EuropaliaVol2 Bx

  • Upload
    piano

  • View
    47

  • Download
    0

Embed Size (px)

DESCRIPTION

pdf

Citation preview

  • Realizao

    m

    sica

  • Europalia_Volume2_20121015.indd 1 15/10/2012 11:19:09

  • Presidenta da RepblicaDilma Rousseff

    Ministra de Estado da CulturaAnna Maria Buarque de Hollanda

    Ministro das Relaes ExterioresEmbaixador Antonio de Aguiar Patriota

    Embaixador do Brasil na BlgicaAndr Mattoso Maia Amado

    Chefe do Setor CulturalHugo Lorenzetti

    CoMit no BRASiL

    Comissrio geralSrgio Mamberti

    Diretor executivoMarcelo otvio Dantas

    Coordenao geralMyriam Lewin Jos do nascimento Jr.

    Representante do Ministrio das Relaes ExterioresJoaquim Pedro de oliveira Penna

    Representante do Ministrio da CulturaMartha Mouterde

    Europalia_Volume2_20121015.indd 2 15/10/2012 11:19:09

  • MSICA

    Europalia_Volume2_20121015.indd 3 15/10/2012 11:19:10

  • O Festival Europalia.Brasil celebrou a cultura brasileira em toda a sua diversidade e criatividade. o Ministrio da Cultura do Brasil uniu-se ao Europalia internacional, entidade organizadora do Festival, para apresentar o melhor da produo artstica brasileira em museus, centros culturais, teatros e salas de concertos da mais alta qualidade e reconhecimento na Blgica, Holanda, Luxemburgo, Frana e Alemanha. o Programa brasileiro levou ao corao do continente europeu um contingente expressivo de obras, artistas, intelectuais, pensadores e mestres da cultura popular, selecionados por curadores brasileiros, com um olhar prprio sobre a arte e a cultura de nosso pas.

    A programao do Festival teve o intuito de situar a cultura brasileira no contexto global, desnudando, por intermdio da arte e do pensamento, nossa histria, nossa alma e nossa viso de mundo em toda a sua essncia e contemporaneidade: heranas do passado, vivncias do presente e reflexes sobre o futuro capazes de refletir a imensa riqueza de nossas matrizes culturais e a fora inovadora da miscigenao e do sincretismo, surgida da convivncia por vezes to dolorosa e sofrida entre os povos que contriburam para a formao da sociedade brasileira.

    Europalia_Volume2_20121015.indd 4 15/10/2012 11:19:11

  • Anna Maria Buarque de HollandaMinistra de Estado da Cultura

    o Festival Europalia.Brasil, por sua magnitude, abrangncia e relevncia estratgica, mostrou-se o mais importante evento cultural internacional promovido pelo governo brasileiro desde o Ano do Brasil na Frana (2005). Basta lembrar que, para as 16 exposies financiadas pelo governo brasileiro, foram solicitadas e deslocadas cerca de 2.600 obras de arte, das quais 812 eram obras tombadas pelo patrimnio histrico, esforo que configurou a maior sada temporria de obras de arte da histria de nosso pas. Demais, cabe lembrar que a inaugurao do Festival, ocorrida no dia 4 de outubro de 2011, coincidiu com a realizao, em Bruxelas, da Cpula Brasil-Unio Europeia. A presidente Dilma Rousseff procedeu abertura solene do evento, juntamente com o rei da Blgica e os presidentes da Comisso Europeia e do Conselho Europeu.

    Com suas 16 exposies financiadas pelo governo brasileiro e mais outras oito financiadas diretamente por parceiros belgas; com seus 554 eventos de msica, dana, teatro, literatura, audiovisual e circo; com sua mobilizao de mais de mil artistas; e com sua abrangncia de cinco pases e 71 cidades, o Festival Europalia.Brasil atingiu, em seus 104 dias, um pblico direto de 1 milho de pessoas e um pblico indireto estimado em cerca de 10 milhes de cidados europeus (via jornais, rdio e televiso). os benefcios para o Brasil em termos de imagem no exterior, promoo de sua cultura e projeo de seus interesses internacionais foram incalculveis. Esta ao do Ministrio da Cultura corresponde a papel de pas em voga no cenrio internacional que o Brasil ocupa atualmente. nosso desafio consistiu em mostrar que tais atenes vo alm do modismo passageiro, e que o Brasil se tornou de fato um protagonista no plano da reflexo e da produo cultural. As exposies e os espetculos que apresentamos refletiram precisamente a diversidade e a complexidade de nossa cultura, guiando o pblico descoberta de um Brasil profundo e sofisticado, mas sempre aberto transformao criadora e ao dilogo com o mundo que nos cerca.

    Europalia_Volume2_20121015.indd 5 15/10/2012 11:19:11

  • Realizado de outubro de 2011 a janeiro de 2012, o Festival Europalia dedicado ao Brasil levou ao centro da Unio Europeia o melhor da produo artstica e intelectual brasileira, desde as etapas formativas da nao at seus aspectos mais contemporneos.

    Mais de 70 cidades de cinco pases Alemanha, Blgica, Frana, Holanda e Luxemburgo puderam travar contato, em muitos casos pela primeira vez, com a arte e a cultura do Brasil, nos campos da msica, do teatro, da dana, do circo, do cinema, da literatura e das artes visuais.

    Dos ndios da aldeia Mehinaku, habitantes da Reserva Florestal do Alto Xingu, em Mato Grosso, at representantes da vanguarda musical paulistana; da mais inovadora arquitetura urbana at o mais tradicional samba de roda baiano, o mosaico de cores, formas, sons e movimentos do Brasil chegou Europa em toda a sua complexidade e diversidade.

    Ainda mais importante, buscou-se privilegiar, no trabalho de preparao e de execuo do Festival Europalia.Brasil, no o olhar do estrangeiro sobre a cultura alheia o olhar do extico e da mera curiosidade mas a cultura brasileira assim como vista e vivida pelos brasileiros, sejam eles artistas, intelectuais, escritores ou representantes do pblico em geral.

    Europalia_Volume2_20121015.indd 6 15/10/2012 11:19:11

  • Embaixador Antonio de Aguiar PatriotaMinistro de Estado das Relaes Exteriores

    no momento em que aumenta o interesse do resto do mundo pelo Brasil, fruto de maior densidade da presena brasileira no cenrio internacional, cresce tambm nossa responsabilidade de aproveitar a oportunidade da melhor maneira possvel, dando arte e cultura seu mais profundo significado poltico.

    A inaugurao do Festival, que coincidiu com a realizao, em Bruxelas, da Cpula Brasil-Unio Europeia e contou com a presena da presidente Dilma Rousseff, do rei da Blgica e dos presidentes da Comisso Europeia e do Conselho Europeu, foi simblica desse momento vivido pelo Brasil, e do dilogo possvel entre a grande poltica e o esforo de divulgao cultural no exterior.

    Resultado de notvel esforo de coordenao de diversas reas do governo brasileiro, o Festival Europalia.Brasil contou, como no poderia deixar de ser, com o apoio decidido do Ministrio das Relaes Exteriores. o sucesso da iniciativa, um dos mais importantes eventos de difuso cultural dos ltimos anos, reflete tambm, nesse sentido, o continuado empenho do itamaraty em prol da promoo de nossa cultura no exterior.

    Com a publicao do presente catlogo, pela primeira vez o pblico, em especial o brasileiro, pode ter em mos registro abrangente e detalhado do conjunto do Festival Europalia.Brasil, em todos os campos da expresso artstica cobertos pela iniciativa, ao mesmo tempo prestao de contas e marco para iniciativas futuras.

    Europalia_Volume2_20121015.indd 7 15/10/2012 11:19:11

  • Europalia_Volume2_20121015.indd 8 15/10/2012 11:19:11

  • Murilo FerreiraDiretor presidente (CEo) da Vale

    A Vale reconhece a cultura como uma grande ferramenta de valorizao de um povo, de perpetuao de suas manifestaes, costumes e crenas. Assim, nos transformamos em uma importante patrocinadora da cultura brasileira, associando nossa marca a projetos que utilizam a arte para sensibilizar e estimular a formao de plateias.

    Somos uma empresa de recursos naturais com foco em minerao. Lder mundial na produo de minrio de ferro e segunda maior produtora de nquel, estamos entre as principais produtoras de mangans, fertilizantes, cobre e carvo, atuando tambm em logstica e energia. Somos mais de 180 mil pessoas, em 37 pases, trabalhando com paixo para criar valor de longo prazo para as comunidades das quais fazemos parte e cuidando do nosso planeta.

    A Vale tem orgulho de ter patrocinado o Europalia que, em 2011, celebrou a cultura do Brasil.

    Europalia_Volume2_20121015.indd 9 15/10/2012 11:19:11

  • Aldemir BendinePresidente do Banco do Brasil

    O Banco do Brasil, ao longo de mais de 200 anos de histria, sempre esteve presente no dia a dia dos brasileiros, participando e apoiando as mais diversas manifestaes culturais que expressam valores, costumes e o modo de agir de nosso povo.

    Em 1989, para materializar o compromisso permanente com o desenvolvimento cultural de nosso pas, foi inaugurado o primeiro Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), no Rio de Janeiro (RJ). Alm da unidade carioca, foram instalados posteriormente outros dois CCBBs em Braslia (DF) e So Paulo (SP) e um quarto ser inaugurado em Belo Horizonte (MG).

    A atuao abrangente dos CCBBs, que contempla diversas reas artstico-culturais artes cnicas, cinema, exposies, ideias, msica e programa educativo a regularidade, o ineditismo, a diversidade e a qualidade da programao fazem com que suas unidades estejam bem posicionadas no ranking das instituies culturais mais visitadas no mundo.

    o investimento do Banco do Brasil na cultura vai muito alm dos projetos realizados nos CCBBs. Exemplo dessa diversidade foi o patrocnio do projeto Europalia.Brasil, que, em 2011, ilustrou a cultura do nosso pas com a apresentao de exposies, orquestras, conjuntos musicais, folclore, teatro, dana, literatura, cincias, conferncias, cinema, gastronomia e artesanato, de forma a oferecer ao mundo uma viso especial da arte brasileira.

    Poder contribuir para a realizao desse importante evento refora o compromisso do Banco do Brasil com o desenvolvimento da cultura e da sociedade brasileiras como um todo.

    Europalia_Volume2_20121015.indd 10 15/10/2012 11:19:11

  • Manoel Arlindo Zaroni torresDiretor presidente da tractebel Energia

    Reconhecido internacionalmente por suas riquezas naturais, o Brasil surpreende a comunidade global cada vez que demonstra sua multiculturalidade. Muito alm do famoso Carnaval, o pas abriga manifestaes artsticas diversas, com origem nas diferentes etnias que construram nossa nao ao longo de sua histria. Contribuir para que os europeus tivessem uma mostra de toda essa diversidade era o principal objetivo da tractebel Energia ao apoiar o Europalia.Brasil 2011, em parceria com o Ministrio da Cultura.

    Ao longo de quatro meses, a comunidade europeia pde conhecer um pouco mais da cultura brasileira em suas mais diferentes formas da msica cincia, passando por manifestaes como teatro, artes plsticas, dana, cinema, literatura, design e gastronomia, entre outras. Estamos certos de que, durante o Festival, o Brasil exibiu toda a sua criatividade, personificada por artistas consagrados e novos talentos, representantes de sua cultura. Cultura esta que a tractebel Energia valoriza e fomenta por meio de diversos projetos sociais desenvolvidos nas regies em que atua. Hoje, a Companhia est presente em 12 estados brasileiros, onde opera 22 usinas voltadas para a gerao de energia eltrica. no contato com a comunidade de cada uma dessas regies, vivenciamos diariamente a riqueza apresentada no Europalia.Brasil 2011 e reforamos nosso compromisso de colaborar para sua conservao e disseminao.

    Europalia_Volume2_20121015.indd 11 15/10/2012 11:19:11

  • O FESTIVAL 04.10.2011 15.01.2012

    DANA

    TEATRO

    CIRCO

    CINEMA

    LITERATURA

    MSICA

    EXPOSIES

    Europalia_Volume2_20121015.indd 12 15/10/2012 11:19:13

  • 13

    O Festival Europalia.Brasil fez de Bruxelas capital cultural brasileira entre 4 de outubro de 2011 e 15 janeiro de 2012. Durante 104 dias, uma seleo de obras e artistas de msica, teatro, literatura, circo, dana, cinema e artes visuais brasileiros desembarcou na metrpole, sede da Unio Europeia, gradualmente construindo no imaginrio dos belgas um painel representativo da riqueza, complexidade e diversidade da cultura nacional. A exposio do pblico europeu cultura brasileira tambm se estendeu em um circuito que abrangeu outras 70 cidades na Blgica, Holanda, Frana, Alemanha e em Luxemburgo, alcanando ao todo 1 milho de pessoas diretamente e outros 10 milhes indiretamente.

    no lanamento do Festival, em junho de 2011, a ministra da Cultura, Ana de Hollanda, anunciou, citando um verso do compositor baiano Assis Valente: "Chegou a hora dessa gente bronzeada mostrar seu valor!". A promessa foi cumprida. Um balano das atividades organizadas pelo governo brasileiro (houve ainda iniciativas lideradas pela Blgica) produziu um panorama expressivo, s comparvel ao do Ano do Brasil na Frana, em 2005, com 554 eventos de artes cnicas, msica, cinema e literatura e cerca de mil artistas envolvidos. As artes visuais merecem destaque parte. As 16 exposies de curadoria brasileira (alm das oito produzidas pelos parceiros belgas) reuniram cerca de 2.600 obras de arte, das quais 812 tombadas pelo patrimnio histrico. nunca antes tantas obras de arte histricas haviam sido deslocadas para o exterior para um s projeto.

    Se a magnitude do festival j seria suficiente para cativar as audincias mais sofisticadas, o interesse pelo Europalia.Brasil certamente foi intensificado por um contexto favorvel. os avanos sociais e o desenvolvimento econmico registrados no Brasil, particularmente na ltima dcada, e o crescente protagonismo do pas no cenrio internacional aguaram o interesse pela nao na Europa. A imprensa europeia refletiu o impacto da onda brasileira, com ttulos como "A metamorfose do Brasil" (Le Soir) e "Revelando o Brasil para o mundo" (La Libre Belgique).

    os ttulos dos jornais so um indcio de que, alm de incentivarem e difundirem a cultura brasileira, eventos como o Europalia.Brasil tambm se constituem em um meio importante de projeo da imagem do pas e de consolidao de relaes internacionais entre o Brasil e outras naes, como resumiu, na abertura do Europalia.Brasil, em 4 de outubro de 2011, a presidenta Dilma Rousseff: "o dilogo que estabelecemos hoje mais um passo no aprofundamento do conhecimento mtuo fundamental para a construo do mundo mais democrtico, aberto e plural que todos queremos".

    Europalia_Volume2_20121015.indd 13 15/10/2012 11:19:14

  • 14

    ` O Europalia

    o Brasil foi o primeiro pas da Amrica do Sul homenageado pelo Festival internacional de Artes Europalia, um dos principais eventos culturais da Europa. Criado em 1969, o Festival tem carter multidisciplinar e se realiza a cada dois anos na Blgica e em naes vizinhas sempre com o objetivo de promover e divulgar a riqueza da cultura do pas convidado.

    inicialmente devotado apenas aos pases europeus, o Europalia posteriormente ampliou o foco para as demais regies do globo e, nos ltimos anos, tem se dedicado aos BRiCS bloco formado por Brasil, Rssia, ndia, China e frica do Sul. Assim, depois da Rssia (2005) e da China (2009), o Festival elegeu o Brasil como o pas homenageado de 2011. A ndia ser o tema do Europalia em 2013.

    A direo do Festival fez o convite ao Brasil em visita a Braslia, em julho de 2009. Em 4 de outubro do mesmo ano, foi assinado um protocolo de intenes durante visita do presidente Luiz incio Lula da Silva Blgica. Em 20 de maio de 2010, foi a vez de o prncipe herdeiro da Blgica, Phillipe, vir ao Brasil ocasio em que o ministro da Cultura, Juca Ferreira, e o embaixador belga, Claude Misson, firmaram acordo definindo responsabilidades na organizao do Festival.

    no segundo semestre de 2010, formou-se um grupo de trabalho provisrio, que daria origem em novembro ao Comissariado Brasileiro do Festival Europalia, chefiado pelo secretrio de Polticas Culturais do Ministrio da Cultura, Srgio Mamberti, e integrado tambm por representantes do Ministrio da Cultura, do Ministrio das Relaes Exteriores, Fundao nacional das Artes (Funarte) e instituto Brasileiro de Museus (ibram). o grupo teve ainda apoio da Embaixada do Brasil em Bruxelas. Do lado europeu, foi designado comissrio-geral um conhecedor do Brasil: o ex-presidente da Volkswagen do Brasil, Pierre Alain de Smedt, hoje presidente da Federao de indstrias da Blgica. Kristine de Mulder, coordenadora do Europalia internacional, assumiu a diretoria executiva.

    nos meses seguintes, o Comissariado teve como tarefa a formao de uma equipe de curadores responsveis pela seleo de obras, artistas e espetculos para integrarem as diversas reas do Festival, definidas como msica; artes cnicas (dana, teatro e circo); literatura; cinema e artes visuais. Para compor o grupo de trabalho, seriam escolhidos profissionais que, alm de reconhecidos pelo domnio das diversas artes envolvidas, tambm tivessem experincia na organizao de eventos internacionais.

    o artista plstico Adriano de Aquino, com sua experincia como secretrio de Cultura do Estado do Rio de Janeiro e diretor de Artes Visuais da Funarte, foi designado curador-geral. Para a curadoria de msica, foi nomeado o compositor e intrprete Benjamimtaubkin, enquanto a seleo de teatro, dana e circo ficou a cargo do produtor Joo Carlos Couto. Ambos so conhecidos nacionalmente por sua atuao como coordenadores de eventos culturais. Para as demais curadorias, o Comissariado elegeu integrantes da estrutura do Ministrio da Cultura. no caso da literatura, foi indicada a pesquisadora Flora Sssekind, da Casa de Rui Barbosa; em cinema, a equipe da Cinemateca Brasileira, tendo Vivian Malus e Carlos Magalhes frente.

    Europalia_Volume2_20121015.indd 14 15/10/2012 11:19:14

  • 15

    Com sua experincia como artista e gestor no campo das artes visuais, o curador-geral indicou ao Comissariado um curador especializado no tema de cada exposio. tambm houve a participao de dois especialistas europeus nas exposies ndios no Brasil e terra Brasilis.

    Cada um dos curadores atuou de maneira autnoma segundo as linhas gerais estabelecidas por Adriano de Aquino, que se preocupou em garantir a coeso e a complementaridade do programa. o curador-geral acompanhou de perto as atividades da rea das artes visuais, em que trabalhou com os curadores de cada exposio na elaborao de projetos especficos.

    ` A proposta

    Ao decidir aceitar o convite para participar do Europalia, o governo brasileiro viu na iniciativa uma oportunidade para atingir vrios objetivos: promover a imagem do Brasil na Europa, com a valorizao da cultura brasileira nos seus muitos aspectos e gneros; ampliar o dilogo com a Unio Europeia, fortalecendo relaes em reas como turismo, educao, novas tecnologias e comrcio, cujas atividades apresentam grande interao com o setor cultural; e gerar novas oportunidades para os artistas brasileiros, com a abertura de mercados, o estabelecimento de intercmbios, o fomento criao artstica e o incentivo participao em festivais, mostras e feiras internacionais.

    Desde as primeiras discusses sobre o projeto, foi definido que a atuao brasileira no Festival seria orientada por linhas estratgicas, a serem adotadas pelos curadores e por toda a equipe. o primeiro desses princpios foi garantir a apresentao de um painel da cultura brasileira capaz de representar o vigor, a complexidade e a profundidade da histria e da cultura brasileiras, sem o recurso a clichs e banalizaes que ainda so, muitas vezes, associados ao pas no exterior. outro esforo foi evitar a concentrao excessiva em uma ou mais regies do pas, incorporando s obras e aos grupos selecionados representantes das diferentes reas do Brasil, com suas distintas tradies e linguagens.

    "Esse Festival uma janela de oportunidades para contatos com o pblico, com curadores e instituies culturais europeias. Um dos meus objetivos oferecer s organizaes internacionais de arte e cultura uma grade de artistas e curadores mais aberta, desvinculada dos interesses de indivduos ou grupos. Mais artistas e curadores brasileiros atuando no cenrio europeu, difundindo nossa arte, melhor para todos e bom para o pas", disse Adriano de Aquino em entrevista em maro de 2011.

    Europalia_Volume2_20121015.indd 15 15/10/2012 11:19:14

  • 16

    ` Os projetos

    A diversidade foi a base sobre a qual foram desenhados os projetos setoriais de todas as linguagens apresentadas no Festival Europalia.Brasil. Assim, a curadoria de msica, de Benjamim taubkin, se props a apresentar exemplos da produo de cada regio, abrangendo a msica tradicional, popular, pop, eletrnica, erudita, contempornea e instrumental. outra diretriz importante foi no incluir apenas os artistas j reconhecidos pela mdia: grupos e propostas menos consagrados tambm seriam selecionados.

    no campo das artes cnicas, o curador valorizou manifestaes populares em grupos tradicionais de maracatu, frevo e samba de roda, entre outras e o dilogo dessas expresses com o teatro e a dana. Conexes entre teatro e literatura, dana e artes visuais tambm ganharam destaque, pela riqueza das referncias utilizadas e por sua capacidade de motivar o interesse pelas vrias reas temticas do Festival. Por fim, Joo Carlos Couto buscou incluir linguagens, mtodos e estticas que construssem uma identidade cnica essencialmente brasileira e selecionar companhias que trabalhassem em espaos no convencionais, renovando as relaes entre palco e plateia, ou ainda que desenvolvessem projetos em comunidades de baixa renda, em projetos de incluso social atravs da arte.

    Em relao s artes visuais, o projeto de Adriano de Aquino desenhou 16 exposies, mdulos que, considerados juntos, comporiam um panorama representativo de experincias, perodos e linguagens da arte brasileira. As mostras abrangeram a produo nacional da arte indgena arquitetura, da fotografia gravura, das pinturas e dos desenhos de europeus sobre o Brasil colonial e imperial arte contempornea, passando por joalheria, design, arte afro-brasileira, a singular obra de Artur Bispo do Rosrio e representaes de uma das mais famosas paisagens do Rio de Janeiro Copacabana.

    Responsvel pela programao de literatura, Flora Sssekind articulou um conjunto de palestras, exposies e seminrios sobre a produo literria e suas tenses com a sociedade brasileira, das questes de gnero segurana pblica. Como nas artes cnicas, valorizar a relao da literatura com outras artes, caracterstica da multidisciplinar produo contempornea, tambm foi uma orientao da curadoria, com o planejamento de performances e exposies de escritores que tambm atuam como artistas plsticos. A pesquisadora da Casa de Rui Barbosa preocupou-se ainda em oferecer diferentes experincias da literatura (com leituras, verses digitais de trabalhos e produo de antologias especiais para o evento) e em realizar seminrios que motivassem o debate e a reflexo crtica. na seleo de autores, a organizadora decidiu combinar escritores j traduzidos no exterior e conhecidos dos belgas com jovens poetas.

    Europalia_Volume2_20121015.indd 16 15/10/2012 11:19:14

  • 17

    A equipe da Cinemateca Brasileira responsvel pelo setor audiovisual decidiu dar maior destaque aos cineastas e aos ttulos importantes na histria da cinematografia brasileira, de visibilidade reduzida no circuito comercial internacional. Dos filmes silenciosos ao cinema underground da Boca do Lixo, passando pelo j clssico Cinema novo, partiu-se da ideia de valorizar no s os diferentes gneros e movimentos da histria do cinema, mas tambm o papel de longas e curtas que tornaram visveis a geografia e as mltiplas experincias de vida brasileiras.

    Definidos os conceitos, os curadores e o Comissariado tiveram, em alguns casos, de superar dificuldades para implantar suas vises. A programao do Europalia definida em parceria com os diretores das centenas de espaos utilizados: foi portanto necessrio adequar as propostas brasileiras s expectativas belgas. A barreira lingustica seria um fator importante nas decises sobre a programao nos campos do teatro e do cinema. no campo da msica, manifestao da cultura brasileira mais conhecida no exterior, havia demanda por artistas populares na Europa, vencida em nome de uma programao mais surpreendente. na literatura, foi constatado um reduzido conhecimento sobre a produo nacional. Com muitas reunies, trocas de mensagens e arquivos e muita conversa, foi possvel construir um Festival plural, diverso e inovador nas suas propostas, que efetivamente contribuiu para renovar as percepes sobre a cultura brasileira.

    ` Preparativos

    A misso do MinC em Bruxelas, entre os dias 20 e 22 de junho, liderada pela ministra da Cultura Ana de Hollanda, foi parte da preparao do Europalia.Brasil. Durante os trs dias, a ministra, o embaixador do Brasil para o Reino da Blgica, Andr Amado, e os curadores visitaram os principais locais em que seria organizado o evento. A ministra tambm participou de uma coletiva de lanamento do Europalia, qual compareceram mais de 50 jornalistas. "Sempre fomos um pas admirado no exterior pela fora de nossa cultura. Hoje, no entanto, chegamos aqui com algo mais. Chegamos com a altivez de uma nao que est avanando nas conquistas sociais sem perder a delicadeza de seu esprito", disse a ministra.

    Europalia_Volume2_20121015.indd 17 15/10/2012 11:19:15

  • 18

    O posicionamento encontrou eco em um dos principais jornais belgas, o Le Libre, que afirmou que o Europalia.Brasil seria a chance de o "gigante econmico" emergir tambm como "gigante cultural". O conde George Jacobs, chairman da fundao que promove o Festival, comentou sobre essa expectativa na coletiva, no Palcio de Egmont, em Bruxelas: "O evento ser ocasio para ns, europeus, conhecermos o Brasil para alm da economia, para alm dos esteretipos". A ministra complementou o raciocnio em um almoo oferecido pelo ministro das Relaes Exteriores da Blgica: "O Brasil consumiu a Europa por muito tempo, e esse processo culminou com a antropofagia modernista; agora, a vez de os europeus nos consumirem".

    Naquela poca, o Comissariado estabelecia parcerias com a iniciativa privada para apoiar o financiamento do Festival. Vale, Tractebell e Banco do Brasil se tornariam as empresas apoiadoras do evento realizado na capital que sedia as instituies da Unio Europeia.

    Em 18 de setembro, a abertura do Club.Brasil, no Dynastie Hall do Mont des Arts, centro de Bruxelas, serviu como prvia do que viria com a inaugurao do evento. Num dia festivo, em que a Blgica celebrava o Domingo sem Carro, batucada e capoeira ganharam as ruas. Localizado prximo ao Bozar e s principais exposies do evento, durante os meses que se seguiram, o Club foi um ponto de encontro e referncia do Festival. No ambiente colorido e transformado pelas intervenes do seu idealizador, Marcello Dantas, era possvel receber material de divulgao sobre o Brasil e sua cultura, assistir a atraes gratuitas e experimentar comida e bebida tipicamente brasileiras.

    ` A abertura

    Bruxelas amanheceu enfeitada com as bandeirinhas tpicas de festas juninas em 4 de outubro de 2011, data da inaugurao do Europalia.Brasil. Referncia tanto s festas populares quanto obra de um dos principais pintores brasileiros, Volpi, a decorao simbolizava bem as caractersticas da 23 edio do Festival internacional: a mistura de cultura erudita e popular e a festa como um aspecto importante da cultura brasileira.

    A abertura oficial no salo nobre do Bozar, o Palcio das Belas Artes de Bruxelas, teve a participao do rei e da rainha da Blgica, Alberto II e Paola. A cerimnia comeou com o discurso do conde Jacobs de Hagen, presidente do Europalia International, que prometeu "mostrar que no existe apenas um Brasil, mas diversos Brasis, cuja cultura, desconhecida na Europa, incrivelmente rica e diversificada". Logo depois, a ministra da Cultura, Ana de Hollanda, agradeceu a iniciativa belga: "Nenhuma cultura pode viver isolada. Para sermos ainda mais brasileiros, precisamos ser cada vez mais abertos e plurais".

    EuropaliaVol2_Miolo_20121018.indd 18 18/10/2012 09:57:39

  • Venham encontrar o Brasil que a

    Europa j conhece mas tambm

    o Brasil que ela ainda no v.

    Terra da arte popular e erudita,

    tradicional e inovadora, do serto

    e das periferias urbanas, de

    uma pujante indstria criativa.

    Dilma Rousseff

    19

    Presidente da Comisso Europeia, Jos Manuel Barroso acrescentou festa um depoimento pessoal. "Sinto-me, enquanto portugus, verdadeiramente emocionado quando estou em contato com as mltiplas expresses dessa riqueza cultural", mencionando criadores como o arquiteto Oscar Niemeyer e o compositor Antnio Carlos Jobim. J Yves Leterme, primeiro-ministro belga, citou versos de Oswald de Andrade "Amrica do Sul/Amrica do Sol" e prometeu, numa aluso s dificuldades atravessadas pela economia europeia: "No importa o que os prximos meses possam trazer, o inverno aqui ser ensolarado".

    A presidenta Dilma Rousseff foi a ltima a discursar no salo embandeirado do Bozar. Assistida pelo ministro das Relaes Exteriores, Antonio Patriota, Dilma citou a importncia da cultura como agente de transformao da sociedade e descreveu a "rica diversidade tnica e cultural e nossa capacidade de conviver em paz nessa diversidade" como uma contribuio do Brasil para um mundo em mudana.

    Ela continuou, lembrando a constituio da sociedade brasileira: "A diversidade cultural no Brasil integra nossas razes histricas. Somos um pas mestio, no qual migrantes de todas as regies do mundo somaram-se s trs matrizes constitutivas do povo brasileiro: a indgena, a europeia e a africana, numa mistura que nos orgulha e define". A reflexo foi compartilhada pelo primeiro-ministro belga, Yves Leterme, que elogiou a rica cultura brasileira e a diversidade racial que compe a populao do pas.

    A presidenta anunciou que o Festival um "esforo indito estruturado de apresentao da cultura brasileira" mostraria no s o patrimnio cultural e suas tradies, mas "a cultura viva, em movimento permanente". E completou: "Convido todos que queiram, sem preconceitos, a conhecer um pouco da reflexo do Brasil sobre si mesmo e sobre o mundo".

    O grupo de percusso Barbatuques encerrou a solenidade com uma apresentao em que tocaram ritmos brasileiros usando os prprios corpos como instrumento. Nas ruas da capital, apresentaes da citada cultura em transformao, combinao de tradio e modernidade, animaram a tera-feira dos belgas: bumba meu boi, teatro de rua e dana contempornea marcaram o dia.

    EuropaliaVol2_Miolo_20121018.indd 19 18/10/2012 09:58:08

  • 20

    A agenda oficial e diplomtica, no mesmo 4 de outubro, no se encerrou com a abertura no Bozar: foi inaugurada a 5 Conferncia de Cpula entre Brasil e Unio Europeia, na qual a presidenta Dilma Rousseff comprometeu-se a intensificar a colaborao com os pases do continente europeu para enfrentar os efeitos da crise financeira mundial. A ministra da Cultura, Ana de Hollanda, e a comissria para a Educao, Formao, Cultura e Juventude da Comisso Europeia, Androulla Vassiliou, assinaram um programa conjunto para ampliar o intercmbio na rea da cultura, com polticas pblicas de promoo e proteo do patrimnio cultural e estruturao de polticas para o desenvolvimento da economia criativa, bem como o aprimoramento da cooperao em projetos audiovisuais. o programa foi discutido como parte da Cpula em mesa redonda que reuniu a ministra Ana de Hollanda, integrantes da Comisso Europeia, representantes do MinC e gestores e empresrios da Europa e do Brasil.

    nos dias anteriores e logo aps a abertura do Europalia, muitos jornais e revistas europeus abriram espao para o Festival. Alguns trouxeram ttulos que pareciam assinalar o impacto da transformao da imagem brasileira, como os j mencionados "A metamorfose do Brasil" (Le Soir) e "Revelando o Brasil para o mundo" (La Libre Belgique), alm de "o pas que devorou a Europa" (De Standaard) e "novas bossas e sambas de ontem e hoje" (Le Soir). As exposies, como terra Brasilis e Brazil.Brasil, foram o maior destaque na imprensa mas, ao longo dos meses seguintes, shows, mostras de cinema e peas de teatro tambm tiveram visibilidade nos jornais e nas revistas do pas.

    ` Mistura brasileira

    De 4 de outubro de 2011 a 15 de janeiro de 2012, foram mais de trs meses de shows, concertos, espetculos de dana, teatro e circo, performances, exibio de filmes, debates, palestras e exposies. o pblico do Europalia.Brasil interessado em msica pde conferir uma extensa variedade de atraes, do choro de Mauricio Carrilho s batidas eletrnicas do DJ tudo; do clssico erudito de Antonio Menezes ao clssico popular da Velha Guarda da Portela; de Egberto Gismonti a tom Z, entre 58 espetculos.

    nas artes cnicas, houve lugar para Z Celso Martinez Corra e seu teatro oficina e para Marcelo Evelin e o ncleo do Dirceu; para o Grupo Corpo e Cena 11; para o Bal Folclrico da Bahia e a intrpida trupe, numa lista de 21 programas. no cinema, Eduardo Coutinho e Suzana Amaral estiveram entre os palestrantes, complementando uma programao que ia do silencioso clssico Limite, de Mrio Peixoto, s obras de Jos Mujica Marins, o Z do Caixo.

    Em literatura, o programa contou com atuaes de Augusto de Campos e nuno Ramos, performances, lanamento de antologias e palestras de nomes consagrados, como Luiz Eduardo Soares e Srgio Sant'Anna, que se alternaram com participaes de jovens autores, como Ricardo Domeneck e Veronica Stigger.

    Europalia_Volume2_20121015.indd 20 15/10/2012 11:19:22

  • Como uma viagem incomum ao corao da diversidade

    da Cultura brasileira, o Festival coloca em cena todas as

    prticas artsticas e os cones do Brasil. Este pas, que

    tem a reputao de estar constantemente em movimento

    e voltado para o futuro, tem o desenho de sua origem

    moldado na mistura tnica de seus diferentes povos.

    France Soir, 18.11.2011

    21

    Por fim, as 16 exposies foram sucesso de pblico, com vrias das mais conhecidas obras-primas das artes brasileiras, atraindo visitantes. Esculturas de Aleijadinho, quadros de Victor Meirelles, Portinari e Ccero Dias; obras de Hlio oiticica, Lygia Clark, Cildo Mereilles e Waltrcio Caldas; os mantos de Bispo do Rosrio, projetos de design e arquitetura, entre muitos outros trabalhos importantes, foram alguns dos itens admirados.

    As matrizes indgena e africana, seminais para a formao da cultura brasileira, foram contempladas com mostras especiais. A herana dos escravos foi tema de duas exposies: incorporaes: arte brasileira contempornea e Prolas da Liberdade: joalheria afro-brasileira. A primeira valorizou a crescente participao de artistas de origem negra na produo contempornea, incluindo homenagens ao fotgrafo Mario Cravo neto e ao artista Caetano Dias. J a segunda reuniu, alm de adereos, fotografias, desenhos e pinturas para abordar o uso da joalheria por escravos africanos e sua influncia sobre a indumentria no Brasil.

    Uma das maiores do Festival, a mostra ndios no Brasil utilizou cerca de 400 peas para apresentar a cultura dos povos indgenas passada e atual. A cultura indgena tambm foi destaque no Europalia.Brasil com as apresentaes dos ndios do povo Mehinaku. Atrao muito esperada, o grupo deixou a sua reserva no Alto Xingu para fazer apresentaes em Bruxelas, neerpelt e Amsterdam.

    Em 15 de janeiro, o ministro interino da Cultura, Vitor ortiz, o comissrio geral do Europalia, Pierre Alain de Smedt, o embaixador brasileiro na Blgica, Andr Amado, e o presidente da Funarte, Antonio Grassi, encerraram o festival. ortiz entregou brasileira Regina Barbosa, residente em Bruxelas, o certificado de premiao do Ponto de Memria do projeto MEBrasil um ponto de memria, que pretende valorizar a cultura brasileira a partir dos fluxos migratrios para este pas nos ltimos 30 anos. "Esperamos, a partir de agora, outras cooperaes". Pierre Smedt fez um balano do evento: "nenhum pas fez um investimento to forte em um festival como fez o Brasil, que mostrou que a imagem global da cultura brasileira a diversidade". E concluiu: "A saudade, a emoo e o amor do pas vo ficar aqui".

    Europalia_Volume2_20121015.indd 21 15/10/2012 11:19:22

  • MG

    DF

    RJ

    BA

    AL

    PB

    CE

    SP

    GO

    SC

    PI

    MA

    RS

    RN

    PE

    PR

    6

    14

    22813

    19

    20

    4

    169

    1018

    15

    21

    5

    1117

    12

    1

    2

    7

    3

    2

    78

    1720

    21

    4045

    32

    42

    301812

    24

    221415

    12

    3115 46

    44

    1126

    3641

    24

    3533

    3276

    2329

    3837

    15

    461

    1647

    24

    4728

    13

    109 5

    251830

    34

    43

    412

    15

    33

    39

    48

    2

    42

    13

    19

    24

    30

    42

    14824

    1

    615

    13

    20

    22

    185

    10

    7

    12

    9

    2

    19

    3

    11

    1617

    14

    48

    1

    21

    Europalia_Volume2_20121015.indd 22 15/10/2012 11:19:22

  • MG

    DF

    RJ

    BA

    AL

    PB

    CE

    SP

    GO

    SC

    PI

    MA

    RS

    RN

    PE

    PR

    6

    14

    22813

    19

    20

    4

    169

    1018

    15

    21

    5

    1117

    12

    1

    2

    7

    3

    2

    78

    1720

    21

    4045

    32

    42

    301812

    24

    221415

    12

    3115 46

    44

    1126

    3641

    24

    3533

    3276

    2329

    3837

    15

    461

    1647

    24

    4728

    13

    109 5

    251830

    34

    43

    412

    15

    33

    39

    48

    2

    42

    13

    19

    24

    30

    42

    14824

    1

    615

    13

    20

    22

    185

    10

    7

    12

    9

    2

    19

    3

    11

    1617

    14

    48

    1

    21

    MSICA01. ACORDEES DO BRASIL - RENATO BORGHETTI

    +OLIVINHO+LULINHA ALENCAR

    02. ALESSANDRO PENEZZI & ALEXANDRE RIBEIRO

    03. ANTONIO MENESES+MARIA JOO PIRES

    04. ARNALDO ANTUNES

    05. BARBATUQUES

    06. BONGAR

    07. BOTECOELETRO

    08. CAITO MARCONDES - PASSARIM

    09. CAMERATA ABERTA

    10. CU

    11. CHICO CORREA & POCKET BAND

    12. CHORO PROJECT - MAURICIO CARRILHO

    +TONINHO CARRASQUEIRA+RUI ALVIM+ANA RABELLO

    +PROVETA+PAULO ARAGO+PEDRO ARAGO

    +PEDRO PAES+AQUILES MORAES+MARCUS THADEU

    13. CIDADO INSTIGADO+MAURO PAWLOWSKI

    14. DJS CRIOLINA

    15. DJ TUDO E SUA GENTE DE TODO LUGAR

    16. DONA CILA E SEUS PUPILOS

    17. EGBERTO GISMONTI+ORQUESTRA CORAES FUTURISTAS

    18. FAMLIA ASSAD - SERGIO ASSAD+ODAIR ASSAD

    +BADI ASSAD+CLARICE ASSAD+CAROLINA ASSAD

    19. FERNANDO SARDO+GEM+DAUU

    20. GAFIEIRA 8

    21. GUINGA

    22. HAMILTON DE HOLANDA

    23. HELDER VASCONCELOS & BOI MARINHO

    24. HERMETO PASCOAL & SEXTETO

    25. HURTMOLD

    26. LETIERES LEITE & ORKESTRA RUMPILLEZ

    27. MACIEL SALU

    28. MARLUI MIRANDA

    29. NAN VASCONCELOS

    30. NOITE DOS VIOLES - FABIO ZANON+ULISSES ROCHA

    +PAULO BELLINATI+ROGRIO CAETANO+DOUGLAS LORA

    +JOO LUIZ LOPES+MARCUS TARDELLI+ODAIR ASSAD

    31. PAULA SANTORO

    32. PEDRO LUS E A PAREDE

    33. PEDRO OSMAR & LOOP B

    34. QUINTETO CHICO PINHEIRO

    35. QUINTETO DA PARABA

    36. SAMBA CHULA DE SO BRAZ

    37. SIBA E A FULORESTA

    38. SILVRIO PESSOA

    39. TATIANA PARRA 4TET

    40. TERESA CRISTINA

    41. TOM Z

    42. TOOTS THIELEMANS & AMIGOS - ELIANE ELIAS+IVAN LINS

    +AIRTO MOREIRA+MARC JOHNSON+OSCAR CASTRO-NEVES

    43. TULIPA RUIZ

    44. UAKTI

    45. VELHA GUARDA DA PORTELA

    46. VIOLEIROS DO BRASIL - HUGO LINS+PEREIRA DA VIOLA

    +IVAN VILELA+ADELMO ARCOVERDE

    47. VJ MILENA S+DJ DOLORES

    48. YAMANDU COSTA+ROBERTO MINCZUK+ONB

    ARTES CNICAS01. BAL FOLCLRICO DA BAHIA

    02. BAL TEATRO CASTRO ALVES

    03. CENA 11 CIA DE DANA

    04. DANI LIMA+ALEX CASSAL

    05. GRUPO CORPO

    06. LIA RODRIGUES COMPANHIA DE DANAS

    07. MARCELO EVELIN & NCLEO DO DIRCEU

    08. MARTA SOARES

    09. MEMBROS CIA DE DANA

    10. MICHEL GROISMAN

    11. MIMULUS CIA DE DANA

    12. QUASAR CIA DE DANA

    13. ANTNIO ARAJO & TEATRO DA VERTIGEM

    14. CIBELE FORJAZ & MUNDANA COMPANHIA

    15. ENRIQUE DIAZ & CIA DOS ATORES

    16. GRANDE COMPANHIA BRASILEIRA DE

    MYSTERIOS E NOVIDADES

    17. GRUPO GIRAMUNDO

    18. INTRPIDA TRUPE

    19. NAU DE CAROS

    20. PIA FRAUS

    21. ROBERTO ALVIM

    22. Z CELSO MARTINEZ CORRA & TEATRO OFICINA

    LITERATURA01. ALICE RUIZ

    02. ARNALDO ANTUNES

    03. AUGUSTO DE CAMPOS

    04. BEATRIZ BRACHER

    05. BEATRIZ RESENDE

    06. BERNARDO CARVALHO

    07. CHICO ALVIM

    08. DANIEL GALERA

    09. JOO ALMINO

    10. JOO UBALDO RIBEIRO

    11. LOURENO MUTARELLI

    12. LU MENEZES

    13. LUIZ EDUARDO SOARES

    14. MARIA LYGIA QUARTIM DE MORAES

    15. MARLIA GARCIA

    16. NUNO RAMOS

    17. ODILON MORAES

    18. PAULA GLENADEL

    19. RICARDO DOMENECK

    20. SRGIO SANT'ANNA

    21. VERONICA STIGGER

    22. ZUCA SARDAN

    Europalia_Volume2_20121015.indd 23 15/10/2012 11:19:22

  • MSICAACORDEES DO BRASIL - RENATO BORGHETTI+OLIVINHO+LULINHA ALENCAR

    ALESSANDRO PENEZZI & ALEXANDRE RIBEIRO . ANTONIO MENESES+MARIA JOO PIRES

    ARNALDO ANTUNES . BARBATUQUES . BONGAR . BOTECOELETRO

    CAITO MARCONDES - PASSARIM . CAMERATA ABERTA . CU . CHICO CORREA & POCKET BAND

    CHORO PROJECT - MAURICIO CARRILHO . CIDADO INSTIGADO+MAURO PAWLOWSKI

    DJs CRIOLINA . DJ TUDO E SUA GENTE DE TODO LUGAR . DONA CILA E SEUS PUPILOS

    EGBERTO GISMONTI+ORQUESTRA CORAES FUTURISTAS . FAMLIA ASSAD

    FERNANDO SARDO+GEM+DAUU . GAFIEIRA 8 . GUINGA . HAMILTON DE HOLANDA

    HELDER VASCONCELOS & BOI MARINHO . HERMETO PASCOAL & SEXTETO . HURTMOLD

    LETIERES LEITE & ORKESTRA RUMPILLEZ . MACIEL SALU . MARLUI MIRANDA NAN

    VASCONCELOS . NOITE DOS VIOLES - FABIO ZANON+ULISSES ROCHA+

    PAULO BELLINATI+ROGRIO CAETANO+DOUGLAS LORA+JOO LUIZ LOPES+

    MARCUS TARDELLI+ODAIR ASSAD . PAULA SANTORO . PEDRO LUS E A PAREDE

    PEDRO OSMAR & LOOP B . QUINTETO CHICO PINHEIRO . QUINTETO DA PARABA

    SAMBA CHULA DE SO BRAZ . SIBA E A FULORESTA . SILVRIO PESSOA . TATIANA PARRA 4TET

    TERESA CRISTINA . TOM Z . TOOTS THIELEMANS & AMIGOS - ELIANE ELIAS+IVAN LINS

    +AIRTO MOREIRA+MARC JOHNSON+OSCAR CASTRO-NEVES . TULIPA RUIZ

    UAKTI . VELHA GUARDA DA PORTELA . VIOLEIROS DO BRASIL

    VJ MILENA S+DJ DOLORES . YAMANDU COSTA+ROBERTO MINCZUK+ONB

    Europalia_Volume2_20121015.indd 24 15/10/2012 11:19:24

  • Europalia_Volume2_20121015.indd 25 15/10/2012 11:19:27

  • Um pas inteiroSe a diversidade guiou toda a curadoria do Europalia, na msica essa orientao ficou mais evidente. Foram 45 atraes, 127 shows, artistas do Brasil inteiro tocando e cantando na Blgica e na Holanda, mostrando os mltiplos gneros e origens da msica brasileira. Essa vertente artstica, das artes brasileiras a mais conhecida internacionalmente, foi um dos grandes pilares do Festival.

    o curador Benjamim taubkin optou por no levar apenas artistas j conhecidos do pblico europeu, mas expoentes em seus segmentos, que mostraram Europa um Brasil, como diz taubkin, "longe do esteretipo". Convidado para a tarefa por transitar pelas vrias reas musicais, o pianista, compositor e produtor cultural, reuniu um mostrurio representativo de nossa farta produo.

    "o Brasil um pas inteiro: o Brasil do Par diferente do Brasil do Rio Grande do Sul e todos so Brasil. Acho importante poder mostrar isso, especialmente em um projeto federal, que tem que atender a essa diversidade. o pas que a gente quer mostrar para fora diverso, no um pas s. Esta uma das coisas lindas do Brasil, que poucos lugares no mundo tm", acredita taubkin.

    26

    Europalia_Volume2_20121015.indd 26 15/10/2012 11:19:27

  • na programao no faltou samba, claro a noite Samba! Samba! Samba! foi das mais animadas do Festival mas o ritmo considerado smbolo de brasilidade no foi o nico a encantar o pblico belga e holands e a matar a saudade dos brasileiros que vivem no Velho Continente. Da msica clssica da Paraba guitarra de So Paulo, do canto africano do interior da Bahia ao bandolim do Distrito Federal, no faltou nem instrumento inventado para executar o cardpio de ritmos. A variedade do repertrio brasileiro fez jus ao tamanho do pas: ainda teve folguedo popular, bossa nova, ciranda, maracatu, coco, baio, frevo, forr, mangue beat, samba reggae, jazz, MPB, msica indgena, instrumental, pop, msica sem instrumento, e at tudo misturado.

    Em Gent, o Centro de Artes Vooruit, em um antigo prdio do movimento socialista, abrigou shows de rock, underground, msica experimental, alternativa e eletrnica. na mesma cidade, o DeSingel organizou o fim de semana multilinguagem Vamos, Brasil, no qual a msica se combinou literatura e ao teatro.

    no Bozar, o nobre Palcio de Belas Artes de Bruxelas, noites especiais reverenciaram a sanfona, o choro e a viola caipira. o pblico para a msica erudita contempornea brasileira foi to bom que o espao se interessou em fazer uma srie de msica brasileira erudita. "o Festival trouxe um benefcio grande em cada rea, mas se quisermos de fato ocupar esse mercado, ter uma maior presena, precisaremos de aes contnuas", analisa o curador.

    Alm da grande presena do pblico belga, a aprovao dos cerca de 50 mil brasileiros que moram na Blgica foi um indicador de que a seleo musical tinha sido acertada: "Um importante termmetro do Festival para mim foi a alegria dos brasileiros em ter um outro Brasil para mostrar para as pessoas e dizer: 'Esse o Brasil com que me identifico, no o Brasil que vocs, em geral, conhecem'".

    27

    Europalia_Volume2_20121015.indd 27 15/10/2012 11:19:27

  • Esse foi provavelmente o projeto organizado mais diversificado que o Brasil

    fez nos ltimos anos, tanto em termos geogrficos quanto na ambio de

    contemplar diferentes vertentes e tendncias. Ele teve um pouco de tudo.

    Sendo um projeto realizado com recursos pblicos, era importante

    que atendesse dimenso que o Brasil tem; que as pessoas aqui se

    sentissem representadas por essas escolhas. Era importante tambm

    mostrar um outro Brasil a que os europeus no tm acesso.

    A presena do Brasil no Europalia se deu fora dos clichs: o smbolo

    do Festival foram as bandeiras do Volpi, espalhadas pela cidade.

    Ocupamos o corao da Europa com muita qualidade e com muita

    inteligncia, sem reforar os esteretipos de pas extico, do carnaval,

    da alegria e da misria, do crime e dos encontros felizes. Isto perdeu

    espao para um Brasil que afirma a sua cultura, que se desenvolve,

    que est resolvendo suas questes sociais, embora ainda tenha essa

    alegria: se voc viaja para qualquer lugar do mundo, voc vai ter uma

    batida de bossa nova, sempre associada a bem-estar e alegria.

    Alguns encontros de produo do Festival foram tocantes para mim nesse

    sentido. Em uma reunio, os programadores belgas disseram que queriam

    fazer uma noite chamada Favela. Eu disse: 'De jeito nenhum!'. Eles queriam

    o estigma. Temos muito mais para mostrar. No que se v evitar a favela,

    mas usar favela para vender pobre. Acabada a conversa, eles perceberam

    que havia um mundo que eles no conheciam. Foi bonito ver o processo.

    Benjamim Taubkin, curador de msica

    28

    Europalia_Volume2_20121015.indd 28 15/10/2012 11:19:28

  • 01. ACORDEES DO BRASIL - RENATO BORGHETTI +OLIVINHO+LULINHA ALENCAR

    02. ALESSANDRO PENEZZI & ALEXANDRE RIBEIRO 03. ANTONIO MENESES+MARIA JOO PIRES 04. ARNALDO ANTUNES05. BARBATUQUES 06. BONGAR 07. BOTECOELETRO 08. CAITO MARCONDES - PASSARIM 09. CAMERATA ABERTA 10. CU 11. CHICO CORREA & POCKET BAND 12. CHORO PROJECT - MAURICIO CARRILHO +TONINHO CARRASQUEIRA+RUI ALVIM+ANA RABELLO

    +PROVETA+PAULO ARAGO+PEDRO ARAGO +PEDRO PAES+AQUILES MORAES+MARCUS THADEU

    13. CIDADO INSTIGADO+MAURO PAWLOWSKI 14. DJS CRIOLINA 15. DJ TUDO E SUA GENTE DE TODO LUGAR

    16. DONA CILA E SEUS PUPILOS 17. EGBERTO GISMONTI+ORQUESTRA CORAES FUTURISTAS18. FAMLIA ASSAD - SERGIO ASSAD+ODAIR ASSAD

    +BADI ASSAD+CLARICE ASSAD+CAROLINA ASSAD19. FERNANDO SARDO+GEM+DAUU 20. GAFIEIRA 8 21. GUINGA 22. HAMILTON DE HOLANDA 23. HELDER VASCONCELOS & BOI MARINHO24. HERMETO PASCOAL & SEXTETO 25. HURTMOLD 26. LETIERES LEITE & ORKESTRA RUMPILLEZ 27. MACIEL SALU 28. MARLUI MIRANDA 29. NAN VASCONCELOS 30. NOITE DOS VIOLES - FABIO ZANON+ULISSES ROCHA

    +PAULO BELLINATI+ROGRIO CAETANO+DOUGLAS LORA +JOO LUIZ LOPES+MARCUS TARDELLI+ODAIR ASSAD

    31. PAULA SANTORO

    32. PEDRO LUS E A PAREDE 33. PEDRO OSMAR & LOOP B 34. QUINTETO CHICO PINHEIRO 35. QUINTETO DA PARABA 36. SAMBA CHULA DE SO BRAZ 37. SIBA E A FULORESTA 38. SILVRIO PESSOA 39. TATIANA PARRA 4TET 40. TERESA CRISTINA41. TOM Z 42. TOOTS THIELEMANS & AMIGOS - ELIANE ELIAS+IVAN LINS

    +AIRTO MOREIRA+MARC JOHNSON+OSCAR CASTRO-NEVES 43. TULIPA RUIZ 44. UAKTI45. VELHA GUARDA DA PORTELA 46. VIOLEIROS DO BRASIL - HUGO LINS+PEREIRA DA VIOLA

    +IVAN VILELA+ADELMO ARCOVERDE 47. VJ MILENA S+DJ DOLORES 48. YAMANDU COSTA+ROBERTO MINCZUK+ONB

    ROTEIROS PERCORRIDOSMSICA

    Europalia_Volume2_20121015.indd 29 15/10/2012 11:19:28

  • 30

    23.11.2011STADSSCHOUWBURG

    Bruges, Blgica

    24.11.2011DE ROMA

    Anturpia, Blgica

    25.11.2011LE PHNIX

    Valenciennes, Frana

    26.11.2011BOZAR

    Bruxelas, Blgica

    27.11.2011TROPENTHEATER

    Amsterdam, Holanda

    28.11.2011FERME DU BIREAU

    Louvain-la-Neuve, Blgica

    ACORDEES DO BRASIL RENATO BORGHETTI+OLIVINHO +LULINHA ALENCAR

    Msicos de trs estados se reuniram para mostrar, durante o Europalia, o melhor da sanfona brasileira. Lulinha Alencar, do Rio Grande do norte, Renato Borghetti, do Rio Grande do Sul, e olivinho Filho, de Pernambuco, apresentaram um repertrio majoritariamente autoral, extrado da obra dos trs msicos, mostrando as variaes regionais do instrumento. Ao mesmo tempo, o trio no abriu mo dos clssicos "Juazeiro" e "Asa branca", um tributo ao artista sem o qual a histria do instrumento no seria a mesma: Luiz Gonzaga.

    Foi uma homenagem tambm ao povo europeu italianos e alemes que emigraram para o Brasil e trouxeram na bagagem o instrumento hoje to caracterstico da nossa cultura.

    o trio, que j havia se apresentado na Blgica separadamente, conquistou a plateia, que ouviu atentamente cada nota daquele som, para eles extico. os brasileiros que moram no pas aproveitaram para matar a saudade do forr e se esbaldaram de danar. no faltou o acompanhamento de violo, zabumba e tringulo, a cargo de Arthur Bonilla e Francisco Silva.

    os acordeonistas passaram por vrias cidades da Blgica e ainda se apresentaram na Frana e na Holanda.

    Europalia_Volume2_20121015.indd 30 15/10/2012 11:19:29

  • 31

    ALESSANDRO PENEZZI& ALEXANDRE RIBEIRO

    Acostumados ao improviso, o violonista Alessandro Penezzi e o clarinetista Alexandre Ribeiro criaram uma nova msica em meio s apresentaes para o Europalia. "Valsa para quem vai chegar" foi inspirada pela notcia de que Alexandre seria pai. A nova composio veio se somar ao repertrio formado por temas do CD do duo, Cordas ao vento, e clssicos de grandes mestres brasileiros do choro, como Jacob do Bandolim, Altamiro Carrilho, Luperce Miranda, Garoto e Sivuca.

    Multi-instrumentista, Alessandro Penezzi, que toca violo de sete cordas, violo tenor, cavaquinho, flauta e bandolim, conta que a pequena turn teve outro momento inesperado: a dupla recebeu a gravao da apresentao feita em Amsterdam, que acabou dando origem a um novo disco quando voltaram ao Brasil. "Um dos momentos mais bacanas foi receber udio do show. no sabamos que estava sendo gravado. Fiquei muito feliz ao ouvi-lo na viagem de volta para Bruxelas", conta o compositor.

    Em retribuio s apresentaes na Holanda e na Blgica, a recepo do pblico foi a ltima boa surpresa: "A arte brasileira, em especial a msica instrumental, muito bem vista no exterior".

    26.10.2011DE MELKERIJ

    Gaasbeek, Lennik, Blgica

    27.10.2011ELZENHOF

    Bruxelas, Blgica

    28.10.2011BIMHUIS

    Amsterdam, Holanda

    Europalia_Volume2_20121015.indd 31 15/10/2012 11:19:30

  • 32

    Antonio Meneses +MAriA Joo PiresFoi em julho de 2010, durante o Festival de Inverno de Campos do Jordo, que Antonio Meneses e Maria Joo Pires se apresentaram juntos pela primeira vez. A qumica entre a pianista portuguesa e o violoncelista brasileiro suscitou outros encontros, incluindo um concerto no Wigmore Hall, em Londres, no incio de 2012. A parceria bem-sucedida se repetiu tambm no Europalia, quando Pires e Meneses executaram peas clssicas de Schubert, Brahms e Mendelssohn no Palais des Beaux-Arts, em Bruxelas.

    O concerto marcou o retorno de Maria Joo Pires ao teatro, aps cinco temporadas. Conhecida pela leveza e pela naturalidade no jeito de tocar, a pianista naturalizada brasileira comeou a ter aulas de piano quando tinha 5 anos. Especializada no repertrio de Mozart, rodou o mundo em concertos e gravaes. Hoje, divide o seu tempo entre os palcos internacionais e sua casa em Salvador, Bahia.

    O violoncelista pernambucano Antonio Meneses considerado um dos maiores instrumentistas de cordas do Brasil. Integrou o extinto Beaux Arts Trio e gravou com alguns dos mestres da msica clssica, entre eles o maestro Herbert Von Karajan e a violinista Anne Sophie Mutter. Antonio Meneses se apresenta regularmente com orquestras internacionais, como a Filarmnica de Berlim.

    11.01.2012BoZAr

    Bruxelas, Blgica

    EuropaliaVol2_Miolo_20121015.indd 32 16/10/2012 11:34:59

  • 33

    ARNALDO ANTUNES

    04 e 05.11.2011Encontro literrio, exposio e show

    DESINGEL

    Anturpia, Blgica

    Arnaldo Antunes foi certamente um dos artistas que mais transitaram entre os espaos de apresentao do Europalia. Cantor e compositor, o msico tambm demonstrou sua faceta de poeta e artista visual, com participao em uma mesa de debates e uma exposio, alm da homenagem ao poeta Augusto de Campos.

    na noite Vamos Brasil!, ele se juntou banda formada por Edgard Scandurra e Chico Salem (guitarras), Beto Aguiar (baixo), Clayton Martin (bateria) e Andr Lima (teclados) para a reta final da turn Ao vivo l em casa, especial para DVD e tV a cabo gravado na casa do cantor em 2010 em comemorao a seus 50 anos de idade. Vestindo um de seus famosos ternos bicolores, Arnaldo animou o pblico do deSingel com sucessos da carreira solo, como "Essa mulher", "i, i, i" e "A casa sua".

    Europalia_Volume2_20121015.indd 33 15/10/2012 11:19:30

  • 34

    04 e 05.10.2011 BOZAR

    Bruxelas, Blgica

    07.10.2011 MOLIRE/MUZIEKPUBLIQUE

    Bruxelas, Blgica

    08.10.2011 LILLE 3000

    Lille, Frana

    BARBATUQUESo som literalmente orgnico do Barbatuques j ganhou o mundo. Mas a participao no Europalia foi uma experincia diferente, mesmo para quem est acostumado com pblicos de outros pases. o grupo de dez jovens fez quatro apresentaes durante o Festival, duas em eventos oficiais incluindo o de abertura, exclusivo para chefes de Estado e seus convidados e outras duas abertas ao pblico, uma em Bruxelas, outra em Lille, na Frana.

    "Foi interessante participar da cerimnia de abertura. no costumamos tocar para esse pblico. no evento, alm de representar o Barbatuques, tnhamos de representar o pas. Sabamos que estvamos ali por termos sido escolhidos como porta-vozes de brasilidade, e tnhamos de passar o recado", descreve Andr Hosoi, coordenador e integrante do grupo de percusso corporal.

    A julgar pela receptividade do pblico, o recado foi bem entendido. nem a lngua foi uma barreira. Com eles, a plateia nunca escapa de "tocar" junto. H 16 anos, eles fazem msica e trabalham um conceito, o de que a msica pode ser feita de forma simples, com o que se tem mo. no caso, com as prprias mos. Mos, ps, o corpo todo e at a voz so usados para produzir a msica contagiante do grupo. "o corpo um instrumento democrtico e d pra fazer som com ele. D pra fazer todo mundo participar", justifica Andr.

    Europalia_Volume2_20121015.indd 34 15/10/2012 11:19:32

  • 35

    BONGARA primeira incurso do Grupo Bongar em territrio belga provocou curiosidade e surpresa no pblico. Criado em 2001 por jovens cantores e percussionistas de Pernambuco, o Bongar apresentou no Europalia danas e ritmos da cultura afro-brasileira, como a ciranda, o maracatu e, sobretudo, o coco.

    "Levamos ao Festival uma batida um pouco mais leve do que geralmente fazemos, pois sabamos que um pblico menos acostumado a um som to percussivo. Mas no final do show, com a licena do pblico, 'descemos a lenha'", brinca o vocalista Cleiton Jos, o Guitinho da Xamb, que integra o grupo ao lado de seus cinco primos iran, Moiss, nino, Beto e tlio.

    o grupo se apresentou em quatro cidades da Blgica Sankt Vith, Anturpia, Herent e Bruxelas. Alm de mostrar sua sonoridade influenciada pela tradio do candombl, o Bongar divulga a histria e a cultura do coco aprendida no terreiro do quilombo urbano do Porto do Gelo, reconhecido pela Fundao Palmares, do Ministrio da Cultura, como o nico reduto da linhagem africana Xamb em olinda.

    24.11.2011TRIANGEL

    Sankt Vith, Blgica

    25.11.2011WERELDCULTURENCENTRUM

    ZUIDERPERSHUIS

    Anturpia, Blgica

    26.11.2011GC DE WILDEMAN

    Herent, Blgica

    27.11.2011BOZAR

    Bruxelas, Blgica

    Europalia_Volume2_20121015.indd 35 15/10/2012 11:19:34

  • 36

    27.10.2011CENTRO DE ARTES VOORUIT

    Gent, Blgica

    BOTECOELETRO Ricardo imperatore passou dois anos pesquisando a msica brasileira para criar, em 2001, o som nico do seu botECoeletro. Para o Europalia, preparou um remix especial para a mostra Brazil Underground de msica, no Centro de Artes Vooruit, em Gent, um edifcio cone do movimento socialista no incio do sculo XX.

    Quem conferiu o trabalho de imperatore se esbaldou na pista de dana. "o mais bacana da minha participao no Festival foi ver as pessoas que foram ao show danando ensandecidamente", conta.

    o som de imperatore um velho conhecido dos europeus. Antes mesmo de ser lanado no Brasil, a mistura de msica regional e eletrnica j tinha feito sucesso em Londres e Paris. " sempre positivo tocar pra outras culturas", diz o msico.

    Europalia_Volume2_20121015.indd 36 15/10/2012 11:19:35

  • 37

    CAITO MARCONDESPASSARIM

    27.10.2011STEDELIJKE ACADEMIE VOOR

    MUZIEK&WOORD

    Dilsen-Stokkem, Blgica

    29.10.2011FERME DE LA DME

    Wasseiges, Blgica

    A Blgica uma velha conhecida do percussionista Caito Marcondes. o msico faz parte de um quarteto de cordas e trombone, criado h cerca de seis anos no pas, batizado de Passarim, em homenagem a um arranjo feito por Marcondes para a msica de tom Jobim. o grupo j tinha a ideia de gravar um CD, e a oportunidade de tocar no Europalia foi a deixa perfeita para que o projeto fosse realizado. "Estvamos trabalhando em uma turn para grav-lo ao vivo quando o convite chegou. Ento, posso at afirmar que o espetculo foi idealizado especialmente para ele", conta o msico, conhecido no Brasil pela trilha sonora de filmes e pelas apresentaes no grupo de Hermeto Pascoal. o disco acabou sendo mesmo gravado durante o Festival e foi lanado no Brasil em setembro de 2012.

    o pblico recebeu muito bem as composies de Caito executadas pelo quarteto nas apresentaes que o grupo fez durante o evento. "os europeus so extremamente apurados, principalmente quando se trata de msica instrumental. Eles sabem avaliar com preciso a seriedade de um trabalho, mesmo que novo para o ouvido deles. isto me gratificou muito: o carinho e a curiosidade que nossas apresentaes despertaram", analisa.

    Europalia_Volume2_20121015.indd 37 15/10/2012 11:19:35

  • 38

    21.10.2011SINT-MARTINUSKERK

    Herzele, Blgica

    22.10.2011CONCERTGEBOUW

    Amsterdam, Holanda

    23.10.2011BOZAR

    Bruxelas, Blgica

    CAMERATA ABERTADestaque no cenrio erudito brasileiro, a Camerata Aberta se apresentou, durante o Europalia, em Herzele e Bruxelas, na Blgica, e em Amsterdam, na Holanda. Para seu diretor artstico, Sergio Kafejian, a participao no Festival ampliou o reconhecimento internacional do grupo e desse gnero musical na criao artstica brasileira. "Vrios compositores e regentes nos procuravam depois do concerto querendo estabelecer uma parceria conosco. Estamos em contato com alguns deles", conta.

    na avaliao do diretor, a produo brasileira muito relacionada cultura folclrica e popular, e a chance de apresentar ao pblico obras vinculadas ao que h de mais atual em termos de msica erudita contempornea no mundo expe a diversidade do Brasil e fortalece a imagem nacional no exterior. o programa apresentado por Cssia Carrascoza (flauta), Lus Afonso Montanha (clarineta), Martin tuksa (violino), Dimos Goudaroulis (violoncelo), Horcio Gouveia (piano), Herivelto Brandino (percusso), professores da Escola de Msica do Estado de So Paulo, cobriu quatro geraes de compositores contemporneos, da dcada de 1950 de 1970. " a partir da cultura que podemos conhecer profundamente um pas e, no caso do Brasil, sua riqueza, variedade e qualidade precisam ser mostradas em toda a sua extenso. De outra forma, ficam s os esteretipos", defende.

    Europalia_Volume2_20121015.indd 38 15/10/2012 11:19:37

  • 39

    CuAs cidades de Valenciennes, Turnhout, Namur e Bruxelas puderam testemunhar a habilidade natural de Cu em mudar o timbre vocal: s vezes doce e suave, em outras, rouco e grave. A plateia, que em sua maioria assistia a seu show pela primeira vez, demonstrou surpresa diante da mistura contempornea de bossa nova, samba, MPB, reggae-dub, soul, eletro, jazz e de ritmos afro-brasileiros da artista.

    No incio, aplausos tmidos e polidos. Mas, a cada cano, Cu cativava mais a plateia, que se soltou com a releitura de "Takes two to tango", de Ray Charles, e com "Malemolncia", composio da cantora com o msico Alec Haiat, conhecida em alguns pases da Europa.

    A cantora levou Blgica e Frana o repertrio de seus dois primeiros lbuns, Cu e Vagarosa, acompanhada dos msicos Lucas Martins (baixo e guitarra), Guilherme Ribeiro (piano e acordeom), Bruno Buarque (bateria) e DJ Marco.

    11.10.2011Le Phnix

    Valenciennes, Frana

    12.10.2011De WaranDe

    Turnhout, Blgica

    13.10.2011ThTre royaL

    namur, Blgica

    15.10.2011ThTre 140

    Bruxelas, Blgica

    EuropaliaVol2_Miolo_20121018.indd 39 18/10/2012 09:13:01

  • 40

    CHICO CORREA & POCKET BAND

    26.10.2011KULTUURKAFFEE VUB

    Bruxelas, Blgica

    27.10.2011CENTRO DE ARTES VOORUIT

    Gent, Blgica

    28.10.2011RASA WERELDCULTURENCENTRUM

    Utrecht, Holanda

    04.11.2011DESINGEL

    Anturpia, Blgica

    nos anos 90, Chico Science combinou a tradio musical nordestina s batidas do hip hop, da msica eletrnica e do rock. A originalidade do manguebeat ganhou fs mundo afora. Hoje, o legado do msico olindense transmitido e ampliado por outro Chico. Com sua Pocket Band, o DJ, compositor e produtor musical Esmeraldo Marques nome verdadeiro de Chico Correa d ao baio, ao samba de coco e ao maracatu uma feio contempornea, porm no menos regional.

    no Festival Europalia, o msico levou aos palcos de Bruxelas, Gent, Utrecht e Anturpia toda a sua parafernlia de samplers, pedais e computadores para produzir afro-funks, eletro-baies e tantas fuses quanto a imaginao permitisse. A passagem pela Blgica ainda propiciou ao compositor encontros com outros artistas, como a VJ Milena S, o MC Carcar e o belga David Bove.

    Baiano radicado na Paraba, Chico Correa traz na bagagem uma forte influncia do jazz. A presena da arte de Miles Davis e John Coltrane notvel nas sequncias de improvisao do msico, sempre uma possibilidade em seus shows. o codinome adotado pelo artista tambm uma referncia: ele homenageia o pianista Chick Corea, que desde os anos 70 j explorava as fuses entre o jazz e outros gneros musicais.

    Europalia_Volume2_20121015.indd 40 15/10/2012 11:19:38

  • 41

    Foi em uma manh de domingo que o pblico belga recebeu o show Choro Project All Star Ensemble. Dirigido e integrado por Mauricio Carrilho, dez msicos de primeira linha, que j se conheciam e costumam tocar juntos, pela primeira vez se apresentaram nesta formao.

    o seu desafio era oferecer aos europeus um espetculo representativo de um gnero fundamental da msica brasileira, com um sculo e meio de histria e tantos compositores memorveis. " claro que no d para resumir 150 anos de choro em uma hora de apresentao, mas conseguimos dar um bom panorama", avalia o violonista Paulo Arago, um dos integrantes do grupo.

    Fizeram parte do repertrio, pensado especialmente para o nico show que apresentaram em Bruxelas, composies de Anacleto de Medeiros, Pixinguinha, Guerra Peixe, Luiz Americano, Cristvo Bastos e dos prprios integrantes do grupo, que criaram tambm novos arranjos e combinaes para as 16 msicas apresentadas. "o choro no um conceito distante dos europeus, j que uma recriao do que eles ouviam no sculo XiX com a msica de cmara. Ainda que depois tenha sofrido outras influncias", acredita Arago.

    Ao final do espetculo, os msicos foram cumprimentados por vrias pessoas da plateia, inclusive msicos de outros pases. "o trabalho foi uma boa oportunidade para reunir esses profissionais. Poderia ter sido gravado um CD naquele dia", avalia Mauricio Carrilho. o grupo j prepara um novo projeto com msicas inditas.

    MAURICIO CARRILHOdireo musical

    e violo de sete cordas

    TONINHO CARRASQUEIRAflauta

    RUI ALVIMclarinete

    ANA RABELLOcavaquinho

    PROVETAclarinete

    PAULO ARAGOviolo

    PEDRO ARAGObandolim

    PEDRO PAESclarinete, sax e clarones

    AQUILES MORAEStrombeta e flugel

    MARCUS THADEUpercusso e bateria

    27.11.2011BOZAR

    Bruxelas, Blgica

    CHORO PROJECTMAURICIO CARRILHO

    Europalia_Volume2_20121015.indd 41 15/10/2012 11:19:39

  • 42

    CIDADO INSTIGADO +MAURO PAWLOWSKI

    05.11.2011DESINGEL

    Anturpia, Blgica

    Foi ao cantor e guitarrista Mauro Pawlowski, um dos cones do rock belga, que a banda Cidado instigado se juntou durante a noite Vamos Brasil! do Festival Europalia. o encontro dos roqueiros, que eletrizou a casa de shows DeSingel, na Anturpia, foi uma sugesto do curador local Zjakki Willems, que conhecia de longa data o trabalho do grupo liderado pelo vocalista e guitarrista cearense Fernando Catatau. "Fui convidado a trabalhar com eles. Adorei as msicas do Cidado instigado de imediato", disse Pawlowski imprensa, na poca.

    Criado em So Paulo, em 1994, sob a influncia do movimento Mangue Beat, o Cidado instigado faz um rock original, no qual se misturam elementos do rock dos anos 60 e 70, msica romntica "brega" e ritmos regionais nordestinos. A banda conhecida pela qualidade das letras, ora irnicas, ora melanclicas, e pelos arranjos psicodlicos, complexos e com muitas variaes de andamento.

    Alm de Catatau, a banda formada por Regis Damasceno (guitarra, violo e voz), Clayton Martin (bateria), Rian Batista (baixo e voz) e Dustan Gallas (teclado).

    Europalia_Volume2_20121015.indd 42 15/10/2012 11:19:40

  • 43

    DJs CriolinADe Braslia, Rodrigo Barata (DJ Barata), Tiago Pezo (DJ Pezo) e Rafael Oops (DJ Oops) espalham sua "msica escura forte" para o resto do mundo. Os sets do DJs Criolina so bastante eclticos: eles tocam msica nordestina, latina, black, africana, tradicional tudo misturado a batidas modernas e verses eletrnicas.

    Juntos h oito anos, os trs DJs comandam festas com o nome do coletivo em Braslia e circulam com seu som por outros pases. No Europalia, eles passaram por trs cidades diferentes, ao lado de uma companhia inesperada: o grupo Samba Chula de So Braz. O encontro na Europa do som moderninho dos jovens da capital com o samba africano do conjunto do interior da Bahia resultou em um desses momentos singulares em que o contemporneo e a tradio andam juntos.

    "A interao foi bastante interessante. Houve reciprocidade na apreciao do trabalho, de maneira que os grupos participavam como espectadores e fs. Foi uma experincia muito boa para ns dividir espao com outro grupo, primeira vista, bem diferente, mas que, na verdade, reverencia o Brasil do mesmo modo e com igual sentimento", conta o produtor e percussionista do Samba Chula, Tlio Augusto Santos.

    08.12.2011 rAsA WerelDCulturenCentruM

    utrecht, Holanda

    09.12.2011WerelDCulturenCentruM

    ZuiDerPersHuis

    Anturpia, Blgica

    10.12.2011 troPentHeAter

    Amsterdam, Holanda

    EuropaliaVol2_Miolo_20121015.indd 43 16/10/2012 11:35:01

  • 44

    DJ TUDO E SUA GENTE DE TODO LUGARComo o nome sugere, os nove msicos de DJ tudo e sua Gente de todo Lugar saram de diferentes partes do Brasil So Paulo, Minas Gerais, Braslia e Pernambuco para ir tocar na Blgica para o Europalia. o coletivo formado por tudo, Gustavo Souza, Estevan Sinkovitz, Ricardo Prado, Marcelo Monteiro, Amilcar Rodrigues, Mestre nico, Graciliano e Fernanda Cabral combina ritmos tradicionais, como samba e maracatu, s batidas do funk, hip hop e eletro.

    Msico, produtor, DJ e pesquisador de msica tnica h 20 anos, Alfredo Bello, o DJ tudo, comps uma msica especialmente para o show em Gent no qual estava presente o seu convidado, Steven de Bruyn, conhecido por associar efeitos sonoros sua habilidade para contar histrias. o encontro rendeu novas parcerias. "no nos conhecamos e foi bem especial. Hoje somos amigos e estamos gravando e fazendo outros projetos juntos", conta o DJ tudo. o Europalia foi to proveitoso que o artista j voltou Blgica duas vezes depois do Festival.

    26.10.2011KULTUURKAFFEE VUB

    Bruxelas, Blgica

    27.10.2012CENTRO DE ARTES VOORUIT

    Gent, Blgica

    29.10.2011MAZ

    Bruges, Blgica

    01.11.2011DE CENTRALE

    Gent, Blgica

    Europalia_Volume2_20121015.indd 44 15/10/2012 11:19:43

  • 45

    DONA CILA E SEUS PUPILOS

    20.11.2011MANGE DE LA CASERNE FONCK

    Lige, Blgica

    25.11.2011MUZIEKCLUB 4AD

    Diksmuide, Blgica

    Em um vdeo com artistas que se apresentariam no Europalia, dona Cila do Coco foi convidada a definir a cultura brasileira. Ela no titubeou: "A cultura brasileira o coco!".

    Cila do Coco sempre cantou o ritmo, tipicamente nordestino, pelas ruas de sua terra natal. nas rodas de coco, a melodia forte marcada pela percusso do ganz e dos ps. os cantadores de coco danam e batem palmas, acompanhando os versos cantados pelo puxador, funo de Dona Cila. "no palco, eu viro um monstro, sou coquista de verdade", define.

    Sua voz marcante j circulou por turns nacionais e internacionais, com cocos tradicionais e outros de sua autoria. Para o Europalia, foram selecionadas canes mais quentes para espantar o frio.

    os Pupilos de Cila colocaram o pblico para danar, mesmo quando parte dele achava estar danando outro ritmo. o parentesco do coco com diferentes ritmos africanos fez com que, em Lige, ele fosse confundido com o kuduro.

    Para o grupo, o Festival foi marcante pela interao com outros artistas brasileiros. "tivemos a oportunidade de conhecer artistas de outros segmentos culturais", destaca isa Christina Melo, produtora e uma das pupilas de Cila.

    Europalia_Volume2_20121015.indd 45 15/10/2012 11:19:44

  • 46

    EGBERTO GISMONTI+ORQUESTRA CORAES FUTURISTASDuas geraes levaram msica genuinamente brasileira aos palcos de Gent, Mons, Anturpia e Hasselt durante o Europalia.Brasil. Ao lado dos jovens talentos da orquestra Coraes Futuristas, o veterano compositor e multi-instrumentista Egberto Gismonti apresentou o frevo, o maracatu, o lundu e outros ritmos regionais ao pblico belga.

    Por essa possibilidade de dar a conhecer as mais diversas manifestaes culturais brasileiras, o msico comemorou a homenagem do Europalia ao pas. "Acho que seria um desrespeito muito grande se o Brasil continuasse a ser apresentado assim [de forma estereotipada], depois de mostrar ao mundo pessoas como oscar niemeyer, Lcio Costa, Burle Marx, tom Jobim, Villa-Lobos, Pixinguinha e vai por a", disse ele em entrevista Agncia Brasil. "Foi um tsunami que invadiu o mundo".

    o contato de Gismonti com a orquestra Coraes Futuristas comeou em 2008, quando o grupo, formado por jovens de um projeto de educao musical do Rio de Janeiro, estreou um espetculo dedicado ao repertrio do compositor. Com a morte repentina da regente da orquestra, tina Pereira, a relao se estreitou: para homenagear a maestrina, o msico convidou os 23 meninos para acompanh-lo em algumas apresentaes, executando clssicos de seu repertrio, como "Palhao na caravela", "t boa, santa?" e "Loro".

    Com amplo conhecimento em msica clssica e aberto experimentao, Egberto Gismonti consegue unir o moderno e o erudito com maestria. Considerado um dos maiores nomes da msica instrumental brasileira, transita com facilidade do piano, seu instrumento primordial, para o violo, a flauta ou a percusso.

    18.11.2011 CONSERVATORIUM GENT

    Gent, Blgica

    20.11.2011LE MANGE

    Mons, Blgica

    21.11.2011DE ROMA

    Anturpia, Blgica

    22.11.2011 CENTRO CULTURAL HASSELT

    Hasselt, Blgica

    Europalia_Volume2_20121015.indd 46 15/10/2012 11:19:45

  • 47

    FAMLIA ASSADFamlia que canta unida permanece unida. Se o ditado fosse este, caberia perfeitamente Famlia Assad, que desde 2000 se apresenta pelos palcos do Brasil e do mundo como grupo musical. no Europalia, os Assad mostraram virtuosismo e vibrao em um espetculo que combinou violo, voz, piano e percusso. "So vrios talentos distintos em uma mesma famlia, algo no muito comum de se encontrar. Mas o que nos une, de verdade, o amor, que acaba se refletindo na msica que levamos ao palco", ressalta a cantora e multi-instrumentista Badi Assad.

    na formao atual do grupo, os irmos Srgio e odair, que costumam se apresentar tambm como o Duo Assad, assumem os violes junto caula, Badi que, alm de cantar, faz percusso. A filha de Srgio, Clarice, acompanha o pai e os tios ao piano. Juntas, Badi, Clarice e Carolina, filha de odair, ficam com os vocais. Sem a presena do patriarca da famlia, o bandolinista Seu Jorge, de sua esposa, Angelina, e do filho de Srgio, Rodrigo, o quinteto teve que adaptar o repertrio para o Festival. no meio da sequncia de clssicos da msica brasileira, foi acrescentada uma cano nova, "Suite back to our roots", e momentos solo para mostrar as diferenas de estilo de cada membro da famlia.

    "o mais bacana foi ver nossa me Angelina ser ovacionada, aos 80 anos idade, em todas as 'canjas' que deu em nossas trs apresentaes. o mais emocionante foi fazer pela primeira vez esses shows sem a presena de nosso pai, que faleceu em 2011", lembra Badi.

    17.11.2011BOZAR

    Bruxelas, Blgica

    18.11.2011DE CENTRALE

    Gent, Blgica

    20.11.2011CENTRO CULTURAL HASSELT

    Hasselt, Blgica

    EGBERTO GISMONTI+ORQUESTRA CORAES FUTURISTAS

    Europalia_Volume2_20121015.indd 47 15/10/2012 11:19:47

  • 48

    FERNANDO SARDO+GEM+DAAU

    27.10.2011CENTRO DE ARTES VOORUIT

    Gent, Blgica

    04.10.2011DESINGEL

    Anturpia, Blgica

    Sol, ar, infinito, pssaro os sugestivos nomes dos instrumentos criados pelo msico, lutier e pesquisador Fernando Sardo sinalizam o sensvel trabalho desenvolvido por ele. o msico, que mantm uma oficina e um projeto educacional em Santo Andr, na Grande So Paulo, apresentou-se no Europalia ao lado de alguns ex-alunos, integrantes do GEM Grupo Experimental de Msica.

    Sardo pesquisa sons e desenvolve instrumentos e instalaes musicais inspirados em diversas culturas, trabalho iniciado h 30 anos nas colnias paulistanas de imigrantes. "A razo maior sempre foi descobrir novas sonoridades, explorar uma nova fronteira da msica e dos instrumentos. Em quatro anos, tinha msicas dos cinco continentes", conta.

    Um espetculo parte, 40 dos instrumentos criados por Fernando foram na bagagem rumo Blgica. o repertrio deu destaque ao CD Bambuzais, em que, como o nome sugere, usa instrumentos fabricados com o vegetal.

    Fernando Sardo e o GEM fizeram os dois shows no Festival ao lado do grupo belga DAAU (Die Anarchistische Abendunterhaltung). os grupos conseguiram ensaiar juntos ao longo de duas semanas e, antes, j vinham trocando msicas por e-mail. no palco, intercalaram a apresentao de suas prprias msicas com a troca de repertrios.

    "o DAAU faz uma msica forte, de muita energia e, ao mesmo tempo, harmoniosa, gostosa de ouvir. temos em comum essa vontade de descobrir novas maneiras de fazer som: eles, com um jeito diferente de tocar instrumentos tradicionais, e eu, com os instrumentos que crio", avalia Fernando. A troca deixou no msico marcas que, segundo ele, j influenciam o novo disco que est preparando. "Foi um encontro muito enriquecedor. Com certeza, ficou um pouco do DAUU impregnado na gente. E tambm um pouquinho da gente neles", analisa.

    Europalia_Volume2_20121015.indd 48 15/10/2012 11:19:48

  • 49

    15.10.2011BoZAr

    Bruxelas, Blgica

    GAfieirA 8Apesar da grande intimidade com o repertrio, quando foi convidado para participar do Europalia, o violonista Luis Filipe de Lima tinha um problema: a falta de um grupo formado. Conseguiu reunir em tempo recorde um time de oito bambas para representar a gafieira na noite de samba na Blgica. Estava formado o Gafieira 8.

    Para a misso, alm dele ao violo de sete cordas, foram convocados Eduardo Neves (flauta e sax tenor), Lus Barcelos (bandolim), Kiko Horta (acordeom), Pedro Miranda (voz e percusso), Paulino Dias (percusso), Z Luiz Maia (baixo) e Cassius Theperson (bateria). Eles j tinham tocado juntos em outras formaes, mas, com o Gafieira 8, fizeram estreia exclusiva para o pblico belga, que se rendeu ao ritmo e arriscou vrios passos na nica apresentao do grupo, surpreendendo os msicos com seu entusiasmo.

    "Tive a preocupao, por um lado, de garantir um repertrio variado e bastante vibrante e, por outro, deixar os msicos bem vontade no palco, reproduzindo o clima informal das rodas de choro e de samba", diz Luis.

    Embora o grupo no chegue a ser uma orquestra completa para a qual seriam necessrios cerca de 20 integrantes os msicos no conseguiram conciliar as agendas quando voltaram ao Brasil: "Precisaramos concentrar mais esforos para seguir tocando com essa formao. Mas, volta e meia, nos encontramos e vem a pergunta: cad o Gafieira 8?". Fez histria na Blgica.

    EuropaliaVol2_Miolo_20121015.indd 49 16/10/2012 11:35:02

  • 50

    GUINGA

    20.10.2011MUSE DES INSTRUMENTS DE MUSIQUE

    Bruxelas, Blgica

    22.10.2011SINT-AUGUSTINUSKERK

    Pepingen, Blgica

    Quando Guinga chegou ao local de seu segundo show na Blgica, espantou-se com o que encontrou: uma capela em um cemitrio. " uma coisa que, para um brasileiro, bem inusitada. Veio um padre com uma chave enorme abrir a igreja", lembra o msico, que ficou encantado com o costume europeu de utilizar espaos pouco convencionais para as apresentaes. " uma forma diferente de levar cultura s pessoas. neste quesito, os europeus esto frente".

    Ao invs de um clima fnebre, o artista carioca lembra o show como um dos mais lindos que j fez. o repertrio foi particular: o violonista nunca prepara um roteiro com antecedncia; gosta de sentir o lugar e ver o que vai tocar ali, na hora. "s vezes tambm me acontece decidir incluir uma msica no meio do show. no fundo, a gente toca para o corao das pessoas", justifica Guinga, um exmio intrprete de choro, samba, frevo, valsa, jazz e outros gneros e um compositor de clssicos da MPB.

    Guinga trouxe na mala boas recordaes dos shows que fez para o Europalia. no primeiro, em um museu de instrumentos musicais, em Bruxelas, o pblico ficava mais efusivo a cada msica. no segundo, em meio a jazigos e epitfios, pediu a um integrante da produo que traduzisse o que o pblico comentava durante sua apresentao. o que mais gostou de ouvir foi que, apesar de no entenderem a lngua, as pessoas a estavam sentindo: "ouviram o show todo em silncio, mas no final, aplaudiram muito. Quando me vi aplaudido de p dentro de um cemitrio, pensei: caramba, a msica serve para isso!".

    Europalia_Volume2_20121015.indd 50 15/10/2012 11:19:50

  • 51

    08.12.2011ESPACE SENGHOR

    Bruxelas, Blgica

    09.12.2011CLUB JAZZ L'F

    Leffe, Blgica

    10.12.2011WERELDCULTURENCENTRUM

    ZUIDERPERSHUIS

    Anturpia, Blgica

    11.12.2011VRIJSTAAT O.

    Oostende, Blgica

    HAMILTON DE HOLANDAo virtuoso do bandolim Hamilton de Holanda cativou o pblico de Bruxelas, oostende, Leffe e Anturpia, na Blgica. "Aplausos, dois a trs bis por show e cumprimentos ao final", descreve e comemora o msico, que encabea o Hamilton de Holanda Quinteto, formado ainda por Xande Figueiredo (bateria), Gabriel Grossi (gaita), Daniel Santiago (violo) e Andr Vasconcellos (contrabaixo).

    Holanda, que se apresenta com frequncia no continente europeu, inovou o bandolim ao acrescentar uma quinta corda dupla ao instrumento. Ele acredita que festivais como o Europalia so uma oportunidade. "Pudemos mostrar aos estrangeiros quem somos, de onde viemos e para onde podemos ir. o Brasil tem uma variedade imensa de manifestaes culturais, por isso, procurei enquadrar no roteiro dos shows composies com alguns dos ritmos que temos em nosso Brasil", conta o msico, cujo trabalho traz referncias de bossa nova, lundu, jazz, MPB, rock e sobretudo choro.

    A cultura a ecologia da alma.

    Hamilton de Holanda

    Europalia_Volume2_20121015.indd 51 15/10/2012 11:19:50

  • 52

    HELDER VASCONCELOS & BOI MARINHO

    26 e 27.11.2011BOZAR

    Bruxelas, Blgica

    Em sua primeira apresentao em terras europeias, o Boi Marinho arrastou um cortejo que saiu da entrada do Bozar, o Palcio de Belas-Artes de Bruxelas, na Blgica. "Havia um clima de festa. Mesmo quem no conhecia a tradio veio brincar", lembra Helder Vasconcelos, percussionista, ator, cantor e diretor artstico do grupo. "o centro cultural estava lotado. Ver aquelas pessoas danando junto com a gente foi marcante", continua o msico.

    o grupo existe h 13 anos e une elementos contemporneos a movimentos tpicos do cavalo-marinho, folguedo nordestino de rua que guarda semelhanas com o bumba meu boi. Repertrio, figurino e performance foram adaptados especialmente para o Europalia, j que geralmente o cavalo-marinho encenado em roda.

    no segundo dia, voltado ao pblico infantil, o grupo fez um jogo para interagir com as crianas. Brincaram de esconder com o boi. A nova experincia despertou nos msicos a vontade de atuar em outros contextos, alm do carnaval de Pernambuco, palco anual de Helder e do Boi Marinho.

    Europalia_Volume2_20121015.indd 52 15/10/2012 11:19:52

  • 53

    Hermeto Pascoal& seXteto

    Quando criana, Hermeto Pascoal pendurava no varal de casa o material de trabalho de seu av ferreiro e brincava de fazer msica. Passadas algumas dcadas, a paixo do multi-instrumentista pelos sons da natureza e do dia a dia no mudou: aos 76 anos, o msico alagoano continua a compor canes em que a melodia do piano e do violo pode se fundir com o som de chaleiras cheias de gua ou dos fios da prpria barba.

    Hermeto Pascoal tira som de onde houver som, seja de equipamentos de dentista, seja simplesmente da voz das pessoas. Para alm do experimentalismo instrumental, o msico ainda mescla em suas composies elementos do forr, do frevo e do samba com ritmos originalmente estrangeiros, como o rock'n'roll, o jazz e a msica clssica. Chamado de mago, Hermeto j rodou o mundo em turns e chegou a fazer uma parceria musical com o mestre do jazz Miles Davis, no final dos anos 60.

    No Europalia, o msico mostrou um pouco de sua "msica universal" em workshops e shows nas cidades de Gent, Bruxelas e Paris. Hermeto, que se apresenta em diversas formaes, optou por levar ao Festival os instrumentistas Itiber Zwarg, no baixo; Mrcio Bahia, na bateria; Vinicius Dorin, no saxofone e na flauta; Andres You Mark, no piano; sua esposa, Aline Morena, nos vocais e na guitarra; e seu filho Fbio Pascoal, na percusso.

    15 a 17.11.2011centro de artes Vooruit

    Gent, Blgica

    18.11.2011FlaGey

    Bruxelas, Blgica

    20.11.2011 new morninG

    Paris, Frana

    EuropaliaVol2_Miolo_20121018.indd 53 18/10/2012 09:13:18

  • 54

    HURTMOLD

    16.12.2011STUK KUNSTENCENTRUM VZW

    Leuven, Blgica

    17.12.2011LE BOTANIQUE

    Bruxelas, Blgica

    Com shows nas cidades belgas de Leuven e Bruxelas, o Hurtmold mostrou por que uma das mais elogiadas formaes do cenrio rock alternativo brasileiro. na banda esto Fernando e Mario Cappi (guitarra), Guilherme Granado (teclado, vibrafone, eletrnicos), Marcos Gerez (baixo), Mauricio takara (bateria e trompete) e Rogrio Martins (percusso e clarone). Carregado de diferentes texturas, o som do grupo paulista capturou a ateno da plateia. "tivemos um pblico bem receptivo. sempre inspirador participar de eventos como esse, fora do nosso pas", conta Fred Finelli, produtor do Hurtmold. "o Europalia conseguiu pinar vrias expresses musicais brasileiras, transitando bem entre artistas consagrados, populares e independentes", resume Finelli.

    os roqueiros do Hurtmold tm influncias de jazz, funk norte-americano, pop e msica eletrnica, e acrescentam aos elementos clssicos do rock instrumentos como flauta, xilofone e percusso. De repertrio predominantemente instrumental, tocado geralmente sem o uso de partitura, o grupo impressiona pela qualidade dos arranjos e pelo trabalho aberto a improvisaes.

    Europalia_Volume2_20121015.indd 54 15/10/2012 11:19:54

  • 55

    19.10.2011De roMA

    Anturpia, Blgica

    20.10.2011BiMHuis

    Amsterdam, Holanda

    letieres leite & orKestrA ruMPilleZA mistura de jazz com ritmos afro-brasileiros da Orkestra Rumpilezz saiu do Festival Europalia levando uma honrosa avaliao de cinco estrelas da crtica holandesa. Mas no foram apenas os especialistas que se encantaram com a banda. O pblico da Anturpia, na Blgica, e de Amsterdam, na Holanda, ficou empolgado com as apresentaes do grupo. "Parecia que estvamos em terras brasileiras. Acredito que eles entenderam a nossa proposta de mostrar msica ancestral vinculada a um conceito de msica contempornea", afirma o fundador da Orkestra, o maestro e saxofonista Letieres Leite.

    Fundamentada em instrumentos de sopro e percusso, a Orkestra Rumpilezz foi criada em 2006, na Bahia. Apesar da trajetria recente no cenrio musical brasileiro, a banda arrebatou, em 2010, dois trofus no Prmio da Msica Brasileira, nas categorias Melhor Grupo Instrumental e Revelao. A prxima meta se lanar no mercado estrangeiro, processo que, segundo Letieres, comeou com o p direito no Europalia.

    "Com uma iniciativa como essa, conseguimos dar o nosso primeiro passo internacional. Recebemos bons convites aps o evento. Inclusive ministramos um workshop em Viena, na ustria, logo aps as apresentaes, o que devemos repetir outras vezes", comemora o msico.

    EuropaliaVol2_Miolo_20121015.indd 55 16/10/2012 11:35:03

  • 56

    MACIEL SAL

    25.11.2011RASA WERELDCULTURENCENTRUM

    Utrecht, Holanda

    26.11.2011BOZAR

    Bruxelas, Blgica

    A cada nota da rabeca, Maciel Sal surpreendia a plateia, pouco familiarizada com o som diferente deste instrumento to parecido com o violino. Sal tambm tocou chocalho e cantou em seus shows nas cidades de Utrecht e Bruxelas, acompanhado pelos msicos do terno do terreiro: Rodrigo Samico (guitarra, cavaquinho e backing vocal), Rogrio Victor (baixo e backing vocal), Emerson Santana (bateria), Z Mrio (percusso e backing vocal), maestro ivan do Esprito Santo (sax e flauta), Rogrio Almeida (trombone) e Daniel Marinho (trompete).

    "Percebo que na Europa as pessoas so mais contemplativas e atentas execuo da msica. no entanto, durante o Europalia, notei que interagiram, danando bastante. o pblico mostrou interesse em saber mais sobre a msica e os instrumentos, principalmente a rabeca, por ter um som mais barroco que o do violino", avalia Sal, considerado um dos melhores rabequistas do Brasil.

    o som do grupo mis