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Grupo Espírita Aprendizes do Evangelho de Limeira Escola de Aprendizes do Evangelho — 8ª turma 108ª aula: O cristão no meio religioso e no meio profano Textos complementares GEAEL Aula 108 — Entre muitas, a lição que fica: “Diz-nos Emmanuel: “As mãos ingratas e as bocas infelizes, os corações enrijecidos e as almas doentes que nos cercam, constituem hoje a colheita de nossa própria sementeira de ontem no terreno do destino”. 1. O cristão no meio religioso 1.1 Introdução Diz-nos Emmanuel que: “Todo traba- lho idealista, realizado com o coração desinteressado, é antes de tudo a sus- tentação sutil para o trabalho mais profundo de transformação interior, na nossa realidade presente...” Evidenciam essas palavras que o obje- tivo primordial é a “transformação interior” e compreendemos que a “reforma íntima”, com o decorrer do tempo, passa a ser ex- teriorizada sob as várias formas de doação de nós mesmos. Quando despertamos para os “chama- dos superiores”, nos engajamos numa ati- vidade idealista, dando a nossa parcela de trabalho, em geral ligados a um grupo espírita com o qual nos afinizamos. E para lá carregamos toda a nossa herança de costumes e ten- dências que adquirimos no passado, incrustações naturais do nosso espírito em evolução. Vejamos, portanto, no nosso meio religioso, qual o com- portamento que devemos procurar viver, compatível com o do cristão autêntico. 1.2 Organizações religiosas “Porque onde estiverem reunidos dois ou mais em meu nome, aí eu estarei no meio deles” — Jesus. Para nos situarmos diante da condição relativa e mutável das organizações religiosas através da história, entendemos claramente que o nosso Mestre Jesus não instituiu, por assim dizer, uma nova organização religiosa que iria competir com o judaísmo reinante em Israel. Ele mesmo disse: “...não vim destruir a lei mas a ela dar cumprimento”. Com o passar dos anos, o avanço do cristianismo, inicial- mente transmitido aos homens, granjeou os cumes no Impé- rio Romano, sendo, a partir daí, institucionalizado pelos seus seguidores na forma da igreja Católica Apostólica Romana. Conhecemos as lutas religiosas e as reformas sofridas em nome do Cristo no transcorrer das épocas históricas. Surge, no século passado, o espiritismo que, assumindo o caráter de Terceira Revelação, como o Consolador prometido, virá restaurar o cristianismo na sua pureza primitiva. Diante dessa posição, entendamos a doutrina dos espíri- tos nas suas características universalistas, não apenas como uma instituição a mais e sim como um movimento ciclico re-

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Grupo Espírita Aprendizes do Evangelho de LimeiraEscola de Aprendizes do Evangelho — 8ª turma

108ª aula: O cristão no meio religioso e no meio profanoTextos complementares

GEAEL

Aula 108 — Entre muitas, a lição que fica:“Diz-nos Emmanuel: “As mãos ingratas e as bocas infelizes, os corações enrijecidos e as almas doentes que nos cercam, constituem hoje a colheita de nossa própria sementeira de ontem no terreno do destino”.

1. O cristão no meio religioso

1.1 Introdução

Diz-nos Emmanuel que: “Todo traba-lho idealista, realizado com o coração desinteressado, é antes de tudo a sus-tentação sutil para o trabalho mais profundo de transformação interior, na nossa realidade presente...”

Evidenciam essas palavras que o obje-tivo primordial é a “transformação interior” e compreendemos que a “reforma íntima”, com o decorrer do tempo, passa a ser ex-teriorizada sob as várias formas de doação de nós mesmos.

Quando despertamos para os “chama-dos superiores”, nos engajamos numa ati-vidade idealista, dando a nossa parcela de trabalho, em geral ligados a um grupo espírita com o qual nos afinizamos. E para lá carregamos toda a nossa herança de costumes e ten-dências que adquirimos no passado, incrustações naturais do nosso espírito em evolução.

Vejamos, portanto, no nosso meio religioso, qual o com-portamento que devemos procurar viver, compatível com o do cristão autêntico.

1.2 Organizações religiosas

“Porque onde estiverem reunidos dois ou mais em meu nome, aí eu estarei no meio deles” — Jesus.

Para nos situarmos diante da condição relativa e mutável das organizações religiosas através da história, entendemos

claramente que o nosso Mestre Jesus não instituiu, por assim dizer, uma nova organização religiosa que iria competir com o judaísmo reinante em Israel. Ele mesmo disse: “...não vim destruir a lei mas a ela dar cumprimento”.

Com o passar dos anos, o avanço do cristianismo, inicial-mente transmitido aos homens, granjeou os cumes no Impé-rio Romano, sendo, a partir daí, institucionalizado pelos seus seguidores na forma da igreja Católica Apostólica Romana.

Conhecemos as lutas religiosas e as reformas sofridas em nome do Cristo no transcorrer das épocas históricas.

Surge, no século passado, o espiritismo que, assumindo o caráter de Terceira Revelação, como o Consolador prometido, virá restaurar o cristianismo na sua pureza primitiva.

Diante dessa posição, entendamos a doutrina dos espíri-tos nas suas características universalistas, não apenas como uma instituição a mais e sim como um movimento ciclico re-

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novador, da mais extensa amplitude, em todas as direções.Essa colocação aberta e ampla do espiritismo nos leva

a estabelecer, para nós mesmos, um comportamento distinto daquele que estamos habituados a ver: nos desprendermos da exagerada preocupação com a casa espírita, como organiza-ção de pedra e cal, com seus bens e patrimônios, para cuidar--mos dos trabalhos que elevam e transformam as criaturas, sem as barreiras mesquinhas dos condicionamentos que o nosso zelo limitador possa criar.

Sabemos que o espiritismo, como instituição, natural-mente tende a desaparecer, ou, ao contrário, não será a Ter-ceira Revelação.

Compreendendo a nossa posição diante desse aspecto universalista da religião que abraçamos, para sermos ver-dadeiramente cristãos na sua mais genuína acepção, é mis-ter que, de início, nos desapeguemos interiormente da parte transitória, mutável, para vivermos intensamente a essência dos ensinamentos de Jesus, no nosso convívio religioso, sob o mesmo teto da casa espírita que freqüentamos.

Em verdade, a vivência com o Cristo independe do local que venhamos frequentar nos trabalhos doutrinários que re-alizamos. Organizamo-nos em grupos afins, compartilhando dos mesmos desejos de dedicação ao próximo, estreitando os nosso laços de fraternidade, num convívio familiar de maior extensão, porém, o objetivo central ainda é o de nos transfor-marmos de dentro para fora.

As organizações religiosas espíritas são necessárias como uma decorrência jurídica, legal, social, coerente e obediente às leis dos homens, porém vale ainda aqui lembrar as palavras do Mestre Nazareno: “...dai a César o que é de Cesar; dai a Deus o que é de Deus”.

O trabalho idealista cristão no serviço ao próximo é sus-tentação e apoio sutil aos propósitos evangélicos individuais de melhorar-se.

1.3 No centro espírita

Depois do lar, o convívio com os companheiros de ide-al cristão, no centro espírita que freqüentamos, é renovada oportunidade de servir a Jesus.

A Casa do Caminho, instalação de tarefa apostólica, aco-lhendo indistintamente os doentes e desabrigados, reunindo no trabalho cristão os discípulos das primeiras horas, simbo-liza a atmosfera do ambiente a ser mantido nas instituições espíritas dedicadas à assistência social e espiritual na semea-dura do Evangelho.

O respeito e o carinho para com os companheiros e para com os freqüentadores da casa espírita à qual levamos o nos-so concurso desinteressado, é atitude construtiva no amparo a todos, acumulando energias renovadoras e curativas.

Coibir-se cada qual de atitudes exacerbadas nas manifes-tações do coração, primando sempre pelo equilíbrio, simpli-cidade e anonimato nas realizações, esse é o dever de todos.

Desnecessário é alardear o que fazemos, pois as entida-des amigas ao nosso lado tudo podem perceber e avaliar sem

dificuldades.A previsão e a programação, com antecedência, das fun-

ções e responsabilidades de cada colaborador, numa partici-pação conjunta de idéias, são condições fraternas e diligentes das atividades que sempre se multiplicam na seara do Cristo.

A pontualidade e a disciplina nos trabalhos, além do aprendizado individual dos participantes nas tarefas idealis-tas, são condições de obediência e respeito às regras estabe-lecidas com a inspiração sempre presente dos companheiros espirituais, que estão a postos, nos horários estabelecidos. Or-dem e disciplina aumentam o rendimento do que se produz para o Mestre, estimulando e valorizando os seus servidores.

1.4 Líderes espíritas“Quem quiser ser o maior entre vós, seja o servo de todos”. — Jesus.

Refletem-se igualmente no meio religioso espírita, as dis-putas pelas lideranças de grupos, tão peculiares no passado, quando o domínio das consciências humanas preocupava os poderes estabelecidos em cada época.

Já entre os primeiros discípulos, das perguntas feitas ao Mes-tre, uma é bem característica: “...quem entre nós será o maior?”

Ao que Jesus respondeu: “Quem quiser ser o maior entre vós, seja o servo de todos”. Aí está o comportamento a ser adotado por todos os cristãos que, naturalmente, se eviden-ciam como líderes entre os demais companheiros.

O líder autêntico é certamente aquele que sabe habilmen-te conduzir os grupos de homens numa direção projetadas sem que a sua opinião seja prevalecida, mas despertando no grupo o desejo e a participação de todos no objetivo maior: servir a Jesus.

A palavra influente e bem articulada nas assembléias de criaturas que recebem os primeiros chamamentos à causa do Mestre, pode magnetizar e impressionar as massas, no entan-to, os discursos singelos, de ensinamentos vividos no amor e no trabalho permanente das transformações morais, transmi-tem o exemplo e as forças impulsionadoras no objetivo pri-mordial de cada homem: a transformação de si mesmo.

O respeito às idéias e opiniões dos companheiros de crença, nas atividades exercidas em conjunto, sem as pres-sões individuais, calcadas no convencimento de que sejamos os únicos detentores das verdades espirituais ou os exclusivos porta-vozes dos Instrutores do Além, é comportamento que deve convidar à análise os líderes nos meios espíritas de nos-sos dias que ainda tentam subordinar a outrem a aceitação dos pontos de vista pessoais.

A doutrina dos espíritos é obra que vem sendo edifica-da nos corações dos homens a exemplo da planta que cresce entre os abrolhos e o mato deteriorante e que, no decurso da sua evolução, se eleva, sombreia e acolhe tudo o que, no tempo, se perdeu em baixo, espalhando então, aos homens, os frutos do seu valor. No entanto, não são aconselháveis as posições radicais de companheiros que, na defesa dos pos-tulados kardecistas, até mesmo esquecem da tolerância reli-

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giosa para com o próximo, e provocam desuniões na família espírita. Carecemos ainda, no nosso convívio religioso, de es-tabelecer com amor e compreensão, os diálogos fraternos, a aferição dos rumos doutrinários em favor da massa obscura que necessita, principalmente, de caridade, entendimento e orientação para Cristo.

Lembremos as palavras do nosso Sublime Mestre que, em preparando os discípulos para a continuação da sua obra redentora, disse:

“E por muito vos amardes sereis reconhecidos como meus discípulos”.

Ainda muito distanciados nos encontramos dessa vivên-cia evangélica exaltada por Jesus.

Emmanuel esclarece com muito acerto: “Recordemos que o supremo orientador das equipes de serviço cristão é sempre Jesus. Dentro delas, a nossa oportunidade de algo fazer cons-titui só por si valioso prêmio.”

É ainda o amor a forma que reúne as únicas condições de harmonização das criaturas e, em particular, com prioridade, a família espírita.

1.5 Fanatismo religioso

É muito comum e compreensível a euforia que, de mo-mento, os iniciantes na doutrina dos espíritos sentem e daí passam a viver os primeiros impulsos de transformação rápi-da no seu comportamento, fruto do amadurecimento repenti-no. O entusiasmo exagerado inibe a ponderação e o raciocínio nas atitudes e no falar. Achamos, nessa fase, que já nos melho-ramos da noite para o dia e, invigilantes, nos consideramos verdadeiros discípulos, embora os nosso atos sejam contrá-rios à razão, ao bom-senso.

O fanatismo religioso caracteriza-se pela aceitação cega, re-sultante da imaturidade interior, do pouco conhecimento dou-trinário e, desse modo, torna-se perigoso ao neófito e ao próprio espiritismo. Muitos aceitam, sem a devida análise, as comuni-cações trazidas por médiuns, em muitos casos desequilibrados, que transmitem conselhos absurdos de entidades mistificadoras. A evolução é sempre lenta e sempre conquistada no trabalho íntimo, no estudo e na prática dos ensinamentos cristãos.

1.6 Intolerância religiosa

Entre as manifestações do fanatismo religioso, destaca-mos a intolerância para com as demais religiões, esquecidos que só o amor constrói e que os laços sutis de fratemidade independem dos aspectos externos, dos formalismos e dos ri-tuais religiosos.

Jesus pregava e distribuia a caridade a todos, sem per-guntar nem separar segundo o credo religioso de cada um. A todos Ele chamava de irmãos.

Não deixemos que a intolerância religiosa nos envolva, criando separações entre quem quer que seja, principalmente no seio da própria família espírita. Preocupemo-nos com os frutos que possamos produzir, com amor que possamos unir,

pois: “só por muito nos amarmos seremos reconhecidos como discípulos de Jesus”.

2. O cristão no meio profano

2.1 Introdução

Difícil é a conduta do cristão no meio religioso de que faz parte, e ainda mais árduo é o seu trabalho no meio profano, no mundo conturbado e de maus costumes em que todos vi-vemos.

A conduta do cristão, no entanto, não pode ser dúplice: uma para dentro da casa espírita onde trabalha e outra, dis-tinta, para o mundo externo, campo da luta material. Inte-riormente, as transformações reais que, com o tempo, vamos conquistando, refletem-se igualmente em todos os sentidos e direções, nos meios onde convivemos. É evidente que so-fremos influências pesadas no convívio mundano, mas nele damos também nossos maiores testemunhos, pois igualmente exerce o cristão sua influência na transformação social e es-piritual do planeta. São principalmente esses exemplos que contribuem para essa transformação.

No meio religioso, nos abastecemos e fortalecemos a nos-sa vontade para a luta diária no meio profano e hostil ao qual levamos o sentido idealista-cristão que queremos viver.

Diz-nos Emmanuel: “As mãos ingratas e as bocas infeli-zes, os corações enrijecidos e as almas doentes que nos cer-cam, constituem hoje a colheita de nossa própria sementeira de ontem no terreno do destino.”

2.2 No trabalho

O desempenho de qualquer função de trabalho material que nos proporcione recursos necessários ao sustento fami-liar, apresenta, na vida diária, inúmeras oportunidades de comprovarmos as transformações que o Evangelho de Jesus processou em nossa alma.

No clima de competição em que vivemos, a luta por gal-garmos melhores condições é válida; no entanto, delibera-damente, não devemos a ninguém prejudicar, recordando o respeito às iguais oportunidades do nosso próximo, aceitando a derrota, quando formos preteridos, sem nos emaranharmos nas vibrações de revolta ou de inconformação.

No trato com os nossos subalternos, mantenhamos os princípios de justiça, de compreensão humana e de profundo respeito, procurando em todas as oportunidades que formos chamados a analisar, instruir ou orientar quanto ao procedi-mento, visando despertar em todos o sentido mais profundo da nossa existência e os compromissos internos de retidão, honestidade, cordialidade, tolerância e amor.

A disciplina e a ordem são fundamentais em qualquer atividade. A ociosidade é nociva ao homem porque do seu trabalho depende uma parcela na composição do produto fi-nal, cujo valor é calculado pelo esforço comum dispendido.

Nas ocasiões em que nos vejamos impedidos a contrariar

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superiores ou subalternos que venham propor interesses ex-cusos, meditemos e analisemos com nosso Mestre Jesus e nos liguemos aos amigos espirituais para não resvalarmos diante dos compromissos que abraçamos.

Mesmo super-ocupados e com exigüidade de tempo, não encontramos justificativas para a nossa impaciência e o nosso mau-humor para com aqueles que nos rodeiam para a solu-ção dos problemas ou trabalhos que nos defrontam.

É, portanto, no trabalho material que dispendemos a maior parcela de tempo, e onde podemos medir a nossa re-sistência e fidelidade aos bons propósitos cristãos que deseja-mos manter na presente existência.

2.3 No trânsito

Entre os obstáculos da vida moderna, o trânsito cada vez mais congestionado, à toda hora vem desafiando a nossa pa-ciência e a nossa tolerância para com o próximo.

Comumente, justificamos os nossos atrasos aos compro-missos doutrinários pelos atropelos que encontramos no trân-sito, no entanto, pela seriedade com que devemos encarar os horários nas tarefas com o Cristo, faz-se necessária maior an-tecipação ao nos deslocarmos para o endereço aprazado, onde efetivamos nosso concurso caridoso. Para o Mestre Amado, oferecemos sempre o melhor que possamos dar.

No trânsito, temos excelentes ocasiões para treinar a nossa vigilância, trabalhando interiormente para não nos dei-xarmos cair na esfera irritante em que a maioria vive. Man-tenhamos sempre o nosso equilíbrio com os recursos que o Evangelho nos oferece.

2.4 Diante das tentações

Estas são as melhores oportunidades de testarmos o nos-so fortalecimento nos propósitos cristãos. É importante que estejamos vigilantes às tentações que podem surgir: no terre-no dos interesses materiais, no campo das paixões, nas esferas de nossas deficiências mais reconditas.

Imprevisíveis são as ocasiões em que nos vemos tentados aos mais variados atrativos que o meio profano exerce sobre as criaturas, embora saibamos que essas tentações só nos al-cançam quando nos encontramos ao nível delas. Os esforços conjugados nos diversos sentidos, ocupando-nos em servir aonde possamos, dentro do meio religioso, colocam-nos fora dos interesses costumeiros e, portanto, distanciados do domí-nio daquelas influências.

2.5 Diante das contendas

Surgem sempre as ocasiões em que as discussões infla-madas, abrangendo principalmente as convicções religiosas, possam nos envolver no meio profano. Na maioria das vezes, em defesa dos nossos princípios religiosos, assumimos posições pouco fraternas, até mesmo ofensivas. Perguntamos, então: é lícito nos digladiarmos com palavras e vibrações em nome do

Cristo? Até que ponto nossa palavra veemente e de alto volume realmente influenciará aqueles com quem entramos em con-tendas? A palavra serena, dentro das considerações amoráveis, emitindo muito mais compreensão e tolerância do que rancor e exacerbação, certamente penetrará mais profundamente, le-vando o esclarecimento aos níveis sutis da consciência, a exem-plo da semente que, lançada ao solo, aguarda as condições ex-trinsecas para a sua germinação a época oportuna.

Disse-nos o Divino Mestre: “Não lanceis pérolas aos por-cos”. O que se aplica bem a essas ocasiões.

O nosso conhecimento de causa e a nossas segurança in-terior naquilo que aceitamos não apenas em termos de cultu-ra, mas que vivemos no íntimo, reflete-se do coração em on-das magnéticas que se fazem sentir pelos que nos cercam, sem haver mesmo a necessidade do muito falar para convencer.

Devemos evitar as discussões calorosas, não desperdi-çando, no entanto, as oportunidades de colaborar esclarecen-do, quando possível, sem esquecer que na administração dos bens do Senhor, as atitudes severas muitas vezes substituem as boas palavras.

2.6 Nas oportunidades de servir

Fiquemos atentos às oportunidades em que possamos singelamente servir com Jesus. Essa preocupação reflete exa-tamente a exteriorização do nosso coração, dos bens que, pul-sando dentro de nós, pelo amor que devotamos ao nosso Di-vino Pastor, começa a irradiar de dentro para fora, na direção dos nossos semelhantes.

As ocasiões, na vida comum, em que possamos exerci-tar a nossa capacidade de servir, são realmente inumeráveis. O servir pode manifestar-se desde um olhar compreensivo àquele que passa por uma aflição, à palavra de ânimo no mo-mento exato, no gesto afável de sustentação para o caído no desfalecimento moral, ou no amparo material aos que sofrem privações.

O serviço cristão como anônimo impulso de amor, leva ao necessitado o fortalecimento na fé perdida, renova-lhe as forças para a retomada da caminhada momentaneamente in-terrompida.

São os cirineus que, testemunhando a misericórdia do Pai, transmitem a certeza da sua bondade, no amparo dos Seus Filhos.

Ao que serve, registram-se espiritualmente os créditos necessários no balanceamento das dívidas acumuladas. São oportunidades de resgate, de atenuação das penas, de propor-ções ignoradas.

Redobremos a nossa vigilância também nas oportunidades de dar de nós mesmos em favor dos que nos interceptam a cami-nhada, estendendo as mãos. E ao servirmos, glorifiquemos sem-pre Àquele que tudo tem feito por nós, relembrando a legenda da iniciação evangélica “Servir a Jesus, servindo ao próximo”.

Iniciação EspíritaAutores diversos – Editora Aliança

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PERGUNTA: — Qual é o motivo de vossa escolha do título “O Evangelho à Luz do Cosmo” para esta obra?

RAMATÍS: — O Evangelho não é simplesmente um repositório de máximas e advertências morais, nem somente código de preceitos exclusivos de qualquer instituição huma-na religiosa, devidamente credenciada para representar Deus na Terra. Em verdade, o Evangelho relatando a experiência vivida integralmente por Jesus, em 33 anos de sua vida física, é para demonstrar a todos as leis que governam e disciplinam o Universo. Os conceitos do Mestre Jesus, paralelamente à sua conduta e ação incomum, podem ser aceitos como um compêndio humano a expor os objetivos de Deus na Sua Criação. Enfim, repetimos: o Evangelho não é um Código Moral adequado a um certo tipo de humanidade, mas um tratado perfeito de bem viver, que pode orientar em qualquer época qualquer tipo humano, em qualquer longitude terrestre ou astronômica. Proporciona uma transmutação consciente evangélica, onde o homem termina vivendo a sua melhor experiência para Deus.

O Evangelho, portanto, é o “Caminho” da evolução indi-cado pelo Criador à criatura, constituindo-se numa fonte íntima de libertação do Deus em nós. O homem evangelizado é a criatura que vive corretamente no seu “mundo pequeno”, a mesma pulsação criativa e vibração sublime do “mundo grande”. Daí o motivo por que os velhos orientais já aprego-avam há milênios, que o “macrocosmo está no microcosmo”

e o “que está em cima está embaixo”, enquanto a ciência moderna aceita que “átomo é a miniatura duma constelação e a constelação a amplitude do átomo”. Integrando-se na vivência absoluta do Evangelho, o homem exercita-se no mundo transitório da matéria para assimilar e ajustar-se ao metabolismo da Lei Suprema do Universo. Em conseqüência disso, os preceitos morais expostos por Jesus refletem, tam-bém, os princípios do próprio Universo.

PERGUNTA: — Poderíeis explicar-nos de modo mais claro, o fato de que os conceitos expostos por Jesus também refletem os princípios da Mente Universal?

RAMATÍS: — Embora a mente humana se diversifique pela necessidade de subdividir e operar em várias esferas de atividades, o certo é que no âmago do ser a pulsação criativa de Deus é um princípio único e indesviável sustentando as cria-turas. O homem, que é partícula divina, e não o Todo Cósmico, precisa convencionar contrastes e elementos opostos em todos os fenômenos e condições da vida humana. Essa “dualidade”, então, serve-lhe de base para firmar e desenvolver a sua cons-ciência individual. Apesar de sentir, ou mesmo saber, que Deus é entidade monística, indivisível e único a gerir o Cosmo, o espírito humano ainda encontra dificuldade em conceber essa natureza divina absoluta. Assim, embora não exista qualquer separação na manifestação da vida, o homem cria uma concei-tuação de aparente oposição no metabolismo da vida cósmica. Mas o certo é que o Universo fundamenta-se exclusivamente na imutável e irrevogável Lei Suprema, que disciplina, sob um só metabolismo, todos os fenômenos e acontecimentos da Vida.

Em verdade, a mesma lei que rege a “gravitação”, coesão entre os astros, também disciplina o fenômeno de “afinidade” entre as substâncias químicas e incentiva a “união” ou o amor entre os seres. Daí a equanimidade do progresso que ocorre com exatidão tanto num grão de areia, como na própria mon-tanha de que ele faz parte. A legislação divina, atendendo as necessidades organogênicas do corpo humano, age pelos mesmos princípios de síntese e análise bioquímica, tanto no homem, como no vírus. Eis por que as orientações propostas por Jesus e de sua própria vivência e exemplificação pessoal, inseridas no Evangelho, são acontecimentos educativos, que podem ser usados pelo ser humano em qualquer latitude da Terra, noutros planetas e mesmo noutros mundos espirituais. São diretrizes de comportamentos, que na sua realização no mundo das formas abrem cientificamente as portas do infini-to livre ao espírito humano.

O Evangelho, como a súmula das atitudes sublimes e definitivas no Universo, promove a mais breve metamorfose do homem em anjo, porque o homem, depois de evangelizado, vive em si a síntese microcósmica do macrocosmo.

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6 108ª aula: O cristão no meio religioso e no meio profano

PERGUNTA: — Quereis dizer que toda a atividade doutrinária e evangélica do Cristo-Jesus, entre os homens, baseava-se especificamente nos próprios princípios científi-cos do Cosmo?

RAMATÍS: — A Lei de Deus é perfeita, sem jamais se modificar para atender a qualquer particularidade ou privilé-gio pessoal. Ela tem por função exclusiva a sabedoria e per-feição de todos os seres. Jesus, em sua fidelidade espiritual, exemplificou em si mesmo o desenrolar das paixões humanas e, depois, a sublimação, assegurando a ascese angélica. A sua vida no cenário do mundo físico é condensação das leis definitivas que regem o Cosmo. Ele proclamou-se com justiça o “Caminho, Verdade e Vida”. As regras do Evangelho, ensina-das para a vivência correta e evolutiva das humanidades nos mundos físicos, correspondem aos mesmos esquemas disci-plinadores da vida das constelações, dos planetas e asteróides pulsando no Universo. Assim, Jesus movimentou-se na Terra, sob a regência das mesmas leis que governam o Cosmo, e as revelou em perfeita equanimidade com as ações e transfor-mações microcósmicas dos homens à luz do Evangelho.

Em conseqüência, o seu Evangelho é uma síntese para orientar o comportamento humano na Terra, na mais perfeita sintonia com os postulados científicos das leis do Macrocosmo. Aliás, no curto espaço de 33 anos, Jesus efetuou o resumo de toda a paixão humana, através de milênios e milênios de aprendizado e emancipação espiritual do homem.

PERGUNTA: — Quereis dizer que Jesus vivia mais pro-priamente a redução das leis do Cosmo, em vez de buscar a solução de suas necessidades comuns na vida humana?

RAMATÍS: — A vida de Jesus tão sublime, correta, pacífica e vivida sob a força do amor criativo, teve por norma fundamental expor o resumo da Lei de Deus. Jamais o Divino Mestre praticou um só ato de sua vida, na qual buscasse pri-meiramente atender os próprios desejos; nem mesmo quando disso dependesse a sua ventura sideral. Nascendo num berço físico, ele já trazia no âmago de sua alma o esquema de apenas servir e ajudar o homem na sua redenção espiritual. Justo, bom e sábio, assim como Deus transborda de Amor e nutre a Vida no Universo, o Sublime Amigo transfundia todo o seu amor nos atos mais simples. Em qualquer circunstância, ele se colo-cava sempre em último lugar no jogo dos interesses humanos, pois semelhante à Lei do Pai, que promove indistintamente a felicidade de todos os seres, bastava-se a si mesmo.

Era semelhante à árvore benfeitora, que nasce, cresce e torna-se frondosa, para depois amparar com a sua sombra amiga desde o cordeiro inofensivo até as feras mais carniceiras. Toda a sua vida teve um único objetivo: mostrar o caminho da redenção pelo amor, que se traduzia nele através do servir desinteressado e absolutamente fiel. O seu coração e a sua mente nada mais lhe significavam do que o fundamento em incessante oferenda viva para ajustar, corrigir e orientar o homem no sentido de realizar a sua mais breve felicidade.

Diante da mulher adúltera, quando ele exclamou: “Vai e não peques mais”, buscou cumprir a Lei de Deus, que atua

de modo corretivo, mas não punitivo, pois ela ajusta e cria, jamais destrói. E, ainda, em correspondência à vibração cós-mica, que restabelece toda harmonia, Jesus fez a advertência severa aos perseguidores da pecadora e os chamou à ordem, uma vez que projetavam na infeliz os próprios erros e recal-ques humanos. Quando, então, lhes disse: “Quem não tiver pecado, atire a primeira pedra” pôs a descoberto todos os vícios e paixões humanas, conclamando aqueles falsos virtu-osos a uma correção íntima, convencendo-os de que embora a lei do Sinédrio mandasse lapidar as mulheres adúlteras, isso só poderia ser executado pelas criaturas que não tivessem nenhum pecado.

Em verdade, através de Jesus, refletiam-se tanto quanto possível as leis cósmicas, que corrigem excessos, distorções e desvios do metabolismo da vida e, magnificamente, sintetiza-das no Evangelho, ali se demonstravam na forma de concei-tos, máximas, parábolas e princípios, que devem reajustar a constelação humana.

PERGUNTA: — Por que o homem, que é na realidade um espírito encarnado, não aceita ou não compreende de imediato a natureza tão sublime e salvadora do Evangelho? Não deveria crer absolutamente em Jesus, tanto quanto o aluno confia no seu professor?

RAMATÍS: — A mais breve ou demorada integração evangélica depende fundamentalmente do grau da consciência espiritual de cada um, e não de sua memória pregressa. O vosso orbe é pródigo de líderes religiosos, católicos, protestantes e mesmo espíritas, ou pretensos iniciados, que pregam e divul-gam o Evangelho, mas ainda não assimilaram, para o próprio viver cotidiano, os mesmos ensinos sublimes que eles tentam incutir no próximo. São apenas distribuidores de azeite, com o objetivo de acenderem as lâmpadas alheias, mas, infelizmente, pela sua negligência ou retardo espiritual, terminam às escuras por falta de combustível em sua própria lâmpada.

Só as almas que abrangem maior área da realidade espiritual assimilam mais facilmente toda força, coerência e veracidade da Lei Suprema, expressa através do Evangelho. Aliás, nenhum homem pode transmitir a outra pessoa a sua experiência espiritual do reino divino, assim como o cego de nascença não se apercebe do teor da luz que ilumina o mundo, pois ele não vê. A assimilação exata do Evangelho, como uma experiência viva para toda a Eternidade, só é possível pela iniciação gradativa e ascendente da Intuição. É a faculdade de saber a Realidade Divina independente das formas e dos fenômenos dos mundos transitórios da matéria.

O Evangelho à Luz do CosmoRamatís / Hercílio Maes

Editora do ConhECimEnto

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Escola de Aprendizes do Evangelho - Aliança Espírita Evangélica (8ª turma/GEAEL) 7

(continuação do número anterior)

9. Normas para todos os trabalhos

Como regra, os componentes do Grupo devem prepa-rar-se pessoalmente para as novas atribuições e atividades, aprimorando a reforma íntima, já iniciada e desenvolvida até certo ponto, na Escola de Aprendizes do Evangelho, o que é essencial não só para o progresso de cada um dos companhei-ros, como para a cobertura espiritual do Grupo.

Nessa sede provisória podem instalar sessões de desen-volvimento de mediunidade para aqueles que porventura a possuam, ou simplesmente desenvolvimento da sensibilidade anímica para aqueles que necessitem aprimorar sua constitui-ção psíquica, possuindo fundo mediúnico.

Após a designação do protetor espiritual, os membros do Grupo devem todos passar por exame espiritual rigoroso, para que se conheça as possibilidades de cada um, tendo em vista as tarefas a repartir.

Se houver necessidade de desenvolvimento mediúnico e não for possível realizá-lo no Grupo por falta de meios, isso deve ser feito em alguma Casa Espírita de confiança, para que o desenvolvimento e o aprimoramento acrescentem valores novos, suficientemente apurados, aos trabalhos do Grupo.

Nessas atividades iniciais o Grupo não poderá enfren-tar problemas espirituais mais sérios e de responsabilidade, limitando-se, portanto, aos atendimentos mais simples.

Quando o volume dos pedidos diários ultrapassar as pos-sibilidades o Grupo talvez já possa então transformar-se em uma instituição regular, constituída oficialmente, possuindo diretoria, estatuto, sede adequada e recursos de sustentação própria, integrando-se, como já dissemos, à Aliança Espírita Evangélica e completando sua organização com escolas, cur-sos e demais setores de atividades espirituais conhecidas.

Chegando a este ponto os programas de trabalho deverão ser revistos e ampliados, aumentado o campo das atividades, para que a propagação do Evangelho de Jesus seja, na parte que lhe tocar, eficiente e útil em todos os sentidos, cabendo aos discípulos agradecer ao Divino Mestre o êxito das primei-ras tarefas, a felicidade do dever cumprido e a perspectiva de novos e mais amplos empreendimentos que possam merecer no futuro.

10. Conhecimento, comentários1 e conselhos

I“A prece, não sendo somente intelectual, provoca um des-

1 Para os comentários dos assuntos entre aspas, nos capítulos 10 e 11, vale-mo-nos da publicação mediúnica A Verdade sobre os outros Mundos apresenta-da pelo confrade Djalma Montenegro de Farias, edição de 1959.

prendimento do Espírito dos laços que o prendem à matéria e assim pode elevar-se, até onde consiga alcançar nos planos etéreos, recebendo dessas regiões purificadas o bálsamo do reconforto, e o auxílio de que necessite”.

Nos casos de moléstias ela vale como um poderoso re-médio, que opera efeitos às vezes muito superiores aos da medicina comum, porque a medicina material não penetra nos arcanos do Espírito que, em grande parte, representam as verdadeiras causas das doenças, sobretudo as do campo psíquico.

IIHá cinco leis que se podem considerar fundamentais da

exigência do Universo, quanto aos seus habitantes:

a) a existência de uma Divindade Criadora;b) a eternidade do Espírito imortal;e) a reencarnação;d) o carma; ee) a pluralidade dos mundos habitados.

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O conhecimento dessas leis é também fundamental para o apressamento da evolução dos seres humanos.

III“Tudo no Plano Divino é regulado e perfeito e Deus atri-

bui aos homens o volume justo das provas que deverão supor-tar e o auxílio que baste para vencê-las e redimir-se.”

Segundo o grau de adiantamento que tiverem alcançado, assim possuirão os poderes, as virtudes e a sabedoria corres-pondentes.

IV“A qualidade inferior do envoltório etéreo da Terra e sua

atmosfera, permanentemente infectados de elementos impu-ros e negativos, provindos dos Espíritos inferiores ali exis-tentes”, influem poderosamente sobre a vida dos habitantes do planeta que, dessas áreas, recebem ondas constantes de influências maléficas e deprimentes.

V“Os Espíritos encarnados que já evoluíram até certo pon-

to podem exercer domínio e vigilância sobre os corpos físicos.”Conhecendo as forças íntimas do Espírito e as forças

cósmicas que atuam na criação divina, e agindo sempre pelo amor e no sentido do Bem, podem agir na defesa de seus semelhantes, tornando-se úteis a todos no ambiente em que vivem.

VI“Sendo Deus puro e infinito amor e nós, homens, partí-

culas divinas mergulhadas na matéria para evoluírem, desde que já tenhamos desenvolvido em limites suficientes, senti-mentos de amor aos semelhantes e aos seres vivos em geral, teremos Deus em nossos corações e nunca estaremos sós.”

Com o poder do amor controlando o coração e a mente, poderemos dominar o corpo físico, tomando-o dependente.

VIISabendo que somos eternos, imortais e de origem divi-

na, partículas mentais de Deus em estado potencial, podemos também exteriorizar e expandir uma aura de amor em torno de nós, formada por sentimentos de grandeza, generosidade e bondade, protegendo não só nossa família mas todos quantos nossos sentimentos altruístas possam alcançar.

Este, aliás, é o ensinamento fundamental do Cristo, a abranger a humanidade toda, pois somos todos irmãos espiri-tuais, sujeitos às mesmas leis vitais e ao mesmo destino final.

VIII“A aproximação de um Espírito benfeitor se opera em

afinidade de ação e de pensamento: pensamento negativo e ações más, são sempre impedimentos ao recebimento de au-xílio que, em dado momento, solicitamos, porque a dispari-dade vibratória nos isola e nos mantém fechados aos fluidos, eflúvios e vibrações mais elevadas, emanadas dos benfeitores que tentam nos auxiliar e que somente encontram facilidade

quando se abrem nossos corações e nossas mentes, com hu-mildade e esperança de receberem o auxílio solicitado.”

Por outro lado devemos sempre oferecer aos protetores espirituais um ambiente limpo, claro e agradável, de vibra-ções acolhedoras e amorosas, para que se sintam bem junto de nós, e possam desempenhar com facilidade as tarefas que os trazem, pois não é pequeno o desconforto que sofrem ao transporem as camadas pesadas e deprimentes da atmosfera exterior do planeta.

“Da qualidade do amor que já se é capaz de dar, pode-se conhecer, com certa aproximação, o grau da nossa evolução.”

IXO amor é que é a marca denunciadora de nossa posição,

pois é o sentimento que mais aproxima os homens de Deus; e o mais chegado ao Pai é aquele que mais ama e tudo dá, sem esperar retribuição.

O amor verdadeiramente desinteressado e espiritual é aquele que se estende a todos, indistintamente, na mais frater-nal espontaneidade, abrangendo a humanidade como um todo.

XEis como um dedicado Instrutor2 enumera as exigências

necessárias para se viver evangelicamente:“Pensar mais, falar menos. Agir mais, criticar menos.

Amar mais, exigir menos. Produzir mais e vangloriar-se menos.A modéstia, diz ele, o recato, a honestidade, a pondera-

ção, a humildade, a paciência, o trabalho, o perdão e a carida-de, são as bases fundamentais da reforma íntima indispensá-vel a todos os que querem apressar sua evolução espiritual”.

11. Auto‑Aprimoramento

I“Como estamos chegados à hora dos grandes aconteci-

mentos e das grandes revelações espirituais, dentre as quais o Espiritismo é uma delas e o Evangelho cristão a meta final a atingir, é necessário aperfeiçoar o mais possível o desenvolvi-mento teórico e prático dos médiuns.”

O Plano Maior está a exigir médiuns altamente capaci-tados para receberem e transmitirem suas revelações, instru-ções e ensinamentos destinados a esclarecer à humanidade sobre como compreender, preparar-se e conduzir-se ante os acontecimentos dos dias que estão por vir.

É hora de agir por processos novos, mais eficientes e per-feitos, abandonando as superstições, a rotina, o misticismo exagerado, gerados pela ignorância; encarar os fatos como se apresentam, abrir novos horizontes aos conhecimentos reais, aperfeiçoando-se os médiuns em todos os sentidos, sobretudo na parte moral, pela reforma íntima.

Em futuro breve não haverá mais lugar para médiuns im-provisados, ignorantes, despreparados, incapazes de assegu-rar a autenticidade do intercâmbio muitas vezes urgente, com os Espíritos responsáveis pela execução das leis que vão reger 2 Veredas Espirituais, médium Isis Bassani Cobo, edição de 1973.

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e conduzir os acontecimentos, nesse período transcendente e decisivo da vida na Terra.

II“Uma das necessidades desse aprimoramento no campo

físico é a alimentação, que deve ser o mais espiritualizada possível: quanto menor quantidade de influências materiais contiver, mais leves e delicados serão os corpos dos homens encarnados, desde o ventre materno.”

“Nos mundos um pouco mais adiantados que o nosso, o alimento ingerido dissolve-se na boca ou no estômago, não havendo necessidade da profusa e sempre repugnante elimi-nação de resíduos sólidos e líquidos como ocorre na Terra, e a totalidade dos alimentos é aproveitada e transformada em energia, posta à disposição do Espírito para sua evolução.”

O corpo usado na Terra corresponde ao atraso evolutivo dos seus habitantes, mas, mesmo agora, pode-se obter alimen-tação mais leve e delicada com a simples recusa de alimentos pesados, indigestos, e de laboriosa eliminação, adotando-se a alimentação vegetal.

O recomendável será a alimentação de cereais, verduras, legumes e frutas, limitando-se ao mínimo indispensável (se-gundo a profissão que se tem), o teor de proteínas, excluindo definitivamente a alimentação carnívora e seus derivados, não sendo necessário arrolar aqui também os tóxicos em geral, cujo uso na Terra, em vez de diminuir, aumenta dia por dia, com os viciamentos chamados caseiros ou sociais, a começar do fumo e do álcool.

É bom explicar que o problema humano não deve ser du-rar mais, fazendo-se a alimentação leve, mas, espiritualizar-se mais, para aproveitar a dádiva preciosa desta atual encarna-ção, em todos os sentidos e limites, libertando-se o Espírito das tendências e impulsos baixos, próprios da vida animal.

Vivemos dias heróicos e decisivos, e heróicas também devem ser nossas decisões, conduta e atitudes, optando pelo melhor, mais puro, mais perfeito e mais alto.

III“Como aconteceu com Capela, a estrela Alfa da conste-

lação do Cocheiro, assim também, naquela época, de outros orbes como, por exemplo,Vênus, levas mais ou menos nume-rosas de Espíritos foram retirados por estarem inferiorizados em relação ao progresso espiritual daquelas humanidades e enviados para a Terra.”

Da mesma forma, ao fim do atual ciclo evolutivo, os Es-píritos inferiorizados aqui existentes (como aliás todos nós sabemos), considerados incompatíveis com a vivência evan-gélica recomendada por Jesus, serão também retirados e en-viados para mundos em começo de provação, que estão sendo preparados e cujas órbitas os trarão para mais junto da at-mosfera da Terra, nos momentos devidos.

O mais cruciante problema desta nossa humanidade é pois os homens se evangelizarem o mais decidida e rapida-mente possível, realizando com toda força da alma, a reforma moral indispensável, para não serem descartados, degredados para mundos ainda mais inferiores que o nosso.

IV“Há muitas verdades menores e somente uma verdade

suprema que é Deus.” Dessas verdades menores os homens já descobriram algumas leis constitutivas e funcionais, no seu afã de conhecer a vida e as leis que regem a matéria, mas não o Espírito imortal, que a própria ciência humana ainda não aceita.

Mas como conhecer a verdade maior, perguntam freqüen-temente. E o próprio Cristo, a essa pergunta também silenciou ante Pilatos, porque os homens materializados não compre-endem as coisas do Espírito imortal e eterno.

E mesmo que as conhecessem não poderiam utilizá-las, por falta de condições previamente adquiridas na vivência da própria espiritualidade.

“Mas pode-se objetivar uma resposta, dizendo para aque-les que desejam ver e ouvir: plante uma semente e observe como germina e dia a dia vai se transformando em broto, em caule, em tronco, em flores e no corpo integral da mesma planta que a gerou.”

“Ali está presente a força imensa e sobrenatural que ope-ra na Natureza universal e move os astros nas suas órbitas infinitas – Deus.”

Essa é a resposta e tudo o que nos rodeia, desde os enor-mes paquidermes, até o mais minúsculo inseto, tudo o que ocorre em nosso redor na terra e nos céus, todo nos mostra a existência desse poder sobrenatural e infinito que é Deus – a suprema verdade – que um dia conheceremos melhor quando, obedecendo às suas leis e evoluindo, ascendermos às esferas sublimadas dos mundos espirituais superiores.

Quanto mais o homem evolui, mais se aproxima de Deus e mais luminoso se toma o seu corpo espiritual porque mais se exterioriza a centelha divina que nele existe, – a semente divina plantada no chão do infinito.

V“Os Espíritos mais materializados ou adeptos de crenças

de exterioridades, só voltam seus pensamentos para Deus nas horas de suas maiores aflições e há ainda os que, ao mesmo tempo, negando Sua existência ou duvidando dela, julgam talvez que nasceram do nada e ao nada regressam quando morrem.”

Mas nas horas difíceis, quando a matéria falha e não en-contram respostas às suas indagações, muitas vezes arrogantes, blasfemam contra Deus, insultam a divindade criadora como se fora ela a responsável pela sua inferioridade espiritual.

Mas como a misericórdia de Deus é infinita, haverá sem-pre resposta duma forma ou doutra a esses apelos, com a própria continuação da vida encarnada e as possibilidades de novas experiências esclarecedoras que, aos poucos, irão des-bastando a floresta negra das inferioridades e da ignorância.

VI“Deus criou a Natureza como ela se apresenta nas suas

inumeráveis manifestações, conjugadas às miríades de astros que brilham no espaço e circulam nas suas órbitas, reguladas por leis exatas e perfeitas; quem faz o homem e o inseto mais

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humilde, ambos evoluindo em suas trajetórias com regulari-dade infalível, esse alto poder não erra, e não comete injusti-ças, porque é a própria sabedoria infinita.”

Nada é mais perfeito que o que existe no universo, sem medida de tempo e na forma que existe. Só um fanático reli-gioso, um obcecado por idéias mentais defeituosas, pode pen-sar diferentemente.

VII“A ciência dos homens da Terra já avançou em vários se-

tores, mas é impotente para penetrar nos arcanos da vida do Espírito imortal onde os dados não são matemáticos, concre-tos e objetivos.”

Somente após a promoção da Terra a mundo regenerado, isto é, capaz de vida nas linhas morais marcadas pelo Evan-gelho de Jesus, poderá o ser humano atual abrir novos hori-zontes do conhecimento espiritual, a não ser que os procure e os pratique desde já e se submeta às suas leis.

O maior defeito do materialismo não é ignorar o que se refere ao mundo espiritual, mas sim negar que esse mundo existe.

Intelectualmente o cientista ateu avançou até o ponto do que sabe hoje, mas nega que além disso exista algo que sua ciência ignora, ignorando também o ensinamento do Divino Mestre quando disse que “O pai muitas vezes nega ao sábio o que revela ao ignorante”, justamente porque a evolução espi-ritual independe, em grande parte, do intelecto, que é o assen-to mais seguro da ciência terrena.

VIII“Se o Evangelho revive nos nossos dias, o cristianismo

primitivo, isto é, as atividades missionárias da propagação e exemplificação dos ensinamentos e que, para isso, conta-ram com uma cobertura espiritual muito próxima, dada pelo próprio Mestre, a designação de espírita é inseparável da de cristão, que é como se designavam os apóstolos e discípulos que realizaram nos dois primeiros séculos essa propagação e nela muitos deles pereceram.”

“O espírita dizendo-se cristão, não quer dizer que se de-clara pertencente a uma corrente sectária, mas sim àquela corrente que corporifica os ensinamentos do Mestre, que re-presentam o verdadeiro começo deste ciclo evolutivo, desta linha iniciática de revelações redentoras.”

IXAssim como os planetas e outros astros podem ser mais

ou menos adiantados, o mesmo sucede com os Espíritos que os habitam.

“E como todos têm a mesma origem e o mesmo fim, Es-píritos e astros, seria injusto separar os bons dos maus, ne-gando a estes últimos as oportunidades de evoluírem para se tomarem melhores.”

Por isso todos são beneficiados, bons e maus, onde quer que se encontrem, porque a justiça e a misericórdia de Deus são ilimitadas e perfeitas e só deixam de beneficiar quando os Espíritos, pelo uso imoderado do livre-arbítrio, esgotam

todas as possibilidades de redenção, rebelam-se contra as leis divinas e tomam-se definitivamente irrecuperáveis, caso em que são finalmente eliminados.

X“As atividades que desenvolvemos conscientemente, no

uso do livre-arbítrio, são de nosso inteiro e pessoal interesse, cada um agindo como quiser, no tempo que desejar, pois a Deus somente interessa o resultado do nosso trabalho e suas conse-qüências, boas ou más, em relação aos nossos semelhantes.”

Na devida e justa apuração de valores e méritos, o ho-mem vale pelo que produz de benefícios para a coletividade, visando seu esclarecimento espiritual, instruindo-a e aperfei-çoando-a para a redenção.

XIA Ciência oficial, obstinada e racional e o dogmatismo

exclusivista, face aos acontecimentos programados para o término deste ciclo evolutivo, modificarão seus rumos, reco-nhecendo as tradições espiritualistas do homem, que até hoje rejeitaram e aceitarão finalmente as verdades maiores da uni-versalidade do Espírito e sua predominância sobre a matéria.

XIIO que deve interessar preferentemente aos discípulos é o

esforço firme e paciente que desenvolve virtudes, as conquis-tas espirituais que acumulam sabedoria e levam ao progresso e à redenção espiritual.

12. Exortação

Antes de encenar este pequeno livro, transcrevemos a mensagem do venerável Instrutor Razin, Patrono das Escolas de Aprendizes do Evangelho e das Fraternidades do Trevo e dos Discípulos de Jesus, na Reunião Geral da Aliança, dia 15 de dezembro de 1979, na inclusão de 278 novos discípulos, do País e de outras nações sulamericanas, na Fraternidade dos Discípulos de Jesus.

Diletos companheiros, a nossa saudação.Momento solene, momento de graças, em que colhe-mos a felicidade e o júbilo. Mas, a par da alegria e da emoção, exige-se de cada um a conscientização deste instante, por um entendimento profundo do que se passa agora.Estivestes todos por algum tempo a vos preparar para este dia e o dia é chegado, o do encontro com o Mestre Jesus, para o testemunho que só pode ser dado com o coração, no propósito firme e inalterá-vel de testemunhar como discípulo.Se para isso estiverdes preparados, então diremos: ousai e penetrai agora o recinto sagrado, para o encontro com o Divino Amigo, fazendo parte daqueles que, ansiosos, buscam agora o seu qui-nhão de trabalho, a sua parcela de testemunhação.

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O vosso desejo de servir será atendido com as ser-vidões que vos serão apresentadas nos momentos justos. Portanto, repetimos: o momento é precioso, de uma profundidade enorme e de repercussões por toda a eternidade.Em todos os tempos e em todas as vezes que grupos humanos atravessaram a senda da evolução espiri-tual, sempre houve os que caíram e sempre houve os que permaneceram de pé. E o Mestre se compa-dece e serenamente continua a se sacrificar pelos que caem; e, para isso, conta com os que permane-cem eretos, para ajudá-lo nessa tarefa grandiosa.Assim como o sol toca diariamente os vossos hori-zontes, iluminando-os, assim também o Mestre Divino se debruça sobre a Terra que é sua, envol-vendo-a em seus braços poderosos de amor, e absor-ve o seu coração grandes parcelas das iniqüidades, das falhas terrenas, das agressões e das maldades, para que possam continuar de pé os que estão de pé.E ante este espetáculo grandioso de misericórdia e de amor puro e divino, qual de vós poderia perma-necer insensível? Que discípulo realmente merece-dor desse nome, pode permanecer intocado?Portanto, novos discípulos, de pé! Adentrai agora a estrada que se vos abre à frente, de trabalhos e de responsabilidades.Discípulos antigos, renovai-vos! Conscientizai-vos! Que haja modificações em vosso interior mais pro-fundo! Saí do marasmo, se marasmo houver em vós! Saí da ociosidade se nela estiverdes fazendo ponto de parada! Trocai as vossas vestes. Que sejam agora mais limpas, de melhor tecido, forte, resis-tente às intempéries que se aproximam; uma veste adequada ao trabalho que vos chega agora às mãos.Não recueis jamais; não percais a oportunidade de servir ao Divino Amigo, Senhor desta Terra, à qual também pertencemos por divina misericórdia evoluindo.E voltemo-nos agora para o Mestre dizendo: cons-cientes estaremos, Senhor Jesus, deste instante. E ousando também eu, respondo pelos que aqui estão preparando-se para receber o título de discípulos teus e para testemunharem.E ousarei também, Senhor, dizer, que nenhum deles desistirá, nenhum vos será desleal, infiel; nenhum interromperá a caminhada, a não ser para passar para o nosso plano.E que a paz do Divino Senhor que agora se faz aqui tão presente, porque é amor e misericórdia, que essa paz impregne nossos corações para que possamos seguir em uníssono louvando-o, e não apenas com os corações ou com os lábios, mas com todo nosso ser, com o nosso trabalho e todo o nosso devotamento.

13. Palavras finais

Estamos vivendo os acontecimentos que marcam, no ar-quivo histórico do nosso sistema solar, o transcurso para o 3° milênio cristão; e os discípulos de hoje, repetimos, serão os exemplificadores do Evangelho de Jesus.

O sentimento da universalização do Bem e do Amor é que caracterizará essa tarefa e tudo que de bom e de justo fizerdes será força que auxiliará a exteriorização da centelha divina que em vós existe e que cada vez se tornará mais lu-minosa, porque a luz é a marca da espiritualização e por esta mesma seremos todos julgados e separados.

Dizem os Instrutores Espirituais que “a era da fraternida-de já está sendo construída na Terra pelas almas que traba-lham em silêncio na difusão das verdades evangélicas”.

Discípulo, és uma dessas almas e esforça-te para que teu esforço frutifique no coração de muitos.

Afirmam os Instrutores que “quando os herdeiros do Cristo tomarem posse da Terra Prometida será iniciado o Rei-no de Deus na Terra”.

Eis, pois, a tarefa que o Divino Mestre espera de todos os seus discípulos; e felizes aqueles que se tornarem artífices dessa sagrada e transcendente realização espiritual.

Voltando ao que já dissemos recomendamos que os dis-cípulos enquanto viverem não desprezem oportunidade algu-ma, um só dia que seja, uma hora que seja, para devotar-se ao serviço do próximo e à difusão dos ensinamentos redentores, aproveitando todos os momentos para manterem seus com-promissos de servirem ao Divino Mestre servindo ao próximo.

Porque esta encarnação de agora é decisiva para toda a humanidade, sobretudo para aqueles que, assumiram com-promissos de devotamento integral, como é o caso dos discí-pulos.

Assim como disse o irmão maior Bezerra: quem atingiu este ponto, este limite de conhecimento e de consciência, não pode mais voltar atrás, interrompendo sua ascensão espiritual.

Guia do Discípulo – A testemunhaçãoEdgard ArmondEditora Aliança

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1. Os fariseus também vieram ter com Jesus para tentá-Lo e Lhe disseram: “É permi-tido ao homem repudiar sua mulher por um motivo qualquer?”. Ele lhes respondeu: “Não sabes que o Criador os criou desde o princípio macho e fêmea, e que disse: ‘Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e serão dois numa só carne’? Assim, não serão mais duas, mas uma única carne. Que, pois, o homem não separe o que Deus uniu”.Disseram-Lhe eles: “Então, por que Moisés ordenou que se dê a uma mulher a carta da separação, ao repudiá-la?”. E Jesus lhes respondeu: “Foi a dureza do vosso coração que levou Moisés a vos permitir que repudiásseis vossas mulheres. Mas não foi assim desde o começo. Eu também vos declaro que todo aquele que repudiar sua mulher, e desposar outra, comete adultério. E aquele que desposa a mulher que outro repudiou, também comete adultério. (Mateus, 19:3-9).

2. Só é imutável aquilo que vem de Deus. Tudo o que é obra dos homens está sujeito a mudanças. As leis da natureza são as mesmas em todos os tempos e em todos os países. As leis humanas mudam conforme o tempo, os lugares e o desen-volvimento das idéias. No casamento, o que é de ordem divina é a união dos sexos para possibilitar a renovação dos seres. Mas as condições que regulamentam essa união são de tal forma humanas, que não há no mundo inteiro, mesmo entre os cristãos, dois países em que elas sejam absolutamente iguais, ou que não tenha sofrido modificações com o tempo. Disso resulta que, perante a lei civil, o que é legítimo num país, em determinada época, é adultério em outro, em outra época. Isso porque a lei civil tem por objetivo regulamentar os interesses familiares, e esses interesses variam segundo os costumes e as necessidades locais. Assim, por exemplo, em certos países o único casamento legítimo é o religioso; em outros, além dele, é necessário o casamento civil; e noutros ainda, o casamento civil basta.

3. Na união dos sexos, porém, ao lado da lei material, comum a todos os seres vivos, há uma outra lei imutável, como todas as leis de Deus, exclusivamente moral, que é a Lei do Amor. Deus quis que os seres se unissem não só pelos laços da carne, mas pelos laços da alma, a fim de que a afeição mútua do casal se estendesse aos filhos, e que fossem dois, e não um, a amá-los, a cuidar deles e a fazê-los progre-dir. Será que, nas condições comuns do casamento, essa Lei do Amor é levada em conta? De modo algum, pois o que se observa não é a afeição de dois seres que se atraem, já que, na maioria das vezes, essa afeição tem fim. O que se procura não é a satisfação do coração, e sim a satisfação do orgulho, da vaidade, da cobiça, enfim, de todos os interesses materiais. Tudo corre bem quando o casamento é proveitoso, conforme esses interesses. Diz-se então que os esposos são igualmente prósperos, e devem viver muito felizes.

Todavia, nem a lei civil nem os compromissos que ela impõe podem substituir a Lei do Amor, se esta lei não preside a união. Acontece então, frequentemente, que o que se uniu à força se separa por si mesmo e que o juramento que se pronunciou ao pé do altar torna-se um perjúrio, se foi dito como uma fórmula ba-nal. Daí surgem as uniões infelizes, que acabam por tornar-se criminosas; dupla infelicidade que seria evitada se, entre as condições do casamento, não se esque-cesse da única que o confirma perante Deus: a Lei do Amor. Quando Deus dis-

Capítulo 22Não separeis o que Deus uniu

O Evangelho Segundo o Espiritismo

É preciso que se dê mais importância à leitura do Evangelho. E, no entanto, abandona-se esta divina obra;faz-se dela uma palavra vazia, uma mensagem cifrada. Relega-se este admirável código moral ao esquecimento.

se: “Sereis uma única carne”, e quando Jesus disse: “Não separeis o que Deus uniu”, isso deve ser entendido como a união segundo a Lei imutável de Deus, e não conforme a lei dos homens, sujeita a modificações.

4. A lei civil é então superficial, e deveríamos retornar aos casamentos que se guiavam pelos instintos natu-rais? Certamente que não! A lei civil tem por finalidade regulamentar as re-lações sociais e os interesses familiares, conforme as exigências das civiliza-ções. Eis por que ela é útil e necessária, mas variável. Ela precisa ser previden-te, pois o homem civilizado não pode viver como selvagem. Portanto, nada, absolutamente nada, impede que se origine da Lei de Deus. Os obstáculos ao cumprimento da lei divina surgem dos preconceitos humanos e não da lei civil. Esses preconceitos, embora ainda sejam fortes, já perderam muito de sua influência junto aos povos esclarecidos, e desaparecerão com a evolução moral, que finalmente fará com que se enxer-guem os inúmeros males, faltas, e até mesmo crimes resultantes de uniões contraídas visando unicamente a inte-resses materiais. Um dia nos pergunta-remos se é mais humano, mais carido-so, mais moral manter a união de dois seres que não conseguem viver juntos, ou restituir-lhes a liberdade, e ainda, se a perspectiva de um vínculo indissolú-vel não aumenta o número das uniões irregulares.