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ANTÓNIO FALCÃO O membro do Conselho Executivo mostra-se preocupado com as previsões. Nomeadamente que o novo Governo passe a ter seis secretarias em vez das actuais cinco. Leong Vai Tac aconselha que se estude a reforma administrativa para uma maior eficácia. Menos pedidos, mais chumbos FUNDAÇÃO MACAU DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 TERÇA-FEIRA 22 DE JULHO DE 2014 ANO XIII Nº 3136 hojemacau SEAC PAI VAN A VEZ DE BEN LEONG SOCIEDADE PÁGINA 6 O presidente da Associação dos Arquitectos de Macau é o eleito do Governo para o desenho do projecto de escolas e complexos educativos em Coloane. AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB NOVO GOVERNO LEONG VAI TAC ALERTA PARA O AUMENTO DE SECRETARIAS PÁGINA 4 LOU SHENGHUA, PROFESSOR DO IPM Macau ainda não tem uma sociedade civil ENTREVISTA PÁGINAS 2 E 3 PUB PÁG. 7 CUIDADO COM O PESO

Hoje Macau 22 JUL 2014 #3136

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Hoje Macau N.º3136 de 22 de Julho de 2014

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Page 1: Hoje Macau 22 JUL 2014 #3136

ANTÓ

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O membro do Conselho Executivo mostra-se preocupado com as previsões.Nomeadamente que o novo Governo passe a ter seis secretarias em vez das actuais cinco.Leong Vai Tac aconselha que se estude a reforma administrativa para uma maior eficácia.

Menos pedidos, mais chumbos

FUNDAÇÃO MACAU

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 T E R Ç A - F E I R A 2 2 D E J U L H O D E 2 0 1 4 • A N O X I I I • N º 3 1 3 6

hojemacau

SEAC PAI VAN

A VEZ DEBEN LEONG

SOCIEDADE PÁGINA 6

O presidente da Associação dos Arquitectos de Macau é o eleito do Governo para o desenho do projecto de escolas e complexos educativos em Coloane.

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

NOVO GOVERNO LEONG VAI TAC ALERTA PARA O AUMENTO DE SECRETARIAS

PÁGINA 4

LOU SHENGHUA,PROFESSOR DO IPM

Macau aindanão tem uma sociedade civil

ENTREVISTA PÁGINAS 2 E 3

PUB

PÁG. 7

CUIDADOCOM O PESO

Page 2: Hoje Macau 22 JUL 2014 #3136

HOJE

MAC

AU

hoje macau terça-feira 22.7.20142 ENTREVISTALOU SHENGHUA, PROFESSOR DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DO IPM

“Sufrágio universal não é algo urgente para a maioria dos residentes”

CECIL IA L [email protected]

Recentemente, foram milhares as pessoas que saíram à rua em manifestações em Macau. Con-sidera que estamos perante uma evolução na democracia?O avanço na democracia tem dois aspectos: um é a forma como as pessoas demonstram a democracia e o outro é o sistema governamen-tal em si, se é ou não democrata. Antes, havia pouca a gente a par-ticipar em manifestações e essas manifestações incluíam várias reivindicações. Desta vez, as manifestações focaram-se apenas contra o Regime de Garantias [dos Titulares dos Principais Cargos] e houve mais jovens e classe média a participar, sendo que o pedido era unânime: retirar o Regime. Essa manifestação aconteceu porque os residentes não querem que, quando os dirigentes fazem política, seja apenas em beneficio próprio. Mas, quando olhamos a situação fora do ângulo do Regime de Garantias, desde a transição, vemos que há muitos assuntos sociais que não foram resolvidos. Funcionários públicos há longos anos também participaram nas manifestações em Maio, porque apesar do de-

senvolvimento económico, os residentes não foram obviamente beneficiados. Apesar de não re-solver os problemas sociais, por exemplo a questão de habitação, o que é pior é ainda a apresentação desta proposta. Claro, os residentes estão contra.

Mas considera que isto demons-tra que Macau já tem algum avanço na democracia?Não concordo com esta ideia. As manifestações são um símbolo na história de Macau, mas são uma reacção aos movimentos [seme-lhantes] em Hong Kong e Taiwan. Mas Macau ainda não tem, diga-mos, uma sociedade civil, como Hong Kong e Taiwan, nem me sinto optimista que isso [venha a acontecer]. Podemos ver, depois das manifestações, em Junho, houve mais actividades pró-democracia, mas já poucas pessoas participaram. Acho que o sufrágio universal não é algo muito urgente para a maio-ria dos residentes de Macau. Este ideal pode ser um objectivo final, contudo, agora, ainda não há uma voz comum na sociedade de Macau. Não há consenso. Os residentes apenas querem que o Governo seja mais aberto, dê mais apoios, mas as exigências da maioria dos

Lou Shenghua defende remodelações na estrutura do Governo, como a eliminação de departamentos cuja função é semelhante. O académico do IPM critica o facto de a AL, o Governo e o Conselho Executivo serem compostos por empresários e afirma que Macau ainda está aquém de ser totalmente democrata e que as manifestações recentes são influenciadas por Hong Kong

residentes não é a implementação do sufrágio universal, mas os pro-blemas do trânsito e da habitação.

Essas associações pró-demo-cracia estão agora envolvidas num “referendo civil”. Como avalia isso? Só posso dizer que este referendo não vai ter qualquer efeito jurídico, mas isso já está dado como certo. Essencialmente, não passa de um inquérito. Se olharmos para a actividade é apenas um inquérito, não há problema nenhum. Claro que, se for mesmo considerado um referendo, não tem base legal nenhuma. Em qualquer país, e mes-mo em regiões especiais, é preciso haver uma lei sobre referendos. Ora, Macau não tem. Além disso, também falta um procedimento ló-gico: se o ‘referendo’ está a ser feito online, então é difícil confirmar a identidade das pessoas. Mesmo para votações, os residentes de fora [estrangeiros] apenas podem votar nos consulados. Acho que o “referendo civil” não passa de um espectáculo político. Usar a palavra “referendo” é apenas para atrair a atenção das pessoas.Houve residentes a participar neste referendo civil em Hong Kong, mas a natureza é igual:

não tem efeito legal e foi apenas um inquérito. Macau de alguma maneira está a aprender com Hong Kong neste caso.

Por isso, na realidade, esta activi-dade não passa de um inquérito da rua e na internet.Penso que é isso. Mas os promotores dizem que não é e disseram mesmo que quem participa no referendo tem um papel activo. [Isto] é uma publicidade política. Na verdade, analisando, causou uma grande reacção na sociedade, mesmo dentro do Governo e do Gabinete de Ligação da RPC na RAEM. Con-tudo, acho que algumas reacções na sociedade foram exageradas. Até os jornais estão a falar disso todos os

dias, parece que é uma organização contra [o referendo]. Acho que não é necessário, porque o Governo já explicou a situação e os residentes devem fazer o julgamento por si próprios. Não é preciso haver mais críticas a esse referendo.

Considera que a reacção do Go-verno e do Gabinete de Ligação está a ajudar as associações a fazer publicidade à actividade?Sim e essa é também a razão por-que [as associações] usam esta palavra -“referendo”. De forma a terem propaganda de outra manei-ra. Mas, na posição do Governo, claro que foi necessário fazer uma declaração sobre o ‘referendo’, para esclarecer o público de que não tem base jurídica. Contudo, pessoalmente, não é necessário mais condenações à actividade.

Hong Kong já está a discutir o su-frágio universal para o Chefe do Executivo em 2017, mas Macau ainda nem está nesse caminho...Porque na Lei Básica de Hong Kong está prevista esta solução, de existir o sufrágio universal. Mas, na Lei Básica de Macau não fala em sufrágio universal. É uma hipótese e o Governo Central já teve representantes a

“Acho que o “referendo civil” não passa de um espectáculo político. Usar a palavra “referendo” é apenas para atrair a atenção das pessoas”

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3 entrevistahoje macau terça-feira 22.7.2014

LOU SHENGHUA, PROFESSOR DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DO IPM

“Sufrágio universal não é algo urgente para a maioria dos residentes”dizer que não é impossível haver em Macau. Contudo, precisamos de rever a Lei Básica de Macau e a diferença nas Leis Básicas resulta das diferentes situações em Hong Kong e Macau. Em Macau, o Regime de Garantias poderia ter passado, porque o poder dos que são a favor [das políticas] do Go-verno na Assembleia Legislativa (AL) de Macau é maior do que os democratas, por exemplo.

Falamos no Regime de Garantias como motor das manifestações. Chui Sai On justificou que este tipo de leis existe noutros países. Qual a sua opinião sobre isto?Em alguns países existem regi-mes semelhantes, mas acho que até agora ainda não há nenhum que tenha dado imunidade penal ao líder de um Governo. Mesmo sendo Chefe do Executivo, se violar a lei só não vai ser inves-tigado ou processado durante o seu mandato. Sendo Chefe do Executivo, se violar a lei, não vai ser investigado ou processado durante o seu mandato. Mas, [este Regime] deve ser apenas para um líder de um país, não para um líder de uma região administrativa es-pecial. Seja como for, sobretudo, não pode mandar aprovar uma lei sem consulta pública. Além disso, se o valor dos subsídios para os dirigentes fosse igual ao dos outros funcionários públicos, não iria haver muitas vozes contra.

Quando falamos em resolver os problemas sociais, também há vozes que falam em fazer uma reforma política. Concorda com isso?Não me parece urgente mudar o sistema político, mas é necessário simplificar a estrutura da Adminis-tração Pública. Na declaração que Chui Sai On fez quando anunciou a sua recandidatura, já disse que se vai esforçar para fazer uma reforma administrativa. Acho que é necessário ajustar o mecanismo do Executivo. É necessário ter alguém [a fazer as leis] que te-nha menos interesse próprio nas políticas, especialmente os depu-tados. Há muitos empresários e pessoas que trabalham no mercado imobiliário na AL, por exemplo. Também no Conselho Executivo e no Governo. Podíamos começar por mudar o sistema eleitoral, para que verdadeiramente se escolhessem os representantes de alguns sectores. Não é como agora, que empresários criam as-sociações culturais ou desportivas e já podem participar nas eleições indirectas para a AL, quando, na

realidade, não representam as pessoas daquele sector. Temos de manter o mecanismo de eleição indirecta, mas este precisa de ser melhorado, numa primeira fase. Se se quiser mudar o sistema político [totalmente], tem que se mudar a Lei Básica, de novo.

Porque é que diz que é importan-te manter as eleições indirectas?As associações em Macau podem substituir a função dos partidos, neste momento. Mais tarde, quando for necessário que as asso-ciações tenham mais funções po-líticas, poderão aparecer partidos políticos, porque as associações ainda têm uma função de serviço social, por exemplo os Kaifong e a Associação dos Operários. Contudo, mesmo Lei Kin Ion (acti-vista radical) criou um partido dos operários, que não vai ter grande função, porque a sociedade de Macau ainda não é uma sociedade com partidos políticos. Contudo, com o desenvolvimento político, devem surgir mais partidos.

Mas como é que avalia a cons-ciência política dos residentes de Macau? Os residentes de Macau são cada vez mais racionais quando expres-sam as suas exigências. Por exem-plo, as manifestações de Maio, tudo correu bem e a ordem foi mantida, não houve nenhuma acusação. Isto é o que é preciso na nossa socieda-de civil, ainda que os radicais não são muito aceites pelos residentes de Macau. Por vezes, nas redes sociais, os democratas até parecem ter vantagens, mas na realidade os que apoiam o Governo ganham.

Há pessoas que ocupam cargos importantes em várias asso-ciações em Macau. Considera normal que os políticos ou em-

presários tenham vários papéis na sociedade? Isto não vai trazer confusão?Agora está melhor. Agora, as asso-ciações são cada vez mais especia-lizadas. Por exemplo, os Kaifong têm a sua associação política, o

Centro da Política da Sabedoria Colectiva, para recolher opiniões sobre as políticas do Governo.

Tem algumas recomendações para a reforma na Administra-ção Pública?Agora, a cooperação entre os de-partamentos não é boa e se se criar mais departamentos ou Secretários, para fazer trabalhos interdeparta-mentais vai ser ainda mais difícil. Por outro lado, tem que se cancelar o mecanismo que permite transferir a autoridade administrativa. Ou seja, quando o Chefe do Executivo delega poderes num Secretário. Embora haja muitas vozes a pedir uma responsabilização dos altos cargos, toda a responsabilização passa, assim, a ser do Chefe do Executivo, porque foi ele a auto-rizar os Secretários e directores a fazer determinadas acções. Este mecanismo é uma “prenda” da

administração portuguesa, porque antes o governador português tinha autorização do governo português e passava essas autorizações para os outros. Os dirigentes deveriam ser recrutados através de exames, não por nomeações. Além disso, tem que se eliminar os funcionários públicos, não só os dirigentes, que não desem-penham bem as suas funções. Essa eliminação deve ser feita através de avaliação do desempenho.

A ideia que defende é uma refor-ma nos departamentos também?Por exemplo, se não há alunos para estudar no meu curso, tenho de sair e cancelar o curso de Administra-ção Pública, porque já não tenho alunos. O mesmo deveria acontecer com cargos que não são precisos. Se alguns funcionários vêem o seu contrato chegar ao fim e se o seu cargo já não é necessário, não o re-novam. Há muitos projectos do Go-verno que precisaram que fossem criados mais departamentos. Por exemplo, nos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes, e na Justiça. Não vale a pena criar ainda mais direcções semelhantes... será necessário? Não. Mas realmente temos várias destas direcções com função semelhante.

Como avalia o facto de se levarem a cabo consultas públicas sobre as leis?Para algumas políticas, acho que o Governo tem que ouvir as opiniões dos especialistas, em vez de ouvir as opiniões dos cidadãos. Até agora ainda há muitos residentes que não entendem muito bem o que é metro ligeiro, pensam que é como um comboio que faz muito barulho e, por isso, não o querem a passar em sua casa. Quando, de facto, o metro ligeiro causa menos barulho.

Acha que o Chefe do Executivo vai ser o mesmo?Sim. Não há mais candidatos de jeito e Chui também já retirou o Regime de Garantias, sendo que antes do dia 31 de Agosto não o vai apresentar outra vez. Bem, neste momento não é oportuno falar disso.

Tem havido casos de alegada pressão a académicos devido aos seus comentários políticos. Está na lista?Acho que não estou na lista. Consi-dero que as críticas racionais não vão ser um problema. Nenhum director de faculdade vai demitir alguém pelos seus discursos políticos. Pode haver alguns professores do Instituto Politécnico de Macau que, se calhar, falaram com seu chefe sobre o seu discurso político e sentem que foram avisados verbalmente, mas acho que isso não é verdade.

Mas e o caso de Éric Sautedé?Não deve ter sido por isso [comen-tários políticos]. Seja como for, nenhum caso, mesmo na China, deveria acontecer.

“É necessário ter alguém [a fazer as leis] que tenha menos interesse próprio nas políticas, especialmente os deputados. Há muitos empresários e pessoas que trabalham no mercado imobiliário na AL, por exemplo”

“Os dirigentes deveriam ser recrutados através de exames, não por nomeações”

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hoje macau terça-feira 22.7.20144 POLÍTICA

FLORA [email protected]

L EONG Vai Tac, membro do Conselho Executivo, revelou este domingo preocupações sobre a estrutura do próximo

Governo. Num seminário intitula-do “Vamos pensar em continuar a construir Macau”, organizado pelo Centro de Pesquisa Estratégica para o Desenvolvimento de Macau (CPEDM), Leong Vai Tac, também presidente do centro, falou dos seus receios.

“Na sociedade há quem pre-veja que as cinco secretarias vão passar para seis e preocupa-me que a estrutura do Governo fique

N O primeiro trimestre deste ano, os casos de violência doméstica aumentaram

mais de 40%, algo que leva o de-putado Mak Soi Kun a reiterar que a questão da violência doméstica precisa de ser resolvida através da legislação. Contudo, a nova proposta da lei ainda não chegou à Assembleia Legislativa (AL), quando o Governo manifestou anteriormente que iria entregar a proposta da lei no primeiro trimes-tre deste ano.

“Já chegamos ao Verão, mas a proposta ainda não apareceu na AL. Segundo os especialistas, a legislação de violência domés-tica não é simplesmente uma questão de consulta, o que mais é preciso é estudar a tendência através dos casos em Macau e, ao mesmo tempo, rever se as políticas ao tratamento, preven-ção e mecanismos de apoio são suficientes”, escreve o deputado numa interpelação escrita.

Mak Soi Kun relembra que

o relatório do Instituto de Acção Social (IAS) sobre a violência doméstica já foi lançado há dois anos e questiona se as autoridades já dominam ou não todas as infor-mações necessários para acabar o trabalho de estudos que têm vindo a fazer, de forma a perceber se já há um consenso social para que le-gislação avance este ano. “Porque é que ainda não há proposta de lei para AL? Será que ainda não há as conclusões do estudo, ou não se chegou a um consenso social? Ou, ainda pior, os dirigentes não agem? Por favor dê uma explicação ao público”, defende na interpelação dirigida ao Governo.

Em Março deste ano, o Go-verno assegurou que a Lei de Pre-venção e Correcção da Violência Doméstica estaria “praticamente terminada” e que estariam reunidas as condições para que a proposta entrasse em processo legislativo dentro de um curto período de tempo, mas até agora nada de sabe sobre a lei. - C.L.

E M resposta a uma interpelação escrita da deputada Chan

Hong, o director da Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA), Cheong Sio Kei, anunciou que as Instruções para Controlo de Poluição Luminosa Proveniente de Painéis Publicitários, das Ilu-minações Decorativas e dos Monitores LED estão a ser novamente revis-tas, depois de já terem sofrido alterações em 2011. Além de proceder à revisão dos parâmetros que ajudam ao combate de poluição luminosa do território, a DSPA vai ainda “elaborar critérios ainda mais aprofunda-dos” e que estejam em concordância com o “desenvolvimento vertiginoso” da economia e socie-dade da RAEM.

NOVO GOVERNO LEONG VAI TAC RECEIA MAIS SECRETARIAS

“Governo deve estudar reforma administrativa”

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA MAK SOI KUN CRITICA ATRASO DA PROPOSTA DE LEI

É para hoje?POLUIÇÃO LUMINOSA DSPA VOLTA A REVER INSTRUÇÕES E CRITÉRIOS

Menos luz, por favor

mais pesada”, disse, citado pela imprensa chinesa. “Os residentes não se interessam pelo número de secretarias, mas preocupam-se se a Administração Pública consegue responder às necessidades da popu-lação e se a eficácia será melhorada. O Governo deve estudar a reforma administrativa, incluindo uma mu-dança de atitude e de positivismo junto dos funcionários públicos”, disse ainda Leong Vai Tac.

O mesmo responsável consi-derou ainda que “as esperanças da sociedade em relação ao Governo são cada vez maiores, pelo que a RAEM deve ter uma acção gover-nativa mais cautelosa e científica, bem como assumir as responsa-

bilidades e ouvir as opiniões da sociedade”.

Na mesma altura, Ung Choi Kun, ex-deputado e presidente da Associação dos Empresários do Sector Imobiliário de Macau, disse que se deve avançar “mais um passo para a criação de um regime de responsabilização dos altos cargos, através de um regime de avaliação do desempenho”. Ung Choi Kun concorda que a RAEM deve consolidar a sua reforma legislativa por forma a resolver o problema da desordem das propos-tas de lei. O mesmo responsável pede ainda que os deputados do hemiciclo possam executar o seu direito de supervisão em relação

Leong Vai Tac receia que as secretarias do Governo passem de cinco a seis com a vinda do novo Executivo. Num seminário sobre Macau, o membro do Conselho Executivo frisou ainda que a sociedade espera mais eficiência da Administração

Para corresponder à melhor do ambiente de Macau, uma das ac-ções promovidas pelos Serviços de Protecção Ambiental e que se insere no Planeamento da Protecção Ambiental de Macau 2010-2020 foi a alteração dos critérios de ava-liação para o Prémio Hotel Verde deste ano, onde pas-sou a vigorar a necessidade de atenção à

poupança de energia e o uso de aparelhos de iluminação e lâmpadas amigas do ambiente e economizadoras. A mesma entidade desen-volveu ainda um progra-ma de sensibilização de

poupança

energético junto dos mais novos, com a intro-dução de conversas in-formais sobre o tema no programa ‘Eco-escola’.

A par com estas ini-ciativas, a resposta de Cheong Sio Kei explica ainda que têm vindo a ser pedidos vários estu-dos e relatórios a entida-des locais e estrangeiras, como forma de avaliar os níveis de poluição luminosa no território e formas de evitar que estes valores aumentem. Entre as linhas de acções do planeamento acima referido está a progres-

siva substituição de determina-dos aparelhos por outros mais ecológicos e que consu-mam menos energia, por exemplo. - L.S.M.

ao Executivo, por forma a que a “alta eficácia administrativa” possa ficar garantida.

CAMPUS PARA FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS Também Kun Sai Hoi, presidente da Associação dos Técnicos da Administração Pública de Macau, deixou sugestões para melhorar Macau. Sugestões que passam, por exemplo, em deixar que o

velho campus da Universidade de Macau possa ficar reservado para a criação de um Instituto Ad-ministrativo da RAEM, cujo fim seria a formação dos funcionários públicos. Tal espaço serviria ainda para a investigação das po-líticas da Administração Pública, criando-se um mecanismo para que funcionários aposentados possam ser professores ou for-madores.

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5 políticahoje macau terça-feira 22.7.2014

HOJE [email protected]

O presidente do Conselho de Administração do Instituto para

os Assuntos Cívicos e Muni-cipais (IACM), Alex Vong, admitiu que os funcionários do organismo têm, por vezes, de fazer horas extras, mas assegu-ra que estes são compensados.

Em resposta a uma in-terpelação do deputado José Pereira Coutinho, Vong ga-rante que tem seguido as re-gras de compensação, ainda que frise ser necessário que os funcionários trabalhem horas extras.

“De acordo com as exi-gências do funcionamento real, o IACM necessita de elaborar horários de expe-diente especial ou por turnos, para parte dos seus trabalha-dores, já que há interesse em manter abertas ao público vá-rias instalações e prosseguir a prestação de serviços”, pode ler-se no documento.

Em causa está a insistên-cia de Pereira Coutinho na compensação - em folgas – dos dias de trabalho em

D E acordo com Song Man Lei, presidente da Comissão para os Assuntos Eleitorais do

Chefe do Executivo (CAECE), foram levantados, até final da semana pas-sado, 354 boletins de propositura por candidatos a Chefe do Executivo ou seus representantes. Os papéis deverão ser entregues aos 400 membros do Co-légio Eleitoral que escolhe o próximo líder do Governo, a 31 de Agosto e é

através do boletim que cada um mostra o seu apoio ao candidato preferido.

Agora, a principal preocupação da CAECE, disse Song Man Lei depois da reunião de ontem da comissão, é assegurar que tudo decorra dentro dos conformes da lei. Acrescentou, no entan-to, que ainda não foi tomada nenhuma decisão quanto ao local, horário e outros pormenores das próximas eleições. A Nave Desportiva dos Jogos da Ásia-

-Oriental é uma das hipóteses em cima da mesa como local de votação.

Neste momento, sabe-se apenas que o actual Chefe do Executivo, Fernando Chui Sai On, já compreende um número de apoiantes mais elevado do que o necessário para concorrer. De acordo com o mandatário de Chui Sai On, Vong Hin Fai, o líder do Executivo conta já com mais de 66 assinaturas por parte do Colégio Eleitoral. - L.S.M.

Ensino superior Ng Kuok Cheong apela a avaliação O deputado Ng Kuok Cheong pediu em interpelação escrita que instituições estrangeiras venham a Macau avaliar a qualidade do ensino superior. O deputado sugere também um ‘regime de recrutamento’ que impeça o despedimento de professores devido à sua convicção política, de forma a que a Lei das Relações de Trabalho seja cumprida, no capítulo que diz respeito ao artigo que diz que ‘nenhum trabalhador pode ser injustificadamente prejudicado por convicções políticas’. Só assim, diz, se pode assegurar a liberdade académica.

Subsídios Valores para idosos e inválidos actualizadosOs subsídios de invalidez normal e especial foram actualizados, foi ontem anunciado em Boletim Oficial. De acordo com ordem do Chefe do Executivo, o subsídio de invalidez normal passa de 6600 patacas para sete mil patacas anuais e o de invalidez especial de 13200 patacas para 14 mil patacas. Também conforme ordem executiva publicada em BO, o subsídio para idosos passa de 6600 patacas para o valor anual de sete mil patacas. Os subsídios tem periodicidade anual, sendo pagos numa única prestação.

IACM ADMITIDAS HORAS EXTRAS, MAS “COMPENSADAS”

Folgas para quem trabalhaO deputado Pereira Coutinho insiste na compensação dos dias feriados passados a trabalhar.O presidente do IACM responde na necessidade de horas extraordinárias mas garante que os trabalhadores serão recompensados

ELEIÇÕES CE CENTENAS DE BOLETINS DE PROPOSITURA LEVANTADOS

Corrida aos papéis

feriados para os funcionários públicos. A interpelação es-crita apresentada a 8 de Maio mencionava que os inspec-tores de higiene alimentar do IACM “apresentaram queixas contra o facto de não estarem a ser devidamente compensados com um dia de descanso no caso de traba-lharem durante os feriados”. No mesmo documento, o deputado queria saber se o IACM ia, ou não, cumprir as recomendações publicadas pelo Comissariado contra a Corrupção (CCAC), que aconselhavam, precisa-mente, a compensação de feriados aos inspectores de higiene alimentar que traba-lhem em regime de turnos.

Em resposta, Alex Vong explica que “os trabalhadores do IACM recebem o subsídio de turno”. “Um trabalhador que executa um serviço por turnos, tem, em cada quatro semanas, pelo menos, um dia de descanso, (…), e o trabalhador que executa o seu trabalho num feriado ou todo dia que ocorra a concessão de tolerância de ponto, é compensado por um dia de descanso com remuneração ou por um dia de tolerância de ponto”, garante o IACM.

Relativamente aos traba-lhadores de horário de expe-diente especial que prestem serviços num feriado ou no dia do seu descanso, o presidente explica que serão “compensados sob a forma de trabalho extraordinário e dispensados de um dia de serviço”.

Perante a pergunta do deputado sobre a comuni-cação do IACM às asso-ciações representativas dos trabalhadores referente aos horários especiais do traba-lho, Alex Vong garantiu que o instituto “não deixará de comunicar com o respec-tivo trabalhador” ouvindo

as diferentes opiniões “em ordem a não prejudicar o funcionamento normal e eficaz dos serviços”.

Recorde-se que o de-putado afirmou que “os

queixosos [inspectores de higiene alimentar] alegam que o IACM estabelece regimes horários de traba-lho especiais de uma forma discricionária sem prévia

audição de associações re-presentativas”, colocando determinadas medidas em prática sem que estas possam ser primeiramente discuti-das entre as duas partes.

“De acordocom as exigências do funcionamento real, o IACM necessita de elaborar horários de expediente especial ou por turnos...”ALEX VONGPresidente do Conselhode Administração IACM

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6 hoje macau terça-feira 22.7.2014SOCIEDADE

ANDREIA SOFIA [email protected]

A Fundação Macau (FM) recebeu menos pedidos de financiamento em 2013, mas resolveu

dizer “não” a mais candidaturas, em relação a 2012. Os dados constam no relatório de actividades recentemente divulgado. De entre 919 pedidos feitos o ano passado, foram rejeitados 155 – um total de 17% - e aprovados 764. Em

UM Castigo de Bill Chou ainda sem efeitoO castigo de 24 dias de suspensão atribuído ao professor da Universidade de Macau (UM), Bill Chou, continua sem data prevista para ter início. Bill Chou falou com o HM via telefone e explicou que, apesar de decidida, a suspensão ainda não começou. O académico adianta que nem ele sabe quando começará. “Não faço a mínima ideia quando é que começa a suspensão”, explicou. O professor de Ciência Política foi punido pela direcção da UM com 24 dias de suspensão sem remuneração a 23 de Junho, sem que se conheçam as razões da decisão.

IPM ABRE DOUTORAMENTO EM EDUCAÇÃO

Associação com Lisboa

694milhões de patacas atribuídos

O relatório de actividades da Fundação Macau indica que a entidade recebeu menos pedidos de financiamento em 2013, mas chumbou mais projectos, cerca de 17%, por comparação a 2012. A entidade diz ainda ter criado uma base de dados e melhorado os critérios de atribuição de financiamento, como resposta a um relatório do CCAC

APOIO FINANCEIRO FUNDAÇÃO MACAU REJEITOU MAIS PEDIDOS EM 2013

Menos dinheiro a sair

2012, de um total de 924, foram negados 148.

Da parte do Conselho de Curadores, presidido pelo Chefe do Executivo, foram rejeitados 39 pedidos, que fazem parte do conjunto de propostas superiores a 500 mil patacas. Já o Conselho de Administração, liderado por Wu Zhiliang, rejeitou 116 propostas de valor inferior a 500 mil patacas.

No total, a FM concedeu em 2013 mais de 694 milhões de patacas, valor inferior às mais de 800 milhões de patacas financiadas em 2012.

A área social foi a que recebeu mais apoios da FM, superiores a 303 milhões de patacas, cerca de 28,50% do orçamento. O relatório especifica os apoios dados a enti-dades e projectos de associações como a União Geral dos Moradores de Macau (UGAMM), Federação

das Associações dos Operários de Macau (FAOM) ou Obra das Mães, entre outras.

Em segundo lugar surge o sector da educação, que recebeu mais de 382 milhões de patacas, 35,95% de todo o bolo. Segue-se o sector científico, com pouco mais de 128 milhões de patacas, e a área da cultura, com 100,844 milhões de patacas.

O sector filantrópico recebeu

O Instituto Politéc-nico de Macau (IPM) vai ter

um novo doutoramento em Educação leccionado por professores da Uni-versidade de Lisboa e do IPM. De acordo com o coordenador do programa, Luciano de Almeida, o

curso foi pensado para acontecer nos mesmos moldes de outros dois que já tiveram lugar no IPM: o de Administração Pública e de Língua e Cultura Portuguesa.

O curso foi ontem anunciado em Boletim Oficial. De acordo com

Luciano Almeida, o dou-toramento em Educação terá a duração de três anos e a Universidade de Lisboa vai ser a entidade responsável por conferir o grau de doutor aos alunos que completarem o curso com sucesso, no IPM. “[O curso] será feito por

associação e será muito idêntico a outros dois. No de Administração Pública, que já existiu em Macau, por exemplo, vieram cinco professores da Universi-dade de Lisboa”, explicou Luciano de Almeida.

De acordo com um despacho do Secretário

para os Assuntos Sociais e Cultura, Cheong U, o curso será leccionado por professores de Lisboa e de Macau, vai funcionar em modelo parcial, à distância ou em regime presencial e deverá ter início em Setembro deste ano. – L.S.M.

mais de 54 milhões de patacas, representando uma fatia de 5% do orçamento de apoios, seguindo-se a área de projectos destinados à promoção de Macau, com mais de 53 milhões de patacas.

ATENTO AO CCACA FM deixou ainda claro no rela-tório que continua a dar atenção à análise feita, há dois anos, pelo Comissariado contra a Corrupção

GOVERNO ATRIBUI AVALIAÇÃO “FAVORÁVEL” À FMA Comissão de Avaliação dos Serviços Públicos do Governo da RAEM atribuiu a avaliação de “favorável” à Carta de Qualidade da FM, nota que se prolonga até 7 de Março de 2015. O relatório de 2013 fala ainda da realização de um inquérito sobre o grau de satisfação da população em relação ao trabalho desenvolvido pela FM. Os resultados mostram que a população está “satisfeita” com a entidade, já que foi encontrada uma média de 4,31 pontos, num total de 5.

(CCAC), que chamou a atenção para a pouca fiscalização dos apoios financeiros concedidos.

A FM “criou uma base de dados sobre as associações patrocinadas e melhorou os critérios de análise e avaliação sobre os pedidos de subsídios e as condições regula-mentares sobre a utilização dos subsídios”, assegura o organismo no relatório. Está ainda a ser criado um sistema de categorização de associações, com base em “refe-rências e critérios aplicados pelas organizações internacionais”, com a “respectiva adaptação à situação real de Macau”.

Foram ainda introduzidos novos formulários de pedido de apoio e preenchimento dos relatórios, ten-do sido realizados 11 workshops, com a participação de cerca de 300 pessoas. No total, 865 associações receberam informações sobre a atribuição de subsídios.

Foi ainda pedido ao CCAC um parecer sobre o “guia de exe-cução do projecto sobrescritos auspiciosos da FM”, tendo ainda sido formulado um regulamento sobre o “regime sobre a escusa ou suspeição dos trabalhadores administrativos do departamento de subsídios e cooperação”. A FM afirma ainda ter feito, junto dos seus trabalhadores, uma “reitera-ção” quanto ao “dever de sigilo”.

919pedidos

155rejeitados

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7 sociedadehoje macau terça-feira 22.7.2014

A Associação Comercial de Reciclagem de Ma-teriais Recicláveis de Macau (ACRMRM)

apresentou queixas ao Governo sobre o funcionamento do sector. Segundo um comunicado divul-gado, as críticas incidem sobre “factores objectivos” como a “falta de espaço, a questão da su-bida dos custos e das dificuldades comerciais”.

Num encontro com a Direc-ção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) e a Direcção dos Serviços de Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), Chan Man Nin, presidente da ACRMRM, disse que com o desenvolvimento acelerado da sociedade e da econo-mia, sobretudo o funcionamento de grandes estruturas de divertimento, tem-se produzido um “elevado volume de material reciclável”, pode ler-se no comunicado.

Chan Man Nin lembrou ainda que com a “elevação da cons-ciencialização sobre a protecção

LEONOR SÁ [email protected]

O Governo escolheu Ben Leong, presidente da As-sociação dos Arquitectos

de Macau (AAM), para a futura construção de escolas e complexos educativos na zona de Seac Pai Van, em Coloane. As obras devem come-çar ainda este ano.

O anúncio, publicado ontem em Boletim Oficial (BO), avança a escolha do Executivo para o desenho do projecto das escolas, já há muito anunciadas pelo Governo. A mesma publicação afirma que foi autorizada a celebração de contrato entre o arquitecto e o Executivo, que vão custar aos cofres do Governo 18,9 milhões de patacas. A prestação será paga durante cinco anos, até 2017.

O projecto de Seac Pai Van deverá compreender a construção

Hospital das Ilhas Adjudicadasobras de fundação O Governo decidiu atribuir parte do projecto de construção do Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas à empresa GL – Construções, Estudos e Projectos de Engenharia, Limitada. O despacho foi ontem publicado em Boletim Oficial (BO) e visa a “empreitada de tratamento de solos de fundação” do novo hospital, a localizar-se no Cotai. O valor do projecto é de 4,883 milhões de patacas. Recorde-se que a GL – Construções, Estudos e Projectos de Engenharia já tinha sido incluída no concurso feito por convite para a concepção do novo hospital, que está a cargo do atelier de arquitectura de Eddie Wong, também membro do Conselho Executivo.

SEAC PAI VAN BEN LEONG É O ESCOLHIDO PARA PROJECTO DE ESCOLAS

Arquitecto visionário

“A subida da renda e a falta de terrenos reduziram a margem comercial e o espaço de armazenamento deste material, causando pressão nas actividades comerciais”CHAN MAN NIN Presidente da ACRMRM

Num encontro com a DSPA e Obras Públicas, a Associação Comercial de Reciclagem de Materiais Recicláveis de Macau queixou-se de dificuldades no negócio. O Governo prometeu,mais uma vez, estudar a implementação da reciclagem de resíduos “a longo prazo”, mas disse que não há terrenos suficientes

RECICLAGEM ASSOCIAÇÃO FALA EM “DIFICULDADES COMERCIAIS”

Grito de ajuda

ambiental, o volume de material reciclável aumentou de forma significativa”. Contudo, “a subi-da da renda e a falta de terrenos reduziram a margem comercial e o espaço de armazenamento deste material, causando pressão nas ac-tividades comerciais”, acrescentou o responsável.

A Associação pediu, assim, que o Governo “possa apoiar dis-ponibilizando terrenos, a fim de resolver as questões comerciais e de armazenamento de material”. É ainda esperado por parte do Exe-cutivo que “mediante a atribuição de apoio financeiro”, se possam “satisfazer as necessidades rela-cionadas com a subida da renda e

a actualização dos equipamentos do sector de reciclagem”, disse Chan Man Nin.

GOVERNO PROMETE MEDIDAS Do lado da DSPA e da DSSOPT foram acolhidas as queixas. O comunicado explica que o Go-verno “compreende a existência de pressão no comércio e os seus efeitos no sector devido ao grande desenvolvimento social”. Por isso, o Executivo “está neste momento empenhado em estudar as formas de criar condições para o desen-volvimento saudável do sector de reciclagem a longo prazo”, esclarece o documento divulgado.

“A DSPA, em conjunto com a

DSSOPT, está a efectuar estudos para encontrar uma solução adequa-da, para que o sector de reciclagem de Macau possa ter condições de comércio”, é ainda referido.

Mas o Governo lembrou que existem dificuldades. “Macau está a enfrentar uma questão concreta, que é a falta de terrenos. O sector de reciclagem tem características específicas e a escolha do local, as questões de ambiente, a higiene e a paisagem, são aspectos que merecem uma ponderação, para se evitar consequências e polui-

de infantários, um centro de ensino técnico-profissional e outro de en-sino de português, inglês e chinês, com dormitórios.

No entanto, aquando do anúncio da construção das escolas – em final do ano passado –, a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) avançou que o projecto deveria estar concluído em 2016. A publicação de ontem do BO, contudo, frisa que o prazo de execução do

projecto se prolonga por mais de um ano e dá 2017 como o último ano em que o arquitecto recebe o pagamento respeitante ao desenho.

O HM tentou confirmar o calendário das obras e eventuais atrasos com a DSEJ, mas tal não foi possível até ao fecho desta edição.

BEN LEONG, VISIONÁRIODesconhecem-se os critérios que fizeram com que o Executivo es-

colhesse Ben Leong para desenhar o complexo de escolas em Seac Pai Van, mas uma coisa é certa: o arquitecto tinha já algumas ideias sobre o que fazer naquela zona.

Numa entrevista dada ao Jornal Tribuna de Macau em 2009, Ben Leong afirmou que a construção de habitação social em Coloane é “muito positiva”, frisando a ne-cessidade de criar infra-estruturas de apoio às crianças e aos mais idosos. “A ilha de Coloane, como um todo, tem recursos para ajudar Macau a resolver o problema da falta de espaço, sem deixar de lado a preservação ambiental”, disse o arquitecto, acrescentando que as insuficiências escolares também eram um problema.

Na mesma entrevista, mostrou vontade de que fossem criadas as tais infra-estruturas de apoio aos habitantes daquela zona. “É preciso salientar que o Governo tem que ter realmente um bom plano para essas áreas [Cotai e Ilha da Montanha], senão a qualidade de vida das pessoas que se vão mudar para Seac Pai Van estará em perigo”, frisou, na altura.

ção secundária. Por isso, temos dificuldades e estamos limitados na escolha de local”, foi dito na reunião.

Em relação à falta de finan-ciamento, a DSPA pediu para as empresas apresentarem os seus pedidos ao Fundo para a Protec-ção Ambiental e de Conservação Energética. Desde a sua criação, em 2011, que este fundo já rece-beu cinco mil candidaturas para a obtenção de financiamento, num total de 200 milhões de patacas concedidas. - A.S.S.

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8 sociedade hoje macau terça-feira 22.7.2014

Sessão de Consulta Pública sobre a Revisãoda Legislação Relativa à Protecção dos Direitos

e Interesses dos Consumidores

A fim de recolher opiniões do público sobre o documento de consulta da Revisão da Legislação Relativa à Protecção dos Direitos e Interesses dos Consumidores, a Direcção dos Serviços de Assuntos de Justiça, o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais e o Conselho de Consumidores vão realizar em conjunto uma sessão de consulta pública sobre esta matéria. Convidam-se a população em geral e individualidades de todos os sectores à apresentação de opiniões.

Local: Rua de Luís Gonzaga Gomes, n.º 431, Centro de Actividades Turísticas, 2.º andar, Centro de Conferências(A)

Data: 23 de Julho de 2014

Hora: das 19h às 21h

Telefone: Conselho de Consumidores (CC) – 8988 9315

Páginas electrónicas para consultar e descarregar o documento de consulta:DSAJ: http://www.dsaj.gov.moIACM: http://www.iacm.gov.moCC: http://www.consumer.gov.moPortal Jurídico de Macau: http://www.macaolaw.gov.mo

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CECÍLIA L [email protected]

A Associação do Progresso dos Novos Trabalha-dores do Jogo

(APNTJ) entregou ontem de manhã uma carta à Direcção dos Serviços para os Assun-tos Laborais (DSAL), onde também se queixa da desi-gualdade salarial no casino da Venetian.

A associação, que re-presenta na maioria traba-lhadores da Sands China - operadora à qual pertence a Venetian –, é a segunda a juntar-se a um protesto que vai acontecer esta quarta--feira, depois da Forefront

TUI Negada residênciaa pessoa com filhos de Macau

Educação Figurasdo sector pedem justiça

Zhuhai Empresário sugerearrendar ilha para construir porto Ip Sio Kai, presidente da Associação de Bancos de Macau, sugeriu, em declarações ao jornal Ou Mun, que o Governo arrende uma ilha em Zhuhai para construir um porto de águas mais profundas. Num seminário intitulado ‘Vamos pensar em continuar a construir Macau’, organizado pelo Centro de Pesquisa Estratégica para o Desenvolvimento de Macau, Ip Sio Kai defendeu que Macau, “sendo um porto livre” usufrui de trocas comerciais preferenciais com as comunidades europeias, pelo que, defende, arrendar uma ilha da província chinesa de Zhuhai para construir um porto iria ajudar a resolver a falta de um porto de águas mais profundas no território, ou seja, que traria a possibilidade de atracarem barcos de mercadoria. - F.F.

Juízes portugueses com contrato renovadoDe acordo com ordem publicada ontem em Boletim Oficial, os juízes portugueses João Gil de Oliveira e Carlos Rodrigues de Carvalho viram os seus contratos renovados e vão continuar a exercer funções durante mais dois anos no território, no Tribunal de Segunda Instância e no Tribunal de Primeira Instância, respectivamente. A ordem, dada pelo Chefe do Executivo, tem efeitos a partir do próximo dia 1 de Setembro, de acordo com proposta da Comissão Independente responsável pela escolha de magistrados.

O Tribunal de Última Instância (TUI) rejei-

tou o pedido de residência de uma pessoa residente de Hong Kong mas cujos três filhos são residentes permanentes de Macau. Segundo o acórdão, o tribunal entendeu que o requerente não tem resi-dência habitual na RAEM, tendo apenas permanecido no território 73 e 43 dias, em diferentes períodos. O caso remonta a 2006, quando o requerente apre-sentou o primeiro pedido de residência, tendo sido negado em 2012 pelo Se-cretário para a Segurança. Seguiu-se o recurso apre-

sentado no Tribunal de Segunda Instância (TSI), tendo argumentado que o Governo “não atendeu adequadamente aos factos e fundamentos relevantes apresentados pelo recor-rente, pelo que se verificou a violação do principio de legalidade no despacho recorrido, desencadeando o vício de violação da lei”.

Contudo, o TSI consi-derou que o Governo “tinha considerado adequadamen-te os factos e fundamentos apresentados pelo recorren-te”. Um novo recurso foi, então, apresentado junto do TUI, que mais uma vez deu razão ao Executivo.

EMBORA o orçamento do Governo dedicado

à educação não superior atinja os 6,2 milhões de patacas, aumentando 94% comparativamente ao ano de 2010, há quem não esteja satisfeito dentro do sector educativo. Figuras do sector defendem que o facto de todos os alunos poderem estudar não signi-fica que haja uma educação justa e apelam ao Governo para resolver a situação da diferença de instalações entre escolas, de forma a criar um ambiente “justo” em cada escola.

Lam Fat Iam, membro da Comissão do Ensino Não-Superior, concorda com o aumento dos recur-

sos educativos, mas expli-ca que isto não significa que a injustiça na educa-ção tenha desaparecido. A taxa elevada de abandono escolar e de reprovação dos alunos, defende, já mostra que Macau tem falta de equidade na edu-cação, porque alunos com capacidade diferentes das ditas normais não têm oportunidades.

Chan Hong, deputada e vice-directora da Escola Hou Kong, acusa o apoio financeiro para a educação de não ser alvo de uma consideração profunda e de não existirem formas de cálculo científicas nos subsídios para a educa-ção. - F.F.

JOGO NOVA ASSOCIAÇÃO CONTRA A SANDS CHINA

Trabalhadores em lutaTodos juntos por melhorias salariais. Depois da Forefrontof Macau Gaming, chegou a vez da APNTJ protestar também contraas desigualdades de salário. A manifestação dos trabalhadoresda Sands China está marcada para amanhã

of Macau Gaming (FMG) se ter queixado à Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ).

Segundo Chan Chi Kin, presidente da APNTJ, a maioria dos 50 funcioná-rios que assinaram a carta

trabalham no casino desde antes de 2008, uma época de crise financeira que obrigou a menos dias de trabalho e a uma redução do salário.

A Sands China terá pro-metido que o salário iria ser reposto quando passasse a

má situação financeira, cujo aumento seria de 500 dólares de Hong Kong. Contudo, Chan Chi Kin revela que esta promessa nunca foi cumpri-da. O presidente garante que, “pior que isso”, são os novos croupiers que ganham mais, pelo que existe “desigualda-de no pagamento de salários para o mesmo cargo”.

A APNTJ pede, assim, que o salário médio para o cargo de croupier aumente dos19 mil dólares de Hong Kong para os 22 mil. Já os supervisores devem receber 26 mil dólares de Hong Kong, enquanto que os gestores devem passar a ganhar 33 mil dólares de Hong Kong, segundo o canal chinês da Rádio Macau.

Como as exigências são semelhantes às da FMG, Chan Chi Kin explicou que foi pedida ajuda a esta associação, uma vez que há muitos funcionários na mesma situação.

De acordo com o Boletim Oficial (BO), a APNTJ foi apenas fundada no dia 2 de Julho deste ano e o caso já remonta a Fevereiro. O HM tentou obter esclarecimentos da Venetian, mas a opera-dora não respondeu até ao fecho desta edição.

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hoje macau terça-feira 22.7.2014 9CHINA

A Argentina assi-nou, no sábado, acordos para uma nova linha de em-

préstimos na ordem de 7.5 mil milhões de dólares, afirmou o chefe do gabinete argentino, Jorge Capitanich, num mo-mento em que o país latino--americano não consegue aceder aos mercados globais devido a disputas sobre a sua dívida externa. Entre os 19 acordos assinados, a presi-dente Cristina Kirchner e seu homólgo chinês, Xi Jinping, concordaram num emprés-timo de 4.7 mil milhões de dólares do Banco de Desen-volvimento da China para a construção de duas centrais hidroeléctricas na Patagónia.

O banco chinês concedeu também um empréstimo de 2.1 mil milhões de dólares para ajudar a financiar um projecto ferroviário há muito adiado, que tornará o trans-porte de grão das planícies agrícolas da Argentina aos seus portos mais eficiente.

O montante total da ajuda chinesa, cerca de 7.5 mil milhões de dólares, inclui ainda acordos de cooperação para financiar projectos de infra-estrutura assim como o acordo de comércio bilateral – disse o chefe do gabinete argentino, Jorge Capitanich, a jornalistas.

A Argentina é o terceiro maior exportador do mundo de soja e milho, sendo a Chi-na o principal consumidor da soja argentina. Xi, o primei-ro presidente chinês a visitar a terceira maior economia da América Latina em uma década, também assinou um acordo para uma operação de troca de 11 mil milhões de dólares entre os bancos centrais dos dois países que permitirá que a Argentina pague por importações chi-nesas usando o yuan.

O acordo pode fortalecer as reservas internacionais da Argentina, actualmente

Três mortos e 19 desaparecidosem deslizamento de terras Pelo menos três pessoas morreram e 19 continuam desaparecidas depois de um deslizamento de terras ocorrido ontem na província chinesa de Yunnan, no sudoeste do país, revelou a agência Xinhua. O acidente aconteceu às 06:00 locais na localidade de Dai-Jingpo, localizada em Dehong, perto da fronteira com a Birmânia. O ‘rio’ de lama soterrou 13 casas e provocou danos em estradas perto da aldeia onde as equipas de socorro conseguiram retirar 79 pessoas, quatro delas feridas. Apesar de não ter assolado directamente Yunnan, o tufão Rammasun provocou muita chuva que terá gerado o deslizamento de terras. - Lusa

Corrupção Chefe da políciade Tianjin investigado O chefe da polícia da cidade chinesa de Tianjin, a norte de Pequim, está a ser investigado por corrupção, revelaram as autoridades ao salientarem ser este o terceiro responsável da cidade portuária a ser investigado nos últimos oito anos. Wu Changshun, director do gabinete municipal de segurança é investigado por “graves violações disciplinares e legais”, a justificação habitualmente utilizada pela China para revelar que um seu funcionário é investigado por corrupção. Wu Changshun é o mais recente alto quadro chinês a cair em desgraça por corrupção desde que o Presidente chinês, Xi Jinping, chegou ao poder e prometeu uma luta sem tréguas contra a corrupção. - Lusa

Carne fora de prazo no McDonald’s e KFC de Xangai

AS autoridades de Xan-gai encerraram uma

fábrica subsidiária do grupo alimentar norte--americano OSI por ven-der carne fora do prazo de validade para cadeias de restauração como a McDonald’s e KFC, foi ontem anunciado.

A televisão de Xangai, que reportou o escândalo alimentar, informou que os trabalhadores da fábrica OSI China misturavam carne fora da validade com produto fresco e deliberadamente enganavam os inspectores de qualidade da McDonald’s.

Outros clientes da OSI China incluíam o Burger King, Papa John’s Pizza, Subway, e a cadeia de cafés

Starbucks, informou o jornal Shanghai Daily.

Funcionários munici-pais encerraram a fábrica no domingo e apreenderam os produtos alegadamente processados com carne fora do prazo de validade, indicou a autoridade para a segurança alimentar de Xangai em comunicado. Uma investigação está a ser conduzida pela polícia.

A McDonald’s disse em comunicado ter parado “imediatamente” de usar os produtos da fábrica, enquanto a empresa Yum, detentora das marcas KFC e Pizza Hut, informou que tinha suspendido o uso da carne proveniente da OSI China. - Lusa PUB

We are seeking a qualified and experienced teacher of Secondary French for the 2014/2015 school year (starting end of August 2014):Candidates must have degrees specific to French and full teaching qualifications.MAC is an English medium school which offers an attractive salary package including a housing allowance for non-Macau residents, small class sizes and a multicultural Christian ethos.Send a covering letter, CV, documents and contactable referees to [email protected] and [email protected] or fax 85328850022. In your application letter, kindly state how you meet all the above requirements. Include the names of two contactable referees.

Depois do Brasil, onde participouna VI Cimeira do BRICS, o Presidente chinês prosseguiu a sua viagempela América Latina, estreitandoos laços económicos no continente sul-americano

XI JINPING NA ARGENTINA E VENEZUELA

Tónicos latinos

estimadas em pouco mais de 29 mil milhões de dólares, o que é considerado baixo. As reservas internacionais do Brasil, por exemplo, são de 380 mil milhões de dólares.

PRÓXIMA PARAGEM : VENEZUELA O presidente chinês chegou entretanto no domingo à Ve-nezuela para uma visita ofi-cial de 24 horas, na terceira etapa do périplo pela região que começou no Brasil.

Xi Jinping manteve um encontro privado no palácio presidencial de Miraflores, com o seu homólogo vene-zuelano Nicolás Maduro.

À saída do encontro, Ni-colás Maduro anunciou que ambos decidiram «elevar as relações entre a China e a Venezuela a um nível superior e declarar uma associação estratégica de carácter integral».

Os dois países vão tam-bém assinar acordos bilate-rais em áreas “vitais”, como a cooperação financeira, o comércio, a energia e a modernização industrial.

Xi Jinping sublinhou que a China “constata com satis-fação” que Maduro “herdou a vontade de (Hugo) Chávez em promover com firmeza a grande causa do socialismo do século XXI” e manifestou disponibilidade do seu país apoiar Caracas.

A Venezuela e a China estabeleceram relações bi-laterais há mais de 40 anos. Actualmente mantêm 480 acordos de cooperação, que abrangem mais de 200 pro-jectos em desenvolvimento, em áreas que vão desde a construção de habitações so-ciais, infra-estruturas, trans-porte e satélites à energia e ao petróleo. A Venezuela prevê duplicar, até 2016, os 524.000 barris diários de pe-tróleo que envia diariamente à China.

O ministro venezuelano

do Petróleo e Exploração Mineira, Rafael Ramírez anunciou ontem que a Vene-zuela e a China vão desen-volver projectos conjuntos de exploração mineira.

O anúncio teve lugar durante a abertura dos tra-balhos da XIII Comissão Mista de Alto Nível China - Venezuela, cujas reuniões decorreram no Ministério venezuelano dos Negócios Estrangeiros, no âmbito da visita do Presidente chinês, Xi Jinping, a Caracas.

“Vamos concretizar de maneira clara e decidida

a cooperação numa nova área económica (...) o de-senvolvimento de um mapa mineiro, que nos permitirá certificar a nossa base de recursos minerais, no sul do país”, disse Rafael Ramírez.

O ministro frisou ainda que os dois países vão de-senvolver o “Sifontes Sur”, um “projecto de ouro (...) que permitirá estabelecer, na base de uma produção real, a cooperação numa área tão importante” para a economia venezuelana.

Xi Jinping segue agora para Cuba.

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10 hoje macau terça-feira 22.7.2014EVENTOS

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • [email protected]

AS MINIATURAS • Andréa del FuegoUm romance poético e delicado sobre a ténue fronteira que separa o sonho da realidade. Num prédio que pode ou não existir, as pessoas acumulam-se numa fila junto ao elevador. É o Edifício Midoro Filho, um marco imponente no centro da cidade, dezenas de andares empilhados numa arquitectura sóbria e funcional. Conforme se espalham pelos corredores, funcionários e visitantes ocupam as salas burocraticamente decoradas. Cada oneiro atende sempre as mesmas pessoas que não se podem conhecer entre si e tão-pouco manter algum parentesco. Mas o sistema não é infalível, e, naquela manhã, o oneiro percebe que o rapaz diante de si é filho de uma de suas clientes. A partir desse equívoco burocrático, o oneiro abandonará cada vez mais o seu rigoroso código de conduta para se envolver na vida do rapaz e da sua mãe, uma taxista que sobrevive a duras penas após o desaparecimento do marido. No jogo das pequenas esculturas plásticas que auxiliam os clientes durante as sessões com os oneiros, a autora ilumina as brechas que existem entre o real e o imaginado, o amor e a dedicação, numa prosa de arrebatadora força poética.

O TEMPO MORTO É UM BOM LUGAR • Manuel Jorge MarmeloGalardoado recentemente com o Prémio Correntes d’ Escritas/Casino da Póvoa 2014, pelo romance “Uma Mentira Mil Vezes Repetida”, M.J. Marmelo lança um extraordinário romance em que temas fundamentais do nosso tempo são tratados com a mais apurada mestria literária. Depois de acordar ao lado do cadáver de Soraya – a mestiça belíssima, estrela televisiva, com quem mantinha uma relação íntima a pretexto de lhe escrever a autobiografia –, o jornalista desempregado Herculano Vermelho entrega-se à polícia e é preso. Não tem memória de nada, nem de que possa ter sido ele a matar a jovem mulher, mas a prisão parece-lhe ser o lugar ideal, o espaço de sossego e de liberdade (sem contas para pagar, sem apresentações regulares no centro de emprego, sem pressões de qualquer espécie), para passar a sua vida em revista, a relação com as mulheres, e escrever a autobiografia da rapariga morta.

A pianista luso-bras-leira Maria João Pires, a celebrar 70 anos, estreia-

-se numa nova discográfica, a Onyx, com um álbum em que interpreta os Concertos para Piano e Orquestra n.ºs 3 e 4, de Ludwig van Beethoven.

A discográfica indepen-dente Onyx foi fundada em 2005, pelo antigo respon-sável da Sony Chris Craker e, entre os seus directores, encontra-se Paul Moseley, ex-Deutsche Grammophon (DG), etiqueta para a qual a pianista gravou até ao ano passado.

Segundo o sítio da disco-gráfica Onyx, na Internet, o CD, gravado com a Orques-tra Sinfónica da Rádio Sue-ca, sob a direcção do maestro Daniel Harding, deverá ser editado internacionalmente esta quarta-feira, quando a pianista completa 70 anos. Maria João Pires nunca tinha gravado estes dois concertos.

Segundo a Onyx, Maria João Pires deverá voltar aos estúdios, no futuro, para gra-var as Sonatas para violino, de Mozart, com Augustin Dumay, com quem também as gravou para a DG, e o Tri-plo Concerto de Beethoven, com Dumay e o violoncelista brasileiro Antonio Meneses.

Segundo a mesma fonte, há ainda a possibilidade de

A feira do livro da Co-munidade dos Países de Língua Portuguesa

(CPLP), a realizar no Cen-tro de Convenções de Díli, Timor-Leste, abre ao público amanhã com a presença do escritor português José Luís Peixoto.

“É uma iniciativa da CPLP, proposta por Portu-gal, que está a coordenar a organização. Demos uma grande atenção à presença de livros de escritores de todos os países da CPLP”, afirmou Ana Paula Labori-nho, presidente do Camões - Instituto da Cooperação e da Língua. Segundo a presiden-te do Camões - Instituto da Cooperação e da Língua, na feira vão estar disponíveis umas “grandes centenas de volumes”, nomeadamente dicionários, gramáticas e livros escolares.

O grande destaque da feira do livro da CPLP é a presença do escritor portu-

Fletcher no CubicNo dia 23 de Julho, o clube Cubic, situado no complexo City of Dreams, vai ter o DJ australiano Joel Fletcher como cabeça de cartaz para mais uma das suas ‘Ladies Nights’. Joel começou a trabalhar como DJ aos 14 anos de idade, tendo sido reconhecido em 2013 com a posição número 19 na lista dos 50 melhores DJ’s da Austrália da revista digital ‘inthemix’. Além disso, o artista viu a sua recente colaboração com Will Sparks – o single ‘Bring It Back’ – atingir vendas que lhe valeram a distinção de disco de platina. Os bilhetes custam 250 dólares de HK cada, havendo porém entrada livre e bebidas grátis para as mulheres.

CPLP FEIRA DO LIVRO EM DÍLI

José Luís Peixoto em destaque

guês José Luís Peixoto, que vai estar a dar autógrafos amanhã. Durante a sua es-tada em Díli, o escritor terá também um diálogo com o público e serão lidos alguns excertos das suas obras.

Ana Paula Laborinho disse também que os primei-ros dois dias da feira do livro são destinados à população local e que o “último dia é aberto a todo o público”.

A feira do livro é inau-gurada hoje com a presença do primeiro-ministro portu-guês, Pedro Passos Coelho.

Timor-Leste assume pela primeira vez a presi-dência da CPLP durante a cimeira de chefes de Estado e de Governo, que se realiza amanhã.

A cimeira vai ficar marcada pelo regresso da Guiné-Bissau, após suspen-são na sequência do golpe de Estado de 2012, e da possível entrada da Guiné Equatorial. - Lusa

À beira de completar 70 anos, a maior pianista portuguesa grava com a Orquestra Sinfónica da Rádio Sueca, sob a direcção do maestro Daniel Harding, os Concertos para Piano e Orquestra n.ºs 3 e 4, de Ludwig van Beethoven. Segundo a editora Onyx, o CD deverá sair para o mercado esta quarta-feira, data em que a pianista celebra o seu aniversário

a pianista gravar as duas úl-timas sonatas para piano de Beethoven.

ESPECIAL ANIVERSÁRIOO 70.º aniversário da mais in-ternacional e reputada pianista portuguesa foi antecipadamente assinalado pela DG e a e Erato, com edições especiais.

A germânica DG editou, em Junho último, uma caixa com vinte CD, em que reúne todas as gravações a solo da artista portuguesa para a eti-queta e, por seu turno, a Erato Recordings editou, também em Junho, uma caixa com 17 CD, com as gravações que a pianista fez, entre 1972 e 1987, para a editora francesa, no período que antecedeu a sua entrada na discográfica germânica.

Maria João Pires nasceu em Lisboa, a 23 de Julho de 1944, subiu ao palco pela primeira vez aos quatro anos, e tornou-se internacionalmente conhecida quando em 1970 venceu, em Bruxelas, o Concurso Beetho-

MARIA JOÃO PIRESESTREIA-SE EM NOVA EDITORA

Gravações inéditas

“Eu e o meu agente fixámos uma data: 2014, que é quando cumpro 70 anos”MARIA JOÃO PIRES SOBREA SUA RETIRADA DOS PALCOS

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11 eventoshoje macau terça-feira 22.7.2014

A “Macau Lohas Expo 2014” vai decorrer este ano entre 25 e

27 de Julho no Centro de Convenções e Exposições da Doca dos Pescadores, com o tema “deixe a cultura LOHAS integrar a sua vida”.

De acordo com o or-ganizador, a Macau Lohas Industry Association, o conceito LOHAS (Lifesty-les of Health and Sustaina-bility) está relacionado com estilos de vida saudáveis e sustentáveis. Procura um desenvolvimento sustentá-vel da Terra e promove uma mudança nos hábitos dos consumidores de maneira a que integrem produtos or-gânicos e terapias naturais no seu dia-a-dia, de maneira a lutar pela protecção am-biental e manter a saúde física e mental do planeta e dos seus habitantes.

Segundo a organização, a ideia LOHAS começou na cidade de Boulder, Colorado em 1989 e foi reforçada por dois sociólogos america-nos, Paul H. Ray e Sherry Ruth Anderson, no livro “The Cultural Creative’s:

How 50 Million People are Changing the World”, em que defendem que no ano 2000 já tinham encontrado 50 milhões de americanos dispostos a mudar o seu estilo de vida de modo a proteger o planeta. Para o efeito optaram por dietas saudáveis, repletas de ve-getais e frutas orgânicas, roupa feita de materiais naturais, reciclagem e meios de transporte não poluentes.

A feira vai contar com mais de 130 stands, disper-sos por uma área com mais de 4.000 metros quadrados, onde vão ser apresentados uma série de produtos rela-cionados com este tema por expositores provenientes da China, Hong Kong, Taiwan, Coreia e Macau.

O certame, com entrada livre, vai estar aberto dia-riamente entre as 10:00 e as 20:00 horas, excepto no dia 27, em que fecha uma hora mais cedo. Além dos produtos em exibição, vão também ter lugar uma série de fóruns e seminários liga-dos a esta filosofia de vida durante o evento.

Splash está de regresso à piscina do hotel Hard RockDEPOIS de um evento em Julho que contou

com 2.000 participantes, o Hotel Hard Rock vai promover a última sessão das festas Splash na sua piscina no dia 2 de Agosto, pelas 16:00 horas.

Desta vez a animação musical vai ficar a cargo dos DJ’s BT, Omnia e Richard Durand, contando ainda o evento com a participação da modelo de HK Jeana Ho. Jeana, que também é conhecida como DJ, salienta “que é uma grande apreciadora de música electrónica” e que está “ansiosa por aprender com estes talentosos DJ’s” segundo a organização.

Ainda de acordo com o comunicado de imprensa, o americano Brian Wayne Tran-seau, conhecido como BT, é um artista que já gravou vários discos de platina, tendo ainda colaborado com músicos como Tiësto, Paul van Dyk, Madonna, Peter Gabriel e Sting. Além disso compôs a música para filmes como ‘The Fast and the Furious’ e ‘Monster’. Dotado de um passado em música clássica, o artista promete apresentar um cenário musical original e inspirador.

Por sua vez Omnia, natural da Ucrânia, obteve

o 48º lugar na lista dos 100 melhores DJ’s de 2013 da revista ‘DJ Mag’. Além de uma série de produções que chegaram ao topo das listas do site Beatport, actua frequentemente em festi-vais internacionais e clubes como o Ministry of Sound, Privilege e Eden (em Ibiza). A fechar o holandês Richard Durand, que além de aparecer frequentemente nas listagens da ‘DJ Mag’ é co-laborador assíduo de Tiësto, vai marcar presença no evento, salienta o mesmo comunicado.

Os bilhetes para o espectáculo custam 450 dólares de HK cada.

AMBIENTE MACAU LOHAS EXPO 2014

Uma vidamais saudável

ven de Piano, por ocasião do bicentenário do nascimento do compositor alemão.

A pianista recebeu também o prémio do Conselho Interna-cional da Música, da UNESCO, em 1970, e o Prémio Pessoa, em 1989. Em 1999, Portugal condecorou-a com a Grã-Cruz da Ordem de Sant’Iago da Espa-da, da qual tinha sido feita dama em 1983. Em 1989, recebeu a comenda da Ordem do Infante D. Henrique.

Maria João Pires tocou com as mais conceituadas orquestras e nas mais relevantes salas de es-pectáculos a nível mundial. Em 2012, a pianista foi aplaudida de pé no Carnegie Hall, em Nova Iorque, e chamada ao palco por três vezes, perante a insistência do público, depois de ter inter-pretado o Segundo Concerto para Piano e Orquestra, de Fré-dèric Chopin, com a Sinfónica de Filadélfia, conduzida pelo maestro Charles Dutoit.

DE BELGAIS AO BRASILA pianista fundou o projecto artístico Associação Belgais, na Beira Baixa, com o qual gravou um CD para a DG. A associação fechou portas em 2009, e no ano seguinte adqui-riu a nacionalidade brasileira.

No ano passado, Maria João Pires foi nomeada para os prémios Grammy, na categoria de Melhor Intérprete a Solo pelo álbum dedicado a Franz Schu-bert, com a derradeira Sonata do compositor, a Sonata em Si bemol maior, D.960, e a Sonata em Lá menor, D.845.

Refira-se que a pianista tinha já sido nomeada para a mesma categoria dos galardões da indústria discográfica norte--americana, em 2009, pelo disco dedicado a Frédèric Chopin, no qual interpreta a 3.ª Sonata.

Numa entrevista ao jornal espanhol El Pais, em 2011, Maria João Pires afirmou que gostaria de se retirar dos palcos até 2014.

“Eu e o meu agente fixámos uma data: 2014, que é quando cumpro 70 anos”, disse na altura ao diário espanhol.

MARIA JOÃO PIRESESTREIA-SE EM NOVA EDITORA

Gravações inéditas

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OUTRA VEZ AS MELHORESCIDADES DO MUNDO (I)

E STE é um exercício que se re-pete. Uma descrição, neces-sariamente sumária, da con-clusão do concurso da revista

Monocle de 2014 sobre as cidades do mundo em que se oferece mais quali-dade de vida. No original lê-se 25 Top Liveable Cities.

Já aqui se referira que esta revis-ta causa uma justa irritação ao ajudar a perpetuar uma uniformidade. Tam-bém se avisara que o seu prémio tende a favorecer cidades demasiadamente aperfeiçoadas e de propensão dema-siadamente conservadora, como sejam Munique ou Viena, e que deixa de fora outras tão atraentes e vibrantes como Istambul, Beirute ou Nova Iorque. Mas nada disso esconde que os critérios que presidem à sua eleição, na generalida-de, são tais que servem universalmente como padrão.

Estes servem como modelo apenas. Seria presunção pacóvia pensar que uma cidade como Macau, mesmo rica, pudesse alguma vez competir com ad-ministrações altamente profissionais e capazes.

Que a quarta região/cidade mais rica do mundo demonstre grotescas insufi-ciências no campo da saúde, educação, transportes, trânsito, ambiente, recolha e reciclagem de lixos, ligações aéreas, telecomunicações, cultura, desporto, construção civil, arquitectura, planea-mento urbano, acesso a zonas naturais, organização política e tratamento das minorias e pessoas com deficiências, é infeliz prova dessa incapacidade.

Em 2014, como tem acontecido noutras edições, a maioria das cidades escolhidas é europeia (14). Quatro de-las situam-se na Austrália e Nova Ze-lândia, duas na América do Norte e cinco na Ásia Extrema (Tóquio, Quio-to, Fukuoka, Singapura e Hong Kong). Não há cidades latino-americanas, afri-canas ou médio-orientais. Nenhuma fica num país de população maiorita-riamente muçulmana.

A cidade vencedora, este ano, é Co-penhaga. As fotografias que acompa-nham o seu sentido e merecido elogio escrito são solares e, ao mesmo tempo, simples, um encómio a um estilo de vida sem ostentação, muito próximo

a revolta do emir Pedro Lystmann

“SERIA PRESUNÇÃO PACÓVIA PENSAR QUE UMA

CIDADE COMO MACAU, MESMO RICA, PUDESSE

ALGUMA VEZ COMPETIR COM ADMINISTRAÇÕES

ALTAMENTE PROFISSIONAIS E CAPAZES”

da natureza e firmado na certeza da excelência da sua estrutura hospitalar, educativa e transportadora. Acrescen-tam-se a estas qualidades o número de galerias de arte (70), a percentagem de lixo reciclado (mais de 50%), a tolerân-cia das suas administrações e gentes, uma rede de metro exemplar e o prazer (conta Piv Bernth) de andar descalço num parque. A percentagem das suas gentes que se desloca para o trabalho de bicicleta é superior a 50%.

A cidade que aparece em segundo lugar é Tóquio. É um milagre. Sendo a maior de todas as listadas, e uma das maiores cidades do mundo, consegue,

ao mesmo tempo, oferecer a possi-bilidade de um ritmo de vida calmo e rodeado de natureza e cultura. Tóquio tem, de longe, o maior número de li-vrarias entre as 25 (1683, a segunda é Madrid, com 540), a par de quase 600 galerias de arte. Com uma arquitectura muito eclética, uma rede de transportes eficientíssima e densíssima (quase 300 estações de metro - é impossível não pensar na anedota em que se tornou o metrozinho ligeirinho de Macau), par-ques abertos 24 horas, produtos de qua-lidade irrepreensível (até o ar), esta cida-de gigantesca e ao mesmo tempo verde e tranquila (confirmo-o pessoalmente), é uma excepção. As infra-estruturas que se acrescentarão em breve para servir as Olimpíadas de 2020 trarão certamente novas carícias a esta que já é, porventu-ra, a Capital Asiática do Mimo.

Os primeiros lugares encontram-se bem distribuídos geograficamente. A terceira cidade é Melbourne, segunda classificada em 2013. Porquê? Porque tem uma rede de transportes eficiente, com eléctricos; é segura; é dedicada às artes; tem 2079 horas de sol por ano; é

uma das cidades mais tolerantes e mis-turadas da Austrália, com 48% da sua população nascida no estrangeiro; tem arranha-céus; tem um mimo enterne-cedor e útil (os seus eléctricos, muito compridos, têm um klaxon especial que pode ser ouvido por peões a ouvir mú-sica em headphones); tem muitos, muitos cafés, bares e restaurantes, livrarias... Chega. (Não, não chega. A Monocle não diz mas Melbourne carrega a reputação triste de ser dolorosamente chata).

As cinco cidades seguintes são todas na Europa do Norte, muito limpinhas, bonitas e ricas (mas não ficam num país tão rico quanto o é a cidade de Macau).

Estas são as típicas Cidades Monocle.A primeira delas é Estocolmo.

Abençoada com uma localização úni-ca, espreguiçada ao longo de vários ca-nais severos mas belos, provavelmente justos, a capital sueca oferece muito movimento urbano e criativo, uma co-zinha de excelência, aventurosa, nova, viçosa e jovem. Como todas as cidades escandinavas, tem extensas zonas ver-des e equipamento para o uso e abuso da bicicleta.

As escolas e os hospitais, como sa-bemos, são gratuitos (ainda). A nível do ambiente os números são exemplares: 90% do lixo é reciclado (sim, 90%). Os parques, muitos, não fecham. Tem 60 livrarias.

Helsínquia é a quinta cidade da lista. Desceu dois lugares. Como acon-tece em Lisboa (finalmente) é uma ci-dade virada para a beleza do seu rio. Constrói-se muito, mas bem, como não podia deixar de ser num país com uma brilhante tradição arquitectónica. Os parques não fecham. Helsínquia é, igualmente, uma das cidades mais seguras do mundo, penso que a mais

segura de todas as que são apreciadas neste concurso. Há factos brilhantes, como os 1100 kms de vias para bici-cleta que existem na capital finlandesa - que não vêm referidos nesta edição da competição porque foram referidos em outras edições. A lista da revista não é exaustiva e esta muito menos.

Como se apontara anteriormente, se não há nesta lista muita atenção de-dicada à educação e à saúde é porque se trata de sectores que em cidades ci-vilizadas e desenvolvidas não apresen-tam falhas graves.

A seguir vem Viena, a cidade que tem mais de 100 museus, quatro ca-sas de ópera e mais de 150 salas de cinema. Constrói-se muita habitação. Pedoniza-se. Contrataram-se recente-mente 400 novos professores para as escolas da cidade. A par da arquitectu-ra tradicional imperial erguem-se edi-fícios de arquitectos contemporâneos de renome. Conhecida por não ser particularmente tolerante para com os estrangeiros tem, no entanto, uma cena homossexual muito activa.

Zurique é a cidade da acessibilida-de. A pé ou de bicicleta. Tem mais de 150 museus mas de bicicleta (ou a pé) atingem-se também com facilidade os inúmeros lagos, parques e restaurantes da cidade. Este é, como Hong Kong começa a ser, um centro financeiro gra-ve mas equipado com largas estruturas culturais e de lazer. A ideia de que se pode nadar num lago em plena cidade, sem perigo de este estar contaminado, é quase inacreditável.

A revista Monocle aponta que em Zu-rique há regras para o tratamento dos li-xos mas que “é esperado que as pessoas pensem por si próprias e procedam como acham melhor”. Esta é uma disposição que vejo pratica-da nas cidades alemães, ao contrário de outras de matriz anglo-saxónica, como Hong Kong, Londres e Singapura, em que os cidadãos são tratados como idio-tas ou crianças de 12 anos. Inesperada-mente, em Zurique pode-se fumar e be-ber em muitos lugares públicos.

A oitava cidade da lista é Munique. Já aqui se falara da excelência das suas universidades, do seu famoso aeropor-to, do seu vigor industrial e dos seus es-paços verdes. É segura. Acrescenta-se

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13 artes, letras e ideiashoje macau terça-feira 22.7.2014

Não há crime, há muitas pequenas lojas e incentiva-se o uso da bicicleta – uma perfeita Cidade Monocle (não é por acaso que as páginas desta revista aparecem cheias de artigos destinados ao Japão). Perto existem praias, mon-tanha e quintas. De um ponto elevado, junto a um templo budista, admira-se uma cidade verde, não muito grande e junto a um mar de aspecto bondoso.

Austrália – Sidney – a décima pri-meira. A beleza da sua exposição ao mar é lendária, e as 2592 horas de sol que recebe anualmente ajudarão certa-mente a criar uma propensão apolínea. Tem-se feito um esforço para criar mais espaços verdes e recicla-se quase me-tade dos seus lixos. A cidade mistura, arquitectonicamente, o velho e o novo.

Ter um edifício icónico, como o da Ópera, proporciona não só um prazer local como merecido soft power. Não são muitas as cidades que o têm. Sidney, além disso, é a cidade, a nível mundial, que atrai maior número de estudantes internacionais.

Aproveite-se para lembrar que as

observações sobre estas cidades con-têm igualmente críticas (nem sempre). No caso de Sidney estas centram-se na rede de transportes e numa recente im-posição sobre a hora de encerramento dos bares. Se estas falhas não são su-blinhadas neste texto é porque o que importa aqui retirar, como exemplo, é o avanço, e não o recuo ou a imobili-zação.

Nova Zelândia – Auckland – a dé-cima segunda. É uma cidade pequena mas muito diversificada etnicamente. 36% da sua população, de apenas 1.4 milhões, nasceu fora da Nova Zelân-dia. Abriga um número de etnias supe-rior ao de países existentes no mundo.

É um modelo de equilíbrio entre alguma rigidez de regulamentação e a ausência de regras idiotas. Um proble-ma: imobiliário caro.

(continua - faltam 13 cidades: duas asiáticas, nossas amigas, uma canadiana, uma norte-americana, Brisbane, e oito europeias)

também que está apenas em oitavo lu-gar porque não tem feito nada, no últi-mo ano, que a distinga particularmente (é rica, católica e conservadora, numa altura em que, na Alemanha, já há mais católicos que protestantes - é da Bavie-ra que parte a oposição ao casamento homossexual). Mas há muito que ver. Com 228 galerias e 168 museus facil-mente entretem um flâneur durante mais de um ano. Uma tarde de estio no Vi-ktualienmarkt é uma bofetada feroz nos sentidos.

Depois da Europa bonitinha e arran-jadinha voltamos ao Japão. Fica-se a sa-ber que Quioto é a nona melhor cidade do mundo. Famosa turisticamente pe-los seus templos e santuários (cerca de 2000), jardins, parques e artes tradicio-nais, Quioto é muito mais do que isso, distinguindo-se pelas suas universidades e indústria hi-tech. Como acontece em todas as grandes cidades japonesas, nela existe uma rede imensa, densa e intensa de restaurantes, bares, cafés e zonas de entretenimento nocturno capaz de sa-ciar a obscena inclinação para o prazer

que os seus habitantes mostram, assim como a dos 50 milhões de turistas que a visitam por ano.

A câmara da cidade, sob a direcção do Senhor Daisaku Kadokawa, tem-se dedicado a torná-la atraente para os peões. Com 229 livrarias, 203 museus e rodeada de zonas verdes (lindíssimas em várias estações do ano - falo com experiência) e estações termais, é pos-sível ser muito feliz em Quioto.

Em décimo lugar surge uma cida-de japonesa não muito conhecida mas cujas qualidades são emocionantes: Fukuoka - a de maior crescimento ac-tualmente no Japão. Também é possível ser feliz em Fukuoka. A cidade (digo-o por experiência própria), situada em Kyushu, no sul, tem um clima benigno, com muitas horas de sol, e as suas gen-tes uma disposição mais descontraída que noutras zonas do Japão. Há mui-tos anos que tem acolhido experiências arquitectónicas que a distinguem. 198 edifícios, projectos de renovação e par-ques foram já premiados pela sua quali-dade e inovação.

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hoje macau terça-feira 22.7.201414 h

C HEGO à noite, de avião, após o voo desde Xangai, com escala por Fuzhou, província de Fujian. Ainda

bem que temos, há meia dúzia de anos, ligações aéreas e marítimas directas en-tre a República Popular da China e Tai-wan. Quebrou-se o ódio e o gelo entre comunistas e nacionalistas.

Tomo um táxi entre o aeroporto e o hotelzinho barato (mais caro que os hotéis semelhantes na China Con-tinental!) mas confortável, num nono andar de um prédio de lojas, restauran-tes e escritórios no bairro de Ximen-ding, quase no centro de Taipé, cheio de comércio, cinemas, lojas de roupa, tudo o que faz perder a cabeça a uma pessoa lançada em irresistíveis com-pras. Há muita luz, muita gente jovem e bonita. Ximending, com tantas lojas de cosméticos, é de certeza um paraíso para as mulheres formosas, e também para as feias que precisam de quilos de cremes e tintas para se alindar.

Bem dormido, desperto para a des-coberta de Taipé. A pé claro, embora como irei comprovar o metro funcione bem e os autocarros também nos levem

António GrAçA de Abreu

EM 台北TAIPÉ, TURISTA ACIDENTAL

facilmente a todo o lado. As pessoas, em geral, parecem mais simpáticas e educadas do que na República Popu-lar, há mais gente a falar um pouco de inglês e o mandarim deles é excelente. Venho com a Yu Ping, a minha mulher de Xangai, que se surpreende também com os bons modos destes chineses ca-pitalistas, tão prestáveis, saudando-nos e indicando-nos alguns dos caminhos e coisas para ver na cidade.

Chegamos ao monumento mais conhecido de Taiwan, o Memorial em honra de Chiang Kai-shek, concluído em 1980. Já tinha visto fotografias da grande construção e não havia ficado sobremaneira impressionado. Agora, ao vivo, gostei dos espaços, do enquadra-mento, do próprio Memorial, um vasto edifício octagonal no alto de uma es-

cadaria, todo branco, com um telhado azul. O branco corresponde não à cor do luto, vulgar na China, mas à lumi-nosidade do sol e o azul, à cor do céu. Entrando na ala central, deparamo-nos com uma majestosa estátua de Chiang Kai-shek permanentemente guardada por seis soldados impecavelmente far-dados, solenes, hirtos. São rendidos de hora a hora num cerimonial espectacu-lar, ao apresentarem armas, ao marcha-rem a passo de ganso, e não escapam às objectivas das máquinas fotográficas de centenas de turistas.

De ambos os lados da extensa ala-meda que conduz ao Memorial, foram construídos dois excepcionais edifícios em trabalhada e requintada arquitectura tradicional chinesa. São o Teatro Nacio-nal e a Grande Sala de Concertos.

Os japoneses ocuparam e governa-ram Taiwan entre 1895 e 1945. Daí a influência que ainda se nota na ilha, so-bretudo quanto a edifícios construídos pelos nipónicos e que permanecem não só de pé e bem conservados mas que são, ainda hoje, não longe do Memorial a Chiang Kai-shek, o Palácio Presiden-cial e a sede do governo de Taiwan, que data de 1929 e é obra de arquitectos oriundos das terras do Sol Nascente.

Na cidade levanta-se, despudorada e altíssima, uma construção recente, não muito bem integrada na paisagem, no horizonte urbano. É a torre “Taipé 101”, concluída em 2003 e que foi o maior ar-ranha-céus do mundo até 2007, quando foi inaugurada a Burj Khalifa, no Dubai. Depois, outros arranha-céus, o Makkah Royal, na Arábia Saudita, a Torre Xangai, na China já ultrapassaram os 509 metros e os 101 andares deste Taipé 101. Novos arranha-céus mais altos se anunciam ou estão já em construção, na China, nos Estados Unidos, no mundo árabe.

Taipé conta uma série de interessan-tes templos budistas e taoistas – estes de um só piso, e é suficiente, chega –, às vezes com mistura das duas religiões

“AS PESSOAS, EM GERAL, PARECEM MAIS SIMPÁTICAS

E EDUCADAS DO QUE NA REPÚBLICA POPULAR, HÁ

MAIS GENTE A FALAR UM POUCO DE INGLÊS E O

MANDARIM DELES É EXCELENTE”

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15 artes, letras e ideiashoje macau terça-feira 22.7.2014

no mesmo espaço. Os templos não são muito antigos, a própria história da ilha também não nos faz recuar mais do que trezentos ou quatrocentos anos, mas pela sua originalidade e brilhante decoração merecem atenta visita. O mais famoso templo de Taipé será o de Longshan龙山, dedicado a Guan-gyin, a deusa budista da Misericórdia. Curiosamente neste templo existe um altar com a deusa Mazu1, mais ligada ao taoismo, protectora dos homens do mar, tal como a Nossa Senhora dos Navegantes ou da Penha. Mazu é a mesmíssima deusa A-Ma que encon-tramos no templo da Barra, em Macau, fundado tal como este templo de Lon-gshan por marinheiros da província de Fujian. Mazu ou A-Ma está na origem do nome da cidade de Macau.

Outro templo muito curioso é o de Bo’an保安, no norte de Taipé. Cons-truído no início do século XIX, sur-preende pelo barroquismo arquitectó-nico, tal como o templo de Longshan com colunas decoradas com dragões, telhados de várias abas repletos de motivos fantásticos, guerreiros, pei-xes, elefantes, tigres, cavalos, leões, fénix, dragões e o interior com pavi-lhões numa extraordinária explosão de cores, de estatuária, de altares, de baixos relevos, de madeiras esculpidas pintadas a dourado, mais incensórios lanternas, velas, flores e oferendas dos crentes. Ao lado de Bo’an fica o templo de Confúcio, muito menos trabalha-do, concluído em 1929, dedicado ao mestre e educador tão reverenciado ao longo de mais de dois milénios e hoje lugar de conferências, de festivais, de várias cerimónias e rituais em honra de tão ilustre figura, pese embora o seu conservadorismo – uma das razões do aparente e real imobilismo do império chinês durante vinte e tal séculos tem a ver com a doutrina de Confúcio –, e o irrealismo da sua moral, o destacar permanente de princípios e valores que, fingidamente todos aceitam, mas

que, de verdade, quase ninguém cum-pre. Mas isto são entendimentos meus, de um português que gosta de estudar e conhecer o pensamento chinês mas com que os meus amigos confucio-nistas de Taiwan e do continente não concordarão, de certeza. Curioso é ter também encontrado nas traseiras do templo de Confúcio, em Taipé, uma enorme escola secundária, tal e qual como vi frequentemente em templos de Confúcio da China Popular. O mes-tre, o professor anda sempre por perto, tentando educar a juventude.

Taipé tem 2,7 milhões de habitan-tes e conta com mais de trezentas mil motorizadas. A mota, tipo Vespa, é o transporte mais utilizado pelas pessoas da cidade, cortada pelo rio Tamsui, atra-vessada por várias pontes. O trânsito pa-receu-me ordenado e fácil, ao contrário daqueles engarrafamentos medonhos comuns nas grandes cidades da outra China. Fui, de metro e não de mota, jantar comida chinesa de qualidade ao mercado nocturno de Shilin, a quinze quilómetros do centro de Taipé, famoso em Taiwan, com pratos típicos de quase todas as províncias da China. A Yu Ping deliciou-se com a qualidade sublime das iguarias. Eu, mais comedido, petisquei.

1 Sobre esta deusa ver o trabalho notável do meu bom amigo, o sinólogo alemão Roderich Ptak, O Culto de Mazu. Uma visão Histórica, Lisboa, Centro Científico e Cultural de Macau, 2012.

Outra vez de metro, viajámos até ao fim da mesma linha vermelha que segue para norte, para a cidadezinha de Tamsui ou Danshui淡水, junto ao mar. Situada na foz do rio que tem o mesmo nome, uns trinta quilómetros a jusante de Taipé, Tamsui foi um porto importante no século XIX e conta com uma curiosa fortaleza construída por espanhóis em 1629. Em chinês cha-mam-lhe hong mao cheng紅毛城ou seja “muralha dos cabelos vermelhos” o que tem a ver com os holandeses que expulsaram os espanhóis da ilha em 1641 e dominaram Taiwan até serem, por sua vez, derrotados em 1661 por Koxinga ou Zheng Chenggong郑成功 (1624-1662), o general rebelde e herói nacional que a partir de Taiwan pre-tendeu organizar a resistência contra os manchus que em 1644 haviam ocu-pado o trono imperial, em Pequim. Os holandeses, de cabelos loiros e ruivos, eram gente nunca vista na China daí o facto de no século XVII terem passado a ser conhecidos como hong mao ren, os “homens dos cabelos vermelhos”.

Tamsui é um bom lugar para pas-seios junto ao rio, para ver o pôr-do--sol, para se almoçar ou jantar num dos muitos restaurantes de peixe e marisco na marginal ao lado de águas calmas e límpidas da foz do rio.

No dia seguinte, continuámos via-gem pelo norte de Taiwan agora numa carrinha de 12 lugares integrados num pequeno grupo de turistas chineses vindos de Singapura, gente sóbria e ci-vilizada, tal como a guia que havia es-tudado nos Estados Unidos da América e falava excelente inglês. O seu avô, de Nanquim, fazia parte daquele milhão de homens, os nacionalistas de Chiang Kai-shek, que em 1949 haviam fugido da China, atravessado e estreito da For-mosa e se haviam refugiado e instalado definitivamente em Taiwan.

Houve visita à cidade de Keelung ou Jilong基隆, a uns 60 quilómetros de Tai-pé, o maior porto do norte da ilha For-mosa e que serve a capital. Guindastes, contentores, navios, até de cruzeiros, o movimento de uma cidade portuária se-

melhante a muitas outras espalhadas pelo mundo. A norte de Keelung parámos no promontório de Yehliu野柳, muito conhecido em Taiwan, que entra quase dois quilómetros por dentro do Oceano Pacífico e mostra centenas de formações rochosas sujeitas à erosão de muitos milé-nios de chuva, ondas e ventos, que assu-mem formas curiosas a que os chineses, sempre originais, chamam “cabeça de raínha, sapato de fada, velas no mar, co-gumelos de pedra, etc.” Ao lado, funciona um grande parque aquático com golfi-nhos, focas e orcas. Não fui ver. Conti-nuámos viagem, subimos por uma estrada cheia de curvas e deixaram-nos numa aldeia lá no alto com uma vista magnífica sobre os recortes da costa e o mar, com ruas estreitas cheias de lojas, pequenos altares e templos minúsculos, mais uns tantos restaurantes também de reduzida dimensão. A guia diz-nos que o lugar é famoso porque nesta aldeia de montanha foi filmada uma película que ficou na his-tória do cinema em Taiwan. Não anotei, não memorizei o nome do filme, não faço a mínima ideia do que se trata, mas sei que em Taiwan se faz bom cinema, com realizadores como Ang Lee – que vive há muitos anos em Hollyhood mas aqui nas-ceu e que dirigiu por exemplo “O Segre-do de Brokeback Mountain” ou “O Tigre e o Dragão” –, mais realizadores como Hou Hsiao-hsien ou Tsai Ming-liang.

“OS HOLANDESES, DE

CABELOS LOIROS E

RUIVOS, ERAM GENTE

NUNCA VISTA NA

CHINA DAÍ O FACTO

DE NO SÉCULO XVII

TEREM PASSADO A SER

CONHECIDOS COMO

HONG MAO REN, OS

“HOMENS DOS CABELOS

VERMELHOS”

“TAIPÉ CONTA UMA

SÉRIE DE INTERESSANTES

TEMPLOS BUDISTAS E

TAOISTAS – ESTES DE UM

SÓ PISO, E É SUFICIENTE,

CHEGA –, ÀS VEZES

COM MISTURA DAS

DUAS RELIGIÕES NO

MESMO ESPAÇO”

O tempo foi curto para conhecer Taiwan. Gostava de regressar um dia, de alugar um automóvel e de, durante um mês dar a volta a toda a ilha, sempre à beira-mar, de norte para sul, e também de cruzá-la de leste para oeste. Apesar do avançar dos meus muitos anos, nada é impossível debaixo do céu.

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16 DESPORTO hoje macau terça-feira 22.7.2014

A NDRÉ Martins fez, aos 42 minutos, o único golo na final da Taça de Honra da AF Lisboa,

torneio que o Sporting conquista pelo segundo ano consecutivo.

O Sporting conquistou, pelo segundo ano consecutivo, a Taça de Honra da Associação de Futebol de Lisboa, ao derrotar o Benfica, por 1-0, no Estádio do Restelo, na final do torneio distrital, que serve de preparação para a época futebolística 2014/15.

O tenista português João Sousa man-teve-se, esta segunda-feira, na 35.ª posição do ranking mundial, que

continua a ser liderado pelo sérvio Novak Djokovic, apesar da eliminação prematura no torneio alemão de Hamburgo, na semana que terminou.

A 14 de Julho, João Sousa chegou ao 35.º lugar da hierarquia, a melhor classificação de sempre de um português, após ter chegado à final do torneio sueco de Bastad, no segundo confronto decisivo do circuito que disputou na carreira, depois de ter ganho em 2013 o torneio de Kuala Lumpur.

Em Hamburgo, e depois de ter ficado isento da primeira ronda, João Sousa foi eliminado na etapa seguinte pelo checo Lukas Rosol, 42.º do ranking ATP.

Gastão Elias reforçou a condição de nú-mero dois português ao subir sete posições na classificação mundial, surgindo na lista no lugar 143. Para esta subida foi decisivo o trajecto de Gastão Elias, em Hamburgo,

onde chegou à segunda ronda, depois de ter superado o torneio de qualificação para o quadro principal.

Na elite do top10, a única mexida foi protagonizada pelo espanhol David Ferrer, que subiu um lugar, da sétima para a sexta posição, apesar de ter perdido a final de Hamburgo. No topo da lista, Djokovic continua a comandar com 460 pontos de vantagem sobre o espanhol Rafael Nadal (13.130 contra 12.670 pontos).

Em femininos, a portuguesa Michelle de Brito não entra num court há mais de três semanas, desde que chegou à terceira ronda do Grand Slam inglês de Wimbledon, mas, mesmo assim, reaproximou-se do grupo das 100 melhores do mundo, aparecendo hoje no 105.º posto, após uma subida de quatro posições.

Na parte de cima da tabela, a norte--americana Serena Williams continua a comandar, a uma distância confortável de 2.271 pontos da chinesa Na Li.

Bentley «Hoje não há carácter no futebol»David Bentley anunciou em Junho o final da carreira, aos 29 anos. O antigo médio, que foi sete vezes internacional pela Inglaterra, fala agora com desencanto da modalidade: «Todos os jogadores são iguais.» «Hoje em dia não vemos carácter e carisma no futebol. Todos os jogadores são iguais, fazem todos o mesmo. Nenhum deles será lembrado no futuro. Até os melhores jogadores do mundo fazem o trabalho deles mas são uma marca controlada por um grupo de pessoas», afirmou, em entrevista ao Daily Mail. Bentley acredita que no futebol não há espaço para vaidade e os jovens necessitam de mudar de mentalidade. «Olhas para o Ross Barkley ou o Raheem Sterling, acham que o Neymar ou o James Rodriguez são geneticamente melhores ou a diferença está na mentalidade? Quando eles jogam estão relaxados. Eles amam jogar futebol, nota-se que jogam com o coração. Os jovens ingleses têm a mente poluída e não conseguem exprimir-se», considerou.

Valência vaiavançar para Enzo Garantidos os concursos de André Gomes e Rodrigo, o Valência vai agora centrar esforços na contratação de Enzo Pérez. O médio argentino, contudo, só no início de Agosto deverá terminar as férias que teve direito após a participação no Mundial-2014. O empresário do jogador, em declarações a um jornal da Comunidade Valenciana, admite a possibilidade, ainda que pendente à compra do clube che. por parte do empresário Peter Lim. «Sem Lim, o Valência não será opção», terá dito. Enzo poderá assim ser o terceiro jogador do Benfica a rumar ao clube espanhol, depois de André Gomes e Rodrigo, este último ainda por confirmar oficialmente, mas que deverá ficar fechado ainda esta segunda-feira.

Jogadores recusamvoltar à Ucrânia O treinador do Shakhtar Donetsk, Mircea Lucescu, acusou o empresário Kia Joorabchian de estar por detrás da recusa de seis jogadores do clube voltarem à Ucrânia, depois de uma viagem a França. Os confrontos armados no país teriam sido o argumento dos jogadores, a maioria brasileiros, para se recusarem a reentrar na Ucrânia. «É preciso explicar o que aconteceu, isto não é o desejo dos jogadores, é do empresário deles» ,disse Mircea Lucescu citado pelo Segodnya e pelo LEquipe. «Umas horas antes do jogo com o Lyon, Kia apareceu e, depois da partida, às duas da manhã, levou os jogadores embora», referiu o técnico romeno. Lucescu acrescentou: «Levou os nossos jogadores mais talentosos: Alex Teixeira, Douglas Costa, Fred. Os outros não interessavam. Tentou fazer o mesmo com Adriano, Ilsinho, Marlos e Taison, mas eles recusaram.»

TÉNIS JOÃO SOUSA MANTÉM 35.º NO RANKING

Djokovic lidera

TAÇA DE HONRA LEÕES DERROTAM BENFICA POR 1-0

Primeiro dérby da época

Os pupilos de Marco Silva tiveram nos pés as melhores ocasiões de golo da partida, en-quanto o Benfica poucas vezes conseguiu incomodar, com perigo assinalável, a baliza do Sporting. O único golo da partida surgiu aos 42 minutos, por intermédio de André Martins, após cruzamento de Carrillo, momentos depois de o peruano ter rematado ao ferro.

“Acima de tudo foi mais um jogo de preparação. Faz parte de um processo de crescimento, não

adianta dar grande referência ao resultado. É bom ganhar, mas foi só um jogo de preparação”, subli-nhou Marco Silva, que utilizou, na equipa titular, dez ‘leões’ que transitam da última época - a ex-cepção voltou a ser Rosell.

Jorge Jesus, por sua vez, lançou quatro reforços na equi-pa inicial, além do jovem João Teixeira e do “regressado” Ola John, e diz que gostou do que viu. “Para jogo de pré-época, segundo jogo, foi bom. Não o resultado,

porque nestes jogos ‘a brincar’ também é importante ganhar. Mas os jogadores novos deram boas indicações e foi um bom jogo-treino para nós”, analisou.

“Faço o balanço dentro da-quilo que é uma pré-época, com dois jogos e uma taça em disputa. Este jogo teve mais intensidade, o que nos deu maior conhecimento dos jogadores que chegaram. Foi um bom teste para tirar as nossas conclusões. Estou satisfeito.

Na época anterior o Benfica ganhou praticamente tudo. Com estes ou com outros jogadores não seria fácil fazer o mesmo que na época passada. Acreditamos que temos capacidade para desen-volver e potencializar a equipa. Faltam ainda muitos jogadores, nomeadamente os que tiveram nas selecções. Vamos ainda reforçar a equipa com alguns jogadores já referenciados.

A saída dos jogadores é o preço do sucesso. Pelo que o Benfica fez na Europa é natural que os jogadores do Benfica tenham procura por equipas com maior poder económico.

O Benfica procura contratar jogadores que não são muito conhecidos, este ano estamos a fazer a mesma coisa, só que nos outros anos tínhamos uma base que ajudavam a fazer crescer esses jogadores. Agora somos obrigados a correr mais riscos”, disse o treinador benfiquista.

O próximo jogo do Sporting está agendado para 28 de Julho, diante do Twente, inserido num estágio de pré-temporada na Holanda. O Benfica, por sua vez, voltará a entrar em cena no sábado, 26, frente ao Ajax, no Estádio da Luz. - DN

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TEMPO AGUACEIROS OCASIONAIS MIN 27 MAX 34 HUM 70-95% • EURO 10.8 BAHT 0.2 YUAN 1.3

ACONTECEU HOJE 22 DE JULHO

Pu Yi

LÍNGUADE gATO

hoje macau terça-feira 22.7.2014 (F)UTILIDADES 17

U M L I V R O H O J E

C I N E M ACineteatro

SALA 1DAWN OF THE PLANET OF THE APES [B]Um filme de: Matt ReevesCom: Jason Clarke, Gary Oldman, Keri Russel14.30, 16.45, 21,30

DAWN OF THE PLANET OF THE APES [3D] [B]Um filme de: Matt ReevesCom: Jason Clarke, Gary Oldman, Keri Russel19.15

SALA 2DELIVER US FROM EVIL [B]Um filme de: Scott DerricksonCom: Eris Bana, Edgar Ramirez, Olivia Munn, Sean Harris14.30, 19.15, 21.30

THE TALE OFTHE PRINCESS KAGUYA [A]FALADO EM CANTONÊSUm filme de: Isao Takahata16.45

SALA 3HUNGRY GHOST RITUAL [C]Um filme de: Nick CheungCom: Nick Cheung, Annie Liu, Carrie Ng14.30, 16.00, 17.30, 21.30

THE TALE OFTHE PRINCESS KAGUYA [A]FALADO EM CANTONÊSUm filme de: Isao Takahata19.00

DAWN OF THE PLANET OF THE APES

João Corvo fonte da inveja

Serias rosa se desfolhar-te não fosse um trabalho infinito.

Tufões em Macau A época de tufões chegou a Macau, mas o primeiro tufão “significativo” não causou qualquer impacto sério a Macau, nem os empregados receberam a “prenda” de um sinal 9 ou 10, que lhes permitiria não irem trabalhar. Ora, em Macau correm outros “tufões”. É o caso das eleições para o lugar de Chefe do Executivo. Há sempre candidaturas, mas os candidatos reais, normalmente, não passam dos dois. Porque descrevo as eleições como um “tufão”? Porque, na realidade, estas eleições não vão ter muita influência na sociedade de Macau, ainda que muitos assuntos vão aparecer para discussão e o debate vai estar centrado no programa político dos candidatos. É o mesmo que os tufões em Macau: passam rápido, trazem uma semana de chuva. Neste caso, a campanha dura duas semanas. O assunto deixa de ser engraçado se continuar a falar dele... porque, na verdade, agora quase todos os dias podemos ver a foto do Chefe do Executivo na capa dos jornais ou revistas. É sempre ele. Mas podemos imaginar quando ele for reeleito, o que pode acontecer em Macau? No futuro de Macau?Acho que deverá haver alguma mudança, mas não será muito grande a mudança. Poderá ser uma oportunidade para que o Governo faça alguma coisa de jeito pelos residentes. Olha, por exemplo, construir mais casas públicas, como já foi escrito no programa político de Chui Sai On. Ora, se calhar este tufão, para o bem ou para o mal, vai trazer algum impacto a Macau...

Nasce Waksman, pioneiro na luta contra a tuberculose• Selman Waksman foi um bioquímico vencedor do Nobel de Fisiologia e Medicina, que se destacou ao criar o primeiro antibiótico contra a tuberculose. Nasceu a 22 de Julho de 1888, efeméride que hoje se assinala.Vinte e dois de Julho é dia de recordar Selman Abraham Waksman, bioquímico ucraniano naturalizado norte--americano, que recebeu o Nobel de Fisiologia e Medicina em 1952, pela descoberta da estreptomicina – o primeiro antibiótico contra a tuberculose.Nascido na Ucrânia (então território russo), Selman naturalizou-se norte-americano em 1916 e desenvolveu a sua carreira na Universidade de Rutgers, em Nova Jér-sia, onde leccionou, sendo também director do Instituto Rutgers de Microbiologia.Especialista nesta área, este bioquímico inspirou-se na descoberta da penicilina – feito de Alexander Fleming – para conseguir a estreptomicina, que se assume como o primeiro agente efectivo no tratamento da tuberculose.Na década de 1940, Selman Waksman isolou a actinomi-cina, letal para o bacilo da tuberculose, mas tóxica nos animais onde fora testada. Três anos mais tarde, extrai do ‘actinomiceto streptomyces griseus’ a estreptomicina, um antibiótico praticamente inócuo para o ser humano e eficaz na luta contra a tuberculose, combinado com a quimioterapia, capaz de destruir o bacilo da tuberculose, que a penicilina combatia, mas apenas de forma parcial. Hoje, dia em que se assinala o nascimento de Selman Waksman, recorda-se o seu feito.

MEMÓRIAS DE UMA GUEIXA (ARTHUR GOLDEN – EDITORIAL PRESENÇA, 2006)

Mais do que uma obra com um grande sucesso comercial, que originou um filme com o mesmo nome, “Memórias de uma gueixa” é mais do que um daqueles livros que se vendem no supermercados e lojas de conveniência. Com uma narrativa bastante descritiva do dia-a-dia de uma gueixa no Japão do principio do século XX, este livro não deixa de ser uma boa oportunidade para viajarmos para outro imaginário e conhecermos um pouco mais de uma cultura tão diferente da nossa. - Andreia Sofia Silva

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18 hoje macau terça-feira 22.7.2014OPINIÃO

cartoon por Stephff DESPERTARES

carta ao director

Exmo. Senhor Director

No dia 16 de Julho foi o signatário solicitado a comentar o provável impasse legislativo relativo à Lei de Protecção de Animais.

Já não é a primeira vez que o v/jornal coloca na minha boca palavras que não são minhas, entre outras que naturalmente assumo. Desta vez entendo não dever deixar passar.

A verdade é que quando o telefone tocou pensei estar a falar com uma jornalista do JTM, pois no meu telefone é omisso o seu nome mas aparece claramente JTM-jornalista. Trata-se prova-velmente de erro meu.

Isso apenas para dizer que eu referi à jornalista que “em entre-

vista concedida ao JTM pedi ao deputado Pereira Coutinho e ao Governo...” para que chegassem a um compromisso pois a questão dos direitos dos animais era trans-versal e não podia ser utilizada para fins políticos.

Repito, nunca pedi nem falei directamente com Pereira Cou-tinho sobre isso em particular. A maneira como a notícia sai dá a entender que teria falado com ele em particular. Omitiram pois a referência ao JTM, o que me pa-rece, no mínimo, indelicado. Mas V. Exas. sabem do ofício melhor do que eu, naturalmente.

Por outro lado nunca acusei Pereira Coutinho do que quer que seja, pelo menos da forma como V. Exas. colocam como caixa na

primeira página do V. Jornal. Lamentei apenas que tivesse corrido a apresentar de novo uma Lei de Protecção de Animais (de que tenho vindo sempre a dizer, quando me pedem opinião, ser

uma boa lei) sem dar tempo a que um compromisso pudesse chegar. Mas o compromisso, para ser compromisso, teria de vir de ambos os lados, não apenas de Pereira Coutinho. Ele tem natu-

ralmente a sua agenda política e o Governo ou os seus deputados também. Sejamos justos. A en-trega da Lei sem compromisso destrói a hipótese de se poder passar nova lei nesta sessão legislativa. Disso lamentei eu.

Todos, repito, todos sem ex-cepção vão usar os animais em seu proveito político. Não apenas Pereira Coutinho.

Claro que V. Exas. são res-ponsáveis por todas as caixas que publicarem mas não me envolvam, nem aos animais, nesse tipo de polémicas.

CumprimentosAlbano Martins

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19 opiniãohoje macau terça-feira 22.7.2014

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Cecília Lin; Flora Fong (estagiária); Leonor Sá Machado; Ricardo Borges (estagiário) Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Agnes Lam; Arnaldo Gonçalves; Correia Marques; David Chan; Fernando Eloy ; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau Pineda; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

R ÚSSIA não precisa disto. É um grande país, com assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Tem enormes rique-zas, que lhe garantem uma preponderância nas relações com o resto da Europa e da Ásia. Com facilidade, a Rússia poderia ter obtido

o envio de capacetes azuis para proteger as comunidades de russos ou falantes de russo na Ucrânia. Poderia ter admitido uma Ucrânia que fizesse parte da união aduaneira proposta pela Rússia e tivesse um acordo de associação com a União Europeia, em vez de ser obrigada a escolher. E exercendo a sua influência política, poderia ter conseguido mais autonomia para as regiões do Leste e do Sul da Ucrânia.

É Putin que precisa do caos construído na Ucrânia. Não pode correr o risco de uma mudança bem-sucedida de poder naquele país, não vão os russos ganhar ideias. Depois

“Israel tem de parar imediatamente com o que está a fazer. O ataque a Gaza é desproporcionado, criminoso e prossegue objectivos estratégicos que superam em muito a segurança de Israel.”

Rui TavaResin Público

Caos construído, vezes doisde assustar o mundo com os neonazis que supostamente mandavam em Kiev, deixou cair o tema quando o “Sector Direito” teve 1,7% nas eleições e o seu candidato à presidência menos de um por cento. Putin e os seus aliados dentro e fora do kremlin prosseguiram na sua estratégia de desesta-bilizar a Ucrânia para depois poder intervir. Infiltraram tropas, mobilizaram mercenários, entregaram armamento cada vez mais pesado aos separatistas. E esse caos construído aca-bou por resultar na obliteração de um avião civil com quase trezentos inocentes a bordo.

Mesmo assim, a União Europeia continua a não mostrar a firmeza necessária para com Putin. E não seria assim tão difícil: bastou a proposta polaca de que a UE passasse a negociar os preços do gás em conjunto para que disparassem os alarmes em Moscovo. O que faria se avançássemos para uma verda-deira União energética que ajudasse a UE a diminuir a sua dependência de combustíveis fósseis? Os bandos armados de mísseis na Ucrânia hão-de parar quando Putin lhes

disser: “acabou o jogo”. E ele parará quando nós, a uma só voz, lhe dissermos o mesmo.

Israel tem de parar imediatamente com o que está a fazer. O ataque a Gaza é despro-porcionado, criminoso e prossegue objec-tivos estratégicos que superam em muito a segurança de Israel. É por demais evidente que a intenção é impossibilitar a criação de um estado palestiniano e retomar território,

enquanto é tempo. Alguns apoiantes da maioria no governo em Tel Aviv dizem já que o melhor seria que os palestinianos de Gaza fossem para o deserto do Sinai, e que a faixa fosse de novo colonizada.

É Netanyahu quem precisa deste caos construído .E esta estratégia vai falhar. O único efeito que ela terá é o de prolongar o ódio e a instabilidade na região. Netanyahu sabe que o tempo está a acabar. O mundo árabe está por um fio. Mas tira a lição errada dessa realidade. Em vez de querer “acabar o servi-ço” da construção da Grande Israel, deveria quanto antes fazer a paz com os palestinianos e aceitar a solução dos dois estados.

Também aqui a União Europeia poderia contribuir decisivamente, oferecendo a as-sociação ou mesmo adesão aos dois estados em troca da paz duradoura, em segurança para ambos. E declarando um prazo para o reconhecimento do estado da Palestina pela União se não houver acordo. Se Netanyahu não entender que o tempo da guerra acabou, haverá em Israel que entenda.

ISHI

RO H

ONDA

, GOJ

IRA

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INCÊNDIO EM AUTOCARRO DA NOVA ERA

hoje macau terça-feira 22.7.2014

MH17 RECUPERADOS 251 CORPOS DAS VÍTIMAS

“Queremo-los de volta”

A S equipas de resgate encontraram já 251 corpos das 298 víti-mas do Boeing 777

da Malaysia Airlines que se despenhou no leste da Ucrânia, revelou o Ministério das Situa-ções de Emergência do país.

Os socorristas enviados para o local do acidente re-colheram ainda 66 partes de corpos entre os escombros do avião acidentado que caiu na cidade de Grabovo, mas cujos destroços estão espalhados por uma grande área.

Os corpos das vítimas foram transportados para vagões refri-gerados num comboio parado na estação de Torez.

As autoridades disponibiliza-ram ainda um segundo comboio para recolherem corpos ou as suas partes das vítimas do desastre.

O Governo da Malásia enviou sábado para Kiev uma equipa de investigação que poderá deslo-car-se para o local do acidente a qualquer momento.

As autoridades de Kiev ten-tam negociar com os rebeldes pró-russos a saída do comboio da região já que peritos interna-cionais consideram que a zona não é o local ideal para analisar os corpos para que se possa pro-ceder à sua identificação.

PERITOS DA HOLANDAEntretanto investigadores holan-deses chegaram já Torez. Trata--se de três cientistas forenses que foram acompanhados por observadores da OSCE e cujo objectivo é identificar os corpos.

Os responsáveis esperam que o comboio siga, sob o olhar dos peritos internacionais, para A Coreia do Norte po-

derá estar a preparar um ensaio militar de

desembarque em larga escala como resposta ao próximo exercício militar conjunto entre a Coreia do Sul e os Estados Unidos na região, revelou ontem fonte gover-namental sul-coreana.

“Desde há três semanas que há sinais de que a Coreia do Norte prepara um exercício de desembarque em larga es-cala perto da cidade portuária ocidental de Nampo”, disse a fonte à agência Yonhap. Por outro lado, acrescentou, o exercício parece ir decorrer em termos nacionais envol-vendo as forças em terra, no mar e no ar.

O exército norte-coreano é um dos mais numerosos do mundo e conta com mais de 1.1 milhões de soldados nas suas fileiras.

As manobras de de-sembarque em larga escala que, segundo Seul, estão a ser planeadas pelo regime de Kim Jong-un, são vis-tas como uma resposta ao próximo exercício conjunto

Índia Explosivos alegadamente angolanos encontrados em sucata O exército da Índia foi chamado a investigar o conteúdo de alguns contentores alegadamente provenientes de Angola nos quais foram encontrados explosivos militares, relatou ontem a imprensa indiana. De acordo com a edição online do Business Standard, que cita fonte policial, os explosivos em causa são normalmente utilizados para fins militares e foram encontrados em contentores com sucata na estação ferroviária de Kanakpura (arredores de Jaipur), no estado do Rajastão, no norte da Índia. De acordo com o oficial responsável pela investigação policial a este caso, Rajendra Diwakar, os contentores “vieram de Angola”, através da empresa Sunagro Internacional, com sede em Singapura, e foram detectados este mês durante operações de verificação do conteúdo. O exército indiano foi informado sobre o caso e já abriu uma investigação para descobrir a origem e utilização deste material de guerra, de acordo com a mesma informação.

China Tufão Rammasunprovoca 17 mortesO tufão Rammasun, que assolou o sul da China no fim de semana provocando a morte a 17 pessoas, gerou prejuízos calculados em 26.550 milhões de yuan, sustentam números oficiais ontem publicados. A tempestade, a mais forte das últimas quatro décadas a afectar aquela zona do país, destruiu 468.500 hectares de plantações e 37.000 casas na ilha de Hainão, uma das mais importantes zonas turísticas da China, na província de Guangdong e na região autónoma de Guangxi. Ao longo do fim de semana nas zonas afectadas foram registados ventos superiores a 200 quilómetros por hora, chuvas intensas em dezenas de cidades que afectaram a vida a 5.7 milhões de pessoas. O tufão atingiu a China depois de passar nas Filipinas onde deixou também um rasto de destruição com 94 mortos.

Israel Ataque contra hospital em Gaza faz pelo menos quatro mortosPelo menos quatro pessoas morreram e 50 ficaram feridas num ataque com artilharia das Forças Armadas de Israel contra um hospital na zona central de Gaza, disseram fontes médicas e testemunhas. Ontem, elevavam-se a 502 o número de vítimas mortais da ofensiva de Israel na região. O Conselho de Segurança das Nações Unidas manifestou domingo preocupação com o número crescente de vítimas mortais em Gaza e apelou a um cessar-fogo imediato.

• Um pequeno incêndio deflagrou ontem dentro de um autocarro da Nova Era, na Estrada Marginal da Ilha Verde. Não resultaram feridos do acidente, nem danos no autocarro. Segundo a Polícia Judiciária, o caso foi apenas um incidente causado por aparelhos electrónicos “do tamanho de um maço de cigarros”, deixados próximos do motor do veículo. Estes terão sobreaquecido, o que terá causado uma “pequena explosão”. Na fase preliminar, as autoridades suspeitam que foi um passageiro que se esqueceu do carregador de telemóvel quando saiu do autocarro.

a cidade ucraniana controlada pelo executivo de Kiev mais perto, e daí seja possível enviar os corpos para a Holanda.

De seguida, a delegação de peritos pretende ir ao local do despenhamento do avião.

O primeiro-ministro ho-landês, Mark Rutte, disse que todas as opções estavam em cima da mesa se não fosse dado acesso ao local. “Queremo--los de volta”, disse Rutte ao Parlamento em Haia. O chefe de Governo acrescentou que o Presidente russo, Vladimir Putin, concordou que as caixas negras deveriam ser entregues à autoridade internacional de aviação civil. A Ucrânia pro-pôs entregar a investigação à Holanda por este ser o país com mais vítimas.

Os Serviços de Segurança da Ucrânia divulgaram domingo na internet uma gravação de uma suposta conversa telefónica entre os chefes rebeldes que incrimi-naria os separatistas, e também Moscovo, da ocultação de provas do derrube do avião da Malásia.

Mais tarde, Alexandr Boro-dái, primeiro-ministro da auto-proclamada República Popular

de Donetsk, veio confirmar que as caixas negras do avião estavam na sua pose.

“No local do desastre foram encontradas peças do avião semelhantes às caixas negras. Estão em Donetsk (...) sob mi-nha supervisão pessoas. Serão entregues aos peritos interna-cionais”, acrescentou o mesmo responsável.

COREIA DO NORTE RECEIOSDE DESEMBARQUE EM LARGA ESCALA

Ensaio de resposta

1.1milhão de soldados, exército norte-coreano

entre as forças dos Estados Unidos e da Coreia do Sul. Os dois aliados organizam em Agosto o “Ulchi Freedom Guardian”, orientado para reforçar a capacidade de combate na linha da frente perante o que consideram ser a ameaça da Coreia do Norte.

Já Pyongyang considera as manobras do seu vizinho como uma “ameaça directa à sua segurança” e apelou a Seul que sejam suspensos todas as manobras para que seja aberta uma janela de diálogo entre os dois países.

A Coreia do Sul e os Es-tados Unidos, que possuem 28.500 efectivos em território sul-coreano, realizam anual-mente diversos exercícios militares e já recusaram o desafio norte-coreano para o diálogo em troca da suspensão das manobras militares.- Lusa