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“Nossos pensamentos, mesmo quando não mani- festados verbalmente, são tão importantes quanto nossas ações, e têm função central em nosso cres- cimento espiritual.” André Sant’Ana “Tendes ouvido o que foi dito: Não cometerás adultério. Mas eu vos digo: Todo aquele que olhar para uma mulher com mau desejo já cometeu no seu coração adultério com ela”. Mateus, 5:27 Quando foram pronunciadas há mais de 2.000 anos, as palavras do Amigo Celeste devem ter causado estranheza aos participantes do inolvidável Sermão da Montanha. Na época, Jesus tinha acabado de trazer as bem-aventuranças e estava complementando os ensinamentos dos Dez Mandamentos. Até então, o conceito de adultério era somente relacionado ao fato em si, mas Jesus esclarece que também aquele que pense em adulterar estará assumindo graves responsabilidades com a sua consciência em relação ao fato. Mas como isso é possível? Se eu não adulterei, de fato, não estarei isento do erro? Acredito que esta deve ter sido a pergunta que a maioria deve ter se feito quando Ele falou; mas mesmo sem compreender o sentido daqueles ensinamentos, todos confiaram no Divino Amigo. Somente nesses últimos séculos é que pudemos escla- recer essa afirmativa tão transcendental; foi preciso esperar mais de 1.800 anos para entendermos esse e outros ensi- namentos de Jesus. Precisamente em 18 de abril de 1857, Allan Kardec trouxe os ensinamentos e esclarecimentos dos Espíritos Superiores sobre as mais diversas questões daqui e do mundo espiritual. Ele organizou esses ensinamentos em cinco livros, que são conhecidos como as obras básicas da doutrina espírita: O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno e A Gênese. E é particularmente nesse último que iremos começara desvelar, e confirmar, a afirmação do Mestre. Num sub-item do capítulo XIV que fala sobre a ação dos espíritos sobre os fluidos, cria- ções fluídicas, fotografias do pensamento, Allan Kardec explica sobre os fluidos e os pensamentos, referindo-se à existência e à força das energias mentais que produzimos. Alguns anos depois, outras doutrinas, como a teosofia, Grupo Espírita Aprendizes do Evangelho de Limeira Escola de Aprendizes do Evangelho — 8ª turma 75ª aula: Pensamento e vontade Textos complementares GEAEL Aula 75 — Entre muitas, a lição que fica: ... A casa do homem é a legítima exportadora de caracteres para a vida comum. A paz do mundo começa sob as telhas a que nos acolhemos. Se não aprendemos a viver em paz, entre quatro paredes, como aguardar a harmonia das nações? Se nós não habituamos a amar o irmão pais próximo, associado à nossa luta de cada dia, como respeitar o Eterno Pai que nos parece distante? Jesus no Lar — Néio Lúcio

Grupo Espírita Aprendizes do Evangelho de Limeira · ções fluídicas, fotografias do pensamento, Allan Kardec explica sobre os fluidos e os pensamentos, referindo-se à existência

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  • “Nossos pensamentos, mesmo quando não mani-festados verbalmente, são tão importantes quanto nossas ações, e têm função central em nosso cres-cimento espiritual.”

    André Sant’Ana

    “Tendes ouvido o que foi dito: Não cometerás adultério. Mas eu vos digo: Todo aquele que olhar para uma mulher com mau desejo já cometeu no seu coração adultério com ela”.

    Mateus, 5:27

    Quando foram pronunciadas há mais de 2.000 anos, as palavras do Amigo Celeste devem ter causado estranheza aos participantes do inolvidável Sermão da Montanha. Na época, Jesus tinha acabado de trazer as bem-aventuranças e estava complementando os ensinamentos dos Dez Mandamentos. Até então, o conceito de adultério era somente relacionado ao fato em si, mas Jesus esclarece que também aquele que pense em adulterar estará assumindo graves responsabilidades com a sua consciência em relação ao fato.

    Mas como isso é possível? Se eu não adulterei, de fato, não estarei isento do erro? Acredito que esta deve ter sido a pergunta que a maioria deve ter se feito quando Ele falou; mas mesmo sem compreender o sentido daqueles ensinamentos, todos confiaram no Divino Amigo.

    Somente nesses últimos séculos é que pudemos escla-recer essa afirmativa tão transcendental; foi preciso esperar mais de 1.800 anos para entendermos esse e outros ensi-namentos de Jesus. Precisamente em 18 de abril de 1857, Allan Kardec trouxe os ensinamentos e esclarecimentos dos Espíritos Superiores sobre as mais diversas questões daqui e do mundo espiritual.

    Ele organizou esses ensinamentos em cinco livros, que são conhecidos como as obras básicas da doutrina espírita: O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno e A Gênese. E é

    particularmente nesse último que iremos começara desvelar, e confirmar, a afirmação do Mestre. Num sub-item do capítulo XIV que fala sobre a ação dos espíritos sobre os fluidos, cria-ções fluídicas, fotografias do pensamento, Allan Kardec explica sobre os fluidos e os pensamentos, referindo-se à existência e à força das energias mentais que produzimos.

    Alguns anos depois, outras doutrinas, como a teosofia,

    Grupo Espírita Aprendizes do Evangelho de LimeiraEscola de Aprendizes do Evangelho — 8ª turma

    75ª aula: Pensamento e vontadeTextos complementares

    GEAEL

    Aula 75 — Entre muitas, a lição que fica:... A casa do homem é a legítima exportadora de caracteres para a vida comum. A paz do mundo começa sob as telhas a que nos acolhemos. Se não aprendemos a viver em paz, entre quatro paredes, como aguardar a harmonia das nações? Se nós não habituamos a amar o irmão pais próximo, associado à nossa luta de cada dia, como respeitar o Eterno Pai que nos parece distante?

    Jesus no Lar — Néio Lúcio

  • 2 75ªaula:Pensamentoevontade

    também trouxeram informações sobre as energias mentais, merecendo destaque a obra de Charles W. Leadbeater, bispo anglicano, clarividente, que conseguia ver as energias mentais. Ele deixou suas experiências relatadas em vários livros, sendo o mais notável, a meu ver, o Formas de Pensamento, Editora do ConhECimEnto, que divide a autoria com Annie Besant e traz várias ilustrações e explicações sobre o assunto.

    No espiritismo, Ernesto Bozzano escreveu um livro voltado a vários aspectos da questão, o clássico Pensamento e Vontade. E, depois dele, não foram poucos os autores do mundo espiri-tual que trouxeram mais informações sobre o assunto: André Luiz, Emmanuel, Joanna de Angelis, Manoel Philomeno de Miranda, Charles, apenas para citar alguns que se utilizaram de Chico Xavier, Divaldo Franco e Yvonne Amaral.

    E toda essa gama de informações nos permite, hoje, enten-der com muita clareza e profundidade a afirmação de Jesus. O Mestre quis demonstrar que somos responsáveis não só pelo que fazemos, mas também pelo que falamos e pensamos. E sendo o pensamento a “raiz” do que iremos falar, ou fazer, isso o coloca em altíssimo grau de importância, pois somos o que pensamos. Mas só essa explicação não esclarece o porquê do pensamento ter tanta importância em nossas vidas. Para isso, precisamos aprofundar ainda mais o nosso raciocínio.

    Antes, é preciso saber que quem pensa não é a mente, mas o espírito. O mecanismo funciona mais ou menos assim: o espírito pensa, isso se reflete no corpo mental, que produz uma vibração no corpo espiritual, que, por sua vez, reflete essa vibração no corpo físico. E esse instante de pensar, para o espírito, tem como conseqüência a produção de duas energias mentais: as ondas mentais e as formas-pensamento.

    Corpo mental e corpo espiritual fazem parte do já conhe-cido perispírito, que é o envoltório do espírito definido por Allan Kardec, e que mais tarde André Luiz dividiu em várias camadas,1 sendo esses corpos duas delas.

    As ondas mentais são energias emitidas pela mente e que podem ser analisadas de acordo com o teor da sua freqüência vibratória. São elas que possibilitam estabelecer a sintonia com outras mentes encarnadas ou desencarnadas. Quanto maior a direção no Bem, maior será a freqüência da nossa onda mental. Assim sendo, eleva a freqüência vibratória tudo aquilo que reflete a essência de uma virtude: a bondade, o per-dão, a tolerância, a compreensão, a caridade, a solidariedade, a benevolência, uma leitura edificante, uma oração...

    Já nas formas-pensamento, temos, como Allan Kardec defi-niu em A Gênese, a fotografia do que estamos pensando, mas não pense numa foto como as que estamos acostumados. Quis ele se referir que a mente exterioriza algo fluídico, que reflete exatamente o que nós estamos pensando naquele instante.

    Ambas, ondas e formas, são produzidas ininterruptamen-te, já que é impossível ficar sem pensar. São forças concretas, ainda que invisíveis para os nossos sentidos. E, particularmen-te no caso das formas-pensamento, existe ainda a possibilidade

    1 Conhecimento recente entre os espiritualistas do Ocidente, a realidade dos corpos sutis já era lugar comum entre as filosofias do Oriente, que teve como ponto de partida os conhecimentos védicos, raiz de todas as religiões e filosofias.

    de uma vida artificial.Isso é possível porque a nossa mente manipula várias

    energias para produzir o pensamento e dentre elas, figura a energia vital que, de acordo com a quantidade, possibilitará à forma-pensamento que for criada uma espécie de “bateria”.

    Cada forma-pensamento gerado possui varias característi-cas e propriedades distintas, de acordo com a concentração, a vontade e a moral da pessoa que a criou. Pela vontade, teremos a quantidade de energia mental da forma-pensamento e, pela moral, teremos a qualidade, boa ou ruim, dessa criação.

    Das características das formas-pensamento, uma é muito importante e vai nos auxiliar na compreensão do ensinamento que Jesus nos trouxe: a essência. Ela vai determinar o tipo de influência que a forma-pensamento irá exercer sobre as pes-soas. Por exemplo, se pensamos em alguém que esteja doente, com a determinação de ajudá-la ou com o desejo de que essa pessoa melhore, geraremos uma forma-pensamento que irá até a pessoa e que, ao entrar em contato com ela, influenciará na sua recuperação, podendo até mesmo auxiliar na sua cura. Desse modo, teremos contribuído para o bem-estar da pessoa, semeando o Bem ao nosso próximo.

    Só que o mesmo mecanismo acontece com nossas irradia-ções negativas. Assim, se nos colocamos a produzir pensamen-tos que ninguém conhecerá sobre a mulher ou o homem do próximo, estaremos projetando formas-pensamento negativas à pessoa alvo, que até poderão causar-lhe algum malefício. Mas independentemente disso, nós já teremos certa quota de responsabilidade e negatividade perante as Leis Divinas, por causa da semeadura infeliz.

    Além disso, essas formas-pensamento, se geradas com uma boa dose de concentração, ficam vivas e atuantes em nosso meio, como vimos. Elas têm uma certa durabilidade, de acordo com a potência do pensamento produzido, podendo então influenciar não só a pessoa alvo, mas a qualquer outra pessoa que se permita entrar em contato com a mesma.

    Então, nos dias atuais, é fácil entendermos a afirmação de Jesus. Um pensamento de adultério se irradiará na direção da pessoa que se deseja, influenciando-a com essa energia negati-va, perturbando-a com a idéia de traição, de sedução, com essa situação negativa podendo perdurar dias e noites. Perante as Leis Divinas, essa pessoa que projetou o pensamento é respon-sável por todo mal que for feito por ele.

    Grande é a responsabilidade que temos com os nossos pensamentos. Ao analisarmos a profundidade do ensinamento de Jesus, percebemos como é de alta relevância compreender-mos o funcionamento dessas energias mentais para conseguir-mos, realmente, a nossa tão desejada transformação moral.

    (Extraído da revista Espiritismo e Ciência número 20, páginas 44-46)

  • EscoladeAprendizesdoEvangelho-AliançaEspíritaEvangélica(8ªturma/GEAEL) 3

    1. Pelas leis que regem a matéria, a ciência deu a expli-cação para os milagres que resultam mais particularmente do elemento material, quer explicando-os, quer demonstrando-lhes a impossibilidade; os fenômenos em que o elemento espiritual tem uma participação preponderante, porém, não podendo ser explicados unicamente pelas leis da matéria, escapam às investigações da ciência: eis por que, mais do que os outros, eles têm características aparentes do prodigioso. É, pois, nas leis que regem a vida espiritual que se pode encon-trar a explicação para os milagres dessa categoria.

    2. O fluido cósmico universal é, como foi demonstrado, a matéria elementar primitiva, cujas modificações e transforma-ções constituem a variedade infinita dos corpos da natureza (cap. X). Como princípio elementar universal, ele apresenta dois estados distintos: o da eterização ou imponderabilidade, que se pode considerar o estado primitivo normal, e o da mate-rialização ou ponderabilidade que, de certo modo, se segue ao primeiro. O ponto intermediário é o da transformação do fluido em matéria tangível; mas, aí também, não há transição brusca, porque não se podem considerar nossos fluidos impon-deráveis como um termo médio entre os dois estados (cap. IV, no. 10 e seguintes).

    Necessariamente, cada um desses dois estados dá lugar a fenômenos especiais: ao segundo pertencem os do mundo visível, ao primeiro, os do mundo invisível. Aqueles, chama-dos fenômenos materiais, são da alçada da ciência propria-mente dita; os outros, denominados fenômenos espirituais ou psíquicos, porque se prendem mais especialmente à existência dos espíritos, estão entre as atribuições do espiri-tismo; mas, como a vida espiritual e a vida corporal estão em contato permanente, com frequência os fenômenos das duas ordens ocorrem simultaneamente. No estado de encarnação, o homem somente pode ter a percepção dos fenômenos psí-quicos vinculados à vida corporal; os que são do domínio exclusivo da vida espiritual escapam aos sentidos materiais, e só podem ser percebidos no estado de espírito.1

    3. No estado de eterização, o fluido cósmico não é unifor-me; sem deixar de ser etéreo, ele sofre modificações de gênero tão variado, e talvez mais numerosas até, do que no estado de matéria tangível. Essas modificações constituem fluidos distintos que, embora procedentes do mesmo princípio, são dotados de propriedades especiais, e dão lugar aos fenômenos próprios do mundo invisível.

    Sendo tudo relativo, esses fluidos têm para os espíritos, eles próprios fluídicos, uma aparência tão material quando a dos objetos tangíveis para os encarnados, e são, para eles, o que para nós são as substâncias do mundo terrestre; eles os elaboram e combinam para produzirem determinados efeitos, como fazem os homens, com seus materiais, porém, por processos diferentes.

    Mas lá, como neste mundo, só aos espíritos mais esclare-cidos é dado compreender o papel que desempenham os ele-mentos constituintes do seu mundo. Os ignorantes do mundo invisível são tão incapazes de compreender os fenômenos que presenciam, e para os quais muitas vezes contribuem meca-nicamente, quanto o são os ignorantes da Terra para explicar os efeitos da luz ou da eletricidade, para dizer como é que veem ou escutam.

    4. Os elementos fluídicos do mundo espiritual escapam aos nossos instrumentos de análise e à percepção dos nossos sentidos, feitos para a natureza tangível e não para a subs-tância etérea. Existem alguns que pertencem a um meio a tal 1 A denominação fenômeno psíquico traduz a ideia com mais exatidão do que a denominação fenômeno espiritual, visto que esses fenômenos se fundam nas propriedades e nos atributos da alma, ou melhor, dos fluidos do perispírito, inseparáveis da alma. Essa qualificação os liga mais intimamente à ordem dos fatos naturais regidos por leis; pode-se, pois, admiti-los como efeitos psíquicos, sem admiti-los a título de milagres.

  • 4 75ªaula:Pensamentoevontade

    ponto diferente do nosso, que só podemos formar um juízo a respeito deles por comparações tão imperfeitas como as que, através das quais, um cego de nascença procura fazer uma ideia da teoria das cores.

    Entre os fluidos, porém, alguns estão intimamente liga-dos à vida corporal e, de certa forma, pertencem ao meio ter-restre. Não havendo possibilidade de percepção direta, pode-mos observar-lhes os efeitos, como observamos os do fluido do ímã, que jamais foram vistos, e adquirir, a respeito da natureza deles, conhecimentos mais ou menos exatos. Esse estudo é essencial, porque é a chave para uma imensidão de fenômenos que são inexplicáveis só pelas leis da matéria.

    5. O ponto de partida do fluido espiritual é o grau de pureza absoluta, de que nada pode dar-nos uma ideia; o ponto oposto é sua transformação em matéria tangível. Entre esses dois extremos, existem inúmeras transformações, que se apro-ximam mais ou menos de um e de outro. Os fluidos mais pró-ximos da materialidade, consequentemente, os menos puros, compõem o que se pode chamar atmosfera espiritual terres-tre. É desse meio, onde se encontram igualmente diferentes graus de pureza, que os espíritos encarnados e desencarnados da Terra extraem os elementos necessários à manutenção da sua existência. Por mais sutis e impalpáveis que sejam para nós, esses fluidos não deixam de ser de natureza grosseira, em comparação com os fluidos etéreos das regiões superiores.

    O mesmo acontece na superfície de todos os mundos, exceto quanto às diferenças de constituição e às condições de vitalidade próprias de cada um. Quanto menos a vida neles é material, menos os fluidos espirituais têm afinidade com a matéria propriamente dita.

    A denominação fluidos espirituais não é rigorosamente exata, uma vez que, definitivamente, eles são sempre matéria, mais, ou menos apurada. De realmente espiritual, só existe a alma ou princípio inteligente. Chamamo-los assim por com-paração, e sobretudo em razão da sua afinidade com os espí-ritos. Pode-se dizer que são a matéria do mundo espiritual: eis por que são chamados fluidos espirituais.

    6. Aliás, quem conhece a constituição íntima da matéria tangível? Talvez ela só seja compacta em relação aos nossos sentidos, e o que o provaria é a facilidade com que ela é atravessada pelos fluidos espirituais e pelos espíritos, aos quais ela não opõe obstáculo maior do que o que os corpos transparentes opõem à luz.

    Tendo por elemento primitivo o fluido cósmico etéreo, a matéria tangível, ao desagregar-se, deve poder retornar ao estado de eterização, como o diamante, o mais duro dos corpos, pode volatilizar-se em gás impalpável. A solidificação da matéria, na realidade, é apenas um estado transitório do fluido universal, que pode retornar ao seu estado pri-mitivo quando as condições de coesão deixam de existir.

    Quem sabe mesmo se, no estado de tangibilidade, a maté-ria não é capaz de adquirir uma espécie de eterização que lhe daria propriedades particulares? Certos fenômenos, que parecem autênticos, tenderiam a fazer com que se supusesse isso. Por enquanto, só conhecemos as fronteiras do mundo invisível, e sem dúvida o futuro nos reserva o conhecimento de novas leis, que nos permitirão compreender o que ainda é um mistério para nós.

    A Gênese — Allan KardecCapítulo XIV “Os fluidos”

  • EscoladeAprendizesdoEvangelho-AliançaEspíritaEvangélica(8ªturma/GEAEL) 5

    Primeiro Culto Cristão, realizado por Jesus na casa de Pedro.

    Povoara-se o firmamento de estrelas, dentro da noite pra-teada de luar, quando o Senhor, instalado provisoriamente em casa de Pedro, tomou os Sagrados Escritos e, como se quises-se imprimir novo rumo à conversação que se fizera improdu-tiva e menos edificante, falou com bondade:

    — Simão, que faz o pescador quando se dirige para o mercado com os frutos de cada dia?

    O apóstolo pensou alguns momentos e respondeu, hesitante:— Mestre, naturalmente, escolhemos os peixes melhores.

    Ninguém compra os resíduos da pesca.Jesus sorriu e perguntou, de novo:— E o oleiro? Que faz para atender à tarefa a que se

    propõe?— Certamente, Senhor, (redargüiu o pescador, intrigado)

    modela o barro, imprimindo-lhe a forma que deseja.O Amigo Celeste, de olhar compassivo e fulgurante, in-

    sistiu:— E como procede o carpinteiro para alcançar o traba-

    lho que pretende?O interlocutor, muito simples, informou sem vacilar:— Lavrará a madeira, usará a enxó e o serrote, o martelo

    e o formão. De outro modo, não aperfeiçoará a peça bruta.Calou-se Jesus, por alguns instantes, e aduziu:— Assim, também, é o lar diante do mundo. O berço do-

    méstico é a primeira escola e o primeiro templo da alma. A casa do homem é a legítima exportadora de caracteres para a vida comum. Se o negociante seleciona a mercadoria, se o mar-ceneiro não consegue fazer um barco sem afeiçoar a madeira aos seus propósitos, como esperar uma comunidade segura e tranqüila sem que o lar se aperfeiçoe? A paz do mundo começa sob as telhas a que nos acolhemos. Se não aprendemos a viver em paz, entre quatro paredes, como aguardar a harmonia das nações? Se nós não habituamos a amar o irmão pais próximo, associado à nossa luta de cada dia, como respeitar o Eterno Pai que nos parece distante?

    Jesus relan-ceou o olhar pela sala modesta, fez pequeno intervalo e continuou:

    — Pedro, acen-damos aqui, em tor-no de quantos nos procuram a assis-tência fraterna, uma claridade nova. A mesa de tua casa é o lar de teu pão. Nela, recebes do Senhor o alimento para cada dia. Por que não instalar, ao redor dela, a sementeira

    da felicidade e da paz na conversação e no pensamento? O Pai, que nos dá o trigo para o celeiro, através do solo, envia-nos a luz através do Céu. Se a claridade é a expansão dos raios que a constituem, a fartura começa no grão.

    Em razão disso, o Evangelho não foi iniciado sobre a mul-tidão, mas, sim, no singelo domicílio dos pastores e dos ani-mais. Simão Pedro fitou no Mestre os olhos humildes e lúcidos e, como não encontrasse palavras adequadas para explicar-se, murmurou, tímido:

    — Mestre, seja feito como desejas.Então Jesus, convidando os familiares do apóstolo à pa-

    lestra edificante e à meditação elevada, desenrolou os escritos da sabedoria e abriu, na Terra, o primeiro Culto Cristão no Lar.

    Recordemo-nos das palavras sábias de Jesus;“Tenho-vos dado o exemplo, para que como eu o fiz, as-

    sim vós o façais.”

    Jesus no LarNéio Lúcio

  • 6 75ªaula:Pensamentoevontade

    PERGUNTA: — Poderíeis expor-nos com maiores deta-lhes como se dá a intervenção ou ação do homem sobre o elemental primário que lhe causa o câncer?

    RAMATÍS: — Já vos expli-camos alhures que o homem, na qualidade de criatura que pensa, sente, age e pode exami-nar os seus próprios atos, tanto é responsável pelas “virtudes” que o beneficiam, como pelos “pecados”, que o prejudicam espiritualmente. No primeiro caso, ele sensibiliza-se afinando a sua indumentária perispiritu-al; no segundo, perturba-se pela mente e pela emoção descon-troladas, alterando a harmonia eletrônica das energias ocultas que lhe sustentam o equilíbrio biopsíquico. Conforme for a natureza do pecado ou a vio-lência mental que exercer em oposição espiritual, também perturbará o tipo de elemental primário ou energia básica pri-mitiva do mundo astral e que, no conhecido choque de retor-no, produz uma reação lesiva idêntica, no perispírito, e que depois se transfere do mundo oculto para a carne, produzindo o estado enfermiço que a Medicina então classifica em sua terminologia patológica.

    Conforme a natureza do pecado, o conflito mental ou emotivo que a criatura cria para com a harmonia do seu espírito também irrita o tipo de elemental específico que lhe sustém o eletronismo biológico, estabelecendo o terre-no mórbido que se torna eletivo para determinada invasão microbiana. Assim produz-se a nefrite, a tuberculose, a asma, a lepra, a sífilis, a amebíase, o pênfigo ou o câncer e, conforme seja ainda a devastação orgânica, pode ocorrer a alienação mental, a esquizofrenia ou a epilepsia. O processo morboso que reage do mundo oculto, através do próprio elemento cria-dor que é perturbado, ataca o sistema linfático, o sangüíneo, o ósseo, o endocrínico ou o muscular, produzindo doenças características e diferentes entre si, desarmonizando as rela-ções entre o perispírito e a carne.

    A maioria dos casos de câncer que afetam o homem produz-se pela disfunção da base psíquico-eletrônica da orga-nização das células, devido ao elemental que fecunda a vida material se tornar virulento. Então essa modificação morbosa

    se torna o alimento predile-to de certos bacilos psíquicos ainda inacessíveis a qualquer percepção do aparelhamento de laboratório terreno, pois a origem mórbida só pode ser avaliada no campo das conjec-turas patológicas. O residual enfermiço vai-se acumulando no perispírito, na decorrência das encarnações, formando a indesejável estase, em que o organismo físico satura-se até ficar excessivamente sensibili-zado. É bastante uma singela contusão mal cuidada, este-nose insolúvel, enfermidade mais demorada num órgão debilitado, irritação por agen-tes químicos, abuso excessivo do fumo, do álcool, da carne de porco, dos narcóticos ou sedativos a granel, intoxica-ção medicamentosa, hemor-ragia incontrolável, interven-ção cirúrgica inoportuna ou excrescência parasitária, para se iniciar a desarmonia celu-lar com a vertência do morbo fluídico para a carne e a conse-qüente anomalia no crescimen-

    to e justaposição das células.Poucos médicos sabem que algumas vezes é bastante um

    estado de irascibilidade, ódio, violência, mágoa ou insidiosa melancolia para dar início à drenação tóxica e à incidência cancerígena, que se manifesta como se tivesse sido acionada por forte detonador psíquico!

    A virulência fluídica em descenso do perispírito rompe o equilíbrio entre o eletronismo biológico do homem e as cole-tividades microscópicas que lhe garantem a estabilidade da vida física, sempre dependente da harmonia psicossomática. Então a carne é a grande sacrificada pelos neoplasmas que, depois, a terminologia acadêmica distingue na forma de sar-comas, epiteliomas, etc., ou da implacável leucemia.

    PERGUNTA: — Poderíeis explicar-nos, de modo mais com-preensível, como se processa o acometimento cancerígeno no corpo da criatura humana, através da subversão do elemen-tal primário de função criadora? Ser-vos-ia possível dar-nos uma idéia do motivo de ser tão dificultosa a cura do câncer, embora a Medicina já conte com aparelhagem tão eficiente?

    RAMATÍS: — Sob a nossa visão espiritual, temos obser-

    “Quando o homem pensa, emite ondas cerebrais eletro-dinâmicas, que afetam todo o campo de suas energias ocultas e, quando se emociona, pode alterar a freqüência vibratória do seu próprio sistema eletrônico de sustenta-ção atômica.”

  • EscoladeAprendizesdoEvangelho-AliançaEspíritaEvangélica(8ªturma/GEAEL) 7

    vado que o elemental fluídico primitivo e criador, depois de subvertido ou irritado pelas vibrações violentas ou mórbidas da mente humana, adensa-se como um forte visco astral que adere ao tecido delicado do perispírito, ameaçando perigosa petrificação que exige pesado tributo à alma. Verificamos que no fundo de todas as tumorações físicas cancerosas ele se acumula na forma de manchas, emplastros ou excrescências astralinas, que muito se assemelham à lama, aderente às con-trapartes etéreo-astrais, mantendo ali uma vida parasitária e independente, como se fossem nódoas negras sobre uma vestidura de linho alvo.

    Através do fenômeno de osmose, o fluido contaminado do elemental alterado é absorvido pelo perispírito, e salienta-se como o hóspede indesejável no processo mórbido do vam-pirismo fluídico que, por lei da vida sideral, precisa ser ali-jado da vestimenta imortal do espírito, uma vez que se trata de energia nociva, que não pertence à sua circulação normal. No caso da leucemia ou do câncer sangüíneo, esse elemental lodoso, primário e posteriormente agressivo, circula pela contextura do perispírito, polarizando-se mais fortemente nas contrapartes etéreo-astrais, que são as matrizes ajustadas à medula óssea, ao fígado e ao baço, ensejando perturbações perniciosas ao conhecido processo da hematopoese, ou seja, da formação dos glóbulos de sangue, constituindo a nossos olhos verdadeira “infecção fluídica”.

    Se o médico terreno pudesse examinar essa essência primária alterada pelo próprio espírito do homem, como excrescência lodosa aderida à organização perispiritual, sem dúvida iria associá-la às formas características repugnantes dos lipomas, que por vezes deformam grotescamente o rosto das criaturas! E um dos fatos mais significativos é que ela aumenta a sua força e vibração agressiva em perfeita sintonia com os resíduos de outras energias deletérias, que o homem movimenta na imprudência de novos desequilíbrios mentais e emotivos. Nutre-se, fortifica-se em sua virulência quando recebe novo combustível fluídico pelo psiquismo humano durante os estados de ódio, cólera, ciúme, inveja, crueldade, medo, luxúria ou orgulho. Eis por que os médicos modernos têm verificado que as crises dos cancerosos mantêm estreita relação com os seus estados psíquicos.

    O homem, como centelha emanada do Criador, um foco de luz obscurecida pela personalidade transitória carnal, deveria manter-se acima das paixões e interesses inferiores do mundo material a fim de, concentrando as energias que lhe ativam a luminosidade espiritual interior, projetar as forças que dissol-vem as aderências e as petrificações astrais do seu perispírito, livrando-o dos processos morbosos que lhe obscurecem a transparência sideral. E no caso do câncer só a dinamização vigorosa de forças geradas no mundo interior do espírito é que poderão diminuir a ação agressiva do elemental primário que, depois de perturbado, é o causador do câncer.

    PERGUNTA: — Ainda podeis estender-vos mais um pouco sobre a forma desse elemental primário responsável pelo câncer, informando-nos como ele opera sobre o peris-

    pírito na sua invasão morbosa?RAMATÍS: — Para a nossa visão de desencarnados,

    esse elemental, depois de subvertido, perde a sua aparência comum de fluido cintilante, que lembra o fluxo do luar sobre o lago sereno, para tornar-se obscurecido, denso, repugnante, agressivo e insaciável na sua ação invasora. Invertido na sua função criadora, assume a forma destruidora e ataca a subs-tância translúcida e tenuíssima do perispírito; tenta, mesmo, combinar a sua natureza inóspita e deletéria com a contextu-ra evolvida daquele, procurando rebaixá-lo para uma forma e condição astralina conspurcada, lembrando a nódoa de tinta alastrando-se pelo tecido alvacento.

    A sua configuração mais comum aderida ao perispírito lembra gigantesca ameba fluídica, que emite tentáculos sob movimentos larvais incessantes, ou assume a forma de exótica lagosta ou reptil aracnídeo, interceptando o curso nutritivo das correntes “vitais-magnéticas”, para alimentar a sua vida parasitária e vampírica. A sua ação é interpenetrante na veste perispiritual e condensa facilmente toda substância mental que, por efeito do mau uso dos dons do espírito, baixa em sua freqüência vibratória; também atua fortemente ao nível das emoções descontroladas e interfere principalmente na função do “chacra esplênico”, que é o centro etérico controlador e revi-talizante das forças magnéticas que se relacionam através do baço. No perispírito, que é a matriz da organização carnal, já se pode observar, então, a caracterização subversiva das células neoplásticas do câncer, cuja proliferação anárquica repercute pouco a pouco em direção ao corpo físico, em concomitância com o fluido pernicioso que opera subrepticiamente no seu incessante abaixamento vibratório. Infelizmente, é o próprio espírito do homem que enfraquece o seu comando biológico e concorre com os seus desatinos mentais e paixões violentas para que a manifestação cancerígena se processe mais cedo!

    Ante a desarmonia verificada nesse comando eletrônico, responsável pela aglutinação atômica que edifica a carne, o miasma astralino intercepta o fluxo vital e perturbam-se as linhas de forças magnéticas que predispõem a harmonia orgânica, resultando a rebelião incontrolável das células.

    Os clarividentes encarnados podem observar, com certa clareza, que esse miasma cancerígeno emite uma série de ten-táculos ou pseudópodes que, emergindo do perispírito, depois se interpenetram invisivelmente pela pele e pelos órgãos físicos, aos quais se aferram com vigor, traçando antecipa-damente o curso anárquico das formações celulares. Doutra feita, estendem-se pela intimidade da medula óssea, do fígado ou do baço, vampirizam os glóbulos vermelhos e caracteri-zam a hiperplasia do tecido formador dos glóbulos brancos.

    As células físicas embebidas por essa essência aviltante e parasitária se disturbam e atropelam-se em sua genética, materializando-se na carne sob a conformação heterogênea e nociva dos neoplasmas malignos.

    Fisiologia da AlmaRamatís / Hercílio Maes

    Editora do ConhECimEnto

  • 16. Nem todos os que dizem: “Senhor, Senhor!” entrarão no reino dos Céus, mas somente aquele que fizer a vontade de meu Pai, que está nos Céus.

    Escutai essas palavras do Mestre, todos vós que rejeitais a doutrina espírita como obra do demônio! Abri os vossos ouvidos, pois é chegada a hora de ouvir.

    Basta ter a aparência de servo do Senhor para ser um servidor fiel? Basta dizer: “Sou cristão”, para ser seguidor do Cristo? Procurai os verdadeiros cristãos, e os reconhecereis por suas obras. Eis as palavras do Mestre: “Uma boa árvo-re não pode dar maus frutos, nem uma árvore má dar fru-tos bons.” “Toda árvore que não dá bons frutos é cortada e lançada ao fogo.” Discípulos do Cristo, compreendei-as bem! Que frutos deve dar a árvore do cristianismo, árvore vigoro-sa cujos ramos frondosos cobrem com sua sombra uma parte do mundo, mas que ainda não abrigam todos os que hão de se reunir ao seu redor? Os frutos da árvore da vida são frutos de vida, de esperança e de fé. O cristianismo, tal como há muitos séculos o faz, sempre prega as divinas virtudes, procurando disseminar os seus frutos. Mas quão poucos os colhem! A árvore é sempre boa, mas os jardineiros são maus. Quiseram moldá-la às suas idéias; quiseram adaptá-la às suas necessidades; podaram-na, diminuíram-na, mutilaram-na; seus ramos estéreis não dão maus frutos, pois nada mais produzem. O viajante cansado que pára à sua sombra em busca do fruto da esperança, que deve restituir-lhe a força e a coragem, encontra apenas galhos infecundos prenunciando a tempestade. Em vão, procura o fruto da vida na árvore da vida: as folhas caem secas. A mão do homem mexeu tanto nelas, que definharam!

    Abri, pois, vossos ouvidos e corações, meus bem-ama-dos! Cultivai essa árvore da vida, cujos frutos dão a vida eterna. Aquele que a plantou vos convoca a cuidar dela com amor, e a vereis de novo dar seus divinos frutos com abun-dância. Conservai-a, tal como o Cristo vos entregou-a. Não mutileis seus galhos: sua sombra imensa quer estender-se ao Universo; seus frutos benfazejos caem com abundância para sustentar o viajante faminto que pretende chegar ao seu des-tino. Por isso, não os amontoeis para guardá-los, deixando que apodreçam e não sirvam para ninguém.

    Muitos são os chamados e poucos os escolhidos. Jesus quis dizer com isso que há monopolizadores do pão da vida, como há, muitas vezes, os do pão material. Não vos coloqueis entre eles, pois a árvore que dá bons frutos deve distribuí-los para todos. Ide procurar os que estão famintos; trazei-os para a sombra da árvore, e partilhai com eles o abrigo que ela vos oferece.

    Não se colhem uvas nos espinheiros. Meus irmãos, afas-tai-vos daqueles que vos chamam para vos apresentar aos espinheiros do caminho, e segui aqueles que vos conduzem à sombra da árvore da vida. O Divino Salvador, o justo por excelência, disse-o, e Suas palavras não passarão: “Nem to-dos os que me dizem: ‘Senhor, Senhor!’ entrarão no reino dos Céus, mas apenas os que fazem a vontade de meu Pai, que está nos Céus”.

    Que o Senhor de bênçãos vos abençoe! Que o Deus de luz vos ilumine! Que a árvore da vida espalhe sobre vós seus fru-tos com abundância! Crede e orai. (Simeão, Bordéus, 1863).

    Capítulo 18Muitos serão os chamados e poucos os escolhidos

    O Evangelho Segundo o Espiritismo

    É preciso que se dê mais importância à leitura do Evangelho. E, no entanto, abandona-se esta divina obra;faz-se dela uma palavra vazia, uma mensagem cifrada. Relega-se este admirável código moral ao esquecimento.