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1 FEAD MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO MODALIDADE: PROFISSIONALIZANTE ESTUDO DE VIABILIDADE PARA A IMPLANTAÇÃO ESTUDO DE VIABILIDADE PARA A IMPLANTAÇÃO ESTUDO DE VIABILIDADE PARA A IMPLANTAÇÃO ESTUDO DE VIABILIDADE PARA A IMPLANTAÇÃO DE INCUBADORA DE AGRONEGOCIO EM DE INCUBADORA DE AGRONEGOCIO EM DE INCUBADORA DE AGRONEGOCIO EM DE INCUBADORA DE AGRONEGOCIO EM MANHUAÇU, MG. MANHUAÇU, MG. MANHUAÇU, MG. MANHUAÇU, MG. Jane Corrêa Alves Mendonça

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FEAD

MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO

MODALIDADE: PROFISSIONALIZANTE

ESTUDO DE VIABILIDADE PARA A IMPLANTAÇÃO ESTUDO DE VIABILIDADE PARA A IMPLANTAÇÃO ESTUDO DE VIABILIDADE PARA A IMPLANTAÇÃO ESTUDO DE VIABILIDADE PARA A IMPLANTAÇÃO DE INCUBADORA DE AGRONEGOCIO EM DE INCUBADORA DE AGRONEGOCIO EM DE INCUBADORA DE AGRONEGOCIO EM DE INCUBADORA DE AGRONEGOCIO EM

MANHUAÇU, MG.MANHUAÇU, MG.MANHUAÇU, MG.MANHUAÇU, MG.

Jane Corrêa Alves Mendonça

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Belo Horizonte 2007

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Jane Corrêa Alves Mendonça

ESTUDO DE VIABILIDADE PARA A ESTUDO DE VIABILIDADE PARA A ESTUDO DE VIABILIDADE PARA A ESTUDO DE VIABILIDADE PARA A IMPLANTAÇÃO IMPLANTAÇÃO IMPLANTAÇÃO IMPLANTAÇÃO DE INCUBADORA DE AGRONEGOCIO EM DE INCUBADORA DE AGRONEGOCIO EM DE INCUBADORA DE AGRONEGOCIO EM DE INCUBADORA DE AGRONEGOCIO EM

MANHUAÇU, MG.MANHUAÇU, MG.MANHUAÇU, MG.MANHUAÇU, MG.

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Administração: Modalidade Profissionalizante da FEAD, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Administração.

Área de Concentração: Gestão Estratégica das Organizações

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Orientador: Prof. Dr. Jorge Tadeu de Ramos Neves

Belo Horizonte FEAD 2007

5

Agradecimentos

A Deus, por tudo.

Ao meu orientador Professor Jorge Tadeu, pela receptividade, orientação e

atenção despendida ao longo deste trabalho.

Ao Professor Arnaldo co-orientador, pelas pertinentes contribuições.

6

A minha mãe por ter me proporcionado todas as condições para que eu

chegasse até aqui.

Ao meu marido Wellen, e ao meu filho Lucas, pelo amor, carinho, paciência,

apoio e compreensão nas horas de angústia e ausência.

Ao Carlos gerente da INAGRO pela paciência, incentivo, apoio, sugestões e

informações sem as quais este trabalho não teria sido possível.

Aos incubados pela atenção dispensada para realização das entrevistas.

A direção da Facig, alunos e colegas de trabalho professores pela credibilidade

e apoio em especial aos Professores Rita, Anandy, Soroldoni e João Paulo.

Aos alunos Thomas, Pedro, Laiza e tantos outros que de alguma forma

contribuíram para a realização desta pesquisa.

RESUMO

Mendonça, Jane Corrêa Alves. Estudo de Viabilidade para a implantação de

Incubadora de Agronegócio em Manhuaçu, MG. 2007. Dissertação

(Mestrado Profissionalizante em Administração) – Programa de Pós-Graduação

em Administração, FEAD, Belo Horizonte.

O movimento brasileiro de incubadoras expandiu-se a partir da década de 1990,

firmando-se em anos recentes. Entendidas como arranjos interinstitucionais, as

incubadoras empresariais são ambientes em que se articulam redes de

7

empresas e de inovação, constituindo-se como processo logístico pró-inovação,

mantido por fluxos de informações que fomentam a geração de inovações nas

incubadas, as quais retroalimentam o sistema. Diante do volume de recursos

investidos, principalmente públicos, destaca-se a necessidade de instrumentos

capazes de avaliar o desempenho dessas organizações, não só em termos

operacionais e socioeconômicos, mas deve se também mensurar a

performance das incubadoras enquanto instrumentos difusores e catalisadores

do binômio informação-inovação. Este trabalho teve como objetivo analisar o

processo de implantação e operacionalização da INAGRO – Incubadora do

Agronegócio em Jaborandi-SP, inaugurada dia 16 de abril de 2004 e estudar a

viabilidade de implantação de uma incubadora de empresas do setor do

agronegócio, como forma de alavancar a economia da região de Manhuaçu,

Minas Gerais.

Palavras-chave: Agronegócio, Incubadora de Empresas, Empreendedorismo,

Incubadora de Empresas do Agronegócio.

ABSTRACT

Study of the feasability of implementation of an agro-business incubator

in Manhuaçu - Minas Gerais.

8

The Brazilian incubator movement has expanded since de 1990s, consolidating

in recent years. Known as inter-institutional arrangements, business incubators

are environments in which networks of companies and innovation can interact to

form a logistic process for innovation, maintained by a flow of information that

favors the generation of innovations in the incubated companies, which provide

feedback to the system. Due to the volume of resources invested, mainly public

resources, it is necessary to devise instruments capable of evaluating the

performance of these organizations, not only in operational and socio-economic

terms, but also as instruments of diffusion and consolidation of the dyad

information-innovation. The objective of this research was to analyze the

process of implementation and initial operation of INAGRO – Agro-business

Incubator in Jaborandi, SP, open April 16, 2004 and to study the feasability for

implementation and operalization of companie incubator of agro-business to

lever the economy in Manhuaçu region,Minas Gerais.

Keywords: Agro-business; business incubator, entrepreneurship, agro-business

incubator.

9

SUMÁRIO

Lista de Figuras................................................................................................ 05

Lista de Tabelas ............................................................................................... 06

Lista de Quadros .............................................................................................. 07

Lista de Siglas .................................................................................................. 08

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 10

1.1 Os Espaços para Inovação .......................................................................... 13

1.4 Justificativa................................................................................................... 14

1.5 Questão Problema ....................................................................................... 18

1.5.1 Objetivo Geral ........................................................................................... 18

1.5.2 Objetivos Específicos ................................................................................ 18

2. REVISÃO DE LITERATURA ......................................................................... 20

2.1 Empreendedorismo ...................................................................................... 20

2.2 Incubadoras.................................................................................................. 24

2.2.1 O contexto do estudo: a Incubadora de Empresa do Agronegócio de

Jaborandi – SP (INAGRO) ................................................................................. 25

2.2.2 A INAGRO................................................................................................. 28

2.2.3 Principais parceiros da INAGRO ............................................................... 30

2.2.4 O envolvimento dos parceiros ................................................................... 31

2.2.5Incubadoras como agentes de desenvolvimento econômico social ........... 32

2.2.6 Fatores críticos para o sucesso de uma incubadora de empresas ........... 33

2.2.7 A expansão do movimento das incubadoras empresariais ....................... 35

2.2.8 Principais modelos de avaliação de incubadoras empresariais ................ 39

10

2.2.9 Incubadoras do Agronegócio..................................................................... 39

3. METODOLOGIA ............................................................................................ 42

3.1 Tipo de Pesquisa.......................................................................................... 42

3.2 Quantos aos fins .......................................................................................... 46

3.3 Quantos aos meios ...................................................................................... 47

3.4 População e amostra ................................................................................... 48

3.5 Coleta de dados ........................................................................................... 49

3.6 Análise de dados.......................................................................................... 50

4. ANÁLISE DOS RESULTADOS ..................................................................... 52

4.1Análise das respostas dadas pelos empreendedores das empresas

incubadas na Incubadora de Agronegócio........................................................ 52

4.1.1 Dados demográficos ................................................................................. 52

4.1.2 Caracterização das empresas................................................................... 53

4.2. Analise das categorias de respostas dos entrevistados.............................. 53

4.2.1 Categoria 1 – Divulgação dos negócios pela incubadora.......................... 54

4.2.2 Categoria 2 – Razões para buscar a incubadora ...................................... 54

4.2.3 Categoria 3 – Apoio gerencial e serviços oferecidos................................. 55

4.2.4 Controles Gerenciais ................................................................................ 60

4.2.5 As capacidades empreendedoras na ótica dos gerentes.......................... 61

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................... 64

6. CONCLUSÃO ................................................................................................ 67

7. REFERÊNCIAS.............................................................................................. 72

APÊNDICES ...................................................................................................... 79

APENDICE 1 – Roteiro da entrevista como o gerente da incubadora................ 79

APENDICE 2 – Roteiro da entrevista como os empreendedores incubados ..... 80

11

ANEXO 1 Processo de produção dos Palmitos Roselen ................................... 81

ANEXO 2 Processo de produção de Fabrica de Doces São Rafael .................. 84

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Localização de Manhuaçu................................................................... 16

12

LISTA DE TABELAS

13

Tabela 1: Distribuição das Incubadoras por localização, Estados Unidos, 1989 e

1998 ........................................................................................................... 25

Tabela 2 : Incubadoras Associadas à Anprotec, por Região do Brasil, 2005..... 25

14

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Tempo de atuação dos responsáveis que atuam na incubadora e nas

empresas incubadas .......................................................................................... 52

15

LISTA DE SIGLAS

ABEPRO – Associação Brasileira de Engenharia da Produção

ANPEI – Associação Nacional de Pesquisa, Desenvolvimento e Engenharia das

Empresas Inovadoras.

ANPROTEC - Associação Nacional de Entidades Promotoras de

Empreendimentos de Tecnologias Avançadas

CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CNI – Confederação Nacional das Indústrias

CNPq – Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento

16

CER – Centro de Empreendimentos Rurais

CVT - Centro Vocacional Tecnológico

C&T – Ciência e Tecnologia

DNCT – Dispêndios Nacionais de Ciência e Tecnologia

EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

EUA – Estados Unidos da América

FINEP – Financiadora de Estudos e Projetos

FNDTC – Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

FUNDETEC – Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IEL – Instituto Euvaldo Lodi

INAGRO – Incubadora de Empresas do Agronegócio em Jaborandi-SP

IRI – Industrial Research Institute

MCT – Ministério de Ciência e Tecnologia

MST – Movimento dos Sem Terra

NIT’s – Núcleos de Inovações Tecnológicas

ONU – Organização das Nações Unidas

PACTI – Plano de Apoio a Capacitação Tecnológica da Indústria

PADCT – Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico

PAEP – Pesquisa da Atividade Econômica Paulista

PBQP – Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade

PBDCT – Plano Básico para o Desenvolvimento da Ciência e da Tecnologia

PCI – Programa de Competitividade Industrial

P&D – Pesquisa básica, aplicada e desenvolvimento experimental

17

P&D&E – Somatório dos gastos em atividades de P&D (pesquisa básica,

aplicada e desenvolvimento experimental), treinamento de pesquisadores,

documentação técnica, manutenção de equipamentos utilizados na P&D,

Royalties, assistência técnica, serviços técnicos especializados e atividades de

engenharia diretamente ligadas ao processo de assistência técnica, serviços

técnicos especializados e atividades de engenharia diretamente ligadas ao

processo de inovação.

PED – Programa Estratégico de Desenvolvimento

PIB – Produto Interno Bruto

PND – Plano Nacional de Desenvolvimento

SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

SAI – Sistema Agroindustrial Integrado

SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

SNDCT – Sistema Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

USP – Universidade do Estado de São Paulo

18

1. INTRODUÇÃO

Incubadoras de empresas são ambientes planejados para transformar idéias e

projetos em produtos e serviços, estimulando a criação e o fortalecimento de

empresas inovadoras. O objetivo principal de uma incubadora é permitir e

facilitar a criação de empresas técnica e administrativamente preparadas para

enfrentarem o mercado. O período de permanência de uma empresa na

incubadora pode variar de 1 a 3 anos, durante os quais os empreendedores são

treinados e capacitados para compreender o seu mercado, administrar suas

empresas e gerar as ações necessárias a sobrevivência de seus negócios

(ANPROTEC, 1998).

O desenvolvimento científico e tecnológico constitui, reconhecidamente, o pilar

do desenvolvimento sócio-econômico de um país. As experiências dos países

desenvolvidos demonstram que os avanços tecnológicos impulsionam o

crescimento econômico, exercendo - a inovação tecnológica - o papel central

neste processo (ANPROTEC, 1998).

O resultado da inserção da inovação e do conhecimento no setor produtivo é

evidente, na medida em que as inovações geradas produzem retorno pelo

aumento da competitividade. Segundo Cassiolato e Lastres (1999, p.13):

Entre os poucos consensos estabelecidos no intenso debate que tenta entender o atual processo de globalização, encontra-se o fato de que inovação e conhecimento são os principais

19

fatores que definem a competitividade e o desenvolvimento de nações, regiões, setores, empresas e até indivíduos.

Incubação de empresas é um processo utilizado para promover a criação, o

desenvolvimento e a consolidação de micro e pequenas empresas

competitivas, mediante a adoção de práticas administrativas modernas e a

absorção de tecnologias inovadoras. Esse processo promove o

desenvolvimento sócio-econômico ao induzir o surgimento de unidades

produtivas que contribuam para o aumento da produção e a criação de postos

de trabalho, a custos reduzidos (SEBRAE, 2003).

Sendo o fator competitividade peça-chave para o país se inserir positivamente

na economia globalizada, é crescente a preocupação dos governos e da

sociedade, como um todo, com a capacitação tecnológica do setor produtivo.

No Brasil, até o final da década de 1980, os investimentos do governo para o

desenvolvimento da C&T, além de muito reduzidos, eram descontínuos.

Embasada no modelo de substituição de importações, predominava uma

política de incentivo a importação de tecnologias dos países desenvolvidos, o

que resultava em um desenvolvimento tecnológico insuficiente, ausência de

especialização, ineficiência competitiva e pouca integração com o mercado

internacional (CARVALHO, 2001).

Na década de 1990, a crescente globalização econômica e a velocidade dos

avanços tecnológicos, aliadas a abertura da economia nacional, exigiram

maiores incentivos à inovação por parte do governo brasileiro. Foi no decorrer

deste período que se iniciou uma maior conscientização de que o

aperfeiçoamento das estruturas produtivas locais era requisito básico para se

ter competitividade e sucesso, tanto no mercado externo, quanto interno

(CARVALHO, 2001).

.

20

A partir de então, com a evidência dos benefícios que a tecnologia

proporcionaria para o sistema produtivo nacional, o governo brasileiro, dos

órgãos competentes, principalmente do Ministério de Ciência e Tecnologia

(MCT) e do Conselho Nacional de Pesquisas e Desenvolvimento (CNPq),

instituiu uma série de programas de estímulo ao desenvolvimento tecnológico

nacional (CARVALHO, 2001).

No entanto, estes programas do governo não foram e ainda suficientes. É o que

comprova o índice de desenvolvimento tecnológico, divulgado no ano de 2001,

pela Organização das Nações Unidas. Este índice mostrou que, dos 72 (setenta

e dois) países pesquisados, o Brasil estava em 43º (quadragésimo terceiro)

lugar, atrás de nações como a Tailândia, Uruguai, Romênia e Panamá. Naquela

ocasião da divulgação dos resultados da referida pesquisa, o Presidente

Fernando Henrique Cardoso, avaliou que os avanços da tecnologia não eram

tão suficientes e complementou que o país precisaria investir muito mais nesta

área (CARVALHO,2001).

Uma das causas dessa má colocação do Brasil também pode ser explicada

pela análise dos resultados da base de dados de levantamentos da Associação

Nacional de Pesquisa, Desenvolvimento e Engenharia das Empresas

Inovadoras (ANPEI), a qual. “busca difundir a importância da inovação

tecnológica no meio industrial do país...” e vem, desde 1992, avaliando os

indicadores empresariais de inovação tecnológica (ANPEI, 2000, p.3).

Assim, segundo levantamentos da ANPEI (2000), as empresas brasileiras

reverteram apenas 1,48%, em 1999, do faturamento bruto para Pesquisa e

desenvolvimento experiemental, que é o somatório dos gastos em atividades de

P&D (pesquisa básica, aplicada e desenvolvimento experimental), treinamento

de pesquisadores, documentação técnica, manutenção de equipamentos

utilizados na P&D, royalties, assistência técnica, serviços técnicos

21

especializados e atividades de engenharia diretamente ligadas ao processo de

inovação.

Este resultado foi proveniente da coleta de dados junto a 255 empresas que

representaram, em termos de faturamento, 31,4% do PIB industrial brasileiro

em 1999. De acordo com a IRI – Industrial Research Institute, uma instituição

americana semelhante à ANPEI, o percentual revertido pelas empresas

americanas foi, no mesmo período, de 3,6%, ou seja, superior ao dobro do

investimento das empresas brasileiras (ANPEI, 2000).

Ainda segundo a ANPEI (2000, p. 61), o Dispêndio Nacional em Ciência e

Tecnologia (DNCT) no Brasil foi de aproximadamente 10 bilhões de dólares. Já

nos Estados Unidos esse valor foi de 277 bilhões, representando 2,7% do PIB.

Naquele país a participação do setor produtivo neste dispêndio chega a 150

bilhões de dólares, perfazendo 66% do total do DNCT americano.

Os dados mencionados são preocupantes visto que, em uma economia

globalizada, a capacidade de lançar produtos competitivos no mercado, interno

e externo, requer capacitação tecnológica, a qual é obtida através de

constantes investimentos em ciência e tecnologia. Assim, os países em

desenvolvimento precisam, para minimizar os efeitos da defasagem

tecnológica, se adequar aos novos paradigmas impostos pelos países

desenvolvidos buscando, constantemente, alternativas para se inserirem na

economia globalizada.

O próximo tópico relata alguns mecanismos que estão sendo utilizados no

mundo para estimular a inovação e a capacitação tecnológica do setor

produtivo.

22

1.1 Os Espaços para Inovação

Uma forma que está sendo utilizada para contornar o baixo índice de

desenvolvimento tecnológico, constatado pela falta de investimento das

empresas em P&D e pela pouca disponibilidade de recursos que os governos

têm para a área científica e tecnológica, está na interação entre o governo, a

comunidade científica e os setores produtivos, atuando este último como

demandante de tecnologia e como investidor em pesquisas científicas e

tecnológicas (ANPROTEC, 1998).

Esta interação, quando bem conduzida, permite que as empresas utilizem os

conhecimentos permanentemente atualizados dos centros de excelência,

tornando-as mais competitivas, principalmente frente as grandes multinacionais

que possuem, em geral, sofisticados laboratórios em suas sedes, servindo suas

filiais (ANPROTEC, 1998).

O trabalho conjunto entre estes agentes de desenvolvimento científico e

tecnológico, empresas e instituições de ensino e pesquisa, não é processo

espontâneo, e cabe às lideranças dos governos, em suas três esferas, a

responsabilidade de viabilizar eficazmente a articulação entre eles,

assegurando, assim, ampla e rápida difusão dos conhecimentos necessários à

produção competitiva das empresas.

Segundo Medeiros (1992), como resultado do maior entrosamento entre

universidades, empresas e governos, existem cinco ‘novos’ tipos de estruturas

organizacionais produtivas que podem servir para ajudar a viabilização o

desenvolvimento tecnológico das empresas. São eles:

• Núcleos de Inovação Tecnológica;

• Pólos Tecnológicos;

23

• Parques Tecnológicos;

• Centros de Modernização Empresarial;

• E a última delas, que terá destaque neste trabalho, as Incubadoras de

Empresas, sobretudo aquelas com ênfase no agronegócio.

Devido à semelhança de objetivos para a inovação mencionados, há uma

confusão de conceitos, e mesmo a caracterização de algumas experiências

como incubadoras de empresa que diferem da terminologia preconizada na

literatura por estudiosos do assunto. Por este motivo, o capítulo dois desta

dissertação trará a conceituação de cada uma delas na visão peculiar de vários

autores e também das associações que agregam estes empreendimentos no

mundo.

1.4 Justificativa

Na região de Manhuaçu-MG, onde a autora atua profissionalmente, foi

recentemente instalado um Centro Vocacional Tecnológico – (Área - Café). Os

Centros Vocacionais Tecnológicos (CVT) são unidades de ensino e de

profissionalização e possuem como objetivo a difusão do conhecimento

científico-tecnológico que promova a popularização da ciência, a capacitação

técnica de recursos humanos por meio de cursos de qualificação, além de

contribuir para a geração de emprego e renda, aproveitando as oportunidades

locais (arranjos ou processos produtivos locais) e vocações das regiões

(Ministério da Ciência e da Tecnologia 2006).

Os Centros Vocacioanais pretendem contribuir, também, para o aumento da

competitividade das micro e pequenas empresas, visando a articular e

promover o desenvolvimento do empreendedorismo por meio da capacitação

e/ou atualização tecnológica e gerencial e promovendo o adensamento das

cadeias produtivas específicas da região (Ministério da Ciência e da Tecnologia,

2006). Possuem como parceiros Universidades e Centros de Pesquisa –

24

incentivo à experimentação científica, capazes de transferir tecnologias

apropriadas como meio de contribuir para o desenvolvimento regional e na

diminuição das diferenças regionais, promovendo a Incubação de Cooperativas,

Micro e Pequenas Empresas, integrando as chamadas Infovias – Redes de

Conhecimento, e assim apoiar o desenvolvimento de novos produtos e

processos produtivos que viabilizem o aumento da competitividade e a melhoria

dos bens e serviços prestados pelas empresas da região e assistência técnica à

população com serviços ou produtos relacionados aos processos produtivos

locais (Ministério da Ciência e da Tecnologia, 2006).

O Município de Manhuaçu, pertencente à Microrregião vertente ocidental do

Caparaó, está localizado a Leste do Estado de Minas Gerais e encontra-se na

junção das rodovias BR 262, BR 116 e MG 111. Manhuaçu constitui-se

verdadeiro pólo econômico, congregando mais de 50 Municípios, inclusive parte

do Estado do Espírito Santo.

Figura 1 – Localização de Manhuaçu - MG

Fonte: Portal de Manhuaçu 2007.

25

A cultura do café possui expressivo destaque na economia local, sendo que a

cidade comercializa média de 8 milhões de sacas de café anualmente, o que

representa 25% da produção de café estadual. Seu parque cafeeiro

compreende acima de 70 milhões de pés de café. Segundo alguns

especialistas, o café produzido em Manhuaçu é um dos melhores do Brasil, lá

se concentrando as maiores exportadoras de café do país (Secretaria Municipal

de Agricultura de Manhuaçu, 2006).

Enquanto isso, as pastagens e as culturas de subsistência principais como de

milho, feijão e cana-de-açúcar substituíram lavouras de café antigas e

depauperadas. Aliada a esses fatores, a adoção de um modelo tecnológico

introduzido pela Revolução Verde contribuiu para a degradação ambiental e o

enfraquecimento da agricultura familiar como um empreendimento econômico,

principalmente pela dependência de monoculturas e de insumos externos

(Ferrari, 1996). Apesar disto, a agricultura familiar mantém sua importância vital

para a região, principalmente na produção de culturas de subsistência

(GOMES, 1986).

Em síntese, a maioria dos agro-ecossistemas na região apresenta, atualmente,

baixa produtividade devido ao histórico de uso intensivo de terra, com práticas

não-adaptadas ao ambiente, como os plantios de café sem trabalhos de

conservação do solo (FERRARI, 1996).

Desse modo, o CVT, com base na economia da região, que basicamente é

produtora de café, buscou parceria com uma instituição de ensino superior da

região, no qual a autora é docente, para viabilizar um estudo sobre o processo

de implantação de uma incubadora de empresa voltada para o agronegócio,

26

tendo ficado sob a responsabilidade da mesma, o estudo sobre a viabilidade da

implantação da referida incubadora.

Como visto, dentre os mecanismos que viabilizam a transformação do

conhecimento em produtos, processos e serviços destacam-se a incubação de

empresas. Em um contexto onde o conhecimento, a eficiência e a rapidez de

inovação passam a ser reconhecidamente os elementos decisivos para a

competitividade das economias, o processo de incubação é crucial para que a

inovação se concretize em tempo hábil para suprir as demandas do mercado

cafeeiro (BRACHT, 2000).

A modernização do setor agrícola, a partir das incubadoras, pode ser alcançada

através dos incentivos que são oferecidos para que as empresas agreguem

conhecimento na produção. No entanto, produzir é bem mais que utilizar a

ciência e agregar tecnologia. A eficiência na produção só é atingida se houver a

interação de fatores diversos, que congregam simultaneamente os critérios de

qualidade, eficiência, custos, etc., os quais Slack (1997) define como sendo

funções, destacando a da produção, do marketing, do financeiro, do

desenvolvimento de produtos e de serviços.

Em resumo, pretende-se, da análise de uma experiência exitosa de implantação

de uma incubadora de agronegócios em outro estado, identificar as condições

críticas de sucesso para implantação e operacionalização de uma incubadora

na região de Manhuaçu.

1.5 – QUESTÃO-PROBLEMA:

A partir do exposto, este estudo pretende responder a seguinte questão-

problema:

27

Quais são os fatores e as condições de operação de uma incubadora de

empresas relacionada ao agronegócio que podem servir para a criação de uma

incubadora formada pelos produtores rurais de café da região de Manhuaçu,

Minas Gerais?

1.5.1 - OBJETIVO GERAL:

Estudar a viabilidade para implantação de uma incubadora de empresas

relacionada ao agronegócio, como forma de alavancar a economia cafeeira da

região de Manhuaçu, Minas Gerais.

1.5.2 - OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

• Identificar as principais características das incubadoras de empresas de

agronegócios;

• Identificar os ganhos em termos de competitividade das empresas

incubadas nas incubadoras de agronegócio;

• Avaliar as oportunidades para implantar uma incubadora de empresas de

agronegócio na região de Manhuaçu, a partir da experiência da

incubadora de Jaborandi/SP;

28

29

2. REVISÃO DA LITERATURA

Este capítulo apresenta uma estruturação teórica ordenada sobre dois pilares:

as principais características dos empreendedores e das incubadoras de

empresas, bem como dos elementos que precedem sua implantação.

Embasado no relato de vários estudiosos do assunto e em modelos

internacionais, este capítulo também se propõe a estudar as premissas básicas

recomendadas para que uma incubadora obtenha sucesso nos seus objetivos.

2.1 Empreendedorismo

De acordo com Filion (1999), o termo “empreendedorismo” surgiu na segunda

metade do século XVIII e início do XIX a partir dos trabalhos dos economistas

Richard Cantillon e Jean-Baptiste Say, em 1755 e 1803, respectivamente. Estes

não estavam preocupados somente com a economia em termos macro, mas

também com as organizações e inclusive com a criação de novos

empreendimentos e gerenciamento de negócios. O fato é que ambos

consideravam os empreendedores pessoas que corriam riscos, porque

investiam o seu próprio dinheiro.

Este autor ainda destaca a distinção entre empreendedores e capitalistas em

busca de lucros; ao fazê-lo, o autor associou os primeiros à inovação e viu-os

como agentes da mudança; o referido autor também foi um dos que procurou

associar o conceito de empreendedorismo à dinâmica da inovação:

“A essência do empreendedorismo está na percepção e no aproveitamento das novas oportunidades no âmbito dos negócios (...) sempre tem a ver com criar uma nova forma de uso dos recursos nacionais, em que eles sejam deslocados de seu emprego tradicional e sujeitos a novas combinações” ( Filion, 1999)

30

A partir daí passou-se a considerar os empreendedores como verdadeiros

detectores de oportunidades de negócios, criadores de empreendimentos e

aqueles que correm riscos moderados. Uma das críticas presente na literatura é

que estes não foram capazes de criar uma teoria do comportamento

empreendedor.

Um dos primeiros autores que identificou o sistema de valores como um

elemento fundamental para a explicação do comportamento empreendedor

Max Weber (1930), no entanto Mclelland (1961) iniciou uma teoria do

comportamento empreendedor. Segundo este autor, “um empreendedor é

alguém que exerce controle sobre uma produção que não seja só para o seu

consumo pessoal” (Fillion 1999, p. 8).

Um outro ponto destacado por Filion em 1999 é aquele em que o autor

procurou definir as características pessoais dos empreendedores:

“Se tudo o mais for igual, quanto mais empreendedores uma sociedade tiver, quanto maior for o valor dado, nessa sociedade, aos modelos empresariais existentes, maior será o número de jovens que optarão por imitar esses modelos, escolhendo o empreendedorismo como uma opção de carreira” (Filion; 1999, p. 8).

Com efeito, não se pode afirmar se uma pessoa será bem-sucedida ou não

como empreendedora, mas sim se ela apresenta características que a levarão a

isso. Apesar de não haver resultados conclusivos das pesquisas na definição

31

de um perfil para o empreendedor, é possível identificá-lo, tanto nos potenciais

candidatos, quanto nos que já o são de fato (Drucker, 1986).

Sabe-se que o povo brasileiro é considerado um dos mais empreendedores do

mundo (GEM 2005) Analisando a evolução política e econômica no Brasil sob

um prisma histórico, podemos verificar a existência de uma enorme disposição,

uma habilidade nata e, sobretudo, um grande potencial criativo do povo

brasileiro para superar crises e dificuldades (GEM, 2005). Muitos de nossos

empreendedores criam negócios por falta de oportunidade de trabalho - os

chamados empreendedores por necessidade -; mas apesar de ser significativa

essa parcela, o brasileiro parece ter um alto grau de ousadia, aceitando assumir

riscos moderados e tendo a necessidade de criar novas empresas. Porém,

nosso empreendedor, infelizmente, ainda carece de uma melhor capacitação

que lhe forneça a base necessária para identificar oportunidades, criar a

empresa e gerenciá-la de maneira eficiente e eficaz (Revista Empreender,

2002).

Devido a este relativo atraso na disseminação da cultura empreendedora, os

brasileiros ainda utilizam-se, apenas, de seus dons, sua vontade, sua pequena

economia e sua fé para montar seu negócio, faltando-lhe o essencial que é o

aprimoramento. Outro aspecto é a falta de uma moderna legislação tributária e

trabalhista mais adequada aos pequenos empreendimentos; a excessiva

burocracia na criação de empresas; e a necessidade de mais opções de

financiamentos e capitalizações efetuados de forma justa (Revista Empreender,

2002).

Em contraponto, Dornelas (2001) cita que “tem-se muito a fazer e isso mostra

que nossos empreendedores de sucesso são verdadeiros heróis, já que, apesar

disso tudo, conseguem vencer e atingir seus objetivos”. Segundo este autor,

32

boa parte dos empreendedores está tentando sobreviver primeiro para depois

competir, ousar e crescer.

Na verdade, o empreendedor é a pessoa que faz as “coisas” acontecerem, pois

é dotado de sensibilidade para os negócios, tino financeiro e capacidade de

identificar oportunidades. Com esse arsenal, transforma idéias em realidade,

para benefício próprio e para benefício da comunidade. Por ter criatividade e

um alto nível de energia, o empreendedor demonstra imaginação e

perseverança, aspectos que combinados adequadamente, o habilitam a

transformar uma idéia simples e mal estruturada em algo concreto e bem-

sucedido no mercado (Revista Empreender, 2002).

Schumpeter (1978) amplia o conceito afirmando que o empreendedor é a

pessoa que destrói a ordem econômica existente graças à introdução no

mercado de novos produtos/serviços, pela criação de nova as formas de gestão

ou pela exploração de novos recursos, materiais e tecnologias. Para ele, o

empreendedor é a essência da inovação no mundo, tomando obsoletas as

antigas maneiras de fazer negócios. Ainda, de cordo com aquele autor, o

empreendedor é mais conhecido como aquele que cria novos negócios, mas

pode também inovar dentro de negócios já existentes; ou seja, é possível ser

empreendedor dentro de empresas já constituídas. Então, o empreendedor é

aquele que detecta uma oportunidade e cria um negócio para capitalizar sobre

ela, assumindo riscos calculados.

Da mesma forma, como afirma o diretor presidente do SEBRAE - Nacional,

Sérgio Moreira, não importa o cenário econômico, com estabilidade ou

turbulência, o que se exige do empreendedor é ter foco no mercado e possuir

capacidade gerencial. Ele ainda complementa que, em primeiro lugar, o

empreendedor precisa saber o que e para quem vender; antes de montar o

33

negocio, pois é vital mapear e ter o perfil do comprador, ou seja, enxergar a

clientela. Em segundo lugar, saber administrar: não adiantando ter um bom

produto/serviço se não existir planejamento das operações e controle dos

custos. Em terceiro lugar - ousadia; sem criatividade, sem coragem para inovar

a empresa não vai para frente. Finalmente, atuar em rede, cooperar, associar-

se para adquirir mais competitividade; o pequeno negócio, hoje, não sobrevive

isoladamente. É vital competir e cooperar, cooperar e competir (SEBRAE,

2006).

A partir destes conceitos pode-se inferir que um indivíduo empreendedor é

aquele que reúne e sabe coordenar os recursos disponíveis para aplicá-los de

modo prático e eficaz em um negócio, sendo ainda aquele que não perde a

capacidade de imaginar contextos, possuindo também uma grande confiança

em si mesmo. Pode-se concluir ainda, para os fins desta pesquisa, que a razão

de ser de uma incubadora de empresas é dar suporte às atividades dos

empreendedores, como será demonstrado a seguir.

2.2 Incubadoras

Na década de 1950, na Universidade de Stanford, Estados Unidos (EUA), foi

criado um Parque Industrial e, posteriormente, um Parque Tecnológico

(Stanford Research Park), com o objetivo de promover a transferência da

tecnologia desenvolvida na Universidade às empresas e para a criação de

novas empresas intensivas em tecnologia, sobretudo do setor eletrônico.

Devido ao êxito que obteve - na região hoje conhecida como Vale do Silício - a

experiência estimulou a reprodução de iniciativas semelhantes e, a partir de

então, surgiu a idéia geral de incubadora de empresas (MCT, 1998).

34

O surgimento das incubadoras foi natural, já que, para abrigar as iniciativas

empreendedoras, havia a necessidade de constituição de espaços que

propiciassem o desenvolvimento de negócios e sua consolidação (IBÁÑEZ;

FARAH; CORRÊA, 2004).

É interessante ressaltar o fato que em um estudo realizado em 1998, pela

National Business Incubation Association (NBIA, 1999), o maior crescimento no

número de incubadoras foi verificado na área rural, embora as urbanas tenham

a maior representatividade. A tabela 1 compara os anos de 1989 e 1998 e os

dados mostram tal crescimento (VEDOVELLO; PUGA; FELIX, 2001).

No Brasil, as incubadoras de empresas surgiram a partir de 1984, quando, por

iniciativa do presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e

Tecnológico (CNPq), cinco Fundações Tecnológicas foram criadas - Campina

Grande (Estado da Paraíba), Manaus (Estado do Amazonas), São Carlos

(Estado de São Paulo), Porto Alegre (Estado do Rio Grande do Sul), e

Florianópolis (Estado de Santa Catarina) - com a finalidade de promover a

transferência de tecnologia das Universidades para o setor produtivo (SEBRAE,

2006). Atualmente, segundo o Banco de Dados da ANPROTEC e registros do

SEBRAE, existem no Brasil cerca de 340 incubadoras de empresas,

concentradas principalmente nas Regiões Sudeste-Sul do País (Tabela 2).

35

As incubadoras de empresas de base tecnológica transcendem sua importância

econômica por sinalizarem um novo paradigma do auto-emprego, da

necessidade de questionamento do modelo de associação da pesquisa

tecnológica e do mercado, servindo de efeito demonstração interna à

universidade e à sociedade em geral, da capacidade empreendedora e

inovadora (FURTADO, 1996).

Um estudo desenvolvido pela ANPROTEC (2000), citado por Vedovello; Puga;

Felix (2001), utilizando questionários enviados aos responsáveis pelas

incubadoras, revela que os objetivos das incubadoras em operação no Brasil

são:

• estimular as atividades de empreendedorismo;

• promover o desenvolvimento regional;

• promover o desenvolvimento tecnológico;

• diversificar as economias regionais;

• promover a geração de empregos e obter lucros.

Aponta, ainda, que de uma amostra de 48 incubadoras, 17% têm estabelecido

ligações formais com Centros de Pesquisa e 83% com Universidades.

Salomão (1998) pondera que a incubadora de empresas é um projeto voltado

para estimular a criação de novos negócios, baseados em tecnologias

inovadoras, preferencialmente nas áreas de Instrumentação, Biotecnologia,

36

Lazer, Química, Materiais, Informática, Mecânica, Meio Ambiente e aplicações

Técnicas Nucleares.

Dornelas (2002) corrobora com esta idéia ao citar a National Business

Incubation Association (NBIA, 2000), entidade que representa o movimento de

incubadora de empresas nos Estados Unidos, quando esta afirma que as

incubadoras catalisam o processo de início e desenvolvimento de um novo

negócio, provendo os empreendedores com toda expertise necessária para

gerenciar suas empresas, estabelecendo redes de contatos e ferramentas que

farão seus empreendimentos atingirem o sucesso ( DORNELAS, 2002).

Quanto aos problemas encontrados pelos empreendedores, além de muitos

fatores inibidores no processo de constituição de uma empresa, os problemas

gerenciais são os maiores obstáculos enfrentados; porém, com o auxílio da

incubadora, tais percalços da fase inicial podem ser solucionados em conjunto,

a maioria desses problemas se referindo às dificuldades de planejamento, ao

acesso a capital e ao desconhecimento das habilidades necessárias ao

empreendedor para obter sucesso, (HAYHOW, 1995; ALLEN & WEINBERG,

1988 apud DORNELAS, 2002).

2.2.1 O contexto do estudo: a incubadora de Empresa do Agronegócio de

Jaborandi-SP. (INAGRO)

Diante dos fatores supracitados, respaldados nas experiências internacionais

de sucesso e ciente das possibilidades de crescimento social e econômico que

um empreendimento desta natureza pode trazer para uma região, durante o

ano de 2000 os agentes do SAI (Sistema Agroindustrial Integrado), do Escritório

Regional Barretos do SEBRAE-SP, acompanharam o trabalho de produtores

rurais e identificaram a necessidade do aprimoramento da tecnologia utilizada,

37

assim como o desenvolvimento de uma marca, inovação dos produtos e

comercialização.

O Escritório Regional procurou identificar entidades ou instituições que tivessem

estrutura física para suportar uma Incubadora, trabalhassem com

empreendedorismo e, preferencialmente, já tivesse trabalhado em outros

programas com o SEBRAE-SP; desta forma chegou-se a Fundação

Educacional Aroeira, parceira em convênio anterior no apoio a produtores rurais

locais.

A Fundação candidatou-se à gestora da Incubadora de Agronegócios de

Jaborandí, (INAGRO) em resposta ao edital 04/2002 do SEBRAE-SP, de 05 de

dezembro de 2002, e sua inauguração se deu em 16 de abril de 2004. A

INAGRO, foco desta pesquisa, tem como objetivo principal impulsionar o

desenvolvimento sócio-econômico da Região de Barretos, principalmente, do

município de Jaborandi, pólo e sede do empreendimento.

A INAGRO foi criada como um mecanismo para operacionalizar as atividades

dos produtores rurais individuais, grupos de produtores rurais organizados e

empreendedores, e empresas atuantes em cadeias produtivas ligadas ao

agronegócio, principalmente à agroindústria.

Dentro deste contexto, pretende-se, neste estudo, analisar o processo de

implantação e operacionalização da Incubadora Regional de Agronegócios de

Jaborandi/SP (INAGRO), identificando as deficiências operacionais decorrentes

do processo deste processo, bem como propor ações que possam de alguma

maneira contribuir para o seu processo de consolidação.

2.2.2 A INAGRO

38

A missão da INAGRO é prestar serviços especializados em pecuária,

promovendo desenvolvimento sustentável e a melhoria da qualidade de vida do

homem do campo. "Nosso desafio é o desenvolvimento rural". (Carlos Gerente

da INAGRO), e tem como visão ser referência no desenvolvimento da gestão

rural, promovendo transferência de tecnologia para o homem do campo. De

acordo com Carlos gerente da INAGRO, a falta de serviços como Internet e

uma linha telefônica na própria incubadora, tem dificultado um pouco o serviço

de comunicação.

Para que o homem do campo possa ser ajudado, abaixo estão relacionados os

principais serviços oferecidos pela incubadora de empresa do agronegócio.

• Assistência técnica aos produtores, associações e cooperativas e órgãos

públicos;

• Consultoria;

• Estudos de viabilidade técnica;

• Diagnósticos pecuários;

• Transferência de tecnologia

• Campanhas Sanitárias

• Planejamento e treinamentos para cursos, palestras, seminários e

workshop.

• Qualificação de mão-de-obra para o desenvolvimento rural.

• Divulgação de literatura técnica.

Alguns incubados reclamaram sobre a assistência em relação à venda do

produto, mas deve ser deixado bem claro nesse trabalho que o apoio da

incubadora é de auxiliar o pequeno produtor em relação à estrutura para a

venda e não vender o produto para o incubado.

39

A incubadora incentiva à pesquisa, produção, agregação de valor de culturas

alternativas para o pequeno produtor rural, principalmente como alternativa às

culturas tradicionais da região, como cana-de-açúcar e laranja, cultivados em

grandes propriedades. A incubadora iniciou suas atividades com 11 grupos de

produtores, totalizando 347 participantes, sendo que 158 já estão em fase de

produção da nova atividade agrícola. Durante o processo de operacionalização

03 grupos de produtores não fazem mais parte do processo. Neste sentido,

uma das cadeias priorizadas será a de orgânicos por ser um mercado

promissor, além de realização de cursos de cortes especiais de carnes de

ovinos (outra vocação da região), desenvolvimento de embalagens e estudo de

mercados.

A INAGRO-Jaborandi, hoje possui entre seus incubados 02 produtores de

cachaça, 01 produtor de palmito em conserva, 01 produtor de doce de banana,

01 Associação de Produtores Orgânicos de Bebedouro composta de 07

produtores, 01 cooperativa composta de 15 produtores de toda a região de

Barretos e 01 produtor de produtos derivados do leite.

O trabalho da incubadora, hoje com 03 anos de existência, tem se destacado

entre esses produtores. Podemos relatar algumas vantagens alcançadas por

esses produtores, como a importante participação do incubado Gilberto na feira

de produtores de cachaça do Estado de São Paulo, onde o mesmo foi

contemplando com o primeiro lugar do estado, tendo como premiação uma

análise completa do seu produto, uma premiação em dinheiro e o

reconhecimento do esforço da incubadora no processo e melhoria do seu

produto.

Ocupando uma área de 75,6 mil m², a incubadora oferece sala de treinamento

para 60 lugares; sala para reunião de negócios; área para cultivo de produção;

sala de embalagens de produtos; abatedouro de pequenos animais; granja de

frango e granja de suínos. A INAGRO possui em seu quadro de incubados 05

agroindústrias, 01 associação e 01 cooperativa, sendo que todas as incubadas

são não residentes, isto é, trata-se de empreendimentos que têm o suporte da

40

incubadora, mas não se encontram fisicamente instalados na incubadora,

embora passem pelo processo de seleção, participem e aproveitem dos

serviços e apoios oferecidos pela incubadora à distância.

2.2.3 Principais parceiros da INAGRO.

Conforme visto na revisão de literatura, uma incubadora se assegura na

existência de fortes parcerias. Dentre os parceiros da incubadora, hoje são

Câmara Municipal de Jaborandi, Faculdades Unificadas da Fundação

Educacional Barretos, Prefeitura Municipal de Jaborandi, Escritório

Desenvolvimento Regional de Barretos (EDR), Conselho Municipal de

.Desenvolvimento Rural e Agrário de Jaborandi, Ag. Paulista de Tecnologia dos

Agronegócios(Apta/Colina), Prefeitura Municipal de Colina, Associação

Jaborandiense de Agricultura, Serviço Brasileiro de Apoio as Micro e Pequenas

Empresas, Sindicato Rural Vale do Rio Grande (Barretos), Fundação

Educacional Aroeira, sendo o apoio Institucional e de acordo com seu objeto de

trabalho, desenvolvido através das necessidades dos incubados, na realização

de planos de negócios, pesquisas dentre outras.

Um grande parceiro da incubadora é a Fundação Aroeira, que desde o início

mantém um efetivo comprometimento com o empreendimento. Também o

SEBRAE, tanto nacional quanto de São Paulo, é um parceiro que, desde o

início, tem atuado de maneira muito ativa no processo de consolidação da

incubadora. Através desta instituição tem sido possível suprir boa parte das

necessidades de aperfeiçoamento técnico e administrativo tanto do pessoal

vinculado às empresas, quando da própria INAGRO.

Em 1998, visando a estimular o desenvolvimento sócio-econômico do país, o

SEBRAE nacional instituiu o Programa Sebrae de Incubadoras de Empresas –

PSI. Este programa, através do repasse de recursos financeiros, tem como

41

objetivo fomentar a criação de incubadoras e, conseqüentemente, a formação

de micro e pequenas empresas no país. Para tanto são lançados editais de

chamada para as entidades gestoras dos espaços para inovação.

2.2.4 O envolvimento dos parceiros

A Fundação Educacional Aroeira (entidade criada em 1993, com apoio da

Prefeitura Municipal) objetiva acompanhar crianças, jovens e adolescentes,

garantindo-lhes condições de desenvolvimento por meio de atividades

profissionalizantes, visando a sua entrada no mercado de trabalho. Já o

Sebrae-SP participa desde 2001 do conselho da Fundação Educacional

Aroeira. Esta fundação, que já chegou a auxiliar mais de 100 jovens por mês,

destaca-se pela sua filosofia de trabalho baseado no processo de educação e

na prática de trabalho técnico participativo, integrado à comunidade.

A Fundação Aroeira foi uma importante parceira na implantação da INAGRO,

pois sem a ela não seria possível a implantação da incubadora, pois foi gestora

do espaço para inovação e sem a mesma, a incubadora não pode existir. Hoje

é o elo de ligação financeira entre o SEBRAE-SP e a INAGRO, pois todo o

recurso financeiro vem em nome da fundação e esta repassa para a

incubadora.Também fica na sua responsabilidade despesas, com água, luz e a

utilização do telefone pela incubadora. A doação do terreno onde está instalada

a sede da incubadora como também os moveis que ela possui, são de

propriedades da fundação. A prefeitura de Jaborandi realizou a construção da

sede como mostra a foto abaixo, realizando também a manutenção da mesma.

2.2.5 Incubadoras como agentes de desenvolvimento econômico e social

Segundo Dornelas (2002), as incubadoras de empresas assumem importante

papel como agentes do desenvolvimento econômico regional, assim como

42

participantes do processo de formação de empreendedores e empresas. Pelo

fato de abrigarem empresas emergentes em sua fase inicial, as incubadoras

catalisam o processo empreendedor, sendo a ponte entre a concepção e a

consolidação da empresa no mercado. Muitas empresas graduadas (que já

passaram por uma incubadora) de sucesso dificilmente atingiriam o patamar em

que se encontram caso não tivessem passado por uma incubadora de

empresas.

Deste total levantado em 2005, 40% se refere a incubadoras de base

tecnológica, enquanto 23% são mistas (mesclam negócios de base tecnológica

com empreendimentos tradicionais). Em seguida estão as tradicionais (18%),

de serviços (10%), agroindustriais (7%), sociais (6%) e culturais (3%)

(ANPROTEC, 2005).

Juntos, os três segmentos - empresas incubadas, associadas e graduadas -

são responsáveis pela geração de cerca de 28,5 mil empregos qualificados no

país. Chega a 2.327 o número de empresas incubadas, sem contar as outras

1.613 que não estão alocadas fisicamente - empresas associadas - mas que

utilizam a infra-estrutura e serviços das fábricas de empresas.

Segundo a ANPROTEC entre as “graduadas", o mesmo estudo mostra que

nada menos do que 1.678 empresas já caminham atualmente com suas

próprias pernas no mercado. No que se refere ao faturamento das empresas

que ainda se encontram no processo de incubação, o panorama mostra que,

em 2004, a cifra chegou à cerca de R$ 320 milhões (ANPROTEC, 2005).

2.2.6 Critérios para avaliar a viabilidade de implantação incubadora de

empresas

43

Para Salomão (1998), o sucesso da incubadora está na geração de empresas

auto-sustentáveis, mediante a aplicação de conhecimentos técnicos e

científicos na condução do negócio. Por este motivo, a gestão do processo de

incubação precisa estar em constante evolução, devendo ser aprimoradas as

ferramentas da capacitação empresarial e tecnológica. Os atuais índices de

sucesso de empresas graduadas em incubadoras seriam ainda melhores, se

houvesse mais linhas de financiamento para micro e pequenas empresas,

compatíveis com suas necessidades.

Da mesma forma, aquele autor afirma que o sucesso das empresas depende,

não só de variáveis técnicas e econômicas, mas também dos aspectos culturais

ligados ao perfil do empreendedor e ao desenvolvimento do espírito capitalista.

Dornelas (2002) propõe como fatores críticos para o sucesso de uma

incubadora uma lista de dez variáveis:

1. A expertise local em administração de negócios é algo que precisa estar

disponível para as empresas emergentes, para que estas possam

conquistar o sucesso.

2. O acesso a financiamentos e investimentos é algo difícil para as

empresas emergentes, sobretudo pela falta de uma cultura de

investimentos de risco em negócios de alto potencial no país, mas se

sabe que capital para essas empresas poderem crescer e saírem da

incubadora com condições de competir no mercado.

3. Providos por uma incubadora, suporte e assessoria financeira ajudam a

empresa incubada a gerenciar o fluxo de caixa diário e, ainda, a otimizar

o orçamento do negócio que, na maioria das vezes, é bastante reduzido

para empresas em estágio inicial de desenvolvimento.

4. O suporte da comunidade é muito importante para o crescimento e a

afirmação de uma incubadora de empresas, que deve refletir o esforço

44

feito por esta comunidade para a diversificação da economia, a criação

de empregos, os incentivos ao desenvolvimento do empreendedorismo

etc.

5. Uma rede estabelecida de empreendedorismo significa o envolvimento

dos vários agentes que fazem o processo empreendedor ocorrer, ou

seja, as universidades (institutos de pesquisa e desenvolvimento,

educação de negócios, profissionais qualificados), suportes local e

estadual, (associação comerciais e industriais, escritórios municipais e

estaduais de auxilio aos empreendedores, leis de incentivos às

empresas e empreendedores), suportes profissionais, fornecedores,

clientes, grandes empresas de uma determinada área etc.

6. O ensino de empreendedorismo talvez seja um dos principais fatores que

determinarão o sucesso de uma incubadora de empresas em certa

região. Sem empreendedores formados e capacitados, não haverá

incubadoras de empresas exitosas.

7. A necessidade de se criar à percepção do sucesso constitui um fator

importante e intangível para o desenvolvimento adequado de uma

incubadora de empresas. Isso pode ajudar a inserir a incubadora como

elemento definitivo e importante para a comunidade e posicionar as

empresas incubadas no mercado.

8. O processo de seleção de empresas incubadas pode não parecer, mas é

critico para o sucesso da incubadora. Um processo mal formulado pode

levar a incubadora a admitir empresas que não estejam condizentes com

sua missão, contrariando seu negócio e trazendo muitos problemas

futuros.

9. Os vínculos com universidades e/ou centros de pesquisa são muito

importantes para que a incubadora de empresas fortaleça o seu negócio,

mesmo que sejam vínculos informais.

10. Um programa de metas com procedimentos e políticas claras é essencial

para qualquer tipo de negócio. Como uma incubadora de empresas

depende de vários outros agentes, deve possuir uma maneira de prestar

45

contas a estes e ser avaliada em função do cumprimento de metas

estabelecidas para seu negócio.

Independente das variáveis estudadas como fatores críticos serem ou não

iguais entre os autores, para Gomes (2002) um dos pontos mais críticos para o

sucesso de uma incubadora é perceber que ela não é simplesmente um

condomínio de empresas e que ela não é totalmente independente.

Segundo DORNELAS (2001, p.2), analisando o rápido crescimento das

incubadoras de empresas no Brasil, percebe-se que a maioria delas está sendo

criada sem alguns critérios básicos, predominando, em alguns casos, fatores

“políticos”, pois se julga que o principal objetivo da incubadora é de promover a

criação de empregos. Isso pode levar ao fracasso da ação, pois a incubadora

deve gerar empresas competitivas que, conseqüentemente, poderão criar

empregos mais qualificados.

Como ilustração do que acaba de ser dito, Spolidoro (1999, p.37) afirma que,

Incubadora é um ambiente que favorece a criação e o desenvolvimento de empresas e de produtos (bens e serviços), em especial aqueles inovadores e intensivos de conteúdo intelectual (produtos em cujo custo da parcela do trabalho intelectual é maior que a parcela devida a todos os demais insumos).

2.2.7 A expansão do movimento das incubadoras empresariais.

O Brasil vem, nas últimas décadas, confirmando uma tendência de elevada

atividade empreendedora. Várias pesquisas publicadas pelo Global

Entrepreneuriship Monitor (GEM, 2000; 2001) indicam que o Brasil comporta

níveis de atividade empreendedora similares aos dos EUA, sendo que

46

empreendedorismo pode ser definido como “característica daquele que tem

habilidade para criar, renovar, modificar, implementar e conduzir

empreendimentos inovadores” (ANPROTEC, 2002, p.46).

É no bojo da atual globalização econômica, a qual compele o setor produtivo a

um esforço crescente na busca da competitividade, que se fomenta a gênese

de vários sistemas e mecanismos que vêm sendo mundialmente utilizados para

induzir a criação de empresas e ambientes inovadores. Segundo o Manual para

Implantação de Incubadoras do Governo Federal,

[...] dentre os mecanismos e arranjos institucionais/empresariais que viabilizam a transformação do conhecimento em produtos, processos e serviços, destaca-se a incubação de empresas. Em um contexto onde o conhecimento, a eficiência e a rapidez no processo de inovação passam a ser reconhecidamente os elementos decisivos para a competitividade das economias, o processo de incubação é crucial para que a inovação se concretize em tempo hábil para suprir as demandas do mercado (MCT, 1998, p.4).

Assevera Medeiros (Fonseca, 2000), que, a despeito de evidenciarem-se como

agentes promotores da iniciativa e do empreendedorismo, as incubadoras

adquirem a feição de “arranjos interinstitucionais”, alicerçados no modelo Triple

Helix, que é definido pela Anprotec (2002) como um sistema de interação

coordenada e de ações integradas entre três agentes sociais, quais sejam,

instituições governamentais, do setor empresarial e de pesquisa, a fim de se

promover o desenvolvimento sócio-econômico.

As incubadoras empresariais desempenham, destarte, atribuições que as

tornam, ao mesmo tempo, instrumentos catalisadores e fomentadores do

sucesso de novos empreendimentos e inovações. É considerando tais funções,

47

que Leal et al. (2001) indicam que as incubadoras de empresas têm forte

propósito de dar respostas para a demanda de apoio a idéias inovadoras que

cheguem até elas, no intuito de tornarem um negócio viável.

Ademais, dados provenientes de incubadoras norte-americanas e européias

ilustram que a taxa de mortalidade entre empresas que passam pelo processo

de incubação é reduzida a 20%, contra 70% do índice detectado entre

empresas que não se incubaram. No Brasil, as incubadoras de empresas

logram êxito similar ao de suas congêneres de primeiro mundo, ao mitigar a

taxa de mortalidade dos novos empreendimentos de 80% no caso de não

incubação, para 20% no caso de incubação (MCT, 1998; SACHS, 2002;

ANPROTEC, 2003).

A tipologia das incubadoras é vasta, porém, considerando-se o objetivo do

presente estudo, e de acordo com a Anprotec (2002) e com o MCT, pode-se

pensar na seguinte tipologia:

Incubadora de empresas de base tecnológica: organização que abriga

empresas cujos produtos, processos ou serviços resultam de pesquisa

científica, para os quais a tecnologia apresenta alto valor agregado. Abriga

empreendimentos nas áreas de informática, biotecnologia, química fina,

mecânica de precisão e novos materiais. Distingue-se da incubadora de

empresas de setores tradicionais por abrigar exclusivamente empreendimentos

oriundos de pesquisa científica.

Incubadora de empresas de setores tradicionais: Organização que abriga

empreendimentos ligados aos setores da economia que detém tecnologias

largamente difundidas e que queiram agregar valor aos seus produtos,

processos ou serviços, por meio de um incremento em seu nível tecnológico.

48

Esses empreendimentos devem estar comprometidos com a absorção e o

desenvolvimento de novas tecnologias.

Incubadora mista: Organização que abriga ao mesmo tempo empresas de

base tecnológica e de setores tradicionais. O Ministério da Ciência e Tecnologia

do Governo Federal, do Programa Nacional de Apoio a Incubadoras de

Empresas (PNI) (MCT, 1998, p.6), assevera que:

[...] uma Incubadora é um mecanismo que estimula a criação e o desenvolvimento de micro e pequenas empresas industriais ou de prestação de serviços, de base tecnológica ou de manufaturas leves por meio da formação complementar do empreendedor em seus aspectos técnicos e gerenciais e que, além disso, facilita e agiliza o processo de inovação tecnológica nas micro e pequenas empresas. Para tanto, conta com um espaço físico especialmente construído ou adaptado para alojar temporariamente micro e pequenas empresas industriais ou de prestação de serviços e facilidades descritas a seguir:

Quanto às demais características ou arranjos apresentados pelas incubadoras de

empresas, pode-se citar:

Espaço físico individualizado, para a instalação de escritórios e laboratórios

de cada empresa admitida;

Espaço físico para uso compartilhado, tais como sala de reunião, auditórios,

área para demonstração de produtos, processos e serviços das empresas

incubadas, secretaria, serviços administrativos e instalações laboratoriais;

Capacitação de recursos humanos e serviços especializados que auxiliem

as empresas incubadas em suas atividades, quais sejam, gestão empresarial,

gestão da inovação tecnológica, comercialização de produtos e serviços no

mercado doméstico e externo, contabilidade, marketing, assistência jurídica,

49

captação de recursos, contratos com financiadores, engenharia de produção e

Propriedade Intelectual, entre outros;

Acesso a laboratórios e bibliotecas de universidades e instituições que

desenvolvam atividades tecnológicas.

2.2.8 Principais modelos de avaliação de incubadoras empresariais

Um dos fatores críticos para que uma gestão organizacional atinja eficiência,

reside no modus operandi com que a organização mensura seu desempenho,

monitorando-o e atualizando-o periodicamente. No que tange à avaliação de

desempenho de incubadoras empresariais, pode-se afirmar que a literatura

especializada é escassa e que, segundo Markley e McNamara (1997), exite

uma tendência a se reunir métricas como o número de empregos gerados por

empresas incubadas e graduadas, níveis de inovação, números de empresas

criadas, além de abranger o impacto das incubadoras no desenvolvimento local.

No Brasil, destaca-se a avaliação de desempenho do Programa Nacional de

Incubadoras (PNI), o qual é considerado referência sobre o tema (DORNELAS,

2002). O PNI indica que a avaliação de incubadoras deve verificar o que está se

realizando com sucesso, e quais atividades devem ser redefinidas, eliminando

os erros detectados, aprimorando continuamente seu funcionamento (MCT).

Seu mérito situa-se no fato de abrangerem as diversas fases: pré-incubação,

incubação, e pós-incubação (DORNELAS).

2.2.9 Incubadoras do Agronegócio

Muitos setores produtivos conseguem defender seus interesses comuns pela

associação de empresas, inclusive utilizando como instrumento a incubadora.

Essa estratégia permite uma aproximação física e temática da produção e da

50

tecnologia das empresas com o mercado, proporcionando aumento de renda,

geração de postos de trabalho e desenvolvimento local e regional.

Para Ibáñez; Farah; Corrêa (2004), as incubadoras de agronegócios apóiam as

empresas atuantes em cadeias produtivas ligadas ao setor e que possuem

unidades de produção externa à incubadora, utilizando seus módulos apenas

para atividades voltadas ao desenvolvimento tecnológico e ao aprimoramento

da gestão empresarial.

De acordo com os dados da ANPROTEC (2005), existiam em 2005 , no Brasil,

32 incubadoras que se autodenominam de “agronegócios”, com maior

concentração na Região Nordeste (18), seguida da Região Sudeste com 7,

sendo que no Sul e Centro-Oeste existem 3 em cada uma e no Norte uma

unidade.

Além disso, observa-se que esse não é o único modelo utilizado dentro das

incubadoras de agronegócios. Vale citar que na agricultura brasileira, por meio

do Movimento dos Sem-Terra (MST), foram criados diferentes tipos de

cooperativas nos assentamentos e, como decorrência do movimento da Ação

da Cidadania, surgiram também, em meados dos anos 1990, as Incubadoras

Tecnológicas de Cooperativas Populares.

Essas, também ligadas às Universidades, dão apoio à população em geral na

formação ideológica e para a constituição e gestão de cooperativas de trabalho

e de produção (CARVALHO, 2001). Destaca-se a diferença entre a incubação

solidária, cujo enfoque está na incubação de pessoas e processos, e que

prepara o modo organizacional do empreendimento e a de produtos, que tem o

enfoque na competitividade via agregação de valor por meio da diferenciação

de produtos.

51

Outra experiência importante é a do Centro de Empreendimentos Rurais (CER)

em Sacramento, no estado de Minas Gerais. Preocupada com a questão do

desenvolvimento rural, a administração local implementou o CER para:

a) formar jovens empreendedores;

b) fomentar e incubar pequenas agroindústrias e cooperativas; e

c) financiar projetos de negócios desenvolvidos nos cursos de formação

de jovens empreendedores - Fundo Rotativo Municipal. A idéia centra

do CER consiste em articular esses três programas (CALDAS, 2000).

Os agricultores familiares têm acesso à melhor renda com programas que

integram capacitação em novas tecnologias e conseguem financiamento e

ampliação das possibilidades de comercialização.

Um dos resultados importantes alcançados pelo programa foi a melhoria da

capacidade organizacional dos agricultores familiares e das próprias

comunidades. Como a proposta era de verticalização do processo produtivo,

conseguiu-se agregar maior valor à produção e, conseqüentemente, aumentar

a renda do produtor.

Há famílias que aumentaram seus ganhos em mais de 150%, quando deixaram

de produzir e vender leite e passaram a produzir e vender queijo. A melhoria da

capacidade organizacional das unidades familiares se expressa na melhor

manipulação da produção em agroindústrias e maior conhecimento do processo

produtivo, resultando em melhor qualidade dos produtos e maior renda ao

produtor.

52

3. METODOLOGIA

O detalhamento dos procedimentos metodológicos de uma pesquisa inclui a

indicação e justificação do paradigma que orienta a pesquisa, suas etapas de

desenvolvimento, a descrição do contexto, o processo de seleção dos

participantes, os procedimentos e o instrumental de coleta e análise dos dados,

os recursos utilizados para maximizar a confiabilidade dos resultados e o

respectivo cronograma (ALVES-MAZZOTTI & GEWANDSNAJDER, 1999).

Segundo Gil (1991, p. 21), as “estratégias e táticas de pesquisa” que deverão

ser utilizadas, dependerão dos objetivos que se pretende atingir com sua

execução. Para que se atinja um resultado eficaz no desenvolvimento de uma

pesquisa, é necessário que se adote alguns procedimentos metodológicos na

sua realização. Assim, neste capítulo estão descritos os procedimentos que

53

nortearam este estudo para que os objetivos fossem alcançados

satisfatoriamente.

3.1 Tipo de pesquisa

A presente pesquisa tem como objetivo estudar a viabilidade de implantação a

incubadora de empresa do agronegócio (INAGRO) e a percepção dos

empreendedores incubados sobre os benefícios auferidos, para servir de

elemento que justifique a criação de uma incubadora de empresas na região

cafeeira de Manhuaçu.

Assim, este estudo buscou informações de um tipo de estrutura organizacional

praticamente desconhecida no país, por este motivo, esta pesquisa enquadra-

se na classificação exploratória, com abordagem qualitativa, tendo em vista a

busca de novos conhecimentos e a não utilização de métodos e técnicas

estatísticas na sua execução.

A pesquisa exploratória é a mais adequada quando se pretende aprofundar o

conhecimento em um determinado assunto. De acordo com Gil (apud SILVA,

2001, p. 20):

Pesquisa Exploratória: visa proporcionar maior familiaridade com o problema com vistas a torná-lo explicito ou a construir hipóteses. Envolve levantamento bibliográfico; entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado; análise de exemplos que estimulem a compreensão. Assume, em geral, as formas de Pesquisas Bibliográficas e Estudos de Caso.

Em acordo com a citação de Gil, Santos (1999, p.26) enfatiza a familiaridade

que a pesquisa exploratória proporciona entre o pesquisador e o “fato ou

54

fenômeno” de estudo. Acrescenta que essa familiaridade é buscada em

materiais que esclareçam a “... real importância do problema e o estágio em

que se encontram as informações já disponíveis a respeito do assunto...”.

O enquadramento na pesquisa qualitativa foi dado em função do tipo da

abordagem do estudo. Na pesquisa qualitativa, o ambiente natural é a fonte

direta para coleta de dados, o pesquisador é o instrumento chave e analisa os

dados indutivamente (SILVA, 2001, TRIVIÑOS, 1987). A atuação direta do

pesquisador no ambiente permite um melhor entendimento de como e porque

os fatos ocorrem.

Na pesquisa qualitativa, os dados coletados são predominantemente

descritivos.

De acordo com Triviños (1987, p.131), neste tipo de pesquisa “o ‘relatório final’

vai se constituindo do desenvolvimento de todo o estudo e não é

exclusivamente resultado de uma análise última dos dados”. Ainda segundo

este autor, na abordagem qualitativa:

...a interpretação dos resultados surge como a totalidade de uma especulação que tem como base a percepção de um fenômeno num contexto. Por isso não é vazia, mas coerente, lógica e consistente. Assim, os resultados são expressos, por exemplo, em retratos (ou descrições), em narrativas ilustradas (...) etc, acompanhados de documentos pessoais, fragmentos de entrevistas, etc.

Após esta classificação da pesquisa em função dos objetivos do estudo e da

forma de abordagem, o segundo passo foi definir a pesquisa documental e

55

bibliográfica como sendo as “fontes de papel” (GIL, 1991, p.48) que seriam

utilizadas para a obtenção de informações.

Santos (1999) define bibliografia como as obras já publicadas por autores em

meios eletrônicos, escritos e mecânicos, sendo a pesquisa bibliográfica

resultante da utilização destas fontes. Mattar (1996) refere-se à pesquisa

bibliográfica como sendo o meio mais rápido e econômico de amadurecer ou

aprofundar um problema de pesquisa. Gil (1991) diz que esta pesquisa é

freqüentemente utilizada nas pesquisas exploratórias, tendo em vista a

familiaridade que ela proporciona entre o pesquisador e o problema.

Já a pesquisa documental, segundo Santos (1999), é a utilização das fontes de

informação que não receberam tratamento analítico e não foram publicadas.

Acrescenta, ainda, que essas fontes documentais são compostas pelos

relatórios das empresas, documentos informativos arquivados, correspondência

pessoal e comercial, dentre outros. De acordo com Barbosa (1998, p. 4),

uma das primeiras fontes de informação a serem consideradas é a existência de registros na própria organização, sob a forma de documentos, fichas, relatórios ou arquivos em computador. O uso de registros e documentos já disponíveis reduz tempo e custo de pesquisas para avaliação. Além disto, esta informação é estável e não depende de uma forma específica para ser coletada. Deve ser observado que, na maioria das vezes, já existe uma grande quantidade de informação nas organizações e cujo uso para fins de avaliação tem sido muito pouco efetivo.

A pesquisa documental é uma fonte rica de dados, além de ter um custo

relativamente baixo quando comparada com outras fontes. Além disso, neste

tipo de pesquisa não é necessário o contato com indivíduos o que muitas vezes

“é difícil ou até mesmo impossível” (GIL, 1991, p. 52).

56

A INAGRO foi o objeto de estudo selecionado, o que caracterizou o trabalho

com sendo um estudo de caso. O estudo de caso é um método muito utilizado

quando se realiza uma pesquisa qualitativa. Triviños (1987) relata que entre os

tipos de pesquisa qualitativa característicos, o estudo de caso seja é um dos

mais relevantes.

De acordo com Gil (2001), o estudo de caso é realizado quando se quer ter

amplo e detalhado conhecimento de “um ou poucos objetos”. Ainda segundo Gil

(1991, p. 121) os estudos de caso permitem uma grande flexibilidade na sua

realização: “é impossível estabelecer um roteiro rígido que determine com

precisão como deve ser desenvolvida a pesquisa”.

Santos (1999) descreve que o estudo de caso é realizado quando se seleciona

um objeto de pesquisa objetivando aprofundar seus aspectos característicos.

Yin (2001) relata que o estudo de caso é a forma mais apropriada de pesquisa

para as situações nas quais é impossível separar do contexto as variáveis do

objeto de pesquisa.

Segundo Severino (2000), existem alguns trabalhos que combinam, “até certo

ponto”, vários tipos de pesquisa. O estudo em questão se enquadra nesta

afirmação, haja vista que houve a necessidade de descrever as peculiaridades

do objeto de estudo selecionado, o que o caracterizou, também, como uma

pesquisa descritiva.

Segundo Gil (1991) “as pesquisas descritivas têm como objetivo primordial a

descrição das características de determinada população ou fenômeno.”. Santos

(1999) corrobora com esta definição. Gil (1991) relata, ainda, que este tipo de

pesquisa é muito utilizado quando se preocupa com a aplicabilidade prática do

estudo.

57

Normalmente a pesquisa descritiva é realizada através de levantamento que “é

um método de pesquisa que busca informações diretamente com um grupo de

interesse a respeito dos dados que se deseja obter” SANTOS (1999).

Segundo Gil (1991) e Santos (1999), a coleta de dados nos levantamentos é

realizada através das técnicas de interrogação, ou seja, através dos

formulários, questionários ou entrevistas. Vale ressaltar que estas técnicas de

coleta de dados são freqüentemente utilizadas na pesquisas descritivas e

exploratórias.

Em suma, com base em seus objetivos, este estudo utilizou-se da pesquisa

exploratória e descritiva. Apesar da dificuldade de se classificar uma pesquisa

segundo os procedimentos técnicos adotados (GIL, 1991), neste estudo

destaca-se o uso da pesquisa bibliográfica, documental e do estudo de caso,

incluindo, neste último, a pesquisa de campo para a coleta de dados junto a

pessoas.

3.2 Quantos aos fins

Quantos aos fins, de acordo com a classificação proposta por Vergara (1998),

esta pesquisa é explicativa, porque tem o objetivo de identificar os fatores que

determinaram ou contribuíram para ocorrência de certos fenômenos,

aprofundando o conhecimento de uma determinada realidade, com o intuito em

seu caso de identificar a percepção de uma parcela dos produtores rurais

incubados sobre as vantagens obtidas com o fato de estarem incubados.

Vergara (1998) entende que o estudo explicativo expõe características de

determinada população de um individuo, de uma situação ou de um grupo, bem

como serem para desvendar a relação entre os eventos.

58

3.3 Quantos aos meios

Do ponto de vista dos procedimentos técnicos, ou quanto aos meios de

investigação, pode-se, com base nos ensinamentos de Vergara (1998),

classificar esta pesquisa como uma pesquisa de campo, já que tem como

finalidade avaliar a percepção dos empreendedores incubados sobre as

vantagens advindas de estarem hospedados em uma incubadora de

agronegócio. Esta autora define pesquisa de campo como sendo “uma

investigação empírica realizada no local onde ocorre ou ocorreu um fenômeno

ou que dispõe de elementos para explicá-lo, podendo incluir entrevistas,

aplicação de questionário, testes e observação participante ou não”.

Trivinõs (1987, p.133), por sua vez, define estudo de caso como “uma categoria

de pesquisa cujo objeto é uma unidade que se analisa aprofundadamente”, é

um método muito utilizado quando se realiza uma pesquisa qualitativa. Triviños

(1987) relata que entre os tipos de pesquisa qualitativa característicos é um dos

mais relevantes.

De acordo com Gil (apud SILVA, 2001) o estudo de caso é realizado quando se

quer ter amplo e detalhado conhecimento de “um ou poucos objetos”. Ainda

segundo Gil (1991) os estudos de caso permitem uma grande flexibilidade na

sua realização: “é impossível estabelecer um roteiro rígido que determine com

precisão como deve ser desenvolvida a pesquisa”.

Conforme já citado e como reforço de idéias, de acordo com Gil (1991) e

Santos (1999), a coleta de dados nos levantamentos é realizada através das

técnicas de interrogação, ou seja, através dos formulários, questionários ou

59

entrevistas. Vale ressaltar que estas técnicas de coleta de dados são

freqüentemente utilizadas na pesquisas descritivas e exploratórias.

3.4 População e amostra

Por ser a INAGRO um empreendimento relativamente novo e por existir poucos

modelos similares no país, e ainda devido ao restrito número de pessoas

envolvidas com seu processo de operação, optou-se pela amostragem não

probabilística, selecionada pelo critério intencional.

Por ter uma relevância significativa no processo de implantação e

operacionalização da incubadora, foram entrevistados o gerente da INAGRO –

Incubadora de Empresa do Agronegócio de Jaborandi-SP, que além de ser o

autor do projeto, foi o fundador do projeto da incubadora. Ressalta-se, aqui, que

o gerente está na incubadora desde a sua criação.

Por outro lado, considerando o envolvimento das empresas com o processo

operacional da incubadora, foram entrevistados também todos os 07

responsáveis ali hospedados.

Normalmente este tipo de amostragem é aplicado em estudos onde não é

requerido elevado nível de precisão. De acordo com Gil (1991), a amostra

intencional é destituída de rigor estatístico, sendo o pesquisador responsável

pela seleção dos indivíduos que considera possuir as características relevantes

para o estudo. Ainda segundo este autor, “a intencionalidade torna uma

pesquisa mais rica em termos qualitativos”.

60

Assim, em função das características do objeto de estudo, tomou-se o cuidado

em selecionar pessoas que pudessem, de alguma forma, contribuir com a

pesquisa. Spradley (1987) delineia as condições mínimas que devem nortear a

escolha de um entrevistado quando se deseja estudar o desenvolvimento de

uma atividade específica:

a) antiguidade na comunidade e envolvimento desde o começo no fenômeno que se quer estudar;

b) conhecimento amplo e detalhado das circunstâncias que têm envolvido o foco em análise;

c) disponibilidade adequada de tempo para participar no desenrolar das entrevistas e encontros;

d) capacidade de expressar especialmente o essencial do fenômeno e o detalhe vital que enriquece a compreensão do mesmo.

3.5 Coleta de dados

Além das pesquisas em fontes documentais, utilizou-se, também, da pesquisa

de campo para a obtenção de informações junto a algumas pessoas vinculadas

ao objeto em estudo. O instrumento utilizado foi a entrevista do tipo semi-

estruturada, também conhecida como entrevista parcialmente estruturada ou

guiada (Apêndices 1 e 2).

Deste instrumento de coleta de dados é possível obter das pessoas

informações sobre determinado assunto. Segundo Selltiz (apud GIL, 1991, p.

90), a entrevista é muito útil quanto se quer saber o que a pessoa ‘sabe, crê ou

espera, sente ou deseja, pretende fazer, faz ou fez, bem como a respeito de

suas explicações ou razões para quaisquer das coisas precedentes’.

61

A opção pela entrevista semi-estrutura foi feita em função da flexibilidade de

respostas que esta proporciona. Segundo Gil (1991) este tipo de entrevista “é

guiada por uma relação de pontos de interesse que o entrevistador vai

explorando ao longo de seu curso”.

De acordo com Richardson (1989), na entrevista guiada o pesquisador conhece

previamente as informações que pretende buscar junto aos entrevistados, os

quais, por sua vez, têm liberdade de expressar as respostas da forma que

melhor lhes convier. Ainda segundo este autor, neste tipo de entrevista o

pesquisador elabora um roteiro ou guia de perguntas, simples e diretas.

Cabe a ele aprofundar os temas de interesse no momento em que são

colocados pelo entrevistado. Triviños (1987, p. 146) manifesta sua preferência

pela entrevista semi-estruturada relatando que esta, “ao mesmo tempo em que

valoriza a presença do investigador, oferece todas as perspectivas possíveis

para que o informante alcance a liberdade e a espontaneidade necessárias,

enriquecendo a investigação”.

Assim, diante dos objetivos deste estudo e visando a proporcionar liberdade de

resposta aos entrevistados para obter informações detalhadas de alguns

assuntos, optou-se por realizar este tipo de entrevista.

Em função da opção de entrevistar dois grupos distintos, com pessoas

vinculadas à direção e gerência da incubadora e empreendedores das

empresas residentes, houve a necessidade de omitir algumas perguntas do

roteiro para este último grupo. A adoção deste procedimento se deu em função

de que os empresários vinculados não têm uma visão global de todos os

componentes que envolvem o objeto de estudo, porém puderam contribuir no

que os envolvia diretamente.

62

Os roteiros das entrevistas foram elaborados pela pesquisadora e, afim de

validá-los devidamente foi, inicialmente, aplicado e discutido junto ao gerente da

INAGRO. As entrevistas foram agendadas previamente e enviadas por meio

eletrônico (Internet) e para constatação dos dados foi realizada uma pesquisa in

loco. No apêndice 1 está o roteiro utilizado na realização das entrevistas; já o

apêndice 2 traz a transcrição das falas dos entrevistados.

3.6 Análise de dados

Esta pesquisa adotou uma abordagem qualitativa, e os dados serão analisados

por meio de técnica denominada análise de conteúdo.

Bardin (1979) afirma que a análise de conteúdo abrange ações como

explicitação, sistematização e expressão do conteúdo de mensagens. Tem

como finalidade a apreensão de deduções lógicas e justificadas referentes à

origem das mensagens, seu emissor, o contexto e/ou seus efeitos. A análise de

conteúdo pode ser definida como:

um conjunto de técnicas de análise de comunicação, visando obter por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção destas mensagens (BARDIN, 1979, p. 42).

A autora salienta que a análise de conteúdo tem dois objetivos: o primeiro

refere-se à “ultrapassagem da incerteza”, que significa apreender a mensagem

como algo compartilhado e não apenas como visão pessoal do pesquisador; o

segundo objetivo diz respeito ao “enriquecimento da leitura”, visando a

aumentar a produtividade e a pertinência por meio de uma visão mais profunda

63

e atenta, para que se possam revelar os elementos, conteúdos, significados e

estruturas não compreendidas anteriormente.

Para Bardin (1979), existem várias técnicas desenvolvidas quanto à análise de

conteúdo, necessários para decifrar e compreender o sentido das

comunicações. Dentre os procedimentos, podem-se citar: análise temática ou

categorial, análise de avaliação ou representacional, análise da expressão,

análise das relações e análise da enunciação.

4. ANÁLISE DOS RESULTADOS

Nesse capitulo apresentar-se-á a análise dos resultados elaborada a partir da

coleta e cruzamento dos dados obtidos nas entrevistas de campo com

empreendedores e com o gerente da INAGRO.

4.1 Análise das respostas dadas pelos empreendedores das empresas

incubadas na Incubadora de Agronegócio.

4.1.1 – Dados demográficos

a) Sexo – 10 empreendedores do sexo masculino.

b) Escolaridade – Em se tratando do perfil dos empreendedores, pode-se dizer

que esses possuem baixo nível de escolaridade, a maioria tendo completado

apenas o ensino médio. Acredita-se que no caso das incubadoras de

64

agronegócio o nível de escolaridade não é tão relevante, pois, na maioria dos

casos, a capacidade de se relacionar com outros profissionais e a experiência

profissional em outras áreas são mais importantes; dos 07 entrevistados,

apenas 02 têm curso superior, uma característica bem diferente das

incubadoras tecnológicas, onde predominam empreendedores com mestrado

e/ou doutorado. A Tabela 3 abaixo, traz maiores informações.

Tabela 3 – Escolaridade dos entrevistados

Idades N.º de empreendedores

1º grau incompleto 1

2º grau completo 4

Superior 2

Fonte: Dados fornecidos pelos gerentes das incubadoras

c) A grande maioria das empresas entrevistadas é familiar e como utilizam o

espaço rural na instalação do empreendimento, a mão-de-obra utilizada

também se torna familiar, sendo que os demais funcionários são da própria

localidade, o que proporcionará a geração de emprego e renda para a região.

4.1.2 Caracterização das empresas

As características das empresas entrevistadas podem ser observadas no

Quadro abaixo:

Quadro 1: Tempo de atuação dos responsáveis que atuam na incubadora

e nas empresas incubadas.

IDENT. FUNÇÃO TEMPO QUE ESTÁ VINCULADO A INCUBADORA

65

01 Associação Agrícola

Orgânica de Bebedouro

02 anos

02 Palmitos Rosolen

Industria e Comercio Ltda

05 meses

03 Gilberto Santos Aguardente ME

11 meses

04 Cachaça Motta 06 meses

05 Laticínios da Chácara

11 meses

06 Fabrica de Doces São

Rafael

02 anos

07 COOPERG 02 anos

Fonte: Dados fornecidos pelos gerentes das incubadoras

4.2 – Análise das categorias de respostas dos entrevistados

Esta análise está embasada em três categorias de resposta:

Categoria 1 – Divulgação dos negócios pela incubadora

Categoria 2 – Razões para buscar a incubadora

Categoria 3 – Apoio gerencial e serviços oferecidos

4.2.1 – Categoria 1 – Divulgação dos negócios pela incubadora

Os empreendedores parecem descobrir o valor de estarem pertencendo a uma

incubadora de diversas formas, como pode-se observar em alguns

depoimentos:

66

[...] através de rede de relacionamentos, a gente conheceu um pessoal que tinha uma empresa incubada aqui, que saíram e que a empresa firmou-se muito, da prefeitura. Aí eles disseram que a melhor coisa para nos firmarmos era a incubadora [...] (Ident. 02)

[...] quando houve a inauguração da incubadora eu tomei conhecimento de que se alguém tivesse uma idéia e quisesse trabalhar essa idéia a incubadora ofereceria condições para que essa pessoa subisse alguns degraus na vida. Eu como sempre tive vontade de ter um negócio próprio, nós já mexíamos na informalidade com os produtos da cana-de-açúcar aí viemos aqui com a idéia, fizemos um plano de negócios e fomos aceitos [...] (Ident. 03).

Como a incubadora tem uma forte influência no município e nas várias

entidades parceiras (prefeitura, associações de classe, universidades,

empresas graduadas), o fato de estar ligado a ela parece ser considerado da

maior relevância pelos entrevistados.

4.2.2 – Categoria 2 – Razões para buscar a incubadora

Via de regra, um dos paradigmas das incubadoras tradicionais indica que

empreendedores que participam dos projetos muito mais pelo aluguel do

espaço, em função do valor oferecido, do que por todos os serviços

disponibilizados.

Os resultados desta pesquisa mostraram que este paradigma, por si só, não

representa a realidade dos entrevistados. O espaço físico para a maioria dos

respondentes é importante, porém, a marca Sebrae e os suportes oferecidos

são destacados como os principais motivos para se buscar uma incubadora.

Os relatos abaixo parecem confirmar isso:

67

[...] o que eu fiquei sabendo era sobre o apoio que o Sebrae dava para nós, para as empresas incubadas, então fomos pesquisar e ficamos sabendo dos cursos, das palestras e de todo o apoio que nós temos, isso foi o que mais motivou a nossa vinda para cá.[...] (Ident. 03).

[...] o incentivo, o carinho do pessoal, o apoio do Sebrae [...] (Ident. 02)

[...] foi por ter as consultorias, o financeiro, a infra-estrutura e hoje em dia só por dizer que tem uma empresa que está no inicio, mas que é respaldada pelo Sebrae já possibilita uma outra visão. Isso é muito importante, dá uma segurança no mercado, não é uma coisa que está começando e não tem uma seriedade no negócio [...]. (Ident. 02).

4.2.3 – Categoria 3 – Apoio gerencial e serviços oferecidos

De uma maneira geral, esta categoria esteve presente em todas as respostas;

diversos serviços de apoio foram citados, como: participação em feiras, apoio

logístico do gerente e da secretária da incubadora, com maior destaque para a

organização de cursos e consultorias. Abaixo são comentados alguns serviços:

a) Cursos e consultorias

Os cursos são bastante utilizados nas incubadoras, conforme pode-se observar

nos comentários:

[...] o que nós sempre utilizamos são os cursos, as palestras, o espaço físico e principalmente a convivência com o pessoal da incubadora. Nós participamos do programa de qualidade total, cursos relacionados à parte financeira. Nós tivemos a oportunidade de irmos à Feira

68

do Empreendedor em São Paulo, para vermos que estamos no caminho certo. [...] (Gilberto)

[:...] eu utilizo mais os cursos. Mas o que é importante mesmo são os cursos que nós temos feito e que temos utilizado bastante, têm servido muito [...]. (COOPERG)

[...] na verdade, a incubadora oferece um suporte muito bom para quem está começando. Na nossa área, nós temos uma defasagem muito grande de cursos, e a incubadora está sempre nos apoiando para irmos a São Paulo, patrocinam viagens para congresso. [...] (Roselen)

As consultorias também foram muito citadas:

[...] uso muito as consultorias porque eu tenho que aprender muito, que nem a minha parte é administrar, tenho que aprender muito, muito mesmo! [...] (Fiorrezi) [...] a consultoria de marketing, consultoria de custos, outros cursos que ela (a incubadora) dá sobre planejamento de vendas, vendas, produção, tudo como também a planilha de custos... (Roselen)

Um empreendedor relata que o fato de ter aprendido a montar um plano de

negócio já é um grande apoio e comenta:

[...] aqui nós tivemos o plano de negócios, quer dizer, você aprende muita coisa e, se você não tem essa visão, você está arriscado a perder seu negócio. Se eu estivesse tido isso naquela época (quando teve outras empresas), talvez eu tivesse passado pelo plano do governo e hoje estaria muito bem. O Sebrae proporciona um conhecimento diferente [...] (Antonio Carlos).

Nos estudos de Hayhow (1995), as incubadoras auxiliam, principalmente, nos

problemas gerenciais das empresas no seu estágio inicial. As evoluções nos

69

aspectos técnicos e de gestão são considerados essenciais para as empresas

residentes, e isso serve como indicador para os gerentes de incubadoras.

A maioria dos autores destaca também os serviços de treinamento e assessoria

como primordiais para o sucesso de uma incubadora. O envolvimento e

participação das empresas propiciam aos empreendedores conhecer e

aprimorar a gestão da empresas (DORNELAS, 2002; MORAIS, 2000; RICE,

1999).

b) Feiras

A participação em feiras também foi observada nas entrevistas e percebeu-se

que isto reflete em novos clientes, conforme cita o empreendedor:

[...] participação na feira gerou que o meu produto ficou

conhecido na região inteira [...] (Gilberto).

c) Equipe gerencial

Um outro tipo de apoio que os empreendedores relatam como importante é o da

equipe gerencial da incubadora, que compreende conselhos, pesquisas,

informações de oportunidades, cooperação entre as empresas incubadas etc.

Percebeu-se que a atuação do gerente da incubadora é fundamental,

principalmente na cooperação entre os incubados, como verdadeiro conselheiro

e pessoa de confiança dos empreendedores.

O depoimento abaixo ilustra esta afirmação:

[...] os cursos em primeiro lugar, o apoio que nós temos aqui através do Carlos (gerente) que também é muito importante [...] na verdade, é um contexto não tem como

70

separar, pois os cursos são importantes, mas também o apoio, a assessoria, o pessoal também é bom [...] (Rosselen).

Estes fatos confirmam os estudos de Rice (1992), Lakalka (1996), e Morais

(1998), que consideram o trabalho dos gerentes fundamental para o aumento

da rede de contatos, acompanhamento e desenvolvimento da gestão das

empresas e até para ouvir e opinar sobre problemas pessoais dos

empreendedores.

Em síntese, a forte influência da incubadora nos municípios, por meio das suas

ações, aumenta a rede de pessoas que conhecem os benefícios do programa.

Os empreendedores procuram a incubadora buscando mais segurança para

suas empresas e, também dada a força e o prestígio do Sebrae, um dos

principais parceiros da incubadora, vislumbram maior credibilidade junto a seus

clientes e fornecedores. Além disso, os serviços oferecidos pela incubadora,

também são valorizados pelos empreendedores, com destaque para as

consultorias e treinamentos.

O mesmo empreendedor ressalta o apoio da incubadora para a fixação da

meta:

[...] um consultor de custo (disponibilizado pela incubadora), que fez assessoria do caso (ponto de equilíbrio financeiro) [...]. (Rosselen)

A fixação de metas faz parte da rotina dos empreendedores e é cobrada pelos

consultores e pelo gerente da incubadora. Um empreendedor comenta:

[...] esse ano eu quero lançar produtos diferentes no mercado, quero ter metas especificas para cada um deles, é uma visão diferenciada do que está tendo hoje e do que foi esse ano [...] (Gilberto)

Observou-se também que a maioria das metas é traçada para o curto prazo,

conforme relatam dois empreendedores:

71

[...] antes não era nada planejado, agora, a cada semestre eu e meu sócio nos reunimos e definimos as metas para cada semestre como meta de faturamento, clientes, tentamos planejar o máximo possível. Fazemos um levantamento no mercado dos nossos concorrentes para não ficarmos para trás. Planejar é fundamental. [...] (Rosselen)

Estas respostas estão de acordo com o estudo de Dolabela (1999) que

conceitua o empreendedor como alguém que primeiro define o que quer

aprender (a partir do não-definido) para realizar suas visões e ser pró-ativo, ou

seja, define o que quer e aonde quer chegar; e, em seguida, busca o

conhecimento que lhe permitirá atingir o objetivo.

Foi possível também identificar a dedicação e o carinho com que Carlos e Beth,

realizam o trabalho, superando muitas das vezes às 08 horas diárias, pois a

incubadora não possui telefone e sendo assim também não tem Internet, sendo

esse trabalho é realizado após o expediente em suas casas.

“A INAGRO tornou-se um filho para mim e Beth, pois dedicamos muito mais que 08 horas de trabalho pela incubadora, levamos trabalho para casa e os treinamentos são realizados sempre à noite após o expediente, pois os incubados residem na zona rural e tem grande dificuldade de deixarem seus afazeres para que possam participar dos treinamentos, faço o possível para participar da maioria dos eventos voltados para o agronegócio como orgânicos, melhoramento em vendas, qualidade da cadeia produtiva e outros, procuro trazer o melhor para dentro da incubadora e também para os empreendedores. Através da amizade com varias entidades da região procuro o melhor para as empresas e o SEBRAE contribuído como parceiro indispensável. (Carlos - gerente da INAGRO).

72

A participação do gerente da incubadora também é fundamental para a busca

de novas oportunidades, um empreendedor cita:

[...] no final do ano de 2006, através de conversas com o Carlos (Gerente da Incubadora), avaliamos o que devia estar precisando e achamos que a empresa necessitava da logomarca. Então, a incubadora através do Sebrae trouxe a consultoria e o problema está sendo corrigido [...] (Rosselen)

4.2.4 – Controles gerenciais

Os controles na área financeira são os mais citados, conforme verifica-se nos

comentários:

[...] em finanças nós buscamos conhecer o nosso ponto de equilíbrio e conseguimos. Tivemos algumas dificuldades para pagar os impostos, para entender tudo isso, mas graças aos cursos aprendemos o que pagar, a quem pagar e a calcular os impostos [...] (Gilberto)

[...] preço de venda eu achei interessante estar aplicando lá (na empresa), fluxo eu já conhecia, mas tivemos um apoio aqui do pessoal que deu um programa para tirar o preço de custo, margem de cada produto, ver como seu custo como está [...] (Rosselen) [...] A incubadora dá uma visão muito importante nesse sentido no que diz respeito ao controle gerencial, quando você tem uma idéia de uma empresa, você coloca tudo no papel. No momento que você começa atuar, você começa a sentir algumas dificuldades gerenciais e através da consultoria, mesmo o bate-papo, experiência de outras empresas incubadas, começamos a ter o controle gerencial em alguns aspectos da nossa empresa que no começo não conseguia entender, resolver esses problemas simples e que agora conseguimos [...] o que diz respeito a custos, que era um problema gerencial

73

nosso, não sabíamos como fazer o custo a princípio com o cliente, e isso foi muito interessante, outro fator é em relação ao pessoal, no começo não sabíamos gerenciar muito bem nossos funcionários os nossos gastos e benefícios com eles, e através da consultoria conseguimos gerenciar melhor nosso pessoal [...] (Antonio Carlos)

Verificaram-se várias formas de registrar o controle, como livros, cadernos e

computador. Alguns empreendedores comentam:

[...] mas agora nós temos livro onde anotamos o que saiu e o que entrou. Separamos despesas da casa e da empresa [...] (Gilberto)

[...] hoje a gente tem planilha que antes não tinha [...]

(Rosselen)

Também houve relatos de outros tipos de controle, como:

[...] hoje, por exemplo, eu sei quantos vidros de palmito consigo fazer com um metro de palmito pupunha [...] (Rosselen)

4.2.5 – As capacidades empreendedoras na ótica dos gerentes

Em relação à capacidade de identificação das fontes de recursos, apontada

como menos desenvolvida pelos empreendedores, os gerentes relatam que as

incubadoras desenvolvem ações para esta questão, conforme comentários:

[...] a incubadora não disponibiliza recursos financeiros, mas a incubadora mostra as fontes de recursos para os incubados, acompanham os empresários, formalizam projetos para ele buscar esse recurso. Não é o papel da incubadora disponibilizar recursos financeiros, mas sim mostrar as fontes [...] fazemos contatos com os bancos aqui em Barretos, nós temos informações do Sebrae, do Ciesp sobre novas fontes de financiamento e dos próprios jornais e revistas especializados. Então, sempre que há

74

uma nova fonte de recursos, esses empresários são informados. Agora, eu vejo um grande problema na hora do empresário conseguir estes recursos devido ao problema da garantia que é o histórico da empresa porque normalmente a empresa que entra na incubadora, principalmente no início, torna-se mais difícil buscar recurso. Mas quando a empresa já está na incubadora há algum tempo, consolidada, mostrando um faturamento, tudo isso se torna mais fácil, inclusive no aspecto da garantia, pois o próprio faturamento já é um item da garantia [...] (Rosselen)

[...] a captação de recursos normalmente, a pessoa vem aqui falar que precisa de financiamento e, depois que ela analisa bem o seu plano de negócios, ela vai ver que a captação de recursos no momento pode aguardar um tempo maior porque elas vêm, principalmente, para abrir o empreendimento. Elas querem fazer o financiamento, a captação de recursos e, quando vão fazer o plano de negócios, elas vão analisar que não tem faturamento ainda e já vão ter uma parcela de prestação desse recurso, isso não considerando o recurso a fundo perdido. Então, por isso é que eu coloquei como uma das últimas necessidades delas porque elas mesmas vão perceber que não tem necessidade de financiamento ou que o negócio que estão fazendo não é interessante fazer empréstimos [...] nós temos parceria com o escritório regional do Sebrae que tem a orientação para crédito e eles fazem o projeto para apreciação dos bancos conveniados, que são a Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil e dependendo do volume de recursos temos encaminhado para o Banco do Povo [...] (Carlos – Gerente da INAGRO)

O gerente, também em consonância com os incubados, referem-se à

identificação de fontes de recursos somente ligados aos bancos.

Após as análises das entrevistas, os resultados desta pesquisa apontaram que

as incubadoras do agronegócio contribuem com eficácia para o

desenvolvimento das capacidades empreendedoras das pessoas. O

75

desenvolvimento do plano de negócio, assim como a fixação de metas e os

controles gerenciais do negócio são as principais contribuições das ações

promovidas pelas incubadoras. Com isto, o empreendedor, de certa forma, tem

a noção geral do negócio, permitindo-lhe ser mais competitivo no mercado.

Muitos empreendedores buscam na incubadora a credibilidade da marca

Sebrae e todos os serviços oferecidos. Isto demonstrou que o espaço físico já

não é o principal item que motiva os empreendedores a participarem do

programa.

Os resultados também apontaram a importância da equipe gerencial da

incubadora e sua influência no desempenho dos empreendedores. As

empresas desistentes, na maioria das vezes, não continuam no mercado, e

segundo o gerente pesquisado, os empreendedores que desistem da

incubadora descobrem que não têm perfil para ser dono do próprio negócio.

76

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As conclusões aqui apresentadas tratam dos resultados obtidos da análise

qualitativa das 07 entrevistas realizadas com os empreendedores instalados na

INAGRO – Incubadora de Empresas do Agronegócio de Jaborandi-SP.

Todo trabalho foi estruturado para obtenção da seguinte resposta:

Quais são os fatores de sucesso e as condições de operação de uma

incubadora de empresas de agronegócio já consolidada que podem servir de

exemplo para a criação de uma incubadora formada pelos produtores rurais de

café da região de Manhuaçu, Minas Gerais?

Desta forma, baseando-se nos resultados obtidos das entrevistas, pode-se tirar

as seguintes conclusões:

a) Capacidades empreendedoras

As entrevistas permitiram avaliar que os empreendedores localizados na

incubadora de agronegócio aprenderam a desenvolver uma série de

habilidades e competências empreendedoras, como por exemplo:

• ter metas fixadas a curto prazo;

• utilizar-se do ambiente da incubadora e da marca Sebrae para

identificar oportunidades de negócios e aumentar sua rede de

contatos;

• ter implantado controles de gestão, principalmente na área financeira;

77

• ter implantado inovações nos processos de venda, contato com os

clientes e controles de gestão.

• de uma forma geral, ter a visão do negócio como um todo, o que

permite uma melhor avaliação do risco da atividade.

A gestão do negócio faz parte da rotina dos empreendedores e isto permite que

os incubados, em todo momento, observem seus pontos fracos, buscando

formas de melhoria por meio de cursos e consultorias.

Os empreendedores não realizam negócios sem calcular seu retorno real. Eles

têm muito claro os custos dos produtos ou serviços, a margem de contribuição,

e isso auxilia em melhores negociações com clientes e fornecedores.

Outro ponto fundamental observado foi que todos os empreendedores sabem

onde querem chegar e como buscar os melhores caminhos. Isto tem uma

relação direta com as ações desenvolvidas pela incubadora.

Mesmo assim, algumas capacidades ainda são poucas desenvolvidas, como

(pontos fracos e menos abordados pelos incubados):

• inovação dos produtos e serviços;

• identificação de mais fontes de recursos, não se limitando aos bancos;

• visão de futuro, que acontece somente no curto prazo;

• liderança de equipe.

78

Entretanto, como a visão de futuro dos empreendedores é ainda no curto prazo,

a consolidação da idéia e a busca por clientes são a prioridades imediatas. Isto

significa que, no longo prazo, sem desenvolver a capacidade de agregar valor

nos produtos e serviços, o empreendedor poderá vir a encontrar problemas

para o sucesso da empresa.

A identificação das fontes de recursos é limitada a conseguir financiamentos em

bancos varejistas ou oficiais, e muitas vezes a busca de parcerias e

negociações com fornecedores é esquecida.

De uma forma geral, as capacidades desenvolvidas garantem a sobrevivência e

o crescimento dos empreendedores incubados. Ao saírem da incubadora, com

certeza terão mais condições técnicas e de gestão em relação aos

empreendedores que não participaram da incubadora.

b) Marca Sebrae

A força da marca Sebrae está sendo um dos principais motivos para a procura

dos empreendedores no programa de incubação. Isto mostra que alguns

atributos importantes estão relacionados com a entidade, como: segurança,

apoio, informações e, principalmente, capacitação e desenvolvimento do

negócio.

Apesar do pouco desenvolvimento dos incubados na busca por fontes de

recursos, os empreendedores não atribuíram ao Sebrae esta função. Isto é uma

conclusão importante, porque cada vez mais o Sebrae fortalece o seu principal

foco, que é o desenvolvimento das micro e pequenas empresas.

c) Negócio da vida dos empreendedores

79

Os empreendedores incubados envolvem a família nos negócios, muitos têm a

única fonte de renda na empresa. Alguns casos mostraram que os sócios são a

mulher e o marido, e, geralmente, um cuida da parte administrativa e outro da

produção e vendas, mas o fato é que, se a empresa não for bem, a família sofre

as conseqüências. Por isso, todas as atividades oferecidas pela incubadora são

encaradas como mais uma oportunidade de melhoria do conhecimento e

geração de negócios.

d) Serviços da incubadora

A equipe gerencial da incubadora é o núcleo para o desenvolvimento dos

empreendedores, são eles (gerente, consultores, secretária) que auxiliam os

empreendedores com o desenvolvimento gerencial. Além disto, a cooperação

entre os empreendedores só ocorre com a intermediação do gerente.

Visando o aprimoramento principalmente da capacidade de gestão, as

consultorias e os treinamentos mostraram ser os serviços mais aproveitados

pelos empreendedores.

Diferentemente de milhares de empresários que realizam treinamentos

gerenciais e não aplicam na sua empresa, os empreendedores incubados não

ficam somente na teoria de sala de aula, eles levam para suas empresas as

ferramentas desenvolvidas nos cursos e fazem as adaptações necessárias

acompanhadas pelos consultores.

e) Experiências anteriores

Os empreendedores que tiveram experiências anteriores como proprietários de

outros negócios apresentaram um maior amadurecimento e comprometimento

com sua empresa, pois conhecem os motivos que levam ao insucesso e

aproveitam tudo que a incubadora oferece.

80

Buscou-se, no decorrer do estudo, enfatizar todas as características

necessárias para que uma incubadora de agronegócio tenha sucesso em seus

propósitos. Paralelamente, foram expostas as deficiências da INAGRO e,

fechando, foram sugeridas algumas ações que podem ser realizadas para que

a incubadora atinja sua maturação operando dentro das condições necessárias

a este tipo de empreendimento.

81

6. CONCLUSÂO

Diante do exposto, é possível concluir que os objetivos deste estudo de caso

foram atendidos com sucesso. Porém, tratando-se de uma experiência recente

no país, outros estudos se fazem necessários para que se tenha um modelo de

implantação e operacionalização destes empreendimentos adequados á

realidade brasileira.

As incubadoras do agronegócio se enquadram como sendo um novo tipo de

estrutura organizacional produtiva, praticamente desconhecido no Brasil, que

objetiva estimular e proporcionar condições para a criação e a consolidação de

empresas que desenvolvam produtos inovadores e competitivos.

Dentro deste contexto, esta pesquisa espera ter contribuído para que tão

relevante empreendimento se multiplique em todo país. A experiência aqui

relatada com certeza poderá servir de base para que erros sejam evitados em

novas iniciativas.

82

Igualmente, foi possível, através desta pesquisa, identificar algumas

oportunidades para implantar uma incubadora de empresas no agronegócio em

outra região do país, e se pode observar algumas semelhanças entre Barretos -

SP e Manhuaçu –MG, a saber:

• Presença de grandes extensões de terras cultivadas por culturas

absolutas sobre o cenário rural, tanto para a região de Barretos com a

cana-de-açúcar como para Manhuaçu com o café;

• Através da monocultura da cana-de-açúcar e do café, foi possível

identificar algumas vantagens para os proprietários de grandes

extensões de terras, em que podem esperar o melhor preço para a

venda do café no caso de Manhuaçu (quando esse período raramente é

na safra), não sendo possível essa espera para os pequenos produtores

de café, que necessita dessa venda para sua sobrevivência, pois

infelizmente não possui outra fonte de renda e para os produtores de

cana da região de Barretos, são realizados grandes contratos com os

usineiros, ficando na responsabilidade da usina do plantio até a colheita

da cana e, havendo o aumento do preço na venda da cana para a usina,

a mesma repassa para o dono da terra; isso significa ganho sem muito

esforço, lembrando que a cultura da cana também é anual.

Sendo assim é possível identificar tanto em Manhuaçu como em Barretos a

necessidade de diversificação de culturas e, muito mais, a importância da

incubadora para estas regiões, onde o pequeno produtor empreendedor poderá

dispor de assistência técnica através de consultorias, análise de produtos,

palestras e várias outras vantagens.

83

Porém, como o referencial teórico está embasado em incubadoras de base

empresarial, sobretudo a partir de experiências ocorridas no exterior, não se

pode justificar a implantação de outros empreendimentos no país apenas a

partir de um estudo de caso, nem foi esta a pretensão desta pesquisa. Novos

estudos sobre o tema são necessários e fundamentais para que se estabeleça

um modelo brasileiro.

Entretanto, quase sempre se aprende com os erros dos outros. Com certeza, as

dificuldades vivenciadas hoje pela INAGRO são, também, devidas ao seu

pioneirismo.

As contribuições aqui colocadas estão diretamente vinculadas à relevância e a

originalidade da pesquisa, visto que não há estudo conhecido sobre nenhuma

incubadora de agronegócio que identifique as dificuldades encontradas em sua

implantação e operacionalização.

Finalmente, pode-se concluir que a implantação da incubadora de empresa de

agronegócio na região de Manhuaçu-MG é viável pois é capaz de atender as

variáveis determinas por Dornelas (2002) de:

• Experiência para empresas novas na área do Agronegócio;

• Possível acesso financeiro;

• Suporte e acessória financeira;

• Suporte da Comunidade;

• Envolvimento dos vários agentes;

• Empreendedorismo;

• Percepção do futuro;

• Seleção de Empresas;

• Vínculos com universidades e/ou centros de pesquisas;

• Políticas claras.

84

7. REFERENCIAS

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91

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92

YIN, R. Estudo de caso: planejamento e métodos. Porto Alegre: Bookman, 201.

93

APÊNDICES

APÊNDICE 1 - ROTEIRO DA ENTREVISTA COM O GERENTE DA INCUBADORA

DADOS DO ENTREVISTADO: nome, função, tempo de vínculo com a incubadora,

nível de escolaridade, telefone de contato.

I. PARCERIAS INSTITUCIONAIS

1. Atualmente, quais são os principais parceiros da incubadora?

2. Qual é a contribuição que estes parceiros proporcionam a incubadora?

3. Destes parceiros qual você acredita que poderia e deveria atuar mais

ativamente? Por que?

4. Em sua opinião há necessidade de serem firmadas novas parcerias? Com

quem e por quê?

II. INFRA-ESTRUTURA DE SERVIÇOS E LOCALIZAÇÃO

5. Os serviços administrativos hoje oferecidos atendem as necessidades das

empresas? Que outros tipos de serviços a incubadora deveria oferecer?

6. Qual a sua avaliação sobre a localização da incubadora?

7. A ausência da infra-estrutura urbana de serviços interfere nas atividades da

incubadora?

III. QUADRO DE PESSOAL

8. A equipe de pessoal hoje existente na incubadora atende as necessidades do

empreendimento? (Se não, por quê? E o que poderia ser feito para suprir esta

necessidade?)

IV. GERAL

9. Em sua opinião o que a incubadora deveria fazer para atrair e reter novas

empresas?

10. Quais são as principais deficiências da incubadora?

11. Em sua opinião quais são as ações que devem ser tomadas para que a

incubadora tenha melhores resultados e atinja sua consolidação?

94

APÊNDICE 2 - ROTEIRO DA ENTREVISTA COM OS EMPREENDEDORES INCUBADOS

DADOS DO ENTREVISTADO: nome, nome da empresa, tempo de vínculo com a

incubadora, nível de escolaridade, telefone de contato.

I. INFRA-ESTRUTURA DE SERVIÇOS E LOCALIZAÇÃO

1. Os serviços oferecidos hoje pela incubadora atendem as necessidades da

empresas no setor do agronegócio? Que outros tipos de serviços a incubadora

deveria oferecer?

2. Qual a sua avaliação sobre a localização da incubadora?

3. A ausência da infra-estrutura urbana de serviços interfere nas atividades da

incubadora?

III. QUADRO DE PESSOAL

4. A equipe de pessoal hoje existente na incubadora atende as necessidades do

empreendimento? (Se não, por quê? E o que poderia ser feito para suprir esta

necessidade)?

IV. GERAL

5. Quais são as principais deficiências da incubadora?

6. Em sua opinião quais são as ações que devem ser tomadas para que a

incubadora tenha melhores resultados e atinja sua consolidação?

95

ANEXO I

Processo de produção dos Palmitos Rosolen

Figura 1 – Plantação de Palmitos Pupunha

Fonte: Pesquisa em Campo dia 01/02/2007.

96

Figura 2 – Desembarque dos Palmitos Pupunha

Fonte: Pesquisa em Campo dia 01/02/2007

Figura 3 – Primeiro Corte do Palmitos Pupunha

Fonte: Pesquisa em Campo dia 01/02/2007

97

Figura 4 – Palmitos Pupunha Embalados em Dois Cortes Palito e Rodelas.

Fonte: Pesquisa em Campo dia 01/02/2007

Figura 5 – Processo de Esterilização dos Palmitos Pupunha.

Fonte: Pesquisa em Campo dia 01/02/2007

98

Figura 6 – Processo de Embalagens dos Palmitos Pupunha.

Fonte: Pesquisa em Campo dia 01/02/2007

ANEXO II

Processo de produção da Fábrica de Doces São Rafael Ltda

Figura 7 – Processo de Industrialização do banana.

Fonte: Pesquisa em Campo dia 01/02/2007

99

Figura 8 – Secagem do doce da banana em forno próprio.

Fonte: Pesquisa em Campo dia 01/02/2007

100

Figura 9 – Embalagem e rotulagem do doce da banana.

Fonte: Pesquisa em Campo dia 01/02/2007

101

Figura 10 – Sede da INAGRO - Jaborandi

Fonte: Pesquisa em Campo dia 01/02/2007.

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