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GASTRONOMIA José Avillez no Mandarim Oriental ANTÓNIO FALCÃO AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB REFERENDO Associações interpõem recurso contra IACM ASSÉDIO SEXUAL Mudanças na lei a caminho SOCIEDADE PÁGINA 7 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 SEGUNDA-FEIRA 28 DE JULHO DE 2014 ANO XIII Nº 3140 hojemacau PUB EVENTOS CENTRAIS POLÍTICA PÁGINA 5 PÁGINAS 2 E 3 GAES deveria garantir liberdade académica ERIC SAUTEDÉ O prefessor de Ciência Política questiona o papel do GAES e mostra-se preocupado por não ter havido um inquérito à sua saída da USJ. Sautedé reafirma que o reitor Stilwell não agiu sozinho e que é impossível a FCES e o bispo não terem estado envolvidos no processo.

Hoje Macau 28 JUL 2014 #3140

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Hoje Macau N.º3140 de 28 de Julho de 2014

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GASTRONOMIAJosé Avillez no Mandarim Oriental

ANTÓ

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FALC

ÃO

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

REFERENDOAssociações interpõem recursocontra IACM

ASSÉDIO SEXUALMudanças na lei a caminho

SOCIEDADE PÁGINA 7

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 S E G U N DA - F E I R A 2 8 D E J U L H O D E 2 0 1 4 • A N O X I I I • N º 3 1 4 0

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PUB

EVENTOS CENTRAIS

POLÍTICA PÁGINA 5

PÁGINAS 2 E 3

GAES deveria garantir

liberdade académica

ERIC SAUTEDÉ

O prefessor de Ciência Política questiona o papel do GAES

e mostra-se preocupado por não ter havido um inquérito à sua saídada USJ. Sautedé reafirma que

o reitor Stilwell não agiu sozinhoe que é impossível a FCESe o bispo não terem estado

envolvidos no processo.

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hoje macau segunda-feira 28.7.20142 ENTREVISTA

ANDREIA SOFIA [email protected]

Tornou pública uma carta onde acusa a Fundação Católica para o Ensino Superior (FCES) e o Ga-binete de Apoio ao Ensino Superior (GAES) de esta-rem envolvidos na sua saída da Universidade de São José (USJ). De que forma concreta aconteceu essa intervenção?Em qualquer instituição privada de educação existe uma direcção por trás. É impossível que a FCES não tenha estado envolvida e o bispo [D. José Lai], en-quanto presidente da FCES. Esta foi uma decisão de afastar alguém sem motivos e depois alguém - que gere a instituição diariamente - fazê-lo, dizendo que é por motivos políticos. Isso não se fez sem o aval da FCES. Eu próprio estou ligado a muitas associações e esse tipo de decisões não podem ser tomadas unicamente por quem as executa, é uma questão de lógica. O que também menciono na carta é que eu era responsável pela organização de con-ferências e tinha ligação à FCES ao nível dos temas que eram propostos. E hou-ve uma conferência que foi suspensa em cima da hora por sua decisão [da FCES]. Não era a Fundação Macau (FM) que estava a financiar a iniciativa. Era impossível à FCES não estar consciente. Tinha de estar e também o bispo, por ser o presidente.

USJ ERIC SAUTEDÉ DIZ QUE GOVERNO DEVERIA TER INVESTIGADO DESPEDIMENTO

“Achávamos que a USJ era dos poucos

O reitor Peter Stilwell so-freu pressões ou, de certa forma, foi manipulado pela FCES, para tomar esta decisão?Não sei. Mas temos de colo-car a nós próprios esta ques-tão: um reitor, que esteve em Portugal, em Lisboa, onde não existia qualquer tipo de pressão, faria isto por si pró-prio? Claro que foi uma deci-são tomada por pessoas que estão acima dele. Não pode ter sido apenas ele, estando há dois anos em Macau. Talvez possa ter exagerado na interpretação do que foi falado com a FCES. Talvez não estivessem satisfeitos com algumas coisas, mas ao ponto de tomar este passo em frente e afastar-me sem razão... Poderiam não estar satisfeitos, haveria sinais de que eu teria de ser afastado por motivos políticos.

Em relação ao GAES...Não acuso directamente o GAES. O que escrevi é que a apresentação que fiz nesta conferência [sobre a ausên-cia de partidos políticos em Macau e suas consequências, promovida pela Associação Europeia de Estudos Chi-neses] deveria ter recebido financiamento da sua parte. Tomei todos os procedimen-tos necessários um ou dois meses antes. Não sei se a minha apresentação chegou a ser submetida ao GAES por parte da USJ, porque tinha de ter a assinatura do reitor. À última da hora, num encontro que tivemos, o reitor disse-me directamente

Peter Stilwell chegou a dizera Eric Sautedé que o seu trabalho sobre partidos políticos de Macau constituía uma “provocação”. Quem o diz é o professor de Ciência Política, que considera que o Governo deveria ter investigado a sua saída da USJ e que o GAES não faz o papel de protegera liberdade académica. Sautedé assegura que a decisão do reitorda USJ não foi tomada sozinha

“Apesar do GAES ter dito que não interveio no caso, ou que respeita a autonomia das instituições, deveria ser a entidade que garante a liberdade académica. Mas se a universidade não está, de facto, a respeitar essa liberdade académica, então qual é o papel do GAES?”

que a minha apresentação nesta conferência era uma provocação. Não sei se [Peter Stilwell] discutiu este assunto com o GAES ou se ele próprio travou o caso. Obviamente já tinha existido um encontro com o GAES, que pode tê-lo levado a pensar que este assunto seria encarado como sendo uma provocação.

Tenho dois colegas da uni-versidade a fazerem inves-tigação no doutoramento, em Lisboa e no Porto, com financiamento, e não têm qualquer problema. Isto foi claramente devido à natureza da minha investigação, sobre a política de Macau.

Mas referiu especificamen-te na carta que o GAES fez

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3 entrevistahoje macau segunda-feira 28.7.2014

USJ ERIC SAUTEDÉ DIZ QUE GOVERNO DEVERIA TER INVESTIGADO DESPEDIMENTO

“Achávamos que a USJ era dos poucos locais onde o debate podia acontecer”escrutínios a projectos que já tinham recebido finan-ciamento da FM.Penso que o GAES só es-teve envolvido no último momento, quando pedi o fi-nanciamento. Vim a Coimbra participar nesta conferência porque a minha apresentação vai ser incluída no capítulo de um livro e fui convidado a participar. Trata-se de um projecto académico e, basi-camente, por alguma razão, nunca foi financiado pelo GAES porque não teve a assi-natura do reitor. O moderador da mesa redonda também é professor na Universidade de Macau (UM) e tudo isto não faz sentido. A única ex-plicação que encontro é que o reitor pode ter considerado mais sensível algum aspecto da minha investigação, por ter um teor político. Mas se pensarmos a este ponto, então porque temos um departamento público para o ensino superior? Não faz sentido, se as pessoas não podem investigar a política de Macau.

Acredita então que o Go-verno, nomeadamente a Secretaria para os As-suntos Sociais e Cultura, de Cheong U, não esteve envolvido neste caso.Não tenho nenhum sinal quanto a isso e tenho tido al-gumas indicações da parte de algumas pessoas, porque já estou em Macau há 11 anos. Conheço pessoas que estão no Governo, que dizem que isto é simplesmente impos-sível. Pode ter sido alguém do GAES, mas não sei quem poderá ter sido, que disse ao reitor para ter cuidado. Mas não tenho provas. O que sei é que apresentei a minha candidatura a esse projecto em particular e não houve nenhum resultado. Há algo que leva a esta ligação. O reitor pode ter exagerado nesta interpretação, mas é algo condenável, porque é um ataque ao sistema e ao facto de existir liberdade académica.

Por estar em Macau há tanto tempo, quais as ra-zões que terão levado a que este caso tenha acontecido agora? Considera que a sua saída pode estar liga-da ao facto da USJ estar

a receber financiamento do Governo, uma vez que o novo campus está a ser construído? Existe o receio da universidade perder esse apoio, se promover a investigação de assuntos políticos?Não acredito que seja esse o caso. Não estou a dizer que não existem mentes mais conservadoras em Macau, mas se olharmos para as pessoas presentes nesta conferência, muitas delas são críticas em relação ao Governo e fazem trabalho de investigação na área social, a nível do corpora-tivismo. Mesmo na UM, há muitos académicos de Hong Kong, e não só, que inves-tigam sobre estes assuntos. Mas quando existe uma ligação ao activismo polí-tico, como no caso de Bill Chou, sabemos que existem algumas tensões. Penso que algo está a acontecer mas é difícil ver exactamente o quê, porque existem vários procedimentos. No meu caso é mais difícil porque eu pertencia a uma univer-sidade privada.

Difícil em que sentido?Se olharmos para as restan-tes universidades privadas, a Universidade Cidade de Macau (UCM) e Universida-de de Ciências e Tecnologia

(MUST), praticamente não existe investigação sobre estudos políticos ou polí-ticas públicas. Podemos olhar para os apoios da FM e outros recursos e receitas. No caso de uma universida-de como a nossa, o dinheiro prometido em 2007 para o novo campus só começou a chegar no ano passado. Uma das razões para isso ter acontecido não é apenas pelo facto de sermos uma univer-sidade católica, mas claro que também pode ter ligação a questões de gestão. Existe um conjunto de factores que podem explicar isso. A vida da USJ tem sido difícil e claro que o novo reitor ten-tou ao máximo aproximar--se das autoridades locais. Todos este financiamento prometido poderia começar a aparecer e isso aconteceu nos últimos dois anos. E a forma de o conseguir é talvez não divulgar determi-nadas questões e ser o mais discreto possível. Estive na USJ durante sete anos e sei que, ao nível do número de alunos, não temos uma gran-de capacidade, contando se olharmos, por exemplo, para a nossa biblioteca. Estou em Coimbra, que tem a Bibliote-ca Geral [da Universidade de Coimbra], e posso dizer-lhe que, em termos de recursos, estamos perto do nada na USJ. Mas a verdade é que, até então, não havia nada que não pudéssemos dis-cutir ou ensinar. Penso que essa é uma das missões da universidade, ser um centro de debate. Achávamos que este [a USJ] era dos poucos locais em Macau onde o debate podia acontecer.

O futuro da USJ vai ser mais difícil depois deste epi-sódio, em termos de inves-tigação política e também no número de admissão de alunos?É possível. Podem existir pessoas que pensem duas ve-zes. Quem esteja na área da Economia e Gestão poderá pensar que não tem grandes motivos para se preocupar, mas, para quem esteja na área do Serviço Social, onde temos um bom programa académico, podem existir uma série de questões. Na Arquitectura, lidamos com o desenvolvimento da cidade.

Esta é uma das universida-des mais caras de Macau e não temos os recursos, nem sequer a liberdade, para de-bater estes assuntos. Somos uma universidade de Macau e focamo-nos no recruta-mento local, ao contrário de outras universidades que têm muitos professores do continente. Muitos alunos disseram-me que escolhe-ram a universidade porque tinha professores como eu, estrangeiros e interessados pela política local. O que podemos fazer com pro-fessores de fora que muitas vezes pouco conhecem de Macau e que nada estudam sobre a China?

Num artigo publicado esta semana no jornal South China Morning Post pode ler-se que os académicos perderam a confiança na política “Um país, dois sis-temas” e que receiam a per-da de liberdade académica. Pode ser uma tendência em Macau?Claro. Há muitos acadé-micos, especialmente os que trabalham na área da Administração Pública, que pensam assim. Apesar do GAES ter dito que não inter-veio no caso, ou que respeita a autonomia das instituições, deveria ser a entidade que ga-rante a liberdade académica. Mas se a universidade não está, de facto, a respeitar essa liberdade académica, então qual é o papel do GAES? O facto desta entidade ter nega-do o seu envolvimento, ou de não ter autorizado a abertura de um inquérito, penso que é preocupante. O comunicado que foi emitido simplesmente diz que [o GAES] não tem nada a ver com o assunto e que não vai fazer qualquer investigação.

Voltou a reunir-se com Peter Stilwell?É incrível o facto de ter estado sete anos numa uni-versidade, à qual dediquei muito do meu tempo, e acre-dito que tenha causado um impacto positivo, e a única coisa que eu recebo é uma carta de demissão a dizer adeus, sem direito a mais nenhuma palavra, nem um agradecimento. Não houve mais reuniões. A ironia de tudo isto é que eu apanhei

um voo nesse dia e quando estava a fazer o check-in, perto de Peter Stilwell, ele nem sequer olhou para mim. Foi como se eu não existisse mais. Mas é esta exactamen-te a brutalidade com que nos deparamos nas instituições privadas.

Pode acontecer o mesmo a colegas seus, ou sabe se sentem esse receio?A questão é que nenhum deles se dedica a investigar a política de Macau. No meu departamento não fazem isso, de todo, nem sequer sobre questões ligadas à China. Há ainda académicos internacionais que se focam mais nas questões europeias e que me dizem: “nunca es-

“Um reitor, que esteve em Portugal, em Lisboa, onde não existia qualquer tipo de pressão, faria isto por si próprio? Claro que foi uma decisão tomada por pessoas que estão acima dele”

“Se olharmos para as restantes universidades privadas, a Universidade Cidade de Macau (UCM) e Universidade de Ciências e Tecnologia (MUST), praticamente não existe investigação sobre estudos políticos ou políticas públicas”

tudámos a política de Macau porque não estou interessado e a minha mulher trabalha para o Governo”.

Esse é o pensamento da maioria dos académicos em Macau?Não, de todo. Mas está a tornar-se uma tendência, isso é certo.

Como analisa o ambiente académico de Macau nos próximos tempos, compa-rando com as universida-des da China e de Hong Kong?A situação é diferente na China. Mas as pessoas não agem assim. O que aconteceu comigo não é algo que seja comum na China, nem mes-mo em Hong Kong. Em Hong Kong seria simplesmente algo impossível de acontecer. As pessoas responsáveis por isso seriam forçadas a deixar o cargo a curto prazo. Em Macau deveriam garantir-se os valores de Macau e da Lei Básica. É uma constituição moderna, com direitos e deveres e especialmente existe o artigo 22, referente à liberdade académica. O Governo é responsável por garantir que esses direitos são postos em prática.

A sua esposa, Émilie Tran, também saiu do cargo de directora da Faculdade de Gestão e Administração. Quais as razões que podem ter levado a esta decisão?Ela pediu-me para não fazer qualquer comentário porque irá continuar na universida-de. O contrato dela termina no Verão e depois haverá outro director. Não vou especular sobre as razões e não me cabe a mim comentar.

Quais são os seus próximos projectos?A ideia é ficar em Macau, porque toda a minha vida foi construída em Macau. E sou residente permanente. Vou olhar para diferentes traba-lhos, de forma ‘freelancer’, em Macau ou Hong Kong. Todas as opções estão abertas e também preciso de terminar o meu doutoramento. Preten-do terminar o que comecei em 2010 e pretendo fazê-lo em Paris, onde não haverá, de certeza, nenhum problema de liberdade académica.

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4 hoje macau segunda-feira 28.7.2014POLÍTICA

HOJE

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AUANDREIA SOFIA [email protected]

D OS 400 mem-bros da Comissão Eleitoral, 69 não apoiaram o nome

de Chui Sai On para ser can-didato a Chefe do Executivo, número bem acima das 19 pessoas que não deram o seu apoio nas eleições de 2009. Tal significa que, em termos numéricos, ainda existe a hipótese de existir mais um candidato nas eleições de Agosto, já que cada um tem de recolher o mínimo de 66 candidaturas.

Vong Hin Fai, mandatá-rio da candidatura de Chui Sai On, entregou esta sexta--feira as 331 assinaturas que oficializam a sua corrida ao acto eleitoral. Aos jorna-listas, disse não existirem motivos políticos para uma quebra de assinaturas.

“É um facto, mas a nossa equipa, na sede de candida-tura, já fez todos os esforços para contactar os membros da comissão eleitoral. Mas este período, no Verão, há muitas pessoas não estão em Macau por causa das férias ou de trabalho e não conseguimos

FLORA FONG [email protected]

U M residente de Macau mani-festou-se na sede de candida-tura de Chui Sai On, na passa-

da sexta-feira, após ter enviado uma carta para a Comissão de Assuntos Eleitorais do Chefe do Executivo. Tudo porque suspeita que a Comis-são não publica os contactos dos membros da Comissão Eleitoral que elege o líder do Governo de forma propositada, com intenção de impedir que outras pessoas que tenham intenção de se candidatar ao lugar consigam receber apoios.

“Basicamente não vai haver outro candidato. Pode haver alguma campanha, mas não vejo que obtenham apoios”LARRY SO Sociólogo

Vong Hin Fai entregou esta sexta-feira as 331 assinaturas que confirmam Chui Sai On como candidato a Chefe do Executivo. Dos membros da Comissão Eleitoral, 69 não deram o seu apoio, o que numericamente dá a possibilidade a outro candidato de oficializar a sua candidatura

ELEIÇÕES CE CHUI SAI ON COM MENOS APOIOS DO QUE EM 2009

Ainda há espaço para mais um

obter essas assinaturas. De qualquer maneira, a nossa equipa já fez o melhor possí-vel e ficámos contentes com o resultado. Temos confiança em obter os apoios”, disse o também advogado e deputa-do nomeado.

Recorde-se que cada membro da Comissão Elei-toral só pode assinar por um candidato.

O mandatário garantiu que o trabalho de recolha de assina-turas, este ano, “foi diferente”, porque o número dos membros da Comissão Eleitoral au-mentou e foi feito um “maior esforço para contactá-los”.

Vong Hin Fai garantiu ainda que as próximas sema-nas serão de trabalho para o grupo que está a trabalhar na candidatura de Chui Sai On.

“Começamos agora a segunda fase, que é o aper-feiçoamento do programa político do doutor Chui e ainda a preparação dos tra-balhos relativos à campanha eleitoral. Os membros da nossa equipa vão enfrentar muito trabalho. A nossa sede vai organizar pelo menos duas audições públicas para o doutor Chui ouvir as opiniões

da população em público”, garantiu o mandatário.

“SÓ HAVERÁ UM”,DIZ LARRY SOContactado pelo HM, o so-ciólogo Larry So considerou que uma quebra de assina-turas só mostra que houve uma maior democracia na demonstração de apoio ao candidato.

“Penso que foi mais de-mocrático, por assim dizer. Foi uma forma diferente de apoio, por parte de diferentes grupos. Mas penso que como já conseguiu reunir a maioria dos apoios isso torna-se uma questão subjectiva [a quebra de assinaturas]. Não haverá nenhum problema em rela-ção a isso e penso que [Chui Sai On] terá mais ou menos a mesma percentagem [de vo-tos] aquando da sua eleição”, disse o também docente do Instituto Politécnico de Macau (IPM).

Tal como referiu Vong Hin Fai, também Larry So defende não existirem pro-priamente questões políticas por detrás destes números. “Temos de ver que existe sempre uma diferença, por-que agora temos 400 mem-

COMISSÃO ELEITORAL RESIDENTE DIZ SER IMPOSSÍVEL CONTACTAR MEMBROS

Acesso restrito“Na lista dos membros da Co-

missão Eleitoral não há informa-ções de contacto dos membros, por isso a Comissão deve arranjar um encontro dos membros com quem tenha interesse em candidatar-se para ganhar apoios dos membros”, pode ler-se na carta, onde o residen-te se identifica como Iong Chong.

A Comissão já respondeu - três dias depois do envio da carta, no dia 24 – justificando-se com o que está previsto na Lei Eleitoral para o Chefe do Executivo. “Os candidatos interessados devem arranjar por si próprios apoio dos membros”, dizia a resposta.

No entanto, Iong Chong não de-sistiu e enviou outra vez uma carta no dia 25 dizendo que a resposta do primeiro-secretário da Comissão de Assuntos Eleitorais não tem sentido e diz que, então, vai ser necessário consultar a Associação de Advogados, o Ministério Públi-co e os vários tribunais de Macau.

Iong considera que o objectivo da eleição é “escolher um Chefe do Executivo com capacidade de gerir todos os departamentos do Go-verno, resolvendo os problemas e dificuldades de Macau eficazmente e de acordo com lei”, e não esco-lher alguém que apenas “satisfaça quaisquer desejos”. Iong suspeita que a Comissão esteja a colocar esta dificuldade para impedir as pessoas que têm intenção de se candidatar a Chefe do Executivo de conseguirem apoios, além de Chui Sai On.

bros no Colégio Eleitoral. Durante este Verão haverá muitas pessoas que não está cá e que não podem assinar o formulário, essa pode ser uma das razões”, disse o professor universitário.

O prazo para a entrega de assinaturas de propositura às eleições termina amanhã e, apesar de haver uma pessoa que assegura querer ser can-didato, quanto à possibilida-de de conseguir recolher as 66 assinaturas até amanhã, Larry So afirma “não acre-ditar que isso vá acontecer”. “Basicamente não vai haver outro candidato. Pode haver alguma campanha, mas não vejo que obtenham apoios”, defendeu.

Wong Wai Man, activista e presidente da União dos Trabalhadores do Ferro, asse-gurou que “está perto de reco-lher as 66 assinaturas de que precisa” para ser candidato. Ainda que o residente esteja apenas a recolher assinaturas na rua, quando as que precisa são as da Comissão Eleitoral, Wong Wai Man acredita que terá apoios.

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Vong Hin Fai (à direita)

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HOJE MACAU [email protected]

A Direcção dos Serviços da Reforma Jurídica e do Direito Internacional (DSRJDI) confirmou ao

HM que o crime de assédio sexual vai ser revisto. O organismo não responde se o crime de assédio sexual terá ou não uma lei espe-cífica – como vem a ser pedido -, mas assegura que “está terminado o estudo básico sobre a revisão do regime da matéria penal relativo ao crime sexual”.

A DSRJDI explica ainda que vai iniciar o “trabalho concreto sobre a revisão do Código Penal”, algo que já tem vindo a ser anunciado. O organismo também não diz se o assédio sexual será crime público.

“Dar-se-á início progressi-vamente ao trabalho concreto sobre a revisão do Código Penal

O presidente do Conselho Permanente do Conselho das Comunidades Portu-

guesas, Fernando Gomes, disse que o novo modelo proposto para o funcionamento do organismo “é mais oneroso” e que se vai traduzir num afastamento em relação à diáspora.

Aprovada na quinta-feira em Conselho de Ministros, a proposta sobre a alteração das competências, modo de organização e funciona-mento do Conselho das Comunida-des Portuguesas tem por base uma nova organização em conselhos regionais e conselhos de países, baseada na recuperação de um modelo criado há mais de dez anos.

“A ideia de criar secções regio-nais e locais não é má, mas é preciso que o modelo seja consentâneo com o orçamento a ser atribuído ao Conselho das Comunidades”, disse à agência Lusa Fernando Gomes.

O presidente do Conselho Permanente do Conselho das Co-munidades Portuguesas concorda que o modelo de conselhos regio-nais e locais “tenha a sua razão de ser porque acaba por debater problemas mais específicos”, mas

O S deputados dizem con-cordar com a nova regra que vem prevista na

proposta de lei do Regime Jurídico de Acreditação, Registo, Inscrição e Qualificação para o Exercício de Funções Profissionais nos Do-mínios da Construção Civil e do Urbanismo, que está a ser analisada na especialidade –, mas chamam a atenção para o facto de existirem ainda situações, em pequenas obras, em que essa norma é difícil de aplicar no território.

“A Comissão concorda com o princípio e a opção do Governo quanto a esta matéria, ou seja, que há necessidade de contar com um técnico de fiscalização

A revisão do Código Penal vai trazer mudanças à forma como é condenado o crime de assédio sexual, confirmaa DSRJDI

ASSÉDIO SEXUAL REVISÃO DE CRIME INCLUÍDA EM ALTERAÇÕES AO CÓDIGO PENAL

Acabar com o insulto

“Dar-se-á início progressivamenteao trabalho concreto sobre a revisão do Código Penal (...)e será realizada oportunamentea consulta pública”DSRJDI

COMUNIDADES PORTUGUESAS CONSELHO AFASTA-SE DA DIÁSPORA

Orçamento cada vez mais curto100/110mil euros, orçamento do Conselho

das Comunidades Portuguesas

URBANISMO LIGAÇÃO ENTRE FISCALE EMPREITEIRO DIFÍCIL DE SEPARAR

Relações inevitáveisindependente. Mas, olhando para a realidade de Macau, provavel-mente, pode ainda existir uma situação em que uma sociedade comercial é, ao mesmo tempo, o proprietário e empreendedor de uma obra. Por conseguinte, propomos ao Governo que pense melhor sobre a norma prevista e, se for necessário, introduza ajus-tamentos”, explicou a presidente da Comissão, Kwan Tsui Hang, citada pela rádio Macau.

A deputada ressalva não saber ainda se e como serão feitos esses ajustes, remetendo a iniciativa para o Governo, que promete tentar encontrar uma solução que dê resposta a esses casos.

segundo o respectivo resultado obtido no estudo acima referido [estudo básico agora terminado] e será realizada oportunamente a consulta pública, dando-se início ao trabalho subsequente sobre a revisão do Código Penal com base na generalidade das opiniões obtidas na consulta pública” ex-plicam os serviços, deixando em aberto a questão apresentada pelo HM relativa à criação de uma lei individual.

Recorde-se que tanto o procu-

rador do Ministério Público (MP), Ho Chio Meng, como a deputada Wong Kit Cheng, juntamente com outros deputados, mostraram publicamente a sua vontade de

elaborar uma lei própria para o crime de assédio sexual.

A deputada apelou às autori-dades para que o crime de assédio sexual seja legislado o mais rápido

possível. Isto, porque segundo Wong Kit Cheng, “há muitas di-ferenças entre o crime de injúria e de assédio sexual e se se continuar a tratar o crime de assédio sexual como crime de injúria, é difícil pro-teger as vítimas desse tipo de casos”.

Actualmente, o crime de assédio é punido como se fosse um insul-to. Wong Kit Cheng refere que o MP tem registado um tendência de subida em casos de assédio sexual, mas que, como o crime ainda não é um independente, só pode tratar dos casos como se de um crime de injúria se tratasse. Wong relembrou que, em Macau, muitas mulheres têm de trabalhar por turnos na indústria de jogo e é fácil que sofram assédios. Por isso mesmo, a deputada apelou a que o Governo ‘preencha as lacunas’ do crime de assédio sexual na lei, de forma a proteger as vítimas.

O tema saiu à rua depois de a deputada Kwan Tsui Hang ter entregue uma interpelação escrita este mês ao Governo, onde questio-nava como estavam os trabalhos de legislação sobre o assunto. Kwan não foi a primeira deputada a pedir esclarecimentos.

aponta que para que isso aconteça “as pessoas têm de se reunir”, o que na sua opinião encontra difi-culdades práticas nos orçamentos

anuais do organismo. “Há 13 anos o orçamento era três vezes mais do que o actual. Com o orçamento que temos actualmente - cerca de 100 a 110 mil euros - a nova lei não funciona porque acarreta custos acrescidos no deslocamento para reuniões regionais e locais.”

Fernando Gomes sublinhou que, “muitas vezes, os deslocamen-tos regionais são muito mais caros do que os intercontinentais” e deu o exemplo do Brasil e Venezuela - territórios de grande dimensão e com um peso muito grande de con-selheiros - para ilustrar que “uma viagem interna é muito mais cara do que voar do Rio de Janeiro ou de São Paulo para Lisboa”.

Fernando Gomes acrescentou que vai ser aproveitada a reunião do Conselho Permanente, em Ou-tubro, em Lisboa, para abordar o assunto em reuniões com as comis-sões. “Deve-se mudar para dar um certo dinamismo, caso contrário é patético. Mais uma vez mostra um afastamento dos interesses da comunidade e através do Conselho das Comunidades, que é o órgão que representa as comunidades”, argumentou. - LUSA Fernando Gomes

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6 política hoje macau segunda-feira 28.7.2014

O Fundo Monetário In- ternacional (FMI) re-comendou ao Governo um enquadramento

orçamental a médio prazo para in-centivar disciplina e transparência financeiras e advertiu para os riscos internos do mercado imobiliário na região, refere-se num relatório da organização.

O relatório de 57 páginas, divul-gado na semana passada, é o resulta-do da primeira consulta do FMI sobre Macau após a transição para a China e teve por base visitas realizadas ao território por uma equipa técnica do organismo no final de Abril.

“Macau tem actualmente um ho-rizonte de um ano no seu orçamento, com previsão limitada de despesas e receitas. Os principais itens são, na maior parte, calculados com base no orçamento do ano anterior e não há um programa plurianual de despesa”, lê-se no documento.

Assim, caminhar “em direcção a um enquadramento orçamental de médio prazo ajudaria a promover a transparência, a apoiar a disciplina fiscal e a garantir que o aumento da despesa é compatível com o desen-volvimento e os objectivos fiscais”, considera o organismo.

Segundo o FMI, sem esse enquadramento de médio prazo, há um risco de repetição cíclica nos gastos que “poderia agravar o impacto dos choques e prejudicar a sustentabilidade fiscal”.

PREVISÕES E ELOGIOSO FMI sugere, assim, a “formula-ção de previsões para a receita, des-pesa e saldo fiscal num horizonte

FLORA FONG [email protected]

A Associação de História da Edu-cação de Macau,

Associação dos Embai-xadores do Património de Macau e Associação de História Oral de Macau consideram que o Instituto Cultural deveria ter um departamento em sepa-rado para o património. Separado e independente.

As três associações apelam a que o Depar-tamento do Património Cultural passe a ser um”´Instituto do Patri-mónio Cultural, de forma a conservar e aproveitar aprofundadamente e de forma mais sistemática os patrimónios culturais materiais e imateriais de Macau”.

O Instituto para os As-suntos Cívicos e Mu-nicipais (IACM) está

a ponderar criar regulamentos especiais de gestão dos merca-dos, de forma a controlar mais o subarrendamento de bancas. A decisão vem anunciada numa resposta ao deputado Ho Ion Sang, que questionou o Governo sobre o problema numa interpe-lação escrita.

O deputado queria saber se o IACM iria investigar “profun-damente” o problema da grande diferença dos preços dos produ-tos entre os supermercados e os mercados, mas o IACM admite nada fazer nesse sentido, uma vez que o comportamento comercial é “autónomo” e os preços surgem de acordo com as necessidades dos clientes.

“Um enquadramento orçamental de médio prazo ajudaria a promover a transparência, a apoiar a disciplina fiscal e a garantir queo aumento da despesa é compatível como desenvolvimento e os objectivos fiscais”RELATÓRIO DO FMI

Entre alguns elogios e recomendações, o FMI, na sua primeira consulta sobre Macau, aconselha a um enquadramento orçamental para três a cinco anos

FMI RELATÓRIO RECOMENDA ORÇAMENTO A “MÉDIO PRAZO”

Risco de gastos repetidos

PATRIMÓNIO ASSOCIAÇÕES QUEREM INSTITUTO INDEPENDENTE

História com mais valorMERCADOS IACM PONDERACRIAR REGULAMENTOS ESPECIAIS

Acabar comsub-arrendamentoAs três consideram

que o Departamento do Património Cultural já tem tendência em ficar maior e com mais traba-lho, devido à junção de património à lista e, por isso mesmo, dizem que um instituto dedicado ao património faria sentido.

MAIS E MELHORO director da Associação de História Educação

de Macau, Wong Kuok Wai, relembra que, com um instituto, é possível fazer de melhor forma a protecção do patri-mónio cultural. Depois da eventual criação do instituto, Wong espera que mais institutos de ensino superior adicio-narão cursos relativos ao património, atraindo mais recursos humanos para esta área.

A presidente da As-sociação dos Embaixa-dores do Património de Macau considera que a mudança para um “Ins-tituto do Património Cultural” poderá dar ênfase à promoção de reparação e manutenção do património cultural, mas não só: quem optar por tirar cursos neste âmbito, terá lugar para trabalhar.

Já a directora da Associação de História Oral de Macau, Lei Keng Lam, conside-ra que uma mudança para Instituto faria com que os trabalhos sobre o Património Cultural seria mais profissional. Além disso, diz, haveria maior cooperação com o Conselho do Património Cultural do Governo.

Contudo, apesar de demons-trar que não vai investigar esse problema, o IACM garante que está atento ao problema do sub--arrendamento de bancas, um dos problemas considerados mais graves por Ho Ion Sang.

O IACM responde que, de acordo com os regulamentos ac-tuais da gestão de mercados, não é permitido o sub-arrendamento e que, quando for verificado esse comportamento, a licença do vendedor será cancelada. Con-tudo, o organismo admite que não é suficiente. “Considerando que os regulamentos relativos são utilizados há muitos anos, o IACM já abriu trabalhos de cria-ção dos regulamentos de gestão de mercado especiais, de forma a se adequar ao desenvolvimento da sociedade”. - F.F.

de três a cinco anos, incorporados no orçamento anual”.

Por outro lado, salienta que, com base na experiência de outros territórios que enfrentam o enve-lhecimento da população, ter um enquadramento fiscal a longo prazo para cobrir as próximas décadas seria também um instrumento útil para informar a opinião pública sobre as pressões fiscais e desen-volver e avaliar opções políticas.

“Ambos estes exercícios de-vem incorporar o provável abran-damento nas receitas do jogo, assim como o potencial aumento dos gas-tos associados ao envelhecimento populacional, promoção da diver-sificação económica e abordagem da desigualdade”, adianta.

O documento elogia algumas das medidas tomadas pelo Governo como a indexação cambial da pataca ao dólar de Hong Kong, conside-rando que esta tem sido a “pedra basilar” que garante, eficazmente, a estabilidade económica e financeira da RAEM e mantém o equilíbrio geral da taxa real de câmbio efectiva.

Apesar de apoiar a “prudência fiscal” de Macau, o FMI aconselha a “uma estratégia de distribuição de activos mais diversificada” no que respeita às aplicações da “ampla reserva fiscal de Macau”.

Além disso, destaca os pro-gressos no reforço da estabilidade financeira, incluindo no reforço do regime contra a lavagem de dinhei-ro e financiamento do terrorismo. Por outro lado, encoraja as autori-dades de Macau a combaterem as vulnerabilidades e a aumentarem a resiliência do sistema bancário face a potenciais riscos provenientes dos sectores do jogo e imobiliário, assim como de adversas repercus-sões financeiras transfronteiriças.

Apesar de perspectivar um cres-cimento económico de 8% a 10% a médio prazo em Macau e de uma taxa de desemprego de apenas 1,7%, o FMI aponta que “Macau deve estar muito atento aos riscos internos que eventualmente surjam no mercado imobiliário local, em consequência da mudança de factores relacionados com a procura básica”.

Defendendo que a diversifica-ção económica pode “servir como motor de crescimento”, o FMI su-gere também que “o levantamento de restrições às políticas sobre a importação de mão-de-obra não residente e a concessão de mais facilidades aos trabalhadores que transitam entre Macau e as regiões vizinhas do interior da China podem resolver problemas relacionados com a escassez da mão-de-obra”.

O FMI vai passar a produzir um relatório sobre Macau a cada dois anos. - LUSA

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7 políticahoje macau segunda-feira 28.7.2014

LEONOR SÁ [email protected]

A S três associações orga-nizadoras do referendo civil sobre o sufrágio universal em 2019 –

Sociedade Aberta de Macau, Macau Consciência e Juventude Dinâmica de Macau – interpuseram, na passa-da sexta-feira, recurso no Tribunal de Última Instância (TUI), depois do Instituto para os Assuntos Cívi-cos e Municipais (IACM) não ter autorizado a realização das activida-des relacionadas com o referendo, planeadas para o próximo mês.

Neste momento, o Governo tem dois dias para se justificar perante o tribunal, que terá cinco dias para dar uma resposta final às entidades organizadoras da iniciativa, de acordo com Jason Chao, presidente da Sociedade Aberta de Macau. Chao diz que o resultado deverá saber-se até à próxima sexta-feira de manhã, no máximo.

Embora não tenha revelado o conteúdo exacto do documento enviado ao tribunal, Chao disse ao HM que se sente “confiante” quan-to à decisão final, mesmo depois de um advogado e um consultor jurídico terem referido que tinham algumas dúvidas quanto à vitória das três organizações. “Acredito que os argumentos usados no meu recurso são muito fortes. Resta apenas esperar pela decisão final do tribunal. Ainda tenho esperança no sistema judicial de Macau e acredito que o meu recurso vai ser aceite”, explicou ao HM.

Um dia antes da entrega dos documentos ao TUI, Jason Chao havia acusado o IACM de estar a atrasar a entrega de papéis neces-

Governo Vice-presidente de associação contra aumento de secretarias

FMI RELATÓRIO RECOMENDA ORÇAMENTO A “MÉDIO PRAZO”

Risco de gastos repetidosDepois de terem interposto recurso no Tribunal de Última Instância, as três associações organizadoras do ‘referendo’ civil sobre o sufrágio universal aguardam agora uma resposta, que deverá chegar daqui a cinco dias. A Associação Novo Macau não vai fazer parte da organização, mas promete ajudar no que for preciso

REFERENDO ASSOCIAÇÕES INTERPÕEM RECURSO CONTRA IACM

Sentimento positivo

É mais uma voz que se levanta contra o eventual aumento de

departamentos no novo Governo. Desta vez foi o vice-presidente da Associação de Amizade e Coor-denação dos ex-Deputados da Assembleia Popular Nacional e ex-Membros da Conferência Con-sultiva Política do Povo Chinês de Macau, que disse num seminário centrado nas eleições para Chefe

do Executivo que a estrutura do Governo não pode “inchar” mais.

Ieong Wan Chong considera que há pessoas que têm condições e competência para serem can-didatos a líder do Governo, mas que nem todos querem tomar este “risco”. Diz que “uma eleição sem concorrentes é uma pena”, mas assegura que Chui deverá saber tomar conta do recado, tendo em

conta que “já é qualificado”, já ga-nhou experiência em governação e consegue tornar a sociedade mais estável e harmoniosa, bem como implementar melhor do que em Hong Kong o princípio ‘Um país, dois sistemas’.

No que toca a uma eventual mudança de cinco secretarias para seis, Ieong Wan Chong frisa que cinco já é um número mais

que suficiente, comparado com Hong Kong, onde só existem três Secretários. “Podemos ver que a questão-chave não é o número, mas a competência de liderança, adicionar um Secretário só vai fazer a estrutura mais inchada”, disse, frisando que não concorda que as secretarias do Governo aumentem com o novo Executi-vo. - F.F.

sários de forma deliberada, mas os formulários foram devidamente preenchidos e entregues durante a tarde da passada sexta-feira.

EVENTUALMENTE “INSENSATO”Ao HM, Chao disse ainda que o TUI estaria a ser “insensato” ao não permitir a realização das actividades relacionadas com o sufrágio com base no nome escolhido para o even-to. Questionado sobre a questão da nomenclatura dada à iniciativa civil – ‘referendo’ – o presidente da associação disse que “é preciso esperar pela decisão antes de tomar qualquer decisão”, mas a alteração do nome ‘referendo civil’ continua em cima da mesa, caso a eventual recusa do TUI se baseie na escolha do nome. De acordo com as leis de Macau, não podem ser realizados referendos no território.

Ainda assim, Chao afirmou ao HM que a iniciativa “não pode, de maneira alguma, ser considerada ilegal”. Se, mesmo assim, o órgão judicial considerar que o referendo é ilegal, Chao quer que o tribunal apresente argumentos que com-provem isso mesmo.

NOVO MACAU CEDE ESPAÇO O vice-presidente da Associação Novo Macau, Scott Chiang, disse ontem ao HM que o grupo político

apoia a realização do referendo e incita a população a participar. Confirmou, no entanto, que desta vez não fará parte da organização, como aconteceu há dois anos.

“Vamos apoiar o referendo e queremos que os cidadãos de Macau suportem a iniciativa. Estamos con-tentes que haja outros grupos, para além da Associação Novo Macau, que possam realizar eventos deste género, para que nós consigamos voltar a desempenhar o nosso papel inicial, de jogador e actor político, com a nossa própria agenda. Já organizámos, há dois anos, a nossa versão de referendo porque na altura éramos os únicos que podíamos e considerámos que era importante que todas as pessoas de Macau pudessem expressar a sua opinião”, explicou Scott Chiang ao HM.

Jason Chao confirmou que a associação não tomará parte activa neste iniciativa, mas poderá vir auxiliar as três organizações no que diz respeito a questões logís-ticas, mas não de materialização do evento.

“Poderão vir a ajudar-nos em termos de aconselhamento legislativo e na questão do local – se necessitarmos de espaços fechados, é possível que nos cedam parte dos seus escritórios [para a realização do referendo]”, frisou Chao ao HM.

O número dois da ANM con-sidera que a decisão do TUI vai ser favorável à organização da iniciativa, pois “não há razões para que o pedido seja negado”, disse. “Vai ser realmente difícil para o tribunal recusar um direito civil. Mas por outro lado é Macau, nunca se sabe”, acrescentou.

Chiang acredita que o tribu-nal, enquanto entidade indepen-dente do Governo, vai ser capaz de compreender a importância e relevo da realização de uma actividade como esta. Ao HM disse ainda que o referendo pode ser considerado várias coisas, mas nunca ilegal. “Pode-se dizer que seja inconstitucional ou que, legalmente, não tem qualquer efeito, mas não se pode dizer

“Ainda tenho esperança no sistema judicial de Macau e acredito que o meu recurso vai ser aceite”JASON CHAO Presidenteda Sociedade Aberta de Macau

que é ilegal. Ninguém disse que o referendo terá algum valor legal”, afirmou.

SISTEMA COM LACUNASPara Scott Chiang, o sistema po-lítico e de votação de Macau tem várias desvantagens, a maior sendo a fraca representatividade de todos os sectores e camadas sociais.

“A representação na Assem-bleia [Legislativa] não se estende a todas as pessoas, apenas repre-sentam uma demografia muito limitada de Macau, às organizações mais tradicionais e antigas e aos capitalistas. A grande maioria dos problemas institucionais de Macau têm origem na estrutura de poder.”, explicou.

O vice-presidente da ANM é da opinião de que deveria ser realizada uma consulta pública generalizada para compreender a vontade da po-pulação. Sobre o sufrágio universal, Scott Chiang disse ainda que “a Lei Básica permite isso” e que devia ser dada a oportunidade aos cidadãos de escolherem o seu líder.

“Vai ser realmente difícil para o tribunal recusar um direito civil. Mas por outro lado é Macau, nunca se sabe”SCOTT CHIANG Vice-presidente da ANM

Jason Chao Scott Chiang

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hoje macau segunda-feira 28.7.20148 SOCIEDADEGCS

Alguns dos moradores da Areia Preta temem que a passagem do metro no Jardim vá causar impactos negativos ao nível do ruído e do ambiente e sugerem que o traçado seja subterrâneo. O Governo pensa o contrário

FLORA [email protected]

M AIS de 30 pessoas manifestaram-se com cartazes con-tra a proposta do

Governo em fazer passar o metro pelo Jardim da Areia Preta, no local onde teve lugar a segunda consulta pública sobre o metro, este sábado. Grande parte dos residentes presentes – eram mais de cem - disse discordar com a proposta do Governo e outros 30 fizeram mesmo questão de se mani-festar, tendo mesmo acusado os seis responsáveis do Gabi-nete para as Infra-estruturas de Transportes (GIT) de estarem a mentir à população.

Tudo, porque a opção fa-vorita é, dizem, que o metro

O programa pi-loto do serviço de amas co-

munitárias, organizado pelo Instituto de Acção Social (IAS), vai atrasar. E tudo porque as três as-sociações responsáveis pelo recrutamento de amas - a União Geral das Associações dos Moradores de Macau, a Associação Geral das

Mulheres de Macau e a Cáritas – não conseguem arranjar mão-de-obra.

Até ao momento, só se conseguiram angariar cerca de meia dúzia de amas qualificadas, para as 75 vagas disponíveis. O presidente do IAS, Iong Kong Io, admitiu ao jornal Ou Mun que não previa que fosse complicado fazer o re-

crutamento das amas sociais e atribui este pro-blema ao facto de, tanto os pais, como as amas, “talvez precisarem de tempo para se habituar”.

Iong Kong Io asse-gura que vai reunir com as associações, para perceber quais as dificul-dades, mas assume que há esperança em superar as dificuldades.

O programa vai ser adiado até Agosto, sen-do que já deveria ter começado.

O IAS já disse que não tem intenção de au-mentar os apoios finan-ceiros para conseguir recrutar mais pessoas, mas a Associação Geral das Mulheres pediu que o pagamento às amas fosse aumentado. - F.F.

Wynn Lau Si Io nada sabe O secretário para os Transportes e Obras Públicas diz não ter qualquer nova informação sobre a investigação que o Comissariado Contra a Corrupção (CCAC) está a fazer ao caso da concessão de um terreno do Cotai à Wynn Resorts. Esta semana, a concessionária confirmou estar a cooperar com o CCAC, mas Lau Si Io continua a dizer que não tem qualquer informação sobre o assunto. “Relativamente ao que eu sei, as notícias que tenho são as notícias das Obras Públicas. Por enquanto ainda não tenho dados novos para fornecer. Até agora, eu não recebi nenhuma informação”, afirmou Lau Si Io, citado pela rádio Macau. O CCAC já terá contactado a Wynn – que diz estar a cooperar – sobre o caso, que diz respeito a alegados pagamentos de 50 milhões de dólares americanos pela Wynn a uma empresa do interior da China. As Obras Públicas já tinham vindo a público negar a existência de qualquer ilegalidade em torno do processo de concessão do terreno.

Educação Chui Sai On quer internacionalização de sistemaEm reunião com três associações ligadas ao sistema de educação do território, Chui Sai On apelou a uma internacionalização do sistema educativo local, encarando este sector social como uma “política prioritária”. Na reunião, o Chefe do Executivo frisou que é necessário atrair os talentos de Macau para que regressem ao território, bem como fomentar a aprendizagem da língua portuguesa. Chui Sai On mencionou ainda o desenvolvimento das escolas oficiais e da necessidade de elevar a qualidade do ensino superior de Macau. Em conversa com a Associação de Educação de Macau, a Associação Educativa da Função Pública de Macau e com a Associação de Escolas Católicas de Macau, o líder governamental disse ainda que a formação de talentos é uma das apostas do Governo, ao lado de políticas de desenvolvimento económico e de medidas de sustentabilidade.

DSAT Remodelação custa entre nove e 12 milhões São 12 as empresas que estão na corrida para o concurso público relativa às obras de remodelação das instalações da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), previstas para o terceiro trimestre do presente ano. Os valores da proposta variam entre nove e 12 milhões de patacas e foram 14 as empresas que se lançaram a concurso. As construtoras Urbana J & T, uma das responsáveis pelo construção do novo edifício do Tribunal Judicial de Base, On Nong, Long Chon, Lei Fung, Lek Pou Wai e a empresa de decoração San Kei Ip são alguns dos nomes em cima da mesa. As obras de remodelação contemplam uma área de 880 m2, onde funcionarão sobretudo os balcões de atendimento ao público. Prevê-se que os trabalhos permitam criar cerca de 80 postos de trabalho, apostando “prioritariamente” em mão-de-obra local, segundo confirma a DSAT em comunicado à imprensa.

METRO RESIDENTES CONTRA PROPOSTAS DO GOVERNO

O subterrâneo da discórdia

“Se o metro for subterrâneo, a obra terá de durar mais dois anos, porque existem tubos e aquedutos cobertos. Isto trará ainda mais impacto à população e às lojas”GIT

IAS PLANO DE AMAS SOCIAIS COM FALTA DE RECURSOS HUMANOS

Mais dinheiro, por favor

seja subterrâneo e o GIT não considera a opção viável.

As autoridades apresentaram a proposta do traçado, mas a maioria dos residentes presentes mostra-se contra a proposta por recearem que o metro venha a influenciar os espaços de recrea-ção e a estrutura dos prédios.

Na consulta, mais de dez re-sidentes pediram a palavra para dizer que se o metro passar pelo Jardim da Areia Preta, causará muito ruído e trará problemas de radiação. Os moradores dizem que o transporte tem condições para ser subterrâneo, mas o Executivo não concorda.

Quando os responsáveis do GIT tentaram responder, foram interrompidos, algo que elevou as tensões no local. “Concorda-mos que a proposta deve evitar incomodar o máximo possível a população, mas para equilibrar

as necessidades de transporte, o metro deve ser conveniente para a população. Se o metro for subterrâneo, a obra terá de durar mais dois anos, porque existem

tubos e aquedutos cobertos. Isto trará ainda mais impacto à população e às lojas”, frisaram os responsáveis da GIT.

Quanto ao problema de ra-diação, o GIT assegura que não tal problema não existe, tendo em conta que a energia requerida pelo metro é normal.

Também um responsável da Direcção dos Serviços de Pro-tecção Ambiental reiterou que o metro vai andar com pneus plásticos, pelo que haverá menos barulho.

JARDIM “APERFEIÇOADO”O Secretário para os Transpor-tes e Obras Públicas, Lau Si Io, revelou na sexta-feira que o Governo irá aperfeiçoar a “concepção do jardim da Areia Preta”, decisão que permitirá o alargamento do espaço, criação de novas zonas verdes e de mais infra-estruturas.

Segundo um comunicado à imprensa, a proposta tem por base quatro objectivos: a reestruturação do jardim não afectando a sua dimensão, o aumento de zonas verdes, a criação de mais infra-estruturas e a extensão do horário de fun-cionamento do jardim.

Este alargamento poderá reduzir o número de lugares de estacionamento, alteração que não é vista como um problema para o Secretário que defende a criação de um estacionamento subterrâneo, “libertando a su-perfície para espaços de lazer para a população”.

Lau Si Io revelou ainda que o Governo deve concretizar ainda este ano o projecto para que não surjam “problemas de tráfego bem piores” caso o início das obras se atrase.

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9 sociedadehoje macau segunda-feira 28.7.2014

Mak Soi Kun e Wong Kit Cheng, acusam os funcionários do Centro de Segurança Alimentar de falta de competência profissional e de uma actuação pouco digna de confiança

O S deputados Mak Soi Kun e Wong Kit Cheng estão insatis-feitos com o desem-

penho do Centro de Segurança Alimentar e criticam o facto deste organismo - liderado pelo Instituto para os Assuntos Cívicos e Muni-

N A passada sexta--feira, os Servi-ços de Saúde (SS)

confirmaram que o caso de uma família com gas-troenterite nada teve a ver com o mediático caso de importação de carne imprópria para consumo, proveniente da empresa chinesa Husi, de Xangai.

De acordo com as aná-lises realizadas aos quatro elementos da família – pai, mãe e dois filhos –, nada aponta para que os sinto-mas de febre, vómitos e diarreia tenham sido cau-sados pela ingestão de um menu de pequeno almoço da cadeia alimentar de ‘fast-food’ McDonald’s. Calcula-se que a refeição

O Governo assegurou na passada sexta-feira que

ainda está tudo em aberto quanto à forma de classi-ficação dos candidatos a uma habitação pública. De acordo com a rádio Macau, o Secretário para os Trans-portes e Obras Públicas, Lau Si Io, confessa que existem vantagens e desvantagens no actual regime em vigência e é por isso mesmo que o departamento governamen-tal está à analisar todos os prós e contras, com atenção às opiniões resultantes da consulta pública.

“Estamos dispostos a ou-vir as opiniões da sociedade, não temos nenhuma posição em concreto, agora. [...] Vamos fazer uma análise. Sabemos que o regime de classificação traz vanta-

gens e desvantagens e que, com o desenvolvimento da sociedade, houve algumas mudanças e precisamos de fazer a respectiva corres-pondência para adaptação à sociedade”, afirmou Lau Si Io, na passada sexta-feira, citado pela rádio.

Recorde-se que o ac-tual regime se encontra em consulta pública até dia 19 de Setembro e há mesmo quem entenda que o sistema de “graduação e ordenação” dos candidatos a casas económicas é injus-to, pois implica um sorteio aleatório para atribuição das habitações. Como sugestão, alguns residentes afirmam que o Governo deveria op-tar por reinstituir o antigo regime, de “ordenação e classificação”.

SEGURANÇA ALIMENTAR FUNCIONÁRIOS SEM CERTIFICADO

Mais transparência, precisa-se

SS DESCARTAM GASTROENTERITE DEVIDO A MCDONALD’S

A culpa não é tua, Husi

cipais (IACM) - só ter começado a investigar o escândalo da carne estragada importada por Macau da Husi após o caso rebentar nos órgãos de comunicação social. Mak Soi Kun e Wont Kit Cheng dizem ainda que os funcionários do Centro de Segurança Alimentar não têm certificação profissional.

Mak Soi Kun, que participou na discussão na especialidade da Lei de Segurança Alimentar, refere que - apesar do laboratório ter ganho a certificação internacional ISO - os funcionários não têm competência profissional suficiente. Isto porque, diz, o centro só deu formação profis-sional fora de Macau após a entrada dos funcionários a tempo inteiro no centro. O deputado receia que, quando os funcionários que aceitam a formação se despedem, o Centro de Segurança Alimentar fique va-zio. Mak Soi Kun apela a que as autoridades criem um sistema de formação profissional ligado aos de certificação profissional mundial.

O deputado aponta também que Macau é uma cidade de importação

de produtos, pelo que os exames feitos pelo centro têm de ser feitos de forma mais contínua.

À semelhança de Mak Soi Kun, Wong Kit Cheng refere também que o restaurante envolvido no es-cândalo da comida - o McDonalds - é o maior restaurante de comida rápida, cujas sucursais abrangem toda a Macau.

“As autoridades devem publi-car os exames e investigações à comida problemática envolvida, continuando a fazer a avaliação. O centro de segurança alimentar já foi criado há mais de meio ano, mas os destinatários, a dimensão das avaliações e os projectos da detecção não são transparentes e fazem com que a população não possa ter confiança no centro”, frisou Wong Kit Cheng.

O escândalo da carne rebentou na semana passada, quando uma fábrica norte-americana de carne, em Xangai, teve de ser encerrada por possuir poucas condições de higiene e por estar a vender carne estragada como se fosse fresca. O McDonalds de Macau foi uma das cadeias que recebeu comida da Husi, que já terá sido vendida. O IACM garante que nada estava fora das condições habituais, mas o McDonalds já deixou de vender um dos hambúrgueres de carne de galinha. (ver peça abaixo) - F.F.

Habitação pública Classificação de candidatos pode deixar de ter sorteio

tenha sido ingerida na manhã do passado dia 19, mas a ausência de carne de frango nos tabuleiros dos utentes assegura que o caso de gastroenterite não está relacionado com o escândalo da empresa chinesa de tratamento de carne.

O caso foi denunciado pelo deputado Ng Kuok Cheong. A mãe e um dos filhos chegaram a ficar internados.

A cadeia alimentar tem estado debaixo de fogo, depois de ter sido confirmado que importou carne da Husi, empresa encerrada pelas auto-ridades de Xangai por misturar e vender carne

estragada com carne fres-ca. A McDonald’s já veio confirmar que cessou a importação de produtos da empresa chinesa e suspendeu a venda de hambúrguer Chicken Mc-Crispy, garantindo que era o único que continha carne proveniente de Xangai.

A McDonald’s assegu-ra que está a ser fornecida por outras empresas da China e Tailândia, infor-ma a agência Lusa. “Os nossos restaurantes dei-xaram completamente de usar produtos fornecidos pela Husi China”, afirma a McDonald’s Macau numa resposta à agência de notícias.

A McDonald’s refere

ainda que “a maioria dos derivados de carne usados nos estabelecimentos em Macau são fornecidos pela McKey Shenzhen (China) e Cargill Meats (Tailân-dia), por conseguinte não afectados” pelo escândalo alimentar.

Além da McDonald’s, a fábrica de Xangai tinha como clientes outros gi-gantes da restauração rápi-da como o Kentucky Fried Chicken (KFC), Pizza Hut (grupo Yum), Burger King, Papa John’s Pizza, Starbucks e 7-Eleven.

Em Macau, de acordo com o IACM, o último registo de importação congelados de frango da fábrica chinesa Husi data de 17 de Junho.

Já em Hong Kong, foi suspendida a venda de ‘nuggets de frango’, hambúrgueres de frango e de saladas. - L.S.M. com Lusa

“O centro de segurança alimentar já foi criado há mais de meio ano, mas os destinatários, a dimensão das avaliações e os projectos da detecção não são transparentes”WONG KIT CHENG Deputado

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HOJE

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10 hoje macau segunda-feira 28.7.2014EVENTOS

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • [email protected]

COZINHA DE MACAU • Graça Pacheco JorgeA cozinha de Macau é, ao contrário do que muitos possam pensar, essencialmente composta por pratos de origem tradicional portuguesa, que foram posteriormente adaptados aos recursos locais e enriquecidos com as incomparáveis especiarias orientais. Este livro, com magníficas ilustrações, apresenta-nos variadas receitas, de salgados e doces, tal como preparadas em casa de José Vicente Jorge, avô da autora e um grande conhecedor da Arte Culinária. A Cozinha de Macau contribui para conservar o ‘património gastronómico’ macaense e transmiti-lo às gerações vindouras, dando-lhes a conhecer uma série de pratos requintados, agradáveis ao paladar e de preparação fácil.

ORGANIZAÇÃO, DESCRIÇÃO E DISPONIBILIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO DAS FORÇAS MILITARES EM MACAU 1874-1978 • José Joaquim da Cunha RobertoO presente livro resulta de um projecto de mestrado em Ciências da Documentação e da Informação apresentado na Faculdade de Letras de Lisboa e trata de duas componentes importantes. Uma vertente histórica, importante para o conhecimento da Instituição Militar e da Região Administrativa Especial de Macau e uma vertente Arquivística com propostas que visam a organização, digitalização, preservação e disponibilização da Informação dos fundos arquivísticos.

ANDREIA SOFIA [email protected]

Como surgiu a oportunidade de vir a Macau mostrar a sua cozinha?Há cerca de cinco ou seis meses uma pessoa do grupo Mandarim Oriental esteve no meu restaurante em Lisboa e gostou muito do jantar. Depois falámos de poder vir cá um dia mostrar um pouco de uma nova cozinha portuguesa, pela ligação óbvia que existe com Macau. Nun-ca tinha vindo e achava que fazia sentido.

Que tipo de pratos é que o público poderá provar? Vim cá há cerca de dois meses ou três para conhecer o que havia de produtos e o que tinha de se man-dar vir, que tipo de restaurantes havia. Conseguimos trazer muitos produtos de Portugal, desde porco alentejano a carabineiro, ervas. Trouxe alguns na mala. É um pouco da cozinha que faço no Belcanto misturada com alguns pratos novos que preparei para cá, mas são es-sencialmente sabores portugueses, uns mais tradicionais. Tenho o Bacalhau à Brás, tenho um cozido de carabineiro e uma caldeirada de carabineiro noutro menu.

Traz projectos concretos para Macau?É possível, mas não há nada com-binado. Há aqui uma relação óbvia com Portugal e ainda há espaço para restaurantes de cozinha portuguesa num escalão mais elevado. Mas nunca nos podemos esquecer que estamos do outro lado do mundo, por isso se um dia acontecer algum

Fez questão de trazer na bagagem porco alentejano e especiarias, de forma a manter os sabores originais da cozinha portuguesa. José Avillez, dono do restaurante Belcanto, com uma estrela Michelin, está em Macau para mostrar pratos novos e antigos

ENTREVISTA JOSÉ AVILLEZ, CHEF, APRESENTA CULINÁRIA ATÉ AMANHÃ NO MANDARIM ORIENTAL

“Não se consegue transportar a cozinha portuguesa a 100%”

projecto terá sempre de ser muito bem pensado e ponderado. Porque se há coisa que eu não gosto de fazer é errar.

O Belcanto poderia funcionar aqui?Não sei se conseguiria trazer um Belcanto. Para ter uma ideia, temos 40 lugares no Belcanto e somos 22 cozinheiros, não sei se conseguiria, à distância, fazer um Belcanto. Mas perto do Belcanto poderia fazer e poderia funcionar.

Como olha para a vinda de vários Chefs portugueses para Macau?Vejo isso com bons olhos. A cozinha portuguesa precisa de ser divulgada no mundo inteiro e acho que os Chefs nacionais vêm sempre fazer um bom trabalho. Pessoalmente, acho que tiveram uma boa oportunidade. Em Portugal não está fácil em termos de trabalho. Mas quando as coisas são bem feitas, quando se aposta no bom produto, quando se é sério com o trabalho que se está a desenvolver, só é positivo para Portugal. Custa--me pensar que há, e há em todo o mundo, pessoas que vendem gato por lebre e que dizem que é cozinha portuguesa, quando tem de tudo menos português.

Considera que a gastronomia portuguesa em Macau é genuína?Não vou responder a isso (risos). Acho que só comi uma ou duas vezes caldo verde à séria na minha vida. Uma foi no Minho, na casa de uns amigos, e tinham acabado de colher a couve. Já fiz muitas vezes caldo verde e acho que até sei fazer. E quando estamos a dizer que 200 quilómetros separam um

bom caldo verde de outro mais ou menos, imagine-se milhares de quilómetros da cozinha portugue-sa. Não se consegue transportar a 100% a cozinha portuguesa. Então

a cozinha tradicional é ainda mais difícil. Às vezes as pessoas criticam demais sem conhecer e mais vale tentar. Acho é que o render-se à mediocridade é que é mau.

Falou da crise em Portugal. Como tem corrido a gestão dos vários espaços que possui?Nos últimos dois anos e meio abri-mos cinco restaurantes. Estamos

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11 eventoshoje macau segunda-feira 28.7.2014

O Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) organiza duas

palestras no Auditório do Carmo, junto às Casas Museu da Taipa, so-bre história de Macau, no próximo dia 16 de Agosto.

A primeira, intitulada “Do Con-vento de S. Francisco ao Jardim de S. Francisco” e conduzida por Tang Kaijian, vai decorrer entre as 14h00 e as 15h40 e aborda os momentos por que passaram o Convento de S. Francisco e o posterior Jardim de S. Francisco.

O Convento de S. Francisco foi o primeiro que os frades castelha-nos fundaram em Macau no fim do século XVI. Foi esta a sua base e de onde partiam para a evangelização da China, tendo desempenhado funções importantes no decurso da evangelização cristã que realiza-ram na China, nos séculos XVII e XVIII. Após a expulsão das ordens religiosas de Portugal e, por isso, também de Macau, este Convento foi demolido, vindo a ser construí-do, no seu lugar, um quartel. Por fim, passou a ser o Jardim de S. Francisco.

Tang Kaijian, formado pela Universidade de Lanzhou da

“R EPUDIANDO a violência” como sempre fez na

sua obra, Saramago es-creveu nos últimos me-ses de vida “Alabardas, alabardas, Espingardas, espingardas”, escreve Pilar del Río no editorial da revista “Blimunda”. Esta obra que o escritor não chegou a terminar vai ser publicada pela Porto Editora em Outubro, anunciou a presidente da

Fundação José Saramago na revista da instituição, citada pelo Público.

O número 26 da revis-ta “Blimunda”, que pode ser descarregado na inter-net gratuitamente, abre com o editorial “Contra a Guerra” em que Pi-lar del Río, mulher de José Saramago, explica que o inédito do autor português vai ser publi-cado simultaneamente em português, espanhol, catalão e italiano. “É um trabalho conjunto das vá-rias editoras de Saramago na Europa e na América do Sul”, disse Ricardo Viel, da Fundação José Saramago ao Público.

Cada uma destas edições terá, portanto, qualquer coisa de dife-rente e a edição da Porto Editora não será por isso igual às obras do Nobel da Literatura 1998 que esta editora publicou em Maio.

Apesar desta obra

estar incompleta, José Saramago tinha a obra estruturada – “há umas notas com o argumento”, diz Ricardo Viel. “O pou-co que temos é o núcleo, é algo de muito concreto”, conta, acrescentando que Saramago tinha até a úl-tima frase do livro. “São poucos capítulos, mas o tema fica claro, o texto tem unidade”, acrescenta Pilar del Río.

Não há mais nada es-crito por Saramago – para além da correspondência pessoal – que ainda não tenha sido publicado. Este é, por isso o seu der-radeiro romance. “Talvez conduzido pela urgência de não morrer sem dizer tudo, pôs-se a escrever, quando faltavam uns meses para a sua morte”, conta Pilar del Río na re-vista “Blimunda”. Para a tradutora, é um livro que, como “Caim” repudia “a violência que se exerce sobre pessoas e socie-

dades que não nasceram para ser vítimas mas sim donas das suas vidas”, escreve.

Neste livro a reflexão é especificamente sobre a guerra, como deixa per-ceber o título emprestado de versos de “Auto de Exortação à Guerra”, de Gil Vicente – “Alabardas, alabardas/ Espingardas, espingardas/ Nam quei-rais ser genoeses/ Senam muito portugueses/ e morar em casas pardas”.

“No fundo, a reflexão sobre o poder e a violên-cia são o mesmo eixo. E sobre ele gira a obra de José Saramago”, lê-se no editorial escrito por Pilar.

Sobre o enredo do livro, Pilar revela que um funcionário de uma fábrica de armas “descobrirá, pela força das circunstâncias, que a sua laboriosidade permite que uma engrena-gem odiosa continue em movimento e a marcar os mapas e as dominações”.

SARAMAGO ROMANCE INACABADO PUBLICADO EM OUTUBRO

Reflexão sobre poder e violência

HISTÓRIA IACM ORGANIZA PALESTRAS SOBRE MACAU

Saber mais, na Taipa

China, é actualmente professor do Departamento de História da Universidade de Macau. Especia-lizado em estudos históricos sobre Macau, nas relações entre a China e o resto do mundo e nas dinastias Ming e Qing, já publicou mais de cem dissertações académicas tendo ganho oito prémios.

O segundo seminário tem por título “A Viagem de Robert Morri-son Por Macau”, e vai ser dirigido por Chen Caijun entre as 15h50 e

as 17h30, abordando as relações indissociáveis entre Robert Mor-rison e Macau.

Robert Morrison foi o primeiro missionário protestante, enviado pela Sociedade Missionária de Londres (London Missionary Society) para a China. Chegou a Macau em 1807, onde iniciou a sua missão de evan-gelista e em 1820, abriu o primeiro dispensário em Macau com o médico J. Livingstone, da Companhia das Índias Orientais. Em 1827, com o apoio do médico T. R. Colledge da mesma companhia, estabeleceu o primeiro hospital oftálmico. Durante a sua estadia de 25 anos na China, dedicou-se ao trabalho de tradução da Bíblia para a língua chinesa e compilação de dicionários. Para além de redigir livros de carácter religioso e imprimir diversos tipos de publicações, procurou contribuir para o intercâmbio cultural entre a China e o Ocidente.

Chen Caijun, doutorado em História, é actualmente Professor do Instituto de Estudos de Livros Históricos da Cultura Chinesa da Universidade de Jinan.

Ambos os eventos têm entrada livre, mas a organização recomenda a reserva de lugares.

ENTREVISTA JOSÉ AVILLEZ, CHEF, APRESENTA CULINÁRIA ATÉ AMANHÃ NO MANDARIM ORIENTAL

“Não se consegue transportar a cozinha portuguesa a 100%”

“Acho que há uma oportunidade em Macau de haver mais produtos e isso não acontece por uma questão de logística, porque não havendo voos directostorna logo tudomais difícil”

um bocadinho em contra ciclo e fomos aproveitando também algumas oportunidades. Acredito muito que quando os projectos são bem feitos podem vencer mesmo

em tempo de crise. E bem feito é pensar o conceito certo para o mo-mento certo do país. Lisboa é hoje uma cidade que recebe milhares de turistas. Nos meus restaurantes tenho 50% de estrangeiros e no Belcanto tenho uma grande fatia de asiáticos. Chineses de Hong Kong, bastantes japoneses, Taiwan, Singapura, chineses da China. Estamos em dois guias importantes da Ásia e os asiáticos agarram-se muito às informações dos guias. Não há dia em que não tenha duas e três mesas com asiáticos.

O que é que eles mais procuram?Gostam muito de peixe e marisco. Os chineses são muito de texturas, até têm sabores menos intensos que os nossos, mas a textura vale muito. A história das gelatinas, barbatanas de tubarão, algas e cartilagens que eles gostam muito, mas que os ocidentais têm dificuldade em aceitar.

Considera que a cozinha portu-guesa poderia internacionalizar--se mais?Os próximos dois ou três anos serão de internacionalização. Pensando um bocadinho no percurso de outros países, que começaram a desenvol-ver uma cozinha contemporânea internamente para depois dar o salto para fora, acho que a cozinha portuguesa está nessa fase. Acho que há uma oportunidade em Ma-cau de haver mais produtos e isso não acontece por uma questão de logística, porque não havendo voos directos torna logo tudo mais difícil. Acho que há um interesse claro da China por Portugal. Não se faz boa cozinha sem bons produtos.

Então teria de haver melhorias a nível institucional.Sim, para se conseguir dar um salto para outro patamar teriam de existir voos directos [entre Lisboa, Macau e Pequim].

“Custa-me pensar que há, e há em todo o mundo, pessoas que vendem gato por lebre e que dizem que é cozinha portuguesa, quando tem de tudo menos português”

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12 CHINA hoje macau segunda-feira 28.7.2014

PUBLICAÇÃO DOS RESULTADOS DAS CANDIDATURAS AOS SUBSÍDIOS PARA

PAGAMENTO DE PROPINAS, DE ALIMENTAÇÃO E DE AQUISIÇÃO DE MATERIAL ESCOLAR

PARA O ANO ESCOLAR DE 2014/2015

Foram publicados os resultados das candidaturas aos subsídios para pagamento de propinas, de alimentação e de aquisição de material escolar para o ano escolar de 2014/2015, pelo que os alunos candidatos podem consultar os mesmos no website da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (www.dsej.gov.mo) ou através da linha aberta de 24 horas, n.º 28836969

Macau, 11 de Julho de 2014.

A Presidentedo Conselho Administrativo

Leong Lai(A Directora)

A passagem de Xi Jinping pelos Açores serviu uma vez mais para reforçar a participação portuguesa no mercado chinês

O vice-primeiro mi-nistro, Paulo Portas, revelou na sexta-feira que a China certificou

31 empresas de lacticínios portu-guesas, possibilitando assim que estas passem a exportar para o mercado chinês.

Paulo Portas discutiu na sexta--feira com o presidente da China, Xi Jinping, o reforço das relações económicas entre os dois países, na ilha Terceira, nos Açores.

“Abordámos temas internacio-nais e também matérias da nossa relação bilateral, com especial enfoque para o reforço da nossa cooperação económica”, frisou o vice-primeiro-ministro, numa de-claração aos jornalistas, sem direito a perguntas, no final do encontro.

Gaza Pequim pede cessar-fogo imediato e incondicional A China condenou sábado o ataque israelita realizado na quinta-feira contra uma escola de uma agência da ONU, no norte da Faixa de Gaza, e instou ambas as partes a acordarem um cessar-fogo imediato e incondicional. O ataque contra a escola da Agência da Organização das Nações Unidas para os Refugiados Palestinianos (UNRWA, na sigla em Inglês) localizada em em Beit Hanun causou 15 mortos e 200 feridos. O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Hong Lei, instou também as duas parte a ouvirem os apelos de paz da comunidade internacional e do Conselho de Segurança, e a evitarem qualquer acção que piore a situação e coloque em perigo os civis. “A China está profundamente preocupada com a escalada do conflito entre a Palestina e Israel”, disse Hong em comunicado, citado pela agência oficial Xinhua.

TERCEIRA PEQUIM CERTIFICA 31 EMPRESAS PORTUGUESAS

Reunião frutífera

660milhões de euros, exportações

portuguesas para a China em 2013

Paulo Portas destacou que a China publicou na semana passa-da “a certificação de 31 empresas portuguesas que estarão, a partir de agora, em condições de expor-tar para o mercado chinês leite e lacticínios”, alegando que essa medida “constitui uma grande oportunidade”, e acrescentou que “outras negociações no âmbito agro-alimentar vão a bom ritmo”.

O governante realçou também o crescimento das exportações portu-

O vice-primeiro ministro lem-brou que tanto no sector público como no privado, a China “tem feito investimentos vultuosos em Portugal”, dando como exemplo as parcerias no sector energético, que já ultrapassam os “15 mil milhões de euros”.

“Manifestámos o nosso empe-nho em conseguir abrir o mercado chinês, certamente entre os maio-res do mundo, a mais empresas, marcas e produtos portugueses e a nossa abertura ao investimento estrangeiro, porque sem investi-mento não há crescimento e sem crescimento não há criação de emprego”, frisou.

Paulo Portas destacou ainda ao presidente chinês a importância de se estabelecer uma ligação aérea directa entre a China e Portugal, que poderia ter uma “enorme valia para o turismo e para os negócios”.

Xi Jinping fez na sexta-feira uma escala na Terceira, numa ligação entre o Chile e a China, permanecendo cerca de oito horas na ilha.

guesas para a China, que passaram “de 220 milhões de euros, em 2009, para 660 milhões de euros, em 2013”, frisando que “no primeiro trimestre deste ano, o crescimento foi ainda mais espectacular”.

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ARTE

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hoje macau segunda-feira 28.7.2014

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hA FALTA QUE FAZ QUEM CÁ ESTÁ

O dinheiro pode comprar tudo? A resposta parece tão simples quanto evi-dente e até há um adágio

popular para quem gosta de saber as coisas de cor e salteado. Mas o facto é que são cada vez mais esbatidas as di-ferenças entre preço e valor e entre o que pode e não pode ser trocado como mercadoria. São cada vez menos as coisas que o dinheiro não pode com-prar, e Michael Sandel, professor de Harvard, considera que definir o papel do dinheiro e do mercado nas socieda-des é uma das mais importantes ques-tões cívicas e morais do nosso tempo.

Nos Estados Unidos, o império dos extremos, os exemplos abundam. Con-ta Sandel que os reclusos de Santa Bar-bara, na Califórnia, podem cumprir pe-nas em celas com melhores condições a troco de 90 dólares por noite; os in-teressados em assistir a uma audiência do Congresso ou no Supremo Tribunal que não queiram permanecer nas filas para se inscreverem podem recorrer a empresas especializadas que vão con-tratar alguém, muitas vezes sem-abri-go, para suportar as longas esperas; para evitar que mulheres toxicodepen-dentes dêem à luz, há “instituições de caridade” a oferecerem 300 dólares a quem se submeter a uma esterilização; para colmatar o número insuficiente de militares, o governo contrata exércitos privados que, no Iraque e no Afeganis-tão, estavam em superioridade em rela-ção aos soldados norte-americanos.

Quase sem notarmos, diz Sandel, passámos de uma economia de mercado para uma sociedade de mercado, em que

“MACAU PRECISA DE UMA SOCIEDADE QUE SE INTERESSE POR MACAU, ISTO É, PELA SOCIEDADE, NÃO APENAS POR CADA UM OU POR CADA INTERESSE SECTORIAL”

próximo oriente Hugo Pinto

o que era um “instrumento” foi transfor-mado num modo de vida em que tudo está à venda e em que os valores do mer-cado foram transpostos para domínios a que, em tempos, eram estranhos. E onde não devia estar, o mercado vai perverter, falsear. Os sentidos moral, cívico e so-cial, pura e simplesmente, desaparecem. Ideias que ao longo de séculos foram centrais para a vida em sociedade, como a noção de bem comum, dissolvem-se.

Ainda que estas ideias e preocupa-ções tenham, hoje, uma ressonância praticamente global, o maior risco exis-te onde a desigualdade é maior e onde o fosso que divide é, na realidade, uma vala comum onde não descansam com paz ambições e sonhos desfeitos pela injustiça.

Chegámos, claro, a Macau, onde, na forma como a sociedade está organi-zada, os interesses empresariais sobre-põem-se a tudo. É assim na Assembleia Legislativa, onde o peso dos empresá-rios entre os deputados é dominante, e é assim no governo, em que, naquela que é talvez a questão mais premente para a população, a habitação, a polí-tica é não haver política e o objectivo é ignorar que há uma especulação imo-biliária a impossibilitar a maioria das pessoas de ambicionarem mais do que

viver numa habitação económica cujo único propósito é acomodar o maior número de pessoas no menor espaço possível.

Apesar do pleno emprego e dos inú-meros apoios e subsídios, Macau não se livrou de ter uma sociedade profunda-mente dividida entre os que têm muito e pouco dinheiro, mas também entre os que têm direitos e privilégios diferentes.

E o que poderia ser confundido com um “estado social”, protector, é, na verdade, mais parecido com um es-tado que paga para resolver problemas. Ou que pensa que resolve. A compar-ticipação pecuniária, o plano em que o governo, desde 2008, distribui cheques pela população, é uma prova disso. E é como Sandel avisava: o mercado vai

deturpar e, em última instância, falhar a intenção, já que não resolve o pro-blema. Pelo contrário. No caso dos cheques, uma “ajuda” que deveria servir para aliviar os efeitos da crescente in-flação apenas contribuiu para aumentar o custo de vida.

Acresce que, fazendo-se apenas a dis-tinção entre “residentes permanentes” e “não-permanentes” na hora de distribuir o dinheiro, sendo o valor igual para um “permanente” milionário ou pensionista, o governo está a agravar a desigualdade,

ao contrário do que o tratamento “iguali-tário” poderia sugerir.

Em Macau, até os impostos - um ins-trumento que, no fundo, serviria para legitimar a reivindicação e a exigência perante o Estado e para consubstanciar um sentido de sociedade ou comunida-de -, praticamente não contam, com a óbvia excepção dos que são pagos pela indústria do jogo.

Mas mesmo quando as divisões pare-cem ser de “casta”, ou “sectoriais”, como por aqui se diz, há uma raiz económica.

O colégio eleitoral que se prepara para oficializar o segundo mandato do Chefe do Executivo, por exemplo, é composto por 400 pessoas que, na verda-de, são as mais privilegiadas. Represen-tam os seus próprios interesses e os inte-resses dos tais “sectores” e das associações que vivem das contribuições do governo. E vive-se nesta troca: apoio por apoio, como também acontece em Portugal, com as corporações, ou nos Estados Uni-dos, com os lóbies do armamento ou da indústria alimentar ou farmacêutica.

Só que um território com a reduzi-da dimensão de Macau não pode estar tão estratificado e dividido sem perder o que seria essencial para encorpar um sentido de sociedade, de pertença, o bem comum e a identidade. Macau pre-cisa de uma sociedade que se interesse por Macau, isto é, pela sociedade, não apenas por cada um ou por cada inte-resse sectorial, e precisa de um governo que promova essa ideia de “sociedade”, ou, pelo menos, que não a destrua. Sobretudo, Macau precisa que os que vivem em Macau comecem a viver em Macau. Quem cá está faz muita falta.

TIAGO ALCÂNTARA

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hoje macau segunda-feira 28.7.201414 h

SABEDORIA PERSAALGUNS DITADOS POPULARES DO IRÃO

Vai e acorda a tua sorte.

A palavra que reténs dentro de ti é tua escrava. A que escapa de ti é tua senhora.

Duas coisas indicam fraqueza: calar-se quando é preciso falar, e falar quando é preciso calar-se.

Conhece-se o coração de um homem pelo que faz e a sua sabedoria pelo que ele diz.

Se mergulhares no mar e não encontrares pérolas, não concluas que não há pérolas no mar.

Não ergas alto um edifício sem fortes alicerces, se o fizeres viverás com medo.

Uma única flor não faz primavera.

Metade da alegria está em falar sobre ela.

Não deixe que suas memórias superem suas esperanças.

A sorte avança a passos de pomba e foge a passos de gazela.

A paciência é uma árvore de raiz amarga, mas de frutos muito doces.

Se ao meio-dia, o rei diz que é noite, deves olhar para as estrelas.

O homem teme o passar do tempo e o tempo teme o passar das pirâmides.

Quatro coisas temos em mais quantidade do que pensamos: inimigos, dívidas, anos e pecados.

Com palavras agradáveis e um pouco de bondade se pode arrastar um elefante com um fio de cabelo.

A areia do deserto é para o viajante cansado, o mesmo que a conversa incessante é para o amante do silêncio.

O homem pode passar por sábio quando busca a sabedoria, mas se acredita tê-la encontrado é um tolo.

Entre dois cozinheiros, a sopa torna-se salgada ou sem sal.

Não tenhas medo de quem levanta um clamor; tem medo de quem mantém a cabeça baixa.

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DUAS COISAS INDICAM FRAQUEZA: CALAR-SE QUANDO É PRECISO FALAR, E FALAR QUANDO É PRECISO CALAR-SE.

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15 artes, letras e ideiashoje macau segunda-feira 28.7.2014

‘Eu sou feliz’, disse. Naturalmente, tratava-se um tolo.

Três coisas devem ser evitadas: um muro quebrado, um cão feroz e uma megera.

Sete conjuntos de jarras e pias, mas sem jantar ou almoço.

Ele tem comido tantas cobras que se tornou uma víbora.

Se não tens água para mim, com certeza tens pão para ti.

Valentia e cobardia estão separadas por um passo.

O que derrama do jarro é o que está dentro dele.

A sede do coração não se acaba com uma gota de água.

Quando a água permanece no mesmo lugar, estraga-se.

A PACIÊNCIA É UMA ÁRVORE DE RAIZ AMARGA, MAS DE FRUTOS MUITO DOCES.

Ele empurra com a mão e puxa com o pé.

O que o vento dá, o vento tira.

Comprar barato, comprar um monte.

O dia tem olhos, a noite ouvidos.

A água é barrenta no manancial.

ELE TEM COMIDO TANTAS COBRAS QUE SE TORNOU UMA VÍBORA.

ANÚNCIOHM - 1ª vez - 28.7.14

Execução de Sentença sob CV1-10-0033-CES 1º Juízo Cívela forma Sumária n.º

Exequente: YEUNG MUK LOI, residente em HONG KONG, 馬鞍山利安村利華樓3009號.Executado: HONG JINDE e LIU HUICHUN, ambos com residência conhecida em Macau, 宋玉生廣場258號建興龍廣場17樓K座, ora ausente em parte incerta.-------------------------------FAZ-SE SABER que, no dia 08 de Outubro de 2014, pelas 10:00 horas, no local de arrematação deste Tribunal e no processo acima indicado, vai a venda por meio de propostas em carta fechada, do seguinte direito penhorado:-----------------------------------------------------

DIREITO(1º)

-----1/164 AVOS de que são proprietários os executados HONG JINDE e LIU HUICHUN, supra identificados, sobre a fracção autónoma designada por “UR/C”, destinada a estacionamento, composta por R/C, 1º e 2º andares, do Edf. Lok Yeung Fa Yuen, bl. 1 e 2, Edf. Lei Hong Kuok e Lei Tai Kuok, sito em Macau, na Rua do Comandante João Belo, n.º 361, descrita na Conservatória do Registo Predial de Macau, sob o n.º 21912 a fls. 97v. do Livro B106, inscrita na matriz sob o n.º 073091, estabelecimento n.º 74.----------------------------O Valor base da venda: MOP$1.200.000,00 (Um Milhão, Duzentas Mil Patacas).----

(2º)-----1/164 AVOS de que são proprietários os executados HONG JINDE e LIU HUICHUN, supra identificados, sobre a fracção autónoma designada por “AMR/C”, destinada a estacionamento, composta por R/C, 1º e 2º andares, do Edf. Lok Yeung Fa Yuen, bl. 3 e 4, Lei Cheong Kuok e Lei Wo Kuok, sito em Macau, na Rua do Comandante João Belo, n.º 361, descrita na Conservatória do Registo Predial de Macau, sob o n.º 21911 a fls. 97 do Livro B106, inscrita na matriz sob o n.º 073136, estabelecimento n.º 70.------------------------------O Valor base da venda: MOP$1.200.000,00 (Um Milhão, Duzentas Mil Patacas).--------São convidados todos os interessados na compra do direito supra identificado a entregar na Secção Central deste Tribunal as suas propostas, até ao dia 07 de Outubro de 2014, pelas 17:45 horas, durante a hora de expediente, o preço das propostas deve ser superior ao valor acima indicado, devendo o envelope da proposta, conter, a indicação de “PROPOSTA EM CARTA FECHADA” bem como o “NÚMERO DO PROCESSO CV1-10-0033-CES”.---------No dia da abertura das propostas, podem os proponentes assistir ao acto.--------------------Durante o prazo dos editais e anúncios, os proponentes, a fim de proteger os seus interesses, podem, antes de apresentar quaisquer propostas, dirigir-se ao fiel depositário, a Sra. Kuok Heng (com domicílio profissional em Macau, na Avenida Praia Grande, n.º 409, Edifício China Law, 9.º Andar “C”, Macau) para examinar o imóvel em causa, fiel depositário, por sua vez, está obrigado a mostrar o bem a quem pretenda examiná-lo, podendo fixar as horas em que, durante o dia, facultará a inspecção.--------------------------------------Quaisquer titulares de direito de preferência na alienação do bem supra referido, podem, querendo, exercer o seu direito no próprio acto da abertura das propostas, se alguma proposta for aceite, nos termos do art. 787.º do C.P.C.-----------------------------------------Para constar se lavrou este e outros de igual teor, que vão ser legalmente afixados.--------Tribunal Judicial de Base da R.A.E.M., aos 22 de Julho de 2014.-----------------------------

Nós caímos do cavalo, mas não caímos da nobreza.

Prova primeiro antes de dizer que está sem sal.

Um homem precipitado faz as coisas duas vezes.

Uma pessoa que vive necessita de uma vida.

Acredita em Deus, mas amarra o teu camelo.

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16 publicidade hoje macau segunda-feira 28.7.2014

A Direcção dos Serviços de Turismo do Governo da Região Administrativa Especial de Macau, faz público que, de acordo com o Despacho de 8 de Julho de 2014 do Ex.mo Senhor Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, se encontra aberto concurso público para adjudicação do serviço de realização de um Espectáculo do Lançamento de Fogo de Artifício para a Celebração do 15.º Aniversário do Estabelecimento da Região Administrativa Especial de Macau.Desde a data da publicação do presente anúncio, nos dias úteis e durante o horário normal de expediente, os interessados podem examinar o Processo do Concurso na Direcção dos Serviços de Turismo, sita em Macau, na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção, n.os 335-341, Edifício Hotline, 12.o andar, e ser levantadas cópias, incluindo o Programa do Concurso, o Caderno de Encargos e demais documentos suplementares, mediante o pagamento de duzentas patacas (MOP200,00); além disso ainda se encontra igualmente patente no website da Direcção dos Serviços de Turismo (http://industry.macautourism.gov.mo), podendo os concorrentes fazer “download” do mesmo.Sessão de esclarecimento será realizada no Auditório da Direcção dos Serviços de Turismo, sito em Macau, na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção, n.os 335-341, Edifício Hotline, 14.o andar pelas 10:00 horas do dia 4 de Agosto de 2014.O limite máximo do valor global da prestação de serviço é de MOP6.000.000,00 (seis milhões patacas).Critérios de apreciação das propostas e percentagem:

Critérios de adjudicação Factores de ponderaçãoPreço 40%Criatividade- Propor outros locais de lançamento diferentes do Mapa de Caracterização- Descrição do tema do espectáculo de fogo de artifício- Utilização de tecnologia nova (descrição de utilização de criatividade ou produto específico, ou descrição

de efeitos espectaculares)- Descrição do plano do lançamento e dos seus efeitos

30%

Maior garantia de segurança e eficiência na prestação do serviço - Descrição do equipamento a ser utilizado- Plano de transporte dos materiais pirotécnicos- Plano do lançamento- Plano de segurança na operação do lançamento- Mapa do traçado do local do lançamento

20%

Experiência do concorrente 10%

Os concorrentes deverão apresentar as propostas na Direcção dos Serviços de Turismo, sita em Macau, na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção, n.os 335-341, Edifício Hotline, 12.o andar, durante o horário normal de expediente e até às 17:45 horas do dia 21 de Agosto de 2014, devendo as mesmas ser redigidas numa das línguas oficiais de RAEM ou em inglês, prestar a caução provisória de MOP120.000,00 (cento e vinte mil patacas), mediante 1) depósito em numerário à ordem da “Direcção dos Serviços de Turismo” no Banco Nacional Ultramarino de Macau 2) garantia bancária 3) depósito nesta Direcção dos Serviços em numerário, em ordem de caixa ou em cheque visado, emitidos à ordem da “Direcção de Serviços de Turismo” 4) por transferência bancária na conta da Fundo de Turismo do Banco Nacional Ultramarino de Macau.Acto publico do concurso, no Auditório da Direcção dos Serviços de Turismo, sito em Macau, na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção, n.os 335-341, Edifício Hotline, 14.o andar pelas 10:00 horas do dia 22 de Agosto de 2014.Os representantes legais dos concorrentes deverão estar presentes no acto público de abertura das propostas para efeitos de apresentação de eventuais reclamações e/ou para esclarecimento de eventuais dúvidas dos documentos apresentados ao concurso, nos termos do artigo 27.o do Decreto-Lei n.o 63/85/M, de 6 de Julho.Os representantes legais dos concorrentes poderão fazer-se representar por procurador devendo, neste caso, o procurador apresentar procuração notarial conferindo-lhe poderes para o acto público do concurso.Em caso de encerramento destes Serviços por causa de tempestade ou por motivo de força maior, o termo do prazo de entrega das propostas, a data e hora de sessão de esclarecimento e de abertura das propostas serão adiados para o primeiro dia útil imediatamente seguinte, à mesma hora.

Direcção dos Serviços de Turismo, aos 16 de Julho de 2014.

A DirectoraMaria Helena de Senna Fernandes

DIRECÇÃO DOS SERVIÇOS DE TURISMOANÚNCIO

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TEMPO AGUACEIROS OCASIONAIS MIN 27 MAX 33 HUM 65-95% • EURO 10.7 BAHT 0.2 YUAN 1.3

ACONTECEU HOJE 28 DE JULHO

Pu Yi

LÍNGUADE gATO

hoje macau segunda-feira 28.7.2014 (F)UTILIDADES 17

H O J E H Á F I L M E

João Corvo fonte da inveja

Entre duas carícias, um abismo.

Morre o compositor Johann Sebastian Bach• Hoje recorda-se Johann Sebastian Bach, compositor alemão que morreu a 28 de Julho de 1750. A música de Bach foi esquecida durante anos, mas hoje é considerado um dos maiores compositores de todos os tempos.Bach nasceu em Eisenach, a 31 de Março de 1685. Membro de uma família de tradição musical, demonstrou gosto e talento pela arte, desde muito jovem. Dedicou-se de corpo e alma à música, não apenas pela prática mas também pela teoria, Bach tornou-se num teórico da música, aprofundando o conhecimento da música europeia, ao mesmo tempo que revelava uma capacidade pouco vista.Devorou o grande repertório germânico como pilar do seu estilo musical, ao qual se juntariam as influências italiana e francesa. E assim a obra de Johann Sebastian Bach fica marcada por diversas tendências.A sua habilidade no órgão e no cravo aliou-se à vir-tuosidade como maestro, cantor, professor e violinista. Apenas alguns críticos reconheceram os seus grandes méritos como compositor.A maior parte da música de Bach caiu no esquecimento depois da sua morte, mas desde o século XIX que o seu prestígio entrou num crescendo imparável.Actualmente, é visto como o maior nome da música barroca e o maior compositor de todos os tempos – de acordo com a opinião de alguns críticos. Bach morreu em Leipzig, a 28 de Julho de 1750.Hoje, assinala-se o Dia Mundial de Combate à Hepatite.

AmorAbro lentamente os olhos, bem devagar, dói-me tudo. O corpo, as patinhas, tenho a boca seca, a minha cabeça tem o dobro do peso. Acho que até os meus bigodinhos gritam de dor. Tento mexer-me e parece que o mundo vai acabar. Sei o meu nome. ‘Pu Yi’, sim é esse. Olho ao meu redor, reconheço o meu espaço, esta é a minha alcofa. Há um cheiro esquisito e assusto-me quando percebo que sou eu.Mas afinal o que é que aconteceu? Lembro-me de sair para um copo com os gatos da rua, estava tudo bem divertido. As gatinhas apareceram e foi um fartote, miadela para aqui, ronronar para acolá. Bigodes cheirosos, pêlo brilhante e a previsão de uma noite perfeita. Aprendi com os humanos que andam cá por Macau. É tão fácil percebe-los quando ainda estão frescos, o discurso é sempre o mesmo só mudam os argumentos. “Vim por dois anos, para amealhar uns trocos” ou “para aproveitar e conhecer a Ásia”. E quanto aos namorados e namoradas? Isso então não muda. “Está em Portugal, vem-me visitar em breve” ou “É um pequeno sacrifício por uma boa causa” ou ainda “O que é um ano quando depois o temos para sempre?”.Não posso generalizar e desvalorizar todas as bonitas histórias de amor que tiveram final feliz, mas o porteiro do prédio que tem mais de 70 anos de Macau diz-me sempre, durante as suas dissertações sobre as relações: Macau está carregado de amor. Há o amor para vida ou o amor do dia. Amor não te falta. Isso e promiscuidade.“Promiscuidade denota um comportamento sexual desregrado ou sem regras determinadas, de sexo casual entre pessoas conhecidas ou não conhecidas entre si. Não se deve confundir com poligamia. A promiscuidade é relativamente comum nas espécies animais, ocorrendo inclusive em espécies que formam casais, evento ao qual dá-se a denominação de relação extra-conjugal. Promiscuidade também é uma forma de classificar pessoas sem inibições sexuais, cujo prazer está acima de preconceitos e tabus religiosos. Pessoa essa, que não tem vergonha de falar sobre ou praticar seus diversos fetiches sexuais.”

DIVERGENTE (NEIL BURGER, 2014)

Imagine um cidade isolada onde a sociedade é dividida em cinco grupos: os honestos, os altruístas, os corajosos, os pacíficos e os inteligentes. O ritual é simples: aos 16 anos os adolescentes são submetidos a um teste psicológico que, ao analisar as suas características humanas, os encami-nhará para um dos grupos. Tudo poderia ser fácil se atrás da cortina não existisse um grupo que pretende manipular e controlar tudo e todos. É a jovem Beatrice, diferente de todos, que puxa a corda e faz cair o pano criando um novo mundo. - Hoje Macau

C I N E M ACineteatro

SALA 1DAWN OF THE PLANET OF THE APES [B]Um filme de: Matt ReevesCom: Jason Clarke, Gary Oldman, Keri Russel14.30, 16.45, 21,30

DAWN OF THE PLANET OF THE APES [3D] [B]Um filme de: Matt ReevesCom: Jason Clarke, Gary Oldman, Keri Russel19.15

SALA 2PLANES 2: FIRE & RECUE [A]FALADO EM CANTONÊSUm filme de: Bobs Gannaway14.30, 16.15, 19.45

PLANES 2: FIRE & RECUE [3D] [A]FALADO EM CANTONÊS

Um filme de: Bobs Gannaway18.00

DELIVER US FROM EVIL [C]Um filme de: Scott DerricksonCom: Eris Bana, Edgar Ramirez, Olivia Munn, Sean Harris21.30

SALA 3STEP UP ALL IN [B]Um filme de: Trish SieCom: Alyson Stoner, Biana Evigan, Ryan Gusman, Adam G. Sevani14.30, 16.45, 21.30

STEP UP ALL IN [3D] [B]Um filme de: Trish SieCom: Alyson Stoner, Biana Evigan, Ryan Gusman, Adam G. Sevani19.15

STEP UP ALL IN

Page 18: Hoje Macau 28 JUL 2014 #3140

18 OPINIÃO hoje macau segunda-feira 28.7.2014

N ÃO gostaria de me despedir, porque vou de férias, dos lei-tores que se dão ao trabalho de me ler há mais de um ano, sem falar deste período em que os negócios da compra e venda de jogadores de futebol, envolvem somas astronómicas!

O Jornal de Notícias, publicou nos passados dias 21 e 22 de Julho, um trabalho de investigação exaustiva que, ocupou dezenas de páginas, seguindo a rota dos dinheiros nas transferências de jogadores de futebol, essas verdadeiras mercadorias de luxo, que envolvem centenas de milhões de euros, US dólares, ou libras inglesas!

Em primeiro lugar a surpresa, ou talvez não, de ser um órgão de comunicação social não desportivo a faze-lo!

Porque não um dos da especialidade? Talvez a resposta esteja no facto, de estes, viverem desse mesmo negócio ser notícia, que alimentam essa área de comunicação social!

Seria talvez,” matar a galinha” que põe os ovos de que eles próprios se alimentam”!

Em matéria de casos ligados às partes menos claras do desporto, habituei-me a vê-los retratados com mais evidência e destaque, na chamada comunicação social generalista do que na especializada! Estranho, não é!

Pois bem quando o leitor de um jornal tiver conhecimento de uma transferência, melhor dizendo, de uma venda de um jogador de futebol, deve decorar algumas expressões tais como: empresários, também conhecidos como os “ senhores 10%” na tauromaquia chamam-lhes “apoderados”, fundos de in-vestimento, percentagens do passe, cláusulas de rescisão, direitos desportivos, direitos de imagem etc. etc.

A tudo isto acrescente nomes como: pa-raísos fiscais,”offshore” Ilhas Caimão, Ilha de Malta, Gibraltar, Luxemburgo, Ilhas Virgens, Hong Kong, Holanda, Irlanda etc.

O que é que tudo isto tem a ver com os negócios da compra venda ou hipoteca de jogadores de futebol, um negócio feito, no segredo de reuniões em hotéis de cinco estrelas, já pude presenciar uma, onde todos parecem ganhar, isto é: quem vende a “mer-cadoria, quem compra, quem empresta parte do dinheiro e claro o próprio, que é vendido!

O D. N. e o Semanário Expresso, dão conta, em recentes trabalhos de investigação publicados, como funcionam estas negociatas, que em Portugal, colocaram os três maiores clubes em falência técnica, isto é: se lhes fosse apresentada a factura das dívidas acumuladas para serem pagas de imediato, teriam de vender os principais activos (jogadores) e talvez parte dos próprios estádios!

Vamos pois a exemplos. Se o clube A pretende comprar um atleta

e não tem dinheiro que chegue, entra em con-tacto primeiro com o agente que representa o atleta para saber qual o preço da “ mercadoria transaccionável”.

Segundo passo. Se não dispõe de capital suficiente vai à procura de um parceiro, que esteja disposto a entrar no negócio, a troco de uma percentagem, que em regra, nos três maiores clubes portugueses, costuma ser um fundo de investimento, ligado a um banco ou com capitais próprios, em regra sediado em paraísos fiscais

desporto e não sóFERNANDO VINHAIS GUEDES

O futebol e os caminhosopacos de negócios milionários

disposto a entrar no negócio, a troco de uma percentagem de acordo com o montante envol-vido, mas sempre coberto por um seguro, que cobre qualquer fatalidade (lesão, incapacidade ou mesmo morte) da “ mercadoria em causa.

A partir daqui, o atleta passa a ser proprie-dade do clube e do fundo.

Para ser vendido tem de existir um acordo entre as partes. Primeiro entre os proprietários da “mercadoria” sobre a venda, isto é, o valor pretendido. Nesta operação, manda quem detenha a percentagem maior da “mercadoria transaccionáveis”, recebendo cada o equiva-lente ao montante investido.

Contudo, o atleta pode ter vários pro-prietários. Existem casos em que o próprio empresário que medeia o negócio tem também com uma parte dos direitos, que vão para um fundo criado, como é o caso de Jorge Mendes, que representa Cristiano Ronaldo, José Mourinho, Falcão, Di Maria, Coentrão, James Rodriguéz e mais 56 jogadores, dos quais onze portugueses que representaram Portugal no recente campeonato do Mundo!

A Gestifute, empresa de Jorge Mendes, é propriedade da Star SGPS e esta depende da Sociedade Star B. V. com sede na Holanda!

Há ainda casos em que os próprios clubes criaram os seus próprios fundos. Benfica, Sporting e F. C. Porto têm 49 jogadores, os que se pensa serem mais valorizáveis, em fundos próprios, não sendo propriedade das SAD.

Por outro lado, existem milionários, que são donos de parte ou do todo de atletas e até de clubes! Peter Lim multimilionário de Singapura, que adquiriu os passes de Rodrigo e de André Gomes do SLB, prepara-se para comprar o Valência de Espanha. Carlos Slim

do México, Tavfik Arif do Cazaquitão, Pini Zahavi e Israel e outros, são conhecidos por investirem em atletas profissionais com potencial elevado de valorização.

Em Inglaterra os jogadores, não podem ser pertença de fundos mas os clubes podem ser adquiridos em parte ou na totalidade por empresas ou por multimilionários como são os casos do Chelsea, propriedade de Abramovic, Manchester United de Malcom Glazer, Manchester City do Xeque Zayed Al Nayhan, Arsenal de Stan Kroenke, Tot-tenham de Joseph Lewis, Liverpool de John Henry etc. Na pátria do futebol nenhum dos milionários que adquiriu os clubes atrás citados é Inglês!

A mais recente transferência milionária ocorreu há dias com James Rodriguéz do Mónaco para o Real Madrid.

O jogador foi adquirido por 80 milhões. Em 2010 o Porto pagou pela compra 7.35 mi-lhões de euros ao clube Banfield da Argentina em 2010. Em 2013 o( FCP) vendeu-o ao Mó-naco por 45 milhões e este colocou-o no Real Madrid há dias por 80 milhões! Em apenas quatro anos o jogador valorizou-se 10 vezes

Por detrás desta operação esteve o Sr.James David Hassan dono do fundo Goal Football Luxemburgo (SARL) sediada em Gibraltar, que detinha 35% do valor quando da transferência deste atleta para o FCP. O Sr. David é também proprietário de uma imobiliária registada em Portugal com sede na cidade do Porto.

Só mais um exemplo para não maçar: a recente aquisição feita pelo Porto, do jogador do Granada Yacine Brahimi de origem Arge-lina por 6.5 milhões de euros, foi determinada

pelo fundo de investimentos DOYEN, que detém os direitos do jogador, pressionando o clube espanhol a baixar o preço de venda em 2 milhões (o clube vendedor queria 8.5 milhões)

O mesmo fundo, a Doyen Spots Inves-timentos está sediada na Ilha de Malta e é detentora de 50%, 33%, 33% 75% e 35% respectivamente dos atletas: Ola John, Defour, Mangala, Marcos Rojo e Zakaria Labyad

Entretanto os organismos que controlam o futebol europeu (UEFA) e mundial (FIFA), não se entendem em relação á detenção de pas-ses de jogadores por fundos ou empresários.

Enquanto a primeira quer proibir pura e simplesmente a sua existência, a segunda defende a sua regulamentação.

O presidente da UEFA, Michel Platini, alerta para os perigos de ameaça à integridade das competições desportivas se uma empresa ou um fundo concentrar passes de muitos atletas em diferentes clubes! “Corre-se o perigo de haver resultados manipulados”. “Os clubes não devem aceitar investimentos de terceiros para adquirirem jogadores que não podem pagar”. Ou ainda”o modelo de negócio dos terceiros detentores colide com a filosofia desportiva do fair play financeiro.

Platini diz que: “alguns jogadores dei-xaram de ter controlo das suas carreiras e são transferidos todos os anos para gerarem receitas a esses anónimos”. A Comissão Euro-peia, através da Comissária para a Educação, Cultura e Desporto está de acordo tendo afir-mado: “está na hora de reavaliar e reformar o sistema de transferências. As regras devem ser repensadas para melhor garantir uma concorrência justa e equilibrada”.

Este tema não é consensual já que envolve muitos interesses, nomeadamente no que res-peita a Países tradicionalmente exportadores de futebolistas para a Europa. Argentina, Brasil e outros países América Latina, estão contra a proibição. Os seus negócios seriamente afectados.

Já Blatter, presidente da FIFA, promete pensar no assunto, adiando o mais que pode, uma decisão sobre um assunto que envolve centenas de milhões de euros por ano.

Porque hoje, mais uma vez, o Banco Es-pírito Santo foi notícia de abertura de todos os canais de televisão, pela detenção do seu antigo presidente Ricardo Salgado, parece-me oportuno lembrar que o BES era o banco dos três grandes clubes portugueses.

Benfica, Sporting e Porto devem de acordo com notícias vindas a público, respectivamen-te 100 milhões, 67 milhões e 34 milhões e os clubes receiam alterações de política financei-ra por parte da nova equipa de gestores, que tomou conta do banco.

Tudo leva a crer que terá chegado ao futebol português uma nova era quanto a financiamentos do futebol por instituições bancárias, como foi sugerido pela troika.

“Tudo leva a crer que terá chegado ao futebolportuguês uma nova era quanto a financiamentosdo futebol por instituições bancárias”

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19 opiniãohoje macau segunda-feira 28.7.2014

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Cecília Lin; Flora Fong (estagiária); Leonor Sá Machado; Ricardo Borges (estagiário) Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Agnes Lam; Arnaldo Gonçalves; Correia Marques; David Chan; Fernando Eloy ; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau Pineda; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

O futebol e os caminhosopacos de negócios milionários

A grande questão relativa ao sonho dos cidadãos virem a ter um governo inteligente passa por saber onde e como colocam os países os seus recursos quando se fala de tecnologia. Muito se tem pressagiado quanto à grande modernização de alguns go-vernos em diferentes regiões

do globo que começaram a pôr as primeiras pedras nas fundações de uma estratégia que ainda distante, poderá ter a capacidade de criar a diferença nas relações entre os cidadãos e os organismos dos Estados.

As perguntas são profundas e sérias e está em jogo nada mais que a relação entre os cidadãos e as instituições dos governos e a possibilidade de tornar mais eficientes os processos administrativos burocráticos, poupando custos e tempo. Ao falar-se de governo inteligente, é de extrema valia considerar algumas ideias, pois além do empenho em demonstrar que a expressão é uma contradição nos seus próprios termos, falar da inteligência dos Estados é sempre matéria altamente controversa.

É de recordar que o sociólogo Max Weber soube explicar, no seu ensaio sobre tipos de governo, que a burocracia pode chegar a ter conotações positivas, ou seja, ser uma forma de organização e administração mais racional do que as suas alternativas e que dá primazia à precisão e eficiência através da

“Ainda que a modernização chegue ao público, a sua parte tecnológica não chegou totalmente aos grandes temas do Estado”

perspect ivasJORGE RODRIGUES SIMÃO

O governo inteligente“We need a strong private sector and a smart government working together to restore prosperity and progress, demonstrating that whenever we’ve given in to the temptation to blame government for all our problems, we’ve lost our ability to produce sustained economic growth and shared prosperity.”

Back to Work: Why We Need SmartGovernment for a Strong Economy

Bill Clinton divisão predeterminada de tarefas, a super-visão hierárquica e um manual de regras e normas internas.

Quem tenha de proceder à renovação de uma licença ou registar o título de propriedade de um automóvel, por exemplo, sabe que a bu-rocracia nem sempre é eficiente. O problema da burocracia, a repetição de tarefas tediosas e a prepotência dos servidores públicos dos países, criam um desconforto emocional aos cidadãos que procuram no Estado soluções para os seus problemas.

Os políticos que entusiasmam a incorporação de tecnologia às suas decisões de governo ou que favoreçam a inovação sobre práticas vetustas, retiram recompensas e depois como numa venda a retalho animam-se a falar de um consumidor verde que prioriza outras variáveis acima do preço e qualidade. É de lembrar que, em matéria de governo, também o cidadão está desejoso de melhores processos administrativos e maior transparência, aderindo a estas iniciativas.

Os governantes, têm actualmente de en-frentar um processo de transformação nas suas cidades e a tecnologia converte-se num factor chave se existir a pretensão e vontade de conti-nuar a crescer. Os governos inteligentes usam a informação que criam as cidades para prestarem melhores serviços aos seus cidadãos, envolver as suas comunidades e torná-las mais competitivas. Tomam as melhores decisões analisando o que acontece nas suas cidades e em outras, e tornam--se mais eficientes ao coordenar os recursos a seu cargo. É possível obter dados, actualmente, de qualquer parte da cidade, que podem ser usados para tomar decisões mais eficientes e melhorar a prestação dos serviços públicos.

Os padrões de comportamento do trânsito, por exemplo, podem ser analisados, permitin-do entender e inclusive predizer os acidentes. Tal, permite aos governantes ser muito mais activos na forma como lideram e levam adiante as suas organizações, e em consequência os cidadãos têm uma melhor experiência, que pode ser resumida em adaptação dos processos de governo à sociedade da informação para que sejam transparentes, públicos e eficientes.

Todavia, as mudanças que implicam este novo paradigma são muitas e nem todos os políticos fazem uma leitura atempada e adequada. Quiçá o crescimento anárquico da administração pública e das cidades, produto dos diversos desenvolvimentos económicos que experimentaram algumas regiões do globo nos últimos anos, tenha acelerado a história e os momentos temporais.

A rápida urbanização, os efeitos nocivos à arquitectura das cidades e ao meio ambiente e os enormes gastos em matéria energética levaram os governantes a repensarem a forma como vivem os seus cidadãos e como podem tornar mais eficientes os processos administrativos. É preciso nunca esquecer que os cidadãos esperam cada dia mais das suas cidades e dos seus governantes.

Os cidadãos querem uma boa qualidade de vida e óptimas condições de desenvolvimento pessoal e profissional, ou seja, esperam trans-portes públicos mais eficientes, mercados de trabalho mais flexíveis e saudáveis, mercado imobiliário regulado de forma a evitar a es-peculação e as catastróficas “bolhas”, maior participação e transparência no discurso público e sistemas de energia amigas do meio ambiente que não criem obstáculos ao desenvolvimen-to da economia e que muitas das vezes, tais exigências, se dão em contextos económicos e fiscais desfavoráveis e parece contrário à intuição pedir aos governantes que invistam em formas de governo inteligentes.

As cidades do nosso século concorrem por atrair moradores e investimentos e o seu encanto depende da sua capacidade para oferecer serviços básicos eficientes, oportu-nidades de desenvolvimento e diferenças de competitividade. Tais processos estão a ter uma grande aceleração em alguns países e

cidades da União Europeia, Estados Unidos, Canadá, Ásia e América do Sul.

Talvez o crescimento de uma região, ou de um indiscutível bloco emergente tenha sido a semente de um projecto maior que implica a modernização dos Estados. A passagem de determinados países cujas economias de-pendiam da exportação de um único produto ou serviço, requer grandes investimentos, uma visão estratégica e uma infra-estrutura conforme aos tempos que correm. A América do Sul, por exemplo, é uma das regiões onde mais se vendem programas de computador. A região no seu conjunto está a crescer, o que significa uma revalorização das economias.

As mercadorias têm cada vez preços mais altos, o que ajuda os governos a terem maiores recursos para trabalhar em áreas como a edu-cação ou o governo inteligente. A nova vaga no sentido da transformação é inevitável sendo que o crescimento das cidades e a inovação tecnológica só se produzirão se existir uma política de Estado concernente e um investi-mento coerente na modernização do governo.

A administração pública, em muitos países, cresceu de forma anárquica e, logo, não existe unificação estratégica, ou seja, não está em concordância com a política e tem a ver com o funcionamento do Estado, que por vezes para mudar algo necessita do envolvimento de diversos órgãos do poder. É de realçar que nos últimos anos muitos países de economias emergentes fizerem bastante pela agenda social, necessitando do mesmo esforço quanto à agenda digital.

Ainda que a modernização chegue ao pú-blico, a sua parte tecnológica não chegou total-mente aos grandes temas do Estado. É o Estado encarado não apenas como administrador mas também como gestor de serviços públicos que necessita de uma aposta mais forte da tecnologia para que os transportes ferroviários, os aviões e as estradas, sejam mais seguros, por exemplo. É o que acontece nos países desenvolvidos. O grande desafio das economias emergentes é o de deixarem de ser países em crescimento como o Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul e outros para serem países desenvolvidos.

Afim de que as mudanças em políticas de gestão pública admitam uma melhoria, devem gerar um benefício social e não é possível melhorar o que não se pode medir. Os novos meios de comunicação ajudam a medir o im-pacto social das acções de governo, pelo menos em termos de opinião pública e actualmente é possível entender perfeitamente como reage um cidadão e inclusive antecipar-se, ajudando a ter uma percepção bastante positiva sobre os investimentos em governos inteligentes, o que permite aos dirigentes mostrar através de acções reais, com impactos tangíveis, os efeitos positivos das suas gestões.

É de realçar, por exemplo, que são cada vez mais populares os centros de monitoriza-ção que tem por fim impedir a realização de delitos ou situações de violência, sendo que este tipo de acções é apenas uma pequena de-monstração. As tecnologias estão disponíveis, os cidadãos estão preparados. O momento é agora e não durará sempre.

cartoon por Stephff VULCÕES INDONÉSIOS

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hoje macau segunda-feira 28.7.2014

AS Filipinas alcançaram ontem os 100 milhões de habitantes com o nas-

cimento da pequena Chonalyn num hospital da capital do país, onde três bebés nascem a cada minuto, revelou a imprensa local.

Chonalyn recebeu um cer-tificado da Comissão de Po-pulação e um quadro com o número 100 numa pequena festa de apresentação no hospital Fabella de Manila, segundo o portal “Rappler”.

O cidadão 100 milhões surge numa altura em que existe no país uma polémica entre os que defendem um maior controlo da natalidade para lutar contra a pobreza que afecta um quarto da população contra os que sustentam que ambos os fenómenos não estão relacionados.

Em Abril, o Supremo Tri-bunal declarou inconstitucional a Lei da Saúde Reprodutiva, a polémica legislação que tem a oposição da Igreja Católica porque promove o uso do pre-servativo.

Os detractores argumentam que a Constituição das Filipi-

nas, de 1987, ampara a ideia do respeito incondicional da vida enquanto a Lei de Saúde Reprodutiva prevê políticas de planeamento familiar e con-trolo da natalidade, incluídas em campanhas de informação sobre preservativos e pílulas anticoncepcionais.

A Igreja Católica, que tinha conseguido deter o anteprojecto de lei em comissões e despa-chos durante 18 anos, defende que a pobreza é um problema económico que requer uma solução “exclusivamente eco-nómica” e que, por isso, não se resolverá com a redução do índice de natalidade através de contraceptivos.

Contra este pensamento, um documento da ONU indicou ao Governo que o crescimento económico não irá favorecer os pobres do arquipélago até que seja aplicada uma política de controlo da natalidade no país, cujo índice de fecundidade é de 3.19 crianças por mulher.

A população das Filipinas é em 80% católica e cresceu de 60,7 milhões de pessoas em 1990 até aos 100 milhões em 2014.

D EPOIS de ter sido for-temente criticado pela imprensa e alguns vi-

sitantes, o pároco responsável pela Sé de Macau acabou por retirar o aviso de proibição de entrada a ‘não católicos’, na passada sexta-feira. O cartaz foi, no entanto, substituído por duas novas advertências onde pode ler-se ‘proibida a entrada a turistas’ e ‘actividade religiosa a decorrer, proibida a entrada’. De acordo com notícia avançada pelo jornal Macau Daily Times, o vigário Domingos Soares queixou-se do facto de alguns visitantes não saberem qual o comporta-

mento a adoptar dentro de um local de culto religioso. “Al-guns turistas não são capazes de fazer a distinguir um local sagrado de um não-sagrado”, disse ao Daily Times.

Além disso, confessou que, embora o sinal anteriormente colocado pudesse dar a ideia errada às pessoas, não foi pen-sado com o intuito de excluir ninguém. Admitiu, ainda, que a proibição à entrada de não católicos passava a mensagem errada. “A expressão não foi bem usada. A nossa intenção não era excluir ninguém”, disse Domingos Soares ao jornal de língua inglesa.

FILIPINAS CIDADÃO 100 MILHÕES

Entre polémicas

SÉ RETIRA AVISO CONTRA NÃO CATÓLICOS

Sem discriminação

A luta por um maior controlo da natalidade, num arquilélago em que nascem três bebés por minuto, encontra a forte oposição da igreja católica que defende que a pobreza é um problema exclusivamente económico