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FÁBIO GABRIEL DE OLIVEIRA ESTUDO DE INSTALAÇÕES DE LINHAS SUBTERRÂNEAS DE ALTA TENSÃO COM RELAÇÃO A CAMPOS MAGNÉTICOS São Paulo 2010

Dissertacao Fabio Gabriel Oliveira

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Trabalho do Fabio Gabriel

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  • FBIO GABRIEL DE OLIVEIRA

    ESTUDO DE INSTALAES DE LINHAS SUBTERRNEAS DE ALTATENSO COM RELAO A CAMPOS MAGNTICOS

    So Paulo2010

  • FBIO GABRIEL DE OLIVEIRA

    ESTUDO DE INSTALAES DE LINHAS SUBTERRNEAS DE ALTATENSO COM RELAO A CAMPOS MAGNTICOS

    Dissertao apresentada EscolaPolitcnica da Universidade de So Paulopara obteno do ttulo de Mestre emEngenharia

    So Paulo2010

  • FBIO GABRIEL DE OLIVEIRA

    ESTUDO DE INSTALAES DE LINHAS SUBTERRNEAS DE ALTATENSO COM RELAO A CAMPOS MAGNTICOS

    Dissertao apresentada EscolaPolitcnica da Universidade de So Paulopara obteno do ttulo de Mestre emEngenharia

    rea de concentrao:Sistemas de Potncia

    Orientador:Prof. Dr. Jos Roberto Cardoso

    So Paulo2010

  • Este exemplar foi revisado e alterado em relao verso original, sobresponsabilidade nica do autor e com a anuncia de seu orientador.

    So Paulo, de agosto de 2010.

    Assinatura do autor ____________________________

    Assinatura do orientador _______________________

    FICHA CATALOGRFICA

    Oliveira, Fbio Gabriel deEstudo de instalaes de linhas subterrneas de alta tenso

    com relao a campos magnticos / F.G. de Oliveira. -- ed.rev. --So Paulo, 2010.

    p.

    Dissertao (Mestrado) - Escola Politcnica da Universidadede So Paulo. Departamento de Engenharia de Energia e Auto-mao Eltricas.

    1. Linhas subterrneas de transmisso de energia eltrica2. Cabos eltricos 3. Campo magntico I. Universidade de SoPaulo. Escola Politcnica. Departamento de Engenharia deEnergia e Automao Eltricas II. t.

  • iDEDICATRIA

    Dedico este trabalho minha famlia.

  • ii

    AGRADECIMENTOS

    Ao Prof. Dr. Jos Roberto Cardoso, pela orientao e sugestes na conduo desta

    pesquisa. Agradeo-lhe pela confiana e pela oportunidade de realizar este trabalho.

    Ao Dr. Mario Leite Pereira Filho, pelo interesse, pelas sugestes e pelo auxlio na

    realizao da parte prtica deste trabalho. Agradeo-lhe pelas orientaes e

    recursos disponibilizados para a medio de campo magntico das linhas

    subterrneas.

    Ao Eng. Alosio Jos de Oliveira Lima, por compartilhar seus amplos conhecimentos

    sobre sistemas subterrneos, os quais foram imprescindveis para o

    desenvolvimento deste trabalho. Agradeo-lhe tambm pela pacincia, pelo

    desprendimento ao compartilhar sua experincia, pelos incentivos e, sobretudo, por

    sua amizade.

    Eng. Simone Moreira Dias, pela sua valiosa ajuda durante a campanha de

    medio de campo magntico das linhas subterrneas. Agradeo-lhe tambm pela

    sua dedicao, pacincia, carinho e companheirismo durante todas as etapas de

    desenvolvimento deste trabalho.

    Prysmian Energia Cabos e Sistemas do Brasil SA, por disponibilizar todos os

    recursos necessrios para a realizao deste trabalho. Agradeo especialmente ao

    Eng. Carlos Alberto Ferreira Godinho e ao Eng. Woong Jin Lee, no s pelo

    incentivo, mas tambm, pela compreenso e tolerncia em nossas atividades

    conjuntas no setor de Engenharia de Projetos da Prysmian.

    AES Eletropaulo, por contribuir para a parte experimental deste trabalho. Agradeo

    especialmente aos funcionrios Jos de Melo Camargo e Gilmar Cesar Domingues

    Filho, no s pela ateno prestada ao disponibilizar os valores das correntes das

    linhas subterrneas de concesso da AES Eletropaulo, como tambm, pelo auxlio

    nas medies.

    ISA CTEEP, por disponibilizar os valores das correntes da linha subterrnea de

    sua concesso. Agradeo especialmente aos funcionrios Carlos Augusto Pascon,

    Samuel Elias de Souza e Luiz Adriano dos Santos Filho, pela ateno e pelo auxlio

    durante a campanha de medio de campo magntico.

  • iii

    Eng. Carla Damasceno Peixoto, pela ateno e contribuio parte experimental

    deste trabalho, ao disponibilizar os valores das correntes e da medio do campo

    magntico realizada na linha subterrnea de concesso da LIGHT.

    Ao grupo de trabalho B1 do Cigr Brasil, especialmente ao Eng. Jlio Csar Ramos

    Lopes e ao Eng. Eduardo Karabolad Filho, pela troca de informaes valiosas para o

    desenvolvimento deste trabalho.

    Aos colegas Giuseppe Marco Di Marzo, Ricardo Bechara e Katheryne Nuez pelo

    convvio sempre amigvel e pela troca de experincias durante o programa de

    mestrado.

    Finalmente, agradeo a meus familiares, por haverem me proporcionado todos os

    meios necessrios para que este trabalho pudesse ser desenvolvido.

  • iv

    No estamos na obra do mundo para

    aniquilar o que imperfeito, mas para

    completar o que se encontra inacabado.

    (Emmanuel)

  • vRESUMO

    Atualmente, a intensidade de campo eltrico, campo magntico e campo

    eletromagntico um fator determinante no s para a implantao de novas

    instalaes, mas tambm, para as instalaes existentes no sistema eltrico. Apesar

    de no existir nenhum estudo conclusivo que comprove a evidncia direta entre a

    exposio a estes campos e os efeitos nocivos na sade das pessoas, muitos

    pases, inclusive o Brasil, definiram em suas legislaes limites bsicos exposio

    de campos eltrico e magntico provenientes dos sistemas eltricos.

    Este trabalho tem como objetivo contribuir para anlise de campo magntico de

    linhas subterrneas de alta tenso existentes ou linhas em fase inicial de projeto,

    visando atender os limites de exposio vigentes na legislao local.

    Nele apresentada a metodologia de clculo de campo magntico baseada na Lei

    de Biot-Savart e no princpio da superposio. Estudos analticos para verificao da

    influncia dos parmetros de instalao e eltricos de linhas sobre o campo

    magntico so apresentados para linhas subterrneas de alta tenso compostas por

    um e dois circuitos com diferentes tipos de instalao e aterramentos.

    Comparaes entre valores analticos e valores de medies de campo magntico

    de linhas subterrneas de alta tenso existentes em operao tambm so

    abordadas neste trabalho.

    As principais tcnicas de mitigao de campo magntico utilizadas em linhas

    subterrneas de alta tenso, tais como tcnicas de compensao envolvendo laos

    de cabos e tcnicas de blindagens com materiais metlicos externos aos cabos,

    tambm so apresentadas.

    Devido ao campo eltrico externo ao cabo isolado ser praticamente zero, assuntos

    referentes a este campo no so abordados neste trabalho. Por simplicidade, campo

    magntico refere-se densidade de fluxo magntico neste documento.

    Palavras-chave: Linhas subterrneas de transmisso de energia eltrica. Cabos

    eltricos. Campo magntico.

  • vi

    ABSTRACT

    Nowadays, the intensity of electric field, magnetic field and electromagnetic field is a

    determining factor, not only for implantation of new installations, but also for existing

    installations in the power system. Although no exist conclusive study that proves the

    direct evidence between exposure to these fields and adverse effects on human

    health, many countries, including Brazil, have defined in their laws basic limits for

    exposure to electric and magnetic fields produced by the electric system.

    This work aims to contribute to analysis of magnetic field for both existing high

    voltage underground lines and lines in initial stage of project, aiming the actual

    exposure limits of the local legislation.

    In it, is shown the magnetic field calculation methodology based on the Biot-Savarts

    law and the superposition principle. Analytical studies to verify the influence of

    installation and electrical parameters of lines on the magnetic field are presented for

    high voltage underground lines consist of one and two circuits with different types of

    installation and earthing.

    Comparisons between analytical and measurement values of magnetic field of

    existing high voltage underground lines in operation are also addressed in this work.

    The main mitigation techniques of magnetic field used in high voltage underground

    lines, such as compensation techniques by loop of cables and shielding by metallic

    materials, are also presented.

    Due the electric field outside the insulated cable be practically zero, issues related to

    the electric field are not addressed in this work. For simplicity, the magnetic field

    refers to the magnetic flux density in this document.

    Keywords: Underground electrical power transmission lines. Electric cables.

    Magnetic field.

  • vii

    LISTA DE ILUSTRAES

    Figura 1 Elementos construtivos de um cabo extrudado para tenses superiores a

    35 kV ...........................................................................................................................6

    Figura 2 Esquema de aterramento pelo mtodo both ends bonding ...................10

    Figura 3 Esquema de aterramento pelo mtodo cross-bonding ..........................11

    Figura 4 Esquema de aterramento pelo mtodo single-point bonding.................12

    Figura 5 Disposio plana horizontal para um circuito e para dois circuitos ..........14

    Figura 6 Disposio plana vertical para um circuito e para dois circuitos ..............15

    Figura 7 Disposio triangular para um circuito e para dois circuitos.....................16

    Figura 8 Fluxograma de clculo do campo magntico em funo do tipo de

    aterramento da linha .................................................................................................31

    Figura 9 Distribuio do campo magntico para um circuito com disposio plana

    horizontal...................................................................................................................34

    Figura 10 Distribuio do campo magntico para um circuito com disposio plana

    vertical .......................................................................................................................35

    Figura 11 Distribuio do campo magntico para um circuito com disposio

    triangular ...................................................................................................................36

    Figura 12 Distribuio do campo magntico para dois circuitos com disposio

    plana horizontal .........................................................................................................37

    Figura 13 Distribuio do campo magntico para dois circuitos com disposio

    plana vertical .............................................................................................................38

    Figura 14 Distribuio do campo magntico para dois circuitos com disposio

    triangular ...................................................................................................................39

    Figura 15 Medio de campo magntico na superfcie ..........................................41

    Figura 16 Equipamento de medio de campo magntico ....................................42

    Figura 17 Caso real 1 Caractersticas geomtricas da linha e localizao dos

    pontos de medio ....................................................................................................43

    Figura 18 Comparao grfica entre valores calculados e valores de medio de

    campo magntico para o caso real 1 ........................................................................44

  • viii

    Figura 19 Caso real 2 Caractersticas geomtricas da linha e localizao dos

    pontos de medio ....................................................................................................45

    Figura 20 Comparao grfica entre valores calculados e valores de medio de

    campo magntico para o caso real 2 ........................................................................46

    Figura 21 Caso real 3 Caractersticas geomtricas da linha e localizao dos

    pontos de medio ....................................................................................................47

    Figura 22 Comparao grfica entre valores calculados e valores de medio de

    campo magntico para o caso real 3 ........................................................................48

    Figura 23 Caso real 4 Caractersticas geomtricas da linha e localizao dos

    pontos de medio ....................................................................................................49

    Figura 24 Comparao grfica entre valores calculados e valores de medio de

    campo magntico para o caso real 4 ........................................................................50

    Figura 25 Compensao passiva de campo magntico.........................................52

    Figura 26 Exemplos de posicionamento de laos para linhas compostas por

    circuito com disposio triangular e disposio plana horizontal. .............................53

    Figura 27 Compensao ativa de campo magntico. ............................................54

    Figura 28 Caixa de emendas com a posio dos laos de compensao. ............56

    Figura 29 Perfil do campo magntico eficaz ao longo do eixo transversal dos

    cabos, incluindo a caixa de emendas com os laos passivos...................................57

    Figura 30 Linhas de campo numa placa de material magntico sobre influncia de

    uma fonte de campo magntico (bobina) ..................................................................58

    Figura 31 Distribuio de linhas de campo magntico na presena de blindagens

    ferromagnticas. (a) blindagem com geometria fechada e fonte externa. ....................

    (b) blindagem com geometria aberta.........................................................................59

    Figura 32 Detalhes de blindagem ferromagntica constituda por tubos. (a) Seco

    transversal do tubo. (b) Perfil longitudinal com detalhe do contato entre tubos. .......60

    Figura 33 Detalhes de blindagem ferromagntica constituda por raceway.

    (a) Seco transversal do raceway. (b) Perfil longitudinal com detalhe do contato

    entre raceways e tampa..........................................................................................62

    Figura 34 Arranjo composto por circuito instalado em plano vertical blindado com

    placas planas ferromagnticas. (a) Seco transversal. (b) Perfil longitudinal. ........64

    Figura 35 Arranjo composto por circuito instalado em plano horizontal blindado

    com placas na forma de U invertido.(a) Seco transversal.(b) Perfil longitudinal 65

  • ix

    Figura 36 Tcnica de blindagem ferromagntica constituda por raceway.

    (a) Seco transversal do raceway. (b) Instalao do raceway. .............................68

    Figura 37 Perfil do campo magntico eficaz ao longo do eixo transversal da linha,

    considerando-se a ausncia e a presena da blindagem ferromagntica constituda

    por raceway. ...........................................................................................................69

    Figura 38 Distribuio de linhas de campo magntico na presena de blindagens

    condutivas. ................................................................................................................70

    Figura 39 Arranjo composto por circuito instalado em plano horizontal e blindado

    com placas planas condutivas. (a) Seo transversal. (b) Perfil longitudinal. ...........72

    Figura 40 Arranjo composto por circuito instalado em plano horizontal blindado

    com placas condutivas na forma de U invertido. (a) Seco transversal. (b) Perfil

    longitudinal. ...............................................................................................................74

    Figura 41 Arranjo composto por circuito instalado em plano horizontal blindado

    com placas na forma de H. (a) Seco transversal. (b) Representao em planta.76

    Figura 42 Tcnica de blindagem condutiva com geometria H. (a) Seco

    transversal da instalao. (b) Instalao das placas de alumnio..............................78

    Figura 43 Resultados de medies de campo magntico na superfcie e a 1 m

    acima, com e sem presena da blindagem condutiva de geometria H. ..................79

    Figura 44 Sistema de transmisso aterrado em ambas extremidades...................87

    Figura 45 Campo magntico gerado por um filamento condutor infinitamente

    longo .........................................................................................................................91

    Figura 46 Esquema de sistema subterrneo para clculo do campo magntico ...91

    Figura 47 Diagrama vetorial para o clculo do campo magntico mximo ............93

    Figura 48 Exemplo de clculo 1 Um circuito com disposio triangular e

    aterramento both ends bonding ..............................................................................98

    Figura 49 Exemplo de clculo 2 Dois circuitos com disposio plana vertical e

    aterramento cross-bonding ...................................................................................103

    Figura 50 Curva campo magntico versus resistividade eltrica do solo .............106

    Figura 51 Curva campo magntico versus resistncia eltrica CA da blindagem

    metlica do cabo .....................................................................................................107

    Figura 52 Curva de magnetizao de materiais ferromagnticos normalmente

    empregados em blindagens para mitigao do campo magntico..........................108

  • xLISTA DE TABELAS

    Tabela 1 Limites de exposio aos campos eltrico e magntico para linhas de

    transmisso definidos pela ICNIRP.............................................................................3

    Tabela 2 Limites de exposio aos campos eltrico e magntico para linhas de

    transmisso definidos pela Portaria N 80 da SVMA - SP...........................................4

    Tabela 3 Valores de medio e valores calculados de campo magntico para o

    caso real 1.................................................................................................................43

    Tabela 4 Valores de medio e valores calculados de campo magntico para o

    caso real 2.................................................................................................................45

    Tabela 5 Valores de medio e valores calculados de campo magntico para o

    caso real 3.................................................................................................................47

    Tabela 6 Valores de medio e valores calculados de campo magntico para o

    caso real 4.................................................................................................................49

    Tabela 7 Propriedades magnticas dos materiais ferromagnticos utilizados como

    blindagens...............................................................................................................109

    Tabela 8 Condutividade eltrica de alguns materiais ferromagnticos ................109

    Tabela 9 Condutividade eltrica dos principais materiais condutivos...................111

  • xi

    LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    EPR Borracha etilenopropileno

    FEM Fora eletromotriz

    ICNIRP International Commission on Non-Ionizing Radiation Protection

    LTA Linhas de Transmisso Areas

    LSAT Linhas Subterrneas de Alta Tenso

    OMS Organizao Mundial da Sade

    PEAD Polietileno de alta densidade

    PEMD Polietileno de mdia densidade

    PVC Cloreto de polivinila

    SVMA Secretaria do Verde e do Meio Ambiente

    XLPE Polietileno reticulado

  • xii

    LISTA DE SMBOLOS

    B densidade de fluxo magntico, em [T]

    B vetor complexo associado ao campo magntico, em [T]

    B mdulo do vetor B , em [T]

    efB valor do campo magntico eficaz, em [T]

    maxB valor mximo do campo magntico, em [T]

    minB valor mnimo do campo magntico, em [T]

    nB vetor complexo associado ao campo magntico gerado pelo cabo n,

    em [T]

    nynx BB , vetores complexos associados s componentes de nB nas direes x

    e y respectivamente, em [T]

    yx BB , vetores complexos associados resultante do campo magntico nas

    direes x e y respectivamente, em [T]

    yixi B,B vetores complexos associados s projees de xB e yB no eixo

    imaginrio j, em [T]

    yixi BB , valores das componentes imaginrias dos vetores xiB e yiB

    respectivamente, em [T]

    yrxr B,B vetores complexos associados s projees de xB e yB nos eixos x e

    y respectivamente, em [T]

  • xiii

    yrxr BB , valores das componentes reais dos vetores xrB e yrB

    respectivamente, em [T]

    d profundidade de instalao da fase mais prxima da superfcie, em [m]

    mn dd , profundidade dos cabos n e m, em [m]

    nmD distncia entre os centros dos cabos "n" e "m", em [m]

    D distncia equivalente de retorno pelo solo, em [m]

    e constante matemtica

    nE vetor complexo associado a tenso induzida na blindagem metlica do

    cabo "n", em [V/km]

    f frequncia do sistema, em [Hz]

    g distncia entre circuitos, em [m]

    H intensidade do campo magntico, em [A/m]

    h altura do ponto de interesse em relao superfcie do solo, em [m]

    I vetor complexo associado a corrente resultante que gera campomagntico, em [A]

    cI valor nominal da corrente do condutor do cabo, em [A]

    cnI vetor complexo associado a corrente do condutor do cabo "n", em [A]

    bnI vetor complexo associado a corrente induzida na blindagem metlica

    do cabo "n", em [A]

    nI vetor complexo associado a corrente do cabo "n" que gera campo

    magntico, em [A]

  • xiv

    j unidade imaginria [j = 1 ]

    M coeficiente para clculo de t

    r distncia radial do filamento condutor, em [m]

    bnR resistncia eltrica em corrente alternada da blindagem metlica do

    cabo n temperatura de operao, em [/km]

    bnr raio mdio geomtrico da blindagem metlica do cabo n, em [m]

    S potncia aparente da linha subterrnea de alta tenso, em [MVA]

    s espaamento entre fases do circuito, em [m]

    V tenso entre fases da linha subterrnea de alta tenso, em [kV]

    x coordenada horizontal do ponto de interesse em relao ao eixo y,

    em [m]

    mn XX , coordenada horizontal do cabo "n" e coordenada horizontal do cabo

    "m" em relao ao eixo y, em [m]

    bnbmZ vetor complexo associado a impedncia mtua entre a blindagem

    metlica do cabo "n" e a blindagem metlica do cabo "m", com retorno

    pelo solo, em [/km]

    bnbnZ vetor complexo associado a impedncia prpria da blindagem metlica

    do cabo "n", com retorno pelo solo, em [/km]

    cnbmZ vetor complexo associado a impedncia mtua entre o condutor do

    cabo "n" e a blindagem metlica do cabo "m", com retorno pelo solo,

    em [/km]

    cnbnZ vetor complexo associado a impedncia mtua entre o condutor e a

    blindagem metlica do cabo "n", com retorno pelo solo, em [/km]

  • xv

    fasor auxiliar de defasagem para equilbrio das correntes

    profundidade de penetrao, em [mm]

    x ngulo de fase do vetor xB em relao ao eixo x, em [graus]

    y ngulo de fase do vetor yB em relao ao eixo y, em [graus]

    constante de Euler-Mascheroni

    condutividade eltrica do material de blindagem, em [MS/m]

    permeabilidade magntica do material de blindagem, em [H/m]

    0 permeabilidade magntica do espao livre, em [H/m]

    r permeabilidade magntica relativa do meio, em [H/m]

    resistividade eltrica do solo, em [m]

    velocidade angular, em [rad/s]

  • xvi

    SUMRIO

    1 INTRODUO ......................................................................................................11.1 Estrutura e organizao do documento .......................................................11.2 Apresentao..................................................................................................2

    1.2.1 Limites de exposio aos campos eltrico e magntico............................3

    1.3 Objetivos .........................................................................................................51.4 Caractersticas tcnicas de cabos isolados para tenses superiores a35 kV........................................................................................................................6

    1.4.1 Condutor....................................................................................................6

    1.4.2 Sistema dieltrico ......................................................................................7

    1.4.3 Blindagem metlica ...................................................................................8

    1.4.4 Capa externa.............................................................................................8

    1.5 Mtodos de aterramento de linhas subterrneas de alta tenso ...............91.5.1 Mtodo both ends bonding......................................................................9

    1.5.2 Mtodo cross-bonding...........................................................................11

    1.5.3 Mtodo single-point bonding .................................................................12

    1.6 Disposies de circuitos de linhas subterrneas de alta tenso.............131.6.1 Disposio plana horizontal.....................................................................14

    1.6.2 Disposio plana vertical.........................................................................15

    1.6.3 Disposio triangular ...............................................................................15

    2 ESTADO DA ARTE ............................................................................................172.1 Introduo .....................................................................................................172.2 Tcnica de mitigao atravs da manipulao de cabos .........................18

    2.2.1 Mtodos de aterramento .........................................................................18

    2.2.2 Espaamento entre fases do circuito.......................................................19

    2.2.3 Disposio do circuito..............................................................................19

    2.2.4 Profundidade dos cabos..........................................................................20

    2.2.5 Permutao de fases...............................................................................20

    2.2.6 Diviso de fases (phase splitting)..........................................................21

  • xvii

    2.3 Tcnica de compensao ............................................................................212.3.1 Tcnica de compensao passiva...........................................................22

    2.3.2 Tcnica de compensao ativa ...............................................................23

    2.4 Tcnica de mitigao com materiais ferromagnticos .............................232.4.1 Formato geomtrico da blindagem ferromagntica .................................24

    2.4.2 Dimenses da blindagem ferromagntica ...............................................26

    2.4.3 Permeabilidade magntica relativa do material da blindagem ................26

    2.4.4 Continuidade dos contatos entre os elementos da blindagem

    ferromagntica ....................................................................................................27

    2.5 Tcnica de mitigao com materiais condutivos ......................................282.5.1 Formato geomtrico da blindagem condutiva..........................................28

    2.5.2 Dimenses da blindagem condutiva........................................................29

    2.5.3 Condutividade eltrica do material da blindagem....................................30

    2.5.4 Continuidade dos contatos entre os elementos da blindagem condutiva 30

    3 ESTUDOS ANALTICOS DE CAMPO MAGNTICO DE LINHASSUBTERRNEAS DE ALTA TENSO ....................................................................31

    3.1 Metodologia ..................................................................................................313.2 Premissas......................................................................................................323.3 Consideraes..............................................................................................323.4 Resultados e discusses.............................................................................34

    3.4.1 Distribuio do campo magntico para um circuito com disposio plana

    horizontal.............................................................................................................34

    3.4.2 Distribuio do campo magntico para um circuito com disposio plana

    vertical ................................................................................................................35

    3.4.3 Distribuio do campo magntico para um circuito com disposio

    triangular .............................................................................................................36

    3.4.4 Distribuio do campo magntico para dois circuitos com disposio

    plana horizontal ...................................................................................................37

    3.4.5 Distribuio do campo magntico para dois circuitos com disposio

    plana vertical .......................................................................................................38

    3.4.6 Distribuio do campo magntico para dois circuitos com disposio

    triangular .............................................................................................................39

    3.4.7 Picos de campo magntico em pontos laterais do centro da linha..........40

  • xviii

    4 COMPARAO ENTRE VALORES CALCULADOS E DE MEDIO .............414.1 Introduo .....................................................................................................414.2 Caso real 1 ....................................................................................................424.3 Caso real 2 ....................................................................................................444.4 Caso real 3 ....................................................................................................464.5 Caso real 4 ....................................................................................................48

    5 TCNICAS DE MITIGAO DE CAMPO MAGNTICO PARA LINHASSUBTERRNEAS DE ALTA TENSO ....................................................................51

    5.1 Introduo .....................................................................................................515.2 Tcnica de compensao ............................................................................51

    5.2.1 Tcnica de compensao passiva...........................................................52

    5.2.2 Tcnica de compensao ativa ...............................................................54

    5.2.3 Impacto da tcnica de compensao na operao da linha subterrnea

    de alta tenso......................................................................................................55

    5.2.4 Exemplo de aplicao .............................................................................56

    5.3 Tcnica de mitigao com materiais ferromagnticos (blindagemferromagntica) ....................................................................................................58

    5.3.1 Blindagem ferromagntica de geometria fechada ...................................59

    5.3.2 Blindagem ferromagntica de geometria aberta......................................63

    5.3.3 Impacto da tcnica de blindagem ferromagntica na operao da linha

    subterrnea de alta tenso..................................................................................66

    5.3.4 Exemplo de aplicao de blindagem ferromagntica ..............................67

    5.4 Tcnica de mitigao com materiais condutivos (blindagem condutiva)695.4.1 Blindagem condutiva de geometria fechada............................................71

    5.4.2 Blindagem condutiva de geometria aberta ..............................................72

    5.4.3 Impacto da tcnica de blindagem condutiva na operao da linha

    subterrnea de alta tenso..................................................................................77

    5.4.4 Exemplo de aplicao de blindagem condutiva.......................................77

    6 CONCLUSES ...................................................................................................80REFERNCIAS.........................................................................................................83APNDICE A METODOLOGIA DE CLCULO DE CAMPO MAGNTICO DELINHAS SUBTERRNEAS DE ALTA TENSO......................................................87

    A1 Formulrio .....................................................................................................87

  • xix

    A2 Formulrio na forma de matriz ....................................................................95A3 Equaes simplificadas ...............................................................................97

    APNDICE B EXEMPLOS DE CLCULO DE CAMPO MAGNTICO DE LINHASSUBTERRNEAS DE ALTA TENSO ....................................................................98

    B1 Um circuito com disposio triangular e aterramento both endsbonding ...............................................................................................................98B2 Dois circuitos com disposio plana vertical e aterramento cross-bonding .............................................................................................................103

    APNDICE C CURVA CAMPO MAGNTICO VERSUS RESISTIVIDADEELTRICA DO SOLO.............................................................................................106APNDICE D CURVA CAMPO MAGNTICO VERSUS RESISTNCIAELTRICA EM CORRENTE ALTERNADA DA BLINDAGEM METLICA DO CABOISOLADO................................................................................................................107APNDICE E PRINCIPAIS MATERIAIS UTILIZADOS EM BLINDAGENSFERROMAGNTICAS............................................................................................108APNDICE F CLCULO DA PROFUNDIDADE DE PENETRAO .................110APNDICE G PRINCIPAIS MATERIAIS UTILIZADOS EM BLINDAGENSCONDUTIVAS.........................................................................................................111APNDICE H CERTIFICADO DE CALIBRAO DO EQUIPAMENTO DEMEDIO ...............................................................................................................112

  • 11 INTRODUO

    1.1 Estrutura e organizao do documento

    Esta seo oferece um breve esclarecimento a respeito do teor de cada um dos

    captulos deste documento.

    No captulo 1 deste texto so apresentados os limites de exposio aos campos

    eltricos e magnticos gerados por linhas de transmisso. Os objetivos do trabalho e

    alguns conceitos bsicos sobre cabos isolados, mtodo de aterramento e

    disposies de circuitos de linhas subterrneas de alta tenso (LSAT) tambm so

    apresentados neste captulo.

    No captulo 2 discutem-se brevemente o estado da arte dos principais esforos

    destinados metodologia de clculo e de tcnicas de mitigao de campo

    magntico de LSAT. A saber, estas dizem respeito tcnica de mitigao atravs da

    manipulao dos cabos, tcnicas de compensao e tcnicas envolvendo materiais

    ferromagnticos e condutivos externos aos cabos.

    A exposio dos desenvolvimentos deste trabalho inicia-se no captulo 3. Nele so

    apresentados os resultados de diversos estudos analticos de campo magntico

    realizados para LSAT com diferentes tipos de disposio e mtodos de aterramento.

    No captulo 4 so apresentados o mtodo de medio e a comparao entre valores

    analticos e valores experimentais de campo magntico obtidos para quatro casos

    reais de linhas em operao.

    No captulo 5 so apresentadas as principais tcnicas de mitigao de campo

    magntico de LSAT que envolvem materiais externos aos cabos, com destaque para

    exemplos de suas aplicaes e os possveis impactos na operao das LSAT.

    O captulo 6 encerra este documento fazendo uma breve sntese das contribuies

    decorrentes dos esforos realizados neste trabalho.

  • 21.2 Apresentao

    A energia eltrica sempre teve um papel determinante nas sociedades

    industrializadas ao longo dos anos, proporcionando no s o desenvolvimento scio-

    econmico das pessoas como tambm o crescimento de um pas. Em funo de

    diversos fatores como, por exemplo, o crescimento demogrfico e a maior aquisio

    de equipamentos eltricos pelos consumidores, h uma tendncia do aumento da

    demanda de energia eltrica no futuro. Este aumento da demanda,

    consequentemente, exigir novas instalaes de linhas de transmisso com maiores

    potncias e / ou o aumento da potncia das linhas de transmisso existentes,

    quando possvel.

    Nos centros urbanos, o atendimento ao crescimento da demanda tende a ser feito

    atravs de LSAT. Nestas reas, a implementao de linhas de transmisso areas

    (LTA) est cada vez mais restrita devido a diversos fatores, tais como impacto visual,

    custo de implantao e limitaes fsicas para posicionamento de torres.

    Dependendo da cidade ou regio, a segurana e a confiabilidade da transmisso da

    energia por LTA pode ser comprometida perante efeitos climticos adversos, tais

    como nevascas ou furaces.

    Atualmente, outros fatores determinantes para a implementao de novas linhas de

    transmisso so os limites de intensidade do campo eltrico e do campo magntico

    por elas geradas.

    Muitos pases, inclusive o Brasil, definiram em suas legislaes limites bsicos

    exposio de campo eltrico e campo magntico provenientes dos sistemas

    eltricos. Tais limites foram baseados nas diretrizes estabelecidas pela Comisso

    Internacional de Proteo contra Radiao No-Ionizante (ICNIRP). Esta

    organizao no-governamental, formalmente reconhecida pela Organizao

    Mundial da Sade (OMS), avalia resultados cientficos de todas as partes do mundo

    e estabelece as diretrizes com recomendaes de limites de exposio. Estas

    diretrizes so periodicamente revisadas e atualizadas, quando necessrio.

  • 31.2.1 Limites de exposio aos campos eltrico e magntico

    Com base nos conhecimentos cientficos atuais, a ICNIRP definiu um conjunto de

    limites bsicos de exposio ao campo eltrico e campo magntico, tanto para a

    populao em geral como para o pblico ocupacional [1]. A tabela 1 mostra os

    limites de exposio definidos para o caso de linhas de transmisso.

    Tabela 1 Limites de exposio aos campos eltrico e magntico para linhas de transmissodefinidos pela ICNIRP

    Pblico exposto Frequncia da Linha(Hz)

    Campo eltrico(kV/m)

    (valor eficaz)

    Campo magntico(T) (ver nota)(valor eficaz)

    Geral 50 / 60 5 / 4,17 100 / 83,3

    Ocupacional 50 / 60 10 / 8,33 500 / 416,7

    Nota: Unidade de densidade de fluxo magntico. Por simplicidade, campo magntico refere-se

    densidade de fluxo magntico neste documento.

    De acordo com a OMS [2], a populao submetida exposio ocupacional consiste

    de trabalhadores adultos que esto conscientes dos campos e de seus efeitos. Por

    outro lado, o pblico em geral consiste de indivduos de todas as idades e de graus

    de sade variveis que, em muitos casos, no esto alertas para sua exposio ao

    campo eltrico e ao campo magntico. Alm disso, os trabalhadores esto expostos

    apenas durante suas atividades, enquanto o pblico em geral pode estar exposto at

    24 horas por dia. Essas so as consideraes bsicas que levam s restries de

    exposio mais rigorosas para o pblico geral.

    No ano de 2005, a Prefeitura da cidade de So Paulo estabeleceu limites de

    exposio ao pblico geral de acordo com a Portaria N 80 da Secretaria do Verde e

    do Meio Ambiente (SVMA) [3]. A tabela 2 mostra os limites de exposio definidos

    para locais de acesso livre populao geral e para instalaes eltricas prximas

    de locais de permanncia prolongada (4 horas ou mais dirias), tais como escolas,

    hospitais, residncias e locais de trabalho.

  • 4Tabela 2 Limites de exposio aos campos eltrico e magntico para linhas de transmisso

    definidos pela Portaria N 80 da SVMA - SP

    rea de exposio Campo eltrico(kV/m)(valor eficaz)

    Campo magntico(T)

    Acesso geral 4,17 83,3 (valor eficaz)

    Permanncia prolongada (> 4horas) 4,17 10 (instalaes existentes)3 (novas instalaes)(ver nota)

    Nota: valores mdios calculados para um perodo de 24 horas.

    No Brasil foi sancionada em 5 de maio de 2009 a lei N 11.934 [4], que estabelece

    limites exposio humana campo eltrico, campo magntico e campo

    eletromagntico, associados ao funcionamento de estao transmissoras de

    radiocomunicao, de terminais de usurios e de sistemas de energia eltrica nas

    faixas de frequncia at 300 GHz. De acordo com o Pargrafo nico descrito no Art.

    4 da referida Lei, enquanto no forem estabelecidas novas recomendaes pela

    OMS, sero adotados os limites da ICNIRP especificados na tabela 1.

    De acordo com o subitem 4.2 de [3] e o Art. 16 de [4], as concessionrias de energia

    eltrica devero, na fase de autorizao e comissionamento de novo sistema de

    transmisso de energia ou sempre que houver alterao nas caractersticas vigentes

    dos sistemas de transmisso, realizar medies dos nveis de campo eltrico, campo

    magntico e campo eletromagntico, ou apresentar relatrio de clculos efetuados

    com metodologia consagrada.

    Segundo a Resoluo Normativa N 398 de 23 de maro de 2010 [5], a Agncia

    Nacional de Energia Eltrica (ANEEL) tem a incumbncia de regular e fiscalizar o

    atendimento aos limites de exposio relativos aos servios de gerao, transmisso

    e distribuio de energia eltrica, podendo impor penalidades previstas em

    regulamento especfico em caso de descumprimento dos procedimentos descritos

    na resoluo normativa.

    Dependendo das condies de operao previstas para uma linha, poder ser

    necessria aplicao de uma ou mais tcnicas de mitigao no projeto de

    instalao da mesma, de forma que os nveis emitidos fiquem abaixo dos limites

    definidos na legislao local.

  • 5 em funo do justificado nos pargrafos anteriores que este trabalho ser

    desenvolvido, de acordo com os objetivos enumerados na prxima seco. Para o

    caso de LSAT, o campo eltrico praticamente nulo na superfcie. O campo eltrico

    fica concentrado entre o condutor e a blindagem metlica dos cabos, a qual

    interligada ao potencial de terra. Em funo disso, assuntos referentes ao campo

    eltrico no sero abordados neste trabalho. Por simplicidade, campo magntico

    refere-se densidade de fluxo magntico neste documento.

    1.3 Objetivos

    A proposta central deste trabalho consiste na introduo de estudos de instalaes

    de LSAT em funo do campo magntico gerado.

    Nele so apresentados diversos estudos analticos de campo magntico de LSAT

    com caractersticas diferentes de instalao e aterramento. A metodologia de clculo

    e os resultados dos estudos analticos com ela obtidos sero adiante devidamente

    relatados e discutidos.

    Neste texto tambm se encontram descritas as comparaes entre valores

    calculados e valores de medies de campo magntico realizadas em LSAT

    existentes em operao.

    Alm disso, so apresentadas e discutidas neste texto as principais tcnicas de

    mitigao de campo magntico de LSAT que envolvem materiais externos aos

    cabos. Exemplos de suas aplicaes e os possveis impactos na operao das LSAT

    tambm sero adiante discutidos.

    Deste modo, o desenvolvimento deste trabalho pretende fornecer embasamento

    tcnico para tomada de deciso na implantao de novas LSAT e para anlise de

    campo magntico de LSAT existentes.

    Para melhor compreenso da proposta deste trabalho, sero apresentados nas

    prximas seces deste captulo alguns conceitos importantes sobre cabos isolados,

    mtodos de aterramento e disposies de cabos empregados em circuitos de LSAT.

    Entende-se por LSAT as linhas subterrneas com tenso de operao superior a

    35 kV neste trabalho.

  • 61.4 Caractersticas tcnicas de cabos isolados para tenses superiores a35 kV

    Os cabos isolados para tenses superiores a 35 kV so caracterizados por quatro

    elementos bsicos: condutor, sistema dieltrico, blindagem metlica e capa externa.

    A seguir sero descritos as principais caractersticas de cada um destes elementos

    com enfoque para cabos extrudados, que so cabos isolados com materiais

    dieltricos slidos. Estes cabos representam a tecnologia atual de produo por

    parte das empresas fabricantes, o que justifica o foco de suas caractersticas

    construtivas neste trabalho.

    Informaes mais detalhadas sobre estes cabos e informaes referentes a outros

    tipos de construo de cabos isolados podem ser encontradas em [6].

    A figura 1 mostra os elementos construtivos que constituem um cabo extrudado para

    tenses superiores a 35 kV.

    Figura 1 Elementos construtivos de um cabo extrudado para tenses superiores a 35 kV

    1.4.1 Condutor

    O condutor o elemento responsvel pelo transporte da energia eltrica. Para

    tenses superiores a 35 kV, os cabos so constitudos por apenas um condutor

  • 7construdo na forma redonda compacta ou na forma segmentada. A forma

    segmentada, tambm conhecida como Milliken, tem como principal caracterstica a

    reduo do efeito pelicular. Para mesma rea de seco transversal, a resistncia de

    um condutor segmentado menor que a resistncia de um condutor redondo

    compacto. Praticamente a forma segmentada apenas utilizada em condutores de

    grande seco transversal (acima de 1000 mm).

    Os materiais utilizados so o cobre e o alumnio. A seco transversal, a seleo do

    material e a forma de construo levam em conta a capacidade de conduo de

    corrente nos regimes permanente, cclico, sobrecarga e curto-circuito. Como

    referncia, as normas IEC 60287-1-1 [7] e IEC 60287-2-1 [8] trazem a formulao

    para o clculo da capacidade de corrente em regime permanente. Para o regime

    cclico e de sobrecarga, a norma aplicvel a IEC 60853-2 [9]. A norma IEC 60949

    [10] apresenta a formulao referente ao regime de curto-circuito.

    Logicamente, a opo de menor custo e que atenda aos requisitos de capacidade de

    corrente da LSAT define o condutor ideal para o cabo.

    1.4.2 Sistema dieltrico

    O sistema dieltrico composto pela extruso simultnea da blindagem do condutor,

    da isolao e da blindagem da isolao. As blindagens do condutor e da isolao

    so feitas com materiais semicondutores de bases polimricas compatveis para o

    perfeito contato e aderncia com o material da isolao. Elas possuem a funo

    bsica de uniformizar a distribuio do campo eltrico na isolao do cabo.

    Os materiais normalmente utilizados na isolao so o polietileno reticulado (XLPE)

    e a borracha etilenopropileno (EPR). A escolha do material leva em considerao as

    perdas dieltricas e os custos das matrias-primas. Nestes quesitos, o XLPE leva

    vantagem em relao ao EPR. Por outro lado, o XLPE apresenta instabilidade de

    suas propriedades eltricas quando em contato com gua. Essa instabilidade torna

    obrigatria para os cabos isolados em XLPE a utilizao de uma capa metlica

    contnua ou uma fita metlica laminada incorporada capa externa, objetivando o

  • 8bloqueio radial penetrao de gua no ncleo do cabo. Esse bloqueio radial no

    necessrio em cabos isolados em EPR.

    Em relao aos parmetros trmicos, tanto o XLPE quanto o EPR permitem uma

    temperatura mxima no condutor de 90C e 250C, para regime permanente e

    regime de curto-circuito respectivamente.

    1.4.3 Blindagem metlica

    A blindagem metlica o elemento responsvel pelo aterramento dos cabos.

    Atualmente, as blindagens metlicas mais utilizadas nos cabos extrudados so

    constitudas de fios de cobre aplicados helicoidalmente na forma de coroa

    concntrica ou de capas extrudadas de chumbo ou alumnio. A rea da seco

    transversal dimensionada em funo do valor da corrente e o tempo de durao do

    curto-circuito fase-terra do sistema, conforme formulrio apresentado em [10]. A

    seleo do material e a forma de construo levam em considerao as condies

    de instalao dos cabos e os custos dos materiais.

    As capas extrudadas de chumbo ou alumnio, alm de terem a funo de transportar

    a corrente de curto-circuito fase-terra do sistema, tambm tm a funo de bloqueio

    radial penetrao de gua no ncleo do cabo isolado em XLPE. No caso de cabo

    isolado em XLPE constitudo de blindagem a fios de cobre, este bloqueio

    normalmente feito por uma fita metlica laminada incorporada capa externa do

    cabo.

    1.4.4 Capa externa

    A capa externa tem a funo bsica de proteger o ncleo do cabo contra corroso e

    contra danos mecnicos durante a instalao do mesmo. Na maioria das instalaes

    de LSAT, os materiais utilizados como capa externa so o polietileno de mdia

    densidade (PEMD) e o polietileno de alta densidade (PEAD). O cloreto de polivinila

  • 9(PVC), por apresentar a caracterstica de no propagar a chama, um material que

    pode ser empregado na capa externa de cabos em reas com possibilidade de

    incndio.

    Dependendo da combinao destes materiais com outros materiais especficos, a

    capa externa pode proteger o ncleo do cabo contra ataque de agentes externos,

    tais como cupins e produtos qumicos. Como critrio, a escolha do material leva

    basicamente em conta o local de instalao dos cabos e os custos dos materiais.

    1.5 Mtodos de aterramento de linhas subterrneas de alta tenso

    As LSAT podem ser aterradas por trs mtodos principais: mtodo de aterramento

    em ambas extremidades da linha (both ends bonding), mtodo de

    aterramento cruzado (cross-bonding) e mtodo de aterramento em uma

    extremidade da linha (single-point bonding). Os mtodos cross-bonding e

    single-point bonding so mtodos especiais que possuem a caracterstica de

    eliminar ou reduzir as perdas na blindagem metlica dos cabos.

    A seguir sero descritas as principais caractersticas de cada um destes mtodos.

    Estas caractersticas e outras informaes mais detalhadas sobre estes mtodos

    esto disponveis em [11] e [12].

    1.5.1 Mtodo both ends bonding

    As correntes circulantes nos condutores dos cabos geram campo magntico que,

    por sua vez, induz uma fora eletromotriz (FEM) nas blindagens metlicas dos

    mesmos. Esta FEM, aliada ao aterramento em ambas extremidades da LSAT,

    provoca a circulao de correntes eltricas nas blindagens metlicas em sentido

    oposto ao das correntes circulantes nos condutores. Estas correntes circulantes nas

    blindagens metlicas geram perdas por calor nas mesmas. A intensidade destas

    correntes depende do espaamento entre os cabos e da resistncia eltrica da

  • 10

    blindagem metlica, a qual dimensionada para suportar a corrente de curto-circuito

    fase-terra por um certo perodo de durao.

    As perdas nas blindagens metlicas aumentam quando o espaamento entre cabos

    do circuito da LSAT aumenta, ocasionando desta forma um aquecimento maior nas

    blindagens metlicas. Por outro lado, a aproximao dos cabos entre si

    desfavorvel para a dissipao do calor gerado pelo circuito como um todo.

    A figura 2 ilustra o esquema de uma LSAT aterrada pelo mtodo both ends

    bonding. A caixa de desconexo recomendada para a realizao de teste eltrico

    na capa externa dos cabos.

    Figura 2 Esquema de aterramento pelo mtodo both ends bonding

    A vantagem do aterramento pelo mtodo both ends bonding est relacionada a

    questes de segurana e manuteno. Neste mtodo no h tenso eltrica residual

    nas blindagens metlicas e no h necessidade de acessrios especiais.

    A desvantagem deste mtodo atribuda aos custos de implementao de LSAT de

    elevada potncia de transmisso. Considerando-se a mesma potncia de

    transmisso, as LSAT aterradas pelo mtodo both ends bonding necessitam de

    cabos com seces transversais maiores que as LSAT aterradas pelos mtodos

    especiais cross-bonding e single-point bonding. Esse aumento da seco dos

    cabos necessrio para compensar o aquecimento gerado pelas perdas nas

    blindagens metlicas. Estas correntes e perdas podem ser determinadas atravs de

    clculos analticos presentes na norma IEC 60287-1-1 [7].

  • 11

    1.5.2 Mtodo cross-bonding

    Neste mtodo de aterramento, o comprimento total da LSAT dividido em um

    nmero de comprimentos de lances de cabos exatamente divisvel por trs. Os

    cabos so transpostos a cada posio da emenda seccionada e as blindagens

    metlicas so conectadas em linha reta atravs das caixas de desconexo com

    limitador de tenso de surto. Nas extremidades da LSAT, os cabos so aterrados

    atravs de caixas de desconexo, as quais possibilitam os testes de capa externa

    aps instalao dos cabos e durante a manuteno do sistema.

    A figura 3 ilustra o esquema de uma LSAT aterrada pelo mtodo cross-bonding.

    Para o caso de comprimentos elementares iguais e disposio de cabos simtrica, o

    vetor soma das tenses induzidas nas blindagens metlicas, aps trs

    comprimentos sucessivos, resulta nulo. Nestas condies, correntes circulantes no

    so induzidas e as perdas nas blindagens metlicas so nulas. Caso os

    comprimentos elementares sejam desequilibrados e / ou a disposio dos cabos

    seja assimtrica entre comprimentos, correntes circulantes sero induzidas e

    geraro perdas. A norma IEC 60287-1-1 [7] apresenta formulrio especfico para o

    clculo destas perdas.

    Figura 3 Esquema de aterramento pelo mtodo cross-bonding

  • 12

    O mtodo cross-bonding empregado em LSAT de potncia elevada e grande

    comprimento (acima de 1 km). Ao contrrio do mtodo both ends bonding, a

    vantagem do mtodo cross-bonding est relacionada ao custo de implementao

    da LSAT e as desvantagens esto relacionadas segurana e manuteno.

    Alm da ausncia de perdas nas blindagens metlicas, este mtodo permite que as

    fases do circuito sejam instaladas mais distantes entre si, o que facilita a dissipao

    trmica e aumenta a capacidade de corrente do circuito da LSAT.

    As desvantagens deste mtodo so a necessidade de manuteno preventiva nas

    caixas de desconexo e a necessidade de testes eltricos peridicos na capa

    externa dos cabos. Apesar de ser limitada a um valor seguro, a tenso eltrica

    presente nas blindagens metlicas e nas emendas representa riscos de choque

    eltrico.

    1.5.3 Mtodo single-point bonding

    Em LSAT relativamente curtas, que no requerem nenhuma emenda (ou somente

    uma emenda), o mtodo cross-bonding torna-se invivel devido aos custos

    envolvidos. Nestes casos, o mtodo mais econmico conectar e aterrar as

    blindagens metlicas dos cabos em apenas uma extremidade da LSAT. A figura 4

    ilustra o esquema de uma LSAT aterrada pelo mtodo single-point bonding.

    Figura 4 Esquema de aterramento pelo mtodo single-point bonding

  • 13

    Similarmente ao mtodo cross-bonding, a vantagem do mtodo single-point

    bonding est relacionada ao custo de implementao da LSAT e as desvantagens

    esto relacionadas segurana e manuteno.

    Neste mtodo, no h caminho fechado para a circulao das correntes nas

    blindagens metlicas e, portanto, no h perdas nas mesmas. Nestas condies, os

    cabos podem ser espaados entre si com maiores distncias, facilitando assim a

    dissipao trmica e aumentando a capacidade de corrente do circuito. Por outro

    lado, h presena de tenso eltrica induzida na extremidade no aterrada. Essa

    tenso apresenta maior intensidade com o aumento do comprimento da LSAT.

    Neste mtodo tambm existe a necessidade de manuteno preventiva nas caixas

    de desconexo e de testes eltricos peridicos na capa externa dos cabos.

    1.6 Disposies de circuitos de linhas subterrneas de alta tenso

    As LSAT podem apresentar diversas modalidades de instalao, tais como cabos

    diretamente enterrados em materiais artificiais termicamente e mecanicamente

    estveis (tambm conhecidos como backfill), cabos em banco de dutos, cabos em

    canaletas ou em bandejas. A definio da modalidade depende principalmente do

    local de instalao da LSAT como, por exemplo, ruas, avenidas, tnel, trecho interno

    de subestaes, etc. Maiores informaes sobre as modalidades de instalao de

    LSAT encontram-se disponveis em [13].

    Nos centros urbanos, geralmente os cabos so instalados em dutos envolvidos por

    backfill ou concreto. Esta soluo apresenta como principais vantagens menos

    transtornos ao trfego de pedestres e veculos e maior controle e segurana durante

    as atividades de obra civil e instalao dos cabos. A definio da disposio dos

    cabos da LSAT leva em conta a potncia de transmisso e o nmero de circuitos da

    linha, as limitaes fsicas do local de instalao e os custos de obra civil.

    A seguir sero apresentadas as disposies de circuitos atualmente empregadas

    nas instalaes de LSAT situadas nos centros urbanos, como o caso da

    disposio plana horizontal, disposio plana vertical e disposio triangular. A

    disposio triflio, a qual os cabos so encostados entre si e formam um tringulo

  • 14

    equiltero, no utilizada atualmente nos centros urbanos. Quando vivel, sua

    aplicao ocorre em canaletas, tneis e em trechos subterrneos onde possvel

    manter valas e cabos expostos ao tempo sem riscos de danos materiais e

    retrabalhos.

    1.6.1 Disposio plana horizontal

    A disposio plana horizontal normalmente empregada em linhas com grande

    potncia de transmisso, onde h necessidade de utilizar os mtodos de

    aterramento cross-bonding ou single-point bonding. A figura 5 ilustra a disposio

    plana horizontal para linhas constitudas de um circuito e dois circuitos.

    Figura 5 Disposio plana horizontal para um circuito e para dois circuitos

    Como vantagens, esta disposio contribui para uma melhor dissipao trmica dos

    cabos e permite maior facilidade de instalao dos dutos, possibilitando reduo do

    tempo de execuo da obra civil. A desvantagem desta disposio est relacionada

    ao caso de linhas constitudas de dois circuitos, onde a grande largura de vala

    resultante representa aumento dos custos de obra civil. Neste caso, a aplicao

    desta disposio pode ser justificada em funo de trechos contendo interferncias

    que impossibilitam a passagem dos cabos por outro tipo de disposio.

  • 15

    1.6.2 Disposio plana vertical

    A disposio plana vertical tambm empregada em linhas com grande potncia de

    transmisso, onde h necessidade de utilizar os mtodos de aterramento cross-

    bonding ou single-point bonding. A figura 6 ilustra a disposio plana vertical para

    linhas constitudas de um circuito e dois circuitos.

    Figura 6 Disposio plana vertical para um circuito e para dois circuitos

    A vantagem desta disposio est relacionada ao caso de linhas constitudas por

    dois circuitos, onde os custos de obra civil so reduzidos atravs da reduo da

    largura da vala. Normalmente, esta disposio no aplicada para o caso de linhas

    constitudas por um circuito, a no ser que limitaes de espao fsico justifiquem

    sua utilizao.

    1.6.3 Disposio triangular

    A disposio triangular normalmente empregada em linhas com baixa potncia de

    transmisso, onde possvel utilizar o mtodo de aterramento both ends bonding.

  • 16

    Neste tipo de aterramento, a disposio triangular gera menos perdas na blindagem

    metlica que s outras disposies.

    Apesar de no ser a melhor alternativa de soluo, a disposio triangular tambm

    pode ser empregada em linhas com grande potncia de transmisso, onde h

    necessidade de utilizar os mtodos de aterramento cross-bonding ou single-point

    bonding.

    A figura 7 ilustra a disposio triangular para linhas constitudas de um circuito e dois

    circuitos.

    Figura 7 Disposio triangular para um circuito e para dois circuitos

    Do ponto de vista de dissipao trmica dos cabos, a disposio triangular leva

    desvantagem apenas em relao disposio plana vertical. Considerando-se

    linhas constitudas por dois circuitos, a disposio triangular permite menores

    larguras que a disposio plana horizontal e menores alturas que a disposio plana

    vertical. Dependendo do espao fsico e das condies de interferncia de um

    determinado trecho, esta soluo pode ser imprescindvel para a passagem dos

    cabos.

  • 17

    2 ESTADO DA ARTE

    2.1 Introduo

    A partir dos anos 70, o campo eltrico e o campo magntico gerados pelas linhas de

    transmisso passaram a ser motivo de preocupao devido a uma possvel relao

    entre a incidncia de cncer e a exposio a estes campos. Estas suspeitas, devido

    ao interesse que o pblico e os meios de comunicao lhe dedicaram na poca,

    despertaram a investigao cientfica que se seguiu. Desde ento, tm sido

    publicados inmeros artigos cientficos e resultados de investigaes relacionadas a

    estes campos.

    Neste captulo, alguns dos trabalhos representativos dos esforos referentes ao

    campo magntico de LSAT sero apresentados, com destaque especial para

    aqueles que constituram a base das informaes contidas nos prximos captulos

    deste documento.

    Esta reviso bibliogrfica encontra-se a seguir organizada em quatro temas

    principais, cada um deles correspondente a uma das prximas seces deste

    captulo. O primeiro destes temas diz respeito mitigao do campo magntico

    atravs da ao direta nos parmetros eltricos e de instalao de LSAT sem a

    presena de blindagens ferromagnticas ou condutivas. O segundo, por sua vez,

    aborda o uso da tcnica de compensao para mitigao do campo magntico. O

    terceiro tema trata da tcnica de blindagem de campo magntico atravs da

    utilizao de materiais ferromagnticos. A quarta seo encerra o captulo, trazendo

    algumas informaes a respeito da mitigao do campo magntico atravs de

    blindagem constituda por materiais condutivos.

  • 18

    2.2 Tcnica de mitigao atravs da manipulao de cabos

    Os primeiros trabalhos relacionados ao campo magntico de LSAT foram

    desenvolvidos em poca que no se dispunha de computadores eficientes

    destinados ao clculo numrico de problemas de engenharia. Deste modo, tcnicas

    puramente analticas, tais como a Lei de Biot-Savart e o princpio da superposio,

    eram empregadas para calcular a intensidade e a distribuio do campo magntico

    em funo das condies de instalao das LSAT.

    Apesar das limitaes e hipteses simplificadoras que se fazem necessrias para

    tornar vivel o tratamento analtico, podem-se constatar nos trabalhos de Cooper

    [14] e Vrit [15], que a Lei de Biot-Savart e o princpio da superposio so vlidas

    para diagnosticar com boa preciso o campo magntico de LSAT sem a presena de

    componentes ferromagnticos. Esta constatao caracterizada pela proximidade

    entre os valores calculados por estas metodologias e valores de medies

    realizadas.

    Atravs da validao destas tcnicas analticas, torna-se possvel suas aplicaes

    para verificar as influncias que parmetros de instalao de LSAT tm sobre a

    intensidade e a distribuio do campo magntico. Embora estes parmetros sejam

    abordados simultaneamente na anlise de LSAT, cada um tem uma parcela de

    contribuio para a mitigao do campo magntico. A seguir, ser apresentado em

    subitens cada um desses parmetros, juntamente com a citao dos trabalhos que

    os abordam e que fazem parte da referncia deste documento.

    2.2.1 Mtodos de aterramento

    Segundo os conceitos apresentados no item 1.4 do captulo 1, a definio do

    mtodo de aterramento leva em considerao a potncia de transmisso e o

    comprimento da LSAT, visando aspectos econmicos, de segurana e manuteno.

    A contribuio do mtodo de aterramento para mitigao do campo magntico de

    LSAT abordada nos trabalhos desenvolvidos por Vrit [15] e Bucea e Kent [16].

  • 19

    De acordo com resultados de clculos analticos realizados nestes trabalhos, pode-

    se constatar que o mtodo de aterramento both ends bonding contribui para

    menores intensidades de campo magntico, se comparado ao mtodo single-point

    bonding.

    Particularmente em [15], a influncia da resistncia da blindagem metlica sobre a

    intensidade de campo magntico tambm abordada no caso envolvendo o mtodo

    de aterramento both ends bonding. Resultados de clculos realizados neste

    trabalho demonstram que a reduo da resistncia da blindagem metlica contribui

    para a reduo da intensidade do campo magntico.

    2.2.2 Espaamento entre fases do circuito

    O espaamento entre fases do circuito um parmetro geomtrico definido em

    funo do tipo de aterramento da linha e da modalidade de instalao. Sua

    influncia sobre o campo magntico gerado por LSAT mencionada nos trabalhos

    desenvolvidos por Vrit [15], Bucea e Kent [16] e DAmore, Menghi e Sarto [17]. De

    acordo com resultados de clculos analticos realizados nestes trabalhos, verifica-se

    que a maior proximidade entre as fases do circuito contribui para menores

    intensidades de campo magntico.

    2.2.3 Disposio do circuito

    De acordo com conceitos descritos no item 1.5 do captulo 1, a definio da

    disposio do circuito da LSAT leva em conta a potncia de transmisso e o nmero

    de circuitos da linha, as limitaes fsicas do local de instalao e os custos de obra

    civil. A influncia da disposio do circuito sobre a intensidade do campo magntico

    gerado abordada nos trabalhos desenvolvidos por Vrit [15] e DAmore, Menghi e

    Sarto [17]. Segundo os resultados de clculos analticos realizados nestes trabalhos,

    verifica-se que a disposio triangular contribui para menores intensidades de

  • 20

    campo magntico, considerando-se o mesmo espaamento entre fases e a mesma

    profundidade da fase mais prxima da superfcie.

    Particularmente em [17], pode-se constatar que a disposio plana vertical contribui

    para menores intensidades de campo magntico que a disposio plana horizontal.

    2.2.4 Profundidade dos cabos

    A definio da profundidade dos cabos leva principalmente em conta a potncia de

    transmisso da LSAT e as interferncias presentes na rota de instalao. De acordo

    com o formulrio presente em [8] para cabos enterrados, a resistncia trmica do

    meio externo aumenta com o aumento da profundidade dos cabos (considerando-se

    o mesmo valor da resistividade trmica do solo). Em outras palavras, o aumento da

    profundidade dificulta a dissipao do calor gerado pelos cabos. Em alguns casos,

    pode ser necessrio troca de um cabo por outro de maior seco do condutor para

    compensar essa dissipao trmica e suportar a potncia de transmisso.

    A contribuio da profundidade dos cabos para a mitigao do campo magntico de

    LSAT tratada em [15] e [18]. De acordo com resultados de clculos analticos

    realizados nestes trabalhos, verifica-se que o aumento da profundidade dos cabos

    contribui para menores intensidades de campo magntico na superfcie.

    2.2.5 Permutao de fases

    A permutao de fases vlida para LSAT constitudas de no mnimo dois circuitos

    trifsicos que transportam simultaneamente corrente eltrica. Tambm vlida para

    o caso de LSAT constituda por um circuito composto por dois cabos por fase. A

    influncia da permutao de fases mencionada em [15], [18] e [19]. Segundo

    estudos analticos presentes nestes trabalhos, pode-se constatar que atravs da

    permutao das fases de um circuito e da manuteno do posicionamento das fases

  • 21

    do outro, possvel obter uma reduo considervel da intensidade do campo

    magntico na superfcie.

    2.2.6 Diviso de fases (phase splitting)

    A tcnica de diviso de fases, quando aplicada a um circuito trifsico, consiste em

    dividir duas das trs fases em quatro cabos e posicionar estes cabos de forma

    simtrica ao redor da terceira fase, formando uma disposio composta por cinco

    cabos. Este tipo de soluo, embora muito eficiente na mitigao do campo

    magntico, raramente aplicada em LSAT devido a custos de implantao e devido

    dificuldade de acesso e de reparo numa eventual falha da fase que envolvida

    pelos cabos. Isso pode justificar a ausncia de casos prticos de aplicao desta

    tcnica em LSAT at o presente momento.

    2.3 Tcnica de compensao

    Baseada na Lei de Lenz, esta tcnica consiste em mitigar o campo magntico

    gerado pela LSAT atravs de um campo magntico de sentido oposto, gerado a

    partir da corrente circulante em laos de cabos devidamente posicionados em

    relao aos cabos da LSAT.

    A tcnica de compensao pode ser do tipo passiva ou ativa. Na tcnica de

    compensao passiva a corrente circulante no lao induzida pelo campo

    magntico da LSAT, segundo a Lei de Faraday. No caso da tcnica de

    compensao ativa, a corrente circulante no lao injetada atravs de um sistema

    de controle dedicado para obter a maior eficincia de mitigao do campo

    magntico.

  • 22

    2.3.1 Tcnica de compensao passiva

    O emprego de laos passivos uma tcnica bastante conhecida para atenuar o

    campo magntico de LTA. Nesta seco sero apresentados alguns trabalhos que

    tratam da aplicao desta tcnica em LSAT, assim como os parmetros que

    contribuem para aumentar a sua eficincia na mitigao do campo magntico.

    A influncia do posicionamento do lao na mitigao do campo magntico

    abordada em [18], [19], [20] e [21]. Segundo as anlises realizadas nestes trabalhos,

    a locao do(s) lao(s) num ponto acima dos cabos da LSAT contribui para reduzir o

    campo magntico em pontos na direo da superfcie. Alm do posicionamento,

    Maioli e Zaccone [20] e Cruz, Hoeffelman e del Pino [21] comprovam atravs de

    estudos computacionais que uma maior atenuao do campo magntico obtida

    com um nmero maior de laos devidamente instalados. Alm disso, a utilizao de

    laos no mesmo formato da disposio dos cabos da LSAT tambm contribui para

    melhores resultados de mitigao.

    Em relao aos parmetros eltricos, a corrente induzida no lao depende

    diretamente da resistncia e da reatncia indutiva caracterstica dos cabos

    utilizados. Estudos realizados por Maioli e Zaccone [20] e por Cruz, Hoeffelman e del

    Pino [21] mostram que a reduo do valor da resistncia do cabo do lao contribui

    para a reduo da intensidade do campo magntico resultante de todo o sistema.

    Particularmente em [20], comparaes entre materiais de condutores indicam que a

    utilizao de laos compostos por cabos de grandes seces transversais de cobre,

    alm de contribuir para melhores resultados de mitigao de campo magntico,

    tambm contribui para que a influncia trmica sobre os cabos da LSAT seja

    mnima, evitando-se assim um comprometimento da capacidade de conduo de

    corrente da linha.

    A influncia da reatncia indutiva sobre a eficincia da tcnica de compensao

    passiva tratada nos trabalhos desenvolvidos por Salinas [19] e Cruz, Hoeffelman e

    del Pino [21]. Segundo anlises realizadas nestes trabalhos, a utilizao de

    capacitores conectados em srie com os laos contribui para a reduo da

    intensidade do campo magntico resultante.

  • 23

    2.3.2 Tcnica de compensao ativa

    A tcnica de compensao ativa uma alternativa para os casos em que a tcnica

    de compensao passiva no suficiente para atenuar o campo magntico num

    nvel desejado. Nesta tcnica, melhores resultados de mitigao de campo

    magntico so obtidos atravs de uma corrente injetada por um sistema de controle.

    Esse sistema calcula a magnitude e o ngulo de fase da corrente de maneira a

    garantir um maior fator de reduo do campo magntico, em funo da variao da

    corrente da linha.

    Devido necessidade de implantao e manuteno de equipamentos sofisticados

    e caros, a tcnica de compensao ativa no uma soluo atrativa para LSAT.

    Isso pode justificar a ausncia de casos prticos de aplicao desta tcnica em

    LSAT at o presente momento.

    2.4 Tcnica de mitigao com materiais ferromagnticos

    A anlise da eficincia e o desenvolvimento de tcnicas de mitigao de campo

    magntico envolvendo materiais de comportamentos no-lineares (magnticos e

    condutivos) s foram possveis aps o surgimento de computadores eficientes e

    softwares dedicados ao clculo numrico. O mtodo numrico, ao contrrio do

    mtodo analtico, possibilita a anlise do campo magntico no domnio bidimensional

    (2D) e tridimensional (3D), levando-se em considerao as estruturas geomtricas e

    as caractersticas fsicas dos materiais e da fonte do campo magntico (correntes).

    A definio das caractersticas construtivas das blindagens ferromagnticas leva em

    considerao aspectos como maior facilidade de instalao, menores custos,

    resistncia corroso e menores impactos na operao da LSAT, visando a maior

    eficincia na mitigao do campo magntico.

    Nesta seo sero apresentadas algumas das contribuies j realizadas sobre a

    utilizao de materiais ferromagnticos na mitigao de campo magntico gerado

    por cabos isolados. Assim como nas tcnicas anteriormente apresentadas, a tcnica

  • 24

    de mitigao envolvendo materiais ferromagnticos tambm depende de parmetros

    que, quando dimensionados corretamente, aumentam a eficincia da blindagem.

    A seguir ser apresentado em subitens cada um desses parmetros, juntamente

    com a citao dos trabalhos que os abordam e que fazem parte da referncia deste

    documento.

    2.4.1 Formato geomtrico da blindagem ferromagntica

    As blindagens ferromagnticas geralmente so formadas por placas planas, placas

    na forma de U invertido, tubos e raceways. A anlise da eficincia do formato

    geomtrico para a mitigao do campo magntico abordada em [16], [18], [19],

    [22], [23], [24] e [25]. De acordo com estes trabalhos, as blindagens ferromagnticas

    que envolvem os cabos por completo so mais eficientes na mitigao do campo

    magntico.

    No arranjo experimental realizado por Bucea e Kent [16], verifica-se que chapas

    flexveis de ao (utilizadas em transformadores, motores e outros equipamentos) so

    mais eficientes na mitigao do campo magntico quando envolvem completamente

    os cabos, se comparada s chapas flexveis aplicadas na forma de U invertido. J

    nas anlises numricas realizadas em [18], pode-se constatar que placas de ao

    posicionadas na forma de U invertido apresentam melhores resultados de

    mitigao que placas planas de ao.

    Em [19], anlises numricas para verificao da eficincia do formato geomtrico

    das blindagens ferromagnticas foram realizadas para circuitos com disposio

    plana horizontal e triflio. Nas anlises foram consideradas placas de ao

    envolvendo o circuito por completo, placas de ao unidas formando um U invertido,

    duas placas planas horizontais (colocadas acima e abaixo do circuito), uma placa

    plana horizontal acima do circuito e duas placas planas verticais (colocadas em cada

    lado do circuito). De acordo com os resultados obtidos nestas anlises, blindagens

    formadas por placas de ao unidas e envolvendo o circuito por completo apresentam

    fator de reduo maior que os outros formatos de blindagem.

  • 25

    Nos testes experimentais realizados em [22] pode-se verificar que um tubo de ao

    proporciona uma maior reduo do campo magntico que placas de ao na forma de

    U invertido. Alm disso, pode-se constatar neste trabalho que o mtodo dos

    elementos finitos um mtodo numrico eficiente para a anlise de campo

    magntico envolvendo materiais ferromagnticos. Tal constatao caracterizada

    pela proximidade entre os valores calculados por este mtodo e os valores

    experimentais obtidos.

    Estudos realizados por Bolza, Donazzi e Maioli [23] mostram que a eficincia da

    blindagem ferromagntica aumenta medida que a mesma vai envolvendo os cabos

    por completo. Neste trabalho, simulaes para verificao da eficincia de

    blindagens constitudas de tubos ferromagnticos indicam que mesmo com a

    variao brusca do valor da corrente dos cabos (de 875 A para 1500 A), a variao

    da intensidade do campo magntico inferior a 0,1 T, considerando-se o mesmo

    ponto de verificao.

    Em [24] e [25] so mostradas algumas experincias j realizadas em LSAT

    existentes envolvendo materiais ferromagnticos para a atenuao do campo

    magntico. Em ambos os trabalhos, a soluo para atenuar o campo magntico em

    nveis de exposio muito baixos considera a utilizao de blindagens

    ferromagnticas de geometria fechada. Particularmente em [24], apresentada uma

    blindagem denominada raceway, a qual constituda por uma base em forma de

    U e uma tampa de mesmo material. De acordo com as caractersticas eltricas da

    linha, um campo magntico cerca de 40 T seria gerado a 1 m da superfcie e sobre

    o eixo central dos circuitos, caso no houvesse a blindagem. Com a presena da

    blindagem, o valor da densidade de fluxo para o mesmo ponto foi reduzido para 3 T

    (fator de reduo de 13 vezes).

    A soluo apresentada em [25] para uma linha de 132 kV em Genova mostra cabos

    dentro de um tubo de ao com dimetro de 0,5 m, instalado a uma profundidade

    prxima da superfcie. Esta soluo permitiu que a intensidade do campo magntico

    ficasse abaixo de 0,2 T (considerando corrente de 800 A, ponto a 1 m da superfcie

    e sobre o eixo da linha).

  • 26

    2.4.2 Dimenses da blindagem ferromagntica

    A influncia das dimenses das blindagens ferromagnticas na mitigao do campo

    magntico mencionada em [16], [17], [18] e [19]. No arranjo experimental realizado

    por Bucea e Kent [16], verifica-se que as blindagens formadas por chapas flexveis

    de ao e que envolvem os cabos por completo, so mais eficientes na mitigao do

    campo magntico quando apresentam maiores comprimentos longitudinais. Pode-se

    verificar tambm neste trabalho que o aumento da espessura destas blindagens no

    contribui para uma reduo significativa do campo magntico.

    Clculos numricos realizados por DAmore, Menghi e Sarto [17] mostram que a

    reduo do raio de tubos de ferro contribui para atenuao do campo magntico. De

    acordo com [17] e [19] as blindagens ferromagnticas so mais eficientes quando

    instaladas mais prximas dos cabos.

    Anlises numricas realizadas em [18] e [19] mostram que o aumento da largura da

    placa plana ferromagntica contribui para o aumento da eficincia da blindagem nos

    pontos acima da regio central da placa, porm, podem proporcionar o aumento do

    campo magntico nas extremidades da placa. Pode-se verificar em [19] que o

    aumento da espessura da placa plana tambm contribui para a reduo da

    intensidade do campo magntico nos pontos acima da regio central da placa.

    Entretanto, este aumento torna-se irrelevante medida que os pontos de interesse

    se afastam lateralmente sobre o eixo da seco transversal da linha.

    De acordo com estudos realizados em [19], a diminuio do raio interno de tubos

    metlicos contribui para a reduo do campo magntico externo ao tubo. J a

    variao da espessura do tubo praticamente irrelevante para esta reduo.

    2.4.3 Permeabilidade magntica relativa do material da blindagem

    A influncia da permeabilidade magntica relativa do material da blindagem

    tratada nos trabalhos desenvolvidos por DAmore, Menghi e Sarto [17] e Salinas

    [19]. Em [17], clculos numricos atravs do mtodo dos elementos finitos indicam

  • 27

    que a eficincia da blindagem constituda por placa plana de ferro aumenta medida

    que o valor da permeabilidade magntica relativa do material reduzido,

    considerando-se a distribuio de linhas de campo geradas por circuito com

    disposio plana horizontal. J o inverso ocorre para circuito com disposio plana

    vertical.

    De acordo com estudos realizados em [19], tubos constitudos de materiais

    ferromagnticos com maiores permeabilidades relativas apresentam melhor

    eficincia de blindagem. Em relao blindagem constituda por placa plana,

    simulaes numricas mostram que o aumento da permeabilidade magntica

    relativa contribui para a reduo do campo magntico apenas nos pontos prximos

    da regio central acima da placa. Em pontos lateralmente afastados, a

    permeabilidade magntica relativa torna-se irrelevante para a eficincia da

    blindagem.

    2.4.4 Continuidade dos contatos entre os elementos da blindagemferromagntica

    A continuidade dos contatos entre os elementos da blindagem ferromagntica

    tratada nos trabalhos desenvolvidos por Bascom [18] e Salinas [19]. Segundo estes

    trabalhos, deve-se eliminar espaos (gaps) entre estes elementos para no

    comprometer a eficincia da blindagem ferromagntica.

    De acordo com [18], blindagens constitudas por placas planas de ao na forma de

    U invertido devem ter os contatos entre as placas verticais e a placa horizontal

    soldados para eliminar os espaos (gaps). J em relao s blindagens constitudas

    por placas planas de ao, a utilizao de solda no necessria para o contato

    entre as placas ao longo do eixo longitudinal da linha. A sobreposio das placas

    suficiente para eliminar os espaos e garantir a continuidade da blindagem.

  • 28

    2.5 Tcnica de mitigao com materiais condutivos

    Assim como as blindagens ferromagnticas, a definio das caractersticas

    construtivas das blindagens condutivas leva em considerao aspectos como maior

    facilidade de instalao, menores custos, resistncia corroso e menores impactos

    na operao da LSAT, visando a maior eficincia de blindagem.

    A seguir sero apresentados os parmetros que contribuem para o aumento da

    eficincia da blindagem condutiva, baseados em algumas contribuies j realizadas

    e que fazem parte da referncia deste documento.

    2.5.1 Formato geomtrico da blindagem condutiva

    A anlise da eficincia do formato geomtrico da blindagem condutiva para a

    mitigao do campo magntico mencionada em [19] e [26]. Em [19], anlises

    numricas foram realizadas considerando-se placas de alumnio constituindo

    blindagens de diversos formatos geomtricos, tais como placas unidas envolvendo o

    circuito por completo, placas unidas formando um U invertido, duas placas planas

    horizontais (colocadas acima e abaixo do circuito), uma placa plana horizontal acima

    do circuito e duas placas planas verticais (colocadas em cada lado do circuito). Estas

    anlises foram realizadas para circuitos com disposio plana horizontal e

    disposio triflio.

    De acordo com os resultados obtidos nestas anlises, blindagens formadas por

    placas de alumnio unidas e que envolvem os circuitos so mais eficientes na

    mitigao do campo magntico. A alternativa de blindagem composta por uma placa

    plana horizontal acima do circuito a que apresenta menor performance na

    mitigao do campo magntico.

    Segundo Hoeffelman [26], a blindagem constituda de placas de alumnio com

    formato geomtrico de H mais eficiente na reduo do campo magntico que

    blindagens constitudas por placas planas de alumnio ou por placas de alumnio

    unidas formando um U invertido. A aplicao prtica da blindagem de alumnio em

  • 29

    forma de H apresentada em [27] numa LSAT de 150 kV instalada na Blgica. De

    acordo com as caractersticas eltricas da linha, um fator de reduo de

    aproximadamente 10 vezes foi obtido com a presena da blindagem.

    2.5.2 Dimenses da blindagem condutiva

    A influncia das dimenses das blindagens condutivas na mitigao do campo

    magntico mencionada nos trabalhos desenvolvidos por DAmore, Menghi e Sarto

    [17], Salinas [19] e Hoeffelman [26]. De acordo com estes trabalhos, o aumento da

    espessura de placas planas de alumnio contribui para o aumento da eficincia da

    blindagem na atenuao do campo magntico, principalmente em pontos na regio

    central sobre a placa. Entretanto, o aumento da espessura para valores acima do

    valor da profundidade de penetrao (skin depth) no proporciona melhor

    eficincia da blindagem. Segundo estes trabalhos, espessuras da ordem de 3 mm

    so recomendadas para se obter melhor eficincia das placas planas de alumnio,

    tanto na mitigao do campo magntico como tambm na proteo mecnica e

    resistncia corroso.

    De acordo com [19] e [26], o aumento da largura das placas planas condutivas

    contribui para a reduo da intensidade do campo magntico ao longo da seco

    transversal da linha. Entretanto, esta largura deve ser dimensionada com o objetivo

    de evitar a queda brusca da eficincia da blindagem em relao aos pontos

    prximos da regio central sobre a placa. Para isso, Hoeffelman [26] recomenda que

    a razo entre a largura da placa plana e a distncia da placa aos cabos seja superior

    ao valor 4. A aproximao entre a placa e os cabos aumenta a eficincia da

    blindagem, porm, pode impactar na capacidade de conduo de corrente da linha

    devido ao aquecimento presente na placa.

    Em relao s blindagens condutivas com formato geomtrico do tipo fechado,

    resultados de clculos numricos realizados em [17] mostram que o aumento do raio

    de tubo de alumnio contribui para a reduo do campo magntico externo ao tubo.

    De acordo com clculos numricos realizados em [19], o aumento da rea do

  • 30

    quadrado formado por placas de ao, as quais envolvem o circuito por completo,

    proporciona maiores fatores de reduo do campo magntico.

    2.5.3 Condutividade eltrica do material da blindagem

    A condutividade eltrica um parmetro essencial para a eficincia da blindagem

    condutiva. Sua influncia pesquisada no trabalho desenvolvido por Salinas [19],

    onde clculos numricos realizados mostram que materiais com maior condutividade

    eltrica so mais eficientes na reduo do campo magntico. Em outras palavras,

    blindagens de cobre so mais eficientes na mitigao do campo magntico que

    blindagens de alumnio, considerando-se a mesma espessura dos materiais.

    2.5.4 Continuidade dos contatos entre os elementos da blindagem condutiva

    De acordo nos trabalhos desenvolvidos por Salinas [19] e Hoeffelman [26],

    blindagens constitudas por placas planas no necessitam de soldas entre os

    elementos ao longo do eixo longitudinal da linha. A sobreposio entre placas

    suficiente para manter a continuidade da blindagem ao longo do eixo longitudinal. J

    em relao s blindagens na forma de U invertido, h a necessidade de um timo

    contato entre as placas verticais e a placa horizontal da geometria U invertido e,

    tambm, entre os diferentes elementos ao longo do eixo longitudinal da linha.

    Segundo [19] e [26], blindagens com formato geomtrico H devem apresentar um

    timo contato eltrico entre as placas verticais ao longo do eixo longitudinal. Alm

    disso, as placas verticais opostas da blindagem devem ser interligadas nas

    extremidades da rea blindada para possibilitar a circulao das correntes parasitas

    nas partes laterais da blindagem. J s placas horizontais da blindagem H no

    necessitam estarem sobrepostas entre si ao longo do eixo longitudinal e no

    necessitam estarem em contato com as placas verticais ao longo do eixo transversal

    da linha.

  • 31

    3 ESTUDOS ANALTICOS DE CAMPO MAGNTICO DE LINHASSUBTERRNEAS DE ALTA TENSO

    3.1 Metodologia

    Os estudos analticos presentes neste captulo visam demonstrar a influncia dos

    parmetros de instalao e dos parmetros