14
de Cirurgias Minimamente Invasivas ANO 2 ED 12 18 0 ENDOMETRIOSE 3 0 MIOMA Matérias especiais Páginas 4 a 12

Edição especial

Embed Size (px)

DESCRIPTION

 

Citation preview

Page 1: Edição especial

de Cirurgias Minimamente

Invasivas

Ano 2

ED 12

180 ENDOMETRIOSE 30 MIOMA

Matérias especiais Páginas 4 a 12

Page 2: Edição especial

foi um ano muito especial e não faltam motivos para comemorar. A parceria do Instituto Crispi com a Fac-uldade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de Fora – SUPREMA – resultou em um Centro de Trein-amento altamente tecnológico que trouxe inovações no ensino da endoscopia ginecológica, turmas che-ias e elevados índices de satisfação dos nossos alunos.

Fechamos grandes parcerias, emplacamos a Campanha de Endometriose na grade da Rede Globo e nos princi-pais veículos de comunicação do país, o que contribuiu para a informação de milhares de mulheres. Paralelo a isso, viajamos por todo Brasil em ações sociais, palestra-mos no Palácio Guanabara, Forte de Copacabana, facul-dades, entre outros locais, para os mais diversos públicos.

Repaginamos o Endometriose e Mioma in Rio que, este ano, aconteceu nos dias 04 e 05 de dezembro no hotel Windsor Barra. Atendendo às demandas atuais, acrescentamos em nossa programação temas envolvendo aspectos clíni-cos para despertar o interesse do público mais jovem de residentes e ginecologistas que podem contribuir de for-ma imensurável para abreviar o diagnóstico das doenças. Além disso, tivemos a ilustre presença de professores con-vidados aos quais agradeço o carinho, a confiança e a con-tribuição inestimável ao sucesso do evento. A cobertura completa você acompanha nas primeiras páginas da revista.

Aproveitando o ensejo, nesta edição daremos in-ício a uma série de artigos escritos por especialis-tas sobre a endometriose e gostaríamos de receber as suas sugestões para os temas que serão abordados.

Em meio a tantas realizações, não poderia deixar de agrade-cer a todos aqueles que depositaram em nós a sua confiança e aos que, de forma incansável, estiveram envolvidos em todo trabalho. Que 2016 seja um ano ainda mais promissor, com saúde, sucesso e grandes realizações para todos nós.

Boas festas, boa leitura e o meu muito obrigado pela sua companhia!

DIREToR

• Dr. Cláudio Crispi

JoRnAlISTA RESPonSávEl

• Juliana Dias

institutocrispi

www.institutocrispi.com.br

(21) 3431-3493

ExpedienteColABoRADoRES

• Cláudio Crispi Jr.• Gisele Torres • luiz Fernando Salzano • Roberta Azevedo• Stylo Comunicação

2 0 1 5

Dr. Cláudio Crispie equipe

Page 3: Edição especial

Pags. 6 e 7Pags. 4 e 5 Pags. 8 e 9 Pag. 10 Pags. 11 e 12 Pag. 13 Pag. 14

Entr

evis

ta c

om D

r. R

ui F

erri

ani

Entr

evis

ta c

om D

ra. A

lice

Bra

ndão

Com

entá

rios

: Drs

. Plín

io T

oste

s, n

ucél

io l

emos

e J

uan

Die

go

Com

o tu

do c

omeç

ou: D

r. C

láud

io C

risp

i e D

r. M

arco

Aur

élio

Entr

evis

ta c

om D

r Sé

rgio

Pod

gaec

Endo

met

rios

e e

Cân

cer:

Dr

Clá

udio

Cri

spi J

r.

os

sint

omas

da

endo

met

rios

e

www.institutocrispi.com.br

Page 4: Edição especial

4 institutocrispi www.institutocrispi.com.br (21) 3431-3493

O primeiro assunto debatido durante o evento, em mesa presidida pela Dra. Maria Cecília Erthal, foi Endometriose e Infertilidade. Aproveitamos a ocasião para conversar com o professor da USP e presidente da Sociedade Brasileira de Endometriose, Dr. Rui Ferriani:

EnDOnEwS – Por que pacientes com endo-metriose devem congelar seus óvulos?

Dr. Rui Ferriani – A endometriose afeta pa-cientes jovens que podem apresentar o pro-blema da dor e muitas delas vão ter difi-culdade para engravidar no futuro. Se essa paciente tem que sofrer uma cirurgia, muitas vezes quando elas têm endometriose no ová-rio, o que a gente chama de endometrioma, as chances de perder os ovários ou grande parte deles é muito alta e isso pode dificultar muito a capacidade de engravidar no futuro. É reco-mendado que se discuta com a paciente essa possibilidade, se houver condições e quanto mais jovem ela for, melhor de congelar óvulos.

EnDOnEwS – Em que casos o congelamento é mais recomendado?

Dr. Rui Ferriani – É recomendado quando há riscos de perda. A situação mais clara é quan-

180 ENDOMETRIOSE 30 MIOMA

O salão Versailles do hotel Windsor Barra, nos dias 04 e 05 de dezembro, foi

palco do 18º Endometriose e 3º Mioma in Rio, evento anual do Instituto Crispi

em parceria com o Ambulatório do Hospital Pedro Ernesto. O congresso que,

este ano, contou com a presença de profissionais renomados no cenário nacio-

nal e internacional, também inovou com a abordagem de aspectos clínicos das

doenças para atrair a atenção do público mais jovem. A revista Endonews este-

ve lá e, nesta edição, traz um resumo do evento por meio de entrevistas sobre

os principais temas. Confira!

Page 5: Edição especial

5institutocrispi www.institutocrispi.com.br(21) 3431-3493

do a paciente vai ser submetida a uma quimio-terapia e tem chance de depois da quimiote-rapia, os ovários entrarem em falência. Essa, inclusive, é uma situação urgente, porque ela precisa fazer o tratamento antes. Se ela vai ser submetida a uma cirurgia para endometriose, também precisamos discutir isso. E existem outras condições, como por exemplo, quando as mulheres que não decidiram ter seus filhos vão envelhecendo. A idade ideal para conge-lar a gente não tem, mas a idade ideal para engravidar é entre 30 e 35 anos, portanto o re-comendado é que os óvulos sejam congelados nessa fase.

EnDOnEwS – Como funciona o congelamento de óvulos?

Dr. Rui Ferriani – A gente tem que fazer uma aspiração dos óvulos nos ovários, essa aspi-ração é feita depois de estimular, isso demo-ra mais ou menos 10 dias. A gente estimula a ovulação de vários folículos, como a gente chama nessa fase, aí a mulher toma anestesia geral e depois é captado o óvulo. o procedi-mento em si é de baixo risco de complicação, mas pode haver complicações, como é o caso de uma hiperestimulação. É um procedimen-to médico que pode gerar algum desconforto para essa paciente, mas é feito com uma pun-ção e anestesia. o procedimento em si não dá dor, mas pode haver um desconforto abdomi-nal depois se ela hiperestimular e o ovário fi-car com muita distensão abdominal.

EnDOnEwS – Como funciona o serviço públi-co no Brasil associado à infertilidade?

Dr. Rui Ferriani – Essa é uma situação difícil, SUS não reconhece a fertilização in vitro como tratamento, embora haja lei que obriga o es-tado a reconhecer todos os métodos de con-cepção e de anticoncepção. nós temos poucos centros públicos no país, o de Ribeirão Preto foi o primeiro, além dele tem os de SP, BH e

Porto Alegre que lutam com muita dificul-dade, além de não serem remunerados por procedimentos, o que resulta em uma fila de espera muito grande. Seguindo isso, se o governo não paga os procedimentos, o con-vênio também não paga, pois eles entende-ram que essa lei que planejamento familiar é anticoncepção. na realidade é concepção e anticoncepção, ou seja, um direito, uma vez que infertilidade é uma doença. Quem não atende essas pacientes não avalia o quanto isso interfere na qualidade vida, na saúde física e mental. Imagina uma mulher jovem que tem um problema de endometriose que causa muita dor, afeta a conjugalidade, se-xualidade e, além disso, não tem oportuni-dade de fazer uma fertilização em vitro. É um problema muito sério, a gente luta con-tra isso, é legal, obrigatório, mas a lei não se cumpre.

EnDOnEwS – A cirurgia de endometriose atrapalha o resultado da Fertilização in vi-tro?

Dr. Rui Ferriani – É um cuidado que a mulher e o cirurgião precisam ter. o cirurgião em al-guma situação pode sim lesar os ovários, por-tanto, ele precisa avaliar junto à paciente qual é chance disso acontecer. É importante procu-rar um centro experimente em cirurgia pélvica e em cirurgia para endometriose, isso afeta muito o resultado.

EnDOnEwS – Os custos para fertilização são muito elevados?

Dr. Rui Ferriani – Infelizmente são, os custos e uma fertilização, assim como cursos de uma cirurgia como essa que são elevados. nos pa-íses onde se faz bastante, a fertilização é cus-teada por agências, financiada pelo próprio governo ou pelos planos de saúde. no Brasil nenhum deles financiam, com isso a gente tem bem menos ciclos.

Page 6: Edição especial

6 institutocrispi www.institutocrispi.com.br (21) 3431-3493

EnDOnEwS – Quando uma paciente deve so-licitar uma ressonância?

Dra. Alice Brandão – A ressonância magnéti-ca é um exame muito sensível para detecção principalmente da endometriose profunda, então eu acho que do ponto de vista do mé-dico solicitante quando houver essa possibili-dade é importante. Entenda-se endometriose profunda aquelas que têm uma invasão dos órgãos adjacentes, são lesões um pouco mais graves que pegam intestino, ureter, a bexiga... Também existem outras indicações que nós, inclusive, discutimos hoje aqui no congresso que seriam nas pacientes com infertilidade. Pode ser possível que essas pacientes tenham doença não-sintomáticas e que poderiam pre-judicar o tratamento proposto. São várias as indicações, mas as principais são essas.

EnDOnEwS – Qual é o preparo para fazer um exame de ressonância?

Dra. Alice Brandão – A ressonância magnéti-ca para fazer o diagnóstico adequado de endo-metriose é uma ressonância diferente, então isso é um ponto muito importante. A paciente precisa fazer um preparo especial para a gen-te fazer a detecção das lesões pequenas que, apesar de serem profundas, podem medir um pouco mais de 5mm. Uma lesão profunda maior que 5mm já pode dar uma grande sin-tomatologia. Essa paciente precisa iniciar o preparo 24hrs antes. o que ele inclui? É um preparo intestinal, direcionado, então a gente vai fazer uma dieta pobre em fibras que vai fa-zer com que haja menos quantidade de fezes no intestino, visando detectar lesões principal-mente do lado direito que é no ílio e no seco, no reto e no sigmoide. Com menor quantida-de de fezes, a gente ainda tem maior possi-

bilidade de detectar lesões menores fora do ambiente intestinal, nos ligamentos, no útero, na vagina, então todo exame fica com maior sensibilidade. Além disso, ela ainda faz mais outro preparo, a gente potencializa a melho-ra da detecção das lesões intestinais, fazendo uso do supositório de glicerina. Esse supositó-rio, a gente para facilitar a vida mulher, reco-menda que seja feito 8hrs antes do exame ou até propriamente na clínica se ela achar mais fácil. Isso tudo feito, faz com que o exame fique extremamente sensível para doença profunda, obviamente a doença ovariana e as lesões me-nores também ficam mais sensíveis. É impor-tante a gente ressaltar que ressonância para endometriose não é qualquer ressonância é uma ressonância com preparo específico e com protocolo direcionado para endometriose.

EnDOnEwS – Por que a ressonância é o mé-todo mais eficaz para diagnosticar a endo-metriose?

Outro tema muito abordado pelos palestrantes foi o aspecto diagnóstico das

doenças o que, conforme explicado pelo Coordenador Científico do evento Dr.

Marco Aurelio Oliveira, é fundamental para os tratamentos que envolvem a fi-

losofia minimamente invasiva. Entrevistamos a Dra. Alice Brandão, especialis-

ta em Ressonância na Mulher da Clínica Felippe Mattoso e membro do Colégio

Brasileiro de Cirurgiões, para esclarecer melhor o assunto.

180 ENDOMETRIOSE 30 MIOMA

Page 7: Edição especial

7institutocrispi www.institutocrispi.com.br(21) 3431-3493

Dra. Alice Brandão – Antes de responder isso, a gente tem que lembrar que a ultra e a resso-nância magnética podem levar ao diagnóstico da endometriose, seja ela profunda, ovariana ou até a peritoneal. o grande diferencial da ressonância é o fato de ela conseguir enxergar todos os órgãos pélvicos e ainda as estruturas mais nobres: nervos, artérias, ureter e a mus-culatura do assoalho da pelve. Essas últimas têm uma maior dificuldade de identificação na ultrassonografia. o que achamos é que, no mí-nimo, a paciente precisa ter uma ressonância magnética que vai definir claramente o grau de risco dessa paciente, dando uma segurança maior tanto para o médico assistente quanto para a paciente, porque faz a avaliação global da doença. Além de ver muito bem o compro-metimento da doença dentro do útero. A gente pensa a endometriose como uma doença que está fora do útero e vai envolvendo todas as es-truturas adjacentes, mas ela pode penetrar no útero. o fato de penetrar pode dificultar uma gestação e modifica totalmente a cirurgia e isso é claramente visto com a imagem mais fácil do que pela ultrassonografia.

EnDOnEwS – Quais são os órgãos mais afe-tados pela endometriose?

Dra. Alice Brandão – na endometriose, do ponto de vista geral, nós temos o ovário, é muito frequente, e aí vamos para a doença que a gente chama profunda ou infiltrativa que é aquela que vai penetrando nos órgãos da pel-ve. os mais comuns são os ligamentos que suportam o útero: o ligamento útero-sacro, aquela inserção pericervical no anel pericer-vical é uma região mais comum, assim como tudo que está em volta: o útero sacro, vagina, reto, sigmoide, bexiga, ureter e os ligamentos redondos... Esses são os locais mais comuns.

EnDOnEwS – A paciente sente dores, faz uma ressonância e o resultado é negativo. O que ela faz?

Dra. Alice Brandão – Isso é muito impor-tante, a gente recebe a paciente, acredita no diagnóstico clínico, ela realmente tem dor, tem razão de estar lá e pode se deparar com esse resultado negativo. É importante ressal-

tar que quem diagnostica a endometriose é o ginecologista, não o radiologista. Isso signifi-ca que ela tem endometriose clinicamente, mas como não há expressão na ressonância, não é avançada, profunda, nem ovariana. Tem doença superficial ou peritoneal, em fase ini-cial que, obviamente, toca estruturas que têm grande sensibilidade e dão dor. o fato de ser negativo não indica que não tenha doença, ela tem a doença, mas é menos agressiva.

EnDOnEwS – Como avalia a qualificação dos radiologistas no Brasil para diagnosticar a endometriose?

Dra. Alice Brandão – Faço ressonância de pelve há mais de 20 anos, tenho essa felicida-de, principalmente de trabalhar com o grupo do Dr. Cláudio Crispi que me ensinou muito. A endometriose tem um grau de dificuldade em relação ao aprendizado que é a dificul-dade da gente entender a anatomia da pelve, que acredito, é a mesma dos ginecologistas e laparoscopistas. A anatomia é extremamente complexa, muitas estruturas nervosas, ureter, estruturas vasculares, muita variação anatô-mica, o útero é um órgão que tem uma varia-ção anatômica incrível. Então, a gente precisa treinar muito o radiologista a interpretar o que é normal para chegar ao anormal. E por si só, a endometriose profunda é uma doença que é difícil da gente aprender a detectar. você tem que acostumar a identificar o ligamento nor-mal, observar quando está espessado no caso o útero sacro, então isso tem um tempo de aprendizado significativo. E o que eu acho mais importante é que vejo que os radiologistas es-tão se interessando muito mais, hoje em dia, em procurar fazer um exame melhor. o mais importante do laudo eu vejo que é o preparo da paciente, ter um exame bem orientado, com boa qualidade de imagem, não pode ser qual-quer aparelho, tem que ser um aparelho bom e com um médico radiologista que entenda de anatomia e que entenda da endometriose, isso leva um tempo, mas vejo que os radiologistas estão crescendo muito hoje, então a gente está melhorando bastante. É difícil quantificar isso, essa resposta fico devendo, mas vejo que há um futuro muito promissor.

Page 8: Edição especial

8 institutocrispi www.institutocrispi.com.br (21) 3431-3493

180 ENDOMETRIOSE 30 MIOMA

Endonews: Como se dá o desencadeamento da dor na endometriose?

Dr. Plínio Tostes – A endometriose é uma do-ença que provoca um processo inflamatório local, isso sensibiliza os nervos sensitivos e a interpretação da dor se dá por aí.

Endonews: Como a endometriose afeta a qualidade de vida da mulher?

Dr. Plínio Tostes – De várias formas, primeiro com a redução da capacidade laborativa, ela começa a diminuir o ritmo de trabalho, falta o trabalho, às vezes tem problemas conjugais, sexuais, isso interfere na vida afetiva da pa-ciente e, no final das contas, acaba levando a um quadro depressivo.

Endonews: Como a gente minimiza os impac-tos da endometriose na qualidade de vida da mulher?

Dr. Plínio Tostes – Melhorando os sintomas

Endonews: Qual é o tratamento ideal para cada tipo de endometriose?

Dr. nucélio Lemos – o principal fator é uma avaliação clínica minuciosa, buscar saber e entender qual é a queixa dela e como a endo-metriose, dor ou a infertilidade influenciam na vida dela. A gente desenha a estratégia de tra-tamento focado em melhorar a qualidade de vida e remover a limitação que a doença im-põe para a vida dessa mulher. não necessa-riamente remover a doença e sim a limitação que ela traz. A endometriose não é uma doen-ça maligna, portanto se o objetivo é promover qualidade vida, logo o tratamento não pode ser pior do que a doença em si.

Em seguida, o doutor Nucélio Lemos falou sobre tratamento.

Em mesa redonda sobre a Endometriose e a dor, o doutor Plínio

Tostes falou do impacto da doença na qualidade de vida da mulher:

e a dor. o que a gente não deve prometer é a cura da dor, se a gente conseguir melhorar ao ponto que a paciente fique funcional, que ela consiga ter uma boa qualidade de vida mesmo que com uma dor residual, a gente considera isso um sucesso no tratamento.

Endonews: Como vai ser a qualidade de vida da mulher após a cirurgia, ela precisa ter al-gum cuidado com o retorno da doença?

Dr. Plínio Tostes – A gente não sabe a causa da endometriose, por isso não se pode garan-tir que ela não vai voltar, mas teoricamente se a cirurgia for feita completamente, ou seja, se todas as lesões forem retiradas, a probabilida-de de retornar é pequena, mas é sempre bom manter o controle com um ginecologista que tenha o conhecimento da doença. Se for de-tectada precocemente a gente consegue con-trolar isso ou até fazer uso de medicamentos que possam retardar ou evitar que ela retorne.

Endonews: Quais são os tipos de tratamento hormonais recomendados para a endome-triose?

Dr. nucélio Lemos – não existe tratamento superior ao outro, o que nós sabemos é que todos os tratamentos que suspendem ovula-ção parecem ser igualmente efetivos, todas as vezes que eles foram comparados foram efe-tivos. Temos os análogos de GnRH que foram os primeiros a serem utilizados, induzem a menopausa química, pausando o hipotálamo, que é quem comanda a produção de hormô-nios nos ovários. A outra opção que nós temos são pílulas anticoncepcionais, em uso contí-nuo ou com pausa, também diminuem os efei-

Page 9: Edição especial

9institutocrispi www.institutocrispi.com.br(21) 3431-3493

E ainda sobre o tratamento medicamentoso, o médico colombiano Juan Diego Echeverri acrescentou:

Endonews: O tratamento medicamentoso é eficaz no controle da dor?

Dr. Juan Diego – o tratamento medicamentoso procura controlar os sintomas e toda literatu-ra publicada mostra que é efetivo no controle da dor, não só na dispaurenia e dismenorreia como também na dor durante o ciclo. A combi-nação dos medicamentos no tratamento, não só no pós-operatório como no tratamento pa-liativo da dor é eficaz, sobretudo no tratamen-to hormonal.

Endonews: Quais são os tipos de tratamentos medicamentosos adequados para mulheres que têm endometriose?

Dr. Juan Diego – Fundamentalmente o trata-mento hormonal é muito útil, entre esse grupo podemos incluir o tratamento com progesti-nas, anticoncepcionais contínuos combinados e com análogos de GnRH. Esses três grupos de medicamentos mostraram sua efetividade no controle dos sintomas nas pacientes que tem endometriose.

Endonews: O tratamento psicológico ajuda no tratamento da dor?

Dr. Juan Diego – Do tratamento psicológico fa-zem parte as terapias integrais, multidiscipli-nares em pacientes que tem dor pélvica crôni-ca, as terapias e ajudas psicológicas cognitivas e as terapias psicológicas avançadas são mui-to úteis em pacientes que tenham tido sucesso em outros tratamentos.

Endonews: O que fazer quando tudo falha?

Dr. Juan Diego – É importante incluir as pa-cientes que já tenham se submetido a trata-mentos prévios, em uma terapia que se chama multipolar e multidisciplinar, o que significa que não adianta tratar uma enfermidade, se não tratar a dor como enfermidade. Portanto e fundamental que as pacientes busquem o tratamento de grupos especializados que que ofereçam não só tratamento hormonal e cirúr-gico, mas um tratamento multidisciplinar que inclui bloqueios nervosos, fisioterapia, terapia cognitiva e terapias não convencionais, como por exemplo, a acupuntura.

tos, parece que o uso contínuo que suspende a menstruação é o uso mais efetivo para tratar os sintomas da endometriose.

Como funciona a ação da endometriose nos nervos pélvicos que desencadeia a dor?

Dr. nucélio Lemos – Pode agir nos nervos pélvicos de três maneiras: induzir fibrose, ela causa processo inflamatório que causa fibro-se e essa fibrose encarcera os nervos, isso di-minui o fluxo de sangue dos nervos, e o nervo começa a ficar desregulado por conta disso. outra coisa que pode acontecer é que a endo-metriose pode ficar inflamada do lado do nervo e quando inflama secreta um monte de substâncias inflamatórias, é como se você estivesse jogando um ácido em cima do nervo, causando irritação e dor. A ter-ceira ação que é a mais perigosa de todas é quando a endometriose infiltra o nervo, aí ela destrói fibras, causa dor, inflama e é quando você tem perda de função sensitiva e motora.

O que fazer quando a paciente tem contrain-dicações ao uso de hormônios?

Dr. nucélio Lemos – Tendência a indicar ci-rurgia é maior porque você fica com um arma-mentário importante a menos, o mais impor-tante talvez no tratamento da endometriose. você lança mão de outros medicamentos analgésicos adjuvantes, pode lançar mão de alguns tipos de anticonvulsivantes, an-tiepiléticos, alguns tipos de antidepressivos, alguns analgésicos potentes, tudo pode ser utilizado, mas a tendência é evitar uso pro-longado de remédio e acabar tentando resol-ver cirurgicamente.

O que fazer quando a paciente continua sen-tindo dor após a cirurgia?

Dr. nucélio Lemos – Aí vem a grande utilidade dos remédios, o que a gente faz é o trata-mento medicamentoso com esses remédios que acabei de falar, a gente tende a bloquear a menstruação e utilizar esses outros medi-camentos, associar isso a fisioterapia pélvi-ca, acupuntura também muito útil e terapias de intervenção em dor, bloqueios muscula-res e em alguns casos implantar um mar-capasso nos nervos para regular a atividade dos nervos e bloquear a dor.

Page 10: Edição especial

10 institutocrispi www.institutocrispi.com.br (21) 3431-3493

Endonews: Quais são as no-vidades no tratamento da endometriose?

Sérgio Podgaec – o grande interesse hoje no tratamen-to da endometriose é tentar achar novas alternativas no tratamento clínico, não só no tratamento hormonal, mas em outras medicações que possam ajudar a fazer as pa-cientes melhorarem dos seus sintomas, especialmente da dor. As cirurgias estão relati-vamente bem estabelecidas, novas medicações têm sido testadas para tratar clini-camente como a fitoterapia, medicação baseada em plan-tas, estatinas, remédio para colesterol também sendo testado para tratar a endo-metriose e novos hormônios, como foi lançada há dois anos uma nova progesterona para ajudar no tratamento da en-dometriose.

Endonews: Quais são as van-tagens da técnica robótica para os cirurgiões e para as pacientes?

Sérgio Podgaec – A robótica é basicamente a laparosco-pia com auxilio de robô, o que ajuda bastante na ergonomia, no jeito que o cirurgião pode

180 ENDOMETRIOSE 30 MIOMA

Outro ponto alto do congresso foi a abordagem das novas tecnologias uti-

lizadas no tratamento das doenças como o Portal Único (cirurgia realizada

através de uma única incisão) e a robótica (técnica cirúrgica derivada da

laparoscopia). Entrevistamos o Dr. Sérgio Podgaec sobre o assunto:

se acomodar para fazer a ci-rurgia, então ele fica sentado num console, o que diminui o cansaço, as questões do pro-blema de posicionamento e também um pouco mais de precisão nos movimentos e o fato de ter uma visão 3D, isso também ajuda.

Endonews: Hoje a técnica ainda não é tão acessível, na opinião do senhor quando esse quadro mudará?

Sérgio Podgaec – Do jeito que a economia a brasileira

está passando por grande dificuldade, especialmente porque todo equipamento é importado, isso vai depen-der muito de como o país vai evoluir. Em termos inter-nacionais, o robô existe há mais de 15 anos e isso ainda se discute, mesmo no mer-cado americano porque o valor do equipamento e das pinças também é um en-trave para elas, então acho que a gente ainda vai ter um pouco de dificuldade para vencer isso.

Page 11: Edição especial

11institutocrispi www.institutocrispi.com.br(21) 3431-3493

180 ENDOMETRIOSE 30 MIOMA

PARA FECHAR CoM CHAvE DE oURo, oS CooRDEnADoRES Do EnDoMETRIoSE E

MIoMA In RIo, DR. CLáUDIO CRISPI E DR. MARCO AURELIO, SE REUnIRAM PARA UM

BAlAnço Do EvEnTo E DERAM SEUS DEPoIMEnToS PARA A EnDonEWS.

COMO TuDO COMEçOu ?

Dr. Cláudio Crispio professor Marco Aurelio há 18 anos, de forma

visionária, vislumbrou a repercussão que o

tema traria e o impacto que a doença teria nas

mulheres de todo país, sendo hoje uma doença

de custo imenso tanto social, financeiro, como

político, e isso de fato, mostra a necessidade de

debatermos o assunto.

Dr. Marco Aurelioo evento começou com o tema endometriose em

comemoração a criação de um ambulatório de

endometriose no Hospital Universitário Pedro

Ernesto. Depois do quinto ou do sexto ano pela

dimensão que o evento tomou, a gente acabou

mudando de lugar, saindo do Hospital Pedro

Ernesto e passando por Ipanema e agora Barra

da Tijuca.

Page 12: Edição especial

12 institutocrispi www.institutocrispi.com.br (21) 3431-3493

que a gente só consegue fazer tratamen-to minimamente invasivo, que é o nosso mote, digamos assim, se houver um bom diagnóstico. Falamos sobre diagnóstico de miomas, endometriose, falamos dos as-pectos não cirúrgicos, uso de tratamento hormonal, quando usar, de quando o tra-tamento medicamentoso não funciona, do tratamento minimamente invasivo de que a gente dispõe para oferecer o melhor e cul-minando com as novas tecnologias como o uso o single-port e da robótica.

Quais são os grandes desafios para os profissionais que tratam a endometriose?

Dr. Cláudio Crispi – Adequar a utilização das tecnologias, saber evoluir, ter motivação para evoluir, isso é uma condição muito importante, somos educadores, somos pessoas que ensi-nam a técnica e hoje tem um monte de coisas que fazem as pessoas se afastarem do centro cirúrgico, por conta da baixa remuneração e reconhecimento. o grande desafio é trazer o jovem para cá, trazer o residente, o doutoran-do para que possa, de fato, vislumbrar, enten-der que existe todo um arsenal terapêutico para o trabalho do mioma, da endometriose e tantas outras patologias.

As aulas apresentadas e as entrevistas em vídeo você acompanha em breve em nosso

site www.institutocrispi.com.br e nas redes sociais: facebook.com/institutocrispi e

facebook.com/campanhadeendometriose.

EnDOnEwS – Por que decidiram falar de Miomas no evento?

Dr. Marco Aurelio – Há três anos incluímos o mioma, uma doença importante e muito co-mum em relação à endometriose. São doen-ças hormônio dependentes e que, inclusive, tem tratamento medicamentoso semelhante, com alguns aspectos diferentes. Esse ano, in-clusive, evento teve um aspecto clínico muito consistente para o público formado por resi-dentes e ginecologistas, em geral.

Dr. Cláudio Crispi – o mioma teve há poucos anos um “pull” de novas tecnologias para o seu tratamento que foram inicialmente utili-zadas de uma maneira talvez não com tanto critério quanto mereceriam, isso trouxe algum tipo de repercussão nos resultados e na vida da mulher, por isso achamos que merecia ter uma discussão mais profunda. o evento teve algumas considerações muito importantes porque estamos chegando à maturidade de utilização do nosso arsenal terapêutico, hoje muito mais voltado à proteção da mulher do que provar que este ou aquele método é me-lhor. Evento muito bom do aspecto científico, as pessoas estão saindo com alguns pontos bem definidos.

E quanto à escolha dos temas, como foi feita?

Dr. Marco Aurelio – Tivemos um programa bastante equilibrado, conseguimos falar de aspectos importantes diagnósticos, por-

Page 13: Edição especial

13institutocrispi www.institutocrispi.com.br(21) 3431-3493

A endometriose é uma doença sabidamente benigna, uma vez em que o comportamento das células do endométrio ectópico (aquele presente fora da cavidade uterina) não apresenta grau de displasia ou mitose que configurem um padrão de doença maligna.

Contudo, muitas vezes observamos graus muito avançados desta patologia, nos quais, clinicamente se assemelha a um padrão maligno, como por exemplo: a capaci-dade de invadir outros órgãos, a necessidade (em alguns casos) de cirurgias extensas e radicais, a alta taxa de recidiva da doença após o tratamento cirúrgico, o poder de cres-cimento dos focos da doença mesmo com o tratamento clínico adequado, entre outros.

Esse padrão de invasão da endometriose, principalmente na sua forma profunda, é um dos principais responsáveis pela necessidade de tratamentos cada vez mais com-plexos, que exigem avaliação detalhada no pré-operatório para planejamento cirúrgico multidisciplinar. ou seja, trata-se de uma doença benigna, com comportamento inva-sivo e agressivo, que pode, em casos mais graves, levar a paciente a uma ressecção de parte do intestino ou da bexiga, por exemplo.

A grande questão é: a endometriose não é um câncer, mas ela pode se tornar um?Muitos trabalhos apontam um pequeno aumento da chance de câncer nas portado-

ras dessa doença, principalmente quando há acometimento do ovário ou do intestino. Por mais que existam alguns estudos controversos e, que alguns autores acreditam que isto ainda não é um consenso, a grande maioria das informações disponíveis su-portam este aumento da chance, que é em torno de 1 a 2% maior nessas pacientes no desenvolvimento de câncer de ovário ou de intestino.

Atualmente surgiram alguns estudos que tentam relacionar a presença da endo-metriose com outros tipos de tumores malignos, principalmente aqueles que têm de-pendência do hormônio estrogênio, tais como: câncer de mama e endométrio; uma vez em que a endometriose é um protótipo de doenças estrogênio-dependentes. Até o momento nada foi provado sobre essas relações, existem poucos trabalhos de baixo impacto que sugerem que pode haver um aumento da chance também para esses ou-tros tumores também.

A principal indicação cirúrgica para endometriose não é o risco de malignidade desta doença, por mais que a paciente deva ser informada desta pequena chance maior no desenvolvimento do câncer. A grande questão é modificar os principais fatores de risco para o câncer de ovário durante a vida, que são os fatores importantes indepen-dente da presença da endometriose, tais como: tabagismo, obesidade, etc.

Endometriose e Câncer

Artigo

Dr. Cláudio Crispi Jr.

Page 14: Edição especial

A endometriose é definida como a presença

de tecido endometrial (estroma e/ou glândulas)

fora da cavidade do útero. Esta doença atinge 10 a

15% de mulheres em idade reprodutiva, onde no

nosso pais, estima-se que seja aproximadamente 6

milhões de mulheres acometidas pela endometriose.

o comportamento desta patologia é progressiva e

crônica, apesar de ser uma afecção benigna.

oS SInToMAS DA EnDoMETRIoSE

As portadoras de endometriose podem sofrer com sintomas do-lorosos e infertilidade, que con-seqüentemente, vão interferir

na qualidade de vida das mesmas em diversas esferas. Porém, existe uma alta prevalência (2 a 50%) de pacientes com endometriose que são assintomáticas. os sintomas não possuem relação direta com o grau de severidade da doença. A endometriose possui uma grande variedade de apresentação clínica, devendo, portanto, cada paciente ser avaliada individu-almente.

os principais sintomas dolorosos provo-cados pela endometriose são a dor pélvica, a dismenorréia (dor no período menstrual), a dispareunia (dor na relação sexual), dis-quezia (dor ao defecar) e a disúria (dor ao urinar).

Dra. lilian AragãoArtigo

A endometriose profunda é aquela que in-filtra mais de 5mm de profundidade o órgão acometido, sendo o tipo de endometriose mais grave. Em estudo recente publicado por nosso grupo de pesquisa, a prevalência dos sintomas dolorosos em uma amostra de pacientes com endometriose profunda no Rio de Janeiro é de 77.7% com dispareunia, 73.6% com dismenor-réia, 65.2% com dor pélvica, 44.4% com dis-quezia menstrual e 29.2% com disquezia não menstrual.

A característica heterogênea da endome-triose e as incertezas quanto a sua fisiopato-logia e comportamento, incentivam uma gama de estudos a fim de criar relações entre graus da doença, localizações e sintomas. Ainda fal-tam estudos consistentes para estabelecer es-sas relações, e definir melhor diagnósticos e condutas para esta importante doença.