Discurso Paraninfo – professor Danny Zahreddine – Relações Internacionais. Queridos Afilhados, Em primeiro lugar, gostaria de manifestar minha alegria com o convite feito por vocês, de ser

Paraninfo desta querida turma. Este convite me emocionou sobremaneira, por se tratar do reconhecimento público do trabalho bem feito, em tempos de difíceis relações humanas.

O papel do padrinho para com seu afilhado é semelhante de um pai com seu filho, isto é, zelar para que seu futuro transcorra por um caminho reto, amparando em suas faltas, aconselhando em momentos de dúvidas e inquietações e comemorando junto as vitórias alcançadas. É neste sentido que se torna mais importante ainda ser paraninfo de uma turma, pois a partir de agora, teremos uma relação de padrinho e afilhado, na qual estarei presente na vida de vocês daqui por diante.

Desta forma, gostaria de falar-lhes sobre uma coisa que avalio muito importante para mim, que é acerca do papel de vocês, novos profissionais de Relações Internacionais, a partir de hoje. Todos nós sabemos das transformações que o Brasil e o mundo vivenciam: a primavera dos povos árabes, a fome e os conflitos africanos, o avanço do Brasil no Sistema Internacional e a possibilidade de nos tornarmos atores centrais na cena internacional. Estamos observando avanços impressionantes na medicina, que conseguiu diminuir o sofrimento dos mutilados de guerra, bem como propiciar uma vida mais digna às pessoas com doenças como o câncer e a Aids.

A luta contra a fome e a pobreza no Brasil, em um período de 16 anos, retirou milhões de pessoas que viviam abaixo da linha da pobreza, e o combate à corrupção e ao narcotráfico têm se intensificado nos últimos anos. O mundo hoje é muito mais interdependente, e ninguém pode negar a influência que o internacional tem em nossa vida cotidiana. As cinzas do vulcão chileno e o cancelamento da tão esperada viagem à Argentina. A elevação do preço do petróleo e o impacto nos valores dos produtos que utilizamos cotidianamente. Uma revolta no mundo árabe, que nos parece tão distante, que inspira movimentos semelhantes na Europa e em nós mesmos, que lutamos até hoje pelo direito à cidadania real.

Tudo isto nos mostra a relevância que as relações internacionais possuem no mundo de hoje, e quão extensa são as oportunidades de ação que vocês terão neste mesmo mundo, atuando como analistas internacionais que deverão interpretar esta realidade em constante mutação.

Porém, existe um ponto que gostaria de frisar, acerca do papel profissional de todos vocês: sejam humanos com seus semelhantes, não aceitem a máxima: “os fins justificam os meios”, para alcançar objetivos profissionais; não aceitem o pacto de mediocridade em que vários momentos a sociedade nos impõe, de aceitar as injustiças em troca de ganhos materiais; continuem firmes nos propósitos da justiça social, da caridade com o próximo, respeito ao indivíduo, à natureza e à vida. A ética deverá ser seu baluarte, mesmo quando todos disserem que a postura ética é para os ingênuos, que vocês sejam os ingênuos.

Digo tudo isto pois além do Brasil necessitar de bons profissionais de Relações Internacionais, o Brasil necessita ainda mais de profissionais honestos, de caráter humanitário, que não fechem os olhos para a miséria dos irmãos nem dos animais, que se indigne com a injustiça social, para que de fato possamos fazer a transição de um país que vive um crescimento econômico vigoroso para um país que se transforma na sua essência, se tornando uma potência social. Não aceitem de olhos fechados as insinuações dos prazeres fúteis e transitórios que as posições sociais e profissionais podem lhe apresentar, mas busquem construir uma sociedade mais justa e equânime, onde não exista a fome, a miséria, o crime e a ignorância. São nos pequenos gestos que mostramos o caráter de uma sociedade mais evoluída.

Queridos afilhados, você serão indutores destas transformações, pois vocês serão a referência para as gerações futuras, bem como nossa esperança de que o Brasil e o mundo poderão ser um lugar melhor de se viver. Que a graduação represente este novo olhar mais responsável, pois com o fim da ignorância surge a responsabilidade, e a quem muito é confiado, muito também será cobrado, e não há responsabilidade maior do que romper com a ignorância e ter ciência da realidade intelectual e social do Brasil.

Mas tenho a certeza que esta revolução planetária será defendida por vocês, jovens de caráter e tenacidade, e que a partir de hoje, não serão somente meus novos colegas nas Relações Internacionais, mas também agentes ativos na busca de um mundo melhor para nossas gerações futuras.

Contem comigo, agora e sempre.