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editorial PUBLICAÇÃO DAS FACULDADES OSWALDO CRUZ VOLTADA PARA O APOIO A DECISÕES ESTRATÉGICAS EMPRESARIAIS Ano I Número 3 Outubro / 2001 Prezados Leitores Os atos terroristas de setembro pare- cem ter transformado a recessão mundial em uma realidade. Com o consumo americano em bai- xa, as exportações brasileiras provavelmen- te sofrerão um impacto redutor. Os preços internacionais das commodities podem ser prejudicados, afe- tando em conseqüência produtos como suco de laranja, café e açúcar, itens impor- tantes em nossa balança comercial. Internamente, percebe-se um clima de ansiedade, não só em função dos aspec- tos econômicos ainda presentes - como a crise de energia elétrica, a posição argenti- na e a pressão pesada da tributação -, mas também quanto à situação política, através dos maus exemplos sucessivos do Con- gresso Nacional, da insegurança pública reinante e das indecisões no processo sucessório. Sabemos, entretanto, que é nas gran- des crises que se buscam novas oportuni- dades e, apesar de todos os fatores negativos existentes, é hora de mudanças; da procura de novos parceiros comerciais dentro do novo cenário econômico que co- meça a se delinear; da exploração de toda a potencialidade existente; do ajuste neces- sário para permitir que participemos desta competitividade com vantagens, especial- mente em relação ao “custo Brasil”. É necessário um esforço concentrado, reunindo governo e os agentes econômicos, envolvidos com um objetivo claro das condi- ções de competitividade para a maior partici- pação possível no processo de exportações, através da redução de custos. Nesta edição, o “direto da sala de aula” aborda o islamismo e o fundamentalismo, assuntos oportunos para o entendimento do conflito internacional; na “conjuntura econô- mica”, o efeito deste na economia e, no “con- sultor FAEC”, um aspecto fundamental para toda a atividade produtiva: os custos. Agradecemos as manifestações rece- bidas pelas edições anteriores desta “Car- ta de Conjuntura”. É a participação do leitor que contribui com o debate e enriquece a estratégia de decisões. Prof. Oduvaldo Cardoso Diretor da FAEC expediente nesta edição Publicação das FACULDADES OSWALDO CRUZ Diretor Geral: Carlos Eduardo Quirino Simões de Amorim Assistente da Diretoria Geral: Prof. Wladimir Catanzaro Diretor da Faculdade Ciências Administrativas Econômicas e Contábeis (FAEC): Prof. Oduvaldo Cardoso Coordenador do Curso de Ciências Econômicas: Prof. Orlando Assunção Fernandes Coordenador do Projeto Oswaldo Cruz Conjuntura: Prof. Frederico Araujo Turolla Jornalista Responsável Rosane Santos Neves – MTb: 024967 Diagramação e Editoração Eletrônica Celso Vivan Ponte Revisão: Prof. Isa Iára Campos Salles Correspondências para a redação desta publicação: Rua Brigadeiro Galvão, 540 – Barra Funda 01151-000 – São Paulo-SP e-mail: [email protected] Visite o Website das Faculdades Oswaldo Cruz em www.oswaldocruz.br DIRETO DA SALA DE AULA ISLAMISMO E FUNDAMENTALISMO O professor de História Econômica das Faculdades Oswaldo Cruz, Lívio Lavagetti, explica de forma didática o islamismo e as raízes do fundamentalismo islâmico. AULA PRÁTICA PETRÓLEO, SUJEIRA, ÉTICA E PIONEIRISMO São os assuntos abordados na seção “Aula Prática” desta edição. CALENDÁRIO CALENDÁRIO DE NEGÓCIOS E EVENTOS DE OUTUBRO Veja o calendário de eventos que impactam os negócios em outubro. Esqueça a crise e faça bons negócios nas feiras setoriais programadas para este mês. CONJUNTURA ECONÔMICA OS ATENTADOS ATINGIRAM SUA EMPRESA? Somos obrigados a contabilizar o saldo dos atentados hediondos nos EUA sobre a economia mundial e seus reflexos sobre as empresas brasileiras. CONSULTOR FAEC SUPERE A CRISE CONHECENDO SEUS CUSTOS O Consultor FAEC desta edição é a Profa. Sonia Covaciuc, professora de Finanças e consultora de empresas com ampla vivência empresarial. Ela presta esclareci- mentos sobre as ferramentas de gestão de custos que produzem excelente desem- penho financeiro.

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Prezados LeitoresOs atos terroristas de setembro pare-

cem ter transformado a recessão mundialem uma realidade.

Com o consumo americano em bai-xa, as exportações brasileiras provavelmen-te sofrerão um impacto redutor.

Os preços internacionais dascommodities podem ser prejudicados, afe-tando em conseqüência produtos comosuco de laranja, café e açúcar, itens impor-tantes em nossa balança comercial.

Internamente, percebe-se um clima deansiedade, não só em função dos aspec-tos econômicos ainda presentes - como acrise de energia elétrica, a posição argenti-na e a pressão pesada da tributação -, mastambém quanto à situação política, atravésdos maus exemplos sucessivos do Con-gresso Nacional, da insegurança públicareinante e das indecisões no processosucessório.

Sabemos, entretanto, que é nas gran-des crises que se buscam novas oportuni-dades e, apesar de todos os fatoresnegativos existentes, é hora de mudanças;da procura de novos parceiros comerciaisdentro do novo cenário econômico que co-meça a se delinear; da exploração de todaa potencialidade existente; do ajuste neces-sário para permitir que participemos destacompetitividade com vantagens, especial-mente em relação ao “custo Brasil”.

É necessário um esforço concentrado,reunindo governo e os agentes econômicos,envolvidos com um objetivo claro das condi-ções de competitividade para a maior partici-pação possível no processo de exportações,através da redução de custos.

Nesta edição, o “direto da sala de aula”aborda o islamismo e o fundamentalismo,assuntos oportunos para o entendimento doconflito internacional; na “conjuntura econô-mica”, o efeito deste na economia e, no “con-sultor FAEC”, um aspecto fundamental paratoda a atividade produtiva: os custos.

Agradecemos as manifestações rece-bidas pelas edições anteriores desta “Car-ta de Conjuntura”. É a participação do leitorque contribui com o debate e enriquece aestratégia de decisões.

Prof. Oduvaldo CardosoDiretor da FAEC

e x p e d i e n t e

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Publicação das FACULDADES OSWALDO CRUZ

Diretor Geral:Carlos Eduardo Quirino Simões de Amorim

Assistente da Diretoria Geral:Prof. Wladimir Catanzaro

Diretor da Faculdade Ciências Administrativas Econômicas e Contábeis (FAEC):Prof. Oduvaldo Cardoso

Coordenador do Curso de Ciências Econômicas:Prof. Orlando Assunção Fernandes

Coordenador do Projeto Oswaldo Cruz Conjuntura:Prof. Frederico Araujo Turolla

Jornalista ResponsávelRosane Santos Neves – MTb: 024967

Diagramação e Editoração EletrônicaCelso Vivan Ponte

Revisão:Prof. Isa Iára Campos Salles

Correspondências para a redação desta publicação:Rua Brigadeiro Galvão, 540 – Barra Funda01151-000 – São Paulo-SPe-mail: [email protected]

Visite o Website das Faculdades Oswaldo Cruz em www.oswaldocruz.br

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O professor de História Econômica das Faculdades Oswaldo Cruz, Lívio Lavagetti,explica de forma didática o islamismo e as raízes do fundamentalismo islâmico.

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São os assuntos abordados na seção “Aula Prática” desta edição.

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Veja o calendário de eventos que impactam os negócios em outubro. Esqueça acrise e faça bons negócios nas feiras setoriais programadas para este mês.

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Somos obrigados a contabilizar o saldo dos atentados hediondos nos EUA sobre aeconomia mundial e seus reflexos sobre as empresas brasileiras.

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O Consultor FAEC desta edição é a Profa. Sonia Covaciuc, professora de Finançase consultora de empresas com ampla vivência empresarial. Ela presta esclareci-mentos sobre as ferramentas de gestão de custos que produzem excelente desem-penho financeiro.

d i r e t oda sala de aula

ISLAMISMO E FUNDAMENTALISMO

Prof. Livio Lavagetti*

O islamismo é asegunda maior reli-gião do mundo, com1,2 bilhões de adep-tos, precedida pelo cris-tianismo (1,9 bilhões) eseguida pelohinduísmo (800 mi-lhões). Sua origem re-monta ao profetaMaomé (570-632 DC),que teve as “visões” e“revelações” que eletranscreveu e forma-ram o Corão, o livro

sagrado dos islâmicos. O islamismo considera sagrados osprofetas anteriores a Maomé e reconhece como patriarcas osfundadores do povo judeu (Abraão, Isaak, Jacó), tem Jesuscomo profeta e o único que retornará ao mundo. Seu deus échamado Alá em árabe.

O islamismo é constituído de duas correntes princi-pais: os sunitas, que são maioria, com cerca de 1 bilhãode seguidores, e os xiitas, mais ortodoxos, com 120 mi-lhões de adeptos (o Irã, dos aiatolás, é o principal repre-sentante desta vertente). Há também as correntes radicais,como os fundamentalistas islâmicos, que nos últimos anostêm estado em conflito contra regimes seculares como odo Egito, e os regimes monárquicos - Arábia Saudita,Marrocos, Kwait - apoiados pelos EUA.

As raízes do fundamentalismo remontam ao séculoXII D. C., quando as Cruzadas Cristãs saquearam os paísesárabes, justificando sua violência em nome da “Guerra San-ta”. O fundamentalismo foi, portanto, uma reação à invasãodos cruzados, quando os chefes islâmicos impuseram asuas populações a obediência aos mandamentos de Maomé,para que permanecessem unidos; ao mesmo tempo quetinham no pan-islamismo uma de suas premissas.

Mais tarde, já no século XIX, os países islâmicos foramalvo de intensa disputa colonial pelas nações industrializadaseuropéias, fato agravado na medida em que o petróleo, emabundância na região árabe, tornou-se uma das principais fon-tes energéticas no século XX. Após a 2a Guerra Mundial astensões políticas na região aumentaram, com a constituição doEstado de Israel, em 1948, com o apoio das principais naçõesocidentais. O arranjo estabelecido na região provocou guerrassucessivas entre árabes e israelenses (1948, 1967), radicalizouas posições e estimulou a proliferação do terrorismo como for-ma de luta. O ataque da Otan ao Iraque em 1991, sob a lideran-ça dos EUA, acabou por potencializar o ressentimento entre aspopulações islâmicas.

Finalizando, as posições de força para a solução deconflitos locais têm reforçado a atuação de grupos radicais,culminando com o atentado terrorista de 11 de setembro. Asolução destes conflitos tem de considerar as especificidadeshistóricas e culturais dos povos desta região. A negaçãodeste fato só conduz à “eliminação do diferente”, tão triste-mente evidente no conflito iugoslavo nos anos 90.

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c a l e n d á r i o

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*Professor dos Departamentos de Economia eAdministração das Faculdades Oswaldo Cruz,

Doutorando em História Econômicapela Universidade de São Paulo

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��,����������-����Os atentados atingiram sua empresa?

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Os atentados que atingiram os Estados Unidos no últimodia 11 de setembro vêm repercutindo de forma marcante. Emmeio ao sofrimento pelos atos bárbaros, é essencial refletir so-bre os rumos da economia mundial e do Brasil diante dos recen-tes acontecimentos.

�3 4� 4� 5�6���#784��� #�94�� 764�4A economia dos Estados Unidos gera uma renda anual de

cerca de US$ 10 trilhões, o dobro da economia japonesa, quatrovezes a economia da Alemanha e cerca de 17 vezes a rendaanual gerada pela economia brasileira.

A locomotiva da economia mundial começou a desacelerarneste ano, após vários anos crescendo a taxas superiores a 4%ao ano. Os atentados terroristas apenas aprofundaram o ritmode queda da atividade econômica, levando a economia norte-americana a uma recessão mais profunda do que se esperavaanteriormente.

�: ����;� :5"<�;�=��64>7#45O ritmo mais lento da economia norte-americana significa

que o mercado para nossas exportações deverá se reduzir. Oexcelente artigo “Dependência e Seus Efeitos Colaterais”, publi-cado na edição anterior da Oswaldo Cruz Conjuntura, apontoucom muita clareza os problemas associados às necessidadesde financiamento do déficit em conta corrente.

Com os atentados, a disponibilidade de financiamentoexterno tende a se reduzir. Os investidores norte-americanossofreram perdas no mercado acionário e devem direcionar partede seus capitais para a reconstrução da infra-estruturadestruída.

O fluxo de inves-timentos diretos es-trangeiros, que foiresponsável pelo finan-ciamento de boa partedo déficit em conta cor-rente nos últimos anos,deve se reduzir.

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Menos exporta-ções de bens e servi-ços significam menosdólares disponíveisno mercado cambialbrasileiro. O aumento

no preço do petróleo aumenta ligeiramente as despesas dopaís no exterior. O efeito só não é mais grave, porque as de-mais importações também devem cair, na medida em que osconsumidores brasileiros passam a dispor de um menor volu-me de renda disponível para gastos em consumo, inclusivede importados.

Enquanto faltam as divisas advindas do comércio exterior,o país tem dificuldade em conseguir novos empréstimos e in-vestimentos diretos estrangeiros. Assim, os fluxos cambiais nãotêm irrigado o mercado cambial doméstico e, como resultado, ataxa de câmbio se deprecia de forma contínua.

�;���> �;4;�;��#����;�4#��#4=�;A economia brasileira iniciou o ano com uma projeção de

crescimento da ordem de 4,5%. No caminho, foi abalada pelacrise energética e pelas dificuldades argentinas. Um novo im-pacto foi causado pelos atentados e pelos novos desdobramen-tos da economia mundial.

Hoje, as projeções para o crescimento neste ano apontampara uma expansão modesta da ordem de 1%, recuperando-seao patamar de 2% no ano de 2002.

Em meio à turbulência macroeconômica, a renda da popu-lação se reduz e a maioria dos setores se ressente de umaredução da demanda dos consumidores.

Os custos com matéria-prima importada sobem, incluindoos bens intensivos em petróleo. Custos financeiros ficam maisimportantes e as empresas endividadas enfrentam maiores difi-culdades. Ao mesmo tempo, os preços dos bens finais tendema cair, por falta de renda disponível dos consumidores, reduzin-do a margem.

�����> �;>� 4 � �4� 6 7;�.Em meio às dificuldades da economia, mais do que nunca

é necessário dedicar toda a atenção aos custos de produção.A Professora Sonia Covaciuc chama a atenção, em artigo

na página 4, para procedimentos que podem salvar sua empre-sa da crise e mostrar que bons profissionais sabem fazer darecessão um celeiro de oportunidades.

Prof. Frederico A. TurollaEconomista, mestre e doutorando em

Economia de Empresas, professor do Departamentode Economia das Faculdades Oswaldo Cruz.

A dor dos atentados terroristas abalou a todosnós. A possibilidade da Guerra nos assusta a to-dos. E, se não bastasse, somos obrigados acontabilizar o saldo de todos esses eventos sobrea economia mundial, com reflexos dramáticos so-bre a economia brasileira. Que impactos serão sen-tidos pelas empresas? Redução de demanda,aumento de custos, contração de margens de lu-cro. Contudo, as empresas que responderem aodesafio da gestão de custos para a competitividadepoderão prosperar em meio à crise.

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PROFA SONIA: SUPERE A CRISECONHECENDO SEUS CUSTOS

Gestão de Custos é um assunto queexige uma elevada dose de bom senso.Por isso, os bons profissionais do ramosão aqueles que apresentam uma raracombinação de boa formação acadêmicacom experiência prática.

Afinal de contas, é preciso tercriatividade e flexibilidade, mas a vivênciaoperacional é um requisito fundamentalnesta área. A professora Sonia Covaciucbrinda seus alunos com essa combinação.Esta edição do Consultor FAEC apresen-ta alguns dos conceitos ensinados pelaProfessora aos seus alunos nas Faculda-des Oswaldo Cruz.

��;#@��=��6";#�;Com o avanço tecnológico e o acir-

ramento da competitividade, tornou-seimprescindível aliar a melhoria da pro-dutividade e da qualidade com reduçãodos custos, principalmente no que serefere aos desperdícios. Para tanto, ageração de informações precisas eatualizadas são peças importantes nogerenciamento e tomada de decisões,segundo a professora.

���������������� ������ �=��=7�A4�A professora tem encontrado mui-

tos exemplos de empresas que contra-tam um consultor para resolver seusproblemas financeiros. Estes empresá-rios em geral relatam que a parteoperacional está totalmente em ordem esolicitam ajuda para resolver um proble-ma financeiro.

Nesse caso, segundo a professora, aanálise começa pela área financeira e emum grande número de casos acaba se des-locando para a parte operacional.

Isto acontece porque a área de Fi-nanças apenas reflete as virtudes e pro-blemas da área operacional. Assim,problemas financeiros são em geral meroreflexo de problemas operacionais que,na maioria das vezes, passam desper-cebidos.

No fundo, diz a Professora, quandoaparecem os problemas financeiros emconseqüência de problemas operacionaisocultos, pode se tratar de um empresárioque não conhece os custos de seu produ-to de uma forma estratégica.

��;#@���;# 4#BC764�=��6";#�;Ainda é muito comum a noção de

que a maior parcela do custo é repre-sentada pelo material gasto e pela mão-de-obra direta aplicada, passando oscustos indiretos, desapercebidos.

No sistema tradicional de apura-ção dos custos, o custo direto é utili-zado como base para o rateio dosdemais.

O conceito de Gestão Estratégi-ca de Custos, que reconhece o cresci-mento da par ticipação dos custosindiretos, devido ao avanço tecnológico,prevê a atribuição dos valores gastos naprodução, por atividade e não por rateio.

A gestão estratégica de custos per-mite uma atuação proativa por parte doempresário quanto ao planejamento, ges-tão e redução dos custos, diz a professo-ra, devido principalmente à eliminação decustos com atividades que não agregamvalor ao produto.

�>4 4�=����D�7��=��# 7C�Os custos que agregam valor são

aqueles essenciais para a existência

deste e os que melhoram a qualidadedo produto final, permitindo sua valo-rização no mercado. Em outras pala-vras, são aqueles que proporcionamsatisfação ao cliente em adquiri-lo, in-dependentemente do seu preço. Umexemplo típico de custo que agregavalor à mercadoria é o custo de emba-lagem, pois, em muitos casos, chamaa atenção do consumidor, que acabapagando mais pela mercadoria em fun-ção dela.

A Professora Sonia Covaciuc é economista, especialistaem Controladoria e está concluindo o Mestrado em Finanças.Leciona nos cursos de Graduação e Pós-graduação das Faculda-des Oswaldo Cruz há cerca de oito anos. Sua vivência lhe pro-porcionou ampla experiência e visão empresarial. Trabalhou porvários anos em indústria de insumos metalúrgicos como Gerentede Estudos Econômicos e Gerente de Relações com o Mercado.Ocupou também posições no Grupo Tupy, onde atuou na área dePlanejamento e foi Gerente de Controladoria de uma das unida-des, e na Pado, onde foi consultora para implantação de um sis-tema de gerenciamento de custos. Atualmente, como sócia daPlenty Consultoria, tem executado inúmeros projetos degerenciamento de custos, sistemas de informação e planejamentoeconômico-financeiro.

Por outro lado, os custos que nãoagregam valor são invisíveis para o con-sumidor, não gerando disposição em pa-gar mais pelo produto e, por isso, devemser eliminados. Estão inclusos nestescustos: transporte interno, lead-time deprodução, manuseio e, especialmente,qualquer forma de desperdício.

A separação destes custos e suaalocação por atividade, realizada na pre-paração do produto, ajudará o gestor aconhecer a real situação dos seus custose identificar os gargalos das atividadesoperacionais, permitindo tomar decisõesestratégicas, tais como marketing, produ-ção e novos investimentos.