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HOJE MACAU São a maior e mais marcante comunidade de trabalhadores não residentes de Macau. Saem de casa de madrugada, do outro lado da fronteira, em busca de um salário que ajude a uma vida melhor. Um caminho diário feito de abnegação que para muitos já deixou de fazer sentido. OS MAIORES DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 SEXTA-FEIRA 12 DE SETEMBRO DE 2014 ANO XIV Nº 3173 hojemacau AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB PATRIMÓNIO ARQUITECTOS EM DEFESA DE EDIFÍCIOS MODERNISTAS Tribunais Bilingues, precisam-se SOCIEDADE PÁGINA 6 JOGO VENDAVAL NOS CASINOS TRABALHO OPERÁRIOS CHINESES QUEREM VOLTAR A CASA Enquanto a SJM lança aviso sobre a greve marcada para sábado, a MGM reúne com a DSAL para discutir as condições de trabalho PUB PÁGINAS 2-3 SOCIEDADE PÁGINA 8 SOCIEDADE PÁGINA 9

Hoje Macau 12 SET 2014 #3173

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Hoje Macau N.º3173 de 12 de Setembro de 2014

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Page 1: Hoje Macau 12 SET 2014 #3173

HOJE

MAC

AU

São a maior e mais marcante comunidade de trabalhadores não residentesde Macau. Saem de casa de madrugada, do outro lado da fronteira, em busca

de um salário que ajude a uma vida melhor. Um caminho diário feito de abnegação que para muitos já deixou de fazer sentido.

OS MAIORES

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 S E X TA - F E I R A 1 2 D E S E T E M B R O D E 2 0 1 4 • A N O X I V • N º 3 1 7 3

hojemacauAGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

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PATRIMÓNIOARQUITECTOS EM DEFESA DE EDIFÍCIOS MODERNISTAS

TribunaisBilingues, precisam-se

SOCIEDADE PÁGINA 6

JOGO VENDAVALNOS CASINOS

TRABALHO OPERÁRIOS CHINESES QUEREM VOLTAR A CASA

Enquanto a SJM lança aviso sobre a greve marcada para sábado, a MGM reúne com a DSAL para discutir as condiçõesde trabalho

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PÁGINAS 2-3

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2 hoje macau sexta-feira 12.9.2014REPORTAGEM

FIL IPA ARAÚJO*[email protected]

S ÃO cinco da madrugada e o despertador não pára. Lui tem meia hora para estar pronto. Pelo menos é assim

desde 2010, quando, em busca de novas oportunidades e melhores condições de vida, o residente de Zhuhai conseguiu, através de uma agência, um contrato de trabalho no território. “Vim pelo salário. Na altura era bem mais alto do que no continente”, conta. “Disse à minha mulher que tinha esta oportunidade e aceitei.”

Há quatro anos que o desper-tador de Lui toca, sem falhar, às cinco da manhã, mesmo que este só entre no trabalho às oito e meia. O tempo passa rápido e ele não se pode atrasar. “Tenho que estar pronto às cinco e meia da manhã para ir para a fronteira”, diz ao HM, explicando ainda que, apesar “da passagem das Portas do Cerco só abrir às sete da manhã, a fila de pessoas é muito grande”. Por isso,

Na linha da frenteOs naturais da China continental constituem a maior e mais importante

comunidade de Trabalhadores Não Residentes de Macau

“Vim pelo mesmo motivo, o salário. Mas agora, o que mais quero é voltar a trabalhar no continente”VONG

Levantam-se enquanto muitos ainda dormem. Ensonados, esperam em filas que parecem eternas e no fim da linha está apenas mais um dia de trabalho. Oito horas depois voltam ali, àquela linha de pessoas que agora chegam cansadas e suadas. Segundo o que nos contam, o que os faz percorrer diariamente este caminho já quase não vale a pena

TNR OPERÁRIOS DA CHINA QUEREM VOLTAR A TRABALHAR NO CONTINENTE

“MACAUJÁ NÃO COMPENSA

é preciso chegar atempadamente para conseguir “um lugar à frente”.

Lui é, como Sue, um dos muitos que faz este caminho todos os dias.

Sue tem 26 anos e mora em Zhongshan, na China. Como os quase cem TNR do empreendimen-to privado que visitámos, também acorda às cinco da madrugada. “Pensei que vir para Macau era melhor e até agora tem sido, porque ganho mais dinheiro do que estava a ganhar no continente”, diz a em-pregada de mesa, que não esconde o cansaço. “Agora [às quase 18 horas] apanhamos o autocarro. De-moramos quase 45 minutos a chegar às Portas do Cerco e depois ainda temos outra fila na fronteira”, conta.

Pouco antes das 20 horas, Sue chega a casa. Espera-lhe um banho rejuvenescedor, algo para comer e poucas horas de sono até o desper-tador voltar a tocar.

BILHETE “PODRE” PARA MACAUSentamo-nos no mesmo autocarro que, diariamente, leva e traz tantos TNR aos estaleiros de construção

civil de Macau. Em conversa com o HM, facilmente percebemos o que os trouxe a todos a Macau: dinheiro.

Mas valerá a pena? Vale o es-forço? As horas perdidas de sono? A falta de momentos familiares?

“Não!”, garante-nos Lui. “Ao longo dos últimos anos, os salários do continente foram aumentando e os de Macau continuam na mes-ma”, começa por explicar.

O aumento de custo de vida é a segunda razão apontada pelo operá-rio. “Aqui [em Macau], as coisas são muito mais caras. Tudo é mais caro que em Zhuhai, por isso é que muitos residentes daqui vão às compras lá. Já não compensa estar aqui”, afirma o trabalhador enquanto dá passos ao longo da grande fila de espera para o autocarro.

Atrás de si está um grupo de trabalhadores bem animado. Um deles, Vong, mostra-se disponível para responder às nossas questões e lança: “e o preço das rendas? Viver em Zhuhai é muito mais barato”.

Também ele é operário há largos anos. Tem 36 anos e está a trabalhar em Macau desde os 31. “Vim pelo mesmo motivo, o salá-

“Ao longodos últimos anos, os salários do continente foram aumentandoe os de Macaucontinuamna mesma”LUI

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3 reportagemhoje macau sexta-feira 12.9.2014

O S últimos dados oficiais indicam que o número de TNR em Macau mais

do que duplicou nos últimos sete anos, ultrapassando, em Janeiro, a fasquia dos 140.700.

Dados divulgados no portal do Gabinete de Recursos Huma-nos indicam que, em Janeiro de 2007, quando estas informações começaram a ser divulgadas, estavam a trabalhar em Macau 66.769 pessoas com o título de trabalhador não residente. Des-tes, 38.434 eram oriundos do interior da China, 12.711 de Hong Kong e 7.435 das Filipinas - os três maiores mercados fornece-dores de mão-de-obra a Macau.

Ao nível da actividade eco-nómica, os dados revelam que o número de trabalhadores do interior da China empregados no sector da construção civil se mul-tiplicou por cinco desde Janeiro de 2007 – passou de 4.580 para os actuais 24.089, num universo composto por 27.002 trabalha-dores de várias nacionalidades.

Em Janeiro de 2014, o univer-so de mão-de-obra importada era composto por 140.765 pessoas, a maioria do interior da China (88.787), das Filipinas (19.252), do Vietname (12.616). Segue-se

FRONTEIRAS ABERTAS,MAS CHEIAS Como já nos tinham dito, as filas nas fronteiras são o pior para estes TNR. Isso, e os horários dos postos transfronteiriços, que fecham à meia-noite e só abrem às sete da manhã – uma hora antes destes TNR terem de se apresentar ao serviço, depois de uma viagem de autocarro que dura mais de 45 minutos desde as Portas do Cerco. Os pedidos para abertura das fronteiras 24 horas não são novos, mas ainda não há, da parte da China continental, a necessidade de autorização a Macau para que isso aconteça. O Governo Central anunciou no mês passado que os TNR terão uma nova opção para atravessar a fronteira, ainda que só os “trabalhadores de Macau e Guangdong”. Depois de uma proposta avançada pelo deputado Chan Meng Kam, durante reuniões magnas na capital chinesa, os trabalhadores ou estudantes de Zhuhai e de Macau poderão usar o posto do Parque Industrial Transfronteiriço Zhuhai-Macau - enquanto a nova fronteira na Ilha Verde não está pronta - durante o horário em que a passagem das Portas do Cerco está encerrada. Contudo, esta possibilidade em pouco - ou nada – melhora a vida dos operários. “O problema da fronteira é o número de pessoas que está a passar à mesma hora. Somos muitos e queremos todos passar”, explica Lui.

rio. Mas agora, o que mais quero é voltar a trabalhar no continente”.

Sem excepção, o grupo que nos observa concorda com a afirmação defendida por Vong. Todos dizem o mesmo: “sim, agora já se ganha melhor lá [no continente] e as coisas são mais baratas. Macau é para ricos”.

Ao voltar à conversa connosco, Lui argumenta que “não adianta ganhar pouco mais de dez mil patacas em Macau”. Ao agarrar a oportunidade, Vong aproveita o momento e reivindica: “e a comida que nos servem na cantina? Mais vale ir a outro sítio gastar mais dinheiro. Esta comida não devia ser servida nem a animais!”.

Se as condições de trabalho dos TNR em Macau são muitas vezes alvo de críticas, nem sempre nos lembramos das refeições que estes têm de fazer nos locais onde trabalham.

Com estes trabalhadores ao nosso lado, vemos que a opinião é quase geral. Todos aqueles com quem o HM conversou se queixaram do mesmo: a refeição que é servida na cantina, e que tem um custo de 20 patacas, “não tem qualidade” e por isso é preferível trazer de casa. “Já estamos fartos de reclamar por causa da comida, precisamos de boas refeições”, reivindica Vong.

O REGRESSO A CASAEstamos em Seac Pai Van e são17h45. Ouvem-se risos e con-versas cruzadas e, ao olharmos para o fim da fila na paragem de autocarro, percebemos que está cada vez mais gente a chegar.

O 25F é o bilhete para casa. De forma ordenada, todos respeitam as indicações dadas pelos seguranças do estaleiro de construção civil onde trabalham.

“Quantas pessoas apanham aqui o autocarro?”, perguntamos

a Ziao, um dos quatro seguranças que ali está a dar indicações. “Mais de mil, de certeza”, conta.

O espaço está organizado por separadores e fitas e tem também

placas onde se lê “Por favor espere na fila de forma ordenada”.

Também Ziao é TNR e vive em Zhuhai. Apesar de ter outro trabalho, também segue o mesmo percurso de muitos outros. “Faço esta viagem todos os dias para cá e para lá”, conta, aproveitando para explicar que “até agora ainda compensa”.

Todos os operários seguem as indicações dos seguranças con-tratados por uma das empresas de construção de Seac Pai Van. Para quem assiste, é quase inevitável a comparação à produção do cineasta Charles Chaplin, ‘Modern Times’.

FRONTEIRAS ABERTAS, MAS CHEIAS Deixamos o grupo que, apesar de oito horas duras de trabalho e de muito suor no corpo, está bem animado. Percorremos a fila que se vai tornando cada vez maior e, entre as centenas de caras ali presentes, saltam-nos à vista duas jovens que conversam uma com ou outra.

Foi assim que conhecemos Sue, a jovem de Zhongshan, que nos conta um pouco da sua história. “Trabalho em Macau há pouco mais de um ano. Vim trabalhar para um restaurante aqui em Seac Pai Van.”

Às vezes, quando está muito cansada, Sue dorme em casa da amiga, que é residente no territó-rio. Mas “não pode ser todos os dias”. E a fronteira para a China continental espera pela jovem. - * com Cecília Lin

TNR MAIS DO QUE DUPLICAM EM SETE ANOS

Quantos são?Hong Kong (6.650) – o único mercado a registar uma quebra nos últimos sete anos. O “top cinco” em termos de “fontes” de mão-de-obra fica completo com a Indonésia (4.007 pessoas), segundo os mesmos dados.

Em análise ao presente ano, o segundo trimestre deste ano registou a existência de 155.300 TNR, ou seja mais 9618 do que no primeiro trimestre.

Em declarações à imprensa, o vogal do Conselho Consultivo de Serviços Comunitários da Zona Central, Lam U Tou, referiu que o Gabinete para os Recursos Hu-manos já autorizou a importação de 190 mil trabalhadores não residentes, ou seja, ainda é pos-sível recrutar mais 35 mil TNR. Para o vogal, o “grande número dos TNR tem causado uma so-brecarga em relação à habitação e ao trânsito de Macau. “Acho que as grandes empresas, bem como os projectos no Cotai, que ficarão concluídos em 2016, que recrutam um grande número de trabalhadores têm a responsabili-dade de resolver estes problemas. Considero que o Governo não está a pensar de forma eficiente no que diz respeito ao planeamento deste assunto.” - F.A.

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4 hoje macau sexta-feira 12.9.2014POLÍTICA

LEONOR SÁ [email protected]

T ANTO Rui Leão, como Carlos Marreiros são pe-remptórios: concordam com o abandono da polémi-

ca Lei da Sombra, principalmente por ser obsoleta. Contudo, nem todos os arquitectos ontem contac-tados pelo HM apoiam a revogação da lei, sugerindo, antes, que uma

LEI DA SOMBRA ARQUITECTOS APOIAM ALTERAÇÕES MAS DISCORDAM COM REVOGAÇÃO

Norma “não é a bóia de salvação”A revogação da Lei da Sombra tem levantado polémica e nem todos os arquitectos apoiam a proposta do Governo. Contudo, uma coisa é certa: há mudanças que precisam de ser feitas rapidamente, porque a lei está, dizem, obsoleta

A Lei da Sombra define, como o nome indica, a

área de sombra que pode ser projectada pelos edi-fícios. Recentemente, a polémica estalou quan-do Lau Si Io, Secretário para as Obras Públicas e Transportes, indicou que iria ser feita uma consulta pública sobre se a norma deve ou não ser revogada. Jaime Carion, imediatamente antes, disse não con-cordar com que a popu-lação fosse auscultada, devido à tecnicidade da questão. As declarações do director das Obras Públicas e Transportes

levantaram polémica entre os deputados, que pedem que a população seja ouvida.

Para a maioria dos arquitectos, a opinião é de que a Lei da Sombra é um problema demasia-do técnico e específico para ser discutido em praça pública, pelos residentes de Macau. Pessoas que, dizem os arquitectos, têm poucos conhecimentos sobre a matéria.

Rui Leão diz, por exemplo, que a consulta pública deve acontecer, mas apenas entre pro-fissionais. “A consulta pública é bem-vinda

[para profissionais], porque nós, técnicos, e a nossa associação, temos que ponderar sobre isso, bem como outros gru-pos de interesse, como o da construção civil”, defende Rui Leão.

No entanto e tal como outros profis-sionais entrevistados pelo HM, o arquitecto acrescentou que “não faz muito sentido” que a auscultação sobre este assunto se estenda a toda a população, por ser demasiado técnica.

Outro dos arquitec-tos refere que há uma falta de sentido na rea-lização de uma consulta

pública para definir a revogação, ou não, da actual lei. É que, de acor-do com este arquitecto, “não faz qualquer senti-do que se peça a opinião a pessoas que não têm os conhecimentos para isso”, referiu.

Só Carlos Marreiros considera que, embora a lei pertença a uma área de conhecimento demasiado específica, não se deve estar contra a realização de uma con-sulta pública. “Fazem--se auscultações quase todos os dias. Se essa é a vontade das pessoas, porque é que não há-de fazer-se?”, apontou.

REVOGAÇÃO NEM SEMPRE Um outro arquitecto contactado pelo HM, que preferiu manter-se no anonimato, referiu que a revogação da Lei da Sombra pode não ser a melhor solução. Na opinião do profissional, é necessária a alteração das actuais fórmulas de cálculo, que determinam aspectos como o volume, a densidade ou altura dos edifícios. “Terá sempre que haver uma legislação, mas o que pode fazer-se é mudar a fórmula que determina essa norma”, explicou. É, na sua opinião, a forma de cálculo que está obsoleta e não o regime em si. Sobre o assunto, o arquitecto referiu ainda que Macau poderia adoptar as fórmulas usadas em Hong Kong e noutros países. “Hoje em dia, são feitos cálculos com base em estudos mais recentes, como na forma como o sol vai mudando de posição durante o dia, por exemplo”, referiu.

este assunto, o mesmo não acon-tece com Carlos Marreiros, que considera a revogação essencial.

“A revogação da Lei da Som-bra, ponderada pelo Governo, é uma medida que eu assino por baixo”, frisou, acrescentando que é algo que defende desde os anos

90. Para o arquitecto, a justificação é simples: é uma norma obsoleta e deve ser abandonada, mas não sem que antes sejam criadas outras regras – como um plano director – que protejam a salubridade das ruas, ao mesmo tempo permitindo a cumprimento da legislação.

Isto porque, na sua opinião, esta norma permite uma liberda-de que considera “um exercício perigoso”.

Ao HM, o arquitecto explicou que a lei permite diferentes so-luções para um mesmo terreno, o que nem sempre joga a favor dos arquitectos, nem dos inves-tidores.

“Há anos que, tal como outros colegas meus, digo que esta coisa da Lei da Sombra não faz sentido”, explicou Marreiros. O arquitecto

confessa compreender a preocu-pação da população com a falta de sol nas ruas, mas justifica que a solução não passa por manter a norma vigente, mas sim por criar um novo plano director, que, de acordo com o arquitecto, “teima em não aparecer”.

O também artista macaense frisou ainda que é necessária mais clareza por parte do Executivo para que a população confie em quem governa. “O Governo tem que ser transparente e mostrar clareza nas regras de jogo do exer-cício da cidade, tanto ao nível do projecto, como da construção, não permitindo desvios”, salientou.

“ A Lei da Sombra deixa de fazer sentido em muitos casos, principalmente naqueles onde há mais planeamento”RUI LEÃO Arquitecto

revisão ou substituição da norma pode ajudar, em muito, as áreas da arquitectura e da construção em Macau.

Para o arquitecto Rui Leão, a Lei da Sombra é limitativa e impossibilita uma série de medi-das, muitas vezes preferidas pelos arquitectos locais. “O pensamento geral é de que ‘se eu posso encher todo um determinado espaço, porque é que hei-de fazer uma coisa diferente, com vazios?”, interroga. Além disso, o arquitec-to considera a lei obsoleta. “Era um instrumento que, na ausência de outros planos de pormenor, funcionava”, explica Leão. O também membro do Conselho do Planeamento Urbanístico referiu que, aquando da sua criação – na década de 80 –, esta era uma nor-ma importante, pois não existiam outras que regulassem a altura dos edifícios, como actualmente.

“As Obras Públicas têm de-senvolvido alguns planos de pormenor, que têm indicadores de densidade mais complexos e portanto a Lei da Sombra deixa de fazer sentido em muitos casos, principalmente naqueles onde há mais planeamento”, acrescentou.

“ASSINO POR BAIXO”Se, por um lado, Rui Leão tem uma posição flexível relativamente a

“A revogação da Lei da Sombra, ponderada pelo Governo, é uma medida que eu assino por baixo”CARLOS MARREIROS Arquitecto

Tecnicidades e consulta

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GONÇALO LOBO PINHEIRO

HOEJ

MAC

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5 políticahoje macau sexta-feira 12.9.2014

CECÍLIA L [email protected]

O Governo está a pensar numa nova reforma no ensino. Se-

gundo o chefe de Divisão do Departamento de Estudos e Recursos Educativos, Wong Kin Mou, os conteúdos das competências académicas básicas que os alunos devem atingir vão ser inscritas na lei já no próximo ano, sendo que esta vai ser executada a partir de ano lectivo 2015/2016.

Vice-primeiro--ministro Wang Yang em MacauO vice-primeiro-ministro chinês, Wang Yang, vai estar em Macau por ocasião da 8ª Reunião Ministerial do Turismo da Associação de Cooperação Económica da Ásia-Pacífico (APEC), que irá decorrer até amanhã no Cotai. Segundo um comunicado oficial, Wang Yang deverá reunir-se com Chui Sai On, Chefe do Executivo, bem como com representantes das economias-membro da APEC. Hoje, Wang Yang estará presente num jantar de boas vindas oferecido pelo Executivo, participando amanhã na cerimónia de abertura do encontro da APEC.

Feriados Partido dos Operários pede compensações Ontem, o Partido dos Operários, pela mão de Lei Kin Iun, entregou uma carta ao Governo, onde pede que se dê atenção à compensação monetária nos feriados. Segundo Lei, durante o feriado do Festival do Bolo Lunar, a associação recebeu quatro queixas de funcionários de sector da restauração e hotelaria, queixando-se que os patrões não lhes deram nenhuma compensação por trabalharem no feriado.

Autocarros Angela Leong quer melhores condutores A deputada Angela Leong escreveu uma carta onde comenta sobre a necessidade de os condutores de autocarro serem melhor formados. Na opinião da deputada, a falta de formação resulta em vários acidentes de trânsito. Nos últimos dias, relembra Leong, houve três acidentes relacionados com condutores novos de autocarros. “A empresa tem que garantir a segurança dos passageiros e o Governo, entretanto, deveria regular os serviços de autocarro”, frisou.

ESCOLAS GOVERNO VAI LEGISLAR CONTEÚDO DE COMPETÊNCIAS

De pequenino se cumprem regras

CHAN HONG PEDE REVISÃO DE REGIME DO ENSINO SUPERIORA deputada Chan Hong fez uma interpelação onde apela ao Governo para fazer a revisão ao Regime do Ensino Superior, em vigor há 23 anos. A deputada considera que o regime já não satisfaz a necessidade de formação de talentos. Chan Hong pergunta se vai haver revisão da lei e quando, uma vez que o Governo não dá um calendário definido para esta matéria.

“Através das exigências das competências académicas básicas vai ser regulado o currículo de ensino de cada escola”DOCUMENTO DA DSEJ

Au Kam San Contra “vila de escolas”O deputado Au Kam San fez uma interpelação escrita onde sublinha estar preocupado com a ideia recentemente lançada de se construir uma vila de escolas na Zona A dos novos aterros na Areia Preta. Para o deputado, a vila vai causar problemas de trânsito. A ideia foi apresentada pelo sector da educação e o deputado quer agora saber se o Governo vai aceitar esta proposta, mencionando que, actualmente, nas escolas secundárias, já há mais de 30 mil alunos. “Só metade deste número de alunos a chegar ao mesmo tempo à escola, já pode causar um grande trânsito. Além disso, em Macau há um costume que os alunos vão para a escola primária e jardim infantil perto de casa, pelo que a ideia da vila não vai ser popular entre os residentes”, analisa Au Kam San.

Segundo documentos fornecidos pelos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) ao HM, as auto-ridades estão a fazer uma reforma no ensino e nos currículos escolares, desde que a Lei de Bases do Siste-ma Educativo Não Superior entrou em vigor em 2006.

Na lei de 2006, as auto-ridades apenas dizem que, na organização curricular, “o Governo define a orga-nização curricular de cada nível de ensino e estabelece as exigências das competên-cias académicas básicas que os alunos devem atingir”; contudo, os conteúdos espe-cíficos terão de ser objectos de diploma próprio.

Daí que os conteúdos e matérias vão, agora, ser regulados por lei.

“A proposta das exigên-cias das competências aca-démicas do ensino infantil, ensino primário e ensino se-cundário geral já está pronta e vai ser implementado um projecto piloto para experiên-cia, a fim de se melhorar o texto”, indica a DSEJ.

As exigências das com-petências académicas e a reforma nos currículos das escolas secundárias com-plementares, vão conter também o conteúdo que poderá sair nos exames de acesso das universidades.

MATÉRIAS REFORMADASA DSEJ revelou ainda que, de seguida, vai ser feita uma remodelação nas matérias a ensinar nas escolas.

Actualmente, em con-formidade com o quadro da organização curricular da RAEM e as exigências das competências académicas básicas, as escolas oficiais e as escolas particulares podem desenvolver os seus próprios currículos. Com a nova medida, o Governo vai poder interferir.

“Portanto, através das exigências das competên-cias académicas básicas vai

ser regulado o currículo de ensino de cada escola.”

A DSEJ disse ainda que, tendo em conta as caracte-rísticas de Macau, vai ser necessário ter matérias com características locais. “A DSEJ vai primeiro dar atenção ao desenvolvi-mento das matérias mais relacionadas com Macau, como a Moral e o Cidadão, a Geografia de Macau, etc..”

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6 hoje macau sexta-feira 12.9.2014SOCIEDADE

T ODAS as decisões judiciais devem ser passíveis de recurso,

considera Leonel Alves, na reacção à proposta do Tribunal de Última Instân-cia (TUI) de alterar a Lei de Bases da Organização Judiciária no sentido de baixar à segunda instância o julgamento dos titulares de principais cargos.

A ideia é defendida no relatório sobre o ano judiciário 2012/2013 – no-ticiado ontem pelo Jornal Tribuna de Macau – e, à

ANDREIA SOFIA [email protected]

O S responsáveis pelos tribunais das várias instâncias defendem que os funcionários

da justiça nascidos em Macau e falantes de português devem ser progressivamente substituídos por funcionários que dominem as duas línguas oficiais. É o que consta no relatório que traça o balanço do ano judiciário de 2012 e 2013.

“Deve considerar-se a aposen-

BIL INGUISMO, UMA PRÁTICA DIFÍCIL DE ATINGIR Olhando para os dados do relatório, a língua portuguesa ainda é utilizada em grande número na maioria dos processos, pelo facto de os juízes e advogados serem, na sua maioria, portugueses. No TUI, 77,19% dos acórdãos foram redigidos em português e chinês, sendo que apenas 29 sentenças foram proferidas em português. O TUI diz mesmo que, no próximo ano, “vai continuar a promover a utilização da língua chinesa, por forma a manter a proporção dos acórdãos redigidos”. No TSI, 74,43% dos acórdãos foram portugueses e 25,57% em chinês. No TJB, das 11.232 decisões tomadas, 69,12% foram feitas em chinês e 22,42% em português. Apenas 6,09% das decisões foram elaboradas nas duas línguas oficiais. Já no TA, dos 212 processos finalizados, 75,94% foram feitos em chinês.

O relatório que faz o balanço do ano judiciário defende a aposentação dos “funcionários da justiça macaenses que dominam a língua portuguesa” em prol da contratação de funcionários bilingues. Miguel de Senna Fernandes diz que é uma questão “pertinente”

TRIBUNAIS RELATÓRIO PEDE APOSENTAÇÃO DE FUNCIONÁRIOS MACAENSES

Tudo em prol do bilinguismo

TUI ALTERAÇÃO DA LEI DE BASES DA ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA

Que não te falte o recurso

tação dos funcionários da justiça macaenses que dominam a língua portuguesa e contratar trabalha-dores bilingues para dar melhor apoio aos juízes”, pode ler-se no documento.

Contactado pelo HM, o advo-gado Miguel de Senna Fernandes, também presidente da Associação dos Macaenses (ADM), olha para essa declaração como sendo uma “questão pertinente”.

“É um facto que muitos ma-caenses que eram funcionários judiciais foram-se aposentando e isso pode ser um motivo preo-cupante em termos de apoio aos juízes portugueses. Pode ser um problema se, no futuro, não hou-ver funcionários bilingues”, disse Miguel de Senna Fernandes, que considera que devem ser criados “mecanismos que possam asse-

“É um facto que muitos macaenses que eram funcionários judiciais foram--se aposentando e isso pode ser um motivo preocupante em termos de apoio aos juízes portugueses. Pode ser um problema se, no futuro, não houver funcionários bilingues”MIGUEL DE SENNA FERNANDES Advogado e presidenteda Associação dos Macaenses

gurar essa substituição”. Caso não aconteça, diz, isso poderá ser um grande entrave à administração da justiça.

“Este funcionário macaense foi desaparecendo com as sucessivas aposentações. Muitos dos que

estavam no atendimento foram promovidos, mudaram de funções ou aposentaram-se”, disse ainda o advogado ao HM.

O relatório, que traça o balanço do funcionamento do Tribunal de Última Instância (TUI), de Se-

gunda Instância (TSI), Tribunal Judicial de Base (TJB) e Tribunal Administrativo (TA), frisa ainda que “para promover a utilização das duas línguas oficiais, há a ne-cessidade de melhorar o domínio das línguas chinesas e portuguesa nos funcionários da justiça”. É assim proposta “a organização de cursos de língua portuguesa e de termos jurídicos para os oficiais de justiça”.

MAIS TRADUÇÃO EM INGLÊSO documento fala ainda das consequências directas da falta de tradutores nos tribunais. “A carência de intérpretes tradutores afecta directamente o funciona-mento normal da audiência do julgamento, portanto é premente tomar medidas para resolver o problema, como por exemplo con-tratar mais interpretes tradutores e elevar a técnica de tradução de algum pessoal”, pode ler-se.

Para além disso, “verifica-se também um aumento no trabalho relativo à tradução oral em língua inglesa, portanto há necessidade de aumentar o número de intér-pretes desta língua e aperfeiçoar o mecanismo de recrutamento de intérpretes de línguas estrangei-ras”, refere o relatório.

Rádio Macau, o advogado e deputado Leonel Alves diz que concorda porque todas as decisões dos tribunais devem ser passíveis de recurso.

Em declarações à rá-dio, o deputado e membro do Conselho Executivo disse concordar com a proposta feita no relatório

para que os titulares dos principais cargos políti-cos possam ser julgados em recurso na Segunda Instância, algo que não é possível actualmente.

“Numa perspectiva de direitos humanos, de me-lhor salvaguarda do direito do arguido de contestar e de recorrer, parece-me que

esta proposta – atribuir a competência para os tribu-nais de segunda instância julgarem, em primeira instância, casos envolven-do titulares dos principais cargos da RAEM – é uma boa medida”, disse Leonel Alves.

O advogado e deputado recorda que, no passado,

houve “situações em que o arguido não pôde recorrer”, como foi o caso do antigo secretário para os Trans-portes e Obras Públicas, Ao Man Long. “Tal parece que contraria o sentimento geral da população de que todas as decisões judiciais devem ser passíveis de recurso”, disse à rádio.

“A carência de intérpretes tradutores afecta directamente o funcionamento normal da audiência do julgamento”RELATÓRIO RELATÓRIO DO ANOJUDICIÁRIO DE 2012 E 2013

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7 sociedadehoje macau sexta-feira 12.9.2014

FIL IPA ARAÚ[email protected]

S EGUINDO as regras da Global Privacy En-forcement Network

(GPEN), e “atendendo à situação real de Macau”, o Gabinete para a Protecção de Dados Pessoais (GPDP) realizou uma avaliação às aplicações de telemóveis mais descarregadas no território e às aplicações

LEONOR SÁ [email protected]

A Polícia de Segurança Pú- blica (PSP) apresentou uma proposta para a reconstrução do posto

fronteiriço do Cotai. A ideia é prepa-rar o local para a possível enchente de veículos que Macau venha a receber no futuro, uma vez que, no local, também passam carros.

“A fim de fornecer um ambien-te seguro e eficaz à população, o CPSP já apresentou proposta para a reconstrução do posto fronteiriço do COTAI, no sentido de efectuar uma preparação para enfrentar o futuro grande fluxo de veículos”, lê-se numa resposta dada pelo Gabinete do Secretário para a Se-gurança a uma interpelação escrita da deputada Ella Lei, a que o HM teve acesso.

A proposta da PSP foi feita juntamente com outros serviços, mas ainda não há mais pormenores sobre o assunto, por necessidade de coordenar o envolvimento de várias entidades do Governo na reconstrução, apurou o HM.

QUESTÕES PERTINENTESNuma interpelação, Ella Lei ques-tionou o Governo sobre iria ser feita uma reestruturação da fronteira do COTAI, de forma a possibilitar uma maior fluência de trânsito de pessoas e bens. “Vão as autorida-des negociar com os respectivos serviços na China para, em con-junto, aperfeiçoar as instalações e os equipamentos complementares do posto fronteiriço do Cotai?”, perguntou a deputada, em Junho passado.

Tabaco Mais de 21mil pessoas multadasDesde o início deste ano, até ao final de Agosto, foram multadas 21733 pessoas por incumprimento da Lei de Prevenção e Controlo do Tabagismo. Cerca de 63,4% são residentes locais. Os Serviços de Saúde (SS) registaram 5400 infracções e foram realizadas quase 185 mil acções de inspecção a estabelecimentos, onde 5300 pessoas foram multadas por fumar em espaços proibidos, tendo ainda sido registados seis casos de venda de tabaco em prateleiras acessíveis aos consumidores. Desde a entrada da legislação em vigor – Janeiro de 2011 – até ao mês passado, foram realizadas perto de 600 mil inspecções e registados 21700 casos de pessoas a fumar em locais interditos. Os dados dos SS avançam ainda que a esmagadora maioria dos infractores são homens, estes representando 93,2% dos casos.

A PSP propôs ao Governo que se reconstrua o postofronteiriço do Cotai, mas o organismo não sabe quando isso vai acontecer por causa dos inúmeros departamentos que têm de estar envolvidos na construção

COTAI PSP PROPÕE RECONSTRUÇÃO DO POSTO FRONTEIRIÇO

O gosto pelo estudo

“Estamos agora a estudar um plano para a reconstrução do posto transfronteiriço...”POLÍCIA DE SEGURANÇA PÚBLICA

GPDP PEDE MAIS PROTECÇÃO DE DADOS NAS APLICAÇÕES MÓVEIS

Cuidado com as imitações

Num total de 162 aplicações, a avaliação do GPDP foi efectuada a 80 aplicações do Google Play Store e 82 da Apple App Store. Das 80 aplicações do sistema operativo móvel, iOS, “apenas uma aplicação requisitou permissão de acesso”, contrastando com as 43 aplicações que requisitaram do sistema operativo Android. Relativamente à transparência de informações, das aplicações analisadas do iOS, utilizado pelos iPhone, 72,2% apresentam a “Política da Privacidade” mediante a página electrónica, mas apenas 27,8% contêm informações sobre recolha, utilização e revelação de dados pessoais. Números diferentes têm as aplicações do sistema operativo Android, em que apenas 40% apresenta a opção na página electrónica, mas só metade, ou seja, 20% contém as informações completas.De todas as aplicações analisadas, 50 são publicadas na loja online da Apple e da Google.

A PSP assegurou ter já sido efectuada uma optimização dos equipamentos e infra-estruturas do posto, nomeadamente no que diz respeito ao aumento do

número de vias de passagem automática e de funcionários. “O CPSP já tinha aperfeiçoado, de forma permanente, os respec-tivos hardware dentro do posto

dos serviços públicos. O resultado é claro: é preciso melhorar.

Por isso mesmo, o GPDP, além de solicitar essa mesma melhoria às empresas responsáveis pe-las aplicações, afirmou que irá elaborar um documento que reúne as “Orientações sobre a Exploração de Aplicações Móveis”.

O guia tem como ob-jectivo permitir às expor-tadoras e operadoras de aplicações móveis conhe-cer melhor “os assuntos a observar quando tratam os dados pessoais nas aplica-ções”, evitando eventuais responsabilidades deri-vadas da violação da Lei da Protecção de Dados Pessoais. O GPDP indica ainda que o documento irá

permitir que os utilizadores das aplicações em causa conheçam “melhor os seus direitos” e assim possam proteger de forma mais eficaz o direito de privaci-

dade quanto aos seus dados pessoais.

MAIOR EXPOSIÇÃO“Com a generalização das aplicações de telemó-

fronteiriço do COTAI, como por exemplo, acrescentou mais vias de passagem automática a fim de acelerar a passagem na fronteira, e efectuou um ajustamento dos recursos humanos conforme o fluxo dos passageiros e o futuro desenvolvimento de Henqin e da Taipa”, assegura o Gabinete do Secretário para a Segurança.

Contudo, a PSP disse que ainda

não há novidades sobre a recons-trução do posto, em funcionamento há mais de uma década.

POUCOS DADOSPARA MUITOS SERVIÇOSAo HM, o organismo referiu a escassez de informação com o facto das operações estarem a ser coordenadas por vários serviços em simultâneo, incluindo a Direc-ção para os Assuntos de Tráfego. Outra das justificações prende-se com o facto de ser necessário estudar o caso com a agravante do desenvolvimento da Ilha da Montanha e consequente aumento de peões e veículos que passam por aquela fronteira. “Estamos agora a estudar um plano para a reconstrução do posto transfron-teiriço e temos que ter em conta o fluxo de trânsito de passageiros e o desenvolvimento da região, incluindo da Ilha da Montanha”, confirmou um porta-voz da PSP ao HM.

vel, a grande quantidade de dados pessoais que é recolhida pode afectar gravemente a privacidade dos seus utentes”, explica o GPDP em comunicado.

O relatório agora feito permite avaliar se as aplica-ções mostram claramente as “categorias e utilidades posteriores dos dados pes-soais recolhidos ou não”, assim como, “a razão da sua recolha” e se os dados “recolhidos ultrapassam o âmbito necessário para um funcionamento normal dos programas”.

No relatório final, o GPDP garante que “tomará oportunamente medidas para efeitos de acompanha-do”, assim como irá exigir às “respectivas instituições” a observação das disposi-ções relativas aos princípios de tratamento de dados constantes na lei. O gabinete apela ainda que “se eleve a atenção do público sobre as aplicações de telemóvel”.

RELATÓRIO E CONTAS

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hoje macau sexta-feira 12.9.20148 sociedade

CECÍLIA L [email protected]

A Sociedade de Jo- gos de Macau (SJM) não foi a única empresa a

queixar-se novamente à Di-recção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) sobre o que diz serem más condições de trabalho entre os funcionários do jogo. Na próxima segunda-feira, os tra-balhadores da MGM também vão reunir com funcionários da DSAL para falar das suas condições de trabalho. Esta é a alternativa dos trabalhadores da operadora do leão para evitarem as manifestações, já agendadas no caso da SJM.

Segundo a secretária--geral da Forefront of the Macau Gaming (FMG), Cloee Chao, além dos pro-blemas salariais, o caso do MGM regista outra ocorrên-cia peculiar: há vento nas mesas de jogo.

“A empresa tem um ventilador pequeno nas mesas do jogo para evitar que o fumo dos clientes passe na cara dos croupiers. A simpatia da empresa não teve bons resultados, porque os funcionários levam com vento durante oito horas no trabalho, já num ambiente de ar-condicionado”, começa por explicar. “Muitos já ficaram doentes por causa de nova política.”

FUMO E GORJETASApesar da iniciativa da operadora, o “vento” leva os croupiers a sublinharem ain-da mais o desejo de proibição de fumo nos casinos. Aliás,

Funcionárioacusa chefes da DSAMA de furtoUm funcionário de apelido Wong da Direcção dos Serviços dos Assuntos Marítimos e da Água (DSAMA) apresentou, na quarta-feira, uma denúncia ao Ministério Público (MP), acusando dois chefes do organismo do furto de gasolina. O funcionário diz também que os homens o enganaram quanto ao subsídio de trabalho por turnos. Wong espera, agora, a intervenção do MP. A DSAMA emitiu uma declaração afirmando que as acções não existiram e que a denúncia do funcionário é falsa. Na declaração, a autoridade recordou ainda que o funcionário foi punido com suspensão porque deu um estalo a um colega no local de trabalho. A DSAMA diz ainda que, durante o processo disciplinar, o funcionário tentou ameaçar várias vezes o organismo, para que este diminuísse a pena, ou então publicaria comentários negativos para difamar o organismo.

Óleo IACM diz não existir exame para identificar problemaNuma resposta ao HM, o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais afirmou - referindo-se à identificação de óleos degenerados - que “não existe, de momento, a nível mundial qualquer método científico e específico que permita um exame perfeito” e por isso, “não é possível chegar a uma identificação através de uma mera análise de amostras”. Sem afirmar se o fazia, o IACM adiantou que o controlo dos óleos em questão dever ser levado a cabo por fiscalização e inspecção “in loco”.

Habitação social Família de jovem com fractura no cóccix rejeitada

“A empresa tem um ventilador pequeno nas mesas do jogo (...) A simpatia da empresa não teve bons resultados, porque os funcionários levam com vento durante oito horas no trabalho” CLOEE CHAOSecretária-geralda Forefrontof the Macau Gaming

JOGO MGM REÚNE COM A DSAL SOBRE CONDIÇÕES DE TRABALHO

A mesa dos vendavais

DEPOIS de ter alegado falta de apoio dos Serviços de Saúde (SS),

a família de Chan Pou U, jovem que tem uma fractura no cóccix, acusa, agora, o Instituto de Habitação (IH).

Por não conseguir pagar as rendas de casa correspondentes aos últimos dois meses, a família do jovem terá que abandonar o apartamento, segundo ordens do senhorio, antes de domingo.

Desempregada e “sem ajuda”, a mãe do jovem tentou pedir uma habituação social ao IH, que lhe

rejeitou o pedido por descobrir que a progenitora e o ex-marido são proprietários de uma fracção.

A mãe de Chan explicou que, ape-sar de a casa estar em nome da própria, quem usufrui do espaço é a actual viúva do seu ex-marido, sendo que a mesma não autoriza a presença do jovem e da sua progenitora na habitação.

Como alternativa, o IH acon-selhou a família a recorrer à Casa Corcel, um centro para sem-abrigo, opção que em nada agradou à mãe

de Chan, que salienta que viver no asilo poderá traduzir-se em efeitos negativos na saúde do filho.

Sou Ka Hou, activista da Macau Consciência, criticou o Governo que, na sua opinião, não deu ajudas reais, nem encontrou um resolução para o problema do jovem.

Recorda Sou Ka Hou que, de acor-do com o regulamento de “Atribuição, Arrendamento e Administração de Ha-bitação Social”, em casos excepcionais de “Indivíduos ou agregados familiares

que se encontrem em situação de peri-go social, físico ou moral, ou quando se mostre urgente o realojamento, em casos de calamidade” podem ser atribuídas habitações sociais. Na sua análise, o jovem doente satisfaz a condição aludida, e por isso, o activista apela ao IH para disponibilizar uma habitação para a família. - F.F.

na reunião com a DSAL, a proibição de fumo nos casinos é uma das questões que vai ser apresentada. Mas não só.

Os croupiers da MGM também querem que as gorjetas sejam integradas no salário base, “querem que as operadoras não os

explorem desta forma”. O salário actual dos croupiers das seis operadores de jogo é dividido em duas partes: salário base e gor-

jetas. “Todas as operadoras calculam o salário assim, mas os trabalhadores não querem um estágio sem fim e querem um aumento salarial de 10%”, disse Cloee Chao, funcionária da Wynn. “Como as gorjetas não são incluídas no salário-base, o bónus também não vai ser incluído.”

Os funcionários assegu-ram ter tentado comunicar com a operadora, mas que esta não teve qualquer reacção.

SJM LANÇAAVISOA FMG anunciou que amanhã os trabalhadores da SJM vão organizar nova greve e manifestação contra a operadora. Ontem, Cloee Chao disse ao HM que as camisolas que vão ser vestidas pelos funcionários com a frase “sou funcionário da SJM” já foram todas vendidas. Por isso, estima que cerca de mil trabalhadores vão participar neste protesto. A manifestação está marcada para as três da tarde na Praça da Amizade, desfilando depois em direcção aos casinos Lisboa e Grand Lisboa. Entretanto, a operadora publicou um aviso interno nos casinos em que refere ter convocado uma reunião com os trabalhadores para a passada terça-feira, ( dia feriado ), mas que a resposta dos funcionários foi fria, tendo havido pouca participação. Assim, diz a SJM, se a greve de sábado for para frente, a operadora reserva-se o direito de reagir em conformidade.Cloee Chao disse ainda que o protesto é feito no sábado, porque os trabalhadores da SJM querem “contar aos turistas” que “as condições do sector do jogo não são tão boas quanto se pensa”.

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9 sociedadehoje macau sexta-feira 12.9.2014

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ANDREIA SOFIA [email protected]

S ÃO edifícios dese-nhados por José Ma-neiras, Raul Chorão Ramalho e Manuel

Vicente que passam des-percebidos aos olhares de muitos. Datam da segunda metade do século XX e são exemplos da presença do movimento modernista da arquitectura em Macau, mas não têm qualquer classifica-

A introdução dos vales de saúde pelo Go-verno levou a uma

redução de 24% nas mortes por doenças cardiovasculares, conclui um estudo. Os vales, recorde-se, permitem aos resi-dentes permanentes gastar 600 patacas por ano em médicos privados que adiram ao plano.

Zhang Jing Hua, docente da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau, explicou ontem à agência Lusa que verificou que há uma “robusta ligação entre a data de implementação do programa de cheques de saúde e uma diminuição significativa da mortalidade por doenças do sistema cir-culatório em Macau”.

A investigadora adiantou ter analisado a taxa de mor-talidade destas doenças ao longo de 144 meses - entre 2001 e 2012 -, observando,

Os arquitectos Carlos Marreiros e Rui Leão consideram queo Governo deve classificar os edifícios do movimento modernista existentes em Macau e que estão ausentes de qualquer protecção,por não serem considerados património

PATRIMÓNIO EXIGIDA CLASSIFICAÇÃO DE EDIFÍCIOS MODERNISTAS

Sensibilidade e bom senso

O QUE É A DOCOMOMODepois do debate sobre o movimento modernista, a Docomomo apresenta este sábado uma conferência intitulada “Macau: Hibridismo e Identidade” no Centro Cultural de Macau, estando ainda a promover a organização de uma exposição sobre o arquitecto Manuel Vicente. A Docomomo International é uma rede de estudo e documentação criada na Holanda em 1988 e pensada para a preservação da arquitectura modernista, sendo que em Macau o centro existe há dois anos. Rui Leão é um dos membros fundadores.

VALES DE SAÚDE REDUÇÃO DE MORTES

Bate, bate coração

ção como sendo património histórico.

Carlos Marreiros e Rui Leão, que participaram on-tem num seminário da Do-comomo (ver caixa) sobre o movimento modernista, defendem que o Executivo deve classificar estes edifí-cios, para que possam ser protegidos.

“O património moder-nista que existe em Macau não está classificado, mas essa situação não é especí-

fica de Macau, é geral. Isto porque são edifícios recentes e é difícil haver um consenso de como estes edifícios po-dem constituir o património. A maneira de lhes reconhe-cer valor é diferente”, disse o arquitecto Rui Leão.

Rui Leão, que é um dos membros fundadores do Docomomo em Macau, defende que o Governo deve “classificar e deverá ser parceiro da Docomomo, no sentido de apoiar esta sensi-bilização sobre este período histórico”. Para o arquitecto, “é muito importante que este património seja preservado para percebermos como chegámos aqui, aos dias de hoje”.

IC COM TRABALHO FEITOCarlos Marreiros, membro do Conselho do Património Cultural, disse ter conhe-

“Estes edifícios também sãoo patrimóniode todos nós”CARLOS MARREIROS Arquitecto

cimento de que o Instituto Cultural (IC) tem recolhido e procurado listar os edifícios mais recentes, nomeada-mente dos anos 40, 50 e 60. “Estes edifícios também são o património de todos nós”, defendeu o arquitecto, que disse mesmo que, dada a boa situação económica do território, o Governo pode-ria mesmo adquirir alguns destes edifícios.

“Esta conferência vem em boa altura, porque as pessoas pensam que o pa-trimónio é apenas um con-junto de edifícios antigos com frontões joaninos. As

ruínas de São Paulo têm o seu valor mas há edifícios da década de 60 ou 70 que merecem igual atenção e também apoio do Governo”, disse o arquitecto, numa conferência que se estende até amanhã e dando como

“É muito importanteque este património seja preservado para percebermos como chegámos aqui, aosdias de hoje”RUI LEÃOArquitecto

exemplos algumas vivendas na zona da Meia Laranja ou na zona do Porto Interior.

Quanto ao edifício da Escola Portuguesa de Macau (EPM), também devia voltar a ser classificado, segundo Marreiros.

a partir de 2010 - quando os cheques foram introduzidos - uma descida significativa.

“A taxa anual de mortali-dade por doenças do sistema circulatório registou uma descida significativa de 24%, comparando com o período entre 2001 e 2009, o que equi-vale a evitar 123 mortes por ano”, conclui o estudo citado pela agência Lusa.

SEGUNDA RONDA SUGERIDAZhang Jing Hua elogia a cria-ção dos vales de saúde, mas sugere que o Governo avance agora para uma segunda fase do programa, atribuindo um segundo montante aos grupos de risco. “Encorajo o Governo a dar mais aos que precisam, como os idosos, as pessoas com doenças crónicas, as que sofrem de obesidade”, exemplificou para salientar os mais vulneráveis.

A investigadora acredita que, após o primeiro exame, devia ser criada uma base de dados que catalogasse a população e permitisse um apoio mais personalizado.

Zhang Jing Hua sugere ainda que o cheque deixe de ser apenas para residentes permanentes e possa ser alargado a todos os trabalha-dores do território. - Lusa/HM

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10 publicidade hoje macau sexta-feira 12.9.2014

AVISO﹝Nº531/2014﹞

Avisam-se os arrendatários e seus herdeiros abaixo mencionados que os objectos existentes nas fracções abaixo mencionadas foram, temporáriamente, guardados pelo Instituto de Habitação:

UNG KIU – 1ºandar sala E, do Bloco 3, do Edifício Hou Kong Garden, sito na Rua Marginal do Canal das Hortas, em Macau;

LAM PAK IUN – 28ºandar sala AI, do Edifício Fai Fu, da Habitação Social do Fai Chi Kei, sito na Rua de Fai Chi Kei, em Macau;

NG KUOK WENG –1ºandar sala L, do Bloco 1, do Edifício Arco Iris, sito na Estrada dos Cavaleiros, em Macau;

IO FO SI – 14ºandar sala T, do Edifício Fai Fu, da Habitação Social do Fai Chi Kei, sito na Rua de Fai Chi Kei, em Macau.

Caso queiram reclamar os referidos objectos, deverão dirigir-se à Divisão de Fiscalizaçâo de Habitação Pública do IH, sita no nº102 da Travessa Norte do Patane, no prazo de 30 dias, a contar da publicação do presente aviso.

Se não reclamarem os objectos acima mencionados dentro do prazo estabelecido, o IH tratará, como melhor entender, os mesmos.

Macau, aos 8 de Setembro de 2014

A Vice Presidente,

Kuoc Vai Han

ANÚNCIO 【N.º 111/2014】

Para os devidos efeitos vimos por este meio notificar os representantes dos agregados familiares da lista de candidatos a habitação social abaixo indicados, no uso da competência delegada pelas alíneas 13) e 17) do n.º 5 do Despacho n.º 75/IH/2014, publicado no Boletim Oficial da RAEM, n.º 35, II Série, de 27 de Agosto de 2014 e nos termos do n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro:

Nome N.º do boletim de candidatura

Nome N.º do boletim de candidatura

CHAN KUN KUAI 31200905319 CHEANG UT HOU 31200903189CHAN LAI IENG 31200900045 CHAN CHI KUAN 31200901649HO MAN CHU 31200900332

*CHONG MAN TIN

31200900175

De acordo com o n.º 2 do artigo 9.º do Regulamento de Candidatura para Atribuição de Habitação Social, aprovado pelo Despacho do Chefe Executivo n.º 296/2009, alterado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 141/2012, para nova verificação, se os candidatos preenchem os requisitos de candidatura ao arrendamento de habitação social, o Instituto de Habitação (IH) informou-os por meio de ofícios, para que sejam entregues os documentos indicados no prazo fixado, mas os interessados acima referidos não entregaram os documentos dentro do prazo fixado, pelo que não reúnem nos termos do n.º 3 do artigo 9.º do mesmo regulamento.

Tendo este Instituto publicado um anúncio na imprensa de língua chinesa e língua portuguesa, no dia 25 de Agosto de 2014, a solicitar aos interessados acima mencionados para apresentarem por escrito as suas contestações pelos factos acima referidos no prazo de 10 (dez) dias a contar da data de publicação do referido anúncio, mas não fizeram a entrega das suas contestações dentro do prazo indicado. Nos termos dos artigo 5.º, n.º 3 do artigo 9.º e alínea 1) do artigo 11.º do Regulamento de Candidatura para Atribuição de Habitação Social, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 296/2009, assim como do despacho do signatário, exarado na Proposta n.º 0744/DHP/DHS/2014, as respectivas candidaturas foram excluídas da lista geral de espera.

* Simultaneamente, foi cessado a concessão de abono de residência por o agregado familiar beneficiário ter em sido excluido da lista geral de espera, de acordo com os termos da alinea 1) do n.º 1 do artigo 8.º do Regulamento Administrativo n.º 23/2008 (Plano Provisório de Atribuição de Abono de Residência a Agregados Familiares da Lista de Candidatos a Habitação Social) e o despacho do signatário, exarado na Proposta acima mencionada.

E de acordo com o disposto no n.º 25 do Despacho n.º 75/IH/2014, publicado no Boletim Oficial da RAEM, n.º 35, II Série, de 27 de Agosto de 2014 e no artigo 155.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, cabem recurso hierárquico necessário da respectiva decisão administrativa, ao Presidente deste Instituto, no prazo de 30 (trinta) dias a contar da data de publicação do presente anúncio, o recurso hierárquico tem efeito suspensivo.

O Chefe do Departamento de Habitação Pública, Subst.º

Mio Chan Seng 10 de Setembro de 2014

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11CHINAhoje macau sexta-feira 12.9.2014

O diplomata chinês assegura que se a China continuar na “boa direcção” o crescimento estará assegurado e representará uma série de novas oportunidades para o resto do mundo

O embaixador da China em Portugal afastou esta quarta-feira re-ceios sobre o futuro

da economia chinesa, garantindo que vai continuar a crescer “a uma velocidade média-alta a longo pra-zo” e assegurou que o país não é “uma ameaça” para outras nações.

Intervindo num almoço em Lis-boa, promovido pelo International Club of Portugal, o embaixador Huang Songfu referiu que no ano passado, o Produto Interno Bruto (PIB) chinês teve um crescimento

O Presidente do Banco Interamericano de De-senvolvimento (BID),

Luis Alberto Moreno, defendeu ontem que a China precisa de levar a cabo “mais reformas

Preços sobem 2% em Agosto face ao mesmo mês de 2013O Índice de Preços no Consumidor (IPC) na China subiu 2% em Agosto face ao mesmo mês de 2013, o que traduz uma moderação perante os 2,3% apurados nos últimos dois meses, revelou ontem o Gabinete Nacional de Estatísticas do país. O IPC de Agosto é o mais baixo em quatro meses, segundo os dados oficiais. Os números agora apurados concedem uma margem mais ampla ao Executivo chinês para pôr em marcha medidas de estímulo para alcançar o objectivo de 7,5% de crescimento durante o ano, ao mesmo tempo que mantém uma previsão de 3,5% de inflação para 2014. Vários dados divulgados nas últimas semanas demonstram que a procura interna na China se manteve moderada em Agosto com uma queda nas importações e um abrandamento da expansão do sector manufactureiro.

EMBAIXADOR PAÍS VAI CONTINUAR A CRESCER A UMA “VELOCIDADE MÉDIA-ALTA”

Sem nada a temer a longo prazo

Algumas pessoas começam a preocupar-se com a economia chinesa, dizendo que não vai manter um crescimento sustentado, e pode acabar numa aterragem dura. Posso assegurar--vos que tais coisas não vão acontecer”HUANG SONGFU Embaixador da China em Lisboa

de 7,7%, “ligeiramente mais baixo que no ano anterior”, totalizando 9,2 mil biliões de dólares.

“Com o aumento do volume do PIB e a mudança do modelo de desenvolvimento, a taxa de cresci-mento económico da China tende a baixar um pouco, logicamente. Algumas pessoas começam a preocupar-se com a economia chi-nesa, dizendo que não vai manter um crescimento sustentado, e pode acabar numa aterragem dura. Posso assegurar-vos que tais coisas não vão acontecer”, disse o diplomata.

Segundo o embaixador, “o

crescimento económico da China é apoiado pela sua urbanização e in-dustrialização”, às quais os chineses se dedicam “com enorme esforço a fim de atingir a modernização”.

“Se continuarmos a seguir o caminho na direcção certa e tra-balhando com toda a dedicação, vamos conseguir um crescimento a uma velocidade média-alta a longo

prazo”, disse, reconhecendo que ainda persiste “um grande fosso entre as zonas urbanas e as zonas rurais” e que a “estrutura industrial ainda não está bem criada”.

BOAS INTENÇÕESPor outro lado, Huang Songfu garantiu que o país não represen-ta uma ameaça para as restantes nações.

“Perante o nosso crescimento, muitas pessoas estão curiosas sobre o papel que a China terá na plataforma mundial e algumas pessoas até a consideram como uma enorme ameaça. Não vai ser ameaça para ninguém”, garantiu.

A China, acrescentou, “vai convergir o seu desenvolvimento interno com a abertura ao mundo exterior e incorporar o seu desen-volvimento no do resto do Mundo”.

“O desenvolvimento pacífico da China não será uma ameaça para outros países”, mas representará “novas oportunidades”, nomea-damente de mercado.

“O potencial do mercado chi-nês continua a crescer”, salientou o diplomata, exemplificando que no ano passado os chineses com-praram 21 milhões de automóveis, um quarto das vendas globais neste sector.

Por outro lado, mesmo com a crise global, “as empresas chine-sas estão a tornar-se numa fonte importante de investimento e fi-nanciamento internacional”, que pode atingir os 500 mil milhões de dólares nos próximos cinco anos.

estruturais” para conseguir sustentar um modelo económi-co orientado para o consumo interno.

A opinião foi manifestada durante uma conversa com um

grupo de jornalistas a propósi-to do VIII Fórum Económico Mundial de Tianjin (nordeste da China), também conhecido como “Davos” asiático, no qual Luis Alberto Moreno participa.

O ex-ministro do De-senvolvimento Económico colombiano apontou que a segunda economia mundial “não pode depender simples-mente da sua política monetá-ria” para alterar o seu modelo de crescimento sem levar a cabo “mais e mais reformas estruturais”.

Não obstante, destacou que, segundo o que lhe é pos-sível constatar, “a China está muito comprometida com as

reformas”, apesar de estas “precisa-rem de tempo para

ser eficazes”.“Contudo, os re-

sultados podem levar um par de anos, dependendo do

tipo de reformas, sobretudo

num país do tamanho da Chi-na”, afirmou.

OLHAR PARA DENTROIndependentemente disso, enfatizou que considera que a segunda economia mundial vê “claramente” a necessida-de de impulsionar a transição para abandonar um modelo de crescimento baseado nas ex-portações e apostar, em troca, em alcançar uma forte procura interna.

Enquanto cerca de 70% do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos é prove-niente do consumo, na China circunscreve-se a 41 ou 42%, exemplificou o presidente do BID, para sublinhar que “esse número tem que aumentar sig-nificativamente”.

O primeiro-ministro chi-nês, Li Keqiang, inaugurou, na quarta-feira, o fórum com um discurso em que realça precisamente que as reformas na China não podem ser re-vertidas, apesar de as palavras restantes terem sido idênticas às proferidas em Março, na Assembleia Nacional Popular ou na edição do ano passado do “Davos”.

BID CHINA PRECISA DE “MAIS REFORMAS ESTRUTURAIS”

Apostar no mercado interno

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hoje macau sexta-feira 12.9.201412 publicidade

Page 13: Hoje Macau 12 SET 2014 #3173

HOJENOITE COM PIANO NA GALERIA

Fundação Rui Cunha, 18h00

ENTRADA LIVRE

DJ SESSIONS COM KANGOL DJ VS BENSON CHOW

Kam Pek Bar, Casino Paradise, 22h00

ENTRADA LIVRE

AMANHÃ “MACAU: HIBRIDISMO E IDENTIDADE”

(DESCOBRINDO MANUEL VICENTE)

Seminário conduzido por Jerry Wojtowicz,

André Ritchie e Jorge Figueira

Centro Cultural de Macau, 15h00

ENTRADA LIVRE

ESPECTÁCULO DE MÚSICA COM

INSTRUMENTOS DE CORDAS

IACM, Leal Senado, 15h15

ENTRADA LIVRE

BEL CANTO

Recital de música

Fundação Rui Cunha, 17h00

ENTRADA LIVRE

CONCURSO DE FOGO DE ARTIFÍCIO DE MACAU

Equipa da China

Largo da Torre de Macau, 21h00

ENTRADA LIVRE

AMSTERDAM JAZZ CONNECTION

(APRESENTAÇÃO DE ÁLBUM)

Casa Garden, 21h30

ENTRADA LIVRE

DOMINGO, DIA 14ESPECTÁCULO DE MÚSICA COM

INSTRUMENTOS DE CORDAS

IACM, Leal Senado, 15h15 – 17h00

ENTRADA LIVRE

tiragem do álbum não deve ser inferior a 500 unidades, sendo que o mesmo deve também ser distribuído digitalmente, pelo menos num canal comercial de música digital.

Os candidatos interessados devem entregar três demos, propostas e outros elementos relevantes, que serão avaliados por um júri constituído por profis-sionais locais e internacionais da área musical, convidados pelo IC.

No total, apenas oito álbuns podem beneficiar do plano.

hoje macau sexta-feira 12.9.2014 13EVENTOS

OBRIGASTE-ME A MATAR-TE • Ana Isabel Fonseca, Tânia LaranjoEsta é a história de Maria. Um relato na primeira pessoa de uma mulher que sonhou com um casamento perfeito e uma vida feliz ao lado de Rui e viveu um verdadeiro pesadelo, entre quatro paredes, durante décadas. Em silêncio, marcada no corpo e na alma pelas mãos, pontapés e palavras malditas do marido, assistindo à violência contra as suas filhas, incapaz de reagir, demasiado assustada, demasiado dependente... até ao dia em que a coragem suplanta a dor e a vergonha, pega numa arma, que mais cedo ao mais tarde a iria matar, e assassina o marido, o pai das filhas, o homem que jurou respeitá-la e amá-la, no cimo de um altar. Esta é a história da Maria, mas poderia ser da Ana, da Sofia, da Francisca, etc... Em 2010 morreram quarenta e três mulheres vítimas de violência doméstica em Portugal, 29 delas já com queixas apresentadas às autoridades. As jornalistas Ana Isabel Fonseca e Tânia Laranjo lidam diariamente com casos de violência doméstica que acontecem todos os dias no nosso país. Esta é uma viagem a um mundo de dor e sofrimento, de sentimentos e vergonha que não pode deixar ninguém indiferente.

O PRIMEIRO ALQUIMISTA A IDADE DO BRONZE EM PORTUGAL • Sofia MartinezQuando a jovem Breia recupera a consciência depara-se com Bran, o grande mestre fundidor da aldeia da Fraga, e Tor, o seu corajoso aprendiz. Estes calcorreavam o vale em busca do precioso minério, para forjar machados de bronze. Breia assusta-se ante os dois estranhos. Sentia ainda o cansaço e o medo de ter sido perseguida durante dias por dois homens que a ameaçavam com os seus machados. Sentia as dores no corpo de ter caído naquele abismo, de onde nunca imaginara poder sair. Mas, ao cruzar os seus olhos com os de Tor, Breia vê nele o seu porto de abrigo, o seu salvador. O mestre fundidor decide adoptar a jovem, que se recusa a dizer o seu nome e a revelar as suas origens, e leva-a para a sua pequena aldeia. Decide chamar-lhe Nan-tai e é com este novo nome que a jovem se adapta à sua nova vida. No entanto, tudo se complica quando o povo do Norte vem à aldeia da Fraga para entregar Raina, a noiva de Binan, o filho do chefe da aldeia. O segredo de Breia seria finalmente descoberto.

O Instituto Cultural (IC) lançou o Pro-grama de Subsí-dios à Produção de

Álbuns de Canções Originais, um plano que vai permitir aos músicos de Macau produzirem o seu próprio CD. O montante máximo para cada álbum sub-sidiado é 200 mil patacas e as candidaturas ao plano estarão abertas do dia 29 de Setembro ao dia 27 de Novembro.

A ideia, avança o IC, é es-timular o desenvolvimento da indústria musical de Macau. “À medida que as indústrias culturais e criativas de Macau se desenvol-vem, e com o poder de grande alcance da Internet, a música

A Universidade de São José (USJ) vai abrir um workshop de ví-

deo-mapping de 15 a 20 de Setembro. De acordo com a instituição, o objectivo é ensinar aos alunos as técnicas básicas da arte de vídeo--mapping em superfícies tridimensionais.

O vídeo-mapping permite projectar imagens em infra--estruturas através da luz e já é conhecido em Macau, devido às recentes activida-des levadas a cabo durante o Festival de Artes de Macau

em locais como as Ruínas de São Paulo.

A USJ quer, agora, não só passar a teoria e a técnica a quem estiver interessado em participar no workshop, mas também “desenvolver projectos práticos de vídeo--mapping, que terminam com uma apresentação final da tur-ma”, indica um comunicado da instituição. “Desta forma, os estudantes podem colocar em prática o conhecimento adquirido e exercitar a sua criatividade em colaboração com outros colegas.”

As sessões de workshop vão ser organizadas em três sessões: background histórico e teoria, montagem do hard-ware e software necessário e trabalhos criativos.

Os interessados na parti-cipação no workshop devem enviar as inscrições para a USJ. É-lhes exigido que tenham, no mínimo, conhecimentos básicos de programas de vídeo e animação em computador.

Os workshops começam na segunda-feira e terminam a 20 de Setembro, sendo que as aulas vão das 17h00 às 22h00.

Creative Macau Exposição de Eduardo Magalhães Estreia na próxima quarta-feira, 17 de Setembro, a exposição de Eduardo Magalhães, “Macau of My Own”. Patente até 7 de Outubro na Creative Macau, a exposição conta com diversas obras do artista. “Estes trabalhos têm como base momentos passados em Macau”, começa por explicar o artista, citado em comunicado. “Manipulados no ‘quarto escuro’ da minha imaginação.” A cerimónia de abertura de “Macau of My Own” está marcada para as 18h30 e tem entrada livre.

INSTITUTO CULTURAL LANÇA APOIO PARA PRODUÇÃO DE ÁLBUNS

A dar música a Macau200mil patacas, montante máximo

para cada álbum subsidiado

USJ LANÇA WORKSHOP DE VÍDEO-MAPPING

Colorir locais com luzes

O QUE FAZER ESTA SEMANA ?

original de Macau tem-se tornado cada vez mais reconhecida nos últimos anos e diferentes géneros musicais começaram a revelar-se. Este Programa de Subsídios visa proporcionar mais oportunidades aos talentos musicais locais de poderem lançar as suas criações e assim enriquecer o mercado com mais obras de qualidade”, frisa o instituto em comunicado.

ARTISTAS DA CASAOs candidatos ao plano têm de ser portadores de Bilhete de Identidade de Residente Perma-nente e têm de assumir a função de produtor discográfico do projecto, em nome individual, como co-produtor ou como

As candidaturas, para todos os que sejam residentes permanentes, abrem no fim deste mês e estendem-se até 29 de Novembro. Apenas oito álbuns serão contemplados pelo programa de apoio

membro de um grupo, bem como ser o principal responsá-vel do projecto e o produtor de canções do álbum.

O álbum candidato pode ser um álbum de solista, conjunto vocal ou um grupo musical, mas os candidatos devem já ter parti-cipado na produção de canções já lançadas publicamente.

O subsídio poderá ser usado para cobrir despesas de produ-ção musical e design da capa do álbum, assim como de promo-ção e marketing do mesmo. A

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • [email protected]

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14 hoje macau sexta-feira 12.9.2014

hARTE

S, L

ETRA

S E

IDEI

AS José simões morais

E NCONTRAVA-SE a Embaixada japonesa desde 23 de Dezem-bro de 1585 a passear em Coim-bra, por faltarem três meses para

as naus partirem para a Índia. Vinha ela já de uma longa viagem, onde visitara a Santa Sé e muitas das grandes cida-des renascentistas da península italiana, mas a opulência dos banquetes com que o Bispo de Coimbra a obsequiou, com “tão extraordinária variedade de igua-rias, parecia exceder a muitos dos que lhe deram esplêndidos em Itália”.

Entre os muitos passeios, o Bispo de Coimbra, D. Afonso Castelo Branco, foi a pé acompanhando a Embaixada na visita ao Mosteiro de Santa Cruz e com eles seguiam muitos padres, irmãos da casa e alguns nobres. Recebidos com repique, veio ao encontro o Geral com outros religiosos dos velhos e mais anti-gos, sendo depois levados ao altar-mor a beijar algumas relíquias. Visitaram as coisas principais do Mosteiro de Santa Cruz, fundado em 1131 por D. Afonso Henriques e que no tempo do Rei D. Manuel teve priores-mores de nomea-ção régia. Com a reforma no reinado de D. João III, as rendas do prior-mor foram anexadas à Universidade para pa-gar aos professores. Na altura da visita da Embaixada, “Igreja e Convento dos Cónegos Regrantes cuja magnificência era comparável com os mais sumptuo-sos, pela majestosa traça e lavores em pedra, em talha e retábulos, como pela vastidão, ricas alfaias, grossas rendas e preciosas relíquias”, como escreve An-tónio José Figueiredo. No Mosteiro de Santa Cruz também no tempo de D. João III se incrementou um novo ensi-no das Artes liberais e línguas clássicas, o grego e o latim e por volta de 1537 o hebraico, ficando interdito o ensino destas três línguas fora deste Colégio de Santa Cruz. Os embaixadores ainda as-sistiram no coro às vésperas, que foram soleníssimas.

No governo de Coimbra, após a per-da da inicial importância na actividade agrícola dos casais em torno da cidade, estavam no século XVI à frente do poder municipal os mercadores, provenientes dos privilégios concedidos no século anterior a mesteres para fixar artífices especializados na cidade. O Tribunal da Inquisição em Coimbra celebrara o seu primeiro auto de fé a 5 de Outubro de 1567. A Universidade, no tempo de Fili-pe I de Portugal, sofria da falta do finan-

EMBAIXADA JAPONESAEM TORMENTOSA VIAGEM ATÉ GOA

ciamento outrora auferido e retrocedia em qualidade de ensino, altura em que vivia na cidade o arquitecto Filipe Terzi.

Passando pelo Arco de Almedina do século XII, entraram na Sé, mandada construir pelo primeiro Rei de Portugal

sobre um edifício do Islão. Noutras visi-tas foram em excursão a Nossa Senhora da Lapa e na Rua da Sofia, a melhor da cidade, alguns dos colégios das diversas ordens religiosas.

Certa vez, saindo os embaixadores

japoneses da cidade seguiram para o Mosteiro de Santa Clara, construído no século XIV por patronato régio. Pude-ram ver o túmulo da Rainha Santa Isa-bel, esposa do Rei D. Dinis, fundadora do Mosteiro e padroeira de Coimbra, que só foi canonizada muito mais tarde, em 1625, pelo Papa Urbano VIII (1623-1644). Nascida em 1271, Isabel era filha do rei de Aragão e após enviuvar do Rei D. Dinis em 1325, fez-se monja de San-ta Clara, tendo morrido a 1336 envolta de uma áurea de santidade, cujo milagre mais famoso foi o de ter transformado o pão em rosas.

NOVO ANO

Estava-se no dia 1 de Janeiro de 1586 e levava a Embaixada japonesa dez dias em Coimbra. Nesse primeiro dia do ano, na sua capela pregou o Bispo “di-zendo muitos e mui grandes louvores, assim da Companhia (de Jesus) como da cristandade de Japão.” E continuan-do com o Padre Fróis: “Houve pregação em nove línguas, scilicet, hebraica, gre-ga, latina, francesa, italiana, inglesa, hi-bérnia, portuguesa e não ficou sem seu

COIM

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15 artes, letras e ideiashoje macau sexta-feira 12.9.2014

lugar a japonesa, porque pregou nela o Irmão Jorge de Loyola, à guisa de sua terra.” O japonês Jorge Loyola, que des-de Nagasáqui partira como intérprete acompanhando a Embaixada e agora, como Irmão, ordenado havia um mês na Sé de Évora pelo Arcebispo D. Teotó-nio II, levantou em aplauso o Bispo de Coimbra, “louvando logo na mesa alta voce a boa graça e eficácia do irmão.”

Também no Salão do Colégio das Ar-tes, armado de tapeçarias, sucessivamente se ouviu a aula de cada um dos professo-res, trajando os estudantes as suas melho-res galas. Numa das aulas representaram um drama aludindo ao Japão e à Europa, tal como em outras duas, com muita ele-gância e propriedade.

A 8 de Janeiro de 1586, houve a re-presentação da vida de S. João Baptista com grande aparato e desde a noite an-terior, quando se celebrava a festa dos Reis, já um grande número de gente vi-nha tomar lugar e às duas da manhã, era tal a multidão que arrombaram o por-tão da saída dos carros e coches. Fazia grande frio. Também alguns padres pela noite entraram pela cerca do colégio, deixando já arrombadas as portas, e su-bindo por uma escada foram até à borda da cisterna, tendo um caído nela. Como o estudante nobre canonista sabia na-dar, quando daí retirado foi especial-mente tratado, enxugado e aquecido, teve ainda privilégio de jantar e assistir “num lugar onde viu a tragédia muito à sua vontade.”

Na Sexta-feira, dia 9 de Janeiro, par-tiu a Embaixada de barco Rio Mondego abaixo e no caminho, recebeu ainda al-gumas lebres, que os lavradores do Bis-po tinham acabado de caçar.

Antes de chegar a Lisboa, os embai-xadores japoneses visitaram o Mosteiro da Batalha e o de Alcobaça, assim como a ermida e praia da Nazaré.

O Cardeal Alberto da Áustria enviou o seu coche e quando chegaram a Lis-boa logo os embaixadores foram leva-dos para a Casa Professa de S. Roque. Com os mil cruzados enviados pelo Cardeal, fizeram eles roupas para andar pela cidade e logo começaram os apres-tos para a viagem. Também no tempo que estiveram em Lisboa, os japone-ses, Irmão Jorge Loyola e Constantino aprenderam a arte de impressão.

O REGRESSO

Aproximando-se o dia da partida da via-gem para Oriente, o Cardeal Alberto, Arquiduque da Áustria e Governador de Portugal, pôs-lhes à disposição uma das cinco naus que iam para a Índia, sendo a San Filipe a escolhida “por ser mais forte, mais segura e maior. E lhes man-

dou dar todos os gazalhados do capitão, câmara e varanda, e outros camarotes com muito gazalhado para despensa e paiol. De maneira que levavam à sua conta quase metade da nau, que foi um extraordinário favor.” Retirado do Padre Luís Fróis.

O Cardeal Alberto, em nome do Rei, obsequiou a Embaixada com quatro mil cruzados e o Arcebispo de Évora deu--lhes mais mil cruzados, para além de imagens de vulto de muito apreço ofe-recidas por pessoas ricas da cidade de Lisboa. Foram ainda entregues as cartas comendativas do Cardeal que “escreveu de maior ao Vice-rei da Índia, mandan-do dar em Goa aos embaixadores quatro cavalos dos melhores e todo o necessá-rio para a navegação da China e do Ja-pão...”

Consta ter havido uma tentativa de partir em Março, mas um dia no mar e logo uma tempestade fez regressar as naus. Foi no mês de Abril de 1586, que se iniciou a viagem no Cais da Ribeira, ou no Sodré, mas o dia, há quem diga 8, outros 12, ou 30. Para além de muito povo, na despedida esteve o Cardeal e os senhores de Lisboa, muitos padres e irmãos, que saudaram a Embaixada quan-do esta embarcou, acompanhada pelos seus criados e padres Nuno Rodrigues e Diogo de Mesquita e mais dezassete pessoas da Companhia de Jesus. Noutra nau, Bom Jesus, iam mais doze religiosos da Companhia sob orientação do Padre Aires de Sousa. Ao todo levavam trinta e um missionários, seguindo o Padre Nuno Rodrigues como Superior, para exercer o cargo Provincial de Goa.

Numa frota de vinte e oito naus, parti-ram de conserva com barcos cujo destino era o Brasil, a Guiné, S. Tomé, S. Jorge da Mina, tendo a 6 de Maio passado a linha equinocial. No dia 26 uma violenta tem-pestade “despedaçou as vergas do mastro grande, rasgou o pano e desfez parte da mastreação, o que os pôs em grande peri-go e consternação”. Refeita a nau, no dia 7 de Julho estava a passar o Cabo da Boa Esperança e o das Agulhas com grande calmaria.” No entanto, à altura de Natal, “os mares grossos” e o vento saltando de rumos, “não davam lugar a acudir a nau ao leme, nem a se marearem as velas, pare-cendo não uma mas muitas tempestades,

“NO DIA 26 UMA VIOLENTA TEMPESTADE “DESPEDAÇOU AS VERGAS DO MASTRO GRANDE, RASGOU O PANO E DESFEZ PARTE DA MASTREAÇÃO, O QUE OS PÔS EM GRANDE PERIGO E CONSTERNAÇÃO”

e trouxe a todos assombrados com a vista da morte a arremessar-lhes medonha por todos os lados.”

Passada esta tormenta ocorrida per-to da Ilha de S. Lourenço, (onde em Agosto de 1585 naufragara a grande nau Santiago, que trouxera em 1582 a Embaixada japonesa desde Nagasáqui e transportava já para a Índia algumas das prendas oferecidas pelo Arcebispo de Évora, como quatro panos de arrás, te-cidos em seda e ouro com belas figuras, que se perderam no Índico meses antes), só nas águas de Sofala voltou a apare-cer uma nova aflição à nau San Filipe. Empurrada pelo ímpeto do mar para a costa, que por ali tem muitas correntes e redemoinhos, viveu-se momentos de pânico, que “amainou por intercessão da Virgem Maria, a quem o capitão ofe-receu a âncora e a amarro do navio.” E continuando com António José Figuei-redo “Serenou a tempestade”, tendo a nau San Filipe chegado ao porto de Mo-çambique a 31 de Agosto de 1586. Três dias ali ficaram a descansar e a refazer de vitualhas (mantimentos, víveres) mas, quando desferiram as velas, as correntes contrárias e violenta e os ventos fracos, mostravam ter já passado a monção para

a Índia. Assim na Ilha de Moçambique ficou a Embaixada japonesa até Março de 1587. Aproveitaram nesse período para cumprir as promessas feitas duran-te as tormentas no mar e dirigiram-se “a pé descalços à igreja de Nossa Senhora da Fortaleza, diante de cujo altar satis-fizeram seus compromissos e renderam graças.” O Governador da Praça, D. Jorge de Menezes recebeu-os e tratou--os lauta e honradamente enquanto ali se detiveram.

Os dias iam passando e em Goa começava-se já a registar uma cada vez maior preocupação, pois fazia tempo que as outras quatro naus tinham che-gado. Faltava a que trazia a Embaixada e a cidade estava em sobressalto, sem sa-ber o que acontecera à San Filipe. Logo o Padre Visitador, em conjunto com o Vice-Rei, expediu “um galeãozinho muito veleiro a Moçambique, onde os supunham detidos, com aviso do mes-mo vice-rei ao governador para, se lá estivessem os mandassem nele e os for-necesse de todo o necessário durante a sua detença e para a navegação à custa da real fazenda.”

A chegada a Moçambique daquele veloz galeão foi recebida com grande alegria pois, permitiria à Embaixada se-guir viagem ainda na primeira monção de Março. Algo que parecia não ser possível após a nau San Filipe, depois de baldeado o carregamento da nau S. Lourenço, que aportara com água aberta e muito desfeita, ter seguido para Por-tugal.

Após mais de seis meses em Mo-çambique, partia a Embaixada a 13 de Março de 1587 para a Índia. Estavam a sair do porto e já o mar parecia engolir o pequeno galeão, tendo certa vez qua-se o tragado, até que o vento amainou e passando por Melinde, foi ancorar na enseada de Mogadixo, onde encon-traram um pangaio português, enviado pelo capitão da costa de Melinde ao Vi-ce-Rei da Índia, com notícias de vitória sobre os turcos. Como este pangaio era muito veleiro e iria chegar a Goa muito primeiro que a fusta onde seguiam, os japoneses entregaram ao capitão as car-tas para o Padre Visitador.

A 29 de Maio encontrava-se a Em-baixada a doze léguas do porto de Goa, tendo chegado dois dias depois, sendo recebidos com grandes festejos.

Em Goa, passaram os Embaixadores onze meses em festas, digressões e exer-cícios académicos e o Vice-Rei da Índia, Duarte de Menezes, para além dos qua-tro cavalos arábicos, ainda lhes deu cen-to e cinquenta cruzados por mês, tendo pago os dois mil cruzados da estadia da Embaixada japonesa ao Governador de Moçambique.

GOA,

XVI

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16 hoje macau sexta-feira 12.9.2014h

YI SHA

PUB

Y I SHA  nasceu em 1966 em Chengdu e mudou-se aos dois anos, com a família, para a cidade de Xian, na

província de Shaanxi, na China Cen-tral. Ainda na escola, publicou os seus primeiros poemas. Estudou chinês na Universidade Normal de Pequim e tornou-se uma figura conhecida entre os poetas chineses que estudavam na universidade. Trabalhou para revistas literárias, como apresentador de TV, como editor independente, e agora é professor assistente junto à Universida-de de Estudos Internacionais de Xian. Em 1988 publicou sua primeira colec-tânea de versos, mimeografada,  Rua solitária, mas encontrou um editor ofi-cial para sua próxima colectânea,  Que os poetas morram de fome!  (1994). Os seus outros títulos de prosa e de poesia com-preendem:  Cais vagabundos  (1996);  Este Diabo de Yi Sha  (1998);  Os sons do bas-tardo  (1999);  Ídolos blasfemos  (1999);  As-sassino na Moda(2000);  Crítica de 10 poe-tas (2001); Meu herói (2003); Ignorantes não têm vergonha (2005).

A sua poesia foi traduzida para mui-tas línguas, mas não tem recebido per-

missão para recitar os seus poemas no estrangeiro, em diversas ocasiões. Os seus  Poemas curtos escolhidos foram publi-cados em edição bilíngue chinês-inglês, em 2003, em Hong Kong. Que os poetas morram de fome! (Bloodaxe Books, 2008) é o seu primeiro livro em inglês, fora da China.

Lê poesia?Claro, pois Confúcio já dizia: “Quem não lê poesia não tem o que comentar”. Sendo eu um poeta, se não ler poesia como haverei de escrevê-la?

Que poesia lê?Eu leio qualquer tipo de poesia. Eu não diria que “a leitura pode decifrar todos os enigmas”, mas que “a leitura de poe-sia pode ajudar na escritura poética”. Nos últimos três anos, eu e a minha esposa G. traduzimos mais de mil poe-mas do inglês [para o chinês] de mais de cem poetas de todos os lugares do

mundo, que é a forma mais efetiva de leitura, uma espécie de dissecamento poético. Além disso, através da divul-gação de um poema por dia no site “Clássicos da Poesia do Novo Século” hospedado em NetEasy, um dos quatro maiores portais da China, já são 1217 dias de publicação ininterruptas, dos quais resultaram três grandes antolo-gias, fruto de minha leitura e seleção criteriosa de mais de 10 mil poemas.

Acha que a leitura de poesia tem al-gum efeito?Yi Sha:  Um antigo ditado chinês diz que, “ao saber de cor os trezentos poe-mas da dinastia Tang, se não souber escrever, ao menos saberá recitar”. O hábito de leitura diária fez com que se fortificasse a minha sensibilidade poéti-ca e a percepção crítica, que se reflecte no meu fazer poético. Outro provérbio chinês citado em  A Arte da Guerra  co-menta que “conheça a si próprio e o outro e vencerá todas as guerras”; pode ser também muito bem aplicado ao fa-zer poético: Só é possível se escrever bem poesia a partir do profundo co-nhecimento das criações literárias da Antiguidade à contemporaneidade, da literatura nacional à estrangeira, pois o poeta precisa ter parâmetro para poder se localizar no mundo e saber qual a di-reção para jogar as suas energias.

O que espera ao escrever poesia?Escrever poesia por si só já é um acto que me traz muita alegria e satisfação. Não consigo imaginar outra alegria maior. O meu destino está fadado a es-crever poesia.

Qual o melhor efeito que imagina para a prática da poesia?Eu acredito que, devido à longa imer-são poética, estou cada vez mais próxi-mo da verdadeira poesia e distante das poesias de baixa qualidade. O maior valor da poesia é a construção de uma humanidade melhor.

Acha que a sua poesia tem interesse público?Parece que não, mas de facto há um grande valor social. Eu não vou negar isto devido à falta de reconhecimento da poesia pelo grande público. Não apenas não negarei como ainda tenho de reafirmá-lo. O poeta não deve os-tentar, mas também não deve subesti-mar-se. Eu acredito que todo grande poeta do seu tempo foi bastante exi-gente consigo mesmo.

Qual o melhor suporte para a sua poesia?Eu acredito que a publicação seja o maior suporte. Especialmente daquele tipo de poesia que consegue entrar nas

listas de vendas tanto das livrarias reais como virtuais.

Qual o melhor resultado que espera da publicação da sua poesia?Muito simples: que os meus leitores consigam comprar o meu livro e extrair dele o melhor.

Qual o melhor leitor do seu livro de poesia?Não sei dizer. Talvez os leitores sejam cem, mil ou 10 mil, e eu valorizo cada um deles. Num sarau literário, um afamado editor de uma das mais prestigiadas edi-toras chinesas procurou-me para publicar a minha antologia poética e contou-me que havia lido meu livro de poesia na época da faculdade e que essa leitura o influenciou muito e definitivamente. As coisas são assim: o leitor de ontem pode se tornar o seu editor de hoje.

O que mais gostaria que acontecesse após a publicação da sua poesia? “Não se entristeça se não encontrar um confidente durante a jornada, pois você é reconhecido por todos”.1

NOTASN.T.: renomado poema de despedida de Gao Shi (702-765) ao músico Dong Tinglan (? 695-765), que não encontrou reconhecimento na corte do imperador Tang Xuanzong.

Puto suicida

de bisnaga na mãoo putosaiu-nos ao caminhosabe-se lá dondeera evidenteque gostava da sua bisnagaalvejando-nos até fingirmos entrar em pânicoe fugirmos a gritaro puto partiu-se a rirparecia um tremendo herói

depoisvimo-lo outra vez ao ocasosozinho no fulgir do poentesentado na ervapistola apontada a si próprioposta na bocacom total concentraçãojá não nos ligando nenhuma

há qualquer coisa esquisita com aquele putodisseste que eu sabiao que querias dizer

mas como era meu vizinho do ladoeu sabia mesmo o que se passava:sempre que saía para brincara mãe enchia-lhe a pistolacom leite

porémeu escondi-teeste factonão fosses ficar desiludido

Tradução Rui Cascais

Márcia SchMaltzTRADUÇÃO | IN SIBILA

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17 artes, letras e ideiashoje macau sexta-feira 12.9.2014

“Tenho a certeza que qualquer actor que esteja a ler este artigo tem uma conta no Facebook e no Twitter. Se não tem, interrompa já a sua leitura para criar uma imediatamente”

H Á um ditado nesta indús-tria que diz que apenas 1% da vida de um actor consiste em representação

propriamente dita. Os restantes 99% são marketing. Isto explica a importân-cia de um actor saber promover-se a si próprio.

Nos capítulos passados, expliquei que a melhor maneira de praticarmos técnicas de representação é fazer parte de uma produção cinematográfica ou teatral. Mas, o que é necessário fazer para se ter essa oportunidade? Isso é o mais difícil e está dependente das suas capacidades de promoção.

Tendo em conta que, hoje em dia, a internet é a melhor ferramenta de ma-rketing, vamos hoje discutir as melhores maneiras de a utilizar para adquirir visi-bilidade.

Pessoalmente, acho que um actor tem de manter uma certa aura de enigma, mas, ao mesmo tempo, tem que saber promover-se. Lembre-se que “a percep-ção torna-se realidade” nesta indústria. Por isso, é necessário ter uma estratégia para a auto-promoção na internet.

Tenho a certeza que qualquer ac-tor que esteja a ler este artigo tem uma conta no Facebook e no Twitter. Se não tem, interrompa já a sua leitura para criar uma imediatamente. Actualmente, não há melhor ferramenta de promoção do que as redes sociais. Arrisco até dizer que toda a gente que conhece com me-nos de 70 ou 65 anos está no Facebook. Por isso, se é um actor sério, tem de ter cuidado com o que coloca online, visto todos os seus contactos terem acesso a essa informação.

Acredito que as pessoas apenas se encontram regularmente com 5% dos seus amigos do Facebook. Isso quer di-zer que os restantes 95% baseiam a opi-nião que fazem de si através da informa-ção que colocar nas redes sociais.

Diferentes pessoas têm diferen-tes maneiras de gerir esta informação. Pessoalmente, não coloco muitas ima-gens da minha vida diária, limitando as minhas contas para a promoção do meu trabalho como actor e realizador.

Os actores querem sempre atenção, mas acho melhor que essa visibilidade

seja adquirida a 100% através de uma fotografia muito boa do seu trabalho, ao invés de diluir o impacto visual por co-locar nove fotografias de festas e apenas uma do seu trabalho. Este é um grande exemplo do adágio “menos é mais” e uma das nuances das redes sociais.

Uma boa foto do seu trabalho vai va-ler mais admiração e “likes” do que dez imagens medíocres. Não tenha medo de colocar online uma boa fotografia do seu trabalho como forma de auto--promoção e tente – sempre - responder aos comentários que os seus amigos fi-zerem. Desta forma, a sua imagem apa-rece continuamente no mural dos seus amigos, o que faz com que ela seja ainda mais apreciada. O ideal é obter o maior número possível de “likes”, pois é natu-ral que os seus contactos gostem daqui-lo que toda a gente aprecia.

É normal um actor passar vários dias por semana a actualizar o seu perfil nas redes sociais. Além do Facebook e do Twitter, muitos actores também mantêm um blogue pessoal, além de colocarem informação nos sites dos seus agentes. Mais o mais importante é o site IMDB.

Os actores, especialmente os que falam inglês, têm de investir tempo na preparação das suas páginas no site IMDB, visto este ser considerado o seu currículo oficial na internet. IMDB é a sigla para Internet Movie Database (www.imdb.com), um site que é su-pervisionado e gerido pela sua própria equipa.

Todas as produções legíti-mas em língua inglesa aca-bam por eventualmente ser registadas neste site, por isso a melhor maneira de ser mencionado no IMDB é fazendo parte do elenco de uma destas produções. Desta maneira, o actor é registado automatica-mente quando o filme for mencionado no site.

Nos Estados Unidos, os directores de casting usam este site para se manterem informados do trabalho dos acto-res, além de com quem estes colaboraram.

Pode ser que um actor tenha traba-lhado com alguém que estes conhecem. Então, será normal

telefonarem a essa pessoa para obterem mais informação acerca da habilidade e personalidade do actor em questão. É por isso que é essencial tratar bem toda a gente nesta indústria.

Se ainda estiver a começar a sua carreira e tiver apenas acesso a papéis pequenos, tente pedir que lhe sejam dadas partes mais importantes sempre que possível. Se o produtor ou o reali-zador concordarem com o seu pedido, isto pode fazer uma grande diferença na sua carreira, especialmente se se tra-tar de uma grande produção. Faz uma grande diferença se o seu papel for ge-nérico como “uma jornalista chinesa” ou se você conseguir representar uma personagem como “Lee Ping”. Cerca de 99% das pessoas que consultarem a ficha técnica no IMDB não vão sequer ver o filme, por isso a importância deste

trabalho depende na

maneira como o actor for aqui identi-ficado. Mais uma vez, lembro-vos que aqui “a percepção torna-se realidade”.

Tenho mais um truque relativo ao IMDB para partilhar com vocês: as pri-meiras duas linhas da sua biografia neste site são as duas linhas mais importantes da sua carreira como actor. Quando os directores de casting fazem uma pesqui-sa na internet relativamente a um actor, a página deste na IMDB vai sem dúvida ser dos primeiros sítios que consultam.

Considerando como as pessoas es-tão sempre ocupadas hoje em dia, e como é fácil nos distrairmos na internet, em média estas pessoas não levam mais do que 20 segundos para decidir se es-tão interessados no actor ou não. É por isto que estas primeiras duas linhas da sua biografia são tão importantes. Não desperdice a sua oportunidade descre-vendo-se como “nascida em Macau em 1989, Mandy Chan gosta muito de cães”. Ninguém quer saber dessa infor-mação. Em vez disso, esta primeira in-trodução deve conter os seus maiores sucessos como actor. O que deveria ser escrito era “Mandy Chan é a face do fil-me de Macau Roulette City, premiado. A actriz também é conhecida pelo seu desempenho em...”

Recomendo que usem a mesma bio-grafia em todos os seus perfis na internet, tendo sempre atenção para que esta con-tenha as palavras-chave que quer ver as-sociadas ao seu nome. Por exemplo “ac-tor de Macau”, “vencedor do prémio” ou “papel principal”. Também é importante que a biografia não tenha mais que três parágrafos. Menções a trabalhos realiza-

dos enquanto estudante devem ser evitadas sempre que possível. Lembre-se que não é importante o que você acha dos seus desem-penhos. O que é impor-tante é a imagem que você vai projectar sobre as pessoas que consulta-rem o seu perfil (espe-cialmente na IMDB).

Finalmente, utilize apenas fotografias ti-radas por profissionais. Fotografias tiradas en-quanto em férias não de-vem ser usadas.

Thomas Lim*

OS SEGREDOS DE UM ACTORCapítulo XI: A sua presença na Internet

*actor e realizador

“OS ACTORES, ESPECIALMENTE OS QUE FALAM INGLÊS, TÊM DE INVESTIR TEMPO NA PREPARAÇÃO DAS SUAS PÁGINAS NO SITE IMDB, VISTO ESTE SER CONSIDERADO O SEU CURRÍCULO OFICIAL NA INTERNET”

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18 publicidade hoje macau sexta-feira 12.9.2014

ANÚNCIO 【N.º 112/2014】

Para os devidos efeitos vimos por este meio notificar o representante do agregado familiar da lista de candidatos a habitação social abaixo indicado, no uso da competência delegada pela alínea 13) e 17) do n.º 5 do Despacho n.º 75/IH/2014, publicado no Boletim Oficial da RAEM, n.º 35, II Série, de 27 de Agosto de 2014 e nos termos do n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro:

Nome N.º do boletim de candidaturaKONG SIO SEONG 5003679

Por causa do representante do agregado familiar acima mencionado se recusar a assinar o contrato de arrendamento, sem motivo justificativo, este não reúne os requisitos exigidos para a candidatura, nos termos da alínea 3) do artigo 11.º do Regulamento de Candidatura para Atribuição de Habitação Social, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 296/2009, com as alterações introduzidas pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º141/2012.

Tendo este Instituto publicado um anúncio na imprensa de língua chinesa e língua portuguesa, no dia 25 de Agosto de 2014, a solicitar ao interessado acima mencionado para apresentar por escrito a sua contestação pelo facto acima referido no prazo de 10 (dez) dias a contar da data de publicação do referido anúncio, entretanto não o fez. Nos termos da alínea 3) do artigo 11.º do Regulamento de Candidatura para Atribuição de Habitação Social, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 296/2009, com as alterações introduzidas pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 141/2012, assim como da decisão do despacho do signatário, exarado na Proposta n.º 0746/DHP/DHS/2014, a respectiva candidatura foi excluída da lista geral de espera por IH.

Simultaneamente, foi cessado a concessão de abono de residência por o agregado familiar beneficiário ter sido excluido da lista geral de espera, de acordo com os termos da alínea 1) do n.º 1 do artigo 8.º do Regulamento Administrativo n.º 23/2008(Plano Provisório de Atribuição de Abono de Residência a Agregados Familiares da Lista de Candidatos a Habitação Social), e a decisão do despacho do signatário, exarado na proposta acima mencionada. Caso queira contestar a respectiva decisão, de acordo com o disposto no n.º 25 do Despacho n.º 75/IH/2014, publicado no Boletim Oficial da RAEM, n.º 35, II Série, de 27 de Agosto de 2014 e no artigo 155.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, cabe recurso hierárquico necessário da respectiva decisão adminstrativa, ao Presidente do Instituto de habitação, no prazo de 30(trinta) dias a contar da data de publicação do presente anúncio, o recurso hierárquico tem efeito suspensivo.

O Chefe do Departamentode Habitação Pública, Subst.º

Mio Chan Seng10 de Setembro de 2014

ANÚNCIO 【N.º113/2014】

Para os devidos efeitos vimos por este meio notificar os representantes dos agregados familiares da lista de candidatos a habitação social abaixo indicados, no uso da competência delegada pelas alíneas 13) e 17) do n.º 5 do Despacho n.º 75/IH/2014, publicado no Boletim Oficial da RAEM, n.º 35, II Série, de 27 de Agosto de 2014 e nos termos do n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro:

Nome N.º do boletim de candidatura*IEONG KA WAN 31200906503

*HUI KAI PUI 31200907117LEONG MUI LENG 31200901597

De acordo com o n.º 2 do artigo 9.º do Regulamento de Candidatura para Atribuição de Habitação Social, aprovado pelo Despacho do Chefe Executivo n.º 296/2009, alterado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 141/2012, para nova verificação, se os candidatos preenchem os requisitos de candidatura ao arrendamento de habitação social, o Instituto de Habitação (IH) informou-os por meio de ofícios, para que sejam entregues os documentos indicados no prazo fixado, mas os interessados acima referidos não entregaram os documentos dentro do prazo fixado, pelo que não reúnem nos termos do n.º 3 do artigo 9.º do mesmo regulamento.

Tendo este Instituto publicado um anúncio na imprensa de língua chinesa e língua portuguesa, no dia 19 de Agosto de 2014, a solicitar aos interessados acima mencionados para apresentarem por escrito as suas contestações pelos factos acima referidos no prazo de 10 (dez) dias a contar da data de publicação do referido anúncio, mas não fizeram a entrega das suas contestações dentro do prazo indicado. Nos termos dos artigo 5.º, n.º 3 do artigo 9.º e alínea 1) do artigo 11.º do Regulamento de Candidatura para Atribuição de Habitação Social, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 296/2009, assim como do despacho do signatário, exarado na Proposta n.º 0745/DHP/DHS/2014, as respectivas candidaturas foram excluídas da lista geral de espera.

* Simultaneamente, foram cessados as concessões de abono de residência por os agregados familiares beneficiários terem sidos excluidos da lista geral de espera, de acordo com os termos da alínea 1) do n.º 1 do artigo 8.º do Regulamento Administrativo n.º 23/2008(Plano Provisório de Atribuição de Abono de Residência a Agregados Familiares da Lista de Candidatos a Habitação Social), e a decisão do despacho do signatário, exarado na proposta acima mencionada.

E de acordo com o disposto no n.º 25 do Despacho n.º 75/IH/2014, publicado no Boletim Oficial da RAEM, n.º 35, II Série, de 27 de Agosto de 2014 e no artigo 155.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, cabem recurso hierárquico necessário da respectiva decisão administrativa, ao Presidente deste Instituto, no prazo de 30 (trinta) dias a contar da data de publicação do presente anúncio, o recurso hierárquico tem efeito suspensivo.

O Chefe do Departamentode Habitação Pública, Subst.º

Mio Chan Seng10 de Setembro de 2014

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19DESPORTOhoje macau sexta-feira 12.9.2014

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SÉRGIO FONSECA [email protected]

N UMA das cidades mais poluídas do mundo, Pequim, irá nascer este

fim-de-semana um novo tipo de competição automóvel: limpa, verde e em pleno co-ração de uma grande cidade.

Um circuito urbano im-provisado na capital chinesa, à volta do Estádio Olímpi-co, acolherá este sábado a primeira prova do recém--nascido Campeonato FIA de Fórmula E, para carros eléctricos, circuito esse que teve a particularidade de es-tar a cargo da equipa liderada pelo arquitecto português, Rodrigo Nunes.

Esta aposta da Federação Internacional do Automó-vel (FIA) e do consórcio Formula E Holdings Ltd (FEH), que tem sede em Hong Kong, irá presentear os sempre cépticos adeptos do automobilismo com cor-ridas em centros urbanos tão distintos, como importantes, como Londres, Berlim, Bue-nos Aires ou Miami.

Graças aos motores eléc-tricos, pela primeira vez o desporto automóvel pode apresentar-se a uma socie-dade cada vez mais exigente, com um produto limpo e de baixo ruído. “O mundo está

MARCO [email protected]

O sete do Taxi Chi Iao deixou ontem claro que o empate, registado na semana passada em partida a contra

para a terceira ronda do Campeonato de Futebol de Sete de Macau, não foi mais do que um percalço. A formação de Chan Man, Chan Kin Seng, Lei Ka Man e companhia não deixou créditos por mãos alheias e go-leou ontem o Grupo Desportivo Lam Pak por cinco golos sem resposta.

Com o triunfo ontem obtido no relvado do campo do Colégio D. Bosco, o Taxi Chi Iao recuperou a liderança da série A do principal campeonato de “Bolinha” do território, de-pois de ter sido provisoriamente ultrapassada no primeiro lugar, primeiro pelo Lai Chi e depois pelo Ching Fung. A resposta do mais sério candidato à passagem às meias-finais da competição dificilmente poderia ser mais categórica. O Taxi Chi Iao não se assustou com o extenso palmarés do enfraquecido Lam Pak e vulgarizou o emblema azul e branco, com Chan Man a inaugurar o marcador ao fim de apenas seis minutos. O jovem médio ofensivo marcou o primeiro tento da partida na cobrança certeira de uma grande penalidade.

O Taxi Chi Iao mandou na partida quase sem oposição e aos dezanove minutos, Chao Peng Fei, atleta da vizinha República Popular da China, marcou o segundo da noite, antes de Lei Ka Man também deixar a sua marca no encontro, dois minutos depois.

MAIS DO MESMOO Grupo Desportivo Lam Pak regressou ao balneário vergado ao peso de um resultado desconfortável e a pausa pouco fez para contrariar a sorte do conjunto azul e branco. O Taxi Chi Iao voltou à carga no início da etapa complementar e aos três minutos do segundo tempo estendeu a vantagem de que dispunha para as quatro bolas a zero, numa jogada concluída por Chao Peng Fei. O dianteiro da República Popular da China não foi o único a bisar na partida. No último minuto do desafio, Chan Man voltou a fazer o gosto ao pé, encerrando com chave de ouro a goleada do Taxi Chi Iao.

A formação de Chan Kin Seng e compa-nhia lidera isolada a Série A da “Bolinha”, com dez pontos em quatro jogos disputados. O outro jogo agendado para ontem - entre o Grupo Desportivo da Polícia de Segu-rança Pública e o Lam Ieng - acabou por ser adiado.

Maratona Internacional de Macau realiza-se a 7 de DezembroA Maratona Internacional de Macau vai realizar-se no dia 7 de Dezembro, anunciou o Instituto de Desporto. As inscrições já podem ser feitas e são limitadas a mil atletas. Quem o fizer até 31 de Outubro tem desconto de 50%. Já para a meia-maratona, a organização estabeleceu o limite de dois mil corredores, e três mil para a mini-maratona. Este ano, os prémios pecuniários totalizam 1,49 milhões de patacas.

CAMINHO ECOLÓGICODurante o último Grande Prémio de Macau, Todt disse à imprensa que a nova Fórmula de carros eléctricos por si apoiada encaixava perfeitamente no espírito do evento. Contudo, o espanhol Alejandro Agag, o “homem forte” do campeonato, cedo deixou claro que o Circuito da Guia é demasiado longo para os carros actuais, não descartando no entanto uma prova na RAEM no futuro, numa outra localização. Por seu lado, a região vizinha de Hong Kong esteve próxima de concretizar o sonho de ter a sua prova de automóveis citadina. O evento de Hong Kong até constou do calendário provisório da primeira temporada da Fórmula E. Porém, a FIA não aprovou o circuito proposto, o único que conseguiu reunir o consenso das autoridades locais, e como tal, a associação de automóvel procura alternativas para entrar no calendário da segunda temporada.

DESAFIO ENTRE PSP E LAM IENG ADIADO

Taxi esmaga Lam Pak

AUTOMOBILISMO CORRIDAS DE CARROS ELÉCTRICOS PODEM SER O FUTURO

Pequim abre capítulo verde

a mudar e nós como respon-sáveis pelo desporto temos a responsabilidade de acom-panhar essas mudanças”, diz Jean Todt, o presidente da FIA. O campeonato atraiu equipas de topo, investi-dores de renome, como o actor Leonardo Di Caprio ou o empresário radical Sir Richard Branson, e vinte pilotos, alguns dos quais ex--Fórmula 1 e bem conhecidos do Circuito da Guia, como Jarno Trulli, Nick Heidfeld, Sébastien Buemi, Lucas Di Grassi, Bruno Senna, Nelson Piquet Jr - este último defen-derá as cores do Team China.

No futuro, o campeonato pretende atrair os grandes construtores, tanto de carros, como de motores.

Por agora, todos os concor-rentes terão à sua disposição o Spark-Renault SRT_01E construído em parceria com a Dallara, o construtor de maior sucesso na Fórmula 3. A Mclaren fornece os motores de 200kw, cerca de 270 cava-los, e a Williams o sistema de recuperação de energia. Para não criar grandes transtornos às cidades que recebem estas provas, os fins-de-semana resumem-se a um dia só.

Depois de uma hora de

treinos-livres, há uma qualifi-cação de 90 minutos, dividida em quatro grupos de cinco concorrentes. Como as bate-rias dos carros que atingirão cerca de 225 km/h nas rectas ainda não aguentam uma corrida completa, há troca obrigatória de monolugares a meio da corrida. A Fórmula E, que pretende também ser um exemplo na interacção com os fãs, tem a particularidade

de oferecer aos três pilotos mais votados na internet cinco segundos de potência extra durante a corrida. António Félix da Costa será o repre-sentante luso na competição, mas o vencedor do Grande Prémio de Macau de Fórmula 3 de 2012 irá faltar à prova de abertura em Pequim devido a compromissos no campeona-to alemão de turismos DTM onde participa esta época.

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T E M P O A G U A C E I R O S M I N 2 6 M A X 3 0 H U M 7 5 - 9 8 % • E U R O 1 0 . 3 B A H T 0 . 2 Y U A N 1 . 3

ACONTECEU HOJE 12 DE SETEMBRO

João Corvofonte da inveja

Pu Yi

LÍNGUADE gATO

20 hoje macau sexta-feira 12.9.2014

H O J E H Á F I L M E

(F)UTILIDADES

O grau da nossa ignorância é comum: infinito.

C I N E M ACineteatro

SALA 1THE EXPENDABLES 3 [C]Um filme de: Patrick HughesCom: Sylvester Stallone, Arnold Schwarzenegger, Jet Li14.30, 19.15

CAFE • WAITING • LOVE [B]FALADO EM MANDARIM E LEGENDADO EM CHINÊSUm filme de: Chiang Chin LinCom: Vivian Chow, Megan Lai, Pauline Lan, Lee Luo16.45, 21.30

SALA 2BEGIN AGAIN [C]Um filme de: John Carney

Com: Keira Nightley, Matk Ruffalo, Hailee Steinfeld14.30, 19.30

THE EXPENDABLES 3 [C]Um filme de: Patrick HughesCom: Sylvester Stallone, Arnold Schwarzenegger, Jet Li16.30, 21.30

SALA 3BUT ALWAYS [B]Um filme de: Snow ZouCom: Nicholas Tse, Gao Yaun-yuan, Tong Da-wei14.30, 16.30, 19.30, 21.30

BEGIN AGAIN

Morre Júlio Dinis, o “suave e terno romancista”• Nasceu no Porto, a 14 de Novembro de 1839, e faleceu na mesma cidade, na Rua Costa Cabral, a 12 de Setembro de 1871. Rubricou uma carreira literária brilhante, sob o pseudónimo de Júlio Dinis.Hoje é dia de recordar um dos grandes nomes da literatura portuguesa, autor de ‘Uma Família Inglesa’ (1868), ‘A Mor-gadinha dos Canaviais’ (1868) e de ‘As Pupilas do Senhor Reitor’ (1869), entre outras obras de grande relevância.Formou-se na Escola Médico-Cirúrgica do Porto e exerce como médico, mas é traído pela saúde, que o impede de prosseguir a carreira. Acaba por viajar para Ovar e para a Madeira, onde se dedica à literatura, ao mesmo tempo que procura restabelecer-se da tuberculose, de que padecia e que vitimara a sua mãe, em 1845, e todos os seus oito irmãos.É na busca pela cura que cria as suas obras que se tornaram referência. Morre com 31 anos, deixando na lápide da memória o título de “suave e terno romancista, cronista de afectos puros, paixões simples, prosa limpa”, escritor de transição entre o Romantismo e o Realismo.Além daquelas três obras, escreveu ‘Serões da Província’, ‘Os Fidalgos da Casa Mourisca’ (em 1871, ano em que morre). Já a título póstumo são editados ‘Inéditos’ e ‘Esparsos’, bem como as suas ‘Poesias’, dois anos depois de Júlio Dinis morrer.Apesar de ter perdido a mãe aos 6 anos e de enterrar oito irmãos, Júlio Dinis viu sempre o mundo de forma optimista, com um sublinhado na fraternidade, no amor e na esperança.

CAFÉ.WAITING.LOVE(CHIANG CHIN-LIN, 2014)

Uma comédia romântica adaptada ao cinema de um romance de Giddens Ko. Este é já é o terceiro filme que foi adaptado pela obra deste escritor de Taiwan e conta as histórias que se passam numa universidade de Taiwan. A estudante Si Ying (Sung Yuhua) está apaixonada por um rapaz misterioso que parece ter muitas namoradas. Está sempre com elas numa mesa de café, onde Si Ying trabalha como empregada a part-time. Contudo, um dia, a rapariga descobre que o rapaz misterioso é o fantasma do noivo da dona do café. O que ele quer é que a rapariga ajude a sua noiva a ultra-passar a tristeza, que chegou depois da morte do homem num acidente de trânsito antes do casamento. No final, a rapariga também descobre o amor da sua vida: um rapaz chamado Ah Tuo (Bruce), que consegue fazer artes mágicas quando o amor da sua vida lhe aparecer à frente... - Cecília Lin

Eu gosto é distoAh, os cheques do Governo! Sim, não pensem que lá por ser gato, não tenho direito a cheque. Desta vez, foram 9000 pataquinhas, daquelas bem gordas. Pensei em pôr-me na alheta e correr esse mundo fora – sim, porque ser gato tem a vantagem de me poder esgueirar por tudo quanto é transporte e hotel –, mas acho que isso fica para mais tarde. Para já, conto-vos um segredo, que espero que guardem: é que vou investir o dinheiro na abertura de um novo bar, daqueles inexistentes por terras macaístas!Não me posso queixar, porque até acho que tenho uma boa vida, mas às vezes gostava que houvesse mais coisas para fazer. Sei lá, criarem uma esplanada para gatos, com muito leite e um cheirinho à mistura. Mas não. Tudo o que existe está a 50 metros de altura, exibindo corpos lascivos, bebidas pouco fiáveis e música de pouca qualidade. Ora, isto basicamente quer dizer que não há sítio onde um gato possa entrar e ouvir um bom blues ou deliciar-se com Blondie e um qualquer outro hit de tempos de outrora. Eu cá apoio a criação de mais bares e coisas que tal. Nem que seja numa esquina escondida, das poucas que ainda existem, livres de fichas de jogo, bebidas contrafeitas e ambientes pouco recomendáveis. Faz sol lá fora e a semana está quase, quase a chegar ao fim... Não quero parecer ingrato, ao estar sempre a queixar-me de tudo, mas a verdade é que muitas vezes quero ir beber um copo de final de tarde e não tenho onde ir. Estou cansado de vidas obscuras, da procura fácil de qualquer coisa que não existe em casa, do sentimento que ficou esquecido no seio da família eu deu lugar à fugacidade da paixão, sem nomes e sem almas à mistura. Dois corpos e apenas isso, nada mais. De nada nos vale um copo numa esplanada de Macau – até porque elas não existem - para esquecer os problemas, se entramos num outro mundo mais obscuro, menos feliz, menos tudo que o nosso próprio universo.

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hoje macau sexta-feira 12.9.2014 21PERFIL

IVO ALMEIDA, ESTUDANTE DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E DJ

“HÁ UMA TREMENDA FALTA DE CULTURA MUSICAL EM MACAU”

ANDREIA SOFIA [email protected]

A vontade de correr o mundo invadiu--lhe a mente há cerca de dois anos, quando começou a enviar currículos

para todo o mundo. Os Estados Unidos chegaram a ser uma das muitas opções de destino de trabalho, mas a RAEM acaba-ria por ser o local de eleição. “Já tinha cá família: o meu pai, a esposa dele, a minha irmã. Tinha essa facilidade”, disse ao HM.

Aterrou no território há cerca de dois anos, tendo começado a frequentar a li-cenciatura em Administração Pública do Instituto Politécnico de Macau (IPM). “Escolhi o curso por uma questão da faci-lidade da língua, porque é em português. Não há muitos cursos em português e inglês que uma pessoa possa frequentar no horário pós-laboral. Foi mais por aí. Sinceramente não me vejo a trabalhar na Função Pública no futuro. Mas nunca se sabe, tudo depende das condições”, conta Ivo Almeida.

Neste momento, os estudos no IPM são o grande objectivo que o estudante quer cumprir. Mas Ivo não esconde outra paixão na qual começou a trabalhar há cerca de dez anos: o Djing.

“Sou um Dj muito versátil, a minha intenção é sempre animar o público”

Tudo começou quando a música ainda passava através dos velhinhos discos de vinil. “Comecei a ir às discotecas, a ter curiosidade por essa arte. Comprei o equipamento para treinar, uma mesa de mistura e uns pratos de vinil e comecei a fazer umas brincadeiras em casa. Na altura não era para levar aquilo muito a sério, era só uma brincadeira, mas comecei a gostar e a fazer carreira disso”, recorda Ivo Almeida.

Nunca fez nenhum curso de Djing por-que não acredita neles e foi com um amigo, que também já dava uns toques no vinil e na mesa de mistura, que aprendeu. Apesar de experimentar sempre novos sons, Ivo Almeida tem a certeza que não quer ser Dj

clubes em Macau. As coisas têm estado a correr bem, mas a minha prioridade são os estudos. Não quero - nem me imagino - a ser Dj a tempo inteiro. Para isso tinha ficado em Portugal, onde tinha um mercado muito mais vasto”, admite.

T-SHIRT DE MACAU DEU-LHE O NOME ARTÍSTICO Em Portugal, os sons de Ivo, ou Kangol Dj, como é conhecido, passaram por muitos bares e discotecas, incluindo alguns fes-tivais de música de Verão, como o Rock in Rio ou o Sudoeste. “Sou um Dj muito versátil, a minha intenção é sempre animar o público. Obviamente que tenho muitos estilos preferidos, mais na onda do Techno, House, mas sou capaz de passar comercial, misturo qualquer coisa. O mais importante é que o público esteja a gostar, essa é a função principal de um Dj: animar as pessoas que estão à frente dele.”

Quando chegou a altura de escolher um nome artístico, Ivo Almeida escolheu Kan-gol, alcunha pela qual já era conhecido na cidade de Leiria, onde residia na altura. Mas a brincadeira começou por causa de uma t--shirt comprada em Macau, em Setembro de 1999. “No centro da t-shirt dizia Kangol e, quando cheguei a Portugal, usei essa t-shirt

no primeiro dia de escola. Todos me come-çaram a chamar de Kangol. Quando decidi começar a minha carreira de Dj, e sendo que ninguém sabia o meu nome, adoptei essa alcunha”, explicou ao HM.

Na hora de vestir a pele de espectador da música dos espaços nocturnos, Ivo Almeida lança algumas críticas. “Há uma tremenda falta de cultura musical em Macau, não só dos chineses, mas também dos estrangeiros que vêm para cá viver e trabalhar. São pre-cisos muitos trabalhos para abrir as mentes das pessoas aqui”, admite, afirmando que poderiam também ser desenvolvidos muitos mais projectos na noite, à semelhança do que acontece em Las Vegas.

“Os espaços nocturnos aqui em Macau não têm uma grande qualidade e a quan-tidade muito menos. Não seria difícil ter uma qualidade de clubes nocturnos, bastava cada casino decidir abrir uma discoteca. Já teríamos uma noite diversificada e mais razoável, com vários estilos, em vez de ser apenas o comercial e o karaoke. Uma pessoa vai à China continental, a Zhuhai ou a Guangzhou, e eles têm montes de discotecas. Às vezes não consigo entender porque é que aqui é tão limitado o mundo da noite, quando se vive tanto da noite aqui”, considera Ivo Almeida.

a tempo inteiro e ganhar daí o seu sustento. “Neste momento da minha vida o Djing é

completamente um hobby. Isso está a correr bem em Macau, já tive o prazer de tocar na abertura da loja Forever 21, uma coisa que nunca tinha feito. Já toquei em festivais e

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22 OPINIÃO hoje macau sexta-feira 12.9.2014

D ESPEDI-ME dos leitores, que ainda têm a paciência de me lerem, falando das transferências de jogadores de futebol, num ano em que essa “mercadoria” esteve exposta na montra do cam-peonato do Mundo, realizado recentemente no Brasil.

No meio da panóplia de compras e de vendas, houve três que assumiram características muito peculiares: a transferên-cia de David Luís do Chelsea para o Paris S.German, de Di Maria para o Manchester City e de James Rodriguez para o Real Madrid.

De comum o facto de terem sido com-prados, respectivamente pelo SLB e FCP a clubes Sul Americanos, por montantes rela-tivamente baixos, permitindo aos primeiros compradores encaixarem mais de 100% de lucro com as vendas!

Até aqui nada de novo. Chama-se a este tipo de negócios a valorização de activos. O clube comprador adquire o passe do jogador, na totalidade ou parte dele, na mira de o pôr a jogar, se possível numa competição Europeia, para depois o vender por mais dinheiro a clu-bes onde o dinheiro abunda, propriedades de multimilionários, muitas vezes sem se saber é paixão pelo futebol, se é um negócio ou mesmo uma forma de lavar dinheiro!

Nos casos que atrás citei os jogadores foram revendidos com lucros de 100%,

desporto e não sóFERNANDO VINHAIS GUEDES

“Os atletas são, cada vez mais mercadorias, que se vendem, trocam ou hipotecam de acordo com as partes envolvidas”

Compras, vendas e revendas

proporcionando encaixes financeiros ver-dadeiramente notáveis!

Nesta sequência de compra e venda, até ao momento, parece que todos ganharam!

Contudo, como o último que comprou, pagou a factura mais pesada resta esperar de a aposta feita mereceu ou não o capital investido!

Nesta área de negócio, a idade da «mer-cadoria» é determinante. Quando se é jovem a margem de crescimento e de valorização é uma, quando se aproxima dos trinta é outra!

Há no entanto uma realidade indesmen-tível. Nos tempos que correm, os grandes clubes europeus ou são propriedade de mi-lionários estrangeiros para quem o dinheiro

parece não faltar, ou trata-se de clubes (Ma-drid e Barcelona) com défices, que rondam os 500 milhões de euros!

Em Inglaterra, a pátria do futebol, os grandes clubes (Chelsea, Manchester City e United, Liverpool, Arsenal, Totheham) e ou-tros da primeira e segundas ligas, deixaram de ser propriedade dos sócios, não podendo ter qualquer interferência nos destinos dos seus queridos clubes!

E porque hoje o tema é o negócio da compra e venda de futebolistas, ficam aqui alguns números, relativos a quem mais gostou nesta feira de vaidades que ocorreu, principalmente no passado mês de Agosto.

Assim o campeonato, que mais dinheiro desembolsou na compra dessas mercadorias de luxo, foi o Inglês com um total de 1.2 mil milhões de euros, com os clubes, Man-chester City no topo com 200 milhões de compras. Em segundo lugar, o seu velho rival Manchester United, com 180, seguindo-se o Liverpool com 111.6 e o Chelsea de Mou-rinho com 106, ficando o restante disperso.

Das 10 transferências mais caras deste ano, oito foram adquiridas por clubes Ingleses.

Há, contudo uma particularidade muito curiosa, no que respeita às contratações feitas pelos clubes Ingleses, em nenhuma delas, está qualquer milionário Inglês a investir neste tipo de negócios!

São todos multimilionários, oriundos do Médio Oriente ou da Rússia, ligados à indústria do petróleo e do gás natural.

Também em Espanha os grandes clubes foram às compras envolvendo montantes que os colocam logo a seguir á Inglaterra.

Real Madrid, Barcelona e Atlético de Madrid, gastaram: 493, 472 e 218 milhões de euros em novos jogadores.

Entretanto, nos clubes Espanhóis atrás citados, os onze considerados titulares, estão avaliados por empresa internacional especializada, em 492, 472 e 218 milhões de euros respectivamente.

Em Portugal tudo se passou numa escala menor. Os três clubes maiores S.L.B. F.C.P. e S.C.P. não ultrapassaram junto o valor de 83 milhões de euros, com os encarnados à frente com 35.5, os azuis 33.7 e os verdes com menos de 20 milhões de euros.

Os atletas são, cada vez mais mercadorias, que se vendem, trocam ou hipotecam de acordo com as partes envolvidas (clubes, empresários e agora os fundos de investimento).

Como noutras áreas de negócio o dinheiro está primeiro. Porque havia de ser diferente!

Mas se os números em Portugal são mo-destos, neste negócio de compras e vendas, o mesmo não acontece com os agentes, que representam os jogadores e sem os quais não se fazem os negócios.

Nesta matéria, a medalha de ouro vem para Portugal, uma vez que o empresário Jorge Mendes, que tem uma carteira de jo-gadores e de treinadores avaliado em cerca de 600 milhões, em 2014 mediou negócios/ transferências no valor de 300 milhões.

As grandes transferências deste ano foram de jogadores que fazem parte da sua carteira de oferta a quem esteja interessado em comprar a melhor «mercadoria».

Ronaldo, Mourinho, Vilas Boas, Falcão, Pepe, DI Maria, Coentrão, James Rodriguez, Diego Costa, Mangala, Oblak, Quaresma e muitos outros têm como «apoderado» este empresário de sucesso.

Se tiver cobrado os tais 10% do bolo, terá aumentado a sua conta em 30 milhões!

cartoon por Stephff QUIMIOTERAPIA

FRANKLIN J. SCHAFFNER, PLANET OF THE APES

Page 23: Hoje Macau 12 SET 2014 #3173

23 opiniãohoje macau sexta-feira 12.9.2014

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Cecília Lin; Flora Fong (estagiária); Leonor Sá Machado Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Agnes Lam; Arnaldo Gonçalves; Correia Marques; David Chan; Fernando Eloy ; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau Pineda; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

N ÃO sei se há aí alguém, do outro lado do papel, que esteja com saudades de uma boa consulta pública. Se há, o anúncio feito há uma semana pela Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego veio satisfazer quem não passa sem uma auscultaçãozinha por mês.

Anunciaram então os serviços liderados por Wong Wang que vão estudar o comporta-mento da população de Macau em relação às deslocações dentro do território. Em termos gerais, os serviços querem saber a que horas entram as pessoas nos carros, que percursos fazem, se usam os transportes públicos, o que pensam acerca do trânsito e do sistema de transportes.

Quando o estudo – encomendado a uma empresa sob a alçada da Universidade de Macau – estiver pronto, lá para os finais do ano que vem, vai servir para definir as políticas de trânsito do território. A explica-ção foi dada por uma chefia dos serviços de Wong Wang, que Wong Wang não apareceu na conferência de imprensa que serviu para dar conta desta consulta pública anunciada como importante para as vindouras estraté-gias governativas.

O estudo vai custar 5,3 milhões de patacas – cinco milhões e trezentas mil patacas –, o preço de um T1 pequenino numa zona pouco nobre da cidade. Numa terra onde o dinheiro perdeu valor, mais milhão, menos milhão parece pouca coisa. Pois que não é. Cinco milhões e trezentas mil patacas é quanto a direcção de Wong Wan vai gastar para perceber como se mexem as pessoas em Macau. A resposta não vale cinco patacas e trinta avos, que toda a gente a tem na ponta da língua.

A intenção é boa, claro, que ninguém duvida das boas intenções que por aí andam, intenções cheias de vontade de resolver os problemas de Macau. E não há dinheiro que pague as boas intenções, os esforços genuínos e os pretextos que se arranjam para se dizer que se está a fazer qualquer coisa muito importante sem a qual não é possível tomar decisões.

Sucede que este estudo não é uma novi-dade: já foi feito um nos mesmos moldes em 2009. Os resultados não foram recordados a quem foi à conferência de imprensa do chefe de departamento de Wong Wang, mas isso não interessa. Os resultados do estudo, disse o substituto do director para efeitos de oratória, foram incluídos nas políticas de trânsito de 2010. Ninguém diria, a avaliar pelos resultados.

Do mal, o menos: os Serviços para os Assuntos de Tráfego reconhecem que o

contramãoISABEL [email protected]

Perguntem-me que eu digo-lhes

O estudo vai custar cinco milhões e trezentas mil patacas – o preço de um T1 pequenino numa zona pouco nobre da cidade. Numa terra onde o dinheiro perdeu valor, mais milhão, menos milhão parece pouca coisa. Pois que não é. A resposta não vale cinco patacas e trinta avos, que todaa gente a tem na ponta da língua

trânsito não melhorou e que, vendo bem as coisas, até piorou um bocadinho. Vai daí, a pergunta: para que serve este novo estudo, este estudo de milhões, se aquele que se fez há cinco anos de nada adiantou? O porta-voz de Wong Wan tinha a resposta pronta: serve para actualizar os dados para depois definir políticas. Do mal, o mais. As políticas, a correr bem, chegam lá para 2016. Entretanto, os serviços de Wong Wan vão esperar, pa-cientemente, pelos resultados deste estudo que vai resolver tudo, tudo mesmo.

Enquanto isso não acontece, sem custos adicionais para a empresa da Universidade de Macau que diligentemente vai fazer mais um estudo de milhões para o Governo, perguntem-me que eu digo-lhes como se mexe o trânsito de Macau e como se mexe quem cá vive: mexem-se todos devagarinho.

Aqui fica o meu contributo pro bono para os serviços de Wong Wan: não saio de casa à hora a que os funcionários públicos vão para o trabalho, não saio de casa à hora a que os funcionários dos casinos mudam de turno. O meu regresso também se faz a horas pouco convencionais, quando é suposto o trânsito já ter acalmado. Ainda assim, demoro hoje o dobro do tempo nas deslocações do que aquele que gastava em 2009 em percursos semelhantes. Mas isto é se o dia correr bem: se um camião tiver um furo na Ponte Sai Van, é juntar meia hora à travessia, uma meia hora em que queimo o tempo e aumento a fúria contando os motociclos que passam na definitivamente provisória faixa destinada a veículos de duas rodas. Não gasto os dedos das duas mãos nesta contabilidade.

Chegada ao destino, o problema do es-tacionamento – qualquer que seja o ponto da cidade, é melhor sair de casa com uns 20 minutos para perder nas voltas que dou. Claro que há a alternativa dos transportes públicos, mas não me serve. Não me serve no trajecto inicial que faço e não me serve no meu dia-a-dia, que não se faz atrás de um computador, numa cidade onde os táxis deixaram de existir para as pessoas que cá vivem. Mas por andar pela cidade durante o dia, a horas diferentes, não preciso de estudos nem de 5,3 milhões de patacas para escrever, com toda a certeza, que o trânsito de Macau, neste momento, está muito perto dos limites de uma cidade de dimensões reduzidas.

Auscultar a população não é fazer consulta pública atrás de consulta pública, com resultados para arrumar numa gaveta. Auscultar a população é estar atento aos sinais, é ler jornais, é ouvir rádio, é perceber o que se vai escrevendo por aí, que hoje já não falta quem queira dizer de sua justiça. É andar na rua com os olhos bem abertos e ir ouvindo as pessoas, que as pessoas falam. Mas este Governo não sai à rua. Wong Wan e os outros Wong Wans também não, que no ar condicionado não se apanha com tubos de escape.

ALFR

ED H

ITCH

COCK

, PSY

CHO

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hoje macau sexta-feira 12.9.2014

A abertura do posto fronteiriço da zona industrial Zhuhai - Macau no período

da meia-noite às sete de manhã – recen-temente anunciada – vai ajudar a aliviar a procura de imóveis em Macau. Quem o diz são profissionais do sector imobiliário, que acrescentam ainda que vai ser possível que mais pessoas vivam em Zhuhai.

A abertura é apenas para trabalhadores de Macau e Guangdong, mas para o di-rector executivo da Midland Macau Ltd, Ronald Cheung, é o suficiente.

Apesar de admitir que a abertura do posto fronteiriço não influencia o preço dos imóveis em Macau – e de frisar que os de Zhuhai vão aumentar - parte dos residentes e trabalhadores não residentes

(TNR) vão optar por escolher casas no lado de lá da fronteira, especialmente na Ilha de Montanha, porque o trânsito é mais conveniente.

“Quando se implementar a passagem no posto fronteiriço, não vai haver grande diferença entre viver em Macau e na Ilha de Montanha. Nos futuros dez anos, a Ilha de Montanha vai tendo o estilo de Macau.”

Um dos administradores da Agência de Propriedade Centaline, Jacky Shek, con-sidera que a abertura do posto fronteiriço vai ajudar mais os TNR a arrendar casas em Zhuhai. O administrador espera mesmo que, “no futuro se possa criar transportes directos entre a Ilha de Montanha e Ma-cau”, aumentando a conveniência. - F.F.

Lixo Recolha avaliada em OutubroO vice-director da Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental, Vai Hoi Ieong, referiu que o organismo prevê começar no próximo mês a introdução de um mecanismo de avaliação dos serviços de recolha de lixo. Inclui a avaliação das condições de higiene do camião do lixo e das lixeiras, a eficiência de limpeza nas estradas e outros 30 pontos. Além disso, o responsável referiu ainda que espera, no próximo ano, implementar novos critérios de emissão dos veículos, bem como já está a “coleccionar opiniões do sector sobre o cancelamento do limite máximo para apoio financeiro ao abate de veículos altamente poluidores”.

N OVE cantores de Macau vão lançar

um álbum em conjunto em nome da caridade. “Nine distinctive Macao singers. Unique Macau Original Melodies” é o nome do

Imobiliário Abertura de fronteira ajudará a aliviar procura, diz sector

Cantores de Macau juntam-se pela caridade

CD, que conta com a par-ticipação de David Chan, Anabela Ieong, Fanny Cheung, Hyper Lo, Cherry Ho, Phineas Cheong, AJ, Josie Ho e José Rodrigues.

O álbum estará disponí-

vel ao público a partir de 20 de Setembro e é composto por dez músicas originais e sete videoclips. Apesar de conter músicas originais de cada um dos cantores participantes, o CD conta ainda com uma música em grupo – “Footsteps” – que marca a celebração dos 15 anos da transferência de soberania de Macau para a China.

O CD é inteiramente produzido em Macau – pelo artista Hyper LoKa-hou – e tem o patrocínio do Instituto Cultural.

Todas as receitas arre-cadadas com a venda do álbum serão entregues à Associação de Surdos de Macau.

O lançamento do álbum será acompanhado por performances ao vivo, no dia 20, sábado, às 17h, na Praça da Amizade. A entrada é livre.

Obras na Biblioteca de Coloane O Instituto Cultural vai iniciar obras de renovação na Biblioteca de Coloane da Biblioteca Central de Macau. O serviço ao exterior será suspenso a partir do dia 13 de Setembro, por um período de 50 dias.