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A nova versão da Lei de Prevenção e Correc- ção da Violência Doméstica deveria ter sido apresentada em Maio para entrar na especia- lidade, mas até agora nada disso aconteceu. Se os deputados da Comissão que avalia o diploma desconhecem o que se passa e con- tinuam a aguardar uma resposta, há quem diga que o Executivo tem outras prioridades. DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 QUINTA-FEIRA 2 DE JULHO DE 2015 ANO XIV Nº 3363 hojemacau VIOLÊNCIA DOMÉSTICA LEI SEM PRAZO O silêncio dos dirigentes O escândalo da política grega da Europa PÁGINA 4 O tempo volta para trás Previsões só no final VISTOS METRO POLÍTICA PÁGINA 5 SOCIEDADE PÁGINA 7 GRANDE PLANO PÁGINAS 2-3 AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB PÁGINAS 18-19 Para além do arco-íris O Pai Natal não existe OPINIÃO TÂNIA DOS SANTOS LEOCARDO Os fantasmas são brancos AMÉLIA VIEIRA h

Hoje Macau 2 JUL 2015 #3363

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Hoje Macau N.º3363 de 2 de Julho de 2015

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Page 1: Hoje Macau 2 JUL 2015 #3363

A nova versão da Lei de Prevenção e Correc-ção da Violência Doméstica deveria ter sido apresentada em Maio para entrar na especia-lidade, mas até agora nada disso aconteceu.

Se os deputados da Comissão que avalia o diploma desconhecem o que se passa e con-tinuam a aguardar uma resposta, há quem diga que o Executivo tem outras prioridades.

Director carlos morais josé www.hojemacau.com.mo Mop$10 q u i n ta - f e i r a 2 D e j u l h o D e 2 0 1 5 • a n o X i V • n º 3 3 6 3

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página 4

O tempovolta para trás

Previsõessó no final

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política página 5

sociedade página 7

grande plano páginas 2-3

AgênciA comerciAl Pico • 28721006

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páginas 18-19

Para alémdo arco-írisO Pai Natalnão existe

opinião

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Os fantasmas são brancos

amélia vieirah

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2 hoje macau quinta-feira 2.7.2015grande plano

o resultado das eleições na Grécia exprime a escolha de uma na-ção onde uma grande

maioria da população se colocou numa posição defensiva face à miséria social, tão humilhante como esmagadora, provocada por uma política de austeridade, imposta ao país a partir do exterior. A votação propriamente dita não permite nenhum subterfúgio: a po-pulação rejeitou a continuação de uma política cujo falhanço sofreu brutalmente, na sua própria carne. Com a força desta legitimação de-mocrática, o governo grego tentou provocar uma mudança de política na zona euro. Ao fazê-lo, entrou em choque com os representantes de dezoito outros governos que justificam recusas referindo-se, friamente, ao seu próprio mandato democrático.

Lembramo-nos dos primeiros encontros em que noviços arro-gantes, levados pela exaltação do triunfo, se entregavam a um torneio ridículo com pessoas bem instaladas, que reagiam umas vezes com gestos paternalistas de um bom tio e outras com uma espécie de desdém rotineiro: cada uma das partes gabava-se de desfrutar do poder conferido pelo seu respecti-vo «povo» e repetia o refrão como papagaios. Foi ao descobrir até que ponto a reflexão que então faziam, e que se baseava no quadro do Es-tado-nação, era involuntariamente cómica, que toda a opinião pública europeia percebeu o que realmente fazia falta: uma perspectiva que permitisse a constituição de uma vontade política comum dos cida-dãos, capaz de colocar no centro da Europa marcos políticos com consequências reais. Mas o véu que escondia esse deficit institucional ainda não foi realmente rasgado.

A eleição grega introduziu grãos de areia na engrenagem de Bruxelas: foram os próprios cida-dãos que decidiram a necessidade urgente de propor uma política europeia alternativa. Mas é verdade

A escAndAlosA políticA gregA dA europA

que, noutras paragens, os represen-tantes dos governos tomam deci-sões entre eles, segundo métodos tecnocráticos, e evitam infligir às suas opiniões públicas nacionais temas que possam inquietá-las.

Se as negociações para um compromisso falharem em Bru-xelas, será certamente sobretudo porque os dois lados não atribuem a esterilidade dos debates ao vício na construção dos procedimentos e das instituições, mas sim ao mau comportamento do parceiro. Não há dúvida de que a questão de fundo é a obstinação com que se agarra uma política de austeridade, que é cada vez mais criticada nos meios científicos internacionais e que teve consequências bárbaras na Grécia, onde se concretizou num fracasso óbvio.

No conflito de base, o facto de uma das partes querer provo-car uma mudança desta política, enquanto a outra se recusa obs-tinadamente a envolver-se em qualquer espécie de negociação política, revela, no entanto, uma assimetria mais profunda. Há que compreender o que esta recusa tem de chocante, e mesmo de escan-daloso. O compromisso não falha por causa de alguns milhares de milhões a mais ou a menos, nem mesmo por uma ou outra cláusula de um caderno de encargos, mas unicamente por uma reivindicação: os gregos pedem que seja permitido à sua economia e a uma população explorada por elites corruptas que tenham um novo começo, apa-gando uma parte do passivo – ou tomando uma medida equivalente como, por exemplo, uma moratória da dívida cuja duração dependesse do crescimento. Em vez disso, os credores continuam a exigir o reconhecimento de uma montanha de dívidas, que a economia grega nunca poderá pagar.

Note-se que ninguém contesta que uma supressão parcial da dívi-da é inevitável, a curto ou a longo prazo. Os credores continuam, por-

tanto, com pleno conhecimento dos factos, a exigir o reconhecimento formal de um passivo cujo peso é, na prática, impossível de carregar. Até há pouco tempo, persistiam mesmo em defender a exigência, literalmente fantasmagórica, de um excedente primário de mais de 4%. É verdade que este passou para o nível de 1%, mas continua irrealista. Até agora, foi impossível chegar a um acordo – do qual de-pende o destino da União Europeia – porque os credores exigem que se mantenha uma ficção.

Claro que os «países credores» têm motivos políticos para se agar-rarem a esta ficção que permite, no curto prazo, que se adie uma decisão desagradável. Por exem-plo, temem um efeito dominó em outros «países devedores» e Ange-la Merkel não está segura da sua própria maioria no Bísesundestag. Mas quando se conduz uma má política, é-se obrigado a revê-la, de uma forma ou de outra, se se percebe que ela é contra-produtiva.

Por outro lado, não se pode atirar com toda a culpa da um falhanço para cima de uma das duas partes. Não posso dizer se o processo táctico do governo grego se baseia numa estratégia reflectida, nem ajuizar sobre aquilo que, nesta atitude, tem origem em constrangimentos políticos, inexperiência ou incompetência do pessoal encarregado dos assuntos. Não tenho informação suficiente sobre as práticas habituais ou sobre as estruturas sociais que se opõem às reformas possíveis.

O que é óbvio, seja como for, é que os Wittelsbach não construí-ram um Estado que funcione. Mas estas circunstâncias difíceis não podem no entanto explicar por que motivo o governo grego complica tanto a tarefa dos que tentam, mes-mo sendo seus apoiantes, discernir uma linha no seu comportamento errático. Não se vê nenhuma tenta-tiva racional de formar alianças; é caso para perguntar se os naciona-listas de esquerda não se apegam a uma representação um tanto etnocêntrica da solidariedade, se só permanecem na zona euro por razões que relevam do simples bom

senso – ou se a sua perspectiva excede, apesar de tudo, o âmbito do Estado-nação.

A exigência para uma corte parcial das dívidas, que constitui a base contínua das suas nego-ciações, não é suficiente para que a outra parte tenha pelo menos confiança para acreditar que o novo governo não é como os anteriores e que agirá com mais energia e

de forma mais responsável do que os governos clientelistas que substituiu.

Mistura tóxicaAlexis Tsipras e o Syriza podiam ter desenvolvido o programa de refor-mas de um governo de esquerda e «ridicularizar» e os seus parceiros de negociações em Bruxelas e em Berlim. Amartya Sen comparou as

Não há dúvida de que a questão de fundo é a obstinação com que se agarra uma política de austeridade, que é cada vez mais criticada nos meios científicos internacionais e que teve consequências bárbaras na Grécia, onde se concretizou num fracasso óbvio

Os homens políticos de Bruxelas e de Berlim recusam assumir o papel de homens políticos quando se reúnem com os seus colegas atenienses. Têm certamente boa aparência, mas, quando falam, fazem-no unicamente na sua função económica, como credores

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3 grande planohoje macau quinta-feira 2.7.2015

São os cidadãos,não os banqueiros, que devem ter a última palavrasobre questões quedizem respeitoao destino europeu

A escAndAlosA políticA gregA dA europA

políticas de austeridade impostas pelo governo alemão a um medica-mento que contivesse uma mistura tóxica de antibióticos e de veneno para matar ratos. O governo de esquerda teria tido perfeitamente a possibilidade, na linha do que enten-dia o Prémio Nobel de Economia, de proceder a uma decomposição keynesiana da mistura de Merkel e de rejeitar sistematicamente todas

as exigências neoliberais; mas, ao mesmo tempo, devia ter tornado credível a intenção de lançar a modernização de um Estado e de uma economia (de que tanto pre-cisam), de procurar uma melhor distribuição dos custos, de combater a corrupção e a fraude fiscal, etc.

Em vez disso, ele limitou-se a um papel de moralizador – um bla-me game. Dadas as circunstâncias,

O escândalo dos escândalos é a intransigência com a qual o governo alemão assume o seu papel de líder. A Alemanha deve o impulso que lhe permitiu ter a ascensão económica de que se alimenta ainda hoje à generosidade das nações de credores que, aquando do acordo de Londres, em 1954, eliminaram com um simples traço cerca de metade das suas dívidas

isto permitiu que o governo alemão afastasse, de uma penada, com a robustez da Nova Alemanha, a queixa justificada da Grécia sobre o comportamento mais inteligente, mas indigno, que o governo de Kohl teve no início dos anos 90.

O fraco exercício do governo grego não altera o escândalo: os homens políticos de Bruxelas e de Berlim recusam assumir o papel de homens políticos quando se reúnem com os seus colegas atenienses. Têm certamente boa aparência, mas, quando falam, fazem-no uni-camente na sua função económica, como credores. Faz sentido que se transformem assim em zombies: é preciso dar ao processo tardio de insolvência de um Estado a aparên-cia de um processo apolítico, sus-ceptível de se tornar objecto de um procedimento de direito privado nos tribunais. Uma vez conseguido este objectivo, é muito mais fácil negar uma co-responsabilidade política. A nossa imprensa diverte-se porque se rebaptizou a «troika» – trata-se, efectivamente, de uma espécie de truque de mágico. Mas o que ele exprime é o desejo legítimo de ver surgir a cara de políticos atrás das máscaras de financeiros. Porque este papel é o único no qual eles podem ter de prestar contas por um falhanço que se traduziu numa grande quan-tidade de existências estragadas, miséria social e desespero.

IntransIgêncIaPara levar por diante as suas duvi-dosas operações de socorro, Angela Merkel, meteu o Fundo Monetário Internacional no barco. Este orga-nismo tem competência para tratar

do mau funcionamento do sistema financeiro internacional. Como terapeuta, garante a estabilidade e age portanto em função do interesse geral dos investidores, em especial dos investidores institucionais. Como membros da «troika», as instituições europeias alinharam com esse actor, a tal ponto que os políticos, na medida em que actuam nessa função, podem refugiar-se no papel de agentes que operam no estrito respeito das regras e a quem não é possível pedir contas.

Esta dissolução da política na conformidade com os mercados pode talvez explicar a insolência com a qual os representantes do governo alemão, que são pessoas de elevada moralidade, negam a co--responsabilidade política nas con-sequências sociais devastadoras que no entanto aceitaram como líderes de opinião no Conselho Europeu, quando impuseram o programa neoliberal para as economias.

O escândalo dos escândalos é a intransigência com a qual o gover-no alemão assume o seu papel de líder. A Alemanha deve o impulso que lhe permitiu ter a ascensão eco-nómica de que se alimenta ainda hoje à generosidade das nações de credores que, aquando do acordo de Londres, em 1954, eliminaram com um simples traço cerca de metade das suas dívidas.

Mas o essencial não é o emba-raço moral, mas sim o testemunho político: as elites políticas da Europa já não têm o direito de se esconder atrás dos seus eleitores e de fugirem a alternativas perante as quais nos coloca uma comu-nidade monetária politicamente inacabada. São os cidadãos, não os banqueiros, que devem ter a última palavra sobre questões que dizem respeito ao destino europeu.

A sonolência pós-democrática da opinião pública deve-se também ao facto de a imprensa se ter inclinado para um jornalismo de «enquadra-mento», que avança de mão dada com a classe política e se preocupa com o bem-estar dos seus clientes.

Jurgen Habermasin Le Monde

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J á foi aprovada na generali-dade, mas o Governo ainda não tem novidades sobre a apresentação da nova versão

da Lei de Prevenção e Correcção da Violência Doméstica. Apesar de ter sido anunciado que o diploma final iria ser apresentado em Maio deste ano, tendo sido a última reu-nião da Comissão da Assembleia Legislativa que analisa o diploma na especialidade em Fevereiro. Até agora, nada se sabe e o Executivo continua mudo sobre o assunto quando, como defendem interve-nientes na matéria, deveria ter sido dada prioridade à lei.

Depois dos encontros que terminaram em Agosto do ano passado entre a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Justiça (DSAJ), em conjunto com o Instituto de Acção Social (IAS) e responsáveis da Associação Geral das Mulheres de Macau e das suas instituições de serviços sociais subordinadas, a Assem-bleia Legislativa (AL) aprovou a lei na generalidade, em Janeiro deste ano.

Juliana Devoy, directora do Centro Bom Pastor - que lida com casos de vítimas deste tipo de violência - , esteve também presente num destes encontros, assim como os responsáveis pelo Centro de Protecção de Crianças da Associação de Luta Contra os Maus Tratos às Crianças de Macau, da Associação Novo Macau e do Grupo de Cooperação Relativo à Família. Foram mais de 28 as

Vitória da Conceição já não dirige Serviços de Finanças

CInCo anos depois de ter assumido o cargo, Vitória da Conceição está de

saída da Direcção dos Serviços de Finanças (DSF). A notícia foi confirmada ontem atra-vés da publicação do despacho, em Boletim Oficial (BO), da nomeação de Iong Kong Leong como director dos serviços, pelo período de um ano.

Iong Kong Leong possui um licen-ciatura em Gestão pela Universidade Católica de de Fu Jen, Taiwan. Desde 2007 que desempenha o cargo de sub-director da DSF, tendo sido, de 1999 a 2007, Chefe da Repartição das Finanças da DSF. Desde 1994 que foi técnico

superior e adjunto da direcção da DSF. ontem foi também nomeada, através do Bo, a nova subdirectora da DSF, de nome Ho In Mui Silvestre, a qual possui uma licenciatura em Gestão de Empresas pela Universidade da ásia oriental e um mes-trado, na mesma área, pela Universidade Aberta Internacional da Ásia. Ho In Mui era, desde 2011, Chefe do Departamento de Estudos e Planeamento Financeiro da DSF. Chegou a liderar o Departamento de Contabilidade Pública dos mesmos serviços e a divisão de despesas públicas, tendo começado na DSF como técnica superior, entre 1995 e 1999.

É uma lei que deve – aos olhos de intervenientes - ser vista como uma prioridadedo Governo, mas na prática não é isso que está a acontecer. Deveria estar prontapara entrar na especialidade em Maio, mas o Governo ainda estará a analisar opiniões. Deputados da Comissão que avalia o diploma na especialidade não sabemde nada e aguardam respostas do Executivo

Violência Doméstica Processo legislativo atrasado e sem fim à vista

“outros assuntos eram prioritários”

associações que reuniram com o Governo.

“Esta lei é tão, mas tão precisa”, começa por defender a irmã Devoy, que explica que, quase um ano depois desde a aprovação inicial,

o Governo continua a pensar e a analisar as opiniões. “Pelo que soube, o Governo achou que outros assuntos seriam mais prioritários”, afirmou, admitindo que quem trabalha com casos de violência

“Esta lei é tão, mas tão precisa. (...) Pelo que soube, o Governo achou que outros assuntos seriam mais prioritários”Juliana DeVoyDirectora do centro Bom Pastor

doméstica diariamente percebe melhor essa necessidade.

Comissão à espera“Ainda estamos à espera da resposta do Governo”, informou a deputada

Melinda Chan, membro da 1.ª Co-missão da AL. na última reunião, contou, foram recebidas várias opiniões que foram posteriormente entregues ao Governo. “Agora estamos à espera que o Governo se encontre com a Comissão”, explicou, admitindo que não sabe quando é que isso vai acontecer. Questionada sobre a importância deste assunto, a depu-tada frisa que a violência doméstica é um assunto prioritário e que casos como o mais recente de uma filha que agrediu a mãe incapacitada “não podem acontecer”.

Au Kam San deputado também membro do Comissão competente pela análise da lei, confirmou a ne-cessidade de esperar pela resposta do Governo. “Entendo a dificuldade que o Governo sente no trabalho le-gislativo que lhe compete e o tempo que demora, porque existem muitas dificuldades no que diz respeito ao entendimento de todas as autoridades envolvidas, tais como a Polícia Judi-ciária, a Polícia de Segurança Pública e o Ministério Público”, argumentou. A questão mais polémica, diz, é o ponto de definição de crime público, pois existem vários tipos de violência e isso tem de ser levado em conta pelo Governo. “A lei está a dividir dois tipos de violência doméstica, entre grave ou não grave, e isto é muito difícil de definir na área judicial”, remata, adiantando que “é natural” que não haja previsão para o fim do trabalho legislativo.

“o IAS garantiu que consegue definir o tipo de violência sempre que surgir um caso e eu pergunto--me: então sempre que existir um caso terá que ser levado ao IAS para analisar? Não acho correcto”, exemplifica o deputado, frisando que tudo deve estar bem definido pela proposta de lei.

Recorde-se que a Comissão em causa, presidida pela deputada Kwan Tsui Hang, já apresentou o seu ponto de vista ao Governo, em que defende que a classificação de violência doméstica deverá passar pela frequência em que acontece. “Estamos à espera da resposta do Governo, não sabemos quando é que isso irá acontecer”, clarificou Au Kam San.

A última reunião da Comissão, no início de Fevereiro, focou-se entre a definição de agressões leves e não leves.

Filipa araújo (com Flora Fong)[email protected]

4 hoje macau quinta-feira 2.7.2015política

tiago alcântara

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Rafael Gama integra Grande Prémio de Macau O Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, nomeou Rafael Gama, um dos seus assessores, como membro da Comissão do Grande Prémio de Macau, em substituição de Maria Madalena Leong. O cargo será ocupado até dia 31 de Dezembro em regime de acumulação de funções. A nomeação foi publicada em Boletim Oficial no dia de ontem.

Regime de gaRantias LivRo de sou Ka Hou vai seR Lançado

A arte da persistênciaC hAmA-se “Retirem a

proposta, lembram-se?” e é a obra assinada por sou

Ka hou, presidente da Associa-ção Novo macau (ANm), sobre a passagem do primeiro ani-versário da maior manifestação ocorrida em macau desde 1999, contra o Regime de Garantias dos titulares dos principais cargos. Depois de vários exemplares terem desaparecido, a obra será apresentada oficialmente este domingo, 5 de Julho, num seminário no Centro Diocesano de educação, estudo e Desen-volvimento (antigo Colégio mateus Ricci).

A fiNAl os portadores de passaporte chinês em trânsito no território voltam a ter autorização

para ficar sete dias em Macau, uma medida que causa dúvidas à deputada ella lei. O anúncio é feito pela Polícia de segurança Pública (PsP), que ontem emitiu um comunicado onde justifica com as estratégias de cooperação o retrocesso na medida de restrição a cinco dias, implementada o ano passado.

A deputada ella lei diz não perceber o recuo do executivo e, mais ainda, defende que, da mesma forma que foi anunciado em conferência de imprensa a diminuição do tempo de per-manência, deveria ter sido mais detalhada a informação nova. Para a deputada, não foram nem explicados os motivos, nem con-siderada a segurança. Ao hm, lei criticou o facto do comunicado “não explicar bem as motivações

vistos GOveRnO ReCuA e ChineSeS eM TRânSiTO PODeM fiCAR ATé SeTe DiAS

Regresso ao ponto de partida

do alargamento de dias” e por este considerar apenas o ponto de vista económico.

“No âmbito da segurança, porque é que a PsP decidiu voltar a autorizar sete dias de estadia aos portadores de passaporte chinês em trânsito no território? só foi dito que é pelo desenvolvimento da diversificação da economia. Para implementar a medida de cinco dias, a PsP apresentou opiniões citando dados de que a situação de abuso da estadia tinha aumentado”, diz ella lei.

A deputada recordou que em 2013, entre os 2,6 milhões de visi-tantes com passaportes da China, existiam 80% de visitantes que não se

dirigiram verdadeiramente a outros países quando entraram supostamen-te em trânsito no território.

“No ano passado, pela análise da pasta da segurança, existia uma tendência de aumento dos que aproveitavam a lacuna da lei, fugindo aos procedimentos normais de pedidos de vistos tu-rísticos e foi por isso que a PsP decidiu apertar a estadia. isso

provou que a PsP implementou a medida de acordo com o ponto de vista da segurança, com objectivo de impedir a situação de abuso. este ano, a PsP apontou também que o número de estadias fora de prazo diminuiu e que uma das razões era precisamente a medida de diminuição para cinco dias”, frisa a deputada. “Como é que o Governo pode voltar à situação

original de repente e deixar saber só através de comunicado, sem explicar bem?”

Pela economia Para a PsP, as razões de novo alargamento na estadia são ex-plicadas devido à cooperação com o continente. “No intuito de coordenar a estratégia ‘Uma faixa e Uma Rota’, que a China está a implementar (...) a PsP procedeu, no dia 1 de Julho de 2015, ao ajus-tamento das regras de trânsito dos turistas portadores do passaporte da China”, começa por indicar a nota da PsP.

Assim, ao invés de poderem ficar apenas cinco dias em trânsito, os titulares do passaporte chinês podem ficar por um período de sete dias em trânsito, se não ti-verem entrado em macau nos 30 dias anteriores à chegada, em vez de 60 dias.

Já se os turistas não cumpri-rem as regras de trânsito – não voarem para outro país ou fica-rem em excesso de tempo aqui - só pode ser-lhes concedido um período de permanência de dois dias na sua segunda entrada em macau.

Recorde-se que uma das justi-ficações para a diminuição deste período a partir de Julho de 2014 foi a de que muitos cidadãos chineses vinham para o território alegadamente em trânsito, mas acabavam por ficar por cá para jogar nos casinos.

Flora Fong [email protected]

Joana Freitas [email protected]

“Como é que o Governo pode voltarà situação original de repente e deixar sabersó através de comunicado, sem explicar bem?”eLLa Lei deputada

O Governo recuou: afinal os portadores de passaporte chinês podem ficar por cá sete dias em trânsito. Uma medida implementada precisamente para contrariar uma tendência ilegal, mas que agora é retirada sem sequer se darem detalhes, como critica ella lei

5 políticahoje macau quinta-feira 2.7.2015

Sou Ka Hou confirmou ao HM que os novos exemplares já se encontram em macau, depois de terem sido impressos na vizinha hong Kong. “Resolvemos divul-gar a data de lançamento do livro

só depois da chegada dos livros na sua forma física, por forma a evitar o que aconteceu antes”, disse o presidente da ANm.

sou Ka hou referiu que “felizmente” houve várias edi-toras que o contactaram após o desaparecimento das obras, por forma a apoiar o lançamento da obra não apenas em macau como em territórios vizinhos.

Boas PersPectivas“Ao longo deste tempo tivemos dificuldades em encontrar edi-toras de macau que quisessem publicar o livro. finalmente conseguimos ter a ajuda de edi-

toras e imprimimos 1200 livros, sendo que já temos pré-reservas locais para mais de 300 livros. Prevejo que a venda dos livros seja boa, porque vão ser vendidos nas principais livrarias de macau, hong Kong e Taiwan, apesar de ainda termos de confirmar a lista”, referiu ao hm.

Recorde-se que mil exempla-res deveriam ter sido apresenta-dos no passado dia 25 de maio, a data em que a manifestação aconteceu nas ruas de macau e junto à Assembleia legislativa (Al), de onde a proposta de lei acabaria por ser retirada. À data, sou Ka hou acusou as autorida-des chinesas de terem confiscado os livros, depois de ter sido en-comendada a encadernação dos livros no continente.

Flora [email protected]

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6 publicidade hoje macau quinta-feira 2.7.2015

ANÚNCIO【N.º 45/2015】

Para os devidos efeitos vimos por este meio notificar o representante do agregado familiar da lista de candidatos a habitação social abaixo indicado, no uso da competência delegada pela alínea 12) do n.º 3 do Despacho n.º 06/IH/2015, publicado no Boletim Oficial da RAEM, n.º 7, II Série, de 18 de Fevereiro de 2015 e nos termos do n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro:

Nome N.º do boletim de candidatura

CHEONG VANG 31201301295

Após as verificações deste Instituto, notamos que o total do rendimento mensal do agregado familiar de candidatos a habitação social acima mencionado ultrapassa o valor constante da tabela I do n.º 1 do Despacho do Chefe do Executivo n.º 179/2012, alterado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 1/2015 e o representante do agregado familiar acima mencionado não apresentar os documentos mencionados no prazo fixado, pelo que, este não reúne os requisitos exigidos para a candidatura, nos termos da tabela I do n.º 1 do Despacho do Chefe do Executivo n.º 179/2012, alterado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 1/2015 e do n.º 3 do artigo 9.º do Regulamento de Candidatura para Atribuição de Habitação Social, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 296/2009.

De acordo com os artigos 93.º e 94.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, deve apresentar, por escrito, a sua contestação e todas as provas testemunhais, materiais, documentais ou as demais provas, no prazo de 10 dias, a contar da data de publicação do presente anúncio. Se não apresentar a contestação no prazo fixado ou a mesma não for aceite por este Instituto, a respectiva candidatura será excluída da lista geral de espera por IH, nos termos dos artigo 5.º, nº 3 do artigo 9.º, alíneas 1) e 2) do artigo 11.º do Regulamento de Candidatura para Atribuição de Habitação Social, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 296/2009.

No caso de dúvidas, poderá dirigir-se ao IH, sito na Travessa Norte do Patane, n.º 102, Ilha Verde, Macau, durante as horas de expediente, ou contactar Sr. Wong através o tel. n.º 2859 4875 (Ext. 372), para consulta do processo.

O Chefe do Departamento de Habitação Pública,

Chan Wa Keong30 de Junho de 2015

Direcção dos Serviços de Identificação

AVISOAssunto: Actualização do registo dos dados dos membros

dos órgãos sociais da assocaiação

Nos termos da lei, após a constituição da associação, o órgão de administração deve realizar o registo dos titulares dos órgãos sociais na DSI e sempre que se verifique mudança dessas informações deve ser procedida a actualização dos registos na DSI, no prazo de 90 dias.

Para pormenores, queira ligar para a linha de informação da DSI: 28370777.

AvisoFaz-se público que se acha aberto o concurso comum, de ingresso externo, de prestação

de provas, para o preenchimento de um lugar de técnico de 2.ª classe, 1.º escalão, da área de informática, da carreira de técnico, do quadro de pessoal da Direcção dos Serviços de Regulação de Telecomunicações (DSRT). Os respectivos detalhes constam do Boletim Ofícial da Região Administrativa Especial de Macau, n.º 26, II série, de 1 de Julho de 2015 e estão divulgados nas páginas electrónicas da DSRT (http://www.dsrt.gov.mo) e da Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública. Podem também ser obtidos na Divisão Administrativa e Financeira da DSRT sita na Avenida do Infante D. Henrique, n.os 43-53A, The Macau Square, 22.º andar, Macau.

Direcção dos Serviços de Regulação de Telecomunicações, aos 26 de Junho de 2015.

O Director dos Serviços,Hoi Chi Leong

Assine-oTelefone 28752401 | fax 28752405

e-mail [email protected]

www.hojemacau.com.mo

Page 7: Hoje Macau 2 JUL 2015 #3363

Novo membro no Conselhodos Magistrados JudiciaisIo Hong Meng acaba de ser nomeado para o Conselho dos Magistrados Judiciais, segundo despacho publicado ontem em Boletim Oficial (BO). Philip Xavier mantém-se como membro do Conselho, depois de Chui Sai On ter decidido renovar o cargo. As nomeações, assinadas pelo Chefe do Executivo, vigoram pelo período de três anos e foram feitas “sob proposta da Comissão Independente responsável pela indigitação dos candidatos ao cargo de juiz”, aponta o despacho do BO.

DSAL Acidentes podem ser reportados até cinco dias depois

Os serviços para os Assuntos Laborais (DsAL) anuncia-

ram ontem a possibilidade de reportar acidentes de trabalhos via internet, através do preen-chimento de um formulário. A DsAL sublinha, em comunicado, que “a participação dos acidentes de trabalho é um dever obriga-tório”, podendo agora ser feito através do website do organismo, no prazo máximo de cinco dias

úteis. Esta foi uma das alterações introduzidas com a revisão do Regime de Reparação dos Danos Emergentes de Acidentes de Tra-balho ou Doenças Profissionais, que anteriormente estabelecia um prazo máximo de participação de um acidente de 24 horas. Este continua a ser o período máximo, mas só em caso de internamento hospitalar ou morte do lesado. As-sim, todos os trabalhadores têm

até cinco dias úteis para reportar um acidente que tenham sofrido, podendo esta acção ser feita por um familiar.

No início deste ano, foram registadas três mortes em me-nos de um mês em estaleiros de obras de construção, tendo a mais recente sido de um homem de 40 anos, nos estaleiros do hotel Hollywood Roosevelt, no Cotai. A morte de construtores civis tem

sido um flagelo na RAEM, com uma série de mortes registadas ao longo dos anos. só em 2010, a DsAL registou quase 350 aci-dentes de trabalhos e um total de 12 mortes.

S ãO pequenos sinais de fumo para um projecto cheio de atrasos. Até fi-nais deste ano a principal

estrutura do metro ligeiro na Taipa deverá ficar concluída, garantiu ontem o novo coordenador do Gabinete para as Infra-estruturas de Transportes (GIT), Ho Cheong Kei.

“A nossa previsão é que este ano a estrutura principal da linha da Taipa possa ficar concluída, porque a qualidade das peças do metro não passou no exame e isso atrasou o progresso. Já nos atrasámos mais de seis meses em relação a outros segmentos, sendo que alguns aspectos podem ser melhorados através do investimento em mais recursos humanos”, explicou o coordenador à margem da cerimó-nia de tomada de posse do cargo. Ho Cheong Kei confirmou ainda que já já foram adjudicados “nove mil milhões de patacas para a linha da Taipa”.

Raimundo do Rosário, se-cretário para as Obras Públicas e Transportes, referiu aos jornalistas

GIT PArtE dO MEtrO nA tAIPA COnCluídA EStE AnO

Uma manta de retalhos

que a atenção do Executivo está agora virada para o segmento da Taipa, não existindo ainda um calendário para a ligação com a península de Macau.

“Como o secretário disse, em primeiro lugar é preciso in-vestir todos os recursos na linha da Taipa, para a estender até à

península, e estamos a fazer o trabalho do projecto. Prevemos no quarto trimestre concluir os trabalhos desse projecto. É certo que temos dificuldades na rede de construção da Barra e já fizemos alguns trabalhos preparatórios”, adiantou ainda o coordenador do GIT.

No seu discurso, Ho Cheong Kei prometeu liderar uma equipa “para continuar a superar as dificul-dades, executar bem os trabalhos de construção do metro e aumentar a eficácia”.

Parque de materiais sem solução Para se avançar com o metro, tanto na Taipa como em Macau, é necessário primeiro resolver a cessação do contrato com o em-preiteiro responsável pelo parque de materiais e oficinas, peça fun-damental de todo o projecto. Em seis meses, ainda não foi tomada nenhuma decisão.

“Não está resolvido ainda, mas também não se vai avançar para tribunal. Os dois advogados continuam a discutir e estamos à espera. Se me pergunta, prefiro que não se avance para tribunal”, disse Raimundo do Rosário.

Já Ho Cheong Kei prefere manter essa possibilidade em aberto. “Acredito que se não con-seguirmos chegar a um consenso poderemos recorrer à via judicial para resolver este problema. É preciso concluir primeiro o parque de materiais e oficinas para que o metro ligeiro entre em funciona-mento”, concluiu.

andreia sofia [email protected]

7Sociedadehoje macau quinta-feira 2.7.2015

Na tomada de posse do coordenador do Gabinete para as Infra-estruturas de Transportes, foi garantido que até Dezembro a principal estrutura do metro ligeiro na Taipa fica concluída. seis meses depois, o caso do parque de materiais e oficinas continua sem solução e poderá não avançarpara tribunal

“Traçado elevado marginal” ganha mais voTosEstá concluída a terceira fase de consulta pública sobre o segmento norte do metro ligeiro. Com três propostas em análise, Ho Cheong Kei referiu que “o traçado na marginal ganha um maior apoio da população”. “Estamos à espera de uma análise final dos resultados e vamos divulgar em breve ao público”.

macau “com excessode deparTamenTos públicos”Raimundo do Rosário garantiu que a segunda fase de reestruturação dos serviços da sua tutela terá lugar em 2016, tendo referido que Macau tem excesso de departamentos públicos. “Temos duas hipóteses: ou criamos mais serviços de menor dimensão ou reduzimos os serviços. A reestruturação orgânica não é uma tarefa fácil e temos primeiro de resolver a questão dos recursos humanos, serviços e depois temos de ter em consideração os procedimentos”, referiu.

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Saúde Serviços do Kiang Wuda Taipa deixam de abrir 24 horasOs serviços do Hospital Kiang Wu da Taipa passam a estar abertos apenas durante o dia a partir de hoje. A confirmação foi feita ao HM, depois de contactado o pessoal de atendimento ao cliente do hospital, que explicou que o horário de funcionamento do Hospital Kiang Wu da Taipa vai ser alterado. A partir de agora, não são dadas consultas desde a meia-noite até às 8:00 de manhã do dia seguinte, sendo que também não será permitido aos pacientes tirar senhas a partir das 23h00. Recorde-se que, antes da alteração, o hospital oferecia serviços ambulatórios gerais durante o período nocturno. Ao HM não foi possível apurar a razão para a decisão.

Saúde Governo dá maiS de 16 milhõeS a aSSociaçõeS

Daqueles cursos que valem ouroO s serviços de saúde (ss) con-

cederam, entre Janeiro e Março deste ano, mais de 16 milhões

a associações locais para serviços e equipamentos de cuidados de saúde.

Tal como em 2014, também este ano foram a FAOM e a Associação Tung sin Tong que mais dinheiro arrecadaram. A primeira teve direito a 4,7 milhões de patacas em forma de financiamento para o seu Centro de Recuperação e a Tung sin Tong arrecadou, dos ss, 5,8 milhões destinados aos serviços de consultas externas e estomatologia para crianças. A Cruz Vermelha conseguiu mais de um milhão de patacas para o serviço de transporte de doentes, enquanto a

Special Olympics beneficiou de 1,1 milhões de patacas para a realização de actividades. Embora a soma total de financiamento atribuída pelos SS às mais de 65 associações tenha sido maior em 2014 do que este ano, a FAOM e a Tung sin Tong conseguiram mais dinheiro do que há um ano.

Outras práticasJá para o segundo curso de “prática avançada de medicina clínica”, que teve lugar de Janeiro a Fevereiro e se destinou aos profissionais em funções em várias clínicas de 66 associações, foram gastos mais de 1,296 milhões de patacas. O montante investido na prática

de exames de rastreio da Síndrome de Down para mulheres grávidas rondou as 297,5 mil patacas. Estes subsídios foram dados às mulheres que não con-seguiram, recorde-se, fazer os exames no hospital público.

Entre os colectivos beneficiários estão ainda a Federação das Associações dos Operários de Macau, a Aliança do Povo de Instituição de Macau, a santa Casa da Misericórdia e a Cáritas. No ano passado, os ss gastaram quase 38,822 milhões na atribuição de subsídios a associações, igualmente distribuídos durante os primeiros três meses do ano.

Leonor sá [email protected]

medicina chineSa NOvO iNsTiTuTO pARA pROMOçãO NO OcideNTe

Uma ponte linguística

M ACAu é um ponto altamente estratégi-co e um mediador de excelente entre

a China e os Países de Língua Portuguesa (PLP). Esta é a ideia defendida por Frederico Carvalho, director de operações do Instituto de Medicina Tradicional (IMT), entidade privada criada no mês passado e sediada nas instalações do Instituto de Promoção do Co-mércio e do Investimento (IPIM). O objectivo é simples: promover a Medicina Tradicional Chinesa nos PLP, aproveitando as capacidades de Macau.

“Enquanto países de Língua Portuguesa, dada a existência de Macau, é um erro estratégico não aproveitar essa raridade. Portan-to se há interesse por parte do Governo Central em globalizar a

Medicina Tradicional Chinesa e se há um interesse nos PLP em fazer desenvolver a sua própria medicina tradicional e se há uma língua que une 280 milhões de pessoas, então é um absurdo não utilizar os PLP

através de Macau para fazer com que aquilo que é um conhecimento milenar chinês chegue ao Ocidente e vice-versa”, argumentou Frede-rico Carvalho, ontem.

Pretende-se por isso potenciar “aquilo que já é tradicional, já existe, já chega às populações e aos terapeutas”, diz um dos três sócios do IMT, primeira entidade internacional a ter uma parceria es-tratégica com o Parque Cientifico e Industrial de Medicina Tradicional Guangdong - Macau.

china nO MundO A garantia é dada por Frederico Carvalho aos jornalistas: a medicina tradicional não será alvo de moder-nização. “Aquilo que o Ocidente procura na medicina tradicional chinesa não é um novo produto farmacêutico, é a cultura, aquilo que é milenar, é a forma como [a me-dicina tradicional chinesa] entende o ser humano, é a forma integrada sócio-cultural-biofísica (…). O que o Ocidente quer são novas formas de entender a saúde humana, novas formas de poder ser mais saudável”, argumentou Frederico Carvalho. “A ideia é aprender em conjunto, trabalhar em conjunto”, rematou.

O responsável esteve presente num intercâmbio organizado pelo Fórum Macau, que terminou ontem e serviu para assinar um acordo para a criação de um Centro de Cooperação Internacional para a promoção da Medicina Tradicio-nal, que pretende promover os vá-rios tipos de medicina tradicional entre a China e os PLP.

Filipa araú[email protected]

Macau vai servir para promover a Medicina Tradicional Chinesa nos Países de Língua Portuguesa, através do IMT, a primeira entidade internacional a assinar com o Parque Cientifico e Industrial de Medicina Tradicional Guangdong – Macau. A intenção é levar esta vertente da medicina ao Ocidente, para que se transforme numa medida complementar da medicina convencional

8 sociedade hoje macau quinta-feira 2.7.2015

“Se há uma língua que une 280 milhões de pessoas, então é um absurdo não utilizar os PLP através de Macau para fazer com que aquilo que é um conhecimento milenar chinês chegue ao Ocidente e vice-versa”Frederico carvalho director de operações do instituto de medicina Tradicional

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A Associação Comercial Geral dos Chineses de Macau sugere que o Governo crie uma “lei básica das relações laborais”, elaborando

critérios diferentes para empresas de diferentes escalões. O presidente desta Associação é o de-putado da Assembleia Legislativa Kou Hoi In.

Segundo o Jornal Ou Mun, Kou, durante um seminário sobre a revisão da Lei das Relações Laborais, foi dito que cada sector laboral tem um modelo de funcionamento próprio, consideran-do que não é benéfico para a evolução social e da economia que os departamentos do Governo, as empresas privadas, as operadoras de Jogo e as PME utilizem todos o mesmo modelos para resolver as questões dos trabalhadores.

Diversificar é preciso“Macau tem uma economia de indústria de serviços e muitos sectores funcionam 24 horas por dia. O Governo tem falado na diversificação da economia, no entanto, no que toca às leis das relações laborais não parece haver espaço de manobra nem de consideração destas serem diversificadas”, lamentou o presidente.

Kou considera que o Governo pode imple-mentar uma “Lei Básica das Relações Labo-rais”, sob um quadro básico e principal, mas com critérios distintos para empresas privadas e públicas, não esquecendo as condições de recrutamento, também elas devendo depender do tipo de empresa em questão. No que toca à Lei da Contratação de Trabalhadores Não Residentes – que também esteve em discus-são no seminário da passada terça-feira –, o também deputado considera que a revisão devia compreender a contratação de TNR que distinga a de empresas e de empregadas domésticas.

flora [email protected]

Relações laboRais AssociAção sugere criAção de “Lei BásicA” pArA trABALho

Para saber distinguir

9 sociedadehoje macau quinta-feira 2.7.2015

pub

Jogo Receitas comquebra de 36,2% os casinos fecharam Junho com receitas brutas de 17.355 milhões de patacas, uma queda de 36,2% face ao período homólogo de 2014, o pior mês desde setembro de 2010. dados oficiais publicados na página electrónica dos serviços de inspecção e coordenação de Jogos indicam que as receitas acumuladas no primeiro semestre do ano totalizaram 121.645 milhões de patacas, menos 37% do que no primeiro semestre do ano passado. As receitas dos casinos cumprem assim o 13.º mês consecutivo de quedas homólogas.

Wynn Cotai Empresaque terá pedido pagamento por lote dissolvidaA tien chiao entertainment and investment Limited terá sido dissolvida. A empresa que alegadamente exigiu o pagamento de 50 milhões de dólares americanos à Wynn para ficar com o lote onde a operadora constrói agora o novo empreendimento, no cotai, pediu a “dissolução e extinção pelo encerramento de liquidação”. de acordo com a página cotai Land deal – que se dedica a investigar sobre o assunto e que pertence à união dos engenheiros operacionais do Nevada (iuoe, na sigla inglesa), accionista da Wynn – a empresa foi já dissolvida em Maio. A iuoe diz ter encontrado o anúncio da dissolução da empresa no registo comercial de Macau. recorde-se que a Wynn terá alegadamente que ter pago à empresa de pequim para conseguir ficar com o terreno que tem actualmente no cotai. o comissariado contra a corrupção está a investigar o caso.

Tabaco Operadoraspedem estudo sobre impacto de proibição totalAs operadoras de jogo querem um estudo sobre o impacto que a proibição total do fumo nos casinos pode ter na economia local. em comunicado conjunto, as operadoras apelam à Assembleia Legislativa e aos departamentos governamentais para realizarem um estudo que avalie “em profundidade” os “impactos” da medida na economia, depois do governo ter anunciado que vai mesmo avançar com a revisão da lei, proibindo até a existência das salas de fumo. As operadoras defendem que a manutenção destas salas deve ser a alternativa.

Patrões descontentes com revisãoda Lei LaboraLA Associação Comercial de Macau (ACM), composta por alguns deputados que são também empresários e que representa o patronato no Conselho Permanente de Concertação Social (CPCS), está contra o rumo de revisão que está a ser tomado na Lei das Relações Laborais. Segundo o Jornal Tribuna de Macau, que cita a TDM, a ACM não concorda com a “revisão parcial” do diploma e exige uma mudança de maior envergadura, uma vez que o novo articulado “está absolutamente inclinado para a parte laboral”.

“No que toca às leis das relações laborais não parece haver espaço de manobra nem de consideração destas serem diversificadas”Kou Hoi in Presidente da associação Comercial Geral dos Chineses de Macau

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10 hoje macau quinta-feira 2.7.2015eventos

À venda na Livraria Portuguesa Rua de S. domingoS 16-18 • Tel: +853 28566442 | 28515915 • Fax: +853 28378014 • [email protected]

Concerto LMA acolhe banda canadiana BRAIDS

A banda canadiana em ascensão BRAIDS vai

dar um concerto no próxi-mo dia 10 de Julho, na Live Music Association (LMA). Em palco vai poder ouvir-se Raphaelle Standell, Austin Tufts e Taylor Smith, que dá a voz pelo colectivo.

Naturais de Montreal, os três cantores começaram por ser amigos em Cargary, no Quebeque. A LMA tem vindo a acolher uma série de concertos do género, onde imperam uma vertente de música experimental e influências indie e rock al-ternativo. Desta feita, vêm a Macau BRAIDS, banda de art rock, que lançou o seu primeiro álbum em 2011, de-

nominado “Native Speaker”. Este disco venceu mesmo o prémio Polaris Music no mesmo ano, tendo a banda lançado os seus outros dois discos em 2013 e em Abril deste ano. “Deep in the Iris” – o mais recente – distingue--se por uma série de músicas levemente electrónicas, mas

de clara batida de rock, onde a bateria desempenha o papel principal. A crítica musical descreve Native Speaker como tendo fortes influên-cias de bandas como Animal Collective ou Arcade Fire.

O concerto acontece às 21h30 e os bilhetes custam 120 patacas.

A Companhia de Electricidade de Macau organiza até Setembro o

Concurso de Fotos Instan-tâneas sobre Poupança de Energia. A ideia é encorajar os cidadãos a identificar situações de poupança de

CEM Lançado concurso de fotos sobre economia de energia

No poupar é que está o ganhoDe agora até Setembro, habilite-se a ganhar prémios: só precisa de poupar energia e mostrar como o faz, diz a CEM

energia no seu quotidiano, a fotografá-las e a ganhar pré-mios, de forma a que também se apercebam da necessidade de se poupar luz.

“Uma pequena mudança pode fazer uma grande dife-rença para a Terra. Recordar os momentos fotografados instantaneamente através do telemóvel e imediatamente partilhá-los através das re-des sociais tornou-se num dos meios de comunicação na sociedade moderna. [O

concurso serve] para permitir que os cidadãos de Macau se consciencializem sobre a pou-pança de energia e entendam a importância de se preservar os recursos”, adianta a empresa em comunicado.

As fotos a concurso de-verão estar relacionadas com o conceito de poupança de energia e poderão ser tiradas através de telemóvel ou câma-ra fotográfica. Os participantes deverão colocar as fotos na página de fãs da CEM no Face-

a gRande aRTe • Rubem Fonseca«O assassinato de duas prostitutas, no Rio de Janeiro, que, de início, parece obra de um maníaco sexual, abre uma caixa de Pandora de onde vão brotando, no decorrer de uma ação trepidante, as complexas ramificações de um tenebroso sindicato do crime. A história passa-se em boîtes e bares sórdidos, em sumptuosas mansões do Rio, em vilarejos da fronteira entre a Bolívia e o Brasil, onde reinam a cocaína e o crime, bem como na interminável viagem de um comboio que percorre metade do Brasil com couchettes que rangem sob o peso de casais fazendo sexo.» (Do posfácio de Mario Vargas Llosa).

Projeto oPrah - um ano a viver segundo os conseLhosda mulheR maiS inFluenTe do mundo • Robyn okrantOprah Winfrey: provavelmente a mulher mais rica, mais influente e mais conhecida do mundo. As suas recomendações, sugestões e conselhos são seguidas tão lealmente pelo seu público que quase se impõe perguntar: será possível seguir à letra tudo o que é uma «sugestão de Oprah»? Foi esta questão que ocorreu a Robyn Okrant, espectadora casual do programa de Oprah Winfrey. Sempre disposta a desafiar-se e dotada de uma curiosidade infindável, Robyn passou o ano de 2008 a dedicar-se a uma experiência invulgar: seguir o mais fielmente possível todos os conselhos oferecidos pela rainha dos talk-shows.

FotograFia artista dE siNgapura ExpõE Na FrC

De flores e imagens

Y VONEE Ng apresen-ta, a partir da próxima semana na Funda-

ção Rui Cunha, a exposição “Inflorescence”. A fotógrafa de Singapura reúne numa mostra cerca de uma dezena de fotografias que captam especificamente flores frescas. A exposição pode ser visitada de 7 a 25 de Julho.

Yvonne Ng nasceu numa família apaixonada já por si

pela arte de fotografar. Li-cenciada em três diferentes cursos - Design, Artes Vi-suais e Fotografia -, Yvonne Ng venceu ainda prémios internacionais, por exemplo cinco prémios na competição de fotografias Prix De La Photographie Paris, um dos eventos mais importantes ao nível da fotografia.

A fotógrafa da Singapura mudou-se depois para a cidade

americana de Nova Iorque, onde começou a sua carreira profissional, fotografando para revisitas famosas como a “Vogue”, “Glamour”, “Tra-vel and Leisure” e “Style”, enquanto tirava ainda o curso de mestrado de Cinema na The City College of New York.

Em cooperação com a ar-tista Flávia Cardoso, Yvonne Ng expõe agora em Macau oito fotografias de flores frescas, cuja ideia, salienta a organização, é a de que as imagens foram “congeladas no tempo” e os autores “cap-taram precisamente a beleza das flores”.

O organizador principal da exposição é a Associação de Comunicação de Culturas e Artes Yu Yi, a qual se tem dedicado à promoção da arte e cultura em Macau, tendo já realizado diversas actividades. “Inflorescence” tem ainda apoio do Instituto Cultural (IC) e da Fundação Rui Cunha. O evento de inau-guração começa às 18h30 do dia 7 de Julho e a mostra, de entrada livre, fica exposta até dia 25 de Julho.

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11 eventoshoje macau quinta-feira 2.7.2015

Urtiga

Paula BichoNaturopata e Fitoterapeuta • [email protected]

hoje na chávena

Nome botânico: Urtica dioica L.Família: Urticaceae.Nomes populares: Ortiga; Ortigão; Urtiga--maior; Urtigão.

Planta das regiões temperadas de todo o mundo, a Urtiga prefere os locais húmidos e sombrios na proximidade das zonas habitadas. Sobejamente conhecida pela reacção que causa ao toque, esta erva apre-senta folhas compridas de bordos serrados e diminutas flores verde-claras agrupadas em panículas; encontra-se coberta de pelos urticantes. O seu nome botânico, Urtica, provém do latim, urere, que significa arder, numa alusão ao ardor que a pele sofre em contacto com o seu inócuo veneno.Famosas ficaram as urticações, uma prática já conhecida dos antigos Gregos, em que se vergastava ligeiramente uma parte do corpo com ramos de Urtigas recentemente colhidas, proporcionando uma sensação de calor duradouro e, com isto, obtendo-se efeito terapêutico. Já Laguna, médico espanhol do século XVI, referia que as suas folhas podiam excitar à luxúria. Em fitoterapia são usadas as folhas ou partes aéreas floridas.

COmPOSIçãOFlavonoides, carotenoides, fitosterois, áci-dos orgânicos, vitaminas e sais minerais; clorofila em abundância; mucilagens, tani-nos e nitratos. Os pelos urticantes contêm acetilcolina, histamina, serotonina e ácido fórmico, responsáveis pela sensação de picada. Sabor agradável.

ACçãO tErAPêUtICADiurética e depurativa, a Urtiga alcaliniza o sangue, facilitando a eliminação dos resí-duos ácidos do metabolismo, como o ácido úrico e a ureia; é ainda anti-inflamatória e analgésica. tem sido usada nas inflamações das vias urinárias, cálculos renais, pros-tatites, hiperplasia benigna da próstata, reumatismo articular e muscular, artritismo e gota. Estudos realizados em pacientes com artrite, artrose ou outros transtornos reumáticos comprovam a sua eficácia e boa tolerabilidade.remineralizante e tonificante, a Urtiga é empregue na desnutrição, convalescença e esgotamento. Estimula a produção de eritró-citos e hemoglobina combatendo a anemia. Nos diabéticos, baixa o nível de açúcar no

sangue. Aumenta as defesas imunitárias e impede a formação de antigénios, atenuando os sintomas das alergias. Combate diarreias, disenterias, gastrenterites e colites.

OUtrAS PrOPrIEDADESPlanta de múltiplos usos externos, a Urtiga suaviza, limpa, regenera e embeleza a pele; tonifica os tecidos, melhorando a sua con-sistência e elasticidade, e tem actividade antioxidante. Está indicada na pele inflamada, erupções cutâneas, picadas de insectos, varizes, eczema, psoríase, acne, urticária e afecções seborreicas da pele. É ainda usada no endurecimento das unhas e queda do cabelo. Os benefícios das urticações, para tratar a dor e a falta de flexibilidade das ar-ticulações reumáticas, foram já confirmados em estudos clínicos.

COmO tOmAr• Uso internoInfusão: 2 colheres de sobremesa por cháve-na de água fervente, 10 minutos de infusão. tomar 3 ou mais chávenas por dia.Em ampolas, xarope, tintura, cápsulas ou comprimidos, em simples ou em fórmulas para as mais diversas afecções. tomar de acordo com as indicações da bula.As folhas, os rebentos e os talos tenros podem ser ingeridos como alimento: em saladas, omeletes, sopas ou como acompanhamen-to, como se fossem Espinafres. Doze horas depois de colhida (usar luvas), perde o seu efeito urticante tornando-se aveludada.• Uso externoInfusão: Aplicar na região afectada como loção ou em compressas.Decocção: 50 gramas para 250 ml de água. Em lavagens ao cabelo.

PrECAUçõESA planta recente é muito irritante sobre a pele. A Urtiga é uma planta segura, no en-tanto, a sua administração em preparações deve ser evitada durante a gravidez e lac-tação. Contra-indicada em caso de edemas provocados por insuficiência cardíaca ou renal. Pode provocar descompensações em doentes com hipertensão, cardiopatias, insuficiência renal ou diabetes, pelo que pode ser necessário ajustar a dose da medicação. Pode provocar perturbações gastrintestinais ou erupções cutâneas alérgicas. Em caso de dúvida, consulte o seu profissional de saúde.

IPoR apresenta hoje livro de Sophia de Mello Breyner O Instituto Português do Oriente (IPOR) lança hoje a antologia bilingue “Viver em Pleno Vento”, que reúne 60 poemas, em Português e Chinês, da autora Sophia de Mello Breyner. O lançamento acontece hoje pelas 18h30 numa sessão que irá acontecer no Café Oriente do IPOR. Com prefácio de Ana Paula Laborinho, a obra integra ainda a reprodução de oito gravuras do artista Ye Huiling, que representam a leitura efectuada pelo pintor de poemas por si seleccionados, bem como um trabalho gráfico sobre uma esfinge de Sophia de Mello Breyner (na capa), da autoria de Yuan Mu. Prémio Camões em 1999 e Rainha Sofia, em 2003, entre outras grandes distinções e prémios, Sophia de Mello Breyner será relembrada por Fernando Sales Lopes, que apresentará “Em Pleno Vento”, juntamente com Yao Jing Ming, responsável pela tradução.

CEM LAnçAdO COnCuRSO dE FOtOS SOBRE ECOnOMIA dE EnERgIA

No poupar é que está o ganhobook “Macao Energy Saving Contest” em www.facebook.com/energysavingmacao, com uma legenda com menos de 50 caracteres chineses ou cem pa-lavras em inglês por cada foto.

Após fazer o upload das fotos, o participante poderá partilhá-las na sua página pessoal no Facebook para receba mais “likes”.

“LIkES” DãO PrÉmIOO vencedor da “A Minha Eco--Foto Favorita”, que obtiver o

maior número de “likes”, será premiado com um relógio da Apple. Além disso, três de entre todos os votantes ganha-rão um prémio pecuniário de mil patacas cada, sendo estes apurados através de sorteio.

Não há restrições quanto ao limite de participações, mas são aceites apenas par-ticipações individuais. Os prémios incluem valores pecuniários entre as três mil e as seis mil patacas para os vencedores do concurso geral.

O Concurso de Fotos Ins-tantâneas sobre Poupança de Energia da CEM tem início agora e termina a 15 de Setem-bro, enquanto que a votação do público no Facebook também termina a 30 de Setembro.

Os resultados serão anun-ciados na página de Internet da CEM no dia 20 de Outubro de 2015. A Associação de Foto-grafia Digital de Macau e a As-sociação de Salão Fotográfico de Macau foram convidadas como co-organizadores.

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M ilhares de pessoas reivindicaram ontem o sufrágio universal em hong Kong, na

tradicional manifestação para as-sinalar o aniversário da transição para a China, que este ano registou uma adesão bastante menor que no ano passado.

De acordo com agências interna-cionais e a imprensa de hong Kong, a Frente Civil para os Direitos huma-nos, que organiza a marcha anual do 1 de Julho, data da transferência da soberania de hong Kong do reino Unido para a China, tinha prevista a participação de 100.000 pessoas na manifestação que este ano decorreu sob o lema “construir a democracia, recuperar o futuro”.

Os números da participação na marcha não eram conhecidos até às 19:00 locais, mas de acordo com a rádio e Televisão Pública de hong Kong (rThK), a multidão nas ruas este ano era visivelmente menor comparando com as 510.000 pes-soas estimadas no ano passado.

“O mais importante é expressar a desaprovação (ao governo) de hong Kong e ao governo comunista (Pequim) por suprimir as liberdades do povo chinês e exigir verdadeiras eleições para a população de hong Kong”, disse à aFP o manifestante Wong Man-ying, 61 anos.

Não mata mas móiSete meses após o fim da ocupação das ruas iniciada pelo movimento pró-democracia ‘Occupy’, era es-perada uma menor adesão à mani-festação, que desde 2003 percorre o trajecto entre o Parque Vitória e a sede do governo, na cidade politicamente dividida, com activistas a admitirem que o cansaço se instalou.

“Todos esperam uma menor participação do que no ano pas-sado, o movimento popular não é o mesmo”, reconheceu Johnson

a China tenciona investir cerca de 588.000 milhões de euros

no desenvolvimento de energias re-nováveis e tecnologias com baixo teor de carbono nos próximos 16 anos, índica o plano governamental divulgado hoje na imprensa oficial.

O plano, entregue na terça-feira ao secretariado da Convenção Qua-dro da ONU sobre alterações Climá-ticas, visa atingir em 2030 um corte de 65% nas emissões de dióxido de carbono da China em relação ao nível de 2005 e tendo em conta o índice de crescimento económico do país.

De acordo com o plano, até ao final da próxima década, a percenta-gem das renováveis na energia pri-mária do país deverá subir para 20%.

“Um crescimento das energias renováveis a esta escala e com este ritmo não tem precedentes no mun-do”, disse he Jiankun, director do instituto de económica com Baixo

Teor de Carbono da Universidade Qinghua, em Pequim.

O referido plano constitui o contributo da China para a Con-ferência da ONU sobre alterações Climáticas, marcada para o final deste ano em Paris.

Os objectivos enunciados são “baseados nas condições nacionais da China”, nomeadamente a sua “fase de desenvolvimento, estratégia de desenvolvimento sustentável e responsabilidade internacional”, afirma o governo.

Mais de 500 mil milhões para energias limpas

O Banco Mundial (BM) pediu ontem à China um “cuidado-

so equilíbrio” na hora de adoptar estímulos económicos a curto prazo, para evitar que se voltem contra as reformas estruturais que tem levado a cabo nos últimos meses.

a instituição, com sede em Washington, apresentou ontem em Pequim a actualização das suas perspectivas económicas sobre a segunda economia mundial, nas quais mantém a sua previsão de crescimento de 7,1% para este ano, de 7% em 2016 e de 6,9% em 2017.

O economista do BM autor do relatório, Karlis smits, disse em conferência de imprensa que a China dispõe de ferramentas para incentivar a actividade económica e proteger o emprego caso o ajuste provocado pelas reformas seja “demasiado brusco”.

Hong Kong Número de maNifestaNtes pela democracia a descer

Menos chapéus nas ruas

Yeung, da Frente Civil para os Direitos humanos.

a marcha decorreu duas sema-nas após o chumbo no Conselho legislativo (legCo) do plano de reforma política proposto pelo governo da região administrativa especial chinesa e apoiado pelas autoridades de Pequim.

a proposta dava, pela primeira vez, oportunidade a todos residentes

Banco Mundial pede “equilíbrio” entre reformas e estímulos

de hong Kong de em 2017 votarem nas eleições para o chefe do executi-vo, mas sob a condição de que todos os candidatos – dois ou três no máxi-mo – fossem pré-seleccionados por um comité conotado com Pequim.

O chumbo da proposta é visto como um desafio a Pequim e eleva as dúvidas sobre o desenvolvimen-to político da antiga britânica para os próximos anos.

Deputados pró-democracia tinham apelado à população para aderirem à manifestação de ontem para exercer pressão sobre o go-verno para que retome o processo de reforma eleitoral.

Fala o CheFeDurante a manhã, no discurso para assinalar o 18.º aniversário da transição de hong Kong para

a China, o chefe do governo, leung Chung-ying, sublinhou que os problemas da cidade não podem ser resolvidos unicamente pela instauração de um sistema democrático e afirmou que, agora que a reforma política foi rejeitada, o governo dará prioridade à luta contra os problemas da habitação e pobreza.

“agora que o sufrágio uni-versal para a eleição do chefe do executivo foi rejeitado, o Governo necessita do apoio e cooperação de toda a população se queremos impulsionar a economia e me-lhorar a vida dos residentes de Hong Kong”, afirmou o chefe do executivo, também conhecido por CY leung.

Na manifestação do ano pas-sado foram detidos mais de 500 manifestantes que se recusaram a abandonar o distrito financeiro de hong Kong, após um comício pró-democracia participado por milhares de pessoas.

“Há amortecedores suficientes e instrumentos tanto na política monetária como na fiscal, caso haja necessidade recorrer a eles. Porém, isto irá requerer um cui-dadoso equilíbrio para que esta gestão da procura a curto prazo não ‘descalce’ os esforços refor-mistas levados a cabo no último ano e meio”, afirmou Karlis Smits

O especialista do BM conside-rou “desejável” o abrandamento da economia chinesa, porque conduzirá a um novo modelo de crescimento “mais sustentável”.

apesar de os indicadores ma-croeconómicos publicados desde o início do ano, como o do comércio externo ou a inflação, evidencia-rem debilidades na economia do gigante asiático, o Banco Mundial não alterou a sua previsão de cres-cimento para a China.

assim, a previsão do BM continua a ser superior em uma décima ao crescimento de 7% registado no primeiro trimestre do ano – e que coincide com a preconizada pelo Governo chi-nês para 2015 –, fixando-se três décimas acima do prognóstico de 6,8% do Fundo Monetário internacional (FMi), que tende a ser mais conservador.

12 china hoje macau quinta-feira 2.7.2015

“O mais importante é expressar a desaprovação (ao governo) de Hong Kong e ao governo comunista (Pequim) por suprimir as liberdades do povo chinês e exigir verdadeiras eleições para a população de Hong Kong”Wong Man-ying Manifestante

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A China aprovou uma lei de segurança nacional que tem gerado contro-vérsia pela sua ampla

cobertura, já que abrange aspectos tão díspares como as finanças, a política, o Exército, a segurança cibernética, a ideologia e a religião. Cerca de dois meses depois das au-toridades chinesas divulgarem pela primeira vez a minuta da lei, o Comité Permanente da Assembleia Nacional Popular, o Legislativo chinês, decidiu aprovar a norma após três sessões de consultas, informou nesta quarta--feira a agência oficial “Xinhua”. A lei enfatiza a liderança do Partido Comunista da China (PCC) para esta-belecer um “sistema de segurança na-cional centralizado, eficiente e autori-tário”, apontou, por sua vez, o jornal independente de Hong Kong, o “Sou-th China Morning Post (SCMP)”. A minuta da lei que foi publicada em Maio também incluía a importância da segurança cibernética, enfati-zando que o Estado deve “proteger a soberania do espaço digital e seus interesses de desenvolvimento”. Por outro lado, a nova lei obriga os cidadãos de Hong Kong, Macau e Taiwan a proteger a soberania nacio-nal e territorial, em pleno momento de tensão entre a ex-colónia britânica - que ontem lembrou o aniversário do retorno de Hong Kong à China - e Pe-quim pela reforma eleitoral proposta

Lei de segurança nacionaL aprovada

Diploma para a vidaA lei enfatiza a liderança do Partido Comunista da China para estabelecer um “sistema de segurança nacional centralizado, eficientee autoritário”

pelas autoridades comunistas e rejei-tada pelo parlamento de Hong Kong. Além disso, há uma semana foram revelados novos detalhes da lei, como a inclusão da protecção das actividades chinesas no espaço, no fundo marinho e nas regiões pola-res, assim como a dos seus activos. Também foi revelado que a lei contempla a protecção do desenvol-

vimento científico e a cooperação internacional para preservar os bens chineses, quando o país insiste com outros para que colaborem com Pequim para deter e extraditar aqueles que o regime considera como transgressores da Justiça. Outra novidade anunciada então foi a de destacar que a “resposta e a defesa contra as ameaças nucleares devem

ser aumentadas”, apesar de China defender tradicionalmente o princí-pio de não iniciar um ataque nuclear e limita sua política neste sector a uma simples possibilidade de defe-sa, enquanto aumenta seu arsenal.

Receios inteRnacionaisPara alguns analistas e organi-zações, como a Amnistia Inter-

nacional, a lei gera o temor de que se limitem ainda mais as liberdades, já que praticamente qualquer aspecto da vida social e económica pode ser considerado assunto de segurança nacional. A ampla definição da segurança nacional está em linha com o expressado anteriormente pelo presidente da China, Xi Jinping, que chegou a declarar que esta inclui uma grande variedade de áreas, entre elas a política, a cultura, o Exército, a economia, a tecnologia e o meio ambiente. Além disso, Xi colocou-se à frente de uma Comissão Nacional de Se-gurança quando chegou ao poder em 2013, uma área que foi dele-gada a terceiros por presidentes anteriores.

pub

www. iacm.gov.mo

ANÚNCIO“Prestação de Serviços de Gestão e Limpeza de Sanitários Públicos

em Macau” Concurso Público

Faz-se público que, por autorização da Secretária para a Administração e Justiça, tomada no dia 8 de Junho de 2015, o IACM abre o concurso público para a “Prestação de Serviços de Gestão e Limpeza de Sanitários Públicos em Macau”.

O programa de concurso e o caderno de encargos podem ser obtidos, todos os dias úteis e dentro do horário normal de expediente, no Núcleo de Expediente e Arquivo do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), sito na Avenida de Almeida Ribeiro n.º 163, Macau.

O prazo para a entrega das propostas termina às 17:00 horas do dia 31 de Julho de 2015. Os concorrentes, ou seus representantes legais, devem entregar as propostas e os documentos no Núcleo de Expediente e Arquivo do IACM e prestar uma caução provisória no valor de MOP480.000,00 (quatrocentas e oitenta mil patacas). A caução provisória pode ser prestada na Tesouraria da Divisão de Contabilidade e Assuntos Financeiros do IACM, sita na Avenida de Almeida Ribeiro n.º 163, Macau, por depósito em dinheiro, cheque, garantia bancária, ou, por seguro-caução em nome do “Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais” ( o prazo de validade deve vigorar até o prazo determinado no artigo 19.º do Decreto-Lei n.º 63/85/M ou até a prestação da caução definitiva).

O acto público de abertura das propostas realizar-se-á no auditório da Divisão de Formação e Documentação do IACM (sita na Avenida da Praia Grande, n.os 762-804, Edf. China Plaza 6.° andar), pelas 10:00 horas do dia 5 de Agosto de 2015. Além disso, o IACM realizará uma sessão de esclarecimento que terá lugar às 10:00 horas do dia 7 de Julho de 2015 (terça-feira) na Divisão de Formação e Documentação do IACM.

Macau, aos 18 de Junho de 2015

O Presidente do Conselho de Administração

Vong Iao Lek

13 chinahoje macau quinta-feira 2.7.2015

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14 hoje macau quinta-feira 2.7.2015

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O periférico país que é Por-tugal tem cada vez mais o velado aspecto das «Ilhas do Encoberto» no imagi-

nário, neste caso, no nosso imaginário colectivo. Eram estas Ilhas levantes que emergiam do fundo oceânico nas noites de S.João por volta do Solstício, sendo um fenómeno inteiramente natural de-vido à actividade tectónica das placas neste momento do ano. Ora as popula-ções não tinham conhecimentos que tal as informasse e delas se criou um mito maravilhoso e terrível. Pessoa, sempre atento aos fenómenos do inconsciente colectivo e aos mistérios que o habita-vam, até escreveu um belíssimo poema em sua homenagem: “– não sei se é sonho se realidade se uma mistura de sonho e vida... aquela terra de suavidade que da orla esquerda do sul se olvida... é a que ansiamos…. aí, aí, o mal não cessa não dura o bem…. mas, aí, aí, meu ser é jovem e o amor sorri. Não é com Ilhas do Fim do Mundo nem com palmares de sonho ou não que cura a alma seu mal profundo e o bem nos entra no coração. É em nós que tudo”.

Qual «Jangada de Pedra», que nos parece um pouco a «Nau Catrineta» ou a «Arca de Noé», estamos expostos a todos os ataques de forma tão sóbria, quanto nós encobertos por densas ca-madas de doce alienação. Aqui mesmo ao lado, mais exactamente em Almaraz, a cem quilómetros com a fronteira por-tuguesa, a central nuclear mais antiga de Espanha acaba de ser chumbada pela área de energia nuclear da Greenpeace por inexistência das mesmas válvulas que permitiu o acidente em Fukushima. Foi a partir daqui que se exigiu que todas as autoridades reguladoras aderissem a este sistema com carácter de urgência. Mas outras falhas são mencionadas no inquérito, tal como o risco de actividade sísmica para o qual não está preparada, desenhando-se assim, um problema de primeiro plano, cuja gravidade de uma ameaça indelével é tanto maior que a Grécia, o euro e a senhora Barroso, e o senhor y, x e b, na medida em que, com Grécia, com ou sem senhora, se tudo re-bentar, também nada de relevante pode existir que valha a pena ser contado.

Chamados a manifestarem-se, os nossos queridos “hermanos” nem abri-ram a boca. Talvez até tivessem ali cons-truído estrategicamente, com os ventos voltados para soprar para estas bandas… os ventos são óptimas locomotivas e, assim, se livrassem potencialmente de algo de muito indesejável, em parte, pois ninguém fica a salvo. Séneca teria pensa-do próximo disto caso estivesse agora a

MAUS VENTOS E MAUS CASAMENTOS

escrever este estranho texto. Os cínicos são muito lúcidos e não vagueiam nesta beberagem dos “Amigos para sempre”, ou seja, estão-se nas tintas, passe a ex-pressão, para os seus vizinhos; nem um pedido de desculpa, ou uma desculpazi-nha de mau pagador, mau ventilador….

O Estado Português é um altar que ora está palrador, ora está devedor, ora está pleno de actividades paralelas, para chegar a tanta coisa, e certo anda que já ninguém se casa nem os ventos já puxam vela. No tempo dos Filipes, eles não en-saiariam em tê-la construído no estuá-rio do Douro para haver mais aragem. Talvez já nem existíssemos num ante-projecto de Solução Final.

O facto de Portugal não ter esta energia, e com a gravidade do que se passa, o país seria receptáculo de toda a radioactividade em caso de desastre. As prioridades do país, exactamente como a dos loucos, são aleatórias, dependen-do muito do entusiasmo do momento. Há o futebol, a Grécia, o euro, a crise, o Sócrates, os concursos, o Ambiente… –que é uma coisa que serve para ganhar ambiente – mas não há uma nítida per-cepção do que é uma prioridade, talvez porque esta paz amoleça a noção do in-dispensável e do acessório, ficando tudo confusamente misturado.

Este sim seria um tema para convidar os homólogos espanhóis, obrigando-os

a sentarem-se a uma mesma mesa, dis-cutindo em conjunto algo que afecta a todos e de forma urgente, grave, eficaz, mas a estrutura governativa que é uma coisa que está ali em funções de uma outra regência, quer esquecer o mau casamento com o país aqui do lado. E anda a vender coisas que se por acaso as válvulas não estiverem bem seguras lhes estragará o negócio. Portugal é isto: uma coisa meia à deriva, entre ventos e marés, acossado e sem soluções, que não seja o descolar pelo mar fora… ou sub-mergir como as Ilhas Encantadas.

Estes aspectos que estão unidos à so-berania precisavam de abordagens rápi-das, e os cidadãos deviam ser informados de forma digna e com a devida conside-ração, infelizmente, isso não acontece num labirinto de formas que se estreitam até ao estertor da insanidade.

Para que existe um Estado? Ninguém sabe. Ele tomou o papel do nosso guar-da-livros, e em matéria de soberania e defesa somos tão frágeis como entes isolados. Vivemos à beira de toda a in-digência, de todos os perigos e ouvimos diariamente discursos alucinantes acerca de assuntos que não interessam nada.

Mais uma vez os “maus ventos e os maus casamentos” podem trazer a morte. E não se trata da nossa, apenas, porque essa doravante será um bem para a Terra, mas para outros reinos, que são a vida no

AméliA VieirA

seu equilíbrio de forças. Isso pode acon-tecer a qualquer momento ou nunca mas para que nunca aconteça o melhor é pre-venir e não abrir um chapéu de chuva ao primeiro sinal de radioactividade. Ou as covas. Não estou a ver esta gente debai-xo de uma catástrofe. Morreriam todos de inanição e estupefacção e seria como a morte dos inocentes.

Os cérebros lusos funcionam mui-to de forma organizada, não existe a modalidade plural e, por isso, é fácil entretê-los fazendo-os olhar para um lado, e dizendo: é dali que há-de vir o Agamémnon e ali andam estonteados até à náusea a discutir o sexo do mons-tro e dos Anjos, quando um mais esperto desaperta as válvulas, estende as garras e vai polir o último metal. O Federalismo Europeu começará também com a po-lítica da terra queimada. Do Juízo em Chamas. Final.

Um suporte sem forma não nos cau-sará injúria, nós mesmos nos tornámos uma receita para a diluição, partimos da visão errónea de que para ser gran-de sê repartido e, neste lodaçal de coisas várias, tudo o que pode acontecer é a vitimação incrédula. Sabemos o quan-to o imprevisto é o que fundamenta a História e mesmo assim não acreditamos em “brujas, pero que las hay, las hay”. Chegados àquele ponto em que quem der um tiro para o ar fará uma Revolução, neste caso, quem deixar as coisas assim, fará ainda muito mais e pior, dado que as Revoluções com um só disparo para o ar até são bonitas. Com apreensão nos deitamos nestes tempos, debaixo de fac-tos inconclusivos, uns por não serem fac-tuais, outros porque nem lhes sentimos o pulso ameaçador. O Governo português foi a correr meter-se num lodaçal de ar-mas de destruição maciça, que afinal não havia, só para tirar uma foto ao lado de uns assassinos com poder, mas existem muito perto das suas janelas reais perigos que a visão esquemática não deixa ver. O rosto com que fita é uma Górgone que não se chama Portugal e o que ganhará a batalha será Perseu. Que por estas terras não existe e, aí sim, há que implorar ao Panteão Grego que nos anuncie rápido a sua vinda.

As grandes auto-estradas são veios por onde a morte célere e o tráfico ilíci-to há-de doravante passar à velocidade de um qualquer Ájax: aquele tornado branco, o mais Poderoso.

Todos os fantasmas são Brancos. E todos estão adormecidos, existin-

do como nunca, agora e aqui, a possi-bilidade de serem reais.

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15 artes, letras e ideiashoje macau quinta-feira 2.7.2015

O Amante é um romance tar-dio, data de 1984, no con-junto da obra de Marguerite Duras, que foi rapidamen-

te publicada em Portugal pela Difel em 1987, numa excelente tradução de Luísa Costa Gomes e de Maria da Piedade Fer-reira. Trata-se de uma obra autobiográfi-ca que retoma a trama da sua infância na Indochina, tema que Marguerite Duras inicia no seu romance Uma Barragem contra o Pacífico em 1950. Por outro lado retoma também a problemática do amor clandes-tino, ao qual voltará ainda uma derradeira vez em O Amante da China do Norte.

A acção situa-se na Indochina, onde Marguerite Duras vive com a sua mãe viúva e os seus dois irmãos. Pensionista do Liceu de Saigão tem 15 anos e meio quando conhece, numa das suas traves-sias habituais no batelão que atravessa o Rio Mékong, um jovem e rico banqueiro chinês. É esta personagem principal que é designada pela narradora, ao longo do romance, como “o Amante”.

Desde o início da história que o lei-tor se apercebe da grande atracção físi-ca que a jovem francesa desperta nele e que se vai transformar numa complexa e intensa relação amorosa, onde a paixão e o dinheiro se misturam, e onde ela se inicia na descoberta do amor físico. Re-lação condenada ao fracasso, desde logo porque “o Amante” é um homem com-prometido, mas sobretudo pelas diferen-ças sociais entre ambos: ele de condição social elevada e ela uma filha pobre das colónias, uma jovem a quem a mãe impe-le à prostituição e cujo vestuário, chapéu de homem, saltos altos e lábios pintados, contrasta com o vestuário sóbrio e púdico das outras personagens ocidentais do li-vro. Além das duas personagens centrais, o Amante chinês e a jovem francesa; a personagem da mãe e a dos dois irmãos importam pelas relações ambíguas que mantêm com a jovem menina.

“O Amante” é um romance sobre a paixão e, sobretudo, sobre a paixão físi-ca, mas não se esgota nela. É uma obra que trata das relações entre os membros da sua família, no ambiente hostil da In-dochina colonial nos primeiros anos do século XX. A transgressão social é talvez a sua principal mensagem.

Esta obra, Prémio Goncourt em 1984, vendeu mais de um milhão e meio de exemplares e está traduzida em quarenta e três línguas.

O Amante pretende ser uma celebra-ção, mas num autor como Duras nunca poderia ser uma celebração completa, por vários motivos aos quais não é estranho o

Uma profecia do passado

facto de o romance ser escrito numa altu-ra em que o pessimismo e a desilusão dei-xariam pouco espaço à celebração. Sendo assim, o romance é um romance de amor e de sensualidade, mas acompanhado de uma exasperação ontológica muito clara. Em boa verdade o romance é uma histó-ria de amor de uma adolescente mas ine-vitavelmente filtrado pelo pensamento e

experiência de uma mulher envelhecida. O romance é uma paixão inquieta, diz-se, mas a inquietude, penso, é em larga me-dida um condimento a posteriori. Tem-se enfatizado muito o facto de que há na vi-vência do amor da personagem, que não é outra senão a própria Duras, um pres-sentimento fatídico, o do seu esgotamen-to, da sua erosão antecipada. Talvez que a

autora queira atribuir à personagem uma lucidez, uma intuição própria das crianças e das crianças no feminino em particular, mas a verdade é que a própria Duras só agora a possui em pleno e portanto esse tipo de desencanto e perversidade são projectados. Não se pretende insinuar qualquer tipo de embuste no tratamento psicológico da personagem de quase de-zasseis anos, mas o que acontece é que a adolescente de dezasseis anos é a Mar-guerite Duras ela mesmo e as projecções são atribuições de si própria à luz de um autoconhecimento actual e retrospectivo. Qualquer autor procura o fio condutor da sua biografia, segundo uma lógica que confira uma linha de continuidade estru-tural, segundo uma lógica que oblitere os eventuais “égarements” dissociativos. É muito comovedor que a autora vislumbre no seu rosto os signos avant coureurs da sua decadência: “Agora vejo que muito jo-vem, aos dezoito anos, aos quinze anos, tive esse rosto premonitório daquele que ganhei depois com o álcool na meia-ida-de da minha vida… Tudo começou para mim desta maneira, por este rosto clari-vidente, extenuado, estes olhos pisados adiantados aos tempos, aos factos”. Esta procura de uma coerência evolutiva adi-vinhada na infância enquanto potência confere ao percurso a harmonia de uma necessidade, quase de uma fatalidade, mas em contrapartida, denega o princípio sagrado do livre arbítrio e da vida como contingência. Percebe-se contudo que o diagnóstico é auto reparador, para o bem e para o mal. A resignação é estóica, mas também desculpabilizadora. Se Margue-rite Duras tivesse escrito o Amante aos trinta anos teria com certeza escrito um romance muito diferente. Eu estou con-vencido que gostaria sempre mais deste que ela escreveu, pois a clarividência, esvaziada de qualquer retórica é, relativa-mente aos grandes sentimentos e grandes experiências, mais lúcida e até mais séria.

Será que não estamos apenas perante um pensamento retrospectivo, algo que se sente, mas iluminado por aquilo em que nos tornámos. Em boa verdade como disse magistralmente Javier Cercas no seu romance As Leis da Fronteira “somos todos muito bons a profetizar o passado”.

fichas de leitura* Manuel afonso Costa

Marguerite Duras e seu nome verdadeiro Marguerite Marie Donnadieu, nasceu a 4 de Abril de 1914 na cidade de Ho Chi Minh (Saigão) e faleceu em Paris a 3 de Março de 1996 com a idade de 81 anos. Filha de dois professores primários a trabalhar na Indochina, parte aos dezoito anos para Paris onde estuda Direito e Matemática. Liga-se durante a guerra à Resistência, e em 1943 publica Les Impudents, em 1944 A Vida Tranquila e Uma Barragem contra o Pacífico em 1950. Entre romances, peças de teatro, argumentos para cinema – dos quais Hiroshima mon amour (1959), dirigido por Alain Resnais, é o mais célebre – contam-se mais de 50 títulos. Outras obras suas foram adaptadas por outros realizadores de cinema como O Amante de Jean-Jacques Annaud, em 1992. Deixou-nos uma obra literária vastíssima e muito significativa no plano cinematográfico. No plano literário destaco: Les Impudents, Plon, 1943, La Vie tranquille, Gallimard, 1944, Un barrage contre le Pacifique (Uma Barragem contra o Pacífico), Gallimard, 1950, Le Marin de Gibraltar, Galimard, 1952, Moderato Cantabile, Les Éditions de Minuit, 1958, Le Ravissement de Lol V. Stein (O Deslumbramento de Lol V. Stein), Gallimard, 1964, Le Vice-Consul (O Vice-Consul), Gallimard, 1965, L’Amante Anglaise, Gallimard, 1967, India Song, Gallimard, 1973, L’Amant (O Amante), Les Éditions de Minuit, 1984, romance com o qual ganhou o Goncourt, La Douleur (A Dor), Pol, 1985, Les Yeux bleus, Cheveux noirs (Olhos azuis, Cabelos Negros), Les Éditions de Minuit, 1986, La Vie matérielle (A Vida Material), Pol, 1987, L’Amant de la Chine du Nord (O Amante da China do Norte), Gallimard, 1991, Écrire (Escrever), Gallimard, 1993. E no cinema, quer como guionista, quer como realizadora: Les Enfants (As Crianças) (1984), Il Dialogo di Roma (1982), L’Homme atlantique (1981), O Homem Atlântico, Agatha et les lectures illimitées (1981) - Agatha ou As Leituras Ilimitadas, Le Camion (O Camião) (1977), India Song (1975), Détruire, dit-elle (1969) - Destruir, Disse Ela. Moderato Cantabile (Duas Almas em Suplício) (1960).

Duras, Marguerite, O Amante, Difel, Lisboa, 1994Descritores: Romance, China. Vietnam, Literatura Francesa, ISBN: 972-29-0068-4, 98 p.:23 cm, Tradutores: Luisa Costa Gomes e Mariada Piedade Ferreira

Cota: 821.133.1-31 Dur

*No quadro da colaboração de Manuel Afonso Costa com a Biblioteca Central de Macau-Instituto Cultural, que consiste entre outras actividades no levantamento do espólio bibliográfico da biblioteca e na sua divulgação sistemática, temos o prazer de acolher estas “Fichas de Leitura” que, todas as quintas-feiras, poderão incentivar quem lê em Português.

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16 desporto hoje macau quinta-feira 2.7.2015

o Circuito Internacional de Zhuhai acolheu o primeiro dos dois Festivais de Corridas

de Macau de 2015, evento que contemplou as duas primeiras jornadas duplas do Campeonato de Macau de Carros de Turismo nas categorias AAMC Challenge e Macau Road Sport Challenge. Esta é a competição que apurará os pilotos locais para as corridas de suporte do 62º Grande Prémio de Macau.

Seis anos depois da última visita da caravana das corridas de carros de turismo da RAEM ao circuito que foi imaginado para um dia organizar o primeiro Grande Prémio da China de Fórmula 1, assistiram-se a boas corri-das, principalmente as de sábado, que mereciam outra atenção e público nas bancadas. Pilotos e máquinas foram postos à prova num fim-de-semana extremamente duro devido às altas temperaturas que se fizeram sentir nos três dias do evento e que tiveram reflexos negativos nas mecânicas das viaturas. Incólume a qualquer contra-tempo, Leong Ian Veng (Mitsubishi Evo9) venceu as duas corridas da categoria Road Sport Challenge. O

piloto da Macau David Racing Team apenas viu o seu domínio beliscado quando na primeira corrida o antigo campeão Sun Tit Fan (Mitsubishi Evo9) pareceu capaz de ter uma palavra a dizer na luta pelo triunfo.

Depois de um mau arranque, Wong Wan Long (Mitsubishi Evo10) acabou mesmo por herdar a segunda posição, ao passo que Lam Kam San (Mitsubishi Evo7) fechou o “top-3”. Na segunda corrida, Leong largou do primeiro lugar e teve 12 tranquilas voltas à frente do pelotão, terminando à frente de Lei Kit Meng (Nissan GTR), que na primeira corrida chegou a estar na luta por um lugar no pódio até um problema o ter atrasado irremediavelmente, e Billy Lo (Mitsubishi Evo7). Esta foi uma jornada terrível para os pilotos de matriz portuguesa, sem excepção. Sérgio Lacerda (Nissan Z33), Bel-miro Aguiar (Mitsubishi Evo7) e Luciano Lameiras (Mitsubishi Evo8) quedaram-se por posições secundá-rias devido a problemas mecânicos de diversa ordem nas suas viaturas. Vitórias macaensesO equilíbrio foi maior na classe AAMC Challenge, porém o ma-

caense Filipe Souza (Chevrolet Cruze) destacou-se entre os de-mais. Também ele a correr pela equipa Macau David Racing Team, Souza foi “pole-position” para a primeira corrida, que não venceu, apesar de ter liderado até aos momentos finais.

A corrida de sábado, talvez a mais animada do fim-de-semana, ficou também marcada pelo acidente ainda nas primeiras voltas entre Jeró-nimo Badaraco (Chevrolet Cruze) e Patrick Chan (Peugeot RCZ), tendo o macaense, que haveria de ter um domingo mais positivo, sido abalroa-do violentamente para fora na Curva 4 pelo seu adversário. A corrida teve ainda a intervenção do “Safety-Car” nas últimas voltas, juntando o pelo-tão, o que atrapalhou de certa maneira Souza, que ao mesmo tempo se viu a braços com um problema electrónico no seu Chevy nas voltas finais.

Num final emocionante, em que a vitória só se decidiu nos últimos metros, Célio Alves Dias (MINI Cooper), Chao Chong In (MINI Cooper) e Souza cortaram a linha de chegada por esta or-dem separados por apenas meio segundo. Partindo novamente da

“pole-position” para o segundo confronto, no domingo, Souza liderou desta vez de fio-a-pavio, obtendo uma vitória merecida. Cheong Chi Hou (Peugeot), que foi uma das revelações do fim-de--semana, tendo colocado Souza sempre sob pressão em ambas as corridas, e Dias completaram as posições de honra, depois de Kevin Tse (Chevrolet Cruze), quarto na primeira corrida, e que parecia capaz de subir ao pódio desta vez, ter desistido com um princípio de incêndio na sua viatura. O português Rui Valente teve um fim-de-semana recheado de problemas no seu MINI, o mesmo tendo acontecido com Hélder Rosa, cujo Peugeot RCZ branco se recusou a cooperar. Or-ganizado pela Associação Geral Automóvel de Macau-China, o segundo Festival de Corridas de Macau está marcado para 25 a 26 de Julho, novamente no circuito permanente da cidade chinesa adjacente a Macau.

sérgio [email protected]

cheong chi [email protected]

Sub-21 Selecção acarinhada no regresso a Portugal Pouco passava das 5 da madrugada quando a Selecção Nacional de sub-21 passou na zona de chegadas do aeroporto de Lisboa. Apesar da derrota na final do Campeonato da Europa, diante da Suécia, a comitiva foi acarinhada, sobretudo por amigos e familiares. O treinador Rui Jorge admitiu que ainda custa falar sobre a derrota, mas salientou o desempenho da equipa: «Apesar de ainda custar falar disso, acredito que amanhã vamos acordar e perceber o que fizemos de bom.» Sérgio Oliveira, capitão da equipa, acabou também por fazer balanço positivo: «Ninguém gosta de perder uma final, mas estamos orgulhosos.» William Carvalho, que falhou a última grande penalidade, foi dos mais acarinhados, mas Sérgio Oliveira fez questão de salientar: «Todos sabem que é um grande jogador. Somos uma família e quando ganhamos, ganhamos todos, quando perdemos, perdemos todos.»

Copa América Argentina goleia Paraguai e estána finalA Argentina está na final da Copa América, depois de golear o Paraguai por 6-1. Apesar de ter tido influência em todos os golos dos argentinos, Messi ficou em branco. Os comandados de Tata Martino dominaram por completo o adversário, frente ao qual tinham empatado a dois na estreia na prova. Agora estão a uma vitória do título, que lhe escapam desde 1993. O antigo jogador do Sporting Marcos Rojo (15 minutos) e Pastore (27) adiantaram os argentinos, que, no entanto, chegariam ao intervalo a vencer pela margem mínima, uma vez que Lucas Barrio reduziu aos 43. No reatamento, contudo, Di María bisou (47 e 53), Aguero também fez o gosto ao pé (80) e Gonzalo Higuain (83) completou o marcador. A final está marcada para sábado, a partir das 21 horas em Portugal, com a Argentina a defrontar o anfitrião Chile.

ZHuHAi RECEBEu AS PRiMEiRAS PROvAS DE APuRAMENTO PARA O GP MACAu

Soma e segue em dose dupla

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tempo pouco nublado min 28 max 33 hum 65-90% • euro 8.85 baht 0.23 yuan 1.28

João Corvofonte da inveja

Aconteceu Hoje 2 de JUlHO

Morre nostradamus • A 2 de Julho de 1566, morreu Nostradamus. Este era o pseudónimo do médico e astrólogo francês Michel de Notre-Dame, nascido em 1503. De família judaica, foi médico da corte e conselheiro de Henrique II. Ganhou renome com as suas profecias, relacionadas com a Igreja católica e publicadas no livro Centúrias, de 1555.Nostradamus era um médico da Renascença que pratica-va a alquimia (como muitos dos médicos do século XVI). Ficou famoso pela sua suposta capacidade de vidência. A sua obra mais famosa é “As Profecias”, sendo que algumas pessoas acreditam que estes versos contêm previsões codificadas do futuro. Muitas outras pessoas passaram a pensar que ele era o demónio e chamavam--no de herege. Mas outras classes sociais aprovaram a publicação, porque as suas centúrias inspiravam profecias espirituais. Com os seus conhecimentos sobre ocultismo e com a sua suposta habilidade de prever o futuro, começou a escrever uma série de almanaques anuais e passou a utilizar o seu nome em latim, de Nostredame para Nostradamus. Nostradamus sofria de epilepsia psíquica, de gota e de insuficiência cardíaca. Morreu em 2 de Julho de 1566 em Salon-de-Provence, vítima de um edema cardio-pulmonar. Um dia antes de morrer, Nostradamus supostamente previu a sua própria morte, dizendo ao seu secretário Jean de Chavigny: “Não me encontrará vivo ao amanhecer”. No dia seguinte, foi encontrado morto próximo da sua cama e de um banquinho. Foi enterrado numa capela local Franciscana e depois foi novamente enterrado no Collégiale St-Laurent durante a Revolução Francesa, onde está enterrado até os dias de hoje.Neste dia, mas em 1903 Cuba arrendou aos EUA a Baía de Guantanamo, para a construção de uma base naval. Em 1961, o escritor norte-americano Ernest Hemingway, Prémio Nobel de Literatura em 1952, suicida-se em Ketchum (EUA).Em 1976, o Vietname do Norte e do Sul reunificam-se.

O que fazer esta semana?HojeLANçAMENto Do LIVRo BILINGUE “VIVEREM PLENo VENto”, DE SoPHIA DE MELLo BREyNERIPoR, 18h30entrada livre

AmanhãWoRKSHoP DE MEDItAçãoyogaloft, 19h30

SábadoCoNCERto DE MúSICA DE CâMARA PELA oRqUEStRA DE MACAU teatro Dom Pedro V, 20h00Bilhetes das 80 às cem patacas

VISItAS Ao toPo Do FARoL DA GUIAentrada livre

WoRKSHoP DE MEDItAçãoyogaloft, 9h30 e 19h30

Domingo VISItAS Ao toPo Do FARoL DA GUIAentrada livre

Diariamente INAUGURAção DA EXPoSIção “ALMAS VIVAS” DE KAtE Ao NGAN WAFundação Rui Cunha, 18h30 (até dia 4/07)entrada livre

EXPoSIção “UM NoVo SéCULo JUNtoS CoNSIGo” (BNU) Consulado de Portugal em Macau entrada livre

EXPoSIção “SAUDADE” (Até 30/9)MGM Macau entrada livre

“A ARtE DE IMPRIMIR” (Até DEzEMBRo)Centro de Ciência de Macauentrada livre

EXPoSIção “Ao RISCo DA CoR - CLAUDE VIALLAtE FRANCK CHALENDARD”Galeria do tap Seac (até 9/08)entrada livre

EXPoSIção “WHo CARES” (Até 28/07)Armazém do Boi, 16h00entrada livre

EXPoSIção “DE LoRIENt Ao oRIENtE - CIDADES PoRtUáRIASDA CHINA E FRANçA NA RotA MARítIMA DA SEDA” Museu de Macau (até 30/08) entrada livre

EXPoSIção DE ARtES VISUAIS DE MACAU (Até 2/8)Pintura e Caligrafia ChinesasEdifício do antigo tribunal, 10h00 às 20h00entrada livre

MUSICAL “A BELA E o MoNStRo”(Até 26/6, DE qUINtA A DoMINGo)Venetian Macau Bilhetes entre as 280 a 680 patacas

EXPoSIção “MURMúRIo DA IMPERMANêNCIA”,PINtURAS A óLEo DE ANDRé LUI CHAK KEoNG (Até 27/06)Fundação Rui Cunhaentrada livre

EXPoSIção “VALqUíRIA”, DE JoANA VASCoNCELoS(Até 31 DE oUtUBRo)MGM Macau, Grande Praça entrada livre

C i n e m aCineteatro

Sala 1ted 2 [c]Filme de: Seth MacFarlaneCom: Mark Wahlberg, Amanda Seyfried, Morgan Freeman14.30, 16.30, 19.30 21.30

Sala 2terminator: geniSyS [c]Filme de: Alan taylorCom: Arnold Schwarzenegger, Jason Clarke, Emilia Clarke14.30, 16.45, 21.30

terminator: geniSyS [3d] [c]Filme de: Alan taylorCom: Arnold Schwarzenegger, Jason Clarke, Emilia Clarke

19.15

Sala 3

juraSSic world [b]Filme de: Colin trevorrowCom: Chris Pratt, Bryce Dallas Howard, Irrfan Khan14.30, 16.45, 19.15, 21.30

tERMINAtoR: GENISyS [3D]

U m d i s C o h o j e

“Um dia tudo isto será teu”. Eis a propriedade e o seu amo.

“sem desejo” é o nome do primeiro e mais consistente álbum da banda sueca eagle-eye Cherry. de entre as 12 músicas, estão “Conversation”, “shooting Up in Vain”, ou as conhecidas “Falling in Love again” e “save Tonight”. de sotaque norte-americano, acabaram por ganhar uma vasta projecção e ‘desireless’ integra cerca de 19 artistas, entre bate-ristas, vocalistas, guitarristas e coro. Curiosamente, a banda assumiu o nome do vocalista principal, eagle-eye Cherry, nascido em maio de 69 em estocolmo. Cedo se apaixonou pelo mundo da música, talvez muito devido ao facto de ser filho de Don Cherry, conhecido e influente artista de jazz. É com a música de nome homónimo que este disco encerra, onde imperam sons de saxofone e um afirmado coro. ‘Desireless’ começou a ganhar vida dentro das quatro paredes do seu quarto, em estocolmo, ao som de uma guitarra acústica. Leonor Sá Machado

“DeSireLeSS”(eAgLe-eye cHerry, 1997)

17hoje macau quinta-feira 2.7.2015 (F)utilidades

Page 18: Hoje Macau 2 JUL 2015 #3363

E sta semana vou fugir do que já tinha planeado abor-dar pela minha necessidade de celebrar o mais recente acontecimento que em muito contribui para a compreen-são do sexo pelo mundo. Refiro-me aos arco-íris que têm sido orgulhosamente partilhados no que se julga

ser um importante passo para a normalização do que durante muito tempo, e que infeliz-mente ainda por vezes, se julgava anormal ou anti-natural. a homossexualidade nas suas formas de activismo político e sexual adicionam uma constante procura de bem--estar pessoal e de contestação. E ainda bem, porque tenho a certeza que a sexualidade e o seu desenvolvimento não ficarão por aqui.

O meu filme de análise será o Rocky Horror Picture show. Filme musical de culto dos anos 70 que explora o género e a sexua-lidade nas suas ambiguidades como também nas suas concepções pré-estabelecidas. Para quem não conhece, imaginem pura liber-

18 opiniãosexanál iseTânia dos sanTos

hoje macau quinta-feira 2.7.2015

[email protected]

Para todos aqueles que julgam que casamento entre pessoas do mesmo sexo trará catastróficos desequilíbrios na natureza, não faz mal, porque pelo menos será por amore pelo acto gloriosoque é a fornicação

Para além do arco-írisdade e criatividade sexual, com criaturas extra-terrestres de um tal planeta longínquo chamado transilvânia que usam saltos altos e cantam canções, em interacção com um casal de jovem adultos, ainda virgem (mas não por muito tempo). De absurdo tem tanto quanto de divertimento… um divertimento muito sexy. Temos a jovem e muito sensual susan sarandon que passa a maioria do tem-po em roupa interior e o Tim Curry que usa saltos altos com uma confiança que muitas mulheres matariam por ter. Num especta-cular acto final com todos os envolvidos de corpete e cinto de ligas, cantam refrões de incentivo ao prazer infindável numa orgás-mica procura pela luxúria. O mais excitante (de cariz sexual ou não) é toda a confusão que persiste no género e orientação sexual durante todo o filme. Aqui, o espectro de orientação sexual proposta por Kinsley parece-me relevante para entender alguns enigmas do desejo. Kinsley, em busca de padrões sexuais comuns, encontrou grandes disparidades nos vários depoimentos de homens e/ou mulheres chegando, por isso,

à conclusão que há quem possa ser mais ou menos heterossexual ou homossexual. a adicionar e para complicar, estudos an-tropológicos de género também mostram a possibilidade sermos mais ou menos homens ou mulheres, ou seja, existem felizmente estas ‘gray areas’ que desenvolvem um mar de possibilidades para quem queremos ser, na pura das honestidades.

a categorização, processo psicológico que facilita o nosso entendimento do mundo, é sentida demasiadas vezes de forma estática que reduz as possibilidades de contestação a percepções de todo o tipo, neste caso, de como o sexo é sentido. assim, a inclusão da homossexualidade nos direitos formais legislativos, que progressivamente se alastra no mundo, não é só um triunfo de uma mi-noria, mas da maioria. a normalização de formas de relacionamento outrora considera-das estranhas contribui para fluidez sexual de todos nós, e para as nossas fantasias hetero, bi ou homo que por vezes são expressas com vergonha ou confusão. Este desejo de fluidez de espectro, e este artigo, dedico a todos os amigos e amigas que sempre me confidenciam dilemas, conflitos interiores, e, em muitas conversas sobre sexo, com quem muito aprendi. Para todos aqueles que julgam que casamento entre pessoas do mesmo sexo trará catastróficos desequilíbrios na natureza, não faz mal, porque pelo menos será por amor e pelo acto glorioso que é a fornicação.

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Page 19: Hoje Macau 2 JUL 2015 #3363

V iVemos numa socieda-de de consumo imedia-to, onde não há lugar a grandes dissertações, ou discussões que nos levem a tentar entender o que há por detrás daquilo que está mesmo à nossa fren-te – o que seria de macau se antes de nos virem

visitar os turistas tivessem a curiosidade de saber “o que está por detrás da fachada das Ruínas de s. Paulo?” Podia ser que ao lhe responderem “nada”, que é a única resposta que não requer uma fabricação delirante, resolvessem mudar de planos: “Nada? Nesse caso não vamos!”. As apa-rências aqui são tudo, e não fosse a RAem conhecida pelos casinos e pelos jogos de fortuna e azar, saber fazer “bluff” é uma arte.

o título deste artigo não tem nada a ver com o Natal propriamente dito – apesar de já estarmos mais perto de festejar o próximo do que da memória do último - e trata-se apenas de uma expressão idiomática aplicá-vel a certas pessoas muito crentes, que ora por candura, ora por ingenuidade, acreditam em valores como a bondade, a generosidade, ou a solidariedade humanas, e que depois de (mais uma vez) decepcionadas, levam com um seco comentário do tipo “...mas você ainda acredita no Pai Natal?”. É um pouco como quando a porcaria do despertador toca a meio de um sonho onde nos preparamos para possuir nos braços a Karen Gillan (Jared Leto, para as senhoras), só que ainda pior.

eu falo apenas como mero observador sem conhecimento de causa, pois nunca acreditei no Pai Natal, perdendo assim uma liçāo válida de vida – ainda me falta a cadeira de existencialismo Paternal Natalício para completar o curso. Não é porque eu não quisesse acreditar: foi devido a um trauma de infância. Numa dessas quadras onde supostamente o velhinho de barba branca oferece presentes às crianças pedindo em troca apenas que “se portem bem” (o que já dá para desconfiar), escolheram a educadora mais baixa e magra da Casa da Criança do montijo para fazer esse papel, demonstrando pouca ou nenhuma vontade de estimular o meu imaginário infantil – meu e dos meus colegas da altura, uma geração perdida, equi-valente a um daqueles batalhões “malditos” da guerra do Vietname. se aquela imagem de uma fêmea de Pai Natal anoréxica, com a barba mal pendurada por elásticos soltos e socas brancas nos pés não me faz acordar sobressaltado e encharcado em suor a meio da noite com pesadelos, isso deve-se à minha enorme capacidade de superação.

o choque de acreditar no Pai Natal para mais tarde ser confrontado com a sua inexistência vai para além de qualquer es-

O Pai Natal não existe (E sabem porquê?)

Não se sabe quem “feza folha” ao Pai Natal,mas eu tenho um suspeito:os mercados

tágio do processo da maturação de um ser humano. É pior que o acne, e em termos de aceitação, penso que uma criança lida melhor com a noção de morte, da sua e de todos que vai vendo desaparecer durante a sua vida, do que com o desmoronar de uma ilusão fátua: de que há alguém que nos dá algo sem pedir nada em troca. Pode ser que detectem nestas palavras um tom funesto de

bairro do or ienteLeocardo

pessimismo, mas se há algo que abunda por aí é demasiado optimismo, e isso é perigoso. muito perigoso.

À medida que a imagem do Pai Natal se vai desvanecendo, dá-se menos importância ao facto de ele nunca ter sequer existido. Nos anos rebeldes da adolescência ainda dá para procurar a quem atribuir as culpas, quiçá aquela multinacional de bebidas gaseificadas

que o patrocinava, e cujo consumo do pro-duto seria responsável pela sua obesidade crónica, e eventualmente à obstrução das suas artérias coronárias. o que seria se o trenó viesse equipado com disfibrilador? E se as renas soubessem primeiros-socorros? o pior é quando se está prestes a recalcar de vez este sentimento de perda daquilo que foi nosso, que o mundo cruel, ou um dos seus agentes, nos recorda “o Pai Natal não existe”.

Não se sabe quem “fez a folha” ao Pai Natal, mas eu tenho um suspeito: os merca-dos. os mercados andam por aí a ameaçar desfazer os sonhos de quem ainda não per-deu a esperança de que um dia o Pai Natal regresse triunfante, numa manhã de nevoeiro (este é o Pai Natal português, entenda-se) e distribua as prendas que estão em falta, e pelas quais não será necessário dar nada em troca. Foi como a Grécia fez, ou mais ou menos, pois aí o Pai Natal era um pouco mais velhaco e mal-intencionado, e bastou--lhe estacionar o trenó da mercedes à porta da Tasca Zorba para se aliviar do excedente das últimas cinco ou seis colas que bebeu, e os malandrecos dos gregos gamaram-lhe o auto-rádio, as jantes, a mais aquele símbolo muito giro da marca daquela construtora alemã, que agora o velho de barba usa como mira para acertar nos helénicos caloteiros.

e nós? Bom, este problema não está à nossa porta, mas o fiasco que representa acreditar no Pai Natal é um fenómeno uni-versal. os blocos que dominam o mundo e que passam a vida a ameaçar que matam, que esfolam, que fritam e que assam dormem na mesma cama quando se encontram, e en-quanto mordiscam uma orelha segredam no ouvido um do outro: e os nossos mercados, como estão? se a Grécia abandonar o euro e este levar o mesmo destino do Pai Natal (apesar da confiança do nosso PR, que confia nos restantes 18 elementos do plantel), isto pode ser mau para os mercados, e lá vão os amantes secretos puxar do arsenal e cumprir o que andaram a prometer, mas nunca lhes passou pela cabeça fazer. e qual é a surpresa, se mesmo entre nós, comuns mortais, um dia podemos meter-nos em frente de uma bala para salvar a pessoa que amamos, e no dia seguinte somos nós a dar-lhe um tiro? Nāo me digam que ainda acreditam no Pai Natal...

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19 opiniãohoje macau quinta-feira 2.7.2015

Propriedade Fábrica de Notícias, lda Director carlos morais José Editores Joana Freitas; José c. mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Filipa Araújo; Flora Fong; leonor Sá machado Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo lobo Pinheiro; José Simões morais; maria João Belchior (Pequim); michel reis; rui cascais; Sérgio Fonseca Colunistas António conceição Júnior; Arnaldo Gonçalves; André ritchie; David chan; Fernando Eloy; isabel castro; Jorge rodrigues Simão; leocardo; Paul chan Wai chi; Paula Bicho; rui Flores; tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges Ilustração rui rasquinho Agências lusa; Xinhua Fotografia Hoje macau; lusa; GcS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão tipografia Welfare Morada calçada de Santo Agostinho, n.º 19, centro comercial Nam yue, 6.º andar A, macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

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cartoonpor Stephff

hoje macau quinta-feira 2.7.2015

Enologia Vinhos de Bordéus reconhecidosO governo francês anunciou ontem que a China reconheceu, após quatro anos de conversações, os vinhos “Bordeaux” (Bordéus) como marca, medida essencial no combate à contrafacção. Desde 2011 que as autoridades francesas estão em conversações com as chinesas para o reconhecimento da denominação de origem, uma certificação de origem geográfica protegida usada para identificar os locais de produção.

O reconhecimento chinês, anunciado na terça-feira no primeiro de três dias de visita do primeiro-ministro Li Keqiang, representa “um avanço histórico” na batalha para pôr fim aos vinhos “Bordeaux” falsificados vendidos na Ásia, disse em comunicado o ministério da Agricultura francês. O sistema de denominação “promove produções de qualidade enraizadas no território francês”, acrescentou. Os dois países mantêm conversações sobre perto de 100 rótulos geográficos das duas nações, no âmbito de negociações comerciais bilaterais.

BIR Mudança de géneRo vaI a consulta

Pensamento social

ADirecção dos Serviços da Reforma Jurídica e do Direito Internacional

(DSRJDI) quer levar a consulta pública a possibilidade de mu-dança de género nos documentos de identificação. De acordo com um comunicado enviado ontem pelo organismo, a decisão deve--se ao facto do tema ter de ser tratado de forma delicada.

“Os Conselheiros [do Conse-lho Consultivo] apontaram que os países e regiões adjacentes e vários países europeus em que se aplica o direito matrimonial mais conservador optaram ac-tualmente por uma solução relativamente mais aberta face a esta questão, sendo aceite em muitos países o pedido de altera-ção de sexo”, começa por apontar o comunicado, que acrescenta que, apesar de já se ir “aceitando a alteração do sexo como uma tendência de desenvolvimento social, ainda se entende indis-pensável ponderar várias ques-tões que incluem as que [dizem respeito] aos valores fundamen-

tais da sociedade, às disposições civis e às relações matrimoniais e familiares.”

Por isso, avança ainda a DSR-JDI, se entende necessário “uma atitude prudente” para se fazer a revisão dos regimes jurídicos.

Estudar e ouvir opiniões “através de consultas públicas” são outros dos passos obrigató-rios para o organismo antes de qualquer mudança à lei.

“É preciso entender as opi-niões comuns da sociedade sobre esta questão”, ultima a DSRJDI.

As questões foram abordadas numa sessão plenária do Conselho Consultivo da Reforma Jurídica, que teve lugar há dois dias.

Histórias reaisRecorde-se que há pelo menos dois casos conhecidos de pes-soas que fizeram mudança de sexo e que não podem alterar os dados nos documentos de Macau devido as lacunas na lei. Num dos casos, da jovem Avery, nem sequer é possível a marcação de consultas de saúde na área da ginecologia, pelo que a jovem está a tomar hormonas sozinha.

Na sessão plenária foi ainda discutida a revisão do Regime Jurídico dos Notários Privados e o limite máximo da pena para a Lei da Protecção dos Animais.

“ Foi considerado por mui-tos conselheiros que não seria apropriado prever penas de-masiadamente pesadas e que as mesmas deveriam ser previstas em harmonia com todo o ordena-mento jurídico penal vigente”, escreve à DSRJDI.

tRIBunal NegADO ArreNDAmeNtO A CirurgiãO pOrtuguês

direitos distintosO Tribunal de Segun-

da Instância (TSI) negou provimento a um recurso interposto

por um médico português face ao pedido de continuar a arrendar uma moradia onde vivia desde 2003. O médico será o cirurgião Rui Furta-do - ao que o HM conseguiu apurar com base em fontes conhecedoras do processo e pelos despachos do Chefe do Executivo mencionados no acórdão do tribunal - mas o profissional nega que este seja o seu caso. O tribunal não deu razão ao médico por considerar que este não mantinha o direito sobre a casa por ser recrutado ao exterior e ter cessado funções.

Furtado foi recrutado em 1992 para prestar serviço em cirurgia geral no Centro Hospitalar Conde de São Januário, tendo-lhe sido atribuída uma primeira moradia, conforme permite o estatuto do pessoal recrutado de Portugal. Em 1996, devido à alteração do seu agregado familiar, foi-lhe igualmente atribuída uma outra moradia e, em 2003, nova fracção, todas no mesmo edifício.

Em 19 de Abril de 2004, o profissional passou a ser recrutado em regime de contrato individual

de trabalho para prestar serviço na Direcção dos Serviços de Saúde, continuando a exercer funções de médico em cirurgia geral e “tendo como dever devolver a moradia até à data da cessação de funções” ao Governo. O contrato foi renovado até ao dia 30 de Novembro de 2013, data em que cessou funções por ter completado 65 anos de idade.

Primeira negaSegundo o acórdão ontem tornado público, “na véspera de cessar fun-ções, em 31 de Outubro de 2013, [o médico] veio solicitar à Direc-tora dos Serviços de Finanças, a manutenção do arrendamento da moradia”, mas este pedido foi negado. Foi então interposto um recurso hierárquico para o Secre-tário para a Economia e Finanças, também rejeitado.

Foi assim que o recurso chegou, então, ao TSI, sendo que o motivo evocado pelo médico foi o de que a lei permite que “o contribuinte que à data do cancelamento da inscri-ção seja arrendatário de moradia da RAEM ou de outras entidades públicas e cuja inscrição tenha sido cancelada por ter completado 65 anos de idade, desde que o tempo de contribuição não seja inferior a

15 anos, possa manter o direito ao arrendamento daquela moradia”.

De nega em negaO tribunal não concorda. “Tendo comparado o regime jurídico de direi-to a alojamento do pessoal recrutado ao exterior com o regime de atribui-ção de alojamento aos trabalhadores locais da Administração Pública, o TSI concluiu que (...) os recrutados ao exterior não são arrendatários de moradia mas sim titulares do direito a alojamento, porque a atribuição de moradia é feita por despacho, não existindo qualquer contrato de arrendamento”. O tribunal diz que o pagamento “dos recrutados ao ex-terior é uma ‘contraprestação’ e não uma ‘renda’, pelo que os mesmos devem devolver a moradia até à data da cessação de funções”.

O TSI confirma que Furtado prestou serviços a Macau “por mais de vinte anos”, mas que “não goza do direito” de manter o arrendamento da moradia após a cessação de funções, pelo que o tribunal negou provimento ao recurso.

O HM quis tentar saber junto do profissional se iria interpor recurso, mas Rui Furtado disse apenas que o seu caso “estava já resolvido e que não era este”. J.F.

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