DSIS - Amazônia

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CENTRO PAULA SOUZA ETEC CUBATO TCNICO EM MEIO AMBIENTE

A FLORESTA AMAZNICA

Luiz Fernando Santos de Moura Raquel Fernanda de Jesus Pinho Renan Maciel Alves Sabrina dos Santos Lucena

Cubato 2011

Luiz Fernando Santos de Moura, 25 Raquel Fernanda de Jesus Pinho, 41 Renan Maciel Alves, 32 Sabrina dos Santos Lucena, 34

A FLORESTA AMAZNICA

Prof. Andr C. F. Vicente

Cubato 2011

A Amaznia , sim, fundamental ao equilbrio climtico do planeta. Pode-se compar-la a um rim, atuando como regulador de diversas funes vitais. Intervenes mal planejadas certamente provocaro mudanas ambientais em escala mundial, cujas consequncias so difceis de conceber. (JAMES LOVEJOCK)

Resumo

A Amaznica est localizada na parte noroeste da Amrica do Sul. a maior floresta tropical do mundo com uma rea total de aproximadamente 7 milhes de km, abrigando a maior bacia hidrogrfica do mundo, a Bacia do Rio Amazonas. O rio Amazonas o maior rio do mundo em extenso e volume, possuindo a maior foz do mundo. Com um clima bastante varivel, um bero para inmeras espcies de animais e plantas, sendo o local com maior biodiversidade do planeta. Porm, vem sofrendo uma grande devastao por parte do homem, como queimadas, a explorao extrativista excessiva, o trafico ilegal de animais e a caa predatria, podendo extinguir a floresta e toda essa biodiversidade que ela abriga.

Palavras-chave: Floresta Amaznica, Bacia do Rio Amazonas, biodiversidade, devastao, explorao extrativista.

Abstract

The Amazon forest is located in the northwestern part of South America is the largest rainforest in the world with a total area of approximately 7 million km , housing

the world's largest river, the Amazon Basin. The Amazon River is the longest river in the world in size and volume, having the largest estuary in the world. With a highly variable climate, is a cradle for many species of animals and plants, making it the largest biodiversity on the planet. However, has suffered a great destruction by humans, such as fires, excessive animals, and extractive exploitation, can extinguish the illegal forest traffickand all

ing and poaching of

the biodiversity within it. Keywords: Amazon rainforest, Amazon Basin, biodiversity, deforestation, exploitation, extraction.

Lista de Tabelas

TABELA 1 - TIPOS DE V EGETAO DA AMAZNIA ................................................................................ 13

Lista de Ilustrao

FIGURA 1 - D IAGRAMA DA RECICLAGEM DA GUA NA AMAZNIA ............................................................. 11 FIGURA 2 - BACIA H IDROGRFICA AMAZNICA .................................................................................... 17 FIGURA 3 - V ITRIA R GIA .............................................................................................................. 22 FIGURA 4 S ERINGUEIRA ............................................................................................................... 23 FIGURA 5 - CASTANHEIRA - DO-PAR ................................................................................................. 25 FIGURA 6 - MOGNO ........................................................................................................................ 26 FIGURA 7 - C ERAMBICDEO- GIGANTE ................................................................................................ 29 FIGURA 8 - P IRARUCU .................................................................................................................... 31 FIGURA 9 - P EIXE-SERRA ................................................................................................................ 32 FIGURA 10 - S UCURI-V ERDE ........................................................................................................... 33 FIGURA 11 - JACAR-AU ............................................................................................................... 34 FIGURA 12 - TARTARUGA - DO-A MAZONAS .......................................................................................... 35 FIGURA 13 - GAVIO-REAL .............................................................................................................. 36 FIGURA 14 - P EIXE-BOI-DA -A MAZNIA ............................................................................................... 38 FIGURA 15 - O NA - PINTADA ............................................................................................................ 40 FIGURA 16 - A RIRANHA ................................................................................................................... 41 FIGURA 17 - A RARA -AZUL-G RANDE .................................................................................................. 42 FIGURA 18 - GATO - DO-MATO .......................................................................................................... 43 FIGURA 19 - MACACO -ARANHA - PRETO .............................................................................................. 44 FIGURA 20 - D ESMATAMENTO DA AMAZNIA BRASILEIRA ..................................................................... 46

Sumrio

Introduo................................................................................................................................8 1. 2. O Nascimento da Amaznia........................................................................................9 Aspectos Fsicos e Geogrficos ............................................................................. 10 2.1. 2.2. Clima ....................................................................................................................... 10 Vegetao .............................................................................................................. 12

2.2.1. Os tipos de vegetao da Amaznia no Brasil ............................................ 12 2.2.1.1. As Matas de Vrzea ................................................................................. 13 2.2.1.2. As Matas de Igap .................................................................................... 14 2.2.1.3. As Matas de Terra Firme ......................................................................... 14 2.2.1.4. As reas de Transio ............................................................................. 14 2.2.1.5. As Florestas Secundrias ........................................................................ 15 2.3. 2.4. 3. 4. Solo ......................................................................................................................... 15 Relevo..................................................................................................................... 16

A Bacia Hidrogrfica do rio Amazonas................................................................. 17 A Flora............................................................................................................................ 20 4.1. Plantas Aquticas da Amaznia ......................................................................... 21

4.1.1. Victoria amaznica............................................................................................ 22 4.2. Plantas Terrestres da Amaznia ........................................................................ 23

4.2.1. Hevea brasiliensis ............................................................................................. 23 4.3. Ameaas a Flora Amaznica .............................................................................. 24

4.3.1. Bertholletia excelsa........................................................................................... 24 4.3.2. Swietenia macrophylla ..................................................................................... 25 5. A Fauna.......................................................................................................................... 27 5.1. A diversidade dos invertebrados ........................................................................ 28

5.1.1. Titanusgiganteus ............................................................................................... 29 5.2. A diversidade dos ambientes aquticos............................................................ 30

5.2.1. Arapaima gigas.................................................................................................. 30 5.2.2. Pristis pectinata ................................................................................................. 31 5.3. A diversidade de anfbios e rpteis .................................................................... 32

5.3.1. Eunectes murinus ............................................................................................. 33 5.3.2. Melanosuchus niger.......................................................................................... 34 5.3.3. Podocnemis expansa ....................................................................................... 34 5.4. A diversidade das Aves........................................................................................ 35

5.4.1. Harpia harpyja ................................................................................................... 36 5.5. A diversidade dos Mamferos.............................................................................. 37

5.5.1. Trichechus inunguis .......................................................................................... 38 5.5.2. Panthera onca ................................................................................................... 39 5.5.3. 5.6. Pteronura brasiliensis ................................................................................... 40

Animais Ameaados de Extino ....................................................................... 41

5.6.1. Anodorhynchus hyacinthinus .......................................................................... 42 5.6.2. Leopardus tigrinus ............................................................................................ 43 5.6.3. Ateles paniscus ................................................................................................. 43 6. Ameaas Floresta .................................................................................................... 45 6.1. Desmatamento ...................................................................................................... 45

6.1.1. A extenso e o ndice de Desmatamento ..................................................... 45 6.1.2. Causas de Desmatamento .............................................................................. 47 6.2. 6.3. 6.4. 6.5. Queimadas............................................................................................................. 47 Construo de Hidreltricas ................................................................................ 48 O Comrcio Ilegal de Animais Silvestres e a Biopirataria .............................. 49 A Pesca Predatria ............................................................................................... 50

Concluso............................................................................................................................. 52 Bibliografia ........................................................................................................................... 53 Apndices ............................................................................................................................. 56 Apndice A - Animais Ameaados de Extino na Amaznia .................................. 56 Apndice B - Peixes e invertebrados aquticos ameaados de extino ............... 58 Apndice C - Plantas Ameaadas de Extino............................................................ 59

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Introduo

A Floresta Amaznica se situa na Amrica do Sul, fazendo parte dos territrios de Peru, Colmbia, Bolvia, Equador, Suriname, Guiana, Guiana Francesa, Venezuela e Brasil. Sendo a maior floresta tropical do mundo e contendo a maior biodiversidade do mundo, Sua formao precisou de vrios processos geogrficos e climticos, que possibilitaram a existncia de seres vivos no local. Com uma grande variao de clima e de vegetao, Possui a maior Bacia Hidrogrfica do mundo, a bacia do Rio Amazonas, que tambm a maior reserva de gua doce do mundo. Com uma grande biodiversidade em sua fauna e sua flora, sofre muito com as ameaas que o homem causa floresta, como o desmatamento excessivo, a caa ilegal aos animais, que causou em extines precoces de animais e deixou vrios animais quase exti ntos.

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1. O Nascimento da Amaznia

Do ponto de vista da histria geolgica da Terra, a formao da floresta Amaznica extremamente recente. As condies para que exista uma floresta tropical mida s surgiu a seis milhes de anos atrs. E no foram somente fatores climticos e as relaes entre as espcies, mas tambm processos geolgicos que mudaram a forma do ambiente e resultou no estabelecimento de uma grande biodiversidade. De acordo com as informaes j obtidas sobre a Amaznia, mostram que nem sempre a floresta esteve ali. H mais de vinte milhes de anos atrs, a Amaznia era um uma rea com o clima rido, portanto no tinha umidade suficiente para suportar uma floresta tropical. Mas entre 24 e 12 milhes de anos atrs, o mar penetrava e regredia na regio, mudando as caractersticas da regio com o tempo. Um dos fatores geolgicos, provavelmente o mais importante para o surgimento da floresta Amaznica foi a formao da Cordilheira dos Andes. As primeiras mudanas que permitiram a formao da floresta amaznica foram induzidas por eventos geolgicos como o soerguimento da cordilheira dos Andes, h 12 milhes de anos. Apenas os fatores regionais relacionados a mudanas climticas no seriam suficientes para influenciar os processos de seleo, diferenciao e extino de espcies.

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2. Aspectos Fsicos e Geogrficos

A Floresta Amaznica a maior floresta tropical do mundo, com aproximadamente7 milhes de km. No Brasil se encontram 3,64 milhes de km dessa floresta sem contar as zonas de transio; se somado s zonas de transio, seu total ser de 4,24 milhes de km, correspondendo assim a 49% de todo o territrio brasileiro. Porm, vale lembrar que o homem degradou 650 mil km -- mais de 20% da rea total amaznica.

2.1. Clima

O clima da Amaznia no uniforme, apresentando grandes variaes. Em algumas regies tpico de savana (cerrado), com uma estao seca longa e bem definida, e baixa umidade relativa do ar, como na transio entre Amaznia e semirido; em outras super-mido e praticamente sem estao seca, como nas encostas dos Andes. At as imagens de satlite so capazes de detectar mudanas na vegetao das florestas, com menos folhas na poca da seca. A floresta amaznica encontra-se em estado que os eclogos denominam clmax. Nele, a energia reciclada localmente, ou seja, a complexa cadeia alimentar envolvendo vegetais e animais reaproveita tudo. Esse estado se caracteriza pela absoro de energia pelas cadeias alimentares no reino vegetal e animal, e nele, o ciclo da gua, vinda do mar pelos ares terra coberta de floresta e voltando da floresta pela superfcie fluvial ao mar eterno (ver Figura 1). A grande quantidade de chuvas transforma a Amaznia na maior bacia hidrogrfica do planeta. Sua distribuio, porm, no uniforme, nem em termos de reas geogrficas, nem de perodos definidos de seca e cheia, no sendo difcil que num ms chova at o dobro do que no mesmo perodo do ano anterior. Na Amaznia esto os maiores ndices mdios de chuvas do continente americano: 8 mil mm/ano ( uma coluna de 8 m de chuva por ano) nos sops dos Andes, no Peru e no equador. Ali se diz que h a estao de chuva e a de diluvio. No Brasil, os maiores ndices esto no noroeste do Amazonas, na regio conhecida como Cabea do Cachorro (3600 mm/ano) e na costa do Amap (3200 mm/ano).

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Figura 1 - Diagrama da reciclagem da gua na Amaznia

Fonte: Meirelles, 2006,O livro de ouro da Amaznia: . Rio de Janeiro: Ediouro.

Cerca de 20% das chuvas caem em forma de aguaceiros (tempestades). Uma nica chuva, de algumas horas, pode representar 200 mm. Um aguaceiro significa cerca de 1 mm/minuto. O impacto decorrente de uma tempestade desse tipo 40 vezes superior ao de uma chuva forte em uma zona temperada. Isso demonstra o potencial para a eroso do solo se ele estiver exposto diretamente s chuvas. A Amaznia cortada pela linha do Equador que passa praticamente onde est o rio Amazonas, com isso a regio acima do tropico apresenta as estaes do ano opostas s da regio abaixo deste, enquanto na Venezuela, Colmbia e Guianas e nos estados de Roraima, Amap e na parte norte do Amazonas inverno (perodo chuvoso), em parte do Peru, Bolvia e nos estados brasileiros ao sul do Amazonas, vero (perodo seco). Uma das principais caractersticas da Amaznia a constncia das temperaturas. A umidade alta um dos principais responsveis por isso, pois, ao absorver os raios infravermelhos emitidos pela superfcie, a umidade no permite grandes e drsticas variaes. A mdia anula est entre 26C na estao chuvosa e 27,5C na estao seca, uma variao mdia anual inferior a 2C. Ao longo do dia a diferena entre a temperatura mais alta e a mais baixa chega a 10C. Em zonas secas como os desertos e regies semiridas, em funo da baixa umidade, as diferenas entre as

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altas temperaturas durante o dia e as da noite podem chegar a mais de 30C, muitas vezes superiores s da floresta tropical.

2.2. Vegetao

De maneira geral, nas florestas de terra firme, classificadas como ombrfilas, densas ou abertas, as rvores so 50% mais altas do que nas florestas temperadas. Como as variaes entre o perodo seco e chuvoso so pequenas e a umidade mantm-se relativamente alta, a maioria das rvores no perde folhas. Em funo dessas altas umidades as florestas densas dificilmente sofrem com as queimadas em seu estado natural. As grandes rvores da Amaznia cujas copas esto no dossel da floresta (dossel: o estrato superior das florestas, que ao que tudo indica guarda as maiores biodiversidades do planeta, contendo, segundo estimativas, at 65% das formas de vida das florestas tropicais, onde atinge de 30 a 60 m de altura). Numa grande rvore podemse encontrar mais de cem espcies de samambaias, bromlias, cactos, arceas e outras formas de vida vegetal. S de orqudeas j foram encontradas, numa nica rvore do Sudeste Asitico, mais de 50 espcies. Para se proteger das tempestades com ventos muito fortes, que superam os 100km/h, muitas rvores do dossel da floresta possuem sistemas de troncos que se abrem prximos ao solo (como se fossem as asas laterais) ou razes tabulares para garantir sua estabilidade (as sapopemas), o caso da samaumeira (Ceiba pentadra), da figueira branca (Ficusdoliarius). Os ventos so os maiores responsveis so os maiores responsveis pela queda das grandes rvores.

2.2.1. Os tipos de vegetao da Amaznia no Brasil

O IBGE identifica no bioma amaznico do Brasil 70 tipos de vegetao no alteradas pelo homem e 6 tipos alteradas pelo homem. H 7 grandes tipos de vegetao: as campinaranas, as florestas estacionais deciduais, florestas ombrfilas abertas, formaes pioneiras com influencia fluvial ou marinha, florestas ombrfilas densas, refgios montanos, savanas amaznicas (ver na Tabela 1). Essas formas de vegeta-

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o apresentam- se de varias maneiras, dependendo do clima, da formao geolgica, do relevo, do solo, da hidrografia, e de outros fatores naturais. Tabela 1 - Tipos de Vegetao da Amaznia

Tipos de vegetao

% s/ Amaznia

Sinnimos

Campinaranas Florestas Estacionais Deciduais ou Semideciduais Florestas Ombrfilas abertas Formaes pioneiras com influencia fluvial e/ou marinha Florestas Ombrfilas densas Refgios Montanos Savanas Amaznicas Outras formas de vegetao

4,10 4,67 Mata Seca

25,48 1,7

53,63 0,029 6,07 4,15 Tepui Cerrado

Fonte: Meirelles, 2006,O livro de ouro da Amaznia: . Rio de Janeiro: Ediouro.

A primeira concluso de que 83,78% da vegetao amaznica no Brasil composta por formaes florestais. Outra viso importante sobre as reas inundadas. A terra firme cobre a maioria da Amaznia 96%. Menos de 4% da regio inundada de forma permanente ou temporria. 2.2.1.1. As Matas de Vrzea

As vrzeas da bacia amaznica representam mais de 180 mil km, rea pouco menor do que a do Estado do Paran ou o dobro da de Portugal. Elas resultam de dezenas de milhares de anos de deposio de sedimentos que se acumularam nos fundos dos rios. Na Amaznia os ciclos so de chuva (inverno) e seca (vero). D urante as secas as vrzeas so alagadas, e a gua do rio carrega grande quantidade de matria orgnica para as matas e os campos. A deposio lenta e ocorre no

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momento em que a gua para de invadir os espaos inundveis, e seu nvel comea a baixar. A vrzea forma-se em reas planas e pode ser dividida em altas e baixas. 2.2.1.2. As Matas de Igap

As matas de igap: nos rios de gua escura como o Negro, o Urubu e o Uatum (no Amazonas), as reas de florestas inundadas so chamadas de igaps, sua vegetao permanece verde, com folhas largas, e as rvores maiores atingem 20 m. H grande quantidade de cips e epfitas, e diversas plantas apresentam razes que as ajudam a respirar. 2.2.1.3. As Matas de Terra Firme

As matas de terra firme: as florestas que no esto sujeitas inundao representam no Brasil mais de quatro quintos da cobertura vegetal da regio. A maior parte das rvores no perdem folhas na estao seca, algumas delas, no entanto o fazem, os estudos indicam que as espcies de rvores variam bastante de regio pra regio, poucas rvores so comuns a toda regio amaznica. 2.2.1.4. As reas de Transio

No Brasil, a Amaznia faz divisa com o bioma do cerrado, ao sul, e do semirido brasileiro (caatinga), a leste. O ectono Cerrado-Amaznia representa 4,85% do pas. No Brasil as reas de transio so as que mais sofreram com a ao do homem. O Ibama aponta que foi desmatado mais de 60% desse bioma, que praticamente coincide com o arco do desmatamento da Amaznia brasileira. A grande preocupao se relaciona ao fato de nesse ectono estar a maior concentrao de matas secas do Brasil. A situao do ectono Caatinga-Amaznia tambm critica, pois tambm coincide com parte do arco do desmatamento, embora, esteja menos devastado. Este representa cerca de 1,7% do pas. Fora do Brasil, a Amaznia faz divisa ao norte, na Venezuela, com a zona dos Llanos (formao savanica similar ao cerrado). A sudoeste, na Bolvia, tambm h formaes savanicas, os Llanos da Bolvia. A oeste est a cordilheira dos Andes e a

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regio de transio para as florestas submontanas. importante lembrar que essas reas de transio so de grandes dimenses, e as mudanas de vegetao, em geral, ocorrem de maneira lenta. 2.2.1.5. As Florestas Secundrias

Devido existncia de mais de 60 milhes de ha de reas desmatadas apenas no Brasil, das quais pelo menos 20%, ou seja, 12 milhes de ha, seriam de reas abandonadas em franca regenerao espontnea, as florestas secundrias merecem ateno especial. H regies, como a de Altamira, no rio Xingu (Par), que, segundo o INPA, apresentam mais de metade da rea desmatada j coberta por florestas secundrias.

2.3. Solo

A idade avanada da geologia do solo uma das razoes para sua baixa fertilidade geral, mas s nos solos originrios dos Andes apresentam maior fertilidade; seu uso, no entanto, restringe-se devido declividade e s chuvas. A maior parte do solo considerada quimicamente pobre; so solos lavados. A explicao est no tempo em que a gua esta em exposio que dissolve a maior parte dos minerais, mas em casos extremos, como em algumas reas de terra firme prximas a Belm, h tanta areia no solo, que difcil manter culturas como a do milho de p, A maior parte das terras dos solos de baixa fertilidade est localizada em um dos dois grandes escudos, o das Guianas ao norte, o Brasileiro ao sul. O cientista Herbert Shubart faz a pergunta: Se a maior parte do solo da Amaznia de fertilidade to baixa, como pode suportar uma floresta to exuberante?. Explicase que a resposta est na reciclagem dos nutrientes pelos seres vivos, ou seja, a floresta absorve e recicla todos os nutrientes liberados pelas folhas, galhos, troncos e animais mortos. Fazendo assim com que a floresta acabe crescendo do solo e no nascendo do solo devido a utilizao da absoro e reciclagem desses nutrientes. As folhas, galhos e razes tm capacidade de captar e armazenar nutrientes que est toda no Na floresta tropical, a capacidade de captar e armazenar nutrientes est

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toda no complexo sistema de folhas e razes, obrigando as folhas, os galhos e as razes cobrirem a maior superfcie possvel, garantindo-lhes dimenses gigantescas. E por qu o solo da floresta tropical sofre muito mais com a retirada de grandes rvores do que o solo da floresta de zonas temperadas e subtropicais?. Isso ocorre porqu boa parte do potssio, magnsio e fosforo necessrios s plantas em crescimento recuperada das guas que caem sobre as folhas. Quando ocorre o desmatamento, o solo fica exposto s chuvas e s altas temperaturas. A chuva endurece o solo, diminuindo sua capacidade de absorver a gua, ou seja, o solo esta to duro fazendo com que ao invs de dissolver a gua acaba por fazer com que ela se escorra aumentando sua eroso. Segundo o Centro Internacional de Agricultura Tropical, da Colmbia, h grande variao de tipos de solo, segundo pesquisas 81% tm pH abaixo de 5,3 (alta acidez), e alto teor de toxidez de alumnio, 90% apresentam pouco fosforo (dentro de menos de 7ppm), e 56% possuem baixas reservas de potssio. A Amaznia o reino das carncias minerais. Isso explica a forma tradicional de utilizao de seu solo, desenvolvida ao longo de mais de cinco mil anos, a cultura da floresta tropical.

2.4. Relevo

Afirma-se que apenas de 3 a 5% do espao amaznico de plancies aluviais. Mas isso no significa que as reas sejam tolamente planas. Segundo que Aziz AbSaber pode se afirmar que 95% da Amaznia so de terras baixas, ora semiplanas, ora semionduladas. Formando assim um conjunto de colinas. Avalia-se que a Amaznia esteja dividida entre metade. Uma metade da Amaznia esteja a menos de altitude e outra metade estaria entre 100 a 500 metros. Acima de 500m h reas representativas apenas na encosta andina, e menos de 2% da regio est acima de 500 metros. Entre o Amazonas e a Venezuela, h o Pico da Neblina, no qual o ponto culminante do Brasil, que fica na Serra do Imeri, com 2993,8 metros. E seu segundo ponto mais alto o Pico 31 de Maro, que tambm faz parte do Parque Nacional do Pico da Neblina.

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3. A Bacia Hidrogrfica do rio Amazonas

A Bacia Hidrogrfica do rio Amazonas a maior bacia hidrogrfica do mundo com 6,925 milhes de km, ocupando cerca de 1/3 da superfcie da Amrica do Sul em seis pases (Brasil, Peru, Bolvia, Equador, Colmbia e Venezuela) (Figura 2). So mais de mil rios e afluentes que juntos correspondem por 15% das guas doces superficiais em forma lquida da Terra, sendo assim, a maior reserva mundial. Sendo os rios Solimes (Amazonas), Negro, Tapajs, Madeira e Xingu, os maiores e mais importantes rios dessa bacia . Figura 2 - Bacia Hidrogrfica Amaznica

Fonte: http://wapedia.mobi/pt/Ficheiro:Amazonriverbasin_basemap.png

H na Bacia Amaznica trs tipos de guas, que variam conforme o ambiente geolgico e a cobertura vegetal por onde passam. A idade geolgica da calha do rio determina sua colorao. As de formao geolgicas mais recentes, como os Andes,

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so brancas (barrentas); as que vm de formaes mais antigas podem ser escuras ou verde-azuladas. As guas claras (barrentas ou brancas) tm visibilidade que varia de 0,1m a 0,5m; o pH o prximo de neutro (6,5 a 7,0). Nascem nos sops dos Andes e correm de oeste para leste em direo ao oceano Atlntico. Seu aspecto barrento vem da quantidade de matrias orgnicas erodidas e de nutrientes. Entre estes est o prprio Amazonas (que se chama Solimes at encontrar o Negro) e seus formadores (Maraon, Huallagao e o Ucaialy), em sua margem esquerda o Japur, o Napo (no Equador), o I (Putumayo no Equador e Colmbia), e em sua margem direita o Juru, o Purus, o Madeira e o Acre. A pesca farta, e boa parte da matria orgnica depositada anualmente nas vrzeas do Solimes e do Amazonas e demais afluentes, tornando-as bastante frteis. As guas escuras (pretas) so as de maior visibilidade, com mais de 4m, cidas, com pH de 4,0 a 7,0 e pobres em matria orgnica. Esses rios muitas vezes penetram florestas inundveis (Igaps), onde a matria orgnica (folhas, galhos e frutos) se decompe rapidamente ao cair na gua, razo de sua colorao. Entre os principais esto o Negro, o Urubu, o Uatum e o Trombetas. Eles nascem no planalto das Guianas e correm de norte a sul, a partir da fronteira do Brasil com Colmbia e Venezuela. Esses rios nascem em zonas onde h pouca eroso e pouca matria orgnica a transportar pelos rios, mesmo nos perodos de chuvas. Suas margens so imprecisas, e comum observar florestas inundadas. Para o homem esses rios tm pouca pesca. A temperatura mdia do Negro de cerca de 30C, em torno de 1C a mais do que a do Amazonas. As guas azul-esverdeadas, com visibilidade varivel de 1,50m a 2,50m, so bastante cidas, com baixo teor de sais e pH de 3,5 a 4,0, e apresentam pouca matria orgnica em suspenso. Boa parte desses rios nasce no Planalto Central do Brasil e corre de sul a norte: o alto Guapor (fronteira do Brasil e Bolvia), o tapajs, o CuruUma e o Xingu (todos no Par). Suas cabeceiras so de terrenos com bem menos eroso do que aqueles dos Andes. Nos perodos de chuva aumenta a quantidade de matria orgnica. As margens (barrancos) so altas e estveis. So rios um pouco mais piscosos do que os de guas pretas, porm muito inferiores aos de guas brancas. O Amazonas o mais longo, o maior em volume de gua e o rio com maior foz mundo. Nasce nos Andes peruanos, nas geleiras de Yarupa, onde chove 2.600

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mm/ano. A nascente do riacho Huarco com cerca de 15 cm perto do Cerro Huagra, a 5 mil metros de altitude, uma descoberta recente, da dcada de 1950. Nas terras altas bolivianas e peruanas h uma grande quantidade de matria orgnica erodida, dos depsitos dos perodos glaciais que caracterizam o rio Amazonas e seus formadores. Nessa zona os deslizamentos de terras so muito frequentes. O Amazonas troca sete vezes de nome em seu curso. De Huarco, transforma-se em rio Toto, depois Santiago, e Apurimac, e ento rio Ene, rio Tambo, depois Ucayali, recebe o Urubamba e, quando entra no Brasil, recebe o nome de Solimes at a confluncia com o Negro. Como Amazonas, percorre 1.600 km do rio Negro foz. No total, segundo recentes medies do INPA so 6.627 (por um critrio) ou 6.992 km se considerados certos contornos do rio, antes de encontrar o Oceano Atlntico (o IBGE ainda o considera com 6.570 km). Recentemente ficou comprovado que o rio Amazonas supera o Nilo, sendo o mais longo rio do mundo. Sua profundidade mdia est entre 40 e 50 m. Em frente bidos (Par), apresenta sua menor largura, cerca de 1.500 m e a maior profundidade, estimada em 100 m, e a sua velocidade aumenta para 7 km/h. O local conhecido como o cotovelo do Amazonas. A bacia Amaznica representa 16% do que todos os rios do planeta despejam de gua nos oceanos (120 mil m/s). O volume de gua na foz do Amazonas varia entre 100mil m/s (100 milhes de l/s) no perodo de seca e 300 mil m/s no perodo das cheias. As guas barrentas do Amazonas chegam a ser lanadas at 330 km no Oceano Atlntico. A vazo do Amazonas cinco vezes superior do segundo rio com maior vazo do planeta, o Zaire, 12 vezes a do Mississipi, o maior da Amrica do Norte. Se considerarmos em mdia 120 mil m/s, isso significa que o consumo dirio de uma cidade de dois mil habitantes seria suprido por pouco mais de um segundo da vazo de gua do rio. O que o rio Tmisa, que banha Londres, lana de gua em um ano no oceano, o Amazonas faz em 24 horas.

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4. A Flora

A flora amaznica ainda praticamente desconhecida. Com um fantstico potencial de plantas utilizveis para o paisagismo, constituda principalmente de plantas herbceas de rara beleza, pertencentes s famlias das Arcea, Heliconiace, Marantcea, Rubicea, entre outras. Essa flora herbcea, alm do aspecto ornamental, seja pela forma ou pelo colorido da inflorescncia, desempenha vital funo no equilbrio do ecossistema. Como exemplo, temos as helicnias, com uma grande variedade de espcies com coloridas inflorescncias. So de presena marcante nas nossas matas midas e tem uma importante funo no equilbrio ecolgico. No continente americano, as helicnias so polinizadas exclusivamente pelos beija-flores que, por sua vez, so os maiores controladores biolgicos do mosquito palha Phletbotomus, transmissor da leishmnia, muito abundante na Amaznia desmatada. A alimentao dos beija-flores chega a ser de at 80% de nctar das helicnias na poca da florao das espcies. Com poucas espcies herbceas e a grande maioria com espcies de grande porte, as palmeiras tm uma exuberante presena nas matas ribeirinhas, alagadas e nas serras, formando um destaque especial na paisagem amaznica. Muitas palmeiras amaznicas, como tucum, inaj, buritirana, pupunha, caiou e outras espcies de classificao desconhecida foram muito pouco ou nada utilizadas para o paisagismo. Quanto s rvores, o vastssimo mar verde amaznico tem um nmero incalculvel de espcies. Algumas delas, endmicas em determinadas regies da floresta, foram ou esto sendo indiscriminadamente destrudas, sem que suas propriedades sejam conhecidas. Dentre as rvores mais conhecidas utilizveis para o paisagismo, esto o visgueiro, os ings, a sumama, muitas espcies de figueiras, os taxizeiros, a moela de mutum, a seringueira e o blsamo. Crescendo sob as rvores amaznicas, encontram-se plantas epfitas, como: bromlias, orqudeas, imbs e cactos. Essas plantas so importantes para a fauna que vive exclusivamente nos galhos e copas das rvores. Dentre os animais que se integram na comunidade epfita, temos os macacos, os saguis, as jaguatiricas, os gatosdo-mato, lagartos, araras, papagaios, tucanos e muitos outros que se especializaram nesse habitat acima do solo. Com o corte das rvores, as epfitas desaparecem e, com elas, toda a fauna associada.

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Muitas dessas plantas epfitas de rara beleza foram muito bem retratadas pela pintora Margaret Mee, durante as vrias excurses que realizou na floresta amaznica. Outrora abundantes em determinadas regies, hoje grande parte dessas plantas se encontra em populaes reduzidas. Certamente a regio amaznica tem um gigantesco potencial madeireiro, de plantas utilizveis para o paisagismo e de espcies vegetais com substncias para uso medicinal. Mas necessrio que tais recursos sejam mantidos de forma renovvel. A floresta amaznica ensina que o extrativismo indiscriminado apenas desertifica, pois ela mantida pela camada de hmus em um solo fresco, muitas vezes arenoso. Portanto, imprescindvel utilizar a floresta de uma forma racional. Explorando-a, mas renovando-a com as mesmas espcies nativas; e, principalmente, preservando as regies de santurios de flora e fauna, que muito valero, tanto no equilbrio ecolgico, quanto no regime de chuvas e na utilizao para o turismo. A amaznica, com seus 6,5 milhes de Km a maior floresta tropical do mundo. Abrangendo nove pases, ocupa quase metade da Amrica do Sul. A maior parte da floresta 3,5 milhes de Km encontra-se em territrio brasileiro. Essa rea, somada da Mata Atlntica, representa 1/3 do total ocupado por floresta tropicais no planeta. Alm da mata, existem na Amaznia reas de cerrados e outras formaes diversas, perfazendo um total de 5,029 milhes de Km, conhecido como Amaznia legal. Com relao ao relevo, encontrando ali trs formaes principais. Ao sul localiza-se o planalto Central; ao norte, o planalto das Guianas; e, ao centro, a plancie sedimentar amaznica, todos com altitudes inferiores a 1500m. Na plancie amaznica destacam-se dois tipos de relevo: as vrzeas, que por se estenderem ao longo dos rios esto sempre inundadas, e as terras firmes, que cobrem a maior parte da plancie e constituem o domnio da grande floresta.

4.1. Plantas Aquticas da Amaznia

As vrzeas amaznicas so os ambientes onde ocorre a maior riqueza de plantas herbceas aquticas da regio, e uma das maiores do mundo. Os sedimentos frteis trazidos pelas enchentes dos grandes rios nutrem as reas marginais, o que favorece o crescimento dessas plantas que exigem quantidades de minerais elevadas. Apesar disso, em comparao com outras comunidades vegetais da regio amaz-

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nica, a vegetao herbcea das vrzeas foi relegada a um segundo plano pela i nvestigao cientfica, at o incio da dcada de setenta. Os poucos estudos anteri ores quele perodo envolviam classificaes de algumas espcies, narrativas ou descries de outras, com maior destaque apenas para espcies mais evidentes, como os capins aquticos, ou exticas, como a fabulosa Victria amaznica.

4.1.1. Victoria amazonica

Conhecida como "rainha dos lagos", a vitria-rgia (Victoria amazonica) (Figura 3) nome atribudo espcie natural mais famosa do Amazonas em homenagem rainha Victoria, da Inglaterra. Sua folha pode medir at 1,80 metros de dimetro. Suas bordas so levantadas e espinhosas para evitar a ao destruidora dos peixes. Suas razes se fixam no fundo da gua, formando um bulbo ou batata com um cordo fibroso revestido de espinhos. Com o passar do tempo, a flor muda de cor, do branco para o rosa, ficando aberta durante o dia e fechada durante a noite. Na seca, as vitrias-rgias praticamente desaparecem, voltando nas cheias.

Figura 3 - Vitria Rgia

Fonte: http://www.portalamazonia.com.br/secao/amazoniadeaz/interna. php?id=259

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4.2. Plantas Terrestres da Amaznia

Na Amaznia, as matas so extremamente densas possibilitando que um macaco v pulando de galho em galho desde o sop dos Andes at o Oceano Atlntico. Essa grande quantidade de plantas apresenta uma diversidade incrvel, mesmo o solo amaznico sendo relativamente pobre em nutrientes. Porm, a grande quantidade de matria orgnica depositada acima do solo, torna a floresta propcia ao crescimento de diversas espcies arvores. As principais espcies de rvores da flora amaznica so o mogno, a seringueira e a castanheira-do-Par.

4.2.1. Hevea brasiliensis

Hevea brasiliensis, mais conhecida como a seringueira (Figura 4), uma planta semidecdua, helifita ou escifita, caracterstica da floresta Amaznica nas margens de rios e lugares inundveis da mata de terra firme. Ocorre preferencialmente em solos argilosos e frteis da beira de rios e vrzeas. Trata-se de uma planta rstica, perene, adaptvel a grande parte do territrio nacional, sendo uma espcie arbrea de rpido crescimento. uma rvore de hbito ereto, podendo atingir 30 m de altura total sob condies favorveis, iniciando aos 4 anos a produo de sementes, e aos 6-7 anos (quando propagada por enxertia) a produo de ltex (borracha). Figura 4 Seringueira

Fonte: http://www.ciflorestas.com.br/conteudo.php?id= 1446

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Da famlia das Euphorbiaceae, o gnero Hevea tem como rea de ocorrncia a Amaznia brasileira, bem como Bolvia, Colmbia, Peru, Venezuela, Equador, Suriname e Guiana. Das onze espcies do gnero, a originria do Brasil, H. Brasiliensis a que tem a maior capacidade produtiva com a maior variabilidade gentica. A espcie constitui uma boa opo para reas degradadas por oferecer uma excelente cobertura vegetal ao solo. Ainda de acordo com os autores, a cultura propicia ganhos ambientais por estocar carbono em quantidades equivalentes ao da floresta natural. Alm disso, a borracha natural extrada da seringueira substitui a borracha sinttica, um derivado do petrleo.

4.3. Ameaas a Flora Amaznica

Atualmente, a flora da Amaznia est sofrendo cada vez mais, com a ao do homem, as queimadas e o extrativismo predatrio so as principais causas. Com todas essas algumas espcies de plantas comeam a se tornar raras na floresta um exemplo o mogno que sofre com o extrativismo, por ser uma madeira de boa qualidade e usada na fabricao de moveis.

4.3.1. Bertholletia excelsa

A Castanheira do Par (Bertholletia excelsa) (Figura 5), uma rvore da famlia botnica Lecythidaceae, com tronco de at 4 m de dimetro e altura de 30-45 metros. O fruto esfrico, de 11 a 14 cm de dimetro, com peso variando entre 700 gramas e 1500 gramas. A Castanha do Par uma fruta tpica do norte do Brasil e um dos principais produtos de exportao da Amaznia. Possui alto valor proteico e calrico alm de ser rica em selnio, substncia que reduz o risco de cnceres como o de pulmo e de prstata e combate os radicais livres, agindo contra o envelhecimento, fortalece o sistema imunolgico, atua no equilbrio da tireoide. Pode ser consumida in natura, torrada, na forma de farinhas, doces e sorvetes. O leo da castanha usado na fabricao de produtos de beleza para o cabelo. A castanha tem uma casca fina, marrom e brilhante. A polpa branca, farinhenta e saborosa.

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Figura 5 - Castanheira-do-Par

Fonte: http://radionews.musicblog.com.br/37782/As-Castanheiras-Estao-em-Plena-Floracao/

4.3.2. Swietenia macrophylla

O Mogno (Swietenia macrophylla) (Figura 6) uma rvore pereniflia a decdua. As rvores maiores atingem dimenses prximas de 70 m de altura e 3,50 m de DAP (dimetro altura do peito, medido a 1,30 m do solo), na idade adulta. Uma rvore derrubada, no sul do Par, forneceu 25 m de madeira. O seu fruto uma cpsula lenhosa e ovoide, medindo de 10 cm a 22 cm de comprimento e 6 cm a 10 cm de largura. ereta e seca, com deiscncia septifraga e de colorao marrom, semelhante de Cedrela, mas muito maior. grossa, penta capsular e provida de crassssima coluna central prismtica, contendo aproximadamente 40 sementes. Vlvulas capsulares (sees lenhosas) podem ser encontradas, com frequncia, embaixo das rvores. Na Amaznia encontrada em Florestas Ombrfilas Abertas (no Acre, no Par e em Rondnia), em Florestas Ombrfilas Densas, sempre em floresta de terra firme, onde apresenta alguma regenerao natural com rpido crescimento no seu habitat. Geralmente, o mogno cresce isolado ou em pequenos agrupamentos. S muito raramente se observam mais de quatro a oito indivduos por hectare.

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Figura 6 - Mogno

Fonte: http://www.achetudoeregiao.com.br/Arvores/Mogno.htm

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5. A Fauna

A principal explicao para grande variedade na Amaznia a teoria do refgio. Nos ltimos 100.000 anos, o planeta sofreu vrios perodos de glaciao, em que as florestas enfrentaram fases de seca ferozes. Desta forma as matas expandiram-se e depois reduziram-se. Nos perodos de seca prolongados, cada ncleo de floresta ficava isolada do outro. Os invertebrados constituem mais de 95% das espcies dos animais existentes e distribuem-se entre 20 a 30 filos. Na Amaznia, estes animais diversificaram-se de forma explosiva, sendo a copa de rvores das florestas tropicais e o centro da sua maior diversificao. A pesar de dominar a Floresta Amaznica em termos de nmeros de espcies, nmeros de indivduos e biomassa animal e da sua importncia para o bom funcionamento dos ecossistemas, por meio de sua atuao como polinizadores, agentes de disperso de sementes, "guarda-costas", de algumas plantas e agentes de controle biolgico natural de pragas, e para o bem-estar humano, os invertebrados ainda no receberam prioridade na elaborao de projetos de conservao biolgica e raramente so considerados como elementos importantes da biodiversidade a ser preservada. Mais de 70% das espcies amaznicas ainda no possuem nomes cientficos e, considerando o ritmo atual de trabalhos de levantamento e taxonomia, tal situao permanecer. Ento os grupos animais dessas reas isoladas passaram por processos de diferenciao gentica, muitas vezes se transformando em espcies ou subespcies diferentes das originais e das que ficaram em outros refgios. A riqueza da biodiversidade de animais cresce a cada dia com as novas descobertas, mas est ameaada pela caa, pela degradao e devastao das florestas e de seus vrios ecossistemas. Ainda h muitos animais e plantas ainda no catalogados. Na Amaznia s se conhece 30%das espcies do reino animal. Um total de 163 registros de espcies de anfbios foi encontrado para a Amaznia Brasileira. Esta cifra equivale a aproximadamente 4% das 4.000 espcies que se pressupem existir no mundo e 27% das 600 estimadas para o Brasil. O nmero total de espcies de rpteis no mundo estimado em 6.000, sendo 465 espcies identificadas no Brasil. Das 550 espcies de rpteis registrados na bacia Amaznica 62% so endmicos. Existem, na Amaznia, 14 espcies de tartarugas de gua doce e duas espcies de tartarugas terrestres, sendo cinco endmicas e uma ameaa-

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da. H ainda, trs espcies de tartarugas marinhas que aninham em ilhas e praias ao longo da costa de estados da Amaznia, mas que no so consideradas como parte da fauna da regio. Quanto aos lagartos, existem pelo menos 89 espcies na regio, distribudas em nove famlias, das quais entre 26 e 29% ocorrem tambm ocorrem fora desta regio. A distribuio, a abundncia das populaes de serpentes so bem menos conhecidos do que dos outros grupos de rpteis na Amaznia, e os estudos existentes no permitem tecer recomendaes seguras para a conservao. As aves constituem um dos grupos mais bem estudados entre os vertebrados, com o nmero de espcies estimado em 9.700 no mundo, sendo que, deste total, 1.677 esto representadas no Brasil. Na Amaznia, h cerca de 1.000 raras, considerando as que ocorrem em apenas uma das trs grandes divises da regio (do rio Negro ao Atlntico; do rio Madeira ou rio Tapajs at o Maranho; e o restante ocidental, incluindo rio Negro e rio Madeira ou do rio Tapajs s fronteiras ocidentais do Pas). O nmero total de espcies de mamferos existentes no mundo estimada em 4.650, com 502 representantes no Brasil. Na Amaznia, so registradas anualmente 311 espcies, sendo 22 de marsupiais, 11 edentados, 124 morcegos, 57 primatas, 16 carnvoros, dois cetceos, cinco ungulados, um sirnio, 72 roedores e um lagomorfo. Esses nmeros, entretanto, devem ser considerados apenas como aproximados, pois certamente sero modificados na medida em que revises taxonmicas forem realizadas e novas reas sejam amostradas.

5.1. A diversidade dos invertebrados

Estima-se que haja mais invertebrados nas florestas tropicais do que em todo o restante da Terra. Como a Amaznia representa a maior parte das florestas remanescentes, na regio deve estar a maior quantidade de invertebrados no planeta. Os invertebrados representam 95% das espcies animais. Na Amaznia, segundo o INPA, esto tambm os excessos: o maior besouro conhecido, com 20 cm; a maior mosca, com 5 cm; a maior liblula, com 15 cm; a maior mariposa, com 30 cm; a maior cigarra, com 9 cm; e a maior vespa, com 7 cm.

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5.1.1. Titanus giganteus

O Cerambicdeo-gigante (Titanus giganteus) (Figura 7) o maior besouro do mundo. J foi confundido com uma barata, mais um besouro puro, sendo o nico membro de seu prprio gnero (famlia Cerambycidae). Este besouro grande o maior besouro conhecido na floresta amaznica e do mundo, sendo encontrado na Guiana Francesa, Brasil norte e Columbia. O besouro encontrado somente nas regies quentes e midas ao redor dos trpicos, muito perto do equador. As larvas destes besouros alimentam de madeira morta, abaixo da superfcie do solo. O Cerambicdeo-gigante no alimenta em sua fase adulta, vivem custa das reservas de gordura que adquiriu em sua fase larval, vivendo simplesmente por tempo suficiente para encontrar um parceiro e se reproduzir. provvel que eles atingem a maturidade dentro de razes e ramos subterrneos, e devem levar muitos anos para atingir um tamanho grande o suficiente para sarem dali.

Figura 7 - Cerambicdeo-gigante

Fonte: http://www.insectnet.com/dcforum/User_files/47a2cb763fb22d25.jpg

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5.2. A diversidade dos ambientes aquticos

A diversidade biolgica dos ambientes aquticos, tanto marinhos como de rios e lagos, muito pouco conhecida. Os cientistas acreditam que os ambientes aquticos so muito vulnerveis s aes humanas e esto muito pouco protegidas. Essa diversidade apresenta desde invertebrados (com especial interesse para camares, moluscos e insetos que alimentam os peixes), aos crustceos e os animais no topo da cadeia alimentar como peixes e mamferos aquticos (botos e peixe-boi). Em relao aos peixes, estima-se que existam cerca de 1400 espcies na Amaznia (cerca de 5,6% do total mundial). Esse nmero superior ao de espcies de todos os outros rios do planeta e do oceano Atlntico. Pode superar 2,5 mil espcies, uma vez que descobertas ocorrem regularmente, at a partir da reviso cientifica de informaes, que classificavam, por exemplo, como uma nica espcie a piraba (Brachyplatystoma ssp.) e o filhote (Brachyplatystoma filamentosum), peixes de couro bastante comuns nos grandes rios.

5.2.1. Arapaima gigas

O peixe pirarucu (Arapaima gigas) (Figura 8), originrio da bacia hidrogrfica Amaznica, tem certas caractersticas biolgicas e ecolgicas que o torna particularmente atrativo para as populaes locais. um peixe grande que pode chegar ao comprimento de at trs metros e pesar mais de 250kg, e conhecido como o "Gigante Amaznico". Entretanto, devido pesca predatria, sua sobrevivncia est ameaada e seu tamanho mdio est diminuindo, apesar de ainda serem encontrados alguns indivduos com mais de dois metros e pesando mais que 125 kg. Este peixe tem uma cabea chata ssea, seguido de um corpo alongado que escamosa. Sua cauda curta e atacarrada. A cor deste peixe comea com um verde na cabea depois para um azul mais escuro e verde que se desvanece na barriga branca. As barbatanas na ponta da cauda so uma cor avermelhada, mas na poca o acasalamento a fmea torna-se marrom e a cabea do macho fica preta.

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Figura 8 - Pirarucu

Fonte: http://www.akatu.org.br/Temas/Sustentabilidade/Posts/Pirarucu-convert e-se-em-bom-negociopara-reserva-extrativista

O pirarucu um peixe predatrio que tem origens na era Jurssica e a principal fonte de protenas para a populao local, os ribeirinhos, que vivem ao longo das margens do rio. Nas ltimas duas dcadas, o processo de urbanizao acelerado mudou a regio e comeou a desestabilizar o balano do ecossistema de lagos, e consequentemente a economia de subsistncia tradicional dos ribeirinhos que no esto envolvidos em atividades pesqueiras comerciais. O processo tambm causou um decrscimo rpido nos estoques naturais de Pirarucu, tornando necessrias as restries pesca.

5.2.2. Pristis pectinata

O peixe-serra (Pristis pectinata) (Figura 9) tem o focinho em formato de serra com 24 a 32 dentes de cada lado, esqueleto cartilaginoso como os tubares e raias. A serra possui poros que so sensveis ao movimento e eletricidade. Pode entrar em rios, e j foi encontrado na confluncia dos rios Negro e Amazonas, a cerca de 720 km da foz. Espcie costeira, mas pode cruzar guas profundas para alcanar ilhas. Ascendem rios e pode tolerar gua doce. Visto geralmente em baas, lagoas, esturios, e bocas de rio. E podem chegar at 120m de profundidade. Os peixes-serra se alimentam de peixes, camares, lulas e organismos bentnicos. Reproduzem-se atravs da fertilizao, como ocorrem em todos os elasmobrnquios. A maturidade atingida com aproximadamente 10 anos de idade.

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Figura 9 - Peixe-serra

Fonte: http://www.pesca.tur.br/artigos/especies-maritimas-ameacadas/

5.3. A diversidade de anfbios e rpteis

Em relao aos anfbios (sapos, rs, salamandras etc.), o Brasil possui 518 espcies, a segunda maior diversidade do globo. A Amaznia abriga 163 espcies, nmeros que dever crescer significativamente com o avano das pesquisas, pois apenas um nmero pequeno de grandes rios navegveis foi pesquisado. O endemismo em anfbios ainda pequeno, envolvendo apenas 12 espcies (7% do total). Das 6400 espcies de rpteis (cobras, tartarugas, jacars) conhecidas no mundo, h 550 na Amaznia continental, 62% das quais endmicas. H quatro espcies de jacar. At h trs dcadas, sua caa era permitida no Brasil. Em outros pases a caa persiste. De qualquer maneira, a caa, ilegal ou no, prossegue, e estima-se que a Amaznia seja o principal fornecedor de peles de jacar. A maior procura atualmente, assim como no caso das tartarugas, por sua carne, especialmente por garimpeiros e ribeirinhos. H 89 espcies de lagartos na regio, cerca de 2/3 endmica. Quanto s cobras, acredita-se que haja mais de 300 espcies. Numa nica regio do Peru, em Iquitos, pesquisadores identificaram 166 espcies de cobras.

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5.3.1. Eunectes murinus

A sucuri-verde (Eunectes murinus) (Figura 10) alimenta-se de capivaras, peixes, aves, felinos, veados, bezerros e at jacars tambm fazem parte de seu cardpio. Para capturar sua presa, a sucuri costuma ficar a espreita nas margens de rios, lagos ou pntanos. Quando uma vtima se aproxima da margem, normalmente para beber gua, a sucuri ataca, geralmente na regio do pescoo. Em seguida, envolve o corpo da vtima e a aperta, matando-a por constrio. A presa pode ainda morrer afogada, puxada para o fundo do rio, lago ou pntano. Vivpara, a sucuri gesta seus filhotes por aproximadamente 240 dias, sendo que, geralmente, tm de 20 a 30 filhotes por cria, que nascem no comeo da estao das chuvas. Como as pequenas serpentes so vtimas de diversos predadores, poucas sobrevivem e chegam idade adulta. Seus predadores so onas-pintadas, jacars maiores do que ela e as piranhas (somente quando a sucuri apresenta ferimentos). Contudo, o maior predador das sucuris so os homens, seja por medo da serpente, seja por interesse comercial. A pele da sucuri muito valorizada, inclusive no exterior.

Figura 10 - Sucuri-Verde

Fonte: http://www.webanimal.com.br/cao/index2.asp?menu=curiosidade_suc uri.htm

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5.3.2. Melanosuchus niger

O jacar-au (Melanosuchus niger) (Figura 11) habita rios e lagos da bacia amaznica, pertence famlia alligatoridae. tambm conhecido como caiamo-preto, jacar-aruana ou jacar-gigante. Figura 11 - Jacar-au

Fonte: http://www.portalamazonia.com.br/secao/amazoniadeaz/interna. php?id=895

Tem o corpo coberto de faixas amarelas, mas de cor preta. Os olhos e narinas so grandes . Ele pode ficar submerso, podendo chegar ate seis metros de comprimento e ate trezentos quilos de peso. A reproduo ocorre uma vez por ano, em media as fmeas pem de 40 a 50 ovos, e pode viver oitenta anos a chegar aos cem. Quando nascem correm risco de serem devorados por jiboias ou outros jacars adultos. Alimentam-se de caranguejos, peixes e pssaros. Para nadar na gua fazem um movimento ondulatrio com a cauda. um dos rpteis mais cobiados da Amaznia, pois sua carne muito saborosa e o seu couro serve para confeco de bolsa e sapatos. Considerado o mais desenvolvido dos rpteis, vive nos rios igaraps e lagos da Amaznia.

5.3.3. Podocnemis expansa

A tartaruga-da-Amaznia (Podocnemis expansa) (Figura 12) na verdade um cgado, isto , um quelnio aqutico que encolhe seu pescoo lateralmente para dentro da carapaa. Os cgados so quelnios de uma subordem chamada pleurodira, que

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seguiram um caminho evolutivo diferente do seguido pela maioria das outras tartarugas, que encolhem o pescoo em S e para dentro. Habita rios e lagos da Amaznia, vivendo aproximadamente 50 anos. Alimentam-se de pequenos peixes e plantas aquticas. o maior quelnio da Amrica do sul. Atinge facilmente 50 kg, mas algumas chegam a at 75 kg e um casco de 90 cm de comprimento. Por isso, foram muito caadas, e ainda o so por povos ribeirinhos da floresta, por sua carne e pelos seus ovos. Hoje, busca-se equilibrar o quanto se pode caar deste animal com a reposio de indivduos pela reproduo, e a apanha de ovos foi proibida. Figura 12 - Tartaruga-do-Amazonas

Fonte: http://www.animalzoom.org/port/animais1.htm

5.4. A diversidade das Aves

Estima-se que h cerca de mil espcies de aves na Amaznia, 11% do total mundial. Destas, 283 so consideradas raras ou com distribuio restrita. Uma das regies mais prioritrias a dos Tepui, os refgios montanos, nos cumes de Roraima. No Brasil como um todo so conhecidas 1677 espcies de aves. Este o terceiro maior grupo do planeta, que conta com 9050 aves no total. O caso da regio de Belm um dos mais crticos. Ali o Museu Goeldi e a Conservation Internation esto trabalhando para identificar a biodiversidade local no denominado Centro de Endemismo de Belm. Estima-se que 60% das matas j tenham desaparecido.

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5.4.1. Harpia harpyja

O Gavio-real (Figura 13) uma ave accipitriforme da famlia Accipitridae. conhecido tambm como Gavio-de-penacho, Guirau (uir, guir = ave, au = grande), Hrpia e Uirau.

Figura 13 - Gavio-real

Fonte: http://www.wikiaves.com.br/291108&t=s&s=10238

Embora no seja a maior das aves predadoras do planeta, tida como a mais forte. Possui bico potente e garras enormes. Tem um crescimento populacional muito lento. Este fato, associado destruio de grandes reas florestais e caa indiscriminada, torna a espcie ameaada de extino em nosso Pas. Mede cerca de 105 cm de comprimento e at 220 cm de envergadura. O macho mede cerca 57 cm de altura e pesa 4,8 kg. A fmea mede cerca de 90 cm de altura e pesa at 9 kg. Alimenta-se de animais grandes, como a preguia-real, mutuns, coats, macacosprego e guaribas, filhotes de veados, araras-azuis, seriemas, tatus, cachorro-domato e cobras. rpido e forte em suas investidas, sendo capaz de arrancar pregui-

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as agarradas a galhos de rvores. H relato da captura de um macho de guariba que pesava em torno de 6,5 kg. Faz ninho no alto das rvores maiores, como sumaumeiras e castanheiras, de onde observa tudo ao redor. O ninho, to grande quanto o de um jaburu, construdo com pilhas de galhos. Pe 2 ovos cinza-esbranquiados entre setembro e novembro, os quais pesam em torno de 110 g e tm perodo de incubao de 52 dias. Geralmente apenas um filhote sobrevive, levando cerca de 5 meses para voar, e de 2 a 3 anos para se tornar adulto, dependendo dos cuidados dos pais por um ano ou mais. A espcie no se reproduz todos os anos, pois necessita de mais de um ano para completar o perodo reprodutivo. Espcie rara, habita florestas primrias densas e florestas de galeria. Vive solitrio ou aos pares na copa das rvores. Apesar do seu tamanho, bastante gil e difcil de ser visto. Presente no Brasil em regies florestais remotas, sobretudo na Amaznia, ou em reas protegidas, como as reservas de Mata Atlntica, eles migram em algumas pocas do ano para o estado de So Paulo. Encontrado tambm do Mxico Argentina.

5.5. A diversidade dos Mamferos

So 311 espcies de mamferos 9 mastofauna na Amaznia, cerca de 7% do total mundial. Os estudos ainda so insuficientes e este nmero dever aumentar como prova a descoberta de novas espcies, inclusive primatas (macacos) nos ltimos anos. Das 311 espcies h 22 de marsupiais (que no tm placenta, como gambs, cucas), 11 de edentados (sem dente, como os tamandus), 124 de morcegos, 57 de primatas (macacos), 16 de carnvoros (ona, irara), duas de cetceos (golfinhos), cinco de ungulados ( com casco, como os veados), uma de sirnio (relativo s sereias o peixe-boi), 72 de roedores (ratos, cotias, pacas, capivaras) e uma de lagomorfo (lebre).

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5.5.1. Trichechus inunguis

Peixe-boi-da-Amaznia (Trichechus inunguis) (Figura 14) o maior mamfero aqutico dulccola da Amrica do Sul. Corpo largo e cilndrico, cauda modificada em forma de remo, arredondada, plana e horizontal. Pele lisa e de colorao cinza. Lbios grossos e com pelos, olhos pequenos, sem orelhas externas, membros anteriores curtos modificados em nadadeiras, redondos, sem unhas nas pontas (as nadadeiras ajudam o animal a escavar a vegetao aqutica enraizada no fundo).

Figura 14 - Peixe-boi-da-Amaznia

Fonte: http://www.fapeam.am.gov. br/noticia.php?not=3267

O Peixe-boi-da Amaznia uma espcie endmica da bacia Amaznica: Brasil, Colmbia, Equador, Peru e Venezuela. Alimenta-se de vegetais que crescem nas margens de rios, igaraps e lagoas, como gramneas, algas e macrfitas. O principal perodo de alimentao de peixe-boi ocorre na estao chuvosa, quando a obteno de alimentos facilitada, permitindo espcie acumular gordura. O forrageamento feito em reas sazonalmente inundveis. Segundo Best, Trichechus inunguis pode mover-se cerca de 2,7 km/dia nas reas de alimentao. Com isso controlam o crescimento das plantas aquticas e fertilizam com suas fezes as guas que frequentam, contribuindo para a produtividade pesqueira. Pode comer at 16 kg de plantas por dia e consegue armazenar at 50 litros de gordura como fonte energtica para a poca da seca. Nessa poca pode realizar pequenas migraes em busca dos canais principais da bacia Amaznica e

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a permanecer por semanas sem se alimentar, consumindo as reservas energticas acumuladas. Podem viver solitrios, aos pares (normalmente fmeas com filhotes) ou grupos de at oito indivduos (encontrados nas reas de alimentao). Vivem cerca de 50 anos. Com predadores em potencial so citados a ona (Panthera onca), que pode penetrar em gua pouco profundas e, em casos muito raros, grandes rpteis, como o jacar-au (Melanosuchus niger) e a anaconda (Eunectes murina).

5.5.2. Panthera onca

A ona-pintada (Panthera onca) (Figura 15), tambm conhecida como jaguar ou jaguaret um grandefelino, do gnero Panthera, e a nica espcie Panthera encontrado nas Amricas. o terceiro maior felino do mundo aps o tigre e o leo, e o maior do Hemisfrio Ocidental. Mamfero da ordem dos carnvoros, membro da famlia dos feldeos, encontrada nas regies quentes e temperadas do continente americano. A ona pintada est fortemente associada com a presena de gua e notvel, juntamente com o tigre, como um felino que gosta de nadar. Anda em grande parte solitria, mas oportunista na seleo de presas. tambm um importante predador, desempenhando um papel na estabilizao dos ecossistemas e na regulao das populaes de espcies de presas. Sobre a alimentao a ona-pintada uma excelente caadora. As patas curtas no lhe permitem longas corridas, porm lhe proporcionam grande fora, fundamental para dominar animais possantes como antas, capivaras, queixadas, tamandus, jacars etc. Ocasionalmente esses felinos atacam e devoram grandes serpentes (jiboias e sucuris), em situaes extremas. Quanto a sua reproduo, as onas-pintadas so solitrias e s buscam a companhia de um par durante a poca de acasalamento. A gestao dura em mdia 100 dias e at quatro filhotes podem ser gerados. Na poca reprodutiva, as onas perdem um pouco os seus hbitos individualistas e o casal demonstra certo apego, chegando inclusive a haver cooperao na caa. Normalmente, o macho separa-se da fmea antes dos filhotes nascerem.

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A ona-pintada se espalhava, inicialmente, desde o sul dos Estados Unidos at o norte da Argentina, porm, seu territrio de ocupao diminuiu sensivelmente. Costuma ser encontrada em reservas florestais e matas cerradas do Brasil, bem como em outros locais ermos onde vivam mamferos de pequeno porte de que se alimenta. Seu habitat preferencial so zonas florestais, mas a espcie tambm vive em plancies pantanosas, savanas e at desertos.

Figura 15 - Ona-pintada

Fonte: http://interessante-curiosidades-animais.blogspot.com/2011/05/onca-pintada.html

5.5.3. Pteronura brasiliensis

A Ariranha (Pteronura brasiliensis) (Figura 16) timo nadador, mergulha bem, alimenta-se principalmente de peixes e moluscos. Podendo ter de 23 kg a 34 Kg e com os machos podendo alcanar at 1,8 m de comprimento. Vive em bandos de at 20 elementos beira de rios e lagos, onde faz tocas para abrigar-se ou para procriao, sob as razes das rvores ribeirinhas, no final, apresenta um compartimento mais alongado. So brincalhes e barulhentos. Semelhante lontra, porm, mais escura e com uma distinta mancha branco-amarelada no queixo, garganta e peito de forma varivel, com a ponta do focinho coberta de pelos. A cor geral, nas partes superiores, marrom-pardacenta e, inferiormente, mais clara. Quando molhada, a cor mais escura. Cauda musculosa achatada dorso-centralmente do meio at a ponta

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e auxilia o deslocamento dentro d`gua. O alimento principal constitudo de peixes que capturam no mergulho, saindo d`gua para comer. Os ps so grandes e apresentam membrana interdigital. Os locais que apresentam melhores condies para sua sobrevivncia so os parques florestais e reservas biolgicas. No h dados precisos sobre a reproduo da lontra. Mas sabe-se que sua gestao dura cerca de 60 dias e que o nmero de filhotes varia entre um e cinco. A fmea cuida da ninhada durante um extenso perodo, elevando presas semi-abatidas para os filhotes. Ao completar um ano, os filhotes comeam a se dispersar. Figura 16 - Ariranha

Fonte: http://www.conhecaopantanal.com.br/index.php?modulo=RkFV TkFfRkxPUkE=&id=Mjk=

5.6. Animais Ameaados de Extino

A extino um processo natural. Estima-se que um milho de anos seja o perodo de vida natural de uma espcie. Naturalmente estima-se que, em equilbrio dinmico, o planeta perca, de uma maneira genrica. No caso de espcies de aves, segundo Stuart Pimm e Clinton Jenkins, a perda natural seria de uma espcie a cada sculo. No entanto, no estagio atual de degradao do planeta, verifica-se a perda de uma espcie a cada ano.

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H diversas causas para a extino a introduo de espcies exticas (ces e ratos em ilhas, o camaro-da-malasia no litoral brasileiro), a caa e pesca excessivas, a destruio do habitat natural pela pecuria, agricultura e urbanizao, e, recentemente, o aquecimento global e suas consequncias. Nenhuma causa, no entanto, compara-se recente interveno humana nas florestas tropicais. Estimativas alarmistas preveem que ela venha a representar a perda de uma espcie superior por dia. Caso seja mantido o ritmo de explorao, a exti no poder ser de uma espcie por hora. Ao final de 50 anos, teremos perdido 10% das espcies florescentes da Terra, sem que jamais saibamos, de muitas delas, a funo no ecossistema e a eventual utilidade para o homem. Essa uma perda silenciosa.

5.6.1. Anodorhynchus hyacinthinus

A arara-azul-grande (Anodorhynchus hyacinthius) (Figura 17), na natureza, pode ser observada voando ou com mais facilidade andando pelo cho. Aps a formao do casal, passam a maior parte do tempo juntos dividindo todas as tarefas. Em julho comeam a inspecionar e reformar as cavidades, para o perodo de reproduo que est comeando. O pico de reproduo pode variar, mas em geral acontece de setembro a outubro, sendo que a criao dos filhotes pode se estender at janeiro ou fevereiro do ano seguinte. Nesta poca comum ver a disputa por ninhos entre as araras-azuis e tambm com outras espcies. Figura 17 - Arara-Azul-Grande

Fonte: http://animais.culturamix.com/informacoes/aves/a-arara-azul-pequena

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Costuma habitar florestas em regies tropicais do planeta. Aqui no Brasil, podemos encontrar espcies de araras no Pantanal, na Floresta Amaznica e na regio da Mata Atlntica. Quando livremente, alimenta-se de sementes, insetos, frutas e alguns invertebrados de menor porte.

5.6.2. Leopardus tigrinus

O gato-do-mato ou gato-do-mato-pequeno (Leopardus tigrinus) (Figura 18) um felino originrio da Amrica Central e Amrica do Sul. tambm conhecido tambm pelos nomes de gato-do-mato-pintado, gato-selvagem e gato-tigre. Alimenta-se

de ratos, pssaros e insetos, e mede cerca de 50 centmetros. A idade de procriao mnima para fmeas 18 meses, com o mximo de idade ao redor 13 anos. Machos amadurecem h aproximadamente 15 meses, com um mximo de idade de 15 anos.

Figura 18 - Gato-do-Mato

Fonte: http://www.arkive.org/oncilla/leopardus-tigrinus/

5.6.3. Ateles paniscus

Macaco-aranha-preto (Ateles paniscus) (Figura 19) um mamfero primata da famlia Atelidae, a espcie mais conhecida do gnero de Ateles. O macaco-aranha o

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mais rpido e o mais acrobtico dos mamferos da floresta. Com rapidez quase imperceptvel aos olhos, o macaco escapa de seus predadores. O macaco aranha alimenta-se dos frutos das rvores tropicais, tambm comem insetos, ovos e at mesmo folhas. Quanto reproduo a gestao de 232 dias mais ou menos, nascendo apenas um filhote por gestao. A me cuida do filhote que fica agarrado na sua barriga quando muito novinho, at uns 4 meses e depois passa a ficar nas costas dela. Esses macacos s tm filhotes a cada 1 ou 2 anos. So bichos diurnos, dormem a noite, gostam de viver no alto das rvores, afinal, so geis e pulam de galho em galho com muita facilidade. Raramente vo at o cho. L no alto esto mais protegidos e l que encontram os seus alimentos preferidos. Tpicos da regio de floresta amaznica, entre os rios Tocantins e Tapajs, Guianas e em alguns lugares do Mxico e tambm no Brasil e Ucrnia. Figura 19 - Macaco-aranha-preto

Fonte: http://www.cenp.org.br/guia_ver.php?idConteudo= 6

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6. Ameaas Floresta

As ameaas Amaznia so muitas. Essas ameaas so caracterizadas pela explorao de recursos e uso das terras de forma irresponsvel. As principais ameaas a Floresta Amaznica so o desmatamento ilegal, as queimadas criminosas, a construo de grandes empreendimentos no meio da floresta e a caa indiscriminada de animais silvestres. 6.1. Desmatamento

A ocupao intensa da Amaznia comeou no incio da dcada de 1970. Embora reas extensas ainda permaneam intactas, a taxa de perda da floresta dramtica, em especial no arco do desmatamento, ao longo das bordas sul e leste. A perda da biodiversidade e os impactos climticos so as maiores preocupaes. A vastido das florestas remanescentes significa que os impactos potenciais do desmatamento de forma continuada so muito mais importantes que os j severos impactos que ocorreram at hoje. O combate ao desmatamento no Brasil uma prioridade para o governo e para as organizaes internacionais. O monitoramento e a represso so, atualmente, as estratgias principais. Uma fiscalizao efetiva e a arrecadao de multas daqueles que no possuem autorizao do IBAMA, contudo, devem ser acompanhadas pela compreenso necessria dos aspectos sociais, econmicos e polticos para se tratar o problema por meio de mudanas na poltica.

6.1.1. A extenso e o ndice de Desmatamento

Em 2003, a rea de floresta desmatada na Amaznia brasileira alcanou 648,5 x 10 km (16,2% dos 4 x 106 km da floresta original da Amaznia Legal, que de 5 x 10 6 km), incluindo, aproximadamente, 100 x 10 km de desmatamento antigo (pr1970) no Par e no Maranho (Figura 20; INPE, 2004). O ndice atual e a extenso cumulativa do desmatamento abrangem reas enormes. A extenso original da floresta amaznica brasileira era, aproximadamente, equivalente rea da Europa Oriental. O ndice frequentemente discutido no Brasil em termos de Blgicas j que a perda anual equivale rea desse pas (30,5 x 10 km), enquanto que a soma cumulativa comparada Frana (547,0 x 10 km). A presena europeia, por

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quase cinco sculos, antes de 1970, desmatou uma rea ligeiramente maior que Portugal. As explicaes oficiais, assim como os motivos pelos quais os ndices do desmatamento flutuam (decretos influenciando os incentivos e programas para fiscalizao e arrecadao de multas), no entanto, so provavelmente incorretas, como explico aqui. Alm disso, uma variedade de questes tcnicas sobre as prprias estatsticas permanece em aberto (Fearnside & Barbosa, 2004).

Figura 20 - Desmatamento da Amaznia Brasileira

Para o desmatamento acumulado, a parte preta de cada barra representa o desmatamento anterior 1970. Dados do INPE (2004), exceto o ano de 1978 (Fearnside, 1993b).

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6.1.2. Causas de Desmatamento

Na Amaznia brasileira, o peso relativo dos pequenos fazendeiros versus grandes latifundirios altera-se continuamente devido s presses econmicas e demogrficas. Os grandes latifundirios so mais sensveis s mudanas econmicas, tais como as taxas de juros e outros investimentos, subsdios governamentais para o crdito agrcola, ndice de inflao e preo da terra. Os incentivos fiscais foram um forte condutor do desmatamento nas dcadas de 1970 e 1980 (Mahar, 1979). Embora um decreto em 1991 tenha suspendido novos incentivos, os antigos continuam, ao contrrio da impresso sustentada por afirmaes de autoridades do governo de que tudo acabou. Outros incentivos, como o crdito subsidiado pelo governo com taxas bem abaixo da inflao, tornaram-se muito mais escassos depois de 1984. Antes do Plano Real, em 1994, a hiperinflao dominou a economia do Brasil durante dcadas. A terra era muito valorizada e os preos atingiam nveis mais altos do que poderiam ser justificados como um insumo para a produo agropecuria. a retirada das florestas possibilitava reivindicaes pela terra e o desmatamento para a formao de pastagens era o mais barato e mais efetivo nesse sentido, embora seja questionvel at onde essa atividade era usada como especulao de terra . A especulao de terra foi importante at por volta de 1987, quando houve um aumento subsequente do lucro da pastagem a partir da produo de carne bovina (Mattos & Uhl, 1994; Margulis, 2003). A recesso econmica brasileira a melhor explicao para a queda nos ndices do desmatamento de 1987 at 1991. Os fazendeiros no tinham capacidade de expandir suas reas desmatadas to rapidamente e o governo no tinha recursos para a construo de rodovias e para projetos de assentamento. O impacto das medidas de represso (p. ex., patrulhamento com helicpteros, confisco de motosserras, multas) foi, provavelmente, menor. A mudana poltica sobre os incentivos fiscais tambm foi ineficaz. O decreto suspendendo os incentivos (n 153) comeou a vigorar em 25 de junho de 1991 subsequente maior queda observada no desmatamento. 6.2. Queimadas

O nmero de queimadas na Amaznia apresenta uma tendncia constante de crescimento ao longo dos anos, nitidamente a partir de 1996, mas com variaes intera-

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nuais determinadas pelas condies climticas. O ano de 1994 foi marcado por uma reduo significativa das queimadas devido a uma combinao de situao econmica e condies climticas desfavorveis. J o ano de 1997, at o incio de 1998, foi marcado por um grande aumento das queimadas que culminaram com um episdio indito e de grande repercusso com os incndios no Estado de Roraima Quando os pequenos agricultores desmatam a floresta amaznica, no primeiro ano s conseguem queimar uma pequena parte da fitomassa florestal: folhas, pontas de galhos, ramagens etc. No segundo ano, esse material lenhoso est mais seco e queima um pouco mais. Pesquisas da Embrapa Monitoramento por Satlite com 450 propriedades rurais na regio indicam que so necessrios cerca de oito anos para que o agricultor consiga queimar todos os resduos lenhosos. Isso significa que uma rea desmatada queima repetidas vezes durante oito anos. Nesse sentido, o constante desmatamento da Amaznia vai gerando um acmulo de novas queimadas. Elas somam-se s queimadas das reas ocupadas antigas onde so usadas regularmente como tcnica agrcola para limpar pastos, eliminar restolhos de culturas, combater pragas e doenas, renovar reas, obter brotao precoce em pastagens etc. 6.3. Construo de Hidreltricas

A construo de 76 usinas hidreltricas ameaa a Amaznia. Uma prova o que houve em Tucuru. Setenta e seis novas usinas hidreltricas das Centrais Eltricas do Norte do Brasil S.A. (Eletronorte) vo inundar na Amaznia perto de 80 mil quilmetros quadrados de florestas, rea equivalente ao estado de Santa Catarina. Ningum pode saber ainda o que essa gua vai sepultar em termos de ecossistema, vegetao ou fauna, nem o que isso vai significar para a natureza brasileira. A experincia de outras hidreltricas j construdas na regio Tucuru e Balbina demonstraram a incapacidade da Eletronorte em tratar das questes do meio ambiente. A barragem de Tucuru foi fechada para a formao do lago antes da retirada de uma floresta e com isso o pas perdeu milhes de dlares em madeiras nobres alm de terem sido arrasados 6500 quilmetros quadrados de riquezas naturais e um lago e um rio terem ficado seriamente poludos pela floresta apodrecida. Desastres como esse obrigaram os bancos internacionais a suspender os financiamentos do setor energtico devido a presso de entidades ambientalistas mundiais. Mesmo depois

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das negociaes com os bancos norte-americanos e depois do pacote ecolgico do governo federal, o setor energtico continua com os emprstimos suspensos at Segunda ordem, enquanto outros projetos na Amaznia voltaram a ser discutidos. Sinal de que a credibilidade do setor ainda est balada. E no sem razo: nos planos das centrais eltricas, o enfoque dado ao meio ambiente basicamente o mesmo dos ltimos anos enquanto existem hidreltricas ainda maiores do que Tucuru projetadas para regies ecologicamente mais ricas e diversificadas. Ou seja, onde o impacto contra o meio ambiente poder ser maior do que o ocorrido em Tucuru.

6.4. O Comrcio Ilegal de Animais Silvestres e a Biopirataria

No Brasil, o comrcio de animais silvestres foi proibido a partir da Lei de Fauna, de 1967. At ento, a captura e comrcio de animais era comum em muitas regies de Amaznia. Registros do sculo XIX relatam a intensa coleta de ovos de tartaruga. Dos ovos extraa-se o leo, que era utilizado para iluminao das cidades da regio. Estes animais, hoje raros e s recentemente retirados da lista de espcies em exti no, eram to abundantes na gua quanto os mosquitos no ar. No incio do sculo XX, a captura de peixes-boi (Trichechus inunguis) passou a ser prtica corriqueira. Sua carne era comercializada principalmente na forma de mixira (frita e conservada na gordura do prprio animal) e o couro, extremamente resistente, se prestava manufatura de correias para motores dos mais diversos tipos. Nas dcadas de 1950 e 1960, o comrcio mais intenso era o de peles e as espcies mais visadas eram os felinos (gatos-do-mato, jaguatiricas e onas) e musteldeos (principalmente lontras e ariranhas). Estas peles recebiam o nome genrico de fantasia. A partir da Lei de Fauna, o comrcio deste tipo de peles diminuiu, mas acabou abrindo brecha para o comrcio de couro e carne de jacars (cujo produto era considerado pesca e no caa). Os psitacdeos (araras, papagaios e periquitos) sempre estiveram entre os principais animais capturados ilegalmente para serem comercializados para criao domstica. Mais recentemente, h uma moda mundial de criao de rpteis em casa, e algumas cobras e lagartos amaznicos esto entre as espcies exportadas para esta finalidade.

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Porm, o tipo de comrcio de animais que mais preocupa o dos organismos que possuem substncias qumicas que podem ou podero ser usadas para a produo de medicamentos, aromticos, inseticidas e cosmticos. O desenvolvimento das tecnologias para extrao de qumicos, sua sintetizao em laboratrio, a manipulao gentica e a possibilidade de registro de patentes sobre estes recursos, est gerando uma guerra. esta guerra que est por trs da chamada biopirataria. Conforme a Conveno da Biodiversidade, cada pas deve ter direito aos seus recursos genticos, mas, na prtica, a tecnologia tem ajudado os pases mais desenvolvidos a obterem patentes de recursos que no so originrios de seus territrios. As patentes vo desde os nomes, como cupuau e aa, passam pelo registro de processamentos tradicionais, como a produo de cupulate (chocolate feito com sementes do cupuau), e podem chegar at as formulaes qumicas, como o princpio ativo Captopril, que controla a presso arterial, originrio do veneno da jararaca (Bothrops jararaca). Hoje em dia, os royalties dos medicamentos que usam esse princpio ativo no pertencem ao Brasil, mas ao laboratrio norte-americano que financiou a pesquisa. Na recente disputa pelo cupuau, aps intensa manifestao da sociedade e questionamento internacional, o direito ao uso deste nome e as tcnicas de produo do cupulate foram devolvidos ao Brasil. No entanto, embora o pas detenha esses direitos em seu territrio, uma empresa japonesa mantm os direitos sobre seu uso nos Estados Unidos e Europa. A problemtica da biopirataria, no entanto, no envolve apenas disputas internaci onais. Mesmo dentro do territrio nacional h uma preocupao sobre como assegurar s comunidades indgenas e tradicionais o direito sobre o uso e benefcios gerados por produtos naturais que esto em seus territrios, e cujo valor para a cincia descoberto a partir dos seus conhecimentos algumas vezes seculares.

6.5. A Pesca Predatria

Na pesca, as espcies mais visadas hoje em dia so os grandes bagres: a piramutaba (Brachyplatystoma vaillanti), a dourada (B. flavicans), o surubim (Pseudoplatystoma fasciatum) e a piraba, tambm chamada de filhote (B. filamentosum). A explorao deste recurso se d principalmente no esturio, onde a atividade mais

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forte na seca, mas ocorre durante todo o ano. Nas demais regies da Amaznia, onde acontece em menor intensidade, a atividade se concentra no perodo de guas baixas. A pesca desses animais se d em escala industrial, cuja produo voltada principalmente para a exportao. Estes grandes animais so muito apreciados, pois deles se pode tirar fils de excelente sabor e sem espinhas. Estudos tm apontado uma diminuio na captura destas espcies (de 28 mil toneladas em 1977 para 10 mil toneladas em 1998), cuja causa mais provvel a diminuio dos estoques devido super explorao. Assim, necessrio estabelecer medidas de controle para que tal atividade econmica mantenha-se em nveis sustentveis. Os especialistas acreditam que o principal problema para a sustentabilidade da pesca da piramutaba, que a mais valiosa e conhecida destas espcies, o fato de os animais pescados no esturio serem em sua maioria jovens. O ciclo de vida da espcie inclui migraes de cerca de 3.500 km, principalmente na calha do Solimes/Amazonas. Os adultos sobem o rio e desovam, no Brasil, na rea entre Tabatinga e o rio Purus. Os jovens voltam para o esturio para crescer e quando so intensamente capturados. Estima-se que 80% da captura so de animais muito pequenos, que so devolvidos ao rio, mas geralmente no resistem e morrem. A interrupo do ciclo de vida dessa parcela significativa da populao tem afetado os estoques pesqueiros da espcie. O pirarucu, maior peixe de escama da regio, foi por muito tempo pescado de forma artesanal. Com a introduo das redes, animais cada vez menores comearam a ser capturados. A captura do tambaqui tambm sofreu um importante declnio, atribudo pesca. Um estudo no mdio Solimes mostrou que a pesca destas espcies se d nos lagos, onde residem os jovens, ou em reas de queda de rvores no canal do rio, chamadas pauzadas. Acredita-se que este seja o local de desova destes animais e que esta captura ocorreria na poca da sua reproduo. Como o perodo do defeso era nico para toda a bacia e a reproduo varia de um lugar para o outro, o estudo props que o perodo de defeso fosse regionalizado para efetivamente proteger as espcies nesta fase.

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Concluso

A Amaznia um grande fator para sobrevivncia de diversas espcies, inclusive o ser humano, mas com essa grave depredao prejudica grande parte de sua biodiversidade, pois, muitas espcies j foram extintas e muitas outras esto ameaadas de extino, abalando cada vez mais os ecossistemas. Se a situao no mudar, consequentemente, no s haver grandes mudanas climticas, como tambm, graves desastres ecolgicos, ocorrendo o aumento do nvel dos mares, inundaes constantes, escassez de gua potvel em determinadas regies e etc.

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Apndices

Apndice A - Animais Ameaados de Extino na Amaznia

Nome Cientfico Caluromyslops irrupta Prlodontes maximus Myrmecophaga tridactyla Ateles belzebuth Ateles marginatus Saguinus bicolor Cebus kaapori Saimiri vanzolinii Cacajo calvus calvus Cacajo calvus novaesi Cacajo calvus rubicundus Chiropotes satanas Chiropotes utahicki Speothos venaticus Leopardus tigrinus Leopardus wiedii Panthera ona Pteronura brasiliensis Trinchechus inunguis Crax fasciolata pinima Psophiaviridis obscura Thalasseus maximus

Autor, Data Sanborn, 1951