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PUB AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 GONÇALO LOBO PINHEIRO GONÇALO LOBO PINHEIRO JOSÉ PEREIRA COUTINHO “A imagem que Macau dá ao mundo é negativa hojemacau CRIAÇÃO DE INSTITUTO EM ZHUHAI TERÁ VIOLADO MINI-CONSTITUIÇÃO DA RAEM AL Ensino aprovado, metro mais complicado JOANA VASCONCELOS A valquíria nos idos de Março POLÍTICA PÁGINAS 6-7 CENTRAIS Depois do arraso do Comissariado de Auditoria à gestão da Universidade de Macau, outras nuvens se abatem sobre a instituição. Juristas defendem que a criação do Instituto de Investigação em Zhuhai é uma violação da Lei Básica, diploma que obriga a que os dinheiros da RAEM tenham apenas um úncio destino: a própria RAEM. O que parece não ser o caso. Xeque a lei DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 SEXTA-FEIRA 13 DE FEVEREIRO DE 2015 ANO XIV Nº3273 ENTREVISTA PÁGINAS 4-5 GRANDE PLANO PÁGINAS 2-3 `

Hoje Macau 13 FEV 2015 #3273

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Hoje Macau N.º3273 de 13 de Fevereiro de 2015

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Depois do arraso do Comissariado de Auditoriaà gestão da Universidade de Macau, outras nuvens se abatem sobre a instituição. Juristas defendem que a criação do Instituto de Investigação em Zhuhai é uma violação da Lei Básica, diploma que obriga a que os dinheiros da RAEM tenham apenas um úncio destino: a própria RAEM.O que parece não ser o caso.

Xeque a lei

Director carlos morais josé www.hojemacau.com.mo Mop$10 s e x ta - f e i r a 1 3 D e f e v e r e i r o D e 2 0 1 5 • a n o x i v • n º 3 2 7 3

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Joana [email protected]

a criação do Instituto de Investigação Científica e Tecnológica da Uni-versidade de Macau em

Zhuhai terá violado a Lei Básica. É o que garantem juristas contactados pelo HM, que defendem mesmo que há mais do que uma “alínea” que indica que a Universidade de Macau (UM) não respeitou nem a mini-constituição que rege o territó-rio, nem o Código de Procedimento Administrativo.

De acordo com a Lei Básica, a RAEM é dotada de um sistema fiscal independente, sendo que todas as suas receitas não podem ser entregues ao Governo Central, incluindo as provenientes de im-postos e Jogo. O mesmo é dizer que “qualquer receita colectável em Macau só pode ser utilizada em Macau”, como indica um jurista ao HM, que prefere ficar no anonimato devido à sensibilidade da matéria.

Ora, de acordo com o recente-mente publicado relatório do Co-missariado de Auditoria (CA) - que arrasa a gestão da UM em termos de financiamentos públicos e que

Dinheiro da RAEM só pode ser alocado na RAEM — Lei Básica dixit — e isso não aconteceu na criação do Instituto da Universidade de Macau em Zhuhai. Na sequência do relatório do Comissariado de Auditoria, juristas defendem que houve violações à Lei Básica neste e noutros pontos

UM Criação do instituto de investigação em Zhuhai terá violado lei BásiCa

CoMo peças de doMinó

“Os recursos financeiros paraa criação do Instituto de Investigaçãosão provenientesde transferênciasdo orçamento daRAEM para a UM”RelatóRio do CoMissaRiadode aUditoRia

dedica um capítulo exclusivo à criação deste Instituto - o espaço foi precisamente criado com dinheiro público de Macau.

“Os recursos financeiros para a criação do Instituto de Investigação são provenientes de transferências do orçamento da RAEM para a UM”, indica o relatório do Co-missariado, que revela que, só na fase inicial, foram injectados 1,3 milhões de patacas como capital de investimento. No total, 2,4 milhões de patacas foi o valor do orçamento apresentado para cobrir despesas de funcionamento dos primeiros três anos.

Sem dizer nada aoS “paiS”Mas, mais ainda, o que poderia ser uma excepção para a utilização destes fundos de Macau na China, não o é, porque a UM não terá pe-dido autorização às autoridades da RAEM ou de Pequim para a criação do Instituto. Algo que, de acordo com os profissionais ouvidos pelo HM, tem de ser feito.

“Essa é a razão pela qual o investimento de dinheiros públicos na RAEM na Ilha da Montanha teve de ser precedido por um acordo entre o Governo Popular Central e o Governo da RAEM para que tal pudesse suceder”, admite um jurista ao HM.

O causídico relembra ainda que a decisão sobre os limites físicos do espaço onde a RAEM tem jurisdi-

ção na Ilha da Montanha – e onde foi investido dinheiro público, nomeadamente com o campus da UM – teve de ser publicado em Boletim Oficial “como anexo à Lei Básica”.

O despacho, publicado em 2012, concedia precisamente o espaço do túnel e do campus da UM a Macau, mas só depois de uma decisão do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional da China, que “delegou” estes poderes à RAEM.

A criação do Instituto em Zhuhai, contudo, foi apenas delibe-rada pelo Conselho da UM, como indica a análise do CA. “O Conse-lho da Universidade deliberou em 24/8/2011 [que] a UM é autorizada a estabelecer em Zhuhai uma base de investigação científica, sob a forma de companhia limitada e com capital exclusivo da UM”.

Ainda que, devido a problemas na obtenção de fundos da Fundação Nacional de Ciências Naturais da China, o Instituto de Investigação tivesse de mudar a forma jurídica sob a qual foi criado, tendo passado a ser uma entidade privada não empresarial (pessoa colectiva) e, segundo o que garante a UM, “financiado por docentes da UM”, houve capitais da UM que foram usados para a criação do Instituto.

ilegal, poiS claro...“A UM refere que o Instituto de Investigação foi criado com capitais próprios da UM e que

os membros dos órgãos internos do Instituto de Investigação são docentes e trabalhadores da UM”, indica o CA.

Para os juristas contactados pelo HM, não há dúvidas: “A UM não pode constituir um instituto pú-blico - tipo ‘sucursal’ - em Zhuhai nem sem a autorização do Governo da RAEM, nem sem a autorização do Governo Popular Central. Nem pode investir dinheiros públicos da RAEM atribuídos à UM em Zhuhai. [Isso] viola a Lei Básica, logo é ilegal.”

Recorde-se ainda que, como admite o CA, apesar da uni-versidade ter receitas próprias, “está dependente das dotações do Governo para manter o seu funcionamento”, sendo que as despesas de funcionamento “são maioritariamente suportadas por dotações orçamentais anualmen-te concedidas pelo Governo”. Dotações que, de 2009 e até 2012, totalizam um valor de 2,8 mil milhões de patacas durante e que, no ano passado, cobriram 85% das despesas totais da uni-versidade.

“Apesar de o Instituto de Inves-tigação acabar por não depender juridicamente da UM, não é isso que as as contas da UM mostram, pois nestas a UM aparece com uma participação no capital inicial registada na despesa segundo a classificação económica de ‘títulos

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A pupila do reitorEstando à partida dotada de todas as condições para se tornar num estabelecimento de ensino de excelência, a Universidade de Macau tem tido um percurso, no mínimo, sinuoso, que não lhe permite atingir os seus objectivos, a não ser ter surgido algures num ranking que muitos afirmam ser pago e que uma análise mais cuidada levanta, de facto, alguma desconfiança. É com toda a boa vontade (parece) que o Governo dota a UM de au-tonomia, incluindo financeira, até para garantir que, mesmo sendo uma entidade pública, ali existe um grau elevado de independência em relação aos amoques de quem detém o poder, como deve ser no segundo sistema.Pois será que a UM tem aproveitado essa autonomia do ponto de vista académico, inovando na área das Ciências Sociais e Humanas? Na Filosofia? Na Literatura? Não nos parece. Contudo, já a autonomia financeira tem sido amplamente uti-lizada, incluindo transferências de dinheiro para a China, o que, como o nosso artigo de hoje demonstra, se trata de um procedimento que viola a Lei Básica e que, portanto, é ilegal.Dinheiro. Dinheiro e a expulsão de um professor, por motivos po-líticos, eis a distinção que o actual reitor da UM, o grande responsável pelas operações financeiras e pelas decisões, colocou ao peito da sua universidade. Quanto ao caso de Bill Chou, parece agora tratar-se de um modo de ga-rantir fidelidade política, enquanto se desbaratam em acções ilegais os muitos milhões que naquela direc-ção circularam. Julgaria o reitor que o expulsar o “contestatário” seria suficiente para garantir as boas graças da RPC e, por arrasto, do próprio Governo da RAEM que, ao mesmo tempo, fecharia os olhos a outros desmandos.Só que o relatório do Comissariado de Auditoria provou que não é bem assim. Os desenvolvimentos posteriores e o que se vem saben-do agravou o desenho. Agora a bola está do lado do Governo, do Ministério Público e do CCAC. A ver vamos o que vão fazer. Ou se será preciso estender a campanha anti-corrupção, lançada por Xi Jinping, até à Ilha da Montanha.

de participação’, rúbrica usada para registar investimentos”, in-dica o CA.

InstItuto à soltaApesar da autonomia da UM, que tem sido um dos fortes cavalos de batalha da instituição nas respostas ao CA e que inclui a autonomia financeira, o facto de esta ser uma entidade pública restringe, de acor-do com juristas, a actuação da UM.

“A UM é uma entidade pública dotada de autonomia financeira, mas a UM [também] se rege pela legis-lação aplicável às pessoas colectivas de direito público, designadamente o Código do Procedimento Adminis-

trativo, no que respeita à actividade de gestão pública, envolvendo o exercício de poderes de autoridade e a gestão do domínio público, o regime financeiro dos serviços e

de acordo com a Lei Básica, a RaEM é dotada de um sistema fiscal independente, sendo que todas as suas receitas não podem ser entregues ao Governo Central, incluindoas provenientesde impostos e Jogo. O mesmo é dizer que “qualquer receita colectável em Macau só pode ser utilizada em Macau”

fundos autónomos, o regime das despesas com obras e aquisição de bens e serviços e o regime jurídico do contrato das empreitadas de obras públicas”, começa por apontar um profissional. “Qualquer investimento que envolva dinheiros públicos da RAEM efectuado no interior da China só é possível com a autorização do Governo Central e do Governo da RAEM.”

Mas o dinheiro aplicado em Zhuhai não é o único problema. Depois do relatório do CA, que in-dicava que a UM não tinha qualquer controlo nem cobertura legal no Instituto criado, foi celebrado um acordo no qual ficou estabelecido que a UM exerce poderes de contro-lo sobre o mesmo. Contudo, além de a UM só poder dar instruções aos membros do Instituto pelo facto destes serem trabalhadores seus, a UM não pode também “impor a jurisdição de Macau, ou seja as-sumir quaisquer responsabilidades de gestão ou outras no interior da China”, alerta um jurista ao HM.

O Instituto de Investigação tem também normas próprias, criadas pelo reitor da UM, mas a forma de eleger os membros da sua direcção não contém a indicação de que estes têm que ser ocupados por trabalha-dores da UM. “A actual situação jurídica, como indica o CA impede o Conselho da Universidade de co-nhecer a real situação do Instituto, de participar seja a que título for na sua actividade e funcionamento, nomeadamente no que se refere, também, ao controlo financeiro sobre o uso daqueles fundos.”

O HM tentou obter reacções da UM, mas até à hora do fecho desta edição não foi possível. Um porta-voz do Governo disse ao HM que não poderia haver comentários sobre o assunto, uma vez que o Executivo está à espera do relatório da instituição.

“A UM não pode constituir um instituto público - tipo ‘sucursal’ - em Zhuhai nem sem a autorização do Governo da RAEM, nem sem a autorização do Governo Popular Central. Nem pode investir dinheiros públicos da RAEM atribuídos à UMem Zhuhai. [Isso] viola a Lei Básica,logo é ilegal.”

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4 hoje macau sexta-feira 13.2.2015entrevista

AndreiA SofiA [email protected]

Comecemos pelas LAG. Com um novo Governo, teremos medidas inovadoras para este território?Alguma coisa vai melhorar, partindo do princípio de que os Secretários são pessoas com responsabilidade e com alguma experiência acumulada. Mas isto não chega: é preciso perceber que Macau deixou de ser uma ilhota isolada para estar enquadrada na região do Delta do Rio das Pérolas e que quer marcar a diferença. Caso contrário, passaremos a ser mais uma província da China. Mas não é fácil alterar as mentalidades e os costumes enraizados após 15 anos

José Pereira Coutinho, a um mês das Linhas de aCção Governativa

“Andamos na fartura, mas vamos pagar um preço”Raimundo do Rosário poderá não aguentar a “incompetência” dos seus subordinados e sair antes do fim do mandato. Alexis Tam tem coragem para mudar a área da Saúde, mas a medida de subsidiar casos urgentes no privado é “tráficode influências”.Na Função Pública, o “Governo Electrónico” deve ser uma realidade. É a análise de José Pereira Coutinho a algumas promessas políticas do novo Executivo.O deputado fala das medidas fundamentaispara o território

de insistência em manter algumas formas de cidadania, que têm de ser alteradas para acompanhar o desenvolvimento económico.

Que costumes ou práticas são essas?As pessoas em Macau estão mui-to dependentes da forma como o território está a ser conduzido pelo Governo. Na economia, habitação, saúde, transportes e segurança social. Aí, o Governo marca o rumo. Este tem de dizer o que é que pretende que as pessoas conheçam e participem no futuro. Na questão da habitação: será que é preciso construir mais habitações ou empurram-se as pessoas para Zhuhai e Hengqin? Na economia: qual é o futuro de Macau para além do Jogo? Gostaríamos de ter um Governo pequeno e eficiente, mas cada vez aumenta mais em termos de pessoas, é uma máqui-na administrativa pesada. O mais grave é que além de não resolver os problemas dos cidadãos, complica mais a vida das pessoas. Há que delegar competências.

Dos Secretários para directores.Sim. Cada um deles tem de assumir a sua quota parte da responsabilidade e não se pode endereçar tudo para os Secretários. E aí entramos na promes-sa do Governo Electrónico. Deve-se investir nisso e também no maior diálogo entre serviços públicos de uma tutela. Tem de se ter a coragem de assumir que, de facto, chegou o tempo da mudança.

Em que sentido? Já estamos em desvantagem em relação a muitas regiões adja-centes, como Manila e a Coreia. Estão a ser criados novos casinos. Não podemos continuar encos-tados à sombra da bananeira. Os Secretários tiveram uma boa vida nos últimos oito anos, nunca tiveram de assumir responsabili-dades, as decisões que tomaram não foram as melhores e muitas delas prejudicaram a vida das pessoas e negócios de muitos pequenos empresários de Macau.

Falou do E-Government. Temos uma Função Pública que parou no tempo, desde a Administração portuguesa? Com certeza. Há um empolamento da máquina administrativa. Éra-mos, em 1999, 18 a 19 mil traba-lhadores e hoje estamos a caminho dos 40 mil. Isto aumentou porque cada director que toma posse, e cada Secretário que cria um serviço público, contrata de fora, em vez de

ver se há prata da casa. O resultado final é uma máquina administrativa desequilibrada. Depois estamos a ter funcionários públicos como máquinas de uma fábrica, que só conhecem o trabalho que fazem no seu serviço.

Porque é que isso acontece?Houve uma mentalidade errada de não dar conhecimentos aos trabalhadores. Isso faz parte da campanha que o Governo con-duziu, de ter a população como um rebanho. Temos assistido a uma elevação da cultura cívica e política dos cidadãos, mas os valores tradicionais e morais estão a ser postos em causa por valores materiais. Macau é uma cidade de casinos e temos a agravante de termos tido, no passado, uma governação com gestão de mer-cearia. Isso faz com que haja uma falta de controlo e de supervisão sobre o Governo e uma falta de responsabilização, que conduz ao

abuso de poderes. E o facto de não se preocuparem com a imagem de Macau no exterior. Tudo conduz a que os valores materiais sejam transferidos para a nova geração. A DSEJ veio dizer que não há necessidade de ensinar política em Macau. É surpreendente. Hoje os jovens licenciados não percebem nada de política.

A história de Macau também tem sido colocada em segundo plano nos currículos.Sim. Não sabem, não discutiram a Lei Básica nas escolas. Há um ensino de encaixe na cabeça, sem debate de ideias. Os alunos for-mados pelas universidades não conhecem a história e não têm o domínio das línguas, inclusiva-mente das línguas chinesas. Não estão em vantagem competitiva com os TNR que são importados.

E que chegam com uma maior formação?

“Desde o primeiro dia da RAEM que o Governo chinês tem total conhecimento da real situação de Macau. A questão é quando intervirá. Enquanto as coisas andarem bem, a nível da perspectiva da China, mesmo com corrupção, mais ou menos, deixam passar. Mas há fases em que é preciso pôr as coisas no seu lugar

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5 entrevistahoje macau sexta-feira 13.2.2015

UM “Há Mais coisas qUe precisaM ser analisadas”

“Os alunos formados pelas universidades não conhecem a história e não têm o domínio das línguas, inclusivamente das línguas chinesas.Não estão em vantagem competitiva comos TNR quesão importados”

José Pereira Coutinho, a um mês das Linhas de aCção Governativa

“Andamos na fartura, mas vamos pagar um preço”

Maior formação e melhor domínio do inglês. Mas, por exemplo, o orçamento da Universidade de Macau (UM), hoje, é igual ao orça-mento geral do território em 1999. Gasta-se muito dinheiro mas não temos resultados do investimen-to que estamos a fazer. Há uma falta de preparação dos jovens e isso devido ao facto de haver um monopólio da política, dos interesses mais importantes, dos terrenos e na área da saúde. Pelo meu gabinete passaram pessoas que queriam investir na saúde, em hospitais privados, comprando

eles próprios terrenos, mas não lhes era garantida a licença para operar o hospital. Há o monopólio da coisa pública em geral e isto prejudica Macau.

Em que sentido?Há uma situação geral de dizer uma coisa e fazer outra. Uma grande parte da população engole esse discurso por falta de preparação cívica. Veja-se o Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura (Ale-xis Tam): há pessoas que dizem que as coisas já estão melhores, que já temos hospital. E eu digo

“não temos nada”. Vamos ver se as promessas vão ser cumpridas. Reconheço a coragem dele em as-sumir as responsabilidades, vamos ver se os outros Secretários têm essa mesma coragem.

Alexis Tam poderá acabar com esse monopólio da saúde?Tenho muitas reservas. É o cancro da sua pasta. Discordo na medida de dar mais um ano ao director dos Serviços de Saúde (SS) para estar lá. Ele, o director do hospital e o dos serviços de urgência são os três responsáveis máximos pelo caos do hospital público. Como é que pode imaginar um médico gerir um hospital e dar consultas? Porque é que há atrasos nas ope-rações? Porque foram detectados vírus em mais de 80% das salas? Deixaram de operar porque as infecções podiam acontecer. Que eu saiba o CCAC também interveio no assunto. Mas não dizem nada à população. Para dar a volta a isto é preciso trazer pessoas que não tenham a ver com os interesses de Macau: chamem gestores da Austrália e da Nova Zelândia e ponham a casa em ordem.

Continua-se a favorecer o pri-vado porque há mais interesses em jogo?Basta ver os milhões de patacas que estão a ser concedidos a em-presas de educação e de saúde. Há associações de jovens que nem têm experiência de vida e levam milhões. Andamos na fartura, mas vamos pagar um preço. Não pelo facto de termos gasto muito dinhei-ro, porque vamos continuar a ter receitas [de Jogo]. Estamos a criar jovens que não têm a experiência da concorrência. Basta encontrar um caminho para ter acesso à Fundação Macau ou outras vias, anda toda a gente a pedir dinheiro.

A construção do campus da Jus-tiça está atrasada. Deve ser uma aposta para estas LAG? É uma pouca vergonha não ter-mos um edifício próprio para a Justiça. Vemos sempre as mesmas reclamações na abertura do Ano Judiciário. Não se espere que,

pelo facto de sermos a cidade dos casinos mais perto do continente, isso possa durar eternamente. É a qualidade dos serviços, da cidade... está tudo numa miséria. A imagem que esta cidade dá todos os dias a um turista... não se apanha um táxi, não se têm autocarros. E depois os nossos governantes tentam camu-flar a situação. Estamos a viver em dois mundos.

Xi Jinping deixou recados bas-tante incisivos sobre o que o Governo deve fazer. Desde o primeiro dia da RAEM que o Governo chinês tem total conhecimento da real situação de Macau. A questão é quando inter-virá. Enquanto as coisas andarem bem, a nível da perspectiva da China, mesmo com corrupção, mais ou menos, deixam passar. Mas há fases em que é preciso pôr as coisas no seu lugar. A China neste momento é uma potência mundial em termos económicos. A imagem que Macau dá ao mundo inteiro é negativa, a de uma cidade onde só há Jogo, prostituição, droga. Uma cidade perversa de vícios, em que é difícil viver. Onde é que está a qualidade de vida? Cada vez pior.

O custo de vida é maior. E quem é o causador da inflação? O próprio Governo de Macau, quando tem uma despesa pública elevada, quando subsidia a torto e a direito. Os próximos cinco Secretários vão utilizar o dinheiro para camuflar os erros. O desvio de pessoas das urgências para outros locais, por via dos subsídios, é errado. Porque é que eu, recorrendo ao hospital público, sou desviado para serviços de quatro movimentos associativos com poder em Macau? É mais um tráfico de influências. Desvio de fundos para

financiar essas quatro pessoas, por-que muitas delas são membros do Conselho Executivo. Outros são as forças tradicionais.

Falou da questão da prostituição em Macau. Ficou surpreendido com a detenção de Alan Ho?Vai além do Alan Ho: alguns estão fugidos do território. O Alan Ho não é testa máxima do grande império da STDM. Há outras pessoas por cima daquilo que têm de prestar umas declarações. Não estou espantado. Nasci e cresci com a prostituição no Hotel Lisboa. Acha que descobriram a pólvora o ano passado? Isso é resultado da ascensão de Xi Jinping que está a pôr aquilo nos eixos.

Na área das Obras Públicas, uma breve análise ao que pode-remos esperar de Raimundo do Rosário. Tenho muitas dúvidas que possa ter condições morais e de ética para exercer o cargo de director da DSSOPT, que é um foco de corrupção desde há mais de 20 anos. Há uma pilha de problemas nas Obras Públicas e não tenho esperança enquanto aquilo não for mais transparente. Mas mais uma vez temos mea culpa, porque na Assembleia Legislativa (AL) as comissões continuam a ser à porta fechada. É importante que já existam directos dos plenários. É importante que se saiba como é que o presidente da AL (Ho Iat Seng), que pretende ser o próximo CE, pode aposentar-se da AL e candidatar-se [a CE] e lavar daí as suas mãos, [quando não actua em algumas situações].

Falou de Li Cafeng. E o Secre-tário, vai ter uma vida difícil?É pena, porque tenho uma grande estima e consideração pelo enge-nheiro Raimundo do Rosário. Mas tenho sérias dúvidas de que consiga aguentar no posto. Ou tira o casaco e vai embora para Portugal, ou vai ter de assumir responsabilidades pela incompetência dos seus su-bordinados.

O CCAC deve continuar a intervir como o fez no passado. Fiz em Maio de 2013 uma interpelação sobre a Fundação da UM, que é a ponta do icebergue sobre a podridão que existe na UM. Recebo queixas de portugueses que são discriminados nos seus postos de trabalhos e tirados de cargos de chefia. Discriminados nas suas intervenções internacionais, em que a UM está envolvida. Depois dizem que

essa pessoa tem nacionalidade portuguesa e que não deve falar em nome da RAEM. Trata-se de uma pessoa que muito estimo, de renome, e que é residente de Macau. Na altura, em 2013, já cheirava a podridão, porque se criou uma entidade privada sem nenhuma relação jurídica com a UM. São cerca de 800 milhões que estão na fundação. Espero que o Chefe do Executivo crie uma comissão independente

de averiguações e que esse relatório seja divulgado. Mas há mais coisas dentro da UM que precisam de ser analisadas, não é só aquilo que o CA disse. Há discriminação étnica e de nacionalidade na UM por pessoa do reitor, Wei Zhao. Em Macau falta um organismo como a “Equal Opportunity Comission”, que existe em Hong Kong para receber queixas de discriminação, sexual, por linguagem. - A.S.S.

“[A prostituição] vai além do Alan Ho: alguns estão fugidos do território. O Alan Ho não é testa máxima do grande império da STDM. Há outras pessoas por cima daquilo que têm de prestar umas declarações. Não estou espantado”

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6 hoje macau sexta-feira 13.2.2015política

Leonor Sá [email protected]

a proposta de lei do Regi-me do Ensino Superior foi aprovada ontem na generalidade, ainda que

com algumas reservas e reivindi-cações por parte dos deputados. Em cima da mesa estão questões como o financiamento das diferen-tes entidades de ensino superior, a criação de um conselho em cada uma das instituições de ensino superior do território e os critérios e requisitos de avaliação das uni-versidades. O Secretário para os

A proposta de lei do Ensino Superior foi ontem aprovada na generalidade na Assembleia Legislativa, mas os deputados mostraram-se preocupados com a gestão do fundo de financiamento e do sistema de avaliação de qualidade, ambos a criar. Alexis Tam assegura que tudo será resolvido em sede de especialidade

Ensino supErior DeputaDos aprovam lei, mas não poupam críticas

Mais vale tarde que nunca

Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, já referiu que todas estas preocupações deverão ser discu-tidas na especialidade, em sede de comissão, mas nem isso descansou os membros do hemiciclo.

“A vossa posição é a mesma que a nossa e há consenso entre nós sobre a necessidade deste re-gime para criar talentos e formar jovens”, assegurou Tam. Em cima da mesa ficou ainda a criação de cursos especializados para formar pessoas em determinadas áreas. “Vamos criar cursos vocacionados para alunos interessados na vertente técnico-profissional, mas temos que despender algum tempo na criação desses cursos”, anunciou o Secre-tário. A declaração surgiu depois de José Pereira Coutinho ter refe-rido existência de falta de quadros qualificados, dando a profissão de electricista como exemplo.

MecanisMos paraandar nos eixosA ideia é repor o actual sistema que se encontra em vigor há mais de 10 anos e uniformizar todo o ensino superior. Assim, sabe-se que cada instituição terá que ter um conselho para gerir as questões financeiras e administrativas e os seus próprios estatutos. Será também imple-mentado o sistema académico por créditos para uniformizar as universidades locais aos padrões internacionais e abolido o grau de bacharelato, tal como já foi em outros locais. Actualmente, apenas

algumas dispõem de um código de estatutos e Alexis Tam referiu que vai ser necessário esperar até que todas os estabeleçam.

Outra das alíneas da nova pro-posta define a criação do Fundo do Ensino Superior, que deverá financiar instituições públicas, privadas e alunos separadamente. “Através da criação do respectivo mecanismo do financiamento, vai proceder-se de forma mais pontual e sistemática, à coordenação do investimento dos respectivos re-cursos”, disse o Secretário. Outros dos pontos fortes da proposta é a criação do Regime de Avaliação, que pretende garantir a qualidade das instituições a vários níveis, incluindo da docência.

inforMações vagas No entanto, alguns deputados não ficaram satisfeitos com o presente diploma, colocando questões relati-vas à entidade que vai regulamentar o Fundo do Ensino Superior, em-bora o Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura tenha anunciado que há já uma entidade na calha. Contudo, não revelou mais por-menores, incluindo se esta seria do Governo ou até mesmo do exterior. Embora se tenha manifestado a fa-vor da presente proposta, Kwan Tsui Hang disse ser “estranho” o facto do património de ensino superior poder vir a ser vendido um dia. Também Ella Lei se mostrou preocupada com esta alínea, que aparentemente autoriza que, “em situações que a

lei permite, as instituições possam vender o seu património”, mesmo quando considerado público. “Não vejo porque deve haver uma lei que permita que as instituições vendam bens imóveis (...) deve ser incluído uma lei que proíba isto”, frisou a deputada.

O coordenador do Gabinete do Ensino Superior (GAES), Sou Chio Fai respondeu às questões dos deputados, referindo que as escolas terão que apresentar relatórios anuais

“Vamos criar cursos vocacionados para alunos interessados na vertente técnico- -profissional,mas temos que despender algum tempo na criação desses cursos”AlExis TAM secretário paraos Assuntos sociais e Cultura

“Não vejo porque deve haver uma lei que permita queas instituições vendam bens imóveis (...) deveser incluído uma lei que proíba isto”EllA lEi Deputada

das suas despesas. “Cada instituição terá que apresentar, anualmente, as contas ao Governo”, esclareceu. O coordenador do GAES acrescentou ainda que o património será sempre da RAEM, para impedir que seja “utilizado para outros fins”.

Alexis Tam mostrou-se dispo-nível para discutir este ponto da proposta. “A nossa posição é aberta e vários deputados referiram a ven-da de imóveis quando autorizado por lei (...) Esta norma já existe há 24 anos e foi inspirada no modelo português. Em sede de apreciação de especialidade, podemos discutir melhor e podemos até eliminar esta norma”, disse o Secretário.

Para Lam Heong Sang, “os assuntos públicos e privados estão todos misturados”. Além disso, la-menta que tenham sido eliminadas várias alíneas do regime actual que considerava positivas. “Temos que ter regimes que possam ser controlados e não que apenas fun-cionam quando o seu criador está no cargo”, atirou Lam Heong Sang.

Haja financiaMentoNg Kuok Cheong mostrou-se preo-cupado com a falta de definição das entidades responsáveis pela avaliação e com o tipo de sanção a imputar à instituição que infrin-gir o prazo de duração dos cursos estipulado. Neste sentido, ques-tiona quais são as “consequências jurídicas” para estas. Também Ella Lei se mostrou preocupação com a gestão do Fundo.

“Parece-me que isto se trata de um diploma complementar... Como vai ser o processo de atribuição e apreciação deste financiamento?”, questiona a deputada. Ella Lei lem-brou ainda que “deve haver uma fiscalização” apertada nesta matéria.

Já José Pereira Coutinho quei-xou-se de falta de transparência quanto à utilização do erário pú-blico no ensino superior, referindo mesmo que a população desconhece vários pormenores sobre os gastos que são importantes. “Gostaríamos de saber como e quem é que vai financiar as instituições públicas e privadas”, apontou Pereira Cou-tinho. O deputado lembra ainda que é “importante unificar” todas as entidades numa só com efeitos de financiamento a universidades.

QueM teM Medo,pergunta ao secretárioTambém Au Kam San se queixou da falta de mecanismos de controlo no que diz respeito à qualidade do ensino, das escolas e dos cursos e ao financiamento e método de obtenção de subsídios. “Tenho medo” disse Au, referindo-se a

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7 políticahoje macau sexta-feira 13.2.2015

Leonor Sá [email protected]

A s interpelações que tiveram lugar ontem na Assembleia Legis-lativa (AL), antes da

ordem do dia, focaram-se princi-palmente na fixação de preços de bens de consumo, de concessão de terrenos e contagem de espaços desaproveitados.

José Chui sai Peng pediu a revisão do Regime de Aquisição de Bens e ajuste do montante e re-quisitos. Tudo isto foi justificado com a necessidade do Governo e os casinos fazerem melhor uso daquilo que Macau tem. Assim, pediu ao Executivo que fosse adoptado um modelo de compra prioritária de produtos produzidos por PME locais.

“solicitamos aos serviços públicos e às concessionárias do Jogo que comprem produtos às empresas locais, reforçando os apoios dados pelas concessionárias à aquisição local, tudo isto para incentivar as grandes empresas a cuidar das pequenas”, realçou.

Habitação para todos Angela Leong pede que o Go-verno se apoie no modelo de compra de casa para jovens que actualmente existe em Hong Kong e em que é fixado um valor

Propostas sobre metro e cláusulas penais compensatórias chumbadas

“Será que o Governo vai contratar do exterior para avaliar as instituições?E quais os critériosa adoptarnessa avaliação?Chan hong Deputada

uma das alíneas da proposta que faz menção à dotação de “recursos suficientes” para uma maior auto-nomia por parte das universidades. Já Kwan, a deputada da FAOM, diz que “a proposta é estranha”, pois não especifica medidas diferentes para instituições com e sem fins lucrativos. “Então assim todos vão passar a criar instituições com fins lucrativos” para terem mais financiamento, argumenta.

“O regime de avaliação visa apoiar as instituições para que estas atinjam os níveis exigidos”, esclareceu o Secretário. Alexis Tam anunciou ainda que há já apoio pensado por parte de uma entidade, escusando-se no entanto a revelar qual.

o GaEs é quE mandaNa sua intervenção, Pereira Couti-nho expressou vontade de que fosse o GAEs a entidade responsável pela avaliação das instituições.

Já Chan Hong questionou o Governo quanto à garantia de qualidade das instituições. De acordo com os responsáveis do Governo, o Regime de Avaliação pretende salvaguardar a quali-dade, mas a deputada quis saber “mais pormenores” sobre o tipo de avaliação e as entidades que vão ser responsáveis. “Será que o Governo vai contratar do exterior para avaliar as instituições? E quais os critérios a adoptar nessa avaliação?, perguntou. A deputada questionou ainda a composição do Conselho de cada entidade de ensi-no: “Vai haver criação de conselhos consultivos?”, questionou.

“Se dispomos de 200 mil TNR que não são técnicos, porque é que não podemos contratar especialistas talentosos para finalizar as obrasdo metro ligeiro com garantia de qualidade?”au Kam San Deputado

Kwan Tsui Hang e Chan Meng Kam referiram ontem a necessidade de melhor se coordenarem os preços estabelecidos, tanto em supermercados e mercearias, como em farmácias e na compra de petróleo. Já Ng Kuok Cheong e Angela Leong preferiram frisar a necessidade de habitação. O metro ligeirofoi outro dos assuntos discutido antes da ordem do dia

Terrenos, meTro e concorrência no mercado são principais preocupações

Preços vários e casas para todos

de renda mensal a pagar pelos arrendatários. Para a deputada, deve existir um modelo que fa-cilite a compra ou arrendamento de habitação destinado aos jovens. De acordo com Angela Leong, esta é uma das camadas sociais mais afectada com o aumento dos preços no território.

Também Ng Kuok Cheong referiu, uma vez mais, a questão da falta de habitação e lembra o facto do terreno destinado à construção do empreendimento ‘La scala’ estar agora inutilizado. Além disso, o deputado voltou a insistir na questão da contagem do número de terrenos

não aproveitados, referindo que estes seriam uma boa solução para colmatar os problemas de habitação vividos no território.

Foram Chan Meng Kam, Kwan Tsui Hang e Au Kam San que abriram as hostes, lembrando o relatório do Comissariado de Auditoria sobre os atrasos e derra-pagens orçamentais na construção do metro ligeiro.

O deputado democrata sugeriu a eventual contratação de ‘talen-tos’ do exterior para resolver os problemas do metro e, apesar de admitir que é normal que haja atrasos e pequenas derrapagens

orçamentais, descarta aceitar “a impossibilidade de fixar um orçamento e prazo de finalidade”.

O deputado referia-se ao facto do actual secretário para os Trans-portes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário ter afirmado que, para já, não seria possível fornecer esses da-dos à população. Na opinião de Au, a revisão da Lei de Enquadramento Orçamental deve ser acelerada, de forma a criar um mecanismo de re-solução de derrapagens financeiras no orçamento do Governo. Uma das medidas passa por criar uma cláu-sula que obrigue os deputados da AL a “assumir responsabilidades” políticas. “se dispomos de 200 mil trabalhadores não residentes que não são técnicos, porque é que não podemos contratar especialistas talentosos para finalizar as obras do metro ligeiro com garantia de quali-dade, com uma data definida e um orçamento estipulado?”, questionou o deputado.

As propostas de debate dos deputados Ng Kuok Cheong e Ella Lei foram

chumbadas pela maioria dos membros da Assembleia Legislativa (AL). O deputado democrata pretendia abrir as hostes para a discussão de questões relacionadas com o atraso na construção do metro e as derrapa-gens orçamentais de que a obra tem sido alvo. No entanto, houve deputados que argumen-taram que a questão havia já sido clarificada pelo secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário. O dirigente referiu há dias que não era ainda possível definir um orçamento e uma data certa para a finalização do metro. A proposta de debate de Ella Lei focava-se na inclusão de cláusu-las penais compensatórias nos contratos de obras públicas e acabou por ser igualmente chumbada pela maioria.

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hoje macau sexta-feira 13.2.20158 política

Chan hon Kit está de saída do Gabinete para o Desenvol-

vimento de Infra-estruturas (GDI). O coordenador pediu a demissão do cargo, alegando motivos de saúde, avança a rádio Macau. Recorde-se que Chan hon Kit está há já vários meses afastado do GDI, depois de ter sido vítima de uma doença que o tem impedido de trabalhar.

até ser nomeado um novo coor-denador, os destinos do gabinete vão ser geridos por Chau Vai Man. O coordenador-adjunto estava já, de resto, à frente do GDI desde a baixa médica de Chan hon Kit. O até aqui coordenador do GDI ocupava o car-go desde novembro de 2007. Saiu das Obras Públicas, onde era sub-director, e foi substituir Castanheira Lourenço. a promoção aconteceu durante o primeiro julgamento de ao Man Long, o ex-secretário para os Transportes e Obras Públicas condenado por corrupção e bran-queamento de capitais.

Segundo a rádio, o depoimento de Chan hon Kit em tribunal foi polémico, com os juízes do Tribunal de Última Instância a entender que havia discrepâncias nas declarações do então recém-nomeado coordena-dor do GDI, que chegou a enfrentar a possibilidade de ter de responder por falsas declarações em tribunal. O caso acabou por ser arquivado.

a associação dos Moradores da Praia Grande e Sai Van criticou

a postura do Governo em ignorar os problemas existentes nos terre-nos desocupados, classificando-os como “Bombas da cidade”.

Em Março do ano passado, um espaço desocupado na avenida Comercial de Macau foi alvo de um incêndio, sem nunca se terem apurado as causas. na quarta--feira passada um novo incêndio deflagrou no mesmo local. Em declarações ao Jornal do Cidadão, a directora da associação, Chan Choi Kun, apelou a que a auto-ridade consolide a supervisão de limpeza dos terrenos desocupados.

“Os terrenos estão sempre cheios de lixo, águas paradas, algo que desagrada os residentes. Logo que descobertos os problemas, o Governo deve obrigar os proprie-tários a limparem os espaços. Caso estes não cumpram as directrizes, o Governo deve primeiro resolver o problema, depois falar com os proprietários e obrigá-los a pagar o que foi gasto. Com isto, ainda os deve penalizar”, sugere a directora, defendendo que deve ser criado um mecanismo de queixas para evitar riscos de prejuízos à população.

Moradores apelam à limpeza de terrenos desocupados

GDI Chan hon Kit pede demissão

O organismo já começou a aceitar pedidos das companhias do sector, prevendo que a emissão das licenças possa demorar apenas até três dias úteis

Combustíveis Regulamento pRetende contRolaR pReços

Garantido ajustamento razoávelO regulamento, inactivo desde 2008, ganha nova vida a partir da próxima segunda-feira com o objectivo de acompanhar os preços dos combustíveis mas gera alguns receios junto de empresas do sector no que toca ao licenciamento de importação

Flora Fong [email protected]

A partir da próxima se-gunda-feira, o regime de licenças de impor-tação para os produtos

petrolíferos entrará de novo em vigor. Contudo, as empresas do sector de combustíveis estão re-ceosas com algumas dificuldades que possam vir a ter relativamente aos processos de pedidos de licença de importação para estes produtos e mostram-se preocupadas que o facto possa causar a suspensão da importação.

Um responsável da Direcção dos Serviços de Economia, Fong Ion Leong, referiu ontem, numa sessão de esclarecimento, que o objectivo do Regime é acompa-nhar o preço dos combustíveis, tornando-o mais transparente. Em declarações ao canal chinês de Rádio Macau, Lai Weng Wa, director da associação dos Industriais de Combustíveis de Macau, mostra-se a favor da medida do Governo, mas está preocupado com a possibilidade das licenças não serem emitidas atempadamente.

ainda assim, o chefe do Departamento de Gestão de Co-mércio Externo da DSE, Fong Ion Leong, explicou que o organismo já começou a aceitar pedidos das companhias do sector, prevendo que a emissão das licenças possa demorar apenas até três dias úteis.

OutrOs receiOsTse Seng Chi, membro da mesma associação que Lai Weng Wa,

apresentou alguma preocupação também sobre o preço de impor-tação de combustíveis, já que con-sidera este instável. Tse defende que o preço previsto aquando do pedido da licença possa vir a ser alterado, causando por isso uma diferença no preço real.

Para o Governo, contudo,

a intenção não é prejudicar as empresas, mas tornar os preços praticados mais transparentes.

O deputado ho Ion Sang disse, recentemente, que havia “aumento constante e veloz do preço dos produtos petrolíferos”, mas os responsáveis da associação asseguram que a indústria “nunca

fez isso” propositadamente e que, “pelo contrário, ajustou o preço de acordo com o preço de companhias de combustíveis de hong Kong”.

“Desde Julho do ano passado, os produtos petrolíferos diminuí-ram 23 vezes. não recebemos aplausos da população. até ao início deste mês o preço aumentou duas vezes e as queixas da socie-dade surgiram logo. Esta situação não é justa para o sector”, remata.

Recorde-se que com a im-plementação das regras o licen-ciamento volta a ser obrigatório. O regulamento estava inactivo desde 2008.

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9sociedadehoje macau sexta-feira 13.2.2015

Fil ipa araújo*[email protected]

d epois de o secretário para os Transportes e obras públicas, Rai-mundo do Rosário, ter

garantido na quarta-feira que vai regressar o serviço de rádio-táxis a Macau, três associações mostram--se satisfeitas com a decisão, mas não têm dúvidas: o pagamento extra de uma tarifa é necessário para que a empresa que vencer o concurso consiga sobreviver apenas com este serviço.

Macau precisa deste serviço, mas as condições devem ser re-pensadas, defendem.

“para que este serviço funcione bem o Governo tem que permitir uma cobrança extra, as tais 30 patacas requeridas pela Vang iek [antiga empresa dos rádio-táxis]”, começa por argumentar Andrew scott, presidente da Associação dos passageiros de Táxi.

Tony Kuok, presidente da Associação do Mútuo Auxílio dos Condutores de Táxi, acredita que só com a cobrança extra desta tarifa é que se poderá “assegurar o sucesso do serviço”, caso contrário “nenhuma companhia terá interes-se em candidatar-se às licenças”.

“o mesmo acontece em singa-pura e só assim e que funciona, só assim é que a empresa responsável pelo serviço consegue competir com os outros táxis. em Macau tem que

Estância demadeira novamente em tribunal Iong Lao Tsing, responsável da Estância de Madeira Lei Seng, revelou ontem que vai novamente a tribunal para lutar pelo direito de propriedade de um edifício na Avenida Almirante Lacerda. O Tribunal Judicial de Base aceitou um recurso interposto pela proprietária, fazendo com que o processo vá para tribunal, neste caso o de Segunda Instância. Num encontro ontem no Leal Senado, Iong Lao Tsing acusou vários advogados de não ajudar a entregar documentos úteis aos tribunais, incluindo uma advogada portuguesa, que Iong acusa de ter “distorcido os factos em 2012” e ter ajudado a outra parte, a Associação de Beneficência Tong Sin Tong.

Entidades sociaiscom mais espaçosnos novos aterrosO Chefe do Executivo afirmou ontem num encontro com o secretário-geral da Cáritas, Paul Pun, que “pretende dar mais apoio” às questões relacionadas com recursos humanos e terrenos, tendo em conta a necessidade de profissionalização do sector de apoio social. Chui Sai On garantiu, segundo um comunicado, que “já indicou a reserva de mais espaços, nos novos aterros, para as entidades ligadas aos serviços sociais”. O Chefe do Executivo garantiu ainda o total apoio à Cáritas em termos de manutenção dos serviços. Paul Pun assegura que já foi elaborado um relatório “com sugestões sobre serviços destinados aos idosos, reabilitação, famílias, jovens e serviços comunitários” para entregar ao Governo, de forma a dar sugestões para a composição das Linhas de Acção Governativa (LAG).

Residentes presos a empréstimos hipotecáriosos residentes de Macau devem à banca 94%

do equivalente a 16,9 mil milhões de euros que no final de 2014 estavam concedidos em empréstimos hipotecá-rios à habitação, indicam dados oficias revelados pela Autoridade Monetária de Macau (AMCM). De acordo com os dados, no final de Dezembro de 2014 o saldo bruto dos empréstimos hipotecários para habitação era de 152,8 mil milhões de patacas, um acréscimo de 29,3% relativamente ao

último mês de 2013 e de 1,3% em relação a Novem-bro de 2014.

Desde valor global, 143,8 mil milhões de pata-cas, ou 94%, eram dúvidas de residentes em Macau, um valor que traduz uma variação homóloga positiva de 28,3%.

Já os não residentes de-viam aos bancos de Macau 9 mil milhões de patacas, um valor que traduzia um

crescimento de 46,4% face a Dezembro de 2013.

Só no mês de Dezem-bro, os novos empréstimos

hipotecários para habitação aprovados pelos bancos de Macau atingiram 3,7 mil mi-lhões de patacas, mais 23,8% face ao período homólogo de 2013.

De acordo com as estatís-ticas da AMCM, em termos mensais, verificou-se um aumento de 9,7%. Do total, 95,3% foram concedidos a residentes.

Já os novos empréstimos hipotecários para activida-des imobiliárias aprovados pela banca de Macau quase triplicaram em Dezembro,

Como tinha sido defendido pela Vang iek, também as associações de táxis estão de acordo com o facto de ser necessário pagar mais para chamar um carro através do serviço de rádio-táxis. presidentes de várias associações estão de acordo com o regresso deste serviço, mas criticam o número de licenças avançado pelo Governo. Uns por consideraram que faltam, outros por considerarem que são demais

ASSOCIAçõES quErEM TArIfA ExTrA PArA rádIO-TáxIS

Amarelo da paz

“O mesmo acontece em Singapura e só assim e que funciona, só assim é que a empresa responsável pelo serviço consegue competir com os outros táxis. Em Macau tem que funcionar da mesma forma, caso contrário a história repete-se”Tony KuoK Presidente da Associação do Mútuo Auxílio dos Condutores de Táxi

funcionar da mesma forma, caso contrário a história repete-se”, diz.

em consonância com os re-presentantes, Wong peng Kei, vice-presidente da Associação de Negócios de Táxis, reforça que sem tarifa extra o serviço não será sustentável.

Questionado sobre a hipótese de concorrer ao concurso público para

o serviço de rádio-táxis, o porta-voz da empresa Vang Iek afirmou ao HM não querer prestar qualquer declaração sobre o assunto.

Recorde-se que a empresa propôs ao Governo a cobrança extra por não conseguir sobreviver apenas com o serviço de chamadas telefónicas, mas o Governo rejeitou a proposta.

esta semana, o executivo anun-ciou que vai ser aberto um concurso público para a contratação de uma empresa que preste serviços de rádio-táxi.

Sem agradar a ninguém Raimundo do Rosário disse ainda que o Governo pretende ter em cir-culação até 1300 táxis em Macau, mas neste ponto as associações não estão de acordo. Uns pedem mais licenças, outros consideram que são demais.

“Tendo em conta o número de turistas que Macau recebe anualmente, já para não falar dos residentes do território, 1200 ou 1300 táxis a circular pelas ruas do território nunca será suficiente”, defendeu Andrew scott. Na sua opinião, em Macau deviam existir “pelo menos o dobro das licenças previstas pelo Governo, pelo me-nos 2600 táxis nas ruas”.

este número anunciado pelo Governo vem colmatar a caduci-dade de algumas licenças que vão acabar durante o presente ano. Mas, há quem não goste da ideia.

“Não concordo que o número de licenças que vá perder a vali-dade seja [substituído] com novas licenças”, começa por argumentar Wong peng Kei.

Contrariamente ao que pensa Andrew scott, este responsável defende que Macau precisa de menos táxis devido aos constantes engarrafamentos e problemas de tráfego. “Macau é um território pequeno por isso só posso de-fender um número mais baixo de táxis”, diz.

A pedir um novo estudo está Tony Kuokque acredita que esta novidade do Governo, sobre a licenças para os táxis pretos, em nada traz mudanças.

“o Governo está apenas a recuperar as licenças que vão caducar, por isso não há qual-quer alteração, fica tudo igual”, argumenta, adiantado que na sua opinião o executivo deve avançar com um estudo para perceber a realidade do território. só assim, diz, conseguirá saber-se se “são precisas mais licenças ou não”. - *com Flora Fong

face ao período homólogo, atingindo 6,3 mil milhões de patacas.

Além de ter aumentado 172,7% em termos anuais, os novos empréstimos co-merciais para actividades imobiliárias subiram 74,4% comparativamente ao mês anterior.

o saldo bruto dos em-préstimos comerciais au-mentou 3,4% face a No-vembro e 43,1% em termos anuais, totalizando 122 mil milhões de patacas, de acor-do com os mesmos dados.

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10 sociedade hoje macau sexta-feira 13.2.2015

A falta de recursos hu-manos tem sido uma

constante em diversos sectores e, tal como no-ticiado pelo HM, nem o Estabelecimento Prisional de Macau (EPM) escapa a esta questão. Para combater isto, muitas têm sido as con-tratações ao exterior, sendo o Nepal um dos países mais presentes quando se fala de guardas prisionais.

Dos 81 guardas pri-sionais que o director do EPM anunciou precisar, 78 já ocuparam as vagas. Ao todo, foram 19 os guardas principais que esta quarta-feira foram empossados, juntamente com mais 59 guardas nepaleses, todos do sexo masculino. Os guardas em causa realizaram uma formação e um estágio com duração de 11 meses e estão agora aptos para cumprir funções de vigi-lância, revista, escolta, anti-motim, etc.

As novas contratações, espera o EPM, “podem contribuir para um fun-cionamento e distribuição mais racional dos recursos humanos”, avança o esta-belecimento em comuni-cado à imprensa.

Recorde-se que al-guns dos formandos para guardas prisionais avançaram ao HM que uma das razões que faz com que os jovens percam o interesse em trabalhar como guarda prisional, além de terem que lidar com presidiá-rios de forma diária, é a distância. Para um grupo de seis jovens chineses que desistiram do curso para guarda prisional e concorreram para a Polícia de Segurança Pública, Coloane fica demasiado longe tendo em conta que o orde-nado é o mesmo nas duas entidades: 30 mil patacas. - F.A.

EPM Novos guardas são maioritariamente do Nepal

O PERADORES do sector do Jogo de Macau contactados

pela agência Lusa receiam que a queda das receitas dos casinos possa ser na ordem dos 50% em Fevereiro, mais 10 pontos percentuais do que as previsões do Governo.

Uma fonte da Galaxy Resorts explicou que os primeiros dez dias de Feve-reiro – que em 2014 marcou um novo recorde de receitas brutas com 38 milhões de patacas – estão a traduzir uma queda “mais perto dos 50% do que dos 40%”.

“Os números estão muito abaixo da média, mesmo comparando com os últimos meses, em que as receitas registaram sempre quedas ho-mólogas”, explicou a mesma fonte, salientando que Feve-reiro será “um mês de muitas contas e poucos lucros”.

Com uma média de receita ainda abaixo de 700 milhões

de patacas, os operadores preconizam uma queda homó-loga, que pode variar entre os 45% e quase 52%. “Será um mês de forte queda da receita até porque as datas do Ano Novo Chinês não ajudam muito a potenciar ganhos no casino”, acrescentou outra fonte da MGM Macau.

“Depois há um período de recolhimento, de família, em que os valores das receitas dos casinos são sempre muito baixos. Só lá para o terceiro ou quarto dia é que os jogadores

regressam aos casinos e come-çam as suas apostas, mas nessa altura estamos praticamente no final do mês”, lembrou a fonte do MGM Macau, para quem seria preciso uma “gran-de reviravolta para inverter a actual previsão”. “É possível, mas é difícil”, afirmou.

VerdAdes e consequênciAsAnalistas do mercado asso-ciam as quedas das receitas dos casinos principalmente ao combate à corrupção na China e a um controlo mais

eficaz dos fluxos de capitais entre o continente e Macau, o que dificulta o jogo de grandes apostadores e tem levado o mercado VIP a perder peso na estrutura das receitas dos casinos, mas a desaceleração da economia chinesa também está a retrair os apostadores.

Contudo, o Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, afirmou, se-gundo um comunicado, que a quebra nas receitas se deve “a uma combinação de factores, nomeadamente à alteração da economia externa, à falta de capitais, à mudança da econo-mia da sociedade em geral”.

“A economia e a indústria de Jogo são, muitas vezes, afectadas pelos factores exter-nos, nomeadamente da China e de outros países e regiões quando estão a efectuar ajus-tamentos das suas políticas monetárias que, por sua vez, se reflectem no número de turistas e vontade de consumo. Sendo a indústria de Jogo e turismo o foco principal do modelo económico de Macau, certamente sofrerá alguns impactos”, lê-se na mesma nota. - Lusa/HM

Jogo Casinos vão registar quebra de 50% nas reCeitas

Previsões ainda mais negras

“Em 2014, foram registados cumulativamente 4112 casos de infecção por enterovírus, dos quais, houve uma ocorrência de complicações de encefalite/meningite”serviços de saúde

JOana [email protected]

M ACAU registou no ano passado mais de quatro mil casos de infecções por entero-

vírus, tendo sido as creches os locais mais afectados. Ao HM, os Serviços de Saúde (SS) garantem que as infecções não estão relacionadas com falta de higiene ou contamina-ção dos alimentos, ainda que estas infecções sejam mais comuns, de acordo com estudos médicos, em locais com saneamento precário e condições de vida em aglomeração, como é a RAEM.

O enterovírus é transmitido através de contacto com fezes ou

secreções das pessoas infectadas, sendo que é passível de passar também através de objectos con-taminados. De acordo com os dados fornecidos ao HM, os focos principais de infecção em Macau são três e, ainda que sejam os mais comuns, podem ser gravemente prejudiciais à saúde.

“Os resultados laboratoriais evidenciaram que as causas de infecção [no ano passado] foram provocadas pelo enterovírus de tipo Coxsackie A, EV71 e Coxsa-ckie B”, notam os SS.

O tipo de enterovírus Coxsa-ckie A é um dos motivadores da doença conhecida como doença das mãos, pés e boca, sendo que o vírus com o mesmo nome mas

do tipo B pode causar problemas em órgãos como o coração ou o pâncreas. Mais perigoso é o vírus EV71, também detectado em Ma-

cau, e que pode criar paralisia e encefalites, nos casos mais graves. Um destes casos foi detectado em Macau, no ano passado.

enterovírus quatro mil casos em 2014

ele anda por aíÉ transmitido através de fezes ou secreções de pessoas infectadas e é mais comum em locais com crianças. O ano passado, mais de quatro mil casos de infecções por enterovírus foram registados em Macau, tendo um causado complicações mais graves

“Em 2014, foram registados cumulativamente 4112 casos de infecção por enterovírus, dos quais, houve uma ocorrência de compli-cações de encefalite/meningite”, disseram os SS numa resposta ao HM.

Entre os casos de infecção por enterovírus encontram-se uma cen-tena de casos de “infecção colecti-va” que envolveram 586 pessoas. Já este ano, de 1 de Janeiro a 26 de Janeiro, foram registados 156 casos, sendo sete de infecção co-lectiva que envolveram 31 pessoas. Este ano, todas as infecções foram originadas pelo tipo Coxsackie A.

JoVens eM FocoOs principais locais de ocorrência destes focos foram as creches, infantários e lar de crianças, algo comum em todo o mundo.

“Os estabelecimentos de edu-cação e ensino são locais de estudo e de actividades que envolvem grandes números de crianças e jovens. Como é do conhecimento público a imunidade das crianças é relativamente baixa perante al-gumas doenças infecciosas, além disso, nas escolas há um contacto estreito entre elas daí que o risco de transmissão das doenças infec-ciosas seja maior”, explicam os SS, descartando que as infecções estejam relacionadas com “higiene e/ou contaminação dos alimentos”.

As infecções por enterovírus têm como sintomas mais comuns febre, dores de barriga e gastroen-terites e tosse.

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Um Homem SingUlar • Maria de Fátima BonifácioRodrigo da Fonseca Magalhães foi um dos mais importantes políticos liberais portugueses e primeira figura do movimento da Regeneração. Embora seja praticamente desconhecido, ele é um dos maiores nomes deste período, tendo sido reconhecido pelos seus contemporâneos como um político de referência com uma obra quase tão importante como a de Fontes Pereira de Melo. Este livro é o resultado de uma investigação de vários anos de Maria de Fátima Bonifácio e apresenta o retrato completo da figura e da obra de Rodrigo da Fonseca Magalhães, espelhando bem como ele foi “Um Homem Singular”.

À venda na Livraria Portuguesa rUa de S. domingoS 16-18 • Tel: +853 28566442 | 28515915 • Fax: +853 28378014 • [email protected]

morTe na aldeia • Caroline grahamBadger’s Drift é a típica aldeia inglesa onde todos se conhecem e, aparentemente, nada acontece. Tem um vigário, um médico desastrado, umas quantas figuras excêntricas e uma solteirona amorosa, famosa pelas suas bolachas caseiras. Mas quando a velhinha morre subitamente, a sua melhor amiga não se conforma. Ela sabe que aquela morte não foi natural. O inspector-chefe Barnaby e o incansável sargento Troy não têm alternativa senão investigar. E o lado sombrio da pitoresca aldeia começa lentamente a ser revelado. Perante velhos ressentimentos e novas rivalidades, ódios intensos e paixões dissimuladas, Barnaby está cada vez mais alarmado. Infelizmente, um segundo e hediondo crime vai confirmar as suas piores suspeitas.

AndreiA SofiA [email protected]

É numa sala gigante que imen-sas mãos costuram e com-põem os detalhes de uma peça de arte com uma dimensão

nunca antes vista. As máquinas de costura trabalham ao mesmo tempo que os tecidos são sobrepostos e as linhas constroem as ideias de uma das maiores artistas contemporâneas portuguesas da actualidade.

Têm sido assim os últimos meses de preparação da peça “Valkyrie Octopus” no atelier de Joana Vascon-celos, que fala pela primeira vez ao HM da obra que traz a Macau a 15 de Março. Estará exposta na Grande Praça do casino MGM e o público poderá ver uma “instalação monu-mental”, pensada especificamente para este lugar.

“A complexidade de Valkyrie Octopus vem da diversidade de materiais e dos pormenores que a obra congrega, aliados à escala, com 34 metros de largura. É a maior

Joana Vasconcelos, autora da obra “Valkyrie octopus”

“Gosto de espaços não convencionais”A artista portuguesa Joana Vasconcelos apresenta no próximo dia 15 de Março “a maior valquíria alguma vez produzida”, onde as luzes e os materiais se unem aos elementos portugueses da Grande Praça do MGM.Uma das mais conhecidas artistas portuguesasda actualidade fala do seu trabalho, compostopor obras “em constante evolução”

Valquíria alguma vez produzida”, disse a artista por e-mail.

“Valkyrie Octopus” resulta de um trabalho que começou a ser feito em 2004 e é um teste para a artista em termos de materiais utilizados. “A sua escala exigiu o recurso a insufláveis, algo que nunca tínha-mos testado e milhares de LED’s. A outra particularidade é o diálogo gerado com as obras da série Tetris: ‘Alfama’, ‘Chiado’ e ‘Mouraria’. A obra integra mesmo alguns princí-pios do Feng Shui, nomeadamente nas cores e tons suaves dos têxteis utilizados”, disse.

Quando recebeu a proposta para expor em Macau, Joana Vasconcelos confessa ter ficado entusiasmada, até porque “nunca tinha exposto num espaço semelhante”. “Gosto de espaços não convencionais e de grande escala e a Grande Praça oferece também referências da cul-tura portuguesa. (É um espaço) que reproduz algumas fachadas de edi-fícios icónicos portugueses, onde os azulejos são referenciados e por isso

quis trazer a boa azulejaria portugue-sa, incorporando este revestimento nas minhas obras”, apontou.

Sendo uma artista que já expôs em vários lugares no mundo, Joana Vasconcelos assume que faz sempre uma pesquisa desses sítios antes de conceber a obra. No caso de Macau, o processo foi mais fácil, dadas as ligações familiares. “Foi mais simples pois é conhecida a ligação

histórica entre Portugal e China. A minha família também viveu em Macau e partilharam essa experiên-cia comigo. Então Valkyrie Octopus responde a todas estas reflexões e experiências”, revelou.

Prestes a expor num casino onde predominam os turistas chineses, Joana Vasconcelos espera que a sua obra “lhes permita ter um novo olhar sobre o mundo – e uma nova

visão também sobre Portugal e a contemporaneidade – e que a minha presença também contribuía de al-guma forma para a permanência dos laços entre os dois países”.

“nunCa desisto de uMa ideia”Joana Vasconcelos nasceu em Paris mas é em Lisboa que tem o seu atelier. É conhecida por fazer peças pouco convencionais com materiais que poucos imaginariam transforma-dos em obras de arte. Apesar de ter o seu trabalho reconhecido em todo o mundo, a verdade é que os medos persistem, mas não lhe retiram o poder de criar algo novo.

“Os obstáculos são desafios e há sempre forma de contorná-los, trabalhando e sendo persistente. As minhas peças estão em constante evolução, isso acontece, por exemplo com peças antigas e que ao longo dos anos fui recuperando, introduzindo novos elementos. É uma evolução. Um processo”, refere.

E frisa: “nunca desisto de uma ideia, se essa ideia for boa”. “To-das as ideias, se forem boas, são concretizadas mais tarde ou mais cedo. Podem levar o seu tempo. O “Jardim do Éden”, por exemplo, levou quase oito anos até ser aper-feiçoado”, conta.

O facto de fazer sempre projectos de grandes dimensões foi algo que surgiu naturalmente. “O papel do artista é sempre o de contribuir com novas formas de reflectir na arte. A sua produção deverá partir de um olhar atento e de uma reflexão pessoal sobre o mundo”, considera.

Sendo uma artista baseada na capital portuguesa mas com os olhos postos no mundo, Joana Vasconce-los não deixa de apontar o dedo à forma como o Governo português tem vindo a desinvestir na cultura.

“Há falta de investimento em Arte Pública, mas como o Governo, nesta altura, não tem capacidade financeira, poderia incentivar um maior sentido de responsabilidade social aos privados para que estes contribuam mais à arte e cultura no país”, concluiu.

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14 china hoje macau sexta-feira 13.2.2015

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a s reservas de turistas chineses para Portu-gal aumentaram este mês mais de 50% em

relação a Fevereiro de 2014, indicou ontem o presidente do Turismo de Portugal, João Cotrim de Figueiredo, à agência Lusa.

O aumento foi apurado após “uma consulta às companhias aéreas” acerca do movimento por ocasião do ano novo chinês, que começa no próximo dia 19, sob o signo da cabra.

A China indicou ontem estar dis-posta a “explorar continuamente possibilidades de cooperação e

comunicação com a Grécia a diferentes níveis”, mas escusou-se a pronunciar acerca da anunciada visita ao país do primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras.

“Neste momento, não tenho informa-ção quanto aos detalhes acerca da visita”, disse a porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Hua Chunying.

O gabinete de Tsipras anunciou na quarta-feira que o primeiro-ministro chinês, Li Kegiang, telefonou ao homó-logo grego para o felicitar pela vitória nas eleições de 25 de Janeiro e para o convidar a visitar a China.

“Valorizamos a nossa tradicional ami-

zade com a Grécia e estamos dispostos a elevar a nossa cooperação a um patamar mais alto”, salientou a porta-voz do MNE chinês acerca da “conversa telefónica” entre os chefes de governo dos dois países.

A “conversa” ocorreu na quarta--feira à tarde, “a pedido do primeiro--ministro grego”, precisou.

A bem dAs nAçõesLi Kiqiang disse ao homólogo grego que “a cooperação bilateral tem gran-de potencial” e que a Grécia pode ser “uma importante ponte entre a China e a Europa”, adiantou a porta-voz.

segundo a mesma fonte, o primeiro--ministro chinês afirmou que o investi-mento da China na Grécia, sobretudo no sector portuário, é “mutuamente vantajoso” e “também criou mais pos-tos de trabalho” naquele país europeu.

Alexis Tsipras indicou que “o aumento do investimento chinês na Grécia é bem-vindo”, referiu a porta--voz do MNE chinês

A China é considerada um “importan-

te parceiro” da Grécia devido aos títulos do tesouro grego que comprou no auge da crise da dívida soberana na zona euro e aos investimentos que tem feito no país, nomeadamente no sector portuário.

Desde 2010, através de um contrato de ‘leasing’ de 35 anos, a exploração de dois terminais de contentores do porto do Pireu, nos arredores de Atenas, está entregue à China Ocean shipping Group (Cosco).

Aquele consórcio estatal chinês já investiu cerca de 4.500 milhões de eu-ros no Pireu e é candidato à compra de 67% do capital da Autoridade Portuária local, cuja privatização foi entretanto suspensa pelo novo governo grego.

“O porto do Pireu pode tornar-se uma porta de entrada da China na Europa. O porto do Pireu é como uma pérola no Mediterrâneo”, disse o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, em Junho passado, durante uma visita à Grécia.

A União Europeia é o maior parceiro comercial da China e cerca de 80% das exportações e importações entre os dois blocos são feitas por mar.

Taiwan seis presos suicidam-se após protesto em cadeia

UM grupo de seis reclusos taiwa-neses, que fizeram reféns numa

prisão, suicidou-se depois de 14 horas de protesto contra um alegado favorecimento da Justiça para com os políticos corruptos.

Os seis reclusos, presos no esta-belecimento de Taliao, da cidade de Kaohsiung, que também protestavam pelos baixos salários que recebem pelos seus trabalhos na prisão, não provocaram ferimentos a qualquer dos reféns – o director e um funcio-nário – naquele que foi o primeiro caso do género em prisões da ilha Formosa.

Os prisioneiros tomaram como reféns os funcionários após pedi-rem tratamento médico e protestar por alegados maus tratos, tendo forçado de seguida a entrada no depósito de armas do presídio onde recolheram várias armas, explicou o vice-ministro da Justiça, Chen Ming-tang.

O director e subdirector da cadeia, respectivamente Chen shizhi e Lai Chen-jung, ofereceram-se para tro-car de posição com os funcionários sequestrados enquanto os detidos exigiram veículos e que fossem lidas as suas petições, em troca de não causarem qualquer ferimento às pessoas retidas.

Os seis reclusos tinham sido condenados por roubo, homicídio e tráfico de drogas e cumpriam a pena no recinto de Taliao que acolhe 3.000 presos.

AberturA à “comunicAção com A GréciA”. VisitA de tsiprAs sem detAlhes

Uma ponte para a Europa

A subida do yuan face ao euro e a simplificação dos processos de vistos são algumas das razões apontadas para o crescimento do número de turistas que visitam o velho continente durante os feriados do Novo Ano Lunar

portuGAl ReseRvas de tuRistas chineses aumentam mais de 50%

bons auspícios do signo da cabra“Os dados disponíveis não

são definitivos”, mas o resulta-do da consulta “aponta para que o destino Portugal possa estar a beneficiar da procura realizada pelos turistas chineses”, disse Cotrim de Figueiredo.

A passagem do ano lunar é a principal festa da China, equivalente ao natal e ao ‘re-veillon’ nos países ocidentais, e para muitos chineses, as folgas, feriados e ́ pontes’ concedidas nesta altura constituem as maiores férias do calendário.

Câmbio fAvorávelEm Janeiro passado, a tele-visão chinesa difundiu uma reportagem intitulada “Com a subida do yuan face ao euro, é hora de visitar a Europa”. (Em 2008, um euro valia mais de 11 yuan; hoje, não chega aos sete).

“É espectável que a taxa de câmbio estimule o consumo dos turistas chineses aquando da sua visita a Portugal”, admitiu o pre-sidente do Turismo de Portugal.

Pelas contas portuguesas, nos primeiros oito meses de 2014, a receita gerada em Portugal pelos turistas chineses somou 33,5 mi-lhões de euros, mais de o dobro do valor registado em igual período do ano anterior.

Já o número de turistas chi-neses que visitaram Portugal no primeiro semestre de 2014 aumentou 69% para 55.400.

“Temos razão para esperar que o crescimento, em 2015, seja ainda mais substancial do que em 2014. É para isso que estamos a trabalhar”, disse o secretário de Estado do Turismo, Adolfo Mesquita Nunes, quando se deslocou em Novembro passado a Xangai.

Itália, França, Alemanha e suíça continuam a ser os países mais procurados pelos turistas chineses, mas “Portugal, Espanha e Grécia são cada vez mais co-nhecidos”, disse à agência Lusa um agente de viagens de Pequim.

O mesmo profissional atri-buiu o aumento do movimento de turistas para a Europa ao “declínio do euro” e à “simplifi-cação do processo de concessão de vistos”.

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15 chinahoje macau sexta-feira 13.2.2015

As autoridades japonesas auto-rizaram ontem a reactivação

de dois geradores nucleares por cumprirem as normas de segu-rança, impulsionando o plano do Governo de voltar à energia atómi-ca depois da crise de Fukushima.

A Autoridade de Regulação Nuclear anunciou ontem que os reactores 3 e 4 da central de Taka-hama, na costa do Mar do Japão, na prefeitura de Fukui, cumprem os requisitos de segurança necessários para a sua reactivação.

Esta central, operada pela Kansai Electric Power, é a se-gunda a receber o aval das auto-

ridades, após de satisfazer a nova norma imposta depois do acidente na central de Fukushima em 2011.

No caso da central de Taka-hama, os reactores só poderão, contudo, começar a funcio-nar depois do verão, já que a operadora da central tem de cumprir outros requisitos como a obtenção de aprovação das autoridades locais, onde existe uma grande oposição.

O acidente de Março de 2011 deixou os 54 reactores comer-ciais japoneses, incluindo os seis de Fukushima, fora de serviço por motivos de segurança.

O Governo de shinzo Abe de-fende activamente a reactivação das centrais nucleares do Japão perante o aumento dos custos da electricidade gerada através de centrais térmicas, usadas para compensar a ausência de energia atómica.

Japão autoriza a reactivaçãode dois novos reactores nucleares

A campanha anti-corrup-ção do Governo chinês vai centrar-se, na pri-meira metade deste ano,

na inspecção das empresas estatais, avançou ontem a imprensa oficial.

Em concreto, o organismo encarregado desta campanha vai realizar 26 inspecções a empresas administradas pelo Estado, entre as quais se encontram gigantes da energia nuclear, como a Corpora-ção Nacional Nuclear da China, ou petrolíferas, como a Corporação Nacional de Petróleo, além de

uma das operadoras de telefones móveis, a China Mobile.

O secretário da Comissão Central de Disciplina do Partido Comunista Chinês, Wang Qishan, elogiou o papel desempenhado pelas empresas estatais no cresci-mento da economia chinesa, mas,

no entanto, assinalou que “foram revelados alguns problemas na gestão de muitas destas empresas através de inspecções e auditorias”.

“Alguns funcionários desobe-deceram à lei para conseguirem uma promoção através de subor-nos. Detectaram-se problemas com as nomeações, com a venda e a compra de postos”, indicou Wang, citado pelo jornal China Daily.

O responsável da luta anti--corrupção, impulsionada pelo Presidente Xi Jinping, também de-talhou que alguns funcionários das firmas estatais “abusaram do seu poder” e ignoraram as regulações, evidenciando “uma fragilidade” do Partido Comunista.

A vez do exército O Partido Comunista Chinês (PCC) vai também lançar uma investiga-ção de um ano aos salários do pes-soal militar, informou a imprensa oficial, após revelações de casos de corrupção nas forças armadas.

O PCC classificou a corrupção como uma ameaça chave à cam-panha de modernização militar, que, há mais de uma década, tem levado a aumentos de dois dígitos no orçamento do exército.

A Comissão Militar Central da China, liderada pelo Presidente Xi Jinping, vai conduzir uma “inves-tigação a todo o pessoal militar”, escreve o Global Times.

A auditoria vai ser supervisio-nada pelo chefe do departamento de logística do exército, Zhao Keshi, e será focada em “toda a circulação de dinheiro, recibos e despesas” de modo a encontrar pro-vas de desfalque, indica o jornal.

Corrupção Campanha Com foCo em empresas estatais e exérCito

Ataque em todas as frentesA luta contra a corrupção não dá tréguas. As próximas inspecções vão incidir sobre empresas estataise o sector militar, que verá ser passado a pente fino os salários do seu pessoal no último ano

A Coreia do Norte publicou ontem uma lista de 310

novos ‘slogans’ políticos que se debruçam sobre todos os aspectos da vida do país, desde as glórias da governação da dinastia Kim ao cultivo de cogumelos.

Os ‘slogans’ políticos fa-zem parte da propaganda diária a que os norte-coreanos estão expostos desde que nascem.

A agência de notícias oficial KCNA divulgou ontem a nova lista, elaborada pelo Partido dos Trabalhadores da Coreia para assinalar o 70.º aniversário da

sua fundação e da libertação da península coreana do domínio japonês.

O tom dos ‘slogans’ oscila entre o agressivo, encorajador, reconfortante e ameaçador.

“Faz a fruta cair em cascata e o seu aroma doce perfumar o ar no mar de macieiras no sopé de Chol Pass!”, diz um dos apelos do Governo.

“Vamos transformar a nação num país de cogume-los” ou “Cultiva vegetais intensivamente em estufas”, sugerem outros lemas.

A lista conta com vários ‘slogans’ em elogio aos líderes Kim Il-sung, Kim Jong-Il e Kim Jong-Un.

Outros são dedicados ao poderio militar do país, à economia, à ciência e tecno-logia, à educação, às artes e ao desporto.

Coreia do Norte publica lista de ‘slogans’ para encorajar o país

“Alguns funcionários desobedeceram à lei para conseguirem uma promoção através de subornos. Detectaram-se problemas com as nomeações, com a venda e a compra de postos”WAng QishAn secretário da Comissão Central de Disciplinado pCC Wang Qishan

região

Birmânia Anulação de documento de identificaçãode minoria rohingyao Governo da Birmânia vai, em breve, anular os documentos de identificação temporários concedidos a residentes sem cidadania plena, incluindo os da minoria muçulmana perseguida rohingya, escreve ontem a imprensa oficial. a medida, anunciada na quarta-feira pelo gabinete do presidente, thein sein, exige aos titulares que devolvam o documento, conhecido como “carta branca”, antes de 31 de março, segundo o jornal oficial new Light of myanmar. a decisão foi tomada depois de várias centenas de pessoas, incluindo monges budistas, se manifestarem em rangum contra o direito de voto dos rohingya, garantido por este documento, que também foi emitido para membros de outras minorias. o presidente thein sein anunciou na terça-feira que será realizado um referendo sobre várias emendas à Constituição aprovada em 2008 e que dá amplos poderes aos militares. a votação terá lugar em maio, antes das eleições gerais, no final de 2015.

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16 hoje macau sexta-feira 13.2.2015

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H á personagens que mar-cam e Wu Ze Tian perten-ce às cem mais influentes da China. Talvez por isso,

a sua vida está envolta em muitos mis-térios e cheia de má-língua, que não ficou registada na História oficial da dinastia Tang, mas aqui, contra a nor-mal tentativa de dar as histórias sem adjectivar, sirvo-me do que se diz para criar ligações, doutro modo ficaria um texto cheio de alçapões.

O segundo imperador da dinastia Tang, Li Shimin (cujo título póstumo foi Tai Zong, 626-649), quando em 648 ocorreu a queda de um meteorito e um tremor de terra no Sul de Sichuan, muito preocupado, já que prognosti-cavam a mudança de imperador, ou de dinastia, logo mandou chamar à corte os adivinhos, geomantes e astrónomos, Yuan Tiangang e Li Chunfeng. Este úl-timo revelou que, após três gerações, um futuro imperador iria aparecer, vin-do da família Wu. Logo o Imperador Li Shimin mandou matar todos os mem-bros dessa família, mas ter-se-á esque-cido que dentro da corte, uma das suas concubinas tinha como apelido Wu. Em 638, acolhera como sua concubina a jovem Wu Zhao, a quem dera o nome de Wu Mei. Viveu no Palácio onze anos e após a morte do Imperador Tai Zong, seguiu na sua condição de viúva para o mosteiro budista, onde em 649 se tornou monja. Daí foi resgatada pelo novo imperador que, segundo as histó-rias não oficiais, teria sido sua amante ainda no tempo de príncipe regente.

Mas quem era esta jovem e qual a sua importância?

De nome Wu Zhao, nasceu a 16 de Fevereiro de 624, talvez em Bingzhou, actualmente Wenshui, na província de Shanxi, ou na capital Chang’an (hoje Xian, na província de Shaanxi), hipóte-se mais provável. Originária de uma fa-mília da aristocracia militar de Shanxi, o seu pai era Wu Shihuo, que durante a dinastia Sui tinha apoiado o General Li Yuan e este, ao tornar-se o primeiro Imperador da dinastia Tang, retribuiu--lhe a ajuda, oferecendo-lhe dinheiro, terras e o título de Duque de Taiyuan, chegando mais tarde a Governador de Yangzhou, Lizhou e Jingzhou. Já a mãe de Wu Zhao, a Senhora Yang pertencia à família imperial da destro-nada dinastia Sui. Conta-se que algum tempo depois de Zhao nascer, tendo Wu Shihuo chamado o credenciado geomante Yuan Tiangang para ir a sua casa predizer o futuro dos seus filhos, a

HISTÓRIA DA FAMÍLIA WU

mãe aproveitou e colocou-a entre am-bos. Assim, quando chegou a vez dela, ao olhar para a criança, Yuan Tiangang crendo ser um rapaz para o qual tinha vindo predizer o futuro, disse ser pena não ser rapariga, pois apresentava si-nais e linhas muito auspiciosas.

Wu Zhao, ainda com aproximada-mente catorze anos, entrou na corte da dinastia Tang como concubina do segundo imperador Tang, Li Shimin (626-649) e este deu-lhe o nome de Wu Mei. Conta uma das versões da

História que, devido à sua beleza, teria clandestinamente sido amante do prín-cipe herdeiro, Li Zhi e este, ao chegar ao trono como terceiro imperador, Li Zhi (cujo título póstumo foi Gao Zong, 649-683), tomou-a como uma das suas preferidas concubinas.

Mas outra História refere que, a con-cubina Wu Mei, após a morte do Impe-rador Li Shimin em 648, como acontecia a todas as concubinas quando o impera-dor passava desta vida, teve de entrar no Mosteiro Ganye, em Chang’an (Xian) e

rapar o cabelo, ficando aí como monja. Com a chegada ao poder do Imperador Li Zhi, este, com a justificação de ir pres-tar homenagem aos deuses, foi-se encon-trar com Wu Mei e devido a estar ela nos seus vinte e cinco anos, achando-a ainda mais bonita e inteligente, levou-a de volta para a corte.

Ambição políticA de Wu Ze tiAn

A esposa de Li Zhi, a Imperatriz Wang, que não tivera nenhum filho, aprecia-

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17 artes, letras e ideiashoje macau sexta-feira 13.2.2015

José simões morais

Wu Zhe Tian nascera em 16 de Fevereiro de 624, no séTimo ano da governação do imperador gao Zu, ano em que se deu um eclipse ToTal do sol. Foi a única imperador Feminina a governar a china

va Wu Mei pois via-a como uma das concorrentes à concubina predilecta do imperador, Xiao Shufei, que tinha já dele um filho e duas filhas.

Wu Mei, inteligente e com uma enorme ambição, aproveitou no ano de 654 a súbita morte da sua filha recém--nascida (diz a má-língua que foi ela quem a matou) para deitar as culpas de tal crime a Xiao Shufei e à própria Im-peratriz Wang. Com uma grande capa-cidade de manipulação, Wu Mei con-seguiu que ambas fossem consideradas culpadas e assim, foi nomeada em 655 imperatriz cônjuge. Com ambições políticas foi participando nos assuntos da corte e da governação do reino. No ano de 656, Wu Ze Tian (Wu Zhao) obteve do imperador a promulgação de um édito em que substituía como her-deiro da coroa Li Zhong, o filho mais velho do imperador e cuja mãe era a concubina Liu, pelo seu filho Li Hong, nas-cido em 652, o quinto filho do imperador Li Zhi.

Com o agravamento da saúde de Li Zhi (há quem diga, que foi sendo lenta-mente envenenado pela Im-peratriz Wu), a partir do ano 660 Wu Ze Tian foi muitas vezes tomando conta dos assuntos de Estado e pro-gressivamente passou a con-trolar o poder à medida que ia eliminando todos os que lhe faziam sombra, mesmo dentro da família Li.

Após Wu Ze Tian se ter tornado regente em 664, criou uma polícia secreta com dois dos seus oficiais de confiança, Lai Junchen e Zhou Xing, iniciando-se um período de eliminação de todos aqueles que contra ela conspiravam. Aparece-ram mortos, muitos enve-nenados, ou apenas caídos em desgraça foram exilados. Assim desapareceu muita da

família imperial, da aristocracia e ofi-ciais, tal como aconteceu em 665, com os ministros Shangguan Yi e Li Zhong e nem mesmo o seu filho primogénito Li Hong, o príncipe herdeiro do trono desde 656, escapou, sendo por ela (su-posições!) envenenado em 675.

Após a morte do Imperador Li Zhi em 683, foi Li Xian, o terceiro filho de Wu Ze Tian, quem subiu ao trono como quarto imperador e teve como nome póstumo Zhong Zong. No entanto, ao fim de seis semanas a mãe usou o poder que tinha para o destituir e assim, co-locou o filho mais novo, Li Dan, como o quinto imperador da dinastia Tang, cujo nome póstumo foi Rui Zong. Go-vernou de maneira nominal por um breve período no ano de 684, pois Wu Ze Tian ficou como regente.

A ImperAdor Sheng Shen

No ano de 690, Wu Ze Tian auto procla-mou-se Imperador Sheng Shen e mudou o nome da dinastia, de Tang para Zhou. (Uso a palavra imperador e não o seu fe-minino, imperatriz, que na hierarquia chi-nesa é sempre mulher do imperador pois, pelo sistema confucionista só os homens tinham o Mandato do Céu para acesso ao trono imperial. Houve imperatrizes que governaram, mas apenas como regentes e não como imperadores.

Como imperador Sheng Shen, sen-tada no trono trajando o Robe Dragão

de seda amarelo, foi a primeira e única mulher a imperar na China. Por essa altura contava o país com um enorme território, uma das suas maiores exten-sões, a chegar à Ásia Central. Wu Ze Tian entre 690 e 705 fez de Dong Du (Luoyang) a sua capital e incrementou o sistema de exames imperiais. Nesse mesmo ano de 690, ela esteve presen-te no exame imperial para o recruta-mento de oficiais, começando assim o sistema de exames realizados no Palácio com a presença do imperador. Mostrava assim o interesse imperial de dotar o país com homens letrados e honestos para no terreno governa-rem como oficiais civis, numa cadeia de poderes que começava e terminava no imperador.

Wu Ze Tian teve como primeiros--ministros, Li Zhaode, Di Renjie e Yao Chong, que sucessivamente a ajudaram a tratar dos assuntos de Estado. Man-dou colocar uma caixa para todas as pessoas, de qualquer nível social, onde poderiam aí deixar as suas queixas e acusar os abusos dos Oficiais do Go-verno, dizendo ser ela pessoalmente a tratar do assunto.

Tomou o Budismo como religião oficial já que como mulher, pelo siste-ma confucionista, nunca teria direito pelo Mandato do Céu ao trono.

Desenvolveu o país e elegeu os competentes para os cargos adminis-trativos, mas pelo golpe de estado de

após Wu Ze Tian se Ter Tornado regenTe em 664, criou uma polícia secreTa com dois dos seus oFiciais de conFiança, lai Junchen e Zhou Xing, iniciando--se um período de eliminação de Todos aqueles que conTra ela conspiravam

Fevereiro de 705, Wu Ze Tian foi der-rubada e obrigada a abdicar para o seu filho Li Xian. Assim Li Xian voltou ao trono como imperador Zhong Zong (705-709) mas, em 710 foi assassinado pela imperatriz Wei. Esta, por sua vez morreu às mãos de Li Longji, que con-seguiu mobilizar as tropas desobedien-tes. Com a subida de novo ao trono por parte de Li Dan, como imperador Rui Zong (710-712), Li Longji tornou-se príncipe herdeiro.

Wu Ze Tian morreu menos de um ano após ter sido deposta.

Muitos dos factos narrados sobre a vida de Wu Ze Tian parecem ter várias versões, não ficando registados nos li-vros de História muitos dos aconteci-mentos aqui descritos, que não têm va-

lidade histórica. Se há quem afirme ter sido a sua gover-nação despótica, é de salien-tar que foi ela quem elevou o país a uma idade de ouro. Período de um incessante enriquecimento cultural e económico, cujo combate à corrupção trouxe uma ina-bitual harmonia social, que por dois séculos perdurou e serviu de modelo para outras dinastias.

Wu Zhe Tian nascera em 16 de Fevereiro de 624, no sétimo ano da governação do Imperador Gao Zu, ano em que se deu um eclipse total do Sol. Foi a única imperador feminina a governar a China e a que, com mais idade, ses-senta e um anos, chegou ao poder. Viveu até aos oitenta e um anos, tendo falecido a 16 de Dezembro de 705 e ficou sepultada, em conjunto com o terceiro imperador Tang, Gao Zong (Li Zhi, 649-683), no mausoléu Qianling em Xianyang, na área de Xian, província de Shaanxi.

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Aviso

De acordo com o Despacho do Chefe do Executivo n.° 109/2005, os requerimentos visando a renovação de licenças anuais, a emitir pelo Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais, devem ser tratados, anualmente, entre Janeiro e Fevereiro, salvo se outro prazo estiver fixado em disposição legal. Na falta de regime especial, a não renovação da licença anual no supramencionado prazo implica a cessação da actividade licenciada, salvo se o interessado proceder à respectiva regularização no prazo de 90 dias.

Caso efectue o pedido de renovação da licença anual no período de regularização de 90 dias, fica sujeito a uma taxa adicional calculada nos seguintes termos:

• Dentro de 30 dias, a contar do termo do prazo para a apresentação do pedido de renovação da licença: 30% da taxa da licença em causa;• Dentro de 60 dias, a contar do termo do prazo para a apresentação do pedido de renovação da licença: 60% da taxa da licença em causa;• Dentro de 90 dias, a contar do termo do prazo para a apresentação do pedido de renovação da licença: 100% da taxa da licença em causa.

Para um melhor conhecimento dos titulares de licença, é apresentada a seguinte tabela descritiva com o tipo de licenças a renovar entre 1 de Janeiro e 28 de Fevereiro de 2015:

Tipos de Licença Local de tratamento das formalidadesLicença de estabelecimentos de venda a retalho de aves de capoeira vivas

Centro de Serviços / Todos os Centros de Prestação de Serviços ao Público /Postos de Atendimento e Informação / Núcleo de Expediente e Arquivo

Licença de estabelecimentos de venda a retalho de animais de estimaçãoLicença de venda a retalho de carnes frescas, refrigeradas e congeladasLicença de venda a retalho de vegetaisLicença de venda a retalho de pescadoLicença de animais de competiçãoLicença de outros animais – cavalo, muar ou asinino

Licença anual do cão de companhia ou de estimação

Canil Municipal / Posto de Atendimento Itinerante para o Requerimento e Renovação da Licença do Cão de Estimação/ Centro de Serviços * / Todos os Centros de Prestação de Serviços ao Público *

* é necessário ainda marcar uma data para a vacinação anti-rábica e, na data combinada, transportar o cão ao Canil Municipal

Licença anual de lugares avulsos no mercado

Centro de Serviços / Todos os Centros de Prestação de Serviços ao Público

Licença de vendilhõesLicença de afixação de publicidade e propagandaAferição de equipamentos de pesagem ou mediçãoLicença de reclamos em veículosLicença de pejamento de carácter permanente Licença de esplanada Centro de Serviços / Centro de Prestação de Serviços ao Público das Ilha

Os locais e as horas de expediente, para o tratamento de requerimentos de renovação de licenças, são os seguintes:

Centro de Serviços do IACM:Avenida da Praia Grande, n.° 804, Edf. China Plaza, 2° andar, Macau.- 2.ª a 6.ª feira: das 9:00 às 18:00 horas (Funciona durante as horas de almoço).

Centros de Prestação de Serviços ao Público:

Centro de Prestação de Serviços ao Público da Zona NorteRua Nova da Areia Preta, n.º 52, Centro de Serviços da RAEM, Macau.Centro de Prestação de Serviços ao Público das IlhasRua da Ponte Negra, Bairro Social da Taipa, n.º 75K, Taipa.Centro de Prestação de Serviços ao Público da Zona CentralRotunda de Carlos da Maia, Nos .5 e 7 , Complexo da Rotunda de Carlos da Maia, 3º andar, Macau.- 2.ª a 6.ª feira: das 9:00 às 18:00 horas (Funciona durante as horas de almoço).

Postos de Atendimento e Informação:

Posto de Atendimento e Informação CentralAvenida da Praia Grande, n.° 804, Edf. China Plaza, 2° andar, Macau.Posto de Atendimento e Informação Toi SanAvenida de Artur Tamagnini Barbosa n.º 127, Edf. Dona Julieta Nobre de Carvalho, Torre B, r/c, Macau.

Posto de Atendimento e Informação de S. LourençoRua de João Lecaros, Complexo Municipal do Mercado de S. Lourenço, 4°andar, Macau.- 2.ª a 6.ª feira: das 9:00 às 19:00 horas (Funciona durante as horas de almoço).

Núcleo de Expediente e Arquivo:Avenida de Almeida Ribeiro, n.°163, r/c, Macau.- 2.ª a 5.ª feira: das 9:00 às 13:00; das 14:30 às 17:45 horas.- 6.ª feira: das 9:00 às 13:00; das 14:30 às 17:30 horas.Canil Municipal de Macau: Avenida do Almirante Lacerda, Macau.- 2.ª a 6.ª feira: das 9:00 às 17:00 horas (Funciona durante as horas de almoço).Canil Municipal de Coloane: Estrada de Cheoc Van, Coloane.- 2.ª feira: das 10:00 às 15:00 horas (Funciona durante as horas de almoço).

Os formulários de pedido de renovação das supramencionadas licenças (excepto para a Licença de Vendilhões) poderão ser obtidos no website do IACM (www.iacm.gov.mo). Para mais informações, queira ligar para a Linha do Cidadão do IACM, através do telefone no 2833 7676.

Macau, 13 de Novembro de 2014.

O Presidente do Conselho de Administração,

Vong Iao Lek

www. iacm.gov.mo

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19Desportohoje macau sexta-feira 13.2.2015

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D epois de na épo-ca transacta ter efectuado apenas algumas corridas

com um porsche 911 GT3-R da equipa Direction Racing, André Couto estará em 2015 em força e a tempo inteiro no campeonato ja-ponês super GT. o piloto luso residente em Macau irá conduzir um recém--adquirido Nissan GT-R Nismo GT3, da categoria GT300, da equipa Jim Gai-ner. A formação nipónica, que chegou a competir nas 24 horas de Le Mans e que também irá inscrever um Mercedes-Benz AMG sLs GT3 no campeonato, tem fortes laços à Dunlop no Japão, o construtor de pneus britânico com quem Couto trabalhou anos a fio na categoria GT500.

o vencedor do Grande prémio de Macau de F3 de 2000 teve o primeiro con-tacto com o carro nipónico e com a sua nova equipa no mês passado no Circuito de sepang, na Malásia. A Jim Gainer ainda não anunciou

quem será o companheiro de equipa de Couto, algo que se espera ser revelado mos próximos dias, mas a imprensa nipónica especia-lizada acredita que será um

piloto rápido e escolhido com o aval da própria Nis-san Nismo.

“Como membro de uma equipa muito profissional, conduzir um competitivo

GT3 nas oito provas do campeonato será definiti-vamente um grande desafio e bastante motivador para mim. Gostava de mostrar aos fãs japoneses, os mais fervorosos fãs de automo-bilismo, o meu melhor e espero que me continuem a apoiar”, disse o piloto português que foi vice--campeão do super GT.

Couto irá tripular a última especificação do GT-R Nismo GT3, um carro que durante o defeso ficou mais leve, recebeu uma nova distribuição de pesos, apresentando agora também uma nova aerodi-nâmica, um consumo de combustível menor e um melhor desempenho nas travagens.

o campeonato super GT é constituído por sete corridas no Japão e uma na Tailândia. A primeira corrida da temporada está agendada para o fim-de--semana de 4 e 5 de Abril no antigo circuito de Fórmula 1 de okayama. Antes do arranque do campeonato, as equipas deverão efectuar diversas sessões privadas de testes.

“Como membro de uma equipa muito profissional, conduzir um competitivo GT3 nas oito provas do campeonato será definitivamente um grande”

André Couto regressA A tempo-inteiro Ao JApão

agora de nissan nas mãos

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• SábadoExpoSição “Voz na EScuridão”, dE ÓScar Balajadia/papa oSmuBalcreative macau, 18h30Entrada livre

• diariamenteconcErto dE jazz com Frank StallonE (até 14/02)Bar Belinni, Venetian, a partir das 22h00Entrada livre

ExpoSição dE pintura dE zhEn Guo (até 3/03)Fundação rui cunhaEntrada livre

ExpoSição dE ESculturaS do ano da caBra (até 01/03)Venetian, todo o dia Entrada livre

ExpoSição dE Sândalo VErmElho (até 22/03)GrandE praça, mGmEntrada livre

ExpoSição dE pintura “korEan art”, com oh YounG Sook E kim YEon ok (até 15/02)Galeria iao hinEntrada livre

ExpoSição dE dESiGn dE cartazES “V•x•xV:” (oBraS dE 1999, 2004 E 2009) [até 15/03]museu da transferência da Soberania de macau, 10h00 às 19h00Entrada livre

“SElF/unSElF” – ExpoSição dE traBalhoS dE artiStaS holandESES (até 15 dE março)cEntro dE dESiGn dE macauEntrada livre

rEtratoS a ÓlEo doS SéculoS xix E xx: colEcçãodo muSEu dE artE dE macaumuseu de arte de macau, das 10h às 19h (até 31/12)Entrada livre

iluStraçõES para calEndário dE Guan huinonG (até 10/05)museu de arte de macau, das 10h às 19hEntrada livre

“BEYond thE SurFacE” dE mio panG FEi (até 01/03)albergue Scm, das 12h às 20hEntrada livre

ExpoSição E paSSEioS dE Barco GuiadoS SoBrE a hiStÓria da pESca Em macauEsplanada do museu marítimo, das 9h40 às 16h25 (até 15/02)Bilhetes à venda por 25 patacas

tempo pouco nublado min 13 max 20 hum 55-90% • euro 9.05 baht 0.24 yuan 1.27

O que fazer esta semana?

João Corvo

AcontEcEu HojE

H o j e H á F i l m e

Aristocrata ou proletário. Burguês nunca!

C i n e m acineteatro

Sala 1KingSman: The SecreT Service [c]Filme de: matthew Vaughncom: colin Firth, michael caine, Samuel l. jackson14.30, 16.45, 19.15, 21.30

Sala 2JupiTer aScending [B]Filme de: andy Wachowski, lana Wachowski14.30, 16.45, 21.30

Sala 2JupiTer aScending [3d] [B]19.15

Sala 3gangnam BlueS [c](Falado Em corEano)Filme de: Yoo hacom: lee min-ho, kim rae-won, jung jin-young14.00, 19.00

Sala 3The con arTiSTS [B](Falado Em corEano)Filme de: kim hon-suncom: kim Woo-bin, lee hyun-woo, Go chang-suk16.30, 21.30

kinGSman: thE SEcrEt SErVicE

fonte da inveja

Humberto Delgado é assassinado pela PIDE• treze de Fevereiro é dia de recordar humberto delgado, general português assassinado pela pidE. também no 13.º dia de Fevereiro, termina a Guerra da restauração, em 1668, e nasce um símbolo de manifestação contra o Estado novo: catarina Eufémia (1928).humberto delgado foi um militar da Força aérea, rosto da tentativa de derrube da ditadura de Salazar. acabou por ser derrotado num acto eleitoral fraudulento, que deu a vitória a américo tomás, o candidato do regime. humberto delgado viria ser assassinado pela pidE, em 1965.igualmente a 13 de Fevereiro, é eleito o papa inocêncio ii (1130) e Gonzalo pizarro e Francisco de orellana descobrem o rio amazonas (1542). já em 1633, Galileo Galilei é detido pela inquisição da igreja católica.é neste dia, mas em 1668, que termina a Guerra da res-tauração. Em lisboa, é rubricado um tratado de paz, com a Espanha a reconhecer a independência de portugal.Em 1917, a dançarina holandesa mata hari acaba detida, acusada de espionagem. Viria a ser condenada à morte. no ano de 1960, a França testa a primeira bomba atómica no deserto do Sahara e dez anos mais tarde é lançado o primeiro disco de heavy metal, chamado “Black Sabbath”, nome da banda criadora do álbum.nasceram neste dia agostinho da Silva, filósofo português (1906), charles Elwood Yeager, aviador norte-americano, a primeira pessoa a ultrapassar a barreira do som a bordo de um avião (1923), catarina Eufémia, símbolo de manifestação contra o Estado novo (1928), josé Veiga Simão, político português (1929), peter Gabriel, músico britânico (1950), pierluigi collina, ex-árbitro de futebol (1960), e robbie Williams, cantor e compositor britânico (1974).a 13 de Fevereiro de 2012 assinala-se pela primeira vez o dia mundial da rádio, decretado pela unESco.

“tHE Vow”(MIcHAEl SucSy, 2012)

Paige perdeu memórias de cinco anos, esqueceu-se do marido, leo, dos amigos e da vida como artista. Paige lembra-se apenas dos familiares com quem já não contactava há muito tempo e do desejo antigo de estudar Di-reito. Leo esforça-se muito para ficar junto a Paige, para que esta recupere as memórias, mas a mulher apaixonou-se pelo ex-namorado, jeremy, e leo decide desistir. mas, como se tudo fosse organizado por Deus, Paige descobre a razão por que abandonou o Direito, a família e outras coisas e, pouco a pouco, volta a fazer arte e a travar amizade com leo… - Flora Fong

20 hoje macau sexta-feira 13.2.2015(F)utilidades

13 dE FEVErEiro

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hoje macau sexta-feira 13.2.2015 21perfilInês PottIer Azevedo, MAnAger de eventos

“Aqui mudAmos”FIl IPA ArAú[email protected]

P assaram dois anos desde que Inês Pottier azevedo chegou a macau para fazer um estágio de seis meses no grupo

Sands China, mais especificamente no pro-jecto do Venetian macao. Tal como muitos outros jovens portugueses oriundos do Inov Contacto, a jovem natural do Porto não re-cusou quando do grupo recebeu a proposta para estender o seu contrato profissional.

Inês Pottier azevedo não nega estar com-pletamente rendida ao seu trabalho. “aqui tenho a oportunidade de fazer coisas que não se faz em mais lado nenhum do mundo. aqui existe liberdade para ser criativa não havendo limites. Faço parte de projectos muito interessantes”, conta.

relembrando a sua chegada a macau, Inês não esquece a forma acolhedora e simpática com que a receberam. “Foi muito bem recebida quando cheguei”, começa por contar, adian-tando que os primeiros meses são sempre de muito movimento, em que se “conhece muita gente e de forma muito rápida”.

apesar dessa ajuda, Inês não esconde que macau foi um dos “sítios que mais tempo levou para criar laços fortes”. Talvez devido à azafama diária, defende a jovem, as pessoas vivem muito as suas vidas dedicando menos tempo à criação de novas relações. a falta de um local de encontro social, com bares e espaços abertos, “como a zona das Galerias no Porto”, faz com que as pessoas acabem por passar mais tempo nas suas casas. Com isto, é natural, diz a jovem, que as pessoas acabem por formar um pequeno núcleo de amigos, um pequeno obstáculo para quem acaba de chegar. ainda assim, Inês defende que nos dois anos que aqui está a viver esta tendência dos pequenos grupos sociais está a mudar, havendo por isso uma maior abertura e melhor capacidade de adaptação.

Copo meio CheioAo olhar para Macau, a jovem portuense, fica dividida entre as vantagens e desvantagens que esta terra asiática com traços portugueses lhe traz. Para si “viver em macau é uma experiência muito interessante”, muito devido ao contraste culturas e ao ritmo “alucinante de crescimento”. Para Inês existem claras vantagens, como a segurança e o fácil tipo de vida que se pode ter no território, mas existe ainda a outra face

da moeda. “Há sempre muito movimento, a poluição é também uma dessas desvantagens”, diz, não deixando de reforçar que a lacuna na oferta cultural é notória.

Essa oferta é uma das coisas que Inês mais falta sente de Portugal. “Há uma enorme falta de oferta cultural gratuita aqui em macau, como acontece em muitas cidades de Portugal, como o Porto. apesar de termos Hong Kong aqui ao lado que tem muita oferta nada é gratuito, tudo se paga e a preços muito elevados. Não há actividades gratuitas”, remata.

apesar disso macau, diz, tem outras formas de fazer apaixonar quem aqui chega, como por exemplo, a gastronomia, sendo a Inês um bom exemplo disso. “adoro a comida macaense e todas as suas influên-cias”, conta, confessando ser uma “cliente

assídua do tão conhecido restaurante Cais 22”. Esta variedade gastronómica, defende a portuense, disfarça o contraste cultural que se pode sentir no mundo do trabalho. “Há um contraste cultural no que diz respeito à forma de trabalhar e viver das pessoas chinesas, tendo em conta o registo socioeconómico em que se vive aqui”, argumenta, algo que facilmente se contorna.

mudança silenCiosaO tempo passa e a vida de trabalho-casa-casa--trabalho vai camuflando o ritmo “alucinante” que se vive no território. mesmo assim, Inês admite “Portugal não é destino num futuro próximo”. De olhos no futuro, a jovem gestora pensa constituir família num país europeu, algo que não será para já. “apesar das saudades que tenho de Portugal, quero aventurar-me um

bocadinho mais pelo sudoeste asiático antes de voltar à Europa”, conta. É aqui, em macau, que se vive uma vida “fácil e interessante” que faz com que Inês pense: estarei realmente preparada para voltar a Portugal?

“Não sei se me ia adaptar ao frio portu-guês e à falta de mundo, de mente aberta, da sociedade”, partilha, defendendo que macau a mudou como ser humano. “aqui mudamos porque há uma facilidade enorme em conheceres pessoas, viajar, teres contac-to com outras culturas, tudo isso te muda, te transforma, deixas de ser a pessoa que eras quando chegaste”, defende. “Quando deixar macau ou a Ásia vou ter saudades”, remata. “aqui tenho a oportunidade de fazer coisas que não se faz em mais lado nenhum do mundo. aqui existe liberdade para ser criativa não havendo limites”.

“Apesar das saudades que tenho de Portugal, quero aventurar-me um bocadinho mais pelo sudoeste asiático antes de voltar à Europa”

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Rui TavaResin Público

hoje macau sexta-feira 13.2.201522 OpiniãO

P elas minhas contas, são quatro as guerras da Crimeia na era moderna.

Em primeiro lugar, no fim do século XVIII, quando Ca-tarina a Grande da Rússia con-quistou o Canato da Crimeia, vassalo do Império Otomano. Não só a Crimeia como quase todo o contorno do mar Negro

pertencia a povos turcos ou aparentados, embora polacos, lituanos, ucranianos, russos e até suecos tenham tentando descer o rio Don e conquistar aquela região (também um portu-guês por lá andou, o grande médico antónio Ribeiro sanches, judeu fugido à Inquisição).

em segundo lugar, a Guerra da Crimeia propriamente dita, quando no meio do século XIX, pressentindo de novo a fraqueza do Im-pério Otomano, o czar Nicolau I da Rússia quis ser proclamado protector de todos os cristãos do Médio Oriente, até Jerusalém. Os franceses e os britânicos (com “ingrata” ajuda austríaca, segundo Metternich) juntaram-se para impedir que isso acontecesse e concentraram a guerra na península da Crimeia para travar o expan-sionismo russo na retaguarda. essa guerra foi a primeira e quase única perturbação do Concerto da europa que saiu do Congresso de Viena, após as guerras napoleónicas.

a “terceira guerra da Crimeia” pode ser a campanha ucraniana do exército nazi

contra a União soviética, que incluiu uma ofensiva da Crimeia. esta guerra já pertence à nossa memória secular — sou amigo de um alemão cujo pai perdeu as duas pernas nessa ofensiva. No contexto da operação Barbarossa que destroçou as tropas de Hitler na URss, representa a segunda vez em que um conquistador vindo da europa “peninsular”, por oposição à grande massa eurasiática, se perdeu a lutar contra os rus-

sos: Napoleão ao regressar de Moscovo, Hitler em estalinegrado, hoje Volgogrado, não muito longe da actual fronteira com a Ucrânia — dista oitocentos quilómetros de Kharkiv, a cidade ucraniana que é um centro da cultura em língua russa, e a que Putin desejaria chegar, mas que se tem aguentado firme no campo pró-ucraniano.

a quarta guerra da Crimeia foi no ano passado e nela não se disparou praticamen-

te um tiro. Mas foi a partida para o plano ucraniano de Vladimir Putin. Chamar-lhe “plano” talvez seja exagerado: ninguém sabe se Putin deseja apenas vingar-se da Ucrânia por lhe ter “fugido”, ou se quer enfraquecê-la, desmembrá-la, ou simplesmente tornar-lhe a vida impossível. O plano, porém, é aqui menos importante do que o lastro histórico: Putin conhece bem a história das quatro guerras da Crimeia, e que papel elas desem-penharam na definição da história europeia.

O que todas elas têm em comum, desde logo, é uma inserção no contexto imperial europeu. as guerras da Crimeia nunca foram de construção estatal ou nacional. Todas elas foram guerras de construção, desconstrução, ou perturbação de uma ordem imperial. essa é uma gramática que Putin domina bem (foi ontem firmar uma aliança com o Egipto, lugar lendário da luta contra o Império Otomano, desde Napoleão). Hollande e Merkel desejam ignorá-la, e continuam a insistir num plano de paz que Putin simplesmente não deseja. Putin não quer um compromisso. Quer uma estrada por terra até à “sua” Crimeia, e o que mais vier nos próximos tempos. Putin vive na ordem imperial, e quer — como toda a gente, achará ele — um império.

Estrada para a Crimeia

cartoonpor Stephff

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Putin não quer um compromisso. Quer uma estrada por terra até à “sua” Crimeia, e o que mais vier nos próximos tempos. Putin vive na ordem imperial, e quer — como toda a gente, achará ele — um império

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hoje macau sexta-feira 13.2.2015 23 opinião

É claro que em dois meses incompletos nada mudou – e não era suposto. Em dois meses incompletos a vida pode mudar radicalmente, mas a vida das cidades é mais complicada do que a vida das pessoas, talvez por se fazer da vida de muitas pessoas. Vai daí, o trânsito continua

a ser o mesmo, a dificuldade para arranjar um lugar para estacionar o carro é cada vez maior, os autocarros andam cada vez mais cheios. Parece que as casas estão ligeira-mente mais baratas. Já o hospital continua mais ou menos na mesma. Ninguém estava à espera de milagres, crentes incluídos.

Mas mudou o discurso. Para as áreas que mais incomodam os comuns mortais que nesta terra vivem – trânsito, transportes públicos, habitação, saúde – quem manda decidiu escolher dois homens que fogem à regra da política local em vários aspectos, do passado ao contexto, da experiência às origens, passando pelo discurso.

Tanto o secretário para os Transportes e Obras Públicas, como o secretário para os Assuntos Sociais e Cultura distinguiram-se já, nestes dois meses que ainda não chegaram ao fim, por não procurarem subterfúgios para aquilo que, sendo evidente, era tapa-do com a peneira pelos seus antecessores. Ambos herdaram pastas grandes, tutelas que podiam ser muitas. E ambos herdaram problemas complicados, buracos quase sem fundo, nós difíceis de desatar, por terem sido dados, uma e duas e muitas vezes, por quem os precedeu.

De quem os precedeu já quase não há memória, porque nada fizeram para a construir – e aí dois meses que ainda nem chegaram ao fim parecem uma eternidade. Nunca percebi o que queria Lao Si Io, o que não espanta, porque fugia dos microfones e das câmaras a sete pés. E Cheong U estava ali como podia estar noutro sítio qualquer, sendo que aconteceu estar ali. Assim, para quem tem como profissão andar de gravador na mão a fazer perguntas, as diferenças entre Dezembro e Fevereiro são muitas, sendo que se resumem no facto de, dois meses incompletos depois, ser possível compreen-der o discurso – porque existe e porque, ao contrário dos antecessores, não é feito de promessas vagas de estudos, vãs consultas públicas e misteriosas reflexões privadas.

Depois é certo que nem sempre o dis-curso é aquele que gostaríamos de ouvir. Queríamos melhores notícias, mesmo sa-bendo que não há milagres. Queríamos o metro pronto, autocarros com mais espaço, menos poluição e lugares para estacionar

amanhã ou agora mesmo. Queríamos um hospital decente neste preciso minuto. Os buracos são grandes e os nós são difíceis de desatar. Mas o discurso é importante, porque é sem rodeios.

É aqui que chega a vez dos outros – os outros que amam Macau e a mãe pátria em todos os Outubros e Dezembros de todos os anos, quando a bandeira é içada e se trocam sorrisos de conveniência em entediantes cerimónias. Chegou a vez dos outros – daqueles que estão dentro dos nós como ninguém, por terem ajudado, primeiro, a dar o laço, e depois um, dois, muitos nós bem dados, difíceis de desatar. Chegou a vez de

mostrarem, com muito amor à pátria, que percebem o que a pátria quer. E o que estes novos secretários, diferentes no género, no estilo e na essência, têm estado a dizer.

É uma característica das cidades peque-nas: cada negócio esconde um negócio ainda maior. Nada acontece por acaso e fica tudo em família, porque, patrioticamente, todos são irmãos, primos e tios uns dos outros. E fica tudo em família até ao dia em que se começa a esgotar a paciência daqueles que não têm irmãos, primos e tios com negócios maiores do que os negócios que se vêm. A vez dos outros já era, a vez dos outros agora é outra.

A vez dos outros chegou. São eles que podem, sem desatar os nós que ninguém quer desmoronamentos súbitos, aliviar a pressão de quem tem de ter um discurso, de quem tem de tapar os buracos antes que alguém caia neles, se magoe a sério e sofra de danos nada patrióticos.

Depois há os outros outros, aqueles que estão, hierarquicamente falando, em lugares mais baixos. O discurso dos secretários com as pastas mais complicadas deve ser ouvido, para que (também patrioticamente) se siga o exemplo. Já chega de alhos em resposta a bugalhos. Já chega de metáforas vazias de sentido em resposta a problemas concretos, para que não andemos aqui, todos nós, a fazer de papel de embrulho. Já chega de estudos e de conferências de imprensa para apresentar coisa nenhuma, só para se dizer que se estão a analisar assuntos que nem sequer têm data para serem assuntos analisados.

A vez dos outros chegou. Resta agora que os outros percebam que chegou a vez deles.

A vez dos outroscontramãoIsabel Castro

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Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Filipa Araújo; Flora Fong (estagiária); Leonor Sá Machado Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Simões Morais; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas Agnes Lam; António Conceição Júnior; Arnaldo Gonçalves; David Chan; Fernando Eloy; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau Pineda; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

É aqui que chega a vez dos outros – os outros que amam Macau e a mãe pátria em todos os Outubros e Dezembros de todos os anos, quando a bandeira é içada e se trocam sorrisos de conveniência em entediantes cerimónias

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