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FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO “A RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA E SUA INTERFACE COM AS INSTTUIÇÕES BANCÁRIAS” FILIPE DE CASTRO QUELHAS ORIENTADOR: PROF. DR. EDSON JOSE DALTO Rio de Janeiro, 28 de abril de 2014.

FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC …s3.amazonaws.com/.../df/dis_2014_04_-_filipe_de_castro_quelhas.pdf · Herbet de Souza (Betinho) viii ... Na atual conjuntura, toma proporções

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FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM

ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO

“A RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA E SUA INTERFACE COM AS INSTTUIÇÕES

BANCÁRIAS”

FILIPE DE CASTRO QUELHAS

ORIENTADOR: PROF. DR. EDSON JOSE DALTO

Rio de Janeiro, 28 de abril de 2014.

ii

“A RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA E SUA INTERFACE COM AS

INSTITUIÇÕES BANCÁRIAS”

FILIPE DE CASTRO QUELHAS

Dissertação apresentada ao curso de

Mestrado Profissional em Administração

como requisito parcial para obtenção do

Grau de Mestre em Administração.

Área de Concentração: Administração

Geral

ORIENTADOR: PROF. DR. EDSON JOSE DALTO

Rio de Janeiro, 28 de abril de 2014.

iv

Q4

Quelhas, Filipe de Castro.

Responsabilidade social corporativa e sua interface com as

instituições bancárias / Filipe de Castro Quelhas. - Rio de

Janeiro: [s.n.], 2014.

56 f. : il.

Dissertação de Mestrado Profissionalizante em

Administração do IBMEC.

Orientador(a): Prof.º Dr. Edson Jose Dalto.

1. Responsabilidade Social. 2. Bancos. 3. Sustentabilidade.

I. Título.

CDD 658

v

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho de Dissertação primeiramente a

Deus. Segundo, à minha família, em especial aos meus

queridos pais Joel e Eliane, que são minha inspiração em

tudo que faço, pelo apoio incondicional em todos os

momentos de minha vida. E à Michelle Rezende Duarte,

minha mulher, minha companheira, minha confidente,

meu amor, minha razão do meu viver, a mulher mais linda

do mundo, minha vida, meu tudo, minha união eterna,

minha família e minha futura esposa com todo o meu

carinho e todo o meu amor.

vi

AGRADECIMENTOS

Agradeço este trabalho primeiramente a Deus pela persistência em todos os momentos de

minha vida. Em segundo lugar, agradeço aos meus pais, pela excelente criação que tive e

sempre me estimular para avançar meus estudos, o que fez com que eu chegasse até aqui.

Agradeço à Michelle Rezende Duarte, minha companheira, minha confidente e meu amor.

Agradeço ainda aos meus professores, principalmente ao meu orientador, Edson Dalto, por

esta orientação e pelos ensinamentos a mim transmitidos, e todos que colaboraram, direta ou

indiretamente, para o desenvolvimento desta dissertação.

vii

“Em resposta a uma ética da exclusão, estamos todos desafiados a praticar uma ética da

solidariedade”

Herbet de Souza (Betinho)

viii

RESUMO

Este estudo busca realizar uma análise crítica sobre as ações que as instituições financeiras,

aqui representados por grandes bancos brasileiros, estão fazendo pelo meio ambiente em

comparação com as suas respectivas políticas internas, voltadas aos seus colaboradores e

também seus clientes. A pesquisa é tipicamente descritiva e apoiada em dados secundários. A

análise dos Relatórios de Responsabilidade Social Empresarial dos bancos revela que o setor

bancário está evoluindo para uma ação estruturada e integrada, indicando a crescente

institucionalização da prática social.

Palavras Chave: Responsabilidade Social – Bancos – Sustentabilidade.

ix

ABSTRACT

This study aims to conduct a critical analysis of the actions that financial institutions, here

represented by large Brazilian banks are doing for the environment compared with their

respective internal policies, geared to their employees and also customers. The research is

descriptive and typically supported on secondary data. Analysis of Corporate Social

Responsibility Reports of banks reveals that the banking sector is evolving into a structured

and integrated action, indicating the growing institutionalization of social practice.

Key-Words: Social Responsibility - Banks - Sustentability.

x

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Inclusão da sustentabilidade na estratégia de negócios do Bradesco, curto prazo

(extraído de BRADESCO, 2012). ............................................................................ 28

Quadro 2: Inclusão da sustentabilidade na estratégia de negócios do Bradesco, curto prazo

(extraído de BRADESCO, 2012). ............................................................................ 28

Quadro 3: Quadro apresentando as metas e os objetivos para o ano de 2012, relacionados a

finanças sustentáveis com o seu nível de progresso e a justificativa (extraído de

BRADESCO, 2012). .................................................................................................. 29

Quadro 4: Quadro apresentando as metas e os objetivos para o ano de 2012, relacionados ás

estratégias de relacionamento com o seu nível de progresso e a justificativa (extraído de

BRADESCO, 2012). .................................................................................................. 31

Quadro 5: Atuação do Itaú Unibanco Holding S/A em relação à inclusão financeira (extraído

de ITAÚ UNIBANCO HOLDING S/A, 2012). ...................................................... 37

Quadro 6: Ações do Itaú Unibanco Holding S/A no mercado brasileiro (extraído de ITAÚ

UNIBANCO HOLDING S/A, 2012). ...................................................................... 39

Quadro 7: Investimentos do Governo (extraído de ITAÚ UNIBANCO HOLDING S/A, 2012)

.................................................................................................................................... 41

xi

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Escolas atendidas pelo projeto jovem do futuro do Itaú Unibanco Holding S/A

(extraído de ITAÚ UNIBANCO HOLDING S/A, 2012). ...................................... 40

xii

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 13

2. REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................. 16

2.1. SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL ............................................................... 17

2.2. RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL ................................................ 19

2.3. RESPONSABILIDADE SOCIAL E O SETOR BANCÁRIO .................................. 20

3. METODOLOGIA ............................................................................................................. 21

4. ANÁLISE DOS RESULTADOS ..................................................................................... 23 4.1. BANCO BRADESCO SA ......................................................................................... 24

4.2. ITAÚ UNIBANCO HOLDING S/A ......................................................................... 32

4.3. BANCO BRADESCO SA X ITAÚ UNIBANCO HOLDING S/A .......................... 42

5. CONCLUSÕES ................................................................................................................ 46

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 48

ÚLTIMA PÁGINA ................................................................................................................. 50

1. INTRODUÇÃO

O tema Responsabilidade Social Empresarial (RSE), na perspectiva da

sustentabilidade, recebe cada vez mais atenção da sociedade, mas também se reflete nas

práticas e adesões das empresas. Na atual conjuntura, toma proporções mundiais, devido ao

instalado processo de globalização do presente século, a exemplo da proposta da Organização

das Nações Unidas (ONU) pois, em 1999, em Davos, no Fórum Econômico Mundial, o

Secretário Kofi Annan lançou o Global Compact, uma série de princípios e metas para serem

alcançadas pelos empresários, governo e sociedade civil até 2015, as chamadas Metas do

Milênio. Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA, 2012), demonstra os

índices crescentes da prática de responsabilidade social empresarial no Brasil.

São múltiplas as concepções sobre o tema Responsabilidade Social Empresarial.

Registra-se ao longo da história, a concepção da visão clássica, defendida pelo economista

Milton Friedmam, cuja maximização do lucro é a grande contribuição social que o empresário

disponibiliza à sociedade, por ensejar emprego, impostos, produtos e serviços, cuja gênese se

encontra nas concepções do neoliberalismo (ASHLEY, 2002).

No Brasil, há várias iniciativas para classificar as empresas em termos de

responsabilidade social e ambiental. O Índice de Governança Corporativa (IGC) têm por

objetivo medir o desempenho de uma carteira teórica composta por ações de empresas que

14

apresentem bons níveis de governança corporativa. Em Dezembro de 2005 foi lançado o

Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) pela Bovespa, que avalia ações de empresas que

declaram melhores políticas e desempenho nas dimensões econômico-financeiras, governança

corporativa, ambiental e social. Nota-se, dessa forma, que a reputação corporativa está sendo

avaliada e valorizada em tempo real (WILNER, 2006).

Outra forma de pressão para uma atuação responsável vem dos bancos de

financiamento. Sob o ponto de vista de agências governamentais ambientais em diversos

países. Consequentemente, diversos bancos estão exigindo que a empresa interessada numa

linha de crédito apresente seu histórico relativo à sua conduta ambiental e social, numa forma

de prevenir problemas futuros, caso a empresa apresente riscos oriundos de passivos

ambientais.

O tema responsabilidade social tem sido cada vez mais encarado com seriedade por

muitas empresas, organizações não governamentais, instituições e governos. Isso porque ser

responsável socialmente é a forma mais avançada e coerente para romper barreiras e quebrar

paradigmas.

O objetivo desta dissertação foi realizar uma pesquisa teórica sobre o tema da

responsabilidade social empresarial, cujo referencial teórico é sustentado nos temas da

responsabilidade sócio-ambiental, tais como questão ambiental, posicionamento empresarial

referente à responsabilidade social e desenvolvimento sustentável, além de introduzir o papel

dos bancos neste cenário.

Acredita-se, no entanto, que os bancos apesar de possuírem enormes cifras financeiras

apenas investem em termos ambientais uma pequena parcela dos seus lucros, porém, acaba

15

exigindo de seus clientes um investimento maior, além disso, há uma preocupação somente

com o aspecto macroambiental que permite uma melhoria na imagem da instituição e em

contrapartida os problemas microambientais são menosprezados.

16

2. REFERENCIAL TEÓRICO

Inicia-se o presente capítulo com uma revisão de literatura que aborda os temas

referentes à Responsabilidade Social Empresarial, tais como sustentabilidade empresarial,

responsabilidade social empresarial, políticas de crédito sustentáveis, investimento bancário

em responsabilidade social.

17

2.1. SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL

Uma sociedade é considerada sustentável “ao atender, simultaneamente, aos critérios

de relevância social, prudência ecológica e viabilidade econômica, os três pilares do

desenvolvimento sustentável” (SACHS, 2002). Seguindo esses pilares, as empresas adotam

políticas e práticas de sustentabilidade, procurando incorporar estrategicamente seus negócios

às dimensões (econômica, ambiental e social) do desenvolvimento sustentável.

O conceito de Desenvolvimento Sustentável emerge como uma nova proposta

desenvolvimentista para a sociedade na década de 80 como uma contraposição a realidade

vivida desde a Revolução Industrial. “Criamos uma economia que não pode sustentar o

progresso econômico, uma economia que não pode nos conduzir ao destino desejado”

(BROWN, 2003). A Comissão Mundial Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (1991),

também conhecida como Comissão Brundtland, foi que definiu o Desenvolvimento

Sustentável como sendo aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a

possibilidade de as gerações futuras atenderem a suas próprias necessidades.

As teorias e práticas de desenvolvimento sustentável incluem a participação de todos

os ramos da sociedade, incluindo as empresas. Isto torna cada vez mais frequente e emergente

a necessidade da reflexão dos empresarias sobre suas responsabilidades no desenvolvimento

social.

De acordo com Almeida (2002) as empresas tiveram seu desempenho focado

exclusivamente no lucro, enquanto viveu revoluções industrial, científica e tecnológica. Esta

postura reflete negativamente a sua reputação, levando os empresários a novas maneiras de

pensar e agir.

18

[...] Acostumado a dividir o universo em compartimentos estanques para

poder entendê-lo – fruto de uma visão cartesiana, mecanicista, reducionista,

forjada em trezentos anos de Revolução Científica e Industrial –, nos últimos

anos do século XX o homem viu-se às voltas com a constatação de que a

natureza não se deixa apreender completamente pelas ferramentas

tradicionais de análise [...]. Para ser compreendida, pede um novo:

orgânico, holístico, integrador [...](ALMEIDA, 2002)

Práticas sustentáveis no cotidiano das empresas são possíveis e que está ao alcance de

todos. No atual estado de conhecimento tecnológico e científico é possível observar que ser

uma empresa sustentável está mais relacionado a questões culturais do que a capacidade

intelectual e econômica de construir novos modelos de desenvolvimento. A incorporação do

desenvolvimento sustentável das empresas é um processo ainda em formação (ALMEIDA,

2002).

19

2.2. RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL

A responsabilidade social empresarial aparece como uma alternativa cada vez mais

comum de colocar em prática a sustentabilidade empresarial, um novo contexto mundial que

impulsiona as empresas a adotarem modelos de gestão mais sustentável. As empresas podem

oferecer a sociedade algo além do crescimento econômico. A responsabilidade social

empresarial passa por todos os níveis organizacionais, da estratégia até a operação e busca dar

um aspecto mais humano e altruísta a empresa. Adotando esta forma agir a organização

contribui para o desenvolvimento social. A realização da responsabilidade social empresarial

exige que a organização considere os interesses e as necessidades de todos os públicos

afetados pela atividade empresarial (diretamente ou indiretamente) (ALESSIO, 2008).

20

2.3. RESPONSABILIDADE SOCIAL E O SETOR BANCÁRIO

Os bancos podem transformar o dinheiro no espaço, no tempo, na escala, e ainda

podem avaliar os riscos entre investidores e investimentos. Como exercem uma função

importante na sociedade, os bancos induzem as empresas a adotarem práticas socialmente

responsáveis e executar estratégias para que seus tomadores de crédito se beneficiem através

de financiamentos de projetos da instituição bancária (BRITO, 2008).

Mattarozze e Trunki (2007), postulam que:

(...) muitas instituições financeiras não aceitam a responsabilidade pelos

danos sociais e ambientais decorrentes de seus negócios, apesar delas serem

ávidas por conceder crédito para o crescimento da economia e por obter os

benéficos derivados de seus serviços. Relativamente poucas instituições

financeiras, em seus papéis de credor, analista, garantidor, assessor ou

investidor efetivamente usam seus poderes para deliberadamente canalizar

recursos de negócios sustentáveis ou para encorajar seus clientes a

incorporar a sustentabilidade.

Os autores apresentados acima mostram que os bancos não são apenas de executores

de mudanças, mas também indutores de mudanças com as partes que se relacionam, pois

induzem as empresas a adotarem práticas sustentáveis e prestarem os seus serviços de forma

ética e responsável.

21

3. METODOLOGIA

Tratamos de uma pesquisa tipicamente qualitativa, uma vez que, segundo Vianna

(2003), uma das linhas da pesquisa qualitativa procura interpretar o mundo em que vivemos e

os fenômenos que nos rodeiam, rejeitando a orientação da abordagem quantitativa porque essa

imporia ao observador / pesquisador, os pressupostos racionais sobre os acontecimentos de

uma forma sistemática, ao invés de refletir sobre esses mesmos acontecimentos através da

interpretação teórica do assunto.

A modalidade de pesquisa utilizada baseia-se no pensamento de Vianna (2003),

segundo o qual, as formas ditas qualitativas de observação traduzem-se, em geral, em relatos

cursivos sobre eventos ou comportamentos, que serão analisados à luz de alguma teoria. Em

função da questão de investigação selecionada, restringimos o campo de pesquisa a uma

análise bibliográfica do tema. Ainda segundo Vianna (2003), esse tipo de observação pode ser

participativa ou não, conforme o interesse em foco ou a condição do observador. Deste modo,

optamos pela não realização de pesquisa de campo.

Inicialmente foi desenvolvida em caráter exploratório avançando para o aspecto

descritivo da pesquisa, pois segundo Godoy (1995), a palavra escrita ocupa lugar de destaque

nessa abordagem, desempenhando um papel fundamental tanto no processo de obtenção dos

dados quanto na discriminação do resultado.

22

Pelo fato da responsabilidade social corporativa ser um tema relativamente novo

quando comparado a grandes outros temas da Administração, desta forma esta dissertação de

mestrado tem como base a pesquisa exploratória bibliográfica, com o objetivo de permitir

maior familiaridade entre o pesquisador e o tema, restringindo-se buscar mais informações

sobre determinado assunto (CERVO & BARVIAN 2003). O material bibliográfico analisado

constituiu-se em livros, artigos científicos, trabalhos acadêmicos, sites de pesquisa e autores

importantes em relação ao tema objeto de estudo, bem como a analise de um Relatório anual

de Responsabilidade Social Empresarial de duas instituições bancárias brasileiras.

Sendo assim, na presente dissertação de mestrado profissional em administração, foi

realizada uma pesquisa tipicamente qualitativa, inicialmente exploratória, descritiva, baseou-

se na análise de levantamento bibliográfico. A opção pela não extensão à pesquisa de campo,

deve-se a limitações impostas pelo curto prazo para a realização da mesma.

Entre os meses de abril e maio de 2014 realizou-se pesquisa teórica sobre o discurso

socioambiental e a conduta em dois dos principais bancos de economia privada no Brasil, com

enfoque em temas considerados fundamentais para que uma instituição seja, de fato,

considerada socialmente responsável: trabalhadores, consumidores e meio ambiente. Foi feita

uma avaliação comparativa que teve como base informações sobre as práticas dos bancos em

assuntos relacionados à Responsabilidade Social Empresarial disponíveis em documentos e

relatórios das instituições.

23

4. ANÁLISE DOS RESULTADOS

A presente pesquisa sobre Responsabilidade Social e Empresarial dos Bancos

consistiu na avaliação do desempenho em termos de políticas e práticas nas questões

referentes aos consumidores, trabalhadores e financiamentos, de dois dos principais

conglomerados financeiros privados de capital nacional crédito no país e possuem

aproximadamente 50.000 clientes.

Os bancos que tiveram os seus RSE analisados foram o Banco Bradesco SA e Itaú

Unibanco Holding S/A que disponibilizam os seus relatórios on line nos endereços eletrônicos

das instituições. Com intuito de fazer uma comparação entre os dados a análise foi feita com

base nas publicações referentes ao ano de 2012, por dois motivos: 1) ser o último relatório que

o Itaú Unibanco Holding S/A disponibiliza em seu site (https://www.itau.com.br/) e; 2) a

partir de 2013, o Banco Bradesco SA passou a publicar de forma unificada em seu site

(http://www.bradesco.com.br/) um relatório abrangendo informações dos relatórios anuais de

sustentabilidade e das demonstrações contábeis e de análise econômico-financeira.

24

4.1. BANCO BRADESCO SA

O Relatório de sustentabilidade empresarial do Banco Bradesco SA começa fazendo

uma apresentação da importância do documento e as diretrizes que norteiam o compromisso

com o tema e reforça a difusão de uma cultura empresarial de responsabilidade

socioambiental, informa o que irá apresentar: visão das operações, das iniciativas e dos

avanços conquistados em 2012 nas dimensões social, ambiental e econômica, e aponta as

perspectivas para 2013.

25

“O Relatório de Sustentabilidade do Bradesco é um dos mais importantes

instrumentos de comunicação de nossas iniciativas no campo do

desenvolvimento sustentável para os públicos com os quais nos relacionamos

e para a sociedade em geral e é fundamental como ferramenta de

acompanhamento de nossos negócios. O Relatório expressa o nosso

compromisso com o tema e reforça a difusão de uma cultura empresarial de

responsabilidade socioambiental. O aprimoramento contínuo do processo de

relato de nossas práticas nos levou a adotar em 2006 as diretrizes

internacionais da GRI (Global Reporting Initiative) para a elaboração do

documento. As iniciativas apresentadas neste Relatório estão também

alinhadas às diretrizes do Pacto Global das Nações Unidas, do PRI

(Principles for Responsible Investment), dos Princípios do Equador, do

Carbon Disclosure Project (CDP) e do Protocolo Verde. O Relatório

incorpora ainda parâmetros de sustentabilidade exigidos pelo Índice de

Sustentabilidade Empresarial – ISE (da BM&FBovespa), pelo Dow Jones

Sustainability Index, pelo Índice Carbono Eficiente (ICO2, também da

BM&FBovespa), índices dos quais o Bradesco faz parte desde 2005, 2006 e

2010, respectivamente. O presente relato apresenta uma ampla visão das

nossas operações, das iniciativas e dos avanços conquistados em 2012 nas

dimensões social, ambiental e econômica, e aponta as nossas perspectivas

para 2013. Igualmente, traduz o nosso engajamento na transversalidade do

tema em nossas estratégias e ações, assim como na disseminação da cultura

da sustentabilidade, como parte integrada ao processo de gestão, e não

apenas como conceito, em toda a Organização.” (BRADESCO, 2012)

26

Lázaro de Mello Brandão, presidente do conselho de administração, e Luiz Carlos

Trabuco Cappi, Diretor-Presidente, escrevem uma carta em que as principais realizações e

destaques de 2012, as perspectivas e o cenário econômico são retratadas.

“Em 2012, as principais autoridades monetárias mundiais focaram a

atuação na preservação da liquidez dos mercados, melhorando as

perspectivas macroeconômicas futuras. O Brasil encontra-se apto para se

beneficiar dessa melhora, em função, principalmente, da evolução ocorrida

na última década, resultando em estabilidade econômica e ganhos na

qualidade de vida da população. No sistema financeiro, as mudanças

ocorridas nos últimos anos têm feito com que as instituições dediquem

atenção aos processos e fluxos das operações, ao mesmo tempo em que

buscam ampliar o portfólio de serviços oferecidos aos clientes. Na

Organização Bradesco, continuamos firmes no propósito de contribuir para

o desenvolvimento sustentável do País, sempre orientados pelos nossos

objetivos tradicionais de aumento da população bancarizada e

democratização do crédito. Buscamos, a cada ano, manter um saudável

equilíbrio em nossos negócios: produtos e serviços bancários, seguros,

previdência, capitalização e títulos e valores mobiliários, bem como

financiamento de atividades de elevado potencial de geração de empregos.

Estamos, além disso, sempre atentos aos princípios do Pacto Global, do qual

somos signatários desde 2005. O Bradesco está presente em todas as regiões

do território nacional. Em 31 de dezembro, chegamos à expressiva marca de

56.798 pontos de atendimento, incluindo Agências e Postos de Atendimento

no País, Agências e Subsidiárias no Exterior, Pontos do Bradesco Expresso,

Postos de Atendimento Eletrônico e Pontos Externos da Rede de

Autoatendimento Dia & Noite. Essa estrutura de elevado alcance está

associada a valores como confiabilidade, qualidade, segurança, políticas

diferenciadas de sustentabilidade e melhores práticas de governança

corporativa. No ano, importantes reconhecimentos em prêmios e rankings

nacionais e internacionais, em publicações como The Banker, Euromoney,

Latin Finance e Newsweek, promoveram o Bradesco a uma posição de

destaque no setor bancário brasileiro e mundial. Temos consciência de que o

movimento a favor da sustentabilidade deve ser contínuo e gradativo. O

Relatório de Sustentabilidade aborda os resultados das metas que assumimos

em 2012, bem como as propostas para 2013. Por meio dele, a Organização

busca registrar e divulgar os progressos obtidos no campo da

sustentabilidade e prestar contas aos nossos investidores e acionistas e à

sociedade em geral. O Bradesco esteve presente na Rio+20 – Conferência

das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, realizada em junho

de 2012, no Rio de Janeiro. A inclusão financeira, uma de nossas prioridades

de atuação empresarial, foi o tema central do painel que promovemos

naquele evento. Também em 2012, e pela terceira vez, patrocinamos o

Fórum Mundial de Sustentabilidade, em Manaus, fortalecendo o

compromisso e ampliando a nossa participação nas discussões globais sobre

as questões socioambientais. Para ratificar esse direcionamento, estamos

presentes em importantes índices de sustentabilidade. Em setembro, fomos

27

novamente selecionados para integrar o Dow Jones Sustainability World

Index (DJSI), da Bolsa de Valores de Nova York, uma seleta lista que

engloba companhias que apresentam as melhores práticas para o

desenvolvimento sustentável. Em novembro, fomos selecionados mais uma

vez para fazer parte do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), da

BM&FBovespa, que reúne as companhias com os melhores indicadores e

desempenhos em sustentabilidade empresarial no País. Por fim, em janeiro

de 2013 tivemos a confirmação de que permanecemos na lista das empresas

que compõem o Índice Carbono Eficiente (ICO2), uma iniciativa da

BM&FBovespa e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e

Social (BNDES) com a finalidade de estimular as companhias a trabalhar

para uma economia de baixo carbono. No dia a dia, a atuação de nossas

equipes tem sido fundamental. Temos investido, consistentemente, em ações

voltadas para um ambiente de trabalho cada vez melhor e para o

desenvolvimento profissional de nossos colaboradores. De todos eles,

agradecemos o apoio e a dedicação.” (BRADESCO, 2012)

A forma como o Bradesco busca incluir a sustentabilidade em sua estratégia de

negócios, em seu dia a dia e em suas práticas empresariais é apresentada destacando a forma

como nos últimos anos, os fundamentos da economia brasileira melhoraram de maneira

significativa, resultando em redução da volatilidade macroeconômica, elevação do patamar de

crescimento e melhor distribuição de renda e apresentando os temas que serão priorizados a

curto e médio prazo (Quadro 1 e 2). O banco também apresenta as metas que foram

cumpridas e as justificativas relacionadas a finanças sustentáveis (Quadro 3).

28

Quadro 1: Inclusão da sustentabilidade na estratégia de negócios do Bradesco,

curto prazo (extraído de BRADESCO, 2012).

Quadro 2: Inclusão da sustentabilidade na estratégia de negócios do Bradesco,

curto prazo (extraído de BRADESCO, 2012).

29

Quadro 3: Quadro apresentando as metas e os objetivos para o ano de 2012,

relacionados a finanças sustentáveis com o seu nível de progresso e a justificativa

(extraído de BRADESCO, 2012).

30

O Bradesco atua em relação à inclusão financeira com a utilização de critérios

socioambientais na concessão de crédito, produtos de crédito, investimentos, cartões, seguros,

títulos de capitalização e previdência, além de informações sobre gestão de riscos. A empresa

acredita na inclusão financeira como forma de contribuir para o acesso de pessoas de classes

sociais de menor renda ao sistema financeiro e ao crédito e também como estímulo às

economias locais (BRADESCO, 2012).

Os dados de relacionamento são tratados de acordo com os seus públicos estratégicos:

clientes, funcionários, acionistas e investidores, fornecedores, comunidade, governo,

sociedade e 3o setor (ONGs), bem como as iniciativas de gestão da marca e de gestão

ambiental. As principais iniciativas para a preservação ambiental e a inclusão social são os

investimentos em instituições, além de projetos e eventos de cunho educacional, ambiental,

esportivo e cultural (Quadro 4) (BRADESCO, 2012).

31

Quadro 4: Quadro apresentando as metas e os objetivos para o ano de 2012,

relacionados ás estratégias de relacionamento com o seu nível de progresso e a

justificativa (extraído de BRADESCO, 2012).

32

4.2. ITAÚ UNIBANCO HOLDING S/A

O Relatório de sustentabilidade empresarial do Itaú Unibanco Holding S/A começa

fazendo uma apresentação da importância do documento e as diretrizes que norteiam o

compromisso com o tema e reforça a difusão de uma cultura empresarial de responsabilidade

socioambiental, informa o que irá apresentar: visão das operações, das iniciativas e dos

avanços conquistados em 2012 nas dimensões social, ambiental e econômica, e aponta as

perspectivas para 2013.

“Esta edição do nosso relatório anual apresenta mudanças estruturais e

significativas em relação aos anos anteriores. Essas alterações são resultado

de um novo processo de governança na apuração das informações e de um

exercício preliminar para a produção de um documento integrado às nossas

demonstrações contábeis. Esse trabalho promoveu mais engajamento entre

as áreas visando a um maior alinhamento desse conteúdo aos demais

relatórios já confeccionados, como o formulário de referência (Instrução da

Comissão de Valores Mobiliários nº 480) e o formulário 20-F (documento

arquivado na Securities and Exchange Commission (SEC), nos Estados

Unidos da América). GRI Perfil 3.5 O relatório está estruturado com as

seguintes seções: GRI Perfil 3.5 Itaú Unibanco – informações a respeito do

perfil do banco e de nossos negócios. Governança e gestão – detalhamento

de nossa estrutura de governança e as ferramentas que utilizamos para a

gestão de nossos negócios. Sustentabilidade: focos estratégicos –

apresentação de nossos focos estratégicos para a gestão da sustentabilidade,

seus objetivos e a forma de atuação. Performance sustentável – conteúdo

relativo aos mecanismos de gestão, às práticas e às iniciativas que adotamos

no relacionamento com nossos públicos; apresentação de nosso desempenho

econômico e financeiro e também dos objetivos gerais para o ano de 2013

apresentados na teleconferência dos resultados de 2012. Conteúdo GRI –

publicação de informações complementares aos demais conteúdos, respostas

a indicadores da Global Reporting Initiative (GRI) e pareceres das

auditorias. A busca pela integração, bem como o aprimoramento da

governança executiva desse relatório com envolvimento dedicado de

diferentes áreas do banco, mostra nossa contínua evolução da gestão da

sustentabilidade e disposição para o diálogo com nossos públicos. Nosso

objetivo é tornar ainda mais clara a prestação de contas sem privilegiar uma

audiência específica. Um dos objetivos do relatório anual é ser o um de

canal feedback aos nossos stakeholders e esperamos que seja lido por todos,

incluindo sociedade, acionistas, clientes e colaboradores. GRI Perfil 4.17 e

3.5 As informações apresentadas estão em linha com o Pronunciamento 13

do Comitê de Orientação para Divulgação de Informações ao Mercado

(COD IM). O relatório reúne dados apurados no período de 1º de janeiro a

31 de dezembro de 2012, indicando a gestão que adotamos para nosso

desempenho econômico, social e ambiental, cujos desafios para 2013 foram

inseridos e alinhados com nossas teleconferência de resultados e entrevistas

33

com executivos. O relatório também retrata a aderência de nossas iniciativas

aos dez princípios do Pacto Global, iniciativa da Organização das Nações

Unidas (ONU). GRI Perfil 3.1 O relatório abrange todas as organizações

sujeitas ao controle ou à influência significativa do Itaú Unibanco Holding

S.A. Eventuais alterações na apuração dos dados referentes às operações,

ocasionadas por compras e vendas de ativos ou outras alterações

significativas para os negócios, serão devidamente sinalizadas ao longo do

relato. GRI Perfil 3.6 e 3.8 O levantamento dos temas relevantes que

mostram a evolução de nossas práticas foi feito de acordo com nossa

estratégia de sustentabilidade. Em 2012, também adotamos como parâmetro

as diretrizes do Dow Jones Sustainability Index (DJSI), da Bolsa de Nova

York – uma das principais referências para avaliar a gestão da

sustentabilidade no mercado de capitais. Em 2013, incluiremos o Índice de

Sustentabilidade Empresarial da BM&FBovespa nessa análise. A evolução

dessa estratégia está descrita na seção que aborda nossos focos estratégicos.

GRI Perfil 3.5 A asseguração das informações socioambientais e a auditoria

das demonstrações contábeis, em BR GAAP, são realizadas pela

PricewaterhouseCoopers (PwC). A asseguração do processo foi realizada

pela BSD de acordo com as diretrizes da norma AA1000” (ITAÚ

UNIBANCO HOLDING S/A, 2012).

34

Pedro Moreira Salles, presidente do conselho de administração e Roberto Setubal,

presidente executivo, escrevem uma carta em que as principais realizações e destaques de

2012, as perspectivas e o cenário econômico são retratadas.

“O crescimento da economia brasileira nos próximos anos – em meio a um

cenário de crise na Europa, baixo desempenho dos mercados norte-

americanos e redução gradativa da atividade na China – dependerá,

essencialmente, de iniciativas ligadas à produtividade. Esse é o conceito

decisivo para alcançarmos a nossa visão de liderança em performance

sustentável e satisfação de clientes, especialmente se levarmos em conta as

significativas transformações pelas quais vem passando o nosso mercado,

transformações que impactam de forma significativa a nossa maneira de

fazer negócios. O ano de 2012 foi, para o Brasil, um período de transição

para um modelo de economia mais próximo daquele que vemos em nações

mais desenvolvidas. As taxas de juros caíram substancialmente, assim como

os spreads e as margens financeiras. Por outro lado, os custos de

infraestrutura e impostos continuam muito elevados no país. Essa conjuntura

implica em uma mudança estrutural da atividade bancária, com impactos

não apenas para quem toma crédito, mas também para quem investe. Um

novo conjunto de produtos e serviços será parte fundamental da nossa

estratégia. E, acima de tudo, teremos de aprimorar a visão de longo prazo

como o caminho para obter resultados por meio de relações perenes e

transparentes com nossos clientes. Apesar desses desafios, chegamos a 2013

com uma percepção clara de como agir. Antecipamos tendências e nos

preparamos para acompanhar a retomada do crescimento do país, que deve

ocorrer com novos investimentos em infraestrutura, incentivos

governamentais, manutenção das taxas menores de juros e redução dos

encargos. Esse é o cenário que esperamos para os próximos meses. Um

cenário que, graças aos nossos esforços de preparação dos últimos anos,

poderemos aproveitar plenamente. Como parte da preparação para as novas

exigências do mercado, fizemos importantes avanços no que diz respeito às

estruturas e políticas de governança corporativa da instituição. Lançamos

nossa Política de Transações com Partes Relacionadas e alteramos a

composição de nosso Conselho de Administração conforme estava previsto

desde a fusão do Itaú com o Unibanco, ocorrida em 2008. Assim, garantimos

que temas relevantes para a gestão sejam analisados com assiduidade e

transparência, contribuindo para as tomadas de decisões de acordo com os

interesses do banco e de seus acionistas. Progredimos significativamente em

nossa visão de sustentabilidade, sempre atentos aos desafios para

acompanhar as mudanças e demandas da sociedade. Nossos esforços para

expandir os conhecimentos sobre educação financeira e avaliação dos

critérios sociais e ambientais têm sido reconhecidos como modelos dentro e

fora do país, como mostram os diversos prêmios que recebemos e a presença

do banco nos principais índices de sustentabilidade no exterior (Dow Jones

Sustainability Index) e no Brasil (Índice de Sustentabilidade Empresarial).

Como líderes, é nosso papel influenciar o mercado em direção às mais

avançadas práticas e padrões internacionais. Por fim, provamos que

35

podemos ser mais eficientes e competitivos. Nossas equipes garantiram que

as despesas da corporação crescessem menos do que a inflação no exercício

de 2012, proporcionando-nos uma indiscutível vantagem competitiva. Isso é

resultado de uma cultura corporativa forte e já consolidada, do respeito ao

conjunto de atitudes do Nosso Jeito de Fazer e da crença na meritocracia

como principal instrumento de geração de valor na instituição. Este relatório

anual é um retrato do que já produzimos, mas também dos desafios que

temos à nossa frente. Continuaremos a expandir o banco no Brasil e no

exterior. Internacionalmente, demos passos importantes para expandir

nossas operações na América Latina e na Europa. Esse processo vai

requerer mais capacitação e, sobretudo, grande dedicação das nossas

lideranças. No Brasil, a meta é consolidar os profundos processos de

mudança já iniciados. Tenho plena confiança de que o Itaú Unibanco está

preparado para fazer de 2013 um ano memorável em qualidade e

performance. Pedro Moreira Salles Presidente do Conselho de

Administração do Itaú Unibanco Holding S.A. (ITAÚ UNIBANCO

HOLDING S/A, 2012)

A forma como o Itaú Unibanco Holding S/A busca incluir a sustentabilidade em sua

estratégia de negócios, em seu dia a dia e em suas práticas empresariais é apresentada no

Relatório de Sustentabilidade Empresarial, destacando-se a forma como nos últimos anos os

fundamentos da economia brasileira melhoraram de maneira significativa, resultado da

redução da volatilidade macroeconômica, elevação do patamar de crescimento e melhor

distribuição de renda, a empresa apresenta como antecipa as tendências e aperfeiçoa os

negócios para acompanhar as mudanças do mercado (ITAÚ UNIBANCO HOLDING S/A,

2012).

O Itaú Unibanco Holding S/A atua em relação à inclusão financeira com a utilização

de critérios socioambientais na concessão de crédito, produtos de crédito, investimentos,

cartões, seguros, títulos de capitalização e previdência, além de informações sobre gestão de

riscos. (ITAÚ UNIBANCO HOLDING S/A, 2012).

36

“Com foco na oferta de produtos e serviços adequados a cada perfil do

varejo, fornecemos empréstimos com taxas reduzidas para clientes de baixa

renda em um valor máximo de R$ 1 mil. O prazo para o pagamento do

empréstimo é de 24 meses, e a carência da primeira parcela é de 15 a 45

dias, com taxa de juros a 2%. Para ser elegível a essa linha de crédito, o

cliente não pode ter mais de R$ 3 mil em recursos no banco. Em nosso

desenvolvimento contínuo para garantirmos a acessibilidade de nossos

serviços, buscamos alternativas, por exemplo, que atendam clientes com

deficiência visual – hoje, existem mais de 6 mil contas para esse público,

número que, em razão da grande exposição na mídia e no banco,

praticamente dobrou em relação ao ano anterior. Oferecemos para todos

esses clientes – com contascorrentes ou cartões de crédito – as seguintes

opções: - Recebimentos em braile: 551 pessoas; - Caracteres ampliados: 290

pessoas; - Extrato normal: 3.439 pessoas. Aproximadamente 2 mil pessoas

ainda não utilizam nenhum dos serviços citados”.

“Temos uma Política Setorial de Risco Socioambiental com condicionantes

para empresas que incluem a Lista Restrita e a Lista Proibida. A análise de

risco é feita por meio de pesquisas e avaliações de documentos, visitas no

local e checklists setoriais. Passam pelo processo empresas classificadas

como de médio e alto potenciais de risco, classificadas em A, B e C. Em

2012, esse processo foi recertificado pela ISO 9001, uma norma técnica de

qualidade. Após a análise, são emitidos pareceres socioambientais

favoráveis ou desfavoráveis, ou são pedidas mudanças de práticas. Em 2012,

foram dados 6.527 pareceres. Desses, aproximadamente 98% eram

favoráveis. Ainda no âmbito socioambiental, oferecemos repasses da Linha

Agro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)

para financiar projetos que reduzam as emissões de gases de efeito estufa, e

o Financiamento Socioambiental Inter-American Investment Corporation

(IIC), voltado a pequenas e médias empresas com boas práticas e que

estejam de acordo com os critérios socioambientais do Itaú Unibanco e do

ICC.”

37

Quadro 5: Atuação do Itaú Unibanco Holding S/A em relação à inclusão

financeira (extraído de ITAÚ UNIBANCO HOLDING S/A, 2012).

38

Como um agente de transformação que possui relacionamentos perenes com os

clientes, colaboradores e demais públicos, identificam as necessidades e oportunidades locais

de regiões onde possuem os maiores polos administrativos para desenhar um mapa de atuação

em conjunto com as lideranças da sociedade civil e as entidades públicas. Com as principais

demandas identificadas, os projetos são executados gradualmente e viabilizados por meio de

reuniões e fóruns com órgãos públicos e com a comunidade envolvida (ITAÚ UNIBANCO

HOLDING S/A, 2012).

“Por meio de um plano empresário, buscamos mitigar possíveis riscos de

passivos ambientais ou o descumprimento de legislações relacionadas a

aspectos socioambientais de empreendimentos. Aplicamos três questionários,

que abordam aspectos socioambientais da empresa, do empreendimento e do

terreno. Se identificado algum risco financeiro, ambiental ou de imagem, a

operação passa por análise de áreas responsáveis. Em casos de

contaminação ou falta de licença ambiental, a área socioambiental é

acionada para auxiliar no parecer final. Os contratos de financiamentos

incluem cláusulas que reforçam a Política Nacional do Meio Ambiente e as

determinações da Constituição Federal. Entre os temas, destacam-se:

trabalho infantil; populações tradicionais, povos indígenas e quilombolas;

impactos na biodiversidade; impactos em fontes hídricas, entre outros.

Também exigimos que tomadores de crédito atentem-se às normas

trabalhistas relacionadas à saúde e à segurança ocupacional. E não

concedemos financiamento a empresas que descumpram as exigências legais

ou que estejam listadas no cadastro nacional de empregadores por manter

trabalhadores em condições análogas à de escravo.”

39

Quadro 6: Ações do Itaú Unibanco Holding S/A no mercado brasileiro (extraído

de ITAÚ UNIBANCO HOLDING S/A, 2012).

40

Figura 1: Escolas atendidas pelo projeto jovem do futuro do Itaú Unibanco

Holding S/A (extraído de ITAÚ UNIBANCO HOLDING S/A, 2012).

41

Quadro 7: Investimentos do Governo (extraído de ITAÚ UNIBANCO HOLDING

S/A, 2012)

42

4.3. BANCO BRADESCO SA X ITAÚ UNIBANCO HOLDING S/A

As duas instituições financeiras, apresentam em seus Relatórios de

Sustentabilidade Empresarial interesses semelhantes no que se refere aos investimentos em

ações sociais.

As atividades de Responsabilidade Social do BANCO BRADESCO SA são

orientadas pela política sócio-cultural da empresa que é alicerçada por cinco pilares de

atuação: educação, meio-ambiente, solidariedade, cultura e recursos. A questão de

Responsabilidade Social é trabalhada pela Fundação Bradesco, que consiste de uma entidade

Filantrópica sem fins lucrativos que tem como objetivo o bem estar social.

O BANCO BRADESCO SA disponibiliza uma verba anualmente para que se

possa trabalhar em seus cinco pilares, principalmente o da área educacional. A política é

válida para todas as unidades espalhadas pelo Brasil, porém cada uma tem a responsabilidade

de desenvolvimento e gestão dos próprios projetos, ficando a questão financeira a cargo do

Banco, o valor é pré-estipulado no começo do ano e a Fundação aplica este valor nas áreas

sociais.

Podemos observar que o ITAÚ UNIBANCO HOLDING S/A acredita que a

criação de um plano social teve como postura o comprometimento com a comunidade e com o

desenvolvimento econômico e social do País e trabalha com os seguintes valores: respeito à

pessoa; legalidade; busca permanente do desenvolvimento; ética; transparência e diversidade.

43

O ITAÚ UNIBANCO HOLDING S/A sempre trabalhou com o foco na

responsabilidade social mais direcionado para a questão de assistencialismo, demonstrando

assim que trabalhavam com a responsabilidade social na perspectiva de ajuda humanitária,

sem muito planejamento e mais voltado à filantropia. Só depois do destaque que esta

atividade passou a representar nos valores sociais, a empresa passou a trabalhar de forma

consistente em atividades de cunho social.

Os dois bancos fazem a divulgação dos resultados da Responsabilidade Social em

suas Home Pages na Internet. O BANCO BRADESCO SA também distribui revistas e

“folders” internamente para os seus clientes com a divulgação dos seus resultados.

O Balanço Social é publicado conforme as normas do IBASE. O BANCO

BRADESCO SA trabalha com a Responsabilidade Social de forma descentralizada, sendo

que a verba de atuação na área social é destinada para a Fundação Bradesco e a mesma decide

sua aplicação para as áreas necessárias que são trabalhadas de forma descentralizada pelas

unidades. O ITAÚ UNIBANCO HOLDING S/A tem as suas atividades de Responsabilidade

Social direcionadas pela Alta Administração, mas também de forma descentralizadas nas

unidades, sendo que as unidades obtêm um certo “empowerment” para modificar parte das

atividades, focalizando a necessidade da região.

O BANCO BRADESCO AS e o ITAÚ UNIBANCO HOLDING S/A têm a

Responsabilidade Social localizada nos seus organogramas como Relações Institucionais,

representadas respectivamente pela Fundação Bradesco e pelo Programa Itaú Social. Verifica-

se que o departamento responsável pela parte social é o de Marketing, vale também salientar,

que o responsável pela Responsabilidade Social é o presidente da empresa e é grande o

número de pessoas envolvidas nas atividades de Responsabilidade Social.

44

As empresas declararam que os funcionários apóiam seus projetos sociais. O

BANCO BRADESCO SA ressaltou que além de apoiar os funcionários incentivam sua

atuação na questão social. O ITAÚ UNIBANCO HOLDING S/A declara que os funcionários

participam de seus projetos sociais na medida do possível. Estas duas empresas trabalham

para integrar a Responsabilidade Social junto aos demais departamentos da organização. O

BANCO BRADESCO SA acredita que a integração de todos os departamentos já acontece de

forma natural, pois a Responsabilidade Social na organização existe desde a sua fundação. O

ITAÚ UNIBANCO HOLDING S/A busca essa integração através dos trabalhos de

voluntariado, existe o Programa “Itaú Voluntário”.

Os dois bancos não avaliam a Responsabilidade Social como sendo uma

Vantagem Competitiva perante os concorrentes, e sim uma essência da cultura organizacional

para o BANCO BRADESCO SA, e uma essência da corporação para o ITAÚ UNIBANCO

HOLDING S/A.

A educação é o foco principal das atenções das duas empresas pesquisadas, sendo

que, as crianças e os jovens têm destaque especial e o foco para as ações de Responsabilidade

Social está inserido na cultura das empresas participantes da pesquisa. Pode-se observar que

as empresas analisadas estão desenvolvendo, particularmente e, na medida de recursos

empregados, ações caracterizadas como sendo de Responsabilidade Social, entretanto não há

um consenso sobre o que deve ser priorizado ou a forma de divulgação das informações

referidas.

As atividades de Responsabilidade Social não podem ser avaliadas meramente

como busca de vantagem competitiva. O que se depreende é que as empresas analisadas

utilizam tais ações como forma de marketing interno ou externo, obtendo ganhos tantos com o

45

cliente interno como o externo. Portanto, tal cenário ilustra a Responsabilidade Social como

um elemento estratégico incorporado à cultura organizacional. Os diferentes programas e

projetos que as empresas desenvolvem, diretamente ou com o auxílio de parceiros, têm como

principal foco o envolvimento social. Entretanto, ganhos foram adquiridos pelas empresas.

A aplicabilidade da Responsabilidade Social como fator competitivo comparável

às inovações, renovações, preço, distribuição de marcas e tecnologia, bem como os cinco

grandes temas institucionais: valorização do consumidor, ecologia, empresa cidadã, ética nos

negócios e a empresa parceira - não correspondem à percepção dos dirigentes das empresas

pesquisadas. Pode-se afirmar, então, que a Responsabilidade Social apresenta-se como um

conceito em construção, com áreas de atuação diferenciadas e bem definidas, conforme

evidenciado através da análise cruzada dos dados coletados. Dessa forma, a integração entre a

propaganda institucional e a responsabilidade social não se constitui, na percepção dos

dirigentes das empresas, em vantagem competitiva sustentável. Mas sim em ações que passam

a se constituir em elemento estratégico de sua cultura organizacional.

46

5. CONCLUSÕES

A análise dos Relatórios de Responsabilidade Social Empresarial dos bancos Bradesco

S.A. e ITAÚ UNIBANCO HOLDING S/A revela que o setor bancário está evoluindo para

uma ação estruturada e integrada, indicando a crescente institucionalização da prática social.

As duas instituições financeiras, demonstram interesses semelhantes no que se refere aos

investimentos em ações sociais. Diante este estudo, foi possível observar a transparência que

essas organizações têm quando se trata de responsabilidade social. O tema tratado neste

trabalho é visto com ênfase nas relações com investidores, fornecedores e sociedade.

Sugere-se pesquisar quais os futuros projetos de ações que estes bancos possuem em

relação ao meio ambiente e quais as medidas que serão tomadas para contribuir com a

preservação dos recursos naturais, que atualmente estão sendo prejudicados pelas grandes

indústrias. Para finalizar, propõe-se fazer estes levantamentos nos períodos anteriores, para

analisar como foi a evolução do padrão RSE dos dois bancos estudados aqui, bem como uma

verificação dos relatórios dos outros bancos brasileiros.

O objetivo desta dissertação foi realizar uma pesquisa teórica sobre o tema da

responsabilidade social empresarial e foi parcialmente atingido. Foram analisados apenas dois

bancos, que não podem ser apresentados como todos os bancos brasileiros. A principal fonte

de informação foram os relatórios publicados pelos próprios bancos e nenhuma informação

47

contrária aos mesmos é publicada neles. Neste ponto ficou evidente as limitações do presente

trabalho, que na próxima etapa (análise de outros anos e outros bancos) deverá consultar

outras fontes, como, por exemplo, questionários.

A qualidade de vida dos cidadãos passa por sua identidade enquanto consumidor, os

bancos analisados não apresentam políticas claras e consistentes de redução de filas ou

diminuição de tarifas. Antes da preocupação com meio ambiente ser prioritária para os

bancos, seria necessário uma melhoria nos serviços que eles se propõem a oferecer.

Para além de lutar pela natureza é preciso reestruturar a relação dos seres humanos

com a natureza e dos seres humanos entre si, ou seja, um movimento configurado em projetos

políticos que visam a transformação social.

48

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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