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Escolha sob Incerteza Referência: Varian, Cap. 12

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Page 1: Escolha sob Incerteza Referência: Varian, Cap. 12

Escolha sob Incerteza

Referência: Varian, Cap. 12

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Muitas das situações em que as pessoas fazem escolhas envolvem algum tipo de incerteza, como por exemplo os seguros, investimentos financeiros, loterias, jogos, etc...

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Precisamos de uma teoria que nos permita estudar as escolhas do consumidor sob condições de incerteza. Uma alternativa para que seja possível a utilização do que conhecemos é a adoção do conceito de estado da natureza. Esta idéia foi utilizada a partir da percepção de Debreu (1959)

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Consumo contingente O consumo não é certo

Dependendo do estado da natureza (da contingência), o consumo é diferente: perda = insucesso ou não perda = sucesso

O consumidor enfrenta uma distribuição de probabilidades

Teoria do consumidor normal:Consumidores escolhem cestas de bens

Teoria da Escolha sob Incerteza:Consumidores escolhem loterias, ou distribuições de probabilidades

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Consumo contingente

Nem todos os eventos (econômicos) observados são certos Muitos são aleatórios É difícil prever tudo com exatidão É mais comum trabalhar com faixas para

variáveis econômicas Ou seja, com frequência, trabalhamos com

distribuições de probabilidade Probabilidade de que o Brasil ganhe a Copa

do Mundo é de 80% Probabilidade de que consumidor com

determinadas características torne-se inadimplente é de 10%

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Incerteza: o que fazer?

Quais são as respostas racionais à incerteza?

Poupar Poupança precaucionária como foi visto

em escolha intertemporal Comprar seguros: de saúde, de vida, de

automóvel, contra incêndio, … Diversificar investimentos Organizar-se em cooperativas, criando

fundos para emergências Etc…

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Incerteza: objetivos do capítulo Estudar o comportamento individual com

relação às escolhas que envolvem incerteza Como o consumidor faz escolhas sob incerteza? Entre que bens ele faz suas escolhas?

Aprofundar estudo do comportamento do consumidor

“Atitude frente ao risco” é tema essencial em situações econômicas que envolvam contratos: Economia agrícola, do trabalho, mercado

financeiro, economia do desenvolvimento etc.

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Estados da natureza

Embora diferentes eventos possam, em princípio, ocorrer…

… na realidade, apenas um evento efetivamente ocorrerá Em julho de 2010, saberemos se a seleção

brasileira foi a campeã da Copa do Mundo Dentro de algum tempo, saberemos se o

consumidor foi inadimplente ou não Def.: Um estado da natureza descreve

eventos efetivamente observados numa determinada situação que contenha elementos aleatórios

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Estados da natureza

Possíveis estados da natureza: “ocorre acidente de carro” (a) “não ocorre acidente de carro” (na)

Acidente: ocorre com probabilidade a

não ocorre com probabilidade na a + na = 1

Acidente ocasiona um prejuízo de R$L

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Consumo contingente

Um plano de consumo contingente é implementado apenas quando determinado estado da natureza ocorre Ex: tirar férias somente se não

ocorreu um acidente

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Títulos de estado contingente: título que só é pago se um evento específico ocorrer (Kenneth J. Arrow, 1952)

Fundos de catástrofe: ligados a desastres naturais, como terremotos ou furacões (Tsunami de 2005) Companhia de resseguros ou bancos de investimento emite

título ligado a evento segurável específico com apólices de US$ 500 milhões. Se evento não ocorre, investidores recebem juros Se evento ocorre, e danos superarem montante do título,

investidores perdem principal e juros Riscos podem ser distribuídos e subdivididos; cada investidor

carrega apenas uma pequena parcela do risco. Não há risco de inadimplência para o segurado (pgto. pelo título é antecipado)

Opções e derivativos são melhor entendidos no conceito de títulos contingentes.

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Os conceitos

Loterias

Utilidade esperada

Atitude frente ao risco

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Loterias - Exemplo

Dotação inicial – R$100,00 Jogo nº 13 Aposta – R$5,00 Prêmio – R$200,00

SUCESSO INSUCESSO

100 – 5 +200 = 295 100 – 5 = 95

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Seguro - Outro exemplo

Você tem R$100.000, sendo que destes K reais estão na forma de um carro

Prob. Perda = 1%

Prob. Não Perda = 99%

O seguro (S) oferece um modo de alterar essa distribuição de probabilidades:  • probabilidade de perda (1%): R$100.000 – K • probabilidade de perda (1%) com seguro: R$100.000 – K – ∆ K + S  

Distribuição de probabilidades

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Seguro e transferência de consumo

Suponha agora que você pode comprar unidades de consumo, por ∆ por unidade de seguro comprado

O seguro permite transferir consumo do estado da natureza “ruim” para o estado da natureza “bom”

Seja CR o consumo quando há roubo e CB o consumo quando não há roubo e S a quantidade de seguro comprada; Imagine que K = 35.000

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Seguro e transferência de consumo

Comprando seguro: (CR = 100.000 – K – ∆S + S ; CB = 100.000 –∆S) Sem comprar seguro (dotação inicial)

(CR = 100.000 – K ; CB = 100.000)

CB

CR

100

65

100 - S

65 + (1 - )S

Dotação inicial

Cesta de compra S de seguro

Vender seguro

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Seguro e transferência de consumo

Seja θ a inclinação da restrição orçamentária

Pense em consumo no estado não roubo (CB) e no estado roubo (CNR) como dois bens quaisquer.

Pense que

é o preço relativo

γγ=

γSSγS=θ

1

γ1− γ

Preço do consumo no estado bom: γ Preço do consumo no estado ruim:1- γ Escolha ótima

TMS do consumo em diferentes estados da natureza iguala preço de troca do consumo entre esses estados

Probabilidades dos estados não entram na função de utilidade

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Seguro e transferência de consumo

Temos então, uma restrição orçamentária igual à que tínhamos na Teoria do Consumidor normal ( sem incerteza)

Nos falta Uma teoria de preferência a respeito de

diferentes teorias (curvas de indiferença) Explicar como este preço relativo aparece

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Utilidade Esperada: ideias gerais

A cesta de bens é o consumo contingente em cada estado da natureza: (C1, C2)

Probabilidades dos estados da natureza: π1 e π2, que somam 1

O modelo deve assumir os seguintes pressupostos: Eu valorizo mais consumo em estados mais

prováveis Eu gostaria de muito consumo em um estado

improvável para abrir mão de um pouco de consumo em um estado provável

A atitude frente ao risco deve ser facilmente caracterizável a partir das preferências

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Preferências sobre loterias: o modelo geral

Dois estados da natureza, mutuamente exclusivos e exaustivos: 1 e 2

Consumo contingente: (C1, C2) Probabilidades: π1 e π2, π1 + π2 = 1 Utilidade, formato geral:

2121 π,π;c,cU

Consumo contingente, os bens

probabilidades, os parâmetros

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Exemplos de preferências

22

112121 Douglas-Cobb ππ cc=π,π;c,cU

22112121Linear cπ+cπ=π,π;c,cU

22112121 lnlnlinear -Log cπ+cπ=π,π;c,cU

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Valor Esperado A média ponderada dos payoffs ou

valores de todos os resultados possíveis. As probabilidades de cada resultado são

utilizadas como seus respectivos pesos O valor esperado mede a tendência ao ponto

central; o payoff ou valor que, na média, deveríamos esperar que viesse a ocorrer.

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Utilidade esperada

Preferências sobre loterias estão na forma de utilidade esperada se são a soma ponderada (pelas probabilidades) da utilidade do consumo contingente, que é dada pela função u(•)

Também chamada de utilidade de von Neumann-Morgenstern

A função u(•) é chamada de utilidade de Bernoulli

22112121 cuπ+cuπ=π,π;c,cU

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Utilidade esperada: forma versus representação

Preferências representam preferências de utilidade esperada se podem ser transformadas para a forma de utilidade esperada através de transformações monotônicas

22112121 lnlnlinear -Log cπ+cπ=π,π;c,cU

está na forma de utilidade esperada

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Utilidade esperada: forma versus representação

Exemplos:

652

19812121 cc=π,π;c,cU

212121 exp c+)(c=π,π;c,cU

Está na forma de utilidade esperada?

Representa utilidade esperada?

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Utilidade esperada: bom modelo? Para estar na forma de utilidade esperada é

fundamental que Seja separável nos consumos nos estados da

natureza Utilidade do consumo se chover , não

depende da quantidade de consumo se fizer sol O que não ocorreu não importa

Chover, fazer sol ou ir para Salvador no fim de semana

Chama-se isto de suposição de independência

Que a função u seja a mesma Suponha eventos equiprováveis

A utilidade de consumir se fizer sol é igual à utilidade de consumir se chover

Utilidade dependente do estado

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Atitude frente ao risco

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Preferências Diferentes em Relação ao Risco Avessa a riscos: Uma pessoa que prefere

uma renda garantida a uma renda de risco com o mesmo valor esperado.

Uma pessoa é considerada avessa a riscos se ela tem uma utilidade marginal decrescente da renda. A contratação de seguro demonstra um

comportamento avesso a riscos.

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Utilidade da média versus média das utilidades

Loteria: 0 com probabilidade ½, 10.000 com probabilidade ½

Suponha que:

o agente é avesso ao risco

02110.000

210

2110.000

21 u+u>+u

Utilidade da média, ou utilidade esperada de uma loteria que paga 5.000 com

certeza

Utilidade média (ou esperada)

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Aversão ao risco

Utils

$0 10.0005.000

u(·)

½u(0) + ½u(10.000)

Utilidade média

u(5.000) = utilidade da

média Função de Bernoulli

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Uma pessoa é chamada de propensa ao risco se ela prefere uma renda incerta a uma renda garantida com o mesmo valor esperado. Exemplos: jogos de azar, algumas atividades

criminosas

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Propensão ao risco

Utils

$0 10.0005.000

u(·)

½u(0) + ½u(10.000)

Utilidade média

u(5.000) = utilidade da

média

Função de Bernoulli

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O consumidor é propenso ao risco porque a utilidade esperada da sua aposta, 0,5u(10)+0,5u(30), é maior do que a utilidade do valor esperado da aposta, u(20).

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Uma pessoa é dita neutra a riscos se ela não tem preferência entre uma renda garantida e uma incerta com o mesmo valor esperado.

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Page 35: Escolha sob Incerteza Referência: Varian, Cap. 12

Neutralidade ao risco

0

Utils

$10.0005.000

u(·)

½u(0) + ½u(10.000)

u(5.000) =

Função de Bernoulli

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Resumo Se a utilidade de Bernoulli u(·) é côncava (u’’ < 0),

então o agente é avesso ao risco. Exemplo: u(c) = c1/2

Se a utilidade de Bernoulli u(·) é convexa (u’’ > 0), então o agente é propenso ao risco

Exemplo: u(c) = c2

Se a utilidade de Bernoulli u(·) é linear (u’’ = 0), então o agente é neutro ao risco

Exemplo :u(c) = 10+34c

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Quanto a pessoa pagaria para evitar ter que assumir um risco?

Prêmio de risco é o valor que uma pessoa avessa a risco está disposta a pagar a fim de evitar riscos.

Equivalente de certeza (EC) corresponde ao valor monetário que o indivíduo aceita receber com certeza para não entrar na loteria.

O prêmio de risco eqüivale ao valor esperado da loteria, subtraído do valor do equivalente de certeza.

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Renda ($1.000)

Utilidade

0 10 16

O prêmio de riscoé $4.000 porque uma renda garantida de $16.000proporciona à pessoa amesma utilidade esperada que a renda incerta, que tem um valor esperado de $20.000.

10

18

30 40

20

14A

CE

G

20

F

Prêmio de risco

Preferências em Relação ao Risco

Equivalente de certeza (EC)

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Prêmio de risco é negativo para uma pessoa propensa a risco.

Equivalente de certeza (EC) é maior que o valor esperado da loteria.

O agente prefere uma loteria com um retorno incerto ao recebimento do mesmo retorno esperado com certeza.

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Renda ($)

Utilidade

0 10 20 30

A

E

u(20)

u(10)

u(30)

C

Preferências em Relação ao Risco

O prêmio de riscoé $4.000 porque uma renda garantida de $24.000proporciona à pessoa amesma utilidade esperada que a renda incerta, que tem um valor esperado de $20.000.

24

0,5u(10)+0,5u(30)Equivalente de certeza (EC)

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Revisando: Valor esperado – corresponde a uma

média ponderada dos resultados ou valores associados com todos os possíveis resultados e a probabilidade de cada resultado atuando como seu respectivo peso. O valor esperado é uma medida de tendência central.

Utilidade esperada – é a soma das utilidades associadas com todos os possíveis resultados, ponderada mediante a probabilidade da ocorrência de cada resultado.