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PUB HOJE MACAU hojemacau CHOI CHI U DOCENTE UNIVERSITÁRIO E COMENTADOR, SEM PAPAS NA LÍNGUA PÁGINAS 2 E 3 “E UMA VERGONHA” São as palavras do antigo presidente da Associação de Escolas de Macau em relação ao caso do afastamento do professor Eric Sautedé. Para o docente universitário, a situação de abertura em Macau é pior do que a que se vive no continente ou em Taiwan. AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 QUINTA-FEIRA 26 DE JUNHO DE 2014 ANO XIII Nº 3118 MUNDIAL PORTUGAL - GANA O Brasil tem mais encanto na hora da despedida? CENTRAIS HK 1 de Julho Esperado mais de meio milhão nas ruas CHINA PÁGINA 9 EDUCAÇÃO A DSEJ aposta forte num programa extra- -curricular que contempla até 200 horas anuais de actividades desportivas e culturais, entre outras. Para tirar os jovens da rua. SOCIEDADE PÁGINA 6 ´

Hoje Macau 26 JUN 2014 #3118

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Hoje Macau N.º3118 de 26 de Junho de 2014

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hojemacauChoi Chi u DoCente universitário e ComentaDor, sem papas na língua

Páginas 2 e 3

“e uma vergonha”São as palavras do antigo presidente da Associação de Escolas de Macau em relação ao caso do afastamento do professor Eric Sautedé. Para o docente universitário, a situação de abertura em Macau é pior do que a que se vive no continente ou em Taiwan.

agência comercial Pico • 28721006

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Director carlos morais josé www.hojemacau.com.mo Mop$10 q u i n ta - f e i r a 2 6 D e j u n h o D e 2 0 1 4 • a n o X i i i • n º 3 1 1 8

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HK 1 de JulhoEsperado mais de meio milhão nas ruas

china Página 9

eDucaçãoA DSEJ aposta forte num programa extra--curricular que contempla até 200 horas anuais de actividades desportivas e culturais, entre outras. Para tirar os jovens da rua.

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hoje macau quinta-feira 26.6.20142 entrevistaCeCília l [email protected]

Sendo professor a tempo parcial na Universidade de Macau (UM), como avalia o caso do professor Eric Sautedé?É uma vergonha. Há vinte anos atrás os reitores não pressionavam tanto a liberdade de expressão dos professores. As universidades deveriam ser os locais com maior liberdade de expressão. Isso (a suspensão do professor) é irracional.

O HM contactou Eric Sautedé, que não quis comentar o caso, mas depois o reitor da USJ (Peter Stilwell) acabaria por admitir que o discurso político do professor foi a causa do seu afastamento da universidade.É uma pena, porque mesmo que ele não comente o caso, foi afastado. Pelo contrário, uma outra vítima, Bill Chou, sempre falou do processo e continua no cargo (mantém-se apenas suspenso por 24 dias).

Choi Chi U, doCente Universitário e Comentador na rádio Chinesa

“Macau tem um ambiente muito O antigo presidente da Associação de Escolas de Macau e comentador habitual na rádio chinesa considera que a decisão da Universidade de São José em afastar o professor Eric Sautedé é “uma vergonha”. Choi Chi U diz ainda que a Universidade de Macau tem de aceitar as críticas

ver o contrato renovado. Um professor também é um cidadão normal e precisa de ter uma vida. Se for afastado por fazer comentários políticos, vai ter mais dificuldades em encontrar um trabalho.

Como era a situação da UM há vinte anos?Houve uma mudança desde a transição. Antes a universidade não apoiava os professores a falar em público, mas também não proibia. Mas agora, como os administrativos pensam que o Governo não gosta de professores que criticam, então pressionam os docentes. Mas até o Chefe do Executivo disse, há dois dias, que os professores universitários têm liberdade de expressão. O que está a acontecer só mostra que as uni-versidades não são independentes e estão a pensar como podem ter a aceitação do Governo. É uma auto-censura.

Na cerimónia de graduação da UM aconteceu outro caso, em que uma aluna e um jornalista foram expulsos por mostrarem cartazes de apoio aos professores. Uma pessoa disse num fórum online que, se o cartaz tivesse escrito “amo a UM”, a aluna não teria sido afastada.(Risos). A situação também não faz sentido. A UM não tinha necessidade de mostrar tanto nervosismo, e todo esse teatro foi feito pela universidade, e não por eles. Se os seguranças não os ti-vessem afastado não teria havido aquele conflito. Já assisti a muitas cerimónias de graduação no con-tinente e há imensos protestos nas cerimónias, mas nunca nenhuma universidade proibiu os alunos de se expressarem. Até houve um professor universitário que falou mal do Partido Comunista Chinês (PCC) no Grande Salão em Pequim, e depois não houve problema. Se a UM quer ser uma universidade internacional, não pode proibir as críticas, porque até as universidades do conti-nente não têm medo das críticas do povo.

Então qual é o problema das universidades em Macau? Há

“Se a UM quer ser uma universidade internacional, não pode proibir as críticas, porque até as universidades do continente não têm medo das críticas do povo”

Outro caso semelhante aconte-ceu com Teresa Vong, docente da UM. Como avalia essa situação?Sei que até ontem (terça-feira) o seu contrato não tinha sido re-novado. Penso que os textos que ela publica nos jornais são muito objectivos, e se mesmo assim existem problemas, é sinal de que existe um terror branco (modo como os chineses denominam a intimidação) nas universidades. Normalmente a universidade diz em Março se vai ou não renovar o contrato com os professores, mas como muitos não foram avisados, já é uma forma de intimidação. Parece que, se um professor ti-ver bom comportamento, vai ter contrato, se não, vai perdê-lo. De facto Bill Chou é bastante suave se compararmos com professores mais radicais de Hong Kong. Ma-cau tem um ambiente muito mau nas universidades.

Há mais professores na lista ne-gra, mas muitos não falam com os jornalistas.Porque muitos têm esperança em manter o cargo, e pensam que, se não disserem nada, ainda podem

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mau nas universidades”

(Reeleição de Chui Sai On) “A situação ficou complicada. Primeiro porque a sua situação de saúde não lhe dá muita escolha. Ter gota não é uma doença leve (...) e a sua experiência política não é suficiente”

a possibilidade de serem inter-nacionais?O facto de serem internacionais não significa que tenhamos de desistir das nossas tradições ou dos talentos locais. Os professores ou reitores são quase todos de fora, não entendem nem precisam de conhecer a cultura de Macau. Por isso, apenas se concentram em pu-blicar os seus artigos na imprensa internacional, em vez de estudar os assuntos ligados a Macau. Uma universidade não pode apenas fazer estudos, que servem para auxiliar o ensino dos alunos, dar-lhes co-nhecimentos para que consigam ter uma carreira e consciência social. Ou seja, os professores devem dar voz à sociedade e precisam de criticar os assuntos sociais. Na Grécia Antiga o papel do ensino superior já era esse. Se um profes-sor de política não pode comentar os assuntos políticos, então quem é que pode? Fazer comparações nas classificações internacionais pelas universidades não pode ser um objectivo, mas ensinar aos alunos a terem consciência social deve ser. O que é triste é que a UM quer ficar igual ao continente, mas continua atrasada. Em alguns aspectos o continente já tem maior abertura do que Taiwan, considerado um lugar de democracia. Macau não só não avançou como está pior.

de expressão e que os jovens são críticos, e que tudo isso é normal. O que ele disse, depois de tudo o que aconteceu, é apenas para dimi-nuir a polémica. Porque ele próprio está preocupado na sua reeleição. Recentemente aconteceram muitas coisas, morreu o panda, o Chefe teve gota, mas o departamento de relações públicas não fez o seu trabalho. Depois da transição, todos os Secretários, e até as direcções,

passaram a ter um departamento de relações públicas, mas o trabalho nunca funciona bem. Por exemplo, no caso do jovem incapacitado, os Serviços de Saúde (SS) não podem enviar uma funcionária para a conferência de imprensa sem reve-larem a sua identidade. O director dos SS, Lei Chin Ion, disse que o departamento de relações públicas é independente da direcção, mas isso não é verdade. Podemos ver que

aqueles que ocupam altos cargos no Governo não têm inteligência política. Quando acontece alguma polémica, o Governo precisa de ver onde falhou, em vez de passar responsabilidades para outro. Por exemplo, o Chefe do Executivo tem de rever a forma de cuidar do panda, em vez de pedir já outro ao Governo Central.

No início a sociedade considerou que Chui Sai On poderia ser re-eleito este ano. Mas com tantos assuntos polémicos, bem como a manifestação contra o regime de garantias, ainda há possibilidade para Chui Sai On?A situação ficou complicada. Primeiro porque a sua situação de saúde não lhe dá muita escolha. Ter gota não é uma doença leve, e ter problemas de saúde não é bom enquanto Chefe do Executivo que tem de estar em eventos interna-cionais. Em segundo lugar a sua experiência política de Chui Sai On não é suficiente. Foi nomeado Secretário quando era director de

uma escola, antes não tinha tido nenhuma experiência política e depois de dez anos como Secre-tário, participou nas eleições para Chefe do Executivo e foi o único candidato. Depois não existe uma responsabilização nos altos car-gos do Governo. Os Secretários não têm experiência e capacidade correspondente ao cargo. Nos países desenvolvidos, para todos os cargos são necessários exames.

Como avalia os jovens activistas em Macau? Um dia poderão trazer avanços à sociedade?Estão a trazer um impacto à cultura tradicional das associações. Nos últimos anos conseguiram realizar protestos radicais, têm os seus pon-tos de vista, e conseguiram liderar o público para tirar o lixo depois das manifestações. Isso já mostra qualidade em democracia. É como os japoneses que assistiram ao jogo no Brasil e tiraram o lixo do campo.

Depois da manifestação contra o regime de garantias, o nível de consciência política da sociedade aumentou?Penso que sim, porque depois de verem que alguns deputados votaram a favor na Assembleia Legislativa (AL), os residentes ficaram irritados. Sabemos quem ajuda o povo e quem o represen-ta. O povo de Macau começou a acordar. Alguns deputados falam muito alto em público, criticam o Governo, mas depois não fazem nada. Acho que nas próximas eleições legislativas os residentes não vão votar por 500 patacas, porque sabem que o dinheiro não vale o voto.

“Se um professor de política não pode comentar os assuntos políticos, então quem é que pode?”

Sendo professor universitário, sente que há mais problemas?O sistema administrativo não apoia os professores a fazer estudos. Os contratos são muitas vezes infe-riores a dois anos e o pedido de financiamento para um projecto não pode passar de um ano. Então muitos estudos não são feitos por-que não se consegue ter uma equipa estável. Aos professores que não têm medo de falar, a universidade deveria tratá-los como se fossem um tesouro. Quem dá opinião so-bre o Governo está a ajudar, mas o Governo depois afasta. Isso não faz sentido.

Contudo, e tal como já referiu, o Chefe do Executivo disse que os professores podem ter liberdade

“O povo de Macau começou a acordar (...) Acho que nas próximas eleições legislativas os residentes não vão votar por 500 patacas, porque sabem que o dinheiro não vale o voto”

Os idosos vão conseguir perce-ber isso?Sim. Quando sentirem que o preço da carne de porco está a aumentar, vão entender que os assuntos sociais têm ligação com a política da AL.

Está optimista em relação a uma maior entrada dos jovens nas próximas eleições?Sim, estou optimista de que em 2017 podem ter algum avanço.

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hoje macau quinta-feira 26.6.20144 política

o s alunos da Universidade de são José (UsJ) envia-

ram uma carta à Universi-dade Católica portuguesa, devido à recente situação do despedimento de Eric sautedé. De acordo com a TDM, os alunos queixam--se da injustiça do despe-dimento.

Mas, também Peter stilwell, o reitor da univer-sidade, terá sentido neces-sidade de enviar uma carta aos professores, alunos e funcionários da instituição

Flora [email protected]

o deputado Ho Ion sang ques-tionou o arranque das obras da segunda fase do Metro Li-

geiro na sua mais recente interpelação escrita, bem como os passos a tomar para evitar gastos excessivos além do orçamento. O deputado da Assembleia Legislativa (AL) entregou as questões ao Governo citando as demoras das obras da primeira fase do projecto e ainda o aumento da despesa.

Ho Ion sang recordou o facto do Governo, em 2002, ter levado a cabo estudos sobre o sistema de transporte público. Contudo, passados 12 anos, continuam os problemas sobre as obras, o que faz com que os problemas

do trânsito não possam ser resolvidos a curto prazo, com despesas a acontecer fora do orçamento.

O deputado considera que o Go-verno diz sempre “tentar apertar” a data de conclusão, contudo, defende que há vários aspectos do Metro Ligeiro que ainda não são claros, tais como o modo de operação. Ho Ion sang defende que “a escolha da operação pública ou privada influencia directamente o objectivo da operação e a qualidade do metro”.

O deputado fala ainda da falência da Reolian, afirmando que o Governo deveria aprender com essa experiência, planear o projecto do Metro Ligeiro de forma prudente e publicar as informa-ções de forma pontual, para que toda a sociedade chegue a um consenso.

Ho Ion sang perguntou ainda qual é o progresso da medida “Desenvolver o sistema do Metro Ligeiro como meio de transporte fundamental para a solução dos problemas de mobilidade interna da RAEM, a médio e longo prazo”, apontada como objectivo do Gabinete para as Infra-estruturas de Transportes(GIT). O deputado quer ainda saber quando serão publicadas informações ao nível dos recursos hu-manos e do funcionamento do Metro, bem como o seu modo de operação. Ho Ion sang quer ainda saber o limite máximo do orçamento.

Ontem, Lau si Io, foi questionado na AL sobre o metro e, segundo a Rá-dio Macau, o secretário para as Obras Públicas e Transportes preferiu não dizer qual o orçamento total da obra.

NO dia em que se deu um encontro histórico a nível ministerial entre Pequim e Taipé, as declarações

do reitor da Universidade de são José são um balde água fria nas intenções da China. É que Peter stilwell distinguiu muito claramente as condições políticas entre Portugal, Estados Unidos e Macau. Para ele, para a sua “universidade”, em Macau não existe segundo sistema, não existe liberdade de expressão. Ora isto contraria as afirmações dos líderes chineses sobre a RAEM, a Lei Básica e mesmo na Declaração Conjunta. Nas entrelinhas do discurso de stilwell pode-se claramente ler um insulto à República Popular da China. Na verdade, o sacerdote mais não faz que dizer que, apesar das leis assinadas, dos tratados, etc., Pequim não respeita o segundo sistema em Macau. Em Taiwan com certeza que lhe vão dar atenção. Para os homens de Taipé, que leiam as suas declarações, eis uma prova de que a China é mentirosa. Para os homens de Taipé, para os de Hong Kong e para o mundo. De facto, quando o reitor de uma universidade local afirma que, de algum modo, se viu obrigado a expulsar um professor porque fazia comentários políticos, está a emitir um grito de alerta para Taiwan, avisando que a China mente e que em Macau a liberdade de expressão e de acesso à informação não são uma realidade. “Não confiem neles”, lê-se subterraneamente no seu discurso. “Estes comunistas são uns mentirosos”. Eis a óbvia conclusão de quem segue à distância todo este lamentável processo, a acreditar nas falácias do sacerdote.Tratando-se de um português, de um estrangeiro, convidado para aqui estar, esta postura é inadmissível. Tratando-se uma pessoa que aqui desembarcou há muito pouco tempo, estas declarações são insultuosas e mal-educadas. Para além de nada disto ser verdade. O padre não percebeu onde está, o que aqui fazemos, quais são os limites e como em Macau a questão da liberdade de expressão nunca se pôs desde a transferência de soberania, como nós estamos fartos de afirmar.Pequim deve lamentar por aqui andar gente desta qualidade, que podemos comparar ao Cardeal Tournon, o grande responsável pela má situação dos jesuítas na China durante o século XVII. É que o idiota do enviado do Papa conseguiu enfurecer o imperador Kangxi com a sua arrogância. E tal levou a uma tremenda queda de prestígio dos católicos no País do Meio. Mutatis mutandis, stilwell está a fazer mais ou menos a mesma coisa. As suas atitudes e palavras implicam que não tem confiança no segundo sistema (ou seja nas promessas de Pequim) ou, se calhar, nunca ouviu falar nisso e julga que está em Chonqing ou Ningbo, onde vigora o primeiro sistema. Isto é grave. Era preciso cair aqui um português de pára-quedas para estragar o trabalho que andamos a fazer há décadas. Um trabalho que implica a confiança mútua, o diálogo e a amizade entre portugueses e chineses e nunca a desconfiança e o insulto, como ele acaba de fazer ainda que de forma implícita.Não perceber que a China pretende que Macau seja uma terra de liberdade é não perceber o que é hoje a RPC. Desacreditar o segundo sistema é trabalho normalmente nas mãos de outras forças, não da Igreja, que aqui tem usufruído de todas as benesses possíveis e algumas até impossíveis. Isto é, em duas três declarações, stilwell estragou um trabalho de séculos que a sua congregação aqui andou a desenvolver.E, para além da Igreja, deixa envergonhado todo um grupo de pessoas. É preciso dizer bem alto que a comunidade portuguesa nada tem a ver com estes insultos e que acreditamos na palavra da China. Até hoje nunca fomos condicionados, dentro da legalidade implícita ao segundo sistema. É por isso que aqui estamos. É por isso que aqui publicamos um jornal. Ao padre, que ainda não percebeu nada disto, resta a porta de saída.

edi tor ia lCarlos Morais José

Stilwell insulta a China

USJ Cartas entregues. alunos Com sautedé, stilwell responde

As explicações do Sr. Reitor

“Se questões financeiras estiveram presentes no processo? Não vou negar que essa preocupação existiu”PeteR Stilwell

MetRo ligeiRo Ho ion SAng PReocUPAdo coM SegUndA fASe

Mais atrasos e fora do orçamento?

As cartas estão na mesa, ou melhor, na Católica. se por um lado os alunos enviaram uma missiva de apoio ao professor despedido, o reitor explica que a China é diferente da Europa e dos EUA

explicando a demissão do professor de Ciência Polí-tica. Na carta, citada tam-bém pela TDM, stillwell explica-se, dizendo que é tudo uma “questão de perspectiva” na questão sobre o despedimento. Recorde-se que Eric sau-

tedé foi despedido por dar opiniões políticas e sociais sobre Macau aos meios de comunicação social.

“O que é normal e ins-titucionalmente irrelevante na Europa e EUA, não o é necessariamente na China”, frisa a carta, citada pela

TDM. “Se questões finan-ceiras estiveram presentes no processo? Não vou ne-gar que essa preocupação existiu, real ou imaginada. Mas, o ponto fundamental em que me concentrei foi [a posição da Universidade Católica em Macau].

“A responsabilidade da decisão é minha e não há qualquer culpa atribuída a Eric, a não ser o facto de ele se manter fiel às suas convicções. Tomei a situa-ção correcta nesta situação difícil? Ou tomei a decisão errada e prejudiquei a vida de uma pessoa neste pro-cesso? Talvez nunca venha a saber, mas é algo que faz parte deste trabalho”, cita a televisão.

Uma das duas petições que circula em apoio a sautedé foi escrita por um professor católico. Uma outra, feita por alunos para a reitora da Católica, Maria da Glória Garcia, mani-festa preocupação com a “despromoção da profes-sora Emily Tang, como directora da Faculdade de Administração.

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5 políticahoje macau quinta-feira 26.6.2014

A Lei foi revista em 2007, mas não o Regulamento do Trânsito Rodoviário. É do que se queixa a deputada, que questiona o governo sobre o combate aos problemas provocados pelos veículos automóveis

leonor sá [email protected]

a deputada da Assembleia Legislativa, Kwan Tsui Hang, volta a insistir na revisão premente

do Regulamento do Trânsito Ro-doviário, referente às alterações – interiores e exteriores – nos automóveis. A Lei do Trânsito Rodoviário foi revista em 2007 mas contudo, Kwan lamenta que o mesmo não tenha acontecido com o regulamento, frisando o proble-ma do encadeamento dos peões e outros veículos por carros munidos de lâmpadas de descarga de gás e o

Novo Macau CEO de bomba de gasolina é prima da esposa de Chuisou Ka Hou, activista e membro da macau Consciência, disse ontem numa conferência de imprensa que a nova bomba de gasolina da taipa pertence a uma prima da esposa de Chui sai on, Chefe do executivo. o Hm não conseguiu confirmar esta informação, mas sou Ka Hou garante que, de acordo com a publicação macau Concelears, da novo macau, a directora-executiva da Caltex é da família da mulher de Chui, ambas sobrinhas de Henry Fok, uma personalidade de Hong Kong. sou Ka Hou realizou ontem mais uma manifestação contra a construção da bomba de gasolina. a novo macau recolheu cerca de três mil assinaturas de residentes do local contra as obras, que têm vindo a levantar polémica. o novo posto vai ficar na avenida almirante marques esparteiro, em frente à zona do lançamento de panchões.

Obras públicas Deputada pede revisão de critérios de concessãoFoi um pedido feito recentemente pela Comissão de Finanças públicas da assembleia legislativa (al) e ontem foi song pek Kei quem voltou a tocar no assunto. em interpelação escrita, a deputada critica o facto de as obras públicas terem sempre problemas de atraso e excessos de gastos. dando como exemplo as recentes derrapagens e atrasos no pac on, nos novos aterros e na construção da habitação pública, a deputada critica “a ineficácia do sistema de supervisão legislativa” e pede uma revisão da concessão. “necessitam de rever os critérios de concessão, estipulando rigorosamente as condições de concessões, da supervisão e do sistema de punição”, frisa song pek Kei.

tRânSito RodoviáRio Kwan tsui Hang insiste em revisão de regulamento

Ruído e muitas luzes

“Relativamente ao combate aos graves problemas do ruído produzido pelos veículos automóveis, o Governo deve introduzir critérios mais exigentes. Vai fazê-lo?”KwAn tSUi HAng

do ruído “perturbador” produzido por vários automóveis. Em inter-pelação, questionou o Governo sobre a morosidade da revisão do documento, acção alegadamente iniciada há quatro anos, altura em que Kwan apresentou uma outra interpelação sobre o tema.

“Qual é o ponto de situação dos trabalhos de revisão do Regulamen-to do Trânsito Rodoviário?”, ques-tionou a deputada, considerando ainda que a definição de critérios qualificáveis é necessário e urgente.

Na interpelação, Kwan sugere ainda a aplicação de sanções para

os automobilistas que substituam os faróis originais dos seus carros por outras que prejudiquem os restantes utentes da via pública. “Relativamente ao combate aos graves problemas do ruído per-turbador produzido pelos veículos

automóveis, registados nestes últimos anos, o Governo deve introduzir critérios mais exigentes. Vai fazê-lo?”, questionou.

A deputada refere um outro problema referente às luzes dos automóveis. É que não só podem

encandear os restantes transeuntes, como em alguns casos impossi-bilitam uma leitura correcta da matrícula e, por isso mesmo, a eventual aplicação de medidas sancionatórias pelas autoridades vigentes.

Já anteriormente Kwan tinha mostrado interesse na revisão deste documento, criado em 1993, ao mesmo tempo da Lei de Trânsito Rodoviário. Também não é a pri-meira vez que um membro da AL se pronuncia em favor da revisão do documento, em vigor há já mais de 20 anos. Em Novembro de 2011, Paul Chan Wai Chi so-licitou, igualmente, a revisão do diploma, ainda que por razões diferentes. O deputado defendia um maior reforço dos mecanismos de segurança dos veículos e das infra-estruturas da via rodoviária, que justificou com a existência de lacunas regulamentares nos siste-mas de auto-controlo de velocida-de, por exemplo. A interpelação de Paul Chan Wai Chi surgiu depois da ocorrência de várias acidentes de viação que geraram bastante polémica.

o secretário para a Economia e Finan-ças, Francis Tam,

afirmou ontem que a Auto-ridade Monetária e Cambial de Macau (AMCM) tem soli-citado ao sector de comércio e serviços para fiscalizar o uso dos terminais de paga-mento automático (TPA), especialmente nas áreas dos estabelecimentos de jogo e onde existem operações com elevado movimento de capitais.

O jardim Vasco da Gama e a praça do Tap seac vão ser palco de novos

protestos a favor do sufrágio universal, agendados para este domingo, no mesmo dia em que decorrem os membros para a comissão eleitoral que elege o Chefe do Executivo.

A manifestação será organizada pela Associação Novo Macau (ANM) e acon-tece ao final da tarde, depois da realização

de encontros e debates durante a manhã. O debate terá como oradores Jason Chao, presidente da ANM, Ng Kuok Cheong e Au Kam san, ambos deputados da Assembleia Legislativa (AL), sulu sou, representante da Juventude Dinâmica de Macau, e ainda Bill Chou, académico recentemente suspenso da Universidade de Macau (UM).

“Apesar das autoridades fazerem es-

forços para promover a eleição, a maioria dos cidadãos não têm a possibilidade de participar no processo de eleição do Chefe do Executivo. O protesto representa um aviso claro para aqueles que participam nas eleições não universais e a Novo Macau espera que os cidadãos possam participar nesta causa a favor de um sistema político democrático”, pode ler-se no comunicado enviado pela Novo Macau.

MáqUinAS PoS não vão SeR PRoibidAS

Fiscalização musculada

Novo Macau Mais um protesto no domingo

O mesmo responsável adiantou que, a partir do pró-ximo mês de Julho, as joalharias e relojoarias “não podem au-mentar o número de máquinas de sistema de pagamento TPA”, algo que contraria as recentes notícias de uma proibição total. “[Tam] garantiu que as autoridades vão proceder a uma inspecção total, não excluindo a hipótese de, em tempo opor-tuno, reduzir as operações de TPA nestas lojas em casinos”, frisa o comunicado.

As notícias recentes da-vam conta que o Executivo iria proibir a utilização total destas máquinas, mas Francis Tam esclareceu que a AMCM nunca pediu a suspensão de funcionamento, tendo apenas solicitado aos bancos para reforçarem a fiscalização das operações com grande fluxo em moeda e dos terminais de pagamento automático, bem como uma gestão rigorosa.

Francis Tam garantiu que, em caso de se detectarem ope-

rações duvidosas, tanto o sec-tor bancário como o financeiro têm a obrigação de comunicar aos serviços competentes da AMCM.

O mesmo responsável reiterou que as operações financeiras podem continuar, desde que respeitem a legisla-ção em vigor, mas o Governo tem a obrigação de reforçar a fiscalização das consideradas de alto risco. “Macau é uma região com responsabilidades internacionais, por isso o Governo tem a obrigação de fiscalizar e combater os riscos de branqueamento de capitais e actividades económicas, cuja possibilidade de financiamento ilegal é de risco elevado.”

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hoje macau quinta-feira 26.6.20146 sociedade

Água Facturas já podem ser consultadas e pagas por email

A Sociedade de Abastecimento de Água de Macau (SAAM), juntamente com a Direcção dos Servi-

ços de Correios (DSC) anunciaram ontem a entrada em funcionamento de um novo sistema de serviço de distribuição das facturas de água por via electrónica. A descrição dos gastos mensais dos cidadãos passarão a chegar via email, podendo ainda ser pagas através do mesmo meio.

O director executivo da SAAM, Félix Fan Xiaojun, afirmou que a medida foi tomada para “responder às exi-gências do público” no que toca à utilização de serviços mais convenientes e seguros. Para aderir, basta que o cidadão se inscreva para receber a sua factura de água por correio electrónico. O acesso às facturas poderá ser efectuado por computador ou através de uma aplicação de telemóvel desenhada para o efeito.

Advogados assinam protocolo com escritório cabo-verdiano

NA passada segunda-feira, a Abreu Advogados e o escritório de advogados de Macau C&C, assi-

naram um protocolo de cooperação e parceria com a sociedade de Cabo Verde, Arnaldo Silva & Associados, detida por Arnaldo Silva, ex-Bastonário da Ordem dos Advogados do país africano. O objectivo desta parceria tripartida é apoiar os clientes das Sociedades em Portugal, China e Cabo Verde, igualmente pro-movendo a possibilidade de uma participação mais activa no desenvolvimento destes países.

A assinatura contou com a presença de Arnaldo Silva, Miguel Castro Pereira e Francisco Patrício, da Abreu Advogados, e Rui Cunha e Álvaro Rodrigues, da C&C Advogados. Será, ainda, celebrado um acordo de cooperação entre o Instituto de Conhecimento da Abreu Advogados e a Fundação Direito e Justiça de Cabo Verde, assim maximizando o intercâmbio de competências e sinergias entre as duas instituições. Também a Fundação Rui Cunha vai assinar um protocolo com a fundação cabo-verdiana, como forma de proliferar a tomada de conhecimento na área jurídica.

Leonor Sá [email protected]

a Direcção dos Ser-viços de Educa-ção e Juventude (DSEJ) vai mes-

mo apostar numa maior prá-tica desportiva nas escolas e associações de jovens, bem como na ajuda aos “jovens vulneráveis”. De acordo com a directora do Centro de Apoio Psico-Pedagógico e Ensino Especial da DSEJ, Chow Pui Leng, contam-se cerca de 1300 crianças e jovens em situação vulne-rável, ou seja, que tenham experienciado situações de risco, como tentativas de suicídio, toxicodependência ou outros crimes. De acordo com a responsável que lidera o centro de apoio a estes jovens, em Janeiro de 2005 foi criado um acordo com as autoridades locais que possibilita que parte dos jovens com cadastro possam voltar à escola para comple-tar os anos de escolaridade obrigatória. Para estes casos, o acompanhamento será dado dentro e fora da insti-tuição de ensino, através de “workshops ou palestras que os ajudem a integrar na nova vida”, junto dos colegas.

Ensino 100 a 200 horas de actividades extra-curriculares

Da rua para a escola

Só no ano lectivo de 2012-2013 foram 190 os jovens assistidos pelo programa da polícia local.

De acordo com Chow, “cento e tal alunos não com-pletaram o ensino escolar obrigatório”. São 15 anos que os jovens de Macau terão que despender na es-cola e, agora, durante mais tempo por cada período lectivo.

No que toca às activida-des extracurriculares, cuja frequência será igualmente obrigatória, 237,5 horas anuais – que dá pouco mais de uma hora por dia - é o que se exige para os alunos do ensino primário, enquanto os do ensino secundário ge-ral e complementar vão ser obrigados a despender 120 e 104 horas, respectivamente. Os alunos poderão optar pela inscrição em ocupações artísticas, culturais, despor-tivas, entre outras. “Cada criança precisa de ter um desenvolvimento integral,

a todos os níveis”, disse Wong Kin Mou, Chefe de Departamento de Estudos e Recursos Educativos da DSEJ.

Desporto, para que te quero?“O estado físico das crianças está com tendência para piorar”, disse Wong, para justificar a necessidade pre-mente de alargar a quantida-de de tempo obrigatório para actividades desportivas. Já foram várias as escolas que se queixaram de falta de es-paço e infra-estruturas para a realização deste género de actividades, pelo que se questionam de que forma será possível incluírem o desporto no seu currículo obrigatório. Em resposta, Wong afirmou que as ac-tividades não exigem um local próprio para o efeito. “O conceito não abarca só os exercícios a que estamos habituados. Neste caso, são exercícios que impliquem não estar sentado. As acti-vidades físicas podem ser indicadas por professores de outras disciplinas e feitas dentro das salas de aulas ou nos corredores, por exem-plo”, explicou o Chefe de Departamento.

Para ajudar as escolas na implementação da nova medida, a DSEJ assegurou que vai financiar eventuais remodelações ou ampliações de que as instituições de ensino precisem, bem como na realização de acções de formação para docentes. As ajudas governamentais de-verão provir do Fundo para o Desenvolvimento Educativo, através do qual está pensada a criação de um centro desenha-do para a prática desportiva durante a época de chuvas, por exemplo.

Para já, são 21 as es-colas que têm recintos polivalentes de realização de actividades desportivas, contando-se ainda com alguns centros da DSEJ igualmente preparados para o efeito. Os moldes sob os quais o desporto vai ser incluído nas escolas está ainda por decidir, mas o certo é que a DSEJ já conta com várias ideias, opiniões e sugestões, seja por parte da população ou da direcção das próprias escolas.

Após imposição da obri-gatoriedade, o Governo de-verá auscultar as instituições para saber como decorrem os trabalhos de implementação da actividades físicas.

1300 crianças e jovens

em situação vulnerável

As crianças e jovens terão muito por onde escolher no programa extra-curricular que contempla, entre outras, actividades artísticas, culturais ou desportivas. Os jovens em situação de risco também não estão esquecidos

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hoje macau quinta-feira 26.6.2014 7 sociedade

E m 2013 estavam re-gistados 636 toxico-dependentes no Sis-tema de Registo Cen-

tral dos Toxicodependentes de macau, um aumento de 52 pessoas face a 2012. Os números são avançados pela Comissão de Luta Contra a Droga e mostram ainda que a maioria opta pelo consumo de heroína e ketamina.

CeCília l [email protected]

a Nova Era, empresa de autocarros que substitui a falida Reolian, ficou com

90% dos funcionários que traba-lhavam na antiga sociedade. De acordo com o que foi anunciado pela Nova Era, já foram assinados os contratos.

A empresa, que começa a operar oficialmente no dia 1 de Julho, assegurou ontem que, até ao dia 24 deste mês, 349 condutores e 24 chefes de estação assinaram contratos de trabalho, um total que representa mais de 90% de todos os con-dutores e dos chefes de estação que trabalhavam na Reolian, a tempo inteiro.

“Agora, os funcionários são suficientes para a operação da empresa”, afirmou ontem Wong Wan, director dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT).

Segundo o administrador--delegado da Nova Era, Fong Lap Kuan, a primeira fase dos trabalhos da empresa servirão para resolver os problemas dos recursos humanos. Há mais de vinte condutores que não se mantiveram na companhia por “motivos pessoais” ou por terem atingido a “idade de aposenta-ção”. Este número ocupa um terço dos motoristas da Reolian.

“Estamos a fazer recruta-mento para mais trabalhadores,

IPm forma professores de português

ENTRE o próximo dia 30 de Junho e 11 de Julho, o Centro

Pedagógico e Científico da Língua Portuguesa (CPCLP) do Instituto Politécnico de macau (IPm) vai realizar a acção de formação “Ve-rão em português no IPm 2014” destinada a professores de portu-guês de universidades chinesas. Serão duas semanas de 60 horas de aulas intensivas sobre língua e cultura lusas e incluem duas sessões de cinema e um roteiro cultural por macau. Deverá servir para que os inscritos aprofundem os seus conhecimentos nas áreas da comunicação, literatura, língua e cultura. Vai contar com a parti-cipação de 24 docentes de 20 uni-versidades da China continental e está pensada para acontecer todos os anos, durante o mês de Julho. A formação será leccionada pelos professores do CPCLP, Carlos André, Rosa Bizarro e Isabel Poço Lopes e aos quais se junta Lúcia Vaz Pedro, de Portugal.

Também a Escola Superior de Línguas e Tradução vai or-ganizar outra acção intitulada “Interpretação de Conferência – Interpretação Consecutiva”, destinada a mais de 12 profes-sores do continente e que terá formadores da União Europeia.

Droga Número de toxicodepeNdeNtes a subir

Irmã heroína

inferiores a 21 anos, o que representa um decréscimo de 11 jovens em relação a 2012.

“A maior parte deles con-sumiu metanfetamina/gelo (69,2%), seguindo-se a ke-tamina (47,7%)”, revela o comunicado, acrescentando

que a metanfetamina/gelo “revelou-se mais popular do que a ketamina e tornou-se, pela primeira vez, a droga mais consumida pelos jovens”.

No que respeita aos locais de consumo, a maior parte consome as drogas em

lugares privados, como a própria casa, a casa de ami-gos ou em quartos de hotel.’

Mais psicosDe acordo com o Relatório mundial sobre a Droga das Nações Unidas para 2013,

que ontem foi publicado, a situação do consumo de dro-ga a nível global manteve-se “estável”.

Contudo, já uma nova substância que tem vindo a ser consumida com alguma força. “Ao longo da última década aumentou de forma significativa o consumo abusivo de novas substân-cias psico-activas (NPS), o que constitui uma ameaça gravíssima à saúde da po-pulação mundial”, frisa a Comissão.

As NPS, explica o re-latório, não se referem necessariamente a novas drogas inventadas, mas a substâncias não regula-mentadas que pretendem imitar os efeitos das drogas controladas. O número de NPS reportadas aumentou de 166 em finais de 2009 para 251 em meados de 2012, um montante que excede o número total de substâncias sujeitas a con-trolo internacional.

Os canabinóides sintéti-cos, as catinonas sintéticas, as fenetilaminas, piperazi-nas e ketaminas são os tipos mais comuns destas drogas.

“A ONU já está a efectuar estudos sobre as medidas a tomar, através da recolha, actualização e disseminação de informação científica, epidemiológica, forense e toxicológica sobre estas substâncias. O objectivo é criar um sistema de alerta an-tecipado para que as regiões e estados membros possam obter informação importante em tempo útil”, remata o relatório. - J.F.

“Ao longo da última década aumentou de forma significativa o consumo abusivo de novas substâncias psicoactivas (NPS)” relatórIo MunDIal sobre a Droga Das nações unIDas para 2013

166 novas substâncias

psico-activas (NPS)

em2009

251em meados de 2012

autocarros nova era fIca coM 90% Do pessoal Da reolIan

Atracção salarial é a solução

Estas duas foram as drogas mais utilizadas pelos toxicodependentes regista-dos. Cerca de 37,1% con-sumiram heroína e 35,7% optaram pela ketamina.

Entre estes toxicode-pendentes, 65 têm idades

designadamente condutores. Ao mesmo tempo, o trabalho pri-mordial é resolver os problemas de autocarros que passam a pa-ragem mas não param, a atitude dos condutores e as frequências de autocarros”, garantiu o admi-nistrador.

As medidas para atrair mais condutores, revela a Nova Era, passam por aumentar os salários em cerca de 5% e tentar oferecer “salários mais atraentes” para os novos.

No ano passado, a Reolian liderou a tabela das queixas. A empresa, que declarou falência em Outubro do ano passado e

desde então foi gerida pelo Go-verno, esteve envolvida em 979 processos.

O financiamento do Governo à nova operadora está fixado em 17 milhões de patacas mensais e o contrato tem a duração de três anos. A nova empresa – detida pela TCm e pela Nam Kwong - vai manter a cor verde, mudando apenas o logótipo.

As dívidas da Reolian ainda correm em tribunal.

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o al

cânt

ara

Na notícia de ontem, sobre

Eric Sautedé, onde se lê que

foi avançado pelo jornal ponto

Final que o professor “foi

despedido sem justa causa”,

deverá ler-se que foi a TDM

quem disse isso. Aos leitores

e aos lesados, as nossas

desculpas.

o hm errou

8 sociedade hoje macau quinta-feira 26.6.2014

Os relatório de contas de 2013 revela “resultados excelentes” que se devem, em parte, ao aumento do volume de negócios

A decisão só será conhe-cida a 14 de Julho, mas será a EDP a escolher o novo nome que irá

ocupar a posição de presidente da Comissão Executiva da Compa-nhia de Electricidade de Macau (CEM). A notícia foi avançada pela Rádio Macau, que garantiu ainda que os novos membros da mesa da assembleia-geral, do Conselho de Administração e da comissão executiva serão conhecidos daqui a um mês.

A CEM é composta por dois grupos, sendo que cada um pos-sui 42% das acções. A EDP faz parceria accionista com a Nam Kwong, que recentemente com-prou 90% do grupo Sino-French Energy Development. Os restantes 10% são de Stanley Ho. Segundo a Rádio Macau, a EDP e a Nam

CEM EDP EscolhE novo PrEsiDEntE Da comissão ExEcutiva

No reino do optimismo

Kwong já terão chegado a acordo sobre a eleição dos novos corpos sociais da empresa, cujo mandato terminou em 2010.

O relatório de contas da CEM

referente a 2013 foi publicado ontem em Boletim Oficial (BO) e revela um aumento de 5,8% nos resultados líquidos em com-paração a 2012, num total de 581

milhões de patacas. O relatório, auditado pela Pricewaterhouse Coopers, explica que esse “re-sultado excelente” se deveu “ao aumento no volume de negócios, ao investimento sustentável em activos prioritários, no efeito da reavaliação dos activos realizada no ano transacto e na importante contribuição dos activos não con-cessionários”.

O mesmo relatório releva ainda a CEM investiu mais de 853 milhões de patacas no ano passado, o que foi 47% superior aos resultados líquidos da empre-sa. Cerca de 77% desse montante foi investido em infra-estruturas de transporte e distribuição, tal como o inicio da construção das subestações do Metro Ligeiro no Cotai e Taipa, a nova subestação

na Ilha Verde e a adjudicação, a 100%, do projecto do novo campus da Universidade de Macau (UM) na Ilha da Montanha.

Quanto ao consumo de energia registou um aumento de 1,5%, sendo que a base de clientes au-mentou 4,2%.

“Ao mesmo tempo que o nível de consumo atingiu um novo recor-de, a nossa notável fiabilidade de fornecimento de energia eléctrica de 99,9996% permaneceu ao nível dos melhores desempenhos do mundo”, pode ler-se no relatório, que destaca ainda o facto da CEM ter capacidade para “responder ao contínuo aumento da procura de energia eléctrica em Macau”. - A.S.S.

581milhões de patacas, resultados

líquidos em 2013

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9chinAhoje macau quinta-feira 26.6.2014

A CTIVISTAS afir-maram ontem esperar que mais de meio milhão

de pessoas saiam para as ruas de Hong Kong participando no protesto que se realiza anualmente a 1 de Julho.

As previsões, que apon-tam assim para a maior manifestação da antiga co-lónia britânica em mais de uma década, surgem numa altura em que decorre um referendo não oficial sobre a reforma eleitoral, orga-nizada por um movimento pró-democracia de Hong Kong, em que já votaram mais de 740 mil residentes.

A China enviou pela pri-meira vez um funcio-

nário de nível ministerial a Taiwan, numa viagem de quatro dias. O objectivo é reconstruir os laços com a ilha, governada com au-tonomia mas que Pequim assegura pertencer ao seu território. Zhang Zhijun, ministro chinês do Depar-tamento de Assuntos de Taiwan, desembarcou on-tem no principal aeroporto

da ilha. O responsável vai conversar em privado com o representante de Taiwan sobre o corte de tarifas de importação e sobre a cria-ção de escritórios consula-res para ajudar investidores e turistas.

China e Taiwan têm sido governados separa-damente desde a guerra civil chinesa, nos anos 1940, mas Pequim acre-dita que o território pre-

cisa de ser eventualmente reunificado. Em 2008, Pe-quim deixou as ameaças militares de lado e assinou acordos para fortalecer os laços económicos com o governo de Taiwan. Po-rém, em Março deste ano, centenas de manifestantes ocuparam o Parlamento de Taipei para impedir a ratificação de um pacto de liberalização comercial com a China.

O Centro de Pesquisas da Academia das Ciências

Militares da China divulgou um relatório dedicado a ame-aças à segurança nacional relacionadas com a actividade de outros países no espaço. A notícia é avançada pelo jornal South China Morning Post que refere que, entre outras coisas, o documento menciona a intensificação dos trabalhos relacionados com a criação de armas espa-

ciais, aviões aeroespaciais e outros tipos de equipamentos semelhantes.

Antigamente, apenas os EUA e a URSS dispunham de armas anti-satélite. Hoje, a China já possui equipamento capaz de eliminar satélites a baixa altitude. O primeiro teste foi realizado em 2007 e, segundo os Estados Unidos, a China aprendeu ainda a des-truir satélites em órbitas ele-vadas. Deste modo, Pequim

poderá eliminar satélites que integram os sistemas de posi-cionamento globais (GPS). A destruição destes sistemas é capaz de inviabilizar a utiliza-ção de certos tipos de armas.

A China tem-se tornado um alvo de atenção dos serviços de reconhecimento espacial dos EUA. Mas se antes, a supre-macia norte-americana parecia evidente e incontestável, hoje a China começa a desafiar numa série de sectores.

HoNg KoNg EsPEraDo mais DE mEio milhão nas ruas a 1 DE Julho

Polícia a postos

unidades de elite da polícia participaram ontem num exercício na escola da Polícia em preparação para possíveis distúrbios criados pelo movimento civil occupy Central

As águas continuam agitadas no território vizinho. Dois dias depois do encerramento das ‘urnas’ do referendo civil não oficial, que ainda decorre, vai ter lugar a manifestação de 1 de Julho que, segundo os activistas, será a maior em mais de uma década

pecialmente activistas do movimento.

A manifestação vai de-correr dois dias depois do encerramento das ‘urnas’ do referendo civil não oficial, organizado pelo movimento pró-democracia “Occupy Central”, cuja votação arran-cou na sexta-feira e se prolon-ga até ao próximo domingo.

O referendo, que Pequim considera ilegal, convida os residentes de Hong Kong com mais de 18 anos – mas não necessariamente elei-tores – a escolherem um de três métodos de eleição do próximo chefe do executivo da RAEHK, a ter lugar no ano de 2017.

A implementação do sufrágio universal para a eleição do Chefe do Exe-cutivo, em 2017, e para o Conselho Legislativo, em 2020, figura como o grande “cavalo de batalha” da ala pró-democrata da antiga colónia britânica.

O chefe do Governo de Hong Kong é escolhido por um colégio eleitoral formado por 1200 membros, representativos dos vários sectores da sociedade, domi-nado por elites pró-Pequim.

A China prometeu su-frágio directo nas próximas eleições para o Chefe do Executivo em 2017, mas condicionadas a uma tria-gem, ou seja, a população poderá escolher o seu re-presentante máximo mas apenas entre o universo de candidatos escolhidos numa pré-selecção por um comité.

Muitos democratas em Hong Kong temem que Pe-quim escolha os candidatos a fim de assegurar a eleição de alguém que seja do seu agrado.

Uma marcha sai para as ruas anualmente na antiga colónia britânica a 1 de Julho, data da transferência de soberania de Hong Kong para a China.

segurança de Hong Kong participaram em exercícios de controlo de multidões numa aparente preparação para o protesto, com alguns

efectivos a ‘vestirem a pele’ de manifestantes, segundo um fotógrafo da agência noticiosa francesa AFP.

Unidades de elite da

polícia participaram ontem num exercício na Escola da Polícia em preparação para possíveis distúrbios cria-dos pelo movimento civil

Occupy Central, que tem acontecido em Hong Kong nas últimas semanas.

De acordo com o jornal South China Morning Post, que cita fontes policiais, se for necessário, um universo de 4000 efectivos pode ser destacado para manter a or-dem na próxima terça-feira.

4000polícias podem ser

destacados

“Esperamos que o nú-mero de participantes da marcha possa realmente ultrapassar o de 2003”, afir-mou Johnson Yeung, líder da Frente Civil de Direitos Humanos, que organiza a manifestação anual, em declarações à AFP.

“Os residentes de Hong Kong começaram a pensar no seu futuro e temem que possa ser oprimido pelo Governo central”, realçou.

A manifestação anual de 1 de Julho tem normalmente vários motes, mas os apelos à reforma democrática estão quase sempre presentes.

A massiva marcha de 2003 a que se referia o acti-vista levou meio milhão de pessoas às ruas num protesto contra a proposta de lei re-lativa à defesa da segurança do Estado, a qual acabaria por cair.

políciA prEpArA-SEOntem, pelo menos 40 elementos das forças de

Ainda não se sabe se o movimento Occupy Cen-tral vai realmente avançar, mas a polícia receia que alguns manifestantes re-cusem abandonar a área de Central após a marcha e causem distúrbios, es-

Taiwan Representante ministerial a caminho Aposta contínua em armas espaciais

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10 publicidade hoje macau quinta-feira 26.6.2014

www. iacm.gov.mo

Considerando que não se revela possível notificar os interessados, pessoalmente, por ofício, telefone, ou outra forma, para o efeito do regime procedimental nos respectivos processos administrativos sancionatórios, nos termos do artigo 14º do Decreto-Lei nº 52/99/M, de 4 de Outubro, do artigo 68º e do nº 1 do artigo 72º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei nº 57/99/M, de 11 de Outubro, o signatário notifica, pela presente, nos termos do nº 2 do artigo 72º do Código do Procedimento Administrativo e no uso das competências conferidas pelo Conselho de Administração do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais e constantes da Proposta de Deliberação nº 01/PDCA/2009, de 23 de Dezembro, publicada na Série II do Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau nº 6, de 10 de Fevereiro de 2010 e pelo Despacho do Chefe do Executivo nº 83/2014, publicado na Série II do Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau nº 19, de 7 de Maio de 2014, os infractores, constantes das tabelas desta notificação, do conteúdo das respectivas decisões sancionatórias:

Nos termos do nº 4 do artigo 36º, nº 1 do artigo 37º, artigos 38º e 39º do Regulamento Geral dos Espaços Públicos, aprovado pelo Regulamento Administrativo nº 28/2004, o Presidente do Conselho de Administração, ou seus substitutos, exararam despachos nas respectivas informações, tendo em consideração as infracções administrativas comprovadas e a existência de culpa confirmada. Assim:

1. Foram aplicadas aos infractores, constantes das Tabelas I a IV, as multas previstas no nº 2 do artigo 45º do Regulamento Geral dos Espaços Públicos e no artigo 2º do Catálogo das Infracções, no valor de MOP600,00 (cada infracção):

Os factos ilícitos exarados nas acusações, provados testemunhalmente, constituem infracções administrativas ao disposto no nº 1 do artigo 13º do Regulamento Geral dos Espaços Públicos e previstos no nº 7 do artigo 2º do Catálogo das Infracções, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo nº 106/2005, porquanto resultam da prática de actos de “nos espaços públicos, abandonar resíduos sólidos fora dos locais e recipientes especificamente destinados à sua deposição”, tendo sido os infractores notificados do conteúdo das acusações. (cfr.: Tabela I)

Os factos ilícitos exarados nas acusações, provados testemunhalmente, constituem infracções administrativas ao disposto no nº 1 do artigo 4º do Regulamento Geral dos Espaços Públicos e previstos no nº 23 do artigo 2º do Catálogo das Infracções, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo nº 106/2005, porquanto resultam da prática de actos de “Colocar ou abandonar no espaço público quaisquer materiais ou objectos”, tendo sido os infractores notificados do conteúdo das acusações. (cfr.: Tabela II)

O facto ilícito exarado na acusação, provado testemunhalmente, constitui infracção administrativa ao disposto na alínea 1) do nº 1 do artigo 2º do Regulamento Geral dos Espaços Públicos e previsto no nº 13 do artigo 2º do Catálogo das Infracções, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo nº 106/2005, porquanto resulta da prática do acto de “Cuspir ou lançar muco nasal para qualquer superfície do espaço público, de instalações públicas ou de equipamento público”, tendo sido o infractor notificado do conteúdo da acusação. (cfr.: Tabela III)

O facto ilícito exarado na acusação, provado testemunhalmente, constitui infracção administrativa ao disposto no nº 2 do artigo 9º do Regulamento Geral dos Espaços Públicos e previsto no nº 12 do artigo 2º do Catálogo das Infracções, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo nº 106/2005, porquanto resulta da prática do acto de “Não limpar de imediato o espaço público poluído com dejectos de animais de estimação que se está a acompanhar”, tendo sido o infractor notificado do conteúdo da acusação. (cfr.: Tabela IV)

2. Além disso, os infractores podem ainda apresentar reclamação contra os actos sancionatórios ao autor do acto, no prazo de 15 (quinze) dias, a contar da data da publicação da notificação, nos termos dos artigos 145º, 148º e 149º do Código do Procedimento Administrativo, sem prejuízo da aplicação do disposto no artigo 123º do referido código.

Para efeitos do disposto no nº 2 do artigo 150º do mesmo diploma, a reclamação não tem efeito suspensivo sobre o acto.

3. Quanto aos actos sancionatórios, os infractores podem apresentar recurso contencioso no prazo estipulado nos artigos 25º e 26º do Código de Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei nº 110/99/M, de 13 de Dezembro, para o Tribunal Administrativo da Região Administrativa Especial de Macau.

4. Sem prejuízo da aplicação do disposto no artigo 75º do Código do Procedimento Administrativo, para efeitos do disposto nº 4 do artigo 55º do Regulamento Geral dos Espaços Públicos, os infractores deverão efectuar a liquidação de todo o valor das multas aplicadas, dentro do prazo de 30 (trinta) dias, a partir da data da publicação da presente notificação, no Gabinete Jurídico e Notariado do IACM (Núcleo Operativo do IACM para a Execução do Regulamento Geral dos Espaços Públicos), sito na Avenida da Praia Grande, nos 762-804, Edf. China Plaza, 5º andar, Macau, ou através do acesso ao endereço electrónico http://www.iacm.gov.mo/rgep. Caso contrário, o IACM submeterá os processos à Repartição das Execuções Fiscais da Direcção dos Serviços de Finanças para a cobrança coerciva, nos termos do artigo 17º do Decreto-Lei nº 52/99/M e do artigo 29º do Decreto-Lei no 30/99/M.

5. Não é de atender a esta notificação, caso os infractores constantes das tabelas anexas tenham já saldado, aquando da presente publicação, as respectivas multas, resultantes da acusação. Para informações mais pormenorizadas, os interessados poderão ligar para o telefone nº 8295 6868 ou dirigir-se pessoalmente ao referido Núcleo Operativo deste Instituto.

Aos 12 de Junho de 2014.

O Presidente do Conselho de AdministraçãoVong Iao Lek

Notificação no 00004/NOEP/GJN/2014

Tabela I

Nome SexoNº do Bilhete

de Identidade de Residente de Macau

Nº da acusação Data da infracção

Data em que foram exarados os despachos de

aplicação das multas

鍾一鳴CHONG IAT MENG

M 5154***(*) A058774/2014 2014-01-18 2014-03-04

曾靜儀CHANG CHENG I

F 5100***(*) A060466/2013 2013-12-29 2014-03-04

余偉良U WAI LEONG

M 1533***(*) A060757/2013 2013-12-20 2014-03-04

江嘉慧KONG KA WAI

F 1221***(*) 2-000359PE/2013 2013-12-19 2014-03-04

李國華LEI KUOK WA

M 1250***(*) 2-000357PE/2013 2013-12-19 2014-03-04

蔡水噴CHOI SOI PAN

M 7379***(*) A060489/2013 2013-12-18 2014-03-04

LEONG WA MAN M 5153***(*) A060420/2013 2013-12-17 2014-03-04

黎逸升LAI IAT SENG

M 1279***(*) A059873/2013 2013-11-19 2014-01-10

黎逸昇LAI IAT SENG

M 1279***(*) A058484/2013 2013-11-17 2014-01-10

鍾健CHUNG KIN

M 1249***(*) A059320/2013 2013-11-07 2014-01-10

何采妮HO CHOI NEI

F 1242***(*) A057989/2013 2013-10-01 2013-11-15

雷紹文LOI SIO MAN

M 1257***(*) A057753/2013 2013-09-27 2013-11-15

蔡嘉慧CHOI KA WAI

F 1243***(*) A057637/2013 2013-09-21 2013-11-15

李聯光LEI LUN KUONG

M 7409***(*) A058011/2013 2013-09-21 2014-01-06

詹子成CHIM CHI SENG

M 1311***(*) A056992/2013 2013-09-19 2013-11-15

潘軒正PUN HIN CHENG

M 5190***(*) A057577/2013 2013-09-11 2013-11-15

李志成LEI CHI SENG

M 5164***(*) A054059/2013 2013-09-06 2013-11-26

陳用群CHAN IONG KUAN

M 7421***(*) A057524/2013 2013-09-04 2013-12-05

黃曉程WONG HIO CHENG

M 5185***(*) A054624/2013 2013-09-02 2013-11-15

溫志誠WAN CHI SENG

M 1246***(*) 2-000191PE/2013 2013-09-02 2013-11-26

劉家豪LAO KA HOU

M 5118***(*) A054723/2013 2013-09-02 2013-12-05

袁健輝YUEN KIN FAI

M 1294***(*) A054349/2013 2013-08-31 2013-12-05

陳偉明CHAN WAI MENG

M 5176***(*) A054622/2013 2013-08-31 2013-12-05

况紅艷FONG HONG IM

F 1343***(*) 2-000011PH/2013 2013-08-27 2013-11-26

詹國揚DA LUZ CHIM JAIME

M 5157***(*) A054687/2013 2013-08-26 2013-11-26

何子友HO TSZ YAU

M 1223***(*) A053566/2013 2013-08-23 2013-11-15

彭國祥PANG KUOK CHEONG

M 5196***(*) 2-000138PE/2013 2013-08-23 2013-12-05

盧智星LO CHI SING

M 1459***(*) A054670/2013 2013-08-21 2013-10-08

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11regiãohoje macau quinta-feira 26.6.2014

www. iacm.gov.mo

S etenta e quatro es-tudantes sul-coreanos que sobreviveram ao

naufrágio do ‘ferry’, que fez mais de 300 mortos, re-gressaram ontem às aulas, mais de dois meses depois da tragédia.

Os meios de comuni-cação social da Coreia do Sul divulgaram imagens dos adolescentes de 16 e 17 anos a chegarem em auto-carros ao Instituto Danwon, em ansan, nos arredores de Seul, vestidos com o uniforme e acompanhados pelos seus pais.

“temos a forte esperan-

A junta militar no po-der na tailândia in-formou ter libertado

uma activista da oposição que se encontrava detida há quase um mês, revelou ontem a imprensa local.

Kritsuda Khunasen, activista do movimento dos “camisas vermelhas”, partidário do Governo de-posto, detida a 28 de Maio, foi libertada esta terça-feira depois de ter aparecido no Canal 5, propriedade do exército, a dizer que se encontrava em boas condições.

O Conselho nacional para a Paz e Ordem – de-signação oficial da junta – ordenou a detenção da activista por não ter com-parecido diante da nova autoridade do país, após ter sido convocada para o efeito devido à suspeita de envolvimento em crimes

梁平治LEUNG PENG CHI

M 1224***(*) A056827/2013 2013-08-19 2013-10-08

陳根強CHEN KAN KEONG

M 1232***(*) A054696/2013 2013-08-15 2013-10-08

林展橋LAM CHIN KIO

M 1415***(*) A053419/2013 2013-08-10 2013-10-08

鄭民ZHENG MIN

M 1226***(*) A053759/2013 2013-08-07 2013-10-08

梁順嬌LEONG SON KIO

F 1388***(*) A053942/2013 2013-08-07 2013-10-18

呂健民LOI KIN MAN

M 5199***(*) A054612/2013 2013-08-03 2013-11-26

何永生HO WENG SANG

M 5144***(*) 2-000052PG/2013 2013-08-01 2013-11-26

何家政HO KA CHENG

M 5093***(*) 2-000095PE/2013 2013-07-30 2013-11-22

曾權CHANG KUN

M 5194***(*) A054765/2013 2013-07-29 2013-11-26

鄭子安CHIANG CHI ON

M 5138***(*) 2-000090PE/2013 2013-07-27 2013-11-26

呂民峰LOI MAN FONG

M 5132***(*) 2-000089PE/2013 2013-07-27 2013-11-26

關錫文GUAN XI WEN

M 1570***(*) A050421/2013 2013-07-19 2013-11-22

譚偉業TAM WAI YIP

M 1265***(*) A054753/2013 2013-07-18 2013-12-05

黃詠賢WONG WENG IN

F 1228***(*) A054356/2013 2013-07-13 2013-11-22

黃永雄WONG WENG HONG

M 5143***(*) A054351/2013 2013-07-12 2013-12-05

簡俊豪KAN CHON HOU

M 5210***(*) A054156/2013 2013-07-10 2013-12-05

麥凱伶MAK HOI LENG

F 1221***(*) A053891/2013 2013-07-09 2013-11-26

盧程偉LOU CHENG WAI

M 1222***(*) 2-000010PB/2013 2013-07-06 2013-12-05

林穎新LAM WENG SAN

M 1460***(*) A053884/2013 2013-07-06 2013-12-05

蕭凱茵SIO HOI IAN

F 5173***(*) A053964/2013 2013-07-05 2013-11-27

潘家豪PUN Ka hou

M 5115***(*) 2-000004PG/2013 2013-07-04 2013-11-26

SORN PETCH PANEE

F 1241***(*) A053565/2013 2013-08-18 2013-10-08

黃錦耀HUANG JINYAO

M 1391***(*) 2-000110PE/2013 2013-08-06 2013-11-26

陳永健CHAN WENG KIN

M 1264***(*) 2-000050PF/2013 2013-07-29 2013-11-27

Tabela II

陳雪玲CHAN SUT LENG

F 7277***(*) A058501/2013 2013-12-18 2014-03-04

陳雪玲CHAN SUT LENG

F 7277***(*) A052222/2013 2013-09-27 2013-11-22

劉美珍LAO MEI CHAN

F 1320***(*) A057324/2013 2013-08-28 2013-11-26

Tabela III

吳建波NG KIN PO

M 7351***(*) A053404/2013 2013-08-05 2013-12-05

Tabela IV

梁玉好LEONG IOK HOU

F 7333***(*) A054767/2013 2013-07-29 2013-11-26

Coreia do Sul SobreviventeS de naufrágio regreSSam àS aulaS

de volta à vida

Tailândia JunTa miliTar liberTa aCTiviSTa deTida

Um mês depoisinformáticos e de posse ilegal de armas, informa o diário Bangkok Post.

Organizações defenso-ras dos direitos humanos manifestaram anterior-mente a sua preocupação com o caso, uma vez que se desconhecia o paradeiro e as condições em que se encon-trava Kritsuda Khunasen.

Mais de 500 pessoas, incluindo políticos, acti-vistas e jornalistas, foram convocadas e detidas tem-porariamente pela junta militar tailandesa desde o golpe.

a tailândia vive uma grave crise política desde o golpe de estado de 2006 contra o antigo primeiro--ministro thaksin Shina-watra, que vive exilado no Dubai para evitar cumprir a condenação à revelia de dois anos de prisão por corrupção.

thaksin ou aliados ga-nharam todas as eleições na tailândia nos últimos 13 anos, incluindo a vitória eleitoral em 2011 da irmã, Yingluck, destituída em Maio pelo tribunal Cons-titucional.

Desde o fim da monar-quia absoluta em 1932, a tailândia foi palco de 19 tentativas de golpe de estado, das quais 12 con-sumadas com êxito.

ça de recuperar a vida que tínhamos antes do acidente. Por favor, tratem-nos como adolescentes normais”, pe-diu um representante dos estudantes, em declarações citadas pela agência Yonhap.

Os pais dos jovens desejaram, por seu lado, através de um comunicado conjunto, êxito aos seus filhos na hora do regresso às aulas “apesar da ausência de muitos dos seus amigos e professores”.

O ‘ferry’ Sewol, que naufragou a 16 de abril ao largo da costa sudoeste da Coreia do Sul, transpor-

tava 476 pessoas a bordo, incluindo 325 alunos e 14 professores do Instituto Danwon.

apenas 172 pessoas foram resgatadas com vida do ‘ferry’, incluindo 76 estudantes.

a maioria dos sobrevi-ventes tem recebido trata-mento psicológico desde o acidente, considerado uma das maiores tragédias humanas da história da Coreia do Sul.

na terça-feira, foi res-gatado mais um corpo do interior do Sewol, elevando o número de vítimas mor-tais para 293, mas ainda falta encontrar 11 pessoas.

Os estudantes que so-breviveram à tragédia foram chamados a depor como testemunhas, devendo com-parecer em tribunal no final de Julho, no âmbito do julgamento de 15 membros da tripulação do “Sewol”, incluindo o capitão Lee Joon-Seok que, a par de outros três elementos, vai acusado de homicídio por negligência.

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Lusa

mundial12 hoje macau quinta-feira 26.6.2014

jogoPortugal – gana00:00 – Estádio nacional

• Historial J V E D GM Gs oficiais 0 0 0 0 0 0amigáveis 0 0 0 0 0 0total 0 0 0 0 0 0

os DaDos DizEM rEspEito à Equipa posicionaDa EM priMEiro luGar;

E.u.a. – alEManHa00:00 – arena Pernambuco

• Historial J V E D GM Gs oficiais 4 2 0 2 5 3amigáveis 5 1 0 4 10 18total 9 3 0 6 15 21

corEia Do sul – BélGica04:00 – arena corinthians

• Historial J V E D GM Gs oficiais 2 0 1 1 1 3amigáveis 1 0 0 1 1 2total 3 0 1 2 2 5

arGélia – rússia04:00 – arena da Baixada

• Historial J V E D GM Gs oficiais 0 0 0 0 0 0amigáveis 0 0 0 0 0 0total 0 0 0 0 0 0

outros jogos

dados dos jogos

Marco [email protected]

C om meia equipa na enfermaria e uma moral que já conhe-ceu melhores dias,

a selecção portuguesa de futebol procura na próxima madrugada garantir na capital brasileira nada mais nada me-nos do que pequeno milagre. A formação orientada por Paulo Bento terá quase certamente que golear o Gana para garan-tir a passagem aos oitavos de final da competição e esperar que a Alemanha derrote a selecção dos Estados Unidos da América no outro desafio da terceira e última ronda do Grupo G da fase final do Campeonato do mundo.

No relvado da Arena mané Garrincha, o onze das Quinas

Portugal tenta esta noite um milagre frente ao gana

Contas a mais para equipa a menos

Page 13: Hoje Macau 26 JUN 2014 #3118

puB

Lusa

13 mundialhoje macau quinta-feira 26.6.2014

os números

4 o número de vitórias alcançadas pela selecção ganesa de futebol na taça de África das nações. o gana venceu a principal prova continental de futebol em 1963, em 1965, em 1978 e em 1982 mas precisou de aguardar 44 anos para se estrear na fase final de um campeonato do Mundo de Futebol. o colectivo ganês disputou a campanha de apuramento para o Mundial pela primeira vez em 1962, mas só se estreou na fase final há oito anos, na alemanha.

9 o número de golos apontados por Eusébio da silva Ferreira na fase final do campeonato do Mundo de Futebol, em 1966. o “Pantera negra” encerrou a participação na prova com o estatuto de melhor marcador e para tal contribuiu os quatro golos apontados no renhido triundo frente à coreia do norte. pelo meio, Eusébio conduziu portugal à melhor prestação de sempre num Mundial, ao garantir nos relvados ingleses o terceiro lugar na prova, atrás apenas da alemanha e da selecção anfitriã.

ayew «Vou dizer a ronaldo: dois golos chega, está bem?»se em Portugal o discurso reinante é de pessimismo, face à autêntica missão de Hércules que a equipa portuguesa tem pela frente para seguir para os oitavos-de-final do mundial, no gana há também quem não esteja muito confiante. ou melhor, menos confiante que os compatriotas. Kwame ayew, avançado ganês que se notabilizou no Boavista e foi campeão no sporting em 2000, foi ouvido pelo maisfutebol na antecâmara do encontro que pode dar o apuramento a um dos países ou, então, deixar ambos pelo caminho. tio de andré e Jordan ayew, dois dos seleccionados de Kwesi appiah, o antigo avançado diz estar com o coração dividido. «tenho os meus sobrinhos na equipa do gana e metade do meu coração está com eles. a outra metade está com Portugal. o que eu gostava era que passassem os dois», assume. missão impossível, claro está. mas a divisão de ayew é compreensível e o próprio explica-a: «Joguei ano e meio no gana e dez anos em Portugal.» apesar do mau momento de Portugal e mesmo de Cristiano ronaldo, sabe o que diria ao craque se o visse: «Dizia-lhe para ter cuidado. a defesa do gana é fraca, não precisa marcar muitos. Dois chega, está bem?»

Papa veste-se a rigor para apoiar a argentinao Papa francisco foi presenteado com uma camisola da selecção argentina na cerimónia desta quarta-feira, na Praça de são Pedro, no Vaticano, e, sem esconder o entusiasmo, ergueu a peça, exibindo-a todos os fiéis. natural de Buenos aires, Jorge mario Bergolio é o primeiro papa sul-americano e o orgulho da população argentina. também por isso, os adeptos da alviceleste têm usado a sua figura como amuleto no mundial2014: faixas e adeptos mascarados têm sido constantes nos estádios.

Portugal tenta esta noite um milagre frente ao gana

Contas a mais para equipa a menosvai ter pela frente uma selecção do Gana que parece vender saúde e que denota uma habi-tuação quase perfeita às con-dicionantes climatéricas que têm conformado a edição de 2014 do mundial de Futebol. Depois da rotunda goleada encaixada frente à Alemanha e do afortunado empate al-cançado na segunda-feira no frente-a-frente com os Estados Unidos, o colectivo luso está obrigado a golear os africa-nos e esperar que o embate entre os norte-americanos e a mannschaft não se salde por uma inconveniente igualdade.

atEnção DiViDiDaCom os pés em Brasília, mas a atenção dividida entre a capital brasileira e o Recife, antes de colar o ouvido ao transístor para conhecer as incidências da partida entre alemães e norte-americanos, a selecção nacional necessita de ultrapas-sar as suas próprias limitações, de forma a conquistar uma vitória robusta no primeiro confronta que disputa com irreverente selecção do Gana.

A tarefa adivinha-se tudo menos fácil. As lesões de vá-rios titulares são a maior dor de cabeça de Paulo Bento e o embate frente aos Estados Unidos confrontou os res-ponsáveis pela desmoralizada selecção das Quinas com duas novas baixas. André Almeida e Hélder Postiga lesionaram--se no início da semana e dificilmente darão o seu contributo à equipa.

A boa notícia para Paulo Bento é o regresso de Pepe ao eixo da defesa, depois de ter cumprido o jogo de castigo com que foi sancionado após a expulsão no desafio frente à Alemanha. A notícia que o seleccionador nacional mais gostaria de ouvir é, no entanto, outra: a de que Cristiano Ro-naldo está física e psicologica-mente recuperado e disponível para praticar frente ao Gana o futebol vistoso que lhe valeu a distinção com o título de melhor jogador do planeta em 2013. o avançado, que falhou grande parte do estágio de preparação devido a dores musculares na coxa esquerda e a uma inflamação no tendão rotuliano, nunca exorcizou por completo o espectro de uma recuperação incompleta e mal sucedida, tendo protagonizado

duas exibições discretas nas partidas que Portugal disputou até ao momento.

poDEr aFricanoDo lado ganês, a ausência de Sulley muntari é a única con-trariedade com que se depara o grupo de trabalho africano. Ao contrário de Portugal, o Gano tem mostrado nos relvados brasileiros um impressionante poderio físico e uma atitude dentro do terreno de jogo que lhe permite posicionar-se à frente da selecção das Quinas na corrida por um lugar nos oitavos de final da prova. Com uma menor diferença entre go-los marcados e golos sofridos, o onze ganês também vai estar de olho no Alemanha- Estados Unidos, a torcer pelo triunfo de uma ou de outra equipa.

Se é verdade que Portugal tem o dobro das participações do Gana em fases finais – seis de Portugal contra três do Gana – e até já uma vez ao pódio. Os

africanos fizeram muito melhor figura no último Campeonato do mundo de Futebol.

No primeiro mundial dis-putado em África, em 2010, o Gana obteve a sua melhor classificação de sempre, terminando no sétimo lugar, depois de ter sido batido nas meias-finais pelo Uruguai no desempate por grandes penalidades. Há quatro anos, Portugal ficou-se pelos oita-vos de final, ao perder por uma bola a zero frente à Espanha, que acabaria por se sagrar campeã do mundo. Não bastasse o longo rol de contrariedades, ganha força o temor de que Estados Unidos e Alemanha possam concer-tar interesses e jogar para o empate, reeditando um dos mais vergonhosos momentos da história dos mundiais. Há 32 anos, em Espanha, Áustria e Alemanha deram forma ao chamado “Pacto de Não Agressão de Gijón”, um de-

safio que as duas formações acertaram o resultado para garantir interesses comuns. A necessitar de um vitória por uma bola a zero, a selecção alemã triunfou com um golo apontado por Hrubesch aos onze minutos e o resto é histó-ria, uma das mais negras dos anais da principal competição internacional de futebol.

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14 desporto hoje macau quinta-feira 26.6.2014

Sérgio FonSeca [email protected]

A s federações automó-veis de Macau, Hong Kong, Taiwan e China Continental chegaram

a acordo para organizar entre si um campeonato de carros de turismo monomarca a que cha-marão “Taça China”.

O campeonato, um velho sonho da Associação Automóvel de Hong Kong (HKAA), foi apresentado na segunda semana do mês de Junho em Pequim. Cada federação irá designar

Râguebi Torneio de ‘Tens’ no Canídromo no sábado O Clube de Râguebi de Macau organiza este sábado a 14ª edição do torneio de râguebi de ‘Macau Tens’. Os jogos começa a ser disputados às 10h30 no Campo do Canídromo, sendo que o campeonato se prolonga até às 18h00. “A variante de ‘Tens’, ao apresentar apenas dez jogadores em campo, encoraja a um jogo mais rápido tornando assim o espectáculo mais interessante para todos os que assistirão aos jogo”, frisa um comunicado enviado pela organização. Ao todo, participam 14 equipas e mais de 250 jogadores de Macau, Hong Kong, Shenzhen e Guangzhou, pelo que a edição deste ano “será a mais competitiva de sempre”. O Clube de Râguebi garante que têm sido cada vez mais os jovens a optar por este desporto, pelo que vai ser permitido, “pela primeira vez no território”, uma competição de sub-16, que conta com quatro equipas, sendo uma delas de Macau. O Clube de Râguebi tem já agendado para o início de Setembro outro torneio, o Macau Beach Rugby. A entrada para o torneio é livre e estará disponível um serviço de comida e bebida.

Oficial Barcelona contrata guarda-redesOs responsáveis do Barcelona anunciaram que chegaram a acordo com a Real Sociedad por Claudio Bravo. O guarda-redes assinará um contrato válido por quatro temporadas, informam os catalães, através do seu site oficial. O chileno é o quinto reforço do Barcelona (temporada 2014/15), que será dirigido por Luis Enrique. Claudio Bravo terá de lutar por um lugar na baliza com o também recém-contratado Marc-André ter Stegen. lembram os catalães. Bravo, de 31 anos, é capitão da selecção chilena, que passou aos oitavos de final do Mundial. Formado no Colo Colo, o guarda-redes fez a sua estreia a nível profissional em 2002, seguindo para a Real Sociedad em 2006 - onde permaneceu durante oito temporadas.

Maxi Pereira pode renovarA contratação de Luís Felipe, lateral direito brasileiro do Palmeiras, não implica a saída de Maxi Pereira do Benfica. Segundo A BOLA, o internacional uruguaio, de 30 anos, que tem apenas mais um ano de contrato com os encarnados, pode mesmo prolongar o vínculo depois do Mundial. Além de Maxi Pereira, Jorge Jesus deve contar, também, com Sílvio para a próxima temporada.

MACAu, HOnG KOnG, TAiwAn E CHinA COnTinEnTAL dE MãOS dAdAS

RAEM presente na “Taça China”

Cada federação irá designar cinco pilotos, sendo que um terá que ser obrigatoriamente do sexo feminino

cinco pilotos, sendo que um terá que ser obrigatoriamente do sexo feminino. Para além das federações locais, a competição conta com o apoio do fabricante chinês BAIC, também conheci-do como Beijing Auto, que vê neste projecto uma excelente plataforma para promover o seu produto “made in China” no seu maior mercado. O construtor automóvel chinês irá fornecer os carros - senova (“shenbao”) D70, um carro que tem como base o saab 9-5 - e a assistência técnica centralizada aos vinte participantes.

Em jogo, para além do pres-tígio de vencer a primeira com-petição do género, a organização fala em prémios na ordem de 15 milhões de Patacas. Haverá tam-bém um campeão absoluto e um

título para as federações e para a melhor das senhoras.

Os “shenbao” da equipa de Macau serão pintados com o verde da bandeira da RAEM, mas a Associação Geral Automóvel de Macau-China (AAMC) ainda não anunciou publicamente os critérios para a selecção dos seus cinco representantes.

Já a federação da China Continental nomeou o famoso blogger, escritor e multifacetado campeão chinês de ralis e cir-cuitos Han Han como primeiro piloto.

O campeonato terá quatro cor-ridas, cada uma em solo designa-do pela associação organizadora. A primeira prova decorrerá de 5 a 6 de Julho, no Circuito Inter-nacional de Guangdong, o local escolhido pelo HKAA à falta de um circuito em Hong Kong. Em Agosto, no fim-de-semana de 16 e 17, o campeonato desloca-se a Dapeng Bay, em Taiwan. O circuito de Fórmula 1 de Xangai acolhe a ronda continental chine-sa a 11 e 12 de Outubro.

Por fim, a prova do AAMC, a última do campeonato, está agen-dada para 8 e 9 de Novembro, também no circuito de Guang-dong, o circuito dos arredores de Cantão que tem servido nos últimos anos para as corridas de qualificação do Grande Prémio de Macau para os competidores locais.

Contudo, a última comu-nicação da organização do campeonato menciona que o Circuito da Guia é ainda uma possibilidade válida para a ronda final do campeonato, em vez do circuito de Guangdong, apesar do programa já anunciado para a 61ª edição não constar, por agora, esta corrida.

De acordo com apresentação de Pequim, os espectadores que assistirem aos eventos terão a oportunidade de ver uma com-binação de corridas, actividades de solidariedade, com a presen-ça de celebridades, sendo que a “Taça China”, e a promoção desta marca, irá contribuir para a promoção da carreira dos pilotos da Grande China.

Page 15: Hoje Macau 26 JUN 2014 #3118

Pedro BaPtista

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hoje macau quinta-feira 26.6.2014

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15

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utrO queixume genera-lizado, expresso pela auto-proclamada classe política, com réplicas, em toda a

sociedade, é, sobretudo em campanhas eleitorais, a substituição das explicações detalhadas a dar a quem os acusa ou levanta suspeições, pela exclamação indignada de que são indecorosos ata-ques pessoais, ataques ao homem e ao caráter, os famigerados ataques que, vindos da retórica argumentativa, se fixaram, na piação da classe como sendo os ataques ad hominem.

É, muitas vezes, mais uma manobra, para encobrir atuações indefensáveis...

A falácia ad hominem caracteriza-se por desviar o diálogo argumentativo do tema que está a ser debatido e atacar aquele que profere os argumen-tos, com acusações que visam mostrar um caráter que abala a sua credibilida-de e que tira, por essa via, crédito aos argumentos que apresente. Ou seja, em vez de se atacar os argumentos, ataca-se a pessoa, com ou sem razão.

Criando exemplos genéricos de ata-ques de caráter, diz-se que alguém já foi condenado por roubo, que é suspeito de ter sido homicida, que tem interes-se próprio material na causa, que tem um comportamento social desviante porque não é casado com quem vive, porque tem orientação homossexual, porque engana as pessoas, porque é irascível, porque é demasiado mole, porque é um fanático religioso, por-que não tem carisma de líder, porque não tem palavra, em suma, porque tem um caráter desviante para sintetizar com mais uma da gíria à la mode.

todavia, numa eleição, ou numa indicação para um cargo, o que está em causa é a própria pessoa que se candidata, tendo alguns aspetos do caráter toda a relevância para avaliar a sua competência funcional tal como a credibilidade dos seus argumentos.

É muito relevante saber se uma

Caráter: argumentos & faláCias

É quAndO um dOs CAndidAtOs se pretende esCApulir AO esClAreCimentO dO seu COmpOrtAmentO

que revele trAçOs de persOnAlidAde inCOmpAtíveis COm As exigênCiAs dO eleitOrAdO, que brAdA

COntrA Os AtAques pessOAis, Os AtAques de CAráter, Os AtAques ad hominem...

pessoa foi condenada por pedofilia quando surge a hipótese de a colocar à frente de um infantário, tal como é mui-to relevante saber se alguém foi conde-nado por desvio de fundos quando lhe pretendemos atribuir responsabilidades em qualquer área de uma gestão finan-ceira, embora não tenha qualquer rele-vância a orientação sexual ou as opções religiosas que são irrelevantes, fora de tema, e, por isso, só falaciosamente poderiam ser invocadas.

tal como tem toda a relevância sa-ber se um candidato a um cargo políti-

co tem pautado a sua atuação por pro-curar cumprir aquilo com que se com-promete, se mostra respeitador para si das regras que exige para os outros ou se as manipula conforme as conveniên-cias, se move pelo desejo de servir o interesse público ou por simples am-bição pessoal, é transparente ou, pelo contrário, mente por hábito na relação com os eleitores, apresenta com verda-de as suas habilitações ou distorce-as, tem relações com o mundo dos ne-gócios fazendo usualmente a política submeter-se ao dinheiro, sendo tudo

isto caraterísticas que definem o caráter do candidato que é um dos aspetos que está em causa na discussão para uma eleição.

tanto quanto as suas ideias pro-gramáticas para o exercício do cargo, uma vez que pouco valem os progra-mas quando não são apresentados por quem, por força do seu comprovado caráter de pessoa séria, de honestida-de intelectual e política, tem vontade de os cumprir por os considerar um compromisso com o eleitorado só re-versível em situações muito especiais e sempre com transparência...

portanto os traços do caráter que influem ou podem influir no processo em causa por parte de um candidato têm toda a relevância devendo ser, ne-cessariamente, objeto de disputa argu-mentativa, constituindo argumentação ad hominem válida e legítima, de forma alguma falaciosa, como reconhecem, de resto, todos os clássicos da retórica.

mais, muitas vezes, é quando um dos candidatos se pretende escapulir ao esclarecimento do seu comporta-mento que revele traços de personali-dade incompatíveis com as exigências do eleitorado, que brada contra os ata-ques pessoais, os ataques de caráter, os ataques ad hominem..., numa manobra de diversão que lembra o ladrão bradando ao fugir; agarra que é ladrão!

A arguição das questões difíceis para um candidato, como inaceitáveis ataques ou suspeições do caráter repre-sentando falácias ad hominem, não passa pois de um truque para esconder o ne-cessário esclarecimento e a necessária transparência da vida pública...

Com calma tudo se esclarece quan-do quem não deve não teme... mas nem sempre é assim...

In memórias ii (No prelo)

Por vontade expressa do autor este artigo obedece às regras do acordo ortográfico

Page 16: Hoje Macau 26 JUN 2014 #3118

16 hoje macau quinta-feira 26.6.2014

François Cheng*

h

N ão é devido a um acaso que, na China, a caligra-fia que exalta a beleza visual dos ideogramas se

tenha tornado uma arte maior. Ao praticar esta arte, todo o Chinês en-contra o ritmo do seu ser profundo e entra em comunhão com os elemen-tos. Através dos traços significantes ele consagra-se-lhe inteiramente. os seus traços grossos e os seus traços fi-nos, as suas relações contrastadas ou equilibrantes permitem-lhe exprimir os múltiplos aspectos da sua sensi-bilidade: força e ternura, entusiasmo e quietude, tensão e harmonia. Ao realizar a unidade de cada carácter, e o equilíbrio entre os caracteres, o calígrafo, exprimindo inteiramente as coisas, atinge a sua própria unidade. Gestos imemoriais e sempre retoma-dos, cuja cadência, como numa dan-ça de espadas, se realiza instantanea-mente ao sabor dos traços, traços que se projectam, que se cruzam, que pla-nam ou que mergulham, que ganham sentido e lhe acrescentam outros, codificados, palavras. Com efeito, no que toca à caligrafia, pode falar-se de sentido; porque a sua natureza gestu-al e rítmica não nos deixa esquecer que ela trabalha com signos. Durante a sua realização, o significado do tex-to nunca está completamente ausente do espírito do calígrafo. E, também a escolha do texto não é gratuita, nem indiferente.

os textos preferidos dos calígra-fos são sem dúvida os textos poéti-cos (versos, poemas, prosa poética). Quando um calígrafo aborda um po-ema, não se limita a um simples acto de cópia. Enquanto caligrafia, res-suscita todo o movimento gestual e todo o poder imaginário dos signos. É a sua maneira própria de penetrar na realidade profunda de cada um deles, de desposar a cadência pro-priamente física do poema e, ao fim e ao cabo, de o recriar. Um outro tipo de textos, não menos encantatórios, atrai igualmente os calígrafos: os textos sagrados. Através deles, a arte caligráfica restitui aos signos a sua função original, mágica e sagrada. os monges taoistas vêem a eficácia dos talismãs (ou encantos) que tra-çam, pela qualidade da sua caligrafia, que assegura uma boa comunicação com o além. os fiéis budistas crêem poder ganhar alguns méritos copian-do textos canónicos; os méritos se-rão tanto maiores quanto os textos estiverem melhor copiados.

os tExtos prEfEriDos

Dos CAlíGrAfos são

sEm DúviDA os tExtos

poÉtiCos (vErsos,

poEmAs, prosA

poÉtiCA). QUANDo Um

CAlíGrAfo AborDA Um

poEmA, Não sE limitA

A Um simplEs ACto DE

CópiA.

A esta função sagrada dos signos traçados, o poeta não poderia per-manecer insensível. tal como o ca-lígrafo que, no seu acto dinâmico, tem a impressão de ligar os signos ao mundo original, de desencadear um movimento de forças harmonio-sas ou contrárias, o poeta não hesi-

ta em subtrair qualquer segredo aos génios do universo ao combinar os signos, como nos mostra este verso de Du fu:

Acabado o poema, deuses e demónios ficam estupefactos!

Desta convicção ocorre também, durante a composição de um poe-ma, a procura quase mística de uma palavra chave chamada zi yan “pala-vra olho” que, esclarecendo de uma só vez todo o poema, lhe revelaria o mistério de um mundo escondido. inúmeras anedotas narram o modo como um poeta se prosterna diante de outro, venerando-o como seu Yi zi shi “senhor de uma palavra”, por-que este lhe “revelou” a palavra ne-cessária e absolutamente justa que lhe permitiu acabar o poema, e as-sim, “completar a sua criação”.

Quanto ao aspecto figurado dos caracteres, sem cessar posto em re-levo e louvado por uma arte caligrá-fica que, no decurso do trabalho, faz surgir de múltiplos “estratos” gráfi-

cos múltiplos sentidos, o poeta não se priva de tirar partido desse poder evocador. Wang Wei, adepto da es-piritualidade Chan (Zen em japonês) descreve numa quadra um hibisco prestes a florir. o poeta procura su-gerir que, à força de contemplar a ár-vore, ele acaba por a ela aderir e que vive do “interior” da árvore a experi-ência do desabrochar. Em vez de uti-lizar uma linguagem denotativa para explicar esta experiência, contenta--se por, no primeiro verso da quadra, alinhar cinco caracteres.

木 末 蓉 花ramo extremidade magnólia flores

o verso traduz-se: “Na extremi-dade dos ramos, flores de magnó-lia”. Um leitor, mesmo ignorando o chinês, pode ser sensível ao aspecto visual destes caracteres cuja sucessão se ajusta ao sentido do verso. Ao ler os caracteres pela sua ordem, tem-se, com efeito, a impressão de assistir ao processo do desabrochar de uma árvore que floresce (1º carácter: uma árvore nua; 2º carácter: algo nasce na copa da árvore; 3º carácter: sur-ge um rebento, 卄 sendo o radical erva ou folha; 4º carácter: explosão do botão; 5º carácter: uma flor na sua plenitude). mas por detrás do que é mostrado (aspecto visual) e denotado (sentido normal), um lei-tor que conheça a língua não dei-xará de descobrir ainda, através dos ideogramas, uma ideia subtilmente escondida, a do homem que se intro-duz em espírito dentro da árvore e que participa na sua metamorfose. o terceiro carácter 芙contém, como efeito, o elemento 夫 “homem”, o qual contém o elemento人 “homo” (assim, a árvore representada pelos dois primeiros caracteres é, de ora em diante, habitada pela presença do homem). o quarto carácter 蓉 con-tém o elemento 容 “rosto” (o botão rebenta num rosto), o qual contém o elemento 口 “boca” (o que fala). En-fim, o quinto carácter contém o ele-mento 化 “transformação” (o homem participando na transformação uni-versal). Com uma grande economia de meios, o poeta faz reviver diante dos nossos olhos uma experiência mística, nas suas sucessivas etapas.

(Continua)

*Professor do Instituto Nacional de Línguas e Civilizações Orientais, Universidade de Paris

A ESCRITA POÉTICA CHINESA (II)CAlIgRAfIA

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17 artes, letras e ideiashoje macau quinta-feira 26.06.2014

C onfesso que a publica-ção desta correspondên-cia, com um estudo in-trodutório, organização

e notas de filipe Delfim santos, me motivou particularmente dado que tive simões por meu mestre iniciático na crítica literária. Podemos hoje discutir a valia dos seus romances, que muitos foram, do seu teatro, porventura o teor das suas resenhas críticas, que era uma actividade de todo inconsistente até ele a assumir de corpo inteiro. Mas não podemos desconhecer que foi alguém na literatura. em terra de cegos, se não foi rei deu, pelo menos, olhos para ver. falou de tudo e de todos: de gente mítica e de gente obscura para o nosso meio, estando a par dos sucessos da lit-eratura universal, em oposição à prática do ensino académico de então e ainda por mais alguns anos confinada prati-camente à literatura portuguesa desde a Idade Média ao século XIX.

foi um pioneiro, um bandeirante no sertão da crítica literária contem-porânea, para mais com uma visão hu-manista da literatura, ainda que com tiques freudianos, impressionistas e excessivamente biográficos e alguns deslises opinativos. Mas sempre apaix-onadamente vivaz, militante em extre-mo, enfim, incontornável.

Quanto a Jorge de sena, também crítico, historiador e teórico da literatu-ra, dramaturgo, ficcionista, poeta, tradu-tor, etc., confesso que o meu interesse pela sua obra foi bastante posterior e nem sempre o compreendi em algumas das suas múltiplas expressões literárias, como aliás muita da inteligência literária de então.

A somar a estas dependências, tive sempre presente as desavenças que simões e sena criaram entre si, desde logo ao redor da caracterização da “Pre-sença”, ainda que aparentemente sem contaminação nas relações entre am-bos. e mesmo considerando as que se seguiram, de leviana gravidade, tal facto não impediu simões de ter sido o crítico que mais falou de sena e mais elevada-mente o considerou.

Como refere George Monteiro nes-ta recolha de correspondência, um dos organizadores do simpósio Internacio-nal sobre fernando Pessoa na Brown University, realizado em santa Bárbara,

na Califórnia, em 1977, naturalmente com a participação de sena e com a presença destacada de simões, aliás por recomendação expressa daquele, a junção destas duas grandes figuras da literatura portuguesa configurou-se como o encontro de dois generais de exércitos opostos, depois de anos de duros combates…

A justeza desta expressão quanto ao perfil literário de ambos, não o é tanto em relação aos campos de batalha em que ambos se envolveram, e que tiveram por motivo comezinho as recensões que simões produziu sobre “Perseguição” e particularmente sobre a “Coroa da Terra”.

em meu entender tenho como dado adquirido que a formação destas duas grandes personalidades literárias os situ-ava nos antípodas. Assim João Gaspar simões que, no que escreveu, concordas-se-se ou não com ele, foi sempre clarís-simo nos seus pontos de vista, enquanto sena era rebuscado1 e intempestivo em demasia, modo peculiar de assinalar a convicção de se julgar mal-amado, in-ventariando a miúde azedumes e mal querenças, como bem o demonstra em algumas das “Correspondências” en-tretanto publicadas e inclusive nesta. Além de que, ainda segundo o meu ponto de vista, enquanto simões era ba-sicamente afrancesado, mesmo quando cuidava de autores ingleses e combatia a nossa dependência à cultura francesa, sena era por demais saxónico, razão pela qual simões não hesitou em designá-lo como estrangeirado.

em 1942, quando sena publica “Per-seguição”, uma das raras críticas que almeja é a de simões, que a elabora englobando Tomaz Kim e Ruy Cinatti, enquanto jovens poetas dos “Cadernos de Poesia”, dando-o como o mais medi-tativo, o mais culto, o mais amplamente preparado já para a especulação intelec-tual, ainda que não o mais dotado de tal-entos poéticos. e conclui: “Perseguição” é uma promessa de vulto. não sei se sena virá a ser um poeta, se um ensaísta, se um moralista, o que sei é haver neste livro uma personalidade: uma alma e uma inteligência se digladiam nele.

“Perseguição”, aliás, teve de esperar pelo ano de 1980 para que criticamente fosse apresentada com desenvoltura (“o Código científico-cosmogónico-metafísico de “Perseguição” de Jorge de

sena”, de Alexandre Pinheiro Torres. Lisboa, Moraes editores), ainda que de teor por demais fantasista, imaginoso e não menos hermenêutico.

Decerto que a paixão à literatura uni-ficava sena e simões, particularmente no interesse que ambos demonstravam sobre o chamado romance psicológico e Pessoa, mas já em relação à “Presença” eram de visões divergentes, tal como eram os seus currículos académicos: sena era formado numa área técnica, enquanto simões era em letras.

este último considerando levanta uma outra questão que até aos dias de hoje não colhi explicação cabal para ela: como é que sena, formado em engenhar-ia, com uma juvenil passagem na escola naval e depois com assento no exército, em Penafiel, residindo a espaços entre Lisboa e o Porto, para não citar a presen-ça estival na figueira da foz, veio a es-tabelecer consolidadas amizades, desde muito cedo, com a elite literária de então e sem obra publicada, praticamente na condição de aprendiz das letras?

“Coroa da Terra”, publicada em 1946, graças ao engenho de Ribeiro Couto que, desafiado pelo livreiro José Lello para editar uma obra sua, escusou-se com os vínculos que tinha com a editora brasileira, propondo-lhe, em al-ternativa e em público, a publicação de um livro de um jovem poeta português, justamente Jorge de sena, presente no evento de acolhimento a Ribeiro Couto na Liv. Lello, a quem vaticinava um fu-turo literário promissor.

Diga-se de passagem que as im-pressões que sena regista sobre Ribeiro Couto em “Diários”, poeta que o acol-hia em sua casa e onde sena procedeu a uma leitura do seu “Indesejado”, são de um desprezo incompreensível.

“Coroa da Terra” desde logo reg-istou polémica, se assim considerar-mos a reacção de sena às críticas nada abonatórias que a obra registou, uns por umas razões, outros por outras, com de-staque para as recensões de Álvaro sa-lema, António Ramos de Almeida, Ca-sais Monteiro, Jaime Brasil, João Gaspar simões e João Pedro de Andrade.

De todas, a de simões é, sem dúvida, a mais lúcida e aprofundada, quer ao não considerar o título sob a forma de um poema único por falta de unidade, posição reivindicada por sena, quer de-

nunciando o dilema em que aparente-mente a sua poesia de então se debatia, dando-o como fazendo parte daqueles estranhos espíritos que, sendo lucidís-simos na intimidade do seu pensam-ento, creem que conceber lucidamente é quanto basta para claramente se ser entendido. sim, o que torna verdadeira-mente singular o caso de Jorge de sena é essa espécie de desentendimento en-tre o homem que concebe, cônscio do que supõe conceber, e o homem que realiza na perfeita embriaguez de estar realizando a mais clara das concepções (…) Jorge de sena julga superar toda a espontaneidade, julga dominar toda a gratuitidade, julga transcender toda a circunstancialidade de que as suas poe-sias são filhas para, conscientemente, seguramente, afirmativamente, lhes dar um sentido, sentido esse que o leitor apenas tem o direito de saber contido nelas depois de o poeta publicamente o declarar… (pp. 59/61).

A opinião, de todo não displicente, ficou agravada pela atitude contumaz de sena em relação ao que de menor da sua obra dissessem, sendo em vão que Casa-is Monteiro, por exemplo, o doutrinava: Você tem de se habituar a não confundir com notoriedade pública a considera-ção que os seus amigos têm por si.2

Tal como Mark Harris3, sena re-sumia o desencontro com a crítica e os leitores da seguinte forma: eu escrevo. o leitor que aprenda a ler.

no mais, a longa resenha de simões é amistosa e exaltante sobre as quali-dades do poeta, considerandos que sena na carta que lhe dirige reconhece, mas que, em rigor, se lhe configuram en-venenados, acabando por servir-se deles para ripostar ao ataque de que se julga vítima, esclarecendo: não fosse a muita amizade e sincera admiração que, na sua crítica, encontro acompanhadas de uma extrema delicadeza em não me ferir, e não lhe escreveria longamente, como me proponho fazer; agradeceria de viva voz, com a mesma gratidão, mas nada mais… (p.70).

não me consta ou pelo menos não possuo registo de sena ter reagido de maneira idêntica em relação aos demais depreciadores da obra acima descritos. e isto me leva a equacionar se a rela-ção simões/sena não foi afectada por uma espécie de complexo de Édipo in-

Jorge de Sena e João gaSpar SimõeSCorreSpondÊnCia 1943-1977

RamiRo TeixeiRa

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18 hoje macau quinta-feira 26.06.2014h

stalado em sena. Porque a realidade é esta: sena, mais novo 16 anos do que simões, decerto que o não tinha por modelo a seguir, mas invejava-lhe, se me é permitida a expressão, a posição que aquele disfrutava no meio literário. De forma consciente ou inconsciente sentia que tinha de matar o pai que não só o analisava criticamente sobre o que escrevia, naturalmente com um ascendente que sena não suportava, como lhe proporcionou emprego e não poucas encomendas de textos pa-gos. Além de que ambos se dedicavam praticamente às mesmas áreas, com as-sento de escrita em quase tudo o que se publicava. e ambos, ainda, foram ori-entadores literários em editoras, um na Portugália, outro em Livros do Brasil e ambos, finalmente, dirigiram revis-tas referenciais como a “Presença” e os “Cadernos de Poesia”. Conclusão: até que ponto sena, no mais fundo de si, não desejava substituir simões na lider-ança que este disfrutava?!

Ainda segundo o meu ponto de vis-ta, sena nunca foi um poeta de sensibi-lidades, de comoções líricas ou a passar por isso. Por demais cerebral, por de-mais pensante, estava tão fora dos parâ-metros da época como Pessoa, circun-stância então agravada pelo crescente dogmatismo ao redor do neo-realismo. Mas o mais interessante no percurso de sena é que, a breve trecho, muita da sua escrita, prosódica e poética, vem a car-acterizar-se não só pelo apoucamento das situações que denuncia ou regista, como igualmente pelo aparente gozo que delas retira, configurando-se como uma espécie de nicolau Tolentino deste tempo. Assim “o Reino da estupidez”, “Diários”, “Visão Perpétua”, “Dedicá-cias”, etc., monumentos da sua veia sarcástica, verrinosa e contabilística de assentos vários ao redor da sua existên-cia literária, e que o levam a declarar, no rescaldo do Prémio Camilo Castelo Branco, em 1961, em carta enviada do Brasil4 dirigida a José saramago, em par-te reproduzida a páginas 32 desta cor-respondência, o seguinte: fui um anti-presencista, anti-neo-realista, anti-tavo-lagem, anti-faculdade-de-Letras. estou praticamente exilado. Como queria V. que eles me dessem o prémio? (…) eu creio, definitivamente, que esse país é, do ponto de vista da moral literária, uma merda. Há professores oficiais, presen-cistas oficiais, comunistas oficiais, pu-tas oficiais, tudo é oficial. e um prémio dado por essa gente não poderá deixar de ser oficial.5

Coisas destas só mesmo do sena! então não teve ele em Portugal sempre empregos oficiais, primeiro na Câmara Municipal de Lisboa e depois na Junta Autónoma das estradas? e acaso não concorreu ao prémio com este vínculo? Claro que, logo de seguida, para escapar à incoerência, dirá que foi a editora que sujeitou a obra ao prémio e não ele…

Algumas destas questões emergem colateralmente através desta “Corre-spondência”, a qual se inicia praticamente com a nascente conflitualidade que se

veio a gerar a propósito da resenha de simões sobre a “Coroa da Terra”.

seguramente ressentido, sena cont-abilizou a crítica de simões no deve da sua contabilidade pessoal, vindo depois a acrescentar-lhe o débito definitivo e consequente encerramento de contas, entenda-se fim de amizade, aquando da atribuição do Prémio Camilo Castelo Branco, em 1961.

Acalentando a ideia de vir a ganhar o prémio supra pela publicação do seu liv-ro de contos “Andanças do Demónio”, sena conheceu a frustração de o mesmo ter sido atribuído a “A Gata e a fábula”, de fernanda Botelho.

Tanto quanto se sabe ou se julga sa-

ber, o despique fez-se justamente entre estes dois títulos, tendo votado a favor de “A Gata e a fábula”, David Mourão-ferreira, Jacinto do Prado Coelho e simões, que antes da votação teve artes de fazer prevalecer o género romanesco sobre o conto… em favor de “Andanças do Demónio” votaram Óscar Lopes e Mário Dionísio…

Tendo como certo que ambas as ob-ras possuíam merecimento para a atri-buição do prémio, razão pela qual eram finalistas entre outras de escritores de não menor craveira, desde logo Aqui-lino e Abelaira, a questão resolveu-se, aparentemente, através das afinidades selectivas e dos jogos afins que impli-

caram. Assim Óscar Lopes que, a menos de um mês da atribuição do prémio, pu-blica uma recensão abonatória sobre o título de sena no jornal Comércio do Porto (11/4/61). Depois porque David Mourão-ferreira tinha como cofun-dadora da revista “Távola Redonda” a fernanda Botelho… e finalmente João Gaspar simões que, ao estabelecer a hierarquia dos géneros, é possível tê-lo feito com intenções premeditadas. Quanto a Jacinto do Prado Coelho, se outras razões não existiram, digamos que votou ao lado daqueles que lhe eram mais consanguíneos.

É essencialmente a partir deste episódio que sena se distancia de

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simões, carteando-se com ele ape-nas para acertar o envio de textos que aquele lhe propunha para as publicações que dominava. A amizade e a lealdade de outrora rompe-se agora sem aparente retorno, ajudadas pela ausência de sena no Brasil e depois nos UsA, remetendo para o olvido não só a ajuda de simões nos primeiros tempos de afirmação de sena, quer contratando-o na qualidade de tradutor, revisor e prefaciador, para a Portugália, logo em 42, quando então exercia as funções de director literário na editora e da qual viria a ser despe-dido intempestiva e ofensivamente em 1945 - episódio que sena dá a conhecer em “Diários”, registando: fiquei muito grato ao G. simões, a cuja disposição me pusera na questão com a Portugália, de que o correram como nem às cria-das se faz, por não me ter dado como testemunha, preocupado com não prej-udicar-me, pela dúvida que lhes era um instrumento de vingança (p.42) – como depois disso e a miúde nunca deixou de lhe encomendar textos pagos, atento aos pedidos anteriores de sena em tal sentido, em face das suas dificuldades fi-nanceiras, primeiro para acabar o curso e depois para manter a família.

o curioso desta relação é que a par-tir do final da década de 60 do século passado, cabe a simões o martirológico de viver efectivamente mal-amado e desconsiderado, em contraponto com ascensão de sena à cátedra e à mais elevada consideração. e não menos curioso ainda é o facto de ser precisa-mente neste período, de grave e injusta desconsideração que simões experi-menta, que sena, mesmo à distância, atento às resenhas daquele sobre a obra que entretanto ia publicando, reata a amizade perdida, primeiro em Coimbra, em 1977, aquando da evocação da “Pre-sença”, e depois nos estados Unidos, acabando emocionados nos braços de um e outro!

Mas vamos à correspondência: de João Gaspar simões são reproduzi-das 13 cartas; 11 das quais, entre 1943 e 1976, sucintas na composição e de muito pouco interesse, tendo generica-mente por motivo propostas de colabo-ração literária e afins. Diferentes são as duas restantes, datadas de 1977, espe-cialmente porque nas entrelinhas se dá a conhecer o prazer da aproximação que se esboça entre ambos.

Quanto às cartas de sena, não mais do que sete, dividem-se em dois grupos: o primeiro composto por duas cartas, datadas dos anos 1946 e 1952, e as res-tantes do ano de 1977. A primeira é de fundamental importância para o conhe-cimento da crise que virá a estabelecer-se entre ambos, constituindo, em rigor, uma contracrítica à resenha de simões sobre a “Coroa da Terra”, à qual simões, no carteio que se lhe segue a pretexto de outro assunto, não comenta, declarando logo no início: esta carta não é uma res-posta à sua – ao que acrescenta no final: Conversaremos qualquer dia sobre as nossas “divergências”.

não houve dia para isso pela razão

simples de sena não mais se cartear com simões, a não ser em 22/2/52, para lhe agradecer sucintamente a crítica sobre o “Indesejado” e mesmo assim com uns quantos remoques…

não sei se estas e outras razões motivaram simões a escrever o que se segue, mas parece-me oportuno recor-dar o facto:

Críticos e criticados estão sempre em terrenos opostos. Dir-se-á que são inimigos e que a actividade de uns não representa o mais válido esforço para tornar meritória a existência dos outros. Porque a verdade é esta: se o crítico, como dizia saint-Beuve, é um homem que sabe ler e ensina a ler os outros, nin-guém melhor do que ele pode colaborar na perfeita consciencialização da litera-tura. ser lido, e lido o melhor possível, eis, por certo, o objectivo último de todo o escritor.6

Quanta às cartas registadas em 1977, é importante a última não só pelo entu-siasmo que sena reflecte na orientação e preparação da viagem de simões até aos estados Unidos, onde ambos se encon-trarão no simpósio sobre Pessoa, como nos dá uma ideia sobre o funcionamento do departamento afim ao ensino da lit-eratura de língua portuguesa, porven-tura mais virada para a parte brasileira do que para a portuguesa.

no genérico, porém, abstraindo a carta onde sena opõe a sua contracrítica à resenha de simões, o conjunto é pobre e de escasso interesse.

A meu ver, por esta razão, filipe Delfim santos procurou enriquecer o volume incluindo a crítica de simões sobre a “Coroa da Terra”, dando assim o conteúdo indispensável para bem com-preendermos a posição de sena na sua carta de 6/7/46.

Todavia não se ficou por aqui, pois que acabou reproduzindo não só todas as resenhas de simões sobre sena, como inclusive a que produziu sobre a obra de eugénio Lisboa, intitulada “estudos so-bre Jorge de sena”. Ao que acrescenta ainda o extracto duma carta de Rui Knopfli a sena, uma outra deste dirigida a George Monteiro, e finalmente o te-stemunho deste último sobre os mean-dros do simpósio Internacional de Pes-soa e bem assim a avaliação pessoal das intervenções que simões e sena pro-duziram no evento, com destaque para a limpidez da comunicação de simões na abertura, em contraste com a comuni-cação de sena no encerramento, prolixa em interpolações que não faziam parte do texto original. e finalmente o carteio de Mécia de sena para simões e para o próprio organizador da edição, a quem presta o seu depoimento pessoal sobre os anos 40, no qual dá relato como con-heceu, namorou e casou com Jorge de sena.

o que daqui resultou é uma mis-celânea que de algum modo desvirtua o título da obra. Mas que, não obstante, é deveras importante, porventura até de feição mais interessante do que a cor-respondência propriamente dita entre sena e simões. Antes de mais porque

se recolhe aqui a fortuna crítica da obra de sena ao nível daquele que mais dela falou; depois porque na outra corre-spondência que se mistura com a dos titulares se exprimem pontos de vista alheios e à margem das razões e senti-mentos que pautaram a correspondên-cia entre ambos.

o mais é o “estudo Introdutório” de filipe Delfim santos, laborioso e con-scientemente abrangente, recreando e interpretando ideias própria e alheias, atento sobre grande soma de pormeno-res, como, aliás, são as profusas notas disseminadas pelos textos que recolhe.

Aqui chegado, permito-me salientar uma dúvida que tenho.

A propósito de “o Indesejado”, filipe Delfim santos dá por três vezes a leitura da peça em outros tantos locais: em casa de Ribeiro Couto, na Liv. Portugália, no Porto, e na casa de João Gaspar simões, conhecida como Casa do Dragão.

Acontece que tenho a ideia, não sei se por leitura algures, se por conversa com Álvaro Bordalo7, da existência de uma outra proferida nas instalações da revista “Portucale”, no Porto, ao tem-po da segunda série, na rua Mártires da Liberdade, onde já se acolhera “A Águia/Renascença”, não sendo de mais recordar que o título foi editado pelos “Cadernos das nove Musas”, que era, julgo, a chancela editorial da “Portucale.

Revista Ilustrada de Cultura Literária, Científica e Artística”, ao tempo da sua “nova série”, iniciada em 1946.

Julgo também que essa leitura ocor-reu senão antes do namoro de sena com Mécia, pelo menos em período pre-liminar, razão pela qual admito ser do desconhecimento desta e consequente-mente de todos aqueles que sobre a ma-téria ou a época a possuem como fonte.

Jorge de Sena e João Gaspar SimõesCORRESPONDÊNCIA 1943-1977

Organização, estudo introdutório e notas de Filipe Delfim Santos

Lisboa, Guerra & Paz / 2013

1 Ver o prefácio de Jorge de Sena sobre a Obra Completa de António Gedeão, editada pela Sá da Costa, a título de exemplo.

2 In “Diários”. Jorge de Sena. Edição de Mécia de Sena. Porto, Edições Caixotim, 2004 (p. 45).

3 Mark Harris (1922-2007), escritor e particularmente biógrafo literário.

4 Sena emigra para o Brasil em 1959, adquirindo a nacionalidade brasileira, e depois para os USA onde veio a falecer em 1978.

5 Reproduzido a pp. 33, dando o texto fazendo parte de uma correspondência inédita entre Sena e Saramago (Ipotesi, Juiz de Fora, MG, 15-1, 229, Jan/Jun.)

6 In “Literatura, Literatura, Literatura”. Lisboa, Portugália Editora, 1964, pp.23/4.

7 Álvaro Bordalo (de Andrade e Sá Donas-Boto), 1909-1986, foi um dos dirigentes da revista “Portucale” e notável bibliófilo.

pub

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20 eventos hoje macau quinta-feira 26.6.2014

À venda na Livraria Portuguesa Rua de S. domingoS 16-18 • Tel: +853 28566442 | 28515915 • Fax: +853 28378014 • [email protected]

Transição da RAEM celebrada com exposiçãoDe 17 de Julho e 8 de Agosto, Macau recebe a exposição “A Very Different Macau – A Touring Art Exhibition of Development in Macau Since it’s Return”, em homenagem ao 15º aniversário da transição de Macau. A exposição decorre na sala de conferências Naples do Venetian e tem entrada livre. Esta mostra, que levou dois anos a preparar, vai apresentar 110 obras inspiradas em Macau, em que colaboraram quase cem artistas da China, que criaram as peças no território. A exibição inclui pintura, aguarelas, arte digital e materiais diversos e conta com a presença de artistas conceituados da China como Xu Zhaoqian, Zhang Wang, Yang Xueguo e Fu Xiaochen, assim como artistas locais como Yang Daming, Pan Jinling e He Peishan. A mostra estará aberta ao público diariamente entre as 10h00 e as 18h00.

HUSH procura bandas locais para 10º aniversário do festivalO Centro Cultural de Macau (CCM) está a recrutar bandas locais para actuarem no 10º aniversário do maior festival de rock da cidade, conhecido como “HUSH Maratona de Rock”. O evento acontece todos os anos e, em Novembro os músicos locais vão ter a oportunidade de subir ao palco para trocar experiências com bandas asiáticas consagradas. Todas as bandas interessadas em participar nesta edição devem submeter os boletins de inscrição até 25 de Julho. A organização aceita tanto músicas originais, como versões ‘cover’, contudo os temas originais têm prioridade. O CCM vai escolher as melhores tendo em conta a criatividade, habilidade musical, técnicas de produção e experiência dos grupos candidatos.

Jornadas musicais no Clube MilitarEsta sexta-feira, há música clássica no salão Stanley Ho do Clube Militar, pelas 19h00. Integrado no projecto “Jornadas Musicais do Clube Militar”, este espectáculo traz ao palco Warren Lee (em piano) e Richard Bamping (em violoncelo). Associado a cada concerto, o Clube organiza também um jantar-convívio, aberto a todos os participantes, com um menu especialmente preparado para o evento. Os bilhetes custam 250 patacas (incluindo jantar) ou 50 patacas (sem jantar).

“Viagem por Macau em IV Volumes” apresentado na FRCA Fundação Rui Cunha e o CRED-DM – Centro de Reflexão, Estudo, e Difusão do Direito de Macau apresentam no dia 7 de Julho, pelas 18h30, na sede da fundação, o livro “Viagem por Macau em IV Volumes”. Da autoria de Rogério Beltrão Coelho e Cecília Jorge, esta edição conjunta da editora Livros do Oriente e do Instituto Cultural (IC) é uma revisão e ampliação da obra “Viagem por Macau” (editada em dois volumes em 1997 e 1999), que reúne referências a Macau de viajantes estrangeiros dos séculos XVII ao século XX. A par do lançamento que ficará a cargo dos próprios autores e de Yao Jing Ming, vice-presidente do IC, haverá ainda espaço para uma pequena conversa sobre a passagem e a presença de não portugueses em Macau. A apresentação será proferida em português e a entrada é livre.

“P a r e c e q u e tenho uma vida dupla”, disse em tempos eli

Wallach. “No teatro, sou o homenzinho, ou o homem irritado, ou o homem incom-preendido. No cinema, passo a vida a ser escolhido para os papéis de mau.”

Não é por isso surpresa que Wallach, falecido esta terça-feira aos 98 anos de idade, seja mais recordado pelos vilões que interpretou em dois dos filmes mais icónicos da década de 1960: Os Sete Magníficos (1960), versão western dos Sete Sa-murais de akira Kurosawa dirigida por John Sturges, e O Bom, o Mau e o Vilão (1966), terceiro filme da tri-logia de westerns-spaghetti de Sergio Leone. Um destino

Cinema MORREU ELI WALLACH, UM DOS FUNDADORES DO ACTORS STUDIO

O “vilão” incompreendido

no mínimo irónico para o úl-timo actor ainda vivo ligado à lendária escola do actors Studio que revolucionou o cinema e o teatro a seguir à II Guerra Mundial.

era no teatro que o actor nova-iorquino se sentia mais à vontade. embora tenha continuado a filmar quase até ao final da vida - os seus últimos trabalhos de nota foram O escritor Fantasma de roman Polanski e Wall Street: O Dinheiro Nunca Dorme de Oliver Stone, em 2010 - foi nos palcos que construiu a sua carreira, tra-balhando muitas vezes com a sua mulher, a também actriz anne Jackson, que conheceu em 1946 e com quem casou dois anos depois. entre os muitos autores que Wallach representou contam-se Ten-

nessee Williams (vencendo o Tony por a rosa Tatuada em 1951), Jean Anouilh, Eugène Ionesco ou Tom Stoppard.

O momento em que dança com Marilyn em Os Inadap-tados, de quem era amigo de longa data e que teve aqui a sua última interpretação em vida, tornou-se célebre

Wallach foi um dos membros fundadores do ac-tors Studio de Lee Strasberg que marcou indelevelmente a representação americana do pós-II Guerra Mundial, estudando ao lado de Marlon Brando, Montgomery clift e Sidney Lumet. e estreou--se no cinema precisamente sob o signo do teatro: foi em Baby Doll (1956), adaptação de Tennessee Williams sob o comando de elia Kazan. Outro dos seus grandes

momentos no cinema é Os Inadaptados (1961), rea-lizado por John Huston e escrito por arthur Miller, com clark Gable, Marilyn Monroe e Montgomery clift nos papéis principais - o momento em que dança com Marilyn, de quem era amigo de longa data e que teve aqui a sua última interpretação em vida, tornou-se célebre. Wallach participou também no último filme da trilogia O Padrinho de Francis Ford Coppola (1990), e na adapta-ção televisiva das aventuras de Batman na década de 1960, onde interpretava (lá está...) o vilão Mr. Freeze.

eli Wallach nunca foi nomeado para um Óscar mas a academia das artes e Ciências Cinematográficas reconheceu a sua carreira no final de 2010, entregando--lhe o Óscar honorário pela “desenvoltura inata com que interpretou uma variedade de personagens, ao mesmo tempo que deixou uma marca inimitável em cada papel”. chamou-lhe então “um ca-maleão por excelência”. No entanto, Wallach nunca escondeu que, para um actor de composição como ele, “o cinema era apenas um meio para chegar a um fim”, como disse numa entrevista de 1973 citada pelo New York Times. “Vou montar a cavalo para espanha durante dez semanas e regresso com uma almofada financeira suficiente para poder montar uma peça.”

o Tímido e aS mulheReS • pepeTelaLuanda nos dias de hoje. acompanhamos Heitor, um escritor em início de carreira, o tímido. Ouvimos a quente voz de Marisa, responsável por um programa de rádio de grande au-diência, que a todos encanta e seduz. conhecemos Lucrécio, seu marido, uma mente brilhante aprisionada numa cadeira de rodas. É este o trio que une as diversas histórias e personagens deste romance. com a sua habitual mestria, Pepetela volta a surpreender-nos com este romance, desenhando uma paisagem imparcial e objetiva da atual sociedade angolana, fruto de muitas mutações culturais e políticas derivadas da sua história recente.

a Rainha doS eSTapaFúRdioS • JoSé eduaRdo agualuSa, danuTa WoJciechoWSkaa rainha dos estapafúrdios conta as aventu-ras de ana, uma perdigota irrequieta e curiosa, à procura de uma roupa mais colorida do que aquela que a natureza lhe deu ao nascer. Sozinha, engana uma hiena esfomeada, enfrenta um leão feroz e transforma-se na rainha da savana. este é um livro para estar presente em todos os dias das nossas vidas. Uma história para sonhar acordado.

aS avenTuRaS de ngunga • PePeteLaescrito em 1972, numa época em que angola vivia ainda sob o jugo colonial, esta é a história de um jovem guerrilheiro do MPLa de caráter determinado e reto, que se faz homem aprendendo a pensar pela própria cabeça. Uma história pungente e um terna que não deixará nenhum leitor indiferente.

Desde os “Os Sete Magníficos”, até ao recente Wall Street, de Oliver Stone, Wallach construiu uma carreira cinematográfica invejável. Mas era nos palcos que se sentia melhor tendo representado autores como Tennessee Williams, ou Ionesco, entre muitos outros

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tempo aguaceiros ocasionais min 26 max 32 hum 70-95% • euro 10.8 baht 0.2 yuan 1.2

Aconteceu Hoje 26 de junho

João Corvofonte da inveja

Pu Yi

línguade gato

Confesso que não estava à espera distoQuando Bill Chou, professor de Ciência Política da universidade de Macau (uM), se começou a manifestar ao lado de Jason Chao, eu achei que aquilo não ia dar bom resultado. não que eu fosse contra um docente de uma universidade pública demonstrar a sua opinião. Simplesmente achava que essa mesma universidade não ia achar graça à brincadeira, que depressa se tornou muito séria. a suspensão do docente, conhecida há dias, não me surpreendeu. não que ache que uma universidade pública tenha o direito de suspender assim um professor por razões políticas, mas simplesmente porque estamos em Macau e todos sabem como funcionam as coisas na prática. o que me surpreende é a suspensão do docente eric Sautedé. enquanto instituição privada de ensino, a Universidade de São José (USJ) fica bastante mal na fotografia. Sautedé foi despedido por razões políticas, porque, segundo Peter Stilwell, a Igreja deve fazer essa separação. não sei que jornais Peter Stilwell tem lido, mas a Igreja Católica deve ser tudo menos uma separação da vida comum, a política, a sociedade. Caso contrário, não passa de uma instituição que fundamenta um conjunto de crenças, mas que não servem os fiéis.do ponto de vista académico, caso estudasse na USJ, ficaria bastante desapontado com uma universidade que não dá azo à liberdade de expressão e de pensamento. aliás, que se preocupa com ela ao ponto de despedir. Ponderaria até cancelar a minha matricula e estudar, sei lá, num sítio onde se respira.

Dia contra a droga e todos os tipos de tortura• A 26 de Junho, assinala-se o Dia Mundial da Luta Contra a Droga e o Dia Internacional de Apoio às Vítimas da Tortura. São efemérides que se cruzam, na defesa da dignidade humana.Vinte seis de Junho é uma data de duas celebrações mundiais, na defesa da pessoa, quer no combate às dependências, quer na luta contra todas as formas de tortura. O Dia Mundial da Luta Contra a Droga e o Dia Internacional de Apoio às Vítimas da Tortura assinalam-se hoje.Nesta data, é lançado o Relatório Mundial de Drogas, do qual constam informações actualizadas sobre consumo, produção e tráfico mundiais. A data foi definida pela As-sembleia Geral da ONU através da Resolução 42/112 de 7 de Dezembro de 1987.Na Conferência Internacional sobre o Abuso e o Tráfico de Drogas, realizada em 26 de Junho de 1987, aprovou-se um plano de combate a este problema. Anualmente, a ONU, através do Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime, dá ênfase à Campanha Internacional de Prevenção das Drogas.Também neste dia, a ONU combate todas as formas de tortura. O Dia Internacional de Apoio às Vítimas da Tortura é uma data em que se reafirma o direito de todos, homens e mulheres, a viver em liberdade, imune a qualquer tipo de pressão e violência.Neste dia 26 de Junho, a tortura é lembrada como tratamento cruel, desumano, degradante e injustificado, em qualquer sociedade e em quaisquer circunstâncias. Trata-se de um direito inalienável, da defesa da dignidade de todos os homens e mulheres.Outras factos históricos são assinalados hoje. Em 1819, a bicicleta é patentada. Já em 1963, o presidente dos EUA, John F. Kennedy, profere a célebre frase “Ich bin ein Berliner” [Eu sou um berlinense], durante uma visita àquela cidade alemã.

C I n e M aCineteatro

Sala 1TranSformerS: age of exTincTion [b]Um filme de: Michael BayCom: Mark Wahlberg, Nicola Peltz, Jack Reynor, Li Bingbing14.30, 21.00

TranSformerS: age of exTincTion [3d] [b]Um filme de: Michael BayCom: Mark Wahlberg, Nicola Peltz, Jack Reynor, Li Bingbing18.00

Sala 2edge of Tomorrow [c]Um filme de: Doug LimanCom: Tom Cruise, Emily Blunt, Bill Paxton, Kick Gurry14.30, 16.30, 21.45

Sala 2TranSformerS: age of exTincTion [b]Um filme de: Michael BayCom: Mark Wahlberg, Nicola Peltz, Jack Reynor, Li Bingbing18.45

Sala 3maleficenT [b]Um filme de: Robert StrombergCom: Angelina Jolie, Sharlto Copley, Elle Fanning, Sam Riley14.30, 19.30, 21.30

TranSformerS: age of exTincTion [3d] [b]Um filme de: Michael BayCom: Mark Wahlberg, Nicola Peltz, Jack Reynor, Li Bingbing16.30

TRANSFORMERS: AGE OF ExTINCTION

Amor e outrAs DrogAs eDwArD Zwick (2010)

u M f I l M e h o J e

De parvos e loucos todos temos um pouco (na família).

não, esta não é uma comédia romântica normal nem, como o título pode sugerir, uma película acerca de toxicodependência. Conta, pura e simplesmente, uma história de paixão casual, como tantas outras, como qualquer outra. todas elas viciantes, algumas das quais destrutivas. É por isso mesmo que “amor e outras drogas” vale a pena. Cento e tal minutos de sensualidade e algum drama, mas daqueles sérios e sobre os quais vale a pena reflectir. Anne Hathaway desempenha o papel de uma interessante jovem a quem a vida decidiu atraiçoar com a doença degenerativa e incurável de Parkinson. Jake Gyllenhaal completa este romance, encarnando um jovem trabalhador na cidade de norte-americana de Pittsburg. Passado nos anos 90, a película reporta a história de amor que se vai desenvolvendo entre os protagonistas, enquanto a doença consome Hathaway e o trabalho, Gyllenhaal. De alguma forma – e tal como qualquer grande amor – acabam por conseguir a volta. Ou será que não? a ver vamos. entre encontros sexuais desenfreados e verdadeiros momentos de deses-pero, “amor e outras drogas” desenvolve-se de uma forma incrivelmente intrincada. Consegue, contudo, ser um filme pouco pesado e fácil de apreciar a qualquer hora do dia. - Leonor sá machado

hoje macau quinta-feira 26.6.2014 (F)utilidades 21

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22 opinião hoje macau quinta-feira 26.06.2014

Os rendimentos agrícolas podem reduzir-se até cerca de 50 por cento em alguns países de África se as práticas de produção não mudarem. Os pobres gastam entre 50 por cento a 80 por cento dos seus rendimentos em alimentos.

O Dia Mundial de Combate à Desertificaçãoperspect ivasjorge rodrigues simão

“Forests are giant reservoirs of carbon and biodiversity that must remain largely intactif we want to bring global warming under control and preserve life on earth. However, over the last decade, 13 million ha/year of forests have been deforested in the word. South America and Africa present the highest deforestation rates (> 3.4 million ha/yr) and forest losses were also intense in many places of Asia.”

Deforestation Around the WorldPaulo Moutinho

A Assembleia Geral das Nações Unidas por meio da Resolução (A/RES/49/115) de 17 de Junho de 1994, decla-rou o “Dia Mundial de Combate à Desertifi-cação e à Seca” com o objectivo de promover a sensibilização pública

para a implementação da “Convenção das Nações Unidas para o Combate à Deserti-ficação e Mitigação dos Efeitos das Secas” nos países afectados pela seca e/ou grave desertificação, em particular os de África.

Os Estados Partes da Convenção, as or-ganizações do Sistema das Nações Unidas, as organizações internacionais e não-gover-namentais e outras partes interessadas, desde 1995, têm celebrado este dia especial com um conjunto de actividades de divulgação em todo o mundo. O “Dia Mundial de Combate à Desertificação” é uma ocasião única para fazer lembrar que a desertificação pode ser combatida eficazmente, que as soluções são possíveis, e que as ferramentas principais para atingir este objectivo residem na par-ticipação da comunidade internacional e da cooperação a todos os níveis.

Os Estados Partes da Convenção e orga-nizações da sociedade civil são anualmente convidados a organizar eventos para celebrar este dia como uma oportunidade adicional para aumentar a sensibilização e a participa-ção no processo. Lutar ou fugir? Estas são as duas cruas opções que enfrentam milhões de pessoas em todo mundo com particular incidência em África.

As suas decisões são sentidas em todo mundo. A diminuição das precipitações ao longo dos anos, fizeram crer que as árvores que possuíam estavam a capturar demasiada água do solo e por isso foram devastadas. As colheitas diminuíram e as pessoas deslocaram-se para outros locais. O que acontece com essas pessoas, em es-pecial as mulheres não é um caso isolado, pois encontram-se na mesma situação em que estiveram as mulheres desde Darfur ao Afeganistão antes dos conflitos locais pela água ou pela terra se terem convertido em guerras civis, violência sexual ou genocídios.

Tal situação não é apenas exclusiva da África subsaariana, onde quinhentos milhões de pessoas vivem em meios rurais, a maioria depende da terra e a desertificação é uma

constante ameaça à sua sobrevivência. Mais de mil e quinhentos milhões de pessoas em todo mundo depende de terras degradadas e cerca de 75 por cento são pobres. A “Con-venção das Nações Unidas da Luta contra a Desertificação (CNULD)”, é o quadro jurídico internacional para a luta contra a desertificação, degradação das terras e secas, tendo 170 dos seus 194 Estados Parte decla-rado estarem afectados pela desertificação.

A desertificação é uma crise silenciosa e invisível que está a desestabilizar comuni-dades à escala global. Enquanto os efeitos das mudanças climáticas destroem os meios de subsistência, os conflitos interétnicos surgem tanto dentro como entre os Estados

e os países frágeis optam pela militarização para controlarem a situação.

Os efeitos da desertificação estão-se a sentir cada vez mais em todo mundo, porque as suas vítimas se convertem em refugia-dos, deslocados e emigrados forçados; ou precipitam-se em radicalismos, extremismo ou guerras pelos recursos naturais para poder sobreviver. O restaurar da paz, segurança e estabilidade internacional num mundo no qual os fenómenos meteorológicos incertos ameaçam a vida de cada vez mais pessoas, as opções de sobrevivência declinam e a capacidade dos Estados é ultrapassada, sendo necessário que a comunidade internacional trabalhe mais para combater a desertificação,

reverter a degradação da terra e mitigar os efeitos da seca, pois caso contrário, muitos pequenos agricultores e comunidades po-bres dependentes da terra terão apenas duas opções, a de lutar ou emigrar.

A insegurança alimentar, desencadeou distúrbios em mais de trinta países, em 2008. As comunidades rurais que dependem da agricultura de sequeiro são as que mais contribuem para a segurança alimentar in-ternacional. O sustento de mais de dois mil milhões de pessoas em todo mundo depende de quinhentos milhões de pequenos agri-cultores. As terras secas, que representam quase 35 por cento da superfície terrestre são o principal garante da segurança ali-mentar, especialmente para os mais pobres, degradando-se cada dia mais.

A grande questão colocada é acerca da possibilidade de resposta ao crescente acrés-cimo da procura alimentar e aumentar a sua produção em cerca de 75 por cento até 2050, quando a terra produtiva está a diminuir e a comunidade internacional permanece inactiva face à desertificação e às mudanças climáti-cas. É de considerar que doze mil milhões de hectares de terra produtiva são convertidas em baldias anualmente devido única e exclusiva-mente à desertificação e à seca, traduzindo-se numa oportunidade perdida de produzir vinte milhões de toneladas de grãos.

Os rendimentos agrícolas podem reduzir--se até cerca de 50 por cento em alguns países de África se as práticas de produção não mudarem. Os pobres gastam entre 50 por cento a 80 por cento dos seus rendimentos em alimentos. A degradação do solo é um problema que afecta todas as regiões, não apenas as terras secas ou os países em vias de desenvolvimento. Um terço das terras agrícolas estão saturadas ou severamente degradadas.

As terras secas são mais vulneráveis à destruição natural ou humana devido à es-cassa quantidade de água no solo. O aumento das secas e das inundações, que são mais fortes, frequentes e generalizadas, estão a destruir o solo, que é o principal depósito de água doce do planeta. As secas matam mais pessoas do que nenhuma outra catástrofe natural e os conflitos entre comunidades por falta de água intensificam-se.

As terras desde o lago Turkana situado na fronteira entre a Etiópia e o Quénia e que constitui o maior lago permanente e alcalino do mundo até à República Centro-Africana estão a ser abandonadas e as populações estão a emigrar e a deslocar-se à procura de recursos aquíferos. Sem restaurar as terras degradadas e protegê-las de futuras degra-dações não é possível preservar o solo dos impactos das mudanças climáticas, renovar os recursos subterrâneos para satisfazer a procura presente e futura de água, diminuir as tensões ou reverter os fluxos migratórios.

A existência de mil milhões de pessoas que carecem de acesso à água actualmente é aterradora, calculando-se que a procura aumentará 30 por cento até 2030. Em 2025,

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Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Redacção Joana Freitas (Coordenadora); Andreia Sofia Silva; Cecilia Lin; José C. Mendes; Leonor Sá Machado Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Agnes Lam; Arnaldo Gonçalves; Correia Marques; David Chan; Fernando Eloy ; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau Pineda; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

23 opiniãohoje macau quinta-feira 26.6.2014

P ODE-SE considerar 2014 o “annus horribilis” deste III Executivo da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM), e para o responsável máximo, Chui Sai On. Tivemos o “chum-bo” da população à Lei do Regime de Garantias dos titulares dos principais car-

gos, as manifestações mais concorridas dos quinze anos de história da RAEM, a postura “gaffeuse” dos elementos mais próximos do Governo, e para piorar as coisas nem a saúde ajuda, depois do próprio Chui ter sido acometido de uma crise de gota, e a panda-gigante Sam Sam falecido de insuficiência renal aguda – e tudo isto em ano de eleições para Chefe do Executivo. É caso para se dizer que se para descer todos os santos ajudam, esta tem sido uma queda feita aos tram-bolhões. Chui Sai On anda a precisar de ir à bruxa, ou adaptando esta expressão à realidade local, ao mestre do “fong-soi”.

Como se não bastassem todos estes rombos no casco da nau da harmonia, eis que apanha pela frente mais um rochedo: a censura académica, que levou a que um professor da Universidade de Macau fosse suspenso alegadamente pelo sua participação em activismo político, e o despedimento de outro docente, este da Universidade de S. José, devido às suas intervenções políticas. Este é um Adamas-tor difícil de contornar para Chui Sai On, pois no lançamento desta “crise” o próprio garantiu que a liberdade de expressão no território “está bem e recomenda-se”, mas se as próprias instituições de ensino su-perior, que formam os quadros da RAEM de amanhã, mandam uma mensagem no sentido contrário; é caso para dizer que a opinião é livre, pois, mas “não se recomenda”. A ideia com que se fica é que sim senhor, escrevam e digam o que entenderem, mas fora da nossa folha de pagamentos. Fica difícil pensar com as contas por pagar e a barriga a dar horas.

Pode-se dizer que 2014 é o somatório de todos os erros. A especulação imobiliária, a inflação, a deterioração da qualidade de vida (qual qualidade de vida?), o adiamen-to “ad eternum” das infra-estruturas de que Macau necessita, nomeadamente um novo hospital público, a forma falaciosa como se interpreta a lei, ora de forma rígida e inflexível, ora através de interpretações livres e difusas, conforme o freguês, a dependência assustadora do sector do jogo na economia, e consequentemente da generosidade de Pequim e da sua política

O annus horribilisbairro do or ienteLeocardo

de vistos individuais, parece que tudo isto somado dá 2014. A população cansou-se de tanta indiferença, de tanta inércia, de tanta corporacracia e clientelismo desa-vergonhados. O tal diploma do Regime de Garantias foi a gota de água. Isto foi como querer passar clandestinamente com o Buda de Leshan na alfândega do aero-porto sem que ninguém desse por nada. Por acaso terá o Executivo confundido a tolerância e a paciência da população com indiferença e cobardia?

Chui Sai On começa a ficar sem coelhos para tirar do chapéu. De que vale o pale-ativo cheque uma vez por ano se depois tudo aumenta, e ainda por cima a inflação atinge o pique exactamente na altura da distribuição dessa migalha do bolo? Do que valem as seis mil patacas para a forma-ção contínua, se toda a gente que usa este subsídio para tirar a carta de condução? Eu ainda não usei a minha parte, mas já repararam na publicidade que passa na TDM sobre a segunda fase deste plano? A mãezinha aprende culinária, o avôzinho aprende caligrafia chinesa, a filhota, que supostamente é menos submissiva que a mãe, aprende a filmar, e quem sabe um dia se torna numa espécie de Sofia Coppola. Quando vos calais, autocratas duma figa? Ninguém compra esta banha da cobra.

Não queremos para Macau um Gover-no musculado, não desejamos o primado da lei acima das liberdades e garantias, não nos convém um regime disciplinador que meta toda a gente na linha. O que que-remos é gente competente, que nos sirva e não se sirva ela primeiro e se esqueça do resto. Gostamos muito do primado do segundo sistema, adoramo-lo e queremos que se mantenha, mas andam por aí muitas patas metidas na poça a sujá-lo de lama. É a altura para esta avestruz tirar a cabeça da areia e olhar à sua volta. Se for para acabar com isto e irmos todos ao fundo, lembrem-se: podem contar com muitos náufragos agarrados ao salva-vidas.

Estado IslâmIco do IraquEcartoonpor Stephff

Gostamos muito do primado do segundo sistema, adoramo-lo e queremos que se mantenha, mas andam por aí muitas patas metidas na poça a sujá-lo de lama

A nomenclatura não soube reagir à crise. Pensou que bastava bater o pé e lembrar aos contestatários de que “esta-mos na China”, portanto “cuidadinho ou levam no focinho”. Só que estes já não vão na conversa – medo do quê, se o próprio primeiro sistema torce o nariz à forma como em Macau se realiza o segundo?

mais de dois mil e quatrocentos milhões de pessoas em todo mundos viverão presumi-velmente em zonas sujeitas a períodos de intensa falta de água, o que poderá criar o deslocamento de setecentos milhões de pessoas até 2030.

As mulheres da África subsaariana inves-tem quarenta mil milhões de horas por ano na tarefa de recolher água. Entre 1990 e 2000 cerca de setecentas mil pessoas morreram em dois mil e quinhentos desastres naturais, dos quais 90 por cento estavam relacionados com a água e trinta e quatro dos trinta e sete países encontram-se em presumível perigo de guerra devido à ausência de cooperação trans-fronteiriça em recursos hídricos, afirmando estar afectados pela desertificação e pela degradação do solo. Só três países em todo mundo têm uma política nacional de secas.

As vidas dos habitantes da região do lago Chade, cujos meios económicos dependem em grande parte da agricultura e da pesca, estão em perigo devido à diminuição do lago. O lago Chade fornece água a cerca de vinte e cinco milhões de pessoas que vivem nos quatro países ao seu redor. A degradação do solo por causa do desflorestamento e a gestão inapropriada do solo, agravado por contínuas e fortes secas, levou à diminuição dos recursos aquíferos subterrâneos do lago.

O excesso de rega e a construção de uma rede de canais e diques de grande dimensão estão a esgotar igualmente, os recursos aquíferos do mar de Aral pela infiltração e a evaporação, degradando o solo e a vege-tação, espalhando a salinização secundária e reduzindo a eficiência agrícola nos oásis.

As mudanças climáticas alteram a face da Terra, com efeitos devastadores nas vidas daqueles que dependem das terras de cultivo. As zonas de produção de alimentos estão a mudar, as colheitas estão diminuir, o gado está a desaparecer e os lagos, rios e águas subterrâneas estão a secar. As mudanças climáticas associadas a outros problemas existentes, avoluma ainda mais a carência de muitas áreas degradadas, obrigando a população que depende da agricultura, da pastorícia e de outros recursos naturais a tornarem-se emigrantes forçados.

Os rendimentos das famílias pobres nos meios rurais que dependem da agricultura de sequeiro são mais vulneráveis à seca porque não podem absorver as perdas. As secas originaram migrações, conflitos ou secessões no passado em países como a Ín-dia, Bangladesh e Eritreia. Sem um modelo de adaptação apropriado, as possibilidades de conflitos e migrações meio ambientais forçadas aumentarão enquanto as reservas aquíferas diminuirão e o solo será cada vez menos produtivo.

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