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ÁREA DE ORGANIZAÇÃO EMPRESARIAL, DESENVOLVIMENTO DIRETIVO E RECURSOS HUMANOS ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA DOS RECURSOS HUMANOS NO SECTOR PÚBLICO: CASO DO TRIBUNAL JUDICIAL DA PROVÍNCIA DE TETE Apresentado por: Gilberto João Mungói Orientador: Prof. Dr. Diego Kurtz Tete, Moçambique 2013 ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA DOS RECURSOS HUMANOS NO SECTOR PÚBLICO: CASO DO TRIBUNAL JUDICIAL DA PROVÍNCIA DE TETE

Dissertacao Master

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estuda a administracao estrategica de recursos humanos no tribunal judicial da provincia de tete, mocambique

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  • REA DE ORGANIZAO EMPRESARIAL, DESENVOLVIMENTO

    DIRETIVO E RECURSOS HUMANOS

    ADMINISTRAO ESTRATGICA DOS RECURSOS HUMANOS NO SECTOR

    PBLICO: CASO DO TRIBUNAL JUDICIAL DA PROVNCIA DE TETE

    Apresentado por:

    Gilberto Joo Mungi

    Orientador:

    Prof. Dr. Diego Kurtz

    Tete, Moambique

    2013

    ADMINISTRAO ESTRATGICA DOS RECURSOS HUMANOS NO SECTOR

    PBLICO: CASO DO TRIBUNAL JUDICIAL DA PROVNCIA DE TETE

  • Gilberto Joo Mungi

    Tete, Moambique

    2013

    Dissertao apresentada como requisito parcial para obteno

    do ttulo de Mestre em Direco Estratgica do Curso de ps-

    graduao da Universidade de Len.

  • iii

    AGRADECIMENTOS

    A dissertao que se apresenta com certeza resultado, incentivos de

    contribuies, sugestes de pessoas que dispensaram o seu tempo para que o mesmo se

    materializasse. Nestes termos, o mritos que dela possa ter, devem-se a pessoas que antes

    e durante a elaborao da presente dissertao, me proporcionaram testemunhos, dicas, e

    caminhos vrios. Indubitavelmente foram eles que tornaram exequvel a presente

    pesquisa, todos eles expresso a minha mais profunda gratido.

    Gostaria de dar nfase ao papel desempenhado pela Pof. Dra. Clia Beiro,

    minha Orientadora do Projecto Final de Mestrado, at ao dia 11 de Abril de 2013, altura

    que fui informado que esta j no fazia parte do quadro de Orientadores. Durante este

    trajecto me proporcionou com o seu saber conhecimentos acadmicos, pragmatismo, e

    sentido pedaggico, maior cientificidade da presente dissertao. As virtudes que aqui

    forem detectadas, se devem sobretudo aos seus prstimos. Devo-lhe mais o alento e fora

    transmitido, elementos sem os quis seria impossvel a materializao da presente

    pesquisa.

    Ao Orientador Prof. Dr. Diego Kurtz, palavras de agradecimento por aceitar a

    orientao da presente dissertao, pelos conhecimentos transmitidos, a quem tambm

    no posso retirar o mrito que forem detectados.

    Os meus agradecimento vo tambm para meus amigos, Msc. Albino Pereira

    Lambo, Dr. Germana Velasco, Dr. Victor Manuel Matsinhe e Dr. Zacarias Nguema pelo

    tempo dispensado na apreciao da presente pesquisa. Endereo as mais sinceras palavras

    de agradecimento pelos saberes transmitidos e pelo tempo que os obriguei a apreciarem a

    pesquisa.

    Durante o desenvolvimento do trabalho, emergiram provas de amizade de

    colegas de servio que muito procuraram valorizar e ajudar na prossecuo da pesquisa

    com destaque para a Sr. Rufina Jlio Boto, Chefe da Repartio dos Recursos Humanos

    do Tribunal da Provncia de Tete, ao Sr. Anastcio Ferro que me facultou os dados

    atinentes ao cadastro dos funcionrios da rea de estudo.

  • iv

    No podia deixar de agradecer aos demais colegas que constituram a amostra

    para o questionrio, agradeo pelo tempo e pacincia dispensada.

    Nesse rol de pessoas gostaria de destacar o papel desempenhado pela minha

    famlia, com destaque meu progenitor Dr. Joo Marcos Mungi e minha Me felizarda

    Antnio Bahle, pessoas que me incentivaram, me apoiaram a continuar o segundo ciclo

    do ensino superior.

    Jlia minha esposa, pelos sacrifcios que esta dissertao e todo o curso a

    obrigou e a Lanay e Felizarda pela ausncia de pai que sentiram.

  • v

    COMPROMISSO DO AUTOR

    Eu Gilberto Joo Mungi de Bilhete de Identidade n 050101182633P e

    aluno do programa acadmico de Mestrado em Direco Estratgica, declaro que:

    O contedo do presente documento reflexo do meu trabalho e manifesto

    que perante qualquer notificao de plgio, cpia ou falta em relao fonte original, sou

    directamente responsvel legal, econmica e administrativamente, isentando a

    Orientadora do trabalho, a Universidade e as Instituies que colaboram com este

    trabalho, assumindo as consequncias derivadas de tais prticas.

  • vi

    RESUMO

    A dissertao que aqui se apresenta visa descrever o fenmeno da gesto de pessoas no

    sector pblico Moambicano, tomando como caso de estudo o tribunal Judicial da

    Provncia de Tete. Tem como objectivo geral, identificar as peculiaridades da

    Administrao Estratgica dos Recursos Humanos na Administrao Pblica em

    Moambique e sua aplicao para a melhoria na prestao dos servios pblicos aos

    cidados.

    As abordagens aqui plasmadas so aliceradas pelos enfoques tericos desenvolvidos por

    autores como Chiavenato no que tange a gesto de pessoas, Funiber na gesto estratgica

    e gesto de pessoas, Stoner, Freeman e Ansoff na concepo da estratgia, Rocha na

    abordagem da gesto de pessoas no funcionalismo pblico e legislao Moambicana

    referente a esta matria.

    A organizao e tratamento de dados colectados foi na base de entrevistas ou

    questionrios e para o respectivo tratamento usou-se programas informticos gerais e

    especficos, como Ms Word, Excel e SPSS (Statistical Packege For Social Science). A

    parte terica foi na base de pesquisa bibliogrfica a fontes fidedignas ao tema pesquisado.

    A principal ilao que se tirou da pesquisa que a actual gesto de pessoas no

    concorre para o cumprimento de objectivos organizacionais, pois assiste-se insatisfao,

    baixos nveis de comunicao, ausncia ou baixo nvel de planejamento de pessoas, para

    alm do clima organizacional que se afigura insatisfatrio.

    Sem dvida a gesto de pessoas carece de enfoque estratgico. Todavia os

    recursos humanos se administram e se devem gerir, pois so providos, so aplicados, so

    mantidos, se desenvolvem e so monitorados, assim essas etapas devem ter alinhamento

    com a estratgia organizacional.

    Palavras-chave: Estratgia, administrao pblica, gesto de pessoas no sector pblico,

    sistemas de gesto de pessoas, recursos humanos.

  • vii

    INDICE

    INTRODUO .......................................................................................................................... 1

    CAMPO TERICO .................................................................................................................... 4

    CAPITULO 1 ADMINISTRACO PBLICA ........................................................................ 4

    1.1. Estratgia ......................................................................................................................... 4

    1.2. Administrao .................................................................................................................. 8

    1.3. Administrao pblica e administrao privada .............................................................. 13

    CAPITULO 2 GESTO ESTRATGICA DE PESSOAS ...................................................... 29

    2.1. Comprometimento e o clima organizacional ................................................................... 29

    2.2. Cultura organizacional e gesto de pessoas ..................................................................... 35

    2.3. A administrao estratgica abordagem sinrgica........................................................... 40

    CAPITULO 3 - GESTO DE PESSOAS NA ADMINISTRAO PBLICA ......................... 45

    3.1. Constituio da relao de trabalho no sector pblico ..................................................... 45

    3.2. Estrutura organizacional da administrao pblica .......................................................... 49

    3.3. Sistemas de administrao dos rh no sector pblico ........................................................ 52

    3.4. Descrio de cargos e funes ........................................................................................ 58

    3.4. Pressupostos da gesto de pessoas na esfera pblica........................................................ 59

    3.5. Problemas de gesto de pessoas na esfera pblica ........................................................... 60

    CAPTULO 4 - A REA DE ESTUDO .................................................................................... 64

    4.1. Localizao .................................................................................................................... 64

    4.2. Breve caracterizao ....................................................................................................... 64

    4.3. Viso .............................................................................................................................. 65

    4.4. Misso ........................................................................................................................... 65

    4.5. Mandato ......................................................................................................................... 65

    4.6. Valores ........................................................................................................................... 66

  • viii

    4.7. Actividades desenvolvidas .............................................................................................. 66

    4.8. Objectivos estratgicos ................................................................................................... 67

    4.9. A fora laboral ............................................................................................................... 68

    4.10. Historial da gesto de pessoas no tribunal judicial da provincia de tete .......................... 71

    CAPITULO 5 PROJECTO METODOLGICO ..................................................................... 74

    5.1. Variveis ................................................................................................................... 75

    5.2. Amostra ..................................................................................................................... 75

    5.3. Instrumentos de medio e tcnicas ........................................................................... 75

    5.4. Procedimentos ........................................................................................................... 76

    5.5. Hipteses do trabalho ................................................................................................ 78

    CAPTULO 6 - RESULTADOS ............................................................................................... 79

    6.1. Sobre estratgia de comunicao ................................................................................... 81

    6.2 Estratgia de envolvimento, estimulo e participao ........................................................ 83

    6.3. Estratgia de capacitao ................................................................................................ 85

    6.4. Estratgia de planejamento ............................................................................................. 86

    6.5. Estratgia de feedback .................................................................................................... 88

    6.6. Clima organizacional ..................................................................................................... 90

    CAPTULO 7- DISCUSSO .................................................................................................... 93

    CAPTULO 8 - CONCLUSES GERAIS ................................................................................ 97

    CAPTULO 9 - RECOMENDAES ................................................................................... 101

    BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................... 104

    Anexos

    Anexo 1: Produo legislativa no mbito da gesto dos recursos humanos ....................... a

    Anexo 2: QUETIONRIO .............................................................................................. c

  • ix

    INDICE DE QUADROS E FIGURAS

    Figura 1. 2: Os sistemas administrativos .................................................................................... 22

    Figura 1.1: Dimenses do conceito de administrao ................................................................. 10

    Figura 2.2: Relao entre a cultura organizacional e a gesto de pessoas .................................... 39

    Figura 2.3: Gesto de recursos humanos em todos os nveis da organizao............................... 43

    Figura 3.1: Princpios de estruturao da administrao pblica moambicana .......................... 50

    Figura 3.1: Processos de gesto de pessoas ................................................................................ 38

    Figura 3.2: Estrutura da administrao pblica Moambicana.................................................... 51

    Figura 3.3: Articulao entre os rgos do Sistema Nacional de Gesto de Recursos Humanos

    (SNGRH) .............................................................................................................................. 54

    Figura 4.2: pirmide etria dos funcionrios do tribunal ............................................................ 68

    Figura 4.3: Distribuio dos funcionrios do Tribunal Judicial da Provncia de Tete conforme o

    gnero ................................................................................................................................... 69

    Figura 4.4: distribuio dos funcionrios do Tribunal Judicial da Provncia de Tete por categoria

    ............................................................................................................................................. 70

    Figura 4.5: distribuio dos funcionrios do tribunal judicial da provncia de Tete conforme a

    formao acadmica .............................................................................................................. 71

    Figura 5.1: Estrutura do Tribunal Judicial da Provncia de Tete ................................................. 65

    Figura3.4: reas do Sistema Nacional de Gesto de Recursos Humanos .................................... 55

    Quadro 6.12: Resultados sobre capacitao das estratgias a usar ............................................. 85

    Quadro 1.1: os sistemas de administrao pblica ..................................................................... 20

    Quadro 1.3: Os sistemas administrativos adoptados por Moambique antes da independncia. .. 26

    Quadro 2.1: Relao entre cultura organizacional e objectivos organizacionais .......................... 31

    Quadro 2.2: Nveis de clima organizacional .............................................................................. 35

    Quadro 3.1: Requisitos e documentos comprovativos para nomeao no Aparelho de Estado

    Moambicano. ...................................................................................................................... 46

    Quadro 3.2: Antecedentes e causas do SNGRH ......................................................................... 53

    Quadro 3.3: Distribuio dos funcionrios e agentes do estado por nvel acadmico .................. 62

    Quadro 6.1: nmero total da amostra ......................................................................................... 79

    Quadro 6.2: descrio em relao ao gnero dos entrevistados................................................... 79

    Quadro 6.3: descrio em relao idade entrevistados................................................................ 80

  • x

    Quadro 6.4: descrio em relao a formao acadmica dos entrevistados ............................... 80

    Quadro 6.5: descrio em relao a carreira profissional dos entrevistados ................................ 81

    Quadro 6.6: Resultados sobre se os funcionrios so comunicados antes da adopo das

    estratgias ............................................................................................................................. 82

    Quadro 6.7: Resultados sobre se os funcionrios so comunicados durante adopo das

    estratgias ............................................................................................................................. 82

    Quadro 6.8: Resultados sobre se os funcionrios so comunicados depois da adopo das

    estratgias ............................................................................................................................. 83

    Quadro 6.9: Resultados sobre envolvimento dos colaboradores nas estratgias .......................... 84

    Quadro 6.10: Resultados sobre estmulo dos colaboradores nas estratgias ................................ 84

    Quadro 6.11: Resultados sobre participao dos colaboradores nas estratgias ........................... 84

    Quadro 6.13: Resultados necessidades de capacitao ............................................................... 85

    Quadro 6.14: Resultados da relao investimento e planejamento estratgico ............................ 86

    Quadro 6.15: Resultados relao processos crticos e estratgia ................................................. 86

    Quadro 6.16: Resultados relao estratgia com coeso da instituio ....................................... 87

    Quadro 6.17 Resultados sobre planejamento estratgico participativo ........................................ 87

    Quadro 6.18: Resultados sobre comunicao das mudanas e papel dos funcionrios ................ 88

    Quadro 6.19: Resultados sobre reunies de trabalho .................................................................. 88

    Quadro 6.20: Resultados sobre reviso de desempenho estratgico e reforo de mudanas ........ 89

    Quadro 6.21: Resultados sobre desenvolvimento de pesquisa .................................................... 89

    Quadro 6.22: Resultados sobre satisfao dos colaboradores ..................................................... 90

    Quadro 6.23: Resultados sobre caractersticas da organizao ................................................... 90

    Quadro 6.24: Resultados sobre caractersticas da organizao ................................................... 91

    Quadro 6.25: Resultados sobre desenvolvimento do potencial criativo dos trabalhadores ........... 91

  • 1

    INTRODUO

    A presente dissertao busca o cumprimento dos requisitos parciais para a

    obteno do grau de mestre em Direco Estratgica titulado pela Universidade de Len

    com o patrocnio da Fundao Universitria Ibero Americana (Funiber).

    Procura-se indagar sobre a Administrao Estratgica dos Recursos Humanos

    no sector pblico tomando como caso de estudo o Tribunal Judicial da Provncia de Tete,

    Moambique. O estudo tem a pretenso de investigar como feita a administrao dos

    recursos humanos no sector estatal em geral e no Tribunal Judicial da Provncia de Tete,

    em particular, e traar directrizes ou recomendaes com vista ao desenvolvimento da

    administrao do pessoal na rea de estudo.

    A questo que orientou a presente pesquisa a seguinte: actual gesto dos

    recursos humanos concorre ou no para o alcance dos objectivos estratgico do Tribunal

    Judicial da Provncia de Tete?

    O tema ora pesquisado caracterizado por ser fundamentalmente uma

    investigao exploratria com base em estudo de caso da administrao Estratgica dos

    Recursos Humanos na Administrao Publica em Moambique: caso do Tribunal Judicial

    da Provncia de Tete.

    Pretende-se que o tema ora pesquisado sirva no s de um instrumento de

    pesquisa, mas tambm como um documento orientador aos gestores de pessoas no sector

    pblico em geral e na rea de estudo em particular, pois parafraseando Shinyashiki

    (2003), necessrio se faz que os gestores pblicos tenham cada vez mais a habilidade de

    identificar desafios da organizao, descobrir as oportunidades e saber descobrir qual a

    melhor opo a ser tomada na sua materializao visando a sobrevivncia e crescimento

    das organizaes.

    sabido que os recursos humanos constituem o activo mais importante das

    organizaes, e com base desses recursos, que as organizaes atingem seus objectivos

    organizacionais e se mantm competitivas no mercado e no caso do sector pblico

  • 2

    caracterizado fundamentalmente por prestao de servios aos cidados, so a garantia da

    melhor prestao de servios.

    assim que, o Governo de Moambique atravs do Plano Estratgico de

    Desenvolvimento da Administrao Pblica 2011-2025,apregoa a melhoria de prestao

    de servios pblicos quando os cidados demandam pelos seus servios, incluindo os

    tribunais Judiciais onde se enquadra a rea de estudo. Para o alcance desse desiderato se

    faz necessrio que a administrao dos recursos humanos se torne eficaz, eficiente,

    sistmica, integradora e indo ao encontro da estratgia governamental, pois os recursos

    humanos so a fonte de vantagens competitivas nas organizaes. (Moambique, 2011, p.

    9).

    Assim, objectiva-se contribuir para o enriquecimento dos estudos em gesto de

    do tema na actualidade assume grande relevncia, e as administraes pblicas so

    pressionadas a se modernizarem no intuito de melhor prestar os servios aos cidados.

    Espera-se que a pesquisa traga subsdios administrao com objectivos de

    buscar correces em possveis falhas buscando eficincia da mquina pblica e melhoria

    na prestao de servios aos cidados

    A presente dissertao tem como objectivo geral, identificar as peculiaridades

    da Administrao Estratgica dos Recursos Humanos na Administrao Pblica em

    Moambique e sua aplicao para a melhoria na prestao dos servios pblicos aos

    cidados.

    De forma especfica, objectiva-se caracterizar a rea de estudo; descrever a

    historia da administrao dos recursos humanos e Moambique e no Tribunal Judicial da

    Provncia de Tete; identificar as diferenas entre a administrao dos recursos humanos

    no sector pblico e no sector privado; avaliar o sistema de administrao dos recursos

    humanos na rea de estudo; descrever a importncia do enfoque estratgico na

    administrao dos recursos humanos no Tribunal Judicial da Provncia de Tete; e propor

    recomendaes com vista que a ARH se enfoque na estratgia do sector e na melhoria da

    prestao dos servios oferecidos pelo Tribunal.

    No que tange a estrutura, o trabalho encontra-se dividido em nove captulos,

    iniciando-se com o estudo da estratgia, da administrao, se estuda no captulo 1, a

  • 3

    administrao pblica diferenciando-a da privada, pretende-se que o leitor se familiarize

    com as peculiaridades da administrao pblica e privada.

    O captulo 2 incide sobre a gesto estratgica de pessoas, neste domnio estuda-

    se o comprometimento e clima organizacional, a cultura organizacional e gesto de

    pessoas para alm de se estudar a administrao estratgica numa abordagem sinrgica.

    Objectiva-se com o captulo que o leitor se familiarize com o enfoque estratgico na

    gesto de pessoas. O captulo tem a pretenso de relacionar a estratgia gesto de

    pessoas, mostrando-se assim a influncia da cultura e clima organizacional na

    administrao de pessoas.

    O captulo 3 dedicado a gesto de pessoas na administrao pblica

    Moambicana. Nele so abordados aspectos como a constituio da relao de trabalho, a

    estrutura organizacional da administrao pblica, o sistema de administrao dos

    recursos humanos, a descrio dos cargos e funes, os pressupostos da gesto de pessoas

    na esfera pblica e os respectivos constrangimentos.

    O captulo 4 dedicado ao estudo da rea de estudo, no que tange a sua

    localizao, caracterizao, sua viso, sua misso, seu mandato, valores, actividades

    desenvolvidas, objectivos estratgicos, a fora laboral e o historial da administrao de

    pessoas.

    O captulo 5, faz meno ao projecto metodolgico, no que diz respeito as

    variveis envolvidas, a amostra, os instrumentos de medio e tcnicas, os procedimentos

    e as hipteses do trabalho.

    No captulo 6 so apresentados os resultados da pesquisa de campo, no que

    concerne a estratgia de comunicao, de estmulo, de envolvimento, de formao, de

    planejamento, de feedback, e do estudo do clima organizacional.

    O captulo 7 incide a discusso dos resultados.

    O captulo 8 versa sobre as concluses gerais.

    O captulo 9 e o ltimo apresentam-se as principais recomendaes.

  • 4

    CAMPO TERICO

    CAPITULO 1 ADMINISTRACO PBLICA

    Objectiva-se apresentar aos leitores de uma forma concisa as diferentes

    abordagens postuladas por diversos autores sobre o tema em pesquisa, com vista no s a

    se familiarizarem com a temtica mas tambm para servir de sustentao a abordagem

    levantada na presente dissertao.

    Esta abordagem revisita conceitos como estratgia, administrao pblica e

    privada, recursos humanos, gesto de pessoas, objectivando o alinhamento da

    componente estratgica na administrao dos recursos humanos no sector pblico.

    Decidiu-se dividir a presente abordagem em 5 seces. Na primeira seco faz-se

    um estudo do conceito de estratgia at a administrao estratgica, na segunda estuda-se

    a administrao pblica e privada, a terceira dedica-se ao estudo dos recursos humanos, a

    quarta incide sobre a gesto de pessoas e a quinta e ltima versa sobre a administrao

    estratgica dos recursos.

    1.1. Estratgia

    Etimologicamente o termo estratgia provm da palavra grega Strategos, chefes

    de exrcito, tradicionalmente utilizada no terreno das operaes guerreiras. (Funiber,

    Apontamentos planejamento estratgico, n.d, p. 46).

    A esse respeito os autores como Stoner e Freman (1982), Laljani (2009), Costa

    (2003) corroboram no que se refere a gnese militar do temo estratgia. Afirmam que o

    conceito, a sua origem remetem competio e guerra, a cincia e a arte do emprego

    da fora numa Guerra, referido do Ansoff e Macdonnel (1993, p. 70)

    Henderson (1998) citado por Costa (2003,p. 22) enfoca o surgimento da estratgia

    competio pela sobrevivncia das espcies com base no trabalho desenvolvido por

    Charles Darwim, ao afirmar que a estratgia surgiu com a procura pela sobrevivncia

  • 5

    das espcies, na competio por recursos, o autor em questo destaca o Livro de

    Darwim A origem das espcies como um dos melhores orientadores em competio

    empresarial.

    Por conseguinte, compulsados os estudos anteriormente referido, pode-se aferir

    que estratgia mais que um termo militar, aplicando-se as reas de negcios tanto de

    empresas pblicas quanto privadas. Por outro lado, registe-se que a estratgia aplicada a

    administrao, empresas um conceito relativamente novo.

    Como afirma Funiber (n.d, p. 50) O conceito de estratgia muito recente no mbito empresarial. Assim, reconhece que o primeiro modelo de anlise estratgica empresarial surge na Harvard Business School, em 1960. E a concepo desenvolvida de Direco estratgica (Strategic Management), onde actualmente se insere a estratgia, apenas da dcada do 70 do Sculo XX.

    A esse respeito aponta-se que nos anos 50 do sculo XX, o estudo da

    administrao ganhou corpo no meio empresarial saindo do meio acadmico como afirma

    Costa (2003, p. 23). A Autora advoga que foi nesta poca que a administrao estratgica

    iniciou-se nas grandes empresas, quando estas passam a implementar o planejamento de

    longo prazo.

    Outrossim, no existe uma convergncia entre os autores sobre a definio do

    termo estratgia, definindo-se como:

    O conjunto de regras de tomada de deciso para a orientao do comportamento

    da organizao (Ansoff & MacDonnell, 1993, p. 70).

    Da definio acima subentende-se que independentemente da estratgia ser ou

    no bem sucedida ela produto de uma deciso que orientou a organizao para um

    determinado comportamento, seja ele bom ou mal sucedido.

    Tambm define-se como, tema comum de um jogo deliberado e consciente de

    directrizes que determinam aces no futuro (Laljani, 2009, p. 11).

    No conceito acima, verifica-se os elementos como a aco de deliberar que

    pressupe um exame anterior com vista a determinar aces futuras, tal como a definio

    dada por Ansoff e MacDonnell, a definio em apreo converge em determinar aces do

    futuro da organizao.

  • 6

    Por sua vez, Alfred Chandler Jr citado por Funiber (n.d, p, 50) define estratgia

    como A determinao de metas e objectivos bsicos da empresa a longo prazo, a adio

    dos cursos de aco e a atribuio de recursos necessrios para obter tais metas

    No conceito acima exposto, o autor identifica elementos constituintes do conceito

    estratgia como as metas e objectivos bsicos, os cursos de aco e recursos para atingir

    tais metas, sendo estes os factores divergentes da definio dada por Ansoff e

    MacDonnell.

    A definio de Alfred Chandler assemelha-se a apontada por kennth Andrews,

    pois este ultimo define estratgia como O padro dos objectivos, propsitos ou metas e

    as polticas e planos essenciais para conseguir tais metas, estabelecida de modo que

    definam em que tipo de negcio a empresa est ou quer estar e que tipo de empresa ou

    quer ser (Funiber, Apontamentos planejamento estratgico, n.d, p. 51)

    Verifica-se nesta definio verifica-se os elementos os objectivos, metas, polticas

    e planos de aco para se conseguir tais metas, como essenciais para se definir o termo

    estratgia.

    Por outro lado Porter vai mais longe ao conceituar o termo estratgia adicionando

    o termo competitiva), para o autor em apreo, A estratgia competitiva consiste em

    desenvolver uma ampla frmula de como a empresa deve competir, quais devem ser seus

    objectivos e que polticas sero necessrias para alcanar tais objectivos.Porter M.E

    citado por Funiber (n.d. p. 51).

    A definio em apreo encontra similaridade parcial com a anteriormente citada

    em apontar os objectivos e politicas que deveram ser adicionadas para que uma

    determinada organizao alcance os seus objectivos para se manter competitiva.

    Outrossim quando, compulsado o estudo feito por Stoner e Freeman (1982, p.

    141), o conceito de estratgia definido sob duas perspectivas, a primeira abrange o que

    a organizao pretende fazer e a segunda perspectiva abarca o que a organizao

    eventualmente faz.

    Sendo assim na primeira perspectiva, estratgia o programa amplo para definir

    e alcanar os objectivos de uma organizao e implementar suas misses e na segunda

  • 7

    perspectiva estratgia o padro das respostas da organizao ao seu ambiente atravs

    do tempo

    Compreende-se da definio acima exposta que a estratgia pode ser vista como

    uma programa para definir e alcanar metas organizacionais ou como um padro de

    respostas da organizao ante ao seu entorno.

    Porm a definio mais completa e que se adoptara na presente dissertao a

    apresentada por Mintzberg, pois como assevera Funiber (n.d, p. 52), apresenta uma das

    definies mais completa de estratgia, j que identifica cinco definies, a partir de

    variadas representaes do termo; denominando "5Ps" de Minzberg, que a seguir se

    descreve:

    Inicia-se com a estratgia como plano, que funciona como uma guia para a

    abordagem de situaes, que deve preceder a aco e se desenvolver de maneira

    consciente em toda a organizao.

    Segue-se a estratgia como uma pauta de aco, que funciona como uma manobra

    para ganhar os oponentes ou competidores.

    A terceira definio abrange a estratgia como padro, que funciona como um

    modelo em um fluxo de aces, intencional ou no que devem ser aplicado em toda

    organizao no intuito de alcanar o comportamento desejado.

    A quarta definio versa sobre a estratgia como posio, que funciona como

    mediadora entre a organizao e o seu entorno, por outras palavras refere-se a posio

    com relao a um meio ambiente organizacional.

    A quarta e ultima definio, incide sobre a estratgia como uma perspectiva,

    implicando no somente a posio mais tambm a percepo do entorno, nessa ordem de

    ideiam, por intenes e aces a perspectiva dever ser compartilhada por todos os

    membros da organizao

    Optou-se pela abordagem de Minzberg, por considerar-se completa, pois entende-

    se ser a que melhor se encaixa ao tema ora dissertado, visto a administrao dos recursos

    humanos com a componente estratgica pode e deve ser vista sob a perspectiva das

    nuances elencadas pelo autor em apreo.

  • 8

    1.2. Administrao

    Na tentativa de conceptualizar o temo administrao, so descritas as acepes

    postuladas por diversos autores, existindo entre eles convergncias e divergncias.

    A palavra administrao vem do latim ad que significa direco ou tendncia para

    e minister que significa subordinao ou obedincia.

    O termo administrao conceituado por um leque de autores, podendo ser

    sinnimo de gesto, possui diversas definies. Administrar significa executar de forma

    virtuosa o processo administrativo Bergue (2007), citado por Gemeli & Filippin (2010,

    p. 157).

    A definio acima citada peca por ser simplista, em apontar a execuo exitosa do

    processo administrativo, sem contudo explicar os factores que esto por detrs de tal

    xito.

    Por conseguinte para Chiavenato A administrao nada mais do que a

    conduo racional das actividades de uma organizao, seja ela lucrativa ou no-

    lucrativa. (Chiavenato, Introduo a teoria geral de administrao, 2000, p. 1).

    Pela acepo acima, compreende-se que a administrao trata do planejamento,

    organizao, da direco e do controle de todas as actividades diferenciadas pela diviso

    do trabalho que ocorram a nvel de uma organizao, tornando-se imprescindvel, pois

    sem a sua existncia a organizao no existiria e no cresceria.

    Para Juclio Paiva (2011) citado por Wikipdia (2012) Administrar o processo

    de dirigir aces que utilizam recursos para atingir objectivos. Embora seja importante

    em qualquer escala de aplicao de recursos, a principal razo para o estudo da

    administrao seu impacto sobre o desempenho das organizaes. a forma como so

    administradas que torna as organizaes mais ou menos capazes de utilizar correctamente

    seus recursos para atingir os objectivos correctos.

    A definio acima tambm refere-se a direco de aces com vista ao alcance

    dos objectivos traados, evidenciando-se como fundamental no impacto no desempenho

    organizacional.

  • 9

    "Administrao administrar a aco atravs das pessoas com objectivo bem

    definido" (Madeira, n.d, p. 1).

    Nesta definio o autor enfoca o papel das pessoas como fundamental para o

    alcance do bem comum definido, sendo por conseguinte um processo de planejar,

    organizar, dirigir e controlar o uso de recursos a fim de alcanar objectivos.

    A administrao tambm entendida como: Uma cincia humana fundamentada em um conjunto de normas e funes elaboradas para disciplinar elementos de produo. A administrao estuda os empreendimentos humanos com o objectivo de alcanar um resultado eficaz e retorno (com ou sem fins lucrativos) de forma sustentvel e com responsabilidade social. (Wikipedia, 2012).

    Nesta definio, existem trs aspectos chaves que devem ser apontados nesta

    definio, focaliza-se o elemento humano na organizao, d-se a ateno nos resultados

    a serem alcanados, isto , nos objectivos em vez de nas actividades e incluiu o conceito

    de que a realizao dos objectivos pessoais de seus membros deve ser integrada

    realizao dos objectivos organizacionais, figurando-se por conseguinte como uma das

    mais completas.

    Porm, administrao o processo de tomada de decises (quer sejam de

    planejamento, organizacionais, de direco ou controle) e de materializa-las sobre

    objectivos utilizando recursos (recursos esses que podem ser pessoas, informao,

    conhecimento, tempo, dinheiro, infra-estruturas, entre outras), sendo esta definio a

    mais completa pois enquadra-se completamente no trabalho ora desenvolvido, como se

    pode ver na figura 1.1.

    A figura 1.1. permite observar a administrao sob o ponto de vista das decises,

    olhando os recursos com o alinhamento dos objectivos organizacionais.

    Portanto, administrao trata do planeamento, da organizao, da direco e do

    controle de todas as actividades diferenciadas pela diviso de trabalho que ocorram

    dentro de uma organizao, com vista ao alcance dos seus objectivos, sem eles lucrativos

    ou no.

  • 10

    Figura 1.1: Dimenses do conceito de administrao

    Objectivos

    Recursos Decises

    Fonte: baseado em (Madeira, n.d, p. 2)

    No que tange a administrao estratgica, destacando-se os estudos feitos por

    Ansoff e Macdonnell (1993), Laljni (2009), Stoner & Freeman (1985) e Funiber (2005),

    Certo e Peter (1993), Oliveira (1994) entre outros.

    Os estudos acima expostos, permitem constatar que a administrao estratgica

    passou dum longo caminho, transitando de planeamento estratgico administrao

    estratgica. Por conseguinte, parafraseando Oliveira, falar de planejamento estratgico

    no o mesmo que falar de administrao estratgica, pois o primeiro metodologia

    gerencial de apoio que permite estabelecer caminho a ser seguido pela organizao ou

    instituio no intuito de melhor interagir com o seu ambiente. (Oliveira, 1994, p. 288)

    Fica claro que necessariamente o processo de administrao estratgica tem por

    suporte um planejamento estratgico, sendo que o primeiro termo aglutina o segundo em

    termos de operacionalidade.

    Como se disse, existem diversos conceitos a volta do termo, para outros

    administrao estratgica refere-se ao processo contnuo e interactivo objectivando

    assegurar que uma organizao interaja com o seu ambiente. (Certo & Peter, 1993, p. 6).

    Pessoas, informao e

    conhecimento,

    espaam, tempo,

    Planeamento, Organizao,

    direco ou organizao,

    controle, etc.

  • 11

    Registe no conceito acima a semelha-se do anteriormente exposto, com destaque

    para a interaco com o ambiente externo, diferindo apenas no enfoque, pois este ltimo

    conceito destaca o aspecto contnuo da administrao estratgica.

    Por conseguinte, mais do que alcanar metas comerciais, financeiras e no caso

    particular administrativas atravs de melhor oferta de servios aos cidados, a

    administrao estratgica deve ser entendida como um padro, um modus operandi

    organizacional, objectivando sua sobrevivncia e competitividade.

    Por seu turno, quando compulsado o estudo feito por Ansoff e Macdonnell (1993,

    p. 15), compreende-se que o conceito de administrao estratgica passou por 4 etapas

    distintas.

    Em sua obra intitulada Implantao da Administrao Estratgica, os autores retro

    citados asseveram que o primeiro passo rumo a conceitualizao ou materializao do

    termo em apreo constituiu a formulao estratgica, quando na dcada 50 do sculo

    passado, quando as empresas inventaram uma abordagem sistmica para decidir onde e

    como operar o futuro.

    O segundo passo foi designado de planejamento de potencialidades, surgido na

    dcada 70 do sculo XX, quando se descobriu que a configurao ou potencialidades

    internas das organizaes precisava de ser transformada sempre que a empresa

    promovesse a alterao descontnua da sua estratgia ou seja descobre-se que as

    potencialidades internas no so estticas mais sim dinmicas em funo da estratgia.

    O terceiro passo denominado de administrao de questes, tambm surgiu na

    dcada 70 do sculo passado, tem a sua gnese frequncia de maiores descontinuidades

    ambientais de consequenciais imprevisveis no que tange a termos scio polticos e

    tecnolgicos.

    O quarto e ltimo passo, corresponde a gesto de mudanas descontnuas,

    emergindo da resistncia organizacional enfrentada pelos primeiros esforos visando a

    implantao do planejamento estratgico nas organizaes.

    Assim a administrao estratgica corresponde a uma abordagem sistmica

    gesto de mudanas estratgicas, que compreende, o posicionamento da organizao

    atravs da estratgia e do planeamento das potencialidades, a resposta estratgica em

  • 12

    tempo real atravs da administrao de questes e gesto sistmica das resistncias

    durante a implantao da estratgia. (Ansoff & MacDonnell, 1993, p. 16)

    Na verdade a administrao estratgica devera e deve corresponder a uma

    abordagem sistmica quando se gerem ou se administram mudanas estratgicas nas

    organizaes, tal abordagem devera incluir elementos como a posio organizacional,

    planeamento de potencialidades e as organizaes deveram ser capazes de gerir

    resistncias ante a implantao da estratgia.

    Distarte, na perspectiva de Ansoff e Macdonnell (1993, p. 289), administrao

    estratgica um enfoque sistmico a uma responsabilidade importante e cada vez mais

    essencial da administrao geral: posicionar e relacionar a empresa e seu ambiente de

    modo que garanta seu sucesso continuado e a coloque a salvo de eventuais surpresas.

    Nessa perspectiva a administrao estratgica envolve posicionar e relacionar a

    organizao com o seu ambiente externo, atravs de um enfoque sistmico, factores que

    se assemelham com a abordagem apresentada por Certo e Peter.

    Por outro lado, tambm no estudo feito por Stoner e Freeman (1982, p. 143)

    compreende-se que conceito administrao estratgica recente, pois os autores advogam

    que s recentemente os estudiosos de administrao reconheceram a estratgia como um

    factor primordial ao xitos das organizaes. Para os autores, o reconhecimento tardio se

    deveu as mudanas ambientais ocorridas desde a II Grande Guerra.

    Na abordagem acima compreende-se que a administrao estratgica no surgiu

    de noite para dia, evoluiu a partir de abordagens distintas, consubstancia o facto de nem

    sempre o sucesso da administrao estar vincado a planificao das estratgias

    organizacionais.

    Assim, fica claro que a administrao estratgica extravasa o alcance de

    resultados marcadamente comerciais, financeiros e administrativos, compreende-se que

    deve ser vista como um padro, um modo de operar, uma consistncia, continuidade de

    comportamento ao longo do tempo.

    Dai que, neste entendimento ela deve ser materializada sistemicamente em todas

    as reas da empresa ou organizao com vista no s a competitividade das empresas ou

    melhores prestao de servio pblico na qual se enquadra a rea de estudo, mais tambm

  • 13

    deve ser vista como um comportamento a seguir, pois como afirma Hemel e Prahalad

    apud Costa (2003, p. 33), a administrao estratgica busca identificar e explorar as

    interligaes entre todas as reas objectivando agregar valor como um todo.

    1.3. Administrao pblica e administrao privada

    As pessoas no vivem isoladamente, mas sim em contnua interaco com as

    outras. Esta interaco caracterizada, fundamentalmente, por um envolvimento mtuo,

    uma influncia de atitudes e comportamentos e uma cooperao na busca e alcance de

    objectivos comuns ou individuais. desta interaco que surgem as organizaes, sendo

    elas privadas ou pblicas.

    Assim, quando se fala de administrao pblica tem-se presente todo um

    conjunto de necessidades colectivas cuja satisfao assumida como tarefa fundamental

    pela colectividade, atravs de servios por esta organizados e mantidos (Amaral, 2006,

    p. 29).

    Na definio acima citada pode-se aferir que, a administrao pblica visa a

    satisfao das necessidades colectivas, atravs de servios organizados e mantidos pela

    colectividade, remetendo tal definio a subjectividade.

    assim que o autor acima citado, advoga que a administrao pblica pode ser

    vista em dois sentidos, em sentido subjectivo ou orgnico e em sentido objectivo ou

    material, podendo existir do ponto de vista tcnico jurdico a administrao pblica em

    sentido formal. No caso em estudo, pretende-se abordar a temtica nos dois sentidos, ou

    seja no sentido de organizao administrativa e no sentido de actividade administrativa.

    Por conseguinte a definio mais completa dada do Diogo Freitas de Amaral,

    aquela de define a administrao pblica como o sistema de rgos, servios e agentes

    do Estado, bem como as demais pessoas colectivas pblicas, que asseguram em nome da

    colectividade a satisfao regular e continua das necessidades colectivas de segurana,

    cultura e bem-estar (Amaral, 2006, p. 36).

  • 14

    Na definio acima fica claro que onde existirem necessidades colectivas, quer

    sejam de segurana, de cultura, de bem-estar (abarcando aqui, sade, educao,

    habitao, etc.), haver um conjunto de servios e agentes do Estado e outras entidades

    colectivas pblicas prontas a satisfazer em nome da colectividade.

    O conceito acima citado encontra similaridade com a definio dada pelo

    Conselho de Ministros Moambicano, quando este afirma administrao pblica um

    conjunto de rgos, servios e funcionrios e agentes do Estado, bem como as demais

    pessoas colectivas pblicas que asseguram a prestao de servio pblico ao cidado.

    (Governo, 2011, p. 19)

    A definio acima, incorpora-se o termo funcionrios e agentes porque em

    Moambique h distino entre essas duas figuras, pois a primeira designa cidados

    nomeados para cargos ou funes pblicas e a segunda abrange cidados contratados para

    exercer certos servios pblicos. Assim, a administrao pblica constituda por

    organizaes, indivduos e a prpria funo pblica ou burocracia.

    Por seu turno Meirelles (2010, p. 157) apud Gemeli & Filippin (2010), assevera

    que administrao pblica a gesto de bens e interesses qualificados da comunidade no

    mbito federal, estadual ou municipal, segundo os preceitos do direito e da moral,

    visando ao bem comum

    A definio difere, do conceito dados por Di Pietro (2003, p. 46), pois a par de

    Diogo Freitas de Amaral este refere que a administrao pblica pode ser vista sob trs

    perspectivas: subjectiva significando o conjunto de rgos e pessoas jurdicas; objectiva

    significando actividades do estado destinadas satisfao concreta e imediata dos

    interesses pblicos e a formal como manifestao do poder publico decomposta em actos

    jurdico-administrativos dotados de propriedade de auto-exclusividade.

    Portanto, a ilao que se pode tirar do exposto pelos autores supra citados que a

    condio sine qua non para a existncia de uma administrao pblica a existncia de

    um grupo de pessoas colectivas pblicas e rgos que exercem actividades

    administrativas, objectivando sempre o interesse da colectividade, sendo este ltimo o

    aspecto que a diferencia da administrao privada.

  • 15

    Assim Administrar uma aco humana que consiste em prosseguir certos

    objectivos atravs do funcionamento da organizao seja ela privada ou pblica como o

    caso particular ora em estudo.

    A administrao pblica e a administrao privada possuem peculiaridades

    distintas, da literatura a volta do tema pode-se aferir que distinguem-se pelo objecto sobre

    que incidem, pelo fim que visam prosseguir e pelos meios que utilizam.

    Parafraseando Gemeli & Filippin (2010, p. 158), na administrao pblica no h

    lugar a vontade nem liberdade individual, mais sim colectivo, no licito fazer tudo que

    a lei no probe permitindo-se apenas fazer tudo que a lei permite, o chamado princpio

    de legalidade.

    No que tange a gesto de pessoas, a literatura rica sobre o tema, pois existe um

    leque de autores que abordam sobre a administrao dos recursos humanos entendida

    como gesto de pessoas, dentre os autores citam-se Araujo (2008), Gil (2007),

    Chiavenato (2006), Chiavenato (2000), Chiavenato (1999).

    A Administrao dos Recursos Humanos passou por um perodo evolutivo at ao

    estgio actual denominado Gesto de Pessoas. Embora na actualidade a maioria das

    organizaes mantm a nomenclatura de Departamento de Recursos Humanos, na

    verdade as actividades a ela adstritas so estritamente de Gesto de Pessoas, sem com

    isso afirmar que no hajam casos contrrios.

    No que se refere ao perodo de evoluo histrica da Administrao dos Recursos

    Humanos, Gil (2007, p. 18-23) distingue 5 perodos que a seguir se descrevem.

    O primeiro perodo corresponde a Administrao Cientifica surgida no inicio do

    sculo XX tendo como principais mentores Frederick W. Taylor (1856-1915), Henri

    Fayol e Henry Ford (1863-1947). O objectivo fundamental desse movimento era

    fundamentar cientificamente as actividades administrativas e substituio da

    improvisao e do empirismo.

    Assim, as contribuies dos autores acima citados para a administrao cientfica

    formam: a racionalizao do trabalho para a execuo de uma tarefa com menos tempo

    possvel e a revoluo mental dos empregados e empregadores com enfoque a

    coordenao para o aumento dos lucros (Taylorismo).

  • 16

    Por outro lado Fayol providenciou a Administrao Cientfica a Doutrina

    Administrativa que atribua aos subordinados uma capacidade tcnica que se exprimia

    nos princpios de conhecer, prever, organizar, comandar, coordenar e controlar

    Faylismo.

    Por seu turno Ford propugnava a reduo de custos atravs de produo em

    massa, a especializao do trabalho, a boa remunerao e menor jornada de trabalho

    objectivando desse modo o aumento da produtividade Taylorismo.

    O segundo perodo corresponde a Escola das Relaes Humanas1 tendo como

    gnese os estudos feitos pelo psiclogo Americano Elton Mayo (1890-1949). O

    movimento surge como constatao considerao dos factores psicolgicos e sociais a

    produtividade, passando-se por conseguinte a considerar ou valorizar factores humanos

    na produo, assim que temas como a comunicao, liderana, motivao, e tipos de

    superviso passaram a ser considerados na Administrao do Pessoal.

    O terceiro perodo denominado Relaes Industriais surge nos EUA depois da II

    Guerra Mundial (dcada 50 do sculo passado). Surge para contrapor as actividades de

    administrao dos recursos humanos que se caracterizavam por actividades rotineiras de

    orientao legalista e disciplinar, passando-se por conseguinte as organizaes a se

    preocuparem mais com condies de trabalho, a concesso de benefcios sociais a seus

    empregados, houve necessidade de negociar com os representantes dos empregados (o

    sindicalismo ganhou fora).

    O quarto perodo corresponde a Administrao de Recursos Humanos (ARH),

    surgida na dcada 60 do sculo XX, devendo-se sobretudo introduo de conceitos

    oriundos da Teoria Geral dos Sistemas2 Gesto de Pessoas.

    Assim a partir da dcada 50 do sculo acima referenciado, o conceito de sistemas

    passa a ser utilizado em cincias sociais como a administrao surgindo classificaes

    1Relaes humanas entendido como sendo o processo de integrao de indivduos numa situao de trabalho, de modo a fazer com que os trabalhadores colaborem com a empresa e at encontrem satisfao de suas necessidades sociais e psicolgicas.Invalid source specified.

    2A teoria geral dos sistemas tem origem nos estudos feitos pelo Bilogo Alemo Ludwing Von Bertalanffy (1901-1972). (Ibidem).

  • 17

    administravas em sistemas como: sistemas de produo, sistemas de comercializao,

    sistemas de recursos humanos entre outros.

    A esse respeito Gil (2007, p. 21) categrico ao afirmar que, o que caracterizava

    a Administrao do Recursos Humanos a adopo de um enfoque sistmico o que a

    priori aduz gesto sistema do pessoal em consonncia com os objectivos

    organizacionais.

    Finalmente o ltimo perodo corresponde a Gesto de Pessoas, surgido nos

    meados da dcada 80 do sculo XX como resultado das profundas mudanas conjunturais

    e estruturais ocorridas no mbito organizacional como a globalizao da economia,

    evoluo das comunicaes, desenvolvimento tecnolgico, entre outros. (Gil A. C., 2007,

    pp. 23-24)

    Questiona-se durante este perodo forma com que vinham sendo

    operacionalizadas as actividades ou Administrao dos Recursos Humanos nas

    Organizaes, questionando-se o tratamento dos recursos Humanos como Recursos para

    obter deles o mximo rendimento possvel, propondo-se que as mesmas sejam tratadas

    como parceiros ou colaboradores das organizaes, passando por conseguinte como

    fornecedoras de conhecimento, habilidades, capacidades e inteligncia Capital

    Intelectual das Organizaes.

    A esse respeito, da leitura da obra de Chiavenato (2006, p. 22), deduz-se que o

    contexto em que funciona a Administrao dos Recursos Humanos representado pelas

    organizaes que delas participam. Distarte esta acepo as organizaes sejam elas de

    diferentes tipologias so constitudas de pessoas e dependem delas para atingir seus

    objectivos e cumprir suas misses.

    No que concerne ao historial da administrao dos recursos humanos, os estudos

    feito pelo autor citado no pargrafo anterior difere do feito por Gil (2007) no que se

    refere aos perodos histricos identificados, a nomenclatura e os perodos cronolgicos a

    que correspondem.

    Assim, o autor em apreo distingue 4 perodos de evoluo da Administrao dos

    recursos Humanos: Relaes Industriais; Administrao de Pessoal; Administrao de

    Recursos Humanos e Administrao de pessoas. (Chiavenato, 2006, pp. 17-18)

  • 18

    Chiavenato assevera que a Administrao dos Recursos Humanos surgiu a partir

    do crescimento e da complexidade das tarefas das organizaes.

    O primeiro perodo da evoluo da ARH corresponde ao das Relaes Industriais,

    surgida no inicio do sculo XX, caracterizando-se como uma actividade mediadora,

    conciliadora entre organizaes e as pessoas no intuito reduzir os conflitos industriais

    pois os objectivos organizacionais e individuais eram divergentes e irreconciliveis.

    O que marca que marca o perodo em apreo que a organizao dissocia-se das

    pessoas, pois os objectivos organizacionais e individuais no encontravam nenhuma

    interseco, emergindo um rgo com a vocao de tentar aproximar ou reduzir os

    conflitos ou entre as organizaes e as pessoas chamado de Relaes industriais.

    Por volta da dcada 50 do sculo XX surgi o segundo perodo denominado

    Administrao de Pessoal, que cumulava para alm de resoluo de conflitos laborais

    administrao de pessoas de acordo com a legislao laboral vigente.

    A legislao por volta de 60 do sculo passado passa a no responder os desafios

    do momento, pois ela tornou-se esttica ou obsoleta, como corolrio desta situao os

    conflitos laborais crescem sem proporo. Neste perodo as pessoas passam a ser

    consideradas como recursos fundamentais para o xito das organizaes.

    Por volta do ano de 1970 surgi o conceito de Administrao dos Recursos

    Humanos, onde se considerava as pessoas como recursos das organizaes, recursos

    produtivos, passivos cujas actividades deveriam ser planejadas e controladas a partir das

    necessidades das organizaes.

    O perodo em anlise consagra que a administrao dos recursos humanos deveria

    ser centralizada, diferindo-se da gesto de pessoas actual onde ela descentralizada.

    Assim surge o quarto perodo denominado Administrao de Pessoas, onde as

    pessoas j no so tratadas como meros recursos organizacionais, mais sim constituem

    um activo fundamental que impulsiona a competitividade organizacional, onde os

    recursos humanos so tratados como parceiros ou colaboradores das organizaes.

    Outrossim, este novo conceito trata de ver as pessoas como diferentes entre si,

    como elementos vivos e como parceiros das organizaes. Enfatiza-se o enfoque

    sistmico na abordagem da Administrao dos Recursos Humanos, pois as

  • 19

    organizaes3so vistas como Sistemas Abertos, desdobrando-se em nveis como de

    comportamento social; nvel de comportamento organizacional e nvel de comportamento

    individual.

    Para a compreenso da gesto dos recursos humanos no sector pblico, necessrio

    se torna que se faa uma abordagem entre os modelos de administrao pblica e

    modelos de gesto dos recursos humanos, pois entre estes existe uma grande ligao,

    dentre os modelos destacam-se: o modelo tradicional, o modelo liberal e o modelo do

    novo servio pblico. (Marreiros, 2007, pp. 1-3)

    O modelo tradicional tambm conhecido como sendo do Estado empreendedor : Baseado no tipo ideal utilizado por Weber, distante da poltica, privilegiando leis e procedimentos administrativos a valores, prevalecendo a racionalidade do homem administrativo, em que posto em posies de tomada de decises este no maximiza, apenas satisfaz, j que apenas toma decises racionais quando dispe de um manancial de informao acerca da deciso que esta prestes a tomar, como exemplo, consequncias, dados de probabilidades, eventos futuros, alternativas disponveis.

    Com o exposto acima, o modelo baseia-se no princpio da racionalidade das

    decises a tomar, dispondo para o efeito de um conjunto de informao. O estudo

    demonstra que o modelo tende a determinar reformas no intuito de melhorar a eficincia

    e o fortalecimento institucional das organizaes e poderes pblicos e uma administrao

    pblica actuante.

    Por sua vez o modelo liberal, do Estado franqueador o virado para o mercado,

    liberal, regista-se o incremento da capacidade de deciso poltica do administrador, desde

    que esteja de acordo com as orientaes politico partidrias, no modelo prevalece a ideia

    do homem econmico, em que por motivos econmicos este devera ser motivado, sendo

    um animal passivo, a ser manipulado, motivado e controlado pela organizao. (vide o

    quadro 1).

    3O termo organizaes desenvolvido ao longo do trabalho refere-se ao sistema de actividade conscientemente coordenadas de duas ou mais pessoas de acordo com Chiavenato (2006) citando Barnard (1971.

    Uma organizao s existe quando h pessoas capazes de se comunicarem e que esto dispostas a contribuir com a aco conjunta a fim de alcanarem um objectivo comum.Invalid source specified..

  • 20

    Finalmente encontramos o modelo do novo servio publico, onde procura-se

    integrar os aspectos positivos dos modelos anteriormente descritos, promove-se no

    modelo o conceito de liderana participativa, onde se da preponderncia a questo da

    racionalidade estratgica. A gesto vem de parcerias entre o pblico-privado e um

    terceiro sector, simultaneamente apelando ao envolvimento dos funcionrios atravs da

    mstica do servio pblico. (ibid).

    O modelo tem como suporte as teorias da cidadania democrtica de Aristteles,

    modelos de comunidade e sociedade civil e modelos de humanismo organizacional, onde

    defense-se que os governos devem centrar a sua ateno nos cidados que so a razo da

    sua existncia, apregoa-se que os dirigentes e funcionrios so prestadores de servios,

    promovendo a ideia que, o governo somos ns. (ibid).

    Em sntese dos modelos anteriormente descritos apresenta-se um resumo, que

    consta no quadro 1.1.

    Quadro 1.1: os sistemas de administrao pblica

    Modelos Peculiaridades Tradicional (Estado Empreendedor)

    1. Verifica-se planeamento e coordenao central da implementao de polticas pblicas;

    2. Aumento da capacidade de implementao destas politica, a todos nveis de interveno do Estado;

    3. Ocupao de postos chaves por funcionrios altamente treinados; 4. nfase na mstica e capacidade dos servidos pblicos como incentivo a inovao; 5. Limitao da interveno politica, apenas no campo administrativo; 6. Responsabilidade da base ao topo e direco do topo base; 7. nfase no cidado como utente;

    Liberal (Estado Franqueador)

    1. Reduo do tamanho do Estado pela privatizao, outsourcing e voluntarismo; 2. Desregulamentao, forte liderana poltica do topo a base, lealdade extrema aos

    programas do governo; 3. Ocupao de cargos chave por pessoas comprometidas com a vida poltico

    partidria; 4. Aplicao de tcnicas de gesto por resultados ao nvel de execuo, por exemplo,

    a gesto por objectivos, prmios ou incentivos por produtividade; 5. Deciso tomada na base da anlise de custo/benefcio.

    Novo Servio Publico (Estado Parceiro)

    1. Servir os cidados e no clientes; 2. Procurar o interesse pblico; 3. Valorizar a cidadania e no a capacidade empreendedora; 4. Pensar estrategicamente e actuar democraticamente; 5. Cultura de prestao de contas; 6. Servir mais do que mandar; 7. Valorizar as pessoas no apenas a produtividade

    Fonte: baseado em Marreiros (2007, p. 1)

  • 21

    Como se disse em relao aos modelos de administrao pblica, tambm se faz

    necessrio que se olhe para os sistemas administrativos, pois estes tambm variaram em

    funo do tempo, caracterizando por conseguinte a administrao dos recursos humanos.

    Dentre os sistemas destaca-se o sistema administrativo tradicional, o sistema

    administrativo de tipo Britnico e o sistema administrativo do tipo Francs.

    No que tange ao primeiro sistema, o tradicional, vigorou no tempo da monarquia

    tradicional europeia, onde no se verificava a separao de poderes e nem to pouco

    havia Estado de Direito. Como afirma Amaral (2006, p. 92), () sobre um indivduo

    poderiam recair diferentes funes, poderia acumular jurisdies no s incompatveis,

    mais destruidoras umas das outras

    Na verdade, registou-se durante este perodo a indiferenciao das funes

    jurisdicional e administrativa, situao que conduzia para que num mesmo indivduo

    recassem as funes de jogador e rbitro, como se explica no quadro 2.

    Por outro lado, os particulares no tinham quaisquer meios de garantias face a

    actuao da administrao pblica, visto que no podiam queixar das ofensas cometidas

    pela administrao aos seus direitos ou interesses legtimos.

    Em contraposio e como forma de colmatar as imperfeies do modelo acima

    surge o sistema administrativo do tipo Britnico e o do tipo Francs.

    Como se distingue no quadro 1.2, assiste-se a separao de poderes ou seja sobre

    a mesma pessoa j no recaem funes conflituantes como acontecia no sistema

    anteriormente estudado, assiste-se a implantao do estado de direito, a descentralizao

    entre a administrao local e a central, regista-se a sujeio da administrao aos

    tribunais comuns, bem como a sua subordinao ao direito comum, o judicirio executa

    decises de ndole administrativa. Por outro lado neste perodo d-se inicio a implantao

    das garantias dos administrados.

    Por ltimo menciona-se o sistema administrativo do tipo Francs, onde destacam-

    se os seguintes aspectos que o diferenciam do sistema descrito no pargrafo anterior,

    assiste-se a centralizao, a sujeio da administrao aos tribunais administrativos, e a

    subordinao da administrao ao direito administrativo

  • 22

    Como questo prvia cabe recordar como se disse na parte introdutria, passe a

    redundncia, a anlise bibliografia das fontes bibliogrficas levantadas, respaldou que os

    estudiosos da rea de gesto dos recursos humanos abordavam-no tendo por referncia o

    sector privado, ou seja houve pouca ou subtil nfase ao tema Gesto de Recursos

    Humanos na Administrao Pblica4 no mundo em Geral e em Moambique em

    particular tambm se verifica a mesma situao, constituindo desde j uma dificuldade.

    Figura 1. 2: Os sistemas administrativos

    Sistemas administrativos

    Caractersticas

    Tradicional

    1. Indiferenciao das funes administrativas e jurisdicional e consequentemente, inexistncia de uma separao rigorosa entre os rgos do poder executivo e judicial.

    2. No subordinao da administrao pblica ao princpio de legalidades, consequentemente, insuficincia dos sistemas de garantias dos particulares face administrao;

    Britnico (administrao Judiciria)

    1. Separao de poderes; 2. Estado de Direito; 3. Descentralizao; 4. Sujeio da administrao pblica aos tribunais comuns; 5. Subordinao da administrao pblica ao direito comum; 6. Execuo judicial das decises administrativas; 7. Garantias jurdicas dos administrados;

    Francs (administrao executiva)

    1. Separao de poderes; 2. Estado de Direito; 3. Centralizao; 4. Sujeio da administrao pblica aos tribunais administrativos; 5. Subordinao da administrao pblica ao direito administrativo; 6. Privilgio da execuo prvia; 7. Garantias jurdicas dos administrados

    Fonte: baseado em Amaral (2006, p. 92)

    Por conseguinte existem artigos publicados na Internet, como os estudos de

    Ferreira, Gomes & Araujo (2008); Gemelli, Filippim (2010) e Ferreira, Gomes,

    BrandoJnior& Zago (2011), que permitem de certa forma produzir a fundamentao

    terica para a temtica ora pesquisada.

    4A esse respeito, Gemelli e Filippin (2010), afirmam que a falta de material, obras literais sobre a gesto de pessoas na esfera pblica um dos problemas enfrentados, pois a administrao pblica vem passando por mudanas, sendo imprescindvel proporcionar para que a organizao pessoas experientes, bem capacitadas e motivadas, que contribuam com os objectivos da organizao, alem de proporcionar ao cidado um atendimento de qualidade, com eficincia, eficcia e efectividade.

  • 23

    Ferreira, Gomes & Arajo (2008, p. 1) afirmam que o ambiente externo s

    empresas fez com que as mesmas repensassem e reprojetassem as suas estratgias de

    gesto objectivando alcanar um modelo de gesto que propiciasse ganho de eficincia e

    maior participao da sociedade na sua gesto.

    Apontam como causa desse novo modus operandi ou paradigmas emergentes

    globalizao da economia que fez com que as empresas adoptassem modelos que lhes

    catapultasse a ter vantagens competitivas com processos inovadores.

    Tal adopo no obedece a mesma velocidade no pblico e no privado, sendo

    mais lenta no primeiro e rpida no segundo, citando Mendes & Teixeira, os autores acima

    citados afirmam que nas ltimas dcadas do sculo XX a administrao dos servios

    pblicos abandonou sistemas baseados na hierarquia burocrtica, racionalista adaptando-

    se a sistema mais modernos e diversificados. (Ferreira, Gomes, & Arajo, 2008, p. 1).

    Na verdade o aspecto acima referenciado tem sido o que mais distingue esses dois

    tipos de administrao, pois na administrao pblica existe um excesso de burocracia.

    A esse respeito, parafraseando Gemelli e Filippin (2010, p. 153), o entorno

    empresarial mundial pressiona as administraes pblicas a buscar mecanismo de gesto

    que as permita atender aos cidados quando demandam pelos seus servios com

    eficincia, eficcia e efectividade.

    Em solo Moambicano a ttulo exemplificativo recente as reformas pblica

    objectivando eficincia, eficcia e efectividade, tais reformas comeam a ganhar corpo no

    ano 2000 quando foi lanada a primeira verso da reforma do sector pblico, o que atesta

    que a presso referida pelos autores acima, obrigou tambm o governo moambicano a

    encontrar mecanismos de gesto actuais, menos burocrtico e mais eficiente.

    Em algum momento desse embaamento terico se disse que, a administrao

    uma cincia recente datada desde o inicio do sculo XX quando Frederick W. Taylor

    props o modelo de gesto baseado no controle da produtividade atravs de processos

    produtivos.

    Foi assim que segundo Ferreira, Gomes e Araujo (2008, p. 2), a administrao foi

    aprofundada e agregada novos campos de estudo como Finanas, Contabilidade,

    Recursos Humanos, Marketing, Tecnologias de Informao e Comunicao, entre outros.

  • 24

    Para os autores acima, os estudos na rea dos recursos humanos comeam na

    dcada 20 do sculo passado, partindo das pesquisas feitas pela Hawthorne sob a gide de

    Elton Mayo e que culminaram com o que denomina hoje de relaes humanas.

    Nessa ordem de ideia, Gemelli e Filippin (2010, p. 161) advogam que a gesto

    de pessoas surgiu em razo da demanda de actividades para o cumprimento de leis

    trabalhistas e para adoptar medidas de controlo e principalmente as disciplinares

    Compreende-se pelo exposto pelas autoras do pargrafo antecedente que o

    controle e medidas disciplinares so a razo do nascimento da gesto de pessoas nas

    organizaes.

    Por seu turno, ao conceituar administrao das pessoas na esfera pblica Bergue

    apud Gemelli e Filippin (2010, p. 161) afirmam que () como todo o esforo orientado

    para o suprimento, a manuteno e o desenvolvimento das pessoas nas organizaes e

    conformidade com os ditames constitucionais e legais, e observadas as necessidades e

    condio do ambiente em que se inserem

    A natureza das organizaes pblicas e demais fazem com que a administrao

    dos recursos humanos no mbito pblico seja diferente do privado, consubstanciam a

    afirmao acima a finalidade, os meios de recrutamento do pessoal, a seleco, a

    contratao, a poltica de remunerao, os mtodos de avaliao de desempenho, alm de

    outros entre o privado e pblico.

    A ttulo exemplificativo quando uma organizao ou empresa privada contrata

    funcionrios para fazerem parte do seu quadro de pessoa, espera deles que consigam

    contribuir para aumentar os lucros, situao que no acontece com o pblico que contrata

    esperando que estes consigam aumentar os ndices de eficincia e eficcia que no so

    necessariamente objectivos lucrativos, mais sim de melhor prestao de servios a

    sociedade. (Ferreira, Gomes, & Arajo, 2008, p. 5)

    Os autores acima citam Olivier para referir que no sector pblico existe

    constrangimentos na hora de se adoptar as novas tcnicas de gesto, resultando por

    conseguinte uma demarcao entre a gesto ou administrao de pessoas no pblico e no

    privado em relao evoluo do mercado e s mudanas de paradigmas de recursos

  • 25

    humanos, pois no sector pblico a complexidade maior em razo da no existncia em

    grande maioria de departamentos estruturados voltados gesto de recursos humanos.

    Compulsados os estudos na rea de gesto de pessoas, compreende-se que a

    gesto de pessoas tanto no privado como no pblico no pode ser tratada como se fosse

    uma ilha das demais reas da organizao, ela deve envolver no apenas a parte

    burocrtica que lhe cabe, mais tambm para articular mecanismos de desenvolvimento e

    capacitao aos servidores, propiciando melhorias na qualidade de trabalho e no

    atendimento pblico.

    A gesto de pessoas envolve varias aces previamente planeadas das

    necessidades da organizao e das pessoas, o esforo deve ser direccionado as pessoas,

    resultando dai o conceito de gesto de pessoas.

    Para uma melhor compreenso da gesto de pessoas no sector pblico

    Moambicano, necessrio se torna que se produza uma resenha histrica sobre a

    administrao pblica Moambicana.

    Moambique foi um territrio sob a dominao colonial portuguesa cuja

    respectiva independncia foi proclamada a 25 de Junho de 1975.

    Portugal iniciou o processo de delimitao do territrio Moambicano apois a

    realizao da Conferncia de Berlim decorrida entre 15 de Novembro de 1884 26 de

    Fevereiro de 1885. Apois este perodo tiveram lugar conversaes entre Portugal e demais potncias coloniais interessadas na colonizao do continente africano as quais s terminaram a 29 de Julho de 1869 com a delimitao das actuais fronteiras de Moambique iniciando desta forma a ocupao efectiva do territrio sob a forma de colnia. (Longamane, 2008, p. 3).

    Assinala o autor acima referido que Moambique adoptou depois da delimitao

    das fronteiras duas estruturas do pas colonizador, a administrativa colonial e a estrutura

    de administrao colonial.

    Em todas as fases o governo colonial Portugus caracterizou-se por ser

    centralizador no processo decisrio e as relaes com as designadas provncias

    ultramarinas eram estabelecidas atravs do Ministrio das Colnias e mais tarde

    Ministrio do Ultramar.

  • 26

    Influenciaram a administrao pblica em Moambique at a independncia,

    quatro fases da administrao Portuguesa nomeadamente a administrao monrquica

    tradicional, a administrao liberal, a administrao corporativa, e a administrao social

    e corporativa que se encontram explicados no quadro 1.3 abaixo.

    Quadro 1.3: Os sistemas administrativos adoptados por Moambique antes da independncia.

    Perodo Sistema de administrao/fases

    Caractersticas

    At 1820 Administrao monrquica tradicional

    Indiferena entre administrao e justia; Concentrao de poder no monarca (administrao e justia); Administrao pblica centralizada; Fraca interveno da administrao na vida econmica, cultural e social.

    1820 1926 Administrao Liberal Separao entre a administrao e a justia; Refora-se as garantias dos cidados; Deu-se nfase a descentralizao da administrao pblica. O estado se abstm em matrias econmicas, culturais e sociais

    1926 1974 Administrao corporativa Separao entre a administrao e a justia; Refora-se a administrao central em vez da municipal; O estado intervm em matrias econmicas, culturais e sociais Diminuio das garantias dos particulares em todas as matrias, por motivos lgicos, polticos e econmicos; Incrementa-se o autoritarismo poltico; Deu-se primazia a centralizao da administrao pblica

    Depois de 25 de Abril de 1974

    Administrao social e econmica

    Separao das funes administrativas e jurisdicionais; Reforo da administrao local; Incremento do poder intervencionista do Estado; Restabelece-se os direitos, liberdades e garantias dos cidados na constituio Incrementa-se a descentralizao da administrao pblica

    Fonte: Baseado em Longamane (2008, pp. 3-4)

    Depois da independncia, a administrao pblica passou por um perodo de

    reformas que vo desde a aprovao da primeira constituio de 1975 2004.

  • 27

    Propugnava a constituio de 1975, Moambique como um Estado de

    Democracia Popular, onde o Poder pertencia aos operrios e camponeses unidos e

    dirigidos pela FRELIMO5.

    O Artigo 4 estabelecia que a nova administrao pblica a instalar tinha por

    objectivos a eliminao das estruturas de opresso e explorao coloniais e tradicionais

    e da mentalidade que lhes est subjacente

    Como afirma Longamane (2008, p. 5), A administrao pblica devia ser um

    instrumento para a destruio de todos os vestgios do colonialismo e do imperialismo,

    para a eliminao do sistema de explorao do homem pelo homem, e para a edificao

    da base poltica, material, ideolgica, cultural e social da nova sociedade.

    O perodo caracterizou-se por recursos humanos pouco ou nada qualificados,

    visto que a forca laboral do momento era constitudo por Portugueses que regressaram a

    metrpole. Neste perodo a administrao caracterizou-se por ser centralizadora e

    democrtica.

    Outrossim, com a proclamao da independncia, em 25 de Junho de 1975 e a

    adopo do modelo socialista, a administrao pblica teve adaptar para responder os

    requerimentos de um sector administrativo que se enquadrasse aos interesses nacionais

    no quadro do cumprimento dos objectivos de desenvolvimento e para o cumprimento das

    Directivas Econmicas e Sociais do III Congresso da Frelimo, realizado em Fevereiro de

    1977. (Longamane, 2008, p. 8).

    Por outro lado, a constituio de 1990, veio consagrar muitas das mudanas

    polticas e econmicas at a experimentadas, nomeadamente o abandono do sistema de

    economia centralmente planificado e a introduo do pluralismo poltico e da economia

    do mercado em Moambique (Longamane, 2008, p. 9)

    neste desenvoltura que emerge a Estratgia Global da Reforma do Sector

    Publico, como resposta a baixa qualificao profissional dos funcionrios pblicos, a

    fraca capacidade de gesto de polticas pblicas, recursos humanos, financeiros,

    materiais, a excessiva burocracia, a morosidade nos procedimentos de licenciamento

    comercial e industrial, a falta de mecanismos para garantir a fora e efectividade dos 5FRELIMO sigla do partido no poder em Moambique correspondente a Frente de Libertao de Moambique

  • 28

    contratos e a falta de mecanismos de garantia de transparncia e prestao de contas e a

    existncia de corrupo.

    Neste perodo, houve muitas reformas entre as quais a introduo do

    multipartidarismo, a introduo das autarquias locais. O perodo caracterizou-se por uma

    administrao pblica dupla pois, por fora do acordo geral de paz derivado de 16 anos

    de guerra civil, as zonas sob o controle da Renamo6 deveriam ser administrados por

    funcionrios nomeados pelo governo e sob indicao desta, neste perodo Moambique

    caminhou para a materializao do Estado de Direito.

    Contudo com a aprovao da constituio de 2004 que a administrao pblica

    sofre grandes reformas, servindo o interesse pblico e respeitando na sua actuao

    direitos e liberdades dos cidados, obedecendo a constituio, a lei e actuam com

    princpios de igualdade e imparcialidade. a administrao pblica estrutura-se com base

    no princpio da descentralizao e desconcentrao, promovendo-se a modernizao e

    eficincia dos seus servio artigo 250 da Constituio da Republica de Moambique.

    Durante este perodo, fortalece-se a consolidao do Estado de Direito, a

    separao dos poderes, a legalidade dos actos administrativos, a garantia dos particulares

    em relao a administrao pblica entre outros.

    No que tange ao acesso funo pblica, estabelece o artigo 251 que a

    Constituio da Repblica aprovada em 2004, o acesso Funo Pblica e a Progresso

    nas Carreiras Profissionais no podem ser prejudicados em razo da cor, raa, sexo,

    religio, origem tnica ou social ou opo poltico-partidria e obedece estritamente aos

    requisitos de mrito e capacidade dos interessados.

    Outrossim no que se refere ao ingresso estatui o Lei 14/2009 de 17 de Maro, lei

    que aprova o Estatuto Geral do Funcionrios e Agentes do Estado que o ingresso por

    concurso, podendo existir nomeaes para cargos de direco e chefia a funcionrios

    exteriores a instituies quando no haja nesta, funcionrios com requisitos exigidos.

    6Sigla correspondente a Resistncia nacional Moambicana, partido politico outrora resistncia que lutou 16 anos com o Governo de Moambique liderado pela Frelimo.

  • 29

    CAPITULO 2 GESTO ESTRATGICA DE PESSOAS

    No presente capitulo, pretende-se abordar a temtica do comprometimento e

    clima organizacional, a relao entre o clima organizacional e a gesto de pessoas e a

    gesto estratgica de pessoas numa abordagem sinrgica.

    No primeiro ponto aflora-se a relevncia da existncia de um clima

    organizacional sadio dentro da organizao para que haja uma gesto estratgica de

    pessoas, pois se entende que a sua existncia consubstancia num passo para que haja

    comprometimento dentro da instituio e consequentemente cumprimento dos objectivos

    organizacionais.

    No segundo alude-se a pertinncia do clima organizacional na gesto de pessoas,

    com os argumentos acima referidos. No terceiro faz-se meno ao comprometimento

    organizacional, tendo em ateno que um dos constituintes para que a gesto de pessoas

    seja eficaz.

    No terceiro e ltimo aborda-se a gesto de pessoas numa perspectiva estratgica

    dentro da organizao.

    2.1. Comprometimento e o clima organizacional

    As pessoas so seres sociais, que no vivem isoladamente ou seja, as pessoas

    esto em contnua interaco umas com outras, caracterizando-se, fundamentalmente, por

    um envolvimento mtuo, uma influncia de atitudes e comportamentos e uma cooperao

    na busca e alcance de objectivos comuns ou individuais.

    desta interaco que surgem as organizaes. Umas comeam em pequenos

    ncleos e vo ganhando corpo com o passar do tempo, em funo das contribuies e

    objectivos estabelecidos.

    Por organizao, entende-se como sendo a coordenao de diferentes actividades

    de contribuintes individuais com a finalidade de efectuar transaces planejadas com o

  • 30

    ambiente. Tambm entendida como sendo o sistema de actividades conscientemente

    coordenadas de duas ou mais pessoas. (Chiavenato, 2006, p. 22).

    Deduz-se da acepo acima, que condio sine qua non, para a existncia da

    organizao, a cooperao entre as pessoas que fazem parte da organizao, afirmando-se

    por conseguinte que uma organizao s existe quando, existem pessoas capazes de se

    comunicar e que, esto dispostas a contribuir com aco conjunta, objectivando alcanar

    objectivo comum.

    Todavia, existe uma relao entre o comprometimento e o clima organizacional

    com a gesto de pessoas nas organizaes, assim o administrador de pessoas dever ter a

    lucidez de discernir dentro da organizao rudos de relacionamento entre os funcionrios

    que podero afectar o nvel de comprometimento, visando assegurar melhor clima

    possvel e desenvolvimento do trabalho sem sobressaltos.

    A esse respeito, assegura Guimares (2001, p.22) que o comprometimento

    constitui fonte de vantagens competitivas em tempos de concorrncias. Surgindo o

    comprometimento entre o canal de ligao entre o individuo e a instituio.

    Prazeres (1996) define comprometimento como o envolvimento efectivo de uma

    empresa, atravs de seus representantes de mais alto nvel e de todos os funcionrios nos

    esforos de aperfeioamento da qualidade em toda a sua extenso; e como envolvimento

    definitivo dos funcionrios nos esforos de melhoria contnua da qualidade e nos

    resultados da organizao para a qual trabalham.

    Para Bennis (1996, P.6) clima significa um conjunto de valores ou atitudes que

    afectam a maneira pelas quais as pessoas se relacionam umas com outras, tais como

    sinceridade, padres de autoridade, relaes sociais, etc.

    Fica claro desde logo que o clima organizacional instalado na organizao

    determinar o nvel de comprometimento ao trabalho, constituindo, por conseguinte passe

    a repetio um desafio aos gestores de pessoas manuteno de um clima saudvel na

  • 31

    organizao. Portanto, comprometer-se significa assumir uma responsabilidade ou

    compromisso com algum, com um grupo ou com uma organizao.

    Por outro lado, o clima sadio nas organizaes se afigura importante para elas,

    pois proporcionam a satisfao das necessidades pessoais dos colaboradores ou

    funcionrios, produzindo, por conseguinte o incremento da moral interna que muito

    importante para o alcance dos objectivos organizacionais. Por outro lado ela malfica se

    proporcionar frustrao das necessidades dos colaboradores como se explica no quadro

    2.1 abaixo.

    Quadro 2.1: Relao entre cultura organizacional e objectivos organizacionais

    Clima organizacional desfavorvel

    Clima organizacional favorvel

    Dificuldade no cumprimento dos objectivos organizacionais

    Facilidade no cumprimento dos objectivos organizacionais

    Frustrao das necessidades dos colaboradores

    Satisfao das necessidades dos colaboradores, elevao da moral

    Fonte: Baseado em (Chiavenato, 2006, p. 75).

    Assim a liderana dever ter o discernimento necessrio em manter e dedicar todo

    esforo no sentido de manter o clima organizacional favorvel com base na satisfao das

    necessidades dos seus colaboradores, sob pena de hipotecar o cumprimento dos seus

    objectivos organizacionais

    Os objectivos organizacionais so alcanados pelas organizaes usando pessoas,

    dai e dependem delas para o alcance dos seus objectivos, por outro lado os objectivos

    individuais so alcanados pelos funcionrios nas organizaes, existindo assim uma

    relao de mtua dependncia.

    Todavia o facto de as instituies possurem pessoas no seu quadro de pessoal,

    por si s no o garante o sucesso organizacional, pois se faz necessrio que haja

  • 32

    comprometimento das pessoas dentro da organizao. Por conseguinte, o grande desafio

    que se coloca a frente dos gestores de pessoas fazer com que haja comprometimento

    das pessoas.

    Nesta ordem de ideia, o comprometimento emerge como substrato de ligao

    entre indivduo e organizao, em situaes de problemas do pessoal como crises de

    motivao, insatisfao, absentesmo entre outros, pois os programas de produtividade e

    de qualidade estaro condenados ao fracasso se a organizao estiver desprovida de

    pessoal dedicado ao trabalho e organizao.

    Assim a cultura organizacional instalada na instituio, determinar o

    comportamento destes. A esse respeito, Oliveira (1998), apud Dinis (2001, p. 22) afirma

    que o comprometimento organizacional ocorre quando o indivduo se identifica com a

    organizao, deseja continuar membro dela e busca facilitar a consecuo de seus

    objectivos.

    O comprometimento corporativo estudado sob 5 perspectivas a saber. (Diniz,

    2001, pp. 26-28)

    1. Sociolgico: refere-se relao de autoridade e de subordinao. O comprometimento do trabalhador se expressa no interesse em permanecer no actual emprego porque percebe a legitimidade da relao autoridade/subordinao.

    2. Normativo: internalizao pelas pessoas de presses normativas de comportamento.

    3. Comportamental: manuteno de determinadas condutas e de coerncia entre seu comportamento e as suas atitudes. O comprometimento pode ser equiparado com sentimentos de auto-responsabilidade por um determinado ato, especialmente se eles so percebidos como livremente escolhidos, pblicos e irrevogveis.

    4. Calculativo ou instrumental: comprometimento associa-se funo das recompensas e dos custos pessoais, vincula-se condio de ser ou no membro da organizao, nesta ordem de ideia, comprometimento seria produto de um mecanismo psicossocial de trocas e de expectativas entre o indivduo e a organizao, em aspectos como salrio, status e liberdade.

    5. Afectivo, tambm chamado atidudinal: desejando manter-se como membro, o individuo se identifica com a organizao e seus objectivos, associa-se a ideia de desejo contribuir, de lealdade e de orgulho de pertena a uma organizao.

  • 33

    Assim, atendendo e considerando que a gesto de pessoas concilia os objectivos

    pessoais e organizacionais com enfoque humano nessa relao, necessrio se torna que se

    faca todo o esforo conducente para que haja comprometimento na organizao.

    Como afirma Chiavenato (2006, p. 74) o clima organizacional encontra-se

    estritamente relacionado com o grau de motivao dos seus participantes, quando h

    elevada motivao entre os membros da organizao, o clima se eleva, traduzindo-se em

    relaes de satisfao, animao, interesse e colaborao

    Por outro lado segundo parafraseando o auto