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UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU -FURB CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AMBIENTAL Existem espécies raras na Floresta Estacional Decidual em Santa Catarina? Mestranda: CLÁUDIA FONTANA Orientadora: Lúcia Sevegnani Maio, 2011

Existem espécies raras na Floresta Estacional Decidual em Santa

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Page 1: Existem espécies raras na Floresta Estacional Decidual em Santa

UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU - FURBCENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AMBIENTAL

Existem espécies raras na

Floresta Estacional Decidual

em Santa Catarina?

Mestranda: CLÁUDIA FONTANAOrientadora: Lúcia Sevegnani

Maio, 2011

Page 2: Existem espécies raras na Floresta Estacional Decidual em Santa

• Dentre as regiões fitoecológicas florestaisdo bioma Mata Atlântica em SC está a Floresta Estacional Decidual (FED).

• A Floresta Estacional Decidual cobria 8%de Santa Catarina (KLEIN, 1978).

• Atualmente encontra-se em avançadoestado de degradação e fragmentação.

Introdução

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Unidade amostral de MondaíRH1

Unidade amostral de OuroRH3

Fonte: Marcio Verdi (IFFSC, 2010).3/32

Page 4: Existem espécies raras na Floresta Estacional Decidual em Santa

• Muitas espécies abundantes na Mata Atlantica figuramatualmente como espécies raras e muitas não sãoencontradas em áreas de regeneração (CAMPANILI; PROCHNOW, 2006).

• Com a contínua expansão dos centros urbanos, das indústrias e agronegócio há forte pressão sobre osrecursos naturais.

• Por consequência, potencializa-se o risco de perda dabiodiversidade , especialmente relacionada àsespécies raras .

Introdução

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Page 5: Existem espécies raras na Floresta Estacional Decidual em Santa

Introdução

•O conceito comum para raro é no sentido de pouco, escasso (BUENO,1989).

• Para Kageyama e Gandara (1993), podem haver espécies muito raras, com 1 indivíduo por hectare e espécies muito comuns com 100 ind./ha.

• Para Gaston (1994), espécies raras são aquelas que têmpoucos individuos e/ou distribuição geográfica restrita.

• Para Rabinowitz et al. (1986), a raridade pode se apresentarem sete diferentes formas , partindo do cruzamentovariáveis comuns entre as espécies.

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Objetivo

� Avaliar as formas de raridade das espécies

arbóreas da FED em SC através da análise

dos dados fitossociológicos coletados pelo

Inventário Florístico Florestal de Santa

Catarina a fim de fornecer subsídios à

conservação.

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Objetivo Específicos

� Determinar as formas de raridade das espéciesamostradas na Floresta Estacional Decidual, segundoRabinowitz et al. (1986).

� Caracterizar qualitativamente os fragmentos florestaisda FED quanto ao estado de conservação nos quais as espécies raras ocorrem.

� Indicar áreas estratégicas para proteção e conservação das espécies categorizadas nas formas 6 e 7 de raridade.

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Materiais e Métodos• Dados coletados em 79 unidades amostraisdo IFFSC, cada uma com 0,4 ha, DAP ≥ 10cm.

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• Cada UA é composta por um

conglomeradobásico com área total de 4.000m2,

constituído por quatro subunidades,

com área de 1.000m2 cada,

medindo 20 m de largura e 50 m de

comprimento.Fonte: (IFFSC, 2010).

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Materiais e Métodos

• Adaptação da metodologia utilizada por Caifa e Martins (2008) na determinação das formas de raridade da Floresta OmbrófilaDensa no Brasil.

• Para definir as formas de raridade ocorrentes na FED de Santa Catarina, foi utilizada uma grade de parâmetros propostapor Rabinowitz et al. (1986).

• O sistema de classificação categoriza sete formas de raridade e uma forma que abriga as espécies comuns.

• Segundo Rabinowitz et al. (1986) existem três variáveiscomuns entre as espécies:

� distribuição geográfica (gradientes longitudinais);� especificidade por habitat (gradiente altitudinal);

� tamanho populacional (número de indivíduos).9/32

Page 10: Existem espécies raras na Floresta Estacional Decidual em Santa

Materiais e Métodos

• A Longitude foi analisada a cada 30' longitudinais oumeio grau longitudinal, o equivalente a aproximadamente 55 km.

• A classificação da subdivisão em “ampla distribuiçãogeográfica” foi para a espécie ocorrente em três oumais gradientes longitudinais.

• Para a classificação como “restrita distribuiçãogeográfica” foi considerada a ocorrência da espécieem até dois gradientes longitudinais

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Gradientes latitudinais e longitudinais para a área de ocorrência da Floresta Estacional Decidual em SC.

Fonte: (IFFSC, 2010).11/32

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Materiais e Métodos• Para o parâmetro “especificidade por habitat” serãoconsideradas as formações Submontana e Montana� Faixas altitudinais (OLIVEIRA-FILHO E FONTES, 2000; OLIVEIRA, 2006).

• Será considerada como tendo habitat único a espécie queocorrer em apenas uma formação (IBGE, 1992).

• Será considerada como habitat variado a espécie queocorrer nas duas formações da Floresta EstacionalDecidual.

Submontana Montana

Latitude Altitude Latitude Altitude

24º S a 32º S 30m a 400m 24º S a 32º S 400m a 1000mLatitude e altitude para a região submontana e monta na onde ocorre Floresta Estacional Decidual em Santa Catarina.Obs.: N = Norte; S = Sul; m = metros. Fonte: IBGE, 1992

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Materiais e Métodos

• Foi considerada abundante aquela que tiver doisou mais indivíduos por Unidade Amostral.

• Foi considerada escassa aquela que tiver apenas1 indivíduo por unidade amostral.

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Materiais e MétodosGrade de parâmetros para classificação de formas de raridades.

Distribuição geográfica Ampla Restrita

Especificidade de habitat Variado Único Variado Único

Abundantes(Algumas amostras com muitos indivíduos)

Espécies ComunsApuleia

leiocarpa(Grápia)

Fabaceae

Forma 2 Forma 4 Forma 6

Escassas(Todas as amostras poucos indivíduos)

Forma 1 Forma 3 Forma 5

Forma 7Eugenia

subterminalis(guamirim)Myrtaceae14/32

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Materiais e Métodos

• Espécies Comuns:

� distribuição geográfica - ampla , ocorrendo emtrês ou mais faixas longitudinais;

� especificidade de habitat - variado , ocorrendotanto na formação montana, como nasubmontana;

� densidade populacional - abundantes , emtodas as amostras em que se encontra, ocorrecom mais de 2 ind/UA.

� A forma comum é a das especies dominantes .15/32

Page 16: Existem espécies raras na Floresta Estacional Decidual em Santa

Materiais e Métodos

• Forma 1 - Espécies com:

� distribuição geográfica - ampla , ocorrendo emtrês ou mais faixas longitudinais;

� especificidade de habitat - variado , ocorrendotanto na formação montana, como nasubmontana;

� densidade populacional - escassa , em todas as amostras em que se encontra, ocorre com 1 ind/UA.

� A forma 1 de raridade é a mais branda .16/32

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Materiais e Métodos

• Forma 2 - Espécies com:

� distribuição geográfica - ampla , ocorrendo emtrês ou mais faixas longitudinais;

� especificidade de habitat - único , podendoocorrer apenas em formação montana ousubmontana;

� densidade populacional - abundante , poisencontra-se em algumas amostrais com maisde 2 ou mais ind/UA.

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Page 18: Existem espécies raras na Floresta Estacional Decidual em Santa

Materiais e Métodos

• Forma 3 - Espécies com:

� distribuição geográfica - ampla , ocorrendo emtrês ou mais faixas longitudinais;

� especificidade de habitat - variado , ocorrendonas formações montana e submontana;

� densidade populacional - escassa , pois emtodas as amostras em que se encontraapresenta 1 ind/UA.

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Page 19: Existem espécies raras na Floresta Estacional Decidual em Santa

Materiais e Métodos

• Forma 4 – Espécies com:

� distribuição geográfica - restrita , ocorrendoem até duas faixas longitudinais;

� especificidade de habitat - variado , ocorrendonas formações montana e submontana;

� densidade populacional - abundante , pois emalgumas amostras apresentam muitosindivíduos (2 ou mais ind/UA).

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Page 20: Existem espécies raras na Floresta Estacional Decidual em Santa

Materiais e Métodos

• Forma 5 - Espécies com:

� distribuição geográfica - restrita , ocorrendoem uma ou duas faixas longitudinais;

� especificidade de habitat - variado , ocorrendo nas formações montana e submontana;

� densidade populacional - escassa , emtodas as amostras que ocorrem apresentampoucos indivíduos, 1 ind/UA.20/32

Page 21: Existem espécies raras na Floresta Estacional Decidual em Santa

Materiais e Métodos

Forma 6 - Espécies com:

� distribuição geográfica - restrita , ocorrendo em atéduas faixas longitudinais;

� especificidade de habitat - único , podendo ocorrerapenas em uma formação, montana ou submontana;

� densidade populacional - abundante , poisapresenta algumas amostras com 2 ou mais ind/UA.

� Esta última forma de raridade é relativa àsespécies endêmicas.

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Page 22: Existem espécies raras na Floresta Estacional Decidual em Santa

Materiais e Métodos• Forma 7 - Espécies com:

� distribuição geográfica - restrita , ocorrendo em atéduas faixas longitudinais;

� especificidade de habitat - único , ocorrendo emapenas uma formação, montana ou submontana;

� densidade populacional - escassa , em todasamostras em que ocorre apresenta 1 ind/UA.

� espécies endêmicas e é a forma mais restrita de raridade,� especialmente vulneráveis para o ecossistemaavaliado.22/32

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Materiais e Métodos

● Para cada uma das 79 unidades amostrais

implantadas na FED pelo IFFSC havia uma lista de

espécies .

● Cada espécie teve determinada sua forma de

raridade ou se é comum.

● Isso diagnosticou quantos tipos de raridade têm

cada unidade amostral.

● Quantas espécies se encontram com as formas de

raridade mais vulneráveis e quais as formas

predominantes. 23/32

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Resultados Preliminares

• Foram analisadas 208 espécies arbóreas em 79 UA.

• Quanto a distribuição geográfica :

� 56,73% apresentaram ampla distribuição geográfica� 43,27% apresentaram distribuição geográfica restrita

� confirma-se o grande endemismo citado para a Mata Atlântica(espécies com distribuição geográfica restrita).

• Quanto a especificidade por habitat :

� 48,56% ocorreram em habitat variado� 51,44% ocorrem em habitat único.

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Page 25: Existem espécies raras na Floresta Estacional Decidual em Santa

Resultados Preliminares

● Quanto ao tamanho populacional

� As espécies abundantes constituíram 76,92% dos indivíduos.

� As espécies escassas estão representadas por23,08% dos indivíduos.

� Todas as espécies classificadas como escassascompõe a forma 7 de raridade.

� A forma mais restrita, que abriga as espécies endêmicas e vulneráveis para a região fitoecológica avaliada.

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Page 26: Existem espécies raras na Floresta Estacional Decidual em Santa

Resultados Preliminares• Compareceram com alguma forma de raridade

53,84% das espécies.

� Formas encontradas: 2, 4, 6 e 7.

• Do total de espécies analisadas 46,16% foramclassificadas como “espécies comuns”.

� Espécies comuns apresentam:

� distribuição geográfica ampla, pois ocorrem em três ou maisfaixas longitudinais;

� especificidade de habitat variado, habitando tanto formaçãomontana, quanto submontana;

� abundante densidade populacional, pois há amostrasapresentando mais de 2 ind/UA.

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Page 27: Existem espécies raras na Floresta Estacional Decidual em Santa

Resultados PreliminaresDistribuição geográfica

Ampla56,73%

Restrita43,27%

Especificidade de habitat

Variado46,16%

Único10,57%

Variado2,40%

Único40,87%

Abundantes76,92%

(Algumas amostras com muitos indivíduos)

Espécies Comuns46,16%

Forma 210,57 %

Forma 42,40 %

Forma 617,79 %

Escassas23,08%

(Todas as amostras poucos indivíduos)

Forma 10

Forma 30

Forma 50

Forma 723,08 %

Quadro 2: Grade de parâmetros para classificação de formas de raridades.Fonte: Adaptado de RABINOWTIZ et al., 1986; CAIAFA, 2008.27/32

Page 28: Existem espécies raras na Floresta Estacional Decidual em Santa

Resultados Preliminares

Espécies comuns:

• A família que teve grande destaque no âmbito das espécies comuns foi Euphorbiaceae (22,92%), seguida de Myrtaceae (6,25%).

• O total de espécies arbóreas comuns foi 96 (46,16%).

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Page 29: Existem espécies raras na Floresta Estacional Decidual em Santa

Conclusões Preliminares• A aplicação da metodologia demostrou que a maior

parte das espécies da Floresta Estacional Decidualapresentam alguma forma de raridade (53,84%).

• Essas espécies se encontram vulneráveis:� seja por sua distribuição geográfica restrita� seja devido a sua especificidade por habitat � seja devido ao pouco número de indivíduos locais� ou pela sinergia entre as variáveis

• A informação extraída sobre quais são as espéciescomuns pode, entre outros aspectos, servir comosubsídio em projetos de recuperação de áreasdegradadas, pois parecem se desenvolver bem emambientes pouco conservados.

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Apoio

Bolsa Capes fornecida através do Programa de

Demanda Social.

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ReferenciasCAMPANILI M.; PROCNOW M. (Org). Mata Atlântica : uma rede pela floresta. Brasília: RMA, 2006. 332 p.

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FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA; Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Atlas dos remanescentesflorestais da mata Atlântica. São Paulo, 2010.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). 1992. Manual técnico da vegetaçãobrasileira . Série manuais técnicos de geociências, nº 1. Rio de Janeiro, 1992.

INVENTÁRIO FLORÍSTICO FLORESTA DE SANTA CATARINA. Portal do Inventário Florístico Florestal do Estado de Santa Catarina . Disponível em: <http://www.iff-sc.com.br/>. Acesso em: 21 de out. de 2010.

KLEIN, R. M. Mapa fitogeográfico de Santa Catarina. Itajaí: Flora Ilustrada Catarinense, 1978. 24 p.

LONGUI, S. J.; Terra Nascimento, A. R.; Fleig, F. D.; Della-Flora, J. B.; de Freitas, R. A.; Charão, Leandro W. Composição florística e estrutural da comunidade arbórea de um fragmento florestal no município de Santa Maria –Brasil. Ciência Florestal, v.9, n.1, p.115-133, 1999. ISSN 0103-9954.

Rabinowitz, D.; Cairns, S.; Dillon, T. Seven forms of rarity and their frequency in the fl ora of the British Isles. In: Conservation Biology: The Science of Scarcity and Diversity. Ed Bay Soulé M.E., 1986. pp. 182-204. SinauerAssociates, Sunderland.