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CURSOCURSOCURSOCURSO
PSICOPEDAGOGIA E EDUCAÇÃO INFANTIL
DISCIPLINADISCIPLINADISCIPLINADISCIPLINA
FILOSOFIA E SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO
PROFESSORPROFESSORPROFESSORPROFESSOR
CEZAR AFONSO BORGES
FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E DE ADMINISTRAÇÃO DO VALE DO JURUENA
INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA
Av. Gabriel Muller, 1065– Modulo 01 – Juina – MT – CEP 78320-000 www.pos.ajes.edu.br – [email protected]
Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didático. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98.
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O QUE É SOCIOLOGIA?
A Sociologia, através de seus métodos de investigação científica, procura
compreender e explicar as estruturas da sociedade, criando conceitos e teorias
a fim de manter ou alterar as relações de poder nela existentes.
O século XVIII pode ser considerado um período de grande importância para a história do
pensamento ocidental e para o início da Sociologia. A sociedade vivia uma era de mudanças de
impacto em sua conjuntura política, econômica e cultural, que trazia novas situações e
também novos problemas. Consequentemente, esse contexto dinâmico e confuso contribui
para eclodirem duas grandes revoluções – a Revolução Industrial, na Inglaterra e a Revolução
Francesa.
A Revolução Industrial é muitas vezes analisada de forma superficial como a
simples introdução da máquina a vapor nas fábricas e manufaturas e o
aperfeiçoamento das técnicas produtivas. Existe, porém, outra faceta da
realidade – a Revolução Industrial significou o triunfo da indústria capitalista e
da classe minoritária detentora dos meios de produção e do capital. Grandes
massas de trabalhadores foram submetidas ao que impunha o sistema – novas
formas de relação de trabalho, longas e penosas jornadas nas fábricas,
salários de subsistência – a fim de satisfazer os interesses econômicos dos
empresários.
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Além disso, a vida nas cidades industriais também estava mudando – o intenso
êxodo rural culminou na explosão demográfica e na falta de infra-estrutura
capaz de comportar os excedentes populacionais. Miséria, epidemias,
suicídios, aumento da prostituição e da criminalidade eram retratos da situação
da época.
Um dos fatos de maior relevância foi o surgimento do proletariado, classe
trabalhadora com importante papel histórico na sociedade capitalista.
Os proletários sentiam-se explorados, e muitas vezes, sua revolta se refletia na
destruição das máquinas e equipamentos. Gradativamente, eles vão se
organizando e formando sindicatos com o objetivo de se defender dos
proprietários dos meios de produção e do próprio sistema capitalista vigente.
Ao protestar e ao buscar mudanças, a classe operária se inclinava
ideologicamente ao socialismo.
A introdução de novas formas de organizar a vida social e a profundidade das
transformações, de certa forma, colocou a sociedade em evidência. Em
decorrência disso, determinados pensadores passaram a considerá-la um
objeto que deveria ser investigado e analisado com metodologia científica
adequada.
Pensadores como Owen, William Thompson, Jeremy Bentham podiam ter
opiniões diferentes em relação a alguns aspectos da Revolução Industrial, mas
eram unânimes em afirmar que ela estava criando novos fenômenos, dignos de
serem estudados. A Sociologia, então, foi se formando e se consolidando como
se fosse uma resposta intelectual às novas condições de existência – a
situação do proletariado, a estrutura das cidades industriais, os avanços
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tecnológicos, a organização do trabalho nas fábricas – originadas pela
Revolução Industrial.
Principalmente no século XVII, a tendência sobrenatural e dogmática de se
explicar os acontecimentos foi sendo naturalmente substituída por uma visão
racionalista de mundo. Para o racionalista Francis Bacon (1561-1626), a
teologia deixaria de ser a forma norteadora do pensamento para dar lugar ao
novo método científico de conhecimento baseado na observação e na
experimentação sistemática e objetiva dos fatos. Segundo ele, dessa maneira
seria também possível descobrir e formulas leis gerais sobre a sociedade.
Já, no século XVIII, foi o pensamento social que evoluiu e fez novas
descobertas. Segundo Vico (1668-1744), a sociedade podia ser compreendida,
pois, ao contrário da natureza, seria o próprio homem o agente produtor da
história. Mais tarde, essa postura intelectual seria amadurecida por Hegel e
Marx.
Uma das correntes mais importantes desse mesmo século foi o Iluminismo,
originado na França. Os pensadores iluministas tinham como proposta procurar
transformar não apenas as antigas formas de conhecimento, mas a própria
sociedade. Criticavam as características do feudalismo e os privilégios de sua
classe dominante em defesa dos interesses burgueses.
Estudando as instituições da época, os iluministas procuraram demonstrar que
elas eram injustas e irracionais e , segundo eles, por constituírem um obstáculo
à liberdade do indivíduo, deveriam ser eliminadas.
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Paralelamente, o homem comum também estava deixando de se
submeter cegamente às instituições sociais e às normas existentes. Elas não
eram mais vistas como inacessíveis e imutáveis, mas sim como fenômenos
passíveis de serem conhecidos e transformados, afinal, são produtos da
atividade humana. Na verdade, os tempos estavam mudando e a crescente
racionalização da vida social iria contribuir para a constituição de um estudo
científico sobre a sociedade.
A Revolução Francesa também foi uma circunstância que agilizou o
processo de formação da Sociologia. Ao final do século XVIII, a monarquia
absolutista da França estava assegurando inúmeros privilégios à minoritária
classe dominante, enquanto deixava à margem de assistência uma população
de 23 milhões de pessoas. Além disso, o arcaico sistema vigente impedia a
constituição da livre empresa, a exploração eficiente da terra e abafava as
iniciativas da burguesia. Obviamente, a situação era contraditória e não iria se
sustentar por muito tempo.
Enfim, em 1789, com a mobilização das massas de trabalhadores pobres, a burguesia
tomou o poder. O seu objetivo, na realidade, não girava apenas em torno da mudança da
estrutura do Estado. Havia o claro desejo de abolir radicalmente a antiga forma de sociedade,
suas instituições e seus costumes, promovendo e inovando aspectos da economia, da política,
da religião e da vida cultural. Os velhos privilégios de classe foram destruídos e o empresariado
passou a ser incentivado e apoiado.
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Diante do profundo impacto que a Revolução Francesa causou, vários
pensadores franceses da época – como Saint-Simon, Comte e Le Play –
passaram a procurar soluções para o estado de desorganização em que se
encontrava a nova ordem social. Todavia, para se chegar a uma estabilização
dessa nova ordem, seria preciso, segundo eles, conhecer as leis que regem os
fatos sociais e, assim, instituir uma ciência da sociedade.
Ao início do século XIX, o capitalismo emergente desencadeou o processo de
industrialização na França, especialmente no setor têxtil. Determinadas
situações sociais vividas pela Inglaterra no período de sua Revolução Industrial
se repetiram na sociedade francesa.
Na terceira década desse mesmo século, houve a intensificação das
crises econômicas e das divergências entre as classes sociais. Os
trabalhadores franceses passaram a contestar o sistema capitalista, mas foram
violentamente reprimidos pela burguesia, a qual acreditava que seria muito
difícil criar uma ordem social estável e organizada.
Percebe-se, portanto, que a Sociologia se formou a partir de um
contexto histórico-social complexo e bipolarizado. Primeiramente, ela assumiu
o papel intelectual de repensar o problema da ordem social, enfatizando a
necessidade da existência de instituição como a autoridade, a família, a
hierarquia a destacando a importância teórica delas para o estudo da
sociedade.
Segundo Le Play (1806-1882), não seria o indivíduo isolado o elemento
fundamental para a compreensão da sociedade, mas sim a unidade familiar.
Estudou diversas famílias de trabalhadores sob a industrialização e pôde
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observar que elas estavam mais instáveis do que anteriormente. Le Play
acreditava que se os respectivos papéis tradicionais do homem e da mulher
dentro da família fossem resgatados, as famílias e a própria sociedade
poderiam adquirir mais equilíbrio.
Os antagonismos de classe existentes na sociedade capitalista são uma
característica muito forte desse sistema e, por isso, não há uma única
tendência do pensamento sociológico. O que existe é uma multiplicidade de
visões sociológicas a respeito da sociedade, do objeto de estudo e dos
métodos de investigação dessa disciplina. Essas visões deram origem às
diferentes tradições sociológicas ou distintas sociologias.
Alguns sociólogos encararam o capitalismo com otimismo, identificando
os valores e os interesses da elite como representativos do conjunto da
sociedade. Partindo da percepção desses estudiosos, o funcionamento
eficiente das instituições políticas e econômicas é um fenômeno essencial e as
lutas de classe não passam de acontecimentos transitórios. Essa tradição
sociológica que se colocou a favor da ordem instituída pelo capitalismo teve
como base o pensamento conservador.
Os conservadores ou profetas do passado – como por exemplo, Edmund
Burke (1729-1797), Joseph de Maistre (1754-1821) e Louis de Bonald (1754-
1840) – cultivavam o pensamento medieval. Por um lado, admiravam a
estabilidade, a hierarquia social e as instituições religiosas e aristocráticas do
feudalismo e, por outro, combatiam com fervor as idéias iluministas que teriam
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desencadeado, segundo eles, o trágico e nefasto acontecimento do final do
século XVIII – a Revolução Francesa.
Aos conservadores não interessava defender o capitalismo que se acentuava
cada vez mais. De maneira pessimista, enxergavam a sociedade moderna em
decadência, não consideravam nenhum progresso no urbanismo, na
industrialização, na tecnologia e no igualitarismo. A sociedade lhes parecia
mergulhada no caos, na desorganização e na anarquia. Afirmavam que para
haver ordem e coesão social, seria necessário a existência de instituições
fortes, tradição e valores morais.
É entre os sociólogos positivistas – Saint-Simon, Auguste Comte, Émile
Durkheim – que as idéias conservadoras exerceram grande influência. Apesar
de admirarem a linha de pensamento conservador, eles acreditavam que
devido às novas circunstâncias históricas, seria impossível restaurar as
instituições medievais; não seria adaptável.
Pode-se dizer que a oficialização da Sociologia foi uma criação do
positivismo. A Sociologia de inspiração positivista visa a criar um objeto
autônomo – o social – e a instaurar uma relação de independência entre os
fenômenos sociais e econômicos.
Saint-Simon (1760-1825) possuía uma faceta progressista,
posteriormente incorporada ao pensamento socialista, porém neste trabalho
será dada maior ênfase ao seu lado positivista. Esse pensador acreditava que
a existência de uma ciência da sociedade seria vital para a restauração da
ordem na sociedade francesa pós-revolucionária. Assim, a nova ciência deveria
descobrir as leis do progresso e do desenvolvimento social.
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De acordo com sua visão otimista em relação à industrialização, Saint-
Simon considerava que ela traria progresso econômico, segurança para os
homens e reduziria consideravelmente os conflitos sociais. Como medida de
apoio, o pensamento social deveria orientar a indústria e a produção. Ele
admitia, porém, a existência de conflitos entre dominantes e dominados e
devido a isso, sustentava a idéia de que os industriais e os cientistas deveriam
procurar melhorar as condições de vida dos trabalhadores. Caberia, também, à
ciência da sociedade descobrir novas normas capazes de guiar a conduta da
classe trabalhadora, refreando seus ímpetos revolucionários.
Segundo vários historiadores do pensamento social, muitas idéias de
Saint-Simon foram incorporadas por Auguste Comte (1798-1857), um dos
fundadores da Sociologia que defendia decididamente a nova sociedade.
Para o estudo da vida social, Comte sustentava o estabelecimento de
leis imutáveis, conforme as ciências físico-naturais. Desse modo, a Sociologia
seria a “Física social”, que deveria utilizar em suas investigações o mesmo
método sistemático daquelas ciências.
Em suas pesquisas, ele salientou a necessidade de se evitar as
crises sociais, ou se possível, de prevê-las. Basicamente, a ciência conduziria
à previdência, a qual daria subsídios à ação.
Um aspecto característico das idéias de Comte é sua preocupação com
a complementaridade necessária da ordem e do progresso na nova sociedade.
Para ele, o equilíbrio entre esses dois elementos seria fundamental, já que os
conservadores defendiam a ordem em detrimento do progresso e os
revolucionários eram ávidos pelo progresso, deixando a ordem em segundo
plano.
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Transferindo suas idéias para a prática, implantando a ordem e também
criando um conjunto de crenças comuns a todos os homens, Comte acreditava
que seria possível reverter a situação de desorganização social vivenciada
pelas sociedades européias e chegar gradativamente ao progresso.
Émile Durkheim (1858-1917) compartilhava com Comte a preocupação
com a ordem social. Caracterizava a sociedade industrial como que submersa
em um estado de anomia, isto é, a ausência de regras claramente
estabelecidas que pudessem reger e controlar a conduta dos indivíduos. A
partir daí, em uma de suas teses sustentava que o estado de anomia incidia
diretamente no crescente número de suicídios.
No período das pesquisas de Durkheim, as constantes crises
econômicas, o desemprego e a miséria entre os trabalhadores estavam
contribuindo para que o socialismo ganhasse força. Porém, Durkheim não
concordava com as teorias socialistas que davam enfoque especial aos fatos
econômicos como se eles fossem a raiz da crise. Ele sustentava a idéia de que
os problemas não se resumiam à natureza econômica, mas sim à fragilidade
da moral vigente.
Uma solução adotada por Durkheim seria restabelecer a disciplina, criando novas
idéias morais a fim de resgatar a consciência do dever, possibilitar relações estáveis entre os
homens e, por conseguinte, neutralizar a crise econômica.
A respeito do industrialismo, Durkheim demonstrava otimismo. Para ele, a
divisão do trabalho, ao invés de conflitos, trazia maior solidariedade entre os operários.
As tarefas especializadas ao tornarem os indivíduos interdependentes contribuíam,
acima do aspecto da produtividade.
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Durkheim afirmava que os fatos sociais são coercitivos e exteriores às consciências
individuais. Por exemplo, devido ao caráter impositivo desses fatos, os indivíduos, segundo
ele, são levadas a se comportar de acordo com as regras preestabelecidas pelas gerações
anteriores. Por isso, ele negava a existência da criatividade humana no processo histórico.
Como vimos, a corrente positivista era favorável ao capitalismo, e
justamente por esse motivo não seria a Sociologia de inspiração positivista que
colocaria em questão os fundamentos da nova sociedade.
É evidente que o proletariado não se identificava com o positivismo. Por
isso, procurou apoio no pensamento socialista, que fazia uma crítica radical à
sociedade capitalista, dando ênfase a suas contradições.
No socialismo, os trabalhadores encontraram expressão teórica de seus
interesses e orientação para suas lutas práticas, pois já não suportavam mais
as relações de exploração a que estavam submetidos. Buscavam igualdade
entre os homens.
Os filósofos Marx (1818-1883) e Engels (1820-1903) merecem destaque
por suas pesquisas de cunho sociológico e socialista. Esses dois estudiosos
procuraram oferecer uma explicação da sociedade como um todo e, por isso,
não estavam preocupados em fundar a Sociologia como disciplina específica.
Em seus trabalhos, percebe-se uma profunda interligação entre os campos do
saber.
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A formação teórica do socialismo marxista constituiu uma complexa
operação intelectual e crítica de assimilação das três principais correntes do
pensamento europeu do século passado – o socialismo, a dialética e a
economia política.
Anteriormente ao socialismo marxista, existiu o socialismo utópico, cujos
principais expoentes foram Owen e Saint-Simon. Porém, na visão de Marx e
Engels, embora os socialistas utópicos tivessem elaborado uma crítica à
sociedade burguesa, eles não apresentaram meios para mudar efetivamente a
realidade social.
Na verdade, os socialistas utópicos atuavam como representantes dos
interesses da humanidade, mas de uma forma apolítica, não reconheciam em
nenhuma classe social o instrumento para a concretização de suas idéias.
Inspirados pela dialética de Hegel, Marx e Engels ressaltaram seu
caráter revolucionário, apesar de terem-na criticado por seu idealismo. Ao
contrário de Hegel, Marx e Engels acreditavam que os fenômenos existentes
não eram simples projeções do pensamento. Para eles, as sociedades
humanas estavam em contínua e dinâmica transformação e o motor da história
eram os conflitos e os antagonismos entre as classes sociais.
Criaram uma teoria científica de grande importância e inegável valor
explicativo – o materialismo histórico, segundo o qual a investigação de
qualquer fenômeno social deveria partir da estrutura econômica da sociedade.
Os fatos econômicos seriam a base de apoio dos outros níveis da realidade,
como a religião, a política e a cultura.
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A análise da estrutura econômica da sociedade deveria ser orientada
pela economia política, porém Marx e Engels não concordavam com os
economistas clássicos em relação à idéia de que a produção de bens materiais
fosse obra de indivíduos isolados, que perseguiam egoisticamente seus
interesses particulares.
homem é um animal essencialmente social, diziam Marx e Engels. Desde os
primórdios da humanidade existe uma constante relação de interdependência
entre os homens.
Para Marx e Engels, a função da Sociologia não poderia se limitar
apenas a solucionar os problemas sociais para restabelecer a ordem e o bom
funcionamento da sociedade, como imaginavam os positivistas. A Sociologia
deveria realizar mudanças radicais na sociedade, unindo teoria e ação, ciência
e os interesses da classe proletária.
Já, o sociólogo alemão Max Weber (1864-1920) defendia a neutralidade
científica, segundo a qual o cientista jamais deveria defender preferências
políticas e ideológicas a partir de sua atividade profissional. Isso acarretaria um
isolamento da Sociologia dos movimentos revolucionários e a
profissionalização da disciplina.
Weber via o cientista como homem do saber, das análises frias e
penetrantes; e o político como homem de ação e decisão, comprometido com
as questões práticas da vida. Dessa forma, a ciência deveria oferecer ao
homem de ação, a compreensão da sua conduta, das motivações e das
conseqüências de seus atos.
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Influenciado pelo pensamento marxista, muitas de suas pesquisas
constataram, até certo ponto, a validade das relações estabelecidas por Marx
entre economia, política e cultura. Mas, para Weber, não seria correto admitir
que a economia se sobrepusesse sobre os demais campos da realidade social.
Cada problema deveria ser analisado cuidadosamente a fim de se descobrir
que dimensão da realidade estaria condicionando as demais.
A respeito da Sociologia como ciência, Weber dava ênfase à
investigação do indivíduo e de sua ação, ao contrário dos conservadores, que
procuravam estudar as instituições e os grupos sociais. Não visava à negação
da importância dos fenômenos sociais, mas à necessidade de compreender as
motivações dos indivíduos que os vivenciam. Por isso, descartava o método de
investigação científica das ciências naturais, proposto pelos positivistas para o
estudo da sociedade. Weber defendia-se afirmando que a sociedade é
dinâmica e não matéria inerte.
Weber não considerava o capitalismo um sistema injusto e anárquico,
como sustentava Marx. O capitalismo lhe parecia resultado da modernização,
que trazia consigo um modo de desenvolver atividades com organização
racional e eficiência. Porém, a crescente racionalização levaria a uma
excessiva especialização e a um mundo cada vez mais intelectualizado e
artificial, no qual seriam esquecidos os aspectos mágicos e intuitivos do
pensamento e da existência.
Weber não via nenhum atrativo no socialismo, o qual poderia acentuar
os aspectos negativos da racionalização. Influenciado por Nietzche, a sua visão
sociológica dos tempos modernos era melancólica e pessimista; uma postura
de resignação diante da realidade social.
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O desenvolvimento da Sociologia teve como pano de fundo a burguesia
ascendendo politicamente e com freqüência utilizando mecanismos ideológicos
e repressivos para assegurar sua dominação. O surgimento de grandes
empresas monopolizadoras de produtos e mercados, a eclosão de guerras
entre as grandes potências mundiais, a crescente organização política dos
movimentos revolucionários socialistas em diversos países eram realidades
históricas que abalavam as crenças da perfeição da sociedade capitalista,
evidenciando seu caráter transitório.
Sem dúvida, a crise do capitalismo trouxe repercussões no pensamento
sociológico contemporâneo. As ciências sociais – Antropologia, Ciência
Econômica, Ciência Política – de modo geral, passaram a ser utilizadas para
produzir conhecimentos úteis à dominação vigente. A própria Sociologia,
exceto as tendências que receberam influência socialista, passou a ser uma
técnica de manutenção da ordem estabelecida.
A partir da Segunda Guerra Mundial, o sociólogo de nosso tempo
começou a desenvolver suas pesquisas em organizações privadas ou estatais,
que passaram a direcionar e estabelecer as finalidades da produção do
conhecimento sociológico. Essa burocratização dificultava a autonomia crítica e
a criatividade intelectual do trabalho científico.
Durante as três primeiras décadas deste século houve, entretanto, um
indubitável progresso para a afirmação da Sociologia como ciência, fruto de
estudos e pesquisas de diversos sociólogos.
O desenvolvimento da Sociologia na Segunda metade do século XX foi
muito afetado pela conjuntura política das duas guerra mundiais. Os regimes
totalitários vigentes, em alguns países europeus, tolhiam a liberdade de
investigação científica. Por isso, muitos intelectuais e cientistas que mantinham
uma posição crítica em relação a esses regimes foram perseguidos.
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A Sociologia acabou sendo arrastada e envolvida na luta pela contenção
da expansão socialista, pela neutralização dos movimentos de libertação das
nações subjugadas pelas potências imperialistas e pela manutenção da
dependência econômica dessas nações às potências.
Contemporaneamente, em especial nos Estados Unidos, nota-se o
desenvolvimento empírico da Sociologia. Os novos estudos empíricos ao
romperem com o estilo de trabalho dos clássicos da Sociologia – Weber, Marx,
Durkheim, Comte – também abandonaram, em geral, trabalhar com problemas
históricos que possibilitassem uma compreensão da totalidade da vida social,
atendo-se a aspectos irrelevantes.
Nos últimos trinta anos, a postura conservadora passou a utilizar o
método de investigação funcionalista, no qual prevalece a preocupação com a
ordem social. Porém, os funcionalistas jamais questionaram a ordem
estabelecida e implicitamente são favoráveis à sua preservação.
Vários sociólogos, no entanto, têm manifestado uma postura crítica e
questionadora em relação à produção de uma Sociologia vinculada à
preservação da ordem, tanto no nível teórico, quanto no prático. Essa
Sociologia crítica auxilia a compreensão da sociedade capitalista atual de
forma eficiente à medida em que não permanece imparcial.
Não há como negar os resultados alcançados pela Sociologia através dos
tempos e a presença dessa disciplina no cotidiano. Enfim, podemos percebê-la
nas diversas pesquisas realizadas pelos sociólogos, nas universidades, nas
entidades estatais e nas empresas.
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À medida que os clássicos da Sociologia, independentemente de suas
preferências ideológicas, procuraram explicar as grandes transformações
vivenciadas pelas nações européias em decorrência da formação e do
desenvolvimento do capitalismo, eles contribuíram para uma melhor
compreensão da própria humanidade. Acumularam-se informações sobre as
condições da vida humana, os problemas do equilíbrio social, os mecanismos
de dominação, a burocratização, a alienação que puderam compor um
panorama da realidade social da época moderna, o qual não deixa, de certa
forma, de ser adaptável ao contexto político e econômico atual.
A multiplicidade de visões sociológicas sobre a sociedade persiste ainda
hoje. Acima disso, deve-se priorizar sempre a tentativa da Sociologia em
compreender o homem e o seu mundo social. Afinal, os tempos mudam, mas a
Sociologia acompanha o homem, ao longo do tempo. Homens tentando
explicar os próprios homens em sociedade; talvez aí esteja a fascinação que a
Sociologia exerce sobre nós.
O que é Filosofia, professor? E para que serve?
1. Da definição de Filosofia
A Filosofia é um ramo do conhecimento que pode ser caracterizado de três
modos: seja pelos conteúdos ou temas tratados, seja pela função que exerce
na cultura, seja pela forma como trata tais temas. Com relação aos conteúdos,
contemporaneamente, a Filosofia trata de conceitos tais como bem, beleza,
justiça, verdade. Mas, nem sempre a Filosofia tratou de temas selecionados,
como os indicados acima. No começo, na Grécia, a Filosofia tratava de todos
os temas, já que até o séc. XIX não havia uma separação entre Ciência e
Filosofia. Assim, na Grécia, a Filosofia incorporava todo o saber. No entanto, a
Filosofia inaugurou um modo novo de tratamento dos temas a que passa a se
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dedicar, determinando uma mudança na forma de conhecimento do mundo até
então vigente. Isto pode ser verificado a partir de uma análise da assim
considerada primeira proposição filosófica.
Se dermos crédito a Nietzsche, a primeira proposição filosófica foi aquela
enunciada por Tales, a saber, que a água é o princípio de todas as coisas
[Aristóteles. Metafísica, I, 3].
Cabe perguntar o que haveria de filosófico na proposição de Tales. Muitos
ensaiaram uma resposta a esta questão. Hegel, por exemplo, afirma: “Com ela
a Filosofia começa, porque através dela chega à consciência de que o um é a
essência, o verdadeiro, o único que é em si e para si. Começa aqui um
distanciar-se daquilo que é a nossa percepção sensível”. Segundo Hegel, o
filosófico aqui é o encontro do universal, a água, ou seja, um único como
verdadeiro. Nietzsche, por sua vez, afirma:
“A filosofia grega parece começar com uma idéia absurda, com a proposição: a
água é a origem e a matiz de todas as coisas. Será mesmo necessário deter-
nos nela e levá-la a sério? Sim, e por três razões: em primeiro lugar, porque
essa proposição enuncia algo sobre a origem das coisas; em segundo lugar,
porque o faz sem imagem e fabulação; e, enfim, em terceiro lugar, porque nela,
embora apenas em estado de crisália [sic], está contido o pensamento: ‘Tudo é
um’. A razão citada em primeiro lugar deixa Tales ainda em comunidade com
os religiosos e supersticiosos, a segunda o tira dessa sociedade e no-lo mostra
como investigador da natureza, mas, em virtude da terceira, Tales se torna o
primeiro filósofo grego.”
O importante é a estrutura racional de tratamento das questões. Nietzsche
analisa esse texto, não sem crítica, e remarca a violência tirânica como essa
frase trata toda a empiria, mostrando que com essa frase se pode aprender
como procedeu toda a Filosofia, indo, sempre, para além da experiência.
A Filosofia representa, nessa perspectiva, a passagem do mito para o logos.
No pensamento mítico, a natureza é possuída por forças anímicas. O homem,
para dominar a natureza, apela a rituais apaziguadores. O homem, portanto, é
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uma vítima do processo, buscando dominar a natureza por um modo que não
depende dele, já que esta é concebida como portadora de vontade. Por isso,
essa passagem do mito à razão representa um passo emancipador, na medida
em que libera o homem desse mundo mágico.
“De um sistema de explicações de tipo genético que faz homens e coisas
nascerem biologicamente de deuses e forças divinas, como ocorre no mito,
passa-se a buscar explicações nas próprias coisas, entre as quais passa a
existir um laço de causalidade e constâncias de tipo geométrico. […] Na visão
que os mitos fornecem da realidade […], fenômenos naturais, astros, água, sol,
terra, etc., são deuses cujos desígnios escapam aos homens; são, portanto,
potências arbitrárias e até certo ponto inelutáveis.”
A idéia de uma arqué, que tem sentido amplo em grego, indo desde princípio,
origem, até destino, porta uma estrutura de pensamento que a diferencia do
modo de pensar anterior, mítico. Com Nietzsche, pode-se concluir que o logos
da metafísica ocidental visa desde o princípio à dominação do mundo e de si.
Se atentarmos para a estrutura de pensamento presente no nascimento da
Filosofia, podemos dizer que seu logos engendrou, muitos anos depois, o
conhecimento científico. Assim, a estrutura presente na idéia de átomo é a
mesma que temos, na ciência atual, na idéia de partículas. Ou seja, a
consideração de que há um elemento mínimo na origem de tudo. A tabela
periódica também pode ser considerada uma sofisticação da idéia filosófica da
combinatória dos quatro elementos: ar, terra, fogo, água, da qual tanto tratou a
filosofia eleática.
Portanto, em seu início, a Filosofia pode ser considerada como uma espécie de
saber geral, omniabrangente. Tal saber, hoje, haja vista os desenvolvimentos
da Ciência, é impossível de ser atingido pelo filósofo.
Temos, portanto, até aqui:
i] a Filosofia como conhecimento geral;
ii] a Filosofia como conhecimento específico.
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2. Do método da Filosofia
A ciência moderna, caracterizada pelo método experimental, foi tornando-se
independente da Filosofia, dividindo-se em vários ramos de conhecimento,
tendo em comum o método experimental. Esse fenômeno, típico da
modernidade, restringiu os temas tratados pela Filosofia. Restaram aqueles
cujo tratamento não poderia ser dado pela empiria, ao menos não com a
pretensão de esclarecimento que a Filosofia pretenderia.
A característica destes temas determina um modo adequado de tratá-los, já
que eles não têm uma significação empírica. Em razão disso, o tratamento
empírico de tais questões não atinge o conhecimento próprio da Filosofia,
ficando, em assim procedendo, adstrita ao domínio das ciências.
Ora, o tratamento dos assuntos filosóficos não se pode dar de maneira
empírica, porque, desta forma, confundir-se-ia com o tratamento científico da
questão. Por isso, no dizer de Kant, “o conhecimento filosófico é o
conhecimento racional a partir de conceitos”. Ou seja, “as definições filosóficas
são unicamente exposições de conceitos dados […], obtidas analiticamente
através de um trabalho de desmembramento”. Portanto, a Filosofia é um
conhecimento racional mediante conceitos, ela constitui-se num esclarecimento
de conceitos, cuja significação não pode ser ofertada de forma empírica, tais
como o conceito de justiça, beleza, bem, verdade, etc.
Apesar de não termos uma clara noção destes conceitos, nem mesmo uma
significação unívoca, eles são operantes na nossa linguagem e determinam
aspectos importantes da vida humana, como as leis, os juízos de beleza, etc.
3. Da função da Filosofia
Em razão da impossibilidade de abarcar, hodiernamente, todo o âmbito do
conhecimento humano, parece mais plausível pensar numa restrição temática
à Filosofia, deixando-a tratar de certos temas, como os mencionados acima.
Nesse sentido, a Filosofia teria um âmbito de problemas específicos sobre os
quais trataria. No entanto, o tratamento desse âmbito específico continua a
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manter ao menos uma função geral, a qual pode ser considerada de forma
extremada ou de forma mais modesta. Assim, a lógica, a ética, a teoria do
conhecimento, a estética, a epistemologia são disciplinas filosóficas, tendo uma
função geral para o conhecimento em geral, seja para as ciências, a partir da
lógica, teoria do conhecimento, epistemologia, seja para os sistemas morais, a
partir da ética filosófica, seja para as artes, a partir dos conhecimentos
estéticos. Por exemplo, no que concerne à lógica, ao menos como a concebeu
Aristóteles, ela pode apresentar uma refutação do ceticismo e, portanto,
estabelecer a possibilidade da verdade, determinando a obediência necessária
ao princípio de não-contradição. De forma menos modesta, mas não sem o
mesmo efeito, podemos dizer que as outras disciplinas pretendem o mesmo,
determinando, portanto, a possibilidade de conhecimentos morais, estéticos,
etc. No caso da moral, ela pode mostrar que questões controversas podem ser
resolvidas racionalmente, bem como apontar para critérios de resolução
racional de problemas.
Essa tarefa pode ser considerada de uma forma mais ou menos audaciosa.
Habermas apresenta, nesse particular, três concepções. A de Kant, a de Rorty
e a sua própria. Kant, dentro do fundamentalismo da teoria do conhecimento,
“ao pretender aclarar de uma vez por todas os fundamentos da Ciência e de
uma vez por todas definir os limites do experienciável, a Filosofia indica às
ciências o seu lugar”. É a função de indicador de lugar. Conjugado com isso,
Kant pôde afirmar: “Pode-se encarar a Crítica da Razão Pura como o
verdadeiro tribunal para todos os conflitos da razão. Com efeito, não está
envolvida nestas disputas enquanto voltadas imediatamente para objetos, mas
foi posta para determinar e julgar os direitos da razão em geral segundo os
princípios de sua primeira instituição”. Aqui, a Filosofia é concebida como um
tribunal, exercendo o papel de juiz, a partir de seu lugar privilegiado, de onde
detém os fundamentos e dita leis.
Rorty, por sua vez, desconfia desse conhecimento privilegiado que a Filosofia
possa ter. Por isso, “abandonar a noção do filósofo que conhece alguma coisa
acerca de conhecer o que mais ninguém conhece tão bem seria abandonar a
noção de que a sua voz tem sempre um direito primordial à atenção dos outros
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participantes na conversação. Isto implica no abandono de que o filósofo possa
decidir quaestiones juris. A tese de Rorty é, portanto, relativista. De fato, já
Wittgenstein afirmara: “A Filosofia não deve, de modo algum, tocar no uso
efetivo da linguagem; em último caso pode apenas descrevê-lo. Pois também
não pode fundamentá-lo. A Filosofia deixa tudo como está”.
Já Habermas propõe a função de guardiã de racionalidade no lugar da função
de indicador de lugar. Ou seja, a Filosofia seria uma espécie de defesa da
racionalidade contra o relativismo extremado. Por outro lado, a função de juiz
seria substituída pela de intérprete, na medida em que faria uma mediação
entre os saberes especializados e o mundo vivido.
Pode-se dizer que esse trabalho esclarecedor tem o papel de tornar explícitos
saberes operantes na linguagem e na nossa forma de ver o mundo e, nesse
sentido, tem um papel conscientizador e, por que não, potencialmente crítico, já
que torna as pessoas mais atentas a certas determinações conceituais.
Em suma, a Filosofia tem como tarefa delimitar uma concepção mínima de
racionalidade. Porém, o conceito de razão daqui resultante não é, como em
Kant, “uma ilha fechada pela natureza mesma dentro de limites imensuráveis”.
Segundo Habermas, “a razão comunicativa não passa certamente de uma
casca oscilante – porém, ela não se afoga no mar das contingências, mesmo
que o estremecer em alto mar seja o único modo de ela ‘dominar’ as
contingências”. Nesta perspectiva, a Filosofia conserva uma função crítica no
sentido kantiano, isto é, uma autoridade indiretamente legisladora, pois aponta
os desvios no cumprimento das condições de possibilidade da racionalidade. A
recusa de uma posição teórico-filosófica como sendo sem valor para a prática
já foi diagnosticada por Kant como sendo a pseudo-sabedoria do olhar de
toupeira, incapaz de olhar com os olhos de um ser feito para ficar de pé e
contemplar o céu.
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WATANABE, Lygia Araujo. “Filosofia antiga”. In CHAUÍ, Marilena et al. Primeira
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DA SOCIOLOGIA
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