EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E FORMAÇÃO DE PROFESSORES

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Educao a Distncia e Formao de Professoresrelatos e experincias

ReitorPe. Jesus Hortal Snchez, S.J.

Vice-ReitorPe. Josaf Carlos de Siqueira, S.J.

Vice-Reitor para Assuntos AcadmicosProf. Jos Ricardo Bergmann

Vice-Reitor para Assuntos AdministrativosProf. Luiz Carlos Scavarda do Carmo

Vice-Reitor para Assuntos ComunitriosProf. Augusto Luiz Lopes Duarte Sampaio

Vice-Reitor para Assuntos de DesenvolvimentoPe. Francisco Ivern, S.J.

DecanosProf Maria Clara Lucchetti Bingemer (CTCH) Prof Gisele Cittadino (CCS) Prof. Reinaldo Calixto de Campos (CTC) Prof. Francisco de Paula Amarante Neto (CCBM)

Educao a Distncia e Formao de Professoresrelatos e experincias

Coordenao Central de Educao a DistnciaOrganizao

Dos Autores Direitos reservados em 2007 por Editora PUC-Rio e CCEAD PUC-Rio. Editora PUC-Rio Rua Marqus de S. Vicente, 225 Projeto Comunicar Praa Alceu Amoroso Lima, casa Editora Gvea Rio de Janeiro RJ CEP: 22451-900 Telefax: (21)3527-1760/3527-1838 Site: www.puc-rio.br/editorapucrio E-mail: [email protected] Conselho Editorial Augusto Sampaio, Cesar Romero Jacob, Jos Ricardo Bergmann, Maria Clara Lucchetti Bingemer, Fernando S, Gisele Cittadino, Reinaldo Calixto de Campos, Miguel Pereira Capa Claudio Perpetuo Projeto Grfico e Diagramao Edu Dantas Reviso de Originais Raphaella de Assis Perlingeiro CCEAD PUC-Rio Rua Marqus de So Vicente, 225 - Gvea Rio de Janeiro - RJ CEP 22453-900 Ed. Padre Leonel Franca, 2 andar Tel/Fax.: (21) 3527-1454 / 3527-1455 / 3527-1456 Site: www.ccead.puc-rio.br E-mail: [email protected] Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por quaisquer meios (eletrnico ou mecnico, incluindo fotocpia e gravao) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permisso escrita da Editora. ISBN: 978-85-87926-22-7 Educao a distncia e formao de professores : relatos e experincias / Coordenao Central de Educao a Distncia (organizao). Rio de Janeiro : Ed. PUC-Rio, 2007. 152 p. : il. ; 21 cm 1. Ensino distncia. 2. Professores - Formao. I. Pontifcia Universidade Catlica do Rio de Janeiro. Coordenao Central de Educao a Distncia. CDD: 371.39

Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.

Cora Coralina

ApresentaoOs leitores desta Srie CCEAD que ora iniciamos vo encontrar aqui um conjunto de captulos que apresenta pesquisas, reflexes e estudos na esfera governamental e universitria. Este primeiro livro quer apresentar ao leitor uma breve introduo sobre a Coordenao Central de Educao a Distncia da PUC-Rio CCEAD, e ainda, um estudo sobre metodologia e gesto em Educao a Distncia EAD; relatos sobre dois cursos de especializao foram concebidos para ser oferecidos em diferentes estados do pas; uma reflexo da Diretora de Produo e Capacitao de programas em EAD e um depoimento da Coordenadora-Geral de Capacitao e Formao em Educao a Distncia da Secretaria de Educao a Distncia SEED-MEC e, finalmente, os primeiros resultados dessa modalidade de educao em um curso em larga escala. Esta srie chega como uma proposta de organizar e compartilhar experincias e reflexes em Educao a Distncia. Este primeiro volume, em especial, tem como principal foco a formao de professores. tambm o momento de reafirmar nossas crenas no nosso modo de trabalhar a EAD na formao de professores, validando o nosso processo de criao. Temos a certeza de que os leitores encontraro aqui inovaes, tanto no saber terico e acadmico, como no saber-fazer em EAD. Boa leitura.

Paulo Fernando Carneiro de AndradeCoordenador Central de Educao a Distncia CCEAD PUC-Rio

Sumrio11 13 23 35 43 59 79 Prefcio 1. Coordenao Central de Educao a Distncia da PUC-Rio Paulo Fernando Carneiro de Andrade 2. Polticas pblicas de formao docente face insero das TIC no espao pedaggico Leila Lopes de Medeiros 3. O professor-multiplicador e o uso pedaggico de TIC nas escolas pblicas brasileiras Francesca Vilardo Les 4. Metodologia e gesto em Educao a Distncia Gilda Helena Bernardino de Campos 5. Currculo e prtica educativa: relato de uma especializao bem-sucedida Maria Apparecida Campos Mamede-Neves 6. Currculo e prtica educativa: uma anlise parcial Maria Apparecida Campos Mamede-Neves e Stella Ceclia Duarte Segenreich 7. Tecnologias em Educao: uma experincia em larga escala de formao de professores para o uso de tecnologia em sala de aula Gilda Helena Bernardino de Campos, Gianna Oliveira Roque, Renato Araujo, Claudio Perpetuo e Sergio Amaral Posfcio Sobre os autores Equipe CCEAD Tutores CCEAD

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PrefcioPaulo Fernando Carneiro de AndradeUm dos efeitos das mudanas causadas pelas novas Tecnologias de Informao e Comunicao TIC reside na necessidade de incluso de novas experincias de aprendizagem. Esse um dos motes sob o qual a Educao a Distncia EAD mostra-se relevante: a atualizao das experincias educacionais. No que diz respeito formao de professores que tema central deste primeiro livro da Srie CCEAD a inovao aportada pela mediao, interatividade, autoria e co-autoria o diferencial responsvel pelo desenvolvimento das comunidades de aprendizagem, em especial aquelas em rede. Um exemplo est no impacto que a simples introduo de diferentes tecnologias e mdias tem nestas comunidades. Por isso, estes mltiplos atores envolvidos nos relatos deste livro, s tm a ganhar com a introduo de novas tecnologias nas suas vivncias educacionais. Nesse contexto, nossas experincias na Coordenao Central de Educao a Distncia CCEAD da PUC-Rio mostram, cada vez mais, que a EAD est no caminho para contribuir como um importante agente de difuso do conhecimento, em extrema sintonia com este cenrio de mudana. Esperamos assim que esta Srie CCEAD chegue como um despretensioso referencial sobre reflexes e experincias em EAD, mas que tambm, de algum modo, seja capaz de incitar o leitor a organizar e pensar seus prprios percursos. Para finalizar este prefcio, deixamos um trecho do artigo Referenciais de Qualidade para Cursos a Distncia1, elaborado por Carmem Neves, j que este espelha apropriadamente os1 Carmem Neves. Referenciais de Qualidade para Cursos a Distncia. Ministrio da Educao / Secretaria de Educao a Distncia. Disponvel em: Acesso em: 8 de maro de 2007, p. 5.

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mesmos valores que nos norteiam em nosso trabalho, em geral, e nesta Srie, especificamente:Neste momento histrico, desprezar ou mesmo minimizar a importncia das tecnologias na educao presencial e a distncia errar de sculo. Todo gestor de instituio e de sistema de ensino precisa refletir sobre o compromisso que significa educar no sculo XXI. Dcadas atrs, o grande mestre Paulo Freire alertava para uma educao identificada com as condies de nossa realidade. Realmente instrumental, porque integrada ao nosso tempo e ao nosso espao e levando o homem a refletir sobre sua ontolgica vocao de ser sujeito. Nosso tempo hoje o das crianas e jovens que nasceram, vivem e iro trabalhar numa sociedade em permanente desenvolvimento tecnolgico. Nosso espao o de um mundo plugado a uma rede que afeta a todos, mesmo queles que no esto diretamente conectados. A educao que oferecemos deve livrar o homem da massificao e da manipulao e contribuir para que cada um possa ser o autor de sua prpria histria de forma competente, responsvel, crtica, criativa e solidria.

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11. Breve histrico

Coordenao Central de Educao a Distncia da PUC-RioPaulo Fernando Carneiro de Andrade|13

A Coordenao Central de Educao a Distncia (CCEAD) da PUC-Rio foi criada em 5 de fevereiro de 1999, pela portaria de n 02/99, com o objetivo de funcionar como plo agregador dos trabalhos de Educao a Distncia EAD na PUC-Rio e, desse modo, viabilizar o desenvolvimento, a coordenao, o apoio e a promoo das atividades nessa modalidade, bem como se valer, da melhor maneira possvel, dos conhecimentos existentes dentro da Universidade. No que tange data de sua criao, somente em outubro de 2001 a CCEAD PUC-Rio se tornou uma Coordenao Central subordinada Vice-Reitoria para Assuntos Acadmicos. Todavia, nesse perodo j podemos destacar, dentre suas diversas realizaes, a obteno do credenciamento da PUC-Rio por meio da Portaria n 4.207, de 17 de dezembro de 2004, do Ministrio da Educao para o oferecimento de cursos de ps-graduao lato sensu a distncia nas suas reas de competncia acadmica. Vale ressaltar tambm que a CCEAD obteve seu credenciamento am-

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pliado para a oferta de cursos superiores a distncia por meio da Portaria n 4.071, 29 de novembro de 2005.

2. Principais objetivosAo atuar em Ensino, Pesquisa e Extenso, a CCEAD PUCRio tem como fundamento o desenvolvimento de prticas voltadas para a criao, aperfeioamento e divulgao de conhecimentos em EAD, seguindo os indicadores de qualidade estabelecidos pelo Ministrio da Educao, no somente com relao aos cursos, mas antes, a toda sua estruturao. Os principais objetivos da CCEAD PUC-Rio so: Desenvolver programas, projetos e cursos, desde a fase de implantao da cultura de EAD, planejamento e desenvolvimento o que envolve especificao de contedo, design didtico (roteiros pedaggicos), design de interface, programao, implementao, implantao, gesto, monitoramento at a fase de avaliao; Capacitar professores dos departamentos da universidade e de outras instituies, no intuito de serem capazes de desenvolver cursos a distncia; Criar oportunidades para o crescimento de um trabalho a distncia; Acompanhar e dar apoio tecnolgico e pedaggico aos cursos a distncia; Promover projetos de pesquisa sobre novos modelos pedaggicos, recursos e tecnologias para a Educao a Distncia; e Participar de convnios e parcerias com empresas e outras instituies de ensino para promover a Educao a Distncia.

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3. Conceitos de qualidadeAs diretrizes da Secretaria de Educao a Distncia SEED do MEC estabelecem que a base principal das prticas de qualidade nos projetos e processos de educao superior devem ga-

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rantir continuamente melhorias na criao, aperfeioamento e divulgao de conhecimentos culturais, cientficos, tecnolgicos e profissionais, contribuindo para a superao de problemas regionais, nacionais e internacionais e para o desenvolvimento sustentvel dos seres humanos, sem excluses, nas comunidades e ambientes em que vivem. Alm das diretrizes citadas acima, a CCEAD PUC-Rio tambm entende que os itens abaixo fundamentam os conceitos de qualidade para os cursos e programas a distncia de uma Instituio de Ensino Superior: Compromisso dos gestores; Desenho do projeto; Equipe profissional multidisciplinar; Comunicao/Interao entre os agentes; Recursos educacionais; Infra-estrutura de apoio; Avaliao contnua e abrangente; Convnios e parcerias; Transparncia nas informaes; e Sustentabilidade financeira.

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4. Realizaes4.1. Cursos A CCEAD PUC-Rio atua com categorias de curso como extenso, especializao, graduao, apoio ao presencial (graduao e ps-graduao) e corporativos. Exemplificamos a seguir: Extenso A CCEAD PUC-Rio oferece diversos cursos regularmente, entre eles, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentvel; MARC 21 - Formato Bibliogrfico; MARC21 - Formato Autoridade; tica; tica Empresarial; Design Didtico para cursos na Web; Data Warehouse; e Formao Poltica dos Cristos Leigos.

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Especializao Currculo e Prtica Educativa: essa ps-graduao lato sensu foi desenvolvida conjuntamente com o Departamento de Educao da PUC-Rio, e oferece uma formao continuada aos professores e gestores de instituies de ensino. Permite a reviso da formao didtico-metodolgica, alm de um aprimoramento do trabalho desenvolvido nas instituies em que estes lecionam e o apoio implementao das metas pretendidas pela pedagogia institucional. Curso Tecnologias em Educao: em parceria com a Secretaria de Educao a Distncia SEED do MEC e com o Departamento de Educao da PUC-Rio, esse curso oferece uma formao continuada e capacitao aos professores-multiplicadores, permitindo uma reviso dos contedos dos campos especficos e um aprimoramento do trabalho desenvolvido nas instituies escolares. Sua proposta oferecer aos professores-multiplicadores uma especializao, atualizao e aprofundamento em questes centrais relativas integrao de mdias e a reconstruo da prtica pedaggica. O seu pblico formado por professores efetivos da rede pblica de ensino, com graduao e/ou licenciatura plena e experincia efetiva de sala de aula em escolas de educao bsica. So 1.400 alunos, distribudos em 27 estados/plos no pas, totalizando 48 turmas. Graduao A CCEAD PUC-Rio obteve do Ministrio da Educao, por meio da Portaria n 4.071, de 29 de novembro de 2005, o credenciamento para a oferta de Cursos Superiores a Distncia. Com o intuito de impulsionar mudanas efetivas na melhoria da Educao Bsica, combatendo diretamente a deficincia no que diz respeito qualidade da escolarizao, flagrada pelo Sistema de Avaliao da Educao Bsica SAEB, o Ministrio da Educao vem fomentando diversos programas de formao inicial e continuada para professores com os Sistemas Estaduais e Municipais de Ensino e Instituies de Ensino Superior.

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O Programa de Formao Inicial para Professores dos Ensinos Fundamental e Mdio Pr-Licenciatura est inserido no conjunto dessas aes. Seu objetivo oferecer cursos de licenciatura a distncia para professores que atuam nos sistemas pblicos de ensino, nos anos/sries finais do Ensino Fundamental e/ou no Ensino Mdio, mas que ainda no tm habilitao legal para o exerccio dessa funo. A CCEAD, conjuntamente com o Departamento de Histria da PUC-Rio, desenvolve, acompanha e d suporte tecnolgico ao programa Pr-Licenciatura. Licenciatura em Histria: seu pblico formado por professores em exerccio nas redes pblicas de ensino nas sries finais do Ensino Fundamental e no Ensino Mdio, sem licenciatura na disciplina em que estejam exercendo a docncia, classificados em processo seletivo especfico. Entre os requisitos para seleo podemos citar a necessidade de o professor estar trabalhando h pelo menos um ano na funo docente em rede pblica. Foram ofertadas 1.000 (mil) vagas. O curso teve seu incio em setembro de 2006 e deve ser encerrado em julho de 2010. Apoio ao presencial A CCEAD, junto a diversos departamentos da PUC-Rio, oferece disciplinas de forma semipresencial, de acordo com a Portaria n 4.059/2004, de 10 de dezembro de 2004. Esta estabelece que tais disciplinas podem ser ofertadas na modalidade a distncia, integral ou parcialmente, desde que no ultrapassem 20% da carga horria total do curso. Corporativos A CCEAD PUC-Rio tambm atua de forma consistente com algumas entidades. Entre elas, podemos citar a Embraer, com a implantao do Programa de Educao a Distncia; o Ministrio das Relaes Exteriores, envolvendo a implantao da cultura de Educao a Distncia e o Curso Atualizao de Oficial de Chancelaria (CAOC).

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Outros exemplos seriam o Santander, com o qual, junto ao Universia, a CCEAD obteve a oportunidade de desenvolver o programa de treinamento para atualizao e capacitao dos seus funcionrios e o INMETRO, com implantao de uma cultura de Educao a Distncia, bem como o curso piloto Verificao Peridica de Taxmetro, alm de uma Viso Geral sobre a conceituao do que seria o INMETRO e sua responsabilidade na rea de Metrologia. Podemos citar aqui ainda a Atual Cursos Mdicos, com a qual desenvolvemos cursos nos formatos DVD, VHS e CD-ROM. A CCEAD tem elaborado uma proposta para esta entidade que visa a consultoria em EAD e o desenvolvimento desses cursos, agora para o ambiente Web.18|

5. VideoconfernciasA CCEAD PUC-Rio, por meio do convnio com o Instituto Embratel 21, dispe de um moderno equipamento de videoconferncia, no qual oferece aos departamentos e institutos da universidade a possibilidade de produzir diversas modalidades de eventos. A videoconferncia tem como caracterstica principal a alta interatividade (interao face a face). Podemos citar, desse modo, a possibilidade de realizar reunies e aplicaes em cursos, palestras, seminrios, treinamentos, demonstraes, entre outros. A CCEAD PUC-Rio tambm produz regularmente materiais educacionais no formato audiovisual. Estes esto disponveis para bibliotecas estaduais e municipais, sendo, de tal modo, um Centro de Capacitao do Projeto Biblioteca Digital Multimdia. Nesta funo, tambm geramos programas com outros pontos conectados ao Canal de TV na Internet, recebido por outras bibliotecas pblicas beneficiadas, seja com acesso banda larga via satlite ou com acessos terrestres, como para as bibliotecas pblicas municipais de So Paulo e para a populao acesso Internet. A grade de programao composta por programas de TV, vdeos e videoconferncias, 24 horas por dia.

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6. Parcerias e convniosA CCEAD PUC-Rio estabelece tambm parcerias e convnios de grande valor, entre os quais podemos mencionar o projeto de elaborao de um sistema para banco de imagens com o Laboratrio da Comunicao no Design LABCOM e o programa de Educao a Distncia visando a conservao e a sustentabilidade relacionada ao meio ambiente, conjuntamente com o Departamento de Engenharia Ambiental da PUC-Rio, o Instituto IP e o Imperial College. Vale citar tambm o trabalho com a Fundao Roberto Marinho FRM, que consistiu na troca de experincias entre a pesquisa acadmica e a experincia docente no Ensino Mdio no Programa Multicurso no estado de Gois, e ainda, a Sociedade de Teologia e Cincias da Religio SOTER, com o desenvolvimento da programao do novo ambiente Web. Sobre a ao conjunta com o Centro de Teologia e Cincias Humanas CTCH, apontamos a idealizao e o desenvolvimento do ambiente em Web deste centro pela CCEAD, bem como o alto grau de contribuio e participao do CTCH nas videoconferncias oferecidas pela CCEAD PUC-Rio, j que, ao longo dos quatro ltimos anos, assuntos de grande relevncia vm sendo debatidos. J com a Conferncia Nacional dos Bispos do Brasil CNBB, desenvolvemos o curso Formao Poltica dos Cristos Leigos. Este tem o objetivo de formar cristos, leigos e leigas, para a misso poltica. Sua meta foi a aquisio de competncia e habilitao para agir no complexo campo da poltica, participando da construo de uma sociedade justa e solidria, luz do Ensino Social da Igreja e das Diretrizes da Ao Evangelizadora da Igreja no Brasil. Podemos apontar ainda o trabalho conjunto com o Departamento de Qumica da PUC-Rio para capacitao dos recursos humanos na rea de Frmacos e Controle de Qualidade de Medicamentos apoiado pela Financiadora de Estudos e Projetos FINEP e a Ctedra Unesco de Leitura, uma vez que, junto com

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o LABCOM, um dos integrantes da Ctedra, desenvolvemos um curso de especializao, intitulado Dodecaedria. Esta parceria ser fortificada com o novo projeto de casas de leitura com a fundao Ormeo Junqueira Botelho FJB.

7. Grupos de pesquisa

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Atendendo ao objetivo de promover projetos de pesquisa sobre novos modelos pedaggicos, recursos e tecnologias para a Educao a Distncia, a equipe da CCEAD criou o grupo Cooperao em Educao e Avaliao a Distncia certificado pelo CNPq com linhas de Pesquisa, a saber: A primeira, Design Didtico para a Implementao de Cursos a Distncia na Web, teve como objetivo inicial desenvolver um ciclo de vida especfico para os cursos de Educao a Distncia, desde a fase de anlise de requisitos at a avaliao institucional do curso. Essa etapa gerou um mtodo de planejamento e gesto para implementao do design didtico para cursos na Web. O objetivo reside na definio de situaes didticas e de estratgias pedaggicas que possam ser implementadas em diferentes ambientes de aprendizagem na rede. A segunda, Mtodos de Avaliao da Aprendizagem para Cursos a Distncia na Web, visa o desenvolvimento de um ferramental terico que esteja em consonncia com as prticas educativas em avaliao da aprendizagem a distncia baseada na Web. Tendo desenvolvido a fundamentao, iniciou-se o desenvolvimento de objetos de aprendizagem voltados para a avaliao e estruturas avaliativas que contemplam diferentes situaes de aprendizagem. Atualmente, a equipe preocupa-se com uma metodologia de acompanhamento e avaliao dos cursos. O grupo da CCEAD PUC-Rio tambm tem participado regularmente das atividades cientficas da rea de Informtica na Educao e Educao a Distncia. Desde 2002, estivemos presentes em inmeros comits de programas e eventos, tanto na rea da Educao, como na de Informtica, o mesmo ocorrendo nas comisses de avaliao dos simpsios, seminrios e/ou congressos cientficos.

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De forma inovadora organizamos, anualmente, desde abril de 2005, as Jornadas de Design Didtico para Desenvolvimento de Cursos a Distncia. Estas tm como proposta ser um espao de atualizao e troca entre os profissionais que esto desenvolvendo e participando dessas experincias. As jornadas so realizadas com a presena de especialistas em diversas reas que permeiam a EAD, sendo um evento direcionado aos educadores, profissionais das reas de capacitao, treinamento corporativo e a todos que desejam desenvolver cursos a distncia. Concluindo, gostaria de salientar que a inovao trao marcante na nossa equipe, pois buscamos uma permanente atualizao, a fim de que possamos oferecer atividades e cursos a distncia com a qualidade da PUC-Rio.|21

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Polticas pblicas de formao docente face insero das TIC no espao pedaggicoLeila Lopes de Medeiros|23

As TIC no cenrio contemporneoO uso das Tecnologias de Informao e Comunicao TIC tem se intensificado de tal forma que parece difcil imaginar a vida urbana contempornea sem elas. Saber o que se passa no mundo, fazer saques em caixas eletrnicos, trocar correspondncia pessoal ou profissional so apenas algumas das aes cotidianas influenciadas pelo uso de computadores ligados s redes de informao e comunicao. Sem falar no trabalho remoto, processo pelo qual profissionais, em diferentes locais do mundo, podem executar tarefas compartilhadas, que vo da concepo e produo at a comercializao de bens e servios. Do controle do trfego urbano ao lazer, um nmero significativo de aes, de maneira explcita ou imperceptvel, sob a influncia das TIC, modifica a rotina das pessoas, mesmo daquelas que no tm conscincia ou ingerncia sobre os processos a que esto sujeitas. Cientistas desenvolvem, colaborativamente, processos sofisticados, capazes de interferir na vida de populaes inteiras sem chegar a se conhecer pessoalmente. Procedimentos teraputicos, cirurgias, viagens espaciais e mecanismos de segurana podem

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ser acompanhados a distncia. Servios, os mais diversos, so totalmente produzidos, distribudos e consumidos nos chamados ambientes virtuais. At mesmo a arte e o entretenimento se alteram e se desmaterializam no espao virtual. Essa a realidade contempornea, que se debate entre a presencialidade fsica e a virtualidade compartilhada. Relaes de trabalho, valores, concepes de mundo se forjam ou se transformam sob o olhar onipresente de mquinas interconectadas. Os primeiros anos do sculo XXI enfrentam um desafio adicional. No necessariamente por escolha prpria, um mesmo espao geogrfico pode abrigar distintos nveis de acesso aos avanos tecnolgicos e realidades, exacerbando diferenas econmicas e sociais. O domnio da informao est diretamente ligado ao sucesso de empreendimentos pessoais, de grupos e de naes. A comunicao torna-se estratgica, assim como os meios que a viabilizam as mdias, as redes de informao e de comunicao. Apesar disso, a pertinncia da incorporao das TIC e das linguagens miditicas ao espao do ensino e da aprendizagem a escola ainda foco de debates. Indiscutvel, no entanto, parece ser o fato de que a vida mundial tem sido afetada por essas tecnologias, para o bem ou para o mal, dividindo os seres humanos entre aqueles que detm o poder de ser autores de seus projetos de vida e aqueles que se encontram subordinados aos projetos de outrem. Desse modo, a escola no pode ignorar a presena das TIC no cotidiano e a sua incorporao ao modo de produzir bens, culturas e vises de mundo, nem abrir mo de uma profunda reflexo a respeito do papel segregador ou inclusivo que elas podem desempenhar na sociedade. Da mesma forma, no pode deixar de responder expectativa social de preparar os estudantes para o mundo de informaes e de tecnologias em que esto imersos e os papis que podero assumir nesse cenrio multimiditico, na chamada sociedade da informao (e da comunicao).

2 - POLTICAS PBLICAS DE FORMAO DOCENTE FACE INSERO DAS TIC NO ESPAO PEDAGGICO

Do ponto de vista das mdias, o impacto causado pelas redes de comunicao e de informao, decorrentes da disseminao das TIC, altera significativamente a lgica de produo e de difuso das informaes. O rdio, a mdia impressa e a TV convencional tambm conhecidos como mdias analgicas constituram, durante muito tempo, o principal aparato miditico. Com este, a comunicao de massa seguiu preferencialmente o modelo de produo e transmisso unilateral, de um para muitos, no qual algum ou um grupo se incumbe de prover informao aos demais. Nesse modelo, cabe aos receptores, s massas, receber o que lhes transmitido, envolvidos pelo fascnio das mdias em si, sobretudo o das audiovisuais. O acesso restrito aos processos de criao limita a capacidade de criticar o valor intrnseco das mensagens, cria consumidores passivos, pouco encorajados a conquistar espaos para tambm produzir informaes. A tecnologia e os custos elevados envolvidos na produo e distribuio e a propriedade restrita dos canais de transmisso tambm propiciam a formao de grandes monoplios de informao e entretenimento, tendncia exacerbada na metade final do sculo XX. A propagao do uso de computadores ligados em rede trouxe uma nova dinmica produo de informao e comunicao, com as chamadas mdias digitais. Com eles possvel produzir e disseminar textos escritos e imagticos a todos os que estejam conectados. Estes receptores, por sua vez, podero comentar, criticar, pesquisar, validar ou recompor as informaes a partir de suas descobertas. Assim, consumidores se transformam em potenciais produtores de informaes, podendo, ainda, utilizar o mesmo canal, a mesma rede, para disseminar seus pontos de vista, o que dificilmente fariam no modelo comunicacional anterior. O modelo de muitos para muitos altera a maneira de lidar com informaes e de construir conhecimento. Fontes so confrontadas e novos ngulos de anlise oferecem novas e mais amplas vises sobre os fatos. necessrio destacar que o advento das mdias digitais, em si, no capaz de garantir a democratizao da informao. O

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acesso a equipamentos em rede, o domnio mnimo das linguagens miditicas, comunicacionais e informacionais ainda so fatores limitantes nesse modelo. Loureno Vilches (2003) chama a ateno para dois pontos de vista antagnicos a respeito da digitalizao da informao e da comunicao em rede: um pessimista e outro otimista. Do ponto de vista pessimista, o movimento de digitalizao das mdias constituiria apenas mais uma fase de adaptao do capitalismo, desenvolvendo novos mecanismos de manuteno das desigualdades e de novas formas de submisso ao poderio econmico global e dominao virtual. O ponto de vista otimista, no entanto, compreende que:26| ...as novas tecnologias solapam o poder hegemnico das formas e papis das elites culturais, por meio de um processo de descentralizao da produo e recepo de meios que perderam sua natureza material ao converter-se em bits de informao (Vilches, 2003, p. 11).

No se pode negar que o acesso aos equipamentos necessrios para o aproveitamento da oportunidade, que se abre na perspectiva otimista de democratizao das mdias, estabelece um impasse significativo. Como possibilitar que um maior nmero de pessoas tenha acesso a essa tecnologia um desafio econmico e cultural para a maioria dos pases, sobretudo os mais pobres, para os quais a informao pode contribuir para superar dificuldades como a melhoria de processos de produo e distribuio de alimentos e de manuteno da sade dos cidados e do ambiente em que vivem. Os pases mais desenvolvidos vm demonstrando que o nvel de informao das populaes um fator significativo na melhoria das condies de vida individual e coletiva. Neles, a educao cumpre um papel igualmente significativo, e democratiz-la tem contribudo para ampliar as chances de acesso das populaes a nveis de vida mais dignos. Compreender melhor a realidade, nesse sentido, pode colaborar para a construo de um projeto

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de sociedade mais justa e inclusiva, com cidados mais crticos e mais aptos a conceber novas maneiras de partilhar os avanos cientficos e tecnolgicos. No entanto, restringir o acesso educao e informao a grupos privilegiados significa reproduzir estruturas de manuteno de privilgios, tal como aponta a viso pessimista apresentada por Vilches. A escola tem sido o espao preferencial da educao, da aprendizagem, das formas de compreender e conceber a realidade. Conscientemente ou no, nesse mesmo cenrio escolar que a estrutura social vem se reproduzindo e preparando as novas geraes para a intrincada e complexa rede de papis que se estabelecem na vida social. A velocidade de incorporao de novas tecnologias vida cotidiana, contudo, no tem penetrado nas escolas de forma simtrica, reproduzindo a assimetria da prpria sociedade. De um lado, escolas das quais os estudantes saem preparados para escolher as posies que ocuparo no trabalho e na vida social e, de outro, escolas que mal conseguem oferecer aos estudantes uma oportunidade de contato com o mundo com o qual devero interagir na vida adulta. As diferenas na qualidade da educao que oferecida, reproduzem diferenas sociais e inviabilizam projetos mais democrticos e inclusivos de desenvolvimento socioeconmico. Qualquer nao que pretenda uma posio menos subalterna na complexa estrutura mundial precisa enfrentar corajosamente as questes do acesso informao e da educao da populao como um importante fator de mudana. Produzir mais, distribuir melhor, preservar a sade das pessoas e do meio ambiente, alcanar melhores condies de produo e comrcio, garantir a soberania das naes, tudo isso forma um enorme desafio que passa necessariamente pelo nvel de informao das populaes. Passa, portanto, pela qualidade da educao a que estas como um todo tm acesso. Para que a escola cumpra seu papel de oferecer uma formao capaz de alterar significativamente o quadro de desigualdades,

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importante que se torne um espao privilegiado de convivncia, de experimentao, de criao, e no apenas de reproduo de crtica e de conformao. Deve transformar-se em local de apropriao e de ressignificao de informao, de efetiva construo de conhecimento socialmente relevante. Professores e estudantes precisam ter acesso a fontes de informao e a tecnologias que lhes permita atuar de forma consciente sobre a prpria vida e a vida coletiva que esto construindo. A escola que pretende uma educao de qualidade no deve ser um espao de improvisaes sem correspondncia com os demais espaos sociais. Pappert em A Mquina das Crianas (1994) ressalta a defasagem da escola traando um paralelo entre os avanos tecnolgicos incorporados nos ltimos sculos em atividades, como na medicina e na engenharia, e o baixo nvel de incorporao tecnolgica pela escola, no mesmo perodo. Uma sala de aula no deve ser um espao em que se relata o conhecimento construdo como uma histria j constituda, acabada, para ser memorizada e repetida em situaes isoladas do contexto social. O aparato miditico de que a sociedade contempornea dispe precisa ser colocado a servio do ensino e da aprendizagem, e no apenas sob a forma de produtos prontos, consumveis. Embora estes produtos livros, audiovisuais, softwares educativos possam trazer educao um excelente aporte, enriquecendo currculos e facilitando a compreenso dos temas mais diversos, eles devem constituir elementos a serem amplamente manipulados por professores e estudantes, de modo a se transformarem, assumirem novos significados e pontos de partida para a efetiva construo de conhecimento. A escola precisa oferecer aos estudantes um verdadeiro ambiente de experimentao, de anlise e de adequao do que se aprende aos desafios apresentados nas mais diversas reas de atuao humana. Precisa dispor, do mesmo modo, de condies tecnolgicas para realizar tal tarefa. As TIC oferecem, assim, uma importante contribuio.

2 - POLTICAS PBLICAS DE FORMAO DOCENTE FACE INSERO DAS TIC NO ESPAO PEDAGGICO

Para que os estudantes possam ter, na escola, acesso ao mesmo instrumental da sociedade contempornea para a apropriao, elaborao e disseminao de informaes necessrio prov-los dos equipamentos adequados. Isso, no entanto, alm de exigir investimentos significativos, no o suficiente. Tambm fundamental estabelecer polticas educacionais abrangentes que compreendam, para alm do provimento dos equipamentos, uma concepo pedaggica que os coloque a servio da melhoria da qualidade da educao. Um importante desafio a enfrentar passa a ser, assim, o da apropriao das mltiplas Tecnologias de Informao e de Comunicao TIC e das linguagens miditicas como efetivos instrumentos de ensino e de aprendizagem. Para tal, alm dos recursos em si, prover a capacitao para seu uso por parte dos docentes, so medidas necessrias quando se deseja provocar mudanas significativas na maneira de ensinar e de aprender. Nesse contexto, o Ministrio da Educao, por intermdio da Secretaria de Educao a Distncia, tem desenvolvido programas, tanto para democratizar o acesso s TIC, fazendo chegar os recursos necessrios s escolas pblicas, quanto para oferecer formao continuada aos professores, no que tange ao seu uso1,1 Podem ser citados programas como o Programa Nacional de Informtica na Educao ProInfo, criado pela Portaria n 522, de 9 de abril de 1997, que tem levado laboratrios de informtica e capacitao de multiplicadores a todos os estados da Unio, instalando os chamados Ncleos de Tecnologia Educacional NTE, cuja funo capacitar professores para o uso das TIC nas escolas em que atuam. O objetivo o de equipar todas as escolas de Ensino Mdio com laboratrios de informtica para uso pedaggico. Outro programa o TV Escola, canal de televiso, via satlite, destinado exclusivamente educao escolar. Ele entrou no ar em todo o Brasil em 4 de maro de 1996. Conta com 24 horas de programao diria e tem como objetivos a capacitao, atualizao e aperfeioamento de professores da Educao Bsica e o enriquecimento do processo de ensino-aprendizagem. J atinge 65% das escolas brasileiras, exibindo programas de produo prpria e licenciada. Em 2006 foi criado tambm o DVD Escola, que diz respeito ao envio de mdias e aparelhos de reproduo, sobretudo para escolas com problemas de recepo do sinal de satlite. J foram enviadas cerca de 150 horas de programas nesse formato. Do ponto de vista da capacitao, tm sido realizados programas como o TV Escola: os desafios de hoje, que capacitou cerca de 100 mil professores em 3 verses oferecidas pela SEED/ MEC em parceria com Universidades.

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propiciando oportunidades de reflexo terico-prtica com foco na aprendizagem, na capacidade de produzir e disseminar conhecimentos e informaes com base na cooperao entre educadores e educandos. Nesses programas, o professor estimulado a atuar como orientador de percursos de aprendizagem, e no como um simples fornecedor de informaes. A Co-autoria como Estratgia de Ensino e de Aprendizagem A capacitao continuada de professores , em si, um dos importantes desafios a enfrentar quando se pensa no contingente de, aproximadamente, 2 milhes de professores, como o caso da educao pblica no Brasil. Nesse caso, a Educao a Distncia tem se mostrado a modalidade que melhor atende a tal objetivo. O emprego das TIC permite formatar, organizar e levar a professores de todo o pas, por intermdio dos ambientes virtuais de aprendizagem, contedos elaborados nos centros acadmicos, complementados por chats, fruns de discusso e outras atividades virtuais orientadas por tutores locais. Pretende-se, assim, fomentar o uso criativo das TIC e das linguagens miditicas. Os desafios dessa formao, utilizando recursos de Internet, no entanto, no so poucos. Problemas como a falta de acesso aos recursos indispensveis, a necessidade de vencer as reservas com que ainda encarada a insero das TIC na Educao, por parte dos docentes, exigem um esforo adicional dos organizadores e dos prprios cursistas. Alm disso, a compreenso especfica de que, face diversidade de mdias e de recursos, o papel do professor se transforma, fazendo com que atue mais como orientador de percursos de aprenPara formar multiplicadores para os NTEs j foram oferecidos 38 cursos de Especializao, sendo 34 presenciais, 2 semipresenciais e 2 a distncia. Para promover o uso integrado das mdias comeou a ser oferecido, em 2005, o Programa de Formao Continuada em Mdias na Educao. Este um programa modular, a distncia, concebido pelo MEC. Ele foi desenvolvido e oferecido em parceria com Instituies de Educao Superior IES e Secretarias de Educao SE de todo o pas. Seu objetivo preparar educadores, sobretudo da Educao Bsica, para o uso autoral das mdias como ferramentas a servio do ensino e da aprendizagem. Atualmente, 10.000 professores da Rede Pblica encontram-se em formao.

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dizagem do que como o nico responsvel pelas informaes que chegam sala de aula, precisa ser vivenciada a partir da prpria formao. A autoria e a co-autoria, aspectos mais interessantes do uso pedaggico das TIC, precisam ser experimentadas pelos professores para que percebam o seu potencial para o desenvolvimento de aprendizagens significativas. Pesquisas tm mostrado que professores que lanam mo de atividades criativas e instigantes, desenvolvendo projetos com seus alunos, costumam alcanar um grau de envolvimento dos estudantes e uma predisposio para trabalhar intensamente muito maior do que a observada nas salas de aula convencionais. Quando so propostas aos alunos atividades, que sejam capazes de serem compreendidas claramente, com as quais se identifiquem e para as quais se sintam instigados a superar, que faam sentido frente aos seus estgios de desenvolvimento e prpria capacidade de perceber o mundo, o que costuma ocorrer um envolvimento emocional capaz de transformar a rdua tarefa de aprender em uma atividade prazerosa. o que Papert chama de construcionismo. Valente (2006) destaca dois componentes importantes na abordagem de Papert:Primeiro, o aprendiz constri alguma coisa, ou seja, o aprendizado atravs do fazer, do colocar a mo na massa. Segundo, o fato de o aprendiz estar construindo algo do seu interesse e para o qual ele est bastante motivado. O envolvimento afetivo torna a aprendizagem mais significativa (Valente, 2006, p. 11).

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A Secretaria de Educao a Distncia do MEC SEED tem trabalhado com hiptese semelhante, reforada pelos relatos de experincia apresentados nas edies dos vrios programas de formao que desenvolve. Os estudantes, estimulados a trabalhar ativamente e com autonomia para apostar em seus projetos, utilizando suportes e linguagens variadas (textos, hipertextos, audiovisuais, blogs, entre outros) costumam aprofundar seus estudos e pesquisas para alm do previsto nos currculos escolares.

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Uma vantagem adicional que, para executar esses projetos, muito mais complexos que as usuais tarefas de casa, os alunos devem se apropriar das especificidades das mdias e das tecnologias envolvidas, das linguagens e dos recursos que escolhem. Pode-se imaginar, por exemplo, a riqueza de aprendizagens desenvolvidas por um grupo que decida apresentar o resultado de um estudo sobre histria no formato de um programa radiofnico ou de uma reportagem registrada em vdeo. A tarefa escolar transforma-se em produto autoral, em algo capaz de materializar o entendimento e a concepo construda pelos estudantes a respeito de seu objeto de estudos. Alm de autores, transformam-se tambm em consumidores mais crticos, conhecedores das linguagens e das especificidades das diversas mdias. Essas vantagens justificam a poltica que vem orientando as aes da SEED baseada na atividade autoral ou, como a nomeou Neves, a Pedagogia da Autoria:A Secretaria de Educao a Distncia SEED, do MEC, criada em 1996, [....] com base nas experincias de implantao dos programas TV Escola, curso TV na Escola e os Desafios de Hoje, Programa Nacional de Informtica na Educao ProInfo, Programa de Formao de Professores em Exerccio Proformao, Paped e Rdio Escola, o Departamento de Produo e Capacitao em EAD da SEED definiu como poltica para suas aes de capacitao, a partir de 2005, a pedagogia da autoria (Neves, 2005, p. 21).

Os computadores multimdia, integrando em um mesmo equipamento recursos de reproduo e de criao de textos, udio e vdeo, e a complexidade que o domnio das diversas mdias envolve, trazem mais um ingrediente a essa concepo pedaggica. Dificilmente um professor ou um aluno dominaro todos os processos. Provavelmente, um projeto multimdia ou um hipertexto exigir o trabalho cooperativo de professores e estudantes. O trabalho de autoria se transformar, ento, em um trabalho de co-autoria, e a conjugao de esforos e competncias contribuir para a formao de valores essenciais formao de uma cons-

2 - POLTICAS PBLICAS DE FORMAO DOCENTE FACE INSERO DAS TIC NO ESPAO PEDAGGICO

cincia mais solidria, mais voltada para a construo coletiva e para o compartilhamento de informaes, desde a escola. O professor, por sua vez, experimentar uma atuao menos centrada na sua competncia individual, dividindo e alternando com os estudantes e com seus pares a responsabilidade sobre as aprendizagens que ocorrero na sala de aula. Sua competncia como orientador de percursos de aprendizagem tambm ganhar centralidade face s possibilidades, temas e interesses que podero emergir na atividade pedaggica. A co-autoria pedaggica democratiza os saberes, dinamiza as atividades pedaggicas, enquanto permite a reflexo crtica compartilhada, revela e valoriza talentos individuais, ao mesmo tempo em que ressalta a importncia de acion-los em favor de tarefas coletivas. As atividades pedaggicas ganham uma dinmica semelhante quela experimentada na vida social, cujas tarefas precisam envolver mltiplos esforos e habilidades, alm de atender aos anseios comuns. Abre-se, assim, um espao de discusso sobre a importncia do estabelecimento de critrios cognitivos, ticos e estticos que, de outra maneira, representariam algo a ser simplesmente assimilado pelos estudantes. Autores e co-autores precisam dar visibilidade ao que produzem. As TIC contribuem tambm nesse aspecto. Computadores conectados Internet facilitam no s a pesquisa como o acesso a esta em variadas fontes de informao, alm de oferecer subsdios para a produo autoral, mas tambm abrem espao para a publicao, a disseminao e a avaliao crtica do pblico que tenha acesso rede. Por meio desse recurso, possvel aos estudantes e professores de uma mesma escola construir conhecimento de modo cooperativo, compartilhar, ampliar e, mesmo, construir acervos, formando e participando de comunidades virtuais as mais diversas. A conexo rede passa a ser o limite do trabalho educativo. Para finalizar este captulo, vale reforar mais uma vez que, baseadas nessa proposta pedaggica, vm sendo construdas as polticas dedicadas melhoria da qualidade da Educao, do pon-

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to de vista da insero de TIC e de linguagens miditicas. Elas tm sido orientadas a partir da concepo de que a disponibilizao de acervos multimiditicos, com contedos de qualidade; de recursos tecnolgicos, que permitam um trabalho instigante de ressignificao desses contedos; e de aes de capacitao de docentes, que estimulem o trabalho baseado na cooperao entre professores e estudantes, possa transformar a escola em um espao de pesquisa, de cooperao autoral, de formao de cidados crticos e conscientes, aptos a construrem, coletivamente, um projeto de sociedade no qual possam se inserir mais conscientemente e que nele possam se reconhecer. Sabe-se da complexidade envolvida na implementao dessas polticas, mas, sabe-se tambm que este um dos muitos desafios a ser encarados para alcanar um nvel de qualidade na educao, coerente com o projeto de uma sociedade verdadeiramente democrtica como a que se pretende.

Referncias bibliogrficasNEVES, Carmen M. C. A Pedagogia da Autoria. In: Boletim Tcnico do Senac, v. 31, n. 3, set./dez., 2005. PAPERT, S. A Mquina das Crianas: repensando a escola na era da informtica. Porto Alegre: Artes Mdicas, 1994. VALENTE, J. A. Por qu o Computador na Educao? Disponvel em:

10HOMOLOGAO

11AVALIAO COM USURIO

FIGURA 2: PROCESSO DE GESTO DO DESENVOLVIMENTO DOS CURSOS A DISTNCIA

O processo de desenvolvimento e gesto fundamenta-se nas etapas demonstradas na figura 2 e envolve os procedimentos descritos a seguir: Contato: a anlise criteriosa das necessidades, o levantamento de requisitos, do pblico-alvo e das caractersticas do projeto ir definir o tipo de abordagem de desenvolvimento e os recursos que sero alocados ao longo de todo o processo. O conteudista e o desenvolvedor estabelecem o contexto e fazem o mapeamento das principais idias do curso. Alm disso, entendem o domnio, a complexidade e o comportamento do material a ser desenvol-

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vido, para que as possibilidades de desvios operacionais sejam minimizadas ao mximo. Contedo: os objetivos, conceitos-chave, valores e contedos identificados na etapa anterior devero refletir o resultado das entrevistas, reunies, depoimentos, apresentaes e todo tipo de sinalizaes objetivas ou no. As mdias obtidas no precisam, necessariamente, ser utilizadas em seu estado original, podendo ser re-elaboradas, editadas ou adaptadas, o que for mais adequado ao meio. Orientar o especialista quanto abordagem, profundidade do tema e estilo de linguagem tambm uma atividade fundamental, de modo a evitar um volume desnecessrio de ajustes no texto. Assim, to logo o contedo bsico esteja validado pelo especialista, ser possvel iniciar o briefing e da partir para o planejamento coletivo do que ser trabalhado em nvel de estratgias educacionais, comunicacionais e tecnolgicas. O contedo final dever ser observado e discutido por toda a equipe, para que se estabelea o entendimento daquilo que deve ser produzido ou reproduzido. Briefing: ponto de partida de um trabalho criativo, representa slidos fundamentos sobre os quais possvel edificar uma soluo, mas de forma alguma o limite no qual se pretende encerr-la. Para desenvolver um briefing deve-se contar com a participao de pessoas de reas e formaes diversas. Tal variedade de opinies enriquece o processo de criao. saudvel fugir da confortvel tendncia de amontoar uma quantidade de dados, textos, imagens e distribuir para os envolvidos em seu processo de trabalho. Melhor contar sempre com toda a equipe nas etapas de planejamento. Estratgias: fundamenta o futuro produto antes de entrar em produo e implementao; evita re-trabalho e costuma evitar problemas de comunicao. Sinopse: formata o texto que define as estratgias educacionais, comunicacionais e tecnolgicas que sero utilizadas no curso, para transform-lo em um documento de entendimento entre os diferentes atores envolvidos no processo.

4 - METODOLOGIA E GESTO EM EDUCAO A DISTNCIA

Roteiro: registra a comunicao e o formato do curso o mais perto possvel do seu formato final, sem utilizar recursos de programao. Projeto Grfico: o projeto bsico dever ser realizado de acordo com os requisitos definidos pela caracterizao do pblicoalvo e de acordo com requisitos de usabilidade, de contedo, de navegao e tecnolgicos do ambiente no qual o produto ser implementado. Prottipo: pode conter uma nica tela e ser apoiado por um apresentador. Pode, tambm, ser a simulao total da aplicao. necessrio, porm, que contenha a definio de tipos de tela, de elementos e dos mdulos. Produo: etapa em que realizada efetivamente a implementao do curso.

3. Comentrio finalNa literatura existem vrios conjuntos de atividades propostos para a gesto do conhecimento. Togneri et al. (2004) afirmam que as atividades bsicas da gerncia de conhecimento so: identificao, aquisio, desenvolvimento, disseminao, uso e preservao de conhecimento. Observamos que a gesto do processo de desenvolvimento de cursos a distncia envolve uma gesto do conhecimento, em que o conjunto das informaes e as memrias das equipes de produo transformam o fluxo de trabalho ajudando os indivduos a tomar decises, analisar e visualizar assuntos complexos. O valor da gesto encontra-se em sua capacidade de permear todas as atividades que envolvem pessoas, processos, sistema e tecnologias. Assim, a partir do uso de mtodos eficientes de gesto possvel desenvolver procedimentos cooperativos na equipe e melhorar a eficcia da produo dos cursos. Notamos tambm que novas habilidades so exigidas, entre elas, aquelas que dizem respeito ao uso da tecnologia e da multimdia e a uma atitude crtica perante a produo social da comunicao.

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Retomando o relatrio do GTEADES, citado na introduo deste captulo, algumas recomendaes devem ser feitas a partir de nossa experincia e em consonncia com o relatrio citado. Sentimos o quanto fundamental um aprimoramento no processo de relacionamento e comunicao com os docentes especialistas, no apenas no que tange a uma maior democratizao de saberes, mas tambm necessidade de um sistema informatizado para a colaborao e gesto dos contedos. Essa ser nossa meta nos meses vindouros. Para finalizar, apontamos como grande aspecto positivo o fato de nossa equipe ter desenvolvido uma ampliao do desenvolvimento de capacidades intelectuais e afetivas, e o nosso comprometimento com os problemas sociais e polticos de toda a sociedade.

Referncias bibliogrficasABRANCHES, Srgio Paulino. Modernidade e Formao de Professores: a prtica dos multiplicadores dos ncleos de tecnologia educacional do nordeste e a informtica na educao (Tese de Doutorado apresentada Universidade de So Paulo). So Paulo: USP, 2003. ANDRIOLE, S.J. Requirements-Driven ALN Course Design, Development, Delivery & Evaluation. Disponvel em: Acesso em: junho de 2002. CAMPOS, Gilda H. Bernadino de; ROQUE, Gianna O.; COUTINHO, Laura M. Design Didtico para Implementao de Cursos Baseados na Web. In: XIV Simpsio Brasileiro de Informtica na Educao Mini-curso. Rio de Janeiro: UFRJ/NCE-IM, 2003.

4 - METODOLOGIA E GESTO EM EDUCAO A DISTNCIA

CAMPOS, Gilda H. Bernardino de. Vers une Mthodologie dvaluation des Logiciels ducatifs. In: Fascicule de Didactique des Mathmatiques. Rennes: Institut de Recherche Mathmatique de Rennes, 1992. NUNES, C.A. Objetos de Aprendizagem. Rio de Janeiro: SE, 2003. (mimeo) PErEIra, L.a. Objetos de Aprendizado Re-utilizveis (RLOs): conceitos, padronizao, uso e armazenamento. rio de Janeiro: SE, 2002. Resource Description Framework (RDF) Model and Syntax Specification (1999). Disponvel em: Acesso em: outubro de 2001. WILLEy, D.A. Learning Object Design and Sequencing Theory (2000). Disponvel em: Acesso em: 2003.

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51. Introduo

Currculo e prtica educativa: relato de uma especializao bem-sucedidaMaria Apparecida Campos Mamede-Neves|59

O Curso de Especializao em Educao: Currculo e Prtica Educativa foi concebido no sentido de contribuir para a formao continuada de educadores que lidam com o espao escolar. Isso faz com que sua perspectiva multidisciplinar seja fundamental. Pretende oferecer a seus cursistas um referencial terico-pedaggico que propicie uma atualizao e um aprofundamento em questes de Educao, com nfase naquelas que tm uma implicao direta com a problemtica referente ao currculo e prtica pedaggica nas escolas de Ensino Fundamental e Mdio a que esto ligados. Esta especializao, na verdade, uma verso digital de experincias anteriores, nas quais foram utilizados recursos de EAD compatveis com as possibilidades da poca, ou seja, usando apenas materiais impressos, tutoria por fax e telefone e os Centros de Apoio Local CALs, nos quais os alunos buscavam os materiais do curso, e onde se realizavam os seminrios introdutrios das disciplinas e as provas presenciais.

EDUCAO A DISTNCIA E FORMAO DE PROFESSORES: RELATOS E ExPERINCIAS

Os sete cursos de especializao realizados nesses moldes ocorreram entre fins dos anos de 1990 at 2004, e possibilitaram a certificao de cerca de 1.000 professores no Brasil. Em que pesem as condies restritas de comunicao dos docentes com os cursistas, as especificidades desse curso e a excelente avaliao que recebeu de todos os gestores e professores que o cursaram, tudo isso fez com que a PUC-Rio se propusesse a continuar a atender s demandas dentro desse campo encorajando-nos a se associar CCEAD para reestrutur-lo nos moldes de um curso fortemente apoiado na Web. Merece ser aqui destacado quando, de que modo e com que parceiros o Departamento de Educao e a CCEAD PUC-Rio realizaram a experincia:60|

Realizao do curso em parceria com o Centro Pedaggico Pedro Arrupe, para dirigentes e corpo tnico-administrativo de nvel superior dos Colgios Jesutas, distribudos pelos estados de Rio de Janeiro, Minas Gerais, So Paulo, Paran, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, no perodo de 1996-1997; Realizao do curso em parceria com o Centro Pedaggico Pedro Arrupe, para professores e corpo tcnico-pedaggico dos Colgios Jesutas, distribudos pelos estados de Rio de Janeiro, Minas Gerais, So Paulo, Paran, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, no perodo de 1998 a 2003; Realizao do curso para professores e orientadores de Escolas Salesianas, atendendo a professores distribudos pelos estados de Pernambuco, Gois, Rio de Janeiro, So Paulo e Rio Grande do Sul, no perodo de 1998 a 2001; e Realizao do curso para professores e orientadores dos Colgios N. S. do Sion, no perodo de 1998 a 2003, distribudos pelos estados de So Paulo, Paran e Rio de Janeiro.

5 - CURRICULO E PRTICA EDUCATIVA: RELATO DE UMA ESPECIALIzAO BEM-SUCEDIDA

Uma viso da abrangncia dessas experincias que antecederam o curso atual, em termos de territrio nacional, pode ser analisada no mapa a seguir:

ALCANCE DOS CURSOS ANTERIORES

CE

PE

GO MG

BA

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PR

RJ SP SC

RS

2. O curso atualA experincia que descreveremos a seguir pode ser considerada uma continuao natural da proposta de iniciao continuada de docentes e gestores usando a modalidade de EAD. Entretanto, se antes o foco principal era a formao em termos da proposta de contedo do curso, nesta nova experincia a preocupao de inserir o professor no mundo das TIC se colocou como um segundo foco de importncia equivalente. O curso atual, no novo formato, est se realizando com trs turmas de professores cursistas que pertencem a escolas jesutas,

EDUCAO A DISTNCIA E FORMAO DE PROFESSORES: RELATOS E ExPERINCIAS

organizadas segundo os Centros de Apoio Local CALs a que pertencem: Rio de Janeiro, So Paulo e Minas Gerais. um projeto conjunto da Fundao Pedro Arrupe instituio que tambm promoveu alguns dos cursos anteriores do Departamento de Educao e da CCEAD PUC-Rio. Na verdade, este projeto atual tem sido muito bem-sucedido, e as avaliaes j realizadas sobre sua eficincia tm fornecido uma base emprica extremamente rica. 2.1 Objetivos O objetivo central do curso, desde a sua modalidade anterior, oferecer uma atualizao e um aprofundamento em questes centrais da Educao no Brasil, com nfase naquelas que tm uma implicao direta com a problemtica referente ao currculo e prtica pedaggica de suas disciplinas. Com esta nova estrutura, mais dois outros objetivos foram includos ao anterior: Oferecer ao professor cursista a possibilidade de refletir sobre o exerccio da cidadania em um mundo permeado pela cincia e pela tecnologia, estimulando a apropriao crtica dos conhecimentos dessas reas e desenvolvendo competncias que lhe permitam us-las criticamente; e Oferecer s instituies de ensino a que pertencem os alunos desta especializao melhores condies de implementao das metas pretendidas. Especificamente por causa do segundo objetivo, um dos propsitos especficos dessa especializao o de introduzir o professor, de forma crtica, no uso de tecnologias de informao e de comunicao digital, uma vez que o grupo atendido ainda constitudo por profissionais que esto bastante longe da apropriao dessas possibilidades. E, em relao ao terceiro objetivo, a inteno da especializao investir no apenas em docentes isolados, seno tambm em escolas, possibilitando s Instituies de Ensino Superior (IES) que usufruam tambm desta formao, apropriando-se de

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5 - CURRICULO E PRTICA EDUCATIVA: RELATO DE UMA ESPECIALIzAO BEM-SUCEDIDA

conhecimentos terico-prticos no que tange s abordagens relacionadas construo do conhecimento e ao uso adequado das interfaces miditicas. 2.2 Caracterizao dos cursistas O curso destina-se aos profissionais de nvel superior, de diferentes reas de conhecimento, que estejam inseridos no campo da Educao, abrangendo uma diversidade de formaes e de experincias. Esta heterogeneidade, longe de ser um empecilho na organizao e desenvolvimento do curso, vista como um fator enriquecedor na formao da sociedade cooperativa que, certamente, enriquecer a todos no decorrer do curso. 2.3 Aspectos organizacionais e de funcionamento O curso de Especializao em Educao: Currculo e Prtica Educativa est integrado s estruturas acadmicas e administrativas da PUC-Rio, coexistindo com os cursos regulares. Por isso, segue as normas vigentes na universidade a respeito de seus cursos de Especializao. A coordenao geral do curso exercida pela Coordenao Central de Educao a Distncia CCEAD, enquanto que a coordenao acadmica responsabilidade do Departamento de Educao, que tem a seu cargo a realizao do programa, incluindo a elaborao, o acompanhamento das disciplinas por professores e a avaliao dos alunos. Ambas as coordenaes so responsveis pela realizao da avaliao institucional do curso e pelas atividades de planejamento e produo de materiais. Nessa tarefa, contam com uma equipe de professores e tutores que se ocupam da organizao dos contedos e das disciplinas, bem como do acompanhamento do processo de aprendizagem dos alunos e da orientao dos trabalhos acadmicos. Esse curso est desenvolvido na modalidade a distncia, a fim de atender concomitantemente e sem limitao de nmero aos educadores de diversos colgios que no possam se afastar de|63

EDUCAO A DISTNCIA E FORMAO DE PROFESSORES: RELATOS E ExPERINCIAS

seus locais de trabalho para fazer a sua formao. Ele se realiza a partir de uma nica entrada, precedida da seleo dos participantes. Seus membros cursistas devem obedecer ao cronograma estabelecido pela coordenao do curso. O currculo desenvolvido em 540 horas de estudo a distncia e 80 horas de atividades em seminrios. Quanto durao, foi estipulada uma mdia de 18 meses para que os participantes concluam o curso, incluindo os perodos de estudo individualizado e os de seminrios. Quanto estrutura curricular, o curso est estruturado em quatro blocos temticos, com duas disciplinas em cada um, com a durao de quatro meses, como se pode observar pelo quadro abaixo:64|

So oferecidas, para cada disciplina, diversas atividades, entre elas, estudo e reviso, seminrios introdutrios e tutoria a distncia, bem como uma avaliao presencial e um acompanhamento na realizao da Monografia. Com relao ao andamento do curso, ele segue o seguinte fluxograma:

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INCIO DO CURSO

Seminrio Introdutrio BLOCO A Estudo das disciplinas A1 A2 Seminrio Avaliao A1 A2 Seminrio Introdutrio Bloco B Estudo das disciplinas B1 B2 Seminrio Avaliao B1 B2 Seminrio Introdutrio Bloco C Estudo das disciplinas C1 C2 Seminrio Avaliao C1 C2 Seminrio Introdutrio Bloco D Estudo das disciplinas D1 D2 Seminrio Avaliao D1 Monografia

Seminrio de Discusso A

REVISO 1

Seminrio de Discusso B

REVISO 2

MONOGRAFIA EM CONSTRUO

Seminrio de Discusso C

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REVISO 3

Seminrio de Discusso D

REVISO 4

AVALIAO DA MONOGRAFIA LEGENDACALs (Centros de Apoio Local) TUTORIA A DISTNCIA EVENTO PRESENCIAL

VIDEOCONFERNCIA

Como se pode observar, h neste fluxograma um ponto muito importante a ser assinalado: o acompanhamento para a realizao da Monografia. O pensar dos cursistas sobre como construir a

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monografia j se inicia no segundo mdulo, dentro da disciplina Pesquisa e Construo do Saber Docente. Esse procedimento foi assumido para possibilitar que o projeto e realizao da monografia sejam gerados durante o desenrolar dos blocos temticos seguintes, de tal sorte que, ao final, ela j esteja em sua formulao avanada, ainda que sua concluso somente se d no ltimo, com uma carga horria especfica. 2.4 O Desenvolvimento do curso O curso est desenvolvido na modalidade a distncia, a fim de atender, concomitantemente e sem limitao de nmero, aos educadores de diversos colgios que, ainda que dentro de um mesmo estado ou municpio, no podem se afastar de seus locais de trabalho para fazer a sua formao. Assim sendo, sua execuo se faz pelo ambiente colaborativo de aprendizagem (AulaNet), um software baseado na Web desenvolvido no Laboratrio de Engenharia de Software LES, do Departamento de Informtica da PUC-Rio, e amplamente utilizado no pas. O AulaNet oferece ao usurio as seguintes possibilidades: O Menu de Servio possibilita o acesso a todos os servios que so utilizados para apoiar o curso. So vrias as funes, mas aqui destacamos apenas aquelas que foram essenciais para a realizao deste curso na modalidade EAD. Plano de aulas O Plano de Aulas o mecanismo que apresenta as aulas a que o cursista ir assistir. Cumprindo o objetivo do curso, que o de introduzi-lo o mais rpido possvel ao uso das tecnologias de informao e, mais particularmente, ter autonomia em um curso de EAD, oferecido um tutorial sobre como navegar no ambiente das aulas. Cada disciplina apresenta seus contedos da maneira mais dinmica possvel, usando os recursos grficos e uma linguagem adequada ao ambiente Web. Uma aula pode ter vrios contedos,

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5 - CURRICULO E PRTICA EDUCATIVA: RELATO DE UMA ESPECIALIzAO BEM-SUCEDIDA

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apresentados de diferentes maneiras, ou seja, esse ambiente das aulas pode se articular diretamente com outros materiais, como artigos sugeridos pelo professor da disciplina, ou apresentaes

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em PowerPoint disponveis tambm em Documentao (veja a figura a seguir). Outra articulao possvel no ambiente das aulas aquela que se d com o recurso Webliografia, que contm links para sites na Internet, e cuja referncia bibliogrfica apresentada dentro da disciplina.

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Finalmente, tem sido realizada com muito xito a apresentao do contedo da disciplina em CD-Rom, ficando disponveis no Plano de Aulas apenas as orientaes de estudo. Vejamos um exemplo de como isso fica articulado dentro do ambiente do AulaNet:

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CD-ROM Aprendendo Aprendizagem Em relao ao CD-ROM, Aprendendo Aprendizagem, ele foi construdo por mim em 1999/2000 (hoje j na terceira edio), no apenas no que se refere ao contedo, mas a todos os materiais que nele existem, em razo das demandas do curso Currculo e Prtica Educativa que j se faziam ouvir no sentido de sair dos limites do material impresso. Foi no exerccio da docncia a distncia de uma das disciplinas do curso, lidando com a complexidade de seu contedo, o que tornava imprescindvel que tivesse um tratamento diferenciado das outras (que seguiram um desenho mais tradicional de EAD) quanto aos materiais disponveis aos alunos, mas, principalmente, pelo meu mal-estar em oferecer aos cursistas somente textos escritos como materiais de estudo, que cresceu em mim o desejo de agregar som e imagem, cor e movimento ao estudo que eles realizavam, materializado na idia de apresentar a disciplina sob a forma de um CD-Rom. Por que em CD-Rom e no pela Web? Exatamente pela constatao de que, naquela poca, pelas reas em que moravam, muitos dos alunos dessa especializao ainda no contavam com a Internet em suas cidades. Alm disso, tambm porque sabemos da dificuldade financeira que tm em geral os educadores, o que faz com que, quando muito, tenham apenas um computador na famlia ou, muitos deles, s podendo dispor daquele que lhes oferecem os amigos. Assim, de idia sonhada idia realizada, o CD-Rom Aprendendo Aprendizagem fruto da minha parceria com a equipe tcnica do Laboratrio de Multimdia do RDC da PUC-Rio, coordenada pela professora Maria das Graas Chagas, pois na poca ainda no se havia instalado a CCEAD. O CD-Rom est organizado de forma a permitir que, progressivamente, sejam construdas relaes entre as diferentes escolas tericas que tratam da aprendizagem, a partir das possveis convergncias e divergncias encontradas entre elas. Para atingir esse objetivo, o usurio do CD-Rom pode trilhar cinco

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caminhos, tomados na seqncia proposta, ou apenas seguindo o seu interesse especfico, conforme podemos ver na tela inicial do CD-Rom:

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Tambm possvel notar, nesta primeira tela, e que vai se repetir em cada unidade, que foi reservado um espao amplo para o vdeo que oferece uma pequena aula temtica. A adoo desta medida se deveu a dois fatores: Primeiro, porque os alunos em suas avaliaes conforme comprovou trabalho investigativo (Pedrosa, 2001) mostraram que desejavam ver e ouvir a professora da disciplina, pois isso fazia com que eles se sentissem menos solitrios e mais acompanhados; Segundo, porque usar uma tela maior para os vdeos que se ocupam das aulas temticas foi conseqncia do resultado de uma pesquisa que se realizou sobre qual o tamanho melhor para uma tela de vdeo, dentro do enquadre do computador, tendo-se verificado o quanto cansativo

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para o cursista ter o espao do vdeo enquadrando apenas o rosto de quem fala. Foi constatado que, se fosse dado um espao maior de tela, o interesse na explicao se mantinha por muito mais tempo. Quanto ao desenrolar de cada unidade proposta, o usurio tem sua disposio, alm das aulas introdutrias das unidades temticas, cinco outras opes para seu estudo: materiais de leitura, esquemas temticos (apresentados em PowerPoint, com explicaes tericas em udio, realizadas em off ), ilustraes, vdeos com cenas de vida diria infantil e auto-avaliaes. Todas essas opes esto interligadas entre si e aos textos de leitura, usando-se a trama do hipertexto. Por outro lado, excetuando os vdeos das crianas, todo o material de estudo disponvel ao cursista no CD-Rom pode ser impresso, garantindo, assim, que aquele aluno que no tenha possiblidade de ter sempre mo um computador possa realizar o curso, ainda que de forma menos dinmica. A tela abaixo ilustra melhor esta disposio:

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O fundo de tela com tom suave pastel, usado em todo o CDRom, foi cuidadosamente escolhido como sendo, ao mesmo tempo, repousante e instigante, com imagens (sob a forma de marca dgua) de crianas que, em cada unidade, estavam ligadas temtica em estudo. Veja-se que, na tela acima, so apresentadas imagens de crianas de diferentes idades, sugerindo diferentes etapas do processo de desenvolvimento, tema central da unidade apresentada. Como dissemos acima, foi fundamental, na execuo deste projeto de CD-Rom, que os textos para leitura e os esquemas comentados em udio fossem inter-relacionados, permitindo o estudo integrado das unidades temticas. Alm disso, os exemplos prticos, sob a forma de vdeo ou de ilustraes, sempre disponveis e integrados aos textos e esquemas, garantiram a melhor forma de realizar a ponte entre as colocaes tericas e a vida cotidiana. Vejamos abaixo exemplos, dentro do item Ilustraes, do Desenvolvimento da escrita e do Desenvolvimento do desenho, sob a forma de produes concretas de crianas. bom lembrar que esses dois tipos de materiais oferecem tambm o recurso de dar ao cursista uma explicao escrita do que ele est vendo, como mostra o segundo exemplo, sendo ambos, ilustrao e explicao, passveis de ser impressos. Este CD-Rom oferece, ainda, mais dois espaos: Um dedicado ao que se costuma chamar de auto-avaliao, ou seja, propostas de atividades didticas para serem feitas pelo cursista, no intuito de conferir o aproveitamento do estudo realizado. Essas propostas esto devidamente ligadas s sees do CD-Rom que contenham o conhecimento avaliado, o que permite conferir sua aprendizagem de forma autnoma; e Um que oferece uma bibliografia bsica comentada referente a cada unidade, de modo que outros autores, alm dos que deram seus crditos ao CD-Rom, possam ser consultados, caso seja de interesse do cursista ter um maior aprofundamento de cada tema.

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ExEMPLO DE UM MOMENTO DA EVOLUO DO DESENHO, MOSTRANDO O qUADRO ExPLICATIVO

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Essa bibliografia comentada era atualizada, na poca de seu lanamento, pelo usurio na Internet, acessando um site especfico da PUC-Rio, indicado no CD-Rom, no qual estavam disponveis outras referncias renovadas. Este procedimento foi tomado para dar uma vida mais longa ao CD-Rom, impedindoo de envelhecer pelo engessamento de suas informaes. Um CD-Rom pode se tornar muito rapidamente ultrapassado, o que no aconteceria se essas informaes estivessem disponveis no espao Web. Hoje, portanto, este risco no mais existe, porque o uso deste CD-Rom est articulado com o ambiente virtual do curso.

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TELA DA BIBLIOGRAFIA COMENTADA

Devo apontar, finalmente, um pequeno dispositivo de busca, que permite ao usurio encontrar dentro do CD-Rom todos os lugares em que conceitos ou autores procurados estejam mencionados. Abaixo, h uma pequena amostra deste recurso:

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O CD-Rom vem sendo adotado, com igual xito, por outros cursos como a Especializao em Tecnologias de Ensino, pelos alunos do Programa de Ps-Graduao em Educao Mestrado e Doutorado - do Departamento de Educao da PUC-Rio, dentro da disciplina Psicologia e Educao regularmente oferecida sob a forma presencial, mas que tem se valido dele para alargar os espaos de aprendizagem de seus alunos. Lista de discusso Possibilita a comunicao entre todos os participantes da turma. As mensagens enviadas por este mecanismo, alm de ficar armazenadas no ambiente, so enviadas caixa de correio eletrnico de todos os participantes do curso. Devido abrangncia de destinatrios (toda a turma), e sua caracterstica de chegar na caixa de correio dos participantes, ela tem sido utilizada como principal contato do grupo.

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Frum de debates Permite a discusso de tpicos especficos preestabelecidos pelo professor e sua equipe de tutores responsvel em cada disciplina. Nesta especializao, o frum de debates foi o espao mais ativo, marcando um recorde de 339 mensagens trocadas entre 6 cursistas e sua tutora, em um espao de tempo de 1 ms, o que, em termos de cursos em EAD, um percentual quase fantstico. Contato com aprendizes e docentes Este mecanismo possibilita o contato do docente com o cursista e vice-versa, por meio de correio eletrnico, registrando a comunicao ocorrida. Este mecanismo se mostrou ser um canal adequado para o envio de mensagens especficas para um aluno ou para um docente, sempre que a privacidade fosse a tnica. Seminrios de apresentao das disciplinas em videoconferncia Na verso antiga desse curso, os seminrios que abriam as disciplinas estavam previstos para ser presenciais, exigindo que todos os cursistas se deslocassem para os CALs a que pertenciam, bem como a equipe docente. Entretanto, no decorrer de sua realizao ficou visto que esses deslocamentos eram considerados muito difceis, no somente pelo tempo despendido, mas porque onerava em muito o custo do curso, j que teriam que ser previstas passagens e estadia para as equipes (professor e tutores) e para os cursistas. Essa contingncia acabou por fazer coincidir, na prtica, o Seminrio de Abertura das disciplinas com a realizao das provas das disciplinas do bloco anterior. Ora, esse procedimento, se era vivel, acabava por prejudicar o Seminrio, tendo em vista que a ansiedade provocada pelas provas finais empanava totalmente a ateno e o interesse das turmas em relao s novas disciplinas. Vencia o mais imediato, ou seja, tentar se dar bem nas provas.

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Assim sendo, na nova verso, o Seminrio de Apresentao das Disciplinas passou a ser realizado por videoconferncia, com a possibilidade de qualquer aluno assisti-lo em sua casa, de forma assncrona, ficando os momentos presenciais entre os blocos temticos estritamente para a realizao das provas finais.

3. O momento atualO curso aqui relatado est chegando ao final de seu desenvolvimento. As trs turmas j terminaram a ltima disciplina prevista na estrutura curricular e se acham em final de realizao da monografia. Acreditamos que tem sido uma aprendizagem conjunta muito rica para a Coordenao Geral, para a Equipe de Orientadores e seus Orientandos, enfrentando o desafio de realizar a superviso da monografia sempre a distncia. A culminncia dessa experincia est prevista para o incio de junho de 2007, com a realizao de um Seminrio Acadmico, que congregar presencialmente na PUC-Rio todos os cursistas dessas duas turmas, seus orientadores e professores avaliadores das monografias, bem como tutores e professores das disciplinas. Esse evento se constituir na apresentao das monografias, em diferentes painis temticos, de forma a que possam ser socializados os resultados dos trabalhos finais. Interessante pontuar que, ao lado da comunidade de aprendizagem que se formou entre os cursistas, tambm se construiu uma rede de trocas muito significativa e de cooperao entre os orientadores. Usando a plataforma do AulaNet, eles tm se comunicado e se ajudado entre si, dentro do espao da Lista de Discusso. Isso mostra que a aprendizagem uma via de mo dupla, e que os plos do binmio ensino-aprendizagem esto sempre em situao de construo de conhecimento.

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Referncias bibliogrficasProjeto do Curso de Especializao Currculo e Prtica Educativa: tutoria a distncia. Rio de Janeiro: PUC-Rio Departamento de Educao, 1996. Projeto do Curso de Especializao Currculo e Prtica Educativa. Rio de Janeiro: PUC-Rio Departamento de Educao, 2005. MAMEDE-NEVES, Maria Apparecida, C. Contributions of Psychopedagogy to the inclusion of ICT in pedagogical environment. In: CARTELLI, Antonio. Teaching in the Knowledge Society. Boston: Idea Groups, 2006.78|

MAMEDE-NEVES, Maria Apparecida C. e SEGENREICH, Stella M. D. Formao Continuada de Professores, nos Locais de Trabalho, Utilizando E-learning: uma experincia de dupla incluso digital. In: Ata do 6o Seminrio de Tecnologias para o Ensino Superior. Rio de Janeiro: ABED, 2006. PEDROSA, Stella Maria P.A. A Formao Continuada de Professores no Ambiente da EAD (Dissertao de Mestrado). Rio e Janeiro: PUC-Rio, 2001.

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Currculo e prtica educativa: uma anlise parcialMaria Apparecida Campos Mamede-Neves Stella Ceclia Duarte Segenreich|79

O Curso de Especializao: Currculo e Prtica Educativa, como j foi mencionado no captulo que tratou de sua descrio, atualmente com 65 alunos todos professores pertencentes s escolas jesutas de ensino fundamental e mdio est em sua etapa final. Trs grandes mudanas marcaram sua nova estrutura de funcionamento: a primeira refere-se sua realizao, que aconteceu praticamente toda via Internet; a segunda est relacionada reforma total do sistema tutorial; e a terceira diz respeito orientao da monografia realizada somente por correio eletrnico. A possibilidade de sucesso est relacionada ao fato de este curso de especializao ser inteiramente mediatizado por instrumentos eletrnicos, com exceo das provas finais de cada disciplina e da apresentao da monografia. Esses dois tipos de eventos, que so obrigatoriamente presenciais, nos impuseram a necessidade de encarar o fato de que muitos professores, alunos deste curso, no tinham nenhuma iniciao ao uso da Internet, e

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alguns nem mesmo sabiam lidar com o computador para digitar um texto. Nossa meta era, ento, que todos viessem a se inserir, desde o primeiro bloco de disciplinas, no mundo das TIC, pois, s assim, o curso seria vivel. Para que isso acontecesse, considervamos, pela experincia que tnhamos de todas as turmas que passaram no curso dentro do antigo formato, que o material didtico oferecido precisava ser altamente motivador. Leve, sem ser superficial. Muito bem dosado, para no atuar como fator de desnimo e de fuga. Outra condio era de que o curso precisava ter um ritmo mais gil, mantendo um tnus de trabalho e atividades que no podia ralentar muito. Por outro lado, defendamos tambm que o xito do curso como um todo ia alm do domnio das TIC, e alm da apresentao do material, era preciso que o sistema tutorial se apresentasse realmente com caractersticas muito bem definidas. Desse modo, o tutor teria que ser um eficiente mediador na construo do conhecimento, atuando na zona de desenvolvimento proximal dos alunos. Finalmente, a terceira mudana dizia respeito a uma atividade que nas verses anteriormente realizadas no existia: a Monografia. Logo, havia o desafio de se propor algo novo nesse curso. Com esses trs desafios, iniciamos o desenvolvimento dessa experincia, que se acha em fase final. Por isso, j possvel ter em mos um conjunto significativo de dados sobre o seu caminhar; dados esses que nos permitem uma primeira aproximao de anlise. Destacamos sete pontos que merecem registro neste processo de avaliao parcial da experincia em curso: O estudo das disciplinas; O processo de dupla incluso digital dos participantes, como usurios e como docentes; O papel da tutoria;

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O progresso na prtica docente, uma vez que incorpora os temas tratados no curso; A experincia simultnea de desenvolvimento das capacidades computacionais, de contedo e pedaggicas; A mudana de mentalidade dos atores diretamente envolvidos na experincia; e O desafio da monografia. Este , pois, o cerne do presente captulo.

1. O estudo das disciplinas uma atividade a distncia que tem por meta por processo de auto-aprendizagem a apropriao, por parte do aluno, do contedo especfico. Este estudo, contudo, no se faz sozinho. Pelas dificuldades que, sabamos, muitos professores teriam no uso do computador como fonte de leitura, ou mesmo porque prefeririam o material impresso, manteve-se a possibilidade do material didtico na Web ou em CD-Rom ser passvel de impresso. Garantiu-se assim aos alunos que todos os recursos tecnolgicos que pudessem estar sendo adotados estariam disponveis. Podemos dizer que as principais diferenas entre esse novo modo de conduzir e o que foi adotado nos cursos que o antecederam se traduziram, principalmente, na dinmica de desenvolvimento do curso, como pode ser percebido no quadro comparativo, a seguir:ATIVIDADES DOS CURSOS ANTECESSORES Seminrios presenciais para abertura das disciplinas Realizados pelo professor responsvel nos diferentes CALs. ATIVIDADES DO CURSO NA MODALIDADE ATUAL Videoconferncia para a abertura oficial do curso e para cada disciplina Realizadas pelo professor responsvel e sua equipe de tutores.

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Estudo individual Realizado sem trocas entre os participantes. Guias para orientao do curso e de cada disciplina Entregues diretamente a cada cursista na forma impressa. Sugestes de leitura de cada disciplina Disponveis no plano de aula do AulaNet e nos exemplares de livros considerados essenciais s disciplinas, disponveis nos CALs. 82|

Trabalho colaborativo Realizado nos Fruns de Debate do ambiente AulaNet. Guias para orientao do curso e de cada disciplina Apresentados em multimdia no ambiente AulaNet, com todas as orientaes possveis para o estudo e podendo ser tambm impressos. Sugestes de leitura de cada disciplina Alm dos livros bsicos, as leituras sugeridas em cada disciplina: Esto disponveis no ambiente do AulaNet, em Documentao, formato de weblioteca e, logicamente, possveis de ser impressas; e So acessveis pelo resultado de uma pesquisa cuidadosa nas fontes principais de consulta da Internet, tais como Bibliotecas virtuais, CAPES, Scielo, entre outros. O papel do CAL Valorizao do espao do AulaNet e do trabalho da tutoria, incentivando a autonomia dos alunos que passam a construir e consolidar as comunidades de aprendizagem colaborativa nos espaos virtuais dos fruns de discusso e nas iniciativas independentes de formao de grupos de estudo presenciais; e O CAL acaba por ser apenas o local no qual se realizam as provas.

O papel do CAL Ser uma referncia imediata para o cursista; O espao que congrega o necessrio para o desenvolvimento dos cursos; Organizar os seminrios de discusso e os grupos de estudo em cada colgio; Centralizar a comunicao entre a Coordenao e os cursistas; e Servir como local privilegiado para as atividades dos Seminrios e para a realizao das provas finais. Seminrios de discusso nos CALs Em conseqncia da distncia entre a PUC-Rio e os CALs, acabaram no sendo realizados, embora estivessem previstos.

Seminrios de discusso So realizados on-line no Frum de Debate com os integrantes de cada CAL e o tutor responsvel.

6 - CURRICULO E PRTICA EDUCATIVA: UMA ANLISE PARCIAL

Professor responsvel pela disciplina Produz o contedo, oferece as leituras; Tira as dvidas que possam surgir; e Realiza as avaliaes.

Professor responsvel pela disciplina Realiza a construo de toda a disciplina; D o aval ao tratamento dado no seu contedo para ser colocado em ambiente Web; Papel bem diferenciado do tutor; Acompanha o curso mais indiretamente; D superviso aos tutores de sua disciplina; e Realiza as avaliaes com a equipe de tutores.

2. O processo de dupla incluso digital dos participantes, como usurios e como docentesO desenvolvimento do curso dentro dessa nova proposta transcorreu sem maiores problemas, o que deu maioria das equipes docentes uma grande alegria. Nossa premissa de que um professor s se apropria das tecnologias digitais como ferramenta pedaggica, quando ele mesmo faz uso competente e crtico destas se confirmou. Sabamos, pelas apresentaes dos participantes, no primeiro mdulo, que o grupo de alunos-professores desta experincia era bastante heterogneo no que concerne afinidade com o computador. Alguns tinham experincia prvia ou formao de alto nvel no assunto, como pode se depreender destes testemunhos:Sou administrador, com mestrado na PUC/SP e Doutorado em Comunicao e Semitica. (SP) Tambm trabalho com EAD, no CEDERJ [Centro de Educao a Distncia do Rio de Janeiro], fui tutora... (RJ)

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A maioria, entretanto, tinha pouca ou nenhuma afinidade com a mquina, e muitos no possuam computador em casa. Vale a pena registrar alguns testemunhos que expressam seus temores, misturados com uma expectativa positiva de vontade de aprender:Estou feliz em participar deste curso, porm, um pouco receoso em relao famosa intimidade com a mquina. (RJ)

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Confesso que estou um pouco aturdida com os diferentes caminhos que precisarei percorrer para obter os textos, participar das discusses, entrar em contato com os professores [...]. Estou usando uns sapatinhos especiais para fazer este passeio pela rede. (RJ) Sou aquela que ficou totalmente desesperada por no ter recebido os dados para acessar as aulas. Ufa! Agora j passou, estou mais tranqila com relao ao andamento do curso. De incio fiquei confusa e perdida, pois nunca fiz um curso a distncia. [...] Minhas expectativas so grandes. (MG)

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Analisando os testemunhos dos ganhos obtidos no que concerne EAD, nas auto-avaliaes da disciplina de Pesquisa, possvel perceber o grande avano da maioria do grupo quanto sua incluso como usurio crtico e cidado das novas tecnologias de informao e comunicao, avano esse sintetizado nesta fala abaixo:Em 2005 precisei comprar um computador e aprender como utiliz-lo, pois antes eu s digitava pequenos exerccios e pequenos textos. No sabia nem como lig-lo direito. Hoje j sei ligar e desligar o computador, digitar, colar, copiar, acessar Internet, mandar e receber e-mail com a ajuda das minhas amiguinhas de cursos e do colgio. Sensacional! Um espetculo o que este ensino a distncia tem me proporcionado. Pode parecer pouco, mas para mim tem sido uma conquista! (RJ)

Mas esse resultado aparentemente milagroso no ocorreu dessa forma. Para a adaptao de todas as turmas ao ambiente AulaNet foram necessrias a compreenso e a colaborao imprescindveis do grupo docente das duas disciplinas do Bloco 1, que tiveram que respeitar, mais do que nunca, o tempo de cada aluno. Prazos de entrega de atividades foram mudados, fruns de discusso tiveram seu tempo alargado; a presena do apoio tecnolgico permanentemente no ambiente, para dirimir quaisquer

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dvidas e ensinar, passo a passo, o que o aluno deveria fazer dentro da Web como manejar o ambiente AulaNet, por exemplo: todas estas atitudes colaboraram para que, em dois meses, a maioria j dominasse todo o instrumental tecnolgico, ou seja, a efetiva incluso digital como usurio se deu j ao fim do primeiro bloco de disciplinas. Outro fator que motivou muito os alunos a se inserir no universo digital foi o apoio dos colegas e, principalmente, a ao dos tutores do curso. A incluso digital , segundo a nossa experincia, um tanto quanto lenta, pelo receio que muitos tm de se aproximar de uma inovao. Por isso, os tutores, principalmente os das disciplinas desse primeiro bloco, tiveram que ter pacincia para esperar o ritmo adequado de cada um para se apropriar de forma agradvel da novidade. O testemunho da participante, aquela que estava totalmente desesperada na sua apresentao, d uma boa idia da importncia do tutor neste processo de incluso:Minhas expectativas so grandes, mas com essa equipe genial de apoio e com a interao de todos os meus colegas, sei que o sucesso profissional ser fabuloso e enriquecedor. (MG)

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Voltaremos anlise do trabalho da tutoria mais adiante. No que concerne incluso digital do aluno-professor, alm de usurio, mas tambm como docente, importante chamar ateno para o fato de que, j nos primeiros mdulos do curso, alguns cursistas j comeavam a pensar na possibilidade de utilizar a tecnologia digital na sua prtica docente, nos seguintes termos:Tenho gostado de ir me apropriando da tecnologia. (RJ)

Finalmente, um outro fator que motivou muito o grupo em que est inserido este professor, cuja fala est citada acima, foi o fato da escola em que atuava tambm estar incentivando a utilizao dos recursos tecnolgicos como estratgia de apoio atividade docente, mediante investimento na infra-estrutura de apoio. Sobre isso atestam os dois testemunhos a seguir:

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O colgio gostou da idia [criao de um grupo de estudos do curso] e at melhorou nossa sala de professores, informatizando melhor e colocando uma boa bibliografia. (RJ) A instituio na qual trabalho tem incentivado os professores a usar os recursos tecnolgicos. (RJ)

3. O papel da tutoria importante assinalar que, nas experincias anteriores, o grande problema foi a tutoria a distncia. O sistema de plantes telefnicos e o de uso de fax no supriram as necessidades dos cursistas, envolvidos em mltiplas atividades profissionais e nodisponveis, muitas vezes, na hora estipulada para os plantes telefnicos ou nos horrios do fax. Sabemos que esse meio de comunicao, to disseminado nas grandes cidades, no de fcil acesso ao professor das diferentes regies do Brasil. O certo foi que no houve tutoria nas turmas iniciais desta especializao. bem verdade q