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Ecossistemas comunicacionais: uma análise da produção científica brasileira Communicacional ecosystems: an analysis of the brazilian’s scientific production Ecosistemas comunicacionales: un análisis de la producción científica brasileña Mateus da Silva Bento 1 Maria Emilia de Oliveira Pereira Abbud 2 Resumo Este artigo apresenta os resultados finais do Projeto de Iniciação Científica “Ecossistemas Comunicacionais: uma análise acerca da produção científica brasileira”, desenvolvido na Ufam. O objetivo da pesquisa foi analisar a produção científica brasileira sobre os ecossistemas comunicacionais. Realizou-se uma pesquisa quantitativa e qualitativa em que foram identificados 31 trabalhos produzidos por pesquisadores da Amazônia e 13 produções das diversas regiões do país. Percebe-se que os estudos ecossistêmicos não ignoram os campos de conhecimento já estabelecidos, mas ultrapassam seus limites conceituais, em busca de uma compreensão integrada e complexa dos fenômenos comunicativos. Conclui-se que a perspectiva dos ecossistemas comunicacionais contribui para a compreensão da comunicação enquanto fenômeno complexo que entrelaça sistemas sociais, naturais e tecnológicos envolvidos por um ambiente que, ao mesmo tempo em que influencia, é influenciado pelos sistemas participantes da comunicação. Palavras-chave: Ecossistemas Comunicacionais. Processos Comunicacionais. Comunicação. Abstract This article presents the final results of the Scientific Initiation Project " Communicational Ecosystem: an analysis of the Brazilian’s scientific production," developed in Ufam. The objective of the research was to analyze the Brazilian scientific production on communicational ecosystems. We conducted a quantitative and qualitative research in which they identified 31 works produced by researchers in the Amazon and 13 productions of various regions of the country. It is noticed that the ecosystem studies do not ignore the established fields of knowledge, but beyond its conceptual boundaries, in search of an integrated and complex understanding of communicative phenomena. It follows that the perspective of communication ecosystems contributes to the understanding of the communication as a complex phenomenon that interweaves social, natural and technological systems surrounded by an environment at the same time influence is influenced by the participants of communication systems. Keywords: Communicational Ecosystems. Communicative processes. Communication. 1 Graduando em Relações Públicas da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), membro do Grupo de Pesquisa Comunicação Social: Estudos Interdisciplinares da Ufam e membro do Grupo de Estudos e Pesquisa em Ciências da Comunicação, Informação, Design e Artes da Ufam (Interfaces). Email: [email protected] 2 Doutora em Ciências pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, Professora Adjunta do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal do Amazonas, coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação - PPGCCOM e Vice- coordenadora do Comitê de Ética em Pesquisa da Ufam, Membro do Comitê de Ciências Sociais Aplicadas (PIBIC - Ufam), Líder do Grupo de Pesquisa Comunicação Social: Estudos Interdisciplinares, e Pesquisadora do Grupo de Estudos e Pesquisa em Ciências da Comunicação, Informação, Design e Artes da Ufam (Interfaces). Email: [email protected]

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Ecossistemas comunicacionais: uma análise da produção científica

brasileira

Communicacional ecosystems: an analysis of the brazilian’s scientific

production

Ecosistemas comunicacionales: un análisis de la producción científica

brasileña

Mateus da Silva Bento1

Maria Emilia de Oliveira Pereira Abbud2

Resumo

Este artigo apresenta os resultados finais do Projeto de Iniciação Científica “Ecossistemas

Comunicacionais: uma análise acerca da produção científica brasileira”, desenvolvido na Ufam. O

objetivo da pesquisa foi analisar a produção científica brasileira sobre os ecossistemas

comunicacionais. Realizou-se uma pesquisa quantitativa e qualitativa em que foram identificados 31

trabalhos produzidos por pesquisadores da Amazônia e 13 produções das diversas regiões do país.

Percebe-se que os estudos ecossistêmicos não ignoram os campos de conhecimento já estabelecidos,

mas ultrapassam seus limites conceituais, em busca de uma compreensão integrada e complexa dos

fenômenos comunicativos. Conclui-se que a perspectiva dos ecossistemas comunicacionais contribui

para a compreensão da comunicação enquanto fenômeno complexo que entrelaça sistemas sociais,

naturais e tecnológicos envolvidos por um ambiente que, ao mesmo tempo em que influencia, é

influenciado pelos sistemas participantes da comunicação.

Palavras-chave: Ecossistemas Comunicacionais. Processos Comunicacionais. Comunicação.

Abstract

This article presents the final results of the Scientific Initiation Project " Communicational Ecosystem:

an analysis of the Brazilian’s scientific production," developed in Ufam. The objective of the research

was to analyze the Brazilian scientific production on communicational ecosystems. We conducted a

quantitative and qualitative research in which they identified 31 works produced by researchers in the

Amazon and 13 productions of various regions of the country. It is noticed that the ecosystem studies

do not ignore the established fields of knowledge, but beyond its conceptual boundaries, in search of

an integrated and complex understanding of communicative phenomena. It follows that the

perspective of communication ecosystems contributes to the understanding of the communication as a

complex phenomenon that interweaves social, natural and technological systems surrounded by an

environment at the same time influence is influenced by the participants of communication systems.

Keywords: Communicational Ecosystems. Communicative processes. Communication.

1 Graduando em Relações Públicas da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), membro do Grupo de Pesquisa

Comunicação Social: Estudos Interdisciplinares da Ufam e membro do Grupo de Estudos e Pesquisa em Ciências da

Comunicação, Informação, Design e Artes da Ufam (Interfaces). Email: [email protected]

2 Doutora em Ciências pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de

Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, Professora Adjunta do Departamento de Comunicação Social da Universidade

Federal do Amazonas, coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação - PPGCCOM e Vice-

coordenadora do Comitê de Ética em Pesquisa da Ufam, Membro do Comitê de Ciências Sociais Aplicadas (PIBIC - Ufam),

Líder do Grupo de Pesquisa Comunicação Social: Estudos Interdisciplinares, e Pesquisadora do Grupo de Estudos e Pesquisa

em Ciências da Comunicação, Informação, Design e Artes da Ufam (Interfaces). Email: [email protected]

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Resumen

En este artículo se presentan los resultados finales del Proyecto Iniciación Científica "Ecosistemas

Comunicacionales: un análisis de la producción científica brasileña", desarrollado en Ufam. El

objetivo de la investigación fue analizar la producción científica nacional sobre los ecosistemas

comunicacionales. Se realizó una investigación cuantitativa y cualitativa en la que se identificaron 31

trabajos producidos por los investigadores en Amazón y 13 producciones de diferentes regiones del

país. Se observa que los estudios del ecosistema no ignoran los campos establecidos del conocimiento,

pero más allá de sus límites conceptuales, en busca de una comprensión integrada y compleja de los

fenómenos comunicativos. De ello se desprende que la perspectiva de los ecosistemas de

comunicación contribuye a la comprensión de la comunicación como un fenómeno complejo que

entrelaza los sistemas sociales, naturales y tecnológicos rodeado de un ambiente al mismo tiempo la

influencia se ve influenciada por los participantes en los sistemas de comunicación.

Palabras clave: Ecosistemas Comunicacionales. Procesos comunicativos. Comunicación.

1 INTRODUÇÃO

Os ecossistemas comunicacionais compõem a Área de Concentração do Programa de

Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da Universidade Federal do Amazonas

(PPGCCOM/Ufam). Primeiro mestrado acadêmico em Comunicação na região Norte do

Brasil, o Programa foi aprovado em 2007 pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal

de Nível Superior (Capes).

Apesar da redundância na apropriação do termo “ecossistemas comunicacionais”, uma

vez que o conceito de “ecossistemas” já implica comunicação entre os sistemas constituintes

desses ambientes, o complemento “comunicacionais” é proposital à medida que revela o

desafio em desenvolver uma proposta científica paradigmática para a pesquisa dos fenômenos

comunicacionais na e para a Amazônia.

Assim, os ecossistemas comunicacionais são constituídos por diferentes sistemas que

sustentam a vida na Terra; eles são ambientes complexos colocados em diálogo. Na

intermediação do discurso ecossistêmico, surgem as pesquisas que visam ultrapassar as

fronteiras disciplinares do conhecimento em busca da compreensão dos objetos-sujeitos

integrados às redes de relações, que são possíveis e muitas vezes enigmáticas.

Segundo Pereira (2011), as pesquisas realizadas sob a perspectiva dos ecossistemas

comunicacionais compreendem o mundo não a partir de uma coleção de partes, mas como

uma unidade integrada, em que a diversidade da vida (natural, social, cultural e tecnológica) é

investigada a partir das relações de interdependência que regem a vida em sociedade.

Diante do exposto, o Projeto de Iniciação Científica – PIBIC, Ufam, intitulado

Ecossistemas Comunicacionais: uma análise acerca da produção científica brasileira, propôs

uma análise da temática a partir do levantamento bibliográfico realizado no período de agosto

a setembro de 2015.

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Este projeto integra os Grupos de Pesquisa cadastrados no Conselho Nacional de

Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) Comunicação Social: Estudos

Interdisciplinares e Grupo de Estudos e Pesquisa em Ciências da Comunicação, Informação,

Design e Artes da Ufam (Interfaces). Integra ainda os estudos desenvolvidos no Programa de

Pós-Graduação em Ciências da Comunicação – PPGCCOM, Ufam.

O objetivo principal do projeto foi analisar a produção científica brasileira acerca dos

ecossistemas comunicacionais. Quanto aos objetivos específicos: identificar a produção

científica brasileira sobre a temática nos portais de periódicos de acesso livre, portais de

Programas de Pós-Graduação em Comunicação, portais online de Congressos Brasileiros

Nacionais e Regionais de Comunicação e acervo físico do Programa de Pós-Graduação em

Ciências da Comunicação (PPGCCOM) da Universidade Federal do Amazonas (Ufam); e

apresentar a produção científica brasileira identificada no levantamento bibliográfico,

utilizando como critérios: a abordagem teórica, a metodologia e as considerações finais

apresentadas pelos autores.

Nesse sentido, a pesquisa dividiu-se em duas fases: quantitativa e qualitativa. Na

primeira fase, identificamos e obtivemos trabalhos científicos (artigos, dissertações, teses) nos

portais online de acesso de livre (Scielo e Capes). Efetuamos também um levantamento

bibliográfico nos Congressos Nacionais e Regionais de Comunicação e investigamos os

Programas de Pós-Graduação em Comunicação Social cadastrados no CNPq que possuem

Área de Concentração e/ou Linhas de Pesquisa direcionadas ao estudo da temática. Além

disso, averiguamos no acervo físico do Programa de Pós-Graduação em Ciências da

Comunicação (PPGCCOM) da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) obras

bibliográficas que possuem capítulos realizados sob a perspectiva dos ecossistemas

comunicacionais.

Na segunda fase da pesquisa, analisamos a produção científica brasileira identificada

no levantamento bibliográfico, a partir dos seguintes critérios: abordagem teórica,

metodologia e as considerações finais apresentadas pelos autores.

2 ECOSSISTEMAS COMUNICACIONAIS: O SURGIMENTO DA PERSPECTIVA

NA AMAZÔNIA

A perspectiva ecossistêmica constitui uma abordagem interdisciplinar e

transdisciplinar que busca entender os problemas da comunicação na e para a Amazônia. As

maneiras de integrar cultura e natureza são pontos chave para a abordagem no campo da

Comunicação na compreensão da Amazônia como uma unidade integrada ao mundo. Por esse

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motivo, os ecossistemas comunicacionais ultrapassam as demais abordagens científicas,

porém não as excluem do seu campo de ação interpretativo para entender a complexidade

comunicacional nas sociedades contemporâneas.

Monteiro e Colferai (2011) complementam esse pensamento ao afirmarem que a

pesquisa em comunicação na Amazônia implica a necessidade de pensar a região como

totalidade, com partes que se intercomunicam, mesmo que isso signifique extrapolar as

fronteiras tradicionalmente constituídas dos campos de conhecimento.

Nesse sentido, os ecossistemas comunicacionais dialogam com campos de

conhecimento considerados antagônicos pelo pensamento cartesiano ou reducionista, como

Ecologia, Educação, Geografia e Saúde. Os arcabouços teóricos fundamentais para o

entendimento dessa perspectiva encontram-se na intersecção entre as ciências naturais e

sociais por meio da ecologia profunda3 (CAPRA, 1996), pensamento complexo4 (MORIN,

2008) e a compreensão biológica da vida5 (MATURANA; VARELA, 1995).

Há muito tempo, o pensamento cartesiano tem predominado na Ciência. Neste

paradigma, a ênfase dos estudos recai nas partes e o comportamento de qualquer sistema

complexo é explicado inteiramente pela análise de suas partes. Entre as consequências desse

pensamento, Gomes Júnior (2011) aponta: a divisão entre as ciências naturais e

sociais/humanas, o isolamento dos objetos de estudo de seus contextos e a disciplinarização

do saber.

Atualmente, observamos uma mudança de paradigma, não apenas no campo científico,

mas também na esfera social, em uma proporção mais ampla. A presença cada vez mais

marcante das tecnologias de informação e comunicação reforça a necessidade de uma

abordagem complexa para os fenômenos comunicacionais. Hoje, a Internet é a “grande rede”

(LAENA; PEREIRA, 2012), um ecossistema que entrelaça sistemas tecnológicos, culturais e

biológicos humanos para a produção de significados compartilhados.

Desse modo, o pensamento ecológico ganha contornos e considera que os processos

comunicacionais só podem ser entendidos dentro de um contexto mais amplo. Capra (1996)

adota "ecológico" como sinônimo de "sistêmico”, sendo este apenas o termo científico mais 3 Na concepção da ecologia profunda, os seres humanos – ou qualquer coisa - são inseparáveis do meio ambiente natural. O

mundo não é entendido como uma coleção de objetos isolados, mas como uma rede de fenômenos que estão

fundamentalmente interconectados e são interdependentes (CAPRA, 1996).

4 O pensamento complexo aspira ao conhecimento multidimensional, ou seja, que articule os diversos domínios disciplinares.

Contudo, reconhece que o conhecimento completo é impossível, assim como reconhece os elos entre as entidades que o

nosso pensamento deve necessariamente distinguir, mas não isolar umas das outras (MORIN, 2008).

5 Na concepção biológica de Maturana e Varela (1995), a comunicação existe, mas não transmite informação. Os autores

enfatizam que o fenômeno da comunicação não depende do que se fornece, e sim do que acontece com o receptor. E isso é

muito diferente de transmitir informação.

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técnico. Colferai (2014) salienta que o termo "ecológico" é mais adequado do que “holístico”,

pois a visão ecológica admite a compreensão de um todo funcional e as interdependências

entre as partes, assim como acontece na visão holística, mas acrescenta os encaixes com o

ambiente social e natural, como também leva em conta a origem da matéria que constitui cada

coisa e como sua existência e usos afetam o meio ambiente e a comunidade em que está

inserida.

Assim, os ecossistemas comunicacionais promovem um olhar fincado no contexto e

nos nós que compõem a rede de relações a partir da qual o fenômeno comunicacional se

manifesta, além de transformar o ponto de vista que rege a pesquisa ao observar não apenas o

objeto, mas o processo comunicacional como um todo integrado à diversidade que mantém a

vida no planeta, independente da sua natureza (FREITAS; PEREIRA, 2013).

Monteiro e Colferai (2011) ressaltam a necessidade de se pensar os ecossistemas

comunicacionais a partir da afirmação de Capra (2002), para o qual num ecossistema nenhum

ser é excluído da rede, pois todas as espécies, mesmo as menores entre as bactérias,

contribuem para a sustentabilidade do todo. Os autores enfatizam ainda a importância de uma

pesquisa em comunicação:

Capaz de, simultaneamente, dar conta das particularidades encontradas nesse

campo na Amazônia, falar para além de suas fronteiras e contribuir para a

compreensão dos fenômenos comunicacionais por meio do prisma da

circularidade típica dos ecossistemas biológicos e correlata aos conceitos de

ecossistemas comunicacionais (MONTEIRO; COLFERAI, 2011, p.34).

Dessa forma, a proposta do PPGCCOM da Ufam ao adotar os ecossistemas

comunicacionais como Área de Concentração pressupõe aos pesquisadores do Programa a

busca por investigações que perpassem os diferentes campos do conhecimento, que embora

distintos são complementares. Nesse processo, o próprio conceito de método é posto em

discussão, uma vez que o pesquisador precisa se libertar do pensamento científico

unidirecional, isto é, linear, que impossibilita a adesão de novos elementos e, possivelmente,

novas descobertas no decorrer da pesquisa.

3 O PESQUISADOR E O AMBIENTE: A NECESSIDADE DA INTERCONEXÃO

Na perspectiva ecossistêmica, não há método definido para estudar o fenômeno

comunicacional, pois este se modifica conforme o olhar daquele que o observa e dos fluxos

existentes entre ele e o ambiente a sua volta. Nesse contexto, Marcondes Filho (2008) explica

que o método para estudar a comunicação acompanha a própria dinâmica, a versatilidade, a

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mutabilidade contínua da comunicação. É um procedimento em que se abre o caminho da

pesquisa, libertando-se das correntes da linearidade presente no pensamento cartesiano para

desbravar-se no campo enquanto se realiza o estudo.

Dessa forma, o pesquisador precisa se manter atento não ao traçado a ser seguido no

trabalho, mas às nuances que o seu objeto de pesquisa faz eclodir. Isso permite a adesão de

novos elementos, que na perspectiva tradicional seriam deixados de lado por não serem

variantes relevantes no método adotado (MONTEIRO; COLFERAI, 2011). A perspectiva

ecossistêmica reconhece a importância da criatividade no processo de pesquisa.

Marcondes Filho (2008) ressalta a necessidade de se construir um novo olhar durante

o caminhar da pesquisa comunicacional, o qual denomina Metáporo (meta + poros), ou seja,

uma abertura mais flexiva para o estudo do objeto da pesquisa. É nessa mesma reciprocidade

que acontecem os estudos dos ecossistemas comunicacionais; o pesquisador necessita

presenciar e viver o objeto de estudo.

A perspectiva ecossistêmica recorre ao pensamento de Marcondes Filho (2008) ao

compreender que o pesquisador não deve ter a pretensão de esgotar o objeto. Entretanto, para

a leitura do objeto, é necessário realizar um recorte que possibilite o contato do pesquisador

com a parte do ambiente que será analisada. A ideia é fazermos parte do ambiente para que

possamos acompanhar o objeto em algum dos seus movimentos. Em outras palavras, o que se

procura na pesquisa ecossistêmica é, basicamente, as condições do aparecimento do objeto.

Assim, percebemos que o pesquisador interessado em estudar a comunicação sob a

perspectiva ecossistêmica precisa ser flexível, isto é, ser um observador atuante que abra

caminhos para se analisar o objeto de pesquisa a partir de métodos que a própria pesquisa

demanda.

4 PERCURSO METODOLÓGICO DA PESQUISA

Em um primeiro momento, adotamos como critério para a coleta de dados a busca

conjunta das palavras-chave: ecologia da comunicação; ecossistemas comunicacionais.

Entretanto, não obtivemos êxito, uma vez que identificamos um número reduzido, quase

inexpressível, de produção científica. Diante dessa realidade, optamos pela busca individual

das palavras-chave “ecologia da comunicação” e “ecossistemas comunicacionais”.

O período delimitado para a coleta dos dados abrange os anos de 2005 a 2015. A

coleta foi realizada nos meses de agosto e setembro de 2015, nas seguintes bases

identificadas:

Portais de periódicos de open access;

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Portais online de Programas de Pós-graduação em Comunicação;

Portais online de Congressos Brasileiros Nacionais e Regionais de

Comunicação.

Inicialmente, realizamos um levantamento nos portais de acesso livre (open access).

Acessamos o portal de periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível

Superior (Capes) e o Portal da Scientific Electronic Library Online (SciElo). Reconhecendo

que a produção científica nesses portais abrange todas as grandes áreas do conhecimento,

restringimos nossa pesquisa à grande área das Ciências Sociais Aplicadas - área da

Comunicação Social. Após essa etapa, partimos para os portais dos Programas de Pós-

Graduação em Comunicação Social, por acreditarmos ser a principal fonte de produção e

divulgação científica.

Buscamos na relação de cursos recomendados e reconhecidos pela Coordenação de

Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) os Programas de Pós-Graduação

brasileiros na grande área das Ciências Sociais Aplicadas - área de Comunicação Social.

Selecionamos os Programas que continham Área de Concentração e/ou Linhas de Pesquisa

direcionadas para os estudos dos ecossistemas comunicacionais. Prosseguimos com a

identificação e exploração dos portais online dos mesmos. Verificamos a produção científica

proveniente de dissertações, teses e artigos disponíveis nessas páginas.

Em seguida, cientes da produção científica e da participação dos pesquisadores nos

Programas de Pós-Graduação, buscamos a identificação dos Grupos de Pesquisa em que

atuam. Para o levantamento dos Grupos, utilizamos como base de coleta de dados o Diretório

dos Grupos de Pesquisa no Brasil cadastrado no Conselho Nacional de Desenvolvimento

Científico e Tecnológico (CNPq). Identificamos os líderes e os principais pesquisadores

identificados nesses grupos como referência para a próxima etapa, que consistiu na

investigação da produção científica produzida e apresentada nos congressos brasileiros de

Comunicação Social. Os portais de congressos contemplados foram, respectivamente:

Congressos Brasileiros de Comunicação (Intercom) regionais e nacionais e Congressos da

Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação (Compós).

A pesquisa bibliográfica realizada na Internet revelou uma quantidade significativa de

trabalhos produzidos por pesquisadores brasileiros sob a perspectiva dos ecossistemas

comunicacionais. Foram identificados 40 trabalhos (14 dissertações, 3 teses, 21 artigos

científicos, 2 capítulos em revista):

Palavra-chave:

Ecossistemas comunicacionais

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Portais de acesso livre (SciELO e Capes): 2 dissertações (Ufam/AM), 1 tese

(PUC/SP) e 2 artigos científicos (PUC/RS e PUC/SP).

Portais online de Programas de Pós-Graduação em Comunicação: 12

dissertações (Ufam/AM) e 1 tese (Ufam/AM).

Portais do Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação/ Nacionais

(Intercom): 8 artigos científicos (7 realizados por pesquisadores da Ufam/AM e 1 realizado

por pesquisadores da UNESP/SP)

Portais do Congresso de Ciências da Comunicação/Regionais (Intercom): 1

artigo científico (Ufam/AM).

Fontes diversas: 1 capítulo em revista (Ufam/AM).

Palavra-chave:

Ecologia da comunicação

Portais de acesso livre (SciELO e Capes): 1artigo científico (PUC/SP).

Portais online de Programas de Pós-Graduação em Comunicação: 1 tese

(PUC/SP).

Portais do Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação/ Nacionais

(Intercom): 3 artigos científicos (PUC/SP, Ufam/AM e Cásper Líbero/SP).

Portais do Congresso de Ciências da Comunicação/Regionais (Intercom): 1

artigo científico (Cásper Líbero/SP).

Portal do Congresso da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação

em Comunicação (Compós): 1 artigo científico (Ufam/AM).

Fontes diversas: 1 capítulo em revista (USP/SP), 1 artigo nos anais do

Encontro de pesquisa na Graduação (UNESP/SP), 1 artigo nos anais do Encontro

Internacional de Tecnologia, Comunicação e Ciência Cognitiva (Metodista/SP) e 1 artigo nos

anais do 10º Interprogramas de Mestrado (Cásper Líbero/SP).

De posse dos dados, realizou-se uma análise de cada trabalho científico a partir dos

critérios: abordagem teórica, metodologia e as considerações finais apresentadas pelos

autores.

A análise demonstrou que os trabalhos se apropriam de campos teóricos já firmados na

Comunicação, como Semiótica (GOMES JÚNIOR, 2011; LOPES, 2013; PEREIRA, 2005,

2008; LAENA, 2012; LOPES, 2011), Teoria Geral dos Sistemas (LIMA, 2013), Teoria da

Informação, Cibernética e Teoria da Complexidade. De mesmo modo, observou-se que os

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estudos dialogam com as demais áreas do conhecimento (Sociologia, Educação, Geografia e

Ecologia), em busca de um olhar interdisciplinar e transdisciplinar acerca dos objetos/sujeitos

e suas relações com meio ambiente natural e social.

Os trabalhos se agrupam em dois grupos. Enquanto um grupo estuda os fenômenos

comunicacionais sob o viés da semiótica e da ecologia da comunicação proposta por Pereira

(2005); o outro grupo analisa a comunicação a partir da compreensão de Monteiro e Colferai

(2011) de Amazônia como metáfora explicativa para o conceito de ecossistema

comunicacional. Nesta abordagem, a perspectiva ecossistêmica considera as relações entre

sujeitos, meio ambiente social e natural e as tecnologias de informação e comunicação

utilizadas na mediação dos processos comunicativos. Já na abordagem ecológica da

comunicação, o conceito de semiose é fundamental, pois permite falar em relação,

interdependência, continuidade entre os sistemas participantes da comunicação; a semiose

designa a ação que guia, conduz, interpreta, elabora, conhece (PEREIRA, 2012).

Quanto à metodologia utilizada nas pesquisas, observou-se a predominância de

estudos de casos com enfoque na análise das mídias digitais e nas redes de interações

estabelecidas entre os diversos sistemas que compõem o ambiente virtual, a exemplo da

análise do site Metacritic (FREITAS, 2013), do Centro de Mídias de Educação do Amazonas

com o seu projeto de educação à distância (FRANÇA, 2013), do portal institucional da

Universidade do Estado do Amazonas (MARINHO, 2013), do museu virtual do google art

Project (LOPES, 2011), de cinco sites que publicam histórias em quadrinhos (LAENA,

2012), do programa de educação à distância Visualizar’11 (GOUDART, 2012) e dos perfis no

twitter da Fundação Amazonas Sustentável (GOMES JÚNIOR, 2012) e das Lojas Bemol e

Fogás Distribuidora (SILVA, 2012).

Entretanto, também se verificou pesquisas qualitativas sobre as demais mídias e suas

influências na vida humana, como videogames (IZIDRO; PEREIRA, 2012), desenhos

animados (PEREIRA, 2005) e mídias exteriores - painel, homem-seta e bandeirada - em

empreendimentos localizados em Manaus (ARAÚJO, 2013). Há ainda estudos a respeito da

natureza autopoiética dos fenômenos comunicacionais presentes no cotidiano de grupos

sociais na Amazônia, a exemplo do Festival de Sairé (LIMA, 2013) e do Museu Amazônico

da Universidade Federal do Amazonas (GONÇALVES, 2012); como também da

complexidade envolvida nas organizações sociais (LIMA; OLIVEIRA; ABBUD, 2013), mais

especificamente no Instituto Ler para Crescer, uma organização não governamental que

realiza atividades com crianças e adolescentes na cidade de Manaus, Amazonas (LIMA,

2015).

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Nas considerações finais, os autores apontaram a necessidade de ultrapassar o

paradigma tradicional, uma vez que o cenário contemporâneo é complexo e exige abordagens

que considerem o contexto das relações entre os múltiplos sistemas que permeiam a vida em

sociedade. Isso não significa ignorar os estudos já realizados, mas se trata da busca por novos

olhares para o fenômeno comunicacional na e para a Amazônia. Assim, é unânime entre os

autores o entendimento dos objetos/sujeitos de pesquisa como resultado de uma relação

ecossistêmica, que precisa ser analisada do ponto de vista da totalidade e da inter-relação

entre os múltiplos sistemas participantes da comunicação e do ambiente a sua volta.

Após a coleta e análise dos dados realizada na Internet, buscamos obras bibliográficas

que tivessem capítulos relacionados à perspectiva dos ecossistemas comunicacionais. Para

isso, utilizamos o acervo local do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação

(PPGCCOM) da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), que recebe obras produzidas

por Programas de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação de diversas regiões do país. O

critério utilizado para a identificação dos capítulos foi a busca individual das palavras-chave:

ecossistemas comunicacionais; ecologia da comunicação.

Identificamos as seguintes obras:

MONTEIRO, Gilson Vieira; ABBUD, Maria Emilia de Oliveira; PEREIRA,

Mirna Feitoza. Estudos e perspectivas dos ecossistemas da comunicação. Manaus: UFAM,

2012.

Esta obra apresenta artigos que exploram os fenômenos comunicativos numa

perspectiva sistêmica e ecossistêmica. Como exemplo, podemos citar o trabalho realizado por

Dantas e Monteiro (2012), no qual os autores, a partir da observação em campo das práticas

de comunicação incorporadas ao cotidiano da Colônia de Pescadores Z-4 de Tefé, no estado

do Amazonas, identificam ecossistemas comunicacionais no Programa de Rádio, nas relações

de parcerias entre os pescadores, nas aulas de informática, nas reuniões. A pesquisa

demonstra que cada um dos atores envolvidos nesses processos forma seus próprios sistemas

que em um dado momento se acoplam, por meio da linguagem, gerando um contínuo de

conhecimento (em reformulação permanente), que envolve todos os atores (em intensidades

diferentes), mas que interfere na subjetividade de cada ator social e também na coletividade.

SEIXAS, Netília Silva dos Anjos; COSTA, Alda Cristina; COSTA, Luciana

Miranda. Comunicação: visualidades e diversidades na Amazônia. Belém: FADESP, 2013.

Nesta obra, identificamos dois capítulos relacionados à temática. No primeiro, Lima e

Freitas (2013) analisam o festival Sairé sob o ponto de vista ecossistêmico e semiótico. As

autoras revelam que o festival é um sistema sígnico que produz significados e sentidos por

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meio das interações entre os participantes do evento e os subsistemas religioso (manifestado

por meio de artefatos e personagens sagrados) e profano (manifestado por meio das atividades

não relacionadas ao sagrado).

No segundo capítulo, Freitas e Pereira (2013) discutem os contextos e fundamentos

teóricos que auxiliam no estudo dos ecossistemas comunicacionais. As autoras concluem que

a perspectiva ecossistêmica é um campo em construção que exige uma mudança

paradigmática na investigação do fenômeno comunicacional. Nesse sentido, a perspectiva

observa não apenas o objeto, mas também o contexto e os nós que compõem a rede de

relações a partir da qual a comunicação se manifesta.

CORREIA, Claudio Manoel de Carvalho et al. (Orgs). Processos

comunicacionais: tempo, espaço e tecnologia. Manaus: Valer, Edua e Fapeam, 2012.

Nesta obra, identificamos o trabalho de Dias e Pereira (2012), no qual as autoras

apresentam as histórias em quadrinhos virtuais sob a perspectiva ecossistêmica. Elas

concluem que nas histórias em quadrinhos há dois sistemas heterogêneos em interação: o

sistema de entretenimento (representado nas histórias em quadrinhos) e o sistema tecnológico

(a própria Web). Ao entrarem em contato, os signos desses sistemas geram novos signos,

porém conservando as características dos sistemas anteriores.

MALCHER, Maria Ataide et al. (Orgs.). Comunicação Midiatizada na e da

Amazônia. Belém: FADESP, v.2, 2011.

Nesta obra, o capítulo de Monteiro e Colferai (2011) alerta para a necessidade de um

pensamento comunicacional que extrapole o campo delimitado da Comunicação em busca de

uma abordagem universal que integre outros campos de conhecimento, típica dos

ecossistemas biológicos e correlata ao conceito de ecossistemas comunicacionais.

Em outro capítulo, Pereira (2011) traça uma linha histórica que levou ao conceito de

ecossistemas comunicacionais. Para a autora, essa perspectiva não se restringe aos meios

tecnológicos conectados às redes de comunicação, mas tem como desafio perceber o espaço

de relações no qual a comunicação está inserida.

Diante do exposto, percebemos que a perspectiva dos ecossistemas comunicacionais

está em processo de construção e solidificação como campo de estudos na área da

Comunicação. O gráfico a seguir apresenta o total de trabalhos identificados:

Page 12: Ecossistemas comunicacionais: uma análise da produção ...riu.ufam.edu.br/bitstream/prefix/5365/1/PIB-SA0088-2015.pdf · ecossistemas comunicacionais. Quanto aos objetivos específicos:

Gráfico 1 – Produção científica identificada

Fonte: os autores.

Os resultados do PIBIC 2015/2016 comprovam que a perspectiva ecossistêmica é

representativa da região amazônica, seja por ser Área de Concentração do Programa de Pós-

Graduação em Ciências da Comunicação (PPGCCOM) da Universidade Federal do

Amazonas (Ufam), seja pela quantidade de estudos que buscam uma compreensão complexa

da comunicação na e para a Amazônia. O gráfico a seguir apresenta o total de trabalhos

identificados na Amazônia:

Gráfico 2 – Produção científica na Amazônia

Fonte: os autores.

0

2

4

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8

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14

16Portais de acesso livre (SciELO e

Capes)

Portais online de Programas de

Pós-Graduação em Comunicação

Portais do Congresso Brasileiro

de Ciências da Comunicação

Nacional e Regional

Obras do Acervo do PPGCCOM

– Ufam

Capítulos e artigos de fontes

avulsas (anais de eventos e

revistas) na InternetPortal da Compós

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16

Artigos científicos

Dissertações

Teses

Capítulos em

livros/revistas

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A análise realizada no Projeto PIBIC demonstrou a necessidade de uma abordagem

ecossistêmica para os estudos dos fenômenos comunicacionais. Vale ressaltar que a

comunicação não se restringe aos instrumentos e técnicas utilizadas pelos seres humanos para

interagir e compartilhar significados; ela envolve um contexto mais amplo que exige dos

pesquisadores um olhar para além das fronteiras tradicionais da ciência.

O desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação e, especialmente,

das redes sociais digitais, comprova a existência de inúmeras redes que conectam os sujeitos

entre si e ao seu ambiente social e natural, exigindo do campo da Comunicação uma visão de

mundo que contemple o cenário de complexidade o qual vive a sociedade contemporânea.

As pesquisas realizadas sob a perspectiva dos ecossistemas comunicacionais

comprovam a insuficiência do paradigma mecanicista, que entende a comunicação como um

processo de transmissão de informações entre emissores e receptores, e trazem elementos que

indicam uma nova forma de pensar a comunicação numa região que entrelaça a diversidade

de sistemas naturais, sociais, culturais e tecnológicos: a Amazônia.

Essa forma amazônida de pensar a comunicação demanda ultrapassagens científicas

que extrapolam a área da comunicação e das ciências sociais e se apropria de campos de

conhecimento considerados antagônicos pela ciência tradicional, mas que na visão

ecossistêmica se complementam e contribuem para um olhar complexo dos fenômenos da

vida. Por esse motivo, os estudos ecossistêmicos não deixam de lado os campos de

conhecimento já estabelecidos, mas ultrapassam seus limites conceituais, em busca de uma

compreensão integrada e complexa dos fenômenos comunicativos.

Assim, as investigações envolvem a percepção dos processos comunicacionais

integrados às redes de relações que os permeiam e o ambiente com o qual mantêm influências

constantes e reorganizadoras. Essa atitude frente aos objetos/sujeitos sinaliza uma abordagem

complexa da comunicação, como também revela o desafio assumido pelos pesquisadores do

PPGGCOM da Ufam ao adotar os ecossistemas comunicacionais como área de concentração.

Nesse embate, as pesquisas precisam levar em consideração a ineficiência de um

método pronto, marcante no pensamento unilateral. O fenômeno comunicacional se modifica

conforme o olhar do observador e dos fluxos existentes entre os sistemas da comunicação e o

ambiente a sua volta. Por esse motivo, o pesquisador deve se libertar das correntes da

linearidade e abrir novos caminhos no decorrer da pesquisa, a fim de revelar as

potencialidades do objeto enquanto se realiza o estudo.

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Observamos que os objetos dos ecossistemas comunicacionais são amplos e

diferenciados, apreendendo reflexões sobre o caráter autopoiético (autorreprodutor) de

fenômenos corporais e/ou virtuais presentes no cenário contemporâneo e suas relações com o

meio ambiente natural e social e os múltiplos sistemas que permitem a vida em sociedade.

Contudo, a especificidade encontra-se no olhar, ou seja, na perspectiva que permite analisá-

los enquanto fenômenos complexos que precisam ser investigados por meio das interconexões

entre ciências sociais e naturais.

Percebemos, então, o caráter interdisciplinar e transdisciplinar da perspectiva

ecossistêmica para o estudo dos processos comunicacionais na e para a Amazônia. Embora

geograficamente distante dos centros acadêmicos do país, essa perspectiva contribui para a

discussão a respeito da comunicação enquanto fenômeno complexo que entrelaça sistemas

sociais, naturais e tecnológicos envolvidos por um ambiente que, ao mesmo tempo em que

influencia, é influenciado pelos sistemas participantes da comunicação.

REFERÊNCIAS

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dinâmica da publicidade dos empreendimentos imobiliários na cidade de Manaus. 2013. 153p.

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(Doutorado em Sociedade e Cultura na Amazônia) – Programa de Pós-Graduação em Sociedade e

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SILVA, L. R. Redes sociais digitais: a contribuição da comunicação midiática na construção da

imagem institucional através do twitter. 2012. 101 p. Dissertação (Mestrado em Ciências da

Comunicação) – Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação, Universidade Federal do

Amazonas, Manaus, 2012.

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ELEMENTOS NORMALIZADORES

A revista Comunicação & Informação segue critérios nacionais e internacionais para sua

normalização. O seu design gráfico foi estabelecido pela equipe editorial. A normalização segue

as normas da Associação Brasileira de Normalizações Técnicas (ABNT) e deverá observar os

critérios abaixo:

a) Os artigos submetidos à apreciação devem ser originais e inéditos;

b) Os artigos devem ter pelo menos um Doutor entre os autores;

c) Os artigos submetidos devem conter no mínimo 14 páginas e no máximo 19;

d) Os artigos devem estar acompanhados dos títulos, resumos e palavras-chave em português,

inglês e espanhol;

e) Os textos devem vir em formato final, já revisto quanto à ortografia e a gramática.

Além desses, outros critérios específicos que serão detalhados a seguir:

1.1 ELEMENTOS PRÉ-TEXTUAIS

Os elementos pré-textuais são as informações que ajudam na identificação e utilização do artigo

científico. A seguir são apresentadas as regras de normalização desses elementos para a Revista

Comunicação & Informação.

1.1.1 Título do Artigo na Língua do Texto O título principal deve estar em fonte Times New Roman, tamanho16, alinhamento centralizado e

espaçamento simples. Quando houver subtítulo, ele deve estar separado por dois pontos, fonte

Times New Roman, tamanho16, alinhamento centralizado e espaçamento simples.

Exemplo:

Análise lexicográfica de dicionários de comunicação

1.1.2 Títulos em Línguas Estrangeiras Os títulos em línguas estrangeiras devem estar na fonte Times New Roman, Tamanho14,

alinhamento centralizado, espaçamento simples e em itálico. Quando houver subtítulo, ele deve

estar separado por dois pontos, fonte Times New Roman, alinhamento centralizado, espaçamento

simples e itálico.

Exemplo:

Analysis of lexicographical dictionaries of communication

Análisis de los diccionarios lexicográficos de comunicación

1.1.3 Nome(s) do(s) Autor(es) Nome(s) do(s) autor(es), acompanhado(s) de breve currículo que o(s) qualifique na área de

conhecimento do artigo. Deve(m) aparecer em nota de rodapé indicado por numeração no(s)

nome(s) do(s) autor(es), nessa sequência: o mine currículo, nacionalidade, Estado, cidade e o

endereço eletrônico.

Exemplo: Jéssica Câmara Siqueira¹

________________________________________________________________________ 1 Doutorado em andamento em Letras na Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas daUniversidade de São Paulo.

Mestre em Ciência da Informação pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Brasil, Goiás,

Goiânia. E-mail:....@.....

1.1.4 Resumo na Língua do Texto e na Língua Estrangeira

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O resumo deve seguir a NBR 6028 de 2003. Título (Resumo) em estilo negrito, fonte Times New

Roman, tamanho 11, negrito e alinhado à esquerda. Texto com fonte Times New Roman,

tamanho 11, espaçamento simples e alinhamento justificado. Deve ter entre 100 a 250 palavras e

ser redigido em parágrafo único.

Exemplo: Resumo A área da Comunicação, por sua constituição recente, possui poucos materiais lexicográficos e muitos

apresentam problemas de falta de sistematização e padronização. A partir do aporte teórico e

metodológico da Lexicografia são analisados quatro dicionários da área da Comunicação, sendo dois

de cobertura mais abrangente e dois de caráter mais técnico, referentes a duas subáreas. O objetivo é

analisar a macro e a microestrutura desses dicionários, apontando os aspectos positivos e negativos

quanto às escolhas terminológicas e a estrutura organizacional das obras lexicográficas. A análise

desses aspectos resulta na concepção de um roteiro para auxiliar a elaboração de dicionários nessa área

de especialidade.

1.1.5 As Palavras-chave Devem seguir a NBR 6028 de 2003. Devem conter entre três a cinco palavras-chave. Escolhidas para

representar a temática do artigo. Título em estilo negrito, fonte Times New Roman, tamanho 11,

negrito e alinhado à esquerda. Texto com fonte Times New Roman, tamanho 11, espaçamento

simples, alinhamento justificado e separado por ponto (.).

Exemplo: Palavras-chave: Comunicação. Dicionários. Lexicografia.

1.2 ELEMENTOS TEXTUAIS

Nos elementos textuais deve ser exposto o conteúdo do artigo científico.

1.2.1 Regras Gerais de Apresentação Os títulos devem estar em estilo negrito, letras maiúsculas, fonte Times New Roman, tamanho 12,

alinhado à esquerda e seguir sequencia numérica titular. As margens devem ser de 3 cm para

superior e esquerda, e 2 cm para inferior e direita. Os subtítulos devem começar com primeira

letra maiúscula e as outras em minúsculo, sem negrito, tamanho 12, fonte Times New Roman,

alinhado à esquerda e seguindo a sequência numérica titular.

1.2.2 Introdução Texto justificado apresentando o(s) objetivo(s) do trabalho, a(s) justificativa(s), o(s) problema(s) e

a importância/relevância da pesquisa. Contextualizar a situação problema, o ambiente e os atores.

1.2.3 Desenvolvimento O texto poderá ser organizado em subcapítulos (subseções). Apresentar o referencial teórico, os

dados obtidos, análise e a discussão dos resultados. Poderão ser apresentados também por

imagens, gráficos, quadros ou tabelas. Isso tudo conforme as normas ANBT-NBR 6022 e ABNT-

NBR 6024.

1.2.3.1 Citações

Principalmente no desenvolvimento do trabalho aparecem as citações. Elas devem ser

apresentadas segundo a norma ABNT-NBR 10520. Ver baixo alguns exemplos:

1.2.3.1.1 Citação direta, de até três linhas:

É a transcrição ou cópia de pequenos trechos de um texto, usando exatamente as mesmas palavras

escritas pelo autor do trabalho consultado. Nesse caso, a citação deve aparecer entre duas aspas

duplas (“...”) com indicação da fonte consultada e a página.

Exemplo 1:

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Segundo Santaella (2004, p. 30) o leitor do livro é aquele leitor “meditativo, observador ancorado,

leitor sem urgências, provido de férteis faculdades imaginativas, aprende assim a conviver com o

leitor movente.”

Exemplo 2: O leitor do livro é aquele leitor “meditativo, observador ancorado, leitor sem urgências, provido

de férteis faculdades imaginativas, aprende assim a conviver com o leitor movente.”

(SANTAELLA, 2004, p. 30)

1.2.3.1.2 Citação direta, com mais de três linhas:

As citações com mais de três linhas são transcritas com recuo esquerdo de 4 cm a partir da

margem, em parágrafo justificado, com espaçamento simples e com a mesma fonte, porém em

tamanho 11.

Exemplo: O leitor do livro é aquele leitor:

Meditativo, observador ancorado, leitor sem urgências, provido de férteis

faculdades imaginativas, aprende assim a conviver com o leitor movente;

leitor de formas, volumes, massas, interações de forças, movimentos; leitor

de direções, traços, cores; leitor de luzes que se acendem e se apagam; leitor

cujo organismo mudou de marcha, sincronizando-se à aceleração do mundo

(SANTAELLA, 2004, p. 30).

1.2.3.1.3 Citação indireta

É a transcrição das ideias de um autor com suas próprias palavras, mantendo o sentido original.

Exemplo: Nessa medida, dialogismo não significa mero intercâmbio de dois egos habitados de linguagem. A

fala não é propriedade privada de um eu, mas transformação contínua de uma pergunta em

resposta e vice-versa, propulsão criativa do falante que, para compreender a fala do outro, tem de

traduzi-la em outra fala: “própria-alheia”. (BAKHTIN, 1982)

1.2.3.1.4 Citação de citação

É a citação de um texto ao qual se tem acesso por outro. Deve evitar esse tipo de citação, pois há

risco de má interpretação e incorreções. No texto deve vir primeiro o autor que você quer citar,

depois a data. Em seguida a expressão “apud” e a referência do texto que você teve acesso.

Exemplo 1: Segundo Santaella (2004, apud REIS, 2014, p. 30) o leitor do livro é aquele leitor “meditativo,

observador ancorado, leitor sem urgências, provido de férteis faculdades imaginativas, aprende

assim a conviver com o leitor movente.”

1.2.3.2 Ilustrações

As ilustrações (desenhos, esquemas, fluxogramas, fotografias, gráficos, mapas, organogramas,

plantas, quadros, retratos etc.) devem ser apresentadas conforme ABNT-NBR-6022 e indicados

no texto. Considerando que as legendas devem ser posicionadas acima das figuras e tabelas bem

como devem ser centralizadas na página segundo exemplo abaixo:

Exemplo: Assim, quando Panofsky adota, substancialmente, a definição de perspectiva como “intuição

perspectiva plena”, de Dürer toma o quadro todo agora não mais como apenas sua superfície

material individual isolada, mas como uma ‘janela’ através da qual vemos um espaço na Figura 1. Figura 1 - São Jerônimo em seu estúdio.

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Autor: Albrecht Dürer (1445)

1.2.3.3 Tabela

As tabelas devem ser apresentadas conforme as Normas de Apresentação Tabular do IBGE de

1993, conforme exemplo na sequência:

Exemplo: Tabela 1 – Probabilidades de sucesso e risco no empréstimo de periódicos

Fonte: Borges, 2002.

1.2.3.4 Siglas

Ao usar a sigla, pela primeira vez, deve-se colocar a forma completa do nome precedente à sigla,

que ficará entre parênteses, respeitando as devidas peculiaridades.

Exemplos: • Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)

• Faculdade de Informação e Comunicação (FIC)

• Universidade Federal de Goiás (UFG)

1.2.4 Metodologia Deve apresentar os métodos, técnicas, público, amostragem, período de pesquisa,

instrumento/técnica de coleta e análise de dados e etapas da pesquisa.

1.2.5 Conclusão Deve informar se os objetivos foram alcançados, tomando como referencial a discussão dos

resultados.

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1.3 ELEMENTOS PÓS-TEXTUAIS

1.3.1 Referências É um conjunto padronizado de elementos descritivos, retirados de um documento, que permite sua

identificação individual. As referências devem ser apresentadas conforme NBR 6023 de 2002. O

título principal deve estar em fonte Times New Roman, tamanho11, caixa alta e alinhado à

esquerda. Texto com fonte Times New Roman, tamanho 11, espaçamento simples, alinhado à

esquerda. As referências devem estar em ordem alfabética.

Exemplos: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10520: Apresentação de citações de

documentos. Rio de Janeiro, 2002.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: Informação e documentação

– referências - elaboração. Rio de Janeiro, 2002.

HALLEYPO. Biblioteca Nacional. 2011. Fotografia digital, color, 500×325 pixels, tamanho: 36,3

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<http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/f9/Biblioteca_nacional_rio_janeiro.jpghttp://com

mons.wikimedia.org/wiki/>. Acesso em: 22 jun. 2014.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Normas de

apresentação tabular. Rio de Janeiro, 1993.

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da Antiguidade a Duccio. Tradução de Wilma De Kantinszky. São Paulo: Cosac e Naify, 2003.

SANTAELLA, L. Navegar no ciberespaço: o perfil cognitivo do leitor imersivo. São Paulo: Paulus,

2004.