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N.º 31 - Abril / Junho de 2008 boletim da associação FRA FRA FRA FRA FRATERNIT TERNIT TERNIT TERNIT TERNITAS AS AS AS AS MOVIMENTO MOVIMENTO MOVIMENTO MOVIMENTO MOVIMENTO espiral cAROS cAROS cAROS cAROS cAROS aMIGOS aMIGOS aMIGOS aMIGOS aMIGOS e e e e e AMIG AMIG AMIG AMIG AMIGAS T endo chegado de Fátima, depois do último retiro, de 24 a 27 de Abril, voltei a ler a carta que o Vasco me enviou uns tempos antes. De facto, as palavras do nosso amigo tinham outra finalidade bem patente, que na altura não entendi. Depois, o Sampaio Ferreira, muito mais espevitado do que eu, fez-me abrir os olhos pelo facto de ele não ter recebido carta semelhante. Pe- rante a não apresentação de uma lista pela Direc- ção cessante, pus-me a reflectir…e tirei algumas conclusões. Os factos seguintes já todos os que estiveram em Fátima os conhecem. O que disse na altura era a verdade sincera e pura como a sentia: mal sei falar, mal sei escrever, não domino as novas tecnologi- as... enfim sou um quase analfabeto. Que querem agora que eu faça? Com estas carências todas, mesmo assim, fez-se uma lista e foi eleita. Que havemos de fazer? Eis a grande questão… D esde já, colocamo-nos à disposição do gru- po, faremos o que pudermos, iremos até onde for possível. O que nos faltar será suprido com a boa vontade e ajuda de todos. O nosso movimento de espiritualidade e de ac- O nosso movimento de espiritualidade e de ac- O nosso movimento de espiritualidade e de ac- O nosso movimento de espiritualidade e de ac- O nosso movimento de espiritualidade e de ac- ção não pode esmorecer nem parar ção não pode esmorecer nem parar ção não pode esmorecer nem parar ção não pode esmorecer nem parar ção não pode esmorecer nem parar. T . T . T . T . Temos de ir emos de ir emos de ir emos de ir emos de ir em frente. F em frente. F em frente. F em frente. F em frente. Foi para isso que esta Direcção aceitou oi para isso que esta Direcção aceitou oi para isso que esta Direcção aceitou oi para isso que esta Direcção aceitou oi para isso que esta Direcção aceitou a cruz. Alguém tem de a transportar e levar até ao a cruz. Alguém tem de a transportar e levar até ao a cruz. Alguém tem de a transportar e levar até ao a cruz. Alguém tem de a transportar e levar até ao a cruz. Alguém tem de a transportar e levar até ao calvário da nossa entrega nas mãos do P calvário da nossa entrega nas mãos do P calvário da nossa entrega nas mãos do P calvário da nossa entrega nas mãos do P calvário da nossa entrega nas mãos do Pai, da Mãe ai, da Mãe ai, da Mãe ai, da Mãe ai, da Mãe e da Igreja. F e da Igreja. F e da Igreja. F e da Igreja. F e da Igreja. Foi só a pensar nas palavras do Senhor oi só a pensar nas palavras do Senhor oi só a pensar nas palavras do Senhor oi só a pensar nas palavras do Senhor oi só a pensar nas palavras do Senhor Jesus nos caminhos da Sua Cruz que nós também Jesus nos caminhos da Sua Cruz que nós também Jesus nos caminhos da Sua Cruz que nós também Jesus nos caminhos da Sua Cruz que nós também Jesus nos caminhos da Sua Cruz que nós também dissemos “ dissemos “ dissemos “ dissemos “ dissemos “faça- faça- faça- faça- faça-se, Senhor se, Senhor se, Senhor se, Senhor se, Senhor, a T , a T , a T , a T , a Tua vontade”. ua vontade”. ua vontade”. ua vontade”. ua vontade”. E ste é o nosso projecto. O resto será com to- dos e com os meios de que dispomos, e as condições em que nos movemos. Não poderemos agitar grandes massas. Não poderemos levantar grandes tempestades. Ainda nos falta percorrer muito caminho, modificar muitas mentalidades, abrir a so- ciedade para os verdadeiros problemas com que ac- tualmente se debate. Os muros da resistência à mudança são muito fortes e sólidos, mas iremos com serenidade, prudência e bom senso dar a cara por Aquele em Quem acreditamos e por Quem nos ama- mos uns aos outros. Com ajuda, compreensão e paz de espírito tal- vez se possa ainda fazer alguma coisa para bem de todos. Nós também somos Igreja responsável e cons- ciente, povo de Deus caminhante no meio deste mun- do complexado e angustiado. Não podemos esque- cer o que somos, nem abafar a voz do Espírito San- to que habita em nós e sempre nos vai falando e orientando. H á muito a fazer, e todos sabemos que a Mãe Igreja não pode dar-se ao luxo de ser per- dulária e não aproveitar os valores e os dons da- queles que se lhe entregaram completamente, numa linha de evolução natural e histórica. As verdades evidentes não se podem negar ou esconder. São passos que fazem sangrar, mas este sangue também é redentor e semente de novas verdades e vidas. Vamos todos colaborar dando o que temos e so- mos, para sermos pioneiros e despertadores da cons- ciência hierárquica, numa Igreja que todos quere- mos actualizada e voltada para a modernidade. Assim o cremos e vamos trabalhar nesse sentido. Serafim de Sous Serafim de Sous Serafim de Sous Serafim de Sous Serafim de Sousa

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N.º 31 - Abril / Junho de 2008

boletim da associação FRAFRAFRAFRAFRATERNITTERNITTERNITTERNITTERNITASASASASAS MOVIMENTOMOVIMENTOMOVIMENTOMOVIMENTOMOVIMENTO

espiralcAROScAROScAROScAROScAROS aMIGOSaMIGOSaMIGOSaMIGOSaMIGOS

e e e e e AMIGAMIGAMIGAMIGAMIGAAAAASSSSSTendo chegado de Fátima, depois do último

retiro, de 24 a 27 de Abril, voltei a ler acarta que o Vasco me enviou uns tempos

antes. De facto, as palavras do nosso amigo tinhamoutra finalidade bem patente, que na altura nãoentendi. Depois, o Sampaio Ferreira, muito maisespevitado do que eu, fez-me abrir os olhos pelofacto de ele não ter recebido carta semelhante. Pe-rante a não apresentação de uma lista pela Direc-ção cessante, pus-me a reflectir…e tirei algumasconclusões.

Os factos seguintes já todos os que estiveram emFátima os conhecem. O que disse na altura era averdade sincera e pura como a sentia: mal sei falar,mal sei escrever, não domino as novas tecnologi-as... enfim sou um quase analfabeto. Que queremagora que eu faça? Com estas carências todas,mesmo assim, fez-se uma lista e foi eleita. Quehavemos de fazer? Eis a grande questão…

Desde já, colocamo-nos à disposição do gru-po, faremos o que pudermos, iremos até

onde for possível. O que nos faltar será suprido coma boa vontade e ajuda de todos.

O nosso movimento de espiritualidade e de ac-O nosso movimento de espiritualidade e de ac-O nosso movimento de espiritualidade e de ac-O nosso movimento de espiritualidade e de ac-O nosso movimento de espiritualidade e de ac-ção não pode esmorecer nem pararção não pode esmorecer nem pararção não pode esmorecer nem pararção não pode esmorecer nem pararção não pode esmorecer nem parar. T. T. T. T. Temos de iremos de iremos de iremos de iremos de irem frente. Fem frente. Fem frente. Fem frente. Fem frente. Foi para isso que esta Direcção aceitouoi para isso que esta Direcção aceitouoi para isso que esta Direcção aceitouoi para isso que esta Direcção aceitouoi para isso que esta Direcção aceitoua cruz. Alguém tem de a transportar e levar até aoa cruz. Alguém tem de a transportar e levar até aoa cruz. Alguém tem de a transportar e levar até aoa cruz. Alguém tem de a transportar e levar até aoa cruz. Alguém tem de a transportar e levar até aocalvário da nossa entrega nas mãos do Pcalvário da nossa entrega nas mãos do Pcalvário da nossa entrega nas mãos do Pcalvário da nossa entrega nas mãos do Pcalvário da nossa entrega nas mãos do Pai, da Mãeai, da Mãeai, da Mãeai, da Mãeai, da Mãee da Igreja. Fe da Igreja. Fe da Igreja. Fe da Igreja. Fe da Igreja. Foi só a pensar nas palavras do Senhoroi só a pensar nas palavras do Senhoroi só a pensar nas palavras do Senhoroi só a pensar nas palavras do Senhoroi só a pensar nas palavras do SenhorJesus nos caminhos da Sua Cruz que nós tambémJesus nos caminhos da Sua Cruz que nós tambémJesus nos caminhos da Sua Cruz que nós tambémJesus nos caminhos da Sua Cruz que nós tambémJesus nos caminhos da Sua Cruz que nós também

dissemos “dissemos “dissemos “dissemos “dissemos “faça-faça-faça-faça-faça-se, Senhorse, Senhorse, Senhorse, Senhorse, Senhor, a T, a T, a T, a T, a Tua vontade”.ua vontade”.ua vontade”.ua vontade”.ua vontade”.

Este é o nosso projecto. O resto será com to-dos e com os meios de que dispomos, e as

condições em que nos movemos. Não poderemosagitar grandes massas. Não poderemos levantargrandes tempestades. Ainda nos falta percorrer muitocaminho, modificar muitas mentalidades, abrir a so-ciedade para os verdadeiros problemas com que ac-tualmente se debate. Os muros da resistência àmudança são muito fortes e sólidos, mas iremos comserenidade, prudência e bom senso dar a cara por

Aquele em Quem acreditamos e por Quem nos ama-mos uns aos outros.

Com ajuda, compreensão e paz de espírito tal-vez se possa ainda fazer alguma coisa para bem detodos. Nós também somos Igreja responsável e cons-ciente, povo de Deus caminhante no meio deste mun-do complexado e angustiado. Não podemos esque-cer o que somos, nem abafar a voz do Espírito San-to que habita em nós e sempre nos vai falando eorientando.

Há muito a fazer, e todos sabemos que a MãeIgreja não pode dar-se ao luxo de ser per-

dulária e não aproveitar os valores e os dons da-queles que se lhe entregaram completamente, numalinha de evolução natural e histórica. As verdadesevidentes não se podem negar ou esconder. Sãopassos que fazem sangrar, mas este sangue tambémé redentor e semente de novas verdades e vidas.Vamos todos colaborar dando o que temos e so-mos, para sermos pioneiros e despertadores da cons-ciência hierárquica, numa Igreja que todos quere-mos actualizada e voltada para a modernidade.

Assim o cremos e vamos trabalhar nesse sentido.Serafim de SousSerafim de SousSerafim de SousSerafim de SousSerafim de Sousaaaaa

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Começo por dizer que não me detenho sobreo que fui. É um passado que assumo. Mas

devo adiantar que, na minha actual situação, me sintointeiramente despreocupado no foro da minha cons-ciência. Por outro lado, considero que é uma lufadade ar fresco o facto de entre nós, membros daFraternitas, no agradável convívio que todos os anosnos reúne em Fátima, não nos carpirmos com mor-nos sentimentos de culpa por termos tido a cora-gem, sim a coragem, de havermos dado o passoque demos. E aqui registe-se uma palavra de preitoe admiração por aquelas que aceitaram, com a mes-ma coragem, se não mais ainda, serem nossas com-panheiras de vida e mães dos nossos filhos e suaseducadoras admiráveis.

Por detrás de tudo isto, como nuvem cinzenta,está a milenar lei do celibato (Concílio de Elvira notermo do primeiro milénio). Isto é, durante os primei-ros mil anos de cristianismo, o celibato foi opçãolivre e não obrigação imposta.

Quando no Sínodo de 1971, com atraso de dezséculos, Roma trouxe a debate o celibato, houve umamovimentação no mundo católico. Foi feito um in-quérito em cada diocese e alguns resultados quetranspiraram ––––– na Igreja também há fugas de infor-mação ––––– davam como aprovada maioritariamentepelo clero de vários países a opcionalidade do celi-bato. Estranhamente, Paulo VI, que teve a iniciativade abrir esta consulta ao clero de todo o mundo,

ARES DA FRATERNITAS…

PPPPPaaaaacheccheccheccheccheco de Andradeo de Andradeo de Andradeo de Andradeo de Andrade

depois recuou, não resistiu a fazer uma contraditóriapressão, advertindo quer os bispos quer o clero paranão se deixarem influenciar. Do meu ver pessoal, achoque esta intervenção foi um desastre, porque inquinoutodo o processo de consulta. Era uma intromissãona liberdade de cada um, depois de ter reconhecidoesta. E, no entanto, eu nessa altura defendia o celi-bato. Foi a partir daí que comecei a achá-lo abusiva-mente impositivo como obrigação. Uma lei positivaa atropelar um direito natural

Vem isto a propósito de quê? Fala-se muito emescassez de vocações. Penso, às vezes, nos nossosencontros da Fraternitas, em quantos daqueles queali vão não voltariam a exercer, se acontecesse aabertura que, suponho virá, um dia mais à frente eque poderá demorar um século, se Roma olhar comrealismo a situação de uma Igreja na qual o númerode padres irá diminuindo.

Pessoalmente, devo dizer que não renego o meupassado. Mas que não alimento qualquer nostalgiaque me desvie do meu presente. Sinto-me bem comoestou, e a minha consciência apenas me exige queseja fiel ao meu matrimónio e ame a minha mulher eo meu filho.

Não sei quantos movimentos, paritários daFraternitas, existirão no mundo. De qualquer modo,não deveria ser indiferente ao Vaticano que os cercade 150 mil padres impedidos de exercerem o múnussacerdotal continuem à margem do altar. Trata-sede um enorme problema. Para mim, não é proble-ma. Para Roma, é. Dela depende que deixe de o ser.

Três dias cheios e em cheio os que foram pas--sados em Fátima. Os temas escolhidos fo-

ram adequadamente tratados e aprofundados.A or-ganização e o funcionamento do Encontro roçarama perfeição, muito se devendo aos que directamentenele se envolveram.

Fraternitas significa fraternidade e o encontro tevemuito de fraterno, de sentido de união e compromis--so. Nós, viúvas que vivemos sempre perto do altar,sentimo-nos em Fátima mais estreitamente ligadasao Céu. A par da saudade sentida por todas, avivência em comum, a troca aberta e franca de im-pressões, trouxe-nos a certeza de que não é o isola-mento e a solidão que nos devem dominar, porqueos valores eternos fazem ressurgir, a cada instante, aesperança e a convicção profundas de que não es-tamos sós.

O Encontro foi, além do mais, um espaço de di-álogo e de vivências, dando a cada um e a cadauma a oportunidade de emitir a sua opinião sobre

XV Encontro Nacional os temas propostos e, da sua síntese, resultou emtodos uma paz propícia, uma calma saudável, tudoconduzindo a um melhor conhecimento e entendi-mento entre os presentes.

As amizades que já existiam fortaleceram-se. To-dos os membros da Fraternitas devem envidar esfor-ços para, em maior número, participarem em futu-ros encontros porque, através deles, a alma enche-se de tranquilidade, dado que a reflexão (ou medita-ção) realizada, além de actualizada no pensamentoe sã doutrina, é bálsamo salutar para a nossa vida.

Como disse alguém: «O passado é o suporte e ogarante de bom senso, da lucidez, da intuição, daexperiência e, nesses termos, o caminho para ummaravilhoso futuro (…) Eu tenho saudade do futuro.Saudade por uma Igreja ainda mais aberta, maisacolhedora, mais descentralizada, porque Deus pôs-nos olhos na testa para olharmos em frente».

Tudo isto a propósito de que a Fraternitas é futuroe futuro certo, estável, porque os seus membros tam-bém tiveram um passado consciente.

O nosso matrimónio é um acto de coragem

MMMMMaria de São José Maria de São José Maria de São José Maria de São José Maria de São José Mararararartins Rebelotins Rebelotins Rebelotins Rebelotins Rebelo

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De 24 a 27 de Abril passado, a De 24 a 27 de Abril passado, a De 24 a 27 de Abril passado, a De 24 a 27 de Abril passado, a De 24 a 27 de Abril passado, a AssociaçãoAssociaçãoAssociaçãoAssociaçãoAssociaçãoFFFFFraternitas Movimentoraternitas Movimentoraternitas Movimentoraternitas Movimentoraternitas Movimento organizou, em Fátima, organizou, em Fátima, organizou, em Fátima, organizou, em Fátima, organizou, em Fátima,na Casa Domus Carmeli, um retiro para seusna Casa Domus Carmeli, um retiro para seusna Casa Domus Carmeli, um retiro para seusna Casa Domus Carmeli, um retiro para seusna Casa Domus Carmeli, um retiro para seusfiliados, padres dispensados do ministério e suasfiliados, padres dispensados do ministério e suasfiliados, padres dispensados do ministério e suasfiliados, padres dispensados do ministério e suasfiliados, padres dispensados do ministério e suasfamíliasfamíliasfamíliasfamíliasfamílias.

O XV Encontro Nacional da Fraternitas,este ano, foi um intenso retiro espiritual. O temade reflexão foi: «O que é, e como ser cristão eIgreja hoje». Orientou os trabalhos o conhecidobiblista dos Açores, Dr. Artur Cunha Oliveira,

também membro da Fraternitas, e autor de váriosestudos bíblicos de grande profundidade. E, entreoutros méritos, faz parte do seu currículo ter sidorepresentante de Portugal na Organização das Na-ções Unidas (ONU) para assuntos sociais.

O Dr. Artur Cunha começou por nos conduzir àreflexão sobre o que se pensa hoje, no mundo,acerca da Salvação e, também, se há a consciên-cia da sua necessidade. Baseando-se, depois, nosEvangelhos e nos Actos dos Apóstolos, reflectimossobre o que Cristo exige de nós: «Sereis minhas

testemunhas…». Examinámos o que nos fa-cilita e o que nos dificulta essa missão.

Analisando um trecho de S João (1Jo.4,7-21), vimos como o apóstolo insiste em refe-rir as palavras «Amar» e «Amor», sobretudocomo constitutivos do ser e do agir cristão.

Nos vários trabalhos de grupo reflecti-mos sobre a crise que afecta o mundo, oqual vai perdendo o sentido dos verdadei-ros valores. E também sobre a crise da pró-pria Igreja, que somos todos nós. Há mui-tos sinais de crise que temos de saber en-frentar com toda a esperança de filhos deDeus.

Teve grande impacto na nossa consci-ência a pergunta que rematou estes traba-lhos: «O que é que, enquanto Fraternitas,nos sentimos, individual e colectivamente,

comprometidos a fazer para melhorar, ou mesmoinverter, as situações no que tange à preparaçãoda Igreja para a sociedade que aí vem?».

Foram vários dias de uma actividade profundaque nos marcou! Jamais serão esquecidos. Por gra-ça divina, todos os anos estes encontros de refle-xão e de estudo nos têm enriquecido nos cami-nhos de Deus. E a união, a fraternidade, ainterajuda e a alegria que ali se viveram são bem otestemunho de uma família que se sente unida paraa construção de um mundo novo e de uma Igrejaverdadeiramente Mãe!...

MMMMManuel Panuel Panuel Panuel Panuel Paivaivaivaivaivaaaaa

Inesquecível

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e-mail: [email protected] * página oficial na Internet: www.fraternitas.pt * e-mail: [email protected] * página oficial na Internet: www

espiralespiralespiralespiralespiral4

Como ser CRISTÃO e IGREJA, hojeO tO tO tO tO tema escolhidoema escolhidoema escolhidoema escolhidoema escolhidopelo Drpelo Drpelo Drpelo Drpelo Dr. Ar. Ar. Ar. Ar. Artur de Olivtur de Olivtur de Olivtur de Olivtur de Oliveireireireireiraaaaaparparparparpara o Encontro Na o Encontro Na o Encontro Na o Encontro Na o Encontro Nacionalacionalacionalacionalacionalda Fda Fda Fda Fda Frrrrratatatataternitas, em Fátima,ernitas, em Fátima,ernitas, em Fátima,ernitas, em Fátima,ernitas, em Fátima,desendesendesendesendesenvvvvvolvolvolvolvolveu-se inteu-se inteu-se inteu-se inteu-se interererereractivactivactivactivactivamentamentamentamentamenteeeeecom os parcom os parcom os parcom os parcom os participantticipantticipantticipantticipantes,es,es,es,es,mediantmediantmediantmediantmediante quese quese quese quese questionários, e grtionários, e grtionários, e grtionários, e grtionários, e graçasaçasaçasaçasaçasà inà inà inà inà invulgar sabedoria tvulgar sabedoria tvulgar sabedoria tvulgar sabedoria tvulgar sabedoria teológicaeológicaeológicaeológicaeológicae humanise humanise humanise humanise humanistatatatataque é reconhecida ao orque é reconhecida ao orque é reconhecida ao orque é reconhecida ao orque é reconhecida ao oradoradoradoradorador.....

PoPoPoPoPor: alípir: alípir: alípir: alípir: alípio afonsoo afonsoo afonsoo afonsoo afonso

Como ser cristão, hoje?Como testemunhar eviver Jesus Cristo no

nosso mundo, dia a dia mais auto--humanista? Estas perguntas for-maram a questão global que diri-giu os três dias do Encontro Naci-onal da Fraternitas.

Estas questões obrigaram adefinir a essência do Cristianismo,na actual realidade social portu-guesa: Doutrina versus Modo deVida, ajudados pelo seguinte qua-dro estatístico:

– menos de 25 por cento dosbaptizados celebram o Domingo;

– só cerca de 50 por cento doscasamentos são religiosos;

– 31 por cento dos nascimen-tos são-no fora do matrimónio;

– estão a acontecer 4,8 porcento de divórcios por cada dezcasamentos.

As questões que nos fizeramreflectir assentaram em duas pre-missas: uma contra os pregoeirosda desgraça, afirma que «As por-tas do Inferno nada poderão con-tra ela (Igreja)». A outra confia nassucessivas gerações, que jamaisdeixarão de por em prática a or-dem do Mestre: «Sereis minhas tes-temunhas até ao fim dos tempos.»

A IGREJA FA IGREJA FA IGREJA FA IGREJA FA IGREJA FALA DOALA DOALA DOALA DOALA DOMESMO CRISTMESMO CRISTMESMO CRISTMESMO CRISTMESMO CRISTOOOOO, MAS RENO, MAS RENO, MAS RENO, MAS RENO, MAS RENOVVVVVAAAAA-----SE DIALSE DIALSE DIALSE DIALSE DIALOGANDO COM OOGANDO COM OOGANDO COM OOGANDO COM OOGANDO COM OMUNDO EM MUDMUNDO EM MUDMUNDO EM MUDMUNDO EM MUDMUNDO EM MUDANÇAANÇAANÇAANÇAANÇA

O conhecimento histórico daIgreja mostra-no-la a dialogar per-

manentemente com a sociedadeenvolvente, usando de modoscatequéticos diferenciados. Assim,enquanto organismo social vivo, aIgreja catequética acompanha asmudanças sociais.

Foi fechada nos três primeirosséculos, pública e unitária até aoséculo décimo… No século XVIII,para responder aos novos proble-mas veiculados pela RevoluçãoFrancesa, passou por uma grandereforma catequético-apologética.Hoje está a necessitar de uma novareadaptação, face à nova crisesocial de valores, despoletada coma última revolução francesa deMaio de 68.

A chave mestra de todas asadaptações sempre foi, e continu-ará a ser, a projecção da imagemde Jesus na vida dos cristãos. Umaprojecção nas duas vertentes davida: enquanto indivíduos e en-quanto membros da comunidade.Ou seja, hoje como ontem, o re-médio contra a descristianizaçãoestá em testemunhar Jesus Deus eHomem, interiormente e social-mente. E hoje de modo mais clari-ficado que noutros tempos, faceaos progressos das ciências huma-nas.

Impõe-se-nos despojar a ima-gem de Jesus de muitas roupagensmenos translúcidas, vindas do pas-sado: as quantas ofuscam o SeuRosto Humano, oferecido a todosos homens, dado que a todos estáa convidar para a mesa do Reino.

A sociedade está a reger-se porsinais, dia a dia mais clarificadose humanistas. Os que não se tor-nam compreensíveis morrem e osdistorcidos são combatidos. Emvários aspectos, a imagem de Je-sus e de toda a Sua mensagem vei-culada pela catequese tradicionalestá distorcida face às novas cer-tezas científicas.

Jesus é a imagem do Pai:«Quem Me vê, vê o Pai». Na rela-ção com o Pai e o Espírito, Jesus éa visibilidade do Deus de Amorconcreto, que actua em todos, se-gundo as necessidades de cadaqual. Um Amor do tamanho dagrandeza de Quem se oferece portodos os homens , e a maior pro-va de amor é dar a vida pelos ami-gos e Jesus disse aos seus discípu-los «Vós sois meus amigos» – in-cluindo os judas de todos os tem-pos. Por isso, mais que mostrar Je-sus na cruz, há que mostrá-Lo nasnossas vidas, mediante actos con-cretos de amor.

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.fraternitas.pt * e-mail: [email protected] * página oficial na Internet: www.fraternitas.pt * e-mail: [email protected] * página oficial na Internet: www.fraternitas.pt * e-mail: [email protected]

Fraternitas fez retiro espiritual

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Como epílogo das reflexõesem assembleia e em grupo, o Dr.Artur Oliveira distribuiu um textoda primeira carta de S. João(1Jo.4,7-21):

7) Caríssimos, amemo-nos unsaos outros, porque o amor vemde Deus e todo aquele que amanasceu de Deus.

9) E o amor de Deus manifes-tou-se desta forma no meio denós: Deus enviou ao mundo o SeuFilho Unigénito para que, por Ele,tenhamos a vida.

10) É nisto que está o amor:não fomos nós que amamos aDeus, mas foi Ele mesmo que nosamou e enviou o seu Filho comovítima de Expiação pelos nossospecados.

11) Caríssimos, se Deus nosamou assim, também nós deve-mos amar-nos uns aos outros.

12) A Deus nunca ninguém viu.Se nos amarmos uns aos outros,Deus permanece em nós e o Seuamor chega à perfeição em nós.

14) Nós o contemplamos e da-mos testemunho de que o Pai en-viou o seu Filho como Salvador doMundo. Quem confessar que Je-sus Cristo é o Filho de Deus, Deuspermanece nele e ele em Deus.

20) Se alguém disser: Eu amoa Deus mas tiver ódio ao seu ir-mão, esse é mentiroso; pois aque-le que não ama a seu irmão quevê como pode amar a Deus quenão vê?

21) E nós recebemos dele omandamento: quem ama a Deus,ame também o irmão.

No texto completo menciona-se o verbo amar – quinze vezes(amor activo) e o substantivo amor– doze vezes.

Este texto encerra os dois man-damentos: Amar a Deus sobre to-das as coisas e ao próximo comoa nós mesmos.

Por fidelidade ao seu contexto,muito pó há para sacudir nas ac-tuais catequeses e homilias, o pódisciplinar obsoleto e de algumamoralidade doentia. A sua exe-gese, aliada aos progressos cien-tíficos sócio-humanistas, interpe-lam e, a nós, deixam perceber quea Fraternitas está a contribuir paralimpar da Igreja algum do pó cin-zento depositado nos velhos tem-pos obscuros, pois ela funcionacomo um pouco de fermento, des-tinado à clarificação da essênciado ser-se cristão nos nossos dias,que passa por uma forma mais cla-ra de actuar o mandamento novo:«Amai-vos como Eu vos amei».

Deus, que é Amor, ensina a amar

Em vez de orientar umCurso, pensei propor,aos colegas da

Fraternitas, un retiro espiritual, unsdias de reflexão e oração.

Sugeri rezarmos as Laudes e,em seguida, iria expor os temas,orientando todo o trabalho nosentido de reflexão em grupo e,depois, em plenário

Como tema de base, adopteia crise cultural que se vem dese-nhando há décadas entre a cultu-ra da comunidade cristã (católica)e a cultura da comunidade civil.O fosso é evidente: a sociedadecivil não acredita no que prega,ensina e faz a Igreja, e esta aindanão encontrou modo e jeito de sefazer entender por aquela e atraí-la. Servi-me de questionários evali-me de dados estatísticos, mui-tos e diferenciados dados estatís-ticos, através dos quais se demons-tra o divórcio entre a Igreja actuale a actual evolução cultural da so-

ciedade civil.O diagnóstico é severo: anda-

mos a dormir, agarrados a um pas-sado doutrinal e espiritual que jádeu o que tinha a dar. A socieda-de não percebe, e por isso não seinteressa, pelo que a actual Igrejaprega - o que, em confronto coma cultura, com a informação cien-tífica e a realidade da vida, bradapor vezes aos céus.

Foi abundante o que procureidar e o que o grupo esmiuçou,para nos despertarmos mutuamen-te, e às pessoas das nossas comu-nidades de origem, comprovandoque andamos a dormir e já nãosomos as testemunhas que fomoschamadas a ser por Jesus Cristo.

É verdade que nem tudo estámal, mas é real que não tem sen-tido para a sociedade de hoje oque a Igreja faz e diz e prega. Umexemplo: há muito que a hierar-quia emendou o «dividas» do Pai-Nosso, pelo «ofensas», que é a re-

alidade e se compreende. Mascontinua, na celebração do Bap-tismo, a perguntar se cremos na«ressurreição da carne»(!). O mun-do culto e da ciência ri-se e temrazão, quando era tão fácil corri-gir a linguagem, como se fez noPai-Nosso, para «Crês na ressur-reição das pessoas?»; ou então,«...dos mortos», como se já se dizno Credo.

ArArArArArtur Otur Otur Otur Otur Oliveiraliveiraliveiraliveiraliveira

A.AA.AA.AA.AA.A

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VEMOS, OUVIMOS, LEMOSNão podemos ignorar

PoPoPoPoPor: Cr: Cr: Cr: Cr: Carlos Leonelarlos Leonelarlos Leonelarlos Leonelarlos Leonel

É nossa intÉ nossa intÉ nossa intÉ nossa intÉ nossa intenção mantenção mantenção mantenção mantenção manter eser eser eser eser esta coluna no «Espirta coluna no «Espirta coluna no «Espirta coluna no «Espirta coluna no «Espiral» aberal» aberal» aberal» aberal» aberta à colaborta à colaborta à colaborta à colaborta à colaboração de tação de tação de tação de tação de todos,odos,odos,odos,odos,parparparparpara dar a conhecer noa dar a conhecer noa dar a conhecer noa dar a conhecer noa dar a conhecer notícias e situações que nos possam inttícias e situações que nos possam inttícias e situações que nos possam inttícias e situações que nos possam inttícias e situações que nos possam interessar e que não podemos ignoreressar e que não podemos ignoreressar e que não podemos ignoreressar e que não podemos ignoreressar e que não podemos ignorararararar.....

EsperEsperEsperEsperEsperamos a vamos a vamos a vamos a vamos a vossa colaborossa colaborossa colaborossa colaborossa colaboração paração paração paração paração para o próximo número.a o próximo número.a o próximo número.a o próximo número.a o próximo número.

Este antigo arcebispo de Milão, considerado como

oposto ideologicamente a JoãoPaulo II, e que vive actualmenteem Jerusalém, acaba de publicarum livro com o título «ColóquioNocturno em Jerusalém».

Reconhece, muito sinceramen-te, as dúvidas e hesitações quesente. Admite ter dificuldades defé, em particular sobre a morte deCristo na cruz: «Mesmo como bis-po, algumas vezes não podia olharum crucifixo, porque a interroga-ção me atormentava.»

D. Martini deixa adivinhar o seusofrimento face a uma Igreja quese fecha sobre si mesma, e se fe-cha à esperança do Vaticano II:«Somos uma Igreja jovem! Os seus

COLÓQUIOS DO CARDEAL MARTINI

No Brasil, vinte mil padresescreveram ao papa, em

Fevereiro de 2008, pedindo o fimdo celibato obrigatório e sugerin-do a possibilidade de os sacerdo-tes casados, que o desejarem, re-gressarem ao exercício do minis-tério.

PADRES CASADOS BRASILEIROS

sonhos são cruelmente desiludi-dos.»

A propósito do celibato eclesi-ástico, reconhece que nem todosos padres têm esse carisma e que,sem dúvida, é necessário rever comurgência a lei da Igreja sobre esteassunto. Diz que é preciso encon-trar outras soluções, e refere, con-cretamente, a solução da ordena-ção sacerdotal de mulheres.

Para o conjunto de questões éti-cas, o cardeal Martini diz que é pre-ciso compreender que Deus temsempre vistas mais largas e maisesclarecidas do que os seus servi-dores. Deus é maior do que o nos-so coração!

É um belo livro que, pena, nãoestá traduzido para português.

A Cúria Romana não gostouque a Conferência Episcopal Bra-sileira (CNBB) tivesse dado publici-dade a este documento e fez notaro seu desagrado.

O episcopado brasileiro apre-sentou desculpas ao Vaticano pela«fuga» do documento.

A todos os níveis da Cúria Ro-mana, o Papa Bento XVI estarádesejoso de substituir todos aque-les de quem suspeita complacên-cia para com certas franjas libe-rais e progressistas da Igreja, in-cluindo o patrão do Santo Ofício.

BENTO XVI NÃO TEM CONFIANÇA NO SANTO OFÍCIO

Entre as substituídos inclui-se ocardeal Levada, escolhido porRatzinger para o suceder na Con-gregação para a Doutrina da Fé.Também o cardeal Saraiva Martinsfoi substituído pelo arcebispo An-gelo D’Amato.

T em por título «FreiBernardo». O autor é

Antonino Mendonça, padre dis-pensado do exercício. A obra foiapresentada no dia 31 de Maio,durante a Feira do Livro de Lisboa.

A plateia era numerosa e inte-ressada. Teve a chancela da apre-sentação de Frei Bento Domingose o prelo é da Editora Multinova.

Frei Bento começou por fazeruma eloquente abordagem bíbli-ca do código de santidade do An-tigo Testamento (A.T.), do pratica-do por Jesus Cristo, e confrontou-os com o da Igreja actual. Em sín-tese, afirmou que a Igreja está maisligada ao A.T do que a Jesus Cris-to, porque é mais pela condena-ção, separação proibição.

Serviu esta introdução para lou-var a ousadia de Antonino Men-donça. Com este livro, a sua in-tenção foi lembrar quais eram asexpectativas antes e durante o Va-ticano II, aludir à contra-reformaque apareceu durante a assem-bleia episcopal e sobretudo depois,e deixa indicações do que é preci-so fazer agora para reatar ou avi-var essas esperanças frustradas.

Nota-se que livro do AntoninoMendonça é incipiente na arte doromance. Ganha, todavia, na den-sidade da mensagem. O tema ge-ral é: se a igreja fosse menoslegalista e mais compassiva comoé Deus, tudo seria mais fácil.

Frei Bernardo – homenagem aFrei Beto e Frei Leonardo Boff –, oprotagonista, é alentejano. Qua-

UM LIVRO APRECIADOUM LIVRO APRECIADOUM LIVRO APRECIADOUM LIVRO APRECIADOUM LIVRO APRECIADO

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Fernando FélixFernando FélixFernando FélixFernando FélixFernando Félix

renta anos depois de ordenadopadre (número bíblico simbólico,e que coincide com a data do fimdo Concílio Vaticano II), regressadas missões ao convento francisca-no onde ingressou. Então, recor-da a sua vida, ao mesmo tempoque faz considerações sobre Deuse sobre a Igreja. Lembra o namo-rico da infância e quando decidiuser padre, as responsabilidadescomo professor e o acompanha-mento a universitários. Nesta épo-ca, naturalmente, apaixona-se poruma das jovens, e vivem um ro-mance, que acaba tragicamente.

Neste primeiro capítulo do li-vro abundam reflexões sobre Deus.Insiste na definição «Deus é Amor»,contrapondo-o aos Deus castiga-dor, polícia, etc. Sobre a Igreja, de-fende que ela deve ser mais amor,e menos moralista; mais sacra-mento e menos ritua-lismos; maisexperiência de fraternidade e nãouma divisão de classes, onde uns(papa, bispos, padres) sabem sem-pre tudo, ditam o que se deve fa-zer e ameaçam com o infernoquem não o pratica, começandopelas excomunhões; mais abertaaos ministérios e carismas que oEspírito suscita livremente e não te-cendo leis para regular tudo.

No segundo capítulo, a perso-nagem protagonista é Clara. Jo-vem rica, ficou atraída por Clarade Assis e, identificando-se com elae com a sua professora no colé-gio interno de freiras, a irmã Tere-sa, pensa ser freira. No entanto,um dia vai à escola um jovem pa-dre, Carlos, que no contexto da re-

novação conciliar, fala de ummodo diferente dos padres que elaconhecia. Ela pede-lhe para ser oseu director espiritual. E essa rela-ção mantém-se quando ele vaipara Coimbra dar aulas de Filo-sofia e ela vai estudar Medicina.Naturalmente, a amizade crescepara paixão. Ele pede a dispensadas obrigações sacerdotais. Elacomunica à família que tem umnamorado que já foi padre e quevai casar com ele. Sendo a famíliadela super tradicional (como adele), o confronto é inevitável.Cada um ao seu modo é abando-nado pelos amigos (mas há sem-pre honrosas excepções), persegui-do pelo clero e fiéis, e expulso decasa. No caso dela, é o pai quegrita essa ordem, porque o nomeda família seria desonrado. Nocaso dele, só o avô o compreen-deu, e lhe disse «Há duas coisasque não suporto: hipocrisia edesonestidade, e tu não és nemhipócrita nem desonesto. Vai emfrente. Estarei aqui para te ajudar».E deixa-lhe algo em herança.

O capítulo aborda, ainda, osdifíceis e surpreendentes caminhosda reconciliação e os cobardesgolpes da hipocrisia. E há umabeleza que emociona no modocomo se narra a celebração davida, pois o capítulo une duas fes-tas: o aniversário de Carlos e aPáscoa. Frei Bernardo está presen-te como o melhor amigo de Car-los, e este trato estende-se aos fi-lhos do casal, que o tratam por tio.

Por detrás do romance de Cla-ra e Carlos está a mensagem

anunciada na abertura do capítu-lo e que o conclui: a Igreja seriamais feliz se homens e mulheresvivessem a relação de fraternida-de, amizade, encantamento mútuoque havia entre Francisco e Clarade Assis. E ficam duas questões: aIgreja não permite o exercício depadres casados, mas mantém noactivo padres pedófilos confessos;e a hipocrisia das virtudes públi-cas e pecados privados.

O terceiro capítulo é dedicadoao Carlos. Fala dos afectos repri-midos, nos padres, pela dureza daformação no seminário, e nas frei-ras, por causa dos entraves à ex-pressão da feminilidade. A histó-ria revela o seu ãmago, quando afilha de Carlos vai como voluntá-ria para África e encontra na mis-são uma tal irmã, que havia co-nhecido Carlos no hospital. Aosaber que ele casou, desabafa«Também eu poderia ter casado erealizar na mesma a minha mis-são». Uma das mensagens destecapítulo pode ser que a pastoralda Igreja teria vantagens se padrese Irmãs pudessem casar e, nacomplementaridade, na maturida-de das relações humanas, porqueteriam a afectividade e sexualida-de integradas, dariam uma respos-ta mais cabal.

No quarto capítulo, breve, fi-cam patentes as expectativas daIgreja do Vaticano II.

É da Editora Multinova – Av.S.ta Joana Princesa, 12-E /1700-357 Lisboa. Telefone: 218421820.

P.V.P: 15.75 euros

DESCOBRIRAM PRIMEIRA IGREJA DO MUNDO

Um grupo de arqueólogos, liderado por AbdulQader Hussan, do Centro de estudos Arqueológi-cos da Jordânia, acredita ter encontrado «a pri-meira igreja cristã do mundo» em Rihab, a 40quilómetros de Amã, capital da Jordânia. A igrejafoi construída entre os anos 33 e 70 da era cristãe serviu de residência e de local de oração paraos cristãos durante as perseguiçoes religiosas naépoca.

PADRE PRESIDE ASSEMBLEIA DA ONU

O padre Miguel d’Escoto, de origemnicaraguana, é o novo presidente da AssembleiaGeral das Nações Unidas. Ele apontou a demo-cratização da organização como prioridade doseu mandato.

D’Escoto, de 75 anos, foi ninistro dos Negó-cios Estrangeiros da Nicarágua entre 1979 e1990. Foi eleito presidente da 63.ª AssembleiaGeral, que inicia em Setembro.

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espiralespiralespiralespiralespiral Responsável: Fernando FélixPraceta dos Malmequeres, 4 - 3.º Esq.Massamá / 2745-816 Queluze-mail: [email protected]

Boletim da AssociaçãoFraternit as Movimento

N.º 31 - Abril/Junho de 2008N.º 31 - Abril/Junho de 2008N.º 31 - Abril/Junho de 2008N.º 31 - Abril/Junho de 2008N.º 31 - Abril/Junho de 2008www.fraternitas.ptwww.fraternitas.ptwww.fraternitas.ptwww.fraternitas.ptwww.fraternitas.pt

Dir ecção da Fraternitas

Caros amigos e amigas 1

Ares da Fraternitas 2

XV Encontro nacional 2

Inesquecível 3

Como ser cristão e Igreja, hoje 4

Fraternitas fez retiro Espiritual 5

Deus, que é Amor, ensina a amar 5

Vemos, ouvimos e lemos 6

SumáRIOSumáRIOSumáRIOSumáRIOSumáRIO

Espaço de SOLIDARIEDADE

1.1.1.1.1. Ninguém é indiferente às necessidades dosoutros. Mas, quando os atingidos são os nossos,os que nos são mais próximos (familiares,companheiros de jornada ou de ideal), certamentemobilizamo-nos mais.

2.2.2.2.2. Sabemos que o Movimento tem procuradoacorrer a casos concretos e, por vezes, dramáticos.A Fraternitas fá-lo por imperativo de consciênciae para dar cumprimento aos seus Estatutos. Masprocura que aconteça evangelicamente: «Nãosaiba a tua esquerda o que faz a tua direita».

3.3.3.3.3. Só é possível continuar a acorrer a casosde verdadeira necessidade se partilharmospartilharmospartilharmospartilharmospartilharmostambémtambémtambémtambémtambém. Por isso, não esperes que te batamexpressamente à porta. Decide-te, desde já:partilha com os outros através do Movimento.

4.4.4.4.4. Vá já à caixa do multibanco mais próximae faça uma transferência interbancária para aconta nº 00330033003300330033 000045218426660 05000045218426660 05000045218426660 05000045218426660 05000045218426660 05. Omontante é apenas da sua conta e da de Deus.Irá direitinho para quem precisa!

5.5.5.5.5. Também pode depositar na mesma contabancária o valor da quota anual de sócio: 30 euros- casal; 20 euros - pessoa singular.

Bem-haja!

Da esquerda p ara a direit a: António Duarte,vice-presidente, natural de Lisboa; Urtélia Silva,secretária, de Coimbra; Manoel Pombal, vogal,do Porto; José Serafim, presidente, de Lisboa;Eduarda Cunha, secretária cessante, de V iseu;e Luís Cunha, tesoureiro, marido da Eduarda,

também de V iseu.

As pessoas: pensam hoje na Salvação? Se sim,porquê? Se não, porquê? Sentem verdadeira neces-sidade dela? Se sim, porquê? Se não, porquê?

Que ideia ou ideias fazem as pessoas da Salva-ção? E nós, que ideia fazemos?

A Salvação será problema individual ou colecti-vo? Se individual, que precisa cada qual fazer parase salvar? Se colectivo, que precisa cada qual fazerpara que nos salvemos?

Quais são as acções que nós conhecemos doscristãos, individualmente considerados, e da comu-nidade de fé a que pertencemos, que são reveladorasde Deus-Amor, Luz e Espírito, e as omissões de uns(cristãos) e da outra (Igreja) que O ocultam?

O que é que, enquanto Fraternitas, nos sentimos,individual e colectivamente, comprometidos a fazerpara melhorar ou mesmo inverter as situações noque tange à preparação da Igreja para a sociedadeque aí vem?

PARTILHE COM TODOSNo Encontro NNo Encontro NNo Encontro NNo Encontro NNo Encontro Nacional, em Fátima, pusemos em comum oacional, em Fátima, pusemos em comum oacional, em Fátima, pusemos em comum oacional, em Fátima, pusemos em comum oacional, em Fátima, pusemos em comum onosso parecer sobre esnosso parecer sobre esnosso parecer sobre esnosso parecer sobre esnosso parecer sobre estas questas questas questas questas questões. Diga-nos, também,tões. Diga-nos, também,tões. Diga-nos, também,tões. Diga-nos, também,tões. Diga-nos, também,a sua opinião. Escrea sua opinião. Escrea sua opinião. Escrea sua opinião. Escrea sua opinião. Escrevvvvva para para para para para espira espira espira espira espiral@fral@fral@fral@fral@fratatatataternitas.pt.ernitas.pt.ernitas.pt.ernitas.pt.ernitas.pt.

«“Como o Pai me enviou, Eu vos envio a vós!”Dizendo isto, Jesus soprou sobre eles e lhes disse:“Recebei o Espírito Santo” (Jo 20,21-22).»

Com a ajuda do Espírito, a Igreja, os cristãos,os movimentos, as associações, as comunidades,reproduzem nas suas vidas a prática evangeliza-dora de Jesus e, assim, são a revelação do Pai àHumanidade.

E, na mesma medida em que soubermos vivere anunciar a Boa Nova do Reino, assim seremos aIgreja de Jesus; seremos a «carta de Cristo, reco-nhecida e lida por todos os homens (2Cor 3,2.3).»