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KA I Josecler deixa comando técnico dos campeões PÁGINA 16 TEMPO POUCO NUBLADO MIN 23 MAX 31 HUMIDADE 35-80% • CÂMBIOS EURO 9.5 BAHT 3.7 YUAN 0.7 AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ SEXTA-FEIRA 12 DE OUTUBRO DE 2012 ANO XII Nº 2713 PUB GONÇALO LOBO PINHEIRO PUB FAOM Mais apoios, e cheques, pedidos ao Governo PÁGINA 3 UMAC Orçamento avultado para a Ilha da Montanha PÁGINA 4 h A LIÇÃO DE MARGARIDA Chui Sai On visita prédio em risco de ruir Governo inclinado O Chefe do Executivo, juntamente com diversos departamentos governamentais, esteve no Sin Fong Garden para se pôr ao corrente da situação. A DSSOPT já arranjou forma de “consolidar” o edifício mas, para já, os moradores não podem voltar às suas casas. O director das Obras Públicas, Jaime Carion, fala de “caso único”. PÁGINA 5 ASIÁTICO DE HÓQUEI EM PATINS Alberto Lisboa revela os convocados PÁGINA 16

Hoje Macau 12 OUT 2012 #2713

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Edição do Hoje Macau de 12 de Outubro de 2012 • Ano X • N.º 2713

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KA I

Josecler deixa comando técnico dos campeões

PÁGINA 16

TEMPO POUCO NUBLADO MIN 23 MAX 31 HUMIDADE 35-80% • CÂMBIOS EURO 9.5 BAHT 3.7 YUAN 0.7

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ • SEXTA-FEIRA 12 DE OUTUBRO DE 2012 • ANO XII • Nº 2713

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PUB

FAOM

Mais apoios, e cheques, pedidos ao Governo

PÁGINA 3

UMAC

Orçamento avultadopara a Ilha da Montanha

PÁGINA 4

h

• A LIÇÃO DEMARGARIDA

Chui Sai On visita prédio em risco de ruir

Governo inclinadoO Chefe do Executivo, juntamente com diversos departamentos governamentais, esteve no Sin Fong Garden para se pôr ao corrente da situação. A DSSOPT já arranjou forma de “consolidar” o edifício mas, para já, os moradores não podem voltar às suas casas. O director das Obras Públicas, Jaime Carion, fala de “caso único”. PÁGINA 5

ASIÁTICO DE HÓQUEI EM PATINS

Alberto Lisboa revela os convocados PÁGINA 16

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2 política sexta-feira 12.10.2012www.hojemacau.com.mo

O novo chefe da repre-sentação da Comissão Europeia para Hong Kong e Macau, Vincent

Piket, que tomou posse em Setembro, afirmou que pretende explorar novas formas de desenvolver a relação da União Europeia (UE) com as Regiões Administrativas Especiais. “São evidentemente territórios muito específicos, por causa da sua cultura, da história, das ligações que têm com a grande China e, por isso, será fascinante para mim ver isso de perto e ver como podemos desenvolver mais as relações da UE com Macau e Hong Kong”, disse, em declarações à agência Lusa.

Na antiga colónia britânica desde meados do mês passado, Vincent Piket efectuará os primeiros contactos institucionais em Macau no final da próxima semana, com o programa da visita ao território a incluir a 17.ª Feira Internacional de Macau, a qual conta tradicio-nalmente com um pavilhão da UE.

Vincent Piket disse que não tem dúvidas de que deve ser dada

Novo chefe da UE para Hong Kong e Macau desde Setembro

Piket quer relação “sólida”

continuidade à estratégia traçada pelos seus antecessores: “Decidi-damente, já que tem dado resulta-dos”. Contudo, tal não invalida que se introduzam “ajustes” perante a realidade, apontou, assegurando que “a linha de fundo permanecerá a mesma”, passando pelo “envolvi-mento a todos os níveis de comum interesse para as partes”.

“As relações são boas, sau-dáveis e fortes em ambos os casos, duram há décadas e, no caso de Macau, baseiam-se no acordo bilateral de comércio e cooperação, de 1992, o qual tem sido implementado de forma continuada”, avaliou o diplomata holandês, sublinhando que desde que chegou tem notado que “há

muito interesse” por parte de Hong Kong e Macau na UE. “A minha esperança e expectativa é que se possa expandir sobretudo em Hong Kong, que tem uma relação económica muito importante”, afirmou, dando ênfase ao próspero comércio bilateral e aos fluxos de investimento registado em 2011: “Temos uma relação comercial

que totaliza quase 56 mil milhões de euros, o que é impressionante”.

À VOLTA DA ECONOMIAA economia é uma área chave so-bretudo numa altura em que a crise afecta o velho continente. “A prio-ridade na Europa passa por resolver os problemas económicos e voltar ao crescimento, a gerar emprego e a questão é como fazê-lo”, subli-nhou, defendendo, neste âmbito, que “é muito importante a dimensão externa”, ou seja, o investimento e o comércio com os parceiros. “A nossa posição como UE sempre foi a de que, particularmente, em tempos de crise ou recessão não se devem fechar as fronteiras, mas usar o comércio para recuperar, criar novamente crescimento e isso é um dos principais objectivos que temos nos mercados emergentes e, em particular, na Ásia”, frisou.

Além da vertente económica, o roteiro das relações entre a UE e Hong Kong e Macau continuará a passar pelos vários programas de cooperação que já existem, nome-adamente no plano da Educação, Ambiente ou Direito.

Segundo adiantou o chefe da representação da Comissão Europeia para Hong Kong e Macau, o próximo encontro da Comissão Mista Macau--UE, já está marcado, realizando-se a 4 de Dezembro, em Bruxelas.

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3políticasexta-feira 12.10.2012 www.hojemacau.com.mo

Cecília Lincecí[email protected]

A representante da Federação das Associações dos Ope-rários de Macau (FAOM) Kwan Tsui Hang não vê

motivos para que o Governo deixe de lado medidas de apoio à população.

Em visita ao Gabinete do Chefe do Executivo, a deputada voltou a referir o plano de contribuição pe-cuniário. “Considero que o Governo não tem razão para pôr um fim ou

Protesto contra o Gabinete de Recursos HumanosUm grupo de cidadãos protestou ontem à porta do Gabinete de Recursos Humanos (GRH) pedindo o fecho daquele departamento. O responsável pelo protesto, Vong Wai Meng, apontou que o GRH está sob a alçada da Direcção dos Serviços dos Assuntos Laborais (DSAL) e, por isso, não tem razão de existir. “A culta é da secretária Florinda Chan que criou tantos departamentos e gabinetes inúteis.” Vong ainda criticou ainda Liu Chak Wan, membro do Conselho Executivo, devido às suas afirmações de que o Governo não precisa fazer mais medidas para controlar o mercado imobiliário. “Alguns cidadãos não conseguem comprar habitação nem ter um trabalho. Quero que o Chefe do Executivo conheça bem a nossa sociedade. Vou continuar a falar pelos cidadãos, pois o poder e os ricos não me amedrontaram.” - C.L.

FAOM visitou Chui Sai On para pedir apoios. E mais cheques, claro

Operários com extensa lista de problemas

Fórum Macau Zonas económicas chinesas são exemplo para países lusófonos

Uma visita de experiências feitaOS países de língua

portuguesa querem saber mais sobre as cinco zonas económicas espe-ciais chinesas. Ontem teve início o sexto co-lóquio do centro de for-mação do Fórum Macau sobre o tema destinado a 24 representantes de seis nações onde se fala a língua lusa.

Estas zonas, criadas na segunda metade dos anos 70 dos século passado, constituem o principal mecanismo de abertura da economia do continente.

Os países de língua portu-guesa estão interessados nessas zonas abertas ao capital estrangeiro e de produção virada para a exportação, por isso o Fórum Macau, organizou um Colóquio sobre o De-senvolvimento e Gestão de Áreas Económicas.

No Brasil há 24 zonas de processamento de exportação, estando o Go-verno brasileiro a pensar alterar a lei que define essas áreas, servindo a China como referência.

“A nossa intenção

é aprender aqui com a experiência chinesa de Macau, metodologias e instrumentos de apoio que possam ser utilizadas no aprimoramento do modelo brasileiro”, ex-plicou à TDM Bernardo Santana, mandatário do país.

Na formação parti-cipam 24 representantes dos sectores de comércio e indústria de seis países de língua portuguesa. Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, Cabo Verde e Timor Leste. Nações

como o Brasil e Angola têm também áreas eco-nómicas especiais.

Angola tem uma zona económica especial em Luanda, desde 2011, onde existem catorze indústrias, sendo o ob-jectivo atingir 74 no total. “Temos conhecimento de que a China está muito ex-pandida e Angola, como tem uma área em franco crescimento, precisa de beber dessas experiências para poder implementar um maior proveito e ter bons dividendos dessas

práticas chinesas”, ex-plicou Pedro de Brites Jerónimo, representante de Angola.

As nações onde se fala português pediram ainda informações sobre os investimentos na Ilha da Montanha. “Foi por solicitação dos países de língua portuguesa que gostariam de ver essa zona, como é que vai ser desenvolvida, e adquirir a experiências do lança-mento”, explicou Rita Santos, secretária-geral adjunta do Fórum Macau.

reduzir as medidas que beneficiam os residentes”, disse ontem à tarde. “Macau teve um superávit fiscal em 2011, o que demonstra que o Governo tem capacidade para usar o dinheiro para criar medidas benéficas para os residentes.” A vice-presidente da FAOM disse à comunicação social que Chui Sai On garantiu analisar a continuidade da medida na RAEM.

SEMPRE ATRASADOAlém dos cheques pecuniários, Kwan Tsui Hang, juntamente com

outros cinco membros, lembrou o Governo sobre a necessidade de resolver problemas como a inflação, a habitação, a saúde, educação e tráfego. De fora não ficou a necessidade de reformu-lação da lei laboral de modo a garantir os direitos plenos dos empregados.

Lam Heong Sang, vice-presi-dente da FAOM, disse que o Chefe do Executivo já instou os oficiais a combater o trabalhado ilegal. “Temos um acordo mas o Governo

é sempre atrasado na execução, não estamos satisfeitos com isso. Muitos casos acabam por ficar fora de prazo, por isso surgem queixas dos residentes.”

Do lado do Executivo, depois de receber as propostas a ter conta nas Linhas de Acção Governativa para 2013, Chui Sai On assegurou que “o Governo está atento aos di-reitos dos trabalhadores, estando--se a aperfeiçoar, gradualmente, a legislação laboral, reforçar o trabalho de combate ao trabalho

ilegal, para que se garantam os direitos ao emprego da população local”. “Acompanhamos de perto a questão do bem-estar e garantia social, como os serviços sociais destinados aos trabalhadores por conta de outrem. Estamos empenhados na criação de um mecanismo permanente bem como disponibilizar instalações e serviços destinados aos idosos, famílias e trabalhadores nos novos complexos de habitação pública.”

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4 sociedade sexta-feira 12.10.2012www.hojemacau.com.mo

Joana [email protected]

O orçamento da Universidade de Macau (UMAC) vai ultrapassar os

1,3 mil milhões de patacas no próximo ano, devido às mu-danças para o novo campus na Ilha da Montanha. Wei Zhao, reitor da instituição, deixou ontem no ar a possibilidade de as propinas poderem vir a aumentar, apesar de garantir que isso não vai impedir os alunos de ingressarem na universidade. “As propinas não vão aumentar para já, mas quando forem vamos certificar-nos que os estudan-tes de Macau não deixem de ter oportunidade de estudar por causa de problemas eco-nómicos e vamos garantir o acesso igual à educação.” Wei Zhao diz que serão sempre tidos em conta os custos de vida em Macau.

A maior parte do orça-mento da UMAC é pro-veniente dos cofres do Governo, uma vez que a universidade é pública. As receitas restantes chegam dos valores das propinas e outros serviços. Actu-almente, o orçamento da instituição está estipulado em 1,3 mil milhões de pata-cas - sendo que se gastam 160 mil patacas por aluno. As mudanças para o novo campus vão exigir que os

NA conferência de imprensa de ontem, Wei Zhao, rei-

tor da Universidade de Macau (UMAC) assegurou que todas as melhorias feitas na instituição não poderiam ter sido feitas sem o apoio do Governo através da Fundação para o Desenvolvi-mento da Universidade de Ma-cau. Mas a fundação continua precisamente a dar que falar nos Estados Unidos, depois da doação que recebeu da Wynn Resorts, em 2010.

Ontem, quatro processos de accionistas da operadora volta-ram a dar entrada num tribunal contra os administradores da Wynn, depois de alegadamente terem sido retirados por erro na terça-feira. O juiz James Mahan deu ordens para que os casos fossem reabertos e unidos em apenas um processo.

Os accionistas consideram que a Wynn Resorts ficou de-masiado exposta e carrega uma

Ambrose So distinguido na UMACAmbrose So, director-executivo da Sociedade de Jogos de Macau (SJM), recebeu título Honoris Causa pela Universidade de Macau, pelas suas contribuições na área da investigação, cultura e educação. A par de outras três pessoas, Ambrose So recebe o grau de Doutorado em Ciências Sociais no dia 14 de Novembro. “Ambrose So fez significativas e variadas contribuições na área da economia e do intercâmbio cultural e de cooperação entre Macau, Hong Kong, China e Portugal, especialmente na colocação de Macau como plataforma para os países de Língua Portuguesa”, refere um comunicado da UMAC. Ambrose So foi condecorado com a medalha cultural em 2009 pelo Governo de Macau.

Campus da UMAC na Ilha da Montanha vai ter orçamento alto. Mudanças começam na Primavera de 2013

“Vamos garantir quotas para alunos de Macau”

Doação da Wynn Resorts à UMAC continua a originar processos nos EUA

Empresa reitera inocência

custos ultrapassem esses valores. “Vamos retirar mo-biliário desta universidade velha para o novo local, mas também teremos novos equi-pamentos. Isso vai aumentar os custos e a recolocação das coisas também é cara”, explicou o reitor.

Wei Zhao não fala em números para o futuro orça-mento, para azar da Associa-

ção Novo Macau que já este ano, em Agosto, entregou uma petição à UMAC onde pedia a divulgação das des-pesas com o equipamento.

PRIMAVERA DE 2013O orçamento total do novo campus da UMAC está estimado em mais de sete mil milhões de patacas e sofreu já uma actualização,

mas Wei Zhao diz não ter informações sobre se o valor será ou não respeitado. “Sa-bemos tanto quanto vocês jornalistas. Somos apenas os utilizadores do campus e as contas não são connosco.”

O incidente no túnel que liga Macau ao novo campus, que levou ao desabamento de parte da estrutura, vai causar atraso nas mudanças,

mas Wei Zhao garante que no novo ano académico - que começa a 1 de Setembro do próximo ano - os alunos vão já ter aulas no novo campus. Na Primavera de 2013, contudo, os funcionários da Universidade começam os preparativos para receber os estudantes.

Quanto às infra-estrutu-ras actuais, na Taipa, Wei

Zhao não tem informações sobre o que pode ser feito no local, mas assegura que a promessa do Executivo é que o campus seja utilizado para “fins educacionais e culturais e não para efeitos comerciais”.

ALUNOS LOCAIS PRIMEIROActualmente com cerca de oito mil alunos - 2500 em cursos de pós graduação -, a UMAC quer ser um local de formação de elites. “Espera-mos formar um dos futuros chefes do executivo e líderes de Governo de Macau”, fri-sou Wei Zhao. “Queremos produzir graduados de elite para liderarem o desenvol-vimento da comunidade de Macau.”

Ainda assim, o reitor assume-se preocupado em colocar os alunos locais em primeiro plano, assegurando que vão haver mais quotas re-servadas para alunos de Ma-cau, mesmo com o esperado aumento de alunos no novo campus. “O novo espaço será vinte vezes maior, o que não significa que haja vinte vezes mais alunos, mas mesmo assim há mais. Mas para as graduações abertas tanto para estudantes locais como para estrangeiros vamos garantir primeiro as quotas para os de Macau.” Actualmente, 60% dos alunos pós graduados da UMAC são locais, assegura o reitor.

grande responsabilidade devido a Steve Wynn ter aprovado a doação de 135 milhões de dólares americanos à UMAC, principalmente quando a opera-dora tem terrenos no território.

Os advogados de defesa da Wynn reiteram que a doação não esteve relacionado com subornos às autoridades chi-neses - como Kazuo Okada, ex-membro da operadora - men-cionou. O nipónico foi o primeiro a processar Wynn por causa da doação. Doação que Okada diz não ter autorizado e que foi feita numa altura em que a Wynn Macau esperava autorização do Governo para construir o novo projecto no Cotai. A ‘Securities and Exchange Commission’ está precisamente a investigar este donativo, mas mais uma vez a Wynn Resorts negou perante o tribunal que tenha tido qualquer comportamento impróprio rela-tivo à doação. - J.F.

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5sociedadesexta-feira 12.10.2012 www.hojemacau.com.mo

Cecília [email protected]

Joana [email protected]

OS moradores do Sin Fong Gar-den - o prédio evacuado na

terça-feira por estar em risco de ruína - vão conti-nuar impedidos de regressar aos seus apartamentos, pelo menos durante sete dias. O edifício ainda está em risco, apesar de as Obras Públicas ter já arranjado forma de “consolidar” o prédio, co-locando suportes nos pisos para que o prédio de 30 andares e 14 anos se possa manter de pé. “Detectamos que a situação continua perigosa e que os morado-res não podem regressar”, confirmou ontem Jaime Carion aos jornalistas. O director dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes assegura que os empreiteiros responsáveis pelo Sin Fong Garden já fo-ram informados e que estão inclusive a pagar todos os

DE um lado, os moradores asse-guram ter já feito queixas sobre

as condições em que o prédio se encontra, do outro Jaime Carion diz que as queixas não incidiram sobre esses problemas. “Há um ano, houve queixas sobre o local, mas foi devido à demolição do prédio antigo ao lado que estava a ser deitado abaixo por causa do barulho e do incómodo”, frisou o director dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transpor-tes. “As queixas estão registadas e

Moradores recebem subsídio de emergênciaO Instituto de Acção Social (IAS) vai atribuir um subsídio de emergência aos moradores com valores entre as 3360 e as 8000 patacas, de acordo com o número de pessoas no agregado familiar. O dinheiro servirá para ajudar nas despesas, até porque os moradores podem optar por ficar no hotel ou no centro de sinistrados da Ilha Verde. Os moradores, contudo, asseguram que não querem morar aqui. “O Governo não pode tratar-nos como vítimas, porque já avisamos muitas vezes que a obra ao lado foi o que influenciou a situação.”

Residentes do Sin Fong Garden sem poderem voltar ao edifício

Situação continua perigosa e sem justificação

Queixas dos moradores não incidiram no problema actual, diz Carion

“Barulho” motivou reclamaçõesno ano passado foi só e tão só pelo incómodo, nunca houve detecção de problemas estruturais durante o desmantelamento do outro.”

José Pereira Coutinho, contu-do, afirma ter sido informado por um amigo e morador do prédio que as reclamações dos residentes foram negligenciadas. “Os mora-dores já fizeram reclamações em Julho, Agosto e Novembro. Um dos ar-condicionados saltou. A falha aqui é do Governo.” - J.F. e C.L.

a transferência de sobera-nia, mas foram diferentes. “É um caso único, o cimento está a rebentar de cima para baixo. Não há inclinação, como nos outros onde o problema era do solo.” As Obras Públicas não sabem ainda se o edifício será demolido.

Ontem, os moradores tiveram 15 minutos para ir buscar o essencial às suas casas. Mas, mesmo que o Governo considere que o prédio estará apto daqui a uns dia para os receber, muitos dos moradores só regressarão ao edifício para ir buscar o que falta. “Se os [membros do] Go-verno quiserem, eles que venham morar para cá. Se a estrutura do prédio não for estável, há o risco do elevador cair”, disse um residente. As pessoas têm medo de regressar, porque consideram que os suportes colocados não conseguem suportar o peso do edifício. Os prédios vizinhos foram também inspeccionados ontem à noite.

custos relacionados com o alojamento dos moradores.

De visita ao local, o Che-fe do Executivo mostrou-se preocupado. “É preciso que se garanta a segurança dos moradores e da população”, começou por dizer aos jor-nalistas. “A partir de agora existe uma necessidade de coordenação e cooperação estreita no mecanismo in-terdepartamental, com o objectivo de se empenhar no tratamento conveniente do incidente.”

Chui Sai On referiu ainda que, é tempo de “apoiar o realojamento temporário dos moradores afectados, bem como, reduzir, o mais

possível, o impacto do in-cidente nas vidas de quem habita no referido edifício.”

Para compor o tal meca-nismo interdepartamental, o Laboratório de Engenharia Civil de Macau e um la-boratório da área da Uni-versidade de Macau foram convidados pelo Governo para realizar uma inspecção e recolha de dados no local, informações que estarão disponíveis em sete dias.

Até lá, o Governo diz não conseguir apurar respon-sabilidades ou causas que justifiquem o aparecimento de fendas na fachada e num pilar do segundo piso do prédio. Se o problema deriva

da construção de um prédio no terreno vizinho, como acusam os moradores, Jaime Carion não sabe.

“CASO ÚNICO”O edifício, construído em 1990, comportava 200 fa-mílias, que exigem indem-nizações. Jaime Carion, no entanto, assegura que isso não vai acontecer para já, até porque não se sabe nada sobre o incidente. “Não podemos acusar ninguém, precisamos de estudar e analisar os factores que con-duziram a esta situação.”

O director das Obras Pú-blicas admite que não pode ainda dizer se a lei que gere

os critérios para as obras foi violada, mas questionado sobre se a construção do edifício foi vigiada, Jaime Carion assegura que sim. “Há critérios e regras a cumprir e a DSSOPT só aprova depois de fiscalizar que tudo foi cumprido. Agora, estamos a folhear os dossiers do prédio para ver se as regras foram cumpridas, mas durante as obras há um director que fiscaliza e que assume todas as responsabilidades.”

Jaime Carion diz mesmo que é a primeira vez que vê um problema deste género num edifício em risco de ruir. Houve três casos desde

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6 sociedade sexta-feira 12.10.2012www.hojemacau.com.mo

Rita Marques [email protected]

UMA sociedade em rápido cres-cimento econó-mico pode nem

sempre trazer uma melhor qualidade de vida à popula-ção. As doenças visuais, por exemplo, começam a ganhar espaço de progressão, caso não haja atenção ao tempo recomendado para a utiliza-ção de aparelhos tecnológi-cos que danifiquem a visão.

Ontem foi comemorou-se o Dia Mundial da Visão, se-gundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), e o oftalmo-logista Frank Lai falou ao Hoje Macau dos grandes proble-mas da sociedade de Macau relacionados com doenças visuais, à margem de uma acção da ORBIS Macau no Colégio do Sagrado Coração de Jesus. “Em Macau, a eco-nomia está boa por isso todos podem comprar ‘iphones’ ou equiparados. O problema é que fazem uso deles todos os dias, a toda a hora, por isso o tempo à frente destas tecno-logias é muito prolongado”, alerta. “As pessoas ao usarem os aparelhos durante três a quatro horas seguidas, deviam depois fazer um intervalo de 30 a 40 minutos”, recomenda o especialista do Kiang Wu.

O que não significa que não se possa usar o com-putador bem como outros aparelhos electrónicos du-rante um dia de trabalho, esclarece, mas antes que se deve evitar a sua utilização continuada. “Pode-se usar 10 horas ou mais mas têm de ser feitos intervalos periódicos”, informa. Isto porque deficiências visuais como a miopia têm maior probabilidade de surgir, ou

Oftalmologista alerta para o perigo dos gadgets

“Fazer um intervalode 30 a 40 minutos”O desenvolvimento socioeconómico da sociedade de Macau, põe nas mãos da maioria dos residentes, nomeadamente jovens, todas as pequenas tecnologias que podem afectar a visão. O alerta é de Frank Lai, especialista do hospital Kiang Wu, que aconselha paragens de 30 a 40 minutos a cada três ou quatro horas de utilização

agravar-se, quando se abusa da capacidade visual em objectos muito próximos.

FALTA DE HORIZONTENo entanto, Frank Lai ana-lisa outro dos problemas em Macau. “As pessoas não têm grande possibilidade de usar a visão para ver mais longe por causa da proximidade entre os edifícios na cidade. Há uma grande densidade urbana”, identifica. Uma característica da cidade que já de si propicia a falta de visão.

Ainda assim, para já as doenças dos olhos mantêm--se estáveis e idênticas, percentualmente, à de outros

países e regiões desenvol-vidas. As crianças e jovens, nomeadamente em idade escolar, vão evidenciando mais patologias na visão mas é um mal transversal. “A taxa de alunos da primária, da 1ª à 6ª classe, que sofrem de miopia, astigmatismo ou outros problemas de visão varia entre os 50% e os 70%”, assegura. Nestes ca-sos, porém, já há tratamento disponível em Macau mas apenas no hospital parti-cular. “Para a miopia, bem como para o astigmatismo, em muitos casos, pode-se usar a cirurgia de laser para tratar. Num ano, há por volta de 200 operações destas no

Flying Eye Hospitalvem a MacauA ORBIS Macau reuniu-se ontem no Colégio do Sagrado Coração de Jesus para dar a conhecer o “Flying Eye Hospital”, ainda em construção, que pretende substituir o antigo em Março do próximo ano. O avião/hospital, que fornece serviços de cirurgia a necessitados - além de poder transportá-los para fazerem operações noutros países -, tratamentos a laser e programas de treino, visitará o território no próximo ano, garante a directora Vivian Lo, para dar a conhecer os seus serviços a estudantes locais. O escritório de Macau não faz marcações para cidadãos locais porque o território apenas ajuda a organização humanitária mundial a angariar fundos para ajudar cidadãos necessitados da Índia, Filipinas, Nigéria, Indonésia, China, Bangladesh, Etiópia, Nepal, Vietname e Peru. Ontem, as jovens do Colégio tiveram a possibilidade de se porem na pele de um invisual em tarefas diárias.

Hospital Kiang Wu”, explica o responsável.

Para que se possa pre-venir em vez de remediar, é necessário consultar um especialista em tenra idade, defende. “A melhor altura para a primeira consulta é com três ou quatro anos para se diagnosticar preco-cemente problemas como a ambliopia [deficiência do desenvolvimento normal do sistema visual], tratando logo de raiz.”

CATARATAS As cataratas afectam cerca de 18 milhões de pessoas, de en-tre os 39 milhões afectadas por cegueira em todo o mundo. As

cataratas podem ser causadas por diferentes factores, como a diabetes, o uso de medica-mentos e a idade.

Macau não é imune a este problema de grande dimensão - talvez mesmo a maior doença do foro ocular - que afecta sobretudo pes-soas idosas. “A partir dos 60 anos há uma probabilidade de desenvolver cataratas de 20 a 60%, acima de 70 anos há uma probabilidade de 80%. Quanto mais idade, mais provável aparecerem cataratas”, indica Frank Lai.

Em Macau, há “2000 a 3000 cirurgias todos os anos” para um tratamento

quase totalmente curável e o especialista defende a excelência do território nesta área, já que fornece os mesmos serviços das regiões vizinhas “tanto no público, como no privado” bem como, “a qualidade e o número de técnicos sufi-cientes para tratar as doenças de olhos comuns”. Neste sentido, defende, “Macau tem um bom sistema de saúde”, por isso, as pessoas são tratadas rapidamente e têm uma recuperação célere.

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7nacionalsexta-feira 12.10.2012 www.hojemacau.com.mo

Claudia TrevisanIn Estado de São Paulo

OS líderes do Partido Comunista desfrutam de poder “quase ilimi-tado e ditatorial”, como

demonstra a trajectória de Bo Xilai, o ex-dirigente da megacidade de Chongqing. Como muitos dos seus pares, conseguiu encobrir irregularidades cometidas ao lon-go de anos, graças à ineficiência do sistema interno de controle e disciplina do partido.

A avaliação não é de um dissidente político, mas de Deng Yuwen, editor-adjunto da revis-ta Study Times, editada pela Escola Central do Partido Comunista, onde são treinados os integrantes da organização, incluindo os seus líderes supremos.

Numa série de três artigos pu-blicados no mês passado na revista financeira Caijing, Deng afirmou que o período de dez anos sob o comando do presidente Hu Jintao e o primeiro-ministro Wen Jiabao deixará um legado no qual os pro-blemas superam as conquistas. En-tre eles, o mais grave é a ausência de reformas políticas, que agravou a falta de confiança da população no partido e no governo.

“As pessoas estão desaponta-das e não apoiam mais o partido como antes”, disse Deng. Hu e Wen começarão a transferir o poder para os seus sucessores no Congresso do Partido Comunista marcado para o dia 8 de Novembro. A tran-sição será concluída em Março de 2013, quando Xi Jinping assumirá o cargo de presidente da China e Li Keqiang se tornará primeiro--ministro.

Qual a importância de reformas políticas na China?É impossível para a China imple-mentar o mesmo sistema político do mundo ocidental, já que partidos da oposição não são permitidos. O mo-delo de três poderes independentes também não é viável. Portanto, a reforma diz respeito a mudanças no governo: como fazer com que seja mais eficiente e passível de responsabilização, como combater a corrupção e como permitir que a população tenha acesso ao processo de tomada de decisões.

Como realizar isso? Em relação à eficiência e respon-sabilização, o bom senso diz que

Deng Yuwen, editor-adjunto da revista Study Times, editada pela Escola Central do Partido Comunista

“As pessoas estão desapontadase não apoiam o partido como dantes”

se as pessoas podem eleger seus líderes, os líderes vão servir ao povo. Mas não podemos realizar isso na China. Por isso, temos que encontrar outras opções, como reunir as opiniões e pedidos da população durante o processo de tomada de decisões, para que seja mais razoável e justo. Para com-bater a corrupção, é necessário que haja supervisão popular.

O senhor escreveu que o legado de Hu Jintao e Wen Jiabao inclui mais problemas do que conquis-tas. Qual é o mais grave problema criado nos últimos dez anos? O partido não conseguiu solu-cionar contradições sociais de maneira efectiva, o que agravou a falta de confiança no partido e no governo. Há muitos problemas que alimentam essa desconfian-ça: o aumento na disparidade de renda, a corrupção, o abuso de poder, a violação dos direitos dos cidadãos. O partido defende o princípio de ‘servir ao povo’, que é a mais importante funda-ção de sua legitimidade. Mas, na situação actual, o que recebemos do partido é muito pouco ou nada. Ao contrário. As violações que sofremos superam o ‘serviço’ que recebemos. Portanto, é razoável

para a população chinesa dizer que o partido não é o que precisamos. Se esta fosse uma sociedade de-mocrática, nós poderíamos votar noutras pessoas. Mas não temos um sistema democrático e somos oprimidos pelo partido, o que au-menta ainda mais a desconfiança. Outro aspecto é que o governo tenta sempre encobrir certos factos para que a população não conheça a verdade, o que também justifica a desconfiança. As pessoas estão desapontadas e não apoiam o partido como dantes. Com isso, o problema da legitimidade emerge. A coisa mais importante que o partido precisa fazer é acelerar o processo de permitir que a população tenha direito de tomar decisões em relação a questões nacionais.

O que revela o caso de Bo Xilai sobre as deficiências do sistema político chinês? O comité dis-ciplinar que fez a investigação disse que ele cometeu irregula-ridades desde que era prefeito de Dalian, em 1993, quase 20 anos atrás. Mas em vez de ser punido naquela época, foi promovido.O caso Bo Xilai mostra que o poder dos nossos líderes é quase ilimitado e ditatorial. Como supervisionar os

dirigentes é outro problema que temos que resolver. Como é filho de um veterano revolucionário, Bo ascendeu mais facilmente que muitos outros e criou uma rede de relações que o ajudou a encobrir problemas. Há uma regra dentro do partido: desde que não viole a linha ideológica e as posições do partido, não é um grande problema cometer erros de natureza económica [um eufemismo para corrupção]. Existe sempre uma maneira de os enco-brir, desde que os erros não sejam expostos ao público. De qualquer maneira, a investigação em torno de Bo mostrou a determinação do governo em punir a corrupção. Se outros casos forem tratados da mesma maneira, a corrupção tende a diminuir.

O caso de Bo Xilai só veio à tona porque o seu ex-braço direito se refugiou no Consulado dos Estados Unidos em Chengdu.Isso reflecte um dos nossos maiores problemas no combate à corrupção. Algumas vezes, os casos só são re-velados por actos acidentais, o que indica que nosso actual sistema de supervisão tem sérias deficiências. Hoje existe a fiscalização interna do partido, que é como alguém supervisionar a si mesmo, quando

a fiscalização mais eficaz seria ex-terna. A supervisão da população é necessária. Apesar de existirem vários órgãos de combate à cor-rupção dentro do partido, muitos casos ainda são abafados.

Como pode a fiscalização ser efi-caz sem poder judicial indepen-dente, imprensa livre e eleições? Ainda que a imprensa não seja livre, o desenvolvimento da inter-net é muito rápido e compensa em parte a ausência de supervisão dos media. Além disso, o partido tem um sistema de correcção de erros e organismos de combate à cor-rupção, como o comité disciplinar e a procuradoria do povo. Se não houvesse esse sistema, a situação seria pior.

Nos seus artigos, defendeu a rea-lização de eleições para governos locais, mas afirmou que elas são inviáveis para dirigentes em níveis mais elevados. Isso não é contraditório com a sua defesa de supervisão popular?Não acredito que seja possível a China ter sufrágio universal para todos os âmbitos de governo em, pelo menos, dez anos. Mas há outras maneiras de avançar na di-recção da democracia. Uma delas é a democracia interna do partido. O partido pode adoptar eleições competitivas, nas quais mais quer um candidato disputem o cargo. Hoje não há competição, porque normalmente existe apenas um candidato. Ele não tem estímulo para servir o povo e há uma grande chance de representar interesses de pequenos grupos. A outra medida seria separar os órgãos de supervi-são do corpo principal do partido e dar-lhes independência.

Qual foi a reação a seus artigos?É impossível aceder a eles den-tro da China sem o uso de VPN [Virtual Private Network, um dos mecanismos que foge à censura oficial]. É um sinal óbvio de uma posição contrária do governo. Não houve nenhuma discussão sobre ele dentro do partido.

Por que escreveu os artigos? Este é o momento em que os líderes actuais entregarão o poder à nova geração de líderes. A história dos últimos dez anos precisa de ava-liação apropriada. Nós precisamos ter claro os problemas que existem para podermos avançar.

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8 nacional sexta-feira 12.10.2012www.hojemacau.com.mo

O governador do Banco de Moçambique disse em Macau que há es-paço para reforçar a

cooperação económica e financeira entre a China e o país africano. “Encaramos este encontro como uma excelente oportunidade para diversificarmos a base da nossa economia, explorando novas oportunidades e aprofundando o nosso conhecimento do mer-cado asiático”, afirmou Ernesto Gouveia Gove durante um fórum financeiro promovido pela Autori-dade Monetária de Macau.

Subordinado ao tema “Fo-mento do papel de Macau como plataforma e estímulo do desen-volvimento a nível económico e financeiro entre a China e os países de língua portuguesa”, o fórum financeiro contou com a presença dos governadores dos bancos

EM mais um sinal de que a crise entre as duas

maiores potências asiáticas está longe do fim, o governo chinês cancelou a partici-pação na reunião anual do FMI (Fundo Monetário Internacional) e do Banco Mundial, que decorre esta semana em Tóquio.

O ministro das Finanças, Xie Xuren, e o presidente do banco central chinês, Zhou Xiaochuan, enviarão representantes ao evento,

A diretora-geral do Fundo Monetário Internacional

(FMI), Christine Lagarde, exortou ontem a China a ser “parceira da economia mun-dial a tempo inteiro” e a se concentrar no mercado interno para promover o crescimento.

Em conferência de im-prensa em Tóquio, no âmbito das reuniões anuais do FMI e do Banco Mundial, Lagarde indicou que o consumo inter-no é claramente o motor em que a China deve apostar.

O FMI prevê que a se-gunda economia mundial registe este ano um cres-cimento de 7,8 por cento, menos duas décimas face às previsões de abril.

O FMI tem alertado que a crise que tem a zona euro como epicentro não afeta apenas as economias desen-volvidas, mas também as emergentes, particularmente as da Ásia.

Nas reuniões anuais do FMI e do Banco Mundial, o

ministro das Finanças chinês e o governador do banco central da China não vão estar presentes, na sequência da disputa territorial com o Japão pelas ilhas Diaoyu.

Em referência a estas ausências, Christine La-garde disse que aqueles responsáveis perdem em não participar nas reuniões, manifestando a esperança de que o diferendo “se possa resolver rapidamente e de forma harmoniosa”.

Moçambique Governador do Banco Central quer reforçar cooperação com a China

Pequim é quem mais empresta

China retalia Japão e boicota reunião do FMI

Tóquio, lugar malditoFMI exorta China a ser “parceira a tempo inteiro”

Olha quem fala

centrais de Portugal e Cabo Verde, representantes de Timor-Leste, e dirigentes de serviços financeiros do interior da China.

Ernesto Gouveia Gove eviden-ciou a cooperação existente entre Moçambique e a China “em infraes-truturas, agricultura, pescas, energia e na indústria mineira que desponta na economia moçambicana”.

“O aprofundamento das re-lações económicas e comerciais com a China assume particular importância na atual fase em que o país desponta para a pesquisa e exploração de recursos naturais não renováveis, como o carvão, o gás e diferentes minerais, cujo potencial económico procura ele-vados investimentos, sólidas par-cerias e maior rigor na sua gestão sustentável”, adiantou.

Ernesto Gouveia Gove assina-lou também que a China “assume

já a dianteira dos credores oficiais de Moçambique, com créditos superiores a 1,8 mil milhões de dólares, destinados a projetos estratégicos de construção de

infraestruturas como estradas, aeroportos, pontes”, que declarou de importância “vital” para apro-fundar a integração do mercado nacional do país africano.

Em declarações aos jorna-listas, o governador do banco central moçambicano frisou a necessidade de um maior conhe-cimento do sistema financeiro chinês para o reforço da coo-peração económica e financeira bilateral.

“A China é uma das potên-cias económicas mundiais (...) e Moçambique tem fortes relações económicas com a China, e por isso mesmo, importa no domínio dos bancos centrais conhecer os mecanismos do sistema financeiro chinês”, afirmou.

Destacando a importância de Macau enquanto ponte entre a China e os países de língua portu-guesa, o governador do Banco de Moçambique afirmou, por outro lado, que é “preciso que se utilize a moeda chinesa (o yuan) como meio importante de troca”.

que também não contará com a habitual participação dos quatro maiores bancos da China, todos estatais.

Tanto Xie quanto Zhou alegaram problemas de agenda, mas relatos na im-prensa estatal chinesa sobre o cancelamento dos bancos deixam claro que a ausên-cia dos líderes chineses está ligada à disputa territorial entre os dois países em torno do arquipélago no oceano Pacífico.

“Dada a situação actu-al das ilhas Diaoyu, não há forma de participarmos no evento”, disse um alto fun-cionário de um dos quatro bancos ao jornal “Diário Jovem de Pequim”, sob a condição de anonimato.

A atitude chinesa foi criticada por Tóquio: “O não comparecimento [do presidente do banco cen-tral chinês] no encontro FMI-Bird não é má apenas para as relações sino-japo-nesas como também para a economia mundial”, disse o MNE japonês, Koichiro Gemba. “Acredito que não será positivo para a Chi-na, considerando como a comunidade internacional verá essa acção.”

A crise já provocou estragos económicos, prin-cipalmente ao Japão, com o cancelamento da viagem de dezenas de milhares de chineses, principalmente durante o grande feriado nacional da semana pas-sada.

Outro impacto está na venda de marcas de automóveis japoneses na China. A Toyota assistiu uma queda de 40% desde o início da crise, enquanto a Mazda, 35%.

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9regiãosexta-feira 12.10.2012 www.hojemacau.com.mo

O parlamento na-cional de Timor--Leste começou ontem a discutir

na generalidade o Orçamen-to rectificativo para 2012 no valor de 50 milhões de dólares. Segundo a proposta do Governo de revisão do Orçamento Geral do Estado para 2012, o maior aumento da despesa são 26,9 milhões de dólares relacionados com o pagamento de pensões a antigos combatentes.

“Este aumento, superior ao inicialmente orçamenta-do para 2012 é fundamenta-do por uma maior número de combatentes aprovados em consequência do processo de verificação e validação dos registos”, justificou o primeiro-ministro, Xanana Gusmão, quando apresen-tou, em Setembro, o pedido no parlamento.

O orçamento rectificati-vo aumenta também para 7,1 milhões de dólares as des-pesas com as pensões para os idosos e o fundo de con-tingência (para pagamento de despesas imprevistas e urgentes) para 6,1 milhões de dólares.

Para os sectores da defesa

O Banco da Coreia (BOK) reduziu nesta quinta-feira

a taxa de juros em 0,25%, para 2,75%, como forma de comba-ter a actual desaceleração da economia, provocada pelo en-fraquecimento das exportações e da procura interna.

Trata-se da segunda redução da taxa desde Julho, mês em que o banco central sul-coreano voltou a mexer no indicador, o que não fazia desde Fevereiro de 2009.

O actual momento, aliás,

reflecte-se ainda na expectativa de crescimento do Produto Inter-no Bruto (PIB) em 2012. O BOK, que iniciou o ano esperando um crescimento de 3,5%, rebaixou a previsão para 3% em Julho e para 2,4% nesta quinta-feira.

Especialistas sul-coreanos consideram que a decisão do BOK de reduzir os juros novamente faz parte dos esforços coordenados para amortecer o impacto da crise na Europa, que atingiu o sector exportador da Coreia do Sul.

A quarta maior economia da Ásia experimentou nos últimos meses uma queda nas suas ex-portações, que correspondem a aproximadamente metade do seu PIB.

As importações caíram a um ritmo ainda superior, afectadas pela desaceleração da procura interna.

O BOK também anunciou nesta quinta-feira o seu objectivo de manter entre 2,5% e 3,5% a inflação de 2013 a 2015.

SEIS empresas portuguesas de têxteis e vestuário estão repre-

sentadas na Intertextile Xangai 2012, numa das maiores participações de sempre naquele certame interna-cional, que decorrerá de 22 a 25 de outubro, anunciou ontem uma responsável do sector.

“Todas as empresas já vendem para a China e lá estaremos com o nosso pavilhão e a nossa marca, ‘From Portugal’”, disse Sofia Botelho, dire-tora da Seletiva Moda, o organismo da Associação de Têxteis e Vestuário de Portugal encarregue de promover o país nas feiras internacionais.

A Intertextile Xangai 2012, orga-nizada pela Messe Frankurt, reunirá cerca de mil expositores de 28 países e regiões, da Argentina ao Vietname.

Arco, Lemar, Riopele, Somelos,

AirAsia deve anunciar OPV em 2013Os fundadores da AirAsia, da Malásia, Tony Fernandes e Kamarudin Meranun, estão prontos para iniciar uma oferta pública de venda com três listagens avaliadas em mais de 500 milhões de dólares. O plano vem num momento em que planos de privatizações e crescimento económico consolidam a posição da Malásia como destino principal de OPVs da Ásia, respondendo por 7,9 mil milhões de dólares dos 30,03 mil milhões de dólares de novas listagens na região neste ano, de acordo com dados da Thomson Reuters. Em comparação, as OPVs de Hong Kong arrecadaram 1,81 mil milhões de dólares e as de Singapura, 3,44 mil milhões de dólares durante este ano. Fernandes não estava disponível para comentar o lançamento da OPV.

Parlamento timorense começou a discutir Orçamento rectificativo

Pensões saem caras

Coreia do Sul reduz juros para estimular economia

Europa a quanto obrigasVestuário português à conquista de Xangai

“Temos um valor acrescentado”

Japão, EUA e Coreia do Sul falam da Coreia do Norte O Japão, os Estados Unidos e a Coreia do Sul vão reunir-se na próxima semana em Tóquio para discussões sobre a Coreia do Norte, anunciou ontem o Ministério dos Negócios Estrangeiros japonês. Glyn Davis, em representação dos EUA, Lim Sung-Nam, pela Coreia do Sul, e Shinsuke Sugiyama, pelo Japão, vão reunir-se na próxima quarta-feira na capital japonesa, refere um comunicado oficial. Pyongyang garantiu esta semana ter mísseis capazes de atingir o território norte-americano.

e segurança, estão pedidos aumentos no valor de 2,9 mi-lhões de dólares e 2,4 milhões de dólares, respetivamente.

Do valor pedido, 1,2 mi-lhões de dólares estão afetos ao sector da saúde e 1,7 milhões de dólares para reabilitação de escolas e outras instalações do

sector educativo atingidos por catástrofes naturais.

Para a construção e reabi-litação de igrejas, o Governo pede mais 1,4 milhões de dólares.

Segundo o executivo, o orçamento retificativo re-flete também despesas com

o navio Nakroma, que faz a ligação a Ataúro e a Oecússi, para abastecimento de água em todos o território nacional e para auditorias externas às contas do Governo.

De acordo com o execu-tivo, o orçamento retificativo pode ser financiado por pou-

Teviz e Troficolor são as empresas portuguesas representadas na Inter-textile Xangai 2012, considerado um dos mais concorridos certames do género no continente asiático. A feira coincide com um bom momento das exportações portuguesas para a China.

Segundo a Administração-Geral das Alfandegas Chinesas, as vendas de Portugal para a China cresceram 52,8% nos primeiros oito meses de 2012, ultrapassando os mil milhões de dólares, um valor que em 2011 só foi atingido no final do ano.

“Os números são animadores e mostram que as empresas portugue-sas estão agora mais atentas à China”, comentou na altura o embaixador português em Pequim, José Tadeu Soares.

No caso dos tecidos, o aumento das exportações para a China situa--se nos 70 a 80 por cento, segundo fontes do sector. “A confecção, na China, é mais barata, mas a nossa matéria-prima e o que temos para oferecer - design, moda, inovação, qualidade e serviço - é um valor acrescentado”, realçou na primavera passada em Pequim a directora da Seletiva Moda.

panças do Fundo de Infraes-truturas, porque o projeto Tasi Mane não deverá ter despesas significativas durante este ano.

O projeto Tasi Mane tem como principal objetivo de-senvolver a costa sul do país através da indústria petrolífera e inclui a construção de três

grupos industriais, que serão a espinha dorsal daquele sector empresarial do país.

Tasi Mane inclui a base de fornecimento do Suai, a refi-naria de Betano e um grupo de indústria petroquímica.

Na sexta-feira, será reali-zada a votação do orçamento na generalidade e a partir de segunda-feira terá início a discussão e votação na especialidade. O Orçamento Geral do Estado deste ano, aprovado em novembro de 2011, tinha o valor de 1,7 mil milhões de dólares.

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10 sexta-feira 12.10.2012www.hojemacau.com.moentrevista

Helder [email protected]

NATURAL de Ma-puto, estudou tam-bém na África do Sul e em Londres,

acabando por se formar em psicologia em Nova Iorque, na Universidade de Binghamton. Como o mundo do design de moda andava há muito germinando, só um pouco mais tarde Wacelía se dedicou a esta actividade criativa, designadamente vestuário e adereços. Até ganhar o Prémio de melhor “Young Designer”. Também Isso a trouxe este ano a Macau, pela primeira vez, sendo ainda portadora de trabalhos de outros criativos e artesão moçambicanos.

Estilista formada nos EUA em psicologia. A decisão foi porque na altura da matrí-cula não gostava do mundo da moda?Pode parecer isso, mas não. Nunca deixei de gostar, sem-pre adorei desenhar, embora nunca tenha levado a sério, até porque em Moçambique, na época, não era actividade com boa hipótese no merca-do de trabalho, como carreira profissional. Lembro-me que ainda estudante, inclusi-ve universitária, desenhava t-shirts para as minhas ami-gas, e em festas organizadas pelos estudantes, eu era encarregada de desenhar as roupas de quem ia fazer números de dança, fazia bati-ques com motivos africanos, cortava as camisetas, havia por lá uma maquineta muito pequenina que ajudava um pouco, nessa altura nunca passou disso.

Mas a opção por psicologia em Binghatom era para vir a exercer após a licenciatura?Sem dúvida, e voltada mais para a chamada psicologia or-ganizacional. Acho, até hoje, este aspecto da psicologia, como muito importante.

Chegou a exercer?Não propriamente. No re-gresso a Moçambique o meu primeiro emprego foi na área do desenvolvimento, numa ONG ligada a Graça Machel, a Fundação para o Desen-volvimento da Comunidade, onde fazia a angariação de recursos, motivações das pessoas. Desde há uns tempos trabalho em marketing, agên-cias de publicidade, trabalhei também em duas revistas que fundei e fui co-editora, a “Pe-quenos Grandes Negócios” e a “Habitar”, esta uma revista de arquitectura.

Wacelía Zacarias, estilista e psicóloga moçambicana

“Moda moçambicana não significa apenas a capulana: é muito mais variada”

O design de moda ainda não é a tempo inteiro...Por enquanto não, estou agora como professora de marca numa ONG que é a PSI, fa-zendo marketing social, neste caso a nossa grande campanha actualmente é para uso, como protecção, do preservativo “JEITO”, entre várias marcas de produtos de saúde que temos, como para purifica-ção da água, também um preservativo feminino. São temas e trabalho muitíssimo importantes em Moçambique. Um trabalho que aprecio particularmente, que me faz viajar internamente por causa das campanhas junto das po-pulações. Para além de que a gestão da marca acho também extremamente motivador para mim, um desafio pessoal.

Pelo que pode ser pesqui-sado, a Wacelía tem uma

marca própria, no campo da moda.Sim, a minha marca é “WOO-GUI”, que em bitonga (lín-gua mais falada na região de Inhambane) quer dizer amanhecer. É a marca de acessórios e roupa que criei em 2008. Uma fase decisiva da minha opção pelo design de vestuário e acessórios, foi quando umas primas minhas começaram a casar e eu vi que tinha de gastar um dinheirão com os meus vestidos para essas cerimónias todas. Então

comprei as capulanas, busquei modelos, adaptei e fui a uma modista indicando como eu queria cada vestido. Assim começou. Posso dizer que foi a minha primeira colecção de vestidos, mais propriamente uma série de roupas feitas em capulana. Como eu também fazia outras roupas para mim, calções, calças, etc., as pessoas começaram a perguntar onde eu comprava, sabendo que eram coisas minhas começa-ram a encomendar. Foi então em 2008 que decidi apostar

na minha marca “WOOGUI”, para homens e mulheres.

E desfiles?Vários, claro, embora de pequena dimensão. Por exemplo, em 2009 participei no chamado “Moçambique Fashion Week” que foi um grande desafio, o primeiro, perante um público bastante alargado e mais exigente. Críticas muito agradáveis. No ano seguinte, voltei a participar e ganhei o prémio de melhor “Young Designer” com a colecção “Verão Orien-tal”, perante forte concor-rência de outras jovens, e de muito talento; sinceramente não esperava. A partir daí, a exigência começou a crescer e agora tento dedicar cada vez mais tempo a esta arte, aprendendo-a, consultando mestres, pesquisando, lendo publicações sobre a matéria.

Estou agora a tentar ir fazer um mestrado em moda, na Inglaterra, o que levará entre um e meio a dois anos, con-forme a escola.

A opção definitiva, a moda?Sem dúvida, a minha escolha de vida! Já comecei a sondar no terreno, agora vou nova-mente a Londres visitar as três escolas com quem estou em contacto, para conversar com eles de perto, saber todos os pormenores. Se tudo correr bem, no próximo ano estarei em Londres para o mestrado.

Vestuário ou acessórios?Quando é mestrado, é direc-cionado e depende da escola que representar a minha op-ção. Na minha preferência, agora descobri que estou mais ligada aos acessórios. Acho que são mais versáteis, esco-am muito mais rapidamente.

O meu maior objectivo nesta viagem [a Macau], e em qualquer outra que faça, é mostrar, através do que é possível trazer comigo, a variedade moçambicana neste sector. Quanto mais sinergias criarmos, melhor o resultado final. Estou muito feliz por ter tido esta oportunidade

GONÇ

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11sexta-feira 12.10.2012 www.hojemacau.com.mo entrevista

Neste momento talvez não seja possível sobreviver exclusivamente da moda em Moçambique. Daí, a minha intenção de capitalizar o que sei e o que vou aprender, indo depois ensinar a outrosWacelía Zacarias, estilista e psicóloga moçambicana

“Moda moçambicana não significa apenas a capulana: é muito mais variada”

que quero apurar, por isso a minha ambição de ir estudar.

O que nos vai mostrar na Semana Cultural da China e dos Países de Língua Por-tuguesa?Chegaram a dizer-me para trazer as minhas roupas, mas eu respondi não valer a pena, o que mais existe na China é roupa para todos os gostos. Pensei: eu vou competir com o mercado chinês? Nem pensar! Para além de correr o risco de, com a pressa, poder trazer roupa com defeito por o alfaiate estar com sono ou outra coisa qualquer. Tenho muito vestuário em capulana, é um elemento muito africano com o qual me apaixonei, mas ultimamente penso que se tornou algo repetitivo e até cansativo. Pensei que, neste caso, não fazia sentido trazer roupa até Macau. Optei pelos acessórios, não apenas criados por mim, como por outros autores e autoras de Moçambique.

Quando ganhou o prémio de melhor “Young Designer”, não utilizou a capulana como material?Usei capulana somente em alguns detalhes; nos cintos, carteiras, fita de chapéu, mas a colecção em si era muito simples sem muita capulana. O que identifica o africano, neste caso o moçambicano, não é apenas ou propriamente a capulana, são as várias ma-térias-primas que nós temos.

Vai mostrar vários mate-riais e de vários autores...Sim, variados acessórios em madeira, em missangas, em capulana, em coco, linha, pau preto, enfim, variadíssimos. Também trabalho em palha de palma, mas desta vez não trago comigo. Observo muito o trabalho dos artesãos, inspi-ram-me bastante. A qualquer momento sinto uma inspi-ração, desenho, opto pelos materiais e dou aos artesãos que executam a minha ideia, e por vezes procuro melhorar aquilo que eles já têm. Em Moçambique há muitas pes-soas que trabalham muito bem em madeira ou com batique ou coco, por exemplo, mas repetem-se imenso. Por isso, como sou designer, compete--me a criatividade, o desenho, o trabalho de investigação sobre as tendências e dar aos artesãos as minhas ideias para eles experimentarem. Eles entusiasmam-se, fazem, acompanho os trabalhos, quando há necessidade cor-rijo pontualmente e as obras surgem.

Quando menciona acessórios, são brincos, anéis, cintos...Pulseiras, colares, carteiras, pastas para computador, ar-tigos que trago para mostrar aqui. Sapatos ainda não, mas posso revelar agora que brevemente tenciono entrar também pelo calçado.

Qual a preferência em ter-mos de materiais?Trabalho muito em palha de palma, é mais fina, dá para fazer um leque variado de peças. Também gosto de ca-bedal reciclado, sou sensível à ideia de ter uma marca verde. Quero dizer: utilizo materiais reciclados, aproveito peças já feitas para as transformar, reaproveitando-as. Para a co-lecção de Dezembro da marca “Woogui” será tudo material de cabedal reciclado.

associação de estilistas mo-çambicanos. Por isso trouxe comigo, não apenas alguns trabalhos de minha autoria, mas também de outros. Por exemplo, do artesão Araújo, autor de batiques concebidos por mim e aplicados em carteiras. As pessoas em Macau também poderão apreciar trabalhos da loja “Verd´Água”, que é uma marca moçambicana de bi-

moçambicana neste sec-tor. Quanto mais sinergias criarmos, melhor o resultado final. Estou muito feliz por ter tido esta oportunidade.

E depois de Macau?Como já disse, passar por Londres para decidir qual a escola onde tirarei o mestrado em moda. Depois, ultimar a participação no Moçambique Fashion Week.

O que realça do prémio recebido como a melhor “Young Designer”?Destaco a minha viagem a Itália, pois fazia parte do pré-mio. Estive principalmente em Riccione, uma cidade que organiza o “Riccione Moda Italia” destinado a jovens estilistas. Não participei do concurso por não ser italiana, apenas fui como convidada. Aprendi bastante com uma série de workshops e a ver como as coisas se faziam. É um outro mundo, gostei muito e foi da maior utilidade para mim. Provavelmente, foi lá que eu decidi que era mesmo importante voltar a estudar, fazer o mestrado em moda. Por mais talento que possa ter, acredito ter algum, encontrei aquilo que profissionalmente gosto de fazer e desejo cada vez mais fazer melhor. A técnica é fundamental, é essa técnica

quínis, e onde eu fiz as peças chamadas saídas de praia que acompanham esses biquínis. Ainda um outro artesão, o Magaia com quem trabalho em conjunto na feitura de chapéus de golfe, onde eu misturo as cores de capula-nas. O meu maior objectivo nesta viagem, e em qualquer outra que faça, é mostrar, através do que é possível trazer comigo, a variedade

Mesmo após o mestrado, a marca Woogui irá manter--se?Com toda a certeza, tanto no vestuário como nos acessórios.

Em Moçambique existe mercado neste sector?Mais do que nunca é im-portante a especialização, a aprendizagem numa escola de grande nível. Está a surgir uma camada juvenil muito grande com interesse e até fascínio pelo mundo da moda, mas não há verdadeira instrução. Para além da parte do negó-cio da moda, de poder ter a oportunidade de estudar, o que me proporcionará um outro patamar profissional, existe a componente importante que é poder depois ensinar, transmitir, no ensino supe-rior, os meus conhecimentos a outros jovens interessados. Mas, para responder à per-gunta, neste momento talvez não seja possível sobreviver exclusivamente da moda em Moçambique. Daí, a minha intenção de capitalizar o que sei e o que vou aprender, indo depois ensinar a outros.

Organizam-se através de alguma associação?Estamos a formar uma

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12 publicidade sexta-feira 12.10.2012www.hojemacau.com.mo

www. iacm.gov.mo

ANÚNCIO

Convite para adesão à base de dados dos fornecedores do IACMe actualização dos dados dos fornecedores existentes

Faz-se público que, por deliberação do Conselho de Administração do IACM, tomada na sessão de 6 de Julho de 2012, se encontra aberto o convite público para adesão à base de dados dos fornecedores do IACM e, simultaneamente, para actualização dos dados dos fornecedores já existentes.

I. Convidam-se as empresas e os empresários em nome individual a aderirem à base de dados dos fornecedores deste Instituto e constituírem seus destinatários para a consulta de preços. Os interessados necessitam de apresentar os seguintes elementos:

1.“Boletim de Pedido de Inscrição na Base de Dados dos Fornecedores do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais” e “Tabela de ramos de actividade”;

2. Declaração de adesão à “Base de Dados dos Fornecedores do IACM”;

3. Cópia da Declaração de Início de Actividade / Alterações da DSF (M/1);

4. Contribuição industrial do último ano económico – Conhecimento de cobrança (M/8);

5. Fotocópia da caderneta bancária, em patacas/extracto mensal (página com o nome do Banco e o número da conta bancária; o nome na conta bancária deve ser idêntico ao da loja/empresa para fins de liquidação e transferência);

6. Caso o âmbito de exploração envolva um ramo de actividade específico (vide nº 1 – 10 da nota do anexo constante do boletim do pedido, e.g. computadores, tecnologia informática, materiais, equipamentos e obras contra incêndios, etc.), necessita de apresentar os respectivos documentos comprovativos, de acordo com o conteúdo do anexo constante do boletim de pedido.

7. O requerente poderá apresentar documentos complementares que provem pertencer ao ramo de actividade que exerce e contribuam para a apreciação do requerimento de habilitação (e.g. breve apresentação da empresa, técnicas profissionais e pessoal, apresentação dos produtos, etc.);

II. O IACM solicitará, por ofício, aos fornecedores existentes, a apresentação dos documentos indicados no ponto I a partir da data do anúncio e até ao dia 24 de Outubro de 2012; caso contrário, será considerado que pretendem renunciar ao direito de se constituírem fornecedores deste Instituto.

III. Os fornecedores já existentes que aderiram a esta base de dados em Agosto de 2012 ou data posterior, ficarão isentos de apresentar os respectivos documentos.

Os fornecedores que pretendam efectuar o pedido, podem, a partir de hoje, levantar o respectivo boletim nos locais abaixo indicados ou através de download na página electrónica do IACM (http://www.iacm.gov.mo) e enviá-lo por correio, depois de devidamente preenchido, juntamente com os referidos documentos à Divisão de Património e Aprovisionamento, sita na Calçada do Tronco Velho, no. 14, Edf. Centro Oriental, R/C, ou entregá-lo directamente nos seguintes locais:

Locais para levantamento e entrega dos pedidos: Horas de expediente:

1.Divisão de Património e Aprovisionamento, sita na Calçada do Tronco Velho, no. 14, Edf. Centro Oriental (Telefone para informações: 8399 0255,

Fax: 2833 9814)

2ª a 5ª feira, das 09:00 às 13:00 horas e das 14:30 às 17:45 horas

6ª feira, das 09:00 às 13:00 horas e das 14:30 às 17:30 horas.

2. Postos de Atendimento e Informação do IACM (Posto de Atendimento e Informação Central, Posto

de Atendimento e Informação de S. Lourenço e Posto de Atendimento e Informação de T’ói San)

2ª a 6ª feira, das 09:00 às 19:00 horas (sem interrupção à hora de almoço).

3.Centros de Prestação de Serviços (Centro de Prestação de Serviços ao Público da Zona Norte, Centro de Prestação de Serviços ao Público das

Ilhas e Centro de Prestação de Serviços ao Público da Zona Central)

2ª a 6ª feira, das 09:00 às 18:00 horas (sem interrupção à hora de almoço).

4. Núcleo de Expediente e Arquivo do IACM, sito na Av. de Almeida Ribeiro, n.º 163, R/C, Edf. Sede

do IACM

2ª a 5ª feira, das 09:00 às 13:00 horas e das 14:30 às 17:45 horas

6ª feira, das 09:00 às 13:00 horas e das 14:30 às 17:30 horas.

Será guardado sigilo absoluto sobre todos os dados recolhidos. Estes apenas servirão para fins de adesão à base de dados dos fornecedores do IACM e não serão devolvidos.

Para mais informações, é favor contactar este Instituto através do telefone no. 8399 0255 e 8399 0265, ou por email: [email protected].

Aos 24 de Setembro de 2012.

O Presidente do Conselho de Administração

Tam Vai Man

“Companhia de Investimento Comercial e Fomento Predial L & N, Limitada”com sede em Macau, na Rua de Pequim, nº 126, Edifício Comercial I Tak, 23º andar

registada na Conservatória dos Registos Comercial e de Bens Móveis de Macau sob o nº 5841, a folhas 29 verso, do Livro C15,

com capital social de MOP$100.000,00

É convocada por este meio uma assembleia geral extraordinária da sociedade comercial por quotas denominada “Companhia de Investimento Comercial e Fomento Predial L & N, Limitada”, com sede em Macau, na Rua de Pequim, nº 126, Edifício Comercial I Tak, 23º andar, registada na Conservatória dos Registos Comercial e de Bens Móveis de Macau sob o nº 5841, a folhas 29 verso, do Livro C15, com o capital social de MOP$100.000,00 (a “Sociedade”), para reunir em Macau, na Avenida Dr. Mário Soares, nº 25, Edifício Montepio, 1º andar, compartimento 13, no dia 22 de Outubro de 2012, pelas 10H00, com a seguinte:

ORDEM DO DIA a) aumento do capital social de MOP$100.000,00 (cem mil patacas) para MOP$900.000,00 (novecentas mil patacas), na modalidade de novas entradas no montante total de MOP$800.000,00 (oitocentas mil patacas), através do reforço das quotas detidas pelos seus sócios; b) mudança da sede social da Sociedade; c) exoneração e nomeação de administradores da Sociedade;d) alteração consequente do pacto social; ee) designação de representante da Sociedade na outorga de toda e qualquer documentação necessária à plena validade e eficácia dos actos jurídicos acima referidos.

Nos termos do nº 4 do artigo 222º do Código Comercial, é fixada desde já para 30 de Outubro de 2012, pelas 10H00 horas, a data da Assembleia Geral Extraordinária em se-gunda convocação, a realizar no local acima mencionado, caso não compareça, na primeira reunião convocada, o quórum necessário para deliberar sobre os assuntos da ordem do dia acima mencionada, nos termos do artigo 382º, alínea a),do Código Comercial.

Macau, aos 11 de Outubro de 2012

Os sócios

_______________________Lao Chi Fong

________________________Ng Sao Cheng

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13vidasexta-feira 12.10.2012 www.hojemacau.com.mo

O Canal dos Patos está mais uma vez poluído, segundo os residentes locais. A

Associação dos Moradores da Ilha Verde não se conforma e aponta o dedo ao Governo pelo desenrolar da situação, que já se vem a arrastar há anos.

De acordo com os repre-

sentantes, as águas do Canal dos Patos apresentam resíduos industriais e maus cheiros. A poluição, por isso, “está cada vez maior” e a culpa, não há dúvidas, “é do Governo”.

“Esta manhã [ontem] a água estava amarela, depois ficou de várias cores diferentes, e o Ins-tituto para os Assuntos Cívicos

e Municipais (IACM) ainda não chegou. O que é que se passa aqui? Será que o Governo faz alguma ideia do que se está aqui a passar?”, comunicou à comunicação social uma repre-sentante da associação.

A mesma acusa a Admi-nistração de não fiscalizar o parque industrial transfrontei-

riço. Os sinais de poluição são visíveis há já quase uma se-mana. A Capitania dos Portos (CP) já prometeu monitorizar as águas do Canal dos Patos todos os dias. Entretanto, a Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) está a analisar as amostras recolhidas no local.

Gabinete para a Prevenção e Controlo do Tabagismo promove a aplicação da lei

DESDE a entrada em vigor do novo Regime de Prevenção e Controlo do Tabagismo

no dia 1 de Janeiro de 2012 até ao dia 31 de Agosto de 2012, os agentes de fiscalização e agentes para as inspecções do Gabinete para a Prevenção e Controlo do Tabagismo (GPCT) procederam a um total de 193.147 inspecções a estabelecimentos, ou seja a uma média de 705 estabelecimentos por dia, tendo-se registado um total de 6.214 acusações, sendo 5.807 in-divíduos do sexo masculino (93,5%), 403 do sexo feminino (6,5%) e 4 companhias (0,1%), incluindo 3.940 residentes de Macau (63,4%), 2.126 turistas (34,2%) e 144 trabalhadores não residentes (2,3%). Os locais onde se verificou o maior número de acusações por violação de lei foram os seguintes: cibercafés (1.248 casos, representando 20,1%), jardins/parques e zonas de lazer (1.066 casos, representando 17,2%), assim como nos estabelecimentos onde se exploram máquinas de diversão e jogos em vídeo (785 casos, representando 12,6%). Cerca de 42,9% das acusações foram emitidas na Freguesia da Areia Preta, das quais, em 366 casos foi necessário chamar a polícia para efeitos de apoio. Relativamente ao pagamento das multas, registou-se um total de 5.073 pessoas (81,6%) que pagaram a multa.

O Governo brasileiro anunciou nesta quarta-feira a criação de

uma força especial de segurança ambiental, com o apoio do Exército, contra a desflorestação clandestina na Amazónia, que aumentou 220% em Agosto, em relação ao mesmo período de 2011.

Esta nova força de segurança vai vigiar a Amazónia de forma “per-manente e consequente”, salientou a ministra do Ambiente Izabella Teixeira, em comunicado.

Actualmente, as operações con-centram-se durante a estação seca, época em que os abates aumentam.

As novas operações de luta con-tra a desflorestação terão o apoio do Exército, da polícia federal e do Instituto do Ambiente (Ibama), que tem a sua própria polícia. “O delito ecológico está em vias de se tornar mais sofisticado. Para o com-bater devemos modernizar o nosso sistema de vigilância”, declarou a ministra.

Em Agosto, a desflorestação afectou uma superfície de 522 quilómetros quadrados, ou seja, um aumento de 220% em relação a Agosto de 2011, segundo os números oficiais. Em Setembro, a desfloresta-ção recuou para os 282 quilómetros quadrados, mas continua superior ao mesmo período de 2011.

A seca, a pressão dos preços internacionais das matérias-primas – sobretudo da soja – e a ocupação das terras na margem da estrada trans-amazónica BR 163 foram os factores que contribuíram para o aumento da devastação da floresta da Amazónia, segundo as explicações do Ministério do Ambiente.

O Brasil comprometeu-se a travar a destruição da maior floresta virgem do planeta. Em 2011, o abate de ár-vores atingiu uma superfície de 6418 quilómetros quadrados, o nível mais baixo, depois de um pico de 27.000 quilómetros quadrados registado em 2004.

O gigante Shell deverá res-ponder nesta quinta-feira

no tribunal de Haia pela po-luição petrolífera no delta do Níger, um caso que poderá abrir a porta a outros processos por todo o mundo.

Durante uma audiência no âmbito de um processo que começou em 2008, os advo-gados da Shell e de um grupo de nigerianos que apontam o dedo ao grupo petrolífero vão pronunciar-se. Os queixosos estimam que a Shell é respon-sável por fugas de um oleoduto na Nigéria em 2005 e, como consequência, pela destruição das suas terras.

Apoiados por uma asso-ciação de defesa do Ambiente holandesa, a Geert Ritsema, os nigerianos exigem que a petrolífera limpe a poluição que causou em três localidades, que se comprometa a monitorizar a

Ilha Verde Moradores acusam o Governo de inércia

Canal sujo e mal cheiroso

Brasil vai criar força de segurança especial

Proteger a AmazóniaShell vai a tribunal devido a fugas de petróleo na Nigéria

Pagar pela poluiçãosituação, que substitua o mate-rial defeituoso e que pague as indemnizações que entendem ter direito. “Sofri uma grande perda porque o petróleo matou todos os meus peixes (...), hoje vivo na pobreza”, disse Fidelis Oguru, o chefe da povoação de

Oruma, no Sul do país, citado pela associação de defesa do Ambiente holandesa.

A Nigéria, oitavo exportador de petróleo no mundo e o maior produtor da África subsaariana com mais de dois milhões de barris por dia, é palco há mais de 50 anos de uma exploração pe-trolífera extremamente poluente. “A escala da poluição é enorme: houve duas vezes mais petróleo derramado na Nigéria do que no Golfo do México, só que na Nigéria ninguém o limpou”, garantiu à AFP um porta-voz da associação.

A Shell garante que o que está em causa é muito menos do que os cinco milhões de barris que foram derramados no Golfo do México, em 2010, e que vai limpar a região.

De acordo com o grupo, a causa das fugas é a sabotagem das suas instalações.

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14 cultura sexta-feira 12.10.2012www.hojemacau.com.mo

OS romances de Mo Yan, o escritor chinês galardoado ontem com o Prémio Nobel

da Literatura, estão enraizados na China rural, onde nasceu, mas revelam também influências do “realismo mágico” e outras cor-rentes ocidentais, dizem críticos e tradutores.

William Faulkner, Gabriel Garcia Marquez, Oe Kenza-buro e Rabelais são os autores preferidos de Mo Yan, disse o professor norte-americano Howard Goldblatt, um dos mais conhecidos tradutores de literatura chinesa, entre os quais três títulos do autor distinguido agora pela Academia Sueca.

Em Portugal foi publicado em 2007 o livro “Peito grande, ancas largas”, traduzido por João Martins e editado pela Ulisseia.

Nascido em 1956, Mo Yan é também um dos escritores chineses contemporâneos mais publicados fora da China, no-meadamente no Japão, França, Reino Unido, Alemanha e Estados Unidos. “Ele é o mais qualificado escritor chinês para ganhar o Nobel”, disse Yang Xiaobin, um poeta e crítico citado por um jornal de Pequim e que há vários anos vinha “recomendando” a atribuição do prémio a Mo Yan.

Mo Yan (pseudónimo lite-rário de Guan Moye) nasceu na província de Shandong, leste da China, “no seio de uma família pobre” e “foi forçado a abandonar a escola primária durante a Revolução Cultural (1966-76)”, diz o Dicionário Biográfico de Modernos Es-critores Chineses, publicado na década de 1990.

Segundo a mesma biogra-fia, o futuro escritor tornou-se então camponês e aos 20 anos,

ingressou no Exército, onde “serviu como funcionário de segurança e instrutor político e de propaganda”.

COMEÇOU QUANDO ERA SOLDADOA sua primeira obra literária, um conto que começou a escrever enquanto ainda era soldado, saiu em 1981. Seis anos depois publicou um romance de grande sucesso, “Red Sorghum”, que se-ria adaptado ao cinema por Zhang Yimou. O filme, com Gong Li e Jiang Wen, ganhou o Urso de Ouro do Festival Internacional de Berlim em 1988.

Entre os títulos que Mo Yan publicou a seguir figuram The Republic of Wine” (2000), “Big Breasts and Wide Hips” (2005) e “Life and Death are Wearinng me out”, todos traduzidos por Howard Golblatt, professor de chinês na University of Notre Dame, nos Estados Unidos.

Em 2011, Mo Yan ganhou o Premio Mao Dun, o mais importante galardão literário oficial do país, e foi eleito vice--presidente da Associação dos Escritores da China.

O seu mais recente roman-ce, “Frog”, aborda um tema es-pecialmente sensível: a prática de abortos forçados na China devido à drástica política de controlo da natalidade imposta há três décadas sob a fórmula “um casal, um filho”.

“Em todos os países há cer-tas restrições à escrita”, disse o autor numa entrevista concedi-da há dois anos à revista Time.

Mo Yan considera que “um escritor deve enterrar os seus pensamentos e transmiti-los através dos personagens dos seus romances”. O pseudónimo que criou significa, aliás, “não fales”.

Mo Yan, um autor que admira Faulkner e Garcia Marquez

O contador

“Radiante e assustado” “Radiante e assustado”, foi como o escritor chinês Mo Yan reagiu ao anúncio de atribuição do Nobel da Literatura 2012, disse o secretário permanente da Academia Sueca, Peter Englund. O porta-voz da Academia Sueca explicou que Mo Yan fora contactado antes do anúncio. “Ele disse que estava radiante e assustado”, afirmou Englund. “Ele escreveu onze romances e cerca de uma centena de contos. Se quiser perceber a escrita e ter uma percepção da profundidade moral dele eu recomendaria ‘The Garlic Ballads’”, sugeriu Peter Englund. “Com um realismo alucinatório, [Mo Yan] funde contos populares, história e o contemporâneo”, justificou a Academia Sueca, no anúncio do laureado.

“Descreve a alma do povo vulgar”A directora do Instituto Confúcio da Universidade do Minho, Sun Lam, afirmou que Mo Yan “descreve a alma do povo, do povo vulgar, o dos campos e das ruas”. “É um homem muito ligado à terra e à sua origem; ele descreve a alma do povo, escreve de facto aquilo que o povo sente, mas o povo vulgar, dos campos e das ruas”, declarou à Lusa Sun Lam. A docente afirmou-se “muito contente” com a distinção da Academia Sueca, que “esperava já há muitos anos”. “Não me surpreende, ele é o melhor escritor chinês, e há muito

que desejava que lhe atribuíssem o Nobel”, afirmou Sun Lam. “Mo Yan revela um grande poder na utilização da linguagem, tem uma imaginação extremamente poderosa e revela uma capacidade extraordinária na estrutura narrativa”, afirmou. “Mo Yan é independente, não é um escritor do regime, está distanciado de qualquer coisa política”, disse Sun Lam. A responsável pelo Instituto Confúcio acrescentou que “o escritor fala através das suas personagens e das histórias dos seus romances”.

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15culturasexta-feira 12.10.2012 www.hojemacau.com.mo

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O filme “O Gebo e a Sombra”, de Manoel de Oliveira, de 103

anos, estreou em sete salas de cinema em Lisboa, Porto e Coimbra, prosseguindo depois num circuito alterna-tivo, disse o produtor Luís Urbano.

Além da exibição comer-cial, na próxima semana, a longa-metragem irá iniciar um percurso de exibição em cineclubes, num circuito al-ternativo no qual a produtora quer investir para chegar a mais espectadores, referiu o produtor.

“O Gebo e a Sombra”, que já teve estreia em França, é uma adaptação cinematográfica de Manoel de Oliveira de uma peça de teatro de Raul Brandão, de 1923.

Em Abril, Manoel de Oliveira disse que o texto de Raul Brandão é “uma história muito difícil de fa-

A peregrinação a pé Fáti-ma está a ser feita, neste

mês de Outubro, por etapas por muitos portugueses, para pouparem dinheiro nas dormidas ao longo do percurso ou evitarem faltar ao trabalho. À beira da es-trada, sentados num muro em Pombal, vergados pelas bolhas nos pés e pelo cansa-ço nas pernas, peregrinos do Porto disseram que é mais barato regressar todos os dias a casa de carro do que pagar um par de noites numa pensão.

Bem perto de Fátima, de chapéus-de-chuva em riste, para se protegerem do sol, vendedores de pei-xe trocaram as bancas do mercado de Aveiro por uma peregrinação que começou com uma etapa em Buarcos, Figueira da Foz. “Voltá-mos a Aveiro. Não havia muitos sítios para dormir e ficámos melhor em casa. Somos quatro e pudemos ir

todos na mesma viatura na primeira noite”, sublinhou Ana Caçoilo.

No seio do grupo exis-tem pés ensanguentados que testemunham o sacrifício, mas também palavras que querem denunciar a fé: “não nos importamos com a dor, porque somos peregrinos e só assim é que vale a pena”, sentenciou Rosa Celeste Fidalgo, que cumpre uma década de peregrinações.

A peregrinação de 12 e 13 de Outubro ao Santuário de Fátima é presidida este ano pelo cardeal patriarca de Lisboa e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, José da Cruz Policarpo.

Subordinada ao tema “Recebestes de graça, dai de graça”, a peregrinação ficará marcada no sábado por um momento em que serão evocados os 50 anos do início do Concílio Vati-cano II.

O escritor Tomás Me-deiros lançou ontem

em Lisboa um livro sobre a vida e morte do fundador do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) Amílcar Cabral, de quem era amigo íntimo.

“A verdadeira morte de Amílcar Cabral”, informa a editora Althum em comu-nicado, é uma obra “bem documentada”, escrita por alguém “que foi compa-nheiro e íntimo de Cabral”.

O livro, acrescenta o mesmo comunicado, per-mite ao leitor “aceder à visão exacta da realidade que deu origem à luta pela independência na Guiné--Bissau, à percepção da importância da actuação de Amílcar neste contexto e às dinâmicas que conduziram ao seu assassinato”.

Dando a conhecer “o político, o guerrilheiro, o escritor e, sobretudo, o humanista”, o livro conta o processo que vitimou Cabral “politicamente – a verdadeira morte a que o

Manoel de Oliveira estreou o filme “O Gebo e a Sombra”

Cláudia e a tristezaPeregrinação a pé até Fátima

feita por etapas

Crise e Fátima

Livro sobre Amílcar Cabral lançado em Lisboa

A morte antes da morte

título se refere - antes de le-var à sua eliminação física”.

O livro é lançado na quinta-feira à tarde no auditório da Fundação Pró Dignitate, em Lisboa, com a presença do autor e da pre-sidente da fundação, Maria de Jesus Barroso.

O escritor Tomás Me-deiros nasceu na cidade de São Tomé em 1931 e reside actualmente em Portugal. Foi médico, activista e di-rigente político e militar e tem poesia, prosa e ensaios publicados em Portugal e no estrangeiro.

zer”, uma peça que “fala da pobreza e da honra, de um ser que é pobre e é honrado”, dramas da vida de pessoas simples que ganham uma nova interpretação à luz da actualidade.

“O Gebo e a Som-bra” tem interpretação de Claudia Cardinale, Michel Piccoli, Luís Miguel Cintra e Michael Lonsdale, e foi exibido em antestreia no festival de cinema de Vene-za, em Itália, e em Guima-rães, no âmbito da Capital Europeia da Cultura.

Em “O Gebo e a Som-bra”, a italiana Claudia Car-dinale dá vida a Doroteia, uma mulher que a actriz descreveu com a palavra “tristeza”.

“A minha Doroteia é uma mulher muito triste, que está sempre a pensar no filho que há muito não vê. E o marido, Gebo, esconde--lhe a verdade sobre esse filho ausente”, afirmou.

Mas, explicou, é na mentira de Gebo que Cardinale vê o amor de um homem por uma mulher.

“Ele mente-lhe porque sabe que a verdade lhe cau-saria muita dor, é a forma de a proteger. Até ao fim, nunca lhe conta a verdade. Isto é amor”, afirmou.

A propósito deste filme, está ainda a decorrer na Cinemateca Francesa, em Paris, um longo ciclo de cinema dedicado ao reali-zador português, apelidado de “patriarca do cinema”.

Activo aos 103 anos - completa os 104 em Dezembro - Manoel de Oliveira terá duas obras presentes no Festival de Cinema de Roma, previsto para Novembro: a curta--metragem “O conquistador conquistado”, no projecto colectivo “Centro Históri-co”, encomendado por Gui-marães, Capital Europeia da Cultura, e o filme colectivo “Mundo Invisível”, ao lado de nomes como Wim Wen-ders, Theo Angelopoulos e Atom Egoyan.

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GONÇ

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16 desporto sexta-feira 12.10.2012www.hojemacau.com.mo

Hóquei em Patins Alberto Lisboa leva 20 atletas aos Asiáticos

Tudo a postos

Gonçalo Lobo [email protected]

É já no final deste mês que, de 27 de Outubro a 1 de Novembro, terá lugar mais um campeonato Asi-

ático de hóquei em Patins, desta fei-ta em Hefei, na China continental.

O até agora treinador do Windsor Arch Ka I, Josecler Filho, ter-

minou o seu vínculo com a equipa vencedora da Liga de Elite deste ano. “Neste momento sou um treinador livre. O meu contrato com o Ka I acabou quando acabou a prestação da equipa na Bolinha. Agradeço à direcção e a todos os jogadores com quem trabalhei.”

Mas ao Hoje Macau o treinador brasileiro não atirou a toalha ao chão e até vê com bons olhos a continui-dade. “Não sei qual é que será o futuro mas até posso ficar no Ka I. Tudo depende daquilo que os donos do clube tiverem para conversar comigo.”

A prestação da equipa na Bolinha foi decepcionante mas Josecler deu ao clube o maior título da RAEM, o primeiro lugar na Liga de Elite. Por isso, o treinador admite ficar mas com outras condições. “Se o presidente do clube se chegar à frente eu terei todo o interesse em ficar.

Tracy McGrady anuncia que vai jogar na ChinaO ala Tracy McGrady, um dos maiores astros dos últimos anos da NBA, anunciou nesta quarta-feira que disputará a próxima temporada num clube chinês, o Qingdao DoubleStar Eagles, tornando-se o primeiro jogador de destaque internacional a jogar no país asiático. “Há momentos na vida em que um novo caminho se apresenta e parece que este momento chegou para mim”, declarou o atleta de 33 anos no seu site oficial. McGrady, de 2,03 m, foi duas vezes o melhor marcador da NBA, em 2003 e 2004, enquanto actuava nos Orlando Magic, e foi seleccionado sete vezes para o All Star Game, o jogo das estrelas da liga americana. O ala deixou os Atlanta Hawks em Dezembro do ano passado, mas nenhuma equipa o quis contratar, por isso resolveu deixar a NBA após 15 temporadas ao mais alto nível. “Visitei a China várias vezes nos últimos anos e adoro o povo e o país. Será uma honra jogar lá”, completou ‘T-Mac’.

Josecler é um treinador livre e não sabe qual o futuro

Ka I sem homem do leme

Para isso, o seleccionador Alberto Lisboa revelou, em primeira mão ao Hoje Macau, quais os convocados, femininos e masculinos, que vão defender as cores da RAEM. “Que-remos fazer o melhor possível, que nos masculinos passa por vencer a prova outra vez e nos femininos é ganhar pelo menos dois jogos.”

A competição será feita a duas voltas, sendo que os homens irão enfrentar a Índia, Taiwan e a Aus-trália (país convidado, sem direito a medalha) e as senhoras vão esgrimir argumentos contra a Índia e Taiwan. Feitas as contas, na pior das hipóteses o terceiro lugar estará sempre garantido.

Claro que o desejo de Alberto Lisboa é ir mais além mas também lembra que os oponentes já “não são aquelas equipas que há uns anos levavam goleadas”. “Tanto a Índia como Taiwan estão mais fortes e já nos pregaram alguns sustos nas últimas vezes que as defrontámos”, constatou ao Hoje Macau.

CONVOCADOSFEMININOS• Hoi Sio In (GR)• Shelly Guzman• Cíntia Martins• Vanessa Santos• Vanessa Amaro• Sara Barrias (capitã)• Dulce Atraca Lisboa• Joana Freitas• Sónia Silva• Michelle Ritchie (GR)

MASCULINOS• Leong Chak In (GR)• Augusto Fernandes• Rogério Oliveira• Dinísio Luz• Ricardo Atraca• Nuno Veloso• Nuno Antunes (capitão)• Hélder Ricardo• Alberto Lisboa• Paulo Gibelino (GR)

a treinar no Fórum e no Dom Bosco. Estão previstos treinos com a Espanha – de 20 a 27, em femininos, e jogos com a Austrá-lia – de 23 a 26, em masculinos. Alberto Lisboa vê isso como fundamental para o avanço da preparação. “As espanholas vêm para treinar e ajudar as nossas jogadoras. Isso vai ser muito importante. Já a Austrália vem para fazer alguns jogos com os masculinos.”

Os jogos com a Austrália, abertos a quem quiser ver, vão ter mais dois convidados. Dois árbitros internacionais, um por-tuguês e outro italiano, que por acaso vão apitar no campeonato Asiático, farão as honras da casa nos jogos de Macau contra os homens da Oceânia.

Alberto Lisboa fala com esperança num bom resultado em mais um Asiático. Os atletas têm treinado bem e as lesões não têm aparecido. Como tal tudo “só pode” correr bem. “Como o presidente António Aguiar pediu, só podemos ser campeões e ter uma boa prestação no campo, tanto ao nível do jogo como no campo disciplinar. Aproveito ainda para agradecer todo o apoio do Instituto do Desporto e dos nossos patrocinadores.”

O campeonato Asiático de hóquei em patins está à porta e Alberto Lisboa divulgou ao Hoje Macau os convocados, femininos e masculinos, que vão representar Macau em Hefei, na China continental. Exige-se que os atletas o façam com o maior brio são a comida, pois não sei o que é

que podemos comer que se possa adequar à pratica desportiva, e o piso do pavilhão, que é sempre uma incógnita. É esperar para ver.”

JOGOS COM A ESPANHA E COM A AUSTRÁLIAAté ao começo do Asiático, as equipas da RAEM vão continuar

Lisboa comenta ainda a ausên-cia do Japão, quiçá uma equipa mais ao nível de Macau. “O Japão não vai por mera estupidez política que nada tem a ver com a prática de desporto. É pena.”

Para a competição, o selec-cionador da RAEM tem algumas preocupações que passam pela adaptação à comida e ao estado do piso. “As grandes dificuldades

É preciso chegar a um acordo que permita fazer uma grande equipa.”

JOGADORES SEM NOITES E SEM BALADASPara Josecler “cada treinador e cada jogador tem de trabalhar com boas condições” e o que se passou durante esta época, o brasileiro não quer ver repetido. “Contratei joga-dores, geri salários, marquei campos para treinar, fui preparador físico e até massagista. Fiz isto sozinho e assim não pretendo continuar. Preciso de alguém ao meu lado para me ajudar.”

Para além destes pontos nega-tivos, Josecler aponta alguma falta de profissionalismo a alguns dos jogadores com quem trabalhou. Sem revelar nomes, o treinador pretende “homens e não garotos que andem na noite e na bebedeira”. “Eu só trabalho com profissionais. Não quero trabalhar com jogado-res que se perdem na boa vida.

Que gostam de noite e de balada. Jogador que gosta disso não me interessa”, revelou.

Josecler vai mais longe nas exi-gências à direcção do Ka I e pede, de caras, “seis ou sete jogadores acima da média”. “Se tiver 6 ou 7 jogadores muito bons, posso ter ou-tros razoáveis e formar um plantel que me dê mais estabilidade. Neste momento, uma equipa como o Ka I, campeã, só pode pensar assim para o seu futuro.”

MAIS CESINHASNa verdade, o treinador brasileiro quer “uns quantos Cesinhas” para a nova temporada. “Tivemos uma excelente equipa na Liga de Elite. O que eu gostava muito era de poder contar com vários jogadores tipo Cesinha. Jogadores bons tecnica-mente, com experiência e que são a minha voz dentro de campo.”

E quem fala de Cesinha, fala de Jé, de Gustavo e companhia. Aliás,

Josecler não quer ver repetidas situ-ações como a que ocorreram com a lesão do defesa-central Lucas. “Ter o melhor defesa lesionado durante algum tempo e não ter um substituto à altura não é nada bom para uma equipa como a do Ka I, campeã há três anos consecutivos.”

Para a Bolinha vieram diversos reforços, mas se Josecler ficar no Ka I apenas contará com Diego Borges. “Tenho pena mas os outros jogadores [Douglas, Kayo e Victor Hugo] que contratámos não reve-laram ser uma mais valia. O Diego é um menino interessante, rápido e com boa técnica. Se eu ficar como treinador, conto com ele para a próxima Liga de Elite.” - G.L.P.

Page 17: Hoje Macau 12 OUT 2012 #2713

17futilidadessexta-feira 12.10.2012 www.hojemacau.com.mo

[Tele]visão

Aqui há gato

Sudoku [ ] Cruzadas

INTERVENÇÃO IMEDIATA,MEUS SENHORES!Não me espanta nada que situações como as que assistimos no telejornal, e vimos ontem nos jornais, aconteçam. Pessoas a serem postas fora de suas casas porque o prédio está em risco de ruir. Vejo pouca, ou quase nenhuma, manutenção nos edifícios, parece que esperam situações de maior fragilidade.A aparência devoluta não lhes servirá de indício? Digo eu, que pouco ou nada percebo de engenharia civil e arquitectura, que estas situações têm de ser antecipadas. Os serviços têm de estar atentos para saber se são problemas de infra-estrutura, se os condóminos deixam o prédio abandalhar ou qual a real razão por detrás de uma situação que afecta a vida dos moradores e dos demais residentes. Ou, tal como neste caso em concreto, se são as obras não fiscalizadas da vizinhança as responsáveis. Uma situação destas pode pôr em perigo a vida de muitas pessoas, dá para chegar lá?Gostaria de saber quantos outros edifícios estão neste estado? Aqueles que preocupam mais, claro está, são os habitados. Mas gostaria de saber números sobre os desabitados, inclusivamente. Porque o que eu vejo é que só se põe a mão na massa quando vem um tufão e derruba os ferros de uma varanda aqui, ou o concreto de pilares dali, o que faz com que então lá se considere perigoso para os transeuntes. Eu não sei se isto é problema de lei porque não se consegue expropriar os prédios de proprietários foragidos (que deixaram o prédio ao abandono). Até pode ser, mas não deve ser a única causa. Este caso evidencia-o. Mas ainda que seja um problema decorrente da legislação, então que seja mudada. E que não tarde. Porque o tão afamado Centro Internacional de Turismo e Lazer não pode manter este estado decrépito. Fica feio na fotografia. Não dá credibilidade. Não é tarde para abrir os olhos. Não é tarde para educar civismo. A bem da população. A bem de um estado social em progresso.

Pu Yi

SOLUÇÕES DO PROBLEMA

HORIZONTAIS: 1-Relativo ao gelo ou às geleiras. 2-Tornassem oco. Doutor (abrev.). 3-Arsénio (s.q.). Amerício (s.q.). Cintura. 4-Duas consoantes. Soluço. Conceda abono. 5-Filó. Negação (Pref.). 6-Nome que os Muçulmanos dão ao seu Deus. Mulher solteira já de certa idade. 7 (Rom.). 7-Deus-Sol, no antigo Egipto. Habitante de praia ou praias (Bras.). 8-Demo, diabrete. Escândio (s.q.). Pertences. 9-Nome de mulher. Senhor (abrev.). Duas vogais. 10-Oferece. O m. q. ocelado. 11-Convocareis.

VERTICAIS: 1-Provido de albarda. 2-Tecido fino. Peça de vestuário, que se veste por cima do sapato e das calças, para proteger do frio. 3-Cheiro desagradável (Bras.). Bário (s.q.). Autores (abrev.). 4-Juntai. Estado da Paraíba, Brasil (abrev.). Surpresa (Interj.). 5-Vogal (pl.). Pessoa metediça, intrometida (Bras.). 6-Protecção (Fig.). Ena!. Aguardente. 7-Acabais. Entre eles. 8-Prefixo de negação. Nome de letra. Ressoar. 9-Cobalto (s.q.). Sexto. Soma, une. 10-Aspecto fisionómico, garbo. Duas vogais. 11-Designação genérica dos compostos de arsénio em que este elemento entra com a menor valência.

HORIZONTAIS: 1-GLACIARIO. A. 2-OCASSEM. DR. 3-A. AS. COS. 4-LP. AI. ABONE. 5-BOBINETE. AN. 6-ALA. TIA. VII. 7-RA. PRAIEIRO. 8-DIABO. SC. ES. 9-ANA. SR. OA. O. 10-DA. OCULADO. 11-O. CHAMAREIS.VERTICAIS: 1-G. ALBARDADO. 2-LO. POLAINA. 3-ACA. BA. AA. C. 4-CASAI. PB. OH. 5-IS. INTROSCA. 6-ASA. EIA. RUM. 7-REMATAIS. LA. ECOAR. 9-O. CO. VI. ADE. 10-DONAIRE. OI. ARSENIOSO. S.

REGRAS |Insira algarismos nos quadrados de forma a que cada linha, coluna e caixa de 3X3 contenha os dígitos de 1 a 9 sem repetição

SOLUÇÃO DO PROBLEMADO DIA ANTERIOR

[ ] Cinema Cineteatro | PUB

SALA 1TED [C]Um filme de: Seth MacFarlaneCom: Mark Wahlberg, Mila Kunis, Glovanni Ribisi14.30, 16.30, 19.30, 21.30

SALA 2TAKEN 2 [C]Um filme de: Olivier MegatonCom: Liam Neeson, Maggie Grace, Famke Jassen14.30, 16.15, 19.45, 21.30

SALA 3CHERNOBYL DIARIES [C]Um filme de: Brad ParkerCom: Jesse McCartney, Jonathan Sadowski, Kevin Kelley18.00

STORAGE 24 [C]Um filme de: Johannes RobertsCom: Antonia Campbell Hughes, Noel Clarke, Laura Haddock14.30, 16.30, 19.30, 21.30

TDM00:30 Telejornal (Repetição)01:00 RTPi DIRECTO13:00 TDM News - Repetição13:30 Jornal das 24h14:45 RTPi DIRECTO19:00 TDM Talk Show (Repetição)19:30 Resistirei20:30 Telejornal21:15 Ler + Ler Melhor21:30 Regresso a Sizalinda22:15 A Febre do Ouro Negro23:00 TDM News23:45 Portugueses Pelo Mundo

INFORMAÇÃO TDM

RTPi 8214:00 Telejornal Madeira14:30 Há Conversa15:30 Com Ciência16:00 Bom Dia Portugal17:00 Portugal Negócios 17:30 Grande Premio Nacional do Fado19:15 Portugueses Pelo Mundo - Edimburgo20:00 Jornal da Tarde 21:15 O Preço Certo 22:15 Portugal no Coração

30 - ESPN11:00 (LIVE) American League Division Series B 201214:00 Premier League Darts 201215:30 Total Rugby16:00 National League Division Series B 201219:00 (Delay) Baseball Tonight International 201219:30 (LIVE) Sportscenter Asia 2012 LIVE20:00 Smash 201220:30 Football Asia 2012/1321:00 Beach Soccer22:00 Sportscenter Asia 201222:30 Football Asia 2012/1323:00 The Football Review 2012-201323:30 Beach Soccer

31 - STAR Sports13:00 Nanshan China Masters Day 1 Highlights14:00 (LIVE) Nanshan China Masters Day 217:00 JK Racing Asia Series17:30 2014 FIFA World Cup Brazil Asian Qualifiers Jordan vs. Australia19:30 HSBC Sevens World Series 2012/1320:00 British Rally Championship 2012 - Highlights21:00 Game 201221:30 (LIVE) Score Tonight 201222:00 SBK Superbike World Championship 2012 - Highlights22:30 Game 201223:00 (Delay) Nanshan China Masters Day 2 Highlights

40 - FOX Movies11:25 Real Steel13:35 The Twilight Saga15:40 Talladega Nights17:30 National Treasure19:30 Quarantine21:00 Ghost Rider22:55 Wild Things Ii00:25 Wild Things

41 - HBO12:00 Red Riding Hood13:45 A Perfect Murder15:30 An Officer And A Gentleman17:30 Dear God19:30 Michael Jackson22:00 Beastly23:30 The Hangover Part Ii

42 - Cinemax12:00 Source Code14:15 Up In The Air16:00 Kaleidoscope17:50 Vertical Limit20:00 The Other Guys21:45 Epad On Max22:00 Strike Back22:50 Friday The 13Th Part Viii00:30 Clash Of The Titans

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NA CORTE DOS REIS DE PORTUGAL • Ana Isabel Buescu O volume que agora se publica reúne um conjunto de estudos escritos nos últimos anos em campos que têm ocupado, de for-ma dominante, a investigação [da autora] no âmbito da história e da cultura e das mentalidades, das representações e da articu-lação entre a cultura e o poder em Portugal no século XVI.

PORTUGAL RATING AAA • Alexandra Silva MaltaHoje, mais do que nunca, assistimos a um jogo estratégico em que se manipula informação para condicionar o peso que os diferentes protagonistas têm. Hoje há entidades cujo papel é analisar países e colocá-los numa escala de valor… É uma nova arte de guerra. Mas com isto, torna-se fundamental que saibamos olhar para o nosso país e possamos ter uma opinião válida. Baseada em factos. É importante fazer algo para cuidar do amor-próprio de um país, de uma cultura, de um povo. Do amor-próprio de ser português. Não é preciso recuar 500 anos para falar da glória de Portugal. Basta olhar para o lado para encontrar: genialidade, irreverência, atrevimento, inovação, competência. Todos os dias há portugueses a fazer maravilhas, a criar, a liderar o Mundo, e a merecer o nosso reconhecimento e orgulho.

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crepúsculo dos ídolosArnaldo Gonçalves

18 opinião sexta-feira 12.10.2012www.hojemacau.com.mo

AMUEL Huntington tinha ba-sicamente razão quando no seu best-seller “O Choque de Civilizações” profetizava que os principais conflitos do século XXI serão provocados pelas

falsas linhas divisórias entre os grandes espaços civilizacionais. A tipologia dos conflitos a que presentemente assistimos no Médio Oriente, na Ásia Central e Meridional e em África revelam essa difícil convivência entre as consequências da descolonização europeia (o mapa-mundo) e as fronteiras territoriais entre comunidades e grupos ét-nicos que reivindicam o estatuto de Nação.

Temos no legado estável do direito internacional a perpetuação das melhores conquistas da humanidade em termos de direitos humanos, respeito das minorias, protecção do ambiente e do planeta Terra, desenvolvimento sustentado ou planea-mento urbanístico saudável. Esse legado é desafiado, contudo, pela teimosa amarração à natureza tribal de algumas comunidades que apostam em viver mergulhadas numa certa dimensão de obscurantismo pré-moderno.

Ainda a recente notícia da tentativa de assassinato da jovem paquistanesa Malala Yousafzai, de 14 anos de idade, que insiste em estudar, apesar da interdição dos tali-ban, nos faz recordar a difícil convivência entre Estado de Direito, religião e poder de facto. Ao que relatam as notícias, a família de Yousafzai recusa-se a sair do Paquistão e pedir asilo noutro país mas pergunto-me até quando conseguirá aguentar a pressão envolvente.

O exemplo referido não é isolado. Podí-amos lembrar um recente caso numa mina da África do Sul, o despique entre China, Japão, Taiwan e Filipinas por um conjunto de pequenas ilhotas desertas do Mar do Sul da China, ou ainda a inserção de comunida-des muçulmanas em vários países europeus (católicos e luteranos). Convivemos mal com o Outro quando ele é diferente e persiste em viver no isolamento de uma ilha ou quando

Não é possível determinarmos o “eu” sem ser em contraponto ao Outro, por muito que a nossa educação multicultural nos empurre num sentido de uma quase impositiva universalidade. A universalidade não existe e todos os dias somos lembrados, por casos como os da jovem Malala Yousafzai, para a tribalização de um mundo que quisemos crer coincidente com os simpáticos postulados do direito internacional e dos valores da sobredita “comunidade internacional”

Tolerância e Civilização

tomando a nuvem por Juno se aplica em nos impor princípios de vida colectiva que nada têm a ver com as nossas tradições e educação.

Isso devolve-nos à questão filosófica excitante dos limites da tolerância como princípio ético e base da nossa civilização judaico-cristã expresso, entre outros, na “Carta sobre a Tolerância” de John Locke e nos textos luminosos de Lessing e de Espinosa sobre tolerância religiosa. Nos nossos dias, a questão coloca-se já não em termos estritamente professos, mas da extensão de um conceito imanente de tolerância em sociedades multiculturais e multiraciais. Ela situa-se no domínio de uma concepção cidadã de “respeito” pelo Outro. De um ponto de vista lockeano, o respeito é devido aos indivíduos como seres pessoal e eticamente autónomos com a capacidade de realizar escolhas e de possivelmente rever e relativizar uma dada concepção de Bem. Essa capacidade deve ser respeitada e fomentada porque é necessária (embora não suficiente) para atingir o que Kymlicka e os comunitaristas chamam uma “vida boa”1.

Visto em si, este é um argumento circular.

A conduta adequada para viver uma “vida boa” depende de se definir, em primeiro lu-gar, o que ela é. Na visão dos comunitaristas, a “vida boa” é aquela em que as concepções de vida são escolhidas de forma autónoma e auto-determinada. Mas será esta concepção generalizada? Será ela, porventura, partilha-da por grupos como os mormons, os baha’i, os cristãos ou judeus ortodoxos, ou pelas várias comunidades safafistas? A resposta é seguramente negativa. Então deveremos ceder num conceito primacial de bem co-lectivo em ordem a um acomodamento total a todas as concepções de Bem?

A questão mais que epistemológica é ju-rídica e normativa. Aceitamos determinados construções normativas e constitucionais, por razões de identidade nacional (v.g., soberania), religiosa (a Nação Judaica, logo Israel) ou um por simples princípio utilitaris-ta de sobrevivência: a tolerância possível é a que serve os interesses do maior número.

As civilizações são formadas por para-digmas de vida e sociedade, por um compó-sito de história, crenças, valores, identidades, “visualizações” que as fazem distintas umas

das outras. Não é possível determinarmos o “eu” sem ser em contraponto ao Outro, por muito que a nossa educação multicultural nos empurre num sentido de uma quase impositiva universalidade. A universalidade não existe e todos os dias somos lembrados, por casos como os da jovem Malala Yousa-fzai, para a tribalização de um mundo que quisemos crer coincidente com os simpá-ticos postulados do direito internacional e dos valores da sobredita “comunidade internacional”.

Vivemos ora tempos de maior prudência, de maior calculismo, de maior sentido de sobrevivência, se se quiser. Somos leva-dos, por pedantismo “blasé”, a duvidar das verdades mais profundas que nos fazem singulares: a tradição judaico-cristã, o Re-nascimento, o Iluminismo, a separação da religião do Estado, a notável arquitectura e arte góticas, a fabulosa música barroca dos nossos Bach, Mozart, Vivaldi, o romantismo esfusiante dos Chopin, Beethoven, Schubert ou Tchaikovsky.

Temos que aprender, outra vez, a ser orgulhosamente europeus.

1 William Kymlicka, “Multicultural Citizenship”,Oxford University Press, Oxford, 1995.

S

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19opiniãosexta-feira 12.10.2012 www.hojemacau.com.mo

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editor Gonçalo Lobo Pinheiro Redacção Andreia Sofia Silva; Cecilia Lin; Joana Freitas; José C. Mendes; Rita Marques Ramos Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Fernando Eloy; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Arnaldo Gonçalves; Boi Luxo; Carlos M. Cordeiro; Correia Marques; David Chan; Gonçalo Alvim; Helder Fernando; Jorge Rodrigues Simão; José Pereira Coutinho, Leocardo; Maria Alberta Meireles; Mica Costa-grande; Paul Chan Wai Chi; Vanessa Amaro Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia António Falcão, Gonçalo Lobo Pinheiro; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

O MITIGA DORpor antónio conceição júnior

edi tor ia lCarlos Morais José

Está explicada a súbita “desistência”, há quatro anos, de Ho Iat Seng na corrida para a cadeira de Chefe do Executivo, quando muitos o davam como o sucessor de Edmund Ho: conforme o próprio disse esta semana, não está para se maçar com tanto trabalho e tantas preocupações. E referia-se ao cargo de presidente da Assembleia Legislativa, o que faria se fosse o supremo lugar da RAEM.

Arrumado que está então este eventual candidato ao lugar de Chui Sai On e olhando para a esquerda e para a direita, para cima e para baixo, sobra uma vez mais Ho Chio Meng. O problema do Procurador é outro: não faz parte do sistema. E o que é o sistema?, pergunta o curioso leitor. Bem... é perguntar a Dias da Cunha, ex-presidente do Sporting, que muito se referia ao sistema mas que nunca o chegou realmente a definir. Aqui em Macau é mais ou menos a mesma coisa.

Seja lá o que for o sistema, a verdade é que Ho Chio Meng é um outsider e a sua indigitação nunca seria uma vitória das famílias mais poderosas da RAEM, nem das forças vivas desta terra. E, como sabem todos os estrangeiros que por aqui vivem, por muito bem que sejam recebidos, as gentes de Macau são desconfiadas e não gostam de surpresas. Pelo contrário, preferem saber com o que podem contar.

Mesmo os que apreciam por além Chui Sai On e os grupos que o rodeiam, temem a vinda de alguém cujas regras de funcio-namento são desconhecidas e cuja acção não tem inspirado totalmente confiança. Se uns terão medo que Ho Chio Meng entre a matar na corrupção, por exemplo, outros temem que o actual Procurador ataque al-guns dos direitos fundamentais, seguindo mais a cartilha continental do que a que

E Ho Chio Meng vai regressar?

Se tudo continuar na mesma e a desarmonia persistir, aumentar ou, simplesmente, começar a ter uma expressão exterior, Pequim poderá argumentar (nos bastidores, claro) que Macau precisa de um pulso que acabe com os desmandos desta oligarquia insaciável, de modo a não existir um grau visível de insatisfação popular. E, claramente, só Ho Chio Meng se perfila para o lugar

por aqui prevalece. Para esta desconfiança contribuem algumas das posições que têm sido tomadas, nomeadamente no âmbito legislativo, em que o responsável ou os que o rodeiam parecem prefigurar um desejo de mudança complicado para quem pretende aqui ver respeitados os procedimentos nor-mais de um estado de direito ou, de forma mais singela, os compromissos assumidos pela China na Declaração Conjunta e depois expressos na Lei Básica.

Claro que o primeiro ponto (a corrup-ção) é o que mais distancia Ho Chio Meng dos poderosos que, como se sabe, por aqui

mandam, põem e dispõem a seu bel-prazer. Mas se a desarmonia provocada pela inflação galopante se acentuar, não nos parece que existam muitas alternativas na manga e o Procurador poderá perfilar-se como alter-nativa ao mando das famílias.

Claro que, neste último ano do seu pri-meiro mandato, prevê-se que Chui Sai On tente reparar algum do mal que tem sido causado pelo crescimento desordenado e selvagem desta economia, por esta liber-tinagem de mercado que só favorece os oligarcas do costume. Se o conseguir fazer, se tiver pulso para controlar as desmedidas

ambições que por aí, desavergonhadamen-te, pululam, se prometer uma remodelação governamental, será então possível a Chui manter-se na cadeira do poder e, de algum modo, sossegar as hostes.

Contudo, se tudo continuar na mesma e a desarmonia persistir, aumentar ou, simples-mente, começar a ter uma expressão exterior, Pequim poderá argumentar (nos bastidores, claro) que Macau precisa de um pulso que acabe com os desmandos desta oligarquia insaciável, de modo a não existir um grau visível de insatisfação popular. E, claramen-te, só Ho Chio Meng se perfila para o lugar.

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sexta-feira 12.10.2012www.hojemacau.com.mo

car toonpor Steff

Moscovo exige explicações a AncaraA Rússia pediu explicações à Turquia pelo incidente da noite passada, ocorrido quando dois caças turcos obrigaram um avião sírio a aterrar em Ancara, pondo em risco a estabilidade de passageiros russos que seguiam a bordo do avião comercial. “Moscovo exige das autoridades turcas explicações sobre a sua justificação para tal acto”, disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, salientando que no aparelho seguiam 17 cidadãos russos. Fonte da agência russa de exportação de armas salientou que não havia carga suspeita a bordo, razão que teria levado as autoridades turcas a ordenar a aterragem: “Não havia a bordo armas ou qualquer tipo de sistema ou componentes para equipamentos militares.” Ontem, um Airbus A-320, com 35 passageiros, foi escoltado por caças F4 turcos até ao aeroporto Esenboga.

Portugal Orçamento de Estado aprovado em Conselho de MinistrosA proposta de Orçamento do Estado para 2013 foi ontem aprovada, em Conselho de Ministros, após uma reunião de cerca de 20 horas. O encontro, que teve início da manhã de quarta-feira, prolongou-se pelo resto do dia, com o intuito de aprovação da proposta do Orçamento. O documento deverá ser entregue até ao dia 15 de Outubro na Assembleia da República.

Marcelo Rebelode Sousa defenderecuo no IMIMarcelo Rebelo de Sousa defendeu o recuo no IMI (Imposto Municipal sobre Imóveis) e reposição da cláusula de salvaguarda que impõe um teto para o agravamento do IMI. O comentador e antigo líder do PSD considerou que o Governo de Pedro Passos Coelho deveria desistir desta matéria, à semelhança do que fez com a Taxa Social Única (TSU). “Primeiro, vamos ver quais são os cortes, mas já percebemos que a baixa do IMI, o regresso da cláusula de salvaguarda vai ter como contrapartida um corte naquilo que é fácil de cortar facilmente - na Função Pública”, afirmou.

FMI alerta para o elevado desemprego A directora-geral do FMI (Fundo Monetário Internacional) alertou esta quinta-feira para a ameaça inerente aos números elevados do desemprego, particularmente no caso dos jovens. Segundo Christine Lagarde, o actual ritmo de crescimento global não é suficiente para criar os postos de trabalho necessários a nível internacional. Nesse sentido, a responsável do Fundo considerou crucial “assegurar que haverá trabalho para os mais jovens”. Caso não seja feito nada neste sentido, a directora do FMI alertou para o risco de milhões de pessoas não conseguirem regressar ao mercado laboral.

Espanha Rating da dívida perto de “lixo”A Standard&Poor´s cortou o rating da dívida espanhola em dois níveis, colocando-a a um patamar do nível “lixo”. A agência de notação financeira passou o rating espanhol de BBB+ para BBB-, devido aos “riscos crescentes para as finanças públicas espanholas” resultantes das “crescentes pressões económicas e políticas”. A Standard&Poor´s considerou que tem vindo a decrescer a capacidade das instituições políticas espanholas para enfrentar os problemas que resultam da crise internacional, assistindo-se a “uma recessão económica profunda que se agrava e pode levar a um crescente descontentamento social e tensões crescentes entre os governos central e regionais” espanhóis.

EUA Um mortoem desabamento Pelo menos uma pessoa morreu e oito ficaram feridas na sequência de um desabamento de um parque de estacionamento de cinco andares em construção, no campus de uma Universidade, em Miami (Estados Unidos). Estima-se que várias pessoas estejam presas nos escombros. O morto era um funcionário do estacionamento. Os oito trabalhadores que sofreram ferimentos foram transportados para hospitais próximos do local. “Os nossos cães detectaram que há pelo menos uma pessoa viva, mas ainda não conseguimos aceder a onde está devido aos escombros, e outras duas ou três pessoas possivelmente estão também [sob os escombros]”, explicou o porta-voz das autoridades no local.

Carlos Sousa com navegador português no Dakar

Com o aval chinês

A ACTIVISTA

Sérgio [email protected]

CARLOS Sousa tornou--se o ano passado o primeiro piloto estran-geiro a ser contratado

por um construtor automóvel chinês. E o facto do piloto de Almada ter obtido o melhor resultado desportivo da ainda história curta história da Great Wall no rali todo-o-terreno “Dakar”, fez com que a equipa do maior exportador automóvel da China optasse também por contratar um co-piloto lusitano para navegar Sousa na próxima edição da prova.

Ao lado de Sousa, ocupando o lugar que era do francês Jean--Pierre Garcin, surgirá o portu-guês Miguel Ramalho, o mais consagrado dos navegadores nacionais, tanto ao nível dos ralis (dois títulos mundiais no PWRC, quatro absolutos e três de Grupo N no Campeonato português) como do todo-o-terreno (cinco títulos absolutos e um recorde de 21 vitórias à geral no Campeona-to Nacional). “Sempre manifestei

à equipa a minha preferência por um navegador português e a escolha do Miguel pareceu--me óbvia dada a sua enorme experiência internacional e o seu inigualável palmarés em termos nacionais. Fico natural-mente muito feliz por disputar um Dakar formando uma dupla totalmente nacional”, justificou Sousa.

Para Ramalho, “tratou-se de um convite irrecusável e que coincidiu com a paragem do projecto no Mundial de Ralis. É uma oportunidade única de regressar ao Dakar integrado numa equipa oficial e ao lado de um dos melhores e mais expe-rientes pilotos do mundo nesta especialidade. Espero natural-mente estar à altura do desafio e das expectativas que o Carlos e a equipa depositam em mim”, afirmou, por sua vez, Ramalho, na véspera de se estrear, ainda que numa sessão de testes, no banco direito do Haval SUV do Team Great Wall Motors.

Os dois portugueses e Young Zhou, o outro piloto oficial do construtor chinês, seguiram esta

semana para o sul de Marrocos, onde iniciarão a preparação para o Dakar de 2013. Forçada pelos regulamentos, a Great Wall, cujo o carro é parcialmente preparado em França, terá que utilizar um motor de série, o que até poderá não ser mau para a equipa, pois o ano passado o sistema de refrige-ração do motor de desenvolvida para competição foi o “calcanhar de Aquiles” de Sousa.

Nesta que será a última apari-ção oficial do actual Haval SUV – a equipa chinesa já anunciou que pretende construir um novo carro de raiz –, as expectativas passam por colocar novamente uma equipa dentro do top-10, para que em 2014 possa assumir o mais ambicioso objectivo de lutar por um lugar no pódio final.

O Dakar, que este ano será organizado pelo quinto ano consecutivo na América do Sul, é uma das provas de automo-bilismo com maior impacto na imprensa continental, tendo sido nos últimos anos um dos eventos predilectos para os construtores chineses de automóveis se aven-turarem além-fronteiras.