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N.º 35 - N.º 35 - N.º 35 - N.º 35 - N.º 35 - Abril / Junho de 2009 Abril / Junho de 2009 Abril / Junho de 2009 Abril / Junho de 2009 Abril / Junho de 2009 boletim da associação boletim da associação boletim da associação boletim da associação boletim da associação FRA FRA FRA FRA FRATERNIT TERNIT TERNIT TERNIT TERNITAS AS AS AS AS MOVIMENTO MOVIMENTO MOVIMENTO MOVIMENTO MOVIMENTO espiral ECOS DO ECOS DO ECOS DO ECOS DO ECOS DO CONGRES CONGRES CONGRES CONGRES CONGRESSO DE ANTIGOS AL DE ANTIGOS AL DE ANTIGOS AL DE ANTIGOS AL DE ANTIGOS ALUNOS DOS SEMINÁRIOS UNOS DOS SEMINÁRIOS UNOS DOS SEMINÁRIOS UNOS DOS SEMINÁRIOS UNOS DOS SEMINÁRIOS Serafim de Sous Serafim de Sous Serafim de Sous Serafim de Sous Serafim de Sousa P ode-se dizer que foi um êxito o I Congresso de antigos alunos dos seminários. De acordo com informação obtida no local, éramos cerca de 300 participanes, mais propriamente 290 inscritos. Durante três dias, recordaram-se com sau- dade e carinho os bons tempos dos seminários, onde se despertou para a vida social e sobretudo para um cultu- ra global de fazer inveja ainda hoje a muito boa gente. Está de parabéns a organização, que desde a pri- meira hora não poupou esforços para que tudo corresse da melhor maneira possível e com um aproveitamento integral de tudo o que lá foi dito e à maneira de filme passou diante dos nossos olhos, como um passado re- cente que muito nos apraz recordar. Lá encontrámos bis- pos, padres celibatários e casados e muitos antigos se- minaristas que ao longo de um percurso mais ou menos longo abandonaram a ideia do sacerdócio por terem pensado que não era esse o seu caminho. A liberdade é um dom que Deus dá a cada um para o usar con- forme a sua inteligência dos acontecimentos. Mas todos eles testemunharam de uma forma ou de outra o bem que foi para eles terem en- trado num seminário. Não encontrei ninguém ressenti- do ou magoado fosse com o que fosse. Certamente que esses não foram lá para não destoarem da onda po- sitiva que ali se viveu. No entanto, pensando melhor, acho que o con- gresso não foi suficientemente divulgado nos meios de comunicação social. Utilizaram-se as novas tecnologias e funcionou como toque a reunir a Internet, através do correio electrónico de cada um. Se todos os antigos se- minaristas fossem contactados, tenho quase a certeza que não seríamos umas centenas, mas talvez mesmo uns milhares. A inscrição no congresso por uns simpáticos dez euros foi uma forma airosa de seleccionar os inte- resses mais fortes dos menos fortes. Depois a inscrição no almoço de convívio no salão paroquial da Igreja de Fátima foi outra forma de escolha, já que só convive quem quer e tem espírito altruísta. Lá estiveram alguns elementos das associações dos antigos alunos de quase todos os seminários diocesanos e religiosos. Vi lá, e falei com eles, os Órgãos Sociais do Seminário de Vila Real. Todos nos reconhecemos e falámos um pouco da nossa associação e das necessidades de renovação e mais di- namismo. A Fraternitas Movimento – Associação dos Padres Ca- sados e suas Famílias foi a que esteve mais representada e em maior número. Ao todo cerca de 50 elementos. Em boa hora a direcção decidiu aderir ao congresso e, embora respeitando as opiniões dos que optaram por não ir, entendemos que valeu a pena. Fomos muito ac- tivos e com intervenções frequentes e toda a gente ficou a conhecer-nos. A nossa pre- sença valeu pela difusão que fizemos do que somos e como sentimos esta Igreja nossa Mãe. As respostas que vamos ouvin- do aos nossos anseios nem sempre nos satisfazem, mas va- mos fazendo como diz o dita- do “água mole em pedra dura tanto dá até que fura”. A nossa voz vai ecoando cada vez mais longe e mais fundo. No futuro hão-de dar-nos razão. Este congresso foi também muito marcado pela masculi- nidade, porque se tratava de ex-seminaristas. Nem sequer houve uma leitura feita por senhoras. Será que elas não sabem ler nem proclamar a palavra de Deus? O futuro irá dar-nos alguma luz sobre o tema. A árvore que foi plantada no jardim da vida irá dar bons frutos. Assim o cremos e esperamos.

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N.º 35 - N.º 35 - N.º 35 - N.º 35 - N.º 35 - Abril / Junho de 2009Abril / Junho de 2009Abril / Junho de 2009Abril / Junho de 2009Abril / Junho de 2009

boletim da associação boletim da associação boletim da associação boletim da associação boletim da associação FRAFRAFRAFRAFRATERNITTERNITTERNITTERNITTERNITASASASASAS MOVIMENTOMOVIMENTOMOVIMENTOMOVIMENTOMOVIMENTO

espiralECOS DO ECOS DO ECOS DO ECOS DO ECOS DO CONGRESCONGRESCONGRESCONGRESCONGRESSSSSSOOOOO

DE ANTIGOS ALDE ANTIGOS ALDE ANTIGOS ALDE ANTIGOS ALDE ANTIGOS ALUNOS DOS SEMINÁRIOSUNOS DOS SEMINÁRIOSUNOS DOS SEMINÁRIOSUNOS DOS SEMINÁRIOSUNOS DOS SEMINÁRIOS

Serafim de SousSerafim de SousSerafim de SousSerafim de SousSerafim de Sousaaaaa

P ode-se dizer que foi um êxito oI Congresso de antigos alunos dos seminários.De acordo com informação obtida no local,

éramos cerca de 300 participanes, mais propriamente290 inscritos. Durante três dias, recordaram-se com sau-dade e carinho os bons tempos dos seminários, onde sedespertou para a vida social e sobretudo para um cultu-ra global de fazer inveja ainda hoje a muito boa gente.

Está de parabéns a organização, que desde a pri-meira hora não poupou esforços para que tudo corresseda melhor maneira possível e com um aproveitamentointegral de tudo o que lá foi dito e à maneira de filmepassou diante dos nossos olhos, como um passado re-cente que muito nos apraz recordar. Lá encontrámos bis-pos, padres celibatários e casados e muitos antigos se-minaristas que ao longo de um percurso mais ou menoslongo abandonaram a ideia do sacerdócio por terempensado que não era esse o seu caminho. A liberdade éum dom que Deus dá acada um para o usar con-forme a sua inteligência dosacontecimentos. Mas todoseles testemunharam de umaforma ou de outra o bemque foi para eles terem en-trado num seminário. Nãoencontrei ninguém ressenti-do ou magoado fosse como que fosse. Certamenteque esses não foram lá paranão destoarem da onda po-sitiva que ali se viveu.

No entanto, pensandomelhor, acho que o con-gresso não foi suficientemente divulgado nos meios decomunicação social. Utilizaram-se as novas tecnologiase funcionou como toque a reunir a Internet, através docorreio electrónico de cada um. Se todos os antigos se-minaristas fossem contactados, tenho quase a certezaque não seríamos umas centenas, mas talvez mesmo unsmilhares. A inscrição no congresso por uns simpáticos

dez euros foi uma forma airosa de seleccionar os inte-resses mais fortes dos menos fortes. Depois a inscriçãono almoço de convívio no salão paroquial da Igreja deFátima foi outra forma de escolha, já que só convivequem quer e tem espírito altruísta. Lá estiveram algunselementos das associações dos antigos alunos de quasetodos os seminários diocesanos e religiosos. Vi lá, e faleicom eles, os Órgãos Sociais do Seminário de Vila Real.Todos nos reconhecemos e falámos um pouco da nossaassociação e das necessidades de renovação e mais di-namismo.

A Fraternitas Movimento – Associação dos Padres Ca-sados e suas Famílias foi a que esteve mais representadae em maior número. Ao todo cerca de 50 elementos.Em boa hora a direcção decidiu aderir ao congresso e,embora respeitando as opiniões dos que optaram pornão ir, entendemos que valeu a pena. Fomos muito ac-tivos e com intervenções frequentes e toda a gente ficou

a conhecer-nos. A nossa pre-sença valeu pela difusão quefizemos do que somos e comosentimos esta Igreja nossa Mãe.As respostas que vamos ouvin-do aos nossos anseios nemsempre nos satisfazem, mas va-mos fazendo como diz o dita-do “água mole em pedra duratanto dá até que fura”. A nossavoz vai ecoando cada vez maislonge e mais fundo. No futurohão-de dar-nos razão.

Este congresso foi tambémmuito marcado pela masculi-nidade, porque se tratava de

ex-seminaristas. Nem sequer houve uma leitura feita porsenhoras. Será que elas não sabem ler nem proclamar apalavra de Deus? O futuro irá dar-nos alguma luz sobreo tema.

A árvore que foi plantada no jardim da vida irá darbons frutos. Assim o cremos e esperamos.

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1. Afirmou João Duque na sua conferência que osseminaristas, até aos anos 70 do século passado, seri-am como que a nata dos mais capazes intelectualmen-te, que, por razões económicas e de elitismo no ensinopúblico, não teriam acesso a outros estudos, além doensino primário. Valeu a muitos a selecção, na maioriadas vezes feita pelos próprios professores que aconse-lhavam as famílias a enviar para estudos do Seminárioos alunos que julgavam mais capazes. E assim os Semi-nários, além dos cerca de dez por cento dos seminaris-tas que se ordenavam, contribuiram com muitaintelectualidade activa e dirigente em muitos campos dasociedade civil e política.

Se alguns criaram corpos reactivos no respeitante àIgreja e à prática religiosa, a maioria, no entanto, man-teve o estado de graça das boas relações. Vantagens? Éque uns e outros partilham a mesma linguagem, na qualainda é possível algum entendimento.

2. Seguiu-se o Painel I, em que interveio o bispo Ma-nuel Clemente a falar sobre Seminário e Nova Evange-lização: continuidade e novidade da Igreja para o Mun-do. Afirmou ele que dizer vida da Igreja é o mesmo quedizer missão da Igreja. Uma Igreja que não missiona émissionada. Que a Igreja está dismensional oudesmissionada e, por isso, os Seminários ressentem-se.Que o Concílio de Trento foi um concílio mais pastoralque o Vaticano II.

Espantou-me esta afirmação e, por isso, no espaço

REFLEXÕES

De 24 a 26 de Abril passado, o Santuário de Fá-tima foi palco de um dos maiores acontecimen-

tos ligados ao impacto social dos Seminários. Este acon-tecimento foi organizado por uma comissão de antigosalunos dos Seminários de Portugal. A Associação/Movi-mento dos padres casados, a «Fraternitas», esteve pre-sente neste Congresso com 41 sócios.

O título dos trabalhos enunciava-se assim: «Seminá-rios: da memória à profecia».

Podemos dividir os trabalhos em 3 partes: 1.ª: Umitinerário temático desenvolvido por vários intervenien-tes e seguido de um animado debate (bispos, sacerdo-tes e antigos alunos dos Seminários); 2.ª: Momentos deoração centrados na Eucaristia; 3.ª: Actividades cultu-rais.

PRIMEIRO DIAPRIMEIRO DIAPRIMEIRO DIAPRIMEIRO DIAPRIMEIRO DIANo dia 24, abriu a sessão da manhã D. António

Marto, bispo de Leiria-Fátima. O tema «Os Seminários:Passado, Presente e Futuro» foi desenvolvido por JoãoDuque (professor de Teologia e secretário da ComissãoEpiscopal para a Doutrina da Fé e Ecumenismo), o qualesclareceu que esse «passado» não tinha um sentido de«museu», mas de «raízes» de uma história de impactosocial, ético e religioso, raízes essas que se prolongamno presente e se projectam no futuro. Concluiu, por isso:«Todos temos a consciência da importância do papeldos Seminários». E vaticinou ser necessário «repensar apresença e a acção da Igreja nos tempos de hoje».

Seguiu-se um animado debate em que participarammuitos elementos da vasta assembleia.

Da parte da tarde, no 1.º painel, o tema «O lugardos Seminários na vida e missão da Igreja» foi desenvol-vido por D. Manuel Clemente, bispo do Porto e doutora-do em Teologia Histórica, que afirmou: «A vida da Igrejaé uma missão… O mal actual é a falta de dinamismomissionário…». O P.e Vicente Nieto Moreno (espanhol),reitor do Seminário Maior de Évora, falou sobre a ne-cessidade dos Seminários e dos seus valores formativosprioritários.

No 2.º painel dessa tarde, com o tema: «Memóriasde uma experiência incontornável», João António, licen-ciado em Psicologia Social, apresentou os resultados deum inquérito feito aos antigos alunos dos Semináriossobre o seu percurso de vida. Frei Bernardo Domingues,Doutor em Filosofia, diplomado em Psicopedagogia eMestre em Teologia, destacou uma das certezas maisincontornáveis: «Nos Seminários aprende-se com rigore ensina-se com sabedoria». E António Agostinho, ad-vogado, declarou que «Os Seminários tiveram grandeinfluência na educação dos cidadãos, tornando-os maissensíveis aos problemas dos outros». Estes trabalhos fo-ram rematados pela celebração da Eucaristia, presididapor D. António Francisco dos Santos, bispo de Aveiro,

seguida pela recitação do Rosário na capelinha das apa-rições sob a presidência de D. Serafim Ferreira da Silva,bispo emérito de Fátima.

SEGUNDO DIASEGUNDO DIASEGUNDO DIASEGUNDO DIASEGUNDO DIANo dia 25, depois da oração da manhã, orientada

pelo bispo D. Augusto César, Mons. Luciano Guerra,Reitor do Santuário de Fátima de 1973 a 2008, desen-volveu o tema: «A vocação, expressão única e íntima daternura divina». Falou, com muita profundidade, acercada influência do ADN no comportamento de cada pes-soa, mas deixou bem claro que ele «não é uma sina»,mas que cada um tem a liberdade de «escolher, entre osvários caminhos, o melhor ou o pior».

No 3.º painel foi desenvolvido o tema: «Percursos dediscernimento vocacional» durante o qual António Tei-xeira, director técnico de uma empresa, falou da influ-ência do Seminário Menor; depois António Correia, li-cenciado em Psicologia e Mestre em Tecnologia da Edu-cação, lembrou do Noviciado; e Manuel Domingos, comCurso de História e Filosófico-Humanísticas, dissertousobre o Seminário Maior, seguindo-se o debate.

No 4.º painel o tema foi: «O Seminário e as opções

Itenerários da memória,

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após conferência, manifestei a minha discordância, fa-zendo referência ao que o próprio Papa Paulo VI disse,na sessão solene de encerramento do concílio: «Masquem observa honestamente este interesse prevalentedo Concílio pelos valores humanos e temporais, nãopode negar que tal interesse se deve ao carácter pasto-ral que o Concílio escolheu como programa». Ou ain-da, após a apresentação do homem fenoménico,multifacetado, a quem o Concílio se dirigiu: «A religião,que é o culto de Deus que quis ser homem, e a religião– porque o é – que é o culto do homem que quer serDeus, encontraram-se. Que aconteceu? Combate, lutaanátema? Tudo isto poderia ter-se dado, mas de factonão se deu.» E o que dizer dos três documentos de cariz

eminentemente pastoral: Christus Dominus,Presbyterorum Ordinis e Gaudium et Spes, respectiva-mente, sobre a missão dos bispos, a dos sacerdotes e ada Igreja no mundo moderno?

Concedo que o Concílio de Trento, pelas circunstân-cias do após a sua realização, tenha sido o de maioresefeitos pastorais. Mas, em si mesmo, nos seus documen-tos e no respeito com que aponta caminhos para osproblemas dos homens e do mundo, reafirmo o Vatica-no II como o concílio mais pastoral de sempre.

E, humanamente falando, se o Vaticano II tivesse asestruturas político-religiosas e a Inquisição queenformavam e enformaram os tempos pós Trento, con-tribuindo, um pouco pela força, para a sua implanta-ção, o Vaticano II teria, sem dúvida, um impacto tãogrande que depressa teria obnubilado o outro. Felizmenteque não as teve. Mas, para seu mal, os odres velhos doconservadorismo hierárquico inquinaram-no. Resta-nosconfiar no Espírito que sempre renova a face da Terra e,algum dia, tornará essa renovação mais visível. É urgen-te que aconteça, em sentido translato, o que se canta noTantum ergo: «Et antiquum documentum novo cedat ritui.»

Entendendo como pastoral, a acção dos pastores daIgreja tendo como modelo o Bom Pastor que conhececada ovelha pelo seu nome, se preocupa com conduzi-las a pastagens abundantes e deixa as 99 em segurançae vai à procura da ovelha perdida, sou de opinião deque, se houve concílio pastoral, foi o do Vaticano II. Ele

de vida», tendo António Gonçalves, jornalista, apresen-tado várias entrevistas gravadas; Pedro Vieira, tambémjornalista, falou acerca da influência dos Seminários nadefinição de estilos de vida; e o P.e José Maia, que étambém professor, e que presidiu à União das IPSS etrabalha actualmente na «Fundação Evangelização e Cul-turas», galvanizou a assembleia com as suas tiradas acer-ca da participação activa e responsável na Igreja.

No 5.º painel o tema foi: «O Seminário e a forma-ção de cidadãos». António Gonçalves, jornalista, apre-sentou entrevistas gravadas; Paulo Rocha, licenciado emTeologia, Director da «Agência Ecclesia», e jornalista daRTP 2, abordou a «aquisição de competências profissio-nais; e Joaquim Geraldes Pinto, licenciado em Direito,dissertou acerca das presença qualificada dos semina-ristas nas estruturas sociais.

A Eucaristia foi presidida pelo bispo D. António Marto,

seguindo-se um bem conseguido sarau cultural no anfi-teatro do Centro Pastoral Paulo VI.

TERCEIRO DIATERCEIRO DIATERCEIRO DIATERCEIRO DIATERCEIRO DIANo dia 26, de manhã, após a oração orientada pelo

bispo D. João Alves, bispo emérito de Coimbra, seguiu-se a Conferência: «Valores cristãos para uma sociedadede e com futuro» por António Bagão Félix, licenciadoem Finanças, professor catedrático, ministro de váriaspastas, que desenvolveu um sábio diagnóstico do nossotempo: Por um lado o progresso material marcado pela«falta de justiça e de paz duradoura, …absolutizando-seo relativo e relativizando-se o absoluto». Por outro ladovai surgindo um futuro de esperança radicado no «anún-cio da Palavra de Deus» e na Doutrina Social da Igreja.O orador terminou fazendo referência ao necessárioapoio à família cristã, verdadeiro alfobre de vocações.

Muitos outros oradores falaram - todos eles foramalunos dos Seminários -, mas é impossível citá-los todose referir a totalidade das boas memórias. As interven-ções do Congresso serão reunidas num livro.

horizontes da profecia

UrUrUrUrUrtélia Siltélia Siltélia Siltélia Siltélia Silvvvvvaaaaa

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proclamou a Igreja como Povo de Deus, com a igual-dade e dignidade radical de todos os baptizados, emmesa redonda partilhada, contra a visão em pirâmideda disforme Igreja Tridentina, com uma enorme multi-dão na base que vai sendo comprimida pelos que estãocada nos andares superiores do vértice, onde só figurapontualmente.

O Concílio de Trento, por mais importante que te-nha sido, devia estar quase e bem enterrado no incons-ciente de todos, para que não tivesse acontecido que ovinho novo tenha sido envasilhado em odres velhos.Como consequência, fruto do «homo laudator temporisacti» e de poderosos e influentes grupos saudosistas econservadores, a mensagem do Vaticano II diluiu-se,perdeu eficácia e estragaram-se os odres. Valha-nos oEspírito Santo!

Por isso, partindo das considerações qualificativasda situação da Igreja apresentadas no Painel e daconstatação da falta de pastores na Igreja, por os quehá terem de ser mais prestadores, sem mãos a medir, deserviços de manutenção paroquial do que homens derelação, relacionados e relacionáveis com os outros,baseado na afirmação do Dr. Manuel Paulo sobre adisciplina do celibato e o direito dos filhos ao pão, e aIgreja Mãe ou Madrasta, questionei: « O que faz(em)a(s) Conferência(s) Episcopal(ais) – que são quem temo poder de provocar alguma alteração no modus vivendida Igreja - para se sair do statu quo tridentino para umaIgreja mais aberta ao Espírito, com resposta para asnecessidades do Povo de Deus?

Como resposta, foram dadas só mais algumas dicasna linha da afirmação do Concílio de Trento como o

mais pastoral dos concílios da história.3. Na conferência: «A Vocação, expressão única e

íntima da ternura divina», além de outros aspectos, foiconsiderado pelo conferencista o ADN, enquanto da-dos fundacionais da realidade físio/biológica, sexo, tem-peramento, carácter. O ADN será como que o vestígioda divindade em nós, aquela divina marca explosiva doBig-bang que deu origem a um universo com capacida-de evolutiva. No nosso ADN estará já como que empotência, mas sem determinisno absoluto, algo daquiloque viremos a ser, mesmo a nível vocacional e profissio-nal.

Mas poder-se-á falar de vocação numa criança? Ou,no nosso desejo de lha incutir, não procedemos mas é auma lavagem ao seu cérebro? Por que não educar eformar, antes, a criança no sentido de a apetrechar comum recheio de conhecimentos e valores que lhe permi-tam mais tarde fazer a sua opção, de um modo pessoale livre? Não será muito do mau estar social hoje verifi-cado fruto de pessoas não realizadas vocacional e pro-fissionalmente, porque os pais, as escolas e outras insti-tuições educativas, esquecendo o ADN, procuram en-caminhar os filhos para cursos que permitam princi-palmente empregos rentáveis e com saída? E, mesmoassim, por razões de subsistência, a pessoa poderá teráde executar outra profissão pela qual não sente atracti-vo e nem se sente realizada profissionalmente?

Na mesma ordem de ideias, o que dizer, no aspectocristão, por exemplo, do baptismo de crianças ou dequase forçar seu encaminhamento para o Seminário?Conheci um padre cuja mãe teve um grande sonho,sobre ele, no dia do baptismo. Sonhou que ele havia de

REFLEXÕES ACERCA DO CONGRESSO DE ANTIGOS SEMINARISTAS

O Secretariado, em nome da Direcção, deseja a cadaum dos sócios aniversariantes deste trimestre, parabénse muitas bênçãos divinas. Entre estes encontra-se o nos-so assistente espiritual, padre Guilhermino Saldanha. Aele, muito obrigado por nos colocar diariamente sobreo Altar. Que Maria, Mãe do Céu, seja medianeira erefúgio do seu coração sacerdotal.

Como homenagem, oferece-se um excerto retiradodas páginas 170 e 171 do livro «O Céu: onde Deus nosespera para sempre», de Francisco Sousa Monteiro (só-cio n.º 1 da Fraternitasraternitasraternitasraternitasraternitas), um edição A.O), um edição A.O), um edição A.O), um edição A.O), um edição A.O., Braga, de., Braga, de., Braga, de., Braga, de., Braga, de2004:2004:2004:2004:2004:

«O céu que pintaste para nós é azul, belo como Tu,envolve-nos, como o teu Amor, convida-nos a levantara cabeça para Ti; é um espaço – que Tu não és – quetranscende a terra: como Tu nos transcendes, permane-

cendo connosco na Igreja, no meio de nós e no nossoíntimo, para nos contagiar com a tua felicidade e com oteu Amor, agora que estás junto do Pai e assim perma-neces connosco para sempre (Mt 28, 20).

O céu que pintaste para nós é figura e tema destelivro que quiseste que eu escrevesse, movido por Ti epara Ti.

O céu que pintaste para nós recorda-nos o nossoencontro neste mundo: de Ti connosco, desde que co-meçaste, no Antigo Testamento, a preparar-nos para oteu amor, até que vistes, Tu, senhor Jesus, o Filho deDeus e Filho do Homem, céu em Pessoa, ao encontrodos homens; até continuares na nossa presença peloSacrifício Eucarístico que renova o teu Sacrifício na Cruze que lembra aquele sacrifício em que Abraão reconhe-ceu que Deus é o Senhor; e até vires na tua Glória con-

PELO DOM DA VIDA,

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ser padre, mas nunca lho disse. Ia-lhe lembrando, des-de criança, que tivera esse sonho, mas mantinha o tabudo assunto, só lho vindo a revelar no dia em que o filholhe comunica que iria pedir a dispensa do exercício daOrdem. E aceitou a decisão do filho.

Nem baptismo de crianças nem o chamamentovocacional para o ministério ordenado foram práticasde Jesus Cristo ou da Igreja primitiva. Sabemos que so-mente o faziam a adultos e anciãos que, na maioria, jáexerciam uma outra profissão vocacional, respeitandomesmo assim as suas opções. Então, por que razão in-siste a Igreja em manter um statu quo de recrutamentovocacional, sobretudo exactamente em crianças? Por-que fecha as mãos na cabeça devido à escassez de pas-tores e não se abre ao sopro que o Espírito faz sentir,aceitando um celibato livre e opcional? Porque razãonão dá prioridade também a campanhas de recruta-mento de vocações para o ministério ordenado nos adul-tos? Tanto mais que, como já tem comprovado com osdiáconos permanentes, os adultos também são genero-sos e comprometidos no anúncio do Reino. E hoje quehá tantos adultos aposentados generosos, com teste-munhos de vida e vivência da Fé dados na família, nasociedade, nas estruturas do trabalho e dos lazeres. E jácom aceitação junto das comunidades cristãs!

Bem será para reflectir o que, pelo final dos anos 60,escreveu o Dr. Manuel Paulo, Reitor do Seminário deCoimbra e grande Eclesiólogo: »Uma Igreja que, poruma questão de ordem disciplinar (o celibato), deixa osfilhos sem o Pão da Eucaristia, não é uma Igreja que éMãe; é uma Igreja Madrasta.»

Fernando NeFernando NeFernando NeFernando NeFernando Nevesvesvesvesves

cluir o tempo, estremecer o céu e a terra, submeter tudoa Ti, submetendo-Te a Ti ao Pai (1Cor 15, 28).

Pai-Amor, Filho-Amor, Espírito-Amor: Deus-Amor,obrigado por nos conduzires pelo céu e sobre as nuvensao verdadeiro céu real que és Tu-Amor.»

ABRILABRILABRILABRILABRILDia 1 – Carolina Maria (A-ver-o-Mar)Dia 1 – Fernando Ribeiro (Coimbra)Dia 2 – Cibele Sampaio (Chaves)Dia 3 – Padre Guilhermino Saldanha (Fátima)Dia 6 – Maria Fernanda Ramos Mendes (Arganil)Dia 10 – António Amaral Pinto (Cinfães)Dia 11 – Antonieta Oliveira (Angra do Heroísmo)Dia 12 – Luís Cunha (Abreveses)Dia 15 – Américo Dias (Coruche)Dia 16 – António C. F. Reis (Gaia)Dia 26 – Rogério Carpentier (Silves)Dia 27 – Manuel Tussa (Fornelos – S.ta M.a Panaguião)Dia 28 – Ernesto Jana (Abrantes)Dia 30 – Maria Irene Gril (Leiria)MAIOMAIOMAIOMAIOMAIODia 3 – Rosa Belo (Vila do Conde)Dia 6 – Luís Henriques (faro)Dia 11 – Francisco da Silva (Carcavelos)Dia 12 – M. P. Barroso Jorge (Gaia)Dia 16 – Francisco Valente (Régua)Dia 18 – Fernanda Silva (Árvore – Vila do Conde)Dia 20 – Manuel Sousa Gonçalves (Vila do Conde)Dia 21 – Maria de Lurdes Seara (Chaves)Dia 21 – Manuel Nabais (Sesimbra)Dia 22 – Francisco Sousa Monteiro (Lisboa)Dia 25 – Maria José A. Santos Martins (Vidago)Dia 27 – Rogério L. Marques (Caxarias)Dia 28 – Maria Emília Campos (Maia)Dia 31 – Alberto D’Assumpção (Ponte – Guimarães)JUNHOJUNHOJUNHOJUNHOJUNHODia 1 – Carla Paula M. de Moura (Ranhados)Dia 1 – Alberto Osório de Castro (Rio Tinto)Dia 2 – Manuel B. Silva (Junqueira – Vila do Conde)Dia 13 – Felisbela Sousa Gonçalves (Vila do Conde)Dia 16 – Maria Isabel B. Fernandes (Porto)Dia 17 – Benvinda Costa (Almeirim)Dia 21 – Abílio T. Cardoso (Lisboa)Dia 25 – Vasco Fernandes (Porto)Dia 26 – Glória M. Marques (Gaia)Dia 26 – Maria Isabel Videira (Guimarães)Dia 29 – Maria Natália Batista (Chaves)

Graças Te Damos, Senhor, também pelo dom da vidado anterior e primeiro assistente espiritual, padre FilipeFigueiredo, que, se estivesse entre nós, celebraria o seu60.º aniversário de ordenação sacerdotal a 26 de Ju-nho (recebeu o sacramento da Ordem pelo arcebispoD. Manuel Mendes da Conceição Santos, em VendasNovas, num barracão de cortiça). Ele foi, e é, instru-mento de Deus no nosso caminho peregrinante paraEle, e agora, no Céu, tem-nos no Coração de Deus.

GRAÇAS TE DAMOS

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e-mail: [email protected] * página oficial na Internet: www.fraternitas.pt * e-mail: [email protected] * página oficial na Internet: www

paULpaULpaULpaULpaULOOOOO,,,,,De 29 de Junho de 2008 a 29

de Junho de 2009, celebrámos oAno Paulino para recordar os doismil anos do nascimento do apóstoloPaulo, o maior missionário de todosos tempos.

Dom Romano Penna, um dosmaiores especialistas na vida e nasobras de Paulo de Tarso, dedicou avida de pesquisador e professor uni-versitário ao apóstolo dos povos,publicando vários livros que se dis-tinguem pelo rigor científico e expo-sição apaixonada, apresentada comuma linguagem cativante e moder-na. São fundamentais as suasexegeses das diversas cartas do após-tolo, em especial os três consistentesvolumes sobre a Carta aos Roma-nos e seu belíssimo ensaio «O DNAdo cristianismo».

SabeSabeSabeSabeSabe-----se qual é o ano exacto dose qual é o ano exacto dose qual é o ano exacto dose qual é o ano exacto dose qual é o ano exacto donascimento de São Pnascimento de São Pnascimento de São Pnascimento de São Pnascimento de São Paulo?aulo?aulo?aulo?aulo?

Não. O Ano Paulino fundamen-ta-se numa hipótese tradicional, se-gundo a qual Paulo teria nascido emtorno do ano 8 d.C. Mas são só hi-póteses. Na minha opinião, Paulo eracontemporâneo de Jesus.

Onde é que ele nasceu?Onde é que ele nasceu?Onde é que ele nasceu?Onde é que ele nasceu?Onde é que ele nasceu?Em Tarso, capital da Cilícia, de

pais judeus de observância farisaica.Os Actos dos Apóstolos consideram-no cidadão romano e ele diz que oera por nascimento. Por isto, juntoao nome judaico Saulo, tinha tam-bém o nome romano Paulo.

PPPPPertencia a uma família rica?ertencia a uma família rica?ertencia a uma família rica?ertencia a uma família rica?ertencia a uma família rica?Paulo refere numa das suas car-

tas que ganhava a vida fabricandotendas. Em geral, naquele tempo, osfilhos aprendiam o ofício do pai e sesupõe que o pai de Paulo desempe-nhava este trabalho. Era um ofícionormal, do povo, que permitia vivere manter a família, nada mais.

Que tipo de educação recebeuQue tipo de educação recebeuQue tipo de educação recebeuQue tipo de educação recebeuQue tipo de educação recebeuPPPPPaulo na sua família?aulo na sua família?aulo na sua família?aulo na sua família?aulo na sua família?

Os pais de Paulo eram judeus dadiáspora, ou seja, judeus que, obri-

EntreEntreEntreEntreEntrevisvisvisvisvista com Rta com Rta com Rta com Rta com Romano Penna, docentomano Penna, docentomano Penna, docentomano Penna, docentomano Penna, docente de Noe de Noe de Noe de Noe de Novvvvvo To To To To Tesesesesestamenttamenttamenttamenttamento na Univo na Univo na Univo na Univo na Univererererersidade Latsidade Latsidade Latsidade Latsidade LaterererereranenseanenseanenseanenseanensePoPoPoPoPor Renzo Allegri - agência fidesr Renzo Allegri - agência fidesr Renzo Allegri - agência fidesr Renzo Allegri - agência fidesr Renzo Allegri - agência fides

gados pelas perseguições e por outras razões, migraram para longe da suaterra, mas que se mantinham fiéis às suas tradições. Paulo estava circunda-do, foi educado e instruído na observância da lei mosaica. Mas sendo Tarsouma cidade cosmopolita, quando saía de casa, o jovem respirava umaatmosfera helénica e aberta a diversas culturas. Em família, Paulo falavahebraico e aramaico, mas fora de casa, comunicava em grego. Cresceu,portanto, com uma mentalidade aberta. Pelo menos até os 12 ou 13 anos.

E depois?E depois?E depois?E depois?E depois?Nesta idade, o jovem Saulo mudou para Jerusalém para dedicar-se to-

talmente ao estudo da Torá, sob a guia do rabino Gamaliel, o Velho, ummestre notabilíssimo. Desde então, o seu interesse intelectual dirigiu-se só eexclusivamente para a lei judaica e a cultura israelita.

Nos escritos de PNos escritos de PNos escritos de PNos escritos de PNos escritos de Paulo, ou dos seus contemporâneos, há alusões e da-aulo, ou dos seus contemporâneos, há alusões e da-aulo, ou dos seus contemporâneos, há alusões e da-aulo, ou dos seus contemporâneos, há alusões e da-aulo, ou dos seus contemporâneos, há alusões e da-dos úteis para termos uma ideia de como era o seu aspecto físico?dos úteis para termos uma ideia de como era o seu aspecto físico?dos úteis para termos uma ideia de como era o seu aspecto físico?dos úteis para termos uma ideia de como era o seu aspecto físico?dos úteis para termos uma ideia de como era o seu aspecto físico?

Temos uma descrição física de Paulo, frequentemente citada. Diz queera baixo, gordo, com as pernas arqueadas, com as sobrancelhas juntas, eque contudo se parecia com um anjo. Mas é tardia, de finais do século II. Aiconografia tradicional apresenta-o com barba, calvo, mas isso depende deum modelo que se impôs a partir do século III e que caracterizava a figurade um pensador. Sabemos que, na sua vida, enfrentou inúmeras dificulda-des: vigílias, jejuns, frio, três naufrágios, milhares de quilómetros percorri-dos a pé, lapidado, cinco vezes flagelado pelos judeus, três vezes açoitadopelos romanos, preso por longos períodos: e de tudo isso se deduz quetinha um físico excepcional, uma vontade de ferro e uma capacidade deadaptação extraordinária.

É possível deduzir seu temperamento a partir de suas cartas?É possível deduzir seu temperamento a partir de suas cartas?É possível deduzir seu temperamento a partir de suas cartas?É possível deduzir seu temperamento a partir de suas cartas?É possível deduzir seu temperamento a partir de suas cartas?O facto de que, antes do acontecimento de Damasco, ele tenha exerci-

do uma obstinada pressão persecutória com a comunidade cristã fala bemdo seu temperamento forte. Deu-se conta de que a figura do Cristo podiapôr em crise alguns dados constitutivos do Judaísmo e, portanto, perseguiacom força e dureza os cristãos. Ele poderia ser comparado com um mem-bro dos Talibã daquele tempo. Mas depois de Damasco, houve a grandemudança. Ele continuou a ter um carácter forte, que poderia expressar-secom tons muito rudes, duros, mas ao mesmo tempo muito afectuosos, do-ces, amáveis, quase femininos. Ele mesmo se compara a um pai e tambéma uma mãe. A sua psicologia é complexa, com muitas facetas, muito rica.Na Carta aos Romanos, diz claramente que se deve acolher todos, estar deacordo com todos, aceitar inclusive quem pensa de maneira diferente: háum sentido de acolhimento, reciprocidade, verdadeiramente evangélico.

Que fez PQue fez PQue fez PQue fez PQue fez Paulo após a conversão no caminho de Damasco?aulo após a conversão no caminho de Damasco?aulo após a conversão no caminho de Damasco?aulo após a conversão no caminho de Damasco?aulo após a conversão no caminho de Damasco?Passou três anos no deserto meditando, depois foi a Jerusalém para

conhecer os apóstolos e a comunidade cristã, logo a Antioquia, onde final-mente recebeu o encargo oficial de difundir o Evangelho. Antioquia da Síriafoi uma cidade muito importante para a história do cristianismo porquenaquela cidade, pela primeira vez, o Evangelho foi anunciado aos pagãos.Jesus nunca pregou aos pagãos, só aos judeus. E nem sequer os apóstoloso fizeram no começo. Lá, em Antioquia, deu-se a reviravolta. E daí Paulopartiu para sua primeira viagem apostólica.

Durante aquela primeira viagem, PDurante aquela primeira viagem, PDurante aquela primeira viagem, PDurante aquela primeira viagem, PDurante aquela primeira viagem, Paulo discutiu com os colegas...aulo discutiu com os colegas...aulo discutiu com os colegas...aulo discutiu com os colegas...aulo discutiu com os colegas...Houve divergências. Paulo tinha uma personalidade muito forte. E Jesus

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.fraternitas.pt * e-mail: [email protected] * página oficial na Internet: www.fraternitas.pt * e-mail: [email protected] * página oficial na Internet: www.fraternitas.pt * e-mail: [email protected]

Amigo de cristoAmigo de cristoAmigo de cristoAmigo de cristoAmigo de cristohavia-lhe confiado uma missão especial, a de levar o Evangelho aos pa-gãos. Era um projecto impensável para os judeus da época. E também paraos apóstolos. Consideravam que Jesus veio para o povo de Israel, enquan-to Paulo queria pregar aos pagãos.

Paulo encontrava-se numa posição delicada. Os cristãos olhavam-nocom desconfiança, recordando a obstinação com a qual haviam sido per-seguidos por ele, e os judeus consideravam-no um traidor que havia aban-donado a religião dos seus pais. Custou-lhe muito até que os primeiroscristãos aceitassem as suas ideias, sobretudo a sua convicção de que Cristoveio não só para os judeus, mas para todos. E que os pagãos, para seremseguidores de Cristo, não deviam submeter-se a todas as disposições da leimosaica. Também entre os apóstolos nem todos partilhavam as suas ideias.E ele aborrecia-se e chamava-os «falsos irmãos». Teve discussões inclusivecom Pedro que, em num primeiro momento, aderiu às ideias de Paulo, masdepois voltou atrás, e Paulo reprovou-o publicamente.

De qualquer forma, continuou crente nas intuições que teve durante omisterioso encontro com Cristo no caminho de Damasco. Após a primeiraviagem missionária, empreendeu outras duas, fundando muitas Igrejas. Nofinal, todos os apóstolos aderiram às suas intuições, convencendo-se deque Jesus havia vindo para a salvação de todos os homens e não só para asalvação dos judeus.

Quais são os pontos fundamentais do ensinamento de São PQuais são os pontos fundamentais do ensinamento de São PQuais são os pontos fundamentais do ensinamento de São PQuais são os pontos fundamentais do ensinamento de São PQuais são os pontos fundamentais do ensinamento de São Paulo?aulo?aulo?aulo?aulo?Dito em termos essenciais, no coração de Paulo está a liberdade da lei.

Paulo ensina que o que conta na relação com Deus, em primeiro lugar, nãoé a moral, mas a graça do próprio Deus, em Jesus Cristo. Converto-me emjusto diante de Deus não pelo que faço «eu», mas pelo que Deus fez pormim em Jesus Cristo. E a fé é a aceitação deste dom de graça que me éoferecido. Este ensinamento paulino contrapõe-se à concepção segundo aqual sou «eu» que construo a minha justiça, a minha santidade diante deDeus. Eu construo-a com a minha moral, o meu comportamento, a minhaética e a observância dos mandamentos. Esta é uma concepção bastantedifundida, que põe em primeiro lugar a moral. Mas tomá-la ao pé da letranão é a postura adequada.

Há uma frase de Lutero que podemos partilhar e explica bem o conceito:«Não é que nós, fazendo coisas justas, nos tornamos justos, mas sim sendojustos, fazendo as coisas justas». O dado moral, operativo, da acção, por-tanto, é secundário com relação à dimensão do «ser», que é precedente efundamental. «Ser em Cristo» e receber a benevolência de Deus através deJesus Cristo prescinde de minha moralidade a qual, precisamente porqueeu «vivo» «o ser em Cristo», estará certamente em sintonia com esta maravi-lhosa realidade. É este o ponto constitutivo.

O segundo elemento importante do pensamento de Paulo refere-se à«identidade cristã», que se define não só com categorias «jurídicas» comojustiça, justificação, mas também com categorias «místicas» ou«participativas». O cristão é alguém que não só está diante de Cristo comum acto de fé, mas que «participa» do próprio Jesus Cristo e vive «em»Cristo. Entre o cristão e Jesus dá-se uma verdadeira participação interpessoal.O cristão «vive» em Cristo e Cristo vive no cristão.

E este modo de ser dá origem ao terceiro ponto fundamental do ensina-mento de São Paulo, a «dimensão comunitária», o que Paulo mesmo cha-

ma Igreja. Para ele, o termo «igreja»não tem sentido abstracto, mas re-fere-se sempre a uma comunidadeconcreta, que se encontra em certolugar. Existe a igreja de Corinto, ade Tessalónica, a igreja de Filipo...

Nós hoje damos um sentido «ca-tólico», universal, ao termo «igreja».Mas este conceito formou-se depoisde Paulo. Ele, com o termo igreja,entendia as diversas comunidades,uma a uma. E atribuía a este termouma «comunhão recíproca» extraor-dinária. O lugar de encontro dos cris-tãos era a casa, a casa privada, ondese reuniam para a ceia e para a lei-tura e a explicação dos textos sagra-dos. Portanto, a comunidade eclesi-al tinha um âmbito doméstico. E, nocontexto deste modo de viver é ondese desenvolve a definição da igrejapaulina como «corpo de Cristo». Esteextraordinário conceito é só de Pau-lo. «A Igreja é Corpo de Cristo» nosentido que é o próprio Cristo no seucorpo, numa dimensão não tantosocial, mas individual, mística. E,sempre neste âmbito comunitário, aIgreja para Paulo era totalmente«igualitária». Ensinava que em Cris-to não há nem judeu nem grego,nem escravo nem livre, nem homemnem mulher. Dentro desta comuni-dade havia funções ministeriais, masnão eram no sentido hierárquicoposterior. Havia presidentes, pesso-as encarregadas de guiar, organizara assembleia e nada mais.

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No retiro de Maio de 1998, em Fátima, conversá-mos mais ou menos longamente sobre os seus projectosprofissionais relacionados com o Instituto Piaget, na mi-nha terra natal (Luanda), mais concretamente nos seusarredores, na “cidade satélite” – Viana (onde eu ia fre-quentemente, quando aí residia uma das minhas irmãs...).

Os nossos olhos arregalavam-se, os ouvidos diver-giam, a boca teimava em não fechar-se, o coraçãosentíamo-lo dividido, e eu notava os seus braços multi-plicados!...

Recordo e destaco:- DO PROJECTO DE INTERCÂMBIO DE ESTUDAN-

TES ANGOLANOS, NO INSTITUTO PIAGET/ VISEU - afraternidade ! A interacção humana e humanizante! Se-ria preciso muita “carolice”!

- DO GABINTE DE SOLIDARIEDADE PRÓ-ANGOLA– de facto, no ano seguinte a minha Escola (tal comomuitas e muitas outras), recebeu documentos para aconcretização deste Projecto – mais um!... Era sobretu-do pedido, dicionários, gramáticas e outros livroscongéneres para a divulgação/promoção da LínguaPortuguesa, cadernos e material escolar. Em 1999/2000e 2000/2001, lá os descarreguei, em nome da Escola,por três vezes vários volumes... Na última, apresentou-me o “nosso” António Regadas como seu, mais ou me-nos isto: continuador, representante, substituto...

- DO GABINETE DA LÍNGUA PORTUGUESA E LÍN-

Olhai os lírios do campo!...Ora, se Deus assim vOlhai os lírios do campo!...Ora, se Deus assim vOlhai os lírios do campo!...Ora, se Deus assim vOlhai os lírios do campo!...Ora, se Deus assim vOlhai os lírios do campo!...Ora, se Deus assim vestestestesteste ae ae ae ae a

ererererervvvvva do campo, que hoje ea do campo, que hoje ea do campo, que hoje ea do campo, que hoje ea do campo, que hoje existxistxistxistxiste e amanhã é lançadae e amanhã é lançadae e amanhã é lançadae e amanhã é lançadae e amanhã é lançada

ao fao fao fao fao fogo, como não fará muitogo, como não fará muitogo, como não fará muitogo, como não fará muitogo, como não fará muito mais por vós…?o mais por vós…?o mais por vós…?o mais por vós…?o mais por vós…?

(Mt 6, 28-30)(Mt 6, 28-30)(Mt 6, 28-30)(Mt 6, 28-30)(Mt 6, 28-30)

Em plena Quaresma e em véspera da Solenidade daAnunciação do Senhor, o nosso irmão Amílcar Alexan-dre Sacadura teve a sua Páscoa definitiva, sendo aco-lhido nos braços do Pai, no Amor de Jesus Cristo, peloEspírito que tudo vivifica.

Tendo ido, nesse fim-de-semana, por uma ligeira in-disposição, às urgências do Hospital de Aveiro, nada degrave lhe foi diagonosticado que obstasse a uma saída,nos dias seguintes, para a sua amada Angola, no cum-primento do seu sacerdócio e missão de ensino. O cer-to é que uma repetição da dor já não teve, corporal-mente, tábua de salvação nem no próprio hospital e obilhete para Angola ficou adiado para sempre. Colheu-nos assim a surpresa do seu falecimento súbito.

No noite do dia da Anunciação, houve um momentode oração com o Amílcar. No dia seguinte, ao meio-

dia, celebrou-se a Eucaristia da sua ressurreição defini-tiva. Foi presidida pelo grande amigo P.e Dr. ManuelJoaquim Estêvão da Rocha, concelebrada por algunssacerdotes amigos e colegas de Seminário, e participa-da pela família e muitos outros amigos: da família, daFraternitas e do Instituto Piaget.

As leituras e palavras escutadas não foram de cir-cunstância, mas cheias de Fé na Ressurreição e de agra-decimento a Deus pela grandeza da simplicidade da vidado Amílcar. Os mesmos sentimentos perpassaram pelaassembleia orante, em cânticos de Fé e acção de graçasque o Amílcar terá, sem dúvida, cantado com ela: «EmVós, Senhor, eu pus a minha Esperança… Feliz o ho-mem que pôs a sua Esperança no Senhor… Guardai-me junto de Vós, na vossa Paz, Senhor.» A mesma men-sagem de vida foi deixada por elementos da Associaçãodos Antigos Alunos Redentoristas, fundada pelo Amílcar,no hino da sua autoria Vivat in aeternum.

Neste espírito, a Fraternitas associa-se em condolên-cia à Maria Marina – para quem a cruz ficou um poucomais pesada, mas o Amor tudo vence – e aos filhos doAmílcar.

GUAS NACIONAIS, em Viana – um mundo de projec-tos, de sonhos, de ideais... «Sabe a nossa biblioteca estápobre, muito pobre»... Também por isso, lhe entregueipor mão própria, uma magra biblioteca e documenta-ção distribuída, pelo então C.I.T.A., (Centro de Informa-ção e Turismo de Angola), nos Cursos que ministrava...«...Sabe, lecciono Latim sempre às 8h00 da manhã, por-que também tenho alunos do Governo..., e eles lá estãotodos, sempre, pontualmente. São trabalhadores! Esfor-çam-se!...» (E ao falar disto, batia com o punho no bra-ço lateral direito da cadeira) Notava-se que sentia umagrande amizade, muito amor por aquele (meu) povo!Pressentia ainda, o muito que pretendia fazer, se os Ho-mens o ajudassem, porque de Deus nada parecia faltar- lhe!...

- DOS DESALOJADOS - ...«Sabe o que são milharesde desalojados ao pé de nós?! Milhares de rostos à nos-sa volta?! A vermo-nos todos os dias?!...» Emudeci!...

Lançou e semeou desafios!Este Homem foi uma ponte entre dois povos, entre

instituições, entre muita gente concreta!.. Mas no dia24 de Março a ponte caiu.

Ceio que este Homem é uma ponte entre a terra e océu!

Em dia da Ascensão do Senhor, 24 de Maio,

Há PESSOAS que são PONTESO nosso sócio Amilcar SacadurO nosso sócio Amilcar SacadurO nosso sócio Amilcar SacadurO nosso sócio Amilcar SacadurO nosso sócio Amilcar Sacadura, ERA (ou É) uma delasa, ERA (ou É) uma delasa, ERA (ou É) uma delasa, ERA (ou É) uma delasa, ERA (ou É) uma delas

UrUrUrUrUrtélia Siltélia Siltélia Siltélia Siltélia Silvvvvvaaaaa

Homem de Esperança

Fernando NeFernando NeFernando NeFernando NeFernando Nevesvesvesvesves

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Conheci o Dr. AmílcarSacadura pelo ano de 1997, eraeu pároco de Tabuaço, quandoele visitava familiares da futuranora, cuja celebração do matri-mónio eu faria meses mais tar-de. Desse primeiro encontroguardo uma imagem algodifusa, de alguém que me pare-cia muito douto e, simultanea-mente, misterioso (o que eu com-preenderia anos mais tarde), queme inspirou um sentimento deconfiança e de respeito. Nãoimaginava eu que esse seria, semdúvida, o início de uma grandee profunda amizade, de um in-tenso relacionamento profissio-nal que viríamos a desenvolveralguns anos depois. Assim, quiso destino que em 2001 nos vol-tássemos a encontrar no Institu-to Piaget, a “nossa casa”, ondetrabalhamos juntos, aprenden-do a conhecer-nos mutuamen-

te, e onde estreitamos laços de perene amizade. Aqui

RRRRResenha biográfica e académicaesenha biográfica e académicaesenha biográfica e académicaesenha biográfica e académicaesenha biográfica e académica- Nascido em 16.08.1933- Frequência do Seminário Redentorista em Vila Nova

de Gaia e Teologia em Espanha- Ordenado pelo Bispo de Viseu- Trabalho missionário em Portugal- Dispensado do ministério sacerdotal, celebrou o

matrimónio com Maria Marina Carvalho VideiraSacadura, em 27.08.1971

- Estudos Superiores: Licenciatura em Clássicas pelaUniversidade de Letras de Lisboa

- Docente do ensino Liceal e Secundário na Madeirae várias escolas do continente

- Orientador de Estágio de Latim e Grego aos alu-nos da Universidade de Aveiro

- Após aposentação do ensino oficial, em ligaçãocom o Instituto Jean–Piaget de Viseu, foi fundador edirector da Escola Secundária do Campo, comparalelismo pedagógico

- Fundador e professor da Universidade Jean-Piagetem Viana de Luanda - Angola

- Sócio fundador da Fraternitas n.º 21

Estamos JuntosEm Memória do Saudoso DrEm Memória do Saudoso DrEm Memória do Saudoso DrEm Memória do Saudoso DrEm Memória do Saudoso Dr. Amílcar Sacadur. Amílcar Sacadur. Amílcar Sacadur. Amílcar Sacadur. Amílcar Sacaduraaaaa descobri o verdadeiro Amílcar Sacadura, sempre cheio

de projectos, aventureiro destemido que se lançou emautênticas cruzadas, cá e além fronteiras, para ir con-cretizando os sonhos que acalentava, com uma vontadeimensa de se dar, “num sacerdócio permanente”, emprol de causas e de valores mais altos.

No ano lectivo 1999/2000 que ele foi pioneiro noprojecto de intercâmbio de estudantes do ensino básicoe secundário angolanos em Portugal, em famílias deacolhimento, e estudando na recém-criada (também porele) Escola Básica e Integrada Jean Piaget, alguns dosquais continuaram os seus estudos e já estão hoje for-mados com Cursos Superiores. Teve um papel prepon-derante no lançamento do Projecto do Piaget em Ango-la, dando um contributo decisivo com os seus profundosconhecimentos e facilidade de relacionamento com asociedade e com as autoridades angolanas. Foi decisi-vo para dotar o Projecto de um rosto mais humano, so-lidário e fraterno ao criar e gerir o Gabinete de Solidari-edade Pró-Angola, ao qual me associei, e com o qualconseguiu recolher toneladas de roupa, livros e materialescolar que enviou para Angola para ser distribuído jun-to das populações onde o Piaget construía a Universida-de. Desta missão solidária partiu para o dever de ensi-nar, de defender e preservar a “menina dos seus olhos”:a Língua Portuguesa. Fundou na UniPiaget Angola, oGabinete da Língua Portuguesa e Línguas Nacionais, deque foi Director até “partir”, e que tinha por missão oensino da Língua Portuguesa – e Línguas Nacionais- as-sente no Latim como o alicerce estruturante da nossaLíngua.

A vida do Dr. Sacadura foi, nos últimos anos, repar-tida entre Angola e Portugal, entre o ensino da Língua eos constantes desafios e projectos que tinha para aquelepaís, que ele amava, e no qual, como mo disse tantasvezes, não se importava de morrer. Sempre que vinha aPortugal e passava em Viseu tinha a gentileza e o gestoamigo de passar no meu gabinete para “matar sauda-des” e pôr comigo a conversa em dia, partilhando asaventuras, os sonhos e projectos que andava sempre acongeminar. Era assim, uma autêntico e genuíno missi-onário que partilhava tantos momentos com os IrmãosRedentoristas e neles se sentia reconfortado, que enca-rava a sua vida como uma dádiva constante ao ensino,à promoção da cultura e à defesa da Língua Portugue-sa, que ele tão acerrimamente defendia, como o maiorbaluarte da nossa cultura e presença em África.

Marcou-me este homem, este testemunho, esta vidaassim vivida; senti-o de forma intensa e profunda no diado seu funeral quando a esposa, a D.ª Marina, ao ver-me me disse: «Dr. Regadas, ele queria-o tanto como aum filho.» Nesse momento senti que, afinal, não perdiapenas um amigo. AntóniAntóniAntóniAntóniAntónio Regadaso Regadaso Regadaso Regadaso RegadasFFFFF. Ne. Ne. Ne. Ne. Nevesvesvesvesves

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Para o prémio Nobel da Econo-mia de 2001, Joseph Stiglitz, a crisefinanceira que começou em WallStreet, nos Estados Unidos, e rapi-damente afectou todos os mercadosfinanceiros, equivale ao que foi aqueda do Muro de Berlim para o co-munismo: «Ela diz ao mundo queesse modelo não funciona. Essemomento sublinha que as declara-ções do mercado financeiro em de-fesa do liberalismo eram falsas.»

O presidente norte-americano,Barack Obama, afirma que o nau-frágio de Wall Street é a maior crisefinanceira desde a Grande Depres-são. Os Estados Unidos têm talen-tos, grandes universidades e um bomsector de alta tecnologia. Mas osmercados financeiros desempenhamum papel muito importante, sendoresponsáveis nos últimos anos porcerca de 30 por cento dos lucros em-presariais. Os executivos dos merca-dos financeiros obtiveram esses lu-cros com o argumento de que esta-vam a ajudar a gerir o risco e a ga-rantir maior eficácia ao capital. Porisso, diziam eles, mereciam rendi-mentos tão altos. O colapso de-monstrou que estavam errados. Ou,se se atender à face perversa das re-gras, para os gestores correu bem,poque até enriqueceram, mas parao resto do mundo, a economia realpagará caro esta aventura, porqueas trocas comerciais estão a cair, aprodução diminuiu, aumentou o de-semprego, cresce, de forma alar-mante, o número de pobres e asmarcas da pobreza nos que já nãopossuiam nada

Agora é preciso, só voltar a re-gular, mas também redesenhar o sis-tema regulador dos mercados, que,ou não viu, ou não quis ver. Alémdisto, precisamos estabelecer um sis-tema novo, capaz de suportar a ex-pansão das finanças e dos instrumen-tos financeiros de um modo melhorque os bancos tradicionais. Precisa-mos, por exemplo, regulamentar osincentivos. Eles têm que ser pagos

baseando-se nos resultados de vári-os anos, e não no de apenas um,porque este último modelo fomentaas apostas. As opções de compra deações fomentam a adulteração dacontabilidade e é preciso frear essaprática. Em resumo, oferecemos in-centivos para que se alimentasse ummau comportamento no sistema.

Precisamos, ainda, de uma co-missão de segurança para os pro-dutos financeiros, assim como temosno caso dos produtos de consumo.O setor financeiro estava inventan-do produtos que não geriam o risco,mas sim o produziam.

Nesta crise, observamos que asinstituições mais baseadas no mer-cado da economia vieram abaixo ecorreram a pedir a ajuda do Estado.Dir-se-á agora que este é o final dofundamentalismo de mercado. A cri-

se diz ao mundo que este modo deorganização económica é insusten-tável. Em resumo, dizem todos, essemodelo não funciona. As declara-ções do mercado financeiro em de-fesa da liberalização eram falsas.

A hipocrisia entre o modo peloqual o Tesouro dos EUA, o FMI e oBanco Mundial manejaram a criseasiática de 1997 e o modo comoprocedem agora acentuou essareação intelectual. Agora os asiáti-cos dizem: «Para nós, vocês disseramque deveríamos imitar o modelo dosEstados Unidos. Se tivéssemos segui-do vosso exemplo, estaríamos nestamesma desordem.»

O tO tO tO tO teólogo Hans Küng, presidenteólogo Hans Küng, presidenteólogo Hans Küng, presidenteólogo Hans Küng, presidenteólogo Hans Küng, presidenteeeeeda Fda Fda Fda Fda Fundação Ética Mundial, emundação Ética Mundial, emundação Ética Mundial, emundação Ética Mundial, emundação Ética Mundial, emararararartigo partigo partigo partigo partigo para o jornal La Ra o jornal La Ra o jornal La Ra o jornal La Ra o jornal La Repubblica,epubblica,epubblica,epubblica,epubblica,a 7 de Fa 7 de Fa 7 de Fa 7 de Fa 7 de Feeeeevvvvvererio passado, analisaererio passado, analisaererio passado, analisaererio passado, analisaererio passado, analisaos contros contros contros contros contrasasasasastttttes entre as posições does entre as posições does entre as posições does entre as posições does entre as posições dopresidentpresidentpresidentpresidentpresidente dos EUe dos EUe dos EUe dos EUe dos EUAAAAA, Bar, Bar, Bar, Bar, BarackackackackackObama, e as do Papa BentObama, e as do Papa BentObama, e as do Papa BentObama, e as do Papa BentObama, e as do Papa Bento XVI.o XVI.o XVI.o XVI.o XVI.

O Presidente Barack Obamaconseguiu, em um curto período detempo, retirar os Estados Unidos deum clima de desânimo e contra-re-formas, apresentando uma visão deesperança e introduzindo uma mu-dança estratégica na política inter-na e externa desse grande país.

O que faria um Papa se agisseno espírito de Obama?

Claramente, tal como Obama,ele afirmaria claramente que a Igre-ja Católica está em uma crise pro-funda e identificaria a origem do pro-blema: muitas congregações sempadres, um número ainda insufici-ente de novos candidatos ao sacer-dócio e um colapso oculto de estru-turas pastorais como resultado defusões impopulares de paróquias,um colapso que muitas vezes se de-senvolveu ao longo de séculos.

Proclamaria a visão da esperan-ça de uma Igreja renovada, um ecu-menismo revitalizado, um entendi-mento com os judeus, muçulmanose outras religiões mundiais e umaavaliação positiva da ciência moder-na.

Reuniria ao seu redor os colegasmais competentes, e não os homense mulheres “sim, senhor”, mas men-tes independentes, apoiados por es-pecialistas competentes e destemi-dos.

Iniciaria imediatamente as medi-das reformadoras mais importantespor decreto (“ordem executiva”); econvocaria um concílio ecumênicopara promover a mudança de rumo.

Mas nós podemos realmente fa-zer isso? «Yes, we can!»

A crise de W all Street equivaleà queda do Muro de Berlim Se Obama

fosse Papa

MMMMMarcarcarcarcarco Ao Ao Ao Ao Auréliuréliuréliuréliurélio Weissheimero Weissheimero Weissheimero Weissheimero Weissheimer

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É comum presumir-se uma perdade religiosidade nas gerações jovens.Um estudo de religiões, conduzidopela Fundação Bertelsmann, vê ten-dências em sentido contrário: ape-nas na Europa a juventude está niti-damente secularizada.

O ESPÍRITO ESPÍRITO ESPÍRITO ESPÍRITO ESPÍRITO DE SIDNEYO DE SIDNEYO DE SIDNEYO DE SIDNEYO DE SIDNEYPor ocasião da sua deslocação a

Sidney, na Austrália, para a JornadaMundial da Juventude, o papa foi en-tusiasticamente aclamado por cen-tenas de milhares de jovens. Trata-se de um fenómeno excepcional dedifícil explicação. Efectivamente, ob-servando os juvenis e os jovens detodo o mundo, conclui-se que elessão muito mais religiosos do que ge-ralmente se supõe. Fazendo umaapreciação global, estima-se quecerca de quatro em cada cinco jo-vens (85 por cento) são religiosos equase metade (44 por cento) mes-mo muito religiosos. Apenas 13 porcento não manifestam qualquer in-teresse por Deus ou pela fé.

É claro que ocorrem panoramasmuito divergentes em cada um dospaíses e entre as várias confissões.Enquanto nos estados islâmicos e nospaíses em desenvolvimento, a religi-osidade dos jovens adultos é parti-cularmente forte, na Europa os jo-vens, sobretudo os cristãos, mostram-se comparativamente mais distantesda religião.

Exemplificando: enquanto fora daEuropa 80 por cento de todos os jo-vens protestantes são muito religio-sos e 18 por cento, religiosos, entre

os jovens protestantes europeus ape-nas 7 por cento se declaram muitoreligiosos, enquanto 25 por cento de-vem ser considerados cadáveres nosficheiros das suas igrejas. O pano-rama é semelhante entre os jovenscatólicos. Nestes, enquanto 25 porcento dos europeus se considerammuito religiosos, fora da Europa são68 por cento. Dentre os jovens daEuropa de Leste e da Rússia apenasum em cada três é baptizado, a mai-oria deles perdeu qualquer referên-cia à fé e à Igreja. Apenas 13 porcento se declaram muito religiosos.Em contrapartida, o estudo pôdetambém constatar que, mundialmen-te, um em cada três jovens entrevis-tados, apesar de se terem declaradosem confissão, podem ser escalona-dos como pessoas religiosas.

PRÁTICA RELIGIOSA DPRÁTICA RELIGIOSA DPRÁTICA RELIGIOSA DPRÁTICA RELIGIOSA DPRÁTICA RELIGIOSA DA VIDA VIDA VIDA VIDA VIDAAAAA A imagem divergente no que res-

peita à religiosidade entre os jovensnos vários países e nas diversas con-fissões também existe relativamenteà sua prática religiosa. Enquanto empaíses muito religiosos, como a Ni-géria e a Guatemala, cerca de 90por cento dos jovens adultos decla-ram que rezam pelo menos uma vezpor dia; já em países como a Índia,Marrocos e a Turquia, são três emcada quatro entrevistados a fazê-lo.Entre os jovens europeus a oraçãoestá bastante fora de uso. Na Fran-ça apenas nove por cento dos jovensadmitem que rezam diariamente, naRússia, são oito por cento e, na Áus-tria, apenas sete por cento.

Entre os países in-dustrializados e“ocidentalizados”, porum lado, e os paísesem desenvolvimento,por outro, os EUA sãofenómeno excepcio-nal: nas gerações maisjovens há muito maispraticantes do que namaioria dos outros pa-íses ocidentais. Entreos jovens americanos

57 por cento declaram que rezamdiariamente. Nos movimentos religi-osos livres e nos pentecostais dosEUA praticamente só há jovens pra-ticantes, quase 90 por cento dosquais são mesmo muito praticantes.

Dizer que os jovens são menospraticantes que os seus pais e avós,é mais uma ideia típica da Europaocidental, que não traduz a realida-de universal. Efectivamente, nos pa-íses em desenvolvimento e nos esta-dos islâmicos, a prática religiosa en-tre os jovens não é menos intensivado que entre os restantes adultos. EmMarrocos, cerca de 99 por cento dosjovens acreditam em Deus e numavida para além da morte. Tambémentre os Brasileiros, os Turcos ou osNigerianos, a quota vai aos 90 porcento, enquanto em Israel, na Indo-nésia e na Itália, ronda os 80 porcento. Os países onde a preocupa-ção dos mais jovens pela fé é menosintensiva situam-se quase todos nocírculo da cultura ocidental desde aAustrália até à Espanha. É claro que,mesmo nestes, existem tendências emsentido contrário. Assim, na Grã-Bretanha a adesão à fé é mais fre-quente entre os mais jovens do quenos mais velhos. Por sua vez, os jo-vens israelitas mostram-se significa-tivamente mais firmes na fé do queos seus pais. Destas informações oDr. Martin Rieger, director do projectoReligionsmonitor na FundaçãoBertelsmann, infere: «A tese de quea religiosidade se vai perdendo con-tinuamente de geração para gera-ção, pode ser claramente refutadacom base nos nossos inquéritos fei-tos à escala mundial – também emmuitos estados industrializados.»

No plano social, os jovensocidentalizados dizem que a religiãonão tem qualquer influência sobre asconvicções políticas individuais. Masfora da Europa, pelo menos 67 porcento dos protestantes e 68 por cen-to dos adeptos das igrejas livres acei-tam a interdependência entre religi-osidade e sexualidade.

A juventude das jornadas mundiaisA juventude das jornadas mundiaisA juventude das jornadas mundiaisA juventude das jornadas mundiaisA juventude das jornadas mundiaisKirche In, 08/08 - Tradução de João SimãoKirche In, 08/08 - Tradução de João SimãoKirche In, 08/08 - Tradução de João SimãoKirche In, 08/08 - Tradução de João SimãoKirche In, 08/08 - Tradução de João Simão

A juvA juvA juvA juvA juventude do mundo é mais religiosa do que a fama que tentude do mundo é mais religiosa do que a fama que tentude do mundo é mais religiosa do que a fama que tentude do mundo é mais religiosa do que a fama que tentude do mundo é mais religiosa do que a fama que tememememem

Page 12: Espiral 35

espiralespiralespiralespiralespiral Responsável: Fernando FélixPraceta dos Malmequeres, 4 - 3.º Esq.Massamá / 2745-816 Queluze-mail: [email protected]

Boletim da AssociaçãoFraternit as Movimento

N.º 35 - Abril / Junho de 2009N.º 35 - Abril / Junho de 2009N.º 35 - Abril / Junho de 2009N.º 35 - Abril / Junho de 2009N.º 35 - Abril / Junho de 2009www.fraternitas.ptwww.fraternitas.ptwww.fraternitas.ptwww.fraternitas.ptwww.fraternitas.pt

Na Régua:Na Régua:Na Régua:Na Régua:Na Régua: José da Silva Pinto acompanha a suaMariazinha, que há 12 anos sofre Alzheimer, está há 5sem andar, tem 10 a 15 de intelecto... Mas afirma: «Sin-to que Deus é meus Amigo». Vai escrevendo para os trêsjornais da região:1, 2 ou 3 vezes por mês.

Em Aradas (Aveiro):Em Aradas (Aveiro):Em Aradas (Aveiro):Em Aradas (Aveiro):Em Aradas (Aveiro): Amílcar A. Sacadura faleceu a24 de Março. Partiu para a Vida Eterna numa fase emque a Maria Marina fazia tratamento de quimioterapia,na sequência da extracção de um peito.

Em LEm LEm LEm LEm Lamego:amego:amego:amego:amego: Realizou-se no Seminário Maior deLamego, no dia 4 de Abril, um encontro de padres dis-pensados do exercício ministerial, desta diocese, por con-vite do Reitor, P.e João António Pinheiro Teixeira, com acolaboração do J.B. Macedo, onde o filho João Pedro,é seminarista. Publicou a Voz de Lamego: «...Com umaatmosfera muito informal, havendo lugar para a parti-lha, para a Santa Missa e para a refeição. Comparece-ram 9 padres casados e 1 viúvo, sendo 5 casais daFraternitas. Almoçou connosco o Sr. Bispo, D. JacintoTomás Botelho.»

De Vila do Conde:De Vila do Conde:De Vila do Conde:De Vila do Conde:De Vila do Conde: Manuel de Sousa Gonçalvesescreveu, a 8 de Abril «Tenho recebido da Fraternitasmuitas provas de carinho... Embora muitas doenças setenham agravado, não justificam tudo... As células ma-lignas cancerosas já não reagem à quimioterapia, peloque foi suspensa agora a sua aplicação. Estou a tomar20 comprimidos diários. A diabetes muito alta obriga ainjectar insulina. Todavia sinto-me feliz, por poder asso-ciar-me à Paixão de Cristo e poder participar no PlanoRedentor de Deus.» E a 20 de Maio actualizou: «... Vol-tei periodicamente aos tratamentos de quimioterapia.Quanto às doenças? Ah são mimos de Deus!»

Em Cinfães:Em Cinfães:Em Cinfães:Em Cinfães:Em Cinfães: António Amaral Pinto é mestrando do2.º ano de Psicologia na Universidade Católica. «Sinto-me feliz.»

Em Fátima:Em Fátima:Em Fátima:Em Fátima:Em Fátima: Para o I Congresso dos Antigos Semina-ristas... e Encontro da Fraternitas, de 24 a 26 de Abril,foram muitos os casais que anunciaram não poder par-ticipar, e alguns até desistiram, por motivos de saúde deum deles, ou de familiares. Dos que estiveram, váriospartilham o que colheram lá nas páginas do »Espiral».

Em LisboaEm LisboaEm LisboaEm LisboaEm Lisboa: Francisco Sousa Monteiro ofereceu àFraternitas 18 livros dos seus dois já publicados. O ter-ceiro «O Teu Olhar Toca-me» saiu recentemente. É daEditorial Perpétuo Socorro.

Desde Silves: Desde Silves: Desde Silves: Desde Silves: Desde Silves: Escreveu o Rogério Carpentier, a 26de Abril «Parabéns? Já os recebi de Roma ao canoniza-rem o Beato Nuno de Santa Maria neste dia!... Ah, dasminhas tarefas, ainda esta semana presidi a funerais di-ariamente, excepto num dia, mas ontem foram 2... Sin-to-me feliz!»

Em Viseu:Em Viseu:Em Viseu:Em Viseu:Em Viseu: António Regadas, a 2 de Maio, é eleitosecretário da Direcção da ASEL (Associação dos Anti-gos Seminaristas de Lamego).

Desde Murça: Desde Murça: Desde Murça: Desde Murça: Desde Murça: Rogério Morais Teixeira, a 9 de Maio,conta que a Alcina recebe tratamentos de radioterapia(de segunda a sexta-feira), na sequência de tratamentosde quimioterapia, no IPO do Porto, e isto porque lhe foiextraído um peito. Encontra(va)-se no Lar do IPO.

No PNo PNo PNo PNo Porto:orto:orto:orto:orto: Horácio Neto Fernandes tem um novo li-vro: «Francisco Caboz - A construção e desconstruçãode um padre». Foi editado pela Editora Papito.

Dos Açores: Dos Açores: Dos Açores: Dos Açores: Dos Açores: Conta o Francisco Monteiro «O novoVigário Episcopal de São Miguel, Açores, P.e DoutorOctávio de Medeiros, numa iniciativa inédita no meioaçoreano, convidou os "irmãos no sacerdócio fora doexercício de Ordens" para um encontro, que teve lugarno passado dia 15 de Abril, no Convento da Esperan-ça, em Ponta Delgada.

Esta iniciativa foi bem acolhida por todos e uma opor-tunidade para partilhar, com seriedade e sentido de hu-mor, percursos de vida sempre diferentes mas com ele-mentos comuns. O próximo encontro promete ter a par-ticipação das mulheres dos padres "dispensados" e seruma interpelação eclesial para todos aqueles que, nasilhas açoreanas, ainda conservam preconceitos em re-lação aos padres que um dia casaram e assumiram novasresponsabilidades familiares e profissionais.»

De Viseu:De Viseu:De Viseu:De Viseu:De Viseu: O tesoureiro da Fraternitas, Luís Cunha,alerta que o Fundo de Partilha está sem fundos. Foram,e têm sido, vários a colaborar!... «Que a tua mão direi-ta não veja o que faz a mão esquerda!...»

Noticias endereçadas ao SecretariadoNoticias endereçadas ao SecretariadoNoticias endereçadas ao SecretariadoNoticias endereçadas ao SecretariadoNoticias endereçadas ao SecretariadoRRRRRua Pua Pua Pua Pua Profrofrofrofrof. Carlos Alberto P. Carlos Alberto P. Carlos Alberto P. Carlos Alberto P. Carlos Alberto Pinto de Abreu, 33 - 2.º Esq.into de Abreu, 33 - 2.º Esq.into de Abreu, 33 - 2.º Esq.into de Abreu, 33 - 2.º Esq.into de Abreu, 33 - 2.º Esq.

3040 -245 Coimbra | [email protected] -245 Coimbra | [email protected] -245 Coimbra | [email protected] -245 Coimbra | [email protected] -245 Coimbra | [email protected]

VIDA DA FRATERNITAS

1.1.1.1.1. Ninguém é indiferente às necessidades dos ou-tros. Mas, quando os atingidos são os nossos, os quenos são mais próximos (familiares, companheiros de jor-nada ou de ideal), certamente mobilizamo-nos mais.

2.2.2.2.2. Só é possível continuar a acorrer a casos de ver-dadeira necessidade se partilharmos tambémpartilharmos tambémpartilharmos tambémpartilharmos tambémpartilharmos também. Por isso,não esperes que te batam expressamente à porta. Deci-de-te: partilha com os outros através do Movimento.

3.3.3.3.3. Vá já à caixa do multibanco mais próxima e fazuma transferência interbancária para a conta n.º 00330033003300330033000045218426660 05000045218426660 05000045218426660 05000045218426660 05000045218426660 05. O montante é apenas da tuaconta e da de Deus. Irá direitinho para quem precisa!Manda o comprovativo e dá conhecimento da finalida-de, porque também podes depositar na mesma contabancária o valor da quota anual de sócio: 30 euros -casal; 20 euros - pessoa singular; ou contribuir para oboletim «Espiral».

9.9.9.9.9. Utiliza, se necessário, para os efeitos indicados,qualquer dos seguintes contactos:

[email protected] | tel: 232459478Luis Cunha | Estrada Velha de Abraveses, 2923515-124 Viseu

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