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AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB Aspirações e partilhas PUB VISTOS GOLD CHINESES INVESTEM NO FUTURO POLÍTICA PÁGINA 4 POLÍTICA PÁGINA 5 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 QUARTA-FEIRA 24 DE SETEMBRO DE 2014 • ANO XIV • Nº 3181 O interesse pelos Vistos Gold não pára de aumentar. O número de autorizações de residência emitidas até Agosto duplicou em relação ao ano passado, com os cidadãos chineses em maioria. Para além do investimento e dos projectos financeiros, a educação dos filhos é ainda o objectivo principal com vista a um futuro emprego na Europa. Para os chineses locais os interesses são outros. CHEFE DO EXECUTIVO GAIOLA DOURADA LEIS ELEITORAIS CABEM TODAS NO MESMO SACO? PUB hojemacau PÁGINAS 2-3

Hoje Macau 24 SET 2014 #3181

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Hoje Macau N.º3181 de 24 de Setembro de 2014

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Page 1: Hoje Macau 24 SET 2014 #3181

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

Aspiraçõese partilhas

PUB

VISTOS GOLDCHINESES INVESTEM NO FUTURO

POLÍTICA PÁGINA 4

POLÍTICA PÁGINA 5

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 Q UA R TA - F E I R A 2 4 D E S E T E M B R O D E 2 0 1 4 • A N O X I V • N º 3 1 8 1

O interesse pelos Vistos Gold nãopára de aumentar. O número de autorizações

de residência emitidas até Agosto duplicou em relação ao ano passado, com os

cidadãos chineses em maioria. Para além do investimento e dos projectos financeiros,

a educação dos filhos é ainda o objectivo principal com vista a um futuro emprego

na Europa. Para os chineses locaisos interesses são outros.

CHEFE DO EXECUTIVOGAIOLA

DOURADA

LEIS ELEITORAISCABEM TODASNO MESMO SACO?

PUB

hojemacau

PÁGINAS 2-3

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HOJE

MAC

AUhoje macau quarta-feira 24.9.20142 REPORTAGEM

CECÍLIA L INcecí[email protected]

A corrida aos Vistos Gold por parte de empresários chineses que querem in-vestir em Portugal está

longe de chegar à meta final. Prova disso são os últimos dados citados pelo Diário de Notícias, em que 220 pedidos estavam, há dois meses, à espera de aprovação nos Serviços de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), graças ao período de férias de Verão em Portugal.

VISTOS GOLD EMPRESÁRIOS CHINESES LOCAIS NÃO CORREM ATRÁS DE INVESTIMENTOS

Relações mais que douradasA política dos Vistos Gold foi criada pelo Governo de Portugal em 2012, mas ainda não é o principal foco dos empresários chineses de Macau que querem investir no país. Agências imobiliárias falam de “falta de interesse” por não existir essa necessidade. Quem sabe, diz que uma educação europeia para os filhos é umdos principais motivos para pedir o Golden Visa

Desde que a política entrou em vigor em Portugal, em Outubro de 2012, que já foram investidos no país 817 mil milhões de euros - dados até Julho deste ano -, disse Rui Machete, Ministro dos Negó-cios Estrangeiros. Autorizações de permanência foram 1360, sendo que, só neste ano, até Agosto, foram emitidas 900, número que duplicou em relação ao ano passado.

De todas as autorizações da-das a estrangeiros, a maioria são atribuídas a cidadãos da China, um total de 1101 pessoas. Russos

e brasileiros preenchem o resto da lista. Contudo, qual o verdadeiro interesse dos empresários chineses de Macau nos Vistos Gold? O HM consultou escritórios de advogados e agências imobiliárias locais que se dedicam a prestar apoio a quem quer investir no país de Camões, mas todos garantem que, dadas as ligações históricas com Portugal e a existência de facilidades e documentos, os empresários não andam a correr atrás dos Vistos Gold, apesar de também aplicarem dinheiro no país.

Jorge Chang, advogado na Almeida Ribeiro Associados, es-critório sediado em Lisboa, disse ao HM que cerca de cem casos de investimento vieram de Macau. Contudo, o dinheiro pode não ter lá chegado por causa dos vistos Gold.

“Isso não significa que cem famílias ou empresários de Ma-cau participaram nesta política, porque os dados só mostram a origem do dinheiro, não significa que o dono do dinheiro a investir é residente. Só fiz três casos em que três residentes iam investir,

mas eram emigrantes da China”, disse ao HM.

“A maioria dos residentes da RAEM já tem passaporte portu-guês e o que os atrai é mesmo o retorno do investimento. Não é como os chineses da China con-tinental que querem benefícios iguais aos de um portador de pas-saporte português, para facilitar a passagem dos parceiros de negócio para a União Europeia”, disse Jorge Chang, advogado chinês de Macau.

O também co-fundador da Al-meida Ribeiro Associados diz ainda que os empresários locais investem muito em Portugal, uma vez que os retornos do investimento são maiores. “Houve mesmo um cliente de Macau que investiu num hospital privado, no valor de dez milhões de euros. Neste caso o residente não tinha passaporte português e veio pedir o Visto Gold”, explicou Jorge Chang.

EDUCAÇÃO É MOTIVO PRINCIPALNem só de milhões e investimento se faz a política dos Vistos Gold. Aos olhos dos investidores chine-ses, a educação dos filhos é objecti-vo primordial, com vista ao futuro emprego, segundo Jorge Chang. Só depois seguem os projectos financeiros e o investimento.

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HOJE

MAC

AU

3 reportagemhoje macau quarta-feira 24.9.2014

J ORGE Chang relatou ao HM vários casos de famílias ou empresários que mudaram

de vida com o Visto Gold. “Um homem da província de Shanxi de 50 anos comprou um apartamento em Lisboa com a sua mulher e filho. Mas depois reparou que o país era o destino de uma vida e comprou uma villa em Cascais. “Muitos emigrantes que querem viver para sempre em Portugal escolhem Cascais. Os filhos es-tudam em escolas internacionais. Esta é uma situação típica dos chineses em Portugal”, contou o advogado.

HISTÓRIAS DE INTEGRAÇÃO DE AGREGADOS FAMILIARES

O destino de uma vida

PORTUGAL AMIGÁVEL O advogado da Almeida Ribeiro Associados não tem dúvidas: mesmo que a política dos Vistos Gold chegue ao fim, os chineses que chegaram a Portugal já incentivaram o consumo no país. “Entraram cerca de oito mil chineses. Portugal agora é capaz de ter cerca de 50 mil chineses”, apontou o advogado.“O Governo e a sociedade portugueses repararam no cada vez maior investimento chinês. Na Assembleia da República já se ouviram vozes a pedir limites à emigração. Talvez em 2016, quando o Governo mudar, seja possível alterar a lei”, acredita Jorge Chang. Apesar de achar que, um dia, Portugal pode fechar a porta aos empresários chineses, Jorge Chang já apelida o país de “mais simpático” a receber estrangeiros. “Mesmo que existam vozes na Assembleia da República, Portugal ainda é um destino amigável para os chineses”. Jorge Chang diz que ainda não há funcionários chineses nas lojas de produtos de luxo na Avenida da Liberdade, em Lisboa, mas que nas escolas internacionais “há sempre um conselheiro chinês”.

“Segundo um inquérito que fizemos aos nossos clientes, um terço querem que os filhos tenham um melhor nível de ensino, para que depois da licenciatura possam trabalhar numpaís europeu”JORGE CHANG

A terceira forma de obter um Visto Gold é comprar uma casa que custe, no mínimo, 500 mil euros. Jorge Chang diz que não é estranho encontrar situações em que os empresários chineses acabam por comprar moradias acima do valor do mercado. “Isso tem a ver com a capacidade dos chineses em falarem outra língua. Os russos ou brasileiros dominam o português e o inglês, mas os chi-neses dependem muito da ajuda das agências e isso dá azo a aproveitar as zonas cinzentas da lei”, frisou o advogado.

Jorge Chang disse ainda que um website de vendas português, o OLX, já tem informação sobre casas em russo, mas que ainda continuam a faltar informações em mandarim. No ano passado já surgiram muitos casos de irregu-laridades cometidas por agências, sendo que muitos deles acabaram por ser investigados pela Polícia Judiciária (PJ).

“Existem agências que enga-nam os chineses e, só no nosso escritório, já houve seis ou sete casas. Houve mesmo queixas junto do Instituto da Construção e do Imobiliário”, disse o advogado.

Depois de cinco anos de emi-gração, os empresários chineses não podem apenas apresentar um certificado com o nível de língua para pedir a residência permanen-te, porque até esse documento pode ser falso. “Os emigrantes têm de ter uma entrevista cara a cara com as autoridades por-tuguesas, para que percebam o domínio do português”, explicou ao HM.

SEM NECESSIDADEMuitas agências imobiliárias do território trabalham agora no ramo dos Vistos Gold. Uma delas é a JonesLang LaSalle. Michelle Lou, funcionária da agência, conta ao HM que recentemente levou os pais a uma visita a Lisboa. “Fazemos este negócio mas em Macau faltam pessoas que tenham interesse, porque os residentes não precisam desta política”, contou ao HM. Com um grande número de chineses a visitar Portugal desde que o Governo português criou esta medida, são comuns os painéis com publicidade escrita com caracteres simplificados em locais como a baixa de Lisboa ou Cascais. Esta sexta-feira, Sofia Yu, uma chinesa que trabalha em Macau, partiu para Lisboa para ver a casa que será sua mas que a mãe escolheu. O Visto Gold irá dar-lhe mais oportunidades e facilidades para quando, um dia, for estudar para França.

“A maioria dos residentes da RAEM já tem passaporte português e o que os atrai é mesmo o retorno do investimento. Não é como os chineses da China continental que querem benefícios iguais aos de um portador de passaporte português, para facilitar a passagem dos parceiros de negócio para aUnião Europeia”JORGE CHANG Advogado

“Segundo um inquérito que fizemos aos nossos clientes, um terço querem que os filhos tenham um melhor nível de ensino, para que depois da licenciatura possam trabalhar num país europeu. Mas quero aqui explicar o que tem sido um mal entendido: nem todos os países aceitam os alunos ou trabalha-dores com residência em Portugal. Faltam alguns processos e muitas vezes as agências não explicam isso aos clientes chineses”, contou o advogado.

“A segunda maior razão [para pedir um Visto Gold] é para trans-portar as finanças da China para a Europa, porque o ambiente finan-ceiro no continente não é estável”, disse ainda o advogado.

CONDIÇÕES DOURADASPara se ter acesso a um visto de cor dourada é preciso abrir uma conta bancária com o mínimo de um milhão de euros, ou então criar, no mínimo, dez postos de traba-lho em Portugal, país que neste momento atravessa uma elevada taxa de desemprego. Dados do Instituto de Emprego e Formação Profissional falam de mais de 624 mil desempregados em Agosto.

Há ainda a história de outro homem cuja mulher decidiu aprender português com 40 anos, ou o filho que quer can-didatar-se ao ensino superior português. “Os alunos escolhem os cursos de Economia e Finan-ças por serem em inglês e não terem de falar português”, frisou Jorge Chang.

O advogado fala ainda de um caso de “integração”. “Uma família da cidade de Xi’an com-prou uma casa por um milhão de euros, depois os avós e os familiares também emigraram. Só desta família são 30 ou 40 chineses.”

“Há ainda empresas que oferecem cargos a advogados e agências de contabilidade que procuram assessoria jurídica em chinês. A função destas empresas é procurar oportuni-dades em Portugal, na área dos vinhos e outros negócios”, disse o advogado.

Mas nem todos os emigran-tes têm uma experiência feliz. “Houve o caso de um emigrante que encontrou uma agência que lhe vendeu a casa a um preço mais alto do que custava no mercado. Foi aberto um proces-so e recebeu ameaças do agente imobiliário. Pediu ajuda junto do Consulado e nós também o apoiamos. Recuperou o dinheiro e comprou uma casa pela segun-da vez, tendo ficado satisfeito”, disse Jorge Chang. - C.L.

“Muitos emigrantes que querem viver para sempre em Portugal escolhem Cascais. Os filhos estudam em escolas internacionais. Esta é uma situação típica dos chineses em Portugal”JORGE CHANG

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HOJE MACAU

4 hoje macau quarta-feira 24.9.2014POLÍTICA

FIL IPA ARAÚJO*[email protected]

A S mudanças foram pro- metidas mas, em ano de eleições para o Chefe do Executivo, nada acon-

teceu: vai ou não o novo Governo rever as leis eleitorais? Segundo deputados e académicos ouvidos pelo HM não há dúvidas: é urgente rever estas leis. Mas há quem vá mais longe e peça mesmo a junção de todas as leis eleitorais - Lei Eleitoral para o Chefe do Executi-vo, Lei Eleitoral para a Assembleia Legislativa e Lei do Recenseamento Eleitoral – numa única.

Foi em Junho que José Chu, director dos Serviços da Adminis-tração e Função Pública (SAFP), assegurou que o Governo estaria aberto a iniciar os trabalhos para a revisão das Leis Eleitorais. Numa resposta a uma interpelação escri-ta do deputado Leong Veng Chai - e confrontado com o relatório apresentado pelo Comissariado contra a Corrupção (CCAC) que mostra que há falhas na Lei

J OSÉ Chu, director para os Serviços de Administração e Função Pública (SAFP),

confirmou este ano que o Go-verno iria estudar a hipótese de a Comissão para os Assuntos Eleitorais (CAE) se tornar um órgão permanente. Afirmação que surgiu depois de Leong Veng Chai ter questionado o Executi-vo, numa interpelação escrita, relativamente à necessidade de uma maior consciência política em Macau. Confrontado com esta hipótese, o Governo esclareceu que se existisse interesse por parte da comunidade para que isso acontecesse, então poderia de facto acontecer.

“O Governo tem mantido uma postura aberta em relação à ideia de transformar a Comissão num órgão permanente e irá continuar a ouvir as opiniões da sociedade

e, posteriormente, vai estudar um modelo de funcionamento adequado”, afirmou José Chu, na altura.

UNANIMIDADEDe acordo estão Leong Veng Chai e o seu número um, José Pereira Coutinho, bem como o sociólogo e ex-professor de Administração Pública Larry So.

“Há mais de cinco anos que sugerimos isso ao Governo”, co-meça por dizer Pereira Coutinho. “Esse órgão não estaria apenas a trabalhar nos momentos eleito-rais, mas sim em constante tra-balho para divulgar a capacidade cívica e a divulgação das questões políticas junto da população de Macau.”

Esta acção, segundo o deputa-do, ao existir, deveria ainda estar mais dedicada às camadas mais

jovens, pois são a massa com maior défice de conhecimento” das questões de políticas.

Larry So concorda. “Seria muito melhor, as coisas funcio-nariam de forma melhor, caso existisse um órgão em trabalho permanente para os assuntos elei-torais.” O académico considera que é necessário tomar medidas e “fazer alguma coisa de forma constante” para que a comuni-dade ganhe a educação cívica tão defendida por Pereira Coutinho.

EFEITOS NOCIVOSA mudança de membros da CAE de quatro em quatro anos é um dos aspectos criticados por Leong Veng Chai, que acre-dita que esta alteração só está a prejudicar o desenvolvimento da população. “Actualmente os membros do CAE mudam de

quatro em quatros anos e isto faz com que os novos membros precisem de aprender o funcio-namento do órgão em questão, assim como compreender todos os regulamentos para organizar a nova comissão, as maneiras, os pensamentos de cada membro. Enfim, tudo é novo e precisa de tempo para adaptação”, explica o deputado ao HM, reforçando que “isso é prejudicial”.

Leong Veng Chai acredita que tornar a CAE num órgão permanente é o melhor que se pode fazer. “Com a existência de um órgão permanente não é necessária esta mudança de quatro em quatro anos e as disposições legais são também as mesmas e concretas, não são alteradas. Tudo isto evitaria a confusão de funcionamento e todo o trabalho seria mais útil”, defende. - F.A.

VOZ CONTRAOpinião contrária à unificação das leis tem Leong Veng Chai, que afirma que não se deve misturar os diferentes momentos eleitorais. “As eleições, tanto a eleição para o Chefe do Executivo como a eleição para a Assembleia Legislativa, são assuntos diferentes, são eleições diferentes e por isso têm quadros legislativos diferentes”, defendeu o deputado, sublinhando que para si “é impossível unificar as leis eleitorais”. -* com Joana Freitas

Deputadose académicos concordam quea revisão das leis eleitorais – tal como prometido pelo Governo – é urgente. E há quem vá mais longe: uma lei única bastariapara controlar todas as eleições

LEIS ELEITORAIS ESPECIALISTAS PEDEM URGÊNCIA NA REVISÃO

E se fosse apenas uma?

COMISSÃO PARA OS ASSUNTOS ELEITORAIS “DEVERIA SER PERMANENTE”

Aprendizagem contínua

Eleitoral - o responsável garantiu que o Executivo levava em conta as recomendações do CCAC e prometeu mudanças.

Larry So, sociológo e ex-pro-fessor de Administração Pública, acredita que seria benéfico para a sociedade que Macau fosse alvo de uma reforma política, com um enfoque especial “no que respeita às eleições e ao seu sistema”.

O QUE ESTÁ EM CAUSAEm declarações ao HM, So explica que o que está em cima da mesa não é a discussão do sufrágio universal - que o próprio acredita que não irá acontecer nos próximos anos - mas sim uma revisão que possa permitir um maior número de membros eleitos.

Se o académico está confiante que essa mudança possa vir a acon-tecer, já menos esperançoso está o deputado José Pereira Coutinho, que salienta até que, sem o “elenco governativo completo”, é difícil prever o que o Executivo irá fazer.

“As prioridades do Governo, al-gumas delas, já foram definidas pelo Chefe do Executivo, como a habita-ção e os transportes. Deste modo, é preciso esperar para perceber o que poderá vir a seguir”, disse Pereira Coutinho ao HM, reforçando que os deputados “tencionam propor que o Governo reveja com a máxima urgência as leis eleitorais”.

De acordo está o deputado e número dois de Pereira Coutinho, Leong Veng Chai que reforça a urgência em iniciar esta revisão.

LEI ÚNICA?Em 2008 foi feita a última revisão às leis eleitorais. Numa resposta recente ao HM, sobre o relatório das actividades eleitorais para a AL, os SAFP confirmaram que o documento analisa os trabalhos das diversas fases do processo das eleições e que são propostas melhorias. Essas melho-rias, garantia o organismo, seriam dadas a conhecer quando houvesse “consulta ao público aquando da revisão das leis eleitorais”.

Sem adiantar uma data, os SAFP frisavam apenas que a Lei Eleitoral para o Chefe do Executivo, a Lei Eleitoral para a Assembleia Legis-

“No caso de se criar esta lei (geral) facilitava tudo, nem teríamos que fazer uma revisão à Lei Básica, nem ir ao Governo Central”LARRY SO Sociológo

lativa e a Lei do Recenseamento Eleitoral estão relacionadas, pelo que a sua revisão teria de ser feita em conjunto. “Vão iniciar-se em tempo oportuno os trabalhos de revisão da Lei Eleitoral”, garantia.

Se a consciência de que todas as revisões destas leis têm de ser feitas em conjunto existe, há, por outro lado, quem deixe outras sugestões. É o caso de Larry So, que pede uma lei geral que crie directrizes para

“Sou a favor de existir um código de leis específicas para determinadas matérias”PEREIRA COUTINHO Deputado

todos os momentos eleitorais do território e para o recenseamento eleitoral.

NO MESMO SACOO académico relembra que, ac-tualmente, essas três leis estão “inteiramente ligadas à Lei Básica” e defende que deveria existir uma lei geral que pudesse ser uma “lei administrativa”.

“Isso iria facilitar o processo. No caso de se criar esta lei facili-tava tudo, nem teríamos que fazer uma revisão à Lei Básica, nem ir ao Governo Central”, explica.

Pereira Coutinho mostra-se mais cauteloso, ainda que concorde com a ideia. “Sou a favor de exis-tir um código de leis específicas para determinadas matérias”, explicou o deputado, adiantando que a possibilidade de um código relativamente às leis eleitorais era “bastante interessante”.

Esta acção, segundo Coutinho, está dependente do “ponto de partida do Governo”, ou seja, se o Executivo considera se há ou não necessidade para se criar uma lei geral. - * com Joana Freitas

HOJE MACAU

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GCS

5 políticahoje macau quarta-feira 24.9.2014

O Presidente da Repúbli-ca Popular da China está atento à diversi-ficação económica,

ao desenvolvimento sustentável e à conjuntura internacional. É assim que Chui Sai On interpreta a mensagem deixada por Xi Jinping ao Chefe do Executivo, na segunda--feira, quando o Presidente alertou para a necessidade de antecipar os problemas causados pelas “grandes mudanças” que iriam acontecer em Macau.

Citado em comunicado, o líder da RAEM diz que os líderes do Governo Central reconhecem os trabalhos desenvolvidos pelo Gover-no e pelo Chefe do Executivo e que houve instruções dadas, tanto para o Executivo, como para a população. “Nomeadamente, o facto da popula-ção de Macau se preparar para a ad-versidade em tempos de abundância e planear, a longo prazo. Os líderes do país mostraram-se preocupados com as variações a nível mundial e em Macau, esperando que o Governo dê mais importância aos empreen-dimentos futuros relativos à vida da população.”

De acordo com a rádio, o Chefe do Executivo – que foi a Pequim receber o decreto para mais cinco anos à frente do Governo – não acredita que Xi Jinping estivesse a referir-se aos protestos que têm acontecido em Macau quando disse a Chui Sai On para ficar alerta.

MANIFESTAÇÕES SÃO PARA FICARInstado a falar sobre as manifesta-ções, Chui Sai On disse também que acredita que estas vão continuar a existir, diz a rádio citando o líder do Governo.

No encontro com os jornalistas, em Pequim, Chui Sai On foi ques-tionado sobre a actuação das autori-dades policiais e as acusações feitas a alguns activistas, mas não deu uma resposta directa, dizendo apenas que os tempos de agora são outros.

“Qualquer autoridade tem de executar as suas diferentes com-petências. Os jovens e a forma de

Secretários Ainda uma incógnitaEm relação às personalidades que irão ocupar os cargos principais para o próximo governo, Chui Sai On nada adiantou, sublinhando apenas que, após a nomeação em Pequim e regressado a Macau, é que iniciará as respectivas diligências. O mesmo indicou que a Lei Básica estipula que esta é uma responsabilidade do Chefe do Executivo e vai submeter esta decisão, o mais rápido possível, ao Governo Central, para efeitos de nomeação. Chui Sai On sublinhou que, até ao momento, não abordou este assunto com nenhuma entidade ou personalidade, por isso, não existem mais informações para anunciar e “espera que lhe dêem tempo para realizar esta tarefa tranquilamente”.

AdministraçãoEvitar sobreposiçãode funções Chui Sai On garantiu ontem que vai analisar a questão da duplicação de estruturas na Administração, para evitar o desperdício de recursos humanos. Em Pequim, onde se encontrou com o Presidente Xi Jinping, o líder da RAEM comprometeu-se a começar os estudos para a tão prometida reforma administrativa no próximo ano, em Janeiro, assim que fizer um mês de mandato. “Haverá dois espíritos a seguir na reforma administrativa: uma é o não aumento de orçamento da parte do Governo e a outra é o controlo dos recursos humanos na equipa do Governo.” Chui Sai On assegurou ainda que vai estar atento à sobreposição de funções no Executivo e que a proposta para a reforma na Administração vai ser feita de “forma muito transparente”.

Fronteirassem novidadesChui Sai On estaria apenas à espera de “luz verde” do Governo Central para o prolongamento do horário dos postos fronteiriços, mas Pequim parece não ter dado aval ao líder do Governo. Em comunicado, Chui Sai On diz que, ao longo do encontro com os lideres do país, expressou opiniões e desejos de prolongamento dos horários de funcionamento dos postos fronteiriços, mas o Chefe do Executivo saiu de lá sem novidades. Uma coisa apenas parece ser certa: “[Chui Sai On] está optimista e espera concretizar ainda durante o actual Governo” esse prolongamento.

Chefe do Executivo promete esforços para resolver “problemas”

O Chefe do Executivo, Chui Sai On disse ontem em

Pequim que tanto o actual, como o próximo Governo se vão esfor-çar para resolver, “faseadamen-te”, alguns dos problemas que surgiram ao longo do processo de desenvolvimento da cidade.

Citado em comunicado, o líder do Governo assegura que foram discutidas muitas ques-tões sobre Macau no encontro que manteve com o Governo Central, em Pequim, sendo que “algumas delas são provenientes de motivações históricas e outras

são oriundas do longo processo de desenvolvimento”.

Chui Sai On deu como exem-plo a escassez de terrenos e de recursos humanos, “que limitam o crescimento local”, o sector do jogo, que ocupa permanente um peso significante na econo-mia de Macau, e as questões ligadas à habitação, transportes e mecanismos permanentes a longo prazo, temas que já são, inclusive, promessas para o seu novo mandato.

“O Governo deve promover mais esforços na cooperação re-

gional, no sentido de concretizar uma diversificação adequada da economia”, acrescentou ainda.

O optimismo, contudo, inva-de Chui Sai On, que diz que “nos últimos anos, têm sido acumula-das muitas energias positivas” e que estas “irão ajudar a resolver inúmeros problemas”.

Os estudos, esses, vão con-tinuar: “É indispensável criar mais estudos e dedicar tempo à investigação que permitam uma governação com base em dados científicos”, frisa o líder do Governo.

O Chefe do Executivo afasta a hipótese de os alertas do Presidente chinês terem algo a ver com as recentes manifestações em Macau

CHUI SAI ON ALERTA DE XI JINPING É SOBRE ECONOMIA

Nós por cá todos bem

“Os líderes do país mostraram-se preocupados com as variações a nível mundial e em Macau, esperando que o Governo dê mais importância aos empreendimentos futuros relativosà vida da população”COMUNICADO DE CHUI SAI ON

manifestar há uma diferença com o passado. Por exemplo, nos últi-mos tempos, também houve uma alteração na imprensa e nos novos média. Como Governo, temos de

acompanhar essas mudanças. Eu só quero aumentar essa interactivida-de [com a população]”, declarou, referido pela rádio.

Citado em comunicado, Chui

Sai On disse ainda que, ao longo do desenvolvimento, é normal cada território enfrentar os seus problemas e diz que, por isso, o Presidente Xi Jinping espera da RAEM mais atenção às influências do mundo, no desenvolvimento local e no que toca às revindicações da população.

Chui Sai On considera que as 120 mil opiniões recebidas durante o período da sua candidatura con-tribuirão para reflectir os desejos da população e que se sente preparado para continuar os trabalhos gover-nativos.

“ASPIRAÇÕES COMUNS PARA O FUTURO E PARTILHA DA PROSPERIDADE” É O TEMA DA CANDIDATURA DE CHUI SAI ON E SERÁ O DO NOVO GOVERNO

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hoje macau quarta-feira 24.9.20146 política

ANÚNCIO

Faz-se saber que, em relação ao concurso público para «Obra de melhoramento das instalações eléctricas da 1.ª fase do Edifício Hou Kong Fa Un», publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau n.º 37, II Série, de 10 de Setembro de 2014, foram prestados esclarecimentos, nos termos do artigo 2.2 do programa do concurso, e foi feita aclaração complementar conforme necessidades, pela entidade que realiza o concurso e juntos ao processo do concurso.

Os referidos esclarecimentos e aclaração complementar encon-tram-se disponíveis para consulta, durante o horário de expediente, no Instituto de Habitação, sito na Travessa Norte do Patane, n.º 102, Ilha Verde, Macau.

Instituto de Habitação, aos 18 de Setembro de 2014.

O Presidente, Substituto,

Ieong Kam Wa

ANDREIA SOFIA [email protected]

T EM sido a bandeira da dupla que compõe a lista Nova Esperan-ça e continua a ser

motivo de luta: os funcio-nários públicos que prestam serviço na linha da frente devem ter mais regalias. Desta vez, o deputado Leong Veng Chai, número dois de

O cônsul-geral do Brasil para Hong Kong e Macau,

José Macedo Soares, es-pera que pelo menos cem dos 217 eleitores inscritos no Consulado votem nas eleições presidenciais brasi-leiras, agendadas para o dia 5 de Outubro. “Estou com esperança de que este ano haja mais de cem votos”, disse o diplomata à agência Lusa, indicando que “nas últimas quatro eleições brasileiras votaram menos de 80 pessoas”.

Segundo José Macedo Soares, a representação diplomática registou 99 novos eleitores, um número

BRASIL CÔNSUL PARA MACAU ESPERA UMA CENTENA DE VOTANTES NAS ELEIÇÕES

Decidir longe de casa

FUNÇÃO PÚBLICA LEONG VENG CHAI PEDE MAIS SEGUROS PARA FISCAIS

O perigo é a minha profissão

que “pode parecer pequeno, mas que demonstra um certo interesse”, assegura.

DUELO NO FEMININOPara as presidenciais de 5 de Outubro, as sondagens de opinião pública sobre as intenções de voto colocam muito perto as duas candi-datas Dilma Rousseff, que procura a reeleição, e a ambientalista Marina Silva.

Recorde-se que, num trabalho feito pelo HM sobre as eleições no Brasil, muitos membros da membros da comunidade brasileira do território disseram estar divididos nas escolhas: ou não as têm ou optariam por

Aécio Neves, que corre pelo Partido da Social Democra-cia Brasileira (PSDB).

Os brasileiros que resi-dam em Macau têm que se deslocar a Hong Kong para votar, já que o território não reúne um número mínimo de eleitores que permita a aber-tura de uma secção consular. A diferença horária vai fazer com que os brasileiros votem primeiro por cá. “Com [a diferença horária], vamos fechar as urnas antes de abrirem lá”, realçou.

Estima-se que a comu-nidade brasileira em Hong Kong e Macau seja compos-ta, no seu conjunto, por um milhar de pessoas. - Lusa / HM

O deputado Leong Veng Chai dá o exemplo recente de dois fiscais - da DSAT e dos SS - que foram agredidos em pleno serviço para pedir um alargamento dos seguros dos funcionários públicos que fazem fiscalização. Os actuais, relembra, não cobrem casos de acidente

José Pereira Coutinho, pede mesmo um alargamento do âmbito dos seguros nestas situações, até porque em causa, diz, pode estar a de-sistência do trabalho.

“O perigo com que os fiscais se deparam no exer-cício das suas funções e a insuficiência de protecção levam ao abandono da pro-fissão. Para dar resposta às necessidades sociais, de que

medidas dispõe o Governo para reter os actuais fiscais e atrair mais pessoal para essa função? Vai, por exemplo, alargar o âmbito da protec-ção ao nível dos seguros?”, questiona o deputado em interpelação escrita.

Leong Veng Chai lembra que o apoio do Governo “não é suficiente” e diz que isto acontece em particular na área dos seguros, “em que o âmbito de protecção se limita à invalidez e morte, sem cobrir acidentes”.

“Perante o elevado pe-rigo a que estão sujeitos e a insuficiência da protecção, trabalhar sem preocupações é algo difícil para aqueles funcionários”, escreveu o nú-mero dois da Nova Esperança.

E VÃO DOISPara justificar o pedido, Leong Veng Chai cita o exemplo de dois funcio-nários públicos, fiscais,

segurança física”, escreveu, a título de exemplo.

O deputado diz mesmo que, segundo informações das vítimas mencionadas, os referidos incidentes não fo-ram os primeiros, sendo que, no passado, “se registaram três incidentes semelhantes”.

“O Governo deve adop-tar medidas para a salva-guarda da segurança dos fis-cais durante o exercício das suas funções, a fim de que estes possam trabalhar sem preocupações”, defendeu o também antigo funcionário público.

que sofreram acidentes, recentemente.

“Dois funcionários pú-blicos da linha da frente - da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) e dos Serviços de Saúde (SS) - foram recente-mente atacados no exercício de funções e transportados para o hospital para recebe-rem tratamento”, relembra o deputado. “Incidentes destes ilustram a natureza perigosa das funções dos funcionários públicos da linha da frente. Estes, por falta de compe-tência e apoio, dificilmente conseguem garantir a sua

“Perante o elevado perigo a que estão sujeitos e a insuficiência da protecção, trabalhar sem preocupações é algo difícil para aqueles funcionários”LEONG VENG CHAI Deputado

FUNCIONÁRIOS SEM PODER DE AUTORIDADE Na interpelação escrita entregue ao Governo, Leong Veng Chai lembrou ainda que muitos fiscais se deparam com grandes dificuldades durante a execução da lei, muito por causa da falta de autoridade. O deputado pede, por isso, melhorias da parte do Executivo. “Há que salvaguardar que o trabalho [dos fiscais] decorre sem sobressaltos e há que ajudá-los a criar uma imagem de autoridade enquanto executores da lei, com vista a minimizar situações de desrespeito e de falta de colaboração. De que medidas dispõe o Governo para esse efeito?”, questiona Leong Veng Chai. O deputado apresentou ainda ao Governo mais casos reais onde os incidentes podem acontecer: no controlo do tabagismo, do ruído ambiental, na recusa de transporte pelos taxistas, na inspecção das pensões ilegais e habitações públicas. “Como compete a este pessoal proceder às respectivas autuações no local, é inevitável que os residentes, infractores da lei, descarreguem o seu descontentamento junto daqueles funcionários”, apontou o deputado.

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7SOCIEDADEhoje macau quarta-feira 24.9.2014

ANDREIA SOFIA [email protected]

S TEVE Wynn esteve ontem na Universi-dade de Macau (UM) para dar uma palestra

sobre o turismo de Macau, mas, à margem do evento, garantiu aos jornalistas que na Wynn Macau não reina a insatisfação dos croupiers.

“Cerca de 75% dos tra-balhadores receberam uma promoção nos últimos seis anos e a média salarial dos empregados aumentou 40% nos últimos cinco anos. Isso ajuda a explicar porque mantemos as pessoas. Têm

“Compreendo porque é que as pessoas querem ganhar mais, a indústria é saudável, gere muitas receitas e tem gerido um grande crescimento junto da sociedade. Todos querem ter uma fatia da tartee não há nadade estranhoou erradocom isso”

O magnata da Wynn garante que os seus empregados estão satisfeitos na empresae que “não há nada de errado e estranho” na exigência de maiores salários na indústriado jogo. Steve Wynn, que ontem deu uma palestra na UM, assegura ainda que Governo vai resolver o problema da falta de recursos humanos

JOGO STEVE WYNN PERCEBE PROTESTOS MAS NEGA INSATISFAÇÃO NA EMPRESA

“Todos querem uma fatia do bolo”

QUEBRA NASSALAS VIPNÃO É DRAMAConvidado a comentar as recentes quebras de receitas no segmento VIP e eventuais consequências para a operadora que gere, Steve Wynn não deu qualquer importância ao assunto e também descartou fazer projecções de ganhos para a Semana Dourada que se avizinha. “Estamos a chegar ao fim de mais um trimestre e não tenho dados concretos para responder. Estamos satisfeitos com o investimento e queremos fazer mais. Não tomo decisões a curto prazo e quando estabeleço a relação com o Governo faço-o a longo prazo”, apontou. Quanto aos limites de transporte de dinheiro impostos pelo Governo Central – de 20 mil yuan - Steve Wynn frisou não estar preocupado. “Quando há uma ponta de incerteza as pessoas agem de forma conservadora. O futuro de Macau será fantástico, estou bastante confiante em relação ao investimento neste [local].”

um futuro e bons salários”, referiu Steve Wynn, que defendeu ser “normal” que haja a exigência de maiores salários e regalias, referindo--se às últimas manifestações organizadas pela Forefront of The Macau Gaming (FMG).

“Compreendo porque é que as pessoas querem ganhar mais, a indústria é saudável, gere muitas recei-tas e tem gerido um grande

crescimento junto da socie-dade. Todos querem ter uma fatia do bolo e não há nada de estranho ou errado com isso. Mas o que precisamos de resolver é essa incerteza: se o Governo tem pressão por parte dessas associações, se as pessoas estão desconten-tes, isso pode gerar alguma preocupação. Mas penso que será fácil satisfazer todas as pessoas se houver

certezas em relação à gestão dos negócios”, garantiu o CEO da Wynn, que disse ainda que a operadora de jogo sempre lidou com os seus trabalhadores de forma muito próxima.

PROBLEMAS? QUE PROBLEMAS?Questionado sobre a ne-cessidade de recursos hu-manos para os próximos empreendimentos que vão

ser construídos no Cotai, Steve Wynn disse estar confiante de que o Execu-tivo terá respostas para os problemas. O magnata do

“Temos tido recursos humanos suficientes e não temos tido problemas. O Governo nunca nos deixou abandonados e tem sido um exemplo em relação às respostas aos projectos”

S TEVE Wynn foi on-tem instado a comen-tar a recente investiga-

ção do Comissariado contra a Corrupção (CCAC) sobre a adjudicação do novo ter-reno da operadora no Cotai e o magnata assegura que tudo está bem.

“Tudo o que está rela-cionado com essas transac-ção é tão limpo e cristalino que quase se pode ver, como se fosse uma garrafa de água. Fizeram-nos per-guntas, mostrámos toda a

STEVE WYNN E A RELAÇÃO COM O GOVERNO

Tudo claro como a águainformação e pareceu-me que ficaram muito satisfei-tos”, disse o empresário.

O caso está relacionado com a atribuição do ter-reno no Cotai, sendo que a União Internacional de Engenheiros Operacionais do Nevada (IUOE, na sigla inglesa) pediu ao Governo

que entregue documentos “públicos” sobre as transac-ções da Wynn por suspeita de que a operadora de jogo tenha pago, alegadamente, 400 milhões de patacas a um grupo de Pequim para ficar com a terra.

A Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e

Transportes (DSSOPT) já veio a público dizer que tudo foi feito dentro da le-galidade e o CCAC garantiu estar a investigar o caso.

Já em relação às nego-ciações para a atribuição de licenças e concessões de jogo, Steve Wynn garantiu ontem que “há um diálogo

absolutamente transparen-te” com o Governo.

“Tivemos um conces-são em 2002 e na altura foi dito que havia depois espaço para a sua extensão, algo que será discutido no próximo ano. Estamos bastante interessados nes-sa extensão, claro, porque investimos muito dinheiro aqui. A relação entre o Go-verno, os departamentos de jogo e as operadoras sempre foi transparente”, garantiu o CEO da Wynn Resorts.

jogo diz, aliás, que não lhe falta mão-de-obra.

“Temos tido recursos humanos suficientes e não temos tido problemas. O Governo nunca nos deixou abandonados e tem sido um exemplo em relação às res-postas aos projectos. Seria irracional não confiar no Governo. Se dão a conces-são para o terreno é porque querem que o projecto seja bem sucedido”, disse o CEO em conferência de imprensa.

Steve Wynn lembrou ainda que “o desejo de ter empregos para os locais é normal e racional”, tendo em conta a legislação em vigor. “Se não houver um número suficiente de croupiers quan-do abrirem os novos espaços, isso será uma grande questão a resolver pelo Governo. A certa altura, o Governo vai ter de lidar com isso, mas não acredito que não o consiga fazer, segundo o que tenho visto nos últimos 13 anos”, apontou.

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hoje macau quarta-feira 24.9.20148 sociedade

CECÍLIA L [email protected]

A Associação Novo Macau (ANM) propõe ao Go-verno que acabe

com a atribuição de licenças de táxis a quem não é taxista. Numa conferência de impren-sa, realizada ontem, a associa-ção defende que, se os táxis pertencerem apenas a quem os conduz, mais de metade dos problemas acabam.

“Actualmente o que acon-tece é que o dono do táxi tem a licença, mas não conduz, pois o veículo funciona apenas como uma fonte de investi-mento, ou seja, aluga o táxi a alguém que o conduz”, come-ça por explicar Rocky Chan, membro da associação. “Mas se, por exemplo, através das

PÁGINA NO FACEBOOK É POSITIVANo que respeita às informações dos últimos dias sobre as irregularidades dos taxistas divulgadas nas redes sociais, Wong Wan, director dos Serviços para os Assuntos de Tráfego, defendeu que considera este tipo de divulgação nas redes sociais como um método positivo, pois poderá ajudar as entidades responsáveis na fiscalização dos serviços de táxi. Seja como for, só caso se confirmem essas mesmas irregularidades é que “as autoridades devem iniciar uma investigação”, que poderá passar por pedir aos condutores uma explicação sobre aquilo de que são acusados, diz o responsável.

Se todos os que têm licenças de táxis fossem, realmente, os condutores e proprietários dos veículos, mais de metade dos abusos acabavam.É a opinião da ANM, que sugere que o Governo acabe com a atribuição de licenças de táxis a quem não é taxista

TÁXIS NOVO MACAU SUGERE LICENÇAS APENAS PARA CONDUTORES

Acabar com os negócios

HABITANTES ANDAM CADA VEZ MAIS DE AUTOCARRO

Vou ali e já venhoFAIXA PARA MOTAS MANTÉM-SE Respondendo à questão colocada pelo deputado Chan Meng Kam, sobre a possibilidade de tornar a via especial na Ponte de Sai Van para motociclos permanente, o director dos Serviços para os Assuntos de Táxi, Wong Wan, afirmou que essa mesma via tem sido “útil para a segurança dos condutores na passagem da ponte” e que, por isso, “é necessário mantê-la”, mas deixou a hipótese de uma revisão a essa medida para outra altura.

“Deve ser feito algum trabalho na prevenção para evitar os crimes e não o que se tem feito até agora: só há investigação depois dos crimes terem sido cometidos”ROCKY CHANMembro da ANM

FIL IPA ARAÚJOfilipa.araú[email protected]

O S habitantes de Macau usam cada vez mais os autocarros como meio

de transporte para as suas des-locações. Isso mesmo mostram dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) analisados pelo HM.

Comparativamente ao primeiro trimestre do ano passado, em que 180 mil residentes afirmavam usar os autocarros como meio de trans-porte, o mesmo período de 2014 mostra um aumento de mais de 20 mil usuários, estabelecendo-se nos 203,8 mil habitantes. Também no segundo semestre de 2013 foi

registado um aumento de 12 mil usuários, tendo em conta o período homólogo do ano anterior.

TENDÊNCIA QUE SE REPETEAinda que os números demonstrem que só 32,7% de toda a população da RAEM utiliza o autocarro como meio de transporte favorito, numa análise mais profunda - e recor-rendo ao ano de 2012 - é possível

MOTAS A PERDER FÃSApesar de se ter verificado este ano um aumento de 5% nos automóveis e motociclos a circular em Macau – tendo-se registado mais de 232 mil destes veículos -, estes não são os favoritos da população. Os automóveis particulares são apenas o quarto meio de transporte mais usado em Macau. No último período de análise de 2014, 65,5 mil inquiridos confirmaram que se deslocavam através da sua própria viatura, número superior ao mesmo período de 2013. Também os motociclos têm vindo a perder usuários. Em 2012, mais de 84 mil habitantes afirmava que tinha como meio de transporte preferido o motociclo, enquanto no segundo trimestre do presente ano apenas 76 mil confirmou a mesma opção.

AUTOCARROS VIAS RÁPIDAS O director dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), Wong Wan, assegurou ontem que vão haver vias rápidas para os transportes públicos já em 2015. No programa “Macau Talk” do canal chinês da Rádio Macau, o director esclareceu que “actualmente já está concluída a remodelação de estradas e sistemas de equipamentos de inspecção entre a Barra e o Ponte 16”, e que, por isso, se prevê que “a meio do ano de 2015, as vias sejam estendidas até à Bacia Sul do Patane”. - F.F.

verificar que, tendencialmente, há um aumento anual constante.

No último trimestre do ano de 2012, o número de passageiros dos autocarros fixava-se nos 185 mil, enquanto no ano seguinte, no mesmo período, mais de 200 mil habitantes revelavam que este meio de transporte era a sua opção favorita para as deslocações.

Andar a pé é a segunda forma de

deslocação mais usada em Macau. Mais de 175 mil inquiridos afirma-ram que optam por se movimentar a pé nas ruas do território, em vez de escolher meios de transporte. Opção que, desde 2012, tem re-gistado números muito idênticos.

novas tecnologias, fossem uti-lizadas impressões digitais nas licenças seria possível garantir que cada licença correspon-desse a apenas uma pessoa, sendo que só essa poderia ser possuidora de uma licença. Isso impedirá quem obtiver a licença de cobrar rendas de aluguer altas a terceiros.”,

Actualmente, a atribuição de licenças de táxis funciona como se de um leilão se tratas-se: através de concurso público, qualquer pessoa pode aceder a uma, que, depois, subconcede a terceiros. Os activistas falam ainda numa situação de mono-pólio de detenção de licenças, que faz com que não exista uma “concorrência saudável”.

MAIS PREVENÇÃO PRECISA-SEA ANM defende ainda a existência de uma maior

GRAVAÇÃO ÁUDIO NÃO Entre os métodos propostos para a fiscalização mais apertada dos taxistas estão, por exemplo, o sistema de gravação de áudio. A ANM não concorda com isto, porque diz que este poderá abrir um precedente de desrespeito à privacidade.

aposta na prevenção de abu-sos. “Deve ser feito algum trabalho na prevenção para evitar os crimes e não o que se tem feito até agora: só há investigação depois dos crimes terem sido cometi-dos”, defende Rocky Chan. “Existem pontos negros na cidade e o Governo precisa de colocar lá mais polícias e fiscais para supervisionar estes sítios.”

Chan acrescenta ainda que a associação chegou à conclusão de que muitas das irregularidades praticadas pelos taxistas estão relacio-nadas com a pressão que cada condutor tem em fac-turar mais do que aquilo que é humanamente possível.

Apesar de considerar que a aposta deve ser feita na pre-venção, a ANM está ainda a favor do aumento das multas aos taxistas infractores. A associação propõe ainda que a linha telefónica para a apresentação de queixas esteja a funcionar durante 24 horas, porque segundo a mesma, “muitas das in-fracções acontecem fora do horário da função pública”.

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9 sociedadehoje macau quarta-feira 24.9.2014

Telecomunicações Regulamentos para “triple-play” O director substituto da Direcção dos Serviços de Regulamento de Telecomunicações (DSRT), Hoi Chi Leong, afirmou ontem que a elaboração dos regulamentos sobre os serviços “triple-play” – que conjugam internet, televisão e telefone - irá começar no próximo ano. Hoi Chi Leong referiu ainda que o organismo já recebeu o relatório final, elaborado pela Universidade de Macau, que permite perceber o desenvolvimento a longo prazo dos serviços de televisão. O documento reúne as sugestões sobre o número e modelo de licenças dos serviços e, depois da sua análise, a “autoridade competente irá elaborar os procedimentos legislativos sobre o serviço ‘triple-play’”, afirmou o director. Hoi esclareceu ainda que a Companhia de Telecomunicações de MTEL já entregou a proposta para a prestação de serviços de internet ao Governo e está preparada para oferecer o serviço a 30% dos edifícios de Macau antes do dia 3 de Dezembro.

Casinos Suspeitas de boicote à proibição de fumar chega aos SS

DEZ membros de três associações da Federação das Associações

dos Operários de Macau (FAOM) reuniram-se ontem com o director dos Serviços de Saúde (SS), Lei Chin Ion, e com o director substituto da Direcção de Inspecção e Coordena-ção de Jogos, Leong Man Ion, para dizer aos responsáveis que suspeitam da criação de espaços de fumo “em segredo” nas salas de jogo de massas em alguns casinos. A acusação já não é nova, mas desta vez as associações decidiram mesmo levá-la até às ins-tâncias mais altas.

“[Os funcionários] descobriram que alguns casinos estão a usar as divisórias nas zonas de massas e co-meçaram a desconfiar quando viram papéis informativos a confirmar que aqueles espaços vão ser transformados em salas de fumo. Será que os casinos publicaram estes avisos em segredo para obrigar o Governo a aprovar as salas já construídas?”, questiona Ella Lei, membro da FAOM e deputada, adiantando ainda que o director dos SS assegura que não aprovou qualquer uma das salas em causa.

“Ao fazer isto, acreditamos que os casinos estão a tentar alterar, de certa forma, os regulamentos”, apontou Choi Kam Fu, outro dos represen-tantes da FAOM. “Por isso mesmo, tanto a deputada, como o responsável aproveitaram a reunião para apelar às autoridades uma supervisão correcta, pedindo ainda que as novas salas não sejam aprovadas, de forma a que exista “de facto” uma proibição total do fumos nas zonas comuns a partir de 6 de Outubro. - F.F.

Óbito Faleceu Luc Vriens, arguidono caso Ao Man Long Luc Vriens, director-executivo da Waterleau que foi julgado em Macau, faleceu inesperadamente na segunda semana de Setembro. De acordo com a imprensa belga, o também fundador da Waterleau – que foi julgado no âmbito do escândalo de corrupção Ao Man Long – terá morrido durante o sono, na China continental, onde estava em viagem de negócios. “Luc Vriens estava em negócios na China e alguns funcionários começaram a ficar preocupados quando ele não apareceu para um compromisso. Morreu durante o sono”, frisa a imprensa. Luc Vriens foi condenado à revelia a quatro anos de prisão por corrupção, devido a contratos relacionados com as Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR), tendo sido absolvido do crime de branqueamento de capitais. Vriens tinha 57 anos.

TIAG

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CÂNT

ARA

A entrada de turistas na RAEM mantém a tendência de subida com consequências ambivalentes

O número de visitan-tes estabeleceu em Agosto um recor-de acima dos três

milhões de pessoas, indicam dados estatísticos oficiais ontem divulgados. Os dados mostram que há consequências positivas, mas mais aspectos negativos, segundo o economista Albano Martins.

De acordo com as informa-ções, entre 1 e 31 de Agosto entraram em Macau 3.086.271 visitantes, mais 7% do que no mesmo mês de 2013, com os excursionistas a representarem 54% - ou 1,66 milhões de pes-soas - do total.

A GASTARPerante os números, Albano Martins sublinhou como aspecto positivo a maior despesa que os visitantes fazem em Macau, fruto do maior número e da sua capacidade financeira.

TURISMO TRÊS MILHÕES DE VISITANTES EM AGOSTO

Perigosos encantos

3.086.271visitantes em Agosto

1,66milhões de excursionistas

“Os visitantes do continente chinês demonstram cada vez maior capacidade de despesa e, por isso, também viajam mais e gas-tam mais nos locais que visitam”, disse o economista, salientando, contudo, que para Macau “os nú-meros podem ser muito redondos, mas trazem consigo mais aspectos negativos que positivos”.

“O ‘boom’ do turismo, espe-cialmente com uma forte depen-dência do mercado continental chinês, é mais negativo para Macau do que positivo porque o elevado número de visitantes faz aumentar o custo de vida com a maior procura que leva ao aumento de preços e, por outro lado, potenciando a degradação da qualidade de vida da popula-ção”, referiu.

Albano Martins lembrou, por exemplo, que o “aumento do custo de vida cria maior pressão sobre as famílias locais e nem os aumentos salariais do público e privado cobrem hoje a inflação que já ultrapassou os 6% “.

VIDA PIOR PARA QUEM É DE CÁPor outro lado, acrescentou, as “enchentes” que o turismo provoca na cidade - entrada de 99.557 pessoas em média por dia no mês de Agosto - e a permanên-cia fugaz dos visitantes e turistas - um a dois dias - “transforma a cidade num aglomerado de gente com os residentes a serem preteridos face aos forasteiros”.

“É nas lojas, nos restaurantes, nos táxis, nas ruas: os caminhos estão todos tomados por quem nos visita, o que leva também a uma degradação da qualidade de vida dos residentes”, disse, ao sublinhar que essa enorme procura do exterior “tem reorien-tado a oferta de serviços”. Prova disso, salienta, é o aparecimento de lojas totalmente viradas para o visitante em detrimento da procura interna.

Este rumo da economia é,

contudo, “perigoso” porque, segundo Albano Martins, “não só destrói as pequenas e médias empresas locais, como pode cau-sar um problema grave se algo de negativo acontecer à indústria do jogo, o principal motor da economia local”.

O TURISTA CONTINENTALDo total de visitantes entrados em Macau, 69% - 2,13 milhões - eram oriundos da China continental, traduzindo um aumento de 13% face ao mês homólogo de 2013.Já os mercados de Hong Kong - com 635.354 visitantes - e de Taiwan - com 88.253 visitantes - caíram em termos homólogos 2% e 11%, mas mantiveram o “estatuto” de segundo e terceiro maiores mercados “abastecedores” de visitantes a Macau.Nos primeiros oito meses de 2014 entraram em Macau 21.123.512 visitantes, mais 8% do que no mesmo período do ano passado. Em 2013, Macau recebeu cerca de 29,3 milhões de pessoas. - Lusa

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LUSA

10 CHINA hoje macau quarta-feira 24.9.2014

E STUDANTES de Hong Kong que iniciaram na segunda-feira um boicote às aulas de uma semana

concentraram-se ontem em frente à sede do Governo, dando seguimento ao protesto contra a recusa de Pequim em garantir pleno sufrágio universal.

Centenas de jovens partidários da democracia reuniram-se em frente ao complexo de Tamar que alberga o gabinete do chefe do executivo, o Conselho Legislativo (parlamento) e as principais secre-tarias da Região Administrativa Especial chinesa.

No protesto de ontem, foram registadas algumas altercações, com um grupo de estudantes a tentar aproximar-se do chefe do Governo, Leung Chun-ying. A polícia travou os jovens quando procuravam falar com o líder de Hong Kong no local, sob forte atenção mediática.

TROCA DE PALAVRAS“Este é um aviso. As vossas acções já perturbaram gravemente a ordem aqui”, disse a polícia através de altifa-lantes, enquanto os manifestantes gri-tavam: “Hong Kong pertence-nos”.

“Prestamos grande atenção às reivindicações dos estudantes uni-versitários para a eleição de 2017”, disse o chefe do executivo de Hong Kong, em conferência de imprensa, realçando que a proposta apresentada por Pequim figura como uma melho-ria do actual estado de democracia na antiga colónia britânica.

Intelectual uigure condenado a prisão perpétua

Os manifestantes juntaram-se em frente ao complexo onde se concentram as principais estruturas de poder da região vizinha gritando palavras de ordem como “Hong Kong pertence-nos”

HONG KONG ESTUDANTES PROTESTAM NA SEDE DO GOVERNO

Desafio jovem

“Podem ver que ele não tem qualquer intenção de manter um diálogo com os estudantes”, ALEX CHOW Secretário-geralda Federação de Estudantes

“Podem ver que ele não tem qualquer intenção de manter um diálogo com os estudantes”, disse Alex Chow, secretário-geral da Federação de Estudantes e um dos activistas que correu atrás de Leung Chun-ying.

O mesmo responsável ameaçou

UM tribunal chinês condenou ontem o intelectual uigure Ilham Tohti a prisão

perpétua, depois de considerá-lo culpado de “separatismo”, confirmou o seu advogado Li Fangping.

Ilham é o activista uigur mais conhecido da China e uma das poucas vozes desta comunidade que criticou abertamente e de forma moderada a política do regime comunista na região ocidental de Xinjiang, onde vive a maior parte da minoria uigure e palco de confrontos étnicos, os quais têm aumentado nos anos recentes.

lham Tohti, antigo professor de Economia numa universidade de Pequim, foi detido em Janeiro depois de ter criticado a resposta do Governo chinês a um ataque suicida na Praça de

Tiananmen, em Pequim. As autoridades centrais culparam os militantes de Xinjiang pelo ataque.

Os Estados Unidos, a União Europeia e di-versas organizações de Direitos Humanos tinham pedido a libertação de Ilham Tohti, um forte crí-tico das políticas da China para com os uigures.

No último ano, Xinjiang tem assistido a um escalar da violência entre a população local e as forças de segurança, resultando em centenas de mortos.

A violência, que se estendeu a outras zonas, também resultou em atentados e episódios vio-lentos que, só este verão, causaram uma centena de vítimas mortais.

A situação já levou Pequim a lançar uma campanha de repressão sobre os separatistas.

com uma escalada das acções de protesto, caso Leung Chun-ying se recuse a falar com os estudantes dentro de 48 horas.

CAMPANHA EM ANDAMENTOOs protestos estudantis marcam, segundo activistas, o arranque da

campanha de desobediência civil contra a decisão de Pequim, anun-ciada a 31 de Agosto, que prevê que o futuro chefe do Executivo seja eleito por sufrágio universal em 2017, mas somente depois de serem previamente seleccionados dois ou três candidatos.

No dia anterior, de acordo com os organizadores, 13 mil estudan-tes juntaram-se no ‘campus’ da Universidade Chinesa de Hong Kong no lançamento do boicote às aulas, imprimindo um novo fôlego à campanha pela democracia na antiga colónia britânica.

A agitação estudantil surge uma semana depois de mais de 1.500 activistas terem marchado pelas ruas de Hong Kong vestidos de preto, com enormes faixas e cartazes por um sufrágio universal genuíno.

Este figurou com o primeiro protesto considerável desde que a Assembleia Nacional Popular decidiu, no final de Agosto, que os aspirantes ao cargo vão preci-sar de reunir o apoio de mais de 50% de um comité de nomeação para concorrer à eleição e que apenas dois ou três serão então seleccionados.

Ou seja, a população de Hong Kong exercerá o seu direito de voto mas só depois daquilo que os democratas designam de ‘triagem’.

A China tinha prometido à popu-lação de Hong Kong, cujo chefe do Governo é escolhido por um colégio eleitoral composto actualmente por cerca de 1.200 pessoas, que seria capaz de escolher o seu líder em 2017.

Uma coligação de grupos pró-democracia – liderada pelo movimento “Occupy Central” – rotulou o plano de Pequim de “falsa democracia” e prometeu levar a cabo uma série de ações incluindo um bloqueio ao distrito financeiro de Hong Kong.

A reforma proposta por Pequim carece de ser submetida ao Con-selho Legislativo de Hong Kong (LegCo, parlamento) e aprovada por dois terços dos 70 deputados, sendo que 27, do campo pró-de-mocrata, anunciaram ter-se unido num compromisso pelo veto.

“Prestamos grande atenção às reivindicações dos estudantes universitários paraa eleição de 2017”LEUNG CHUN-YING Chefedo Executivo de Hong Kong

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11 chinahoje macau quarta-feira 24.9.2014

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A empresa Husi de Xan-gai, que protagonizou em Julho um escândalo alimentar na China

devido à venda de carne podre a várias multinacionais de comida rápida, vai despedir esta semana 340 trabalhadores, informou ontem a imprensa chinesa.

A fábrica em Xangai, filial do grupo norte-americano OSI, um conglomerado de processamento alimentar com sede em Aurora (Ilinois, Estados Unidos), está paralisada desde a vinda a público do escândalo alimentar.

A empresa explicou, em comu-nicado, que trabalhou no plano de despedimentos em conjunto com as autoridades de Xangai.

No total, 226 empregados da Husi e outros 114 subcontratados, entre 500 trabalhadores, vão ser despedidos e os restantes trabalhadores vão manter os postos de trabalho para poderem ajudar as autoridades locais nas suas investigações.

Além de pagar indemnizações aos ex-funcionários, a OSI China assegurou que também está a traba-lhar com várias agências oficiais para ajudar os trabalhadores despedidos a conseguirem novo trabalho ou a receberem cursos de formação.

SEM PRODUÇÃO“Desde o dia 21 de Julho de 2014, a maioria destes colegas está a

Treze mortos emexplosão em fábrica de pirotecnia Treze pessoas morreram e uma foi dada como desaparecida na sequência de uma explosão na segunda-feira numa fábrica de material pirotécnico na província de Hunan, no centro da China, informaram ontem as autoridades locais. A explosão ocorreu na tarde de segunda-feira na cidade de Liling, quando se encontravam 47 trabalhadores no local, indicaram as equipas de resgate. Outras 33 pessoas ficaram feridas, das quais 26 continuavam esta manhã hospitalizadas, incluindo quatro em estado grave, segundo a agência Xinhua. Ontem de manhã foram ouvidas pequenas explosões no local, onde prosseguiam as operações, sobretudo de remoção de escombros, com a ajuda de três retroescavadoras. Liling é a maior base de produção de material pirotécnico da China, desempenhando um papel fulcral nas celebrações tradicionais do Ano Novo Lunar. As autoridades locais indicaram que a fábrica está devidamente licenciada, estando em curso as investigações ao acidente.

Paralisada desde 20 de Julho, a fábrica de Xangai envolvidano escândalo alimentar envia agora mais de 300 trabalhadores para o desemprego

EMPRESA QUE VENDEU CARNE PODRE DESPEDE 340 PESSOAS

Um futuro incerto

340total de despedimentos

receber subsídio de desemprego”, assegurou a empresa.

“A Shanghai Husi registou perdas financeiras e de clientes significativas, e as investigações das autoridades prosseguem, sendo improvável que a produção seja

retomada a curto prazo”, concluiu.Seis executivos da Shanghai

Husi foram detidos na sequência do escândalo alimentar.

O escândalo veio a público a 20 de Julho, quando a televisão local de Xangai Dragon TV difundiu uma

226empregados da Husi

114subcontratados

reportagem realizada com câmara oculta e jornalistas infiltrados, na qual revelou que a Husi tinha estado a reprocessar carne fora da validade para venda a cadeias de comida rápida como a KFC, McDonald’s, Pizza Hut, Dicos ou Starbucks.

O caso afectou várias filiais destas cadeias no Japão e em Hong Kong e fez com que vários clientes da Husi tenham anulado os seus contratos com o fornecedor dos produtos.

A OSI, por sua vez, assegura que está a levar a cabo uma investigação interna nas restantes filiais na Chi-na, para garantir que cumprem os padrões de qualidade alimentar.

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12 hoje macau quarta-feira 24.9.2014EVENTOS

7 ANOS DE MAU SEXO - CRÓNICAS CONSTRANGEDORAS • Ana AnesA maior parte das crónicas reunidas neste livro surgiram ao fim de dois anos de muita insistência por parte da autora à direc-ção do semanário O Independente, onde colaborava há cerca de três anos. Com o término dos suplementos anteriores, que deram lugar ao suplemento Vida, foi possível concretizar o que, mais do que um sonho, foi sempre uma certeza da autora - a de que iria «abanar os alicerces» de algumas mentalidades. Assim foi e, durante cerca de sete meses de duração da rubrica homónima, falou-se semanalmente, sem tabus, de sexo e relacionamentos, obviamente numa perspectiva autobiográfica (e não só, que os amigos deram ajudas preciosas com as respectivas experiências!), com humor, ironia e sentido de oportunidade e actualidade. Para além dessas, o livro reúne igualmente crónicas originais e outras da Perspectiva, da coluna Cambalhotas do Destak e da rubrica A Guerra dos Sexos da Maxmen. As crónicas estão organizadas num sistema crescente de «malaguetas»: as primeiras são relativamente toleráveis, mas para as mais picantes será conveniente prepararem o antídoto!

A PRINCESA E O PRESIDENTE • Valéry Giscard d’EstaingA Princesa e o Presidente conta a história entre Jacques-Henri Lambertye, Presidente de França, e Patrícia, a Princesa de Cardiff. Nestas páginas, o leitor assiste aos seus primeiros encontros e ao nascimento de um amor que, rapidamente, se tornará o centro das suas vidas agitadas. Tendo como pano de fundo os palácios da república francesa e da monarquia britânica, a aproximação entre ficção e realidade é evidente, fazendo-nos crer que, até hoje, ninguém saberia a verdadeira história de amor daquela que o autor apelida de Princesa de Cardiff.

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • [email protected]

O livro de José Sa- ramago “Ala-bardas, alabar-das, Espingar-

das, espingardas”, chegou ontem às livrarias, segundo anunciou a Porto Editora, que chancela a obra.

No início do mês, ao apre-sentar o plano editorial para 2014/15 o editor Manuel Al-berto Valente salientou o “tes-temunho empenhado” do livro inédito e inacabado de José Saramago, como exemplo do investimento “crescente” da Porto Editora, na publicação de autores portugueses.

Em Julho, quando a pre-sidente da Fundação José Saramago, Pilar del Río, anun-ciou na revista Blimunda, a publicação da obra, afirmou que esta representava “uma forma de repúdio à violência”.

POUCOS MAS BONS“São poucos capítulos, mas o tema fica claro, o texto tem unidade”, explicou Pilar Del Río, tradutora para espanhol da obra do Nobel português.

Os primeiros capítulos do

Arte urbana Pink Floyd divulgam capa de disco Os Pink Floyd revelaram esta segunda-feira a capa de The Endless River, o seu primeiro álbum de estúdio em 20 anos, através de pontos de arte urbana em cidades como Londres, Nova Iorque, Los Angeles, Paris, Berlim e Milão. O disco é lançado a 10 de Novembro, conforme é anunciado no cartaz, da autoria de Ahmed Emad Eldin, um artista digital egípcio de 18 anos. O sucessor de The Division Bell, o primeiro da banda após a morte de Richard Wright em 2008, é descrito como uma “homenagem” ao teclista, que fazia parte da formação original da banda. The Endless River, essencialmente instrumental e com músicas ambiente, tem como base material não publicado das sessões de gravação de The Division Bell

Centro de Ciência de Macau com entrada gratuita Para celebrar o dia nacional, o Centro de Ciência de Macau vai abrir portas gratuitamente no dia 1 de Outubro. Como uma homenagem ao 65º aniversário da RPC, o Centro decide oferecer a entrada a todos os visitantes que queriam visitar as exposições e também aos 30 residentes de Macau que queiram ver filmes no Planetário. O Centro abrirá ainda portas no dia 2 de Outubro, sendo que entre o próximo sábado e o dia 5 de Outubro tem agendados sete filmes em cúpula, com início a partir das 11h00.

Conferência sobreMoçambique no Clube C&C André Van Dokkum é o convidado para uma conferência sobre Moçambique no Clube C&C, na Avenida da Praia Grande. “Passado e presente de um reino intransigente” dá o tema para uma plastra sobre um episódio da História de Moçambique “contado em língua portuguesa por um holandês”: as lutas do povo do reino de Barué contra os invasores locais e, mais tarde, colonizadores, para preservar a sua independência. Com o apoio da Associação dos Amigos de Moçambique, a conferência conta ainda com a visualização do filme “A terra a quem pertence?”, de Júlio Silva, falado em Changana e Emakua, com a duração de 61 minutos onde se “retratam algumas questões pertinentes da sociedade moçambicana”. O evento tem lugar no dia 26 de Setembro, a partir das 18h15.

SARAMAGO ROMANCE INACABADO NAS LIVRARIAS

Manifesto contra a violência“São poucos capítulos, mas o tema fica claro, o texto tem unidade”PILAR DEL RIO

Inspirado em versos de Gil Vicente a obra do Nobel português descreve o conflito interior de um trabalhador de uma fábrica de armas

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DIARIAMENTEEXPOSIÇÃO “MACAU OF MY OWN”, DE EDUARDO MAGALHÃES Creative MacauENTRADA LIVRE

EXPOSIÇÃO PIONEIRISMO DO MOVIMENTO DA NOVA CULTURA – UMA EXPOSIÇÃO DE QIAN XUANTONGMuseu de Arte de MacauENTRADA LIVRE

HOJEPALESTRA “A HERITAGE OF WELL-BEING: THE CONNECTIVITY OF THE FILIPINO”, COM FELIPE M. DE LEON, JR. Universidade de São José, 18h30ENTRADA LIVRE

QUINTA-FEIRASEMINÁRIO “O CONTRIBUTO DA CULTURA PARA O DESENVOLVIMENTO”, COM JOSÉ TOLETINO DE MENDONÇA Fundação Rui Cunha, 18h30ENTRADA LIVRE

SEXTA-FEIRACONFERÊNCIA SOBRE MOÇAMBIQUE: “PASSADO E PRESENTE DE UM REINO INTRANSIGENTE”, COM ANDRÉ VAN DOKKUMClube C&C, 18h15ENTRADA LIVRE

PALESTRA COM THOMAS DANIELL SOBRE ARTISTAS JAPONESESUniversidade de São José, 18h30ENTRADA LIVRE

PIANO NA GALERIA (COMEMORAÇÃO 1º ANIVERSÁRIO)Fundação Rui Cunha, 20h00ENTRADA LIVRE

SÁBADOSEMINÁRIO “VER O MUNDO PELOS OLHOS DAS CRIANÇAS”Armazém do Boi, 17h00ENTRADA LIVRE

JAZZ AO SÁBADO – ENCONTRO DE MÚSICOS DE MACAU E HONG KONGFundação Rui Cunha, 17h00ENTRADA LIVRE

CONCURSO DE FOGO DE ARTIFÍCIO DE MACAU EQUIPA DE PORTUGAL Largo da Torre de Macau, 21h00ENTRADA LIVRE

CONCURSO DE FOGO DE ARTIFÍCIO DE MACAU EQUIPA DA AUSTRÁLIA Largo da Torre de Macau, 21h30ENTRADA LIVRE

CONCURSO DE FOGO DE ARTIFÍCIO DE MACAU EQUIPA DA FRANÇALargo da Torre de Macau, 22h00ENTRADA LIVRE

DOMINGOWORKSHOP PARA CRIANÇAS “PAPER DREAM HOUSE”Armazém do Boi, 10h0050 PATACAS

13 eventoshoje macau quarta-feira 24.9.2014

O QUE FAZER ESTA SEMANA?

USJ Palestra sobre artistas japonesesThomas Daniell, director do departamento de Arquitectura e Design da Universidade de São José, vai conduzir uma palestra na próxima sexta-feira para apresentar um grupo de artistas e arquitectos japoneses conhecidos como “The Street Observation Society”. O evento tem como objectivo explicar o trabalho realizado por este grupo até ao momento, contextualizando-o e dando a conhecer todo o trabalho levado a cabo pelos profissionais que o compõem. “The Street Observation Society” conta já com 28 anos de história e mantém-se fiel ao seu princípio: encontrar momentos artísticos e de beleza em ruas das cidades do Japão e em objectos do dia-a-dia. Nomes bem conhecidos estão relacionados com este projecto, tal como Terunobu Fujumori, um conhecido historiador da arquitectura japonesa moderna. A palestra decorre no Centro de Arquitectura e Urbanismo da USJ, no Ponte 9, e tem entrada livre, estando marcada para as 18h30.

O festival de Treviso ter-mina no final deste mês,

mas a exposição dedicada a Portugal ficará até 12 de Outubro

O festival de banda desenhada e ilustração de Treviso, que começa esta quarta-feira em Itália, dedi-cará parte da programação a Portugal, com uma ex-posição sobre 14 autores e apresentação de obras.

Marcos Farrajota, da associação portuguesa Chili com Carne, explicou à agên-cia Lusa que Portugal é o país convidado deste festival

italiano - “num país onde os festivais de BD são sempre muito fortes” - e que a expo-sição programada irá mostrar um pouco da produção inde-pendente portuguesa.

O festival inclui uma feira de editores, exibição de filmes, encontros e ex-posições espalhadas pelo centro histórico de Treviso, sendo uma delas “Quadra-dinhos: sguardi sul fumetto portoghese”, sobre a obra gráfica de 14 autores portu-gueses, entre os quais João Fazenda, Pedro Burgos e Filipe Abranches - autores

que estarão presentes -, Joa-na Afonso e Ana Biscaia.

Segundo Marcos Far-rajota, a iniciativa de dar destaque à banda desenhada portuguesa - e a escolha dos artistas portugueses - partiu de Alberto Corradi, autor italiano ligado à direcção do festival e que tem já obra publicada em Portugal.

A par daqueles autores, a exposição colectiva inclui obras de André Coelho, Jorge Coelho, Afonso Ferreira, Fran-cisco Sousa Lobo, Pepedelrey, Miguel Rocha, Rudolfo, Nuno Saraiva e José Smith Vargas.

SARAMAGO ROMANCE INACABADO NAS LIVRARIAS

Manifesto contra a violência

romance incluem notas que o autor fez quando o começou a escrever.

“Neles, José Saramago an-tecipa o andamento e o desen-lace da história que pretendia contar”, afirma em comunicado a Fundação José Saramago.

“Alabardas, alabardas, Es-pingardas, espingardas”, título inspirado nuns versos de Gil Vicente, tem como protagonista o funcionário de uma fábrica de armas que vive um conflito mo-ral decorrente de seu trabalho, explica a mesma fonte.

Saramago, falecido em Ju-nho de 2010 na ilha espanhola de Lanzarote, publicou, entre outras obras, “A Jangada de Pe-dra”, “Levantados do Chão”, “O Homem Duplicado”, “Ensaio sobre a Cegueira” e o romance inicial “Clarabóia”, editado postumamente, em 2011.

O autor foi distinguido com vários prémios nacio-nais e internacionais, como o Grande Prémio de Novela e Romance da Associação Portuguesa de Escritores, o Prémio Camões e o Nobel da Literatura, em 1998.

Inspirado em versos de Gil Vicente a obra do Nobel português descreve o conflito interior de um trabalhador de uma fábrica de armas

Treviso Portugal em destaque no festival de BD e ilustração

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14 hoje macau quarta-feira 24.9.2014

WANG CHONG 王充 OS DISCURSOS PONDERADOS DE WANG CHONG

Sobre a morte – 4

Desde que o Céu e a Terra se separaram, desde [a idade do] Soberano Humano , os mortos, tendo falecido no fim dos seus dias ou prematuramente a meio da sua existência, são incontáveis. São, portanto, bastante mais numerosos que os vivos de hoje. Se os mortos se transformassem em fantasmas, deveríamos tropeçar em fantasmas a cada passo! E aqueles que, estando às portas da morte, e ficando sujeitos a aparições, não veriam apenas um ou dois fantasmas, mas milhares, enchendo as casas e os pátios, bloqueando as ruas e caminhos!Diz-se que o sangue de quem morre na guerra produz fogos fátuos. O sangue é [a forma que tomam] os fluidos subtis durante a vida. Mas os fogos fátuos vistos à noite não têm forma humana, são vaporosos, em feixes, e se assemelham em brilho aos fogos [vulgares]. Esses fogos fátuos produzidos pelo sangue dos mortos não têm, no entanto, a forma dos vivos: porque teriam os fluidos subtis libertos [na morte] eles próprios forma humana?Por isto, é duvidoso que os fantasmas semelhantes aos defuntos sejam por eles produzidos. Certos fantasmas parecem, aliás, estar [ainda] vivos. De facto, sucede os doentes dizerem que os fantasmas que lhes aparecem se assemelham a alguém que ainda não está morto. Se os mortos fossem o resultado de uma transformação dos mortos, como explicar que sejam pessoas vivas quem aparece a esses doentes?

Tradução de Rui Cascais | Ilustração de Rui Rasquinho

Wang Chong (王充), nasceu em Shangyu (actual Shaoxing, província de Zhejiang) no ano 27 da Era Comum e terá falecido por volta do ano 100, tendo vivido no período correspondente à Dinastia Han do Leste. A sua obra principal, Lùnhéng (論衡), ou Discursos Ponderados, oferece uma visão racional, secular e naturalista do mundo e do homem, constituindo uma reacção crítica àquilo que Wang entendia ser uma época dominada pela superstição e ritualismo. Segundo a sinóloga Anne Cheng, Wang terá sido “um espírito crítico particularmente audacioso”, um pensador independente situado nas margens do poder central. A versão portuguesa aqui apresentada baseia-se na tradução francesa em Wang Chong, Discussions Critiques, Gallimard: Paris, 1997.

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15 artes, letras e ideiashoje macau quarta-feira 24.9.2014

Os fogos fátuos vistos à noite não têm forma humana, são vaporosos.

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16 hoje macau quarta-feira 24.9.2014h

OS JORNALISTAS ESCREVEM PARA HOJE E PARA A HISTÓRIA. REDOBREM-SE AS CAUTELAS!

Oscar Mascarenhas

S ABIA o leitor que nunca exis-tiram os fenómenos do En-troncamento, a abóbora de cem quilos, a batata gigan-

te, a galinha de duas cabeças e tudo o mais? Ficou a sabê-lo com surpresa o então jornalista do DN José Viale Moutinho quando escreveu um livro sobre usos e particularidades de terras de Portugal.

Depois de ter incluído no rol os cha-mados “fenómenos do Entroncamento”, foi contactado por um antigo corres-pondente de um jornal de Lisboa que lhe disse, sem hesitações, que havia sido ele a inventar tais histórias, porque não tinha nada para mandar para Lisboa. Ninguém averiguou. Todos engoliram. (Agora, em seco - glup!) E os “fenóme-nos do Entroncamento” entraram para a História. Neste caso, ainda se está a tempo de corrigir a História, com o des-mentido autêntico de quem a distorceu. Mas se esta falsificação é praticamente inofensiva, outras - menos anedóticas - podem ter uma repercussão grave na

memória colectiva, até que apareça al-guém a demonstrar o contrário.

Foi o que aconteceu há alguns dias no DN, num dos trabalhos de recuperação de 150 relatos importantes para a memó-ria colectiva, em celebração de 150 anos de vida do DN - e que suscitou reparos do general José Eduardo Garcia Leandro, primeiro governador de Macau após o 25 de Abril. Eis o essencial:

“Em artigo no DN de 29 de Agosto (...) sobre a transferência de Macau para a RPC em 20 de Dezembro de 1999, vem escrito que “em 1974, logo depois do 25 de Abril, Portugal pro-pusera o retorno imediato de Macau à China. Mas Pequim rejeitou a ofer-ta, apelando às negociações para uma transferência harmoniosa.”

“Acontece que fui o primeiro Governador de Macau depois de 1974, tendo exercido funções entre Novembro de 1974 e Fevereiro de 1979, o que sig-nifica que durante cerca de cinco anos, desde o verão de 1974, estive directa-mente relacionado com Macau.

“Desde que alguns jornalistas co-meçaram a fazer tal afirmação, estan-do eu naquelas funções ou depois de ter sido substituído, que procuro saber junto dos responsáveis dados concre-tos a tal respeito (quem, onde, quan-do), pois, dentro do que conheço, tal não aconteceu, feito por alguém em nome de Portugal.

“Nunca consegui uma resposta con-creta, respondendo quem escreve que se limita a transcrever o que encontrou noutros jornais da época.

“Em Março de 2011, foi lançado o meu livro Macau nos Anos da Revolução Portuguesa - 1974/1979, editado pela Gradiva, onde julgava que o assunto teria ficado definitivamente esclarecido.

“Agora volta o DN (...) ao mesmo, incluindo uma frase novelesca como resposta de Pequim. Há quase 40 anos que tento esclarecer o que se passou, sem sucesso e sem correcções de erros feitos no passado. Ora a História não pode ser feita com esta leviandade.”

O general Garcia Leandro reco-menda que o DN se documente com o livro que escreveu ou então que in-dique o nome de quem é que naquela ocasião falou - se falou mesmo... - em nome de Portugal junto da República Popular da China.

A primeira sugestão deveria ser aceite por quem no DN aborde as questões re-lacionadas com a devolução de soberania de Macau; a segunda, na verdade, não parece ter resposta possível: o diagnósti-co do general afigura-se acertado, a não ser que, com a revelação de documentos eventualmente ainda no segredo dos co-fres ministeriais, algo de novo venha a ser conhecido. Mas é improvável.

Desde já, no entanto, o trabalho do DN de 29 de Agosto está “absolvido”, porque se tratava tão-somente de repro-duzir o que este mesmo jornal publicou na ocasião e que foi agora recuperado tal como se publicou na ocasião. Não tenho, porém, dúvidas de que, se saltasse à vista o erro histórico, ter-se-ia corrigido com uma nota intercalar na transcrição.

O que aconteceu foi que, no pas-sado, alguém publicou que “Portugal” queria devolver Macau e a China não tinha pressa. Tem todo o ar de erro de “ouvir dizer”. E, a seguir, como as peças de dominó alinhadas, muitos foram re-petindo o erro.

Em primeiro lugar, na diplomacia chinesa - e não só -, antes de “alguém” falar em nome de um país, averigua-se se foi nomeado procurador bastante para o fazer. E esse “alguém”, se fosse minimamente responsável e conhe-cedor da história recente, jamais fa-ria a injúria de “oferecer” à República Popular da China a “descolonização” de Macau - porque saberia que isso se-ria uma proposta ofensiva para Pequim.

Anos antes do 25 de Abril, no Comité de Descolonização da ONU, vários países liderados pela União Soviética quiseram incluir Macau e Hong Kong nos territórios coloniais a libertar. Receberam um rotundo veto da China. Porquê? Porque a China de Mao e sucessores não aceita a humi-lhação de ter cravada no seu território uma qualquer colónia estrangeira ou um ponto de apoio humilhante como Gibraltar ou Guantánamo. Hong Kong e Macau eram, para Pequim, assunto interno da China, concessões ou tole-râncias a pôr termo como e quando os chineses o decidissem.

Que o diga a assim-chamada “Dama de Ferro”, Margaret Thatcher, ainda ufana de meses antes ter humilhado a Argentina na Guerra das Malvinas/Falkland. Nesse mesmo ano de 1982, foi tentar falar grosso com Deng Xiaoping e levou para seu tabaco. Deng, secamen-te, disse-lhe que nem sequer admitia a discussão da soberania de Hong Kong a ser devolvida às primeiras horas do dia 1 de Julho de 1997. E disse mais: se, en-trementes, houvesse incidentes graves em Hong Kong, a recuperação da so-berania poderia ser antecipada. A Dama sentiu-se com a consistência de uma fo-lha de lata e, coincidência ou não, até as pernas lhe fraquejaram e quase caía ao descer uma escadaria após o encontro.

Bem arrogantemente estúpido se-ria o português que fosse jactar-se de magnanimidade, oferecendo--se para “devolver” uma “colónia” à China, em que Portugal nunca foi verdadeiramen-te soberano e nunca a teve como co-lónia... Se fosse aceite tal oferta, então sim, teríamos um verdadeiro “fenóme-no do Entroncamento”.

BEM ARROGANTEMENTE ESTÚPIDO SERIA O PORTUGUÊS QUE FOSSE JACTAR-SE DE MAGNANIMIDADE, OFERECENDO--SE PARA “DEVOLVER” UMA “COLÓNIA” À CHINA, EM QUE PORTUGAL NUNCA FOI VERDADEIRAMENTE SOBERANO E NUNCA A TEVE COMO COLÓNIA...

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17DESPORTOhoje macau quarta-feira 24.9.2014

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ANÚNCIOHM-2ª vez 24-9-14

Proc. Execução Ordinária nº. CV3-13-0111-CEO 3º Juízo cível

EXEQUENTE: DIVERSÕES GOLD CITY SOCIEDADE UNIPESSOAL LDA, com sede na Rua de Londres, nº 98, Edifício Wan U Hou Teng – Wan Seng Hin, Bloco I, 4º. Andar “B” em Macau.----------------------------------------------Executado: CARLOS ALBERTO JORGE, ora ausente em parte incerta, com última residência em Macau, na Avª. Comercial de Macau, Edif. Lake View Tower, 17º Q.-----------------------------------------------------------------------------

*** FAZ-SE SABER que, pelo Tribunal, Juízo e processo acima refe-ridos, correm ÉDITOS DE TRINTA (30) DIAS, a contar da data da segunda e última publicação dos respectivos anúncios, citando, o executado acima identi-ficado, para no prazo de VINTE (20) DIAS, decorridos que sejam os dos éditos, pagar ao exequente a quantia de MOP$34.552.226,71 (Trinta e quatro milhões, quinhentos e cinquenta e duas mil, duzentas e vinte e seis patacas e setenta e um avos), acrescida de juros e custas, ou no mesmo prazo, deduzir oposição por embargos ou nomear bens à penhora, sob pena de não o fazer saber devolvido ao exequente o direito de nomeação, seguindo o processo os ulteriores termos até final à sua revelia, com a advertência de que é obrigatória a constituição de advo-gado, caso sejam opostos embargos ou tenha lugar a qualquer outro procedimento que siga os termos do processo declarativo.------------------------------------------ Tudo conforme melhor consta do duplicado da petição inicial que neste 3º Juízo Cível se encontra à sua disposição e que poderá ser levantado nesta Secretaria Judicial nas horas normais de expediente.-------------------------------------

Macau, 15 de Setembro de 2014.

***

MARCO [email protected]

A selecção de hó-quei em linha do território foi esta terça-feira

derrotada por dez bolas a duas pela congénere do Irão, no terceiro encontro que disputou no âmbito do Campeonato Asiático da modalidade, prova que hoje conhece o seu desfecho na ci-dade continental de Haining.

Depois de ter sido copio-samente derrotada pela Re-pública Popular da China no desafio inaugural da com-petição, o cinco da Região Administrativa Especial de Macau levou a melhor sobre a Índia por 6-2 e o triunfo no frente-a-frente com a

O piloto português de Macau, Rodolfo Ávila, foi quinto classificado na corrida mais

emblemática do calendário 2014 da Taça Porsche Carrera Ásia, o Grande Prémio de Singapura, no circuito citadino de Marina Bay.

Num circuito que tradicionalmen-te não lhe é favorável e onde a posição na qualificação é preponderante para a obtenção de um bom resultado, Ávila fez um excelente terceiro melhor tempo entre vinte e oito concorrentes, informa o comunicado de imprensa.

“Sabia em antemão que teria de atacar logo desde o início da sessão, pois neste circuito, com tantos carros em pista, é complicado efectuar uma volta limpa. Colocámos um segundo jogo de pneus a meio da sessão e era até possível realizar um tempo me-lhor, mas infelizmente não deu para ir mais além”, explicou o piloto do Team Jebsen.

E se a qualificação de sábado tinha corrido bem para Ávila, o arranque para a corrida de domingo foi igual-mente bastante positiva. O Porsche 911 GT3 com o número 20 subiu uma posição nos primeiros metros da cor-rida. Contudo, uma travagem tardia infeliz, ainda na primeira volta, custou a Ávila cinco posições. Num circuito difícil de ultrapassar, Ávila ainda conseguiu recuperar duas posições nas 12 voltas de corrida, terminando na quinta posição.

“Não foi o resultado que esperáva-mos depois do andamento demonstra-

Recorde mundial de halterofilismopara Lin Tzu-chi A halterofilista Lin Tzu-chi, de Taiwan, estabeleceu ontem um novo recorde do mundo da modalidade na categoria de -63 kg, ao chegar a um total de 261 quilos, no decorrer dos Jogos Asiáticos. Na competição, que decorre em Incheon, na Coreia do Sul, a atleta conseguiu, aliás, por duas vezes o recorde mundial. Numa primeira seria ultrapassada pela chinesa Deng Wei e na segunda voltou a ser ela a detentora da marca. Tzu-chin acabaria por ficar com o recorde, ao chegar aos 145 quilos no arranque e arremesso, para um total de 261 quilos. Na primeira tentativa a halterofilista tinha chegado aos 143 quilos (para um total de 259), mas a chinesa Deng Wei ainda chegou aos 144 (para um total de 259 quilos), igualando o peso total, mas com vantagem por ter um peso inferior. O anterior recorde mundial datava de 2007 e situava-se num total de 257 quilos.

ASIÁTICO DE HÓQUEI EM PATINS ARRANCA AMANHÃ EM HAINING

Inline perde com o Irão

Apesar da boa vontade, o cinco do território não teve argumentos para contrariar o melhor hóquei e a maior eficácia da selecção persa

selecção indiana deixou o colectivo orientado por Hélder Ricardo moralizado para o desafio com o Irão.

Apesar da boa vontade, o cinco do território não teve argumentos para con-

trariar o melhor hóquei e a maior eficácia da selecção persa. Mais experiente e melhor orquestrada, a formação iraniana goleou Macau por dez bolas a duas, ainda que a réplica dos atletas do conjunto do Lótus tenha agradado aos responsáveis pelo hóquei patinado do território. Os golos da selecção orientada por Hélder Ricardo foram por Hermínio Cheng e por Adam Sou Weng Hong, atletas que marcaram frente à China e à Índia e dispõe hoje de uma derradeira oportunidade para voltar a fazer o gosto ao “stick”.

MISSÃO CUMPRIDAMacau despede-se esta manhã da edição de 2014

do Campeonato Asiático de Hóquei em Linha frente à selecção da vizinha Re-gião Administrativa Espe-cial de Hong Kong, depois de ter garantido um dos objectivos – conquistar um triunfo na competição – a que se propunha. Para a selecção de hóquei em patins do território, os objectivos são outros e bem mais substanciais: a formação orientada por Alberto Lisboa quer garantir na província de Zhejiang o seu nono troféu continental. Os campeões asiáticos empreendem amanhã a defesa do título, num certame em que terão de esgrimir argumentos com a Taiwan, o Japão, a Índia e o Paquistão.

AUTOMOBILISMO RODOLFO ÁVILA CORREU EM SINGAPURA

Fim-de-semana de trabalho árduo

do na qualificação, mas continuamos na corrida por um dos lugares de honra no campeonato. Xangai é um terreno que nos é familiar e queremos capitalizar o árduo trabalho efectuado até aqui”, disse o piloto que defende as cores da RAEM nos circuitos asiá-ticos com o apoio do Team Jebsen e Asia Creative Group e que ocupa a

quinta posição na classificação do campeonato.

A temporada 2014 da Taça Pors-che Carrera Ásia aproxima-se do seu final, faltando apenas duas corridas por disputar no fim-de-semana de 18 e 19 de Outubro, em Xangai, a capital económica da República Popular da China

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hoje macau quarta-feira 24.9.201418 publicidade

EDITAL

Edital no : 31/E-BC/2014Processo no : 354/BC/2014/FAssunto :Início do procedimento de audiência pela infracção às respectivas disposições do

Regulamento de Segurança Contra Incêndios (RSCI)Local : Travessa de Inácio Baptista n.º 4, Edf. Fat Ip, fracção 5.º andar (CRP: A5) e caixa da escada

comum entre os 3.º e 4.º andares, Macau.

Chan Pou Ha, subdirectora da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), no uso das competências delegadas pela alínea 7) do no 1 do Despacho no 003/SOTDIR/2013, publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) n.º 46, II Série, de 13 de Novembro de 2013, faz saber por este meio ao proprietário, ao dono da obra ou seu mandatário, cujas identidades se desconhecem, da obra existente no local acima indicado, o seguinte:1. OagentedefiscalizaçãodestaDSSOPTconstatounolocalacimaidentificadoarealizaçãodeobrasem

licença, cuja descrição e situação é a seguinte:

Obra Situação da obra

Infracção ao RSCI e motivo da demolição

1.1 Obra de renovação de um compartimento não autorizado com paredes em alvenaria de tijolo, janelas de vidro e cobertura metálica no terraço sobrejacente à fracção 5.º andar.

Em curso Infracção ao no 4 do artigo 10o, obstrução do caminho de evacuação.

1.2 Instalação de portão metálico na caixa da escada comum entre os 3.º e 4.º andares. Concluída Infracção ao no 4 do artigo 10o,

obstrução do caminho de evacuação.

2. Sendo as escadas e corredores comuns e terraço do edifício considerados caminhos de evacuação, devem os mesmos conservar-se permanentemente desobstruídos e desimpedidos, de acordo com o disposto no nº 4 do artigo 10º do RSCI, aprovado pelo Decreto-Lei nº 24/95/M, de 9 de Junho. As alterações introduzidas pelo infractor nos referidos espaços, descritas no ponto 1 do presente edital, contrariam a função desses espaços enquanto caminhos de evacuação e comprometem a segurança de pessoas e bens em caso de incêndio. Assim, a obra executada não é susceptível de legalização pelo que terá necessariamente de ser determinadapelaDSSOPTasuademoliçãoafimdeserreintegradaalegalidadeurbanísticaviolada.

3. Nos termos do no 3 do artigo 87o do RSCI, a infracção ao disposto no no 4 do artigo 10o é sancionável com multa de $4 000,00 a $40 000,00 patacas. Além disso, de acordo com o no 4 do mesmo artigo, em caso de pejamento dos caminhos de evacuação, será solidariamente responsável a entidade que presta os serviços de administração ou segurança do edifício.

4. Considerando a matéria referida nos pontos 2 e 3 do presente edital, podem os interessados, querendo, pronunciar-se por escrito sobre a mesma e demais questões objecto do procedimento, no prazo de 5 (cinco) dias contados a partir da data de publicação do presente edital, podendo requerer diligências complementares e oferecer os respectivos meios de prova, em conformidade com o disposto no nº 1 do artigo 95o do RSCI.

5. O processo pode ser consultado durante as horas de expediente nas instalações da Divisão de Fiscalização do Departamento de Urbanização desta DSSOPT, situadas na Estrada de D. Maria II, no 33, 15o andar, Macau (telefones nos 85977154 e 85977227).

Aos 15 de Setembro de 2014Pelo Director dos Serviços

A Subdirectora Enga Chan Pou Ha

Open Tender NoticeRequest for Proposal –Installation of a 2000kVA Transformer in the Power Room of New Hangar in Macau International Airport – RFQ-2051. Company: Macau International Airport Co. Ltd. (CAM)2. Tendering method: Open tendering3. Objective: To select a Contractor for the Installation of a 2000kVA

Transformer in the Power Room of New Hangar in Macau International Airport.

4. Request for tender documents: Tender Notice and Tender Document can be downloaded from the web-site www.macau-airport.com and www.camacau.com until 7 days prior to the deadline for submission of Bidders’ tenders. Please regu-larly check the website for any clarification or changes/ modification/amendment in the Tender Document.

5. Location and deadline for submission of Bidders’ tenders:Macau International Airport Co. Ltd. (CAM)4thFloor,CAMOfficeBuilding,Av.WaiLong,Taipa,MacauBefore 12:00 p.m. on 24 October 2014 (Macau Time)The addressee of the tender shall be Mr. Deng Jun – Chairman of the Executive Committee.The tenders received after the stipulated date and time will not be ac-cepted.

6. CAM reserves the right to reject any tender in full or in part without stating any reasons.

-END-

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19 publicidadehoje macau quarta-feira 24.9.2014

ANÚNCIO

【N.º115/2014】

No uso da competência delegada pela alínea 4) do n.º 19 do Despacho n.º 75/IH/2014, publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau n.º 35, II Série, de 27 de Agusto de 2014, e nos termos do n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, vimos por este meio notificar os proprietários das seguintes fracções:

Morada N.º do processo Fracção Proprietários Infracção

Edifício do L

ago

39/ADM-HE/2014 16.º andar H,Bloco III HOI IOK UN

Foi colocada uma porta de ferro que não obedeça aos padrões definidos pelo IHM(constitui infracção nos termos da alínea h) do n.º 2 do artigo 16.º do Decreto-Lei n.º41/95/M, de 21 de Agosto)

40/ADM-HE/2014 4.º andar F, Bloco IV

CHAO PUI CHEONG/CHAO SAI CHONG

Foi constiruida uma portas de corer na varanda(constitui infracção nos termos da alínea g) do n.º 2 do artigo 16.º do Decreto-Lei n.º41/95/M, de 21 de Agosto)

KO

NG

WA

SAN

CH

UN

, B

loco I

72/ADM-HE/201314.º andar B /14.º andar C

LEONG KIN WA/LEONG FONG TAI/LEONG MEI KUAN

Foi construída uma porta de ferro para o uso comum das duas fracções (constitui infracção nos termos da alínea h) do n.º 2 do artigo 16.º do Decreto-Lei n.º41/95/M, de 21 de Agosto)

74/ADM-HE/201315.º andar D/ 15.º andar E

LOU KUOK FU/

SUN SIO LENG/

MAK POU SIU

Foi construída uma porta de ferro para o uso comum das duas fracções (constitui infracção nos termos da alínea h) do n.º 2 do artigo 16.º do Decreto-Lei n.º41/95/M, de 21 de Agosto)

KO

NG

WA

SA

N C

HU

N,

Bloco II

76/ADM-HE/2013 5.º andar G FOK LIN KAM

Foi construída uma porta de ferro na zona pública (constitui infracção nos termos da alínea h) do n.º 2 do artigo 16.º do Decreto-Lei n.º 41/95/M, de 21 de Agosto)

Edifício Jardim

Vai C

hui, Bloco B

12/ADM-HE/2014 7.º andar Y LAI PUI U

Foi construída uma gaiola e uma porta de ferro na zona pública (constitui infracção nos termos das alíneas g) e h) do n.º 2 do artigo 16.º do Decreto-Lei n.º 41/95/M, de 21 de Agosto)

Edifício Jardim

do M

ar do Sul, Bloco I

13/ADM-HE/2014 12.º andar PWONG CHAN CHIO/

VAN MEI CHAN

Foi construída uma gaiola na parte de fora da jenela de zona pública e uma estrutura metálica na zona pública e, foi perfurada a parede para montar a ventoinha extractor (constitui infracção nos termos das alíneas g) e i) do n.º 2 do artigo 16.º do Decreto-Lei n.º 41/95/M, de 21 de Agosto)

Nos termos do n.º 1 do artigo 19.º do Decreto-Lei n.º 41/95/M, de 21 de Agosto, os proprietários da fracção acima referida devem apresentar, por escrito, a sua contestação e todas as provas testemunhais, materiais, documentais ou demais provas que lhes sejam favoráveis, no prazo de 10 dias, a contar da data de publicação do presente anúncio.

Caso não apresentem a contestação no prazo indicado, ou a explicação da mesma não seja admitida por este Instituto, de acordo com o artigo 19.º do mesmo decreto-lei relativo ao processo de aplicação das multas, os interessados acima referidos estão sujeitos à aplicação da multa no valor de mil e quinhentas patacas (MOP 1 500), prevista na alínea a) ,ou/e, sujeitos à aplicação da multa no valor de quinhentas patacas (MOP 500), prevista na na alínea b) do n.º 1 do artigo 18.º.

Caso pretendam consultar o respectivo processo, poderão dirigir-se, durante o horário de expediente, ao Instituto de Habitação, sito na Travessa Norte do Patane, n.º 102, Ilha Verde, ou contactar a Sr.a Lei, através do número de telefone para a consulta: 2859 4875 (ext.747).

Agradecemos a sua melhor compreensão.

O Chefe da Divisão de Assuntos Jurídicos,

Iam Lei Leng17 de Setembro de 2014

ANÚNCIO

【N.º116/2014】

Para os devidos efeitos vimos por este meio notificar a representante do agregado familiar da lista de candidatos a habitação social abaixo indicada, no uso da competência delegada pelas alíneas 13) do n.º 5 do Despacho n.º 75/IH/2014, publicado no Boletim Oficial da RAEM, n.º 35, II Série, de 27 de Agosto de 2014 e nos termos do n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro:

Nome N.º do boletim de candidatura

LOU MOU CHENG 31200903275

De acordo com o n.º 2 do artigo 9.º do Regulamento de Candidatura para Atribuição de Habitação Social, aprovado pelo Despacho do Chefe Executivo n.º 296/2009, alterado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 141/2012, para nova verificação, se o candidato preenche os requisitos de candidatura ao arrendamento de habitação social, o Instituto de Habitação (IH) informou-a por meio de ofício, para que seja entregue os documentos indicados no prazo fixado, mas a interessada acima referida não entregou os documentos dentro do prazo fixado, pelo que não reúne nos termos do n.º 3 do artigo 9.º do mesmo regulamento.

De acordo com os artigos 93.º e 94.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, deve apresentar, por escrito, a sua contestação e todas as provas testemunhais, materiais, documentais ou as demais provas, no prazo de 10 (dez) dias, a contar da data de publicação do presente anúncio.

Caso não apresentar a contestação no prazo fixado ou a mesma não for aceite pelo IH, a respectiva candidatura será excluída da lista geral de espera por IH, nos termos dos artigo 5.º, n.º 3 do artigo 9.º e alínea 1) do artigo 11.º do Regulamento de Candidatura para Atribuição de Habitação Social, aprovado pelo Despacho do Chefe Executivo n.º 296/2009.

No caso de dúvidas, poderá dirigir-se ao IH, sito na Travessa Norte do Patane, n.º 102, Ilha Verde, Macau, durante as horas de expediente, ou contactar Sr. Sou, através o tel. n.º 2859 4875 (ext. 277), para consulta do processo.

O Chefe do Departamento de Habitação Pública,

Chan Wa Keong 22 de Setember de 2014

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TEMPO POUCO NUBLADO MIN 25 MAX 31 HUM 60-90% • EURO 10.2 BAHT 0.2 YUAN 1.3

ACONTECEU HOJE 24 DE SETEMBRO

João Corvofonte da inveja

Pu Yi

LÍNGUADE gATO

20 hoje macau quarta-feira 24.9.2014(F)UTILIDADES

Nasce Almodóvar, o génio que não pôde estudar cinema• Nunca pôde estudar cinema, porque a família não tinha dinheiro. Foi funcionário numa empresa pública de telefones em Espanha e entrou na sétima arte como actor de teatro. Pedro Almodóvar – que se recorda hoje, a 24 de Setembro, dia do seu aniversário – tornou-se um dos mais premiados realizadores da história do cinema. Homem das artes, fez banda desenhada e foi também vocalista de uma banda rock, onde cantava travestido.Antes de entrar no cinema comercial, como a maioria dos directores, Almodóvar produziu uma série de curtas--metragens, entre 1974 e 1978. Era o embrião da sua carreira. ‘Pepi, Luci, Bom e Outras Tipas do Grupo’ é a primeira longa-metragem que assina, em 1980.O sucesso de Pedro Almodóvar – o primeiro espanhol a ser indicado ao Óscar de melhor realizador – foi sendo construído com diversos filmes e trabalhos de reconhecida qualidade, dos quais se destacam ‘Tudo Sobre Minha Mãe’, de 1999, eleito pela Academia como Melhor Filme Estrangeiro. Em 2002, com ‘Fale Com Ela’, consegue mais um Óscar, como o Melhor Roteiro Original.Os filmes de Almodóvar abordam uma temática da se-xualidade, abordada de maneira aberta, sem tabus. É um dos mais premiados realizadores da história do cinema, com dois Óscares, dois Globos de Ouro, quatro BAFTA, três prémios do Festival de Cannes e seis Goya, o galardão máximo do cinema espanhol. Hoje, recorda-se Almodóvar.

Tortura por encomendaTodos os dias, países importam e exportam bens, produtos, serviços e ideias. Todos os dias, os negócios fluem internacionalmente, como se não houvesse barreiras e como prova de que, realmente, todos precisamos uns dos outros. Mas nunca, arriscaria dizer, ninguém pensa exactamente que produtos são fabricados e vendidos entre países. E há negócios que nos fazem realmente, ou a mim, gato, arrepiar o pêlo. Um relatório recente da Amnistia Internacional (AI) dava conta que, “pelo menos 130 empresas chinesas” estão envolvidas no fabrico e venda de instrumentos de tortura, como cadeiras com amarras e bastões com picos. Esses instrumentos, assegura a AI, estão a ser vendidos a autoridades policiais em “países com registos de tratamentos miseráveis aos direitos humanos”. O assustador não é apenas – e obviamente – o facto de ainda serem fabricados equipamentos de tortura. Em pleno século XXI, torna-se ridículo que haja sequer estes instrumentos, quando mais empresas a construí-los. E empresários a ganhar dinheiro com isso. O mais assustador é que, de acordo com a AI, cada vez mais empresas deste “ramo” estão a aparecer. Se há uma década atrás eram “apenas 28”, o número aumentou para 130 – pelo menos – recentemente. “Pequim não tem protocolos que assegurem que as exportações destes produtos não cheguem às mãos erradas. Aliás, a maioria do equipamento vai para países africanos. (...) Libéria, Uganda e Madagáscar são alguns dos países que fizeram a importação destes produtos.” Pergunto-me como é que é possível? Não sei responder. Sei, isso sim, que falta dinheiro para comida nesses países. E que falta o mínimo de respeito pelos direitos humanos – e alguma vergonha na cara – a quem, todos os dias, enriquece à custa de torturas por encomenda.

Rezem para vos insulte, não para que vos descreva.

C I N E M ACineteatro

SALA 1THE MAZE RUNNER [B]Um filme de: Wes BallCom: Dylan O’Brien, Kaya Scodelario14.30, 16.30, 19.30, 21.30

SALA 2A WALK AMONGTHE TOMBSTONES [C]Um filme de: Scott FrankCom: Liam Neeson14.30, 16.30, 19.30, 21.30

SALA 3CAFE • WAITING • LOVE [B]FALADO EM MANDARIM E LEGENDADO EM CHINÊSUm filme de: Chiang Chin LinCom: Vivian Chow, Megan Lai, Pauline Lan, Lee Luo14.30, 19.15

BEGIN AGAIN [C]Um filme de: John CarneyCom: K. Nightley, M. Ruffalo, H. Steinfeld16.45, 21.30

THE MAZE RUNNER

U M D I S C O H O J E“CIRCUS IN THE SKY”(BLISS N ESO, 2013)

Se houvesse um best off the Bliss N Eso, as coisas seriam bem mais fá-ceis. O trio de hip hop australiano – que gravou algumas das músicas de “Circus in The Sky” enquanto em tour – traz-nos o que de melhor há no hip hop não apenas neste, mas em muitos dos álbuns anteriores que fez. Como não há um best off, “Circus in The Sky” terá de ser o escolhido. Com uma poesia magnificamente escrita e mensagens de liberdade e paz, Bliss N Eso oferece-nos, neste disco, “House of Dreams”, a melhor música da banda até agora feita, e “My life”, outra que não lhe fica nada atrás. - Joana Freitas

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HOJE

MAC

AU

hoje macau quarta-feira 24.9.2014 ócios / negócios 21

CECÍLIA L [email protected]

O Ting Ting Café é um quiosque no jardim bem no meio da Avenida da Praia Grande e é dos poucos

lugares de Macau onde se pode comer e beber ao ar livre. A ideia de criar o Ting Ting saiu de Eda Wong e Paul Lam, um casal de Macau, que, depois de viver no continente, decidiu abrir no território um café vegetariano.

“Já tivemos um restaurante no con-tinente durante dez anos, mas depois voltamos a Macau e, após experimentar-mos vários tipos de trabalho, decidimos abrir um estabelecimento de comidas e bebidas vegetarianas aqui nos [per-to dos lagos] Nam Van”, começa por contar ao HM Paul Lam. “Gostamos da alimentação vegetariana e, falando por mim, gosto do ambiente ocidental do espaço. Especialmente o facto de ser um local aberto e com esta esplanada”, diz enquanto aponta para as cadeiras e mesas presentes no jardim.

A escolha da comida vegetariana é também apoiada por Eda Wong, que conta que ela própria consome comida vegetariana. Essa foi, aliás, a principal razão por que escolheu, com o marido, promover este tipo de alimentação, lado a lado com sumos de fruta.

A escolha do local foi feita por Paul Lam. Ao HM, o fundador admite que, no início, não tinha muita concorrência e o negócio parecia estar pronto a prosperar. “Não pensava que teria tantos clientes, foi uma surpresa para mim”, diz Lam, com um sorriso de orgulho.

DIFICULDADES E ESPERANÇAS Contudo, começar uma empresa é sempre complicado e Paul Lam explica ao HM que não escolheu muito bem a data para a abertura do quiosque. Era Fevereiro, muito frio, e havia pouca gente a querer comer ao ar livre.

“Ter uma esplanada também tem estas desvantagens. Quando há mau tempo ou tufões, não temos muitos clientes.”

Durante os primeiros sete meses, o casal trabalhou todos os dias, contando até com ajuda de familiares. O Ting Ting só começou a fechar um dia por semana

‘‘TING TING CAFÉ VEGETARIANO EDA WONG E PAUL LAM, FUNDADORES

GARANTIMOSSEMPRE ASEGURANÇADA COMIDA

É um quiosque pequenino, no jardim onde fica a estátua de Jorge Álvares, bem no meio da Avenida da Praia Grande e oferece diversos tipos de comida vegetariana. Paul Lame Eda Wong são os fundadores, que se orgulham de poder ter uma esplanada na cidade

“Toda a gente conhece o New Iao Hon, mas não sabem que aqui, no jardim, temos um quiosque com alimentação saudável e vegetariana”PAUL LAM

– ao domingo – precisamente desde esta semana. “Precisamos de o fazer, para termos tempo de descanso e mais tempo com os filhos”, explica Lam.

Como todas as pequenas empresas do território, a falta de recursos humanos é um problema para Eda Wong e Paul Lam. Desde o início deste novo ano lectivo que os filhos do casal regressaram às aulas e também não é possível recrutar mais estudantes para trabalhos em part-time, porque as férias de Verão já lá vão. Seja como for, também a gestão do quiosque tem de ser pensada ao detalhe.

“Os recursos humanos são uma ques-

tão, mas vamos tentando. Também, de facto, não temos muito lucro e, ao pagar o salário de dois, já não ficamos com muito disponível.”

Paulo Lam explica que o quiosque abre de 8h30 às 19h00, pelo que os donos têm de se levantar sempre às quatro ou cinco

da manhã, para preparar os produtos. E esses, assegura o casal, são sempre de confiança.

“São todos de Macau e são sempre seguros”, diz Lam, enquanto explica que o caso do óleo adulterado de Taiwan não teve nenhuma influência na comida feita no quiosque. “Garanto sempre a segurança da comida, não posso aguentar sujidade. Sei que muitas cozinhas chinesas apanham comida que caiu ao chão para a cozinhar, mas isso nunca vai acontecer na minha loja”, sublinhou.

OPTIMISMO NO FUTUROSobre o futuro, a visão de Paul Lam e Eda Wong é de esperança. “Estou sempre opti-mista”, realça o fundador. “Experimentei muitas áreas diferentes de trabalho, mas sei que, no final, criar um estabelecimento de comidas é o mais adequado para mim.”

Paul Lam diz já ter feito alguma pro-moção nas redes sociais, sendo que o Ting Ting Café já tem uma página do Facebook.

O sushi vegetariano e os hambúrgueres vegetarianos são algumas das especialida-des que fazem atrair a maioria dos clientes, que são, explica Lam, trabalhadores dos escritórios da Praia Grande.

Os donos queixam-se de não haver muita publicidade da parte do Governo para atrair turistas a visitar o jardim, que fica mesmo em frente ao Centro Comercial New Iao Hon, onde, todos os dias, há filas e turistas às compras.

“Toda a gente conhece o New Iao Hon, mas não sabem que aqui, no jardim, temos um quiosque com alimentação saudável e vegetariana. Arrendamos este local, mas como é público temos algum limite no que toca a fazer obras. Se não, faria muito mais pelo quiosque”, lamenta Paul Lam, acrescentando, contudo, que não perde a esperança de melhorar o espaço.

Melhor ou não, por agora o Ting Ting Café tem um menu de comida vegeta-riana e sumos de fruta, com a vantagem de ter um jardim como a sua esplanada. E, como a ideia é atrair não só clientes chineses, como ocidentais, Eda Wong e Paul Lam não se esquecem: além da co-mida vegetariana, também há chá chinês e café “bem saboroso” disponíveis para quem quiser.

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22 OPINIÃO hoje macau quarta-feira 24.9.2014

A O contrário do que se possa pensar, é difícil dizer sim em política — significando aqui o “sim” optar pela mudan-ça. Um exemplo que não é ciência exacta: em muitos referendos, o “sim” é a po-sição mais difícil, aquela que perde ou, pelo menos, que perde à primeira tentativa.

Em Portugal, no referendo à interrupção vo-luntária da gravidez, da primeira vez, ganhou o não. Referendo à regionalização, ganhou o não. Nos referendos ao Tratado Constitucio-nal Europeu, logo entre os primeiros, ganhou o não francês e o não holandês.

Como digo, isto não é ciência exacta. No plebiscito chileno a Pinochet, as posições invertiam-se: o “sim” significava manter Pinochet e o “não” é que era pela mudan-ça. E, ao contrário do que seria de supor, foi muito difícil convencer o eleitorado de que era melhor desfazer-se de um ditador e mudar, votando “não”.

O sim é uma afirmação, mas traz consigo muitas perguntas. Por isso, quem quer res-ponder sim tem de responder a tudo o resto. A propósito do recente referendo escocês: responder “sim” implicava responder que moeda iria a Escócia independente usar, com que dívidas ficaria, como iria ser a sua relação com a UE e a NATO, etc.

Nenhuma destas respostas é fácil de dar, e algumas delas levam a outras perguntas,

A dificuldade de dizer sim

A política anda dividida em dois campos: os que dizem que “não há alternativa” e os que resistem aos primeiros. E perdeu-se a política enquanto arte de fazer as pessoas pensar no futuro, ansiar pelo futuro e construí-lo

Rui TavaResin Público

também elas complicadas. Votar “não” traz consigo quase todas as respostas: no dia a seguir, as coisas continuarão a ser como eram. Mesmo que não gostemos muito, são previsíveis.

A campanha do “não” voltou a ganhar vantagem, no exemplo escocês, a partir do momento em que decidiu subir a parada pegando em algumas das exigências de auto-governo dos escoceses. As perguntas do “sim” (moeda, NATO, UE) continuavam a ser difíceis, e as respostas do “não” ficaram mais fáceis (vai continuar tudo na mesma, mas com mais poderes na Escócia).

Mesmo assim, quero aqui prestar tributo à campanha dos independentistas escoceses porque, nesta época deprimida e pessimista, conseguiram levar bem lon-

ge a mobilização em torno de ideias de autonomia, liberdade e futuro (ao mesmo tempo, evitaram as maiores armadilhas do nacionalismo: a campanha pela inde-pendência escocesa não foi anti-britânica nem anti-europeia).

E é isso que, hoje, é tão difícil e tão ne-cessário. A política anda dividida em dois campos: os que dizem que “não há alter-nativa” e os que resistem aos primeiros. E perdeu-se a política enquanto arte de fazer as pessoas pensar no futuro, ansiar pelo futuro e construí-lo.

Por isso o populismo tem hoje tantas possibilidades de sucesso. Ele é, na verdade, uma anti-política: se a política está bloqueada entre os que acham que temos de ficar pior e os que acham que não conseguimos ficar melhor, o populismo dá vazão à frustração, à zanga e à raiva de todos os que se sentem entalados no meio.

A frustração, a zanga e a raiva são sen-timentos poderosos e historicamente têm conseguido mover mundos. Conseguem levar-nos longe. O problema é que não nos levam a nenhum lugar que seja bom.

Para sair deste buraco, é preciso encontrar propósitos comuns e mobilizadores. Desse ponto de vista, a campanha do “sim” e, do outro lado, o discurso de Gordon Brown que galvanizou nos últimos dias a campa-nha do “não”, continuarão a ser um estudo de caso político para os próximos tempos. Para reencontrar a coragem de dizer sim.

PEYT

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EED,

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23 opiniãohoje macau quarta-feira 24.9.2014

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Cecília Lin; Flora Fong (estagiária); Leonor Sá Machado Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Agnes Lam; Arnaldo Gonçalves; Correia Marques; David Chan; Fernando Eloy ; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau Pineda; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

L Á do fundo de onde eu venho há montanhas inefáveis. Há fogueiras e fontes e castanhas a crepitar no brasume da la-reira quando, em Novembro, o Inverno se faz rogado. Há dragões de orvalho e bruma que escorrem pelos montes às primeiras horas da manhã, andorinhas nos beirais, trutas

em ribeiros cristalinos. Há o canto do cuco na tépida alvorada de Abril, o incansável labor das colmeias, uma inquieta sinfonia de grilos e cigarras. Há cerejas que se arredon-dam antes de encarnar, canaviais ao vento, maios nos umbrais e maias nas serras, cachos nas ramadas e encostas primaveris tingidas por uma maré rasteira e grená, como se um embriagado Baco ali tivesse derramado um alfobre de vinho e de amores proibidos e todos os anos um prosaico exército de torgas explodisse numa celebração de cor em sua homenagem.

Lá do fundo de onde eu venho há toda esta riqueza e há muito mais e quase não há gente. Uma irmandade de velhos é o que sobra o mais das vezes. Escoam-se por caminhos antigos com a paciência das assombrações, persignam-se ao tenebroso castigo de serem, sem o desejarem, os derradeiros guardiões de práticas e rituais que o futuro há muito condenou. Serão os últimos a fazer mover o rodízio dos moinhos, a zelar para que engenhos e açudes continuem a alimentar hortas e jardins, a pisar o vinho em lagares, a amassar o pão com braçal resignação.

O passado é um lugar estranho e é bem verdade que tudo lá é de outra maneira, mas no passado há montanhas inefáveis, galos que antecipam o amanhecer, águias em voo livre, água que corre à margem das torneiras. O presente é um equívoco. Lá do alto onde eu vivo e onde o firmamento é tão raro que uma estrela no céu é um acontecimento, a inefabilidade é qualidade condenada à extin-ção: os edifícios são colossos, os reclames dos casinos rasgam a noite com a dilacerante fosforescência de um arco-íris eléctrico, as horas de luz e de sombra confluem num fluxo indiferenciado e os hotéis re-inventam-se, recriam dentro de portas a abóbada celeste e a mecânica das marés e, no entanto, o que é tudo isto comparado com um campo de camomila, um ninho de cotovia ou uma cerejeira em flor?

Lá do alto onde eu vivo, governo, agentes económicos, líderes de opinião e mercenários do lucro aditivam as palavras e enfeitam gestos e circunstâncias para es-premer mais-valia a uma cidade o mais das vezes cinzenta, caótica e mal-humorada. Um jantar em família num restaurante de gama média de um qualquer casino do território

A desumanizaçãoexpediente c ín icoMARCO CARVALHO

é vendido como uma experiência íntima e transcendental frente a um acepipe de Pato à Pequim, uma piscina entre paredes pro-movida como se a rebentação de Bora Bora para ali se tivesse vertiginosamente mudado e um festival de pirotecnia embrulhado com a enfatuada reverência com que se anuncia a rara passagem do cometa Halley: Venham, venham, senhoras e senhores, que o que des-ponta nos céus de Macau não são grinaldas de pólvora e nuvens de salitre e enxofre. São emanações sub-tropicais da aurora boreal, as línguas do espírito santo do fausto e da farta finança que tombam sobre vós como revelações e vos entretêm a vista enquanto a cidade se afunda num maralhal de trânsito e Coloane sucumbe ao vírus da construção e os taxistas se divertem a espoliar turistas e a ilustre massa crítica do activismo virtual a caçar taxistas, numa sórdida erupção de zelo medieval.

A Macau que luta para responder com a dignidade possível ao encarecimento do custo de vida, ao multiplicar, quadruplicar e enlouquecer do preço das rendas, que resiste como pode ao assédio de taxistas e agentes imobiliários e assiste, impotente, ao enclausuramento progressivo do espaço

público, é a mesma que na semana passada esteve nas bocas do mundo por mais um resguardo de opulência.

Stephen Hung, empresário que está a erguer no COTAI um hotel que vai ofere-cer certos quartos ao pecaminoso preço de oitocentas mil patacas por noite, adquiriu de uma assentada uma frota de trinta Rolls Royce, para conduzir hóspedes e clientes pela extensa, ampla e bem apetrechada rede viária de Macau. Suspenda-se a ironia para defender que novidades da índole, quando reportadas junto de um público leigo, que desconhece o mais da natureza e das qualidades do que é reportado, deviam fazer-se acompanhar por

contra-indicações como as que se enunciam nas bulas de fármacos e medicamentos: “O consumo de Macau não é aconselhado a quem sente saudades de fontes e lareiras, do pôr-do-sol à beira-mar, de cegonhas e de pequenos riachos. O consumo continuado de Macau pode levar à dolência e à depressão, ao delírio e à alucinação. O recurso a Macau para endireitar a vida não prejudica a gravi-dez, mas poderá afectar irremediavelmente o desenvolvimento futuro da criança”.

Contra-indicações são necessárias para que quem olha do mundo para a RAEM não julgue que a Macau de hoje, como a Bagdade e a Samarcanda de outrora, se constrói sobre passeios de opala e de rubi, com pontes e pa-lácios de mármore e marfim e que os que por cá vivem comem de faiança de madre-pérola, debruada a ouro. Nada como o luxo e a pro-saica leviandade de reduzir o desempenho económico a recordes e extravagâncias para desumanizar e criar equívocos, para silenciar o incómodo e mascarar o irremediável. Para nos fazer mergulhar na absorta condição de descartáveis, que em Macau não importa o que somos, importa o que temos. E quanto mais temos – eis o primeiro mandamento de desumanização – mais pobres somos.

Em Macau não importa o que somos, importa o que temos. E quanto mais temos – eis o primeiro mandamento de desumanização – mais pobres somos

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Page 24: Hoje Macau 24 SET 2014 #3181

hoje macau quarta-feira 24.9.2014

cartoon por Stephff

O FIM

AI CHINA EXPORTA INSTRUMENTOS DE TORTURA

Fábrica de terror

SELECÇÃO FERNANDO SANTOS EM CASA

Regresso em pleno

M AIS de 130 empresas chinesas participam no aumento do co-mércio, fabrico e

exportação de instrumentos de tortura para países da África e Ásia, segundo uma investigação da Amnistia Internacional (AI) e Fundação de Investigação Omega divulgada ontem.

O relatório “Comércio de ins-trumentos de tortura e repressão da China”, publicado por ambas as organizações, indica que o número de empresas que se dedi-ca ao fabrico destes produtos se

F ERNANDO Santos chega à Selecção Nacional aos 59 anos, perto de completar

60, num regresso a Portugal ao fim de sete anos. Passou esse período na Grécia, o outro país de referência na sua carreira. Santos, que será apresentado nesta quarta-feira ao final da manhã, faz o pleno nos principais bancos do futebol português. Depois de ter treinado FC Por-to, Benfica e Sporting, chega à selecção. Como jogador, fez parte da formação no Benfica, mas passou quase toda a carreira na defesa do Estoril, em paralelo com a formação académica, em engenharia. Foi no clube da linha de Cascais, num percurso interrompido apenas por uma passagem pelo Marítimo, que terminou a carreira e se estreou como treinador, em 1987. Subiu com o Estoril à primeira liga em 1991, numa longa ligação que só terminou em 1994, quando se mudou para o E. Amadora.

Ao fim de quatro épocas na Reboleira chegou o primeiro «grande» da sua carreira. O FC Porto era tetra-campeão e chegou ao quinto título seguido com Fernando Santos no banco. O «engenheiro do penta» ficou mais duas épocas nos dragões.

O EMIGRANTEEm 2001 emigrou pela pri-meira vez, no início de uma longa ligação à Grécia, para treinar o AEK, onde venceu a Taça da Grécia. Na época seguinte o Panathinaikos, antes do regresso a Portugal para o

banco do Sporting. Uma época em Alvalade, que terminou no terceiro lugar, antes de novo regresso à Grécia, para mais duas épocas no AEK.

SOL DE POUCA DURAVoltou a Portugal em 2006, agora para o Benfica. Depois de uma época que terminou com o tercei-ro lugar na Liga, foi despedido por Luís Filipe Vieira ao fim da primeira jornada da temporada seguinte, um empate a um golo no terreno do Leixões. Era Agosto de 2007, e não voltaria a treinar em Portugal até agora.

Não tardou a encontrar novo clube, no início de Setembro assinou pelo PAOK. Foram três temporadas no clube, até ser escolhido para o cargo de selecionador, com a difícil ta-refa de suceder ao alemão Otto Rehhagel, que levou a Grécia ao título de campeã da Europa, ganho em Portugal, em 2004.

E durante quatro anos Fer-nando Santos manteve a Grécia lá em cima. Chegou aos quartos de final do Euro 2012, depois de uma campanha de apuramento que reforçou a proverbial solidez defensiva da equipa, apurou-se para o Mundial 2014 e passou a fase de grupos.

Caiu nos oitavos de final, nos penáltis, frente à Costa Rica. O jogo na origem do castigo de oito jogos que lhe foi imposto e que condiciona a sua etapa inicial na selecção nacional. A suspensão está a ser analisada pela FIFA, em cima da mesa há a possibilidade de redução.

Traçado Metro na Taipa chega ao CCACOntem às 20h, um grupo de residentes entregou no Comissariado contra a Corrupção um pedido de recurso administrativo. O motivo, segundo o porta-voz, de apelido Chan, é que a linha que passa na Taipa perto do Hipódromo é “demasiado perto do posto de gasolina”, pelo que os residentes estão a questionar se os bombeiros aprovaram esta proposta para o traçado. Os residentes disseram ao HM estar preocupados com que seja possível que haja problemas com a segurança do traçado.

A Amnistia Internacional denuncia o sinistro comércio de instrumentos de tortura que tem como principais destinos os continentes africano e asiático

multiplicou por quatro na China nos últimos dez anos.

A AI denuncia que alguns dos objectos, como bastões eléctricos paralisantes, cadeiras rígidas de contenção, pinças eléctricas ou bas-tões de metal reforçados com picos, desenhados especificamente como instrumentos de tortura, são expor-tados para países da África e Ásia, onde a sua utilização representa uma violação dos direitos humanos das vítimas, segundo o estudo.

O relatório aponta que alguns destes objectos foram utilizados pela polícia do Camboja e foram

exportados para as forças de segu-rança no Nepal, Tailândia, Gana, Senegal, Egipto e Madagáscar.

IMPERDOÁVEL“Não há qualquer desculpa para permitir o fabrico e comércio de equipamentos, cujo propósito principal é o de torturar ou infligir tratos cruéis, desumanos ou degra-dantes nas pessoas”, afirma Patrick Wilcken, investigador de comércio e segurança dos direitos humanos para a Amnistia Internacional.

Patrick Wilcken acrescentou que este tipo de comércio “está a florescer” porque as autoridades chinesas “não fizeram nada” para impedir que as empresas que expor-tam estes materiais tentem evitar que “caiam nas mãos de violadores dos direitos humanos”.

As empresas chinesas – a maio-ria das quais são da propriedade do Estado - têm uma presença dada vez maior no mercado mundial de equipamentos de segurança, indica o documento.

A investigação refere que os controlos de exportação deste tipo de material são débeis e carecem de transparência, e estende também o problema aos países que contam com normas mais estritas, como os da União Europeia ou Estados Unidos, instando-os a melhorar os respectivos controlos.