos post-operatorium. Felicidade essa jamais conseguida enquanto vinha sendo assistido no Hospital de Macau.

Porém, a Juíza Presidente do Tribunal Administrativo viria a proferir a sua sentença com base em fundamentos seguintes: “Todas estas intervenções cirúrgicas não nos eviden-ciam que os médicos assistentes tivessem actuado em violação das regras de ordem técnica e procedimental comum, nomeada-mente infringindo o dever de informação e esclarecimento e faltando o diagnóstico suficiente e adequado quanto à decisão ou procedimento das intervenções cirurgicas’’.

Mas os argumentos por mim expendidos nos parágrafos anteriores, servem de melhor resposta às dúvidas que porventura possam surgir da leitura da sentença. No desenvol-vimento da sentença lemos ainda: “Os sin-tomas que precisavam de novo tratamento e cura não eram sequelas nem resultantes de más execuções das intervenções cirúrgicas”. Isso corresponderá à verdade? Então, como se explica que na sequência das minhas duas intervenções cirúrgicas, efectuadas no CHCSJ, viria, pouco tempo depois, a exigir-se uma terceira, tendo, para o efeito, o cirurgião de HK afirmado ser volumosa a minha próstata e a minha bexiga ter perdido a função própria*, e o meu mal maior era o da retenção urinária, que só aparece na fase adiantada da HBP, que evolui lentamente, segundo o diz o Dr Francisco Rolo in Doc. 2 do Proc. Assim, nunca podia estar em causa um novo tratamento de que eu carecesse. Mesmo assim, concluia a Juíza Presidente que “não se verifica qualquer ilicitude ou culpa nos actos praticados pelos médicos da ré, nem existe o nexo de causalidade com prejuízos patrimoniais e não patrimoniais sofridos pelo autor”. No entanto, todo o meu tratamento no Hospital, sem nunca os médicos me terem podido sequer aliviar os sofrimentos, o Tribunal acabaria por afirmar que o meu quadro clínico “nunca justifica que [me] submetesse à Junta”, não obstante todos os documentos constantes do Proc. afirmarem o contrário*! Por esses e outros factos anómalos, devo questionar se não seria toda essa negligente e deficiente assistência médica objecto do procedimento disciplinar, e se os SS não teriam de responder pelos factos assentes em danos patrimoniais e morais por mim sofridos. Eis a questão que finalmente coloco. No entanto, a Juíza Presidente do TA finaliza a dizer que “por tudo o que foi expendido e justificado, o tri-bunal julga improcedente a presente acção e consequentemente absolve a ré do pedido”, condenando-me, é claro, nas custas. E assim se fez a Justiça na RAEM.

*Entre os registos clínicos deverá constar um relatório elaborado por Macau X-ray Centre, o qual substitui o emitido pelo Laboratório do CHCSJ, por ter sido desaparecido do meu processo clínico individual. Este documento, referindo-se à minha situação patológica anterior, dá a conhecer que a minha bexiga vinha sendo comprimida por uma próstata de tamanho volumoso.

Com os meus melhores cumprimentos, Manuel de Senna Fernandes.

1 O seu mal é o da sensação de uma bexiga nunca esvaziada.

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SEXTA-FEIRA 6.1.2012

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perspect ivasJorge Rodrigues Simão

Existência ciEntífica dE dEus

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Redacção Andreia Sofia Silva; Gonçalo Lobo Pinheiro; Joana Freitas; José C. Mendes; Nuno G. Pereira; Virginia Leung Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Carlos Picassinos; Hugo Pinto; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros; Vanessa Amaro Colunistas Arnaldo Gonçalves; Carlos M. Cordeiro; Boi Luxo; Correia Marques; Hélder Fernando; Jorge Rodrigues Simão; José I. Duarte, José Pereira Coutinho, Marinho de Bastos; Paul Chan Wai Chi; Pedro Correia; Peng Zhonglian Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia António Falcão, Gonçalo Lobo Pinheiro; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Laurentina Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

Os seres humanos são muito mais parecidoscom o peixe do que podem pensar. Os grandesvão sempre comendo os menores. Por Fernando

Ciclone

“Deus não joga dados com o universo”.Albert Einstein

história da humanidade e a exis-tência do ser humano tem sido a infindável luta pela procura de

respostas às questões que mais o atormen-tam, sendo a mais importante, sem dúvida, a que se prende com o significado ou pro-pósito da vida. Existirá Deus? Se existe, por que permite tanto sofrimento? Temos que acreditar na existência de Deus?

A ciência não tem a capacidade de ex-plicar apesar de tudo, a maioria das coisas, sem invocar a existência de um Deus? São questões que aos nossos pensamentos mais profundos surgem, quando tentamos formu-lar respostas coerentes e racionais quanto à nossa origem, ao propósito da nossa existên-cia, e ao nosso último destino após a morte.

Ninguém terá a capacidade de omitir tais pensamentos, quanto a estes desconcertan-tes enigmas, ao contemplar os mistérios do nosso ser e do universo em que vivemos. A existência de Deus é uma questão que, singelamente, não podemos apagar da nossa mente.

Felizmente, no que se refere às mais recentes questões sobre as origens, nem tudo é conjectura. Existem cientistas que nos últimos anos têm realizado notáveis descobertas, que revelam com tamanha pre-cisão a complexidade do universo que nos rodeia, que parece tornar-se cada vez mais difícil, sugerir que tudo foi simplesmente o resultado de um mero acaso.

Tudo dá ideia de que um Deus muito talentoso, teve de estar envolvido no desenho das coisas maravilhosamente intrincadas que encontramos no Universo. Todavia, alguns cientistas empenham-se em insistir que a ciência não pode considerar Deus, porque ela e Deus representam esferas do pensamento sem pontos em comum.

Lamentavelmente, tal ponto de vista im-põe uma perspectiva muito estreita à ciência, quando se auto limita na sua capacidade de encontrar a solução para todas as questões. A ciência não poderá descobrir nem Deus, nem o papel que desempenha, enquanto excluir a possibilidade da sua existência na sua longa lista de pesquisas, hipóteses, esclarecimentos e respostas.

A ciência tem a responsabilidade de ser um campo fértil de refúgio às questões da humanidade, no sentido de manter as

esperanças de contribuir com respostas ex-pressivas e verdadeiras às nossas dúvidas, por mais profundas que sejam. Para tanto, é necessário que abra de vez a porta da prisão do secularismo na qual se auto encerrou.

A ciência deve estar aberta à possibilida-de da existência de Deus e não o eliminar, como se pertencesse a outra esfera do saber. O estado de desenvolvimento da ciência no presente século permite que abra a porta definitivamente e estar preparada para abordar a questão da existência de Deus a partir da visão do que a ciência é, ou pelo menos deveria ser, uma procura constante e aberta da verdade, se estamos dispostos a permitir que os dados da natureza nos dirijam ao lugar onde apontem, seja qual for.

A ciência, com frequência, permite as mais diversas especulações e hipóteses, como a exis-tência de outros universos, além do nosso, ou de que a vida tenha aparecido por si só, num simples estalar de dedos. A coerência exige que a ciência deve estar disposta também a considerar a possibilidade de que tenha um Deus. Tal amplitude de fim e visão poderia ser importante no caso de Deus, efectiva-mente, existir, isto para quem não é cristão. A esses nos quais me incluo, estão encerradas as questões em termos mentais e espirituais por via da fé. Mas mesmo os cristãos exigem esse comprometimento da ciência, não que prove matematicamente a existência de Deus, mas que não exclua a sua existência.

É interessante referenciar que os pionei-ros da ciência moderna, líderes da revolução científica do século XVI, como o astrónomo e matemático alemão Johannes Kepler, o astrónomo, matemático, físico e filósofo italiano Galileo Galilei; os vultos renoma-dos do século XVII, como o físico, químico e filósofo natural irlandês Robert Boyle, e o matemático, físico, filósofo e teólogo francês Blaise Pascal, e no século XVIII o zoólogo e botânico sueco Carlos Lineu e o astrónomo, matemático, físico, alquimista, filósofo e teólogo inglês Isaac Newton, incluíssem o conceito de Deus nos seus pensamentos científicos.

Mencionavam com frequência e conside-ravam que as investigações científicas que levavam a cabo constituíam a descoberta continuada das leis que Deus tinha criado. Tais monstros da intelectualidade demons-traram como a ciência e a consciência de Deus podiam trabalhar em conjunto quando se estudava a natureza.

A partir dessa época, a ciência e Deus seguiram caminhos distintos, e no presente, em essência, a ciência rejeita o conceito de uma deidade. Ademais, alguns cientistas estão profundamente inquietos perante a possibilidade de que um encobrimento da religião, como força social, possa converter--se num sério obstáculo à ciência. Por outro lado, encontram-se sugestões de renovado interesse em Deus por parte de alguns cien-tistas e académicos, que é consequência, em parte, das recentes e significativas descober-tas, como os exactos valores necessários para as forças básicas da física, e as complexas rotas metabólicas dos seres vivos.

Tais descobertas suscitam sérias dúvidas quanto a qualquer sugestão de que simples-mente tudo aconteceu por mera casualidade. É cada vez mais racional acreditar na exis-tência de um Deus que está por detrás da origem do Universo, ao invés de aceitar as improbabilidades extremas, que é preciso postular para que o Universo chegasse à existência por si. É necessário, em modesta lucubração de ideias, que a ciência tenha uma visão global, que é essencial para dar uma perspectiva ampla que merece a questão da existência de Deus.

Os desafios mais significativos da sua existência provieram da ciência, e a expo-sição dos temas relacionados deve centrar--se essencialmente em questões de índole científica. No sentido de contribuir para o esclarecimento do comum dos cidadãos e que avaliem as descobertas e as conclusões da ciência, deve esta incluir várias descrições que apresentem a forma como os cientistas realizam as suas descobertas, especialmente os detalhes que parecem ter a ver com a questão da existência de Deus.

Um facto surpreendente é de, nos Esta-dos Unidos, quatro em cada dez cientistas acreditam num Deus pessoal que responde às suas orações. Na União Europeia esse número é reduzido a metade. O paradoxo está em que muito poucos desses cientis-tas, se é que existe algum, falará de Deus em revistas científicas ou em livros. O que muitos cientistas crêem e o que publicam ou conferenciam são situações muito distintas, tratando-se de uma falácia entre o crer, o ser e o fazer.

É necessário que ajustem crenças, com-portamentos e actividades em benefício da coerência e verdade, o que significa que o que acreditam não é o que convêm ao inte-resse pessoal e da ciência. Todas as matérias relacionadas com a existência de Deus devem incluir a intrincada organização da matéria do universo e a precisão das forças físicas, bem como seguir os temas fundamentais da biologia, incluídos na origem da vida, o código genético e as estruturas complexas da grandeza do olho e do cérebro.

A ciência deve considerar atentamente a questão do tempo na evolução quando é analisado o registo fóssil. Os éones geoló-gicos que a ciência sugere são totalmente inadequados às diversas explicações pos-tuladas. Intrigante é a questão de qual a razão porque, no contexto de tantos dados que parecem exigir um Deus para explicar o que observamos, os cientistas continuam silenciosos quanto ao mesmo.

Será uma questão de pressão sociológica de ideias dominantes (como a evolução), de exclusividade e elitismo de uma actividade científica extremamente proveitosa? Quer se queira ou não, a ciência está a contribuir com abundantes provas da existência de Deus. É esperança de cristãos e não cristãos, quiçá, que os cientistas permitam que se regresse à perspectiva científica, como acontecia entre os pioneiros da ciência moderna.

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O que muitos cientistas crêem e o que publicam ou conferenciam são situações muito distintas, tratando-se de uma falácia entre o crer, o ser e o fazer.

Page 20: Hoje Macau 6 JAN 2012 #2525